DANDO VIDA A FREDERICO o som como meio de produção gráfica a junção de um violão com uma plotter.
projeto realizado por Eduardo Barros, Miguel Muniz, Nicole Schlegel e Pedro Zylbersztajn relatado por Nicole Schlegel
_INTRODUÇÃO O processo de criação de “Frederico” seguiu a linha do vai e vem, que se embola, cria nó e se dissolve continuamente até reencontrar o começo do fio e fechar o círculo do entendimento. Relatarei aqui de forma cronológica o desenvolvimento dessa ideia-objeto. O esboço surgiu a partir da observação de um piano, com sua estrutura clássica de suporte à partitura. Eu estava no Museu da Música de Basel, na Suíça. Ao lado do piano havia uma máquina de escrever. Aquele ambiente de exposição, casa antiga, cafezinho charmoso me remetia à uma época sem a interferência de interfaces televisivas. Juntei as imagens do piano e máquina de escrever e as associei. Escrever uma música enquanto a tocamos, como um processo fluido, mecânico e autônomo. Pensei em um piano cujo componente que sustenta a partitura fosse uma máquina de escrever sem seu teclado próprio. Ao em vez da partitura veríamos os
acionadores da máquina de escrever. Os dígitos do teclado seriam as próprias notas do piano e os pedais do piano corresponderiam às teclas de função de um teclado QWERT, como shift, caps lock, enter, etc. Seria um objeto artístico que traduziria as notas tocadas pelo piano para dígitos do teclado QWERT - uma música codificada. A ideia era a criação de melodias a partir de palavras. Como seria o som da frase: “Abre a roda, fecha a roda”? Quando o músico forma palavras, ocorre uma associação das notas com o alfabeto e constitui assim um processo de criação musical.
_DESENVOLVIMENTO Como toda ideia que surge no imaginário, esse objeto foi se modificando com o tempo. Voltei para o Brasil após o intercâmbio e me inscrevi na matéria “Objetos Inteligentes” com o professor Guilherme Lorenzoni com o intuito de fazer algo que fosse de certa forma a transcrição de um processo de composição imagem-som. Piano não é o meu instrumento, prefiro uma boa roda de som com uma violãozinho e um batuque. Mas a máquina de escrever eu tinha, e comecei a explorá-la. Um violão poderia, por meio de seus acordes, acionar as teclas da máquina de escrever e compor a partir disso palavras. Era necessário vários acionadores para as teclas da máquina de escrever. Pistões posicionados em cima das teclas do teclado.
Depois pensei: e por que não escrever direto a tablatura que acabara de ser tocada pelo violão? Assim o projeto esbarraria em uma questão bem complicada do aprendizado de composição para iniciantes:
Porque é tão difícil se lembrar da música que compus ontem? Não sou música, mas gosto de arriscar um pouco no violão assim como muitos que começam a compor. Tenho amigos músicos e iniciantes e sempre nos indagamos como fazer para registrar a nossa produção. As vezes esquecemos de gravar, outras, de anotar e tem vezes que por mais que gravemos, não lembramos mais da posição das mãos
para fazer os acordes ou da sequência do dedilhado. Recapitular a produção do dia anterior acaba sendo mais um exercício de ouvido e adivinhação da nota do que um continuar do processo de composição. Dar sequência ao processo de composição de uma música é importante tanto para maturá-la quanto para expandir possibilidades de criação.
Por outro lado, também poderíamos anotar, porém compor e anotar é um processo demorado que requer paciência e muita atenção. Acaba por virar um ato mais técnico do que criativo, pois a pausa de pegar a caneta e o papel, rever os acordes tocados e escrevê-los, interrompe a fluidez da expressão musical.
_PESQUISA A pesquisa se iniciou como “pesquisa técnica” e acabou direcionando o projeto para o descobrimento de uma lacuna no mercado de aplicativos. O que eu buscava era como separar as ondas sonoras que seriam captadas por um microfone preso ao violão, para que a comunicação entre violão e máquina de escrever fosse estabelecida. Seria importante ter uma precisão enorme na separação dessas ondas sonoras, pois um acorde é a composição de 3 ou mais notas. Era importante poder reconhecer um acorde, pois é a primeira expressão musical que aprendemos quando iniciamos no violão. Acabei por esbarrar em diversos aplicativos que faziam o reconhecimento das notas tocadas por diferentes instrumentos, mas não as conseguiam diferenciar quando mais de uma nota era tocada.
Um exemplo deles é o “Score Cloud”, que reconhece as notas tocadas por piano, violão e até voz. Esse aplicativo, porém, não é preciso e não funciona quando tocamos um acorde. No “Music Transcription” acontece o mesmo: além de demorar muito para carregar os dados e a música ser codificada, a transcrição não corresponde fielmente quando um acorde é tocado. O “Seventhstring” é designado para trabalhar o arquivo de áudio captado e não retorna visualmente as notas que foram tocadas. http://www.scorecloud.com/ http://www.androidapps.biz/app/com.appspot.musictranscription/pt http://www.seventhstring.com/xscribe/overview.html
__EM BUSCA DE ALTERNATIVAS ___ONDA SONORA
Resolvi pesquisar sobre formas de separar uma onda sonora e descobri o FFT (Fast Furier Transform), uma forma de transformar frequências de ondas sonoras em algoritmos. https://www.youtube.com/watch?v=zKKGA30bHG0 E a forma de aperfeiçoar esse reconhecimento de sinais analógicos seria então utilizando o DSP (digital System Processing), uma manipulação numérica dos sinais analógicos. https://www.youtube.com/watch?v=rOWmONMo1iE Eu sabia que trabalhar com FFT e DSP seria muito complicado e que estaria acima do meu conhecimento de programação e código. Portanto procurei novas formas para reconhecer as notas tocadas. Uma das formas que vieram à tona foi a física: trabalhando com o violão como elemento no qual as interferências no objeto fossem reconhecidas.
___CÂMERA PARA CAPTURA
Pensando no violão como objeto físico, com possíveis locais de captura de sinais, comecei uma pesquisa por diferentes sensores. Deparei com um vídeo famoso na internet de uma câmera que é colocada dentro de um violão e a vibração das cordas ao serem tocadas é captada: https://www.youtube.com/watch?v=ee5lNMysoi8 Tentei fazer o mesmo experimento aqui em casa e não funcionou. Comecei a duvidar da veracidade do vídeo e pesquisei um pouco mais sobre ele. Existem diversos vídeos no youtube que mostram o mesmo processo de captura, todos com câmeras de celular. Busquei explicações e descobri que só funciona em ambientes claros, com luz do sol direta. Apenas com muita iluminação podemos visualizar a diferença de ondas nas cordas. Porém essa imagem só é construída por conta da diferença de captura de quadros por segundo. Da mesma forma que ocorre quando tentamos
capturar a imagem de um projetor, que a frequência do sinal projetado não bate com a velocidade de captura da câmera, ocorre com a vibração das cordas do violão nesse vídeo: sua frequência não bate com o frames per second da câmera. Dessa forma, utilizar uma câmera dentro do violão e construir os respectivos gráficos para as diferentes cordas, não seria uma solução de captura das notas tocadas. ___DISPOSITIVOS QUE RECONHECEM TONS
Existe um afinador automático, o “Min-Etune” da Gibson, que já atua nas cordas da guitarra e as afina apenas por seu som: https://www.youtube.com/watch?v=n-4gShDByRc. Uma forma de fazer a comunicação com o violão, no caso, com a guitarra, poderia ser conseguir um desses afinadores e “hackeá-lo”, fazendo também com que ele retorne a captação de hertz das cordas. Porém conseguir um dispositivo desses estava também fora de cogitação.
___INTERAÇÃO FÍSICA NO BRAÇO DO VIOLÃO A única solução que eu via era se voltar para a interação com o braço: conectar um sensor que fosse capaz de descobri onde exatamente a corda fora pressionada no violão. Comecei a conversar com diversas pessoas sobre essa questão. Explorei algo semelhante ao que fora usado pelos alunos da EBA, UFRJ do núcleo de pesquisa NANO LAB para o evento “Hiperorgânicos”: https://www. youtube.com/ watch?v=QvFRavAlMFI
O Cactos que emitia som era nada mais nada menos que dois captadores de peso elétrico posicionados nas extremidades do cactos que determinavam por corrente elétrica a distância em que o espinho fora tocado. A outra alternativa seria construir uma série de botões entre as cordas e o braço do violão que fossem acionados por pressão da mão do músico.
Conversei com meu irmão sobre isso, Christian Schlegel, que faz nanotecnologia na UFRJ e tem muito contato com físicos que trabalham com ondas sonoras. Ele me explicou a complexidade de trabalhar com FFT e DSP e confirmou a minha mudança estratégica. Quando mostrei o exemplo do cactos e a possibilidade de transformar o braço inteiro do violão em botões, ela fechou os pontos e disse que eu já tinha a solução ali: utilizar corrente elétrica nas cordas de metal do violão e fazer com que elas se transformassem em um botão ao conectar com o traste que é de metal. Então a captação da posição da corda que fora pressionada se daria por curtos das cordas: 6 diferentes voltagens para as 6 diferentes cordas do violão e cada traste em uma porta de entrada de informação. No caso, eu utilizaria o Arduino para a prototipagem. O arduino tem apenas 6 portas analógicas. Portas analógicas são as únicas que podem ler a diferença de voltagem e portanto era necessário que elas fossem o INPUT do sistema. O esquema ficaria então o seguinte: dividir a voltagem para as 12 diferentes casas do violão. Cada casa deveria receber uma voltagem diferente e cada corda do violão estaria em uma porta analógica do arduino e assim a posição seria
decodificada. Assim saberíamos exatamente que corda tocou que casa do violão e o problema estaria resolvido!
_CORRIDA PELO CAMINHO ERRANTE DE TENTAR TRANSFORMAR UM OBJETO DE ARTE EM UM APLICATIVO Tendo em vista todas as pesquisas e caminhos encontrados ao longo do processo, considerei importante a lacuna descoberta entre os aplicativos. Não sou de fazer aplicativos, prefiro sempre me dedicar a projetos lúdicos e que tenham cunho artístico, mas me deixei levar pela vontade de tornar real algo que ainda não existia e que considerava importante existir. Criar um aplicativo que transformasse as ondas sonoras emitidas pelo violão em informações sobre a posição da mão e os acordes. Onde foi exatamente
que pressionei aquela corda? Como era mesmo aquele acorde que criei? Ele existe, tem um nome? Dessa forma, o músico iniciante poderia
compor sem se preocupar com o registro escrito, e no dia seguinte seria como pegar uma música na internet, com acordes e tablaturas e tocá-la. Uma das ideias é que essa informação musical fique também gravada em arquivo digital para que possa ser ouvida novamente.
O processo de pensar nesse aplicativo se deu, portanto, tendo como início a observação de músicos iniciantes. Existem duas linguagens musicais que aprendemos no início do violão, que não se assemelham à partitura pois são apenas registro de posições e acordes: nelas não deciframos o tempo da música. Para fazer essa leitura já sabemos qual a música que será tocada e já a temos construída de certa forma na cabeça. É o caso da tablatura e da cifra.
Escolhi trabalhar com essas duas linguagens, pois elas nos dão uma ampla visão e servem para lembrar justo aquilo que é perdido de um dia para o outro: a posição das mãos. O aplicativo seria basicamente uma forma de registro da produção sonora. O arduino reconheceria as notas pressionadas no violão e transformaria isso em imagem. Seria uma timeline que correria de acordo com a batida de um metrônomo e mostraria na tela as notas pressionadas. Quando as notas formassem um acorde, o aplicativo marcaria o acorde formado. Por exemplo: se o músico tocar a corda um na casa um, a corda dois na posição três e a corda três na posição dois e a corda 4 solta, saberíamos que essa composição formaria o acorde Dm (ré menor). Assim o aplicativo marcaria tanto a tablatura da música quanto suas cifras.
_A ENTRADA DE NOVOS AUTORES ARTISTAS ARTESÃOS NO PROCESSO Porém, como os caminhos dos projetos vão se formando aos poucos, ainda não estava na hora de se voltar apenas para a produção de algo já concebido, mas deixar que o processo de prototipagem e experimentação redefinissem o conceito do projeto. Eu estava cursando ao mesmo tempo a matéria “Interfaces Físicas e Lógicas” com o professor João Bonelli e trabalhando no meu primeiro experimento de usar o violão como sensor, input do sistema no LIFE (laboratório coordenado por ele). No meu primeiro experimento, soldei um fio condutor a um traste do violão, prendi um fio com corrente elétrica (5v) em uma corda e acendi um led conectado na arduino fechando o circuito da corda com o traste. A teoria estava confirmada e funcionaria a interação proposta.
A proposta de G2 do curso ministrado pelo Bonelli era apresentar um projeto que envolvesse interação física e computação. A ideia era projetar em grupo. Formei grupo com o Pedro, Miguel e Eduardo. O Pedro, já tinha algum tempo, estava de olho na plotter que estava parada havia 3 anos no corredor do subsolo do Kennedy. Disse que queria trabalhar com ela e nos animamos. Eu falei também sobre o que eu estava desenvolvendo com o violão e pensamos se haveria uma forma de juntar os dois projetos. A plotter estava parada havia 3 anos não por problemas
técnicos, mas por problemas de conexão ao software. Parecia que o software utilizado para comandá-la, o único que fazia comunicação com os seus drivers, não rodava mais nas novas atualizações dos computadores. Além disso, a empresa que construiu a plotter, não atualizou o software dela, então não existia mais nenhuma forma de colocá-la para funcionar. A não ser hackeando-a.
Pensamos na possibilidade do violão ser uma forma de botão para a plotter, que comandasse ela de acordo com as posições dos dedos, formando assim um desenho relativo ao som produzido, ou um som relativo à imagem formada. O projeto assim, voltou à concepção inicial de objeto artístico que usa o som como meio de produção gráfica. Acabou que dar vida a Frederico esbarrou, não tão coincidentemente assim, nas pesquisas e práticas relacionadas ao projeto final do Pedro, que se chama “tradução/traição”. Esse projeto, por meio de programação, estipula um procedimento mecânico de tradução entre texto, música e desenho. “A intenção é enfatizar as fronteiras de cada um desses meios, e estudar como elas, ao entrarem em relação, se afetam mutuamente.” - Pedro Zylbersztajn
_HACKEANDO A PLOTTER Nossa primeira etapa era então hackear a plotter obsoleta e trazê-la à vida. A abrimos para ver seu estado: toda empoeirada e com teias de aranha. Seus componentes eram: motores, drivers, placa com controladores, sistema de capacitadores e a fonte. A energia da fonte se dividia entre os dois motores de passo, o solenóide e o motor contínuo. Os dois motores de passo eram responsáveis pelas funções principais: um controlava a direção e pulso da caneta (esquerda-direita) e o outro controlava a direção e o pulso do cilindro que girava o papel puxando-o ou recolhendo-o (frentetrás). O motor contínuo girava sempre na mesma direção e “dava corda” no rolo de papel. O solenóide era responsável por abaixar e levantar a caneta (riscar e parar de riscar). Descobrir o que cada componente fazia foi fácil, o grande problema foi descobrir que entrada controlava o que e se todo o circuito estava realmente funcionando. Tentamos
ligá-la e nada se mexia, nada funcionava. Víamos apenas luzes vermelhas piscando nos drivers. O professor Guilherme chamou então o Alexandre Ormiga, que trabalha com robótica e logo entendeu o documento sobre o funcionamento dos drivers que havíamos encontrado e as diferentes portas de comando. O que não estava funcionando era a fonte. Ela estava desregulada e com uma voltagem muito alta. Alexandre explicou que existia um sistema de segurança nos drivers e que eles funcionavam apenas entre 20 a 50 volts. Medimos a fonte e ela estava dando 55 volts. No dia segunde fomos ao centro comprar uma fonte nova, 24v e 6,5a. Limpamos os componentes que não iríamos utilizar da plotter e a colocamos para funcionar: tiramos a fonte velha e o sistema de capacitadores. Desconectamos o solenóide pois a ideia era gravar a caneta sobre o papel de forma contínua. Desconectamos o motor contínuo, pois o rolo que iríamos
utilizar de papel estaria solto e daria corda por si mesmo (s贸 puxar). Ficamos apenas com os dois drivers e os dois motores de passo. Conectamos a nova fonte, que funcionou com os drivers e fez eles girarem (luzes verdes apareceram!). Vimos que a plotter estava funcionando, e agora era s贸 criar uma programa莽茫o para controlar os motores.
__CONTROLANDO PELO ARDUINO int int int int int int
pulsoVertical = 13; dirVertical = 12; pulsoHorizontal = 11; dirHorizontal = 10; horizontal = 0; vertical = 1;
void setup() { pinMode(13, pinMode(12, pinMode(11, pinMode(10, }
OUTPUT); OUTPUT); OUTPUT); OUTPUT);
void loop() { //diagonal cima/esquerda if (horizontal == -1 && vertical == -1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, HIGH); digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
//diagonal cima/direita if (horizontal == -1 && vertical == 1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, LOW); digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
//diagonal baixo/esqueda if (horizontal == 1 && vertical == -1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, HIGH); digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
//diagonal baixo/direita if (horizontal == 1 && vertical == 1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, LOW); digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
//cima if (horizontal == 0 && vertical == -1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW); delayMicroseconds(2000); }
digitalWrite(dirVertical, HIGH);
//baixo if (horizontal == 0 && vertical == 1){ digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW); delayMicroseconds(2000); }
digitalWrite(dirVertical, LOW);
//direita if (horizontal == 1 && vertical == 0){ digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000); }
digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
//esquerda if (horizontal == -1 && vertical == 0){ digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000); } }
digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
Esse foi o primeiro código para controlar a Plotter. Puxamos o pulso e a direção de cada drive para as portas digitais 10, 11, 12 e 13 da arduino. Pedro fazia a troca dos valores do código e dava upload para a arduino em tempo real, antes que a caneta da plotter batesse na sua lateral. Brincamos de desenhar muito só mudando esse código em tempo real e tivemos também vários momentos de tensão quando nos atrapalhávamos, pois a caneta da plotter vinha com
tudo, batia na lateral e o motor continuava tentando girar, e tínhamos de desligar a fonte rápido para não danificar nada. O papel quem conseguiu foi o Eduardo, no LPG (Laboratório de Produção Gráfica). Era o rolo de papel da própria plotter mesmo, que estava cortado ao meio e estava servindo para forrar a mesa de estamparia. Miguel comprou a caneta, marca-texto, que deixou o grafismo do projeto muito mais interessante. Faltava apenas conectar o violão.
_O VIOLÃO COMO INPUT DO SISTEMA
Com a primeira etapa da programação funcionando, pudemos ver que precisávamos de 5 comandos: direta e esquerda para a caneta, frente e trás para o rolo e um último para fazer todos os motores pararem. Soldamos então os 5 primeiros trastes do violão.
Colocamos cada fio em uma porta analógica da arduino (passando pela protoboard, pois nesse caso era necessário o uso de registores para dividir a potência entre a porta analógica e o terra) e um fio ligando a porta de 5 volts da arduino à corda que iríamos usar. Passamos essas informações desses novos controladores para o código. int int int int int int
pulsoVertical = 13; dirVertical = 12; pulsoHorizontal = 11; dirHorizontal = 10; horizontal = 0; vertical = 1;
void setup() { Serial.begin(9600); pinMode(13, OUTPUT); pinMode(12, OUTPUT); pinMode(11, OUTPUT); pinMode(10, OUTPUT); pinMode(A1, INPUT); pinMode(A2, INPUT); pinMode(A3, INPUT); pinMode(A4, INPUT); pinMode(A5, INPUT); } void loop() { // // // //
Serial.println(analogRead(A1)); Serial.println(analogRead(A2)); Serial.println(analogRead(A3)); Serial.println(analogRead(A4));
//
Serial.println(analogRead(A5));
if (analogRead(A1) >= 500) { horizontal = -1; } if (analogRead(A2) >= 500) { horizontal = 1; } if (analogRead(A3) >= 500) { vertical = -1; } if (analogRead(A4) >= 500) { vertical = 1; } if (analogRead(A5) >= 500) { horizontal = 0; } if (analogRead(A0) >= 500) { vertical = 0; }
//diagonal cima/esquerda if (horizontal == -1 && vertical == -1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, HIGH); digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
//diagonal cima/direita if (horizontal == -1 && vertical == 1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
}
digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
//diagonal baixo/direita if (horizontal == 1 && vertical == 1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, LOW); digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
//cima if (horizontal == 0 && vertical == -1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirVertical, LOW); digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
}
//diagonal baixo/esqueda if (horizontal == 1 && vertical == -1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW);
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
digitalWrite(dirVertical, HIGH);
digitalWrite(dirVertical, HIGH);
//baixo if (horizontal == 0 && vertical == 1) { digitalWrite(pulsoVertical, HIGH); digitalWrite(pulsoVertical, LOW); delayMicroseconds(2000); }
digitalWrite(dirVertical, LOW);
//direita if (horizontal == 1 && vertical == 0) {
digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000);
}
digitalWrite(dirHorizontal, LOW);
//esquerda if (horizontal == -1 && vertical == 0) { digitalWrite(pulsoHorizontal, HIGH); digitalWrite(pulsoHorizontal, LOW); delayMicroseconds(2000); } }
digitalWrite(dirHorizontal, HIGH);
_APERFEIÇOANDO… Tudo deu certo e finalmente demos vida a Frederico! O nome Frederico surgiu para dar mais personalidade a nossa criação. Como muitos processos ocorreram em meio a gambiarra e depois foram sendo consertados, Frederico tem essa estética de objeto adaptado, com circuitos a mostra, um autóctone Frankstein brasileiro. Sobre as gambiarras…: a caneta precisava de um peso para encostar no papel. Durante os teste, a forçávamos para baixo, com a mão. Mas Miguel desenvolveu uma técnica de
pressão à borracha e esculpiu seu artifício maleável até que ele exercesse um nível de pressão perfeito sobre a caneta. O rolo de papel vivia saindo do lugar, indo pra lado, rasgando o papel, mas Eduardo o levou ao chão e cuidadosamente desamassou o papel paraná interno pressionando-o com o pé.
O circuito estava também uma loucura, fio passando por cima de fio, alguns se desconectavam, tinha até gente se perdendo nesse labirinto. Bonelli apresentou o fio duro, que poderia ser trabalhado junto, coladinho a protoboard, sem deixar nenhuma possibilidade de perda ou desconexão. Refizemos o circuito do zero para que nenhum fio desnecessário ficasse solto.
A última modificação no projeto foi ideia do Pedro, que repensou o esquema de input do sistema. Um dos nossos problema era só poder tocar uma corda do violão e não ser necessário realmente fazê-la vibrar, pois só pressionando a corda certa e fechando circuito na casa desejada, já dava o input no sistema. Uma paleta de metal que conduzisse a energia resolveria esses dois problemas. Com a paleta, poderíamos tocar todas as cordas do violão, e seria necessário encostar nelas para conduzir a energia. Pensei em transformar uma régua de metal que eu tinha em casa em uma paleta. Fui ao laboratório de volume e perguntei ao Diogo Luz, que disse que eu poderia tentar cortar na guilhotina. Quando estava pronta para guilhotinar a peça, Cláudio Magalhães me fala: “pára pare, ‘péra! É isso mesmo que você vai fazer?” E busca para mim uma peça de aço inox no NEXT, já bem moldada, diga-se de passagem. Explica que só precisava cortar com o esmeril e estava pronto. Henrique Canella e João Costa estavam lá fora do volume usando o esmeril e João cortou para mim a paleta, lixamos e estava pronta! Parece apenas, que o aço inox não é soldável, pois tentamos soldar e o fio de solda escorreu. Mas o problema foi resolvido com um bom “jacaré” que segurou a paleta e conectou-a no fio de voltagem.
Expomos os desenhos jĂĄ realizados junto a Frederico, que recebeu atĂŠ um adesivo com seu nome.
_CONCLUSÃO Construir Frederico foi muito importante, pois ele reflete justamente o processo de descobertas e conquistas do fazer, e principalmente do fazer em grupo. Só assim, colocando para frente, experimentando e prototipando é que chegamos a alguma conclusão. E que melhor conclusão que um Frankstein, cheio de sentimentos? Me orgulho de ver o resgate que fizemos da plotter, que havia sido deixada de lado e a surpresa estampada no rosto das pessoas quando perguntam o que é o projeto. Alguns arriscando no violão pela primeira vez, outros mandando ver, construindo gráficos sinistros com o som. Mas a melhor parte para mim foi poder me juntar a esses três incríveis artesãos, artistas, autores, que deixaram todo o processo mais leve e me fizeram acreditar que ia dar certo e que chegaríamos a uma conclusão. Agradeço ao Pedro toda capacidade de explicar, rever, entender e explicar novamente o vão conectivo que havia rolado na comunicação anterior. Percebo o quanto ele vivencia
aquilo que faz e cria. Fico curiosa em ver a conclusão do projeto tradução/traição, que muito tem a ver com toda essa paciência do resgate, ou do não-resgate da explicação. Admiro sua capacidade de gravar etapas e fatos. Essa convivência me inspirou a escrever mais códigos como treino para fixar os passos na minha cabeça e ter certeza do que estou escrevendo sem recorrer a milhões de exemplos. Agradeço ao Miguel a disponibilidade e vontade de construir junto, sempre se encontrando nos diversos horários para aperfeiçoar o projeto. Aprendi com ele a fazer a articulação em grupo fluir dando iniciativa a pequenas ações e estimulando a dinâmica. Agradeço ao Eduardo em especial por um conversa em específico que me fez refletir sobre a questão do trabalho autoral em tensão com o trabalho acadêmico. Acredito que existem formas dos dois conversarem e se ramificarem de forma conjunta, com apoios entre um e outro e acho que Frederico é um grande exemplo de trabalho autoral
acadêmico. Sou do movimento que acredita que a academia pode vir a ser uma grande expressão de trabalhos autorais encaixáveis nas diversas disciplinas, tudo dependendo do autor e seu comparsa orientador. Tiro proveito dessa conversa revendo minhas prioridades em relação às matérias e decidindo me dedicar realmente apenas àquilo que me acrescenta. Agradeço ao Guilherme por ter sido um desses orientadores comparsas, que acreditou no projeto e me deixou livre para ver e rever, ir em frente e retomar, mudar o conceito e reformular. A importância de poder seguir um fio condutor, e não uma linha reta condutora se reflete nesse tipo de projeto. Propor a abordagem da arte, sistemas e linguagens pode vir a contribuir com muitos outros projetos mais retilíneos no futuro, ou até com projetos mais soltos em si. Agradeço ao Bonelli por ser otimista, sempre, e por se orgulhar e deixar ser tocado pelo processo dos projetos que são criados perto dele. Poder contar com essa figura colaboradora que ao se encantar, junta a mão na massa é sempre uma surpresa agradável. Vejo assim as possibilidade de aprender ajudando e contribuindo com o projeto do outro e me inspira a me deixar envolver com outros processos.