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Edição Lisboa • Ano XXVII • n. n.º 9730 • 1,20€ • Terça-feira, Terça feira, 6 de Dezembro de 2 2016 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos

Fute Futebol A noite no do ttudo ou nada para nad o Be Benfica na Ch Champions Desp Desporto, 40 a 42

Alimentação saudável Sonae ataca mercado onde cada português já gasta 200 euros por ano Economia, 22

Entrevista Os museus têm futuro, mas precisam de aprender a olhar para o passado Cultura, 30/31

Cientistas contra exportação de esqueletos para o Canadá Câmara de Lisboa acedeu a pedido de investigador e aceitou doar centenas de ossadas dos seus cemitérios. Antropólogos levantam dúvidas éticas e legais e escrevem ao Governo para tentar travar saída Ciência, 26 a 29 FILIPPO MONTEFORTE/AFP

Caixa: Costa arruma questão dos salários mas há críticas no PS Ex-ministro João Soares fala em valores “obscenos” e pede a Paulo Macedo que aceite receber menos p10/11

Politécnicos querem passar a chamar-se universidades

Europa em crise Banca italiana coloca em risco sistema financeiro europeu O ano de todas as saídas de líderes da UE Os perigos do contágio a Portugal

Novo representante dos politécnicos públicos diz que o sector ainda enfrenta estigma social p14/15

Patrões ensaiam plano comum para acordo no salário mínimo

Destaque, 2 a 9, e Editorial

O primeiro-ministro Matteo Renzi aceitou adiar por uns dias a demissão: a solução imediata para Itália passa por um governo provisório

Há dez anos foi assinado um acordo histórico que incluiu a CGTP. Confederações vão agora juntas a jogo p20/21 PUBLICIDADE

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2 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

EUROPA EM CRISE

Presidente de Itália quer congelar a crise e prepara governo provisório Estratégia de Mattarella visa evitar eleições antecipadas em poucos meses. Para já, quer que todos os envolvidos se portem à altura da crise. Renzi aceita adiar demissão por uns dias Sofia Lorena

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atteo Renzi anunciou a sua demissão aos italianos hora e meia depois do encerramento das urnas, no domingo, mas deixou-se convencer pelo Presidente a adiar por uns dias a concretização desse anúncio. Com a dimensão da derrota do primeiro-ministro, que viu a reforma constitucional a que uniu o seu futuro chumbada em referendo por 59,1% dos eleitores, é difícil acreditar que sobre margem para Renzi ser reconduzido à frente de um executivo. Esse era o plano A do chefe de Estado, Sergio Mattarella. “São compromissos e prazos cujo respeito as instituições devem assegurar em qualquer caso”, disse Mattarella a Renzi no primeiro encontro do dia, em referência ao Orçamento para 2017, já aprovado na Câmara dos Representantes, mas ainda por

votar no Senado. Entre os dois encontros, Renzi presidiu a um conselho de ministros em que se esperava que formalizasse a demissão. Adiou esse momento. “Faço-o por sentido de responsabilidade e de Estado”, afirmou, regressado ao Palácio do Quirinale, sede da presidência. Os italianos agradecem e Bruxelas também. Os eleitores que chumbaram a reforma tinham razões distintas, numa campanha em que toda a oposição esteve contra Renzi, Movimento 5 Estrelas, à cabeça, mas à qual também se juntaram personalidades como o ex-chefe de governo do centro-esquerda Massimo D’Alema, ou Mario Monti, o economista ex-comissário europeu que já liderou um governo de tecnocratas em Roma. Não se prevê que a votação do Orçamento no Senado demore; anuncia-se que terá lugar “dentro de dias”. A reunião da direcção do Partido Democrático, de Renzi, marcada para debater o pós-referendo foi entretanto adiada de hoje para

amanhã. E há alguns (poucos) analistas que ainda admitem um cenário em que Mattarella convença Renzi, depois de se demitir, a regressar ao Parlamento para se submeter a um voto de confiança e verificar se mantém a maioria. É uma hipótese teórica, não passa disso. Renzi, que ainda não foi eleito (sucedeu a Enrico Letta depois de um voto no interior do partido, em que lhe retirou a confiança), tem muito mais a ganhar com o afastamento do poder. Só assim ganha tempo e balanço para preparar o seu regresso, desta vez, espera, confirmado pelo voto da maioria dos italianos em eleições legislativas. Aliás, seria muito complicado Renzi recuar, independentemente do “sentido de Estado”, depois de tudo o que disse na noite eleitoral. “Na política italiana nunca ninguém perde. Depois de uma eleição, pode ganharse ou não, mas nunca ninguém assume ter perdido”, afirmou. “Eu perdi. Toda a responsabilidade é minha.” A

oposição também dificilmente o toleraria. A derrota foi clamorosa, Renzi anunciara que se demitiria se perdesse e os dirigentes dos principais partidos, do 5 Estrelas à Liga Norte, passando pelo Força Itália, de Silvio Berlusconi, repetem a cada oportunidade que está “acabado”, enquanto clamam por eleições.

O que ninguém quer Ora, a verdade é que nenhum destes partidos quer realmente participar em legislativas de imediato. Nem o 5 Estrelas — o movimento antipartidos de Beppe Grillo que quer referendar a presença de Itália no euro —, que mais surge a defender este cenário, admitindo até que se pode ir a votos com a actual lei eleitoral, a Italicum, em vigor desde Julho, quando foi aprovada pelo Parlamento. “Os italianos devem ser chamados às urnas o mais rapidamente possível”, escreveu Grillo no seu blogue. “O mais rápido, realista e concreto é utilizar uma lei que já existe.”

Essa hipótese não é real — e até Grillo o sabe. Pensada para complementar a reforma que os italianos acabam de enterrar, a Italicum só regula a eleição para a Câmara dos Deputados, reforçando o prémio de maioria e assegurando ao vencedor 54% dos lugares. De fora ficou o Senado, que na Constituição revista perderia poder legislativo e se manteria como câmara simbólica com responsabilidades muito específicas e sem membros eleitos. Para além disso, o Tribunal Constitucional está prestes a decidir sobre a legalidade desta lei. Silvio Berlusconi, que acaba de regressar à política activa depois de um afastamento por razões de saúde, nem sequer poderia ser candidato às legislativas, se estas decorressem em breve. Na verdade, o líder da direita nem poderá apresentar-se em 2018, quando está prevista a nova ida às urnas, já que quando foi expulso do Senado por delito fiscal ficou inabilitado para ocupar cargos públicos até 2019 (aguarda recurso).


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 3

MAX ROSSI/REUTERS

Matteo Renzi aceitou adiar a demissão formal, mas já pensa na campanha eleitoral e em novas eleições

Quem se segue à frente dos destinos do país Pier Carlo Padoan O actual ministro da Economia italiano é o candidato mais provável à liderança de um governo “técnico-político”, capaz de levar o executivo “até ao fim da legislatura, em 2018, ao mesmo tempo que se assistirá à campanha eleitoral mais longa da história”, escreve o diário Corriere della Sera. Para Bruxelas, Padoan garante continuidade e a estabilidade económica e financeira possível. A seu favor o economista de 66 anos tem ainda o facto de não pertencer a nenhum partido. Contra esta opção está um dos mais difíceis encargos que qualquer executivo vai ter — a elaboração de uma nova eleitoral. Piero Grasso

“São compromissos e prazos [a aprovação do Orçamento de 2017] cujo respeito as instituições devem assegurar em qualquer caso” Sergio Mattarella Presidente italiano

O que o 5 Estrelas, considerado o grande vencedor do referendo por ter liderado a campanha do “não” (e o mais bem colocado nas sondagens para disputar a governação com o centro-esquerda do PD), realmente deseja é que o actual Governo permaneça em funções, ocupando-se de gerir os assuntos correntes. Entretanto, caberia ao Parlamento fazer aprovar uma nova lei eleitoral para a Câmara e para o Senado.

Cenários possíveis Sem “Renzi bis”, o que sobra a Mattarella é esta alternativa, ou, mais provável, a escolha de uma figura para liderar um governo de transição, pelo menos até haver acordo parlamentar sobre a nova lei. Fora da mesa está também a hipótese “governo técnico puro”. Nem o Presidente o deseja, nem a oposição o admite — na verdade, a recusa deste cenário será o mais próximo de um consenso que existe hoje na classe política italiana, com todos a recu-

sarem cenários já experimentados, como o Governo liderado por Monti (2011-2013). E se o encargo principal é supervisionar a elaboração de uma lei, então é de um governo político que se trata, defende-se. Na hipótese pouco provável de Mattarella não nomear um sucessor para Matteo Renzi, nunca haveria eleições antes da Primavera. No cenário mais verosímil, pode ocorrer a formação de um governo para liderar os destinos do país até 2018, completando o que sobra de legislatura, ou apenas durante o tempo necessário para desbloquear a lei eleitoral e marcar uma nova ida às urnas. O que o Presidente que acaba de congelar a crise por poucos dias quer é que “o clima político seja marcado pela — porque a participação dos italianos no referendo, de 68%, “testemunha uma democracia sólida, de um país apaixonado, capaz de participação activa”. slorena@publico.pt

É aqui que surge o nome do respeitado presidente do Senado, o exmagistrado antimáfia Piero Grasso. Um executivo seu seria aquilo que a imprensa italiana chama um governo de “meio alcance”, ou “governo golo” — o golo é a lei que terá de ser aprovada para enquadrar as próximas eleições. A que está actualmente em vigor, aprovada em Julho no Parlamento, foi pensada em complemento da reforma constitucional agora chumbada e deixou de ser viável. Grasso, de 71 anos, tem boas relações com os partidos da oposição e, sendo membro do Partido Democrático, não é “renziano”. Isto pode ser visto como bom por Matteo Renzi, que assim ganharia distância para lançar a sua campanha. Neste cenário, o governo duraria apenas o tempo necessário para fazer aprovar a nova lei.

Graziano Delrio Delrio (56 anos), ministro das Infra-estruturas e Transportes, surge como potencial sucessor de Renzi ao lado de figuras como Dario Franceschini (58 anos), ex-líder do PD, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paolo Gentiloni (62 anos). Membros com poder no PD, que mantém maioria relativa na Câmara dos Deputados, são mais próximos do primeiro-ministro demissionário do que os referidos antes. Menos Franceschini, que é mais bem visto dentro do partido do que entre a ala pró-Renzi. Seriam sempre líderes de um governo político e menos técnico “puro”. Romano Prodi O antigo líder do centro-esquerda (que uniu católicos e póscomunistas) e duas vezes primeiro-ministro diz não estar disponível, mas em Itália estas declarações nunca são levadas a sério. “Il Professore”, economista de 77 anos, seria bem visto entre vastos grupos no PD. Anunciou ir votar “sim” no referendo a poucos dias da consulta. Emma Bonino Também se discute o nome da ex-comissária europeia, reconhecida internacionalmente e capaz de fazer sorrir o Movimento 5 Estrelas. Mas a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros, de 68 anos, não seria a escolha dos próximos de Renzi (que a consideram radical). Na linha de figuras com peso e mais afastadas surge o juiz do Tribunal Constitucional e exchefe de governo de 78 anos, Giuliano Amato, mais bem visto em sectores do centro-direita do que na esquerda.


4 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

EUROPA EM CRISE Com a queda de Renzi a Itália regressa ao “ano zero”

Análise Jorge Almeida Fernandes

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atteo Renzi somou vitórias sobre vitórias para perder a partida decisiva. São impressionantes os números da sua derrota no referendo: 19 pontos percentuais. Era, até há um ano, o político mais popular de Itália, com taxas de aprovação superiores a 60%. Foi ele quem escolheu o terreno do referendo para fazer passar “a reforma das reformas” e personalizou a consulta para obter uma investidura popular. Queria demolir o anquilosado sistema político italiano. No domingo, assumiu pessoalmente a derrota, sem bodes expiatórios. Mas disse aos colaboradores: “Não acreditava que [os outros dirigentes partidários] me odiassem tanto.” Foi vencido por uma coligação de “todos contra Renzi”. O seu projecto era uma ameaça para quase todos os adversários. A perplexidade que este desfecho possa suscitar foi ontem sublinhada no La Repubblica. “Jamais um governo tinha feito tantas reformas em tão pouco tempo, pouco mais de mil dias. Jamais um primeiro-ministro, desde 1948, tinha feito o seu partido superar o tecto dos 40% [nas eleições europeias de 2014]. Mas a categórica derrota de Matteo Renzi no referendo não é explicável sem o seu terceiro termo: jamais um homem político conseguiu fazer nascer tão rapidamente um sentimento transversal, profundo e multicolor, da extremadireita à extrema-esquerda, um sentimento que acabou por partir

ANDREAS SOLARO/AFP

em dois o seu próprio partido: o anti-renzismo.” Renzi emergiu como figura nacional em 2010 — era então presidente de Florença — ao propor “mandar para a sucata” uma geração inteira dos dirigentes do Partido Democrático (PD), se a esquerda se quisesse livrar de Berlusconi. Exigia o rejuvenescimento da política. Conquistou a liderança do PD nas primárias de Dezembro de 2013 e, dois meses depois, assumiu pessoalmente a chefia do Governo, sem ter vencido eleições.

Erros O activismo do jovem primeiro-ministro agradou aos italianos. Cultivava a velocidade e fazia dos obstáculos oportunidades. Personalizou a política e o partido. Bateu-se por um executivo forte, daí a necessidade de pôr termo ao bicameralismo perfeito e mudar as competências do Senado. Cometeu entretanto um duplo erro. Ao ligar ao referendo o seu destino político, incentivou a união dos adversários. Ao elaborar uma lei eleitoral (Italicum) destinada a garantir ao partido vencedor uma maioria absoluta — produto de uma negociação com Berlusconi —, criou uma armadilha para si mesmo. A decadência de Berlusconi e a ascensão do Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, ao papel de segundo partido mudaram o tabuleiro. Chegou-se ao inimaginável cenário do “todos contra Renzi”, o que permitiria a Grillo bater o PD numa segunda volta das legislativas. Seria uma oportunidade dourada, e única, para se desfazerem do primeiroministro, num clima de caos. Teria Renzi outro meio de realizar o seu projecto? Ou desistia, pela falta da maioria dos dois terços no Senado, após a ruptura do acordo por parte de Berlusconi, ou restava o referendo. Na altura, a revisão constitucional tinha a aprovação

da grande maioria dos italianos. Mas não percebeu, tal como David Cameron, que um ano depois da promessa do referendo o clima político-social pode ter mudado radicalmente. Renzi não foi derrotado por um projecto alternativo. O referendo suscitou uma coligação tipo “albergue espanhol”: a minoria de esquerda do PD, a extremaesquerda, intelectuais e juristas que denunciavam a reforma como antecâmara da “ditadura”, a esquerda sindical furiosa com a nova lei laboral, a Força Itália, de Berlusconi, e a Liga Norte, de Matteo Salvini. E, como ponta-delança, os Cinco Estrelas. Renzi e as reformas foram derrotados pelo velho mas refinado establishment político. Maurizio Molinari, director do La Stampa, chama a atenção para a outra face da moeda, o voto de protesto contra o Governo, já patente nas últimas eleições locais.

“Votaram ‘não’ as famílias das classes médias descontentes, sem esperança de prosperidade e bem-estar para filhos e netos. Votaram os jovens sem trabalho, votaram os operários que se sentem ameaçados pelos imigrantes ou os empregados a quem o salário não chega.” O país permaneceu insensível não só às promessas, como às próprias realizações do Governo. Compara este voto com o que se passou no “Brexit” ou na eleição de Donald Trump. O Il Sole 24 Ore acrescenta um elemento psicológico. “Não foi uma derrota de Renzi, mas a recusa de uma reforma mal conduzida. Renzi não devia fazer chantagem sobre os italianos. Inovar é bom, mas é outra coisa.”

Efeitos Uma derrota tangencial deixaria a Renzi larga margem de manobra. Um desastre desta dimensão não apenas força a demissão do

primeiro-ministro, como debilita a sua posição dentro do partido. Os seus adversários no PD jogam a sua sobrevivência política e a possibilidade de serem candidatos nas eleições de 2018. A guerra no PD não vai ser bonita de se ver. Não haverá eleições sem nova lei eleitoral — a haver, votar-seia para o Senado com uma e para os deputados com outra. A política geral está sob efeito de uma tempestade perfeita. A “frente do não” não existe politicamente, não tem líder, nem coerência e depressa as suas várias componentes vão entrar em guerra entre si. Que reformas poderão ainda ser feitas? Conclui na L’Espresso o jornalista Marco Damilano: “Devia ser, nos planos de Renzi, o dia de nascença da Terceira República, com um referendo de estilo gaullista. Chegou, ao contrário, o ano zero.” jafernandes@publico.pt


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6 Dezembro 2016 / Janeiro 2017 Galeria de Exposições Temporárias do Museu de São Roque

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6 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

EUROPA EM CRISE O ano da mortalidade dos líderes europeus Londres, Paris e Roma sofreram terramotos políticos no último ano que decapitaram as suas lideranças de uma forma inédita. Merkel é agora a última dos europeístas num grande país da UE João Ruela Ribeiro

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avid Cameron, François Hollande e, agora, Matteo Renzi. No último ano, os líderes dos governos de alguns dos principais países da União Europeia tombaram perante uma combinação destrutiva de eurocepticismo, insegurança, desemprego e populismo. O quadro fica completo com a incapacidade de cada um deles em interpretar de forma correcta as preocupações do seu eleitorado e de terem arriscado a sua sorte política. A chanceler alemã, Angela Merkel, é a única chefe de Governo de um grande país europeu com um perfil europeísta que se mantém firme no seu posto. No próximo ano enfrenta eleições federais que, à partida, vencerá, apesar de também ela ser ameaçada por uma onda semelhante à que varreu os seus antigos colegas das cimeiras do Conselho Europeu.

David Cameron O trunfo que assegurou ao líder dos conservadores uma inesperada maioria absoluta — quando a generalidade das sondagens apontava, na melhor das hipóteses, para uma maioria relativa — nas eleições gerais de 2015 foi o mesmo que o viria a expulsar do

número 10 de Downing Street, pouco mais de um ano depois. Pressionado pelo crescimento da popularidade do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) e pela pressão das alas tradicionalmente eurocépticas do seu próprio partido, David Cameron prometeu consultar os britânicos sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, caso continuasse a governar depois de 2015. Assim aconteceu e Cameron, que nunca foi um grande entusiasta pelo projecto europeu, marcou o referendo e, depois de meses a negociar “uma nova relação com a União Europeia” (sem nunca excluir que, em caso de fracasso, iria fazer campanha pela saída) anunciou em Fevereiro a sua oposição ao “Brexit”. A crença era a de que, à semelhança do referendo de 1975, o eleitorado iria preferir a continuidade no bloco comunitário em vez do mergulho no desconhecido que seria a saída. Mas 2016 não é 1975. A campanha dos partidários do “Brexit” foi impiedosa e girou em torno da imigração, captando os ressentimentos da classe operária que se sentiram postos de parte pelas políticas liberais das últimas duas décadas e o descontentamento de grande parte da população que vive fora das grandes metrópoles em relação à entrada de imigrantes dos Estados-membro do Leste europeu. Pelo contrário, a campanha pela

permanência nunca conseguiu uma defesa entusiástica da UE, optando por centrar-se no perigo que a saída representava para a economia britânica, um argumento que não cativou a maioria dos eleitores, apesar do apoio das grandes empresas e da larga maioria dos deputados.

François Hollande Foi com o semblante carregado e um discurso seco e pouco emotivo que François Hollande anunciou, na semana passada, a decisão inédita de não se apresentar às eleições presidenciais do próximo ano. Eleito em 2012 com a promessa de uma governação diferente — um afastamento da austeridade orçamental exigida por Berlim —, Hollande acabou por abandonar as suas promessas eleitorais, inclinando-se para o cumprimento das regras do euro. Os sindicatos usaram toda a sua força de contestação para contrariar esta nova fase, encarnada pelo novo Governo de Manuel Valls, vindo da direita do PS, a última das quais foi a revisão do Código do Trabalho que veio flexibilizar os despedimentos e que levou a protestos maciços em todo o país. Com Hollande no Eliseu, a extrema-direita, com Marine Le Pen ao leme, viveu o melhor período eleitoral das últimas décadas: dominou nas eleições europeias, conquistou

Ao mexer de forma tão profunda com tantos sectores diferentes e tão rapidamente, Renzi concentrou contra si uma coligação negativa difícil de ultrapassar Poucos dias depois da vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, o New York Times declarava Merkel a “última defensora do Ocidente liberal”

vários municípios, entrou na Assembleia Nacional e no Senado e alimenta hoje genuínas esperanças de alcançar a presidência. Os atentados terroristas em solo francês dos últimos dois anos mergulharam o país num permanente estado de ansiedade, ao qual Hollande respondeu com propostas duras, algumas inspiradas pela extrema-direita, como a retirada da nacionalidade a suspeitos de terrorismo. A medida caiu por terra — abrindo caminho a críticas da direita — e abriu nova crise no Governo, com a demissão da ministra da Justiça. O episódio é um reflexo do mandato do Presidente que sai com o índice de popularidade mais baixo de sempre.

Matteo Renzi A demissão de Renzi após a derrota da reforma constitucional no referendo de domingo atira Itália para um lugar conhecido: a instabilidade política. Ganhou fama de reformista à frente da câmara municipal de Florença e tomou de assalto o Partido Democrático, derrubando, em Fevereiro de 2014, Enrico Letta e assumindo, sem eleições, a chefia do Governo. Vencido o partido e o país, Renzi propunha-se, a partir de Roma, promover um reequilíbrio em Bruxelas. A vitória nas eleições europeias de Maio de 2014 fortaleceu a posição de


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 7

JOHN MACDOUGALL/AFP

Obama está de saída, Hollande não se recandidata e tanto Cameron como Renzi sofreram derrotas que os levaram a demitir-se. Só Merkel resiste

Cimeiras dos países do Sul da Europa, que futuro? Sónia Sapage

H Renzi como o líder político mais relevante do centro-esquerda europeu. O objectivo era opor ao dogma da austeridade seguido por Berlim e pelos países do norte do continente uma abordagem mais “humana” sem, porém, esquecer os pilares do Tratado Orçamental. Em pouco mais de dois anos, o seu Governo promoveu mais reformas do que qualquer outro nas últimas décadas. Foi reformulada a lei laboral, abolidos inúmeros impostos, aprovado o regime da união civil para casais do mesmo sexo e reformado o sistema eleitoral para favorecer o estabelecimento de maiorias no Parlamento. Ao mexer de forma tão profunda com tantos sectores diferentes e tão rapidamente, Renzi concentrou contra si uma coligação negativa difícil de ultrapassar, que inclui os populistas do 5 Estrelas, a direita e a extremadireita, bem como algumas franjas da esquerda. A derradeira reforma, aquela que via como vital para a sua visão de Itália, acabou por ditar o fim de mais um Governo.

Angela Merkel Poucos dias depois da vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, o New York Times declarava Merkel a “última defensora do Ocidente liberal”. À medida que as eleições à sua volta se vão desenrolando,

o epíteto parece ter cada vez mais força. Mas também na Alemanha se acumulam os sinais de que uma vaga semelhante à que atingiu os principais líderes europeus se está a construir. A grande ameaça vem do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que surgiu em 2013 como uma formação crítica da moeda única europeia — com o argumento de que os contribuintes alemães não podiam suportar as dívidas dos países do Sul — e que, entretanto, se radicalizou, adoptando o discurso da extrema-direita xenófoba e anti-imigração. No seu congresso, em Maio, o partido aprovou um manifesto abertamente anti-islão. A resposta de Merkel ao populismo xenófobo veio em contraciclo. Em Setembro do ano passado, quando milhares de refugiados se concentravam nas fronteiras externas da UE, a chanceler ordenou a abertura de fronteiras e lançou um apelo ao resto do continente. A política de portas abertas causou uma queda na popularidade de Merkel, mas o cenário mais provável nas eleições federais do próximo ano continua a ser o da sua reeleição para um quarto mandato. Hoje, a chanceler é vista fora das fronteiras do seu país como o último baluarte da defesa da União Europeia contra a vaga populista. joão.ruela@publico.pt

á qualquer coisa como três meses menos uns dias, Teresa de Sousa escrevia nas páginas do PÚBLICO, a propósito da Cimeira dos Países do Sul da Europa realizada em Atenas: “Pode ser a primeira mas também a última. Há meia dúzia de meses ainda parecia impossível.” A verdade é que o encontro que reuniu, em Setembro, em Atenas, os líderes de Portugal, Itália, Chipre, França, Grécia e Malta (o espanhol Rajoy fez-se representar, à última hora, por um secretário de Estado) dificilmente voltará a realizar-se com aqueles protagonistas. Desde logo porque Matteo Renzi, o então primeiro-ministro italiano, está demissionário, na sequência de um referendo que já então parecia colocar a sua posição em perigo. Mas também porque há mais Europa a mudar. Ainda assim, a realização da anunciada II Cimeira dos Países do Sul, em 2017, em Lisboa, mantém-se em cima da mesa. E do lado português, o primeiro-ministro António Costa faz pressão sobre o futuro líder do executivo italiano ao dizer que deseja que a “decisão lúcida e muito corajosa” tomada no domingo por Renzi “não comprometa a participação activa” de Itália no projecto europeu. Matteo Renzi “tem muito a dar, é uma força de energia, de criatividade, de combatividade que fará muita falta à Europa se se retirar do Conselho Europeu”, disse Costa. Não há dúvidas de que Renzi era uma peça importante na engrenagem dos países que queriam uma mudança de estratégia política na Europa, mais voltada para o investimento. Sem o seu apoio, a onda antiausteritária que prometia varrer a Europa a partir do Sul — e que teve até a simpatia de alguns comissários europeus — perde força. Sem querer mostrar apreensão pela saída de Renzi, o PS emitiu ontem um comunicado onde se lia que “o

Partido Socialista sublinha a importância de a Itália, país fundador da União Europeia, continuar a dar o seu contributo activo para o projecto de construção europeia”. E exprimiu o desejo de que aquele país “mantenha o seu empenho na promoção de uma Europa mais forte e solidária”. Em Portugal, é Pedro Passos Coelho quem deixa os alertas, olhando para a crise agora aberta em Itália com desconfiança. “Ninguém pode dizer que só pelo facto de a Itália há muitos anos lidar com crises políticas que esta não possa vir a transformar-se numa crise mais gra-

Sem o apoio de Renzi, a onda anti-austeritária que prometia varrer a Europa a partir do Sul perde força

ve”, afirmou o presidente do PSD. Passos recordou que foi o próprio primeiro-ministro italiano que transformou o referendo num “plebiscito a ele próprio e ao seu Governo”. E agitou a bandeira da crise financeira. “O grande problema é saber como é que sistema financeiro e em particular sistema bancário vai reagir à crise política”, assumiu Passos Coelho, lembrando que “o primeiro-ministro italiano há um ano que anda a gritar aos quatro ventos que tem problemas com os bancos”. Para Marcelo Rebelo de Sousa, que conserva o seu optimismo também nesta matéria, o que estava em causa no referendo italiano não era a União Europeia, mas sim “uma reforma constitucional”. O povo foi questionado sobre “mudar ou não o sistema político” e disse “soberanamente” que não quer mudar. “Não disse: ‘queremos sair do Euro, queremos sair da Europa’”, explicou o Presidente da República. sonia.sapage@publico.pt DANNY GYS/AFP

Portugal precisa de Renzi para travar austeridade do Norte europeu


8 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESTAQUE

EUROPA EM CRISE Sérgio Aníbal

Mercados calmos mas ainda de olhos postos na banca

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Capitalização do banco Monte dei Paschi treme por causa da incerteza política e Estado italiano pode ser forçado a intervir YVES HERMAN/REUTERS

eja porque a derrota de Renzi já era esperada, seja porque em Itália uma mudança de Governo já não assusta, seja porque Mario Draghi em Frankfurt pode sempre ajudar, a verdade é que, depois de tanto tempo à espera da tempestade que se seguiria a uma vitória do “não” no referendo em Itália, os mercados responderam com um dia da mais absoluta normalidade. No fim da sessão, a bolsa de Milão foi a única a cair na Europa e não foi mais que 0,22%, as taxas de juro da dívida estabilizaram em níveis muito próximos dos do final da semana passada e o euro até registou uma subida face ao dólar. No entanto, para lá desta aparente acalmia e tranquilidade, há ainda uma razão para nervosismo: a dificuldade extra que a incerteza política traz à tarefa de encontrar uma solução rápida para os bancos mais débeis de Itália. Nas bolsas e nos mercados monetários e da dívida, o dia começou com algum sobressalto. As bolsas registaram perdas nos primeiros minutos, o euro caiu e as taxas de juro subiram. Mas muito rapidamente, à medida que os investidores percebiam que não havia sinais de pânico à sua volta, todos estes indicadores começaram a voltar ao ponto em que se encontravam no início da sessão. O sentimento geral é o do que, durante as últimas semanas, a generalidade dos actores do mercado já antecipava um resultado deste tipo no referendo e que, por isso, tinham nos seus portfólios a exposição à Itália considerada adequada para este tipo de cenário. Não tendo havido surpresas significativas (embora a dimensão da derrota de Renzi tenha sido maior que o esperado), não havia grandes razões para mudar.

gados. O referendo foi feito precisamente no momento em que se está à espera que o primeiro passo para o plano de recapitalização do banco Monte dei Paschi se concretize. É no decorrer desta semana que é suposto a terceira maior instituição financeira de Itália (e a mais antiga do mundo) conseguir obter 5000 milhões de euros de capital de investidores particulares. Se essa operação falhar, todo o resto do plano — que inclui a venda pelo banco da maior parte do seu enorme volume de crédito malparado — deixa de se poder concretizar. Os próximos dias serão assim decisivos e os sinais que foram sendo dados no final do dia de ontem não são os mais tranquilizadores. De acordo com o Financial Times, alguns dos principais potenciais investidores dispostos a apostar num banco que, nos últimos anos, já viu esfumarem-se mais de 8000 milhões de euros de capital, estão a ver no clima de incerteza política um motivo para recuar. Em particular, noticiava ontem o jornal britânico, os responsáveis da agência de investimento soberano do Euro resiste Euro vs dólar 1,150

1,125

1,100

1,075

1,050 01-06-2016

Centeno disse ontem no Eurogrupo que tomará as medidas necessárias para atingir as metas para o défice

O problema pode estar agora nas surpresas e dificuldades que possam surgir nos próximos dias. E aí, do ponto de vista dos mercados, as atenções vão estar voltadas para duas frentes: a solução governativa encontrada após a saída de Matteo Renzi e o processo de recapitalização no sector bancário. Os dois problemas estão interli-

05-12-2016

Juros continuam sob pressão OT a 10 anos Portugal Itália 4,0

Os próximos dias

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05-12-2016

Fonte: Reuters

PÚBLICO


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 9

3,7%

é o valor em que se mantiveram ontem as taxas de juro da dívida pública portuguesa

Qatar estão mais reticentes em avançar com os 1000 milhões de euros que estavam previstos, apesar dos esforço directos do ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, para os tranquilizar. Um fracasso deste tipo forçaria as autoridades italianas a ter de encontrar uma solução alternativa para o Monte dei Paschi e que envolveria certamente a injecção de dinheiros públicos. A reforçar essa possibilidade, o governador do banco central austríaco e membro do conselho de governadores do BCE fez questão de assinalar ontem que a Itália, ao contrário de outros países, ainda não efectuou intervenções públicas na banca durante esta crise. Nesse caso, as regras europeias forçam os credores do banco a suportar perdas, já que vêem os seus títulos de dívida transformados em acções, que dificilmente podem recuperar. Em Itália, como as famílias constituem a maioria dos credores, o Governo poderá tentar encontrar uma solução que proteja pelo menos a dívida até 100 mil euros, noticiaram alguns órgãos de comunicação social italianos. Seja como for, alguma espécie de bail-in no Monte dei Paschi representaria um golpe difícil de absorver no resto do sector financeiro italiano — e potencialmente no resto dos mercados. “Seria bastante doloroso para o sistema bancário. A reacção negativa não seria apenas em relação ao Monte dei Paschi”, afirmou ao The New York Times o economista italiano Nicola Nobile. Na linha da frente, estão, por exemplo, o maior banco italiano, o UniCredit, que está a contar obter no mercado um financiamento de 13.000 milhões de euros e outros bancos de menor dimensão, como o Banca Populare de Vicenza e o Veneto Banca, que precisam também de aumentar o seu capital. É por isso que, no meio de um resultado global nas bolsas que apontou para variações muito reduzidas, o sector bancário italiano foi o que se portou pior. As acções do Monte dei Paschi, que já perderam 80% do seu valor durante este ano, caíram ontem mais 3,5%. O Unicredit chegou a cair 6% a meio da sessão, recuperando parte das perdas na fase final. sergio.anibal@publico.pt

Como uma crise italiana se pode fazer sentir em Portugal PAULO PIMENTA

Sérgio Aníbal Seja qual for o ângulo por onde se olhe, Portugal é um dos países da zona euro que mais podem ter a perder com os últimos desenvolvimentos políticos e financeiros em Itália. Maior desconfiança em relação ao sector bancário, agravamento da pressão nos mercados de dívida pública e mudança na correlação de forças a nível europeu: todos estes factores podem tornar a vida mais difícil ao país, num momento em que Portugal continua na linha da frente das atenções dos mercados. O sector bancário é o canal pelo qual os efeitos podem ser mais imediatos. É aí que a Itália tem o seu ponto fraco, devido à situação de grandes bancos como o Monte dei Paschi di Siena ou o Unicredit. Se, em algum deles, os actuais planos de recapitalização falharem e as autoridades forem forçadas a avançar para um processo de resolução, a zona euro teria de enfrentar mais uma vez um cenário de perdas para credores, capaz de minar ainda mais a desconfiança dos investidores em relação à saúde do sistema bancário europeu. Para Portugal, outro país em que o sector bancário enfrenta uma séria fragilidade, uma conjuntura deste tipo teria consequências imediatas. Por exemplo, na CGD. É certo que neste caso, tratando-se de um banco público, a capitalização não será feita por privados, mas a execução do plano do Governo implica que a CGD consiga realizar emissões de dívida nos mercados durante os primeiros três meses do ano. O ambiente de incerteza em Itália e, em particular, a ocorrência de um “acidente” em algum dos seus grandes bancos tornaria essa operação na Caixa mais difícil (e certamente mais cara) de concretizar. A mesma lógica aplica-se à privatização no Novo Banco e à capacidade dos outros bancos em obterem financiamento a um preço razoável. Depois há o im-

Se planos para banca italiana falharem, pode ter consequências para a Caixa

Portugal é um dos países da zona euro que mais podem ter a perder com os últimos desenvolvimentos em Itália pacto nos títulos de dívida pública. Nos últimos anos, foi evidente a forte ligação entre a evolução das taxas de juro da dívida dos países soberanos. Tirando alguns momentos excepcionais, quando um país sofre, todos os outros sentem o impacto. Isso ainda é mais verdade para a Itália, o país da Europa periférica que a zona euro teria mais dificuldade em resgatar.

Sendo assim, um agravamento da percepção dos mercados relativamente à qualidade de crédito do Estado italiano poderia resultar num agravamento das taxas portuguesas, que se mantiveram ontem na casa dos 3,7% (a Itália está próximo dos 2%). Para além disso, há um efeito de mais longo prazo da crise italiana em Portugal. O executivo italiano liderou alguns dos debates em que Portugal tem mais interesses — com o seu orçamento sob pressão, Renzi desafiou Bruxelas com metas orçamentais abaixo do exigido pelas regras, o que ajudou a Comissão a inclinar-se mais rapidamente para a aplicação de maior flexibilidade na leitura dos tratados. De igual modo, Itália protestou contra a aplicação das novas regras da resolução bancária na zona euro, que impõe perdas a credores e accionistas, antes da injecção de dinheiro

por parte do Estado, e dificultam uma solução global em sectores bancários com elevados volumes de crédito malparado, como Itália e Portugal. O Governo de António Costa pode perder um aliado importante em algumas das questões europeias. Ontem, no Eurogrupo, ficou claro que a pressão sobre o OE português se mantém. O ministro das Finanças comprometeu-se em aplicar em 2017 as medidas que sejam necessárias para atingir as metas para o défice público. No comunicado do Eurogrupo sobre os planos orçamentais dos países da zona euro, assinala-se que os cálculos da Comissão aponta para sejam necessárias medidas adicionais em 2017, afirmando-se que “são bemvindos os compromissos de Portugal para aplicar as medidas necessárias para garantir que o Orçamento para 2017 irá cumprir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento”.


10 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

POLÍTICA

“O PSD está bem entregue e o país também”, diz Marcelo Numa jornada de dez horas pela Beira Interior, o Presidente da República enalteceu o país da sopa de pedra, que faz um prato saborosíssimo quase sem ingredientes. E ainda falou da CGD Reportagem Leonete Botelho Houve tempo para tudo na mais curta jornada do Portugal Próximo que o Presidente da República fez até agora. Em apenas dez horas, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou “confiança reforçada” na Caixa Geral de Depósitos (CGD) logo à chegada a Castelo Branco; na Covilhã deu razão a Passos Coelho quando este disse que o Presidente “fazia tudo” para ajudar o Governo e na Guarda enalteceu o país da sopa de pedra, que sabe fazer um prato “saborosíssimo quase sem ingredientes”. Tudo envolto em muito afecto, milhares de beijinhos e centenas de selfies. Logo de manhã, Marcelo trazia para aperitivo a declaração de confiança na nova administração da CGD: “A solução encontrada é tão competente quanto a anterior”, disse, corrigindo as declarações de sexta-feira, em que num jantar com jornalistas estrangeiros, recorrendo a uma passagem bíblica, dissera que “o segundo vinho é melhor do que o primeiro”. Mas de alguma forma justificou o que dissera, pois vê na equipa liderada por Paulo Macedo algumas vantagens: “Não levanta problemas como a entrega das declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional nem a negociação com o Banco Central Europeu das condições do plano” de recapitalização. “Ainda tem uma vantagem adicional: é que os dois partidos da oposição não esconderam os seus elogios rasgados ao novo presidente do conselho executivo”, disse. Além disso, garante que a transição do conselho de administração liderado por António Domingues para a nova equipa de Paulo Macedo “está a ser suave”, porque foi “muito bem aceite pelos mercados”.

Mas não há bela sem senão, e a Caixa não é excepção. Questionado sobre os salários dos novos administradores, o Presidente não escondeu a sua posição antiga, “já se aplicou aos anteriores governos e anteriores administrações”, no sentido de discordar dos valores demasiado elevados que têm sido pagos. Mas agora “o importante não é isso, o importante é termos agora condições — e temos — para no próximo ano fazermos uma recapitalização pública e privada e uma reestruturação do banco”. “Decide quem pode, e uma vez decidido, o importante é o que foi decidido: é uma boa equipa, uma equipa virada para o futuro e logo que tenha luz verde do BCE vai continuar a fazer aquilo que os portugueses querem, resultados, ou seja, a recapitalização”, sublinhou. Em Castelo Branco, Marcelo visitou a Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico, onde passou por aulas de música, experimentou todos os bancos em exposição feitos pelos alunos de Design de Interiores e Equipamento e foi iniciado nas artes da confecção de alta-costura. Dali seguiu para o Museu da Seda, que inaugurou, e junto ao qual funciona a APPACDM local, uma instituição de apoio a deficientes mentais. O Presidente fez questão de cumprimentar um a um os utentes e familiares que ali estavam à sua espera. Alcains e a fábrica de fatos Dielmar foram o ponto seguinte, e aquele em que mais trocou as voltas ao planeado: mal ali entrou, acompanhado já pelo ministro da Economia e pelo secretário de Estado da Inovação, Marcelo deixou a comitiva e afundou-se no labirinto de calças, casacos, máquinas de coser e cruzetas flutuantes, num circuito de beijinhos do qual nenhuma das 400 funcionárias — e alguns


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 11

Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos

Marcelo passou nove horas na Beira Interior, entre Castelo Branco, Covilhã e Guarda FOTOS: ENRIC VIVES RUBIO

homens — terá ficado de fora. Ana Maria Rafael, a filha do fundador da empresa, recentemente falecido, pediu ao Presidente e ao Governo “atenção” ao interior e às empresas que, apesar de se instalarem em zonas difíceis, conseguem vencer e “levar o nome de Portugal ao mundo”, como diria depois o chefe de Estado. Fugindo à sua própria rotina, Marcelo desafiou Caldeira Rodrigues a falar e o ministro garantiu que “o Governo está empenhado em relançar a economia do interior”, referindo-se ao plano de 160 medidas que será apresentado amanhã. De regresso à universidade, desta vez na Covilhã, o Presidente dos afectos voltou às selfies e aos elogios, e na Faculdade de Ciências da Saúde demorou-se a ouvir explicações de um dos seus temas favoritos: doenças e remédios. E foi

João Soares

aqui que disse estar satisfeito com as lideranças políticas de todos os partidos, até porque os afectos são o melhor remédio. O mote fora dado pelo presidente do PSD, que de manhã, questionado sobre o apoio presidencial ao Governo, respondera: “Ainda bem que ele não é presidente do PSD.” Marcelo concorda. “Ele tem toda a razão”, disse: “O PSD está bem entregue” e “penso que o país, modestamente, também, fez uma escolha que me permite a mim servi-lo e ser Presidente de todos os portugueses”. “Se eu fosse presidente do PSD, não podia acumular com o ser Presidente de todos os portugueses”, afirmou. O apoio ao Governo tem, explicou o professor de Direito, uma explicação: “A Constituição manda que o Presidente da República colabore com qualquer governo, criando todas as condições para que ele possa realizar os objectivos nacionais. É esse o objectivo do mandato presidencial”, justificou. “Um Presidente não pode ter preferências nem amuos, não pode gostar mais de uns portugueses do que de outros.” Foi já na Câmara da Guarda, em jeito de balanço, que Marcelo enalteceu o povo que foi capaz de “continuar a criar como se não houvesse crise, a inovar como se não houvesse limitações e a sonhar como se não houvesse obstáculos”. Sim, porque a crise ainda não acabou e no entanto “o país está a mudar”, afirmou. “É uma revolução silenciosa, nas empresas, nas escolas, das autarquias, das estruturas comunitárias”, afirmou. E daí o sermos, para o Presidente, o país da sopa de pedra, feita praticamente sem ingredientes. “É um talento que tem sido levado à máxima expressão ao longo dos anos, criando uma sopa saborosíssima, que se traduz na criação de riqueza mas também na justiça social”, afirmou. E depois de tudo, Marcelo confluiu para a rua, fria e forte, para mergulhar na pequena multidão que o esperava dali até à Cidade Natal. lbotelho@publico.pt

Reforço avança, Do salário “pantagruélico” às mas Itália não ajuda dúvidas sobre recapitalização

P

ara Mário Centeno, não há “nenhuma razão” para se questionar o acordo com a Comissão Europeia sobre a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), até porque o novo presidente executivo “cumpre os requisitos”. À margem do Eurogrupo, citado pela Lusa, o ministro das Finanças afirmou ser “evidente” que “temos todos de estar comprometidos com esse processo”. “Ele é muito importante e foi um enorme sucesso para a economia portuguesa”, referiu Centeno. Já questionadas pelo PÚBLICO sobre a existência de uma pressão negativa, resultante do resultado do referendo em Itália e da indefinição que envolve os bancos Monte dei Paschi e UniCredit, as Finanças optaram por não responder. O certo é que o ambiente italiano em nada ajuda ao plano de recapitalização do banco público, causando mais incerteza aos investidores, quando o banco público precisa de ir ao mercado buscar 1000 milhões de euros. Isto, depois de, no final de Novembro, a agência de rating DBRS ter colocado a dívida da CGD com perspectiva negativa (muito perto do “lixo”) na sequência da saída de António Domingues, alertando para um eventual atraso na colocação de dívida subordinada. A ideia passa por vender 500 milhões de dívida no primeiro trimestre, quando o Estado aplicar outros 2700 milhões de euros. Depois, há mais 500 milhões que terão de ser investidos por privados, de acordo com o que ficou estabelecido com as autoridades europeias. Luís Villalobos

Um salário “estúpida e obscenamente pantagruélico”. Com três palavrinhas apenas, o socialista João Soares, único ex-ministro do Governo de António Costa, remodelado em Abril, classificou a remuneração do administrador da Caixa Geral de Depósitos, acrescentando que espera de Paulo Macedo “rapidamente prescinda publicamente de parte substancial” desse valor que foi “negociado por Domingues”. O apelo foi deixado no Facebook, onde João Soares se referiu à “horrível novela sobre a presidência da administração da CGD, que nos massacrou durante dias e dias”. Soares reagiu já depois de Marcelo ter dito ao PÚBLICO que mantém, sobre o tema, “a mesma posição que tinha”, quando promulgou a lei que permitiu a subida dos salários, ou seja: “Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos.” Do lado do PCP e do BE, o assunto continua a ser sensível. Mas o incómodo que o elevado salário dos gestores da Caixa causa à esquerda, incluindo ao PS, não será suficiente para haver recuos. Assim o disse António Costa, ontem, à saída de uma visita à fábrica da Renova, em Torres Novas. “Essa é uma opção política que foi tomada, está mantida, vai ser executada” e não vai ser mudada, assumiu o primeiro-ministro, lembrando que a legislação “está em vigor” e que os vencimentos não foram desenhados “‘ad hominem’ para a administração que está a sair” mas sim para garantir que a Caixa “tenha uma gestão profissional, que possa recrutar no mercado administradores ao nível que qualquer outro banco possa recrutar”. Entretanto, e aproveitando que o Estatuto do Gestor Público será discutido hoje no Parlamento por iniciativa do PSD, o CDS entregou dois projectos de lei sobre o tema, um dos quais centrado na questão salarial. “Através da presente iniciativa legislativa, o CDS elimina qualquer possibilidade de os gestores

públicos serem remunerados acima da remuneração do primeiroministro”, lê-se no diploma. Sem se referir a salários, Passos Coelho aproveitou a sua participação na primeira Eco Talks, para se mostrar como voz dissonante e deixar uma pista em relação àquela que poderá ser a próxima polémica relacionada com a CGD: a recapitalização. “Descobriu-se, agora em dois meses, muito convenientemente, prejuízos que o auditor não viu durante oito ou nove anos”, ironizou. “Tudo isto é uma história que deixa dúvidas éticas, políticas. Que implicações pode ter para o resto do sistema financeiro? Cria uma pressão imensa para outros bancos que têm o mesmo auditor e que têm negócios suportados pela Caixa, que não podem ser tratados de uma maneira num banco e de outra maneira noutro banco.” O líder do PSD registou ainda que não é pelo facto de Paulo Macedo ter feito parte de um seu Governo que vai calar as críticas. “Não sei se era essa intenção: ir buscar um exministro meu para que o PSD deixasse de fazer observações sobre a Caixa. Se era isso, enganaram-se redondamente.” sonia.sapage@publico.pt

Paulo Macedo: salário polémico


12 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

POLÍTICA

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Os minutos que durou a entrevista do primeiro-ministro António Costa à RTP, conduzida pelos jornalistas António José Teixeira e André Macedo

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Os dias que passaram desde que o Governo assinalou, com uma sessão de perguntas e respostas a Costa, a passagem do seu primeiro ano em funções

António Costa espera discussão na União Europeia sobre a dívida depois das eleições alemãs de 2017 JORNAL PÚBLICO

Maria João Lopes O primeiro-ministro admitiu que houve um conjunto de episódios na novela da CGD que “não foram positivos”

Precariedade em estudo e contratação colectiva Costa justificou que este Governo quer assegurar a sustentabilidade das políticas e devolução de rendimentos que tem sido seguida, ao mesmo tempo que quer prosseguir a trajectória das finanças públicas seguida até agora. “Isso, irrite-vos ou não, temos conseguido.” O primeiro-ministro assumiu ainda a necessidade da contratação colectiva e de combater a precariedade, mas não foi claro quanto a alterações no Código do Trabalho. Costa disse que as questões estão a ser discutidas na concertação social. E não se queixou de falta de apoio do PCP, PEV ou BE. Quanto à precariedade no Estado, Costa confirmou que o relatório está a ser corrigido.

Na entrevista que ontem deu à RTP, conduzida pelos jornalistas António José Teixeira e André Macedo, o primeiro-ministro António Costa, apesar de se ter irritado em vários momentos, garantiu que está empenhado em que Portugal tenha um sistema financeiro “tranquilo”. Pela primeira vez, Costa falou sobre a dívida para dizer que espera que o assunto seja alvo de debate, na União Europeia, depois das eleições alemãs do próximo ano.

CGD: o maior falhanço de Costa no Governo? O tema dos últimos dias foi o primeiro a ser abordado. O primeiro-ministro António Costa começou por responder a uma pergunta dura sobre a CGD. Os jornalistas quiseram saber se foi “o seu maior falhanço como primeiro-ministro”. António Costa reconheceu que houve um conjunto de episódios que não foram positivos, mas esses “ficarão para trás no tempo”, disse, recusando que o prejuízo em causa seja de 3 mil milhões de euros. “O que não era positivo”, afirmou Costa, era fazer de conta que não se passava nada ou esconder imparidades para ter saída limpa, como terá feito o anterior Governo, acusou Costa.

Sistema financeiro: tranquilidade e confiança Questionado sobre se o papel do executivo não é zelar pelo sistema do equilíbrio financeiro, Costa respondeu: “Este Governo fez o possível por colaborar com todos os bancos para criar um clima [de estabi-

endividamento. “Mas enquanto não forem mudadas [as regras], nós vamos cumprir”, disse.

Parcerias Público-Privadas e transportes

António Costa chegou às instalações da RTP pouco antes das 21 horas

Temos de entrar em 2017 a olhar para as nossas finanças públicas sem ser com a angústia do diaa-dia e tranquilos em relação ao futuro António Costa Primeiro-ministro

lidade] para encontrar para todos eles o bom caminho e ultrapassar uma situação que aqui há um ano era escondido.” Agora, continuou Costa, pode olhar-se “para o futuro do sistema financeiro com tranquilidade e confiança”. A esse propósito Costa acrescentou que o quadro legal para resolver o crédito malparado na banca deverá avançar até final do ano.

Dívida: a trajectória vai começar a reduzir Chegar ao final do ano com “o quadro financeiro todo estabilizado” foi um dos objectivos que Costa deixou claro na entrevista. Mais: “Temos de entrar em 2017 a olhar para as nossas finanças públicas sem ser com a angústia do dia-a-dia e tranquilos em relação ao futuro, disse, assumindo que “hoje estamos muito melhor”

e salientando que este ano o défice vai ser o “mais baixo dos últimos 42 anos”. Em matéria de dívida, depois de garantir que a trajectória vai começar a reduzir, o primeiro-ministro disse que até 2017, ano em que há eleições na Alemanha, nada acontecerá na Europa, razão pela qual só espera que haja discussão sobre a dívida, na União Europeia, depois desse momento. Ainda assim, António Costa considera que a UE “não pode continuar a ignorar um problema que exige uma resposta integrada”. Para o primeiro-ministro é, porém, “inútil e contraproducente” ser Portugal a abrir esse debate antes de a UE o fazer. Mas defende que as regras “devem ser ajustadas”, para permitir aos países recuperarem da estagnação, do empobrecimento e para fazer face ao elevado nível de

Sobre parcerias público-privadas na Saúde, em relação às quais o BE é contra, Costa disse que os ministérios envolvidos estão a fazer as respectivas avaliações para “habilitar o Governo a tomar uma decisão”. Já em matéria de transportes públicos, Costa recusou ter rasgado quatro contratos e afastou a ideia de que tal tivesse sequer afastado investidores: “O investimento das empresas é 7,7% superior” ao do ano passado, disse. Referiu-se apenas ao desfecho em relação à TAP: “Creio que estamos todos satisfeitos com o resultado.” Sobre a relação com o Presidente de República, recusou que fosse de cumplicidade, disse ser “excelente” do ponto de vista pessoal e institucional e que nunca sentiu “a sua esfera usurpada” por Marcelo. mjlopes@publico.pt


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 13

POLÍTICA NUNO FERREIRA SANTOS

Um general, ex-ministros e empresários vão aconselhar Passos Coelho

Breves Partido Sofia Rodrigues Conselho Estratégico do PSD reúne-se pela primeira vez oito meses depois de ser criado, no congresso do partido, em Espinho Ex-ministros do PSD, consultores do antigo Presidente da República Cavaco Silva e independentes como o general Loureiro dos Santos ou Diogo de Lucena (administrador da Fundação Calouste Gulbenkian) estão entre os 25 membros do Conselho Estratégico do PSD, um órgão de consulta do líder do partido, que se reuniu ontem pela primeira vez oito meses depois de ter sido anunciado. Passos Coelho esteve nesta primeira reunião. Presidido pelo dirigente socialdemocrata José Matos Correia, o Conselho Estratégico tem na sua composição dois antigos consultores do Presidente Cavaco Silva, David Justino (antigo ministro da Educação) e Abílio Morgado, para os assuntos de Segurança. Outro antigo governante de Durão Barroso que compõe a lista de personalidades é Martins da Cruz, embaixador reformado e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros. Além de especialistas em várias áreas — como Ana Fonseca, da Ordem dos Enfermeiros —, o órgão de consulta do presidente do PSD integra gestores empresariais como Luís Filipe Reis, chief corporate

center officer da Sonae, Horácio Sá, chief executibe officer da Mota-Engil Engenharia, e António Murta, vicepresidente da COTEC. Fazem ainda parte Manuel Meirinhos, professor catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e ex-deputado eleito nas listas do PSD. À margem da reunião, que decorreu à porta fechada num hotel de Lisboa, José Matos Correia sublinhou aos jornalistas a natureza independente de muitos dos membros deste órgão. “É importante que os partidos atraiam a sociedade civil. A grande maioria dos membros não é do partido nem faz da política o seu dia-a-dia”, afirmou, referindo que esta característica permite trazer uma “perspectiva mais arejada” para o partido. Questionado pelos jornalistas sobre que temas já tinham sido abordados, o social-democrata escusou-se a revelar o teor da discussão, mas adiantou que os membros do Conselho Estratégico estavam a falar “livremente sobre o que pensam sobre Portugal”. Quanto ao modo de funcionamento no futuro, os elementos vão participar “quer a pedido do partido quer por iniciativa própria”, acrescentou. Depois de ter sido anunciada a reactivação deste órgão no congresso do partido, em Abril, o Conselho Estratégico só viu os estatutos aprovados em Julho. Matos Correia deixou de ser vice-presidente do partido para presidir a esta estrutura, embora a função esteja equiparada àquele cargo. srodrigues@publico.pt

PSD

Conselho Nacional discute eutanásia e situação política O Conselho Nacional do PSD desta noite vai discutir a despenalização da morte assistida, a propósito de petições que estão no Parlamento. Da ordem de trabalhos da reunião também consta a aprovação do orçamento do partido para 2017 e a análise da situação política. O que não consta são as eleições autárquicas, que estão a agitar o partido, em particular Lisboa. Parlamento

Salários da CGD em discussão no plenário Os limites aos salários dos gestores públicos deverão abrir um fosso entre a esquerda e o centro-direita hoje na Assembleia da República. É que o PSD agendou os projectos de lei que reforçam a obrigação de transparência dos administradores do banco público e impõem uma limitação à média auferida nos três anos anteriores com autorização do ministro das Finanças.

NUNO FERREIRA SANTOS

Audições

Guilherme d’Oliveira Martins ouvido na CPI da Caixa Depois de várias semanas se suspensão, por causa do debate em torno do Orçamento do Estado para 2017, a Comissão de Inquérito à CGD regressa ao trabalho e volta a fazer audições. A primeira realizase hoje, com a presença de Guilherme d’Oliveira Martins, ex-presidente do Tribunal de Contas. Independentes e barões dão conselhos a Passos Coelho

Há quase um ano, Cristas ouviu Portas dizer que ia deixar liderança

Portas não ofuscou Cristas em dia de regresso à AR Livro Sofia Rodrigues Num almoço que juntou ex-líderes e outras figuras relevantes do CDS-PP, Cristas falou de autárquicas e da oposição que faz A sua chegada era aguardada, foi o último a entrar na sala e saiu sem dizer palavra aos jornalistas. A não ser os desejos de um “Santo Natal”. Paulo Portas, o líder que mais tempo esteve à frente do CDS, não faltou à apresentação do livro 40 Anos de Parlamento, Discursos com História, que reuniu num almoço antigos presidentes, figuras mais conservadoras, mais liberais, uns mais próximos da actual direcção, outros mais afastados. Foi um momento de confraternização em que até foi pedido a antigos líderes que autografassem o livro que reuniu discursos proferidos por figuras do CDS nos últimos 40 anos no Parlamento. E foi assim que, já no final da refeição, que decorreu na Assembleia da República, Paulo Portas ainda deu um ou dois autógrafos, e Nuno Melo, eurodeputado e antigo líder parlamentar, deixou a sua assinatura em vários exemplares. O livro — como sublinhou o actual líder parlamentar Nuno Magalhães — não pretende ser “nostálgico, revisionista ou petulante”. Tem discursos de todos os líderes parlamentares mas também de go-

vernantes como António Pires de Lima, Luís Nobre Guedes e Celeste Cardona, que também compareceram ao almoço e se sentaram à mesma mesa. As intervenções não correspondem à data em que foi exercido o cargo mais alto no partido ou no Governo. Mas, segundo Telmo Correia, vice-presidente da bancada, em todos os discursos perpassa “um profundo sentido patriótico, um partido que, ainda que com nuances, quer ser europeu, de matriz democrata-cristã”. Assunção Cristas, que esteve sentada entre o antigo líder José Ribeiro e Castro e Francisco Oliveira Dias, o único presidente da Assembleia da República indicado pelo CDS, falou da oposição “acutilante e séria” que o partido faz e destacou o desafio das autárquicas do próximo ano. Depois de admitir que “é terreno difícil”, pediu empenhamento aos centristas. E, no final do almoço, em declarações aos jornalistas, a líder do CDS reiterou a ideia de que é candidata à Câmara de Lisboa “com o CDS ou com o CDS e outros partidos”, numa clara alusão ao PSD. “Sou candidata à Câmara Municipal de Lisboa, serei e continuarei a ser, os outros partidos certamente têm de decidir, dentro das suas casas, que eu respeito muitíssimo, qual é a estratégia que querem desenhar, se querem uma estratégia de coligação, se não querem, se querem uma estratégia de candidato próprio, que é o mais natural”, afirmou. O eventual apoio do PSD a Cristas não é pacífico.


14 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

SOCIEDADE

Era preferível mais bolsas em vez de propinas congeladas Nuno Mangas “Os cortes foram fortíssimos, vão ser necessários anos para recuperarmos”, diz representante dos politécnicos. Defende mais investimento. E apoios sociais para atrair mais alunos Entrevista Samuel Silva O novo presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Nuno Mangas, vê como positivo o acordo alcançado com o Governo para a manutenção do nível de financiamento público ao ensino superior até ao final da legislatura. Mas quer mais. Os cortes feitos nos últimos anos deixaram as instituições em dificuldades, diz, e a precisar de investimentos em infra-estruturas, equipamentos e pessoal. O compromisso para a legislatura assinado com este Governo, que prevê a manutenção do financiamento público às instituições até ao final do mandato, é um patamar suficiente para garantir alguma estabilidade do sistema de ensino superior? Gostaríamos claramente de ter ido mais longe, mas acho que foi um passo importante. O acordo dá previsibilidade e permite uma planificação. Ainda há instituições a viver com dificuldades financeiras? Todas as instituições vivem ainda hoje com limitações. Os cortes foram fortíssimos e vão ser necessários muitos anos para recuperarmos. Manter o nível de financiamento como foi agora acordado com o Governo permite essa recuperação? Neste momento, estamos a tentar encontrar formas de financiamento alternativas, através dos fundos comunitários, por exemplo. É necessário potenciar um conjunto de actividades que permitam às instituições diversificar as suas fontes de financiamento, e isso também está neste contrato que assinámos com a tutela. É evidente que seria desejável que o nosso

nível de financiamento público atingisse o mesmo dos países da OCDE: 1,7% do PIB. E ainda estamos longe disso [1,4% em 2013, último ano para o qual havia dados no relatório Education at a Glance, da OCDE]. Há várias áreas identificadas pelas instituições como estando “no limite”: infra-estruturas, equipamentos, renovação do quadro docente... Seria desejável criar condições, dentro de um ou dois anos, para que progressivamente pudesse voltar a existir verba no Orçamento do Estado — como acontecia com o PIDDAC — para responder a necessidades de conservação e manutenção. Só com as verbas geradas pelas instituições será muito difícil fazê-lo. Isso terá de ser feito de forma progressiva e contínua e não aos altos e baixos, como tem vindo a acontecer. Se for contínuo e progressivo, não onera demasiado o Orçamento do Estado. Na discussão do Orçamento, os partidos que apoiam o Governo aprovaram alterações que congelam o valor das propinas para o próximo ano lectivo. Que impacto é que isto terá no ensino superior? Na minha visão, seria mais importante que aumentássemos os apoios sociais aos estudantes. A actualização do valor das propinas representa quatro ou cinco euros anuais que toda a gente poupa, independentemente de poder ou não pagar. É mais uma medida simbólica. O que era importante era conseguirmos alargar a base social do ensino superior, e isso aumenta-se por via da acção social e das bolsas. Por vezes, há muitos estudantes que, por terem mais dez euros no rendimento do seu agregado familiar, ficam fora dos apoios sociais. Desapareceu definitivamente a discussão sobre a necessidade

Da engenharia para as políticas educativas

O

novo líder do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCISP), Nuno Mangas, dirige o Instituto Politécnico de Leiria desde 2009. A sua carreira académica esteve quase sempre ligada a esta instituição, onde é professor coordenador na Escola Superior de Tecnologia e Gestão. Foi ali que começou a dar aulas, em 1994, três anos após concluir a licenciatura em Engenharia Electrotécnica pela Universidade de Coimbra (UC). Ao mesmo tempo, fez o mestrado em Sistemas e Automação, área da Automação Industrial, também pela UC. Quando assumiu cargos

de gestão dentro do Politécnico de Leiria, o seu trabalho virou-se da engenharia para as políticas educativas. Em 2009, terminou o doutoramento em Ciências da Educação pela Universidad de Extremadura (Espanha), com a tese Cursos de Especialização Tecnológica em Portugal. Um Novo Modelo de Formação PósSecundária não Superior para a Qualificação da População Portuguesa. Nos últimos dois anos foi vice-presidente do CCISP, sucedendo agora a Joaquim Mourato, do Politécnico de Portalegre, à frente do órgão que representa as instituições politécnicas públicas.

de uma reorganização da rede de ensino superior? Tornou-se evidente que precisamos da capacidade instalada. Fizemos um investimento muito significativo em instalações, em laboratórios e em pessoas, temos uma população que é menos qualificada do que a dos países congéneres, por isso não faz sentido não pormos tudo isto ao serviço das pessoas e dos territórios. Isto não invalida que não haja muita articulação e parcerias entre as instituições, sejam os politécnicos ou as universidades. A redução do número de cursos no ensino politécnico feita nos últimos anos foi suficiente? Foi feito um grande trabalho, mas não está todo feito. É importante que continue, de forma contínua. Mas é preciso também ter em


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 15

O facto de uma instituição se chamar instituto politécnico impede-a, por lei, à partida, de poder atribuir o grau de doutor ADRIANO MIRANDA

conta que é importante que exista determinado tipo de formações, mesmo quando têm um reduzido número de estudantes. Às vezes, as instituições têm de ter também capacidade de antecipar necessidades [do país], e isso pode não ser percepcionado no mesmo momento pela sociedade e pelos nossos estudantes. Chegamos ao dia das colocações no ensino superior e vemos sempre os politécnicos a ficarem com mais lugares vazios do que as universidades. Isso é um problema do lado da oferta ou da procura? Por vezes comparam-se coisas que não são comparáveis. A oferta das universidades e dos politécnicos é diferente. Há um conjunto de formações que são normalmente as mais procuradas nas universidades que não existem

nos politécnicos. Além disso, o concurso nacional de acesso não pode ser visto como a única forma de captação de estudantes. Nas instituições do ensino politécnico, cerca de dois terços dos alunos vêm pela via do concurso nacional de acesso. O outro terço de vagas é ocupado através dos concursos locais, concursos especiais, alunos com mais de 23 anos ou alunos que fizeram cursos técnicos superiores profissionais. O que lhe garanto é que todas as instituições têm taxas de ocupação que, na generalidade dos cursos, é superior às vagas iniciais. O país precisa de atrair mais alunos para o ensino superior? Claramente. Uma das coisas que é preciso fazer é mostrar que vale a pena estudar. As regras de acesso ao ensino superior têm de mudar para que isso aconteça? Há um relatório sobre isso em discussão. O CCISP ainda não tomou posição e, portanto, não irei pronunciar-me em relação às questões em concreto. Acho que há sempre margem para melhorias, mas temos um sistema de acesso muito estabilizado e temos de ser muito cuidadosos nas alterações que se façam. No ano passado, o CCISP apresentou uma proposta que reduzia o peso dos exames nacionais do secundário [na nota de candidatura ao superior]. Essa proposta ainda está em cima da mesa? Não foi uma questão minimamente consensual, está completamente colocada de lado. Quais serão as outras prioridades para o seu mandato? Um dos grandes temas é prosseguirmos o trabalho de afirmação e de consolidação das instituições na nossa sociedade. A internacionalização também é um desafio enorme, a diferentes níveis, quer a nível da aplicação das melhores práticas no contexto europeu, quer a nível da captação dos estudantes estrangeiros. Depois, as nossas instituições estão muito próximas das populações, das regiões em que se inserem, há que potenciar isso. samuel.silva@publico.pt

“O doutoramento terá de ser o passo seguinte para o desenvolvimento dos politécnicos” Há cerca de um mês houve uma tomada de posição de 13 presidentes de conselhos gerais de institutos politécnicos defendendo a capacidade de estes outorgarem doutoramentos. Este vai ser um tema marcante no seu mandato? Espero que sim. Esta questão é central. Somos uma realidade muito recente do ensino superior em Portugal e tivemos nas últimas décadas uma evolução notável. O doutoramento terá de ser o passo seguinte para o desenvolvimento dos politécnicos. O que é que existe hoje que não existia há 20 anos e que torna isso possível? Houve um salto muito grande ao nível da qualificação do corpo docente dos politécnicos e que é a pedra basilar para que possamos hoje ter esta exigência. Há também um conjunto de infra-estruturas científicas nos politécnicos e uma experiência de colaboração com as empresas e a sociedade que não existiam. As nossas empresas, instituições e territórios precisam de que os politécnicos possam atribuir doutoramentos. Qual é a dificuldade? A limitação é legal. O facto de uma instituição se chamar instituto politécnico impede-a, por lei, à partida, de poder atribuir o grau de doutor. A distinção não é feita com base na competência. O ministro Manuel Heitor já disse que estava contra essa possibilidade. Não conversei com o senhor ministro recentemente sobre isto. O que procuramos é construir um caminho para que isso seja possível. Importa explicar que doutoramentos querem os politécnicos ter. O doutoramento teve uma evolução muito grande na última década e meia. Antes, eram

sobretudo os professores das universidades e dos politécnicos que o faziam, mas isso mudou por completo. Há uma grande vertente de aplicação de conhecimento e de preparação de pessoas altamente qualificadas associada aos doutoramentos e que é fundamental para as empresas e instituições. E não podem ser as universidades a fazê-lo? Há determinadas áreas de formação, como a enfermagem, o turismo ou o design, que, se não estão exclusivamente, estão maioritariamente nos politécnicos. Em algumas dessas áreas, os politécnicos têm as competências, o pessoal qualificado e a experiência, mas depois têm de se associar a uma universidade para que seja esta a atribuir o grau. Temos um conjunto de pessoas a fazer os doutoramentos nos politécnicos, com bolsas da Fundação para a

Uma designação como ‘universidades politécnicas’ ajudaria a que as pessoas olhassem de forma mais positiva para o sector As empresas precisam de que os politécnicos atribuam doutoramentos

Ciência e Tecnologia que têm de estar formalmente inscritas numa universidade. Não faz sentido e tem de ser alterado. Qual seria a mais-valia para quem procura um doutoramento? A ligação ao território, às empresas, ao saber-fazer. Tem-se falado muito em doutoramentos em empresas. Os politécnicos estão tão bem ou mais preparados do que algumas universidades para os fazer. Os politécnicos ainda não ultrapassaram um certo preconceito sobre a qualidade da sua formação. Há uma representação social diferente do que são politécnicos e universidades. Muda-se isso pela afirmação do trabalho das nossas instituições, mas também acho que a palavra instituto no nome das nossas instituições as menoriza. Esse era um problema que poderia ser ultrapassado. A possibilidade de alteração da designação de instituto politécnico para universidade de ciências aplicadas já tinha sido defendida anteriormente. Vai voltar a ser uma luta do CCISP? Há uma dimensão internacional, de comunicação em língua inglesa. Nos diferentes países europeus, as instituições mantêm o nome no país de origem, mas depois, no contacto internacional, designam-se como universidades de ciências aplicadas. Devíamos fazer o mesmo. Seria preciso uma autorização do Governo ou é só uma questão de marca? Era importante que existisse uma autorização, e esta é uma das questões que estão em cima da mesa. No contexto nacional, penso que uma designação como “universidades politécnicas” ajudaria a que as pessoas olhassem de forma mais positiva para o sector.


16 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

SOCIEDADE NELSON GARRIDO

União Europeia lança Corpo de Solidariedade para jovens até aos 30 anos Voluntariado Ana Cristina Pereira Jovens entre os 18 e os 30 anos podem inscrever-se. Em Portugal, apresentação da iniciativa faz-se na sede da AMI, em Lisboa

É raro as autoridades conseguirem chegar tão longe na estrutura deste tipo de organização criminosa

Dezenas de clientes de bancos burlados por rede brasileira Crime Mariana Oliveira Ministério Público acusa 24 arguidos envolvidos numa rede que terá desviado dinheiro de contas em vários bancos nacionais O Ministério Público anunciou ontem que acusou 24 arguidos envolvidos numa rede internacional de burlas informáticas, que opera a partir do Brasil e terá desviado um total de 266 mil euros de dezenas de contas de clientes de bancos portugueses. Os 24 arguidos, um dos quais está em prisão preventiva desde Novembro do ano passado, estão acusados de associação criminosa, falsificação informática, burla informática, acesso ilegítimo, falsificação de documentos e branqueamento de capitais. Alguns são brasileiros, mas também há portugueses. Este tipo de burla — conhecida como phishing — é cada vez mais frequente, raro é as autoridades conseguirem chegar tão longe na estrutura da organização criminosa. O esquema passa por criar e enviar emails imitando uma comunicação legítima do banco, onde são pedidos os dados de acesso à banca online sob um pretexto convincente. Ao fornecer estes dados, o cliente

está a dar aos burlões o acesso às suas contas, permitindo-lhes desviarem dinheiro. Os montantes são depois transferidos para as contas de intermediários, conhecidos como “mulas” (ou Money Mules). Estas pessoas são angariadas por membros da rede criminosa para receberem os depósitos nas suas contas e os reenviarem para outras contas, a troco de uma comissão que varia entre os 5% e os 10% do valor da transferência. Normalmente estas “mulas” são os únicos apanhados pelas investigações criminais, que têm dificuldade em escalar até ao topo das redes, que

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Rede criminosa terá desviado 266 mil euros de dezenas de clientes com contas em Portugal operam habitualmente a partir de países estrangeiros. Neste caso, os acessos ilegítimos às contas portuguesas eram feitos a partir do Brasil, o que obrigou as autoridades nacionais a cooperarem com a polícia brasileira. Conseguiram identificar angariadores de topo, que recrutavam outros angariadores, responsáveis pela selecção das “mulas”. “No período compreendido entre Janeiro e 18 de Novembro de 2015,

quatro dos arguidos, titulares de contas numa instituição bancária portuguesa, criaram uma estrutura organizada visando enriquecer à custa do património de outros titulares de contas”, lê-se num comunicado da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa. Com este esquema foram movimentadas quantias “depositadas nas contas de dezenas de clientes”, que foram transferidas para contas de arguidos — a maior parte dos quais simples “mulas”. Posteriormente, o dinheiro foi remetido para o Brasil, trocado por moeda americana e reintroduzido no circuito financeiro como se tivesse proveniência lícita. O inquérito foi dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, que delegou a investigação na unidade da Polícia Judiciária (PJ) que investiga crimes informáticos. Em Março, a PJ anunciou, no âmbito desta investigação, ter desencadeado a Operação Identidade Furtada, com a detenção de dois homens e uma mulher que se dedicariam ao phishing. No final do ano passado a PJ já tinha detido outros três suspeitos de pertencerem à mesma associação criminosa. Na altura uma ordem do Ministério Público permitiu cancelar a transferência de 40 mil euros desviados por esta rede. Durante a investigação foram recuperados 12 mil euros. meoliveira@publico.pt

Tem mais de 18 anos e menos de 30? Gostaria de ter uma experiência na área da ajuda ao desenvolvimento? A Comissão Europeia apresenta amanhã o Corpo de Solidariedade Europeia. Em Março os primeiros jovens devem estar no terreno. A ideia foi apresentada pelo presidente da Comissão Europeia, JeanClaude Juncker, no ano passado. “A União Europeia também pode contribuir para a criação de oportunidades para os jovens. Existem muitos jovens na Europa com consciência social, que estão dispostos a ajudar a sociedade”, disse a 14 de Setembro de 2015. “Jovens em toda a Europa poderão voluntariar-se para ajudar onde é mais necessário, para responder a situações de crise, como o fluxo de refugiados.” Ninguém deverá pôr os jovens a fazer ajuda humanitária de emergência — como acções de busca e salvamento —, algo que requer o esforço de especialistas qualificados. Poderão antes ser integrados em entidades que estejam, por exemplo, a reconstruir uma aldeia destruída por um desastre natural, a acolher candidatos a asilo, a desenvolver um projecto de inclusão social ou de combate à pobreza. Quem estiver interessado poderá inscrever-se em

http://europa.eu/solidarity-corps. O Corpo de Solidariedade Europeia parte de vários programas (de estágio, trabalho ou voluntariado) destinados a jovens e procura mobilizar redes activas no espaço comunitário. Cria um ponto de entrada único para pessoas com vontade de agir e organizações não governamentais, autoridades locais ou empresas privadas que desenvolvem trabalho social. Amanhã, nos sítios que servirão de rampa de lançamento (em Portugal, a representação da União Europeia apresenta o projecto na sede da Fundação AMI, em Lisboa), já pode inscrever-se qualquer rapaz ou rapariga com mais de 18 e menos de 30 anos, não importa o grau de ensino. O voluntariado, o estágio ou o trabalho poderá ser feito em Portugal ou no estrangeiro, conforme as preferências dos jovens e as necessidades das organizações acreditadas pela União Europeia. Para já não é possível garantir qualquer colocação. As inscrições abrem ao mesmo tempo para jovens e entidades (públicas ou privadas). Presume-se que haverá vagas para uma grande variedade de perfis. Se o jovem for recrutado como trabalhador, aprendiz ou estagiário noutro Estado-membro, receberá um salário ou uma bolsa para cobrir as suas despesas de deslocação e estadia. Se for recrutado como voluntário, os gastos básicos (comida, alojamento, transporte) serão cobertos através de subvenção atribuída à organização e o jovem receberá algum dinheiro para gastos pessoais. O montante varia de país para país. acpereira@publico.pt NUNO FERREIRA SANTOS

Candidatos podem ser integrados em projectos de inclusão social


188 FOGOS COM TIPOLOGIAS ENTRE T0 E T5 · Rua dos Douradores · Rua da Prata · Rua Jau · Rua da Vinha · Rua do Guarda-Mor · Calçada de Santana · Loteamento de Pedrouços · Loteamento de Rio Seco

6 Dezembro 2016 / Janeiro 2017 Galeria de Exposições Temporárias do Museu de São Roque

www.scml.pt


18 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

LOCAL

Karaté junta-se às modalidades das Olisipíadas do próximo ano As inscrições para a iniciativa, na qual podem participar crianças com idades entre os cinco e os 14 anos, já estão abertas. A expectativa da Câmara de Lisboa é mobilizar dez mil pessoas em 2017 RUI GAUDÊNCIO

Desporto Inês Boaventura A inclusão do karaté na lista de modalidades de competição e a redução da idade mínima de participação dos seis para os cinco anos são as grandes novidades da terceira edição das Olisipíadas. As inscrições para os jogos de Lisboa, organizados pela câmara e pelas juntas da freguesia da cidade, já estão abertas. Em 2016, as Olisipíadas tiveram 8330 inscritos, que participaram em 90 eventos desportivos, num total de mais de 300 horas de actividade. Em 2017 a iniciativa vai mais uma vez realizar-se, com um objectivo ambicioso que ficou por concretizar na edição anterior: alcançar os dez mil inscritos. “É este ano que vamos lá chegar”, afirmou o vereador do Desporto na apresentação da iniciativa, que se realizou ontem na Câmara de Lisboa. Sublinhando o “grande dinamismo” registado no ano passado, Jorge Máximo considerou chegado o tempo de se “enraizar” na cidade este projecto, “que ganhou uma notoriedade importantíssima na política desportiva municipal”. Já o presidente da câmara afirmou que as Olisipíadas “conquistaram um lugar no calendário”. “Se hoje não tivéssemos as Olisipíadas todos iriam bater à nossa porta e perguntar o que é que se passava”, disse Fernando Medina, acrescentando que esta é uma iniciativa que “já não voltará a sair do calendário”. A expectativa do autarca é que em 2017 os jogos “sejam maiores, sejam melhores” e continuem a incutir nos participantes um conjunto de “valores” e aprendizagens. Incluindo, exemplificou, “aquela coisa chata que é aprender a perder de vez em quando”. Para Fernando Medina, esta iniciativa, organizada pelo município e pelas 24 juntas de freguesia da cidade (em parceria com os comités Olímpico e Paralímpico de Portugal e com um conjunto de associações e federações desportivas, clubes e agrupamentos escolares), é também “um projecto de agregação e identi-

Segundo a câmara, o karaté “está em forte crescimento na cidade de Lisboa” ficação da cidade”. E “um extraordinário momento de mobilização”, rematou. A apresentação daquela que será a terceira edição das Olisipíadas coube ao vereador do Desporto, Jorge Máximo, que anunciou que o karaté, que “está em forte crescimento na cidade de Lisboa”, se juntará à lista de modalidades de competição. Além dessas modalidades, algumas individuais e outras colectivas, os jogos a realizar no próximo ano incluirão quatro modalidades adaptadas para pessoas com deficiência (atletismo, boccia, goalball e natação) e outras quatro nas quais se pretende que pais e avós se juntem às crianças participantes (atletismo, natação, ténis de mesa e xadrez). Além disso, as crianças de cinco

Em 2017 serão 13 as modalidades de competição. Os jogos incluem ainda quatro desportos adaptados para pessoas com deficiência e outros quatro abertos à participação de adultos

anos estão agora convidadas a participar nos jogos da cidade, que estão abertos a participantes com idades até aos 14 anos. As inscrições podem ser feitas até ao dia 15 de Janeiro, data em que se assinala o arranque dos jogos, que culminam com a fase final das competições, no fim-de-semana de 3 e 4 de Junho de 2017. Na edição de 2016 das Olisipíadas, Alcântara, Areeiro e Campo de Ourique ocuparam os três primeiros lugares do pódio, tendo sido também atribuídos prémios de mérito desportivo a Alvalade, Ajuda, Arroios, Marvila, Olivais e São Vicente. Além disso, foram distinguidas várias escolas públicas e privadas da cidade. O tema da edição do próximo ano será a candidatura de Lisboa a Capi-

tal Europeia do Desporto em 2021. “O entusiasmo com as Olisipíadas está a contaminar, está a ser o grande motor do projecto de Lisboa Capital Europeia do Desporto”, frisou Fernando Medina, que explicou que aquilo que se pretende com a candidatura “é mobilizar toda a cidade para a prática desportiva”. A proposta a Capital Europeia do Desporto terá de ser entregue por Lisboa, que disputa o lugar com Haia, até 30 de Junho, e os vencedores serão anunciados a 15 de Novembro. A autarquia tem argumentado que esta iniciativa terá “impactos económicos, sociais e desportivos relevantes para a cidade”. ines.boaventura@publico.pt


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 19

DANIEL ROCHA

Breves

Natureza Francisco Alves Rito

Saneamento

Lisboa participa em projecto para reduzir lixo do turismo A Câmara Municipal de Lisboa e várias entidades ligadas ao turismo e aos resíduos comprometeram-se ontem a conseguir uma melhor gestão dos resíduos urbanos e a reduzir a quantidade de lixo produzida pelos turistas. Nesse sentido, assinaram ao início da tarde um protocolo para a implementação em Lisboa do projecto europeu “Urban Waste”. O “Urban Waste” está a ser desenvolvido em 11 cidades-piloto e está também a ser implementado em Ponta Delgada. Tem como objectivos a redução em 2,5% do total de resíduos urbanos produzidos pelos turistas e o aumento em 40% na separação dos materiais recicláveis. Lisboa

PEV pede conclusão de nova ponte pedonal em Belém O grupo municipal do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) vai levar à reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa uma recomendação para que seja concluída a nova ponte pedonal junto ao Museu dos Coches, em Belém. O PEV quer que a câmara “diligencie, com carácter de urgência, no sentido da conclusão da nova ponte pedonal em Belém”. Os Verdes sublinham a urgência da nova construção, lembrando que a infra-estrutura que existe esteve encerrada em Outubro por razões de segurança. Aquando da inauguração do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, a 5 de Outubro, esta ponte foi encerrada por receio de que pudesse ceder ao peso das muitas pessoas que queriam visitar o museu.

Sobreiro mais velho do mundo é a nova atracção turística em Águas de Moura

Objectivo é libertar os polícias de tarefas que não são a sua missão

Polícias vão deixar os refeitórios para vigiar mais as ruas Segurança Idálio Revez Ministra da Administração Interna assinou ontem mais um pacote de Contratos Locais de Segurança com as câmaras algarvias O Ministério da Administração Interna está a “ultimar” um plano que prevê deslocar os 600 polícias que trabalham nas messes e refeitórios de todo o país para acções de vigilância e prevenção da criminalidade nas ruas. O anúncio foi feito ontem, em Loulé, pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, após a assinatura com as câmaras algarvias da segunda edição dos novos Contratos Locais de Segurança (CLS), destinados a reforçar a cooperação entre administração central e poder local. O primeiro pacote dos CLS foi celebrado em Julho com as câmaras da Amadora, Lisboa, Loures, Maia, Oeiras, Porto, Serpa, Sintra, Vila Franca de Xira e Vila Nova de Gaia. A ministra disse que pretende libertar os polícias das tarefas que “não têm a ver com a sua missão principal, que é serem policias”. Para isso vai contratualizar com empresas privadas o serviço prestado nas messes, em moldes semelhantes ao que se verifica com as cantinas do Ministério da Educação. As alterações, prevê a governante, deverão ter lugar “até final do primeiro trimestre do próximo ano”. Em relação à nova geração dos

CLS, assinados com 14 municípios algarvios, advertiu: “Não se esperam resultados imediatos.” Os benefícios, sublinhou, serão de médio e longo prazo — dependendo do resultado da cooperação interministerial e do envolvimento das autarquias num plano que envolve os ministérios da Administração Interna, Segurança Social e Educação. No final, em declaração aos jornalistas, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve — AMAL, Jorge Botelho, deixou a garantia de que os municípios irão “reforçar uma ligação permanente com as forças de segurança” para que sejam corrigidas situações relacionadas com a gestão das cidades. “Vamos eliminar alguns pontos negros”, enfatizou. Por seu lado, exemplificou a ministra, para tornar uma paragem de autocarro mais segura, “por vezes, basta melhorar a iluminação, mandando cortar a copa de uma árvore”. Das medidas preventivas, preconizados nos CLS, a delinquência juvenil e violência doméstica assumem particular relevância, ficando a sugestão para que haja um “alerta permanente” por parte de todas as entidades oficiais e cidadãos em geral. Para fazer o diagnóstico da situação da criminalidade algarvia foi concedido um prazo de dois meses, findo o qual serão postas em prática as medidas a aplicar no terreno. A Câmara de Loulé inscreveu no seu orçamento uma verba de 2,3 milhões de euros para modernizar as instalações da GNR em Almancil, Quarteira, Loulé e Salir. irevez@publico.pt

Com cerca de 233 anos, sobreiro de 16 metros de altura vai ser centro de parque de lazer em Águas de Moura, Palmela O sobreiro mais velho do mundo, localizado em Águas de Moura, freguesia de Marateca, no concelho de Palmela, vai ser atracção turística como figura central de um novo parque que a Câmara Municipal de Palmela está a construir no local. Com uma idade estimada em 233 anos e mais de 16 metros de altura, o sobreiro, conhecido como “casamenteiro” ou “assobiador”, é dado como o mais antigo e produtivo do mundo. Descortiçado mais de 20 vezes desde 1820, a extracção realizada em 1991 obteve 1200 quilos de cortiça, o suficiente para o fabrico de mais de cem mil rolhas. A autarquia tem a decorrer uma empreitada de remodelação da zona envolvente à árvore, que vai transformar o local num novo espaço de lazer e visitação. A obra, adjudicada por 16.500 euros, inclui a colocação de uma plataforma em madeira para contemplação, placas interpretativas e sinalética, pilaretes adaptados ao local para evitar estacionamento abusivo e, junto do espaço de jogo e recreio contíguo, uma zona de ginásio ao ar livre.

De acordo com o município, a intervenção foi concebida “numa lógica de associação de valências que se complementam, para garantir uma oferta de qualidade a quem vive na aldeia de Águas de Moura e atrair visitantes à localidade”. A Câmara Municipal de Palmela diz ainda que a construção do novo parque “pretende proteger, valorizar e dar visibilidade a este importante espécime, criando, em simultâneo, melhores condições para a sua contemplação e fruição”. Este sobreiro é uma das Árvores Monumentais de Portugal, e portanto classificada como de interesse pú-

1200

No último descortiçamento em 1991, o sobreiro deu 1200 quilos de cortiça, suficiente para o fabrico de mais de cem mil rolhas blico pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. “Devido ao clima propício, existem em Portugal árvores que se distinguem doutras das suas espécies pelo porte, desenho, idade, raridade, interesse histórico ou paisagístico e são estas árvores que são consideradas como ‘monumentais’”, explica o ICNF. Estão classificadas, em Portugal continental, 470 exemplares individuais como árvores monumentais e 82 conjuntos de árvores. DR

O sobreiro é uma das árvores monumentais de Portugal


20 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

ECONOMIA

Patrões preparam proposta conjunta para salário mínimo As quatro confederações estão a trabalhar num documento conjunto com as prioridades para um acordo de concertação social, que inclua a remuneração mínima Trabalho Raquel Martins As quatro confederações patronais estão a avaliar a possibilidade de enviarem ao Governo uma proposta conjunta com as prioridades que devem ser tidas em conta num acordo de concertação social, que inclua o salário mínimo nacional (SMN). Os patrões ainda não têm uma proposta concreta e só no decorrer das próximas semanas será possível saber se as confederações da indústria, do comércio e serviços, da agricultura e do turismo conseguem fechar um documento comum que enquadre o aumento do SMN nos próximos anos, à luz de critérios como a produtividade, a inflação e o crescimento da economia. Estes são, de resto, os indicadores previstos no acordo para o aumento do SMN em 2016, assinado em Janeiro. Na concertação social de 24 de Novembro, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, pediu aos parceiros que lhe fizessem chegar os seus contributos até sexta-feira passada. O objectivo é reunir todas as sugestões para depois o executivo avaliar se há condições para um acordo que fixe a evolução do salário mínimo ao longo dos próximos anos, ou se é possível ir mais longe e incluir outras questões. A proposta deverá ser apresentada aos parceiros a 19 de Dezembro. Tanto a CGTP como a UGT enviaram as suas propostas, mas os patrões pediram o adiamento do prazo. “Vamos fazer um documento conjunto”, disse ao PÚBLICO João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). “Esse é o objectivo”, corrobora o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva. “Enquanto subscritores do acordo [para o aumento do SMN em 2016, assinado em Janeiro], iríamos apresentar a nossa interpretação do acordo e da sua adopção no futuro”, concretizou.

Não está, contudo, definido se a posição conjunta apenas abordará o salário mínimo ou se incluirá outras questões que possam constar de um acordo de concertação mais alargado. “Só posso dar-lhe a minha opinião. Sou defensor de um acordo mais ambicioso. Devemos ter um acordo para a competitividade e o emprego onde as questões do salário mínimo devem estar consideradas”, destaca António Saraiva. Do lado do comércio, está tudo em aberto. “Ainda não decidimos se vamos enviar ou não [contributos]. Se enviarmos, também ainda não sabemos se apresentaremos sozinhos ou em grupo”, disse ao PÚBLICO o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, acrescentando que só a partir de amanhã tem condições para reunir os órgãos da estrutura e tomar uma decisão. A CGTP enviou um documento ao executivo onde defende que, em primeiro lugar, seja definido o SMN para 2017. Depois disso, deve-se “acelerar o debate com vista à implementação de medidas que contribuam para o desbloqueamento da contratação colectiva, nomeadamente na alteração das normas de caducidade e a reposição do princípio do tratamento mais favorável”. O objectivo, precisa a central, é evitar que “os salários situados na parte inferior das tabelas sejam absorvidos pelos aumentos do SMN”. A UGT também fez chegar ao Governo os seus contributos, que vão para lá do salário mínimo, embora não divulgue o documento. Neste momento, é difícil dizer se será possível fechar um acordo na concertação, seja apenas para o salário mínimo ou seja, eventualmente, mais abrangente, incluindo questões laborais ou fiscais, como defende o Presidente da República. Em 2006 — quando foi assinado o primeiro e único acordo para a evolução do SMN ao longo de cinco anos —

Ainda não está definido se a posição conjunta abrange apenas o salário mínimo ou se inclui outras questões

Devemos ter um acordo para a competitividade e o emprego onde as questões do salário mínimo devem estar consideradas António Saraiva Presidente da CIP

a estratégia seguida pelo Governo de então foi segmentar os vários temas, em vez de celebrar um acordo abrangente. Agora, o enquadramento político torna as negociações na concertação social mais difíceis, dado que há um acordo entre o PS e o BE que prevê que o salário mínimo suba dos 530 para os 557 euros no próximo ano e chegue aos 600 euros no final da legislatura. “A minha expectativa maior é que, se conse guirmos construir um acordo, ele será principalmente em torno das ques-

tões do salário mínimo”, disse o ministro Vieira da Silva no final da reunião da Comissão Permanente de Concertação Social de há duas semanas. “As outras questões ficarão para depois”, acrescentou. Quem em 2006 esteve sentado à mesa das negociações também não arrisca um desfecho. Na análise que faz ao momento político, João Proença, ex-dirigente da UGT, considera que o que dificulta a negociação do SMN “não são tanto os valores em cima da mesa, mas o acordo político que diz quais são os valores do resultado final”. “As pessoas sentem que não há negociação, mas sim imposição de valores. É uma negociação que está um bocado envenenada, justamente pelo acordo prévio que houve com o BE sobre o salário míni-


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 21

No acordo de 2006, ‘houve um empenho pessoal dos dirigentes máximos de todas as confederações’ Vieira da Silva Ministro do Trabalho ADRIANO MIRANDA

O dia em que a CGTP e a CIP deram juntas um salto histórico Raquel Martins Há dez anos, foi assinado um acordo inédito entre os parceiros sociais para o aumento do salário mínimo entre 2007 e 2011

mo”, destaca. Uma solução possível, recomenda, é incluir na discussão matérias que “não estão tão rigidificadas no acordo político, para alargar o âmbito da negociação”. Francisco van Zeller, antigo presidente da CIP, também tem dúvidas de que poderá haver um desfecho favorável. “Não vejo maneira de um acordo honesto de médio prazo. Um acordo podem sempre forçá-lo, mas um acordo honesto como o que foi feito no passado? Isso não acredito”, diz. Para João Proença, “não é fundamental” que haja um acordo para o SMN nos próximos anos. O grande desafio é que “a fixação do salário mínimo não inviabilize um acordo de concertação” no futuro. raquel.martins@publico.pt

Reuniões na Praça de Londres madrugada fora, acompanhadas com chá e bolachas; encontros de alto nível de ministros com os dirigentes patronais e sindicais; e até uma reunião entre o então primeiro-ministro José Sócrates e o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. Foi este o ambiente que se viveu nos meses que antecederam a assinatura, a 6 de Dezembro de 2006, do acordo inédito para o aumento do salário mínimo nacional (SMN) nos cinco anos seguintes. Nesse ano, Portugal tinha um SMN de 385,90 euros, valor reconhecido por todos — incluindo patrões — como “muito baixo”. José Sócrates estava no poder há quase dois anos e o PS tinha maioria no Parlamento. Na concertação social, o clima era favorável ao diálogo e o ano culminaria com a assinatura do acordo que fixava a evolução do SMN entre 2007 e 2011. Todos os parceiros sociais, incluindo a CGTP, inscreveram o seu nome no documento. Dos registos fotográficos, há um dos protagonistas que se mantém. Vieira da Silva, actual ministro do Trabalho e da Segurança Social, que, há dez anos, ocupava a mesma pasta e liderou o processo de negociação do acordo. Olhando para trás, o ministro recorda um processo “com muito trabalho prévio de contacto com os parceiros sociais ao mais alto nível”. Na altura, relata ao PÚBLICO, conjugaram-se vários elementos que permitiram um desfecho favorável. Por um lado, os dirigentes patronais eram sensíveis à importância de aumentar o SMN. Por outro, vivia-se um período de expectativa de recu-

peração económica e uma “dinâmica construtiva na concertação social”. Mas o acordo, sublinha, foi sobretudo “o resultado de uma confluência de vontades”. “Houve um empenho pessoal dos dirigentes máximos de todas as confederações.” Entre esses dirigentes, há dois que se destacam: Manuel Carvalho da Silva e Francisco van Zeller. O primeiro estava à frente da CGTP, central sindical que, por norma, não assinava acordos com os governos. O segundo presidia à Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), entidade que tradicionalmente resistia a tomar medidas que afectassem os custos das empresas. Do “sim” destes dois dirigentes dependia a formalização de um acordo inédito com a participação de todos. A UGT, tradicionalmente mais atreita a assinar acordos, estava entre os valores seguros. Quanto aos restantes patrões (Comércio, Agricultura e Turismo), havia a ideia de que, se a CIP assinasse, eles fariam o mesmo. O caminho não foi fácil. Para assegurar que a CGTP estaria no acordo e que o PCP (com ligações fortes à central) não se oporia, há relatos de um encontro ao mais alto nível

entre José Sócrates e Jerónimo de Sousa. O processo implicou ainda muitas reuniões, em que assuntos laterais ganhavam grande importância. Um deles foi a polémica entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e o ministro da Agricultura, que acusou a CAP de ter ligações à extrema-direita. O presidente João Machado (que se mantém à frente da confederação) não gostou e ameaçou abandonar

385,90 euros era o salário mínimo nacional em 2006, um valor reconhecido como “muito baixo” por patrões e sindicatos

o diálogo social. Na véspera da assinatura do acordo, houve contactos do Governo com a CAP, de forma a garantir que não desistiria à última hora. Van Zeller, ex-presidente da CIP, recorda que no período que antecedeu a negociação na concertação social fizeram-se muitos encontros na Praça de Londres, onde ficava o gabinete de Vieira da Silva. “LembroPEDRO CUNHA/ARQUIVO

Carvalho de Silva e João Proença lideravam a CGTP e a UGT

me de reuniões até à uma ou duas da manhã com bolachas e chá.” Desses encontros, destaca duas figuras: João Proença, então secretário-geral da UGT, e o próprio ministro. “Excelentes negociadores”, diz. Também Carvalho da Silva dá conta de “muitas discussões” envolvendo, além de Vieira da Silva, o primeiro-ministro. “Houve uma intervenção activa de toda a gente”, diz ao PÚBLICO. “Havia um clima claramente favorável à concertação social nesse início de mandato do Governo e tratou-se de aproveitar o balanço desse clima para se fazer o acordo”, recorda por seu lado João Proença. As bases daquele que viria a ser um entendimento inédito foram lançadas com a decisão de criar o Indexante de Apoios Sociais (IAS) para substituir o SMN como referencial das prestações sociais. Como o crescimento das pensões mínimas estava directamente ligado ao SMN, eram os próprios governos que travavam o seu aumento para evitar o aumento da despesa pública. “O salário mínimo era muito baixo, todos reconhecíamos isso”, diz agora ao PÚBLICO o antigo dirigente da CIP. Por outro lado, lembra, “muitas das empresas já tinham salários mais altos do que o SMN e a subida não afectou um grande universo”. Com base neste pressuposto, a CGTP tinha definido como objectivo colocar o SMN nos 500 euros em 2010. O acordo ficou lá perto. A remuneração mínima aumentaria de 385 para 403 euros em 2007, para 450 euros em 2009 e assumia-se “como objectivo de médio prazo o valor de 500 euros em 2011”. A meta ficou pelo caminho. Em 2011, já com a ameaça da troika, o SMN subiu para 485 euros e aí ficou até Outubro de 2014. Nesse ano, com Passos Coelho no Governo, aumentou para 505 euros, onde se manteve até Janeiro de 2016, quando, já com António Costa como primeiro-ministro, passou para 530 euros.


22 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

ECONOMIA

Sonae ataca mercado de comida saudável com marca Go Natural Negócio da nutrição saudável vale 2100 milhões de euros em Portugal e o dono do Continente quer ser líder deste mercado. Através de um acordo de licenciamento da marca, vai abrir seis lojas até 2017 ENRIC VIVES RUBIO

Distribuição Ana Rute Silva A Avenida 5 de Outubro em Lisboa foi o local escolhido pela Sonae para abrir, hoje, o primeiro supermercado biológico Go Natural. O grupo, dono do Continente (e do PÚBLICO), assinou um acordo de licenciamento da marca com a Go Well, a empresa proprietária da rede de 22 restaurantes, e prepara-se para abrir cinco novos espaços em Lisboa e no Porto durante o próximo ano. Este é o primeiro supermercado biológico da Sonae, que já tem nos hipermercados uma área dedicada a este modo de produção e à alimentação saudável. De acordo com Inês Valadas, administradora da Sonae MC, no Continente as vendas destes artigos estão a crescer a “dois dígitos”. É a “área que mais cresce”, adiantou ontem, durante uma apresentação aos jornalistas. O grupo da Maia vai, assim, concorrer com o Celeiro, um dos primeiros projectos em Portugal de nutrição saudável. De acordo com dados divulgados pela Sonae, o Celeiro terá vendas de 18 milhões de euros e 35 lojas em todo o país. Outro concorrente é a cadeia Brio, do The Edge Group (liderado por José Luís Pinto Basto), actualmente com sete lojas na região de Lisboa e uma facturação de quatro milhões de euros em 2015, segundo números divulgados recentemente pela empresa ao Jornal Económico. Com o consumidor cada vez mais interessado na alimentação saudável, as vendas de produtos sem lactose ou glúten, sem açúcares adicionados, vegetarianos, vegans ou biológicos têm disparado. A Noruega e a Finlândia são os países com maior consumo per capita (883 euros e 873 euros, respectivamente) e Portugal ainda está no final da tabela, com um consumo a rondar os 206 euros por habitante. O negócio da chamada “nutrição saudável” está avaliado em 2100 milhões de euros no nosso país, valor distante dos líderes Alemanha (26.700 milhões) e Reino Unido (26.500 milhões). A Sonae acredita que Portugal tem “grande potencial”

Sonae não divulgou valores de investimento na nova cadeia de supermercados. Aberturas serão em centros urbanos

A Finlândia e a Noruega são os países da Europa Ocidental com maior consumo per capita de produtos biológicos, com 883 e 873 euros, respectivamente. Em Portugal, cada habitante gasta 206 euros por ano

neste mercado. “Queremos ser líderes neste negócio”, sublinha Inês Valadas, acrescentando que, tendo em conta o volume de vendas destes produtos no Continente e no Continente Bom Dia, a cadeia de retalho alimentar já dominará o mercado. A administradora da Sonae MC adianta que mais de 80% dos produtos à venda nos novos supermercados Go Natural são biológicos mas as novas lojas também vão ter artigos para quem tem restrições e intolerâncias alimentares, outras alternativas saudáveis, suplementos e vitaminas. Trata-se de uma insígnia de retalho especializado “focado na alimentação saudável”, disse. Cada estabelecimento deverá empregar 18

trabalhadores e terá uma área aproximada de 350 metros quadrados, sempre integrada em grandes centros urbanos. Além da utilização da marca Go Natural, os supermercados terão um restaurante e vão vender refeições desta cadeia, através de um acordo de exploração. Não foram divulgados valores de investimento. Esta parceria corre de forma independente à aquisição de 51% do capital da Go Well, negócio anunciado sexta-feira e ainda dependente da aprovação da Autoridade da Concorrência. Inês Valadas adianta que, caso o regulador dê luz verde à aquisição, os sócios fundadores manter-se-ão à frente do negócio. Houve uma “coincidência de datas” entre o

anúncio da aquisição e o lançamento dos supermercados Go Natural, que estão a ser preparados há nove meses. Para Joana Martorell, a criação de uma rede de supermercados suportada na marca que criou em 2004 juntamente com o irmão Diogo, “faz todo o sentido”. As novas lojas (detidas 100% pela Sonae) são uma “representação fiel dos valores” da sua empresa, afirmou. Diogo Martorell corrobora: “Desde o primeiro dia sempre pensámos que podíamos ir para outros caminhos e a primeira materialização foi um restaurante. A marca tem elasticidade suficiente para ser um supermercado.” ana.silva@publico.pt


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 23

ECONOMIA A Renova inaugurou uma nova máquina que vai aumentar a sua produção anual em 50%

Breves Empresas

As acções da Impresa dispararam ontem 12,71% com a especulação em torno de uma hipotética operação de aquisição pela Nos. Os rumores foram alimentados pelas declarações do presidente da operadora de telecomunicações ao Expresso (do grupo Impresa) no fim-desemana, assumindo que, se a Altice avançar para a compra da TVI, “haverá guerra”.

JOAO HENRIQUES/ARQUIVO

Impresa dispara com especulação sobre interesse da Nos

Aeroportos Trabalhadores de handling votam greve

Mercados

Arrancou ligação entre as bolsas de Shenzhen e Hong Kong A ligação entre as bolsas de Shenzhen e Hong Kong, adiada por várias vezes desde que foi anunciada em 2015, arrancou ontem, abrindo o mercado de capitais da China aos investidores internacionais. O chefe do executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, descreveu a ligação como um “marco” no reforço do mútuo acesso ao mercado entre a Região Especial Administrativa e a China continental. O mecanismo permitirá aos investidores da bolsa de Hong Kong investir na de Shenzhen e vice-versa, através de um sistema de quotas diárias, semelhante ao estabelecido com o da bolsa de Xangai, a “capital” financeira da China, desde Novembro de 2014.

Segurança Social

Mais de 18 mil contribuintes aderem ao PERES Até ao início de Dezembro, a Segurança Social já registou a adesão de 18.293 contribuintes ao Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES), dos quais 60% pediram para pagar as suas dívidas a prestações. Os dados divulgados pelo Governo dão conta da emissão de mais de 18 mil documentos únicos de cobrança no valor de 105 milhões de euros. OCDE

Automóvel

Activos de fundos de pensões valem 10,9% do PIB em Portugal

Apple confirma interesse por veículos que circulam sozinhos

Os activos dos fundos de pensões em Portugal representavam 10,9% do PIB em 2015, acima dos 10,7% registados em 2010, de acordo com a OCDE. Segundo o Pensions Outlook 2015, ontem publicado, os fundos de pensões atingem valores mais elevados em países onde foram desenvolvidos sistemas privados, como é o caso da Dinamarca, Holanda e Islândia.

Depois dos rumores, a confirmação. Numa carta endereçada à National Highway Traffic Safety Administration, que regula os transportes nos EUA, a Apple afirma estar “a investir fortemente no estudo da aprendizagem e da automação de máquinas e está entusiasmada com o potencial dos sistemas autónomos em diversas áreas, incluindo os transportes”. E já registou vários domínios de Internet, como apple.car.

Os trabalhadores de handling (assistência em terra) da Groundforce e da Portway aprovaram um plenário a realizar dia 26 para decidir a

marcação de uma greve entre 28 e 30 de Dezembro, anunciou o sindicato do sector (Sitava). A decisão foi aprovada ontem, num plenário realizado

em Lisboa durante uma concentração de trabalhadores em frente às instalações da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).


24 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

MUNDO

Valls é candidato para provar que a esquerda não está condenada Demite-se hoje do cargo de primeiro-ministro. Diz que quer unir, primeiro a esquerda, depois os franceses. “Dizem que a esquerda não tem hipóteses [nas presidenciais], mas nada está decidido” LIONEL BONAVENTURE/AFP

França Ana Gomes Ferreira Manuel Valls anunciou a sua candidatura à Presidência de França. Fez um tímido elogio ao actual chefe de Estado, mas ao justificar a sua decisão não fez mais do que apontar o que correu mal a François Hollande. Valls quer afirmar o peso internacional de França e os valores de um país “independente” perante “a China de Xi Jinping, a Rússia de Vladimir Putin, a América de Donald Trump e a Turquia de Erdogan”. “Sou candidato porque a França deve assumir todo o seu peso num mundo que já não é aquilo que era: terrorismo, aquecimento global, subida da extrema-direita”, disse o candidato que hoje oficializa a sua demissão do cargo de primeiro-ministro, que ocupa desde em Março de 2014, quando Hollande o chamou para a chefia do Governo, em substituição de Jean-Marc Ayrault. O anúncio da candidatura foi feita quatro dias depois de Hollande ter dito que não se recandidata — a primeira vez que um Presidente não tenta manter-se no Eliseu para um segundo mandato em mais de 50 anos. “A sua decisão [de não se recandidatar] foi a de um homem de Estado, que coloca os interesses gerais acima de todos os outros; quero expressarlhe a minha afectividade”, disse Valls sobre Hollande, depois de semanas de tensão entre os homens que governavam a França por causa da hesitação de um em tomar uma decisão e a necessidade do outro em começar imediatamente a campanha. Hollande é o Presidente mais impopular em décadas. E Valls, de 54 anos, sabe que não tem muito tempo para tentar reverter um cenário que, à partida, não lhe é favorável. As sondagens sobre as primárias abertas da esquerda (22 e 29 de Janeiro) dizem que deverá ser ele o escolhido para as presidenciais (há duas voltas, 23 de Abril e 7 de Maio). Já os inquéritos das presidenciais colocam-no em desvantagem, atrás de François Fillon (direita) e Marine Le Pen (extrema-direita). “Dizem que a esquerda não tem

A demissão de Valls obriga Hollande a escolher o seu terceiro primeiro-ministro

Sou candidato porque a França deve assumir todo o seu peso num mundo que já não é aquilo que era Manuel Valls Candidato socialista à Presidência de França

hipóteses, mas nada está decidido. Dizem que a extrema-direita está qualificada para a segunda volta, mas nada está decidido. Dizem que François Fillon é o próximo Presidente da República, mas nada está decidido”, disse Valls. Daí o seu apelo à unidade, ele que dividiu o Partido Socialista, com um estilo autoritário, uma política virada para as empresas — perdeu o apoio de parte da bancada socialista no Parlamento com a reforma da lei do trabalho, que aprovou por decreto e que lhe valeu a contestação dos cidadãos nas ruas — e o apoio a causas mais próximas da direita mais radical, por exemplo a proibição do burquíni. “Hoje, tenho uma responsabilidade, unir. Sim, unir, porque quando

governámos com François Mitterrand, Lionel Jospin, François Hollande, fizemos parte de uma coisa maior, grande, forte, um combate para proteger o progresso e a justiça social”. Por enquanto, ainda não convenceu os socialistas — onde tem um rival na ala esquerda, que chegou a ser ministro da Indústria antes de Valls, Arnaud Montebourg. No resto da esquerda, são 12 os candidatos, entre eles o chefe de fila da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, que nem se apresenta às primárias. “É preciso que Manuel Valls mude de posição sobre uma série de coisas”, disse no sábado o deputado socialista Philippe Doucet. “Aconselhoo a ter posições mais consensuais”, acrescentou o primeiro-secretário do

PS, Jean-Christophe Cambadélis. “Quero, em plena liberdade, propor aos franceses uma mudança com a minha candidatura e dar mais cinco anos à esquerda”, disse Valls. A demissão de Valls implica que todo o executivo está demissionário. Hollande terá de encontrar o seu terceiro primeiro-ministro. Os jornais franceses perguntavam se fará ou não uma remodelação total, e apontavam nomes possíveis para suceder a Valls até às legislativas, que são em Junho. A saber: Bernard Cazeneuve (ministro do Interior), Jean-Yves Le Drian (Defesa), Stéphane Le Foll (Agricultura), Marisol Touraine (Saúde) e Najat Vallaud-Belkacem (Educação). agferreira@publico.pt


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 25

FRANCOIS LENOIR/REUTERS

Breves

Guerra na Síria Ana Fonseca Pereira

Diplomacia

Pela primeira vez um líder japonês vai a Pearl Harbour Depois da primeira visita de um Presidente americano a Hiroshima, a visita de um primeiro-ministro japonês a Pearl Harbor. Um acontecimento inédito anunciado ontem por Shinzo Abe, a três dias dos 75 anos do ataque que fez os EUA entrarem em guerra no Pacífico, quando na Europa já se travava a II Grande Guerra. Abe anunciou que tenciona visitar o local do ataque de 7 de Dezembro de 1941 durante os dias 26 e 27 de Dezembro. A 27 de Maio deste ano, Barack Obama visitou a cidade de Hiroshima, no sudeste do Japão, onde os norteamericanos largaram uma das duas bombas atómicas utilizadas contra os nipónicos. Líbia

Governo reconquista Sirte aos jihadistas do Daesh O grupo jihadista Daesh sofreu ontem um revés importante na Líbia com a perda do seu reduto em Sirte, após meses de combates com as forças do Governo de unidade nacional liderado por Fayez Sarraj. A tomada de Sirte foi anunciada pelo Governo líbio, que saudou o regresso da cidade à sua tutela. Cidade natal de Muamar Kadhafi e bastião do seu regime, Sirte é um porto mediterrânico situado num local estratégico, a 300 quilómetros das costas europeias e a meio caminho entre Trípoli e a segunda maior cidade líbia, Bengazi, capital da região Cirenaica. A perda de Sirte é mais um golpe duro para o Daesh, que sofreu nos últimos meses uma série de derrotas militares também na Síria e Iraque.

Rússia anuncia reunião com EUA para discutir saída da rebelião de Alepo

Jens Stoltenberg : a Turquia é um aliado fundamental

Turquia pressiona NATO a recusar asilo a militares “golpistas” Defesa Clara Barata, em Bruxelas Jens Stoltenberg diz que aproximação de Ancara à Rússia não contradiz a presença do país na Aliança A Turquia está a embaraçar a NATO, com a caça às bruxas levada a cabo após a tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho: 60 a 80% dos oficiais turcos destacados nas estruturas da Aliança Atlântica são suspeitos de serem seguidores do imã Fethullah Gülen, que o Governo diz ter organizado o golpe, e não escaparam à purga. Muitos pediram asilo nos países onde estavam colocados. Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, confirma os pedidos de asilo, mas não comenta a actuação de um país-membro. A Turquia tem feito pressão diplomática para que os seus parceiros na Aliança Atlântica não dêem resposta a esses pedidos, diz o jornal turco Hürriyet. Um dos pontos da revolta militar de 15 de Julho foi a base da NATO em Inçirlik, no sul do país. “Na minha visita a Istambul [na semana de 22 de Novembro], o Governo turco garantiu-me várias vezes que será respeitado o Estado de direito”, afirmou Stoltenberg. Os pedidos de asilo — que, segundo relatos publicados em vários media, se verificaram na Alemanha, nos Estados Unidos e na Bélgica, pelo menos — terão de ser decididos pelos países em causa. “Não cabe à NATO tomar esse tipo de decisões”, sublinhou

em Bruxelas o secretário-geral, dias antes da cimeira da Aliança Atlântica que decorre entre quinta-feira e sábado. “A Turquia tem o direito a julgar os responsáveis pelo golpe, em que morreram centenas de pessoas”, disse o secretário-geral da NATO. “Mas o Conselho da Europa está a analisar se há violações dos direitos humanos, tem os mecanismos adequados para o fazer”, assegurou Stoltenberg. Mas o caminho que a Turquia tem seguido, sobretudo desde o golpe falhado, tem sido o de enfrentar a União Europeia e os EUA, ao mesmo tempo que se torna um parceiro cada vez mais indispensável. Investiu na reaproximação à Rússia e o Presidente Recep Erdogan fala em juntarse à Organização de Cooperação de Xangai, liderada por Moscovo e pela China, quando a relação com a UE se deteriora. “A Turquia é um aliado fundamental. Recebeu três milhões de refugiados, tem um papel determinante na resposta à Rússia e ao Estado Islâmico, na gestão da crise dos refugiados”, explicou Stoltenberg. “E a Turquia tem expressado a vontade de continuar a ser um parceiro empenhado da NATO.” Por isso, em Bruxelas as aproximações da Turquia à Rússia são vistas com benevolência: “Não é contraditório com fazer parte da Aliança Atlântica, faz parte da mensagem da NATO”, afirmou Stoltenberg.

Grupos armados dizem que não vão deixar a cidade, mas já só controlam 30% do território que detinham antes do início da ofensiva A Rússia anunciou que vai negociar com os Estados Unidos a retirada dos rebeldes sírios do Leste de Alepo — uma retirada que os combatentes asseguram que não acontecerá, apesar de terem perdido na última semana mais de dois terços do território que controlavam na cidade. “Todos os grupos armados que recusarem deixar o Leste de Alepo serão considerados terroristas”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, adiantando que hoje à noite ou amanhã de manhã vai encontrar-se em Genebra com o homólogo norte-americano, John Kerry. O objectivo, explicou, é chegar “sem demoras” a um “acordo sobre o itinerário” para a saída dos combatentes, tal como aconteceu em 2012 em Homs, quando a oposição deixou a cidade, após dois anos de cerco. Assim que houver acordo sobre o calendário e os corredores para a retirada, “vai entrar em vigor uma trégua” na cidade, acrescentou Lavrov, horas antes de o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reunir para votar uma resolução que propunha igualmente um cessar-fogo, a fim de permitir o envio de ajuda

A jornalista viajou a convite da NATO cbarata@publico.pt

Os combates estavam ontem próximos da Cidade Velha

humanitária para os milhares de civis cercados pelos combates. Uma ideia que Lavrov considerou “contraproducente” e com o único objectivo de permitir que os rebeldes se reagrupem, no exacto momento em que estão a ceder em todas as frentes. Washington não comentou o anúncio da Rússia, principal aliado da Síria, mas na sexta-feira Kerry anunciou que iria a Genebra tentar negociar um fim para os sangrentos confrontos em Alepo. Antecipandose à Administração Obama, que apoia alguns dos grupos que combatem na cidade, vários movimentos rebeldes excluíram qualquer hipótese de rendição. “Os revolucionários não deixarão o Leste de Alepo. Vão combater a ocupação russa e iraniana até à última gota de sangue”, disse à AFP Abdel al-Hamui, dirigente do grupo islamista Jaish al-Islam. À Reuters, o porta-voz da União Fastaqim revelou que o grupo comunicou a Washington que não sairia da cidade. “Dissemos-lhes que não podemos deixar a nossa cidade e as nossas casas para as milícias de mercenários mobilizados pelo regime. Eles ouviram e não comentaram.” A rendição de Alepo seria uma enorme humilhação para os rebeldes, forçados a sair de uma cidade que mais do que simbólica é estratégica. Mas, a coberto do anonimato, um responsável da oposição admitiu à Reuters que, muito em breve, os combatentes não terão alternativa, a bem dos civis (entre cem a 200 mil) que vivem nos bairros que ainda controlam. “As pessoas estão a pagar um preço muito alto, sem que nenhum país ou organização intervenha” em seu auxílio, disse o responsável. Uma escolha que pode não tardar — segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, à oposição não resta mais do que 30% do território que detinha em Alepo. A rebelião dava já ontem como perdido o bairro de al-Shaar, cercado pelas forças governamentais, e estava a combater ferozmente nas imediações da Cidade Velha, dividida também desde 2012 entre o Governo e a oposição. Do outro lado da cidade, um hospital de campanha gerido pela Rússia foi atingido por morteiros disparados pelos rebeldes, matando duas médicas que ali trabalhavam e ferindo gravemente um terceiro clínico. apereira@publico.pt


26 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

CIÊNCIA

Cientistas portugueses unem-se contra exportação de esqueletos Contestação surgiu após um investigador no Canadá ter pedido à Câmara de Lisboa 100 a 200 ossadas não reclamadas nos seus cemitérios — e de a solicitação ter sido aceite. Em causa não está a investigação em esqueletos humanos, mas sim a exportação Antropologia Teresa Firmino O antropólogo Hugo Cardoso, da Universidade de Simon Fraser, no Canadá, pediu à Câmara Municipal de Lisboa (CML) a doação de esqueletos humanos recentes, do final do século XIX e início do século XX, para investigação científica e ensino. O pedido foi aprovado por unanimidade, em reunião de câmara em Junho. Mas desencadeou a oposição de um grupo de 24 antropólogos portugueses, que querem travar essa ideia: consideram que se trata de “exportação” de esqueletos humanos, que isso daria uma má imagem do país, que existe um vazio legal e que é necessário um debate profundo sobre tudo isto. Por isso, os 24 cientistas e profissionais da antropologia biológica alertam para as consequências da saída das ossadas humanas, numa carta que enviaram a 18 de Outubro a vários ministros — nomeadamente, ao ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, e ao da Ciência, Manuel Heitor. “Não podíamos ficar de braços cruzados perante uma situação inédita. Não queremos ser o primeiro país do mundo [nos tempos actuais] a fazer exportação de esqueletos humanos, ainda para mais identificados”, diz Eugénia Cunha, da Universidade de Coimbra, e a primeira signatária da carta. “Os esqueletos humanos são restos de pessoas. Já não lhes basta terem sido abandonados pela família?”, nota a antropóloga, referindo-se às ossadas exumadas dos cemitérios ao fim do prazo legal numa sepultura temporária (pelo menos três anos) e que ninguém reclama. Exportações de ossadas humanas já aconteceram, mas no passado: “No século XIX! Na altura do colonialismo. Temos restos humanos que vieram de Timor, de Angola. Cada investigação tem a sua altura. Não vamos voltar ao passado. Hoje as coisas são diferentes”, continua Eugénia Cunha. “O Canadá não permite que os esqueletos dos canadianos sejam analisados

— não permite fazer colecções de esqueletos [recentes] identificados —, mas vai permitir que os portugueses sejam lá analisados? Nada disto faz grande sentido.” A mesma opinião tem outra signatária da carta, Susana Garcia, curadora convidada das colecções de antropologia do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa. “Se no Canadá acham que não é ético ter esqueletos humanos [recentes] deles, qual é o argumento para os virem buscar a outro país? Parece que os canadianos têm um valor superior a nós, portugueses. Parece que há dois pesos e duas medidas”, nota.

No Canadá, actualmente, não é permitida a criação de novas colecções de referência com esqueletos de canadianos identificados “Exportar não. A ciência já não é considerada um valor absoluto. No século XIX, era um valor absoluto, em nome da ciência tudo se justificava. Os museus têm de saber interpretar o sentimento das pessoas e, neste momento, não é o da exportação. Pelo contrário, é o da repatriação, é devolver às comunidades os esqueletos”, assinala ainda Susana Garcia.

Para quê tantas ossadas? Hugo Cardoso solicitou ossadas à CML em Dezembro de 2014. A título gratuito, o que pediu foi “a doação de ossadas abandonadas dos cemitérios de Lisboa”, lê-se na sinopse do pedido formal, que disponibilizou ao PÚBLICO. “Pretende-se transportar para a Universidade de Simon Fraser um número aproximado de 100-200 ossadas humanas abandonadas nos cemitérios da cidade de Lisboa, nú-

mero que poderá ser considerado um máximo”, dizia o pedido. Para que quer o antropólogo as ossadas? Para criar o que se designa por uma “colecção de referência” de esqueletos humanos recentes. Nestas colecções, as pessoas estão identificadas: os cientistas conhecem-lhes o nome (em Portugal o anonimato é mantido), o sexo, a idade, quem eram os pais, as causas da morte, as doenças que tinham e, nalguns casos, até a profissão ou se tinham filhos (porque pode haver acesso a certidões de óbito ou fichas clínicas). Estas colecções têm assim um valor dito de “referência”, porque têm informação osteológica sobre as populações actuais que pode servir de comparação para uma série de estudos, desde arqueológicos a forenses. Podem fazer-se comparações com ossadas humanas paleontológicas e arqueológicas em museus, cuja identidade se desconhece. Ou desenvolverem-se metodologias úteis em situações de catástrofes naturais. Portanto, têm grande valor científico. Como os humanos se vão adaptando ao ambiente, há alterações anatómicas e nos padrões de crescimento e de maturação biológica, variações na dieta ou prevalência de doenças, fundamentava Hugo Cardoso no seu pedido à CML. “Crucial para o estudo das populações do passado são os esqueletos modernos que se constituem como modelos ou referências singulares, apenas a partir das quais é possível, por via comparativa, conhecer a história evolutiva humana, a vida dos povos pré-históricos e históricos”, dizia, frisando que este material tem ainda “um papel fundamental no desenvolvimento e teste de técnicas de identificação médico-legal de ossadas não identificadas, pois as amostras paleontológicas e arqueológicas não são representativas da população forense”. Por fim, falava da importância das colecções de referência no ensino, pois “documentam a variabilidade anatómica actual”. Em resposta ao PÚBLICO, Hugo Cardoso explica o porquê de tantas

Uma das colecções de material osteológico cuja identidade das pessoas é ossadas pedidas para criar uma colecção de referência: “É muito importante uma grande variabilidade morfológica e anatómica, incluindo indivíduos do sexo masculino e feminino, mas também de várias idades. Essa variabilidade é crucial para a formação em anatomia óssea, que permite aos alunos reconhecer todos os ossos do esqueleto humano a partir de fragmentos, apesar das inúmeras diferenças individuais”, começa por dizer. “No caso da investigação, um número significativo de indivíduos é essencial para que as interpretações

tenham validade estatística e implicações práticas, por exemplo na criação de métodos forenses para a identificação de vítimas não identificadas”, acrescenta. “Tanto no ensino como na investigação, a colecção pretende dotar os futuros especialistas de conhecimentos que lhes permitam identificar ossos humanos em caso de catástrofes naturais, desastres de massa ou atentados, investigações sobre eventual violação de direitos humanos e outras mortes violentas em que o cadáver da vítima esteja desfigurado, destruído, putrefacto


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 27

Hugo Cardoso (na foto) pediu ossadas humanas dos cemitérios de Lisboa para criar uma colecção no Canadá destinada à investigação e ao ensino SÉRGIO AZENHA

Direcção-Geral do Património teria de ser ouvida

é conhecida e que se encontra na Universidade de Coimbra ou esqueletizado. Desempenhará um papel importante na identificação destas vítimas e potencialmente na determinação da causa de morte.”

As restrições no Canadá Acontece que no Canadá, actualmente, a criação de novas colecções de referência com esqueletos de canadianos não é permitida. Ou a investigação médica, anatómica e forense se faz hoje com cadáveres de canadianos que decidiram doar o corpo em vida à ciência. Ou o material cadavérico existente de canadia-

nos identificados foi obtido antes da legislação actual: “O Canadá tem uma colecção de esqueletos canadianos identificados, em tudo semelhante a colecções que têm como base ossadas de cemitérios (e que existem em várias partes do mundo), mas que tem [teve] origem em cadáveres não reclamados e que foram utilizados no ensino da anatomia. A colecção está conservada na Universidade de Toronto”, diz-nos Hugo Cardoso, ao fim de alguma insistência. E que consiste em esqueletos de 202 indivíduos adultos recebidos pela universidade

entre 1928 e o início dos anos 50, a maioria de hospitais locais e instituições de assistência social. “Também há várias colecções de ossos de não canadianos, conservadas em museus e universidades do Canadá, incluindo na Universidade de Simon Fraser. Esse material foi obtido com as respectivas autorizações e tem sido usado para ensino e investigação”, especifica o investigador. “Contudo, os esqueletos não se podem ir buscar aos cemitérios no Canadá, tal como não se podem ir buscar aos cemitérios noutros países

Ainda que não exista em Portugal legislação específica sobre esta questão, o pedido para levar esqueletos humanos dos cemitérios municipais de Lisboa para o Canadá teria de passar pela apreciação da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC). É o que se depreende da resposta ao PÚBLICO sobre o que tem a dizer o Ministério da Cultura (um dos destinatários de uma carta de 24 investigadores contra essa ideia) sobre a doação dos esqueletos ao estrangeiro: “A DGPC só tem concedido autorização relativamente a espólio osteológico proveniente de contextos arqueológicos, de forma extraordinária e temporária, e para situações nas quais se verificou uma impossibilidade dos investigadores desenvolverem os seus estudos em Portugal”, esclarece o gabinete do ministro da Cultura por email: Ou seja, autorizações nunca a título definitivo e nunca de esqueletos humanos identificados exumados de cemitérios. Para enquadrar a questão, o gabinete do ministro lembrou o decreto-lei n.º 148/2015 e o seu artigo 57.º (bem como a Lei de Bases do Património Cultural e o seu artigo 74.º), respondendo que “a exportação e a expedição temporárias ou definitivas de espécies científicas e técnicas, de colecções de anatomia ou de interesse histórico e paleontológico dependem de comunicação prévia à DGPC, que pode impedir a sua saída do território nacional”. Assim, a ida dos esqueletos para o Canadá teria sempre de ter uma autorização de expedição, temporária ou definitiva, das entidades competentes, neste caso da DGPC. T.F.

cuja tradição de inumação, como no Canadá, é protestante (América e Europa do Norte). A prática protestante prevê apenas a inumação definitiva e perpétua, na maior parte das vezes, e por isso a exumação de ossadas não é usual”, explica. “Por comparação, nos países de tradição católica a exumação das ossadas é uma prática corrente, e daí encontrar colecções de referência de esqueletos humanos obtidos de cemitérios em Portugal, Espanha, Itália, Grécia ou França e países da América do Sul, como o México, a Colômbia, a Argentina e o Chile, entre outros.” Por tudo isto Hugo Cardoso (que antes de ir para o Canadá trabalhou nas colecções de referência de Lisboa e do Porto) quis vir buscar esqueletos aos cemitérios municipais lisboetas. “Caso consiga angariar os apoios financeiros necessários, certamente que eu e a Universidade de Simon Fraser avançaremos com este objectivo”, mantém o antropólogo, já depois de saber da polémica. E, depois de vários emails com o PÚBLICO, diz: “Nunca foi intenção do projecto manter as ossadas no Canadá de forma definitiva e o plano foi sempre definir uma forma de devolvê-las a Portugal.” Mas essa devolução não consta nem da sinopse do seu pedido formal, nem da deliberação da CML sobre a doação à universidade canadiana (que fala em cedência a “título definitivo”), nem foi estabelecido qualquer acordo com instituições portuguesas que têm colecções para receberem os esqueletos de volta. Na deliberação da CML (publicada no Boletim Municipal a 23 de Junho) lembra-se que “nos cemitérios municipais existem inúmeras ossadas abandonadas, cujo destino comum é a cremação” e que o regulamento dos cemitérios municipais “prevê que às ossadas abandonadas possa ser dado ‘o destino mais adequado’”. O ensino e a investigação científica seriam assim um desses destinos, até porque, recorda a deliberação camarária, está em vigor legislação que permite a dissecação de cadáveres e extracção de peças, tecidos e órgãos para fins de ensino e investigação. Para a decisão, a CML pediu pareceres ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), bem como ao Conselho Médico-Legal do Instituto de Medicina Legal e de Ciências Forenses. O CNECV foi da opinião que “se afigura legítimo a cedência de c


28 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

CIÊNCIA

SÉRGIO AZENHA

Eugénia Cunha mostra as colecções da Universidade de Coimbra ossadas (tecidos ósseos) consideradas abandonadas”. Daí que, segundo a deliberação da CML, os pareceres pedidos “perfilham o entendimento de que as ossadas abandonadas podem ser cedidas a título definitivo (doadas) à Universidade de Simon Fraser”. Se mantém a doação ou vai suspendê-la, a CML diz agora ao PÚBLICO que vai ter uma reunião ainda este mês com os promotores da carta contra a exportação dos esqueletos.

Sem legislação específica A doação das ossadas a uma instituição estrangeira chegou às páginas do Diário de Notícias, em Setembro, e o caso tornou-se então público. A partir daí, Eugénia Cunha iniciou uma discussão com colegas antropólogos, que desembocou na carta, assinada ainda, entre outros, por Catarina Casanova (do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política da Universidade de Lisboa), Cidália Duarte (da Direcção Regional de Cultura do Norte), Cláudia Umbelino ou Maria Teresa Ferreira (ambas da Universidade de Coimbra). “A CML pode dispor dos restos humanos esqueletizados classificados como ‘não reclamados’ como achar mais adequado, inclusivamente cedendo este espólio para investigação”, ressalvam na carta. Dizem que não é isso que está em causa. Porque, aliás, essa cedência existe em vários pontos do país: entre os cemitérios da capital e o Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa; entre os cemitérios de Évora e a Universidade de Évora; o cemitério de Santarém e a Universidade de Coimbra; e os cemitérios do Porto e a Universidade do Porto. E no passado já existiu entre os cemitérios

A cedência, em situações particulares e bem acauteladas e reguladas, sim. Mas o envio de 200 indivíduos, não. Isso não mesmo! Eugénia Cunha Antropóloga de Coimbra e a universidade coimbrã. “Não nos opomos à análise científica de tecidos humanos de forma eticamente controlada, que é aliás nossa prática. Salientamos que ‘ceder’ não tem o mesmo significado que ‘doar’”, escrevem os 25 antropólogos. Eugénia Cunha, por exemplo, concorda com a investigação em esqueletos humanos desde que “devidamente acautelada” e os esqueletos “dignificados”. “Não somos contra o estudo e análise de restos humanos. Achamos importante e queremos que continue a acontecer”, defende. “O que está em causa é a exportação de restos humanos para o estrangeiro. Esta questão tem de ser discutida. A cedência, em situações particulares e bem acauteladas e reguladas, sim. Mas o envio de 200 indivíduos, não. Isso não mesmo!” Mas então por que não vão os cientistas em Portugal vão buscar mais desses esqueletos? “Não é ir buscar

esqueletos por ir buscar, para ficarem num saco. Temos de garantir que são tratados com dignidade e temos condições para o fazer”, responde Susana Garcia. Na carta, os antropólogos consideram que a doação dos esqueletos de um município a uma entidade estrangeira “não é legítima” e que configura “a exportação de bens que são pela sua natureza património nacional”: “É surpreendente que esta decisão tenha sido tomada unilateralmente por um município, sobretudo quando está em causa a exportação destes tecidos humanos para outro país.” Para Eugénia Cunha — e não só —, toda esta questão só surgiu porque há um vazio legal sobre a exportação deste tipo de tecidos humanos. “A lei não previu que alguém se pudesse lembrar de levar restos mortais para o estrangeiro. Existe um vazio legal, sobretudo que acautele a questão de os esqueletos serem exportados.” Por isso, os 24 antropólogos pedem a criação de legislação específica sobre a cedência para investigação de cadáveres humanos esqueletizados recentes (esqueletos) com carácter de património biológico nacional, nomeadamente a entidades estrangeiras. É que não são considerados nem cadáveres nem amostras biológicas. Mesmo se fossem considerados cadáveres, não há legislação sobre a sua exportação para fins científicos. Até haver essa legislação, defendem que se impeça a saída dos esqueletos. Temem que se abra um precedente “à doação directa de cadáveres humanos não reclamados, nas instituições do serviço nacional de saúde, podendo preencher facilmente os teatros anatómicos de países que têm dificuldade na sua obtenção”. “Se os esqueletos forem, já não voltam. Esta é uma situação apressada”, realça outra signatária da carta, Teresa Matos Fernandes, curadora da colecção de esqueletos identificados da Universidade de Évora. “Estas situações têm de ser pensadas com muito cuidado, para não se abrirem precedentes. Em Portugal podemos continuar a fazer colecções osteológicas humanas identificadas. Têm sido estudadas por uma imensidade de estrangeiros, que se deslocam cá. Não vamos passar a ceder os materiais, senão em situações muito precisas com objectivos muito bem definidos.” teresa.firmino@publico.pt

Entre a morte e a ciência, uma reflexão necessária Francisca Alves Cardoso quer saber até que ponto os esqueletos exumados de campas temporárias em Portugal, que os familiares não reclamaram findo o prazo legal de inumação, foram realmente abandonados. E a crise tem aqui importância? A antropóloga do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), da Universidade Nova de Lisboa, tem um projecto de investigação sobre essas e outras questões éticas, sociais e legais das colecções portuguesas de esqueletos humanos identificados. Ao serem declarados abandonados, os esqueletos podem ir para um ossário comum, ser cremados ou até incorporados em colecções identificadas. “Questiono até que ponto estes indivíduos estão de facto abandonados. Há pessoas que não têm por hábito ir ao cemitério [onde estão os editais sobre as exumações]. Em contexto de crise económica, há pessoas que emigraram, que se desligaram da comunidade”, diz Francisca Alves Cardoso. Ou que não têm dinheiro para uma campa definitiva. “Se não compraram uma campa definitiva, passados três a cinco anos, pode não haver lá vestígios da pessoa. Muitas pessoas não têm essa noção.” Antes de mais, há a questão da forma como os cemitérios gerem as ossadas humanas como resíduos nos centros urbanos, onde há pouco espaço. Mas se não houve abandono e os esqueletos acabaram numa colecção, há também uma reflexão a fazer. Qual o impacto social das práticas científi-

cas que usam vestígios humanos para construir colecções de esqueletos identificados? Esta é uma parte do trabalho de Francisca Alves Cardoso, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia entre 2015 e 2019. “As colecções têm enorme importância científica, em termos da evolução humana, da compreensão da saúde no passado, na construção de modelos de análise de antropologia forense. Mas independentemente da importância científica, têm uma componente humana e comunitária e tem de se pensar nela.” O projecto também olhará para as próprias colecções de esqueletos identificados existentes. Qual foi o seu enquadramento legal e ético? Qual é a percepção e opinião pública sobre o uso pela ciência de vestígios humanos exumados em cemitérios modernos? Ao mesmo tempo, pretende-se ajudar a esclarecer o público como são usados estes vestígios na antropologia ou arqueologia. A preservação das colecções, como património de investigação e ensino de referência internacional, será tida ainda em conta. Os resultados vão estar num documento com boas práticas sobre as colecções e um código de ética para a conservação. E será feito um esboço de uma proposta legislativa que as regule, a enviar ao Parlamento. É o primeiro projecto em Portugal a olhar para as colecções de uma forma oposta a uma “objectificação”. “É todo um processo de reflexão sobre as colecções.” T.F. RUI GAUDÊNCIO


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 29

CIÊNCIA

4475

é o número aproximado total de esqueletos humanos de pessoas cuja identidade é conhecida e que estão nas colecções de Lisboa, Coimbra, Porto e Évora

Onde estão as colecções portuguesas DR

da Conchada, o principal da cidade. Tem 505 esqueletos completos, de pessoas que morreram entre 1904 e 1938. Do mesmo cemitério, Eusébio Tamagnini criou a Colecção de Trocas Internacionais, com 1075 crânios completos recolhidos entre 1932 e 1942, com o objectivo de trocar material osteológico com outros países (o que não chegou a ocorrer).

Teresa Firmino Em Portugal encontra-se um dos maiores acervos osteológicos humanos de referência do mundo Do Porto a Évora, passando por Coimbra e Lisboa, é aí que estão as colecções de esqueletos humanos identificados do país — colecções ditas de “referência”, pois, sabendo-se quem eram aquelas pessoas, os seus ossos podem ser isso mesmo, uma referência em diversos estudos. Ou seja, dicionários osteológicos das populações humanas recentes. Em Portugal, a tradição científica de criar colecções de ossadas humanas remonta aos finais do século XIX. Foi quando o médico e antropólogo português Francisco Ferraz de Macedo (1845-1907) começou a construir uma colecção em Lisboa, a primeira de esqueletos identificados do país, indo buscá-los a vários cemitérios da capital. Tinha mais de mil crânios na sua casa na Graça (os vizinhos chamavam-lhe “o Ferraz das caveiras”). Em 1907, Ferraz de Macedo doou a colecção — 1100 crânios e pelo menos um esqueleto completo —, que usou em vários estudos, ao museu da antiga Escola Politécnica, agora Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) de Lisboa. Hoje sobram 30 esqueletos da Colecção Ferraz de Macedo, como é conhecida, tudo o resto foi destruído no grande incêndio de 1978 da antiga Escola Politécnica. Agora, o grosso das colecções de antropologia do MUHNAC são 1700 esqueletos completos, provenientes de cemitérios de Lisboa. É a Colecção de Antropologia Luís Lopes. Começou a ser construída em 1981, pelo assistente Luís Lopes, e depois foi continuada no início do século XXI por Hugo Cardoso, o investigador no centro da polémica do envio de esqueletos para o Canadá e que agora está na Universidade de Simon Fraser. “Luís Lopes foi buscar aos cemitérios não só crânios, mas esqueletos completos. Hugo Cardoso foi

Procura internacional

Ferraz de Macedo em casa, onde tinha mais de mil crânios humanos DANIEL ROCHA

Susana Garcia e as colecções do Museu de História Natural de Lisboa buscar novamente esqueletos aos cemitérios, mas de forma mais selectiva. Foi colmatar as deficiências da colecção, incidindo em adultos jovens e crianças”, explica Susana Garcia, curadora convidada das colecções de antropologia do MUHNAC. Indo até Coimbra, a colecção mais antiga tem 585 crânios completos, obtidos entre 1895 e 1903, por Bernardino Machado (que depois conhe-

cemos da história como Presidente da República). Estes crânios vieram das escolas médicas de Lisboa, Coimbra e Porto, daí chamar-se Colecção de Crânios das Escolas Médicas. A partir de 1915, a Universidade de Coimbra, ou mais exactamente Eusébio Tamagnini, director do Museu Antropológico, iniciou a nova Colecção de Esqueletos Identificados de Coimbra, oriundos do cemitério

“No conjunto, o material osteológico das três colecções [de Coimbra] representa um total de 2165 indivíduos”, dizem Eugénia Cunha e Sofia Wasterlain, da Universidade de Coimbra, num artigo de 2007 na revista Documenta Archaeobiologiae. “O número de artigos escritos nos últimos 12 anos relativos à colecção estima-se em mais de 50”, diziam então no artigo. “Desde 1995, mais de 20 teses de doutoramento usaram os materiais de Coimbra por estudantes de Portugal, Espanha, França, Itália, Brasil, EUA e Canadá, o que atesta a sua relevância como um recurso valioso para investigação. Os assuntos variam e incluem paleopatologia, morfologia, evolução humana e a determinação do sexo e da idade”, escreviam as duas cientistas, acrescentando que houve o mesmo número de teses de mestrado entre 1995 e 2007 e que muitos cientistas estrangeiros usam as colecções de Coimbra em estudos após o doutoramento ou em projectos internacionais. E em 2007, a universidade iniciou a Colecção de Esqueletos Identificados do Século XXI: tem cerca de 300 ossadas que ninguém reclamou, do cemitério de Santarém. “Temos de investigar os padrões de agora nos ossos — a morfologia, as patologias, o envelhecimento — e não como há cem anos”, diz Eugénia Cunha. É que não só vivemos mais, como estamos mais altos ou mudámos a dieta. Mas Hugo Cardoso também criou outra colecção, a partir de 2011, quando estava na Faculdade de Medicina do Porto. Os esqueletos são dos cemitérios de Agramonte e do Prado do Repouso. Esta colecção, diz Hugo Cardoso, tem cerca de 100 es-

queletos e está à guarda da delegação Norte do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses. Mais a sul, a Universidade de Évora começou a sua colecção no final dos anos 90, com esqueletos de um dos cemitérios da cidade, o dos Remédios. “Ainda é relativamente pequena, tem cerca de 180 esqueletos. São de pessoas que morreram, algumas delas, no final do século XIX e a maioria na primeira metade do século XX”, conta Teresa Matos Fernandes, curadora da Colecção de Esqueletos Identificados de Évora. Já tem pessoas mais idosas. “Estamos a apanhar o reflexo da longevidade das populações. A maioria dos esqueletos de Évora é de pessoas que morreram já com uma idade avançada.”

A difícil questão da idade Por exemplo, os antropólogos têm dificuldade em determinar a idade de alguém que morreu com mais de 50 anos cuja identidade se desconhece. Com o envelhecimento generalizado, os padrões de identificação a partir do esqueleto são reduzidos. E as colecções de referência têm geralmente esqueletos de pessoas mais novas, daí a importância da criação de novas colecções de esqueletos identificados que ajudem a definir melhor a idade das pessoas mais velhas. “Sendo as pessoas das colecções identificadas, podemos ser assertivos em muitos parâmetros, o que permite fazer melhores identificações e desenvolver métodos adaptados à realidade”, explica Eugénia Cunha. Fazendo as contas, se juntarmos o total de 2465 esqueletos de indivíduos em Coimbra aos 1730 de Lisboa, aos 100 do Porto e aos 180 de Évora, as colecções de referência portuguesas têm materiais osteológicos de cerca de 4475 indivíduos. “No total, Portugal teve cinco importantes séries de referência. Depois da destruição da mais antiga [a de Lisboa, no incêndio] há agora quatro disponíveis para estudo, o que significa, ainda assim, que Portugal tem uma das maiores e mais importantes séries de material osteológico identificado do mundo”, notavam Eugénia Cunha e Sofia Wasterlain.


30 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

CULTURA

“Os museus podem ser um lugar onde os países pedem desculpa” Chris Whitehead Os museus nacionais têm de saber falar do que se passa hoje, se quiserem manter-se relevantes. E de aprender a lidar com o passado, por mais incómodo que seja. Quem o diz é um investigador que trabalha para que a história difícil dos países não fique de fora das exposições Entrevista Lucinda Canelas Professor de Museologia na Universidade de Newcastle, Inglaterra, Chris Whitehead está habituado a olhar para o discurso dos museus nacionais e para o passado histórico “difícil” dos países e a tentar perceber porque é que, muitas vezes, os dois não se encontram. Ligado ao projecto CoHERE, pensado para valorizar o património europeu a partir do impacto social e cultural que pode ter no desenvolvimento identitário das comunidades, este historiador de arte de 44 anos esteve em Lisboa a dizer que os museus têm de repensar o seu próprio conceito e aprender a falar do presente, estabelecendo relações com o passado, mesmo quando ele é incómodo. Exemplo? Associar a história de um império colonial a uma sociedade contemporânea que é multicultural e procurar explicar as tensões que nela existem a partir daí. Um projecto que, em territórios como o Reino Unido, pode ser hoje politicamente complexo, mas que não deixa de ser absolutamente necessário. Numa comunicação que começou com uma selfie provocadora tirada por um visitante no campo de extermínio de Auschwitz, feita durante a conferência que a divisão europeia do Conselho Internacional de Museus (ICOM Europe) organizou recentemente na Fundação Gulbenkian, Chris Whitehead falou da Alemanha como uma nação que tem sabido lidar com a sua história e da forma como os museus por toda a Europa têm vindo a usar o Holocausto para evitarem tratar outros temas duros do passado, eventualmente mais próximos dos seus países (impérios coloniais,

ditaduras, genocídios), e do presente (a crise dos refugiados, o multiculturalismo, as migrações ou a intervenção militar no Iraque). “Ainda é preciso explicar a algumas pessoas por que não se pode caçar pokémons num campo de extermínio, mas também é preciso olhar para a maneira como nos servimos do Holocausto para não falar de outros temas incómodos”, diz nesta entrevista ao PÚBLICO. Se os museus nacionais querem continuar a ser relevantes, defende, têm de garantir que são capazes de encontrar o equilíbrio entre serem um território sólido de definição da identidade de um país e um espaço onde se pode criticar abertamente essa mesma identidade. Quanto aos políticos, têm de perceber que eles podem também ser um lugar onde se pede desculpa pelo passado. No contexto dos museus nacionais, como é que um passado histórico difícil pode contribuir para a formação da identidade de um país? É um assunto muito complexo. No contexto alemão, por

Os museus podem servir para estabelecer um compromisso com a representação do passado tal como ele é e não como preferíamos que fosse

exemplo, lidar com o passado tornou-se absolutamente central na formação da identidade contemporânea, mas há muitos outros países que continuam a não olhar para esse passado problemático. A Noruega, por exemplo, só recentemente começou a lidar com a questão do colaboracionismo com a Alemanha de Hitler e em Itália é ainda muito difícil falar de fascismo — a história que os italianos preferem é a que envolve o outro lado, a resistência, o lado dos bons, porque é mais fácil de contar. E, depois há a questão da Turquia, claro, em que simplesmente se nega qualquer culpabilidade histórica [relativamente ao genocídio arménio]. Há muitas maneiras de olhar para a história que é dura, que é difícil, como parte da identidade das nações; é preciso é fazê-lo, se queremos que aquilo que contamos sobre nós esteja próximo do que realmente aconteceu. A Alemanha é sempre apresentada como um bom exemplo, o bom aluno no que ao passado diz respeito, mas a forma como se tem abordado o Holocausto em muitos museus pelo mundo fora tornou-se quase um cliché de como tratar um acontecimento terrível... Sim, essa é uma ideia que tem vindo a tomar forma entre os académicos que estudam o universo dos museus. Há um investigador que chama ao Holocausto “horror confortável” precisamente porque sabemos lidar com ele, porque lidamos com o Holocausto há décadas. Ele torna-se um veículo mais fácil para falar de um passado

incómodo, muito mais fácil do que as coisas que estão a acontecer neste momento, por exemplo, temas como a intervenção militar no Iraque ou a não-intervenção na Síria... Talvez não consigamos lidar com eles ainda. De certa maneira, em certos contextos, abordar o Holocausto tornou-se fácil, porque ele tem uma espécie de gramática própria, uma terminologia que muitos dominam. Além disso, há uma prática social que lhe está associada que nós somos capazes de executar. ... também porque há uma enorme carga emocional ligada a essa memória que o cinema e a literatura foram sublinhando nos últimos 70 anos... Sim, claro, as emoções colam-

se à nossa memória e é por isso que voltamos a elas, mas o elemento chave é o tempo que passou. A concentração no Holocausto criou uma espécie de sentimento cultural e uma série de práticas normalizadas. Quando vamos a uma exposição sobre o Holocausto ou a um dos campos de extermínio, por exemplo, sabemos como devemos comportar-nos, como agir, o que esperar. Bom, nem todos sabem, como vimos pela selfie [apresentada no começo da conferência]. Hoje há um enorme debate sobre o que é um comportamento aceitável nos lugares que estão ligados a um episódio dramático do passado: que fotografias podemos tirar em


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 31

Um visitante do museu de Munique lê alguns dos nomes dos 4587 judeus residentes na cidade que foram mortos durante a Segunda Guerra

MICHAEL DALDER/REUTERS

Auschwitz? E caçar pokémons podemos? Há comportamentos indescritíveis. Ainda é preciso explicar a algumas pessoas por que não se pode caçar pokémons num campo de extermínio, mas também é preciso olhar para a maneira como nos servimos do Holocausto para não falar de outros temas incómodos. Em países como Portugal há uma distância ainda maior do comércio de escravos do império colonial, por exemplo, e mesmo assim os nossos museus não têm o hábito de incluir o tema no seu discurso de forma evidente. Isto acontece também na Inglaterra ou na Holanda? Porquê? Não sei, talvez por ser mais fácil.

No Reino Unido, na Holanda e até na Bélgica continuam a ser temas muito problemáticos. Ainda assim, as pessoas vão a exposições que tocam na história da colonização sabendo que têm de sentir alguma vergonha e algum arrependimento. Mesmo que tudo tenha acontecido no século XVIII ou antes, há uma sensação de ligação deste passado ao que somos, ao que fomos. Os museus dão às pessoas uma oportunidade de ter um comportamento ético em relação a esse momento da história. Na Holanda, por exemplo, este passado colonial é apresentado com frequência como algo que o país deve lamentar, um episódio vergonhoso que precisa de ser

Não temos de contar uma versão final da história, porque ela ainda não acabou, mas precisamos de saber falar sobre o que se está a passar hoje

mais explorado. É uma questão de reconhecimento que está ligada a uma política de pedir desculpa publicamente. E os museus podem ser esse lugar onde se pede desculpa pelo passado, algo que os países não fazem oficialmente com facilidade. O que os políticos precisam de perceber é que os museus podem servir para estabelecer um compromisso com a representação do passado tal como ele é e não como preferíamos que fosse. E tudo isto dá um sinal ao presente. E fazer essa ligação ao presente é essencial para que os museus possam ser melhores na sua relação com o passado? Certamente. Para melhorar, os museus podem e devem começar por contar a história a partir de diversas perspectivas, não apenas a branca e eurocêntrica. Há sempre muitas leituras a fazer de qualquer acontecimento e elas podem começar agora e depois ir para trás. No caso britânico tivemos abolicionistas e pessoas que, por motivos económicos, estavam interessadas em manter o comércio de escravos. Nessa altura houve um debate público, uma espécie de concurso, e os abolicionistas ganharam. Hoje temos um debate semelhante à volta de perguntas como “Será que o multiculturalismo é positivo?”, “Será que está a resultar?”. Há uma ligação clara entre estes dois temas separados por centenas de anos e os museus não fazem essa ligação com facilidade e deviam fazê-la para aproximar a discussão das pessoas, para que elas percebam que é uma discussão que também é sua. Os museus têm tendência a concentrar-se nas dificuldades do passado, mas parecem não ver que elas nos seguem até ao presente. É obrigatório fazer essa ligação. Jo Cox [deputada trabalhista britânica] foi assassinada antes do referendo do “Brexit” por alguém que se dizia movido pela ideologia nazi. O passado está sempre cá. Porque é que os museus têm dificuldade em lidar com o presente — falta-lhes distância ou vontade? Há certamente uma falta de vontade, medo da controvérsia. Muitos profissionais dos museus

estão mais preocupados com a experiência que oferecem ao visitante, partindo da ideia de que um museu é também um espaço de lazer. Muitos acham que as pessoas não querem ir a um museu para serem confrontadas com as coisas terríveis que vêem nas notícias. Temos de repensar o próprio conceito de museu. Isso quer dizer que os museus se transformaram em lugares pouco desafiantes do ponto de vista crítico, quando deviam ser sítios para ajudar a pensar? Sim, podemos olhar para eles assim, como se fossem preguiçosos... Mas também há museus corajosos. O que temos de fazer é descobrir técnicas expositivas para explorar as coisas que estão a acontecer agora. Não temos de contar uma versão final da história, porque ela ainda não acabou, mas precisamos de saber falar sobre o que se está a passar hoje. Para começar, podemos alargar a forma como olhamos para as coisas: porque é que este grupo se comporta desta maneira, porque é que aquele pensa assim, de onde vieram estas ideias? E a intolerância de onde vem? É possível pensar historicamente sobre o presente. Esta é uma maneira de criar uma certa distância que nos permite reflectir sobre o que importa e ter uma perspectiva crítica que não seja demasiado dolorosa. Mas os museus nacionais, na sua maioria, não têm sabido criar essa distância. E se assim é, ainda são relevantes? Acho que ainda são, mas precisam, cada vez mais, de ter um enquadramento transnacional. As nações ainda cá estão, mas, ao mesmo tempo, há tantas forças económicas, sociais e culturais que atravessam fronteiras. O enquadramento nacional que habitualmente é feito nos museus precisa de ser mais permeável, mais flexível, de modo a conseguir relacionar o que neles é dito e mostrado com contextos regionais e globais. Tem de se afastar dessa visão da nação como único lugar de cultura, de vida e de experiência. As escalas são múltiplas. lcanelas@publico.pt


32 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

CULTURA

“E aqui e ali o elefante branco”

Crónica Sérgio C. Andrade A história vem da transmissão oral e familiar, e acrescenta-se a tantas outras que envolvem o histórico carrossel do Jardim do Luxemburgo, desenhado por Charles Garnier, o arquitecto da Ópera de Paris: em Agosto de 1944, no rescaldo da libertação da capital francesa do jugo nazi, alguns soldados do Exército de Hitler, certamente amantes da poesia de Rainer Maria Rilke (1875-1926) mais do que da guerra, trataram de levar consigo alguns dos animais do carrossel que o poeta alemão tinha cantado num poema que se tornaria famoso, Das Karrussel, publicado em 1907. Levaram uma girafa e uma zebra, mas “o elefante branco” e o “mau leão vermelho” sobreviveram a este último ataque nazi. A família proprietária do carrossel guardou estas duas peças em casa, substituindoas, como já vinha acontecendo através dos anos, por cavalinhos novos que continuavam a assegurar “a desfilada com meninas claras”. Jean-Loup Passek (historiador do cinema, programador, coleccionador, desaparecido no domingo, aos 80 anos), o herdeiro do carrossel, manteve depois o leão e o elefante no seu apartamento de Paris. Era a memória física, familiar e afectiva de uma ligação à história da cidade; mas também à história do cinema, já que o carrossel do Jardim do Luxemburgo vinha sendo também um cenário (e adereço) muito procurado para a rodagem de filmes; e ainda à própria história da literatura, por via da escolha do nome para a criação das suas Editions de l’éléphant blanc. Do ponto de vista pessoal e profissional, Jean-Loup Passek eram também uma espécie de “elefante branco” — “e aqui e ali o elefante branco”, como

no “refrão” do poema de Rilke. No cinema, entre a história (coordenador do Dictionnaire du Cinéma, da Larousse, e das Collections Cinéma Singulier e Cinéma Pluriel) e a programação (Centro Pompidou, Festival de La Rochelle, Caméra d’Or de Cannes); na vida, entre a sua França natal e o seu Portugal de adopção; e, por cá, entre Melgaço, terra a que doou a sua valiosa colecção de memorabilia cinéfila, que daria origem ao museu de cinema que tem o seu nome, e a região da Nazaré, onde construiu uma casa para morar mais perto dos imigrantes que lhe deram a família que lhe faltava. Cinéfilo curioso, e às vezes

Cinéfilo curioso, e às vezes também furioso, Jean-Loup Passek era igualmente “o elefante branco” da memória. Via tudo, lia tudo, anotava tudo, coleccionava tudo

também furioso, quando lamentava os caminhos que o cinema vinha trilhando, JeanLoup Passek era igualmente “o elefante branco” da memória. Via tudo, lia tudo, anotava tudo, coleccionava tudo. Estava aberto a todas as geografias e dedicava a mesma “curiosidade total” — para citar o título feliz da recente homenagem que lhe foi prestada pela Cinemateca Portuguesa, em Lisboa — às estéticas e cinematografias do mundo inteiro. E era ainda um “elefante branco” na sua relação com os lugares e as pessoas que o rodeavam: ora com o máximo de serenidade e simpatia; ora com uma pressa desmesurada e a mais alta gritaria, quase como um elefante numa loja de porcelanas... “E aqui e ali o elefante branco.// E passa a correr com pressa do fim,/ vai de roda e gira, não tem direcção./ Verde e encarnado e cinzento, sim,/ pequeno perfil mal mostra a feição —/ E às vezes um rir, pra ti e pra mim,/ alegre a fundir-se e a fugir assim/ neste jogo cego sem respiração” — como no fim do poema de Rilke (traduzido por Vasco Graça Moura). sandrade@publico.pt RUI GAUDÊNCIO

Breves

DGPC avaliará Fortaleza de Peniche

Música

Património

Digressão dos Guns N’Roses passa por Lisboa Lisboa é mesmo uma das 18 cidades europeias incluídas na digressão Not in this Lifetime, que os Guns N’Roses iniciam em Dublin a 27 de Maio. A produtora Everything Is New confirmou ontem que a banda de Axl Rose dará um concerto a 2 de Junho no Passeio Marítimo de Algés. O vocalista, que actuou em Portugal em 2016 com os AC/DC, já tinha partilhado a intenção de voltar com os Guns N’ Roses, mas não havia qualquer data agendada, embora os teasers espalhados por Lisboa nas últimas semanas apontassem para um regresso iminente. Os bilhetes estarão à venda a partir de sábado, com preços que oscilam entre os 69 e os 129 euros. Nobel

Bob Dylan não vai a Estocolmo mas Patti Smith sim A Academia Sueca anunciou ontem que a ausência de Bob Dylan em Estocolmo no sábado, dia em que decorrerá a cerimónia de entrega do Nobel da Literatura, vai ser compensada de duas maneiras: a cantora e compositora norte-americana Patti Smith vai interpretar uma das suas canções mais conhecidas, A hard rain’s a-gonna fall, e será lido um discurso enviado pelo próprio. Dylan demorou a reagir à notícia de que era o Nobel da Literatura de 2016: fez um longo e embaraçoso silêncio até finalmente agradecer o prémio. Entretanto, e embora tenha inicialmente dito que estaria em Estocolmo, acabou por esclarecer que não tinha datas disponíveis na sua agenda.

Governo quer conhecer problemas do monumento antes de avançar com obras de reabilitação O Governo propôs à Câmara de Peniche avançar com um diagnóstico do estado de conservação da fortaleza, para determinar o orçamento e prazos de execução de obras de reabilitação, informou ontem o presidente da autarquia. Segundo António José Correia (PCP), a autarquia recebeu uma proposta do ministro da Cultura para até ao final de Janeiro de 2017 técnicos da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) efectuarem uma inspecção ao monumento. O ministro sugere que seja criado um grupo de trabalho para definir os usos futuros a dar à antiga prisão política, depois de esta ter sido retirada da lista de monumentos a concessionar a privados para fins turísticos. A câmara aprovou a proposta por maioria, com a abstenção dos vereadores do PSD. António José Correia defende que, “pela primeira vez, há uma determinação clara do Estado para reabilitar a fortaleza”, mas o mesmo não pensa o PSD. “Entendemos que o sinal político forte não foi dado porque não existem verbas no Orçamento do Estado para 2017 para a fortaleza, nem o Governo apresentou quaisquer soluções à sua concessão parcial”, explicou o vereador Filipe de Matos Sales. Em Novembro, representantes da câmara reuniram-se com o ministro da Cultura e com os grupos parlamentares, depois de ser conhecida a decisão de retirar o Forte de Peniche da lista de monumentos históricos degradados a concessionar a privados. A integração da fortaleza no programa Revive suscitou alguma polémica, tendo em Outubro sido entregue na Assembleia da República uma petição a contestar a sua concessão a privados para a construção de um hotel. O Forte de Peniche, que começou a ser construído ainda no século XVI, foi uma das prisões do Estado Novo até ao 25 de Abril. Dali conseguiram evadir-se alguns presos políticos, entre os quais o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960. PÚBLICO/Lusa


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 33

CLASSIFICADOS

Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30 1350-352 Lisboa De seg a sex das 09H às 19H pequenosa@publico.pt Sábado 11H às 17H

COMARCA DE LISBOA OESTE

COMARCA DE LISBOA OESTE

COMARCA DE LISBOA

COMARCA DE SANTARÉM

Oeiras - Inst. Local - Secção Cível - J2 Processo: 4836/16.2T8OER

Oeiras - Inst. Local - Secção Cível - J2 Processo: 4834/16.6T8OER

Seixal - Inst. Local - Secção Cível - J2 Processo: 2529/16.0T8SXL

Benavente - Inst. Local - Secção Cível - J1 Processo: 778/16.0T8BNV

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Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Maria de Lourdes Farinha Marques dos Santos Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Maria de Lourdes Farinha Marques dos Santos, com residência na Rua Manuel da Silva Moreira Rato, n.º 11 - 1.º Dt.º, 2760081 Oeiras, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerido: Paulo Sérgio Ferreira Alegre Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Paulo Sérgio Ferreira Alegre, com residência na Rua Tomás de Lima, n.º 1 - 1.º Esq.º, 2760-114, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Nelson Bento Baptista Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Nelson Bento Baptista, com residência em domicílio: Rua Almeida Garrett, n.º 26, R/c, 2845-000 Amora, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Fortunata Maria Neves Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a acção de Interdição / Inabilitação em que é requerida Fortunata Maria Neves, com residência em domicílio: Lar dos Afetos, Rua 1.º de Maio, n.º 10, 2120-000 Salvaterra de Magos, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.

N/ Referência: 103571569

N/ Referência: 103573401

N/ Referência: 361013385

N/ Referência: 73844025

Oeiras, 28-11-2016.

Seixal, 05-12-2016.

Benavente, 29-11-2016.

Oeiras, 28-11-2016. A Juíza de Direito Dr.ª Cláudia David Alves A Oficial de Justiça Carla Isabel O. Cesário Sousa Público, 06/12/2016

COMARCA DE LISBOA Seixal - Inst. Local - Secção Cível - J2 Processo: 2528/16.1T8SXL

ANÚNCIO Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerido: Tomás Manuel da Silva Pereira Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerido Tomás Manuel da Silva Pereira, com residência em domicílio: Rua Casa do Povo, n.º 92B R/c Dt.º, Corroios, 2855-111 Corroios, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. N/ Referência: 361012805 Seixal, 05-12-2016. A Juíza de Direito Dr.ª Ana Beatriz Baptista da Silva Pinto A Oficial de Justiça Maria de Fátima Sousa Público, 06/12/2016

COMARCA DE LISBOA OESTE Amadora - Inst. Local - Secção Cível - J1 Processo: 1616/16.9T8AMD

ANÚNCIO Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Ana Rita Faro Esteves Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Ana Rita Faro Esteves, com residência em domicílio: Rua Manuel Valadares, n.º 13, 9.º D, Alfornelos, 2650-192 Amadora, para efeito de ser decretada a sua interdição. N/ Referência: 103593431 Amadora, 29-11-2016. O Juiz de Direito Dr. Fernando Vitalino Marques Bastos A Oficial de Justiça Laura Ribeiro Público, 06/12/2016

A Juíza de Direito Dr.ª Cláudia David Alves A Oficial de Justiça Carla Isabel O. Cesário Sousa Público, 06/12/2016

A Juíza de Direito Dr.ª Ana Beatriz Baptista da Silva Pinto A Oficial de Justiça Maria de Fátima Sousa

A Juíza de Direito Dr.ª Marisa Dias Martinho Ginja A Oficial de Justiça Zélia Palha Ruivo Público, 06/12/2016

Público, 06/12/2016

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE LISBOA OESTE Cascais - Instância Local - Secção Cível - Juiz 1 Processo: 3391/16.8T8CSC

ANÚNCIO Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Alexandra Isabel Baleizão de Matos Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Alexandra Isabel Baleizão de Matos, filha de Henrique Antunes Matos e de Maria Rosário Gomes Pires Baleizão Matos, nascida em 28-03-1972, concelho de Cascais, freguesia de Estoril (Cascais), BI - 09847928, domicílio: Rua D. Constantino de Brangança, N.º 64 - C/v - Galiza, 2765-000 Estoril, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. N/ Referência: 103621578 Cascais, 29-11-2016. A Juíza de Direito Dr.ª Maria Madalena Martins Lopes O Oficial de Justiça Jorge Manuel Salvador Santos Público, 06/12/2016

COMARCA DE LISBOA NORTE Loures - Inst. Local - Secção Cível - J2 Processo: 12258/16.9T8LRS

ANÚNCIO Interdição / Inabilitação Requerente: Ministério Público Requerida: Liliana Raquel Teixeira Mendes Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição / Inabilitação em que é requerida Liliana Raquel Teixeira Mendes, com residência em domicílio: Rua 20 de Abril, Lote 1, Porta C, 2620-000 Olival de Basto, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. Passei o presente e outro de igual teor para serem afixados. N/ Referência: 131704763 Loures, 28-11-2016. A Juíza de Direito Ana Margarida Nogueira Correia A Oficial de Justiça Ana Maria Branco C. Corda Público, 06/12/2016

COMARCA DE CASTELO BRANCO

VENDE-SE

INSTÂNCIA CENTRAL - SECÇÃO DE COMÉRCIO - FUNDÃO - J1

COMARCA DE AVEIRO

VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADA INSOLVÊNCIA DE ANA ISABEL MARQUES FARIAS FORTUNA PROCESSO DE INSOLVÊNCIA N.º 135/16.8T8FND

ANÚNCIO Nos Autos acima identificados foi designado o dia 05/01/2017, pelas 15:00H, como data e hora limite para a receção de propostas para a aquisição do bem imóvel arrolado nos Autos supracitados e a seguir descrito: Verba única: Fração autónoma designada pela letra “O” tipo T3, destinada a habitação, com um lugar de estacionamento na cave identificado como “O1” e um compartimento para arrumos no sótão identificado como “O2”, correspondente ao quarto andar direito do prédio em regime de propriedade horizontal sito em Lugar do Muro, Estrada Nacional 230, Canhoso, inscrita na matriz predial urbana da União de Freguesias de Covilhã e Canhoso, concelho de Covilhã sob o art.º 49.º e descrita na Conservatória do Registo Predial da Covilhã, freguesia de Canhoso sob o n.º 51-O. Preço-base: 70.500,00 €. Valor mínimo: o indicado. Condições: 1. As propostas serão remetidas para o Administrador Judicial António R. Correia, com escritório na Rua Mateus Fernandes, 127, r/c Dt.º, Apartado 521, 6201-907 COVILHÃ ou entregues em mão no escritório do Administrador Judicial; 2. As propostas, em carta fechada e lacrada, devidamente identificadas e com a indicação expressa do processo de insolvência, deverão conter o nome, morada, telefone, fotocópias de BI e de Cartão de Contribuinte ou de Cartão de Pessoa Coletiva, se for o caso; 3. As propostas serão acompanhadas, como caução, de cheque visado à ordem de “Insolvência de Ana Isabel Marques Farias Fortuna” no montante de 5% da quantia proposta ou garantia bancária no mesmo valor (n.º 1 do Art.º 824.º do CPC); 4. Os interessados poderão assistir ao ato de abertura de propostas; 5. A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente no prazo máximo de 30 dias após a abertura das propostas; 6. São de conta do adquirente as despesas de escritura, IMT, imposto de selo e registo; 7. Consigna-se que o bem acima descrito é vendido no estado físico e jurídico em que se encontra, livre de ónus ou encargos e a quem oferecer maior preço acima do valor mínimo fixado; 8. Se, por motivos alheios à vontade do Administrador da Insolvência, mormente o exercício do direito de remição, direito de preferência, decisão da Comissão de Credores ou decisão judicial a venda seja considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo e sem juros; 9. Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador da Insolvência através do endereço de correio eletrónico a.r.correia@arcorreia.pt. Público, 06/12/2016 - 1.ª Pub.

www.alzheimerportugal.org

AVEIRO - INSTÂNCIA CENTRAL - 1.ª SECÇÃO DO COMÉRCIO - J1 INSOLVÊNCIA DE PESSOA SINGULAR (APRESENTAÇÃO) PROCESSO N.º 31/16.9T8AVR Administração Regional de Saúde do Alentejo

INSOLVENTE: PAULA LUÍSA SANTOS MATOS - NIF: 199.479.305

Por determinação da Senhora Administradora da Insolvência no processo suprarreferenciado, e com a audição do credor hipotecário, procede-se à publicitação da venda do bem infra discriminado que integra a massa insolvente de Paula Luísa Santos Matos, que ocorrerá através da obtenção de propostas em carta fechada. Verba n.º 1 - Fração Autónoma designada pela letra ”A”, correspondente ao rés do chão esquerdo do prédio em regime de propriedade horizontal, sito na Rua 1.º de Dezembro, em Albergaria-a-Velha, descrito na Conservatória do Registo Predial de Albergaria-a-Velha sob o n.º 4157 e inscrita na matriz predial urbana com o artigo 3073, da União de Freguesias de Albergaria-a-Velha e Valmaior, pelo valor-base de venda de €66.990,00 (sessenta e seis mil novecentos e noventa euros). Condições: 1. As propostas deverão ser entregues/enviadas em sobrescrito fechado até ao dia 16 de Dezembro de 2016, por via postal para o escritório sito na Rua Nelson Neves, 177, 3780-101 Sangalhos. 2. Informam-se os interessados que os bens objeto do presente anúncio poderão ser vistos em dia e hora a combinar com a Administradora da Insolvência, Dr.ª Carla Maria de Carvalho Santos, através do telefone n.º 234.604.616. 3. A abertura dos sobrescritos e a leitura das propostas serão efetuadas no dia 19 de Dezembro de 2016 pelas 11:30 horas no escritório referido no ponto 1. 4. O sobrescrito deverá mencionar o nome, o endereço completo e o número da identificação do proponente, assim como a frase “Contém proposta para o processo n.º 31/16.9T8AVR - Paula Luísa Santos Matos. 5. Os ofertantes deverão juntar à proposta, como caução, um cheque no valor de 5% do valor da proposta, emitido à ordem da massa insolvente de Paula Luísa Santos Matos. 6. Caso a proposta seja do Credor Hipotecário deverá juntar um cheque caução no valor de 20% do valor da proposta. 7. A proposta deverá indicar o nome, o endereço completo e o número da identificação fiscal do proponente, a identificação do processo, bem como indicar claramente a que se propõe: totalidade, verba e preço. 8. Os bem será vendido no estado em que se encontra. 9. A Administradora da Insolvência reserva a faculdade de não aceitar ou rejeitar quaisquer propostas que considerem não se adequar aos interesses da massa insolvente. 10. A Administradora da Insolvência adjudicará o bem à melhor proposta obtida e elaborará a respetiva Ata de Abertura de Propostas notificando todos os proponentes. A Administradora da Insolvência Carla Santos Público, 06/12/2016

A ALZHEIMER PORTUGAL é uma Instituição Particular de Solidariedade Social fundada em 1988. É a única organização em Portugal especificamente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. A ALZHEIMER PORTUGAL apoia as Pessoas com Demência e as suas Famílias através de uma equipa multidisciplinar de profissionais, com experiência na Doença de Alzheimer. Os serviços prestados pela ALZHEIMER PORTUGAL incluem Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas de Especialidade.

Contactos Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00 Lar e Centro de Dia “Casa do Alecrim”: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org

AVISO Informam-se os interessados que pelo aviso n.º 15121/2016, publicado no Diário da República, n.º 231, 2.ª Série, de 2 de dezembro, se encontra aberto procedimento concursal comum para ocupação de seis postos de trabalho, para a carreira/categoria assistente operacional, em regime de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, do mapa de pessoal da Administração Regional de Saúde do Alentejo, I.P. O procedimento destina-se a trabalhadores com prévia relação jurídica de emprego público constituída por tempo indeterminado. O aviso de abertura encontra-se disponível no local de “Profissionais” - “Recursos Humanos” - “Procedimentos Concursais” - “Aviso 15121/2016”, na página eletrónica da ARS, a qual pode ser acedida através de www.arsalentejo.min-saude.pt. Évora, 02 de dezembro de 2016 A Vogal do Conselho Diretivo Paula Alexandra Ângelo Ribeiro Marques

FERNANDO TOMÁS (MESTRE TOMÁS)

MISSA DE 7.º DIA E AGRADECIMENTO A família participa que será celebrada Missa de 7.º Dia, amanhã, 4.ª feira pelas 19 horas na Igreja da Escola Salesiana do Estoril, agradecendo desde já a todas as pessoas que se dignarem assistir a este acto, assim como a todos aqueles que de alguma forma lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Magno - Cascais Servilusa - Número Verde Grátis 800 204 222 Serviço Funerário Permanente 24 Horas



Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 35

FICAR CINEMA Colisão Fox Movies, 21h15 Uma dona de casa e o marido advogado. Um comerciante persa. Dois polícias que são também amantes. Um director de televisão afro-americano e a mulher. Um serralheiro mexicano. Dois ladrões de automóveis. Um polícia recruta. Um casal coreano de meia-idade. Embora vivam em mundos distantes, todos têm algo em comum: residem em Los Angeles. E, durante 36 horas, vão entrar em colisão. As complexidades raciais na América contemporânea através da lente de Paul Haggis. Entre dezenas de nomeações e prémios, arrecadou três Óscares em 2006, incluindo Melhor Filme. Dick e Jane - Ladrões sem Jeito TVC4, 23h Um dia depois de ser promovido, Dick assiste ao colapso financeiro da empresa onde trabalha. Ele e a mulher vêem então a sua qualidade de vida a desaparecer. Até que resolvem tentar jogadas menos legais... De 2005, uma versão actual da comédia homónima dos anos 1970, em que o par George Segal e Jane Fonda é agora encarnado por Jim Carrey e Téa Leoni. Um filme de Dean Parisot escrito por Judd Apatow e Nicholas Stoller. Efeitos Secundários Mov, 23h15 Emily e Martin (Rooney Mara e Channing Tatum) são um jovem casal nova-iorquino a viver algumas dificuldades. Sobretudo depois de ela, a sofrer de perturbações de personalidade, tentar o suicídio. O casal recorre então a Jonathan Banks ( Jude Law), um psiquiatra de renome, que lhe prescreve um medicamento experimental para tratar a ansiedade. Porém, os efeitos secundários desta nova medicação vão transformar a vida dela num pesadelo para o qual serão arrastados o seu marido, Martin, e o próprio Banks. Um thriller psicológico realizado pelo veterano Steven Soderbergh em jeito de homenagem a Hitchcock.

DOCUMENTÁRIOS A Caminho da Escola TVC2, 22h Jackson, no Quénia; Carlito, na Argentina; Zahira, em Marrocos; Samuel, na Índia. Quatro crianças que nunca se viram, mas que partilham um ponto comum nas:

Os mais vistos da TV Domingo, 4 % Aud. Share

Televisão lazer@publico.pt

Jornal das 8 The Voice Portugal Jornal da Noite Secret Story 6 Entrada Livre

TVI 13,5 RTP1 12,1 SIC 10,9 TVI 10,8 SIC 10,1

27,0 26,0 21,8 23,2 24,4

FONTE: CAEM

RTP 1 6.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça 13.00 Jornal da Tarde 14.18 Bemvindos a Beirais 14.59 Água de Mar 16.16 Agora Nós 18.00 Portugal em Directo 19.00 Telejornal 19.30 Futebol: Benfica x Nápoles - Liga dos Campeões 2016/17 21.40 Futebol: Liga dos Campeões 2016/2017 - Flash e Golos 22.00 Futebol: Liga dos Campeões 2016/2017 - Resumos 23.02 Mulheres Assim 23.56 No Mundo de Dickens 0.52 Sei Quem Ele É 1.33 O Outro Lado 2.28 Os Nossos Dias 3.58 Televendas

Cinetendinha 1.05 Magic Mike XXL 3.05 O Prodígio

RTP1 RTP2 SIC TVI Cabo

todos têm de percorrer longas distâncias para chegarem à escola e sonhar com um futuro melhor. Um documentário inspirador de Pascal Plisson, vencedor do César de Melhor Documentário e nomeado para um Goya de Melhor Filme Europeu.

13,7% % 1,3 17,1 20,9 36,2

Força Especial 22.15 MacGyver 23.50 Sob Suspeita 2.21 Spartacus, Sangue e Arena 4.08 Agents of S.H.I.E.L.D. 5.43 Nunca Chove em Filadélfia

FOX MOVIES 10.30 Red Tails 12.25 The International - A Organização 14.14 O Grande Lebowski 16.04 Eduardo Mãos de Tesoura 17.48 Eterno Solteirão 19.15 O Comboio das 3 e 10 21.15 Colisão 23.07 Reservation Road - Traídos pelo Destino 0.42 O Resgate dos SoldadosFantasma 2.44 Os Condenados

FOX LIFE 13.34 Ossos 14.22 A Husband’s Confession 15.50 The Gourmet Detective: A Healthy Place to Die 17.16 A Patologista 18.54 Rizzoli & Isles 20.29 Ossos 22.20 Rizzoli & Isles 23.13 Rosewood 0.11 Killer Crush 1.44 No Limite 2.39 Empire 4.12 No Limite

CANAL HOLLYWOOD RTP 2 7.00 Zig Zag 11.12 A Arte Eléctrica em Portugal: Os Anos do IÉ-IÉ 12.13 África Selvagem 13.08 Visita Guiada 13.44 Euronews 14.57 A Fé dos Homens 15.30 Sociedade Civil: Frutos Secos 16.31 Zig Zag 20.29 O Bairro 20.58 Literatura Aqui 21.30 Jornal 2 22.14 Jekyll e Hyde 23.05 Entre Cenas 0.06 Eurodeputados 0.37 Alves dos Reis, Um Seu Criado 1.31 E2 - Escolha Superior de Comunicação Social 2.00 Palcos Agora 2.28 Portugal 3.0 3.26 Visita Guiada 4.02 Grandes Quadros Portugueses: Almada Negreiros

10.35 Cartas para Julieta 12.20 Alasca Escaldante 14.20 Van Wilder 3: Os Primeiros Anos 16.05 Amanhecer Violento (1984) 18.05 Justiça 19.55 Um Álibi Perfeito 21.30 Conan, o Bárbaro (2011) 23.30 Transgressão 1.10 D-Tox 2.45 Halloween (2007)

AXN 13.13 Mentes Criminosas 14.00 Despojos de Inverno 15.39 C.S.I. 17.13 Mentes Criminosas 18.52 Castle 20.32 C.S.I. 22.15 Timeless 23.11 Castle 0.06 Mentes Criminosas 1.43 Timeless 2.29 Castle 4.45 Arrow

SIC 6.00 Edição da Manhã 8.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Laços de Sangue 16.00 Grande Tarde 19.15 Sassaricando - Haja Coração 19.57 Jornal da Noite 21.40 Amor Maior 23.00 Rainha das Flores 0.00 A Lei do Amor 1.00 Inesquecível 1.55 Ray Donovan 3.00 Rosa Fogo

AXN BLACK 13.32 O Último Destino 3 15.00 O Enigma do Horizonte 16.29 O Caçador de Sonhos 18.37 Supercop, a Fúria do Relâmpago 20.04 Assalto e Intromissão 22.00 Tempestade Perfeita 0.10 Um Dia de Raiva 2.03 Supercop, a Fúria do Relâmpago

AXN WHITE TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Deixa Que Te Leve 16.00 A Tarde É Sua 19.12 Secret Story - Nomeações 19.58 Jornal das 8 21.39 A Impostora 22.59 A Única Mulher 23.59 Secret Story - Extra 1.25 Super Quiz 2.59 Secret Story - Extra 4.15 Dei-te Quase Tudo

13.04 Houdini e Doyle 13.55 Criadas e Malvadas 14.41 Trocadas à Nascença 15.26 Companheiros de Copos 16.54 Infiéis 17.39 Houdini e Doyle 18.29 Companheiros de Copos 20.00 Pequenas Mentirosas 20.47 A Teoria do Big Bang 22.20 Melodia do Coração 0.20 A Teoria do Big Bang 1.07 Pai de Surpresa 1.32 Trocadas à Nascença 2.18 Infiéis 3.04 Criadas e Malvadas

TVC1 9.20 Amor Polar 10.50 Super Fã 12.25 Respira 14.00 Lugares Escuros (2015) 15.55 O Rio Perdido 17.35 Magic Mike XXL 19.35 O Prodígio 21.30 Amor Polar 23.00 Cidades de Papel 0.50

FOX 13.07 Investigação Criminal: Los Angeles 14.41 Hawai Força Especial 16.14 C.S.I. 18.40 Investigação Criminal: Los Angeles 20.24 Hawai

DISNEY 15.08 Lab Rats 15.31 Star Contra as Forças do Mal 16.21 Os 7A 17.10 Gravity Falls 17.35 Miraculous - As Aventuras de Ladybug 18.23 Elena de Avalor 18.45 Os Descendentes - Wicked World 18.50 K.C. Agente Secreta 19.15 Acampamento Kikiwaka 19.40 Manual do Jogador para Quase Tudo 20.04 Lab Rats 20.49 Os Descendentes Wicked World

DISCOVERY 17.30 Os Últimos Habitantes do Alasca 18.20 A Febre do Ouro 20.05 Casos sem Explicação 21.00 Polícias Ecológicos 22.55 Vigilantes da Floresta 0.40 Polícias Ecológicos 2.20 Já Estavas Avisado! 3.05 Os Caçadores de Mitos 4.35 Caçadores de Leilões

HISTÓRIA 17.04 Piratas e Templários 17.48 O Preço da História - Reino Unido 18.34 O Preço da História 19.14 CaçaTesouros 20.42 O Preço da História 22.04 O Melhor de Loucos por Carros 23.26 Leepu & Pitbull 0.53 O Melhor de Loucos por Carros 2.16 Piratas e Templários 3.43 História Perdida 4.23 Aldeias Históricas 4.50 Em Busca de Extraterrestres

ODISSEIA 17.06 Sonhar o Futuro 17.58 1000 Formas de Morrer 18.43 Porque Se Despenham os Aviões? 19.28 Cortado Em 2 20.16 Sonhar o Futuro 21.10 Olhos do Atacama 22.04 Sonhar o Futuro 23.00 1000 Formas de Morrer 23.44 Arte Erótica 0.31 Olhos do Atacama 1.25 Sonhar o Futuro 2.21 1000 Formas de Morrer 3.06 Arte Erótica

Entre Cenas RTP2, 23h05 Um documentário, de Rui Simões, sobre as rodagens do filme Os Maias, de João Botelho a partir do romance homónimo de Eça de Queirós. Um filme dentro do filme, que se assume como uma extensão da história da família dos Maias, expondo a mentira do cinema e equilibrando-se numa espécie de corda bamba entre realidade e ficção.

SÉRIE MacGyver Fox, 22h15 O regresso da série que fez furor na década de 80 do século passado, com Lucas Till a vestir a pele da personagem imortalizado por Richard Dean Anderson. Agora, com acesso a todos os avanços tecnológicos do século XXI, o jovem MacGyver irá brilhar dentro de uma organização clandestina. A acompanhá-lo, um ex-agente da CIA (George Eads), uma detective (Sandrine Holt) e uma hacker (Tristin Mays). Além de, claro, o seu canivete suíço. Powers Mov, 22h30 Último episódio da 2.ª temporada de uma série entretanto cancelada. Os Powers tentam travar SuperShock e usam Ghost como isco, mas tudo lhes corre terrivelmente mal. Entretanto, Walker descobre que a Retro Girl lhe esconde algo de importante... Preacher AMC, 22h10 Baseada na popular BD de culto de Garth Ennis e adaptada por Seth Rogen e Evan Goldberg, uma série simultaneamente dramática, sobrenatural, perversa e cheia de humor negro. Jesse Custer (Dominic Cooper), um reverendo do Texas com um passado de crime e de violência, é possuído por uma criatura misteriosa que provoca nele um poder extraordinário: as pessoas fazem o que ele diz. E, em conjunto com a ex-namorada e um vampiro irlandês, embarca numa viagem obscura. Neste episódio, o reverendo descobre mais sobre a entidade que o possuiu depois de confrontar Deblanc e Fiore.


36 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

SAIR CINEMAS Lisboa Cinema City Alvalade Av. de Roma, nº 100. T. 218413040 Sozinhos em Berlim M12. 17h25 ; Miss Violence M16. 21h50; 9ª Ciclo de Cinema Israelita 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Café Society M12. 17h45; A Toca do Lobo M12. 13h20, 19h40; Vaiana M6. 13h, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Aliados M14. 12h35, 15h, 19h25, 21h40; Sozinhos em Berlim M12. 15h15; Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 19h35; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 21h35 Cinema Ideal Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295 Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 22h; Ela M14. 14h15; Eu, Daniel Blake M12. 16h30, 20h; Versus: A Vida e os Filmes de Ken Loach M12. 18h20 CinemaCity Campo Pequeno Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420 Vaiana M6. 13h10, 15h30, 16h20, 17h55, 19h35 (V.P./2D), 13h30, 00h10 (V.O./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h50, 15h50, 17h45, 19h45, 21h55, 23h55; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h35, 15h45, 18h45, 19h, 21h30, 00h15; Animais Nocturnos M12. 15h10, 17h25, 21h50, 00h10; Aliados M14. 13h45, 16h10, 18h50, 21h25, 21h40, 24h; A Rapariga no Comboio M14. 19h40; Doutor Estranho M14. 16h, 00h05; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h20, 21h10, 24h; O Primeiro Encontro M14. 13h40, 21h45; Top Cat: O Início M6. 13h20 (V.Port./2D); Uma História Americana M12. 14h, 16h10, 22h, 00h15 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996 O Primeiro Encontro M14. 13h25, 16h05, 18h40, 21h20; Aliados M14. 13h30, 16h10, 18h50, 21h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h10, 16h, 19h, 21h, 22h; Vaiana M6. 13h15, 15h50, 18h25 (V.Port./2D); Kahaani 2 14h, 17h10, 21h30; Vaiana M6. 13h50, 16h25, 19h, 21h35 (V.Port./2D); Trolls M6. 13h20, 15h40, 18h10 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h30, 18h30, 21h30; Shut In - Reféns do Medo M16. 20h50; Doutor Estranho M14. 13h40, 16h20, 21h45; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 14h10, 16h30, 18h45, 21h10; A Primavera de Christine M12. 19h10; Blood Father - O Protector M14. 14h30, 16h50, 19h20, 21h25 Cinemas Nos Amoreiras Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 23h50; Uma História Americana M12. 21h40, 00h20; Vaiana M6. 13h20, 16h10 (V.P./2D), 18h50 (V.O./2D); Aliados M14. 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 00h05; A Infância de Um Líder M12. 18h40; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h, 17h20, 20h50, 23h50; Animais Nocturnos M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h10, 00h10; O Número M14. 13h30, 16h20, 21h50, 00h20; Eu, Daniel Blake M12. 13h10, 16h, 19h, 21h30, 24h Cinemas Nos Colombo Av. Lusíada. T. 16996 Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h05, 15h45, 18h05, 21h25, 23h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h30, 15h30, 00h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h55, 18h15, 21h10, 23h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h25, 17h, 21h20, 22h, 00h15; Vaiana M6. 13h35, 16h30, 19h15 (V.Port./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. Sala IMAX ? 12h50, 15h40, 18h40, 21h40, 00h35 (3D); Blood Father - O Protector M14. 23h30; Vaiana M6. 13h, 15h50, 18h35, 20h50, 24h (V.Port./2D); Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h10, 15h35, 21h50, 00h10; Blood Father - O Protector M14. 18h; Aliados M14. 12h40, 15h25, 18h20, 21h20, 00h20

Cinemas Nos Vasco da Gama Parque das Nações. T. 16996 Animais Nocturnos M12. 21h40, 00h20; Vaiana M6. 13h20, 14h20, 16h, 17h (V.P./2D), 18h50 (V.O./2D); Aliados M14. 12h50, 15h40, 18h30, 21h10, 23h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 22h20, 00h30 (V.P./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 22h, 24h Medeia Monumental Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223 Uma História Americana M12. 12h20; Animais Nocturnos M12. 14h30, 16h50, 19h10, 21h30; Aliados M14. 11h45, 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; A Infância de Um Líder M12. 11h45; Ela M14. 14h, 16h30, 19h, 21h30; Eu, Daniel Blake M12. 12h, 14h, 16h, 18h, 20h, 22h Nimas Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362 O Exame M12. 14h35, 17h, 19h25, 21h50; Gimme Danger M12. 12h30 UCI Cinemas - El Corte Inglés Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. Snowden M12. 00h30; A Rapariga no Comboio M14. 16h40, 22h; Chocolate M12. 14h; Namoro à Espanhola - Aventura na Catalunha M12. 19h25; Sozinhos em Berlim M12. 14h10,1 6h40, 19h05, 21h25, 23h50; Doutor Estranho M14. 13h50, 00h25; The Accountant - Acerto de Contas M12. 16h15; O Primeiro Encontro M14. 14h05, 16h45, 19h20, 21h55, 00h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h, 18h15, 21h20, 00h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h30, 16h15, 19h, 21h35 (2D), 00h25 (3D); Vaiana M6. 13h55, 16h20 (V.P./2D), 18h50 (V.P./3D), 21h45 (V.O./2D); American Honey M16. 00h05; Uma História Americana M12. 14h, 16h30, 19h15, 21h50, 00h15; Café Society M12. 14h15, 16h35, 18h50, 21h15, 00h10; Ela M14. 13h40, 16h25, 19h10, 21h50, 00h30; Animais Nocturnos M12. 13h45, 16h35, 19h05, 21h45, 00h20; Aliados M14. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Eu, Daniel Blake M12. 14h10, 16h50, 19h10, 21h30, 23h50; O Número M14. 13h55, 16h10, 18h45, 21h20, 23h40

Almada Cinemas Nos Almada Fórum Estr. Caminho Municipal, 1011 Vale de Mourelos. T. 16996 Agarrem-me Esses Fantasmas M12. 12h40, 13h20, 15h20, 16h10, 18h10, 19h (V.Port./2D), 21h (V.Orig./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 22h, 00h25 ; Shut In - Reféns do Medo M16. 23h40; Ela M14. 18h55; Animais Nocturnos M12. 13h10, 16h05, 21h50, 00h30; Blood Father - O Protector M14. 13h40, 16h15, 18h35, 20h50, 23h20; Aliados M14. 12h50, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h30, 16h, 21h10, 23h50 (2D), 18h20 (3D); Eu, Daniel Blake M12. 13h05, 15h45, 18h05, 21h05, 23h30; Trolls M6. 12h45, 15h10, 17h30, 19h40 (V.Port./2D); Doutor Estranho M14. 21h55, 00h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h20, 15h25, 18h25, 21h20, 00h20; O Primeiro Encontro M14. 12h55, 15h35, 20h55, 23h45; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 16h, 18h50, 21h15, 23h35; Inferno M12. 18h15; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 13h15, 15h40, 18h, 21h25, 00h10; Underworld: Guerras de Sangue M14. Sala 4DX - 13h, 15h15, 17h20, 19h30, 21h45, 24h (3D)

Amadora CinemaCity Alegro Alfragide C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030 Uma História Americana M12. 13h30, 19h45; Blood Father - O Protector M14. 13h40, 15h45, 17h45, 21h50, 23h50; Vaiana M6. 13h10, 15h25, 16h30, 17h55, 19h05 (V.Port./2D), 14h (V.Port./3D), 17h25, 00h15 (V.Orig./2D); Aliados M14. 13h45, 16h20,

Em estreia lazer@publico.pt

Aliados De Robert Zemeckis. Com Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris. EUA. 2016. 121m. Drama, Histórico. M14. Ano de 1942. Max Vatan é um espião ao serviço dos Aliados que se encontra em Marrocos para eliminar uma alta patente do Exército de Hitler. Ao seu lado está Marianne, da Resistência Francesa. Depois de cumprida a missão, os dois aproximam-se e tornam-se amantes. Quando chega a hora da partida, decidem ir juntos para Londres, onde se casam, têm uma filha e vivem felizes. Mas tudo muda quando ele é avisado de que os oficiais ingleses suspeitam que Marianne possa ser uma agente dupla com ligações aos nazis... Escola: Os Piores Anos da Minha Vida De Steve Carr. Com Griffin Gluck, Lauren Graham, Alexa Nisenson. EUA. 2016. 92m. Comédia. M12. O adolescente Rafe Katchadorian sempre teve dificuldades em cumprir regras. Quando vai parar a uma escola secundária cujo director é um maníaco do controlo, pensa que é o local indicado para dar azo à sua imaginação e quebrar todas as restrições da instituição. A ajudá-lo nesta arriscada missão terá Leo, um rapaz tímido e introvertido que se tornou o seu amigo mais próximo. Eu, Daniel Blake De Ken Loach. Com Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy. BEL/GB/FRA. 2016. 100m. Drama. M12. Diagnosticado com um grave problema de coração, Daniel Blake, de 59 anos, tem indicação médica para deixar de trabalhar. Mas quando tenta receber os benefícios do Estado que lhe concedam uma forma de subsistência, vêse enredado numa burocracia injusta e constrangedora. Durante uma espera numa repartição da Segurança Social, conhece Katie, uma mãe solteira a precisar de ajuda urgente. E é assim que dois estranhos sem forma de sustento

se tornam a única esperança um do outro... O Número De Atom Egoyan. Com Christopher Plummer, Kim Roberts, Amanda Smith, Martin Landau. ALE/CAN. 2015. 94m. Drama, Thriller. M14. Max é um sobrevivente a um campo de concentração que não consegue esquecer o passado. Com 80 anos e a viver num lar de idosos já há vários anos, ainda não desistiu de se vingar do responsável pela sua detenção. Mas, como está preso a uma cadeira de rodas, vê-se incapaz de resolver a questão sozinho. Por isso, pede a Zev, o colega de quarto, para tratar do assunto. O problema é que Zev sofre de Alzheimer e as suas falhas de memória têm-lhe causado grandes complicações... Um Pai Natal Para Esquecer De Mark Waters. Com Billy Bob Thornton, Kathy Bates, Tony Cox, Christina Hendricks. EUA. 2016. 92m. Comédia. M14. Willie é um vigarista, alcoólico e ordinário que, com a ajuda de um anão enraivecido, anda a roubar tudo o que são lojas, centros comerciais, eventos de caridade e outros locais onde possa reinar o espírito natalício. O plano, usado durante anos, é simples: mascaram-se de Pai Natal e Duende, descobrem o sistema de alarme e, no dia 24, fazem os assaltos. Mas, se normalmente as coisas já não são simples, este ano tudo se vai complicar ainda mais. Underworld: Guerras de Sangue De Anna Foerster. Com Kate Beckinsale, Theo James, Alicia Vela-Bailey. EUA. 2016. Terror, Acção. M14.

A vampira Selene continua a luta contra o clã Lycan e a facção de vampiros que a traiu. Agora, há quem deseje capturá-la para que o seu sangue e o da sua filha possam ser usados para aumentar os poderes dos vampiros. Para alguém que já nada tem a perder, este conflito transformou-se numa forma de vingança pela morte de todos os que amou. E, desta vez, ela está determinada a levar a batalha ao limite... Versus: A Vida e os Filmes de Ken Loach De Louise Osmond. GB. 2016. 93m. Documentário. M12. Com assinatura de Louise Osmond, um filme sobre Ken Loach, um dos mais controversos (e premiados) cineastas da actualidade. Com testemunhos de colaboradores, actores e especialistas em cinema, a realizadora vai revelando acontecimentos sobre a sua vida pessoal, ao mesmo tempo que percorre as quase cinco décadas ao serviço do cinema de cariz social, que defende o indivíduo das injustiças do sistema. Estive em Lisboa e Lembrei de Você De José Barahona. Com Paulo Azevedo, Renata Ferraz, Amanda Fontoura. POR/BRA. 2015. 94m. Drama. M12. Sérgio de Souza Sampaio nasceu em Minas Gerais (Brasil). Quando, por força das circunstâncias, se vê sem emprego, sem a mulher e sem o filho, resolve dar uma volta à sua vida e emigrar para Portugal. É assim que chega a Lisboa, em busca de oportunidades de trabalho e cheio de esperança numa vida melhor. Mas o que ele vai encontrar é algo muito diferente do idealizado.


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 37

SAIR 18h55, 21h25, 21h40, 24h; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50, 21h55, 23h55; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h35, 18h25, 21h15, 00h05; O Primeiro Encontro M14. 13h15, 19h40, 22h; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 15h30, 19h40, 21h35, 23h45; Inferno M12. 21h45; Doutor Estranho M14. 13h45, 16h, 00h25; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h30, 00h10; Noite de Amadores M16. 00h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h25, 15h40, 16h10, 18h30, 19h, 21h20, 00h05 UCI Dolce Vita Tejo C.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 13h30, 16h15, 19h, 21h40 (2D), 15h, 18h (3D); Vaiana M6. 13h40, 16h20, 19h, 21h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 17h45, 21h30; O Primeiro Encontro M14. 14h05, 16h40, 21h45; Shut In - Reféns do Medo M16. 19h15; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 14h10, 16h20, 19h05, 21h45; Doutor Estranho M14. 21h35; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h35; Blood Father - O Protector M14. 14h20, 16h45, 19h20, 21h50; Vaiana M6. 13h55, 19h15 (V.P./3D), 16h35, 21h40 (V.P./2D); Aliados M14. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50; Underworld: Guerras de Sangue M14. 14h, 16h40, 21h55 (2D), 19h20 (3D)

Barreiro Castello Lopes - Fórum Barreiro Campo das Cordoarias. T. 212069440 Vaiana M6. 18h40 (V.Port./2D); Aliados M14. 12h45, 15h30, 18h30, 21h25; Trolls M6. 19h20 (V.Port./2D); Doutor Estranho M14. 14h, 16h30, 21h25; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h, 15h45, 21h30; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h10, 17h50, 21h20

Cascais Cinemas Nos CascaiShopping CascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h30, 16h30, 20h40, 23h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h35, 15h30, 18h50, 21h10, 22h10, 00h20; Vaiana M6. 12h30, 13h10, 15h10, 15h50, 17h50, 18h35 (V.Port./2D); Aliados M14. 12h50, 15h40, 18h25, 21h10, 23h50; Animais Nocturnos M12. 20h50, 23h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 12h40, 15h, 17h15, 19h30, 21h40, 24h; Underworld: Guerras de Sangue M14. 12h50, 15h10, 17h25, 19h40, 21h50, 00h10 O Cinema da Villa - Cascais Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 14h40, 16h20, 19h, 21h40; Vaiana M6. 14h, 16h40 (V.P./2D); Ela M14. 13h50, 16h30, 19h10, 21h50; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 19h10; Animais Nocturnos M12. 16h30, 21h50; Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Eu, Daniel Blake M12. 14h20, 19h, 21h30

O Primeiro Encontro M14. 21h35; Vaiana M6. 15h25, 16h20, 17h50, 19h40 (V.Port./2D), 18h45 (V.Port./3D), 15h50, 21h35, 23h50 (V.Orig./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h35, 21h25; Uma História Americana M12. 15h20, 17h30, 21h55; Animais Nocturnos M12. 16h, 19h, 21h50; Aliados M14. 16h10, 18h40, 21h30; O Número M14. 15h45, 17h40, 19h35, 21h40 Castello Lopes - Fórum Sintra Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352 Aliados M14. 13h10, 15h50, 18h40, 21h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h25; Underworld: Guerras de Sangue M14. 14h, 16h, 18h, 20h, 21h55; The Accountant Acerto de Contas M12. 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 13h15, 16h, 21h15; Trolls M6. 19h10 (V.Port./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; Vaiana M6. 13h20, 15h40, 18h45 (V.Port./2D); Blood Father - O Protector M14. 14h, 16h15, 19h, 21h20

Leiria Cinema City Leiria Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h40, 18h30, 21h20; Vaiana M6. 15h20, 16h20, 17h45, 19h20, 21h30 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h30, 17h30, 19h30, 21h45; Aliados M14. 16h, 18h40, 21h35; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h25; Shut In - Reféns do Medo M16. 19h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 15h45, 17h40, 21h40; Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 20h; Blood Father - O Protector M14. 15h50, 17h55, 21h55 Cineplace - Leiria Shopping CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 21h30 (2D), 18h50 (3D); Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Trolls M6. 15h, 17h (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h50, 21h10; O Primeiro Encontro M14. 18h40; Animais Nocturnos M12. 19h, 21h30; Uma História Americana M12. 21h20; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.Port./2D)

Loures Cineplace - Loures Shopping Quinta do Infantado, Loja A003. Animais Nocturnos M12. 21h30; Vaiana M6. 14h, 16h30, 19h (V.Port./2D); Trolls M6. 14h20, 16h20 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

Ridge M14. 18h30, 21h20; O Primeiro Encontro M14. 15h; Blood Father - O Protector M14. 17h30, 19h30, 21h40; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Shut In - Reféns do Medo M16. 17h40, 22h; Uma História Americana M12. 19h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Top Cat: O Início M6. 15h40 (V.Port./2D); Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40

Montijo

Torres Vedras Cinemas Nos Torres Vedras C.C. Arena Shopping. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h30, 15h40, 18h35, 21h30; Aliados M14. 12h40, 15h30, 18h15, 21h; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h50, 15h55, 18h50 ; Vaiana M6. 10h50, 13h25, 16h, 18h45, 21h20 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h45, 16h15, 19h, 21h45; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h15

Odivelas

Santarém

Cinemas Nos Odivelas Parque C. C. Odivelasparque. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 12h40, 15h20, 18h30, 20h50, 21h20, 23h40; Vaiana M6. 13h10, 14h, 15h40, 16h30, 18h10, 19h (V.Port./2D); Aliados M14. 12h50, 15h30, 18h20, 21h; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 17h30, 20h50

Castello Lopes - Santarém Largo Cândido dos Reis. T. 243309340 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 15h30, 18h30, 21h20; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h, 15h40, 18h35, 21h30; Vaiana M6. 13h25, 15h50, 18h40 (V.Port./2D); Aliados M14. 13h20, 16h, 18h40, 21h25; Capitão Fantástico M14. 19h10; Cegonhas M6. 13h (V.Port./2D); Inferno M12. 13h, 15h, 21h; Trolls M6. 18h30 (V.Port./2D); Doutor Estranho M14. 21h10; Blood Father - O Protector M14. 13h10, 15h15, 17h20, 21h45

Oeiras Cinemas Nos Oeiras Parque C. C. Oeirashopping. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 12h30, 15h25, 18h25, 21h20, 21h35, 00h20, 00h30; O Número M14. 13h15, 15h50, 18h50, 21h15, 23h50; Animais Nocturnos M12. 21h10, 24h; Vaiana M6. 12h40, 13h20, 15h20, 16h, 18h40 (V.Port./2D), 18h15 (V.Orig./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h25, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; Aliados M14. 12h45, 15h40, 18h45, 21h40, 00h25; Eu, Daniel Blake M12. 12h40, 15h10, 18h, 21h, 23h45

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita Miraflores Centro Comercial Dolce Vita - Avenida das Túlipas. T. 707 CINEMA Trolls M6. 15h30, 17h50 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 20h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h, 18h, 21h; Vaiana M6. 14h50, 17h20, 19h40, 22h (V.Port./2D); Aliados M14. 15h10, 18h10, 21h10

Jorge Mourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

Setúbal Auditório Charlot Av. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446 Eu, Daniel Blake M12. 21h30 Cinema City Alegro Setúbal C. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853 Estive em Lisboa e Lembrei de Você M12. 20h; Uma História Americana M12. 17h50; Blood Father - O Protector M14. 13h50, 15h50, 22h, 00h05; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h45, 21h35; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 13h15, 15h45, 16h, 18h35, 21h20, 00h05; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h45, 15h45, 19h45, 21h45 (2D), 17h45, 23h50 (3D) ; Doutor Estranho M14. 21h55; O Primeiro Encontro M14. 14h, 16h30, 00h20; Shut In - Reféns do Medo M16. 00h25; Noite de Amadores M16. 23h55; Vaiana M6. 13h20, 15h20, 16h20, 17h45, 19h30, 21h30 (V.P./2D), 13h55, 18h50 (V.P./3D); Inferno M12. 21h10; Aliados M14. 13h20, 15h55, 18h30, 21h25, 24h; The Accountant - Acerto de Contas M12. 23h45; Miss Violence M16. 19h50; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h35, 15h40, 17h45, 21h50, 24h

Seixal Animais Nocturnos

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Orient Cineplace - La Vie Caldas da Rainha La Vie Caldas da Rainha Shopping Center. Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 16h, 18h40, 21h30; Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h30; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50; Trolls M6. 15h, 17h (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h20; Animais Nocturnos M12. 19h, 21h30; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.Port./2D)

Elle

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Eu, Daniel Blake

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Eis o Admirável Mundo em Rede mmmmm

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Cinema City Beloura Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643

Castello Lopes - TorreShopping Bairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 21h20; Aliados M14. 12h50, 15h25, 18h10, 21h20; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 15h30, 18h25, 21h25; Vaiana M6. 18h20 (V.Port./2D); Trolls M6. 13h20 (V.Port./2D); O Primeiro Encontro M14. 13h, 15h40

Cinemas Nos Fórum Montijo C. C. Fórum Montijo. T. 16996 Monstros Fantásticos e Onde Encontrálos M12. 12h35, 15h35, 18h25, 21h20; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h30, 15h25, 18h20, 21h25; Vaiana M6. 13h30, 16h10, 18h45, 21h15 (V.Port./2D); Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h10, 15h50, 21h (2D) 18h15 (3D); Aliados M14. 12h45, 15h30, 18h30, 21h30; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 13h20, 15h45, 18h, 21h10

Caldas da Rainha

Sintra

Torres Novas

Estive em Lisboa e Lembrei...

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A Infância de um Líder

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O Número

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Exame

O Protector A Vida e os Filmes de Ken Loach

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

Cineplace - Seixal Qta. Nova do Rio Judeu. Trolls M6. 15h, 17h, 19h (V.P./2D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Vaiana M6. 16h20, 18h50 (V.Port./2D); Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Um Pai Natal Para Esquecer M14. 15h40, 17h40, 19h40, 21h40; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Animais Nocturnos M12. 21h10; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h30, 21h20; Shut In - Reféns do Medo M16. 14h30, 16h30

Faro Cinemas Nos Fórum Algarve C. C. Fórum Algarve. T. 289887212

O Herói de Hacksaw Ridge M14. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; O Primeiro Encontro M14. 21h30, 00h10; Underworld: Guerras de Sangue M14. 13h20, 16h, 21h20, 23h35 (2D), 18h10 (3D); Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h, 23h50; Vaiana M6. 13h, 15h20, 17h50 (V.Port./2D); Aliados M14. 13h10, 15h50, 18h40, 21h40, 00h20

Lagos Algarcine - Cinema de Lagos R. Cândido dos Reis. T. 282799138 Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 14h45, 21h30, 24h; Vaiana M6. 19h (V.P./ /2D); Aliados M14. 14h40, 18h15, 21h30, 24h

Albufeira Cineplace - AlgarveShopping Estrada Nacional 125 - Vale Verde. Aliados M14. 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Escola: Os Piores Anos da Minha Vida M12. 15h30, 17h30, 19h30, 21h30; Underworld: Guerras de Sangue M14. 15h50, 17h50, 21h50 (2D), 19h50 (3D); Animais Nocturnos M12. 19h10, 21h40; Vaiana M6. 14h10, 16h10, 16h40, 18h40 (V.P./2D), 21h10 (V.O./2D); Trolls M6. 14h30, 16h30 (V.Port./2D); O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h30, 21h20; Uma História Americana M12. 17h; Sozinhos em Berlim M12. 14h50; O Primeiro Encontro M14. 19h20; Shut In Reféns do Medo M16. 21h50; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 16h10, 18h50, 21h30; Blood Father - O Protector M14. 16h, 18h, 20h, 22h

Portimão Algarcine - Cinemas de Portimão Av. Miguel Bombarda. T. 282411888 O Herói de Hacksaw Ridge M14. 18h15, 19h15; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 21h30; Vaiana M6. 14h45, 17h, 19h15 (V.Port./2D); Aliados M14. 13h40, 14h40, 16h, 17h, 21h30

Tavira Cinemas Nos Tavira R. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996 Vaiana M6. 13h15, 15h45, 18h20, 21h (V.Port./2D); Aliados M14. 13h, 15h50, 18h30, 21h30; O Herói de Hacksaw Ridge M14. 14h30, 18h, 21h05; Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los M12. 12h20, 15h15, 18h10, 21h20; Trolls M6. 13h10, 15h20, 18h05 (V.Port./2D); The Accountant - Acerto de Contas M12. 21h10

TEATRO Lisboa Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 Alice no País das Maravilhas Comp.: Teatro Negro Nacional de Praga. De 6/12 a 8/12. 3ª e 4ª às 21h. 5ª às 11h e 16h. M/6. Duração: 80m. Cinema São Jorge Avenida da Liberdade, 175. T. 213103400 Conversas Sérias Com Marta Gautier. Dia 6/12 às 21h. Dia 12/12 às 21h. Teatro da Luz Largo da Luz. T. 968060047 Pinóquio Companhia da Esquina. Enc. Sérgio Moura Afonso. De 19/11 a 18/12. Sáb às 16h30. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h (público) e 14h (escolas, mediante marcação). Teatro da Politécnica Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 O Novo Dancing Eléctrico Comp.: Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 9/11 a 17/12. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. Teatro Villaret Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Caveman Enc. António Pires. Com Jorge Mourato. De 18/10 a 27/12. 3ª às 21h30. M/12.


38 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

SAIR EXPOSIÇÕES Lisboa Appleton Square Rua Acácio Paiva, 27 - r/c. T. 210993660 João Onofre De João Onofre. De 18/11 a 15/12. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Arquivo Fotográfico Rua da Palma, 246. T. 218844060 Lisboa, Uma Grande Surpresa De Arthur Júlio Machado, José Candido d’Assumpção e Souza. De 23/9 a 31/12. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia. Arquivo Nacional da Torre do Tombo Alameda da Universidade. T. 217811500 Fotografia de Cena na Era do Preto e Branco De 27/10 a 26/2. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 09h30 às 12h30. Art Lounge Galeria Rua António Enes, 9C. T. 213146500 Gineceu Androceu De 17/11 a 31/12. 2ª a 6ª das 09h30 às 19h30. Sáb das 12h às 17h. Baginski Galeria/Projectos R. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 Timefalls De Felipe Arturo, Alessio Castelli, Fernanda Fragateiro, Matias Machado, Jorge Pedro Nuñez. De 16/11 a 31/12. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 14h às 20h. Casa-Museu da Fundação António Medeiros e Almeida Rua Rosa Araújo, 41. T. 213547892 Time Lapse II De Rueffa. De 5/12 a 30/12. 2ª a 6ª das 13h às 17h30. Sáb das 10h às 17h30. Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves Avenida 5 de Outubro, 6/8. T. 213540823 Fórmulas Naturalistas da Arte Moderna De 16/11 a 26/2. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 17h30. Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 O Mundo nos Nossos Olhos De 7/10 a 15/1. 3ª a Dom das 11h às 19h (Garagem Sul). Trienal de Arquitectura de Lisboa - 4.ª edição. Convento da Trindade Rua Nova da Trindade, 20. Cidade Gráfica De 26/11 a 18/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Letreiros e Reclames de Lisboa no Século XX. Mude Fora de Portas. Cristina Guerra - Contemporary Art R. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Bad Thoughts De Erwin Wurm. De 10/11 a 4/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura. Culturgest Rua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Álbum de Família De Lourdes Castro. De 29/10 a 8/1. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h (Galeria 1). Fotografia. Grafismos de Fronteira De Isidoro

Valcárcel Medina. De 29/10 a 8/1. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h (Galeria 1). Desenho. Jef Cornelis. Obras para Televisão (1963-1998) De 29/10 a 8/1. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h (Galeria 2). Vídeo, Filme. Embaixada - Concept Store Praça do Príncipe Real, 26. T. 965309154 Before I Met Príncipe De Isabel de Mello. De 10/11 a 6/12. Todos os dias das 12h às 20h. Ermida de Nossa Senhora da Conceição Travessa do Marta Pinto, 21 - Mercador do Tempo. T. 213637700 Da Natureza das Coisas De Valter Vinagre. De 5/11 a 18/12. 2ª a 6ª das 11h às 13h e das 14h às 17h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Espaço Novo Banco Pça Marquês de Pombal, 3-B. T. 213508975 Da Fuga e do Encontro: Inversões do Olhar De André Cepeda, Sabine Hornig, Matt Mullican, Julião Sarmento. De 10/11 a 31/5. 2ª a 6ª das 09h às 19h. Fotografia. Espaço Santa Catarina Largo Doutor António de Sousa Macedo, 7. T. 213929800 Transcendências De Ana Martins, Carina Coelho, Cristiano Justino, Marta Marques, Pedro Gonçalves, Ritabela Santos, Rute Violante, Vilma Serrano. De 29/11 a 11/12. 2ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 10h às 14h. Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva Praça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Arte Vudu na Colecção Treger - Saint Silvestre De 29/9 a 22/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Desenhos Têxteis Filipe Rocha da Silva. De 25/11 a 22/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fundação Mário Soares R. S. Bento, 160. T. 213964179 A Palavra e o Gesto De Kok Nam. A partir de 24/11. 3ª a 6ª das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 18h. Fotografias de Samora Machel por Kok Nam. Século XX português: Os Caminhos da Democracia 3ª a 6ª das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Galeria das Salgadeiras Rua da Atalaia nºs 12 a 16. T. 213460881 Entre Nós De Teresa Gonçalves Lobo. De 26/11 a 21/1. 3ª a Sáb das 15h às 21h. Galeria Diferença Rua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193 Actualidade do Ovo e da Galinha De Maria José Oliveira. De 3/12 a 7/1. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Cliché - Verre De Colectiva. De 3/12 a 7/1. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h às 20h. Fotografia. Galeria Filomena Soares Rua da Manutenção, 80. T. 218624122 Dan Graham De Dan Graham. De 17/11 a 7/1. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Galeria João Esteves de Oliveira Rua Ivens, 38. T. 213259940

Sugestão do dia lazer@publico.pt

Outra Alice Era uma vez uma menina que caiu pela toca de um coelho num mundo fantástico e surreal. Na versão de Alice no País das Maravilhas que o Teatro Negro Nacional de Praga apresenta em Lisboa, a heroína de Lewis Carroll já não é uma criança. É uma Alice adulta que aparece na escuridão iluminada do espectáculo trazido pela companhia checa. Pavel Marek assume a direcção artística do espectáculo que está em cena no Centro Cultural de Belém, hoje e amanhã, às 21h; e quinta, em dose dupla, às 11h e às 16h. Os bilhetes custam entre 10€ e 25€.

Inquietamente - Variações Sobre Um Mesmo Tema De Sofia Areal. De 24/11 a 6/1. 2ª das 15h às 19h. 3ª a Sáb das 11h às 19h. Galeria Múrias Centeno Rua Capitão Leitão, 10/16. T. 936866492 Stadt De Max Ruf. De 16/11 a 14/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Pintura. Galeria Pedro Cera Rua do Patrocínio, 67E. T. 218162032 In Order of Appearance De Ana Manso. De 17/11 a 23/12. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h30 às 19h. Sáb das 14h30 às 19h. Galeria Quadrado Azul R. Reinaldo Ferreira, 20-A. T. 213476280 QA XXX (P1) De 26/11 a 14/1. 3ª a Sáb das 13h às 20h. Galeria Quadrum R. Alberto Oliveira, 52 - Palácio dos Coruchéus. T. 218170534 The Power of Experiment De 25/11 a 11/12. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Arquitectura. Galeria Torreão Nascente Avenida da Índia - Edifício da Cordoaria Nacional. T. 213646128 Corpo a Corpo com a Pintura Pedro Chorão. De 12/11 a 19/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Jorge Welsh R. da Misericórdia, 41/47. T. 213953375 A Time and A Place: Views and Perspectives on Chinese Export Art De 18/11 a 10/12. Todos os dias das 10h30 às 19h. Lisboa Mundo Interior De João Garcia Miguel. De 3/12 a 14/1. 2ª a 6ª das 10h às 20h. Sáb e Dom das 10h às 21h (Praça do Príncipe Real, 19). MNAC - Museu do Chiado Rua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 A Imagem Paradoxal De Francisco Afonso Chaves. De 13/10 a 26/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Debaixo do Vulcão De Hugo Canoilas. De 25/11 a 26/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação. O Gosto Parisiense De 6/4 a 6/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Escultura. Vanguardas e Neovanguardas na Arte Portuguesa dos Séculos XX e XXI De Colectiva. De 17/6 a 17/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Museu Colecção Berardo Praça do Império - CCB. T. 213612878 A Conversa Inacabada: Codificação/ Descodificação De Terry Adkins, John Akomfrah, Sven Augustijnen, Steve McQueen, Shelagh Keeley, Zineb Sedira. De 21/9 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h. Fernando Lemos: Para um Retrato Colectivo em Portugal no Fim dos Anos 40 De 26/10 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h. Visualidade & Visão - Arte Portuguesa na Colecção Berardo II De 26/10 a 31/12. Todos os dias das 10h às 19h.

Museu do Oriente Av. Brasília. T. 213585200 A Ópera Chinesa A partir de 24/11. 3ª a Dom das 10h às 18h (6ª até às 22h). China Hoje: A Desafiar os Limites De Qiu Jie, Du Zhenjun, LiFang. De 28/10 a 18/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (6ª até às 22h). Desorient Express De Bela Silva. De 7/10 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (6ª até às 22h). Museu Nacional de Arte Antiga Rua das Janelas Verdes. T. 213912800 Desenhos de Jacopo Palma, O Jovem De 18/10 a 29/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Domingos Sequeira - Pintor de História De Domingos Sequeira. De 3/12 a 12/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Palácio Pombal R. Século, 65 a 85. Tatuagem De 1/12 a 1/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Mude Fora de Portas. Teatro da Politécnica Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Paisagens Ocultas 2014-2016 De Nikias Skapinakis. De 9/11 a 17/12. 3ª a 6ª às 17h (até final do espectáculo). Sáb às 15h (até final do espectáculo). Pintura. Vera Cortês - Agência de Arte Rua João Saraiva, 16 - 1.º. T. 213950177 Tentativa de Esgotamento Daniel Blaufuks. De 26/11 a 14/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h.

Vedros) Monchique - Higya Monforte Jardim Montemor-o-Novo - Freitas (Lavre/ Montemor-O-Novo) Montijo - Moderna Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Ferreira da Costa Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Silva Monteiro (Ponte da Bica/Odivelas) Oeiras - Alegro (Carnaxide) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Progresso Ourém - Leitão Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Vilhena Ponte de Sor Varela Dias Portalegre - Esteves Abreu Lda Portel - Fialho Portimão - Moderna Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Central Salvaterra

de Magos - Martins Santarém - Verissimo Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Dos Foros de Amora Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Farinha Pascoal, Normal do Sul Silves - Edite Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Vitor Manuel, Silva Duarte (Cacém), Correia (Queluz) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Sousa Tomar - Torres Pinheiro Torres Novas - Pereira Martins (Pedrogão) Torres Vedras - Quintela Vendas Novas Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Azevedo, Estevão (Brejo), Moderna Vila Nova da Barquinha Tente (Atalaia), Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião Moniz Nogueira Redondo - Alentejo

DANÇA Lisboa Centro Cultural de Belém Praça do Império. T. 213612400 50 Toneladas de Vermelho-Selva Coreog. Carlota Lagido. De 29/11 a 14/12. Todos os dias às 10h30. Sáb e Dom às 11h. Para crianças dos 8 aos 12 anos. Duração: 2h.

FESTAS E FEIRAS Mora Mora Mostra Gastronómica de Caça de Mora De 26/11 a 11/12. 21.ª edição.

Óbidos Óbidos Óbidos Vila Natal De 30/11 a 1/1. Das 11h às 16h.

FARMÁCIAS Lisboa/Serviço Permanente Alves da Graça (Chile) - Rua Morais Soares, 91 - D - Tel. 218144350 Falcão (Chelas - Liceu D. Dinis) - Rua Rui Sousa, Lote 65 - A Lj. B - Tel. 218596565 Martins (Estrela) - Calçada da Estrela, 165-167 - Tel. 213960823 Sousa Martins - Rua Sousa Martins, 21-A - Tel. 213162468 Valle (Próximo à Igreja de Fátima) - Av. Visconde Valmor, 60 - B - Tel. 217973043 Colombo - Avenida Lusíada, Centro Comercial Colombo, Loja 79 - Tel. 217167345 Outras Localidades/Serviço Permanente Abrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Belo Marques Alcochete Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Rito Aljustrel - Pereira Almada Pragal, Central - Almada Almeirim - Correia de Oliveira Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama,

Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Central, Girassol Ansião - Medeiros (Avelar), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Santa Marta Batalha - Ferraz, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - J. Delgado (S. João Batista) Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Franca Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central, Luso (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha Rosa Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - de Birre (Birre), do Junqueiro (Parede), Guimarães (São Domingos de Rana) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Freixedas Castro Verde - Alentejana

Chamusca - Bonfim, S. Pedro Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - São João Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Costa Entroncamento - Carvalho Estremoz - Costa Évora - Paços Faro Alexandre Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Vitória Gavião - Gavião Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Silva Loulé - Miguel Calçada, Avenida, Paula (Salir) Loures - Das Colinas, Nova do Infantado, Lourenço (Sacavém) Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Medeiros (Fânzeres), Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Central Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Tágide (Alhos


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 39

JOGOS CRUZADAS 9730

TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Alguém em que se pode confiar (fam.). Traje tradicional e típico da mulher indiana. 2. Prepara gradualmente. Um prazer de quem gosta de livros. 3. Dentista pouco hábil (regional). Devoto com sinceridade ou não. 4. Luz da Lua. Diversas posições dos pés na dança. 5. Preposição que designa posse. Molibdénio (s.q.). 6. Neodímio (s.q.). Granizo. 7. Prefixo (dez). Grupo musical organizado principalmente por estudantes. 8. Inflama. Componente orgânico do solo derivado da decomposição de matéria animal e vegetal que existe (em mistura). 9. Nome masculino. Extraterrestre. 10. Lenda. Certo jogo de cartas. 11. Argola. Levar tempo.

suspenso entre dois varais. Símbolo de miliampere. 2. Puxou para cima. Ir descendo pouco a pouco. 3. Procurar ou perseguir (animais) para os matar ou apanhar vivos. Grupo de cem unidades. 4. Prover de aba. Indivíduo que foi canonizado. 5. Redução das formas linguísticas “em” e “os” numa só. Redução das formas linguísticas “de” e “a” numa só. Compaixão. 6. Sufixo (agente). Faz parte de. 7. Rebordo do chapéu. Ouro (s.q.). Avançavam. 8. Que tem ou cria espinhos. 9. Fileiras. Baixio. Atmosfera. 10. Recuperação da Economia. Amontoado cónico de feixes de trigo, palha, caruma, etc. 11. Cheio de ira. Estranhar.

Verticais: 1. Pequeno coche fechado, de quatro rodas e quatro assentos,

Depois do problema resolvido encontre o título de uma obra de Gonçalo Cadilhe (5 palavras).

Bragança

Viana do Castelo 10º 19º Braga

3º 15º

6º 20º

Vila Real 6º 14º

Porto

15º

11º 22º Viseu 1-1,5m

Guarda

7º 17º

Aveiro

6º 14º Penha Douradas 4º 11º

11º 22º Coimbra 10º 21º

Castelo Branco

Leiria

9º 18º

10º 20º Santarém

Horizontais: 1. Baia. Vedeta. 2. Índice. Emir. 3. Coo. Elo. Ara. 4. Essa. Hem. AD. 5. Orco. Aedo. 6. SI. Au. DURA. 7. Narrar. 8. CEM. Suar. PR. 9. Edil. Aqui. 10. Renovar. Ulo. 11. Amaro. Idear. Verticais: 1. Bíceps. CURA. 2. ANOS. INE. Em. 3. Idoso. Amena. 4. Ai. Arar. Dor. 5. CE. Cursivo. 6. VELHO. Aula. 7. OE. Dra. Ri. 8. DE. Mau. Ra. 9. Ema. Era. QUE. 10. Tirada. Pula. 11. Arado. Prior. Provérbio: Velho que de si cura, cem anos dura.

Portalegre

10º 21º

10º 17º

Lisboa 11º 18º Setúbal Évora

8º 20º

8º 19º

BRIDGE

17º

SUDOKU

Dador: Sul Vul: Ninguém

NORTE ♠A ♥ A952 ♦AK75 ♣K1093

OESTE ♠ K3 ♥ KQJ7 ♦J93 ♣8652

ESTE ♠ Q962 ♥ 1084 ♦Q1086 ♣74

SUL ♠ J108754 ♥ 63 ♦52 ♣AQJ

Oeste

Norte

passo

4♠

Oeste

Norte

Este

passo

2♥

3♦

11º 19º

1-1,5m Sagres

Faro

12º 19º

13º 20º 18º 1m

Açores Corvo Graciosa Flores

Solução do problema 7232

Sul 1♠ ?

15º

Terceira

16º 19º

S. Jorge

17º

18º

18º

Pico

3-4m

Faial

16º 19º

4-5m

O que marca com a seguinte mão? ♠KQ943 ♥ J92 ♦A94 ♣K2

S. Miguel

17º 20º Ponta Delgada

19º

Resposta: 4 copas. A marcação de 3 copas deve ficar reservada para mãos mais fortes, as que ambicionam um cheleme.

3-4m

Madeira

Sul 2 ♠ (1) Todos passam

17º 25º

Funchal

20º

1-1,5m

Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Fraco, seis cartas e 5-10 pontos

Lua Quarto Crescente Nascente 07h41 Poente 17h15

Solução do problema 7233

Preia-mar 07h05 19h42 Baixa-mar 13h22 01h44*

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

7 Dez. 09h03

Marés Leixões

João Fanha/Pedro Morbey (bridgepublico@gmail.com)

20º

1-2m

18º 26º

Sol

Carteio: Saída: K ♥. Qual o seu plano de jogo?

Sta Maria

Porto Santo

Problema 7235 Dificuldade: Difícil

Este

Solução: Uma perdente a copas, tudo depende da forma como iremos abordar o naipe de trunfo. Há que evitar a perda de três vazas no naipe de espadas, qual a melhor forma de o jogar? A primeira vaza é feita com o Ás de copas e segue-se o Ás de espadas e um pau para o Ás. Que carta se deve jogar de seguida? Avançar com o Valete ou com o 10 pode resultar se o 9 estiver à

Beja

Sines 11º 20º

Problema 7234 Dificuldade: Fácil

segunda (doubleton inicial). Mas se um dos adversários tiver uma figura doubleton, jogar uma pequena espada resulta melhor. Uma vez que existem duas possibilidades de haver uma honra doubleton e apenas uma para um 9 doubleton, é duas vezes melhor jogar uma pequena espada na segunda volta de trunfo, em vez do Valete ou do 10. E, como era o caso de hoje, o contrato é cumprido. Aproveite para apontar mais um manejo de naipe no seu bloco de notas.

AMANHÃ

Cascais

Faro

2,9 06h40

3,0 06h43

2,9

2,7 19h19

2,8 19h21

2,7

1,1 13h00

1,3 12h49

1,2

1,3 01h20*

1,4 01h09*

1,29

Fonte: www.AccuWeather.com

*de amanhã


40 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESPORTO

Benfica na Champions sem pensar nem no Marítimo nem no derby ”Encarnados” jogam hoje, na Luz, frente ao Nápoles, a continuidade na Liga dos Campeões. Vitória ou resultado igual ao do Besiktas garante apuramento Futebol internacional Marco Vaza A semana longa do Benfica começou na sexta-feira e só vai acabar no domingo. Começou com uma derrota na Madeira, frente ao Marítimo, e vai acabar na Luz num derby frente ao Sporting com a liderança do campeonato em jogo. Pelo meio, hoje, os “encarnados” decidem o seu destino europeu na recepção ao Nápoles, em jogo da última jornada do Grupo B. Num agrupamento que tem três candidatos para os dois lugares em aberto, as contas do Benfica são simples de fazer: basta fazer o mesmo que o Besiktas em Kiev frente ao Dínamo para chegar pela segunda temporada seguida aos oitavos-de-final. Se fizer pior, cai para a Liga Europa. E até pode perder o jogo na Luz, se acontecer o mesmo aos turcos na Ucrânia, mas a última coisa que Rui Vitória quer é ter a equipa a jogar com o que se passa a milhares de quilómetros de distância. Esse é um erro, diz o técnico “encarnado”, Estádio da Luz, Lisboa

19h45 RTP1

Benfica 4-2-3-1 Ederson Luisão N. Semedo Fejsa Salvio

Lindelöf A. Almeida Pizzi

G. Guedes

Cervi

R. Jiménez Callejón Insigne Gabbiadini Hamsik

Allan

Diawara

Hysaj

Ghoulam Koulibaly

Albiol

Reina

Nápoles 4-3-3 Árbitro: Mateu Lahoz

Espanha

que a equipa não pode cometer. “Se quisermos jogar dois jogos num só, estamos no caminho errado. Dependemos de nós, tal como o Nápoles. Só depois faremos essas contas, não vale a pena distraírmo-nos com isso”, sustentou Rui Vitória. Não entrar para ganhar, na perspectiva do técnico, seria trair a identidade da equipa: “Temos a noção clara do que temos de fazer. Andamos a trabalhar com uma identidade e isso não vai mudar neste jogo.” Depois de um Outubro só com vitórias, o Benfica teve alguns percalços em Novembro (empates no Dragão e em Istambul) e iniciou Dezembro com um desaire no Funchal. Um dado estatístico desta época que joga a favor dos “encarnados” é que, a cada empate ou derrota, seguiu-se sempre uma vitória. A seguir ao desaire por 4-2 em Nápoles, por exemplo, seguiu-se uma série de seis vitórias seguidas entre várias competições (incluindo o duplo triunfo frente ao Dínamo de Kiev), com 14 golos marcados e apenas um sofrido. Mas nenhuma destas contas passadas interessa a Rui Vitória. Nem a derrota em Nápoles ou na Madeira (as duas únicas sofridas nesta temporada), e não interessa perspectivar o que irá acontecer no próximo domingo. O que interessa é manter o foco na “final” que vai acontecer hoje. “Temos tido um desempenho muito positivo nestes dois anos. Percebemos bem o que é a Liga dos Campeões e vamos jogar no ‘red line’. É uma final e vamos disputá-la como tal”, reforçou o técnico, que ainda não terá neste jogo o brasileiro Jonas, já a treinar com a equipa, mas ainda sem a condição física ideal para ser opção. O Nápoles apresenta-se na Luz após uma vitória moralizadora sobre o Inter por 3-0, mas, ao contrário do Benfica, tem tido uma época bastante irregular (apenas quatro vitórias nos últimos 12 jogos em todas as competições) e está bastante longe da liderança da Série A — sexto, com 28 pontos, a oito do líder

O sueco Lindelöf durante o último treino do Benfica antes do duelo desta noite, com o Nápoles

Saímos de Nápoles em último e hoje estamos a disputar a liderança Rui Vitória Benfica

Juventus. Não terá em Lisboa um dos seus principais goleadores, o polaco Arkadiusz Milik, lesionado desde o início de Outubro, mas continua a ter um grande potencial ofensivo, com jogadores da qualidade de Hamsik, Callejón, Insigne ou Mertens. É por este potencial ofensivo da ex-equipa de Maradona que Rui Vitória deixa o alerta. O Benfica vai jogar para ganhar, mas não vai entrar em loucuras: “Vai ser um jogo difícil e complicado, mas vamos entrar com uma determinação e convicção

grandes. Não podemos ser demasiado atrevidos porque o Nápoles é uma das equipas do ‘top-3’ de Itália. Amanhã vem aqui discutir o jogo com o Benfica e nós temos de perceber o que temos de fazer.” Tal como Rui Vitória, Maurizio Sarri, o técnico da formação napolitana, diz que o Nápoles vai estar na Luz para ganhar, mesmo sabendo que lhe basta um empate para passar. “Este já é um jogo com aspectos mentais tão condicionantes que, se entrarmos em campo com


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 41

As equipas mais fortes do ponto de vista técnico somos nós e o Benfica. O Besiktas teve a capacidade de se manter vivo nos jogos Maurizio Sarri Nápoles FRANCISCO LEONG/AFP

Richard Hamsik vendeu o carro da família para Marek jogar futebol Marco Vaza

a convicção que pode chegar o empate, então corremos sérios riscos. Se nos pusermos a pensar no outro jogo, será impossível. Temos de começar o jogo para ganhar o grupo. É com esse pensamento que podemos fazer um jogo normal”, explicou Sarri. Este será o quarto encontro entre Nápoles e Benfica. O último foi em Setembro passado, em que o Benfica saiu derrotado do San Paolo por 4-2. Os dois encontros anteriores aconteceram em 2008 na Taça UEFA, nu-

ma eliminatória a atenceder a fase de grupos que começou mal, mas acabou por ser favorável aos “encarnados”. O jogo da primeira mão, no San Paolo, resultou numa vitória napolitana por 3-2, com David Suazo e Luisão a marcarem os golos da equipa então orientada por Quique Flores. Duas semanas depois, na Luz, o Benfica deu a volta à eliminatória, triunfando por 2-0, com golos de Reyes e Nuno Gomes. mvaza@publico.pt

Quando Marek Hamsik tinha 15 anos, o pai Richard perguntou-lhe se queria mesmo levar a sério o sonho de ser jogador de futebol. “Quando ele disse que sim”, contava Richard Hamsik ao Guardian em Junho passado, “nós sacrificámos tudo”. O “tudo” nesta história foi (em 2002) esvaziar as poupanças, pedir dinheiro emprestado e vender o carro da família (um Skoda Felicia, carro de fabrico checo) para reunir os cinco mil euros necessários para que o clube de Marek, o Jupie Podlavice, o libertasse para o Slovan Bratislava, o maior clube da Eslováquia. Menos de três anos depois, Marek estreava-se na Série A italiana e o resto, como se costuma dizer, é história. Hamsik entrou no futebol italiano pela porta do Brescia, mas é no Nápoles, onde chegou em 2007, que tem deixado a sua marca, ao ponto de estar perto de chegar ao recorde de golos de Diego Armando Maradona no clube napolitano. Em sete temporadas, “El Pibe” marcou 115 golos, Hamsik, que não é um avançado, vai nos 104 (igualou o uruguaio Edison Cavani nesta lista), ele que está na sua décima temporada no San Paolo. E o médio-ofensivo eslovaco já é o terceiro jogador da história do Nápoles com mais jogos (423), apenas atrás de Giuseppe Bruscolotti (511) e Antonio Juliano (505). Estes números mostram bem a fidelidade de Hamsik ao Nápoles, que foi vendendo nos últimos anos algumas das suas maiores “estrelas” como Edison Cavani, Ezequiel Lavezzi ou Gonzalo Higuaín. Há muita gente que o quer e até o próprio seleccionador eslovaco sugeriu, durante o Euro 2016, que ele devia mudar-se para um clube com outras ambições, mas o jogador de 29 anos diz que dificilmente irá deixar Nápoles, que considera uma segunda casa, apesar de já lá ter sido assaltado em duas ocasiões. “Sim, posso confirmar que tive muitas propostas. Acho que é bastante claro que, em Itália, só vou

jogar no Nápoles e acho que há uma forte possibilidade de acabar aqui a minha carreira”, declarou recentemente o eslovaco, que, no último Verão, prolongou o seu contrato com o clube por mais quatro anos. Com Hamsik, o Nápoles ainda não atingiu os níveis da era Maradona — foi com o argentino que os napolitanos conquistaram os dois únicos “scudettos” da sua história, em 1987 e 1990 — mas o eslovaco tem contribuído de forma decisiva para fazer regressar a equipa aos lugares de topo da Série A. O pior que o Nápoles fez desde que Hamsik chegou foi um 12.º lugar, em 200809, e, depois disso, esteve sempre do sexto posto para cima, incluindo dois segundos lugares e dois terceiros, mais duas conquistas da Taça

de Itália e uma Supertaça italiana. Hamsik é o capitão de equipa e um jogador-chave para a formação orientada por Maurizio Sarri. Tem na polivalência uma das suas grandes armas, tanto jogando em posições mais recuadas no meio-campo, como a andar pelas alas ou a jogar no apoio directo ao avançado, para além da boa veia goleadora que tem demonstrado. A influência do homem da crista no Nápoles é tal que já há outro Hamsik a chegar ao San Paolo — Raymundo Hamsik, um primo de 18 anos de Marek, já esteve lá à experiência e vai para lá jogar a partir da próxima época. O Skoda em segunda mão que Richard Hamsik vendeu em 2002 já está mais que reembolsado e está a servir, literalmente, para toda a família. CIRO LUCA/REUTERS

Hamsik, capitão e um dos jogadores mais influentes do Nápoles


42 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

DESPORTO

6

O Atlético de Madrid pode ser a sexta equipa a terminar a fase de grupos só com vitórias desde que a competição assumiu este formato, em 1992-93

Atlético de Madrid à porta de um clube restrito Equipa de Diego Simeone procura, em Munique, fechar fase de grupos imaculada. Primeiro lugar no Grupo A para decidir entre PSG e Arsenal, que jogam frente a Ludogorets e Basileia, respectivamente CHRISTOF STACHE/AFP

Tiago Pimentel Na derradeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, os pontos de interrogação só subsistem no Grupo B: é o único onde ainda não estão atribuídas as duas vagas nos oitavosde-final, com Nápoles e Besiktas na luta com o Benfica pelo acesso à próxima fase da prova. Mas isso não significa que faltem motivos de interesse — o Atlético de Madrid que o diga, porque na visita ao Bayern Munique vai lutar pelo acesso a um clube muito restrito do futebol europeu. A equipa de Diego Simeone já garantiu a primeira posição e os bávaros já sabem que vão apurar-se em segundo lugar. Mas, para os “colchoneros”, está em causa terminar esta fase de grupos com um percurso imaculado: o Atlético de Madrid tem cinco vitórias em outras tantas partidas no Grupo D e procura o derradeiro triunfo que assegure o pleno. Seria apenas o sexto emblema a consegui-lo desde que a Liga dos Campeões adoptou o actual formato, em 1992-93. O Real Madrid foi o único a alcançá-lo duas vezes (2014-15 e 2011-12), para além de Barcelona (2002-03), Spartak Moscovo (199596), Paris Saint-Germain (1994-95) e Milan (1992-93). “Chegar a este jogo com as perspectivas que temos é sempre melhor que estar a disputar o primeiro ou segundo lugar. As vitórias na Holanda e na Rússia deram-nos a oportunidade de fechar a qualificação com os triunfos em casa. A importância deste jogo é dada pela excelência do rival. Por vezes, o orgulho conta mais do que os pontos”, alertou Diego Simeone. “O Bayern é um clube muito competitivo, com uma equipa forte. São capazes de adaptar-se a diferentes sistemas, como fizeram primeiro com Guardiola e agora com Ancelotti”, acrescentou. Após uma surpreendente derrota na visita ao Rostov, o Bayern já sabe

CLASSIFICAÇÕES GRUPO A Jornada 6 Basileia-Arsenal Paris Saint-Germain-Ludogorets Paris Saint-Germain Arsenal Ludogorets Basileia

19h45 19h45

J V E D M-S 5 3 2 0 11-5 5 3 2 0 14-5 5 0 2 3 4-13 5 0 2 3 2-8

P 11 11 2 2

GRUPO B Jornada 6 Benfica-Nápoles Dínamo Kiev-Besiktas Benfica Nápoles Besiktas Dínamo Kiev

19h45, RTP1 19h45, SP-TV5 J V E D M-S 5 2 2 1 9-8 5 2 2 1 9-7 5 1 4 0 9-8 5 0 2 3 2-6

P 8 8 7 2

GRUPO C Jornada 6 Manchester City-Celtic 19h45, SP-TV4 Barcelona-B. Mönchengladbach 19h45, SP-TV3 Barcelona Manchester City B. Mönchengladbach Celtic

J V E D M-S 5 4 0 1 16-4 5 2 2 1 11-9 5 1 2 2 5-8 5 0 2 3 4-15

P 12 8 5 2

GRUPO D Jornada 6 PSV Eindhoven-Rostov B. Munique-Atlético de Madrid Atlético de Madrid Bayern Munique Rostov PSV Eindhoven

O Atlético de Simeone está mal na Liga espanhola mas brilha na Europa

Há história à espreita no Grupo A, onde o Ludogorets pode tornarse no primeiro emblema búlgaro a “sobreviver” à fase de grupos

que terá de conformar-se com o segundo lugar no grupo. “Não alcançámos aquilo que esperávamos, que era terminar em primeiro, mas queremos fazer uma boa exibição contra o Atlético. Nem sempre estivemos ao nosso melhor nível esta época. A partir daqui temos de jogar muito melhor, porque a exigência será mais elevada”, sublinhou o treinador italiano dos bávaros. No outro jogo do Grupo D, o PSV Eindhoven está obrigado a ganhar ao Rostov se quiser arrebatar aos russos o terceiro lugar e correspondente acesso à Liga Europa.

A classificação está mais do que fechada no Grupo C: o Barcelona, que será primeiro, recebe o Borussia Mönchengladbach, que já não fará melhor do que o terceiro e vai seguir para a Liga Europa. E o Manchester City, que termina em segundo, defronta o Celtic, irremediavelmente último classificado. Há história à espreita no Grupo A, onde o Ludogorets pode tornar-se no primeiro emblema búlgaro a “sobreviver” à fase de grupos — a equipa de Georgi Dermendzhiev ambiciona seguir para a Liga Europa, mas isso será uma missão espinhosa. O Ludo-

19h45 19h45, SP-TV2

J V E D M-S 5 5 0 0 7-1 5 3 0 2 13-6 5 1 1 3 6-12 5 0 1 4 4-11

P 15 9 4 1

gorets visita o Paris Saint-Germain, que disputa o primeiro lugar directamente com o Arsenal (desloca-se a Basileia), e tem no mínimo de fazer o mesmo resultado dos suíços para assegurar o terceiro posto. No topo, os londrinos têm de fazer um resultado melhor do que o PSG para arrebatarem a liderança. “A vantagem de ser primeiro é jogar a segunda mão [dos oitavos-de-final] em casa, porque se houver prolongamento temos mais 30 minutos em casa”, resumiu Arsène Wenger. tiago.pimentel@publico.pt


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 43

DESPORTO

Paços de Ferreira regressa aos triunfos mesmo com um treinador interino Futebol

Paços de Ferreira

2

Marco Baixinho 18’, Welthon 27’

O Boavista só ripostou depois de estar a perder por 2-0 e quando o adversário ficou em inferioridade numérica

I LIGA

1

Renato Santos 55’ (g.p.)

P. Ferreira Rafael Defendi, Bruno Santos, Ricardo, Miguel Vieira a5’ e 54’ a54’, João Góis, Marco Baixinho, Pedrinho, André Leal (Mateus, 65’), Gleison (Barnes, 65’ a78’), Welthon e Ivo Rodrigues a90’+3’. Treinador Vasco Seabra.

Seis jogos depois, o Paços de Ferreira regressou aos triunfos na I Liga, ao vencer o Boavista, por 2-1, no encontro que encerrou a 12.ª jornada. Ainda treinado interinamente por Vasco Seabra, que substituiu o demitido Carlos Pinto, o Paços de Ferreira marcou por Marco Baixinho aos 18 minutos e viu Welthon aumentar a vantagem aos 27’. Mas a expulsão de Miguel Vieira, por acu-

Boavista

CLASSIFICAÇÃO

Boavista Aghayev, Edu Machado, Philipe Sampaio a63’ (Idé Gomes, 74’), Lucas, Talocha (Anderson Correia, 79’), Tengarrinha a37’, Carraça a76’, Samu (Makhmudov, 56’), Iuri Medeiros a90’, Schembri e Renato Santos. Treinador Miguel Leal.

Jogo no Estádio Capital do Móvel, em Paços de Ferreira. Assistência Cerca de 3000 espectadores Árbitro Artur Soares Dias (AF Porto)

mulação de cartões amarelos, e o penálti que se seguiu ao vermelho, permitiu a Renato Santos (55’) converter o castigo máximo e reduzir a desvantagem. O jogo só conheceu alguma incerteza, precisamente, depois da expul-

são de Miguel Vieira. Até esse momento, o Paços de Ferreira foi mais forte e dominador e os dois golos com que chegou ao intervalo eram uma vantagem justa. No início da segunda parte, Welthon desperdiçou o terceiro golo dos

pacenses e a possibilidade de “encarerrar” o encontro para os homens da casa, que veriam o Boavista reduzir a diferença com o tal golo de penálti. O lance mexeu com o jogo e fez os “axadrezados”, em superioridade numérica, acreditar que era possível anular a desvantagem, mas as substituições operadas por Miguel Leal, incluindo Idé Gomes, em estreia absoluta, não tiveram o resultado esperado. O guineense falhou mesmo no fim do jogo o empate no lance mais perigoso do Boavista. Sempre muito solidários, os pacenses fecharam os espaços e, em contra-ataque, já nos descontos, até podiam ter feito o terceiro golo, por Barnes, mas a vitória não viria a escapar à equipa seis jogos depois.

Jornada 12 Marítimo-Benfica Rio Ave-Tondela Sporting-V. Setúbal FC Porto-Sp. Braga Moreirense-Nacional Feirense-Arouca Estoril-Belenenses V. Guimarães-Chaves Paços Ferreira-Boavista

1. Benfica 2. Sporting 3. FC Porto 4. Sp. Braga 5. V. Guimarães 6. Rio Ave 7. Marítimo 8. Desp. Chaves 9. Estoril 10. Belenenses 11. Arouca 12. V. Setúbal 13. Paços de Ferreira 14. Boavista 15. Moreirense 16. Feirense 17. Tondela 18. Nacional

2-1 3-1 2-0 1-0 3-1 0-2 1-1 1-1 2-1

J

V

E

D

M-S

P

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

9 8 7 7 6 5 5 3 4 3 4 3 3 3 3 3 2 2

2 3 4 2 3 2 2 7 3 5 2 4 4 4 2 2 3 2

1 1 1 3 3 5 5 2 5 4 6 5 5 5 6 7 7 8

27-7 23-10 20-5 20-12 21-15 15-16 8-10 11-10 11-14 9-13 9-15 10-13 15-18 12-15 11-15 10-23 9-18 10-19

29 27 25 23 21 17 17 16 15 14 14 13 13 13 11 11 9 8

Próxima jornada V. Setúbal-Estoril, BelenensesMarítimo, Desp. Chaves-Moreirense, Boavista-V. Guimarães, Nacional-Tondela, Feirense-FC Porto, Benfica-Sporting, Sp. Braga-Paços Ferreira, Arouca-Rio Ave.

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44 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

ESPAÇO PÚBLICO

Alejandro Domínguez

A Confederação Sul-Americana de Futebol, presidida pelo paraguaio Alejandro Domínguez, atribuiu a Taça Sul-Americana à Chapecoense, clube brasileiro que ia disputar com os colombianos do Atlético Nacional a final do troféu e cujos atletas e dirigentes na sua maioria morreram no acidente aviação na Côlombia. Já o Atlético ficou com o prémio prémio fair play. Não apaga a tragédia, mas mostra que no competitivo mundo do futebol profissional há espaço para a solidariedade. L.A.

Frederico Morais

Portugal tem uma praia (Peniche) no circuito mundial de surf. Tem ondas (Nazaré) que atraem multidões. Tem uma costa (Ericeira) que é reserva mundial da modalidade. E vai voltar a ter um representante entre os melhores do mundo, dois anos depois da saída de Tiago Pires e numa altura em que o surf em Portugal é cada vez mais sinónimo de receitas e de turismo. A proeza pertence a Frederico Morais. Vamos voltar a ouvir falar dele. T.L.P.

Cuidado com as aparências David Dinis Editorial

O

“Brexit” acontece, Trump é eleito, agora Renzi demitese. Nem a crise italiana parece afligir mais os famosos “mercados”, aqueles para os quais bastava um sopro para decretarem o apocalipse ainda há escassos anos. Ontem foi assim: maus resultados noite fora, bons indicadores de manhã cedo. As bolsas razoavelmente tranquilas, o euro minimamente estável, os juros

da periferia do euro a subir só ligeiramente. Quer isto dizer que está tudo bem? Esta segunda-feira não foi negra, porque há dois homens a segurar os investidores. O primeiro chamase Mario Draghi: é italiano e, até 2019, presidente do Banco Central Europeu. O segundo chama-se Sergio Mattarella: também italiano, é bem menos conhecido de todos — mas, sendo ele o Presidente, é quem tem a chave da crise política na mão. Se começarmos pelo fim, percebemos a fragilidade de tanto optimismo nas notas dos investidores. Acreditam eles que Mattarella não vai convocar eleições em Itália, nomeando um primeiro-ministro que assegure a transição política até às legislativas de 2018.

Não vale a pena discutir a fé no Presidente. O que é importante aqui é registar que nenhum destes investidores confia no que virá quando as eleições chegarem. E um dia elas virão (ainda bem, anoto eu). E ainda Mario Draghi: dizem os investidores que o presidente do BCE não quererá deixar cair Itália, muito menos os seus conhecidos bancos italianos. Não há dúvidas sobre o historial: até aqui, Draghi tem tudo para garantir a estabilidade da zona euro, para dar espaço de manobra para que os líderes europeus actuem. Mas um dia chegará em que Draghi não poderá substituir-se mais aos políticos, aumentando as taxas de juro, deixando de comprar dívida ou dando tempo a bancos como o Monte dei Paschi para não se

afundarem. Mario pode ser Super, sim, mas não é o eleito (nem eterno). O que aconteceu no domingo em Itália pode não ter provocado o apocalipse, mas é um aviso muito sério a nós todos. De que a relativa estabilidade económica em que ainda assenta a Europa pode não se aguentar muito mais tempo. E de que os eleitores não estão dispostos a aceitar tudo dos seus líderes. Dito isto, convém lembrar que o “Brexit” ainda não chegou, que Trump ainda não tomou posse e que a Itália ainda só está na ressaca. Um dia a casa pode mesmo ir abaixo — e aí as frases calmas e os sorrisos simpáticos dos líderes europeus de nada nos servirão. david.dinis@publico.pt

CARTAS AO DIRECTOR O congresso do PCP

As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles.

Email: cartasdirector@publico.pt Telefone: 210 111 000

Como era previsível, o homem da gravata, ganhou o congresso, Jerónimo de Sousa foi reconduzido secretário-geral do PCP. Esta do homem da gravata não tem da minha parte qualquer sentido pejorativo; antes, sendo o PCP talvez de entre os partidos comunistas da Europa ocidental, o mais ortodoxo, no entanto, transmite ao povo e às forças políticas, uma sensação de segurança, de fiabilidade, de elegância, que, mesmo não abandonando a sua ortodoxia política, será também o menos fundamentalista. Isto deve-se, em grande parte, ao homem da gravata, não pelo sentido de burguesia que significa o “atilho”, mas pela sensação que estamos, como se viu recentemente, perante um senhor. Jerónimo de Sousa é um

senhor, com ou sem gravata, e merece ser secretário-geral do PCP. Felicidades, a bem do povo que defende. Duarte Dias da Silva, Lisboa

O actual Governo O actual Governo acaba de cumprir o seu primeiro ano de governação. E nunca se viu que toda a esquerda estivesse do mesmo lado da barricada, como agora acontece. Apelamos a todos os que verdadeiramente amam o seu rincão pátrio, para que tudo façam para ajudar o actual executivo a levar a bom termo o seu mandato, evitando-se quezílias entre as forças que apoiam o Governo, pois os vendilhões pátrios e os sabotadores da nação não dormem. Que uma autêntica “muralha de aço” sustenha tais ignóbeis

intenções provindas dos sectores mais reaccionários da nossa sociedade. José Amaral, Vila Nova de Gaia

Fiscalidade regressiva Quando Reagan chegou à presidência dos EUA, empreendeu uma das maiores reformas fiscais, ao baixar mais de 10 p.p. o IRS para os rendimentos mais elevados, escudando-se no argumento de que tal impulsionaria o crescimento do PIB e investimento. Volvidos oito anos, o produto manteve-se estagnado, o desemprego aumentou ligeiramente e a desigualdade social disparou de forma alarmante. Os rendimentos mais elevados observaram um crescimento de 4 p.p., ao passo que a restante população não beneficiou de qualquer incremento e nalguns casos sofreu

perda do poder de compra. A futura eliminação da sobretaxa para o IRS e das contribuições para as pensões mais elevadas concentram-se nesta estratégia de regressividade fiscal. Os resultados serão facilmente identificáveis, com o aumento das desigualdades sociais e sobretudo com a estagnação do PIB, uma vez que os rendimentos mais elevados são mais propensos à poupança ou ao consumo de bens duradouros com recurso ao crédito. Pelo contrário, medidas que promovam o poder de compra das populações de baixos rendimentos estimulam o crescimento do consumo positivo, ou seja, de bens de baixo valor e produção nacional, contribuem para o aumento das receitas fiscais e sobretudo asseguram a criação de emprego nas pequenas e microempresas, que constituem o grosso da economia nacional. João Poço Ramos, Póvoa de Varzim


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 45

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

Manuel Valls anunciou a sua candidatura à presidência francesa. O ainda primeiroministro, que hoje se demitirá do cargo, apresentou-se como alguém que quer lutar contra tudo e todos a nível internacional. Para já, os seus principais problemas são a nível nacional: avança com um PS feito em cacos e com a quase obrigação de se demarcar das políticas de Hollande. Por último, mas não em último, os candidatos de direita estão mais bem colocados nas sondagens. L.A.

Manuel Valls

Marcelo Rebelo de Sousa

E, afinal, o PÚBLICO tinha razão. O Presidente da República ficou feliz com a solução Paulo Macedo na CGD (“O segundo vinho é melhor do que o primeiro”, terá dito) e não pôs a redução dos salários como condição à sua aceitação. É caso para dizer que a necessidade é maior do que a virtude. Mas percebe-se que Marcelo, como chefe de Estado, tente serenar o debate em torno do banco público e dar espaço a Macedo para trabalhar. Se correr bem, também o Presidente ganha. D.D.

ESCRITO NA PEDRA Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir Napoleão Bonaparte (1769-1821), líder político e militar

O ar que nos mata

ROBERT MICHAEL/AFP

SEM COMENTÁRIOS TAÇA DO MUNDO DE SALTOS DE ESQUI, EM KLINGENTHAL, ALEMANHA

S

Miguel Esteves Cardoso Ainda ontem

EM PUBLICO.PT Volta: uma oficina que é um regresso a casa

Harmonies para ouvir no PÚBLICO

Uma vénia ao Porto, Património Mundial

Volta é uma oficina onde se procura o trabalho manual, longe das novas tecnologias, com destaque para a serigrafia, a marcenaria, a encadernação e o têxtil. E é um regresso ao país de três jovens emigrantes. O projecto arrancou em Lisboa, no Lx Factory, graças a um financiamento de 20 mil euros. publico.pt/multimedia

No culminar de um ano a comemorar o 150.º aniversário do nascimento de Erik Satie, a pianista Joana Gama junta-se a Luís Fernandes (electrónica) e Ricardo Jacinto (violoncelo e electrónica) no projecto Harmonies. Satie volta a ser peça nuclear, sendo o ponto de partida para as peças do trio. Pode ouvir o álbum no nosso site. publico.pt/1753698

Seríamos sempre actores na nossa cidade, cumprindo um papel diário, mais ou menos rotineiro, sobressaltado, de tempos a tempos, pela euforia da festa. Mas, no Porto, exactos 20 anos depois da classificação da UNESCO, os nossos gestos têm mais público. E há mais festa. Uma fotogaleria de Manuel Roberto. publico.pt/multimedia

eguindo o exemplo de Tóquio, a Cidade do México, Atenas, Paris e Madrid resolveram proibir os motores diesel até 2025. Esperemos que Lisboa e as outras cidades do mundo com ar perigoso aproveitem para tomar a mesma decisão. A palavra poluição não é suficientemente forte. Quando o ar é tão venenoso que mata milhares de pessoas, deveria falar-se em envenenamento atmosférico. Os portugueses, tal como muitas populações, foram enganados quanto às virtudes do diesel e encorajados a comprar veículos com motores diesel. Essas pessoas terão de ser justamente indemnizadas e encorajadas a comprar veículos eléctricos ou híbridos de gasolina. Em Portugal limparam-se as águas dos canos, dos mares e dos rios. Quem diria há 30 ou 40 anos que seria possível? Ainda falta fazer muito, mas o que importa agora é reconhecer que o ar em Lisboa não está sujo nem fétido nem poluído: é fatalmente venenoso. E de longe a maior causa são as emissões dos motores diesel. As aldrabices da Volkswagen com as emissões do escape apenas seguiam aldrabices de quase toda a indústria automóvel. Há filtros que reduzem o envenenamento, mas nenhum existe que o elimine completamente. Deixemo-nos de histórias. O ar que respiramos está a matar-nos. Não é isso que o ar deveria fazer. A sério, não percebo porque não é maior o pânico. É como se toda a gente que passa por uma cidade fosse obrigada a fumar cigarro após cigarro. Se põem avisos nos maços de tabaco, porque não põem à entrada de cidades com ar venenoso?


46 • Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

ESPAÇO PÚBLICO

A Ordem das Cabeleiras Exóticas

1.

Paulo Rangel Palavra e Poder Recentemente, em Bruxelas, fui convidado a falar sobre a caleidoscópica situação europeia para um grupo de jornalistas espanhóis de um amplo leque de meios de comunicação social. No decorrer solto e informal da charla, naquele vaivém descontraído e desfiado da conversa, dei-me conta de uma extraordinária e aparente coincidência, de uma inusitada mas surpreendente casualidade. Os grandes cavaleiros ocidentais da nova “ordem” antieuropeia, tendencialmente iliberal, nacionalista, proteccionista e, por vezes, xenófoba eram, quase invariavelmente, senhores de cabeleira farta, exuberante e exótica, entre o esculpido e o desgrenhado, caótica e caricaturável, marcante e carismática. Pensava em Donald Trump, lobrigava em Geert Wilders, cogitava em Beppe Grillo, excogitava em Boris Johnson. E se tirarmos o italiano, heterodoxo e provindo das sempre dúbias hostes latinas, quase podia ser uma exclusiva liga dos “magnos cavaleiros das louras cabeleiras”. Na altura, gracejei, alvitrando a hipótese de todos frequentarem o mesmo salão de cabeleireiro transatlântico, excluído que estivesse, por razões mais do que óbvias, o principescamente bem pago artesão capilar do eterno provisório François Hollande. Para muitos, será decerto um detalhe ou talvez um acidente iconográfico. Para mim, não: é algo mais. Mas, seja como for, longínquo vai o tempo dos líderes políticos muito bem aprumados, robustamente “fit”, impecavelmente vestidos, elegantemente exercitados e com um rosto imberbe a roçar o modelar, que podia adornar uma campanha publicitária dos inconfessados alvores da meia-idade. Os semideuses do Olimpo são agora mais humanos, mais redondos, mais carnais, mais vulgares, mais sujos, mais viris, mais boçais, mais cabeludos, mais casáveis com os temores (e não já com os amores) que os deuses sempre inspiraram. 2. Depois de templários e hospitalários, depois de cavaleiros de Malta e cavaleiros teutónicos, depois dos Cister, dos Cluny e de todos os demais, outra Ordem cavalga a conformação da vida europeia, outra Ordem assalta a recomposição do hemisfério ocidental. E ela é, com mais ou menos ironia iconográfica, a Ordem das Cabeleiras Exóticas. Existem decerto excepções na indumentária. Podem ser sereias como a sedutora Marine Le Pen. Podem ser

GARETH FULLER/REUTERS

repositórios da matéria primordial vinda de uma “paleo-história” ou de uma “idade do ouro” como o indeformável Putin. Mas, afora as excepções, a torrente é bruta, é magmática, é wagneriana e alastra-se e emplastra sob o sacro signo da Ordem das Cabeleiras Exóticas. 3. Multiplicam-se os artigos de opinião, em Portugal e em todo o Ocidente, sobre o regresso do nacionalismo e sobre o modo sobranceiro e negligente como os políticos europeus, pró-europeus e europeístas olham para esse regresso. Em muitos casos, faz-se uma distinção assisada entre patriotismo e nacionalismo, para esconjurar precisamente as conotações mais malignas que a este último substantivo andam ligadas. Numa grande parte deles, assume-se que o crescimento de movimentos deste jaez resulta de um “esmagamento” do sentimento nacional por banda das instituições supranacionais e de múltiplas entidades abstractas como os mercados, mas tem a sua causa mais funda no enorme desprestígio de uma classe dirigente internacionalista e pretensamente cosmopolita, detentora de uma íntima cumplicidade com os grandes interesses transnacionais. A grande maioria desses analistas

As incensadas cinzas da União levar-nos-ão ao jugo, à vassalagem, ao protectorado, à zona-tampão, à ocupação, à subcidadania

Nuno Crato e Paulo Macedo. Não pode haver maior elogio às políticas de educação e saúde do PSD do que os resultados da Matemática do 4.º ano e a nova indicação para a Caixa. Oxalá o PSD saiba capitalizar

e comentadores está certa quando põe o acento na necessidade política e até constitucional de não desconsiderar os factores da identidade dos povos. E, mais do que isso, quando fala sobre a necessidade de valorizar positiva e activamente esses pilares identitários. Têm, aliás, razão — e é um assumido federalista que o escreve — quando detectam, em vários momentos e lugares do processo de integração europeia, uma ignorância voluntarista e pueril da força telúrica desses pilares identitários. Sem dúvida que o processo de globalização pode e deve ser corrigido em muitos dos seus desequilíbrios. Sem dúvida que o processo europeu pode e deve acomodar as imposições de maior transparência e legitimidade e uma muito mais clara repartição de esferas de actuação entre o nível europeu e o nível estatal. 4. A impostação, todavia, de que a resposta está no regresso ao velho Estado

PSD e voto de pesar por Fidel. O PSD não pode abster-se num voto sobre um ditador sanguinário como Castro. Há momentos em que é preciso afirmar as raízes humanistas e democráticas. Este era um deles

nacional oitocentista e novecentista e às suas fronteiras terrestres e aos seus limites físicos está essencialmente errada. Como dezenas de vezes aqui e noutros locais escrevi, muitos destes analistas e comentadores não deram conta de que assistimos a uma “desterritorialização” e a uma “desmaterialização” do poder. Entre a queda do muro em 1989 e o ataque às Torres Gémeas em 2001, desvaneceu-se a velha sociedade internacional exclusivamente “estatocêntrica” (Sabino Cassese), em que o Estado dispunha do monopólio da legitimidade e da coerção (Max Weber). Aqueles que assistem com um ressentido deleite e uma contida “Schadenfreude” àquilo que julgam ser o ressurgir do nacionalismo pretérito estão, creio eu, a pisar o trilho errado, a pisar trilho minado. Um regresso a esse paradigma nacional, ou melhor dito, nacionalista, mais não seria do que entregar as comunidades nacionais, que eles tão genuinamente amam, aos apetites vorazes de um mundo de suseranias e impérios. Nem todos perceberam ainda: nunca, em nenhuma construção política antes da União Europeia, tantas identidades nacionais se afirmaram com um notável grau de autodeterminação e com um notável patamar de garantias constitucionais. As tão incensadas cinzas da União levar-nos-ão ao jugo, à vassalagem, ao protectorado, à zona-tampão, à ocupação, à subcidadania. A União Europeia, clube único de democracias e da primazia do direito, tem paralelos com o último argumento de defesa da democracia: é um péssimo sistema, mas parece ser o menos mau de todos. Enfim: nada auguro de bom a um continente entregue à mercê e às mercês da Ordem das Cabeleiras Exóticas. Eurodeputado (PSD). Escreve à terça-feira paulo.rangel@europarl.europa.eu


Público • Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016 • 47

ESPAÇO PÚBLICO

A saída precária dos presos fez 40 anos

P

João Lobato Costa assados 40 anos sobre a aprovação do diploma que institui a saída precária prolongada, entretanto concedida, até aos dias de hoje, a um número infindo de reclusos, em cumprimento de pena nas prisões, justapõese uma apreciativa reflexão sobre o nosso sistema penal e penitenciário, mormente acerca do alcance desse normativo, que se saldou por uma revigorante “entrada de ar fresco nas cadeias” e que pacificou a vida intramuros, diminuindo as fugas da prisão. Nessa altura, a sociedade portuguesa, ainda trémula da Revolução de Abril, vivia um período de relativa paz social e de criminalidade ajustada a uma violência reduzida, muito diferente dos padrões actuais, e em que proliferavam os crimes contra a propriedade, perpetrados através do furto e do roubo, o vulgar delito comum em meio urbano. Os homicídios, alguns muito graves, mas esporádicos, estavam encostados ao nosso espaço rural, ligados a questões de terras e partilhas de águas comuns. A população prisional nessa altura em Portugal não chegaria aos oito mil reclusos. A nossa posição geográfica, na periferia da Europa e de fronteiras cerceadas, com uma criminalidade de cunho doméstico, propiciou a esse normativo das saídas precárias o Decreto-Lei n.º 783 de 1976, a sua consagração sem sobressaltos na sociedade portuguesa. Constituiu-se como uma extraordinária medida penitenciária, a que sectores mais conservadores da nossa comunidade judicial prognosticaram uma vigência efémera e votada ao fracasso.

A geringonça vocabular do ano

Em vigor desde essa altura e perdurando estes longos 40 anos, com êxito polémico e nem sempre consensual, logrou este “diploma consagrar a intervenção directa de uma magistratura especializada” e poder conceder até 16 dias por ano de “liberdade precária” com regresso à cadeia. A saída precária prolongada, a ser consentida depois de cumprido um quarto da pena, e não interferindo com o sentido da prevenção geral e especial, pela intimidação incutida na expiação da pena de prisão, diminui muito do factor criminógeno da prisão, bem como de exclusão social e abandono do cidadão pela família e comunidade em geral, das suas referências e valores, de trabalho e profissão. “A lei não suporta ser reconciliada com aquele que a transgrediu.” Todavia, abriuse com a saída precária um espaço legal e produziu-se um elo de ligação muito forte que possibilitou a reintegração na sociedade ao cidadão recluso, em números expressivos de tal modo avassaladores, mau grado, por bastantes vezes tenha tido um efeito perverso, sobretudo daqueles que permaneceram na linha do crime.

A medida diminuiu a exclusão social e o abandono do cidadão pela família e a comunidade

Ex-colaborador dos Serviços Prisionais jlobatocosta@gmail.com PAULO RICCA

C

António Bagão Félix omeçou a votação para a palavra de 2016, excelente iniciativa da Porto Editora desde 2009. Foram seleccionadas dez palavras: Brexit, campeão, empoderamento, geringonça, humanista, microcefalia, parentalidade, presidente, racismo e turismo (hélas, sem versões acordistas!) Palpito que geringonça vai vencer. Se tal acontecer, será a vitória do calão, assim fazendo jus à sua presença crescente na linguagem oral e nas redes sociais. Um vocábulo da política deste ano, cognome da maioria governamental, que teima em querer contrariar o que, nos dicionários, significa algo mal engendrado, tosco e desenculatrado. Palavras da política já haviam ganho, em 2010 com austeridade e em 2011 com o fugaz neologismo já desfeito pelo tempo, entroikado. A propósito de palavras vencedoras de moda efémera e estrangeirada, logo descartadas do uso e da memória, o caso mais estranho aconteceu em 2010 com a onomatopaica sulafricana vuvuzela. Como somos importadores vocabulares (com saldo negativo, pois não exportamos quase nada, nem para o Brasil), lá vem, no rol designado, o Brexit, em homenagem à língua de Shakespeare, o que, porém, nunca aconteceu com o quase Grexit. Entre os nove substantivos e um adjectivo (desta vez não há verbos), há uma adopção por via do inglês empowerment. Só que o luso neologismo engendrou um palavrão esteticamente detestável, aparvalhadamente snob e que as pessoas comuns jamais conhecem e usam: empoderamento! Enfim, um empobrecimento de um empolamento por causa de um necessário e prévio empossamento sujeito, às vezes, a um emprazamento judicial. Tudo, evidentemente, sem apodrecimento (sobretudo monetário). Palpito que, para o ano, vamos gramar com “performante” . Nos últimos anos surgiram palavras ligadas à saúde. Este ano é microcefalia por causa do vírus Zika, antes dos Jogos Olímpicos, entretanto “desaparecido” depois daquele evento. Antes, foram legionela e ébola.

Curioso é a engenhoca da geringonça ter feito desaparecer antipáticas palavras do mundo financeiro: PEC, défice, desemprego, orçamento (todas em 2010), austeridade e desemprego, esta repetente (em 2011), imposto, cortes, TSU (em 2012), swap (em 2013), banco (em 2014), plafonamento e privatização (em 2015). E a dívida, que aumenta silenciosamente, ainda não teve um lugarzinho de “dama de honor” (ou “cavalheiro de honra”, para não ferir susceptibilidades de “género”)? Em relação a anos anteriores, há menos palavras com carga negativa (apenas racismo e microcefalia) contra sete no ano passado (jihadismo, ébola, legionela, corrupção, cibervadiagem e até basqueiro e banco). Ao invés, há termos com uma conotação claramente positiva (turismo, humanista, presidente e campeão). Será que está alteração vai pesar nos indicadores de confiança do INE? Há ainda uma (boa) diferença face a anos anteriores: não há palavras escolhidas apenas porque marcaram os últimos meses, dado que a escolha foi mais homogénea, considerando a totalidade do ano. Se tivesse vigorado o “sistema FIFO” (“first in, first out”), lá teríamos mais palavras de fim de ano, como por exemplo declaração (patrimonial), licenciatura (falsa) caça (ao homem), sobretaxa, Caixa, Agosto (mês de todos os simpáticos aumentos), cuspo, etc. E, quem sabe, domingo, quer dizer, Domingues. Enfim, entre amigos da geringonça e amigos da onça, venha o diabo e escolha! No Reino Unido, venceu a pósverdade (post-truth). Já cá está chegando esse eufemismo para dar ar científico à mentira. Até lá, vamos xurdir (uma das palavras de 2014), que é como quem diz, fazer pela vida.

Por Ricardo Cabral, Francisco Louçã e António Bagão Félix Ricardo Cabral escreve à 2.ª e 5.ª, António Bagão Félix à 3.ª e 6.ª e Francisco Louçã à 4.ª e sáb.


Terça-feira, 6 de Dezembro de 2016

BARTOON LUÍS AFONSO

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

Acabem com a conversa dos salários da Caixa João Miguel Tavares

A

sério que vamos voltar a discutir o salário do presidente da Caixa, agora que Paulo Macedo substituiu António Domingues? Desculpem, mas no actual contexto é uma conversa absurda e um desperdício de energia. Pensem comigo. De um lado temos a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, que alegadamente pode vir a contemplar uma injecção de capital de 5200 milhões de euros. O Expresso escrevia no sábado que Macedo ia entrar no banco com um prejuízo de 3000 milhões de euros em 2016, coisa de fazer cair o queixo a qualquer contribuinte, seja ele português ou chinês. Três mil milhões de euros de prejuízo num só ano é, pura e simplesmente, inconcebível. E, no entanto, o pessoal está de novo entretido a discutir não este valor absolutamente astronómico, e as razões da sua existência, mas se será ou não exagerado Macedo Esta informação não dispensa a consulta da lista oficial de prémios

JOSE SARMENTO MATOS

ir ganhar 423 mil euros anuais, precisamente 0,014% do valor que a Caixa se prepara para perder em 2016. O que dividido por 14 meses dá 30 mil euros brutos, qualquer coisa como 15 mil euros líquidos por mês. Um excelente ordenado? Sem dúvida. Um ordenado obsceno? Jamais. Esta ridícula contradição entre o desinteresse generalizado acerca dos prejuízos da Caixa e o interesse superlativo quanto aos ordenados da administração não faz pingo de sentido. Se Paulo Macedo for realmente o homem certo para o lugar, paguem-lhe o que for preciso e ele que se despache a arregaçar as mangas. A CGD não precisa de um tipo baratinho e sacrificado. Precisa do melhor nome possível que exista no mercado, ainda que pago a peso de ouro. António Costa tem inteira razão naquilo que ontem disse a este propósito: “Fizemos uma remuneração para que a CGD tenha uma gestão profissional e possa recrutar no mercado administradores ao nível de qualquer outro banco. É uma opção política que foi tomada, está mantida e vai ser executada.” Bravo, senhor primeiro-ministro. Ao menos alguém que aceite as leis do mercado e compreenda que, para arranjar os melhores,

Lotaria clássica

A CGD não precisa de um tipo baratinho e sacrificado. Precisa do melhor nome possível que exista no mercado, ainda que pago a peso de ouro 3

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1.º Prémio

sobretudo numa área em que metade dos banqueiros estão totalmente descredibilizados, quando não a contas com a Justiça, não há outra alternativa senão abrir os cordões à bolsa. Que seja um homem de esquerda a ter de afirmar isto, enquanto os homens de direita cultivam a conversa populista do pobre mas honrado, exigindo salários mais baixos, apenas demonstra que vivemos num mundo muito confuso, em que as categorias políticas tradicionais insistem em fazer o pino. Em

2004, Paulo Macedo teve de tomar posse às escondidas como Director-Geral dos Impostos por causa de um ordenado de 23 mil euros que trazia do BCP. Os nossos bolsos sabem hoje que ele valeu o seu peso em ouro. Passos Coelho, que é suposto ser de direita e conhecer bem Paulo Macedo, que pare de aplicar a mentalidade Manta Rota à Caixa. A direita, a esquerda e o centro precisam de se concentrar naquilo que é realmente importante: o buraco da CGD, suficientemente grande para levar o país com ele. O próprio Presidente da República vir dizer que mantém “a mesma posição que tinha” quanto aos salários (“Se há fundos públicos, não é possível nem desejável pagar o que se pagaria se fosse um banco privado sem fundos públicos”) não ajuda nem um bocadinho. Sim, já todos sabemos que Marcelo é poupado e frugal e que paga as viagens no Falcon. Mas, neste caso, é muito mais importante ele preocuparse com os 99,986% do bolo que desapareceram do que com os 0,014% que todos sabemos para que barriga vão. Jornalista jmtavares@outlook.com

600.000€

62AF0D6E-B518-49D9-B43A-B85D05C0F9D7 Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail publico@publico.pt Estatuto Editorial publico.pt/nos/estatuto-editorial Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição VASP – Distribuidora de Publicações, SA, Quinta do Grajal - Venda Seca, 2739-511 Agualva Cacém, Telef.: 214 337 000 Fax : 214 337 009 e-mail: geral@vasp.pt Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Novembro 32.952 exemplares Membro da APCT PUBLICIDADE

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