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Edição Lisboa • Ano XXVIII • n.º 9729 • 1,20€ • Segunda-feira, Se S eg gun gu u da-feira, 5 de Dezembro Dezem de 2016 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos

Futebol Rui Pedro, o miúdo que salvou Espírito Santo Desporto, 36 De

Literatura Morreu Ferreira Gullar, mestre de poemas que nto só nasciam do espanto Cultura, 24

Ciência Há seis mil anos já se e fabricavam amuletos os com o método de hoje ojje Ciência, 18/19

Novo Banco vendido até ao Natal a chineses ou norte-americanos Banco de Portugal acelerou contactos e entrega um vencedor ao Governo este ano. China Minsheng e Lone Star estão na fase final, com propostas diferentes. Costa terá que decidir entre BCE e a esquerda Destaque, 2/3 ENRIC VIVES-RUBIO

Rui Moreira: o turismo é bom, mas “nem tudo está bem” Autarca explica o que está a preparar para que o turismo “não desfigure” a cidade do Porto e traga receitas p12/13

O cimento do poder chegou ao PCP Destaque, 2/3 e Editorial

Extrema-direita perde na Áustria mas já ameaça nas legislativas

Número de greves caiu para metade em apenas cinco anos O número de trabalhadores em greve caiu 83% face a 2010. Os transportes ainda são o sector mais conturbado e os salários o principal motivo p14/15 PUBLICIDADE

Sondagens apontavam em Itália para derrota de Renzi. Na Áustria o centro ganhou, mas terá vida difícil p4/5 e 20

Desigualdade racial em Portugal motiva queixa à ONU Números mostram grandes dificuldades na vida dos cidadãos dos PALOP. Associações protestam p8/9

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2 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

BANCA

Banco de Portugal quer entregar este mês um vencedor ao Governo. Chineses e americanos propõem soluções diferentes para o banco. Cerca de 90% do dinheiro do Estado pode perder-se. Costa decide se vende ou cede à esquerda Cristina Ferreira

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Banco de Portugal está a trabalhar para anunciar antes do Natal o nome do próximo dono do Novo Banco, mesmo que o contrato só seja assinado mais tarde, disseram ao PÚBLICO fontes do sector financeiro. Depois de uma primeira tentativa falhada, em 2015, de passar a instituição hoje liderada por António Ramalho para a esfera privada, a expectativa do supervisor é que desta vez terá sucesso — mesmo que os mercados financeiros mundiais se voltem a agitar com os resultados do referendo italiano, que colocaram à prova o Governo de Renzi e o seu próprio sistema financeiro. “Os investidores estão muito comprometidos e os mercados já absorvem choques com muita naturalidade, como se viu no “Brexit” e na eleição de Trump”, diz uma fonte envolvida no processo, ouvida pelo PÚ-

BLICO. É de recordar que, na primeira tentativa de venda, em 2015, foi uma agitação nos mercados chineses que serviu de argumento para que o Banco de Portugal optasse por rejeitar todas as propostas de compra. Na recta final, apenas dois candidatos se apresentam a jogo: o norte-americano Lone Star e o China Minsheng Financial Group. O fundo anglo-saxónico propõe-se a ficar com 100% do Novo Banco, mas mediante escolha de activos; enquanto o investidor chinês assume 100% da instituição através de um aumento de capital onde garante mais de 50% das acções, com dispersão em bolsa do remanescente, a concretizar nos dois anos seguintes. Apesar das duas propostas serem diferentes, ambas cumprem uma exigência do Fundo de Resolução, sem a qual não há venda: a retirada da instituição do estatuto de banco de transição. E, para que isto aconteça, o Fundo de Resolução tem de garantir que perde o domínio do capital e deixa de ter influência na gestão. A

lei que determinou a resolução do BES impõe que até Agosto de 2017 o Novo Banco, que assumiu os activos considerados não tóxicos, passe para a esfera privada. Caso contrário terá de ser liquidado.

Ainda há pontas soltas O processo de venda tem-se desenrolado em moldes abertos e com regras flexíveis para permitir a Sérgio Monteiro, encarregado por Carlos Costa de fechar o dossier, de ir ajustando as condições da operação às circunstâncias. Depois de, a 4 de Novembro, os investidores norte-americano e chinês terem depositado no Banco de Portugal as suas ofertas firmes, as conversas com a equipa de Sérgio Monteiro intensificaram-se nos últimos dias, aproveitando o ruído em torno da CGD para garantir que existirá uma solução fechada antes do Natal. Solução essa que garanta a recapitalização do Novo Banco, um requisito crucial, e a salvaguarda da sua unidade orgânica.

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China Minsheng ou Lone Star. Novo Banco tem solução até ao Natal

Os momentos mais marcantes do Novo Banco

3 de Agosto É anunciada a intervenção pública no BES, que é dividido em dois. No “velho” BES ficam os activos problemáticos e nasce o Novo Banco, que fica com todos os outros activos e recebe uma injecção de 4900 milhões de euros.

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13 de Setembro Vítor Bento, que assumira a liderança do BES três semanas antes da intervenção, demite-se de presidente do Novo Banco. Com ele saem José Honório (ex-presidente da Portucel) e João Moreira Rato (ex-presidente do IGCP).

14 de Setembro

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Eduardo Stock da Cunha, director de auditoria do grupo Lloyds em Londres, é chamado a substituir Vítor Bento.

17 de Novembro

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Arrancam as audições do inquérito ao BES/GES no Parlamento. O governador do Banco de Portugal (BdP) garante que no final do processo eventuais perdas com a venda serão “suportadas pelo sistema bancário”.

4 de Dezembro

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Fundo de Resolução abre o prazo, até ao último dia do ano, para potenciais compradores manifestarem interesse na compra do Novo Banco.

31 de Dezembro BdP recebe 17 manifestações de interesse. BPI, Santander, Banco Popular, Fosun e Apollo já apareciam publicamente a admitir estudar o dossier.

16 de Fevereiro

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Duas das 17 demonstrações de interesses saem da corrida, por não cumprirem os requisitos de pré-qualificação. Os candidatos têm de apresentar propostas, ainda não-vinculativas, até 20 de Março.

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Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 3

Até ao Natal, o BdP escolherá um vencedor: China Minsheng ou Lone Star?

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30 de Junho BdP recebe três propostas vinculativas. Saem de cena o Santander e o fundo norte-americano Cerberus. Anbang, Fosun e Apollo seguem em frente.

5 de Junho Manifestação de lesados do BES em frente à residência oficial do primeiro-ministro resulta em confrontos com a polícia.

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31 de Agosto O último dia das negociações do BdP com o comprador seleccionado termina sem ser conhecido o desfecho. À noite, o Novo Banco anuncia prejuízos de 271,6 milhões de euros no primeiro semestre.

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28 de Maio

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17 de Abril Das sete propostas não-vinculativas, o BdP seleccionou cinco. A esta fase chegaram os chineses da Anbang, da Fosun, os espanhóis do Banco Santander e os norte-americanos da Apollo Global Management e da Cerberus.

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29 de Outubro

26 de Março

15 de Janeiro

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INE revela a previsão do défice de 2014, de 4,5% do PIB. O número é provisório, por não existir informação sobre a capitalização do Novo Banco. O valor ficaria, afinal, em 7,4%.

7,4%

20 de Março Nove entidades confirmaram o interesse no Novo Banco. Sete apresentaram propostas não vinculativas.

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30 de Março

António Ramalho, ex-presidente da Infra-estruturas de Portugal, assume a liderança do Novo Banco.

É assinado um memorando que estabelece as bases de uma solução para os lesados do BES. A solução, porém, continua por concretizar.

24 de Fevereiro Novo Banco anuncia prejuízos de 981 milhões de euros. Milhões de euros

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*De 4 de Agosto a 31 de Dezembro

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É conhecido o interesse do Banco China Minsheng em avançar com uma oferta de aquisição pelo banco.

19 de Agosto

18 BdP anuncia relançamento da venda do Novo Banco.

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3 de Outubro

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É noticiada a contratação de Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado do Governo PSD/CDS, para assessorar a venda do Novo Banco.

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Termina o prazo para a apresentação de propostas finais pelo Novo Banco. Na corrida ficam os fundos de investimento Apollo e Centerbridge Lone Star e o banco China Minsheng.

1 de Setembro BdP anuncia que decidiu interromper o processo de venda do Novo Banco.

Governo PSD/CDS anuncia a recondução de Carlos Costa como governador do BdP, sob fortes críticas da oposição.

4 de Novembro

Nesta fase de contra-relógio, ainda há pontas soltas por resolver. A proposta do Lone Star exige protecção contra potenciais riscos que possam surgir mais tarde e acabar a reflectirse nas contas da instituição financeira. Ou seja: o fundo norte-americano condiciona o investimento no Novo Banco a ter salvaguardas de reembolso por parte do Fundo de Resolução se as contingências jurídicas ou técnicas ocorrerem. O que é o mesmo que dizer que o vendedor pode receber ou não. O Minsheng coloca menos entraves, mas terá de fazer prova de fundos junto do Banco de Portugal (assegurar que tem disponibilidades

As conversas com a equipa de Sérgio Monteiro intensificaram-se nos últimos dias, aproveitando o ruído em torno da CGD, para garantir que existirá uma solução antes do Natal

Posição no Estádio de Wembley está à venda

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os últimos meses, o Novo Banco, liderado desde Agosto por António Ramalho, foi alvo de várias intervenções destinadas a limpar prejuízos e a ajustar o modelo comercial e de negócios. Um plano que passou pela autonomização de 10 mil milhões de activos não estratégicos para serem vendidos. Para este veículo, designado side bank, foram transferidos imóveis e operações bancárias internacionais que não se integram na estratégia do banco. No side bank estão, nomeadamente, posições accionistas em auto-estradas (uma delas localiza-se no Estado norte-americano da Vírginia, a Pocahontas Parkway). Mas há outras em Inglaterra, onde o Novo Banco ainda detém uma participação no Estádio de Wembley, nos subúrbios londrinos. Na semana passada, o Novo Banco anunciou que vendeu na bolsa de Casablanca, em Marrocos, a posição de 2,5% que detinha no banco BMCE, encaixando 83 milhões de euros. Uma operação que foi enquadrada pela instituição financeira na estratégia de desinvestimento em activos não-estratégicos.

para, no imediato, pagar e capitalizar o activo). Cumprido este requisito, o Fundo de Resolução tem um encaixe certo. Entre os imprevistos que podem ter contribuído para afastar os investidores estão, por exemplo, vários contenciosos e as dúvidas sobre a que entidade (Novo Banco ou BES) serão, no final, imputadas as responsabilidades. O caso mais mediático envolve o banco de investimentos anglo-saxónico Goldman Sachs que nas vésperas do colapso do BES emprestou à instituição 850 milhões de dólares (cerca de 763 milhões de euros).

O dossier é complexo e difícil. Para além de ser a primeira vez que um banco fruto de uma resolução é colocado no mercado, com todas as suspeitas que levanta, foi também alvo de uma injecção de 4900 milhões, com o Estado a emprestar 3900 milhões (a quantia que os contribuintes têm em risco no Novo Banco). E todas as informações apontam para que o Fundo de Resolução possa encaixar uma perda de mais de 90% do valor aplicado.

A conjuntura política Apesar de o Ministério das Finanças estar representado no Fundo de Resolução e, portanto, estar a acompanhar os trabalhos de Sérgio Monteiro, o Banco de Portugal não pode deixar de consultar o primeiro-ministro antes de dar por encerrado o tema Novo Banco. O objectivo da equipa do banco central é esse: entregar a proposta de solução ao Governo, que depois terá de tomar uma decisão: vender ou não vender. Até aqui, António Costa e Mário Centeno têm-se mostrado determinados a fazê-lo, tendo em conta o risco de ter de liquidar o banco ou as enormes limitações da legislação europeia em nacionalizar uma instituição financeira. Mas a conjuntura política permite antever um cenário complexo, dada a pressão do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português para que o banco seja assumido pelo Estado. Ainda esta semana, o conselheiro de Estado Francisco Louçã avisou António Costa: o turbilhão da CGD “provou que o Governo tem de preparar as decisões sobre a banca com cuidado e que não deve contar com seguidismo. Elas não estão abrangidas pelos acordos da maioria e por isso os novos acordos nesta área têm de ser construídos, na CGD, no banco mau, no futuro do Novo Banco, na resposta ao aumento dos juros externos e na gestão do sistema bancário”. Também Jerónimo de Sousa fez questão de vincar que os comunistas se opõem a qualquer opção de venda do Novo Banco, “seja a capital chinês ou norte-americano”. Mesmo assim, será o BCE a ter palavra determinante: o Governo nada poderá fazer sem coordenar a posição com o supervisor dos maiores bancos nacionais. com David Dinis cristina.ferreira@publico.pt


4 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

EUROPA EM CRISE

CLAUDIO GIOVANNINI/AFP

Renzi enfrenta pesada derrota

MARCO BERTORELLO/AP

Sondagens à boca das urnas antecipavam grande vitória do “não” na consulta que o primeiro-ministro de Itália transformou num plebiscito à sua governação Sofia Lorena

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enos de meia hora depois do encerramento das urnas, a oposição em peso exigia a demissão de Matteo Renzi, o homem que quis reformar Itália e foi derrotado nas urnas — de acordo com todas as sondagens à boca das urnas, a reforma constitucional promovida pelo primeiro-ministro de Itália foi chumbada pelos eleitores. Segundo o inquérito divulgado pela televisão pública RAI (Ipr Marketing-Istituto Piepoli), o “não” obteve 54 a 58% dos votos e o “sim” 42 a 46%. A sondagem da televisão privada La7 confirma este resultado, com o “sim” a ficar entre os 41 e os 45% e o “não” a alcançar 55 a 59%. O líder da Liga Norte, partido secessionista e xenófobo, Matteo Salvini, afirmou de imediato que Renzi deveria demitir-se “dentro de

minutos”. Logo depois, foi o líder do grupo da Força Itália na Câmara dos Deputados, Renato Brunetta, a defender que a demissão é inevitável. Toda a oposição, da direita de Silvio Berlusconi ao partido anti-partidos Movimento 5 Estrelas, passando pela extrema-direita, fez campanha pelo “não”. Renzi anunciou há meses que se demitiria se a sua reforma fosse chumbada e garantiu mesmo que vai recusar integrar um provável governo técnico com mandato para elaborar uma nova lei eleitoral e conduzir o país até 2018, quando estão previstas as próximas legislativas. Nada indicava que o líder do Governo e do Partido Democrático estivesse com pressa. O vice-secretário do partido de centro-esquerda, Lorenzo Guerini, afirmou aos jornalistas que a direcção “do PD se reúne na terça-feira para uma avaliação dos resultados do referendo”. Cla-

ro que Renzi ainda poderia acelerar o pedido de demissão — é bastante provável que o 5 Estrelas, de Beppe Grillo, leve já hoje ao Parlamento um voto de desconfiança ao primeiroministro, o que este tentará evitar, antecipando uma audiência com o Presidente, Sergio Mattarella.

Participação alta A participação foi alta, como Renzi desejava e chegou aos 68%. O primeiro-ministro tinha defendido que se chegasse aos 60%, o “sim” venceria por ser este o voto mais empenhado. Participação alta, defendia, também o favorecia por causa da chamada “maioria silenciosa”, a mesma que algumas vezes baralhou resultados e deu a Berlusconi melhores votações do que as antecipadas nas sondagens. Enganou-se. Ao contrário do que acreditava Renzi, os politólogos e especialistas em sondagens avisavam que era a abstenção que o favorecia. Isto por-

que a hostilidade à reforma constitucional era maior entre os jovens e dos eleitores do Sul, com mais probabilidade de ficarem em casa. Em causa estavam alterações a um terço da Constituição: o fim do “bicameralismo perfeito” e a perda de poderes do Senado, com o reforço automático da Câmara dos Deputados, mas também do executivo. Em conjunto com a lei eleitoral aprovada em Julho no Parlamento (mas actualmente a ser questionada nos tribunais), estas mudanças conduziriam a um reforço grande do governo e do primeiro-ministro — com esta lei eleitoral, o partido vencedor recebe um prémio que corresponde a 54% dos lugares na Câmara dos Deputados. Numa frase com muito exagero, Maurizio Bianconi, deputado exmembro da direita de Berlusconi (Força Itália, que abandonou o ano passado) e actualmente parte do grupo Conservadores e Reformistas, dizia que “se o ‘sim’ vencer, Renzi

Matteo Renzi no momento da votação e Beppe Grillo na campanha fará com menos violência, menos detidos, menos mortos, o mesmo que fizeram já Mussolini, Franco, Salazar, Ceausescu, Erdogan”. O cenário de um governo técnico ou de transição, com o encargo de fazer aprovar uma nova reforma eleitoral e de conduzir os destinos do país até 2018, é o mais provável. Mas os estragos estão feitos: o euro começou de imediato a descer; tratando-se da terceira economia da zona euro, a incerteza política no país traz sempre instabilidade financeira. É oficial: a Itália está, de novo, mergulhada numa crise política. Isto na Europa que ainda digere o “Brexit” britânico e antecipa, com receio, as eleições presidenciais francesas de Abril. Em editorial ontem, o diário La Stampa defendia que depois de “uma das batalhas eleitorais mais ásperas da história republicana” é preciso “transformar o resultado, qualquer que seja, num momento de união nacional para assim apontar de imediato às prioridades colectivas”. Na véspera, o director do jornal La Repubblica fazia mais ou menos o mesmo diagnóstico, descrevendo uma Itália “dividida e doente” após uma campanha “em clima de guerra civil sem armas”. slorena@publico.pt Acompanhe os resultados do referendo em Itália em www.publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 5

O comportamento da banca, em Itália e no resto do mundo, e as oscilações nos juros da dívida são alguns dos sinais a avaliar na manhã de hoje Para onde olhar, nos mercados, na manhã do pós-referendo em Itália? Pedro Crisóstomo

A

gitação, indiferença ou tranquilidade? Quando os mercados abrirem na Europa esta manhã, já as bolsas asiáticas terão dado um primeiro sinal sobre o que aconteceu na véspera, no referendo constitucional italiano. Um acontecimento de grande incerteza política até ao fim e cujas consequências merecem a maior das atenções dos investidores. Bolsas, acções dos bancos, juros da dívida pública dos países mais frágeis da zona euro, variação da moeda única — eis onde os resultados das duas votações poderão ter um impacto mais evidente logo às primeiras horas da manhã. Num ano em que os investidores reagiram a dois grandes acontecimentos inesperados sem o negativismo que muitos anteviam — primeiro com o “Brexit” em Junho, depois com a eleição de Trump em Novembro —, fazer prognósticos sobre o que acontecerá nos próximos dias e semanas é tudo menos certo. Percorramos, antes, alguns dos indicadores para onde olhar.

do sistema financeiro português tem sido referida pelas suas debilidades.

Dívida italiana Os juros da dívida italiana a dez anos têm vindo a subir e a diferença a alargar-se em relação à dívida alemã (a referência). Quanto mais incerteza,

mais provável é uma subida. E uma subida no mercado secundário pressiona o custo de financiamento do Estado e também cria agitação que não ajuda à estabilização da banca.

Dívida dos periféricos O comportamento dos mercados

financeiros será também determinante para a trajectória dos juros da dívida dos países mais frágeis da zona euro. Num cenário de maior agitação, os juros da dívida portuguesa ficariam potencialmente mais altos num momento em que as taxas têm subido e estão nos 3,6%.

Ouro e euro Com a expectativa de subida das taxas de juro nos EUA e a subida do dólar, a cotação do ouro tem perdido força. A forma como os mercados “acordarem” será também importante para perceber se a fraqueza do euro em relação ao dólar continua. PUBLICIDADE

Acções dos bancos italianos Num cenário de vitória do “não”, seria de esperar mais nervosismo. Mas, independentemente do resultado, o foco de preocupação está sobretudo em dois bancos que se preparam para avançar com aumentos de capital — o Monte dei Paschi di Siena, o mais antigo do mundo e o terceiro maior de Itália, precisa de 5000 milhões de euros; e o Unicredit, o primeiro banco do país, vai revelar o plano de reestruturação a 13 de Dezembro. A evolução das acções destes dois bancos na bolsa italiana será um dos gráficos a ter em atenção. Só na sextafeira, os títulos recuaram 5,1%.

Bancos nas bolsas europeias Se os bancos italianos estão no centro das atenções, não menos importante será a forma como reagirá, como um todo, o sector financeiro na Europa e nos Estados Unidos. A par da banca italiana, também a situação

Proibido jogar a menores de 18 anos.


6 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

POLÍTICA

A luta do PCP continua e a dívida é a próxima batalha Num curtíssimo discurso, Jerónimo de Sousa deixou o caderno de encargos, com salário mínimo e a dívida no topo da lista. E vincou a identidade comunista para cimentar a coesão do partido XX Congresso Maria Lopes Se já tinham sido escassas as críticas ao Governo durante dois dias, elas nem apareceram no encerramento do XX Congresso do PCP. Jerónimo de Sousa optou por um discurso-relâmpago de 15 minutos, invulgar para o encerramento de um congresso, mais dirigido para o interior do partido. Para isso, reafirmou a identidade e a base ideológica do PCP e desenhou o caderno de encargos para os próximos tempos, em que a renegociação da dívida tem especial destaque. Vincou que a necessidade de uma “resposta alternativa” à questão da dívida é o “marco” deste congresso. O recado — único — ao PS está dado (mas sem lhe definir um calendário). No pós-congresso, o PCP vai concentrar-se no aumento do salário mínimo para 600 euros já em Janeiro — António Costa já definiu o patamar para 2017 nos 557 euros e prometeu os 600 só para 2019 —, e nas autárquicas do Verão — que será um termómetro sobre o que os militantes e votantes comunistas pensam realmente da aproximação ao Governo PS. Entretanto, será preciso alterar a lei laboral e acabar com a caducidade da contratação colectiva, combater a precariedade e valorizar os serviços públicos de saúde, educação, transportes e cultura, enumerou Jerónimo de Sousa. Nitidamente pondo as cartas na mesa para o que será a aposta do PCP na Assembleia da República até Julho ou, no limite, para as negociações do orçamento de 2018. A médio prazo, a grande batalha será a “renegociação da dívida pública”, nos prazos, juros e montantes, e o estudo para a saída de Portugal do euro. Mas Jerónimo não quer ainda simplificar tanto os conceitos sobre o euro e prefere dizer que é preciso “desenvolver a acção da libertação da submissão ao euro”, que é indissociável da renegociação da dívida, numa altura em que esta consome oi-

to mil milhões de euros anuais só em juros, aplicando os pressupostos de uma “política patriótica e de esquerda” para libertar recursos e potenciar o crescimento económico. E sobre a moeda única, lá vai considerando ser “incompreensível” que o país não esteja preparado, tal como o é a “chantagem anual sobre o défice das contas públicas”. Foi até Carlos Carvalhas quem, no sábado, com a autoridade de ex-líder, dera o passo em frente, defendendo o pagamento da fatia real da dívida em escudos.

O aval ao compromisso O congresso serviu para caucionar o apoio comunista ao Governo. Ao contrário do que Jerónimo disse ao PÚBLICO em entrevista, não houve mesmo qualquer crítica sobre o assunto. João Oliveira fez questão de garantir que não há um compromisso ou apoio do PCP ao Governo PS e que o partido mantém a total independência; Albano Nunes nomeou Cunhal para lembrar que o histórico preconizava uma solução como a actual. Parece haver um pacto informal para meter as discordâncias na gaveta. Sinal disso é que a Resolução Política do congresso, que aborda o assunto e admite as limitações dos socialistas — devido à sua filosofia europeísta —, acabou por ser aprovada por unanimidade. Noutros congressos, onde não havia polémicas tão grandes, o documento chegou a ter votos contra e abstenções. E, disso, a conclusão de Jerónimo é simples: o congresso “valorizou o papel, a proposta e a iniciativa do partido na nova fase da vida política”. Portanto, a palavra de ordem neste campo é a deixada por João Oliveira: “Tirar o máximo” da parceria. Ou, nos termos diplomáticos de Jerónimo, “levar mais longe a reposição e conquista de direitos”. A intervenção focou-se também na identidade e das bases políticas do PCP, que o congresso “confirmou e reafirmou”: o partido da classe operária, que proclama uma sociedade assente no “comunismo e socialismo

Comunistas avisam o PS: vão insistir já no aumento do salário mínimo para 600 euros em Janeiro e querem rev

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minutos foi o tempo que durou o discurso de encerramento de Jerónimo. O de abertura, na sexta-feira, demorara 80 minutos

98,7% dos 1131 delegados ao congresso votaram a favor da nova composição do comité central, que tem agora 146 membros. Na eleição de sábado à noite houve ainda quatro votos contra e 11 abstenções

e liberta da exploração e opressão capitalista”, e tem como base teórica o marxismo-leninismo de concepção materialista e dialéctica do mundo. O congresso ficou também marcado por muitas referências a Fidel Castro, numa altura em que o seu corpo ainda percorria a ilha de Cuba. “Este partido não regateará nenhum esforço e nenhuma tarefa para defender e conquistar direitos”, mesmo perante um futuro “incerto, a crise do capitalismo e a resposta imperialista e de guerra, a crise na e da UE que empurra os problemas com a barriga”, prometeu o líder comunista. Tudo com o objectivo “supremo” de construir uma “sociedade liberta da exploração do homem pelo homem”. Ainda que, admite Jerónimo, “a concretização do fascinante projecto e objectivos por que lutamos, esse so-

nho milenar, possivelmente só será concretizado para além do horizonte das nossas vidas. Este é o nosso tempo de lutar por este ideal.”

PS rejeita discutir euro Em três dias não se citou o nome do primeiro-ministro nem houve referências ao actual Presidente da República — só Cavaco Silva recebeu uma vaia pelo apoio que deu ao segundo Governo de Passos —; ouviram-se referências indirectas ao Bloco, e muitas, directas e constantes, a PSD e CDS. Reagindo ao discurso de Jerónimo, que ouvira na bancada dos convidados, a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, elogiou o apoio dos comunistas ao Governo mas rejeitou liminarmente uma saída de Portugal do euro: “Não está em cima da mesa nem a saída do euro nem


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 7

Não está em cima da mesa a saída do euro ou do projecto europeu Ana Catarina Mendes Secretária-geral adjunta do PS ENRIC VIVES-RUBIO

A nova direcção

O cimento do poder chegou ao PCP

J

ver a legislação laboral em 2017 do projecto europeu. Continuamos a defender a necessidade do reforço da Europa.” Jorge Costa, citado pela Lusa, assinalou que o BE partilha da análise e propostas do PCP. E o PSD viu o discurso como uma “encenação”, uma vez que os comunistas são o “grande bastião” do Governo. Se o cumprimento de horários e o comportamento dos delegados, que mantiveram a sala sempre praticamente cheia durante os três dias, são factos que comprovam a perfeita organização comunista, a eficiência com que a sala do pavilhão ficou arrumada em cerca de meia hora mostra a determinação e espírito de entreajuda dos militantes. Não será por desobediência que a luta se perderá. com São José Almeida maria.lopes@publico.pt

erónimo de Sousa foi reeleito por unanimidade secretário-geral do PCP, sábado à noite, pelo comité central (CC) eleito antes pelos delegados, uma votação em que houve quatro votos contra e seis abstenções. O CC elegeu também os seus organismos executivos: comissão política, secretariado e comissão de controlo. Na comissão política, que se ocupa da linha política, estreiam-se Gonçalo Oliveira e José Capucho, que acumula com o secretariado, em que já tinha lugar. E sai Paulo Raimundo, que passa a integrar o secretariado. Na comissão política permanecem: Ângelo Alves, Armindo Miranda, Carlos Gonçalves, Fernanda Mateus, Francisco Lopes, Jaime Toga, Jerónimo de Sousa, João Dias Coelho, João Frazão, João Oliveira, Jorge Cordeiro, Jorge Pires, Manuel Rodrigues, Margarida Botelho, Octávio Augusto, Patrícia Machado, Rui Fernandes, Vasco Cardoso e Vladimiro Vale. Já no secretariado, além de Paulo Raimundo, entra Rui Braga. Deste organismo que se ocupa da organização, e recebeu uma abstenção na sua eleição, saem Albano Nunes e Manuela Bernardino. Do anterior secretariado transitam: Alexandre Araújo, Francisco Lopes, Jerónimo de Sousa, Jorge Cordeiro, José Capucho, Luísa Araújo, Manuela Pinto Ângelo e Pedro Guerreiro. Na comissão central de controlo, órgão de jurisdição eleito por unanimidade, entram Albano Nunes, Manuela Bernardino e Rosa Rabiais. E saem Maria da Piedade Morgadinho, Marília Villaverde Cabral e José Paleta. Continuam neste órgão: Alice Carregosa, Armando Morais, José Augusto Esteves e Raimundo Cabral. S.J.A.

Análise São José Almeida É dos livros e da prática política que o poder governativo cimenta a unidade dos partidos em volta das lideranças e, ao fim de décadas, o fenómeno do cimento do poder chegou ao PCP. No XX Congresso, não só não se ouviram críticas internas à direcção por esta ter assumido uma orientação estratégica de entendimento e suporte parlamentar à governação do PS, como foi abandonado o discurso antigoverno. Desde 1988 que mais ou menos abertamente e explicitamente, no palco ou fora dele, o PCP viveu momentos de grande confronto interno, os quais se mostravam nos congressos e sobretudo no período da sua preparação. E, na entrevista ao PÚBLICO, Jerónimo de Sousa assumiu mesmo que a existência de críticas era enriquecedora do debate. Mas, este fim-de-semana em Almada, as críticas internas feitas por delegados na tribuna de oradores versaram apenas a autocrítica pelas falhas de organização, pelas dificuldades em conseguirem cumprir as tarefas partidárias de militância. O responsável pela Organização Regional de Lisboa na comissão política, Armindo Miranda, disse mesmo: “Precisamos de mais organização.” Sobre a estratégia do PCP face ao poder e as negociações com o Governo, as críticas foram zero. A nova realidade do PCP e a sua proximidade ao poder trouxe outra novidade. O Governo não só não foi assobiado, como não se ouviram críticas à governação. Os assobios ficaram guardados para quando eram mencionados nomes como o de Cavaco Silva. As críticas concentraram-se no

anterior Governo do PSD e do CDS. Já discurso crítico contra governos socialistas, só chegaram ao anterior Governo do PS, liderando por José Sócrates, que foi incluído nos governos de direita. A crítica feroz ao anterior Governo PSD-CDS e à sua política de austeridade, tal como a necessidade de romper com ela, foi mesmo apresentada como razão importante para o PCP ter aceitado assinar um protocolo de entendimento com o PS onde foram estabelecidos conteúdos concretos para a acção governativa. Embora não tenham sido questionados e antecipando o esclarecimento de dúvidas que existissem sobre o apoio ao Governo do PS, no palco de Almada sucederam-se os dirigentes comunistas que trataram de sublinhar a justeza das razões que levam o PCP a apoiar o PS. E a enumerar as conquistas negociais.

Sobre a estratégia do PCP face ao poder e as negociações com o Governo, as críticas foram zero A começar pelos discursos do secretário-geral. Passando pelo do líder parlamentar, João Oliveira, que repetiu a tese da autonomia comunista: “Não fazemos nossa a política do PS. Não desistimos do nosso programa nem do objectivo imediato de romper com a política de direita e concretizar a política alternativa, patriótica e de esquerda pela qual continuamos a lutar.” Mesmo o histórico guardião da doutrina do PCP, Albano Nunes, subiu ao palco para garantir que a coerência do partido não só não estava em causa, como o presente apenas concretizava a estratégia de compromissos que o PCP defende desde o PREC (Processo

Revolucionário em Curso, de 1974/75). Albano Nunes garantiu mesmo aos militantes que o pragmatismo de poder do partido, hoje, não contradita nem belisca os objectivos e o projecto revolucionário comunista — um projecto que se vai concretizar, garantiu: “Vivemos uma época histórica de passagem do capitalismo ao socialismo, começada com a revolução soviética.” Aliás, o reafirmar da identidade comunista, a filiação na ideologia marxista-leninista, da natureza de classe, do papel de vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores e do carácter revolucionário do PCP foi uma constante e foi feita em termos idênticos aos de anteriores congressos. A diferença, se houve, foi por excesso de repetição das formas de o afirmar. E no regresso de um mar de punhos direitos erguidos, quando cantam hinos ou gritam palavras de ordem. A reafirmação da matriz comunista esteve presente em inúmeras intervenções, da direcção aos militantes. Aparentemente convictos de que é possível assumir o pragmatismo de procurar hoje influenciar o Governo do PS para garantir conquistas para “a classe operária e todos os trabalhadores”, sem perder o “sonho” de um projecto revolucionário de “superação do capitalismo” que quer criar uma “sociedade sem classes”. Em suma: a convicção de quem acredita que a revolução socialista pode não estar ao virar da esquina, mas está num horizonte futuro. Como disse Jerónimo de Sousa, no encerramento: “A concretização do fascinante projecto e objectivos por que lutamos — de a sociedade se libertar da exploração do homem por outro homem —, possivelmente só será concretizado para além do horizonte das nossas vidas.” sao.jose.almeida@publico.pt


8 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

SOCIEDADE

Vinte e duas associações de afro-descendentes queixam-se à ONU Portugal está a ser avaliado pelas Nações Unidas. Associações criticam o Estado por não as ouvir e não admitir a necessidade de políticas dirigidas a estas comunidades Discriminação racial Joana Gorjão Henriques Pelo menos 22 associações que representam milhares de afro-descendentes negros em Portugal enviaram uma carta ao Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial a criticar o Estado por não reconhecer que são precisas políticas específicas para estas comunidades. Queixam-se ainda de “falta de verdadeiro diálogo” do Estado com as entidades que lideram o combate ao racismo e à exclusão no terreno. A carta de duas páginas, enviada hoje, inclui uma análise em números das desigualdades raciais em Portugal que justificam a necessidade de existirem políticas direccionadas para estes grupos (ver página ao lado). Assinado por associações como a SOS Racismo, Plataforma Gueto, Afrolis, Djass, Associação Caboverdeana de Lisboa, Griot e Femafro, o documento surge depois de uma delegação portuguesa, integrada por representantes de entidades do Estado, ter sido ouvida na semana passada, em Genebra, pelo Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial. O desempenho de Portugal quanto à discriminação racial está a ser avaliado pelo comité e os resultados serão anunciados a 9 de Dezembro. Na última avaliação ao país, publicada em 2012, aquele comité deixou algumas recomendações a Portugal, entre elas a de que devia criar medidas especiais para grupos vulneráveis, incluindo afro-descendentes. A resposta de Portugal, reiterada no mais recente relatório, foi a de que o país tem uma abordagem “integrada/holística para combater a discriminação racial, baseada na sua crença profunda de que o fenómeno do racismo é um fenómeno global”. É esta abordagem do Estado que é criticada pelas associações, que sublinham que ela até contraria os pressupostos da Década Internacio-

nal dos Afro-descendentes (20152024), declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU), fazendo assim “um silenciamento político do racismo”. “Sem reconhecimento é impossível uma estratégia de desenvolvimento e de superação dos problemas, é impossível que haja justiça”, lê-se no documento. “Quisemos manifestar a nossa indignação face ao que veio a público”, diz Ana Fernandes, da associação activista Plataforma Gueto, que esteve na origem da elaboração desta carta numa reunião recente na qual participaram 18 pessoas. “Com esta iniciativa procuramos ser ouvidos”, referiu ainda Carla Fernandes, da Afrolis, outra das participantes nesse encontro. Em causa está, acrescentou, o “direito à representatividade”.

Convenção de 1982 Portugal ratificou a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial em 1982. Periodicamente, os países submetem relatórios para a apreciação dos peritos independentes que fazem parte do comité da ONU. O relatório português que foi entregue em Genebra foi redigido pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos, sob supervisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Baseia-se em informação dada pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), os Ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Administração Interna, do Ambiente, da Saúde, da Educação, da Ciência, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, da Justiça, da Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade. A delegação portuguesa com representantes destas entidades foi composta por 24 pessoas. Os resultados da avaliação serão anunciados a 9 de Dezembro. À crítica das associações sobre a visão “holística”, Pedro Calado, altocomissário para as Migrações que participou também na elaboração do relatório, responde que o que o documento diz é que “sempre que

Ana Fernandes, da Plataforma Gueto, garante que as organizações que enviaram carta à ONU não foram conta

Os afro-descendentes precisam de medidas específicas. E nós temo-las Pedro Calado Alto-comissário para as Migrações

possível as medidas destinadas a grupos minoritários devem ser o mais amplas possível”. O responsável reconhece ainda que “os afrodescendentes precisam de medidas específicas”. E “nós temo-las”, salienta, remetendo para o exemplo que é o programa de capacitação de líderes cabo-verdianos. “O programa Escolhas [desenvolvido pelo ACM] sempre teve como prioridade os descendentes de imigrantes, e os afro-descendentes”, continua.

Querem ser ouvidos Porém, as 22 associações que agora se uniram na plataforma Afro-descendentes Portugal — vão criar uma agenda em sintonia com o programa da ONU — têm uma visão diferente. “São necessárias medidas efectivas

para problemas que são nossos e influenciam as nossas vidas enquanto afro-descendentes negros”, diz Ana Fernandes, frisando que as associações pretendem deixar clara essa posição. Por isso, na carta é traçado o retrato de algumas situações que “justificam, incontornavelmente, a implementação de medidas específicas e de acção afirmativa”. São orientações que exigem a “consagração da recolha de dados com base na pertença étnico-racial, recomendada em 2011 pela ONU”, defendem ainda, medida à qual o Estado se opõe. Há dois anos a gerir um audioblogue, Carla Fernandes dá outro exemplo que mostra a necessidade de medidas específicas: já entrevistou mais de “130 pessoas de comunidades negras a viver em Lisboa, e


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 9

Os números da desigualdade racial

37,1%

PALOP

29,8%

Portugueses

12,5 Fonte: Estudo Os Afrodescendentes no sistema educativo, de Cristina Roldão, CIES

Profissões de baixa qualificação

NUNO FERREIRA SANTOS

actadas pelo Estado português Taxa de reprovação escolar Em 2013/2014, percentagem 50

PALOP Portugueses 32

20

16 11

15

5 1.º ciclo

2.º ciclo

3.º ciclo

Secund.

Taxa de encaminhamento de alunos para o ensino profissional

40%

80%

Fonte: Estudo Os Afrodescendentes no sistema educativo, de Cristina Roldão, CIES

Taxa de desemprego

não houve uma que não tenha contado episódios de discriminação racial vividos na primeira pessoa, mas também vividos por amigos e familiares”. E também “não houve uma pessoa que negasse o facto de ter de fazer um esforço extra para conseguir atingir objectivos que para outros são garantidos”, acrescenta. As associações queixam-se ainda de não terem sido envolvidas pelo Estado na avaliação do país apresentada à ONU. Mesmo grupos como o SOS Racismo, fundado em 1990 e uma voz activa no combate à discriminação racial, dizem não ter sido chamados a integrar esse processo. O alto-comissário para as Migrações considera que esta “é uma crítica completamente injusta”. Isto porque, segundo Pedro Calado, “Portugal passou a incluir a consulta das associações da sociedade civil”. “Foi aberto o processo e centenas de entidades foram convidadas a pronunciar-se”, acrescentou.

Por seu lado, a Comissão Nacional para os Direitos Humanos respondeu que “as organizações não-governamentais que constam” da sua “lista de contactos foram convidadas para participar numa reunião para debater o projecto de relatório”, a 18 de Setembro. Essas organizações “foram também encorajadas a enviar às Nações Unidas relatórios alternativos ao apresentado pelo Estado português”. Ana Fernandes diz que “se não todas, pelo menos a maioria destas organizações que assinam a carta não foram contactadas para dar o seu contributo”. A Plataforma Gueto, por exemplo, não consta dessa lista da Comissão Nacional para os Direitos Humanos. “Os mecanismos de consulta, mesmo que tenham existido, não foram acessíveis”, critica. Por outro lado, outra recomendação do comité da ONU era a revisão da legislação. Está a ser elaborada a proposta para uma nova lei sobre discriminação racial, num processo liderado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade: “A sua discussão ainda não está agendada, pelo que todas as observações serão bem-vindas”, garante a secretaria de Estado. jgh@publico.pt

602,78

Taxas de encarceramento

16%

34%

12,9

ONG “foram convidadas”

28

499,324

Renumerações médias mensais

Taxa de acesso ao ensino superior

As taxas de encarceramento de pessoas de nacionalidade dos PALOP são 15 vezes superiores aos de nacionalidade portuguesa.

Retrato da desigualdade racial em Portugal Dividida em várias áreas — educação, justiça, violência policial, condições de vida, trabalho, habitação, saúde, nacionalidade, cidadania e mulheres negras — a carta das associações enviada à ONU faz um retrato das desigualdades raciais em números para mostrar por que se devem ter políticas específicas para comunidades afro-descendentes. Apesar de em Portugal não ser permitida a desagregação de dados por origem racial ou étnica, como acontece nos Estados Unidos da América e no Reino Unido, é possível chegar a algumas conclusões através da nacionalidade de origem. O que os números mostram são, então, “apenas tendências das desigualdades e estão longe de fazer a fotografia completa e garantir o acompanhamento ao longo do tempo dos progressos ou retrocessos das desigualdades”, explica a socióloga Cristina Roldão, co-autora do estudo os Afro-descendentes no Sistema Educativo, que tem amplamente trabalhado este tipo de dados e também subscreve a carta. “Cada vez mais temos jovens negros que nascem em Portugal e cujos pais são portugueses e portanto não temos informação nenhuma sobre esta população.” Por isso, um das reivindicações das associações agora unidas na plataforma Afro-descendentes Portugal é a “consagração da recolha de dados com base na pertença étnico-racial, recomendada em 2011 pela ONU” . Educação Os alunos com nacionalidade dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) reprovam três vezes mais no 1.º ciclo e sofrem o dobro das taxas de reprovação no 2.º e 3.º ciclos e no ensino secundário. As taxas de encaminhamento de alunos dos PALOP para o ensino profissional no secundário

Elson Sanches (“Kuku”), Carlos Reis (“PTB”), Diogo Borges (“Musso”), José Carlos (“Teti”), Ângelo Semedo (Angoi), Manuel Pereira (“Tony”) e Nuno Rodrigues (“Snake”).

atingem quase os 80%, o dobro da dos portugueses; os afro-descendentes de origem cabo-verdiana, guineense e são-tomense acedem cinco vezes menos ao ensino superior. “Há uma quase total ausência de afro-descendentes negros nos lugares de produção e reprodução de conhecimento, como professores e cientistas”, escrevem na carta enviada à ONU. Os dados são de 2013/2014 e do Censos de 2011. Justiça e violência policial A taxa de encarceramento de pessoas com nacionalidade dos PALOP é 15 vezes superiores à dos portugueses (1,5% versus 0,1%, dados de 2011 da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais). Há ainda “permanentes agressões, por parte de agentes de segurança, a cidadãos desarmados dos bairros periféricos com forte presença de afro-descendentes negros”, dizem ainda na missiva. Exemplos: “Actos de tortura e

de ódio racial”, como, apontam as associações, os praticados por agentes policiais na esquadra de Alfragide, contra habitantes do Bairro do Alto e da Cova da Moura, em 2015. Desde 1995, com o assassinato de Alcino Monteiro, morreram às mãos da polícia dezenas de jovens negros, escrevem, dando exemplos das mortes de

Condições de vida As pessoas com nacionalidade dos PALOP desempenham três vezes mais profissões menos qualificadas (ISCO — Elementary Occupations, 2011) e para esse mesmo tipo de profissões recebem, em média, menos 103 euros mensais (dados de 2009, Quadros de Pessoal do Ministério do Emprego e Segurança Social). Têm ainda o dobro da taxa de desemprego (29,8 versus 12,9%, INE, 2011). Na habitação, moram sete vezes mais em alojamentos “rudimentares” (INE, 2011), e muitos afro-descendentes

negros vivem em territórios segregados, designadamente em bairros de alojamento social na periferia dos centros urbanos, escrevem. Nacionalidade A lei exclui o acesso imediato à nacionalidade portuguesa àqueles que, nascidos em solo português, são filhos de imigrantes. Muitos afrodescendentes negros nascidos em Portugal são considerados estrangeiros, não têm acesso a todos os benefícios de um português. “A concessão da nacionalidade a todos, independentemente da origem dos pais e do seu estatuto legal, é uma questão de direitos, mas também de reconhecimento da diversidade de identidades e culturas que compõem a sociedade portuguesa”, defendem.


10 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

SOCIEDADE PEDRO CUNHA

Quatro espanhóis morrem em queda de avioneta que vinha para Cascais Acidente Alexandra Campos Vítimas são duas crianças e dois adultos. Avioneta tinha partido de um aeródromo de Madrid com destino a Cascais Duas crianças e dois adultos morreram na tarde de ontem depois de a avioneta em que viajavam se ter despenhado na região de Toledo, Espanha. O aparelho tinha descolado 20 minutos antes do Aeródromo de Cuatro Vientos (Madrid) e dirigia-se para Cascais (Portugal) quando se despenhou numa zona florestal e se incendiou, provocando a morte imediata aos quatro ocupantes. As vítimas são todas de nacionalidade espanhola. O acidente ocorreu às 16h19 (menos uma hora em Portugal continental), na localidade de Segurilla (Toledo), por razões que ainda não são conhecidas. Foi um pastor que se encontrava na zona que deu o alerta. Quando os bombeiros chegaram ao local, o aparelho (um turbo-hélice Beechcraft King Air 90) estava em chamas. Segundo avançou o El País, citan-

do testemunhas oculares, os dois passageiros adultos encontravamse na parte da frente da avioneta e os menores, de seis e dez anos, viajavam na parte traseira. Às 20h locais, as equipas de socorro ainda não tinham procedido ao levantamento dos cadáveres, que estavam praticamente carbonizados. O aparelho tinha matrícula norteamericana, mas pertencia a uma operadora espanhola, informação que foi confirmada ao PÚBLICO pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves em Portugal. A Guardia Civil de Toledo e a Aviação Civil espanhola abriram de imediato um inquérito para apurar as causas do acidente. Ao início da noite de ontem, o delegado do Governo em Castela-La Mancha, José Julián Gregorio, afirmava, citado pela agência Efe, que as vítimas ainda não estavam identificadas e que continuava por confirmar o seu eventual parentesco. Nas operações de socorro intervieram elementos da Guardia Civil, do Salvamento Aéreo, além dos bombeiros de Santa Olalla e de Talavera de La Reina, em Toledo. com Raquel Almeida Correia acampos@publico.pt

HUGO ALVES FERNANDES RIBEIRO FALECEU A família participa o seu falecimento. O velório realiza-se hoje, 2.ª feira, a partir das 17 horas na Basílica da Estrela. Terá cerimónia religiosa, amanhã, 3.ª feira, pelas 11:30 horas, seguindo-se o funeral para o Cemitério dos Olivais. Agência Funerária Magno - Alvalade Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222 Serviço Funerário Permanente 24 Horas

Livros O Dia que a Mariana não Queria e João Vai ao Tribunal estão a ser distribuídos pelos tribunais

Juízes recebem livros que ensinam a saber ouvir crianças Justiça Ana Dias Cordeiro Filhos menores passaram a ser sempre ouvidos sobre guarda parental. Dois livros ajudam a atenuar os danos dessa experiência Cerca de 5500 livros, que explicam as técnicas de inquirição e mostram os receios e as dúvidas de uma criança que vai ser ouvida num processo de guarda parental, estão a ser distribuídos em vários tribunais de família e menores. Os livros, de pequeno formato, terão também como destino escolas, comissões de protecção de crianças e jovens, a ProcuradoriaGeral da República, dependências da Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, entre outras entidades envolvidas em decisões que afectam a vida das crianças. Os livros O Dia que a Mariana não Queria e João Vai ao Tribunal, com coordenação científica da psicóloga Rute Agulhas e da professora do ISCTE-IUL Joana Alexandre, foram lançados por iniciativa do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados (OA). A narrativa transpõe para um diálogo com ilustração os principais receios que as crianças sentem perante a necessidade de serem ouvidas por um juiz num proces-

so de guarda parental em divórcios litigiosos. Ao João é explicado que ao tribunal —“um edifício com muitas salas onde trabalham muitas pessoas que fazem coisas diferentes” — compete encontrar a solução e defender os interesses das crianças. À Mariana é dito que as togas são as roupas que usam os advogados e que a beca é a roupa dos juízes e dos procuradores, mas que o mais provável é estes não as usarem quando vão ouvir as crianças (como está previsto na lei). Diz ainda o livro que os juízes são pessoas com “uma profissão muito importante”, chamados a tomar “decisões difíceis, para que muitas vezes se faça justiça”. Também é dito à Mariana que o importante é que ela seja verdadeira nas suas palavras. “Não existem respostas certas nem erradas”. Mesmo assim, diz António Jaime Martins, que preside ao Conselho Regional de Lisboa da

OA, estas são situações difíceis para muitas crianças, que têm “medo de fazer mal aos pais, medo de prejudicar” um dos progenitores. “Os problemas que se colocam às crianças requerem um esforço formativo grande dos nossos advogados, dos nossos assistentes sociais, dos nossos psicólogos”, prossegue. “A audição da criança é um direito seu, mas é uma pressão adicional que ela não tinha anteriormente.” A alteração legislativa no ano passado, com a entrada em vigor da Lei 141/2015 do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, passou a prever que “a criança, com capacidade de compreensão dos assuntos em discussão, tendo em atenção a sua idade e maturidade, é sempre ouvida sobre as decisões que lhe digam respeito”. “Concordo com o princípio da audição da criança sempre que esteja em causa uma decisão judicial que a vai afectar. Mas a audição tem de ser rodeada das devidas cautelas, para que não se crie uma situação de agressão psicológica ou emocional”, diz António Jaime Martins. O objectivo destes livros é “enquadrar as crianças na audição”, explicando-lhes o que fazem o advogado, o juiz, o procurador e, ao mesmo tempo, “conferir aos profissionais os elementos que lhes permitam ajudar nesta desdramatização”. acordeiro@publico.pt


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12 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

LOCAL

Autarca que levou Porto à UNESCO pede mais atenção às pessoas DIOGO BAPTISTA

Fernando Gomes elogia actual executivo, mas sugere que a cidade volte a criar um gabinete voltado para as respostas sociais dirigidas a quem ainda habita no território classificado Reabilitação urbana Abel Coentrão O antigo presidente da Câmara do Porto Fernando Gomes aplaude o trabalho que o actual executivo está a fazer na zona histórica do Porto, classificada Património Mundial pela UNESCO num dos seus mandatos, há precisamente 20 anos, a 5 de Dezembro de 1996. O socialista considera, no entanto, que Rui Moreira deveria complementar a acção da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) com uma equipa dedicada às necessidades sociais da população que habita, e que deve ser mantida, insiste, nesta zona da cidade. Fernando Gomes considera que, nos 12 anos dos mandatos de Rui Rio na câmara, “tirando a intervenção na Rua das Flores”, se interrompeu um trabalho que vinha em velocidade de cruzeiro, com um “indispensável” investimento público capaz de atrair o privado, no domínio da reabilitação urbana. Mas as suas críticas maiores — a que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, juntar a opinião de Rio — vão para o desmantelamento do antigo CRUARB, o Comissariado para a Renovação Urbana da Área de Ribeira-Barredo, berço da reabilitação urbana naquela área deprimida e da candidatura, vitoriosa, à UNESCO, e para a extinção da Fundação Para a Zona Histórica do Porto. Gomes considera que o papel desempenhado por esta última está fora das competências da SRU Porto Vivo e que essa intervenção social deveria merecer uma atenção específica, com uma equipa própria, por parte do município, liderado agora por um independente apoiado pelo seu partido, e cujo “bom senso” destaca. “Perdemos muito tempo. É preciso retomar a construção de equipamentos, como os jardins-deinfância, os lares de apoio a uma população envelhecida ou centros de formação”, insiste o actual administrador do Futebol Clube do Porto.

“Quando propusemos a classificação, queríamos impedir que se fizessem alguns desmandos que já vinham sendo propostos num conjunto arquitectónico e urbanístico ímpar”, recorda Fernando Gomes, acrescentando que esse esforço foi iniciado na Ribeira-Barredo e alargado às freguesias da envolvente, mas sempre com a intenção de preservar as pessoas que ali habitavam. O antigo autarca vislumbra no actual boom imobiliário no Porto alguns riscos para essas pretensões iniciais, mas também considera que o município tem nas suas mãos instrumentos para moderar o ímpeto do turismo. Gomes não vê problema no aumento do número de turistas, mas sim na concentração de equipamentos hoteleiros e de restauração na zona mais procurada, e pede que não se repitam operações como a do Quarteirão das Cardosas, cujo miolo foi arrasado para abrir uma nova praça. São projectos “muito interessantes para os investidores, mas que não têm nada que ver com o espírito do centro histórico”, argumenta, lembrando as críticas da secção portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios — Icomos — a este empreendimento. “A câmara agora tem outra visão e outra mentalidade”, afirma o antigo autarca, divergindo, neste aspecto, do Icomos, que num encontro realizado na semana passada no Porto, a propósito deste vigésimo aniversário, teceu muitas críticas ao actual executivo, acusado de não estar a ter em devida conta os riscos da “turistificação”. O actual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, refuta também estas críticas. Num artigo de opinião a propósito deste vigésimo aniversário, Moreira elenca algumas das medidas que têm sido tomadas para temperar um desenvolvimento turístico que considera essencial para a cidade, mas que, defende, não a pode “desfigurar”. acoentrao@publico.pt

O município tem nas suas mãos instrumentos para moderar o ímpeto do turismo, diz Gomes


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 13

Perdemos muito tempo. A Câmara agora tem outra visão e outra mentalidade Fernando Gomes Ex-presidente da Câmara do Porto

Os sinos voltam a tocar pelo Património

O centro histórico e o turismo

Às 17h30, é inaugurado o projecto Alumia

V

ai ser ao meio-dia e durante 20 minutos. Tal como há 20 anos, quando o anúncio de que a UNESCO tinha inscrito o centro histórico do Porto na lista do Património Mundial, também agora os sinos da cidade vão repicar em uníssono. À hora certa, os sinos dos Clérigos, da Sé e das igrejas de São Francisco, Misericórdia do Porto, São João Novo, São José das Taipas, São Nicolau e Nossa Senhora da Vitória, entre outras, vão assinalar o arranque das comemorações que a Câmara do Porto estendeu, em forma de luz, por vários meses. Mas fiquemos, por enquanto, pelo dia 5. Se a festa começa com os sinos da cidade, às 17h ela concentra-se na Ponte Luiz I, onde irá decorrer uma performance de dança acrobática, a partir de um trapézio que estará suspenso do tabuleiro superior. O espectáculo também dura 20 minutos e será seguido da inauguração da instalação de luz LUiZ, inspirada nas formas da ponte inserida na área classificada pela UNESCO. A instalação vai manter-se toda a semana, até domingo, com as luzes acendendo-se diariamente a partir das 17h30. Às 18h30, as celebrações passam para dentro de portas, com o lançamento do livro Porto Património Mundial 20 anos | 20 imagens, na Biblioteca do Seminário Maior. A obra conta com fotografias do centro histórico da cidade, captadas por 20 fotógrafos, e com textos do geógrafo Álvaro Domingos, do historiador Gaspar Martins Pereira e do jornalista do PÚBLICO Manuel Carvalho, resultando de uma parceria entre a câmara e a Imprensa Nacional Casa da Moeda. O lançamento será seguido de um debate sobre o valor universal das cidades

Opinião Rui Moreira

Património Mundial, moderado por Álvaro Domingos e com a participação da vice-presidente da Câmara de Marraquexe, Awatef Berdai, do vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Manuel Correia Fernandes, e do arquitecto e vereador Rui Loza. Às 22h, será a vez de se abrirem as portas do Salão Árabe do Palácio da Bolsa para um concerto cinematográfico, intitulado Al-Mu’tamid, Poeta Rei do Al Andaluz e que conta com músicos portugueses, espanhóis e marroquinos, que compuseram novos temas a partir dos poemas daquele que é considerado o mais brilhante poeta ibero-árabe do século XI. O acesso é gratuito, mas só entra quem tiver um bilhete previamente distribuído, até ao final do dia de ontem, no Rivoli ou na Casa do Infante. O 20.º aniversário do Património Mundial é também assinalado com o lançamento do projecto Alumia, que vai iluminar, até Julho de 2017, seis espaços do centro histórico. O circuito vai ser inaugurado pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, às 17h30 desta segunda-feira, com partida do Jardim da Cordoaria e passagem pelo Largo do Amor de Perdição, Clérigos, Largo dos Lóios, Estação de São Bento e Bairro da Sé. Patrícia Carvalho

Os turistas que em 2015 entraram em Portugal deixaram no país mais de 11 mil milhões de euros, fazendo com que o sector se tenha tornado no segundo em exportações de serviços. E o Porto passou a ser o segundo destino dos turistas que entram no país, depois de Lisboa. Esta subida do Porto, que tem ocorrido à razão de dois dígitos por ano nos últimos cinco, é sustentada nos movimentos aeroportuários, com mais de oito milhões de passageiros processados no aeroporto no último ano e mais de três milhões de dormidas. Estes números são ainda acompanhados pelo crescimento do valor médio gasto por turista e pelo aumento do número de camas na cidade, que regista a maior taxa de ocupação do país. Se os turistas deixam em Portugal um valor acima dos 11 mil milhões de euros e se o Porto conquista uma boa fatia desse enorme valor, então o Porto tem no turismo uma fileira económica sem precedentes que seria absurdo não aproveitar. Vale a pena explicar que a Associação de Turismo do Porto (ATP), entidade responsável pela promoção externa do destino, tem um orçamento abaixo dos cinco milhões de euros. Ou seja, o turismo representa, em externalidades, mais-valias difíceis de igualar, face ao investimento que é realizado. Acresce que o turismo tem sido, também, um impulsionador da reabilitação urbana no Porto. Quanto mais não fosse, esse, só por si, já teria valido a pena. Quem não se lembra do centro do Porto há uma década, com edifícios fechados e em ruínas? Essa é uma verdade que tendemos a esquecer,

atribuindo ao turismo a culpa pela “expulsão” dos habitantes do centro histórico. Na verdade, a população do Porto diminui pelo menos desde o início dos anos 80 e a do centro histórico há mais tempo. E quando chegou o turismo, há meia dúzia de anos, já quase ninguém habitava a Baixa. Segundo os Censos, a população do Porto começou a estabilizar-se nos anos 60 e sofreu o seu declínio acentuado a partir de 1981, para, em 2011, se situar em níveis semelhantes aos de 1920. Ora, ninguém poderá culpar o turismo por um fenómeno que se iniciou três décadas antes de chegarem os turistas. Se atendermos às freguesias do centro histórico, veremos que a década anterior à explosão turística (2001 a 2011)

O turismo trouxe milhares de postos de trabalho directos e indirectos. Quer isto dizer que está tudo bem? Não registou uma perda de habitantes superior a 35%, o que corresponde a uma enorme catástrofe. Entre Censos é difícil avaliar até que ponto o turismo está a contribuir para afastar habitantes do centro histórico ou se, pelo contrário, está a potenciar o seu regresso. Sabemos, contudo, que a aceleração da reabilitação urbana por via do turismo, faz crescer a apetência residencial e vemos hoje projectos em zonas onde há décadas não existia. E porque se tornaram atraentes e mais seguras com a proliferação do comércio, da restauração e de outros serviços. O turismo trouxe milhares de postos de trabalho directos e indirectos. As empresas tecnológicas viram na Baixa da cidade uma vibrante oportunidade para se instalarem e isso potencia a residência de novas famílias.

Quer isto dizer que está tudo bem e que o turismo não representa ameaças? Quer isto dizer que a Câmara do Porto não está preocupada e que não está a fazer nada? Não. Pela primeira vez, a CMP está a exercer direito de preferência sobre a transacção de prédios no centro histórico. Com isto, pretende evitar que a maioria dos edifícios transaccionados se destinem a projectos turísticos, reservando, sempre que os valores sejam aceitáveis, edifícios para reabilitar e colocar no mercado do arrendamento social. Além desses, estão a ser reabilitados outros 130 fogos para entregar a famílias carenciadas que viveram no centro histórico e foram realojadas em habitação social na periferia. E as primeiras famílias regressam ainda este ano. Brevemente teremos um primeiro regulamento que permitirá classificar as lojas históricas e evitar que sejam expulsas aproveitando uma alteração legislativa proposta pela Câmara do Porto e cuja aplicação tem sido articulada com Lisboa. Também a anarquia que se vive no sector do transporte turístico tem os dias contados, graças a um regulamento que temos discutido publicamente e que irá diminuir a pressão sobre zonas críticas da Baixa. Também está a ser avaliada a questão da fiscalidade sobre o sector do turismo, nomeadamente a aplicação de uma taxa turística hoteleira e anunciei que, a ser aplicada, a sua receita será usada para favorecer a vida dos residentes. O grande desafio com que se confronta o município é o de garantir que o turismo, regulado e disciplinado, contribui para o desenvolvimento económico, social e cultural da cidade, sem afectar a sua sustentabilidade e sem a desfigurar. Presidente da Câmara Muncipal do Porto


14 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

ECONOMIA

Greves caem para menos de metade em cinco anos Sindicatos convocaram 95 paralisações no ano passado, o patamar mais baixo desde 2010. Número de trabalhadores em greve caiu 83%. Transportes continuam a ser o sector com mais protestos Trabalho Raquel Martins Depois de no período da troika terem sido atingidos valores-recorde, o número de greves no sector privado recuou significativamente, transformando 2015 no ano com menos greves desde, pelo menos, 2010. Os dados mais recentes dão conta de 95 paralisações em 2015, um recuo de 53% face às 199 registadas cinco anos antes. Acompanhando esta tendência, mas de forma ainda mais expressiva, o número total de trabalhadores envolvidos nos protestos caiu 83%. Esta é uma das conclusões que se podem retirar das estatísticas publicadas pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP) do Ministério do Trabalho, que revelam também que, só entre 2014 e 2015, o número total de greves se reduziu 24% e o de trabalhadores que aderiram às paralisações recuou 35%. Apesar de se verificar uma quebra no total de greves e de trabalhadores envolvidos, o número médio de dias perdidos por trabalhador subiu de uma média de 1,5 para 1,7 entre 2014 e 2015. No ano passado, os transportes e armazenagem — onde são incluídas também empresas públicas como a Carris, a Metro de Lisboa ou a CP — continuaram a estar no topo dos sectores que mais paralisações convocaram. Esta actividade representou 37% do total de greves, a percentagem mais elevada dos últimos cinco anos. Isso acontece porque, embora o número de paralisações nos transportes também esteja a cair (menos 18,6% do que em 2010 e menos 22% do que em 2014), o ritmo de redução tem sido mais lento do que o do total de greves. Quando se olha para o peso dos trabalhadores dos transportes e armazenagem no total de pessoas que aderiram a greves, também se verifica um aumento da sua representatividade. No ano passado, mais de metade (53%) das 11.812 pessoas

envolvidas em greves trabalhavam no sector. Mais uma vez, é o valor mais elevado desde 2010 e fica acima dos 46% registados em 2014. José Manuel Oliveira, dirigente da Fectrans (a federação da CGTP que junta vários sindicatos de transportes), lembra que 2012 e 2013 foram os “momentos altos” dos processos de concessão a privados de empresas como a Metro de Lisboa ou a Carris e, por isso, são anos que “sobressaem” quando se olha para o número de greves e de trabalhadores envolvidos. Nesses anos, o GEP dá conta de 62 greves, envolvendo mais de 30 mil trabalhadores. Um levantamento feito pelo PÚBLICO dava conta, em 2012, de 318 dias de paralisações. No ano seguinte, o problema agudizou-se com protestos na Metro de Lisboa, na STCP, Carris, Transtejo, CP e na Refer, muito fruto das medidas de redução de custos associadas ao programa de ajustamento negociado com a troika. Em 2016, com a reversão de alguns processos de concessão, José Manuel Oliveira diz que a realidade é outra, adiantando que não foi entregue qualquer pré-aviso de greve nas empresas de transportes ditas tradicionais. O dirigente destaca ainda o facto de haver negociação entre empresas e trabalhadores do sector, lembrando o acordo de empresa que já foi fechado na Metro e outros que estão em negociação na Carris, Transtejo e Soflusa.

Muitas exigências aceites A taxa de eficácia das greves — ou seja, a percentagem de reivindicações aceites pelas empresas — continua próxima dos 50%, embora no ano passado se tenha reduzido ligeiramente. Em 2015, os sindicatos viram 47,7% das suas exigências serem satisfeitas ou parcialmente satisfeita pelas empresas, em comparação com 49% do ano anterior. Ainda assim, é de notar que 2014 e 2015 foram anos em que o sucesso

N.º de greves*

199

N.º de trabalhadores

233

100.000

173

167

123

80.000

94

60.000 40.000

2010

2011

2012

2013

2014

2015

0 2010 2011 2012 2013 2014 2015

As principais reivindicações dos sindicatos em 2015 Em % 6,3

8,1 17,9

11.812

20.000

*Estes totais dizem respeito à soma das greves por sector e são superiores aos totais apurados com base nos pré-avisos de greve (cada pré-aviso pode dizer respeito a mais do que um sector)

N.º médio de dias de trabalho perdidos por greve

2,6

50,1

15

2014 Salários

Condições de trabalho

Estatuto ou estrutura da empresa

Emprego Regulamentação e formação colectiva

Outras

2015

293 262

Fonte: Gabinete de Estratégia e Planeamento, MTSSS

A taxa de eficácia das greves, medida pela capacidade de satisfazer as exigências dos trabalhadores, continua a rondar os 50%. As questões salariais são o principal motivo dos protestos, seguidas pelas condições de trabalho

das greves foi bastante superior ao registado anteriormente. Em 2013, no auge do programa da troika, apenas 11,9% das reivindicações tinham sido aceites ou parcialmente aceites, tendo mais de 88% ficado pelo caminho. Excluindo as reivindicações que não têm uma classificação e que, por isso, são incluídas na categoria “outros”, em 2015 as questões salariais continuaram a ser — tal como nos anos anteriores — o principal motivo para a convocação de greves, pesando 17,9%. Seguem-se as condições de trabalho (15%) e temas relacionados com os estatutos ou a estrutura das empresas (8,1%). No que diz respeito às matérias remuneratórias, os dados do GEP mostram que, no ano passado, as empresas estiveram mais disponíveis para responder positivamente aos trabalhadores. Quase 68% das exigências neste campo foram total ou parcialmente aceites pelas empresas, quando no ano anterior esta percentagem ficou nos 58,5%. Na melhoria das condições de trabalho, também

aqui houve uma evolução positiva dos resultados face a 2014. No ano passado, quase 77% das reivindicações nesta área tiveram resultados favoráveis aos trabalhadores, muito acima da taxa de sucesso de 47,5% alcançado no ano anterior. Os dados divulgados pelo GEP têm como base os pré-avisos de greve entregues pelos sindicatos no Ministério do Trabalho e a informação recolhida no relatório único, preenchido obrigatoriamente pelas empresas. Os dados têm alguma margem de erro, dado que alguns pré-avisos podem não se ter concretizado e, por outro lado, um único pré-aviso de greve pode incluir vários sectores. É por isso que os dados totais apresentados pelo gabinete nas suas estatísticas são inferiores à soma das greves por sector. Contudo, e para poder estabelecer comparações, o PÚBLICO optou por usar como referência os dados sectoriais. O GEP não recolhe dados sobre greves na administração pública. raquel.martins@publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 15

Transportes protagonizaram 37% das paralisações convocadas em 2015

Aviação decide novas paralisações

Os recordistas das greves em 2015 N.º de greves

Transportes e armazenagem

35

Act. administrativas

23

Indústria transformadora

9

Comércio por grosso e a retalho

8

Alojamento e restauração

7

N.º médio de dias perdidos por trabalhador

N.º de trabalhadores

6237

Raquel Almeida Correia

2444 1351 1625 78

Reivindicações aceites, parcialmente aceites ou recusadas pelas empresas Parcialmente 1,2 Totalmente aceites

Sector dos transportes visto à lupa N.º de greves

aceites

1,5

1,7

Recusadas

48

% 50,8

N.º de trabalhadores envolvidos

1,8

45,9 % 52,3

43

51

62

40.000

62 45

35

28.000 16.000

6237

4000

2014

2015

2014

2015

2010 2011 2012 2013 2014 2015

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Função pública protagonizou dezenas de greves Embora não haja dados estatísticos sobre as greves na função pública, o Estado acompanhou a tendência do sector privado e, durante os anos da troika, participou em várias paralisações gerais e sectoriais. Em Novembro de 2011, por altura da aprovação do Orçamento do Estado para 2012, CGTP e UGT uniram-se numa greve geral que juntou trabalhadores do privado e funcionários públicos. Daí até ao final da legislatura de Passos Coelho seguiram-se outros protestos conjuntos, entrecortadas por greves de médicos, enfermeiros, professores e outros funcionários públicos — e sobretudo realizados pelos sindicatos da CGTP. Os professores protagonizaram em Julho de 2013 uma das greves mais mediáticas aos exames nacionais. E, ainda nesse ano, a 27 de

Junho, as três estruturas sindicais da função pública juntaram-se para uma paralisação conjunta para protestarem contra um dos pacotes mais agressivos destinados aos trabalhadores do Estado: redução salarial reforçada, aumento da semana de trabalho de 35 para 40 horas, aumento dos descontos para a ADSE, o novo sistema de mobilidade especial que permitia o despedimento e os programas de rescisões por mútuo acordo. O protesto acabou por se alargar também ao sector privado juntando, pela quarta vez desde 1988, a CGTP e UGT. Em Julho de 2014, foi a vez de também os médicos darem conta do seu descontentamento. Em causa estava uma proposta de código de ética que os proibia de falar com a comunicação social e a reestruturação do Serviço Nacional de Saú-

Paralisações no Estado também têm vindo a diminuir

de, que implicava o fecho de vários serviços. Em Março de 2015, já com a troika fora de Portugal, Frente Comum, Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) voltam a juntar-se para uma greve no Estado. O principal mote foi o aumento do horário de trabalho para as 40 horas e o bloqueio dos contratos colectivos que reduzem o tempo de trabalho, além da requalificação (que permite despedimentos). Já com o actual Governo em funções, a Frente Comum (da CGTP) protagonizou uma greve no início do ano para exigir a aplicação das 35 horas a todos os trabalhadores do Estado. O ritmo de protestos diminuiu, contudo, significativamente. R.M.

A greve parcial convocada para hoje pelo sector do handling vai servir também para decidir que iniciativas tomar no futuro e em cima da mesa está a possibilidade de avançar com mais protestos ainda este mês. A paralisação parcial, que ocorrerá entre as 11h e as 14h, poderá trazer alguns constrangimentos às companhias de aviação, nomeadamente atrasos nos voos. O protesto, convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) e que abrangerá os trabalhadores das operadoras de assistência em terra Groundforce e Portway, pretende contestar, entre outros, o adiamento na atribuição de licenças, bem como os serviços de handling prestados pela low cost Ryanair e Groundlink. O plenário vai, por isso, realizar-se em frente à sede da Autoridade Nacional da Aviação Civil, o supervisor do sector da aviação. Fernando Henriques, dirigente do Sitava, afirmou ao PÚBLICO que “a expectativa é que a participação seja elevada” porque “os perigos que a Groundforce e a Portway enfrentam são enormes e as pessoas têm consciência disso”. Não quis, porém, adiantar a adesão esperada para o plenário de hoje. O grupo de trabalho que o Governo criou para solucionar problemas do handling está, neste momento, num impasse, fruto de um comunicado emitido pelo Sitava que gerou mal-estar junto da ANA (a gestora aeroportuária que foi vendida em 2013 ao grupo francês Vinci e que é detém a Portway). O documento usava a imagem de um campo de concentração em Auschwitz. Estava agendada uma reunião para 9 de Novembro na qual a ANA e a Portway recusaram estar presentes e ainda não foi agendada nova data. raquel.correia@publico.pt


16 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

ECONOMIA

PT e Visabeira desfazem parceria em empresa polémica

Católica e Nova entre as melhores da Europa JONATAS LUZIA

Telecomunicações Ana Brito

Ranking Jéssica Rocha

Visabeira vendeu 95% de empresa que recebeu fundos para construir rede de fibra em zonas rurais, mas não revela a quem

FT escolheu as melhores escolas de negócios e Portugal conta com três presenças. Universidade do Porto está no 62.º lugar

A Visabeira vendeu a participação de 95% que tinha numa empresa criada em 2010 com a PT Portugal (Meo) e cuja actuação está a preocupar o regulador e o Governo. A Fibroglobal construiu uma rede de fibra nas zonas rurais do Centro e nos Açores com recurso a mais de 40 milhões de euros de fundos públicos e estava obrigada a abri-la a todos os operadores através de uma oferta grossista que permitisse levar ofertas retalhistas de telecomunicações aos habitantes destas regiões. E é aqui que surgem os problemas. A empresa é acusada pela Vodafone e pela Nos de definir condições de acesso à rede que beneficiam a PT — que, além de accionista, é a sua única cliente. A Visabeira confirmou ao PÚBLICO “a alienação da participação” na Fibroglobal, enquanto fonte oficial da PT informou que a empresa mantém 5%. Porém, nem o grupo liderado por Francisco Nunes nem a operadora da Altice divulgam quem comprou as restantes acções correspondentes a 95% do capital. A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que está a analisar o cumprimento das regras do concurso público e diz que “a matéria relativa aos preços da oferta grossista [da Fibroglobal] está em apreciação”, confirmou que não foi informada do negócio. Mas também não tinha de o ser. Apesar de haver dinheiro público envolvido — os auxílios aprovados para os Açores e Região Centro foram de 43,8 milhões — só haveria obrigações de reporte de alterações accionistas (ao Estado, não ao regulador) se o contrato tivesse sido adjudicado a um agrupamento de empresas e uma delas mudasse, o que não é o caso. O Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas está a par das queixas da Nos e da Vodafone e já adiantou que “o assunto está a ser analisado”. Os operadores queixam-se de que a PT gere a rede da Fibroglobal como um “monopólio”. Ao contrário

negócios da Fibroglobal — originado exclusivamente na Meo — atingiu 9,3 milhões. Já a Meo recebeu 3 milhões pelos serviços de engenharia e aluguer de condutas e postes. Por outro lado, apesar de ser accionista minoritária, têm vindo da Meo os financiamentos da Fibroglobal: 13,7 milhões até final de 2015. A Fibroglobal (cujos relatórios não reportam quaisquer gastos com recursos humanos) tem como administradora-delegada uma gestora com um percurso na PT, Graça Galvão. E no conselho fiscal,está o actual administrador financeiro da PT, Guy Pacheco. À frente da direcção comercial está outro profissional com percurso na PT: Carlos Oliveira. Em 2010, quando a Visabeira se aliou à PT (então gerida por Zeinal Bava) para concorrer aos fundos para as redes rurais, era sua accionista de referência. Ao longo dos anos, coube à Viatel (braço da Visabeira para as telecomunicações) executar a generalidade das obras de infra-estruturas da PT. Com a venda à Altice, entraram em cena outras empresas ligadas ao actual líder da administração da operadora, Armando Pereira, a quem têm sido entregues as empreitadas de expansão da rede de fibra.

O Financial Times (FT) divulga hoje a lista anual das melhores escolas de negócios da Europa e Portugal volta a estar triplamente representado. A Universidade Católica conseguiu o seu melhor resultado de sempre, a 23.ª posição, e voltou a ser considerada a líder portuguesa na área. A Universidade Nova de Lisboa também ocupa a 23.ª posição e a Universidade do Porto ficou em 62.º lugar. Desde 2008, quando integrou o ranking, a Católica Lisbon School of Business & Economics tem sido considerada a melhor a nível nacional na área dos negócios. De 2015 para cá subiu três lugares, passando da 26.ª para a 23.ª posição — a melhor que já conseguiu. Para Francisco Veloso, director da instituição, este resultado “é motivo de grande orgulho”. “A Católica-Lisbon foi pioneira em Portugal no reconhecimento do FT, tem liderado este ranking de forma muito consistente e este ano conseguiu a melhor posição alguma vez alcançada por uma escola portuguesa”, referiu em comunicado. Também na 23.ª posição, mas a surgir abaixo na contagem, está a Nova Scholl of Business and Economics, que registou uma subida de várias posições, já que no ano anterior ocupava o 28.º lugar. Para o director, Daniel Traça, a classificação “é o resultado da aposta na internacionalização, um dos marcos no projecto de desenvolvimento” da instituição. A terceira escola portuguesa distinguida, a Porto Business School (Universidade do Porto), conseguiu o 62.º lugar. Já é o quinto ano consecutivo em que é escolhida pelo FT e foi a única das três instituições nacionais a subir na categoria dos MBA, ocupando a 54.ª posição neste domínio. “Estes resultados são o reflexo da qualidade e do impacto da nossa oferta”, disse em comunicado o director, Ramon O’Callaghan. Texto editado por Raquel Almeida Correia

ana.brito@publico.pt

jessica.rocha@publico.pt

Parceria da Visabeira com a PT (Meo) tinha sido criada há seis anos Estrutura accionista da Fibroglobal

5,02% PT

As queixas da concorrência

94,96% Visabeira

Fonte: Fibroglobal

da rede da DST Telecom (que ganhou os concursos para o Norte, Alentejo e Algarve), sobre a qual todas as empresas operam, na Fibroglobal a oferta grossista existe, mas só a Meo a usa para chegar aos habitantes abrangidos nos 42 concelhos da Região Centro e nos 12 dos Açores.

?

PÚBLICO

O regulador das telecomunicações e o Governo têm estado a analisar o cumprimento das regras do concurso público e as queixas da Nos e da Vodafone

A Nos e a Vodafone garantem que os preços grossistas “são excessivos” e os níveis de qualidade de serviço insuficientes e que isso explica que, apesar de haver negociações desde 2013, nenhuma tenha chegado a acordo com a Fibroglobal. Queixamse ainda de uma relação privilegiada desta com a PT (simultaneamente cliente e fornecedora), que torna as condições de acesso à rede mais vantajosas para a empresa da Altice. Os relatórios da Fibroglobal demonstram que todo o seu volume de negócios é originado na PT. Em 2014, as transacções com a Meo incluíram 8,5 milhões “relativos a instalações e acessos de rede cliente e aluguer de cabo submarino”. Mas a Fibroglobal também fez pagamentos à Meo relativos “a trabalhos especializados, aluguer de condutas e postes e espaços técnicos” que somaram 2,9 milhões. A situação repetiu-se em 2015, ano em que o volume de


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 17

ECONOMIA Ana Catarina Mendes, do PS, considerou que agora a prioridade na CGD é cumprir os planos de recapitalização e de negócios

Breves Justiça

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu este ano 1239 denúncias, das quais 371 por alegados casos de fraude fiscal, 51 por corrupção e 35 por peculato. Os dados, disponibilizados pela PGR, referem-se ao total de denúncias recebidas até 31 de Outubro através da plataforma de denúncias de actos de corrupção e fraude, disponível na sua página na Internet.

TONY GENTILE/REUTERS

Crimes económico-financeiros com 1239 denúncias em 2016

Natal Papa pede “exame de consciência”

Energia

Consumo de electricidade sobe 2,7% em Novembro O consumo de electricidade aumentou 2,7% em Novembro, face ao período homólogo, num mês em que se registaram condições desfavoráveis à produção renovável, o que fez disparar a produção de electricidade a partir do gás natural. De acordo com a REN, com a correcção do impacto da temperatura e do número de dias úteis, o consumo de electricidade aumentou apenas 0,4% (valor que coincide com a variação acumulada ao longo dos 11 meses de 2016). As afluências aos aproveitamentos hidroeléctricos foram reduzidas, com uma quebra homóloga na produção de 7%, apesar do bom comportamento desta fonte ao longo de todo o ano, com um acréscimo de 77% ao longo do ano de 2016.

Feira industrial

Portugal será o país com mais empresas em Paris Portugal vai ser o país estrangeiro com mais empresas a expor na feira de subcontratação industrial Midest, que vai decorrer entre amanhã e sexta-feira, no Parque de Exposições de Villepinte, nos arredores de Paris. De acordo com a delegação da Aicep em Paris, 89 expositores portugueses vão estar presentes, incluindo três associações do sector. Aviação

Empresas

Voo da Qatar Airways aterra de emergência na Terceira

Licenças para gestão de fluxos de lixo emitidas até Agosto

Três passageiros de um voo da companhia aérea Qatar Airways, que teve de aterrar ontem na Terceira (Açores), foram assistidos no Hospital de Santo Espírito. O Boeing da transportadora aérea fazia a ligação entre o aeroporto de Washington/Dulles, nos Estados Unidos da América, e Doha, no Qatar, mas teve de aterrar no aeroporto das Lajes. Dois dos passageiros já receberam alta hospitalar.

As licenças para as entidades gestoras de fluxos específicos serão emitidas até Agosto de 2017, sendo as próximas as dos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, revelou o secretário de Estado do Ambiente. “Temos um calendário de emissão de licenças de fluxos específicos até agosto do próximo ano”, disse Carlos Martins, acrescentando que “o último [dossier] será o dos pneus”.

O Papa Francisco pediu ontem que todos façam um “exame de consciência” no Natal e abandonem a busca “do êxito a qualquer custo”, o “poder em

detrimento dos mais fracos”, a riqueza e o “prazer a qualquer preço”. Jorge Bergoglio sugeriu estas reflexões a partir da varanda do palácio apostólico

do Vaticano após a missa dominical realizada na Praça de São Pedro, perante milhares de peregrinos vindos de diversas partes do mundo.


18 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

CIÊNCIA

Há seis mil anos já se fabricavam amuletos com método ainda hoje usado Encontrados no Paquistão, pequenos objectos de cobre foram revirados do avesso por uma equipa de cientistas. Descobriu-se como tinham sido fabricados: o método envolvia cera de abelha e argila Teresa Serafim Edificado na planície de Kachi, no Paquistão, Mehrgarh é um dos sítios arqueológicos mais importantes para estudar o período Neolítico no Sul da Ásia. Considerado o povoamento agrícola mais antigo da civilização do vale do Indo, Mehrgarh foi fundado por volta de 7000 a.C. e abandonado em 2500 a.C. Agora descobriu-se u se que foi em Mehrgarh que foram m fabricados os primeiros objectos pelo método de “fundição por cera perdida”, usado para fazer peças com muitos detalhes. Esses objectos são amuletos, que não têm mais de 20 milímetros de diâmetro. Para chegar a esta conclusão, uma equipa de cientistas franceses, coordenada pelo físico Mathieu Thoury, da Universidade de Versalhes em Saint Quentin-en-Yvelines, fez uma viagem até ao nanomundo dos amuletos, e pu-

blicou os resultados na revista Nature Communications. Antigos e minúsculos — é como podemos classificar, à primeira vista, os amuletos desta história. Mas a sua idade e dimensões podem guardar muitos segredos que não estão ao alcance do olho humano sem a ajuda da ciência. Para sermos exactos, estes amuletos datam do período do Neolítico (entre 12.000 a.C. e 4000 a.C.) e o início da Idade do Cobre (aproximadamente até 1200 a.C.). Ou seja, têm cerca de seis mil anos. Com uma forma circular, são

compostos por seis raios, cada um com dez milímetros. Até aos nossos dias, apenas chegaram intactos três amuletos. A este conjunto, juntam-se mais dois amuletos da mesma colecção, mas de que só restam algumas partes. A descoberta dos cinco amuletos foi feita em 1985, numa escavação arqueológica em Mehrgarh, que decorreu de 1981 a 1990. Aliás, a descoberta do povoamento de Mehrgarh ocorreu

em 1974, por uma equipa de arqueólogos coordenada por Jean-François Jarrige e Catherine Jarrige. Entre 1974 e 2000, houve várias escavações, que chegaram aos 11 metros de profundidade. Até ao momento, foram encontrados 50 mil objectos, entre os quais cerâmicas, figuras de barro, azulejos e metais. Com o “resgate” dos amuletos de Mehrgarh do solo, tem-se procurado perceber a sua função. Numa primeira hipótese, a equipa do actual estudo considerou-os “simples ornamentos”, tal e qual como ou-

tras centenas de missangas para pulseiras e colares descobertas no povoamento. Contudo, o pormenor com que foram feitos os amuletos lançou outra hipótese: será que eram objectos ornamentais que tinham uma função religiosa ou ritual? Para responder a esta questão, os cientistas procuraram perceber como é que os amuletos tinham sido fabricados. “O fabrico específico pela fundição por cera perdida, em vez d do processo clássico de moldes, abriu a possibilidade de uma função mais religiosa e ritual, como amuletos. S Segundo esta hipótese, o molde seria escolhido pelo seu ‘proprietário’ e depois convertido em metário tal por um metalúrgico”, contata nos o físico Mathieu Thoury. n Até agora, não se sabia como os metalúrgicos de Mehrgarh ttinham fabricado os amuletos. Nem como isso podia ser mais Ne importante do que parecia. impo Afinal, tinham sido fabricados pelo


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 19

D.BAGAULT, B.MILLE

ocupado pela cera. Por fim, o molde de argila era partido e retirava-se o objecto. Durante o fabrico de uma peça, era necessário criar canais de vazamento de várias dimensões, para libertar gases que, de outra forma, podiam danificar a peça. Este processo permitia — e ainda hoje permite — criar peças muito pormenorizadas. Foi assim que os habitantes de Mehrgarh fizeram os minúsculos amuletos. Para descobrir como os amuletos foram fabricados, a equipa de Mathieu Thoury usou a espectrometria de fotoluminescência — método que analisa a emissão luminosa dos componentes dos objectos, nomeadamente a radiação ultravioleta e infravermelha. Assim, foi possível visualizar microestruturas invisíveis em microscópios convencionais. Mas nem todos os componentes dos amuletos foram facilmente desvendados. Aliás, foram necessários cerca de 15 anos, depois de terem sido feitas melhorias à fotoluminescência, para ser possível uma “análise mais pormenorizada” dos amuletos, como salienta o artigo científico.

Um elemento-mistério

CATHERINE JARRIGE

Os cinco amuletos encontrados no sítio arqueológico de Mehrgarh (em baixo). Na página ao lado, o processo de fundição por cera perdida: primeiro, construíamse os amuletos com cera; depois, eram cobertos com argila, que era aquecida para derreter a cera no interior; e o metal era despejado. Por fim, o molde de argila era partido e retiravam-se os amuletos método de fundição por cera perdida. E, ao descobrir-se isto, conclui-se que este método terá surgido no povoamento de Mehrgarh. Não se pense que este processo apenas foi realizado há seis mil anos. Ainda hoje é usado para fundição de

objectos tão úteis como um portachaves, embora tenha sido aperfeiçoado. E no que consiste a fundição por cera perdida? No Neolítico, começava por se construir os amuletos com cera de abelha, um material que se derre-

te a temperaturas baixas. Depois, os amuletos em cera eram cobertos com argila, formando o molde. A argila era em seguida aquecida, para remover do interior a cera. O metal era despejado no interior da argila, preenchendo o espaço antes

O caminho até à descoberta do processo de fabrico dos amuletos teve duas fases. Num primeiro momento, há cerca de 15 anos, viu-se em radiografias que os amuletos eram constituídos por cobre puro. Este elemento formava umas ramificações (dendrites), que estão escondidas na morfologia dos raios do amuleto. Desde então sabia-se também que existia mais um elemento que se ligava ao cobre, mas não se sabia qual era. “Num passo preliminar, optimizámos parâmetros específicos de fotoluminescência para contornar os ‘obstáculos’ específicos causados à análise de materiais antigos, como a sua forte heterogeneidade”, explica-nos Mathieu Thoury. Acrescenta que, em paralelo, ele e os seus colegas começaram a fazer estudos no sincrotrão Soleil (em França), uma máquina que gera poderosos feixes de raios X e permitiu aprofundar a estrutura dos amuletos até aos 200 nanómetros. “Estávamos com alguma dificuldade em decifrar o processo metalúrgico dos amuletos através das técnicas que normalmente se usam neste tipo de materiais”, recorda. Juntando as análises feitas com a radiação por sincrotrão e a fotoluminescência, descobriu finalmente o elemento-mistério: o óxido cuproso. Este misterioso elemento (que ocupava o espaço entre as dendrites, ligando o cobre) tornou-se mais visível através da observação de infravermelhos. Desta forma, confirmou-se que o amuleto tinha sido formado por uma liga de cobre e óxido cuproso (uma mistura dita “eutéctica”, que se funde facilmente).

Esta mistura deu-se durante o processo de solidificação das dendrites. Primeiramente, as dendrites eram apenas compostas por cobre puro e, depois da solidificação à temperatura ambiente, formaram-se interdendrites de óxido cuproso (que oxida facilmente ao ar). A estas dendrites dentro das dendrites, a equipa chama “estruturas dendríticas fantasmas” e que são frequentes em estruturas de cobre antigas. O óxido cuproso ter-se-á formado acidentalmente nos amuletos, numa fase de fundição a 1066 graus Celsius. “O cobre absorveu uma pequena quantidade de oxigénio durante o processo, o que poderá explicar a mistura de microestruturas observadas”, salienta um resumo da Nature Communications. Deixados no solo durante largos anos, no período de abandono de Mehrgarh os amuletos também acumularam uma percentagem extra de óxido cuproso. “Os contrastes observados nos resultados da fotoluminescência detectaram diferentes malformações nos cristais entre as duas cuprites [o óxido cuproso e o cobre]: uma variação do conteúdo de átomos de oxigénio na mistura eutéctica e os resultados da corrosão posterior”, explica o comunicado da equipa. Outra das conclusões foi que os amuletos foram fabricados de uma única vez, e não em peças separadas, devido precisamente à fundição por cera perdida. “A revelação do processo metalúrgico deste amuleto permitiu descobrir que as escolhas técnicas dos metalúrgicos de Mehrgarh levaram à invenção do processo de fundição por cera perdida”, resume ao PÚBLICO Mathieu Thoury. No artigo científico, acrescenta-se que a preservação dos amuletos ao longo de seis mil anos mostra que a fundição a cera perdida é um “sucesso irrefutável e permanente” e que “Mehrgarh era uma civilização crucial para a inovação tecnológica durante o período Neolítico e da Idade do Cobre”. E onde estão agora os amuletos de Mehrgarh? Neste momento, estão a ser restaurados e estudados em França. Depois, irão regressar ao Departamento de Arqueologia e Museus do Paquistão. Quanto a Mehrgarh, que ocupa cerca de 250 hectares, é impossível visitar o local, devido à situação geopolítica do país vizinho, o Afeganistão. “Mais dramático do que ser impossível visitá-lo é a destruição parcial do local”, alerta o coordenador do estudo sobre os danos do conflito afegão. Apesar de sítio arqueológico importante da região, a sua classificação como Património Mundial da UNESCO está pendente desde 2004. teresa.serafim@publico.pt


20 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

MUNDO

Extrema-direita derrotada nas presidenciais austríacas ROLAND SCHLAGER/AFP

O ecologista Alexander Van der Bellen ganhou. Mas Hofer já olha para as legislativas, com o FPÖ favorito Áustria Maria João Guimarães O candidato ecologista Alexander Van der Bellen venceu as presidenciais austríacas de ontem, segundo os primeiros resultados, derrotando Nobert Hofer, do Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema-direita. Van der Bellen obteve 51,3% dos votos, contra 48,7% de Hofer, na repetição da segunda volta das presidenciais. A vitória de Van der Bellen foi desta vez maior do que na eleição anterior de Maio, quando a vitória do ecologista (50,3% contra 49,7% de Hofer) foi declarada nula pelo Tribunal Constitucional após queixa do derrotado. A Áustria será assim o primeiro país europeu com um Presidente de um partido ecologista — quando se temia que fosse o primeiro a ter um chefe de Estado de extrema-direita após a II Guerra Mundial. Hofer reconheceu a derrota no Facebook, dando os parabéns a Van der Bellen e apelando à unidade dos austríacos. Mas anunciou logo que quer candidatar-se nas próximas presidenciais, em 2022. A diferença entre os dois candidatos e os dois campos notou-se nas primeiras declarações após os resultados. Enquanto Van der Bellen disse esperar que o actual Governo, uma coligação entre conservadores e sociais-democratas, durasse até às próximas legislativas, previstas para 2018, o candidato da extrema-direita afirmou não acreditar que “o Governo se mantenha muito tempo”, cita o diário austríaco Der Standard. Esta eleição, após a eleição do populista Donald Trump nos Estados Unidos e do voto dos britânicos para sair da União Europeia, deixou muitos na Europa a temer as consequências da vitória de um candidato de um partido anti-sistema para um dos mais altos cargos de um país da União Europeia. Hofer começou por propor um referendo à permanência da Áustria na União Europeia, mas recuou na ideia; já Van der Bellen é um europeísta convicto.

O político dos Verdes Werner Kogler falou de “uma pequena mudança global nestes tempos incertos, para não dizer histéricos e por vezes mesmo estúpidos”. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, esteve entre os primeiros líderes europeus a dar os parabéns a Van der Bellen pela vitória, “que mostram que o populismo não é uma fatalidade para a Europa”. Já Marine Le Pen, da Frente Nacional (extremadireita), deu os parabéns ao FPÖ com votos de que “as próximas legislativas sejam as da sua vitória” — o partido continua a ser o primeiro nas sondagens. Olhando já para as legislativas, o director do jornal Die Presse, Rainer Nowak, afirmou que, desta vez, “as forças da República usaram todos os seus recursos e uniram-se contra a extrema-direita” — mas avisou que isso não funcionará da próxima vez. A tentação dos partidos do centro é respirar de alívio, fazer umas declarações genéricas de que as preocupações dos eleitores de Hofer serão tidas em conta, e continuar como até agora, escreveu Nowak. “Isso será um erro colossal.” Estas presidenciais foram completamente atípicas: a primeira volta terminou com o afastamento dos candidatos dos dois principais partidos, os conservadores e sociais-democratas, que normalmente dominam eleições com grandes percentagens. Por exemplo, o Presidente anterior, o social-democrata Heinz Fischer, foi eleito com 79% dos votos em 2010. Desta vez, ambos os candidatos apareciam com cerca de 50% nas sondagens e na eleição declarada nula. A vitória de Van der Bellen vem contra o que era esperado pelas sondagens, que davam empate técnico, mas com a vantagem para o candidato do FPÖ. Van der Bellen concorreu como independente, mas foi durante anos presidente dos Verdes e foi apoiado por este partido — um partido que nas últimas legislativas ficou em quarto lugar com 12,5% dos votos, e antes disso tinham tido sempre menos de 10%. mguimaraes@publico.pt

Van der Bellen venceu, contra muitas previsões


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 21

MUNDO

Breves

O adeus ao “último grande romântico e um dos últimos ditadores” ALEXANDRE MENEGHINI/REUTERS

Brasil

Milhares nas ruas contra a corrupção e em apoio à Lava-Jato Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se ontem em cidades do Brasil contra a corrupção e em apoio da Lava-Jato, a investigação ao escândalo na petrolífera estatal, Petrobras, que envolve muitos governantes. Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife, São Paulo foram algumas das cidades que se mobilizaram contra a aprovação no Parlamento de um pacote anticorrupção que sofreu tantas emendas que perdeu o seu propósito. Os juízes da Lava-Jato ameaçaram demitir-se em bloco, pois o projecto de lei — que disseram ir criar uma “ditadura da corrupção” — permitirá acusá-los por abusos de autoridade no exercício das suas funções. EUA

Número de mortos durante concerto em Oakland sobe para 24 Subiu para 24 o número de mortos no incêndio de sexta-feira à noite durante um concerto de música electrónica em Oakland (Califórnia), confirmou a polícia desta cidade norteamericana. Mas este ainda não é o balanço final, avisaram as autoridades, que apenas tinham dado por concluídas as buscas numa área correspondente a 20% do armazém que albergava a sala onde decorria o concerto. Tendo em conta o número de pessoas dadas como desaparecidas, as autoridades admitiam que o número de mortos podia chegar às quatro dezenas. Na sala de espectáculos improvisada, dezenas de pessoas assistiam a um concerto dos Golden Donna.

Cuba Sofia Lorena As cinzas de Fidel já estão a poucos metros do túmulo de José Martí. O romancista Yoss espera “tempos obscuros, de mudança” José Miguel Sánchez, ou Yoss, como assina os seus romances, tem a certeza de que o futuro trará “mudanças inevitáveis” na Cuba onde nasceu e vive há 47 anos. Acima de tudo, porque o país “precisa de dinheiro”. Com a morte de Fidel Castro, “morre uma época”, diz. “Muitos dizem que o século XX durou de 1917 a 1991. Para mim termina em 2016, com a morte do último grande romântico e um dos últimos ditadores”, que sobreviveu a “Kadhafi, Kim Il-sung [e ao filho, Kim Jong-il], Chávez.” Como Fidel queria, as suas cinzas foram ontem depositadas no mausoléu construído em segredo em Santiago de Cuba, onde nasceu e de onde partiu com os seus “barbudos” para derrotar o também ditador Fulgencio Batista, em 1959. Fidel está agora no Cemitério de Santa Ifigénia, perto do túmulo de José Martí (18531895), herói da independência. “Não houve discursos. Foi muito simples”, contou a ministra do Ambiente francesa, Ségolène Royal, enviada de Paris, numa cerimónia onde estiveram os Presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Bolívia, Evo Morales, e os dois ex-chefes de Estado do Brasil, Lula da Silva e Dilma Rousseff. “O líder da revolução rejeitava qualquer manifestação de culto de personalidade”, afirmou Raúl Castro na noite de sábado, quando as cinzas chegaram a Santiago. Fidel, disse o irmão que o substituiu na Presidência há dez anos, “insistiu nas últimas horas de vida em rejeitar que o seu nome fosse usado em instituições, ruas, parques ou outros lugares públicos, recusando ainda bustos ou estátuas suas”. “Apesar de se ter afastado do poder, Fidel ainda representava boa parte do capital simbólico da revolução”, diz Yoss. Ao seu irmão, “que, sendo muito pior orador e muito menos carismático, demonstrou ser um administrador e economista menos aventureiro”, cabe “levar Cuba pelo caminho das reformas económicas

REUTERS

Santiago recebeu no sábado as cinzas de Fidel, que foram sepultadas num mausoléu em forma de rocha de que o país precisa com urgência, sem sentir Fidel a gravitar como uma sombra a partir da sua suposta ortodoxia revolucionária”. Yoss, autor de títulos traduzidos em diferentes línguas como o seu romance de estreia, a distopia Se Alquila Un Planeta, ou Superextragrande, de 2014, descreve como se preparou “para o desaparecimento físico do

comandante” ao longo dos anos. “Mas, logo em 2016, com os festejos dos seus 90 anos a serem notícia de abertura em Cuba, parecia mais vivo e imortal do que nunca.” De viagem à República Dominicana, onde a notícia da morte de Fidel o apanhou, regressou uma semana antes da despedida final, para uma Havana “caótica” pelo sucedido. “Grande ironia, o homem que resistiu a 11 Presidentes norteamericanos extinguiu-se menos de três semanas depois da eleição de Donald Trump, talvez o pior de

todos para Cuba”, nota este autor de livros de ficção científica, numa troca de e-mails. Yoss quer mudanças, de preferência “mantendo parte das conquistas do socialismo, pelo menos a saúde e a educação gratuitas”. Mas diz que o provável é avizinharem-se “tempos obscuros, de mudança e instabilidade” na sua ilha. Por um lado, mesmo com Trump, não acredita que “falte muito para acabar o bloqueio-embargo” a Cuba. “Assim, espero investimentos americanos em massa, com o custo social que isso representa; desigualdade de classes e criação de uma nova elite económica”. Mais grave, para Yoss, é a possibilidade de Raúl manter a promessa de sair em 2018. “Na linha da gerontocracia, não há quem pareça digno de herdar a primeira cadeira da república”, defende. Miguel Díaz-Canel, primeiro-vice-presidente desde 2013, “o chamado delfim, tem o carisma de um tijolo e nenhum dos líderes da minúscula dissidência o supera”. Yoss admite que possam surgir “figuras novas”, mas isso não o descansa. “Desconfio de todos os recém-chegados, e o mau é que também não confio em nenhum dos estabelecidos.” slorena@publico.pt


22 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

MUNDO

A batalha do jornalista com

stress pós-traumático Pensei que me podia distanciar das histórias sobre as quais escrevia. O atentado na discoteca de Bali, na Indonésia, o morte dos meus colegas iraquianos, cujos caixões levei ao ombro no funeral em 2007, a devastação do tsunami Dean Yates

Q

u ando o psiquiatra me diagnosticou stress pós-traumático (SPT) no final da nossa primeira sessão em Março, tive que reconhecer que não estava bem. Os flashbacks, a ansiedade, o entorpecimento emocional e a falta de sono preocupavam há muito a minha mulher, Mary. Neguei que tinha um problema. Cinco meses depois, estava no psiquiatra. Cobri algumas grandes histórias como jornalista da Reuters — as bombas na discoteca de Bali em 2002, o tsunami na província indonésia de Aceh em 2004, três missões no Iraque em 2003-04 — e depois fui chefe da delegação em Bagdad em 200809. Entre 2010 e 2012, baseado em Singapura, escrevi diariamente sobre os grandes temas asiáticos. Depois de 20 anos a trabalhar a Ásia e o Médio Oriente, chegou o momento de assentar. No início de 2013, levei a família para a cidade de Evandale, na Tasmânia (Austrália), que tem uma população da mil pessoas, e passei a editar os textos da Reuters a partir de casa. Mas em vez de descomprimir na bela ilha australiana onde a minha mulher nasceu, desintegrei-me. Numa carta que foi lhe foi penosa de escrever, a Mary — ex-jornalista — desfiou todas as suas preocupações ao psiquiatra antes da minha primeira sessão. “Vir para a Tasmânia, há três anos, foi para Dean uma mudança de paradigma, passou a estar muito mais tempo com a família. Mas rapidamente comecei a notar mudanças — hipersensibilidade ao barulho, irritabilidade, impaciência e uma atmosfera que parecia de infelicidade abateu-se sobre a nossa casa”, escreveu Mary. “Comecei a pensar se

não teria SPT. Ele diz que há imagens que vão ficar com ele para o resto da vida”. Dezenas de imagens, ruídos e cheiros estão de facto carimbados na minha memória. A mão que quase pisei nos destroços da Discoteca Sari, em Bali. Os mais de 150 corpos inchados que contei numa mesquita de Banda depois do tsunami. O lamento que inundou a delegação de Bagdad na manhã de 12 de Julho de 2007, quando chegou a notícia de que o fotógrafo Namir Noor-Eldeen, de 22 anos, e o motorista Saeed Chmagh, de 40, tinham sido mortos num ataque de um helicóptero Apache americano. O stress pós-traumático ocorre devido à exposição a um acontecimento traumático ou à acumulação de experiências traumáticas. A expressão é relativamente nova. Surgiu num documento-charneira da psiquiatria moderna, o U.S. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, de 1980. E foi cunhado por pressão dos Veteranos do Vietname Contra a Guerra e de psiquiatras que trataram soldados com problemas devidos às suas comissões no Vietname. Os traumas psicológicos existem há muito mais tempo, é claro. O termo shell shock (choque de rebentamento) foi usado para mencionar soldados que se foram abaixo nas trincheiras da I Guerra Mundial. O SPT não afecta só soldados. Polícias e socorristas correm o mesmo risco. Assim como os civis apanhados em zonas de guerras ou de desastres naturais, e as vítimas de abusos sexuais e de acidentes de automóvel. A maior parte dos jornalistas são resistentes, apesar de estarem repetidamente expostos, por causa do seu trabalho, a acontecimentos traumáticos, diz o site do Dart Center for Journalism and Trauma, um projecto da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Uma minoria significativa corre o risco de desenvolver problemas

psicológicos duradouros, incluindo SPT, depressão e abuso de drogas. Nunca pensei ficar com SPT. Era calmo, racional e seguro. Gostava de estar à frente de grandes equipas editoriais. Pensava que conseguia distanciar-me das situações difíceis, quando fosse preciso.

Gritar com as paredes Porém, no ano passado, houve dias em que não consegui sair da cama. Sentava-me no escritório, tentando trabalhar, e mal conseguia levantar a cabeça. Quando ficava tenso, viajava no tempo, para a delegação de Bagdad, e era como se nunca tivesse de lá saído. Batia com os punhos na secretária, gritava para as paredes. Estava tão sensível ao barulho que os meus filhos adolescentes paralisavam quando deixavam cair alguma coisa. Depois de ler sobre SPT, e de ter falado com alguns especialistas sobre a doença, Mary disse-me vá-

No ano passado, houve dias em qque não consegui egui sair da cama. Sentava-me ntava-me no escritório, ório, tentando trabalhar,, e mal conseguiaa levantar a cabeça

rias vezes que eu precisava de ajuda. Mas quando cedi e consultei um psicólogo, em meados de 2015, ele descartou o SPT, disse que eu estava com uma crise de identidade porque já não tinha um trabalho importante e me tinha mudado para uma terra na província onde não me conheciam. Meses depois, a minha irritabilidade, o meu entorpecimento e a minha cólera atingiram o ponto em que cedi: consultei finalmente um psiquiatra que me diagnosticou SPT. Além de que, em Março, o meu casamento estava por um fio. Sem hesitar, os meus editores deram-me uma licença de três meses. Comecei a tomar antidepressivos. Nas semanas após o diagnóstico, fatigava-me com frequência. No início de Maio, adiei o meu regresso ao trabalho para Junho. A melhor terapia, pensava eu, era dar caminhadas pelo bosque. Na floresta tropical da Tasmânia encontrei o que procurava — paz. Adorava percorrer os trilhos onde podia encontrar árvores antigas, sentar-me junto a rios e olhar para a bruma nas montanhas. Esquecia-me da minha mente perturbada e simplesmente respirava a floresta. Comecei a devorar livros sobre a vida selvagem da Tasmânia e a história da Costa Oeste. Quando não estava a fazer caminhadas, ficava agi agitado, ansioso e a desejar a solidão. sol No início de Junho, quando qu Mary me disse que ela el e as crianças andavam em pezinhos de lã por causa do meu estado mental, enfu enfureci-me, parecia um animal a enjaulado. Mary Ma saiu da sala a pen pensar que se me desafiasse eu lhe des batia. bat N No dia 27 de Junho, escrevi no nh meu diário: “Esm tou a um passo to de uma ledakan” d

Usei a palavra indonésia para “explosão” por recear que Mary se passasse se visse o diário. No dia seguinte, enviei um e-mail aos meus editores a dizer que não podia continuar a editar textos porque era demasiado enervante. O meu psiquiatra concordou. Em Julho, piorei. Estava profundamente deprimido. Sentia-me a viver num nevoeiro mental. Os pesadelos pioraram. Nos sonhos mais assustadores, corria pelas ruas de Bagdad perseguido por combatentes. Na semana antes do nono aniversário da morte de Namir e Saeed, comecei a pensar neles e nas minhas decisões como chefe. Passei a pente fino os e-mails da época, que guardei, perguntando-me se fiz tudo o que podia para investigar as circunstâncias das suas mortes. Em especial, vi e revi o vídeo militar classificado, divulgado pelos WikiLeaks em 2010, três anos depois do ataque, que mostra os disparos do helicóptero que os mataram e a mais dez pessoas.

Ataque americano O ataque ocorreu na manhã de 12 de Julho de 2007. Estava sentado no escritório, para escrever a principal história do dia e para gerir a comunicação com a sede em Londres. Ainda me lembro do rosto angustiado do colega que entrou pela porta para dar a notícia. Outro colega traduziu: Namir e Saeed foram mortos. Tinham ido ao Leste de Bagdad depois de terem ouvido que tinha havido um ataque americano a um edifício, na madrugada. Ao caminharem pela rua abaixo, ficaram envolvidos num grupo de uma dúzia ou mais de pessoas, como mostraram depois as imagens da WikiLeaks, e algumas delas pareciam estar armadas. Um helicóptero Apache americano abriu fogo, aparentemente confundindo Namir e Saeed com combatentes. As imagens mostram que Namir foi morto no primeiro assalto; Saeed


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MUNDO BEAWIHARTA BEAWIHARTA/REUTERS

foi atingido no segundo. A troça dos pilotos do helicóptero é chocante. “Yeah, vejam estes cabrões mortos!”, ouve-se um piloto dizer. “Nice!”, respondem os camaradas. Por fora, fiquei calmo, concentrando-me em perceber o que tinha motivado o ataque, lidando com os americanos e consolando o pessoal. Por dentro, estava a desfazer-me. Alguns dias depois de Namir e Saeed morrerem, quase tive um esgotamento na redacção. Enquanto chorava, pensava em demitir-me. Era preciso alguém mais forte para fazer o trabalho. Mas continuei. Estava de férias na Tasmânia quando o vídeo dos WikiLeaks foi divulgado, a 5 de Abril de 2010, e sentime um cobarde por ter deixado nas mãos de outras pessoas da Reuters uma história tão importante, apesar de ter sentido que conhecia a situação melhor do que qualquer outro. O vídeo, intitulado Assassínio colateral, foi visto milhões de vezes. Tudo isto a consumir-me por mais de seis anos. No final de Julho, disse a Mary que

estava desesperado para encontrar a paz, fosse de que forma fosse. Ela disse-me que precisava de tratamento num hospital psiquiátrico e urgentemente. “Bateste no fundo”. Duas semanas depois estava junto à porta de vidro da Ala 17, a zona de internamento para o SPT do Hospital Heidelberg em Melbourne. Durante as minhas cinco semanas ali, o meu grupo de colegas incluiu veteranos das guerras no Vietname, Iraque, Afeganistão e do conflito em Timor-Leste. Havia homens e mulheres, guardas prisionais e civis que tinham estado à hora errada no lugar errado. Apesar de não ser uma ala fechada, os doentes precisavam de autorização para saírem. Eram autorizadas licenças de fim-de-semana. No dia seguinte passei duas horas com o psiquiatra. O que mais me perturbava, disse-lhe, era a culpa pelas mortes de Namir e Saeed. Como chefe da delegação no Iraque, era responsável pela sua segurança, disse. E a vergonha que sentia por não ter dirigido a nossa cobertura do vídeo dos WikiLeaks.

Mortos do tsunami de 2004 na província indonésia de Aceh

Perto do fim da sessão, a psiquiatra disse que eu estava a intelectualizar demasiado o meu trauma e a não expressar as emoções que devia. Ela disse que eu estava a contar os acontecimentos como se falasse de outra pessoa. Traumas anteriores, como as bombas de Bali e o tsunami tinham-me anestesiado. Confirmou o diagnóstico de SPT, dizendo que eu sofria de trauma cumulativo e também de depressão.

Tento chorar? Mudou os meus antidepressivos e deu-me um medicamento para reduzir os pesadelos. Também me deu Valuim e comprimidos para dormir. De volta ao meu quarto, pensei: “Como é que lido emocionalmente com isto? Tento chorar?” Aprendi muito com os outros doentes. Alguns deles já tinham estado mais do que uma vez na Ala 17. A couraça caiu rapidamente, apesar de eu

ser jornalista. Ali, eu era só um tipo com SPT. Foi importante ouvir outros dizerem que tinham os mesmos sintomas que eu, que detestavam barulho e multidões e que tinham problemas de relacionamento. O meu objectivo, quando tive alta, era ter expectativas realistas em relação aos primeiros dias e semanas em casa, verificando os níveis de stress, regressando ao trabalho gradualmente e mantendo-me afastado do álcool. Também ir começar a fazer psicoterapia semanal. Foi fantástico ir para casa a 16 de Setembro. Estava determinado a voltar a relacionar-me com a minha família. Antes de sair da Ala 17, a minha equipa de tratamento avisoume de que a convalescença iria ser feita de dois passos em frente e um atrás. O dia 23 de Setembro foi um passo atrás. Estava em Launceston, à espera que Mary me fosse buscar, quando soou o alarme da biblioteca pública. “Emergência. Evacuar”, disse uma voz gravada. “Só podem estar a brincar”, pensei. Não tinha os ausculta-

dores comigo. Durou dez minutos. “Mantém-te calmo. Respira.” Quando cheguei a casa, a meio da manhã, meti-me na cama. Arrasteime para fora da cama para ir buscar a minha filha à escola às duas da tarde. Quando voltei a casa, descobri que o cão tinha deixado um monte de diarreia fedorenta no chão. Comecei a ficar vacilante. Tinha ali outra boa desculpa para voltar para a cama. Há uma semana que tinha deixado a Ala 17. “A lua-de-mel já tinha acabado?”, perguntei a mim mesmo. Sabia que estava a voltar a isolar-me. No dia seguinte continuava a sentir-me pessimamente e fui a um templo budista meditar. Depois de permanecer sentado na posição do lótus durante uns bons 45 minutos, levantei-me, espantado por sentir que as energias tinham regressado. Mergulhei na escrita desta história. Escrever tem sido catártico. Nas primeiras semanas na Ala 17, os meus pés não paravam de bater no chão durante a terapia, um reflexo da minha ansiedade. Quando escrevia, ficavam quietas. Reuters


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CULTURA

Ferreira Gullar, mestre de poemas que só nasciam do espanto 1930-2016 Nome maior da literatura brasileira, poeta, escritor e ensaísta, arrojado experimentalista da língua e corajoso lutador contra a ditadura, Ferreira Gullar morreu ontem no Rio de Janeiro, aos 86 anos FLIP/WALTER CRAVEIRO

Obituário Isabel Coutinho “Se não há espanto, não escrevo”, dizia Ferreira Gullar, Prémio Camões 2010, considerado o último grande poeta brasileiro. Morava em Copacabana, no Rio de Janeiro, cidade onde morreu ontem, aos 86 anos. Estava internado no Hospital Copa D’Or por causa de uma pneumonia, como refere a Folha de S. Paulo. Tinha uma maneira especial de usar as palavras, uma sensibilidade e ternura que emudecia qualquer um e uma gargalhada sonora e inimitável. Ficou famosa a frase que um dia disse no palco da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP): “Não quero ter razão, quero ser feliz”, quando partilhava a mesa com um escritor palestiniano a quem ele tentava expressar o que pensava da questão israelopalestiniana. Anos mais tarde, quando lá voltou, em 2010, foi aplaudido de pé. Ver que a poesia ainda conseguia emocionar as pessoas dava-lhe alegria. Um dia, fez um poema quando sentiu um osso a bater no outro osso. Por isso defendia que os seus poemas só nasciam do espanto. Chama-se Acidente na Sala e está num dos seus últimos livros de poemas, Em Alguma Parte Alguma (ed. Ulisseia). Começa assim: “Movo a perna esquerda/ de mau jeito/ e a cabeça do fémur/ atrita/ com o osso da bacia/ sofro um tranco/ e me ouço/ perguntar:/ aconteceu comigo/ ou com meu osso (...)? Era também o autor de Poema Sujo, considerado uma obraprima e um “ícone de resistência” à ditadura, escrito em Buenos Aires, na Argentina, de Maio a Outubro de 1975, quando Ferreira Gullar, que entrou para o Partido Comunista Brasileiro no dia do golpe militar, em 1964, ali esteve exilado. Outro poeta, Vinicius de Moraes (1913-1980), considerava ser este “o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas”.

Gullar foi autor de Poema Sujo, considerado uma obra-prima e um “ícone de resistência” à ditadura

“Movo a perna esquerda/ de mau jeito/ e a cabeça do fémur/ atrita/ com o osso da bacia/ sofro um tranco/ e me ouço/ perguntar:/ aconteceu comigo/ ou com meu osso (...)?

Gullar sabia que a literatura não revelava a realidade e que os poemas são uma invenção, apesar de serem uma reflexão sobre o que se viveu. Dizia que São Luís — capital do Maranhão, onde nasceu, em 1930 — dos seus poemas não era a São Luís de verdade, nem podia ser. Também não era a São Luís que ele pensava que se lembrava da sua infância. Era, como disse ao PÚBLICO em 2010, numa entrevista que deu em sua casa no ano em que lhe foi atribuído o Prémio Camões, “uma São Luís nascida da literatura, nascida na invenção poética”. O seu avô paterno era português. Comerciante e especialista na arte de fazer sapatos, casou com uma

brasileira. Por isso o pai de Ferreira Gullar, jogador de futebol, também comerciante quando abandonou a carreira desportiva, já nasceu no Brasil. Na escola, quando começou a escrever poemas, Ferreira Gullar passou por uma fase em que falava em decassílabos. Estudava português numa gramática que no fim tinha uma pequena antologia de poemas de Camões e de Bocage. Achava que os poetas estavam todos mortos até ao dia em que a irmã lhe disse que havia um poeta perto dali. Esse poeta, para que Gullar aprendesse a fazer direito versos, aconselhou-lhe a leitura do Tratado de Versificação, de Olavo Bilac. Assim aprendeu a fazer decassílabos e aperfeiçoou

a técnica. “Mas fiz isso com tal afinco que depois falava em decassílabos”, disse, entre gargalhadas, na mesma entrevista ao PÚBLICO. “Um dos grandes problemas da poesia rimada e metrificada é esse. A quantidade de poetas que acha que está fazendo poesia porque está fazendo verso metrificado. A métrica está certa, a rima está certa e o cara pensa que é poesia, mas não é”, acrescentou. Publicou o seu primeiro livro em 1949, numa edição de autor, Um Pouco Acima do Chão. Trabalhou como revisor em revistas e jornais, no Rio de Janeiro conheceu os poetas Augusto e Haroldo Campos e participou na I Exposição Nacional de Arte Concreta, mas rompeu com o movimento mais tarde. Escreveu, além dos livros de poemas, crónicas, memórias, biografia. Em 1959, no seguimento da poesia concreta, criou o Poema Enterrado que foi construído no quintal da casa do pai do artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980). Também era artista plástico, fazia colagens, pintava quadros, fazia mobiles e estátuas. Não viajava de avião e por isso quando por causa de um documentário regressou à cidade onde havia escrito Poema Sujo foi de carro. Em Buenos Aires chegou a ser filmado no prédio onde tinha vivido e reconheceu a cidade de outros tempos, o que lhe deu algum contentamento, mas estranheza também. Em 2010, explicava ao PÚBLICO a sensação: “Ao mesmo tempo que ali estava tudo igual, não estava você lá, não estava teu passado, não está nada. Quer dizer: só você sabe que esteve ali. A parede, os prédios, não guardam a gente. Nós só nos guardamos a nós mesmos. Só valemos nós connosco. Fora daí é literatura, é poesia, é arte. Ela é que guarda as coisas, que preserva um mundo inventado por nós, o mundo da cultura”. A partir deste domingo a literatura e a arte guardará o Ferreira Gullar para sempre. isabel.coutinho@publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 25

CULTURA A Grande Farra do nosso tempo

Crítica de Dança Manger (comer)

mmmmm de Boris Charmatz (2014), Garagem da Culturgest, 2 de Dezembro, 21h30

Há algo nesta dança-performance de Boris Charmatz, cuja ideia-base é construir uma peça a partir do acto de comer, de sensações internas como deglutir, digerir ou vocalizar, a trazer-nos à memória A Grande Farra (La Grande Bouffe, 1973) e as polémicas que à época fizeram do filme de Marco Ferreri um ícone da década. Na desesperança existencial dos quatro personagens de Ferreri, reunidos num opulento cerimonial gastronómico, a obscenidade autodestrutiva era revelação de um cínico pacto suicida; em Manger um mesmo hedonismo negro surge depurado: os 13 intérpretes de Charmatz parecem mergulhados num inquietante estado de torpor. De roupa informal, dispostos por entre o público no espaço despojado da garagem da Culturgest, distinguiam-se pelas resmas de papel A4 (comestível) que traziam nas mãos e que, uma após outra, começam a mastigar e engolir, quais animais ruminantes de expressão ausente. Depois, há corpos a descair sobre o chão. Emitem ruídos guturais, espasmódicos, como se em asfixia. Sucedem-se ciclos de cacofonia e silêncio, tensão e apaziguamento. A sós, em pares, ou em uníssono, parecem lutar ou desejar-se; entregam-se a contorções inimagináveis simulando comer a carne dos próprios pés, braços ou costas. Quando as vocalizações derivam numa polifonia de textos ou cânticos trauteados (materiais sonoros que vão de Beethoven aos dos Sexy Sushi, ou ao escatológico poema Le Bonhomme de merde, de Christophe Tarkos — mais um diálogo invisível com Ferreri) a peça ganha uma moldura quase litúrgica, como se um rito tribal conferisse ápices de humanidade a este colectivo. A oralidade é uma pulsão humana primordial. E a boca uma parte do corpo tendencialmente ignorada pela dança. Conhecendo a propensão experimentalista a que Charmatz (França, 1973) nos habituou desde os anos 90 (vimos por cá A Bras le Corps, 1999, La Danseuse Malade, 2008 e En-

fant, 2011), reconhece-se aqui mais uma das suas incursões nos domínios da “subcoreografia”. O problema é que a proposta feita pouco evolui dramaturgicamente; e a aura da radicalidade já dificilmente encontra sustento no século XXI. O que se quer denunciar? Como subtrair a “experiência” ao risco da gratuitidade? A cadência quase performativa das palavras de Charmatz no texto de apresentação da peça prometia um manancial de possibilidades a que a peça só tangencialmente responde. Discernimos (a custo) relação difícil da dança com a alimentação, a greve de fome como protesto, os rituais de refeição em desaparecimento, as informações que mastigamos e os conflitos que digerimos, a cadeia alimentar e os seus resíduos. Como engolimos a realidade? São, sobretudo, o foco mental e a notável placidez com que os intérpretes se entregam a uma proposta criativa incondescendente (a ponto de colarem a boca ao chão para devorar restos de papel) e os momentos onde uma comunhão quase ritualística convoca percepção da nossa condição biológica comum, a resgatar a peça. Tal como na Grande Farra, a peça deixa em nós um rasto de perturbação e exaustão; e, a pairar, a dúvida entre termos assistido a uma sátira a um mundo contemporâneo que tudo engole (consome) até à autodestruição ou se não será a peça, em si mesma, mais uma emanação de uma civilização em decadência. Luísa Roubaud

A peça deixa em nós um rasto de perturbação e exaustão

Morreu Jean-Loup Passek, o cinéfilo francês de coração português FERNANDO VELUDO

Obituário Mário Lopes 1936-2016 Em 2005, inaugurou em Melgaço um Museu do Cinema com o acervo recolhido ao longo da vida. Morreu aos 80 anos Começou a chegar até nós quando, no final dos anos 1960, animado pelo espírito do cinemaverité, registava um conjunto de obras no metro de Paris. Os operários que ali filmou eram portugueses e Jean-Loup Passek cimentou com alguns deles uma amizade que o levaria, anos depois, quando já tinha duas casas em Portugal, em que se refugiava durante parte considerável do seu tempo, a afirmar ter “espírito eslavo, nacionalidade francesa e coração português”. Em 2005, este historiador, crítico, programador e coleccionador de cinema, com percurso ligado ao Festival de Cannes e ao La Rochelle, ao Centro Pompidou e ao prestigiado Dictionnaire du Cinéma das edições Larousse, viu inaugurado o Museu do Cinema em Melgaço, a vila do Alto Minho em que tinha residência (a sua outra casa portuguesa encontrava-se em Pataias, Nazaré). Ali depositou o seu valioso acervo de memorabilia cinéfila, recolhida ao longo de toda a vida. Jean-Loup Passek morreu na madrugada deste sábado, aos 80 anos, revelou ao PÚBLICO fonte familiar. Em Setembro, a Cinemateca prestou-lhe homenagem com a programação de um ciclo de filmes e com uma exposição de cartazes do cinema clássico francês e da escola gráfica da Polónia, país de onde a sua família era originária (ou melhor, “de origem polaca ou russa conforme as vicissitudes da história”, dizia). Na sessão inaugural, a 9 de Setembro, em que não pôde marcar presença por motivos de saúde, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal. No texto de apresentação do ciclo, destacava-se a existência no seu trajecto de “uma óbvia

Jean-Loup Passek: “Para mim, Portugal é que é importante” coerência e duas ou três linhas de força”. São elas: “Dar a ver, dar a conhecer, contra cânones estabelecidos, gavetas ou fronteiras históricas”. Foi o que fez, por exemplo, no Centro Pompidou, onde ocupou o cargo de conselheiro de Cinema entre 1978 e 2001, sendo responsável por grandes retrospectivas de cinematografias menos conhecidas, como as do cinema checo, húngaro, turco, grego, indiano, chinês ou português. A primeira homenagem em França a Manoel de Oliveira, em 1975, foi da sua responsabilidade e a única retrospectiva de António Campos fora de Portugal aconteceu igualmente por sua iniciativa. Homenagem e retrospectiva surgiram no âmbito do festival de La Rochelle, de que foi director em 1973 e 2001 (enquanto isso, coordenou a categoria Cámera d’Or do festival de Cannes, que distingue primeiras obras). Nascido em 1936 em BoulogneBillancourt, Jean-Loup Passek licenciou-se em História e Geografia na Sorbonne, em Paris. A ligação afectiva e profissional

ao cinema ficou garantida quando preferiu assistir a Citizen Kane, de Orson Welles, em vez de marcar presença nas provas do concurso de professorado. A aproximação a Portugal chegou, por sua vez, através da relação estabelecida com a comunidade imigrante portuguesa em Paris, junto da qual criou amizades que se mantiveram para o resto da vida. Em 2005, aquando da inauguração do Museu do Cinema em Melgaço, dizia ao PÚBLICO: “Estou contente. É um verdadeiro milagre que o museu tenha podido nascer aqui, em Melgaço. Ninguém me propôs nada de concreto em França. Gastei o meu dinheiro a comprar isto tudo, e não queria que a colecção ficasse em França. Sinto-me um pouco egoísta. Para mim, Portugal é que é importante”, destacou, referindo que toda a sua vida foi gerida “por sentimentos”. E por um olhar sempre interessado no que o mundo guardava para mostrar. Tal como afirmou certo dia: “Sou pela curiosidade total”. mario.lopes@publico.pt


26 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

CULTURA

Experimental e intimista, eis o improvável Madeira Dig Em Dezembro a família internacional das músicas electrónicas exploratórias reúne-se na Ponta do Sol para o festival Madeira Dig, que começou sexta com Sonic Boom e termina hoje com o americano Yves Tumor MIGUEL JARDIM

Festival Vítor Belanciano Foi sexta-feira. Noite de chuva intensa e dezenas de vultos, a larga maioria proveniente de diversos países europeus, saíam apressados de um autocarro estacionado à beira da estrada, dirigindo-se na direcção do Mudas, o magnífico Museu de Arte Contemporânea da Madeira, que parece diluir-se na paisagem, ladeado por encostas e mar, tornando o ambiente misterioso. A imagem era tão estranha que um carro passa e lá de dentro uma voz interroga-nos sobre o que é que se passa ali. Não surpreende a perplexidade. O Mudas não tem muita actividade diurna, quanto mais nocturna... E depois a conjugação de factores levou o habitante na adjacente localidade da Calheta a questionar-se sobre o estranho ritual que presenciava. O ritual tem um nome desde 2004: Madeira Dig é um festival que conjuga electrónica exploratória, público das mais diversas frentes europeias e turismo cultural. É provavelmente mais conhecido em Berlim do que em Portugal, daí também o pasmo. Numa altura em que todos os festivais fazem questão de reivindicar a sua identidade, aquilo que supostamente os distingue dos demais, eis um evento onde isso não é apenas retórica. O Madeira Dig é mesmo singular. É-o pela intransigência do cartaz ao longo dos anos. Pela particularidade de uma unidade hoteleira (Estalagem da Ponta do Sol) assumir uma vincada personalidade cultural ao longo do ano. Por se realizar entre a Calheta e a Ponta do Sol e não no Funchal. E por atrair um público conhecedor proveniente das mais diversas paragens. O cartaz é invariavelmente consistente (Oneohtrix Point Never, Tim Hecker, William Basinski, Lee Ranaldo, Fennesz, Oval, Alva Noto, Ben Frost, Jamie Lidell ou Grouper são nomes que passaram pela Madeira). A organização é tripartida pela Agência de Promoção da Cultura Atlântica (APCA), em parceria com a Estalagem da Ponta do Sol e o portal Digital in Berlin. E o ambiente

Em cima, o sueco Peder Mannerfelt e, em baixo, o inglês Sonic Boom, actuando no primeiro dia de festival MIGUEL JARDIM

Conjugando o que existe de mais aventureiro na música electrónica e público das mais diversas frentes, é provavelmente mais conhecido em Berlim do que em Portugal é intimista, quase familiar. Não surpreende que muita gente regresse depois e traga os amigos. Já se percebeu. Não é um acontecimento de massas. O registo não é esse. Todos os anos chegam cerca de 200 pessoas oriundas de países como a Alemanha, Inglaterra, Itália, França ou Noruega e são elas o núcleo do acontecimento, complementadas por pessoas que vêm de Lisboa e Porto e, claro, da Madeira. É um público que vem pela música, mas também atraído pelo clima ameno e pelo ambiente relaxado. Durante o dia descobrem-se os cantos da região

ou fazem-se caminhadas e à noite decorrem as actividades do festival.

Festa com Firmeza e Lilocox A esmagadora maioria dos estrangeiros esgota a Estalagem e o Hotel da Vila da Ponta do Sol, sendo transportados, depois do jantar, de autocarros para o Mudas, na Calheta, a 15 minutos. Depois dos concertos, no auditório, regressa-se à Estalagem, situada numa falésia, onde acontecem mais sessões DJ ou concertos, por norma com carácter mais lúdico. Pelo meio é servida uma refeição ligeira, com a assistência que foi ao

Mudas a juntar-se a quem vem apenas à Estalagem, numa atmosfera informal e acolhedora, com artistas e público misturado. E aí tanto podemos encontrar a compositora e harpista americana Zeena Parkins, habitual colaboradora de Björk, em amena cavaqueira, como depararmo-nos com uma das revelações deste ano no campo da música mais aventureira, o americano Sean Bowie (ou seja, Yves Tumor), a improvisar uma sessão de piano num dos bares do espaço. Tanto Parkins como Tumor, ou os ingleses Helm, estão guardados pa-

ra os dois dias finais do festival, que termina segunda-feira à noite, mas antes, sexta e sábado, a música já se fez ouvir. É por ela, apesar de todas as outras motivações, que o auditório do Mudas se enche. Na sexta, o fundador dos Spacement 3 e mentor dos projectos Spectrum e EAR, o inglês Peter Kember, adoptando o pseudónimo Sonic Boom, apresentou temas novos, que dedicou às “plantas e árvores” do planeta. Como parte dos outros estrategos que actuam no evento, desencadeia a sua acção a partir de computador portátil, samplers, programações e projecção de imagens, começando de forma expansiva, para se tornar progressivamente mais virulento, enquanto atrás de si nos são dados a ver motivos psicadélicos, num todo abstracto, imersivo e ambiental. Mais performativo foi o sueco Peder Mannerfelt, conhecido por outras aventuras (Roll The Dice, Subliminal Kid) e colaborações (Fever Ray, Glasser), com uma longa cabeleira loira a tapar-lhe o rosto, criando uma imagem estranha, como a sua estimulante música digitalizada e escurecido que, no entanto, se revela futuristicamente sensual. No sábado, o destaque foi para o franco-suíço Kassel Jaeger, numa sessão onde o ruído ambiental andou a par da improvisação electroacústica, e para as desconstruções tecno do inglês Lakker, tão capaz de propor paisagens imóveis como arrancar configurações industriais. Quase no extremo oposto situamse as sessões na Estalagem. Ali a ciência electrónica é colocada ao serviço do hedonismo. Pelo menos se por perto estiverem a francesa Laura Clock, a residir em Berlim, que propôs um som electrónico com influências jamaicanas e, principalmente, os portugueses Firmeza e Lilocox, da editora Príncipe, que colocaram toda a gente em delírio e a dançar ao ritmo do afro-house e de outros paliativos semelhantes. E essa é capaz de ser a equação final para compreender o Madeira Dig. Para além de ser experimental, intimista, turístico e insólito, é também uma celebração. vbelanciano@publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 27

CLASSIFICADOS

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30 1350-352 Lisboa De seg a sex das 09H às 19H pequenosa@publico.pt Sábado 11H às 17H

COMARCA DE LISBOA

COMARCA DE LISBOA

Almada - Inst. Local - Secção Cível - J1 Processo: 8392/16.3T8ALM

Almada - Inst. Local - Secção Cível - J1 Processo: 8923/16.9T8ALM

ANÚNCIO

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Interdição / Inabilitação Requerente: Rui José Santos Falardo Requerida: Delmira Rosa de Mira Cabido Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Delmira Rosa de Mira Cabido, com residência no Bn Lar, 923, Estrada do Botequim, 2825000 CHARNECA DE CAPARICA, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerido: Carlos Manuel Tornas de Carvalho Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Carlos Manuel Tomás de Carvalho, com residência na Rua Catarina Eufémia, N.º 7, 2.º Esq.º, Monte de Caparica, 2825-063 Caparica, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 360825298

N/ Referência: 360685855

Almada, 29-11-2016.

Almada, 25-11-2016.

A Juíza de Direito Ana Marina Reduto O Oficial de Justiça Fernando J. A. Pinto Público, 05/12/2016

A Juíza de Direito Ana Marina Reduto O Oficial de Justiça Fernando J. A. Pinto Público, 05/12/2016

CONVOCATÓRIA Ao abrigo do disposto na alínea a), do n.º 2, do artigo 29.º, dos Estatutos da Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial - ANARP, convoco a Assembleia Ordinária Eleitoral para reunir no próximo dia 20 de Dezembro de 2016, pelas 17,30 horas, no Centro de “Empowerment” da ANARP, sito na Rua Professor Agostinho da Silva, entrada n.º 10, no Bairro de Santa Luzia, freguesia de Paranhos, da cidade do Porto, com a seguinte Ordem de trabalhos: Ponto Único - Eleição de todos os Corpos Gerentes da Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial (ANARP) - Mesa da Assembleia-Geral, Direção e Conselho Fiscal - para o quadriénio 2017-2020 (dois mil e dezassete a dois mil e vinte). Não estando presentes, à hora marcada, mais de metade dos associados com direito a voto, a Assembleia reunirá meia hora mais tarde com os associados presentes. As listas concorrentes podem ser entregues em carta fechada dirigida ao Presidente da Mesa da Assembleia na sede da ANARP, na Rua Coronel Almeida Valente, 280 (Porto) até às 12.00 horas do dia da Assembleia, ou entregues no local da reunião diretamente ao Presidente da Mesa, até às 17.00 horas do mesmo dia, antes da hora marcada para início da reunião. A votação decorrerá até às 20,00 horas. Porto, 2 de Dezembro de 2016 O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral Carlos Manuel Ribeiro de Sousa, Dr.

EMPREGO

Procedimentos Concursais - Direção Intermédia de 2.º Grau - Chefes de Unidade 1. Nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 21.º da Lei n.º 2/2004, de 15 de janeiro, alterada e republicada pela Lei n.º 64/2011, de 22 de dezembro, faz-se público que, por deliberações do Conselho Diretivo do IFAP, I.P., de 13 de setembro e 15 de novembro de 2016, se encontram abertos, pelo prazo de 10 dias úteis, contados a partir do 1.º dia útil após publicitação na Bolsa de Emprego Público, procedimentos concursais destinados ao recrutamento para os seguintes cargos de direção intermédia de 2.º grau: - Chefe de Unidade de Regime de Pagamento Base, do Departamento de Ajudas Diretas (DAD/URPB) - Chefe de Unidade de Informação, Gestão e Especificações Técnicas, do Departamento de Apoios ao Investimento (DAI/UIGE) 2. A indicação de requisitos formais de provimento, perfil exigido, composição do júri e métodos de seleção, poderá ser consultada na Bolsa de Emprego Público a partir do dia 5 de dezembro de 2016. Presidente do Conselho Diretivo do IFAP, I.P. Luís Souto Barreiros

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EXPERIÊNCIAS INSCREVA-SE EM EMPREGO.PUBLICO.PT EM PARCERIA COM

Nos termos do disposto nos números 1 e 2 do artigo 110.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de Dezembro, publica-se, para efeitos da Assembleia Geral de Accionistas, convocada para o dia 14 de Dezembro de 2016, a relação dos accionistas cuja participação excede 2% do capital social da Sociedade: Accionistas Banco Comercial Português, S.A. Banco Santander Totta, S.A. Banco BPI, S.A. Novo Banco, S.A. Caixa Económica Montepio Geral

Quantidade de Acções

% no capital social

634.118 430.000 420.200 350.029 76.769

31,71 21,50 21,01 17,50 03,84

Lisboa, 2 de Dezembro de 2016 OS ADMINISTRADORES Assinaturas Ilegíveis

Público, 05/12/2016

CARTA FECHADA

INSOLVÊNCIA DE ANA PAULA DE OLIVEIRA LEITÃO CEREJO E JOSÉ ERNESTO DO CARMO CEREJO Comarca do Porto - Vila Nova de Gaia - Inst. Central - 2.ª Sec. Comércio - J2 - Processo n.º 5620/15.6T8VNG

Por determinação da Exma. Sra. Dra. Administradora da Insolvência e com o acordo do Credor Hipotecário, vamos proceder à venda extrajudicial com apresentação de propostas em carta fechada, do bem a seguir identificado: BEM IMÓVEL Verba 2: Fração autónoma designada pela letra “AA”, r/c Dt.º, T2, destinada a habitação e estacionamento coberto e fechado, sito na Travessa da Fontinha, n.º 203, Vilar de Andorinho, Vila Nova de Gaia, descrito na CRP sob o n.º 1034-AA e BA e inscrito na matriz n.º 1732-AA e BA. Valor-base: 60.588,23€. REGULAMENTO

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28 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

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O PÚBLICO venceu duas medalhas de prata e cinco de bronze na última edição do concurso internacional ÑH2016, organizado pela Society for News Design e que premeia o melhor design de publicações em Portugal, Espanha e, agora, na América Latina. O PÚBLICO foi ainda o único jornal português finalista na categoria de melhor diário nacional.

2320 120 15

PRATA “Como a agência para a investigação do cancro da OMS confunde os consumidores?” REPORTAGEM

TRABALHOS

Conjunto de infografias de duas páginas PORTEFÓLIO DE INFOGRAFIA

110 m

BRONZE “Confiança” 26.º aniversário com Nelson Évora MELHOR CAPA

PUBLICAÇÕES

BE PCP-PEV 5,2 7,9

“Terror em Bruxelas”, sobre os atentados na cidade MELHOR CAPA

PS 28,1

Eleições legislativas do ano passado INFOGRAFIA

2

Reportagem sobre o Banif INFOGRAFIA

“O que é isso de vida independente?” MELHOR VÍDEO

PAÍSES

OUTROS PRÉMIOS ATRIBUÍDOS EM 2016 “Anatomia de uma ópera”

MÉRITO

18.º

Prémio Dignitas 2015 CATEGORIA JORNALISMO DIGITAL

15 MENÇÃO HONROSA

Os Direitos da Criança em Notícia FÓRUM SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS E JOVENS

2016

IMPRENSA ESCRITA

“O que é Isso de vida independente?”

“Retrato da Pornografia Infantil em Portugal. O João Foi o DVD 5 no Mundo de José”

“Quem é o filho que António deixou na guerra”

Vicente Jorge Silva


30 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

SAIR CINEMAS Lisboa Cinema City Alvalade Av. de Roma, nº 100. T. 218413040 Sozinhos em Berlim M12. 17h25 ; Miss Violence M16. 21h50; 9ª Ciclo de Cinema Israelita 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Café Society M12. 17h45; A Toca do Lobo M12. 13h20, 19h40; Vaiana M6. 13h, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Aliados 12h35, 15h, 19h25, 21h40; Sozinhos em Berlim M12. 15h15; Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 19h35; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 21h35 Cinema Ideal Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295 Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 22h; Ela M14. 14h15; Eu, Daniel Blake M12. 16h30, 20h; Versus: The Life and Films of Ken Loach M12. 18h20 CinemaCity Campo Pequeno Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420 Vaiana M6. 13h10, 15h30, 16h20, 17h55, 19h35 (V.Port./2D), 13h30, 00h10 (V.Orig./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h50, 15h50, 17h45, 19h45, 21h55, 23h55; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h35, 15h45, 18h45, 19h, 21h30, 00h15; Animais Nocturnos M12. 15h10, 17h25, 21h50, 00h10; Aliados 13h45, 16h10, 18h50, 21h25, 21h40, 24h; A Rapariga no Comboio M14. 19h40; Doutor Estranho M14. 16h, 00h05; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h20, 21h10, 24h; O Primeiro Encontro M14. 13h40, 21h45; Top Cat: O Início M6. 13h20 (V.Port./2D); Uma História Americana M12. 14h, 16h10, 22h, 00h15 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996 O Primeiro Encontro M14. 13h25, 16h05, 18h40, 21h20; Aliados 13h30, 16h10, 18h50, 21h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 13h10, 16h, 19h, 21h, 22h; Vaiana M6. 13h15, 15h50, 18h25 (V.Port./2D); Kahaani 2 14h, 17h10, 21h30; Vaiana M6. 13h50, 16h25, 19h, 21h35 (V.Port./2D); Trolls M6. 13h20, 15h40, 18h10 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h30, 18h30, 21h30; Shut In - Reféns do Medo M16. 20h50; Doutor Estranho M14. 13h40, 16h20, 21h45; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 14h10, 16h30, 18h45, 21h10; A Primavera de Christine M12. 19h10; Blood Father - O Protector M14. 14h30, 16h50, 19h20, 21h25 Cinemas Nos Amoreiras Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; Uma História Americana M12. 00h20; Vaiana M6. 13h20, 16h10 (V.P./2D), 18h50 (V.O./2D); Aliados 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 00h05; A Infância de Um Líder M12. 18h40; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h, 17h20, 20h50, 23h50; Animais Nocturnos M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h10, 00h10; O Número M14. 13h30, 16h20, 21h50, 00h20; Eu, Daniel Blake M12. 13h10, 16h, 19h, 21h30, 24h Cinemas Nos Colombo Av. Lusíada. T. 16996 Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h05, 15h45, 18h05, 21h25, 23h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h30, 15h30, 21h30, 00h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h55, 18h15, 21h10, 23h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h25, 17h, 21h, 22h, 00h15; Vaiana M6. 13h35, 16h30, 19h15 (V.Port./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. Sala IMAX ? 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h35 (3D); Blood Father O Protector M14. 23h30; Vaiana M6. 13h, 15h50, 18h35, 20h50, 24h (V.Port./2D); Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h10, 15h35, 21h50, 00h10; Blood Father - O Protector M14. 18h; Aliados 12h40, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20

Cinemas Nos Vasco da Gama Parque das Nações. T. 16996 Animais Nocturnos M12. 21h40, 00h20; Vaiana M6. 13h20, 14h20, 16h, 17h, 19h30 (V.Port./2D), 18h50 (V.Orig./2D); Aliados 12h50, 15h40, 18h30, 21h10, 23h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 22h20, 00h30 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 22h, 24h Medeia Monumental Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223 Uma História Americana M12. 12h20; Animais Nocturnos M12. 14h30, 16h50, 19h10, 21h30; Aliados 11h45, 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; A Infância de Um Líder M12. 11h45; Ela M14. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Eu, Daniel Blake M12. 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h Nimas Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362 O Exame M12. 14h35, 17h, 19h25, 21h50; Gimme Danger M12. 12h30 UCI Cinemas - El Corte Inglés Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. Snowden M12. 00h30; A Rapariga no Comboio M14. 16h40; Chocolate M12. 14h; Sozinhos em Berlim M12. 14h10,1 6h40, 19h05, 21h25, 23h50; Doutor Estranho M14. 13h50, 00h25; The Accountant - Acerto de Contas M12. 16h15, 18h55, 21h40; O Primeiro Encontro M14. 14h05, 16h45, 19h20, 21h55, 00h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h, 18h15, 21h20, 00h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h30, 16h15, 19h, 21h35 (2D), 00h25 (3D); Vaiana M6. 13h55, 16h20 (V.Port./2D), 18h50 (V.Port./3D), 21h45 (V.Orig./2D); American Honey M16. 00h05; Uma História Americana M12. 14h, 16h30, 19h15, 21h50, 00h15; Café Society M12. 14h15, 16h35, 18h50, 21h15, 00h10; Ela M14. 13h40, 16h25, 19h10, 21h50, 00h30; Animais Nocturnos M12. 13h45, 16h35, 19h05, 21h45, 00h20; Aliados 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Eu, Daniel Blake M12. 14h10, 16h50, 19h10, 21h30, 23h50; O Número M14. 13h55, 16h10, 18h45, 21h20, 23h40

Almada Cinemas Nos Almada Fórum Estr. Caminho Municipal, 1011 Vale de Mourelos. T. 16996 Agarrem-me Esses Fantasmas M12. 12h40, 13h20, 15h20, 16h10, 18h10, 19h (V.P./2D), 21h (V.O./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 22h, 00h25 ; Shut In - Reféns do Medo M16. 23h40; Ela M14. 18h55; Animais Nocturnos M12. 13h10, 16h05, 21h50, 00h30; Blood Father - O Protector M14. 13h40, 16h15, 18h35, 20h50, 23h20; Aliados 12h50, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h30, 16h, 21h10, 23h50 (2D), 18h20 (3D); Eu, Daniel Blake M12. 13h05, 15h45, 18h05, 21h05, 23h30; Trolls M6. 12h45, 15h10, 17h30, 19h40 (V.P./2D); Doutor Estranho M14. 21h55, 00h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h20, 15h25, 18h25, 21h20, 00h20; O Primeiro Encontro M14. 12h55, 15h35, 20h55, 23h45; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 16h, 18h50, 21h15, 23h35; Inferno M12. 18h15; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h15, 15h40, 18h, 21h25, 00h10; Underworld: Guerras de Sangue M14. Sala 4DX - 13h, 15h15, 17h20, 19h30, 21h45, 24h (3D)

Amadora CinemaCity Alegro Alfragide C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030 Uma História Americana M12. 13h30, 19h45; Blood Father - O Protector M14. 13h40, 15h45, 17h45, 21h50, 23h50; Vaiana M6. 13h10, 15h25, 16h30, 17h55, 19h05 (V.P./2D), 14h (V.P./3D), 17h25, 00h15 (V.Orig./2D); Aliados 13h45, 16h20, 18h55, 21h25, 21h40, 24h; Underworld:

Em estreia lazer@publico.pt

Aliados De Robert Zemeckis. Com Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris. EUA. 2016. 121m. Drama, Histórico. M14. Ano de 1942. Max Vatan é um espião ao serviço dos Aliados que se encontra em Marrocos para eliminar uma alta patente do Exército de Hitler. Ao seu lado está Marianne, da Resistência Francesa. Depois de cumprida a missão, os dois aproximam-se e tornam-se amantes. Quando chega a hora da partida, decidem ir juntos para Londres, onde se casam, têm uma filha e vivem felizes. Mas tudo muda quando ele é avisado de que os oficiais ingleses suspeitam que Marianne possa ser uma agente dupla com ligações aos nazis... Escola: Os Piores Anos da Minha Vida De Steve Carr. Com Griffin Gluck, Lauren Graham, Alexa Nisenson. EUA. 2016. 92m. Comédia. M12. O adolescente Rafe Katchadorian sempre teve dificuldades em cumprir regras. Quando vai parar a uma escola secundária cujo director é um maníaco do controlo, pensa que é o local indicado para dar azo à sua imaginação e quebrar todas as restrições da instituição. A ajudá-lo nesta arriscada missão terá Leo, um rapaz tímido e introvertido que se tornou o seu amigo mais próximo. Eu, Daniel Blake De Ken Loach. Com Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy. BEL/GB/FRA. 2016. 100m. Drama. M12. Diagnosticado com um grave ve problema de coração, Daniel el Blake, de 59 anos, tem indicação médica para deixar de trabalhar. Mas quando tenta receber os benefícios do Estado que lhe concedam uma forma de subsistência, vê-se enredado numa burocracia injusta e constrangedora. Durante uma espera numa repartição da Segurança Social, conhece Katie,

uma mãe solteira a precisar de ajuda urgente. E é assim que dois estranhos sem forma de sustento se tornam a única esperança um do outro... O Número De Atom Egoyan. Com Christopher Plummer, Kim Roberts, Amanda Smith, Martin Landau. ALE/CAN. 2015. 94m. Drama, Thriller. M14. Max é um sobrevivente a um campo de concentração que não consegue esquecer o passado. Com 80 anos e a viver num lar de idosos já há vários anos, ainda não desistiu de se vingar do responsável pela sua detenção. Mas, como está preso a uma cadeira de rodas, vê-se incapaz de resolver a questão sozinho. Por isso, pede a Zev, o colega de quarto, para tratar do assunto. O problema é que Zev sofre de Alzheimer e as suas falhas de memória têm-lhe causado grandes complicações... Um Pai Natal Para Esquecer De Mark Waters. Com Billy Bob Thornton, Kathy Bates, Tony Cox, Christina Hendricks. EUA. 2016. 92m. Comédia. M14. Willie é um vigarista, alcoólico e ordinário que, com a ajuda de um anão enraivecido, anda a roubar tudo o que são lojas, centros comerciais, eventos de caridade e outros locais onde possa reinar o espírito natalício. O plano, usado durante anos, é simples: mascaram-se de Pai Natal e Duende, descobrem o sistema de alarme e, no dia 24, fazem os assaltos. Mas, se

normalmente as coisas já não são simples, este ano tudo se vai complicar ainda mais. Underworld: Guerras de Sangue De Anna Foerster. Com Kate Beckinsale, Theo James, Alicia Vela-Bailey. EUA. 2016. Terror, Acção. M14. A vampira Selene continua a luta contra o clã Lycan e a facção de vampiros que a traiu. Agora, há quem deseje capturá-la para que o seu sangue e o da sua filha possam ser usados para aumentar os poderes dos vampiros. Para alguém que já nada tem a perder, este conflito transformou-se numa forma de vingança pela morte de todos os que amou. E, desta vez, ela está determinada a levar a batalha ao limite... Versus: A Vida e os Filmes de Ken Loach De Louise Osmond. GB. 2016. 93m. Documentário. M12. Com assinatura de Louise Osmond, um filme sobre Ken Loach, um dos mais controversos (e premiados) cineastas da actualidade. Com testemunhos de colaboradores, actores e especialistas em cinema, a realizadora vai revelando acontecimentos sobre a sua vida pessoal, ao mesmo tempo que percorre as quase cinco décadas ao serviço do cinema de cariz social, que defende o indivíduo das injustiças do sistema. Estive em Lisboa e Lembrei de Você De José Barahona. Com Paulo Azevedo, Renata Ferraz, Azev Amanda Fontoura. POR/BRA. Ama 2015. 94m. Drama. M12. 2015 Sérgio de Souza Sampaio nasceu Sérg em Minas M Gerais (Brasil). Quando, por força das circunstâncias, se vê sem emprego, sem a mulher e ssem o filho, resolve dar uma volta vo à sua vida e emigrar para p Portugal. É assim que cchega a Lisboa, em busca de o oportunidades de trabalho e cheio de esperança numa vida melhor. Mas o que ele v vai va encontrar é algo muito diferente do idealizado.


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 31

SAIR Guerras de Sangue M14. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h55, 23h55; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h35, 18h25, 21h15, 00h05; O Primeiro Encontro M14. 13h15, 19h40, 22h; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 15h30, 19h40, 21h35, 23h45; Inferno M12. 21h45; Doutor Estranho M14. 13h45, 16h, 00h25; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h30, 00h10; Noite de Amadores M16. 00h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h25, 15h40, 16h10, 18h30, 19h, 21h20, 00h05 UCI Dolce Vita Tejo C.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 13h30, 16h15, 19h, 21h40 (2D), 15h, 18h (3D); Vaiana M6. 13h40, 16h20, 19h, 21h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 17h45, 21h30; O Primeiro Encontro M14. 14h05, 16h40, 21h45; Shut In - Reféns do Medo M16. 19h15; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 14h10, 16h20, 19h05, 21h45; Doutor Estranho M14. 21h35; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h35; Blood Father - O Protector M14. 14h20, 16h45, 19h20, 21h50; Vaiana M6. 13h55, 19h15 (V.Port./3D), 16h35, 21h40 (V.Port./2D); Aliados 13h45, 16h30, 19h10, 21h50; Underworld: Guerras de Sangue M14. 14h, 16h40, 21h55 (2D), 19h20 (3D)

Barreiro Castello Lopes - Fórum Barreiro Campo das Cordoarias. T. 212069440 Vaiana M6. 18h40 (V.P./2D); Aliados 12h45, 15h30, 18h30, 21h25; Trolls M6. 19h20 (V.P./2D); Doutor Estranho M14. 14h, 16h30, 21h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h, 15h45, 21h30; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h10, 17h50, 21h20

Cascais Cinemas Nos CascaiShopping CascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h30, 16h30, 20h40, 23h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h35, 15h30, 18h50, 21h10, 22h10, 00h20; Vaiana M6. 12h30, 13h10, 15h10, 15h50, 17h50, 18h35 (V.Port./2D); Aliados 12h50, 15h40, 18h25, 21h10, 23h50; Animais Nocturnos M12. 20h50, 23h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 12h40, 15h, 17h15, 19h30, 21h40, 24h; Underworld: Guerras de Sangue M14. 12h50, 15h10, 17h25, 19h40, 21h50, 00h10 O Cinema da Villa - Cascais Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 14h40, 16h20, 19h, 21h40; Vaiana M6. 14h, 16h40 (V.P./2D); Ela M14. 13h50, 16h30, 19h10, 21h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 19h10; Animais Nocturnos M12. 16h30, 21h50; Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Eu, Daniel Blake M12. 14h20, 19h, 21h30

Sintra Cinema City Beloura Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643 O Primeiro Encontro M14. 21h35; Vaiana M6. 15h25, 16h20, 17h50, 19h40 (V.P./2D), 18h45 (V.P./3D), 15h50, 21h35, 23h50 (V.O./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h35, 21h25; Uma História Americana M12. 15h20, 17h30, 21h55; Animais Nocturnos M12. 16h, 19h, 21h50; Aliados 16h10, 18h40, 21h30; O Número M14. 15h45, 17h40, 19h35, 21h40 Castello Lopes - Fórum Sintra Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352 Aliados 13h10, 15h50, 18h40, 21h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h25; Underworld: Guerras de Sangue M14. 14h, 16h, 18h, 20h, 21h55; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h15, 16h, 21h15; Trolls M6. 19h10 (V.Port./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; Vaiana M6. 13h20, 15h40, 18h45 (V.Port./2D); Blood Father - O Protector M14. 14h, 16h15, 19h, 21h20

Leiria Cinema City Leiria Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; Vaiana M6. 15h20, 16h20, 17h45, 19h20, 21h30 (V.P./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h30, 17h30, 19h30, 21h45; Aliados 16h, 18h40, 21h35; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h25; Shut In - Reféns do Medo M16. 19h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 15h45, 17h40, 21h40; Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 20h; Blood Father - O Protector M14. 15h50, 17h55, 21h55 Cineplace - Leiria Shopping CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 21h30 (2D), 18h50 (3D); Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Trolls M6. 15h, 17h (V.P./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h50, 21h10; O Primeiro Encontro M14. 18h40; Animais Nocturnos M12. 19h, 21h30; Uma História Americana M12. 21h20; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.P./2D)

Loures Cineplace - Loures Shopping Quinta do Infantado, Loja A003.

Animais Nocturnos M12. 21h30; Vaiana M6. 14h, 16h30, 19h (V.Port./2D); Trolls M6. 14h20, 16h20 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h30, 21h20; O Primeiro Encontro M14. 15h; Blood Father O Protector M14. 17h30, 19h30, 21h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Shut In - Reféns do Medo M16. 17h40, 22h; Uma História Americana M12. 19h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Top Cat: O Início M6. 15h40 (V.Port./2D); Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40

Montijo Cinemas Nos Fórum Montijo C. C. Fórum Montijo. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h35, 15h35, 18h25, 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h30, 15h25, 18h20, 21h25; Vaiana M6. 13h30, 16h10, 18h45, 21h15 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h10, 15h50, 21h (2D) 18h15 (3D); Aliados 12h45, 15h30, 18h30, 21h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h45, 18h, 21h10

Odivelas Cinemas Nos Odivelas Parque C. C. Odivelasparque. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 12h40, 15h20, 18h30, 20h50, 21h20, 23h40; Vaiana M6. 13h10, 14h, 15h40, 16h30, 18h10, 19h (V.Port./2D); Aliados 12h50, 15h30, 18h20, 21h; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 17h30, 20h50

Oeiras Cinemas Nos Oeiras Parque C. C. Oeirashopping. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 12h30, 15h25, 18h25, 21h20, 21h35, 00h20, 00h30; O Número M14. 13h15, 15h50, 18h50, 21h15, 23h50; Animais Nocturnos M12. 21h10, 24h; Vaiana M6. 12h40, 13h20, 15h20, 16h, 18h40 (V.P./2D), 18h15 (V.O./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h25, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Aliados 12h45, 15h40, 18h45, 21h40, 00h25; Eu, Daniel Blake M12. 12h40, 15h10, 18h, 21h, 23h45

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita Miraflores C. C. Dolce Vita - Av. Túlipas. T. 707 CINEMA Trolls M6. 15h30, 17h50 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 20h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h, 18h, 21h; Vaiana M6. 14h50, 17h20, 19h40, 22h (V.Port./2D); Aliados 15h10, 18h10, 21h10

Torres Novas Castello Lopes - TorreShopping Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h20; Aliados 12h50, 15h25, 18h10, 21h20; Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 15h30, 18h25, 21h25; Vaiana M6. 18h20 (V.P./2D); Trolls M6. 13h20 (V.P./2D); O Primeiro Encontro M14. 13h, 15h40

Torres Vedras Cinemas Nos Torres Vedras C.C. Arena Shopping. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h40, 18h35, 21h30; Aliados 12h40, 15h30, 18h15, 21h; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h50, 15h55, 18h50 ; Vaiana M6. 13h25, 16h, 18h45, 21h20 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h45, 16h15, 19h, 21h45; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h15

Santarém Castello Lopes - Santarém Largo Cândido dos Reis. T. 243309340 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h30, 18h30, 21h20; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h, 15h40, 18h35, 21h30; Vaiana M6. 13h25, 15h50, 18h40 (V.P./2D); Aliados 13h20, 16h, 18h40, 21h25; Cegonhas M6. 13h (V.P./2D); Inferno M12. 13h, 15h, 21h; Trolls M6. 18h30 (V.P./2D); Doutor Estranho M14. 21h10; Blood Father - O Protector M14. 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h45

Setúbal Auditório Charlot Av. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446 Eu, Daniel Blake M12. 21h30 Cinema City Alegro Setúbal C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853 Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 20h; Uma História Americana M12. 17h50; Blood Father - O Protector M14. 13h50, 15h50, 22h, 00h05; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h45, 21h35; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h15, 15h45, 16h, 18h35, 21h20, 00h05; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h45, 15h45, 19h45, 21h45 (2D), 17h45, 23h50 (3D); Doutor Estranho M14. 21h55; O Primeiro Encontro M14. 14h, 16h30, 00h20; Shut In - Reféns do Medo M16. 00h25; Noite de Amadores M16. 23h55; Vaiana M6. 13h20, 15h20, 16h20, 17h45, 19h30, 21h30 (V.P./2D), 13h55, 18h50 (V.P./3D); Inferno M12. 21h10; Aliados 13h20, 15h55, 18h30, 21h25, 24h; The Accountant - Acerto de Contas M12. 23h45; Miss Violence M16. 19h50; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 15h40, 17h45, 21h50, 24h

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

Jorge Mourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Orient Cineplace - La Vie Caldas da Rainha La Vie Caldas da Rainha Shopping Center. Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h, 18h40, 21h30; Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; The Accountant Acerto de Contas M12. 21h30; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50; Trolls M6. 15h, 17h (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h20; Animais Nocturnos M12. 19h, 21h30; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.Port./2D)

Animais Nocturnos

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Elle

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Eu, Daniel Blake

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Eis o Admirável Mundo em Rede mmmmm

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A Infância de um Líder

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Faro

Carcavelos

O Número

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Cinemas Nos Fórum Algarve C. C. Fórum Algarve. T. 289887212 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; O Primeiro Encontro M14. 21h30, 00h10; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h20, 16h, 21h20, 23h35 (2D), 18h10 (3D); Monstros

Caldas da Rainha

Atlântida-Cine R. Dr. Manuel Arriaga, Centro Comercial Carcavelos. T. 214565653 Aliados 15h, 21h30; Eu, Daniel Blake M12. 15h, 21h30

Estive em Lisboa e Lembrei... Exame

O Protector A Vida e os Filmes de Ken Loach

mmmmm

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Seixal Cineplace - Seixal Qta. Nova do Rio Judeu. Trolls M6. 15h, 17h, 19h (V.P./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.P./2D); Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Animais Nocturnos M12. 21h10; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h30, 21h20; Shut In - Reféns do Medo M16. 14h30, 16h30

Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h, 23h50; Vaiana M6. 13h, 15h20, 17h50 (V.P./2D); Aliados 13h10, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20

Lagos Algarcine - Cinema de Lagos R. Cândido dos Reis. T. 282799138 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 14h45, 21h30, 24h; Vaiana M6. 19h (V.P./2D); Aliados 14h40, 18h15, 21h30, 24h

Albufeira Cineplace - AlgarveShopping Estrada Nacional 125 - Vale Verde. Aliados 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Animais Nocturnos M12. 19h10, 21h40; Vaiana M6. 14h10, 16h10, 16h40, 18h40 (V.P./2D), 21h10 (V.O./2D); Trolls M6. 14h30, 16h30 (V.P./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h30, 21h20; Uma História Americana M12. 17h; Sozinhos em Berlim M12. 14h50; O Primeiro Encontro M14. 19h20; Shut In - Reféns do Medo M16. 21h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Blood Father O Protector M14. 16h, 18h, 20h, 22h

Portimão Algarcine - Cinemas de Portimão Av. Miguel Bombarda. T. 282411888 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h15, 19h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 21h30; Vaiana M6. 14h45, 17h, 19h15 (V.Port./2D); Aliados 13h40, 14h40, 16h, 17h, 21h30

Tavira Cinemas Nos Tavira R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996 Vaiana M6. 13h15, 15h45, 18h20, 21h (V.Port./2D); Aliados 13h, 15h50, 18h30, 21h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 18h, 21h05; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h20, 15h15, 18h10, 21h20; Trolls M6. 13h10, 15h20, 18h05 (V.Port./2D); The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h10

TEATRO Lisboa Teatro da Luz Largo da Luz. T. 968060047 Pinóquio Companhia da Esquina. Enc. Sérgio Moura Afonso. De 19/11 a 18/12. Sáb às 16h30. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h (público) e 14h (escolas, mediante marcação). Teatro Municipal São Luiz R.António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Os Sapatos do Sr. Luiz Com Madalena Marques. Dia 5/12 às 10h30. Dia 13/12 às 10h30. Mais Novos. Visita-espectáculo para crianças do pré-escolar e 1.º Ciclo.

Setúbal Fórum Municipal Luísa Todi Avenida Luísa Todi, 65. T. 265522127 Aladino e a Lâmpada Mágica Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. Com Olívia Ortiz. De 4/12 a 8/12. 5ª e Dom às 11h e 17h. De 5/12 a 7/12. 2ª e 4ª às 11h e 14h (escolas). M/3.

EXPOSIÇÕES Lisboa Arquivo Fotográfico Rua da Palma, 246. T. 218844060


32 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

SAIR Lisboa, Uma Grande Surpresa De Arthur Júlio Machado, José Candido d’Assumpção e Souza. De 23/9 a 31/12. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia. Arquivo Nacional da Torre do Tombo Alameda da Universidade. T. 217811500 Fotografia de Cena na Era do Preto e Branco De 27/10 a 26/2. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 12h30. Art Lounge Galeria Rua António Enes, 9C. T. 213146500 Gineceu Androceu De 17/11 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 12h às 17h. Exposição solidária reverte para a Abraço. Biblioteca Nacional de Portugal Campo Grande, 83. T. 217982000 Da Feliz Lusitânia à Felix Belém. 400 Anos da Fundação de Belém do Pará De 12/10 a 16/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Delfim Santos: O Filósofo do Diálogo De 23/9 a 30/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Gottfried Wilhelm Leibniz. As Mil e Uma Entradas do Labirinto De 19/9 a 30/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Reverso, o Mesmo e o Outro De Mariano Piçarra. De 26/10 a 21/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Fotografia. Vergílio Ferreira: Escrita(s) De 18/10 a 14/1. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 17h30. Documental. Casa da Liberdade - Mário Cesariny Rua das Escolas Gerais, 13. T. 218822607 Evocando Mário Cesariny De 2/11 a 17/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h. Casa-Museu da Fundação António Medeiros e Almeida Rua Rosa Araújo, 41. T. 213547892 Time Lapse II De Rueffa. De 5/12 a 30/12. 2ª a 6ª das 13h às 17h30. Sáb das 10h às 17h30. Ermida de Nossa Senhora da Conceição Travessa do Marta Pinto, 21. T. 213637700 Da Natureza das Coisas De Valter Vinagre. De 5/11 a 18/12. 2ª a 6ª das 11h às 13h e das 14h às 17h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Espaço Novo Banco Pça Marquês de Pombal, 3-B. T. 213508975 Da Fuga e do Encontro: Inversões do Olhar De André Cepeda, Sabine Hornig, Matt Mullican, Julião Sarmento. De 10/11 a 31/5. 2ª a 6ª das 09h às 19h. Fotografia. Espaço Santa Catarina Lgo Dr António Sousa Macedo, 7. T. 213929800 Transcendências De Ana Martins, Carina Coelho, Cristiano Justino, Marta Marques, Pedro Gonçalves, Ritabela Santos, Rute Violante, Vilma Serrano. De 29/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 10h às 14h. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian Avenida de Berna, 45A. T. 217823000 A Forma Chã De 7/10 a 9/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. António Ole. Luanda, Los Angeles, Lisboa De 17/9 a 9/1. 2ª, 4ª,

5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Linhas do Tempo De 23/6 a 2/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb, Dom e feriados das 10h às 18h. Obra De 7/10 a 11/12. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Portugal em Flagrante: Operação 1 De 9/7 a 8/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Terceiro Andar De Luciana Fina. De 21/10 a 23/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Galeria António Prates - Arte Contemporânea Av. António Augusto de Aguiar Nº 58 D. T. 213571167 Monster’s Ball De Pedro Zamith. A partir de 25/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Galeria Edge Arts R. Dom João V, 24, piso -1 (Espaço Amoreiras, Centro Empresarial). T. 213600071 Arqueologia da Pintura De João Dias. De 27/10 a 8/12. 2ª a 6ª das 07h às 23h. Sáb das 09h às 21h. Dom e feriados das 09h às 18h. Galeria João Esteves de Oliveira Rua Ivens, 38. T. 213259940 Inquietamente - Variações Sobre Um Mesmo Tema De Sofia Areal. De 24/11 a 6/1. 2ª das 15h às 19h. 3ª a Sáb das 11h às 19h (encerra ao Sáb das 13h30 às 15h). Desenho. Galeria Ratton R. Academia das Ciências, 2C. T. 213460948 Calendário De Maria Beatriz. De 22/9 a 14/1. 2ª a 6ª das 15h às 19h30. Galeria Valbom Avenida Conde Valbom, 89. T. 217801110 Ausência De Saskia Moro. A partir de 19/11. 2ª a Sáb das 13h às 19h30. Artes Plásticas. Jorge Welsh R. da Misericórdia, 41/47. T. 213953375 A Time and A Place: Views and Perspectives on Chinese Export Art De 18/11 a 10/12. Todos os dias das 10h30 às 19h. Objectos. Lisboa Mundo Interior De João Garcia Miguel. De 3/12 a 14/1. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb e Dom das 10h às 21h (na Praça do Príncipe Real, 19). Artes Plásticas. MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia Av. Brasília - Edif. Central Tejo. T. 210028130 A Forma da Forma De 5/10 a 12/12. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h (na Praça). Arquitectura. Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016. Circuito Central Eléctrica De 30/6 a 31/12. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h. História. Dominique GonzalezFoerster. Pynchon Park De 5/10 a 20/3. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h (Galeria Oval). Escultura, Performance. Eduardo Batarda. Misquoteros - A Selection of T-Shirt Fronts De Eduardo Batarda. De 9/11 a 13/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h (Central 2). Pintura. Liquid Skin De Apichatpong Weerasethakul, Joaquim Sapinho. De 9/11 a 24/4. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h. Vídeo. O Mundo de Charles e Ray Eames De 5/10 a 9/1. 2ª, 4ª,

Sugestão do dia lazer@publico.pt

Na vadiagem Hoje, às 22h, os Dead Combo de Tó Trips e Pedro Gonçalves levam A Bunch of Meninos ao Casino Lisboa. O álbum corresponde ao quinto registo de originais da dupla – depois de Vol. I (2004), Vol. II – Quando a Alma Não É Pequena (2006), Lusitânia Playboys (2008) e Lisboa Mulata (2011) – e traz retratos de paisagens “western-mouriscas” “cantados” apenas com uma guitarra e um contrabaixo. O espectáculo faz parte do programa de Concertos Arena Live, que, até ao final do ano, conta ainda com nomes como Amor Electro, Diogo Piçarra, Jimmy P ou HMB. No Arena Lounge, com entrada livre.

5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h. Design, Objectos. Walking Distance De Rui Calçada Bastos. De 9/11 a 16/1. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 12h às 20h (Cinzeiro 8). Fotografia. Museu Colecção Berardo Praça do Império - CCB. T. 213612878 A Conversa Inacabada: Codificação/ Descodificação De Terry Adkins, John Akomfrah, Sven Augustijnen, Steve McQueen, Shelagh Keeley, Zineb Sedira. De 21/9 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h. Fernando Lemos: Para um Retrato Colectivo em Portugal no Fim dos Anos 40 De 26/10 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h. Visualidade & Visão - Arte Portuguesa na Colecção Berardo II De 26/10 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h. Palácio de São Bento Pç. São Bento . T. 213919000 A Memória das Pedras. Retrospectiva Fotográfica de Conímbriga (1930-1970) De 10/11 a 9/12. 2ª a 6ª das 10h às 17h30. Rostos de Timor De António Cotrim. De 27/10 a 13/1. 2ª a 6ª das 10h às 17h30. Fotografia. Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva Parque das Nações . T. 218917100 Risco - Uma Exposição para Audazes De 11/10 a 30/9. 2ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Perve Galeria Rua Escolas Gerais, 17/19/23. T. 218822607 The Art Ist Present De Regina Frank. De 2/11 a 17/12. 2ª a Sáb das 14h às 20h

Monte de Caparica Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univ. Nova de Lisboa Monte de Caparica. T. 212948300 Em Volta de De Pedro Calapez. De 14/9 a 18/12. 2ª a 6ª das 09h às 20h. O Outro Quando Não Estamos a Olhar De Vasco Araújo. De 27/11 a 31/1. 2ª a 6ª das 09h às 20h. Projecto Estórias: Portugal – África.

Setúbal Casa da Baía Setúbal. Numa Manhã Perfumada de Um Dia Qualquer De Nuno David. De 19/11 a 8/1. 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e Dom das 09h às 20h. 6ª e Sáb das 09h às 00h (e vésperas de feriados).

Sintra Parque e Palácio Nacional da Pena Estrada da Pena. T. 219237300 Fernando Coburgo Fecit: a Actividade Artística do Rei-Consorte De 29/10 a 30/4. Todos os dias das 10h às 18h. Point of View De Alberto Carneiro, Alexandre Farto/ Vhils, António Bokel, Bosco Sodi, Gabriela Albergaria, João Paulo Serafim, Nespoon,

Nils-Udo, Paulo Arraiano, Stuart Ian Frost. De 25/5 a 25/5/2017. Todos os dias das 10h às 18h. Instalação, Arte Contemporânea.

MÚSICA Lisboa Casino Lisboa Parque das Nações. T. 218929000 Dead Combo Dia 5/12 às 22h (Concertos Arena Live). Igreja de São Roque Lg. Trindade Coelho. T. 213235383 Paiaçú ou Pai Grande Com João Grosso, Sílvia Filipe (soprano), F. Pedro Oliveira, Sofia de Portugal (soprano). De 24/10 a 29/5. 2ª às 10h (escolas). Dia 10/12 às 18h. Teatro Nacional de São Carlos Largo de São Carlos, 17. T. 213253045 Concertos Corais Dia 5/12 às 13h e 18h (Festival de Natal).

DANÇA Lisboa Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 50 Toneladas de Vermelho-Selva Coreog. Carlota Lagido. De 29/11 a 14/12. Todos os dias às 10h30 (dias 5, 6, 7, 9, 12, 13 e 14 Dezembro). Sáb e Dom às 11h.

Amadora Centro Comercial Alegro Alfragide Av. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Cinderela no Gelo Com Liliana Santos, Nuno Guerreiro, Rita Ribeiro. De 18/11 a 8/1. Todos os dias às 21h (dias 2, 7, 9, 16 Dezembro), 11h , 15h e 18h (dias 1, 3, 4, 8, 10, 11, 18, 19, 20, 21, 22, 26, 27, 28 e 29 Dezembro; 7 e 8 Janeiro), 11h , 15h, 18h e 21h (dias 17 e 23 Dezembro), 15h e 18h (dias 1, 2, 3 e 4 Janeiro), 15h , 18h e 21h (dias 5 e 6 Janeiro).

FESTAS E FEIRAS Óbidos Óbidos Óbidos Vila Natal 2016 De 30/11 a 1/1. Todos os dias das 11h às 16h (dias 5 a 7; 12 a 16 de Dezembro; 24 e 31 de Dezembro), das 16h às 20h (dias 25 de Dezembro e 1 de Janeiro), das 11h às 19h (dias 1 a 4, 8 a 11, 17 a 23 e 26 a 30 de Dezembro).

FARMÁCIAS Lisboa/Serviço Permanente Andrade Ribeiro - Avenida Infante Santo, 66B - Tel. 213966971 Canto (Sete Rios) - Estrada das Laranjeiras, 202 - B - Tel. 217264841 Madre de Deus (Madre de Deus) - Rua da Margem, 15 - B - Tel. 218682470 Reis Oliveira (Olivais Sul - C. G. D. e B. B. & I.) - R. Cidade de Nampula - Ed. París - Lt. 534 - Tel. 218533696 Alto do Lumiar (Lumiar) - Alameda da Música, 7A - Tel. 217568267 Luciano Cordeiro - R. Luciano Cordeiro, 73 Conde Redondo - Tel. 213156381 Outras Localidades/Serviço Permanente Abrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão Alcochete Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alenquer - Varela Aljustrel - Pereira Almada - Vaz Carmona, Magalhães Herd. Almeirim Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama,

Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito Nobre Sobrinho Amadora - Correia, Helenica Ansião - Medeiros (Avelar), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Ferraz, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos Belmonte Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central, Luso (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha Maldonado Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Cristiana (Abóboda), Luz (Alcabideche), São João (Estoril) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria

Cabeça Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - São Cosme Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Europa Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Grijó Évora - Avó Faro - Helena Ferreira do Alentejo Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Vitória Gavião - Gavião Golegã Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/ Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - A Lacobrigense Loulé - Miguel Calçada, Pinto, Paula (Salir) Loures - Maria, Batalha (Camarate) Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Costa Maximiano (Sobreiro), Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Portugal (Alhos Vedros) Monchique - Higya Monforte

- Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Famões, Jardim da Amoreira Oeiras - Pargana (Paço de Arcos) Oleiros Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - de Palmela Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Vilhena Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Chambel Suc. Portel - Fialho Portimão - Pedra Mourinha Porto de Mós - Lopes Proençaa-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Central Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Baptista Santiago do Cacém Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Seruca

Lopes (Arrentela) Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Portugal, Sália Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Ascensão Nunes, O´Neill Pedrosa Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Misericórdia Torres Novas - Central Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Eduardo A. César, Valentim LDA., Simões Dias (Bom Sucesso) Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira Chamusca - Central da Parreira (Parreira) Montijo - João XXI Ourém - Avenida Redondo - Alentejo Sintra Silveira Forum Sintra (Rio de Mouro)


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 33

FICAR CINEMA Dheepan TVC2, 22h Vencedora da Palma de Ouro em Cannes, uma história dramática sobre a emigração, com realização de Jacques Audiard – também responsável pelos multipremiados De Tanto Bater o Meu Coração Parou (2005), Um Profeta (2009) e Ferrugem e Osso (2012). Um exguerrilheiro tâmil vê-se obrigado a fugir da Guerra Civil no Sri Lanka, o seu país natal. E, para que a entrada na Europa seja viável, resolve formar uma família fictícia com uma jovem mulher e uma menina de nove anos. Depois de milhares de quilómetros de uma viagem difícil, os três conseguem instalar-se numa zona periférica de Paris. Aí, novas batalhas se avizinham e há novos inimigos a vencer, como a xenofobia ou as dificuldades económicas.

DOCUMENTÁRIOS Cidadão Snowden RTP1, 22h01 Em Janeiro de 2013, a documentarista Laura Poitras recebe um e-mail codificado com informações inéditas sobre práticas de escutas ilegais da Agência de Segurança Nacional (NSA) e outros serviços secretos norte-americanos. Poitras trabalhava há anos num filme sobre a monitorização de escutas efectuadas no pós-11 de Setembro e utilizadas ilegalmente. Em Junho do mesmo ano, ela e o repórter Glenn Greenwald decidem viajar até Hong Kong para o primeiro de muitos encontros com o autor daquela mensagem, que mais tarde se apresenta como um antigo analista da NSA, Edward Snowden. As gravações das várias entrevistas que lhe foram feitas deram forma a este filme, que recebeu o Óscar de Melhor Documentário. Q Vida Selvagem Canal Q, 23h Estreia. Uma série documental que se debruça sobre pormenores da vida selvagem muitas vezes desvalorizados. É o caso da dança sensual das larvas ou do perigoso transporte de erva por parte da maioria das lagartas.

SÉRIES Tudo à Descarada Crime + Investigation, 20h25 Estreia a 3.ª temporada da série que segue os casos de pessoas

Televisão lazer@publico.pt

RTP 1 6.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça 13.00 Jornal da Tarde 14.18 Bemvindos a Beirais 14.57 Água de Mar 16.15 Agora Nós 18.00 Portugal em Directo 19.13 O Preço Certo 19.48 Direito de Antena 19.59 Telejornal 21.00 Edição Especial - Entrevista ao Primeiro-Ministro António Costa 22.01 Cidadão Snowden 0.26 SOS Terra - 24 Hours of Climate Reality

RTP 2 7.00 Espaço Zig Zag 11.15 A Arte Eléctrica em Portugal: Os Anos do IÉ-IÉ 12.16 África Selvagem 13.11 Afinidades: Leonor Teles 13.58 Euronews 14.55 A Fé dos Homens 15.30 Sociedade Civil: Tratamentos Alternativos 16.31 Zig Zag 20.23 O Bairro 20.53 Visita Guiada 21.30 Jornal 2 22.10 Hora da Sorte - Lotaria 2016 22.23 Jekyll e Hyde 23.12 Amateur - Parte II 0.24 One Love: Kussondulola e Mercado Negro 0.50 Ballet Rose 1.42 Esec-TV 2.15 Maria de Lourdes Modesto 3.07 Palcos Agora 3.35 Visita Guiada 4.21 Grandes Quadros Portugueses: Eduardo Viana

SIC 6.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Laços de Sangue 16.00 Grande Tarde 19.15 Sassaricando - Haja Coração 19.57 Jornal da Noite 21.45 Amor Maior 23.00 Rainha das Flores 0.00 A Lei do Amor 1.00 Inesquecível 1.55 Ray Donovan 2.55 Rosa Fogo 4.35 Televendas

Pixels (2015) 21.30 O Livro da Selva 23.20 Sem Saída 1.05 Poltergeist 2.40 Cavalos Destroçados

FOX MOVIES 10.25 O Comboio das 3 e 10 12.22 Espião Acidental 13.46 Unidade AntiCrime 15.33 O Duelo dos Grandes Lutadores 17.15 A Melhor Despedida de Solteira 19.15 Red Tails 21.15 The International - A Organização 23.08 O Grande Lebowski 1.18 Um Trunfo na Manga 3.02 Confronto de Assassinos

TVC1 9.10 O Jovem Prodígio T.S. Spivet 10.55 Pixels (2015) 12.40 O Livro da Selva 14.25 Um Encontro às Cegas 16.00 O Jovem Prodígio T.S. Spivet 17.50 Entourage - Vidas em Hollywood 19.40

FOX LIFE 13.19 Ossos 14.05 The Gourmet Detective: Death Al Dente 15.37 The Mentor 17.08 A Patologista 18.47 Rizzoli & Isles 20.25 Ossos 22.20 Em Roma 0.10 Client Seduction 1.48 No Limite 2.49 Empire 4.23 No Limite

CANAL HOLLYWOOD 9.40 Ajuste de Contas 11.25 Sexo e a Cidade 13.50 Sem Reserva 15.35 O Justiceiro Solitário 17.35 Limite Vertical 19.40 Em Queda Livre 21.30 Amanhecer Violento (1984) 23.30 Golpe de Vingança 1.15 O Caminho do Guerreiro 2.55 Elizabeth

AXN 13.18 Mentes Criminosas 14.04 Crank - Veneno no Sangue 15.35 C.S.I. 17.15 Mentes Criminosas 18.55 Castle 20.35 C.S.I. 22.15 Arma Mortífera 23.11 Notorious 23.53 Mentes Criminosas 1.33 Arma Mortífera 2.23 Notorious 3.13 Castle 4.39 Arrow

AXN BLACK 14.34 Os Informadores 16.05 Martha Marcy May Marlene 17.42 Onde Está o Dinheiro 19.07 Barco Fantasma 20.33 O Último Destino 3 22.00 O Enigma do Horizonte 23.34 O Caçador de Sonhos 1.44 Barco Fantasma 3.10 O Último Destino 3 4.37 O Enigma do Horizonte

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Deixa Que Te Leve 16.00 A Tarde é Sua 19.20 Secret Story - Diário da Tarde 19.58 Jornal das 8 21.39 A Impostora 23.00 A Única Mulher 23.59 Secret Story - Extra 1.25 Super Quiz 3.00 Secret Story - Extra 4.16 Mistura Fina 5.22 Dei-te Quase Tudo

16.06 C.S.I. 18.38 Investigação Criminal: Los Angeles 20.23 Hawai Força Especial 22.15 The Walking Dead 23.31 Doom - Sobrevivência 1.29 Sob Suspeita 2.21 Spartacus, Sangue e Arena 4.15 Agents Of S.H.I.E.L.D.

AXN WHITE 13.36 Cromofobia 15.52 Espírito Selvagem 17.44 Cromofobia 20.00 Houdini e Doyle 20.46 A Teoria do Big Bang 22.20 Companheiros de Copos 23.50 A Teoria do Big Bang 0.38 Pai de Surpresa 1.01 Homens Trabalhando 1.47 Trocadas à Nascença 2.33 Crossing Lines 3.18 Criadas e Malvadas 4.04 Homens Trabalhando 4.50 Trocadas à Nascença

FOX 13.42 Investigação Criminal: Los Angeles 14.31 Hawai Força Especial

DISNEY 15.08 Lab Rats 15.30 Star Contra as Forças do Mal 16.21 Os 7A 17.10 Gravity Falls 17.35 Miraculous - As Aventuras de Ladybug 18.23 Elena de Avalor 18.45 Os Descendentes - Wicked World 18.50 K.C. Agente Secreta 19.15 Acampamento Kikiwaka 19.40 Manual do Jogador Para Quase Tudo 20.04 Lab Rats 20.49 Os Descendentes Wicked World

DISCOVERY 17.30 Os Últimos Habitantes do Alasca 18.20 A Febre do Ouro 20.05 Casos Sem Explicação 21.00 Curiosidades da Terra 2.20 Já Estavas Avisado! 3.05 Os Caçadores de Mitos 4.35 Caçadores de Leilões 5.25 NASA, Ficheiros Secretos

HISTÓRIA 17.40 O Preço da História - Reino Unido 18.27 O Preço da História 19.07 Caça Tesouros 20.34 O Preço da História - Reino Unido 21.20 O Preço da História 22.00 Barbarians Rising 23.45 Templários 1.22 Barbarians Rising 3.07 Aviões-Fantasma e O Mistério do Voo 370 4.32 História Perdida

que inventam as mais diversas mentiras numa tentativa de lucrar com as seguradoras. Neste episódio, um segurado reclama a sua apólice de desemprego enquanto ainda está a trabalhar e uma câmara oculta apanha-o em flagrante. Enquanto isso, uma companhia de seguros estreita o cerco sobre uma empresa de gestão de sinistros que está envolvida num esquema de burla de mais de 2,3 milhões de euros. Hitler História, 22h Uma série que segue o percurso de vida de Adolf Hitler na tentativa de compreender como este conseguiu passar de um simples desempregado a um ditador implacável. Na estreia, dois episódios consecutivos: Oportunista (22h) e Actor (22h45). No primeiro capítulo, trata-se dos mitos que envolvem o início da vida de Hitler, da morte devastadora da mãe e da sua nomeação para líder do Partido Nazi. No segundo, revela-se como o antigo agitador Hitler se conseguiu transformar num mestre da propaganda que tem o seu auge com a concretização do filme O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl.

MÚSICA SOS Terra - 24 Hours of Climate Reality RTP1, 0h26 Emissão em directo da 6.ª edição de 24 Hours of Reality, promovida pelo antigo vice-presidente norteamericano Al Gore e pela sua associação The Climate Reality Project. Este ano, o evento global arranca às 18h EST (23h em Lisboa) e foca-se nos 24 países com maiores emissões de CO2, assim como na importância do Acordo de Paris, assinado este ano por 171 países, com entrevistas a personalidades várias de todo o mundo. A animação da noite está entregue a Jon Bon Jovi, PJ Harvey e Vance Joy, entre muitos outros, com um momento ultra-especial: a estreia mundial de um número idealizado pelo Cirque du Soleil.

ODISSEIA 17.33 Perigo Extremo 19.08 Clima Extremo Viral 19.53 Truque 20.39 Perigo Extremo 21.27 Mortos de Tanto Rir! 22.14 Gatinhos Impossíveis 23.00 1000 Formas de Morrer 23.45 Sexo Nas Cidades do Mundo 0.39 Mortos de Tanto Rir! 1.26 Gatinhos Impossíveis 2.15 1000 Formas de Morrer 3.00 Sexo Nas Cidades do Mundo 3.55 Plutão, a Última Fronteira 4.50 Os 10 Grandes Momentos da NASA

INFANTIL Mr. Peabody e Sherman Biggs, 9h30/17h Estreia. Mr. Peabody, o cão mais esperto do mundo, e o seu rapaz Sherman apresentam um programa de comédia disparatado em que a estrela é uma máquina do tempo capaz de ir buscar convidados muito especiais...


34 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

JOGOS CRUZADAS 9729

TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Divisória. Artista principal de uma companhia teatral ou cinematográfica. 2. Tabela. Governador árabe. 3. Faço passar por um filtro. Ligação (fig.). Altar. 4. Estrado em que se coloca o féretro. Como assim? (interj.). Abreviatura de Anno Domini. 5. O Inferno, segundo a crença dos antigos pagãos. Poeta primitivo entre os Gregos. 6. Sétima nota musical. Ouro (s.q.). Existe por muito tempo. 7. Relatar. 8. Dez vezes dez. Transpirar. Presidente da República (abrev.). 9. Vereador. Neste lugar. 10. Substituir por coisa nova ou melhor. Gemido de agonia (Bras.). 11. Amargo. Imaginar.

Verticais: 1. Denominação de alguns músculos que têm dois ligamentos ou cabeças na parte superior. Restabelecimento da saúde. 2. Idade. Instituto Nacional de Estatística. Preposição que indica lugar. 3. Que tem bastante idade. Delicada. 4. Suspiro. Lavrar. Sofrimento. 5. Comissão Europeia. Tipo de letra manuscrita, miúda e ligeira. 6. Muito avançado em idade. Lição. 7. Orçamento do Estado. Doutora (abrev.). Graceja. 8. Preposição que designa posse. Perverso. Rádio (s.q.). 9. Ave pernalta corredora. Época. O qual. 10. Fala ou trecho muito extenso. Salta. 11. Charrua. Pároco de certas freguesias.

Bragança

Viana do Castelo 11º 19º Braga

7º 14º

8º 20º

Vila Real 10º 15º

Porto

16º

12º 20º Viseu 1-1,5m

13º

Guarda

9º 16º

Aveiro

5º 12º Penha Douradas 5º 11º

21º Coimbra 12º 20º

Depois do problema resolvido encontre o provérbio nele inscrito (8 palavras)

Castelo Branco

Leiria

10º 18º

12º 21º Santarém

Horizontais: 1. Chamar. Iam. 2. Coeso. Barro. 3. Arrimo. Siar. 4. Madre. OIT. 5. Ana. Nicles. 6. Tratado. Om. 7. DE. Lote. OTA. 8. Pesa. Suar. 9. Upar. GLÓRIA. 10. Panteão. ONU. 11. Azoar. Assa. Verticais: 1. Cama. Drupa. 2. Corante. Paz. 3. Herdar. Pano. 4. Asir. Alerta. 5. MOMENTOS. Er. 6. Iatagã. 7. Rb. OCDE. Loa. 8. Asilo. Só. 9. Irite. Ouros. 10. Ara. Sotaina. 11. Mora. Marau. Título do filme: Momentos de Glória.

Portalegre

11º 21º

10º 17º

Lisboa 12º 19º Setúbal Évora

10º 21º

9º 19º

BRIDGE Dador: Este Vul: Todos

NORTE ♠ 1094 ♥ A542 ♦J5 ♣10953 ESTE ♠ QJ73 ♥ Q86 ♦A73 ♣QJ8

OESTE ♠ A8652 ♥ 10 ♦Q109862 ♣7 SUL ♠K ♥ KJ973 ♦K4 ♣AK642 Oeste

17º

SUDOKU

Norte

1♠ 3♥ Todos passam

Este 1♣ passo

Oeste passo

Sul 1♥ 4♥

Leilão: Equipas ou partida livre. Carteio: Saída: 7 ♣. Qual o seu plano de jogo? Solução: Uma perdente a espadas, duas a ouros e uma a paus e outra a trunfo. A ouros temos de contar com um Ás bem colocado. Tudo depende agora dos trunfos. Como deverá o declarante jogar o naipe de trunfo? Analisemos primeiro o leilão. A resposta de 1 espada garante pelo menos cinco cartas (tendo apenas quatro teria optado pelo dobre negativo). O salto para 3 copas de Norte é barrativo e promete quatro cartas de copas (com uma boa mão teria feito uso do cue-bid em 2

Problema 7232 Dificuldade: Fácil

espadas). Quando existem nove trunfos em linha faltando a Dama, os matemáticos dizem que se deve encaixar o Ás e o Rei. Mas, será correto fazê-lo aqui? O adversário em Este abriu num pau, quantas cartas deverá ter a copas? Uma vez que Oeste saiu a um singleton, Este deverá ter três cartas a paus. E se Este tivesse um doubleton a copas, teria de ter na sua mão quatro cartas a espadas e quatro cartas a ouros. Mas, com quatro ouros e três paus não teria aberto em 1 ouro? Claro que sim! Portanto, Este deverá ter três ou quatro cartas a copas. Depois de ter feito a vaza inicial, jogue uma copa para o Ás seguido de outra copa para o Valete! Norte 2♥

Este 3♣

Beja

Sines 14º

AMANHÃ

11º 19º

19º

1,5-2m Sagres

Faro

13º 19º

15º 21º 19º 1-2m

Açores Corvo Graciosa Flores

Solução do problema 7230

17º

Terceira

19º 22º

S. Jorge

19º

18º

18º

Pico

4m

Faial

18º 21º

5m

S. Miguel

17º 21º

Sul 1♠ ?

Ponta Delgada

19º 4-5m

Madeira

O que marca com a seguinte mão? ♠ AJ1043 ♥ J2 ♦AK4 ♣J82

Porto Santo

Problema 7233 Dificuldade: Médio

Resposta: Passe. Uma coisa é certa: o seu parceiro não irá passar! Dado que a sua mão é regular, sem apoio a copas e sem defesa a paus, o melhor é passar e esperar que o seu parceiro possa clarificar melhor o leilão.

17º 24º

Funchal

21º

1-1,5m

Lua Quarto Crescente Nascente 07h40 Poente 17h15

Cascais

Faro

Preia-mar 06h10 18h40

3,0 05h45

3,1 05h50

3,0

2,9 18h15

3,0 18h25

3,0

Baixa-mar 12h25

1,0 11h55

1,1 11h55

1,1

1,1 00h15*

1,1 00h10*

1,1

00h40*

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

7 Dez. 09h03

Marés Leixões

João Fanha/Pedro Morbey (bridgepublico@gmail.com)

20º

1,5-2m

18º 24º

Sol

Solução do problema 7231

Sta Maria

Fonte: www.AccuWeather.com

*de amanhã



36 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

DESPORTO

Rejeitado pelo Chelsea, Rui Pedro continua a saltar etapas Descoberto “por acaso” por um “olheiro” do FC Porto no Sp. Paivense, o avançado, de 18 anos, marcou no jogo de estreia pelos portistas no campeonato e é mais um promissor ponta-de-lança “made in Olival” MIGUEL RIOPA/AFP

Futebol David Andrade Foi descoberto por uma professora no recreio de uma escola em Castelo de Paiva e, apenas um ano e meio depois, o jovem Rui Pedro já estava sob o olhar atento de FC Porto, Benfica e Chelsea. Acabou por tentar a sua sorte em Londres, mas o que deveria ser uma semana de treinos na academia dos “blues”, terminou “ao fim de dois ou três dias”: “Disseram que podia ir embora, que não tinha capacidades.” Depois de várias oportunidades desperdiçadas por Depoitre e Adrián, que juntos custaram ao FC Porto 17 milhões de euros, Rui Pedro precisou de apenas 20 minutos na Liga para cumprir o que tinha prometido meio ano antes: “Quando surgir a oportunidade, tenho que a agarrar.” Em Junho deste ano, na iniciativa Conversas na Biblioteca, promovida pela Câmara Municipal de Castelo de Paiva, a plateia era constituída apenas por uma dúzia de crianças paivenses, mas o desconforto de Rui Pedro era evidente. “Ele não gosta muito de falar, prefere marcar golos”, foi esclarecido logo no início da conversa. Com uma postura introvertida, o jogador dos juniores do FC Porto confessou que tinha “esperança” em jogar pela equipa principal dos portistas, mas garantiu não estar “obcecado por isso”. “Espero ser campeão nacional pelos sub-19, pela equipa B e fazer golos”, acrescentou, mas deixou uma garantia: “Quando surgir a oportunidade, tenho que a agarrar.” A primeira oportunidade surgiu contra o Belenenses, para a Taça da Liga, jogo em que Rui Pedro, no minuto 90, ficou a meia dúzia de centímetros de oferecer o triunfo ao FC Porto. A boa exibição valeulhe um lugar no banco no passado fim-de-semana, contra o Sp. Braga, e, desta vez, o jovem, de 18 anos, não se ficou pelo “quase”: com a classe e o talento que já tinha mostrado nos escalões de formação do FC Porto e das selecções nacionais, o paivense colocou um ponto final no confrangedor jejum portista de mais de sete horas e meia sem golos. Mas quem é este ponta-de-lança,

Rui Pedro no momento em que marca o golo do FC Porto contra o Sp. Braga e que o fez sair do anonimato para a generalidade dos adeptos nascido a 20 de Março de 1998 em Pedorido? Para os mais atentos, a qualidade exibida por Rui Pedro na estreia pela principal equipa do FC Porto é tudo, menos uma surpresa. Descoberto com 12 anos na escola por uma professora, casada com um técnico das camadas jovens do Sp. Paivense, Rui Pedro esteve apenas ano e meio no clube da terra. Apesar da negativa experiência no Chelsea, os golos em catadupa tornaram o salto inevitável e o FC Porto, que tinha descoberto o avançado “por acaso”, acabou por ser o seu destino: “Foram ver outro jogador, mas estávamos a perder 3-0, eu entrei, fiz três golos e vieram falar

comigo”, conta. Depois, já no Olival, seguiu-se um “início complicado”, mas os 52 golos na primeira época pelo FC Porto fizeram com que ganhasse “o respeito dos colegas e dos treinadores”. A qualidade do avançado levou-o, rapidamente, a saltar etapas. Internacional desde os sub-15, Rui Pedro, com apenas 16 anos, já alinhava pela equipa sub-19 portista e o talento do avançado não passou despercebido a Julen Lopetegui: há dois anos, o actual seleccionar espanhol chamou-o para trabalhar com os seniores, mas Rui Pedro não foi feliz. “Lesionei-me logo no primeiro treino. Tive azar,

mas vou continuar a trabalhar”, contou mais tarde.

Admirador de Falcao Fã do colombiano Falcao, admirador de Helton e agenciado por Alexandre Pinto da Costa, Rui Pedro passou esta época pela equipa B e pelos sub-19, onde marcou cerca de duas dezenas de golos, até que, no minuto 95 do FC Porto-Sp. Braga, não tremeu: com classe, colocou a bola sobre o até aí imbatível Marafona, assumindo o papel de herói. Depois de Gonçalo Paciência e André Silva, Rui Pedro é mais um na linha dos promissores pontas-de-lança

“fabricados” no Olival, mas o “59” do FC Porto não se deixa amedrontar pela responsabilidade: “Somos os três diferentes e não me sinto inferior a nenhum.” Com contrato até 2021, uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros e a ambição de jogar no Barcelona, Rui Pedro parece predestinado a repetir o percurso meteórico de André Silva, mas o jovem de 18 anos e oito meses garante ter os pés na terra: “Se disser que sou bom, não quer dizer que não seja humilde. Tenho é que trabalhar para ser melhor do que os outros.” david.andrade@publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 37

FRANCISCO LEONG/AFP

CLASSIFICAÇÃO I LIGA Jornada 12 Marítimo-Benfica Rio Ave-Tondela Sporting-V. Setúbal FC Porto-Sp. Braga Moreirense-Nacional Feirense-Arouca Estoril-Belenenses V. Guimarães-Chaves Paços Ferreira-Boavista

1. Benfica 2. Sporting 3. FC Porto 4. Sp. Braga 5. V. Guimarães 6. Rio Ave 7. Marítimo 8. Desp. Chaves 9. Estoril 10. Belenenses 11. Arouca 12. V. Setúbal 13. Boavista 14. Moreirense 15. Feirense 16. Paços de Ferreira 17. Tondela 18. Nacional

2-1 3-1 2-0 1-0 3-1 0-2 1-1 1-1 hoje, 20h, SP-TV

J

V

E

D

M-S

P

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 11 12 12 11 12 12

9 8 7 7 6 5 5 3 4 3 4 3 3 3 3 2 2 2

2 3 4 2 3 2 2 7 3 5 2 4 4 2 2 4 3 2

1 1 1 3 3 5 5 2 5 4 6 5 4 6 7 5 7 8

27-7 23-10 20-5 20-12 21-15 15-16 8-10 11-10 11-14 9-13 9-15 10-13 11-13 11-15 10-23 13-17 9-18 10-19

29 27 25 23 21 17 17 16 15 14 14 13 13 11 11 10 9 8

Próxima jornada V. Setúbal-Estoril, BelenensesMarítimo, Desp. Chaves-Moreirense, Boavista-V. Guimarães, Nacional-Tondela, Feirense-FC Porto, Benfica-Sporting, Sp. Braga-Paços Ferreira, Arouca-Rio Ave.

II LIGA Jornada 17 Portimonense-Ac. Viseu Famalicão-Desp. Aves Penafiel-Freamunde Cova da Piedade-Gil Vicente Sp. Covilhã-Varzim Académica-Sp. Braga B União da Madeira-Santa Clara Olhanense-Leixões FC Porto B-Benfica B V. Guimarães B-Sporting B Fafe-Vizela J Portimonense Desp. Aves Cova da Piedade Santa Clara Penafiel Académica Benfica B Sporting B Vizela Famalicão FC Porto B Sp. Covilhã U. Madeira Gil Vicente Sp. Braga B Varzim V. Guimarães B Fafe Freamunde Ac. Viseu Leixões Olhanense

V

17 13 17 10 17 9 17 8 17 8 17 7 17 7 16 7 16 4 17 5 17 5 17 5 17 5 17 4 17 3 17 4 16 5 16 4 17 2 17 3 17 2 17 3

3-0 0-0 0-2 1-0 2-0 1-0 1-0 3-1 1-1 hoje, 15h hoje, 20h30 E

D

3 1 6 1 4 4 4 5 4 5 6 4 6 4 3 6 9 3 6 6 6 6 6 6 6 6 8 5 9 5 6 7 3 8 6 6 8 7 5 9 7 8 3 11

M-S

P

35-12 27-13 21-17 19-17 18-17 14-10 19-17 27-26 15-14 20-22 18-20 16-18 12-14 11-13 20-19 19-23 17-23 19-26 13-16 13-21 12-17 22-32

42 36 31 28 28 27 27 24 21 21 21 21 21 20 18 18 18 18 14 14 13 12

Próxima jornada Académica-Benfica B, Gil Vicente-Sp. Covilhã, Ac. Viseu-Fafe, Sporting B-FC Porto B, Freamunde-Olhanense, Sp. Braga B-V. Guimarães B, Desp. Aves-U. Madeira, VarzimCova da Piedade, Santa Clara-Penafiel, LeixõesPortimonense, Vizela-Famalicão.

MELHORES MARCADORES I Liga 10 golos Marega (V. Guimarães); 7 golos Bas Dost (Sporting), André Silva (FC Porto) II Liga 13 golos Pires (Portimonense); 9 golos Barry (Desp. Aves)

Estoril e Belenenses dividem pontos

Outros jogos

Futebol

Feirense

0

Os “azuis” estiveram na frente, mas permitiram a igualdade aos homens da casa

Arouca

2

Pedro Martins viu a sua equipa deixar fugir o triunfo em Guimarães

Vitória marca cedo mas não resiste à reacção do Chaves Futebol Paulo Curado Minhotos inauguraram o marcador aos 3’, mas a pressão dos flavienses acabou por valer o empate em Guimarães Frente a uma das defesas mais seguras do campeonato, o Vitória de Guimarães teve o mérito de marcar cedo e deixar encaminhado um triunfo, que acabou por fugir nos instantes finais do encontro. O Desportivo de Chaves não desmoralizou com a madrugadora desvantagem, foi determinado e acabou por sair com um ponto precioso do Minho. Foram necessários apenas três minutos para o marcador mexer em Guimarães. Ainda as duas equipas procuravam alinhavar as suas estratégias, quando uma bola longa do central Pedrão para a área dos visitantes, não foi desviada devidamente por Leandro Freire, sobrando para Hernâni, nas suas costas, rematar pronto, de pé esquerdo, para as redes da baliza defendida por Ricardo. Foi apenas o décimo golo sofrido pelos flavienses, que chegaram a este encontro como a terceira defesa menos batida da Liga, apenas superada pelas de FC Porto e Benfica. A desvantagem abanou os visitantes que conseguiram, mesmo assim, suster o ímpeto do Vitória nos momentos iniciais, antes de equilibrarem os acontecimentos no relvado e começarem a empurrar os homens

V. Guimarães

1

Hernâni 3’

Desp. Chaves

1

Patrãs 83’ Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Assistência Cerca de 15.000 espectadores V. Guimarães Douglas, Bruno Gaspar (Tozé, 85’), Josué a90’+4’, Pedrão, Rúben Ferreira a37’ e 90’+4’ a90’+4’, João Pedro, João Aurélio, Bernard, Hurtado (Vigário, 77’), Hernâni (Raphinha, 68’) e Soares. Treinador Pedro Martins. Desp. Chaves Ricardo, Pedro Queirós (Patrão, 72’), Carlos Ponck, Leandro Freire a68’, Nélson Lenho, Assis a60’ e 90’+3’ a90’+3’, Battaglia, Braga a26’, Vukcevic (Fall, 63’), Perdigão e William. Treinador Jorge Paixão. Árbitro Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Estoril e Belenenses empataram ontem a um golo, resultado que mantém as duas equipas em situação tranquila na prova. Num encontro sempre muito disputado e quase nunca bem jogado, as contas do desafio só ficaram definidas nos derradeiros 20 minutos. Durante o primeiro tempo escassearam as oportunidades de golo e assistiu-se a um mau espectáculo de futebol. Foi preciso esperar pela segunda parte para se registarem jogadas de perigo e algum futebol de qualidade. O Belenenses dispôs de uma flagrante ocasião de golo quando, aos 67 minutos, o árbitro João Mendes assinalou grande penalidade a castigar uma falta de Ailton sobre João Afonso, numa decisão bastante contestada pelos anfitriões. Mas André Sousa atirou à barra e adiou a inauguração do marcador. Foi preciso esperar quase mais dez minutos para, numa jogada de insistência, Camará ter marcado para o Belenenses, mas o Estoril não acusou o golo sofrido e, já com o russo Bazelyuk em campo, chegou ao empate.

Estoril Belenenses Jogo no Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril. Assistência 1146 espectadores Estoril Moreira, Joel (Dankler, 82’), João Afonso, Diakhité, Ailton a67’, Eduardo, Diogo Amado, Matheus Índio, Mattheus (Bazelyuk, 77’), Gustavo Tocantins e Bruno Gomes a32’ (Felipe Augusto, 62’). Treinador Fabiano Soares. Belenenses Joel, João Diogo, Domingos Duarte, Gonçalo Silva, Florent, João Palhinha, André Sousa (Andric, 87’), Vítor Gomes a60’, Sturgeon, Gerso (Miguel Rosa, 72’) e Abel Camará (Luís Silva, 87’). Treinador Quim Machado. Árbitro João Mendes (AF Santarém)

pcurado@publico.pt

Jogo no Estádio Marcolino de Castro, em Santa Maria da Feira. Assistência Cerca de 2500 espectadores Feirense Vaná, Barge (Platiny, 56’), Ícaro, Flávio a22’, Vítor Bruno a19’, Ricardo Dias, Tiago Silva (Guima, 56’), Jean Sony, Luís Aurélio, Etebo e Karamanos (David, 74’). Treinador José Mota. Arouca Bracali, Anderson (Gégé, 65’), Jubal a70’, Nuno Coelho, Nelsinho, André Santos, Adilson, Artur, Jorginho a82’, Mateus (Crivellaro, 82’) e Walter González a17’ (Hugo Basto, 90’+1’). Treinador Lito Vidigal. Árbitro Tiago Martins (AF Lisboa)

O Arouca deu ontem continuidade à sua recuperação na I Liga, alcançando o seu segundo triunfo seguido no campeonato e o primeiro fora de casa em 12 jornadas.

Moreirense

3

André Micael 31’, Podence 53’, Podence 84’

Nacional

1

Salvador Agra 88’ (g.p.) Jogo no Estádio Com. Joaq. Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos. Assistência 1060 espectadores

Bazelyuk 81’

Camará 75’

da casa para o seu meio-campo. Aos 20’, surgiu o primeiro lance de perigo do Chaves, que Ponk atirou ligeiramente ao lado. E ainda antes do intervalo, Battaglia e Willian, voltaram a estar perto do empate. Para este ascendente dos flavienses, contribuiu um Vitória pouco pressionante. O Chaves continuou à procura da igualdade na segunda metade. A jogarem na expectativa, os vimaranenses apostavam nos contraataques ou em iniciativas individuais, mas acabaram por ser surpreendidos, aos 84’, com o golo do empate, apontado por Patrão.

1

Nelsinho 52’, Walter Gonzalez 67’

1

Moreirense Makaridze, Sagna, Galo, André Micael, Rebocho, Cauê, Neto, Francisco Geraldes (Alan Shons, 60’), Podence, Boateng (Ramirez, 83’ a88’) e Dramé a39’ (Nildo, 60’). Treinador Augusto Inácio. Nacional Rui Silva, Victor Garcia a22’, Tobias Figueiredo a64’ a71’, Rui Correia, Sequeira, Washington, Ali Ghazal (Jota, 35’, Cádiz, 62’), Salvador Agra, Bonilla (Witi, 46’), Ricardo Gomes e Hamzaoui a74’. Treinador Manuel Machado. Árbitro Rui Oliveira (AF Porto)

Augusto Inácio estreou-se como treinador do Moreirense com um triunfo que permitiu à equipa fugir aos lugares de despromoção. Já o Nacional afunda-se na tabela.


38 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

DESPORTO

Mourinho sofre terceiro empate consecutivo na Premier League Manchester United esteve a vencer o Everton até perto dos 90’, mas acabou por sofrer uma grande penalidade fatal nos instantes finais. Liverpool esteve a ganhar por duas vezes mas foi derrotado ANDREW YATES/REUTERS

Futebol internacional Paulo Curado Numa altura em que José Mourinho está a braços com acusações de fuga ao fisco nos tempos que passou no banco do Real Madrid, o seu Manchester United voltou a escorregar na Premier League. No terreno do Everton, registou o terceiro empate consecutivo na competição e o fosso que separa a equipa do técnico português para o topo da classificação é agora de 13 pontos. Mais uma vez, a infelicidade atacou os “red devils”, que sofreram um golo, de penálti, nos instantes finais. De um ponto de vista realista, os 21 pontos que o United soma em 14 jornadas do campeonato estão longe de reflectir o futebol praticado pela equipa. Terá José Mourinho perdido a estrela da sorte que o acompanhou em tantos momentos ao longo da sua carreira? A sua capacidade de motivação deixou de surtir efeitos no balneário? Será o ocaso do treinador que já foi considerado o melhor do mundo? Para o camaronês Eto’o, que foi orientado pelo setubalense no Inter de Milão e no Chelsea, o que aconteceu nos últimos anos foi que Mourinho “mudou muito” e poderá não estar a acompanhar as constantes evoluções no futebol. “Quando cheguei ao Inter, descobri alguém excepcional. Depois, no Chelsea, já estava um pouco diferente”, garantiu ontem o avançado, que alinha agora ao serviço dos turcos do Antalyaspor, ao programa Telefoot, do canal televisivo francês TF1. “Ele pretende relançar o Manchester United nos próximos três anos, mas a primeira coisa que tem de fazer é com que a equipa jogue futebol. Não pode defender constantemente. Não tenho nada contra Mourinho. Ele é capaz de relançar o United, assim como qualquer outra equipa, e fazer com que jogue futebol. Mas o futebol está em evolução”, defendeu Eto’o. Independentemente da justeza deste comentário, não se pode dizer que o United seja propriamente uma equipa defensiva. A verdade é que o conjunto de Mourinho tem criado

oportunidades suficientes para, pelo menos, passar muitos dos recentes obstáculos que lhe retiraram pontos. Foi assim também em Goodison Park. No primeiro tempo, o domínio do United não se traduziu em oportunidades flagrantes, até, aos 42’, quando Zlatan Ibrahimovic aproveitou o adiantamento do guarda-redes contrário para fazer um “chapéu”, com a bola a bater na barra, depois no poste, até saltitar caprichosamente em cima da linha de golo e entrar na baliza.

Saídas à vista em Janeiro

José Mourinho não está a ser feliz nesta sua experiência como treinador do Manchester United

CLASSIFICAÇÕES INGLATERRA

ITÁLIA

Jornada 14 Manchester City-Chelsea 1-3 Crystal Palace-Southampton 3-0 Stoke City-Burnley 2-0 Sunderland-Leicester City 2-1 Tottenham-Swansea City 5-0 West Bromwich-Wtaford 3-1 West Ham-Arsenal 1-5 Bournemouth-Liverpool 4-3 Everton-Manchester United 1-1 Middlesbrough-Hull City hoje, 20h, SP-TV3

Jornada 15 Nápoles-Inter Juventus-Atalanta AC Milan-Crotone Lazio-Roma Pescara-Cagliari Sampdoria-Torino Sassuolo-Empoli Fiorentina-Palermo Chievo-Génova Udinese-Bolonha

J 1. Chelsea 2. Arsenal 3. Liverpool 4. Manchester City 5. Tottenham 6. Manchester United 7. West Bromwich 8. Everton 9. Stoke City 10. Bournemouth 11. Watford 12. Southampton 13. Crystal Palace 14. Burnley 15. Leicester City 16. Middlesbrough 17. West Ham 18. Sunderland 19. Hull City 20. Swansea City

V

14 11 14 9 14 9 14 9 14 7 14 5 14 5 14 5 14 5 14 5 14 5 14 4 14 4 14 4 14 3 13 2 14 3 14 3 13 3 14 2

E 1 4 3 3 6 6 5 5 4 3 3 5 2 2 4 6 3 2 2 3

D 2 1 2 2 1 3 4 4 5 6 6 5 8 8 7 5 8 9 8 9

M-S

P

32-11 33-14 35-18 30-15 24-10 19-16 20-17 17-16 16-19 19-22 18-24 13-15 24-26 12-23 17-24 12-15 15-29 14-24 11-28 16-31

34 31 30 30 27 21 20 20 19 18 18 17 14 14 13 12 12 11 11 9

Anthony Lopes perda audição 3-0 3-1 2-1 0-2 1-1 2-0 3-0 2-1 Hoje, 18h, SP-TV4 Hoje, 20h, SP-TV4 J

1. Juventus 2. Roma 3. AC Milan 4. Nápoles 5. Lazio 6. Atalanta 7. Torino 8. Fiorentina 9. Sampdoria 10. Inter 11. Cagliari 12. Génova 13. Chievo 14. Sassuolo 15. Bolonha 16. Udinese 17. Empoli 18. Pescara 19. Crotone 20. Palermo

V

15 12 15 10 15 10 15 8 15 8 15 9 15 7 14 6 15 6 15 6 15 6 13 5 14 5 15 5 14 4 14 4 15 2 15 1 15 1 15 1

E

D

M-S

0 3 32-13 2 3 35-16 2 3 27-19 4 3 27-15 4 3 27-16 1 5 24-17 4 4 31-19 5 3 22-16 4 5 19-20 3 6 22-21 2 7 23-32 4 4 17-15 3 6 14-16 2 8 20-26 4 6 14-21 3 7 18-23 4 9 7-24 5 9 12-27 3 11 12-29 3 11 11-29

P 36 32 32 28 28 28 25 23 22 21 20 19 18 17 16 15 10 8 6 6

O

guarda-redes internacional português Anthony Lopes sofreu “perda de audição temporária” depois de ter sido atingido por um petardo na deslocação do Lyon ao terreno do Metz, sábado, em jogo da Liga francesa de futebol. “Os tímpanos de Anthony Lopes não sofreram lesões (...), mas os médicos diagnosticaram perda de audição temporária nos dois ouvidos”, indica o clube de Lyon, em comunicado, acrescentando ter sido prescrita ao jogador português uma “incapacidade temporária de trabalho”. O Lyon indicou ainda que Anthony Lopes será submetido a um tratamento de “várias semanas”.

Em vantagem para a segunda parte, o Manchester voltou a dominar o encontro, com a partida a ganhar uma nova vitalidade. O Everton tinha muitas dificuldades em travar a pressão e as investidas dos visitantes, mas foi mantendo a desvantagem mínima. A tal ponto, que começou a acreditar em algo mais. A entrada de Deulofeu deu um novo impulso aos homens da casa na demanda pelo empate, que haveria de surgir mesmo pouco antes dos 90’. Acabado de entrar, o belga Fellaini acabou por dar o empurrão final à sua ex-equipa, com uma falta, duvidosa (um leve contacto com Idrissa Gana), na área. Quem não teve dúvidas foi o árbitro, que apontou prontamente para a marca do castigo máximo. Banes cobrou e tornou a tarde mais agreste para José Mourinho. E para abalar mais o robusto ego do “Special One”, o líder isolado do campeonato é o “seu” Chelsea, a equipa que o demitiu na temporada passada por maus resultados, mais ao menos nesta fase do calendário. O sexto lugar do United, a seis pontos da zona de qualificação para as provas europeias, atrás do Tottenham, que irá defrontar, em Manchester na próxima ronda, tornam vital uma recuperação. E ontem a imprensa inglesa referiu o alegado interesse de Mourinho em mexer no plantel já na reabertura de Inverno do mercado de transferências. O francês Anthony Martial, Wayne Rooney e Memphis Depay podem estar de saída. pcurado@publico.pt


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 39

DESPORTO

Série Especial

A AMÉRICA PELOS LIVROS publico.pt/america-pelos-livros

ADRIANO MIRANDA

Breves Hóquei em patins

Sporting e FC Porto empatam e atrasam-se Sporting e FC Porto empataram ontem a três golos, em Alverca, jogo referente à 9.ª jornada do campeonato nacional de hóquei em patins. Jorge Silva (10’) e Hélder Nunes (25’) construíram vantagem de dois golos para os “azuis e brancos” na primeira parte. Na segunda metade, Pedro Gil (40’) e Esteban Ábalos (43’), este de grande penalidade, devolveram a igualdade à equipa da casa. Reinaldo Garcia (48’) deu nova vantagem aos visitantes, pertencendo a Ferran Font (49’), de livre directo, o golo que ditou o resultado final. O FC Porto é agora 3.º, atrás de Benfica e Oliveirense, e o Sporting 4.º. Basquetebol

Portistas vencem Oliveirense no último segundo O FC Porto recebeu e venceu a Oliveirense no Dragão Caixa, ontem, no jogo de encerramento da nona jornada da Liga Portuguesa de Basquetebol, e igualou o Galitos no segundo lugar, com 16 pontos, menos um do que o líder Benfica. Os “azuis e brancos” terminaram o primeiro período em vantagem (21-15), o mesmo sucedendo ao intervalo (3831). Após o descanso, entrou melhor a Oliveirense que partiu para o último período em vantagem (49-54). Nos derradeiros 10 minutos, Nick Washburn desfez o empate a 63 com um triplo, mas a Oliveirense igualou o marcador a dez segundos do fim (66-66). Foi então que Jeff Xavier converteu o cesto que deu a vitória ao FC Porto.

O futebol inglês continua em choque com vários casos de pedofilia

Pedofilia em 55 clubes investigada em Inglaterra Futebol internacional As investigações decorrem quer em clubes profissionais, quer em clubes amadores A polícia britânica está a realizar investigações em 55 clubes, profissionais e amadores, na sequência do escândalo de pedofilia que, actualmente, ensombra o futebol inglês, incluindo alguns dos principais emblemas do Reino Unido. Segundo avançou ontem o The Observer, o Conselho Nacional de Chefes de Polícia (NPCC), um organismo de coordenação das forças policiais locais, confirmou que um total de 55 clubes está, de uma forma ou de outra, sob investigação no âmbito de diversos inquéritos actualmente em curso um pouco por todo o Reino Unido. Segundo o mesmo jornal, um terço dos polícias locais do Reino Unido estão envolvidos nestas investigações. O director da linha telefónica especial criada pela principal organização de protecção de menores no Reino Unido (NSPCC), liderada por John Cameron para dar assistência e apoio a quem deseje denunciar situações de abuso sexual no futebol (e que se estima ter recebido 860 chamadas em apenas uma semana), sentiu que há jovens futebolistas em perigo. “Temos algumas informações, algumas alegações de que as crianças podem estar, neste momento,

em perigo”, disse Cameron ao Observer. O ex-jogador Davy Russell, do Charlton Athletic, de 50 anos, disse que enviou uma carta à FA, em 1986, a relatar os abusos sexuais de que foi alvo por parte de Eddie Heath, antigo “olheiro” do Chelsea, e não obteve resposta. “Eu escrevi uma carta à FA a dizer o que me tinha acontecido. Implorei para investigarem, para não acontecer a outros jovens, mas nunca recebi qualquer resposta “, disse o ex-jogador. A FA e os clubes ingleses foram acusados de terem encoberto durante décadas inúmeros actos de pedofilia envolvendo um número ainda indeterminado de vítimas, mas que poderá ser superior a 350 de acordo com um relatório policial. O escândalo dos abusos sexuais cometidos nos escalões mais jovens do futebol inglês começou com o testemunho de Andy Woodward publicado pelo jornal The Guardian. A partir desse momento, o país parece ter despertado para o tema e têmse sucedido denúncias. Na prática, serão já 350 as vítimas cujos casos estão sob investigação. Tudo começou com o modesto Crewe Alexandra (clube que actualmente compete na 4.ª divisão) no centro do furacão e com o antigo treinador Barry Bennell, que já foi condenado na Grã-Bretanha e nos EUA por agressões sexuais cometidas sobre jovens rapazes, em ponto de mira. Mas desde essa confissão pública de Woodward, outros ex-futebolistas ganharam coragem e seguiram-lhe as pisadas. PÚBLICO

Há um eco na casa. E agora? Entre a paisagem e a linguagem de Toni Morrison, com as questões de raça e de segregação no país que acaba de eleger Donald Trump como Presidente, e a segunda geração de imigrantes a que pertence uma voz como a de Junot Diaz, uma geração que provém sobretudo da América do Sul


40 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

ESPAÇO PÚBLICO

António Costa

Ao fim de um ano, consolida-se o projecto. Depois do Bloco de Esquerda, este fimde-semana foi a vez de o PCP confirmar a estratégia e o apoio ao Governo do PS. O congresso não só foi pacífico como consagrou que o espaço de diferenciação entre os partidos à esquerda está centrado na UE — e não tanto na política interna. É verdade que Jerónimo não deixará os socialistas descansar à sombra do acordo. Mas, como se provou na Caixa, são um parceiro muito confiável. D.D.

Rui Pedro

Tem apenas 18 anos, mas promete vir a dar que falar no Dragão. Rui Pedro, natural de Castelo de Paiva, tinha-se estreado na primeira equipa do FC Porto na terca-feira, para a Taça da Liga. Na altura, acertou no poste. Ontem, voltou a ser chamado e afinou a pontaria, marcando o golo salvador dos portistas frente ao Sp. Braga. Para já, o avançado tem 13 golos marcados em 19 jogos nas quatro competições em que participou: I Liga, II Liga, Youth League e Sub-19. J.M.M.

A luta continua, mas é pacífica David Dinis Editorial

L

eiam as Teses, mas suspendam a revolução. O PCP consolidou no congresso deste fim-de-semana a sua nova posição no sistema político português: ajudar um “partido da burguesia” a dar pequenos passos em frente. “Os trabalhadores também precisam de vitórias”, disse Jerónimo de Sousa, na reveladora entrevista que deu ao PÚBLICO esta semana. De Almada saíram vários sinais, confirmando a tendência de que a Soeiro Pereira Gomes se

tornou numa confortável sala de negociações para António Costa. Jerónimo de Sousa foi reeleito por unanimidade pelo comité central (quando nada indicava que isso acontecesse já); os votos contra a nova estratégia contaram-se pelos dedos de uma mão; as vozes críticas nem apareceram no palco — apenas os aplausos e uma forte convicção de que o partido da luta não tinha como evitar o apoio ao actual Governo. Bem pode João Oliveira, o líder parlamentar, dizer que “não há acordo parlamentar”. O que sabemos é que não há Governo sem o PCP. Por mais burguês que ele seja. No discurso de encerramento, o secretário-geral comunista resumiu tudo com razoável clareza: o PCP continuará “com olhos postos no objectivo supremo: uma sociedade

liberta da exploração do homem pelo homem”. Mas esse objectivo “só será conseguido para lá das nossas vidas”. Agora é tempo de pequenos passos, portanto. Até já, comunismo; olá, socialismo democrático. Sem surpresas, o congresso do PCP acabou por seguir a linha que tínhamos visto no congresso do Bloco de Esquerda em Maio passado. Sem espaço para se diferenciar no plano interno, foi na Europa que os dois partidos encontraram o espaço da crítica. O que diferencia hoje estes partidos do PS é a fé na Europa. Daí que seja preciso rever com atenção as palavras de Carlos Carvalhas: a nossa dívida deve ser paga em escudos. Ou as de Jerónimo de Sousa, alertando para o perigo de uma expulsão da moeda única. A Costa e Jerónimo, separa-os

sobretudo isso, que é (evidentemente) muito. Porque implica visões diferentes sobre a economia, sobre o papel do Estado, sobre a natureza do homem. A Costa e a Catarina, separa-os menos — e, provavelmente, é esse o maior problema que o partido hoje terá para resolver. Mas os tempos não estão para revoluções. E o líder comunista provou neste congresso como há alturas em que a foice e o martelo se devem colocar na gaveta, sem deixar de ter O Capital na mesa-de-cabeceira. Como dizia a máxima de Álvaro Cunhal, à rigidez na estratégia deve sobrepor-se a flexibilidade da táctica. E eis por que o PCP se tornou no mais estável aliado dos socialistas. david.dinis@publico.pt

CARTAS AO DIRECTOR Quando a hipocrisia não muda de cara

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles.

Email: cartasdirector@publico.pt Telefone: 210 111 000

Não deixa de ser incompreensível que os partidos do anterior Governo (PSD e CDS) não mudem os seus responsáveis e porta-vozes, mesmo para dizer a mesma coisa, na oposição destrambelhada e raivosa que fazem para desestabilizar o Governo do PS, tentando esconder o seu passado recente, de austeridade para o povo, de aumento da pobreza e das desigualdades. Depois de massacrada durante quatro anos, a maioria dos portugueses só se pode sentir com náuseas com a hipocrisia de Pedro Passos Coelho, Assunção Cristas, Maria Luís Albuquerque, Mota Soares, Montenegro, quando dizem e defendem o contrário do que fizeram, como na discussão do Orçamento do Estado para 2017. No CDS, Portas deu a vaga a Cristas, mas esta não pode

esconder a sua responsabilidade de ministra no Governo do PSD/ CDS e de ter aprovado as medidas de roubo de direitos, salários, pensões e prestações sociais. No PSD, a teimosia de Passos Coelho cria frustração, nervosismo e desorientação, que vão enchendo um previsível rio de mudança. Se a hipocrisia pagasse imposto, estaria descoberta mais uma fonte de receita adicional para as dificuldades orçamentais do Governo PS. Ernesto Silva , Vila Nova de Gaia

Centeno compete com os mais destacados mestres da ilusão. No entanto, por muito que os derrotados da direita esperneiem, o povão está do lado do Governo. Foi de mestre o adiamento da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. A reposição dos ordenados dos funcionários públicos fez com que a Intersindical enterrasse a foice e o martelo de guerra. Vida longa para a “geringonça.” Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Vida longa para a “geringonça”

Para azar meu, todas as vezes que acedo ao correio electrónico sou brindado com a leitura de um sumário de notícias MSN, escrito em “português do Brasil”, seja lá o que se entenda por esta designação. Tal como acontecia quando era estudante de Medicina e tinha a infeliz ideia de comprar

A megaempreitada do cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento e o cumprimento das promessas eleitorais de António Costa tornam a manipulação orçamental irresistível. Mário

Português da MSN

uma tradução brasileira de um tratado, “arrepio-me” ao deparar com incríveis erros de gramática, de pontuação. A Microsoft, cuja filosofia comercial é análoga à de algumas editoras portuguesas, está-se nas tintas para a língua portuguesa, o que conta para eles é “quem é maior”... Com esta mentalidade, foi responsável a empresa aérea boliviana Lamia pela morte criminosa de 22 jogadores de uma modesta equipa do interior do Brasil, quando se deslocavam para o que pensavam ser o “jogo das suas vidas”... O trocadilho é terrível, mas pela sovinice dos responsáveis daquela empresa — outros fazem o mesmo, brincando com as vidas de quem se deixa iludir pelo mais barato — por essa inconsciência, um entre tantos, Caio Júnior, morreu jovem. Está tudo ligado, o rigor na língua e o rigor no resto! Antides Santo, Barosa


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 41

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

Sem que, ao fecho deste jornal, soubéssemos ainda os resultados do referendo italiano, o certo é que caberá ao presidente do BCE lidar com as consequências de um “não” a Renzi, ou com o pressuposto que voltou a colocar a Europa em suspenso: a situação muito frágil da banca italiana, que deixa há meses o sistema financeiro europeu a tremer. O BCE deu sinais de estar pronto a acudir a um problema, mas tem que ajudar a resolver o mal que está na raiz. D.D.

Mario Draghi

Norbert Hofer

O candidato do partido de extrema-direita austríaca voltou a perder a eleição para a Presidência, contra todas as expectativas (até das sondagens). Nem o protesto formal que Hofer pôs no tribunal contra as primeiras eleições, que levaram à sua repetição, nem as promessas de que tudo iria mudar foi suficiente para convencer os eleitores. A Áustria deu, assim, estabilidade ao Governo de centro, sinalizando à Europa que nem de todas as eleições vem uma má notícia. D.D.

ESCRITO NA PEDRA O combate que travam, em cada indivíduo, o fanático e o impostor faz com que não saibamos nunca a quem nos dirigirmos Emil Michel Cioran (1911-1995), filósofo e escritor romeno

Confiar

ENRIQUE DE LA OSA/REUTERS

SEM COMENTÁRIOS PAI E FILHO DE BICICLETA, EM SANTIAGO DE CUBA

A

Miguel Esteves Cardoso Ainda ontem

EM PUBLICO.PT Nintendo Classic Mini: Nintendo Entertainment System são muitas letras para escrever infância A casa de Quioto remexeu a algibeira e colocou à venda uma avenida nostálgica para o tempo das avós e dos avôs e dos amigos reunidos à volta do que ainda estava para chegar. www.publico.pt/1753627

O momento em que a moda serve para incluir

Uma viagem em rampa numa casa portuguesa

As Caves do Vinho do Porto Ferreira, em Vila Nova de Gaia, receberam o I Desfile de Moda Inclusiva da Associação Nacional dos Amputados. O principal objectivo da inicitiva passa por “lançar um novo olhar e soluções que facilitem o quotidiano das pessoas com deficiência, permitindo que sejam as/os protagonistas da passarela”. publico.pt/multimedia/fotogalerias

Entre o vale a nascente e o mar a sul. Luz e vistas privilegiadas sobre Lisboa. De um significado pessoal fez-se uma construção que representa “uma etapa do percurso da vida”. Dentro de um dos bairros do Estoril, é o fim de uma viagem de um casal português que depois de viver em diversos países decidiu voltar ao país de origem. http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura

confiança é um bem tão etéreo que não pode ser recuperado. Só pode ser conquistada e perdida. A confiança leva tempo a conquistar porque o coração que confia é um coração aberto, sem defesas, que pode ser destruído num instante pela mais pequena traição. O nosso tempo não é de confianças porque é um tempo egocêntrico e sensacionalista em que cada um só fala de si e das coisas que sente. Ouço dizer que A ama B, que A está apaixonada por B, que A acha que o amor dela é correspondido. Mas A confia em B? A diz que não. E ri-se, ainda por cima. Confiar em alguém e saber que essa pessoa confia em nós, poder contar com ela e saber que ela, com razão, pode contar connosco, está para a amizade e para o amor como a segurança está para a paz. Não há quem não saiba conquistar a confiança de alguém. É muito fácil. Basta ser verdadeiro, ser leal e ser inabalável. Basta ter a coragem de admitir o que toda a gente sabe: que ninguém é perfeito e que a única perfeição que está ao nosso alcance é a consistência. Não há nenhuma grande entrega. Uma pessoa apenas tem de se dar a conhecer. Tem de ser com honestidade. Não somos obrigados a confessar os nossos defeitos, mas quando somos apanhados a mostrar um deles, temos de sorrir e pedir desculpa por ser assim. A confiança perde-se quando somos apanhados a enganar a outra pessoa? Não, é perdida no momento em que se engana. A pessoa que engana é a pessoa que deixa de querer a confiança de quem enganou. E é essa indiferença que mais magoa a pessoa enganada.


42 • Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

ESPAÇO PÚBLICO

# Ocupa Pedro II NACHO DOCE/REUTERS

1.

Alexandra Lucas Coelho Não ficções O moreno Miguel, filho de Mestre Manel, estende a mão para eu entrar na roda. Veio da favela da Rocinha com os rapazes, o tambor, o berimbau, as camisetas que dizem Acorda Capoeira. Lá na favela, é um meio de desviar os meninos do tráfico. Aqui, faz voar os meninos de classe média do Rio de Janeiro, sobretudo brancos, sobretudo de classe média, sobre o chão do colégio público mais antigo e mais famoso do Brasil, fundado há 180 anos pelo imperador Pedro II. Nestes últimos dias do pior ano da vida deles, ocupam a escola há mais de um mês. Votaram por isso, organizaram-se em nove comissões, dormem por turnos, têm oficinas, filmes, palestras, teatro, esta tarde, capoeira. Todos descalços no chão da quadra desportiva do colégio, com os seus pés macios, os seus pulsos delicados, batem palmas, ecoam o canto dos negros trazidos para a colonização do Brasil: “Lêlêlê lêlêlê lêlêlê lalala”. E, pela primeira vez, um a um, lançam-se no ar. 2. Brasil fora, há umas mil escolas ocupadas por estudantes em luta contra a anunciada reforma do ensino e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que congela gastos públicos por 20 anos, incluindo educação. Dá trabalho ocupar uma escola, trabalho inédito, mais fácil dormir na praia, frente a algum ecrã. Mas esta geração é inédita mesmo. Gente inédita para um tempo inédito. Trabalho diário e frustração diária. Não é mole, não. 3. Na tarde da capoeira no Pedro II conheci estudantes dos 12 aos 19 anos. O colégio tem 12 campus no Rio de Janeiro, e uns seis estão ocupados. Fui sem aviso ao do Humaitá, na Zona Sul. Cartazes nas grades, portão fechado, mas acenando para a entrada os estudantes do lado de lá do segundo gradeamento gritam que é só puxar o fecho. O gradeamento é para proteger a ocupação enquanto quem vem se identifica. Não me pedem um cartão, só o nome, que anotam num grande caderno. Seguindo pelo pátio-corredor central, palavras de ordem pintadas, escritas, coladas (“Sua saúde mental vale mais que suas notas”; “Sem Temer foi sempre o nosso lema”). Numa parede estão afixadas as nove comissões (Comida, Limpeza, Saúde, Actividades, Segurança, Comunicação, Pais, Infra-estruturas, Tesouraria), com as tarefas mais imediatas, e o nome dos estudantes responsáveis. Avançando até aos fundos, há uma horta do lado esquerdo, vários meninos

lá dentro, e no fim de tudo a quadra onde já vibra o berimbau da capoeira. Dezenas na roda. 4. Quando a roda termina, sento-me com um dos estudantes mais velhos nos degraus da bancada de cimento, aos pés da frase: “Nada deve parecer impossível de mudar”. Qualquer coisa nele lembra um muito jovem Caetano Veloso chegado da Bahia, talvez o corpo esguio, talvez a cor morena, talvez a barbicha, os caracóis, a voz, aquele jeito lento, baiano de falar coisas tremendas com um vagar. Ele tem 19 anos e um brinco balançando na orelha esquerda, mora em Vila Isabel, bairro carioca da Zona Norte onde há cem anos morava Noel Rosa, um dos maiores sambistas da história. É difícil “virar” estudante do mais célebre colégio público, tem sorteio e tem prova, este finalista entrou por prova, e a primeira coisa que ele me diz não é uma declaração de triunfo, nem de estratégia, mas como estas quatro semanas de ocupação balançaram tanto a cabeça dele que por vezes “vira” um

Mil escolas ocupadas no Brasil. Dá trabalho ocupar uma escola, um trabalho inédito. Uma geração inédita para um tempo inédito

“distúrbio de personalidade”. De repente, o mundo ficou do avesso. “E não é fácil”, ele repete, “estar aqui junto, fazer coisa junto, não é fácil”, ele repete, “a gente tem problemas”. Uma pequena história da humanidade, não? Esses meninos não estão aqui posando. 5. Poucos aqui são da Zona Norte, como ele. Ele “pega dois ônibus” para chegar, uma hora até à escola. Nas primeiras semanas da ocupação “ficou directo”. “Sempre tem um grupo dormindo, no mínimo umas 25 pessoas.” Nas salas de aula do andar de cima, ele aponta as janelas, pede desculpa por não me levar lá, combinaram que iam preservar o dormitório dos olhares exteriores. Cada um trouxe o que precisava para dormir. Há duche, mas só água fria. E há sempre um grupo acordado, vigiando. “Tem um ponto em que a gente fica um pouco desgastado, com necessidade da família.” Muitos pais vêm apoiar, os pais dele também vieram, todos os dias há pais aqui, e professores. Os professores estão em greve, já estavam. É uma luta com várias frentes, a que se juntam em alguns momentos os mais novos. Mas na ocupação, dormindo, eles têm entre 15 e 19 anos. “É muita gente diferente. Tem choque o tempo todo, formam-se grupos, diferentes posicionamentos. A gente tem que buscar se entender.” Pausa, e insiste: “A gente tem dificuldades.” E, de alguma maneira, esta fraqueza é parte do novo, e genuíno. 6. “Mas tem que ter essa PEC, tem que ter controle de gastos”, diz uma amiga com quem almoço no dia seguinte, que sabe tudo dos podres das finanças, do Brasil em geral. “Esses meninos são incríveis, mas onde eles querem chegar?”, ela pergunta. “Qual

o objectivo deles?” E, de alguma maneira, estas perguntas já não são deste tempo, ou desta geração. Não tenho uma resposta para o que a minha amiga pergunta. Penso que talvez eles dissessem que não há uma só resposta, ou que mais do que “chegar” eles querem estar acordados, agora, aqui. Só sei que eles estão lutando sabendo bem como é difícil. Como todos os dias no Brasil tem derrota. 7. Nos últimos anos, o Pedro II passou a ter um reitor eleito por professores, funcionários e estudantes (um terço de votos para cada), Oscar Halac. Quando o colégio aboliu a distinção de uniforme consoante o género e foi criticado por isso, o reitor disse que “a escola não deve estar desvinculada de seu tempo e momento histórico”. Halav vê o actual movimento de estudantes no Brasil como “uma evolução do processo sociológico”, em que “o país começa se autoconhecer, a ter um processo de uma nação democrática”. Declarou-se contra qualquer intervenção policial na ocupação, e desvalorizou boatos sobre drogas e relações sexuais dentro do colégio, considerando que isso “só contribui para um maior desentendimento”. Rematou com uma citação de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita.” 8. ”A escola tradicional não oferece muito pra gente, oferece uma parada enrijecida”, diz o meu quase baiano de Vila Isabel, levando-me ao pátio onde está a passar um filme, à sala da limpeza cheia de detergentes e esfregões doados. “A gente aqui reinventa o espaço. Mas não é fácil desenvolver um projecto político pedagógico alternativo. O ideal não é consensual.” Oficialmente não há uma liderança, simplesmente uns dedicamse mais à ocupação. No início tomavam decisões em assembleia, mas começaram a sentir que isso também era algo velho. Se o colégio tinha uma tradição de grémio (associação de estudantes) ligado ao PSOL (partido de esquerda), agora houve um corte com a partidarização. O meu interlocutor é dos mais activos, está em duas comissões, mas nem eu pergunto para onde eles vão nem ele responde. “Só sei que vou sair daqui com um aprendizado para a vida. Recebo muita infomação, a nossa cabeça fica muito cheia, é uma mudança radical, quebrar ociosidade, improdutividade, o ficar encostado. Aqui, a gente está-se propondo fazer coisas.” Coisas políticas fora de partidos. Ele toca tuba, até à ocupação tocava em shows, na rua, mas agora a música está em pausa, tal como a ideia da faculdade. Faculdade, próximo ano: visto daqui, de Escreve à segunda-feira


Público • Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016 • 43

ESPAÇO PÚBLICO

Há perguntas para responder na Caixa

Recomeçar de novo na CGD: é preciso MIGUEL MANSO

Vítor Costa Por que é que o anterior Governo nunca quis resolver o problema de capital que já se sabia que existia na Caixa?

A

Caixa Geral de Depósitos (CGD) deverá apresentar prejuízos de quase 3000 milhões de euros em 2016, segundo o plano estratégico do banco a que o Expresso teve acesso e divulgou no passado sábado. O dito plano é da responsabilidade do ainda presidente da CGD, António Domingues, o líder mais rápido da Caixa de que há memória: entrou a 31 de Agosto e já tem data de saída, 31 de Dezembro. Em três meses terá feito passar os resultados da CGD de um prejuízo de apenas 189,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano para 3000 milhões de euros no conjunto do ano. Estes são os factos conhecidos. São números impressionantes. São números demasiado impressionantes para que ninguém os explique. São números que resultam de uma nova política que em três meses virou de pernas para o ar tudo o que era a prática no banco público: onde antes se tentava negociar e recuperar crédito, mantendo vivos os devedores, a palavra de ordem é agora registar esse crédito como perdido e constituir as respectivas imparidades. O objectivo é simples e segue a teoria do Governo de que limpando os balanços dos bancos estes poderão voltar a dar crédito às empresas, estas voltam a investir e a economia avança. O problema é que os inquéritos ao investimento do Instituto Nacional de Estatística que o PS tantas vezes citava na oposição continuam a dar os mesmos resultados: os maiores obstáculos ao investimento não resultam da dificuldade de acesso ao crédito, mas da falta de procura. Para a Caixa, o resultado imediato é simples: tudo o que de mau acontece fica registado em 2016 e nos anos seguintes há caminho livre para voltar aos lucros. Mas para que tal aconteça terá de entrar dinheiro na Caixa. Muito dinheiro. Dinheiro dos contribuintes. E também por isso deveria haver mais explicações. Por que é que o anterior Governo nunca quis resolver o problema de capital que já se sabia que existia na Caixa? A Caixa precisava mesmo de fazer este aumento brutal de imparidades?

O

Ricardo Cabral

Foi esta a forma que o Governo encontrou para criar um “banco mau” só para a Caixa? O auditor da Caixa, a Deloitte, aceitou a política de imparidades que estava a ser seguida e agora aceita a nova política? Que efeito vão ter estes resultados na imagem externa e interna da Caixa, alguém se preocupou com isso, especialmente tendo em conta que não será António Domingues a dar a cara pelos resultados? As imparidades que se estão a constituir resultam de créditos não pagos, mas com garantias reais? Se sim, como vão ser vendidas essas garantias? O que andou a fazer o Banco de Portugal para permitir que estas imparidades, se são necessárias, não tivessem sido feitas antes? O Banco de Portugal concorda com esta política? Que efeitos terá esta política de imparidades sobre os restantes bancos? Ficam duas sugestões. Uma ao primeiroministro: que aproveite o debate parlamentar quinzenal de quarta-feira para apresentar o que o seu Governo negociou com Bruxelas e o que vai acontecer à Caixa. A outra aos deputados: amanhã a comissão parlamentar de inquérito à CGD retoma os trabalhos. Agora, mais do que nunca, esta comissão deveria abranger a actual recapitalização da Caixa.

Em três meses António Domingues terá feito passar a CGD de um prejuízo de apenas 189,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano para 3000 milhões no conjunto do ano

Escreve à segunda-feira vitor.costa@publico.pt

Governo, aparentemente, pretende que a nova administração da CGD cumpra o plano que António Domingues preparou e que, em conjunto com o Governo, negociou com a Comissão Europeia e para o qual existe um “acordo de princípio”. Embora o plano acordado não seja publicamente conhecido, nem tenha sido formalmente aprovado, sabe-se que contempla uma injecção de capital de perto de 5200 milhões de euros. A injecção de capital está associada a uma profunda reestruturação do banco. Além de uma redução de balcões e de 2500 a 3000 funcionários, deverá contemplar igualmente a venda de “activos não estratégicos”, nomeadamente filiais do banco em Espanha e noutros países. Deverá ainda definir objectivos para a redução da dimensão do balanço da CGD (activos). Ou seja, a recapitalização tem custos profundos para a CGD. Bruxelas aceita a recapitalização, mas impõe “um programa de austeridade severo” ao banco, que certamente o deixará muito mais pequeno e muito menos importante do que é actualmente. No entanto, a CGD, mesmo antes da recapitalização, excede os requisitos legais mínimos de capital de forma adequada e, de acordo com um dos rácios de capital (rácio de alavancagem), está muito mais bem capitalizada do que vários dos grandes bancos europeus. Perante este cenário, é necessário questionar: I. Quanto capital é necessário? É certo que os testes de stress de Setembro de 2016 da Autoridade Bancária Europeia (EBA) e do BCE, terão, segundo a imprensa, constatado uma deficiência de capital de mais de 2000 milhões de euros no cenário adverso. Mas como é que se passa de uma deficiência de capital de “mais de” 2000 milhões de euros para os 4200 milhões de euros (excluindo a conversão dos CoCos do Estado) de injecção de capital do plano de António Domingues? E como reconciliar isso tudo com a opinião da anterior administração da CGD que, segundo refere o ministro das Finanças, terá indicado necessidades de capital de próximas de 2000 milhões de euros (presume-se, próximo de mil milhões

de euros excluindo os CoCos). Em síntese, não se compreende com que fundamento o Governo legitimou as necessidades de capital da CGD. II. Como se arriscam 4200 milhões de euros assim? O que acontece se o plano de recapitalização e de reestruturação da CGD correr mal? O acordo com a Comissão terá muitas condições, mas entre elas estará possivelmente que se a CGD não cumprir determinados objectivos terá de devolver parte ou a totalidade da ajuda estatal. Se essa for uma das condições (e não se conhece o teor do “acordo de princípio”), como pode o Estado português arriscar 4200 milhões de euros de dinheiros dos contribuintes? Bastará o incumprimento numa parte diminuta dos objectivos para pôr todo o plano de recapitalização e de reestruturação em causa junto da Comissão Europeia. III. E que reestruturação da CGD? O plano de reestruturação prevê a redução de até 3000 funcionários, o que necessariamente diminuirá a actividade económica da CGD. Numa altura em que todos os bancos a actuar em Portugal estão a reduzir pessoal e a reduzir a sua presença no país, numa altura em que o crédito bancário está cerca de 100 mil milhões de euros abaixo do seu pico e após um ano em que o crédito bancário caiu nove mil milhões de euros, o principal banco público deveria promover o crescimento económico, em contraciclo. Não deveria promover a redução de actividade económica como parece resultar do seu plano de recapitalização e de reestruturação. Seria, por isso, fundamental repensar o plano, definindo o que se quer e quanto custam as possíveis alternativas para o principal banco público português. E, posteriormente, negociar de novo com a Comissão Europeia. Difícil...? Certamente.

Por Ricardo Cabral, Francisco Louçã e António Bagão Félix Ricardo Cabral escreve à 2.ª e 5.ª, António Bagão Félix à 3.ª e 6.ª e Francisco Louçã à 4.ª e sáb.


Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2016

BARTOON LUÍS AFONSO

CONSOANTE MUDA

Valores que vencem Rui Tavares

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á está perdida a UE? Durante meses só se falava da possibilidade de a extrema-direita ganhar na Áustria e de como isso faria soar o dobre de finados da UE. Para os fãs da desgraça até houve o frisson adicional de os fascistas terem três hipóteses de ganhar estas eleições: na primeira volta, na segunda volta, e numa repetição que se deu por se considerar que a margem da sua anterior derrota teria sido demasiado para que não limpasse todas as dúvidas. Ontem, pelo menos estas eleições ficaram resolvidas de vez: a extremadireita regrediu significativamente em relação à votação anterior do seu candidato, Norbert Hofer. O que é estranho nestas eleições é só se falar do derrotado. Então e o vencedor, Alexander Van der Bellen? Aquilo de que quase nunca se falou foi da possibilidade de pela primeira vez num país da UE haver um Presidente da Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios

esquerda ecológica, libertária e cosmopolita. E foi essa possibilidade que se concretizou, agora por uma margem maior ainda do que nas últimas eleições frustradas na Áustria. A vitória de Alexander Van der Bellen não é só uma boa notícia porque a extrema-direita não ganhou. É uma boa notícia porque ganhou a esquerda, que é diametralmente oposta à extremadireita. Não uma esquerda centrista e acomodada. Não uma esquerda fechada, nacionalista e simpática com o autoritarismo e a corrupção (desde que sejam “anti-imperialistas”). A esquerda de Alexander Van der Bellen é a que defende que todos somos cidadãos do mundo, que todos temos uma responsabilidade perante o planeta, que todos temos de ser fiéis sem concessões no respeito pelos direitos humanos, que os nossos Estados têm uma obrigação de receber refugiados (o próprio Van der Bellen é filho de refugiados), que há vida para lá do Estado-nação e, por fim, que a construção de um projeto europeu democrático e de uma política mundial em que os cidadãos (e não só os governos e as multinacionais) tenham voz são as únicas maneiras de regular

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ROLAND SCHLAGER/AFP

O que os austríacos demonstraram ontem é que ser nacionalista não é ser patriota. Pelo contrário. Os cidadãos do mundo são não só os melhores guardiões do planeta como os melhores patriotas para o seu país a globalização de maneira a que ela beneficie toda a gente e todo o planeta. São estes os valores que quando corajosa e integralmente defendidos conquistam maiorias. A extrema-direita teria provavelmente conquistado o poder contra um candidato do sistema. E se a ela se opusesse um candidato de um suposto anti-sistema que no fundo concordasse com a extremadireita nas simpatias por Putin 3

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e no fechamento de fronteiras, pouca diferença faria. Mas quando a extrema-direita é colocada perante adversários de princípios e valores assumidamente opostos, a escolha fica clara: autoritarismo ou liberdade, regressão ou progresso, passado fascista ou futuro democrático, xenofobia ou cosmopolitismo, uma Europa unida, sem fronteiras e com um papel no mundo ou uma mera coleção de países com medo do vizinho, desconfiança 1.º Prémio

do estrangeiro e cada vez mais irrelevantes. Nos tempos que correm, à distinção clássica entre esquerda e direita não há apenas que acrescentar a segunda distinção essencial entre libertários e autoritários. A crise ecológica, a tragédia dos refugiados e uma globalização desregrada e nas mãos dos mais poderosos trazem para a ribalta uma terceira distinção essencial: nacionalismo ou cosmopolitismo. Nacionalismo significa achar que o mundo se organiza por compartimentos estanques e que cada um deles, democrático ou não, impõe a ordem no seu quinhão. Cosmopolitismo significa achar que além de cidadãos da nossa cidade, da nossa região e do nosso país, temos direitos e deveres como cidadãos do nosso continente e do nosso mundo. O que os austríacos demonstraram ontem é que ser nacionalista não é ser patriota. Pelo contrário. Os cidadãos do mundo não são apenas os melhores guardiões do planeta e os melhores defensores da nossa humanidade comum como — de forma crucial — os melhores patriotas para o seu país. Historiador, fundador do Livre

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AINDA EM

BANCA


Colecção A Casa de quem faz as casas Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, Gonçalo Byrne e Manuel Graça Dias têm, ao longo das últimas décadas, projectado alguns dos mais emblemáticos edifícios e estruturas da Arquitectura nacional e internacional. Mas quando se trata do seu espaço mais íntimo, aquele que eles próprios habitam, quais são as suas preferências? Pela primeira vez, 13 dos mais prestigiados arquitectos portugueses abrem as portas das suas residências privadas numa colecção inédita e exclusiva. Além dos nomes já referidos também Adalberto Dias, Alexandre Alves Costa, Sérgio Fernandez, José Carvalho Araújo, José Adrião, João Mendes Ribeiro, Manuel Aires Mateus e José Carlos Loureiro partilham a sua intimidade na colecção A Casa de Quem Faz as Casas, da autoria e coordenada pelos arquitectos Maria Milano e Roberto Cremascoli. A não perder, todas as terças-feiras, com o PÚBLICO, por mais 7,90 euros Apoio de:

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Adalberto Dias: A Procura do Paraíso Volume 1 · Terça-feira, 6 de Dezembro Por +7,90 euros


Colecção A Casa de Quem Faz as Casas

Entre as casas deles e as casas dos outros Depois do sucesso das colecções dedicadas à arquitectura nacional e internacional, o PÚBLICO volta-se agora para dentro e mostra as casas de quem faz as casas

Arquitectura Quase tão antiga como o Homem, a definição de arquitectura tal como a conhecemos formou-se a partir da altura em que a necessidade de se proteger das tempestades se tornou crucial. Derivada do grego arkhé e tékhton – significando primeiro ou principal e construção – arquitectura refere-se à arte e técnica de projectar o ambiente habitado pelo ser humano. As primeiras construções em Portugal, e que podem ser consideradas importantes no panorama da arquitectura nacional, foram edificadas na Idade do Ferro. Uma visita às ruínas da povoação perto de Guimarães, Citânia de Briteiros, facilmente nos transporta para o século I a.C., quando as casas eram redondas e construídas apenas com granito. Os exemplos ao longo do tempo multiplicam-se e o resultado da sua evolução é perceptível sempre que calcorreamos as ruas de uma cidade ou povoação portuguesa. “A arquitectura diz-nos como habitamos, quais são os desejos, as aspirações e os modelos culturais de uma sociedade. Diz-nos qual é a nossa cultura material, a nossa relação entre o espaço, os objectos e o tempo… É algo que nos diz respeito a todos nós, sejamos arquitectos ou não”, escreve a arquitecta, designer e professora Maria Milano, coordenadora desta e das anteriores colecções PÚBLICO sobre a arquitectura em Portugal.

Agora é a vez das grandes personalidades da arquitectura nacional e internacional abrirem as portas das suas casas. A colecção A Casa de Quem Faz as Casas leva o leitor ao interior das casas de treze arquitectos, mostrando e explicando os seus espaços, projectos, mobiliário e momentos da sua vida. Explicam a distância entre as casas que projectam para outros e as suas próprias. Cada livro é composto por duas partes: na primeira, um reportório fotográfico de Inês D’Orey e as palavras de Maria Milano enchem as páginas; na segunda, textos de Roberto Cremascoli explicam o enquadramento do arquitecto do volume em questão enquanto profissional. Simultaneamente aos treze livros em banca, inéditos e exclusivos, haverá treze pequenos episódios, verdadeiros documentários intimistas, com cerca de 20 minutos, registando a casa e os testemunhos de quem lá vive. Para ver todos os sábados, às 8 horas, na TVI 24, o projecto conta mais pormenores e mostra ao vivo as casas dos arquitectos. Vamos descobrir com que linhas se desenham as casas de Adalberto Dias, Alexandre Alves da Costa ou Sérgio Fernandez. Passamos ainda por Eduardo Souto Moura, Manuel Graça Dias, Gonçalo Byrne ou Álvaro Siza Vieira, entre muitos outros. Para entrar e sentir-se à vontade, todas as terças-feiras, com o seu jornal.

“O tempo é um grande arquitecto, quem não conta com o tempo não vai lá” Álvaro Siza Vieira em entrevista ao Público, 2013


longo da sua carreira colaborou com Viana de Lima e Arménio Losa e ainda em co-autoria com Pedro Ramalho, Alexandre Alves da Costa e José Luís Gomes. Sérgio Fernandez é, também, autor de artigos editados em obras portuguesas e estrangeiras.

Manuel Graça Dias

As vidas de quem faz as casas

Foi em Macau, em 1978 e como colaborador do arquitecto Manuel Vicente, que Manuel Graça Dias iniciou a sua actividade profissional. Natural de Lisboa, onde nasceu em 1953, tinha-se formado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa apenas um antes. Em 1990 criou o atelier Contemporânea, com Egas José Vieira. A casa que recuperou em 1979, na Graça, em Lisboa, em associação com António Marques Miguel, recebeu a Menção Honrosa Valmôr. Docente universitário, tem vários artigos de crítica e divulgação da Arquitectura publicados, sendo também o autor do programa Ver Artes/ Arquitectura.

Adalberto Dias

José Adrião

Nasceu em Março de 1953, no Porto. É arquitecto pela Escola Superior de Belas Artes do Porto e colaborador do arquitecto Siza Vieira de 1971/77. Adalberto Dias é professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e foi premiado na I Trienal Internacional de Arquitectura de Sintra, em 1992. Foi nomeado para o Prémio Mies van der Rohe, em 1996 e para o prémio Iberfad no mesmo ano. Em 1998, foi novamente premiado na III Trienal Internacional de Arquitectura de Sintra e nomeado para o Prémio Secil Arquitectura. Foi arquitecto coordenador da Área Leste A de requalificação da Baixa Portuense - Porto, Capital da Cultura, 2001. Participou em exposições e conferências em Portugal e no estrangeiro, incluindo Espanha, França, Itália e Japão.

Alexandre Alves Costa Natural do Porto, onde nasceu em 1939, Alexandre Alves Costa formou-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1966, e exerce a profissão em regime liberal desde 1970. Dois anos depois, deu também início à sua carreira no ensino universitário. Colaborou, entre outros, com os arquitectos Álvaro Siza Vieira, Camilo Cortesão, José Luís Gomes, J. M. Soares e Sérgio Fernandez e com a Câmara Municipal do Porto, concebendo projectos para vários municípios.

José Carvalho Araújo José Manuel Carvalho Araújo nasceu em Braga, em 1961.

Concluiu o curso de arquitectura em 1990 e assume a direcção do Centro de Estudos Carvalho Araújo, testando um novo modo de encarar as questões do desenho industrial. No ano de 1996, criou a empresa J M Carvalho Araújo, Arquitetura e Design Lda., onde desenvolve projectos de arquitectura de escalas e abordagens diversas e de design industrial. Os projectos e produtos Carvalho Araújo caracterizam-se pela procura da elegância, numa atitude de contenção formal, valorizando a qualidade do desenho, das proporções e dos materiais.

Eduardo Souto de Moura Eduardo Souto de Moura nasceu no Porto, a 25 de Julho de 1952. Frequentou o curso de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto e na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Colaborou no atelier de Álvaro Siza Vieira entre 1974 e 1979 e, em 1980, ano da conclusão da licenciatura, recebeu o primeiro de muitos prémios que constam hoje do seu vasto currículo, entre os quais o prestigiado Pritzker de Arquitectura em 2011.

Sérgio Fernandez Nasceu em 1937, no Porto, e frequentou o curso de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Após a conclusão dos estudos passou a leccionar e a desempenhar outros cargos na ESBAP e na Faculdade de Arquitectura do Porto. Foi convidado para orientar seminários na Holanda e na Finlândia. Ao

1965, José Adrião nasceu em Lisboa. Quase trinta anos depois licenciou-se pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e desde 2001 que é docente no Departamento de Arquitectura na Universidade Autónoma de Lisboa. Em 2002, iniciou a JAA, José Adrião Arquitetos. Em 2012 recebeu o prémio Vilalva da Fundação Calouste Gulbenkian pela obra Fanqueiros em Lisboa. Foi finalista nos prémios FAD 2014, no prémio de arquitectura com a obra Casa da Severa, com o qual recebeu inúmeros prémios posteriormente.

João Mendes Ribeiro Reconhecido com diversos prémios nacionais e internacionais, entre os quais os Prémios Architécti 1997 e 2000, o Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme 2004 ou nomeação para o European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2001 e 2005, João Mendes Ribeiro nasceu em Coimbra, em 1960. Licenciou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde leccionou entre 1989 e 1991. O seu trabalho foi já objecto de inúmeras publicações e exposições por todo o mundo.

João Luís Carrilho da Graça Portalegre viu nascer João Luís Carrilho da Graça em 1952. O arquitecto licenciou-se em Lisboa em 1977 e desde então que dirige o seu próprio atelier. Já leccionou em várias faculdades de Norte a Sul do país. Carrilho da Graça já

recebeu numerosos prémios pelo seu trabalho e entre as suas obras mais conhecidas distinguem-se o Pavilhão do Conhecimento dos Mares para a Expo ’98 e o Núcleo Arqueológico do Castelo de São Jorge em Lisboa.

Gonçalo Byrne Gonçalo Byrne nasceu em Alcobaça, em 1941. Formado em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e doutor “Honoris Causa” pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, é autor de uma obra extensa que abrange projectos de planeamento urbano, desenho de espaços públicos e edifícios, reabilitação urbana e desenvolvimento e sustentabilidade, o que lhe valeu o reconhecimento nacional e internacional.

Manuel Aires Mateus Nasceu em 1963 em Lisboa, onde estudou anos mais tarde. Colaborou com Gonçalo Byrne em 1983 e com o irmão, Francisco Aires Mateus desde 1988, iniciando o atelier Mateus & Associados. Por detrás das brancas superfícies, que costumamos ver publicadas nas revistas, a arquitectura dos Aires Mateus rejeita qualquer ideia de estandardização, superando cada vez mais o limite imposto pela disciplina da arquitectura,

pois a sua essência reside na vida que preenche os espaços e não na forma destes últimos.

José Carlos Loureiro Formado aos 25 anos em Arquitectura pela Escola de Belas Artes do Porto, José Carlos Loureiro nasceu na Covilhã a 2 de Dezembro de 1925. Após uma passagem pelo ensino, criou, em 1972, o Gabinete de Urbanismo, Arquitectura e Engenharia. Foi Vice-Presidente do Conselho Directivo Nacional da Associação dos Arquitectos Portugueses entre 1986 e 1989. Associou-se a diversos congressos e colóquios de Arquitectura e Urbanismo e, desde os anos 50, participa em diversas exposições, tendo sido premiado em algumas delas.

Álvaro Siza Vieira Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira é um dos mais conceituados e premiados arquitectos contemporâneos portugueses. Foi o primeiro português a ser distinguido com o Prémio Pritzker, em 1992, seguindo-se o Prémio Wolf de Artes (2001) e a Medalha de Ouro do RIBA (2009). A sua obra é fortemente marcada pelos arquitectos Adolf Loos, Frank Lloyd Wright e Alvar Alto, dos quais Siza Vieira bebeu as influências modernistas, aliando-as à tradição construtiva portuguesa.


A colecção Vol 1 Adalberto Dias: A Procura do Paraíso 6 de Dezembro Nesta pequena casa de fim-de-semana, Adalberto Dias procura uma forte integração com o contexto físico e cultural da região do Douro. E fá-lo contemporaneamente, desenhando as estratégias psicológicas para criar um sentido de vida fortemente relacionado com o espaço e o tempo, construindo um lugar de conforto e tirando vantagens de uma paisagem deslumbrante.

Vol 2 Alexandre Alves Costa: Os Verdes Anos 13 de Dezembro O arquitecto, professor, ensaísta e crítico Alexandre Alves Costa abriu as portas da casa onde vive há mais de 50 anos. Ali cada divisão conta uma história de autenticidade. O arquitecto portuense revela os seus lugares, aqueles onde constrói o futuro, mas também, continuamente, o passado enquanto memória viva que se materializa no espaço. “Tudo tem vida, tudo o que tenho em casa tem vida”, revela e acrescenta: “A minha vida já não cabe aqui”.

Vol 3 José Carvalho Araújo: A Casa que Nós Somos 20 de Dezembro Para José Carvalho Araújo a arquitectura começa pelo interior, pelo espaço de contacto físico e psíquico entre quem o habita. A sua própria casa reflecte este território individual, privado, onde os gestos se consomem, numa forte relação familiar com o lugar e com uma natureza domesticada, à procura de um refúgio individual.

Vol 8 João Mendes Ribeiro: Uma Casa Feita de Pequenos Nadas arquitecto vai construindo ao longo do tempo e onde assumem um papel essencial os quadros, os livros e as memórias de viagens, mas também os objectos que traz no bolso e que, diariamente, deposita na sua mesinha de apoio, junto do sofá. O quarto volume da colecção A Casa de Quem faz as Casas é-lhe dedicado.

Vol 5 Sérgio Fernandez: Um Espaço de Liberdade 3 de Janeiro A Casa das Alcovas, expressão de um programa “pouco comum”, é o resultado de uma vontade de experienciar uma vida descontraída, não sujeita às regras de habitar e conviver convencionais. Sérgio Fernandez sintetiza desta forma a sua ideia de habitar, uma ideia que se revela nos seus espaços do quotidiano.

Vol 6 Manuel Graça Dias: Uma Colecção de Surpresas 10 de Janeiro A casa que recuperou em 1979, na Graça, em Lisboa, recebeu a Menção Honrosa Valmôr 1983, mas neste volume é na verdadeira a casa de Manuel Graça Dias que entramos, um espaço com uma densidade surpreendente. É um aglomerado organizado de objectos carregados de memórias e muitos objets trouvés, coleccionados e reposicionados, como obras de arte. Não é uma casa projectada de raiz, pelo que exige uma contínua adequação dos objectos ao espaço e a procura de relações que estabeleçam equilíbrios harmónicos.

Vol 10 Gonçalo Byrne: A Intimidade dos Espaços

Vol 12 José Carlos Loureiro: A Nossa Casa

24 de Janeiro É conhecido por obras como a Casa de Chá, nas Ruínas do Paço das Infantas, no Castelo de Montemor-o-Velho mas no oitavo volume da colecção João Mendes Ribeiro permite acesso ao seu espaço mais íntimo, revelando o seu desejo de casa ideal: um espaço de conforto, em estreita relação com um espaço exterior, uma horta ou um jardim; um espaço conseguido através da presença de livros e objectos que se tornam numa natural extensão do corpo no espaço.

7 de Fevereiro Para Gonçalo Byrne, ser contemporâneo é estar vivo e estar vivo é habitar. Habitar é a expressão do universo da intimidade. Por esta razão, quando desenham uma casa para um cliente, os arquitectos não podem chegar ao desenho da última camada, do mobiliário ou até dos objectos do quotidiano. Essa camada é do âmbito do habitar e é nessa camada que mergulhamos no décimo volume de A Casa de Quem faz as Casas, ao percorrermos o espaço onde o arquitecto vive diariamente.

21 de Fevereiro Aberta para uma magnífica paisagem sobre o rio Douro, a casa de José Carlos Loureiro revela uma vida intensa, plena de afectos familiares, memórias e a uma forte vontade de relação com a natureza e o exterior. Ao mesmo tempo é um espaço íntimo, que se foi construindo e ampliando em função da transformação das exigências da vida quotidiana. Um lugar revelador do espírito de um homem que se tem distinguido também pela sua actividade enquanto docente.

Vol 9 João Luís Carrilho da Graça: Sala Vaga

Vol 11 Manuel Aires Mateus: A Casa que Nunca Acaba

Vol 13 Álvaro Siza: Dar Forma a Um Lugar

31 de Janeiro A casa ideal não existe. Se em algum momento pensamos tê-la encontrado, esse momento é fugaz e irrepetível, assim como a felicidade. Apesar desta certeza, a casa que Carrilho da Graça gostaria de ter propõe os valores de um habitar mediterrânico, típico de lugares como o Alhambra: um pátio, vegetação e uma interessante relação interior/exterior.

14 de Fevereiro Para Aires Mateus, uma casa é um espaço onde coabitam os valores da permanência e os valores da mutação, valores que possibilitam a vivência de um espaço e a sua fácil apropriação. Uma casa não deve, por isso, ser um processo fechado, mas sim uma obra aberta a progressivas afinações. É assim o espaço que este arquitecto habita.

Vol 7 José Adrião: A Casa dos Prazeres 17 de Janeiro

Vol 4 Eduardo Souto de Moura: Gosto de Chegar a Casa 27 de Dezembro Souto de Moura, um dos mais prestigiados arquitectos portugueses da actualidade, descreve a sua habitação como uma toca, o último layer da arquitectura. Um espaço banal que o

Com um terraço sobre o rio e desenhada para proporcionar um habitar informal, a casa de José Adrião em Lisboa cria a possibilidade de estar na cidade e usufruir dos tempos livres como numa casa de férias. A escolha dos materiais, a luz e a distribuição dos espaços contribuem para uma atmosfera de serenidade e conforto.

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28 de Fevereiro Para Álvaro Siza a arquitectura pode contribuir para criar um ambiente, mas não é determinante para a felicidade dos indivíduos. Até numa barraca é possível ser feliz. O arquitecto defende que a luz, a sombra, a relação com o exterior, os materiais que, em interacção, criam atmosferas, são um suporte, um apoio indispensável ao desenrolar da vida e das formas.


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