O projeto Max e Sam foi realizado por conta de algumas pessoas especiais que o germinaram: Claudia Bolshaw, Thiago Macedo, Jorge Lopes e Sergio Alex Kugland de Azevedo - e as quais agradecemos por todo apoio e incentivo. Agradecemos também a toda equipe do N.A.D.A. de 2014, que participou ativamente com ideias, sorrisos e mão na massa. São: Victor Teles, Lucas Gebara, Raissa Laban, Nathy Passos, Francisco Guimarães, Leticia Curi, Gabriel Franklin, Thiago Macedo e Claudia Bolshaw. Somos gratos também aos palpites de Fernanda Macedo, Kawe de Sá, Miguel Carvalho e Jow Whitaker. Por fim, agradecemos aos amigos que colaboraram por amor: Mateus Schneider, Rogério Farner, Rafael Drelich, Antonio Sodré Schreiber e André Carreon. Ass: Nicole Schlegel, Camila Fernandes, Adso Papandrea e Letícia Leão.
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Ăndice
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6 introdução 8 proposta 10 documentos narrativos 12 argumento / sinopse 13 story line / escaleta 16 roteiro 22 gráficos de roteiro 24 concept (elementos construtivos) 26 estética 28 pesquisa 30 personagens 35 cenários 36 paleta de cor 38 storyboard 46 áudio 48 trilha sonora 49 sonorização 50 processo de produção 52 técnica de animação 54 equipe 55 finalização 57 composição e montagem 60 experimentação 63 análise do processo 64 finalização - créditos 74 ficha técnica
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introdução
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A animação Max e Sam é um desdobramento do piloto “O Gato Múmia” desenvolvido em 2012 por Thiago Macedo e Bruna Ballariny dentro do projeto “Contos de Museu”. Com incentivo do programa “PRIORIDADE RIO - Apoio ao estudo de temas prioritários para o Governo do Estado do Rio de Janeiro” da FAPERJ, o Núcleo de Arte Digital e Animação (N.A.D.A.) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) foi convidado a desenvolver 5 animações para o Museu Nacional da UFRJ, cujo objetivo seria atrair crianças e jovens brasileiros para visitação do museu. Max e Sam é uma dentre essas animações e conta a história de dois amigos dinossauros e suas aventuras frente a chegada de uma chuva de meteoros.
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proposta
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Dinossauros são seres impressionantes que cativam qualquer criança, adolescente ou adulto. O nosso principal objetivo durante a concepção da animação foi tratar sua morte de forma a não chocar as crianças. A animação Max e Sam escolheu trabalhar com a teoria da chuva de meteoros, seguindo instruções dos orientadores de pesquisa do Museu Nacional, e também com as mudanças territoriais e climáticas que foram gerada a partir deste evento, e que se mostraram como os principais fatores da extinção dos dinossauros. Seguindo a linha de pensamento do projeto “Contos de Museu”, o objetivo da animação Max e Sam é atrair crianças e adolescentes, mostrando a possibilidade de visitação aos fósseis do Museu Nacional da UFRJ e introduzindo-os à Historia de como foram extintos. Apesar da teoria de extinção dos dinossauros abordada ser real, escolhemos trabalhá-la de forma lúdica. Assim, duas atrações atuais do Museu Nacional viraram base para os nossos personagens principais, os dinossauros Maxakalissauro e Santanaraptor, que no conto seriam amigos e teriam suas amizade abalada pela desconfiança da veracidade da informação de que um meteoro os atingiria.
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documentos narrativos
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Os documentos narrativos servem como arquivamento e orientação no projeto audiovisual. É com o auxílio deles que iniciamos o processo de desenvolvimento da ideia - partindo dessas ferramentas desenvolvemos tanto roteiro quanto storyboard. O grande desafio da animação Max e Sam foi a forma como os dinossauros morreriam e o desenrolar da história para que esse final não fosse chocante para as crianças. Inicialmente trabalhamos a concepção dos personagens e definimos os dois polos: personagens distantes que entrariam em conflito pela sua diferença de personalidade. Max, o tranquilo rei da floresta, permaneceria calmo frente a chegada do meteoro e aproveitaria sua vida sem preocupações, enquanto Sam, observador e agitado, tentaria a todo custo escapar da morte. A pretensão era gerar humor a partir desses dois pólos comportamentais, aliviando assim o drama da obra. Percebemos que para justificar o momento do choque do meteoro era preciso que durante a trama um conflito fosse estabelecido não apenas em relação a presença da bola de fogo, mas também entre os personagens. Definimos então que o nosso conceito principal abordado aqui seria a confiança e a amizade.
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argumento/sinopse Argumento: A animação irá tratar da questão da morte e afeto dentro do universo dos dinossauros frente a impossibilidade de escape da chuva de meteoros. Sinopse: O pequeno dinossauro Sam Tanaraptor avista algo estranho no céu e tenta avisar ao rei da floresta Max Akalissauro da destruição eminente. Max só lhe dá ouvidos quando vê sua floresta desmoronando. Os dois amigos então devem se reconciliar antes da chegada do meteoro e se unir aos outros dinossauros.
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storyline/escaleta Story line: Como os dinossauros morreram? Topificação da trama e escaleta: introdução
suspensão da expectativa
desenvolvimento conflito clímax solução desfecho
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Apresenta Max. Apresenta a relação amigável de Max com os dinossauros da floresta. Max olha para o céu Apresenta Sam, que também olha para o céu e avista o meteoro Sam toma um susto Sam cai e rola penhasco abaixo Max quase pisa em Sam Max e Sam se reconhecem e sorriem um para o outro Sam tenta avisar a Max sobre a chegada do grande meteoro Max não lhe dá ouvidos e se irrita com sua insistência de chamar atenção - se livra de Sam Sam fica triste e se esconde A floresta começa a tremer, árvores caem devido ao choque de meteoros em locais mais afastados Max percebe a chegada do perigo e corre A floresta desmorona e tudo fica escuro Max vai atrás de Sam e o procura em veio a floresta escura
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Sam faz o mesmo, procura Max para que eles se juntem aos outros dinossauros Max e Sam se encontram Sam conta a Max o que viu Max o tranquiliza, mostrando que tudo ficará bem Juntos, se aventuram pela floresta destruída para encontrar os outros dinossauros Encontram os outros dinossauros que estão assistindo a chegada do meteoro Sam chora e Max fica triste O meteoro os acerta com um estrondo Ocorre uma passagem de tempo e os dinossauros se transformam em fósseis Pessoas aparecem junto ao letreiro “Museu Nacional” e somos transportados ao ambiente do museu
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roteiro Contos de Museu: Max e Sam 10 frames/segundo, 2 minutos e 20 segundos Ext. Céu – Dia, Plano aberto Título O Título aparece em meio ao céu cheio de estrelas cadentes: Contos de Museu, Max e Sam. Dur: 0:00:00:00 - 0:00:03:09
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EXT. Floresta – Dia, Plano aberto Introdução Max aparece feliz e em completa harmonia com a floresta. Seu amigo pterosauro lhe comprimenta e eles brincam. Logo depois corre em sua direção um triceratops bebê, que passa por baixo de suas grandes pernas. Max é cuidadoso e sorrindo o observa. Acelera seu passo e vai observar o grande céu estrelado. Dur: 0:00:04:00 - 0:00:17:06 Transição de câmera
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Céu estrelado Dur: 0:00:17:07 - 0:00:19:04 Sam avista Meteoro Sam aparece deslumbrado com o céu. Se espreguiça e avista algo estranho no céu. Se assusta e sobe na árvore para ver mais de perto. Dur: 0:00:19:05 - 0:00:22:08 |corte| EXT. Céu - Dia, Close O meteoro O meteoro aparece cheio em tela. Dur: 0:00:22:09 - 0:00:23:08
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EXT. Floresta – Dia, Plano Aberto Sam escorrega Sam escorrega da copa da árvore com o susto que leva ao ver o meteoro. Dur: 0:00:23:09 - 0:00:28:06
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Plano médio Sam cai Sam rola ladeira abaixo. Dur: 0:00:28:07- 0:00:29:07
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Blackout, Visão subjetiva de Sam Visão de Sam Tudo preto, Sam abre os olhos e vê um movimento esfumaçado. Fecha e abre novamente: tem uma pata vindo em sua direção. Pisca e a pata já quase o esmaga. Dur: 0:00:29:08 - 0:00:35:03 |corte| Plano aberto
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Max e Sam Max retira a pata de cima de Sam. Dur: 0:00:35:04 - 0:00:36:07
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Plano fechado Max e Sam se reconhecem Sam abre o olho e reconhece Max. Eles sorriem um para o outro. Dur: 0:00:36:08 - 0:00:38:00
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Plano aberto Sam tenta avisar Max Sam corre atrás de Max e o puxa pelo rabo, tentando fazê-lo parar. Max o joga para cima de seu pescoço, achando que ele quer carona. Sam o sacode e tenta chamar sua atenção a todo custo. Sobe em seu pescoço para ficar cara a cara com Max. Dur: 0:00:38:01 - 0:00:45:05 |corte| Visão subjetiva de Max, close na expressão do Sam Sam mostra o meteoro Sam se sacode e grita, apontando para o meteoro no céu. Dur: 0:00:45:06 - 0:00:48:06
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Plano fechado, expressões de Max e Sam Sam grita com Max Sam vê que Max não está lhe dando atenção e então, agressivamente, abre suas pálpebras e berra na cara dele. Max se zanga. Dur: 0:00:48:07 - 0:00:52:09 |corte| Plano aberto Max joga Sam longe Max isola Sam para trás, com seu enorme pescoço. Sam voa e se enrosca antes do baque no chão. Levanta devagar, triste e
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preocupado. Olha para o Max e desiste de tentar avisá-lo, preocupado, olha para o meteoro. Dur: 0:00:53:00 - 0:00:57:07 |corte| EXT. Céu - Dia, close O meteoro O meteoro aparece cheio em tela. Dur: 0:00:57:08- 0:00:58:08
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EXT. Floresta – Dia, plano aberto Sam sai de fininho Sam assustado, sai de fininho. Dur: 0:00:58:09 - 0:01:01:07
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Transição de cena, floresta se fecha. Max percebe a chegada do meteoro Max continua sua caminhada pela floresta, muito tranquilo. De repente, começa a ouvir estrondos e clarões. As árvores começam a rachar e cair no chão, Max se assusta e corre, até que a escuridão da floresta destruida o envolve. Dur: 0:01:01:08 -0:01:08:05 Blackout Dur: 0:01:08:06 - 0:01:09:07 Max e Sam se procuram A floresta escura começa a abrir clarões, nos quais vemos a preocupação de Max e Sam um com o outro. Os dois se procuram. Dur: 0:01:09:08 - 0:01:20:04 Max e Sam se encontram Em uma abertura de clareira, eles se encontram. Sam novamente tenta explicar ao Max, desesperado e chorando, sobre a
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chegada do meteoro. Max reconhece a veracidade dos fatos, e demonstra estar tranquilo e acalma Sam. Dur: 0:01:20:05 0:01:29:02 |corte| Plano aberto Max e Sam vão de encontro aos outros dinossauros Max e Sam enfrentam o perigo e pulam pela floresta destruída até chegar no pico de observação, onde os outros dinossauros já se reuniam para ver a chegada do meteoro. Dur: 0:01:29:03 - 0:01:35:04 Cine meteoro Juntos, os dinossauros assistem a chegada do meteoro. Dur: 0:01:35:05 – 0:01:37:08
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Close Expressão de Max e Sam Sam chora e Max fica triste. Dur: 0:01:37:09 - 0:01:38:07
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Meteoro chega perto Meteoro está muito próximo, estrondos acontecem ao fundo. Dur: 0:01:38:08 - 0:01:40:04
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Plano aberto Choque do meteoro Uma explosão de cores mata os dinossauros Dur: 0:01:40:04 - 0:01:41:01 INT. Museu Nacional - Dia, plano aberto Transformação em carcaça Os dinossauros são transformados em fósseis, e logo vemos nosso ambiente transportado para o Museu Nacional, uma
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multidão tira fotos dos fósseis. Dur: 0:01:41:01 - 0:01:49:00 Créditos Dur: 0:01:49:01 - 0:02:19:09
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grรกfico de roteiro
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1. Título 0:00:00:00 - 0:00:03:09
15. O meteoro 0:00:57:08- 0:00:58:08
2. Introdução 0:00:04:00 - 0:00:17:06
16. Sam sai de fininho 0:00:58:09 - 0:01:01:07
3. Céu estrelado 0:00:17:07 - 0:00:19:04
17. Max percebe a chegada do meteoro 0:01:01:08 -0:01:08:05
4. Sam avista meteoro 0:00:19:05 - 0:00:22:08 5. O meteoro 0:00:22:09 - 0:00:23:08 6. Sam escorrega 0:00:23:09 - 0:00:28:06 7. Sam cai 0:00:28:07- 0:00:29:07 8. Visão de Sam 0:00:29:08 - 0:00:35:03 9. Max e Sam 00:35:04 - 0:00:36:07 10. Max e Sam se reconhecem 0:00:36:08 - 0:00:38:00 11. Sam tenta avisar Max 0:00:38:01 - 0:00:45:05 12. Sam mostra o meteoro 0:00:45:06 - 0:00:48:06 13. Sam grita com Max 0:00:48:07 - 0:00:52:09 14. Max joga Sam longe 0:00:53:00 - 0:00:57:07
18. Blackout 0:01:08:06 - 0:01:09:07 19. Max e Sam se procuram 0:01:09:08 - 0:01:20:04 20. Max e Sam se encontram 0:01:20:05 - 0:01:29:02 21. Max e Sam vão de encontro aos outros dinossauros 0:01:29:03 - 0:01:35:04 22. Cine meteoro 0:01:35:05 - 0:01:37:08 23. Expressão de Max e Sam 0:01:37:09 - 0:01:38:07 24. Meteoro chega perto 0:01:38:08 - 0:01:40:04 25. Choque do meteoro 0:01:40:04 - 0:01:41:01 26. Transformação em carcaça 0:01:41:01 - 0:01:49:00 27. Créditos 0:01:49:01 - 0:02:19:09
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concept (elementos construtivos)
O projeto passou por diversas mudanças de técnicas de animação, que acarretaram em grandes mudanças nos concepts dos dinossauros. Inicialmente foi desenvolvido para ser animado no software After Effects (Adobe) com a ferramenta “puppet”, o que permitia a distorção de desenhos feitos a mão. Assim, desenhamos as vistas dos personagens com giz pastel no papel preto. Porém, devido a uma mudança na equipe durante o processo, optamos pela animação no papel quadro a quadro (à mão) e tivemos de adaptar os personagens para essa técnica. Para isso era necessária uma simplificação dos personagens, já que uma grande equipe estaria desenhando momentos diferentes em cenas diferentes.
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estĂŠtica
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A maioria dos audiovisuais sobre dinossauros apresenta a vegetação verde, seres coloridos e um mundo semelhante ao da mata atlântica brasileira. Conversando com o nosso intercessor do Museu Nacional, o pesquisador Sergio Alex Kugland de Azevedo, descobrimos que a maioria das árvores se assemelhavam com coqueiros, ao contrário do que havíamos idealizado inicialmente. Como os dados sobre a aparência estética da época são incertos, optamos por trabalhar com silhuetas e desenhos sobre o papel preto, desenvolvendo um ambiente (cenário da floresta) cartoonizado e distante do mundo real.
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pesquisa Fizemos um recorte entre dois grupos de dinossauros: os pescoçudos e os de penas para entender algumas características físicas e singulares dos nossos personagens. Para auxiliar no desenho, encontramos também algumas miniaturas de dinossauros emprestadas, que ficaram conosco durante todo o tempo de concepção dos personagens.
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personagens Os dinossauros Maxakalissauro e Santanaraptor foram utilizados como referências para a elaboração do concept de Max e Sam, que foram construídos como dois personagens opostos. Max é tranquilo e zela a paz acima de tudo. Ele é o rei da floresta e tem um relacionamento muito íntimo com os demais dinossauros. Sam é alerta, observador e extremamente agitado. Max é robusto, grande e vagaroso, porém enérgico e saltitante, características essas que podem ser relacionadas a sua posição confiante e ao mesmo tempo carinhosa e amigável com os outros dinossauros da floresta. Atribuímos essas características de personagem ao dinossauro Maxakalissauro por este ser herbívoro, quadrúpede e enorme - o maior que temos no Museu Nacional. Seu tamanho e suas quatro patas conferem estabilidade ao personagem, que sempre usa a razão de comandante desse mundo fictício. Sam é irriquieto e alerta, de passos rápidos. Com essa personalidade assume tudo com muita intensidade, se desesperando ao ponto de atingir um lado cômico em sua interpretação trágica, ao mesmo tempo que é doce e carinhoso. Atribuímos essas características à esse dinossauro (Santanaraptor) por conta de sua estrutura corporal, que tende para frente em
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um desequilíbrio que o tira da inércia. Essa estrutura remete à personagens agitados, que não ficam em um só lugar durante muito tempo por serem muito inquietos. Foram incluídos ainda dois personagens para interagir no universo da animação, principalmente com Max, no intuito de demonstrar sua relação pacífica e tranquila com todos os habitantes da floresta e também para auxiliar na compreensão da cena final, na qual todos são atingidos pelo meteoro e viram fósseis, terminando assim no Museu Nacional. Os dinossauros Pterodáctilo e o Triceratops foram utilizados como referência para a elaboração
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cenários do concept desses personagens. O cenário foi inicialmente preparado em recorte de papel e posteriormente digitalizado e vetorizado. Assim montamos três grandes tiras que correriam de acordo com o movimento dos personagens na animação. Pensamos em quatro grandes momentos para compôr esse cenário: a floresta encoberta de folhagem (que posteriormente serviria para a cena na qual a floresta se fecha em escuridão), a montanha ao oeste (da qual Sam veria o meteoro e escorregaria ladeira abaixo), a floresta
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paleta de cor já destruída, com grades fendas e o pico de observação, que serviria como ponto de encontro dos personagens no final. O início do processo desenhado sobre o papel preto definiu a paleta de cor que utilizaríamos. Trabalhamos com o giz pastel “Conté à Paris - Bright Hues” que tinha cores bem fortes e
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storyboard
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que ficavam muito chamativas em cima do papel preto, dando o destaque necessário. Depois utilizamos sua variação de cor em cima do branco e do preto para determinar as cores dos personagens e do cenário. Na animação, o documento principal é o storyboard, pois ele define o que a equipe terá de fazer em cada cena. O storyboard é montado pelo(s) diretor(es) e indica tempo de cena e
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รกudio
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movimentação de cenário, câmera e personagens. No Max e Sam montamos e remontamos o storyboard durante todo o processo de concepção e roteiro, mexendo em diversas cenas e
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trilha sonora testando seus tempos de leitura. A trilha sonora da animação deveria remeter à cultura brasileira; ser sensível, porém alegre e ser próxima do gosto musical de jovens e crianças. A música desenvolvida para a animação Max e Sam busca se aproximar da estética Armorial. Teve como influência a raiz da música nordestina, que foi introduzida no século XVI por jesuítas e que, isolada no sertão, teve pouca influência externa. Com a chegada dos escravos nessa região e suas influências percussivas africanas, essa música se transformou até se dividir nos estilos côco, xaxado, aboio e toada - tudo que compõe hoje em dia o nosso “forró”. O Movimento Armonial surgiu na década de 70 quando intelectuais se reuniram pra pesquisar aquela música de raiz, praticamente medieval, que deu herança à música do nordeste que ouvimos hoje. A linguagem do Movimento Armorial foi utilizada harmonicamente, melodicamente e
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sonorização timbristicamente por Mateus Schneider, compositor da trilha sonora do Max e Sam, que adicionou a ela a percussão do baião e do côco. Como referência musical foi utilizado o CD “A chave de Ouro do Reino do Vai-Não-Volta” do grupo Gesta. A sonorização da animação Max e Sam teve o papel fundamental de complementar o clima da animação. Os sons precisavam ambientar as cenas e aproximar quem veria o filme do que estava passando. Ela passou por três etapas: seleção da sonoplastia, dublagem de personagens e junção da sonoplastia e trilha sonora com o vídeo. A sonoplastia foi feita a partir da seleção de áudios já existentes. Com exceção dos sons dos dinossauros principais, todos os outros sons (como o de tempestade, meteoro, vento, floresta, personagens secundários e multidão de museu) passaram por um processo de seleção. Letícia Leão e Rogério Farner ouviram diferentes sons, com diferentes durações e tonalidades até encontrar aqueles que melhor se encaixavam no tempo e forma da animação. À medida que um áudio era selecionado, esse era posicionado no animatic para testar se funcionava e se havia algum áudio faltando. A segunda etapa de sonoplastiafoi a dublagem dos personagens principais. A diretora Nicole Schlegel e o animador Adso Papandrea se propuseram a fazer as vozes.
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processo de produção
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Finalizadas as gravações das vozes e a seleção de áudios chegou a parte de juntar toda a sonoplastia selecionada com a trilha sonora. Era preciso equilibrar os momentos de aparição de cada áudio no vídeo, valorizando a trilha sonora juntamente com a sonoplastia. Depois dessa etapa, a mixagem foi feita com mais cuidado por Rogério Farner.
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técnica de animação O processo de produção de animação é, em sua maioria, extenso e trabalhoso. No Max e Sam escolhemos trabalhar com a animação de desenho no papel, para depois digitalizá-la, finalizar os frames (colocando cores nos personagens e cenários) e montar no programa de edição. Animação tradicional frame a frame: A animação tradicional frame a frame é aquela que é feita no papel com o auxílio da mesa de luz. Cada quadro corresponde a à um desenho no papel. No caso da animação do Max e Sam escolhemos trabalhar com 10 quadros por segundo. Inicialmente desenhamos os keyframes (quadros chave) de cada cena, pegando como base o storyboard, os documentos de roteiro e os concepts dos personagens. Os tempos foram testados colocando os keyframes em sequência no software de edição, e os entre-frames (quantos frames precisavam entre cada keyframe de cada cena) foram anotados. Após essa etapa dividimos as cenas entre os animadores. Tendo os keyframes e o número de frames que existem entre eles pode-se completar o movimento e fechar a animação. A animação tradicional no papel é feita com o auxílio da transparência causada pela luz da mesa de luz. Inicialmente pega-se dois keyframes referentes ao trecho que será animado e os sobrepõe sobre a mesa - sua área de intercessão normalmente será o entre-frame. Para
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que os frames não se movam durante a animação, existem dois pinos fixos na mesa de luz: os registros - fazemos furos nos papéis e os posicionamos nos pinos. O registro é muito importante, pois apenas com ele é possível ser fiel às nuances dos movimentos. Quando a cena fica pronta, a testamos em sequência no computador a 10 frames por segundo e vemos se a animação está fluida (esse processo se chama “pencil test”). Para que o teste aconteça é necessário escanear cada frame com o mesmo registro (preso a um único scanner) com as mesmas configurações. Tendo a cena escaneada e o “pencil test” feito, a juntamos com as outras cenas em um único arquivo que será o animatic. Animatic é a junção de cenas completamente animadas com cenas ainda estáticas e algumas já finalizadas (com cor) - com ele temos uma noção geral de como estão ficando os tempos e a animação de cada cena. Essa parte foi feito no programa After Effects e corresponde ao processo de montagem, que será posteriormente editado junto com cenário e efeitos visuais. No arquivo do animatic já podemos alterar os frames não coloridos pelos que vão sendo pintados ao longo do processo e assim cada parte é construída de forma dependente porém cada processo com seu tempo. Ao todo foram 935 frames desenhados e posteriormente finalizados.
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equipe O projeto iniciou com a concepção de Claudia Bolshaw, Thiago Macedo e Nicole Schlegel, tendo seus documentos preparados pelos últimos dois citados e Camila Fernandes e durou 5 meses para ser totalmente finalizado. A parte de produção dos desenhos animados, finalização e montagem durou 77 dias - animação tradicional 2d (a animação frame a frame, a finalização, composição e montagem), do qual os alunos Adso Papandrea, Camila Fernandes, Letícia Leão e Nicole Schlegel participaram do início ao fim e no qual o grande escopo do projeto foi produzido. No final desse processo tivemos ajuda de Victor Colombo (animação e finalização), Lucas Gebara (finalização), Antonio Sodré (animação), André Carreon (finalização) e Rafael Drelich (montagem). Os olhares de Nathy Passos, Raissa Laban, Claudia Bolshaw e Marcos Magalhães foram essenciais na construção de diversas cenas, que acabaram por ser retrabalhadas e aprimoradas por conta dessas participações.
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finalização Iniciamos o processo de finalização abrindo o primeiro frame da cena no Photoshop, e importando os frames seguintes (cada frame ocupando uma layer (pt. camada) diferente). Depois selecionamos todas as layers importadas e as rasterizamos. Aplicamos o efeito “levels” (sendo os valores: 156, 1 e 253) em todas as camadas do arquivo. Com a ferramenta “varinha mágica” selecionamos todas as áreas brancas de cada frame, invertemos a seleção, criamos uma nova camada. No arquivo de “paleta.psd” retiramos com a ferramenta “conta gotas” as cores que seriam utilizadas na cena em questão em função dos personagens presentes. Uma vez tendo a cor do personagem retirada do arquivo da paleta, utilizamos a ferramenta “pincel” para preencher a seleção criada na nova camada vazia, concluindo assim os contornos do frame. Repetimos esse processo em todos os frames do arquivo. Se necessário, limpávamos detalhes desnecessários, capturados pela “varinha mágica”, da camada de contorno. Após esse processo retiramos a visibilidade das camadas superiores e retornamos ao primeiro frame, iniciando a pintura do interior do personagem com a cor preta. Primeiramente contornávamos em uma nova camada as bordas da massa de cor preta. Uma vez tendo o contorno fechado, pintávamos seu interior com a ferramenta “balde de tinta”. Uma linha residual que não era preenchida pela pintura era posteriormente manualmente corrigida com a utilização do “pincel”.
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Depois de repetirmos esse processo para cada frame, fazíamos a exportação de cada um, mesclando as 2 camadas respectivas, gerando assim um arquivo .png, com mesmo nome do frame inicial, para que não gerasse conflito na montagem com o programa After Effects. Dependendo do número e posição dos personagens na cena, deveriam ser feitos arquivos .png separados para cada personagem. Outra questão relativa ao detalhamento dos personagens era a presença de dentes e olhos abertos, os quais cobríamos de branco, e as pupilas de preto. Na última cena, cartela do Museu Nacional, foi utilizado o mesmo processo, entretanto as cores que foram aplicadas à multidão foram as mesmas utilizadas no cenário, considerando que a multidão exercia este papel de segundo plano; e a cor de preenchimento foi um cinza, também presente no arquivo da paleta de cor. Os arquivos exportados ficavam na mesma pasta na qual se encontravam as versões scaneadas dos frames, que eram realocados em uma nova pasta dentro da pasta da cena, assim por terem o mesmo nome esses arquivos substituíam as versões scaneadas na composição do After Effects.
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composição e montagem O arquivo possui as dimensões de 1920x1080 (HD Wide) e foi montado por Nicole Schlegel no software After Effects da Adobe. O processo da composição e montagem foi feito simultaneamente ao processo de animação e finalização - tudo em um mesmo arquivo que foi iniciado com os frames do storyboard (que depois foram substituídos pelos keyframes). Para isso era necessário salvar diversas versões do arquivo - uma precaução caso o arquivo danificasse ou corrompesse. Inicialmente importamos as cenas em sequência de .png e as subdividimos em diferentes composições. Importamos os cenários e os posicionamos com a duração de suas respectivas composições. Importamos o pano de fundo (o céu) e estendemos o arquivo por toda a animação. Para que a passagem de tempo ocorresse, a cor do céu foi animada, como se o dia estivesse escurecendo. O cenário foi animado com “position” de acordo com a movimentação dos personagens. Não utilizamos câmeras nesse projeto, pois a proposta era trabalhar a composição com a estética da animação de recorte de papel em silhueta. Diversas alterações de escala e posição foram feitas nos frames animados como ajuste. Em cenas específicas, como a “Max e Sam vão de encontro aos outros dinossauros”, a animação teve de ser feita novamente no próprio software, pois a animação feita no papel não encaixava no cenário - utilizamos, portanto, os frames já preparados e os reposicionamos para que o salto dos personagens não saísse da margem preestabelecida pelo cenário. A cena
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na qual a floresta desmorona teve também o cenário inteiramente animado no After Effects, com “position”, “rotation” e “scale”. O paralax do pano de fundo com o cenário foi feito por Rafael Drelich em uma sutil mudança de “position” do céu. As transições de cenas (por fade in/out, por construção de passagens, por corte seco, etc.) já haviam sido pensadas no storyboard, porém algumas alterações ocorreram na hora da montagem, como, por exemplo, na cena de transição do cenário caótico da chegada do meteoro para no Museu Nacional, na qual percebemos que o corte seco seria mais impactante que a transição linear, e acrescentamos a cena da explosão do meteoro. Tendo o arquivo finalizado, exportamos nas configurações de filme quicktime em photojpeg com 100% de qualidade. A junção do filme com o áudio foi feita no programa Adobe Premiere e as configurações de exportação utilizadas foram as mesmas, porém com áudio a 32 bits.
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experimentação
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A etapa de teste ocorreu assim que animação foi finalizada. Testamos com 4 crianças de faixa etária entre 5 e 8 anos e com uma pessoa de necessidade especiais, pois havia uma dúvida quanto a necessidade de colocar uma narração que percorresse o filme como um todo, explicando os fatos. Outra dúvida que se apresentou foi enquanto a aceitação da morte dos dinossauros,pois falar de morte com crianças é delicados, já que muita vezes elas não entendem, ou simplesmente negam o fato. Giovanna, de 7 anos foi a primeira a fazer o teste - está no segundo ano e já sabe ler. Gargalhou durante o filme e sua conclusão foi: “É muito engraçado, gostei!”. Perguntamos o que ela havia entendido e ela respondeu que tem dois dinossauros que são amigos e um vê uma “bola de fogo” e tenta mostrar ao outro. Ela teve, porém, que voltar o vídeo e rever para explicar o que acontece no final e disse: “A bola de fogo quase atinge eles”. Aqui observamos a negação que Giovanna teve com a morte dos dinossauros, porém vale ressaltar também que ela nunca havia visto um fóssil e que provavelmente não fez a ligação da transformação em ossos com a morte dos dinossauros por conta disso - a obra será portanto mais efetiva quando exibida no Museu ou para crianças com conhecimento prévio. Bianca de 5 anos foi a segunda a testar o Max e Sam. Muito expressiva, ficou triste no momento de separação dos dinossauros e riu muito quando Sam tentava avisar ao Max puxando-o e gritando em sua cara. Assim que terminou perguntou: “Foi assim que os dinossauros morreram?”. “A animação é sobre os dinossauros que morreram e só ficaram os ossos”. Surpresos pela resposta rápida pedimos que ela narrasse um pouco do que viu desde o começo: “O maior dinossauro estava passeado e o menor dinossauro viu um meteoro e foi contar ao maior que jogou o menor pra fora, aí quando ele contou a verdade
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eles morreram. As pessoas todas viram os ossos deles.” Perguntamos a sua mãe se Bianca já havia se interessado pelo tema dinossauros, pois entendera tudo muito rápido. Ela respondeu que Bianca já havia tido medo de dinossauros e foi tranquilizada pelos pais na época, que a levaram ao Museu Nacional para ver os fósseis. Hannah de 8 anos também teve uma reação de entendimento geral da obra: entendeu que os dinossauros morreram e no final até falou “tadinhos!”. A parte da floresta, ela entendeu que estava desmoronando por causa do “asteroide”. A cena da busca ela só entendeu quando viu novamente. Lucas, também de 8 anos, explicou tudo detalhadamente: na parte da floresta, disse que as árvores estavam caindo, que ficou tudo escuro, e depois abriram várias bolinhas pro dinossauro vermelho e o dinossauro verde aparecerem e olharem para os lados, depois eles se reencontraram com os outros dinossauros e quando o meteoro veio, a carne deles virou osso. Perguntamos se ele sabia porque a floresta estava caindo, e ele respondeu que era por causa dos meteoros. Perguntamos se ele tinha entendido as “bolinhas” que abriam pros dinossauros, ele disse que não lembrava. Então eu mostrei de novo, só essa cena, e aí ele entendeu que os dinossauros estavam procurando um lugar para se proteger e os outros dinossauros e também o vermelho e o verde estavam se procurando. Realmente falar de morte para criança é complicado, o que sentimos na Giovanna era que ela tinha sim entendido, mas não queria aceitar que eles morreram. A animação ao lado dos fosseis no museu será mais efetiva, pois o ambiente estará sendo fisicamente representado. A partir desse fato observado, desenvolvemos ilustrações para os créditos de forma a contrapor a tensão causada pela morte dos personagens (ver anexo).
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análise do processo A grande questão de entendimento observada foi a cena da procura, na qual parece que o entendimento falhou, pois quase todas crianças tiveram de voltar o vídeo para explicar o que estava acontecendo. Acreditamos que isso se deve por ser uma parte pós clímax na qual a expectativa não é solucionada de imediato, e a tensão fica pendendo até o reencontro dos personagens principais. A criança, no caso, não precisa desse tempo de leitura da cena, e portanto a cena se alastra um pouco, fazendo com que ocorra uma dispersão no fato tratado, que é a vinda do meteoro. Ao mesmo tempo, acho imprescindível mostrar aqui, para adultos, que o que importa não é o desespero, ou a morte em si, mas a reconciliação dos amigos. O entendimento dessa reconciliação porém, apesar de não expresso verbalmente pelas crianças, pôde ser observado também nas expressões de alívio de Lucas e Bianca na cena do reencontro, na qual os dois sorriram.
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finalização - créditos
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Em paralelo com a animação e com o fim de amenizar a tensão causada pelo choque do meteoro e a morte dos dinossauros, um estudo para os créditos do filme de deslocamento do tempo narrativo foi desenvolvido junto ao Núcleo de Ilustração (NILU), dentro do Laboratório de Design de Histórias (LADeH) da PUC-Rio com o professor Miguel Carvalho. Como os personagens são muito caricatos, é normal que se crie durante a narrativa uma relação de afinidade com eles. Por conta desse aspecto, a vinda do meteoro e a chegada da morte assumem um caráter extremamente dramático. O estudo nasceu a partir de duas questões: a primeira relativa ao desenvolvimento psicológico dos personagens frente à morte e seus comportamentos, que é concluída pela sucessão dos quadros repetidos – e a segunda relativa ao deslocamento da tensão narrativa e como isso repercute na trama trágica e cômica. Para tal, transportamos os personagens para uma tarde comum no litoral brasileiro, adotando elementos construtivos atuais como um guarda-sol, uma canga, uma cadeira de praia, uma caipirinha e um óculos escuros. Assim, a situação seria prontamente apresentada como hipotética e surreal, por ser fato histórico dinossauros não existirem nesse cenário. A importância dessa transferência de cenário se deu para possibilitar a banalização cômica da morte dos dinossauros – só assim, desatrelando a narrativa do caráter documental histórico, seria possível tratar a distensão temporal a fundo. Pegamos como base o gráfico temporal de narrativas clássicas, que têm como etapas a introdução, o desenvolvimento, a apresentação de conflitos, o clímax, suas resoluções e desfecho. Dentro da nossa peça, a construção clássica se daria com a introdução como a apresentação do cenário surreal no qual “atualidade e dinossauros” quebram com o caráter
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documental e abrem as portas para o mundo fictício; o desenvolvimento como a questão psicológica dos personagens e suas diferentes formas comportamentais; o conflito como a notícia lida no jornal; o clímax como a divulgação dessa notícia; a resolução como as diferentes reações dos personagens e o desfecho como a explosão do meteoro. No primeiro quadro temos a apresentação dos personagens e cenário. No segundo quadro, temos a apresentação de um conflito que só é revelado no terceiro quadro, quando Sam comunica a Max a proximidade do meteoro. O quarto quadro apresenta a diferença de reação entre os dois personagens, onde o Max apresenta sua relativa calma e indiferença frente ao conflito enquanto o Sam se desespera, ansioso com a notícia. O último quadro é o choque do meteoro, que sugere a morte de ambos. O conflito fica posicionado no meio da trama, quando Sam avisa Max sobre a vinda do meteoro. O desenvolvimento vem sob o aspecto psicológico dos personagens - Sam se desespera frente à morte e Max se acalma - fica então expressa a ideia de não ser importante a chegada da morte e sim a vida anterior a ela. Como solução temos a explosão do meteoro que dissolve a tensão por completo. Temos nessa situação momentos em que necessitamos de atenção, de foco para esclarecer determinada passagem. É o caso, por exemplo, do terceiro quadro que explica de maneira pontual a chegada do meteoro. O que acontece com a história quando o clímax da situação anterior é deslocado para o primeiro quadro e os próximos se tornam apenas uma suspensão da expectativa? Nessa segunda situação desenvolvemos o aspecto psicológico dos personagens a fundo, fazendo com que a suspensão da expectativa de que uma resolução seja encontrada resulte no clímax. O primeiro quadro, portanto, que na situação clássica se encaixaria como o clímax da narrativa, passa a ser a apresentação do conflito - um pico de tensão de pronto ao leitor.
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Os quadros seguintes são construídos pela repetição de elementos - situações parecidas nas quais fica cada vez mais explícita a tensão. O tempo de leitura aqui se alastra, dando a sensação de que a qualquer momento o meteoro poderá cair. A resolução com a explosão vem no último quadro.
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Nessa segunda sequência, a cena em que o Sam avisa ao Max do perigo é colocada inaugurando a narrativa. Mantendo o choque do meteoro no final da narrativa, temos então a distensão do tempo de desenvolvimento da reação dos personagens em 3 imagens, comparando com a primeira sequência. É também nessa etapa que é feita a apresentação dos personagens. Assim o desenrolar da narrativa tem um peso maior na diferença entre as reações dos personagens. A repetição da ânsia de Sam e a calmaria de Max dá visibilidade a personalidades diferentes. Nesse sentido também podemos visualizar a sensação de tempo diferente para ambos. Enquanto para Max a situação não necessita desespero, para Sam é um pânico. Assim, para Max, o tempo não sofre tanta distensão, sua alma não percebe o tempo como longo, e para Sam, que se angustia com a possibilidade da morte, o tempo sofre distensão, pois a espera do meteoro se expande pela gravidade da situação e por seu medo, sendo percebida de maneira longa.
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O impacto do meteoro foi até agora utilizado como resolução do clímax, mas o que acontece na tensão narrativa quando a explosão é puxada para o segundo quadro e o clímax para o primeiro? No caso, não existe mais a expectativa da reação dos personagens, nem o caráter psicológico sobre suas diferenças comportamentais. A explosão continua a ser resolução por ser consequência do clímax, porém essa resolução se alastra por mais dois quadros, que criam uma expectativa sobre o que restou após a explosão. No último quadro podemos ver os óculos escuros de Max, cujo significado fica em aberto caso essa terceira situação seja analisada isolada das demais. Nessa circunstância temos inicialmente a apresentação do personagem em conjunto com o conflito, mas sem o tempo de desenvolvê-lo. Aqui, diferente das outras sequências, pois apresentamos pela primeira vez a morte dos personagens, o desfecho. É também o momento em que é dada atenção especial ao momento da explosão, o registro em 4 cenas da explosão deixa clara a opção por distender o tempo com foco na explosão. O primeiro quadro serve somente de anúncio, uma espera, uma antecipação do ocorrido que apresenta o fato que se desenvolverá em praticamente toda a narrativa: a explosão do impacto do meteoro. Ao final, como desfecho, traz-se o óculos escuro, pertencente a um dos personagens, num momento em que pela primeira vez apresentamos uma distensão para o passado: a memória.
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O clímax das situações anteriores foi representado pela divulgação da notícia que acarretaria nas formas diferentes de se portar frente a morte dos personagens. Porém, o que acontece quando não damos tempo de reação para esses personagens e nem a simples possibilidade de anunciar a vinda do meteoro? Nessa quarta situação, a apresentação dos personagens dura 3 quadros, mostrando suas vidas sem a preocupação com a chegada do meteoro. Porém, no quarto quadro Sam quase não tem tempo de raciocinar sobre o que lê, posto que o próximo quadro já se trata da explosão. A opção de transcorrer praticamente a mesma cena em 5 imagens, dá-nos a experiência de uma atenção aos detalhes pequenos de cada cena, as micro mudanças. É ampliar o momento presente e uma ampliação não temporal, mas de atenção. O que acaba provocando uma distensão, mas não no sentido de se estender ao passado ou ao futuro, mas de ampliar a percepção do momento presente. Aqui já não temos nem a distensão para o momento passado - memória, nem uma espera do momento futuro. O que pode ser percebido aqui, após a explosão é um retorno à narrativa e por conta disso uma valorização da vida anterior ao desastre.
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ficha tĂŠcnica
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Realização N.A.D.A. PUC-Rio Direção Nicole Schlegel Co-direção Camila Fernandes Supervisão e Produção Claudia Bolshaw Produção executiva Jorge Lopes Pesquisador Sergio Alex Kugland de Azevedo Argumento Claudia Bolshaw Thiago Macedo Storyboard Camila Fernandes Nicole Schlegel Thiago Macedo Roteiro e Animatic Camila Fernandes Nicole Schlegel
Direção de Arte e Ilustrações Nicole Schlegel Concept Camila Fernandes Nicole Schlegel Thiago Macedo Lettering Camila Fernandes Letícia Leão Animação Adso Papandrea Camila Fernandes Letícia Leão Nicole Schlegel Victor Teles Finalização Adso Papandrea André Carreon Camila Fernandes Leticia Leão Lucas Gebara Nicole Schlegel Victor Teles
Trilha Sonora Mateus Schneider Mixagem Rogério Farner Sonorização Letícia Leão Rogério Farner Colaborações A. Sodré Schreiber Nathy Passos Rafael Drelich Raissa Laban Agradecimentos Fernanda Macedo Francisco Guimarães Gabriel Franklin Jow Whitaker Kawe de Sá Laura de Leers Leticia Cury Miguel Carvalho FAPERJ - Programa “Prioridade Rio”
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