Abismo: V

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Resultados da Pesquisa O presente estudo explorou, avaliou e admitiu em si o mérito da relação entre o design e a arte, considerando a relevância de buscar meios para viabilizá-la. O projeto fez com que tal aproximação se tornasse real durante seu desenvolvimento ao abrir-se para ela, direcionando-se sempre rumo à arte. Explorou-se esse design de bordas, região na qual o design se aproxima de outras disciplinas, formas de saber e produzir, tornando-se transdisciplinar, aberto à complexidade e a novas formas de se comunicar. Este volume demonstra que os resultados dentro do design são potencialmente mais interessantes com as receptividades propostas, principalmente ao comparando-o ao design engessado na repetição de regras preestipuladas. A arte foi definida por alguns autores como aquilo que se mostra ao mundo de dentro para fora – ou seja: se instrui ao mundo por demandas internas externadas pelo processo do artista ao fazer arte. O design, em suas metodologias mais tradicionais, se propõe como o exercício de criar soluções projetuais para problemas de ordem primordialmente externas ao designer. A problemática desse pensamento foi percebida na constatação de que, embora grande parte da demanda seja de natureza interna ou externa, ela sempre se apresentará ao mundo por meios internos e sempre se encontrará com ele por meios externos: novamente o conceito de hibridismo se dispõe a esclarecer esse encontro. Explica-se: o ser humano, sendo ser social, interfere-se sempre por tudo aquilo que é de fora, externo a si. Ao mesmo tempo, interpreta todo acontecimento externo por meio de suas vivências e experiências, a nível pessoal. Dessa forma, compreendeu-se a existência, mesmo dentro das definições e tentativas de catalogação, de uma transdisciplinaridade entre design e arte. Sempre que haja o encontro entre as áreas – ou pontos híbridos que façam o design caminhar para mais próximo do que é conceitual e menos para os princípios modernistas ainda permanentes na contemporaneidade – percebem-se resultados com potencialidades expandidas, como nos trabalhos de Stefan Sagmeister, que busca o design feito à mão

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Figura 23

Figura 24

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(Figura 23) como espaço de experimentação. Ele defende tal forma de vivenciar essa relação em uma de suas palestras chamada “Yes, Design can make you happy” (“Sim, Design pode te fazer feliz”, em tradução livre). No pôster (Figura 24), datado de 1999, onde foi diretor de arte, Sagmeister aparece nu com a informação gravada em cortes por seu corpo. É exemplar a busca pela experimentação e proximidade à transdisciplinaridade do autor. Verificou-se, assim, a pertinência da necessidade do hibridismo e de sua busca pelo design, pensando nas lógicas das poéticas das artes e seu contato com o público, concluindo a legitimidade de se propôr uma exposição que refletisse e fosse o próprio resultado dessa transdisciplinaridade, do relacionamento e do diálogo entre ambas as áreas personificadas em profissionais.


Conclusão e reflexão sobre a possibilidade do erro Estudar Design nunca foi tão passível de categorizações como na sociedade contemporânea. A ideia de definir e limitar estritamente o que é o seu conceito faz com que, muitas vezes, sua vivência seja distanciada de algumas de suas faces mais importantes, como seu relacionamento com a arte. Anyssa Cristina Ferreira, em “Experiência transformadora: o produto essencial do design – Contribuições da arte conceitual para o design contemporâneo”, 2011, diz que: “O design contemporâneo tende a um equilíbrio entre a sobriedade e a intemperança, porém corre o risco de se engessar, perder o espírito de experimentação.” E alerta, em seguida sobre o que se pode fazer para que o destino seja modificado: “Basear-se na arte, que é a busca pelo novo, sempre foi o que o design fez para se renovar.”. Foi partindo desses conceitos que iniciou-se o projeto, mas apenas durante a experiência de vivenciar o relacionamento com a arte é que foi possível reconhecer a completa abertura dela para abraçar e abarcar em si toda a potência da possibilidade do erro. Compreendeu-se, durante este estudo teórico e prático que, ao viabilizar a oportunidade da eventualidade, expande-se a potência do resultado alcançado. Ao envolver o erro na construção do projeto, foi possível a construção da identidade visual, que deriva de uma falha humana: a ponta-seca escapa do desenho definido e cria em si uma nova possibilidade. Ao ser assumida, essa possibilidade tornou-se muito mais interessante graficamente que a primeira. Durante a impressão dos convites, a matriz da identidade visual sofre com a pressão da prensa e tem seu formato modificado a cada impressão, além de amassar após o primeiro convite ser impresso; tal defeito apenas intensifica a experiência tátil do conceito gravado no convite. Após horas de impressão contínua, houve certa imprecisão ao colocar uma chapa sobre a outra, resultando em um convite falho que, embora jamais seja usado como convite, mostra em si o processo e as impressões digitais de quem entintou aquela matriz: constitui a história. O projeto inicial para o trabalho “Não precisa mentir pra mim”, da artista Mariana Lachner, exposto na primeira parte temporal da exposição, foi completamente modificado. Mais de mil e quinhentas cópias (impressas

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digitalmente em cor e em tons de preto) haviam sido cortadas para a montagem da obra, mas, ao prendê-las na parede não obteve-se o resultado esperado. A artista propôs, então, outra forma de colocá-las: grude. Não havendo, novamente, um resultado que lhe fosse satisfatório as cópias digitais foram arrancadas com as próprias unhas, machucando-se e fazendo necessário uma nova demão de tinta na parede. A conclusão do trabalho foi muito mais adequada e interessante no local, sendo esse efeito possível apenas pelo abarcamento da possibilidade do erro, reconhecendo e vislumbrando seu potencial. Cada falha, imprecisão ou inexatidão presenciadas nos processos deste estudo conduziram a desfechos e produtos muito mais complexos, agradáveis e estimulantes.


REFERÊNCIAS


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LISTA DE IMAGENS


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FIGURA 1 – Banco Sella 25

FIGURA 11 - Painel semântico 36

Disponível em < http://bit.ly/2fDeyW0 >

Fonte: Fotos/criação Nina Falci

FIGURA 2 - Lixando chapa 30

FIGURA 12 - Não precisa mentir pra mim I 55; Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Mariana Lachner

FIGURA 3 - Entintando chapa 30 Fonte: Foto Mariana Lachner

FIGURA 13 - Não precisa mentir pra mim II 56; Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 4 - Ideias para o convite 31

FIGURA 14 - Não me deixa nº4 I 59

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 5 - Sala de gravura (UEL) 31

FIGURA 15 - Não me deixa nº4 II 60

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 6 - Chapas no ácido 31

FIGURA 16 - Não me deixa nº4 III 61

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 7 - Misturando tinta 31

FIGURA 17 - Sodomia I 63

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 8 - Processo do convite 31

FIGURA 18 - Sodomia II 64

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 9 - Tinta 31

FIGURA 19 - Sodomia III 64

Fonte: Foto Nina Falci

Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 10 - Plantas das casas Nina Falci e Mariana Lachner 34

FIGURA 20 - De Volta ao Estúpido 68

Fonte: Criação Nina Falci

Fonte: Foto Mariana Lachner


FIGURA 21 - Bem Me Quer 69 Fonte: Foto Vivian de Oliveira

FIGURA 22 - Não Me Deixa nº3 70 Fonte: Foto Nina Falci

FIGURA 23 - Pôster Machine 86 Disponível em < http://bit.ly/2fZUHkL >

FIGURA 24 - Pôster Cortes 86 Disponível em < http://bit.ly/2ffHPWj >

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