3 minute read

Prefácio

Next Article
Referências

Referências

O convite para a realização da leitura e redação do prefácio desta obra chegou a mim de um modo que considerei muito bonito. Quando mulheres intelectuais confiam a outras mulheres intelectuais tarefas tão importantes, costumo entender que estamos nos fortalecendo em rede, criando caminhos para nos valorizarmos como produtoras de conhecimentos especializados. Foi desta maneira que assumi a prazerosa missão de ler os escritos e saberes compilados neste livro por essas duas intelectuais que admiro profundamente.

O Química no museu: um projeto da ChimicArte com o Museu da História da Medicina do Paraná compartilha uma experiência muito enriquecedora sobre práticas de conservação e preservação de acervos e objetos museológicos por meio da parceria entre o Museu da História da Medicina do Paraná e a ChimicArte Projetos Educacionais.

Como se já não fosse o suficiente compartilhar essas práticas, pois considero que essa publicização colabora para o repertório de pessoas que atuam no campo da Ciência do Patrimônio, da Química, da Educação em useus e outros, as autoras se dedicaram a sistematizar e a apresentar os conhecimentos científicos envolvidos nos processos que desenvolveram durante as atividades aqui relatadas e que configuram um conhecimento altamente especializado, mas ainda pouco difundido em nosso país.

Com exemplos de análises que as pesquisadoras realizaram em livros históricos do acervo do referido museu, elas nos explicam como forças físicas, agentes criminosos, fogo, água, pragas (roedores, microrganismos), poluentes, luz, dissociação, temperatura e umidade relativa inadequadas afetam o patrimônio e de que maneira as instituições e os profissionais devem atuar no sentido de melhor conservar, preservar, acondicionar e higienizar os objetos.

O nível de especificidade técnica é uma característica bem marcante na obra, pontuando como a Ciência do Patrimônio é um campo que exige conhecimentos advindos de diversas áreas, como a Química. Assim como nos ensinam Isabel e Hélia, a gestão de riscos é uma metodologia a ser adotada por museus e outras instituições científico-culturais para evitar perdas e danos irreparáveis nas coleções que salvaguardam.

Adicionalmente, para quem se interessa por documentos históricos, as imagens que as autoras cuidadosamente partilham conosco colaboram para a valorização patrimonial, expondo informações sobre os materiais que analisaram, indicando a relevância científica e cultural de seus conteúdos. Tratam-se de livros com grande valor e importantes referências acadêmicas.

Outro aspecto que os textos revelam é o compromisso social da atuação profissional das duas autoras da obra. Elas socializam cursos e outras formações que ministraram para pessoas atuantes em museus e públicos interessados no assunto. Em um dos trechos, enfatizam a atuação competente e primorosa que tiveram durante o processo de elaboração da exposição sobre a doutora Maria Falce de Macedo, em especial, no episódio envolvendo a máquina de escrever que pertenceu à citada cientista, médica e professora pioneira.

Por fim, apoiadas em conceitos e documentos legais atuais, as autoras concluem o livro com um capítulo que descreve recomendações de higienização do espaço museológico e do acervo ligado ao campo da Saúde, podendo servir de guia para profissionais que têm contato com esse tipo de material em seu contexto de trabalho.

Camila Silveira da Silva

Pelos ares, entre São Paulo e Paraná, 10 de abril de 2023.

This article is from: