Anais 7 Bunkyo Rural em Pilar do Sul 2016

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Mensagem Com a máxima satisfação apresentamos aos senhores a publicação do presente anais do VII Encontro Bunkyo Rural, um marco decisivo para o fortalecimento dos propósitos estabelecidos para a criação da Comissão Bunkyo Rural: a promoção do intercâmbio de ideias e conhecimentos de diferentes setores relacionados à agricultura. Desta feita, sob o tema "Fruticultura: Desafios para a Sustentabilidade", a organização levou em consideração dois ingredientes básicos. Primeiramente, o fato de que a fruticultura - um setor que sempre manteve forte ligação com a história dos imigrantes japoneses, sendo notória a valiosa contribuição dos nipo-brasileiros na introdução de novas espécies - estar no desenvolvimento de pesquisas para melhorias dos produtos e para comercialização, entre outros itens. Terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás de China e Índia, o Brasil tem apresentado, nos últimos anos, um vertiginoso crescimento desse setor, seja em termos econômicos ou de pesquisas. Atualmente, o campo de atuação é dos mais amplos e os desafios estão para serem enfrentados! Em segundo lugar, buscou-se uma região de maior destaque na área da fruticultura, não só pela qualidade de sua produção, bem como pela preocupação em pesquisar e praticar novas alternativas para melhoria constante de seus pomares, bem como de sua comercialização. Trata-se da região de Pilar do Sul, tendo como referência a APPC - Associação Paulista de Produtores de Caqui. Assim, as reuniões com as lideranças da APPC foram decisivas para o estabelecimento de importantes parcerias com colaboradores capazes de enriquecer o Encontro com suas informações e apoio local para atender às necessidades de infraestrutura. Estamos nos referindo, por exemplo, à atuação da CKC - Chuo Kaihatsu Corporation que, entre outros itens, possibilitou a vinda do professor Akiyoshi Miyata, pesquisador da área de citricultura da província de Yamaguchi.

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Contamos também com a colaboração da Associação Cultural e Desportiva de Pilar do Sul (em especial dos Departamentos Fujinkai e Seinenkai, responsáveis por toda a parte da alimentação) e UCES - União Cultural e Esportiva Sudoeste para proporcionar toda a infraestrutura organizacional. Também, nosso reconhecimento ao apoio da prefeita Janete Pedrina de Carvalho, da Prefeitura Municipal de Pilar do Sul. Igualmente, os mais profundos agradecimentos aos palestrantes e painelistas que, de bom grado, dispuseram de seu precioso tempo e compartilharam de seus valiosos conhecimentos para o sucesso desta realização. Nossos agradecimentos especiais ao ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, por sua brilhante palestra de abertura, e ao presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, Michinori Konagano pelos esclarecimentos sobre o revolucionário sistema agroflorestal implantado com sucesso na região de Tomé-Açu - e que hoje chama atenção do mundo inteiro! Desejamos também agradecer a Fazenda Morioka por dispor de suas plantações para a realização do Dia de Campo possibilitando aos participantes acompanhar in loco os novos procedimentos adotados bem como propiciar a troca intensa de ideias entre os presentes. Nossos agradecimentos a cada um dos participantes que atenderam ao nosso convite e acompanharam com o máximo interesse todo o trabalho de nossos palestrantes e painelistas, bem como o Dia de Campo, fazendo-nos sentir recompensados de nosso esforço para a organização do Encontro. Fechando mais este ciclo, o material resultante deste evento, com diversas informações trazidas por nossos palestrantes e painelistas, agora estará disponível a todos para consulta. Nosso reconhecimento ao valioso apoio dos patrocinadores: Fundação Kunito Miyasaka, Sakata Seeds Sudamerica, Takii Seeds, Máquinas Agrícolas Jacto S/A, King Contabilidade, Consultoria e Assessoria Contábil Kenji Kiyohara, Grupo NK, Grupo MNS, Sakura Nakaya Alimentos, Ouro Safra, Makita, Yokotobi, Sankhya Gestão de Negócios e Nutrisafra.

Harumi Arashiro Goya Presidente Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social

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Mensagem Pilar do Sul, cidade que tem sua economia voltada prioritariamente à agricultura familiar, tem expandido suas produções e conquistado um espaço significativo na agricultura regional. Como toda produção, enfrenta vários desafios relacionados ao clima e economia, porém tem criado estratégias interessantes para superar os obstáculos e investido em ideias criativas e inovadoras como, por exemplo, a Uva Pilar Moscato, conhecida como a Uva mais doce do Brasil, criação própria e exclusiva do município. Desta forma, Pilar do Sul se sente honrada em sediar este maravilhoso evento cultural, o 7° BUNKYO RURAL DE 2016, onde serão discutidos assuntos ligadosà FRUTICULTURA, como técnicas de plantio, conservação e distribuição das frutas; propiciando um momento de aprendizado aos agricultores locais e visitantes. Desejamos boas vindas a todos neste importantíssimo evento. Parabenizamos e agradecemos a Comissão do Bunkyo Rural, a Associação Cultural e Desportiva de Pilar do Sul, a Associação Paulista dos Produtores de Caqui e demais envolvidos por mais esta importante contribuição à comunidade pilarense.

Janete Pedrina de Carvalho Paes Prefeita Municipal de Pilar do Sul

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ÍNDICE Palestrantes .......................................................................... 8 Programação do 7º Bunkyo Rural ................................................ 14 Palestra Magna - A Agricultura Brasileira Ex-Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues ................................ 15 Panorama da Fruticultura no Brasil Prof. Dr. Marcel Bellato Sposito ................................................. 25 Fruticultura: Novas Variedades Adaptadas para Variações Climáticas Prof. Akiyoshi Miyata .............................................................. 41 Painel: Sistemas Agroflorestais Moderadora: prof. Drª Maria José Brito Zakia - Legislação Ambiental - Profa. Drª Maria José Brito Zakia ................ 55 - Otimização de Produção Agrícola - Prof. Dr. Ciro Abbud Righi ........... 58 - Desafios para a Sustentabilidade - Michinori Konagano ................... 64 Diagnóstico da Composição Nutricional (CND) da Atemoia Prof. Dr. Danilo Eduardo Rozane ................................................. 75 Painel: Produção e Modernidade na Fruticultura Moderador: Eng.Isidoro Yamanaka - Aplicação de Defensivos na Fruticultura - prof. Marcelo Scapin ......... 96 - Drone na Agricultura - Nilton Bernini ....................................... 103 - Pulverização Eletrostática - Prof. Aldemir Chaim ........................ 110 Liofilização como Processo de Industrialização de Alta Qualidade de Frutas Murilo Gagliardi Basso .......................................................... 119 6


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Painel: Desempenho, Desafios e Tendências na Comercialização de Frutas da Região Moderadora: Anita de Souza Dias Gutierrez ................................. 129 - Atacadista fora da CEAGESP - Helio Akio Nishimura ..................... 132 - Representante da CEAGESP - Helio Satoshi Watanabe .................. 137 - Atacadista da CEAGESP - Mário Nakamura ................................ 145 Dia de Campo .................................................................... 155 - Uva Pilar Moscato .............................................................. 156 - Dekopon / Kinsei ............................................................... 160 - Caqui Fuyu ....................................................................... 164 - Atemoia .......................................................................... 165 A Fruticultura em Pilar do Sul ................................................ 167 Bunkyo, a Entidade Representativa da Comunidade Nipo-Brasileira ... 169 APPC - Unidos Inovando a Fruticultura ....................................... 171 ACDPS - Associação Cultural e Desportiva de Pilar do Sul ................ 172 CKC - Chuo Kaihatsu Corporation ............................................. 173 UCES - União Cultural e Esportiva Sudoeste ................................ 174 Prefeitura Municipal de Pilar do Sul ........................................... 175 O que é Bunkyo Rural? ........................................................... 176 Fotos coloridas do Evento .................................................... 177

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PALESTRANTES Roberto Rodrigues Nasceu em Cordeirópolis/SP, no dia 12 de agosto de 1942. É engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP em 1965, com cursos de aperfeiçoamento em administração rural. Área Acadêmica: É Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas e Presidente da Academia Nacional da Agricultura, tem centenas de trabalhos publicados sobre agricultura, cooperativismo e economia rural. Autor de nove livros e coautor de diversos outros. Doutor Honoris Causa pela UNESP. Foi Professor do Departamento de Economia Rural da UNESP – Jaboticabal, e foi membro dos seguintes conselhos ligados à Academia: da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz – FEALQ, do Conselho Assessor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, do Conselho Estadual da Ciência e Tecnologia – CONCITE, do Conselho de Administração da Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP/FGV, do Alto Conselho Agrícola do Estado de São Paulo, do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, do Centro de Conhecimento em Agronegócios - PENSA, do International Food and Agribusiness Management Association – IAMA, do IPC- International Policies Council, do Global Crop Diversity Trust, entre outros. Recebeu a Medalha Paulista do Mérito Científico e Tecnológico, a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi condecorado pelo Instituto Agronômico de Campinas e pelo Instituto Biológico de São Paulo. Foi eleito pela AEASP como Engenheiro Agrônomo do ano em 1987 e Engenheiro Agrônomo da década, em 2004. Recebeu o Diploma de Mérito Agronômico da Confederação das Federações dos Engenheiros Agrônomos – CONFAEAB, em 2001 e a Medalha “Luiz de Queiroz”, da ESALQ, em 2004. Área da Agricultura: Foi empresário rural em São Paulo, Minas Gerais e no Maranhão. Foi Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (janeiro de 2003 a junho de 2006) e como tal promoveu a completa reestruturação da Instituição, trabalhou pelas leis de biotecnologia, dos produtos orgânicos, seguro rural, novos documentos de comercialização, regulamentou a defesa sanitária, ampliou o comércio agrícola brasileiro e implementou as bases de uma agricultura moderna. Foi Secretário de Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo (1993/1994), Coordenador do Forum Nacional de Secretários Estaduais de Agricultura, coordenou o setor privado no Fórum Nacional da Agricultura, e criou a Agrishow, juntamente com a ABAG, SRB, Abimaq e ANDA. Área do Cooperativismo: É o Embaixador Especial da FAO para as cooperativas. Foi dirigente de cooperativas agrícolas e de crédito rural, com abrangência local (Guariba/SP), regional (Campinas/SP), e estadual (São Paulo/SP). Foi Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB por dois mandatos (1985/1991), da Organi8


7º Bunkyo Rural zação Internacional de Cooperativas Agrícolas (de 1992 a 1997) e da Aliança Cooperativa Internacional – ACI (1997/2001), órgão centenário que congrega mais 900 milhões de pessoas em todo o mundo, através de 250 organizações nacionais de cooperativas, representando uma centena de países. Conhece 80 países, em todos os continentes.

Marcel Bellato Sposito Formado em Engenharia Agronômica pela UNESP Jaboticabal (1989). com especialização em citricultura pela Universidad Politénica de Valéncia, Espanha (1993). Mestrado em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo (1998) e doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (2004). Trabalhou como pesquisador do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) entre 1998 e 2010. É professor da Universidade de São Paulo, desde 2010, do Departamento de Produção Vegetal da ESALQ. Está credenciado nos programas de pós-graduação em Fitotecnia e Fitopatologia da ESALQ/USP. Trabalha com epidemiologia e controle de doenças de frutíferas e fisiologia e tratos culturais de frutíferas.

Akiyoshi Miyata Natural da província de Yamaguchi, Japão, graduou-se e fez pós-graduação na Universidade de Tóquio de Agricultura e Tecnologia. É chefe da estação Experimental do Centro de Pesquisa da Agricultura e Silvicultura de Yamaguchi É especialista em melhoramento genético de citrus e em cultivo e armazenamento de frutas cítricas.

Maria José Brito Zakia Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade de São Paulo (1980), Mestrado em Recursos Florestais pela Universidade de São Paulo (1986) e Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo (1998). Foi Pesquisadora e Consultora do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF) e da Sociedade Brasileira de Silvicultura bem como Professora Credenciada de Pós-graduação em Recursos Florestais pela Universidade de São Paulo. Foi funcionária da Votorantim Celulose e Papel (VCP) , nas áreas ambiental e de relacionamento socioambiental. Atualmente é Atualmente é consultora na área socioambiental (Praxis Assessoria Socioambiental), Assessora do Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, onde coordena o Grupo de Trabalho de Apoio a Políticas Públicas Florestais (GTPP) e participa do corpo técnico do Programa de monitoramento Ambiental em microbacias (PROMAB). Professora convidada no Mestrado Profissionalizante da Escola de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCASIPE). 9


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Ciro Abbud Righi Formado em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, (1992) - Universidade de São Paulo - ESALQ/USP, Mestrado (2001) e Doutorado (2005) em Agronomia pela mesma faculdade, tendo realizado parte deste no ICRAF, Quênia - área de concentração Fitotecnia, com ênfase em Ecofisiologia e Sistemas Agroflorestais. Atualmente é revisor dos periódicos - Pesquisa Agropecuária Brasileira; Agrotrópica e AJAR (African Journal of Agricultural Research). Tem experiência na área de Agronomia e Florestal, com ênfase em Ecofisiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Sistemas Agroflorestais, Interações e Ecologia Aplicada. Também trabalhou como trader em empresas em diferentes locais do país tendo experiência em exportação, negociação e coordenação da cadeia produtiva. Desenvolveu seu pós-doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENAUSP em Piracicaba, SP e parte deste no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Manaus-AM (20072008), com trabalhos voltados à estimativa de fitomassa de vegetações naturais na Amazônia e sua contribuição ao Efeito Estufa devido à derrubada e queima. Atualmente é Professor Doutor do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP, onde atua nas áreas de Ecologia, Sistemas Agroflorestais, Restauração Ambiental e Serviços Ambientais.

Michinori Konagano É produtor agrícola, cultivando 230 ha em sistemas agroflorestais. Foi Secretário de Agricultura de Tomé-Açu de 2004 a 2015. Diretor Presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu - CAMTA, foi Diretor da Assistência Técnica Educacional Social (1993 a 2014). Consultor em empresas governamentais e não governamentais, capacitando extensionistas, estudantes, produtores e extrativistas.

Danilo Eduardo Rozane Graduado em Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) em 2004, concluiu o Doutorado Direto em Agronomia (Produção Vegetal) em 2008, e o Pós Doutorado em 2011 ambos pela Universidade Estadual Paulista 'Júlio de Mesquita Filho' - Unesp, Câmpus de Jaboticabal, na área de Nutrição e Adubação de Frutíferas. É professor da Unesp Câmpus de Registro e publicou livros sobre culturas hortícolas e técnicas agrícolas. Publicou cerca de 150 trabalhos em diversas revistas brasileira e internacionais. Desde 2011, leciona as disciplinas 'Fruticultura I', 'Fruticultura II', 'Fruticultura III' e 10


7º Bunkyo Rural 'Calagem, adubação e nutrição de frutíferas' para o curso de Graduação em Agronomia, e de Pós-Graduação (Ciência do Solo) na Universidade Federal do Paraná em Curitiba-PR, as disciplinas 'Técnicas avançadas de avaliação do estado nutricional de plantas' e 'Nutrição e Manejo de Frutíferas'. É Editor de Seção da Revista Científica: Revista de Ciências Agrárias e da Revista Caatinga. Atualmente é Secretário da Sociedade Brasileira de Fruticultura - SBF. Bolsista do programa PQ (Produtividade em Pesquisa) do CNPq, a partir de 2014, estando atualmente no nível 2. Publicou 78 artigos em periódicos científicos e mais de 190 trabalhos em anais de eventos científicos, inclusive em alguns contribuiu com palestras/cursos e na organização. Possui 6 livros e 12 capítulos de livro publicados. Revisor de 8 periódicos indexados e Assessor científico de Agências de Fomento à Pesquisa (FAPESP, Fundunesp e CNPq). Orienta/Co-orienta estudantes de Graduação e de Pós-Graduação. Participa de bancas de Trabalho de Concluso de Curso/Mestrado/Doutorado além de concursos públicos. Participou em 16 projetos de pesquisa. É coordenador do grupo de Pesquisa 'Nutrição e Manejo de Frutíferas' junto ao CNPq. Atua na área de Agronomia, com ênfase em Fertilidade do Solo, Nutrição e Adubação, especialmente de plantas frutíferas.

Isidoro Yamanaka Formado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP, em Piracicaba, em 1962. Sua carreira profissional foi fortemente marcada pelos ensinamentos do pai, ainda na infância, de auxiliar as atividades dos imigrantes japoneses. Em 1966 foi responsável pelas negociações e implementação do Centro de Desenvolvimento do Vale do Ribeira a partir do acordo firmado com o governo do Japão. De 1972 a 1979 coordenou a captação de recursos financeiros do sistema cooperativo japonês para as cooperativas nacionais. De 1975 a 1984 atuou no Ministério da Agricultura coordenando o Programa “Grande Carajás Agrícola”, depois o PRODECER (Programa de Desenvolvimento da Agricultura do Cerrado) graças ao acordo firmado com o governo japonês e o Keidanren. E, em 1982, negociou o empréstimo do Japão para o Programa de Irrigação do Cerrado. Atuou ainda, na década de 1980, como assessor especial junto ao Ministério da Fazenda, para a negociação da dívida brasileira com o Japão, bem como perante o chamado “Fundo Nakazone”. Foi consultor para as negociações da ECO-92 que incluiu verbas do Japão para o saneamento do Rio Tietê e da Baía de Guanabara. Também tem atuado junto aos trabalhadores brasileiros no Japão, focando o setor educacional. Nos últimos anos, dedica-se à área de agronegócios, estando em andamento projetos trilaterais entre Brasil-Japão e países em desenvolvimento da América Latina, África e sudeste asiático.

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Aldemir Chaim Graduado em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1979) e mestrado em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1984). Atualmente é Pesquisador II na Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, Estado de São Paulo. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos, atuando principalmente nos seguintes temas: deposição, gotas com carga eletrostática, agrotóxicos, pulverizador e pulverização eletrostática.

Marcelo da Silva Scapin Mestre em Fitossanidade pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Engenheiro Agrônomo pela Faculdade Dr. Francisco Maeda (Fafram). Ingressou como pesquisador no Fundecitrus em maio de 2011 para trabalhar com tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, área na qual atua desde 2007. Trabalhou desde a sua formação acadêmica com tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas de forma geral e uso de adjuvantes na agricultura. Atualmente, colabora nos projetos de adequação do volume de calda utilizado em pulverizações de inseticidas, fungicidas e bactericidas em citros, associado ao uso de novas tecnologias. Desempenhou atividades em instituto de pesquisa estadual, onde atuou em estudos realizados em tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas e estudos relacionados ao uso de adjuvantes que possam aumentar a eficiência de pulverizações agrícolas. Atuou também como membro de um grupo de estudos das condições das informações de segurança do trabalhador constantes em rótulos e bulas de defensivos agrícolas juntamente com os Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Agricultura.

Nilton Bernini (Italo) Técnico em Agropecuária, formou-se como piloto na aplicação aérea de defensivos agrícolas. Atuou em diversas empresas de equipamentos, fertilizantes e defensivos agrícolas. Promove palestras sobre aplicação aérea de herbicidas e defensivos.

Murilo Gagliardi Basso Graduado em Engenharia de Alimentos pela Unicamp, tem MBA de Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Foi Assessor Técnico Comercial da Unilever do Brasil, na área de laticínios e farmacêuticas, foi Diretor Comercial da Citromax Flavors, empresa multinacional no segmento de aromas e condimentos alimentares. Trabalha atualmete na Liofoods, onde é responsável pela operação comercial da empresa, atuante no ramo de ingredientes industriais liofilizados e refeições liofilizadas, produtos altamente inovadores e tecnológicos no Brasil. Gerenciamento das inova12


7º Bunkyo Rural ções, da equipe comercial e criação do mercado de liofilizados no Brasil, sendo a primeira e única empresa a criar as refeições liofilizadas. Atua também no desenvolvimento de novos negócios no mercado externo.

Anita de Souza Dias Gutierrez Doutora em Produção Vegetal, pós-doutorada em Tecnologia de Alimentos, trabalhou como assessora para a Nippon Koei, no projeto da JICA. Atualmente é Chefe do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.

Helio Akio Nishimura Graduado em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP, participou de intercâmbio numa fazenda nos Estados Unidos. Foi Coordenador de Produção da Cooperativa Agrícola de Cotia, Consultor de Produção da Holambra, e Consultor de FLV (frutas, legumes e verduras) do Grupo NK, e Consultor FLV do Grupo Pão de Açúcar, de 2001 a 2014, onde trabalhou no desenvolvimento de fornecedores de frutas, legumes, verduras e orgânicos para o Programa de Qualidade, monitoramento e treinamento de produtores, com missões de qualidade nos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Chile, Argentina e Turquia. Desenvolvimento de fornecedores para as marcas exclusivas do grupo, Taeq e Qualitá. Atualmente, trabalha na Consutoria Bambu 5, atendendo a supermercados e empresas alimentícias.

Helio Satoshi Watanabe Formado na Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, trabalhou na Cooperativa Agrícola de Cotia - Cooperativa Central e na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP. É especializado em fruticultura tropical, responsável pelo Programa Garantia de Sabor da CEAGESP, é consultor da JICA e é membro efetivo da Comissão Técnica da Produção Integrada de Anonáceas. Foi responsável pelo levantamento da movimentação de embalagem no ETSP - CEAGESP de 2004 a 2014. Presidente da Coordenadoria Eco e Recursos Latino-Americanos (CERLA), consultor da JICA - Japan Internacional Cooperation Agency no Brasil e consultor em Agricultura e Piscicultura na Colômbia e no Paraguai Foi Consultor do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Peru, e em Agricultura e Piscicultura do Ministério da Agricultura da Nicaragua. Participou como consultor de projetos para a América Latina da JAIDO - Japan International Development Organization, no Japão.

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PROGRAMAÇÃO Dia 09/09/2016 - Sexta-Feira 08h00

Café da manhã e recepção

08h30

Seção Solene de abertura oficial

09h15

Palestra Magna: Sr. Roberto Rodrigues, Ex-Ministro da agricultura

09h35

Panorama da Fruticultura no Brasil – Prof. Dr. Marcel Bellato Sposito, Depto. de Produção Vegetal – ESALQ-USP

10h15

Fruticultura: novas variedades adaptadas para as variações climáticas – Prof. Akiyoshi Miyata, pesquisador da área de Citricultura da província de Yamaguchi (Japão), a convite da CKC.

11h15

PAINEL: Sistemas Agroflorestais – moderadora: Sra. Maria José Brito Zakia, do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF) 1. Sistemas Agroflorestais: legislação ambiental e seus reflexos na execução de produção em área de reserva legal e APP – Sra. Maria José Brito Zakia – IPEF 2. Sistemas Agroflorestais como instrumento de otimização de produção agrícola – Prof. Dr. Ciro Abbud Righi, Depto. de Ciências Florestais – ESALQ-USP 3. Fruticultura: Desafios para a Sustentabilidade - Sr. Michinori Konagano, presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu

12h15

ALMOÇO

14h00

Diagnóstico da Composição Nutricional (CND) da Atemoia – Prof. Dr. Danilo Eduardo Rozane – UNESP-Registro PAINEL: Produção e modernidade na Fruticultura – Moderador: Eng. Agrônomo Isidoro Ossamu Yamanaka 1. Pulverização eletrostática – Sr. Aldemir Chaim, pesquisador da EMBRAPA-Jaguariúna 2. Tecnologia de Aplicação de Defensivos na Fruticultura – Eng.Agrônomo Marcelo Scapin 3. Drone na Agricultura – Sr. Nilton Bernini (Italo), da Aero Drone – Academia AMA

15h00

16h00

Coffee Break

16h15

Liofilização como processo de industrialização de alta qualidade de frutas desidratadas – Sr. Murilo Gagliardi Basso, da Liofoods

17h00

PAINEL: Desempenho, desafios e tendências na comercialização das frutas da região – Moderadora: Sra. Anita de Souza Dias Gutierrez – do Centro de Qualidade da CEAGESP 1. Representante de atacadista da CEAGESP – Sr. Mario Nakamura, da Comercial Uniagre de Frutas Ltda. 2. Representante de atacadista fora da CEAGESP – Sr. Helio Nishimura, da MNS – Comércio de Produtos Agropecuários Ltda. 3. Técnicos da CEAGESP.

18h00

Avisos sobre o dia de campo

20h00

JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO (por adesão)

Dia 10/09/2016 - Sábado

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08h00

Dia de Campo com visitas a lavouras de atemoia, dekopon, uva e caqui da região com debates in-loco

12h00

Almoço e seção de encerramento com entrega de certificados.


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PALESTRA MAGNA: A AGRICULTURA BRASILEIRA Palestrante: Roberto Rodrigues Ex-Ministro da Agricultura Alimentação é um tema central do mundo contemporâneo. Sustentabilidade é uma palavra que está todo tempo na mídia, nos jornais, revista, televisão. Todo dia vê-se alguém falando sobre isso, mas não é um tema comezinho, é um tema extremamente sério. Tão sério que a própria ONU, Organização das Nações Unidas, está discutindo sobre a segurança alimentar olhando para 2050, dizendo que em 2050 seremos 9 bilhões de pessoas no mundo e até lá a produção agrícola precisa crescer aproximadamente 70%. 70% até 2050. É um desafio extraordinário! Eu sou hoje membro de 29 conselhos diferentes e tenho ido em alguns conselhos internacionais da agricultura. Passo um bom tempo da minha vida fora do Brasil trabalhando em conselhos, entidades acadêmicas baseadas na agricultura e a discussão que diz essas entidades é que lá para 2050... É um pouco temerário, porque o número que a gente prevê pra 40 anos a frente está baseado no quê? Nas tecnologias que a gente conhece e aquelas que a gente acha que vai acontecer no futuro de curto e médio prazo. Mas a gente sabe que com a rapidez e a profundidade das inovações tecnológicas é praticamente impossível prever o que vai acontecer em 40 anos. Então, pensando nisso, a OCDE, que é a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico, e é uma instituição acadêmica, preocupado com a alimentação em todo o mundo, fez um estudo em 2011, portanto, há cindo anos, olhando para 2020, ou seja, pensando num período de 10 anos, e disse então em 2011, com dados da FAO, que até 2020, que é daqui a 15


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quatro anos, não é? Nós precisaremos aumentar a produção de alimentos em 20%, para que haja segurança alimentar no mundo. Por que é tão importante o Brasil entrar? Porque não existe paz onde houver fome. A única chance de paz no mundo é alimentando todo mundo e é por isso que a ONU, que é a instituição responsável pela preservação da paz universal, propôs este tema. Tema para 2050. Então, pensando em 2020, aumentar em 20% os alimentos, parece uma coisa trivial. Não é trivial. Por quê? Porque a União Europeia cresce no máximo 4%, repito, no máximo 4%! Os Estados Unidos e Canadá, no máximo 13 a 14%! A Oceania 15%! Os grandes países da Eurásia: China, Índia, Rússia, incluindo Ucrânia, podem aumentar de 23 a 24% da produção. A média não chega a 20%. Para que a média de aumento de alimentos, em 10 anos, cresça 20% é preciso que o Brasil cresça 40%, por todos. Esse é um dado muito relevante, porque é a primeira vez na história contemporânea que o mundo olha para o Brasil e fala "Brasil, por favor, aumente em 40% a sua produção de alimentos em 10 anos para que o mundo aumente a metade, 20%". É um desafio colocado para nós de fora para dentro inédito! Nós nunca tivemos este desafio antes. Ao contrário, o que houve sempre é que os nossos concorrentes, Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália sempre olharam o Brasil com medo da nossa condição competitiva e procuraram nas mesas de negociação internacional, na OMC particularmente, restringir o nosso aumento de produção. Agora não, agora há um chamamento para que o Brasil aumente a sua produção em 40%, em dez anos. E veja, este dado foi de 2011, portanto já se passaram cinco anos. Faltam só cinco. E nós não crescemos a metade destes 40%. Por que a OCDE e a FAO acham que o Brasil pode crescer até 40% na sua oferta de alimentos? São três razões básicas. A primeira é pela tecnologia, e aqui, em Pilar do Sul, os professores conhecem isso muito melhor do que eu. Sabem que não há condição de produzir competitivamente sem produtividade e, portanto, sem tecnologia. O segundo é terra disponível. O terceiro é gente, gente capaz e competente para produzir agricultura em todos os níveis no Brasil. Vamos examinar estes três temas rapidamente. Primeiro, a "tecnologia". Vou dar alguns números para os senhores, porque não vamos tomar muito tempo nessa conversa. Pegando o tema de grãos... Nos últimos 25 anos... 25 anos. Dos anos 90 até hoje, a área plantada com grãos no Brasil cresceu 53% e a produção de grãos cresceu 261%, cinco 16


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vezes mais. O que foi isso? Tecnologia. Os agricultores brasileiros foram atrás daquilo que foi gerado, anos de pesquisa em instituições paulistas como Instituto Agronômico, Biológico, de Pesca, Florestal, Zootecnia, e também de instituições de outros estados, como a própria EMBRAPA, que hoje é o florão do Governo Federal do Brasil, e incorporaram a tecnologia ao manter a produtividade nas áreas em que já estavam cultivadas. Então veja que coisa impressionante, os números são impressionantes! Eu falo sobre isso lá fora e todo mundo se impressiona e se assusta. Como é possível que o país tenha aumentado a área plantada em 53% e a produção em 261%? O número é realmente uma demonstração espetacular que fez o agro brasileiro. Olha, eu fui presidente da Aliança Mundial de Cooperativas, passei um bom tempo da minha vida viajando pelo mundo todo pra ver cooperativismo... de todos os tipos. O Brasil evoluiu na área agrícola e eu posso garantir aos senhores que nenhum país agrícola do mundo fez a mesma evolução que o Brasil fez com tanto vigor e com tanta rapidez. Agora, por trás deste número, tem um outro número que é mais importante ainda e é o tema deste evento: a agricultura e a fruticultura com sustentabilidade. Hoje o Brasil tem 58 milhões de hectares cultivados com grãos. Se nós tivéssemos hoje a mesma produtividade de 1990, seriam necessários mais 78 milhões de hectares para produzir a safra deste ano de grãos. Em outras palavras, nós preservamos 78 milhões de hectares. Não é promessa, não é sonho, não é um compromisso imaginário. Já fizemos isso e não venha ninguém me dizer que o Brasil não tem agricultura sustentável. A agricultura é a mais sustentável do planeta em termos tropicais. Nenhum país tropical faz o que fez o brasileiro. E nós somos em grãos, vamos pegar fruticultura, cafeicultura, carnes... A produção de frangos do Brasil nos últimos 25 anos cresceu 453%! Olha, isso mostra uma competência tecnológica gerada nos nossos centros de pesquisas e universidades que fazem um trabalho fantástico. Então tecnologia é um tema que nós temos uma vantagem competitiva. E outra... E continuamos investindo na sustentabilidade. Hoje existe o programa ABC, o plano de Agricultura de Baixo Carbono, que tem seis programas específicos. São seis programas específicos 17


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que fazem com que a emissão de gases do efeito estufa seja cada vez menor na agricultura brasileira, e este tema é tão célebre, tão importante, que em dezembro passado, na COP 21 de Paris, foi o maior. O país foi o mais elogiado e compreendido como comprometido com a agricultura sustentável por causa do plano do ABC que o Brasil está liderando. Então, estamos com a tecnologia tropical sustentável de grande qualidade. O segundo tema é "terra disponível", que nos permite aumentar em 40% a produção. Por que temos terra disponível? Todo mundo sabe, o Brasil tem 851 milhões de hectares. O que ninguém sabe é que desses 851 milhões de hectares, só 84 milhões de hectares são cultivados de forma plena no Brasil. Menos de 10% do território brasileiro é agricultado, menos de 10%! E temos mais 20%, na verdade, 19,8%, com pastagens. Só que a evolução da pecuária de corte, de leite é tão extraordinária no Brasil, que hoje, desses 176 milhões de hectares com pastagem no país, 40 milhões já estão degradados. Então tem muita área de pasto sendo desprezada pelos produtores, e sendo transformada em agricultura ou floresta plantada. O Brasil já tem hoje 7,5 milhões de hectares de floresta plantada. É o terceiro país no mundo em floresta plantada. Então tem uma área disponível para crescer notável. O IBGE calcula que nós tenhamos ainda 79 milhões de hectares por cultivar, ou seja, cultivamos 84 e podemos cultivar mais 79. Isso assusta nossos concorrentes. Então o comércio internacional estava procurando impedir que o Brasil crescesse. Só que o que ninguém sabe, já foi tratado aqui agora pelo professor Tomio na sua fala, o que ninguém sabe ainda é que na verdade, destes 79 milhões de hectares, só sobram 15 milhões de hectares legalmente cultiváveis. O resto, por causa de cota florestal, por causa de reservas nacionais, parques nacionais, estaduais, municipais, privados, terra pra índio, terra pra quilombola e outros territórios legalmente impossibilitados sobram hoje para serem incorporados, de fato, apenas 15 milhões de hectares, dos quais 10 milhões são de pastagens que virarão agricultura e 5 milhões são de desmatamento legal, sobretudo área de cerrado. Porque do ilegal, que é coisa de polícia, não vou nem tratar desse assunto. Então nós, na verdade, vamos poder crescer apenas 15 milhões de hectares sobre os 84 milhões atuais, pouco menos de 20%. Mesmo assim, 15 milhões de hectares é uma área significativa, maior até do que muitos países do mundo, como vocês todos conhecem muito bem. Então, nós temos tecnologia e terra disponível. E o terceiro tema é "gente capaz". Este é o tema que me encanta muito. Eu tenho andado muito pelo 18


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mundo todo e é uma recorrência das impressões que eu recolho no mundo, na agricultura, sobre a competência técnica e a juventude do produtor. Na Europa hoje 30% da população agrícola já é feita em arrendamento de terra pelos produtores rurais que envelhecem e não encontram sucessores para suas atividades, então é melhor arrendar suas terras. Um terço da agricultura europeia já é feita hoje pelo arrendamento de terra. No Brasil nós temos na agricultura a idade média de 43 anos. Isto é 15 anos menor do que a idade média dos europeus. Então nós temos uma juventude. E outra, temos agricultores competentes. Eu dei aula na UNESP de Jaboticabal por 37 anos, e vejo como atuam hoje os meus alunos. Eles estão ligados em tempo integral no computador e sabem cotar o preço da soja, do caqui, do cacau em Chicago, em Tóquio, em Amsterdã. Sabem se choveu na Argentina ou não, e torcem para não chover na Argentina por razões óbvias, ninguém quer competir com a Argentina. Mas todo mundo sabe o que está acontecendo em tempo recorde. As decisões tomadas pelos agricultores e produtores brasileiros, são decisões concretas e consistentemente assumidas em função da informação. Então, isso tudo tem feito o Brasil dar avanços espetaculares. Vou dar alguns números desses avanços também. Na área de exportação. Vamos pegar dois. 15 anos atrás, o agronegócio brasileiro exportou 21 bilhões de dólares. No ano passado, 2015, 88 bilhões de milhões, isto é mais de 4 vezes a mais! Lembrem-se que neste período nós tivemos a crise de 2008 ~ 2010. Foi a época da pior crise financeira dos últimos 50 anos e o comércio mundial refluiu nesse período. Todavia, enquanto o comércio mundial diminuiu, nós aumentamos por quatro nosso progresso. Isso é eficiência, competência, não é? Agora, temos dados interessantes. Nesse período, no ano 2000, 59% do nosso mercado consumidor eram a União Europeia e os Estados Unidos. No ano passado, 2015, só 26%, quase a metade. O que aconteceu? Exportamos menos para eles? Não em números absolutos. Mas outros mercados surgiram e são muito mais importantes. A China em 2000 era 2,7% do nosso mercado e no ano passado foi de 26%. Basicamente 10 vezes mais, assim como a África, outros países asiáticos, e países da América Latina. Esses mercados cresceram. Por quê? Porque os países emergentes, esses aqui referidos, como Índia e China são países onde a população cresce mais e a renda per capita cresce mais. Agora, a demanda por alimentos, por energias vivas, também cresce mais na medida em que a sua renda aumenta. Então os mercados tendem a crescer, porque os países emergentes vêm crescendo cada vez mais em

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termos de renda e demanda. China, Índia, países africanos, América Latina são grandes mercados para países produtores como o Brasil. Isso nos dá uma posição notável. Hoje o Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, de café, de açúcar, de carne de frango, segundo de carne bovina, segundo no comércio de soja, segundo de milho, quarto lugar na exportação de carne suína, primeiro em tabaco, e crescendo em frutas, oleícolas e produtos orgânicos, flores e etc. Então, isso nos dá uma dimensão do que nós fizemos. Então estou tentando mostrar algumas coisas. Primeiro, que há um mercado mundial demandante de alimentos e esse na verdade é um tema que leva à paz universal. Então é preciso ter a produção de alimentos para que haja a paz. Segundo, o Brasil é visto hoje como um país capaz de crescer 40% em até 10 anos. Terceiro, que estamos fazendo o possível para chegar lá. A pergunta final é a seguinte: podemos ter estes 40%? A resposta é "sim, podemos ter 40%". A outra pergunta: Vamos crescer 40%? Não, não vamos crescer 40%. Por que é que não vamos? Porque não é a estratégia. O Brasil, infelizmente, há muitos anos, não tem uma estratégia aplicada ao agricultor. Aliás, para ser mais preciso, a última vez que houve estratégia agrícola consistente no Brasil foi no Governo Geisel, há mais de 40 anos, quando foi criada a EMBRAPA, a EMBRATER e os programas agrícolas que até hoje continuam na área de preços mínimos, temporais, etc. Mas não há uma estratégia. Nunca mais houve uma estratégia. Nós não conseguimos ter uma estratégia, por quê? Porque a visão de Governo, se você vê então, é uma "visão urbana", uma visão que imagina ser possível consumir sem produzir. As pessoas não se dão conta que não há consumo, não há abastecimento, se não houver produção. Então a produção é a base do processo, mas infelizmente temos os governos brasileiros que são urbanos, que não olham o negócio de uma forma mais adequada. O que falta na estratégia? Algumas coisas básicas. Primeiro, política de renda. Nós não temos, no Brasil, uma política de renda adequada. Por exemplo, o "Crédito Rural". A lei do Crédito Rural foi criada em 1965, tem mais de 50 anos, então é impossível num país que evoluiu tanto ter um crédito rural de 50 anos de idade. Claro que foi evoluindo, mas o instrumento legal ainda é muito velho. O Seguro Rural fui eu que criei como Ministro da Agricultura. Em 2003 eu criei o Seguro Rural. 13 anos depois tem menos de 10% da área plantada do Brasil coberta pelo Seguro Rural. Então é ridículo o Seguro Rural, por quê? Porque o Governo não faz a parte dele. Estou resu20


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mindo bem, mas então, falta política de renda. Segundo, falta o "Brasil comercial". Para que tenha uma ideia desse absurdo, 40% do comércio mundial de alimentos hoje acontece por meio de acordos bilaterais. O que é um a acordo bilateral? Dois países, ou grupos de países, vão se comprometer para aumentar o comércio. Para quê? Para gerar renda, emprego, riqueza. Baixam tarifas, aumentam o crédito e o comércio aumenta entre eles. O Brasil não tem nenhum acordo bilateral relevante, nenhum! O Chile tem 20%, Colômbia tem 40%, o México tem mais de 60% e o TPP - Acordo Transpacífico vai tomar mercado da gente. O TPP é um acordo entre eles, que inclui os Estados Unidos e não fazemos parte. Esse acordo significa diminuição do nosso mercado. Então, não temos acordo bilateral, lamentavelmente. Eu estive atendendo o ministro Serra, que é o chanceler brasileiro, e ele disse que vai enfrentar o problema dos acordos bilaterais para que o Brasil possa evoluir e tenha mais mercados. Assim como com o ministro Blairo Maggi com quem também temos conversado e é uma pessoa que compreende bem o problema brasileiro e tenta ajudar o empreendedor rural. Ele está trabalhando com muito vigor para o estabelecimento de regras que garantam a renda rural, sobretudo o seguro e o crédito rural. Então falei de renda, do comércio, e o terceiro item é logística. Em São Paulo não se dá conta do problema, mas o saco de milho no produtor do Mato Grosso custa X e trazer aquele saco para o Porto de Santos custa outro X. Então você precisa reduzir seus custos dentro da fazenda e para transportar seu produto pega uma logística totalmente sucateada do Brasil. De novo, o atual Governo promete trazer o investimento em logística via concessões para o produtor rural. Então, existe uma estrutura, uma estratégia totalmente precária para a agricultura. Os recursos tecnológicos são bárbaros, mas hoje o Instituto Agronômico de Campinas, que é o pai da ciência brasileira, o pessoal de Piracicaba que é a mãe da ciência brasileira, estão sucateados. Nossos institutos de pesquisa estão 21


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assim porque os Governos não olharam a pesquisa com a necessária visão desenvolvimentista. Hoje eu acredito que, com essa retomada de um Governo mais liberal no país, é possível que venha uma estratégia. Não podemos ter muita esperança, o Brasil está quebrado infelizmente. E lamentavelmente o estrago feito é muito grande e a recuperação vai demorar um tempo, mas eu ouço, conversando com ministros, conversando com a equipe da agricultura, que há esperança muito grande de que o Brasil possa ter finalmente uma estratégia com políticas públicas adequadas e com a gestão privada também mais adequada, sobretudo através de cooperativismo e associativismo, porque eu acredito, senhoras e senhores, que nós estejamos muito perto da montagem de um programa que permita ao Brasil crescer os 40% solicitados pela OCDE e pela FAO. Todos os estudos da agricultura no ano passado indicam um crescimento tranquilo de 38%, imaginando que algumas novas regras surgirão. Eu estou convencido de que é possível crescer mais do que 40%, desde que tenha uma estratégia adequada. Agora, isso depende muito de nós, depende da comunicação! Numa democracia que nem do Brasil, políticas públicas só acontecem, a prefeita sabe disso muito mais do que qualquer um de nós aqui, se a sociedade quiser. Se a sociedade acha que a agricultura é uma atividade secundária que não tem importância alguma, não se criarão políticas públicas adequadas. Se a sociedade for convencida de que a agricultura é a base da economia brasileira, representa 22% do nosso PIB, gera 1/3 dos empregos e gera 65%, ao menos, das exportações brasileiras, sustenta o país, isto então fará do Brasil um país cada vez mais importante gerando riqueza com a agricultura. Nós vamos ser os campeões mundiais da segurança alimentar! Ninguém tira este título do Brasil e, por isso, nós vamos ser os campeões mundiais da paz, alimentando o mundo inteiro! Vamos fazer isso, que vale a pena! Muito obrigado senhoras e senhores. Tomio Katsuragawa, ex-Ministro Roberto Rodrigues e Isidoro Yamanaka no Bunkyo Rural em Pilar do Sul 22


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75 PAÍSES QUE MAIS IMPORTARAM ALIMENTOS DO BRASIL - 2016 Bloco/País Total (PAIS) - CHINA (BLOCO) - UNIÃO EUROPEIA 28 (PAIS) - ESTADOS UNIDOS (PAIS) - JAPAO (PAIS) - IRA REP.ISL.DO (PAIS) - ARABIA SAUDITA (PAIS) - RUSSIA,FED.DA (PAIS) - HONG KONG (PAIS) - COREIA,REP.SUL (PAIS) - INDONESIA (PAIS) - INDIA (PAIS) - EGITO (PAIS) - EMIR.ARABES UNIDOS (PAIS) - TAILANDIA (PAIS) - VIETNA (PAIS) - ARGENTINA (PAIS) - BANGLADESH (PAIS) - MALASIA (PAIS) - ARGELIA (PAIS) - CHILE (PAIS) - TAIWAN (FORMOSA) (PAIS) - VENEZUELA (PAIS) - TURQUIA (PAIS) - MEXICO (PAIS) - NIGERIA (PAIS) - CANADA (PAIS) - PARAGUAI (PAIS) - URUGUAI (PAIS) - CINGAPURA (PAIS) - AFRICA DO SUL (PAIS) - IRAQUE (PAIS) - MARROCOS (PAIS) - ANGOLA (PAIS) - PERU (PAIS) - IEMEM (PAIS) - COLOMBIA (PAIS) - PAQUISTAO (PAIS) - ISRAEL (PAIS) - LIBANO (PAIS) - BOLIVIA (PAIS) - CUBA (PAIS) - GEORGIA,REP.DA (PAIS) - REP.DOMINICANA (PAIS) - AUSTRALIA (PAIS) - COVEITE (PAIS) - MIANMA (PAIS) - FILIPINAS (PAIS) - TUNISIA (PAIS) - NORUEGA (PAIS) - JORDANIA (PAIS) - SRI LANKA (PAIS) - OMA (PAIS) - EQUADOR (PAIS) - CAYMAN,ILHAS (PAIS) - SUICA (PAIS) - CATAR (PAIS) - MAURITANIA (PAIS) - SIRIA,REP.ARABE (PAIS) - BAREIN (PAIS) - DJIBUTI (PAIS) - LIBIA (PAIS) - UCRANIA (PAIS) - GAMBIA (PAIS) - GANA (PAIS) - SOMALIA 1 = Acordo Agrícola OMC e Pescados

Valor (US$) 71.497.345.569¹ 17.798.219.863 13.337.971.037 3.653.141.393 2.198.755.759 2.128.897.396 2.080.371.555 2.070.581.398 1.917.895.188 1.798.459.161 1.623.182.611 1.358.245.030 1.366.228.406 1.323.455.890 1.221.883.751 1.086.740.437 570.508.762 1.033.330.682 994.674.224 990.126.079 739.506.453 687.477.289 700.807.588 606.413.857 287.862.762 603.338.185 521.158.420 375.027.592 347.805.933 404.965.145 364.929.868 430.804.202 400.121.228 394.401.064 178.692.151 382.474.085 240.837.325 324.429.563 247.152.978 264.837.067 140.452.917 200.074.621 202.987.537 123.748.512 141.451.754 181.837.186 182.054.866 156.387.880 163.458.104 148.061.973 157.228.063 140.623.899 149.326.085 54.324.144 723.765 121.189.511 117.789.690 112.540.514 104.075.960 87.897.109 88.614.796 85.565.439 84.638.375 79.164.820 72.678.439 78.731.982

Participação % 84,18% 20,96% 15,70% 4,30% 2,59% 2,51% 2,45% 2,44% 2,26% 2,12% 1,91% 1,60% 1,61% 1,56% 1,44% 1,28% 0,67% 1,22% 1,17% 1,17% 0,87% 0,81% 0,83% 0,71% 0,34% 0,71% 0,61% 0,44% 0,41% 0,48% 0,43% 0,51% 0,47% 0,46% 0,21% 0,45% 0,28% 0,38% 0,29% 0,31% 0,17% 0,24% 0,24% 0,15% 0,17% 0,21% 0,21% 0,18% 0,19% 0,17% 0,19% 0,17% 0,18% 0,06% 0,00% 0,14% 0,14% 0,13% 0,12% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,09% 0,09% 0,09%

Valor (US$) 84.934.587.248² 20.831.138.418 16.678.371.451 6.256.976.956 2.439.006.525 2.133.948.169 2.133.719.225 2.080.440.714 2.076.865.887 2.008.313.943 1.674.624.838 1.489.392.630 1.413.090.503 1.378.311.208 1.334.219.615 1.301.844.375 1.152.780.214 1.040.335.630 1.020.627.241 994.856.036 930.985.514 799.132.032 734.619.880 661.507.191 648.365.307 613.133.180 587.426.638 563.358.783 496.967.805 486.152.088 458.685.431 431.087.972 410.061.099 402.479.312 391.644.148 382.551.434 358.035.637 350.036.555 286.186.193 270.509.392 258.770.541 224.633.689 203.250.523 192.282.647 189.724.488 187.734.809 182.147.325 173.858.580 169.560.499 164.963.808 159.919.316 150.825.924 150.238.164 132.290.272 130.917.689 123.680.579 119.618.052 113.233.111 105.292.005 88.924.792 88.696.360 86.156.974 85.112.774 80.816.415 78.920.483 78.833.766

Participação % 100,00% 24,53% 19,64% 7,37% 2,87% 2,51% 2,51% 2,45% 2,45% 2,36% 1,97% 1,75% 1,66% 1,62% 1,57% 1,53% 1,36% 1,22% 1,20% 1,17% 1,10% 0,94% 0,86% 0,78% 0,76% 0,72% 0,69% 0,66% 0,59% 0,57% 0,54% 0,51% 0,48% 0,47% 0,46% 0,45% 0,42% 0,41% 0,34% 0,32% 0,30% 0,26% 0,24% 0,23% 0,22% 0,22% 0,21% 0,20% 0,20% 0,19% 0,19% 0,18% 0,18% 0,16% 0,15% 0,15% 0,14% 0,13% 0,12% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,10% 0,09% 0,09%

2= Total de Exportação do Agronegócio

Fonte: Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento - Agrostat - Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio

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Patrocínio

Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2344 -13º andar Jd. Paulista - CEP:01402-900 - São Paulo Fone: (11)3147 2300 contato@fkm.org.br

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PANORAMA DA FRUTICULTURA NO BRASIL Palestrante: Prof. Dr. Macel Bellato Sposito Departamento de Produção Vegetal - ESALQ/USP Mais uma vez, quero agradecer à comissão organizadora pelo convite. É enorme a satisfação de participar deste evento. Eu sou um dos três alunos que o professor e ex-ministro Roberto Rodrigues disse que encontrou aqui. Também foi uma satisfação reencontrá-lo. E fazer uma palestra depois dele é um desafio. Vou tentar manter o padrão, OK? Bem, o tema sugerido foi Panorama da Fruticultura Brasileira. Um assunto muito amplo o qual vou tentar, em 40 minutos, trazer algumas informações importantes. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e Índia. Produzimos 41 milhões de toneladas de frutas em 2,4 milhões de hectares. Isso se deve à qualidade de nossas terras e também ao clima, que é altamente favorável à nossa fruticultura. Entretanto, nós temos, fora dos tipos convencionais, uma ampla gama e espécies no Norte e Nordeste brasileiro, como são os casos do camu-camu, graviola, geribá, buriti e o cajá, que são frutas nativas do Brasil e são

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pouco exploradas. Essas fruteiras têm um forte comércio naquelas regiões e a Embrapa Amazônia vem trabalhando para domesticá-las e ter algumas cultivares que possam ser produzidas comercialmente. Um exemplo claro é o açaí. Hoje em dia a Embrapa já tem algumas cultivares produzidas tanto no Norte e no Nordeste quanto em outras áreas do país, que alimentam e nutrem toda a cadeia da fruticultura. Fora o Norte e o Nordeste, nós temos as fruteiras que existem na nossa Mata Atlântica, aqui no Sudeste. Aliás, no café da manhã, nós tivemos alguns materiais, como a juçara, que são utilizados como creme e também sucos. Nós temos uma ampla diversidade de frutas na nossa Mata Atlântica. Aqui, por exemplo, nós temos a gabiroba, a uvaia e o cambuci. O importante é que essas frutas, que são pouco estudadas no Brasil, estão ganhando espaço. Na ESALQ tem um professor que está trabalhando com essas frutas nativas. Elas têm um grande apelo e alguns produtores da região do Vale do Paraíba já as produzem e as entregam diretamente a restaurantes da alta gastronomia da cidade de São Paulo. Então nós temos essas frutas nativas, ainda pouco exploradas, com um grande potencial. E o que que faz a nossa fruticultura ser tão grande? São frutas trazidas de fora. Nós temos a laranja, nosso carro chefe, né? Depois a banana, melancia, abacaxi, coco, mamão, uva, maçã e manga. Dessas nove fruteiras mais produzidas no Brasil, apenas o abacaxi tem origem aqui. O restante veio tudo do exterior. Trazido por quem? Primeiro pelos colonizadores portugueses. A uva, por exemplo, foi trazida por Martim Afonso de Sousa em 1534, e quando ele veio para a capitania de São Vicente, trouxe um fidalgo chamado Brás Cubas, fundador da cidade de Santos, e ele trouxe algumas estacas de videira. E ele começou a plantar uva na região que é Cubatão. Só que não deu muito certo, então ele subiu o Planalto Paulista e começou a produzir no bairro que hoje em dia é o Tatuapé. E produziu muita uva e vinho também.

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Então, esses colonizadores trouxeram muitas dessas frutas. também trouxeram tecnologia, conhecimento. Os italianos, contribuíram com a videira na região de Campinas ou na Brasil. E a colônia japonesa também teve sua importante trazendo o caqui, por exemplo.

Os imigrantes por exemplo, região sul do participação,

Tenho aqui uma moeda comemorativa do Centenário da Imigração Japonesa, feita em 2008, e que na face dela tem a imagem do Kasato-Maru, o navio que trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses, e na outra há uma senhora colhendo o caqui. Então, a importância da cultura dessa fruta é tão forte junto com a imigração japonesa, que fez parte até de uma moeda comemorativa. Bem, as frutas que produzimos seguem, mais ou menos, um padrão internacional. Se analisarmos, as frutas mais produzidas no mundo são a banana, melancia, maçã, uva e laranja. Então, vejam que elas fazem parte das nove fruteiras que mais produzimos aqui também. Ou seja, produzimos frutas que são produzidas basicamente no mundo inteiro. Portanto, nós temos ainda um grande avanço a percorrer com as fruteiras nativas. E qual é o destino da produção brasileira de frutas? De tudo que a

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gente produz, 53% da produção atende ao mercado de frutas frescas, e 47% ao de frutas processadas. Do total dessas frutas frescas, 51% atendem o mercado interno e 2% o mercado externo, e das processadas, 21% o interno e 26%, o externo. Ou seja, olhando esse organograma aqui, podemos observar primeiro que esse mercado externo de frutas processadas é formado basicamente por suco de laranja, que corresponde a mais ou menos 26% da produção de frutas no Brasil. Outra importante informação aqui é que 62% da fruta produzida no Brasil atendem o mercado interno. Quer seja 51% com fruta fresca ou 21% a processada. Ou seja, a nossa fruticultura é grande e boa parte das frutas produzidas tem como destino o mercado interno mesmo. E só 2% é exportado. É pouco, mas o Brasil é superavitário em relação à fruticultura. Ou seja, mais exportamos do que importamos. Mesmo exportando pouco, o mercado interno é tão grande que precisamos de poucas frutas importadas. E isso só ocorre na entressafra de algumas fruteiras. Importamos um pouco principalmente dos países do Mercosul. Mas para entender e atender esse mercado interno, os produtores devem saber que fazem parte de uma cadeia, que basicamente aqui, simplificando ao extremo, temos três partes, que seriam a produção, a comercialização e o consumidor. E como é uma cadeia, eles têm que saber devem conhecer todos os elos dessa cadeia, para que ela seja forte. Então não adianta querermos produzir algo de um jeito que o consumidor não quer. Então, é importante conhecer todos esses elos. Neste ano, o Sebrae fez um levantamento revelando as características do consumidor das frutas brasileiras. Quais são essas características? É um trabalho bem legal, dá para pegar na internet, é só pesquisar por "Sebrae 2016 característica do mercado interno" que vocês encontrarão esse material. Vi a pesquisa e encontrei alguns pontos interessantes. Primeiro, que apenas 24% da população brasileira ingere a quantidade mínima diária de frutas que foi estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 400 gramas. Temos que trazer e conquistar mais gente para consumir essas frutas. Outro ponto é que as mulheres consomem mais que homens. E isso é meio claro porque as mulheres sempre buscam mais saúde. Enquanto um homem vai ao bar comer torresmo e tomar cerveja, a mulher está preocupada em comer uma coisa mais saudável para manter a forma. 28


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Crianças e idosos consomem mais do que adolescentes e adultos. Isso também, né? Normalmente as mães começam a dar frutas cedo para as crianças, os adultos e os idosos também estão preocupados com a saúde. Quanto maior o nível de Fonte: Hortifruti Brasil 2011 formação educacional, maior o consumo. E, por fim, a pesquisa relaciona o consumo com a renda do brasileiro. Para esta última coloquei uma tabela, que, creio, vocês não vão enxergar nesta tabela, mas é da Hortifruti Brasil. É uma revista interessante da ESALQ, gratuita e que pode ser baixada pela internet. Vocês têm acesso a essa revista, que traz bastantes temas abordando a fruticultura. Um dos temas da pesquisa diz respeito a renda do consumidor. Nesse quadro aqui, que está um pouco longe para vocês enxergarem, o estudo separa três classes de consumidores de frutas: a rica, que seria acima de dez salários mínimos, integrantes das classes A e B; a média, que reúne consumidores de três a dez salários mínimos; e a pobre, que é de menos que três salários mínimos. O que podemos observar aqui é que, no consumo, a classe rica consome 50 kg de frutas por ano. A classe média é responsável pelo consumo de 31 kg de frutas, e a pobre, 17 kg. Ou seja, quanto mais recursos, mais as pessoas consomem. O detalhe interessante é que independentemente de classes, as frutas mais consumidas no Brasil são a banana e citrus. Outro ponto importante que o produtor deve saber são as tendências de consumo, o que o consumidor quer. Um estudo feito em 2010 mostra que 80% da população brasileira vivem nos centros urbanos e 20% nas áreas rurais. E essa população que vive nos grandes centros vai se modificando ao longo do tempo. Hoje, nas grandes cidades, temos muitos solteiros, pessoas morando sozinhas ou casais sem filhos ou com poucos filhos, bem 29


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diferente do que era antigamente. A tendência hoje é de comida rápida por falta de tempo dessas pessoas que moram nas cidades. Muitas delas nem se alimentam em suas casas. O que elas querem são alimentos fáceis e ágeis de serem consumidos. Hoje em dia, nos supermercados dos grandes centros, já se veem embalagens com frutas já cortadas. Aqui nesse caso apresentamos cinco diferentes frutas. Temos o kiwi, aqui ao lado tem abacaxi, mamão, manga e morango. Então, vejam a facilidade desse consumidor, de pegar uma bandeja de diferentes frutas e se alimentar em sua casa rapidamente. Existem até algumas máquinas em que você coloca uma ficha ou moeda e caem copos já com frutas descascadas. Isso é uma tendência de mercado. Além disso, hoje você encontra esses produtos em sites. Ontem encontrei na internet dois deles, apresentando o cardápio de frutas da estação e ainda com a facilidade de entregar em sua casa com tudo descascadinho e arrumadinho. Isso é logicamente uma tendência. Não estou aqui para falar se isso é bom ou ruim, mas é uma tendência de mercado. Outro ponto importante é que o consumidor começa a ficar mais exigente. As pessoas estão mais preocupadas, querem saber como é feito o produto. Eu estou comendo uma fruta, e quero saber como ela foi processada, de onde veio. Começa a ter esse tipo de preocupação e exige-se que as frutas tenham certificações de boas práticas agrícolas, e tem muita gente, principalmente em São Paulo, procurando frutas orgânicas. Os consumidores não procuram a fruta orgânica apenas porque nela não foi aplicada nenhum defensivo. Eles procuram porque têm a certeza que estão comendo algo mais natural. No momento em que estivermos com a certificação de frutas e eles souberem o que estão consumindo, provavelmente não seja tão necessário apelar ou ir diretamente para fruta orgânica, mas podemos trabalhar muito bem com as duas práticas agrícolas. O grande problema que encontramos é a questão das perdas. Um professor 30


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da Universidade de Lavras, Minas Gerais, apontou em pesquisa que as perdas de frutas durante todo o processo são muito altas. Há perdas de 34% com o abacate, com a banana 42%, em média. Estima-se que percamos por ano 5 milhões de toneladas de frutas, que não são consumidas porque perdem suas propriedades durante o processo, entre a produção e o consumo. O professor Lima, de Lavras, fez uma profunda análise para saber quando ocorriam as maiores dessas perdas. Ele viu que 10% delas já ocorrem no campo. E isso é um valor até razoável, uma vez que a fruticultura é uma cultura de riscos. Você está exposto às intempéries, tem problemas de doenças e pragas. O que chama a atenção no pós-colheita é que entre o manuseio até a chegada ao supermercado, há perdas de praticamente 80% nesse processo. E depois, o consumidor, supermercado e consumidor, 10%. Por que temos tantas perdas aqui? Logicamente que isso depende da fruta. Se pensarmos no mamão papaya, que chega a São Paulo a granel, enrolado em jornal, há uma perda muito grande. Então o que é que falta? O que é que seria interessante para melhorar ou reduzir essas perdas e até melhorar a qualidade da fruta? O que falta no Brasil é o que a gente chama de cadeia de frio. Mas o que vem a ser a cadeia de frio? Depois da colheita, a fruta vai para um packing house, uma casa de embalagem, onde ela é beneficiada, limpa, selecionada por tamanho ou cor e colocada em caixas. E essa fruta vai para um pré-cooling, que seria um barracão que reduz a temperatura do produto. Por que a importância de reduzir a temperatura? Você abaixa a taxa respiratória dela, fazendo com que a fruta tenha uma maior vida pós-colheita. Nesse processo, um caminhão refrigerado entra nos barracões, pegam as frutas e levam para o varejo. Isso é muito comum na Europa. Quando você vai para a Europa, encontramos esses caminhões refrigerados em grande número. Isso faz com que a fruta chegue com melhor qualidade ao seu destino. 31


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Menos perdas e melhor qualidade. Por que melhor qualidade também? Muitos produtores costumam produzir frutas e colhê-las em períodos em que ainda não estavam maturadas para colheita. O que vem a ser isso? Quando ela tem o máximo potencial para ser consumida, quando tem sabor, aroma e cor. Por quê? Porque quando colhemos antes, um pouco mais verde, temos um período maior para comercializar essa fruta. Vejam o caso do abacaxi. Quando vamos à feira e compramos um abacaxi, chego feliz em casa para comê-lo e ele, infelizmente, está azedo. Por que está azedo? Porque foi colhido antes do período de maturação plena. O mesmo ocorre com a goiaba. Você vai morder a goiaba, quase deixa os dentes na fruta de tão dura que ela está. Não tem cheiro, não tem gosto e ainda paga caro. Por que a fruta não é colhida no seu pleno amadurecimento? Não se colhe porque se ele o fizer nesse pleno amadurecimento da fruta, depois de dois, três dias já começa a ocorrer podridões. Então, ele perde muita essa sua produção. Por que então ocorre tudo isso? Por falta de cadeia de frio? Se a cadeia de frio estivesse funcionando, e isso não depende só do produtor, mas também de Estado, do governo, teríamos frutas de melhor qualidade fornecidas nos supermercados. Um outro ponto importante, mas muito polêmico, são os defensivos, de agroquímicos, etc. Poderíamos fazer uma palestra só sobre isso, falando para vocês sobre esse assunto, que começou a ter um pouco mais de evidência depois de 2008, quando a Anvisa passou a apresentar anualmente um boletim, disponibilizado na internet, com a análise de resíduos de agro32


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tóxicos. O programa chama-se PARA. Nele há informações de resíduos e de como os alimentos estão sendo consumidos no mercado. Não se assustem, mas 64% dos pimentões produzidos no país estão com alto índice de agrotóxico. Trinta e dois porcento da uva consumida também está com agrotóxicos além do limite. É preciso destacar que nesse estudo são levados em conta dois fatores: primeiro se está usando um produto e você tem o limite máximo de resíduo, e o segundo, se está usando um produto que não tem registro para essa cultura. Por isso é que os consumidores buscam mais os produtos orgânicos. Eles pensam assim: "será que na feira eu estou comprando uma fruta que está fazendo bem para minha família ou fazendo mal? Diferentemente, quando você vai comprar uma batata frita que vem ensacada, tem lá a marca do fabricante, quando foi feita, qual o prazo de validade, quantidade de gordura trans, gordura saturada, etc. E a fruta, como é que a gente sabe? Se comprar uma maçã, por exemplo, será que ela vai me fazer bem mesmo? A gente quer que faça, mas qual é a garantia que damos para o consumidor? Isso é um ponto que precisamos levar em consideração. Vamos falar desse assunto um pouquinho mais para frente, se der tempo! Qualquer coisa, depois eu mando por e-mail para vocês a palestra. 33


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Dentro dessas expectativas do consumidor, alguns grupos começam a trabalhar com o que a gente chama de programa de rastreabilidade e monitoramento de alimentos. Aqui não quero fazer nenhum tipo de propaganda a grupos, mas acho que é interessante a ideia. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, trabalha com um programa que é baseado em cinco pilares: auditoria dos fornecedores, análise e resíduos de agrotóxicos, análise microbiológica, inspeção de qualidade no recebimento e rastreamento. As informações sobre a fruta são disponibilizadas por meio de um QR Code, que é um símbolo que você coloca em celular. Com ele você tem informações como quem é o produtor, origem da fruta, e todas as informações sobre o processo ao longo da cadeia. Mais recente, o programa RAMA, da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), também traz informações ao consumidor sobre a origem e caminho que o produto percorre até chegar às gôndolas dos supermercados. Os supermercados podem aderir ou não ao programa. Em São Paulo, quem aderiu foi o Carrefour. Então, nós temos o Carrefour e o Pão de Açúcar com esse cuidado com os seus consumidores. Se pensarmos em Europa, a rastreabilidade dos produtos é coisa normal. Por isso que muita gente fala "Ah, eu não vou exportar, é muito difícil, os estrangeiros são muito exigentes". Muito exigentes? O que eles tão exigindo lá? Eles apenas exigem um fruto com qualidade, bonito e que não tenha resíduo de defensivo. É o que eles querem. Há ainda alguns outros selos, como não agredir o meio ambiente e tratar bem o seu funcionário. Isso é 34


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muita exigência? Eu acho que não. Acho que nós, como produtores, temos que pensar nisso também. Bem, nós temos três tipos de sucos. Há aquele que podemos chamar de suco, que é aquele integral, com 100% da polpa, nós temos o néctar, que pode variar de 20% a 50% da polpa da fruta dependendo da espécie, e o

refresco, de 5% a 20%. O resto é tudo água e corante, entre outras coisas. Uma matéria na revista Veja apresentou um estudo do Markestrat, que é um grupo de pesquisadores que trabalham com supermercados, que aponta que o suco de laranja integral vendido na França, Grã-Bretanha e Alemanha custa menos que R$ 3,00/litro. E no Brasil custa mais que R$ 6,00. Ou seja, o nosso suco de laranja, que nós mesmos produzimos em Araraquara, enviamos ao Porto de Santos, é levado para Roterdã em um navio, ganha água em sua composição e lá custa metade do preço. Isso é um absurdo! E por que é tão caro o suco de laranja aqui? Por causa de impostos. O imposto para suco integral no Brasil é de 27%. Na França, 5%. Só para vocês terem uma ideia. Vejam que esses países consomem muito mais suco integral do que o Brasil. O Brasil consome muito pouco, pelo ta35


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manho da população que nós temos. E nós consumimos mais refresco porque é mais barato. E isso é um problema sério. As exportações brasileiras de fruta giram em mais ou menos US$ 900 milhões, isso e alguns problemas que nós temos são as barreiras tarifárias. Eu não vou entrar em detalhes sobre acordos comerciais, o professor Roberto Rodrigues já falou sobre isso, mas nós não temos acordos bilaterais. Nós não temos esses acordos porque o Brasil faz parte do Mercosul e não pode ter acordo bilateral. Temos que trabalhar junto o Mercosul com a União Europeia, e isso trava tudo. Temos barreiras fitossanitárias e algumas culturas têm doenças. Por exemplo, com o citrus, pinta preta, não conseguimos exportar porque é uma doença quarentenária para a Europa e nós temos aqui no Brasil. Isso atrapalha bastante as exportações de citrus in natura, e resíduos de agrotóxicos também. Eu atuei na parte de defensivos quando trabalhava no Fundecitrus e tive algumas reuniões em Brasília, onde obtive acesso a essas informações da Anvisa mostrando os rechaços. Então, existem rechaços de frutas quando mandamos para a Europa e essas frutas estão com va36


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lores acima do limite de resíduo do país. Por exemplo, aqui a manga está com resíduo de imazalil, que é um produto pós-colheita, de 0,64 mg/kg, e lá o limite máximo de resíduo é de 0,02 mg/kg. Para exportar, vocês têm que trabalhar com normas e certificações. A mais famosa é o GLOBALG.A.P., que trata de boas práticas agrícolas. Existem outras normas, outras certificações, como a Fairtrade e a Rainforest Alliance, que trabalham mais com aspecto sócio-ambiental. As exportações brasileiras estão em uma linha crescente, aumentando bastante. Exportamos bastante melão, uva, manga e banana. O melão e a banana produzimos bastante na Chapada do Apodi, que fica no Ceará. Então toda a parte de produção de melão, irrigado, e a da manga são exportadas pelo Porto de Natal. No Vale do São Francisco produzimos mais de um milhão de toneladas de frutas por ano, entre Pernambuco e Bahia. A pergunta é: por que conseguimos exportar, e muito, todo o melão (99% do melão brasileiro é exportado dessa região), banana em grande quantidade, uva (98% da uva do Vale do São Francisco é exportada) e manga (quase 99% da manga exportada do Brasil sai de lá)? Alguns podem dizer que é em razão da facilidade, por estar próximo do mercado consumidor; outros dirão que é porque a mão de obra é mais barata. O certo é lá é uma região plana, toda irrigada, com incidência de luz muito alta e calor. Na região do Vale do São Francisco há outra característica. Por estar em uma região mais alta, tem dias quentes e noites frias. Essa amplitude térmica faz com que a fruta consiga mais coloração, e consequentemente, melhor qualidade. Outro detalhe é que no Vale do São Francisco está a Chapada do Apodi. Elas fazem parte do semiárido. E o que é uma região semiárida? É uma região em que não chove. Chove muito pouco, normalmente em março. Então, é uma fruta de uma região que não tem chuva. Se não tem chuva, as plantas não ficam 37


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com molhamento. Não havendo molhamento na planta, não ocorrem doenças, e se não ocorrem doenças, não é preciso pulverizar a produção. Ou seja, não há problema de resíduo de defensivos. É por isso também que algumas regiões conseguem exportar muito e outras nem tanto. Porque lá você não vai ter problema de resíduo. Já falaram que o meu tempo está às mínguas. Existe um projeto aqui, da Abrafrutas, setorial, muito interessante. Depois, se vocês quiserem podem entrar no site, que é da Abrafrutas. É uma associação de produtores que representa 80% da exportação de frutas do Brasil. Está terminando, faltam só dois slides. Por favor, tenham um pouco de compaixão. Esse aqui é importante para os senhores também. Quando falamos que o governo está se mobilizando, então, eu não venho aqui só trazer desgraça, vamos falar de coisas boas também. Tem um projeto de lei de um deputado chamado Evair de Melo, do PV lá do Espírito Santo (Projeto de Lei 3082), que é interessante. Depois entrem na internet para ver os detalhes. Ele já está desde 23 de setembro de 2015 em trâmite no Congresso, e dispõe sobre a política nacional de Incentivo à Produção de Frutas In Natura. Então são vários pontos importantes dentro da cadeia que ele relaciona nesse projeto de lei: incentivo à produção e consumo, desenvolvimento da fruticultura, produtos derivados, incentivos à exportação, facilitação de créditos, etc. E dentro do trâmite, passou agora em agosto pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, e a deputada federal Keiko Ota, de São Paulo, do PSB, aprovou esse projeto. Portanto, está aí uma outra etapa para se transformar em lei. Sabemos que no Brasil para um projeto virar lei vai ser preciso muito esforço para que ela se traduza em algo prático no campo. Mas pelo menos há uma tentativa do governo, ou pelo menos algumas pessoas do governo estão fazendo para tentar melhorar. Para finalizar, quais são os caminhos que temos que tomar na nossa fruticultura moderna? Primeiro é a produção de frutas com boas práticas agrícolas, e isso aqui é importantíssimo. Isso faz com que tenhamos uma qualidade de fruta melhor, prezando pelo ambiente onde estão sendo desenvolvidas essas frutas, e também pelo produtor. Fazendo essa produção com as 38


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boas práticas agrícolas, temos a possibilidade de certificar esse processo produtivo. E a certificação é uma garantia, principalmente para o consumidor, de saber que aquelas frutas que ele está consumindo são de qualidade e foram cultivadas dentro de padrões estabelecidos. Outro ponto importante é a parte de infraestrutura e pós-colheita. Acho que a Dra. Rita hoje à tarde vai falar um pouco sobre isso. Não sei se vai falar, ou então ela vai ser moderadora, ela participará de um painel que vai falar justamente sobre essa parte de vendas. Então, isso aqui é importante: cadeia de frio e outros processos. E, para terminar, o importante é que a nossa fruticultura, que vemos funcionando muito bem, têm à frente grandes grupos com mais de 600 hectares de produção, e eles, logicamente, têm uma infraestrutura muito grande. Agora, o que é importante é seguramos a mão de obra também do pequeno produtor, saber ajudá-lo. Tem muitos municípios perto de Campinas em que os produtores estão perdendo as terras, justamente pelas dificuldades em produzir frutas. O importante para o pequeno produtor é se unir. O ex-ministro Roberto Rodrigues sempre foi entusiasta do cooperativismo. Desde que ele era meu professor em 1988, sempre falou do tema cooperativismo e cada vez vai estar mais forte esse tema. Então, os pequenos produtores, para serem eficientes em todo o processo da cadeia, devem se unir em cooperativas, em associações. Esse é um ponto importante para que a nossa fruticultura, desde o pequeno produtor até o grande, consiga ter uma alavancagem dentro da nossa cadeia de fruticultura. Obrigado.

Osamu Matsuo e Marcel Bellato Sposito 39


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FRUTICULTURA: NOVAS VARIEDADES ADAPTADAS PARA AS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS Palestrante: Prof. Akiyoshi Miyata, chefe da estação Experimental do Centro de Pesquisa da Agricultura e Silvicultura de Yamaguchi (Japão) Sou Miyata, da província de Yamaguchi. Sinto-me lisonjeado em estar na presença dos senhores e poder palestrar referente ao assunto. Sinto-me muito orgulhoso em ver os descendentes de japoneses atuando no trabalho agrícola nas terras do Brasil. O Japão, em questão de produção de frutas ou agrícolas, não chega nem a 10% do que o Brasil produz. E estando em um país onde utilizamos muita tecnologia, não sei como poderei repassar a um país tão grande como o Brasil, que tem grandes produções, as nossas experiências, mas vou fazer o máximo. Como observado na tela ao fundo, a ponta apresenta uma pequena ilha, margeada com a terra. Eu moro em uma região como essa, onde há produção de citricultura, e baseado nisso gostaria de repassar aos senhores um pouco sobre a base da tecnologia agrícola e também um pouco do exemplo do que fazemos no Japão. O tema de hoje é referente um pouco sobre o aquecimento global. Esse assunto não vem de uma hora para outra. Ele vem gradativamente e realmente quando aparecer o sintoma é que se 41


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constata a gravidade do caso. Dentro do tema a ser abordado hoje, nós estaremos focando sobre a situação atual do aquecimento global, além de outros itens, como a influência do aquecimento que traz consequências aos citrus, a tecnologia que poderá ser utilizada como a seleção genética, variedade, uma parte a tecnologia de cultivo e outra parte o pré-tratamento de armazenamento. E por último, gostaria de abordar a questão do fenômeno do aquecimento. Ele não somente aquece a Terra, mas também, por trás disso, tem a questão do esfriamento, que traz danos aos frutos em razão da baixa temperatura. Então, a princípio estaremos abordando a atualidade e previsão sobre o fenômeno do aquecimento global, e esses dados são de 2014 provenientes da ONU. Com relação ao aumento da temperatura global estima-se que nos últimos 100 anos a temperatura no mundo subiu 0,64º C. No Japão ele superou, chegando a 1,15º C, e infelizmente eu não tenho os dados do Brasil. Nesses últimos 40 anos venho atuando no centro de pesquisa e tenho observado essas alterações climáticas. Nesse período, tive a oportunidade de passar por vários tufões fortes, chuvas concentradas e verões muito quentes. E dentro dessa estimativa, espera-se que até o final deste século haja um aumento de temperatura mundial de aproximadamente 2º C, e no Japão de 2,5º C ou acima disso. Um pesquisador disse que se houver um aumento de temperatura de 2º C ocasionará guerras ou conflitos climáticos pela busca de alimento. Então o que se prevê é que ocorrerão secas, falta de água e chuvas concentradas, e tudo 42


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isso fará com que haja uma busca maior por alimentos, uma disputa que pode levar à guerra. Comparado a cereais e a fruta em si, o citrus é mais sensível às alterações climáticas. Então a causa está principalmente no período do seu desenvolvimento, enquanto que entre os cereais é anual, nas culturas como as frutas elas já são perenes, ou seja, ficam em contato por longo tempo com pragas e o tempo de influência é mais longo comparado com culturas anuais. O segundo ponto é a forma de cultivo, que comparado a culturas perenes eles são de difícil alteração. Por exemplo, se ocorrer um superaquecimento nesse período, eu não posso atrasar o plantio, ou se ocorrer um frio não posso mudar de local tão facilmente. Essa é uma variedade de laranja chamada "unshiu". O que temos observado nesses últimos tempos é o aparecimento desse sintoma, que tem aumentado gradativamente. Aparece principalmente no período de verão, o qual nós chamamos de requeima por sol. Ela escurece a parte da casca, e dependendo, pode chegar até o apodrecimento do fruto. Obviamente ele não pode ser comercializado. Esse fruto também é o mesmo "unshiu" e você observa que entre a casca e 43


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o gomo há uma ligeira fenda, um pequeno espaço. Isso ocorre principalmente na passagem de verão para o outono, onde há altas temperaturas e uma grande concentração de chuva. Então isso acomete principalmente o que o professor Marcel Bellato Sposito havia comentado agora pouco, que há perdas durante o manuseio. Isso leva à perda, e acontece também com a variedade "dekopon", onde a casca se desprende do gomo. E quando se faz na produção "in house" as perdas são ainda maiores. Esse gráfico apresenta o que acontece com o citrus com o aquecimento global. É um gráfico um pouco complicado para se ver, no entanto, a realidade é mais complicada ainda. Então expressarei facilmente o que causa esse aquecimento no citrus. Um dos pontos que devem ser observados é a queda das flores diminuindo a frutificação. Isso tem a ver também com a inibição floral. Outros itens que influenciam na qualidade do produto seria a baixa acidez, o baixo teor de açúcar, e também no aumento do desprendimento da película, que é a coloração. Como eu havia dito, há uma perda de energia influenciada pelo aquecimento global. Essas frutas cítricas, como é do conhecimento dos senhores, florescem na verdade uma vez ao ano. Porém, com o aumento da temperatura e da pluviosidade, acabam florescendo de duas a três vezes, fazendo com que a planta gaste mais energia. E por último, surge a questão das pragas. Então, com essa alteração ocorre o aumento populacional das pragas, além de alongar o período de manifestação dentro do cultivo. No Japão, devido à antecipação de 10 a 15 dias do início do verão, além de postergar também o período quente, ou seja, o outono inicia-se de 10 a 15 dias após o período, com isso se conclui que no ano aumenta-se em 30 dias esse período quente, porque aumenta também a incidência das pragas. Acredito Prof. Akiyoshi Miyata e Tomio Katsuragawa 44


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que, pelo Brasil ser mais quente do que o Japão, essa incidência possa aqui ser mais grave. No caso do Japão, devido a essas alterações, temos observado maior incidência do cancro cítrico, além de termos observado também o aumento da

pinta preta. No caso do Japão, a incidência do ácaro também tem aumentado, e geralmente essa manifestação ocorre em um ciclo de sete gerações. Porém, no Japão tem aumentado de 11 para 12 gerações. Assim como no Brasil, a Ásia Oriental tem se preocupado muito com a doença chamada "citrus greening", que á causada por uma bactéria proveniente da Ásia e da África, que chegou a países como o Japão, causando grandes perdas. Quanto à tecnologia para contornar o fenômeno do aquecimento, iremos abordar a questão da variedade de citrus. Tenho preparado um material a ser distribuído, creio que em breve estará nas mãos dos senhores, onde apresento detalhes do assunto. Há uma frase no Japão que diz: "Não há técnica que supere a variedade", ou seja, o melhoramento genético tenta criar a variedade que supere o fenômeno do aquecimento global. Esse seria o ideal. Infelizmente, nós não chegamos a essa solução, porque passamos pelos problemas, e geralmente, quando temos uma melhoria da qualidade do 45


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produto, acabamos diminuindo o volume de produção, assim como surgem as dificuldade de cultivo. Mais adiante apresentarei algumas variedades cultivadas no Japão. Aqui nesta tabela nós apresentamos alguns itens. Os fenômenos que podem acontecer é a alteração da frutificação, má coloração, a deficiência do fruto, e isso tudo não depende somente de variedade. Todos os citrus em geral acabam sendo acometidos pelas alterações climáticas. Outro problema é a deficiência no teor de doçura. Fora as laranjas ácidas, limões em geral, a questão de falta de doçura acaba sendo problema para as demais variedades. Com esse fenômeno acaba surgindo também o aumento do desprendimento da casca. Ele é bastante observado em variedades como "ponkan", "unshiu" e "ancor", e variedades como as tangerinas e as mandarinas. Bom, esse é o caso do Japão, creio que não vai encaixar-se com o Brasil. Porém, o que está sendo realizado no Japão é a renovação por variedades tolerantes ao fenômeno do aquecimento. Essa variedade do citrus "unshiu" tem a vantagem de não ocorrer o desprendimento da casca por ser tolerante ao aquecimento, porém, apresenta outros problemas como a dificuldade para se produzir ou a baixa produtividade.

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Em comparação, o citrus médio consegue aguentar mais o calor do que a variedade "unshiu". Dentro dessas variedades do citrus médio temos essa "shiranui", que na verdade é o "dekopon" que os senhores conhecem. No entanto, como não se pode utilizar o nome, colocou-se o nome de "shiranui". Além disso, faço a minha propaganda. As variedades "setomi" e "natsumi" foram desenvolvidas por mim há dez anos, creio que serão promissoras daqui em diante. Com relação ao citrus elaborados no Japão, o mais apreciado é sem dúvida alguma o limão (pois a maior parte do limão consumido no Japão é importada), além do "nouroku", que é uma espécie de tangerina, considerado um fruto bastante saudável e bastante conhecido entre os agricultores do Japão. A seleção de uma nova variedade genética é bastante trabalhosa e requer muito tempo. Comenta-se que precisamos esperar por uma alteração inesperada que acontece apenas 1 vez entre 50.000 a 100.000. Ou seja, a probabilidade é bastante baixa. Em uma extensa terra como o Brasil, creio que aparecerão novas variedades e isso requer observação dos senhores. Dessa forma, contamos com a colaboração de todos vocês. Então, com relação à criação de novas variedades, a outra alternativa seria o cruzamento. Mas será necessário realizar entre 2.500 a 5.000 cruzamentos para aparecer uma nova variedade. Isso é um trabalho bastante longo, que requer de 15 a 20 anos. Então. é preciso levar muito tempo para criar uma nova variedade por esse método. Atualmente, para se desenvolver novas variedades nós temos quatro palavras-chave. 1ª fruta com alto teor de açúcar, 2ª sem semente, 3ª fácil de descascar com a mão, 4ª altamente nutritiva e saudável. Então, volto a fazer a minha propaganda aqui. A variedade "setomi" desenvolvida por mim em 1982, foi feita a partir de um cruzamento, e em 2004 ela foi cadastrada. O cruzamento foi obtido a partir das variedades "kiyomi" e "ponkan". Comparada ao "dekopon", ela é mais doce, mais gostosa. Essa variedade tem

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mais açúcar, ou seja, de 15% a 16%, enquanto que a acidez é menor, de 1 a 1,3. E essa pele tem uma durabilidade mais longa, enquanto o "dekopon" apodrece mais rápido. Essa variedade é como a minha pele. Geralmente essas variedades, por serem desenvolvidas em determinadas províncias, não podem ser repassadas para outras províncias. Porém, o Brasil está tão longe, que vocês podem negociar com o governo, e quem sabe possam trazer para cá e experimentar. Essa variedade hoje está rendendo muito no Japão, mas tem uma notícia triste. Desenvolvi essa variedade, mas recebo como royalty apenas 27 ienes por ano. Desculpem a brincadeira, mas quem sabe vocês, conseguindo trazer essa variedade para o Brasil e aumentando a arrecadação, talvez contribuam um pouquinho a mais para o meu bolso. Saindo um pouco da brincadeira, vamos falar um pouquinho sobre tecnologia adaptada. No Japão, em torno de 95% dos citrus é destinado ao consumo "in natura". Dentro disso, nós vamos abordar a questão de como aumentar o teor de açúcar, e como melhorar a aparência da fruta. Gostaria que entendessem. Agora vamos à parte prática. À medida que você vai fazendo a produção dos citrus, é claro que vai aumentar a quantidade, porém, começa a questão da qualidade. Bom, aqui eu vou explicar baseado na aplicação como

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observado aqui no gráfico. Então, com relação à base (um porta-enxerto saudável), gostaria que entendessem que se trata de uma explicação genérica, isso não muda, mudando a geração, mudando de período, mas essa parte não vai mudar em nada. A princípio essa base não tem alteração por que, o desenvolvimento da raíz, o crescimento das folhas, forração de pés saudáveis, isso não altera em nada. Com relação à aplicação, isso altera de acordo com a região onde será aplicada e do período, do momento. Nessa parte de aplicação pode-se comparar a um ser humano, é necessário aplicar um estresse moderado. Então não adianta criar crianças mimadas, é necessário cobrança, causar um pouco de estresse para eles se esforçarem mais. Bom, aqui abordarei uma questão do estresse, a seca, agora há outros assuntos como substância melhoradora de qualidade, estresse da fortificação, tem a ver também com o estresse à seca. O importante agora é quando mudar de marcha entre a aplicação e a base, qual é o momento ideal para se fazer essa troca. Então com relação à base, no Japão a formação do porta enxerto teria que ser feita até o mês de julho. Aqui no Brasil, como é inverso, é em torno de fevereiro. Com relação à aplicação do estresse, qual é o período ideal? No caso do Japão é a partir do mês de agosto. E no Brasil, seria a partir de março. O que eu citei agora é baseado no "dekopon". Aí entre o "dekopon" e outras variedades haveria um atraso de dois meses. Então o que era julho acaba sendo setembro. Então há um atraso de dois meses. Essa é a variedade "unshiu", na qual tem a cobertura. Ela não passa água, mas gases. Então é claro que se aplicar essa metodologia, começa a aparecer um processo de, desculpem-me, fugiu a palavra... Mas ocorre o aumento da alternância do período de floração. Então essa é uma tecnologia desenvolvida por mim. Observe que no lado direito ela está carregada, ou seja, cada pé carrega 200, e do outro lado não carrega nada. Então faz com que ocorra a frutificação alternada. 49


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Essa tecnologia é mais utilizada para um citrus de variedade precoce, no caso o "unshiu". No caso da "harumi" e outras variedades, alguns pontos não poderão ser aplicados. E uma das tecnologias que contorna o fenômeno do aquecimento seria o pré-tratamento, no caso, a técnica de armazenamento. No Japão, para que se torne economicamente viável, o ideal é que se tenha uma produção de fruta o ano todo. Com essas metodologias temos duas. Uma seria a utilização de variedades, uma precoce e outra tardia, então isso fará com que haja uma produção contínua. Outra forma seria utilizando a tecnologia, no caso o pré-tratamento, e a fórmula de armazenamento. Melhorando essas qualidades vocês poderão ter a melhoria do método. Então, a atuação do fenômeno de aquecimento traz graves problemas. Uma delas seria a observação de plantas que já estão enfraquecidas, além dos frutos que já chegam com doenças, e isso dificulta o armazenamento. Outro ponto importante seria o aumento do tempo de armazenamento. Para que dê resultado, não basta que haja aumento no tempo de armazenamento, mas é preciso criar variedades que sejam adequadas para esse tipo de armazenamento. Antes de fazer o processo de armazenamento é necessário, obviamente, pensar no campo, ou seja, os frutos maduros que estejam saudáveis. E nesse caso é necessário fornecer nutrientes, como nitro50


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gênio, cálcio e magnésio. Como citado na palestra do professor anterior, creio que essa perda que ocorre em grande quantidade começa a partir daqui. Um outro item importante para redução dessas perdas seria o manuseio correto, cuidadoso. É preciso fazer um pré-tratamenCâmara termo-Hidrostática to e armazenamento adequado, de acordo com a climatização, ou seja, temperatura, umidade e gás. Então vou apresentar estas fotos. À minha esquerda encontra-se o sistema antigo de armazenamento, ou seja, em forma de prateleira, e isso acaba gerando muito trabalho. A tendência é que haja um aumento de novas tecnologias para armazenamento, então ao invés de prateleira, usaríamos esse sistema de contêiner, e ainda por cima faríamos uma cobertura que permitiria a passagem de ar e umidade. Um segundo item com relação ao pré-tratamento e armazenamento está aqui apresentado em um gráfico puxando linhas da direita para a esquerda, mas não é tão complicado. Nesse item será abordada a parte do curto período de armazenamento, longo período, o destino se é consumo "in na51


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tura", processamento, o tipo se é mandarim, e no final aí vai de acordo com a temperatura, umidade e quais as atuações necessárias de acordo com essas variedades. Nós estamos citando a questão do aquecimento. Porém, foi observado nesses últimos 30 anos que na minha província tem diminuído a temperatura no inverno. Com uma redução de 0,3º C começou a surgir outros problemas que é a intolerância ao frio. Então são plantas que sentem muito e acabam ficando mais suscetíveis às doenças e também ao surgimento desse desprendimento da casca. Para contornar esses problemas, foi necessária a aplicação correta de adubação, além dos hormônios compatíveis com essa fruta. Mas não é somente uma solução dentro dessa discussão que teremos nesse período, poderão surgir novas ideias, e espero que tenhamos muitas trocas de informações. Por último está aqui a foto do meu departamento de pesquisa, que é bem pequeno. Que eu me lembre, 25 anos atrás vieram do Brasil duas pessoas de Manaus, os senhores Jooji Ito e Suzukawa. Temos esse tipo de parceria, 52


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então os senhores, se tiverem oportunidade, gostaria muito que fizessem esse intercâmbio. O tempo foi curto, mas gostaria que tivéssemos outras oportunidades. Já estou ficando com uma certa idade e fazer essa viagem longa talvez seja difícil, mas espero ter outra ocasião para falar com vocês.

Engenheiro agrônomo Sérgio Massunaga, prof. Akiyoshi Miyata, Tomio Katsuragawa e engenheiro Kunio Nagai

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PAINEL: SISTEMAS AGROFLORESTAIS Moderadora: Prof. Drª Maria José Brito Zakia

Palestrantes: Prof. Drª Maria José Brito Zakia, Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF) Tema: Sistemas Agroflorestais: Legislação ambiental e seus reflexos na execução de produção em área de reserva legal e APP Prof. Dr. Ciro Abbud Righi, Depto de Ciências Florestais (ESALQ/USP) Tema: Sistemas Agroflorestais como instrumento de otimização de produção agrícola Michinori Konagano, presidente da Cooperativa Agrícola de Tomé-Açu Tema: Desafios para a sustentabilidade

Maria José Brito Zakia Então eu vou começar falando um pouco sobre a lei, e com os dois depois nós precisamos saber se é possível colocar isso em prática, em termos ambientais e financeiros. A minha apresentação é mais longa para que quando vocês pegarem a outra apresentação tenha sentido, mas eu só vou 55


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enfocar dois assuntos. Com a nova lei florestal, continua existindo nas propriedades rurais a obrigação de proteger dois espaços, a da área de preservação permanente e de reserva legal. O que a nova lei fez foi reconhecer processos históricos, a nossa lei florestal, e os limites sofreram muitas modificações. Então em 1960, uma APP era de 5 metros e passou para 30, por exemplo. E também esta lei fez o reconhecimento de que o esforço de restauração tem que ser diferente para pequenos proprietários e para agricultura familiar. Uma outra regra se aplica para quem é médio e grande proprietário de imóvel rural, sendo muito prática e direta. Agricultores familiares e proprietários responsáveis por imóveis de até 4 módulos fiscais, quanto é o módulo fiscal de Pilar do Sul? 16 Hectares? Portanto, quem tiver 16 hectares até 64 hectares é uma regra, acima disso é outra regra, e que regra é essa? Na recomposição das APPs, uma parte delas é obrigada a recompor e outra parte você pode continuar usando, desde que tenha prática de conservação, e nesta área que você é obrigado a recompor, se você tem até 4 módulos fiscais, você pode usar sistemas agroflorestais, você pode plantar frutas combinadas desde que façam as funções ambientais. Para quem tem mais de 4 módulos, a recomposição da área de preservação permanente é tradicional, não poderá ter uso econômico. Outra diferença para quem tem mais de 4 módulos fiscais é que não precisa recompor a reserva legal, esta será representada pelo que tiver de mata nativa, se for 2% então 2%, e quem tem mais de 4 módulos está obrigado a recompor a reserva legal, que precisa chegar a 20%, sendo que a área de preservação permanente recomposta ou em recomposição ou por mata nativa entra nos 20%. Fora da APP, na recomposição da reserva legal, quem tem mais de 4 módulos pode fazer sistemas agroflorestais ou florestais. E aqui estamos em um projeto junto com a Secretaria do Meio Ambiente, que é de fazer a reserva legal e a APP do pequeno que tem que ser recomposta, para fazer um papel ambiental e econômico ao mesmo tempo. O que acreditamos que seja possível, é por isso que 56


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quando me convidaram para vir para cá eu pensei: "se existe uma comunidade de produtor rural que trabalha como associado, sabe ser pequeno". Geralmente, quando tem muita colônia japonesa, o módulo fiscal até diminui nos municípios, porque o módulo fiscal tem a ver com a produtividade, então se esse negócio é capaz de desenrolar, eles serão capazes, porque as frutas, produtos florestais não-madeireiros, e agora tem um tal de "pancs". Quando a gente começa a chamar coisa velha por um nome novo é que vai dar dinheiro. Por exemplo, "recurso hídrico" antes era água e "hortaliça" antes era "aquele matinho que a gente come" e hoje é "pancs", "produtos alimentícios não convencionais". Estão comendo mato, daqui a pouco estamos a dois passos de começar a pastar e achar bom. E as possibilidades de arranjar isso no espaço que é protegido em termos territoriais, que a princípio parecia um mico e que pode ser uma baita oportunidade, mas só quem conhece a terra é capaz de dar o caminho das pedras. Nosso trabalho básico é no Vale do Paraíba, onde tem o tal do "sítio do Belo", e temos o enorme desafio de desenvolvimento de produtos, mercados e tecnologia, e para ter isso certo é preciso ter um pólo. "Ah então eu vou plantar uma fruta uvária". Se você planta e quiser só três caixas, nós não vamos daqui a ali, acho que todo mundo já percebeu isso. Então, a minha mensagem hoje é a seguinte, nós temos um espaço, que no estado de São Paulo representa 1.250.000 hectares, parte disso em pequenos e parte em grandes, que se a gente fizer o sistema bem feito a gente é capaz de gerar renda e tem que cumprir esses indicadores aqui, independente se é pequeno ou grande. A Secretaria do Meio Ambiente vai dizer assim: "Está recomposta a sua APP, a sua reserva legal, se você atingir esses valores aqui para a região de florestas", então nós temos que produzir e chegar nesses valores assim, essa é a minha pergunta para os próximos, agora vou controlar o tempo de vocês. Apresentador: Obrigado, professora, pela excelente palestra, dando sequência ao painel, convidamos agora o professor doutor Ciro Abbud Righi, que falará sobre sistemas agroflorestais como instrumentos de otimização da produção agrícola. O professor Ciro Abbud Righi é engenheiro agrônomo pela ESALQ, doutor em agronomia pela mesma faculdade, é professor doutor do departamento de ciências florestais da ESALQ, atuando nas áreas de ecologia, sistemas agroflorestais, restauração ambiental e serviços ambientais.

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Ciro Abbud Righi Estou muito grato pelo convite e é um prazer estar aqui com vocês. Na primeira vez que vi sistemas agroflorestais, eu tinha 23 anos e tinha acabado de me formar. Fui trabalhar na Cocamar, que é uma cooperativa em Maringá. Isso aqui (na tela) é a plantação de amoreira na sombra de coqueiros, feita na Índia, que é o país que mais investe em sistemas agroflorestais (SAFs) no mundo. Então, me pediram para falar de sistemas agro-

florestais como instrumento de otimização agrícola, e eu fiquei pensando o que poderia trazer para a colônia japonesa. Como já falaram, o japonês está extremamente ligado ao meio rural, então eu pensei em trazer uma história, que eu passo para meus alunos de ecologia. Era uma família de minhocas e eles estão jantando, até que o filho mimado acha um fio de cabelo loiro no prato de terra e começa a reclamar, então o pai começa a contar uma história da Benedita. A Benedita amava a natureza e ao amar a natureza, ela fazia as coisas que achava ser certo, então em

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uma das passagens ela joga um cágado na água, e ele morre afogado, porque não é tartaruga. Então ela vê coisas e não entende direito, vê o madeireiro e também não entende, e até que um dia ela vê uma cobra matando um ratinho e ela vai salvá-lo. Ao salvar o ratinho ela passa a mão no olho, pega uma doença horrível, se contamina, tropeça e morre, e as minhocas estão devoram a Benedita, ou o que sobrou dela. Então esse é o preço pago pela falta de entendimento dos processos naturais. Quando vieram me falar, queriam destruir mais a reserva legal e eu falei: "parem com essa ideia agora, pois para quem for contra os processos naturais, a natureza é implacável". O que precisamos entender é que o Brasil tem a grande oportunidade, que é ter muito solo. Nós estamos em plena guerra do petróleo, que é para ver quem detém a energia no mundo, então temos que nos desconectar da dependência energética, então com o Sol vamos colher com as nossas folhas. Vou perguntar para vocês, eu estava em uma visita e vi dois limoeiros, um estava no Sol e o outro na sombra, quem produziu fruto no Sol e quem produziu na sombra? Quem falou Sol está errado, sombra sempre é melhor. Nós cometemos um erro horroroso de dar muita comida para as plantas, e quando a gente come 59


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plantas, que é a energia colhida do Sol, a planta come energia solar, e quando damos excesso de energia o organismo fica estressado. Então estamos praticamente estressando e não entendemos ciclos naturais. A comunidade japonesa tem a oportunidade de fazer algo muito melhor. A energia solar é a coisa que tem mais em abundancia no planeta, e é um show de perdas. Somente 2% vão para fotossíntese, as mais parrudas fazem 4% de energia, então, as plantas absorvem energia, e na natureza não existe uma floresta à toa porque essa energia vai ser atenuada pela floresta. Então é um conjunto de coisas, por exemplo, aqui temos uma perda de 25%, então imagine encher o tanque do seu carro e ¼ vai para o lixo, está escorrendo na estrada, então é inadmissível perder 25% de energia quando o sistema está fechado, na maior parte do tempo os sistemas estão abertos. Então, as plantas têm formas, estrutura e função, toda a fotossíntese feita antes do florescimento não vale muito para produção, a fotossíntese é normalmente "Just In Time", produziu fruto, a fotossíntese é corrente, ela que vai encher o fruto, não adianta acumular no tronco. Então, o sistema agroflorestal abriga floresta e agricultura, isso aqui é uma definição e a gente não precisa saber tanto. Então, ela tem espaço, tempo, um monte de complicadores de manejo que não interessa agora. O agroflorestal está no meio do caminho até a sustentabilidade, entre a floresta primária e as áreas degradáveis, porque tem árvore, e se tem árvore já dá 60


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para fazer agroflorestal, o que a gente espera de um SAF então? Que vá acontecendo esse tipo de coisa, vá se integrando, melhorando a fertilidade do solo e melhorando a estrutura, podemos fazer as coisas porque temos estrutura, o professor só está de pé porque tem uma estrutura óssea que me permite ficar de pé, as plantas só vão absorver energia porque tem uma estrutura absortiva de energia. Nunca destruam as coisas, se não entendeu então não destrua. Os sistemas agroflorestais são uma chance de fazer coisas muito melhores, são superabrangentes, você pode ter políticas públicas, restauração, serviço ambiental, aspectos sociais, etc. Vou correr aqui porque o tempo é limitado. Essa aqui foi uma visita na Índia que eu falei para vocês, então estávamos em Nova Deli, que é uma região tropical, e como eu estava em um lugar muito fresco, nós fomos levados para um lugar perto dos pés de montanhas, com florestas, e névoa. A Índia tem 1,3 bilhões de pessoas como que apareceu isso, como tem plantas nativas aqui? De manhã desci a montanha e vi que aquela floresta não era normal, todas as plantas eram podadas e embaixo tinha muito café, esse é um caso, e aqui tinha um produtor de café e olha a produ-

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ção de café aqui e muitas outras coisas. Esse cara convidou a gente para uma cerveja. Kingfisher era a marca da cerveja na Índia, você andava de Land Rover, olha a ciclagem de nutrientes, ela é responsável por quatro ou cinco veFoto: Ciro Abbud Righi – Karnataka - Índia, fevereiro/2014 zes o que vocês adicionam no solo, via fertilizante, não podemos desperdiçar folha. Olha a quantidade de empregos nessa tabela. Na Índia seria um desastre fazer coisas mecanizadas porque é preciso gerar emprego, no Brasil apenas 15% da população está na zona rural, é um desastre total, então, empregos são bons e tudo é barato na Índia. O que vocês têm que aprender então? Vou

Copa das seringueiras

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Café com Citrus e Banana

mostrar dois ou três slides, se não aprender agora não aprende mais, nós estamos saindo do sistema estático, não podemos fazer mais esse tipo de sistema, plantou, nasceu, colheu. Iremos partir agora para um sistema dinâmico, as plantas terão nutrientes, vão perder folha e fazer copa. Olha que inteligente, o café na Costa Rica, o que ele faz? Vocês têm que aplicar isso também. Ele inclina e acumula nitrogênio, então quando precisou de energia para a planta produzir fruto, foram feitas podas, e foi jogado o material orgânico para baixo da saia do cafeeiro, então, ao mesmo tempo adubou e entrou energia, e o comprimento de onda vai fazer com que tenha mais flores ou brotos, então quando fazer isso? Antes da floração, mudando de slide, olha o feijão no efeito de sonda, o que falaram aqui sobre o aquecimen63


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to global, você prefere ficar na sombra ou ficar no sol? Então, as plantas não são burras, como eu falo. Quem está na sombra fica mais confortável e quem fica no Sol acaba ficando mais torradinha, então a produção de grãos é sempre linear com a energia solar. Mais luz significa mais fotossíntese, no verão foi bem linear, 50% de luz e 50% de produção, e nesse caso, 50% de luz fez 80% de produção, então começou a produzir mais com menos. O café não tem esse comportamento, essa foi minha tese no doutorado. O café se satura com 50%, não adianta dar mais energia para ele, é igual dar mais comida para uma criança satisfeita. Essa é a produção de café com nível de Sol mais sombra, olhando aqui, quando estava 45% a bebida estava sempre melhor, quem estava a pleno Sol, a bebida foi sempre pior, entenderam? Não adianta acelerar o carro. As árvores seringueiras, sempre são maiores no sistema agroflorestal, sempre muito maiores. Aqui, a medida da DAP das seringueiras, todas do SAF são maiores do que as do cultivo, e esse é o mais bonito, mais folha também e mais produção, muito mais produção. Eu costumo brincar com o orientador que essa produção aqui foi de 50% mais, olha que oportunidade estamos perdendo, nem transgênico faz isso. O sistema também apresenta uma relação entre folha e emissão de borracha, então podemos fazer as coisas juntas, não podemos fazer um sistema estático, porque tem que acompanhar a quantidade de folhas que tem. Então esse é o que eu estou desenvolvendo, uma estrutura tridimensional, que é outra coisa que a gente não aborda aqui, a agricultura hoje é bidimensional e estamos fazendo uma agricultura tridimensional. Essa planta de eucalipto cresceu 70% a mais. Muito obrigado.

Michinori Konagano Obrigado pelo convite. É uma honra estar participando aqui em Pilar do Sul neste evento, falando sobre sistema agroflorestal para agricultura familiar. Lá na Amazônia nos preocupamos muito com a questão social ambiental, muitas coisas noticiadas de fora do Brasil sobre desmatamento, questão de escravos, mão de obra de menores, então estamos precisando reverter esse quadro, ajudando principalmente as 64


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pessoas mais carentes, e estamos no trabalho de construir um dia melhor sobre nossa agricultura com menor uso de pesticidas. Eu gostaria de mostrar um pouco do trabalho da nossa colônia japonesa de Tomé-Açu desde a década de 1920. A localização é no Estado do Pará, a 230 quilômetros da cidade de Belém, em um município de 5000 metros quadrados, onde estavam registradas, em 2015, cerca de 60 mil pessoas. Mas isso aumentou, pois foram registrados 40 mil eleitores e cerca de 23 mil estudantes nas escolas municipais. Essa conta feita em 2015 não bate. Em 1929, começa a história da maior parte da imigração japonesa, na década de 50 começa a monocultura, o município ficou tão conhecido pelo cultivo de pimenta-do-reino. Na década de 70 surgem os sistemas agroflorestais junto com a pimenta-do-reino, e em 1987 começa a construção da agroindústria. A história começa aqui, em 1929 com a companhia nipônica de plantação no Brasil, na fazenda Bela Vista, com a chegada dos imigrantes, aproximadamente 189 pessoas, e a criação de uma cooperativa de hortaliças, porque como os japoneses já tinham conhecimento de vendas, eles queriam criar uma cooperativa para comercializar esses produtos, registrando então a cooperativa junto a Junta Comercial do Pará. Na década de 50, a monocultura da pimenta-do-reino, e a partir da década 65


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de 70, começa a dizimar a pimenta-do-reino, e entre 70 e 80 começa a cultura alternativa como cacau híbrido, e a partir da década de 80 começa o aumento da produção em SAFs. Começamos a introduzir uma variedade de culturas e também espécies florestais, imitando a natureza. Em 2000, estamos diante do reconhecimento dos sistemas agroflorestais, tanto no Brasil como fora também, mas como surgiram esses sistemas? Diante dos ataques de insetos e doenças, se buscaram novas alternativas para superar possíveis obstáculos, com o surgimento de novas culturas visando o baixo custo. O cacau precisa de sombreamento, como o professor mostrou o cultivo de café, na Índia e também na Costa Rica, onde há Sol intenso, é preciso sombreamento. E para a ação de agroindústrias? Como precisamos de frutos para a indústria, os produtores tiveram a garantia de produção e também os agentes financeiros começaram a financiar e assim garantindo que tenha retorno. Também temos a declaração ambiental da atividade madeireira, porque hoje temos muitas áreas ociosas como grandes pastagens. Nós construímos em cima disso a consciência ambiental, nós temos no sangue isso, as pessoas que vieram da Ásia estão acostumadas a pequenas propriedades, que são preservadas. Temos essa consciência ambiental de produzir em pequenas propriedades e as nossas propriedades começaram com 20 hectares. 66


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Bom, esse é um desenho de como construímos o sistema agroflorestal. Tem vários andares e constituídas de banana, açaí e cacau com diversas culturas. Esse é um exemplo do milho, banana e pimenta-do-reino, então esse é o exemplo de cultivo, além de camu-camu, cupuaçu, castanha do Pará,

e dentre esses exemplos, dois deles estão se comportando muito bem no Brasil que são o cacau e a castanha do Pará. Muitos precisam de sombra, pois estamos perto da linha do Equador, que significa que é muito quente, então é preciso som67


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breamento e muito material orgânico. Essa foto mostra a castanheira, um sistema agroflorestal de 40 anos. Temos exemplos que os pioneiros plantaram, e praticamente todos são hoje proprietários japoneses. Familiares estão entrando com esse sistema agroflorestal e usando a inteligência estão devolvendo um pouco para a natureza. Temos parcerias com diversas empresas, entre elas a Natura, e diversos alunos com trabalhos de pesquisas, também de mestrado e doutorado, e parcerias com empresas pesquisadoras. Além disso, a Cooperativa Mista de ToméAçu tem mais de 160 cooperadas, mais de 1200 familiares cadastrados que adquirem os produtos, parceria com a prefeitura. Os nossos produtos são exportados para diversos países. Entre esses produtos estão diversas frutas. No ano passado produzimos mais de 50 toneladas, a pimenta-do-reino também exportamos para muitos países, cacau exportamos para o Japão inclusive, e diversos óleos vegetais. Responsabilidade agroambiental: isso é muito importante, temos que frisar. Temos diversos projetos junto à prefeitura, que estão sendo muito reconhecidos, inclusive temos diversas associações, e já estamos discutindo com a Bolívia e analisando a possibilidade de incluí-los em outros países

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também, além de trabalhar em áreas sociais também, e por último foi reconhecido nacionalmente nosso trabalho social, e inclusive nosso amigo Francisco Wataru Sakaguchi (Presidente da CAMTA) recebeu diversas premiações da Amazônia. Então pessoal, não sei se deu para perceber que o nosso trabalho visa também outras áreas, e estamos de portas abertas para receber propostas que possam ajudar. Obrigado.

Maria José Brito: Na verdade, haverá uma pequena troca aqui e eu vou fazer de tudo para sobrar espaço para as pessoas perguntarem. A primeira coisa que pergunto para os dois: vocês acham que um sistema agroflorestal, em termos ambientais, faz o papel de conservar água, solo e o mínimo de biodiversidade, que não podemos abrir mão disso? Essa é a primeira pergunta para os dois. Michinori Konagano: Bom, como fui apresentado, durante 10 anos trabalhei na Secretaria de Agricultura, e eles têm uma boa parceria em vários cultivos, também fui convidado em Brasília para uma discussão sobre a questão do financiamento do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Aquele Pronaf Floresta praticamente a ideia foi nossa, só foi convidada a Embrapa para debater essas ideias. Discutimos lá na Embrapa, esse sistema de Tomé-Açu para áreas degradadas, matas ciliares, visando a recomposição de áreas, então o município de Tomé-Açu comprou essa ideia de recompor essas áreas visando preservar as espécies nativas daquela região. Ciro Abbud Righi: Respondendo à pergunta, nós precisamos ter sempre, como eu demonstrei, princípios científicos, precisamos ter em mente a estrutura, ambiente e função, a natureza funciona com essas três coisas, então, por exemplo, aqui tem a mata atlântica porque tem um ambiente propício a isso, se você for para Brasília tem cerrado, na Califórnia tem as 69


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sequóias, cada ambiente vai ter uma estrutura. Se você destruir a estrutura, a capacidade de realizar coisas é afetada, então, um aluno meu chegava com o braço quebrado e não podia realizar determinadas coisas, é bem simples assim. Então deixando claro, a natureza não joga dados, parafraseando Einstein. Maria José Brito: O SAF é uma possibilidade de recomposição de áreas que vocês são obrigados a recompor, não significa que eles precisam ir lá, eles podem ir em outras áreas que não sejam da APP, que pela lei de reserva legal são chamadas de área comum não protegida. Nesse caso, as regras não são tão rígidas. Um segundo ponto que eu queria falar é o seguinte: como a gente não conhece muito bem os produtos da Amazônia, o Ciro apresentou um pouco para nós, os produtos que são bem clássicos na agricultura, como café, sendo produzido em SAF, e eu vejo por experiência, e quero ver pela sua experiência também, que talvez seja uma grande oportunidade nos sistemas agroflorestais. Como eu aprendi com ele, o SAF entrou porque o sistema de monocultura lá não ia dar certo, pois ainda não se aplica a APP e sistema legal, então não seria a nossa ideia começar a produzir as frutas nativas, que vai ter um baita mercado de novo. Então minha pergunta é a seguinte, você foi lá para fazer pimenta-do-reino como monocultura, não deu certo. Quantas coisas você acabou enfiando lá que não deram certo? Michinori Konagano: Bom, através da dificuldade de cultivo de pimenta, entramos com cacau e espécies florestais. Com o passar do tempo entram culturas de médio e longo prazo, então é como uma aposentadoria que a gente deixa para nossos filhos e netos. Hoje os animais e pássaros trafegam pela nossa propriedade, além dos insetos. O ser humano sozinho não é capaz de produzir tudo, é necessária ajuda do ambiente. Então temos uma miscelânea de cultura, em cada propriedade do agricultor é diferente. Por que eu construí o sistema agroflorestal na Amazônia e também na Bolívia? Não tinha literatura para seguir, então o que faz do agricultor também o mercado consumidor? A gente estudou o mercado consumidor, primeiro as cidades e depois dedicamos uma semana na área rural, e colocamos os dados no papel. Quanto mais as plantas estão distantes da luz, e a intensidade de vento também é muito importante para a planta, e além disso, usamos muito o sistema agroflorestal. Temos que começar a divulgar, tanto aqui no Brasil como também fora, o pessoal fora do Brasil até conhece, mas os brasileiros não conhecem tanto, não dão tanta importância ainda 70


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ao sistema agroflorestal. Através das universidades, do governo, nós temos que começar a divulgar, então deixo em aberto para os alunos que forem pesquisar, de trazer informações e divulgar. Ciro Abbud Righi: Eu queria complementar só, vários pontos, tem algumas caras de interrogação. Nós somos condicionados na universidade, interessante essa palavra né, condicionamento, e observando que vários produtores costumam pensar em dinheiro por hectare ao invés de produtividade. Não tenham dúvida de que, se você botar mais coisa, aquela outra coisa vai ter menos espaço, então ao invés de ter mil pés, você vai ter quinhentos, certo? Mas não tenham medo de baixar a produtividade, porque você vai ganhar dinheiro com a outra coisa também, e tem um aspecto que eu queria puxar que é a qualidade que está ligada com a pergunta que me fizeram. O SAF protege as frutas, as plantas protegem e produzem o SAF, são duas coisas importantes. Ao proteger, ela protege da radiação, então a temperatura fica muito menor, e a pergunta era: é possível produzir café em baixas altitudes? O café de alta altitude é porque você diminui um grau Celsius a cada 100 metros que você sobe em altitude, é por isso. Não façam besteiras como fazer barreiras e de abaixar a temperatura irrigando a planta. É uma loucura, por isso os rios estão secando, nós precisamos usar as plantas para a outra ficar na sombra em uma temperatura adequada. Além de você melhorar o aspecto, você aumenta o tamanho, e outra coisa que é importante, nós saímos da zona de safra, porque se você reduz a temperatura, o desenvolvimento do fruto é atrasado, e algumas vezes é 71


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adiantado. E quanto mais você sai da zona de safra, mais dinheiro. Reparem naquela foto que eu mostrei da Índia, vocês têm que fazer poço, locais de armazenamento de água, quando a planta vai brotar flor, você tem que jogar água para fixar mais flores, então tudo isso, eu queria terminar aqui. Nós temos que transformar a área rural em um ambiente bom de se viver, nós estamos destruindo o país nesse sistema agrícola que estão fazendo aqui. O ideal é a área rural com mais gente e cuidando do ambiente. Maria José Brito: Nós temos três minutos e pouquinho, vou passar a palavra para ele, que tem algumas considerações. Michinori Konagano: Bom, na nossa região Norte nós temos inverno e verão, com o inverno começando no meio de dezembro indo até o final de julho. Agosto a dezembro é verão, tem duas estações só. Então, nesse período de inverno e verão, nós produzimos, eu coloquei exemplos aqui, como eu mostrei na fotografia, ele começa dezembro indo até julho, essa é a safra do cupuaçu. Agora o cacau, começa em maio e termina em outubro, já o açaí, que também é cultura da Amazônia, começa em outubro e vai até maio do ano que vem. Pimenta começa a safra em julho e vai até dezembro, tem precoce e tardio. Então o que eu, como secretário e produtor, nós conduzimos e orientamos aos produtores é: vamos trabalhar com fruteiras e associando a outras culturas, como pimenta-do-reino, maracujá, acerola, espécies florestais e espécies adubadeiras também. Como a Amazônia é uma região tropical, durante o ano é quente, então a decomposição é rápida, ela trabalha 24 horas. São precisos bons nutrientes e como o professor acabou mostrando, na Índia e Costa Rica, aquele serviço que precisamos fazer de poda. Então acabou aquele conceito do produtor se fixar na propriedade para ter renda durante anos e também não é certo que tenha comercialização de seus produtos. Hoje, minimizou muito a diferença social, há vinte anos era muito atacado e fui vítima de assalto. Como começou isso? Foi a inadequada distribuição de renda, falta de trabalho, ocupação. Eu trabalho muito hoje na questão de capacitação, formação e procuro encher a minha propriedade de estagiários, para capacitá-los, porque eu não dou o peixe, eu ensino a pescar, obrigado. Maria José Brito: Acabou o tempo e a gente encerra aqui, alguém tem alguma pergunta? O senhor Kazuo havia feito a pergunta do café, está respondido? Ciro Abbud Righi: Senhor Kazuo, o SAF melhora a bebida, mas não inventa, 72


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então lugar que é ruim de produzir café, fica menos ruim, aumenta a peneira, aumenta o rendimento, tudo melhora, porque você põe a planta no "slow motion". Abaixou a temperatura vai melhorar a qualidade da bebida, mas não vai ficar excelente se é num lugar ruim. Mas a a zona do Espírito Santo, é uma região mais ou menos da mesma altitude, um lugar onde é possível produzir café com limão.

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DIAGNÓSTICO DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL (CND) DA ATEMOIA Palestrante: Prof. Dr. Danilo Eduardo Rozane Professor da Unesp em Registro e de Pós-Graduação (Ciência do Solo) na Universidade Federal do Paraná em Curitiba. Os dados que nós temos aqui hoje é o reflexo das últimas três safras. Isso não quer dizer que as próximas irão se adequar ao que temos agora. Ou seja, precisamos continuar trabalhando. A coleta de informações que tivemos nesses três anos foi essencial para o projeto, mas se nós continuarmos a fazêla, a ideia ficará mais robusta, ficaremos com maiores resultados em mãos e o banco de dados pode ser mais conciso, melhorando nossa acurácia (aperfeiçoamento). Nós fizemos isso para a atemoia, mas podemos fazer esse trabalho também para o caqui e a uva. Só que dependo exclusivamente dos senhores. Sou professor de universidade pública, vocês pagam meu salário e eu não consigo ficar sentado atrás de uma mesa desenvolvendo pesquisa para os senhores. As pesquisas que nós fazemos são um tanto quanto aplicadas por dois motivos. Acho que ela retorna com facilidade para o produtor e também, por eu ser filho de produtor, entendo que é uma pesquisa que precisa ser mais feita aqui no país. Então, preciso da colaboração dos senhores para que em um futuro próximo eu possa estar apresentando e devolvendo os resultados para vocês, tanto quanto estamos fazendo hoje aqui com a atemoia. Então, para os produtores de atemoia: não parem, para os produtores de 75


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caqui e uva: vamos começar. Eu sou professor da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, está aqui meu e-mail. Se alguém tiver alguma dúvida ou quiser conversar sobre algo a respeito, por favor, fique à vontade. Eu gostaria de começar a palestra mostrando isso para os senhores. Vocês podem pensar que é um dado muito antigo, de 1985, de um pesquisador americano que tentou reunir quantos e quais são os fatores responsáveis pela produção. Vejam que não desdobrei fatores econômicos. Tentei desdobrar solo, planta e clima, e tudo isso que está colocado aqui, como os senhores muito bem sabem, que temos que ter em mente como produtores, alguns conseguimos resolver, outros nem tanto. Nós vamos falar especificamente sobre o balanço e diagnóstico nutricional. Esse fator é responsável, em média, por 30% a 50% da produção. A colheita no final da safra, 50% dela é por conta da adubação, dos fatores nutricionais. Nós conseguimos explicar com essa metodologia 50% da produção, com esse dado, 55% para manga, 45% para goiaba, para videira quase 40%, então é algo que a gente precisa doar um pouco de atenção. Os senhores sabem da origem. Nós vamos falar da atemoia especificamente, mas essa região que está em vermelho aqui, é a região de origem das anonas (família da atemoia e da fruta do conde), que compreende um públi76


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co maior do que simplesmente a atemoia. Quando falamos de atemoieira, de origem da América Central, e a parte alta do Equador e do Peru, nós precisamos ter uma ideia do centro de origem dessa planta para ter noção de quais seriam as exigências dela. Então vamos ficar com isso em mente, a América Central e as partes mais altas. Eu gostaria de chamar a atenção dos senhores para uma coisa. Sei que não é o assunto da palestra, mas os senhores têm noção de que nos últimos anos de 2001 a 2015, são resultados deste ano da Agência Nacional, houve uma tendência no aumento do consumo de fertilizantes. Então, no país o fertilizante está sendo um insumo cada vez mais demandado. Nós tivemos a crise em 2015 e, lógico, uma diminuição dessa compra. Então, aquele fator econômico que eu não desdobrei está aqui embutido, independentemente de ser necessário ou não. Por conta da crise, muitas vezes deixamos de comprar um pouco. E esse é um gráfico um pouquinho mais preocupante. O que ele mostra para nós? Do adubo entregue ao consumidor, entre 2012 a 2015, olha a quantidade dessa produção que é nacional, em torno de 30%, sendo os outros 70% importados e nós exportamos basicamente nada. Então, estamos falando de um insumo que representa de 40% a 50% da 77


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produtividade. Nós não produzimos no Brasil, no mínimo temos que usar esse insumo com consciência e qualidade. Essa utilização com consciência não quer dizer usar mais ou menos, mas sim usar corretamente. Sou filho de produtor e tem um sinônimo para mim de sustentabilidade, que tem um paralelo muito grande que é a lucratividade, o agricultor será sustentado ou sustentará a mata, o negócio dele tem que ser sustentável para ele ganhar dinheiro no final das contas. O professor Ciro estava falando no final da palestra dele que o que importa não é produção, mas sim lucratividade, quanto ganha no final e realmente é isso que temos que pensar. Então, estamos trabalhando com insumo que basicamente é importado e depende também de milho, soja e café, por quê? Se essas culturas que consomem muito adubo vão bem, o adubo do país sobe, porque, quanto nós consumimos de adubo pelas anonáceas? Praticamente zero. Então a indústria de fertilizantes não está preocupada com o preço da atemoia. Ele vai taxar o preço do insumo, frente a esses maiores consumidores de adubo do país. Então, produzo atemoia, não quero nem saber da soja. Também não é por aí, temos que ter atenção com as outras culturas também. Essa é a foto que eu mostro para os meninos da graduação e tudo começa aqui. Acho que vocês já viram em outras oportunidades, mas é extremamente imprescindível que não adianta falar de um programa de adubação ou nutrição se não fizermos uma base bem-feita, que é a análise do solo. Você tem que saber e entender da sua área. Então vamos partir desse conhecimento que é a análise de solo. Esse é um dado que temos da literatura, por que eu falei que temos um dado extremamente importante e imprescindível para a região? Isso é o que temos até agora da literatura, a

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variação de pH do solo. Normalmente são variações que encontramos de outras origens e países. Olha o que encontramos aqui na região, variações perto de 6, ou seja, nós temos aqui variações de pH um pouco diferentes do que a literatura nos tem trazido até hoje. São variações que temos encontrados nos solos daqui da região. A literatura nacional nos mostra que a saturação por base no cerrado é de 50, na Amazônia 50, aqui para São Paulo de 60 a 70, com média de 70 e variações de 60 a 90. Então, estamos muito fora do que temos encontrado na literatura. A nossa base de indicação e recomendação nós não tínhamos até então. Diante desse banco de dados, o que temos em relação à produtividade, as maiores produtividades estiveram em torno de saturação por base de 80%. É algo que temos que procurar e observar na implantação, porque essa saturação por base nós temos que pensar na camada de 0 a 30, mais novos a serem implantados e colocar esse calcário mais profundo é a única oportunidade de incorporá-lo. Assim você fica com uma área de atemoia por um bom tempo, e o calcário cresce muito pouco no perfil do solo, principalmente com essas condições de solo aqui. Falando em pomar implantado já instalado e em produção, sempre fazer o cálculo de 0 a 20, nunca de 0 a 30, 79


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porque a gente não consegue mais incorporar e tomar cuidado com doses acima de 1.5 toneladas por hectare. Por que isso? Como o calcário não desce, muitas vezes estamos preocupados em fazer uma calagem só pelo valor da conta e aí temos uma supercalagem na parte superficial. E isso também não é bom. Tem aquela diferença entre o remédio e o veneno e essa conta é para fazer uma incorporação de 0 a 20, mas se aplicamos uma quantidade superior ao ponto adequado por hectare, isso pode prejudicar ao invés de ajudar. Outra indicação também é a história do magnésio. Sempre que tivemos teores abaixo de 0,9, esses são dados para a gente daqui de São Paulo, nós temos que procurar calcário com teores de magnésio acima de 12%, que é o antigo calcário dolomítico. Sempre devo aplicar o calcário dolomítico? Não. Se tem uma coisa que podemos adiantar aqui para os senhores é que, vocês não estão pecando muitas vezes na aplicação do adubo. O que está sendo pecado muitas vezes é na qualidade dessa aplicação. Nós temos áreas, por exemplo, estamos falando que o ideal seria em torno de 0,9 centimol, que daria 9 milimol de carga aqui, mas nós estamos falando de áreas com 22. O excesso pode ser mais prejudicial do que a falta, principalmente para vocês aqui na região. Dêem uma olhada na idade dessa foto. Começou em 1971 e até hoje é o que a gente prega que tem que ser feito. 80


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Se você fizer uma calagem certinha no início, porque não adianta a gente fazer uma aplicação de calcário e passar uma grade, não incorporar, que você vai ter esse perfil do solo, então é essencial aplicar às vezes quatro ou cinco toneladas de calcário. Às vezes é preferível até não aplicar do que fazer uma supercalagem.

Diante desses resultados, podemos chegar nessa tabela aqui, que é uma indicação da quantidade de adubo que teríamos que colocar na implantação pensando em planta por planta. Em teores muito baixos, ou seja, abaixo de 5 miligramas por quilo de decímetro cúbico para fósforo, podemos aplicar cerca de 230 a 270 kg. Se for mais baixo, de 180 a 230 kg, 180 gramas de P2O5, fazendo uma conversão pensando em adubo do dia a dia seria 1 kg de supersimples. Mas você quer que eu coloque 1 kg de supersimples por planta no plantio? Sim, porque o índice salino do fósforo é praticamente zero na base de supersimples, e se você não colocar esse fósforo na implantação, o fósforo superficial muito provavelmente não vai chegar na boca da planta, não vai chegar na raíz porque ele não desce. Então temos que colocar esse fósforo na implantação. Esses textos e tabelas eu vou colocar em forma de texto e 81


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encaminhar para a Harue e para o Sergio, depois vocês pegam com eles, ou impresso na APPC ou no evento mesmo, como vocês puderem disponibilizar isso. Outra parte que é interessante, nós vamos fazer a análise do solo. Então eu sei a quantidade de fósforo para colocar no solo do plantio ou na cova antes de colocar a planta. Depois, como muitas vezes são plantios comerciais, fazemos o seguinte: abrimos uma vala e aplicamos calcário na linha de plantio. Por que fazemos isso? Não façam, porque quando misturamos fósforo e calcário, vira fosfato de cálcio, e aí a planta não enxerga o fósforo. Então essa é uma prática que não deve ser feita, vimos isso sendo realizada diversas vezes em áreas de plantio, então, calcário em área total, fósforo em partes localizadas. Tudo bem, tenho minha área, implantei e agora vamos fazer a adubação de formação. Essas são sugestões de dados para a aplicação de nitrogênio, de 0 a 1 ano, até 4 anos, e aqui as quantidades de nitrogênio. Então, qual nitrogênio utilizar? Se estiver fazendo irrigação pode usar ureia sem problema, porém, se não estivermos usando o sistema de irrigação, dê preferência ao nitrato porque a quantidade de perda é menor.

A adubação de formação, ainda falando com o fósforo, mais uma vez, as mesmas quantidades de acordo com a idade da planta, veja que em teores muito altos, entre 30 a 60, nós recomendamos muito pouco adubo com um a dois anos de idade. Por quê? Nós colocamos 1 kg embaixo da planta. Então essa quantidade para um ou dois anos realmente é muito pequena, até a adubação de manutenção, nós estamos começando a criar fertilidade daquela parte superficial. Potássio, mais uma vez, classe, quantidade que temos no solo, idade da 82


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planta e aqui as aplicações, acima de 6 milimol por decímetro cúbico praticamente nós não aplicamos potássio. Então, qual a base para um bom estado nutricional? Tem que partir da base que é a análise do solo, não adianta

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fazer uma análise de solo errônea ou corrida, porque não está com tempo ou dá trabalho, porque depois iremos basear nossa adubação em cima dessas tabelas. Como eu faço uma análise de solo correta? Essa é uma indicação, temos que usar entre 14 a 1 amostras na linha de plantio, posso fazer a amostragem na entrelinha? Posso, só para recomendar calcário, e na linha de plantio, a adubação. Quantos pontos eu devo coletar? De 14 a 17. Quando eu deveria começar a fazer essa adubação? Quando eu iniciar a poda e fracionar pelo menos quatro vezes, se você começa a fazer a adubação no início da poda, tem que ter feito a coleta do solo antes, para dar tempo de mandar para o laboratório, ir ao laudo. Entrelinha, a cada dois ou três anos, pensando basicamente nessa história que eu falei com vocês de aplicar calcário. As exigências de adubação na linha e na entrelinha são diferentes, então estamos falando de aplicar calcário em taxas diferentes, isso também é importante. O manejo não é simples, mas vale muito a pena fazemos esse tipo de situação. A adubação de produção em áreas que temos produções, nós vamos balizála em outro terreno folhear, coisa que até então nós não tínhamos resultados confiáveis no Brasil. Os agrônomos aprenderam na faculdade que do Paraná para cima, nós não temos relação entre hidrogênio e as amostras de fertilidade do solo. Então nós temos que nos pegar em outra situação ou parâmetro. Esse outro parâmetro é a planta. Eu só consigo fazer recomendação de adubação hidrogenada com base em teor foliar para pouquíssimas culturas do país e são elas a manga, abacate, café, e agora atemoia. Para isso temos que fazer a correta amostragem foliar, porque não 84


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adianta pegar e coletar qualquer planta. Faça a amostragem correta, obtenha o resultado do teor foliar dentro das faixas consideradas adequadas e da produtividade esperada. Ou seja, do que esperamos da produtividade este ano, nós vamos aplicar em adubo. "Mas olha, eu estava esperando uma produção de 20 a 40 toneladas por hectare e deu geada este ano e vou produzir pouco por conta dessa queda climática". O reflexo disso vai acontecer ano que vem. Talvez você tenha um teor maior na planta, porque ela não gastou toda a energia e aí sim, com base naquela produtividade, consegue aplicar uma quantidade menor. Mas este ano em que você teve baixo teor de nitrogênio, nós vamos ter que aplicar uma quantidade um pouco maior. Nós estamos falando de teores de 29 a 34 para serem considerados adequados, poucos resultados com 22 ou 25 gramas por decímetro cúbico de nitrogênio, o que nós encontramos muito aqui na região? Teores acima de 30, chegando até a 40, ou seja, adubação nitrogenada em excesso. Para os teores de fósforo a mesma coisa, muito alto. Ou seja, quando tenho uma concentração muito alta de fósforo no solo, acima de 60, tenho que aplicar uma quantidade pequena em termos de toneladas por hectare. Deem uma olhada no que temos encontrado no teor do solo de vocês. Chegou a 900. Entre 30 e 60 já é considerado alto, e um relato do pessoal que conhece um pouco o laboratório, é esperado que os métodos funcionem até 60 ou 80, quando você começa a fazer muita diluição para chegar nesses valores de 900, fatalmente não é 900 chega a mais de 1000. O que você está fazendo com seu dinheiro com relação à adubação então? Jogando fora, não precisa comer demais, colocar comida demais, porque é tão prejudicial ou até mais preju85


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dicial do que não pôr. Potássio é a mesma coisa, teores variando de 22 a 1.7, onde a gente fala que mais do que 6 é muito alto. Encontramos no solo, em média, de 1,6 a 3 e o mínimo encontrado foi 1.7, ou seja, a pior área das mais de 60 avaliadas em termos de potássio está dentro da média, e existem áreas acima de 22. Então está jogando dinheiro fora, com mais do que isso você está prejudicando a sua produtividade. Quando a análise do solo revelar teores, basicamente temos uma recomendação de sustentação do teor mínimo. Quando tivermos teor abaixo de 0,21 para boro e inferior a 0,8 para zinco, aplicar 2 kg por hectare de boro e 4 kg por hectare de zinco, recomendações mínimas, os teores de boro e zinco também estão excessivos. Essas observações sempre foram feitas na projeção da copa, não adianta fazer uma análise de solo e uma recomendação baseada na projeção de copa, aqui é o local correto para fazer a análise do solo, por quê? Porque é o local que vocês fazem a adubação. Não adianta fazer a adubação na projeção e querer ver porque está ruim. Nós falamos em diagnóstico foliar, aplicações de nitrogênio baseadas nos teores foliares. O diagnóstico foliar é um pouco mais complicado do que a análise do solo, a variabilidade da amostra do solo é menor durante o ano, então qual a recomendação para amostragem de solo? Fazer a amostragem quando estamos no final da safra para que dê tempo de mandar para o laboratório para fazer a análise, a compra do produto e iniciando a poda 86


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talvez, a amostra foliar se nós perdemos o "timing", ou seja, se fizermos em uma época diferenciada dessa recomendada que é no florescimento, não adianta fazer mais porque o teor da folha modifica e tudo que fizemos no banco de dados está em cima desse ponto de amostragem.

Tudo bem, a planta está florescendo, qual folha eu coleto? O terceiro ou quarto par de folhas na altura mediana, essa é a que deve ser coletada, e em ramos com flor, que originará a produção. Então eu sei qual ramo cortar e em que época coletar. Quanto a coleta de amostra do solo nós falamos de 14 a 17 e de folha? Nós temos que coletar no mínimo de dez plantas, em cada uma delas nós faremos, leste, oeste, norte e sul. Então eu faço a coleta de dois pares de folha em cada um dos quadrantes, então duas folhas para cada quadrante em cada uma das dez plantas chegamos ao número de 80 folhas a serem coletadas. Mas se você quiser coletar menos, por exemplo, dez folhas e mandar para o laboratório, eles mandaram resultados, mas por que coletar 80? Vamos fazer um paralelo aqui. Posso comer feijoada hoje e amanhã fazer exame de sangue para colesterol e triglicérides? Mérito interno, então é um padrão, quando o médico solicita o exame, comemos uma semana inteira 87


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certinho só para fazer o exame. Aqui não é diferente. Se fizermos a amostragem fora dessas condições não terei resultados confiáveis. Se colocar nos programas não vamos encontrar aquilo que estávamos procurando, e a análise não é melhor do que a amostra. Lembrem-se disso, nada adianta eu coletar uma amostra porcalhona e mandar para a faculdade x que tem três selos do resultado. Não adianta, a análise é simples de ser feita, mas se errou na amostra, não há análise que conserte.

Esse é um resultado da literatura. É isso que tínhamos até então e nos baseávamos nesses teores e concentrações de nutrientes. Quando me convidaram para fazer uma palestra em Botucatu, no Congresso Mundial de Anonas, eu falei para a Marizela que nunca tinha trabalhado com anonas, mas que também acho que nunca tinham feito um trabalho desses no Brasil. E eu apresentei isso no congresso, essa tabela do que seriam considerados os teores ideais e quando começamos a fazer algumas observações, Silva de 1986 e Oliveira de 2004, dêem uma olhada nos teores, vão falar que um copiou do outro. E que em 2004, o Andrade copiou do Oliveira e do Silva, mas olhem os teores bem próximos. A única grande modificação está no teor foliar do nitrogênio e aí nós tínhamos essa recomendação da aduba-

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ção nitrogenada baseada nesse teor foliar que o Andrade 2004 é o boletim oficial do cerrado, ou seja, nós nos baseávamos até então, na maior região produtora, em análises do cerrado desde, basicamente, 1986. Um palpite: vocês confiam nessa publicação, do ponto de vista de não ter nada como parâmetro por isso tenho que usá-la até então? Difícil falar, mas vejam os nossos resultados de Pilar e Itapetininga. Vamos comparar com o que tínhamos até então, teores considerados adequados de nitrogênio de 29 a 34. Nós falamos até então de 17 a 28, o máximo ali não chega no nosso mínimo, que é o principal nutriente que tínhamos que observar. Fósforo de 1,7 a 1,5, o nosso máximo ainda não chega no mínimo, talvez isso justifique teores absurdos no solo de 600 a 900, mais um pouco e vou pedir para vocês deixarem plantar soja no canal superficial, ensacar e vender, porque está quase como adubo no canal superficial. Vamos pensar no seguinte: nós estamos falando em resultado, de análise de solo geralmente, da camada de 0 a 20 que é quando a gente faz a análise do solo certo? Como a gente faz análise de solo de 0 a 20? Cavo um buraco de 0 a 20, misturo, tiro um pouco e mando para o laboratório, o que aconteceu com aquele fósforo que você aplicou na camada superficial? Foi diluído nessa quantidade de solo de 0 a 20, então será que temos 900 na camada superficial ou 9000? Tinha curiosidade de fazer uma análise de 0 a 5 para ver onde o teor de fósforo está. Sobre os dados de Pilar e região, nós temos vários resultados. Então vamos nos atentar nos dados que não têm base. Lembram-se que no começo da palestra eu chamei a responsabilidade de vocês sobre continuar conosco, é

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nesse sentido. Nós não conseguimos discutir esses resultados se vocês não participarem, fazendo a análise de solo, de folha, chegar em dez plantas e contar a quantidade que tem, dá trabalho, mas é algo a mais a ser feito, e o que vocês estão ganhando com isso? Esses resultados que fizemos durante três anos, então agora temos um pouco de base e certeza de falar e parâmetros melhores talvez para seguir: Potássio de 14 a 18, o mínimo de potássio é o que temos na região, nas culturas, então o que vamos fazer a partir de agora? Esquecer o que tínhamos na literatura e nos basearmos nas nossas recomendações, para microorganismos nem se fala, as divergências são muito grandes. Algumas outras implicações de estudos que aplicamos aqui na região, essas áreas e teores foram baseadas em culturas de alta produtividade, ou seja, cerca de 13 a 21 toneladas por hectare, mas essas medidas têm um espaço muito grande, não podiam ser de 18 a 21? Podem, mas é aquela história, precisavam de mais um pouco de representatividade dentro dessa classe de produção, eu tive dentro dessa classe de produção pouca representatividade (produções e produtores), então o que acontece? Quando eu coloco um resultado desses eu não posso me basear em quatro ou cinco produções. Tenho que me basear em um conjunto de produções para que eu tenha o mínimo de coerência para falar esse resultado para vocês, por isso que a tabelinha foi apresentada, vamos esquecer de fazer amostragem e observação desses dados? Não, vamos continuar fazendo para que possamos refinar nossas indicações, são áreas de baixa produtividade. As áreas de alta produtividade que tivemos esses resultados foram de 20 toneladas por hectare. Dessas áreas de 13 a 20 toneladas por hectare, essas áreas de baixa produtividade porque estão produzindo pouco? Basica90


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mente, baixos teores de manganês, de fósforo, mas espera um pouco, você falou até agora que teve muito fósforo, 9000 da camada de 0 a 5, mas as áreas que estão produzindo pouco são por causa de pouco fósforo? Sim, a explicação é simples, nós também estamos fazendo excesso de calagem, então está pecando muito pelo excesso, muito fósforo, e estamos aplicando muito calcário, e vocês lembram o que falei no início? Quando misturamos fósforo com cálcio temos fosfato de cálcio, a planta não enxerga, mas está no solo. Quando fazemos a análise do solo, muitas vezes tem fósforo, mas você não está disponibilizando isso para a planta. A mesma coisa com o manganês, com o bório, ferro e micro, mais dois iguais o manganês, então muitas vezes está acontecendo isso, tem no solo, mas a planta não enxerga e não absorve, por conta de excesso. Ainda em áreas de baixa produtividade, a ordem decrescente de limitação por excesso, então por que estou produzindo pouco em áreas de baixa produtividade? Estou tendo muito cálcio, está vendo como é coerente, muito cobre. Aqui o cobre tem uma explicação pontual específica que às vezes é por conta da aplicação de defensivos. Muitos defensivos levam cobre e manganês, então é comum encontrarmos muitos teores de cobre e manganês. Outras explicações que vemos nesse estudo e observando esses dados de qualidade, aqueles dez frutos que coletava e levava para a universidade e fazemos as análises, o que observamos de modo geral? Nós não tivemos grandes relações entre teores foliares e a qualidade desses produtos observados, então tanto faz ter muito pouco nitrogênio, isso não interfere no quanto a fruta está doce ou não. Há indícios da limitação de produção por excesso, mais uma vez, fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Lembrem, magnésio 9 está bom, cálcio entre 40 e 45, potássio 4 ou 5, fósforo não precisa mais que 50, não houve influ91


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ência determinante de um único fator nutriente em solo na produtividade. Então, se eu aumentar a dose de nitrogênio ou fósforo também aumento a produtividade? Não. E se diminuir a quantidade de fósforo aumento a produtividade? Também não. O que acontece? É o conjunto da obra, nada adianta ter uma Ferrari sem pneu, não vai andar, então eu preciso ter um equilíbrio entre esses teores nutricionais que é como conferimos as melhores e maiores produtividades, elas não estiveram associadas a baixos ou altos teores, o equilíbrio entre os nutrientes foi o mais adequado. E como eu sei que esse equilíbrio de nutriente é bom, como vou saber se na análise foliar que irei fazer na próxima safra está equilibrada? Vou ter que pegar um livro, onde essa informação está escrita? Aí nós congregamos todas essas informações em um programa, só que mais uma vez, não se encantem mais com o mar do que com a rede, de nada adianta ter o programa se você não fez a amostragem correta, e vale muito a interpretação do técnico, o programa nunca vai substituir o agrônomo ou o técnico. Onde vocês podem encontrar esse programa? Esse é o site da universidade, http://www.registro.unesp.br/, depois vamos conversar com a Harue para ver se é possível colocar no próprio site da APPC um link para vocês irem direto ao programa. Se clicarem nesse banner, vão encontrar resultados

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para goiaba, manga, uva e estamos daqui uns dois meses colocando a janela da atemoia também. O programa está pronto e funcionando, o único motivo de não vir hoje e estar com o programa no ar é que precisamos mandar registrar em Brasília, e aí vocês sabem como a coisa funciona,

demora um pouco para isso acontecer, mas a papelada está em ordem. Antes que avance e mostre o programa CND atemoia para vocês, alguém deve estar pensando "oba, tem de uva, vou usar para nós da região, pode?". Pode, mas acredito que não vai dar certo. Por quê? Se o pessoal que planta atemoia na Bahia quiser o programa que fizemos usando os dados de Pilar, você acha que vai funcionar para a Bahia? Para a uva é a mesma coisa, esses dados nós obtivemos com o pessoal do Rio Grande do Sul, da região de Santana do Livramento, que tem condições bem diferentes da nossa. O que teríamos que fazer? Procurar os melhores resultados e informações daqui, aí sim colocaremos um CND uva para a uva de Pilar. O programa nosso da atemoia é daqui, mas é muito complicado. Como eu uso isso? Simples. Nós aprendemos a fazer análise foliar certo? Mando para o laboratório o terceiro par de folhas, quando estiver em florescimento, quatro pares de folha por planta e de dez plantas e recebe o resultado. 93


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Digite esse resultado aqui, por exemplo, teor de nitrogênio 22, fósforo 50, potássio 84 e clique em calcular e vai aparecer esse gráfico que vai mostrar, por exemplo, que está faltando cálcio, tem excesso de fósforo. Mas com que base estou falando que está bom ou se tem mais ou menos do que deveria? Com base nessa classe de produção de 25 a 40 toneladas por hectare, que é a população de alta produtividade que me baseei para trazer para vocês, foi aquele comentário que fiz anteriormente. Poderia quebrar no meio? Poderia, mas precisaríamos de mais dados e resultados para fazer isso. Está faltando nitrogênio, então para produzir mais ou ter alta produtividade com o mesmo calibre de fruto, teria que talvez aumentar a quantidade de nitrogênio, mas para quanto? Para zero. Vejam que zero seria o nosso equilíbrio, nem mais nem menos, esse é o ideal. Se tiver -5, preciso aplicar mais nitrogênio. Mas quanto mais? Essa é a pergunta, não sei, mas os senhores sabem. Porque os técnicos que trabalham com a cultura há muitos anos, então vocês têm uma base de aplicação de nitrogênio, se o programa fala que devemos aplicar 5 está bom? Aplica e veja o que acontece, é assim que a coisa funciona. Olha o cálcio está bom, mas o magnésio está deficiente, mas eu compro calcário que tem aqui perto, é fértil e barato, mas tem baixo teor de magnésio, será que você está fazendo a coisa certa? Na próxima vez não dá para trazer calcário de um lugar um pouco mais longe, mas com teores de magnésio mais altos? O adubo nitrogenado que você vai aplicar não dá para associar com teor de magnésio? São essas observações que não substituem o técnico ou o agrônomo, então o programa vai falar se está bom ou ruim, mas o quanto fazer e o que fazer, depende dos senhores. Então, obrigado pela atenção e pela confiança, esse é um programa que a gente tem feito em algumas culturas. Nós temos esses quatro resultados, goiaba, uva, manga e atemoia, mas estamos expandindo isso para outras culturas. Então é uma ideia de fazer um diagnostico.

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PAINEL: PRODUÇÃO E MODERNIDADE NA FRUTICULTURA Moderador: Eng. Agrônomo Isidoro Ossamu Yamanaka

Palestrantes: Marcelo da Silva Scapin, Mestre em Fitossanidade e especialista em aplicação de defensivos agrícolas da Fundecitrus. Tema: Tecnologia de Aplicação de Defensivos na Fruticultura Nilton Bernini (Ítalo), técnico agrícola, piloto e especialista em aplicação aérea de defensivos agrícolas. Tema: Drone na Agricultura Aldemir Chaim, pesquisador II da Embrapa de Jaguariúna e especialista na aplicação de agrotóxicos. Tema: Pulverização Eletrostática

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Marcelo da Silva Scapin O nosso tema é a tecnologia na aplicação de defensivos na fruticultura, ou seja, como e quando aplicar para obter o resultado desejado. A gente vem fazendo isso para tornar o agricultor e a fruticultura um pouco mais sustentável. Então se buscarmos na literatura, encontraremos vários conceitos como as causas do insucesso, que seria a má cobertura das frutas pela aplicação de um volume de caldo insuficiente para molhar toda planta, na parte interna e externa. Então dá para se ver que a fruticultura como um todo, principalmente a citricultura, vem de conceitos antigos, não que sejam errados, mas são aqueles conceitos passados de pais para filhos. O sinônimo de controle era na verdade uma aplicação excessiva, depois, se pegarmos nas décadas de 70 e 80, se fazia a aplicação com pistolas em que ia uma pessoa no trator e outras duas pulverizando com essas pistolas, uma de cada lado. Alguns pulverizadores eram até quatro pessoas, duas em cima e duas no solo, e chegavam a se aplicar de 20 a 40 litros por planta, e isso era equivalente de 5 a 10 mil litros por hectare. Outro caso: se aplicava 60 litros por planta, o que chegava a 15 mil litros por hectare de calda e ainda alguns extremos em que se falava de 20 a 40 plantas por um tanque de 2000 litros de calda, que daria de 10 a 20 mil litros por hectare, e isso vem evoluindo. Reduzimos e melhoramos na década de 90, ainda foi possível encontrar trabalhos em que se falava que para o bom controle de pragas, o ideal seria 40 litros por planta que na época ainda era equivalente a 10 mil litros por hectare e, o padrão de qualidade da pulverização para todo mundo na verdade é esse aqui. Vimos sinais de escorrimento, que são essas lágrimas, então vimos a planta molhada e o solo também, e aquele padrão de qualidade dos produtores no passado, que seria formar aquela pocinha na região do tronco, que é o sinônimo de qualidade. 96


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Mas aí pessoal, é onde a gente está errando e perdendo muito. Então nós perdemos tanto por escorrimento quanto por uma série de fatores ligados a condições climáticas e a má aplicação da tecnologia em si. Porém, na época de 2000 isso começou a evoluir um pouco. Nós tínhamos

os pulverizadores unilaterais em que deveríamos fazer um volume muito alto com um número muito baixo de cotas de pulverização. Então evoluímos na década de 2000, onde começamos a trabalhar com duplicadores, com um número maior de cotas de pulverização para fazer um volume um pouco menor e que nos possibilitou também a trabalhar com volume de poda um pouco menor, para que a gente não tenha esse escorrimento 97


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excessivo na parte externa e tenha gotas chegando nas partes mais internas da planta, até chegar na configuração atual de pulverizadores que a gente encontra no mercado. Ainda na década de 2000, esses trabalhos de adequação de volume de caldas, de levar mais informação para os agricultores, eles foram continuados então ainda se caiu um volume de 8 a 10 mil litros por hectare. Nesses trabalhos da década de 2000 começou a se trabalhar com 2 a 3 mil litros por hectare, nesses volumes ainda existiam perdas e muito a ser estudado. Então começamos a treinar mais os agricultores e produtores, levar mais informação e dizer para eles que a pulverização leva uma série de fatores que interfere na qualidade, para saber onde está sua praga ou doença e o que você quer controlar. Assim você pode definir o foco da sua pulverização e o segundo alvo que é, dependendo do produto que você vai utilizar, se é sistêmico, aonde teria que colocar seu produto para chegar ao alvo que você acabou de definir. E abaixo disso temos o terceiro fator que é o equipamento. Como comentei com vocês, estamos passando por evoluções, mas tem uma série de pontos no sistema que temos que levar em consideração, a importância de trabalhar com 540 rotações por minuto na tomada de potência porque, dependemos da vazão da bomba, o volume de ar gerado pela turbina. Também temos os sistemas de agitação que dependem dessa rotação, e as escolhas das pontas de pulverização, com tamanho de gota adequado para que você consiga atingir o seu alvo, reduzir suas perdas e assim por diante. Então temos uma série de fatores que precisam ser adequados ao sistema, para que você consiga a máxima eficácia da sua pulverização, e também o momento de aplicação, para controlar as doenças e pragas e assim por diante. E acima de tudo, ainda temos as condições climáticas, trabalhamos com água, e isso é extremamente importante, com condições adversas que se98


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ria umidade abaixo de 50%, temperatura acima de 30 ou 35 graus, e também ventos, no caso de culturas arbóreas, acima de 10 quilômetros por hora seria um grande problema. Então, sempre que for fazer uma pulverização com essas condições adversas, é importante ter na cabeça que vão ocorrer algumas perdas do produto. Então, se formos conversar aqui, teremos uma série de definições, alguns produtores vão falar que fazem x litros por hectare em torno daquela determinada praga ou, que fazem aplicação de x litros por planta. Outros fazem x pulverização em não sei quantas plantas por tanque, e assim, nós temos uma diversidade de informação e a troca delas fica cada vez mais difícil, não só em termos disso, mas em doses do produto, temos doses para 100 mil, doses por hectare, por isso o técnico auxilia a chegar a um valor em comum. Então, nós da Fundecitrus, começamos a aplicar e mudar um pouco o conceito pelo seguinte fato: se nós colocamos alguma informação que sai no material que sai do Fundecitrus, ou lemos algum material de outro lugar, é importante que todos entendam bem o que está sendo dito. Se tiver, por exemplo, uma informação que o volume de calda ideal para o controle de determinada praga é de 700 mil litros por hectare, se eu não falar para os senhores qual a variedade, uma ideia de planta, como vai ficar, idade da 99


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planta, ponto de pulverização, entre outras coisas, isso se torna cada vez mais difícil. Então, para trocarmos uma única informação, nós precisamos de uma série de outras informações. Por que isso? Porque se meus experimentos forem montados nessa planta, que no caso tem 2,5 metros de altura, e vocês estejam pensando em reproduzir esses resultados em uma outra planta, que tenha 4 metros de altura, por exemplo, elas podem ter o mesmo espaçamento 7 por 3. Porém, esse volume de 700 mil litros resulta em 1,5 litros por planta, essa pulverização é igual? Não, é totalmente diferente, isso é o que acontece no campo, os volumes não são diferenciados para diferentes plantas, e aí, na pesquisa é a mesma forma, nós queremos levar o resultado e vocês conseguirem reproduzir. Então começamos a falar em pulverização por volume de calda, estudamos a parte teórica e também do controle de diversas pragas e doenças, como se baseia esse conceito? A gente mede a altura da planta, o diâmetro da copa no sentido de plantio e da entrelinha. Se você multiplicar essas três medidas, quantos metros cúbicos possuem essa planta e, por esse gráfico, bem comum de correlação de posição e volume. Ou seja, se tivermos uma calda com a mesma concentração, se aumentarmos o volume, aumentamos a quantidade de produto na planta, isso até certo ponto, a partir daqui não adianta a gente aumentar o volume de aplicação, que não para mais pro100


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duto na planta, por quê? Porque começou a escorrer, e a partir daí a gente começa a perder, esse ponto de escorrimento nos direciona a fazer uma série de trabalhos, como referência na verdade, não que todos tenham que usar essas referências, mas nós usamos. Volumes bem acima do ponto de escorrimento, então têm muito para adequarmos para que tenhamos uma agricultura mais sustentável. E volumes abaixo do ponto de escorrimento, que são volumes de calda menores, então temos que nos preocupar também com a correção de dose no tanque. Então vamos pensar só nessa primeira fase, vamos reduzir o volume sem preocupar em mexer em dose, e a partir daí quando começarmos a pensar em pontos muito reduzidos, ou a gente fixa dose por hectare ou começa a estudar melhor esse tipo de aplicação. Agora vou mudar a história para vocês. Se o volume de calda enviado é de 75 ml de calda por metro cúbico de área. Vocês tendo essa informação, é só medir a copa e ver mais ou menos quanto é sua 101


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área, e saberá se está abaixo ou acima ou se está adequado, é simplesmente uma referência, não é um método que vá complicar muitas coisas e que foi aceita na cadeia como um todo, e o pessoal vem conseguindo reduzir gradativamente o volume e mudando o perfil das pulverizações. Então aquelas informações que eu mostrei para vocês agora, muitas delas passam a ser desnecessárias porque você vai conseguir medir isso na sua área e então saber quanto isso representa e então vamos trocar informações mais técnicas. E aí, aquelas pulverizações naquelas mesmas plantas naquela linha de 700 litros por hectare que daria 1,5 litros por planta, porque essa planta tem 20 metros cúbicos e já a que você estava pensando tem 60 metros cúbicos que daria 4,5 litros por planta para você ter uma pulverização similar, ou 2145 litros por hectare, então essa é a conta que a gente começa a fazer. Então vou trazer o que a gente conseguiu de resultado no controle de podridão floral, que é uma doença que ataca as pétalas dos citrus. Conseguimos uma redução de 60% do volume de água e também 10% dos custos de produção. Já para o controle do psilídeo, que é o inseto vetor do grenning (Huanglongbing/HLB), obtivemos uma redução de 70% de água, de 102


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ingrediente ativo de produto, e ainda por cima uma redução de 60% dos custos, que possibilita fazermos mais aplicações. Já no caso da pinta preta, que é outra doença que ataca os citrus, conseguimos economia de 30% a 40% de água, 40% de ingredientes ativos e 30% dos custos. E para cancro cítrico, nos trabalhos foi possível reduzir 70% do volume de água, 50% do ativo e isso representou uma queda de 40% nos custos de produção. Eu fico aqui e agradeço a atenção de todos. Espero ter conseguido pelo menos passar uma ideia de que dá para reduzir e fazer com menos e sem desperdício, e procurar um técnico que entenda e consiga orientá-los na hora de fazer tudo, e como conseguir economizar alguma coisa e tornar a produção de vocês mais sustentável. Obrigado.

Nilton Bernini (Ítalo) Meu nome é Nilton Bernini, eu sou fundador da Aerodrone, e minha empresa está localizada em Assis, perto de Marília, Presidente Prudente e Ourinhos, e nós somos um dos pioneiros a desenvolver trabalhos com drones em agriculturas de precisão. Agradeço a todos, os diretores, a todos vocês por terem nos recebido, fico muito honrado pelo convite e espero poder somar em relação aos drones. Quando falamos em drones, a primeira coisa que vem na nossa mente, é o equipamento que o pessoal usa nos casamentos, festa de aniversário, enfim, também é um excelente equipamento para isso. Mas hoje vamos focar um pouco sobre o uso de drones na agricultura, em uma linguagem bem simples, vou tentar ser bem rápido e não aprofundar de maneira muito técnica, para podermos ter uma ideia de como usar esse equipamento. 103


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Primeiro, é apresentar esses serviços de filmagem, nosso objetivo não é apenas a parte comercial da venda do equipamento, a nossa ideia é gerar alguns relatórios que serão entregues aos produtores, gerentes e agrônomos, e essas imagens e relatórios vão fazer com que possamos antecipar as ações a serem aplicadas em seus investimentos e propriedades. Então veja bem, primeiro você tem que entender o que é drone, em inglês significa zangão, outra classificação para a sigla é: veículo aéreo não tripulado. Por que não tripulado? Porque é um equipamento aéreo que não tem piloto, ninguém pilotando junto ao drone em si, e RPA são essas aeronaves remotamente operadas. Aqui no Brasil a lei que estipula essa citação que são as RPA's, então no Brasil os drones são classificados e regulados conforme o seu propósito. Vamos falar um pouco sobre a infinidade de modelos que tem de drone, então temos uma infinidade de equipamentos de monitoramento, para mapeamento de área, busca, salvamento, levantamento, contagem de animais em áreas de pecuária, enfim, satélite ou drone? Até hoje a gente pode usar esses dois tipos de imagens para gerar os relatórios, então gostaria

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de fazer uma complementação, os satélites representam um meio extremamente conveniente para que você tenha essas informações e imagens da sua propriedade, com certeza, agora, qual é a vantagem do satélite? É a confiabilidade e a estabilidade deste aparelho, e quais as desvantagens de usar um satélite em relação a um drone? Uma baixa resolução, porque ele depende de condições climáticas, e esse aparelho está a 705 quilômetros de altura, para você ter uma ideia. Uma média resolução espacial, ou seja, o tamanho do objeto que você quer adquirir as imagens e maior interferência atmosférica, ou seja, reflexões do Sol, radiações do Sol, enfim, nós temos aqui uma comparação. O Landsat 8 dá volta no planeta a cada 16 dias, depois temos horário fixo para captar imagem dessa região do Brasil a cada 10 horas, então você vai estreitando a sua utilidade e depois você

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tem uma área de aproximadamente 900 metros quadrados e cada pixel vai representar 10 mil metros quadrados, então qual a vantagem em relação ao drone? As imagens são capturadas a qualquer hora do dia, independendo da posição do satélite ou o clima que está no momento, então você pode voar em uma altura de 300 metros de altitude, com isso você tem uma excelente condição de imagem, e cada pixel representa seu smartphone, só para ter ideia da relação do que as imagens dos satélites nos provêm. Então são as vantagens e desvantagens do drone, a relação do custo benefício, maior portabilidade, você pode levar no seu carro, você tem mapeamento de grandes áreas em tempo muito inferior aos veículos tradicionais, como helicópteros e aviões. A facilidade de lançar esse equipamento e prever a viagem e recuperação desse equipamento trazendo essas informações, a possibilidade de realizar vôos de menor altitude, possibilidade de mapear lugares inatingíveis, alguns lugares que aviões ou helicópteros não alcancem, o drone pode capturar para você, e com isso você pode criar mapas de altíssima resolução. Essas são as vantagens de usar drone e equipamentos nos seus negócios. E agora quais as desvantagens? Seria uma menor estabilidade de vôo, em relação ao satélite, pouso e decolagem você tem que ter conhecimento para operar esse equipamento, autonomia de vôo. Então do satélite temos uma baixa área de cobertura, os aviões e helicópteros, você tem uma grande área de cobertura, só que em compensação, com o drone você tem uma grande flexibilidade para atuar em relação aos outros equipamentos disponíveis no mercado. Quando pensamos em drone, será que vamos usar apenas para uma finalidade? Eu coloquei algumas opções, mas existe inúmeras possibilidade de uso desses equipamentos, então você pode usar na plantação, análise de solo, mapeamento topográfico, vistoria, inspeções técnicas, levantamento de dados, análise ambiental, engenharias e manutenção, inspeções de estruturas. Nós fazemos alguns vôos sobre barracões para analisar pontos de fadiga, lugares de risco em que o funcionário pode subir até lá e correr risco de sofrer acidentes, e áreas em que a pessoa não tem acesso, sendo possibilitados pelo uso do drone. Há uso nessas análises preventivas, lugares restritos e de grande risco, e reconhecimento e identificação de objetos. Na semana passada, fui contratado para localizar um objeto que caiu. Já em pecuária você pode identificar o número de cabeças de gado em uma determinada área, você faz toda contagem automática. Na agricultura, você pode avaliar a qualidade de plantio e a falha no stand do seu plantio, 106


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você pode acompanhar o desenvolvimento da cultura, mapear deficiência de elementos da cultura, que seriam a parte nutricional como: cálcio, potássio, micro e macro elementos. Você pode estimular uma safra, detectar doenças, pragas e até ervas daninhas, você pode medir a porcentagem de cobertura vegetal, mapeamento do solo, da zona de erosão, identificação de variedade das plantas, aplicação de defensivos e materiais biológicos e mapeamento de áreas de preservação ambiental. Deixei aqui um exemplo, você tem um portfólio de fotos e foram detectadas algumas manchas e falhas, que depois de relatórios vai detectar se é falha de plantio, adubação, enfim, e aqui seria uma área que foi tomada que seria de preservação ambiental. Quando você pode usar o drone? Pode usar em todas as fases da sua propriedade, durante o crescimento, para identificar as folhas, na fase intermediária, para analisar a concentração de clorofila e CO2 das plantas, pode prever um caso de produção, se está baixa ou não, e na colheita você pode auxiliar o agricultor a avaliar este ganho de produção. Como é feito isso? São colocados sensores nesse foco de imagem do aparelho e cada sensor tem uma finalidade, ele vai nos mostrar uma grade de cor, não vou entrar na parte técnica, que seria essas grades, RGB, NVDI e através dessas imagens, nós vamos captar através dessas imagens, eu consigo ter o mapeamento nas minhas mãos do que está acontecendo na propriedade, então eu faço a captura da foto que é jogada em um software de processamento, que vai me dar uma imagem com todo mapeamento aéreo e resoluções do que está acontecendo, dá para perceber o número de plantas por hectare aqui nessa foto, 14 na primeira linha, 11 na segunda e

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assim por diante, então na imagem infravermelha eu tenho uma imagem que foi captada de forma normal com sensor, e aqui ela vai me dar uma grade com esses resultados de infravermelho que eu posso estimar uma variedade se situações. Não basta você ter o aparelho, é preciso ter um plano de vôo, que vai ser usado para construir a área que você quer operar, o vôo de sobreposição dessas imagens, de que forma você vai entender essas imagens, e vamos fazer esse equipamento voltar em nossas mãos e depois com uma análise de ferramenta, nós vamos fazer o geoprocessamento. Então nós temos um plano de vôo, essas imagens sobrepostas, então em cima dessas imagens, com um software, eu consigo fazer o geoprocessamento. Eu jogo no software, e eu consigo ter esses relatórios e informações, e assim eu posso gerar um plano ou previsão do que possa estar acontecendo na sua produtividade. No cockpit da aeronave eu tenho todas as informações de onde foram tiradas essas fotos, através de GPS e coordenadas, eu consigo ter uma noção de onde estão esses pontos, quanto tempo de vôo, os lugares 108


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SOFTWARE DE PILOTO AUTOMÁTICO E-MO-TION (Electronic MOnitoring staTION)

que esse aparelho foi, eu posso definir para onde eu quero que ele vá, altura e velocidade, eu dou o comando e ele decola sozinho, faz todo vôo para nós, decola e me entrega essas informações, que serão captadas e jogadas no software, que vai gerar um relatório, que será entregue nas mãos do responsável, para que ele possa tomar essas atitudes antecipadas da situação, para não deixá-la chegar a um momento crítico. O nosso sistema e trabalho é trazer essa inovação e informações para o produtor, através desses dados técnicos, você pode ter levantamento to-

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pográfico, número de plantas por hectare, detectar pragas e doenças, falhas de plantio, enfim, é entregue todo um relatório. Nós vamos depois fazer um vôo lá fora, e depois se você quiser uma coisa mais técnica nós estamos à disposição, obrigado mais uma vez, sucesso a todos e abraço.

Aldemir Chaim A apresentação do professor Aldemir Chaim foi do lado de fora do auditório, com uma demonstração prática com um aparelho de pulverização costal. O texto a seguir foi extraído do material preparado pelo palestrante para o Laboratório de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos da Embrapa Meio Ambiente, realizado em Jaguariúna (SP), com a autorização do autor. Introdução Atualmente, a eficácia dos agrotóxicos para o controle dos problemas fitossanitários é muito grande. Entretanto, a eficiência do controle ainda é obtida graças ao poderoso efeito tóxico das novas moléculas, que compensa a deficiente deposição obtida com as pulverizações. De certa forma, o método de aplicação empregado atualmente é o mesmo que se empregava no final do século 19, e objetiva estabelecer uma barreira tóxica na superfície do alvo, para impedir o ataque de pragas e doenças. As deposições de agrotóxicos são ineficientes, em quase todas as formas de aplicação e tipo de cultura. Em pulverização aérea, por exemplo, foram verificadas perdas em torno de 50% do volume de calda aplicado. Em cultura de porte rasteiro como tomate e feijão, as perdas variam entre 48% a 88%. Para piorar a situação de culturas de porte rasteiro a deposição concentra-se na região do ponteiro das plantas. Em culturas de porte arbustivo, como tomateiro estaqueado, foram verificadas perdas entre 59% a 76%, dependendo do porte das plantas. Em videira, as perdas variaram entre 18% a 39% dependendo do tipo de equipamento e bico de pulverização. Pesquisas na Itália com videiras em videira, revelaram que dependendo do tipo de equipamento empregado, as perdas para o solo variaram entre 34,5 a 48,9%, mas em alguns casos a deposição nas plantas foi superior a 64% do 110


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total aplicado. Em culturas de porte arbóreo como a macieira verificaramse perdas entre 32% a 40% dependendo da variedade da fruteira. Em pulverizações de agrotóxico com jato transportado por ar, realizados em pomares de maçã, as perdas para o solo variaram entre 2 a 39% da dose total aplicada e à deriva ficou entre 23 a 45%.

Pulverização eletrostática Várias pesquisas têm demonstrado que os empregos de pequenas gotas proporcionam melhores resultados de controle de problemas fitossanitários. Entretanto, as gotículas, devido as suas pequenas massas, possuem pouca energia cinética, o que faz com que suas capturas pelos alvos sejam reduzidas e também à deriva seja bastante acentuada. Contudo, as vantagens esperadas, de maior eficiência de utilização de menor volume de calda de aplicação somente se verificam em condições muito especiais. Corpos eletricamente carregados reagem com outros mecanicamente, sendo que aqueles com cargas de mesmo sinal se repelem e aqueles com cargas de sinais opostos se atraem. A força de atração ou repulsão depende da intensidade das cargas e da distância de separação dos corpos. Para que as gotas pequenas sejam eficientemente coletadas pelo alvo, livre do processo de deriva, é necessário acrescentar uma força extra às mesmas. Justamente na faixa das gotas pequenas ou muito pequenas, forças elétricas podem ser introduzidas em grandeza suficiente para controlar seus movimentos, inclusive o movimento contra a gravidade. Gotas com carga eletrostática apresentam a habilidade de se depositarem na página oposta das folhas durante as pulverizações (CHAIM, 1984).

Processos utilizados para geração de gotas com carga eletrostática A eficiência da pulverização eletrostática é diretamente relacionada ao processo utilizado para eletrificar as gotas. A Figura 1 ilustra um processo de eletrificação de gotas por "efeito corona" onde, um eletrodo pontiagudo submetido a tensões elevadíssimas ioniza o ar, e as cargas livres se chocam com as gotas produzidas pelo bico, tornando-as eletricamente carregadas. Este processo é adequado para eletrificar gotas com tamanhos inferiores a 20 micrômetros. As gotas maiores não adquirem carga com inten111


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sidade suficiente para aumentar a eficiência da aplicação Figura 1. Sistema de carga de gotas de pulverização por efeito "corona”

O sistema apresentado na Figura 1 apresenta alguns problemas práticos para utilização na agricultura, pois não é adequado para gotas "grandes". Entretanto, uma fig 1 modificação no sistema, foi introduzida em um bico rotativo, com um eletrodo pontiagudo submetido a 30 kV que ionizava a lâmina de líquido antes de formar as gotas. A lâmina de líquido ficava eletrizada e ao se romper na borda do disco pela ação centrífuga, gerava gotas com carga eletrostática. A Figura 2 ilustra o processo de carga por indução com eletrificação indireta, onde o líquido é mantido aterrado, ou seja, com voltagem igual a zero. Neste processo, as gotas adquirem a carga na presença de um intenso campo eletrostático, formado entre o eletrodo de indução mantido em alta voltagem e o jato de gotas. O eletrodo de indução deve ser posicionado na região da borda do jato onde as gotas se formam, em uma distância mínima suficiente para evitar centelhas de descarga entre o eletrodo e o líquido. O sistema de carga por indução com eletrificação indireta, apresenta as vantagens, do líquido no tan112

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que e tubulações ficarem submetidos a voltagem zero, necessitando voltagens relativamente baixas para eletrificação das gotas. Entretanto, as gotas adquirem carga de sinal oposto ao eletrodo de indução e devido ao intenso campo eletrostático, elas são atraídas para esse dispositivo, molhando-o, causando escorrimento. Com o molhamento do eletrodo de indução, forma-se um curto circuito entre a alta tensão e o bico aterrado e o sistema entra em colapso prejudicando a eletrificação das gotas. Para evitar o molhamento do eletrodo de indução, desenvolveu-se bicos pneumáticos eletrostáticos, onde o próprio ar que pulveriza o líquido, arrasta as gotas eletrificadas para longe da zona de influência do eletrodo de indução. A Empresa Electrostatic Spraying Systems utiliza bicos pneumáticos eletrostáticos, semelhantes a um desenvolvido pela Embrapa, em seus diferentes tipos de pulverizadores. A Empresa ESS apresenta vários resultados com economia superior a 50% da dose de agrotóxicos em algumas culturas. Também apresenta uma extensa lista de trabalhos publicados em revistas científicas, com assuntos relacionados direta ou indiretamente com a pulverização eletrostática. A Embrapa alterou o projeto de eletrodo de indução transformando-o em um eletrodo linear, em um bico pneumático eletrostático especial, onde o ar se chocava com o líquido em ângulo de 90º, para aumentara eficiência de pulverização com pressões reduzidas de ar. Uma imagem desse bico em funcionamento é apresentada na Figura 3. A Embrapa também desenvolveu um sistema de eletrificação de gotas por indução indireta para uso em pulverizadores motorizados costais. Essa tecnologia permitia eletrificação de gotas com intensidade de carga muito boa, em torno de 4 miliCoulomb por kg de calda pulverizada, com voltagem de indução de 8 kV. Também possuía um sistema para concentrar o fluxo de ar logo após a formação e eletrificação de gotas, com objetivo de evitar o

Fig. 3. Bico pneumático eletrostático com eletrodo linear em funcionamento e desmontado.

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retorno das gotas eletrificadas para o cabeçote de pulverização. A Figura 4 ilustra um sistema de indução com eletrificação direta, onde a indução ocorre entre a planta o jato de gotas mantido em alta tensão. Como não existe eletrodo de indução, a voltagem de eletrificação deve ser alta o suficiente para criação de um intenso campo eletrostático entre o bico e a planta. Assim a carga das gotas dependerá da distância em que o bico é posicionado em relação à planta. Figura 4 Sistema eletrostático por eletrificação direta, onde ocorre indução entre o bico e as plantas. O sistema de indução com eletrificação fig 4 direta apresenta, como fato positivo, a falta de necessidade do eletrodo de indução, eliminando a necessidade de utilização de mecanismos para evitar a atração das gotas. Entretanto como fato negativo, a inexistência de eletrodo de indução faz com que o campo eletrostático seja variável. Neste caso, a intensidade de carga do jato das gotas será totalmente dependente da distância do bico de pulverização em relação à planta. Como o bico deverá passar com distância entre 20 e 40 cm das plantas, a voltagem necessária para eletrificação das gotas deverá ser superior a 30 000 volts e neste caso, todo o circuito hidráulico ficará submetido a tensão de eletrificação do jato de gotas. Esse fato exige que sejam adotadas várias providências para isolamento do tanque, bomba hidráulica, tubulações, entre outras para segurança dos aplicadores. A Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Jacto S/A, desenvolveu um pulverizador eletrostático costal que utiliza o sistema de indução com eletrificação direta. Esse equipamento permite a aplicação de qualquer tipo de formulação miscível em água. A Figura 5 ilustra um pulverizador eletrostático costal com sistema de eletrificação direta, operando com 40 kV. 114


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Figura 5. Pulverizador eletrostático costal com sistema de eletrificação direta, alimentado por fonte de 40 kV. fig 5

Existe também o sistema de indução com eletrificação direta, onde o líquido ou o bico recebe a ação da alta tensão e um eletrodo aterrado tem a função de promover um campo eletrostático. Essa concepção era utilizada nos pulverizadores eletrohidrodinâmicos, que utilizava caldas oleosas de baixa condutividade elétrica. No caso da calda com baixa condutividade elétrica, a alta tensão aplicada ao bico, conseguia vencer a resistividade do líquido para transferir as cargas para as gotas. Apesar de a pulverização eletrohidrodinâmica ser empregada desde a década de 60 em processos de pintura eletrostática e em impressoras a jato de tinta para computadores, o seu emprego na agricultura só foi possível com o desenvolvimento do "Electrodyn" pela antiga ICI. Para a tecnologia se tornar acessível, houve necessidade do suporte da multinacional inglesa Imperial Chemical Industries para desenvolvimento das formulações adequadas ao processo. No Brasil, o autor dessa palestra desenvolveu um protótipo manual, que foi testado com sucesso no controle de trips em amendoim, usando uma formulação especial de deltametrina. No processo eletrohidrodinâmico o líquido é submetido a um intenso campo eletrostático, que promove o aparecimento de cargas na sua superfície. A 115


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presença de cargas na superfície do líquido produz força que tem sentido oposto à força da tensão superficial. Quando a força devida à presença das cargas é superior à força da tensão superficial do líquido, ocorre uma instabilidade hidrodinâmica na superfície, provocando o aparecimento de pequenas cristas, de onde são formadas as gotas. Num bico de geometria cilíndrica, o campo eletrostático formado organiza-se em linhas de fluxo com simetria radial, promovendo o aparecimento de dezenas de cristas, que originam finos filamentos líquidos, num padrão de cone vazio. Na extremidade de cada filamento as cargas se acumulam com maior intensidade, e quando atingem um nível crítico, o líquido se rompe em gotas. Pesquisas demonstraram que a contaminação do solo é 20 vezes menor com a pulverização eletrohidrodinâmica, quando comparada com a pulverização hidráulica convencional. O pulverizador manual Electrodyn, foi utilizado no nordeste brasileiro, contra pragas do algodão entre 1980 e 1990 e experimentos de campo comprovaram que essa tecnologia permite redução de aproximadamente 5 vezes a dose de ingrediente ativo em relação a pulverização convencional. O principal problema para a pulverização eletrohidrodinâmica é a dificuldade de desenvolvimento de formulações específicas para utilização em campo. Como o volume de calda consumido fica em torno de 1 L/ha, só é possível utilizar aqueles ingredientes ativos miscíveis em óleo e, principalmente, com alto poder tóxico em baixa concentração para pragas e doenças. fig 6

Figura 6. Pulverizador eletrohidrodinâmico com eletrificação direta, desenvolvido por Chaim (1984). Considerações gerais A pulverização eletrostática é uma alternativa promissora para redução de perdas na aplicação de agrotóxicos. Numa ampla revisão sobre o emprego de gotas com carga eletrostática para aplicação de agrotóxicos, verifica-se que é possível reduzir, mais de 50% dos ingredientes ativos recomendados nas aplicações, sem reduzir a eficácia bio116


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lógica. Além de aumentar a eficiência no controle, a pulverização eletrostática reduz os efeitos dos inseticidas sobre os organismos que vivem no solo, porque as perdas para o solo chegam a ser 20 vezes menores que numa pulverização convencional. Entretanto, alguns equipamentos eletrostáticos não proporcionam resultados consistentes de controle, porque os projetos desenvolvidos não geram gotas com nível de carga suficiente para melhorar a deposição, ou o tamanho de gotas produzidas não é adequado para uso com carga eletrostática. A Embrapa verificou, com bocal eletrostático adaptado em pulverizador motorizado costal, que existe uma correlação linear entre intensidade de carga do jato de gota e deposição, ou seja, para cada miliCoulomb por litro de calda pulverizada, ocorre um aumento de 10% na deposição (Figura 7)

Figura 7. Relação entre carga das gotas e aumento de deposição (Chaim et al. 2002)

Conclusão O sucesso da pulverização eletrostática depende de soluções tecnológicas, para que os pulverizadores gerem gotas com tamanhos entre 50 mm a 100 mm de diâmetro e intensidade de carga, superior a 1,0 mC/kg. Se essas condições forem atendidas a pulverização eletrostática terá como benefício direto aumento da eficiência de controle de pragas e doenças, porque haverá deposição expressiva de agrotóxico na face interior das folhas. Nesse contexto a Embrapa Meio Ambiente, depois de 30 anos de pesquisa, desenvolveu um sistema eletrostático de indução indireta, de baixo custo, para conversão de bicos hidráulicos em eletrostático, que poderiam ser facilmente utilizados nos pulverizadores costais convencionais. No caso de plantas que apresentam alta densidade de folhas, a eficiência poderá ser maior se jatos de ar auxiliarem o transporte das gotas com carga eletrostática para o interior das plantas.

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Apoio

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LIOFILIZAÇÃO COMO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE ALTA QUALIDADE DE FRUTAS DESIDRATADAS Palestrante: Murilo Gagliardi Basso Responsável pela operação comercial da Liofoods, companhia do ramo de ingredientes industriais liofilizados e refeições liofilizadas.

Quantos de vocês aqui conhecem ou já tiveram contato com a liofilização como processo de industrialização de alta qualidade de frutas desidratadas? Pelo cronograma, terei cerca de 45 minutos para falar sobre o assunto. Procurarei tratá-lo de uma forma geral sem entrar muito nos detalhes técnicos porque é um processo complexo. Aqui vou procurar dar uma visão geral do processo e falar de sua aplicabilidade no mercado, como está no Brasil e para onde isso está indo. Como disse o professor Chaim, que falou que gosta de demonstrar o que está fazendo, eu também trouxe um pouco de frutas nas caixas. Então, vocês passam, provam, repassam para a pessoa do lado, e se alguém tiver alguma dúvida vamo-nos falando, ou no final abrimos um espaço para questionamentos. Como fui apresentado, trabalho na empresa Liofoods, que tem cerca de dez anos de mercado e iniciou suas atividades em Araras no interior de São Paulo. Há aproximadamente três anos montamos uma estrutura maior em Itupeva, onde chamamos de matriz porque agora iniciamos operações na Bahia, onde era a antiga EBL. Ou seja, em 2016 já iniciamos a produção lá. A Liofoods foi a primeira empresa no Brasil a aplicar a tecnologia de liofili119


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zação para refeições liofilizadas. A liofilização é bastante utilizada mundialmente para frutas, indústrias farmacêuticas, mas no Brasil, em Araras, estabelecemos a primeira empresa a desenvolver as refeições, que não foram trazidas aqui para vocês experimentarem porque precisam ser preparadas com água. Mas trouxemos as frutas porque serão mais o foco da nossa conversa. Hoje temos mais de 120 tipos de produtos no cardápio, que envolvem refeições, frutas e sobremesas e fornecemos principalmente para o ramo industrial. As frutas que trouxemos e estão circulando entre vocês são apenas algumas amostras. Os produtos da marca Liofoods são vendidos em alguns canais de e-commerce na internet. Deixe-me fazer uma pergunta: quem aqui conhece, já provou ou ouviu falar sobre liofilização, levante a mão, por favor. Tem uma quantidade razoável de pessoas que já teve contato com esse tipo de tecnologia. Então, o que é a liofilização? É um processo tecnológico onde retiramos água de qualquer alimento, porém, por um processo diferente do tradicional de desidratação ou outro qualquer outro de secagem. Qual é a diferença desse processo chamado liofilização? Para liofilizarmos

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um alimento é preciso congelá-lo primeiramente, para transformar a água líquida em água sólida, que vai para os equipamentos de alto vácuo, fornecendo energia e aquecendo esse sistema. A água sublima e essa é a grande palavra-chave da liofilização, um processo de sublimação da água. E por que é liofilizar e não desidratar?A grande diferença do processo de liofilização é que por utilizar temperaturas muito baixas, ele não destrói muitas propriedades dos alimentos. Ele mantém muitas vezes forma, cor, sabor, odor. Quando fazemos o processo de desidratação convencional, colocamos os alimentos em fornos e utilizamos diferentes processos, indo de 70 a 110 graus e ao fazer uma desidratação, várias vitaminas e nutrientes não suportam essa temperatura. Já no processo de liofilização, congelamos o alimento desde -20 a -40 graus, depende de uma série de fatores e ao colocá-lo nas prateleiras sob autovácuo trabalhamos com temperaturas de 5 a 25 graus, sendo capaz de liofilizar o alimento. Então essa é a diferença principal, é o eixo central da caracterização da liofilização, que é um processo em que mantemos as propriedades e nutrientes dos alimentos. Vou dar agora o exemplo da questão das refeições. Até agora falamos de frutas, ninguém vai reidratar uma banana para comer. Ela é consumida como um "snack" mesmo. Agora, as refeições pelo processo não destrutivo às células e tecidos e uma série de propriedades dos produtos, você não tem no produto uma característica dele muito desejada pela indústria, que é a de reidratação, ou seja, vocês conhecem produtos no mercado que muitas vezes têm que reidratar de forma rápida. Porém, para reidratar de forma rápida muitas vezes é preciso esse tipo de processo, ou seja, se você pegar um frango e liofilizá-lo, e você o coloca na água em dois minutos, você o tem perfeito, porque ele não teve as células e tecidos destruídos e a capacidade de absorção de água dele é muito

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rápida. Então, você jamais retorna ao estado natural com o produto desidratado de forma convencional, enquanto que se liofilizado você é capaz de retornar ele ao estado natural de forma, cor e volume, por causa das características que comentamos, por ser um processo lento, brando. Só que tudo tem um custo. É um processo extremamente mais caro do que o da desidratação convencional. Quando falo extremamente mais caro não é 10% - 20%, é duas, três, quatro vezes mais, é bem mais caro, são produtos que acabam sendo completamente distintos entre si, com finalidades diferentes. Então, é um processo que encaixa muito bem para trabalhos, setores e soluções especificas. Quais são as vantagens?Durabilidade, esses produtos como estão aí têm dois anos de validade. Claro que a validade de um produto está diretamente ligada ao tipo de acondicionamento, embalagem que você tem, como um pacote de alumínio que serve de barreira para umidade. Agora, os alimentos liofilizados, se você for ver no exterior, são utilizados principalmente em países em que eles são usados como alimentos em desastres naturais. O Consulado do Japão no Paraná, por exemplo, compra nossas refeições para estocagem, para o consumo em eventuais desastres naturais. Entrando um pouco mais na especificação, essas frutas que vocês estão degustando têm teor de umidade de 1,5% - 2,5%. Ou seja, a umidade vai muito lá embaixo do produto, e é um dos fatores que permite passar esse "shelf life" (prazo de validade) maior. Acondicionamento do transporte? Ao fazer um produto dessa forma, vamos falar isso mais para frente, você transpõe barreiras. Eu apresentei um caso para ilustrar esses novos mercados de produtos secos que é o açaí. É muito difícil, por exemplo, você trabalhar com a cadeia de congelados em alguns casos, como nessa questão de exportação. Então, o mercado externo vem absorvendo e muito o produto li-

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ofilizado. Vou dar outros exemplos reais para vocês. É muito difícil uma polpa congelada sair do Brasil e parar em uma loja de "fast food" nos Estados Unidos ou na Inglaterra para fazer o "frozen" ou "shake" de açaí. Porém, quando vai como insumo liofilizado com alta qualidade e propriedades mantidas em forma de um "mix", ele chega rapidamente em um ponto de venda onde tem máquinas que fazem "frozen" de açaí. Então, é uma forma de viabilizar cadeias comerciais no mercado externo porque com a facilidade de transporte você elimina toda a cadeia do frio. Agora, lembre-se do que eu falei, isso para soluções e produtos específicos, não adianta fazermos a banana em pó que eles têm lá. Quanto à segurança alimentar, é um produto que tem atividade de água e umidade lá embaixo, não possui crescimento bacteriano, ou seja, é um produto que se torna seguro. Isso aqui já falamos, manutenção do sabor original e baixo nível de perda de nutriente, que não é zero. Não há processo industrial que tenha zero de perda. Então, fácil preparo é no sentido das refeições liofilizadas, ela serve, abastece aos órgãos do Corpo de Bombeiros, e alimenta os praticantes de esportes de aventura, como alpinismo, "tracking", campismo e maratona. Eles levam essas refeições, que propiciam, por exemplo, preparar um estrogonofe em cinco minutos no meio do Monte Everest. Esse é o propósito da refeição liofilizada. No mundo inteiro há uma grande gama de produtos liofilizados. A indústria farmacêutica também trabalha muito com processo de liofilização, e no setor alimentício, aqui no Brasil especificamente, é uma coisa bem restrita ainda. São praticamente duas empresas, surgindo agora uma terceira menor, aliás, perto de vocês aqui. Acho que em Tatuí, não me lembro, mas enfim são pouquíssimas companhias, pois é uma tecnologia cara e complexa. Hoje no Brasil trabalhamos com uma linha de frutas, uma de refeição e a industrial. Na indústria utilizamos muitos tipos de produtos liofilizados como esses que eu citei, como por exemplo, milho, ervilha, frango e camarão. Agora, estamos lançando uma terceira marca. Muito em breve vocês começarão a ver, mas grandes empresas estão começando a lançar os vegetais e os legumes liofilizados. Há, por exemplo, uma empresa colocando

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a batata doce no mercado, tem uma outra que comercializa beterraba liofilizada em pacotinhos. A beterraba liofilizada é um “barato”. Ela fica muito doce e é "case" da manutenção de nutrientes, dessas vantagens que falei ainda pouco. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) entrou em contato conosco, há mais ou menos um ano e meio, e nos perguntou se poderíamos liofilizar a beterraba para uma tese que estavam fazendo por lá, especialmente depois que souberam que a beterraba estava "bombando" no meio esportivo dos Estados Unidos. Porque descobriram, por meio de pesquisas, que a beterraba tinha teores de nitrito e nitratos que eram muito importantes para os atletas. Em contato com o sangue, ela formava um óxido nítrico que resultava em uma combustão, uma explosão que deixava o atleta de alta performance "bombadão". Por isso eles pediram para que liofilizássemos a beterraba. Começamos o processo e quando eles foram fazer as análises, não encontravam esses teores que queriam para comprovar a tese lá do exterior. Foi quando eles pediram para liofilizar sem cozinhar, sem cortar, para fazer o processo o mais natural possível, e assim fizemos, com casca, sem cozinhar, só com uma lavadinha e liofilizou, aí encontraram todos os teores que precisavam para a tese deles. Assim nós mantivemos esse produto em linha. A beterraba quando você for pegar em um saquinho da Liofoods, é uma beterraba tal e qual vem do campo. Não tem tratamento nenhum. É lavada, lógico, mas, você tem poucos processos ou não sei se conheço outro que é capaz de deixar uma coisa tão natural como o processo de liofilização. Então na hora que você come aquela beterraba, ela está doce naturalmente e concentrada. Saindo da parte técnica da liofilização, eu coloquei esse próximo slide como uma forma de tentar passar para vocês a importância não só do processo, mas como ele agrega valor em uma fruta ou vegetal, se alinhando com o que estamos vendo no mercado mundial de alimentos. Esses números fazem parte de uma pesquisa chamada Brasil Food Trends, feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e mostra a tendência do mercado mundial de alimentos até 2020. Eles fizeram esse estudo no mundo inteiro, e o Brasil o reproduziu para ver se estávamos alinhados com o resultado.

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Mas o fato é o seguinte: o que encontraram lá? Quais são as cinco tendências do mercado de alimentos? Sensorialidade e prazer, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, qualidade e confiabilidade, sustentabilidade e ética, isso foi o que encontraram. Por que eu coloquei isso? Dentro do que falei sobre o produto, o que isso tem a ver com a liofilização? Tudo, em poucos processos, você consegue ter todas essas características dentro do mesmo produto. Vou dar um exemplo: um monte de gente quando come uma porção dessas frutas, ou a beterraba que eu falei, ou a jabuticaba quando fazemos, ou um sorvete de fruta natural que a gente faz também, as pessoas têm o espanto de falar: "esse morango é morango mesmo, esse abacaxi é doce, essa jabuticaba é incrível, essa beterraba é sensacional". Ou seja, você tem as sensações e consumiu alimentos em formas diferentes. Então são alimentos que têm a característica de poder trabalhar esses atributos, como a crocância e sabores que na indústria não são fáceis de fazer. Então, falaram para desenvolver a liofilização do caqui, mas se não for por ela, você tem o caminho da desidratação convencional, mas não tem muitos outros processos para você tentar levar isso para a indústria. É um tipo de processo que você traz novas formas de consumo, o que quisermos fazer nós fazemos lá. Saudabilidade e bem-estar já falamos. Existem poucos processos na tecnologia de alimentos em que é possível fazer um produto tão natural quanto o processo de liofilização. Se você corta a banana ou a maçã ela escurece, e existem formas de evitar isso. A liofilização retarda o escurecimento e congela o produto mais rápido possível. Conveniência e praticidade, você tem o exemplo das refeições, que acompanham muita gente para muitos lugares. Você é capaz de fazer uma refei125


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ção de alta qualidade rapidamente em sua casa. A Liofoods não vende hoje ao consumidor convencional, por exemplo, porque o varejo não é nossa especialidade. Mas vira e mexe eu chego em casa e janto uma refeição liofilizada, isso é conveniência e praticidade. As frutas liofilizadas começaram a ser muito desejadas pela sua forma de consumo, porque as pessoas levam para academia, na bolsa para o trabalho, viagem, etc. Muitos pais compram para seus filhos como lanche. Há até um fato engraçado. Eu dava produtos liofilizados para os meus filhos levarem à escola e teve uma época que eu parei, porque as mães ficavam ligando para o colégio falando que fulano levou, meu filho viu e queria saber onde tem porque é a única forma que meu filho come banana. É engraçado porque a criança não senta e come a fruta, mas leva o pacotinho e sai andando para comer. Isso está muito ligado à questão de conveniência e praticidade. Aí entra a questão de ser caro um pacote desses. R$ 5,00 ou R$ 6,00 custam 2 quilos de banana, mas ninguém vai comprar 2 kg de banana todo dia. Um pacote desse aí tem a porção ideal para o consumo. Então abriu, comeu, é altamente conveniente, e a qualidade e a confiabilidade são uma discussão mais ampla. Essas tendências, acredito, foram os fatores que nos últimos dois anos, em plena crise, nos impulsionaram muito forte, puxado principalmente pela demanda do mercado externo. Porém, mesmo durante toda a crise, víamos uma ampla movimentação de empresas buscando justamente alternativas e onde eles encontram? Em produtos inovadores, de alta qualidade e alinhados com essas tendências. Então, encontraram nos produtos liofilizados praticamente todos esses atributos. Muitos de vocês aqui presentes são produtores que podem estar buscando novos mercados e a liofilização, como apresentei, pode ser uma boa alternativa contra a crise. Porque você tem no Brasil algumas características nas frutas que são adoradas pelos estrangeiros. Citei o grande sucesso do açaí no mercado externo, mas hoje temos uma demanda muito grande surgindo por uma nova fruta que é o camu-camu. O mercado consumidor dos Estados Unidos não é pequeno, e a demanda por produtos liofilizados é muito maior do que a oferta. Então, para dar um exemplo, a pessoa precisa de sete toneladas de camu-camu liofilizado. Para fazer isso precisamos de cerca de cem toneladas do produto, porque entre os processamentos pode haver uma perda de 10%. Onde você arruma

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isso? É difícil. Então esses novos mercados e essa tendência mundial que mencionei é o que vem movimentando a liofilização e é o que vai movimentar muitos outros mercados, como outras frutas que venham a surgir. Vira e mexe recebemos muitos americanos na Liofoods, principalmente atrás de açaí. Eles sempre perguntam: "o que mais tem de frutas aqui no Brasil?". Esse é um questionamento corriqueiro. Agora, não é do dia para a noite que se vende, é preciso ter todo um trabalho para ter o mercado na mão e implementar um conceito e suas vantagens. Não é tão simples, mas estou colocando em uma situação em que eles procuram produtos exclusivos do Brasil, ou seja, não dá para nós pensarmos em fazer, por exemplo, exportação de bananas liofilizadas. A banana liofilizada custa em média US$ 17 a US$ 20, e sai da China por US$ 11, porém, você consegue ter competitividade em outros produtos, como abacaxi e o morango. A China ainda não vai vender açaí ou camu-camu por um bom tempo, então o Brasil se torna a bola da vez. E qual a forma de comercializar isso tudo lá fora? Através do congelado é muito complicado fazer a logística internacional, quem já exportou ou importou sabe como é. Agora, o açaí você pega, vou usar números reais aqui, uma polpa 14%, ela vai render 14% na liofilização, você vai precisar de 6 kg ou 7 kg para fazer 1 kg de açaí, um produto que é vendido no mercado externo a US$ 50 ou US$ 51. Então, quando a pessoa recebe 1 kg de açaí liofilizado, é equivalente a 7 kg de polpa, porque você retirou água e concentrou. Como eu falei no começo, é uma forma de transpor barreiras e atingir mercados que são inatingíveis de outra forma. Por todas essas dificuldades, e eles pedem por esses produtos, isso que estou comentando são casos reais, o tempo todo tem a procura de produtos com características brasileiras. Como eu falei, esses produtos são de alto valor agregado, exclusivos do Brasil, e a liofilização aplicada nesses casos se apresenta como solução. Porém, como havia dito, o custo pode ser caro, mas depende do mercado. Não seria ideal para vender no Brasil, mas é a solução para um tipo de mercado em que, mesmo sendo caro, eles compram. Aqui a polpa do açaí custa R$ 10 o quilo, lá fora sai a US$ 55 o quilo do açaí liofilizado, e o que tiver eles compram.

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No mercado interno, como falei, o que está despontando é o que vocês estão comendo. Falamos de frutas e vegetais, que são produtos que, novamente, são muito mais caros que os desidratados, só que, quando você faz uma porção, se couber no bolso, se estiver de acordo com o que precisa e com seus públicos-alvo, as pessoas consomem. Muito obrigado.

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Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2344 -13º andar Jd. Paulista - CEP:01402-900 - São Paulo Fone: (11)3147 2300 contato@fkm.org.br

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PAINEL: DESEMPENHO, DESAFIOS E TENDÊNCIA NA COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS DA REGIÃO Moderadora: Anita de Souza Dias, chefe do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da CEAGESP

Palestrantes: Helio Akio Nishimura, da MNS - Comércio de Produtos Agropecuários Ltda. Hélio Satoshi Watanabe, do Centro de Qualidade Hortigranjeira da CEAGESP Mário Nakamura, da Comercial Uniagre de Frutas Ltda.

Anita de Souza Dias Gutierrez Espero que possamos contribuir principalmente na questão da comercialização das frutas. Na verdade, não tem nada muito complicado quando falamos em comercialização, só precisamos suar muito para conseguir melhorar. O Estado de São Paulo está passando por um processo de mudanças. Outro dia estive 129


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em um evento em Marília e pediram para falar sobre a fruticultura paulista, então reuni os dados do Instituto de Economia Agrícola, do IBGE e de entrada da Ceagesp. O fato é que o Estado de São Paulo, que já foi o maior produtor de frutas do Brasil, hoje está perdendo espaço, proporcionalmente na produção brasileira e na produção de entrada da Ceagesp. São Paulo já foi o maior produtor de mamão do país e por incompetência nossa, foi embora, indo para o Espírito Santo e a Bahia. E conseguimos com bastante eficiência "expulsar" o maracujá, também por problemas de picos sanitários. Então, nosso desempenho está muito estranho. Somos o Estado mais rico do país, temos a maior população do território nacional, estamos próximos dos grandes centros consumidores, mas nossa fruticultura está indo para trás. Por falar em produção, promovemos recentemente um encontro em São Paulo para discutirmos o caqui e alguns de vocês participaram desse debate. O futuro do caqui, o que vemos é que falta tecnologia de prevenção. Ficamos esperando as coisas acontecerem e depois falamos "e agora?". Quando falamos de comercialização, a frase mais comum que ouvimos dos produtores é: "Eu sei produzir, só não sei comercializar". Então, a comercialização é como se fosse um dragão ameaçador na vida do produtor e o que vemos é que, quando você analisa o produto que chega no mercado, nós estamos no mercado de São Paulo - Ceagesp, o que você vê quando chega uma caixa de atemoia que chega? É o resultado de todo esforço que o produtor fez, de que a região dele é apta para aquele produto, se ele está produzindo na época mais correta, se está aplicando a tecnologia e conhecimentos existentes, o capricho dele e se tem uma parceria adequada com "São Pedro", também é importante. Então ao analisar o produto, você avalia todo o esforço que foi feito para chegar até ali. Quando falamos de frutas e hortaliças, o professor e ex-ministro Roberto Rodrigues esteve aqui e falou de produtividade. Quando falamos de horticultura, estamos falando de uma agricultura muito diferente da produção de grãos, seja de café e milho. Estamos falando de produtos perecíveis, cuja comercialização é uma corrida contra o tempo. E estamos falando de uma coisa extremamente importante em que o pessoal da APPCC está investindo, que é a grande diferenciação de valor por tamanho e qualidade do mesmo nível. Você tem uma variação ao longo da sazonalidade, mas no mesmo dia você chega a ter uma classificação que 130


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chega a ser duas vezes a outra, e dentro dela pode ter uma diferença de valor que pode chegar até o dobro. Então nós fomos estudar os produtos, inclusive um desses estudos foi feito em parceria com a JAI, para saber o que levava a essa diferenciação de valor, o que faz um produto valer mais ou menos. Dessa forma, desenvolvemos uma metodologia. Durante três anos, um técnico contratado pela JAI coletou produtos no mercado de maior e menor valor e fez uma avaliação dos seus atributos. Depois de avaliar a manga, atemoia, banana e limão, chegamos em um resultado assustador e surpreendente. Quais são os atributos que diferenciam, e muito, o valor dos produtos? Eles são relativamente fáceis de se gerenciar, podemos assim dizer. O primeiro e mais comum atributo é a homogeneidade de tamanho e coloração. Se o produto estava homogêneo na caixa, isso é um fator grande de diminuição de valor do produto, a mesma coisa com a coloração. O segundo fator, citado na lista dos itens mais importantes nas tendências dos alimentos, é o sabor, uma característica extremamente importante na comercialização. Então você pode ter no mesmo dia, na mesma variedade e na mesma classificação, uma manga Palmer que vale R$ 40,00 e outra que vale R$ 15,00 ou até R$ 20,00, e a principal razão dessa diferença é o sabor. Em terceiro lugar, é o fator dano mecânico, o manuseio. São danos mecânicos que acontecem na colheita e na pós-colheita. Antes disso, nós fizemos um estudo com o pessoal da ESALQ com o pêssego, a laranja e a goiaba, mas principalmente com o primeiro vimos que as principais causas de podridão eram oriundas de microrganismos oportunistas que só entram em produtos que têm ferimento. Então, na hora de falar o que se tem que fazer para ter um produto melhor, temos a classificação, o ponto de colheita e o manuseio. Isso são estratégias que permitem uma grande melhoria no valor, pensando no produtor individualmente. Gostaria agora de passar rapidamente a palavra ao senhor Hélio Nishimura, como representante dos atacadistas fora da Ceagesp. Ele fará a palestra em nome da MNS Comércio de Produtos Agropecuários. Ele é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ, acumulou experiência em empresas de grande porte, como a Cooperativa Agrícola de Cotia, Grupo Pão de Açúcar e Grupo MK, integrando comissões de qualidade, inclusive no exterior. Trabalha hoje em consultoria atuando em supermercados e empresas alimentícias. Por favor senhor Hélio Nishimura. 131


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Hélio Akio Nishimura Boa tarde. Agradeço o convite ao evento, ao sétimo Bunkyo Rural. Eu já tive o privilégio de participar da terceira edição em 2013, na cidade de Mogi das Cruzes, e hoje eu vim, a pedido da MNS, fazer esta apresentação de uma empresa comercializadora que atua fora do Ceasa e o que ela está fazendo para atingir as demandas e a competição que existe nesse mercado. Então, rapidamente falando, a MNS nasceu em 1994 e hoje tem 562 colaboradores. Tem filiais em Pilar, em Santa Juliana, Porto Alegre, Fortaleza e Recife, mantêm lojas de insumos em Pilar e Santa Juliana, e seis lojas de varejo. Essa é uma timeline que mostra como a empresa vem crescendo desde a época da Cooperativa Agrícola de Cotia, chegando agora em 2016. Esse trabalho que a empresa está realizando tem como objetivo justamente atender aos padrões de mercado, não só na comercialização e na captação, mas principalmente também por sua atuação no varejo. A missão da empresa é ser uma das melhores do país, tornar-se o maior distribuidor de hortifruti do Brasil e levar ao consumidor um produto saudável, seguro e com paladar, respeitando toda cadeia produtiva. E para uma empresa comercial ser viável, ela precisa ser multidisciplinar. Mas como assim multidisciplinar? Ela precisa entender de tudo, em todos os aspectos nos âmbitos fiscal, tributário, sistema, comercial, logística, captação, venda e cliente. E para isso, precisa principalmente formar os seus gestores, que estão aprendendo e trabalhando para auxiliar no desenvolvimento da empresa. Esses gestores têm grandes desafios, e especial nesse ambiente turbulento e de constantes mudanças econômicas. Eu vou apresentar alguns dados para vocês. Alguns, certamente, já sabem, mas a participação de frutas, legumes e verduras dentro do faturamento do supermercado, na média, é de 8%. Existem lojas que participam com 5% das vendas e há outras especializadas que podem participar com 12% ou 13%. E dentro de FLV, eu deixei dividido 132


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aqui, esse é o número médio de vendas da categoria. Então, do que o mercado vende com frutas, legumes e verduras, 50% são de frutas, 35% legumes e 15% as folhagens, e como estamos falando de comercialização, eu vou trazer um caso deste ano, que foi feito pela MNS. Esse é um trabalho que chamamos de coldbranding, quando você associa duas marcas para fazer uma venda diferenciada. Nesse caso, temos o logotipo da APPC junto com a marca própria de uma marca varejista, que na verdade, para você comercializar, não é só vender ou distribuir o produto. Eu acho que muita gente acha que vender é só isso. Mas há ainda o que chamamos de pós-venda, um processo tão importante quanto a venda.

Um produto como a Pilar Moscato não se vende sozinho. É preciso ter uma ação de trademarketing, um trabalho voltado para que o consumidor conheça o produto. O consumidor normal acha que a Pilar Moscato é uma uva Itália grande, não é verdade? Para quem nunca viu nem um pé de uva, na hora que olha o produto na gôndola, se não houver nenhuma explicação, ele vai achar que a uva está muito cara. Nesse momento a única forma de você se conectar com o consumidor é explicando. Você poderia até deixar o supermercado fazer isso, mas ele não tem informação, não conhece o produto, não sabe como foi produzido, não entende se está saboroso ou não. Quem conhece isso? Quem está produzindo e quem está distribuindo, esses sim vão falar corretamente para o 133


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consumidor. Então essa é uma ação que foi feita em várias lojas, onde o consumidor realmente ficou muito feliz de saber que no Brasil temos produtos de altíssima qualidade e sabor. Uma vez que ele experimentava sempre dizia: "puxa vida, eu pensava que isso só tinha fora do Brasil". E esse trabalho de exposição, dentro do grupo, foi um case que hoje eles levam para as outras categorias. Não é uma inovação no mercado, mas é uma inovação para aqueles que sempre trataram um produto caro misturado na gôndola com outros produtos e outras uvas. À medida que você faz um trabalho de trademarketing focado no consumidor, com folheto e degustação, o consumidor começa a se conectar com o produto. E aí o que aconteceu? O consumidor vinha perguntar: "quanto é aquela uva gostosa?". Aquela uva gostosa tem um período, uma sazonalidade, então, acho que terminou em abril, nos meses seguintes tínhamos consumidores voltando e perguntando onde tinha aquela uva. Então a capacidade de elasticidade de produtos diferenciados de qualidade e sabor é muito grande, é preciso saber trabalhar não só na área comercial, mas no ponto de venda. E aí nesse processo o que você ganha, uma vez que propôs montar um trabalho no ponto de venda, você ganha espaço, o que é muito importante, ganha prioridade competindo com frutas de outras regiões, e consegue um lugar muito bom de exposição, o que potencializa a venda, principalmente com produto de alto valor agregado. E essa organização foi feita pela equipe de trademarketing, porque se você deixasse nas mãos dos supermercadistas, eles misturariam tudo, deixariam tudo largado, colocariam produto ruim. Esse cuidado que a empresa tem faz o produto se mostrar muito bem para o consumidor. Então quando você organiza, mostra qualidade do produto, não somente externo, mas de exposição, dá um impacto muito positivo para a venda. Eu coloquei aqui dentro dos pontos alguns desafios. Eu não vou me aprofundar muito nisso, mas é uma coisa que a cada ano que passa somos impactados com esse aspecto externo, principalmente o climático, que não conseguimos controlar. O aspecto do clima, a cada ano que passa está sendo mais difícil. Outro ponto também é a condição de mercado. A condição atual realmente é de

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dificuldade de crédito e consumo, isso é latente em todos os mercados que visitamos. Do ponto de vista setorial, entendemos que falta o nivelamento da qualidade do produto. Quando vamos para o Ceasa e supermercados, temos uma variação muito grande de padrão de qualidade, e é difícil você quantificar qualidade, porque cada um faz de uma forma diferente. Outro ponto setorial é a qualidade da nossa infraestrutura, estrutura de estrada e de espaço. Cada vez mais a empresas estão investindo em estruturas próprias, então o que vamos ver nos próximos anos são muitos investimentos em centrais de distribuição próprias dos supermercados. Grandes redes e lojas já montam centros de distribuição, isso facilita o processo e torna a logística mais rápida do produtor até o ponto de vendas. Há também um ponto dentro das empresas que a MNS está olhando com muitos bons olhos, que é o de fazer essa gestão comercial, capacitando as pessoas e principalmente os processos. É preciso lembrar que o mundo já não é mais o mesmo. Se percebermos que o Uber é a maior companhia de táxi do mundo, mas não é dona de nenhum veículo, percebemos que essa disruptura vai acontecer no mercado. Não sei o que vai acontecer com as frutas e legumes, mas essa disruptura digital 135


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está batendo na nossa porta. Não sei se vai dar certo, mas é um impacto nos negócios. Outro caso é o maior varejista do mundo que não possui nenhum estoque, os termos de negócios que vão batendo na nossa porta e temos que entender esse processo. Então está batendo nos supermercados, nos taxistas, farmácias, postos de gasolina, imobiliárias e até agências de locação de filmes não existem mais. Tudo mudou, agora tudo é digital. E o último exemplo de disruptura, Netflix, maior cinema do mundo e não é dona de nada, como isso funciona? Como eles ganham dinheiro? Então precisamos perceber que no nosso negócio necessitamos fazer uma disruptura mental para poder melhorar. E temos que olhar outra coisa. Hoje todo mundo tem celular, que é usado para fazer venda, comercialização. Nada mais será no computador, tudo você vai fazer dentro de um telefone móvel. E o que entendemos desse compliance é você se ajustar aos movimentos dos mercados e dessas empresas. Então essas regras, os controles, parte estratégica, os estandes, táticas, leis, auditoria, regulamento, tudo são tendências para quem for vender. Tenho certeza que todos vocês que têm empresa de comercialização gostariam de um fornecedor ou produtor que atendesse toda licenciação correto? 136


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O pessoal da MNS, que tem as lojas do Dia, gostaria que os fornecedores e produtores de matéria-prima atendessem isso. Essa é uma tendência muito forte, já feito pelas grandes redes. Então, isso não tem volta, essa parte do cliente vir e falar o que tem que ser feito faz parte de um processo evolutivo. Já na fase final da apresentação, a gente entende também como tendência. Vocês viram hoje os sistemas agroflorestais, estão ouvindo falar bastante dos orgânicos e agora o que as empresas estão fazendo com suas bases produtivas para produzir o alimento. A MNS faz parte desse grupo que montou o programa colheita segura e rapidamente aqui, falamos desse case da uva Pilar Moscato e está apresentando para os varejistas, o que ele acha do programa que está alinhado com tecnologia. Isso faz parte da comercialização, porque esse programa quer integrar a cadeia, então hoje o Francisco que roda os produtores, que hoje começou com grupo de produtos, o pimentão, vai se inscrever para frutas, essa assistência técnica que a gente acha que devia ter e não tem, a empresa tem que ter, a MNS entendeu isso e está fazendo sua assistência técnica para produzir esse alimento, quero agradecer a vocês pelo evento e estamos abertos às perguntas.

Hélio Satoshi Watanabe Boa noite, eu vou falar rapidamente de embalagens, e se der falarei um pouco de transporte. Então, o pessoal falou sobre desenvolver produtos de alta qualidade, e a Anita abordou termos de classificação. Agora eu vou falar um pouco o que fazemos e o que acontece na Ceagesp. Só para vocês terem uma ideia, na Ceagesp passam 12 mil toneladas de produtos por dia, e nossa seção tem feito um estudo de movimentação de embalagens no local. Temos uma movimentação de mais ou menos 220 milhões de embalagens por ano, entre frutas e hortaliças. Qual é a função da embalagem? Acho que a principal está aqui. Ela tem função de acomodação, movimentação, proteção, e claro, identificação, exposição do produto e atração de clientes. Se você coloca um produto bem classificado, como a Anita disse, tudo homogêneo, com uma coloração bonita em uma embalagem igualmente boni137


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ta e boa, você tem um retorno melhor. Diante da grande sensibilidade aos danos mecânicos, metabolismo póscolheita e a limpeza das frutas e hortaliças torna a escolha da embalagem ainda mais importante, na conservação e na segurança do alimento. Nós nunca podemos esquecer que estamos trabalhando com produto vivo, ou seja, ela respira e transpira, então não adianta fazer economia na embalagem. Vemos casos em que o pessoal quer pagar R$ 0,50 a menos na embalagem. Daí chove e estraga a embalagem e o produto. Outra coisa para a qual gostaria de chamar atenção é a questão da identificação do produto. O rótulo é o primeiro passo de nossa viabilidade. O pessoal faz uma caixa maravilhosa, coloca a classificação, a identificação, é só colocar um "x" lá, mas não coloca. A atemoia, por exemplo, acho que deveria colocar o tipo dela, porque só está escrito que é atemoia, nada além disso. Não é o caso da APPC, mas vemos casos em que é só colocar o "x" e as pessoas não o fazem. Então aí temos um problema, já que o pessoal teima em não fazer. Então, proteção, a identificação, que é só colocar um "x", as

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pessoas não colocam. Aqui ainda temos a movimentação de produtos a granel, que é uma desgraça, devíamos acabar com isso urgente. A movimentação deveria ser feita com empilhadeira, a exposição no atacado e no varejo como na Europa. Então, repito, a embalagem serve para proteção, identificação e movimentação de um produto. Bom, nós temos vários tipos de matérias-primas, como madeira, papelão, plástico e isopor. Eu vou passar rápido, mas gostaria de chamar atenção para o seguinte aspecto. Escolher uma embalagem não é nada fácil, é preciso passar algumas informações para o fabricante, como o destino é o mercado interno ou externo, se vai para a geladeira ou não, será paletizado ou não, qual a medida, qual o produto que ele vai colocar. Há uma série de informações que o fabricante da embalagem precisa saber. Você deve passar para o fabricante qual é o empilhamento que vai fazer, se é tampado e fundo, se é aberto ou não, qual material vai ser utilizado, se vai ser descartável, enfim, toda essas informações devem ser repassadas para quem produz a embalagem. Tudo isso serve para que você não erre ao fazer seu pedido. Uma outra curiosidade. A embalagem primária é aquela que entra em contato direto com o produto, no caso da cumbuca da uva, da caixinha do figo, entre outras. A secundária é o saco plástico. Sobre o uso do isopor e madeira laminada, o pessoal costuma fizer "não vou usar madeira, é melhor papelão", mas para nós se tem função de transporte, tanto faz, o importan139


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te é que ela proteja bem o produto. Bem, voltando à identificação, esse é um rótulo correto, onde o pessoal preencheu certinho. Nós temos aqui uma embalagem de papelão com layout bonito para fazer a propaganda, a proteção, e aqui a embalagem do produto já paletizado, assim diminui o custo e protege mais o produto. A embalagem de plástico é um recurso cujo uso vem crescendo no mercado por sua praticidade. O custo inicial é alto na aquisição, permite você utili-

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EMBALAGEM DE MADEIRA -

O material a ser utilizado deverá ser: liso, resistente para permitir a proteção, conservação dos alimentos e não ser um meio de transmissão de pragas e doenças Madeiras ásperas contribui para danificar(entrada de microrganismo) e desvalorizar o produto Embalagem de madeira praticamente não permite o processo de lavagem e desinfecção Dificulta inserir impressão de layout e rotulagem Quando é reutilizável, normalmente é cobrado o frete de retorno encarecendo o seu custo

Obs.: Existe lei nº13.725 – Anexo 7.31, do município de São Paulo, que veda a entrada de embalagem de madeira na cozinha (local de manipulação), exceto embalagem de madeira de bacalhau.

EMBALAGEM DE PAPELÃO - Material mais utilizado no seguimento de horticultura, em especial na área da fruticultura: O Pela praticidade O Pela Funcionalidade O Por ser higiênica O Pela disponibilidade O Não necessita de administração do estoque O Reciclável, Etc. Recomendação é para utilização única, tendo como destino final a reciclagem, o que pode onerar o seu uso dependendo do valor da carga O Tem baixa resistência a umidade O Não transmite pragas e doenças O Melhor equipamento que permite inserir impressão de layout e rotulagem

EMBALAGEM DE PLÁSTICO -

É um equipamento que vem crescendo na horticultura pela sua: Praticidade Custo inicial alto para aquisição Permite várias utilizações Permite lavagem e desinfecção (permite eliminar a contaminação e a propagação de problemas fitossanitários entre produtos agrícolas) É reciclável (seu controle é extremamente complicado e caro)

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zar várias vezes, desde que você faça o processo de lavagem. Se não o fizer, você pode levar doenças tanto humanas quanto vegetais no transporte. Então, encontramos várias embalagens plásticas que dão até nojo de chegar perto, não são lavadas, e são terríveis. Por isso as embalagens plásticas devem ser bem lavadas e passar por um processo de desinfecção. Toda embalagem deve ser paletizada e a medida para os padrões brasileiros é de 1 metro e 1,20 metro. Então, toda embalagem deve ser paletizada, 50x60, 50x30, 20x30, de forma que caiba certinha no palete, facilitando muito a movimentação do produto. Temos vários tipos de paletes no mercado. Temos de plástico, papelão e metal e na paletização vai uma fita, a cantoneira. Hoje o pessoal usa um fio de plástico, eliminando a cantoneira, mas a turma de uma companhia agrícola famosa a utiliza como teste e está indo muito bem.

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LEGISLAÇÃO – BASE LEGAL DA EMBALAGEM 1- Instrução Normativa conjunta MAPA, ANVISA e IN METRO – IN 09 de 12/11/2012 2- Resolução ANVISA nº 275 de 21/10/2002 3 - Embalagens de Hortifrutícolas “in natura” do Município de São Paulo - Lei nº 14264 de 06/02/2007 4 – Portaria CVS 5 de 09 de abril de 2013 – Governo do estado de São Paulo 5 – Lei Municipal nº 13.725 de 09/01/2004 – Código sanitário do Município de São Paulo

LEGISLAÇÃO – BASE LEGAL DA ROTULAGEM 1 – Portaria IN METRO nº 157 de 19/08/2002, D.O.U de 20/08/2002 2 – Portaria IN METRO nº 248 de 17/08/2008 3 – Portaria IN METRO nº 120 de 15/03/2011 4 – Portaria IN METRO nº 350 de 06/07/2012 5 - Resolução CONMETROnº11 de 12/08/1988 Regulamentação metrológica 6 – Resolução ANVISA RDC nº 259 de 20/09/2002 – D.O.U de 23/09/2002 7 – Instrução Normativa conjunta MAPA, ANVISA e MDIC nº 9 12/11/2002 8 – Lei nº 14.264 de 06/02/2007 – Embalagens de Hortifrutícolas “in natura” – Município de São Paulo

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Falei dos tipos de embalagens usados pelo mercado. No caso do mamão, a caixa tulipa, como foi apelidada, estraga o produto. Temos a tampa e o fundo, a caixa aberta, caixa aberta com cantoneira, caixa plástica, isopor, então vemos que no mercado há uma imensa quantidade de embalagens, fica até difícil para o produtor escolher qual é a melhor. Aqui ainda tem a banana. O saco plástico, produto importado, enfim, aqui no Brasil a baixa qualidade, e temos caixas que machucam todo o abacate. Nós temos embalagens também de outros tipos, como Mercedes Benz, Volvo e Ford, e não deixam de ser uma embalagem. E hoje nós temos alguma coisa já trazendo melancia e vinho do Nordeste, então só para terminar, a rotulagem sempre falamos que é o primeiro passo. Então, isso é lei, tem que rotular o produto e por favor preencham corretamente, coloquem variedade, peso, data de embalamento. E tem as bases legais, então vou deixar a apresentação aqui para vocês verem. Dei uma enxugada, mas a apresentação vai ficar à disposição de todos. Acabou meu tempo, então, muito obrigado. Anita: Muito obrigado senhor Hélio por suas palavras. Então vamos passar agora ao senhor Mário Nakamura.

Mário Nakamura Quero agradecer ao pessoal do Bunkyo pelo convite e parabenizar os produtores presentes. É muito difícil os produtores aproveitarem uma ocasião como esta, com brilhantes palestras desde a manhã, então vou procurar ser bem rápido. Atuo como atacadista há 20 anos, mas no Ceasa tenho quase 50 anos de vida. Sobre a parte física do Ceasa, não tem como expandir, temos muitas dificuldades em modernizar as coisas lá dentro. Então, sobre o que foi dito pelo Hélio, a questão da paletização, só para ter uma ideia, quanto custa para nós descarregarmos uma caixa de maçã por semana? Hoje é R$ 0,50 por unidade, mas se vir paletizada custa R$ 7,00 o palete. Um palete de maçã tem 49 volumes. Então, só fazendo um cálculo: para descarregar um

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caminhão com 900 caixas, temos R$ 450,00 de descarga. E quem paga essa conta? No fundo, são os produtores que pagam. No palete gastamos R$ 6,00, terceirizamos há uns cinco anos. Tem muitas empresas que prestam esse serviço de descarga. Então pessoal que está reunido como APPC, algumas cooperativas e associações têm que se organizar para tentar otimizar esse recurso, pois o custo é muito alto. Nós gastamos praticamente 1,5% do faturamento com esse processo. Outra coisa que temos sentido nos últimos cinco ou seis anos é a questão da restrição da circulação de veículo em São Paulo. Temos dificuldade na entrada de clientes, porque gasta-se muito tempo e muitos deles não conseguem cumprir o horário porque existe uma grande circulação de veículos na Ceagesp. Então o que acontece é que ao redor da Ceagesp temos muitos distribuidores, como o Hélio citou, como supermercados que tem redes de oito ou dez unidades, que montam uma central de distribuição. Nesse caso, é necessário sair do Ceasa e cumprir o horário para distribuir para essas redes de supermercados. Quem tem condições está fazendo isso, embora o produto seja adquirido dentro do Ceasa, mas também recebemos direto do produtor. Então, ao redor do Ceasa ou mesmo dentro nos setores de AMD, como falamos, está cheio de distribuidores. Não sei se é tendência do mercado, como o Hélio falou, mas redes de supermercados de cinco a oito unidades estão montando centrais de distribuição. Nós atendemos todos os segmentos de pessoas que trabalham com hortifruti, atacadistas e varejistas do Brasil inteiro. Só para terem uma ideia, temos clientes que levam morango e atemoia para Roraima de avião. Então, embora estejamos na Ceagesp de São Paulo, distribuímos os produtos pelo Brasil. Outro fato, citado pela Anita, sobre a diferenciação de preço, nós como atacadistas, ou varejistas, precisamos usar um pouco da criatividade. Um exemplo é a maçã da Mônica, da Fischer, que já existe há mais de 20 anos. Este ano, por fatores climáticos, foram produzidas muitas maçãs miúdas. Se vendermos maças miúdas de 80 ou 90 gramas em caixa a granel, acredito que não pagariam nem R$ 20,00 ou R$ 25,00. Então, é uma dificuldade enorme vender essa mercadoria, mas hoje o pessoal embala em saquinhos de 1 kg, faz um apelo de desenho infantil, agrega um chamariz. Aí, só para ter um exemplo, a maçã de 200 gramas custa R$ 100,00 a caixa (tem 18

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kg), estaria em torno de R$ 5,00 o quilo. E nós vendemos maçãs de 80 gramas embaladas em sacos de 1 kg, vindos das cooperativas e fornecedores, a R$ 4,50 o quilo. Então o fato de você embalar a maçã miúda, agrega um valor que a granel fica impossível de se vender. Aqui no caso de Pilar Moscato, a comercialização de pepita, desculpe a expressão, mas que seria um produto de descarte, faz a pepita, com 6 ou 4 embalagens, e vende na faixa de R$ 20,00 a R$ 25,00, enquanto um produto normal custaria R$ 50,00. Então, são práticas e ideias de como agregar valor ao preço a um produto que teria um preço muito mais baixo. Só para finalizar, vou falar um pouco de uva. Em 2008, quando tivemos a crise na Europa e nos Estados Unidos, os grandes produtores de uva do Brasil ficaram impossibilitados de exportar. Essas uvas caíram no mercado interno, e aí o que acontece, o hábito dos varejistas, os consumidores se acostumaram com elas, que hoje as uvas não são mais vendidas a granel. É isso, muito obrigado.

Anita de Souza Dias Gutierrez Bom, eu queria aproveitar um pouco o tempo para passar duas coisas. Uma é o que cada produtor individualmente pode fazer para melhorar sua comercialização. Outra coisa que no Brasil nós não temos, a APPC está se esforçando, mas não tem recursos suficientes, que é fazer um trabalho de marketing no sentido mais amplo, de levar conhecimento ao mercado e ao consumidor, atuar na promoção do produto e seu desenvolvimento de tecnologia. Os americanos têm uma estrutura que permite isso. Lá eles têm produtores de pera e cereja fazendo propaganda nos supermercados. E toda, ou a grande maioria das pesquisas feitas para as frutas e hortaliças nos Estados Unidos, é bancada para atender as necessidades dos produtores. Então temos dois tópicos. O que o produtor pode fazer individualmente para melhorar e valorizar seu produto e melhorar sua comercialização, e o outro é, como, institucionalmente, vamos conseguir promover e desenvolver a tecnologia para o nosso produto. Uma outra coisa extremamente importante é que nós temos duas situações: a da Ceagesp, que é uma 147


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estrutura criada para permitir a competição de diferentes compradores, e nós temos umas cem empresas que compram uva pelo menos, e há a MNS, que é o distribuidor fora da Ceagesp, que está fazendo um serviço muito bem feito. A estrutura da Ceagesp é extremamente necessária, principalmente para garantir que haja essa concorrência. Nós tivemos até uma conversa na hora do café sobre a mudança do Ceasa, o novo Ceasa, mas isso é uma outra discussão. Mas minha pergunta para os outros palestrantes é, o que faz uma fruta e um produtor serem competitivos na comercialização?

Hélio Satoshi Watanabe Bem, os produtores têm que aplicar boas práticas agrícolas, com conhecimento que adquiriram nas universidades, nas áreas de pesquisa e buscar o que há de mais moderno. Como eu disse, no caso do caqui, hoje essa fruta está fadada a sumir do mercado, mas nós, como técnicos, tínhamos que precaver. E utilizando essas boas práticas, os produtos de qualidade, com certeza hoje, como disse a Anita na questão de valoração, são reconhecidos no mercado. Um caso disso é a uva Moscato. Então, não vejo outra saída se o produtor não buscar qualidade através das boas práticas.

Mário Nakamura Acho que são coisas repetitivas, mas apreciamos a fruta com os olhos, como diz o ditado. Então, é preciso levarmos em consideração a cor e a firmeza do produto. Muitas vezes temos o costume de chegar no mercado e ficar apalpando, mas acima disso tem que ter sabor. E hoje falamos até em valor nutricional. Então, até quando sai no Globo Repórter que alguma coisa faz bem para a saúde, no dia seguinte as pessoas acabam com os produtos noticiados. Dessa forma, tudo é importante. Hoje se fala muito em segurança alimentar, em questão de contaminação, defensivo. Hoje mesmo falamos isso. Então, são coisas difíceis de se fazer, mas são práticas que devem ser feitas. O pessoal da APPC é um bom exemplo. Os produtos são bem apresentados e classificados, há uma boa embalagem e, dessa forma, dificilmente dão problema de pós-colheita. Assim, essa questão que o Hélio falou 148


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sobre manejo é bem importante.

Hélio Nishimura Eu vou dar um exemplo de um colega produtor que queria produzir, comercializar e fazer ações no ponto de venda. Ele tentou isso por dez anos e, recentemente, decidiu o seguinte: "eu não consigo atender o mercado do jeito que ele quer porque sou limitado, então tenho que fazer o que faço melhor". Ele decidiu ser um excelente produtor, hoje tem um sábado mais tranquilo, não fica preocupado com os caminhões que ficam rodando São Paulo. Então, se você tem capacidade de atender o mercado direto, é ótimo, que vá. Estou falando não só em capacidade estrutural, mas também de equipe, para levar seu produto mais à frente para quem está vendendo mais próximo do consumidor. Mas aqueles que não têm, precisam das parcerias, das empresas, das associações, necessita de gente capaz que faça bem feito. Hoje a gente olha nessa especialização, o produtor se focando no que faz melhor e o comercializador se especializando no que faz de melhor. E nesse sentido, todos os pontos que a doutora Anita colocou aqui e o outros palestrantes também, é essencial que se compre por essa qualidade extrínseca e intrínseca do produto. Então, é visual, o sabor, tudo isso é muito importante, mas desde que você tenha estrutura e capacidade para atender o cliente que você quer, pode ser o foodservice, a indústria, pequenos e grandes mercados ou Ceasa. Então você escolhe e todos de uma forma geral são diferentes, os mercados são diferentes, vocês têm que se encaixar e conectar, e assim não entregar para qualquer um, mas sim para aquele cliente que queira entregar. Isso, de modo geral, é muito importante. Se você tem um produto de qualidade vá atrás, procure gente que o valorize.

Anita de Souza Dias Gutierrez Essa discussão de comercialização pode ir por muito tempo, mas é extremamente importante. Sou filha de produtor e sou produtora também. A

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tendência é sentirmo-nos incapazes de resolver nossos problemas e pensarmos que não adianta irmos atrás, que só conseguimos um pedaço. Esquecemos que temos um monte de gente, técnicos e estruturas de laboratórios que são pagos com nossos impostos. Ou seja, é nosso direito termos pesquisas realizadas e ações de defesa. É extremamente importante que exerçamos nossos direitos. Nós temos um problema grave, e temos nossos direitos. Já que não temos uma estrutura tão interessante como os americanos têm, nós que temos que exercer nossos direitos para buscar soluções para os problemas. Outro dia eu e o Hélio estivemos aqui e como está o problema dos agrotóxicos? Ah, tem um monte de produtos sem registro sendo utilizados, então vamos usar nossos direitos e encaminhar. O Hélio é representante da Ceagesp na Câmara Setorial de Fruticultura, já encaminhou a solicitação de extensão de uso. Então, temos muitos recursos e conhecimentos disponíveis, além de pessoas que deveriam estar trabalhando para nós e não estão. Precisamos nos organizar e criar demandas e não simplesmente lamentar " isso não vai dar certo, é coisa do governo, não vai funcionar". Repito, precisamos exercer os nossos direitos.

Obrigado doutora Anita, temos um breve espaço ainda para uma ou duas perguntas.

Plateia Boa tarde. O Hélio sabe muito bem, como ele foi consultor do Pão de Açúcar, que o nosso grande problema na agricultura e na fruticultura é a cadeia de logística. Os produtores cultivam produtos de qualidade e embalam, mas quando chega no Ceasa, você vê aquele carregador de mercadoria, descarrega, coloca no carrinho, não tem limite para colocar, põe o máximo possível para ganhar tempo. Só nesse processo já deteriora o produto. Quando ele chega ao supermercado, como eles tratam os produtos agrícolas? Jogam em cima da gôndola, pegam a caixa e esparramam em cima, a alface pega, põe e vira, chega no final do dia aquilo está tudo deteriorado. O lojista não tem diariamente a preocupação de selecionar produto bom e ruim para no dia seguinte ter um produto bom nas prateleiras. Então, o que sobrou do dia deixa lá, coloca em cima outro produto e deixa assim. Outra 150


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coisa. O consumidor tem aquele costume de manuseio, de apalpar as frutas para ver se estão maduras. Então, acho que se essa cadeia de logística não melhorar, não teremos bons produtos para o consumidor final. Plateia Queria agradecer ao Bunkyo por ter dado a oportunidade de participar desse debate, foi extremamente interessante. Eu vejo aqui, duas questões que me parecem ser fundamentais. Como o pequeno produtor do setor de abastecimento alimentar vai poder continuar a sua história? Isso para mim é um problema absolutamente fundamental, aquilo que o representante da MNS fez foi extremamente importante para entender o que significa o grande capital envolvido nesse processo. Então essa é a primeira questão fundamental para se discutir. A segunda, que já venho discutindo faz algum tempo, é a questão da Ceagesp. Hoje ela está sendo tratada não como setor de abastecimento alimentar, responsável ainda por 30% do abastecimento do Brasil, mas sim como uma especulação imobiliária por ter 750 mil metros quadrados no melhor bairro de São Paulo. Para mim, essas duas coisas ficaram extremamente interessantes de ter percebido graças ao Bunkyo Rural, que me esclarece muito essa discussão. Temos espaço para mais uma pergunta ou comentário, por favor. Plateia Boa tarde. Gostaria de comentar uma questão que pensei bastante com relação à manipulação dos alimentos nos supermercados, nas quitandas, ou em qualquer lugar que estejam sendo vendidos. Vejo o tema como uma questão de educação, e tudo começa na escola. Se você respeita aquele produto, você não fica apalpando, então, observa a cor e dá para perceber se está bom, vai direto àquele produto e já o compra. Sou educadora e acho que se investirmos na educação tudo vai melhorar. Vamos aprender, inclusive, a respeitar o produtor. Enfim, é uma escola, e aí como disse o especialista da MNS, é preciso treinar as pessoas que vão trabalhar. Hoje, as pessoas que carregam esses produtos não têm treinamento ou orientação, o objetivo é somente ganhar dinheiro. Com educação e treinamento, o trabalhador vai saber transportar melhor o produto e vai melhorar uma série de setores. Nunca trabalhei na parte 151


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agrícola, faço parte do Bunkyo e fico muito orgulhosa de estar promovendo esse evento, e temos que melhorar cada vez mais. Uma ideia que eu tive é falar sobre a embalagem, porque é importante. Eu sei porque minha filha trabalha na embalagem, e como disse o Hélio, a embalagem ajuda, então temos que investir nesse aspecto e estamos caminhando para isso, obrigada.

Hélio Eu queria só fazer uma colocação rapidamente. É uma boa pergunta. No sentido de manuseio, fazemos um estudo no varejo, e concluimos que uma pessoa aperta sete vezes antes de escolher o tomate, não é brincadeira. Colocamos uma câmera em um ponto de venda e por várias horas acompanhamos o pessoal no momento da compra. Então qual era o hábito de compra? Pegava o primeiro tomate, apertava e largava, pegava o segundo e fazia a mesma coisa, só no sétimo ela colocava no saquinho. A manga é apertada seis vezes, a banana quatro vezes. Então, esse processo como a senhora falou, está intrínseco em nós. Se você for a um mercado na Espanha, se tocar na fruta tem que comprar, você é proibido de tocá-la. Essa parte da educação é muito importante por quê? Essa quebra que acontece no ponto de venda do Brasil, ele é feito, como senhor falou, às vezes pela pessoa que trabalha na loja. Temos mesmo muita gente mal treinada, mas a maior parte da quebra é feita pelo consumidor que quer tentar levar o melhor, o varejista não tem como escapar disso. Então, essa parte da educação acho que todo mundo entende que pode auxiliar a aproveitar mais os produtos. Muito obrigado pelas colocações, mas nosso tempo está encerrado.

Anita de Souza Dias Gutierrez Uma das causas para que os consumidores apertem tanto um produto é porque mesmo que ele venha classificado por tamanho e cor, o supermercado despeja produtos de diferentes tamanhos e colorações na gôndola. Então o que está acontecendo hoje? Você tem uma responsabilização de todo mundo, do atacadista, do varejista e do produtor.

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Acontece que o pessoal do varejo está querendo identificar quem é o bandido que mandou o produto lá e, por isso dou o exemplo do agrotóxico acima do permitido. Então qual é a tendência? Nós fazemos já tem uns anos, tem até cartilha para distribuir, onde se recomenda o manuseio mínimo, um esforço grande junto ao varejo para não manusear o produto, para botar a caixa do produtor na gôndola do supermercado. Nós fizemos vários estudos com a ESALQ para sabermos qual é a solução após a colheita de frutas e hortaliças no manuseio? Então, quanto menos manuseio você tiver, melhor. E no caso do supermercado que tem que fazer isso, coloca o produto na gôndola e ele faz muito pior, porque se misturam produtos velhos com novos, fazem pilhas imensas. Na questão de machucar um produto durante o transporte, hoje a solução é mandar paletizado, não existe outra solução. Agora o pessoal está trabalhando nos legumes com mini paletes, ao invés de ser de 1 metro e 1,20 metro, agora é um palete de 1,60 metro, você pode ter um volume menor e facilita a descarga. Não tem outra solução, é paletizar, porque assim você não tem manuseio da caixa. As nossas infraestruturas de fato são muito ruins, nós precisamos melhorar, não sei se necessariamente precisamos mudar a Ceagesp de lugar. O lugar é muito interessante, a maior parte dos nossos compradores é do município de São Paulo, em seguida são de outros municípios e outras cidades do Brasil, então mudar de lá não vai melhorar o trânsito. Hoje, para cada caminhão que chega para descarregar o produto temos 6 ou 7 veículos que pegam e levam o produto para fora. Existe um movimento privado, mas não tem envolvimento da diretoria da Ceagesp com esse movimento de mudança de lugar. Nós precisamos fazer muitas mudanças, melhorar muito, mas não é essa proposta de mudança que está aí capitaneada por empresas privadas, não tem apoio, pelo menos explícito, da diretoria.

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Patrocínio

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DIA DE CAMPO EM PILAR DO SUL No dia 16 de setembro de 2016, foi realizado o Dia de Campo, com visitas a lavouras de atemoia, dekopon, uva e caqui, na propriedade da família Morioka. A coordenação geral da visita coube ao engenheiro agrônomo da APPC, Sérgio Masunaga, com debates in-loco entre os participantes, incluindo o professor Akiyoshi Miyata, do Japão, que veio ao Brasil atendendo ao convite da CKC Chuo Kaihatsu Corporation.

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Visita ao pomar de uva Pilar Moscato Sérgio Massunaga No caso, a variedade aqui é Estela e a marca é a Pilar Moscato, isso é um trabalho que foi feito em grupo. Ontem a doutora Anita estava falando assim: "como o produtor tem sucesso?" Na hora eu até queria falar para ela, que eu acho que um dos motivos do sucesso do produtor hoje é o associativismo e o cooperativismo. Sozinho não se vai muito longe, pode ser que vá rápido, mas acho que não vai muito longe. Pode crescer rápido, mas não dá sustentabilidade sozinho. Acho que o produtor deve ter parceiros e não pode pensar muito individualmente, essa é minha opinião. Então, a Pilar Moscato é uma construção do grupo dos produtores da APPC. Uma outra coisa que eu penso é que não adiantar vir, observar como produz a Pilar Moscato e levar para produzir em outro lugar. Os produtores da região têm que se unir e fazer um produto exclusivo e não como antigamente que distribuíram a muda de uva Itália e Rubi para todo mundo. Cada um fez de um tipo e virou aquela competição. Eu penso que cada um deve desenvolver seu tipo de fruta em grupo e trazer a sua marca em sua região, não ficar copiando a marca dos outros ou imitar. É melhor cada um pegar uma variedade e ficar em cima, com produtos exclusivos de sua região. Aqui na APPC pensamos também no Kinsei, que é uma construção do grupo, não de uma pessoa só, todos ajudaram a construir a marca e devem ajudar a mantê-la. Não adianta só construir, tem que manter a longo do tempo, deve haver um ciclo de vida, e é o que estamos tentando fazer com a Moscato. Então aqui, o senhor Akira começou enxertando, e ele estudou muito para 156


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ajudar nesse desenvolvimento. Os outros produtores entenderam o espírito da coisa, foram se agrupando e ajudaram, e ainda estamos tentando desenvolver e criar um padrão melhor, porque hoje, dentro da marca Pilar Moscato existem umas quatro marcas dentro dessa variedade. Estamos tentando uniformizar de uma forma melhor para nós produzirmos. No momento temos 40 hectares plantados, mas acho que esses dados não estão atualizados. A produtividade dessa uva para chegar onde nós queremos é de 20 toneladas por hectare, mais que isso já não é bom. Dá trabalho para fazer a cobertura, ficar monitorando a temperatura, porque essa variação faz com que ao invés de ser cachinho vire folha ou broto. No ano passado, com esses 40 hectares, nós deveríamos ter umas 800 toneladas de fruta, mas colhemos 168 mil, então não é uma coisa muito fácil de se fazer. Outra coisa é que, colocar a uva no mercado e falar que é boa não vai funcionar, tem que promover a degustação, participar de feiras e divulgar mesmo, acho que a união do público traz o sucesso das frutas. E todo esse processo começou quando? A associação existe desde 2000. Ao longo do tempo se criou a marca, mas desde o começo registramos a marca APPC e depois fomos registrando outras também, como a Pilar Moscato. E a muda? Até ser plantada e levada ao mercado? Começou em 2009 desde que foi enxertado, mas estamos estudando desde 2004 e a produção comercial começou em 2010. Bom pessoal, acredito que muitos tenham perguntas para fazer. Então vou fazer algumas colocações aqui. Essa uva que vocês estão vendo aqui atrás, foi enxertada em 2000, e inicialmente a variedade era Itália. Há quatro anos, foi utilizada uma técnica que foi trazida pelo professor Urata para nós, então foi feita uma troca de copa para a Pilar Moscato. Eu sugiro o seguinte. Agora vocês estão autorizados a entrar no pomar, quando retornarem abriremos para perguntas. Como lidam com o problema dos defensivos? Sérgio: A uva Pilar Moscato, depois de ser raleada (diminuindo o número de frutos por planta) é ensacada cacho por cacho para que não pegue mais defensivos na uva. É esse o ponto em que chegamos, podemos talvez um dia ter uma fruta orgânica, mas quem já tentou produzir uma uva orgânica 157


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sabe que muitos começaram e quantos ainda continuam? Depois é preciso atentar no seguinte. Tem agricultor que faz o cultivo tradicional, com pulverização de defensivos, mas o comerciante adquire esse produto e coloca à venda como sendo orgânico. Isso é muito pior. De qualquer forma, é sempre um assunto em que estamos sempre atentos, para encontrar uma fórmula mais adequada. Nós cuidamos com muito rigor a questão da carência do fruto (período em que não se deve aplicar defensivos). Há algumas alternativas aos defensivos químicos, como armadilhas para moscas de frutas, mas muitas vezes preferimos perder o produto a desrespeitar o período de carência. É uma preocupação da APPC para com os clientes que consomem nossos produtos. Qual é o porta-enxerto utilizado? A maior parte dos porta-enxertos utilizada aqui na região é o 420 A. Michinori Konagano - Sou de Tomé-Açu, do Pará. O proprietário daqui me contou que o solo era muito ruim e foi preciso fazer a troca da terra e reparei que há bastante compostagem utilizada aqui. Queria saber como é preparado o solo para continuar produzindo por 16 anos seguidos. Morioka - Eu venho praticando o que o meu pai sempre falou. É preciso cuidar do solo para então começar a produzir. Para isso, muitos anos atrás nós começamos a criar gado para fazer a compostagem. Fazemos a compostagem aqui na fazenda mesmo e distribuimos. Dizer quanto nós colocamos é meio difícil, mas creio que seja 158


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em torno de 30 toneladas por hectare. Fazemos compostagem com pó de serra, um pouco de resíduo de cereais e colocamos carvão. Nós tentamos chegar mais perto do orgânico possível. Nós pegamos uma retroescavadeira, fazemos uma vala com 1,5 metros de altura por 1 metro de largura, e quando retiramos o solo de baixo, nós fazemos a calagem, jogamos o material orgânico, carvão até aproximadamente 20 centímetros, passamos a grade e voltamos a tapar. Novamente, mais 20 centímetros e até a gente conseguir cavar toda valeta. Sérgio - É preciso sempre fazer o estudo, que é a análise do solo. Tem que fazer curva de nível? É o que aprendemos, né? Aqui nesse plantio, a parte da entrada fica no local mais baixo. Será que aprendemos errado? Eu tinha duas opções para fazer a cobertura. Eu tinha que fazer a cobertura onde tivesse a drenagem de água boa, água de chuva. Na época da colheita, nós só colhemos a uva quando ela atinge 18 graus brix. Nós fazemos medição cacho por cacho para ver se tem 18 graus brix. Se não tiver não colhemos porque não entra na classificação como Pilar Moscato. Normalmente colhemos em janeiro, fevereiro e março, que é uma época chuvosa. Como vocês sabem, quando você compra uma fruta na época de chuva, ela pode estar aguada. Então eu precisava diminuir a quantidade de água e para isso tinha que construir uma cobertura e uma calha para drenar essa água. Por isso nós fizemos morro abaixo. Aqui temos a lona, que é branca e a calha que é amarela, tudo isso para a água ir embora na época da colheita. E por que tem agora? É porque fizemos a poda no mês de julho. E a temperatura precisa estar acima de 14 graus, e aqui, nessa época, chegou a -4°C (menos quatro graus Célsius). Por isso, tivemos que dar um jeito de esquentar, e vedamos a calha para não perder o calor. E com essas particularidades, a produção dessa uva se torna muito trabalhosa. Observe que temos cachos bons e temos cachos bem pequenos. Provavelmente, esses passaram pela época de muito frio e ficaram na dúvida se transformariam em cachos ou seriam folhas e cipós.

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Qual a produtividade da uva Pilar Moscato? Pela palestras de ontem ficou claro que nós adubamos demais, que problemas no fruto pode ter excesso de adubação. Eu acho que o princípio básico é saber quanto a planta pode produzir para ter uma qualidade X. Por exemplo, para Pilar Moscato tem que ter 18 graus brix. Para conseguir isso é preciso controlar a produção. A uva Itália tem uma produção média de 25 a 30 toneladas por hectare, e você vai ao mercado e compra uma uva Itália ou Benitaka e percebe que não é doce. O ideal seria as uvas terem pelo menos 14 brix, mas é certo que não tem esse grau de doçura. Com uma produção de 25 toneladas por hectare não é possível conseguirmos chegar a 14 brix. Então, na nossa variedade Pilar Moscato tivemos que diminuir o volume de produção para conseguirmos 18 graus brix.

Visitando a produção de dekopon A produção de dekopon começou com a ajuda do professor Masahiro Urata que veio ao Brasil como voluntário sênior da JICA (Japan International Cooperation), com estada de dois anos. Inicialmente ele chegou para resolver problemas no cultivo do caqui, mas como ele tem conhecimento em outras áreas, ajudou no dekopon, na uva e na ameixa. Já é a quarta vez que o pesquisador é solicitado para retornar e continuar com suas atividades no Brasil. Ele foi um dos responsáveis pela introdução da variedade em Pilar e agora ele vai ficar mais dois anos na região. No início, essa tangerina originária da província de Kumamoto, e cultivada com sucesso em Pilar do Sul, foi chamada de “dekopon”. Entretanto, a partir de 2007 ela recebeu o nome comercial de “Kinsei” pelas mãos da APPC, que passou a monitorar a qualidade dessa fruta produzida em Pilar. Para ser comercializada com esse nome, a fruta precisa ser bem mais doce, ser fácil de descascar e não pode ter sementes, ou seja, ela precisa obrigatoriamente ter uma qualidade superior ao “dekopon” produzido no Brasil. 160


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Sérgio: Vou fazer uma pergunta ao professor Miyata. O que o sr. acha desses pés de Kinsei? Miyata - O importante é saber antecipadamente se a planta está sendo acometida pelo “grenning”, ou seja, fazer o monitoramento. Essa tecnologia já está bem avançada no Japão. O importante é aprender essa tecnologia e aplicar no Brasil para resolver o problema da manifestação dessa doença. Agora, fazendo um comentário solto, na minha opinião esses galhos estão mais altos do que o ideal. Creio que poderiam ser mais baixos para proporcionar uma fruta mais homogênea. Sérgio - À minha esquerda estão as plantas que foram podadas provavelmente em fevereiro. O que eu fiz aqui foi uma simulação do que vai ser feito provavelmente na parte de baixo, mas em janeiro e fevereiro do ano que vem. Isso é só um exemplo de como o pomar vai estar daqui a cinco meses. Quanto ao comentário do professor Miyata, eu concordo, as plantas estão altas e isso dificultará o trabalho de controle e colheita. Temos que tentar 161


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abaixar o tamanho das copas. Normalmente nós cortamos o que está alto. É simples. Mas alguém já pensou em ter um porta-enxerto que fosse mais baixo? A solução brasileira é cortar. Medindo o volume do nosso pé de dekopon: temos 3 metros de altura. 3,80 metros de largura e 3,60 de comprimento. Tem 41,4 metros cúbicos de volume de copa. E quantos litros precisamos para pulverizar? Alguém se lembra da palestra do professor Scapin? 75 ml por metro cúbico de copa é necessário para fazer uma cobertura. 41,4 x 75 ml dá 3 litros. É necessário 3 litros de calda para fazer uma boa cobertura nessa planta. E se olharmos lá trás, para as plantas que não foram podadas ainda, quanto vai dar? Eu acho que pelo menos uns 6 litros. Essa é a diferença. O mesmo equipamento que pulveriza aqui pulveriza lá. São coisas que a gente aprende e é preciso aplicar. Outra coisa. Deu 41,4 metros cúbicos de copa. Temos uma recomendação do professor Urata quando começamos a produzir dekopon. Sempre temos que ralear, e saber o quanto temos que ralear, tendo conhecimento de quanto temos que deixar no pé. Para ter frutos de 300 gramas, ou até de 350 gramas como no Japão, é necessário ter em média 10 frutos por metro cúbico de copa. Aplicamos isso, mas o resultado foram frutas pequenas, de 162


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250 a 300 gramas. Hoje estamos recomendando aos produtores a quantidade de 7 frutos por metro cúbico de copa. Não a quantidade de frutas por pé, e sim, quantidade por metro de copa. 41,4 x 7 dá quanto? 290 frutas. Qual é o parâmetro? Olhômetro? Não, temos que ter um padrão e seguir o padrão. Miyata - Fazendo um comentário rápido, olhando para esse pé, eu sei que essas folhas ainda irão crescer, mas eu acho difícil esperar que esse pé dê frutos de 400 gramas ou mais. Complementando o que foi falado, no caso do Japão, levamos em conta o metro cúbico, que produz 3 a 3,5 kg, ou seja, seriam frutas de 300 a 350 gramas. Nós também fazemos um cálculo pelo volume da copa, mas atualmente fazemos uma conta pela quantidade de folhas. Agora eu queria fazer um teste. Quantas folhas existem nesse pé? Bom, sei que será difícil contar as folhas, mas eu calculo que existam de 28 mil a 30 mil folhas. E isso equivale a aproximadamente 120 frutas. Mas aqui dá impressão de ter mais frutas. Soube que esse porta-enxerto é o citrumelo swingle, que é adequado para o Kinsei, mas para fazer a alternância eu acho um pouco fraco. Eu sugiro que pesquise outras alternativas como o “karatachi”, que é livre de virus e tem uma forma de vacinação. Com relação a isso, pergunte ao professor 163


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Urata. Eu acho que daqui para frente, ninguém aqui vai ficar mais jovem do que somos hoje. Daqui a um ano estaremos um ano mais velhos. Por isso, o nosso desafio é produzir bem e cada vez mais preocupados em facilitar o nosso trabalho. Assim, medidas como baixar a altura das copas podem ajudar no trabalho.

Visita à produção de Caqui Fuyu Sérgio - Havia muitos produtores de caqui nessa região. O que aconteceu? Problemas climáticos atrapalham o cultivo. Ou é muita chuva ou seca em determinadas épocas. Ou esquenta muito no período de florada e temos muitos problemas de produção. Ultimamente, o preço do caqui Fuyu tem melhorado, mas quem produzia desanimou, principalmente

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10 anos atrás, porque o preço não ajudava. Qual foi o porta-enxerto? A base foi o caqui chocolate e foi enxertada a variedade Fuyu. Calcula-se que em cerca de um ano e meio esta nova copa já estará dando os primeiros frutos. A preocupação é a de abreviar o tempo para alcançar a produção da fruta, visto que o pé do caqui chocolate, que recebeu o enxerto, para atingir aquele tamanho, levou pelo menos quatro anos e, caso o enxerto venha a dar certo, em menos da metade desse tempo já terá novos frutos.

Visita ao cultivo de Atemoia Como última parte do Dia de Campo, foi realizada a visita à plantação de atemoia. Como as frutas não puderam ser avistadas por causa da época, a explanação foi de informações gerais sobre a atemoia e houve

farta degustação do fruto. Ao final da visitação, os professores Akiyoshi Miyata, Urata, sr. Morioka e dirigentes da APPC participaram do plantio de uma árvore.

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Quem acompanhou esse dia de campo foi Shuji Gocho, presidente da APPC, que reúne 78 associados de Pilar do Sul e cidades vizinhas. A APPC foi criada como uma entidade sem fins lucrativos e, diante da demanda, foram constituídas empresas de packing house e de comercialização. Se na fundação, em 2000, o caqui era a preocupação principal da entidade, hoje, sua atuação tornou-se abrangente voltando-se para outras frutas como uva, maçã, kinsei, atemoia, ameixa, lichia, pitaya, entre outras.

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A FRUTICULTURA EM PILAR DO SUL

nome Pilar vem do verbo “pilar”, que significa pisar ou moer no pilão. Por volta de 1850, tropeiros e caçadores passavam pela região, onde havia pedras para pilar a carne e que também eram usadas para curtir a pele dos animais. Outra possível explicação para o curioso nome vem da devoção que as famílias que vinham de Minas Gerais tinham pela Nossa Senhora do Pilar. Pilar foi transformado em município em 12 de maio de 1891, mas como o seu acesso era precário, encontrou dificuldades para se desenvolver, perdendo autonomia e se tornando distrito do município de Piedade em 1934. Dois anos depois, entretanto, quando uma estrada facilitou o acesso com São Paulo, recuperou sua autonomia, e em 1944 passou a se chamar Pilar do Sul. O crescimento do município foi acelerado com a construção de uma usina hidrelétrica pela Light, e na década de 1950, Pilar do Sul experimentou um grande crescimento econômico e populacional, com a chegada dos imigrantes japoneses, cujas primeiras famílias foram atraídas pelo baixo preço das terras e se instalaram em 1945 provenientes de outras regiões do Estado. Essas terras custavam

pouco porque não estavam em condições de serem cultivadas. Foi preciso derrubar a mata e preparar o terreno. Em 1949, dez famílias japonesas moravam no bairro rural “Sertão” e foi possível criar a associação de jovens, que além de organizar festas típicas japonesas, priorizou a organização da escola japonesa. A sede da associação foi construída com madeiras de árvores derrubadas pelos próprios imigrantes. E aqui eram feitas as reuniões e também exibições de filmes. Em outros bairros onde havia a presença de japoneses também surgiram as escolas, tal a importância que esses imigrantes davam à educação de suas crianças. Em 1953, oito anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os japoneses inauguraram a sede da Associação Cultural e Desportiva Pilar do Sul, desta vez, no centro da cidade. A entidade foi construída com uma escola japonesa exemplar, onde as crianças não aprendem apenas o idioma, mas aprendem educação e cultura, com práticas esportivas e sociais. Em 1955, a cidade recebeu os primeiros imigrantes do pós-guerra, conhecidos como Cotia Seinen, fruto do esforço da Cooperativa Agrícola de Cotia,

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7º Bunkyo Rural que inaugurou oficialmente o seu depósito regional na cidade em 1956. Dois anos depois, a Cooperativa Sul-Brasil também se instalou no local, fortalecendo a logística de distribuição dos produtos agrícolas. Em 1960, a população da cidade era de 8.872 habitantes, sendo que 5.817 residiam na zona rural. Os japoneses da “Colônia Bandeirante”, fundada em 1966, foram pioneiros no cultivo da uva ‘Itália’ em Pilar do Sul. Os japoneses contribuíram introduzindo novas técnicas de plantio e novas variedades, aumentando a produtividade da região.

Dekopon é uma variedade que resultou do cruzamento da tangerina com laranja e surgiu no Japão. Introduzida no Brasil, revelou-se um cultivo artesanal e cujo fruto apresentava alta acidez. Técnicos do Brasil e Japão se uniram para produzir a fruta de alta qualidade, e os de nível mais elevado, produzidos em Pilar do Sul, chegam ao mercado com a marca ‘Kinsei’. Outras frutas que se adaptaram ao clima da região foram a atemoia, a lichia e o kiwi verde amarelo, além do caqui ‘Fuyu’, cuja ótima qualidade permite que seja exportado.

Uma mutação espontânea da uva ‘Itália’ fez surgir uma nova variedade da fruta em Pilar do Sul. A nova variedade, que foi batizada de ‘Pilar Moscato’, tem um teor de doçura maior que a ‘Itália’ e atinge o mercado gourmet de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Outra variedade de uva produzida em Pilar do Sul é a ‘Benifuji’ e a ‘Beniizu’, frutos de coloração vermelha, e a ‘Fujimidori’, totalmente preta. Essas frutas têm como principal característica a ausência de sementes e são mais resistentes a doenças. Geralmente a maçã é cultivada em locais de tempe-

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ratura baixa, porém, a variedade ‘Eva’ se adaptou muito bem ao clima de Pilar e é colhida entre novembro e janeiro.

O IBGE estima que a população de Pilar do Sul seja de 30.000 habitantes e a perspectiva é de crescimento, pelo desenvolvimento do turismo e por conta das grandes terras transformadas em pequenas chácaras de veraneio. Atualmente, Pilar do Sul cresce, principalmente com o desenvolvimento agropecuário que é responsável por 70% da economia do município. E a fruticultura ocupa um lugar de destaque nacional, graças em grande parte à dedicação dos associados da APPC, Associação Paulista dos Produtores de Caqui, na sua busca incessante da qualidade e por novos mercados para seus produtos.


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BUNKYO, A ENTIDADE REPRESENTATIVA DA COMUNIDADE NIPO-BRASILEIRA

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Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, mais conhecida por Bunkyo, desde sua fundação, em 1955, tem protagonizado as realizações mais importantes relacionadas à comunidade nipo-brasileira. Foi concebida com a finalidade de promover o entendimento e confraternização dos nipo-brasileiros e seu aperfeiçoamento cultural, intensificar a divulgação da cultura japonesa, fortalecer o intercâmbio entre o Brasil e o Japão e promover atividades assistenciais. Localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo, a entidade congrega cerca de 350 voluntários que organizam aproximadamente 280 eventos ao longo do ano. Sua manutenção ocorre graças principalmente aos recursos advindos das anuidades de seus membros, pessoas físicas e jurídicas; locação de suas instalações para outras entidades e empresas e promoção de eventos, além de doações recebidas ao longo do ano. As atividades do Bunkyo envolvem desde aquelas de maior envergadura até as "cotidianas". Elas estão distribuídas em diversas frentes, tais como a promoção de eventos culturais que se tornaram referência da cultura japonesa praticada neste país. Um exemplo é o Festival de Música e Dança Folclórica Japonesa, que reúne os melhores praticantes das artes de palco, tanto professores como alunos, do Brasil. Ou ainda, as comemorações relacionadas às datas marcantes da comunidade como a celebração do aniversário da imigração japonesa no Brasil, no dia 18 de junho. O Bunkyo também se dedica à organização de recepção e/ou homenagem, não somente para personalidades representativas do relacionamento Brasil-Japão, como àquelas de destacada presença em nosso país. Outro item refere-se à coordenação de eventos/campanhas sociais envolvendo as entidades representativas dos nipo-brasileiros, de cunho reivindicatório ou Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, em São Roque de ajuda humanitária. 169


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Combinadas com as atividades cotidianas de difusão da cultura japonesa existem aquelas que extrapolam os limites físicos da entidade e atuam como elementos aglutinadores da comunidade nipo-brasileira. Merece destaque, por exemplo, o Festival de Danças Folclóricas Internacionais que, anualmente, reúne perto de 35 grupos de danças, representando aproximadamente 20 diferentes povos/países. O Festival das Cerejeiras Bunkyos realizado no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, em São Roque, promovido em conjunto com outras entidades nipo-brasileiras, que se constitui numa atração turística de grande envergadura na região. Ao lado disso, temos o Fórum de Integração Bunkyo - FIB que tem sido uma oportunidade para trocas de experiências, transmissão de conhecimentos e fortalecimento da união entre as entidades nipo-brasileiras de várias localidades do país. Destacamos, ainda, o Encontro Bunkyo Rural, que tem sido realizado em parceria com diferentes entidades do interior paulista, tendo como finalidade incentivar o empreendedorismo e a capacitação profissional, promovendo um frutífero relacionamento com os produtores rurais, entidades, professores e pesquisadores universitários, profissionais das mais diversas áreas de atuação e empresas. Além da promoção de inúmeros eventos, o Bunkyo também é responsável pela manutenção de três importantes unidades. Uma delas é o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, que está instalado em quatro andares do edifíciosede e é um dos mais importantes centros de preservação da memória dos imigrantes japoneses do país. Outra é o Pavilhão Japonês, localizado no Parque Ibirapuera, que foi construído em 1954 pelo governo japonês e a comunidade nipo-brasileira e doado à cidade de São Paulo, que comemorava o 4º Centenário de fundação. O local é considerado, atualmente, um dos importantes monumentos do intercâmbio entre BrasilJapão. Há ainda a manutenção do Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, localizado em São Roque, neste Estado, de 23 alqueires, sendo que uma área de 194 mil m², aproximadamente, está coberta de mata atlântica. Neste Centro estão plantados mais de 400 pés de cerejeiras. Contato: Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social - Bunkyo Rua São Joaquim, 381 - Liberdade - São Paulo - SP CEP 01508-900 - tel.: (11) 3208-1755 www.bunkyo.org.br - e-mail: contato@bunkyo.org.br 170


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MISSÃO Através da união de esforços, buscar o aprimoramento técnico e administrativo dos associados na produção de frutas, para conquistar e manter mercados que valorizem produtos de alto padrão de qualidade.

VISÃO Ser reconhecido como empreendimento coletivo de sucesso e dinamismo, através da inovação, produção, profissionalização e comercialização, buscando o desenvolvimento sustentável de seus associados e contribuindo para um mundo melhor.

VALORES Colaboração mútua e participação. Ética e compromentimento aos princípios e normas da APPC. Padronização e valorização da marca Formação de líderes e sucessores Bem estar e satisfação dos consumidores e colaboradores Responsabilidade sócio-ambiental

Av. Antonio Lacerda, 1221 - 18185-000 - Pilar do Sul - SP Tel.15-3278-3589 - appckaki@appckaki.com 171


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ACDPS - ASSOCIAÇÃO CULTURAL E DESPORTIVA DE PILAR DO SUL ESCOLA JAPONESA DE PILAR DO SUL Av. Miguel Petrere 500 - Bairro Campo Grande Pilar do Sul - S.P. CEP18185-000 - 15-3278-3456 172


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CKC foi fundada no ano de 1946 e trabalha como consultora e construtora integral, contribuindo para o melhoramento da infraestrutura especialmente na pesquisa geológica. Somos em 20 filiais no Japão e os trabalhos principais são, entre outros, a pesquisa na geomorfologia do solo, a pesquisa geotécnica e o desenho técnico civil. O departamento de Projetos Internacionais da CKC, atua em parcerias com projetos da JICA onde atualmente já somam mais de 350 projetos em mais de 90 países. Temos também um escritório em São Paulo onde atuamos principalmente no Brasil, mas também atuamos nos países da América do Sul. Alguns dos exemplos de projetos atuais são relacionados à Água "Melhoramento das perdas de água no Estado de São Paulo e também na Quênia, " Reabilitação do Sistema de Abastecimento da Água". Outro projeto está relacionado a Melhoria do Saneamento Básico do Litoral de Santa Catarina e à agricultura "Cultivo de Plantas com BDF no Rio Grande do Norte. Um dos mais recentes projetos na agricultura que atuamos é o projeto subsidiado pelo Ministério da Agricultura Floresta e Pesca do Japão intitulado "Projeto de Intercâmbio e Cooperação para Agricultores Nikkeis da América do Sul" onde atuamos como coordenadores deste projeto (Yoshihiro Omori e Izumi Honda coordenadores na América do Sul e Sra. Nao Iwano coordenadora no Japão) nos quatro países Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai com o Japão.

CKC - CHUO KAIHATSU CORPORATION Japão: 3-13-5, Nishi-waseda, Shinjuku-ku, Tokyo - Tel. 81-3-3207-1711 Brasil: Rua Castro Alves, 527 - São Paulo/SP - Tel. 55-11-3208-9610 173


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A UCES – União Cultural Esportiva Sudoeste nasceu no ano de 1949 por iniciativa do Sr. Kozo Ebina, em Piedade/SP, na época, sua sede. Como associações fundadoras figuram Capão Bonito, Ibiúna, Juquiá, Piedade, Registro, Sorocaba, Tapiraí e Vargem Grande Paulista. Na época, foi uma organização típica da Colônia chamada Nihonjin-kai, sustentado pelo Fujinkai, Seinen-kai e Nihon gakko. Atualmente, com sede provisória em Registro, a UCES conta com 24 associações filiadas da região sudoeste, contribui para a preservação e divulgação da cultura, esporte nipo-brasileiro e, especialmente, o ensino da língua japonesa à futura geração. Durante o ano acontecem vários eventos como: Bon Odori, Undokai, concurso de karaokê, muitas modalidades esportivas (sumô, tênis de mesa, tênis de campo, atletismo, vôlei, gateball, mallet ball, beisebol e voleibol). O campeonato de Wadaiko da UCES revelou campeões brasileiros da região por quatro vezes e representou o Brasil no Japão. Também são realizadas festas e exposições agrícolas como Festa do Caqui Fuyu, Festa da Uva, Festa da Nêspera, Festa do Kasato Maru, Tooro Nagashi, Festa do Sushi e outros, divulgando assim, produtos das cidades. Nesse contexto, o Bunkyo Rural realizado em Pilar do Sul, trouxe novos elementos à atividade, novas tecnologias de produção e escoamento, aumentando a rentabilidade do produtor e, assim, atraindo o interesse de pessoas mais jovens para o meio rural. Parabéns à Comissão Organizadora do Bunkyo Rural e que seja maior e melhor a cada realização. Toshiaki Yamamura Presidente da UCES 174


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O QUE É BUNKYO RURAL?

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Bunkyo Rural é uma das comissões temáticas formadas por associados-voluntários dentro da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social.

O objetivo da comissão Bunkyo Rural é promover o intercâmbio de ideias e conhecimentos entre produtores, profissionais, pesquisadores, estudantes e empresários/fornecedores relacionados à área rural, propiciando a integração entre eles. O principal evento organizado por essa comissão é o Encontro Bunkyo Rural. Os Encontros Bunkyo Rural realizados até agora: - 2009 - Pompéia - 2014 - São Paulo - 2010 - Araçatuba - 2015 - Piracicaba - 2011 - Presidente Prudente - 2016 - Pilar do Sul - 2013 - Mogi das Cruzes Além do Bunkyo Rural, a entidade mantém outra atividade ligada à comunidade agrícola: a promoção do Prêmio Kiyoshi Yamamoto, que visa homenagear as personalidades que contribuiram para o desenvolvimento da agricultura no Brasil. O prêmio Kiyoshi Yamamoto já está na sua 46ª edição. Objetivo do 7º Encontro Bunkyo Rural O 7º Encontro Bunkyo Rural teve por objetivo aprofundar as discussões sobre as mudanças socioculturais e ambientais, que afetam o sistema da produção e abastecimento agrícola no Brasil. O tema escolhido foi a “Fruticultura: Desafios para a Sustentabilidade”, um assunto bastante atual, onde as apresentações de soluções pelos especialistas, e as discussões entre autoridades, técnicos, agricultores e produtores, para auxiliar na melhoria da qualidade de vida do próprio agricultor.

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Comissão Bunkyo Rural 2016 Presidente: Vice-presidente: Vice-presidente:

Tomio Katsuragawa Kiyoji Nakayama Carlos Kendi Fukuhara

Coordenador do 7º Bunkyo Rural:

Celso Norimitsu Mizumoto Nelson Hitoshi Kamitsuji Nobuyoshi Narita Osamu Matsuo Reimei Yoshioka Roberto Yoshihiro Nishio Shinichi Yassunaga Shiro Kondo Shoji Korin Toshio Koketsu Yasuyuki Hirasaki

Membros:

Fábio Maeda Guenji Yamazoe Hiroshi Nozawa Issao Ishimura Katsuyoshi Murata Kazoshi Shiraishi Kenji Kiyohara Mauricio S. Tachibana Mitsutoshi Akimoto Miyoko Shakuda

Editora:

NSP Editora - Jornalista Responsável: Francisco Noriyuki Sato

Informações: www.bunkyorural.com.br Rua São Joaquim, 381 - Liberdade - São Paulo/SP Tel. 11-3208-1755


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Uma competente equipe deu suporte ao evento desde o início

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Tomio Katsuragawa, presidente da Comissão Bunkyo Rural com os engenheiros agrônomos: Sergio Masunaga, prof. Akiyoshi Miyata e Kunio Nagai

Celso Mizumoto, Fábio Maeda, ex-ministro Roberto Rodrigues, Kazoshi Shiraishi e Tomio Katsuragawa.

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Toshiaki Yamamura, presidente da UCES; Kiyoji Nakayama, Secretário Adjunto da Agricultura de Mogi das Cruzes e Vice-Presidente da Comissão Bunkyo Rural, e Shinichi Yassunaga, presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste

Professor Akiyoshi Miyata, convidado da CKC, e Tomio Katsuragawa

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7º Bunkyo Rural

Harumi Goya, presidente do Bunkyo, dirige mensagem na abertura do 7°Bunkyo Rural

Vice-Cônsul do Japão, Takeshi Aihara, parabeniza o evento

Shuji Gocho, presidente da APPC dirige sua mensagem. Ao lado, a prefeita de Pilar do Sul, Janete Pedrina de Carvalho Paes, recebe uma homenagem de Harumi Goya.

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Izumi Honda, representante da CKC, discursa ao lado de Yukichi Abe, presidente da ACD Pilar do Sul


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Palestra Magna do ex-ministro Roberto Rodrigues

Sérgio Masunaga foi o mestre de cerimônias. Ao lado, o ex-ministro recebe livros do Bunkyo e frutas de Pilar do Sul.

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7º Bunkyo Rural

O ex-Ministro Roberto Rodrigues entre o casal Issao Ishimura, e Michinori Konagano

O professor Akiyoshi Miyata do Japão, especialista em citricultura, falou sobre a alteração climática no futuro, sua influência e as variedades que melhor se adaptarão nesse caso.

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7º Bunkyo Rural

Osamu Matsuo, vice-presidente do Bunkyo, e prof. Marcel Bellato Sposito, que deu um panorama da fruticultura nacional

Moderadora e palestrante Maria José Brito Zakia, do IPEF

Prof. Ciro Abbud Righi, da ESALQ, falou sobre a otimização da produção com SAF

Michinori Konagano, presidente da Cooperativa de Tomé-Açu, foi convidado pela CKC

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7º Bunkyo Rural

Michinori Konagano responde a uma pergunta da plateia durante o debate sobre sistemas agroflorestais, tendo ao lado a Maria José Brito Zakia e o prof. Ciro Abbud Righi

Teruco Kamitsuji, vice-presidente do Bunkyo, entrega uma caixa de frutas da APPC ao professor Ciro Abbud Righi

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Maria José Brito Zakia ao lado do coordenador do 7° Bunkyo Rural, Celso Mizumoto


7º Bunkyo Rural

Michinori Konagano recebe o diploma como palestrante do evento das mãos de Roberto Yoshihiro Nishio, presidente da Fundação Kunito Miyasaka

Drone equipado com filmadora utilizada na demonstração do equipamento

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7º Bunkyo Rural

As refeições foram servidas no amplo salão da Associação Cultural de Pilar do Sul

Demonstração de equipamentos do fabricante

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Variedade de pratos preparados pelo fujinkai de Pilar do Sul para o almoรงo

Coffee break do evento na entrada do auditรณrio

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7º Bunkyo Rural

Anacleto Hanashiro e o palestrante prof. Danilo Eduardo Rozane, com Roberto Nishio ao fundo e o eng. Sérgio Masunaga à esquerda.

Prof. Marcelo da Silva Scapin recebe uma caixa de frutas de Izumi Honda, da CKC, com Roberto Nishio à esquerda.

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7º Bunkyo Rural

O moderador Isidoro Yamanaka faz a abertura do painel sobre produção e modernização, ao lado de Bernini, prof. Marcelo Scapin e prof. Aldemir Chaim

Nilton Bernini demonstra o funcionamento do drone. Na segunda foto, Nilton e Shuji Gocho, presidente da APPC

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7º Bunkyo Rural

Prof. Aldemir Chaim, ao lado do eng. Sérgio Masunaga, demonstra o uso do pulverizador eletrostático

Kenji Kiyohara e Murilo Gagliardi Basso, que palestrou sobre a liofilização como alternativa para industrialização de frutas

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7º Bunkyo Rural

Painel sobre tendências na comercialização de frutas: Anita de Souza Dias Gutierrez, Helio Satoshi Watanabe, Mário Nakamura e Hélio Nishimura

Nelson Kamitsuji e Mário Nakamura

Celso Mizumoto e Helio Watanabe

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7Âş Bunkyo Rural

O jantar preparado pelos departamentos de jovens e de senhoras foi um espetĂĄculo Ă parte

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7º Bunkyo Rural

Prof. Akiyoshi Miyata e os ex-bolsistas da JICA de várias épocas: Issao Ishimura, Francisco Sato, Fabio Maeda, Guenji Yamazoe e Kunio Nagai 193


7ยบ Bunkyo Rural

Prof. Akiyoshi Miyata troca ideias com produtor da regiรฃo

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Estudantes de agronomia da Universidade de Sorocaba com Tomio Katsuragawa

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7ยบ Bunkyo Rural

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7ยบ Bunkyo Rural

O produtor Kiyossi Iwai e Shuji Gocho provam atemoia

Os professores Urata e Miyata plantam รกrvore comemorativa em Pilar

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7º Bunkyo Rural

Shuji Gocho discursa no encerramento do 7°Bunkyo Rural em Pilar do Sul, ao lado de membros da comissão organizadora

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