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.raw Número 10 | R$15 | Ano 01

FOTOGRAFIA DE

CASAL Ela pode fazer a diferença na sua carreira. Entenda o que eles o motivo da busca por aquilo que é diferente

+ Técnica Como usar light painting facilmente

+ Portfólios Alexandre Fonseca: ser erótico Rogério Janu: somente pessoal

+ Resenhas Canon 70-200 Sony A7 e A7r


EDITORIAL 2


Da fotografia ao amor A primeira coisa que fizemos foi definir o tema pessoal para cada revista; já neste momento eu sabia que gostaria de trabalhar com fotografia, mas fugindo das revistas tradicionais que ou são demasiadamente imagéticas ou acabam se tornando extremamente técnicas e com pouco trabalho gráfico. Quando penso em fotografia, mesmo trabalhando com isso profissionalmente, ainda lembro muito dos antigos álbuns de retrato que vinham com faixas coloridas de seda para marcar passagens importantes. Isso era, definitivamente, algo que eu gostaria de trabalhar nesta revista, um jeito de conversar o passado com a vida contemporânea, formando uma releitura dessas fitas tão icônicas nos moldes das

peças mais undergounds - que, por acaso, estão em alta por esses tempos. Depois que o grid já estava estabelecido estudei a fonte e decidimos, em conjunto, que seria usada a Eurostile, por ela ser elegante e ter personalidade, ou seja: se mostrar mais única. Foi, então, hora de pensar nas matérias de forma a dar o devido destaque para o texto, mas buscando fotografias interessantes. Entrei em contato com diversos fotógrafos e o resultado pode ser conferido durante a passagem pela revista. A maior parte das entrevistas é real e as fotos são dos fotógrafos citados em cada matéria. Foi super interessante trabalhar dessa maneira pois deixa o trabalho mais real.

Nina Falci

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Espaço do leitores Que loucura fazer uma revista intei-

Mas foi legal de qualquer forma, sem-

Editor: Nina Falci

ra! Que loucura ir atrás de fotografar

pre, pela experiência e pela vivência

Diretoras: Maria Helena e Regina

um casal às 22h no parque do Ibira-

louca de escrever a maior parte dessa

Projeto Gráfico: Nina Falci

puera depois de ficar a tarde inteira

revista maluca da Nina, né? Ela é doida

maquiando os dois porque, é claro,

de fazer isso, mas acho que no final

Contribuições do mês

eu não ia pagar pra um maquiador

combinou com ela. Ficou bem fechada

Camila Muradas

pra isso, porque né? Universitária.

no grid, o que é super ela, mesmo!

Alexandre Fonseca Mariana Fábio

Laina Fasoli, 19 anos, SP

Guilherme Marini, 20 anos, SP

Instagram: @ladytabule

Instagram: @h1ug

Capa Fotografia: Nina Falci Modelos: Laina F. e Rodrigo F.


Editorial | dezembro de 2014

LOS AMANTES AMAM

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CAPA

Fotografia de casais E como ela pode mudar sua vida? Se em um primeiro momento eles se sentirem tímidos ou desconfortáveis, basta pedir-lhes para mostrar como foi quando olharam um para o outro no primeiro encontro. Você irá chamá-los para um nível emocional. 4


dezembro de 2014|Editorial

06 Perguntas E o que é um filtro de densidade neutra?

08 10 Portfólio Alexandre Fonseca

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Resenha Conheça as novas Sony A7 e A7r

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Tecnologia Como funciona uma lente de DSLR? Portfólio Rogério Janu 5


Ask | dezembro de 2014

...dúvidas?

foto: Christian Yves Ocampo

O que é um filtro de densidade neutra? Ele é realmente importante? Qual o motivo? A maioria dos filtros perderam sua função de existir com as possibilidades de pós produção da fotografia digital. É mais fácil usar o Lightroom ou o Photoshop para colorir uma foto, por exemplo, do que usar um filtro na lente. Mas quando se trata de fotografia de paisagens, alguns filtros ainda são bem vindos. Um deles é o filtro de densidade neutra, também chamado de filtro ND. Ele serve para nada mais, nada menos, do que deixar entrar menos luz pelas lentes. Mas pera lá, você me pergunta: para quê um filtro que deixa passar menos luz? Não gastamos horrores em lentes que deixam passar mais luz? Por que, justo agora, botar um bagulho na frente da lente que vai deixar passar menos luz? A maioria dos filtros perderam sua função de existir com as possibilidades de pós produção da fotografia digital. É mais fácil usar

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o Lightroom ou o Photoshop para colorir uma foto, por exemplo, do que usar um filtro na lente. Mas quando se trata de fotografia de paisagens, alguns filtros ainda são bem vindos. Um deles é o filtro de densidade neutra, também chamado de filtro ND. Ele serve para nada mais, nada menos, do que deixar entrar menos luz pelas lentes. Mas pera lá, você me pergunta: para quê um filtro que deixa passar menos luz? Não gastamos horrores em lentes que deixam passar mais luz? Por que, justo agora, botar um bagulho na frente da lente que vai deixar passar menos luz? A maioria dos filtros perderam sua função de existir com as possibilidades de pós produção da fotografia digital. É mais fácil usar o Lightroom ou o Photoshop para colorir uma foto, por exemplo, do que usar um filtro na lente.Mas quando se trata.


dezembro de 2014|Ask foto: Christian Yves Ocampo

foto: Christian Yves Ocampo

foto: Christian Yves Ocampo

Pra que serve um parasol? É necessário?

Fotografia social: como e onde?

Posso usar a 50mm para pessoas?

O que é e como funciona O parasol protege a lente de fragmentos de luz desnecessários. O sol ou outra fonte de luz, quando dentro ou quase dentro do quadro fotografado, cria efeitos/defeitos chamados flare ou glare. Qualquer fonte de luz pode criar essas manchinhas (sol, lâmpada dentro de casa, etc.) E as manchinhas podem ter formatos diversos – podem ser redondas, pentágonos, heptágonos, etc. Um flare é uma manchinha mais definida, já o glare é quando a foto inteira fica menos contrastada e um pouco lavada. Mas pouco importa os nomes: o parasol está aí para nos defender de todos eles quando for necessário. E quando a gente achar que deve, né? Afinal o defeito às vezes pode virar efeito.Lorporibus explicimaio. Nam natet volore optatia si comnisinus as eos con restibus verum que plit, tem il int quam, volo tecuscilla

Faz quatro anos que realizo workshops pelo Brasil inteiro, portanto sempre fiquei com medo que minhas opiniões sobre o assunto fossem vistas com viés de propaganda. Hoje, no entanto, me sinto tranquila para falar sobre o assunto. Este ano quase todas as minhas turmas do workshop de Direção Afetiva já não possuem vagas e esses serão os últimos que farei, pois em 2015 me focarei em outros projetos. Como a auto-promoção neste momento seria inútil, posso dizer com toda a sinceridade: pra saber se um workshop vale a pena eu uso a tática do preço. Se é caro, não vale a pena. Se é barato, é possível que valha. Simples assim. Quem cobra caro para workshops normalmente são pessoas que estão nessa só pelo dinheiro e viram que ensinar é mais lucrativo do que fotografar. 2015 me focarei em outros projetos.

Sim. Você pode usar a 50mm. Você também pode usar a 10mm e pode usar a 400mm. Você pode usar a lente que quiser para fazer retratos! Esta regra só existe porque na maior parte dos retratos o objetivo é não distorcer o rosto da pessoa, e isso vale principalmente para fotos mais próximas do rosto. O importante é que você consiga fazer a foto do jeito que planejou e acha bonito. Se você gosta de usar uma 24mm para fazer retratos e gosta do resultado, vá em frente. Ninguém pode apontar o dedo pra sua foto e dizer que você deveria ter usado outra lente. Eu adoro a 50mm. Sempre indico ela como a lente que todo mundo deveria ter. Mas ela ainda distorce um pouquinho sim, principalmente se você chegar perto o suficiente. Amet inus. Sapicim fugia venis atiistoApisit veles eum eturio blabore.

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FICHA TÉCNICA Nome: Alexandre de Castro Fonseca (Alê Fonseca) Idade: 25 anos Onde mora: Belo Horizonte - MG

A arte erótica de

Alexandre Fonseca

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E aí? Como começou?! Comecei a levar fotografia a sério no ano de 2005 por influência do meu professor de desenho na época, o saudoso Fernando Fiúza, que sempre foi uma grande referência pra mim, ele me deu os maiores toques e incentivos. E qual foi o equipamento? Começou com analógico ou foi direto ao digital? Comecei com uma Cannon AE-1 35mm que meu irmão me deu, depois fui comprar minha primeira camera, uma Mamya C330 de médio formato, nunca mais abandonei o médio formato. Com essa camera fiz uma cobertura de viagem pra associação brasileira de sommeliers de Minas Gerais e eles adoraram o resultado. Fizeram vários postais com minhas fotos. Outra grande culpada da minha descoberta foi minha amiga Annie, por quem eu era apaixonadíssimo na época, e que foi a primeira pessoa de quem fiz fotos e acabou virando minha musa.


Alê Fonnseca|Portfólio

Você ainda a fotografa? Sempre fazemos fotos quando possível. Foi delicioso descobrir com ela essa cumplicidade entre fotógrafo e modelo. Mas e as fotos desse projeto, hein? As fotos desse trabalho atual foram retrabalhadas à partir do meu acervo de fotos eróticas para serem expostas na Décima Mostra de Arte Erótica, em BH. Jura? Mas qual foi o trabalho que você fez nelas na pós-produção? Elas receberam um tratamento mais gráfico, mais próximo do meu trabalho com Punkographics, muito inspirados nos efeitos de manipulação de imagens dos anos setenta e oitenta: O fotolito, o xerox e a serigrafia, com uso de colorização e colagens. Ah! Então esse trabalho tem uma forte inspiração gráfica mesmo, né? É um trabalho muito inspirado em cartazes, zines, ilustrações e capas de discos. A grande diferença dos Punkographics é que eles se utilizam de fotos de acervo roubadas da internet e tem uma estética mais seca e mais ligada aos zines enquanto esse trabalho que escolhi para publicar aqui explora o universo mais colorido dos cartazes serigráficos e é todo do meu acervo pessoal. A maioria dos trabalhos vem de fotos feitas num período de sete anos nas mais diversas situações e com várias modelos. *Entrevista realizada em outubro do ano de 2014 para a produção da revista experimental .raw. Todas as imagens pertencem exclusivamente a Alexandre Fonseca e foram cedidas por ele para a produção deste projeto apenas.

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As incríveis fotos P&B de

Rogério Janu Como começou? Onde? Quando? conta tudo! Tive meu primeiro contato com a fotografia quando fiz um curso técnico de design gráfico, em meados de 2010. Na minha primeira aula de fotografia, fiquei abismado em descobrir que fotografar não era simplesmente apertar um botão. Lembro que nessa aula, o meu professor apresentou alguns dos grandes mestres da fotografia e que quando ele mostrou a imagem “O menino do Vinho” do Cartier Bresson, me senti tocado pela capacidade que a fotografia tem de transmitir expressoes como a de felicidade do menino que aparece nesta foto. Foi ali que eu decidi que eu queria fotografar. Em 2011 trabalhei em uma empresa como editorador de imagens e lá acompanhei alguns eventos nos quais pude dar alguns cliques, mesmo como auxiliar. Em 2012, tive a chance de comprar a minha primeira câmera e começei a atuar como freelancer em casamentos e tento, sempre que posso, produzir imagens autorais. Porque você escolheu essas fotos? Escolhi fotos numa sequência cronológica.

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O que cada uma representa para você? A foto onde aparece o céu, o sol e o pássaro (ao lado): Imagem que eu vi enquanto andava na rua, e por sorte, estava com a máquina. Data:2012. A foto do homem com o instrumento (ao lado): Estava tendo um festival de musica na praca da liberdade e subi no palco fingindo que eu era fotografo do evento. Pena que não deu pra fotografar muito, me tiraram do palco. Data: 2012. Foto da bailarina (ao lado): Ensaio que fiz de uma bailarina em BH. Data:2012. Fotos do homem dançando (acima) O bailarino me convidou para fazer um ensaio dele, e como nao tenho estudio fui para a praca da assembleia e fotografei ele do alto, onde nao havia muito ponto de luz no fundo. Esse ensaio brinca com o movimento e com as formas do corpo. Data:2013. Foto da pessoa fumando (ao lado): Estava com a minha namorada e fiz essa foto usando a luz do celular contra ela. O que você mais gosta de fotografar? Pessoas, mas sempre brincando com a luz do ambiente. Além de poder eternizar o instante, me facina a possibilidade que a fotografia dá de modificar aquilo que se vê. Quando se trata de clicar, tento não me prender a conceitos estéticos. Aproveito as possibilidades que o ambiente me oferece, modificando a realidade em detrimento de minha imaginação Retratar algo ou alguém através das lentes não exige um só modo, e sim uma constante experimentação. O que concluo com esses anos em que fotografo e estudo a fotografia, é que sempre se está apredendo e o que sei nao é absolutamente nada perante o leque depossibilidades que a fotografia proporciona.


Rogério Janu|Portfólio

FICHA TÉCNICA Nome: Rogério Janu Idade: 25 anos Onde mora: Belo Horizonte - MG

Divide uma experiência com a gente! Uma vez me pediram para fotografar um trabalho acadêmico relacionado à dança e quando eu cheguei no local, o ambiente era horrível, porém enorme. A sala era toda espelhada e muito iluminada, como se fosse um quarto cheio de luz, e o efeito que queriam nas fotos era de palco. Cobri um dos espelhos com um pano escuro, que com sorte consegui no local, pedi um amigo para segurar o flash a 45 graus dos modelos na potência mais alta que podia, e configurei minha câmera para captar o mínimo de luz do ambiente, o que me capacitaria trabalhar com aquela luz direcionada. O resultado foi muito bom, porque consegui escurecer o ambiente inteiro e deixar a iluminaçao como se fosse mesmo de um palco. Fiquei muito feliz com o resultado. *Entrevista realizada em outubro do ano de 2014 para a produção da revista experimental .raw. Todas as imagens pertencem exclusivamente a Rogério Janu e foram cedidas por ele para a produção deste projeto apenas.

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LOS AMANTES AMAM 12


Fotografia de casal | Capa

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Desde quando você fotografa? Profissionalmente, fotografo desde meus 16 anos. Mas me aventuro pelo mundo da fotografia e da edição desde mais pequena.

FICHA TÉCNICA Nome: Nina Falci Idade: 24 anos Onde mora: São Paulo - SP

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Como começou? Onde? Quando? Lembro de ter realmente começado a me envolver com fotografia quando ganhei o cachorro dos meus sonhos: um golden retriever, que dei o nome de Buddy. Meu pai é fotógrafo faz mais de 20 anos, e na época, ainda usava máquinas analógicas para trabalhar. Eu pedia emprestada a câmera dele e passava horas explorando o quintal e registrando meu companheiro Buddy, tudo em preto e branco. Percebendo meu entusiasmo pela fotografia, meu pai depois me deu uma máquina que ele já não usava mais, essa já digital. Era uma 30D da Canon, semi profissional. Passei a chamar amigas para criar ensaios, pensando no cenário, figurino, temática e música que representasse as fotos. Quando percebi, estava sendo contratada para fazer ensaios de 15 anos já. As fotografias sempre pendendo para


fotos: Camila Muradas

um visual clean, muito simples e casual (talvez seja por isso que meu trabalho deu tão certo). Conhecidos me chamavam para registrar o aniversário de 1 ano da filha, o casamento, o lanche de mulheres do final de semana, o show de reggae, os pratos do restaurante... E dessa forma, fui entendendo o meu trabalho e minha personalidade na fotografia, montando meu portfólio e me arriscando a aceitar novas propostas de trabalho que envolviam vários desafios para mim. Creio que essa é uma das minhas características marcantes como fotógrafa: adoro expandir meus horizontes. Fotografei casamento todo final de semana, trabalhei em agência de modelo, fiz trabalho de fotografia antropológica na África, experimentei fotografia macro de insetos, registros de comida para restaurantes, fotos publicitárias, still de produtos, ensaios experimentais, nú artístico... Acredito que mesmo explorando várias facetas da fotografia, tenho uma estética concisa que está, e deve sempre estar, aberta a novas aprendizados. Essa é a minha maior motivação.

FICHA TÉCNICA Nome: Camila Muradas Idade: 21 anos Onde mora: Brasília - DF

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O que a levou a escolher casais? Meu interesse em trabalhar com casais é a alegria de participar de um momento extremamente bonito na vida a dois, propiciando registros sinceros de companheirismo que para sempre ficarão na memória do casal. Pra mim é um prazer enorme marcar com fotos algo tão belo como a cumplicidade entre duas pessoas, criando imagens que representam de forma simples e verdadeira esses relacionamentos. Eu aprendo muito. O que tem de diferente em fotografá-los, então? A diferença está na interação entros os “modelos”. Fotografar uma pessoa é muito diferentes de fotografar um casal, que se ama. Não é necessário focar tanto na direção do ensaio, mas investir no conforto do casal para eles se sentiram a vontade para serem o que realmente são juntos. Dessa forma, consigo criar intimidade para conseguir registrar de forma mais verdadeira o sentimento entre os dois.

De cima para baixo: 1. Contra luz. Estourar a luz pode ser uma brincadeira interessante. Belo Horizonte, Praça do Papa. Foto: Nina Falci 2. A céu aberto. Utilizar as cores naturais do fim do dia dá um ar romântico às suas fotos. Foto: Camila Muradas 3. Lúdico. Casais apaixonados são iguais

O que eles esperam? Eu acho que eles esperam de mim fotos leves e verdadeiramente espontâneas, onde os dois estejam bonitos, claro. Quem quer fotos onde você acha que está feio ou estranho? (risos) A gente tem visto muitos casais fazendo fotografias externas de zumbis, senhor dos anéis, pulando de paraquedas, porque você acha que isso acontece? Creio que parte seja pela vontade de fazer algo diferente e inusitado. Pessoalmente, não tenho muita atração por esse tipo de ensaio e não trabalho dessa forma, mas pelo o que eu observo, creio que mais que a vontade de fazer algo marcante e diferente, a escolha de fazer fotos assim tem relação com a própria personalidade do casal: o que eles gostam de fazer, de assistir, de jogar, etc. E você já fez algo ilegal para algum ensaio?! Não que eu me lembre! E essas fotos aqui? Creio que essas fotos conseguem expressar muito bem a personalidade de cada casal retratado, por meio do registro de um momento de carinho genuíno e espontâneo. Escolhi essas imagens porque representam bem a essência do meu trabalho: leveza, espontaneidade, sinceridade, casualidade, cumplicidade.

crianças, utilize metáforas. Belo Horionte, parque Guanabara. Foto: Nina Falci 4. Natural. Mais um pouco de natureza, Feita perto de Brasília em um campo de algodão. Foto: Camila Muradas

ESPECIAL 16

O que cada uma representa para você? Cada uma representa um relacionamento singular e marcante,


Fotografia de casal | Capa inspirações. Vendo cada foto, consigo perceber e lembrar a personalidade do casal de forma clara. O noivo da foto “ensaio-08b”, por exemplo, conheci durante um curso de fotografia analógico que realizei dois anos atrás. Ele adorou meu trabalho de casamento e resolveu me contratar. Todas as nossos encontros, desde o momento de fechar o contrato até a visita da primeira filha deles, foram extremamente agradáveis! E essa foto, assim como o ensaio por completo, representa bem esse clima agradável e aconchegante do casal e o gosto por fotografia, arte e eventos culturais. Já a foto “ensaio-09” representa bem o casal jovem que tem como paixão a vida de ciclista, e o da foto “ensaio-074” um casal que gosta de quebrar padrões por meio de expressões corporais e visuais, envolvidos com dança e teatro.

grafia de casais tem sobre mim. Aprendi sobre cumplicidade, amizade, companheirismo, paciência e até mesmo sobre efemeridade. Além da bagagem acumulada de experiência técnica de fotografia e da minha confiança como profissional da área. O que você mais gosta de fotografar, Camila? Gosto especialmente de fotografar momentos que não necessitam da minha interferência como fotógrafa ou diretora de

lente teleobjetiva, por exemplo, estou também de perto observando as expressões faciais e a primeira lágrima de emoção do noivo ao ver sua noiva caminhar para o altar. Às vezes tenho até que me atentar para não me perder nos momentos em si e esquecer de clicar, haha. O que não me deixa esquecer disso de maneira alguma é a paixão mesmo pela fotografia, aquela vontade de registrar algo tão belo. Para mim, é uma sensação incrível viver experiências sendo fotógrafa, requer muita observação, dedicação e amor.

é um prazer enorme marcar com fotos algo tão belo como a cumplicidade entre duas pessoas

Esses momentos significaram algo especial para você? Todos foram aprendizados que julgo muito relevantes para mim. Posso não ter percebido de forma tão clara no momento, mas hoje consigo sentir o peso que todos esses momentos de foto-

Quando e onde as fotos que você escolheu para aparecerem aqui foram tiradas? A maioria antes da data do casamento, como registros de noivos/namorados/casais.

Alguma experiência curiosa, interessante, legal, sei-lá que você queira compartilhar? A partir daqui o texto não faz mais parte da entrevista com a fotógrafa Camila Muradas. O casamento, como uma das instituições sociais mais antigas, carrega consigo, intrínsecos e extrínsecos, valores que foram se incorporando no decorrer dos anos. São modelos repassados, de pais para filhos, a cada nova geração. Alguns desses valores foram, ainda, arbitrariamente,impostos por outras instituições, tanto sociais como religiosas. Nesse sentido, a fotografia de casamento, como um ato social, vem auxiliar na manutenção de valores antigos e na criação de novos. Este trabalho propõe discutir uma das práticas mais comuns nos dias o de hoje.

arte, pois carregam em si mesmos expressões únicas independentes de mim. Pra mim é uma honra enorme poder participar de momentos tão incríveis: parte observadora neutra, parte receptiva às emoções vividas naquelas momentos e parte ativa no que diz respeito ao registro em si e na forma que é realizado. E o que você mais gosta quando está fotografando? Gosto desse misto de interação com os momentos registrados, porque mesmo distante com uma

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LIGHT PAINTING

Técnica | Light Painting

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A fotografia ao mesmo tempo em que deslumbra, aterroriza. Uma atividade que nasceu do âmbito científico e químico, mas que de tão surrealista, insere-se no contexto artístico. Historicamente, o reflexo industrial que acelerou a produção, tal como acelerou a vida em si, gerou uma nova visão do mundo, colaborando para a formação dos movimentos surrealistas, onde a partir do culto ao “surreal”, a arte se tornou um material manipulável, como as obras de Duchamp, e a fotografia integrável a realizações artística. Sim, as obras de Duchamp apontam para um surrealismo, principalmente por enfatizar o papel do inconsciente na atividade criativa e por libertarse das exigências da lógica e da razão. Os próprios ready-mades são frutos dessa filosofia, uma vez que Duchamp, para criá-los, apenas selecionou objetos já prontos e combinou-os para apresentá-los como obras de arte, ignorando por completo uma tradição que sempre esteve presente na história da arte: o fazer artístico. De artístico mesmo nas obras de Duchamp tinha apenas o critério que existia para que o objeto fosse selecionado: deveriam ser isento de qualquer qualidade estética. Entretanto, quando fixou uma roda de bicicleta a um banco e o definiu como arte, Duchamp abriu portas para um novo conceito sobre a própria arte, onde quem a define é o seu próprio autor e não mais uma instituição. Assim, a fotografia ganhou novos horizontes. Primeiro porque não era mais necessário que as

instituições validassem as obras fotográficas como arte. Por si poderiam apresentá-las. Em segundo lugar, pela possibilidade da elaboração ou aplicação do discurso surrealista nas fotos, já que tinham a capacidade de proporcionar ao espectador o afastamento da realidade, seja no aspecto cultural, temporal, estético, espacial, social, posicionando-se em um movimento artístico. É por isso que Sontag afirma que “Nenhuma atividade está mais bem equipada do que a fotografia para exercitar o modo surrealista de olhar, e, no fim, acabamos por olhar todas as fotos de maneira surrealista.” (1993, p.89). E não é porque toma esse posicionamento que deixa simplesmente de ser a ferramenta de provas, do retrato da realidade. Essa categoria ainda persiste. Porém, a fotografia toma a liberdade de desenvolver diversas temáticas, a natureza morta, o retrato, o fotojornalismo, a fotografia publicitária, a fotografia artística. Apesar de sua natureza de retratar a realidade fazer parte de sua essência, o que realmente muda nessa visão é o referente, aquele que estava lá quando o disparador foi acionado – caso contrário não haveria algo fotografado, não haveria a fotografia – e a intenção desse referente para o resultado da sua obra. De certa forma, também é esse referencial, mal interpretado, que proporcionou a configuração da fotografia como um “espelho da realidade”, ou mimese. Porém, segundo Roland Barthes em A câmara clara, o referente


adere, portanto impossibilitando que essa característica de realismo seja afastada. Enfim, por mais que intelectuais ou críticos de arte queiram negar a fotografia como arte, já que segundo eles a arte era uma atividade da imagística – onde um sujeito interpreta de maneira própria uma determinada realidade – e a fotografia era produzida “sem indício de esforços intelectuais ou criativo”, o fato é que isso refere-se apenas a um tema dentro das muitas existentes na arte fotográfica. Assim, a variedade de temas e segmentações criadas pelos estilos fotográficos proporcionou novas formas de conceituação, onde se considera a fotografia como meio de expressão, com linguagem própria, autônoma, desprendida dos conceitos de pintura e, tornando-se assim, parte do cenário artístico. Fazer fotografia não é mais apenas apertar o disparador. Tem de haver sensibilidade regstrando um momento único, singular, encantador. Tem de recriar o mundo externo através da realidade estética.

De cima pra baixo: 1. Moda. O light painting pode ser feito com várias luzes simultaneamente. Foto: fotógrafo desconhecido. 2. A céu aberto. Onde há escuridão total pode ser cenário de lightpainting. Foto: Carneiro 3. Exagero. Vale usar aquelas velas que soltam milhares faíscas ou uma grande lâmpada inteligente, o importante é o experimento. Foto: MFCS/2012

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Resenhas | dezembro de 2014

Sony A7 e A7r

As novas queridinhas da fotografia

Resenhas...

O que é? Uma câmera mirrorless com um sensor full-frame de 35mm num corpo muito menor que uma DSLRs e que funciona com lentes Sony E-mount. Na verdade, são duas câmeras. Quanto custa? A A7 custa US$1.700 (apenas o corpo; o preço sobe para US$2.000 com o kit de lentes) e tem um sensor de 24 megapixels, enquanto a A7r sai por US$2.300 (a única versão disponível traz apenas o corpo, sem lentes) e tem um sensor de 36 megapixels. Há algumas outras pequenas diferenças que nós contaremos adiante. Por que importa? Estas são as primeiras câmeras full-frame mirrorless com lentes intercambiáveis. Full-frame quer dizer que as imagens são melhores com pouca iluminação, têm um amplo campo de visão e entregam qualidade de primeira categoria. O corpo de liga de magnésio é vedado. Design A A7 e a A7r compartilham o mesmo corpo suave e angulado, feito como um frankenstein de câmeras anteriores da Sony. Elas têm o grip da NEX-6, os controles da RX1, e um visor eletrônico colado na parte de cima. O corpo de liga de magnésio é vedado.

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foto: Camila Muradas


dezembro de 2014 | Resenhas foto: Camila Muradas

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Fujifilm X-T1 A primeira impressão que tive da X-T1 foi que a câmera é realmente muito pequena. Nas imagens da internet não parecia tão pequena quanto é. Para pessoas que, como eu, fotografam praticamente tudo com a FujiFilm, isto é algo muito bom. Uma vantagem é que o equipamento é leve, evitando o cansaço e desconforto no transporte e em dias (ou noites) inteiros de trabalho, além de ser discreto.

Canon EOS 6D

foto: Camila Muradas

Mais uma diferença que justifica a diferença de preço entre a Canon EOS 6D e as outras FF da Canon: a ausência de um segundo slot para cartão de memória. Muitos fotógrafos por certo, especialmente de eventos, sentirão falta da possibilidade de ter um segundo cartão, seja tipo SecureDigital (SD) ou CompactFlash (CF), gravando arquivos menores, de backup, ou mesmo estando ali como reserva.

foto: Camila Muradas

Canon 70-200 A 70-200 f/4 é um maravilha de lente, não vejo problemas dela não possuir is, eu utilizo ela em 200mm e 280mm com um tele de 1.4 e não tenho problema com foto tremida, eu só tinha lentes com is quando comecei a fotografar e hj todas são sem is, mas se posicionar bem, segurar firme a camera e respirar corretamente vai ajudar na foto e caso vc tenha dificuldade você pode aumentar a velocidade.

Nikon D5000

foto: Camila Muradas

A D5000 na minha opinião é bem o tipo de câmera para os que estão se aventurando cada vez mais na fotografia mais profissional, aqueles que têm bastante noção mas não querem sair por aí fotografando casamentos e eventos importantes. A qualidade das fotos é ótima, dá pra colocar um ISO alto sem resultar em ruídos tão aparentes, a velocidade de captura é legal.

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Tecnologia | Lentes

TECNOLOGIA:

Como funciona UMa LENTE? De tempos em tempos, a discussão sobre a natureza mais profunda da fotografia volta à tona com insistência. Nessas ocasiões, tudo o que parecia sólido se desmancha no ar. Dentro de mais algumas décadas, a fotografia irá completar dois séculos de existência e ainda estaremos tentando entendê-la. Existem boas razões para as dificuldades. A fotografia é a base tecnológica, conceitual e ideológica de todas as mídias contemporâneas e, por essa razão, compreendê-la, defini-la é um pouco também compreender e definir as estratégias semióticas, os modelos de construção e percepção, as estruturas de sustentação de toda a produção contemporânea de signos visuais e auditivos, sobretudo daquela que se faz através de mediação técnica. Cada vez que um meio novo é introduzido, ele sacode as crenças anteriormente estabelecidas e nos obriga a voltar às origens para rever as bases a partir das quais edificamos a sociedade das mídias. A televisão e, por extensão, a imagem e som eletrônicos já nos fizeram enfrentar essa indagação há algumas décadas. Agora, o processamento digital e a modelação direta da imagem no computador colocam novos problemas e nos fazem olhar retrospectivamente, no sentido de rever as explicações que até então sustentavam nossas práticas e teorias. , Por extensão, a imagem e som eletrônicos um momento como este, em que a imagem e também o som passam a ser sintetizados a partir de equações matemáticas e modelos da física, num momento em que até mesmo o registro indicial fotográfico é memorizado sob forma numérica, boa parte dos nossos paradigmas teóricos precisam ser revistos.

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Falando nos termos da teoria dos signos de Charles S. Peirce, a fotografia tem sido habitualmente explicada ora com ênfase em sua iconicidade (Cohen, 1989: 458; Sonesson, 1998), ou seja, com base em sua analogia com o referente ou objeto, bem como em suas qualidades plásticas particulares; ora com ênfase em sua indexicalidade (Dubois, 1983: 60107; Schaeffer, 1987: 46-104), ou seja, com base em sua conexão dinâmica com o objeto (é o referente que causa a fotografia); ora ainda admitindo-se as duas ênfases simultaneamente (Santaella e Nöth, 1998: 107-139; Sonesson, 1993: 153-154). No entanto, mesmo que todos admitam que muitos dos elementos codificadores da fotografia podem ser considerados arbitrários e convencionais, praticamente não existe uma reflexão sistemática sobre a fotografia como símbolo, no sentido peirceano do termo, ou seja, como a expressão de um conceito geral e abstrato. Embora alguns analistas já tenham alertado para a necessidade de se pensar a fotografia, sobretudo a contemporânea, “fazendo intervir, de maneira simultânea (e não exclusiva) as três categorias peirceanas” (Carani, 1998), a verdade é que o pensamento da fotografia como lei ou norma generalizante permanece um desafio teórico. A única voz discordante no consenso geral parece ter sido a de Vilém Flusser, um pensador da técnica que, já em 1983, numa obra fundamental escrita sob o impacto do surgimento das imagens digitais, assegurou que a fotografia, mais que simplesmente registrar impressões do mundo físico, na verdade traduzia teorias científicas em imagens. O pensamento de Flusser, nesse sentido, é radical.


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