10ยบ Bunkyo Rural
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10º Bunkyo Rural
Mensagem O Encontro Bunkyo Rural, que chega à 10ª edição, a cada ano parece superar o nível de suas realizações anteriores visando contemplar seus objetivos e necessidades de seu público alvo. Desta feita, o destino é Adamantina (localizada a 580 quilômetros da capital) atendendo ao pedido do prefeito Márcio Cardim e da comunidade nipo-brasileira local. No ano passado, após acompanhar os trabalhos do 9º Bunkyo Rural, em Bastos, ele esteve no Bunkyo, junto com a diretoria da ACREA (Associação Cultural, Recreativa e Esportiva de Adamantina), para solicitar que a próxima edição fosse sediada em Adamantina. Para o prefeito Cardim, um encontro com palestras de especialistas poderia oferecer valiosas orientações aos agricultores/proprietários da região que estão recebendo de volta as terras outrora arrendadas às usinas de açúcar. A partir disso, a Comissão do Bunkyo Rural, em conjunto com representantes de Adamantina, se movimentou para organizar o Encontro com o tema "Tendências para o Agronegócio". Considero que o resultado foi compensador: a seleta relação de palestrantes é encabeçada pelo ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Dr. Roberto Rodrigues, especialista em cooperativismo e uma das mais respeitadas personalidades por sua atuação em defesa da agropecuária brasileira. Depois dele, na extensa programação, vários especialistas de importantes institutos de pesquisa e ensino da região estarão enfocando diferentes setores relacionados ao agronegócio. Para o público em geral, certamente, esta será uma oportunidade impar de contatos com novos conhecimentos, trocas de ideias e aproximação com os mestres pesquisadores. Por tudo isso, é com grande orgulho que realizamos mais um Encontro. Ao mesmo tempo, agradecemos a importante parceria com a Prefeitura Municipal de Adamantina, ACREA (Associação Cultural, Recreativa e Esportiva de Adamantina), CAMDA (Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina) e UNIFAI - Centro Universitário de Adamantina. Nossa calorosa gratidão aos nossos patrocinadores e apoiadores. Desejo a todos uma jornada proveitosa de novos conhecimentos e de novos relacionamentos. Renato Ishikawa Presidente Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social 3
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Mensagem Com muita expectativa de sucesso, estamos realizando o 10º Encontro Bunkyo Rural em Adamantina. Trata-se de um evento especial, pois além de comemorarmos o nosso 10º Encontro, teremos a satisfação de festejarmos o 70º aniversário da cidade de Adamantina e o 69º aniversário de fundação da Associação Cultural e Recreativa de Adamantina - ACREA. Dentro desse contexto festivo, estamos trazendo, para essa simpática cidade da Alta Paulista, um encontro com renomados especialistas no campo para discutirem um complexo tema que vem a ser "Tendências para o Agronegócio em Adamantina". Transformar a monocultura para a agricultura diversificada é uma tarefa que requer muito estudo e muita técnica, mas é preciso iniciar o processo e essa é uma iniciativa elogiosa que o prefeito Márcio Cardim está encampando. Gostaríamos de colaborar para o êxito dessa missão e, para isso, aqui nos encontramos. A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, através da sua Comissão Bunkyo Rural, tem auxiliado os produtores rurais realizando anualmente o Encontro Bunkyo Rural nas regiões mais necessitadas, levando as novidades do setor e as técnicas mais avançadas e apropriadas, tanto na produção como na comercialização, administração e ideias inovadoras para obtenção de renda na propriedade agrícola. Alimentar-se está entre as necessidades mais básicas dos seres humanos. Está chegando o momento da transformação da agricultura através da tecnologia. É preciso mudar o modo e o hábito de alimentar-se. Parabéns a todos os participantes. Obrigado pelo apoio de toda a equipe organizadora e dos patrocinadores.
Tomio Katsuragawa Presidente da Comissão Bunkyo Rural
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Mensagem É com grande satisfação que Adamantina recebe o 10º Encontro Bunkyo Rural, realizado pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, em parceria com a Prefeitura de Adamantina, Centro Universitário de Adamantina (UNIFAI), Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina (CAMDA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Associação Cultural Recreativa e Esportiva de Adamantina (ACREA). Adamantina possui um grande número de pequenas propriedades com a característica de administração familiar. Estes agricultores desempenham papéis relevantes em termos econômicos e sociais para o município e necessitam de apoio para o desenvolvimento de suas atividades agrícolas, através de parcerias como o Bunkyo Rural, que este ano traz o tema "Tendências para o Agronegócio". A Prefeitura é parceira neste evento, pois por meio dele, os agricultores terão a oportunidade de obter conhecimento sobre a agricultura orgânica até a informatizada e isso fará com que eles vivenciem a realidade e obtenham informações para que os desafios comuns ao setor sejam vencidos. Apoiamos a realização do 10º Bunkyo Rural, pois entendemos a importância dele para a economia e desenvolvimento do setor em nosso município e em nossa região, através do acesso às informações sobre as inovações que acontecem no setor do agronegócio. Parabenizamos todos os envolvidos por este especial evento que promove o intercâmbio de idéias e conhecimentos entre produtores, profissionais, pesquisadores, estudantes e empresários relacionados à área rural, propiciando a integração entre eles.
Márcio Cardim Prefeito do Município de Adamantina
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Horizontes para a Gestão Rural O Bunkyo Rural organizado pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, em parceria com instituições públicas e privadas, tornou-se um evento inovador, colocando em debate a questão da cadeia produtiva agrícola envolvendo todos os campos atuantes neste importante setor da economia. Ao iniciar a articulação para a realização do 10º Bunkyo Rural em Adamantina, já no ano de 2018 até a abertura do evento, com apoio da Prefeitura Municipal, Centro Universitário de Adamantina (UNIFAI), Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina (CAMDA), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Associação Cultural Recreativa e Esportiva de Adamantina (ACREA) concretiza-se a oportunidade do produtor agrícola participar de um evento colocando-o junto às tendências do agronegócio. Estão previstos debates envolvendo a agricultura orgânica até a informatizada, vivenciando-se a realidade e desafios colocados ao setor. A participação no evento propiciará a oportunidade do produtor vivenciar aquele conhecimento, difícil de ter acesso no seu dia-a-dia. Sem dúvida alguma, este momento permanecerá eternamente na mente dos produtores e os envolvidos no mundo do agronegócio. A Comissão Organizadora tem plena consciência dos desafios para se organizar um evento voltado a este setor. Embora considerado primário, torna-se um dos mais importantes da economia. É uma tarefa agradável estar envolvida na organização do Bunkyo; faço esta afirmação pela percepção da importância do evento, não somente junto à comunidade nipônica, mas também para toda a comunidade adamantinense e região. A edição de 2019 do Bunkyo foi inserida nas festividades do Septuagésimo Aniversário de Adamantina, possibilitando a integração de parcerias, ultrapassando a organização do evento em si e durando o suficiente para superar os desafios colocados ao agronegócio. Noriko Saito Presidente da ACREA 6
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Mensagem A região da Alta Paulista desenvolveu-se a partir da chegada da estrada de ferro da Companhia Paulista, com a economia sustentada pela agricultura de café. Na década de 1960, os agricultores já pensavam em uma forma de negociar diretamente seus produtos, libertando-se da dependência de intermediários, e em 1965 imanados no mesmo propósito, sob a liderança de Mário Matsuda (in memorian) fundaram a CAMDA - Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina, cujos fundadores conscientes da força do campo e de que, juntos, seriam capazes de superar os desafios e as dificuldades inerentes ao setor. A geada que aconteceu na região em 1975, devastou toda a plantação de café e, graças a união de forças dos agricultores liderados pela cooperativa, o desafio foi superado com a variação de culturas, suporte técnico e aporte de recursos financiados a longo prazo. Atualmente a CAMDA é considerada uma das melhores no segmento agropecuário pela sua constante evolução tecnológica, pesquisas para aumento da produtividade e permanentemente ao lado de seus associados, transferindo conhecimentos e prestando assistência técnica, agronômica e pecuária gratuitamente e diretamente nas propriedades. Temos certeza que o 10º Bunkyo Rural será mais uma excelente oportunidade aos nossos associados que terão oportunidade de ter acesso às informações sobre as inovações que acontecem no setor do agronegócio. Agradecemos a oportunidade de estar presentes e poder colaborar com um evento de real importância para o setor que representa mais de 20% do PIB nacional. Osvaldo Kunio Matsuda Diretor presidente da Camda
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ÍNDICE Palestrantes e Painelistas ................................................. 10 Programação do 10° Bunkyo Rural ...................................16 O Brasil e o Japão no Agro Gustavo Diniz Junqueira .................................................. 17 Palestra Magna Cooperativismo e a Agricultura Familiar Dr. Roberto Rodrigues .................................................... 23 Palestras Mandioca do campo à fecularia José Feltran ................................................................ 31 Cultura da soja na Alta Paulista Denizart Bolonhezi ........................................................ 52 Agricultura de precisão Victor Borba ................................................................ 79 Produção do boi 7-7-7 Gustavo Rezende Siqueira ................................................ 91 Produção de bovinos em sistemas integrados de produção agropecuária Cristiana Andrighetto ................................................... 109 Manejo da fertilidade do solo e adubação para produção de pastagens no Oeste Paulista Reges Heinrichs .......................................................... 133 Potencial das forrageiras no manejo de pastagens na produção animal no Oeste do Estado de São Paulo Andréia Luciane Moreira ............................................... 159 8
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Cooperativismo e Associativismo na Alta Paulista Diógenes Kassaoka ...................................................... 175 Fruticultura Tropical Nobuyoshi Narita ........................................................ 191 Principais produtos comercializados na Ceagesp com ênfase em frutas exóticas Helio Watanabe .......................................................... 213 Manejo do solo e nutrição na produção orgânica Kunio Nagai .............................................................. 231 Orgânicos no Estado de São Paulo e a importância do nematoide na agricultura orgânica Sebastião W.Tivelli ...................................................... 245 Anexos Adamantina .............................................................. 260 Bunkyo, a Entidade Representativa da Comunidade Nipo Bras. 261 ACREA Fortalecendo o Município de Adamantina .................. 262 CAMDA A Força do Campo ............................................. 263 O que é Bunkyo Rural? .................................................. 264
Dia de Campo Visita às instalações da CAMDA (confinamento de bovinos e IATF) Produção de Bokashi (CAMDA) Visita a uma área de produção de mandioca Visita à produção de frutas
Registros fotográficos do 10° Bunkyo Rural em Adamantina ................................ 265
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PALESTRANTES E PAINELISTAS Andréia Luciane Moreira Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (1995), aperfeiçoamento em Forragicultura e Pastagens pela Universidade Federal de Viçosa (1998), mestrado em Forragicultura e Pastagens pela Universidade Federal de Viçosa (2000) e doutorado em Produção Animal pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Campus de Jaboticabal (2004). Desde 2005 é Pesquisador Científico em Produção Animal com ênfase em Forragicultura e Pastagens pela Secretaria da Agricultura na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, no Polo Alta Sorocabana, em Presidente Prudente. No período de 2007 a 2012 desenvolveu pesquisa na área de Ovinocultura e Pastagens. De 2013 a 2017, fez treinamentos na área de Bovinocultura Leiteira na transferência de tecnologias e de 2018 até o momento iniciou o desenvolvimento do programa de Bovinocultura de Corte no Polo. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Avaliação e Produção de Forragem, atuando nos temas: Avaliação de Forrageiras Tropicais e de Forrageiras de Inverno.
Cristiana Andrighetto Graduada em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, Mestrado em Zootecnia pela mesma universidade, e Doutor em Zootecnia pela UNESP, em 2007. Estágio na University of Florida, em 2014. Desde 2007 leciona na UNESP Campus de Dracena as disciplinas de Bubalinocultura e Bovinocultura de Corte, na disciplina de Zoologia Geral, tanto na graduação como na pós-graduação.
Denizart Bolonhezi Graduado em Engenharia Agronômica pela UNESP/FEIS em 1992, Mestrado em Agronomia em 2000 (UNESP/Jaboticabal), Doutorado em Agronomia em 2007 (UNESP/Jaboticabal), Pós Doutorado nos USA, USDA (Oxford, 2008-2009) e Bolsista DT-2 do CNPq. Pesquisador do IAC desde 1994, fica sediado no Centro de Pesquisa em Cana na cidade de Ribeirão Preto/SP. Há 25 anos coordena projetos de longa duração sobre plantio direto em reforma de canaviais, envolvendo as culturas da soja do amendoim e adubos verdes. 10
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Diógenes Kassaoka Graduado em Agronomia pelas Faculdades Integradas Cantareira e pós-graduado MBA em Gestão dos Agronegócios, pela Esalq/USP. É diretor geral do Instituto de Cooperativismo e Associativismo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, conselheiro da Cedaf – Conselho Estadual da Agricultura Familiar e presidente da comissão técnica de olericultura do Estado. Foi coordenador técnico do Programa de Agricultura em Ambiente Protegido e responsável técnico pelo Projeto Horta Educativa. Atual coordenador da CODEAGRO Coordenadoria de Desenvolvimento de Agronegócios.
Gustavo Rezende Siqueira Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (2002), mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005) e doutorado em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009). Atualmente é pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA/ Colina e Professor do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da FCAV-Unesp, Campus de Jaboticabal. Assessor Ad-hoc da FAPESP e FAPEMIG e revisor de vários periódicos. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Avaliação, Produção e Conservação de Forragens e Produção Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: produção animal, bovinocultura de corte, suplementação, confinamento, ensilagem e aditivos. Coordenador do GEPROP - Grupo de Estudos em Produção de Ruminantes.
Helio Satoshi Watanabe Formado na Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, trabalhou na Cooperativa Agrícola de Cotia - Cooperativa Central e na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP. É especializado em fruticultura tropical, responsável pelo Programa Garantia de Sabor da CEAGESP, é consultor da JICA e é membro efetivo da Comissão Técnica da Produção Integrada de Anonáceas. Foi responsável pelo levantamento da movimentação de embalagem no ETSP - CEAGESP de 2004 a 2014.
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José Carlos Feltran Graduado em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997), mestre em Agronomia (Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002) e doutor em Agronomia (Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005). Desde 2005 é Pesquisador Científico no Instituto Agronômico Campinas (IAC), com sede em Campinas/SP. Desenvolve trabalhos de pesquisas com as culturas da mandioca, batata e batata doce, envolvendo fisiologia, fitotecnia, manejo e tratos culturais e adubação. Participa do programa de melhoramento de batata, batata doce e mandioca de mesa e indústria do Instituto Agronômico Campinas.
Kunio Nagai Formado em agronomia na ESALQ-USP-Piracicaba, em 1961 e em Administração de Empresas na Universidade Mackenzie, em 1974. Iniciou suas atividades profissionais na Cooperativa Agrícola de Cotia-CAC, onde ajudou a criar a empresa de sementes de hortaliças Agroflora. Criou também a empresa de sementes de hortaliças Tanebras. Foi professor de Agricultura Natural no Colégio Agrícola Cooper Rural, em Jacareí, da OISCA, pesquisador de agricultura orgânica no Instituto de Pesquisas e Difusões Agropecuárias da JATAK e é autor do livro: Manejo de Solo e Adubação, e co-autor do “Curso de Agricultura Natural”-Manual e vídeo. Atualmente é consultor em Agricultura Sustentável.
Nobuyoshi Narita Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina(1985), mestrado em Agronomia (Horticultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(1990), doutorado em Agronomia (Horticultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho(2006). Atualmente é Pesquisador Científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios e colaborador da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em fitossanidade. Atuando principalmente nos seguintes temas: maracujá, vírus e afídeos.
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Reges Heinrichs Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (1993), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo (1996) e doutorado em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo (2002). Pós-Doutorado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo (2009). Livre-Docente em Fertilidade do solo e fertilizantes pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Campus de Dracena. Professor/Pesquisador visitante na Universität Hohenheim, Alemanha (2012/2013 e 2013/2014) e no Agriculture and Agri-Food Canada, Ottawa, Canadá (2014/ 2015). Desde 2003 é professor adjunto da Universidade Estadual Paulista, Campus de Dracena nos cursos de Graduação em Engenharia Agronômica e Zootecnia e de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal. Área de pesquisa com ênfase em Fertilidade do Solo e Adubação, atuando principalmente nos seguintes temas: nutrição de plantas, fertilidade do solo, fertilizantes, pastagens, cana de açúcar e milho.
Roberto Rodrigues Nasceu em Cordeirópolis/SP, no dia 12 de agosto de 1942. É engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP em 1965, com cursos de aperfeiçoamento em administração rural. Área Acadêmica: É Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e Presidente da Academia Nacional da Agricultura, tem centenas de trabalhos publicados sobre agricultura, cooperativismo e economia rural. Autor de nove livros e co-autor de diversos outros. Doutor Honoris Causa pela UNESP. Foi Professor do Departamento de Economia Rural da UNESP – Jaboticabal, e foi membro dos seguintes conselhos ligados à Academia: da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz – FEALQ, do Conselho Assessor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, do Conselho Estadual da Ciência e Tecnologia – CONCITE, do Conselho de Administração da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP/FGV, do Alto Conselho Agrícola do Estado de São Paulo, do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, do Centro de Conhecimento em Agronegócios - PENSA, do InternationalFoodand Agribusiness Management Association – IAMA, do IPC- International Policies Council, do Global Crop Diversity Trust, entre outros.
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Recebeu a Medalha Paulista do Mérito Científico e Tecnológico, a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi condecorado pelo Instituto Agronômico de Campinas e pelo Instituto Biológico de São Paulo. Foi eleito pela AEASP como Engenheiro Agrônomo do ano em 1987 e Engenheiro Agrônomo da década, em 2004. Recebeu o Diploma de Mérito Agronômico da Confederação das Federações dos Engenheiros Agrônomos – CONFAEAB, em 2001 e a Medalha “Luiz de Queiroz”, da ESALQ, em 2004. Área da Agricultura: Foi empresário rural em São Paulo, Minas Gerais e no Maranhão. Foi Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (janeiro de 2003 a junho de 2006) e como tal promoveu a completa reestruturação da Instituição, trabalhou pelas leis de biotecnologia, dos produtos orgânicos, seguro rural, novos documentos de comercialização, regulamentou a defesa sanitária, ampliou o comércio agrícola brasileiro e implementou as bases de uma agricultura moderna. Foi Secretário de Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo (1993/1994), Coordenador do Forum Nacional de Secretários Estaduais de Agricultura, coordenou o setor privado no Fórum Nacional da Agricultura, e criou a Agrishow, juntamente com a ABAG, SRB, Abimaq e ANDA. Área do Cooperativismo: É o Embaixador Especial da FAO para as cooperativas. Foi dirigente de cooperativas agrícolas e de crédito rural, com abrangência local (Guariba/SP), regional (Campinas/SP), e estadual (São Paulo/SP). Foi Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB por dois mandatos (1985/1991), da Organização Internacional de Cooperativas Agrícolas (de 1992 a 1997) e da Aliança Cooperativa Internacional – ACI (1997/2001), órgão centenário que congrega mais 900 milhões de pessoas em todo o mundo, através de 250 organizações nacionais de cooperativas, representando uma centena de países. Conhece 80 países, em todos os continentes.
Sebastião Wilson Tivelli Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1986), mestrado em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1994), mestrado em Master of Business Administration Butler University (2002) e doutorado em Horticultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas (1999). É Pesquisador Científico VI no Instituto Agronômico - IAC (01/2005 a 03/2008), no Departamento de Descentralização do Desenvolvimento - DDD (03/2008 03/2018) e no Polo Regional Centro Sul/DDD (03/2018 - atual) da Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Desde 05/2008 está Chefe de Seção Técnica da Unidade 14
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de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica, em São Roque (UPD AE). Foi Diretor Técnico de Divisão do Centro de Insumos Estratégicos e Serviços Especializados entre 04/03/2013 e 19/03/2018. Desde 2012 é Membro do Conselho e ou Tesoureiro da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo - APqC. Foi Tesoureiro da Associação Brasileira de Horticultura ABH no período de 08/2005 a 07/2011. Preside a Comissão Técnica de Agricultura Ecológica e Periurbana da SAA, e representa a SAA na Comissão de Produção Orgânica - CPOrg/MAPA. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Horticultura Sustentável, atuando principalmente nos seguintes temas: hortaliças, sistemas de produção, olericultura orgânica, transição agroecológica, comercialização e ambiente protegido.
Victor Borba Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP / Marília, São Paulo), pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI). Graduado Bacharel em Ciência da Computação pelo Centro Universitário Eurípides de Marília (UNIVEM / Marília, São Paulo). Colaborador do Projeto de Extensão Competências Digitas para a Agricultura Familiar (CoDAF) desde 2016. Tem experiência na área da Ciência da Informação e da Ciência da Computação, com ênfase em Pesquisa Tecnológica e Desenvolvimento de Software Web, Embarcado e Mobile. Atua no setor privado como Pesquisador Tecnológico e Desenvolvedor de Sistemas. Tem como interesse os seguintes temas: Big Data, Ciclo de Vida dos Dados (CVD), Internet of Things (IoT) e Uso de Tecnologias na Agricultura.
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PROGRAMAÇÃO
DIA 27/09/2019 (sexta-feira) 08:00 - 08:30 - Recepção/Inscrição /Café
08:30 - 09:00 - Abertura com participação de autoridades 09:00 - 09:45 - Palestra Magna - Cooperativismo e a Agricultura Familiar - Dr. Roberto Rodrigues 09:45 - 10:30 - Mandioca do campo à fecularia - José Feltran - IAC 10:30 - 11:15 - Cultura da soja na Alta Paulista - Denizart Bolonhezi - APTA 11:15 - 12:00 - Agricultura de precisão - Victor Borba - FATEC Pompeia 12:00 - 13:00 - Almoço 13:00 - 14:00 - Produção do boi 7-7-7 - Gustavo Rezende Siqueira - APTA Regional Alta Mogiana 14:00 - 15:00 - Produção de bovinos em sistemas integrados de produção - Cristiana Andrighetto - Unesp Dracena 15:00 - 15:15 - Coffee Break 15:15 - 16:15 - Manejo da fertilidade do solo e adubação para produção de pastagens no Oeste Paulista - Reges Heinrichs Unesp Dracena 16:15 - 17:15 - Potencial das forrageiras no manejo de pastagens na produção animal no Oeste do Estado de São Paulo Andréia Luciane Moreira - APTA Regional Alta Sorocabana
DIA 28/09/2019 (sábado) 08:00 - 08:30 - Recepção
08:30 - 09:10 - Cooperativismo e Associativismo na Alta Paulista - Diógenes Kassaoka - Secretaria de Agricultura 09:10 - 09:50 - Fruticultura Tropical - Nobuyoshi Narita - APTA Regional Alta Sorocabana 09:50 - 10:40 - Principais produtos comercializados na Ceagesp com ênfase em frutas exóticas - Helio Watanabe 10:40 -10:55 - Coffee Break 10:55 - 11:35 - Manejo do solo e nutrição na produção orgânica - Kunio Nagai 11:35 - 12:15 - Orgânicos no Estado de São Paulo e a importância do nematoide na agricultura orgânica - Sebastião W.Tivelli APTA Regional Centro Sul 12:15 - 13:00 - Almoço
13:00 (início)
PERÍODO DA TARDE - DIA DE CAMPO
OPÇÃO 1 - Visita às instalações da CAMDA (confinamento de bovinos e IATF) OPÇÃO 2 - Produção de Bokashi (CAMDA) OPÇÃO 3 - Visita a uma área de produção de mandioca OPÇÃO 4 - Visita à produção de frutas MOSTRA PARALELA
WORKSHOPS E CASES Fazenda Eldorado
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EQUIPAMENTOS, PRODUTOS E TECNOLOGIA
Leite Jóia
Small Farm - Jacto
APPRAR
Genética para pecuária
Café Pacaembu
Minho Fértil
Frangos Alimenta
Proteto
Queijos Monte Alegre
Sementes Matsuda
Produtores da ITESP
Minercamda
Sementes Crioula de Paulicéia
Sistema IAFT - CAMDA
Tatiana Jô
Piraí Sementes
Izabel Gil
Adubos Yoorin
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O BRASIL E O JAPÃO NO AGRO Transcrição das palavras de Gustavo Diniz Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e expresidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), na abertura do 10º Bunkyo Rural realizado em Adamantina Bom dia a todos. Muito obrigado, é uma honra e satisfação estar aqui em Adamantina hoje junto com o Bunkyo Rural, que tem sido, como eu coloquei ontem, um parceiro desde a primeira hora, e tem trazido uma boa experiência para mim aqui como Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo. Estive no Japão semana passada com o governador João Dória. O governador João Dória tem a comunidade japonesa em alta estima, vários amigos na comunidade, e reconhece o Japão como um parceiro fundamental, não só para o Estado de São Paulo, como para o Brasil em especial. O Japão é o país com maior investimento no Brasil na história recente e as conversas que tivemos no Japão foram muito entusiasmantes, no sentido de que os japoneses no Japão, os empresários japoneses, têm muita familiaridade com o Brasil. O fato de haver uma comunidade de japoneses aqui no Brasil faz com que nossos laços sejam muito próximos: financeiros, culturais e, obviamente, sociais. A relação entre o Japão e o Brasil é realmente muito próxima. Isso levou o governador na reunião que nós tivemos no Keidanren, que é a Associação das Indústrias do Japão, muito poderosa, o governador foi muito contundente e fez uma colocação onde ele exigiu esforços do governo japonês, dos empresários japoneses e do governo do Estado de São Paulo e dos empresários brasileiros para que nós restabelecêssemos um voo direto de São Paulo 17
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para o Japão. O governador se mostrou bastante indignado, sendo um país com tanta relação comercial, com tanta relação social e cultural, nós não mais termos um voo direto de uma companhia japonesa, de uma companhia brasileira, direto a Tóquio. Ele fez a comparação em relação ao México, que tem uma relação em todos esses itens menor que a do Brasil, e tem um voo da JAL e da ANA direto para a Cidade do México. É um exemplo de como o governador está firme em fazer essa relação ainda mais forte e ainda mais duradoura. Eu queria antes de falar um pouco mais agradecer também ao convite e a relação próxima que estamos tendo com o Bunkyo. Não só com o Bunkyo Rural, mas como o Bunkyo como organização. Agradeço a presença do Sr. Jorge Yamashita, conversamos mais cedo um pouco sobre várias experiências, que está representando o Renato, que é um grande amigo que esteve comigo e com o governador antes da minha viagem a Tóquio, e tem sido também um grande parceiro. Agradecer ao Márcio, prefeito aqui de Adamantina, dar os parabéns por Adamantina. Rodei ontem e hoje, a cidade realmente está bem cuidada, bem planejada, e dá a sensação clara de uma preocupação com o senso de propriedade, senso de pertencimento, não só do prefeito, mas das pessoas que moram aqui e tem orgulho e admiração por essa cidade. Eu fiquei bastante satisfeito de estar aqui ontem e agora principalmente porque eu dormi como convidado oficial da cidade de Adamantina. Dormi muito bem. Queria aproveitar e agradecer ao Oswaldo Matsuda, ao Valdomiro, e ao Osvaldo, proprietário do hotel. Tem poucos lugares com o nível do hotel de Adamantina, e, portanto, isso é um vetor de atração de investimento e de atenção para a cidade. Ao Tomio, que tem sido um grande articulador desse evento do Bunkyo Rural, muito obrigado pelo seu trabalho. E também o Nelson e a Noriko pelo trabalho que tem sido feito para realizar tudo isso em Adamantina. Uma pena o Cônsul Nogushi não poder estar aqui, conheci ele esse ano, um sujeito fantástico que tem sido importantíssimo na relação entre o Brasil e o Japão. Só para falar um pouquinho do que eu tenho discutido e falado sobre o agro de São Paulo, o agro do Brasil, eu escrevi algumas coisas que eu coloquei justamente nas visitas que eu fiz nas empresas e no governo japonês na semana passada.
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A minha visão é que o agro brasileiro é muito mais que um setor da economia, é um ecossistema de inovação e desenvolvimento que nós temos no Brasil. É o maior vetor de desenvolvimento econômico, social e cultural que nós temos no Brasil. Se pegarmos do Rio Grande do Sul ao Amazonas, eu diria que a maior classe média que temos no Brasil é a classe média rural. É uma classe média que independente das suas diferença regionais, das suas diferenças financeiras, as pessoas se comportam e educam seus filhos de maneira muito parecida e dentro de padrões bem conhecidos. E isso faz com que o pequeno agricultor do Estado de São Paulo, o pequeno agricultor do Estado do Paraná possa ir para o Mato Grosso e administrar uma propriedade muito maior ou se relacionar com uma comunidade de produtores rurais da Bahia da mesma maneira. Ou seja, nós não somos estrangeiros dentro desse grande Brasil, desse grande negócio que é o agronegócio. A base da economia brasileira é o agro, nós temos aí um PIB de mais ou menos 350 bilhões de dólares. É muito difícil calcular o PIB porque uma hora você coloca uma parte da economia, uma empresa, em outra hora você retira. Então só para ter uma ideia isso vai de 25% a 30%, mas o fato muito relevante é que representa um quarto a um terço da nossa economia, dependendo de como nós olharmos. O agro é muito mais do que os destaques que a gente sempre dá, que é a produção de soja, de milho, algodão, de carne, ele vai dentro da indústria de alimentos, ele entra na parte de produção de energia, seja energia de combustíveis líquidos, o etanol que está no carro de todos. Hoje nós conseguimos misturar 27% de etanol em toda gasolina que é consumida no Brasil. Eu discuti isso na China e eles estão introduzindo agora 10% de mistura no combustível deles, portanto, a preocupação deles é o que acontece com os motores? E eu disse para ficarem tranquilos, porque nós já estamos em 27%, tem muito espaço para vocês fazerem. E o agro, então com toda essa riqueza é importante que estão aqui as pessoas da APTA, que é a nossa Agência Paulista de Tecnologia, porque o agro brasileiro é baseado em ciência, e a ciência do agro brasileiro se deve muito à questão da imigração japonesa. Hoje, falamos muito de agricultura de precisão, mas quando os japoneses vieram, nós falamos de imigração japonesa. É o mesmo conceito de fazer bem feito, de fazer com preocupação em obter um resultado maior e melhor com menos esforço, com mais tecnologia e com mais foco. 19
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Esse conhecimento todo tem sido aplicado em várias áreas do agro, desde a pesquisa, passando pelos insumos, dentro da porteira, toda parte industrial, seja de alimentos, seja de máquinas, tratores e outros bens de capital e chegando agora na parte dos serviços. Essa é talvez o que devemos focar nesse momento, o futuro do agronegócio vai passar por nós. Seremos os grandes provedores de soluções para a sociedade. São Paulo, o Brasil e até diria que São Paulo tem a possibilidade de ser o grande centro desse grande ecossistema, daqui saírem grandes ideias, grandes soluções, grandes empresas, grandes cooperativas, que possam levar soluções para o desenvolvimento através do agro. Se nós vamos desenvolver tecnologia, temos de desenvolver onde há escala. Onde há escala no Brasil é o agronegócio. Portanto, todos que estão aqui inseridos no mundo do agro têm uma grande oportunidade de fazer parte desse projeto que é um projeto vencedor. Outra grande responsabilidade do agro que temos discutido bastante nos últimos dias é a questão do meio ambiente. É uma responsabilidade do produtor rural, do homem ligado ao agronegócio, fazer a proteção do meio ambiente. Na década de 70, passando por 92, nós tivemos no mundo um grande movimento do ativismo ambiental, cujo propósito era trazer conscientização para a questão dos ativos de meio ambiente. Esse ativismo foi feito muito dentro dos centros urbanos, porque é onde se tem a concentração humana no mundo. Essa consciência está, eu diria, na cabeça de grande parte da população mundial. No entanto, quando ela cumpre seu papel de conscientizar, ela também transfere a responsabilidade para uma nova era, para um novo momento, que é o ambientalismo operacional, que eu chamo de ambientalismo de boutique. Não tem como proteger o meio ambiente a não ser por aqueles que vivem dentro do meio ambiente, por aqueles que usam e protegem o meio ambiente para criação de mais valor, seja para a sociedade, seja para o próprio meio ambiente. Então, é responsabilidade do agro de fato de trazer essa responsabilidade para si, colocar isso dentro dos nossos planos de governança, dentro da nossa responsabilidade, porque senão nós seremos atacados por algo que fazemos todos os dias e temos a grande preocupação em fazer sempre bem feito. Lembrando que o Brasil é um gigante, não só no agro, mas na proteção do meio ambiente, tendo aí 66% de todo o seu território resguardado e protegido por esses guardiões que são os produtores rurais. A grande maioria dessas 20
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florestas estão nas propriedades privadas de cada uma das pessoas que estão envolvidas nesse negócio. Só para concluir e agradecer mais uma vez, temos sempre que lembrar uma frase que tenho falado e que tem muito a ver com esse momento do Bunkyo, muito a ver com família, com agronegócio. Eu queria dizer que tradição, que é o que estamos celebrando aqui hoje, é uma celebração de raízes profundas, de ramos espalhados para todos os lados, como pude ver ontem em Pompéia com a família Nishimura, tradição não é sinônimo de imobilismo. Pelo contrário, tradição é o que nos dá a força e a responsabilidade de inovarmos, de fazermos mudanças quando as mudanças se fazem necessárias. Então, não se preocupem em serem ousados. É importante sermos ousados, fazermos as mudanças, pois é isso que assegurará o nosso futuro. O futuro que vejo para o agronegócio, o futuro que é o tema do debate aqui hoje é exatamente esse futuro da transformação. Vamos mudar, pensar diferente, sempre lembrando de onde nós viemos e o que nós recebemos para fazer melhor em cima dessa grande plataforma que é o Brasil e que são todas as sociedades diversas e maravilhosas que nós temos. Muito obrigado pelo convite e que seja um excelente evento nesses próximos dois dias.
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PALESTRA MAGNA: COOPERATIVISMO E AGRICULTURA FAMILIAR Palestrante: Roberto Rodrigues Ex-Ministro da Agricultura Bom dia! Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, a todos os participantes e organizadores desta 10ª edição do Bunkyo Rural. Estou aqui conhecendo e reencontrando bons e velhos amigos em Adamantina. Um prazer estar com todos vocês, senhores Valdomiro, Tomio, Celso Mizumoto, Nélson Kamitsuji, Osvaldo Matsuda e meu velho amigo Kunio Nagai. Cumprimento também o Sr. Yamashita, hoje vice-presidente do Bunkyo, e o secretário Gustavo Junqueira.Todo mundo lê no jornal e vê na televisão diariamente algo dramático. O mundo não tem liderança. Quem é o líder global hoje? Não é o Trump, não é o Putin, não é aquele rapaz da Coreia do Norte. Temos, na verdade, uma ausência de líderes. Sem um líder, não há projetos. Quem monta um projeto é o líder. Eu peguei o tempo de Hitler, Stalin, Kennedy, peguei de tudo, da esquerda, da direita, etc. Você poderia não gostar da liderança, mas ele dava um rumo. Hoje, como falei, vivemos em um mundo sem líderes. E isso preocupa. Um tema que tem preocupado muito a Organização das Nações Unidas (ONU) é a segurança alimentar. Você pode trabalhar com qualquer coisa, mas ninguém pode ficar sem comer. O tema é tão relevante que a ONU faz muitas pesquisas. E um estudo da ONU aponta que em 2050 teremos uma população de 9,7 bilhões de pessoas em todo o mundo, um aumento de 26% em relação aos 7,7 23
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bilhões atuais.Você pode caminhar com qualquer coisa, mas não pode ficar sem comida. A ONU vem falar, cuida da paz no mundo inteiro. Um outro estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) concluiu que o mundo terá de produzir 20% a mais de alimentos até 2026/2027 para suprir a demanda global; e que, para isso acontecer, o Brasil precisará, e será o único país, a elevar sua oferta em 41%, o dobro da meta mundial.Esse cenário é preocupante. Quando um país como os Estados Unidos diz que vai faltar comida, o problema é sério. Não é fácil aumentar a produção em 20%. A produção nos Estados Unidos cresce no máximo 10% ao ano, a China 15%, a Índia em média 12%, o Canadá 9%, a Rússia 7% e a Nova Zelândia 9%. Todo mundo cresce menos de 20%.E o mundo pede ao Brasil para aumentar a sua produção em 40%.
Essa situação decorre de três condições peculiares: temos a melhor tecnologia tropical e sustentável do planeta, terra disponível para crescer e sobretudo gente competente nos diferentes elos das cadeias produtivas. A demanda é inédita.O Brasil tem uma matriz energética incrível. Quarenta e três porcento da energia é renovável. O mundo inteiro tem 86% de energia não renovável. A cana de açúcar, só ela, é responsável por 17% da nossa energia. A cana gera mais energia do que as hidrelétricas juntas. Com o milho, ontem, soube em São Paulo, que a Alemanha está desenvolvendo um biodiesel hidrogenado.Gente, o Brasil tem muitas terras. Três quartos do país ainda têm pastagens. Temos tecnologia e terras como nenhum outro país no mundo tem.
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Eu formei gente a vida inteira para trabalhar na agricultura. E nesse cenário, posso afirmar para todos vocês que os japoneses foram fundamentais no Brasil com três características: eles mudaram a nossa agricultura com novos métodos, introduziram novos produtos no país e implantaram a ideia do cooperativismo.Também não podemos nos esquecer do Prodecer, o Programa de Desenvolvimento do Cerrado. Era uma terra pobre, ninguém queria. Os japoneses foram lá e transformaram a região, hoje uma grande região do agronegócio.
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Meu pai era engenheiro agrônomo e vivia dizendo que os japoneses revolucionaram a agricultura brasileira. Também não tenho a menor dúvida disso.Em 2018, as exportações do agronegócio do Brasil atingiram um recorde nominal de US$ 101,7 bilhões em 2018, alta de 5,9% em comparação a 2017, especialmente para a China. E vejam que fantástico. Em 2000, as vendas para o exterior atingiram as cifras de US$ 20,6 bilhões, tendo como principais mercados a Europa e os Estados Unidos. O saldo comercial do agronegócio na balança comercial é sempre muito positivo. O setor, em 2018, representou 21% do PIB brasileiro.Vejam que coisa interessante. Esse quadro mostra as exportações do agronegócio no ano passado. Outros setores também exportaram, mas vejam bem a importância do agronegócio. O Brasil é o maior produtor mundial de laranja, com 62%. Também lideramos em café, com 32%, e açúcar, com 20%. E somos os vice-campeões mundiais em
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soja (32%), carne de boi (16%) e carne de frango (14%). Ah! E também podemos destacar o milho, como terceiro maior produtor mundial com 9%, e a carne suína, que representa 3%.E poderíamos estar muito melhor. Vocês têm ideia de quanto o Chile exporta de peixes no mundo? Sabe quanto exportamos de leite? Zero. Somos campeões em várias categorias, mas poderíamos ser muito melhores. Temos 8 mil km de costas no litoral e 14% de água doce do mundo e representamos apenas 0,2% do mercado mundial de peixes. O Chile, aquela tripinha na América do Sul, exporta três vezes mais. Costumamos elogiar muito o Brasil, mas nem tudo está garantido. Alguns países cresceram mais do que nós. Está todo mundo de olho nesse mercado. Não estamos com a guerra ganha. Temos tecnologia, mão de obra, mas precisamos reconhecer que há gente melhor do que nós mundo afora. O Brasil era líder mundial na produção de carne bovina. Caímos no ranking. Temos mercado, é verdade, mas tem gente crescendo mais do que nós.Estou preocupado com a tecnologia brasileira. Estamos ficando para trás. Os últimos governos de São Paulo abandonaram a ciência paulista. O secretário da Agricultura Gustavo Siqueira, que estava aqui ainda pouco, sabe disso. Já avisei...você só terá sucesso quando tiver ciência. É preciso brigar com o Estado para melhorarmos a nossa ciência. Já está na hora de ir embora mesmo. Então vou correr com a minha apresentação. Como vimos, o consumo mundial de alimentos vai crescer nos próximos
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dez anos. Tudo vai crescer, mais do que o Brasil pode produzir. O Brasil é fundamental no cenário mundial e tem papel para ganhar a guerra. Mas não podemos achar que tudo está resolvido.Precisamos olhar com carinho para o pequeno produtor. No último Censo do IBGE, 81% dos gestores rurais são homens. Só que isso está mudando. Cinquenta porcento dos produtores brasileiros já trazem mulheres no comando. Não na liderança máxima, mas elas estão crescendo. Aliás, não só as mulheres, como os jovens também.Nós temos uma juventude com menos de 60 anos. Na Europa, a idade média dos agricultores é de 68 anos. No Brasil, 70% dos produtores rurais são donos de pequenas terras. Mas não é fácil ser pequeno produtor por aqui. Sou conselheiro da Fundação Dom Cabral. Fui visitar Mariana, aquela cidade mineira onde ocorreu o acidente da Samarco. Não fizeram nada até hoje. Não conseguem fazer nada para indenizar os produtores. Lá, eram só pequenos produtores. Para receber indenização, eles precisam declarar que têm reserva ambiental. Mas ninguém tem.O Brasil tem 5 milhões de propriedades rurais. Mas o pequeno produtor é essencial e está desenvolvendo algo essencial. Estou vendo o número de pessoas vegetarianas crescendo. A minha secretária é vegana. Ela vive doente. Sabe o que ela come? Ela come hambúrguer de jaca e pizza de abobrinha. Mas é o que está acontecendo no mundo, com muitas mudanças de comportamento e novas tendências alimentares. Estive em um congresso em São Paulo, onde só tinham jovens e lindas mulheres. Elas me perguntaram o que eu planto. Eu respondi: cana, soja e pecuária. Elas não vão
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comprar nada do que produzo.Meu neto está estudando fora do país. Ele virou e falou. Vô, vou comer carne somente uma vez por semana. Na Europa tem um modismo, que não cabe no Brasil. Se dependesse do meu neto, estava morto.Mas quero deixar aqui uma reflexão. O Brasil pode fazer sua parte na agricultura mundial. A pergunta é: isso é possível? Sim. A segunda pergunta é: Vamos fazer? Não. Precisamos de muitas mudanças.Os japoneses querem investir no Brasil. O próprio secretário Junqueira falou isso. Mas eles querem segurança jurídica. E para isso, é preciso também reforma previdenciária, reforma tributária e mais investimento em tecnologia. Olha que coisa. O mundo inteiro tem seguro rural, nós não temos. No meu primeiro ano como ministro da Agricultura, criei o seguro rural. Quinze anos depois, menos de 10% dos produtores rurais tem seguro.O Brasil é instrumento da paz mundial. O Brasil embarca nesse trem. Temos um bom secretário e uma grande ministra da Agricultura. Mas precisamos de uma estratégia mais ampla.
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MANDIOCA: DO CAMPO À FECULARIA
Palestrante: José Carlos Feltran Instituto Agronômico de Campinas Bom dia a todos! Primeiramente, eu gostaria de fazer uma menção de agradecimento à organização do Bunkyo, um muito obrigado pelo convite para estar fazendo esta palestra aqui numa região que nós entendemos que pode ser uma futura expansão do cultivo da mandioca. Um muito obrigado. Essa palestra é uma palestra que nós temos feito durante o ano, pelo menos quatro vezes nós já a proferimos. Ela é uma palestra voltada para o produtor e existe uma densidade grande de slides. Provavelmente, eu terei que diminuir um pouco pelo tempo, que já é corrido, mas vamos lá. Para vocês terem uma ideia, a mandioca é uma cultura tropical. Tá aí a região onde é produzida mandioca no planeta. No paralelo 30 Norte, 30 Sul. Acima disso, abaixo disso, não existe produção de mandioca. No Brasil, mandioca está concentrada na região Norte, um pouco na região Nordeste, são esses pontos vermelhos. E na região Centro-Sul, também envolve outros países como Paraguai. A cadeia da mandioca hoje se divide em duas grandes culturas, mandioca para mesa e mandioca para indústria. O valor da produção que compõe parte do agronegócio é derivado da produção aproximadamente de 23 milhões de tone31
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ladas e, em 3 anos, no acumulado do Brasil, 37 bilhões, e no Estado de São Paulo, 1,9 bilhão. Sendo que a produção de amido ocupa quase 10%. Já 12% dessa quantidade é fécula e o restante é farinha. A cadeia de mandioca de mesa é uma cadeia totalmente diferente. A gente vai considerar essa cadeia como horticultura. São pequenos agricultores, a demanda por mão de obra especializada muito intensa se encontra no pequeno produtor, é muito diferente da agricultura de mandioca de indústria. Inclusive, a venda é também diferente. Já a mandioca de indústria, que é o tema desta palestra, é agricultura em escala. Aquilo que o Dr. Roberto disse em relação a escala, a mandioca indústrial tem muito mais escala de produção do que mandioca de mesa. Aqui no Brasil, nós temos o Centro-Sul, o foco de produção de mandioca fica nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, onde tem todo o complexo de fecularias e indústrias de compra na área de máquinas também. Para termos uma ideia de viabilidade para o município, precisamos entender um pouco da cultura. A mandioca é uma planta que é perene, cultura perene, que foi domesticada e cultivada anualmente, ou bianualmente, então ela tem um ciclo de vida onde existe a produção de flores, as flores envelhecem, faz frio e baixa a produção, ou seja, se tem pouca chuva, ela entra em repouso fisiológico, depois ela começa de novo a produzir folhas e entra num novo ciclo de vida. A cultura é dividida em cinco fases predominantes: são as fases onde, depois do plantio, ela brota, faz a parte da raiz, a parte das folhas, a parte de lançamento de raiz e repouso fisiológico no final, e depois entra no segundo ciclo. Mas a coisa mais importante é o seguinte: a fase crítica da cultura para o agricultor está nos 90 dias iniciais em que se define a questão da formação e diferenciação das raízes. O componente principal da mandioca é um monte de raiz. A definição do número de raízes por planta ocorre até os 90 dias, você
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pode ter 3, 4, 20 raízes, ou mais, e isso passa por questões de manejo cultural ou estresse que acontece nesse período, que é bem nesse período crítico inicial. Então você tem uma roça onde cada planta tem quatro raízes que sofreu um estresse, e tem uma outra planta que tem vinte raízes, que não teve problema nesse período inicial. E o componente principal é o número de raízes mesmo, o restante vai sendo a questão de crescimento, engrossamento. Um colega nosso da CDRS está aí segurando um material genético, um potencial produtivo cultivado num sistema que não teve estresse no início. E aqui outro agricultor também com outro material genético, mas que teve problema no início do cultivo, nos 90 dias, com apenas 4 raízes na planta. Então existe uma diferença. Isso é o rendimento econômico do agricultor, pequeno, médio... Então existe uma diferença, isso é no rendimento econômico do agricultor. Bom aí, atenção, mandioca no Estado de São Paulo, onde nós podemos plantar? Ela pode ser plantada em regiões onde você tem temperatura acima de 19°C, porque ela é sensível a geada, e onde tem uma pluviosidade, uma chuva mais ou menos de 1000 a 1500 mm. Aí, dentro do zoneamento do Estado, nós vemos toda a área verde é favorável ao cultivo da mandioca, mesmo que seja a de indústria. As áreas marginais são inaptas, ou pelo frio ou excesso de umidade, de chuva, porque a planta não tolera encharcamento. Dentro do zoneamento, nós estamos mais ou menos por aqui, são solos bem arenosos, e também uma região onde tem um efeito de erosão muito intenso de chuvas, e no interior tem areia nos solos. Os solos arenosos são predominantes, e esses solos têm embaixo os teores de nutrientes, baixa fertilidade, 33
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alto teor de alumínio e alta suscetibilidade a erosão. Daí nós temos que imaginar o seguinte, temos que fazer a conservação do solo e vedá-lo. Fazer ajuste nos terraços, e o preparo do solo temos que levar em consideração o seguinte: para eu colher mandioca, se eu partir de um processo de preparo de terra mal feito, vai prejudicar todo sistema, desde o plantio até a colheita. Então, a gente tem que considerar o preparo bem feito, e daí tem outro problema, as áreas de mandioca hoje, no Estado de SP, são feitas com grades pesadas e essa grade pesada faz uma compactação. Você medindo a profundidade, você vê que não passa de 20 cm, e isso vai causar alguns problemas na instalação da cultura e na formação das raízes, então nós recomendamos, além do preparo bem feito, subsolagem, mas subsolagem mesmo, porque precisa de oxigênio na raiz da planta para encher. E daí quando você pega e mede uma árvore sem subsolar e a mesma árvore subsolada a diferença de profundidade é bem grande. Então você precisa de preparo profundo, porque não tolera encharcamento. Então você precisa de preparo profundo, porque não tolera encharcamento. Bom, daí você que já escolheu sua árvore para fazer o plantio, vale mostrar a questão de fertilidade, adubação, manejo. Esses são os níveis mínimos, muitas vezes no solo da região estão abaixo, então nós temos que fazer uma reversão com suturas, manejo de adubação diferenciado, para reverter esses níveis para termos o mínimo necessário para ter uma produtividade mediana. A calagem se torna fundamental. Temos que fazer complementação com zinco. Aliás, eu tenho recomendado o uso de fertilizantes com níveis de zinco acima de 3%. Então, na adubação, a mandioca é uma cultura que extrai muita quantidade de alguns nutrientes do solo, então provoca um empobrecimento na fertilidade do solo. Como um dos bens maiores da agricultura e do agricultor é a terra, mesmo ela sendo arrendada, tem que pensar na terra, é o maior bem que tem o 34
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agricultor, e o empobrecimento vai causar danos futuros. Então, para vocês terem uma ideia, de 10 a 30 toneladas em 35 anos de uso sem reposição de solo, porque sai muita quantidade de potássio principalmente. Se o solo está fraco de potássio, teremos mais problemas ali. Nesse caso, o potássio é o elemento mais importante. Nós temos alguns fatores interessantes, a cultura de mandioca do Brasil foi se adaptando ao ambiente ao longo do tempo, e ela tem uma série de interações com organismos do solo, a simbiose. Uma dessas simbioses é a micorriza visículo arbuscular, que promove o aumento do radicular e melhoria na absorção de Fósforo.
A adubação verde e a rotação de culturas possibilitam elevar os níveis de nitrogênio e ciclar minerais de camadas mais profundas do solo para a superfície, podendo ser reaproveitados novamente. A rotação e a consorciação de culturas, também, favorecem a formação e multiplicação de micorrizas. Quando presentes no solo e na planta, os fungos micorrízicos arbusculares alteram a resposta da mandioca à calagem e adubação fosfatada, aumentando a eficiência desses insumos no crescimento das plantas. Culturas anuais como feijão, milho e adubos verdes, assim como forrageiras, apresentam elevado grau de dependência micorrízica. Desse modo, o cultivo da mandioca consorciado ou em rotação poderá aumentar a população de fungos micorrízicos e, conse35
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qüentemente, a eficiência dos insumos utilizados para correção da acidez do solo. Quando a planta é inoculada, aumenta muito o sistema radicular da mandioca. E esse fungo, essa micorriza interage com a raiz, a raiz de absorção e esse fungo promove o aumento da atividade de absorção de elementos. Esse é um ponto muito positivo da planta, porque ela consegue produzir mesmo quando não tem nada de fósforo, por isso o pessoal fala que a mandioca é uma planta que pode plantar em qualquer lugar, porque dá certo, mas ela dá certo por isso. Porque ela tem essas associações. Tem outro componente que são as bactérias, que promovem a absorção de nitrogênio. Ela consegue estar em ambientes não tão propícios para ela. Mas se nós formos pensar em agricultura, em termos econômicos, nós temos que ter estratégias para que possamos ter altos níveis de produtividade e a agricultura permite isso, nós temos material genético para esse tipo de trabalho.
Dentre os elementos que eu já disse, o potássio é o que promove maior ganho de produtividade, tem uns ensaios mostrando isso: Sem adubação, só com potássio, fósforo mais potássio, três variedades dife36
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rentes de potássio, tudo mostrando a necessidade de potássio. E adubação orgânica em si, a adubação orgânica aumenta ainda mais a produção da cultura quando você utiliza proteções de melhorias num ambiente desses fungos e dessas bactérias. Então, por exemplo, quando a gente não aduba, o nível de produtividade vai caindo ao longo do tempo, pela absorção dos nutrientes no solo para baixo vai diminuindo a fertilidade dos nossos solos. Então, isso acontece quando fazemos adubação só com nitrogênio e fósforo ao longo do tempo. Quando só adicionamos o potássio permite alta produtividade, e se tivermos outro componente, aumenta um pouco mais. Isso é verdade. Nos ensaios que a gente tem feito, foi mostrado isso. Aqui, demonstramos com a adição de fertilizantes na razão de 4-20-20, e o plantio de até 900 kg, quando você coloca 3 mil kg/ha de cama de frango na área, você tem um ganho acima do fertilizante químico. Um outro cenário, mais recente, mostrando efeito de esterco de Peru, mas não como o esterco de galinha que é o mais equilibrado. E a questão de variedade e dos espaçamentos, porque nós temos algumas variedades e nós temos grupos, de variedades expansivas e não responsivas, e dentro desse grupo das variedades responsivas, um manejo de espaçamento de plantio, aliada ao manejo da adubação, permite que você tenha ganhos de produção. Então, nós temos visto isso em alguns momentos. Dentro do Instituto Agronômico, que o Dr. Roberto 37
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Rodrigues mencionou, um instituo criado por D. Pedro II, é meu, é seu. A cadeia da parte de raízes e tubérculos, onde está a mandioca, começou em 1935. De lá até o momento nunca foi desativado. Cuidam da batata, batatadoce e mandioca, e os principais são mandioca e batata, desde 1935. Eles criam soluções técnicas, variedades, melhoramentos, isso muitas vezes sem o incentivo do governo.
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Em relação a adubação, nós temos um boletim chamado Boletim Técnico 100, que é um boletim de recomendação do Estado de São Paulo, onde é feito toda a questão de adubação e irrigação do plantio, conforme análise de solo. Essa é a nova edição que nós fizemos, não está publicada. Essa aqui tem desde 1996, era para ter saído e não saiu ainda, e esse caso aqui a gente está dividindo mandioca de indústria e mandioca de mesa, e adubação para o plantio. E nesse estágio estamos falando da mandioca de indústria, recomendação de
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micronutrientes e adubação orgânica, adubação de cobertura de primeiro ciclo, a adubação de cobertura de segundo ciclo, e isso pensado em relação ao que tenho no subsolo, textura de solo e nível de produtividade. E algumas observações em relação ao sistema de produção. Toxinas residuais, a cultura da mandioca em sucessão, algumas variedades que nós vamos ter problemas, por não serem responsivas e serem muito rústicas, o ambiente com maior quantidade de nitrogênio no solo, vai promover o crescimento excessivo da parte da planta, e isso desequilibra a produção de raízes, a adubação de cobertura e a sua qualidade. Nós na verdade temos ainda as variedades, caipiras, precoces, responsivas e pouco responsivas. Para a indústria de farinhas, féculas e polvilho, tendemos a buscar algumas características específicas como, produtividade elevada, alto teor de matéria seca, resistência a bacteriose, que é a principal doença, resistência ao superalongamento, que é uma doença secundária e adaptação ao plantio e colheita mecânicos. Além do que a mandioca para a indústria tem que ter película clara para fazer farinha, película escura para fazer fécula, e clara e escura para fazer o polvilho azedo, mas isso está mudando e há uma tendência
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de ter só raízes de casca clara, porque esta interfere na qualidade da planta. A variedade IAC 12 e a IAC 14 são variedades muito produtivas, rústicas e pouco responsivas. A IAC 12 está no Brasil inteiro. De casca clara, película clara temos a IAC Caapora, IAC 13, IAC 15 e IAC 90. IAC 90 também está se disseminando pelo Brasil. Há as variedades novas, IAC118-95, muito boa também. Para você ter uma ideia da característica das raízes, a produtividade desses clones no campo e alguns produtores já adotaram porque gostaram do manejo desses materiais. Estamos ainda desenvolvendo outras variedades, com alguma dificuldade, mas nós estamos conseguindo. E daí para nós, o ganho de produtividade está sempre amarrado ao teor de matéria seca e o rendimento da indústria, porque para nós o importante, além da produtividade, para indústria, é a renda, e essa renda se faz quando tem maior produto de matéria seca nas raízes.
Diante desses conceitos vou falar rapidamente do plantio, a retirada das ramas, são essas ramas que tem um equilíbrio e são as mais indicadas para o plantio. A gente tem tratado com muito carinho, mas o pessoal acha que a mandioca é uma cultura que não tem tanto problema, e pode fazer uso de material qualquer material. Não é verdade, o material tem que ser tão bom 41
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quanto para qualquer outra semente, e o efeito do material que está na rama passa para o plantio e isso vai dar um resultado duas vezes maior na produção. Numa roça, na hora de retirar material, o pessoal retirando material é tudo manual, mas o armazenamento desse material tem que ser feito adequadamente. Alguns produtores não tomam esse cuidado e a gente tem lavouras desse nível com falhas imensas, porque não cuidou do material de plantio. Temos material de plantio, tem água, tem nutrientes, tem as doenças se não for feito um cuidado na escolha do local para realizar o plantio e isso vai causar problemas, além do que o pessoal usa material fino, e esse material fino não consegue sobreviver quando você tem um efeito muito forte de um granizo, por exemplo, então esse material mais fino morre.
Em 2017, 2018, nós fizemos uma palestra em Tupã, e durante essa palestra tinha alguns produtores e nós mostramos isso aqui. No outro dia, nós fomos visitar um produtor. Ele mandou parar todo o plantio dele e mandou fazer essa limpeza de ramas. Tirar as ramas finas, todo mundo parou de plantar e foi fazer isso. Nós ficamos contentes porque ele entendeu o recado e foi fazer a modificação. E o que nós queremos são roças assim bonitas, para garantir a questão da produção. 42
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Quanto ao plantio, as épocas de plantio mais recomendadas são a primeira metade do ano, maio e junho. Depois o plantio mais tardio, você vai começar a ter alguns problemas. Quando a gente trabalha no plantio inicial, podemos trabalhar a cultura para colher com 12 meses. Quando os plantios são feitos no final do ano, quando começa a chover de novo, setembro a novembro, a colheita tem que ser de dois ciclos, 24 meses. Não tem como colher antes. E isso vale para indústria. Com mandioca de mesa não existe isso. O plantio é feito quase o ano inteiro, a colheita é sempre de 8 a 14 meses no máximo. O comprimento ideal da maniva-semente é por volta de 20 cm, porque a gente tem várias gemas. E naquele terço médio da planta, se for rama muito fina vão ter poucas gemas, o que vai garantir que ocorram falhas em maior escala. As plantadeiras hoje que tem no mercado não têm o corte de 20 cm, o corte
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tem 18 cm, que é o recomendado. Aí a mandioca está na plantadeira, o pessoal está trabalhando, e aí temos alguns problemas: as falhas que nós temos são em função do operador e em função da máquina em si. Por que do operador? Porque alguns produtores acham que tem que plantar rápido, agora você já pensou, pegar rama por rama e colocar na máquina o mais rápido possível? Não tem jeito. A recomendação nossa por volta de é 4 km/h. Aí a pessoa está andando atrás, enquanto a plantadeira está indo e fazendo o plantio dessa forma, devagar. Uma outra característica seria a questão da regulagem das enxadas da plantadeira para não deixar rama de fora, se deixar de fora e não tiver alguém andando, a rama pode morrer, secar, não vai ter como nascer direito. Na máquina, essas são as facas de corte, são dos dois lados, elas cortam essa rama certinha, via girando cada uma de um lado. A rama tem que ter um corte reto, se a faca tiver um problema, não for observada, estar desgastada, sem um dente, ela vai quebrar. E é daqui que saem as raízes. E a profundidade do plantio, a velocidade da máquina, as facas e a regulagem do plantio.
Profundidade de plantio: O plantio recomendado por nós é por volta de 8 cm. Quando se faz o plantio e não se regula direito essa mola de profundidade, pode ocorrer isso: a rama está boa, o plantio que a gente recomenda de 8 cm 44
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de profundidade não foi feito, e com isso saiu uma roça desse jeito, morrendo todas as plantas, porque foi plantada com 15 cm praticamente. Então, errou no plantio, solo arenoso, acumulou água, estava mal preparado, começou a morrer as plantas, morreu a rama, houve um ataque de fusário e dai você teve um problema de plantio. Então uma área que era para ser bonita igual a da foto, fica assim. Um prejuízo grande, daí a gente é chamado e perguntam "o que fazer?", mas aí já não dá para fazer mais nada. A questão de controle do mato, nós temos o controle mecânico e o controle químico, controle de herbicidas, para um raio de 28 moléculas, pré-emergencial e pós plantio, então isso garantiu também esse desenvolvimento para que nós pudéssemos ampliar as áreas de produção. Antes era só capinagem mecânica ou enxada, agora tem herbicidas que podem ser utilizados, e dentro do Instituto Agronômico, um pesquisador que só trabalha isso, lançou esse livro "Manejo Integrado de Plantas Daninhas na Cultura da Mandioca". E dentro dessa questão de herbicidas, a gente tem essa diferenciação de raízes, a gente tem observado alguns campos, e agora vai uma questão que eu ouvi, que está diminuindo as áreas com cana e a tendência é entrar outras culturas, e mandioca possivelmente pode ser uma. Onde foi cana, existe alguns probleminhas com resíduo de herbicidas. Nesse caso aqui, não era cana, era amendoim e foi utilizado um produto não recomendado para o amendoim. Nós já sabemos que alguns produtos têm causado problemas na cultura de mandioca depois do amendoim, na região de Tupã, Assis. Cultura de mandioca após amendoim, então daí nós vimos essas áreas que estavam com resíduos. Então nós fizemos um trabalho recente de avaliação do problema, e esse é um herbicida chamado Diclosulam, nome comercial para cana é Coact, para a soja é Spider. Esse produto está no mercado e pode ser usado, mas promove a diminuição no crescimento das raízes da mandioca, raiz de absorção, consequentemente não dá raiz de produção. Um resíduo que fica no solo diminui e muito a produção de raízes. Além desse Diclosulam, tem o Plateau, que é mais difícil dar problemas, tem o Scepter e o Combine, que pode causar problemas e por isso é preciso evitar o manejo dessa terra por pelo menos um ano ou dois anos depois que saiu a cana, ou colocar uma outra cultura, um outro manejo naquela área para esperar passar os efeitos desses herbicidas residuais, para depois entrar com a mandioca. Se não terá problemas.
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As pragas da mandioca: Tem várias pragas, a principal que nós temos é o mandarová, um inseto que consome as folhas da mandioca em sua fase larval. Ele tem um ciclo de vida muito rápido, de 35 a 55 dias. Ainda bem que tem um controle biológico, Tem um inseto chamado Trichogramma spp. Tem empresas especializadas em vender esses bichos. São distribuídos e promovem o parasitamento dos ovos do mandarová. Esse ovo verde é o vivo, e o preto é porque já morreu ali dentro. O mandarová já foi consumido. Daí nós temos também o Baculovirus, que é outro vírus muito específico do lagarto do mandarová, que ataca e mata a larva, só que esse próprio vírus tem que ser aplicado quando a larva está nos seus primeiros tamanhos, quando a larva é pequena e acabou de aparecer na lavoura, já vai lá, faz a aplicação com o Baculovírus, e ele é específico. Daí você faz aplicações em áreas grandes, onde não dá para entrar com trator, depois coloca o pessoal para catar as lagartas doentes, faz uma seleção, um preparo, um suco com as lagartas mortas, guarda no freezer e tem material para aplicar nas áreas com infestação de mandarová, a custo zero. A própria secretaria tem condições para fazer isso, falta só o incentivo. O pessoal que tem comprado isso aqui, tem pago R$ 2000,00 numa garrafa dessa, que veio lá do Paraná, aí ele usa na lavoura dele, faz o estoque dele e mantém, mas custa caro quando vem de fora. Doenças: A principal doença da mandioca é bacteriose, que entope os vasos da planta, a planta morre com problemas na folha, vai matando as células da folha, vai sugando o suco e daí você tem uma roça assim, com muitos e muitos problemas. E aí o agricultor acha que é adubação, ou uma aplicação mais forte de algum produto milagroso vai fazer um resultado bom. Não acontece. Isso daí é transmitido na rama de plantio, não foi feita uma seleção inicial, ou 46
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mesmo num viveiro para produzir o material de plantio. Nós tínhamos uma produção de rama livre dessa doença de vírus, mas por questões de falta de recursos humanos e vencimentos, nós paramos. Então o que tínhamos: nós fazíamos isso em laboratório, fazemos cultura de tecido vivo, que demora dois anos para a planta sair da mudinha e virar uma planta adulta. A planta no pé é colocada num ambiente protegido, depois ela vai para uma fazenda nossa, que fica em Pindorama, e nessa fazenda não existe produção de mandioca igual, que só tem cana, é feita a modificação de viveiros em conformidade com o material de plantio. Ali a gente garante a variedade genética, a sanidade de plantio e a qualidade nutricional do material. Mas infelizmente paramos de funcionar. A mandioca de indústria pode ter dois ciclos. O primeiro ciclo e o segundo ciclo. A tendência é fazer em um ciclo. Nessa região aqui nós temos farinheiras em Tabapuã e Martinópolis. Na região de Martinópolis, Presidente Prudente, o pessoal está plantando e colhendo com um ciclo. Na região de Tupã também, não está deixando mais com dois ciclos porque está começando a custar caro o uso da terra, então por que deixar 18 meses, 20 meses, se você podia estar colhendo com 11-12 meses? A poda: Primeiro você pode fazer na sua área a retirada de ramas de plantio manual. Então vai retirando material de plantio e no restante você vai fazer poda mecânica, por exemplo, uma roçadeira frontal, um trator vai entrar na área e podar tudo isso. Por que isso é feito no segundo ciclo? Para praticamente controlar o mato, só. Não existem muitas vantagens em termos de aumento de produtividade, mas existe uma questão de mato na área e esse mato tem que ser controlado, o herbicida tem que estar em toda a lavoura. Então, vai fazer a poda e vai ter aí alguns problemas. A nossa recomendação de 20 cm e eles estão fazendo com 40 cm porque é uma poda mecânica. Isso expõe muito: uma área muito grande da planta fica no solo, e vai aplicar herbicidas, geralmente o pessoal aplica Glifosato, mesmo não sendo recomendado. Existe uma condição para a aplicação de Glifosato, mas não existe essa intenção das empresas. Então, a planta absorve, podou, dois ou três dias depois já cicatrizou o corte, nem brotou ainda, e aí faz a aplicação em área total com Glifosato. Daí, como está alto, há absorção muito intensa na haste, e são três meses para passar o efeito do herbicida. Demora três meses para a planta crescer de novo. A ideia é ter uma área assim, podada e com mato 47
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controlado. Então, imagina encontrar isso daqui de mato. Para vocês terem uma ideia essa daqui é uma outra área, uma área que tirou a rama, foi podada por um trator, que é muito bom e destrói tudo. Colheita: Agora nós passamos para a colheita e vemos algumas coisas interessantes. Na colheita em algumas áreas, a roça está assim, planta sem cor, em outras áreas, a planta está muito formada, mas roça do mesmo jeito, e depois faz a colheita. Colheita com equipamentos. Esse é o afofador, penetra no solo e faz o levantamento das mandiocas e das hastes que sobraram no solo. Vai retirá-las do solo e vai passar pelo processo normal de colhimento: o pessoal vai cortar, tirar essas raízes da planta e vai deixar carregar para o caminhão. Outra máquina é uma máquina de colheita de batata-inglesa adaptada para mandioca. Faz um processo parecido, e deixa para trás as plantas com raízes. Fica assim a colheita pela esteirinha: Às vezes, eles amontoam para fazer o esturricamento, que é esse processo. E também tem outras máquinas, tem essa colhedora: Eles estavam desenvolvimento essa máquina para colheita de mandio48
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ca, mas ela ainda dá alguns problemas. Elas não conseguem colher em área suja ou em deterioração. E além do que ainda há altas perdas. Então aqui recolhe a planta inteira com raiz, chega aqui tem uma parte mecânica que separa a raiz do pé. Existem outros protótipos, existia um protótipo do pessoal da Paraná, que estava quase pronto, exigia um financiamento, seria uma automotriz, com rendimento bom, sem muitas perdas, foi pedido um financiamento para algumas entidades para terminar a máquina, cotou mais ou menos R$ 1 milhão. Ninguém teve interesse. Aí vieram os chineses e levaram embora. Agora, por que os chineses levaram embora a máquina de mandioca? Depois eu falo. Então está aqui: esturricando, enchendo o deque, esse aqui é o Clone 118-95 da região de Martinópolis, produz muito, com 11 meses teve por volta de 80 toneladas por alqueire. É muito produtivo e de alta renda. Enche o caminhão manual ou mecanicamente. Para finalizar, quero falar duas coisas: a oportunidade de uso do resíduo da mandioca. Resíduo o que eu digo é aquela parte aérea, toda enfolhada, aquilo lá tem um teor de proteína muito alto, muito alto. Você poderia estar usando isso para alimentar gado. Como aqui na região tem gado, poderia ser um produto que aumenta a capacidade da cultura em termo de rendimento econômico. Nós tivemos alguns trabalhos mostrando isso. Esse daqui (ao lado) é o material picado. E o silo da mandioca é parecido com o do milho (foto na página seguinte). Esse é o silo feito com a parte aérea da mandioca, desde que ela tenha folha. Tem que ter folha. Se não tiver folha, esse é o ponto mais interessante de estar usando a rama da mandioca para fazer silagem. Essa rama vai ser tritu49
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rada e vai preencher o silo, e esse silo tem alguns produtores que adotaram essa tecnologia. Nesse caso, 60 alqueires de mandioca, 1000 bois alimentados. Alguns fizeram isso e inclusive alguns estão partindo para produzir em alta densidade só para produzir parte aérea, porque é muito proteico e pode ser utilizado para alimentar gado, e não só gado. Enfim, é um fator positivo, porque sempre tem resíduo que fica. Na silagem, a parte aérea tem o ácido cianídrico, ele vai perder 97% de fósforo, então vai ficar um resíduo pequeno e ainda vai promover o controle indireto de parasitas no gado. A outra coisa é: por que a China veio comprar uma máquina de colheita de mandioca? Porque é aquilo que o secretário estava falando: eles querem colocar 10% de etanol na gasolina, e da onde vem esse etanol? Mandioca. As usinas que eles montaram de etanol de mandioca são todas imensas. Eles conseguem produzir mandioca, mandioca dá o amido da raiz. O amido da raiz não pode ser fermentando. Então, faz o processo depois de processar a raiz, extrai o amido e joga água no amido, ele vira um leite, pegue esse leite e joga numa estrutura para esquentar, aí quando começa a esquentar, eles colocam duas enzimas. E isso quebra o amido e fica igual o açúcar da cana, e entra no processo de 50
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fermentação igual ao da cana. E o rendimento dessa produção de álcool na ordem de 5 a 12 mil litros de etanol por hectare. Existe essa possibilidade ao trabalhar mandioca nesse nível, e competiria com a cana-de-açúcar aqui no Brasil em algumas situações. E na China eles usam isso em escala muito grande. Tem outro fator interessante, aqui eu tenho cepa. O pessoal tirou a raiz, esturricou. Lógico que isso aqui precisa se planejar, mas ele pode ser utilizado na caldeira da queima. Ela tem um valor energético igual ao da madeira. Então, nós podemos fazer o etanol e fazer a queima desse resíduo, só que daí teria que mudar a questão da adubação e manejo, para garantir pelo menos a fertilidade do solo. E as considerações finais, temos de considerar o sistema, se nós estamos saindo de soja, de cana, de milho, amendoim, para não ter problema. Mandioca é uma planta que tem avanço garantido. Com esse avanço da temperatura e aumento de chuvas, a mandioca tolera isso e inclusive vai ter alguns ganhos de produção nos cenários que o pessoal imagina. É possível também a utilização integral da planta, para fins de alimentação e produção de energia. E um fator positivo é garantido pelos itens que acertamos, é fácil produzir teoricamente, mas tem uma série de coisas a serem feitas durante o sistema de produção. Primeiro, escolher a área; segundo, entender a cultura anterior; depois, escolher a rama; fazer uma análise de solo, uma adubação adequada; no final, fazer o manejo do mato, porque ela não tolera mato de jeito nenhum, para no fim ter um resultado positivo. Era isso que eu tinha para falar, desculpe a correria: é uma palestra longa que demanda muito mais tempo, mas não tinha tudo isso. Então ficou corrido mesmo.
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CULTURA DA SOJA NA ALTA PAULISTA
Palestrante: Denizart Bolonhezi Instituto Agronômico de Campinas Bom dia a todos. Vou falar um pouco sobre a cultura da soja. Nas últimas três safras, vindo mais aqui para a região da Alta Paulista, em projetos vinculados com amendoim, que é uma atividade que eu também tenho atuado, então em alguns momentos temos de usar exemplos do amendoim para tentar falar um pouquinho dos riscos e oportunidades que a soja tem nessa região em particular. A unidade onde eu fico sediado em Ribeirão Preto fica nessa fazenda experimental. Hoje, nesta fazenda funciona o centro de pesquisa em cana de açúcar e essa foto é de mais ou menos uns 15 anos atrás. Dá para perceber pela foto alguns experimentos, que são esses quadradinhos aqui, são parcelas experimentais de amendoim, mas nessa época o pessoal já trabalhava com soja também, em área de reforma de canavial. Vocês vão entender um pouquinho porque esse vínculo da soja com a cultura da cana está crescendo no Estado de São Paulo. Outra curiosidade, para falar nessa foto aqui é que uma propriedade agrícola deveria ser dessa forma. Cada ponto da propriedade deveria ter uma cultura compatível com a classe e capacidade de uso de solo, e isso não acontece. Como não acontece isso, temos muitos efeitos danosos de culturas anuais em locais de sazonalidade e isso ocasiona problemas de manejo no ambiente. 53
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Não dá para falar em um evento como um representante de uma instituição pública e aceitar erosão. Então, um primeiro ponto: em qualquer cultura que formos produzir temos de ter zero de erosão. Não adianta nada falar que está salvando o planeta em termos de sequestro de carbono e o seu solo está sendo erodido. Vamos falar disso, entre outras coisas. Hoje, a imagem do centro lá em Ribeirão Preto onde eu fico sediado e toda infraestrutura que nós temos de casas, vegetação. Vale ressaltar que a cana de açúcar ocupa mais de 6 milhões de hectares no Estado de São Paulo e hoje o IAC, único programa oficial, fora a RIDESA que é federal, que se dedica a dar o suporte ao setor, que passa por uma turbulência séria no estado e, como disse o professor Roberto Rodrigues, não tem agronegócio sem ciência. Se nós pararmos de investir em tecnologia, em ciência e tecnologia, nós ficamos reféns e dependentes de conhecimento externo, seja de outros estados ou de outros países. Para entender um pouquinho do contexto da soja no Brasil e aqui no Estado de São Paulo é importante falar que o IAC, o Instituto Agronômico de Campinas, que é um departamento da APTA, da Secretaria de Agricultura, ele completou 132 anos no mês de julho. Os primeiros trabalhos de pesquisa com soja no 54
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Brasil foram feitos pelo IAC. No início do século XIX, foram lançadas variedades de soja selecionadas para uso como alimentação animal. Os bancos de germoplasma onde começaram os primeiros trabalhos de armazenamento foram o do Instituto Agronômico, então isso é importante. Infelizmente o programa de melhoramento está parado, mas temos intenção de retornar, inclusive para pegar nichos de mercado, inclusive nessa região, pode ser bem interessante pelo poder fundiário e a estrutura do agronegócio na região. Importante falar que toda obtenção de germoplasma hoje para negócio da soja está na mão da iniciativa privada. A EMBRAPA chegou em determinado momento a competir com esse mercado, mas devido a hidrogenia está muito difícil de competir com o mercado privado. A cultura da soja ocupa a maior área do Brasil, com 35 milhões de hectares de soja no Brasil. É interessante, São Paulo aumentou nos últimos anos mais de 30% da área, chegando a já ultrapassar 1 milhão de hectares. Essa é uma razão pela qual está começando a ter mais interesse na cultura da soja por cooperativas e por produtores. É importante notar que, numa história de 46 anos da CONAB, do IBGE, das estatísticas brasileiras, a soja nunca passou de 600 mil de hectares. Então, pela primeira vez, o Estado de São Paulo está 55
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rompendo a barreira do 1 milhão de hectares. Isso faz com que toda a cadeia busque informação. O que tem de evento hoje voltado para soja no Estado de São Paulo, porque no passado ficou estanque em 450, 500 mil hectares, sempre vinculado em áreas onde o milho no verão não é uma cultura interessante. Produção de soja: 115 milhões no Brasil, 3 milhões no Estado de São Paulo. Devido a esse crescimento teve um aumento de quase 50% no total de soja produzida. Tem que se dizer que, por ser uma commodity, tem uma perspectiva de preço futuro muito interessante. Tirando a briga dos Estados Unidos com a China, em questão de mercado, o Brasil leva uma vantagem competitiva muito interessante nessa briga. No gráfico seguinte os estoques estão baixos e o consumo está alto. Quem consegue ocupar esse espaço hoje é o Brasil só. A Argentina não tem terra, e é um país que contribuiu muito para essa regulação, mas ela não tem terra e outros países não vão conseguir, talvez a África, mas por questão de guerras e conflitos naquela região da savana africana, não poderia suprir o que hoje o Brasil tem de sobra para fazer. E o crescimento da soja no Estado de São Paulo se deu nos últimos anos muito em cima de áreas de milho verão. Milho verão tem tendência de parar no Estado de São Paulo, e o crescimento em área de reforma de canavial, o próprio Roberto Rodrigues foi pioneiro nisso na década de 80, ele planta soja até hoje. Nós não temos esses
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números muito precisos, mas posso dizer com uma certa segurança que só em área de cana, de reforma de cana no Estado de SP a soja já ocupa 420 mil hectares, quase a metade, com uma tendência de crescer. O produtor que enxerga isso como uma oportunidade, tem que entender um pouco da cana para saber como ele vai usar essas áreas ofertadas para produzir essa cultura. Isso é importante. Lembrando que o estado de SP é uma região de transição, o que tem de conhecimento de solo principalmente para a recomendação de cultivares no Sul e no Centro Oeste não vale para São Paulo. Nós ainda temos um lapso de informação técnica, que temos de correr atrás e não dá para ficar no "Que variedade que eu planto?", "Ah planta essa", porque alguém diz. Não, tem que gerar uma experimentação novamente, regional e atualizada para que isso funcione. O Roberto Rodrigues já colocou que o Brasil é o segundo maior produtor e já ultrapassou os Estados Unidos em quantidade de soja produzida. Na safra passada, os Estados Unidos tiveram uma queda de 23 milhões de toneladas; o Brasil também teve uma queda de 8 milhões, mas nós hoje já produzimos mais soja que os EUA. A perspectiva de safra nos Estados Unidos neste ano é de queda, no caso da safra de julho. Então, provavelmente o Brasil se manterá nessa posição. É interessante esse cenário mundial: observem que a barra
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azul é só internacional. A preta é só internacional dos EUA, e o vermelho é estoque da China. Essa linha vermelha é o número de dias que o mercado consumidor chinês consome desse estoque. Então, se não houver abastecimento desse solo em 68 dias, o estoque que tem na China acaba. Independente da briga comercial entre EUA e China, o Brasil tem uma vantagem competitiva muito grande, porque quem vai conseguir ocupar esse mercado? Vocês olham nas fotos por satélite, e o que tem de navio saindo do Brasil e indo para o Oriente, e são navios de transporte de grãos. E tem muito a ver com isso, a Ásia cresce sua taxa de consumo e isso dá um impacto na cadeia da soja, porque é proteína vegetal para fazer hambúrguer e óleo para fazer fritura. Cresceu uma economia que tem um impacto na produção de soja. Então, 68 dias é o que dá para abastecer o mercado chinês com a produção local de soja. A produtividade de soja no Estado de São Paulo aumentou: no Brasil 56 sacas e no Estado de São Paulo, 57. Essa é uma média, mas em 2014 a média anual estadual não chegava perto das sacas produzidas no país. Podemos analisar de diversas formas, mas o que tem de conhecimento hoje no negócio da soja, permite que você tenha índices de produtividade superiores ao do passado. Vamos atribuir isso à transgenia, mas eu acho que não é só transgenia. A transgenia ajudou muito, subiu o preço da semente de 4 para 7, 8 reais o quilo, mas não necessariamente isso vai te garantir produzir 70 sacas se você não souber fazer direito. A soja na Alta Paulista - a Andradina está aí só como referência. Nessa faixa de Tupã até Dracena mais para frente aí, que é a região da Alta Paulista que tem um vínculo por causa da ferrovia, só que as características clima e solo, muitas vezes, são extrapolares nessa região geográfica. E o que é interessante notar é que em Dracena e Tupã, cidades que representam essa região, a área de solo não tem sido muito expressiva, mas isso mostra que ela pode ter um potencial, pode ser ocupada nessa nova onda de crescimento da soja, mas não é, diferente de Andradina, que está fora 58
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dessa zona circunscrita da Alta Paulista. Mesmo Araçatuba e Presidente Prudente já têm áreas com mais de 50 mil hectares de soja sendo cultivadas todos os anos. Então essa área tem potencial, e qual o tamanho do potencial dessa área? Isso é o que a gente vai discutir na sequência. Em relação às vantagens competitivas da soja, vou chamar a atenção para alguns aspectos. As vantagens da soja em comparação com outras culturas de grãos pensando que a soja para o Centro-Sul, ela sempre vai ser, foi e continuará sendo uma cultura que vai entrar no sistema de produção. E aqui esse sistema de produção pode ser com mandioca, e é com mandioca, a mandioca está presente aqui, mas tem a ver com amendoim, milho, pastagem, é diferente de uma soja cultivada no Centro-Oeste do Brasil, onde a soja é a cultura principal, o algodão tem a safra dele. Às vezes, para não quebrar, você coloca outra cultura porque as lagartas estão comendo a soja dele. São grandes áreas, mas com perspectiva de teto produtivo não muito alto, porque é soja todos os anos. Então, essa gauchada está gastando muito e não está conseguindo ter índices porque fez muito tempo a mesma coisa errada, e agora ele para ou não produz mais, então tem que mudar de cultura. Nós temos oportunidades, a soja oferta várias vantagens, vou destacar aqui nitrogênio para a cultura seguinte: pode ser um pasto ou pode ser uma cana. É uma cultura que deixa um residual e 20% é a média de ganho de uma cultura da cana quando você tem soja no local antes. São dados que aparecem na pesquisa que a gente tem. Você tem a transgenia: hoje essa transgenia da soja, dizem que nós conhecemos só a ponta do iceberg, o que tem ainda a vir em cima de investimento de transgenia da soja não dá para acreditar. Isso é uma vantagem interessante? É. Em alguns sistemas de produção. Para a cana, você consegue limpar áreas de difícil controle. E significa diversificação da renda. 59
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Soja no estado de SP com menos de 100 hectares nunca deu dinheiro, sempre foi uma cultura que exigia uma escala maior, mas hoje os preços estão sendo ofertados na saca da soja a 70 reais, no mercado futuro, alguns produtores negociam por mais de R$ 80,00. Quando há esses excessos acima de 60 sacas por hectare, esse é um negócio que passa a ser rentável. Isso é o que muito produtor no Estado de São Paulo está enxergando nesse modelo de produção. Mas há desafios. Quais desafios a soja tem? Você precisa aprender a fazer - muita gente não sabe fazer isso em São Paulo - o sistema de plantio direto. Você pega uma área de plantio de cana e tem que saber fazer. Se for uma pastagem numa área com muito risco de erosão, a utilização da palha é muito importante, não que seja novidade, mas o produtor paulista, diferente do produtor paranaense, mato-grossense, não tem muita tradição em grãos. E os 600 mil hectares fazem parte de um cultivo diversificado, e que o grão sempre está ocupando um espaço em parceria com cana, ou com a pastagem. Posicionamento equivocado de cultivares, por quê? Se pegar uma soja que foi desenvolvida, selecionada em uma latitude mais baixa, se você trouxer para uma latitude mais alta vai mudar o ciclo, só que na recomendação dela, o 7 ponto alguma coisa, 6.4, indica que quanto maior o número se entende que deve ser cultivada em um ciclo mais longo. Mas se mudar a latitude, esse número de registro dela não serve, e não existe um posicionamento muito claro quanto a isso. O pessoal fala "vamos colocar como 7.1", achando que ela vai ser mais tardia, e na verdade, ao alterar a latitude, ela vai encurtar o ciclo, dependendo da época de semeadura, e isso pode dar problemas no ciclo de produção. Ela é mais sensível do que outras culturas ao residual de herbicidas, a compactação do solo. Ao custo de hoje, 40 sacas é a média, para o produtor que tem um solo fraco, que é o que predomina nesta região. Pensar 60
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em soja para produzir 50 sacas, ele sai com risco de perder dinheiro. Pense bem. O custo hoje, se levar na ponta do lápis, exige mais de 45 sacas por hectare. Produtividade baixa em solo arenoso; não aceita seca nessa fase de desenvolvimento que é 5.1 a 5.5. No estágio de desenvolvimento se tiver seca aqui, um abraço, o investimento foi embora. Cuidado, solo arenoso tem baixa capacidade de armazenamento de água. Não tem soja com tolerância a Pratylenchus ainda, é uma limitação para algumas áreas. Logística e reforma por talhão: o produtor de soja do Mato Grosso está acostumado com fazendas de 10 mil hectares, e quando ele pega uma área aqui em SP, ele pega uma colcha de retalho, 10 alqueires em um lugar, tem que andar mais 0.5 km, e tem mais 20 alqueires, e isso representa tráfego de caminhão levando máquina em rodovia com pedágio. E no deslocamento da propriedade, muitas vezes o lucro do produtor vai embora. E ambientes de produção com matriz de cultivares: nós temos mais de 2 mil cultivares registradas no ministério. E essas cultivares, nós não temos o conhecimento sobre o ambiente de produção, é isso que eu vou falar mais um pouquinho. Conhecer as exigências da cultura é o mínimo que um bom produtor tem que ter. Se ele não conhece, é importante que um técnico da cooperativa capacite os seus técnicos e seus consultores, porque isso precisa ser muito bem compreendido. A soja é um relógio, se der seca nessa fase que eu já mencionei... Olha aqui, 6.6 mm de consumo de água por dia, isso é maior do que uma cana com 200 dias de idade. Ela está consumindo água igual uma cana com 200 dias. Então, durante o ciclo, considerando 110 dias, pelo menos 650mm de água tem que distribuído no seu ciclo, e se não tiver vai ter problema. Temperatura alta nessa fase de florescimento, que é de R1 a R3, início do florescimento, temperaturas acima de 30ºC, pode ter abrotamento de flor. Então a lavoura está indo muito bem, daí 61
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dá uma seca. Ano passado eu vi isso aqui: Tupã, que é a cidade mais quente do Estado de São Paulo, chegou a 40.5ºC a temperatura do ar no dia 30 de janeiro. Imagina a cultura da soja passando por uma temperatura de 40ºC, seria uma fase de florescimento. Pode adubar, fazer o que quiser, fisiologicamente ela vai abortar tudo. Tem que ter essa informação mínima sobre a fisiologia da cultura, porque é uma cultura de alto investimento e muito sensível ao ambiente. Eu busquei na literatura, para a região de Alta Paulista para entendermos como é a distribuição de chuvas. Saber as exigências e o quanto chove. Está aqui o balanço hídrico:
É uma contabilidade de quanto chove, quanto tem de armazenamento de água e quanto a cultura exige. Para Dracena, você tem um período de deficiência hídrica (preto) que são os dias de inverno, normal para o Centro-Sul. Esse comportamento, uma série de 1961 até 2002, é um trabalho feito pelo IAC usando dados de mais de duas décadas. Dracena não tem o mesmo comportamento que Lucélia, que é praticamente próxima, olha o período de deficiência hídrica desses meses em Lucélia e olha o período de Adamantina. Então, como é que a gente pode tratar o planejamento de uma lavoura sabendo ou não sabendo qual o período de deficiência deles, e qual é o armazenamento que esses solos têm. 62
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Adamantina em comparação com Dracena já tem uma diferença, mas todas são chamadas de Alta Paulista, então, o que é que muda aqui? Muda principalmente a capacidade de armazenamento de água nesses solos. Isso nós precisamos saber. Eu não sei se esses dados fossem refeitos já conseguiríamos mostrar um pouco mais do que aconteceu na safra passada. Eu fiz um exercício que vou mostrar para vocês: esses dados eu peguei das safras passadas 18/19 e 17/ 18. Safra de 17/ 18, Tupã, e olha os números embaixo, 18/19, olha de uma safra para outra. 17/ 18 choveu 1318 mm, média da máxima 30°C, dias com chuva acima de 10 mm, 28 dias. Então a seca da safra de 18/ 19 foi pior que 17/18? Em termos totais de chuva não, 1462 mm. Então choveu bem mais. O problema foi: olha a média da temperatura, 33°C a média da máxima, dá 3°C a mais. Imagine a soja desenvolvendo nessa safra passada, sem protetor solar! E olha o número de dias com chuva acima de 10mm: 15. Então, nos meses de verão aqui teve 28 e aqui 15, 13 dias a menos. Num solo arenoso com um número de dias de chuvas maior que 10 mm quase 50% menor, a chance das culturas anuais nessa safra depreciarem em produtividade foi grande. Tupã foi isso. Em Herculândia, a mesma coisa 1200 - 1300, 30°C 33°C, 24 dias - 13 dias. Em Iacri, a mesma coisa, 1300 e choveu um pouco menos, mas olha a média de temperatura, 30°C, 15 dias de chuva acima de 10 mm. Isso mostra um retrato... Pegando duas safras recentes de Quintana: 30°C, 3°C de diferença, e quantidade de chuva de 200 mm a mais. Mas eu não quero saber o total de chuva, eu quero saber o quanto choveu durante o ciclo de desenvolvimento da cultura. Rinópolis a mesma coisa: duas safras, 1400, 1200 mm, bem menos e uma média de 3°C. Então nessa região, se comparar uma safra 17/18 com 18/19, pode falar que a diferença da média da máxima do verão chegou a mais de 3°C. Então pensando na soja na fase de florescimento, um abraço, você vai ter muitos abortamentos. Qual o impacto disso para a soja? A literatura informa que o clima influencia na produtividade da soja em 38%. No ano seco, você vai ter a resposta para produzir menos por causa do clima e a variação é de 38%. É o que eles chamam na literatura de clima gap, essa diferença de produtividade. Para essa produção aqui eu não tenho os dados ainda, quem sabe no futuro a gente, em parceria, planejar para encontrar esses números. Mas para o amendoim, a gente já fez: comparando a safra 17/18 com 18/19, aqui são produtores de Queiroz, Quatá, Iacri, Rinópolis, Herculândia, Nantes, Getulina e Tupã, algumas cida63
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des até fora do eixo. A barra preta refere-se a safra 17/18 e a vermelha 18/ 19, e só tem amendoim, não sei se tem produtor de amendoim aqui na plateia. Tirando Nantes que deu uma produção maior, por razões daqui do local, em função dos dados de clima, o produtor plantou na mesma época, utilizando mesma tecnologia, nos mesmos locais, e a queda foi de 24% na produção de vagem de amendoim. Se você tivesse esses dados para a soja para entender qual o impacto da seca, a perda da soja seria de 40%-50%, ou às vezes não iria receber nada, não compensaria para alguns produtores. Então atenção, cuidado quando vem com o sonho e dizer "Soja dá na Alta Paulista, no Oeste do estado", tem muitas safrinhas, mas de 10 anos você aproveita uma. Vai fazer? Tem que ter planejamento, porque você não sabe como vai ser o clima. Além dessa questão de ser uma região de baixa altitude, aqui predomina 400, 380 metros, a soja exige altitudes superiores para compensar muitas vezes essa dificuldade de temperatura.
E quando a gente fala de ambiente, o que mais está ligado é a quantidade de armazenamento de água do solo. Observem aqui: solos arenosos são os de cores amarela, e os argilosos estão na cor azul (cinza escuro no gráfico). E observe essa garrafinha de água aqui do lado. Fazendo uma analogia: cada garrafinha, um litro. Então olha a capacidade, não dá nem 250 ml numa areia quartzosa, uma situação típica, em comparação com o solo argiloso lá da re64
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gião de Ribeirão Preto, que consegue armazenar quase uma garrafa e meia, 1,5 L de água. Precisamos entender que solos predominam por região.
Então, aqui na nossa Alta Paulista, entre o Rio Aguapeí e o Rio do Peixe, nós temos só 10% dos solos detalhados no Estado de SP. Mas de maneira geral, o que predomina mais na região Oeste do Estado? Esses solos marronzinhos, que hoje são chamados de argissolos. Esses solos tem uma camada argilosa embaixo, que armazena mais água. Só que quando isso é muitas vezes radical, essa mudança de textura, eles ficam muito mais vulneráveis a erosão. Onde estão os maiores problemas de erosão? Estão mais aqui, Bauru, então atenção. De maneira geral, essa é a distribuição dos solos nas cidades agrícolas do Estado de São Paulo: 65
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25% são latossolos de textura média, argilosos 27% e 25% de área de solos, que estão muito concentrados em Catanduva, no sentido Marília, e esses são solos mais suscetíveis a erosão. Então só para ter uma ideia do relevo em relação à paisagem, os latossolos sempre vão acontecer para as nossas condições em planícies. Os argissolos ocorrem mais em regiões acidentadas. Então, viu uma região acidentada? Tem mais chance de ter um argissolo. E tem as areias quartzosas em muitos trechos, e aí ela tem uma textura de grossa, média, fina, com menos de 7% argila. Não tem como: secou o solo, fez o manejo adequado, nem Deus ajuda, porque não tem caixa para armazenar. Daí o que insistimos muitas vezes? Para corrigir um monte de problemas nos solos. Não é esse solo que predomina aqui, isso aqui é a região de Ribeirão Preto. Fazemos o preparo de solo, para corrigir compactação, incorporar corretivo, controlar o Sphenoforus, eu insisto em fazer preparo porque é o que aprendemos na faculdade. Isso aumenta o risco de erosão, diminui a 66
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matéria orgânica drasticamente e diminui a capacidade desse solo em responder em períodos de seca. Você perdeu matéria orgânica, perdeu cobertura, vai perder mais água, vai perder nutrientes, e sua capacidade de produção será maior. Atenção ao que é erosão: aqui são focos de amendoim dessa região que nós já estamos mencionando. Isso aqui é comum com soja também, assoreamento de sulco de semeadura: você prepara o solo para melhorar, aí vem o sol depois de uma chuva, isso aqui é erosão. Você vai perder tratamento de sementes, as sementes, tudo. As erosões por sulcos em seus mais diferentes níveis, e tudo aqui nesse eixo, Tupã, Iacri. Eu não tenho foto para mostrar de soja, mas não é que não aconteça, é porque temos pouco trabalho com soja na região, então a gente não consegue ver os problemas é pouco aparente. Para amendoim é um problema. E quando não, a erosão vem de campo para a estrada, e aí esse produtor, que é aqui de Paraguaçu Paulista, ao lado do campo de amendoim, como é que ele vai transportar a produção sem estrada agrícola? Não tem jeito. Bom, a pior cultura para perder solo é mandioca. São dados de mais de 20 anos do IAC. É um índice, a soja tem um número mais baixo, e para a soja com espaçamento planta esse número pode ser até menor, porque é uma cultura que fecha o terreno rapidamente. Mas se coincidir de ter chuva logo no início do desenvolvimento, você vai ter problemas catastróficos. Com o Escritório da Defesa, que é um órgão da Secretaria da Agricultura, você tem que lembrar que tem leis de uso de solo em São Paulo, é lei gente. Isso tudo em um primeiro momento não te dará uma multa, mas dará um problema jurídico, e isso tem dificultado o produtor de grãos a fazer parceiras com usinas principalmente nessa região. Muitas usinas estão quebradas em recuperação judicial, mas se tiver uma nova onda de crescimento das usinas, a cana vai avançar, e a fronteira agrícola para fazer parceria vai ser com usina. E as usinas não querem, porque isso daqui chega lá no acionista, Termo de Ajuste de Conduta, e pode chegar em uma multa com pagamento em dinheiro, 67
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porque tem legislação e tem órgão competente para fiscalizar. Erosão é crime, e quem vai responder? Não é o dono da terra... Tem arrendatário, parceiro, proprietário, gerente ou o responsável técnico. Isso tinha de ensinar na escola, primeiro ano da escola. Aprender que tem lei e solo não é do proprietário, não é propriedade nossa, nós temos o uso do solo, mas o solo é da sociedade. Se eu não corrigir bem, para onde vai a terra que sai da erosão? Para o rio... Assorear e diminuir a carga de solo que vai para a água. Tem um impacto direto na sociedade.
Em termos de fertilidade do solo. Olha o Estado de São Paulo e o eixo da Alta Paulista. Quanto mais roxo, vermelho e rosa, menores os teores de fertilidade dos solos, baseado em mais de 90 mil análises coletadas no Estado de São Paulo. Você vê que 68
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ou é baixo ou é muito baixo. Aqui na "Matéria Orgânica": baixo ou muito baixo. Aí vê o pH: baixo... Tem algumas regiões no Sul com pH médio, mas não tão ácidos, mas se predomina a acidez alta, muitas vezes por causa do alumínio. Se pegar toda essa faixa chamada Alta Paulis-
ta, você vai ver muitos municípios com baixo teor de fósforo, e a soja é exigente em fósforo. Então, nós estamos trabalhando com solos vulneráveis a erosão e fazendo um resumo para toda essa região do Oeste do Estado: fósforo de 7 a 15 baixo, pH e saturação em Potássio, médio. Fator crítico de sucesso: se eu já sei o clima, o solo, o que eu preciso fazer para acertar? Eu preciso saber que na soja em algum sistema de produção, você vai ter resíduo de herbicida, e isso vai frustrar a sua iniciativa. O produtor vai lá e pergunta qual herbicida usou, mas não tem o histórico. Então ele planta todo o investimento e perde a lavoura. Perguntar se os cultivares têm altura de inserção mais alta, porque você vai perder 10% da colheita se plantar o cultivar numa situação de cana e você não consegue colher com as plataformas que estão no mercado. Nematoide tem que saber, dependendo se for Pratylenchus, você vai ter problemas, porque não tem variedade de soja que tolere isso. Co-inoculação, o que é? Inoculante todo mundo conhece, é obriga69
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ção saber, co-inoculação é o rizóbio misturado com o inoculante da gramínea, que é o Azospirillum. É uma dose de Azospirillum para cinco doses de rizóbio. Dá quanto de resultado para a soja? 7 sacas a mais em média, só fazendo isso. Semeadura adequada: se eu não posso compensar um solo que tem uma baixa armazenagem de água, tem que cultivar com a raiz mais profunda ou usar uma semeadora com um sistema de sulcação que favoreça a linha de distribuição do adubo. Cultivares são importantes? Sim. São 2027 cultivares registrados, só em na RR 720, mais de 600 com tecnologia IPRO. Aí o produtor fala assim "Qual cultivar eu planto?". Não sei, eu recomendo alguma dessas? Sem fazer experimentação regional, eu não posso falar qual é a melhor, e essa experimentação tem que ser feita em três safras pelo menos, e saber o jeitão da variedade. Não quer dizer que você vai falar boa é a qualidade da TMG ou outra não, você tem que saber o perfil da variedade que se ajusta com as características da região, para isso precisa ter informação para o produtor se basear. O que a gente está passando hoje - eu gostaria que o secretário estivesse aqui - se tiver algum representante dele aí, isso fica um bom slogan para uma política de governo. Nós precisamos sair da agricultura de produto para uma 70
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agricultura de processos. O que é isso? Tem gente especializada: quando saiu esse eclipse lunar, anunciou, eu fui lá tentar fotografar o eclipse. E o que acontece? Não dá certo, porque não tem uma câmera adequada para isso. No mesmo dia, na internet tinha o vídeo pronto. Por que? Porque tem gente especializada que sabe fazer isso. Não se preocupem com a variedade; muitas vezes o produtor quer saber qual a variedade, que adubo ele vai usar, e isso não é o que vai definir, pelo menos para a soja. O refino vem do processo. Você pode usar o melhor produto, se você errar no processo, não souber que semeadura direto é importante, não saber que co-inoculação é importante, não entender como é que funciona a soja, um abraço meu caro, você irá investir 2 ou 3 mil reais em um cultura e não necessariamente irá ganhar dinheiro. Aí passa uma, duas, três safras frustradas, você sai falando mal e que "nunca mais na minha vida eu que71
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ro plantar isso", e tudo por causa de erro no processo. Em relação ao sistema de produção, onde a soja vai entrar? Barra azul: solo argiloso de Palmital, barra vermelha, solo arenoso de Assis. Bem próximos. O clima e a chuva são parecidos. Mas por que o vermelho produziu menos? 74 sacas de soja nas barras azuis é a média, no vermelho, 38. Isso dá uma diferença de 48% menos. O que mudou, se foi plantado no mesmo dia, e as mesmas variedades? O vermelho é área de cana, uma areia quartzosa, com 7% de argila. O azul é um latossolo vermelho, com plantio direto por 15 anos e com fósforo lá em cima. Choveu igual e o que mudou de um local para o outro? As características físicas de armazenamento de água do solo. Então é preciso saber qual será o sistema de produção. Co-inoculação: está aí um trabalho que a gente tem feito na região de Ribeirão Preto que serve de exemplo para fazerem aqui. Se sabe que co-inoculação é importante, tem que mostrar para o produtor "Quanto você ganha? Você pode ganhar até 25%, de 15% a 25% fazendo uma coisa simples, que é barata. Colocar o Azospirillum que é o inoculante de gramínea. 72
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"Eu vou mudar haste sulcadora da semeadora para a raiz crescer mais e sofrer menos com a seca. Quanto é esse impacto?". Entre 4% e 16% de ganho nos trabalhos que a gente tem feito na nossa região. Precisamos de informação para os solos arenosos aqui da região Oeste. Precisa aprofundar a raiz. Como? Usando uma semeadora com haste, mas também sabendo como é o perfil de distribuição de raízes da variedade. Soja: 60% para os primeiros 15 cm, em média, 60%-70%. Eu posso melhorar isso? Posso. Mas precisamos entender mais o que está debaixo dos nossos pés. Nós queremos saber apenas o que enxergamos, mas e se houver uma seca, há raiz lá embaixo? Para fechar, temos um estudo em Ribeirão, isso é importante dizer: falou-se aqui de manhã que a pesquisa é importante, e principalmente a pesquisa de longa duração. Eu estou há 25 anos na Secretaria de Agricultura, e esse terreno está há 20 instalado em Ribeirão Preto. É uma condição de solo diferente de vocês, mas eu vou passar um estudo que fizemos esse ano com o solo, comparando haste sulcadora com adubo versus disco, olha a diferença que dá no desenvolvimento. E a aplicação de gesso como um insumo não pensando em fornecer um nutriente para a cana, mas solo arenoso isso pode ser um insumo 73
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importantíssimo para a soja, que vai forçar o crescimento de raízes. Então testamos essas duas variações de tratamentos, para aumentar a produtivida-
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de da soja quando você faz o plantio e esses são os resultados: o lado verde, plantio direto, e o amarelo o convencional. Mas vou mostrar a foto da frente, porque aqui mostra o ganho de 16 sacas de soja por hectare. Observem essa terceira barra vermelha: 72 sacas por hectare. E o que usei aqui? Gesso mais haste. Se eu comparar isso com a mesma dose calcária sem gesso com disco duplo, eu produzo 56 sacas de soja. Essa diferença daqui para cá dá 16 sacas. Em termos de dinheiro, 1300 reais no preço da soja. Só pelo fato de usar essa adaptação na semeadora e aplicar gesso na cultura da soja no tempo seco. Temos de pensar no sistema, depois disso, o que plantamos? Cana convencional. Esse plantio direto está desde 1993, produzindo mais e gastando menos. Por isso a gente bate em cima dessa tecla. Quem quiser visitar o experimento, inteirinho mecanizado e será um prazer apresentar. Para fechar, atenção soja ciclo precoce. Porque se você só plantar soja precoce, e der um risco de veraneio numa fase decisiva, você perde tudo. Então escalone: não é área de cana? Não é área de pastagem? Pode trabalhar com 75
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ciclo mais longo, que acho que é caso de vocês, arrendamentos mais longos. Use cultivares de ciclo médio, que você tem chance de perder menos, no caso de solo arenoso. Plantio direto, manejo conservacionista é o melhor caminho para aumentar a capacidade de armazenamento de água, não tem erosão e gasta menos, 30% a menos no caso de área de cana, e sofre menos no veraneio. Aqui predomina solos com baixa fertilidade. Atenção com manejo da nutrição, tenta fazer uma adubação, não aquela que o seu consultor vai recomendar. Busque um engenheiro agrônomo. Tem gente que aduba, mas não faz teste de solo... É igual você tomar remédio e não fazer exame de sangue: "eu acho que eu tenho", não, vamos valorizar a Agronomia, tem conhecimento para isso. Vai plantar agora, colocou a semente e sem teste de solo, começou errado já. E uma rede de experimentação regional, que eu acho que é bem vinda para essa região para posicionamento de cultivares, manejo, com uma sintonia firme aqui para a região. Pensando nisso, estamos com um projeto que chama Ambisoja, que é caracterizar o ambiente de produção da soja e tem uma parceria com a Bayer. O que eu preciso? Produtor que vai plantar em área de cana que esteja disposto a fazer um trabalho para plantar 18 variedades de soja durante 3 anos e coletar as informações de solo para estratificar a posição. Por que isso é bom para o produtor? Quando você for negociar no futuro uma área de arrendamento, você vai pedir a carta de solo da área "Que solo tem aqui?", chique né? "Você poderia passar a carta de solo da sua propriedade?", "Ah eu não tenho", "Então vou pedir uma análise, saber que solo que é, a capacidade de armazenamento dele, porque se ele se enquadrar num ambiente desfavorável, eu não posso pagar 10% de renda, você terá de me dar essa terra porque o benefício para cana é muito maior. Você terá como negociar melhor sua renda e para o produtor de soja é um bom negócio. Hoje o que quebra o produtor em São Paulo é o custo da terra. A melhor coisa que tem é você ser o dono da terra, porque você não tem risco nenhum e recebe 10%-15% de renda. O produtor de amendoim está pagando quase 4 mil reais por alqueire no começo da safra, porque se ele sair de São Paulo, ele estará longe do mercado beneficiador de amendoim. Isso precisa mudar e para mudar isso você precisa de informação. Então uma areia quartzosa, qual é o teto produtivo? Se produzir no máximo 55, mesmo investindo, a sua renda tem de ser proporcional ao que aquele ambiente proporciona como produtivi76
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dade. "Ah eu fui arrendar uma terra em Ribeirão Preto que tem fósforo sobrando", eu consigo produzir... Sabe qual foi o teto produtivo dos Estados Unidos nessa safra? 232 sacas de soja por hectare. Ganhou o prêmio produtividade de soja. Aqui no Brasil temos o prêmio SESI, safra passada acho que foi 147 sacas de soja. Quer dizer, o teto é alto e nós estamos produzindo 56, em solo arenoso 50, e para nós está tudo certo... Então precisamos ter mais informação do ambiente para posicionar melhor o processo, porque os insumos têm especialistas. A cana tem parceiros nos mais diferentes segmentos. As cooperativas têm gente especializada nisso. O que a gente tem que saber usar? A ferramenta. Se eu der uma Ferrari na mão de um motorista que vai andar nas estradas esburacadas, não resolve nada. Então é Processo. Fica aí meu e-mail, se alguém quiser mais informações em cima disso, eu tenho o maior prazer em passar. E espero, fica o convite aos produtores, um desafio bacana participar desse projeto, Ambisoja, que a gente vai começar nessa safra. Muito obrigado pela oportunidade. Um abraço!
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Palestrante: Victor U. Borba FATEC Pompeia Boa tarde, pessoal. Meu nome é Victor, sou professor da Fatec Shunji Nishimura, no curso de Big Data e Agronegócio, e também sou pesquisador tecnológico do Centro de Inovação de Agronegócio. Tenho formação em Ciência da Computação, mestrado em Ciência da Informação e participei como membro especial no programa de doutorado na USP de São Carlos. Tenho como temas de interesse a Internet das Coisas, Big Data, Visão Computacional e tecnologias para agricultura e agronegócio. Eu trouxe para vocês um tema um pouco famoso, né, Big Data, acho que todo mundo aqui já ouviu falar. Alguém nunca ouviu falar sobre Big Data? Eu gosto de interagir. Então vamos lá! Há muita discussão sobre Big Data ser um fenômeno ou uma tendência. Big Data é considerado um fenômeno informacional por conta da quantidade de dados, a velocidade com que esses dados são gerados, a variedade de dados gerados todo dia a cada minuto. Para vocês terem uma ideia, fala-se de Big Data em cima de três V's: Volume, Variedade e Velocidade. Esse assunto surgiu em 2001 e ao longo dos anos vem sendo cada mais discutido e foi aumentando a quantidade de V's. Atualmente, fala-se de 62 a 99 V's, mas a princípio seriam 79
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apenas três mesmo que geraram esse fenômeno do Big Data. Para vocês se situarem, é bem impactante, não é a minha imagem, vou falar sobre um dado de 2017, e que já estava um pouco desatualizado porque falam que o conteúdo é publicado na internet a cada um minuto. Então, para vocês terem ideia, a cada minuto são publicadas 243 mil fotos no Facebook, 70 mil horas de vídeo assistidos no Facebook. Isso em 2017, imaginem agora em 2019. Netflix com 87 mil horas mil horas, Twitter 350 mil tuítes. O público do Twitter em grande parte é americano, um público mais internacional, mas o Brasil também não fica muito atrás nesse quesito. No Youtube, 700 mil horas de vídeos assistidos, isso tudo em um minuto, imaginem então a quantidade de dados gerados em um dia. Esse boom das redes sociais, dos dispositivos conectados à internet que causou esse fenômeno conhecido hoje como Big Data. Para que esses dados são usados? Trouxe aqui para vocês uma foto, um exemplo, do Centro de Operações do Rio de Janeiro que foi implantado na Copa do Mundo e está em andamento até hoje, foi usado nas Olimpíadas, e eles fazem uma junção de vários sensores, vários dados, câmeras de segurança, sensores climáticos, rádio, enfim, é uma central de operações com um conglomerado de dados muito grande que permite que a polícia do Rio de Janeiro haja de forma mais efetiva dentro da cidade. Outro assunto impactante seria a quantidade de dispositivos conectados que existem hoje. Existe uma pesquisa falando sobre os smartphones, fala-se que até 2020 cada cidadão teria pelo menos um smartphone. Acho que hoje em dia em grandes estados, centros mais desenvolvidos, as pessoas chegam a ter mais de um, mas ainda tem regiões onde as pessoas não têm nenhum. É um 80
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assunto que está crescendo cada vez mais e vai chegar num ponto onde todo mundo estará conectado através de um smartphone. Eu trouxe esse slide falando sobre a eleição do Papa Bento em 2005 onde as pessoas, basicamente, usavam câmeras de telefone, digitais, filmadoras, esse tipo de dispositivo. Em 2013 na eleição do Papa Francisco, dá uma olhada na quantidade de telinhas que temos aqui, e isso fica cada vez mais evidenciado em diversos shows, palestras e tudo mais. A quantidade de câmeras e dispositivos conectados é muito maior e em um curto espaço de tempo. Onde podemos aplicar isso? Esses dispositivos conectados podem estar em qualquer lugar.
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Então eu trouxe esse slide, essa imagem, de uma empresa que fornece dispositivos conectados e eles bolaram aqui um mundo onde tudo seria conectado, então todos os ambientes seriam instrumentados e conectado: as cidades, prédios, as pessoas, os automóveis, as vias, os carros, as indústrias, praças, florestas, pontes, navios, agricultura, enfim, uma infinidade de possibilidades de dispositivos e dados sendo gerados a cada minuto. Isso trouxe para vocês um gancho com a agricultura pra falar um pouco sobre a agricultura de precisão. A minha graduação específica em cima de tecnologia, em cima de ciência da computação, onde eu estudei sobre dados e informação. Então o meu conhecimento sobre agricultura é muito abaixo dos nossos colegas que se apresentaram nas palestras, mas eu posso falar um pouco sobre a parte de tecnologia. Na Agricultura de Precisão, numa breve introdução, trouxe o conceito de Molin, 2003, em que a Agricultura de Precisão utiliza uma tecnologia da informação que através de dados específicos e georeferenciados é possível reduzir o custo e trazer benefícios, não somente para a agricultura mas também para o meio ambiente, então trabalha muito com a redução de agrotóxicos, e também com o aumento da produtividade para o agricultor. Então, em cima desse slide da Embrapa, eles trouxeram aqui basicamente como a agricultura foi caminhando ao longo dos anos, então começamos com a agricultura 1.0 quando começou a mecanização em cima da tração animal. Depois disso entram as máquinas, o motor à combustão, um instrumental cada vez melhor, agricultura para garantir mais eficiência, maior produtividade. Agricultura 3.0 é o momento que estamos vivendo hoje, a maior parte dos agricultores tendo um bom acesso às tecnologias, mas 82
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isso ainda alcança mais os grandes e médios produtores, os pequenos produtores, muitas vezes, acabam não tendo acesso a esse tipo de tecnologia. Só puxando um gancho já que estou mostrando, um equipamento portátil que vai instrumentar um pouco melhor o pequeno produtor, utilizando um portal conectado junto com o celular. Isso já foi lançado em uma feira e eles vão começar a vendas talvez ano que vem, mas já foi lançado esse produto que vai entrar no mercado. Então os sistemas guiados e agricultura de precisão servem para instrumentar e trazer mais informação sobre a produção e sobre como melhorar a produtividade utilizando as máquinas que o produtor já possui. Estamos caminhando aqui para a agricultura 4.0. O que seria a agricultura 4.0? A partir do momento que temos o maquinário instrumentado coletando dados da minha produção, mandando dados georeferenciados da minha produção: dados de colheita, dados de plantio, dados de irrigação. Todos esses dados que as máquinas geram estão passando a ser conectados, passam a entrar na internet e a fornecer mais dados para essa massa de dados que chamamos hoje de Big Data. Nisso não entram somente os dados da máquina em si, mas os dados dos clientes, dados econômicos, uma infinidade de dados que podem ser estudados e fazer cruzamentos para gerar mais informação para o agricultor no campo. No entanto, para a agricultura 4.0 no cenário brasileiro enfrentamos um problema: conexão. O Brasil hoje possui uma cobertura de internet, de telefonia celular, muito escassa. Existem regiões no Brasil que não tem acesso a conectividade, e é muita escassa essa conexão, então áreas como Mato Grosso e outras. Uma vez já andei numa rodovia em Mato Grosso, quilômetros e quilômetros sem um sinal de celular, quem dirá internet. Muitos produtores acabam partindo para conexão via satélite ou de longo alcance via rádio, mas isso não abrange todo território. Qual seria o desafio da agricultura 4.0? Seria utilizar os dados para gerar informação, ou seja, vou pegar essa massa de dados enorme que eu tenho, de dados climáticos, dados do meu plantio, colheitas que fiz no passado, de economia, qual seria a melhor época de colher, vender esse produto e executar, fazer algo, no momento certo, no momento ideal. Aqui um exemplo de aplicação de intensivo da Strider, eles falam sobre aplica83
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ção com a data certinha, planejada dentro do calendário, nisso eu acabo desperdiçando produto, porque muitas vezes eu não tenho manifestação de praga. Estou prevenindo, fazendo uma pulverização, mas eu estou agredindo o meio ambiente, estou desperdiçando produto, prejudicando meu solo, fortalecendo doenças para que elas futuramente façam a seleção natural e se tornem mais fortes. E, se eu fizer a aplicação tardia, aí já tive um prejuízo danado. O ideal é saber qual é o momento em que eu devo pulverizar, o momento que devo aplicar um produto para ter o melhor resultado, não ter perdas econômicas, agredir menos o meio ambiente, e é isso é possível fazendo a análise de dados. Ainda falando sobre conexão, existem alguns dados sobre os produtores. Hoje o maior meio de conexão dos produtores é o smartphone. A maioria dos produtores utiliza o smartphone seja para uso pessoal ou comercial. Há dados de 2018 falando que 65% dos smartphones são utilizados em plataforma Android, cerca de 79% dos produtores 84
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possuem smartphones e acessam a internet diariamente, 62% possuem na propriedade uma conexão via rádio ou satélite. O WhatsApp é utilizado por 97% desses produtores. 7 de cada 10 fazem pesquisas para comprar seus maquinários e 83% dos casos a busca é feita pelo site do fabricante, ou seja, através da internet. E 6 de cada 10 buscam informações sobre defensivos agrícolas online também. É uma tendência que os produtores estejam cada vez mais conectados. E como funciona o ciclo dos dados dentro da agricultura? Basicamente é feita uma coleta de dados: dados de cultura, das pragas, sobre o releve, sobre o solo, e essa coleta de dados passa por uma análise, uma interpretação. Então esses dados passam por uma limpeza para eliminar possíveis ruídos, dados coletados de maneira incorreta. É feita uma integração desses dados, então os dados foram coletados naquele ambiente são integrados com dados do ambiente, dados de produtores similares. Após isso é feito o tratamento e são gerados modelos. Esses modelos seriam a inteligência criada a partir desses dados. Então, esses modelos garantem ter um exemplo de ação. A partir desses modelos, é realizado um mapa de aplicação, para plantio, aplicação de fertilizante, técnicas corretivas, e isso volta a alimentar a minha cadeia de coleta de dados, passam por uma interpretação novamente e fica nesse ciclo, e isso vai melhorando cada vez mais a coleta de dados, a análise desses dados. Qual seria a preocupação? Eu trouxe esse slide sobre o Vuca, que é um novo termo que está surgindo agora nas empresas, ele fala sobre a volatilidade dos negócios, sobre a incerteza, sobre a complexidade e sobre a ambiguidade. Então mais do que análise de dados e coleta e todas as tratativas envolvendo dados, existe uma grande incerteza nisso tudo, porque nesse mundo 85
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pode do nada surgir uma startup e acabar com o produto de uma empresa completa, concretizada, então ninguém está garantindo no mercado, tem que se mexer, inovar, participar cada vez mais dessa atualização, dessa análise de dados, tem de entender melhor de quem estão coletando esses dados. Será que essa pessoa deu permissão para eu utilizar os dados dela? Esse é um outro assunto bem polêmico, estamos vivendo agora uma etapa de proteção de dados, a União Europeia já discutiu muito isso, isso já chegou no Brasil; o Brasil está se mexendo, escrevendo algumas normas e leis, mas ainda nada está certo. Na UE isso já funciona há alguns anos, se não me engano começou essa discussão em 2016 sobre a proteção de dados, e no Brasil ainda está em andamento, ainda não foi definido nada.
Voltando a esses dados daqui sobre o que acontece na internet dentro de um minuto, o que as empresas ganham com isso? Como o Facebook ganha dinheiro se não cobra nada dos usuários? No Facebook, como eu falei, tem 243 mil fotos. Nos últimos dados que eu achei, tinha cerca de 1 milhão de logins por minuto no Facebook. Com certeza esse um milhão de pessoas não paga para estar no Facebook, elas entram de graça. A grande sacada do Facebook, de onde ela tinha o maior valor dela, é o tempo de vocês. Basicamente todo 86
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mundo usa o Facebook hoje em dia: utiliza para se conectar as pessoas, fazer amigos, comentar sobre alguma coisa legal que achou na rua enfim, usam para fins pessoais. O maior bem que o Facebook utiliza é o tempo de vocês. Existem pesquisam que falam que todo mundo que é conectado ao Facebook abre o Facebook pelo menos uma vez por dia. Agora tem pessoas que passam cerca de 16h no Facebook, 18 horas. Alguém é remunerado por todas essas horas que passa no Facebook? Toda interação dentro do Facebook está alimentando uma cadeia de dados, esses dados serão vendidos para alguém, alguém vai utilizar esses dados para marketing, para criar um perfil. Agora vou falar do Facebook e da Cambridge Analytica. Quem tiver interesse, tem um documentário no Netflix, para aumentar um pouco as horas da Netflix nos dados para eles ganharem um pouco de dinheiro. A Netflix tem um documentário bem interessante sobre a Cambridge Analytica e um escândalo inteiro envolvendo o Facebook, que se eu não me engano ocorreu em 2018 ou 2017. A Cambrige Analytica utilizava dados não somente do Facebook, mas também de outras redes sociais para criar um perfil de cada usuário, cada pessoa. Então cada cidadão tinha um perfil mapeado, um modelo de perfil dentro da base de dados da Cambridge Analytica, que vendia esse tipo de informação. Ela vendeu para o governo americano, para o governo de muitos outros países, inclusive o Brasil. Para que? Para fazer campanha, campanha política, principalmente, direcionada. E isso fica bem claro e explícito dentro da documentação que foi isso que gerou um escândalo, porque apareceu um rapaz nos Estados Unidos que disse: "Poxa, eu não forneci esses dados, não autorizei a usarem esses dados. Eu quero meus dados de volta". Ele mandou um email para a Cambridge Analytica pedindo os dados de volta. Isso gerou um alvoroço, gerou um processo, caminhou um bom tempo esse processo até que a Cambridge fechou as portas. Foi aí que vazou todo o escândalo. Convido vocês a fazerem essa reflexão de quanto tempo nós estamos doando para essas ferramentas. Isso não é só Facebook, é também Instagram, LinkedIn, Twitter, Netflix. Todas as redes sociais, pagando ou não, o maior bem que você está doando a elas é o seu tempo, os seus dados. É uma reflexão para vocês. Para finalizar, trouxe aqui alguns princípios da Lei Geral de Proteção de Dados, que está sendo discutida no Brasil e, futuramente vai ser aprovada, e todas as empresas vão ter de entrar nesses princípios. O Princípio é uma regra que vale para todos, então não existe exceção, "Ah minha empresa é boazinha, não precisa de Lei de Proteção de Dados", a lei é para todos. Para o cidadão é mais 87
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focada para o cidadão: é um direito dele saber onde os dados dele estão sendo utilizados, quais dados. Será definido um conceito de como esses dados vão ser usados, quais exceções, quais os critérios legais, quais as leis que atingem os dados, qual a abrangência desses dados. Então por exemplo, só para vocês terem ideia, a LGPD da UE, se eu tiver dupla cidadania, imagina que eu sou cidadão brasileiro e italiana, por exemplo, a lei da Europa vale para mim. Eu sou um cidadão europeu e eu quero ser tratado pela lei de dados europeia. Então é isso o que eles querem tratar no Brasil, qual que é a abrangência dessa lei, que é a transferência internacional. Como será feita a fiscalização? Quem é responsável? Como é feita a gestão de riscos? Nesse caso do Facebook, a Cambridge Analytica coletava os dados e em determinado momento surgiu como um vazamento. Como é feita a gestão de riscos? Se um banco hoje tiver um vazamento de dados relacionando CPF a pessoas, dados bancários, consumo, o banco hoje já tem seu perfil de consumo traçado, se você usa cartão de débito, crédito. Transparência, essa questão da utilização de dados tem que ter uma transparência bem clara. E as penalidades, que são bem rígidas para 88
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quem for responsabilizado. E qual a finalidade e a necessidade de cada lei. Esse é um assunto que vocês vão falar bastante daqui para frente, já devem estar ouvindo falar sobre esse assunto. Dados não é algo recente, é algo que vem sendo usado há anos, como eu falei para vocês, no Embrapa começou lá em 2001, é m fenômeno que já está há quase 20 anos, imagine a massa de dados que está na internet nesses mais de 20 anos que temos de internet. A Internet teve seu auge em 1996 e dali para frente só cresceu. Então desde 1996, tem dados coletados e armazenados pela internet. Muito obrigado e estarei disponível para qualquer dúvida.
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PRODUÇÃO DO BOI 7-7-7
Palestrante: Gustavo Rezende Siqueira APTA Regional Mogiana Boa tarde. Muito obrigado pelo convite, é um prazer muito grande estar aqui. Espero contribuir nesse evento, que está sendo muito bom. Tive oportunidade de assistir algumas palestras na parte da manhã e espero manter o nível das apresentações no decorrer do dia. Vamos falar um pouco sobre o que seria a produção do boi 777, o que é este conceito de produção. Onde, para se produzir um bom animal lá no frigorífico, no abate, temos de entender o que eu tenho que produzir, qual é o meu foco de produção. Aí você tem que pensar que você tem a fase de cria, de recria e de terminação bovina. São três fases aí bastante distintas, específicas em cada uma delas onde vamos focar nessa cria que chamamos de olhar nutricional, então um pouco de programação fetal. Na recria, que é a intensificação produtiva. E na terminação, que é a consolidação do trabalho, quais são os objetivos desse sistema. Em toda apresentação minha, a primeira frase que eu sempre uso para começar é que o Brasil é um país onde as pessoas acham muito, observam pouco e não medem praticamente nada. Esse é o nosso Brasilzão da vida. "Ah mexer 91
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com isso está dando dinheiro", aí depois não dá mais, isso é bom, isso é ruim. Mas é bom, é ruim, quanto? "O valor da produção é alto", mas quanto é alto? Qual o valor da arroba? Não sei, mas é alto. Precisamos de deixar de achar e isso em pecuária é quase um mandamento. Aqui você não tem 10 mandamentos, tem um só: acha muito e não mede nada. Essa frase não é minha não, essa frase é do Dr. Fernando Penteado Cardoso, que dia 19 agora fez 105 anos de idade. Entrei nas redes sociais dele, e ele está ativo, lúcido, online, e demonstra isso para nós. O grande esforço que temos aqui é de medir tudo o que você está fazendo. Qualquer que seja, o quanto você tem a fazer, você tem que buscar ter números, medir, para conseguir ver o que está ruim, bom, e só diante desses números é que você consegue melhorar. Como você vai melhorar algo que você não mede? Algumas pessoas falam assim: "Mas é melhor eu não medir não, se eu medir, eu vou ver o que está acontecendo e vou parar de mexer com isso", ué, está certo, e por quê? Por causa disso daqui:
Isso aqui acontece em todos os estágios. Na década de 70, a margem da pecuária era de 50%. Hoje um boi aí de 20 arrobas, arroba média de R$ 150,00, são R$ 3.000,00 o boi no momento do abate, para o produtor sobrava limpinho no 92
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bolso dele R$ 1.500,00. Ao longo do tempo, a margem destes menos produtivos foi caindo. Mas faz isso com milho, com café, com qualquer corte, qualquer cultura vai ter isso. Só que o boi permite que produza... Você não vai encontrar ninguém que planta soja usando o mesmo pacote de soja de 15 anos atrás. E na pecuária isso existe. Essa equação é a quebra do paradigma de falar "Ah, mas meu pai fazia assim, meu avô", está certo, quando eles fizeram desse jeito lá na década de 70, 80, ganharam esse dinheiro, matando boi de 3 anos, desmamando os bezerros, mas hoje não mais. Trocando isso aqui por dinheiro, não adianta falar se é muito, se é pouco. O pecuarista que tinha mil cabeças na década de 70 produzia 5 arrobas/ha/ ano, era um homem muito rico, mas rico em qual sentido? Mil cabeças na década de 70, mil hectares, mil cabeças, sobrava ainda uns 600 reais por hectare/ano vezes mil cabeças, 600 mil dividido por 12, então ele tinha uma salário líquido bonitinho e real de mais de 50 mil reais por mês para comer, para poder gastar, tinha 5 filhos, cuidava deles, fazia bons negócios, a fazenda crescia. Agora, o negócio dá 10% de margem, e o pecuarista quer tocar igual como o papai e o vovô faziam. Só que agora o negócio dá entre R$ 40 e 100 por hectare/ano, se ele fizer igual o pai e o avô faziam, aí é 100 vezes os mesmos 1000, R$ 100 mil, que dividido por 12 dá 7 mil e pouco, uma mudança. Então é isso o que acontece na pecuária. Se o cara não mudar ano a ano, ele está fora, e vai ficando fora. Todas as nossas regiões estão saindo, saindo, porque as pessoas não se atualizam, não mudam seus negócios. E se não houver mudança, vai ficar cada vez mais fora. Agora, tem como mudar? Tem e para melhor. Mas não é só colocar uma margem mais alta? Não, não adianta colocar uma margem muito alta, num grande Estado não. E para fazer o negócio de uma forma interessante, tem que pensar que todo ciclo produtivo tem a ver: uma coisa está totalmente ligada na outra. O que se faz com a vaca, reflete no bezerro, que reflete na engorda, e reflete na carcaça. Hoje, boa parte dos estudos é sobre a nutrição da vaca e os efeitos na carcaça ao longo da vida. Nos Estados Unidos, tem mais gente trabalhando nisso, e eles estão vendo o efeito da nutrição da avó sobre o neto. Então o efeito está em toda a cadeia. Se você tiver um animal bem recriado, e para ele ser bem recriado, ele tem que ser bem gerado; para ser bem gerado, ele tem que vir de uma genética boa, boa nutrição da mãe. E tudo tem efeito. Tudo tem efeito na cadeia. É 93
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uma atividade que não permite ser focada como se tocava, 10, 20, 30 anos atrás. Se você toca daquele jeito, você está se enganando: você, os animais e os outros. Se você está feliz em se enganar, siga em frente. Agora, se você quer ganhar um dinheiro, você tem que pensar que tudo tem a ver, e você tem que fazer bem feito, com detalhes em todas as fases.
E o conceito de Boi 7-7-7, o que quer dizer isso? Quer dizer, produzir 7 arrobas na cria, 7arrobas na recria e 7 arrobas na terminação, em menos de 24 meses mais de 21 arrobas, só que o importante não é produzir 7arrobas aqui, ali. O importante, pelo perfil da atividade, é que boa parte dos produtores não tem meta, e o que é mais importante, estabelecer no seu sistema um alvo de peso de abate e uma idade para esse animal, aí você vai correr atrás para alcançar a meta. O objetivo maior é estabelecer uma meta. Você pode determinar 8, 6, o que você quiser, desde que aquele seu negócio, aquela meta for a melhor, é isso o que você tem que fazer. Você tem que entender o seu sistema e entender qual é o seu melhor para cria, recria e terminação. Muitas vezes, as pessoas se confundem "Ah, mas eu não estou fazendo 7 arrobas", mas então quanto você está fazendo? E isso está te dando dinheiro ou lucro? Então você tem que fazer. Agora, renda, tem que fazer 21 arrobas em 24 meses talvez seja bom por agora, mas daqui a 5 anos pode ser pouco. Então daqui a 5 anos, você tem que se adequar. Ou eu tenho uma cabeça por hectare, e já está ruim, então eu tenho que ter 2, 2.5, tem que melhorar. Como o Denizart mostrou aqui, a 94
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tantos anos atrás eram 40 e poucas sacas de soja, hoje é 56, tem gente produzindo 140, todo mundo vai fazer 50? Não, mas sempre tem aquele que busca subir a quantidade. Agora, tem gente chegando na frente. Você chega numa fazenda, você vê uma pecuária que está 20 anos na frente; aí vai na vizinha e você vê uma pecuária de hoje; e numa terceira, você vê uma pecuária de 20 anos atrás. Então, é uma variabilidade muito grande e é preciso melhorar isso aí. Então, o Boi 7-7-7 nada mais é do que mostrar que todas as fases são importantes. Você tem que ter uma meta para todas as fases, você tem que abater animais jovens, e abater animais pesados. Para isso, lançamos no ano passado um livro sobre isso, falando sobre a parte de cria, recria, engorda, então quem tiver interesse, tem uma loja virtual, e quando estamos em eventos, a gente consegue levar, então temos uns exemplares aí para comercialização. Uma vez entendido que precisa fazer melhor, ter a meta e ser mais eficiente, não é uma boa escolha, é uma necessidade. Vamos ver o que é esse fazer melhor, o que cada uma dessas fases pode contribuir com isso. Quando a gente fala em vaca, a vaca Nelore no Brasil, o que é famoso falar? "Ah vaca aguenta desaforo; vaca come pasto ruim; vaca não precisa de pasto bom". Essa aqui é uma foto tirada de quase um ano atrás, olha a situação do pasto no local. Em plena estação de monta, o touro e a vaca, e acho que o mais perto que eles vão chegar um do outro é isso. Por que? Passando fome, ela não vai dar cio; se não der cio, não vai despertar o interesse do touro; aí não vai ter bezerro. Um dia perguntaram para o pesquisador "O que a vaca brasileira tem?", e ele respondeu "Tem fome, fome o ano inteiro", ela passa fome. Aí você vê esses locais... Se ela tem fome, o resultado não vai ser bom, não tem jeito. Só para elucidar e mostrar a importância dessa fome... Todo mundo já sabe que se ela tem fome, ela não vai emprenhar e tal. Mas o que as pesquisas têm mostrado agora, recentemente, é o seguinte: o efeito da condição nutricional da mãe sobre a prole, o bezerro. Quando o bicho nasce, ele já nasce com um número de células musculares - e isso vale para nós: todo animal quando nasce, nasce com um número de células musculares definido. "Ah, mas o cara era pequeno e ficou grande", mas aumentou o tamanho da célula, não o número. Fez musculação para aumentar o tamanho da célula, mas não aumentou a quantidade de células. Aumenta a quantidade de células de gordura, infelizmente, mas 95
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músculo não. Então, quem nasce com uma quantidade de células vai continuar daquele jeito, está no DNA, na genética do bicho, mas isso precisa ser despertado. Essas células vão ser acordadas durante a miogênese secundária no terço médio da gestação entre 3 e 6 meses. É onde a vaca manda mensagem para
o feto, "Olha, pode vir com bastante célula" ou não. Vamos fazer um parêntese só para a gente entender: músculo é motor e motor precisa de energia para funcionar, concordam? Qualquer músculo precisa de energia. Vejam esses caras na televisão que fazem fisiculturismo, eles comem duas dúzias de ovos por dia, não sei quantas mil calorias para manter aquela quantidade de músculo. Agora, pensa se você fosse dono de uma montadora de carros, Fiat, Mercedes, qualquer uma; aí você está num país onde a economia está muito ruim, o combustível está caro (a gente não sabe o que é isso né?). Num país assim, a gente vai fazer mais carro 1.0 ou 2.0? Vocês como donos da montadora vão fazer mais carros mais baratos que gastam menos ou carros mais caros que gastam mais, tem mais potencial para andar? Vocês vão fazer mais carros humildes, mais carros baratos. A mesma coisa é a vaca. A vaca está lá no cerrado, está aqui em Adamantina e região, passando fome, 96
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você acha que qual mensagem ela manda para o bezerro dela: venha 1.0 ou 2.0? Vem 1.0 né, porque aqui fora não tem comida para você não, você morre. E é mais ou menos isso o que acontece. A vaca perdendo condição corporal, e é um processo bioquímico extremamente complicado, mas resumindo a conversa científica: não tendo comida não tem digestão, não tem digestão também não tem vários estímulos, a produção do hormônio fica abaixo, o hormônio não estimula o gene a funcionar, e o animal não cria fibra muscular. Tem bezerro que é bonitinho, mas não tem potencial de crescimento, não tem massa muscular, nem potencial para ganho de peso. E aí tem um grande gargalo... O que a gente enxerga: quem mexe com boi diz "O bezerro do cedo é melhor que o bezerro do tarde". O bezerro do cedo que é nascido nos meses 8 e 9; o bezerro do meio é dos meses 10 e 12; e o bezerro do tarde é o de dezembro ou janeiro. Mês de nascimento, tudo o mesmo rebanho. O que a gente mediu aqui? Nasceu o bezerro, foi identificado o mês de nascimento, foram criados todos juntos, confinados juntos. Às vezes, não sei se alguém aí faz parte do projeto de confinamento... Você por exemplo, vai mandar um boi, aí vai pagar por dia para ele ficar lá e ser alimentado. Se eu mandar um bezerro que é nascido no cedo, qual peso ele vai ganhar? Ele ganhou 1,120 de carcaça, não de peso. O bezerro do médio conseguiu 1,060. O bezerro do tarde 1,030. 100g de carcaça por dia, só pelo nascimento, não mudou mais nada. 100 dias já dá 100 reais essa diferença em valor. Então, um animal que comeu igual fica igual. Você mandando o animal ganha mais 100 reais de lucro. Mas o que tem a ver isso aí? A vaca que pariu no cedo, agosto, setembro, outubro; é a vaca que durante o terço médio de gestão dela tinha uma condição de pasto boa, ainda estava no final das águas. A vaca que vai parir em dezembro, janeiro; é a vaca que está no terço médio da gestação dela; está no pico das chuvas. Só que quando vai começar a ter pasto, já passou aquele momento. Então, tudo isso tem a ver. Temos que olhar os detalhes. Quem faz daquele jeito como o vovô e o papai faziam, não está nem aí para isso, então não enxerga o negócio do jeito certo. Esse aqui é um dos pontos da importância de ter conhecimento e saber. Então 97
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temos que tentar fazer. É preciso testar para procurar a melhor forma e não ter prejuízos com seus bezerros. Porque quando for levar para o confinamento, é preciso que o animal esteja apto, e seja responsivo. Você pode pegar rebanho por rebanho que sempre vai dar esse padrão de resposta, tem vários estudos mostrando isso. Quando a gente fala em recria, que é a intensificação da fase produtiva, é uma das fases mais abandonadas da pecuária. Na média, a turma desmama um bezerro e fica dois anos recriando, para ele entrar no que chamamos de fase de terminação. O que a gente propõe? A fazenda precisa ter uma meta. E não adianta ter uma meta para o ano inteiro, porque se você for ver "Ah, vou desmamar o bezerrinho em maio", aí em maio do ano que vem vai ver o peso novamente, aí se você só tiver do ano, se não der, o que você fez? Não dá tempo de fazer nada, porque já passou o ano. Então você tem que ter metas para cada uma das fases de produção. Cada uma das fases do ano, por exemplo, seca, verão, outono. "Eu quero fazer 6 arrobas no ano", aí você vai lá 180 kg/ano, que dividido por 6 dá 30kg/mês. Então, ele tem que engordar meio quilo por dia e até mais. Então, é 0,240kg na seca, 0,825 nas águas, e 0,50 no outono. "Ah, mas e para chegar nas 7 arrobas?", 0,583 por dia; 0,308 na seca, 0,901 nas águas e 0,618 no outono, é desafiador. Pouquíssimas fazendas no Brasil conseguem 7 arrobas no gado. Agora, existe tecnologia para isso. Não quer dizer que você tem que colocar 6, esse é só um modelo, não precisa colocar 7. É difícil, mas existe sim. Não existe uma receita, mas toda fazenda 98
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precisa ter uma meta e buscar um resultado. "Ah, mas não chove", você tem o manejo, você vai usar as ferramentas que você tem; você vai estudar para saber o que é viável ou não, para compensar a entrada de massa que está inferior. É para isso que serve o técnico, o acompanhamento. A pecuária é uma atividade que permite você fazer isso. Na plantação, qualquer adubação já está feita, você não tem como alterar; na pecuária, você vai corrigindo o rumo no meio do caminho, ir checando mês a mês, a cada trimestre o que está acontecendo e você tem como corrigir para alcançar o objetivo lá na frente. E por que na maior parte das vezes, as recrias não dão um ganho de peso? Aquelas 6 ou 7 arrobas que eu falei, que são viáveis no período de um ano, segundo as pesquisas, a média no Brasil é de 3.5 arrobas. Então, a gente fica dois anos para ser recriado, ao passo que deveria ficar apenas um ano em recria. Essa é a média no Brasil. E por que isso acontece? Acontece porque a gente diz "Ah, eu estou suplementando o animal", mas e daí? E não plantei nada para ele, só estou suplementando... O período da seca para o animal, quantos % do que ele come são para ganhar peso? Só 300g ou 500g por dia, e o quanto ele gasta de energia? Tem uns tantos sacos de milho, de adubo, um tanto de água na terra, na pecuária é a mesma ideia. O boi precisa de energia, proteína, cálcio, fósforo, tudo isso. Disso que ele precisa, dos principais e mais importante, é a quantidade de matéria seca, a proteína e a energia. Os minerais são importantes, mas basicamente esses três que vão impactar. Em amarelo, é o que a gente dá para ele via suplemento, proteinado, 1g/ cabeça/dia. O outro é a proteinagem de 3 g/cabeça/dia, um proteico energé-
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tico, é tido como uma alta suplementação. Quero mostrar que, mesmo na seca, a grande quantidade de alimento vem do pasto. E a maior parte da pecuária brasileira, das fazendas de recria, não tem pasto. Então, outro grande gargalo é a falta de pasto. "Eu quero suplementar quando tiver um pasto numa condição boa", aí tem grande condição de ter lucro. Mas se não tiver uma condição de pasto boa, você vai amenizar seu prejuízo, mas não vai conseguir sem pasto. Pode ser pasto seco, só folha, mas é pasto. Nessa situação, tem o pasto, aí você dá o suplemento e espera o milagre, porque ele transforma essa palha aí num alimento nobre, mas tem que ser o certo para ter resultado. Precisa ter capricho, cuidado com todas as etapas. Para fazer umas metas maiores, você vai ter que usar pasto e suplemento, vão ter várias apresentações sobre integração e tudo mais, que geram uma condição de pasto excepcional até na seca, na entressafra. Estou falando para a maior parte das fazendas, que infelizmente são essas que não tem pasto. E as integrações estão crescendo cada vez mais, mas aqui estou falando do lugar que seca. Aí é preciso suplementar os animais. Na parte da suplementação, não focamos no produto, mas no processo. Não é só ir lá e comprar o produto X, mas como vai ser feito esse processo. Tem pasto? Tem, então está bom. Tem cocho? Não tem cocho, então está bom. Se você tem um grande espaçamento de cocho, a maior parte dos animais fica de um lado. Se você vai reduzir o espaçamento de cocho, eles vão encostando lado a lado. As pessoas que almoçaram aqui viram: se você chegasse numa fila e não tivesse ninguém, todo mundo, ia entrar e pegar seu prato; agora, quando tem fila dos dois lados, é porque tem mais gente, está mais apertado. Com o boi não é diferente. Se você chegar num lote e ver uma situação assim, o que está indicando? Está faltando cocho. E por que isso é importante? Principalmente na seca, a gente sabe, se o animal não receber suplementação na seca, ele vai perder peso. Aí se você presenciar uma situação assim, o que acontece? Uma boa parte deles deixa de consumir, apanham dos outros, e não têm acesso ao cocho, aí perdem peso. Quando você vai fazer o ganho médio do lote, quem comeu mais não compensa aquele que perdeu peso, então isso tem que ser muito cuidado.
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[PERGUNTA] Explica um pouquinho sobre esse gráfico aí. O gráfico está mostrando a chegada: quando tem bastante cocho, a maior parte dos animais chega de um lado só. Não interessa se é Norte ou Sul. Está falando assim: num cocho, de um lado chegam mais animais, no outro lado chega menos. Porque esse lado que chega mais, é o lado do pasto. Não é que a localização do cocho tem que ser Norte, Sul, Leste, Oeste, nada disso, é só para falar que se você tem a mesma quantidade de margem dos dois lados, você aumenta muito o número de brigas e boa parte dos animais deixa de consumir. O que causa problema. Então, nesse dado, o interessante é o "48", é observar o que está acontecendo. Sempre tem uns 10%, 20% de animais a mais de um lado. Mas isso é para suplemento. À medida em que você aumenta o nível de suplementação, 1g, 3g, 5g, isso vai fazendo com que o animal ganhe peso, a gente vai chegando ao final da seca com o animal mais pesado, e um número interessante disso daqui é o seguinte: o animal ganhando cerca de 50g por dia, que muita gente fala que é um bom ganho, equivale a 600 dias para ganhar 1 arroba, é um ganho muito ruim, muito caro. Tudo é relativo. Não adianta você gastar pouco se não vai ganhar nada, você tem que gastar e ganhar de acordo, tudo tem que se adequar. Então, à medida que você aumenta a suplementação, você aumenta o ganho, e ganha 1 arroba mais rápido, e o tempo da seca é mais pesado. Economicamente, tudo é ganho, mas à medida que há o aumento da suplementação, você também está gastando mais por 101
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animal. Só que o custo da sua arroba colocada, principalmente quando você está usando proteinado, é o mais baixo que você pode ter, porque no outro você não ganha nada, você não gasta nada, mas mesmo assim fica caro. Então você considera o custo operacional. Isso aqui está mostrando o seguinte: quanto me custou aquela arroba a mais. A arroba hoje vai na ordem de R$ 160,00. Quando eu uso proteinado, 1 arroba a mais que o animal ganha custa R$ 30,00, e custa R$ 77, mas você vai dizer "Mas 77 é muito mais caro que o 30". Depende dos objetivos aonde você quer
chegar. Só que se você produzir 1 arroba a mais, você vai buscar duas, então o lucro vai se equilibrando. O mais importante é que hoje na pecuária: você vai vender bois, custa R$ 150 a arroba; você vai comprar um bezerro, custa R$ 200 a arroba, o quilo do bezerro é alto. Você tem que diluir esse valor fazendo com que o animal ganhe peso. Na simulação, comprando o bezerro a R$ 180 a arroba, 6 reais o quilo, se você der só sal mineral, esse bezerro fica mais caro ao final do ciclo. Então, na seca, tem que suplementar, mas estudar qual suplemento você vai usar para atender a sua demanda. É uma ferramenta de baratear seu custo de produção, porque o animal que está sendo suplementado na seca não está perdendo peso, 300g é o normal por dia de ser perder na seca mais severa, como aqui às vezes tem. Mas chega uma época do ano que dizem "Agora, vai entrar na época das águas, o pasto vai ser bom", quando se tem pasto bom e adequado, é excepcional. 102
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A pecuária tem um custo e é o maior mercado do mundo, desde que tenha pasto. Boa parte da nossa pecuária está assim: Isso não diminui o custo, a arroba deve ser caríssima. Fazer malfeito dá prejuízo. Na agricultura, é difícil quebrar, mas a conta vai chegando; nenhum pecuarista quer ter uma fazenda
desse jeito ou desse jeito: E como a chegou nisso? Porque não foi avisado daquilo que falamos lá no começo: fazer igual o pai e o avô dá menos dinheiro. Aqui, ele pode até ganhar dinheiro, mas tem conta para pagar, família para criar, só quando a conta chega que aí tem que tomar as decisões assim: ao invés de reformar o pasto, vai ter que pagar tal conta, trocar o carro, fazer isso e aquilo. Então são decisões ao longo da vida que tornam cada vez mais difícil voltar atrás. Olha o caminho que a coisa está indo, mas ainda tem solução. Tem jeito de fazer diferente, é viável, tem como fazer bem feito, independente do tamanho. Já vi gente ganhar dinheiro com 20, 30 cabeças, já vi gente ganhar com 20, 30 mil. Já vi gente perder com 20, 30 cabeças, já vi gente perder muito dinheiro com 20, 30 mil. Não é só para os grandes, todo mundo pode fazer. Tem gente que fica "Será que o preço vai aumentar...?", mas trabalha com 103
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várias commodities, enquanto a gente ficar esperando o café, a soja vai dobrar de preço, o não sei o que lá vai dobrar de preço... Se não fizermos a nossa lição de casa, a gente só vai ficar rezando, porque não está na nossa mão. Mas se a gente diz "Eu vou resolver esse problema aqui e vou fazer melhor", não vou ganhar muito, mas vou ganhar, aí é o caminho que nós temos que seguir. Buscar entender cada fase e o que acontece em cada uma delas. Nas águas, tem que buscar o ganho de peso no pasto. Se vai mexer com pecuária, é pasto. As ferramentas de suplementação são formas de aumentar a nossa margem, para potencializarmos o ganho. Então eu chego numa condição de pasto bom, eu saio de um ganho de 600 g com sal mineral e passo para um ganho de 800g/cabeça/dia, usando um suplemento que fornece aditivo, nutrientes adequados para equilibrar a pastagem, como se fosse o tempero dessa pastagem. Vai melhorar para o animal, ele vai digerir melhor, tampando algumas deficiências específicas e potencializando o ganho. Nessa "roupa adicional" eu gasto R$ 40, e tenho R$ 150, 160 de retorno. São técnicas que não agregam muito desembolso, mas que trazem retorno, e por isso a pecuária está lá. Quem não usa essas coisas, deixa de produzir uma arroba na seca e outra na época das águas. Essas 2 arrobas a menos são a diferença entre fazer a recria em um ano e fazer a recria em dois anos. É a diferença entre ganhar e perder dinheiro; entre ter uma atividade lucrativa ou uma atividade deficitária economicamente. Mas eu brinco que na vida da gente, nada é tão ruim que não possa piorar. E nós vamos piorar a situação. Piorar a situação é o seguinte... Aqui eu falei de uma face e da outra face? As coisas sempre têm a ver uma coisa com a outra... Fizemos muitos estudos para entender o que eu faço na primeira seca, como isso afeta nas águas, no outono, então temos assim: animal que foi proteinado lá na seca, como ele fez desmamado? Como foi o ganho de crescimento? A gente tem três anos de estudo avaliando coisas desse tipo e o que eles nos mostraram? A gente tem aqui dois suplementos da seca. Um que ganhava menos peso e outro que ganhava mais. Quando chegou nas águas e nós só seguramos no sal mineral, aquele que ganhou menos peso na seca, aqui ganhou mais; e o que ganhou mais na seca, aqui ganhou menos, porque na seca ele já veio embalado ganhando mais peso. Então o que isso mostra? É muito fácil se acostumar com coisa boa, agora, com redução é sempre difícil. É possível, mas é difícil. E para um animal isso custa dinheiro. 104
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Ao final da seca, esses animais tinham 20 kg de diferença. Estavam endinheirando uma roupa por R$ 100 de gasto: ela vale 150, gastei 100, e você vai diluindo esse preço. Quando os animais passaram pelas águas, a diferença continuou nos 20kg, mas no decorrer a diferença diminuiu para 12kg. Eles ainda continuavam mais pesados, sim. Só que aquela roupa a mais saiu do 100 e foi para 170, quer dizer, não vale a pena tratar e depois tirar. Outra coisa que acontece também, a vaca está produzindo e o bezerro está lá no pé da vaca, e no pasto recebendo a ração adicional, ótimo. É interessante. A cada 5kg de ração, 1kg a mais de ganho, o bezerro está caro, tudo certo. Mas aí você desmama esse bezerro, e ele vai comer só o pasto. Então todo aquele ganho que ele teve lá atrás, ele vai perder, ou boa parte dele será perdida. Então aqui, o que economicamente era bom, ficou ruim. Na pecuária, como em qualquer outra atividade, se você tiver planejamento "Vou abater o animal com tal peso, com tal idade", ótimo, o que você vai fazer? Em cada uma das fases você fará um planejamento, para que ao longo da vida dele, você não cometa esse erro. Esse erro é cometido em várias propriedades, não basta saber quanto você vai gastar, você tem que saber a hora em que fará aquele gasto, aquele investimento durante a vida do animal para que ele possa te dar mais retorno. É extremamente importante isso. 105
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E na última fase, é a meta. Você precisa saber qual é o peso, a idade, o acabamento desse animal. Muitas vezes, a cadeia é muito grande e não se comunica - o criador não fala com o recriador, que não fala com o terminador, enfim - e isso cria vários buracos na cadeia. Agora, se você quer produzir, quer uma carcaça com mais gordura, menos gordura, e da forma mais lucrativa, tem que ver qual o caminho você vai fazer para desenhar se você vai ganhar mais ou menos dinheiro. É preciso escolher o tipo de boi que você vai produzir, o tipo de bezerro, e o que você vai gerar lá na frente. Existem muitos problemas... Na nossa atividade, a gente tem que ter foco, o foco tem que ser lucro. O lucro é dado por receita menos custo. Só que é raríssimo aqueles que não querem ter uma fazenda degradada daquele jeito, que sabem seu custo de produção. "É alto, mas eu não sei", como você não sabe qual é o seu custo? É quando você só fica preocupado com a receita... Muitas vezes baixar custo não dá certo; custo é desembolso sobre ganho. Às vezes você precisa aumentar seu desembolso para ter um ganho adequado e conseguir pagar seu custo. Então ter 1 arroba é um pouco mais elevado, mas aumenta sua receita e seu lucro. É isso que você tem que analisar: quais são as técnicas, as ações que vão adequar as vendas do seu sistema. E para finalizarmos, na terminação, eu posso ter: se eu estou terminando o animal com uma condição melhor, aí usa a silagem de milho, cujo ganho de peso é muito bom; se a qualidade do pasto estiver assim: A qualidade do pasto cai muito, então muitas vezes, você vai dar 4 kg de ração para o boi, parece muito, mas num cenário assim, tem que usar ração, e isso entra no seu custo. Nós pegamos animais de 480 kg, metade comeu 106
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meio quilo e a outra metade 1,5kg. Se você for ver a diferença de peso, deu 87kg, 2.9 arrobas. Na verdade, a diferença em carcaça foi de 5 arrobas. O que acontece? Se a gente for analisar o Rendimento de Ganho, o animal que ganhou 0,5% para cada quilo de peso, ele estava ganhando 533g de carcaça. O outro animal a cada quilo ganhou 762g de carcaça. Então muda completamente o padrão com o qual se ganha o peso, se você está tratando ou não, se está dando a quantidade certa de ração, se você está com uma genética bem criada, se foi bem recriado, tudo isso interfere, e interfere principalmente no custo. Se quiser gastar pouco, vai perder dinheiro. Você não precisa dar 10 kg de ração... Mas o que a gente vê são muitas pessoas fazendo algo errado, interpretação errada do negócio, e isso é um erro na pecuária. Você tem que pensar em toda a cadeia. Se for comprar bezerro para recriar, vai ver se o gado é bom, se as mães deles estão sendo bem alimentadas, se elas estão gordinha para ter um bom resultado. 107
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Esse aqui é um slide interessante de uma frase que diz "Não importa quantos recursos você tem, se você não sabe como usá-los, nunca será suficiente". Muitas vezes, a gente é bombardeado com um monte de soluções. Eu mesmo falei um monte para vocês. Só que não adianta querer fazer tudo; escolha uma melhoria para o seu sistema e aplique-a. Depois vai aplicando as outras. Hoje em dia, são tantas oportunidades que a gente acha no meio digital, é tanta coisa que não escolhemos nada. Aprendeu aquela? Use outra. Aprendeu? Use outra. Se você melhorar ano a ano, uma hora você chega.
Está aí o livro, quem quiser é só me procurar. Não vou ficar muito mais tempo, porque ainda tenho que voltar hoje para Colina. Mas agradeço o convite, foi muito bom estar com vocês. Estou à disposição. Agradeço a toda equipe da APTA de Colina e nosso time, temos lá vários alunos, funcionários. Muito obrigado a todos.
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PRODUÇÃO DE BOVINOS EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Palestrante: Cristiana Andrighetto Unesp Dracena É uma grande satisfação estar aqui com vocês. Antes de iniciar a palestra, eu gostaria de agradecer a organização do evento por ter me convidado para ministrar esta palestra, neste evento que tem o nome de Tendências para o Agronegócio. E nós vamos falar hoje um pouco sobre sistemas integrados de produção agropecuária, mais especificamente na área de produção de bovinos de corte. Antes de falar sobre os sistemas integrados, vamos falar um pouco sobre pecuária de corte. Nós temos no Brasil, 214,69 milhões de cabeças. Esse rebanho é o primeiro rebanho: maior rebanho comercial do mundo. Nossa pecuária de corte tem uma importância muito grande, porque nós somos o primeiro exportador de carne, o segundo maior em produção de carne. Então, nós temos um destaque muito importante, como foi mostrado na primeira palestra pelo nosso ex-ministro. Nós tivemos 109
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um crescimento bem expressivo de 1990 até 2018, que foi de 176% na nossa produtividade de carne, sendo que em 1990, nós produzíamos 1,63 arrobas/ ha/ano, e hoje em 2018, 4,5 arrobas/ha/ano. Eu vou pedir para vocês lembrarem desse número, 4,5 arrobas, porque depois eu vou chamar atenção do que nós obtivemos de índices de sistemas integrados de produção agropecuária, que foi um valor bem maior do que esse. Em relação a produção de carne, nós tivemos um aumento de 1990 para 2018, de 139% toneladas equivalentes a carcaça. Em contrapartida, nós diminuímos a área de pastagem. Este é um dado muito importante, nós aumentamos a nossa produtividade e diminuímos em 15% a pastagem no Brasil. Então isso é um dado muito importante. Mas nós ainda temos um desafio, que são as nossas pastagens degradadas. Nós temos uma variação grande de quanto nós temos de pastagem degradada no Brasil, estes dados ficam em torno de 60% de pastagens degradadas, e essa degradação seria das que estão em algum processo de degradação. Essa degradação pode ser num estágio mais leve até um mais avançado. O mais leve seria uma redução na produção de massa do pasto até um estágio mais severo, onde a gente já tem uma quantidade grande de plantas invasoras, um processo de erosão. Foram mostrados na palestra do Gustavo vários tipos de pastos com degradação. Então nós temos ainda esse desafio. E para gente melhorar essa questão das pastagens degradadas, nós podemos utilizar os sistemas integrados de produção agropecuária. O que são esses sistemas? São os sistemas que vão integrar numa mesma área o componente agrícola, forrageiro, animal e arbóreo, sendo que o arbóreo pode não fazer parte desse sistema quando ele só trabalha com a lavoura e com a pecuária. Esses componentes estarão numa mesma área e nessa mesma área ela pode não estar no mesmo momento, pode ser por sucessão, rotação, ou mesmo em consórcio como nesta foto aqui, onde nós temos o animal, a forragem e as árvores. 110
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Dentro desses sistemas, nós temos quatro modalidades. A primeira delas é o ILP, integração lavoura-pecuária, ou agropastoril. A integração lavoura-pecuária é quando a gente integra na mesma área a lavoura com a pecuária, e aí nós temos vários sistemas hoje, cada um se adapta a uma região diferente. O mais consolidado é o sistema Barreirão, que é utilizado com recuperação de áreas degradadas, e o sistema Santa Fé, no qual é plantado a lavoura junto com a forragem, essa lavoura é colhida, a forragem vai estar num período de início do período seco, maio/junho, numa boa condição e aí nós entramos com o animal, como o boi, que chamamos de boi safrinha. Esses são dois exemplos, mas nós temos outros sistemas de integração também. O próximo sistema é o sistema lavoura-floresta, que integra a lavoura com a floresta. Ou pecuária-floresta / silvipastoril, que integra o animal com as árvores. E o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, que integra esses três componentes. Em relação a área total dos sistemas integrados no Brasil, em 2005, neste levantamento de 2006, nós tínhamos 1,8 milhão de hectares; em 2010, 5,5 milhões de hectares; em 2015, 11,5 milhões de hectares, sendo que as propriedades estão presentes em maior quantidade no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, compreendendo pequenas e médias propriedades. Nós temos o plano ABC, que incentiva essa questão da recuperação das áreas e já tem uma previsão de que ele vá até 2020, já tem a previsão que será cumprida aqueles 15 milhões de hectares que serão recuperados de áreas degradadas.
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Minha palestra tem muitos dados produzidos nos nossos experimentos, nós temos um grupo de pesquisa, que é o Grupo de Pesquisa em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária do Oeste Paulista. E nesse grupo, os experimentos são feitos em parceria com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios lá de Andradina, o polo do extremo oeste de São Paulo. Nesta parceria, trabalhamos em conjunto com a APTA e a FCAT, que é a Unesp de Dracena, no qual eu sou professora do curso de Zootecnia e Agronomia. Essa parceria é uma parceria muito saudável, temos uma troca muito grande, e tem uma participação efetiva das duas instituições. A APTA fornece a infraestrutura, funcionários, o Gustavo que é coordenador comigo neste projeto ele é coordenador pela APTA e eu sou coordenadora pela Unesp -, ele é uma pessoa que trabalha muito em conjunto, está sempre presente, e nós da Unesp levamos os alunos de graduação, pós-graduação, estagiários, para trabalhar na área e fazer suas pesquisas. Nós temos projetos aprovados na Fapesp, um deles terminou agora em 2019, no meio do ano, nós estamos solicitando outro para dar 112
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continuidade ao trabalho. Essa parceria vem desde 2011, e nós ainda temos muito o que estudar nessa área. Essa é a área do projeto que nós iniciamos (página anterior). Se vocês olharem essa área, ela é uma área que tem baixa produtividade, pastagem, muita planta invasora, era um solo compactado, então é uma área degradada, num processo avançado de degradação. Nós pegamos essa área, nós temos 25 hectares e nós recuperamos a área, vou mostrar uma foto de como ela ficou
Só olhando, nós conseguimos perceber a diferença. Transformamos uma área improdutiva para uma área produtiva. A primeira foto é de 2015, 2016 e 2017. Lá nós temos um sistema de integração lavoura-pecuária, que 113
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eu vou explicar para vocês como a gente formou. Temos um sistema de integração lavoura-pecuáriafloresta com uma linha de eucalipto, então tem uma linha e numa distância de 20 metros tem outra linha. Nesse sistema, nós temos 187 árvores por hectare. O outro são três linhas de eucaliptos, aí na distância de 20 metros, mais três linhas; a distância de 3 metros entre as linhas de eucaliptos e 2 entre as plantas. Perfazendo um número de 446 árvores por hectare. Então esses são os três sistemas que trabalhamos. Nós fizemos dois ciclos, o ciclo do Nelore e o ciclo de Novilhas Angus-Nelore. No ciclo do Nelore, a gente chamou de integração lavoura-pecuária-floresta, e no ciclo das Novilhas como já tinha passado resíduo da lavoura, a gente só chamou integração pecuária-floresta. Esse é um experimento que vai durar vários anos. 114
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Como é o histórico da área? Vocês já viram a foto de como era a área, aí nós estávamos em dezembro de 2011, fizemos um levantamento topográfico. Em 2012, no primeiro semestre, nós fizemos o projeto de experimento; viajamos bastante por várias propriedades e instituições de pesquisa para delinear o experimento. Escolhemos os tratamentos e dividimos os piquetes. No segundo semestre, nós começamos a preparar o solo. Como vocês viram, era uma área muito degradada, então nós fizemos no início um preparo convencional do solo, então nós fizemos o preparo, aplicamos gesso, o calcário e fizemos o controle de formigas porque nós íamos plantar os eucaliptos e é importante fazer esse controle. Nós plantamos o eucalipto I-24, que é um eucalipto com aptidão para celulose. Nós escolhemos a celulose porque lá nós temos duas empresas grandes que trabalham nessa área. Então nós escolhemos esse eucalipto. O plantio foi feito no final de 2012 e início de 2013. Nesse período já com os eucaliptos formados, nós plantamos a soja, para fazer a recuperação da área. E em maio de 2013, nós fizemos a colheita. A soja nos ajuda bastante nessa parte da recuperação. Vocês viram, o Denizart falou sobre o quanto que fica de nitrogênio no solo, depois do plantio da soja, e o residual que fica de nitrogênio vai ser utilizado depois para a forragem, isso melhora bastante a questão da fertilidade do solo. Depois nós fizemos ali o plantio do milho em março de 2013, enquanto o milho está pequeno, nós já tínhamos um eucalipto maior em relação a quando estava a soja (o eucalipto estava bem pequeno ainda). Então em dezembro de 2013, já plantamos o milho junto com a forrageira, que é o capim marandu. Vamos ver alguns dados depois, mas quando vocês trabalharem marandu, é uma forrageira muito resistente ao sombreamento. Então, planta o marandu que não tem erro. Depois em janeiro de 2015, iniciamos o experimento com animais. Demorou 115
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um pouco da colheita do milho até o experimento por questão de verba. Demorou para vir verba para fazermos cerca, bebedouro, então tivemos esse período que não iniciamos o experimento, porém as árvores já estavam com altura e diâmetro para iniciarmos o pastejo, porém só não iniciamos porque temos problemas como toda instituição. Nós fizemos o ciclo do bovino de corte, com novilhos nelore desmamados. Fizemos a recria e a terminação, que foi de janeiro de 2015 a junho de 2016. Nós abatemos esses animais em junho de 2016. Depois desse período de junho de 2016 até mais ou menos outubro, começo de novembro de 2016, tínhamos acabado de tirar os animais, a pastagem estava baixa, ela ficou sem animal, e aí nós retornamos com os animais da APTA em outubro, começo de novembro apenas para ter o manejo do pasto. Não fizemos avaliações, apenas avaliações de altura para manter esse manejo e iniciamos o experimento com as novilhas em fevereiro de 2017, com o preparo da área, nós fizemos uma adubação e depois nós fizemos o diferimento dessa área em março. Essa área ficou vedada até junho de 2017, quando entraram as novilhas Angus-Nelore. Em junho de 2017, elas ficaram em recria e terminação também de junho de 2017 a junho de 2018. Fizemos o experimento e elas foram abatidas em junho de 2018. Para começarmos a falar sobre esses sistemas, vamos começar a falar sobre o componente arbóreo. Como é uma palestra sobre bovinos, vou tentar sempre relacionar cada um dos componentes com a produção de bovinos. Temos mais dados em relação a lavoura, mas o tempo de palestra não seria suficiente para apresentar tudo, portanto 116
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como é sobre bovinos vou puxar mais a para esse lado. Em relação ao componente arbóreo, nós plantamos essas árvores. E a posição que plantamos uma árvore no pasto: ela será Norte-Sul ou Leste-Oeste? Essa é uma pergunta que todos fazem. Vai depender: se for um solo plano, plantaremos Leste-Oeste, porque a entrada de luz do sistema será maior e favorecerá o crescimento das gramíneas. Mas lá na nossa área tem um declive, então nós plantamos em nível. Tem lugar que é Leste-Oeste, tem lugar que é Norte-Sul, não tem muito um padrão, porque a gente priorizou pela conservação do solo. O arranjo das árvores lá, que eu falei, o espaçamento das árvores é importante porque se as árvores forem muito próximas umas das outras não haverá entrada de luz, vai ter competição e haverá uma baixa produção de matéria seca. Então, quando nós formos implantar um sistema que está crescendo, vamos observando as dificuldades e vamos aprimorando. Quando eu comecei a delinear o experimento na época, a gente preconizava 20 metros de árvores, e hoje a gente já preconiza de 30 a 40. Dá para entrar mais luz dentro do sistema, favorecendo o crescimento das gramíneas. Mas nós usamos lá 20 metros entre os centros de árvores. E o espaçamento entre as árvores nós usamos dois metros. Pode usar mais perto? Pode, só que daí as árvores terão um crescimento menor, ficarão mais finas, mas é possível adensar um pouco mais. Esses são alguns valores que nós temos de produção. Nós fazemos avaliações periódicas tanto da altura quanto diâmetro/altura do centro e com isso nós calculamos o volume de madeira. Se nós observarmos aqui é claro que uma linha vai ser sempre menor em volume que o 3 linhas, porque no 3 linhas nós temos uma densidade maior de árvores. O que é interessante perceber é que se fazemos uma média do crescimento por árvore por ano, essas árvores estão crescendo 0,059m³ por ano. A média brasileira é de 35,7m³ por ano, ou seja 0,021m³ por árvore por ano. Ou seja, estamos com uma produtividade muito maior que a média florestal do Brasil. Lógico que aqui é um 117
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bosque de eucaliptos, que tem 186 árvores/ha, mas nós temos dados de áreas mais produtivas que ficam em torno de 48 até 60m³ por ano, e se a gente considerar os 60m³ por ano, ficará próximo a nossa produtividade. Então, um sistema que produz madeira com uma forma produtiva em relação a madeira.
Mas nós temos alguns desafios ainda em relação a forma como nós colocamos as árvores no pasto e nesses pastos têm animais. Eles interagem com as árvores e isso pode provocar lesões. Essas fotos são da nossa área, observem aqui que há uma lesão na casca, pois os animais pegam a casca, puxam e começam a comer. Quando eu levei algumas pessoas para olhar essas lesões, a primeira coisa que disseram é que é falta de mineralização. Não é, porque lá na nossa área nós controlamos semanalmente o consumo de suplementos. Estão aqui meus alunos e eles não podem mentir, porque eles pesaram muitos suplementos lá, então não é falta de mineralização. Tem várias hipóteses para isso: primeiro, algumas árvores são mais suscetíveis a esses ataques. Há relatos de produtores, por exemplo, o mogno africano ele tem a casca mais tenra e tem lugares que os animais provocam tantas lesões que a árvore chega até cair, perdendo a árvore. Há outros materiais mais resistentes, por exemplo tem relatos de produtores em trabalhos científicos com eucaliptos-clone H13 que os animais atacam menos. Então, existem muitas coisas a serem estudadas, porque o que percebemos nas avaliações de comportamento, quando eles interagem com as árvores é quando eles estão em ócio na sombra, aí fica lá puxando galinho, pegando pedaço da casca, e 118
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algumas árvores são menos suscetíveis a esses ataques. É uma outra linha de pesquisa que nós vamos começar, que é a avaliação de métodos mais eficazes para sistemas integrados com os bovinos ou com outros animais. Essa lesão pode ser até mais severa, essa aqui atingiu até o lenho. No nosso caso como nós plantamos para celulose, nós não fizemos desrama, então esses galhos quebrados são pelos animais, e aqui observamos a formação de um calo cicatricial. Nós observamos na segunda avaliação que fizemos nas árvores, que as árvores já estavam se recuperando, então nós não perdemos árvores por essas lesões causadas pelos animais. O que observamos é que essas lesões não alteraram a produtividade, tivemos uma produtividade boa, porém se fosse para uma madeira mais nobre ou serraria, nós teríamos prejuízo. É um desafio nosso em relação as árvores no sistema, nós temos de encontrar quais são esses pontos de forma mais detalhada para que consigamos eliminar. Esse ainda é um desafio do sistema com árvores. Se formos olhar a incidência de lesões na nossa área. Isso aqui é como um score que a gente vai dando notas e essas notas vão de nula até extrema, então nossas árvores estão aí, em baixa e média. Essas aí são algumas interações que nós temos dos animais com as árvores. Em relação ao componente animal e forrageira, nós vamos mostrar alguns dados de comportamento e desempenho. Essa variação aqui é de uma avaliação de comportamento em setembro de 2017. Eu estava usando o anemômetro. Para essa avaliação, vão 25 alunos 119
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para a área e eles revezam para não ficarem muito tempo no piquete, e tem também que ficar com o anemômetro medindo a velocidade do vento. Nesse dia, eu fiquei. Eu estou ali embaixo de uma sombra, mas não é uma sombra muito densa. Olha a temperatura, 42,7°C, era 12:00. Lá, 16 de setembro ainda é inverno. Inverno onde? Não aqui! Então nossa região é caracterizada por altas temperaturas. Vocês verão que a sombra auxilia muito o animal, pois ela reduz bem a temperatura e melhora muito o conforto térmico. Nessa foto aqui que é do Porfírio da Embrapa, dá para ver bem, são vacas de leite, e nós temos árvores não tão grandes, uma sombra pequena, e fica uma vaca embaixo de cada árvore. Então a sombra das árvores diminui bem a temperatura, e não só em relação a temperatura elevada, mas também em relação a temperatura baixa. Essa outra foto é de uma geada, a área de trás tem árvores e a da frente não. A geada pegou a área sem as árvores e não pegou a área com as árvores. Então ela protege contra os extremos de temperatura. Em relação ao comportamento, esses aqui são alguns dados de variáveis climáticas e índices de conforto térmico. Observamos aqui: ILP é o que não tem 120
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árvores, ILPF com uma linha e com 3 linhas. A velocidade do vento é maior no sistema sem árvores, porque elas servem como uma barreira, diminuem a velocidade do vento. A temperatura chega a dois graus a menos que no sistema ILP. A umidade relativa é maior e o ITU é menor também. ITU é o Índice de Temperatura e Umidade, é um índice de conforto térmico. Observamos que na literatura também a diferença de onde tem árvore e não tem é de dois até cinco graus. Esse índice de conforto térmico acima de 82 seria uma condição de emergência para o animal, são índices elevados. Quais as temperaturas e o que afetam no comportamento? Nós temos aqui o pastejo. O azul é o ILP, o verde é o ILPF três linhas e o vermelho uma linha. Observem que no período que a temperatura é mais baixa, no ILP está tento mais pastejo, onde não tem árvores. Quando a temperatura está meio dia - duas horas, tem uma redução no pastejo nos animais que estão em sistema sem árvore. Quando a temperatura começa a diminuir eles voltam a pastejar. Já nos sistemas onde temos árvores, o pastejo se dilui durante o dia, nós temos uma atividade de pastejo grande até nas horas de alta temperatura. Nós pegamos os dados só do três linhas e fizemos a avaliação no inverno e no verão dos animais que estavam na sombra e no sol, as atividades que eles faziam na sombra e as atividades que eles faziam no sol. No verão, nós tivemos maior atividade dos animais na sombra e no inverno no sol, porque a temperatura já não era um fator determinante para eles terem esse compor121
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tamento. Se olhar no verão, tivemos um maior pastejo na sombra que no inverno, a ruminação na sombra também foi maior no verão do que no inverso e o ócio na sombra foi maior no verão que no inverno. Em contrapartida, as atividades no sol (pastejo, ruminação e ócio) foram maiores no inverno, porque se nós olharmos as temperaturas, no inverno elas eram mais baixas e o conforto térmico melhor que no verão. Todos esses experimentos que mostrei anteriormente são de animais da raça Nelore, que são animais resistentes a nossas altas temperaturas, rústicos, e mesmo eles que têm essa característica preferem fazer essas atividades na sombra do que no sol, não são bobos. Em relação ao comportamento de novilhas Angus-Nelore, nós fizemos a avaliação também no inverno e no verão. Mas aqui só trouxe a avaliação do verão que é o período mais quente. Observamos aqui que temos um pastejo menor no sistema convencional, que não tem sombra, maior pastejo no sistema uma linha, sendo que a maior parte desse pastejo é na sombra e menor no sol, no ILPF 3 linhas também, um pastejo maior na sombra e no sol. Se computarmos todo esse pastejo e comparar sombra com sol, esses animais pastejaram mais do que naquele sistema que não tem sombra. 122
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Em contrapartida, se esse animal pastejou menos, ele ruminou menos que os animais aqui dos sistemas com sombras que ruminaram mais e também na sombra. O que esses animais que estavam sem sombra estavam fazendo nesse período, se não estavam ruminando ou pastejando: estavam em ócio. O ócio foi maior para os animais que estavam no sistema sem sombra e menor para os animais que estavam na sombra. Isso porque se está muito quente ele vai gastar a energia dele para regular a temperatura, aí ele não vai pastejar, vai permanecer em ócio. Aqui nós temos um vídeo. [exibição de vídeo] Eu fiz esse vídeo no período do comportamento às 3 horas da tarde. O que observamos: aqui é a área sem sombra, aqui tem uma árvore seca, os animais ficam na sombra dessa árvore que não tem o melhor conforto térmico, os de cima estão em ócio, não fazendo nenhuma atividade e aqui nas árvores os animais estão pastejando, realizando as suas atividades, porque o conforto térmico é melhor. Estão pastejando, bebendo água, fazendo todas as suas atividades. Aqui conseguimos observar o que está nos dados. Isso acontece porque nesse horário do vídeo a temperatura média das 15h às 16h estava 38°C no sistema sem sombra e 35°C no sistema com sombra, sendo que o pico, a temperatura máxima, foi de 42°C no sem sombra e 36°C no com sombra. Os índices de conforto térmico também foram menores do que no sistema com sombra. Com isso, observamos porque o animal ao invés de estar pastejando estava em ócio. Isso também acontece conosco, quando está muito quente não dá vontade de fazer nada, para eles a mesma coisa. Vou falar um pouco sobre o desempenho em relação ao ganho de peso desse animal. Nós vimos que melhora muito o conforto térmico e consequentemente o bem-estar do animal nesses sistemas que têm árvores. 123
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Aqui são os desempenhos de animais da raça Nelore que foram recriados e terminados em sistema integrados, ou seja, no ILP, ILPF 1 linha e ILPF 3 linhas. Nós não tivemos diferenças significativas no ganho de peso médio diário. O ganho de peso foi maior no ILP, não diferiu no ILPF-1 linha e foi menor no 3 linhas. Por que isso se ele tem o melhor conforto térmico? Porque nós temos que considerar o sistema e as árvores compõem uma área do pasto, uma linha representa 8% da área que é de eucalipto e uma quantidade menor de pastagem e, no 3 linhas temos 28% da área com árvores. Além disso, as árvores competem com a forragem por luz, nutrientes e água. A taxa de lotação por hectare 2,28, 2,18 e 1,79. E produção de arroba por hectare foi de 26,6 no ILP, 23,9 no ILPF 1 linha e, no 3 linhas, 22 arrobas/ha. Essa menor produção ocorre em função da massa de forragem também, porque além de ter os eucaliptos fazendo parte do sistema, temos uma menor produção de massa de forragem. Na recria, o maior foi no ILP; não diferiu no ILPF 1 linha e menor no ILPF 3 linhas. Na terminação, o ILP foi maior do que os dois com sombra. Isso proporcionou uma maior arroba por área dos sistemas sem sombra. Essa redução é em função da competição por água, luz e nutrientes. Quando colocamos uma gramínea junto com árvores ela muda, ela altera a sua conformação e a sua produtividade. Primeiro, nós já vimos que ela reduz a produção de mas124
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sa seca, ela alonga o colmo e a folha buscando por luz; reduz o perfilhamento, priorizando o crescimento dos perfilhos que já existem em detrimento dos novos; mas nós temos o aumento da quantidade de nitrogênio e consequentemente de proteína bruta. Isso porque esse nitrogênio que compõe a proteína bruta está no constituinte do cloroplasto na molécula de clorofila. Quando temos o sombreamento nós aumentamos o teor de clorofila para captar energia luminosa, e consequentemente de proteína bruta. Além disso, nós temos uma maior ciclagem de nutrientes e uma maior quantidade de nitrogênio, o que faz com que aumente a quantidade de proteína bruta. Esses são dados que obtivemos aqui no sistema com os Nelores. A quantidade de proteína bruta foi maior nos sistemas com sombra e menor nos sistemas sem sombra, e a digestibilidade também melhorou. No experimento que fizemos com as novilhas, nós observamos uma ainda maior quantidade de proteína bruta. O ILP foi de 10.8, 1 linha 13.6 e os 3 linhas 14.3, quase 4% a mais de proteína bruta. Isso é muito significativo para a nutrição animal. Diminui a quantidade de forragem, mas melhora a qualidade. Voltando aqui, nós temos então por esses motivos a redução da produtividade por hectare, mas se formos ver no primeiro slide que falei, qual a produtividade do Brasil? 4,5 arrobas por hectare em um ano. E aqui nesse trabalho tivemos 26,6; 23,9 e 22 arrobas por hectare em 16 meses. Em 16 meses tivemos essa produtividade. 125
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Se calcularmos isso para 12 meses, seriam 20 arrobas em 12 meses no ILP, 18 por hectare no ILPF 1 linha e 16,6 no 3 linhas. Então, é bem superior ao que temos de média de produção no Brasil. Esse dado é importante, porque com tecnologia conseguimos aumentar muito a nossa produtividade. Nós vamos ver outros dados que mostram que as produções podem ser ainda maiores dependendo da quantidade de tecnologia que você utiliza. Aquilo que hoje foi dito na palestra do ex-ministro, de manhã, a primeira palestra, que nós temos que aumentar em 40% a produção de alimento, o Brasil tem condição sim de aumentar a produção de carne, precisamos lançar mão dessas tecnologias para ter esse aumento.
Em novilhas Angus-Nelore qual foi o desempenho: esse aqui fizemos a avaliação nas estações inverno e verão, são médias das estações seca e chuvosa. A média de ganho de peso não teve diferença significativa como o dos animais Nelores, tem uma redução na massa de forragem, mas melhora a qualidade, então não temos diferença no ganho. Também não tivemos grande diferença no ganho de peso por área, foi de 19 a 18,8 arrobas por hectare. E a taxa de lotação foi menor 3 linhas. Se observarmos a massa seca de forragem, foi maior no sistema sem sombra e menor no sistema com sombra. Observamos aqui também que no inverno e no verão que a produtividade também foi maior que os 4,5 arrobas por hectare que é a média brasileira. 126
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Esse outro experimento é realizado pelo professor Gelci Carlos Lupatini, é um professor que trabalha conosco na Unesp. Nós desenvolvemos experimentos em colaboração, ele coordena esse experimento em sistemas integrados, especificamente integração lavoura-pecuária. Lá ele faz testes com várias gramíneas, vários sistemas de produção e integração lavoura-pecuária. Nós trabalhamos em conjunto nos experimentos. Lá eles têm um pastejo contínuo, como nós temos na APTA, e a meta deles é a mesma que a gente, 30cm de altura. Ele fez uma avaliação dos bovinos em pastos de Piatã e Paiaguás formados com ILP. Essa avaliação que mostrarei é o terceiro ano depois da implantação e a adubação que eles usaram nesse terceiro ano. Tivemos um resultado muito interessante, Piatã de outubro de 2018 até junho de 2019, deu um ganho de 900g por dia ou 0,90kg por dia e a Paiaguás de 0,822. Olha a produtividade aqui por área: mais de 30 arrobas, excelente. Não deu nem um ano! Então nós podemos produzir carne em quantidade e de forma eficiente. E a taxa de lotação foi de mais de 3 UA/ha. Não temos a estatística das forrageiras. Lá eles têm também o boi feito por safrinha. Então eles plantam a soja, colhem a soja. Na sequência, plantam o pasto e entram os animais dentro para fazer o boi safrinha. 127
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Essa é uma foto que tirei em junho de 2019. Aqui é a pastagem perene que tem o experimento e aqui é a safrinha. Junho de 2019, já é época em que a safra está com baixa qualidade e o safrinha está aqui, verdinho, com uma boa quantidade de massa. Então, esse sistema é bem interessante para nós terminarmos animais em pasto nesse período de seca e de uma forma eficiente. Nessa safrinha, tinha a Ruziziensis, a Paiaguás e a Zuri. A taxa de lotação média foi de 2,7, 2,8, não teve diferença significativa. O ganho foi de 1.2, 1.16 e 1.14, que também não teve diferença significativa. Nesse ganho, era fornecido suplemento também, não era só o pasto, e o suplemento 1% do peso vivo. Na Zuri e na Ruziziensis, os animais permaneceram 128 dias, já foram abatidos. Na Paiaguás, eles vão permanecer 142 dias, e o abate será na semana que vem, o qual vamos acompanhar e fazer o acompanhamento da carcaça e da carne também. 128
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Observamos que o total de arroba/ha foi de 14 para a Ruziziensis, 15 para Paiaguás e 14,9 para Zuri. Porque a Zuri e a Ruziziensis saíram antes? Porque já estavam com baixa massa de forragem, tendo de abater os animais antes e a Paiaguás aguentou mais, então ela vai ficar um período maior. A previsão é que tenhamos um total de 18 arrobas por hectare. Nós observamos aqui que o período foi do mês 5 ao mês 8, uma produtividade excelente. Mostrando todos esses dados, nós observamos que os sistemas integrados, independente de se colocar árvore ou não, têm uma produtividade alta. Em relação aos custos, fizemos um estudo, há inclusive uma tese de dissertação defendida. Não mostrarei todos os dados, porque não vai dar tempo. Mostrarei apenas um resumo dos custos de implantação, mas nós temos os custos até o primeiro ciclo do Nelore. Para vocês terem uma ideia, nós fizemos o ILP, 1 linha e 3 linhas. Tivemos custo com preparo do solo, plantio da soja, do milho e da pastagem e do eucalipto. Observamos aqui que no ILP não tem o eucalipto e o custo é maior para soja e para o milho em relação aos tratamentos com sombra. Isso porque na área do eucalipto não é possível plantarmos, então é descontado o custo da componente da lavoura, que é menor. Em compensação o eucalipto não entra no ILP, mas entra aqui no 1 linha e no 3 linhas. Esse seria o total de custo da implantação. Custo para reformar o pasto, aquela área degrada, até eu conseguir colocar os animais. Então esses valores são até os animais serem colocados no sistema. A receita com implantação, que seria vender o milho e a soja, foi de R$ 5.245,89 no ILP, no 1 linha R$ 4.818,11 e no 3 linhas R$ 3.807,02. Esses custos foram fechados em 2016, mas o plantio deles nós fizemos dos eucaliptos em 2012, 129
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2013. O que observamos aqui, que é interessante, é que a receita que eu tive com milho e soja cobriu meus custos com implantação no ILP e no ILPF 1 linha. Já no ILPF 3 linhas não conseguiu cobrir tudo, mas cobriu uma parte. Nos sistemas integrados de produção agropecuária, uma das vantagens deles é você plantar a lavoura e a venda dos grãos retornar uma parte dessa reforma da pastagem. Aqui nesse experimento, nós tivemos um resultado muito positivo, conseguiu até pagar a plantação das minhas árvores. Mas isso tudo depende do ano. Às vezes o insumo está mais caro, o milho às vezes não vende com um preço muito legal nem a soja, e talvez não consiga amortizar tudo aquilo que nós investimos, mas uma parte será compensada, e isso que é um ponto importante dos sistemas integrados. Hoje para fazermos uma reforma de pasto o valor ficará entre R$ 1.700,00 até R$ 2.300,00, é um valor alto por hectare. Se conseguirmos plantar soja, milho ou alguma outra cultura que retornará uma parte desse investimento, será muito interessante. Além do que, aumentamos o preço, o valor da terra: primeiro você tem uma área degradada e depois uma área produtiva. Então os sistemas integrados têm também essas vantagens. Para finalizar, independente se trabalharmos com sistemas de integração lavoura-pecuária, ou pecuária-floresta, ou integração lavoura-pecuária-floresta, nós observamos que nós temos uma produtividade maior, então o produtor se for utilizar esses sistemas para recuperar a área ele vai ter um retorno com a venda dos grãos que forem produzidos. Além disso, nós temos outros benefícios do sistema. Vimos em relação ao conforto térmico e bem-estar animal, nós melhoramos o bem-estar animal. Isso hoje em dia começará a ser uma exigência maior para a gente: o consumidor está exigindo mais em relação ao bem-estar dos animais. Além de termos essas duas questões da recuperação e bem-estar animal, observamos que, independente do sistema que nós utilizamos, todos são produtivos. Um deles pode produzir menos arroba por hectare, mas você poderá vender depois a madeira. Agora com 7 anos nós vamos cortar para vender, então teremos uma receita também da madeira. Além de aumentar a rentabilidade do produtor porque era uma área degradada que não produzia e acabou virando uma área de alta produção, eu diversifico a venda do produtor rural. Nós temos condições de aumentar a nossa produção de carne, é fato. Nós tivemos como exemplo a palestra do Gustavo de Colinas. Independente do 130
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sistema que é utilizado, existe essa possibilidade. Nós temos que nos orgulhar de sermos um país voltado para o agronegócio, nós somos um sucesso no agronegócio. Hoje em dia, nós temos uma mídia, Facebook, Instagram, redes sociais que às vezes denigrem a nossa imagem. Nós que estamos na pecuária, na agricultura, precisamos elevar e difundir o que fazemos de bom para o país.
Essa aqui é a equipe, tivemos vários alunos que já passaram pela área. Foram cinco dissertações de mestrado defendidas, há mais duas em andamento. Temos dois doutorados defendidos, dezenas de iniciações científicas, trabalhos de conclusão de curso, temos muitos dados além desses que eu mostrei para vocês. Lá na APTA, a gente dá um curso de um dia mais um outro dia de visita a área, então nós temos muitos dados. Estou como uma porta voz, sou coordenadora com o Gustavo, mas se não fossem todos esses alunos, funcionários, professores envolvidos, como o Gelci, a professora Caroline que trabalha com a parte de solos, tem o professor Victor que ajuda na parte de eucaliptos, professores que fizeram parceria com a gente. É uma equipe muito grande para termos conseguido desenvolver tudo isso. Não é só o meu trabalho, mas o de todos. Colocarei então todos aqui (alguns eu não achei fotos, mas todos estão sendo representados pelos que estão na foto). Agradeço a atenção de todos. 131
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MANEJO DA FERTILIDADE DE SOLO E ADUBAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE PASTAGENS NO OESTE PAULISTA Palestrante: Reges Heinrchs Unesp Dracena Boa tarde. Inicialmente quero agradecer a oportunidade e pelo convite ao Bunkyo Rural, por poder apresentar alguns resultados de trabalhos, que estamos realizando durante todos esses anos de pesquisa, junto com os alunos na UNESP em Dracena, os quais são fundamentais para podermos desenvolver e realmente trabalhar para o avanço da nossa agropecuária na nossa Alta Paulista e também para a agricultura brasileira. O tema que vou apresentar hoje será sobre o manejo da fertilidade do solo e adubação para produção de pastagens no Oeste Paulista. Foi um tema proposto para a gente poder desenvolver e repassar uma parte dessas tecnologias, que nós temos disponíveis e, com certeza, nós podemos melhorar e muito a qualidade de vida de muitas pessoas aqui na região ao obterem uma maior produção animal por área. Os tópicos que serão apresentados inicialmente são: o panorama geral sobre o manejo de pastagens em relação a fertilidade do solo e adubação no Brasil; também vou entrar nos trabalhos que são realizados em relação a calagem e gessagem em pastagem; a importância e respostas de macros e micronutrientes na adubação de pastagens; e o tema novo que precisa melhor ser estudado em relação a fixação biológica de Nitrogênio em gramíneas forrageiras. Tratase de uma tecnologia disponível e é necessário a gente avançar em cima desse 133
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tema, mas alguns trabalhos a gente vem realizando e há resultados muito promissores. Como na cultura da soja já está consagrada a manipulação de sementes, todo mundo, todo produtor já vem realizando, que foi destacado hoje de manhã na palestra do colega Denizart. E por final, vamos concluir esses temas abordados aqui. Quando falamos sobre fertilidade do solo, sobre adubação, precisamos começar a cuidar para gente não agir como esse rapaz que está colocado aqui. Como o nosso amigo Homer Simpson atua no seriado? Ele atua muito por emoção e quando agimos por emoção temos de tomar cuidado, a gente pode fazer muita coisa errada, depois fica "Nossa, não acredito que fiz um negócio desse", porque você agiu pela sua emoção. Então, precisamos tomar cuidado quanto a adubação, manejo de pastagem, manejo do solo, e a fertilidade do solo, colocar a razão na frente, superar essa fase aí. Porque quando fomos começar a trabalhar dessa maneira aqui, o ape-
lido aqui é manejo rapadão, porque não tem um nome específico para colocar no sistema de manejo que está aí. 134
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Essa é uma foto que eu tirei há poucos meses em Gália. Viajando, eu parei na beira do asfalto entre Marília e Bauru. Coitados... Como estão esses animais aí? Se isso aqui já está ruim, nada está tão ruim que não possa curar. Veja isso aqui:
Um sistema rapadão plus. É interessante porque aí você intensifica, consegue colocar um charme naquilo que não pode ser feito. Será que o nosso amigo Homer Simpson está atuando aqui? Isso é produção animal? Não, isso é castigo animal. A gente ri, mas é de chorar, pensa como está esse animal aqui; está passando fome? Acho que nem precisa responder. Essa foto aqui, na verdade foi tirada há duas semanas, de um lado tinha esses animais, do outro lado é uma parte onde está sendo produzido cana. E quando você está produzindo cana e vai andando pela estrada são culturas diferentes, existências diferentes, mas você usa manejo diferente de solo para pastagem em relação a cana de açúcar. Precisamos nos conscientizar. Por quê? Porque aí vemos uma foto dessa... Fui convidado pela professora Cristiana a visitar onde existe essa integração lavoura-pecuária e do outro lado onde tem um monte de animais veja como está o pasto. 135
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Quando foi tirada essa foto? 5 de outubro de 2018. Precisa explicar alguma coisa? Acho que não. Não está chovendo, não tem irrigação. Então a gente vem mostrar o que temos testemunho e quem quiser visitar, pergunta a professora Cristiana e toda a companhia, eles levam você até lá. Qual a diferença? Essa rua é a Rodovia Raposo Tavares que vai até Presidente Epitácio. O sistema solo-planta é igual tanto pelo lado de cima, que o capim está seco tanto pelo lado de baixo, que o capim está verde. Temos aqui o solo, porque é dali que vem os nutrientes que serão absorvidos por essas culturas forrageiras. Como eu também trabalho com cana de 136
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açúcar, faço palestra sobre a cultura do milho, é sempre essa projeção. O que eu mudo? Apenas essa foto aqui em cima, aqui, por causa do tema, eu coloquei pastagem para os animais. Mas os demais nutrientes, tudo é a mesma coisa. Independe de qual é a cultura. Aí o pessoal de pastagem diz: "Mas quando tenho pastagem eu tenho retorno de fezes e urina e isso vai ajudar na minha adubação, então não precisa colocar tanto adubo". Aonde tem o maior acúmulo de fezes? Perto do cocho, ou seja, distribuição extremamente desuniforme. Como é que eu consigo medir essa quantidade de resíduos orgânicos dos animais? Faça análise de solo, resolve os problemas, não precisa ficar estimando. A análise de solo vai te mostrar esse resultado. Você precisa fornecer nutrientes por meio de fertilizantes, a chuva é necessária, fundamental. Quando você fornece esses fertilizantes, você precisa tomar muito cuidado sobre como você vai fornecer esses nutrientes, para você ter o melhor aproveitamento desses nutrientes, para não ter problemas de perdas por volatilização, ou então, erosão. E aí chega a pior das coisas, que a gente mais escuta: quando passo fogo no meu pasto, ele vem melhor. Realmente, ele fica mais verdinho, mas por quê? Por que você tem um material orgânico que você vai queimar, com a queima você mineraliza e essa cinza vai ajudar a fornecer nutrientes para essa planta que não tem mais nada quando não faz adubação. No entanto, fogo após fogo você vai reduzir cada vez mais o crescimento do seu pasto. O fogo não pode ser utilizado para recuperar pasto, porque você vai piorar cada vez mais o sistema. Um dia desses estava viajando até Marília, pouco antes de Adamantina. Passou fogo no pasto e deu a chuva. Só tinha cinza na baixada: o cara passou fogo no pasto, choveu e lavou aquela cinza, imagina como ficou aquele pasto. Não ficou, o que é hoje? Cana de açúcar. Ainda bem que aquele pasto virou cana de açúcar, isso é uma proteção ambiental. Porque falam mal da cana de açúcar, gente, mas se não fosse a cana de açúcar o nosso solo seria muito mais degradado. Pastagem degradada já diz o nome, o solo também fica degradado. Precisamos ter um solo protegido. Teve um aumento de produtividade precisamos ter uma intensificação de produção. Precisamos produzir em quantidade e para nós termos uma intensificação de produção precisamos de correção do solo. Como corrijo o solo? Calagem e engessagem. Que mais? Suficiente? Não, precisa fazer adubação. Com o que? Com Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre. "Micronutriente, pastagem não responde", lógico, para quem aduba com macro nutriente não precisa de micro. Eu vou fazer pelo 137
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menos um arroz com feijão: vou fazer uma calagem e uma NPK, e depois a gente avança. A partir daí temos uma demanda maior de quantidade de micronutrientes, só depois que fizer o arroz e feijão, se não o negócio não funciona. Qual o nosso consumo de fertilizantes no Brasil? 43% é usado para soja. Depois o milho com 18%, cana de açúcar 3%. Como estamos em relação a pastagem? 1,5%. Nós utilizamos para toda a área de pastagem apenas 520 mil toneladas. Sabe quantas toneladas de fertilizante foram consumidas no Brasil? 35 milhões de toneladas. Ou seja, quase a metade disso tudo é para soja.
Tem outro dado interessante, algumas estimativas que é um pouco diferente, mas não vai fazer muita diferença, que a área total de pastagem 150 milhões, 50% delas são cultivadas, outras são da natureza. Desses 150 milhões hectares de pastagem nós temos 50% cultivado. O consumo de fertilizante de pastagens: 550 mil toneladas. Bom, a partir disso dá para fazer umas continhas. O que conseguimos ver: consumo 138
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de fertilizante por área, área total de pastagem, dividindo os hectares pelo adubo que é utilizado nós usamos 3,46kg por hectare de adubo. Pastagem natural a gente não vai adubar. Tudo bem, concordo, então vamos pegar a pastagem cultivada, que são 75 milhões hectares, que são basicamente, Panicum e Brachiarias. Quanto de adubo é usado? 6.9kg de adubo por hectare. Eu pergunto, quantos quilos de adubo a gente usa por hectare para produzir soja? Em torno de 350kg, 400kg por hectare. Quanto uso para produzir milho? Em torno de 250kg de adubo por hectare. Para produzir cana: 560kg de adubo por hectare. Para pasto: 6kg, 7kg. Não estamos sendo muito injustos? No que você não investe você não conquista. Se eu não tivesse investido nessa aliança eu não teria colocado aliança, não teria casado. Me interessei, investi, conquistei, casei e coloquei a aliança. Para conquistar alguma coisa temos de investir e não ficar sentado pensando "O que vou fazer da minha vida?". Vamos abraçar a causa. A gente espera muito que isso surja, que caia da natureza. Isso não cai da natureza, ela não consegue fornecer alimento suficiente para sustentar esses 5 bilhões de pessoas. Então, a primeira coisa a gente precisa fazer com pastagem: a gente precisa trabalhar com calagem, para todas as culturas a gente faz calagem, aplica calcário. Para pasto não precisa? Não precisa para produzir 5 arrobas por hectare. Quem sobrevive com produção de 5 arrobas por hectare? Ninguém. Se é para produzir 5 arrobas por hectare ano, arrenda para cana. Por que com cana, qual é o preço do arrendamento? 20 toneladas/hectare, vezes 75, vai dar mais ou menos 9, 10 arrobas por hectare. Por isso é mais vantajoso arrendar para cana, do que produzir 5@ por hectare, porque aí pelo menos tenho que a renda é a mesma, porque o solo está protegido e realmente a pessoa ganha mais, dá para comprar as coisas, alguma coisa assim. Então realmente ganha mais, faça isso mesmo, no entanto, eu vou mostrar para vocês aqui que com boi você ganha muito mais dinhei139
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ro e de uma forma sustentável do que com qualquer outra cultura. Calagem favorece melhor a disponibilidade de nutrientes e melhora a resposta da pastagem. Quando você tem uma baixa fertilidade do solo, só o nutriente e a calagem não são suficientes. É necessário fazer gessagem, adubação com macro e micro nutrientes. Por que isso? Porque essa figurinha mostra o PH do solo e a disponibilidade de nutrientes. Veja, se você não tiver o PH do solo em torno de 6 a 6,5, você tem um desequilíbrio em nutriente nas duas pontas. Então você precisa fazer calagem para ter o PH do solo entre 6 a 6,5, que você tem o equilíbrio de Molibdênio, Cloro, Boro, Fósforo, Nitrogênio, tudo aqui, estão equilibrados na disponibilidade do ambiente. Dessa maneira, se eu não tenho dinheiro o que eu faço: calagem ou adubação? Primeiro faça calagem, para depois você adubar. Se você adubar sem aplicar calcário, vai aplicar o adubo, mas não terá a resposta que você poderia ter. Por que fornece gesso? "Ah, gesso é só para cana, para outras culturas, para pasto não serve", gente, eu falei para vocês, na figurinha inicial só muda a cultura. Então o que o gesso agrícola 140
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fornece? Cálcio e Enxofre. Quando eu tenho de aplicar esse gesso agrícola? Eu preciso neutralizar a toxidez do alumínio da camada mais profunda, porque a camada de 0 a 20 cm, eu corrijo pH do solo, alumínio, forneço cálcio, magnésio e calcário, mas abaixo dessa camada de 20 cm, se eu quero recuperar eu preciso trabalhar com gesso porque ele desce de uma forma mais fácil em profundidade. Se eu tenho solo mais recuperado em profundidade, eu tenho sistema radicular mais profundo, e se eu tenho sistema radicular mais profundo, a planta tira água de onde se não tem isso na parte superior? Lá de baixo. Por isso que naquela foto, abaixo da rodovia, onde tem essa integração lavoura-pecuária fornecendo calcário, gesso, adubação, o sistema radicular está lá embaixo e a planta consegue, pelo sistema radicular, se suprir da necessidade de água que não está chovendo. Por isso o pasto fica mais leve. Então, o gesso é fundamental nesse sentido. Alumínio é tóxico, ele é o bandido do solo. Se tiver alumínio, a raiz fica preta, não cresce. Ali a parte de cima da planta nada mais é que o reflexo que está o sistema radicular. Então, você tem um volume de solo maior explorado, sistema radicular, aproveitamento desses nutrientes. Aqui está mostrando: não aplicou gesso e quando você aplica o gesso o sistema radicular consegue descer até 1 metro de profundidade. Quando você não aplica gesso esse sistema radicular vai até 40 cm. Quando você aplicou gesso, veja, até 40 cm, você tinha uma parte do sistema radicular e mais ainda para baixo. Então você aprofunda o sistema radicular fundamental. 141
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Quanto de gesso tem que aplicar? No trabalho do Djalma do CDAC, precisa aplicar muito? Com relação a Brachiaria decumbens, em três anos, ele apresentou que 200kg de gesso por hectare já resolve. Você aumenta 10 toneladas de capim por hectare de massa seca. Aqui ele mostrou com Brachiaria brizantha, o braquiarão, submetido a doses de gesso em áreas para recuperação de pastagem. Ele verificou que com 200kg ele já aumentou significativamente 3 toneladas de brachiaria por hectare no segundo ano. E aí colocou 1500, e o aumento não foi tão elevado, mas pelo menos 200kg você já recupera bem, não precisa de tão grandes quantidades. Aí vem com macronutrientes, Nitrogênio é fundamental quando está trabalhando com gramíneas forrageiras. Por que a gramínea não tem a fixação que vem do órgão como as leguminosas. Mas o Nitrogênio, qual a função dele, no que ele contribui? No aumento dos perfilhos, e isso é importante: eu preciso aumentar o número de perfilhos em uma pastagem, porque não adianta ter um pasto muito alto, preciso ter muitas folhas. Quando a planta tem em torno de 7 folhas, outra já começa a morrer, então não adianta querer deixar crescer mais para ter mais folha, não resolve. Eu preciso de muito perfilho para ter uma maior quantidade de folhio, e o Nitrogênio ajuda muito em relação a isso. O maior adubamento das folhas forma folhas mais suculentas. O pasto bem 142
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adubado dá vontade de fazer salada. Agora, quando o pasto não está adubado é aquela folha dura. Aí vem o animal querer comer, coloca a boca naquele negócio duro, fica muito alto, imagina aquele negócio picando no nariz do animal, sabe o que o animal faz? Ele pinça um pouquinho de folha e desiste, porque ele está sofrendo, está pinicando no nariz do animal. Aí estamos fazendo sofrer o animal, tem que ir pra cadeia, está judiando dele. Alongamento de folhas ou folhas mais largas; velocidade de rebrota maior; sistema radicular mais profundo, mais vigoroso; menor surgimento de plantas daninhas. Por que surgem as plantas daninhas? Porque a planta cresce mais, a forrageira, o pasto marandu, braquiarão, eu e a Juliana somos dois apaixonados pelo marandu, porque aquele capim cresce, tem um sombreado e o mato fica inibido para o crescimento. Você tem menos mato. Se você tem muito mato no pasto o manejo está errado. Tem muito mais coisa nesse histórico, principalmente sobre adubação, o meu objetivo aqui é falar sobre fertilidade do solo e adubação. Lógico, tem todo um manejo animal envolvido com isso. As aguadas, "Ah precisa andar muito para chegar na aguada", mas aí é outro histórico que a gente tem que contar. Então, é lógico que no sistema de produção precisamos de todos esses fatores esclarecidos e realmente ter conhecimento sobre isso, estou falando sobre a fertilidade do solo. Aqui mostra os resultados: quantidade de Nitrogênio aplicada e a área foliada. Quando você aplica Nitrogênio sem Potássio ou com Potássio, a área foliada aumenta; você tendo uma maior área foliar, você tem um maior potencial de crescimento, maior taxa fotossintética. Produz mais pasto, produz mais folha. O que eu quero, folha ou talo? Quero folha. 143
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Esse slide mostra o ganho de peso em quilos por hectare de Novihos Nelore no pasto de capim marandu. Aqui a altura de pastejo, 25 cm e 35 cm, ou seja, o animal entrou na pastagem de capim marandu quando o pasto estava com 25 cm e quando estava com 35 cm. Adubado com 50 kg de Nitrogênio e 200 kg de Nitrogênio. O que a gente consegue tirar disso? Com 25 cm de altura do pasto os animais entraram, conseguiu se verificar... Isso é o ganho de peso, quilos por hectare. Para transformar isso em @ por hectare, utilizei o aproveitamento de carcaça de 50%, um número baixo ou razoável. Conversando com a Cristiana, ela me disse que o aproveitamento dela de carcaça foi de 57%. Então, 50% é o mínimo, ou seja, se pode ganhar mais. 26@/ha, quando aplicou 200kg N/ha foi para 34@, ou seja, tivemos um aumento de 31% na produção por hectare. Quando você entrou com os animais com 35 cm, a produção foi de 21@/ha, produziu menos. Ou seja, o pasto está muito alto. Quando aplico 200 kg/ha também produziu menos. Há duas semanas eu estava falando sobre esse assunto, e fui visitar umas fazendas, 2.000 hectares, outra tinha 20.000 hectares, tudo fazenda "pequena"... Tinha um outro lá conversando comigo: "É que não faço assim porque tenho pouca terra", aí eu perguntei "Quanto de terra você tem?", e ele "Só tenho 925 hectares". Realmente, deve ser pouco mesmo... É o mundo que cada um vive... Gente, fui visitar a fazenda, tudo bem, verifiquei que ele já tem sistemas relativamente avançadas, integração lavoura-pecuária, ficam dois anos de pasto, ficam dois anos com soja, dividindo e vai fazendo esse rodízio. No entanto, o gerente estava entrando com os animais com 40 cm do capim marandu. Se já estamos perdendo com 35 cm, imagine entrando com 40 cm. O 144
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capim estava com aqueles talos altos. O animal foi lá, catou as folhinhas, o talo central ficou. Esse talo vai pinicando o animal, vai judiando. Vamos fazer uma continha: se você produz 34@/ha, como é um sistema mais intensificado (estou falando da adubação), então tem que ter um rodízio, o animal vai entrando a cada 5, 7 dias e vai fazendo rodízio. Vou fazendo a conta aqui para vocês. Para produzir 34@/ha você tem um custo de produção. Esse custo de produção é em torno de 15@ para poder chegar nesses 34. Se você colocar 34 menos 15 você tem 19@. Quanto está a @ do boi agora no momento? R$ 150,00. Vezes 150. Então por hectare você ganhou R$ 2.850,00. Eu descontei o custo lá e ganhei R$ 2.850,00. Agora, vamos transformar isso em soja. Quanto é o preço de saca da soja? R$ 70,00. Divide 2850 por 70 reais, você tem 40 sacas de soja, seu lucro. Quanto que é o custo de produção da soja aplicando 350 kg de adubo, manejo do solo, outros controles, dá em torno de 40 sacas. É em torno de 40, 45. Se tem 40 somando mais 45, para você nessa produção, você produzir 85 sacas de soja para empatar com a produção animal. Ou seja, produção animal dá dinheiro. Dá mais dinheiro que soja. Pega 2850 e divide por 70 de cana: dá 40 toneladas de cana, de lucro. Quanto é o custo de produção da cana? Em torno de 50, 60 toneladas. 40 mais 60, 100 toneladas de cana por hectare para empatar com a produção do boi. Produziu menos de 100 toneladas? É melhor produzir boi. Só que por que a gente não ganha dinheiro? Porque a gente quer produzir soja adubando, fazendo todos os tratos culturais que precisa fazer, agora o boi não, o boi tem de produzir o que Deus dá, o que a natureza fornece. Aí não é certo, é igual roubar na brincadeira. Vamos ser justos também com a pastagem de produção animal. Por que eu gosto de fazer essas contas? Para mostrar que realmente é possível ganhar muito mais dinheiro com a produção animal, inclusive os riscos são menores. Naquela fazenda novamente, que eu estive há duas semanas, deu uma frustração de safra, para ele o dado foi de 40 sacas por produção, porque produzir 36, porque deu justamente um veraneio. Então, o que aconteceu? Com o boi você corre esse risco? Não. Você corre menos risco, você é menos vulnerável as intempéries climáticas ou momentâneas que podem acontecer. A soja se começar a chover na época de colheita você começa a brotar no campo. O boi não, você dá uma segurada, vende depois, consegue segurar, então os riscos são menores. Quem trabalha com boi tem de mudar a cultura, mudar a concep145
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ção e isso é o meu maior objetivo aqui. Todas as vezes que falo sobre isso meu objetivo é que comecem a pensar em mudar a concepção e mudar a forma de pensar em relação à produção no meio animal, produção no pasto, aí começamos a avançar. Vejam aqui, um pasto adubado, a taxa de lotação em pasto de capim marandu submetido a doses de Nitrogênio e épocas do ano, e foi isso que falei agora há pouco para o pessoal da TV Fronteira, quando o pasto chega na época de inverno melhor nutrido, ele passa melhor durante o período de inverno porque ele já está nutrido. Se esse pasto for adubado, veja a quantidade de unidades animais que eu posso colocar durante o inverno. Isso aqui, 1,12 dá em torno de duas cabeças por hectare, duas e pouco. Em torno disso, eu aplico 200 kg por hectare para esses valores, 3 cabeças. Daí é lógico no verão eu tenho uma grande produção. Eu posso colocar 5 unidades de animais por hectare, em torno de 7 cabeças por hectare. Qual a nossa média? 0,8, 0,9, 1, durante o período das águas. Se eu tenho um pasto melhor, eu passo melhor o inverno. Estava conversando com um rapaz em Dracena, ele disse "Se você não tivesse falado o negócio de adubar meu pasto, eu estaria na roça. Pelo menos agora meu pasto ainda está produzindo", sim, é desse jeito mesmo, porque aquele pasto que estava daquele jeito todo rapadão, você tem de nutrir o pasto durante a época das águas para que você o tenha depois no período de inverno, aí você não tem perda de peso. Aqui estou mostrando diferentes tipos de adubos nitrogenados: a ureia, mais conhecida; o nitrato de amônia, muito conhecido no Estado de São Paulo, em outras regiões não é tanto; Super N é um Nitrogênio protegido; e o novo protegido, redutor de volatilização e esse ainda não tem no mercado comercial no Brasil, a gente ainda está avaliando porque ele tem maior estabilidade sobre o 146
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pH do solo, altas temperaturas, típico da nossa região, por isso o pessoal veio procurar. Se esse negócio funcionar, podemos lançar porque nossas temperaturas são muito altas e esse Super N quando passa uma temperatura 35ºC começa a dar uma atrapalhada e a não ser tão eficiente. Então esperem para pegar esse produto novo. Realmente, do Nitrogênio que foi aplicado, vejam: 25% do Nitrogênio que foi aplicado na pastagem se perdeu para o ar. Isso se chama jogar dinheiro para o ar, porque esse Nitrogênio foi para atmosfera, foi volatilizado. A planta aproveitou? Não. Ou seja, você aplicou 50 kg de Nitrogênio e 25% você perdeu, ou seja 12,5 kg foi para o ar embora. Você pagou por isso. Então é importante utilizar a fonte de adubo correta para você não perder. Se usar ureia, o que precisa ter depois? Uma chuva para incorporar, ou quem tiver sistema de irrigação, pessoal que usa a pecuária de leite tem muito sistema de irrigação, aí é ótimo, usa ureia que é mais barato e você liga a irrigação, já incorpora no solo e você não perde. Mas agora esse é sem irrigação. Então depende do que? Do sistema de produção que você tiver. Aqui esse trabalho é da Juliana, é desse ano. Fez adubação aqui, ficou 9 dias sem chover. Perdeu algu147
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ma coisa por volatilização de Nitrogênio? Nada, zero. Só perde Nitrogênio por volatilização se tiver umidade. A terra está úmida aí você coloca ureia, gente, isso é um presente para o Nitrogênio ir embora. Você tem de aplicar antes da chuva, não depois da chuva. Aí choveu aqui no nono dia, perdeu tudo. Ureia, 100 kg, 200 kg por hectare. Como foram esses: nitrato de amônio, Super N, e esse produto novo que está sendo lançado no mercado? Realmente, eles são muito eficientes, não perdem praticamente nada, ou seja, você não está jogando para o ar. Então, esses produtos aqui são um pouco mais caros? São, mas você tem um melhor aproveitamento. Nessa volatilização de Nitrogênio é importante que escolha a época de aplicação, se você tem o produto, está protegido, se tem uma maior área de aplicação de fertilizante, quantidade a ser aplicada. Volatilização da amônia na utilização da ureia. Quando utiliza ureia, essa volatilização que eu mostrei para vocês depende de alguns fatores, do pH do solo, por isso falamos, a primeira coisa que precisa fazer: aplicar calcário. A presença de enzimas da urease: ela que vai provocar essa volatilização. A umidade do solo vai influenciar. A temperatura: aqui estamos trabalhando com altas temperaturas, então precisamos de produtos que aguentem as nossas temperaturas mais altas. E a baixa capacidade de troca catiônica, porque tem que reter esses elementos no solo. Aqui quero mostrar que são elas a produção de massa seca de capim decumbens em 5 cortes durante 2016 e 2017. Vejam, nós fizemos esses adubos, que eu estava mostrando para vocês: nitrato de amônia; essa aqui é ureia mais Boro mais Cobre; o outro que é a ureia mais NBPT, que é o Super N; e a ureia. Vejam o que aconteceu aqui: nitrato de amônia é a nossa referência, não tem a volatilização. Esse nitromais teve uma grande eficiência na redução da perda de N e, consequentemente, tivemos 148
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maior produção de pasto. Qual e como? Decumbens é a Brachiaria, aquela pequena, e você conseguiu quase 6, 7 toneladas, de Brachiaria. E aí quando eu utilizei a ureia, por que produziu menos? Porque ficou menos Nitrogênio disponível, porque 25% foi para o ar. Responde? Lógico, mas poderia responder melhor. Não é que ureia não funciona, mas tem produtos que funcionam mais. E o com Boro e Cobre fornece micronutrientes. Fósforo aumenta o número perfilhos por planta em função de ter Fósforo e Nitrogênio. Vejam a aplicação de Fósforo e aqui o número de perfilhos. Se você aplicar Fósforo e não aplicar Nitrogênio, o que acontece? Nada. Não aumenta o número de perfilhos em função do Fósforo se não aplicar Nitrogênio. Agora se eu aplicar Nitrogênio mais o Fósforo, vejam a resposta que dá. Então, lembrando, precisamos fazer calagem, adubação de Nitrogênio e de Fósforo também, especialmente nos solos da nossa região. Vocês estão na melhor região do mundo para fazer pesquisa em relação ao Fósforo. Por que temos que trabalhar com Fósforo? Na região, nosso teor de Fósforo no solo é 4 mg, 5 mg; para ser considerado baixo, é abaixo de 10 mg, e nós temos 4, 5, é muito baixo. Se o seu negócio é para funcionar com adubação de Fósforo, testa aqui na nossa região, porque se não funcionar aqui, é sinal que não funciona. 149
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O pessoal que testa fertilizante vem trabalhar com a gente justamente por isso. Alongamento de folhas, porque eu quero muitas folhas, nós queremos ter perfilhos e bastante folha. E como foi em relação a folha? Sem Nitrogênio e com 100 kg Nitrogênio no alongamento de folhas, e olhem como respondeu no aumento do número de folhas. Que coisa maravilhosa! É difícil produzir pasto? Não é, é preciso fazer o básico, o arroz com feijão. Só que tem algumas culturas que a gente tem que superar. Já faz um tempo, mas isso me chocou tanto que passou na TV: era propaganda do Bradesco, e eu fiquei indignado lá pelos anos 2005, 2006, porque eles falaram assim na propaganda "Invista no Bradesco, no fundo, tal, afinal de contas seu dinheiro não é capim", como se capim não valesse nada! Não sei por que, mas depois a propaganda sumiu. Pelo menos depois dessa não escutei nenhuma propaganda. Isso é cultural, o pessoal pensa que capim cresce e não precisa fazer nada, que não vale nada, e isso precisamos mudar na nossa cultura. Todos nós precisamos fazer a nossa parte. Produção acumulada de massa seca de forragem de Andropogon gayanus. no período de 2 anos. Fósforo, sem calagem e com calagem, sem aplicação de calcário e 1 tonelada de calcário. Vejam, sem calcário aumenta
a produção, mas se eu aplicar 1 tonelada de calcário, minha resposta é melhor. Eu posso colocar uma unidade animal a mais por área. Se eu tiver um solo bem nutrido com Fósforo, o que acontece com a dieta desses animais? Esse trabalho apresenta o teor de Fósforo no solo e a quanti150
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dade de Fósforo que será ingerida pelos animais em função da alimentação. Fósforo é energia. Então você tem uma melhor qualidade do seu pasto. Em relação ao Potássio, Potássio é importante para a pastagem? Gente, eu falo para vocês que na cana de açúcar todo mundo sabe que tem que aplicar Potássio porque ela extrai muito. A pastagem extrai tanto Potássio quanto a cana. Todo produto que você colhe uma massa muito alta, você recolhe muito Potássio, então isso é em laranja, batata, mandioca e pasto também. Porque muito volume de pasto animal colhe muito Potássio, então é preciso fornecer Potássio. Consequentemente, se eu aplicar Potássio sem calagem, 6 toneladas de calcário e 12 toneladas de calcário. Se eu não corrigir o solo, o Potássio vai embora, vai lá para o fundo. O Potássio foi lavado em profundidade. Agora, se eu faço calagem, o Potássio fica ali em cima, ele não foi lavado, porque temos cargas no solo que seguram o Potássio na parte superficial. Então, primeiro, precisamos fazer calagem. Segundo: Nitrogênio. Terceiro: Fósforo. Quarto: Potássio. Isso é o Be-a-bá necessário, o mínimo que temos de fazer. Para convencer vocês de uma vez: dose de Nitrogênio no capim Colonião, sem Potássio e com Potássio. Isso é o braquiarão, sem Potássio, com 151
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75kg/ha de Potássio, 150kg/ha de Potássio, para vocês verem como aumenta o potencial de produção, junto com a dose de Nitrogênio. Só NPK não, também é preciso ter Enxofre. Como forneço Enxofre para a pastagem? Quando você aplicar o Fósforo na pastagem, você tem que cuidar qual é a fonte de Fósforo que você vai utilizar. Você tem fontes de Fósforo como o Superfosfato Simples que tem Enxofre na sua composição, aí você já fornece Enxofre. Agora, se você quiser fazer a adubação da pastagem com MAP, é bom? É, mas não tem Enxofre. Então vocês precisam perguntar para o agrônomo "Minha situação está assim e assado, e qual é a melhor fonte de fertilizante que eu preciso utilizar?", porque se você comprar adubo errado não adianta adubar. Vai responder? Vai, mas podia responder melhor. Já que está gastando, gaste direito, não faça meia boca. Aqui o trabalho que fizemos com a pós-graduação. São 6 vasinhos aqui. O primeiro quando foi uma adubação completa; no segundo, só tudo menos Nitrogênio; no terceiro, sem Fósforo; no quarto, sem Potássio; no quinto, sem Enxofre; no último, sem nenhum adubo. 152
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Olhando por cima, não colocando Fósforo e não colocando nenhum dos outros adubos, fica praticamente a mesma coisa, ou seja, realmente eu falei para vocês: o nosso teor de Fósforo é muito baixo. Aí, não adubando ou não jogando Fósforo, fica a mesma coisa, igual. E se na parte de cima está desse jeito, imagina a parte debaixo. Olha o sistema radicular, olha o Fósforo, eu não tenho nem raiz. A parte de cima não tinha, também não tinha raiz. Aí sem adubo, também não tem raiz. Adubação completa como que está: tem mais raiz. Por que sem N tem mais raiz? Se você está ali no meio do Rio Paraná, você não começa a bater mãozinha e pezinho? Mesmo sem saber nadar você não vai querer morrer afogado. A planta também bate pezinho e mãozinha, para não morrer: se o teor de Nitrogênio estiver baixo, e isso é natural da planta para compensar, a planta aumenta o sistema radicular para compensar a falta de Nitrogênio, por isso tem mais raiz em relação à adubação completa. Na adubação completa, o alimento estava lá, demos comidinha na boca. Esse trabalho aqui é junto com o PET de Zootecnia de Dracena. Realizamos um trabalho de como é a resposta da adubação. O que a gente avaliou? Quando não fez adubação aplicou só calcário, só gesso, ou aplicou calcário mais o Nitrogênio, calcário mais o Fósforo, calcário mais o Potássio, e calcário, gesso, Fósfo153
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ro, Nitrogênio e Potássio. Como foi a produção? No primeiro corte: se não colocou nada, colhe uma tonelada por hectare. Aí quando fez calagem e N deu quase 1 tonelada a mais de matéria seca. Essa quantidade dá para alimentar um bichinho. Então, isso foi no primeiro. Aí depois vamos para o segundo. Aqui realmente continuou ruim, mas calcário com Nitrogênio produziu praticamente igual, então não precisa colocar o resto, afinal de contas, Nitrogênio é o suficiente, para que vou gastar os demais? Sabe o que acontece gente? No solo, a gente tem matéria orgânica, essa matéria orgânica para ter uma maior velocidade de composição, a gente precisa de microrganismo que decompõe. Se você faz uma adubação nitrogenada, ele decompõe rapidamente, e fica Nitrogênio no solo, respondeu no segundo corte. Aí acabou aquilo e veja o que acontece. No terceiro corte: acabou aquele Nitrogênio que estava no solo. Em relação ao negócio do fogo, vocês se enganam inicialmente que está crescendo melhor de154
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pois de colocar fogo, isso pode acontecer na primeira vez, mas depois você estará degradando a sua pastagem. À medida que você não fornece os demais nutrientes, você vai esgotando o solo. Aí nós temos a produção quando fez calagem com Nitrogênio e Fósforo ou aplicando gesso também. E aqui é o acumulado dos três cortes. Vemos que quando é feito a calagem + NPK, você tem uma alta produção; o gesso aqui no caso não respondeu, porque a gente não tinha problema de alumínio em profundidade. Micronutrientes: eles respondem a pastagem? Pastagem não precisa de micronutrientes se não fizer o básico, agora à medida que a gente vai avançando a gente precisa de micro. Para você produzir cana, 70 toneladas de cana por hectare, você precisa aplicar micro nutrientes? Não, embora as usinas apliquem Boro e Zinco, mas para produzir pouco não precisa. Você precisa aplicar micronutrientes quando vai produzir mais de 100 toneladas de cana por hectare, aí é bom, responde. Mesma coisa com o pasto. Se você tem uma alta produtividade, para você aumentar, aí você começa a trabalhar com micro. E aí tem o quanto responde. Às vezes não responde por que pode ter falta de macro nutriente e assim por diante. Adubação com micronutrientes no capim marandu, o que está mostrando aqui: que o NPK, exceto micro, produziu 15 toneladas por hectare. Se NPK 155
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mais micro mudou aí 5 toneladas por hectare. Toda vez é esse tamanho de resposta? Não. Depende do meu sistema de manejo. Mas que responde com micro, responde. Aqui também mostrando a presença de micronutrientes mais leguminosas. Então houve a resposta de micronutrientes, e com a leguminosa fica melhor ainda. Vou falar para vocês agora da fixação biológica de nitrogênio em gramíneas forrageiras. De manhã foi citada a utilização do Azospirillum na inoculação da soja, e nós utilizamos com o capim marandu. O que verificamos sem inoculação e com? Passando de 6.7 para 7.6 toneladas por hectare de pasto, ou seja, 900 kg a mais de hectare só com microrganismo Azospirillum. Então é um novo caminho que a gente precisa começar a estudar. Funciona diferente da inoculação com soja, ela não é tão eficiente, precisa de uma dose de Nitrogênio mineral também. A gente não pode deixar o Azospirillum sozinho, porque ele não aguenta, mas é um trabalho interessante que mostra esse potencial: inoculação da semente do capim marandu com Azospirillum. Isso aqui 156
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foi em um ano, depois repetimos no outro ano e esse trabalho está sendo publicado... Aqui mostrando a necessidade de uma dose de Nitrogênio também, já aumentamos 5%, 6%. Considerações finais: a calagem, gessagem e adubação em forrageira iniciam com uma boa amostragem do solo. Não precisamos de Mãe Diná, precisamos deixar de querer adivinhar as coisas, precisamos fazer análise do solo para saber quanto de adubo precisa colocar. Se você for ao médico e ele mandar um monte de remédio e começar a fazer exame, você nunca mais vai lá no médico? Agora, na produção agrícola, a gente recomenda o adubo, aí dizem "Ai, esse agrônomo pediu análise. Esse agrônomo é ruim", será que ele não está sendo bom com você? Porque ele quer fazer uma recomendação a partir de uma análise de solo. A calagem, gessagem e adubação de pastagens são fundamentais para a viabilidade sustentável na produção animal, ou seja, temos que parar com esse negócio de 5@/ha, precisamos trabalhar com adubação e manejo de pastagem. A produção de pasto necessita de conhecimento técnico para obtenção de resultados competitivos frente às demais culturas, então para isso precisamos ter o acompanhamento técnico, inclusive dentro das nossas cooperativas. A cana também, ela dever ter o agrônomo dela lá, e é preciso conversar com ele, começar a trabalhar, dar trabalho, "qual o melhor pasto?", pede lá para o zootecnista, afinal, ele estuda cultura, pastagem, passa muitas horas em cima disso. Dessa maneira, a vida é um momento. Tem um livro que pode ajudar bastante vocês: Adubação e Manejo de Pastagens, livro do Reges e do Cecílio. E que está disponível no Google, também trouxe alguns para quem quiser, R$ 40,00, mais barato que na internet. Me procure, porque o boi realmente precisa pastejar de boca cheia, de não precisar ficar pinçando folhinha, para ele poder encher a boca e mastigar, e para depois né, afinal de contas ninguém é de ferro, para termos nossa alegria no final. Muito obrigado. 157
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Dr. Tairo Hosoume Dr. Gustavo Hosoume Dra. Naira Hosoume
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POTENCIAL DAS FORRAGEIRAS NO MANEJO DE PASTAGENS NA PRODUÇÃO ANIMAL NO OESTE DE SÃO PAULO Palestrante: Andréia Luciane Moreira APTA Regional Alta Sorocabana Boa tarde a todos. Nós vamos começar falando sobre o potencial das forrageiras no manejo de pastagem. Primeiro, eu quero agradecer à comissão organizadora por ter me convidado para falar um pouquinho para vocês. Dentro do sistema de ecossistema de pastagens, tem que ter interação tanto do ambiente, do solo, da planta forrageira e do animal. Hoje já teve palestra falando do animal, o professor Regis falou sobre o solo, e falaremos um pouquinho sobre a planta forrageira.
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Segundo o produtor lá que a gente ajuda, o Sr. Edson, ele sempre fala que "antes de se tornar um ótimo produtor de leite e de carne, o pecuarista precisa se tornar um excelente produtor de capim". Vendo as palestras, percebemos que a pastagem é o início de tudo: você tem de conhecer bem o capim, saber qual é o comportamento desse capim, porque a parte mais barata de uma alimentação é o capim. Quando falam muito de suplementação, de ração, às vezes falam que eu sou muito drástica, mas eu acho que quem conhece o comportamento do capim, que tem a intenção de adubar, se tiver a oportuni-
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dade de irrigar, a parte que vocês usarão de ração é muito pouca. Querendo ou não, como o Gustavo também colocou essa foto, nós não estamos querendo que o animal peça para Deus para que o produtor faça alguma coisa por ele, e também nós não queremos animais como a vaca que está com um bezerro ao pé dentro de uma pastagem como essa. Dentro da evolução do trabalho das informações econômicas do IEA de 2013, ele fala sobre a evolução que vem acontecendo nas áreas. Com a entrada do eucalipto, da cana de açúcar, da pecuária e da seringueira.
A seringueira vemos que no Oeste Paulista vem aumentando. A cana de açúcar tem o mesmo comportamento, em menor escala, mas existe.
O eucalipto também acontece a mesma coisa.
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E com a pecuária? Tanto em pastagem natural quanto em pastagem cultivada, vemos um decréscimo para as duas. E o que está acontecendo? Estão diminuindo as áreas de produção, por isso temos de nos tornar mais eficientes. E podemos ser mais eficientes e termos maior produção em pastagens menores, isso já foi comprovado aqui também. Outra coisa que falamos é que toda pastagem é sustentável ou está em degradação. Não tem meio termo: ou tem pastagem ruim, ou tem pastagem boa. Porque vai da consciência do produtor. Produtores conscientes estão aqui. Produtores que querem que Deus mande nitrogênio pela chuva, não estão por aqui. Não tem jeito gente, produzir animal é saber produzir capim, senão não existe uma boa produção. A situação da pecuária está aumentando o processo de degrada162
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ção das pastagens. A gente vê uma pecuária extrativista, sem reposição de nutrientes e vai acontecendo essa perda de produtividade no solo. Aqui percebemos melhor que quando o tempo vai avançando vai ocorrendo a fase de manutenção do capim, vai acontecendo uma degradação, e a degradação do solo. Porque nós temos o capim bom na fase produtiva, com o manejo inadequado ou o aumento de lotação, não faz adubação necessária, tem cortes sucessivos, vai colocando o animal sem deixar o capim descansar, porque está faltando comida, então o animal tem de voltar. Vai ocorrendo perda de produtividade, vai aparecendo invasoras, vai aumentando a exposição do solo, vai começando a compactação e até a erosão. Eu trouxe algumas fotos, que mostram que vai diminuindo a produção, aumentando a exposição do solo. Vemos as invasoras. Eu gosto de trazer essas fotos porque a invasora em cima pode estar pequeninha, só que olha a raiz depois de tirada, essa é a ciganinha. Olha o funcionário, entrou no buraco. Olha a profundidade que essas invasoras estão buscando nutriente, enquanto as gramíneas vão no máximo de 40 cm a 50 cm. Então, para ver que injusto que é quando nós deixamos essas plantas no meio. Vai sujando todo o pasto, aparecimento de cupins, que chega uma hora que você não sabe quem é maior, se é a vaca ou se é o cupim. Aparecem as erosões... É claro que são algumas propriedades, mas gente, existem. Eu sou do Paraná e quando venho para cá, vejo coisas assim. 163
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Esse é um amigo do Paraná, e acontece isso também. Uma área dessa já estava empesteada mesmo pela voçoroca. E o que vai fazer com isso? Olha o tanto que vai gastar para mexer. Vender: quem vai querer comprar uma coisa dessas? Temos de tomar cuidado, porque como eu comentei no início, não queremos ver esse estado dos animais. Também acontece muito o que chamamos de boi sanfona: no período das águas, tudo é lindo e o boi engorda; chega no período da seca, o boi emagrece, ou a vaca. Isso nós não queremos ver também.
Queremos ver isso, o boi pastando em ambiente bom, com capim bom, mas para isso temos de saber que o comportamento durante o ano, nós temos a exigência do animal e a disponibilidade de forragem. Sabemos que por um período existe uma maior parte, onde tem o excesso de pastagem, e 164
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temos um período crítico. O que fazer nesse período crítico? Quais os tipos de capim e o tipo de manejo que podemos usar para esse período crítico diminuir? Podem ser usadas diversas espécies de forrageiras no mesmo local e fazer diferentes práticas de manejo. Uma coisa que estamos sempre olhando e cuidando, embora a parte hídrica/ irrigação possa ser mudada, mas é o que vem acontecendo durante muito tempo com o mesmo comportamento de falta de água durante os períodos de inverno. Então, não é novidade: "Ah, eu não sabia". Esse é um estudo da Unoeste de 24 anos, olha o comportamento. Não é novidade para ninguém. Então, sabendo disso nesse trabalho de Aguiar, ele fez nos últimos 10 anos o índice pluviométrico e mediu a produção de massa e com o manejo só do pasto adubado e manejado, ele conseguiu aumentar quando teve sobra de alimento e diminuir essa falta de alimento. Está chegando o inverno, quais são as medidas que farei para diminuir essa falta de alimento? A temperatura é a mesma coisa: sabemos o comportamento dela. Aqui a temperatura média e a temperatura máxima. Sabendo disso, do comportamento do tempo, temos que parar e ver, mudar esse conceito na cabeça. O que é pasto, o que é capim, temos de mudar para uma cultura. Tem produtores em que vamos que dá vontade de brigar: "Porque esse mato aqui não cresce". O capim ele já 165
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julgou que é mato, quer dizer, nem ele acredita no potencial da forrageira que ele tem ali naquele instante. E desse jeito ele não vai conseguir um pasto bom. "É porque não conhece", não é, porque está todo mundo, o dia todo falando. No ano retrasado foram quase 37 palestras que eu fui dando só de planejamento forrageiro. O ano passado, quando você passa novamente nos lugares está tudo a mesma coisa. Eu falo que talvez, uma hora a Andréia falando e você escolhe pelo menos uma prática, você já vê diferença. Nós vamos, nós tentamos ajudar, mas é para o bolso do produtor. E a gente fica feliz quando o produtor chega e fala "Só aquele negocinho que eu fiz, já aumentou um tanto", então, já ficamos felizes também.
Para mudar, colocar esse conceito que o capim também é uma cultura, como a cultura da soja, a cultura do milho, temos de aprender como se comporta o capim, que eu tenho ou o capim que eu vou colocar. Porque gente, é muito modismo, hoje é MG5, depois é o Aruana, aí é o Tifton, aí a cabeça da gente fica louca. Só que tudo custa dinheiro para uma implantação, tudo custa dinheiro para uma reforma. Se eu tenho a Braquiária, a Braquiária para mim é a melhor. É como a gente sempre fala: qual o melhor carro? É o que eu tenho, se hoje eu só posso ter esse. Claro que eu queria ter uma BMW, mas o que eu 166
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tenho já o que me leva e traz. Então, se é a Braquiária que eu tenho, eu vou aprender o comportamento, vou fazer análise de solo, vou ver o que está precisando, porque ela precisa ser nutrida para crescer, como o professor Régis acabou de falar. Dentro disso, eu tenho que entender como ela cresce, como ela perfilha. Por que? O boi tem um comportamento, ele vem e passa a língua, e quando ele passa a língua, ele tá colhendo. Então eu preciso, se eu for reformar meu pasto, para escolher um capim, vou pegar coisas mais folhudas, para a hora que ele abocanhar vir mais. Quanto menos bocadas ele der, melhor é, porque ele está colhendo mais, não está gastando energia só para coletar, então ele pode ficar mais tempo em ruminação para ter o crescimento. Quando vamos manejar pasto: conhecer qual a altura de entrada do capim, qual a altura de saída do capim. Porque dependendo da altura, se não for a altura para fazer um pastejo ótimo, eu não posso retirar muito, senão eu não vou deixar folhas para ocorrer fotossíntese para esse capim crescer novamente para estar com 28 a 30 dias pronto para o animal entrar novamente. O Tifton é até 21 dias. Eu também não posso fazer um subpastejo e deixar muito material, porque também se eu deixar muita folha essa folha até ela entrar em senescência e morrer, ela também vai atrapalhar, vai ser prejudicial para a fotossíntese da planta. Então quando chegam e falam assim: o Tifton vocês entram com os animais em 30 cm e baixa para 10 cm, baixa para 15 cm, não é coisa da minha cabeça, são estudos que tem, aparelhos que medem a interceptação luminosa, e que tudo isso vamos correlacionando para ver qual a altura. Por isso que cada capim tem a sua altura de entrada e cada capim mais manejado com adubação e com irrigação vai alterando essa altura de entrada também. Plateia: No caso do Tifton, você vai cortar ele no meio para fazer o feno? Resposta: Normalmente cortamos de 5cm a 7cm. Plateia: Mas aí não sobra nada. Resposta: Mas esse é o problema, o "não sobrar nada". Você precisa fazer uma adubação muito mais pesada, porque quando você corta, você retira muita massa. Então, essa folha para fazer a fotossíntese e para comer e crescer você tira quase tudo. Normalmente, indicamos deixar pelo menos 5 cm para o feno. Normalmente a gente vai e rapa, é errado. Aí começam a aparecer umas 167
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touceirinhas e depois ele não cresce mais. Aí a reposição de nutrientes tem de ser muito mais pesada. Até mesmo se eu tiver o Tifton sendo pastejado ou o Tifton cortado para feno, a adubação que eu tenho que fazer no feno é maior que utilizada pelo animal. Por causa dessa retirada de toda a massa que não deixa nada, ele precisa repor esse nutriente, nós precisamos repor por ele. Quando eu falo que temos de conhecer o comportamento do capim o motivo é o seguinte: aqui temos uma Braquiária e o Panicum. Percebemos que eles estão crescendo bonitos, mas quando eu for escolher um capim, o que tenho de pensar? Quando o animal vier para comer, qual a parte que vai colher mais? Esse que é o Panicum, porque ele tem mais folhas. Então, na hora que ele vem para abocanhar ele pega muito mais Panicum do que Braquiária. Não estou falando que a Braquiária é errada, se eu tenho eu vou tentar manejar para conseguir um ganho de peso bom. Só que se eu for pensar em reformar, aumentar algum lugar, vou tentar pegar gramíneas mais folhudas.
Aqui são alturas de entrada e de saída que a gente preconiza na região, e essas aqui são as gramíneas que mais se tem trabalhado em Prudente, Presidente Epitácio, Mirante, onde a gente anda mais. Ali para 168
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o Oeste são essas alturas que a gente preconiza para os produtores. E daí vem: qual o melhor pasto? A pergunta crucial para a Andreia quando eu saio por lá. Eu falo: depende. Porque eu não sei como está o solo, como é a cultura do produtor para manejar o pasto.
A única coisa que eu posso falar é o seguinte, que existe uma escadinha, quanto melhor você vai pegando os capins, mais você precisa manejar melhor, mais você precisa adubar, mais você precisar ter a entrada certa, a altura certo, para os animais entrarem e saírem, altura de entrada e altura de saída.
Aqui também eu sempre comento: existem esses capins, cada um possui um grupo e esses grupos são os que mais precisam de fertilidade no solo e os que menos precisam. Sempre eu comento também se o produtor falar "Ai, mas eu não tenho dinheiro para investir.", mas eu sempre falo: análise de solo e cala169
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gem, se você não fizer isso, não adianta nem me chamar. Porque se eu não tiver a análise do solo e esse solo com certeza, na região que eu trabalho, vai precisar no mínimo de calagem.
Nesse gráfico que o professor Régis já mostrou: com o pH baixo, olha o tanto de nitrogênio que ficará no solo para a planta. Quando eu tenho níveis mais altos de pH no solo, mais a planta consegue absorver os nutrientes. Se eu não tiver um pH certo no solo, não adianta. Tem produtor que só faz a calagem, ele nem repõe o nutriente, e já vemos o aumento de produção do capim que estava lá. Eu trabalho mais na área com gado de leite com tecnologia e percebemos muito isso. Tem bastante coisa, tem muitos custos, mas o básico do básico que tem de ser feito muitos não fazem. Se me der uma análise de solo e se comprometer a fazer pelo menos a calagem eu já fico feliz. E também alguns "Ah, mas eu tenho 15, 20 hectares", então eu falo "Quero 1", porque temos de fazer o mais bem feito ou nem faz, porque aquele meia boa... Mais ou menos nem faça, porque não vai achar o resultado que anime a gente. E quando você faz uma coisa e gera frustação, aí desanimamos. Faça bem feito, pelo menos faça 1 hectare, depois faz outro, faça o que dá para ser feito bem feito, senão os resultados não aparecem.
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Falamos que deve ser bem feito porque isso mexe no bolso, e a parte de pastagem é a mais barata de ser produzida. Um quilo de massa seca de silagem de milho, R$ 0,33, de sorgo, R$ 0,24, pastagem R$ 0,10. Fazendo todos os tratos culturais que necessita. Vai chegando o inverno e muitos falam "Posso fazer uma silagem, posso fazer um feno?", claro, mas você está gastando mais. Sempre indico fazer sobre semeadura, porque você joga e o próprio animal, pastejando, vai colocando a semente no solo. Então, para fazer uma silagem, ela precisa ser bem feita, desde a semeadura até a colheita. Qualquer erro já é fatal para uma silagem. O feno tem implementos caros, quem for fazer produção de feno, para a propriedade na falta de alimento fica muito caro também. Vamos tentar fazer coisas que diminuam esse valor para o custo total do investimento. Nossas pesquisas futuras vêm falando muito em integração com florestas, com soja, com tantas coisas, mas enquanto não conhecermos o comportamento dos nossos capins não chegaremos a lugar nenhum. Vamos tentar conhecer o que pode acontecer com o comportamento na minha região e na minha propriedade. Tem muitos dados também, que aconteceram lá em Colinas, mas é diferente o clima daqui, o comportamento da pluviosidade, da temperatura. Temos de bater muito, a gente tem a Unesp, tem a APTA, e tem até a Camda que faz experimentos, então temos de nos unir para saber qual o comportamento de todos os capins daqui da região para poder falar com mais ênfase. As condições de clima são variáveis até entre as estações do ano, as respostas das plantas também variam durante o ano, então as estratégias de manejo devem ser específicas para cada estação. Por exemplo, no verão eu aumento a minha altura de pastejo porque a planta vai ficar folhosa muito mais rapidamente, com 18 a 20 dias no meu experimento estava voltando novamente. No inverno já aumentou para 28 a 35 dias, então até o comportamento da gramínea vai mudando também. Isso é visual, você tem de estar ali, olhando o comportamento, medindo. Um produtor falou para mim "Mas vou ter que ficar levando régua toda vez?", não precisa ficar levando régua, faz a medida no corpo. Para alguns produtores, tudo é muito problema, mas o dinheirinho no bolso na hora de vender ele quer. Gente, temos também de ter um pouco de trabalho. Tem outro produtor que fez tudo muito lindo, colocou até no celular para da casa dele ligar a irriga171
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ção. Foi dormir e no outro dia, cadê? O outro trabalha com irrigação mais fertilidade: também deu problema. Então temos que olhar, cuidar. Quem tem os funcionários também, não que eles não tenham amor, mas sempre temos que estar ali olhando e observando. Nos estudos que temos de morfologia, fisiologia, ecologia das plantas, sempre trazem as recomendações de manejo, porque hoje em dia não existe mais o manejo rotacionado, de fila, hoje não existe mais um manejo que eu vá falar para você que cada caso é um caso. O que funciona para o Sr. José não funciona para o Sr. Antônio. Muita gente quer receita de bolo, porém isso não dá certo. Infelizmente, não dá certo. Se desse, seria até mais fácil para todo mundo.
Os desafios regionais que falo que temos que nos unir e tentar diminuir é fazer o aumento da produtividade das gramíneas, o manejo eficiente dessas pastagens, o que alguns também fazem as coisas mais lindas. Como um produtor de Tarabai, que veio - a gente tem um trabalho junto com a CATI que hoje virou CDRS - e que ele preparou o solo, plantou, ficou a coisa mais linda. Aí foi feito o cálculo do número de animais: coloca 48 animais. Mas ele viu aquele pasto, a coisa mais linda, verde, aí colocou 80. Depois de 4 dias ele liga: "Ai vem aqui olhar para ver o que aconteceu". Estava rapado, porque era para colocar 48, mas o bonito quis colocar 80. Então tem uns que fazem tudo bonito, na hora de fazer o gol joga para fora. Às vezes, o técnico ajuda demais e o produtor também tem que acreditar demais para ter esse casamento perfeito. Esse repasse de orientação de resultados aos produtores, muitos trabalhos engavetados e isso estamos querendo repassar, e pelo menos da área animal não deixar guardado. E essa capacitação de técnicos que a gente faz para a difusão de tecnologias geradas pelos institutos de pesquisa tem de ser aumentada também. Então são desafios que a nossa equipe em Presidente Prudente está tentando começar a solucionar.
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Como consideração final, é possível intensificar a produção animal em pasto de maneira sustentável, sem o uso excessivo de insumos, simplesmente respeitando os limites e as exigências de plantas e animais. Respeitando o nível de nutrientes no solo através de uma análise que tem de ser feita e que tanto o animal come, quantos animais tenho de colocar, para não fazer nem um superpastejo, nem um subpastejo. O atendimento das exigências das plantas e animais requer compreensão de como eles respondem ao pastejo: a planta que eu tenho, tenho de saber o comportamento, tenho que saber qual é a exigência dela e o tanto de necessidade que eu tenho que colocar de insumo para ela. E a estrutura do pasto versus calendário: no inverno, eu tenho que diminuir o número de animais e dar entrada mais baixa, e no verão, entrada mais alta, eu posso aumentar o número de animais.
A intensificação com uso de metas na condição de pasto como guia de manejo. Como o Gustavo falou, temos de ter meta para tudo. Qual a nossa meta do pasto? É principalmente a altura, porque sabendo a altura eu consigo relacio173
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nar o tanto que tenho de produção de massa. Fazer essa sintonia com a prática de manejo utilizada: eu dentro da minha propriedade eu posso cortar, posso pesar, posso ver o tanto que eu tenho de massa cortando um quadradinho de 1 m² na altura em que o animal vai entrar, então eu consigo saber o pasto, a quantidade que terá, e colocar os animais certos. Ter essa mudança de atitude e modelo de gestão. Como o Gustavo falou na palestra anterior: não fazermos mais como era antigamente, tudo vem mudando, até o comportamento das plantas muda, então também temos que ter essa mudança de atitude da gente, eu falo que até essa mudança de vocês para ficar aqui até esse horário, para aprender, para ver uma coisa nova e diferente para levar para casa. Esse é um ponto pessoal meu que sempre falo: se não tiver o esforço, você não chegará ao sucesso. Eu uso muito esse modelo da bailarina, imagino o tanto de esforço para estar com o pé desse jeito e chegar lá e brilhar. Assim tem que ser a gente também, às vezes nós desanimamos, é preço que cai, é veraneio, mas gente, temos que nos esforçar, porque tudo vem depois o que foi feito - o que ganhou de leite, de carne - então isso é o que move a gente. Eu agradeço mais uma vez, obrigado pela atenção e paciência de ficar aqui até esse horário. Fico no polo Alto Sorocabana e estou à disposição.
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COOPERATIVISMO E ASSOCIATIVISMO NA ALTA PAULISTA Palestrante: Diógenes Kassaoka Secretaria da Agricultura Bom dia a todos. Antes de falar, eu preciso agradecer a organização do Bunkyo, Tomio, Nelson, por essa oportunidade de falar aqui para vocês hoje.
Eu trouxe aqui um desenho do que a gente costuma dizer né: o encontro Bunkyo Rural são tendências do agronegócio, não é, Nelson? A tendência é uma evolução de alguma coisa em
um sentido determinado. Uma tendência muitas vezes é um conjunto de situações que tem uma grande situação orientadora. Antes de falar especificamente de cooperativas, gostaria de fazer algumas analogias com vocês. 175
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Eu gosto desse slide que, se você pensar em números grandes, PIB (Produto Interno Bruto) é muito complicado de ser falar, os números não ficam sempre claros na cabeça, mas se você pensar em toda a riqueza do Brasil, 1/3 de toda essa riqueza é a agricultura. Se você pensar em toda a riqueza do país, 1/3 do Brasil inteiro é feito neste Estado aqui, no Estado de São Paulo. E toda a riqueza que é produzida em São Paulo, 1/3, 0,33, vem da agricultura. Porque PIB é complexo, como o secretário Gustavo disse ontem, você imagina o PIB do suíno, quanto do suíno é milho, quanto é industrialização, então isso é
sempre uma questão teórica difícil de ser determinada, mas a gente acredita que 1/3 de tudo que é gerado de riqueza em São Paulo vem da agricultura. 176
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Depois, eu vou mostrar ali para vocês online alguns painéis para podermos pensar um pouco em números. Esse Estado de São Paulo, essa agricultura, fizemos aqui como se fosse um ranking de medalhas. Então, das diversas produções que o IBGE levanta, São Paulo está posicionado em qual? Primeira posição em: abacate, amendoim, cana de açúcar, laranja, limão. 10 segundas posições e 3 terceiras posições. Se fosse uma Olimpíada do agro e esse fosse um quadro de medalhas, a gente era EUA ou China, o segundo colocado vem muito atrás. É interessante porque muitas vezes também interessa o quanto você é primeiro nas primeiras coisas. São Paulo é o primeiro no abacate, mas é o primeiro com quanto? Em abacate especificamente ele é primeiro com o dobro do segundo colocado. Não é que ele é primeiro, é muito primeiro. Vou passar tudo no fim da palestra, mas está tudo no site da Codeagro, você consegue observar produto a produto. Neste caso, eu isolei abacate e olha lá no gráfico, o quanto da produção do abacate no Brasil é São Paulo, seguido de Minas e o resto dos estados.
Essas posições são importantes porque estamos em um Estado rico, bastante industrializado, mas esquecemos que também é um potência na agricultura. Isso se repete em vários produtos, caqui, outras olerícolas. Sempre que tenho a oportunidade, eu friso isso, falo assim "Lembra que esse é o Estado primeiro, o maior produtor do Brasil de cana de açúcar, tomate, limão, tangerina, goiaba, caqui, abacate, amendoim, ovo, laranja, borracha, urucum, flor, e outras coisas que às vezes o IBGE nem levanta". Isso é só para fazer uma abertura porque a gente fala do novo rural ou das tendências do agro, mas a gente tem que se remeter a pesquisa, a literatura, para pensar "Tá bom, para onde vai esse produtor, quem é esse cara?". Eu gosto dessa publicação, não vou ler para vocês, mas é o pessoal do novo rural brasileiro colocando aqui algumas novas e macro tendências. E numa macro 177
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tendência se coloca muito que o produtor do futuro, esse produtor de 30 vai ser cada vez mais integrado, participando de redes produtivas, e cada vez mais especializado em nichos de mercado.
E é um desafio que eu sempre faço, você acha que nossa agricultura vai para isso ou para isso? Não sei, eu não sou muito uma pessoa de ponderar certo ou errado, acredito que temos de observar, aí minha visão de palestrante é fazer uma série de provocações, principalmente para os jovens. Porque para muitas pessoas, a sociedade vê o agro como uma situação atrasada, como se na agricultura a gente tivesse pouca técnica e não é isso que vejo. Muita gente pensa sustentabilidade como se fosse a sustentabilidade andando para trás. E de fato a sustentabilidade vai vir da tecnologia, de como serão as novas tecnologias; de como vamos usar Big Data para decidir melhor; como vamos usar outros ativos biológicos para ajudar na produção; como essas integrações de nuvem, de base de dados segmentadas, de tecnologias de Block Chain vão ajudar os produtos a chegar nas cidades? Então, isso tem sido muito desafiado da gente. Na quinta-feira, eu estava com o pessoal de Pompeia na JACTO, vendo toda estrutura deles e pensando isso.
Numa fala muito rápida, essas são as grandes tendências. Nosso agricultor do futuro será mais integrado, participará de mais redes comerciais, 178
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com mais tecnologias, mais produtivo e mais sustentável. Mas, como tudo na vida, na teoria às vezes a prática é outra.
Um dos principais problemas que vemos hoje, com toda essa tecnologia que temos disponível, com toda informação, notamos que as pessoas têm cada vez mais dificuldade em encontrar isso aqui: definir qual é o problema. Como as pessoas têm dificuldade em definir qual é o problema, elas também têm dificuldade em alocar os seus recursos de forma eficiente. Eu brinco muito, é igual a um aluno que tem prova sábado de manhã e na sexta a noite está no Instagram, ele está alocando o recurso dele no lugar errado, não tem muito jeito de dar certo. Isso acontece para tudo. Nós temos hoje o que chamamos de uma nuvem, uma órbita de informações enorme. Essa órbita de informações é outro problema. Temos que saber escolher quais as melhores fontes de informação. Quantas vezes a gente se depara com a pessoa falar "Eu vi essa notícia no Facebook", mas não sabe a fonte. Ela repercute, reproduz e aí não sabe a fonte. Talvez não tenha a melhor inspiração, não está bebendo da fonte correta. E nós temos no momento ímpar.
A gente costuma colocar que para o primeiro invento que modificou a história da humanidade de forma maciça foi a invenção da prensa de Gutenberg, porque através dela toda a pessoa que fosse alfabetizada e tivesse acesso a livros começava a abrir o horizonte do conhecimento. Já pensou como isso é disruptivo para a época? Lá em 1400, quando você passou a ter 179
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livros impressos. Aí o valor que a sociedade dava para as bibliotecas e ainda tem de dar hoje, porque lá estava armazenado o conhecimento. Então, se você pensar numa boa biblioteca ou grandes bibliotecas, é um incipiente do que é hoje a internet. O que a bibliotecária fazia era a indexação de conteúdos, para que você encontrasse um livro que precisava ler. O que o Google faz hoje? Indexação. O que o Facebook faz? Indexação. Ele indexa conteúdos, você pesquisa uma vez e ele começa a te oferecer esse conteúdo. Só que não paramos muito para pensar nessas questões. A partir da prensa de, a gente diz que a prensa do Gutenberg mudou a história, porque ele imprimiu o livro mais copiado da história, que é a Bíblia. Então, até o poder, o acesso à informação, à religião, também foi amplificado. Mais para frente originou também uma revolução protestante, a revolução Luterana, porque você tinha o conteúdo, o acesso à informação. Essas questões vão se traduzindo para hoje. Olha o período que estamos hoje. Duas disrupções importantes, que estão acontecendo com a gente neste exato momento, e a gente não percebe. A primeira: há 2.000 anos para cá, nós éramos o único ser que usava inteligência para solucionar os problemas, nós éramos o único organismo inteligente desse planeta. Quem é mais ligado em tecnologia, já vê a evolução da inteligência artificial. Nós não somos mais o único ser pensante desse planeta. Já pararam para pensar nisso? E é recente, até os anos 90, os seres humanos não tinham concorrência. E aí, eu não quero entrar na parte de robótica, nessa parte de inteligência artificial ou não, mas de fato nós sistematicamente convivemos hoje em dia com robôs e nós nem notamos que são robôs. Vamos fazer um agendamento no Poupatempo e agenda onde? É um robô: você entra, fala, ele responde, agenda seu horário, tudo certinho. E é um robô. Isso é uma evolução importante que está acontecendo. Eu gosto de usar o exemplo do Uber porque é um exemplo muito prático. Eu que sou paulistano, como o Uber mudou a característica de transporte em São Paulo. Qualquer cidadão hoje que se disponha a transportar pessoas e tenha um celular consegue fazer isso. Agora, teve uma proibição, mas em algum período as pessoas podiam alugar carro para fazer Uber. De forma instantânea, com um único equipamento você acessou um mercado. Você está aqui no ponto de comércio, eu gosto muito da questão comercial, marketing. Imagina o seguinte: cadê a barreira de entrada nesse negócio? Nós que somos antigões, barreira de entrada, antes para você transportar pessoas individual180
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mente tinha de ter uma matrícula da prefeitura para dirigir um táxi, tinha que ter um táxi, tinha que ter um ponto. Aí você tinha uma barreira de entrada. Cadê a barreira de entrada? Não tem. E esse novo mundo está na nossa mão. Vamos evoluir? A maior loja de varejo do mundo construiu a primeira loja física dela faz 1 ano, 1 ano e meio? Mas já é a maior loja do mundo sem ter lojas físicas. O que temos visto hoje em alguns sites de compras, igual as Americanas, esses sites maiores: o site está vendendo o produto de outras lojas. Está funcionando como plataforma de outros fornecedores. Então, você vê lá no site das Americanas "Vendido por e entregue por". Cadê a barreira de entrada? Se na década de 70 o Carlos quisesse fazer uma venda, como ia fazer? Telefone, marchante. Então, pensa como essas questões estão se transformando rápido. E na nossa arquitetura para entender essas transformações... Da mesma forma que para você ter acesso a grande invenção do Gutenberg, você teria que se educar, você se educando teria acesso às letras, e aí você teria o acesso ao conhecimento. Muito disso hoje em dia o pessoal fala "Ah, no celular é tudo muito fácil". Estava comentando com um colega, a necessidade que hoje as pessoas precisam ter de conhecimentos clássicos. Para conseguir interagir com esse mundo digital, você precisa ter dentro de você muitos bons conhecimentos para tomar boas decisões. Porque fala "Ah, está tudo no celular", e a quantidade de analfabetos funcionais tem crescido de forma preocupante. É uma tendência da vida dessas grandes tendências a questão de simplificar. Todo mundo quer simplificar. E não é isso que as empresas estão trabalhando com vocês? Vou falar com os jovens, porque tem uma propaganda dirigida para eles: "Abra sua conta no Banco do Brasil". Precisa fazer nada: baixa o aplicativo, tira uma selfie e abriu a conta. Como era antes? Vai ao banco, preenche o cartãozinho, assina o cartãozinho, espera aprovação. Então, tem uma tendência muito forte de as pessoas quererem simplificar sua vida. Quantos caracteres leem hoje uma pessoa? Os 200 caracteres que se falavam há 2, 3 anos atrás, hoje foi diminuindo. O que se consegue se compreender, de fato, com 200 caracteres? Isso tem tornado nossa sociedade um pouco incipiente, com pouca capacidade de discernir alguma coisa. Mas vamos caminhar. E aí tem todas as preocupações, eu faço questão de trazer esse slide aqui sobre o mundo do trabalho. Nas fábricas, isso também se revolucionou, o 181
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mundo do trabalho e da manufatura vem diminuindo. Grandes plantas industriais que tem 10 trabalhadores, 20 trabalhadores, com robôs, autônomos e outras situações. O que vai garantir que a gente tenha acesso nesse mundo, que a gente se posicione, vocês que são jovens? A sua capacidade de discernir sobre essas interfaces. Se você for só um usuário, você está na beira de ser trocado por uma inteligência artificial. Aí sim, isso o ser humano ainda não substituiu: a questão da inteligência emocional e de outros conteúdos. Então, quando a gente chega na questão da agricultura, algumas soluções são muito clássicas, porque você definindo, pensando, simplificando o problema da maior parte da produção agrícola, definindo os problemas e alocando os recursos de forma eficiente, fatalmente você chega nas mesmas respostas: precisará ter ganhos em economia de escala, buscar ganhos marginais e uma inovação disruptiva. Compreende esse termo "disruptivo"? Esse negócio é irritante de disrupção. Vou brincar com meus meninos aqui do colégio técnico: vocês entendem o termo tecnologia disruptiva? Isso é o que mais vai irritar a nossa inteligência emocional: disruptivo significa romper com uma linha de raciocínio. Vou voltar muito rápido só para termos o conteúdo completo. Isso é disruptivo. Porque se eu e o Maurício quiséssemos fazer uma inovação sem muita disrupção, "Ah vamos comprar uma frota, vamos colocar motorista, a gente faz um lobby com o prefeito, consegue um X de matrícula e faz uma grande empresa de táxi". A gente operou em ganho marginal. Quem pensou nisso aqui fez uma disrupção, ele contou com toda aquela série de raciocínio, utilizou uma tecnologia e aí ele deu uma solução. E para isso é preciso ter conhecimento técnico. Então, muitas vezes as pessoas querem porque querem desenhar uma solução. O que mais escuto é de vendedor dizer "A nossa empresa oferece uma solução". Eu falo assim: "Difícil, você entende muito menos de agricultura do que eu. Como você está me dando uma solução?". O quanto as pessoas têm que entender de um determinado problema para achar essa solução disruptiva? Resolver não na forma clássica, resolver diferente. Então, muito do que se fala às vezes de inovação, o cara fala um monte de coisa, mas isso não é inovação, é um ganho marginal, uma economia de escala, nada de inovação. Inovar é fazer diferente.
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Aí vem o conhecimento clássico. Se eu fosse falar o que afeta o seu bolso na hora de vender o gado, e serve também para horticultura, para qualquer outro exemplo. Uma coisa que afeta a sua rentabilidade é o poder de barganha dos seus fornecedores. Você tem que comprar insumo, tem que comprar medicamentos, quantas empresas fornecem isso? Cinco, quatro, três? Então o poder de barganha do fornecedor é alto. Para quantos clientes consegue vender o seu gado? Um, dois, às vezes três? O seu poder de barganha do seu cliente também é alto. Gado é interessante porque esse exemplo fica bom, sempre tem um novo entrante, aquele cara que é médico, dentista, enjoou da vida e resolveu virar "Rei do Gado". Aí vem, compra propriedade, compra genética, aluga uns agrônomos, faz tudo errado, fica 5 anos bagunçando, desiste e vai embora. Alguém já viu isso? Nova entrante. E ameaça de produtos substitutos. Carne tem produto substituto? Olha mais uma disrupção: até seis meses atrás ia falar que é bobagem, hoje o que você ouve falar de carne de laboratório, impressoras de carne. Não é bem um produto substituto, mas e o vegano? Essa mudança toda, tudo isso, essas são as forças que estão afetando de forma pesada. E aí muitas vezes o produtor preso nessa situação do poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos clientes, de fato, ele coloca o grande problema da vida dele no vizinho. E o seu vizinho produtor perto de você, do seu município, tem a mesma estrada ruim que você, os mesmos clientes, os mesmos fornecedores. E aí eu fico vendo - e eu falo disso há um tempão, só no Bunkyo já disse isso umas três vezes - os produtores pequenos, médios e grandes tudo se debatendo dentro do mesmo macro sistema, onde eles não têm força nenhuma para pressionar nenhum desses gargalos, zero, nula. Desde o maior pecuarista ao menor. Então aqui vem a questão da cooperação, do cooperativismo. O pessoal de 183
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Iacanga sabe muito bem disso, você consegue interagir melhor com os fornecedores, com toda essa situação.
Produto agrícola tem margem pequena, então ele só se estabelece com o ganho em economia de escala ou se ele encontrar um nicho de mercado. Aqui eu busquei uma simplificação. Sistemas agroindustriais são complexos, insumos, a cadeia produtiva, a indústria, atacadistas, varejistas, consumidor final. Muita gente fala: "Produtor ganha mal". Está longe de quem tem o recurso. Pensa assim, o produto vai para cá, o dinheiro vem para cá. Quanta gente tem daqui até aqui para morder a fatia? E hoje a gente tem também essas novas tecnologias junto com o produto, o fluxo de informação. Você tem que, para vender bem o produto, trabalhar a informação do produto, e aí a informação que se carrega junto com o produto muitas vezes é o que gera o valor dele. Os selos, as questões, mas isso é uma simplificação teórica, porque, de fato, as cadeias produtivas são assim ou mais enredadas do que isso. E daí a complexidade... Nós temos um mundo na mão, a gente tem uma máquina poderosíssima na mão. Sabe para que a gente usa essa máquina, para fazer isso aqui. Sabe o que é isso? É um flash mob: a gente combina e vai todo mundo numa estação de metrô dançar. Legal, mas no fim é uma grande bobagem, você pega um equipamento ultrapoderoso, uma conexão impossível de se fazer, com pessoas que não se conhecem, para buscar um alinhamento maravilhoso para fazer isso. Eu penso: que desperdício de energia. Eu já estaria lá no metrô vendendo desodorante. 184
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Por que é difícil trabalhar em conjunto, trabalhar em equipe? Essa foto clássica do cooperativismo, quem já estudou cooperativismo viu essa: os pioneiros de Rochdale, 28 tecelões. E aqui tem treze, então dos 28 faltaram 15 na primeira reunião. Isso é assim desde que o mundo é mundo. E eu aposto que os 15 que não vieram ainda falaram mal dos outros. Então, continua assim, porque é muito difícil se falar de união, solidariedade. Eu adoro o pessoal que dá aquele exemplo "Olha, quebra um lápis, e dois, se juntar, não quebra". Legal, mas lápis é tudo fácil de juntar, é hexagonal, coloca o elastiquinho e está tudo preso. Junta pessoas. Pessoas têm as suas necessidades, como na pirâmide de Maslow. Estamos falando de mundo moderno, nós somos fáceis de entender, a gente tinha essa pirâmide (direita): Aí, olha os jovens aqui na pirâmide de Maslow deles (abaixo):
Se não tiver wi-fi e bateria: acabou a vida. Não vai no Tinder, imagina se eu tirar o Tinder do menino. Olha 185
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como essas necessidades vão se alterando, esse mundo está ficando esquisito. Quer ver uma visão interessante? O que é essa porqueira aqui? É um painel solar. E o que ele está fazendo? Olha que coisa mágica: transformando energia do sol em energia elétrica. Olha que coisa moderna, inovadora, fantástica. E o que é isso Plantação de café. E o que ela está fazendo? Transformando energia solar, recurso mineral e água em dinheiro. Qual a diferença? Qual é a matériaprima dos dois? E por que você acha que isso é moderno, sustentável, inovador e isso aqui é atrasado? A gente converte luz do sol em dinheiro. Ontem eu dei risada, estava ali na palestra, o pessoal perguntando qual o melhor pasto. Tanto faz: pasto é painel, põe qualquer pasto que faça a luz do Sol, fazer a grama ficar grande e o seu boi engordar, o problema não está ali. A gente cansa de ver debatendo o melhor pasto, o melhor gado. O melhor gado é o que tiver melhor conversão alimentar, o que te der mais lucro por real 186
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investido e vida que segue. Leite é água convertida em dinheiro, é luz do sol convertida em dinheiro, é isso que o produtor rural faz, simples assim.
Meninos e meninas, essa é a equação química mais poderosa do planeta Terra, fotossíntese. E nós esquecemos isso. Nós temos o mundo na mão, conectado, com interface, com base de dados, e às vezes a gente desperdiça esse recurso. Bom, de fato, eu não falei de cooperativa e associação, mas eu vou falar rapidamente. Associação para ajudar na relação social das pessoas, das reivindicações, para fazer um clube, uma sociedade cultural. Cooperativa, a situação econômica, sempre assim. Deixo aí para vocês a situação mais técnica da diferença entre cooperativas e associações, porque isso é uma leitura muito básica, mas queria provocar vocês com outro tema: os nossos presidentes de cooperativa aqui, a Gislaine, o Sr. Valdir. Cooperativa é complicada de gerir mesmo, porque ela é uma empresa feita para dar errado. Por que... Quem manda na cooperativa? O cooperado na Assembleia Geral. Quem trabalha na cooperativa? O cooperado que planta o produto. Existe um conflito de interesses entre um papel e outro, e a diretoria da cooperativa tem um trabalho muito hercúleo de fazer com que isso funcione, como homogeneizar essas necessidades e você tocar uma empresa para frente. Porque às vezes, o cooperado, por estar aqui, quer receber mais, aqui ele quer pagar menos, e esse é o desafio de falar para as pessoas, o desafio dos presidentes e da diretoria. Como é que a coisa flui? E outra situação complicada é que cooperativa é feita de confiança, e confiança leva tempo para ser feita. 187
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Muitas pessoas dizem que a confiança é construída a cada decisão do ser humano.
Isso é um gráfico de negócios. Mas quantas vezes você decide no seu dia "Para cá ou para lá?". O ser humano confiável é um conjunto de boas decisões. Uma diretoria confiável é um conjunto de boas decisões. E aqui vem uma pergunta de comércio: você tem quantidade de informação suficiente para tomar decisão? Porque muitas vezes nós pegamos líderes ruins... E esse é um gráfico fácil: um leva para a incerteza e outro para o objetivo. Um líder que tem objetivo obscuro e não sabe o que está fazendo está aqui, no pior ponto do gráfico. O melhor líder tem objetivos claros e uma rotina dedicada, estratégia na mente. E aí você vai dividir os líderes em todos esses pontos. Muito cuidado com esses dois tipos de líderes: um é populista, ele toca interesses conflitantes, favorece um, favorece outro, é gentil com todo mundo, mas não faz o que precisa. O outro, anárquico, não faz nada, deixa correr 188
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como vai, faz as coisas tudo para o melhor dele. E a gente para ter boas cooperativas precisa de líderes aqui: com objetivos estratégicos e guiados por regras e programas determinantes. E aí sim, você consegue conduzir objetivos coletivos. Para construir com objetivos coletivos você tem que ouvir. Nesse mundo de hoje essa é a maior prática de comunicação que a gente tem: você fala, mas não ouve. E aí, comunicação é uma questão muito complexa para ser trabalhada, comunicação requer empatia, isso o computador não faz. Sinergia: você precisa ouvir, compreender a pessoa, encontrar a melhor decisão. E sair disso aqui: na Antiguidade tomavam decisão por oráculo. Não dá para decidirmos por oráculo, nós temos modelos de tomada de decisão e eu não vou discorrer sobre eles, e diversas formas de fazer isso. Até você conseguir pontuar e decidir de forma clara. Aqui vou fazer uma parte de sistemas de informação que existem hoje disponíveis. Ontem, eu estava lá no computador e decidi "Vou falar de Adamantina", entrei aqui no site, quantas bases de informação existem sobre Adamantina, IDH, população, população rural, renda, renda média. Olha aqui, nós conversávamos ontem disso. A impressão que a gente tem é que Adamantina, apesar não ser o polo, é mais rica que Dracena. E é verdade, olha o número. Nós ficamos ontem o dia inteiro debatendo, conversando, mas não tínhamos olhado. Então hoje peguei aqui só para ter um exemplo: essa é a quantidade de dados disponíveis na internet sobre um município, está tudo no Datapedia, organizado, bonitinho. Se eu fosse montar um negócio aqui, entrei e vi quais são os blocos que tem a maior renda do município, deu ali a Avenida da Faculdade. A distribuição da atividade econômica por emprego, por cadeia, está na internet. E você lá no Tinder. Distribuição espacial das atividades, esse, para falar a verdade eu não sei lá, isso é com economista, mas está lá. Eu acrescentei só esse ponto, porque há muitos estudantes. E qual o compromisso para a geração futura? Qualidade total de pessoas. Ela é feita de ética, esforço e padrão. Padrão mais ou menos, mas padrão é padrão de comportamento, é isso que a gente quer dizer, não padrão naquela forma quadradinha. Por que fazer, o que não fazer, isso define as pessoas. Muito mais do que você faz é o que você não faz o que define o seu caráter. Não vou 189
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falar de compliance, nem de relações. Tenho muitos problemas em falar de meritocracia, porque nesse mundo a gente fica fazendo um monte de exames para todo mundo concorrer de forma igual. Então vamos ver quem consegue subir na árvore mais rápido.
Mas olha os concorrentes... É bem igual esse sistema que eu desenhei. E aí um recado final: ética requer esforço, todo o dia, dia após dia. E não importa qual a temática que você fez, o sucesso na vida que você coloca aqui e que as pessoas vão ver você na plateia, colocando, falando, aparecendo, na verdade, vem do seu esforço diário que ninguém vê, mas você lá a noite no espelho sabe o que você fez para chegar onde está.
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FRUTICULTURA TROPICAL
Palestrante: Nobuyoshi Narita APTA Regional Alta Sorocabana Bom dia. Agradeço ao convite dos organizadores do 10º Bunkyo Rural. Já faz tempo que eu participo desses eventos, ajudei a organizar o de 2012, se não me engano, em Presidente Prudente. Já estamos planejando fazer o próximo evento no ano que vem em Prudente também. Eu sou pesquisador da Secretaria de Agricultura e me deram um tema muito amplo. Fruticultura tropical é um tema muito amplo para a gente desenvolver, então eu vou falar de algumas culturas que são trabalhadas na nossa região. Eu acho que já fazem 14 anos que eu trabalho na área de fruticultura. Eu sou originalmente da área de hortaliças, mas como não tem ninguém para trabalhar com fruta eu comecei a trabalhar nessa área na nossa região. Eu fico sediado em Prudente, lá já foi uma região importante em termos de produção de fruta. Hoje trabalhamos com melão. Todo melão que consumimos hoje vem do Nordeste, a região de Prudente já foi a maior produtora de melão do país. Nós já tivemos muito maracujá nessa região aqui também, mas hoje já migrou para outra região. Hoje a maior região produtora de maracujá é a Bahia; a Bahia produz metade do maracujá do Brasil. Dando outro exemplo, essa região aqui na Paulista já foi uma grande região produtora de maracujá. Outro exemplo, abacaxi: nós tivemos muito abacaxi na região de Bauru até a 191
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divisa com Mato Grosso. Hoje nós temos uma pequena área de produção de abacaxi na região de Guaraçaí só. Então muitas frutas estão migrando para outras regiões e, para nós, há produtores que estão na região que para sobreviver na atividade, se a gente não investir em qualidade, não vamos sobreviver. Hoje nós temos um mercado aberto, tudo. A área de fruticultura e a parte de hortaliça, se a gente olhar em relação às commodities, elas estão todas abertas, as grandes empresas produtoras de máquinas vão entrar da mesma maneira que entrou na área de commodities, vai entrar na área de olericultura e fruticultura. Porque não adianta ficar falando que a mão de obra está cara, não é que está cara, é que não temos mais mão de obra, isso é a realidade. Outra coisa que implica para os produtores é que, para sobreviver na atividade, vai ter que trabalhar. Essa é a realidade para nós que acompanha as atividades do campo e eu dou como exemplo: quando eu comecei a trabalhar em Prudente, tinha uma associação de produtores (produtores de Cotia) e não foi muito diferente do que o Dr. Roberto Rodrigues falou ontem quando ele foi dar uma palestra na França; quando eu fui numa reunião, lá tinha uma reunião de 40 pessoas e mais novo era mais velho que eu na época. A gente não vê muitos jovens trabalhando na agricultura, e o que a gente vem conversando é que o produtor, as pessoas que continuam na atividade, tem que ganhar dinheiro, independente da atividade que desenvolva, tem que ganhar dinheiro. Senão, como vai sobreviver? Nenhum jovem vai ficar lá. Com certeza você vai trabalhar na cidade, você trabalha no ar condicionado e ganha muito mais fácil do que agricultura. Para sobreviver na agricultura o que precisa? Precisa visualizar direito qual a atividade que vai desenvolver. Tem que estudar, hoje temos na palma da mão muitas informações. A gente tem que se ater aos problemas que vamos ter que enfrentar quando a gente entra em alguma atividade. Quando eu fui trabalhar com esses produtores eles trabalhavam com manga. Eu até vou começar falando sobre manga. Eu falei para eles "Se vocês ficarem na atividade vocês não vão sobreviver". É duro você chegar para um grupo de produtores que vive plantando manga. Por que não vão sobreviver? É simples, o Brasil produz mais do que o consumo interno. Quando não consegue exportar onde fica? Tudo no mercado brasileiro. Outra coisa, a nossa produção fica restrita em uma determinada época do ano. No Nordeste produz manga quan192
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do quer, para quando quer, e a quantidade que querem. Você consegue fazer a planta parar de vegetar, você induz o florescimento dela e produz quando quer. Nós não temos essa situação aqui, pode ver os pés de manga nossos, estão com carga agora. Pegou frio, induziu, floresceu e para o azar nosso vai colher justamente na época de chuva. Eu não acredito que a gente consiga produzir manga em novembro, dezembro, época de chuva, sem usar nenhum defensivo. Essa é a realidade nossa, então eu falava para eles: "Se vocês continuarem na atividade vocês não vão sobreviver". Porque tem aquelas pessoas que falam: "Meu pai que plantou esse pé de manga", eu falo "Você vai morrer agarrado nesse pé de manga, mas ganhar dinheiro não vai ganhar". Então, as coisas mudam. É fácil chegar para o produtor e falar "Isso é bom, isso não é bom", mas o que é bom? Essa é maior dificuldade que a gente tem quando vai desenvolver algum trabalho. Somos obrigados a sair atrás de outras alternativas. A nossa região é boa para produzir tudo: produz as frutas tropicais, as temperadas, a gente tem tecnologia para isso. Por outro lado, tem essa dificuldade, você fala "Aqui produz de tudo", mas não é produzir bem. Quando falamos para o produtor "Vamos deixar essa atividade", nós começamos a procurar outras atividades, eu vou falar um pouquinho sobre isso. O que eu vejo na nossa região, a gente trabalha ainda com manga, maracujá, goiaba, banana, pinha, pitaya, jaca, graviola, acerola. A gente fala em jaca e o pessoal da risada, mas faz mais de 10 anos que o Hélio Watanabe fala que uma das frutas que dá mais lucro no CEAGESP é jaca. E hoje, principalmente, está crescendo por causa dos derrames, mas jaca é uma fruta que tem várias outras utilidades também.
Começando por manga: a nossa região produzia muita manga, essas são algumas plantações que eu vi quando vim da região de Prudente. Elas já trabalhavam com um espaçamento um pouquinho me193
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nor. Esses produtores de Prudente ganharam dinheiro, toda vez que florescia manga eles derrubavam todas as flores, para colher fora de época, e com isso eles sobreviveram por muito tempo. Mas depois que a cultura foi para o Nordeste não conseguiram competir mais. Ainda no mercado, a gente consome muito Tommy Atkins e Palmer. Hoje, a manga do mercado é Palmer. A pessoa vai no supermercado, vê a Tommy Atkins, mas a Palmer é a que está caindo no gosto do consumidor hoje. Essas são variedades assim de mais de 40 anos atrás, não são variedades novas. Mas hoje o mercado está consumindo esses materiais. Essas mangas são as que não tem fibra. A Haden é outra manga que é muito apreciada no mercado, só que ela é mais cara. O que a gente fala muito é o coquinho: o coquinho é o porta-enxerto de maior parte das variedades de mangas, é utilizado como porta-enxerto. Outra coisa que a gente bate muito, o pessoal fala "Vamos montar uma fábrica com despolpadeira: a gente planta manga, o que a gente não conseguir vender para o mercado a gente tira a polpa para fazer suco". O suco de manga é feito com as variedades que tem fibra, essas variedades que não têm fibra não são utilizadas. O que usa para fazer suco: Coquinho, Ubá, Espada. E podem ver: a nossa região, as pessoas de idade lembram que em todos lugares tinha pé de Bourbon, manga Espada. Hoje, estava vindo na estrada e a gente vê esses pés de manga morrendo aí, todo mundo já tem visto isso. Esses são os enxertados em cima de coquinho, seca da mangueira. Praticamente quase desapareceu a manga Bourbon no mercado, algumas vezes a gente acha algumas plantas por aí. Então, uma coisa que a gente deixa separado: o que é indústria é uma matéria prima, o que é mercado é outra. E a gente pensar em montar indústria para trabalhar com resto, com certeza não vai dar nada. Eu vejo muitas vezes o pessoal querer montar associação, fazer isso, fazer aquilo, na teoria é fácil, mas na prática é duro levar isso para a frente. O grande problema hoje: utilizamos porta-enxerto resistente, então as tecnologias que existem hoje e a tendência é que essas mangas mais antigas eram plantas 10x10, 100m² por planta. Hoje falamos em trabalhar 5x2, 10m² por planta. Essa tendência na área de fruticultura é para todas as frutas, adensamento, para ganhar produtividade. Isso não é só para manga, é para laranja, maracujá. 194
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Uma variedade que eu tenho visto bastante em mercado é a Espada vermelha, uma variedade nova. E a gente vê praticamente o ano todo nos supermercados. Manga, na verdade, existem centenas de variedades. Dentro da nossa instituição, o Dr. Rossetto se aposentou, mas ele tem uma coleção com mais de 100 variedades de manga. Temos de alguns países, não é toda a coleção ainda. Então, temos muitas variedades, e a Embrapa vem desenvolvendo novos materiais. É interessante o material novo da Embrapa porque ele é resistente à antracnose. Antracnose é aquela pintinha que dá na manga. Esse material já é resistente. Estamos caminhando para isso.
Outra cultura que tinha muito na região: maracujá. Essa foto eu ainda mantenho, é da variedade Sul Brasil, é da época da Cooperativa Sul Brasil. Esse foi o primeiro material que o pessoal da Sul Brasil selecionou e a Cotia selecionou também, mas quem desenvolveu esse material foi o Sr. Murata, ele estava aqui ontem de Rancharia. Ele fez os primeiros cruzamentos, e esse material Sul Brasil é usado hoje para melhoramento. Os materiais da EMBRAPA, os materiais do IAC e outros saíram a partir desse material. Ontem tinha uns produtores do Sul Brasil ainda. Esses são os materiais da EMBRAPA, os híbridos que estão sendo desenvolvidos. E essas são as variedades do IAC pela Dra. Laura. O problema do maracujá tem sido vírus. Na região de Marília, tinham 1.500 hectares de maracujá há uns 20 anos atrás; quando eles resolveram fazer a agroindústria apareceu o vírus. Em questão de 2, 3 anos, foi para 200 hectares, é o que tem hoje. O maior problema do maracujá hoje é o vírus. 195
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Essa foto é da cidade de Adamantina, esse é o técnico Takahashi. Essa foto é de 2012. Esse é o sistema de produção de maracujá que tinha aqui, e tinha muito maracujá nessa região. Nesse sistema que coloca um saquinho, a mudinha está aqui e coloca em um saquinho. Esse saquinho em todas as plantações de maracujá se tornou obrigatório por causa de uma praga que apareceu: lebre. Não tinha lebre, hoje tem em quase todas as regiões do Estado. Talvez em Minas e na Bahia ainda não tenha lebre. Se deixar, ela come todas essas mudinhas, o que foi obrigando a utilizar esses saquinhos. Só que esse sistema de produção se tornou inviável naquele sistema que fazia as mudinhas pequenas, porque não conseguia conviver com a virose. Então a gente vem desenvolvendo um sistema onde a gente faz mudas protegidas, grandes, e a Secretaria da Agricultura está trabalhando para transformar isso num decreto, onde os produtores são obrigados a eliminar os maracujás que estão contaminados e fazer o plantio de novas mudas. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul em alguns municípios, tem um decreto falando que tem de ser essa forma o sistema de produção. Esse aqui simplesmente é que a gente vai ter de aprender a conviver. Da mesma maneira que a gente não vai acabar com a dengue de um dia para o outro, a virose do maracujá a gente não vai acabar também, então precisamos aprender a conviver. E para isso nós transformamos a cultura em anual, fazemos a muda 196
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dentro de estufa desse jeito, protegido, e plantamos ela em setembro, nessa época estou plantando maracujá, eu estou colocando no campo essas mudas grandes.
Estou colocando essa foto desse produtor, esse produtor mantém essa área, só que quando chega em julho do ano que vem nós cortamos tudo. E em julho, quando estamos cortando maracujá, as mudas que vão ser plantadas nessa área, já estão grandes dentro da estufa, plantamos tudo novamente. Esse produtor plantou durante 4 anos consecutivos na mesma área, fez um pousio e voltamos a plantar mais 3 anos. A cultura do maracujá está mudando de área. No Brasil a gente tem esse sistema de arrendar terra, sempre andar mudando de área; ainda não entramos naquele tempo de aprender a produzir dentro da mesma área, isso acontece com quem trabalha com estufa. Melancia o pessoal arrenda, planta, na outra safra planta outra, sempre está mudando, parece que está sempre pegando área nova. Mas, a partir do momento que vocês começam a trabalhar dentro da mesma área, começam a aparecer os problemas. Precisamos aprender a resolver e aprender a conviver com isso. Uma das tecnologias que algumas vezes a gente fala para o pessoal: "Vamos fazer enxertia". O pessoal fica assustado. Em 1950, no Japão toda melancia já era enxertada, e quando falamos em enxertia aqui o pessoal fica preocupado, como vou fazer isso. Aqui tem o Zé Carlos, ele é uma das pessoas que mais domina essa parte de porta-enxerto para maracujá. A partir do momento que a gente fica bebendo na mesma área e começa a aparecer doença, precisamos desenvolver porta enxerto. Para você ver, para melancia para resolver problema de doença no solo se utiliza o "yugao". O japonês conhece muito bem o que é "yugao", uma fruta, que é da mesma família da cabaça, utiliza-a como portaenxerto e resolve o problema de doença no solo. 197
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O maracujá nós temos várias espécies também. O sistema que nós desenvolvemos para o maracujá precisa ter quebra vento, eliminar o cultivo anterior, isso é para fazer um vazio sanitário. Isso é uma coisa que existe com a soja também: o pessoal plantava uma soja numa época que fazia safrinha. Foi proibida a safrinha por causa da doença. Então, para o maracujá também pensamos num sistema assim: você cultiva até julho, corta tudo e faz um novo plantio com plantas sadias. Então, a gente faz as mudas em condições protegidas, plantamos as mudas. Hoje plantamos as mudas com mais de 2 metros de altura, nós temos conhecimento para produzir isso. E adensamento. Antigamente maracujá era normal plantar 4, 5, 6, até 7 metros entre plantas. Hoje não, na nossa região a gente recomenda 2 metros. No Nordeste se planta até em 80 cm, 1 metro de uma planta da outra. É produzido um ano, elimina e faz o novo plantio. Hoje fazemos uma manutenção das plantas daninhas entre fileiras e o principal objetivo: reduzir a aplicação de defensivos. Nós conseguimos, dessa forma, reduzir mais de 70% dos defensivos. [PERGUNTA] Quanto a essa questão de permanência na área, vendo a sua foto da produção de maracujá, se a gente plantar o maracujá e, ao mesmo tempo, plantasse as leguminosas no meio, não poderia ser melhor? [RESPOSTA] Vocês podem cultivar o que vocês quiserem, não tem problema. Agora a gente fala: se quiser plantar feijão ou qualquer outra cultura que não tenha porte alto, sem problemas. Nós até recomendamos que se faça dessa forma. No final, eu vou mostrar para vocês como estamos fazendo hoje os sistemas de produção. A gente não está trabalhando mais com esses sistemas de cultura solteira, só maracujá, talvez a gente tente sistema agroflorestal, onde a gente possa cultivar várias frutas, mas pensando em termos de qualidade. A gente tem bater na tecla de qualidade, porque, daqui para frente, quem 198
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conseguir visualizar isso vai sobreviver na atividade. Eu dou o exemplo do melão: eu prefiro pagar R$ 6 no melão da redinha, que eles garantem que é doce, do que pagar R$ 2 no outro, que a gente pega um melão e come um pepino em casa. Eu acho que a gente tem que ter qualidade, e isso vai bater em todas as culturas. Hoje, a comercialização nossa, tudo quanto é frutaria, leva lá, as pessoas vão lá, amassam, jogam, escolhem o que é melhor, e levam. Mas não é assim: precisamos chegar num padrão. Acabar com aquele negócio de colocar morango grande em cima e pequeno em baixo. Nós temos muito que evoluir nessa área de frutas. A gente vai bater na tecla de qualidade e tentar trabalhar em reduzir o desperdício o máximo que puder. Eu penso que se a gente apitar quando necessário, já está bom. Mas precisamos trabalhar, estudar bastante. Esse sistema de produção de maracujá, nós estudamos a economia, a fisiologia da planta, quanto o pulgão voa, e precisamos estudar mais para desenvolver um pacote tecnológico. Não é simplesmente montar para uma determinada época. A mesma coisa a dengue: estudam a tecnologia, como ela se propaga; a AIDS é estudada para definir qual a melhor estratégia para brigar. A gente fala de pulgão, e não tem gente no Brasil que consiga identificar um pulgão. Às vezes tem que mandar para uma universidade de fora, então precisamos de gente que faça esses estudos básicos. Eu acho que todas as culturas têm que ser estudadas. Precisamos treinar o pessoal na faculdade, precisamos aprender para combater doenças, aprender bastante. [PERGUNTA] Tem produtos para maracujá? [RESPOSTA] Tem alguns, mas a maior parte das culturas que eu trabalho não tem nenhum produto registrado. Eu dou um exemplo, a pitaya: hoje, está na moda todo mundo falar que é produtor de pitaya orgânica, mas por outro lado, não tem nenhum produto registrado. Se ele estiver utilizando qualquer produto, ele está fora dos padrões. A goiaba... O grande problema da goiaba hoje: existem várias variedades no mercado, mas o padrão hoje é a tailandesa. Se fala no mercado de goiaba, é a tailandesa. Eu não sei a origem desse material, mas, no início, nós fomos buscar esse material na região de Campinas, e essa goiaba veio para salvar os produtores dessa região, por uma coisa: você faz poda, ele produz, em qualquer época do ano, só fazer poda. E dá para produzir quase o ano todo na nossa região. Os mais antigos têm bastante material com nomes japoneses, 199
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foram eles que selecionaram esses materiais. Mas hoje, o Hélio Watanabe deve falar sobre isso, o mercado é tailandês. E, goiaba para indústria é Paluma. Então, goiaba para indústria é uma, goiaba para mercado in natura é outra.
Hoje, todo sistema de produção de muda de goiaba é por estaca. É feito por estaca, quer dizer, clonagem. Todas essas culturas que nós falamos têm um pacote tecnológico bom, tem muito conhecimento atrás, e eu vejo que a maior parte das culturas, o que a gente acompanha dos produtores: as pessoas não usam 10% do conhecimento que já existe. Eu não sei porque esses produtores não usam esse conhecimento. A gente tem acesso, a gente tem celular, consegue todas as informações, mas ainda não utiliza, e eu não entendo isso, passa por essa parte de transferência de tecnologia entre os produtores. E goiaba é poda. Não existe produção de goiaba sem aprender a fazer poda. A gente tem que trabalhar nesses sistemas agroflorestais, mas você não pode deixar a goiaba lá e achar que vai produzir sempre. Isso não existe. Tem que incorporar a parte de poda. Goiaba é uma planta que a gente tem muito pouco estudo, porque não é de uma região temperada. Se vocês compararem com a maçã, que tem mais de 100 anos de estudo. As nossas culturas têm muito pouco ainda. E hoje, por que eu coloquei a goiaba? Nematoide. Ela está dizimando as plantações. Não só aqui no nosso Estado, mas as áreas novas que plantamos tam200
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bém aparecem nematoides. Pelo menos, de 10 mil hectares, 5 ou 6 mil já morreram. Então, por isso a goiaba acabou no mercado. A gente trabalha com poda. Na nossa região dá para produzir em várias épocas também, com exceção da época de geada. [PERGUNTA] Qual tipo de nematoide? [RESPOSTA] Antes chamava de Meloidogyne. O problema da goiaba hoje então: nematoide. Aqui na nossa região o que mais tem é banana-maçã. Eu estava conversando com o técnico do DIA, mesmo nessa região de Piacatu, tem mais de 400 hectares de banana. Mas banana-maçã. Aqui na nossa região do planalto, tem muita banana na beira do Rio Paranapanema, várias áreas de banana lá: banana nanica, prata, mas nessa região a maioria é maçã. O grande problema da banana-maçã é a doença de solo: Fusarium. Você planta, colhe uma penca, larga e vai para outra área, porque se vocês plantarem banana-maçã, com certeza, vai aparecer Fusarium. Eles andam mudando de área o tempo todo. O que eu vejo: a Prata é a mais plantada no Brasil, depois vem a Nanica, a Maçã. A outra banana que estamos começando a trabalhar é a Prata, do outro grupo. Já a Banana da Terra os paulistas falam que dá para comer cozida, eu trabalho numa região da Bahia onde eles falam que a Nanica é horrível, não dá para comer. O negócio deles é banana da terra, que come cozida. E ela está ganhando mercado, no supermercado sempre está R$ 7, R$ 8 o quilo. Acho que o cultivo dessa banana tende a crescer na nossa região. E o padrão hoje, da mesma maneira que é para o abacaxi, é assim: a gente tem que comprar mudas sem doenças. Essas mudas estão sem bandeja, porque elas passam para sacola e daí nós passamos o facão. E plantamos em sulco hoje. Uma coisa que eu sempre falo é: quando queremos trabalhar com a fruticultura nessa região, não existe produção de frutas sem irrigação. Ia fazer uns dois meses que não chovia, aí choveu essa semana. Acho que a última chuva boa, se não me engano, foi no início de julho quando vieram as geadas. 201
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Então quando a gente trabalha com frutas, temos que trabalhar com irrigação.
O que temos na região de Junqueirópolis é acerola. O que eu sempre vejo em relação a acerola é a mão de obra. Para você colher uma caixa, a metade do custo é mão de obra. Essas são algumas fotos de algumas plantações da região de Junqueirópolis.
A próximas culturas têm muita coisa escrita, então eu vou aprofundar mais em pitaya.
Essa é uma das culturas que nós estamos desenvolvendo na região de Prudente. Nós trabalhamos com pitaya há 15 202
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anos já. Eu lembro que o Hélio Watanabe, que logo vai estar aqui, falava que esse negócio não ia dar certo. Hoje, a gente vê um potencial enorme dentro dessa cultura, não só na parte de alimentação, mas na parte de cosméticos a procura está grande também. Para fazer shampoo, creme, Natura, Boticário, todos eles querem matéria-prima para trabalhar. Pitaya na verdade, é um cacto. Ela tem na nossa região e existe desde a América Central até a América do Sul, tem na nossa mata também. E uma coisa que eu vejo: o pessoal fala pitaya vermelha e pitaya branca, existem várias espécies de pitaya.
Esses aqui são materiais da Costa Rica. Essas são vermelhas internamente. Essa aqui já é outra que tem uma parte meio branca. Hoje, o mercado de mudas de pitaya, 20 cm varia de R$ 5 a R$ 500, um pedaço de muda. O pessoal antigamente pegava essa parte da pitaya e enxertava a flor de maio. E por que o pessoal não olhava o fruto? A maior parte desses materiais nativos tem um mecanismo que a gente chama de autoincompatibilidade: ela não cruza com ela. Então, vocês têm um pé, ele dá um monte de flor, mas não dá frutos. Tem que ter uma outra variedade do lado para fazer cruzamento. É por isso que ela não produzia. Quando a gente fala pitaya vermelha, branca, temos que entender que há várias espécies de pitaya. O pessoal está falando muito de uma agora que é a Golden, ela é amarela por fora. A gente não vê muito no mercado ainda, mas esses materiais se consegue com facilidade. Outra variedade muito procurada é a Palora, as mudas dela são caras ainda. No Brasil, tem a Baby do cerrado, essas pitayas já têm ciclos diferentes das outras. A pitaya, na verdade, pode 203
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ser grudada num poste que ela cresce. Não necessariamente precisa estar no solo, ela é uma epífita. Elas crescem de forma tão agressiva. Veja essa foto (abaixo).
Essa foto eu tirei lá em Socorro, perto de Campinas, ela subindo em um coqueiro. As mudas são feitas em saquinhos para enraizar. Justamente, nessa época: durante o inverno ela vegeta; durante o verão, ela só produz. Então agora é a época em que ela está vegetando. No sistema de plantio, temos utilizados muito os palanques. E esse aqui é quase como uma espaldeira. Aí 3 anos, ela já cresce bastante. Ela tem um crescimento rápido. Nos nossos primeiros plantios, nós fazíamos coberto, com tela sombrite. O pessoal falava que, como ela é de mata fechada, ela precisa desenvolver com cobertura em cima, então começamos a utilizar sombrite nos primeiros plantios. Só que nós fizemos vários trabalhos e chegamos a conclusão que não compensa esse custo de ficar fazendo sombreamento. Em alguma determinada época do ano, ela sofre um pouco com o sol, mas durante o verão ela tem que pegar sol; se vocês deixarem ela coberta, ela nem produz, só vegeta. Então ela precisa pegar sol para produzir também. [PERGUNTA] Planta durante quanto tempo? [RESPOSTA] Hoje, nós plantamos mudas bem grandes. Se em julho eu plantar uma muda desse tamanho, chega em janeiro, ela já tem fruto no ramo. Ela produz rápido. 204
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[PERGUNTA] Quantos centímetros você corta numa planta de muda? [RESPOSTA] É uma planta de muda, qualquer um palmo pode ser curtinho, que ela desenvolve. E outra coisa que pega muito bem, a enxertia. Na parte de espinho, se você encaixar em outro tronco, ela brota. Aquilo ali é uma gema. Então não há dificuldade para plantar a muda. E a enxertia também pega com facilidade. Pode pegar um brotinho deste tamanho para enxertar que pega. A única coisa é: quando vai fazer plantio, isso não se enterra, você só encosta e ela emite raiz. É uma cultura com uma raiz bem superficial, bem rasa, por isso nós mantemos vegetado, ou vocês podem utilizar adubo verde. Se pegar Sol, ela sente. Na nossa região, ela parece o maracujá: começa a produzir em novembro e vai até maio. Ela não é uma produção, são várias produções. Então a nível de produção vai de novembro a maio. De junho a outubro não tem produção na nossa região, porque o dia fica curto e a temperatura fica baixa. Então nessa época, a pitaya no mercado está vindo do Pará, da mesma maneira que o maracujá na Bahia se produz durante o inverno, na nossa entressafra, a pitaya também é assim. No Pará, tem produções grandes. No Ceará, tem produtores com 50 hectares de pitaya hoje, e eles estão mirando o mercado externo. [PERGUNTA] Já fez algum trabalho com iluminação artificial? [RESPOSTA] Com a pitaya, a gente sabe que se iluminá-la, produz até mais tarde. Mas eu penso assim: a planta precisa de um período de repouso, a nossa região consegue produzir de novembro em diante, até maio. Se você quiser iluminar nesse período, dá para estender a produção, mas não é muito vantajoso, porque nessa época, outras regiões já estão produzindo. Pitaya é caro em novembro, dezembro, março, abril, maio. Janeiro e fevereiro ela fica barato. Mas as coisas mudam muito. A combinação de fotoperíodo com temperatura. [PERGUNTA] Polinizador? [RESPOSTA] Como polinizador você pode utilizar qualquer material. Isso é uma coisa que a gente precisa estudar mais também, a gente sabe que quando faz uma polinização com espécies diferentes, o fruto fica maior.
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Ela tem um espinho, quando ela começa a empurrar o espinho, começa a sair uma gema. Desde que começa a empurrar o espinho até florescer, daí mais ou menos, 20 dias. Em 20 dias, ela consegue formar uma flor desse tamanho. E ela só floresce a noite. Então quem gosta de trabalhar a noite é bom né, porque dá para fazer o trabalho de polinização. E floresce mais ou menos a partir das 21h, 22h. Então a noite ela fica aberta, então os polinizadores normalmente são morcegos ou algumas mariposas. E essa flor é grande, cabe uma mão dentro dela. Quando chega de manhã, já está tudo fechado. Ela dá em picos, quando ela floresce, floresce por três dias. Em três dias, o florescimento já acabou. Esses são os picos de florescimento.
[PERGUNTA] Inaudível [RESPOSTA] O caminho para pitaya é esse. A gente ter várias variedades. Nós trouxemos vários materiais para Prudente e estamos selecionando. Existem materiais mais modernos que cruzam com as pitayas, ela tem um mecanismo que chamamos de auto compatível: a gente pode ter a plantação inteira com o 206
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mesmo material, mas ela cruza com ela. Esses materiais mais antigos são auto incompatíveis, que não cruzam, mas as mais modernas cruzam. Então se a gente colocar a mão lá dentro e der uma balançada, ela já cruza.
Essa daqui é a parte feminina e essa é a parte masculina. O pólen precisa cair aqui. [PERGUNTA] Inaudível [RESPOSTA] Nós já ficamos a noite toda olhando lá, mas só aparece, de vez em quando, um morcego perdido ou alguma mariposa. Então, a gente leva os estagiários que passam a noite toda lá olhando se aparece alguma coisa. Mas normalmente, o que temos visto é que é preciso fazer polinização. Fizemos alguns trabalhos de polinização, a gente aumenta em mais de 100% o pegamento, ao invés de deixar por conta do vento. O fato de fazer polinização aumenta muito o pegamento, daí a gente tem que fazer o raleio dos frutos até. Esses trabalhos pequenos já fizemos. Os frutos do primeiro dia são, em média, maiores que os frutos de segundo dia, que são maiores que os do terceiro dia. Então, no raleio, a gente elimina as do terceiro dia. A partir do momento em que ela floresceu, deu 30 dias, colhe. É muito rápido o crescimento. 207
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Nos anos de 2014 e 2015, esses são os meses em que floresceu, 7 picos de produção na nossa região, e umas 5, 6 vezes pequenas no meio. Não é uma florada, são várias. E cada ano ela muda um pouco a época do florescimento.
Hoje nós estamos tentando trabalhar com outros sistemas. Esse nós fazemos de forma coletiva. Nós começamos a trabalhar com a parte de frutas dentro dos sistemas agroflorestais. Foi o primeiro trabalho que desenvolvemos, onde alternávamos a parte de culturas anuais. E essa parte aqui estávamos trabalhando com Macaúba, que, o pessoal tem comentado, tem um potencial enorme para produção de óleo. Depois do dendê, a cultura que mais produz óleo por área é Macaúba, acho que vocês vão ouvir falar disso nos próximos anos. O pessoal está falando muito da produção de biodiesel. Nesse projeto, nós trabalhamos com frutas e culturas anuais. Essa experiência 208
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para nós foi boa. Nós trabalhamos com várias culturas dentro do sistema, mas esse espaçamento era muito pequeno e ela cobriu muito rápido.
Esse era com oito meses e agora já está assim:
Era uma área só com colonião... Para gente formar uma reserva foi muito bom, mas para produzir, não é muito interessante. Com essa experiência, nós partimos para outra onde a gente plantava essa parte de frutas em lotes dentro do sistema agroflorestal. Também nós abandonamos isso. E hoje nós trabalhamos com esse sistema onde plantamos em linha todas as culturas, porque facilita a irrigação. A gente precisava achar um meio termo entre o que o pessoal da agroecologia achava bonito e aquilo que o produtor enxerga como renda. O produtor, se não enxergar renda, não vai investir nesse tipo de atividade, então nós começamos a desenvolver esse sistema onde plantamos tudo em linha. Tem fileira de manga, eucaliptos, nativas. Numa época de seca tem mandiocas, nativas, banana. Então nós estamos estudando mais esse sistema de 209
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produção onde a gente reduz a aplicação de defensivos. Mas precisamos estudar muito ainda, porque precisamos de fruta de qualidade. Esse daqui é um trabalho que estamos desenvolvendo num assentamento em Presidente Epitácio. Lá tem um assentamento que estávamos olhando há mais de 10 anos e hoje estamos adotando. Tem fileira de goiaba. Eu acredito que mesmo nessa parte de produção de frutas deve evoluir bastante daqui para frente. E precisamos achar culturas que dão lucro. Nós vimos isso em maracujá, goiaba. Eu, por exemplo, não trabalho com mamão, essa região já teve mamão, mas ou você enfrenta o ácaro ou a varíola. Pode ver que para produzir mamão tem que ser região úmida, é difícil brigar com ácaro nessa região aqui, principalmente no período de seca, como esse aqui que estamos passando. Para gente trabalhar com 210
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sistema onde a gente não usa defensivo, acho que a gente não pode tentar brigar contra a natureza. Mesma coisa, o pessoal fala "Vamos plantar coco", daí eu "Coco é bonito na praia, custando R$ 5, mas aqui para o produtor não custa nem R$ 1" e a produtividade ainda é baixa. Então, temos que ver o que é viável e estamos estudando esses modelos de produção. Foi meio rápido, mas eu fico à disposição. Temos muitos trabalhos em andamento e muitos resultados. Eu falei mais de pitaya, porque pitaya não tem nada escrito em lugar nenhum. E nós estamos organizando um evento de pitaya agora com o apoio do Bunkyo nos dias 21 e 22 de novembro, nós faremos o primeiro evento mais profissional sobre o futuro da pitaya em Prudente. Nós vamos trazer palestrantes do Brasil todo e transformar isso num livro, porque se alguém quiser saber de pitaya hoje, vai procurar informação onde? Não tem escrito em lugar nenhum, por isso eu falei um pouquinho mais, mas as outras culturas têm muita coisa já escrita. [PERGUNTA] O senhor recomenda produzir a própria muda ou adquirir de viveirista? [RESPOSTA] Acho que independente da atividade, algumas coisas a gente tem um sistema profissional de produção de mudas, laranja, por exemplo, o Brasil tem o sistema de produção de mudas mais profissional do mundo, mas muitas culturas ainda estão no mercado dos picaretas... Procura muda na internet, tem gente vendendo a muda de pitaya em todos os lugares, se ela vai produzir ou não, se ela é auto compatível, ninguém quer saber, o negócio é vender a muda. Mas existem viveiros profissionais, igual goiaba, tem viveiros credenciados. Na Secretaria da Agricultura tem materiais bons, eu não sei se vai continuar essa parte de mudas na Secretaria, mas eles têm materiais bons. Agora quando a gente pensa numa fruta diferente não existe isso, pitaya é um exemplo. Mesmo a atemoia, pinha, onde a gente consegue material bom? Tem que procurar alguém conhecido que possa indiciar "Tal pessoa tem muda de qualidade". Agora a tendência é tudo ter viveiro profissional, maracujá também, acredito que tem que partir para viveiro profissional que faça muda de qualidade. Mas ainda não estamos chegando nesse padrão.
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Eu acho que importante é se informar o máximo que puder. Eu ouço várias pessoas que plantaram pitaya e que não produz, só dá flor. É material auto incompatível. [PERGUNTA] E quanto a graviola? [RESPOSTA] Graviola estamos estudando. Mas o padrão hoje é a graviola grande, a Morada. Eu tenho mudas lá, mas existe graviola gostosa. Pelo menos o que tenho visto é que se pega uma graviola, bate e deu baba, pode jogar fora porque não presta. Existem várias graviolas parecidas, mas a boa mesmo, você consegue consumir igual pinha, dá para consumir desse jeito. Só que eu acho que a gente está numa região intermediária e aqui a gente pode, em algum ano, pegar muito frio, e aí as graviolas esfriam tudo. Algumas plantas não aguentam muito, como o cupuaçu. A gente traz, pega frio, morre. Alguns anos pode ser. Se desenvolver bem, ela vai embora. Eu acredito que graviola é uma cultura que tem potencial no mercado e está crescendo também. [PERGUNTA] Inaudível [RESPOSTA] 21 e 22 de novembro, é só sobre pitaya, em Presidente Prudente, na universidade. Porque a região de Prudente é a maior produtora hoje de pitaya aqui na região, tem bastante produtor. E está aumentando a área. Pelo que eu converso, ela tem um potencial para os próximos 10 anos. Pitaya é igual açaí no mercado. Obrigado.
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PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS NA CEAGESP COM ÊNFASE EM FRUTAS EXÓTICAS Palestrante: Helio Watanabe Ceagesp Bom dia a todos. Queria agradecer a comissão pelo convite, especialmente ao colega Nelson. Vou falar um pouco de alternativas para os pequenos produtores plantando frutas exóticas. Para nós da CEAGESP, exótico é aquilo que é produzido em pequena quantidade, mas é uma boa alternativa. E falar um pouco do que é a CEAGESP e alguns produtos que a região de Dracena envia para nós na CEAGESP. Nós temos uma estatística, tudo que entra lá na CEAGESP tem estatística. Se vocês me pedirem no dia 13 de outubro de 2012 o que entrou de frutas, de hortaliças, na CEAGESP tenho condição de ir no sistema e puxar lá. Que produto mandou, a quantidade, para quem mandou, a gente tem lá. Principalmente, o pessoal de faculdade vem solicitando pesquisas. A CEAGESP é uma empresa do Governo Federal, hoje está no Ministério da Agricultura. Nós não sabemos o que vai acontecer porque entrou naquele processo de venda. Nós e o CEASA de Minas Gerais, nós estamos entre aquelas 17 empresas que vão ser vendidas. Hoje, acho que nós já estamos no BNDES. Não sabe se vai ser vendido num todo, o pessoal está estudando lá como vai fazer. Para quem não conhece, a CEAGESP está lá na Vila Leopoldina, é uma área de 700 mil m², ou seja, são 70 hectares lá dentro de São Paulo. O pessoal fala que está estimado mais ou menos, só o terreno, em 10 a 11 bilhões de reais só o 213
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terreno da Ceagesp. A CEAGESP nós temos na Capital e mais 11 filiais só no Estado de São Paulo. Nós temos uma área de armazenagem, ela era para grãos, mas hoje recebe mais açúcar a granel. Nós temos 2 CEASAs no Estado de São Paulo, que são municipais, que ficam em Santo André e Campinas, o restante pertence a nossa rede. Os números são grandes, mas os problemas também são grandes. Recebemos 12 mil toneladas por dia de produto, mais ou menos de 1500 municípios brasileiros durante o ano, atendemos clientes de 21 países e, num dia bem forte, numa sexta-feira, podem passar até 40 mil pessoas circulando lá na CEAGESP. Nós trabalhamos mais ou menos com uns 200 produtos, quando fala de repolho é repolho roxo, verde; quando fala de pimentão é amarelo, roxo, creme, verde, vermelho; cenoura é branca, roxa. Quando falamos nessas cultivares, trabalhamos com mais de mil cultivares durante o ano. Então, são vários produtos. Normalmente, as novidades passam por lá. Só para vocês terem uma ideia, frutas lá para nós representam 54%, legumes (erroneamente são classificados tudo que é encaixado) são 23%, diversos (batata, cebola, alho, pinhão) 9,5%, verduras (que são as folhagens, inclusive milho verde) 5%, pescado 3,7%, flores 3,6%. Eu convido vocês a visitarem a gente, estamos abertos, lá inclusive tem um programa que chama Dia da Cidade onde os produtores vão visitar o mercado. O melhor é quando o pessoal manda produto e vai ver o produto chegando lá para ver se é competitivo ou não no mercado. Nos chamam de atacadista: é verdade, a CEAGESP é um shopping center de frutas, hortaliças, flores e pescado. Então, nós temos na área de frutas, 560 atacadistas, legumes quase 300, verduras 217, pescado 130. Flores 1.100 atacadistas; enfim, nós temos 2380 permissionários. Eu peguei os 10 produtos mais comercializados do setor, é em peso, em volume. O primeiro é laranja, depois mamão, maçã, melancia, limão, manga, abacaxi, tangerina, melão e pera. Esses são os 10 produtos mais comercializados na área de frutas. Só para terem uma noção, pera é 95% importada, o Brasil produz muito pouca pera. Legumes é tomate em primeiro lugar, cenoura, batata doce, produz muito na região Oeste de São Paulo, chuchu, pepino, pimentão, abobrinha, mandioquinha, berinjela e abóbora. Na área de verduras, que são as folhagens mais o milho verde, é alface, milho verde, repolho, brócolis, couve, acelga, couve-flor, escarola, salsão e rúcula. Diversos é bata214
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ta, cebola, coco seco, alho, ovos, vende amendoim lá também, pinhão, milho pipoca, canjica e azeitona. Azeitona é 0 vírgula alguma coisa, mas só saiu 0 aí. Aí eu peguei a regional aqui, a EDR de Dracena, são compostas por esses municípios aqui para ver o que o pessoal manda para São Paulo da regional daqui que Adamantina está dentro.
Frutas são essas aqui: maracujá, limão, melancia, jaca, acerola, laranja, tamarindo, manga, amora, uva, graviola, abacaxi, jabuticaba, abacate, tangerina, mamão, pitaya e framboesa, e vai daí para frente, são 36 produtos na área que o pessoal daqui da EDR de Dracena tem mandado. O pessoal daqui também não imagina que manda esse leque de produtos. Aí tem a participação do produto na área de legumes: pimentão, abóbora, tomate, feijão, pimenta, pimenta dedo de moça, quiabo, vagem, feijão corado e vai daí para frente. Por município na área de diversos (alho e cebola, por exemplo): irapuru e ovos de codorna. Só para ter uma noção do que que manda. 215
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Vamos falar um pouco de frutas que é uma alternativa para os pequenos produtores, acho que os senhores vão ouvir de frutas que nunca ouviram e nunca viram.
São muitas frutas, aqui é do mercadão lá em São Paulo, eu tenho acompanhado a cada 15 dias, é um mercado que o produtor deve produzir um produto almejando alcançar esse mercado, lá é produto da melhor qualidade. São preços bem assustadores. Pitaya, por exemplo, quanto vocês acham que vale em junho o quilo da pitaya? Por R$ 10,00 você não compra nem a metade de uma fruta. Na faixa de R$ 130,00, R$ 140,00 o quilo. Frutas exóticas, do ponto de vista biológico, é tudo aqui que veio de fora. Laranja é uma fruta exótica, vem de fora. Para nós da CEAGESP, é tudo o que é comercializado em pequena escala. A maioria das exóticas é um nicho de mercado, um mercado bem restrito, mas é um pessoal que paga bem. Quem compra fruta exótica normalmente tem um poder aquisitivo alto. É igual o pessoal que fala de orgânico; orgânico é comida de rico e não comida de pobre. Mas dentro das exóticas algumas ganharam valor econômico que fez sucesso, o caso da lichia, mangostão, carambola, jabuticaba, pitaya, kiwi. No caso da Lichia, a moda é fazer com cobertura de chocolate, isso é a moda do pessoal consumir lichia em São Paulo. E se bem trabalhadas essas frutas, fazer um marketing dessas frutas, pode crescer muito. E não é porque é exótica que não precisa ser gostosa, não. O pessoal hoje quer comer uma fruta exótica, mas saborosa, não adianta produzir muita fruta que não é saborosa, porque não vai fazer sucesso. Gosto é gosto, há quem gosta de jatobá, acho que pouca gente gosta de jatobá. Eu gosto de jatobá, aquele cheirinho de chulé, cola no céu da boca, mas é gostoso. Gosto é gosto. Então, durante a apresentação, vou passar quase todas essas frutas aqui, tem os nomes científicos, e para nós da CEAGESP o que representou em 2018 em volume e em valor. Então tem frutas aqui, por exemplo, o kino. Aqui para 216
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vocês: o kino, para mim, nem deveria estar vendendo com fruta, deveria ser vendido como hortaliça, mas ele é bonito, se coloca dentro de uma salada fica muito bonito. Então tem frutas e diversas espécies de fruta aqui que vocês nunca ouviram falar. Então, se vocês quiserem ver depois o que representa isso em números... Lógico, vocês não precisam produzir... Seriguela, vocês não imaginam o mercado de seriguela que tem em São Paulo, é muito grande. E qual é o maior produtor de seriguela no Brasil? Eu não sei, mas é um cara de Presidente Prudente. Ele fica três meses num mercado perto do mercadão. Ele vai com a família lá, sai na sexta e na segunda ele volta. Vende muita seriguela, é uma coisa absurda o tanto de seriguela que vende em São Paulo. Por que? Quem consome seriguela na maioria são 217
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nordestinos, e lá em São Paulo os nordestinos e descendentes são quase oito milhões, então vende bem jaca, seriguela, esses produtos, porque o pessoal tem saudade.
Estão aqui os produtos por entrada, em 2004 a evolução. Você vai falar: "Está crescendo? Está diminuindo?". Eu fiz os produtos aqui de 2004 até 2018, qual foi a evolução de entrada lá na CEAGESP. 218
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A lichia, a fruta que caiu no gosto do povo, é realmente uma fruta gostosa, é comercializada. Não se vendia solta, mas por problema de mão de obra o pessoal mandou assim e está vendendo. Pelo amor de Deus, não mandem com essas folhas, porque espalha ácaro para tudo quanto é lado. Tem desidratada, que infelizmente parou e era de Mirandópolis. Quem é o maior produtor de lichia? São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Goiás. São Paulo tem 60%. Tenho por município a entrada, dá para ver onde vocês concorrem. Lichia começa em outubro e vai até fevereiro. E aqui é o volume de entrada. Aqui a gente tira a média do ano, vamos supor que são 10 toneladas a média do ano, em relação a media em janeiro fica mais ou menos 120% em relação a média e aqui chega em até 300% em relação a média. Já fevereiro e março que cai, em outubro e novembro quando começa a entrar. Esse aqui é o preço, normalmente o preço aqui em fevereiro, apesar de entrar menos, mas nós temos concorrência de outras frutas e tem muita gente de férias em São Paulo também. O preço mesmo é em outubro e novembro. Evolução dos preços da lichia, aqui está corrigido. Em 2010 eram R$ 11,00 o quilo, em 2018 aumentou a produção e foi para R$ 10,00. Então o custo aumentou. Lichia é uma fruta que tem que tomar muito cuidado para 219
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você ver a época que consegue produzir, a região.
Carambola é uma fruta que o pessoal não dá muito valor, tem que vender dessa forma: bem madura, porque verde é muito azedo. Normalmente, o pessoal consome carambola a maioria em salada, caipirinha, hoje tem muita carambola desidratada, mas é um produto que se vende muito bem o ano inteiro. Os estados onde que são produzidos: São Paulo, Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Mas Pará não pode mais mandar carambola para cá por causa da mosca da carambola. Os municípios maiores produtos quase 50%, ali perto de Jaboticabal, Vista Alegre do Alto. Se pegar Monte Alto mais Vista Alegre dá quase 60%. Aqui perto, temos Mirandópolis, Campinas. Tem também a entrada, normalmente você tem menos carambola a partir de setembro, e fica forte de janeiro até agosto. O preço logicamente aumenta pouco de setembro a dezembro. A evolução do preço médio mais ou menos de R$ 7,15 para R$ 7,51 em 10 anos. Mangostão tem gente produzindo em Mirandópolis, mas é uma fruta que estava mais concentrada no Pará, mas hoje tem mais no Sul da Bahia. Em Pará, o pessoal plantava, mas a cidade foi crescendo, aumentou o roubo, o pessoal começou a cortar lá, a japonesada começou a cortar, e agora está mais concentrado no Sul da Bahia. Mangostim, no meio do ano quando falta, o pessoal no Mercadão estava vendendo a R$ 170,00 reais o quilo do mangostão. Não vale, mas sendo novidade, começando a colheita... Bahia está com 70% da produção e Pará com 20%, e São Paulo, aqui em Mirandópolis, 10%. Os municípios concorrentes estão mais concentrados no Sul da Bahia, Una, Santa Isabel 220
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(está diminuindo muito), Mirandópolis, Taperoá, Ituberá, aquela região da Bahia. Sobre o volume, março, junho e julho aqui entra bastante, mais da Bahia, e novembro e dezembro do Pará. Amora preta que o pessoal planta aqui tem um mercado muito bom. Quando falta amora preta no mercado daqui é importada por R$ 120,00 reais o quilo no mercadão, mas amora preta é um produto que eu acho que vale a pena para o produtor investir. Está aumentando bastante no Rio Grande do Sul, e em São Paulo tem aqui na região de Prudente, Rancharia, Narandiba. Mas tem também em Itaiópolis em Santa Catarina, Consolação em Minas Gerais. Estão se espalhando pelo Brasil inteiro e aumentando bastante a amora preta. O volume está mais concentrado no final do ano, se você conseguir produzir a partir de fevereiro até agosto, tem chance de você ganhar dinheiro.
A pitaya que o Narita estava falando que eu falei que não acreditava nessa fruta, realmente eu previ mal, mas é assim, pitaya se você produzir até dia 15 de novembro você vende uma caixinha de 4 quilos por R$ 70,00, R$ 80,00. Aí vai caindo e chega janeiro, fevereiro, além de produzir bastante, tem muita concorrência de outras frutas, tem pêssego, tem nectarina, ameixa, uva, melão, tem muita fruta e o preço cai muito, vai de R$ 10,00 até R$ 25,00 a caixa de pitaya. Eu sempre enfatizo que qualquer atividade hoje se produzir um produto de média qualidade para baixo, pode parar com a atividade que não adianta, mesmo com essas frutas exóticas. Tem que produzir produto de boa qualidade. Uma pitaya vermelha (nome), você vê em questão de mais ou menos 70 dias, está certo que ela é amarela, mas a pitaya já está vendendo lá no mercado a R$ 50,00 o quilo. É um mercado excepcional. Ainda aqui, São Paulo é o maior produtor de pitaya, aí vem Rio Grande do Sul, mas olhem: pitaya hoje está sendo plantada no Brasil inteiro. Normalmente em junho, julho, agosto, setembro, até outubro, se importava muita pitaya da Colômbia, mas hoje Bahia, 221
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Pará, Tocantins, o pessoal está plantando muita pitaya, estão mandando de avião e o preço tem caído e o pessoal está deixando de importar pitaya da Colômbia, porque já tem oferta de produto no Brasil. Como o Narita tinha falado: começa em dezembro, nós temos o ano inteiro, mas em dezembro entra até razoável, mas por causa da concorrência de outras frutas, cai o preço. Abiu, uma fruta que produz aqui. É uma fruta que eu acho muito interessante, não tem muito, se vende bem. Basicamente, os nordestinos adoram comer abiu. Nós temos o abiu amarelo, verde, é uma fruta muito gostosa. Praticamente, abiu a gente recebe do Estado de São Paulo. Antigamente, tinha plantio de abiu aqui na região de Prudente, Irapuru, aqui na região Oeste de São Paulo, mas hoje são poucos produtores. A sazonalidade de entrada é bem distribuída aí em picos, entrada, mas aqui em junho é mais da região Nordeste. Dezembro, janeiro, é por aqui em São Paulo.
Physalis, esse aqui eu achei um absurdo o que o pessoal consome. Vocês são daqui e sabem que isso é praga aqui. Isso aqui dá no meio de cafezal, na beira de cafezal, tem muito. Aí os colombianos colocaram numa embalagem bonitinha e mandaram para o mercado de São Paulo vendendo caríssimo. O pessoal coloca em cima do bolo para enfeitar, tem um mercado muito grande, o pessoal compra mais para enfeite, não é para comer in natura. Tem gente que faz geleia de physalis. Aqui também physalis no varejo, é importado principalmente da Colômbia, mas São Paulo e Minas Gerais têm plantado bastante, mas a maioria são colombianas. Vejam, 80% vêm da Colômbia ainda. Minas Gerais está aumentando bastante, são áreas pequenas, mas está aumentando. Aqui entra a importação de setembro até dezembro, da Colômbia. Romã é uma fruta que só vendia no final do ano, para dar sorte, comer sete grãos, tem quem diga que é um para cada mês, mas hoje com a oferta de produtos importados, principalmente Estados Unidos, você pega Romã agora 222
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em outubro, novembro, uma caixa com 7 kg de romã dá quase R$ 200,00. O problema da romã produzida são as manchas, mas se produzir romã de qualidade aqui se vende muito bem. Nós temos uma romã chamada Rubi produzida lá em Pernambuco, é bem pequena, mas é muito azeda, bem ácida, mas é muito bonita. O pessoal compra para colocar em cima de salada. A maioria é importada. Romã espanhola e romã americana têm mais ou menos a mesma qualidade. Entra mais no final do ano. Por tradição, o pessoal compra mesmo. O preço médio da romã é a média nacional, não tem importada aí no meio. Sapoti, aqui produzia sapoti e produz um pouco ainda. É uma fruta que basicamente os nordestinos consomem bastante. É produzida na Bahia, Espírito Santo, São Paulo produz um pouco, mas a maioria vem do Nordeste. Mirandópolis tem até um volume mais alto. Também é uma frutinha mais destinada para os nordestinos. Para agosto em diante produz mais. Granadilla é um maracujá doce, importado da Colômbia, o pessoal já está plantando aqui no Brasil. É um maracujazinho gostoso, só que assim que entrou um pouco de volume, o preço caiu, o pessoal ainda não está acostumado a comer essa frutinha, esse maracujá. Mas é gostoso, chama de granadilla. 60% importado, mas em São Paulo já começou a plantar bastante; Minas Gerais, Divinolândia; Socorro perto de São Paulo; é um pouco mais para a região fria essa produção da granadilla. O kino eu já comentei: pelo amor de Deus, se oferecem para plantar, não plante. É muito ruim, é bonito, mas vou até passar. Jambo cor de rosa, é uma frutinha que vende muito bem. Saborosa, mas está restrito mais para o pessoal ali de São José do Rio Preto, que são chineses que plantam. É muito gostosa, jambo branco também vende bem. Praticamente, a gente não tem preço, entraram 7 toneladas ano passado, mas vende muito bem. Cidades que produzem jambo: Cedral, Taquaritinga, Urupês, Mirandópolis, Uchoa, tudo na região de Rio Preto o pessoal planta. O volume está concentrado de setembro a janeiro. Tamarillo, na verdade, é um tomate, mas vende lá como fruta. Se entrar um pouquinho de volume a mais já encalha a venda, se quiser plantar plante muito pouco. O pessoal vai plantando, vai aparecendo, mas está concentrado no final do ano, mas dá um pico no final de julho. O pessoal de Minas Gerais que manda. 223
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Uma fruta que ninguém dá valor: tamarindo. O pessoal desenvolveu uma técnica de conservar em câmara, porque tem época que não tem. O pessoal vende bem para fazer suco mesmo. Uma bandejinha R$ 5,00 no mercado, o pessoal nem colhe, deixa cair lá. Mas quem tiver aí uns 10, 20 pés, colhe e manda e lá na CEAGESP. Tem gente especializada em vender fruta exótica e tem época que falta tamarindo. Está mais concentrado na região Oeste de São Paulo a produção de tamarindo. Produz mais de agosto até março, mais ou menos. Framboesa: o pessoal fala que framboesa é de clima frio, mas tem uma que o pessoal chama de falsa framboesa, que é produzida aqui em Irapuru. O cara ganha dinheiro, uma caixinha de 900g a 1kg vende a R$ 70,00, R$ 80,00 a falsa framboesa. Eu nunca vi a planta, mas valeria a pena vocês visitarem, não sei se o cara vai vender muda, porque vai criar concorrência, mas se vende muito bem, porque ele produz fora de época... É importada a maioria das framboesas, mas não sei como ele produz fora de época, ganha muito dinheiro. A gente pega a produção nacional que entrou, mas São Paulo basicamente é Irapuru, 33%, 6 toneladas é ele quem manda. Depois vem de Minas Gerais, mais do Sul, mas vale a pena investir nessa falsa framboesa. O ano inteiro se tiver framboesa vende bem. Mirtilo, acho que não vai produzir aqui, mas é uma fruta que o pessoal está apostando muito, é a fruta da vez, vem pessoal do mundo inteiro oferecer mirtilo lá no mercado. Eu particularmente não sou muito fã de mirtilo, mas o pessoal adora. Pessoal produz ali na região de Campos do Jordão, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os volumes são pouca coisa, 80 toneladas por ano, mas está aumentando ano a ano. Está concentrado mais no final do ano.
Essa é a fruta que sempre pedimos na CEAGESP: produzam pitanga. Pitanga é uma fruta gostosa, se coloca no mercado, sai rapidinho. Usa para fazer sorvete, fazer suco, então é uma alternati224
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va que eu acho excepcional. O problema da pitanga é a vida de prateleira, pode ser resfriada, não sei, mas é pouquinha coisa que se produz, mas o que se produz se vende muito bem. Até do Peru o pessoal importa, Estados Unidos, Argentina, Uruguai. Por que não se produz aqui? Ela é produzida mais no final do ano. Aqui tem O Dekopon, que é aquela tangerina japonesa sem semente. Tem aumentado bastante, tem vendido razoavelmente bem. Agora aqui vou só apresentar as frutas que tem aparecido para vender: duvyalis é uma fruta africana que de vez em quando entra. Vocês nunca ouviram falar de duvyalis?
Quem já experimentou fruta do milagre? Você pega essa frutinha, come, daqui três minutos pega um limão para comer, não vou chupar esse limão, mas eu insisto, é doce igual uma laranja. Qualquer fruta ácida fica doce. Fruta do milagre entra de vez em quando, tem um ou dois produtores dos Estados Unidos, que estão mandando, mas lá na CEAGESP um copinho de café estão vendendo a R$ 30,00 hoje porque é novidade, mas é uma fruta interessante. [PERGUNTA] Mas essa fruta é ácida? [RESPOSTA] Não, não chega a ser ácida, mas você come e qualquer coisa ácida fica doce. [PERGUNTA] De onde ela vem? 225
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[RESPOSTA] Ela é africana, mas aqui ela é produzida em Monte Alegre, Campinas.
Cruá é tipo de um melão, dá para fazer suco também, só quem conhece, mas é gostoso suco de cruá.
Bacuripari, esse aqui vem do Pará, mas aqui em São Paulo também produz. Ela tem um fundinho um pouquinho de jabuticaba, é gostoso.
Canistel está aumentando bastante, principalmente na região de Santa Catarina. Pessoal de Santa Catarina tem mandado. O pessoal de Santa Catarina tem uma vantagem porque produz mais ou menos no meio do ano quando não produz. Essa fruta também hoje se vocês quiserem plantar tem um bom mercado, é docinha, gostosa. Cupuaçu o pessoal vende, mas não se se vocês sabem, mas é uma fruta que é proibido vender no Estado de São Paulo, porque ela carrega um hospedeiro da bactéria da Vassoura de Bruxa do cacau. Se fizer uma fiscalização tem de mandar parar de vender. O pessoal faz suco, sorvete. A graviola, se vocês verem o tamanho da graviola... Lá ela tem 6kg, 7kg. Esse é o tipo Morada, a maioria vem da região de Porto Seguro na Bahia, basica226
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mente é para suco. Aqui na região da Alta Paulista se produzia, não sei se produz ainda, a graviola, o único problema é que tinha que fazer ensacamento.
O jatobá, uma fruta que entra pouco, é assim: você gosta ou não gosta.
O melão andino também é um mercado restrito.
O noni o pessoal está plantando em tudo quanto é lugar. É um fruto, mas é um remédio, principalmente para mulher. Teve caso que uma mulher tomou para câncer no seio. O médico falou "Pode ir embora porque não tem mais jeito", ela ligou para CEAGESP perguntando se tinha noni, enfim, ela tomou, daí três meses e não tinha mais nada. Ela foi no médico, ele perguntou o que ela fez e ela disse "Eu também não vou contar". A doença tem de vários tipos, mas no caso dela se resolveu com noni, que é remédio. Zabão, de vez em quando, entra lá. Ingá, vende bem, mas acabou. Difícil entrar ingá. Jujubi que é uma fruta chinesa, vende bem, também é gostoso. Meloncito, que o pessoal chama, na verdade, japonês sabe que é o uri. De vez em quando você encontra lá. Cambuci está aumentando bastante, inclusive está uma rota do Cambuci lá em 227
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São Paulo, começa lá em São José dos Campos, vai parar lá perto do bairro de Cambuci, mas ali perto de São Paulo o pessoal está plantando bastante.
Durian, o pessoal do Pará e do sul da Bahia está plantando, é tipo de uma jaca. Feijoa é uma goiaba de frio. O pessoal importa.
Abacaxi Gomo de Mel, na verdade, o pessoal engana muito o consumidor, mas o gomo de mel tem de ter esse pescoço perto da coroa. A maioria que tem vendendo no mercado é o Imperial que é muito semelhante ao gomo de mel. É um abacaxi de no máximo 900g muito doce. Hoje uma caixinha de 7, 8 frutos se vende a R$ 70,00, R$ 80,00.
Olho de Dragão ou de Orgã. Rambutan, Pinha roxa. Landsat, começou a entrar agora. É o que falei para vocês: beterraba amarela, cenoura branca, cenoura roxa, couve flor branca, couve flor amarela,
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quase salmão, couve-brócolis. Lá entra essas novidades aí. Quando vocês forem fazer couve-flor não ferva, se não ela fica branca, faça no vapor.
Mercado de exótica é um nicho de mercado. Muitas frutas são pouco conhecidas dos consumidores, os preços são altos e tem alta sazonalidade, produz uma época, outra não produz. A característica de frutas exóticas é ter o preço mais ou menos alto. Era isso que tinha de apresentar para vocês. Se vocês quiserem, volume, preço, estamos lá à disposição. Obrigado.
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MANEJO DO SOLO E NUTRIÇÃO MINERAL DAS PLANTAS NA PRODUÇÃO ORGÂNICA Palestrante: Kunio Nagai Consultor em Agricultura Sustentável Bom dia a todos. Muito prazer estar aqui em Adamantina, uma grande alegria. Infelizmente, devido ao horário eu não vou poder fazer a apresentação completamente, porque tenho 50 minutos, mas eu vou procurar falar em 30 minutos. Vou dar apenas a essência do que eu quero falar. Vou fazer isso porque estou sempre à disposição de qualquer entidade, qualquer região do Brasil, se precisar, eu vou e dou a minha ajuda. Porque o meu objetivo é ajudar a salvar a nossa agricultura. Então qualquer entidade, cooperativa, prefeitura, pode me chamar que estou à disposição. Bem, esse tema na verdade era para vir o professor Vagner de Oliveira aqui de Adamantina, mas ele pediu que eu viesse porque ele viajou para o exterior e, como fomos colegas há 20 anos, ele pediu que eu viesse aqui. Eu não vou falar sobre agricultura orgânica, essa parte é legislação, isso já não é tão importante. O que é importante é que a população rural está desaparecendo no Brasil. Esse dado de 2011, 15% é rural, 84% urbana. Só que hoje mais de 95% é urbana, então não tem mais população rural, e isso é muito triste, porque a agricultura está definhando, está desaparecendo. Mas é bom para aqueles que sobraram na agricultura, porque diminuiu a concorrência, então para o pequeno produtor, principalmente, é uma grande vantagem. Vo231
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cês podem ver os preços dos produtos no mercado como mudaram muito. A agricultura é uma atividade muito importante, que o produtor tem que lutar. Eu sempre digo que a agricultura é a melhor atividade para ganhar dinheiro. Às vezes eu falo "Você quer aprender a ganhar dinheiro?" e ninguém acredita em mim, mas é que a agricultura que está sendo praticada está errada. Ontem, assistimos as apresentações de pastagem e falaram na degradação do pasto, e que tem que fazer análise do solo. Aí o pessoal da agricultura fala "Ah...". A agricultura está no mesmo caminho, e para piorar tem outro agravante, o agrotóxico. Na pecuária usa muito pouco. Agrotóxico hoje é uma grande polêmica. Lá na CEAGESP eles fazem amostragem de produto para ver se tem resíduo, e encontram resíduo: morango, tomate, batata, mamão, alface, banana. Todos têm resíduo pela amostragem. Na laranja também tem resíduo, maçã, cenoura. Então o pessoal fala "Vamos comer orgânico". Sim, orgânico é muito bom, ele tem a vantagem de que os minerais são muito altos e o metais pesados são muito baixos. Não é só o agrotóxico, a diferença no orgânico está nisso, a riqueza de minerais é alta e de metais pesados é baixa. E todos nós estamos nos contaminando com metal pesado, eu fiz exame e aparece metal pesado. Por que aparece metal pesado no nosso organismo? Eu fui pesquisar, perguntar para uns colegas, meu colega falou "No calcário tem metal pesado, no adubo tem metal pesado, por isso que aparece no alimento e no orgânico diminui o metal pesado". Então, o que a agricultor tem de fazer não é procurar com que vou ganhar dinheiro, o que vou plantar, não adianta. Tem que aprender a plantar primeiro, não importa o que ele vai plantar. Mas o agricultor quer saber o que vai plantar para ganhar dinheiro, só pensa nisso, e fica correndo para lá e para cá. Então tem que mudar a agricultura que hoje é praticada, que chamamos de agricultura convencional, para essa agricultura sustentável. A nossa agricultura não é sustentável, por quê? A proteção do suprimento alimentar: já está faltando alimento aqui no Brasil. A dona de casa sabe, quanto está o quilo de quiabo? Quanto está o quilo de vagem? Está R$ 15,00, mais caro que carne. Está faltando vagem, quiabo, berinjela, pepino, faltando muita coisa. Eu sei disso porque vou na feira e fico olhando os preços. Como é que uma mandioca custa R$ 5,00 e um tomate R$ 5,00 o quilo? É um absurdo, mas está no mercado. 232
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A proteção do meio ambiente: se você usa excesso de adubo, usa defensivo, você não está defendendo o meio ambiente de jeito nenhum. A proteção da economia: se não está ganhando dinheiro não está protegendo a economia. O agricultor não está ganhando dinheiro e acaba abandonando. Não é agricultura sustentável. A proteção da sociedade: a agricultura é para servir a sociedade, produzir bons alimentos em quantidade satisfatória. Bom, dentro da agricultura sustentável há vários modelos: agrosilvopastoril, que foi falado ontem. Agricultura orgânica é um tipo de agricultura sustentável também. Não há necessidade de virar tudo orgânico, faça agricultura sustentável e você vai ganhar muito dinheiro e sem agrotóxico. A base da agricultura está no solo. Como é a composição do solo ideal? Um solo ideal tem que ter 25% de ar, 25% de água, matéria orgânica e minerais, esse é o solo ideal. Esse é o solo que só existe na mata virgem. Já viram uma árvore secar por falta de água? Nunca, por maior que seja a seca, porque tem água dentro do solo, água permanente. O que é importante para que esse solo seja ideal? É a flora microbiana, microbiologia do solo, microbiota (conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema) do solo, essa é a base. Na agricultura convencional estamos matando a microbiota, estamos destruindo o solo. E como vai ganhar dinheiro? Nunca vai ganhar dinheiro por isso, porque não é agricultura sustentável. A microbiota é responsável pela parte física e química do solo. Então, se não tem microbiota está tudo desequilibrado. O solo fica desestruturado, vira um tijolo o solo. Como a planta vai desenvolver em um solo que vira um tijolo? É isso que estamos fazendo. Os microrganismos melhoram a parte física, estrutura granular, que são os fungos que fazem aquela estrutura, melhoramento químico. A planta não absorve alimento, a planta vive em simbiose com microrganismos, isso foi falado ontem também. Existem micorrizas (associações entre fungos e raízes) que pegam o fósforo e levam para a planta. A planta exulta o alimento para o microrganismo, por isso que o microrganismo vai à raiz e leva o adubo, cálcio, potássio. Falam muito em tecnologia, agricultura de precisão, drone. Mas se não fizer o 233
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básico não adianta nada. Por que não ganha dinheiro com todas essas tecnologias modernas? Inventando moléculas para combater praga, combater doença. E o agricultor que vai na conversa, fica gastando dinheiro comprando essas coisas.
Esse aqui é o solo ideal. Aí derrubou a mata, plantou, era assim, por isso nossos avôs ganharam dinheiro aqui e todo mundo prosperou, porque o solo era ideal, bem estruturado, bastante sistema radicular, não tem praga e doenças no solo porque os microrganismos benéficos não deixam os maléficos atuarem. Só que derrubou a mata, começou a mexer no solo, já começou a degradar o solo. Naquela época não tinha adubo químico, 100 anos atrás. Usava muito adubo orgânico, usava farinha de osso, farinha de carne. Vocês não sabem disso, eu sei porque sou velho. Quando eu era agrônomo, a formulação do adubo da Cooperativa de Cotia basicamente era torta de mamona, farinha de osso, farinha de sangue, farinha de carne, farinha de peixe, muito pouco químico. Mas aí, lógico, veio a necessidade e a agricultura cresceu precisava de adubo químico. Não sou contra o adubo químico, ele é importante. Vai degradando o solo, muitas culturas no Brasil desapareceram por conta disso. O chá de Registro, por que desapareceu? Por causa disso. Então, muitas culturas e o agricultor foge do campo por causa disso, destruição do solo. É preciso aprender a manejar o solo, o solo é a base da agricultura. Sobre o Bokashi eu não vou falar, porque nós vamos fazer a apresentação na prática. Hoje se falou em nematoi234
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des e como usá-los no solo, isso não é problema para mim, Bokashi resolve isso aí na hora. Eu não me preocupo com praga e doença, tudo se resolve se você fizer tudo certo e a base está no solo. Eu fui ao Japão ano passado, tenho 80 anos e fui estudar agricultura ano passado no Japão. E sai caro, não é barato não. Eu não sou rico não, sou pobre, mas paguei a prestação a viagem, fui lá encontrar com nosso colega Keij Yasuda, que foi o primeiro agrônomo a se dedicar à agricultura orgânica no Japão nos anos 70. Naquela época o Japão detectou, que a mãe que estava amamentando o filho, no leite materno havia DDT. O DDT é um inseticida clorado, ele leva 75 anos para se degradar no solo. Então aplica DDT, vai para o solo, para o mato, o gado come e põe no leite, amamentando a criança. Isso criou um problema no Japão. Mas quem iria falar em orgânico? Ele era um jovem agrônomo e falou "Vou pesquisar". Foi o primeiro a pesquisar agricultura orgânica no Japão, e eu fui fazer um curso com ele ano passado. Ele ensinou a fazer o Bokashi, ensinou como faz o canteiro, põe um pouco de composto e um pouco de Bokashi e só. Canteiro preparado, coloca a muda, ele molha e forra com capim. Nunca mais ele irriga, nunca mais. Até terminar a colheita nenhuma gota. Essas plantas todas não tem irrigação. E olha que o verão lá é quente, em pleno verão. Não é preciso água, porque quem faz o solo ideal é o microrganismo, e ele microrganismo é levado pelo Bokashi. Aí somos eu e ele colhendo pimentão sem irrigação, não precisa de água. Ele falou outra coisa: "Eu dou 10, 90 a planta que vai procurar". Aí vocês lembram daquela imagem da planta com raiz. É aquilo, a natureza é perfeita, o homem precisa aprender a natureza.
Esse senhor aqui, o Dr. Kijima, uma das maiores autoridades de microbiologia do solo. Ele esteve no Brasil há mais de 20 anos, fiz curso com ele. A microbiologia no Japão já é muito avançada, nós estamos começando agora aqui. Eu queria encontrar com ele, 235
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almoçamos, ele tem vontade de vir ao Brasil, porque ele já veio duas vezes, não sei se virá de novo.
Essa aqui também é uma tecnologia do Japão. Quem for fazer a prática hoje receberá uma folha com tudo isso por escrito.
Esse biofertilizante líquido é feito com broto de mato. Mato, qualquer mato. Você fermenta em três dias num tambor com farelo de arroz e coloca o microrganismo que a gente coleta, eu vou mostrar como coleta. Em três dias
está pronto esse suco abençoado. É um suco abençoado porque é essa a tradução do japonês. É uma benção, um suco milagroso que ele faz na planta e no solo também. Um suco milagroso pelo que ele faz na planta e no solo também. Ensinávamos isso num assentamento lá em São Paulo. Aí pegamos napiê (variedade de capim), porque napiê é grande, isso porque não tem tempo de ficar catando brotinho, então já pega broto grande e faz na hora. Dr. Shiro Miyasaka, esse foi um agrônomo colega nosso que foi ao Japão 30 e poucos anos atrás. Ele 236
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era químico, quando foi ao Japão aprendeu essa agricultura natural, ele voltou entusiasmado e começou a pregar a agricultura orgânica aqui no Brasil, 30 anos atrás. Ele já estava com 80 anos, por isso preciso trabalhar mais, ele já tinha 80 anos. Nós fizemos um teste usando esse adubo líquido e pulverizamos essa rua, olha a diferença Em uma semana. Não é milagroso? É milagroso isso aí. Quanto custa? Vocês agricultores ficam comprando esses produtos caríssimos que estão no mercado, vão na conversa deles e ficam gastando dinheiro. Como vai ganhar dinheiro desse jeito? Não ganha, vocês ficam à mercê. Isso se chama agricultura convencional, que tem de adubar isso, adubar aquilo, comprar na loja aquele produto caríssimo, que tem potássio, que tem cálcio. Não funciona. São macro elementos, como que vai dar pela folha? Enfim, o comércio está aí, se tiver algum vendedor vai querer me pegar.
Esse senhor aqui planta tomate há 30 anos na mesma estufa e colhe bem sem doenças, sem praga. Olha o solo dele, os micélios, fungos, é bokashi. O pepino que cai no chão não apodrece, fica mumificado, não tem bactéria de putrefação aí. Esse é um forno de carvão. O que tem a ver o carvão nessa história? Ele tem microporos, você não enxerga, ele é todo furadinho. É nesse buraco que vive o microrganismo. Você coloca o carvão no solo, os microrganismos começam a morar no carvão e multiplicam, saem filhotes aos 237
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montes. Experimentem aqui em Adamantina, limpe um terreno e constrói num momento em casa e deixa lá, você vai ver o resultado daqui 2, 3 anos. Vai ter um monte de criança, gente que invade a casa e vai procriando. É a mesma coisa no solo com carvão.
Para provar isso, um senhor falou com o Dr. Shiro: "Eu tenho jabuticabeira, 20 pés de jabuticaba, estão com 20 anos e não produz". Aí o Dr. Shiro disse: "Faz um buraco aqui e põe carvão". Ele não acreditou,
então colocou só em dois pés e só esses dois pés carregaram. O carvão colocado lá imediatamente aumentou a população de microrganismos. Os microrganismos começaram logo a estruturar o solo, aí a raiz da jabuticabeira começou... Porque não é raiz, é radicela. E a radicela é um fio de cabelo, como é que vai num solo compactado? Não vai. Mas aí, olha o resultado (foto ao lado).
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[PERGUNTA] É qual carvão? [RESPOSTA] É carvão de churrasco mesmo. E qual a vantagem do carvão? Esses que produzem o carvão: fazem o carvão, aí eles peneiram, o resto é lixo, tem que jogar fora. Vai lá e pega de graça e põe na terra ao invés de ficar comprando produto caro aí. Esse solo é lá em Santa Catarina, é a maior fazenda de maçã da Yakult. Fomos lá porque estava com problema: olha o mato, o solo degradado, nem mato desenvolve (foto ao lado). Olha aí no orgânico (abaixo), olha a diferença no mato. Esse mato aqui é importante, tem que ter mato debaixo da árvore. Todo mundo tira o mato porque dizem que rouba adubo. Não rouba adubo nada, ele está melhorando o solo, aumentando raiz, tem microrganismos lá. Tem que deixar mato debaixo da árvore. E todo mundo faz aquela coroa e ainda joga herbicida, não pode ganhar dinheiro.
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Olha aí (acima a esquerda), essa é a explicação da Dr. Ana Primavesi, mostrando o solo natural, que nunca foi mexido. Então está cheio de folha porque está cheia de árvores. A temperatura 25ºC, olha a raiz como cresce. A água da chuva cai e penetra no solo. Esse é o solo natural, que não foi mexido. Agora olha o solo nosso (acima a direita), de agricultor. O sol bate porque não tem cobertura morta, 56ºC. 50ºC a raiz não trabalha mais, não tem raiz, e a chuva cai, não penetra, ela vai embora, vai para o rio. Essa é a agricultura que nós estamos fazendo. [PERGUNTA] Mas aí tem alguma cobertura? [RESPOSTA] Não, esse é o manejo da nossa agricultura. Nossa agricultura não pode ver mato, mete adubo, endurece o solo, não tem raiz. Essa é a agricultura convencional. É isso que estamos fazendo. Não dá para ganhar dinheiro. O que tem de se fazer para a agricultura sustentável? Não precisa ser orgânica não, essa que vocês estão fazendo, o que tem de fazer? Melhoramento de solo, enriquecendo o solo com a fauna e flora microbiana. A análise química completa do solo e fazer adubação equilibrada com macro e microelemento. Ontem, as especialistas em pastagem cansaram de falar isso. E na agricultura é a mesma cosa: não estão fazendo isso, não fazem nem análise. Não dá. Outra coisa, calcular a adubação baseada na exportação dos elementos conforme a produção, isso também é tecnologia do Japão. Aqui no Brasil ninguém 240
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usa, mas eu uso. E acontece milagre no campo. Muda da noite para o dia. Tem que fazer. No caso de orgânico, tem que usar adubos permitidos pela legislação. E usar bioestimulantes naturais, tanto para orgânico quanto convencional. O que é bioestimulante? São produtos que melhoram a saúde da planta, melhora o metabolismo na planta. Existem produtos, principalmente os aminoácidos. Tem que usar, ao invés de ficar comprando produtos que têm potássio, fósforo. Então usem bioestimulante, com resultado muito melhor. Outra coisa, todo mundo tem medo de praga e doença e fica brigando com praga e doença. Nunca vão ganhar, nunca. Tem que se preocupar com as causas que favorecem a praga e doença. Esse critério é de um professor do Japão que trouxe a ideia 50 anos atrás.
Veja como era a lavoura em abril onde fui andar em Mogi das Cruzes, estava nesse estado. É uma lavoura de brócolis, como vai ganhar dinheiro desse jeito? Eu falei: "Faz a análise e eu vou calcular o adubo para você, vai mudar da noite para o dia". Ele tinha a análise, eu calculei e mandei para ele.
É isso o que acontece. É lógico, ele estava adubando com 4-148 o plantio. Se o Fósforo está estourado, não pode colocar 414-8, 14 é Fósforo. Está com excesso de Fósforo, e está com 241
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falta de Ferro. Então gasta-se menos adubo e vem o resultado. Isso não é milagre, é tecnologia. Tem que fazer análise, macro e microelemento. Esse aqui é um produtor de morango lá de Brasília, ele mandou para mim. O orgânico tem que fazer análise também, para calcular o que vai colocar e o quanto. Só que tem de escolher os insumos permitidos. Feito o cálculo, olha o resultado. Não tem segredo.
Esse é um produtor de gengibre também orgânico. Ele fez a análise, quase dois quilos uma raiz.
Trofobiose quer dizer: planta sadia não entra praga e doença; em planta doente, planta fraca é que entra doença. Então, o que está fraco? O que está desequilibrado? Hoje usam muito inimigos naturais, controle biológico. Tudo bem, ótimo, mas se fizer a planta sadia nem precisa disso. Fica aqui a proposta: agricultura sustentável, eu vou plantar 20 hectares para ganhar dinheiro. Não é pela área que se ganha dinheiro, é pela agricultura sustentável. Encontrei um lavrador em Ibiporã, perto de Londrina. 1,2 hectares de melão, trabalha ele e dois filhos, dois filhos formados na faculdade, só que não é em Agronomia. Aí foi procurar emprego, ele ganha mais dinheiro 242
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trabalhando com melão do que trabalhando na cidade. O Bunkyo resolveu fazer um vídeo técnico para divulgar como ele ganha dinheiro. Ele usa Bokashi, usa composto, não usa adubo químico e não é orgânico o dele. Praga, doença, praticamente não usa inseticida. Para produzir isso custou mais de R$ 50,00, e o Bunkyo oferece por R$ 10,00. A Sayuri está na recepção e você procurem por ela que tem mais vídeos. Muito obrigado, eu fico à disposição de todos. Quem quiser, faça a análise e manda para mim, eu não cobro nada, verá o resultado.
Kunio Nagai - kunionagai61@gmail.com
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ORGÂNICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO E A IMPORTÂNCIA DO NEMATOIDE NA AGRICULTURA ORGÂNICA Palestrante: Sebastião W. Tivelli APTA Regional Centro Sul Boa tarde a todos vocês. Agradeço pela disponibilidade do tempo de vocês estarem aqui com a gente hoje. Pretendo fazer uma apresentação inicialmente falando do estado-de-arte da agricultura no Estado de São Paulo e mostrar o que ocorre aqui na região. O Dr. Kunio já facilitou bastante a apresentação falando que na agricultura orgânica nematoide não é um problema. Então eu vou mostrar para vocês o que nós utilizamos para trabalhar com a parte de nematoides, que serve tanto para orgânico, como para convencionais. Sem mais demora, hoje, os dados que apresento para vocês são os dados do cadastro nacional de produtores orgânicos brasileiros, que está à disposição no site do Ministério da Agricultura. Esses dados são de 30 de junho deste ano, onde nós encontramos 2.263 agricultores orgânicos nesse cadastro para o Estado de São Paulo. No Brasil, nós temos cerca de 20 mil agricultores orgânicos, segundo esse cadastro. É interessante a gente observar que, olhando com base na certificação orgânica que existe, que é por auditoria, aquela que contratamos uma empresa para dizer para o consumidor que eu produzo de forma orgânica, dos 2.263 agricultores, nós tínhamos 1.036. Na segunda possibilidade de certificação que nós temos, que é a certificação participativa, que é aquela em que um grupo de agricultores se reúne e faz sua própria auto certi245
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ficação, nós tínhamos no Estado de São Paulo, 243 agricultores certificados. E existe um outro grupo que é destinado à venda direta ao consumidor, que são esses 984 organizados em uma organização de controle social. Um parêntese que preciso fazer para vocês é que, até dois anos atrás, um dos grupos que crescia no Estado de São Paulo, e até de maneira geral no Brasil, eram os agricultores organizados através de controle social para venda direta. De dois anos para cá, houve uma mudança nesse sentido, onde tivemos, no último ano, a certificação por auditoria crescendo numa taxa percentual maior do que as outras certificações, basicamente porque dentro das OCSs (Organismos de Controle Social), os agricultores que estão lá inseridos observaram que atingiram o mercado local e precisavam crescer sua produção e a abrangência da venda. Então, parte dos agricultores que estão hoje em OCSs estão migrando para uma certificação por auditoria. E por outro lado, na certificação participativa temos hoje dois grupos que atuam no Estado de São Paulo: primeiro é a ANC de Campinas e o segundo é a ABD de Botucatu. Nós temos apenas dois grupos de certificação participativa, mas temos no Ministério da Agricultura uma espera de seis grupos para fazerem a certificação participava no Estado. Quando isso ocorrer, eu entendo que parte dos produtores que estão em OCSs aparecerão com certificação participava. Essa certificação só não evoluiu porque o Ministério da Agricultura não tem pernas, não tem gente para poder certificar e fazer a creditação da certificadora. Olhando em termos de uma linha de tempo, nós temos que em 2014 nós tínhamos 1.214 agricultores orgânicos e esse número vem crescendo ano a ano e fechou em 31 de dezembro do ano passado com 2.156 agricultores. É interessante a gente olhar também para os municípios. Dos 645 municípios que nós temos hoje no Estado de São Paulo, 279 tinham ou têm algum projeto orgânico. Isso representa 43,3% dos municípios. E quando nós pensamos quais são os municípios paulistas com maior número de agricultores orgânicos ou projetos orgânicos aparece aqui Eldorado, lá no Vale do Ribeira, com 138 projetos de agricultores orgânicos, e Ibiúna, do lado de São Roque, com 109. Ibiúna perdeu esse posto para Eldorado há cerca de 2 anos. No município de São Paulo, aparecem 85 projetos orgânicos. Aqui faço um parêntese porque todas as empresas que processam alguma coisa orgânica, ou comercializam orgânicos, também aparecem nesse cadastro. No município de São Paulo temos sim produtores orgânicos, mas uma parte desses 85 são empresas que 246
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estão fazendo torrefação de café, que estão processando hortaliças em sistema orgânico, eles estão dentro desse número. Na sequência, Apiaí com 84, Americana com 70, Iperó com 62, Itapeva com 56 agricultores orgânicos, Botucatu com 53, São Carlos e Sete Barras com 40. É interessante olhar onde esses municípios se localizam no Estado de São Paulo. Nós vamos observar que grande parte dos agricultores orgânicos está na faixa Leste do Estado. Isso nós poderíamos justificar pela proximidade do mercado consumidor, a maior parte dos consumidores está nas regiões metropolitanas de São Paulo, de Santos, de Sorocaba, de Campinas, próximos ao mercado. Onde nós estamos aqui em Adamantina? Nós estamos por aqui.
Se olharmos o Oeste do Estado de São Paulo, temos um vazio de agricultores orgânicos. Não que não exista, mas em um número menor que no Leste do Estado. Tivesse eu a minha varinha de condão para determinar as políticas públicas no Estado de São Paulo, uma região que teríamos de investir é no Oeste do Estado de São Paulo, não só pela ausência de agricultores orgânicos, mas também pelo potencial que a região tem de atender diferentes mercados. Claro, nós temos no Estado de São Paulo um a cada cinco brasileiros. Mas nós 247
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aqui no Oeste do Estado, temos acesso a Paraná, Mato Grosso do Sul, Brasília, todos com grandes mercados consumidores de orgânicos que nós podemos atender. Temos aqui na Alta Paulista uma condição climática de produzir produtos orgânicos num momento em que a região Leste do Estado não consegue produzir. Olha o potencial que temos aqui para produzir hortaliças e frutos no período de inverso, pensem nas abóboras, pepinos, pimentões, tomates. Isso para ficar na minha área de conforto que é hortaliças, mas e a parte de frutas? Se a gente pensa em fruta, por que não pensamos em sistemas agroflorestais? Quem não quer trabalhar na sombra? E o sistema agroflorestal nos permite isso e fazer de forma orgânica, buscando a diversidade, trabalhando e recuperando esse solo. Quando a gente olha a história de Adamantina vemos que não faz tantos anos, isso aqui era uma Mata Atlântica. Cadê aquela exuberância da vegetação da Mata Atlântica? Por que quando nós viemos para cá - ontem a parte da Zootecnia falando a parte de pastos -, dói no coração ver os pastos que nós temos hoje à disposição da agricultura. A agricultura orgânica tem como recuperar esse tempo. Voltando nos municípios, essa é a evolução que nós tivemos desde 2015, nós tínhamos 188 municípios paulistas com algum projeto orgânico, Em 2016 tínhamos 222, 257 em 2017 e 279 em 2018. Falarei agora um pouco mais do local. Eu peguei como recorte um IDR (Índice de Desenvolvimento Rural) de Dracena, ao qual Adamantina faz parte, onde existem 15 municípios. Quantos municípios têm produtores orgânicos dentro do IDR de Dracena? Ou quantos agricultores orgânicos nós temos no IDR de Dracena? Eu posso adiantar para vocês que a resposta é a mesma: tanto para a primeira pergunta, quanto para a segunda. Olhamos 15 municípios e o único produtor orgânico que está no cadastro nacional de produtores orgânicos é o Sr. Valdir Ramos de Azevedo. Ele tem uma certificação através de uma certificadora por auditoria chamada Agricontrol, que é a OIA (Organização Internacional Agropecuária), e tem uma certificação para produção primária vegetal de hortaliças, produzindo abóboras, berinjela, melancias, pepinos, pimentas, pimentões, tomate e vagem. É isso que o Sr. Valdir produz aqui em Adamantina. E nos 15 municípios, ele é o único produtor orgânico que nós temos. Não contente com isso, eu fui buscar qual é a população que existe aqui na região dentro desses 15 municípios. Eu encontrei, somando as populações disponíveis na internet, que temos aproximadamente 186 mil pessoas aqui na 248
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região. Se nós temos um único produtor orgânico, esse único produtor orgânico tem 186 mil bocas para alimentar. A gente mostra esse número porque sempre que conversamos com o agricultor a parte mais difícil que existe não é produzir, é comercializar. Ele nunca consegue vender o peixe dele de uma maneira adequada e sempre procura e olha para o mercado distante. Olha o mercado local, a possibilidade que temos de colocar. Fiquei extremamente feliz ontem com a fala do prefeito aqui de Adamantina, dizendo que o município de Adamantina tem 70% da compra para merenda escolar feita de agricultor familiar. Isso é um caso raro no Estado de São Paulo. O comum de nós encontrarmos são aqueles que não cumprem nem os 30% que é, por lei, colocado para o município cumprir. Imagina a gente conseguir colocar isso com produtos orgânicos. Quando falamos com prefeitos, com vereadores, "Ah não vamos começar o desafio pensando em toda população escolar que tem o município. Comecem com as creches, com o Ensino Fundamental I, pensem na população que está nos hospitais". Comecem aos poucos e aos poucos vamos avançando nisso e oxalá até que chegue aos 70% na maioria dos municípios como Adamantina está fazendo. [PERGUNTA] E esse produtor se certificou onde? [RESPOSTA] Eu não o conheço, mas se a senhora quiser conversar um pouco melhor, nós temos em Parapuã um grupo forte e eles têm a mesma certificação. E pelos produtos que ele tem, imagino que ele faça comercialização com uma distribuidora de alimentos. Por correlação, eu estive semana retrasada em Tupã, e esse é um grupo forte. Mas esse é o papel do cadastro nacional. Às vezes o produtor nem imagina que estão lá todos os dados dele e todas as informações colocadas. E eu peguei o costume de, sempre quando vou a algum local, eu olho o que tem no cadastro, para ver o que a gente encontra. Mesmo porque é o único número confiável que eu tenho. Quando a gente conversa com jornalista, eles sempre querem saber o número, "Qual é o tamanho do mercado de orgânicos no Brasil?" Não sei, porque os números que existem pegam a produção dentro da porteira, ou dentro do mercado, os números não se conversam, e eu sou pesquisador e preciso ter os números nos quais eu confie. De uma maneira geral, era esse o cenário da agricultura orgânica no Estado de São Paulo e aqui na região. 249
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Vamos então falar sobre a parte de manejo, controle de nematoides e da importância deles para a agricultura orgânica. Talvez dessa apresentação e desse tópico de nematoide, o mais importante que você precisam levar é de que a rotina do agricultor orgânico para o manejo e controle de nematoide, ela começa com planejamento. Todos os agricultores orgânicos têm que fazer um plano de manejo orgânico nas propriedades para as culturas. Uma coisa é que na agricultura convencional não temos esse costume. Na agricultura convencional, às vezes o nosso planejamento está na cabeça. Na agricultura orgânica, eu tenho que escrever no papel qual o meu plano de manejo, e isso faz toda a diferença. Vocês fizeram esse planejamento para estarem aqui, vocês se planejaram: como eu vou, como custa para ir, é um planejamento. Temos de parar e pensar e é isso que nós fazemos. Se eu penso em nematoide, eu não quero ensinar para vocês a fazer uma análise no solo, mesmo porque muitos agricultores orgânicos não precisam da análise-solo, os bons agricultores aprenderam a conversar com as plantas e elas nos falam muita coisa, em especial em termos de nutrição. Quando você olha um solo cheio de samambaia, cheio de sapé, você sabe que aquele solo é ácido. Quando tem uma área com caruru, você sabe que nessa área tem potássio. Quando nós encontramos portulaca que é a boldroega, como picão preto, sabemos que esse solo tem teor de matéria orgânica elevado, e assim vai. Então, o bom agricultor orgânico consegue saber o que o solo tem, mas nós técnicos precisamos não só saber o que o solo tem, mas quanto ele tem para fazer a correção e para isso eu preciso da análise-solo. Se nós estamos pensando em nematoide, precisamos saber que nematoide tem lá. Identificar os nematoides formadores de galha é fácil. Eu posso pegar uma sementinha de tomate, plantá-la e rapidamente eu vou ver que a raiz ficou rosada, eu sei que 250
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ali tem monohidrogeno, um nematoide formador de galho. Mas e os outros nematoides? Essa informação é importante para o penúltimo slide que eu vou mostrar para vocês, porque vamos mostrar uma possibilidade de controle biológico com uma bactéria ou com diferentes bactérias, e cada bactéria tem uma eficiência sobre um determinado tipo de nematoide. Faço a análise solo, coleto as amostras, uma parte separa e vai para o laboratório de solo para fazer análises, a outra parte vai para o laboratório de fitopatologia para que eles façam a identificação dos nematoides e a quantidade de nematoides que eu tenho lá. Falando da parte nutricional, isso aqui é uma cultura de pepino aqui no Oeste do Estado, no município de Mesópolis onde temos aí uma série de interpretações que é feita sobre o aspecto nutricional - que nesse início de tarde o tempo não me permite entrar em detalhe de cada uma -, mas eu quero falar da principal em relação ao controle de nematoides, que é o teor de matéria orgânica no solo. Aqui colocado 2,5 a 5.
Estamos em uma região onde os teores de matéria orgânica são baixos, nós já vimos ontem. Eu costumo dizer para nossos agricultores que pensar em fazer agricultura orgânica num solo com menos de 2-2,5% de matéria orgânica, eu não vou conseguir produzir de forma orgânica, ou vou ter muita dificuldade para produzir. Se eu fiz minha análise de solo e encontrei lá que o solo onde eu vou trabalhar na agricultura orgânica tem menos de 1% de matéria orgânica, que é o comum 251
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de encontrarmos, eu preciso me planejar para ter estratégias para aumentar a matéria orgânica desse solo. Para isso existem diferentes formas para fazer isso. No meu entendimento, esse é o principal ponto que eu tenho que atacar na nossa região aqui, trabalhar estratégias para ter matéria orgânica nesse solo. Como posso fazer isso? Posso trabalhar com uma planta para adubação verde. "Ah, mas não é nematoide que temos no solo?" Então vou trabalhar com uma planta conhecida como eficiente para a redução da população de nematoides no solo que no caso são as crotalárias. A imagem aqui é uma Crotalaria Spectabilis, nós temos juncea, aqui uma baixinha, que me ajuda no controle de nematoide, e vai me ajudar a elevar a matéria orgânica desse solo. Poderia trabalhar com uma Crotalaria juncea que fica com 2,5 metros, 3 m de altura. Produz uma biomassa maior. Então, planejamento. Sei que meu solo tem pouca matéria orgânica, sei que tem nematoide, vou trabalhar com plantas para reduzir essa população. Quando nós conversamos com agricultores que trabalham com hortaliça e eles falam "Ah, a minha área é pequena, como vou parar três, quatro meses do ano para ter o ciclo de adubação verde?". Sim, nós podemos então pensar em trabalhar consorciado, está aqui um exemplo de quiabo consorciado com aquela mesma crotalária juncea, onde por volta de 65, 70 dias, a crotalária está florescendo, o quiabo começa a florescer, pelo simples fato de eu entrar nessa linha plantada com crotalária e caminhando sobre ela eu já tomo essas plantas, ela fez meu manejo de nematoide no solo e eu formo uma cobertura sobre essa área, protegendo-a. É uma forma de não ter o tempo da adubação verde, uma área parada reduzindo a renda para esse agricultor. Existem diferentes tipos de adubação verde ou de plantas que podemos utilizar, algumas para inverno, algumas para verão, algumas como a crotalária que, além de controlar o nematoide, fixa o nitrogênio atmosférico e disponibiliza para a planta. Ontem, o Denizart nos mostrou a soja fixando 79kg por hectare de nitrogênio. As crotalárias fixam 200kg, 250kg por hectare de nitrogênio. Vejam os benefícios que temos com uma única planta colocada nesse sistema. Aqui é a área de pesquisa onde trabalho lá em São Roque, esse é um dos trabalhos que fizemos. Aqui com crotalária juncea, colhemos 150 toneladas por hectare de massa fresca dessa crotalária e isso me permitiu plantar alface americana e couve, brócolis ninja (brócolis de cabeça única), reduzindo 50% da necessidade de composto orgânico na área pelo nitrogênio fixado pela crotalária juncea. 252
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Quando pensamos em adubação verde é interessante pensar no plantio de diferentes plantas ao mesmo tempo, porque cada planta tem uma finalidade. Aqui eu tenho a mamona que me ajuda a subsolar essa área compactada, um sistema radicular bastante agressivo, eu tenho o milheto aqui colocado. Tenho em algum lugar aqui a mucuna preta, colocada como fixação de nitrogênio, tem as gramíneas. Enfim, esse produtor costuma trabalhar com um coquetel de 5 espécies de plantas semeadas ao mesmo tempo, cada uma com uma finalidade. Quando eu entrei no Instituto Agronômico de Campinas, eu tive a oportunidade de acessar os relatórios de colegas que por lá passaram e identificar quando começaram as pesquisas do Estado de São Paulo com adubação verde. Isso na década de 30, de 40, do século passado. Aí a pergunta que eu me fiz foi: se nós temos esse conhecimento que a adubação verde é tão benéfica para o nosso solo, por que os nossos agricultores não adotam a adubação verde como uma prática no seu dia-a-dia? E aí a gente busca e encontra algumas respostas. Primeiro: aqui em Adamantina aonde eu compro semente de adubação verde, ou de crotalária, ou de mucuna? [ALGUÉM] Tem posto de semente vendendo aqui. Tem posto de semente vendendo aqui, que maravilha! Isso é difícil, normalmente a primeira dificuldade que o agricultor tem é de saber onde encontrar a semente. Quando ele encontra a semente, vem a segunda dificuldade: o preço dessa semente. Isso e algumas outras razões como o conhecimento de saber qual é a época, quem é de inverno, quem é de verão, disponibilidade hídrica da região, como vimos ontem. Como vou coabitar aqui, recomendar uma aveia preta para plantio antecedendo a solanaceae, a berinjela, o pimentão, o tomate, se eu não tenho água no período de inverno? Esse conhecimento dificultou a adoção dessa tecnologia pelos nossos agricultores. Em razão disso, eu tenho dito para os nossos agricultores que a adubação verde é qualquer planta que eu manejo no sentido de que ela produza biomassa e eu retorne essa biomassa para o solo. Se vocês tiverem qualquer gramínea, qualquer planta espontânea que você maneje ela nesse sentido, você está fazendo adubação verde.
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Essa é uma imagem da nossa unidade de pesquisa de março desse ano onde, nós avaliamos, em Vinhedo, a produção de biomassa que as plantas espontâneas dão na entrelinha Vinhedo, nós conseguimos uma produção de 12,6 toneladas de outubro do ano passado até maio desse ano. (foto abaixo)
Quem está na agricultura de cereais e faz plantio direto sabe que, para estabelecer um bom plantio direto, ele tem que produzir, no mínimo, 10 toneladas de massa seca por hectare e ano para conseguir ter seu sistema funcionando. Aqui trabalhando com mato, como se fala no convencional, eu consegui 12,6 num período muito menor do que um ano. Essa é a imagem agora de um mês atrás, início de agosto, olha a vegetação que eu tinha nessa área. Mato forrageiro. A uva está dormente, deixo lá para o forrageiro funcionar como adubação verde nessa área (foto da outra página). Então, é isso que eu falo, temos de trabalhar com a natureza a nosso favor e não contra a natureza. Vamos manejar essas plantas para que elas façam adubação verde nessa área. Deixar que o forrageiro subsole esse solo e com isso eu consiga aumentar a matéria orgânica que eu quero e que a gente precisa. Essas áreas na unidade, com esses manejos que vem sendo feito há anos, estamos chegando a uma matéria orgânica de 4.6 a 4.7, muito próximo do ideal. Estamos chegando num ponto onde eu não preciso adubar as plantas que eu coloco aí. A própria matéria orgânica do solo, a própria vida microbiana desse solo fornece os nutrientes que a cultura precisa depois de o solo estar 254
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equilibrado. E nesse slide abaixo, esqueci de destacar que temos aqui uma cerca viva, um quebra-vento, que é feito aqui no caso com murta, mas no controle do nematoide eu posso utilizar a cerca viva, o quebra-vento, dentro da minha estratégia para aumentar o teor de matéria orgânica do solo. Eu posso, por exemplo, ter nos quebra-ventos dentro da unidade alguma planta que produza uma grande quantidade de biomassa. Quem sabe um capim-elefante, onde por um determinado período do ano eu roce esse material e use-o para fazer cobertura
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morta nos meus canteiros, como vemos aí.
Essa cobertura que estão vendo aí é um napiê triturado no ambiente de estufa em Ipeúna que servia como quebra-vento na parte externa dessas estufas. Em determinado momento do ano ele é roçado, triturado e colocado como cobertura morta no solo (foto acim). Então, planejamento: se eu sei com o que tenho de lidar eu já me programo escolhendo as espécies que eu vou plantar, o momento que vou plantar e como vou manejar esse material. Isso é o que fazemos na agricultura orgânica e isso é o que a agricultura convencional pode fazer. Se eu sei que aquela região está com teores baixos de matéria orgânica no solo, e nessas condições o nematoide nada de braçada, eu procuro as estratégias para fazer esse controle. Nós temos na agricultura orgânica e o Narita nos falou hoje, da parte de enxertia e de porta-enxerto. É uma outra estratégia que eu posso utilizar numa cultura de pimentão, temos aqui cavalo e cavaleiro enxertado e aí nós temos, à disposição do mercado, materiais com tolerância a nematoide. E falando em pimentão, nós temos para tomate essa possibilidade de trabalhar com plantas enxertadas em hortaliças, custa mais caro a muda, com certeza, mas se meu problema é nematoide, nós temos ferramentas para trabalhar com ela. Aqui uma cucurbitaceae, provavelmente pepino, você trabalhando com plantas enxertadas. Se existem as ferramentas, por que não as utilizamos? Nós temos viveiristas hoje que produzem essas mudas, e normalmente esse investimen256
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to da enxertia paga o dano que muitas vezes é a diferença entre não colher nada e colher alguma coisa por causa do nematoide está em utilizar uma muda enxertada. E se nada disso que nós propomos aqui, que é a análise solo, o solo equilibrado, usar uma adubação verde, utilizar o quebra-vento para fazer cobertura morta, usar mudas enxertadas, se nada disso funcionar nós temos aí o controle biológico a nossa disposição. Evidentemente que eu não vou controlar o nematoide com uma aranha, mas existem nematoides predadores, que, a partir do momento que eu elevo o teor de matéria orgânica do solo, eu favoreço essa população de nematoides predadores. Nós temos fungos funcionando como nematicidas e eu venho nos últimos anos trabalhando com um deles, que é o Trichoderma. O instituto biológico possui na sua coleção cerca de 120 cepas de trichoderma, eu já tive a possibilidade de trabalhar com 55, e existe no mercado hoje produtos de controle biológico que controlam nematoides como esse aqui controlando o pratiylenchus.
Então, isso não é mais ficção, alguns anos atrás falávamos de controle biológico para o agricultor e era uma coisa distante. Porque o agricultor tinha que ter acesso a uma universidade, pedir pelo amor de Deus para alguém fornecer o agente de controle biólogo e não, hoje isso está no mercado a disposição. Os alunos da Etec e da Fatec, que aqui estavam, vão trabalhar com isso quer 257
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queiram quer não. O setor prevê que em 2020 o dinheiro, o valor gasto no controle biológico, vai superar o valor gasto com agrotóxico, e nós estamos longe de 2020, não estamos? Está aí! Virou o Natal, é 2020! E essa é a previsão do setor. Nós no Estado de São Paulo somos privilegiados porque existem biofábricas em diferentes regiões do Estado. E essas biofábricas disponibilizam uma grande série de microrganismos. Esse trichoderma - é que o tempo não me permite contar toda a história dele -, mas quando eu comecei a trabalhar com trichoderma com Dr. Issao, que está por aqui, no experimento de tomate o ganho foi de 60% na produção. 60% de aumento na produção de um tomateiro usando trichoderma. Como pesquisador, a nossa colocação foi "Erramos alguma coisa". Repetimos o experimento, o experimento comprovou novamente 60% de aumento de produção. Repetimos mais uma vez, confirmou 60% produção do tomateiro, porque ele funciona como promotor de crescimento e com isso uma planta mais vigorosa, melhor nutrida, dava um calibre no tomate maior, aumentando a produção e o valor comercial desse produto. Isso para alfaces, para couve-chinesa, enfim, para uma série de produtos. Enfim, trichoderma está no mercado e controla nematoide. Existem bactérias, os bacilos, que hoje todos esses que eu estou mostrando para vocês estão à disposição no mercado, os 258
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bacilos subtilis. Existem inúmeras empresas e para o arrepio do setor orgânico muitas delas multinacionais, comercializando produtos para o controle biológico. Então, aqui está a importância de eu saber lá na minha análise-solo qual é o nematoide que eu tenho que trabalhar, porque cada um desses produtos tem uma eficiência melhor para um determinado gênero de nematoide, com isso selecionamos qual o produto que vamos utilizar em função do problema de nematoide. Muito rapidamente essa é a mensagem que eu queria trazer para vocês aqui no 10º Bunkyo Rural. Nós temos dentro da agricultura orgânica e também na agricultura convencional de trabalhar com planejamento, essa é a palavra chave. Eu tenho que saber quais são os riscos que eu vou correr na minha cultura e planejar, colocar no papel as estratégias que eu vou utilizar, seja no controle do nematoide, seja no controle de outras doenças, seja no controle de pragas, seja no manejo das espontâneas, esse é o planejamento que eu tenho que fazer. Agradeço muito disponibilidade de vocês estarem agora aqui com a gente, muito obrigado.
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ADAMANTINA Adamantina é considerada a “Joia da Nova Alta Paulista". Localizada a 582 km da capital do Estado de São Paulo. Seu território ocupa uma área aproximada de 411 quilômetros quadrados. A estimativa do IBGE para 2017 é de uma população de 35.094 mil/hab. Mesmo com todo o progresso pelo qual passou a cidade não perdeu suas características de cidade do interior, sendo ainda conhecida pela agropecuária e pela vida rural em geral. Adamantina oferece todos os serviços considerados relevantes a uma cidade de pequeno porte. A microrregião de Adamantina é a 1ª mais pacífica do Estado de São Paulo e a 6ª mais pacífica do país, segundo o Atlas da Violência 2016, divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Adamantina ocupa o 35°lugar nos Índices de Desenvolvimento Humano dentro do Estado de São Paulo. Conta com três Instituições de Ensino Superior públicas, duas Estaduais – FATEC e UNIVESP e uma Municipal – UNIFAI, inclusive com curso de medicina. São 5.000 univeresitários representando 15% da população do município. Sua história está associada à Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (CAIC) que, em 1937, voltou sua atenção para a zona do espigão do Aguapeí-Peixe, reiniciando a colonização da região em continuidade ao processo que já havia começado no Estado. A partir de negociação entre a CAIC e a firma Boston Castle Company Limited, ficou estabelecido, então, que, em 1938, seria aberto um caminho na mata, aproveitando-se os trechos mais antigos. Nesse mesmo ano, foi iniciada a abertura das estradas laterais de penetração e também a venda de terras. A CAIC dividiu a gleba em pequenos lotes, eliminando o latifúndio e formando propriedades com área média de 10 alqueires, todas servidas por água e estradas.
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O surto cafeeiro e a chegada da ferrovia com ponto final no município proporcionaram o rápido crescimento de Adamantina e da área que se estendia até o Rio Paraná, fazendo convergir, para a região, passageiros e a produção agrícola. Em 1939, teve início os loteamentos na região. Em 24 de dezembro de 1948, foram criados o distrito e o município de Adamantina com território desmembrado do distrito sede de Lucélia e do distrito de Aguapeí do Alto, atual município de Flórida Paulista. A comunidade japonesa sempre foi bem atuante na região, chegando até mesmo a recepcionar em 5 de outubro de 1952, os Príncipes Imperiais do Japão, Suas Altezas Kouchio Outani e Satoko Outani (irmã da Princesa Nagako e futura Imperatriz Kojun, esposa do Imperador Hirohito). Na década de 50, os japoneses representavam 8% da população total do município. Segundo dados coletados por Ithy Endo, havia 269 famílias japonesas, sendo que 107 se dedicavam diretamente à agricultura, cultivando 1453 alqueires, e apenas 44 famílias trabalhavam em áreas arrendadas. Sob os cuidados dos japoneses havia cerca de 1.470.000 pés de cafés nessa época. Atualmente, segundo dados do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2010, a cana-de-açúcar ocupava 68,81% da área cultivada. Milho ocupava 14,37%, Café 7,09%, Amendoim 4,56%, Feijão 2,26%, Soja 1,53%, Mandioca 0,52% e Tomate 0,23%. A recente crise no setor canavieiro está fazendo as usinas devolverem grandes áreas arrendadas dos agricultores. Essas terras agora precisam ser cultivadas e gerar renda, o que é um desafio para Adamantina e outros municípios da Alta Paulista.
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BUNKYO, A ENTIDADE REPRESENTATIVA DA COMUNIDADE NIPO-BRASILEIRA A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, mais conhecida por Bunkyo, desde sua fundação, em 1955, tem protagonizado as realizações mais importantes relacionadas à comunidade nipo-brasileira. Foi concebida com a finalidade de promover o entendimento e confraternização dos nipo-brasileiros e seu aperfeiçoamento cultural, intensificar a divulgação da cultura japonesa, fortalecer o intercâmbio entre o Brasil e o Japão e promover atividades assistenciais. Localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo, a entidade congrega cerca de 350 voluntários que organizam aproximadamente 280 eventos ao longo do ano. Sua manutenção ocorre graças aos recursos advindos das anuidades de seus membros, pessoas físicas e jurídicas; locação de suas instalações para outras entidades e empresas e promoção de eventos. As atividades do Bunkyo envolvem desde aquelas de maior envergadura até as "cotidianas", como as sessões de cinema. Elas estão distribuídas em diversas frentes, tais como a promoção de eventos culturais que se tornaram referência da cultura japonesa praticada neste país. Um exemplo é o Festival de Música e Dança Folclórica Japonesa, que reúne os melhores praticantes das artes de palco, tanto professores como alunos, do Brasil. Ou ainda, as comemorações relacionadas às datas marcantes da comunidade como a celebração do aniversário da imigração japonesa no Brasil, no dia 18 de junho. O Bunkyo também se dedica à organização de recepção e/ou homenagem, não somente para personalidades representativas do relacionamento Brasil-Japão, como àquelas de destacada presença em nosso país. Outro item refere-se à coordenação de eventos/campanhas sociais envolvendo as entidades representativas dos nipo-brasileiros, de cunho reivindicatório ou de ajuda humanitária. Combinadas com as atividades cotidianas de difusão da cultura japonesa existem aquelas que extrapolam os limites físicos da entidade e atuam como elementos aglutinadores da comunidade nipobrasileira. Merece destaque, por exemplo, o Festival de Dan-
ças Folclóricas Internacionais que, anualmente, reúne perto de 35 grupos de danças, representando aproximadamente 20 diferentes povos/países. O Festival das Cerejeiras Bunkyos realizado no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, em São Roque, promovido em conjunto com outras entidades nipo-brasileiras, que se constitui numa atração turística de grande envergadura na região. Ao lado disso, temos o Fórum de Integração Bunkyo - FIB que tem sido uma oportunidade para trocas de experiências, transmissão de conhecimentos e fortalecimento da união entre as entidades nipobrasileiras de várias localidades do país. Bem como o Encontro Bunkyo Rural, que tem sido realizado em parceria com diferentes entidades do interior paulista, tendo como finalidade incentivar o empreendedorismo e a capacitação profissional, promovendo um frutífero relacionamento entre as empresas e as entidades. Além da promoção de inúmeros eventos, o Bunkyo também é responsável pela manutenção de três importantes unidades. Uma delas é o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, que está instalado em quatro andares do edifício-sede e é um dos mais importantes centros de preservação da memória dos imigrantes japoneses do país. Outra é o Pavilhão Japonês, localizado no Parque Ibirapuera, que foi construído em 1954 pelo governo japonês e a comunidade nipo-brasileira e doado à cidade de São Paulo, que comemorava o 4º Centenário de fundação. O local é considerado, atualmente, um dos importantes monumentos do intercâmbio entre Brasil-Japão. Há ainda a manutenção do Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, localizado em São Roque, de 23 alqueires, sendo que uma área de 194 mil m², aproximadamente, está coberta de mata atlântica. Neste Centro estão plantados mais de 400 pés de cerejeiras. O local, que conta com um pavilhão de exposições, está disponível para eventos internos e de terceiros. Contato: Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social - Bunkyo Rua São Joaquim, 381 - Liberdade - São Paulo - SP CEP 01508-900 - tel.: (11) 3208-1755 www.bunkyo.org.br - e-mail: contato@bunkyo.org.br
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ACREA FORTALECENDO O MUNICÍPIO DE ADAMANTINA população de Adamantina foi formada pela chegada de várias etnias de imigrantes a partir de 1939, quando os loteamentos foram iniciados. O japonês foi um desses povos, e sua história não ficaria registrada se não fosse a doação de um lote de terreno pela família de Ithy Endo, em 1950. O terreno permitiu a união dos imigrantes e seus filhos, através da prática de esportes, gincanas, e atividades sociais, e ali se formou oficialmente a Associação Cultural Recreativa e Esportiva de Adamantina - Acrea, em 1959. Além das atividades culturais, esportivas e de lazer oferecidas ao município, a Acrea se destaca por ser um elo de ligação da cidade com o governo do Japão e com a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo). Por exemplo, foi pelo trabalho da Acrea que o Lar dos Velhos recebeu R$ 216 mil para construção de dormitórios coletivos do projeto social do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, em 2015. Dois anos depois, a JICA - Agência de Cooperação Internacional do Japão enviou um voluntário, Taro Miyazaki, para prestar servi-
ços por dois anos na área esportiva. Em 2018, o engenheiro Willian Endo Borin, participou de intercâmbio na área de cooperação e geração de negócios na agricultura, através da CKC, outra entidade japonesa. Este ano, a Acrea conseguiu trazer o seminário Bunkyo Rural para a cidade de Adamantina, em parceria com o Bunkyo, e o jovem César Fumio Yamamura estará viajando ao Japão através da JICA, para estudar a gestão de empreendimentos sociais através de organizações nikkeis. Atualmente, a entidade é presidida pela professora Noriko Onishi Saito e pelo vice-presidente Yuske Miyamura. Conta com 160 famílias cadastradas, com um total de 600 associados em vários departamentos: karaokê, senhoras, dança de palco, dança de salão, beisebol, gateball e atletismo. Graças à expansão cafeeira na região, já houve uma época em que os japoneses estavam em maior número e se dedicavam principalmente à agricultura, mas a Acrea não se esqueceu das 21 famílias de pioneiros que ainda moram na região, prestando uma justa homenagem dentro deste Bunkyo Rural.
O complexo esportivo da Acrea
O Cônsul Geral do Japão, Takahiro Nakamae, na inauguração do Lar dos Velhos de Adamantina, com a presidente Noriko Onishi Saito.
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A Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina - Camda foi fundada em 4 de abril de 1965 na cidade de Adamantina, Estado de São Paulo e completou 54 anos de atuação no mercado. Com seu foco na agropecuária, a Camda se preocupa em prestar um serviço qualificado e altamente técnico na orientação dos cooperados agricultores, onde predomina as culturas de cana-de-açúcar, soja, milho, café e hortifruti ostentando a posição de maior cooperativa do Brasil, nos segmentos de cana e pecuária. O crescimento contínuo da Camda tem sido alvo de matérias de destaque em diversos meios de comunicação especializados. O reconhecimento pela pujança e solidez, foi destaque inclusive na conceituada revista Globo Rural, em seu anuário do agronegócio, relativo ao desempenho em defensivos agrícolas. E como reconhecimento ao mérito de uma administração eficiente e participativa, a Camda está também entre as 400 maiores empresas nacionais do agronegócio. Atualmente, a Camda possui 42 filiais localizadas entre os Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná, mais de 21.400 cooperados e 815 colaboradores em seu quadro funcional. Mais informações sobre a Camda estão disponíveis no endereço www.camda.com.br.
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O QUE É BUNKYO RURAL? O Bunkyo Rural é uma das comissões temáticas formadas por associados-voluntários dentro da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social. O objetivo da comissão Bunkyo Rural é promover o intercâmbio de ideias e conhecimentos entre produtores, profissionais, pesquisadores, estudantes e empresários/fornecedores relacionados à área rural, propiciando a integração entre eles. O principal evento organizado por essa comissão é o Encontro Bunkyo Rural. Os Encontros Bunkyo Rural realizados até agora: - 2009 - Pompeia - 2014 - São Paulo - 2018 - Bastos - 2010 - Araçatuba - 2015 - Piracicaba - 2019 - Adamantina - 2011 - Presidente Prudente - 2016 - Pilar do Sul - 2013 - Mogi das Cruzes - 2017 - São Roque Além do Bunkyo Rural, a entidade mantém outra atividade ligada à comunidade agrícola: a promoção do Prêmio Kiyoshi Yamamoto, que visa homenagear as personalidades que contribuiram para o desenvolvimento da agricultura no Brasil. O prêmio Kiyoshi Yamamoto já está na sua 49ª edição. Objetivo do 10º Encontro Bunkyo Rural O 10º Encontro Bunkyo Rural tem por objetivo aprofundar as discussões sobre as mudanças socioculturais e ambientais que afetam o sistema da produção e abastecimento agrícola no Brasil. Com palestras sobre temas atuais, o encontro pretende levar novas ideias que possam auxiliar o agricultor e os profissionais de áreas relacionadas. O tema escolhido foi a “Tendências para o Agronegócio”, um assunto focado na realidade da região, onde as apresentações de soluções pelos especialistas, e as discussões entre autoridades, técnicos, agricultores e produtores, poderão resultar na melhoria da qualidade de vida do próprio agricultor. Comissão Bunkyo Rural 2019 Presidente: Vice-presidente: Vice-presidente: Vice-presidente:
Tomio Katsuragawa Carlos Kendi Fukuhara Celso Norimitsu Mizumoto Nelson Hitoshi Kamitsuji
Membros: Roberto Yoshihiro Nishio Shinichi Yasunaga Toshio Koketsu Yasuyuki Hirasaki Noriko Onishi Saito (Adamantina) Emerson H. Baptiston (Unifai) Vagner A. Belo de Oliveira (Unifai) Assessoria de Comunicação: Francisco Noriyuki Sato
Informações: www.bunkyorural.com.br Rua São Joaquim, 381 - Liberdade - São Paulo/SP Tel. 11-3208-1755
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Fábio Maeda Isidoro Yamanaka Issao Ishimura Katsuyoshi Murata Kazoshi Shiraishi Kenji Kiyohara Luciano Quaglia Maximiliano Miura Nelson Tajiri Nobuyoshi Narita Osamu Matsuo Reimei Yoshioka