#22 // ANO 3 // ABRIL ‘09
EXPEDIENTE_ DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br Douglas Gomes doug@noize.com.br Cristiano Teixeira cris@noize.com.br EDIÇÃO: Fernando Corrêa nando@noize.com.br REDAÇÃO: Carolina De Marchi carol@noize.com.br Maria Joana Avellar joana@noize.com.br Brunna Radaelli brunna@noize.com.br
CONTEÚDO_ Life Is Music // Leia Isto // News // Bandas Que Você Não Conhece // Online // Move That Jukebox // Kurt Cobain // Júpiter Maçã // Brooklyn // Móveis // VizuPreza // FFW & REW // Autoramas // Reviews // Cinema // Internet // Shows // Fotos // Jammin’
CAPA_ RODRIGO “WHIP” YOKOTA
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PLANEJAMENTO: Jade Cunha
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FOTOGRAFIA: Felipe Neves Tatu Marco Chaparro
comum no mundo das revistas de música
Lista
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(temos
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Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas
COLABORADORES: Mathew Hollings Bao Nyogen Ana Luiza Bazerque Carlos Guimarães Fernando Rosa
EDITORIAL | Para Falar de Música uma lista.
ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br
NOIZE TV: Bivis Johnny Marco Vicente Teixeira Rodrigo Vidal noizetv@noize.com.br NOIZE.COM.BR: Larissa Filappi larissa@noize.com.br
REVISÃO: João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br
É
Fernanda Botta Eduardo Hiraoka Richard Zimmer Cláudia Klock Sara Hartmann Gabriel Resende Mely Paredes Carlos Eduardo Leite Eduardo Dias Lucas Tergolina Felipe Guimarães Samir Machado Eduardo Guspe
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Valentine Paniz valentine@noize.com.br
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
NOIZE
nosso próprio mundo) a idéia de que certas datas merecem
dos melhores discos da história do rock, lista dos
10 mais famosos riffs de guitarra, lista dos Nós mesmos, aqui na Noize, brincamos nessa ratoeira de vez em quando. A verdade é que listas não são um problema, mas tampouco costumam ser a solução. Existem outras maneiras de se abordar tópicos aparentemente desconexos no tempo e no espaço, ou de elencar sugestões e dicas bacanas, e é isso que tentamos fazer em boa parte deste número 22, a Noize mais anos 1990 de todas. melhores vocalistas de todos os tempos.
A matéria de capa, por exemplo, vai ao Brooklyn ver a profusão de bandas e idéias que tomam aquele lugar. Listamos sem lista alguma os motivos que levam tantos jovens a se mudarem para lá, montarem bandas e conquistarem o mundo. Outro texto bacana desta edição resgata Kurt Cobain das profundezas do paraíso para reavaliar seu legado na música. Para a surpresa dele (e nossa), até hoje existem bons enteados do grunge, muitos deles na distante Europa. Tudo isso sem listas. Nós poderíamos listar, por exemplo, as coisas que fazem de Júpiter Maçã um dos músicos mais importantes de todos os tempos neste país em que estamos. Ao invés disso, fizemos uma entrevista com o gênio do rock gaúcho, simples e objetiva, ping e pong. Pode até parecer uma lista, mas é só passar o olho que se percebe não ser. Se fosse, o que restaria para as outras entrevistas bacanas desta edição, a com os viajantes Autoramas e a com os festejadores do disco novo, Móveis Coloniais de Acaju? Listinhas? Não! Poderíamos
listar motivos para esse manifesto que, antes de ser anti-lista, é pró-não-lista.
jornalismo deve informar, e para isso precisa ter nexo.
Só em música.
Por
Porque
isso, daqui para frente, não se fala mais em lista.
_foto: Felipe Neves | Flickr.com/felipeneves
_dir arte: rafael rocha
life is music
NOME_ Sandro Dias “Mineirinho” PROFISSÃO_ Skatista UM DISCO_ Heavy Petting Zoo | NOFX
“Eu escuto de tudo, de pagode a metal. Mas é o hardcore californiano que mais me liga no skate. Quando comecei a andar, a gente ouvia T.S.O.L, Pennywise, NOFX. Foram bandas que mudaram mesmo a maneira de se andar de skate.A música tem esse poder.”
“Eu era influenciado por freakshows.” Bob Dylan
Santigold | do Brooklyn, que aparece nesta Noize.
“Os verdadeiros punks eram os velhos músicos de blues. Muddy Waters era um punk, ele estava bebendo e trepando com cinco jovens (tinha mulheres em diferentes lugares da cidade e nenhuma sabia da existência da outra), andava sempre na moda e seus músicos eram todos alcoólatras. Só depois é que vieram os Ramones e os Sex Pistols.” Iggy Pop
“NY não valoriza sua cena. Olha o que eles fizeram com o CBGB.”
LEIA ISTO
“A música é hoje tão poderosa quanto sempre foi. O negócio é que eu já não sou tão poderoso quanto era com 22, 23 anos.” Neil Young
leia isto_
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“[Na
Sétima Efervescência] a gente não estava brincando de psicodelia, estava vivendo intensamente; não era um período que ficaria se repetindo, estava acontecendo, naquele momento.” época do
Júpiter Maçã | Crazy Diamond
“Chuck Berry me passou a guitarra e falou: ‘Afina’. Então pluguei e usei o afinador eletrônico. Ele perguntou: ‘Que porra é essa?’. ‘Um afinador eletrônico, cara’. Ele ficou fascinado.” Johnny Depp
_arnaldo batista, jupiter apple, iggy pop, chuck berry e johnny depp, neil young.
sou um bom Os Mutantes eram “Não músico. Tenho um muito banana com ouvido musical meRita; com Zélia [era] diano.” mais Led Zeppelin.” “A maioria das bandas
“
Caetano Veloso | Humilde
que mistura rock e dance é vergonhosa.” DJ francês Laurent Garneir
Paul McCartney, que dizem que vem...
que não agüentava gente burra. Era uma alma muito linda. Nem me deixe começar, cara. É um horror ter perdido aqueles caras.”
“George era um sujeito lindo
Arnaldo Batista | Mutantes gênio dando de banana.
“Depois do Nirvana, nenhuma outra banda teve tanta influência, não apenas por eles terem causado uma mudança gigantesca nos rumos da música, mas por terem promovido a positividade através da expressão de pensamentos negativos”
X
Harry Johns | TORKB
7 noize.com.br
_nineties, tribeca, mutantes
NEWS Reprodução
piscou, tem novidade.
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mil novecentos e noventa e now! Será porque os adolescentes dos anos 1990 agora são consumidores potentes que a década passada tem reaparecido com tanta força? O grunge, o rock, o industrial, o pop-punk - basta olhar para o lado e alguma banda destes gêneros resolve voltar à ativa. A lista é gigantesca, e cresce a cada semana. No Doubt, Janes Addiction, Limp Bizkit, Blink-182, Smashing Pumpkins, Faith no More, Stone Temple Pilots, Portishead, My Bloody Valentine e todas as outras que a gente esqueceu e você lembrou têm feito, ou pelo menos anunciado, turnês de retorno. Muitas delas pretensiosas e com resultados satisfatórios. O Blink passou por cima das diferenças depois do acidente que quase matou o bateristra Travis Baker, e anunciou seu retorno no Grammy. Pearl Jam voltou com tudo, e comemora seus quase 20 anos com lançamento de edições de luxo de Ten e a gravação do seu nono álbum. Seu parceiro de movimento, Chris Cornell, tem disco novo na praça, em parceria inusitada com Timbaland. O No Doubt liberou um cover da música “Stand & Deliver”, do Adam & The Ants, e no dia 11 de maio vai ao ar o episódio de Gossip Girl em que Gwen Steffani e cia. participam como a banda Snowed Out. E por aí vai. Talvez as bandas noventistas merecessem um site de notícias só para elas, afinal, elas saíram de cena bem quando as coisas começaram a mudar - para melhor, para pior - e foram soterradas pelas coisas novas que avalancharam na sequência.
_Old Romantic Killer Band - The Swan With Two Necks :: Caetano Veloso - 1968 :: Faith No More - The Real Thing :: Chico Science - Da Lama ao Caos :: CocoRosie - La Maison de Mon Rêve
_ouca agora ´
__MUTAÇÃO | A mutação segue constante. O novo disco dos Mutantes (ainda sem título) contará com várias participações mais do que especiais: Jorge Ben Jor, Tom Zé e Mike Patton já confirmaram suas contribuições. Esse vai ser o primeiro disco de inéditas dos Mutantes em mais de 30 anos. Jorge Ben vai repetir a dobradinha feita em 68 com a clássica “Minha Menina”. No novo disco, ele
ON THE ROAD | tony sly e rory koff
assina a faixa “O Careca”. Tom Zé contribuiu em sete músicas, entre elas “Samba do Fidel”, “Anagrama” e “Dois mil e agarrum”. Essa última conta também com a participação do ex-vocalista do Faith no More, Mike Patton. Após a saída de Arnaldo Baptista, apenas o guitarrista Sérgio Dias segue como mutante original. Os vocais ficam a cargo de Bia Mendes e Fábio Recco.
Reprodução
Divulgação
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__TRIBECA FOR ALL | O Arquivo de Música Contemporânea de Tribeca, em Nova York, reúne mais de 2 milhões de gravações, 3 milhões de fonografias, milhares de livros, vídeos e trilhas de filmes. A boa notícia é que agora, através de uma parceria sem fins lucrativos com a Universidade de Columbia, todo o catálogo Tribeca vai se tornar virtual. Um dos primeiros acervos que poderão ser acessados é a coleção de blues de Keith Richards, com canções originais em 78rpm do músico Robert Johnson, datadas de 1937. Tudo de graça, só fazer download.
__BEATLES 09/09 | A Apple Corps e a EMI anunciaram o lançamento mundial do catálogo original dos garotos de Liverpool para início de setembro. O trabalho de remasterização foi todo feito nos lendários estúdios Abbey Road e durou quatro anos. Os 12 discos vão contar com a arte original dos álbuns ingleses e ainda vão rolar vários extras: encartes com textos originais, fotos raras e um CD-documentário sobre cada álbum. Junto com os discos, será lançado simultaneamente o game The Beatles: Rock Band. Mais alegria para os fãs, só se as faixas remasterizadas acabassem na web, mas nem Apple nem EMI se pronunciaram sobre o assunto.
No Use For a Name
_Melhor comida de turnê? Pizza e Cerveja A pior coisa de estar em turnê? Nada... Estar em turnê. A melhor coisa de estar em turnê? Conhecer diferentes pessoas... e marcas de cerveja.
5 Discos Para Se Ouvir Na Estrada: _Bad Religion - Suffer _Jawbreaker - Bivouac _Descendents - Enjoy _Beatles - Revolver _Social Distorcion - PrisonBound 9 noize.com.br
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NEWS Divulgação
Montagem Noize
__RADIODEAD, EL JUSTICERO | Se você gostaria de ler sobre benesses comprovadas do Radiohead em prol de quem gosta de música, vá para a seção de reviews desta revista. Se quiser saber que história é essa de que Thom Yorke e cia. podem testemunhar a favor de um jovem de Boston, EUA, acusado de download ilegal de MP3, continue lendo esta notícia. Joel Tanenbaum pode perder até US$ 1 milhão nessa brincadeira, tudo porque a RIAA (Associação Americana da Indústria Fonográfica) ainda crê que seja possível conter o download de músicas pela internet. A associação propôs um acordo de míseros US$ 500, mas Tanenbaum não quis—deve ser porque ele queria conhecer o Radiohead: seu advogado teria entrado em contado com o manager dos caras, que pareceu topar. Divulgação
__TINTED WINDOWS | Taylor Hanson, quando tocava o supersucesso adolescente “Mmmbop”, certamente não imaginava um dia estar na mesma banda do ex-Smashing Pumpkins James Iha e de Bun E. Carlos, do Cheap Trick. É o que está acontecendo. O trio, acompanhado de Adam
__PETA BOYS | O grupo de defesa dos direitos animais PETA mais umas vez causou polêmica. A última dos caras foi enviar uma carta ao grupo Pet Shop Boys pedindo que o nome da banda fosse alterado para Rescue Shelter Boys (algo como “os garotos do abrigo de animais”). A idéia era alertar sobre os maustratos existentes nas lojas de animais. Divulgação
__YOUNIVERSAL | YouTube e Universal uniram forças. A nova parceria dará luz ao Vevo. A idéia é disponibilizar nesse portal o catálogo completo de videoclipes da gravadora Universal em alta qualidade. O material vai poder ser acessado pelo endereço www.vevo.com ou pelo canal Vevo no próprio Youtube. As duas empresas pretendem dividir os lucros com publicidade.
Schlesinger, do Fountains of Wayne, forma o Tinted Windows, banda que já desfila a superpop “Kind Of A Girl”. A surpresa maior com certeza é Hanson. Ex-tecladista e vocalista da banda que levava o sobrenome dele e de seus dois irmãos, ele agora reaparece como o vocalista de outra banda pop até o osso.
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bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Jenifer Ruidera
CURUMIN Origem: São Paulo Som: Curumin compõe, canta e toca de tudo, e faz música brasileiríssima para gringo gostar. Samba e dub misturam-se com fluidez eletrônica. Escute: Mal Estar Card, Compacto, Magrela Fever myspace.com/curumin
NNEKA Origem: Nigéria e Alemanha Som: Nigeriana radicada na Alemanha, Nneka é dona de um hip hop gostoso, com o soul necessário para ser negro e o reggae especial para ser novo. Escute: Heartbeat fade, Niger Delta, God of Mercy myspace.com/nnekaworld
Kaizers Orchestra Origem: Noruega Som: A banda norueguesa existe desde 2000 e faz rock alternativo. O grande diferencial é que eles cantam em norueguês, dando um tom mais exótico e “cuspido”. Escute: Enden av November, Knekker Deg Til Sist, KGB myspace.com/kaizerso
the asteroids galaxy tour Ao se escutar o início de “Lady Jesus”, a primeira faixa do ótimo Fruit, disco de estréia dos holandeses da The Asteroids Galaxy Tour, tem-se a impressão de se estar ouvindo uma banda negra. As referências são de funk, de hip hop, de pop. O legal da The Asteroids é que, no meio do laço pop que os caras dão, estão beats funks genuínos, que te fazem sentir os anos 70 pulsando. Tudo isso devidamente adaptado para ser tocado nas melhores baladas, em meio a Justice e Jackson 5. O TAGT (não é o MGMT!) é na verdade um duo que, quando toca ao vivo, o faz com uma banda de apoio. Um sinal – ou um precursor – do atual estouro da carreira da dupla foi a inclusão da faixa “Hero” em um episódio da série Gossip Girl. Por aí você pode pensar que se trata simplesmente de pop recauchutado para agradar a nova legião de gente
“fútil mas culta”. É então que surge a psicodelia. Na mesma linha do que Duffy faz com “Time of the Season”, do Zombies, em “Mercy”, o início de “Sunshine Coolin’” parece copiar “Ando Meio Desligado”, e o clima sensual crescente, acompanhado do teclado e dos bons backinvocals, evolui para um ingênuo e adolescente “we don’t care”. O single “The Sun Ain’t Shining No More” traz à cabeça a imagem de Macy Gray, tivesse esta bebido alguma solução eletrizante. Ouvir o quê? “Around The Bend”, que foi escolhida por Steve Jobs para animar um commercial do iPod. “The Sun Ain’t Shining No More”, com um pouco de tolerância, já que tem mais coisa sendo feita – e bem feita – nessa linha. “Bad Fever” para pensar se é a TAGT ou o Gorillaz quem consegue se apropriar do hip hop com mais soul.
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bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Divulgação
Noisettes Origem: Londres Som: Um Yeah Yeah Yes melhorado, com muito mais guitarras e gritos afinados. O segundo disco, mais comercial, tem menos gritos, mas o som continua selvagem. Escute: Scratch Your Name, Wild Young Hearts myspace.com/noisettesuk
ALPHABEAT Origem: Sikleborg, Dinamarca. Som: Os dinamarqueses te mostram um disco do Bowie como influência, mas cantam e tocam como se quizessem homenagear a Madonna. Escute: 10.000 Nights of Thunder, Fascination myspace.com/thisisalphabeat
Melanie J-B Charles Origem: Brooklyn, NY. Som: Os jazzeiros ficam felizes com renovação. Então a prodígio haitiana Melanie Charles vem bem, acompanha de seu irmão, o saxofonista Rogerst Charles. Os dois juntos não somam 40 anos de idade. Escute: Yoyo, Momma Hear Me Out, Symphony myspace.com/melaniesfromheaven
garotas suecas “A banda se chama Garotas Suecas vocês devem memorizar esse nome”. Foi assim que a Garotas Suecas apareceu para a NOIZE, em um blog do site bem-bom NPR. De lá para cá, os brasileiros internacionais não pararam mais de dar as caras. Se esperássemos mais uma semana, estaríamos atrasados demais (e estamos um tanto). Mas não falar deles seria pecar também. Apesar do nome, as Garotas são na verdade uma garota e cinco garotos. A jornalista da NPR, que viu os caras em uma passagem deles pelo Brooklyn (o mesmo da matéria de capa desta edição) compara os caras com os Mutantes e diz que, no show que viu da rapazeada no Brooklyn, estava meio cansada. “Em duas músicas, saí da mesa onde estava sentada e fui perder minha cabeça na primeira fila”. Depois disso, a banda voltou aos EUA para tocar no SXSW,
onde, segundo o New York Times, fez 12 sets em quatro dias. E, claro, deu uma passadinha no Brooklyn. A Garotas Suecas faz o que os brooklyneanos chamariam de garage rock, mas que na verdade é uma mistura brasileiríssima turbinada de Jovem Guarda, psicodelia, soul, funk e agito. Não se deve criar preconceito, não é uma “velha mistura”. Novamente nas palavras da blogueira (e poderia estar o texto dela aqui), não se trata de “ressurreição”, mas de “revolução”. Com um pouco de contenção, pode-se dizer apenas para você se apressar em ouvir o som dos caras. Ouvir o quê? A ótima “Codinome Dinamite”, que além de receber o belo clipe que você confere na seção de internet, tem uma pegada funkeira de dar inveja aos 70s.
_china
online Felipe Ribeiro
entrevistas por messenger sem maquiagem
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__Músico desde que viu Chico Science tocar, China honra as raízes pernambucanas no seu projeto solo e emula Roberto Carlos e a Jovem Guarda na Del Rey, acompanhado da rapaziada da Mombojó.
NOIZE diz: aê, china. o rock é uma coisa muito forte em recife ou a galera do manguebit formava um grupo isolado? china diz: o rock sempre foi forte em recife...nos anos 80 tinham varias bandas de metal e nos anos 90 a galera meio guitar band tomou conta da cidade. o mangue tambem se inspirou nisso. NOIZE diz: além do rock da jovem guarda, que mais tu curte da música dos 60/70? china diz: Comecei muito cedo no sheik tosado, tinha uns 17 anos...posso dizer que gosto de ouvir de tudo. acho que o cara tem que ta com os ouvidos abertos. meu gosto vai de sepultura a orquestra da bomba do hemeterio. NOIZE diz: o que te dá mais dinheiro, o del rey ou o china? e mais diversão? china diz: Dinheiro é o del rey...e diversão são os dois. gosto de cantar, de estar num palco...independente da grana. o del rey da mais dinheiro por que são musicas que todo mundo ja conhece. Mas se fosse so pela grana...ja teria gravado ate disco com o del rey..mas não é o que pretendemos. o del rey é so curtição. NOIZE diz: a pitty te chamou de chacrinha do nordeste. de que parte da familia vem o carisma? china diz: Sei la, man...na minha casa so tem gente boa. deve ser isso. NOIZE diz: cumprindo tributo, o que o nirvana significou pra ti? china diz: Cara, era moleque quando estourou o grunge... vivi aquilo e era um lance foda. simples de tocar, com atidude pra caralho...era tudo o que um moleque de 12 ou 13 anos
queria. NOIZE diz: e o que você tem feito enquanto china? china diz: Terminei a demo do meu proximo disco...e to fechando um esquema pra gravar e lançar ele. produzo em parceria com chiquinho e homero basilio os discos de catarina dee jah e Jr. black. e vamos lança-los pelo nosso selo, o joínha records. NOIZE diz: como tua vida tem mudado desde que tu foi pra são paulo? china diz: São paulo é uma cidade boa pra quem quer trabalhar. estou me sentindo bem por aqui. amo o recife e olinda...mas agora eu tenho que trabalhar um pouco aqui. NOIZE diz:o miranda diz que se a banda é séria, tem que ir para sp. por que isso? china diz: Por que Sp é o lugar que ta tudo acontecendo. varias pessoas...muitas coisas de imprensa pra fazer...shows...o recife é massa ate determinado momento. depois voce tem que sair, pois é dificil trabalhar com pouca grana para bancar a banda em cada turne. em SP essa parte financeira fica mais facil. NOIZE diz: como surgiu o lance do mtv apresenta? china diz:A mtv ja queria fazer algo assim...daí partiu o convite para as bandas. foi muito bom ter feito o dvd. so o registro ja vale muito. NOIZE diz: algum plano de turnê nacional? china diz: Espero que no segundo semestre role uma turne ate o sul. em abril eu toco em recife, depois volto pra sp pra fazer shows...mas agora eu estou concentrado nas coisas do disco. depois que resolver isso,
começo a pensar na turne de lançamento. NOIZE diz: fala um pouco das coisas diferentes que rolam , das colunas, contos e tal. china diz: meu site funciona com a colaboração das pessoas que visitam... mandam textos, poemas e musicas...daí eu boto no site. todo mundo contribui e meu site fica interessante e sempre bem visitado. NOIZE diz: hoje existem esses coletivos que fortalecem cenas antes isoladas, como recife, mato grosso. acha que eles preparam as bandas pra ir pro mundo ou acabam se fechando? china diz: acho que toda união é importante...fortalecer forças e tal...acho que cada um tem o coletivo que merece. hehehehehe... NOIZE diz: como tu viveu toda a efervescência dos anos 90 no recife? tem algum momento memorável que tenha sido decisivo pra ti? china diz: O abril pro rock de 96 foi decisivo pra mim. depois daquele festival resolvi ser musico. dei sorte de ter visto os shows daquela noite...mundo livre, chico science, mestre ambrosio...hoje eu sou musico por causa desses caras. NOIZE diz: o que ficou disso hoje, como tá a cena atual? china diz: Ta bastante forte... claro que ja é uma outra cena... renovada. Mas continua forte. NOIZE diz: recomenda então umas bandas de recife que sejam animais pra o pessoal... china diz: recomendo sem pestanejar, catarina dee jah e jr. black. tem uma banda instrumental, jouseph tourton que tambem é muito boa. isso é o que há de mais novo na cidade.
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movethatjukebox.com
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move that jukebox
Na sua opinião, quem fez a melhor versão de ‘Womanizer’ até agora? _Ladyhawke _Lily Allen _The Teenagers (remix) _The All-American Rejects _Franz Ferdinand _Não quero opinar. vote em movethatjukebox.com _Resultado da Enquete de Março Que moça melhor representa a nova safra feminina? _Little Boots 66% _La Roux 12% _VV Brown 12% _Lady Gaga 7% _Florence and the Machine 3%
__NO BRASIL | O The Kooks traz indie rock com sotaque britânico carregado ao Brasil em junho, no dia 19. A notícia foi dada pela Via Funchal, casa de shows paulista que recebe a banda. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 14 de abril e, por ora, outras cidades brasileiras não foram confirmadas na turnê sul-americana da banda. Os franceses do The Teenagers também vêm ao país em junho, como consta no MySpace da banda. Criadores de um synthpop de classe, os Teenagers tocam no dia 7 em um lugar anunciado como PARC Fest, o que sugere que Porto Alegre Rock City hospedará mais um festival. Assim como o Kooks, eles têm apenas uma apresentação confirmada por aqui.
__Justice vs. U2 | Mesmo andando meio parado desde sua última turnê (aquela que passou pelo Brasil em setembro do ano passado), o Justice foi escalado para dar a sua versão de “Get On Yout Boots”, lançada no novo álbum do U2, No Line on The Horizon. Uma ótima forma de dar um upgrade na música, que deixou a desejar como single. Um grande achado que você também encontra no site hypem.com.
Eddie Blanck
enquete
__Ferdinizer | “Womanizer” é uma das músicas mais recriadas dos últimos meses. O Franz Ferdinand entrou pro time dos fãs da Britney e gravou sua versão do hit, que não agradou. A gravação foi feita em um show na BBC, disponibilizado no site da Radio 1. E, se você quiser ouvir um bom cover de Brit, aí vão duas dicas: “Toxic”, na versão punk do Hard-Fi, ou a própria “Womanizer”, na voz da óbvia e bem sucedida Lily Allen. Fácil de achar no Hype Machine.
Divulgacão
_Baderna musical organizada Está aí um bom jeito de classificar o som do Dananananaykroyd. Sim, é isso mesmo, você leu certo. Existe uma banda com este nome. E uma banda muito boa, a propósito. O primeiro trabalho desse sexteto de Glasgow, entitulado Hey everyone!, acaba de ser lançado e vem com uma mistura inusitada de referências: pode-se dizer que é punk barulhento com vocais berrados nas horas certas; mas também é indie rock com guitarras fazendo riffs rápidos e eficientes; e quando quer é post-hardcore com bateria e baixo pulsantes. O resultado final da mistura é surpreendentemente vibrante e, com certeza, será bastante ouvido nas baladas roqueiras deste 2009 que começou. Para quem ficou curioso, a banda disponibilizou 5 músicas que podem ser ouvidas em seu MySpace (myspace.com/ dananananaykroyd). Os que não ficaram, tratem de ficar, porque vale a pena.
Divulgação
moving
_franz ferdinand, justice, kooks, dananananaykroyd
19 noize.com.br
_texto principal carlos guimaraes
_texto bandas fernando correa a heranรงa de cobain
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A heranca de cobain No dia 8 de abril de 1994, Kurt Cobain abreviava sua própria trajetória neste plano e dava por encerrada, aos 27 anos, a mais brilhante carreira de um compositor do rock norte-americano em muito tempo. A morte de Cobain estabeleceu a ruptura do grunge, marcando um “antes e depois” e dando a conotação de mártir para o vocalista do Nirvana. Como o punk, rápido e rasteiro no final dos anos 1970, o grunge foi o cometa que invadiu de sopetão a música no início dos anos 1990. Era a resposta de um clamor, o pedido atendido para o eterno clichê de “salvação do rock”. Enfim, havia algo de fresco na música mundial, um cheiro de novo sem qualquer resquício de naftalina, como parecia indicar o repé do final dos anos 1980. Kurt Cobain, Kirst Novoselic e Dave Grohl apontavam para a novidade. Passados 15 anos da morte do ícone, o grunge característico de Seattle, com as modas, as influências e a sonoridade, definhou pela insistência de gente menos criativa, modificou-se com a necessidade de explorar o mercado e se expandiu na tentativa de novas conquistas. Entretanto, o maior mérito daquele movimento breve talvez nem tenham sido propriamente as brilhantes composições do Nirvana, do Pearl Jam, do Soundgarden e do Alice In Chains. Foram, isso sim, a fusão de underground e mainstream, a osmose de conceitos, a elevação do independente à condição de elemento principal no rock atual, todos fatores que tiveram início e meio, mas que se mantêm ainda sem um fim. Em 1991, quando Nevermind foi lançado, o Nirvana atingiu o topo das paradas com um rock cru, letras subjetivas, distorção no talo e bateria pulsando. Era a evolução do punk rock. Por mais que o Nirvana não fosse a banda pioneira nesse sentido, só alguém como Kurt Cobain poderia revolucionar o movimento.
Tímido, porém bonito. Problemático, mas talentoso. Rock star, sem ser posudo. Kurt construiu em torno de si um mito que transcendeu a própria obra de sua banda. Um frontman genioso, como já foram John Lennon, Iggy Pop e Axl Rose, diferenciava-se dos outros pelas peculiaridades. Por vezes, conseguia ser gentil. Não parecia ser egocêntrico. Era um ser humano de altos e baixos, impulsionado por uma mídia severa que talvez nem ele estivesse preparado para agüentar. Quem sabe venha daí a identificação com todo o jovem que, no início dos 1990, passou a andar com tênis All Star surrado, camisa de flanela e jeans sujo e rasgado. Que deixou o cabelo crescer e ficar meio sujo, que andava encurvado para ressaltar uma certa fragilidade. Era um ídolo muito humano. O auge do grunge foi no triênio 1991/1992/1993. Neste período, foram lançados álbuns fundamentais para a compreensão deste estilo-movimento-conceito, como Ten, do Pearl Jam, Badmotorfinger, do Soundgarden, Dirt, do Alice In Chains, Superfuzz Bigmuff, do Mudhoney e Sweet Oblivion, do Screaming Trees. Filmes como Singles e Caindo na Real mostravam como funcionava o grunge way of life, que passou a ser determinado como o próprio estilo de vida do jovem no early 90’s. A morte de Cobain foi o início do fim. Logo, genéricos como Creed, Seven Mary Three e Nickelback apareceram como uma dosagem menos inspirada do que o Nirvana fez. Se por um lado essa foi a faceta negativa do legado de Kurt Cobain – o efeito colateral de todo movimento criativo, as imitações ruins -, por outro, permitiu que o mundo abraçasse o alternativo como pop, sem que haja qualquer diferenciação entre um e outro. E a música e as palavras de gente nova como Harry Johns, guitarrista do duo guitarreiro inglês The Old Romantic Killer Band, deixam evidente a influência boa que Seattle ainda exerce: “Depois do Nirvana, nenhuma outra banda teve tanta influência, não apenas por eles terem causado uma mudança gigantesca nos rumos da música, mas por terem promovido a positividade através da expressão de pensamentos negativos”. E olha que isso foi o mínimo que Kurt deixou para o mundo.
21 >> noize.com.br
a herança de cobain
Liam Henry
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“A gente simplesmente esgana tudo com o volume no máximo”, Harry Johns, da The Old Romantic Killer Band
Grunge Transatlântico O Grunge morreu, talvez com Kurt, talvez um pouco depois, quem sabe ainda antes. Porém seguiu como forte referência ao longo da década passada e desta, no som de bandas de todos os cantos; foi o passaporte, o incentivo, o “punk” de muita gente. Será por ironia do destino que marcas fortíssimas do movimento estejam em algumas bandas pouco conhecidas da Inglaterra? Greg Holland, guitarrista da The Old Romantic Killer Band, acha que não: “É um sinal dos tempos. Tudo é regurgitado em algum momento”, afirma. O jornal The Guardian recentemente publicou uma matéria com um apanhado de bandas do Reino Unido que carregam uma pegada roqueira noventista e forte herança de Seattle em todos os aspectos de sua música. Eis algumas delas.
[+1] myspace.com/the oldromantickillerband [+2] myspace.com/ wonderswanband [+3] myspace.com/ thetempusmusic
The Old Romantic Killer Band+1_ Chega a ser uma ofensa classificar a The Old Romantic Killer Band como grunge. A música dos caras vai muito além disso. Mas o som de Seattle está lá, por trás dos riffs hendrixianos do duo de Leeds, na Inglaterra. Formado pelo baterista Greg Holland e pelo guitarrista e vocalista Harry Johns, o The Old Romantic é uma banda recente, com background no hardcore, em Dinosaur Jr e em Muddy Waters. Os vocais de Harry, que remetem a um Daniel Johns ou um Jeff Buckley enfurecido, preenchem e completam o som poderoso de sua Fender Telecaster, plugada em amplificadores dos anos 50 a ponto de estourar. A bateria marcada e precisa causa
arrepios. Simples e direta, como o grunge, a Old Romantic é uma das bandas mais empolgantes citadas nesta edição. A melodia poderosa de “Lovers Pass” pode enganar – vá além, descubra o riff de “Things to Come” ou o peso de “We Fucked Every Single One”. Com muitos shows pela frente, a dupla deve manter-se fiel às raízes barulhentas: nas palavras de Johns, “tocar música guitarreira agressivamente e cantar idéias nihilistas e existenciais vai sempre ser popular - especialmente para caras jovens como nós”. Wonderswan+2_ “Portland e Seattle” estão nas influências declaradas do Myspace Talvez os ecos de Pavement sejam mais fortes, mas o som da Wonderswan passeia pelas guitarras de distorção pesada e pela impactante bateria grungeira. Tem seus momentos Strokes, e dessa mistura de coisas boas sai música que, se não esbanja originalidade, entrega emoção e nostalgia boa. A visita ao Myspace vale só pela fotinho que ilustra a declaração “we like to party like it’s 1994”. The Tempus+3_ Um clima apoteótico permeia as melodias da The Tempus. O Neil Young que Cobain e Vedder emularam com tanta destreza, na voz de mais um compositor de hinos. Aliado a genuínas bases de guitarra roqueira, a stadium music dos ingleses de Bradford é de fácil digestão para quem tem mais de 21 anos. A ótima “Thieves and Lovers” encabeça o Myspace dos caras, e é puro noventismo.
_texto leonardo bomfim júpiter maçã
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Júpiter Maçã Quem esbarra hoje com Júpiter Maçã, sereno, completamente careca, mal reconhece a figura errante que se aventurava pelas alamedas de Porto Alegre nos últimos anos. Respirando novamente os ares de São Paulo, Júpiter vive outra fase. Depois de uma temporada na casa de campo da irmã, o compositor gaúcho volta à cena prometendo um disco, possivelmente duplo, para 2009. Agora você está morando novamente em São Paulo, já foi para a Europa duas vezes, vive em um eterno vai e volta a Porto Alegre. Você se considera um “nowhere man”+1? Se for analisar do ponto de vista da canção, muito bela por sinal, na verdade é um “nowhere man”, mas ele tem “nowhere plans”, é um modo de vida existencial, retrato de impotência perante várias circunstâncias que o John Lennon vinha passando no período. Sobre essa associação ao território, eu me considero. Mas a minha paixão maior, a cidade que sou louco, é Porto Alegre. É impressionante a força que esse lugar exerce em mim. Sou um cara que se encontra viajando, sem estar fixado em algum lugar, na verdade é quase uma exigência da minha existência, parece que não tenho o que se poderia chamar de ponto de referência. Às vezes sou carente disso, do cantinho único, daquilo que as pessoas chamam de porto seguro. A aventura transcende o que se entende por limites estabelecidos.
Qual é a orientação sonora desse novo disco? Com exceção do Bitter+2, que é uma visita total às minhas raízes, às minhas influências, eu sempre acho que o álbum que prossegue vem completando o anterior. Isso acontece com o que está sendo feito. É bastante forte a presença do Uma Tarde na Fruteira, mas vai encontrar elementos do Plastic Soda e, por que não, da Sétima Efervescência. Ele segue completando o que vinha sendo feito. É uma seqüência, em inglês e português. Eu sempre separava em conceitos, ou em inglês ou em português, dessa vez fecho o conceito na mistura das duas línguas que supostamente domino. Ele talvez seja duplo pra que eu organize o meu relógio, o timing, quero captar o mesmo momento para todas as canções.
Você está morando em uma chácara? Eu tive uns tempos de reflexão, uma espécie de autoretiro na casinha de campo da minha irmã, no interior de São Paulo. Pode se entender como um retiro mesmo. E
E as letras do próximo disco? Poucas pessoas percebem que o Tarde na Fruteira é incrivelmente erótico. Músicas como “Mademoiselle Marchand”, “Plataforma 6”... Você canta so-
acabei compondo, foi bastante lucrativo a nível criativo. Isso eu não esperava, quando vi começaram a fluir as canções e comecei a organizar um álbum praticamente pronto pra começar a ser gravado.
[+1] Música dos Beatles, presente no álbum Rubber Soul, de 1965. [+2] Discografia: A Sétima Efervescência (1997), Plastic Soda (1999), Hisscivilization (2002), Bitter (2007), Uma Tarde na Fruteira (2008)
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júpiter maçã
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As vezes quero ser um pouco mais “Um Lugar bre coisas que cantava na época dos Cascavelletes, mas com uma sofisticação, um refinamento poético. Eu acho que o meu estilo poético já vem sendo moldado ao longo da minha carreira. Acredito que esteja havendo uma espécie de aprimoramento, acho que as letras do próximo disco seguem essa linha do Uma Tarde na Fruteira. E também do Plastic Soda, que acho bastante poético. O disco segue o caminho dessa sofisticação que você falou, desse refinamento.
[+3] tags: cascavelletes angelica Vídeo clássico onde Angélica e simpáticas criancinhas batem palmas empolagadas ao som de “E quando eu volto pra casa a minha garota está dormindo. Eu tomo uma latinha de cerveja. Que fome eu estava sentindo! Uhn.. eu quis comer você!”
Pergunta inevitável: um dos seus maiores sucessos é o vídeo dos Cascavelletes tocando “Eu Quis Comer Você” no programa Clube da Criança, da Angélica+3. Como foi isso? Alguém foi demitido depois daquilo? Não que eu saiba. O clima foi festivo, pra banda foi natural. A gente estava no camarim, como qualquer show de televisão, entramos, tocamos, todo mundo dançou, cantou, acabou o show, agradecemos e fomos embora. Do camarim para o palco, do palco para o camarim. Foi completamente natural, uma vez que a gente havia sido convidado pra participar e as pessoas conheciam o repertório. Acharam um pouco engraçado, acham até hoje (risos)! E como foi começar tão novo? Você era um adolescente quando estourou com TNT e, logo depois, com Os Cascavelletes. Isso foi uma faca de dois gumes. Foi muito legal por um lado, porque você começa muito cedo e isso te incentiva a continuar, você fica completamente voltado pra essa coisa das artes. Isso pode te deixar um pouco inconseqüente na medida em que você é muito jovem ainda e não tem todos os parâmetros pra saber, de fato, qual é a sua obra. Felizmente os trabalhos que fiz, TNT, Cascavelletes e até o Woody Apple, são coisas bastante coerentes.
Eu olho pra trás e acho super bacanas, mas por outro lado esse espírito que pode ser considerado um passo além do aventureiro, um aventureiro nato, também fica à flor da pele, é preciso saber lidar com isso para obter resultados precisos, lúcidos. Essa fase Woody Apple, como foi? Você estava chegando em São Paulo... Eu comecei a vir pra São Paulo, era uma obsessão por ser Bob Dylan. Agora é um cara que está na moda, as pessoas querem usar os óculos do Dylan, Don´t Look Back é um filme hypado, mas eu estava nessa fissura naquele período. Eram poemas épicos que eu escrevia e não esquecia uma vírgula. Tocava todas aquelas letras de ponta a ponta, sem refrão, bem ao estilo do Dylan.Woddy Apple não aconteceu, hoje é cultuado, mas não aconteceu. Desse período, o que tirei de muito proveitoso é que meu exercício da escrita foi bastante desenvolvido. O ato de escrever. Por exemplo, você detecta Woody Apple em “Pictures and Paintings”, conexões surrealistas, embora seja uma canção bastante eletrificada e vestida a la mod. E os Pereiraz Azuiz? Muita gente confunde com os irmãos Caruso, que gravaram A Sétima Efervescência. Que banda era essa? Os Pereiraz Azuiz eram uma banda na noite do Bixiga, quando o bairro já vivia uma certa decadência. Eles tocavam muito bem num bar chamado Persona. E eu, solteiro, sozinho e solitário, vagava por ali, tomando umas cervejas à luz de velas. Então vi esses caras tocando e cheguei pra eles: “olha, estou completamente sozinho, sou compositor e tenho essas músicas aqui”, que viriam a ser A Sétima Efervescência. Os caras chaparam no som e toparam ser minha banda de apoio. Uma das poucas coisas que a gente fez foi aquele programa de rádio que acabou se tornando antológico, de certa forma é um ensaio da Sétima. São músicos muito talentosos.
Uma Tarde na Fruteira E um mistErio. Aqui foi como
do Caralho”, mas sinto atE um pouco de medo. Quando você estava gravando o A Sétima Efervescência, já imaginava o sucesso que seria? Nenhuma noção mesmo. Eu adorava ouvi-lo do jeito que as músicas soavam. Mas tudo que me importava era agradar aquele nicho de mods ortodoxos. Eu queria ser folkrock, estava muito entusiasmado e contagiado pelo clima do early Garagem Hermética +4 e pelas garotas, pela simpatia dos rapazes. Acabei me tornando uma espécie de ícone pra aquela turma. Posso dizer que praticamente fiz o disco para aquela turma. Da turnê do disco, já com Júlio Cascaes no baixo e Marcelo Gross+5 na bateria, há registros de shows memoráveis. Já ouvi você dizer que os três tomavam ácido antes de entrar no palco e sempre fazia efeito durante “Novo Namorado”, por isso ela ficava tão longa... Era maravilhoso. A gente entrava em transe no palco e era fantástico obter o retorno, quando a gente percebia que o público estava sintonizado, que aquilo estava acontecendo de verdade. Todo mundo estava levando muito a sério, então isso tudo aumentava a energia das performances. A gente não estava brincando de psicodelia, estava vivendo intensamente, não era um período que ficaria se repetindo, estava acontecendo naquele momento. E logo depois você surpreendeu todo mundo com o Plastic Soda. Como foi essa mudança? Foi um grande mergulho no meu intimismo.A sonoridade softly da bossa junto com aqueles poemas acabou traduzindo toda a situação que eu me encontrava, de leveza e delicadeza. Eu acho o Plastic Soda um álbum extremamente delicado. Uma Tarde na Fruteira é sempre elogiado, mas não repetiu o sucesso da Sétima Efervescência. Parece aquele tipo de disco que vai virar
cult daqui a trinta, quarenta anos. Uma Tarde na Fruteira é um mistério, se for pensar bem, ele nunca foi lançado oficialmente. Na verdade ele vazou, era um sucesso da internet. Eu ia tocar as canções novas e as pessoas sabiam a letra toda. O disco começou de um modo todo peculiar, mas eu estava lendo uns comentários da imprensa alemã, que foi conhecer quando ele foi lançado na Europa, e existe uma simpatia, como A Sétima Efervescência foi recebida pela imprensa nacional. Os alemães realmente foram bastante atenciosos e mimaram, acariciaram o disco. Na Europa eu era uma novidade, as pessoas não sabiam exatamente o que procurar, como se fosse meu disco de estréia. Aqui foi como um presente que veio antes do pacote fechado. Você parece o tipo de artista - como Lennon, Dylan - que sofre uma influência direta das mulheres ao seu lado. Qual é a importância das mulheres da sua vida no seu processo criativo? É intensa. Realmente não é algo que eu divida. As pessoas andam juntas, na Sétima Efervescência eu cantei e escrevi para uma boa gama dessas mulheres.Acho que em outros trabalhos pode-se detectar que escrevi diretamente para uma ou outra, ou até mesmo montei um personagem em cima de duas ou três mulheres. É uma presença bastante notória, eu mesmo reconheço que sim, é decisivo. Hoje você está mais para “Lugar do Caralho”+6, com cerveja barata, ou para “Beatle George”+7, com mantras e krishnas? Eu estou numa certa crise de revisitação... Crise não, só um processo de auto-análise, de autocrítica bem severa, então às vezes quero ser um pouco mais “Um Lugar do Caralho”, mas sinto até um pouco de medo. Às vezes quero ser “Beatle George”, mas não me sinto completamente preparado. Eu estou começando a achar que realmente devo encontrar um meio termo entre os dois.
[+4] Bar clássico de Porto Alegre, importantíssimo para a cena dos anos 1990. [+5] Gross é guitarrista da Cachorro Grande e foi baterista de Júpiter Maçã. [+6] Da letra: “Eu preciso encontrar [...] Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas”. [+7] Da letra: “Ah, eu deveria parar de beber, porque não estou fazendo bem a quem me ama”.
um presente que veio antes do pacote fechado.
_texto fernando correa e maria joana avellar myspace.com/hotmopfilms
_foto DANIEL MARQUES E T. SHIRT brooklyn
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a usina criativa de NYC
O que une o MGMT, o TV on the Radio, a Santigold e o Antony & the Johnsons? Todos foram nomes bastante falados nos últimos dois anos, de fato. Agora, para colocar eles em um mesmo saco que não seja o rótulo que pouco define, o indie, é preciso viajar milhares de quilômetros. Na verdade, mais de uma dezena deles, até um certo distrito da cidade mais importante do planeta: o Brooklyn, leste de Nova York, onde essas quatro bandas – em meio a outras mil – vieram ao mundo. Uma parada de metrô separa Manhattan e Williamsburg, antigo patinho feio do Brooklyn, que se tornou destino de artistas e pretendentes a tais; foi revalorizado pela especulação imobiliária e rivaliza hoje com a ilha no quesito “movimentação cultural”. Nas ruas de Williamsburg, emolduradas pela street art, misturam-se famílias tradicionais, unidas pelo sangue, e outras modernas – jovens aproximados por afinidade artística e vontade de viver em um lugar que favoreça a fermentação de seu gosto pela nova cultura. Eles são chamados de hipsters. “Os hipsters são clichê, mas têm orgulho disso. Não há mais diferença entre esses caras e os roqueiros. Acho que eu sou um hipster também, mas com dois filhos”, afirma Wojtek Bozyk, diretor do documentário Rockin’ Brooklyn, que explora a prolífica cena independente local e as razões de tanta inspiração. Uma dessas razões é a paisagem. Reduto industrial até idos do século passado, Williamsburg teve seus prédios fabris convertidos em apartamentos, studios, bares – tudo com aquela aparência de cidade cor-de-tijolo, prestes a ser demolida por um bombardeio atômico. É
este o local escolhido por jovens e ambiciosos artistas para criar, ensaiar, expor, tocar, “ou seja lá qual for o seu negócio”, como se lê em um dos tantos cartazes que convocam gente para dividir aluguel na região. Para os hipsters é ali, além da ponte que atravessa o East River, que se encontra boa-vizinhança e espírito comunitário. Enquanto em Manhattan o relógio marca o tempo com cifras, no borough+1 deles, a ausência dos imponentes e agressivos arranha-céus favorece a aura inspiradora. E se os moderninhos que pululam nas ruas numeradas do Brooklyn têm seu estilo ironizado+2 por parecer falso ou pretensioso, a cena musical que pulsa na região é verdadeira. E antiga. Os Beastie Boys, por exemplo, foram o primeiro grupo de rappers brancos a vingar, e chamaram a atenção para o distrito novaiorquino. Na década passada, cantavam o lar-doce-lar em “No Sleep´Till Brooklyn” (“sem dormir até voltar para o Brooklyn”). Hoje, realidade parecida é vivida por dezenas de artistas locais, como Mark & Kim, duo electro-indie (ou dance-punk, como eles preferem), que recém saiu do berço dos pequenos bares e vive sua primeira turnê intercontinental na Oceania. Bandas mais crescidas exercem a maioridade no mundo e no Coachella, um dos principais festivais de rock dos EUA. Em 2009, dentre vários brooklyneanos, comparece à festa a TV on the Radio, autora de Dear Science, carimbado no topo de diversas lista de melhores discos de 2008. Antony & the Johnsons, cujo líder foi bastante inspirado e influenciado pela efervescente cena gay de Nova York, também participa. A mesma carga de energia sexual que enche de emoção a voz envolvente de Antony, inspirou a formação da travestida Scissor Sisters, banda que já teve sua passagem pelo Coachella em 2006. A casa
[+1] Um borough é um dos 5 distritos de Nova York: Brooklyn, Manhattan, Queens, Bronx e Staten Island. Brooklyn é o mais populoso, com 2,5 milhões de habitantes. [+2] lookatthisfunnyhipster. tumblr.com [+] Sites legais sobre o Brooklyn: ohmyrockness.com freewilliamsburg.com
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32 em Williamsburg dos primeiros shows de Sisters e de TV é a mesma: o Luxx. O Brooklyn é um bolo efervescente. Quem pensa que a cena se encerra no cenário do rock está enganado: há entretenimento para os mais ecléticos olhos e ouvidos, do jazz no Williamsburg Music Center aos diversos espaços de arte espalhados pela vizinhança. É, no entanto, para o indie que o mundo se volta, na esperança que, das profundezas do gênero, surja algo realmente empolgante. E nesse sentido o Brooklyn é um buraco bem profundo.
[+3] Antiga Death From Above Records e responsável, após uma briga judicial, pela inscrição 1979 no nome da dupla canadense Death From Above 1979. [+4] Vertente de rock progressivo desenvolvida na Alemanha a partir da década de 1960, teve o Can, o Kraftwerk e o Neu! como seus principais nomes.
Tudo em família De acordo com Alex Miller, editor do semanário inglês NME, o borough é o lugar mais excitante no momento. Um dos movimentadores desta cena é James Murphy, vocalista da LCD Soundsystem e criador do selo DFA Records+3 que lançou as queridinhas The Rapture e Hot Chip e hoje é o braço independente da major EMI. O cenário local segue em teia. A Hercules & Love Affair, também ligada à DFA, tem os vocais de Antony Hegarty, aquele dos Johnsons, na maioria das faixas do álbum homônimo. As figurinhas se repetem de banda para banda e avançam para novas cidades e continentes. O MGMT Andrew VanWyngarden deu início a um projeto intitulado Blikk Fang com o Of Montreal Kevin Barnes, seu vizinho americano de Geórgia; o guitarrista Al Doyle se divide entre o Hot Chip e do LCD Soundsystem. Com duas indicações de Grammy na bagagem, o LCD faz um misto de punk rock com música eletrônica, além de elementos disco e nonsense. A fórmula é comum para vários artistas brooklyneanos, mas os ingredientes que fervem ali vão além disso: da psicodelia do MGMT ao dub de Santigold. Pelos bares mais quentes de Williamsburg, como o Cake Shop, o Warsaw, o Union Pool, novas bandas surgem e tocam para públicos entusiasmados (e entusiasmantes) como o da Londres sessentista, ou o de Berlin na explosão do kräutrock+4. Tudo indica que o Brooklyn não é apenas a bola da vez, mas a ilha onde nasce a cena mais forte da nossa década. Como avalia Bozyk, “a cena está sempre evoluindo, mas só Deus sabe para onde ela vai. É um processo como qualquer outro, leva tempo e algo mais para acontecer”. Do jeito que ela anda, as bandas de que falamos já são old school. Por isso, aqui vai uma lista humilde de bandas novas que podem ir para o mundo em breve e, de brinde, os melhores lugares para conferi-las pessoalmente enquanto isso não acontece.
_Native Korean Rock no Union Pool Native Korean Rock é o projeto paralelo de Karen O., do Yeah Yeah Yeahs, que é mais romântico e lo-fi do que sua banda de origem. Apresentações do NKR são comuns no lugar em que debutaram, o Union Pool. Além de oferecer excelente comida mexicana a preços acessíveis, o bar tem um amplo espaço aberto. O palco fica praticamente ao ar livre. _Here We Go Magic no Music Hall of Williamsburg O Music Hall, como o próprio nome entrega, é uma das casas mais bem equipadas de Williamsburg. É um bom lugar para se assistir ao bem-falado compositor Luke Temple. O cara deixou de lado um bem-sucedido projeto para investir em um novo jeito de gravar, por camadas, músicas não necessariamente lineares. O resultado é tão interessante que, acompanhado de uma banda, Temple agora tenta tirar as próprias composições para os shows. _The Lisps no The Warsaw The Warsaw é localizado no antigo Polish National Home, reduto dos imigrantes poloneses por mais de 100 anos. Hoje, ele é um dos melhores lugares para curtir música ao vivo. Dizem que lá cada show é uma experiência única, o que faz dele o lugar adequado para conhecer The Lisps, uma das melhores e mais instigantes revelações do Brooklyn nos últimos tempos. A banda arrisca se definir como “indie-futurista” e garante que conferi-la ao vivo ajuda a compreender sua diversidade de influências e recursos sonoros criativos. _Shock Cinema no Cake Shop Considerado um dos melhores shows do momento, a Shock Cinema faz uma viagem oitentista que, segundo o The Guardian, se diferencia pelo seu oitentismo estar mais para Siouxsie and the Banshees e o look gótico-punk do que para cores alegres. Bizarro tocarem em um “Cake Shop”? Talvez. Brooklyniano. O bar é um dos mais bacanas e movimentados, e o pessoal é fã. _The Flanks no Pete’s Candy Store A “loja de doces do Pete” é um dos lugares preferidos de quem vive no Brooklyn. Pequeno e escondido, provavelmente pareceria um bar qualquer, não fosse pela aura psicodélica e pela atmosfera aconchegante. Entre seus principais convidados está a banda garage-country The Flanks, com um bluesfolk- country-céltico que casa bem com a energia do lugar.
_texto FERNANDO ROSA m贸veis coloniais de acaju
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C_ mpl _te
A braziliense Móveis Coloniais de Acaju é uma das bandas mais bem resolvidas no atual contexto de mudanças do mercado musical. São donos de suas “masters”, produtores de seus eventos e, acima de tudo, responsáveis pela administração da carreira. Mas, claro, isso só é possível porque à frente está uma banda com um dos melhores, senão o melhor, show do país. E, agora, uma banda com um segundo álbum – C_MPL_TE - que consolida o espaço conquistado no independente nacional. O disco foi produzido por Carlos Eduardo Miranda, responsável por estréias como a do Mundo Livre S/A e dos Raimundos, entre outros. No último dia 3 de abril, a banda realizou a décima edição do evento “Móveis Convida”. A tenda da UnB (Universidade de Brasília), como sempre lotada, confirmou a tese de que, hoje, nem bandas do mainstream conseguem o mesmo nível de interatividade com o público. Situação em parte resultado do trabalho da banda que, ligada nas novas tecnologias, utiliza com extrema eficiência a internet e todos os seus recursos disponíveis, do que é melhor exemplo o lançamento de seu novo disco. C_MPL_TE chega ao grande público neste final de mês não mais por uma grande cadeia de lojas, mas sim pela plataforma “Álbum Virtual - Download Remunerado”+1 da Trama Virtual, uma das mais interessantes alternativas
para divulgar, vender e acessar música atualmente. “Acho que a nossa relação com o público é a mais sincera possível, uma relação de troca de sensações, de alegria, bem como entre a gente, o show é o resultado do trabalho, é onde a gente se sente em casa e se trata, e o público faz parte disso, desse momento dessa troca”, diz Esdras Nogueira, sax barítono, um dos 9 integrantes da banda. Em entrevista que publicamos a seguir, o músico fala da relação com o público, da gravação do segundo disco e também de como o MCA, como também é tratada a banda, vê o atual momento da cena independente e da música no país. Os demais integrantes do Móveis Coloniais de Acaju são André Gonzáles (voz), BC (guitar-
[+1] albumvirtual.com.br [+] moveiscoloniaisdeacaju. com.br
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móveis coloniais de acaju
36 ra), Beto Mejía (flauta transversal), Eduardo Borém (gaita cromática, escaleta e teclados), Fabio Pedroza (Baixo), Leonardo Bursztyn (guitarra), Paulo Rogério (sax tenor), Xande Bursztyn (trombone) e Gabriel Coaracy (bateria), recém integrado, e egresso das fileiras do grupo Bois de Gerião, outra boa banda do cenário brasiliense. Quando sai o disco, em formato virtual e físico? Qual a razão por trás do nome “C_MPL_ TE”, existe algum conceito? Agora em abril sai o Álbum Virtual. C_MPL_TE representa todo nosso processo musical, de trabalho, o dia a dia desse disco foi baseado na nossa troca de informações no dia a dia, nas composições conjuntas, na troca com o público em cada show. Com foi gravar com o Carlos Eduardo Miranda, em São Paulo? O que isso agregou ao trabalho da banda? Foi ótimo, ele ajudou muito a conceituar o disco. Com certeza agregou muito no nosso trabalho, no disco, é um trabalho conjunto do Miranda dirigindo nossas músicas, a forma que ela ia adquirindo. Foi massa. O primeiro disco, Idem (2006), era mais focado, digamos assim, numa sonoridade com uma pegada mais dançante. O novo disco avançou para novos caminhos, com melodias mais elaboradas. Como isso vai, ou já está se refletindo junto ao público? Acho que o disco aconteceu naturalmente, e representa nosso momento, um disco pensado e feito pra isso. O primeiro representava a história da banda até aquele momento, nesse segundo fizemos pensando no álbum como um todo. São diferentes, muita coisa aconteceu nesses quatro anos, e acho natural que seja diferente. Para o público soltamos as músicas antes no nosso site, em 12 vídeos. No show de Brasília tinha gente cantando todas as músicas. Muito boa a relação do público com a gente. A Móveis Coloniais de Acaju é dona de um dos, senão, o melhor show do Brasil atualmente. Talvez nem as bandas do (extinto) mainstream consigam manter o mesmo tipo de relação “banda x público” que vocês conquistaram. Como vocês avaliam isso agora, com a chegada do segundo disco? A que,
principalmente, além da música de vocês, atribuem essa presença em públicos das mais diferentes regiões do país? Obrigado pelo elogio. Acho que a nossa relação com o público é a mais sincera possível, uma relação de troca de sensações, de alegria, bem como entre a gente, o show é o resultado do trabalho, é onde a gente se sente em casa e se trata bem, e o público faz parte disso, desse momento, dessa troca. É esse o conceito do C_MPL_TE. Para esse segundo disco estamos bem felizes com a resposta no site, muita gente baixando os vídeos, já cantando as músicas nos shows, muito legal. O disco está saindo pela Trama Virtual, no projeto “download remunerado”. Como funciona, e qual a vantagem para a banda desse formato de divulgação? A principal vantagem é que todo mundo pode baixar de graça. Na verdade o projeto está saindo pelo Álbum Virtual da Trama, mas é parecido com o download remunerado, na verdade o princípio é o mesmo. A música disponibilizada gratuitamente, um patrocinador apoiando a iniciativa no site da Trama. Para a gente isso foi ótimo, é muito bom achar uma gravadora que assim como a gente apoie esse tipo de iniciativa, a gente já havia colocado o nosso primeiro disco, no nosso site para qualquer um baixar gratuitamente, e com o C_MPL_TE não poderia ser diferente. A Trama apoiou muito a ideia e incentivou. O que a banda espera do cenário musical brasileiro para este ano, ou para os próximos anos? O crescimento de vocês, e de mais algumas bandas, é um caso isolado, ou acreditam na existência de um processo mais coletivo de afirmação da cena independente? O mercado está mudando, novas possibilidades pra todo mundo, de gravadora, independente, famoso ou não. A gente quer tocar muito, fazer muitos shows e divulgar o C_MPL_TE, nosso objetivo agora é esse. Os festivais no Brasil estão crescendo, e isso ajuda muito as bandas, o crescimento de cenas locais como o Espaço Cubo em Cuiabá por exemplo, isso é muito importante para a formação de um circuito musical, levando a troca de cultura entre os grupos e criando um mercado consistente.
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>> MERCHANDISING 2.0
Já não se vende mais discos como antigamente - agora está muito mais divertido. Se música em formato físico virou fetiche, foi com classe e apoio de quem entende de produtos capazes de despertar o espírito consumista dos audiófilos. Uma destas parcerias atende pelo nome de Hurley Music. A marca de roupas de surf, fortemente ligada a vertentes rápidas e agressivas do rock, além de vender pôsteres dos hardcorers do T.S.O.L em meio às roupas de sua loja virtual, realiza sessions com bandas clássicas do punk rock californiano, como o Face to Face, e lança em 2009 uma coleção completa de roupas do Motorhead. Na mesma linha de roupas iradas, a Converse e a Vans tramam uma disputa de quem lança os tênis de mais bandas consagradas. Mas voltando aos discos, o que está em alta são as caixas comemorativas, dos 50 anos do clássico do jazz Kind of Blue aos 20 invernos do Pearl Jam, Ten, sua obra prima ganha quatro mega-pacotes diferentes, uma de luxo que inclui 4 LPs.
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>> PESCOÇOS BEM VESTIDOS
Algumas coisas vêm, vão e somem. Outras vêm, ficam e podem até se tornar assombrações. Esperamos que isso não aconteça com as mantas, lenços e pashminas – e felizmente os “modistas” estão cooperando. Depois de invadirem o Velho Mundo dois invernos europeus atrás, e chegarem por aqui no nosso último frio, as pashminas dão um tempo e, no inverno que vem em breve, já não devem habitar o suporta das cabeças mais antenadas. Porém, repaginadas, aparecem no pescoço de homens e mulheres com outras estampas. Tem-se dito que os lenços e mantas xadrezes (que também já estão voltando para o armário com naftalina) devem substituir os palestinos. Fato é que estes apetrechos pescoçais vieram para ficar, e ainda devem ser muito explorados em toda a versatilidade que sua característica de pedaço de tecido lhes confere. Então seja qual for a estampa ou o tipo de tecido vigente, corte um quadrado, enrole no pescoço e be cool.
rewind << BOTAS DE COWBOY “Essas botas são feitas para caminhar”, cantava Nancy Sinatra antes de anunciar que as mesmas iriam passar por cima de um garotão qualquer. Não é só a música da loira que voltou a reinar - e certamente não por influência do infâme remake de Jessica Simpson. Nem o clipe, revivido como vinheta de um bom canal de música. O que sustenta Nancy com seu curtíssimo vestido preto no vídeo, as botinhas de cowboy estão de volta à atividade. Elas podem ter passado um tempo em baixa - afinal, são o modelo preferido de George W. Bush-, mas volta e meia deixam de ser um clichê norte-americano para ganhar as passarelas. E é o que está acontecendo agora. Mesmo que o modelo que Nancy esteja usando no vídeo seja bem mais simples que as coloridas e encouraçadas cowboy boots tradicionais, toda a menina que usa uma sai cantando o clássico dos 60s.
minha colecao Nando Corrêa
Divulgação
qualquer coisa
GUSTAVO DA ECOS FALSOS FALA SOBRE...
as aventuras de lateman .: FRED “CHERNOBYL” ENDRES_ Comunidade Nin-Jitsu e Produtor
_Alguém tem alguma pergunta? Sim, você. Porque decidi revelar minha identidade secreta? Bem, manter meus poderes em segredo estava causando danos irreversíveis em minha vida pessoal. Aproveito para pedir desculpas públicas a todas as minhas ex-namoradas, que tanto deixei esperando em portas de cinema, restaurantes, entrevistas de emprego, viagens, na chuva e em lugares onde 47 minutos são muito mais do que o que são de fato. Como funciona meu poder, pois então. Demorei em reconhecer, mas nasci em um fuso horário diferente deste planeta. E não é uma coisa facilmente contornável, tipo viajar para o leste: é uma “bolha” de tempo paralelo, sempre atrás da linha do tempo que vocês todos conhecem. Albert Einstein calculou, dizem, ou melhor, um amigo meu que leu sobre isso me disse, enfim, que Einstein calculou que todas as infinitas linhas do tempo coexistem simultaneamente, ou seja, o tempo como o conhecemos não seria nada mais que uma ilusão que nos permite a compreensão do universo. Meu poder, mais especificamente, é poder fazer o contato entre uma dessas linhas do “passado” (47 minutos no passado, para ser exato) e o que consideramos ser o “presente”. Como podem imaginar, isso não me traz vantagens econômicas de qualquer espécie, uma vez que as informações de uma linha do tempo atrasada pouco podem me ajudar aqui. Mas acredito que ele pode, sim, auxiliar nossos concidadãos. Não posso interromper crimes, é fato, porque nunca chego a tempo para eles; mas tenho condições de dar suporte pós-traumático às vítimas, coisa que nenhum super-herói parece ter tempo para fazer. Não, amigos, não sou um herói comum: não se pode dizer que eu esteja à frente de meu tempo, mas posso ser como José Sarney e os Ray-Bans Wayfarer, um eco do passado que interfere no presente. Você, agora. Que inimigo eu combato? Bem, quero crer que não sou um herói com nêmesis definido, mas meu combate é muito maior e mais complexo. Meu inimigo oprime toda a humanidade civilizada: a escravidão das horas. A pontualidade, essa quimera abstrata, estressa o cidadão comum, põe-no de joelhos em busca de uma meta inatingível: “chegar na hora”.Vive-se em função de chegar na hora. E quero crer que meu impedimento físico possa ser também um statement moral: o que não pode esperar 47 minutos? Se há um objetivo em minha vida, é dar a toda a humanidade 47 minutos de vida, atrasando cada um de uma vez para meu fuso horário orgânico. Se a evolução estiver correta, em questão de anos nascerá um próximo LATEMAN, que levará a humanidade mais um passo para trás na direção do futuro. Agradeço a presença de todos e novamente peço desculpas, pois estou atrasado para buscar uma pessoa no aeroporto e escrever um artigo de revista. Nos vemos amanhã, 10h, ok? Mas 10h mesmo, podem ficar tranquilos. Obrigado!
“Nos anos 80, quando comecei a tocar guitarra, guitarrista bom era metaleiro de palhetada rápida. Com Axis: Bold as Love, o Jimi Hendrix me mostrou o que era o groove e o feelin’. Desde então, minha vida mudou.”
redescoberta
.: 13TH FLOOR ELEVATORS_ The Psychedelic Sounds of
Embora 1967 tenha sido, sem dúvida, um ano de muitos marcos psicodélicos na discografia do rock, um dos álbuns mais lisérgicos e importantes daquela década foi lançado um ano antes, fruto do encontro de duas mentes efervescentes texanas: Roky Erickson e Tommy Hall. O primeiro, autor de “You’re Gonna Miss Me”, que seria o grande hit do seminal The Psychedelic Sounds of The 13th Floor Elevators; o segundo, um visionário, antenado nos discos de rock da época, e determinado a ultrapassar tudo de doidão que se fazia então A entrada de Erickson na The Lingsmen, banda de Hall, resultou em viagens com o LSD, na invenção de um instrumento estranho (chamado de jarra elétrica) e, logo, na gravação de The Psychedelic Sound.... O disco, gravado em oito horas, contém jóias da psicodelia, como “You’re Gonna Miss Me” e “Rollercoaster”. Muuuita calma ao ouvir. 41 noize.com.br
Bacalhau_ Macacão Acervo MissinScene; T-Shirt Punched; tênis All Star Converse Gabriel_ Macacão Acervo MissinScene; T-Shirt Punched; tênis All Star Converse; óculos Ray Ban Flávia_ Vestido, Cinto e Sapato Colcci
AUTORAMAS A rota dos Autoramas, que já foi do alternativo às massas repetidas vezes, rabiscaria um desenho abstrato. Entretanto, a carreira da banda é concreta. Estradeiros por excelência, eles retornam da Europa com uma série de novos projetos e o rótulo de “excellent garage pop” concedido pelo histórico selo inglês Rough Trade, que também os considerou a melhor banda independente do Brasil. Desde 1997 na ativa, Gabriel, Bacalhau e Flávia levantam a bandeira do profissionalismo no independente e mostram que misturar new wave, surf music e Jovem Guarda resulta em “um rock com a cara dos brasileiros”.
Fotos: Marco Chaparro Assistente de Fotografia: Felipe Neves Direção de Arte: Rafael Rocha Texto e Entrevista: Maria Joana Avellar Produção Executiva e de Moda: Mely Paredes Assitente de Produção: Bianca Montiel Make Up & Hair: Necca Wortmann Locação: Autopólis Agradecimentos: Secundino Cimadevila, Antônio Rabadan, Matias Lucena, Silvio, Rouparia, Maurício Capellari, King 55, Colcci Iguatemi, Salãozito e Beco203 Produtora.
Bacalhau_ Macacão Acervo MissinScene; T-Shirt Punched; tênis All Star Converse Gabriel_ Macacão Acervo MissinScene; T-Shirt Punched; tênis All Star Converse; óculos Ray Ban Flávia_ Vestido, Cinto e Sapato Colcci
Bacalhau_ Jaqueta Colcci; T-Shirt Budha Ke Ri; Jeans Colcci; tênis All Star Converse Gabriel_ Jaqueta Colcci; T-Shirt Sommer; Jeans Colcci; tênis All Star Converse; óculos Ray Ban Flávia_ Jaqueta All Star Converse; Blusa Lei Básica; Saia Ducatto; Sapato e óculos Acervo MissinScene
Vocês têm uma boa preocupação com o visual, não é mesmo? Ah, isso é uma superpreocupação (risos). Desde que o rock é rock tem isso. Com os grandes ídolos, você determina cada fase da carreira pelo visual. Os Beatles, por exemplo: no início bem rockabilly, depois terninho e botinha e, no final, cabeludos de óculos. Tem gente que extrapola; punks, glam, David Bowie… nos Autoramas dá pra sentir isso. Na primeira fase a gente só usava preto (risos). Depois a gente teve a fase macacão—o Bacalhau usava sempre macacão com um chapeuzinho. Tem uma jaqueta minha azul que já sai andando de tanto que eu usei (a jaqueta e o macacão aparecem no clipe de “Você Sabe”). Recentemente vocês fizeram a terceira turnê pela Europa, passaram por sete países, incluindo várias capitais. Deu pra conhecer mais fundo a cena de lá? Como ela é em relação à daqui? Muita coisa boa, muita coisa não tão boa, mas vários estilos. Nossa banda preferida foi uma chamada Kiss Kiss Karate Passion, que é de Bordeaux, na França. É legal de ver como o nível das bandas brasileiras é alto. Lá os rótulos são muito fortes, as bandas são muito segmentadas. Aqui a galera mistura mais, até por isso acharam nosso som mais original. Mas no Brasil várias bandas diferentes são colocadas no mesmo saco: independente. Lá é mais dividido. O legal é que, quando a gente começou, quase não existia cena independente. O Autoramas é a ponta de lança dessa cena. E hoje em dia tá tudo muito profissional, o que é ótimo. A gente incentiva essa postura.Viver disso, ganhar sua grana com isso, ser um trabalho. Mostrar que independente não é coisa de amador. A gente é artista, artista mesmo. A gente não é artista igual a outra profissão. E quais são os próximos projetos da banda? A gente tá com um projeto novo muito especial e vamos manter como surpresa até que fique prontinho.Também queremos lançar um álbum ao vivo na Europa e estamos gravando clássicos do rock português pra sair só em Portugal. Aqui a gente não conhece o rock de lá, nem o rock espanhol e o italiano, que são tão bons quanto o rock brasileiro. Hoje, em um mundo globalizado, não conhecer isso é vacilo. Estamos orgulhosos de ajudar a quebrar essas barreiras culturais. Também pretendemos lançar um DVD com todos os nossos videoclipes e imagens de bônus.
Bacalhau_ Jaqueta Colcci; T-Shirt Budha Ke Ri; Jeans Colcci; tênis All Star Converse Gabriel_ Jaqueta Colcci; T-Shirt Sommer; Jeans Colcci; tênis All Star Converse; óculos Ray Ban Flávia_ Jaqueta All Star Converse; Blusa Lei Básica; Saia Ducatto; Sapato e óculos Acervo MissinScene
reviews
_neil young, peter doherty, decemberists, sfa, bat for lashes, darma l贸vers
PETER DOHERTY
THE DECEMBERISTS
Waste/Gracelands
Hazards of Love
Álbuns conceituais normalmente são de difícil digestão. Para muitos, de fato são indigestos - ainda mais se o conceito for um conto de fadas medieval, com sonoridade que flerta com o progressivo. Não nego, pertenço a este grupo, há muita gente que pensa o contrário. Ao contar em um disco a história de uma donzela que é perseguida por um demônio, os Decemberists deram um tiro no próprio pé. Essencialmente progfolk, o disco pensado em forma de musical não se sustenta. A múltipla interpretação de personagens de Colin Meloy, somada às melodias arrastadas, tornam Hazards of Love uma experiência desinteressante. Tanto pela história, difícil de compreender, quanto pela falta de bons refrões. Fernanda Botta
Quando um álbum não é pretensioso, ele pode ser genuíno mesmo sem muita originalidade. Em Grace/Wastelands, as baladas toscas já conhecidas tornam-se, com a ajuda de Graham Coxon, canções muito bem trabalhadas. Sai o babyshamble junkie, entra um vagabundo romântico que transita livremente pelos melhores períodos da música. E, em meio à onipresença marcante do violão e da guitarra, o álbum é mais complexo do que parece. Violinos, metais, um piano divertido em “Sweet By and By”, finais surpreendentes – como em “Through the Looking Glass”-, Blues, Folk e psicodelia. Tudo casa bem com os grunidos de Peter e ainda é possível matar um pouco da saudade dos Libertines. Doze faixas apaixonantes, mas um pouco perdidas em sua década. Maria Joana Avellar
NEIL YOUNG Fork In The Road
O que se pode esperar de um álbum conceitual sobre a transformação do beberrão Lincoln Continental ‘59 em um carro ecologicamente correto? Soando à primeira vista como mais uma esquisitice do dinossauro do rock, o chamado Linc-Volt Project é celebrado em toda a extensão de Fork in the Road. Com poucas peças originais, mas com um turbilhão de idéias, Neil Young encontrou a bifurcação na estrada e não teve dúvidas sobre qual caminho tomar. Investiu na junção de letras contemporâneas e sarcásticas com guitarras pesadas para demonstrar que mesmo após 40 anos de carreira ainda tem muito a dizer. Com referências que remontam aos seus melhores momentos, o disco é uma combinação pós-nostálgica entre sensação, pensamento e ação. Daniel Rosemberg
SUPER FURRY ANIMALS Dark Days, Light Years
Os músicos que colocaram o País de Gales no mapa estão de volta. O Super Furry Animals retorna com Dark Days / Light Years, nono album em estúdio. É uma volta à saudosa década de noventa, com ligeiras diferenças: há maior ênfase em melodias do que na composição de arranjos e na instrumentação exagerada que costumava ser a marca do SFA. O sarcasmo impagável, todavia, permanece, com “The Very Best of Neil Diamond” e “Moped Eyes” como grandes pérolas do álbum. Os versos de rap em alemão, participação do guitarrista do Franz Ferdinand, Nick McCarthy, em “Inaugural Trams” (homenagem maravilhosa ao Kraftwerk) adicionam um toque especial a um disco no qual já não falta nada. É diversão garantida. Fernanda Grabauska
BAT FOR LASHES Two Suns
Two Suns é quase um volume dois de Fur and Gold; uma evolução talvez mais madura que conserva a voz etérea de Natasha Khan, mas que dessa vez desliza sobre mais beats e uma melodia com dose extra de camadas. Fica clara a influência de bandas do Brooklyn (leia a matéria de capa), bairro onde Natasha morou durante alguns meses entre 2007 e 2008, bem quando grupos como MGMT, Gang Gang Dance e TV on the Radio efervesciam. “Daniel”, escolha acertada para o single de lançamento, é uma das faixas mais pop. Experimentação e esquisitices não perdem terreno como em “Glass” e “The Big Sleep”. Fica a sensação de se estar numa road trip. Segundo Natasha, o disco é mesmo uma jornada. Que seja desfrutada, então, a uma velocidade melancólica, vento na cara e luz do pôr-do-sol. Carolina de Marchi 49 noize.com.br
GUI BORATTO Take My Breath Away
Mais do que um álbum de qualidade, o 2º disco de Gui Boratto é uma confirmação de que o cara sabe quem é e pra onde vai. Fugindo da obviedade do minimal atual, ele propõe uma experiência sonora, nos surpreendendo em termos de música eletrônica. Instrumentos como guitarra, piano e bateria ficam aparentes e trazem um toque mais pessoal à coisa. Os dois anos que distanciaram o primeiro álbum (Cromophobia) deste não mostram apenas um amadurecimento como artista, mas também uma tranqüilidade para experimentações. Um CD que não peca em primor para lounges e momentos de abstração. Cristal da Rocha
OS THE DARMA LÓVERS
DARK DISKO REPUBLIC
Simplesmente
DDR
Passeando relaxado pelo otimismo de ver o fim com tranqüilidade (“Canção Para a Minha Morte”), abanando para a tristeza da saudade (“Srta. Saudade da Silva”), Nenung compõe canções tocantes e sutis. A música d’Os The Darma Lóvers é simples, um pacto com o ouvinte: proporciona paz e prazer sem muita pretensão melódica. A não-virtuose é virtude mântrica. Não há um hit como “Três Coroas” ou “Laranjas do Céu”. Porém a poesia mais madura de Nenung encanta. Culmina em “Lógica da Liberdade”, a grande letra do CD, que fecha meio Beatles, com o fade in e o fade out de “Hey!” Nando Correa
para quem quer ir mais fundo: be here now, familiar to millions, THE MASTERPLAN
DiscografiaBásica
por Fábio Leonel Grehs
Enquanto todo mundo discute se o Kraftwerk precisa ou não de um update, o DDR chega na frente e exibe tudo aquilo que se esperaria de um Kraftwerk 2.0. Com Düsseldorf, o trio adota desde influências marcantes da música eletrônica de raiz até a obscuridade sessentista do extinto Joy Division, passando pelo atual Ladytron e por alusões do wave criado pelo New Order na década de 80. Nas músicas, em inglês, resumem-se poucas idéias, mas analisadas com profundidade: Amor, dor e perda. A melancolia, porém, não tem espaço por aqui – e é isso que torna tudo tão interessante. Alex Corrêa
OASIS
Definitely Mabe
Manchester, Inglaterra,1994. Uma crise política e cultural afetava o país. A nação que sempre foi referência de música e comportamento já prosternava sua identidade, não tinha uma banda a enlouquecer o mundo e via o grunge se espalhar cada vez mais. Este foi o cenário para o Oasis lançar seu primeiro álbum, que rapidamente se tornaria um divisor de águas na história do rock. Definitely Maybe foi o grito da juventude e da classe trabalhadora britânica: as guitarras sujas de Noel, a voz estridente de Liam, músicas repletas de riffs, pratos estrepitosos e letras que geraram polêmica desde o lançamento do disco, como o clássico “Cigarettes & Alcohol”. Foi o disco de estréia a chegar mais rápido ao topo da Billboard, vendendo 7,5 milhões de cópias. Com “Supersonic”, “Rock’n’Roll Star” e “Live Forever”, o Oasis arrebanhava fãs pelo Reino Unido e pelo mundo. Don`t Believe The Truth
Quando eu comprei o Don`t Believe The Truth sentei-me na sacada de casa e coloquei o CD no som da sala, aumentando bem o volume para poder escutar. Após a contagem, começava a primeira música, “Turn Up The Sun” (assinada pelo baixista Andy Bell), de uma forma tão marcante e peculiar que imaginei estar na presença do melhor disco da banda.Agora com 4 compositores e o filho de Ringo Starr (Zak Starkey) seguro na bateria, o Oasis abandonara de fato seu tempo de experimentações e apresentava um disco muito particular, com composições emocionantes de Noel, como “The Importance of Being Idle” e “Let There Be Love”. O que fica claro até para os diletantes é que o comportamento dos irmãos Gallagher pode ser contestado, mas nunca podemos duvidar do talento destes já afirmados ícones da história do rock. (What’s the Story) Morning Glory?
Mas foi com o segundo disco que os sempre ébrios e petulantes irmãos da cidade de Manchester subiram ao altar das canções eternizadas pelo tempo e pela mídia. Depois do álbum de estréia, com um rock mais cru e sujo, o Oasis passou a mostrar, em (What’s the Story) Morning Glory?, melodias incomparáveis, arranjos de orquestra e, pela primeira vez, o compositor Noel como vocalista principal num disco, em uma canção que virou um hino: “Don’t Look Back in Anger”. A voz rasgada, marca inconfundível de Liam, corta o arguto som do violão no eterno clássico “Wonderwall”, música-destaque do álbum e das pesquisas de preferência do público até os dias de hoje.
PJ HARVEY
A Woman, A Man, Walked By
PJ ressurge pulsante neste trabalho que repete a colaboração com John Parish, produtor de alguns álbuns da inglesa. Assim como em Dance Hall at Louse Point (1996), as músicas são de Parish e as letras de PJ. Ela volta a cantar enfurecida, sem deixar completamente as sombras de White Chalk (2007). Seu amor tem gosto amargo e suas letras seguem arrasadoras—mas com as guitarras de Parish, a brabeza ganha força, em um álbum que alterna gritos e sussurros. A esganiçada “April” é um exemplo da força poética que carrega o disco. “A Woman a Man Walked By” consolida a parceria Harvey-Parish, onde a música de John dá corpo às letras pungentes de PJ. Sara Hartmann
LEONARD COHEN Live in London
“Eu tinha 60 anos, era apenas um garoto com um sonho maluco”. É assim que Leonard Cohen introduz “Ain’t No Cure For Love”. Refere-se à última vez em que pisou no palco da O2 Arena, em Londres, à qual retornou para gravar o disco. O garoto, hoje com 74 anos, está em plena forma. Depois de quatro décadas, ainda mostra energia na performance. Entre comentários com a platéia, executa seu repertório com familiaridade. Canções como “Hey”, “That’s No Way To Say Goodbye” e “Take This Waltz” crescem com a sua voz, cada vez mais grave. Para os fãs, é um presente. Para quem não conhece, é ideal para começar. Fernanda Botta
ta por vir .: 28.04_ Bob Dylan | Together Through Life “Algumas músicas do álbum têm [o feeling dos discos da gravadora Chess dos anos 50]. Principalmente na maneira como os instrumentos foram tocados”, falou o próprio vovô Dylan sobre sua nova aventura romântica.
confira Art Brut Art Brut Vs. Satan ___A batalha do Art Brut já é, em parte, ganha - trata-se de um grupo bacana que conquistou respaldo merecido no terreno indie. Deste novo enfrentamento, o que fica do rock inusitado que os caras fazem com classe - são os discursos sarcásticos do líder Eddir.
Amadou & Mariam Welcome to Mali ___De Mali para o mundo, este duo lançou o disco mais bem cotado na mídia internacional em 2008. Depois de tanto hype, o rap frenético e profundamente africano tenta vencer a prova real. Não que ainda precise depois de 8 discos nas costas.
Crystal Antlers Tentacles ___Após um aclamado EP em 2008 os californianos do Crystal Antlers lançam seu primeiro álbum. Com uma pegada anos 70, Tentacles mantém a mesma linha do EP. Guitarras distorcidas e efeitos psicodélicos dão o tom, enquanto o vocal segue forte e até meio agonizante.
DVDS VANGUART Multishow Registro
“Vocês vieram!”, exclama Hélio Flanders ao fim das primeiras músicas. A interjeição de surpresa parece descabida: fãs sempre vêm. E assim o Vanguart parece à vontade enquanto executa mais de duas dezenas de suas canções, passeando entre folk, rock sessentista e ecos de brasilidade, como a bem intencionada homenagem a Dorival Caymmi. Se o Vanguart é uma das revelações do cenário indie nacional dos últimos anos, o registro do Multishow deixa a certeza de canções autônomas como “Semáforo” e “Cachaça!”, a bonitinha “The Last Time I Saw You” com a participação de Mallu Magalhães e outras presenças especiais interessantes, como a de Arthur de Faria em “Robert”. Fernando Corrêa
STEVIE WONDER Live at Last
Em 2008, quando Stevie Wonder resolveu sair do retiro em que estava enfurnado há anos para tocar na Arena O2, em Londres, estava posta uma ocasião digna de registro. Da performance, resultou Live at Last, primeiro DVD da carreira do mestre. E, contrariando as expecativas agourentas, mostrou um Stevie triunfante. Das 27 músicas, que incluem o desfile de pérolas como “Delivered” e “Higher Ground” e um medley de covers dos Rolling Stones e dos Beatles (homenagem aos britânicos), emana uma energia capaz de tocar os corações mais gelados. E o melhor é ver Stevie feliz ao lado de Tony Bennett, com um disco novo, de clima jazzy, repleto de canções de Marvin Gaye e prestes a sair do forno. Ricardo Jaggard 51 noize.com.br
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cinema GRAN TORINO
Diretor_ Clint Eastwood Lançamento_ 2009 Atores_ Clint Eastwood Christopher Carley Bee Vang e Ahney Her Nota_ 5 de 5
Anunciado pelo próprio Clint Eastwood como seu último filme à frente das câmeras, Gran Torino é, ao mesmo tempo, uma despedida e a soma de seus filmes recentes - o Eastwood treinador de Menina de Ouro, o trauma da violência de Sobre Meninos e Lobos, o diálogo cultural entre Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra - e da mesma forma que Os Imperdoáveis dialoga com seu passado de astro de faroestes, Gran Torino conversa com o Eastwood do final da década de 70/início da década de 80, quando era ator campeão de bilheteria interpretando Dirty Harry - evidenciado pelo próprio carro do título, que o personagem Walt Kowalsky (Eastwoord), veterano da Guerra da Coréia e operário aposentado da Ford, guarda como uma relíquia lustrosa de seu passado. Ou seja, é impossível assistir, pensar e falar
sobre Gran Torino sem pensar no que a filmografia do velho Clint, significa para a História do Cinema. A trama se abre com Walt Kowalsky no enterro de sua esposa. Desaprova o comportamento de filhos interesseiros, netos malcriados, a vizinhança tomado por imigrantes – no caso, coreanos da etnia Hmong que, aliados dos estadunidenses no Vietnã, migraram para os EUA após o conflito. Walt é um modelo de politicamente incorreto, racista e preconceituoso ao ponto do cômico. Quando o garoto vizinho Thao é coagido a tentar roubar seu carro por uma gangue, e pego no flagra por Walt, inicia-se uma amizade entre os dois que, longe de cair no clichê da “lição de vida”, trabalha o sensação de deslocamento de ambos acumulada em 50 anos de carreira por um diretor no seu auge. Samir Machado
TITÃS - A Vida Até Parece Uma Festa
Diretor_ Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves Lançamento_ 2009 Nota_ 4 de 5
Como todo mundo já ouviu, os Titãs não querem só comer. Eles querem comida, diversão e arte. Em Titãs – A vida até parece uma festa, Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves registram não apenas a trajetória de uma banda de rock, mas todo o universo que envolve a música, as pessoas, os lugares, os sentimentos. O documentário é composto por uma colagem de cenas gravadas pelo próprio Branco, integrante da banda, que em 1986 decidiu comprar uma câmera e gravar o dia-a-dia de um grupo de amigos que ganham a vida com uma banda de rock. Na tela, vemos cenas em ordem nãocronológica que traduzem todo um rito de passagem da adolescência para a vida adulta e tudo o que é inerente a ele—angústias, festas, excessos, companheirismo e uma motivação juvenil
de poder abraçar o mundo. Períodos críticos como a saída de Arnaldo Antunes e Nando Reis, a morte de Marcelo Fromer e a doença de Branco Mello são tratados com a devida proporção, sem exageros nem sentimentalismos. Mas o documentário tem um valor maior: o de lembrar a todos a imensa qualidade dos hits já produzidos pela banda durante os mais de 25 anos de estrada— ainda que nos últimos anos os trabalhos lançados sejam discutíveis. Os seis anos de trabalho minucioso de edição das imagens mostram a essência dos Titãs, mesmo que nem sempre pareça uma festa. Ana Luiza Bazerque
cinema
SPIRIT de Frank Miller (2009)
AMORES BRUTOS
Fácil dizer o que dá errado nesse filme: Frank Miller. Outrora louvado como o criador de O Cavaleiro das Trevas, 300 de Esparta e Sin City, já faz tempo que os fãs de quadrinhos acham que ele desaprendeu como contar uma história. Estreando agora como diretor de cinema, e sem a ajuda que teve de Robert Rodrigues em Sin City, consta-se que Miller e uma câmera são dois completos estranhos. A história sem lógica oscila entre o absurdo e o gratuito. O que era para ser uma homenagem a Will Eisner, mestre dos quadrinhos falecido em 2005 e criador de Spirit, se transformou numa overdose das obsessões pessoais de Frank Miller, de mitologia grega, nazistas, samurais, dinossauros e a sexualidade do Robin, inseridos dos modos mais desnecessários possíveis. Raras vezes que se vê um filme com nada a ser elogiado. Samir Machado
Amores Brutos é a pérola máxima de Alejandro González Iñarritu e marca sua estréia na direçao de longas. O formato instigante, que desmembra a trama em fragmentos de três histórias que se cruzam, deu a tônica a seus filmes seguintes: 21 Gramas e Babel. O filme retrata a história de um grave acidente de carro envolvendo uma linda modelo, um busca-vidas e um ex-guerrilheiro matador profissional. Vencedor de onze prêmios Ariel, um BAFTA e o prêmio da crítica em Cannes, foi ainda indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Com elenco primoroso encabeçado por nomes como Gael García Bernal, Emilio Echevarría e Goya Toledo, direção e roteiro apuradíssimos, Amores Brutos é uma crônica da vida em seus aspectos mais humanos. Traduz o sentimento de que também somos o que perdemos pelo caminho. Marcela Jung
de Alejandro González Iñarritu (2000)
livros
ASSOCIAÇÃO JUDAICA DE POLÍCIA de Michael Chabon (2009)
Partindo da premissa de que Israel saiu derrotada da guerra árabe-israelense, em 1948 —e de um plano nunca posto em prática do governo americano de realocar os judeus sobreviventes do Holocausto para o Alaska, Chabon cria uma história de realidade alternativa que presta homenagem a um universo de referências de filmes e livros policiais noir. A começar pelo detetive durão, Meyer Landsman, investigando um assassinato banal ocorrido no hotel em que mora—e que o leva a uma conspiração maior, envolvendo jogadores de xadrez, judeus ortodoxos, a vinda de um novo Messias e a retomada de Israel. De Raymond Chandler a Chinatown, Chabon funde com facilidade o mundo noir alternativo ao seu corpo de metáforas engenhosas, brincadeiras com as idéias e imagens mais díspares possíveis, fundidas em comparações inesperadas. Seus personagens são cheios de um senso de humor auto-depreciativo, não deixando de ver o absurdo surreal de seus cotidianos, como também o aceitam, conformados, com ironia e um olhar blasé. Samir Machado
games RESIDENT EVIL 5 Desde que o Resident Evil habita as páginas da Noize, o game passou por mudanças significativas. Mais precisamente a partir do Resident Evil 4, a Capcom tem-se esforçado para revitalizar a fórmula do game mais famoso do survival horror. Nessa versão, a perspectiva de jogo mudou - passou para cima do ombro do jogador -, e os mortos-vivos estão mais vivos do que mortos, exigindo mais da habilidade de quem joga. A novidade com a continuação da série fica com um multiplayer sangrento em que vários players seguem juntos rumo a uma jornada sombria e cheia de sangue. Jogue olhando para os lados... Eduardo Spider 53 noize.com.br
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blog _oesquema.com.br/trabalhosujo O Trabalho Sujo é um blog de verdade. Jornalismo, música, fotos engraçadas e o já clássico post das 4h20m formam o prato cheio de quem quer ter sempre coisa boa para ler, ver e ouvir. _youshouldhaveseenthis.com/ Site reúne tudo que é essencial e que você já deveria ter visto em matéria de virais e “hits” da internet.Vale a pena ver e rever.
video
flaming lips - bordeline _Fãs de Flaming Lips, fãs de Madonna, preparem-se. O Flaming Lips gravou um cover de “Borderline” para uma coletânea comemorativa aos 50 anos da Warner Music. O resultado videoclíptico é a psicodelia barrettiana que o Lips faz com classe. tiny url: tinyurl.com/flipsborderline
mp3 Spaceman (Steve Aoki & The Bloody Beetroots remix) | The Killers Aoki brinca com uma das novidades do Killers. The Quitter | NOFX O mesmo hardcore melódico de quebrar cabeça no chão de sempre. Battle for the Sun | Placebo Não é lá muito original, mas vai agradar quem ainda lembra como é gostar de Placebo.
garotas suecas _Filmado em Nova York, com todas as cores do multiculturalismo na paisagem e na música do Garotas Suecas. A música, carregada de influência black, é uma das mais legais da recente safra nacional. tags: garotas suecas codinome dinamite
tiny urls http://tinyurl.com/1001discos Sabe o livro dos 1001 discos para você ouvir antes de morrer? Com este site você pode ir tranquilo. http://tinyurl.com/tpmagora Quer saber quando a namorada ou a mãe está naqueles dias? http://tinyurl.com/guitarfucker Para os fãs de Guitar Hero, um jeito de escapar na hora do trabalho.As músicas são meio desconhecidas, mas o jogo diverte.
eminem 2009 cock
susan boyle _Susan Boyle chega e choca os jurados do show de calouros mais famoso da Inglaterra. Gordinha, feinha, velhinha e sem nunca ter beijado na boca, ela converte tudo isso em sentimento e perfeição numa performance que emociona. tags: susan boyle talent
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6 | FabrĂcio Barreto
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fotos: 1 e 2 | Marcos Hermes
3 | Thais Azevedo
4| | Felipe Neves
5 | Paulo Neves
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shows
_radiohead, los hemanos, kraftwerk, buddy guy, iron maiden, kiss e cachorro grande, mallu e identidade
RADIOHEAD
Just a Fest, Rio de Janeiro, Praça da Apoteose, 20 de Março
Eu, primeira vez no Rio de Janeiro, aguentando o peso do corpo e da horda de fãs há cerca de 10 horas. Apoiavame apenas na grade (chegar cedo tem suas vantagens) e na doce coincidência que aquela sexta-feira de março me oferecia: certa feita, um Thomas cheio de melodias na cabeça, ridicularizado pela maioria dos colegas por seu olho torto, juntou-se a dois “grandões” do colégio, Edward e Philip. Coube a um dos poucos amigos de classe, Colin, completar o time, chamando ainda seu irmão Jonathan, de 14 anos, para tocar teclado. Sendo sexta-feira o único dia em que a sala de música ficava livre para ensaios, os guris chamaram seu ajuntamento de “On A Friday”. A pacata cidade de Abingdon, de 7 em 7 dias, ia se tornando berço de algo novo. E naquela sexta-feira, quase 25 anos depois, eu, meu corpo cansado e milhares de fanáticos aguardávamos ansiosamente pela impiedade aveludada daquele novo. Gostar de Radiohead não é fácil.A musicalidade ultrapassa melodias bonitas, e a fragilidade violenta que sai das caixas de som escapa ao intelecto – transforma o ouvinte num corpo vazio. Sentimentos vertem da espinha e ecoa incontrolável aquilo que seus pais lhe ensinaram a trancar na última gaveta do quarto. Se já nos discos a música do quinteto provoca esse redemoinho, ao vivo ela avassala. Enquanto as guitarras e as mirabolâncias eletrônicas hipnotizam, Thom Yorke, em performance elegantemente epiléptica, lança a esmo uma multicolorida nau alienígina, telões fragmentando o corpo dos tripulantes, um anúncio de que ali, tudo se funde e não há limites. Vem aquela sensação: something BIG is gonna happen over my dead body. O mergulho apnéico no imenso oceano radioheadiano teve, sim, seus pontos altos. Ed, Phil e Jonny rufando os tambores davam uma condição quase solene para a purgação que tomava os corpos. We’re accidents waiting to happen. O
bombardeio de distorção e volume na antológica “Creep”, mesclando-se à psicodelia vibrante e intensa do palco. Mas isso não importa. Aquela sextafeira foi o testemunho carnal de que o Radiohead continua fazendo o novo. Ou, arrisco-me a dizer, a prova de que a música parece ter escolhido os ingleses para fazer-se. Gabriel Resende
LOS HERMANOS E KRAFTWERK Just a Fest, São Paulo, Chácara do Jockey, 22 de Março
Se, no quesito organização, o Just a Fest deixou a desejar, pelo lado musical, o público pôde deixar a Chácara do Jockey como saído de um sonho. E não só pela histórica apresentação do Radiohead, mas também pelos ótimos shows de abertura. Para começar, uma aguardada reunião. O show do Los Hermanos no Rio - que, dizem as más línguas, foi fraco – tinha me deixado com um pé atrás em relação a este “retorno”. Por causa disso, talvez, a apresentação em São Paulo até surpreendeu. A banda parecia estar se divertindo e, mesmo como coadjuvante na festa, foi bem aplaudida. O setlist focou os três últimos álbuns do grupo - ignorando os gritos dos fãs por “Pierrot”. O ponto alto foi a reta final, com a trinca “Último Romance”, “Sentimental” (misturada com o choro da menina ao meu lado) e “A Flor”. Se este foi o último show da história da banda, ao menos, tiveram uma bela despedida. Quanto à atração seguinte, o lendário Kraftwerk, fez uma apresentação, sobretudo, impactante. É difícil ficar indiferente àqueles quatro caras imóveis diante de suas “mesinhas tecnológicas”, mesmo que eles pareçam completamente alheios a nós. O som eletrônico, aliado às imagens e aos efeitos dos telões, ganha energia e te leva pela temática das músicas. Sem contar com os robôs que substituem os integrantes do grupo em The Robots. O mais interessante ali, no entanto, era estar diante de um capítulo tão essencial na história da música pop. Capítulo ainda mais louvável se imagi-
narmos tudo isso transportado lá para 1970, quando o Kraftwerk começou - e o hard rock dominava as paradas e o punk estava apenas em gestação. Experimental demais? Que seja. Eles merecem, no mínimo, muito respeito. Eduardo Hiraoka
IRON MAIDEN
São Paulo, Autódromo de Interlagos, 15 de Março
Um temporal de poucos minutos na tarde do dia 15 de março foi suficiente para transformar as pistas do Autódromo de Interlagos em lama escorregadia. Quando o horário do grande espetáculo – 20h – se aproximava, o engarrafamento angustiava fãs atrasados, bem como as filas gigantescas. O anúncio de que o Maiden subiria no palco com uma hora de atraso, feita pelo empresário Rod Smallwood, foi encarado com alívio por quem estava do lado de fora, e com impaciência por aqueles que já não aguentavam mais em pé de tanto esperar. Essas divergências foram colocadas de lado tão logo a imagem dos integrantes da Donzela de Ferro apareceu no telão. Em poucos segundos, eles já estavam ali, pessoalmente, tocando a “Aces High”, do álbum Powerslave. A disputa por espaço chamou a atenção do grupo, tanto que o pedido “Take two steps back” de Bruce acabou surtindo algum efeito. Mas o alvoroço da plateia tinha justificativa, o repertório deste ano traria boas surpresas em relação ao show do ano passado, principalmente para os fãs que curtem a fase mais antiga da banda. As várias trocas de cenário e a pirotecnia completaram a noite inesquecível. Durante “Iron Maiden”, a presença de um Eddie gigantesco, em formato de múmia, foi um dos pontos altos do show. Os fogos pareciam ser cuspidos pelo boneco. Nada mais justo que isto acontecesse durante a execução de um dos sons mais associados ao estilo. Eddie voltou em “The Evil That Men Do”, desta vez interagindo com Janick Gers, guitarrista conhecido por seus movimentos nada convencionais de palco, o líder do baixo, Steve Harris, 57 noize.com.br
o baterista Nicko McBrain e os guitarristas Adrian Smith e Dave Murray, além de Bruce, é claro. Tudo terminou com outra das antigas – “Sanctuary”, e uma longa despedida. Ficou a promessa de um novo álbum da Donzela de Ferro para 2010, com turnê passando pelo Brasil em 2011. Resta esperar. Up the Irons! Cláudia Regina Klock
BUDDY GUY
Porto Alegre, Bar Opinião,12 de Março
A terceira vinda de Buddy Guy à capital gaúcha foi um sucesso, tomado por velhos e novos adoradores do estilo musical que é o pai do rock and roll. Antes de o espetáculo começar, a platéia era quase muda. Pouco após o locutor anunciar o nome do guitarrista, as palmas começaram, convocando o bluesman a comparecer ao palco—mas apenas em seu primeiro acorde de guitarra é que urros e felicitações foram bradadas. Um público sedento por uma bela melodia vinda da guitarra desta lenda de Chicago acompanhava cada nota e interagia constantemente com o guitarrista. Em sua versão de “Hootchie Cootchie Man”, de maneira mais arrastada e cerimoniosa, entre um trecho e outro alguém gritava um “yeah!” ou “uow!”, no mesmo clima que talvez se possa esperar em um bar blueseiro de New Orleans. Em um palco sem produção alguma além dos equipamentos dos músicos e acompanhado por uma banda precisa e carismática, Buddy Guy fez um show beirando a magia—sim! Magia, pois não era possível ver o tempo passar. A primeira hora foi imperceptível, de um total de 100 minutos de blues hipnotizante. O blueseiro de Chicago ainda deu um show de humildade homenageando guitarristas que surgiram após ele e que o tinham como referência, tais como Jimi Hendrix e Eric Clapton. Como é tradicional em seus shows, Buddy foi de encontro à platéia dedilhando sua guitarra e mostrando sua impressionante voz quase secular.Ao subir no mezanino, foi ovacionado e quase não conseguia se mover tamanho o assédio dos fãs. Ter-
minou o show distribuindo palhetas e, já sem empunhar sua guitarra, deixando o palco sob regência de sua banda de apoio. O blues, como o whisky do Tennessee, com o passar dos anos só fica melhor. Buddy Guy, inspirador de grande parte dos maiores guitarristas da história, é assim; sempre melhor. O segredo da longevidade? Ele mesmo deve saber a resposta, seguindo tocando sua guitarra em diversos palcos do planeta. Ricardo Finocchiaro
KISS
São Paulo, Arena Anhembi, 7 de Abril
Na apresentação do Kiss na Arena Anhembi, havia mil presentes para cada ano dos 35 que a banda tem de carreira. O show contou com o que o Kiss tem de melhor: maquiagem, muita pirotecnia, músicos voando e o rock and roll direto que fez a banda tão famosa. Como de costume, a banda entrou no palco ao som de “Won’t Get Fooled Again”, do The Who. Após o anúncio da “melhor banda do mundo”, Paul Stanley puxou a introdução de “Deuce”, e a cortina caiu junto com uma explosão de fogos. Daí pra frente, foi uma sucessão de clássicos. O repertório da primeira parte foi baseado no clássico álbum ao vivo de 1975, o KISS ALIVE!. Gene e Paul, à beira dos sessenta anos, compensaram a idade com um carisma hipnótico. Eric Singer baterista que substitui Peter Criss - foi preciso e fez alguns arranjos novos que deixaram as músicas mais vibrantes. Na guitarra, Tommy Thayer - substituto do carismático e beberrão Ace Frehley - foi impecável. No final do primeiro bloco, Paul anunciou que era a hora de tocar o hino do KISS ARMY - como chamam sua legião de fãs. Depois de chamar “Rock and Roll All Nite”, veio a introdução de bateria, seguida de uma explosão e de uma chuva de papel picado que encheu a Arena, transformando o show numa festa incrível. Após um intervalo, Paul Stanley entrou no palco tremulando uma enorme bandeira do Brasil e a banda voltou com tudo para mais seis músicas. Os espectadores tiveram
o prazer de assistir Gene cuspir sangue e voar até o topo do palco para cantar “I Love It Loud” e Paul flutuar até o meio da Arena para cantar “Love Gun” perto dos fãs. “Detroit Rock City” encerrou e deixou claro que aquela noite foi memorável e que o Kiss é a banda mais quente do mundo. Richard Zimmer
CACHORRO GRANDE, IDENTIDADE E MALLU MAGALHÃES Porto Alegre,Teatro do Bourbon Country, 26 de Março
Mesmo sem cadeiras e com potencial, o Teatro do Bourbon Country não foi o lugar mais adequado para a “festa-show” em que tocaram Mallu Magalhães, Identidade e Cachorro Grande. Mallu foi a primeira a encarar a heterogênea platéia da noite. Nervosa com as falhas no retorno e com o som do violão, mudou a letra de “Vanguart” para, aos berros, reclamar. Quem sabe pelo som regulado para uma audiência maior, Mallu não tenha se conectado com a platéia como um ano antes, quando uma menina insegura lotou o Porão do Beco. Dessa vez, as músicas que mais empolgaram foram os covers “I’ve Just seen a Face”, dos Beatles, e “It Aint Me, Baby”, do Dylan. Já a Identidade, que ao vivo é ainda melhor do que em disco, não se incomodou com as falhas técnicas e fez o show enérgico de sempre. A platéia, contagiada pelo entusiasmo do front man, finalmente começou a dançar ao som de “Colegial”, “Belos Retratos” e “Lucy Jones.” Para as (boas) músicas novas, contaram com os metais da Família Sarará. O show da Cachorro Grande serviu para matar saudades mútuas. Frases como “Estou com a minha melhor jaqueta porque a minha sogra está na platéia”, do Beto Bruno, ajudaram a ilustrar um pouco do nervosismo e da satisfação da banda por tocar em casa. Entre “Você Não Sabe o que Perdeu” e “Sexperienced”, agradaram os dois possíveis públicos da banda. O novo, que filmava com celulares, e o antigo, que dançava como se não precisasse trabalhar no dia seguinte. Maria Joana Avellar
_ilustra PABLO ETCHEPARE
http://www.flickr.com/photos/pabloetchepare
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