Revista NOIZE #31 - Março de 2010

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• COLABORADORES |NOIZE #31

DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

• EXPEDIENTE #31 // ANO 4 // MARÇO ‘10_ REDAÇÃO: Bruno Felin bruno@noize.com.br Ana Laura Malmaceda ana@noize.com.br Gustavo Foster foster@noize.com.br Maria Joana Avellar joana@noize.com.br

DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br DESIGN: Douglas Gomes doug@noize.com.br ASSIST. DE CRIAÇÃO: Cristiano Teixeira cris@noize.com.br

 EDIÇÃO:
 Fernando Corrêa nando@noize.com.br

REVISÃO: João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br

 Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br

 ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Julie Teixeira julie@noize.com.br MOVE THAT JUKEBOX: Alex Correa Neto Rodrigues www.movethatjukebox.com

RRAURL: Gaía Passarelli www.rraurl.com SCREAM & YELL: Marcelo Costa www.screamyell.com.br FORA DO EIXO: Ney Hugo Marco Nalesso Michele Parron www.foradoeixo.org ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br

 ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br

 AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br

PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
 Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens
 Escolas de Música Escolas de Idiomas
 Bares e Casas de Show
 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados

• EDITORIAL | Brand New Start. Em 2009, a NOIZE inovou ao inserir em seu projeto editorial uma página reservada ao blog Move That Jukebox. A aposta não era ousada pelo fato de se estar andando no contrafluxo da revolução digital, mas porque o blog era comandado por meninos, parte deles ainda no colégio. Um ano depois, a satisfação com a página do Move e a vontade de ampliar o caráter colaborativo e plural da revista nos motivou a dar mais alguns passos. O 4° ano de NOIZE traz para a revista, além de um novo projeto gráfico, mais três blogs importantíssimos: o Scream & Yell, o RRaurl e o Fora do Eixo. E isso é só uma parte da novidade. A seção de notícias foi atualizada, e tem agora um formato mais “bloguístico”. Passamos a dedicar uma página a entrevistas rápidas, a começar por um papo com o vocalista do Dream Theater, James LaBrie. As matérias mantém a preocupação com imagem e texto em iguais proporções, e começam o ano olhando um pouco para trás – e apontando para frente. Síntese deste movimento é Lucas Santtana, que fala de Sem Nostalgia, disco no qual ele se debruça sobre voz, violão e computador de um jeito novo. Mas também estão na edição os zines, pais da NOIZE, pais dos blogs e, ao mesmo tempo, insubstituíveis veículos de informação e arte. Por fim, uma matéria com duas figuras importantes no lançamento do disco da década que inaugurou o século 21: Is This Ii, do Strokes, é revisitado pelo produtor Gordon Raphael e por Geoff Travis, que contratou os garotos para a Rough Trade. Comece a dissecar a nova NOIZE agora.

• ARTE DE CAPA_ CARLOS DIAZ Confira no site http://www.noize.com.br um dossiê e uma entrevista sobre o artista convidado deste mês, e acesse: flickr.com/aoseualcance

• BÉÉÉÉ_ Esta revista está livre de erros há 81 dias. Dicas, sugestões e reclamações: noize@noize.com.br

1. Carlos Diaz_ Prefere se definir como uma pessoa que pinta o cotidiano, o que enxerga nos lugares por onde passa. 2. Gaía Passarelli_ Jornalista, confunde-se com a própria historia do rraurl.com, maior portal sobre cultura eletrônica do Brasil. 3. Jovem Palerosi_ Integrante do massacoletiva.blogspot.com ponto de referência regional do Fora do Eixo em São Paulo. 4. Victor Sá_ Formado em comunicação social, trabalha como jornalista, roteirista e fotógrafo em diferentes mídias sociais. flickr. com/victor_sa 5. Marco Chaparro_ flickr.com/marcochaparro 6. Marcelo Costa_ Marcelo Costa é editor do screamyell.com.br, trabalha na edição da capa do portal iG e escreve sobre cultura pop como conversa na mesa do bar. 7. Pedro Cupertino_ Pedro cupertino é um gaúcho em SP. Fotógrafo nas horas vagas, na sua geladeira, não há comida. Só filmes. flickr.com/podrepobreepoeta 8. Carolina de Marchi_ Jornalista e produtora cultural, acredita que curiosidade é o melhor combustível. twitter.com/caroldemarchi 9. Eduardo Macarios_ Fotógrafo e autor do livro “Andante”. www.eduardomacarios.com.br 10. Gabriel Innocentini_ Tem um talento inato para o desperdício, razão pela qual cursa jornalismo na Unesp de Bauru. 11. Samir Machado_ Designer, escritor e um dos editores da Não Editora. www.naoeditora.com.br 12. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. facebook.com/eduardo.guspe 13. Combo_ Influenciado pelas técnicas do mangá, é o responsável pela parte digital e artística do Espaço Rabisco. Mais em: www.espacorabisco.com.br 14. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamento se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves 15. Livio Vilela_ Mezzo jornalista, mezzo funcionário de gravadora, Livio Vilela comanda o www.BloodyPop.com, onde exerce aquilo que faz por inteiro: gostar de música desesperadamente. 16. Manu D’Almeida_ Jornalista e lifestyle photographer. www.manuphoto.com.br 17. Chico Marés_ Curitibano, estuda jornalismo na UFPR. Acha Beatles melhor que Stones, mas gosta bem mais de Stones. twitter. com/chicomares 18. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa. flickr.com/camon 19. Alex Correa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim. 20. Marcus Vinícius Brasil_ Repórter de Época São Paulo; já passou por O Estado de S. Paulo e Rraurl.com. twitter.com/marcvs 21. Lidy Araujo_ Jornalista, baixista frustrada e louca por Ramones e Red Hot Chili Peppers. Seu site é lidyaraujo.com.br 22. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com Neto Rodrigues_ Morador de Minas há incontáveis anos, quase foi um engenheiro. Hoje ronda a publicidade e torce pela volta do Oasis. Lucca Rossi_ Jornalista. Gabriel Resende_ Ainda será psicólogo e músico profissional. Ana Luiza Bazerque_ Jornalista.


Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

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• THIS IS NOIZE SUPERSTYLLIN’! Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante

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www.noize.com.br

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apoio:

ipe do c i t r a p o 達 t En arch"!!!nto e S d n a B t s "...Lo gulame e r o ira f n o c br e . m o c . Lost e s s e c a


Inscreva sua banda e corra o risco de aparec er nos vídeos da ...Lost, sair com as namoradas dos atletas, ganhar umas latinhas de cerveja, umas camisetas e um par de meias novinho! de gravação, Não tá bom? Que tal 100 horas lificador de contrabaixo, amp um ra, tar gui de dor ica lif um amp e uma bateria completa? uma guitarra, um contrabaixo beleza, também vamos descolar Ainda não é suficiente? Então ano e vamos colocar vocês um e ant dur da ban sua pra ws sho internacional que virá pra abrir o show de uma banda t Band Search"!!! para o encerramento do " ...Los


_foto: RAFA ROCHA

_agradecimentos: valter vale

life is music


NOME_ Rob Machado PROFISSÃO_ Surfista Profissional UM DISCO_ Jimi Hendrix | Are You Experienced

“Escuto música o tempo todo; quando estou viajando muito, estou sempre com meus headphones. É bom ter uma música cravada na cabeça quando se está surfando – ouvir música e surfar são muito parecidos em muitos aspectos. Hoje em dia escuto música mais tranquila; antigamente, na Califórnia, eu estava com a cabeça no punk, Bad Religion e tal. O disco que mudou minha vida foi Are you Experienced. Minha namorada me deu quando eu tinha 16 anos, uma fita k7, meio que transformou meu mundo.”


“Emo, pop-punk, o que você quiser chamar, é perigoso. Existe uma criatura dentro de mim que quer destruir todas essas bandas.” Brandon Flowers | do Killers, no auge do boom emo, em 2006.

“Agora, estamos correndo como crianças numa loja de doces. Voltar a escrever músicas é como voltar a andar de bicicleta.” Fab Moretti | do Strokes, sobre as gravações do disco novo.

“Num momento estou esperando a Kate chegar pra entrar na jacuzzi para uma noite romântica. A única coisa que consigo lembrar depois disso é estar fazendo rehab numa cela cheia de vômito.” Pete Doherty “Eu escrevi ‘Cornerstone’ de manhã. Há algo a ser dito sobre compor de manhã – em outras horas do dia você está um pouco mais na defensiva.” Alex Turner | Arctic Monkeys

“Não é um livro de escândalos de sexo que eu quero fazer. Se bem que... vai ter muito sexo!” Keith Richars | Sobre sua auto-biografia.

“Kurt Cobain me deu um pouco de cocaína antes de morrer. Devo 2g pra ele.” Steve Diggle| Buzzcocks

LEIA ISTO


_BONO VOX,, STROKES, LOS CAMPESINOS!, KEITH RICHARDS. BRIAN ENO, PETE DOHERTY

“Gosto de música porque posso usá-la para reforçar que estou certo em me sentir como me sinto. Se me sinto miserável, escuto música miserável e meus sentimentos são justificados!”

Eddie Veder | respondendo a fã sobre os drinks que disse que pagaria a todos, em um show do Pearl Jam no Wembley Arena.

Gareth | Los Campesinos!

“Você não lembra? Nós todos fomos àquele pequeno pub em Wembley. A maioria tomou dois drinks! Céus, eu ainda tenho a nota, Thomas! Raios, eu paguei em dinheiro! Tsc tsc. Mas foi uma grande noite, Thomas, que pena que você não foi.”

“Estava num dilema no fim do colégio: vou ser músico ou pintor? O Who me ajudou. Eu sentia que eles tinham encontrado uma posição importante entre arte erudita e popular. Então o Velvet Underground apareceu e deixou claro como você poderia se equilibrar entre os dois. Isso fez minha cabeça para entrar na música.” Brian Eno

“Estou entediado com o Bono e eu sou ele. Estou farto de mim mesmo.” Bono Vox

“Este álbum será nosso último… Quando estou trabalhando em um disco, faz sentido pensar nele como o último que você fará porque daí você faz direito.” James Murphy | LCD Soundsystem “Eu me fiz parar de usar faixas na cabeça há um ano.” Andrew VanWyngarden | MGMT noize.com.br

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noize Montagem

joão brasil e a odisseia do mashup Mestre do mashup, o carioca João Brasil manda recado de Londres: “Aqui é bom demais para trabalhar, só chove, faz frio, não tem praia”. Por isso o mashupeiro começou 2010 com a mão comprometida a permanecer na massa pelo ano todo. Desde 1º de janeiro, todos os dias um (ou mais) novo mashup do cara vai ao ar no blog 365mashups. wordpress.com. Fazendo uso da vocação que tem lhe galgado mais e mais fãs, colocou para dividir a mesma música Beatles e funk carioca, Los Hermanos e De Leve. A blogosfera enalteceu o 365 mashups como o grande projeto 2010. “Se é o mais ambicioso projeto da música brasileira esse ano eu não sei, sei que é o mais trabalhoso que fiz até hoje. Gasto uma hora e meia por dia fazendo e postando os mashups”, contou João por email. A morada europeia é, em grande parte, a responsável pelo ânimo renovado. “Estou querendo me conectar cada vez mais com o Brasil nesse projeto. Sou bicho exótico por aqui”, explica entre um mashup e outro. As misturas, como de costume, unem mundos opostos como Beatles e MCs do funk carioca, conversam Bob Dylan e Olodum, transam Phoenix com percussão  sambista. João ainda fez seu próprio Carnaval com o EP Mash Mash, em que reuniu as misturas sambadas e batucada da recente safra. Mas a jogada mais inusitada foi Let it Baile, uma releitura mashupada para o clássico dos Beatles, de onde sai a filha favorita de João no projeto até agora: “Let it Be”, dos FabFour, com “Injeção”, de Deize Tigrona: “Fiquei com lágrimas nos olhos quando acabei”.


_ouca agora ´

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George Harrison - All Things Must Pass The Misfits - American Psycho Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo... Megapuss - Surfing NOFX - Coaster

Luiz Maximiano

__LOVE BAZUKAS | O barulho garageiro do Black

Drawing Chalks encontra os anos de distorção nas costas do forgotten boy Chuck Hipolitho. Surge daí o projeto Love Bazucas. A ideia inicial era que Chuck produzisse e colaborasse em composições do BDC, mas acabou resultando num EP em parceria. “São 2/4 ideias do Chuck e 2/4 do BDC. Trabalhamos todos em cima e, em uma tarde no Costella (estúdio do Chuck), aprontamos quatro músicas e gravamos metade das baterias”, contou o baixista Denis Pereira. “Surdo estourado, bumbo gordo, baixo destorcido no Orange, diferentes guitarras associados a cabeçotes Orange e um Marshall valvulado nervosíssimo! E um monte de brinquedinhos que deixavam o estúdio com aspecto de laboratório”—Denis definiu a fórmula; o resultado está no bacana www.NaGulha.com.br.

Divulgação

__PIXO | É pixo, não é graffite. É Arte? Protesto, Lazer.

Por quê? Voz, grito. O que querem? O topo. Como? O prédio mais alto. O documentário Pixo retrata uma geração de jovens paulistanos cuja forma de expressão é criminalizada. “A pixação é como o grito dos invisíveis”, define Djan Ivson, personagem do filme e parceiro dos diretores João Wainer e Roberto T. Oliveira no projeto. Mais do que divagar sobre um indecifrável texto que definisse se aquela maneira de aplicar tinta nos muros é arte, o filme se preocupa em mostrar quem são essas pessoas. Eles mesmo explicam sua motivação para escalar prédios de mais de 10 andares pelo lado de fora, sem qualquer proteção, para fazer um tag. E as imagens são impressionantes. Busque por exibições em @pixodoc enquanto o longa não chega aos cinemas.

direto ao ponto Polysom lança a primeira leva de vinis nacionais da década, com Nação Zumbi, Pitty, Cachorro Grande e Fernanda Takai. tiny.cc/polysom

Moby, Placebo e Madeleine Peyroux são algumas das atrações que vêm ao Brasil a partir de abril. Confira em tiny. cc/calendario

O rei Roberto Carlos, em seus 50 anos, ganhou uma grande exposição na Oca, em São Paulo . Confira em tiny.cc/ roberto438

Rolling Stones lançam reedição de luxo do clássico Exile on Main Street com músicas inéditas. Confira em tiny.cc/ stones414


016\\

Fred Jordão

NEWS

Fred Jordão

NRK P3 / C.C.

__ANAMAUÊ | Começou em fevereiro e vai até 4 de abril a exposição Ocupação Chico Science, do Itaú Cultural (Av. Paulista, 149, em Sampa), que esmiuça o significado do mestre pernambucano e revela as múltiplas facetas do caranguejo genial.A caminhada pelos diversos ambientes da exposição leva o espectador a fotos raras, escritos exclusivos, documentos e

objetos que dificilmente darão as caras novamente. Dizer que o nome Ocupação cai bem para a exposição de Science advém da natureza esfomeada do manguebit, da maneira como sua música se impôs como retrato de um povo culturalmente tão rico e, no entanto, financeiramente pobre. Cai bem também porque Chico Science ocupa o lugar que, em edição anterior, foi de Paulo Leminski. Nada mais justo que artistas como eles, cada um à sua maneira reveladores da beleza de sua poesia incauta, crua e brasileira de dar orgulho—sem ufanismo, por favor—, invadam espaços culturais nesta apropriação que não fere ninguém.

__WHO THE HELL WAS JAY REATARD? | Não era só em Memphis que Jay Reatard era tido como um mito—ou ao menos um projeto de lenda. Infelizmente, no Brasil, a morte do punk rocker prodígio do Tennessee repercutiu pouco, não o bastante sequer para jogar luz sobre a obra gigantesca do cara. Jay estava longe de se encaixar em qualquer imagem pré-concebida, ainda que seu rock urgente e sua postura o associassem a uma figura niilista e destrutiva. Seu último disco, Watch me Fall (2009), cujo título macabro encabeça uma lista de músicas dificilmente enquadráveis em um só rótulo, é a prova de que a mistura de álcool com cocaína, que tirou a vida de Reatard no dia 13 de janeiro, deve ser um dos únicos clichês a por os pés na vida do artista—basta uma passada em myspace.com/jayreatard para confirmar a afirmação.



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lado a LADO B SITIOS

13.1.14.4.18.1.7.15.18.1.1110 _Os vídeos anônimos, com códigos e imagens bizarras e místicas do usuário /iamamiwhoami estão tomando espaço na internet. Os blogs citam Christina Aguilera e Little Boots como as mais prováveis autoras do viral.

_hobnox.com Plataforma online para criação de música eletrônica de maneira intuitiva e visual. Para completar, os recursos de rede social permitem o encontro de artistas e ouvintes das músicas originadas no site.

Tags: iamamiwhoami

Raveonettes | Heart of Stone

_audioporncentral.com O Audio Porn Central é um filtro. O site coleta mp3 e vídeoclipes bacanas na internet e entrega tudo mastigadinho para o visitante.

_Meio Tim Burton, meio Salvador Dalí, o novo clipe do Raveonettes é um curta em animação cheio de metáforas, dirigido por Chris Do. O clima sombrio e as cenas dentro do corpo do personagem combinam com a música da dupla.

posts tiny.cc/laerte O nome dá a dica: todas as tiras do Laerte para a Folha no período de 2000 a 2009.

Tags: raveonettes heart stone

Mystery Guitar Man

tiny.cc/alice649 A rapaziada do Move That Jukebox separou algumas músicas que estarão na trilha do Alice de Tim Burton para você sacar tiny.cc/beatleslasers O With Lasers mostra uma estranhíssima faixa rara dos Beatles.

_O cara se chama Joe Penna, é músico, brasileiro e mora nos Estados Unidos. Usando violão e “instrumentos” menos comuns, como caixas de fósforo e escova de dente (e algumas horas de edição) ele une música, stop-motion e interatividade. Tags: mystery guitar man

tag yourself cordel do fogo encantado futureheads

asobi seksu jesus kexp make

heartbeat lady gaga mirim

the girl dance kill me hole samantha 2010 cumbia mix typeface huang vimeo kate nash do wah doo holy ghost on board lady gaga mashup

pavement 2010 plastic beach atoms for peace


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o que voce viu e nao viu neste mes_

audio

Garotas Suecas | Bugalu _O Garotas Suecas acaba de lançar o divertidíssimo clipe de “Bugalu”, do EP Dinossauros, disponível para download no site da Trama. O clipe é tão deliciosamente inspirado no tropicalismo quanto a música. Nostálgico e atual.

That Tree | Snoop Dogg, Kid Cudi e Diplo É Snoop Dogg tentando ser mais “artista pop” do que “rapper”.A base de Diplo é boa, as partes que Snoop rima são ótimas, mas o refrão é fraco e Kid Cudi pouco acrescenta à música. Hold On (Holy Ghost cover) | Friendly Fires Friendly Fires faz cover do debut do Holy Ghost para o split que as duas bandas lançaram em fevereiro.

Tags: garotas suecas bangalu

Gorillaz | Stylo _Bruce Willis, perseguições no deserto, carros, tiros e nova música do Gorillaz. Mais descrições são desnecessárias. Assista.

Our Love Was Saved by Spacemen | The Pipettes As Pipettes seguem no clima especial, mas perdem muito do peso e poderio pop que tinham no primeiro disco. Não chega a ser ruim, mas não empolga. Spanish Sahara | Foals Primeiro single de Total Live Forever, próximo do Foals.

Tags: gorillaz stylo

` Voce nunca ouviu

Marty McFly _O que aconteceria se Marty McFly, do De Volta Para O Futuro, fosse ao passado e transasse com sua própria mãe? Nesse vídeo, as hipóteses do “paradoxo do avô” são propostas pelo College Humor na viagem no tempo mais famosa do cinema. www.collegehumor.com/video:1928396

http://theimpossiblecool.tumblr.com/ Retratos bonitos e expressivos em p&b captam gente respeitável (ou não) em momentos que não se repetem mais.

Maurel & Sonny Dog Blues (Ferrugem/SC) Quando soa a gaita de Maurel, Sonny solta a voz do fundo da sua alma canina. QUER OUVIR? NOIZE.COM.BR/nuncaouviu

TUMBLIN’

follow up

http://kurtwiththecat.tumblr.com/ Gente famosa do universo pop em grandes momentos, péssimos momentos e, principalmente, em momentos com o gato.

@_StevieWonder - Para acompanhar o clima de humor negro que dominou a web no mês que passou.


020\\

bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Divulgação

EGYPTIAN HIP HOP Origem:

Manchester Som:

O nome é tão irreverente quanto a banda. Não é hip hop nem vem do Egito: com sintetizadores oitentistas e letras cheias de deboche, a Egyptian Hip Hop possui um estilo quase inclassificável. Escute:

myspace.com/egyptianhiphop

GRAVOELA E O LIXO POLIFÔNICO Origem:

Belo Horizonte, MG Som:

MPB difícil de definir do renascer da canção, flerta com a psicodelia, com o eletrônico e com o erudito. Com melodias pop e instrumental criativo, de um Júpiter Maçã passeando pelo nordeste. Escute:

myspace.com/graveolaeolixopolifonico

THE CAESARS Origem:

Suécia Som:

Vocais pop reverberados, influência sessentista acentuada, baixo marcado. Uma indie rock bacana que leva o brit pop de encontro ao power pop – e a diversos comerciais de TV. Escute:

myspace.com/caesars

blakroc Uma banda de blues-rock, uma dezena de pesos-pesados do rap, um Chevy Camaro preto. Essa é a receita de Blakroc, projeto dos americanos do Black Keys. Os caras, que trabalharam com o onipresente Danger Mouse no último disco, resolveram levar a sério o hip-hop, uniram forças com produtor Damon Dash e chamaram gente do calibre de Mos Def, Ludacris, RZA e Jim Jones para fazer o que foi um dos grandes discos do ano passado. O disco é, na verdade, apenas parte do grande projeto: desde o início de 2009, vídeos dos bastidores foram lançados na internet. Logo após o lançamento do CD, na “black Friday” (a sexta-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças) foi anunciado o Chevy

Camaro Blakroc, carro especialmente produzido para o projeto. Nas onze faixas do CD, a cozinha guitarra-e-bateria do duo de Ohio serve de cama perfeita para os convidados rimarem, em faixas musicalmente ricas, que mostram que Blakroc é mais que uma brincadeira. “On The Vista”, com o já calejado Mos Def, entraria perfeitamente no último disco do rapper, The Ecstatic. Outros pontos altos são “Coochie”, que apresenta gravações antigas de Ol’ Dirty Bastard, “Hope You’re Happy”, a faixa mais roqueira do álbum, com um instrumental perfeito de Dan Auerbach e Patrick Carney, e Ain’t “Nothing Like You (Hoochie Coo)”, em que Auerbach divide vocais com Mos Def.



022\\

bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Jason Anfinsen

THE DRUMS Origem:

Flórida, EUA Som:

The Drums cria letras e ritmos simplistas, livres e pessoais. A despretensão e descuido com o mundo de fora são, ironicamente, os maiores atrativos da banda. Escute:

myspace.com/thedrumsforever

STRANGE BOYS Origem:

Texas, EUA Som:

Começaram como um duo punk, pegaram emprestados alguns membros do Mika Miko e viraram um Rolling Stones garage-country. Escute:

myspace.com/thestrangeboys

VELHO DE CÂNCER Origem:

Porto Alegre, RS Som:

Hardcore de vocal gritado e convicto. Os suspiros dos anos 90 brilham nas poesias e na levada mais cadenciada. Com riffs despreocupados, porém precisos, é puro rock cru. Escute:

myspace.com/velhodecancer

ezra furman

& the harpoons

Uma mistura de Bob Dylan préacidente de moto com um Daniel Johnston sem desordens mentais. Somem-se a isso referências como Velvet Underground, Bruce Springsteen e Libertines: o resultado é Ezra Furman, um nova-iorquino que, com mais três colegas, forma a Ezra Furman and the Harpoons. Depois do primeiro disco, independente, os caras assinaram contrato com a Minty Fresh Records e lançaram mais dois álbuns: Banging Down The Doors e Inside The Human Body. Neles, o estilo se confirma: às vezes garageiros como os Black Lips, em outras acústicos como Dr. Dog, os caras parecem querer passar uma mensagem vital a cada música. Furman, empunhando uma gaita de boca e um violão, berra

letras sobre desilusões amorosas, falta de perspectiva e a importância do uso de óculos escuros em dias de sol. Em “Take Off Your Sunglasses”, responde, agoniado, a uma declaração de amor: “In the middle of the night, everybody loves everybody else these days”. O último disco, lançado após o fim do contrato com a gravadora, é Moon Face, composto por bootlegs. Além disso, a banda promete compor uma música para cada comprador: é só comprar o disco, mandar uma carta para eles contando algo sobre sua vida e esperar. Escute: “Mother’s Day”, sobre uma prostituta de Chicago, “Take Off Your Sunglasses”, com refrão para cantar junto, e “The Dishwasher”, sobre empregos cretinos.



024\\

soundcheck

M0nst3r/C.C

JAMES LABRIE

James LaBrie dispensa introduções. Vocalista do Dream Theater, uma das maiores bandas de metal progressivo da história, ele e seus companheiros passam pelo Brasil neste mês de março, com shows em Porto Alegre (16/03), Curitiba (18/03), São Paulo (19/03) e Rio de Janeiro (20/03). Falamos com LaBrie  sobre o disco novo, os cuidados do cara com a voz e os shows imprevisíveis. do Dream Theater.

“Corro 5km por dia, me alimento bem, não fumo, aqueço antes de cada apresentação, bebo água morna e mel... todas essas coisas.”

Black Clouds & Silver Linings foi lançado em uma versão especial, incluindo um CD de covers e um de versões instrumentais do disco original. A experiência deu certo? Funcionou muito bem, tanto para a banda quanto para os fãs. Eles ficaram muito felizes com o resultado, a recepção foi muito boa, inclusive para a versão mais simples do disco. Gostei muito do disco de covers, mostrou nossa interpretação mais particular daquelas músicas. Por que motivo você não escreveu nenhuma das letras nesse álbum? Foi como o álbum rolou. John tinha muitas ideias. Mike queria terminar sua “suite do álcool” nesse disco (desde 2002, o baterista vinha compondo músicas relacionadas à sua batalha contra o alcoolismo) , e passou por uma experiência dura, que foi a morte do seu pai, para quem ele queria prestar tributo. Acabei não tendo nenhum envolvimento com as composições. Os problemas que você teve com sua voz mudaram a maneira como você se prepara para cantar hoje em dia (James machucou a voz de tanto vomitar após uma intoxicação alimentar em 1994)? Sempre cuidei da minha voz, mas hoje em dia faço muitas coisas para manter ela em forma. Corro 5km por dia, me alimento de maneira saudável, não fumo. Tenho a técnica vocal

Rosemary Burnes, que me auxilia regularmente. Aqueço antes de cada apresentação, bebo água morna e mel… todas essas coisas. Em Porto Alegre vocês vão tocar no mesmo dia que Guns N’ Roses e Sabastian Bach. Tem gente que vai no Guns porque acha que é uma banda mais suscetível a terminar de repente... Sim, está além do nosso poder, não há nada que possamos fazer. Acontece com frequência. Neste caso, são artistas que respeitamos – sou inclusive amigo de Sebastian. Com certeza nós não estamos nem perto de acabar com o Dream Theater, mas espero que muitos fãs vão ao show, porque sempre damos nosso máximo. Os set lists de vocês costumam ter em torno de 10 músicas. Com 10 discos de estúdio, o que esperar dos shows? Não gostamos de repetir set lists, então eles mudam a cada show. Fazemos isso para mantêlos interessantes, para os fãs e para a gente. É importante que cada show seja fresco, poderoso, imediato, surpreendente. Nós vamos definitivamente tocar algumas músicas de Black Clouds, e tentaremos tocar uma ou duas de cada um dos outros discos. É impossível tocar de todos, fica cada vez mais difícil à medida que lançamos novos discos, e há sempre fãs que querem ouvir músicas novas e outros que precisam ouvir suas preferidas.


ORGANIZAÇÃO:

GARANTA JÁ SUA VAGA

PORTO ALEGRE RS

10/11 ABRIL 2010

PALESTRANTES + RAFAEL GRAMPÁ + MARCELO BALDIN

MEDIADORES + ABDUZEEDO + PULPO

+ DIEGO MAIA + JORGE RESTREPO

+ CATARINA GUSHIKEN + SANTA

+ MARCELO FERLA + XANDE MARTEN

+ EXPOSIÇÕES + MINI-FEIRA + PRÊMIOS + BRINDES + PALESTRAS + PAINEL ILUSTRAÇÃO / GRAFFITI + FESTIVAL DE MOTION

INFO@PIXELSHOW.COM.BR 11 5084 9040 / 11 3926 0174

www.twitter.com/zupi www.flickr.com/zupidesign www.facebook.com/pixelshow

WWW.PIXELSHOW.COM.BR

LOCAL: USINA DO GASÔMETRO

CONTATO PARCEIRO LOCAL: MARIA CULTURA 51 3207 8463 Parceiro local - POA:

Apoio:


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move that jukebox BLOGS

__SHE’S GOT THE LOVE | Florence Welch: Bonita, canta bem e teve a sensatez de não querer ser a única estrela de seu disco de estréia, Lungs, em que influências clássicas formam a beleza do trabalho. Essa vibe também dominou a última edição do BRITs Awards, onde a cantora, envolta por um palco cheio de harpas e um globo espelhado gigante, surpreendeu até os que mais a estimavam – como eu. Representando os icônicos live mashups dos BRITs, Florence apareceu com o rapper Dizzee Rascal numa união que criou “You’ve Got The Dirtee Love”, um mix dos versos de “You’ve Got The Love” e “Dirtee Cash”, sempre com harpas ao fundo. O produto final é lindo – e a explosão de papeis picados vermelhos que finaliza o show quase emociona. Ele levou o título de melhor cantor e ela, o de melhor álbum. Justo.

O sexto disco de estúdio da dupla The Black Keys irá se chamar Brothers e já está a caminho. A capa e a tracklist você confere em tiny.cc/blackkeysmove

Trans-Continental Hustle, quinto disco de estúdio de Eugene Hütz e seu  Gogol Bordello, já tem data de lançamento. No dia 27 de abril, as faixas listadas no tiny.cc/gogolmove ganham o mundo.

Divulgação

Thom Yorke confirmou o nome de sua nova banda, que toca na edição de 2010 do Coachella. O grupo se chama Atoms For Peace, e há vídeos de músicas novas tocadas por Yorke em Cambridge. tiny.cc/yorkemove

Divulgação

DG Jones

__DIPLOMAT’S SUN | Rostam Batmaglij, tecladista do Vampire Weekend, é gay.A notícia foi dada com frenesi pela imprensa estrangeira, só que não por preconceito: a revelação, feita pelo próprio músico, explica muita coisa por trás de seu trabalho.“Diplomat’s Sun”, por exemplo, foi descoberta como uma ode a um dos primeiros relacionamentos homossexuais do rapaz com um... filho de diplomata. Também vale fazer uma rápida analise nas músicas do Discovery, seu projeto com um dos integrantes do Ra Ra Riot, pra sair detectando umas dicas que ninguém conseguiu pegar.

__NOUVELLE NO BRASIL | Depois de alguma enrolação, o francês Nouvelle Vague confirmou sua passagem pelo Brasil por meio de sua página no Myspace. Entre shows na Bélgica e na França, o grupo encaixou três apresentações tupiniquins. A primeira acontece em 29 de abril, no Clash Club, em São Paulo. Logo em seguida o grupo embarca para o Rio de Janeiro (Circo Voador, dia 30) e Recife (dia 1º de maio em lugar a ser definido). Por ora, o Brasil é o único país da América Latina a receber a turnê do álbum 3, que carrega covers à bossa nova de artistas como The Police, Depeche Mode e Sex Pistols. Novas faixas da Kate Nash têm vindo a público para revelar que a garota transita entre o pop descontraído do primeiro trabalho e algo mais roqueiro. tiny.cc/katemove



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RRAURL

__Quando você pegar esta revista ainda vai dar tempo de correr para conferir de perto o Coachella, festival californiano que abre (em 16/04) extraoficialmente a programação dos grandes festivais de música no hemisfério “de cima”. O novo projeto do Thom Yorke, do Radiohead, é um dos destaques.

__O LCD Soundsystem, padrinho da disco-punk dos anos 00 e dono do essencial Sound of Silver (2007), está com trabalho no forno para este semestre.Trocando a cinzenta Nova Iorque pela ensolarada Los Angeles, James Murphy promete sons inspirados na soul dos anos 70.

__O novissimo Lions Nightclub abriu após o Carnaval em pleno centrão paulistano. Com esquema de carteirinhas para sócios, tem na programação inicial noites dos núcleos Chocolate (hip-hip, soul e funk, as quintas) e 3Plus (techno, house e afins, aos sábados).

Reprodução

Divulgação

__A banda a ocupar o posto de melhor eletrônica-popbritânica de 2010 (posto que em 2009 foi do duo La Roux) pode bem ser a Chew Lips. Com remixes de gente como Tepr e Two Door Cinema Club e datas em festivais como o texano South by Southwest, o trio está na ativa desde 2008 e lançou em fevereiro o primeiro álbum, Unicorn. As bases eletrônicas, as melodias sintéticas e a voz clara e metálica da vocalista Tigs são o destaque. Acrescente o clima low-tech, quase cru, sempre apoiado na presença de Tigs (forte candidata a personalidade cool de 2010), e você tem um dos destaques dessa safra de bandas lideradas por mulheres, fenômeno pós-Yeah Yeah Yeahs (e prestando claro tribudo a Karen O) que remete tanto ao feminismo punk dos anos 70 quanto à dance music inofensiva dos anos 90, sem necessariamente soar datado. Publicações bombadas como o NME, já colocaram o trio no seu time de bandas “a ver” em 2010 e a banda também é aposta do bacana selo francês Kitsuné, que escalou para as edições 7 e 8 de suas coletâneas Maison. Ouça “Solo”, “Slick” e “Karen”.

Divulgação

Divulgação

Divulgação

BLOGS

__Em primeiro de março a MTV Brasil amanheceu com nova programação. Entre as novidades estão um programa voltado para cultura noturna, o MTV na Pista, apresentado por Kika Brandão. A parte de videoclipes ganha reforço nas madrugadas com novos sons e eletrônica indicados pelo rraurl, sempre as sextas, 2h30min.



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SCREAM & YELL

SCREAM & YELL

BLOGS

__1986. Eu tinha 16 anos, e o rock nacional era uma febre. Gastei meu primeiro salário comprando seis vinis: Dois, da Legião Urbana; O Rock Errou, Lobão; Selvagem?, Os Paralamas do Sucesso; Nós Vamos Invadir a Sua Praia, do Ultraje a Rigor; Mudança de Comportamento, do Ira! e Revoluções por Minuto, do RPM. Antes desta compra só havia dois vinis na minha “coleção”: Radioatividade, da Blitz, e Ballads, uma coletânea com 20 baladinhas dos Beatles, o primeiro disco que ganhei na vida. Hoje é bem provável que haja em minha HD uma discoteca tão extensa quanto a que tenho em CDs e vinis, aproximadamente uns 7 mil álbuns. Mas nos últimos 15 anos não me lembro de ter comprado mais do que cinco discos em vinil, porém, o cenário parece estar mudando. Os vinis ressurgem – principalmente no mercado externo – como um interessante item de colecionado, pegando muita gente pela beleza e qualidade do material. Para a reedição de seu álbum de estréia, Ten, o Pearl Jam preparou vários formatos para o mercado,

sendo que o mais caprichado inclui dois CDs, um DVD, quatro vinis (entre eles o disco duplo ao vivo Drop in The Park, oficialmente lançado apenas neste box) e uma fita k7, além de farto material de fotos e badulaques. Os Rolling Stones também capricharam na reedição do disco Get Yer Ya-Ya’s Out!, que junta três vinis, três CDs, um DVD, livreto e muito mais. Na mesma linha, Stone Roses (Stones Roses Legacy Edition), Snow Patrol (Up To Now Box Set) e White Stripes (Under Great White Northern Lights) deixam fãs de queixo caído com suas edições super especiais. No Brasil, o vinil ameaça uma volta tímida com o investimento da Deckdisc no setor, embora seja bem difícil imaginar alguém gastando o salário comprando vinil. Mas se você quer uma dica, procure o site da Vinyl Land, um selo independente que já lançou compactos em vinil de seis artistas brasileiros, entre eles Autoramas, Lê Almeida e, mais recentemente, Rock Rocket. É um bom começo.



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FORA do eixo BLOGS

Talita Oliveiras

__O caldo é grosso e vem de Rio Branco, no Acre. Caldo de Piaba é mais um daqueles ingredientes da música independente a que nenhum gourmet resiste: junta, num caldeirão, carimbó, brega, jazz, blues, rock, funk, ska e samba. Formada em 2008, a banda acaba de levar a sua música para o nordeste do país. A turnê percorreu 6.568 km entre Maceió, Arapiraca, Salvador e Recife. Acesse o diário de bordo em piabanokombao.blogspot.com. A banda faz parte do Coletivo Catraia, ponto Fora do Eixo no Acre. No primeiro semestre de 2010, o grupo vai lançar pelo CompactoRec, projeto da Fora do Eixo Discos. A promessa é de um trabalho que transita entre músicas populares, venezuelanas, bregas, bolero—“ou seja, um caldo doido!”, relata o baterista Renato di Deus.

Reprodução

__São Paulo está com data marcada para ser invadida. Depois de sincronizar mais de 80 cidades com o festival integrado Grito Rock, o Circuito Fora do Eixo concentrase para tomar o eixo. No início de abril, o Festival Fora do Eixo, que une produtores e bandas independentes de todo o Brasil, vai ocupar a cidade. Dez dias, dez dos espaços mais significativos do indie rock paulistano. As noites serão embaladas por Macaco Bong, Porcas Borboletas, Minibox Lunar e outros grupos que despontam no país e compõem o trabalho em rede que marca a atuação do Circuito Fora do Eixo. Quem tiver pique acompanha ainda um ciclo de reflexões sobre a Tropicália e seus desdobramentos no universo da música independente de hoje. Anote!

direto ao ponto Grito Rock 2010, o maior festival integrado da América Latina, mais uma vez estimula a circulação de músicos independentes em mais de 80 cidades. Confira a entrevista na Rádio CBN em tiny.cc/grito611

Macaco Bong abriu a temporada do Auditório Ibirapuera em São Paulo. Com convidados de peso, mostraram porque são umas das principais bandas independentes do país. Assista mini-doc em nagulha.com.br

Em menos de dois anos, os amapaenses da Minibox Lunar já chamam a atenção de público e da crítica. Matéria da Folha de São Paulo destacou o isolamento geográfico como influência no som da banda.

Portal Nagulha, uma revista eletrônica que reúne atrativos como a ágil cobertura audiovisual dos shows e festivais mais empolgantes, gravações exclusivas em áudio e outras novidades: www.nagulha.com.br


rio - s達o paulo

org.br/festival

www.foradoeixo.

abril


_texto FERNANDO CORREA


THE STROKES //035

No tempo em que os Strokes salvaram o rock

No dia 27 de agosto de 2001, o primeiro álbum dos nova-iorquinos The Strokes foi lançado na Inglaterra. Um mês depois, quando finalmente aterrissou nos Estados Unidos, precisou de uma nova capa, menos sensual+1, e da troca da canção “New York City Cops” pela bem menos urgente “When It Started”. O retrato despretensioso que os cinco garotos haviam elaborado sobre a cidade em que viviam chegou em má hora, quase junto com os aviões que derrubaram as torres gêmeas. Ironicamente, Is This It acabou por se tornar o disco que salvou rock no século XXI. E não é só isso. Em uma cidade efervescente—porém gigante— como Nova Iorque, a importância da música só fica evidente numa escala microscópica. Os músicos são como formigas. Como elas, circulam perdidos e desordenados na megalópole. Mas não há como ignorar o talento de algumas delas pra trilhar o caminho seguro de outras, tampouco o fato de o formigueiro gigante da Big Apple ter areia suficiente para as formigas talentosas, que deixam sua marca ao desvendá-la. Os Strokes são dessas formigas, e desbravaram um cenário que deixava as imitadoras sem saber que caminho trilhar. Pode parecer estranho, mas os 19 milhões de nova-iorquinos não tinham muitos lugares legais para assistir a shows de rock na virada do século. Se você estivesse em uma banda, dispunha de alguns palcos legais no Brooklyn e mais alguns em Manhattan para mostrar seu empenho. No Lower East Side (sudeste da ilha), ficava a Arlene’s Grocery,+2 bar e casa de shows em que o Strokes fez uma de suas primeiras apresentações. Fizeram outras tantas no Luna Lounge,

virando a esquina na Ludlow St. Foi no Luna que Gordon Raphael os viu pela primeira vez. “Eu pensei ‘uau, eles têm um visual muito bom e agem com muita autoconfiança’. Mas não fiquei muito impressionado com a música. Como eu precisava trabalhar, chamei eles até o meu estúdio para fazerem uma demo”, conta Raphael, que acabaria por produzir os três primeiros discos do Strokes, a começar pelo EP The Modern Age. “Eles diziam que tinham tido muito azar nas tentativas anteriores de gravar, e não achavam que fosse possível conseguir uma gravação boa de verdade. Falei para eles que, se me dessem três dias, gravaria três músicas”. “The Modern Age”, “Last Nite” e “Barely Legal” eram o retrato do Strokes que aos poucos conquistaria Raphael com a mesma força que começava a arrebanhar outros ouvintes: sujo, urgente e provido de ótimas melodias, no vocal sensual de Julian Casablancas e na guitarra marcante de Nick Valensi. As três músicas, tocadas através de uma ligação telefônica transoceânica, impressionaram também o inglês Geoff Travis, que voou até Nova Iorque para vê-los tocar—e imediatamente convencê-los a lançar a demo, da maneira que estava gravada, pela Rough Trade Records, gravadora indie que Travis fundara na transição dos anos 70 e 80 para lançar bandas como The Smiths. Junto de The Modern Age, Travis levou para Londres o Strokes. “Os garotos foram embora e eu não ouvi nada. Três meses depois, Albert aparece dizendo, ‘Cara, assinamos contrato na Inglaterra com aquele disco que você gravou para a gente, e nós

[+1] A capa original de Is This It:

[+2] Neste show de 2000, disponível no YouTube, a banda toca músicas que sairiam em Is This It e outras nunca lançadas: tiny.cc/strokesarlene


Arquivo Pessoal Gordon Raphael

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“Quanto mais trabalhava com Julian Casablancas, mais eu percebia que ele era um cantor genial.” ACIMA, Gordon Raphael e Julian Casablancas em estúdio

[+] O Strokes começou a colocar vídeos da gravação do sucessor de First Impressions of Earth. O primeiro está em tiny.cc/strokes2010 [+] Neste show [tiny. cc/strokestavern]a banda toca Is This It na íntegra, no Horseshoe Tavern, em 10/02/2001.

vamos sair em turnê por lá, porque fomos escolhidos pela NME como Song of the Week’”, conta Raphael. O sucesso veio primeiro na Europa, mas não tardou até que aquele EP de apenas três músicas despertasse os americanos de seu então esgotado sonho pós-grunge. “A mídia americana também começou a escrever sobre eles. E eram revistas como a Rolling Stone, que só escrevem sobre estrelas, produções milionárias, bandas contratadas por majors. Essa banda tinha contrato com um pequeno selo indie na Inglaterra, mas não eram sequer distribuídos nos Estados Unidos—e estavam escrevendo sobre eles como ‘oh, algo está acontecendo, algo está acontecendo!’”. Nos próximos meses, os americanos continuaram a esperar pelo verdadeiro trabalho de estreia de seus filhos expatriados. Is This It saiu também pela Rough Trade, e também com produção de Raphael: “Tanto em Is This It quanto em Room on Fire os Strokes tentaram outros produtores antes de virem a mim, di-

zendo que ninguém mais sabia qual era o ‘som deles’”. “Uma coisa que posso dizer é que quando a banda tocou ‘Take It Or Leave It’—e gravamos aquilo ao vivo—eu senti que tínhamos feito uma obra de rock ‘n’ roll monumental, que era exatamente o tipo de som que eu vivo para ouvir. Is This It me causou um sentimento de imenso poder e liberdade que durou por anos!”, sintetiza Gordon Raphael. Quem arremata é Geoff Travis: “Is This It é um disco avassalador e seminal. Ele merece todos os prêmios de melhor da década. Ainda hoje soa brilhantemente fresco e excitante. Pare de ler agora e coloque-o na vitrola”. Depois de colocar o disco para tocar, volte para ler a entrevista exclusiva de Gordon Raphael. Ele concedeu a entrevista a seguir por telefone, diretamente de Berlin. A íntegra do papo, repleto de detalhes inéditos sobre a convivência do cara com o Strokes, você confere no site da NOIZE. Selecionamos algumas partes, destacadas a seguir.


THE STROKES //037

Para começar: Is This It é o disco da década? Absolutamente. Antes de Is This It, o rock ‘n’ roll, essa coisa toda estava quase acabada. A maioria dos lugares em Londres e NY era para se ouvir discos, DJs e toda essa cultura. E depois que Is This It foi lançado, jovens que tinham crescido ouvindo techno e acid jazz de repente começaram bandas de rock. Você vê como um acidente ter começado a trabalhar com Strokes? Sim, porque eu fui para New York trabalhar nas minhas próprias músicas, e sai à procura de qualquer banda que me deixasse gravá-la e me pagasse, para que eu pagasse meu aluguel. Então, quando os conheci, eles eram apenas mais uma banda. E então o EP foi lançado em Londres e depois a atenção dos EUA se voltou para a banda… Eles fecharam com a Rough Trade, que lançou a demo, sem mais mixagem, e aí, Albert pegava pequenas caixas de CD e as levava a pequenas lojas de disco de Manhattan, Kims Video foi uma delas, e perguntava “Você ficaria com três dos meus discos e os venderia, por favor?”. Tudo de maneira muito independente. E daí para Is This It, o que aconteceu? Uma tempestade. Os garotos foram embora e eu não ouvi nada, então esqueci deles. E então, repentinamente, três meses depois, Albert aparece dizendo, “Cara, assinamos contrato na Inglaterra com aquele disco que você gravou para a gente, e na realidade nós vamos sair em turnê por lá, porque fomos escolhidos pela NME como Song of the Week. Então vamos correr para Londres e excursionar pela Inglaterra”. Eu pensei “uau, nenhuma banda com que já trabalhei assinou antes, e aqui estão eles, com uma grande tour na Inglaterra, que fantástico!”. Então a mídia americana começou a escrever sobre eles. E eram revistas como a Rolling Stone, que escrevem sobre bandas contratadas por majors. Essa banda tinha contrato com um pequeno selo indie inglês, mas não eram sequer distribuídos nos EUA. E estavam escrevendo sobre eles como “oh, algo está acontecendo, algo está acontecendo!”.

De onde veio o som de Is This It, um disco de 2001 que não soa como nada da sua época? Todo mundo que eu conhecia estava usando as novidades do ProTools para deixar o som “grande” e sobrecarregado de camadas adicionais. Eu pensei: e se nós apenas gravássemos a banda no meu estudiozinho, como verdadeiros músicos se divertindo e tocando uns com os outros? Eu vinha pensando em Raw Power, do Iggy and the Stooges, porque a versão original daquele disco soa como um completo caos de freak-outs estourados e mal balançados. Também estava vidrado em Skinny Puppy, uma banda eletrônica e gótica matadora, de Vancouver, que me inspirou a usar distorção nos vocais e a tornar os sons agressivos, impossíveis de ignorar. Quem era o músico mais experiente? Acho que eram todos parelho, mas Nivk Valensi realmente me impressionou de cara, ele tocava coisas doidas na guitarra. Albert tocava a base de uma forma fantástica, que fazia o som acontecer, entende? E quanto mais trabalhava com Julian Casablancas, mais eu percebia que ele era um cantor genial, ele podia fazer coisas muito loucas. Se ele tinha que cantar o verso de uma música, eu tocava um pedaço antes, e ele cantava uma melodia completamente nova, com letras ensandecidas, como se não soubesse o que estava fazendo. E aí, assim que a parte que ele precisava gravar chegava, ele cantava ela com perfeição – ainda que estivesse tirando sarro no início, ele simplesmente se focava e cantava como louco. E seu ritmo, seu tom e sua afinação eram tão superiores. Você identifica o jeito de Julian cantar com Lou Reed? Eu acho que se você pegar Lou Reed e Bob Marley e achasse algo no meio disso, talvez encontrasse um paralelo. Quer dizer, ele definitivamente adorava a atitude new-yorkee de Lou Reed, mas as melodias do Julian são loucas, tomam conta do lugar, e seus ritmos são muito sexy. Lou Reed é muito cool, mas seu negócio é bem mais simples que o que Julian faz. Os dois são geniais.

[+] Leia a entrevista na íntegra em www.noize.com.br. Go!


_texto LIVIO VILELA

_FotoS PEDRO CUPERTINO


LUCAS SANTTANA //039

Sem nostalgia nem contradição, o baiano-quase-carioca-com-péem-Recife Lucas Santtana chega aos 10 anos de carreira como sempre fez: olhando para trás ao seguir em frente. Seu último álbum, Sem Nostalgia, desconstrói um dos maiores ícones da música brasileira – a voz e o violão – a partir de samples de Baden Powell, Caymmi e Jorge Ben e canções. Belas canções. Dono de uma das mais importantes discografias da recente música brasileira, Lucas conta a NOIZE como insetos e ficar brincando com equalizador ao ouvir João Gilberto podem influenciar um disco e fala também daquilo que o circunda: a internet, sua geração e, sim, a música brasileira.

Como surgiu a ideia do Sem Nostalgia? Ou melhor, o que surgiu primeiro, a ideia do disco ou as faixas em si? A ideia, na real, se divide em duas. A primeira ideia que eu tive, na verdade, não era um disco. Foi quando em 94 eu fui tocar com os Doces Bárbaros em Londres num show no Royal Albert Hall. Atrás do Royal Albert tem o Museu de História Natural de Londres e uma das salas, a sala dos insetos, que era toda feita para criança, tinha umas máquinas como se fossem displays em que você botava o fone, visualizava os insetos e ao clicar neles, ia ouvindo os sons que eles faziam, descobria de que país eles eram... Quando eu ouvi aquilo, pensei que tinha tudo a ver com sintetizadores, porque era “de mentira”, sabe? Tinha a ver com música eletrônica e o lance da ambiência, como aqueles sons se misturavam ao ambiente e tal. Aí eu pensei que, “porra, podia usar os insetos como instrumentos, como ambiência”. Daí passou um tempo, quando eu tava em São Paulo na casa de um amigo ouvindo um disco do João Gil-

berto, eu comecei a aumentar os graves, mexer nas freqüências das caixas de som. Quando puxava o “gravão” do disco, o baixo do violão mudava muito sabe. Então eu pensei que poderia fazer um disco “voz e violão” que mexesse com essa parada da tradição, que eu pudesse avançar e me divertir com isso de várias formas. Aí eu decidi: “porra, quero fazer um disco voz e violão”. E fiquei com isso na cabeça por muitos anos. Finalmente, em 2008: “tá na hora, vou fazer esse disco porque ta há muito tempo na minha cabeça”, precisava dar uma esvaziada, poder pensar em outras coisas, sabe? Aí eu comecei a compor o disco e pensar de que maneira eu poderia fugir do esquema de dois canais, só voz e violão. Começou a surgir essa ideia dos samples, comecei a samplear vários discos do Caymmi, do Baden, só os trechos com os caras tocando violão. Comecei a sacar que eu poderia fazer uma faixa no Jardim Botânico, de noite e pegar o ambiente. Comecei então a ter várias ideias de como extrapolar aquilo, de como fazer o ‘voz e violão’ soar diferente.


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[+1] Do Amor e banda Cê do Caetano [+2] De uns 3, 4 anos para cá, de certa forma dá para falar que estamos vivendo uma espécie de renascimento da “canção brasileira”, algo que não é exatamente samba, não é bossa nova, não é tropicália nem jovem guarda, mas você nunca vai ouvir um americano fazendo, por exemplo. .

um jeito de fazer música, um jeito de viver de música, Como foram as gravações? Lendo a ficha técum jeito de empreender música. Não é que a gente nica, eu fiquei até meio assustado, vendo que não tenha gravadora, a gente nunca teve. Nunca teve você colocou dois bateristas fodas, como o gravadora, nunca teve jabá pra tocar em rádio. Então, Curumin e o Marcelo Callado+1, para tocar baa internet vira nossa única aliada. Por exemplo, em teria no violão. Como foi escolher cada músico Recife, depois do show no Rec Beat, eu saí na rua e e produtor para cada faixa? uma um monte de gente veio me parar para dizer ‘po, Quando eu pensei no disco, eu chamei vários produeu tenho um blog, coloquei teu disco para baixar lá’, tores e vários músicos, porque eu pensava que como sabe? Então, é muito boa essa coisa do boca-a-boca, era um disco que já tinha uma amarração, só podia do blog, de colocar aquele disco para 100 amigos seus ser voz e violão, quanto mais gente eu chamar para que acessam aquilo lá. E pensar que isso é multiplicado produzir junto comigo, gravar em estúdios diferentes, por milhares de blogs. Acho legal viver esse tempo em mais vai enriquecer uma coisa que é uma só, voz e que a gente está vivendo, mas não só isso, acho legal violão. E daí eu comecei a chamar a galera que eu já pensar sobre ele, não só do ponto de vista artístico, trampo há algum tempo. Como o Curumin, que eu mas do ponto de vista do negócio da música mesmo. já tinha feito faixa do disco dele, o João Brasil que já tinha feito coisa junto, o Chico Neves, o Do Amor, que já tocavam comigo. Uma faixa que era samba-rock Como você vê o Sem Nostalgia no meio deste renascimento da cancomo “Um Amor Em ção+2, sendo ele um Jacumã”, então eu “A gente não está só fazendo música, a chamava alguém com disco que, de certa gente tá inventando um jeito de fazer uma pegada sambaforma, tenta desconmúsica, de viver de música, de emrock legal, como o Custruir e reconstruir rumin. No “Who Can essas canções? preender música. Não é que não tenSay Which Way”, que Eu acho que realmente hamos gravadora – nunca tivemos.” era uma parada meio essa coisa da canção rock, chamava o Do Amor, que é uma banda rock, mas está voltando, porque essa coisa de groove, de você não é tão rock assim. Enfim, eu chamava quem tinha a soltar uma batida e construir uma música em cima ver com a faixa, que pudesse catalisar o que a faixa pedia. dela cansou um pouco, ficou nos anos 90. A canção que se defende sozinha, independente de ter uma Esses seus 10 anos de carreira, foram os 10 sonoridade atrás, isso voltou. E ao mesmo tempo, na anos que a indústria fonográfica ruiu. Mesmo minha geração, gente como o Curumin, a Céu, têm sendo um artista muito bem adaptado a intermuito essa história das texturas musicais, que é o meu net, você às vezes sente algo que, talvez não barato. Apesar de fazermos canções, temos uma preoseja nostalgia, mas uma vontade de ter sido cupação muito grande para que na hora que aquelas artista em outra época? canções forem gravadas, não seja feito num arranjo Não, eu realmente sou um cara que não tem essa tradicionalista. Ao contrário, a gente vai tentar colocar parada nostálgica, sabe? Eu acho que a época que um arranjo com maior número de timbragens possíva gente está vivendo é a época mais legal, mais el, para que seja tão interessante quanto a canção. Eu democrática. É uma época, sim, muito difícil, porque canso de ouvir canções bonitas, mas que quando são todo mundo faz música, a concorrência é grande. gravadas, isso é feito de uma maneira tão careta que Tem um lado muito legal que é esse de eu e toda essa a canção fica feia. Então, se não tiver som abraçando galera da minha geração estar se inventando. A gente a canção, eu não curto muito. Tanto é que eu acho a não está só fazendo música, a gente tá inventando MPB hoje uma coisa muito careta, na sonoridade.


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Apesar de guardarem semelhanças, seus quatro discos têm ideias completamente diferentes. O que você acha que seria então seu som? O que te define? Meu som sempre foi textura musical. Canção com textura musical. Desde o primeiro disco meu barato sempre foi achar sonoridade, sabe? Achar sonoridade do instrumento, achar sonoridade da guitarra, do baixo e achar principalmente a sonoridade da faixa, que é tudo isso junto, que se forma e dá vida a um som só. Se você tirar a voz, o som que tem atrás é muito uma coisa de tapeçaria musical, de culinária, pode chamar do que você quiser.

Você acha que o título Sem Nostalgia talvez seja um resumo de como você conduz sua carreira? É um resumo no sentido de que eu nunca quis muito reproduzir a música popular que veio antes de mim. E quando eu falo isso, não quer dizer que eu não goste. Eu gosto muito, mas nunca achei que teria sentido se eu fosse fazer “uma nova MPB”, sabe? Sempre achei essa ideia muito caída, tentar fazer o que já foi feito. Sempre achei que era mais arriscado e me daria mais tesão fazer coisas que nunca foram feitas.




_texto BRUNO FELIN _AGRADECIMENTOS DANIEL VILLAVERDE


XEROX CULTURA //047

Transgressão, pioneirismo, paixão. Como os fanzines impressos fizeram o papel dos blogs de hoje bem antes da internet.

“Mais bandas, mais selos, mais público. É inegável! A peste se prolifera. Ainda falta infraestrutura, mais palcos e divulgação. Cadê a imprensa brasileira? Fico impressionado como os grandes veículos de divulgação de notícias ainda estão a ver navios. E mesmo quem fala de bandas, é a respeito de duas ou três. Alô, imprensa! Bom dia!”. Como é possível perceber nesse editorial escrito por Sérgio Vanalli no zine Broken Strings, de junho de 1993, os fanzines impressos não têm obrigações com ninguém. É a famosa liberdade do “faça você mesmo”. Eu poderia começar este texto da maneira que quisesse, ou, por exemplo, uma resenha de show dizendo que na entrada encontrei uns safados de tal banda ou que enchi a cara, perdi os shows de abertura mas participei da maior roda punk da vida depois, em algum buraco underground pelo Brasil. Os zines são o longo uivar dos coiotes da mídia. E esse é o grande barato. Ser livre para pensar pelas teclas da máquina de escrever sem revisar muito, dizer o que tiver vontade sem precisar manter um código editorial ou ser imparcial. Produzidos artesanalmente, sendo a maioria em offset (xerox), essas publicações marginais funcionam como centralizadores de idéias em comum e de informações que não circulam na mídia de massa. Se você não viveu a era de ouro dos zines, entre os anos 80 e 90, tente imaginar como

descobrir uma banda antes da internet. Tudo que saísse mais tarde na mídia convencional já teria passado por um zine. Era uma revolução digital antecipada, onde os correios faziam o papel da web. O caráter transgressor “Havia um cenário independente que não era coberto. Até ter aquele boom do Nirvana, a grande mídia não dava atenção”, aponta Alexandre Cruz “Sesper”+1, vocalista do Garage Fuzz. Se a mídia de massa e as poucas revistas especializadas praticamente ignoravam a cena independente brasileira, como conhecer novas bandas? Quais os lançamentos do mês? Onde ler uma entrevista de uma banda que tem apenas uma demo em K7 lançada? Eram os zines que assumiam esse papel. A necessidade de uma divulgação mais abrangente, que colocasse as bandas em contato direto com seu público, fez muitos de seus integrantes também se aventurarem nas páginas dos zines. “Como nos comunicávamos por correio, fazíamos o fanzine para ter um algo a mais para divulgar com a banda”, explica Sesper. Assim como ele, que editou o Crude Reality, Noise e Flores, o TV zine (que vinha com uma K7 de 45 min) e o zine de arte Introduct Zine+2, outros artistas entraram nessa.

[+1] Alexandre tocou em outras bandas como Ovec, Psychic Possessor, Safari Hamburguers e Paura


048\\ noize.com.br

Nenê Altro do Dance Of Days, por exemplo, rodou o Antimídia, importante na virada do século, às vésperas da web 2.0. O gaúcho Daniel Villaverde, que tocava na banda Ornitorrincos, teve sua raiz ligada aos fanzines. O movimento oculto destes impressos, quase como uma sociedade secreta, era a máquina que embalava o circuito das bandas que estabeleceram a base para o movimento independente que conhecemos hoje. “Se agora a gente tem uma cena independente em que as coisas são mais fáceis é por que nos anos 90 tivemos toda uma geração pelo Brasil que batalhou, lutando com idealismo. As pessoas estavam ali porque realmente gostavam”, reflete Daniel Villaverde, que editou os zines Nuclear Yogurte e Infektos Muertos, ao lado de Gustavo Insekto. A partir dos contatos por carta, o material ia circulando. Comprava-se discos, fitas ou camisetas en-

editor do zine mineiro Needle entre 95 e 98 e dono do selo Submarine Records+5. Nada era descartável. No mínimo serviria de moeda de troca para conseguir outras coisas. Era dessa maneira que bandas de “fora do eixo” apareceriam pelo mundo. Entrevistas feitas por carta, troca de flyers de bandas, vendas de K7 por catálogos impressos. Os zines uniam essas pessoas. Tendo o correio como principal via de comunicação, os endereços e caixas postais para contato eram informações fundamentais, seja no editorial, entrevista, resenha ou onde mais fosse possível. Assim como acontece hoje, com a internet, qualquer pessoa, mesmo na menor cidade do País, poderia ter acesso ao que gostava—bastava interesse, vontade de mandar cartas e o endereço de um fanzine para abrir as portas da percepção. De certa forma o mundo também estava ab-

“Eu entrevistei o Fugazi em 1996/97 por carta. Foram meses para um processo de pergunta E resposta se concretizar.” Frederico Finelli

[+2] introductfanzine. blogspot.com/ [+3] O papel carbono servia para que as máquinas de raios-X dos Correios não identificassem o dinheiro. [+4] Ótimo blog para encontrar demos antigas em K7 demospradownload. blogspot.com [+5] submarinerecords. net

rolando o dinheiro em duas folhas de papel carbono+3 dentro da carta e torcendo para que a banda mandasse o material de volta. A pirataria de fitas K7 era na verdade um tráfico de informação, um tesouro repassado só para os amigos. “Os blogs que hoje distribuem discos inteiros são os mais próximos do que fazíamos antigamente”, analisa Alexandre Cruz. A diferença está toda no tempo. Assim como as fitas+4 demoravam para chegar nas mãos das pessoas, elas eram ouvidas na íntegra, com um prazer diferente do que hoje é o MP3. “Era uma ansiedade imensa (risos). Lembro de ficar folheando páginas de zines repetidamente pra ver, sei lá, a foto da banda ao vivo ou a capinha da demo, ou vinil e tentando imaginar [a música]. E a relação com o carteiro? Todo dia era uma expectativa pra ver se chegava uma carta, um catálogo de discos, um material”, relembra Frederico Finelli,

erto aos zineiros. Mesmo as bandas de fora se dispunham a manter contato e enriquecer essas mídias independentes. “Eu entrevistei o Fugazi em 1996/97 por carta. Foram meses para um processo de pergunta e resposta se concretizar. Acho a internet incrível, mas por outro lado, possibilita um desfoque; é muita informação, muita urgência e na maioria das vezes tudo vira um nada” conta Finelli. Todos essas cartas geravam um problema na hora de bancar os altos gastos com o correio. Nessa hora, o espírito transgressor que estava presente no conteúdo refletia-se também em uma artimanha. Bastava descolar o selo com vapor d’água, retirar o carimbo com uma daquelas pastas de dente cheias de bicarbonato de sódio e ele estava pronto para mais uma missão. “Eu morava no interior e isso era minha porta pro mundo. Uma maneira de extravasar a vida


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052\\ noize.com.br

chata naquela cidade. Eu escrevia cartas compulsivamente—15, 20 por dia. E todo dia chegava material, era só esperar o carteiro”, relembra Villaverde. A paixão A cultura dos zines serve-se da paixão, do amor por determinado assunto ou prática. Um grande desejo de expressão de ideias, pensamentos, críticas, ou o que for, e o orgulho pessoal de ver a repercussão pública de algo absolutamente autoral e sem fins lucrativos. “O fanzine me dava um prazer imenso e muita satisfação pelo simples fato de divulgar as coisas que achava legais e que mereciam um espaço”, resume Marlos de Souza, editor do gaúcho And Chimarrão For All. Tudo isso aproxima os zines da cultura alternativa ou punk, por mais desgastados que estejam os termos. Diz-se por aí que o primeiro zine como conhecemos hoje surgiu junto ao movimento punk na Inglaterra da década de 70 e chamava-se Sniffin’Glue. Outra versão diz que eles nasceram nos EUA, em plena grande depressão da década de 30. O primeiro fanzine (fan + magazine) teria se chamado The Comet, e falava de cinema e literatura de ficção científica. A verdade é que desde o surgimento da imprensa no final do século XVI com Gutenberg, diversos zines já devem ter rodado o mundo sem que fossem chamados assim. No fim das contas, qualquer coisa que se classifique como zine será um. Os focados em música, especificamente, possuem alguns elementos que se repetem e que são importantes fomentadores da cultura. Os reviews de discos, por exemplo, tinham um impacto fortíssimo, basta pensar que eles eram a principal fonte de informação sobre o som das bandas. “Os fanzines eram o primeiro lugar pra onde as bandas mandavam seu material. Para elas, ver uma resenha de show, ou de demo tape em algum fanzine era como sair na Rock Brigade”, explica Marlos. As entrevistas, claro, eram uma análise mais detalhada dos grupos e a parte que exigia mais esforço jornalístico. Sem a possibilidade de ouvir o som imediatamente, a postura adotada nas respostas ganhava bem mais relevância. Outra parte importante contava a quantas andava o cenário de alguma cidade, quem

estava tocando, lançando ou surgindo. Com os fins lucrativos deixados de lado, falar de outros zines também era algo comum, numa espécie de mini-resenha com o endereço de contato. Tudo para que a “xerox mania” se disseminasse. Uma evolução natural A chegada da internet transformou os zines em algo praticamente impensável de se fazer hoje em dia. A facilidade de se criar um blog online, podendo ser atualizado constantemente e com (supostamente) a mesma liberdade, foi deixando o papel, a cola e a tesoura quase obsoletos. “Um moleque hoje dificilmente vai ter saco pra ficar sentadinho lendo um zine. Ele está é logado num site de rede social pirando em outras coisas e baixando o “track 04” que ele nem sabe de qual disco veio”, cutuca Fred Finelli. Aquela habilidade e esforço exigidos para a criação de um impresso foi substituída pelo template pronto de um blog, uma evolução natural. Porém, assim como a internet não acabou com a televisão, que não derrubou o rádio, que não deixou o jornal ultrapassado, os blogs não substituem os zines. Apesar de todas as facilidades criadas pelo mundo online, o papel guarda um prazer tátil, além do poder da mobilidade. Ainda não estamos bem equipados o suficiente para ler a NOIZE online ou um blog—seja usando iPads, Kindles ou o que for—no ônibus, numa fila ou no banheiro. “Eu gosto de blog, sou fã, mas o zine eu levo para onde quiser, é papel, fica. Esse zine aqui (mostra) tem 13, 14 anos e tá aqui, cara. Não é a mesma coisa que ler no computador”, explica Daniel Villaverde. A estética também é importante. As artes em xerox, muitas vezes toscas, outras vezes geniais. A letra da máquina de escrever, que identifica o esforço. Todo esse romantismo não morre. Mesmo que a comunicação tenha mudado completamente, nada tira o valor de uma boa informação, especialmente se ela chegar até as suas mãos. No fim das contas, o que se perde com o aparente sumiço dos zines é maior do que o que se ganha com a internet.


XEROX CULTURA //053

Em sentido horรกrio: Maximum RocknRoll, AAAH!, Enxofre, Escarro Napalm


054\\ noize.com.br

Mini Veste: CAMISETA Vulgo MUNHEQUERA Acervo

WALVERDES Mini e Marcos estavam lá quando um núcleo de amigos se juntou para formar a adolescente e explosiva Walverdes em 1993. Eles também assistiram à gravação da Demo Amarela+1 no provável primeiro estúdio de Thomas Dreher em 1995, e acompanharam de perto a repercussão do álbum 90 Graus, lançado pela Monstro Discos em 1998. A dupla assistiu à entrada de Patrick na banda, o debut em festivais nacionais e a participação do power trio no Video Music Brasil de 2006. Em quase duas décadas, eles estão sempre presentes quando os barulhentos da Walverdes sobem no palco para honrar o lugar cativo que têm no coração do underground brasileiro. Não é por acaso: Mini, Patrick e Marcos são a Walverdes, e a gente resolveu falar com eles para saber um pouco do que existe por trás de tanta história.

Fotos, Direção de Arte e Produção: Marco Chaparro e Rafael Rocha Texto e Entrevista: Maria Joana Avellar Agradecimentos: Eduarda Medeiros, Antônio Torriani.




Marcos Veste: CAMISETA Sound And Vision JAQUETA Vulgo JEANS King 55


058\\ noize.com.br

[+1] A Demo Amarela está disponível para baixar em tiny.cc/walverdes [+2] tiny.cc/walvhist [+] No blog walverdes15.blogspot. com a banda comemora os anos de estrada relembrando causos e casos perdidos no passado.

Mini, para você letra e música estão subordinados um ao outro? Letras como a de “Altos e Baixos” mais parecem desabafos curtos, compostos independentemente da melodia e do ritmo da música. Mini: Não sei se tem alguma regra, mas no nosso caso eu acho que a batida da música é a lei. As letras não obedecem sempre à harmonia ou à melodia, mas seguem o ritmo, sem dúvida. É um processo bem intuitivo, a gente encaixa a letra à medida em que vai tocando, na base do “Funciounou? Beleza, vamos adiante”. Vocês acham que mudaram a fama de “alucinados e antipáticos” (nas palavras do Mini) que tinham em 1994? Mini: Não, não, agora a gente é bem mais calminho e amigo. O que não adiantou muita coisa... Conforme vocês cantavam em “Novos Adultos”, vocês têm alguma bitolação em se manter fiéis ao rock e distantes da MPB? O grunge, o rock garageiro, o rock ‘n’ roll dominam os fones de ouvido de vocês? Mini: Não, esse lance de fidelidade ao rock eu acho bobagem. Essa letra é meio radical demais, é coisa de um desabafo de uma época. Eu não sou de forma alguma roqueiro fundamentalista, aliás, acho o rock péssimo enquanto religião porque engana todo mundo com fantasias de eterna adolescência. E a maior parte dos deuses do rock ou vira pó muito cedo ou caricatura, dois destinos não muito almejáveis, vamos combinar. Cara, olha o que é a biografia do Dee Dee Ramone. O cara era um grande compositor, mas aquilo lá é deprimente... Patrick: Eu gosto de MPB anos 60 e 70, no meu pen drive tem Jobim, Chico, Caetano, Zé Ramalho, Belchior, Rita Lee, Raul... Mas na real escuto muita coisa além de rock, escuto reggae antigo, funk antigo, trash anos 80... Naquela história dos Walverdes escrita pelo

Patrick Veste: CAMISETA Sound And Vision CAMISA FLANELA Vulgo JEANS King 55

Mini+2, ele conta que a preguiça foi uma das coisas que impediu a banda de crescer. Mas, muitos músicos preferem que tocar não seja uma obrigação, seja algo só pra divertir e tal. Vocês se arrependem de alguma coisa? Mini: Depois do 90 Graus a gente deixou de ser preguiçoso e a coisa toda andou melhor. Mas não tenho nenhum grande arrependimento. A gente fez o que dava pra fazer em cada época. Agora, definir a banda como diversão é muito pequeno porque acho que ela é bem mais que isso, mesmo que não seja nossa atividade principal. Quando a gente sai pra tocar, tem compromisso com o dono do bar ou o organizador do festival, tem um mínimo de qualidade que tem que apresentar, tem o nosso compromisso conosco mesmo de gostar de tocar. A gente não pode mais fazer fiasco, saca? Mas a gente também não pesa demais o assunto. Eu aprendi muito vendo outras bandas em festivais. Tem gente que acaba tendo ataques histéricos por qualquer problema e só se estressa. É tênue a linha entre a busca por qualidade e o papel de diva. Como definiriam o momento que a banda vive no presente? Quais os projetos de vocês para o futuro? Patrick: Momento “vamos lançar o disco novo logo”, que embaço isso. Falamos recentemente sobre gravar um EP de covers, cada um escolher duas músicas.Vou escolher RUSH! O slogan continua “Rock Pauleira, Conciso e Eficiente Desde 1993”? Mini: Não usamos mais isso. Mas continua sendo um bom resumo.



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vizupreza

_por lidy araújo lidyaraujo. c om. b r

guitar de luxo_

DESPERTADOR INIMIGO_

COMO TROCAR DE ROUPA_

Isto não é apenas uma guitarra, mas uma preciosidade, tanto que existem apenas 10 unidades à venda e ainda é preciso encomendar. Trata-se da Gibson SG, aquela usada por Angus Young, que foi customizada pela Evoke.

Está declarado o fim dos cinco minutinhos a mais de sono. O despertador do Darth Vader tem display digital e, quando o alarme toca, projeta a silhueta do vilão na parede. Já está em pré-venda, mas é ainda um protótipo e pode sofrer modificações.

Tarefa ingrata é escolher uma entre as mais de cem variações dos fones de ouvido da Kotori. Se nenhuma agradar, é só fazer a sua própria combinação pros 10 componentes do gadget. Além de lindos, têm ótima qualidade de áudio.

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KOMBOSA SONORA_

REALITY SHOW_

HAVE FUN ON STAGE_

A VW Bus Speaker é uma caixinha de som para iPod. Com entrada USB, ela também pode ser usada no computador. A Kombi tem ainda relógio digital no vidro traseiro, rodas que se movimentam e faróis que acendem. E está em promoção.

O nome já diz tudo: Minoru 3D Webcam, uma webcam em terceira dimensão, que pode ser usada em programas de batepapo, como MSN e Skype, e também na produção de fotos e vídeos. O único porém é a necessidade dos óculos 3D.

Que tal subir ao palco tocando um foguete? Por mais inusitado que pareça, é possível. A Celentano Woodworks fabrica, artesanalmente, instrumentos lúdicos que funcionam de verdade. A marca ainda aceita encomendas customizadas.

Preço: US$ 70 em urbanoutfitters.com

Preço: £ 40 em firebox.com

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_FOTO TATU | flickr. c om/tatu43

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reviews

_E aí, quer ver sua foto publicada nesta seção? Mande um email com uma foto em alta resolução (300dpi) que represente a sua visão da música para FOTO@NOIZE.COM.BR


Charlotte Gainsbourg

YEASAYER

IRM

Por mais que o sobrenome a anteceda, Charlotte Gainsboug não se contenta em ser uma cria. Depois de fazer o que se esperava dela nos dois primeiros discos—e de já ter se embrenhado em universos bizarros do cinema, com ótimas atuações como em Anticristo—, agora ela aparece num clima super-relax em IRM. No álbum, todas as faixas são compostas e produzidas pelo camaleônico Beck, exceto “Le Chat Du Café Des Artistes”, com letra de Jean-Pierre Ferland, a única que destoa na atmosfera do CD. Mesmo causando estranheza, já que nos habituamos a ouvi-la sussurrando em francês, a moça se aventura no rock de “Greenwitch Mean Time” e no pop “Heaven Can Wait”. IRM traz a bela e sexy voz de Charlotte envolta em arranjos feitos sob medida. Ana Luiza Bazerque

Odd Blood

Inspirado em ritmos da África, o primeiro álbum do Yeasayer, All Hour Cymbals (2007), falava na relação do homem com a natureza sem soar tolo demais. Em Odd Blood, os americanos voltam com esse tom ritualístico. Os vocais de Chris Keatin dão unidade ao trabalho – e não raro aparecem sob efeito de vocoders. “Ambling Alp” tem belas melodias de teclado, além de uma percussão cheia de tamborins e chocalhos. Para quem gosta de linhas de baixo dançantes, “O.N.E.” é a pedida. Ainda que não haja nenhuma música tão boa quanto “Wait for the Summer”, de All Hour Cymbals, Odd Blood segura o Yeasayer numa posição relevante no novo rock psicodélico americano. E também funciona como trilha para espíritos sonhadores. Marcus Vinícius Brasil

VAMPIRE WEEKEND Contra

Baixa estatura e cara de criança: os rapazes do Vampire Weekend parecem ser tão novos que mal se dá a atenção para a maturidade musical que já tinham em seu primeiro CD – mas, mesmo assim, ela está lá. Em Contra isso fica ainda mais explícito: Apesar das percussões à la África terem menos espaço, o Vampire acerta nos riffs de guitarra acelerados que consagram o single “Cousins”. O clima festivo e divertido de “Holiday” também marca pontos, mas não é só de alegria que vivem os vampiros. A trinca que encerra o álbum implica certa reflexão com “Giving Up The Gun”, que ganhou clipe com Jake Gyllenhaal (!) e Joe Jonas (!!!), “Diplomat’s Sun”, história de amor firmada sobre samples de M.I.A., e a soberba “I Think UR a Contra”. Alex Correa

MASSIVE ATTACK Heligoland

Com uma lista de participações que inclui nomes da geração 2000 – Tunde Adebimpe, do TV on The Radio – e da passada – Damon Alburn, do Blur e Gorillaz –, Heligoland é marcado pela melancolia em suas dez faixas. Depois da angustiante abertura de “Pray for rain”, com Adebimpe nos vocais, a quase dançante “Babel” ensaia um anúncio de ares menos cinzentos na doce voz de Martina Topley Bird, o que logo vai abaixo em “Splitting the atom”, com a parceria Horace Andy, amigo de longa data da dupla. “Saturday come slow” une a interpretação mais do que inspirada de Alburn com o melhor arranjo do disco. Já “Flat of the blade” é a síntese do que o disco e, em geral, a obra do Massive Attack exigem: audições cautelosas, que mostram nuances anteriormente despercebidas. Lucca Rossi

HOT CHIP One Left Stand

Os ingleses do Hot Chip não atingiram por completo o declarado objetivo do novo álbum: fugiram do que se esperava, mas não escaparam da mesmice. Todas as músicas seguem a linha romântica da faixa-título, e em poucas delas, como “Thieves in the Night”, sobrevive um resquício do vigor e da batida marcante, forte e pegajosa de singles anteriores como “Over and Over” e “Ready For the Floor”. Mas, mesmo sem fazer dançar, o disco pode possibilitar agradáveis momentos, seja no auto-tune discreto de “I Feel Better”, nos sintetizadores carregados de “We Have Love” ou no vocal feminino de “Alley Cats”. Ainda assim, tão coeso e harmônico quanto decepcionante e morno, One Life Stand pode muito bem estar condenado a uma sobrevida. Maria Joana Avellar

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Joanna Newsom Have one on me

Escute também: VU, LOADED,

Depois de um hiato de pouco mais de três anos após o lançamento do elogiadíssimo Ys, Joanna lança Have one on me. E se reinventa inimaginavelmente. Os arranjos saem de “voz e harpa” e chegam a um outro patamar de complexidade. Mesmo a voz de Joanna muda: nódulos nas cordas vocais suprimiram aquela agudez quase infantil. O álbum é uma obra barroca – cada detalhe planejado de forma acurada, e, entrementes, cheia de leveza – compassos e crescendos vertiginosos – com ápice em “Baby Birch” e “Does not suffice”. As letras continuam impecáveis – “On a Good Day” e “Jackrabbits” trazem uma Joanna menos tímida, mas com a mesma poesia latente que faz fãs mais antigos fecharem os olhos para captar cada palavra de seu extenso vocabulário. Fernanda Grabauska

DiscografiaBásica

NEVILTON Pressuposto

No ano passado, o Nevilton, power trio de Umuarama (PR), despontou como grande promessa do indie nacional. Pressuposto, seu mais recente EP e o primeiro lançado oficialmente, segue apresentando o rock garageiro misturado com influências de música brasileira da banda. A bem construída “Pressuposto”, que estará no já gravado primeiro disco, ainda sem data de lançamento, combina riffs poderosos com vocais rasgados e melódicos na medida certa, enquanto que a bela “Singela”, com introdução impecável, mostra que, com a distorção desligada, o trio também funciona muito bem. “Vitorioso adormecido”, outra do futuro álbum de estreia, gruda na cabeça já nos primeiros versos: “Ele tem/ mania de ser João Ninguém”. Tudo indica que em 2010 a promessa se concretizará. Lucca Rossi

VELVET UNDERGROUND

por Gabriel Resende

VELVET UNDERGROUND & NICO | O primeiro disco do Velvet Underground é contemporâneo do Sgt. Pepper’s e do The Piper at the Gates of Dawn, mas os new yorkers não colheram os louros do sucesso como os ingleses. Ao menos, não imediatamente. O encontro entre a poesia devassa de Lou Reed e a viola hipnótica de John Cale, com alguns vocais de Nico, não agradou Columbia, Elektra e Atlantic, que se recusaram a lançar o disco, e nem os radialistas, que, depois do lançamento pela Verve, negavam-se a tocar a subversão musicada. Odes à heroína e ao masoquismo abriram caminho tanto para o punk quanto para o DIY do indie e fizeram do “disco da banana” o álbum mais profético do rock, como bem disse a revista Rolling Stone. WHITE LIGHT/WHITE HEAT | Se a primeira gravação do The Velvet Underground havia soado

suja, a segunda soaria imunda. A microfonia reinava nas apresentações ao vivo da banda, que havia encontrado uma maneira de estourar a potência de seus amplificadores em nome de algo novo. Traduzido para estúdio, o vômito barulhento que vestia jaqueta de couro e óculos escuros se transformaria em músicas de dois dígitos de duração com solos atordoantes e gordos, a marca registrada do disco. Segundo o guitarrista Sterling Morrison, os engenheiros de som avisavam, durante a gravação, que os amplificadores estavam prestes a explodir, mas a banda queria testálos até o limite. A despedida de John Cale é suja e bela. THE VELVET UNDERGROUND | A substituição de John Cale por Doug Yule significou uma

grande virada na postura sonora da banda. As canções registradas no terceiro disco revelavam um Lou Reed extremamente talentoso para composições mais “pop”, o que se confirmaria nos próximos anos. Contendo algumas das músicas mais originais do Velvet, como “Jesus”, “Some Kinda Love” e a belíssima “Pale Blue Eyes”, o álbum conta com uma mixagem alternativa, feita pelo próprio Lou Reed, entitulada The Closet Mix. “After Hours”, por sua vez, antecipa em 20 anos Cat Power e as moças de voz doce.Vale a pena conferir o Velvet Underground na corda bamba entre o pop facilmente digerível e a sutileza que só os gênios atingem.


Adam Green Minor Love

Minor Love foi produzido em um “estado de completo isolamento”, segundo Adam Green. Quase todos os instrumentos foram gravados pelo cantor e, à exceção de Rodrigo Amarante, quase nenhum músico era permitido no estúdio. O clima de afastamento é perceptível no disco. As composições têm certo despreocupamento, diferentemente de suas últimas obras. O ar é irônico, mas triste. Em faixas como “Give Them a Tolken” e “Goblin”, o minimalismo fica evidente. “What Makes Him Act So Bad” parece uma (ótima) faixa perdida de Velvet Underground. Em “Lockout”, uma guitarra distorcida e uma percussão mal tocada lembram uma gravação caseira. Minor Love é uma miscelânea pop, típica de um artista cheio de referências, criativo, problemático e genial. Gustavo Foster

LOS CAMPESINOS! Romance is Boring

Los Campesinos! se mostram ainda jovens, não tão saltitantes, e sim mais ácidos e diretos. As letras brutalmente honestas de Gareth são gritadas por um compositor menos pretensioso em meio a melodias que ganharam complexidade.“The Sea is a Good Place to Think of The Future” é um belo exemplo de uma banda crescidinha– ao seu jeito weirdo de ser. “There are Listed Buildings” pode ser colocado diretamente no repeat. “In Media Res” é o ápice, surpreende ao mergulhar em distorções eletrônicas sem medo e nos momentos certos. Alguns podem argumentar que sentem falta do instrumental desvairado dos primeiros trabalhos, mas a verdade seja dita: numa montanha russa, as descidas são bem mais intensas quando a subida é lenta. Carolina de Marchi

Karina Buhr Eu Menti Pra Você

Quando for às ruas esta edição, muitos jornais terão falado bem de Karina Buhr. Um pouco de predição, outro tanto de bom senso permitem fazer essa afirmação com segurança. Representante da boa música de Recife, Karina rima com a conterrânea Lulina também na voz econômica que, acompanhada por instrumentistas do mais alto escalão (Fernando Catatau, Marcelo Jeneci e sua cia. prolífica), canta letras singelas e diretas. Depois de entoar ciranda (“O Pé”), ironiza: diz que vai “fazer ciranda pra entrar na lei do incentivo”. Inovadora e tradicional como Recife, Karina (que é ex-Comadre Fulozinha) é surpreendente e ao mesmo tempo consciente da ironia que emerge da sinceridade de suas melodias pop. Fernando Corrêa

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ta por vir .: 05/04/2010_ Jónsi | Go “Ia ser um álbum acústico e quieto, mas eu queria sair um pouco disso, e, de alguma forma, explodiu” falou o ex-Sigur Rós Jónsi Birgisson, sobre o novo disco “Go”. Desde o lançamento da música “Boy Lilikoi” (que foi disponibilizada gratuitamente para download em dezembro), o disco é um dos lançamentos mais aguardados tanto pelo público quanto pela imprensa. Recentemente, o músico lançou o vídeo “Go Do”, promo do disco que está por vir. Confira no YouTube.

confira Nneka Concrete Jungle ___Primeiro álbum da nigeriana Nneka a ser lançado nos EUA, Concrete Jungle mostra uma nova cara no mercado liderado por nomes como Lauryn Hill e Erykah Badu. Misturando R&B, hip hop, guitarras e reggae, o disco cumpre seu papel.

Spoon Transference ___Instituição do indie rock, o Spoon lança seu 7º LP, Transference. Depois do relativo sucesso em 2007, com Ga Ga Ga Ga Ga, a banda parece tentar fugir do rótulo de “banda para poucos”. Com o bom Transference, é provável que isso aconteça.

Numismata Chorume ___Dizer que uma banda mistura psicodelia e samba pode soar antigo, mas o extremamente paulista Chorume é autêntico e urbano em todos os sentidos. O disco faz, a sua maneira, uma etnografia musical delicada de São Paulo.

redescoberta Booker T. & The M.G.’s McLemore Avenue (1970)

Gravar Beatles é sempre um perigo. Gravar um álbum inteiro dos Beatles é um risco ainda maior. Quando a obra em questão é o Abbey Road, cuja excelência foi imediatamente abraçada por público e crítica – aí a coisa se torna desafiadora. McLemore Avenue é o famoso disco dos Fab4 pelas habilidosas mãos do Booker T. & The M.G.’s. O lendário grupo da Stax não esperou nem um ano para revisitá-lo, com a ausência de três canções – Maxwell’s Silver Hammer, Octopus’s Garden e Oh Darling. Os M.G’s desconstruíram o disco, organizando tudo em três grandes medleys e uma versão matadora de Something. Uma apropriação instrumental que revela ainda mais a força épica do canto dos cisnes não só dos Beatles, mas de toda uma década.


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cinema ONDE VIVEM OS MONSTROS

Diretor_ Spike Jonze Elenco_Max Records, Catherine Keneer, James Gandolfini e Catherine O’Hara Lançamento_ 2010 Nota_ 4,5 de 5

Max, um menino de nove anos, faz bagunça em sua casa e é mandado para a cama sem jantar. A partir disso, fantasia uma floresta e uma longa travessia por um mar violento, até chegar ao lugar onde vivem os monstros, onde é coroado seu rei. A história de Onde vivem os Monstros, livro infantil escrito e ilustrado por Maurice Sendak, é composta por onze frases e uma porção de belíssimas ilustrações. Que o diretor Spike Jonze (de Quero ser John Malkovich e Adaptação) e o escritor Dave Eggers (editor da McSweeney’s) tenham feito deste material um longa-metragem é surpreendente. No aspecto técnico, o filme é um primor, com uma direção de arte e efeitos especiais que impressiona pela sutileza, em especial

na expressão dos monstros. A trilha de Karen O. and the Kids é divertida (embora a ausência de “Wake Up”, do Arcade Fire, que tanto tocou nos trailers do filme, tenha feito falta). Mas mais surpreendente ainda é a profundidade emocional que o filme abraça, reunindo nas figuras deprimidas dos monstros a essência dos sentimentos infantis de insegurança, deslocamento, ciúmes, amor, agressividade e, pairando acima de tudo, a solidão. Na dinâmica das relações entre os monstros, podem ser espelhados toda a gama de sentimentos e ressentimentos humanos. Onde Vivem os Monstros é um destes filmes que, embora classificado como infantil, tem nos adultos o seu público ideal. Samir Machado

PRECIOSA

Diretor_ Lee Daniels Elenco_ Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Rodney Jackson, Paula Patton, Mariah Carey, Lenny Kravitz Lançamento_ 2010 Nota_ 4,5 de 5

Claireece Precious Jones, protagonista do perturbador Preciosa – Uma história de esperança, tem 16 anos e o que pode se chamar de um arremedo de vida. Obesa, semianalfabeta e grávida pela segunda vez do próprio pai – o primeiro filho tem síndrome de down –, Precious, interpretada pela estreante Gabourey Sidibe, vive com a mãe, que a violenta moral e fisicamente. Com roteiro adaptado de Push, novela da poeta negra Sapphire e com cinco indicações ao Oscar deste ano, incluindo a de melhor filme – a primeira para um cineasta negro na história – e direção, para Lee Daniels, o longa se apoia nas atuações mais do que marcantes de Sidibe, que concorre a estatueta de melhor atriz, e de M’onique, de atriz

coadjuvante, na pele da violenta mãe. No filme, Precious torna-se síntese de um problema que até hoje – a história se passa no final da década de 1980 no Harlem, bairro de maioria negra e hispânica de Nova York – marca a sociedade americana: o abismo existente entre negros e brancos e a total falta de perspectiva para um jovem negro nascido no gueto. Apesar do sofrimento, Precious parece não ter força para reagir à mãe.A ajuda, então, vem de fora. Expulsa da escola, ela é indicada pela diretora a outra, que atende jovens com problemas de aprendizado. Incentivada pela professora, começa a ler e a escrever o que sente. É o início tardio de uma vida que até ali não existira. Lucca Rossi


cinema

THE DRIFTER

AMOR SEM ESCALAS

The Drifter vai a fundo na vida “zen” do lendário surfista Rob Machado. A produção (dirigida por Taylor Steele e lançada pela Hurley) mostra um Rob ainda mais bicho-do-mato, cansado da vida de world tours e à procura de uma experiência transformadora. É na busca por respostas e pela chance de surfar ondas perfeitas sem crowd que ele segue para uma remota ilha da Indonésia. Nos deparamos com um cenário exuberante, ondas perfeitas e ângulos inusitados, muito bem explorados pelo diretor de fotografia Todd Heater. Se pode parecer estranho o surfista estar à procura de privacidade enquanto dois homens filmam todos seus passos, a bela trilha sonora, incluindo MGMT, Raconteurs, José González e próprio Rob com Jon Swift, compensa. Manu D’Almeida

Dirigido por Jason Reitman, de Obrigado por Fumar e Juno, traz George Clooney como um funcionário terceirizado cuja ocupação é demitir pessoas, trabalho de natureza desagradável que encara com otimismo e um certo senso de dever. Entre hotéis e aeroportos, defende seu modo de vida isolado e sonha em acumular 1 milhão de milhas aéreas, até ter sua posição ameaçada por uma novata (Anna Kendricks), com uma proposta de demissões via internet. O filme se apoia sobre três bases bastante sólidas: as excelentes atuações de Clooney e das duas mulheres (Vera Farmiga interpreta uma mulher com maturidade e realismo pouco vistos em filmes), os ótimos diálogos e a atualidade da história, frente ao cenário recente da Crise Mundial. Samir Machado

de Taylor Steele (2010)

de Jason Reitman (2010)

livros

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como a geração sexo drogas e rock’n’roll salvou hollywood de Peter Biskind (2009)

Imagine um livro que conta como os cineastas da década de 70 – Spielberg, Lucas, Scorsese, Coppola, Altman, Ashby, Friedkin – tomaram o poder dos grandes estúdios de Hollywood e, de brinde, ainda apresenta as fofocas e os bastidores do período. Um exemplo: você sabia que Martin Scorsese ouvia London Calling enquanto o set de filmagem não estava pronto? Peter Biskind conseguiu tudo isso em seu Como a geração sexodrogas-e-rock’n’roll salvou Hollywood. É a história da Nova Hollywood, capaz de gerar poder e dinheiro na mesma proporção em que destrói os personagens desse sonho. Que eles não sejam apenas vítimas, mas também protagonistas da própria derrocada, só a torna mais atrativa. A ganância, a megalomania, os excessos – está tudo em detalhes, muitas vezes nada honrosos, mas que dão um panorama claro e devastador da máquina de sonhos chamada Hollywood. Gabriel Innocentini

Redescoberta QUANDO EXPLODE A VINGANÇA (1971) Quando Explode a Vingança pode ser visto com olhos de caça e de caçador. Como caça, o espectador está diante um maravilhoso western spaghetti, talvez o melhor, cheio de cenas dignas de antologia. Como caçador, também tem muito a ganhar, pois o filme de Sergio Leone é um dos mais contundentes tratados sobre a ressaca revolucionária dos anos 70. Debruçando-se sobre a Revolução Mexicana do início do século XX, o cineasta consegue colocar em evidência o desmoronar das utopias políticas pós-1968. Lá estão a referência maoísta, o IRA e uma enorme melancolia que – realçada pela música fantástica de Ennio Morricone – percorre as imagens até o fim. Leonardo Bomfim


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SHOWs

fotos: 1 | Henrique Sauer

2 | Felipe Neves

3 | Victor Sá 4| | Eduardo Macarios

1

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COLDPLAY

METALLICA

São Paulo, Praça da Apoteose, 28/02

Porto Alegre, Parque Condor, 28/01

O Coldplay se anunciou com a valsa “O Danúbio Azul”, de Strauss, emendada com a instrumental e convidativa “Life In Technicolor”. A sequência inicial deixou o público extasiado: passada “Violet Hill”, vieram “Clocks”, com raios de luzes passando por toda a Apoteose, “In My Place”, que teve seus refrões cantados a plenos pulmões pelos cariocas, e a fulgida “Yellow”, em que a manjada presença de balões de ar alegrou os fãs novamente. A cia. de Chris Martin não trouxe às terras tupiniquins sua maior estrutura – na América Latina, foi o palco B do Coldplay que entreteve o público. Ao todo, o palco contava com três setores – um deles, o mais próximo da pista, recebeu o grupo para uma versão acústica de “Shiver”, que não animou. A combinação criada por equipamentos luminosos em movimento, Chris Martin saltando de um lado pro outro e chuvas de borboletas brilhantes fez com que “Lovers In Japan” alcançasse a excelência, vindo logo atrás de “Viva La Vida”, obviamente, que funciona ainda melhor ao vivo do que no estúdio. Ainda houve espaço para a inédita “Don Quixote”, recebida com apatia. As viagens visuais nos telões eram experiências à parte. “Glass of Water”, lançada no EP Prospekt’s March, ganhou um dos backgrounds mais legais da noite, apesar de ser pouco conhecida. Do EP, também apareceram a lullaby “Postcards From Far Away” e a deliciosa “Life In Technicolor II”, selecionada para fechar a apresentação com direito a chuva de fogos. Alex Correa

Tem coisas na vida que são injustas – uma delas é esperar 11 anos para poder rever o Metallica.Vou usar frase pronta e dizer que a espera valeu a pena. Noite quente, com uma lua cheia, brilhante e chamativa – alguém lembra desta mesma lua quando foi tocada “One” na primeira vez da banda em Porto Alegre? Eram mais de 21h30min quando The Good,The Bad and The Ugly começou a passar no telão. “Creeping Death” inaugurou o set com a força que os headbangers esperavam, e gritos de “die, die, die!” ecoavam no local. Na sequência, dois sons de Ride the Lightning: “For Whom the Bell Tolls” e a faixa-título, coroada pela gafe de James Hetfield se dirigindo à plateia: “Welcome to Metallica’s first time here”. Mais curiosa ainda foi a música seguinte, “The Memory Remains” – única da fase Load/Reload presente no show – nem toda memória permanece, não é, Mr. Hetfield? O restante do set foi um passeio pela história da banda, com destaque para Ride the Lightning e Black Album, e omissão total do controverso St. Anger. Além de tocar com muita vontade, a banda é puro carisma. Rob Trujilo parece um adolescente, pulando com o baixo; Kirk Hammet e seus acenos conquistam o público; Lars Ulrich diverte com suas caretas; James se comunica com os fãs o tempo todo e mantém a energia. Erros durante o show? Sim, principalmente de Lars. Hetfield já não canta tão rasgado? Não. Mas qual a graça de ver um show exatamente igual ao CD? Bom mesmo é esse Metallica, visceral, pesado e, sem sombra de dúvida, magnético! Ricardo Finocchiaro


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3

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GRITO ROCK SP

THE NAME

São Paulo, Studio SP, 12/02

Curitiba, James Bar, 18/02

O maior Festival Integrado da América Latina, o Grito Rock foi realizado pela terceira vez na capital paulista, em plena sexta-feira de Carnaval. Organizado pelo Amerê Beta Coletivo, o Studio SP recebeu as atrações do Circuito Fora do Eixo, realizador do evento em mais de 80 cidades.A primeira banda a se apresentar foi o Porcas Borboletas, de Uberlândia (MG). Na estrada com A Passeio, seu segundo álbum, o show deles está chegando ao seu ápice—tanto na pressão do instrumental base e na percussão afro-descendente, quanto nos efeitos, que são um espetáculo à parte assim como os vocalistas personas à frente no palco. O público já conhecia grande parte das músicas satiricamente narrativas, com riffs propositalmente tortuosos, descendentes da vanguarda paulistana. Na sequência, a atenção foi voltada para o Macaco Bong, de Cuiabá (MT), que logo no início fez com que todos chegassem juntos à mesma sintonia do universo instrumental erótico que os consagraram como um dos melhores discos e shows dos últimos anos. Sem dúvida, é a banda referencial de uma nova era na cena independente, com uma expressão realmente inovadora. Eles tocaram algumas músicas novas que devem estar em um novo álbum, e mantiveram a energia no limite por mais de uma hora.Além disso, a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte trouxe a mixagem do melhor da música contemporânea brasileira para a pista, celebrando de maneira experimental o futuro que já começou. Jovem Pelerosi

A ressaca do carnaval não ajudou o The Name em sua passagem por Curitiba. O show do power trio de Sorocaba na quinta-feira, 18, penúltimo da turnê da banda pelo sul do Brasil, podia ter levado bem mais gente ao James. Pena de quem perdeu; vai ter que esperar para ver um dos shows mais enérgicos e divertidos da cena indie brasileira. O som do The Name é bastante calcado em Franz Ferdinand e Gang of Four: ênfase no baixo e na bateria, com a guitarra livre para brincar. Um dos motivos que os coloca à frente de tantas outras bandas com a mesma influência é a qualidade técnica dos três músicos, especialmente o baterista Alves—que alia uma pegada forte, perfeita para a pista de dança, a uma criatividade rítmica fora do comum. A apresentação foi rápida. O trio não precisou de muito mais do que meia hora para incendiar o James, com canções dançantes e divertidas como o novo single “You Want It Back Now”, lançado no final de 2009, e “Assonance”, que contou com a participação da “Subburbia”—quinteto curitibano que fez o show de abertura. Mas quem perdeu não precisa se desesperar. No palco, a banda não cansou de repetir que se divertiu como nunca na turnê. De acordo com o baixista “Molinari”, a banda deve voltar para a região no meio de 2010, depois de uma série de shows no Canadá e nos Estados Unidos—incluindo uma participação no renomado festival South by Southwest, que acontece em março, no Texas. As datas ainda não foram confirmadas. Chico Marés


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SHOWs

fotos: 5 | Elson Sempé Pedroso

6 | Guilherme Santos

5

6

THE CRANBERRIES

NO FUN AT ALL

Porto Alegre, Pepsi on Stage, 03/02

Porto Alegre, Teatro do Bourbon Country, 27/01

Enquanto o calor na Capital do Sul batia algum recorde que desconheço, o único ponto em comum da plateia do Pepsi On Stage naquela fervorosa e romântica noite de quartafeira era o fato de que todos os cabelos estavam presos. Uma das raras exceções era a imutável Dolores O’Riordan, que com um vestido brilhante e um casaco indefectível, ajudou a confirmar a onipresença do assunto—irlandeses não são mesmo acostumados a lugares tão quentes. Assim, quando o espetáculo sensorial da banda começou, a sequência de hits poderosos me fez pensar que se tratava de uma estratégia para abreviar o sofrimento. “How”, “Animal Instinct” e “Linger” foram cantadas em coro, com direito a meninas na garupa e celulares levantados. Mas mesmo que a set list tenha priorizado os sucessos, a tática era outra: o show foi crescente. As canções lentas culminaram em um final arrepiante, de clássicos explosivos como “Salvation”, “Ridiculous Thoughts” e “Zombie”. Por saber que aquelas músicas eram importantes na trilha sonora da vida dos presentes, Dolores permeou a apresentação com as histórias de cada uma delas, o que contribuiu para deixar o clima noventista ainda mais nostálgico. “Ode to my Family”, que trata de carência e amor, foi cantada direto do gargarejo pela vocalista. A atmosfera se concluiu no bis, que passou pela intensa “Promises” e fechou com a doce “Dreams”, entre incontáveis elogios ao carinho e à resistência física das testemunhas de uma noite tão quente. Em tantos aspectos. Maria Joana Avellar

Entrar em um shopping, limpo e com ar-condicionado parece estranho para um show de hardcore. Bem diferente do forno enfrentado pelos fãs de No Fun At All há 10 anos no Garagem Hermética, o show deste ano no Teatro do Bourbon Country foi mais um sinal da mudança dos tempos. A estrutura é incomparável, o público foi renovado e a lotação muito maior. Mas uma coisa não muda: quando soltam os acordes de músicas como “Believers”, “Beat’em Down”, “Catching Me Running Round” ou “Out of Bounds” a quebraceira entre aquela molecada (97% homens) é grande.O horário de shopping fez com que o show de abertura da Atrack fosse visto por não mais que 20 pessoas (das quais não me incluo). Logo depois, os suecos do NFAA subiram ao palco mostrando experiência pelos cabelos e intensidade pelo som. Logo na abertura com “Mine My Mind” e na sequência com “Believers” foi possível sentir a precisão e o timing com que a banda executa suas músicas. A estrutura de palco ajudou nesse sentido e a proximidade física com o público fez dos intervalos entre os sons um bate-papo com o vocalista Ingemar Jansson, que provocou: “Vejo muitas camisetas do Millencolin hoje… depois do show vocês podem ir ali comprar camisetas do No Fun At All”.Quem viu pode fazer a cabeça. O NFAA privilegiou músicas antigas, aquelas que a maioria do público foi ouvir, diferente do que faz na Europa. Bom pra nós e para eles, que pelo visto se divertiram junto. O show encerrou com “Master Celebrator”, claro. Bruno Felin











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Qualquer coisa

ALVES DA THE NAME FALA SOBRE... __WC TOUR| O grande

problema é que sinto uma necessidade fisiológica nos momentos menos propícios. Na beira da estrada, pouco antes de subir ao palco, no avião e por aí vai.
Mas nunca dou sorte; nesse momento tão íntimo e sincero, a última coisa que a gente precisa é alguém reparando no que você está realmente fazendo.
Pra dar um exemplo constrangedor, vou contar um fato que aconteceu em Ribeirão Preto. Quase chegando na cidade, paramos em um posto muito porco. Por mim tudo bem, tinha enfrentado cada lugar que esse eu ia tirar de letra. Mas quando entrei na cabininha e vi que não tinha água nem papel, resolvi (mentalmente)

que não era tão urgente, que poderia usar o banheiro do próprio bar.
Chegando no bar já tivemos que correr pra passar o som. E a vontade foi apertando. Acho que inconscientemente até toquei as músicas mais rápido.
Só sei que depois disso, saí correndo pro banheiro, já que o bar tava abrindo.
Poxa, o banheiro era até OK, mas só tinha uma privada. Sentei e fiquei segurando a porta, que estava sem trinco. Mas o segurança, visto a minha tamanha correria, estranhou. Deve ter pensado que eu estava cheirando ou que eu ia transar comigo mesmo. O maldito bateu na porta e falou pra eu sair da cabine! POXA. Tinha acabado de sentar. Agora não tinha volta, a calça já estava arriada.
Ele começou a forçar a porta e eu segurava. Pensei ter ganhado, mas o cara encasquetou e subiu na pia pra olhar o que eu tava fazendo lá dentro. O que ele viu: eu, cagando feito uma criança. 
Esse é o problema de depender de banheiros alheios. A palavra higiene é tão relativa nesse assunto. Tem lugares fora do padrão de vida saudável que eu preferiria fazer numa sacolinha no carro e guardar ou parar na primeira moita que visse. Mas isso nunca aconteceu (salvo excessões da minha triste infância subindo as serras no banco de trás do carro).
Um regra: fique de fora dos lugares que não tenham água e papel.Adivinha o que o úlimo necessitado que passou por lá fez sem água na privada? Cagou no chão.
Claro! Isso! Imagino que seja mais fácil dar

uma mangueirada numa pilha de fezes no cantinho do que jogar um balde de água na privada!
Agora, já dei muita sorte nas redes de postos maiores. Aquele banheiro brilhoso, lustroso e cheiroso! Me sinto tão bem que gostaria de um day-off ali perto só pra garantir um trono de rei.
O chão brilha, a privada é limpa, o papel higiênico não é rosa e não lixa o seu traseiro, tem um espelhão bonito e até secadores de mão elétricos - embora eu ache estes inúteis. Se você der sorte, vai ter até trilha sonora. Nesses casos, é só relaxar e tomar um cafezinho depois. O bem estar da viagem da banda está garantida.
Sinceramente, a magia desses banheiros me intriga e o dia-a-dia desses lugares ainda é um mistério pra todos os necessitados. Uma coisa é verdade, nada é melhor do que sentar no seu próprio banheiro.


STUDIO KING55

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