Grupo Rhealeza Traduções 11/2021
LOST AND FOUND —A produtora insistiu muito para que você assinasse o contrato o mais rápido possível. —Disse Emmett com urgência. — Não tenho certeza de quanto mais você conseguirá adiar isso, Ivan. Com um grunhido de aborrecimento, ele olhou fixamente para a quarta página do contrato, lendo e relendo o mesmo parágrafo. Sua equipe jurídica nunca o orientou mal, e ele confiava nas alterações que eles fizeram no contrato e que a produtora aceitou com relutância. Do ponto de vista jurídico, ele se sentia completamente à vontade para assinar os papéis que estavam à sua frente. Do ponto de vista pessoal, ele estava em conflito. Ele não era estúpido. Uma oportunidade como essa nunca mais voltaria. Filmar uma competição popular de reality show em sua academia era uma chance única na vida de exibir o Armazém para um público maior. Era uma chance de mostrar suas instalações, equipe e lutadores. Os homens que lutavam por ele poderiam usar a publicidade extra. Sua lista de lutadores talentosos estava crescendo e ganhando constantemente suas lutas nas divisões mais competitivas. Todos eles precisavam do dinheiro que vinha de negócios paralelos. Nenhum deles poderia lutar para sempre. Suas carreiras eram limitadas pela idade e lesões, e eles precisavam ganhar tanto dinheiro quanto possível o mais rápido possível. Ser pago para usar uma determinada marca de luvas ou aparecer em anúncios de bebidas esportivas, proteínas em pó ou equipamentos para exercícios era uma maneira de fazer isso. A responsabilidade que ele sentia por seus lutadores só era eclipsada pela responsabilidade que ele tinha por Erin. Ela havia se dedicado ao Armazém. Ela havia usado suas habilidades de negócios
e contabilidade para criar um plano racionalizado de crescimento e expansão. Ela colocou em ordem as finanças da academia, fazendo cortes em alguns lugares e investindo mais em outros, e conseguiu aumentar a receita e o lucro de uma forma que ele nunca havia imaginado. Ela estava construindo um futuro com ele, para eles, para seus filhos. Por causa disso, ele tinha que ser cauteloso. O mesmo holofote que o programa daria para seus lutadores e suas instalações também iria brilhar diretamente sobre ele. Não demoraria muito para que as fofocas começassem nas redes sociais. Suas tatuagens, sua ficha criminal do passado, seus laços criminais aqui em Houston. Isso poderia – e provavelmente iria – vir à tona. E havia a complicação adicional de Ruby. Ela estava passando por um inferno no momento. A última coisa que ele queria era que o caso dela contra o condado e a prisão fossem transformados em entretenimento nacional. Ele não queria que ela lesse comentários horríveis sobre si mesma nas redes sociais. Ela estava tentando colocar sua vida em ordem e permanecer firme em sua recuperação. Ele temia que o estresse adicional das câmeras e da mídia fizesse com que as velhas tentações voltassem. —Você quer ligar para Erin? Talvez colocá-la em uma chamada em conferência conosco? Ou ela vir ler o contrato novamente? —Emmett sondou. Ele obviamente queria acertar isso hoje. Ele olhou para o relógio e acrescentou: —Podemos pedir um almoço para vocês dois. —Não. —Ivan virou as páginas do contrato grampeado e colocou-o de volta na pasta. —Vamos discutir isso em casa esta noite. Teremos uma resposta amanhã de manhã. Emmett suspirou, sinalizando derrota. —Tudo bem.
—Eu sei que é frustrante para você. —Ivan assegurou. — Agradeço tudo o que você fez neste negócio, mas tenho que ter certeza de que é a coisa certa para meu negócio e minha família. —Eu entendo. —Emmett respondeu com sinceridade. —Eu só me preocupo que sua relutância signifique que eu falhei como seu advogado comercial. Que eu não consegui o negócio que você queria. —Ele esclareceu. —Não. —Ivan balançou a cabeça. —Não é nada disso. Não tem nada a ver com você ou com seu trabalho. Eu confio em você e confio na empresa. —OK. —Emmett parecia respirar um pouco mais facilmente. —Nesse caso, não hesite em me ligar esta noite se vocês dois tiverem perguntas. Ele saiu do escritório com o contrato em mãos, a pasta guardada com segurança dentro de um grande envelope, e cruzou a movimentada área de recepção do quarto andar da firma. Ele estava se aproximando dos elevadores quando avistou os dois advogados que cuidavam do processo civil de Ruby contra o condado. Gerri, a advogada principal, acenou para ele. —Ivan! —Olá, Gerri. —Ele olhou para seu parceiro. —Derek. —Você estava aqui para ver Emmett? —Ela perguntou. —Sim. —Ele ergueu o envelope. —Resolvendo os detalhes deste contrato. —Bem, nós não vamos atrasar você. —Gerri disse, gesticulando para Derek, que estava ao lado dela, verificando seu telefone com um olhar sério em seu rosto. —Eu só queria ver se você poderia passar uma mensagem para Ruby. —Claro.
—Estamos vindo de nosso encontro com o condado. — Explicou ela. —Eles estão altamente motivados a evitar um julgamento e querem chegar a um acordo. Acho que teremos alguns números para apresentar a ela nos próximos dias. Já enviei um e-mail e deixei uma mensagem de voz, mas provavelmente você a verá antes de eu entrar em contato. Eu quero que ela saiba que isso está quase acabando. —Tenho certeza de que ela ficará feliz em terminar isso e deixar tudo no passado. —Comentou Ivan, plenamente ciente de que Ruby estava pronta para terminar com tudo isso. O caso criminal havia sido assumido pelos federais e parecia estar avançando rapidamente. Entre as provas que Teague reuniu antes de sua morte, testemunhos de ex-funcionários e as histórias de presidiárias como Ruby, os promotores tinham tudo de que precisavam para pressionar os culpados. Os policiais que fizeram vista grossa aos abusos dentro da prisão aproveitaram a chance de atacar os outros e salvar suas peles. Os promotores têm feito todos os policiais envolvidos engolirem duros acordos de confissão com graves penas de prisão. No caminho para a academia, seus pensamentos saltaram entre o contrato e Ruby. Ela não queria processar a prisão pela dor e sofrimento que ela suportou, mas Erin a persuadiu de que era necessário fazer o condado sentir a dor de permitir que esse tipo de abuso continuasse sem controle por tanto tempo. Ruby já havia decidido que não ficaria com nada do dinheiro. Ela planejava pagar sua restituição1 com uma boa parte e então usar o resto para criar uma fundação para ajudar as mulheres que saíssem da prisão após uma condenação por envolvimento com drogas. Erin 1
No contexto criminal, a restituição tem por objetivo ressarcir ou indenizar a vítima de crime pelos prejuízos monetários devidos a um crime e é ordenada pelo juiz. Normalmente, é limitado a pagamentos por danos ou perdas diretamente causados por um crime, mas não inclui coisas intangíveis, como dor e sofrimento ou angústia emocional.
entrou em modo de planejamento completo assim que Ruby mencionou sua ideia. Do jeito que Erin trabalhava, a fundação de Ruby estaria pronta e funcionando um dia após o cheque do acordo ser compensado. Quando Ivan chegou ao Armazém, estava morrendo de fome. Ele havia pulado seu café da manhã habitual depois de completar a série de treinamento matinal com seus lutadores para que pudesse tomar banho, vestir seu terno e atravessar a cidade em seu carro para sua reunião. Seu estômago roncou, e ele esperava que Erin tivesse pedido o almoço ou feito reservas. Quando ele estacionou em seu lugar marcado na academia, imediatamente avistou o Detetive Eric Santos encostado no prédio. Ele estava com os óculos escuros e o telefone na mão enquanto rolava a tela, mas Ivan tinha certeza de que o detetive estava totalmente consciente de tudo ao seu redor. Com tantos inimigos quanto Eric tinha feito, era um milagre ele não ter sido baleado ou morto ainda. Se o homem não tivesse uma úlcera por causa do estresse a que estava sujeito, Ivan ficaria chocado. Não querendo lidar com Eric, mas não tendo outra escolha, ele saiu de seu SUV e bateu a porta. Ele suspirou, irritado, e caminhou pela calçada até o local onde Eric esperava. Preparando-se para notícias terríveis ou uma acusação de transgressão, ele perguntou: — O que diabos você está fazendo aqui? Eric riu e guardou seu telefone no bolso. —Sim, bom ver você também, Ivan. —Estou falando sério, Eric. O que você quer? —Ainda estamos nisso? —Eric gesticulou entre eles. — Mesmo depois de ter ajudado Erin na cena do suicídio e ter
pessoalmente feito ligações para os Rangers2, o FBI e o Departamento de Justiça sobre as condições na prisão? Ainda somos inimigos? —Não somos amigos. —Respondeu Ivan com naturalidade. Eric balançou a cabeça. —Não quero ser seu amigo, mas seria bom ser tratado com um pouco menos de desdém. —Vou levar isso em consideração. —Ivan murmurou. —Isso é bom o bastante pra você? Eric balançou a cabeça e tirou os óculos de sol. —Vocês, malditos russos, são tão teimosos. Antes que Ivan pudesse dizer a Eric o porquê disso, ele notou o olho roxo inchado do detetive. —Quem diabos bateu em você? — Seu estômago se apertou ao pensar na tensão entre a prima de Vivian e seu marido. —Nikolai? Eric realmente riu. —Não, não desta vez. —Ele esfregou o olho, constrangido. —Alguém com quem trabalho. —Explicou. — Houve um pouco de animosidade depois que ajudei a expor o show de horror que estava acontecendo na prisão. —Não posso dizer que estou surpreso. —Nem eu. —Eric abriu o zíper de sua jaqueta alguns centímetros e enfiou a mão dentro para pegar algo. Ivan não pôde evitar. Ele ficou tenso, esperando uma arma ou algemas. Quando Eric apresentou um envelope lacrado, ele relaxou. —Aqui. Pegue isso. —O que é? —Ivan hesitou antes de pegar o envelope. Era surpreendentemente leve, com a maior parte do peso em um canto. Ele passou os dedos sobre a protuberância no papel e sentiu os 2
Rangers são membros de elite do Exército dos Estados Unidos.
volumes inconfundíveis sob as pontas dos dedos. Chocado, ele perguntou: —Onde diabos você encontrou isso? —Estavam em uma casa que invadimos. —Explicou Eric. — Eles entraram nas provas, mas ele confessou na semana passada. Eles não foram usados no caso, então os liberaram para mim sem qualquer problema esta manhã. Sabendo o quanto isso significaria para Erin, Ivan deu um tapinha no ombro do detetive e sorriu. —Obrigado, Eric. E eu quero dizer isso. —Ele insistiu. —Estou em dívida com você. Eric ergueu as duas mãos. —Nada disso. —Mantenha isso, Eric. Você pode precisar de um favor meu algum dia. —Ivan aconselhou. Gesticulando em direção à academia, ele perguntou: —Você quer entrar para que Erin possa te agradecer? Ela vai ficar muito feliz com isso. Eric balançou a cabeça e olhou para o relógio. —Vou me atrasar para o almoço com Vivian e Lev se não me apressar. Ivan nem tentou esconder sua surpresa ao ouvir isso. Eric estaria na lista de Nikolai para sempre, especialmente depois daquela explosão em sua sala de jantar sobre sua namorada não-realmentemorta que Kostya e Nikolai tinham escondido todos aqueles anos atrás. —Em casa? Eric sorriu e encolheu os ombros. —O que posso dizer? Ter um bebê suavizou Nikolai. —Deve ter. —Ivan concordou. —Vejo você por aí. Diga olá a Erin por mim. —Eu direi.
Eric chegou até sua caminhonete e deu alguns passos para trás. —Ei. —Ele gritou. —Por acaso você não saberia nada sobre alguns AK da Etiópia deixados em um contêiner de transporte em uma doca em Baytown? Ivan controlou sua expressão. —Não. Eric não parecia convencido. —Você não ouviu nada? —Mesmo se eu ainda estivesse no jogo, não saberia nada sobre armas daquela parte do mundo. Isso estava – e ainda está – muito fora do alcance de uma determinada organização. Não vale a pena ir tão longe por algo que eles podem conseguir muito mais barato e de melhor qualidade em seu quintal. —Achei que sim. —Eric respondeu e bateu no capô de sua caminhonete. Ele acenou como se para sinalizar o fim daquela linha de questionamento e entrou em seu veículo. Ivan se virou em direção à academia, seus pensamentos ocupados com as armas que estavam no armazém de Mueller na noite do sequestro de Ruby. Kostya providenciou para que todas elas fossem levadas para outro lugar. Considerando a qualidade da mercadoria, não dava para ganhar dinheiro vendendo as armas. Os clientes que compravam da família esperavam um certo padrão. Em vez de inundar o mercado negro com armas ruins, Kostya deve ter decidido que era melhor avisar a polícia e mandar apreendê-las e destruí-las. Dentro da academia, ele avistou Ruby empurrando um grande esfregão de pó para um lado da sala. As esteiras e as máquinas estavam em sua maioria vazias durante a hora do almoço, tornando-se a melhor hora para limpar no meio do dia. Mesmo que ela tivesse provado ser uma funcionária útil, ele não poderia mantê-la como zeladora para sempre. Assim que sua liberdade condicional
terminasse, ela teria que abrir suas asas e sair da segurança deste pequeno ninho. Ela precisava de direção, um propósito, uma carreira. Talvez ela devesse voltar para a faculdade? Quando ele chegou ao escritório, a porta estava aberta, mas as cortinas estavam fechadas. Ele entrou e encontrou Erin tirando fotos de seu bloco de notas, provavelmente para digitalizá-las em algum programa que ela usava para organizar a papelada da academia. Ela olhou para ele e sorriu. —Ei! Você voltou! —Estou de volta. —Ele se inclinou sobre a mesa para beijá-la e, em seguida, entregou-lhe o envelope do contrato. —Eu disse a Emmett que conversaríamos sobre isso e daríamos a ele e à produtora uma resposta pela manhã. —OK. —Ela pegou o envelope e o colocou de lado. —Nós podemos ver isso mais tarde. Agora. —Ela disse enquanto se esticava para colocar seu computador em espera. —Eu estou morrendo de fome. Você quer ir almoçar? —Definitivamente. —Ele contornou a mesa dela. —Mas primeiro... —Primeiro? —Ela o olhou com curiosidade e depois riu nervosamente quando ele se ajoelhou na frente dela. Quando ele virou a cadeira para ter certeza de que ela estava olhando diretamente para ele, ela perguntou nervosa: —Ivan? —Eric Santos trouxe um presente para você. —Ele rasgou uma das pontas do envelope frágil e despejou o conteúdo na palma da mão. Imediatamente, ela ofegou e cobriu a boca com as mãos. Seus olhos brilhantes se arregalaram e começaram a brilhar com lágrimas. —Ivan! Meus anéis!
—Seus anéis. —Eu pensei que eles tinham desaparecido para sempre. —Ela admitiu. —Tivessem sido derretidos, vendidos ou jogados no lixo. —Eu também. —Confessou ele. —Mas eu acho que eles sempre quiseram voltar para você. —Acho que sim. —Ela concordou com um sorriso esperançoso. —Você ainda quer ficar casada comigo? Ela revirou os olhos com sua pergunta boba. —Obviamente! —Apenas checando. —Com ternura, ele pegou sua mão esquerda e depois a direita para colocar os anéis nos dedos que ela geralmente preferia. Uma vez que todos os seis anéis estavam em seus dedos – os cinco que ele tinha dado a ela na manhã em que a pediu em casamento e sua aliança de casamento – ele segurou seu rosto e tocou os lábios nos dela. Ela ronronou como um gatinho e alegremente deslizou os braços em volta dos ombros dele, puxando-o para mais perto enquanto aprofundava o beijo. A mão dela estava na nuca dele, acariciando suavemente enquanto eles se beijavam. Ela arranhou levemente as unhas em seu couro cabeludo, do jeito que ele gostava, e do jeito que ela sabia que o faria estremecer e ficar duro. Ele gemeu em sua boca. A pequena provocadora! Ela agarrou a frente da camisa dele, segurando o colarinho em sua mão elegante, silenciosamente ordenando que ele não se movesse. A língua dela era insistente contra a dele, evocando o tipo de calor selvagem que ele normalmente mantinha sob controle no trabalho. A mão dela começou a deslizar para baixo na frente de sua camisa, deslizando direto para seu...
—Eca! Que nojo! —Ruby gritou. —Arranjem um quarto, seus pervertidos! —Estamos em uma sala. —Erin atirou de volta. —Bem. —Ruby disparou, obviamente nervosa. —Vocês têm uma porta. Usem-na. —Como se para provar seu ponto de vista, ela fechou a porta e gritou: —Vou reportar vocês ao RH! —Eu sou o RH. —Erin gritou de volta, quase alegre. Voltando sua atenção para ele, ela acariciou a bochecha e a boca dele antes de beijá-lo. Quando ele colocou a mão em seu joelho e a deixou deslizar sob sua saia, ela ofegou. —Ivan? —Bem, quero dizer, a porta está fechada agora. —Ele disse, beliscando sua mandíbula e pescoço. —Todos eles pensam que estamos aqui fazendo isso...? —E o almoço? —Ela perguntou sem fôlego, seu peito pesando quando ele deslizou os dedos em busca de sua calcinha para acariciar suas partes mais macias. —Achei que você estava pronto para comer. Ele riu sombriamente e agarrou sua bunda com a outra mão. Ele a puxou para a beirada da cadeira e começou a puxar a saia para cima, subindo pelas coxas, até a cintura. Ela tremia de antecipação quando ele beijou uma linha à direita e depois à esquerda. Se aninhando em seu calor almiscarado, ele disse: —Acho que vou começar com a sobremesa. Fim. Por enquanto.