Faro Obreiro nº7

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Vozeiro da Assembleia Comarcal de NÓS-Unidade Popular de Vigo

NÚMERO 7 · JULHO - AGOSTO - SETEMBRO DE 2013

SUMÁRIO

Entrevista: comuneiros de Cabral

Fernando Fernández e José Manuel Estévez relatam a luita contra o centro comercial. Página 2

PSOE restringe democracia nas ruas de Vigo Governo local reforça instrumentos legais e policiais contra a liberdade de expressom. Página 3

Aborto livre e gratuito

Organizar-nos para luitar, luitarmos para vencer Nom é umha novidade que o povo trabalhador padeçamos todo tipo de injustiças e atropelamentos por parte de Espanha e da burguesia. Antes, é umha constante histórica. É a consequência inevitável de vivermos numha economia capitalista e numha naçom oprimida como a Galiza. Os bens dos que dispom a sociedade som limitados e para que uns poucos tenham quase todo, o resto nom podemos ter quase nada. Para que o empresário tenha muito dinheiro, nós temos que ser pobres. Para que Espanha prospere, nós temos que obedecer e satisfazer as suas necessidades. Para que o banco tenha muitas casas que vender, nós temos que perder a nossa. Para que o promotor poda construir centros comerciais, nós temos que renunciar à nossa terra. A maquinária criminosa do Capital nom funciona se nom se alimenta do nosso suor e do nosso sangue. Como dizíamos, nom é nengumha novidade, mas acontece que apesar de todo o que nos levam roubado ainda nom tenhem suficiente. E nom só isso, a cada dia que passa incrementa-se o ritmo das reformas, medidas e iniciativas encaminhadas a quitar-nos o que temos para que os patrons fiquem com todo. O capi-

talismo espanhol está ferido de morte e o futuro das classes dominantes apresenta-se fatídico. Em consequência, já nom podem permitir-se o luxo de dosificar os golpes, de esperar a que nos resignemos. Agora agredem-nos a diário e por vários frentes ao mesmo tempo. Se nom te estafárom com as preferentes, despedírom-te sem indemnizaçom graças à última reforma laboral. Se nom che embargárom a casa, botárom-cha abaixo para construir umha estrada ou umha via do AVE. Se nom che chantárom umha depuradora na porta, foi um centro comercial. Se nom ficaches sem pensom, ficaches sem ambuláncia e sem tratamento médico. Se nom te botárom do asteleiro, botárom-te de Unísono. Se nom che baixárom o salário, baixárom-che o subsídio por desemprego. Já nom se livra ninguém. De nada vale já olhar para outro lado porque os golpes caem desde todas as direçons. Longe de qualquer pessimismo, esta realidade que só estamos começando a compreender coletivamente, tem que servir para aprender-nos algumhas liçons. A mais importante é que as trabalhadoras e trabalhadores somos umha classe social e

que devemos atuar como tal. Nalgum momento chegamos a acreditar que éramos cidadaos e cidadás, que tínhamos todos os direitos e toda a liberdade à que podíamos aspirar, que as desgraças aconteciam a quem nom sabia cavar a vida. Hoje semelhante ingenuidade parece-nos impossível. Somos o que somos, obreiras e obreiros que vivemos de vender a nossa força de trabalho – quando nos deixam– e que nom temos nada mais, pois o resto podem levá-lo os patrons quando lhes convenha. Todas e todos somos vítimas da ánsia depredadora do capitalismo, se nom é hoje será amanhá, e devemos fazer frente unidas e unidos contra o nosso inimigo comum. É certo que teremos que superar as inércias do passado e os medos que conseguírom inocular-nos desde que nascimos. Como o pau e a cenoura, os poderosos utilizam o terror e as promessas para manter-nos no nosso sítio. Nem vam vir tempos melhores nem vai safar quem se porte bem. Depois de quase umha década de degradaçom absoluta das nossas condiçons de vida, que a soluçom chegará sem luitar só podem afirmá-lo os imbécis e os escuros. Os bons e generosos sabem que se nom reacionamos só podemos ir a pior.

Outra liçom que nos brinda a dura relidade de hoje é que de pouco serve pedir clemência ante a barbárie. Já perdimos bastante tempo laiando polas dificuldades que passamos. Agora é o momento de pôr as cartas sobre a mesa e dizer claramente que para que nós podamos viver felizes os exploradores devem ser derrotados e eliminados. O povo trabalhador tem a superioridade ética e material necessárias para impor a liberdade por acima da opressom. Se reivindicar nom funciona nom duvidaremos em obrigá-los, polas boas ou polas más. Por último, devemos ter bem presente que todo o que hoje estamos a perder nom apareceu da nada. No passado outras geraçons tivérom que enfrentar-se aos invassores, a ditaduras e monarquias, a exércitos e polícias, para conquistar um futuro melhor que hoje volta escurecer-se. Gostemos ou nom, tocou-nos viver um momento histórico no qual a classe obreira volta estar chamada a luitar contra a barbárie e nom vamos duvidar. Luitaremos, levantaremos as organizaçons revolucionárias e lançaremo-las contra a burguesia, nom cederemos nem um centímetro e, finalmente, venceremos.

NÓS-UP reivindica o direito das mulheres a decidírem sobre o seu corpo. Página 3

Manifestaçom localista por Peinador Abel Caballero convoca com pouco sucesso em defesa do actual modelo de transporte. Página 3

Saímos à rua no 1 de Maio Mobilizaçons do sindicalismo nacional e de classe no Dia do Internacionalismo Proletário. Página 3

Em defesa do Galinheiro Multitudinária marcha popular em defesa da nossa serra. Página 3

Anulado festival aéreo em Vigo

NÓS-UP mostra a sua satisfacçom pola cancelaçom do evento. Página 3

Por um sistema ferroviário galego Artigo de opiniom de Paco Moreno, membro do Sindicato Ferroviário em Adif. Página 4


FARO OBREIRO · Número 7 · Julho - Agosto - Setembro 2013

ENTREVISTA

“Nom permitiremos especular com Porto Cabral, nem dar um pelotaço para que uns quantos saiam mais milionários” Faro Obreiro entrevista Fernando Fernández Molares, comuneiro e vizinho de Cabral, e José Manuel Estevez, comuneiro, vizinho de Cabral e Presidente da plataforma de afetados e afetadas de Linheirinhos. Nós últimos três meses a oposiçom popular à construçom dum macro centro comercial em Cabral tem logrado enorme repercussom pública. Quais som as razons para opor-se ao Porto Cabral? A forma de apresentar o projeto, através dos meios de comunicaçom, sem ter em conta a opiniom da vizinhança e dos comuneiros/as que nom estám na diretiva, provocou muita desconfiança na paróquia. Carecíamos e carecemos de toda informaçom sobre o projeto. O único que sabemos é mediante a publicidade organizada e difundida desde a Cámara municipal, através da Junta Reitora, nos meios de comunicaçom. Essa ausência de informaçom provocou o despertar do movimento vicinal e da juventude da paróquia, que culminou nos protestos da assembleia de comuneiros/as no passado mês de abril. Os abandeirados deste projeto som o alcaide Abel Caballero e Luís Rodríguez, presidente dos comuneiros e comuneiras de montes de Cabral. A falta de informaçom é umha das principais demandas do setor contrário a Porto Cabral. Espera-se outro pelotaço urbanístico? Evidentemente, estamos seguros de que se esta preparando outro pelotaço urbanístico, carecemos de dados para demonstrá-lo, mas o tempo vai-nos dar a razom. Estamos seguros e seguras de que isto é mais umha forma de especular, ao igual que aconteceu com a bolha da construçom, para que uns poucos podam fazer-se milionários. Nas vindouras semanas a diretiva dos comuneiros/as tem que convocar outra assembleia para decidir o seu futuro. A campanha suja já está na rede e nos jornais. Estades a sofrer muita pressom por parte da diretiva e o alcaide? É evidente que estam a trabalhar para conseguir o “sim” nas votaçons das assembleias. Os jornais e rádios, a diretiva dos comuneiros/as e

o Concelho estám vendendo a todos os vigueses e viguesas umha oportunidade única para a paróquia e a cidade. Mas a vizinhança de Cabral discrepa. Nasceu um movimento contrário a este macro centro comercial, que já conseguiu paralisar duas assembleias, e temos como objetivo trabalhar para evitar a sua construçom. Conseguimos que a Junta Reitora figera umha assembleia com os vizinhos e vizinhas de Cabral e agora temos que dar a batalha dentro, explicar as nossas razons e motivos polo que somos contrários à sua criaçom. O dinheiro do monte de Cabral nom é para as pessoas, se nom para Comunidade de Montes. Se finalmente se constrói, as comuneiras/os que votárom em contra terám algum tipo de marginalizaçom ou repressálias? Um dos nossos objetivos é conseguir a votaçom em urna. O voto secreto dá-nos umha oportunidade de paralisar este projeto, que a mao alçada nunca poderíamos conseguir. Sobre o dinheiro, o monte nom se pode vender, seria umha expropriaçom. O dinheiro recebido dessa expropriaçom é para a comunidade de montes, para melhorar a paróquia, mas, por exemplo, quando foi o caso de AENA, onde recebemos 7.260.000 euros, nom repercutiu em absoluto na melhora de Cabral. Vigo conta com mais de seis centros comerciais -algum deles totalmente arruinado- que provocou a desapariçom do pequeno comércio em toda a zona, destruiçom de postos de trabalho e criaçom de mini-jobs com os que os grandes empresários aproveitárom para incrementar o seu lucro. Finalmente, se se constrói, terá o mesmo resultado para o bairro de Cabral? Com certeza. Existe um informe do INE, ao alcance de todo o mundo na

“A luita vicinal funciona. Nós somos a demostraçom disso.” sua web, onde indica que as grandes superfícies destroem de maneira alarmante o pequeno comércio e os postos de trabalho. Se criam algum tipo de emprego, fam-no em condiçons infinitamente piores. Por outra banda, que os sindicatos e algumhas forças políticas se postulem do nosso lado demonstra claramente que temos razom. A passada assembleia contou com a oposiçom de vizinhas e vizinhos, pequenos comerciantes da zona, comuneiros/as do próprio monte Cabral… Segundo o Presidente da futura empresa construtora do macro centro comercial, Eurofunds, nunca tivera umha oposiçom tam contundente. A luita vicinal tem um grande sucesso.

A luita vicinal funciona. Nós somos a demonstraçom disso. O dia 21 de abril de 2013 ficará como umha data histórica em Cabral, foi o dia do despertar e do poder da luita vicinal. Estamos mui orgulhosas e orgulhosos de oferecer essa resposta, mas o resultado final tem que ser a paralisaçom do projeto. A plataforma está fazendo umha campanha importante para sensibilizar as vizinhas e vizinhos. Quais som os seguintes passos nos vindouros meses? Que atividades ou açons de luita vicinal estades preparando? O nosso objetivo é ganhar a assembleia de comuneiras e comuneiros, polo que o nosso trabalho é tentar

conscienciar a todo o mundo para buscar o rejeitamento do maior número de pessoas. É um trabalho lento, e evidentemente nom temos muito tempo, mas aos poquinhos, com dados e informaçom sobre o negativo que resultaria para a paróquia a sua construçom, estamos ganhando adeptos. Já conseguimos que a Junta Reitora faga umha assembleia com a vizinhança para que nos facilitem mais informaçom sobre Porto Cabral e temos que continuar até conseguir que a maioria dos comuneiros e comuneiras votem em contra da sua construçom.


FARO OBREIRO · Número 7 · Julho - Agosto - Setembro 2013

PSOE pretende restringir liberdades e democracia nas ruas de Vigo NÓS-UP levamos denunciando nos últimos meses os labores repressivos que está a realizar a Polícia Local, assediando e intimidando a militáncia da nossa organizaçom com multas, perseguiçons e denúncias que finalizam em juízos. Com a aplicaçom desta ordenança municipal, o governo de Abel Caballero pretende eliminar das ruas as reivindicaçons populares contra o desemprego, contra o roubo dos

bancos mediante as preferentes, contra os despejos de vivendas, em defesa da sanidade e educaçom públicas, do nosso idioma, dos direitos das mulheres, pola soberania e independência nacional, etc. Consequencia disto é a restriçom da difusom e colagem de cartazes, elaboraçom de murais, colocaçom de faixas, etc, na cidade. De NÓS-UP exigimos a derrogaçom de todas as ordenanças que res-

tringem as nossas liberdades, retomando a posse das ruas para quem realmente lhe corresponde: o Povo.

NÓS-Unidade Popular reivindica aborto livre e gratuito em Vigo Militantes de NÓS-UP tingírom de cor lilás a água dumha fonte central do bairro do Calvário, enquanto lançavam palavras de ordem tais como aborto livre e gratuito; nós parimos, nós decidimos. Esta açom feminista reivindica a paralisaçom imediata da reacionária lei antiabortista do PP e reclama que as mulheres podamos exercer o nosso direito ao aborto com total liberdade e de forma gratuita na rede sanitária pública. A iniciativa enquadra-se nas múltiplas respostas realizadas na nossa cidade e no nosso país, contra a campanha propagandística machis-

Somos favoráveis a um modelo aeroportuário galego, racional, integral, especializado e com visom nacional, e portanto condenamos as mentiras de Abel Caballero. O alcaide da cidade, com apoio do PSOE, patronato e do sindicalismo pactuário espanhol (CCOO e UGT), empregando falácias insustentáveis, agitam o fantasma reacionário da “marginalizaçom de Vigo”.

ta lançada pola Conferência Episcopal Espanhola e as organizaçons anti-abortistas.

Mas a classe obreira viguesa nom se deixa enganar nem arrastar polos discursos localistas e populistas. Vigo defende-se luitando pola nacionalizaçom do setor naval, gerando emprego público, evitando a instalaçom de mais áreas comerciais, construindo um novo hospital 100% público, saneando a ria, com um modelo urbanístico para desfrute da vizinhança, com orgulho de sermos a cidade mais grande dumha naçom chamada Galiza. Nada disto defendem Abel Caballero, PSOE e o patronato!

Saimos à rua no 1º de Maio fileira de cartazes de paus que assinalavam os diferentes responsáveis da atual crise económica que está sofrer a classe obreira galega.

Em Vigo tivo lugar a mobilizaçom mais numerosa das convocadas pola CIG nas diferentes cidades da Galiza. A esquerda independentista saiu da Dobrada com cortejo próprio conformado por três faixas e dúzias de bandeiras. O bloco abria-o umha

O passado 11 de junho no Centro Social Lume!, NÓS-UP apresentou o PTRP. Um documento de 94 páginas com 502 medidas concretas divididas em 12 áreas, concebido como um programa de mínimos para um governo obreiro e popular, patriótico e feminista, ao serviço da ruptura democrática e dum processo constituinte galego.

NÓS-UP mostra a sua satisfaçom pola anulaçom do festival aéreo de Vigo NÓS-UP transmitiu a nossa satisfaçom pola eliminaçom neste verao do show aéreo das forças armadas espanholas na praia de Samil.

do Concelho e do Ministério espanhol de Defesa obriga a suspender este circo em 2013, mas anunciam que no 2014 voltarám.

O passado ano, assim como nas ediçons prévias, manifestamos que era inadmissível o esbanjamento de fundos públicos para financiar este tipo de eventos que só pretendem a promoçom do militarismo.

De NÓS-UP aguardamos que as promessas do PSOE e PP tenham o mesmo sucesso que com o incremento de impostos, reforma laboral, lei de educaçom ou os barcos de Pemex. E assim nom voltemos gastar milhares de euros na promoçom do militarismo.

A dia de hoje, a situaçom económica As mulheres trabalhadoras e das classes populares nom vamos permitir que a Igreja e o PP cerceiem os nossos direitos.

NÓS-UP Vigo contrária à mobilizaçom localista de Abel Caballero NÓS-UP de Vigo manifestou o conjunto do povo trabalhador viguês a rotunda oposiçom da esquerda independentista e socialista à demagógica campanha localista e populista de Abel Caballero em “defesa” do aeroporto de Peinador.

NÓS-UP apresenta em Vigo Programa Tático para Rebeliom Popular

Quando a cabeceira da manifestaçom chegava ao cruzamento da rua Colom, dous militantes da Unidade Popular despregavam, num andaime, umha faixa de 5 metros de altura, exigindo a demissom do narcopresidente autonómico e do presidente espanhol. Ao finalizar a mobilizaçom tivo lugar um jantar de confraternizaçom no C.S. Lume!

NÓS-UP com as trabalhadoras e trabalhadores de UNÍSONO NÓS-UP manifestou todo o seu apoio ao quadro de pessoal que está a protagonizar umha importante luita em defesa dos seus direitos laborais. Reiteramos o nosso compromisso com a luita dos trabalhadores/as de Unísono e animamos o povo trabalhador a somar-se às suas revindi-

caçons e a sair à rua. Exigimos a paralisaçom do Expediente de Mobilidade Geográfica e os despedimentos baratos que quer aplicar a empresa. Exigimos trabalho digno no nosso país e políticas de esquerda que ponham freio à emigraçom forçosa que sofre a classe trabalhadora galega.

NÓS-UP denuncia tentativa do PSOE de impor Porto-Cabral pola força sobre a vontade popular A Unidade Popular de Vigo quer parabenizar às vizinhas e vizinhos de Cabral que se oponhem à contruçom do macrocentro comercial e fôrom capazes de paralisar a fraudulenta votaçom que pretendia impor o presidente da Comunidade de Montes. Mas umha vez, a vizinhança volta demonstrar a sua força e qual é o caminho -a luita- à hora de tentar atingir os objetivos. É evidente que Luís Rodriguez, presidente dos comuneiros e comuneiras de montes de Cabral, defende obscuros interesses. Em vez de estar com a vizinhança, alia-se com a multinacional británica Eurofund, que pretende destruir umha parte da

paróquia para construir um macro centro comercial. Luís Rodríguez falsifica e difunde mentiras sobre o pelotaço que se pretende realizar em Linheirinhos. Animamos o povo trabalhador de Cabral a continuar na luita e manifestamos novamente a nossa solidariedade com a vizinhança até paralisarmos o projeto.

Em defesa do Galinheiro NÓS-UP secundou a multitudinária marcha popular realizada 21 de abril em defesa da serra do Galinheiro e contra a instalaçom de qualquer tipo de exploraçom mineira no seu perímetro.


// Vozeiro da Assembleia Comarcal de Vigo de NÓS-Unidade Popular // Correio eletrónico: faroobreiro@nosgaliza.org Web: www.nosgaliza.org // Twitter: @nosgaliza // Facebook: http://www.facebook.com/pages/NÓS-Unidade-Popular/254570641316 Sede Comarcal: Rouxinol 16, rés-do-chao (36205 - VIGO) // Telefone: 637 18 78 51 // Encerramento da ediçom: 7 de julho de 2013 // Depósito legal: FARO OBREIRO e NÓS-Unidade Popular nom partilham necessariamente a opiniom dos artigos assinados // Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos

Por um sistema ferroviário galego PACO MORENO // Trabalhador de Adif em Vigo e membro do Sindicato Ferroviário

Durante os últimos quinze anos acrescentou-se o sistema centralista ferroviário por parte do Estado espanhol. Galiza, de maneira consciente e planificada, sempre é discriminada ao repeito de outras zonas geográficas da Península. Prova disto é que o primeiro comboio na Galiza chegou quase 30 anos depois do de Madrid, Barcelona, Cádiz ou Santander. Atualmente, o sistema ferroviário galego nom satisfaz as necessidades do nosso povo. Cada dia temos menos linhas, desaparecem paradas, sofremos um incremento contínuo do preço do bilhete ou continuamos a carecer dum comboio de proximidades nas grandes cidades. Dada a composiçom geográfica da Galiza precisamos dum sistema ferroviário galego próprio, que cumpra realmente com as necessidades das galegas e os galegos. Por exemplo, temos duas cidades que, com a sua área metropolitana, superam o meio milhom de habitantes. Como é possível que nom tenhamos um serviço de comboio de proximidades? Cida-

des com tamanho similar a Vigo no Estado Espanhol, como Santander ou Oviedo, contam com esse serviço e é impressionante a utilidade que tem para milhares de passageiras/ os que o apanham para deslocar-se, e em troques, para nós que? Embora nom tenhamos um serviço de proximidades, se alguém repará-se na realidade galega, continuamente marginalizada e instrumentalizada desde Madrid, decataria-se da importância de oferecer um serviço entre duas cidades tam importantes como Ferrol e Corunha que, agora mesmo, é inexistente. Suprimir paradas em quase todos os trajetos fai que milhares de pessoas tenham que utilizar outros meios de transporte para descolar-se. Paradas como Chapela, onde residem perto de 8.000 trabalhadores e trabalhadoras que na sua grande maioria estudam ou trabalham em Vigo e deslocam-se em autocarro. A situaçom atual é tam ilógica que o motivo de carecer de essas estruturas ou serviços nom se deve a motivos económicos, nom interessa oferecer um serviço ótimo aos usuários e usuárias. Com umha mínima visom empresarial das-te conta que seria rendível.

A dia de hoje, o comboio nom é umha alternativa viável para a maioria das galegas e galegos. Percursos como Vigo-Ourense ou Vigo-Tui tardam mais do duplo de tempo que fazê-las em autocarro, além de que o preço nom é inferior. A visom centralista de Madrid está a provocar que nom aproveitemos as oportunidades de melhores conexons, como com Portugal, tal como Porto fijo com o seu aeroporto, ou com Ponte Vedra, onde o comboio poderia ser a alternativa, ecológica e eficaz, para nom precisar um alargamento da ponte de Rande. O único que necessitaríamos é melhorar esse serviço.

O AVE galego -um eufemismo, já que nom vai ser AVE, senom um TAV- nom é prioritário nestes momentos. Estamos gastando milhons e milhons de euros num serviço que, como se pode observar no trajeto Ourense-Corunha, nom o apanha ninguém. O seu preço é desorbitado, e simplesmente vai dar serviço à elite empresarial de cada cidade. Até há pouco tínhamos duas linhas com Madrid, suficientes, já que o comboio nunca ia cheio, mas últimamente estám aumentando linhas e oferecem descontos nos preços, até tal ponto que hoje em dia custa menos umha viagem Corunha-Madrid

que umha de Corunha-Ourense. É absurdo. A soluçom? A maioria compra o bilhete para Madrid e baixa em Ourense. Como é possível está situaçom? Evidentemente o que está a acontecer nom é normal. É difícil oferecer um serviço de qualidade e eficaz quando há 600 km de distáncia. Nom lhes interessa o mais mínimo, enom podemos permitir que desmantelem o comboio. Deveria ser a alternativa para todas, é o transporte mais ecológico e rendível.


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