Revista Noize #78 - Xenia França - Julho 2018

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_Texto Brenda Vidal _Arte Ă rthur Teixeira _Fotos Marcos Hermes/Luiz Garrido/Acervo Pessoal


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_Texto Brenda Vidal _Arte Ă rthur Teixeira _Fotos Marcos Hermes/Luiz Garrido/Acervo Pessoal

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O quebra-cabeรงas sem forma do BaianaSystem


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_Texto Ariel Fagundes _Fotos Rafael Rocha

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_Texto Ariel Fagundes _Fotos Rafael Rocha


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_Texto Xenia Franรงa

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Pra finalizar: Falar é uma coisa. Ter sua voz ouvida é outra. Ando meio cabreira com esse negócio de “dar voz”. Não-sei-o-quê “dá voz” a mulheres negras. Não-sei-quem-lá “dá voz” à periferia. Pois bem, ninguém “dá voz” a ninguém. Porque todo mundo já tem sua voz, ora. Agora, que essa voz seja escutada, isso já é outra coisa... Mas que se entenda: ninguém “dá voz” pra ninguém, não. Pois senão, veja só, até na hora de ficar quieto e escutar, quem tem que ficar quieto e escutar se coloca como “dono” da ação. Pode não. Tem lugar de fala, sim, tanto quanto tem lugar de escuta. E tem hora pra tudo. Quem só falou a vida toda, apenas pare. E escute.


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_Texto Iarema Soares _Fotos Rafael Rocha _ Arte Vitรณria Proenรงa


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_Texto Iarema Soares _Fotos Rafael Rocha _ Arte Vitรณria Proenรงa



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_Texto Iarema Soares _Fotos Rafael Rocha _ Arte Vitรณria Proenรงa


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como fazer Limpeza energética

Eu sou muito ligada em assuntos energéticos. Pesquiso e leio bastante sobre astrologia, física quântica, cabala, dimensões, etc. Sou pisciana e tenho aprendido, no meu processo de auto-conhecimento e cura, a respeitar minhas sensibilidades, deixar intuição ser minha guia e que as sutilezas me ensinem como viver com mais qualidade, não só fisicamente, mas principalmente espiritualmente. Tenho aprendido a utilizar as minhas tecnologias ancestrais, a tomar posse da minha potência energética e usá-la a meu favor. A musica como fenômeno natural é meu portal pra canalizar toda essa informação que está em toda natureza. Tenho me sentido cada vez mais alinhada com o Cosmos, com tudo que sou. Faço meus rituais usando a intuição e a conexão com meus ancestrais. Deixo os elementos falarem comigo, acredito na minha potência e me coloco à disposição da natureza como parte dela... Como parte de tudo o que existe. Aqui, compartilho algumas práticas com vocês. Asé.

1) Pra começar o dia Tenho o hábito de acordar cedo. Tomo minha água de cristal.... A que estiver falando comigo no momento. Atualmente, estou tomando de Água Marinha, que é um cristal muito bom para o signo de Peixes. Ótimo para purificar o corpo físico e mental, dar equilíbrio emocional e para fortalecer a intuição. Em seguida, sento na cama ou em alguma almofada no chão e medito por cerca de 30/40min. Tomo um banho, passo óleo de coco misturado com algum óleo essencial - alecrim, lavanda, canela são os que eu mais uso atualmente. Arrumo o meu quarto e acendo um incenso de Palo Santo, uma madeira perfumada que, quando acesa, solta uma fumaça excelente para limpar as impurezas astrais. Acendo ele e passo por todos os cômodos da casa. Tomo café da manhã e começo a fazer outras coisas. Tento fazer esse ritual todos os dias.

2) Pedras e plantas Tenho muitas pedras de vários tipos no meu quarto e na sala, cada uma com uma vibração. Em meditações, uso a Ametista, que está ligada ao chakra frontal, é ótima pra intuição e é a pedra do meu signo.

3) Banho de cheiro Para sempre que preciso de uma ajudinha extra. Quando me sinto muito cansada, precisando de movimento ou para atrair mais beleza e me manter alinhada com as energias do universo, eu peço ajuda às ervas.

No dia a dia, coloco algumas na bolsa como a Pirita, que tem uma energia linda de prosperidade. Uso um cristal transparente no pescoço, essa pedra é muito sutil e capta as energias mais puras que estão alinhadas com o chakra da coroa.

Pelo menos uma vez por mês, eu tomo algum banho de limpeza com o simples e potente sal grosso, ou de manjericão, que atua na aura, traz tranquilidade e leveza e limpa energias densas.

Minhas plantinhas também me ajudam muito na limpeza e na harmonia da minha casa: samambaia, arruda, mirra, alecrim... Tenho uma jibóia na porta de entrada, é uma planta atribuída a Exu. Então coloco ela na porta pra proteção. Laroyê!

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Tenho o hábito de tomar banho de rosa branca com flor de laranjeira e mel na Lua Nova. Pego água de flor de laranjeira e macero a rosa branca com um pouco de água morna e coloco o mel. Depois do meu banho normal, derramo esse banho lindo sempre do pescoço pra baixo. Aliás, a maioria dos banhos se tomam do pescoço pra baixo. Faço uma reza pra meus orixás e agradeço. É bom para o amor, para a beleza, para atrair as energias de nível mais alto pra perto.


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5 perguntas para

Frutos da efervescência cultural dos festivais de música popular brasileira dos anos 70, Antonio Carlos e Jocafi seguem se reinventando. Há 50 anos, os baianos usam a música e narrativas sobre personagens reais e fictícios como forma de traduzir a história e a cultura. O passado, o presente e o futuro da dupla são temas de nossa conversa.

2) Como surgiu a faixa “Tereza Guerreira”, que agora é reinterpretada por Xenia França? Antonio Carlos: Essa é uma homenagem para uma personagem de Jorge Amado, do livro Tereza Batista Cansada de Guerra. Jorge tem uma relação com Antonio Carlos e Jocafi que é muito grande, ele morava perto da gente, no Rio Vermelho [W]. Fizemos essa para o nosso primeiro disco, mas, ao todo, temos 45 faixas falando sobre personagens dele. 3) Vocês inovaram ao fazer um som que cruza o samba e o rock. Como a sonoridade desses dois gêneros se misturou no processo criativo de vocês? Jocafi: Quando você trabalha com música, você trabalha com vários ritmos. E se você for uma pessoa criativa, você vai misturar os ritmos. 15B

A gente tem uma escola muito ampla e essas coisas influenciam na sua musicalidade, no seu trabalho, na sua criação. Na época foi recebido com muita estranheza, pois não havia uma difusão maior das músicas que a gente recebia dos Estados Unidos. Os críticos musicais diziam que ‘isso não é pra agora, isso é uma coisa muito avançada’. “Kabaluerê”, por exemplo, só fez sucesso fora do Brasil. 4) De alguma forma, Marcelo D2 popularizou “Kabaluerê” e Xenia deu um novo tom pra “Tereza Guerreira”. O que essa relação com a nova geração da música brasileira significa pra vocês? Antonio Carlos: Nós temos 70 e poucos anos, então ver a nova geração tocando as nossas coisas nos dá muita felicidade. A minha geração não curtiu essa música [“Kabaluerê”], a minha geração não conhece essa música. Então, essa relação com o jovem agora é muito bacana para a gente, é uma sobrevida. 5) O que podemos esperar de Antonio Carlos e Jocafi daqui pra frente? Antonio Carlos: Você conhece Russo Passapusso? Nós estamos fazendo músicas com ele, já temos 14 prontas para um disco juntos. Também já temos 3 faixas com BaianaSystem, que vão sair no próximo disco deles. Então o trabalho continua, tá tudo andando. Jocafi: Música é o que a gente sabe fazer. Só vamos parar de fazer música quando o coração parar de bater.

_Texto Camila Oliveira _Arte Lucas Abreu _ Foto Reprodução

Antonio Carlos & Jocafi

1) Tanto a negritude quanto as religiões afro-brasileiras são questões recorrentes na sua obra. Como esses assuntos surgiram nas suas vidas? Antonio Carlos: Essa relação de Antonio Carlos e Jocafi com a raça negra vem desde o começo da nossa vida. Todo nosso trabalho é calcado em cima da raça negra. A minha primeira música foi uma música ligada ao candomblé e Jocafi a mesma coisa. Jocafi: A religião está profundamente ligada a toda cultura negra existente na Bahia. A gente está acostumado à religião negra desde criança, quando ouvíamos os atabaques batendo de noite nas festas do candomblé. A religião é uma coisa viva, ela está caminhando com a gente.


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“Amefricanidade”, conceito criado pela intelectu-

Betsayda Machado y Parranda El Clavo

al negra Lélia

Venezuela

Gonzalez, reivindica uma visão essencialmente diaspórica: o enfoque histórico-cultural das Américas que considere a atuação dos povos indígenas e africanos que sofreram o processo de submissão e dominação

Betsayda Machado é um ícone afro-venezuelano. Criada em El Clavo, região de forte tradição africana, seu som é um registro rural e ancestral. Ao lado do grupo Parranda El Clavo, formado por amigos da mesma região, cantam as vivências afro e trazem a herança nas vestimentas e nos instrumentos históricos. Ouça: “Oh, Santa Rosa”

pelos seus colonizadores que reverbera até hoje. É através da tríade América, Europa e África que negros e negras do nosso continente partem em busca de seu Orí (palavra de origem Yorubá que significa “cabeça” e que caracteriza a consciência negra na sua relação com tempo, história e memória). Assim, entre tantas formas de perceber os legados multiculturais da diáspora africana, reunimos aqui artistas negros contemporâneos espalhados pela América Latina que você precisa conhecer.

Julieta Rada Argentina

Julieta Rada vale quase que por três nesta lista: nasceu na Argentina, morou no México e também tem nacionalidade Uruguaia. Com dois álbuns lançados - Afrozen (2012) e Corazón Diamante (2015) - seu som mistura batidas de pop, jazz e R&B. Ouça: “Fuera de Foco”


Ecos da América Latina negra hoje

Chronixx Jamaica

Se é de um bom reggae que você gosta, Chronixx é uma boa aposta. O cantor, nascido em Kingston, traz a essência rasta, com um toque contemporâneo, misturando com influências mais soul e R&B, principalmente nas apresentações ao vivo.

Daymé Arocena Cuba

Com sua postura altiva, sua voz potente e firme e sempre ostentando um turbante, a figura de Daymé exala maturidade e respeito aos surpreendentes 26 anos. Ela já foi descrita como uma combinação entre a grande Aretha Franklin e a cubana Celia Cruz. Seu som tem o sabor cubano no ritmo, a força dos orixás e a potência do jazz. Ouça: “Eleggua”

Ouça: “Majesty”

ChocQuibTown Colômbia

O trio colombiano se une pelo hip hop e pela família: Carlos “Tostao” é marido de Gloria “Goyo” que é irmã de Miguel “Slow”. Com quatro discos, eles misturam influências locais como salsa, jazz-latino, além de camadas de música eletrônica e pop. Ouça: “Hasta que Amanezca”

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BélO Haiti

Jean Bélony Murat, ou simplesmente BélO, é compositor e guitarrista. Seu primeiro álbum, Lakou trankil (2005), ganhou destaque por suas letras políticas, retratando as desigualdades que o Haiti enfrentava. Além das temáticas sociais, seu trabalho se conecta também com a música local. Em uma proposta experimental, une a música tradicional haitiana, ritmos da região caribenha, jazz e rock.

Ozuna é figurinha confirmada nas playlists de música latina e de reggaeton. O som do cara é bastante pop e com influências de trap, em um universo lírico bem próximo do hip hop. O sucesso dos seus hits vai além de Porto Rico e invade as rádios inclusive fora da América Latina, e conta com centenas de milhões de visualizações nos seus vídeos no YouTube. Ouça: “Síguelo Bailando”

Moyenei Chile

Moyenei talvez seja uma das misturas mais multiculturais que você vai ouvir nesta lista. A chilena, radicada no México, tem uma proposta pioneira no país de misturar referências africanas, soul, reggae e hip hop, com várias rimas focadas na sua vivência enquanto mulher, e uma estética que celebra o sagrado da natureza. Ouça: “En Paz”

Ouça: “Kote moun yo”

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_Texto Brenda Vidal _Arte Jade Teixeira _ Fotos Divulgação

Ozuna Porto Rico




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_Texto Rodrigo Laux _Foto Divullgação




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