Cotia Seinen - 60 Anos de União

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Cotia Seinen: 60 anos de União

COTIA

SEINEN 60 ANOS DE UNIÃO

1955 ~ 2015

Cotia Seinem Renraku Kyoguikai 1


Cotia Seinen: 60 anos de União

A cerca da publicação da edição em português do livro comemorativo Cotia Seinen é um programa sem precedente, sem similar no mundo, de imigração individual de jovens. Este é um livro comemorativo, que apresenta o seu crescimento e compila os resultados desse programa, no idioma português, para que as futuras gerações possam se orientar olhando as experiências vividas pelas gerações que as antecederam. O objetivo desse grupo era difundir a cultura japonesa dentro da sociedade brasileira e beneficiar o desenvolvimento brasileiro, mas a cultura japonesa está desaparecendo rápido e progressivamente, e então penso que, como hoje não se pode esperar a vinda de novos imigrantes, não há outra forma senão intensificar o intercâmbio interpessoal com o Japão. Só pelo fato de ver e ouvir não temos a transmissão e a instalação da cultura de um outro país. Contudo, acredito que a cultura do outro país é passada por meio de intercâmbio pessoal, do ser humano. Nesse sentido, a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai fez com que 645 estagiários da segunda geração, em nove delegações, visitassem o Japão e, a partir de 2010, fez com que três delegações de estagiários da terceira geração visitassem o Japão, e continua a fazê-lo atualmente. Em setembro de 2015, a Cerimônia de Comemoração dos 60 Anos de Imigração para o Brasil do Cotia Seinen foi celebrada contando com a participação de cerca de 800 pessoas. Depois disso, os Cotia Seinens da primeira geração continuam diminuindo, mas ao pensar que a sucessão da associação de Renraku Kyoguikai seria feita pelas famílias dos muitos Cotia Seinens, que têm atuação na sociedade nipo-brasileira, fico convencido de que o grau de contribuição em relação a sociedade nipo-brasileira será grande. Desta vez, com olhos no futuro, com a colaboração da Fundação Kunito Miyasaka e de muitos outros, conseguimos publicar essa edição em português do livro comemorativo. Não há uma alegria maior do que esse livro se tornar um guia para as próximas gerações. Acredito que, ao ser lido, este livro terá alcançado o seu objetivo. Por fim, gostaria de expressar meu profundo agradecimento ao pessoal da comissão de edição e às pessoas que contribuíram com seus textos.

Susumu Maeda Presidente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai 2


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O Espírito Indomável que é passado para o futuro Caminhando junto Expresso minha sincera satisfação por chegar aos 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen e publicar o livro comemorativo. Sinceramente muito emocionado, reitero o meu profundo sentimento de respeito pelo espírito indomável e pelo esforço incessante dos senhores que emigraram para o Brasil, então um país desconhecido, na busca de um novo mundo no período de reconstrução do pós-guerra, e que, mesmo enfrentando muitas dificuldades, contribuíram muito para o desenvolvimento, é claro, da coletividade nikkei, mas também da região e do país. É muito satisfatório que os descendentes de segunda e de terceira geração, que nasceram e cresceram dentro da história dos 60 anos de imigração do Cotia Seinen tenham herdado o espírito de seus antepassados e estejam atuando em muitas áreas, como econômica e política, não se restringindo a agricultura. Contando mais de 100 anos de história da imigração japonesa para o Brasil e as gerações se diversificando em toda a comunidade nipobrasileira, desejo que os jovens que lideram as novas gerações se destaquem ainda mais. No verão do ano passado, visitei o Brasil como Primeiro Ministro do Japão, o que não acontecia há 10 anos. Na conversa direta com os senhores da comunidade nipo-brasileira, reafirmei a percepção de que a presença da comunidade nipo-brasileira e sua contribuição no Brasil têm recebido alta confiança e avaliação local e que isso tem levado à confiança do Japão como um todo, e está cumprindo um grande papel como a base que sustenta a amizade dos dois países. Além disso, em março, tive a oportunidade de encontrar em Tóquio com os descendentes de japoneses da geração mais nova e pedi a colaboração deles para que se tornem pontes entre o Japão e a América do Sul e Central. 2015 é um ano marcante dos 120 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e Japão. Ponderando sobre a história de confiança que os senhores vieram construindo no Brasil por muitos anos, vamos continuar a nos empenhar para o fortalecimento do laço com os descendentes de japoneses. Para o desenvolvimento da comunidade nipo-brasileira e também para o aprofundamento ainda maior da relação de amizade entre o Brasil e o Japão, expresso meus sinceros votos de boa saúde e de atuação cada vez maior dos senhores. Shinzo Abe Primeiro Ministro do Japão 3


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Mensagem Expresso as minhas sinceras congratulações pela publicação do livro comemorativo dos 60 anos de imigração japonesa da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. O Cotia Seinen teve como projeto a imigração de jovens japoneses ao Brasil. Foi fundado em 1955 e foi encerrado em 1968. Durante esses anos, no total, 2508 pessoas vieram com a grande expectativa na busca de realizar o sonho no Brasil. Esse ano comemoram-se os 60 anos após o início da imigração dos Jovens do Cotia Seinen. Creio que a emoção de todos deve ser imensa ao recordar todos esses anos. Várias dificuldades tiveram que enfrentar ao longo desses anos, grandes transformações da situação agrícola e as intempéries da situação econômica. Principalmente na década de 1990, quando a Cooperativa Agrícola de Cotia e outras empresas e cooperativas nipobrasileiras acabaram encerrando as suas atividades, o incansável esforço de todos os Jovens do Cotia Seinen, que se estabeleceram no Brasil, transformaram as matas virgens em ricas lavouras com o cultivo de maravilhosos produtos agrícolas, contribuindo consideravelmente para o progresso da tecnologia agrícola do Japão e do Brasil. Participando dos programas de estágio oferecidos aos descendentes japoneses de segunda geração, e desde 2010, para a terceira geração, os senhores vêm contribuindo ativamente para a formação de jovens e à promoção do intercâmbio entre o Japão e o Brasil. A participação desses jovens na sociedade brasileira é extremamente importante no processo de seu desenvolvimento e é motivo de grande alegria saber que continuam atuando em prol do progresso do relacionamento entre o Japão e o Brasil. Não podemos esquecer da valiosa presença das esposas e familiares que apoiaram as suas atividades em todos os momentos. Ouvi dizer que cerca de 500 japonesas vieram como noivas-imigrantes. Gostaria de expressar o meu profundo respeito a todas as senhoras, que durante tanto tempo se dedicaram a seus esposos e famílias. Desejo, juntamente com todos os membros do Cotia Seinen, o desenvolvimento contínuo da maior comunidade de descendentes de japoneses do mundo, e que o vínculo dos laços entre o Japão e o Brasil se fortaleça cada vez. Finalizo desejando o sucesso cada vez maior dos Cotia Seinens e reitero a minha homenagem à publicação do livro comemorativo dos 60 anos de imigração japonesa da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. Cônsul-Geral do Japão em São Paulo Takahiro Nakamae 4


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Mensagem para os 60 Anos de Imigração do Cotia Seinen Do navio Kasato Maru, aportado em Santos, em 1908, desembarcou muito mais do que pessoas, mas a esperança de uma gente determinada a vencer. A imigração japonesa no Brasil marcou aos dois povos o início de uma nova era. Com a chegada dos nossos pioneiros, em meio à necessidade das duas nações distintas culturalmente, mas com um desejo equipolente de crescimento, nascia a esperança de um futuro melhor. Quarenta e sete anos depois, no mesmo porto, 109 jovens solteiros do Japão, chegavam ao Brasil, repletos de entusiasmo, para contribuir no desenvolvimento da agricultura. Esse grupo, na época, foi batizado pela comunidade nipo-brasileira como os Cotia Seinen . Particularmente, tenho orgulho do Cotia Seinen, pois dentre esses bravos homens que para cá vieram estava o meu pai, o senhor Migaku Iihoshi. Ser filho deste grupo foi fundamental para que a minha família se estabelecesse no Brasil e pudesse, com valores da cultura japonesa e com muito trabalho e suor, contribuir para a nossa formação e crescimento. O projeto Cotia Seinen marca a história do Brasil pelos relevantes trabalhos aqui feitos, e pelos seus romances literários cá escritos que narram episódios de amor, luta e superação. Hoje, é possível ver que o objetivo do projeto Cotia Seinen, determinado na chegada desses jovens, funcionou. A fertilidade do solo no cultivo das mais variadas culturas agrícolas no interior do estado de São Paulo comprovam o êxito. Celebrar os 60 anos do Cotia Seinen é agradecer pela união e o sentimento fraternal arraigados no seio deste projeto, quais solidificaram o grupo e o fez vencer inúmeros obstáculos e preservar até a contemporaneidade os valores ensinados pelos nossos ancestrais. Walter lhoshi Deputado Federal

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Congratulações pela Cerimônia Comemorativa dos 60 Anos de Imigração do Cotia Seinen Expressamos a nossa felicitação de coração por ter chegado ao ano marcante dos 60 anos de imigração do Cotia Seinen. A partir de 1955, por 12 anos, mais de 2500 jovens de diversos vilarejos agrícolas do Japão atravessaram o Oceano Pacífico, inflamados por sonhos e esperanças e deram o primeiro passo na terra brasileira. Desde então, os senhores Cotia Seinens superaram muitas dificuldades, contribuíram enormemente não só na agricultura, mas também em vastos setores da economia e da sociedade, e construíram as bases para o desenvolvimento atual, de modo que expressamos nosso profundo respeito por isso e enviamos essa mensagem regozijando junto com senhores pelos 60 anos de imigração. A Associação Ie no Hikari tinha um profundo relacionamento com a Cooperativa Agrícola de Cotia, que se empenhou na imigração do Cotia Seinen e possui uma longa história de intercâmbio. Isso começou com o pessoal da Cooperativa Agrícola de Cotia, que compadecido com a cena trágica depois da derrota do Japão na guerra do Pacífico, contribuiu com doação de dinheiro para a reconstrução do país de origem. A Associação Ie no Hikari foi incumbido da guarda e administração desse dinheiro doado, que foi utilizado no fomento e no desenvolvimento de vilarejos rurais. A Associação Ie no Hikari estabeleceu o "Prêmio de Incentivo Cooperativa Agrícola de Cotia" tendo essa doação como fundo e tem premiado cooperativas agrícolas com o "Prêmio Cultural Ie no Hikari" para homenagear as cooperativas agrícolas excelentes na administração de negócios e em atividades educacionais, e os formados com excelência no "master course" de administração da JA, de funcionários das cooperativas agrícolas. Esse prêmio continua até agora como "Prêmio Comemorativo da Cooperativa Agrícola de Cotia" após a dissolução da Cooperativa Agrícola de Cotia - Cooperativa Central, em 1994. Além disso, na revista familiar "Ie no Hikari", editada pela Associação Ie no Hikari, é publicado, sempre que possível, o quadro geral das delegações de visita ao Japão de familiares de primeira ou de segunda geração que tem nos visitado. E, este ano, que se completam 90 anos da primeira edição de "Ie no Hikari", como projeto comemorativo, publicamos a reportagem que fizemos no Brasil, com a colaboração da Cotia Seinem Renraku Kyouguikai. E ainda, nas oportunidades de visita ao Japão das segundas e terceiras gerações do Cotia Seinen para o estágio, estamos aumentando as oportunidades de intercâmbio, convidando para visitar a Associação Ie no Hikari. Gostaríamos, diante desse histórico, aprofundar ainda mais o relacionamento com a sua associação e poder contribuir também para a amizade entre Brasil e Japão. Agradecemos pela boa relação amistosa até agora e, ao mesmo tempo, desejamos a saúde e atuação do pessoal do Cotia Seinen e o desenvolvimento cada vez maior da Cotia Seinem Renraku Kyouguikai. 20 de setembro de 2015 Ippan Shadan Hojin Ie no Hikari Kyokai Presidente representativo Kazuo Kimura 6


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ÍNDICE Capítulo 1 Resumo dos fatos Reflexão ao chegar aos 60 anos - Shizuka Niidome ................................................... 12 A introdução e as condições gerais - Fumio Murakami ............................................... 20 O significado da Imigração do Cotia Seinen - Shizuka Niidome ..................................... 22 Anotação que expressa o sentimento de seinen .................................................... 26 Revendo a capacidade de organização dos imigrantes de Cotia Seinen - Susumu Miyao ....... 27 Passaram-se 25 Anos - Umaji Nishida ................................................................... 39 A Família Imperial e o Cotia Seinen, Laço Eterno ..................................................... 47 Apresentação de filiais - Shizuka Niidome ............................................................. 52 Piedade, Sudoeste do Estado de São Paulo - Preservando as atividades de amizade .......... 117 Os líderes que formaram e incentivaram os Cotia Seinen Lembranças do sr. Kenkiti Simomoto - Kei Kuroki .................................................... 122 Sobre o sr. Hiroshi Yamanaka - Hideyo Isewaki ....................................................... 123 Sr. Yamanaka, o chefe teimoso - Shizuka Niidome ................................................... 125 Sra.Kiku Yamanaka, no descanso eterno ............................................................... 128 Atividades e eventos Eventos patrocinados pela Cotia Seinem Renraku Kyoguikai - Masahiro Seo .................... 129 Quantidade de Cotia Seinen introduzidos no Brasil .................................................. 132 Presidentes da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai ..................................................... 134 Relatório da pesquisa sobre a situação atual ......................................................... 135 Capítulo 2 O longo caminho percorrido 20 anos de casamento - Miwako Yoshiizumi ........................................................... 146 A carta que chegou do Brasil - Terumi Nishio ......................................................... 147 Ao sr. pássaro azul de Mytyl e Tytyl - Misako Kuroki ................................................. 150 Pichação - Shuji Sato ...................................................................................... 152 Com certeza, o inverno passará e chegará a primavera - Hachiro Nagayama ................... 153 Meu tesouro do coração - Elise Kazuko Sato Okino .................................................. 155 Como é ser casada com um Cotia Seinen - Rita Natuko Izuno ..................................... 156 O que penso no 51°ano de imigração das noivas - Kei Kuroki ...................................... 157 O caminho que eu percorri - Naomi Kato .............................................................. 159 Caminhando para a frente perseguindo um sonho - Kayoko Kusajima ............................ 161 Ficar sem o que fazer - Ryoko Shirahata .............................................................. 163 Sentindo a razão de viver nas atividades do departamento de senhoras - Toyoko Tamakoshi 164 Do serviço das Forças de Autodefesa do Japão para o Brasil - Inaki Okino ...................... 165 Época de esforço, época de progresso 20 anos no cultivo de flores - Setsuo Yamaguti ....................................................... 170 O caminho para ser dono da fazenda - Mitsuyoshi Tsuji ............................................. 175 7


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Refletindo um pouco sobre a vida até agora - Yoko Seo ............................................ 180 Participando da 2ª Delegação de Visita ao Japão do Cotia Seinen - Mitsunobu Yamada ....... 182 Desenvolvimento de novas áreas Desenvolvimento do cerrado e Cotia Seinen - Masahiro Seo ....................................... 184 Desenvolvimento do cerrado no distrito de Pirapora - Yoshitake Shiraishi ....................... 185 Duas decisões - São Joaquim - Takeshi Hosoi ......................................................... 186 Capítulo 3 Os descendentes de Cotia Seinen A influência do ensino e da educação dos pais - Hiroyuki Ashikawa .............................. 190 Estagiária Agrícola Feminina enviada para o Japão, o que gerou? ................................ 191 Filha de Cotia Seinen e da noiva imigrante - Mari Shishido ........................................ 194 Pensando nos pais - Cecília Tomie Ishida .............................................................. 198 Viva papai e mamãe - Misao Shirahata ................................................................. 199 Apego e Autoconfiança em Relação ao Japão, como Filhos Brasileiros que se Sentiram Estimulados - Mitsunobu Yamada ............................. 200 Debate entre os filhos de Cotia Seinen ................................................................ 205 Segunda geração de Cotia Seinen - Hideyo Isewaki .................................................. 221 Visita ao Japão dos Estagiários de Terceira Geração Primeira visita - 2010 - Shinichi Hatori ............................................................... 223 - Sobre a primeira visita dos estagiários - Miyoko Shakuda ....................................... 224 Segunda visita - 2012 - Makoto Shirahata ............................................................ 225 - Experiência singular - Renan Yassunori Koike ..................................................... 227 - Atualização de mais de meio século em 25 dias - Shiguekazu Karasawa ...................... 228 - Na terra dos meus antepassados - Ruriko Kuroki Imanisi ........................................ 233 - Filha, obrigada! - Katsuyo Kadowaki ................................................................ 235 Terceira Visita - 2014 - Kozo Sato ..................................................................... 236 - Anna Carolina Miho Resende Sato ................................................................... 240 - Anderson Yudi Ishikawa ............................................................................... 241 - Audrei Himika Hagio Shakuda ........................................................................ 242 - Augusto Takashi Fujimaki ............................................................................ 243 - Bruno Makoto Sawada ................................................................................. 243 - Carolina Mae Tsunetomi Hatanaka .................................................................. 244 - Diana Miki Tsunetomi .................................................................................. 245 - Eunyce Setsumi Hagio Shakuda ...................................................................... 245 - Gabriel Takaki Resende Sato ......................................................................... 247 - Katia Miwa Nagao ...................................................................................... 248 - Leo Koji Takahara ...................................................................................... 249 - Luciana Kanno .......................................................................................... 250 - Maisa Ogasawara ....................................................................................... 250 - Victória Silveira Novaes ............................................................................... 253

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Capitulo 4 Participação e cooperação em relação a região Movimento para proteção ambiental e o Departamento de Jovens - Hachiro Nagayama ..... 256 Cotia Seinen e Adesc - Miwako Yoshiizumi ............................................................. 258 Atividades da nossa entidade Visitas regionais ao Cotia Seinen - Shizuka Niidome ................................................. 259 Plantio de árvores Prospecto da preparação de terreno para a floresta de Cotia Seinen ............................ 273 Floresta de Cotia Seinen para a próxima geração ................................................... 274 Segunda floresta do Cotia Seinen - Tetsuhiro Hirose ................................................ 276 Plantio de cerejeiras comemorativas do 60° aniversário ........................................... 277 Esportes Participação ativa também na área esportiva ........................................................ 278 Esporte, passatempo e lazer ............................................................................ 278 Notícias relacionadas ao esporte depois dos 50 anos - Tetsuhiro Hirose ......................... 281 Conselhos, incentivos e agradecimentos de terceiros em relação ao Cotia Seinen Sr. Ueno e Cotia Seinen - Tetsuya Tajiri ................................................................ 284 O verdadeiro valor aqui - Sunao Ito .................................................................... 286 Cooperação e desenvolvimento por meio da Cooperativa - Saburo Fujita ....................... 287 Mesmo que a Cooperativa acabe, que o Cotia Seinen seja indestrutível - Keyro Simomoto .. 288 Enraizando no solo - Sunao Ito .......................................................................... 289 Recordações do Cotia Seinen da época de Bragança Paulista - Toshio Shimura ................. 291 Sobre as noivas dos Cotia Seinens - Maria Katsuko Takahara ....................................... 292 Mesas redondas Mesa redonda com as esposas Chegando aos 20 anos de Cotia Seinen ........................ 295 Mesa redonda com as esposas que se tornaram centro dos lares .................................. 301 Outros assuntos Sobre o boletim da Renraku Kyoguikai ................................................................. 322 Sobre o livro de registro dos óbitos - Akira Kamamata .............................................. 323 Livro de registro dos óbitos .............................................................................. 326 Comemoração do Kanreki e do Koki Iwai dos Cotia Seinens - Masahiro Seo ..................... 337 O futuro da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai - Miyoko Shakuda ................................... 338 Explicações sobre a capa do livro ....................................................................... 339 Sobre o logotipo da Cotia Seinem ...................................................................... 340 Palavras finais - Comissão de Edição do Livro Comemorativo ...................................... 341 Fotos da cerimônia comemorativa dos 60 anos do Cotia Seinen ................................... 345

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Capítulo 1 RESUMO DOS FATOS

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Reflexão ao chegar aos 60 anos

Shizuka Niidome (16ª leva da 1ª fase, de Kagoshima)

Retrospectiva e síntese dos 5 anos após os 55 anos Em 1955, logo após o final da guerra, se iniciou a imigração por contrato individual do Cotia Seinen, que chamou a atenção do Brasil e do Japão. Passados 60 anos desde a chegada do primeiro grupo ao Brasil, os belos jovens de então estão chegando à idade avançada em que se sente na reta final da vida. Apesar disso, há entre eles os que ainda ignoram a velhice e estão se empenhando na linha de frente dos negócios, sendo absolutamente promissores e encorajadores. Contudo, chegamos até aqui, vivendo tranquilamente, tendo construído a base da vida atual, superando as dificuldades uma por uma, com dedicação e diligência, e sem se importar com os problemas, que no início da imigração nem eram previstas. Isso aconteceu graças à sociedade brasileira que nos acolheu e pelas ajudas e orientações gentis das pessoas relacionadas à imigração e à Cooperativa Agrícola de Cotia e, principalmente, aos patrões veteranos. Ao chegar ao marco dos 60 anos, gostaria de expressar de coração o mais profundo sentimento de gratidão. Há algum tempo, na Kyoguikai está sendo desenvolvido alguns empreendimentos inovadores. Em primeiro lugar, a Delegação de Estagiários Descendentes da Terceira Geração do Cotia Seinen em Visita ao Japão, que foi enviado em dezembro de 2010, retornou ao Brasil em janeiro do ano seguinte. A Kyoguikai enviou, de 1979 até 1996, em nove edições da Delegação de Estagiários da Segunda Geração, 646 pessoas. Isso foi feito com o desejo de os 12

descendentes de segunda geração, muito sensíveis na fase de crescimento, visitassem o Japão, que é a terra natal dos pais. Para que entrassem em contato com as raízes dos pais, por meio da vivência do final e do começo do ano e tivessem contato direto com a cultura e a indústria japonesa, ampliando o conhecimento e ainda despertando a consciência de serem descendentes de japoneses para ajudar na formação humana. Esses descendentes da segunda geração, de fato, estão atuando como espinha dorsal em amplas áreas na sociedade brasileira. Assim, em 2010, ao chegar a 55 anos de imigração, como parte das atividades comemorativas, para dar oportunidade de visita ao Japão aos descendentes da terceira geração, que são da geração dos netos, foram enviadas 31 pessoas na primeira delegação no período de 27 de dezembro de 2010 a 22 de janeiro de 2011, no total de 28 dias. A segunda delegação foi implementada de 26 de dezembro de 2012 a 22 de janeiro de 2013, durante 28 dias, com a participação de 36 pessoas e a terceira, de 27 de dezembro de 2014 a 20 de janeiro de 2015, durante 25 dias, com a participação de 17 pessoas. Há a impressão de que o número de participantes seja um pouco reduzido, mas do ponto de vista da sua importância na formação de sucessores e de recursos humanos, é uma atividade muito significativa e não há nada que supere o fato de ter se tornado realidade. Além disso, a implementação em 2016 também está definida e o preparativo para o recrutamento já foi iniciado. Assim como foi com as


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Delegações de Estágio de Descendentes da Segunda Geração de Visita ao Japão, desta feita, as Delegações da Terceira Geração também visitaram todas as vezes o Palácio Togu, e a 3ª Delegação da Terceira Geração foi honrada com a audiência com o Príncipe Herdeiro por cerca de uma hora, e cada um dos membros da delegação recebeu palavras gentis de Sua Alteza mediados por um intérprete. Esse fato, que lhes causou certamente uma forte impressão, não será esquecido durante a vida inteira. Gostaria que esse tipo de empreendimento promissor fosse, na medida do possível, continuado sem cessar. Sobre outras atividades de destaque em andamentos de na Kyoguikai 1. Eleição da diretoria - 20 de fevereiro de 2011, na Assembleia Geral Ordinária, devido a expiração do mandato, o presidente Shizuka Niidome e sua diretoria deixaram os cargos e foram eleitos o presidente Makoto Shirahata e sua diretoria; - 17 de fevereiro de 2013, na Assembleia Geral Ordinária, devido a expiração do mandato, o presidente Makoto Shirahata e sua diretoria deixaram os cargos e foram eleitos o presidente Shigeyuki Murata e sua diretoria; - 16 de fevereiro de 2014, o presidente Shigeyuki Murata, por problemas pessoais, renunciou ao cargo e na Assembleia Geral Ordinária foi eleito o presidente Susumu Maeda. (somente o presidente) - 8 de fevereiro de 2015, na Assembleia Geral Ordinária foi aprovada a conituidade no cargo do presidente Susumu Maeda. 2. Sobre diversos eventos de praxe - Em cada região (filial), shinnenkai (festa do ano novo) e bonenkai (festa do final do ano) Área de Vargem Grande Área Central Ampla Área de Piedade

Área de Campinas/Jundiaí Área de Ibiúna Área de Sudoeste de São Paulo Área de Santo Amaro Área de Brasília Nos eventos destas áreas, na medida do possível, os diretores da sede central também participaram empenhando-se no intercâmbio da amizade. - 22 de novembro de 2011, no bonenkai promovido pela sede central realizado no Orquidário Haga em Itapeti, participaram 125 pessoas que aprofundaram a amizade. - 18 de dezembro de 2013, na Fazenda Nagayama (cidade de Quadra, vizinha a Tatuí) foi realizado bonenkai com 100 participantes que aprofundaram a amizade. - 3 de dezembro de 2014, no Buffet Amami (cidade de Vargem Grande) foi realizado o bonenkai com a participação de 110 pessoas que aprofundaram a amizade. - Torneio Amistoso de Mallet Golf. Tem sido realizado todas as vezes com a participação de cerca de 160 pessoas, que tem estreitado a amizade. - Torneiro Amistoso de Park Golf. Começou a ser realizado a partir de 2013, com participação de cerca de 100 pessoas, que tem estreitado a amizade. - Torneio de Amizade de Golf. Com 161 edições (contagem de 2014) é o mais duradouro dos torneios esportivos da comunidade japonesa e gostaria de parabenizar os membros encarregados da organização. - Celebração Conjunta de Koki (70 anos) Kiju (77 anos) e Sanju (80 anos). Os Cotia Seinens estão envelhecendo, e em 2014 havia 34 pessoas de Koki, 116 de Kiju e 63 de Sanju, mas estes devem aproveitar bem o tempo disponível e se empenhar na manutenção da saúde por meio de passatempos e esportes para levar uma vida cada vez mais saudável e abundante. - Palestras. Foram realizadas convidando como palestrantes parlamentares da colônia, profes13


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sores famosos e colegas, obtendo boa aceitação. - Culto coletivo aos mortos da Cooperativa Agrícola de Cotia. Em conjunto, a família Simomoto, a Kyuyukai (Associação de Velhos Amigos) e a Kyoguikai realizam em igreja católica um culto para em homenagem aos falecidos e rezar pela alma dos mesmos. - Festa da Cerejeira no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku. Desde 2013, com o intuito de apresentar a cultura alimentar japonesa, teve início a nova atividade de mochitsuki (feitura de bolinho de arroz no pilão), principalmente com a colaboração dos descendentes de segunda e de terceira gerações, obtendo grande aceitação. - Festival do Japão. Realiza exposição e venda de produtos agrícolas (verduras, frutas, flores e plantas ornamentais) e todas as vezes doa uma parte do total da venda para entidades beneficentes da colônia, o que tem agradado as mesmas. - Publicação de boletim informativo. Tem sido publicado quatro vezes ao ano comunicando as atividades da Kyoguikai e seus associados, 3. Outros eventos de destaque e assuntos especiais - Viagens de pesca de amigos. Há muitos companheiros que são pescadores amadores e saem em grupos para Cananéia e Iguape para divertir com a pesca - Viagens com amigos. Divertir-se com visita de observação a área de produção de maçã no Estado de Santa Catarina e com turismo a Catarata do Iguaçu. - Cooperação na doação de dinheiro ao Grande Desastre Sísmico do Leste do Japão. Expressando o pesar em relação às vítimas do grande desastre sísmico sem precedente, que atingiu o Nordeste do Japão, a Renraku Kyoguikai enviou doação de R$ 30.000,00, no dia 23 de março, além de dinheiro de colaborações beneficentes individuais totalizando R$ 3.400,00 (dia 14

5 de agosto), por meio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social. - Dia 22 de junho de 2012, realizou visita de solidariedade à Casa de Reabilitação Social em Santos Kosei Home e turismo nos arredores. - No dia 12 de novembro do mesmo ano recebeu o prêmio Nikkei Bungaku Sho da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, pelo texto enfocando as imigrantes noivas no Livro Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen Caminho que percorri com a esposa . - No dia 17 de outubro de 2013, foi realizada no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, a Festa de Boas Vindas ao Cônsul Geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima, que plantou muda de ipê amarelo ao lado da muda do saudoso ex-Cônsul Geral Kazuaki Obe e sua esposa Eiko. - No dia 13 de junho de 2013, foi realizada a visita de solidariedade a Ipelândia Home e reunião de confraternização na região. - No dia 19 de julho de 2013, na Cerimônia de Comemoração dos 60 Anos da Imigração do Pósguerra, 36 organizações foram escolhidas e receberam o reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A nossa Kyoguikai também recebeu reconhecimento pela grande contribuição, principalmente no setor da agricultura, em diversas áreas, pelos nossos companheiros mais antigos e pelo pioneirismo no desenvolvimento do Cerrado. - De 2 a 6 de junho de 2014, foi implementada a viagem de confraternização pelos lados de Brasília. No dia 3, o grupo recebeu convite especial do Embaixador do Japão no Brasil, Kunio Umeda, para sua residência oficial, onde foi recepcionado pelo casal e honrado com comida japonesa de alta classe, fazendo foto comemorativa após a refeição. O presidente Maeda, aproveitando rapidamente a oportunidade, convidou o embaixador para a Comemoração dos 60 anos que se aproximava e solicitou para que aceitasse ser o presidente de honra


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da cerimônia, sendo muito gratificante o fato de o embaixador ter concordado. 4. Os premiados dignos de destaque - Prêmio Paulista de Esporte Em 2012, Toshio Kobayashi (1ª leva da 1ª fase) na categoria de Park Golf No mesmo ano, Tomiko Kobayashi na categoria Park Golf Em 2013, Shoji Masaki (3ª leva da 1ª fase) na categoria Park Golf No mesmo ano, Koichi Nakazawa (21ª leva da 2ª fase) na categoria Futebol Em 2014, Tsukasa Nekotsuka (21ª leva da 2ª fase) categoria Sumo - Prêmio Literário Takemoto Em 2013, Akira Kamamata (29ª leva da 2ª fase) Em 2013, Toyoji Suganuma (8ª leva da 2ª fase) Em 2015, Akira Kamamata (29ª leva da 2ª fase) - Prêmio de obra estrangeira do Zenkoku Haiku Taikai de 2014 Hitoe Inoue (esposa do sr. Shiguenori Inoue, 10ª leva da 2ª fase) - Em junho de 2011, Kei Kuroki (1ª leva da 1ª fase) e esposa Misako recebem o Prêmio de Reconhecimento da Câmara Municipal de São Roque em Comemoração da Semana Japonesa - Em dezembro de 2013, Kiyotoshi Shirahama (6ª leva da 2ª fase) recebe a comenda do Estado de Minas Gerais pela contribuição na difusão de técnica agrícola na região. - De 11 a 23 de setembro de 2014, no 18º Campeonato Asiático de Atletismo de Veteranos e no 35º Campeonato Japonês de Masters realizados na cidade de Kitakami, na Província de Iwate, a sra. Ryoko Shirahata (esposa do sr. Makoto Shirahata, 6ª leva da 2ª fase) conquistou 4 medalhas de ouro (em 2 campeonatos) em 80 m com barreira e 200 m com barreira. 5. Eleição de descendente de segunda geração do Cotia Seinen como Deputado Federal Sr. Walter Shinji Ihoshi, filho do falecido sr. Migaku Ihoshi (3ª leva da 1ª fase), foi reeleito

na eleição de 5 de outubro de 2014 e sua atuação no mundo político central está sendo cada vez mais esperada, naturalmente, como representante da comunidade nikkei, mas também como representante do povo brasileiro. Por outro lado, gostaríamos que ele atuasse demonstrando liderança também como presidente da associação de descendentes de japoneses. Além disso, gostaríamos de torcer para que surja mais um outro político, como o sr. Ihoshi, no futuro. Assim sendo, é verdadeiramente um motivo de orgulho e satisfação o fato de aparecerem sucessivamente pessoas que recebem reconhecimento em todas as áreas a começar pela agricultura, passando pela política, literatura, esporte e também na área social, sendo brilhantemente premiados. Esperamos que o número cresça cada vez mais no futuro. Recentemente, dizem muitas vezes que a idade média dos Cotia Seinens é de 79 a 80 anos, mas é realidade que já estão no rol dos idosos e, de janeiro de 2011 a novembro de 2014, em quatro anos, só aqueles que a Kyoguikai conseguiu captar, os companheiros que faleceram são 204 pessoas (das quais quatro eram esposas), sendo na idade média de 75,41 anos, muitas com morte prematura. Quase todos tiveram como causa de morte uma doença (1 morte por acidente de trânsito e 2 por ferimento). O fato de estar bem distante da média de longevidade do Japão, talvez esteja sendo muito influenciado por trabalho pesado e hábito alimentar forçado no início da vida independente. Daqui em diante, na medida do possível, gostaria que fizessem passatempos, praticassem esporte com moderação e procurem tornar a vida mais saudável para aproveitar bem o resto da vida. Não se pode evitar a diminuição do número de 15


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companheiros com o passar do tempo, mas nos últimos cinco anos, sem dúvida, os eventos de praxe citados e outros foram todos realizados sem contratempo e com muitos colaboradores e participantes. Conseguimos resultados consideráveis, mas ao pensar nos próximos cinco anos, não podemos deixar de sentir certa apreensão. Contudo, ao acabar os 60 anos, chegaremos obviamente aos 65 anos, e entram no campo de visão e os Cotia Seinens, que diziam em outras épocas: mesmo que seja o último soldado... . Valendo-se dos laços como irmãos, que comeram da mesma panela, é quase sem erro que vão começar a se mexer para a realização da Cerimônia de Comemoração dos 65 anos. Avante. Vão em frente, Cotia Seinens! Isto e aquilo das noivas imigrantes A Cooperativa Agrícola de Cotia e a Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai do Japão, na época anterior ao acordo de retomada de imigração entre o Brasil e o Japão, obtiveram do governo federal uma oportunidade de imigração, com o diretor superintendente Kenkiti Simomoto, da Cooperativa Agrícola de Cotia, como responsável pelo acolhimento dos imigrantes, e com o presidente Yasushi Hasumi, da Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai, como responsável pelo envio do lado japonês. Assim, eles desbravaram o caminho para fazer imigrar para o Brasil os jovens solteiros de 18 a 25 anos, segundo ou terceiro filho de associados da cooperativa, indicados pela cooperativa local de todo do Japão. De 1995 a 1967 imigraram 2508 jovens, que foram acolhidos como membros de família de cooperados da Cooperativa Agrícola de Cotia. Dormindo e tomando refeição junto com essa família, durante quatro anos do contrato de trabalho, e dedicandose à agricultura, se acostumaram à vida no Brasil, acumularam experiência e, terminado o 16

contrato, um após o outro, os jovens começaram seu empreendimento próprio e independente. Na imigração de jovens solteiros, era esperado desde o início que, mais cedo ou mais tarde, iria surgir o problema para arranjar cônjuge e, não tendo razão para esperar que todas fossem arrumadas no local (nisseis, sanseis e brasileiras não descendentes). Obviamente, a atenção foi voltada para o Japão. Junto com a independência, para realizar a nova vida, o problema do casamento era algo que não poderia ser ignorado e estava se tornando uma questão séria que exigia solução urgente. Então, os jovens realizaram no 7º ano da chegada no Brasil, no dia 15 de agosto de 1962, o 1º Encontro de Cotia Seinen e, na frente da cooperativa, das pessoas envolvidas na imigração, e mais do presidente Hasumi da Zenkoku


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Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai e do vice-presidente Koji Miyagi da Kokusai Noyukai, foi solicitado esclarecimento sobre a expansão ultramarina de filhos japoneses e incentivo e meios para intermediar candidatas para a noiva imigrante. Para levar adiante com mais firmeza, enviamos nós mesmos dois representantes ao Japão, Setsuo Yamaguti (2ª leva da 1ª fase, da província de Nagano , falecido no dia 9 de abril de 2005) e Takeshi Kiyohashi (2ª leva da 1ª fase, da província de Akita) em 29 de março de 1963, comunicando detalhadamente a situação a Rusu Kazokukai e órgãos relacionados a imigração e rodando por todo o Japão, esclarecendo as candidatas em potencial a noiva imigrante. O fato foi alvo da mídia, que divulgou esplendidamente, com repercussão inesperada, afluindo noivas imigrantes para alegria de todos. O envio de representante do Cotia Seinen foi posteriormente sistematizado pela Zentakuren e até agora a atividade foi continuada com envio de 30 representantes Cotia Seinen.

Aconselhamento Matrimonial no departamento de colonização, e foi empossada a sra. Noriko B. Koseki como a primeira educadora descendente de japoneses no cargo de conselheira pessoal. E por outro lado, na Zentakuren (JATAK, que teve o trabalho transferido posteriormente da Zenchu-Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai) foi instalado o guichê de atendimento matrimonial e, ao mesmo tempo, iniciou-se o envio do conselheiro matrimonial para o Japão, sendo que a partir de 1966 até 1979 foram enviados 15 conselheiros, que responderam a consulta das noivas imigrantes do Japão e explicaram sobre a situação do Brasil. Dizem que na época havia cerca de 600 Cotia Seinens solteiros na idade adequada para o casamento e destes mais de 400 desejavam se casar com Yamato Nadeshiko . Assim, desejando resolver de qualquer forma essa questão importante, em abril de 1965,

A imigração de noivas começou e em abril de 1959, quando só os primeiros imigrantes de Cotia Seinen começavam a se tornar independentes. A 1ª leva de 12 noivas imigrantes do Sul chegou ao Brasil oferecendo a notícia alegre, obviamente para os Cotia Seinens, mas também para a comunidade japonesa. Com isso, os Cotia Seinens foram se interessando ainda mais na questão das noivas. Entre as 12 noivas, havia aquelas que já se relacionavam com o Cotia Seinen quando ele ainda estava no Japão e aquelas que, pelos esforços dos pais e irmãos, foram apresentadas, trocaram fotos e cartas e resolveram se casar. Por um lado, na Cooperativa Agrícola de Cotia, recebendo a solicitação dos Cotia Seinens, em março de 1963, instalou a Sala de 17


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foram enviadas para o Japão Yumiko Hibino (esposa do falecido sr, Katsuhiko) e Masako Jisaka (esposa do falecido sr. Mitsuo), as quais têm experiência como representantes de noivas imigrantes. Informando sobre a situação real dos jovens imigrantes e das noivas imigrantes, desenvolveram o movimento de esclarecimento sobre noivas imigrantes. E ainda, no dia 6 de abril, conduzidas pelo presidente Mamoru Hirakawa da Zentakuren, as duas visitaram a Princesa Michiko (atual imperatriz) no Palácio Togu e, recebendo a honra de ter audiência com a sua alteza imperial, isso foi enormemente divulgado na mídia provocando uma grande repercussão. O jornal Asahi Shimbun informou que afluíram de todo o Japão pretendentes a noiva imigrante do Sul e seu número chegava a 1500 e, com isso, a conselheira sra. Seki ficou muito atarefada. Por volta dessa época, o meu tratamento para intoxicação por agrotóxico na Santa Casa terminou e estava ajudando no serviço do de-

partamento de imigração, mas como havia risco de recaída e houve oferta de se tornar funcionário desse departamento, abandonei a agricultura e me tornei funcionário. Os principais serviços eram o atendimento aos visitantes, que vinham no departamento de imigração, responder a consulta, trâmites para trazer as noivas, recepção no Porto de Santos, dados pessoais dos jovens que pretendiam se casar, pesquisa de campo, feitura de foto, visita aos jovens adoentados, etc., o que tornava os dias bastante atarefados. Em comunidades em que havia muitos jovens com intenção de se casarem, ia com a sra. Koseki e elaborava os dados pessoas, fazia fotos para miai (encontro arranjado para homem e mulher que pretendem se casar). Como as fotos eram quase todas tiradas por mim, que era fotógrafo amador, refletindo agora fico penalizado por ter feito isso. Fazia pesquisa e foto do local dos jovens no início da fase de independência. Do lado japonês, também da mesma forma, eram elaborados dados pessoais das pretendentes à noiva imigrante. Os dados dos jovens eram enviados do Brasil para o Japão e os das jovens eram enviados do Japão para o Brasil, sendo que de ambos os lados os relatórios e as fotos eram vistos. Assim, se estivessem de acordo começavam a trocar correspondência e, avançando mais, os pais e os irmãos de ambos no Japão começavam a se relacionar e, após conferir mutuamente, resolvem casar-se, fazendo koseki (registro civil) no Japão do lado do noivo. Ouve-se muito que houve noivas que imigraram depois ter feito grande festa de casamento sem a presença do noivo, mas convidando os pais e os irmãos, parentes, amigos e conhecidos de ambos os lados. Assim que foi feito o registro civil, este era

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enviado para o noivo no Brasil. Levando isso, o noivo e eu dirigíamos ao cartório perto da Praça da Sé e fazíamos os trâmites de contrato para fazer vir a noiva, enviando depois para o Japão, onde eram feitos os trâmites para a imigração e, embarcando no navio de imigração que chegava ao Porto de Santos, as noivas davam os primeiros passos no Brasil. Quase todas se casaram desta maneira. As imigrações das noivas começaram assim e iniciavam novas vidas no Brasil, mas é preciso reconhecer que houve, ainda que poucas, noivas infortunas que, logo depois da chegada ao Brasil, não aguentaram as dificuldades da vida acima do imaginado e os duros trabalhos agrícolas, e ficaram decepcionadas. Essas foram levadas a se separar do marido, voltando para o Japão ou mudando de parceiro, ou decepcionadas e, não aguentando a neurose e a saudade da terra natal, buscaram a morte. Há também aquelas que morreram jovem ou que perderam o marido cedo. Então, a sra. Koseki, que era conselheira, visitava frequentemente os lares das noivas recémchegadas, que poderiam ter problemas e não poupando ajuda, dava conselhos sobre a vida e a educação dos filhos. Quando os filhos delas nasciam, visitava levando presentes. Deste modo, em paralelo com a independência dos Cotia Seinens, a questão do cônjuge, com o cordial apoio e a colaboração das pessoas envolvidas, foi aos poucos resolvida, com a chegada ao Brasil de cerca de 500 noivas e, por outro lado, houve aqueles que se casaram com filhas do patrão, ou com moças descendentes de japoneses do local e alguns poucos com as moças brasileiras não-descendentes de japoneses.

pondo as muitas dificuldades que surgiam a sua frente com esperança e paixão. Tendo orgulho do caminho escolhido por elas, e apoiando seus respectivos maridos em qualquer situação, criaram de forma magnífica os filhos, dando-lhes oportunidade de alta escolaridade e atualmente, estes filhos estão atuando no centro de todas as áreas da sociedade brasileira e ajudando no desenvolvimento do Brasil, o que é um fato realmente satisfatório. Atualmente, quase todas as noivas estão envelhecendo, mas graças a Deus estão em boa situação econômica e estão chegando à velhice abastada e estável. Na pesquisa por questionário sobre Histórias de noivas que atravessaram o oceano publicado pelo Museu de Imigração Ultramarina Japonesa da JICA em Yokohama em outubro de 2009, pode ser visto que 86% responderam que foi bom ter imigrado para o Brasil (resultado de pesquisa de 71 esposas do Cotia Seinen) e cerca de 90% das noivas estão vivendo felizes enraizadas no Brasil adaptadas à sociedade brasileira, o que como um dos responsáveis das atividades de imigração sinto-me até orgulhoso. Recentemente, na pesquisa de campo em forma de questionário implementada por ocasião dos 60 anos de imigração pela Renraku Kyoguikai, o que é mais interessante é para a pergunta sobre o que se sente sobre o fato ter imigrado como Cotia Seinen, com as alternativas de orgulhoso , satisfeito , decepcionado e resignado , quase 90% responderam orgulhoso e satisfeito e registrando isso concluo o meu relatório. Cidade de São Paulo Livro: 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen p.28~34

Assim, as corajosas noivas que, com sonho e esperança se lançaram no exterior, foram trans19


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A introdução e as condições gerais

Fumio Murakami (16ª leva da 1ª fase, de Kagoshima)

A Introdução e as Condições Gerais A Cooperativa Agrícola de Cotia, para dar novo ar à agricultura brasileira depois da Segunda Guerra Mundial e para o desenvolvimento da cooperativa no futuro, buscou recursos humanos para atender a demanda da área rural no Japão e fez com que os jovens de comunidade rural do Japão, que estava no período confuso logo depois da guerra, voltassem os olhos para o exterior... Fumio Murakami 1. Os motivos para a introdução Foi ideia original do falecido diretor superintendente Simomoto, fundador da Cooperativa Central Agrícola de Cotia e o Brasil, que possuía um vasto território e rico recursos naturais, depois da Segunda Guerra Mundial, estava em grande transformação não na indústria como na agricultura. Saindo da agricultura predatória de até então, com rápido avanço de uso da ciência e de mecanização, foi se transformando em agricultura moderna que utiliza fertilizantes químicos e máquinas agrícolas, passou a buscar força de trabalho que tenha adquirido técnica e nova educação básica e que consiga assimilar agricultura moderna, e não um simples trabalhador. A imigração japonesa tinha sido interrompido com o início da Segunda Guerra Mundial, mas a Cooperativa Agrícola de Cotia, avaliando bem a transição de agricultura depois da Segunda Guerra Mundial, para o desenvolvimento da cooperativa no futuro, buscou no Japão o recurso humano para atender a demanda da área 20

rural da época. Considerando que imigrantes de Cotia Seinen constituiriam o núcleo da cooperativa no futuro dando novo ar a agricultura brasileira, informou aos jovens da comunidade rural japonesa, que se preocupavam em buscar objetivo da vida no meio da confusão logo depois da guerra, para voltar os olhos para o exterior onde novo mundo estava a espera deles. Assim, apelou ao país a necessidade de introduzir imigrantes jovens do Japão e como plano da primeira fase, requisitou quadro de imigração de 1.500 pessoas, em janeiro de 1955 foi autorizado pelo Instituto Nacional de Imigração e Colonização do Ministério da Agricultura do Governo Federal do Brasil. Imediatamente, o saudoso sr. Kenkiti Simomoto partiu entusiasmado do Aeroporto de Congonhas no dia 14 de março e no dia 18 chegou ao Aeroporto de Haneda, e com a colaboração de pessoas como presidente de Ie-no-Hikari Kyokai sr. Ichiro Miyabe, superintendente Kiyoshi Okuhara, presidente do conselho de Kyoei Kasai Kaijo Hoken Sogo Kaisha (atual Kyoei Fire and Marine Insurance Company, Limited) sr. Takaharu Miyagi, iniciou imediatamente as negociações com Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério da Agricultura e Florestas e Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuo Kai (Associação Central Nacional das Cooperativas Agrícolas) e como resultado foi instalada a Comissão de Contra Medida da Cooperativa Agrícola de Cotia, o saudoso presidente Yasushi Hasumi de Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuo Kai tornou-se representante em todo o Japão e com a indicação pelo presidente das coopera-


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tivas agrícolas de cada província de excelentes jovens de 18 a 25 anos, filhos de associados das cooperativas, o novo caminho para emigrar para o Brasil foi aberto. 2. O estabelecimento de sistema de imigração Foi estabelecido um sistema de imigração em que os jovens que imigrarem, durante o período de contrato de 4 anos, ficariam nas fazendas de associados da cooperativa como um membro da família e aprenderiam a agricultura dentro da sociedade brasileira e adquiririam conhecimento para tornar agricultor independente e, ao entrar na fase de independência, iriam se valer desta experiência. E para transformar em respeitável empreendedor autônomo, a cooperativa por sua vez colaboraria sem dúvida, mas também daria ajuda e cooperação, como financiamento de capital necessário, loteamento de terras, mediação, apoiando tanto material como psicologicamente com a poderosa força da cooperativa que outros imigrantes não teriam. 3. Início da introdução O recrutamento era feito com seleção rigorosa de imigrante baseado em clausuras propostas pela cooperativa, com a diretriz de reconhecer como candidato somente aquele que for recomendado como pessoa adequada o que foi aprovado pela seleção inicial da cooperativa agrícola da cidade ou da aldeia. Assim sendo, na ocasião de travessia para o Brasil, passava por treinamento durante 10 dias em que aprendiam: 1) Situação do Brasil, principalmente sobre agricultura em São Paulo; 2) Noção sobre depois da travessia para o Brasil; 3) Língua portuguesa do Brasil; 4) Etiqueta da sociedade brasileira; 5) Cooperativa Agrícola de Cotia

E durante a palestra e o treinamento a personalidade, o modo de vida e o linguajar do imigrante eram observados e, se a pessoa tiver personalidade considerada inadequada, era excluído, tamanho o rigor da seleção. Finalmente, a histórica imigração de Cotia Seinen foi iniciada e foram enviados 109 pessoas na primeira leva que partiu no dia 4 de agosto de 1955 a bordo de América-Maru e desembarcou no Porto de Santos no 15 de setembro do mesmo ano. Até julho de 1958, o quadro autorizado de recebimento de 1500 pessoas foi concluído, mas como para cooperativa os imigrantes jovens desta primeira fase tiveram desempenho excepcionalmente bom, requisitou novamente ao Instituto Nacional de Imigração e Colonização a permissão de introdução de mais 1.500 pessoas. Até a suspensão da introdução em 10 de janeiro de 1967 como os últimos 11 jovens, somaram no total 2.508 imigrantes. 4. Estabelecimento de sistema de fundo de ajuda mútua dos imigrantes (abril de 1962) Ao estabelecer esse sistema, os imigrantes que, pelo contrato entre Cooperativa Agrícola de Cotia e Instituto Nacional de Imigração e Colonização, foram introduzidos do Japão para trabalhar em fazendas de associados da cooperativa, quando eles mesmos ou associados da cooperativa tiverem que arcar com despesas inesperadas por doença, morte ou ferimento, ao ser custeado por este fundo, os associados da cooperativa podiam contratar o imigrante com tranquilidade e ao mesmo tempo os imigrantes também podiam dedicar ao trabalho com tranquilidade, assim, estava sendo cumprida a obrigação de empregador especificado no contrato com o instituto. Com a sua aplicação, as atividades dos imigrantes desenvolveram-se em condições favoráveis. Enfim, tive a oportunidade de escrever sobre a 21


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situação geral dos imigrantes de Cotia Seinen, mas muitos desses jovens já obtiveram admirável sucesso e como associados da Cooperativa Agrícola de Cotia muitos ocuparam cargos importantes e tem atuado como elementos competentes, tornando-se cada vez mais força propulsora para o desenvolvimento da cooperativa e devem assumir as responsabilidades do futuro da cooperativa junto com os nisseis.

Ou então, sendo bem sucedidos nas áreas de comércio e indústria ou junto com jovens a caminho do sucesso devem contribuir para o progresso do Brasil sendo respeitados pelo povo deste país e também respeitando, como cidadãos de bem como integrantes da nação, construindo lares respeitáveis e empenhando na produção. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.23~24

O significado da imigração do Cotia Seinen

Shizuka Niidome (16ª leva da 1ª fase, de Kagoshima)

Ao fazer a retropectiva dos 50 anos, gostaria de explicar ao meu modo o significado da imigração do Cotia Seinen, na condição de ser um deles. Em primeiro lugar, creio que seja necessário fazer uma sinopse da imigração do Cotia Seinen, mas antes disso, na organização da imigração para o exterior, na ocasião dos 10 anos de sua fundação em 1973, há a seguinte definição sobre a imigração para exterior: "Com livre arbítrio e responsabilidade pessoal, transferindo-se a base pessoal para o exterior e manifestando a capacidade de desenvolvimento, construindo uma nova vida de desafio às possibilidades, adaptando-se como cidadão ou residente bem comportado, reverenciando o país que o acolheu e buscar o desenvolvimento." A imigração do Cotia Seinen foi promovida no pós-guerra, na época em que, no Japão,a divisão da propriedade rual em relação aos segundo e terceiro filhos estava se tornando um problema social. A proposta do sau22

doso diretor superintendente Kenkiti Simomoto, da Cooperativa Agrícola de Cotia, obteve a colaboração do presidente Yasushi Hasumi, do Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuo Kai, como um acordo entre duas grandes cooperativas agrícolas do Brasil e do Japão. No dia 4 de janeiro de 1955, obtiveram a autorização do Instituto Nacional de Imigração e Colonização para a introdução de 1500 pessoas na primeira fase e, em 15 de setembro do mesmo ano, desembarcaram 109 pessoas da primeira leva em Santos. Em 14 de outubro de 1958, foi autorizada a introdução de mais 1500 pessoas da segunda fase, e em 1968, a imigração terminou com a


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chegada dos últimos 11 imigrantes. No total, em 52 viagens marítimas durante 13 anos, 2508 jovens chegaram e foram se espalhando pelo solo brasileiro, trazendo muitos sonhos e esperanças. Como a imigração em grupo de 2500 jovens solteiros oucasais jovens era uma coisa inédita na história da imigração mundial, na época chamou atenção tanto do Brasil como do Japão. Desses jovens, hoje depois de 50 anos, o mais velho chegou aos 78 anos e o mais novo passou dos 50 anos. Estão chegando na velhice, e a maioria já passou o comando dos negócios para os sucessores de segunda geração, mas ainda não são poucos os que estão suando na linha de frente ou se esforçando junto com os sucessores. Creio que a situação de quase todos os Cotia Seinen envelhecidos, que deixaram a linha de frente e que superaram muitas dificuldades para chegar até aqui, é levar a vida confortável e calma. A percepção de imigração da época, ainda é assim, mas o Brasil ficava no outro lado do planeta e poucos conheciam sobre a situação do local, não sendo preciso dizer que para imigrar era forçado a decisão e determinação além do imaginável. Hoje em dia é possível voar em jatos do Japão para o Brasil e vice-versa em 24 horas. Além disso, é possível ouvir vozes dos parentes e conversar com eles diretamente ao telefone e há transmissão da TV NHK que permite ver imediatamente o que está acontecendo, coisas que eram inimagináveis na época. Os jovens, após o cumprimento do contrato de trabalho de quatro anos nas fazendas para as quais foram encaminhados, com o apoio e a orientação compreensiva dos órgãos de envios

do Japão e órgãos de acolhimento, aos poucos foram caminhando para a autonomia, mas, ao mesmo tempo, o problema do casamento era uma das principais preocupações dos jovens. Havia muitos que, por sorte, casaram-se com filhas dos patrões, mas a maioria se casou com a noiva trazida do Japão ou moças nisseis e sanseis locais. Além disso, havia também, embora em número menor, jovens galantes com muita adaptabilidade, que se casaram com brasileiros não descendente de japoneses. Em 1962, na celebração do 1º Encontro de Imigrantes do Cotia Seinen, foi organizado a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai e foram feitas solicitações para entidades relacionadas sobre os problemas de independência e de casamento, problemas de capital para a administração agrícola, e aquisição de terra e de equipamentos agrícolas. Com a ajuda e a orientação adequada dos envolvidos, aos poucos os problemas foram se caminhando para a solução. A partir de meados da década de 1960, sob o governo revolucionário com política de desenvolvimento agrário, mesmo com inflação alta, foi implementado o memorável financiamento agrícola a juros baixos e sem correção monetária pelo governo. Por outro lado, em conjunto com a política de desenvolvimento industrial, com o alto crescimento econômico, que foi chamado de "milagre", a urbanização da população avançou, assim como aumentou a demanda de produtos agrícolas. Os jovens aproveitaram o financiamento a juros baixos, ampliaram e equi23


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libraram os negócios, e foram conseguindo estabilidade e poder econômico. E junto com estabilidade da vida, com o Renraku Kyoguikai no meio, foram semeando a amizade e dedicando-se também ao esporte e diversão, como gateball, golfe, mallet golf, igo, shogi, karaokê, dança, etc. Por outro lado, sendo entusiastas principalmente por educação dos filhos, com mais de 50% dos filhos formados em faculdades, atualmente muitos estão desempenhando papel importante e atuando em suas áreas de especialidade, sendo da classe média da sociedade brasileira. Além disso, o Renraku Kyoguikai como parte de educação dos filhos tem enviando delegação de estagiários de segunda geração e estagiárias agrícolas de segunda geração e tem obtido grandes resultados. Na época em que a Cooperativa Agrícola de Cotia estava bem, entre os jovens havia aqueles que atuavam como membro do conselho deliberativo de filiais locais da cooperativa ou como representante de cada produto. Na cooperativa central, muitos acabaram assumindo responsabilidades como diretores ou auditores. Além disso, na comunidade nipo-brasileira, estão atuando como presidentes e diretores de Associações Japonesas e do Kenjinkai, e diretores e líderes de associações culturais, assistenciais e esportivas e de organismos públicos. Eles estão alcançando "status" importantes para a comunidade e se tornando uma grande força, havendo expectativa de que atuem e contribuam ainda mais no futuro. Após segunda metade da década de 1980, com inflação alta e juros altos, com a crise econômica, começou a onda de decasségui, que foi um fluxo de volta para Japão. Nessa época, houve preocupação de esvaziamento da colô24

nia, mas com o aumento do desemprego devido ao longo tempo de recessão e a piora na segurança pública, não são poucos entre nossos companheiros que suspenderam temporariamente os negócios e foram trabalhar no Japão. Com o dinheiro ganho adquiriram casas ou destinaram o dinheiro para educação dos filhos e para novos negócios. Por outro lado, houve também muitos que deixaram a agricultura por causa da saúde ou por outros motivos e sem outra saída tiveram que viver do salário da indústria e do comércio num centro urbano e há também os que, como empreendedores autônomos, alcançaram sucesso. Entretanto, nem todos os jovens avançaram satisfatoriamente e não se pode esquecer que houve aqueles que infelizmente ficaram doentes ou se acidentaram, ou que desiludidos com a discrepância entre o sonho e a realidade, vagando pelos empregos e sem poder resistir à crescente saudade da terra natal, ficaram com neurose e acabaram tirando a própria vida. Em 1993, a Cooperativa Agrícola de Cotia, que parecia que tinha bases bem sólidas, de repente entrou em colapso e o fim de nossa cooperativa que criou o Cotia Seinen foi um grande choque, não só para os associados mas também para a comunidade e a agricultura brasileira. A Cooperativa Agrícola de Cotia se preocupava com a formação de sucessores de seus associados e investiu na introdução de imigrantes jovens. A falência da Cooperativa deveria ser um sofrimento maior do que podemos imaginar para o agora saudoso diretor superintendente Kenkiti Simomoto. Porém, creio que ele teria gostado se pudesse dar uma olhada nos aspectos dos Cotia Seinen e os sucessores nisseis que estão bem enraizados nesse solo, dedicando-se na produção agrícola em todo o Brasil e contribuindo para o aumento do desenvolvimento produtivo regional como líderes participantes das cooperativas locais.


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Quase todos os jovens foram encaminhados para famílias de agricultores nos arredores de São Paulo, ficaram independentes e se dedicaram ao desenvolvimento da agricultura de subúrbio, cultivando principalmente verduras, batata e frutas e criando aves. A partir do início década de 1960 foi aumentando os produtores de plantas ornamentais, sendo que esse setor foi formado pelos Cotia Seinens. Por volta de 1977, o ambiente para o desenvolvimento do Cerrado melhorou e começaram as fazendas de gado e a mecanização com máquinas norte-americanas de grande porte. Um grupo de nove Cotia Seinens investiram no distrito de Paracatu, no Estado de Minas Gerais, como pioneiros, adquirindo 5.500 hectares de terra e chamaram atenção produzindo café, arroz, soja, milho e criando porcos. Por causa da inflação desenfreada, juros altos e outros motivos, essa administração acabou em insucesso, mas se tornou o início das operações e depois seguiram-se os investimentos individuais e familiares. Hoje em dia, a terra inóspita do Cerrado se transformou em terra fértil e tem registrado um salto na produção dos principais produtos agrícolas de exportação do Brasil, como soja, café, trigo e milho, e está sendo considerado a base de alimentos do mundo do século 21. Além disso, na criação do gado, o investimento é notável, com um progresso espetacular, havendo criadores de gado de corte, proprietários de fazendas de 2 mil a 20 mil hectares com mais de mil a 10 mil cabeças de gado. Em breve, os cereais e a carne bovina que nossos companheiros e os sucessores nisseis produzem serão exportados para a nossa terra natal, Japão, e não deve estar longe o dia em que enriqueceremos a mesa dos patrícios. Relembrando a definição de imigração que foi dito na introdução, gostaria de acrescentar o fato de imigrar por vontade própria para o Bra-

sil e começar um novo caminho aceitando desafios e, sendo respeitados como cidadãos do bem do Brasil. Mesmo considerando que houve aqueles que suicidaram desiludidos e os que tiveram que ir embora para o Japão, tenho certeza de que pode ser reconhecido e avaliado por muita gente que os Cotia Seinen vêm cumprindo um grande papel como sucessores da agricultura dos imigrantes de antes da guerra e representam uma grande força no desenvolvimento agrícola do Brasil. Pode se dizer que a imigração de Cotia Seinen foi um sistema de imigração realmente significativo tanto para o Brasil como para o Japão pelo que foi dito até agora, pela avaliação geral de sua atuação. Como será que os saudosos professores Kenkiti Simomoto e Yasushi Hasumi estariam vendo sobre os resultados dos imigrantes Cotia Seinen? Creio que não é só eu que penso, por conveniência, que estariam dizendo "Fizeram muito bem". Agradeço do fundo do coração aos dois professores e rezo por suas almas. (Nota) Com o resultado da pesquisa de que 313 pessoas (90,5%) estão satisfeitas com a vida no Brasil, ficou provado que a maioria dos Cotia Seinen está satisfeito com a atual situação. 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen 1995 - 2005), p.40~43

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Anotação que expressa os sentimentos de "Seinen" A sra. Junko, esposa do sr. Eikichi Kino de Suzano, é uma pessoa que veio na primeira leva de noivas imigrantes. A seguir, um trecho da anotação que ela fez no primeiro ano depois da chegada ao Brasil e que foi recomendada pelos "seinen" do local, dizendo que expressa os sentimentos da época de "seinen" e faz lembrar os dias que se passaram. E ainda, o início da imigração das noivas que foi em 1959. É embaraçoso que os Cotia Seinen estejam provocando problemas. "Não se pode censurar somente o lado dos jovens. Em primeiro lugar, será que está sendo cumprido o contrato assinado pelos patrões e jovens por ambos os lados e não seriam poucos os desentendimentos reais?" Ao terminar o contrato, (quantos) empregadores deram ajuda ao "seinen" que estava tentando se tornar independente? Desta casa, dois "seinen" saíram com o fim do contrato. Foram embora sem um centavo de ajuda, sem nenhum abono, com um mísero saldo de salário e uma mala que era todo o seu patrimônio. Naturalmente, há sistema de empréstimo para se tornar independente, tanto na Cooperativa Agrícola de Cotia como na Iju Shinko (Promoção de Imigração), mas "seinen" que não tem fiador não pode tomar emprestado e precisa começar sem um centavo. No Japão, a emigração é uma política nacional e parece que a tendência é de se lançar para o exterior. Não será por isso que aconteceram muitos crimes e problemas? 26

Não se pode esquecer que há muitas pessoas que ficaram sentidas com a diferença entre a realidade e o grande sonho (atraído pelos dizeres de propaganda) como "Brasil de terra fértil" ou "imenso planalto convidativo" e ficaram decepcionados e neuróticos. Todos devem ter se esforçado com a disposição de se levantar sozinho, mas no Brasil real, diferente de antigamente, não se consegue levantar só com uma enxada. Não é fácil, em absoluto, como se imagina. Há dificuldade da língua e muitos obstáculos. Pela estrutura social do Brasil, o homem solteiro não é considerado uma pessoa madura. É onde os "seinen" encontraram outra dificuldade. Podem dizer "essa recém-casada atrevida", mas há muitas pessoas que querem casar, mas acham que não dá enquanto não tiver uma perspectiva para o futuro. Enquanto isso, a idade de 30 anos passará como um sonho sem que se perceba. De qualquer maneira, parece que o problema a ser resolvido primeiro é o da independência. O Japão também não deve tratá-los como uma população descartável, que basta acompanhálos até a saída. Desejaríamos que pensassem numa ajuda para conseguir a independência mesmo que seja pequena. Livro: 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.67


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Revendo a capacidade de organização dos imigrantes do Cotia Seinen

Susumu Miyao (Ex-diretor do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros)

Introdução Dizem que este ano marca o cinquentenário do início da imigração do Cotia Seinen. Quando um membro da comissão de publicação do livro comemorativo me pediu para escrever um texto, tive um sentimento incontido de "Oh, como foi rápido, já se passou meio século desde então!" No início da imigração do Cotia Seinen, eu estava envolvido na edição da revista "Nogyo to kyodo", que era o informativo da Cooperativa Agrícola de Cotia, e participei de diversas coletas de dados relacionados ao Cotia Seinen. Para coletar informações sobre a primeira leva de noivas do Cotia Seinen, fui até o Rio de Janeiro e, embarcando no mesmo navio, ouvi muitas conversas até o porto de Santos. No 1º Congresso do Cotia Seinen, de 1962, e nos 15 anos do início da imigração em 1970, todo o departamento editorial coletou informações sobre os movimentos posteriores do Cotia Seinen e publicamos a edição com reportagens especiais de cada evento. Assim sendo, para mim "Cotia Seinen", na época, era extremamente próximo e posso relembrar como algo que acabou de acontecer. Depois do sentimento de "como o tempo passou rápido", o que pensei foi "só sei como simples conhecimento o que aconteceu antes de eu nascer e os 50 anos dentro da história são percebidos como um longo tempo, mas ao refletir sobre os 50 anos que vivenciei, como se passou num instante!"

Por exemplo, os 50 anos desde o "Kasato-maru". Na história dos 50 anos da qual quase não participei. Atravessou três eras: Meiji, Taisho e Showa, ocorreram várias guerras, os imigrantes passaram a morar num país totalmente desconhecido e de cultura diferente, sou levado a pensar como deve ter sido longo esses 50 anos cheios de inquietações. Contudo, nem é preciso dizer que, tanto os 50 anos a partir de "Kasato-maru", como os 50 anos que os imigrantes de pós-guerra Cotia Seinen passaram, são tempos decorridos fisicamente iguais. No entanto, ao recordar os 50 anos vividos por si, sente-se breve o longo tempo passado, porque se mede os 50 anos passados com a escala de tempo psicológico baseada na memória vívida do passado. Embora não tenha dito tal teoria, mas ao falar sobre os 50 anos do Cotia Seinen para uma senhora, que era imigrante do pós-guerra, "ao se comparar com os 50 anos do passado que não se conhece, os 50 anos que se viveu parece que passaram num instante", ela retrucou duramente que "isso é absurdo, os meus 50 anos de emigração do pós-guerra foram de muita agitação e, ainda hoje, ao pensar na família da minha filha que foi para o Japão como decassegui, as preocupações não cessam e não se pode dizer que foram 50 anos passados num instante. Para pessoa como você levou vida comum sem sofrimento algum, não tem como entender os 50 anos que nós passamos." Ela não 27


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chegou a dizer que "você não está qualificado para falar sobre os imigrantes do pós-guerra", mas eu que recebi esse contra-ataque, fiquei totalmente sem argumento. Pensei ao ouvir isso: que ela deve ter passado por inúmeras dificuldades como esposa de imigrante, ao passo que ao refletir sobre mim, que não viveu as dificuldades como desta senhora, sem ter realizado também qualquer coisa e ter passado anos em marcha quase lenta, não há outro jeito a não ser recusar a matéria que me foi solicitado. Entretanto, a essa altura não poderia voltar atrás. Então, como houve solicitação de que fosse registrado qual era o significado de imigrante do Cotia Seinen no Brasil, como tema que me foi atribuído, embora os anos de sofrimentos e esforços que os jovens transpuseram não sejam mensuráveis, vou cumprir a minha responsabilidade, registrando a minha opinião baseando-me em materiais escritos no passado. As circunstâncias até a retomada da imigração do pós-guerra Inicialmente, vamos refletir de forma resumida sobre a situação do Brasil até o reinício da imigração do pós-guerra. Ao retomar a imigração do pós-guerra, a primeira viagem ao Brasil aconteceu a partir do início de 1953. A imigração do Cotia Seinen, começou em 1955, cerca de três anos mais tarde. A colônia nikkei (finalmente por volta desta época, o termo "colônia" começou a ser usado no lugar de "zaihaku doho" (compatriotas residentes no Brasil)) da época, com o término do terrorismo praticado pelo kachigumi (grupo vitorista) ligado ao Shindo Renmei, na comemoração do Quarto Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo, em 1954, toda a colônia 28

japonesa foi chamada para participar dessa comemoração. Aproveitando o sucesso disso e declarando "a amizade mútua dos compatriotas residentes no Brasil e a elevação do status cultural" e "a proteção dos interesses dos compatriotas residentes no Brasil", etc., foi dado início, em 1955, à Sociedade de Cultura Japonesa de São Paulo, como entidade central de nipo-brasileiros, e a imigração do Cotia Seinen. Entretanto, o incidente de kachi/make (vitorista/derrotista) não havia se encerrado totalmente. Em janeiro do mesmo ano, pessoas do grupo chamado Sakuragumi Teishintai (Corporação de Voluntários do Grupo Sakura), que poderia ser considerado remanescente do kachigumi (grupo vitorista), desfilaram pelas ruas centrais de São Paulo, em uma estranha performance. Esse incidente, de kachi/make, de conflito entre compatriotas que ocasionou até muitos assassinatos, era algo que os brasileiros não podiam compreender. Considerando que não era desejável para o Brasil essa raça incompreensível, cogitou-se a proibição entrada no país de imigrantes japoneses e o novo governo, que surgiu no final de 1946, na ocasião do estabelecimento da nova Constituição, tentou incluir nela um artigo de "proibição de imigrantes japoneses" . Felizmente, houve parlamentares que acharam que não deveria ter cláusula como esse na Constituição, e o resultado da votação foi de 99 a 99, ficando o voto decisivo com o presidente da Assembleia, que rejeitou o artigo de "Proibição total da imigração japonesa". No entanto, apesar do artigo ter sido excluído da Constituição, ficou claro que metade dos parlamentares eram a favor da proibição, e que a relutância em relação à introdução do imigrante japonês não havia desaparecido.


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Por essas circunstâncias, enquanto os imigrantes europeus, que sofreram com a Segunda Guerra Mundial foram permitidos de entrar no país logo após o término da guerra, demorou para que os imigrantes japoneses recebessem a mesma permissão, sendo que só em 1953 foi permitida a entrada para a bacia Amazônica (Imigrantes de Tsuji) e para a região de Mato Grosso (Imigrantes de Matsubara), ambos da iniciativa privada nikkei. O Estado de São Paulo, que foi o epicentro do incidente kachi/make, foi considerado particularmente perigoso, com forte ambiente antijaponês, e com a alegação de que não havia necessidade de introduzir novos imigrantes, mesmo com a influência de líderes da colônia, não foi autorizada, somente em 1954 foi permitida a entrada de imigrantes sericicultores. A Cooperativa Agrícola de Cotia, constituída principalmente por agricultores japoneses, tinha necessidade de formar a nova geração, que substituísse os cooperados imigrantes de antes da guerra. Para isso desejava fortemente a introdução, de forma continuada, de jovens japoneses que estavam em situação difícil depois da guerra, particularmente os segundo e terceiro filhos da família rural. No entanto, com o trabalho junto ao governo brasileiro, iniciado logo após a entrada em vigor do Tratado de Paz do Japão, foi permitido a o convite individual para emigração de familiares de cooperados. Quanto a forma de introdução em grupo, como "Cotia tandoku seinen imin" (jovens imigrantes individuais de Cotia) não foi obtido consentimento com facilidade. Por trás disso, deve ter havido resquício de desconfiança em relação do grupo de japoneses pelo que havia acontecido no passado. Assim sendo, como resultado da longa e persistente negociação, centralizado no superinten-

dente Kenkiti Simomoto, em janeiro de 1955 saiu a permissão da introdução de 1500 imigrantes, sendo 500 por ano durante três anos, de jovens independentes, que dedicariam à agricultura junto as famílias de cooperados. Em 15 de setembro do mesmo ano, chegou no Porto de Santos a primeira leva, e o Cotia Seinen finalmente viu a luz do dia. Esse cenário da história foi esquecido também pela sociedade brasileira com o passar do tempo e, anos atrás, um livro chamado "Corações Sujos" que trata sobre o incidente de kachi/ make tornou-se best seller e os brasileiros em geral ficaram assombrados que entre descendentes de japoneses tivesse ocorrido tal incidente. Na mesma extensão, também na nossa comunidade nipo-brasileira, esse incidente, que influenciou negativamente a retomada da imigração do pós-guerra, foi esquecido como acontecimento do passado longínquo no segmento histórico. Assim sendo, a imigração do pós-guerra que iniciou em 1953 e, até o início da década de 1970, cerca de 70 mil imigrantes atravessaram o oceano, incluindo numerosos imigrantes no grupo chamado Cotia Seinen. Esse grupo e as gerações seguintes não prejudicaram a sociedade brasileira e nem provocaram nada que fosse desaprovado, e pelo contrário não se pode negar que vem contribuindo de modo amplo em diversas áreas para a sociedade brasileira. E isso pode ser visto pela aprovação dos brasileiros em geral, que em relação aos atuais cerca de 1,5 milhões de descendentes de japoneses é muito mais alta do que em relação às de outros países asiáticos, na pesquisa feita há alguns anos. No entanto, num país que tem uma população multiétnica, mesmo que um escândalo seja causado por uma parte de uma etnia, devere29


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mos ter em mente que aparecerá como avaliação negativa para imigrantes de todas as etnias. Bem, na verdade, o que queria dizer aqui como conclusão é que, de qualquer maneira, os japoneses são considerados coletivistas, pois parece que ao se reunir em grupo tem a qualidade de mostrar bastante capacidade. Entretanto, se houver um deslise, há o perigo de ir para o fanatismo, como no kachigumi shudan (grupo vitorista). Nem por isso, estamos dizendo para impedir a formação de grupos. Paradoxalmente, tenho um problema com o termo "coletivismo", mas de forma alguma não é uma coisa ruim os companheiros com o mesmo propósito se reunirem e se ajudarem mutuamente, para tentar alcançar o objetivo por meio da organização e da união, que não se tem individualmente. Por ter essa qualidade é que a sociedade de imigrantes japoneses não foi soterrado pela cultura diferente em país um estrangeiro e conseguiu manter-se viva. Olhando para a história dos imigrantes de antes da guerra e o percurso do Cotia Seinen tenho sentido especialmente que o último dever da geração sobrevivente da primeira geração de japoneses é implantar a qualidade da cultura tradicional japonesa, que valoriza o coletivo não só para gerações seguintes, mas também para brasileiros mais individualistas. Gostaria de escrever sobre isso a seguir. O Coletivismo dos japoneses O Governo Brasileiro do pós-guerra concedeu logo a permissão de chamar individualmente para imigrar os parentes próximos, mas em relação ao plano de introdução em grupo como de imigrantes individuais jovens de Cotia demonstrou relutância. Mesmo com negociação persistente não consentiu com facilidade. Por trás disso, como foi referido anteriormente, parece que a má impressão que o grupo kachi30

gumi deixou estava fortemente enraizada entre as pessoas do governo. Mas, não era só isso. Para o governo Vargas, que almejava o nacionalismo, já na década de 1930, os imigrantes japoneses, que se agrupavam no interior do Estado de São Paulo e não se integravam na sociedade brasileira, não eram de raça desejável para o Brasil e eram alvo de grande crítica. Contudo, ao refletir agora, se os imigrantes japoneses, após o desembarque no Porto de Santos como colonos (trabalhadores contratados) em fazenda de café, tivessem se separado e forçosamente tivessem vivido isolados, aos poucos teriam acaboclado e, por fim, teriam degradado para agricultores avulsos e sem nenhuma produtividade. (Nessa circunstância, nos jornais de língua japonesa da época foram publicados diversos artigos sobre a preocupação de acaboclamento da geração de nissei.) Ao deixar o mais cedo possível a vida de colono, o imigrante japonês foi buscar terras mais baratas, derrubou a mata virgem e formou vários vilarejos rurais, principalmente ao longo da estrada de ferro Noroeste. Nesses locais, se reuniu em grupos do mesmo navio ou da mesma província. Ao se tornarem empreendedores independentes, os imigrantes começaram a demonstrar a sua força. "Mura (aldeia)" tradicional do Japão era uma organização de ajuda mútua em que se vivia ajudando uns aos outros com a consciência comum de ser membro da mesma comunidade. Os imigrantes japoneses, mesmo cercados por etnia e cultura diferente, dentro do agrupamento de imigrantes conseguiram viver com tranquilidade. O imigrante japonês que, mesmo emigrando para o Brasil, não se integrava em absoluto na


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sociedade brasileira, permanecendo agrupado, é compreensível também que tenha parecido para os brasileiros que era de raça inadequada para o Brasil. No Japão do pós-guerra, como o sistema da família e aldeia preservava coisas pré-modernas, precisava ser desmontado para a modernização e, com a pressão externa, foram desmantelados o sistema de família tradicional e a organização da aldeia. Ou seja, esse tipo de comunidade não era desejável para a modernização, mas não era fácil mudar o costume dos japoneses, que surgiu dentro de uma longa tradição. Mesmo muitas das grandes empresas japonesas, até a bolha econômica estourar há poucos anos, adotava uma gestão, que valorizava o trabalho coletivo e a ordem poppr tempo de serviço. O assunto acabou desviando, mas mesmo que esse tipo de coletivismo, que privilegia o lucro coletivo e impede a independência individual seja uma falha, não é necessariamente ruim para as pessoas que tem objetivo em comum reunirem-se com sentimento compartilhado e se ajudarem mutuamente para alcançar esse objetivo. Os japoneses, ao formar uma organização reunindo interesses comuns, mostram pela primeira vez, a capacidade inerente e atingem o objetivo que não poderiam alcançar individualmente. A importância da Kyoguikai Então, o que queria dizer é que, dentro da história da emigração para o exterior do Japão, não só por ter sido um raro e grande contingente de imigrantes grupo organizado, de imigrantes jovens com 2.500 pessoas em 14 anos, incluindo a segunda parte (é claro que este número é bem considerável), é significante ter uma organização para sua continuidade com o nome de "Cotia Seinen", passando por 50 anos

de história até chegar até agora. O período obrigatório de quatro anos com a família de agricultores da Cooperativa era de anos de sofrimento pelo isolamento de cada um. O compromisso do patrão em relação ao jovem de que se dedicar o período obrigatório a independência seria garantida, muitas vezes não era cumprido, e o problema chegava a ser manchete de jornais de língua japonesa. Embora fossem levantados muitos outros problemas, para o jovem que tinha o período de obrigação, era quase impossível resolver o problema unindo-se em solidariedade uns aos outros. Isso começou em 1962, quando se passaram sete anos desde o início da imigração, quando os primeiros jovens estavam terminando o período obrigatório. Em agosto do referido ano, com a presença de 900 pessoas, foi realizado o primeiro "Encontro Cotia Seinen". O encontro, que foi realizado convidando as pessoas envolvidas na imigração de jovens do Japão e da Cooperativa Agrícola de Cotia, em que eu também participei para fazer a reportagem, foi de surpreendente entusiasmo. Foi apresentada a proposta cinco itens como o problema de capital para a independência e a questão da noiva. O discurso sério do representante dos jovens era: "para ser independente, não é confiável ser solteiro e o banco não faz empréstimo para ele. Não poder se casar mesmo querendo é uma questão de direito humano", lembro-me de que dei conta da minha ignorância: "de fato, o casamento não é algo romântico como se costuma dizer, mas é uma condição necessária para a vida." Deixando essa divagação de lado, na oportuni31


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dade desse primeiro encontro entre os jovens nasceu e cresceu a identidade de ser "Cotia Seinen" e com o forte sentimento de união surgiu a "Cotia Seinem Renraku Kyoguikai". Com o nascimento desta organização, os cinco itens que foram levantados no encontro foram satisfeitos posteriormente: foi aumentado o fundo para independência da Cooperativa Agrícola de Cotia e na questão das noivas, das 600 pessoas na idade ideal para casamento 400 estavam procurando noiva, a Cooperativa Agrícola de Cotia arranjou consultor para o casamento e mesmo depois da imigração de jovens ter encerrado em 1966, até década de 1980 enviou consultor também para o Japão e colaborou para a resolução desse problema. Não sei se existe o ditado "organização e união fazem a força", mas observando o movimento do Cotia Seinen, que junto a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, realizou em 1963 o segundo encontro, em 1964 o terceiro encontro e, depois disso, as comemorações de 10 Anos e de 15 Anos, consolidando a organização, pode-se notar como a Kyoguikai desempenhou papel central e se tornou força motriz funcionando de forma eficaz. Começando com o Encontro dos 10 Anos, os Encontros dos 20 Anos, dos 25 Anos, dos 30 Anos e dos 40 Anos, todos foram realizados grandiosamente, por ter essa forte organização, que não se vê entre outros imigrantes do pós-guerra, e por buscar mutuamente a continuidade e a manutenção da mesma. Até agora, por diversas vezes, tive uma visão negativa na conduta dos japoneses que não conseguiam realizar nada sem organizar um grupo que se poderia ser chamado de coletivismo japonês. Mas, recentemente, observando principalmente que entre os sucessores nipobrasileiros o individualismo fortaleceu e não se tenta resolver os problemas coletivamente, passei a pensar que deveria rever mais uma vez 32

a capacidade de formar grupo e se unir e que era necessário transmitir às gerações seguintes essa boa prática. O maior significado da existência do Cotia Seinen no Brasil, quando visto a partir desse ponto de vista, pode-se dizer que é manter por 50 anos a Kyoguikai e realizar atividades se valendo dessa capacidade organizacional. Aqui, deveria se referir sobre os caminhos que os jovens, que se tornaram independentes seguiram, mas sobre isso já foi relatado detalhadamente em diversos livros comemorativos, de modo que gostaria de deixar escrito sobre os feitos notáveis de jovens que não foram muito divulgados. É sobre o desenvolvimento do Cerrado, que como muitos jovens estavam no justo momento no período de plenitude da vida e com mais vigor, a Kyoguikai decidiu participar do projeto de desenvolvimento do vasto Cerrado no novo empreendimento conjunto Brasil-Japão e os interessados foram se lançando ativamente no desbravamento desta região. Provavelmente agora, para os jovens, que participaram disso, sem dúvida foi uma experiência amarga que não gostariam muito de lembrar, mas mesmo que aquele desbravamento tenha terminado em retirada, engolindo lágrimas sem ter alcançado o objetivo inicial, a responsabilidade não foi dos participantes, mas porque a situação econômica do Brasil na época era péssima e com isso houve o impasse no financiamento do desenvolvimento, que fora prometido pelo governo. Creio que, mesmo que tenham tido esse tipo de experiência amarga, o feito notável de muitos jovens, que priorizaram aquele vasto Cerrado abandonado e se lançaram no desafio, deveria ser amplamente reconhecido pelo Bra-


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sil. Isto porque, atualmente, dos produtos agrícolas do Brasil, quase 50% é produzido na região do Cerrado, a começar pelo café e quase todos os grãos como soja. No século XXI, visto pela produção mundial de alimentos, a demanda da exportação de produtos agrícolas do Brasil crescerá cada vez mais e é evidente que essa importância aumentará. Se não tivesse desenvolvido a nova área agrícola chamada Cerrado, o Brasil não conseguiria atender à demanda de exportação e isso fica claro se considerar que a exportação de produtos agrícolas domina o rendimento do comércio exterior. Considerando isso, gostaria de apontar aqui a importância da existência do Cotia Seinen e de seu Kyoguikai. O que se deseja para o futuro: dois pedidos De acordo com que ouvi dizer, a idade média do "Cotia Seinen" já atingiu 68 anos. Quase todos já são idosos que se aposentaram e está na época em que os filhos e os netos deles estão atuando. Não só "Cotia Seinen", mas também os imigrantes do pós-guerra, que imigraram jovens, estão na idade de ser chamado de idosos, e não há dúvida de que é difícil empreender uma nova atividade a partir de agora. Eu, que estou na mesma faixa de idade, penso que há ao menos duas coisas que devem ser transmitidas para as gerações seguintes de todo jeito. Independente de ser possível de se realizar, penso que devemos nos esforçar gastando até a última força para transmitir de alguma forma para as gerações seguintes. Preservar a boa qualidade inata da cultura japonesa Em primeiro lugar, é deixar transmitido não só para gerações seguintes de descendentes de

japoneses, mas também para a sociedade brasileira a boa e inata qualidade tradicional da cultura japonesa, que a geração dos imigrantes trouxeram a começar pela formação de organizações, como foi falado até agora. Nos japoneses, há algo chamado capacidade de se organizar, que foi cultivada dentro da longa tradição cultural. Creio que, principalmente, as pessoas que nasceram e cresceram dentro da organização de aldeia do Japão, possuem o espírito de cooperação e tem experiência de organizar unindo-se em grupos. Ouve-se muito que entre os imigrantes do pósguerra, havia muitos pequenos burgueses com individualismo enraizado e, mesmo estando sob a mesma base de imigrantes do pós-guerra, eles não participavam da colônia já estabelecida e não se interessavam pela ativação desta sociedade, que estava se enfraquecendo com a diminuição da geração de imigrantes de antes da guerra. Isso era visto em imigrantes vindo de centros urbanos ou com grau de escolaridade relativamente alto. Em pessoas que nasceram e cresceram em tradicionais zonas rurais e que imigraram direto para o Brasil, felizmente ainda restavam forte a capacidade de união e de organização tradicional, normal dos japoneses e, estando ainda por cima em terra estranha chamado Brasil, a consciência de pertencer ao mesmo grupo e por ser igualmente imigrante, fortalecia a qualidade de se organizar, se cooperando e se ajudando mutuamente. Pode se dizer que a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai foi fundada sem qualquer problema, porque havia muitos jovens, vindos de aldeias, com esse tipo de capacidade preservada. (Em 1985, na pesquisa feita na ocasião dos 30 Anos, 68% dos jovens eram agricultores no Japão). Ou seja, no bom sentido, pode-se dizer que muitos dos jovens tinham a consciência em comum. Sobre isso, pode-se dizer também que muitos 33


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dos Cotia Seinens ocuparem o cargo de presidente de Associações Culturais da comunidade de descendentes de japoneses da região ou de muitos Kenjinkais. O que acho mais lamentável no momento é que a capacidade de cooperação e de união que a geração de imigrantes trouxe como boa qualidade inata e tradicional dos japoneses, não tenha sido transmitida para as gerações seguintes. Citando um exemplo, é a situação do grupo de trabalhadores descendentes no Japão, que parece que chega atualmente a 300 mil pessoas. A situação de trabalho deles é bastante semelhante dos imigrantes de antes da guerra, que vieram com o objetivo de trabalho temporário longe de casa. Muitos dos imigrantes que entraram como trabalhador contratado (colono) em fazendas de café, tiveram que viver isolados, mas após terminar a vida de colono, as pessoas da mesma província ou as que viajaram no mesmo navio se reuniram e reproduziram a organização da aldeia do Japão, no meio da mata virgem e fundaram a associação de japoneses, construíram escola para a educação dos filhos, fundaram também a associação de jovens e de senhoras e, dentro dessas organizações comunitárias, se ajudaram mutuamente e se apoiaram para viver em terra estranha. Na vida como agricultor, antes mesmo de chegar aos 20 anos de imigração e ainda com apenas 40 e poucos mil imigrantes no total, já elaboraram a organização da cooperativa agrícola, quando no Brasil nem tinha legislação, para proteger suas vidas. Todavia, agora, como são as gerações de descendentes que estão no Japão como decasséguis? Enquanto os imigrantes de antes da guerra já construíam escolas para educação dos filhos e também cooperativa agrícola para apoio 34

de suas vidas, por que será que os descendentes que foram para Japão como trabalhadores temporários, completando este ano (2005) exatamente 20 anos desde que iniciou o movimento de decasségui, chegando a 300 mil pessoas, não elaboram alguma organização para proteger a vida mutuamente em terra estranha e principalmente para proteger a educação dos filhos? Se for para dizer que estão se dedicando ao máximo para ganhar um iene a mais e não tem tempo para ficar pensando nessas coisas ou que não é possível tentar se ajudar mutuamente criando organizações pois os deslocamentos são muitos, os imigrantes de antes da guerra também estavam em situação semelhante. Os imigrantes que vieram com intenção de trabalho temporário, de ganhar logo o dinheiro e voltar para o Japão, mesmo sendo estranhados pelos brasileiros, trabalharam aos sábados e domingos, e os deslocamentos eram frequentes, como pode ser visto em "Pesquisa da Situação Real da Colônia" por ocasião das comemorações dos 50 Anos de Imigração, onde mostra que cada família fez em média 3 a 5 mudanças e algumas fizeram até 17 mudanças. Por isso, muitas áreas populacionais chamadas de "shokuminchi" (colônia) ou de "ijuchi" (área de assentamento) foram formadas e desfeitas, e de cerca de 400 que existiam só no interior do Estado de São Paulo nos tempos áureos, hoje não restam quase nenhum, desaparecendo sem deixar vestígio. Mesmo assim, se os imigrantes se reuniam, logo construíam uma organização da aldeia como meio de autodefesa e se ajudavam mutuamente. Então, por que não surge esse tipo de organização entre os decasséguis que estão em situação semelhante, mesmo passados 20 anos? Como não há uma organização desse tipo, tem aumentado entre eles não só crimes cometidos por adultos, mas também de menores, o que se tornou um grande problema social. Se tivessem transmitido para as segundas e terceiras


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gerações a capacidade de cooperação e união baseada na consciência comunitária, que a geração de imigrantes trouxe, não teriam provocado essa situação triste e vergonhosa. Não só os decasséguis, mas os brasileiros em geral são muito individualistas e são poucos cooperativos e unidos. Tenho observado o fato de não se saírem nada bem para elaborar organizações para atingir um objetivo em comum. O "Festival do Japão" organizado pela Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, que é uma organização que ainda tem a influência da geração de imigrantes, ao repetir as realizações, tem chamado a atenção de brasileiros em geral e tem-se tornado maior e alcançado sucesso, mas se pode dizer que é o resultado da demonstração da qualidade da cultura trazida do Japão, como a cooperação e a capacidade de união das associações de províncias participantes, de capacidade de planejamento detalhado e da capacidade de execução. Por outro lado, ao ver a situação da Associação de Cultura Japonesa e da Associação Comemorativa do Centenário, que estão centralizadas nos nisseis, não se vê nada ainda sobre as atividades comemorativas, mesmo com o Centenário estando bem próximo. Creio que isso acontece por eles já terem perdido a qualidade inata da geração dos imigrantes, como foi referido antes.

a honestidade e a diligência têm sido passados para os nisseis e sanseis e parece que neles essas qualidades são mais elevadas do que entre os brasileiros não nikkeis, mas outras boas coisas não têm sido passadas ou foram esquecidas e as gerações seguintes acabaram adquirindo mais as características da cultura brasileira. Isto é resultado natural de ter se integrado completamente na sociedade brasileira, adquirindo também a boa qualidade da cultura brasileira, o que faltou para a geração dos imigrantes. No entanto, implantar e propagar aos descendentes de japoneses e a população brasileira em geral, as várias coisas boas da cultura japonesa, incluindo as qualidades citadas, que a geração de imigrantes trouxeram, tornam-se benefício para a nova cultura/civilização que está sendo construído neste país multiétnico e multicultural, e será a maior contribuição que a imigração japonesa pode dar a este país. O fato de não ter transmitido o suficiente até para a geração do nissei é responsabilidade da geração dos imigrantes e é necessário fazer uma reflexão, mas mesmo que haja pessoas que digam que estender isso até entre os brasileiros é tarde e não há mais tempo, penso que não é tarde demais e deve-se fazer esforços aproveitando todas as oportunidades para transferir e implantar.

Ainda não é tarde Na cultura japonesa, além das qualidades como cooperação, união e alta capacidade organizacional, há também outras qualidades excelentes e tradicionais, como honestidade e diligência, que a geração de imigrantes adquiriram e trouxeram para o Brasil.

Os imigrantes dos países europeus, com o pensamento de transmitir para as gerações seguintes as boas coisas da cultura de seus países construíram colégios étnicos de cada país, e os governos desses países têm feito grande contribuição. Contudo, a nossa sociedade nipo-brasileira, tendo quase 100 anos de história, infelizmente até agora, não construiu nenhum colégio desse tipo.

Quantas dessas boas qualidades têm sido transmitidas para as gerações seguintes? Creio que

Sobre isso, como já tenho escrito em outras publicações, vou evitar a repetição, mas vou 35


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deixar citado um exemplo real de que dependendo do esforço, esse tipo de transmissão e transferência de cultura é possível. Trata-se do Colégio Agroindustrial que o sr. Shunji Nishimura fundou individualmente. Sr. Nishimura, que por muitos anos produziu máquinas agrícolas e lucrou com a venda desses produtos, para comemorar o seu sexagésimo aniversário, teve a ideia de retribuir à sociedade brasileirae fundou um colégio que combinou a agricultura e a indústria, pensando que seria útil para o Brasil se educasse o agricultor para ser um líder e que ele mesmo possa fazer consertos simples em máquinas como trator. A escola é um internato rigoroso, com permissão de saída da escola de apenas uma vez por mês, tendo até o caso de um aluno que saiu sem permissão uma semana antes da formatura e foi punido com a expulsão pelo diretor, que não o perdoou. Fazer com que os brasileiros, que muitas vezes são relapsos em cumprir regras, sejam disciplinados com rigor, certamente será útil no futuro para o desenvolvimento do Brasil. Além disso, fazer com que limpe o próprio quarto ou prepare a comida da turma em sistema de turnos é uma coisa inédita no Brasil. O esforço do sr. Nishimura, de formar novos brasileiros, educando e cultivando o espírito de trabalho ativo, contrariando o costume tradicional dos brasileiros que detestam principalmente o trabalho braçal, o espírito de independência e autonomia e de cooperação, frutificou admiravelmente nos jovens que foram forjados por 3 anos no colégio. Pelas cartas enviadas à escola por jovens que no 4º ano foram estagiar na fazenda dos Estados Unidos, ou pelas cartas dos patrões, que afirmam que esses jovens não reclamam mesmo tendo que trabalhar por 10 horas seguidas. Os jovens afirmam: "o trabalho é duro, mas estamos apren36

dendo muito", sem lamuriar. Se fosse um brasileiro comum, teria fugido depois de três dias ou protestaria alegando que é violação da legislação trabalhista, mas eles que foram forjados na Escola Nishimura, não só ficaram impassíveis mas como consertavam eles mesmos os pequenos defeitos das máquinas e foram muito apreciados pelos patrões recebendo alta avaliação. A fama desta escola está sendo conhecida, não só nos Estados Unidos, como em outros países estrangeiros e há alunos dos países emergentes da África e dos países da América do Sul, que vem para estudar. O fato de receber alto conceito de educadores de vários países, a começar pelo Brasil, fica claro por que a escola não pára de receber visitas de observadores. Nem todos os que retornaram ao Brasil, após terminar o estágio nos Estados Unidos , se colocaram na prática como agricultores. Mesmo que tenham seguido outra profissão, com a característica que não havia até agora em brasileiros, têm reputação muito boa, de modo que o sr. Nishimura mostrou que, mesmo sendo uma só pessoa, com esforço é possível implantar qualidades que faltavam em brasileiros. Mesmo que seja modesto, se aumentar aos poucos o número de jovens que adquirem essas novas qualidades e, por meio deles, se forem propagadas a cultura e a civilização do Brasil avançarão para uma boa direção. Ainda não é tarde demais, se transmitir e transferir as boas coisas da tradicional cultura japonesa que nós trouxemos, não só para as gerações seguintes, mas amplamente entre os brasileiros, contribuiremos muito para o país. A geração de imigrantes, que já são idosos, deve se dedicar a isso para realizar, com força total, no tempo que lhes resta.


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Multiplicação dos agricultores descendentes de japoneses Acho lamentável é que depois da guerra, como uma tendência significativa, o número de agricultores descendentes de japoneses tem diminuído rapidamente. A diminuição da população agrícola junto com a urbanização é uma tendência mundial e esse fenômeno é visto também no Brasil, mas dentro do país, a diminuição da população agrícola na nossa sociedade nipo-brasileira é muito mais drástica do que em outras comunidades.

zaram aos poucos sobre a situação do país de origem arrasado a guerra, desistiram de voltar para o país e, por volta da década de 1950, resolveram pela primeira vez enterrar os ossos no Brasil. Acompanhando isso, para que as gerações de nisseis em diante possam viver com estabilidade na sociedade brasileira, se esforçaram para lhes dar alta escolaridade, pararam com a produção agrícola no interior e se mudaram para cidade de São Paulo, onde poderia estudar, ou nos arredores e creio que se encontra aí a maior causa da diminuição.

Pela estatística, até iniciar a Guerra no Pacífico, quase 90% eram agricultores. Em 1958, na "Pesquisa da Situação Real da Colônia" por ocasião das comemorações dos 50 Anos de Imigração, os agricultores eram de 57%, mas ainda eram pouco mais da metade. Na pesquisa realizada por nós em 1988, por ocasião das comemorações dos 80 Anos de Imigração, do total de 1 milhão e 280 mil descendentes de japoneses, a população de agricultores havia reduzido para cerca de 12%. E atualmente, pela pesquisa realizada recentemente pela Notakyo (Cooperativa Central Agrícola e de Colonização do Brasil), o número de agricultores descendentes de japoneses em todo o Brasil era de 54.297 pessoas. Ou seja, do total de 1, 5 milhões de descendentes de japoneses, não passavam de apenas 3,6%. Percebe-se quanto foi drástica a redução de agricultores depois da guerra.

Parece que não é conhecido por muita gente, mas se olhar isso em números, em 1941, no ano em que se iniciou a Guerra no Pacífico, o Consulado Geral do Japão em São Paulo publicou que o número de descendentes de japoneses residentes em São Paulo era 3.800 pessoas. Depois disso, no período entre o início da guerra até o seu término em 1945, houve diversas restrições em relação aos japoneses, que se tornaram povo de um país inimigo, houve pessoas que deixaram a cidade de São Paulo, procurando por parentes e conhecidos no interior, não devendo ter aumentado ou podendo até mesmo diminuído os descendentes de japoneses residentes na cidade. Supõe-se que os descendentes residentes na cidade aumentou a partir da década de 1950. Em 1958, na "Pesquisa da Situação Real da Colônia" por ocasião das comemorações dos 50 Anos de Imigração, os descendentes residentes na cidade era de cerca de 50 mil. Por conseguinte, se considerar que na época do término da guerra eram 3.800 pessoas, em 13 anos cresceu 13 vezes. Com isso, pode-se entender porque debandaram drasticamente do interior para o centro urbano. Este fluxo não parou depois e, enquanto os residentes nas cidades aumentavam, os agricultores diminuíam. À medida em que se aumentavam pessoas com alta escolaridade, aumentou rapidamente nisseis e sanseis em ocupações especializadas, técnicas, diretivas e administra-

Por que será que os agricultores descendentes de japoneses que, em temos de produção agrícola eram avaliados como deuses da agricultura, que eram capazes de produzir milagrosamente qualquer coisa como se fossem mãos de Deus, reduziram-se de forma tão extrema? Ao meu ver, os imigrantes de antes da guerra, que vieram com intenção de trabalho temporário, ao mesmo tempo em que se conscienti-

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tivas. O que em 1958 não passava de cerca de 7% do total de descendentes, na pesquisa de 1988 era de 43% e, provavelmente, no momento atual, mais da metade ou cerca de 60% deve estar trabalhando nesses tipos de ocupações. Ficou claro pelo resultado da pesquisa que, atualmente no Brasil, em comparação com brasileiros em geral, os descendentes de japoneses possuem alta escolaridade e renda elevada. Na pesquisa de 1988, os brasileiros em geral com renda até cinco salários mínimos eram de 62% do total, enquanto que entre os descendentes de japoneses eram de 23%. Quanto a pessoas de alta renda, com mais de 10 salários mínimos, enquanto os brasileiros em geral não passavam de 16%, os descendentes de japoneses eram exatamente o dobro com 32%. Assim sendo, os descendentes de japoneses no Brasil, de modo geral, levam vida abastada, mas acabaram abandonando a agricultura por causa disso, o que é realmente uma pena. Certamente, tomar parte da produção agrícola empresarial, do chamado agronegócio, que visa a produção de mercadorias internacionais, é necessário um grande capital. A produção agrícola para o consumo interno, no momento, não dá muito lucro e há a realidade de haver muito risco na agricultura. Se olhar a longo prazo, no mundo do século XXI em diante, a produção de alimentos será a atividade mais importante. O modo de ser dos agricultores imigrantes japoneses de outrora, sempre entusiasmado por pesquisa e com alta e excelente produtividade, rico em espírito de produtor agrícola eficiente, mesmo que tenha diminuído, ainda sobrevive em agricultores nisseis e sanseis que os sucederam. A multiplicação desse tipo de agricultor descendente de japonês não seria uma contribuição muito valorosa para o Brasil? 38

Segundo a pesquisa publicada no Livro Comemorativo dos 40 Anos da Imigração de Cotia Seinen, em 1995, como ocupação dos filhos nisseis, a agricultura estava em primeiro lugar com 32% e isso é encorajador. Desejo somente que, em vez de se extinguir, possam se multiplicar, formando excelentes agricultores descendentes de japoneses. Por fim No dia 18 de setembro (de 2005), tive a oportunidade de participar da Cerimônia de Comemoração dos 50 Anos do Cotia Seinen. Vendo reunidos e lotando o amplo local do evento com 700 participantes internos e externos, depois de passados 50 anos, fiquei emocionado com a certeza de que esta era a capacidade organizacional da Cotia Seinem Kyoguikai, que continuou a se desenvolver durante 50 anos sem decair. O fato de ter ultrapassado em 200 pessoas a previsão de 500 participantes, mostra que ainda há um forte interesse interno e externo em relação ao "Cotia Seinen". Ao mesmo tempo em que fortaleci o sentimento de que o que escrevi sobre a Kyoguikai antes da cerimônia comemorativa não estava tão fora do alvo, tive um profundo sentimento de que, mesmo chegando à fase de envelhecimento, tendo essa capacidade de organização e de união, devem saber o que ainda falta ser feito, incluindo o que relatei longamente, junto com outras pessoas da geração de imigrantes. Escrevi ao meu bel prazer, mas é o que expressa o meu pensamento na ocasião dos 50 anos. Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen, 1955~2005, pp.128~137


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Passaram-se 25 anos Imigração de Cotia Seinen e o cenário social Dia 15 de setembro de 1955. Esse dia é um marco na página da história da imigração de Cotia Seinen, com desembarque de 109 imigrantes do Cotia Seinen, do 1º Grupo da primeira fase do navio America-maru, no Porto de Santos. A recuperação após a devastação da Segunda Guerra Mundial e o posterior desenvolvimento ocorreu com rapidez não prevista. No entanto, nos 10 anos pós-guerra a economia nem chegava a dar esperança e sonho aos jovens, tanto nos centros urbanos como na área rural. Com grande dificuldade de se conseguir emprego, o país estava cheio de desempregados ou potencialmente desempregados. Principalmente após a reforma agrária, agravou-se os problemas sociais com um período de agitação para os segundos e terceiros filhos de agricultores, que não tinham terra para cultivar e nem emprego. Ao mesmo tempo, do lado da Cooperativa Agrícola de Cotia, havia a consciência da necessidade de "jovens sucessores para o desenvolvimento da cooperativa e o sangue novo para a agricultura nipo-brasileira" e então, o diretor superintendente Kenkiti Simomoto teve uma ideia: "como no Japão há problema em relação aos filhos de agricultores, porque não introduzir esses jovens como imigrantes?"

Umaji Nishida

e assim a introdução de imigrantes de Cotia Seinen foi iniciada. Visão geral e a partida dos jovens Imagina-se que na cabeça do sr. Shimomoto havia o pensamento de que a renovação do movimento cooperativista preveniria o declínio da capacidade produtiva da Cooperativa Agrícola de Cotia. No dia 4 de janeiro de 1955, recebeu a oficialmente a autorização do INIC (Instituto Nacional de Imigração e Colonização) para introduzir 1500 imigrantes e, com o presidente Hasumi como representante no Japão, iniciou-se esse programa de imigração e, no final das contas, em 3 anos foi totalmente concluído. Nem é preciso dizer que a imigração de Cotia Seinen, que tinha como alvo jovens solteiros (de 18 a 25 anos), segundos e terceiros filhos de agricultores foi manchete nos jornais. E ainda, com o início dessa imigração, nos navios para o Brasil, grupos de cerca de 100 imigrantes Seinen embarcavam em cada viagem, e por esse grande número e pela peculiaridade, chamava a atenção no bom e no mau sentido. No reinício da imigração do pós-guerra houve imigrantes do sr. Matsubara, imigrantes de

Com esse plano o diretor superintendente Kenchiki Shimomoto visitou o Japão e conversando com o então presidente Hasumi do Zenchu (Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai) e os dois tiveram um bom entendimento de que era um negócio inovador, realmente oportuno 39


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sericicultura do sr. Kiyoshi Hori, mas em tamanho nem chega perto dos imigrantes de Cotia Seinen.

queles que pareciam um assalariado tímido, honesto e fraco, mas a maioria era determinado e com espírito aventureiro.

Logicamente, havia as exigências de seleção dos candidatos, como ser um jovem da área rural, ter idade certa, mas na realidade era um grupo misto formado por pessoas de diversas ocupações, como professor de escola, carpinteiro, mecânico, etc. O nível escolar também era variado como ginasial, colegial ou universitário.

A duração da viagem de navio dos imigrantes era normalmente de 45 dias na rota americana e de 55 dias na rota africana. Além dos Cotia Seinen, estavam no mesmo navio cerca de 1000 jovens e idosos de ambos os sexos, como famílias de imigrantes, imigrantes solitários chamados para vir, imigrantes planejados e antigos imigrantes que estavam retornando ao Brasil. Estando no mar, viviam diversos episódios parecidos aos dos imigrantes de antes da guerra.

Recorda-se sobre a época que não havia muita diferença entre os imigrantes jovens enquadrados como Cotia Seinen, mas há um ponto em comum que era possuir uma grande aspiração ao exterior, com força de vontade e uma personalidade forte. Um jovem gabou-se "não sou muito ambicioso, mas terei uma fazenda do tamanho da província de Kochi!" e um outro de cerca de 20 anos de idade teimou em afirmar: "seria bom uma fazenda com 10 mil cabeças de gado". E ainda um outro jovem disse: "como é uma imigração para o Brasil, se não conseguir uma fazenda de café de mil hectares é um homem inútil." Entre os jovens de mente mais flexível, que tinham acabado de terminar o curso colegial, havia os que tinham um desejo próativo de aprender: "em primeiro lugar, dominar a língua portuguesa em três anos" e o rapaz de corpo robusto, originário da força de defesa disse: "no nosso contrato estava escrito se conseguiríamos conter a 'sexualidade' por quatro anos. Mas, será que não há alguma loira de olhos charmosos?" "Você é bobo. Como no Brasil entraram muitos escravos negros da África, está cheio de negrinhas!" Os jovens com sonhos, esperanças e força física de sobra no tempo livre bebiam muito e jogavam conversa fora. Entre os jovens imigrantes havia um pouco da40

Pontos em comum: Personalidade e Vontade Fortes - Trabalho por 4 anos Os jovens que foram enviados para fazendas de cooperativistas indicadas pela Cooperativa Agrícola de Cotia, a princípio tinham a obrigação de trabalhar por quatro anos e a condição era chamada de "tratamento familiar". Muitos dos destinos eram produtores de batata, verduras, frutas e aves nos arredores de São Paulo. As grandes fazendas de gado e de café, que eles imaginaram como locais de trabalho antes de partir do Japão, não existiam. E aí estava a origem dos problemas. Além disso, mesmo dizendo que era trabalho familiar, na realidade era sistema de assalariado, sendo que o salário mínimo no Estado de São Paulo em 1955, quando foi introduzido o primeiro grupo de imigrantes, era de cerca de Cr$ 2.300,00 e o ganho deles, descontadas as despesas, era cerca de Cr$ 800,00, ou seja 1/3 desse valor. Dizem que alguns patrões demoravam para pagar esse salário que nem dava para cobrir o preço dos cigarros. Para os jovens dessa época, era lógico achar que era igual ao aprendiz de comerciante do início da era Showa ou de Taisho do Japão e, se comparando com o preço de um saco de batata que subiu até Cr$1.000,00, conta-se que, tomando pinga com


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os companheiros, desabafavam dizendo "somos assalariados igual a um saco de batata". Em contraposição a essa insatisfação, a cooperativa e os patrões alegavam "É para orientar e formar jovens que não sabem nada. Poder estudar e ainda ganhar uma mesada, não é realmente um excelente negócio? E ainda é preciso pensar na independência de vocês no futuro entre outras coisas. Antes de mais nada, pela legislação trabalhista do Brasil, não se pode dar um tratamento mais favorável em relação aos trabalhadores locais." Embora houvesse alguma verdade nisso, quase todos expressavam seus sentimentos dizendo que na realidade não eram poucos os patrões que faziam trabalhar muito com desculpas esfarrapadas como se fossem animais de carga. Encontrei poucos jovens que se lembram do passado por ter sido "favorecido por um patrão realmente bom". Pelo contrário, há pessoas que relembram "naquela época não vivia como um ser humano", fazendo gesto de dor no quadril por ter dormido em cama com estrado de madeira; pessoas que ainda agora guarda sozinho no peito a lembrança dizendo "não quero falar para outros". Outra pessoa diz que "furou a bochecha ao trabalhar batendo com a pedra por estar com dor de dente", além de outras histórias. Obviamente, os jovens estavam preparados até certo ponto. Mas, muitos dos problemas começaram com a primeira desilusão do local para onde foram enviados. Um ambiente que não parecia o Brasil que imaginavam. Os problemas trabalhistas, doenças, desentendimentos com a família do patrão, competição e inveja entre os jovens, geraram não poucos incidentes como neuroses e suicídios, chegando até ao crime de assassinato do patrão.

Na primeira fase, de agosto de 1955 a julho de 1958, vieram 1500 pessoas. Na segunda fase, vieram 1000 pessoas (o acordo de mais 1500 pessoas iniciou em julho de 1959, mas depois da metade, com o alto crescimento econômico do Japão, a demanda da força de trabalho aumentou no país e a migração parou com 11 pessoas do Sakura-maru de 3 de dezembro de 1966), totalizando 2508 imigrantes de Cotia Seinen para o Brasil. Quantos Cotia Seinen superaram o treinamento rigoroso? Se metade for bem sucedida já é um ganho. Assim, ainda que haja jovens que estejam gozando de felicidade agora, há reminiscência de pessoas que retornaram ao Japão, que fugiram da fazenda, que ficaram neuróticos, que suicidaram ou que acabaram cometendo crime. É preciso observar com atenção ao fato de 110 pessoas, incluindo suicídio, faleceram, ou seja, quase 4,4% do total. É relatado que cerca da metade não mudou de patrão nenhuma vez durante os quatro anos, sendo que a troca foi na média de 0,6 vezes. Não há porque destacar especialmente os problemas, crimes, suicídio, doença e morte de Cotia Seinen, mas se olhar os casos noticiados principalmente em jornais de língua japonesa, e que ficaram na memória, há diversos casos que repercutiram, como o caso do jovem que, por comportamento violento ainda no Japão entre o Porto de Kobe e de Yokohama, foi expulso do navio, e até o mais grave de assassinato do empregador. Em julho de 1957, a Cooperativa Agrícola de Cotia envia de volta seis pessoas por doenças incuráveis e deficiência mental, sendo a primeira deportação do Brasil. Em novembro de 1957, em Pindamonhangaba, M.T. (21 anos) assassinou o sr. T, apesar de ser seu patrão, conspirando com a patroa. Apareceram sucessivamente pessoas que recusavam 41


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aceitar jovens imigrantes, não se limitando a imigrantes de Cotia Seinen e a Cooperativa Agrícola de Cotia também decidiu adiar por algum tempo o pedido de permissão para a introdução de 1.500 pessoas da segunda fase. Em 1963, ocorreu o famoso incidente da rua Galvão Bueno, e em agosto do mesmo ano, houve Cotia Seinen que se matou por motivo desconhecido. Em setembro de 1967, no distrito de I o Cotia Seinen sr. S suicidou tomando veneno. Com incidentes sangrentos como o da Rua Galvão Bueno, surgiu o temo "jovens recém-chegados" e todos, não se limitando os Cotia Seinen, foram rotulados de jovens delinquentes. O sentimento de humilhação se transformou em sentimentos de repulsa e bravura, fazendo história posteriormente. O departamento de imigração da Cooperativa Agrícola de Cotia, para mediar os problemas ocorridos com frequência, colocou um membro da comissão de mediação de imigrantes em cada vilarejo. Assim que ocorria um problema, em primeiro lugar essa comissão visitava para conversar e comunicar o departamento de imigração para tomar medidas adequadas. A comissão era formada por três pessoas do lado do patrão e cerca de duas representando o Cotia Seinen. Apesar da cooperativa estar tranquila em relação aos jovens que pediam opinião à comissão ou consultava diretamente o departamento de imigração, havia aqueles que não consultavam a cooperativa e simplesmente fugiam. Ocorrência sucessiva de suicídio, morte por acidente e fuga Muitos desses jovens que "caíram fora" inicialmente ficaram desiludidos pelo ambiente para onde foram encaminhados ao chegar ao país, que "não pareciam com o Brasil". Depois, per42

ceberam que esse local não tinha futuro ou questionavam o caráter dos patrões (que faziam trabalhar muito com desculpas esfarrapadas e, ao aproximar da época de independência no quarto ano, provocavam brigas para que jovens fossem embora por si, etc.) e ficaram desgostosos. Além disso, como foi citado anteriormente, houve muitas mortes, entre elas, só as que se tornaram conhecidas foram 20 suicídios. Como até chegar ao suicídio necessita de muita coragem, os que chegaram perto de cometê-lo devem ser em número bem maior do que esse. Não foram só suicídios, houve também quase igual número de mortes acidentais como por capotamento de trator durante o trabalho agrícola. Pode-se perceber o que os jovens sentiram diante dessa realidade. Dentro do chamado grupo dos foragidos, havia poucos que cometeram alguma falha essencial e, não que não houvesse casos imperdoáveis no meio, mas um número muito grande resolveu cair fora sem ter uma explicação clara para isso. Estranho é o fato de que não foram poucos os patrões que receberam os jovens, mas não tinham capacidade para torná-los independentes. O que estavam pensando? Afinal de contas, enquanto havia um prazo obrigatório de quatro anos para os jovens cumprirem, do lado da cooperativa e dos patrões, as obrigações de ajuda e empenho eram vagas. De qualquer maneira, no peito dos jovens que caíram fora, o sonho se transformou em "forte desejo" e continuou ardendo. Independência - Início com tamanho mínimo Normalmente, havia a condição de que a independência ocorreria depois de terminar os quatro anos do contrato, mas ouvi dizer que, dependo da região, mais da metade fugiram den-


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tro desse prazo. E ainda, dependo do resultado da negociação com o patrão e das condições de trabalho, havia pessoas que entraram no sistema de remuneração por comissão, mas eram casos especiais e parece que havia muitos que tornaram independentes casando-se com a filha do patrão ou de parentes ou se tornaram sucessores na condição de filho adotivo. De forma geral, os que trabalharam por quatro anos, se tornaram independentes com a aprovação do patrão e da cooperativa e o usual era começar pequeno e no mesmo tipo de trabalho do patrão. O tamanho no caso de cultivo de verdura era metade de um alqueire. No caso de batata, um alqueire; de tomate, 5 mil pés e de avicultura, 3 mil frangos. Iniciavam as atividades contando com empréstimo da cooperativa e com a garantia do patrão, ou com o capital da agência de imigração e foi ampliando. Os motivos do fracasso foram diversos, como a falta de capacidade econômica do patrão ou a do jovem, e para muitos a intenção de independência não se concretizou, tendo que continuar trabalhando depois do contrato de quatro anos ou passou a trabalhar por comissão. O sucesso ou o fracasso dos negócios de imigração dependia da escolha apropriada ou não da área de colonização e, acrescido a isso, acima de tudo, da seleção e da qualidade dos imigrantes. Era muito importante, em primeiro lugar, antes de enviar o jovem explicar bem e fazer familiarizar-se com a situação local e também se a estrutura de acolhimento era adequada e como estava a questão da assistência aos imigrantes. E nisso não há diferença no passado ou no presente. No caso de Cotia Seinen, pode se entender que a compreensão e a capacidade deo patrão para onde foi enviado influenciou muito o seu desenvolvimento posterior, mas nesse ponto pode

se dizer que dependeu de méritos e deméritos do departamento de imigração da cooperativa e da sorte ou da má sorte. Casamento Os casamentos dos Cotia Seinen começaram a acontecer junto com a sua independência. No momento de se tornarem independentes havia o casamento com descendentes de japoneses de segunda ou terceira geração, mas como foi citado anteriormente, por influência da má reputação dos imigrantes do pós-guerra, muitos tinham dificuldade para arranjar uma esposa de seu agrado. Entre as pessoas, que hoje estão bem sucedidos econômica e socialmente, há aqueles que nessa época, mesmo fazendo 20 "miai" (encontro com finalidade de arranjar casamento), não conseguiu arranjar uma noiva. Por isso, em muitos dos casamentos a noiva vinha do Japão. As chamadas "hanayome imin" (noivas imigrantes) que foram chamadas para vir, tendo iniciado com as primeiras 12 pessoas, foram cerca de 500 noivas. Dentre elas, cerca de 70% foram chamadas sem terem se encontrado antes e dizem que se casaram apenas por fotografias e cartas. Com aqueles que chamaram alguém que já conhecia antes de imigrar, mesmo havendo lacuna de tempo, não ocorriam grandes problemas. Entretanto, nos casos de "casamento arranjado com foto" ocorriam diversos problemas. Esse tipo de problema oferecia material para jornais e, ao rever artigos da época, era comum ler manchetes do tipo "A noiva que fugiu". "Chegada tão aguardada ao Porto de Santos após noites abraçada à foto do querido jovem pioneiro que foi enviado do Brasil" "Impaciente com a atracação do navio, inclinando na murada do navio procurei pelo meu amado marido" "Toda43


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via, quem estava no cais era um rapaz débil, longe de se parecer com a fotografia" "Fiquei atordoada por um instante e despenquei na escuridão da tristeza da desilusão", ou algo semelhante. Ou então, a noiva imigrante acabou se juntado com um outro jovem imigrante ou teve amor proibido com o marinheiro. Não eram poucos os casos em, que mesmo após ter-se desembarcado de alguma forma sem problemas, abalada com o casebre de parede de pedaços de madeira e de barro, o trabalho pesado e a fazenda muito pequena, diferente do que havia sonhado e, provocando diversos problemas como recusar a entrar na casa, começa a chorar dizendo que vai se separar e voltar para o Japão. O funcionário do departamento de imigrantes da cooperativa tinha que se esforçar muito para mediar. No jornal da época saíram artigos como: > setembro de 1963, Noiva imigrante é abandonada por marido impiedoso; > abril de 1964, Insanidade mental perto do último mês de gravidez, o marido solicita retorno ao Japão usando lei de ajuda do país; > agosto do mesmo ano, noiva imigrante se casa com um homem que conheceu no navio. Claramente, o conteúdo chama atenção pela "redação" sensacionalista do jornalista, mas o problema é o choque que os envolvidos sofreram. Deixaram muitas sequelas como a do rapaz cuja noiva fugiu em Santos e "envergonhado" não conseguiu ficar na área de assentamento e desapareceu. Depois disso, até o presente, evita se relacionar com japoneses, ou a da noiva que, sem esperança, se prostituiu e está sofrendo. A ocorrência desses problemas afetou, não só os envolvidos, mas também os Cotia Seinen em geral e deve tê-los forjado psicologicamente, de modo que há muitas pessoas que adquiriram capacidade de entender o sofrimento e a tristeza do ser humano. Logicamente, muitas 44

das noivas imigrantes de casamento arranjado por meio de fotografia casaram sem problemas e, pelo contrário, o casal que passou a viver juntos "sozinhos sem parentes no vasto Brasil" aprofundaram a confiança e fortaleceram o amor. Nem se pode imaginar o esforço e a perseverança dessas senhoras. E parece que não é preciso perguntar nada ao ver que muitos dos Cotia Seinen, que são do estilo antigo e não dirigem uma palavra carinhosa às respectivas esposas, ao beber, o assunto é sobre elas e frequentemente ficam emocionados. No jornal de agosto de 1965, foi publicada uma notícia agradável sobre o "concurso de bebê" comemorativo dos 20 Anos de Cotia Seinen, o que mostra que finalmente todos estavam se acomodando de uma maneira geral. Primeiro Encontro de Imigrantes Cotia Seinen No sétimo ano desde o início do Cotia Seinen, havia cerca de 1500 pessoas entre os que terminaram o período de contrato de quatro anos e se tornaram independentes ou que estavam se preparando para a independência. Diante deles havia um monte de problemas em comum a serem resolvidos como: problema de independência, problema de capital, construção da área de assentamento, problemas de noivas, fundação da Renraku Kyogikai, visita ao Japão do representante dos jovens para fazer relatório. Sobre isso, o grupo dos jovens independentes tomaram a frente e, consultando o chefe Yamanaka do Departamento de Imigração da Cooperativa Agrícola de Cotia, foi planejado o Primeiro Encontro de Imigrantes de Cotia Seinen, que chamou a atenção do governo e do povo como sendo o primeiro encontro autônomo de imigrantes da história da imigração. Entretanto, a diretoria da Cooperativa Agrícola de Cotia, pesando a importância da questão


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na época, posicionou-se contra o evento. O grupo proponente realizou muitas reuniões com a cooperativa e finalmente conseguiu o seu apoio, progredindo para um encontro admirável. Os organizadores, que na época eram recém-casados e independentes, reuniram-se todas as noites na cidade de São Paulo e realizaram reuniões através de subcomissões com propostas do encontro e discutiram as ideias propostas. Era inegável a orientação louvável do chefe Yamanaka nessa ocasião. Dizia: "se o Simomoto (Kenkiti) estivesse vivo, vocês não estariam sofrendo tanto" e trabalhou junto com os jovens. O encontro foi realizado grandiosamente no dia 15 de agosto de 1962, com a participação de cerca de 800 pessoas no armazém do Jaguaré. Quanto a repercussão do encontro, certamente refletiu na Cooperativa Agrícola de Cotia, como na organização Zenchu e em entidades de imigração. Foram sugeridas soluções para os itens propostos. Depois disso, foram realizados encontros cada vez mais significativos como o Segundo Encontro, o Encontro dos 10 anos , o Encontro dos 15 anos, o Campeonato de Beisebol etc, e o fato de ter fortalecido os laços entre os associados fez com que se convertesse em uma forte correnteza em direção à intenção original e parece que foi extremamente eficaz na fundação posterior do Renraku Kyogikai. Envio da Delegação do Cotia Seinen Com o passar dos anos, a consolidação da base econômica dos Cotia Seinen foi aumentando e com o aumento das pessoas que visitavam o país de origem, em 1972, o Renraku Kyoguikai fez o recrutamento para a primeira delegação de visita ao Japão e a repercussão foi tão grande que surpreendeu os diretores, que tiveram que fretar um avião da JAL para enviar a dele-

gação ao Japão. Depois disso, de dois em dois anos enviaram a segunda e a terceira delegação. Na primeira delegação, a TV NHK noticiou o assunto no horário nobre, de manhã cedo. A Suspensão da Atividade de Imigração e a Desativação do Departamento de Imigração Na segunda metade da cota de 1500 imigrantes da segunda fase, com o Japão no período de alto crescimento econômico, que resultou no aumento da demanda de força de trabalho interno, foi preciso suspender a imigração em 3 de dezembro de 1966, com partida do Japão do navio Sakura-maru com os últimos 11 imigrantes. Esse navio aportou em Santos no dia 10 de janeiro de 1967. A decisão de suspensão foi feita pela Cooperativa Agrícola Central de Cotia pela rápida diminuição de imigrantes e pela avaliação de perspectivas futuras. Com a suspensão da imigração, o departamento de imigração da cooperativa, que fazia principalmente a mediação de problemas dos imigrantes, foi desativado em fevereiro de 1972. Ainda que tenha havido motivo para isso, o fato de ter acabado com os imigrantes sucessores foi um grande choque para Cotia Seinen e parece que havia muitos jovens que ficaram indignados com a irresponsabilidade da cooperativa. Até então, o departamento de imigração executava os serviços rotineiros da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, mas obviamente essa miscelânea de afazeres também foi suspensa e houve instrução para que a Renraku Kyoguikai tirasse logo os documentos relativos à associação. Como providência emergencial, a Renraku Kyogikai foi transferida às pressas para o escritório comercial do Seo Nishio Shokai, de um Cotia Seinen, que ficava em Pinheiros. Depois disso, com uma diretriz administrativa própria, 45


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a associação tem se mantido e evoluído até hoje. Pode-se imaginar que os esforços dos diretores não foram normais. Encontro dos 20 Anos Nos 20 anos do Cotia Senen, o Renraku Kyoguikai, em colaboração com um grupo de empreendimento, realizou uma pesquisa da situação real dos imigrantes de Cotia Seinen. Os resultados foram: em 1975, a média de propriedade era de 51,3 hectares por pessoa, havia mais de 20 pessoas com mais de 70 milhões de ienes de produção, 87,4% responderam que foi bom ter imigrado. 50% estavam casados com japonesas natas das quais 54% eram foram chamadas para imigrar. 47% das esposas eram nisseis ou sanseis e 3% não eram descendentes de japoneses. O Encontro Comemorativo dos 20 anos também foi grandioso, sendo que no discurso de saudação foi dito: "Com 20 anos de imigração ao Brasil, nós completamos finalmente a maioridade. Gostaríamos de expressar a nossa gratidão e nosso apreço ao Brasil e ao pessoal da colônia que nos orientou e apoiou" e foi finalizado com "para o futuro, pensamos em continuar atuando ativamente". Nova Imigração de Cotia Seinen O total dos imigrantes de Cotia Seinen ficou em 2508 imigrantes, dentre os quais 1500 se tornaram independentes e, dentre eles, cerca de 1000 se tornaram membros da Cooperativa Agrícola de Cotia e como membro de nível médio da cooperativa atuaram muito ativamente, chegando a dominar 17% no total da venda. Assim sendo, tanto no aspecto da formação de sucessores de agricultores de origem japonesa como no desenvolvimento da Cooperativa Agrícola de Cotia, não é exagero dizer que o objetivo inicial foi suficientemente alcançado. Os Cotia Seinen se unem, mas os membros são numerosos e obviamente há casos em que as 46

opiniões podem divergir. Mas, afinal qual é a força propulsora desse desenvolvimento? Diferente dos imigrantes de antes da guerra, são poucos os que pensam em voltar gloriosamente à terra natal. Não seriam pessoas que tinham um forte sentimento de dar um grande lance? A vontade de fazer de cada um dos jovens era absolutamente assustadora. Não sabem o que é ficar parados por um instante. Avançando somente para frente, como se estivessem sendo perseguidos e apressadamente vão levando adiante os negócios e a agricultura. É um grupo possuidor de caráter forte e maravilhoso. Os nisseis também têm progredido bastante como excelentes agricultores com jogo mental em certo sentido, mas com o avanço batendo a cabeça dos isseis, os Cotia Seinen, é de simplesmente ficar boquiaberto. Há quem avalie que os nikkeis têm a capacidade de ação que não temos. E ao observar os próprios Cotia Seinen dizendo de fato que "é capacidade de ação e não jogar com a cabeça", a nossa avaliação dos nisseis e sanseis em relação aos jovens isseis não deve estar errada. Algumas pessoas dizem que aquilo foi uma reação ao fato de terem sido obrigados a trabalhar muito. É a vontade de mostrar que é capaz. Não, é um pessoal que tem um sonho grande. Tudo isso é correr atrás do sonho para ver até onde pode chegar. Talvez, tudo o que foi dito esteja certo. E, entre os Cotia Seinen também aumentou o desejo, como outrora sr. Kenkiti Simomoto havia pensado, de ter novamente imigrantes sucessores. Isso deu origem ao início da nova imigração de Cotia Seinen. Em 1977, o presidente Fujita da Zenchu, que soube da vontade da Cooperativa Agrícola de Cotia, veio para o Brasil e entrou em acordo


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para fazer um recrutamento a partir de 1978. Na primeira fase seriam recrutados 300 pessoas e o período do contrato obrigatório não passaria de quatro anos, mas o Japão estava diferente e a situação do Brasil também, em relação a 1955. Não se sabe se foi ou não adotado um sistema adaptado à realidade atual para atrair e recrutar os novos. Será que poderá ser cumprido? Aqui também, como na época de segunda fase de Cotia Seinen, do lado do Japão há a dificuldade de ter sucessores na própria família de agricultores. O recrutamento de novos imigrantes de Cotia Seinen que tem como alvo filhos de agricultores enfrenta esse grande obstáculo. Depois da interrupção por 10 anos do recrutamento de Cotia Seinen, dentre os seis candidatos de 1978, somente cinco pessoas chegaram na primeira leva como novo imigrante de Cotia Seinen. Em face do problema para a continuidade está sendo exigido um estudo mais profundo quanto à forma de recrutamento. Primeira Delegação de Estagiários da Segunda Geração em Visita ao Japão No final do ano passado (1979), os nisseis uniformizados chegaram do Brasil no Aeroporto de Narita e alvoroçou a TV japonesa: era a dele-

gação de estagiários da segunda geração de Cotia Seinen de 150 pessoas em viagem fretada que o Renraku Kyoguikai enviou. Cotia Seinen que surpreendeu o mundo realizando o Primeiro Encontro de Cotia Seinen em meio à oposição, agora estava enviando uma delegação só de filhos para visitar o Japão, em lance surpreendente nunca visto antes. No início, o Renraku Kyogikai achava que era um pouco cedo para isso, mas realizou de fato. Só por isso, parece que dá para avaliar até onde avançou a capacidade do Cotia Seinen. Participação Colaborativa no Desenvolvimento do Cerrado Ao observar o espírito de desbravador do Cotia Seinen, a participação ativa no desenvolvimento do cerrado tem chamado a atenção do mundo. Estão se desafiando corajosamente em áreas desconhecidas do Brasil como no projeto PADAP e em Paracatu. Quanto ao desenvolvimento do Cerrado, é um grande projeto de desenvolvimento agrário do Brasil que o Governo Japonês participou e atualmente está em forma progressiva, mas não há dúvida de que aqui também os Cotia Seinen irão dominar o tesouro verde com seu espírito desbravador. Livro dos 25 Anos de Cotia Seinen, pp.129~139

A Família Imperial e o Cotia Seinen Utsuri sumu kuni no tami toshi Oitamau kimiraga utau Sakura sakura to Como o povo de uma nação que emigra Vocês envelhecidos cantam Sakura, Sakura Essa poesia japonesa (waka) foi recitada pela Imperatriz neste ano (1995) no Utakai (Apresentação de poesia) do início do ano, realizado

no palácio imperial. Provavelmente, deve ser sobre aquela oportunidade. No dia 18 de junho de 1978, quando foi realizada a Festa dos 70 Anos de Imigração Japonesa, no Estádio do Pacaembu, bem próximo às poltronas do então casal de Príncipes Herdeiros no centro da cerimônia, estavam colocadas as poltronas aos idosos. 47


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No decorrer da cerimônia, centenas de pessoas do coral, com acompanhamento de uma esplêndida banda, cantaram com voz transparente "Sakura, Sakura". Então, inesperadamente, 60 ou 70 mil pessoas que se encontravam no estádio começaram a cantar também. Os ojiitian (avôs) e as obaatian (avós) do setor dos idosos também estavam cantando "Sakura, Sakura" com todo empenho segurando as bandeirinhas do Japão e do Brasil. E nos rostos de quase todos os idosos escorriam lágrimas sem parar. Naqueles rostos vincados pelo longo tempo de sofrimento do desbravamento, bronzeados sob sol forte... A Imperatriz deve ter se lembrado dos idosos daquela ocasião e recitado a poesia. Foi no dia 23 de janeiro de 1986. Nós da 4ª Delegação de Estagiários da Segunda Geração do Cotia Seinen em Visita ao Japão, estávamos visitando o Palácio Togu, que era o ponto alto dessa viagem. Parte das palavras do então Príncipe Herdeiro nessa oportunidade: "Outrora tivemos a opor-

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tunidade de visitar o seu país Brasil por duas vezes e estamos agradecidos de coração pela calorosa recepção. E há quatro anos, na ocasião em que Hironomiya, que está aqui, visitou o Brasil, encontrou com irmãos e irmãs mais velhos de vocês e contou-me sobre as lembranças divertidas de então. Aquela visita, mesmo depois de oito anos, ainda está gravado em nossos corações como lembranças de impressões muito profundas. Fiquei particularmente muito impressionado naquela cerimônia de comemoração dos 70 Anos de Imigração Japonesa realizada em São Paulo. O presidente Ernesto Geisel disse claramente dentro de seu discurso que "a maior contribuição do Japão ao nosso país foi ter enviado em grande quantidade os imigrantes japoneses honestos e trabalhadores." "Os imigrantes japoneses são seus pais, que mesmo estando sobrecarregados de muitos sofrimentos construíram o dia de hoje sem nunca ter perdido a integridade e a diligência. Vocês são filhos dessas pessoas maravilhosas. Por favor, nunca se esqueça disso e desejo que se tornem cidadãos brasileiros respeitáveis como seus pais."


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O Príncipe Herdeiro de então recordava de um trecho do discurso do presidente naquela cerimônia comemorativa de oito anos atrás e, citando-o, proporcionou confiança e orgulho às crianças como brasileiros descendentes de japoneses e ainda os incentivou. Tenho ouvido que a relação da família imperial com Cotia Seinen começou em 1965 quando representantes de noivas imigrantes visitou o Japão e explicou a situação brasileira à então Princesa Herdeira no Palácio Togu. E, dizem que o fato da Delegação de Estagiários da Segunda Geração ter visitado o Palácio Togu e se encontrado diretamente com a família do Príncipe Herdeiro, e isso ocorreu em todas as visitas ao Japão, foi graças à ajuda de muitas pessoas e principalmente ao prof. Michio Watanabe. Em 1979, o sr. Mitsuyoshi Tsuji em sua visita ao Japão como representante de Cotia Seinen, sondou com o prof. Watanabe, que era Ministro de Agricultura, Floresta e Pesca na época, sobre a possibilidade da Primeira Delegação de Estagiários de Segunda Geração visitar o Príncipe Hironomiya e, meses mais tarde, quando o Ministro visitou o Brasil, os diretores do Renraku Kyoguikai realizaram no Hotel Cesar Park uma reunião informal, foi feito novamente o pedido e receberam a promessa de que ele iria levar o assunto à Agência da Casa Imperial. E, esta conversa tomou forma e avançou até ser recebido não só pelo Príncipe Hironomiya, mas também pelo casal do Príncipe Herdeiro. Em janeiro de 1980, foi realizada a primeira visita ao Palácio Togu e desde então até agora, uma vez a cada dois anos, no total de oito vezes e mais a Delegação da Visita ao Japão em Comemoração às Bodas de Prata de 1985, visitou o palácio. Mais de 600 membros dessas delegações, foram agraciados, com essa recep-

ção especial, no período de 15 anos. Sem ser organização pública, uma organização totalmente privada como o nosso Cotia Seinen Renraku Kyoguikai receber continuadamente esse tipo de oportunidade deve ser uma coisa bastante incomum uma organização privada como a nossa receber tal atenção e por tanto tempo. Fazendo uma pausa na conversa forma, vamos apresentar alguns episódios das ocasiões de visita ao Palácio Togu. Conversa com Sua Alteza Imperial Na ocasião da audiência, o Príncipe Herdeiro dirige palavras a cada um dos membros da delegação. Nesse momento, vendo o crachá colocado no peito, ele sem falta, chama pelo nome. Se não me engano, foi na segunda delegação (1981). O Príncipe perguntou a um dos estagiários. "Sr. Komiya, o que foi mais divertido vindo para o Japão?" "Bem, bem. Quando se coloca a moeda, faz um barulho grande "gotton" e sai um lanchinho." O diretor da delegação de estágio que servia de intérprete explicou que era máquina automática de venda. "Não tem isso no Brasil?" "Lá não tem (muito), não. Quando tem, é quebrada e roubada." Para explicar isso o diretor suou muito. "Então, o que o pai do sr. Komiya está cultivando lá?" Foi nesse momento em que o Paulo disse o que o coração do diretor quase deu cambalhota. "Bem, ojisan (tio), meu pai..." O Príncipe Herdeiro que foi chamado de tio, por um momento pestanejou e ao mesmo tempo fez uma expressão de surpresa. Em seguida, com sorriso realmente contente disse: "Ah, é isso. Está cultivando tomate." e elevou o copo 49


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com suco de tomate que estava na mão direita para que o Paulo pudesse ver. O Paulo estava sorrindo junto. O diretor tentou logo pedir desculpas pela falta de educação, mas ao ver os sorrisos do príncipe e do Paulo estarem maravilhosamente radiantes, pareceu que fazer isso era deselegante e ficou quieto. Passaram-se mais de 10 anos desde então. O Paulo tornou-se um jovem respeitável e, como braço direito do pai, está cultivando tomates em grande escala dando emprego a muitas famílias. Recordo-me que foi na terceira visita em 1983. Foi no momento em que o casal do Príncipe Herdeiro iria deixar a sala de audiência. O casal estava se despedindo de cada membro da delegação com um aperto de mão. No meio da delegação estava a esposa do sr. Urano, de Teixeira de Freitas, Estado da Bahia. Após o cumprimento do Príncipe, a Princesa segurou de leve a mão dela. Então, a Princesa fez expressão de ter sentido algo e, apoiando a mão esquerda na costa da mão direita da sra. Urano, olhou para o rosto dela e disse afagando-lhe a mão: "Parece que sofreu muito, não é mesmo?" Nesse momento, a sra. Urano soltou uma voz intraduzível do fundo da garganta, levou a sua mão esquerda livre para meio do rosto e disse gaguejando: "Que...que...pa...palavras generosas. Mu...muito obrigada." Os ombros da sra. Urano balançaram violentamente e as lágrimas escorreram entre os dedos da mão esquerda. Foi realmente marcante o Príncipe, que estava de pé ao lado da Princesa, olhando com expressão grave ter acenado com a cabeça de leve várias vezes em sinal de compreensão.

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Nessa ocasião, houve também outro episódio. O Príncipe virou para a Princesa e apresentou o menino da delegação com quem conversava. Esse menino parece que conversou bastante com o Príncipe nesse dia, mas mesmo o pai perguntando depois, ele recusou-se a falar terminantemente; "Isso vou deixar guardado para sempre no meu coração, de modo que não vou contar nem para papai". Aqui, vamos deixar registrados alguns textos de impressões pessoais escritos pelas crianças que participaram dessa delegação após retorno ao Brasil. "Conversei com a Princesa Michiko. Sentimos como se fôssemos envolvidos suave e delicadamente. Mas, ao me aproximar, percebi que tinha mais rugas do que a mamãe e de certa forma fiquei triste." (Menina, 17 anos) "Encontrei com o casal do Príncipe Herdeiro que nem os japoneses conseguem encontrar com facilidade. Cantamos vigorosamente uma canção brasileira e a Princesa Michiko ficou sorridente. O Príncipe Herdeiro me perguntou: "O que achou vindo para o Japão?" Eu respondi: "O estudo é difícil, está avançado em diversos aspectos e a paisagem é linda." (Menino, 17 anos) "Havia gente que foi até o ônibus com chinelos da hospedaria e até gente que perguntou para o Príncipe Herdeiro: "Ojisan (tio), qual é sua idade?"" (Menino, 13 anos) "Se for para dizer o que foi maravilhoso, foi o encontro com o Príncipe Herdeiro e a Princesa Michiko. Minhas mãos ficaram molhadas com o suor pelo nervosismo. Mas, o que me deixou mais nervosa foi quando o Príncipe Herdeiro me dirigiu palavras. Estava um pouco nervosa, mas respondi claramente. Achei que todos estavam receosos." (Menina, 15 anos)


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"As palavras e a imagem carinhosas do Príncipe Herdeiro e da Princesa Michiko no Palácio Togu estão gravadas nitidamente no meu coração até hoje. Provavelmente, será a lembrança mais preciosa que não teremos mais em nossa vida." (Menina, 17 anos). "Nessa viagem, o que me deixou com coração palpitando foi o encontro com o Príncipe Herdeiro, a Princesa e o Hironomiya. Fiquei tão contente que não pude falar nada e fiquei só olhando quieta." (Menina, 16 anos) "O encontro com o Príncipe Herdeiro e a Princesa Michiko no Palácio Togu se tornou uma lembrança para a vida inteira. Eram pessoas de aspecto muito agradável, havia sala e jardim lindos, que parecia um sonho." (Menino, 14 anos) "A Princesa Michiko me perguntou "O que achou do Japão?" e respondi nervoso em voz baixa: "Bem, é um país um pouco frio." (Menino, 14 anos) O falecido prof. Takaharu Miyagi, que há 40 anos encaminhou os Cotia Seinen, continuou a nos acompanhar no Japão e dirigiu um olhar carinhoso como se estivesse recebendo os netos para essa delegação de nisseis. Ele escreveu uma carta: "Foi muito bom ter enviado os Cotia Seinen. Nasceram muitos nisseis admiráveis integrados e assimilados ao Brasil e estão se tornando brasileiros que superam os pais." "Esses nisseis foram convidados pelo casal do Príncipe Herdeiro e fui acompanhando-os até o Palácio Togu. Fiquei emocionado a ponto de lacrimejar ao ver que o casal de príncipes acolheu a todos e conversou amistosamente. Pude constatar que o casal do Príncipe tem muito interesse em relação ao Brasil, aos descenden-

tes de japoneses e seus filhos e tem um profundo carinho por eles." Refletindo, a visita ao Brasil da família imperial começou na ocasião dos 50 Anos de Imigração Japonesa, com a vinda do casal Mikasanomiya, em 1967, e em 1978, do casal do Príncipe Herdeiro (atual casal Imperial), em 1982, do Hironomiya (atual Príncipe Herdeiro Naruhito), em 1988, do Ayanomiya (Príncipe Akishino) e neste ano, em 1995, da Norinomiya (Princesa Sayako, atual sra. Sayako Kuroda). Creio que sejam poucos os países que recepcionaram todos os membros da atual família imperial. Dizem que a amizade entre o Japão e outros países se deve em grande parte à diplomacia imperial. Será que é petulante dizer que um tipo de laço foi estabelecido inesperadamente entre a família imperial e a delegação de estagiários descendentes de segunda geração? Não paro de desejar que esse laço seja mantido eternamente enquanto for permitido. Parece ser uma coisa grandiosa o estágio de descendentes de segunda geração no Japão, do fim ao ano para começo do ano, durante cerca de um mês, com uma programação repleta, não só de visita ao Palácio Togu, mas com visita à terra natal dos pais, ao Parque da Paz de Hiroshima, visita de estudo às indústrias, indo mais para o leste, turismo em vários locais, intercâmbio com os jovens do Japão, trazendo benefícios para as crianças na idade de crescimento. Creio que seja a atividade mais significativa que o Cotia Seinen Renraku Kyoguikai já realizou. Livro: Comemorativo dos 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.167~170

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Apresentação de Filiais REGIÃO DE VARGEM GRANDE PAULISTA Nos altos e baixos da urbanização Desenvolvimento junto com cooperados de Cotia Ela formava a principal região agrícola e era um distrito da cidade de Cotia, próxima ao grande mercado consumidor da cidade de São Paulo. Com aumento da população, área tornouse independente como município de Vargem Grande Paulista. A cidade foi urbanizada junto com a área da Grande São Paulo, sendo uma espécie de cidade satélite. Atualmente, seguindo o progresso, está sendo ampliada a construção de uma rodovia até a cidade de Cotia, e as condições de trânsito estão mostrando um progresso notável, ficando cada vez mais distante do que está em nossas recordações. Tem aumentado também pessoas que fixam residência aqui e vão trabalhar na cidade de São Paulo. Não há como mudar o terreno e o clima, mas ao afastar-se um pouco da área urbana, o clima é refrescante, com montes brandos. Há muito tempo estavam espalhadas as casa de veraneio e os sítios da classe abastada da cidade de São Paulo, mas nos últimos anos, temos uma grande população morando ou vindo nos fins de semana e nos feriados, com lojas e supermercados cheios e prosperando com a presença dessas pessoas. Falando na agricultura em Vargem Grande Paulista, o que construiu essa base foi a Cooperativa Agrícola de Cotia, organizada pelos japoneses e os cooperados descendentes de japoneses. Na época, o escritório da Cooperativa Agrícola de Cotia, que era conhecido como Armazém Vargem Grande, era composto por 52

cooperados residentes em Cotia, Mairinque e São Roque. Corriqueiramente era chamado de vilarejo de Vargem Grande e foi formado como uma unidade da Cooperativa Agrícola de Cotia, que lida com questões necessárias como organização de agricultores na comercialização de produtos, no fornecimento de materiais para produção e para o lar, no financiamento agrícola, na orientação agrícola, no transporte e assim seguindo o caminho do desenvolvimento. Além disso, ainda que seja dentro da estrutura da Cooperativa Agrícola de Cotia, o vilarejo de Vargem Grande possuía um setor de transporte com administração independente, o GTC (Grupo de Transporte Coletivo), e como extensão, os pioneiros do vilarejo de Vargem Grande dedicaram-se em atividades importantes como manter a escola de língua japonesa e o internato para acomodar crianças. Na época, a locomoção era deficiente e como era difícil as crianças frequentarem a escola brasileira saindo de casa todos os dias, acolhiam as crianças das famílias de agricultores, que a partir do internato frequentavam a escola brasileira. Além disso, se esforçavam para transmitir a cultura japonesa, dando o ensino de língua japonesa e condições para a prática esportiva. Cooperados que mostraram rejeição aos jovens do pós-guerra Pois bem, ao iniciar a imigração do Cotia Seinen, houve um episódio que ilustra a rejeição dos jovens. Em Vargem Grande onde era normal o agricultor ser cooperado, o diretor superintendente da Cooperativa Agrícola de Cotia, sr. Kenkiti Simomoto, veio para explicar a introdução do Cotia Seinen e receber a inscrição de


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famílias de agricultores que o acolheriam. Na sala de reunião onde estavam reunidos numerosos cooperados, o sr. Simomoto explicou em discurso inflamado para persuadir, no meio do alvoroço, sem que nenhum cooperado tinha se manifestado positivamente "então, eu vou me candidatar". Havia o sentimento de receio de que seria difícil usar jovens do Japão, pois só havia passado dez anos após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Os jovens passaram pelo batismo da democracia e que se tornaram os "après-guerre" americanizados e "rapazes democráticos". A maioria pensava em decidir depois de observar um pouco a situação. Havia incerteza por parte da família do agricultor que o acolheria, se seria possível cumprir o contrato de quatro anos. E mais, a família do agricultor que acolheria os jovens sentia insegurança e responsabilidade quanto a morar junto com jovens, dando tratamento familiar e orientar para que possam se tornar agricultores independentes no futuro. Não se sabe como foi a persuasão, mas felizmente dois cooperados se ofereceram para os acolher experimentalmente. Foram os cooperados Masayuki Morita e Shunzo Kayano. E foram enviados para esse local quatro pessoas da primeira leva. Para o cooperado Morita foram destinados Kei Kuroki (de Miyazaki) e Yoiti Harada (também de Miyazaki) e para o cooperado Kayano, Tomojiro Yamazaki (de Niigata) e Mutsuo Honda (de Oita). O desempenho no trabalho desses quatro ficou conhecido e logo apareceram muitos cooperados que desejavam acolher os jovens seguintes, se fossem jovens maravilhosos como aqueles. O número bem conhecido do estágio inicial do Cotia Seinen é, seguindo as 109 pessoas da primeira leva, em novembro do mesmo ano chegaram 161 pessoas da segunda leva e na terceira leva que partiu do Japão em 1955, e que passou o ano novo na travessia do mar, chegaram 124 pessoas em fevereiro de 1956. Assim,

sucessivamente, partiram com destino ao Brasil e com chegada das últimas 11 pessoas em janeiro de 1967, vieram para o Brasil o total de 2508 Cotia Seinens. Há um registro de que 181 Cotia Seinens foram enviados para terras cultiváveis da região de Vargem Grande, que estava prosperando com agricultura suburbana na época. Além disso, se incluir os companheiros que vieram de outras regiões buscando trabalho, cremos que mais de 200 foram empregados. Há o registro de que 85 cooperados acolheram esses novos imigrantes. Modelo de Cotia Seinen, o modo de vida de Kei Kuroki da primeira leva Das quatro pessoas da primeira leva citadas anteriormente, Tomojiro Yamazaki está em Castro, Mutsuo Honda em Curitiba, Yoiti Harada em Londrina. Todos estão com o mesmo entusiasmo de quando eram jovens. Kei Kuroki, que é o único da primeira leva da primeira fase que continua se esforçando energicamente no local por 50 anos, tornou-se independente com o cultivo de batata. Ele administra também a avicultura de Broiler e adotando o cultivo com iluminação elétrica do crisântemo, foi sucedido por Satoru, um excelente sucessor. E ao ver esse fato, dá-se a impressão de estar vendo uma transição agrícola exemplar desta zona.

Os cotia seinens de Vargem Grande Paulista

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Houve também outros que foram enviados para cá e não se mudou nenhuma vez como: Shigeru Sugimoto (3ª leva da primeira fase, de Wakayama), Masumi Konishi (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Tadao Nishikawa (8ª leva da primeira fase, de Niigata), Jiro Igarashi (8ª leva da primeira fase, de Niigata), Tadayoshi Tateno (9ª leva da primeira fase, de Tochigi), Kazuo Mishima (12ª leva da primeira fase, de Shimane), Masumi Kimura (1ª leva da segunda fase, de Shimane), Akira Morita (1ª leva da segunda fase, de Miyagi) e Tetsuo Yamashita (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima). 46 pessoas cumpriram o contrato de 4 anos em Vargem Grande e depois se mudaram para outras regiões. O que mudou na produção agrícola dessa região com a introdução do Cotia Seinen? Não deve ser a única causa, mas há relatórios do Grupo de Transporte Coletivo (GTC) do Depósito Regional de Vargem Grande. O GTC, que foi fundado em 1943, estava cada vez mais deficitário e foi registrado que queriam repensar no modelo de gestão, reformando a época da fundação. No relatório do ano fiscal de 1960 consta que a produção ultrapassou cinco caminhões e registrou superávit nesse ano pela primeira vez desde a fundação do GTC. Os produtos eram batata, tomate, verduras, alcachofra, avicultura poedeira, etc. Houve difusão de tratores, equipamento para irrigação, pulverizador elétrico, etc., mas está registrado no relatório a informação de que, com a introdução de Cotia Seinen, houve o desenvolvimento da avicultura poedeira e da produção de Broiler, que necessitam de mão de obra confiável. Casamento e Independência Os Cotia Seinens que foram enviados no período inicial, em 1959 já tinham cumprido o contrato e começou a aparecer os que se torna54

vam independentes. Em primeiro lugar, eles pensavam em se casar com noiva imigrante do Japão ou com moças descendentes de japoneses. Na década de 1960, os assuntos de independência e casamento dos jovens dominavam as conversas dentro da comunidade. Chegou a primeira leva de noivas imigrantes (abril de 1959) com a Yumiko Hibino e Junko Kino. Na segunda leva chegaram a Misako Kuroki e Sachie Horigome, e depois disso chegaram mais oiito noivas imigrantes. Nesses casamentos, nota-se que na região de Vargem Grande Paulista não houve alguém que tivesse casado com brasileira não-descendente de japonês. No momento da independência, com os esforços dos patrões, foi possível preparar terreno para o assentamento, especialmente para os Cotia Seinens, na região. Em 1963, com os esforços do cooperado Taichiro Hashizume, oito Cotia Seinens foram assentados na Colônia Japonesa de Novo Caeté. Já foram diversas vezes apresentados, mas são conhecidos como oito samurais. Em 1964, com os esforços do cooperado Masayuki Morita, foi preparado o terreno para o núcleo japonês do Bairro de Canguera e cinco Cotia Seinens foram assentados e tornaram-se independentes. Nessa época, 54 Cotia Seinens tornaram-se cooperados e independentes, sendo que o número total de cooperados do Depósito de Vargem Grande era de 178 cooperados. Depois disso, como transição nos negócios da cooperativa, que era dominado em volume pela avicultura, com a doença de New Castle e a recessão na avicultura, aumentou o número de jovens que mudaram o foco para plantas ornamentais com produção de flores e plantas ornamentais e de samambaia utilizando o antigo galinheiro. A comunidade local foi beneficiada pela grande quantidade de Cotia Seinens que se estabeleceram, ocupando postos importantes como


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de conselheiro da comissão do vilarejo, que era responsável pela região, e como membro da comissão de produção, na época em que a Cooperativa Agrícola de Cotia estava bem. Além disso, houve muitos companheiros que se tornaram diretores de Associação Cultural que centralizava as atividades sociais dos descendentes de japoneses.

estufas de grande escala, com crisântemo de corte e desenvolvendo novas espécies, principalmente de cravos e tentando descobrir espécie rara, estão colhendo os frutos dessa dedicação que refletem nas vendas. A propósito, esses dois fizeram estágio nos Estados Unidos e tem desenvolvido ainda mais a base herdada dos pais.

Atualmente, passados 50 anos de imigração, infelizmente aos poucos têm aumentado o número dos que faleceram, e todos os anos no sábado do final do mês de outubro, é feito o culto em memória dos Cotia Seinens falecidos. Em 2005 foi realizado pela 15ª vez. O monge é o companheiro de Cotia Seinen, Shigeru Sugimoto (3ª leva da primeira fase, de Wakayama, da seita Jodo Shinshu) que posteriormente circula pelos túmulos fazendo leitura da sutra e colocando flores.

Os sucessores de Akira Morita são os irmãos Hisao e Kiyoshi. Hisao, por conta do relacionamento da região, é associado da Associação Cultural de Ibiúna e parece que há um tempo ele é diretor da associação dos pais da Escola de Língua Japonesa. Ele tem se dedicado juntamente com esposa na orientação esportiva. Atualmente tem se destacado na comunidade local como diretor da Associação Cultural de Ibiúna. Satoru Kuroki, sucessor do casal Kei e Misako, já citado anteriormente, tem se destacado como líder de jovens cultivadores de flores e plantas ornamentais. Administra também uma loja de plantas ornamentais e, na área social, dizem que foi convidado a se lançar como candidato a vereador na cidade de São Roque, mas que recusou dizendo que ainda não está preparado. Deve ser questão de tempo para que isso se concretize.

Monge Shigeru Sugimoto

Sobre as atividades dos descendentes Junto com a mudança da forma de administração agrícola, superando as dificuldades de cada época, nessa área tem aparecido companheiros que se dedicam ao cultivo de flores e plantas ornamentais, além de cogumelos como shiitake e Agaricus. Também são numerosos os filhos de Cotia Seinen que sucederam seus pais na agricultura. Os irmãos Isamu e Yuji Kimura, que se empenharam no cultivo de flores ornamentais em

Os sucessores da família Tateno, os irmãos Alberto e Yukio, herdaram o pomar e a avicultura de Broiler, que os pais construíram e, com a falência da Cooperativa Agrícola de Cotia, após desistirem da avicultura, trocaram as telhas do galinheiro por filme de polietileno e o transformou rapidamente em estufa e iniciaram o cultivo de flores e plantas ornamentais em vasos. Depois, construíram estufas de verdade para cultivo de flores e plantas ornamentais, ampliando a área do cultivo e, como usualmente fazem os cultivadores, dedicam-se também à venda. São diretores da Escola de 55


Cotia Seinen: 60 anos de União

Língua Japonesa da Associação Cultural de Ibiúna e passam os dias ocupados, tanto na vida particular como a pública.

- Kazuyuki Yasutake (1ª leva da segunda fase, de Kumamoto) - Masumi Kimura (1ª leva da segunda fase, de Shimane) - Akira Morita (1ª leva da segunda fase, de Miyagi) - Tetsuo Yamashita (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima)

A família de Masao Kataoka é produtora de verduras, mas abençoada com o sucessor Noriaki, continua se mantendo firme. Há também aqueles filhos que se dedicam a diversas outras profissões e ocupações especializadas. Dizem que havia até um professor universitário, destacando engenheiros, principalmente engenheiro civil, médicos e dentistas, e há famílias em que há dois dentistas, ou que tem um médico e um dentista na mesma família.

- Hideki Higo (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima) - Yuji Teramoto (7ª leva da segunda fase, de Tottori) - Hisashi Nagano (18ª leva da segunda fase, de Tochigi) - Tadashi Shakuda (19ª leva da segunda fase, de Mie) - Shingo Inoue (27ª leva da segunda fase, de Kumamoto) Nome dos falecidos - Kano Igarashi (16ª lava da primeira fase, de Niigata) - Kiyoshi Furuto (1ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Shigeyuki Shikano (12ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Masaru Yano (6ª leva da segunda fase, de Ehime)

Dentro da jurisdição de Vargem Grande estão 32 Cotia Seinens, mas tem diminuído os que estão na ativa. Mais da metade já está aposentada, e parece que está próximo o aparecimento de um presidente do clube de anciãos originário do grupo Cotia Seinen.

- Tadashi Kuwazuru (5ª leva de primeira fase, de Kagoshima)

(Coleta de informações: Tateno, texto: Ozaki)

Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - P. 154~157

- Katsumi Ukai (3ª leva da primeira fase, de Gifu) - Katsushigue Ito (9ª leva da primeira fase, de Akita) - Yukio Yagami (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima) - Tomozo Hanma (8ª leva da primeira fase, de Niigata) - Saneyoshi Babazono (3ª leva da primeira fase, de Kagoshima)

Membros da Filial - Vargem Grande Paulista - Kei Kuroki (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki - Mitsuomi Inushi (2ª leva da primeira fase, de Kumamoto)

REGIÃO DE IBIÚNA

- Masao Kataoka (3ª leva da primeira fase, de Kochi)

Transformação em cultivo de hortaliças, flores e plantas ornamentais

- Masumi Konishi (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Shigeru Sugimoto (3ª leva da primeira fase, de Wakayama) - Yukio Yoshinaga (4ª leva da primeira fase, de Kochi) - Keiichi Akiyama (4ª leva da primeira fase, de Kochi) - Kokiti Watanabe (5ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Bonji Takahashi (6ª leva da primeira fase, de Iwate) - Nobuyoshi Kosuge (7ª leva da primeira fase, de Gunma) - Yoshimasa Takahashi (8ª leva da primeira fase, de Kagawa)

"Karuizawa do Brasil" que possui diversas faces Tendo um terreno no local alto, com relevo acidentado e um clima mais fresco ao longo da cordilheira costeira, Ibiúna é comparado à cidade de Karuizawa pelos visitantes do Japão.

- Tadao Nishikawa (8ª leva da primeira fase, de Niigata) - Jiro Igarashi (8ª leva da primeira fase, de Niigata) - Tadayuki Yamamoto (8ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Tadayoshi Tateno (9ª leva da primeira fase, de Tochigi) - Tatenori Aoyama (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima) - Kazuo Mishima (12ª leva da primeira fase, de Shimane) - Takashi Yamamoto (14ª leva da primeira fase, de Hiroshima) - Mitsunobu Yamada (14ª leva da primeira fase, de Gifu) - Isao Nishimoto (15ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Yoshimitsu Imaizumi (16ª leva da primeira fase, de Tokyo)

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Desde há muito, a cidade era ocupada por casas de veraneio e fazendas de celebridades, mas nos últimos tempos está se verificando um crescimento acelerado. A cidade de Ibiúna tinha em 2005 uma história de 148 anos, daí a sua aparência antiga na área central. Além disso, na área suburbana, há a Academia de Treinamento Espiritual de Ibiúna da Seicho-no-iê construída em 1955. Em 2003, foi inaugurado o


Cotia Seinen: 60 anos de União

Templo Budista Jodoshu Nippakuji de Ibiúna e cada qual tem atuado ativamente como centro de atividades religiosas. Também há subestação da Furnas, que supre 13% de energia elétrica consumida no Brasil e 40% da energia elétrica consumida no Estado de São Paulo. E mais, com a indústria alimentícia Nissin Ajinomoto operando na região, e tendo o campo e o centro de treinamento de beisebol da Yakult, que sedia o Campeonato Mundial Juvenil de Beisebol, Ibiúna está mostrando uma nova face e está em transformação. Os primeiros japoneses que assentaram nessa terra foram os já falecidos irmãos Shigemori e Yoshihiko Maeda. Na época em que o sr. Shigemori Maeda estava bem de saúde, ouvi dele a conversa da época em que se assentaram em 1932. Lembro que ele dizia que os nativos do local, que nunca tinham visto um japonês, vinham em massa "nos ver" para observar os japoneses. Havia terra para desbravamento e houve a chegada dos batateiros da época buscando novas terras e, como as estradas e os meios de transporte eram deficitários, aos poucos foram se ajeitando e foi se desenvolvendo como uma área agrícola. Foi preciso organizar os agricultores para a venda de produtos e aquisição de materiais agrícolas. Para facilitar a administração da operação logística, fundaram o chamado GTC, Grupo de Transporte Coletivo, e abriu a sucursal da Cooperativa Agrícola de Cotia, que era chamado de armazém na época. Para a educação dos filhos, providenciaram a escola de língua japonesa e o internato para filhos de filiados a GTC. São colocadas 211 pessoas nas plantações Na época de introdução do Cotia Seinen, essa área prosperava exatamente com o cultivo de batata e era necessária muita mão de obra, e havia demanda por bons trabalhadores. Antes

da introdução do Cotia Seinen, já estavam trabalhando em Ibiúna jovens solteiros vindos do Japão por relação de parentesco ou os jovens solteiros que a Associação Cultural Kagoshima do Brasil havia introduzido. assim havia muitos interessados em acolher os Cotia Seinens. Há registro de que, entre os locais de destino dos Cotia Seinens, Ibiúna recebeu o maior grupo, de 211 pessoas. Eles foram trabalhadores importantes da idade de ouro da batata e, junto com a mudança de forma de agricultura, aprenderam o be-abá da agricultura brasileira como trabalhadores em diversas culturas, como o cultivo de tomate, de verduras, de frutas e da avicultura. Houve companheiros do Cotia Seinen que foram para outros locais ou que se mudaram junto com os patrões para formar a área de produção de sementes de batata em outros locais. Outros conseguiram se tornar independentes por causa da boa terra, bem como da topografia e do clima do local para onde foram encaminhados. Há os que vieram de outros locais, os que se tornaram independentes em Ibiúna e foram para outros locais em busca de um mercado de consumo mais favorável. Pode-se considerar que em geral conseguiram superar bem a transição para a independência. Com poucas ferramentas agrícolas e um mínimo de utensílios domésticos, em um casebre de sapé ou construindo casa próxima disso, e experimentando atividades que pareciam não ter fim,

Cotia seinens que chegaram na década de 1970

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como derrubar mata, fazer queimada, arrancar as raízes das árvores e fazer terraplanagem, plantaram 500 a 1000 pés de tomate. Na batata também começaram com uma pequena área, e quem conseguia empréstimo da Cooperativa com o endosso do patrão, era um felizardo no processo de independência. Em comum, todos trabalharam arduamente, enfrentaram dificuldades e acumularam experiências, que foram úteis para a posterior condução dos negócios. Capacidade de Cotia Seinen de arregalar os olhos Os casamentos anteriores a essa fase foram de pessoas que, escrevendo carta para terra natal, convidaram moças para virem do Japão com a mediação das respectivas "Ken Kaigai Kyokai" (Associações de Províncias), ou que se uniram com moças descendentes de japoneses nascidas no Brasil, pelos esforços dos patrões dos quais recebiam ajuda. Há pessoas que constituíram famílias com brasileiras genuínas, mas todos passaram por onde tinham que passar em sua época, com todo esforço possível e cada um construiu as bases de suas vidas, e chegaram até aqui passados os 50 anos da chegada dos primeiros Cotia Seinen. O progresso na agricultura fortalece as famílias e estes têm um papel importante na sociedade local. Ao observar o relatório de 31 de dezembro de 1977, do escritório de Ibiúna da Cooperativa Agrícola de Cotia, da época em que havia passado 20 anos desde o início da imigração do Cotia Seinen, verifica-se a venda de 58 itens no total de 1,8 bilhões de ienes. E a compra total no valor de 800 milhões de ienes. (conversão com taxa do final de 1977) (publicado no número de agosto de 1978 de "Keiei Jitsumu" (Práticas de Gestão) de Nogyo Kyodo Kumiai). Na época, eram 158 os cooperados pertencentes ao escritório de Ibiúna, dentre os quais, 46 eram Cotia Seinen. Quanto ao movimento no 58

escritório de Ibiúna, dentre os 50 primeiros estavam 15 Cotia Seinens. Esse resultado de 30 anos atrás certamente é esplêndido. Assim sendo, o direito a voz dos Cotia Seinen dentro da organização ficou maior e as pessoas em volta também levaram isso em conta. Dos cinco membros da comissão administradora do escritório de Ibiúna, dois eram Cotia Seinens; dos três conselheiros fiscais, dois eram Cotia Seinens; um secretário; e dos nove diretores cinco eram Cotia Seinens. Naturalmente, tinham também influência na diretoria da Associação Cultural, e há muitos que tiveram experiência como líderes em associações agrícolas e de associações culturais nikkeis. E vieram se empenhando em atividades de educação dos filhos, para formar uma juventude saudável e para transmitir os valores culturais que os pioneiros haviam legado. Essa corrente continuou até o início da década de 1990, mas com a dissolução de Cooperativa Agrícola de Cotia e da Cooperativa Agrícola Sul Brasil, além da incorporação do Banco América do Sul, o direcionamento da agricultura também mudou e parte dos agricultores preferiu ir para o Japão como decasségui. Nesse processo, houve quem tentasse a produção de cereais em grande escala em Paracatu e Barreiras, mas ao obter resultados abaixo da expectativa, parte deles acabou desistindo. Mesmo com essa mudança nos rumos da economia, há muitos companheiros que continuam na ativa e estão avançando seus caminhos entusiasticamente, criando admiravelmente os seus sucessores. A área que outrora era de batata tornou-se de hortaliças e de flores e plantas ornamentais. Também há frutas, mas ao se comparar com o passado, não há como não se sentir um pouco triste. Companheiros e sucessores que se empenham na produção de hortaliças


Cotia Seinen: 60 anos de União

Jorge Massaji, sucessor de Akira Aoyama (11ª leva da primeira fase, de Kagoshima), está prosperando com o cultivo de verduras, que é a sua atividade principal. Atualmente, o próprio Akira não só se dedica à plantação de verduras, mas também à criação de avestruz africano e vende os ovos e os pintos desta ave. Parece que há demanda de uma quantidade certa para locais como Assaí, no Estado do Paraná. Ryoji Tamura (5ª leva da primeira fase, de Saitama) se dedica exclusivamente ao cultivo de espinafre japonês com a ajuda de seus três filhos sucessores. Bunzo Watanabe (11ª leva da primeira fase, de Yamagata) com 3 filhos: Roberto, Mário e Celso Yoshiro e Shichiro Manabe (16ª leva da primeira fase, de Hyogo) e seu filho se dedicam ao cultivo da alcachofra, além de outros companheiros. Companheiros e sucessores que se empenham na produção de frutas Shinya Sato (11ª leva da primeira fase, de Miyagi) ao lado da administração do pomar, ensina duas vezes por semana no budokan (centro de treinamento de artes marciais), da cidade de Ibiúna, o espírito de civilidade e a arte marcial do Aikido sendo um mestre. Seu filho Ryuta, o sucedeu na administração do pomar. Yoshio Shimoyama (14ª leva da segunda fase, de Okayama) trabalha com seu filho com caqui. Tamotsu Mizuguchi (11ª leva de primeira fase, de Hokkaido), Shigueo Nakamura (14ª leva da primeira fase, de Mie) e seu filho trabalham com morango. Há outros companheiros não citados na fruticultura em Ibiúna. Companheiros e sucessores que se empenham no cultivo de flores e plantas ornamentais Makoto Shirahata (6ª leva da segunda fase, de Nagano) e seu sucessor Yoichi administram a plantação de flores, principalmente de crisântemo de corte. Shinichi Hatori (1ª leva da se-

gunda fase, de Gunma) e seu filho Joji. Masaaki Izuno (6ª leva da segunda fase, de Kumamoto). Motomi Maruyama (7ª leva da primeira fase, Yamagata) e seu filho Shiro, Morio Fujiwara (8ª leva da primeira fase, de Kumamoto) e seu filho também se dedicaram às flores. Pessoas que combinaram a administração agrícola e o comércio Tadashi Tsuruoka (1ª leva da primeira fase, de Kochi). Katsuji Ono (1ª leva da segunda fase, de Ibaraki) e Hisashi Sumiya (14ª leva da primeira fase, de Ibaraki) são exemplo de Cotia Seinens que produzem e comercializam seus produtos no varejão local. Tem aumentado pessoas como Ryuzo Sugimoto (5ª leva da primeira fase, de Kochi), Hiroshi Serikawa (3ª leva da primeira leva, de Kumamoto), Fumiaki Suetsugu (6ª leva da primeira fase, de Miyazaki), Masaaki Yamashita (10ª leva da segunda fase, de Kagawa), Masaji Ikegaya (9ª leva da primeira fase, de Shizuoka), entre outros que por longo tempo colocou em prática agricultura de grande porte, mas não podendo vencer a idade, aposentaram e estão vivendo os requintes dos passatempos como golfe, karaokê, gateball, mallet golf e shogui. E, Masahiro Seo (5ª leva da primeira fase, de Tokushima) que por muito tempo contribuiu como presidente e diretor superintendente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai e que atualmente mora na fazenda de Ibiúna. Filiado a Bunkyo de Ibiúna, Seo, ao mesmo tempo em que colabora com as atividades de Bunkyo junto com a esposa, não se descuida dos conselhos aos companheiros do Cotia Seinen. De diferente há o Kazuo Nakanishi (10ª leva da primeira fase, de Nara), que como presidente da filial da Seinansei (Liga Sudoeste de São Paulo), da Associação de Adeptos do Templo Inarijinja e também como sacerdote, tem se empenhado na prática da cura, correndo de um lado para outro não só nessa região como tam59


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bém em outros Estados.

cêutico, contador etc.

As atividades dos filhos Uma parte dos sucessores agrícolas que atuam na sociedade local e se dedicam à agricultura já foi citada, mas além deles há o Luis Hiroshi Horigome, Toshiyuki Fukudome, Tadao Suzuki, Fábio Hiroshi Sumiya e Masataka Ishimoto. Toshihiro Serikawa se dedica à produção de grãos em outra região e sua esposa tem grande sucesso na administração de um instituto de beleza.

Há pessoas que estavam se dedicando à agricultura de grande porte, mas devido à alta do custo de produção e dos juros altos do financiamento agrícola, interromperam temporariamente as atividades. Para reunir forças para o novo empreendimento estão trabalhando no Japão.

Roberto Masahiro Serikawa, que muitas pessoas já conhecem por ter sido apresentado na galeria de fotos comemorativos de 45 anos, desde cedo se empenhou no estudo em área relacionada ao etanol, é doutor em engenharia e reside no Japão, trabalhando no Instituto Ebara, na área de energia da engenharia do meio ambiente, atualmente é um especialista influente. Viaja mais de três vezes ao exterior para participar de congressos internacionais. Ele, que domina vários idiomas, participou do Encontro Internacional no Brasil, fazendo apresentação numa subcomissão.

Kazumi Sato (cujo sobrenome de solteira é Serikawa) é instrumentadora cirúrgica e junto com o marido, que é médico e professor universitário, administra um consultório especializado em intestino e aparelho digestivo. Há pessoas atuando em diversas áreas como na área de avicultura, como Sachiko Sumiya, que venceu uma competição nacional como técnica de identificação de sexo do pinto. (Coleta de informações e revisão: Ozaki)

Membros da Filial - IBIÚNA - Tadashi Tsuruoka (1ª leva da primeira fase, de Kochi) - Shoji Horigome (2ª leva da primeira fase, de Gunma) - Hiroshi Serikawa (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Katsuki Kawakami (3ª leva da primeira fase, de Kochi)

Se incluir descendentes que atuam em outras regiões, há o Élio Manabe, que administra um supermercado. Carlos Ryoji Takimoto, com formação em advocacia, trabalha no Ministério do Trabalho. Os descendentes que possuem especialização estão se empenhando cada um em sua área, como dentista, engenheiro, farma-

- Ryuzo Sugimoto (5ª leva da primeira fase, de Kochi) - Ryoji Tamura (5ª leva da primeira fase, de Saitama) - Masahiro Seo (5ª leva da primeira fase, de Tokushima) - Fumiaki Suetsugu (6ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Motomi Maruyama (7ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Morio Fujiwara (8ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Tokuo Nakatani (8ª leva da primeira fase, de Hyogo) - Masaji Ikegaya (9ª leva da primeira fase, de Shizuoka) - Yoshio Suzuki (9ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Kazuo Nakanishi (10ª leva da primeira fase, de Nara) - Ukiti Igarashi (10ª leva da primeira fase, de Miyagi) - Shinya Sato (11ª leva da primeira fase, de Miyagi) - Tamotsu Mizuguchi (11ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Bunzo Watanabe (11ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Akira Aoyama (11ª leva da primeira fase, de Kagoshima) - Kazuo Yanai (12ª leva da primeira fase, de Fukushima)

Atualmente, alguns companheiros criam avestruz

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- Kensho Yamashita (13ª leva da primeira fase, de Kagoshima)


Cotia Seinen: 60 anos de União - Hisashi Sumiya (14ª leva da primeira fase, de Ibaraki) - Shigueo Nakamura (14ª leva da primeira fase, de Mie) - Isao Mizumura (15ª leva da primeira fase, de Saitama) - Shichiro Manabe (16ª leva da primeira fase, de Hyogo) - Shinichi Hatori (1ª leva da segunda fase, de Gunma) - Katsuji Ono (1ª leva da segunda fase, de Ibaraki) - Shigueru Takechi (2ª leva da segunda fase, de Ehime)

gistrada como local onde os imigrantes japoneses do Kasato Maru suaram e derramaram lágrimas de sangue, como colonos em fazendas de café. Há registro de que os imigrantes do Kasato Maru foram enviados para seis fazendas, sendo que três estão na região de Ribeirão Preto.

- Takemitsu Takimoto (2ª leva da segunda fase, de Yamaguchi) - Makoto Shirahata (6ª leva da segunda fase, de Nagano) - Akitoshi Nagaoka (9ª leva da segunda fase, de Nagasaki) - Masaaki Izuno (6ª leva da segunda fase, de Kumamoto) - Masaaki Yamashita (10ª leva da segunda fase, de Kagawa) - Yoshio Shimoyama (14ª leva da segunda fase, de Okayama) - Hisashi Ono (20ª leva da segunda fase, de Ehime) - Yasunori Michizoe (22ª leva da segunda fase, de Kagoshima) - Masashi Io (fase nova, de Hokkaido) - Tadao Ozaki (9ª leva da segunda fase, de Niigata) - Nobuki Kawakami (2ª leva da primeira fase, de Kochi) - Masamitsu Soma (1ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Kakuo Kawano (6ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Sadashiro Murayama (7ª leva da primeira fase, de Gunma) - Nobuya Shimaoka (8ª leva da primeira fase, de Kochi) - Akira Tanakura (10ª leva da primeira fase, de Chiba) - Isamu Ikuta (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Kimio Imamura (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Kazuhisa Ohara (8ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Mitsuyoshi Ishibuchi (16ª leva da primeira fase, de Gunma) - Takuichi Hayashi (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima)

Primeiro Ministro Koizumi observou do céu Fazenda Dumont, pertencente à família de Santos Dumont, famoso pela invenção de avião. Fazenda São Martinho, ainda existente na cidade de Pradópolis, que atualmente produz cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, cuja produção é empenhada por toda a cidade. É onde há algum tempo, o Primeiro Ministro Junichi Koizumi, na ocasião de visita ao Brasil, observou do céu no voo de helicóptero a plantação da cana-de-açúcar e a usina de álcool. A fazenda Guatapará completa as três fazendas que receberam muitos imigrantes. A imigração do pós-guerra para essa região ocorreu com a construção do novo núcleo com a participação de sete províncias sob liderança da Kaikyoren e da Zentakuren (Federação Nacional de Cooperativas Agrícolas de Colonização). Em 12 de janeiro de 1962, chegaram as primeiras 11 famílias.

- Tadao Fujiwara (9ª leva da segunda fase, de Ehime)

Terra de luta dura dos primeiros imigrantes japoneses - Guatapará

O objetivo desta colônia tinha como foco o desenvolvimento da zona de baixa umidade, objetivando a agricultura intensiva. As obras de engenharia civil, como a de drenagem e de irrigação, foram assumidas pela Nanbei Sangyo Kaihatsu Seinentai (Equipe de Jovens de Desenvolvimento Industrial da América do Sul) levando ao sucesso a preparação da área de campo irrigado.

Hoje em dia é um distrito independente, mas até 1995 era um bairro da cidade de Ribeirão Preto. A população aumentou e acrescidos de outros elementos políticos, tornou-se distrito de Guatapará. A região de Ribeirão Preto é re-

A propósito, as sete províncias eram Yamagata, Ibaraki, Nagano, Shimane, Okayama, Yamaguchi e Saga. A área total da colônia era de cerca de sete mil hectares. O Primeiro Ministro Koizumi lançou um buquê de flores do céu nesse local e

- Takeshi Suzuki (11ª leva da segunda fase, de Miyagi) - Hachiro Fukudome (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima) - Tatsuo Furuzawa (1ª leva da segunda fase, de Saitama) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - P. 157~160

RIBEIRÃO PRETO

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Cotia Seinen: 60 anos de União

aterrizou mais exatamente no Bairro de Mombuca.

fase, de Nagano), Akihiro Tomioka (12ª leva da segunda fase, de Okayama).

Campo irrigado, palha de arroz e artesão de tatami O primeiro Cotia Seinen que assentou nessa região foi Tomoharu Saeki (6ª leva da segunda fase, de Kumamoto). Veio transferido da cidade de Assaí do Estado do Paraná para cultivar arroz em campo irrigado. Ao lado obviamente do arroz, se propôs a confeccionar tatami utilizando palha de arroz e cultivar o junco para fazer esteira de tatami. Era originalmente artesão de tatami no Japão e já nessa época produzia tatami em outra região em cooperação com uma certa empresa. Estabelecendo-se com esta intenção, está administrando ainda hoje a fábrica de tatami. Há demanda em diversas áreas como para sala em estilo japonês e para treinamento de judô. Felizmente, tendo sido abençoado com o sucessor, o filho mais velho Gilson Hiroyuki, que está desenvolvendo os negócios com a busca de novos clientes, atendendo muitos consumidores. Esse sucessor foi bem jovem para a província natal de seu pai como Kenpi Kenshusei (estagiário custeado pela província) para aprender as técnicas de confecção de tatami. Após o retorno, tem se dedicado aos negócios da família. Tokuo Maniwa (25ª leva da segunda fase, de Shimane) estava produzindo cereais e se dedicando à criação de frangos Broiler, mas devido ao avanço da idade, alugou suas terras para uma usina de álcool, que transformou sua propriedade em plantação de cana-de-açúcar. Os filhos tornaram-se independentes e seguem seus próprios caminhos.

Quase todos já se aposentaram ou estão para aposentar, mas Hitoshi Nozasa ainda está na ativa continuando a criação de gado leiteiro e adotando o sistema de venda direta de laticínio, incluindo o leite. Está conquistando com a qualidade do produto e serviço os numerosos consumidores da cidade. Akihiro Tomioka mora no local chamado Bonfim Paulista, que antigamente era um bairro da cidade de Ribeirão Preto com muitos agricultores e era próspero em produção agrícola, mas com a urbanização, desistiu da agricultura e atualmente está aposentado. Yoshitomi Hamamoto (12ª leva da primeira fase, de Hyogo) tem residência na cidade de Jaboticabal e antigamente trabalhava em uma grande empresa de álcool (etanol) relativamente perto de casa, e ainda está na ativa trabalhando na região de Assis como técnico de caldeira. Como o local de trabalho é longe, só volta para sua casa nos finais de semana.

Quase todos os Seinens deixaram a linha de frente Além de Guatapará, na cidade de Ribeirão Preto ainda hoje estão com boa saúde os três: Hiroki Igarashi (8ª leva da primeira fase, de Niigata), Hitoshi Nozasa (1ª leva da segunda 62

Os filhos de Seinen, os sucessores promissores Incluindo os sucessores dos Cotia Seinens citados anteriormente, há muitos com formação universitária, que estão atuando em ocupações especializadas, como engenheiros. Cada qual está se esforçando e se integrado à sociedade brasileira. Entre as mulheres, há muitas donas de casa, mas há aquelas que estão mostrando força como esposa de avicultor local. Na colônia de Guatapará, que pode se dizer que é o berço dos imigrantes japoneses, comemorando a visita do Primeiro Ministro Junichi Koizumi foi erguido um monumento com a frase desse Ministro. No dia 10 de julho de 2005 na festa de 43 anos de assentamento de imigrantes de pós-guerra, foi realizada a sua inauguração. A frase gravada foi: "Emoção, berço dos imigrantes japoneses". Fornecimento de material: Saeki, p.161~162


Cotia Seinen: 60 anos de União

BRASÍLIA Cotia Seinen da capital Brasília A capital Brasília foi construída no vasto planalto situado no meio do território brasileiro e a inauguração foi feita no dia 21 de abril de 1960. A altitude do planalto é de 1100 metros e era uma região de cerrado despovoada que até então quase não era ocupada. O então Presidente da República Juscelino Kubitschek, para iniciar a construção da capital por volta de 1956 planejou a introdução de agricultores com o objetivo de abastecer de hortaliças a nova capital federal. Os produtores de verduras descendentes de japoneses de diversos locais do Brasil foram se reunindo atendendo ao chamado. Foram construídas algumas zonas agrícolas chamadas núcleos rurais nos arredores e muitos descendentes de japoneses se assentaram em propriedades agrícolas de Taguatinga, Riacho Fundo, Incra, Rio Preto, Vargem Bonita, Santos Dumont e Itapeti, e no meio deles estavam misturados Cotia Seinens que haviam imigrado do Japão há pouco tempo.

mento de Rio Preto. Hiizu Ueno (6ª leva da primeira fase) continua na agricultura no assetamento de Riacho Fundo. Masato Taketi, da 7ª leva da primeira fase, é massagista na cidade de Taguatinga e Yoshinobu Hirakawa (falecido) e Isamu Yamane (falecido), que vieram no mesmo navio que Masato, estavam se dedicando à agricultura, mas partiram cedo desta vida. Suas esposas e filhos estão dando continuidade admiravelmente. Atsushi Hirasawa, de 9ª leva da primeira fase, que mora no bairro de Vicente Pires, é uma pessoa sofrida que perdeu a esposa cedo e criou os filhos sozinho. Mineo Okuyama (falecido) trabalhava na agricultura no Riacho Fundo e tinha atividade heroica como presidente do conselho de administração do Templo Nishi Honganji, mas faleceu há alguns anos; Keiji Tsutida (10ª leva da primeira fase), depois de se mudar para a colônia de Ceres no Estado de Goiás, atualmente mora na cidade de Goiânia. Gunji Matsuuchi foi instrutor na Academia de Polícia como mestre de judô, mas há cerca de 10 anos se aposentou e vive com o dinheiro da aposentadoria na cidade de Taguatinga, enquanto o companheiro do mesmo navio Shinji Imai se formou em direito na Universidade Federal de Goiás e, após ter trabalhado como advogado conselheiro da Embaixada, atualmente atua como advogado nas cidades de Brasília e de Goiânia. Igualmente da 12ª leva da pri-

O grupo mais antigo: Araki, Takayanagui e Okahara Entre os Cotia Seinens que se reuniram em Brasília na época da construção da Capital, ou logo depois de sua inauguração, estão como os do grupo mais antigo que vieram em 1959, antes da transferência da Capital: Shigetaka Araki, Jiro Takayanagui e Yukio Okahara (todos da 1ª leva da primeira fase) estão realizando uma agricultura estável no assentamento do Incra. Takahara, ao lado da administração de plantação de banana, comercializa produtos japoneses no CEASA. Yasushi Moriya da 2ª leva da primeira fase, tem comércio na cidade de Taguatinga; Mitsuo Sakai e Kei Watanabe (falecido) são da 3ª leva da primeira fase. Eram do grupo mais antigo do assenta- Cotia Seinens de Brasília

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Cotia Seinen: 60 anos de União

meira fase, Tsutomu Teradoko (falecido) se dedicava à agricultura em Rio Preto, mas faleceu há alguns anos; Haruo Kimura (13ª leva da primeira fase) e Yasushi Miyahara, de 15ª leva da primeira fase, estão cultivando firmemente verduras e flores e plantas ornamentais na colônia de Vargem Bonita e são líderes da comunidade. O primeiro da lista de excêntricos é o rapaz que se tornou monge Sanji Tomoyassu, da 15ª leva da primeira fase, estava mostrando grande capacidade de liderança no desenvolvimento do Cerrado na fazenda de Cotia Seinen de Paracatu, mas no meio do processo faleceu em um acidente de trânsito. Kaneyoshi Asano (1ª leva da segunda fase) e Naoyuki Koike (2ª leva da segunda fase) pratica agricultura na colônia de Rio Preto, Takato Okuyama (6ª leva da segunda fase) é massagista na cidade de Brasília, Hideo Suzuki e Yoshinori Kudo, de 7ª leva da segunda fase, praticam agricultura respectivamente em Incra e Taguatinga, da 8ª leva da segunda fase, Yoshinori Ogata realiza agricultura na área do Incra e Tadao Shoji administra firmemente a avicultura e planta café em colônia de Itapeti, na cidade de Planaltina, e vende ovos no atacado. Ele recentemente adquiriu uma fazenda no Estado de Goiás e está se dedicando à agricultura de grande porte. Bungoro Kikuchi, da 9ª leva da segunda fase, realiza agricultura na colônia de Santos Dumont e a esposa vende verduras no CEASA com muito sucesso. Hitoshi Sato, da 13ª leva da segunda fase, em Tabatinga, Fumitoyo Ninomiya, da 14ª leva da segunda fase, em colônia de Incra, praticam agricultura e administram nova forma de atacado, vendendo para supermercados as verduras embaladas. Dentre os fornecedores, ele é o que goza de maior prestígio. Tadaaki Endo, da 14ª leva da segunda fase, faleceu ainda jovem e a sua esposa administra a produção de frutas. Yoshinobu Hasegawa, da 33ª leva da segunda 64

fase, em Ouvidor no Estado de Goiás, Yasuo Sone da 35ª leva da segunda fase produz flores ornamentais no Incra, está administrando firmemente a produção de Kasumiso (Gypsophila) transferida de Atibaia. Norio Hariya da 35ª leva da segunda fase é um excêntrico, que é substituto do monge principal do Templo Honpa Honganji de Brasília, e Hitoshi Igarashi, da nova fase do Cotia Seinen, atualmente está trabalhando no Japão. Além dos citados acima, Shozo Fujii está trabalhando no Japão como decasségui. Há diversas pessoas que morreram ou suicidaram, ou que se mudaram, mas não se sabe os detalhes. Além disso, Sanji Tomoyassu recebeu postumamente a medalha da Ordem do Tesouro da Felicidade Sagrada de Grau 6 do Governo do Japão e Shinji Imai recebeu a medalha da Ordem de Sol Nascente na condecoração da primavera de 2004. (Texto: Hariya)

Membros da Filial - Yasushi Miyahara (15ª leva da primeira fase, de Niigata) - Jiro Takayanagui (1ª leva da primeira fase, de Saitama) - Kaneyoshi Asano (1ª leva da segunda fase, de Akita) - Fumitoyo Ninomiya (14ª leva da segunda fase, de Ehime) - Shigetaka Araki (1ª leva da primeira fase, de Mie) - Atsushi Hirasawa (9ª leva da primeira fase, de Nagano) - Shinji Imai (12ª leva da primeira fase, de Saitama) - Tsutomu Teradoko (12ª leva da primeira fase, Kumamoto) - Hiizu Ueno (6ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Yasduo Sone (34ª leva da segunda, de Niigata) - Yukio Okahara (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Gunji Matsuura (12ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Takato Okuyama (6ª leva da segunda fase, de Saga) - Yasushi Moriya (2ª leva da primeira fase, de Okayama) - Hitoshi Sato (13ª leva da segunda fase, de Shizuoka) - Kei Watanabe (3ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Bungoro Kikuchi (9ª leva da segunda fase, de Iwate) - Haruo Kimura (13ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Masato Taketi (7ª leva da primeira, fase, de Ehime) - Hitoshi Igarashi (Nova fase, de Yamagata) - Hidejiro Kamiguti (7ª leva da primeira fase, de Hokkaido)


Cotia Seinen: 60 anos de União - Naoyuki Koike (2ª leva da segunda fase, de Yamagata) - Yoshinobu Hirakawa (7ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Mitsuo Sakai (3ª leva da primeira fase, de Niigata) - Keiji Tsutida (10ª leva da primeira fase, de Akita) - Tadao Shoji (8ª leva da segunda fase, de Miyagi) - Yoshinori Kudo (7ª leva da segunda fase, de Aomori) - Hideo Suzuki (7ª leva da segunda fase, de Shizuoka) - Yoshinobu Hasegawa (33ª leva da segunda fase, Ibaraki) - Mari Tomoyassu, esposa de Sanji (15ª leva da primeira fase, de Okayama) - Suzue Okayama, esposa de Mineo (9ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Hiroko Endo, esposa de Tadaaki (14ª leva da segunda fase, de Osaka) - Atsuko Yamane, esposa de Isamu (7ª leva da primeira fase, de Shimane) - Norio Hariya (35ª leva da segunda fase, de Okayama) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.162~163

CARLÓPOLIS NO ESTADO DO PARANÁ Ponto de parada na viagem: fazendas de Ito e de Yamamoto É esperança para futuro como local de turismo Carlópolis fica na região leste do Estado do Paraná num cenário de bela paisagem com uma ponte de 1,5 km sobre a represa da Usina Hidrelétrica de Chavantes, na divisa com o Estado de São Paulo, com grande possibilidade de se desenvolver como área turística no futuro.

elogiável. No entanto, junto com a construção da Hidrelétrica de Chavantes, por volta de 1970, mais dos metade de descendentes de japoneses deixaram esta área (foram obrigados a deixar), e ainda que as atividades do escritório da Cooperativa Agrícola de Cotia tinha se diminuído drasticamente, no "bairro de Cotia Seinen" a avicultura tornou-se próspera e, introduzindo a produção de Broiler, continuou e prosperou numa época em que as atividades do Cotia Seinen dominavam mais de 70% do total da Cooperativa. Também é verdade que cinco Cotia Seinens ocuparam sucessivamente os postos de conselheiro deliberativo da Cooperativa, constituindo presença importante nas atividades da Cooperativa. Não é exagero dizer que falamos sobre isso com orgulho. É muito triste que agora essa Cooperativa não exista mais. O filho de Cotia Seinen é vice-prefeito Além disso, Cotia Seinens participaram da integração da Associação Japonesa do local e deu início à Associação Cultural e Esportiva de Carlópolis, desempenhando papel importante na administração e no desenvolvimento. Isso é comprovado pelo fato de quatro companheiros terem exercido o cargo de presidente. Entre eles, dois foram presidentes por duas gestões consecutivas e, levando em consideração que receberam da cidade de Carlópolis o título de cidadão honorário, fica evidente que Cotia

Nesse local, há a fazenda do sr. Sunao Ito, que no passado foi conhecido como abrigo do Paraná dos Cotia Seinens, e do sr. Katsuo Yamamoto, membro da Cooperativa Agrícola de Cotia Muitos Cotia Seinens pernoitaram nesses locais. Outro dia, ao resumir as informações das conversas com os companheiros, ficou claro que no total de 63 companheiros estavam na região. Assim sendo, o índice de fixação dos Cotia Seinens na região Leste do Estado do Paraná é de 15% e não é um número absolutamente

Visitando a Fazenda Ito do antigo patrão (da esquerda para direita: Tokio Kitami, casal Ito, Masasuke Kuroki e Naotake Yokota)

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Seinens contribuíram um pouco para o desenvolvimento da região. Passados 50 anos, é uma pena que não haja atividade do Cotia Seinen para ser destacado. Não deve ser muito diferente dos companheiros de outras regiões, mas oito Cotia Seinens tiveram 37 filhos (dois não tiveram filhos) e hoje em dia não são poucos os que tem netos. Mais da metade dos filhos, no total de 20, são formados em faculdade. Esse fato também mostra o zelo dos japoneses pela educação. Entre descendentes (filhos de Cotia Seinens) que permanecem em Carlópolis, há um que se tornou vice-prefeito depois de ter sido vereador. Em todos os casos, é época dos descendentes. E os Cotia Seinens do passado que criaram os filhos estão levando uma vida satisfatória praticando gate ball e park golf, e ao olhar para o meio século podem se dizer que foi "bom". (Texto: Ryo Nakabayashi)

Membros da Filial Os que foram enviados no início - Kiyoharu Tanaka (2ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Tsuruki Akamatsu (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Masao Kubo (5ª leva da primeira fase, de Ehime) - Seita Sato (7ª leva da primeira fase, de Fukushima)

PILAR DO SUL Dez pessoas estão bem de saúde, a sucessão ocorre com a administração estável Na junção com Sorocaba, a um pulo de São Paulo Com o clima e a configuração do terreno favoráveis à agricultura, e ainda por cima tendo à frente o mercado consumidor da cidade de Sorocaba e não estando longe da enorme cidade de São Paulo, recentemente a estrada foi melhorando. O tempo em que os Cotia Seinens foram enviados, há 50 anos, parece coisa do longínquo passado. O transporte de produtos agrícolas tornou-se então mais rápido. As ruas da cidade de Pilar do Sul também estão bem conservadas, mas por estar próxima à zona rural, expande uma paisagem calma e rústica. Tanto a educação como a assistência médica estão equipadas satisfatoriamente. Entretanto, na educação universitária e nas áreas de assistência médica, como maternidade e tratamentos e cirurgias mais complexas, é necessáro se locomover para a cidade de Sorocaba, que é vizinha.

- Haruo Uto (8ª leva da primeira fase, de Kagoshima) - Kazuyoshi Abe (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) - Ryo Nakabayashi (6ª leva da segunda fase, de Shimane) - Sadao Ito (7ª leva segunda fase, de Hokkaido) total de 8 Os que vieram de outras regiões - Masahiro Tsutsui (6ª leva da primeira fase, de Kochi) - Takashi Urazoe (7ª leva da segunda fase, de Nagasaki) Em Santana do Itararé - Kozo Ishitaba (6ª leva da primeira fase, de Kyoto) Em Joaquim Távora - Masaru Seki (15ª leva da primeira

A menção especial é para o bom entendimento dentro da comunidade nipo-brasileira. Aqui também, no decorrer dos anos, a contribuição de Cotia Seinens tem sido muito grande e há muitas pessoas que tiveram experiência como dirigentes do sindicato rural e na Associação Cultural e Esportiva de Pilar do Sul encabeçando atividades culturais, esportivas e educacionais.

fase, de Chiba) Os que faleceram no local - Tadashi Miyakawa (2ª leva da primeira fase, de Akita) - Yoshio Kaneko (3ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Fumio Sugimura (26ª leva da segunda fase, de Shizuoka) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.164~165

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Há uma tradição na administração da escola de língua japonesa, na herança de ensino da língua japonesa e da cultura japonesa. Nos anos recentes, isso tem sido aperfeiçoado e a região de Sudoeste do Estado de São Paulo tem


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se orgulhado da escola de língua japonesa pela qualidade do ensino. Essa dedicação tem influenciado também a sociedade brasileira, que está reconhecendo a importância da educação. No setor agrícola, como produto local, está sendo promovido o cultivo de frutas. Ao lado de produtos agrícolas de até agora como uva Itália, nêspera, batata, feijão, milho e cenoura, as produções de caqui Fuyu e de atemóia também estão prosperando. E também têm aparecido sucessores dos Cotia Seinens que se dedicam à criação do gado de pastagem em outros Estados. Construção da colônia para agricultores japoneses Pois bem, há um registro de que desde a primeira leva da primeira fase, os Cotia Seinens, se instalaram nas fazendas desta região. Por outro lado, segundo a história de assentamento de japoneses em Pilar do Sul, nas plantações de batatas dos senhores Eiichi Yuri, Tadao Kimura, Tadashi Takakusa, Hamaishi, Kaneyama, Morioka trabalharam mais de 20 Cotia Seinens. Desta maneira, os batateiros se dedicavam amplamente ao cultivo de batatas nas regiões de Pilar do Sul e de Sorocaba. O local também era próspero na produção de tomate, de forma que precisavam de muita mão de obra. Mais tarde, alguns patrões se mudaram para a região de Castro, no Estado do Paraná, para a produção de batata-semente e muitos dos Cotia Seinens que trabalhavam ali se mudaram com eles também. Por volta de 1950, quando se assentaram os japoneses em Pilar do Sul, dizem que as estradas eram as mais precárias. Isso porque o próprio terreno tinha sido considerado pobre. No entanto, ao assentar e produzir inicialmente batatas, depois tomates e outras verduras, e como zona de produção de frutas, começou a se destacar como pólo produtor.

Cultivo em estufa de pepino em Pilar do Sul

Estavam presentes as três grandes cooperativas No período áureo de batata, algumas cooperativas agrícolas já estavam atuando nessa região. Em 1955, foi instalado o Armazém de Pilar do Sul da Cooperativa Agrícola de Cotia, com 12 membros. Lidavam com batatas, tomates e outros produtos. Em 1959, a Cooperativa Agrícola Sul Brasil se instalou começando com 15 membros. Desenvolveu-se a agricultura tendo o tomate como produto principal. Mesmo sem sucursal, a Cooperativa Agrícola Bandeirante atuou sendo o núcleo nos agricultores de batatas do Pilar do Sul e da região de Itapetininga. Há registro de que mais tarde a Cooperativa Agrícola Central também veio atuar. Desta maneira, é o que não há muitos casos em outras regiões, o que se pode considerar na região de Pilar do Sul é a construção de assentamento e loteamento para os agricultores. Entre eles, incluindo os Cotia Seinens, muitos imigrantes do pós-guerra foram assentados. Em 1956, houve o loteamento da fazenda Sul Brasil pelo departamento de colonização da Cooperativa Agrícola Sul Brasil. Em 1957, começou o loteamento da colônia de Tozan. Nesse loteamento, a partir de 1960 iniciou-se a transferência dos Cotia Seinens de outras regiões. Em 1966, houve loteamento de 25 alqueires de terras cultiváveis pela Cooperativa Agrícola Bandeirante. Com o passar do tempo, excetuando 67


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uma parte dos que ganharam fama como batata e tomate, aumentou o número de pessoas que se dedicam à administração da cultura de frutas, verduras e plantas ornamentais. Quase todos os pomares com a segunda geração e as verduras também com sucessores Parece que nessa região há muitos Cotia Seinens ainda na ativa embora estejam com mais de setenta anos. Talvez porque há muita produção de frutas. Há muitas pessoas com "know how" adquirido em relação aos detalhes técnicos de cultivo e estão transmitindo aos sucessores. Ao visitá-los, justamente num dia de chuva, era de esperar que os imigrantes com mais de 70 anos estivessem distantes do serviço no pomar descoberto, mas longe disso, foi possível ver de relance figuras cheio de energia como nos tempos de juventude de outrora. Sadashigue Ando (1ª leva da primeira fase, de Fukushima) se esforça na administração do pomar com nêspera, kiwi, ponkan, uva, pêssego, etc., junto com filha mais velha Yuko e o marido dela que são seus sucessores. Hideyo Isewaki (1ª leva da primeira fase, de Kochi) é membro influente da Associação de Amigos da Agricultura do Século 21 e cultiva verduras orgânicas, tem filhos que se dedicam à agricultura, mas estão desenvolvendo atividade em outras regiões. Mitsuyoshi Imamura (5ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Yukio Tomita (8ª leva da primeira fase, de Hiroshima), Naoyoshi Misaki (8ª leva da primeira fase, de Ehime) e Toshio Saito (12ª leva da primeira fase, de Miyazaki), cada um deles é agricultor na ativa que se empenha à administração da produção de frutas no pomar como de uva, nêspera, ponkan, pera e caqui Fuyu. Fora da agricultura, Masayoshi Hamada (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima) se dedica há muito tempo na atividade comercial como atacadista de produtos agrícolas. E a filha admi68

nistra uma loja de artigos diversos. Satoshi Iriyama (8ª leva da primeira fase, de Fukuoka) está ativo como engenheiro civil. Talvez ele entre na categoria de excêntrico: o companheiro do Cotia Seinen que havia voltado temporariamente para o Japão, na época de bolha da década de 1980, e que foi gerente do escritório de empresa de trabalho temporário e se esforça na mediação do emprego dos companheiros e dos filhos destes que foram do Brasil para o Japão como decassegui, e na sua assistência. Ele voltou ao Brasil em 2004 e tem surpreendido as pessoas ao redor levando uma vida confortável. Os sucessores são todos graduados em universidade Antes de relatar sobre a situação das atividades dos descendentes, como teoria geral, gostaríamos de dizer o que deve ser comum a todos os locais, mas que se sobressai: o alto nível escolar dos descendentes japoneses de segunda e terceira geração, incluindo os dos Cotia Seinens. O mesmo ocorre com os sucessores agrícolas. Yasuo Shimizu (14ª leva da segunda fase, de Toyama) que, em 1993, era conselheiro deliberativo representante da região na Cooperativa Agrícola de Cotia, por causa da dissolução da Cooperativa, a preocupação tanta que veio a falecer de repente. Seus quatro filhos, incluindo o mais velho Nobuo, estão se esforçando na agropecuária. O irmão mais novo ainda é universitário e precisa esperar mais um pouco para atuar efetivamente, mas os três irmãos mais velhos fundaram uma empresa agrícola, e com fazendas em vários locais se dedicam à produção de batata, feijão, milho, e de frutas como uva Itália, caqui Fuyu, ameixa e atemóia. Possuem uma rede de venda em todo o Brasil administrada por essa empresa agrícola. Atualmente, criam gado de pasto em um outro Esta-


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do. Dizem humildemente que toda a base foi construída pelo falecido pai e que eles só tinham que dar continuidade, mas são irmãos promissores. Keiji Abuno (9ª leva da primeira fase, de Niigata), que faleceu jovem por causa do câncer em 1985, tem o filho Naoki, que na época ainda estava no 2º ano da Faculdade de Agronomia de Piracicaba, sucedeu o trabalho deixado pelo pai com a mãe, levando concomitantemente os estudos e, após se formar na faculdade, assumiu efetivamente os negócios e atualmente está atuando no centro da comunidade local. Na área da agricultura, lida com flores e plantas ornamentais e pepino em estufa de grande porte. Produz também uvas, mas parece que nos últimos tempos não tem tido bom retorno no investimento, pois o preço da uva Itália, que é o produto desta região, está baixo.

Em atividades dos descendentes fora da área agrícola, dizem que a filha da família Tomita é professora na USP (Universidade de São Paulo) e o filho mais velho da família Ando atua na área de TI, informática, e o segundo filho trabalha no Japão como engenheiro industrial. O filho mais velho da família Takeyasu sucedeu o pai nos negócios da família como atacadista de produtos agrícolas. O filho da família Iriyama se dedica ao conserto de aparelhos elétricos, e os descendentes de Cotia Seinens residentes nessa região têm avançado nas áreas de agricultura, comércio, tecnologia industrial e acadêmica. Há também pessoas que estão trabalhando no Japão. (Colaboração na coleta de informações: Ando, coleta de informações e texto: Tateno e Ozaki)

Membros da Filial - Hideyo Isewaki (1ª leva da primeira fase, de Kochi)

Avanço também nas áreas de informações, tecnologia e educação Até 2004, 90% do cultivo em estufas era de flores, incluindo plantas ornamentais para a exportação. A exportação era para Holanda e era feita em conjunto com um colega radicado em Campinas com perspectiva de mercado e planejamento. No entanto, ocorreu mudanças no mercado por causa da alteração climática no país. Começou a ocorrer sobra nas vendas internas e, em 2005, a proporção do cultivo de flores e plantas ornamentais diminuiu e o de pepino aumentou. No dia em que o visitamos, ele tinha ido ao mercado de flores e plantas ornamentais da Holambra a negócios.

- Sadashigue Ando (1ª leva primeira fase, de Fukushima) - Mitsuyoshi Imamura (5ª leva primeira fase, de Kumamoto) - Hiroshi Adati (5ª leva da primeira fase, de Niigata) - Masayoshi Hamada (6ª leva primeira fase, de Kagoshima) - Yukio Tomita (8ª leva da primeira fase, de Hiroshima) - Satoshi Iriyama (8ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Naoyoshi Misaki (8ª leva da primeira fase, de Ehime) - Toshio Saito (12ª leva da primeira fase, de Miyagi) - Shuji Ieshima (2ª leva da segunda fase, de Hiroshima) Há três pessoas que residiam há 10 anos mas estão com paradeiro desconhecido Nome dos falecidos - Shigeru Kawamura (7ª leva da segunda fase, de Iwate) - Isao Tateyasu (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima)

Possui o cargo de diretor de assuntos acadêmicos da Associação Cultural e Esportiva de Pilar do Sul. Além disso, o segundo filho da família Sato está atuando como sucessor enquanto outros filhos estão trabalhando fora da agricultura.

- Keiji Abuno (9ª leva da primeira fase, de Niigata) - Yasuo Shimizu (14ª leva da segunda fase, de Toyama) - Seiyu Mori (1ª leva da primeira fase, de Kochi) - Mutunori Itakura (5ª leva da primeira fase, de Shimane) - Katsumi Sato (6ª leva de segunda fase, de Chiba) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.164~167

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COTIA E CAUCAIA DO ALTO Cooperativa Agrícola de Cotia e a terra inicial da produção de batatas Fonte de fornecimento de alimentos para metrópole de consumo Será que as pessoas que conhecem a cidade de Cotia atual conseguem imaginar a cidade no início do século 19? Sinais de intensa mudança e alterações no meio ambiente acontecem também fora da cidade de Cotia. É uma história comum, mas em Sorocaba havia o mercado de equinos e estava prosperando como mercado que transporta burros de carga de Rio Grande do Sul para a região da mineração de Minas e para fazendas de café de São Paulo. E Cotia ficava ao longo da estrada de Sorocaba para São Paulo e era um lugarejo bastante movimentado na época como local de repouso no meio do caminho, para o transporte de burros para São Paulo. As terras dessa região foram desbravadas há muito tempo, mas os nativos realizavam a agricultura de queimada e plantavam apenas feijão, milho e mandioca. E criavam em pequena escala porcos, frangos, vacas e cavalos. Para os nativos, a situação era precária, sem conseguir compreender as técnicas agrícolas. O terreno em si não era ruim e, se fosse cuidado, era possível recuperar a fertilidade. Trata-se de fato de um período bem remoto, mas o fato de existir esse tipo de terreno era extremamente conveniente para os imigrantes estrangeiros para se iniciar na agricultura com pouco capital. Por outro lado, São Paulo dessa época estava em período de crescimento e, junto com a chegada de imigrantes estrangeiros, a população aumentava rapidamente e, como a cidade estava crescendo, estava dotada de condições favoráveis para consumir os alimentos cultivados no seu entorno. Membros da Cooperativa que acolheram mais de 80 jovens 70

O grupo de imigrantes japoneses que saiu da fazenda de café do interior passou a se espalhar pelas cercanias da cidade de São Paulo e por afinidade territorial e relacionamento de parentesco foram se reunindo a pessoas de diversos locais, formando o vilarejo de Cotia. Já organizaram, fundaram a associação japonesa, abriram a escola de primeiro grau de Cotia e, como havia conflito com os comerciantes dos produtos agrícolas envolvendo a batata, a necessidade de se unirem reforçou a base para nascimento da Cooperativa Agrícola de Cotia. Pois bem, na época da introdução dos Cotia Seinens, havia armazéns regionais que eram escritórios da Cooperativa Agrícola de Cotia em três locais: Depósito do Rio Cotia, Depósito de Vila Cotia e Depósito de Caucaia, tendo muitos agricultores nessa região. Os membros da Cooperativa Agrícola de Cotia estavam produzindo ativamente no município de Cotia em Moinho Velho, Morro Grande, Rio Cotia e Caucaia. Assim sendo, muitos Cotia Seinens foram instalados nessa região. Principalmente, há registro de que nas fazendas de Saeki, de Morro Grande, e de Ueki de Caucaia, trabalharam mais de 80 jovens em cada uma. E ainda, na fazenda do presidente Gervásio Tadashi Inoue da Cooperativa Agrícola de Cotia também foi colocado Cotia Seinen. Além disso, ouvimos dizer que houve diversos Cotia Seinens que se tornaram independentes arrendando terras de Mario Simomoto (filho mais velho do diretor superintendente Kenkiti Simomoto). Pela atual situação da cidade de Cotia não é possível imaginar, mas havia muitos jovens que se tornaram independentes arrendando terra na parte baixa da região em que há o antigo cemitério municipal da cidade de Cotia. Até o início da segunda fase, havia pessoas que foram colocadas na altura do km 21 da Rodovia Raposo Tavares. É algo que atualmente nem é possível imaginar. Hoje se trans-


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formou em área urbana e zona industrial e, bem próximo dali, está sendo construída a autoestrada orbital conhecida como Rodoanel. As pessoas que se tornaram independentes nessa terra e que mandaram chamar suas respectivas companheiras do Japão, ou que encontraram suas companheiras nessa terra, cada qual foi se mudando para outras regiões. Onde havia a residência e a fazenda da família de Ryotaro Simomoto (irmão mais velho do diretor superintendente Kenkiti), a autoestrada tomou uma parte do terreno. Como se pode compreender, diferente de Caucaia, nos arredores da cidade de Cotia desapareceram quase todos os agricultores. Só foi possível confirmar um Cotia Seinen que atualmente vive confortavelmente numa fazenda perto de Capuava. Sobre Caucaia Como foi citado anteriormente, havia muitos agricultores em Caucaia. Eram prósperas as produções de batata, tomate, verduras e na avicultura, na produção de ovos e frango de corte Broiler, mas como a urbanização avançou, no momento da mudança de gerações, houve a venda do terreno para incorporadoras. Houve muitos casos em que onde havia propriedade agrícola surgiu uma área residencial. Na onda de urbanização, com a chegada da população de baixa renda, começou o problema da falta de segurança. Como foram incidentes que aconteceram de fato, temos pena dos que foram vítimas, mas houve companheiros que perderam a ânimo na agricultura por terem sido assaltados duas ou três vezes por um bando de criminosos e, nesse ambiente, diminuíram os que se dedicam à agricultura junto com os sucessores. Caso de sucesso com maneira de pensar diferente e antevisão

Plantação de flores ornamentais Kimura (fazenda de Caucaia do Alto)

Com muita vitalidade, na mudança de gestão transformou o negócio em empresa, investiu pesado em comparação com os companheiros que administram a agricultura na periferia, implantando tecnologia de ponta, que faz lembrar a globalização nesse setor e, mostrando a sua internacionalidade, Tadashi Shakuda (19ª leva da segunda fase, de Mie) está se destacando. Ele foi originariamente avicultor com 30 anos de dedicação na avicultura de Broiler de grande porte e bom formato empresarial. Possuía desde o matadouro às instalações para o processamento, fábrica de ração e várias instalações para criação em duas fazendas. Elas foram desmontadas e uma parte foi alugada para mudar radicalmente de ramo, adotandose o cultivo da orquídea borboleta (Falenopse). Quando ele iniciou o cultivo de orquídea borboleta era em pequena escala e ainda continuava com a avicultura, mas, por outro lado, quando a orquídea borboleta, com paciência e esmero de muitos anos da esposa Miyoko, filha e genro, tornou-se rentável, decidiu-se optar pela especialização em orquídea. O que se sente ao visitar as instalações de cultivo é a existência de um laboratório que se confunde com a sala de experiência ou de pesquisa onde são semeadas, cultivadas separadas em várias etapas nos viveiros de muda, passando de um para outro viveiro. As mudas de 2 anos, na última etapa, com brotos de flor, 71


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são transferidas para uma outra fazenda para fazer florescer. Leva-se mais de um ano para se tornar um produto para ser colocado no mercado. Então, o resultado dos cuidados floresce no final de três anos. No trabalho de semeadura em laboratório, há muda que foi formada a partir da semente, que foi clonada, que foi criada pela própria hibridação e são criadas em diversas cores como branca, vermelha, amarela, etc. Cremos que as formas de pensar sobre instalação do cultivo de flores e plantas ornamentais sejam parecidas entre os produtores do setor, mas no caso da orquídea borboleta da fazenda Shakuda, um enorme capital foi investido nas instalações, com a utilização de tecnologia mais recente na mais moderna instalação, com controle automático por computador de temperatura, umidade e luminosidade, assim como a ventilação. Dentro do laboratório está, como em produtores do exterior, livre de bactérias ou esterilizado, e os viveiros de mudas são controlados automaticamente. Na questão tecnológica, o cultivo de orquídea borboleta está de acordo com o exterior. O sucessor Marcelo Tsutomu se encarrega deste setor. Depois de se formar na faculdade, ele trabalhou na área de sua especialidade que era engenharia civil. Após o treinamento, como se diz o provérbio japonês de "comer arroz dos outros" (conhecer o mundo fora de casa), está desempenhando um papel importante na gestão da orquídea borboleta. Está bastante internacionalizado com muitos amigos e conhecidos no Japão, Alemanha e Holanda e tem feito viagens de intercâmbio técnico e tem recebido amigos e conhecidos no Brasil, realizando sempre a troca de informações, inclusive pela internet. Possui uma boa organização empresarial e a administração é feita em conjunto pelo próprio Tadashi, o filho e o genro.

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É o que se percebe apenas pela visita às instalações, mas está incutido o espírito empreendedor, no significado original, e ainda hoje está construindo mais e mais, dedicando-se esforços na ampliação das instalações e no investimento em equipamentos. Percebe-se a determinação de visar uma nova produção na zona suburbana ou na região de Caucaia. Com esse tamanho e a construção desse sistema é a presença que transcende a agricultura e a administração agrícola. Antigamente, a família administrava também um posto de gasolina, mas alugou para outra pessoa. Shinichi Kawamura (7ª leva da segunda fase, de Kochi) e seu filho Jorge cultivam verduras orgânicas sem agrotóxico. Deve exigir muito esforço, mas está vendendo na cidade de São Paulo abrangendo um grande mercado consumidor por meio da entrega em domicílio. E fundando a empresa chamada "Hort Art", tem-se consolidado no sistema de coleta e entrega de hortaliças sem agrotóxico e orgânicas pelo sistema de consignação. Sem usar agrotóxico e quase sem usar fertilizantes químicos estão tentando melhorar a fertilidade do solo por meio de fertilizante orgânico. Tadao Hatakeyama (3ª leva da primeira fase, de Akita) deve ser o pioneiro no cultivo de flores e plantas ornamentais nessa região. Na época em que ainda não havia quase descendentes de japoneses se dedicando ao cultivo de flores e plantas ornamentais, começou com flores em vasos nessa região e de modo simples e firme foi administrando, desbravando por si a clientela e ampliando meios de venda. Felizmente, logo o sucessor cresceu e a administração da plantação de flores também segue em condições favoráveis. Ele próprio, por causa da saúde e outros motivos, deixou a linha de frente e limita a fazer serviços bancários e relacionados às repartições públicas e, na administração, a vistoriar a plantação e dar orientação.


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Fez cirurgia de úlcera gástrica e depois por alguns anos gozou de boa saúde, mas em seguida sofreu um grande acidente e machucou a bacia e a bexiga, sendo submetido a várias cirurgias, ficando acamado muitas vezes e se recuperou com a assistência da família, mas agora por causa de problema no joelho parou até a pesca que tanto aprecia. Os sucessores da plantação de flores ornamentais são o filho e o genro que, dividindo as funções, estão trabalhando ativamente. É abençoado pelos bons sucessores.

ingressando-se numa outra faculdade. Há também pessoas que estão trabalhando no Japão. Há muitos companheiros de Cotia Seinen dessa área que, por infelicidade, ficaram doentes ou sofreram acidentes e estão se convalescendo. Também há os que faleceram. Membros da Filial - Shosuke Saito (1ª leva da primeira fase, de Niigata) - Shimezo Fujita (2ª leva da primeira fase, de Okayama) - Motonori Shima (2ª leva da primeira fase, de Fukuoka)

Masayoshi Matsuda (10ª leva da primeira fase, de Fukushima) veio de outro lugar, mas já estava há bastante tempo nesse local se dedicando ao cultivo de hortaliças, com o sucessor já crescido, estava se dedicando ao cultivo de batata de "konnyaku", que exige muita paciência. Ele perdeu a esposa por causa doâncer e ficou depressivo, mas também pelo problema de saúde atualmente está aposentado.

- Tadao Hatakeyama (3ª leva da primeira fase, de Akita) - Minoru Hosoda (3ª leva da primeira fase, de Nagano) - Masayoshi Matsuda (10ª leva primeira fase, de Fukushima) - Shiro Honda (14ª leva da primeira fase, de Ehime) - Seiji Kusajima (5ª leva da segunda fase, de Toyama) - Shinichi Kawamura (7ª leva da segunda fase, de Kochi) - Tadashi Shakuda (19ª leva da segunda fase, de Mie) Nome dos falecidos - Kichinosuke Hara (2ª leva primeira fase, de Yamaguchi)

Shiro Honda (14ª leva da primeira fase, de Ehime) era um agricultor dedicado e estava com a administração estável com diversas de produtos de boa qualidade, como cenoura e repolho, e também de suinocultura e avicultura de Broiler. Como foi citado anteriormente, por falta de segurança foi vítima de assaltantes e perdeu a vontade, diminuindo o tamanho dos negócios. Situação da atuação dos filhos Além dos sucessores de agricultura citados anteriormente, há outras pessoas que estão dando continuidade aos negócios com firmeza. É parecida com outras regiões, mas há muitos de formação universitária, incluindo-se os sucessores do agricultor. São pessoas que estão atuando cada qual em sua área de especialização. Há famílias em que há dois dentistas, ou que há uma pessoa atuando em setor de TI. Há aqueles que, depois de se formar em uma faculdade, foi buscar um conhecimento mais amplo

- Susumu Shakuda (5ª leva da primeira fase, de Mie) - Chikao Terasaka (8ª leva da primeira fase, de Ehime) - Saiji Nakamura (4ª leva da primeira fase, de Kagoshima) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 p. 168~171

SÃO MIGUEL ARCANJO Batata e uva para ascensão da região Cotia Seinens que se tornaram independentes com a batata e tiveram êxito Quando começou a imigração do Cotia Seinen, havia predominantemente patrões chamados de batateiros e na Cooperativa Agrícola de Cotia também foi longo o período que predominava da batata com mais da metade no volume de negócios. Nessa região de São Miguel Arcanjo, os agricultores descendentes de japoneses se dedicavam ao cultivo de batata e de uva. Em ambos os cultivos houve progresso técnico e o que caracteriza essa região e que pode se orgulhar é o fato de ter escolhido produtos ade73


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quados para as condições climáticas da região. Os descendentes de japoneses tomaram a iniciativa para resolver problemas técnicos, não se restringindo a batata e a uva, e propagarem as soluções também para os agricultores brasileiros, fazendo ascender toda a região. Dos Cotia Seinens, tanto os que foram encaminhados para essa região como os que vieram transferidos, muitos se tornaram independentes com a batata e cada um seguiu seu caminho procurando diversas opções de vida nessa terra pacífica. Como a produção da batata foi por muito tempo o principal produto agrícola dessa região, também entre os companheiros de Cotia Seinen, sugiram seguidamente líderes como Tadashi Kamitori (11ª leva da primeira fase, de Hokkaido), que foi conselheiro deliberativo representante da região na Cooperativa Agrícola de Cotia e conselheiro fiscal da Cooperativa Central, e que se esforçou na administração da fazenda de batata de grande porte. Além dele, também atuaram como líderes da região os já falecidos Sadayuki Ii (12ª leva da primeira fase, de Ehime) e Sadao Nishioka (6ª leva da primeira fase, de Kochi). Plano do sistema de cultivo de uva em prateleira também por Cotia Seinen Entre Cotia Seinens havia pessoas que foram o braço direito do patrão por quatro anos ou mais na administração da produção de batata, mas que estavam planejando secretamente se mudar para um produto diferente quando se tornar independente. Nessa época, já havia um japonês pioneiro que tomou a iniciativa de produzir uvas do tipo Itália, que era o sr. Fujiwara, que recebeu o Prêmio Kiyoshi Yamamoto mais tarde. Apenas não estavam resolvidos os problemas técnicos e nem estavam consolidadas a forma de cultivo em 74

prateleira e de poda, e quem se empenhou na sua introdução e difusão foi Tetsuya Sadasue (5ª leva da primeira fase, de Fukuoka). No caso dele, no cultivo de batata, o patrão da terra cultivável para qual foi enviado era um dos numerosos batateiros que tinha fazendas em vários locais. Na fazenda de São Miguel, ele administrou por oito anos sendo o responsável na produção de batata. E o fato dele ter se dedicado ao cultivo de uva foi a mudança de direção citada anteriormente, mas não tinha nenhuma experiência técnica no cultivo de uva e nem tinha confiança suficiente para isso. Um episódio que ele conta é que encontrou na Livraria Taiyodo, em Pinheiros, um compêndio completo de viticultura e começou a cultivar na base do tato e parece que mais tarde o sistema de cultivo em prateleira e outras técnicas de cultivo foram difundidos em toda região de São Miguel (inclusive em Pilar do Sul). Hoje passados 50 anos, parece que houve grandes mudanças no direcionamento cada um. Há quem continue na ativa e também os que gozam da aposentadoria. Norio Nakayama (1ª leva da primeira fase, de Kochi) havia trabalhado por longo tempo no cultivo de batata nesse local, e dizem que foi envido para a fazenda de um conterrâneo na mesma região. No caso dele, desde o início a sua posição foi de patrão e cuidou de alguns Cotia Seinens novatos e, segundo conversa de companheiros um pouco enciumado, ele próprio nunca teria trabalhado suando. Atualmente, goza da aposentadoria. Apreciador inveterado de bebida alcoólica, consome um volume assustador de cerveja e cachaça. É uma pessoa famosa na região. Tadashi Tashiro (1ª leva da primeira fase, se Miyazaki) é conhecido entre os companheiros com o primeiro Cotia Seinen que se tornou avô. Entretanto, ouvimos dizer que na mesma época, um pouco mais cedo, outro companheiro


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de Cotia Seinen de Pilar do Sul havia se tornado avô. Bem, deixando isso de lado, Tashiro é uma das pessoas que mudou de direção e atualmente tem uma padaria em um bom local da cidade. O segundo filho dele é o gerente que administra os negócios e está prosperando como um estabelecimento famoso. Administrou a plantação de uva e ainda planta milho em 30 hectares. Tetsuya Sadasue (5ª leva da primeira fase, de Fukuoka) é um dos poucos que continua na ativa. Produz uva e paralelamente cultiva batata e cebola, procurando manter estabilidade nos lucros, obtendo bons resultados na produção de uva, o que foi reconhecido pelas pessoas em volta. Ao se colocar produtores conhecidos, conseguiu-se um estímulo para a difusão e ampliação de uva Itália na região. Foi membro da comissão de produção da região na época áurea da Cooperativa Agrícola de Cotia. A fazenda que ele administra fica bem distante da cidade. O que se pode enfatizar nele é o fato de conseguir administrar com continuidade tirando proveito das condições locais e naturais. E ele diz que, na medida do possível, deve-se ligar o produtor aos consumidores por meio de venda direta. A eliminação da margem de lucro do intermediário não só traz vantagens em termos de preço, mas também traz muitas outras vantagens. Tirar proveito das condições locais significou a construção de pastagem para gado de engorda, plantação de eucalipto e apicultura com mel de abelha e matéria-prima de própolis e, se chover, o capim do pasto cresce, se o tempo for bom as abelhas trabalham. Reflorestamento e fabricação de carvão vegetal e vinagre de madeira. Há diversos produtos e por se responsabilizar pelo próprio produto fabricado, fundou uma micro-empresa com marca registrada e está entregando para os clientes. Ele não tem preocupação com o sucessor, pois o segundo

Companheiros em reunião informal

filho é advogado com escritório de advocacia na cidade de São Paulo e o filho mais velho está ajudando ali. Os dois têm mostrado muito interesse na administração agrícola que os pais estão empreendendo. Não só é ativo na agricultura como também exerce por longo tempo o cargo de administrador responsável pela Escola de Língua Japonesa igada à Associação Cultural. Escolas de Língua Japonesa exemplares Quanto às escolas de língua japonesa dessa região, não só a Escola de São Miguel Arcanjo, como a Escola da Colônia Pinhal e a Escola Pilar do Sul são realidades raras pela plenitude, não só na região sudoeste de São Paulo, mas dentro de todo o Brasil. Nas escolas de língua japonesa instaladas junto com o internato, que os pioneiros construíram, foram acolhidos filhos de agricultores que moram em locais distantes e proporcionaram o ensino de língua japonesa e a transmissão de cultura japonesa e fizeram frequentar a escola brasileira. As associações culturais locais, independente da época, vieram colocando em prática o treinamento da convivência em grupo. Os descendentes de japoneses, incluindo os de Cotia Seinen, receberam ajuda e isso será lembrado e muito agradecido. Há impressão de que na sua base há o sentimento de obrigação 75


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de que deve se empenhar no ensino de língua japonesa também por gratidão. Parece que há a ideia de que seria possível os descendentes contribuírem por meio dos idiomas para o Brasil e o Japão, com intercâmbio técnico e cultural por meio de livros.

cesso na vida dos filhos? Vide os chineses." Há outros como esses que estão se esforçando com esperança, os que mudaram para outra região, ou que foram trabalhar no Japão, os que retornaram para o Japão e também os que faleceram.

Tadashi Kamitori (11ª leva da primeira fase, Hokkaido) diz que é Cotia Seinen originário do extremo norte do Japão, de Tonbetsu Heiya, de Hokkaido. A propósito, os Cotia Seinens foram recrutados de todo o Japão e do extremo sul há dois Cotia Seinens originários de Yoroncho de Oshima-gun, da Província de Kagoshima. É uma ilha próxima de Okinawa e eles nasceram antes da devolução de Okinawa ao Japão. Pois bem, para ele que é originário do extremo norte, o cultivo de batata era bastante familiar no Japão. Ele conseguiu se adaptar facilmente no Brasil. Para ele que viveu mais da metade da vida somente cultivando batatas, a dissolução da Cooperativa Agrícola de Cotia foi um enorme choque. É possível presumir que deve ter sido assim para ele, que caminhou junto com a Cooperativa em tudo, seja na administração agrícola como na venda, na compra, no crédito, etc, ou mesmo na vida. Já foi mencionado que ele foi líder da região por meio da batata. Não há dúvidas de que eles fixaram e promoveram o cultivo de batata como produto da região. Sobre diversos desafios que enfrentou, pode se inferir pelo que ele mesmo diz. Houve momento em que não bastando a produção de batatas na região de São Miguel, foi buscar ascensão com o cultivo de grãos em Barreiras, mas não dando certo teve que se retirar. Atualmente, está recebendo o valor máximo da aposentadoria. Até então parece que sofreu muito para pagar a contribuição mensal para a aposentadoria. Atualmente, como aposentado, se dedicaria todos os dias ao cultivo da batata de konyaku. Ele revelou sua própria opinião dizendo: "Será que os japoneses não estão desejando em demasia o su-

Situação das atividades dos descendentes Há famílias em que os filhos já os sucederam nos negócios há 10 anos e parece que há para cada um sua característica. Nesse local, os filhos que estão se empenhando como sucessores nos negócios na agricultura são dois que administram vinicultura, um na plantação de batata, um na de verduras e um no comércio. Outros estão atuando em áreas especializadas e há muitos com alto histórico escolar. Parece que há um número considerável de pessoas que trabalham no Japão, mesmo sendo dessa região rica. (Coleta de informações e tex- Tadao Ozaki (esq.) que escreveu artigos sobre algumas filiais com to: Tateno e Ozaki) base na coleta de materiais in loco e Tadayoshi Tateno, que acompanhou Ozaki na coleta de materiais.

Membros da Filial

- Norio Nakayama (1ª leva da primeira fase, de Kochi) - Tadashi Tashiro (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Tetsuya Sadasue (5ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Kiyoharu Mitsumori (5ª leva primeira fase, de Yamanashi) - Tadashi Kamitori (11ª leva da primeira fase, de Hokkaido) Pessoas que se mudaram para outras regiões, os que foram trabalhar no Japão e os que retornaram para o Japão - Katsutoshi Hasegawa (3ª leva primeira fase, de Yamaguchi) - Kesao Nashimoto (2ª leva da segunda fase, de Nagano) - Hisashi Ambo (6 ª leva da segunda fase, de Akita) - Naotake Yokota (7ª leva da segunda fase, de Nagano) Nome dos falecidos - Sadayuki Ii (12ª leva da primeira fase, de Ehime) - Sadao Nishioka (6ª leva da primeira fase, de Kochi) - Shozo Ozaki (14ª leva da primeira fase, de Yamaguchi) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 p.171~173


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SÃO JOAQUIM, ESTADO DE SANTA CATARINA Cultivo de Maçã no Brasil No céu absolutamente azul sobressaem ainda mais as flores rosas de cerejeira que, sopradas ocasionalmente pelo vento, deixam as pétalas caírem sobre as iguarias, trazidas por cada um dos participantes, dispostas em abundância sobre uma mesa longa. As cerejeiras, que nos acompanharam em parte de nossa empreitada na produção de maçã sem experiência, sofrerammuitas provações, tornaram-se grandes árvores que nos faz serenar. Todas as vezes que participo da contemplação de flores de cerejeira que a comunidade japonesa realiza todos os anos, relembro da vida de imigrante no Brasil. No dia 18 de junho de 1908, o navio KasatoMaru aportou em Santos trazendo do Japão 733 imigrantes, formando 165 famílias e 48 imigrantes solteiros, iniciando a imigração para o Brasil. Daqui dois anos completará o Centenário da imigração. Imigrei para o Brasil em 1962, quando o Japão estava finalmente se recuperando do período de conturbação econômica de pós-guerra, e este ano completo 43 anos no Brasil. Nesse período, a situação mudou e o Japão teve um grande desenvolvimento econômico, sendo que depois do estouro da bolha econômica, mesmo diminuindo, está numa situação em que pode ser vantajoso ir do Brasil para o Japão para trabalhar decasségui. Gostaria de relatar, revendo esses 40 anos, o que pensava para se dedicar à produção de maçã. Como não tenho escrito um texto coerente deste que saí do Japão e meu japonês está ficando duvidoso, estou preocupado se conseguirei expressar bem. A decisão de emigrar

Quando estava no 2º ano do curso ginasial, ouvi da minha mãe a história de um parente distante que foi bem sucedido no Brasil. Desde então, ficou no fundo do meu cérebro o longínquo país Brasil onde nunca tinha ido. Cada vez mais ficava forte o desejo de "querer ir". Eu, que não tinha nenhuma experiência na agricultura, ingressei no curso de agricultura da Colégio Katsura da Província de Kyoto. O período colegial foi de preparativo para imigrarme para o Brasil. Em março de 1962, ao me formar, fui me informar sobre a emigração para o Brasil no Departamento de Emigração do Governo da Província de Kyoto. Havia diversas forma de emigrar, mas como era solteiro, resolvi me candidatar para emigração como Cotia Seinen. Como era menor de idade, que tinha acabado de completar 18 anos (nota da tradutora: a maioridade no Japão é aos 20 anos), era necessária a declaração de consentimento dos pais e um fiador. Um tio concordou em ser fiador. O obstáculo maior era a declaração de consentimento. Como não tinha revelado minha intenção ao meu pai, hesitei em como iniciar a conversa. Com o encerramento do prazo se aproximando, um dia decidi falar com meu pai. Parece que meu pai já estava percebendo e disse olhando para longe "Takeshi, vá e se empenhe!" Com as palavras inesperadas do meu pai o meu sentimento que estava indefinido se definiu e tomei a decisão. Em 1988, esse meu pai faleceu. Depois disso, soube pela minha irmã mais velha, que meu pai quando era jovem queria ir para China, mas como teve oposição violenta do meu avô, esse sonho nunca foi realizado. Travessia ao Brasil Depois de um mês de treinamento para emigrar, fiquei de partir do Porto de Kobe no dia 28 de setembro de 1962. Minha mãe disse: "Takeshi, leve isso" e me entregou 700 dólares. Era o dinheiro que conseguiu vendendo uma 77


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pequena gleba. Fiquei contente. No porto havia muitas pessoas que tinham vindo se despedir e fiquei com a sensação de fazer uma viagem de passeio ao exterior. Não fiquei triste e nem lacrimejei. Meus pais estavam olhando silenciosos para o navio. Acho que disse: "Assim que ganhar dinheiro voltarei." Mas, ao contrário do que disse, a primeira vez que voltei ao Japão foi 18 anos depois, para visitar o meu pai que estava doente. Na manhã do dia seguinte o navio aportou em Yokohama. Um tripulante do navio me chamou: "Visita para sr. Hosoi do Cotia Seinen". Inesperadamente, a minha mãe e a minha irmã mais velha tinha vindo me visitar. Elas tinham tomado um trem e chegado primeiro em Yohohama Como estava conformado de que não as encontraria, fiquei ainda mais espantado. No dia 2 de outubro de 1962, as lágrimas, que no Porto de Kobe não saíram, com a vinda da minha mãe e da minha irmã mais velha para se despedir, desta vez não pararam de escorrer. Acenei com a mão até não mais enxergar a minha mãe e a minha irmã mais velha. Passando por Los Angeles, Canal do Panamá, Venezuela, República Dominicana e o primeiro porto do Brasil, em Belém, no fim da longa viagem de 52 dias, cheguei ao Porto de Santos. Recordando agora, esses 52 dias foram os dias que passei mais tranquilamente. Nesse dia mesmo, fomos para São Paulo e por três dias recebemos noções preliminares na Estação Experimental de Moinho Velho da Cooperativa Agrícola de Cotia e depois cada um foi encaminhado para a fazenda que o acolheria. Produção de batata Quem me acolheu foi o sr. Akira Kawakami e era de Piedade. Na manhã do dia 25 de novembro, o sr. Kawakami (como normalmente o chamo de patrão, doravante vou chamá-lo de patrão) veio me buscar de jipe. O patrão cultiva78

va batata a 134 km a oeste de São Paulo. Até a fazenda havia cerca de metade de estrada de terra, e na estrada secundária não era possível transitar a não ser com tração nas 4 rodas. Nessa época, o patrão aparentava ter cerca de 36 anos e a família era de quatro pessoas. A partir do dia seguinte comecei a vida com lamparina e banheira de tambor. Com um trabalho com o qual não estava acostumado, logo fiquei com "bolha" na mão, a qual depois estourou e sangrou. Passou-se uma semana e, então, amanheci com diarreia e não podendo trabalhar, descansei. Ao ficar olhando para o teto deitado, as lágrimas começaram a escorrer sozinho. Muitos jovens vieram para o Brasil e entre eles houve aqueles que retornaram ao Japão e até os que suicidaram. Nessa ocasião, senti que podia entender os sentimentos deles. Por felicidade, o patrão e a patroa me trataram muito bem. Na manhã seguinte, a diarreia parou e novamente levantei às 5 horas da manhã e comecei a trabalhar. O patrão não me ensinava nada em especial, mas trabalhando junto com os empregados, fui aprendendo a língua e as etapas do serviço e de como tratar os empregados. Assim passaram-se alguns anos. O patrão produzia batatas anualmente em oito alqueires de terra (1 alqueire é 2,5 hectares). Embora a batata seja um dos produtos com intensa flutuação de preço no mercado, nessa época estava em condições favoráveis e, aprendendo a produzir batata, aproximou-se o dia de minha independência. Em 24 de maio de 1969, casei-me com a Shizuko. Na festa do nosso casamento, o patrão convidou cerca de 300 pessoas entre vizinhos e amigos, e fiquei assustado por ser muitos os convidados, mas fiquei contente. Em setembro do mesmo ano tornei-me independente. Como presente de despedida o patrão plantou um alqueire de batata para mim e me deu adubo, defensivo agrícola e ainda trator, aparelho esterilizador e um cavalo. Enquanto trabalhava com o pa-


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trão havia aprendido a construir a casa e eu mesmo construí a casa para morar e um depósito. O poço também perfurei sozinho. A produção de batata teve colheita boa na primeira e na segunda safras. Como a terra era distante da cidade e inconveniente, comprei um jipe usado. Nesse momento, eu e minha esposa ficamos muito contentes. Depois de algum tempo, como o terreno era alugado, quando comecei a procurar uma nova terra, o meu sogro me convidou "que tal ir para Santa Catarina e cultivar maça?" Ao consultar o patrão, ele me disse: "Vá e se empenhe". Eram as mesmas palavras que meu pai me disse quando saí do Japão. Até construir o distrito de maçã Em 1972, o falecido Tamitsu Nishimori, o falecido Takijiro Shimizu (sogro), Hideo Shimizu (cunhado), os irmãos Hiroyasu e Fumio Hiragami e eu nos encontramos pela primeira vez e sob a liderança do sr. Nishimori conversamos sobre a construção de um núcleo de produção de maçã. Levamos o plano de construção do núcleo à Cooperativa Agrícola de Cotia. O encarregado da cooperativa e nós produtores fizemos vários estudos do plano proposto e, em agosto do mesmo ano, iniciamos, junto com engenheiro da Cooperativa Agrícola de Cotia, a procurar o terreno. Nessa época, para colaborar tecnicamente à produção de maçã no Brasil, tinha sido enviado do Japão pela então Kaigai Gijutsu Kyoryoku (Colaboração Tecnológica Ultramarina) (atual Japan International Cooperation Agency - JICA), um especialista no cultivo de maçã, o dr. Kenshi Ushirozawa. Ele, com muita paciência, nos orientou desde a procura pelo terreno até o cultivo de maçã que desconhecíamos. Com a recomendação do dr. Ushirozawa, limitando o alvo em locais da alta altitude, começamos a pro-

Embaixador Suzuki satisfeito com a aparência magnífica da maçã que tem na mão e à esquerda o casal Hosoi

curar pelo planalto das cidades de Caçador, Matos e Cotas do Estado de Santa Catarina. No entanto, passaram-se dois anos sem encontrar uma terra favorável e estávamos ficando impacientes. Nisso, um dia no meio de abril de 1974, houve o comunicado do dr. Ushirozawa para a Cooperativa Agrícola de Cotia de que "foi encontrado um bom terreno em São Joaquim." Imediatamente, três engenheiros da Cooperativa Agrícola de Cotia e nós seis fomos para São Joaquim. São Joaquim fica no planalto de 1400 m de altura e é conhecido como única cidade do Brasil que neva. A partir do dia seguinte à chegada, circulamos para ver os terrenos, mas todos tinham muitas pedras. Então, o dr. Ushirozawa disse: "as pedras dá para mudar, já o clima não podemos mudar." Não tínhamos compreendido o significado dessas palavras naquele momento, mas de qualquer maneira se tivéssemos construído o núcleo em local de altitude mais baixa e plana, creio que não teríamos chegado ao sucesso atual. Passamos a entender que, se as árvores frutíferas, não se limitando a macieiras, não forem cultivadas em terreno adequado não se pode esperar uma grande colheita de boa qualidade. Após olharmos muitos terrenos, no fim encontramos um relativamente bom. A 5 km da cidade encontramos terreno com menos pedras do que imaginávamos.

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No entanto, ficamos vez no Brasil. Pensei surpreendidos com o que agora podia perpreço do terreno. Era manecer no país. Sem 10 vezes mais caro do saber o que fazer prique da região de Cameiro, comecei a caçador, que era plano var buracos para e com poucas pedras. plantar mudas de Não era um valor que macieiras. poderia pagar pelo terreno somente para Desconfiados em ver Família Hosoi o cultivo da maçã. "Se japoneses pela pridesistirmos agora, não podemos produzir meira vez, era difícil reunir os camaradas (emmaçã", disse o sr. Nishimori de 68 anos, que pregados). Em meados de novembro, construí estava obstinado a produzir maçã. Resolvemos a casa e fui o primeiro a se mudar para o local. antes de tudo, pedir financiamento do terreno Nessa noite, ventou forte e sem mata para queao Governo do Estado. Nessa época, como o brar o vento como agora, a casa inacabada baex-deputado Henrique Córdova estava trabalançou muito. Na manhã seguinte, a construlhando na prefeitura, levamos o plano para ele. ção vizinha tinha movido um metro e a garaEra uma pessoa que tinha muito interesse pegem havia sido derrubada pelo vento. Foi uma las maçãs, começou a produzi-las e mais tarde noite inesquecível. se tornou Governador do Estado. Ele imediatamente negociou com o Governo do Estado. No primeiro ano, plantei 1500 mudas e, no ano seguinte, 6500 mudas. Entre 1975 e 1977, em O engenheiro da Cooperativa Agrícola de Cotia, 44 lotes de quatro distritos (560 hectares), enNishimori e Shimizu foram para Florianópolis, traram 44 famílias. Esses núcleos de produção capital do Estado, para solicitar a cooperação de maçã ficaram famosos como centros de do Governo do Estado, que já havia elaborado maçãs em São Joaquim, em substituição à atio "Plano de Fomento para Cultivo de Árvores vidade florestal que entrou em decadência raFrutíferas de Zona Temperada" por orientação pidamente depois de 1975. Isso influenciou as do Ministério da Agricultura e nele estava conregiões vizinhas e, nas cidades do planalto, fotido o financiamento para o terreno. Pelo emram iniciadas de uma vez o cultivo de maçãs, penho do Governador Reis, foi concedido o prique se tornou produto principal da região. O meiro financiamento de terreno agrícola entre cultivo de maçã que estava indo bem também os financiamentos do Brasil. foi afetado em 1994, com o colapso da Cooperativa Agrícola de Cotia, que ostentava longa E ainda, no ano seguinte, foi concedido o emhistória desde antes da guerra, e causou granpréstimo do fundo agrícola do banco estadual. de impacto no mundo econômico e agrícola do Com isso, foi possível adquirir o terreno e iniBrasil. ciar a construção do Primeiro Núcleo Agrícola de Colônia Cotia. No dia 5 de agosto de 1974, Até então só precisava pensar em produzir após o sorteio do lote de 20 hectares cada, com maçãs, mas perdemos de uma vez as instalaa condição de plantar em 10 hectares, iniciouções de embalamento e de refrigeração. Ficase o plantio. Fiquei muito contente por consemos na situação de ter que procurar nós mesguir adquirir o próprio terreno pela primeira mos os pontos de venda. Atualmente, a Coope80


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rativa Agrícola de São Joaquim fundada pelos produtores de maçãs, com o financiamento do banco, possui uma instalação para embalagem, refrigeração e armazenamento. Cuidando desde a produção até a venda, temos trabalhado ativamente visando um desenvolvimento cada vez maior. No Brasil, como no Japão, tem ocorrido o afastamento de jovens da agricultura, mas no núcleo de produtores de maçãs, os jovens sucessores permanecem e é um motivo de orgulho não ter gente indo para o Japão como decasségui. O plano de produção de maçãs, que foi iniciado por apenas seis pessoas, com a força da Cooperativa Agrícola de Cotia, a colaboração e a ajuda do Governo Federal do Brasil e do Governo do Estado e com a ajuda técnica do Japão, por meio de JICA, que ainda hoje continua, foi realizado e como resultado está cumprindo um papel importante na produção regional. Tenho orgulho de ter vindo para o Brasil em busca da própria felicidade e, como resultado disso, pude cooperar um pouco com o desenvolvimento regional deste país. Creio que é uma coisa importante a contribuição no local para onde se emigrou para aprofundar a compreensão em relação ao Japão e para a construção de uma relação estreita entre o Brasil e o Japão.

de entrada no núcleo de maçã ajudou a plantar as mudas sem se importar com o horário e ainda me incentivou. Estou realmente grato. Setembro de 2004, em São Joaquim florescem as flores de maçã, como estou me recordando. (Texto:Takeshi Hosoi)

Nascido em fevereiro de 1944. Originário de Quioto, imigrou para o Brasil sozinho aos 18 anos e, atualmente, administra a produção da maçã em São Joaquim, no Estado de Santa Catarina, no Sul do Brasil. Foi ex-vice-presidente da Cooperativa Agrícola de São Joaquim e ex-presidente da Associação Japonesa da Cidade de São Joaquim. Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.174~177

ESTADO DO RIO DE JANEIRO Grupo que se fixou é de 30 pessoas que se dedicaram à agricultura de subúrbio Vida conturbada de agricultor Ao considerar a atividade agrícola no Estado do Rio de Janeiro há uma limitação. Excetuando as montanhas costeiras frias, na planície chamada Baixada Fluminense ficam restritas as frutas subtropicais, como coco e goiaba, e se for verduras só há um período do inverno.

Atualmente, em São Joaquim há a "Escola Modelo de Língua Japonesa São Joaquim" que foi construída com ajuda da JICA. E os descendentes de terceira e quarta geração estão aprendendo, não só a língua japonesa como também a cultura japonesa. No futuro, gostaríamos que essas pessoas atuem na colaboração internacional entre o Brasil e o Japão em suas áreas.

Embora tendo como o mercado a segunda metrópole do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, os 30 companheiros que se fixaram no Estado do Rio de Janeiro, não tiveram opção se não se tornarem agricultores de subúrbio. Entre eles, os irmãos Takero e Yoji Akiyoshi (ambos de 5ª leva da primeira fase, de Oita) e Masayoshi Otsuka (9ª leva da primeira fase, de Gunma) não eram do perfil que se encaixavam na agricultura de subúrbio.

Por fim, pude me esforçar até aqui graças à minha esposa. Na época em que me tornei independente e não tinha empregado, a minha esposa me ajudou a plantar batata. Na época

Quanto a Otsuka, que é o atual coordenador no Rio de Janeiro, a primeira fazenda a que foi destinado foi Santa Cruz, com aprovação da família da esposa. Estava plantando jiló, mas o 81


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espaço era limitado. Nessa situação, em 1984, na ocasião em que a Cooperativa Agrícola de Cotia deu início ao Projeto São João, se mudou para Casimiro de Abreu e, desbravando 150 hectares, iniciou a produção mecanizada de arroz. Não se compara com o interior, mas no Estado do Rio de Janeiro era uma escala extraordinária. Depois disso, com a instalação da irrigação e até da bomba de drenagem, plantou mandioca, mas às vésperas da colheita teve experiência amarga com a invasão e saque dos "agricultores sem terra". Mesmo assim, ele ampliou sua atuação para o lado de Silva Jardim e se empenhava na produção de batata doce, mas em 2004, com o surgimento de um problema cardíaco, retirou-se totalmente do trabalho. Inesperadamente, há muitas pessoas que ficaram doentes Há mais um companheiro que não se pode esquecer que é o Yoji Akiyoshi. Na mesa redonda da revista dos 20 anos, como representante do Rio de Janeiro, demonstrou disposição e quem criou o grupo de amizade chamando os Cotia Seinens do Estado do Rio de Janeiro também foi ele, sendo digno de respeito por seu carisma natural e capacidade de mobilização. A época de sua independência coincidiu com a construção da colônia de Macaé pela Cooperativa Agrícola de Cotia, mas por infelicidade, com a inundação todas as famílias tiveram que se retirar. Há outros Cotia Seinens como Isamu Murata (1ª leva da primeira fase, de Saitama), Kazuyoshi Hoshikawa (2ª leva da primeira fase, de Ehime), Nobuhiro Suzuki (8ª leva da primeira fase, de Kagawa). Anos mais tarde, buscou terreno em Cruzília no Estado de Minas Gerais e houve um período em que, como fazendeiro, deixou os companheiros com inveja, mas no caso dele também, talvez por sobrecarga física e mental, teve cerca de dois ataques cardíacos. Atualmente, mudou-se para São Paulo, 82

Comemoração coletiva de sexagésimo aniversário dos Cotia Seinens residentes no Rio de Janeiro (1996)

onde se dedica à recuperação e na reabilitação. Vida dura de 50 anos após ter mudado para cá, depois de passar dos 70 anos de idade, no Rio de Janeiro, inesperadamente há muitas pessoas com saúde prejudicada. No caso de Hoshikawa, a sequela do acidente de trânsito de 20 anos atrás fez transtornar cruelmente a sua vida e Tadayoshi Saigusa (3ª leva da primeira fase, de Ngasaki), que chamou a atenção por criar uma nova espécie de pimenta como "Piabetá", também caiu enfermo recentemente. Na cidade do Rio de Janeiro, Hiromi Bando (7ª leva da primeira fase, de Chiba) tem uma loja de lembranças chamada "Hatano Shokai". Não é de produtos japoneses, mas atende aos grupos japoneses em visita ao Brasil e as pessoas que vão visitar o Japão e que tê dificuldade de escolher o que levar e, recentemente, ele abriu uma filial na entrada da subida do trem do Corcovado, tendo ótimo sucesso comercial, mas também ficou doente, e felizmente já está quase recuperado. A onda de decasségui para o Japão a partir da metade da década de 1980 no Rio de Janeiro sem exceção é intensa, e na primeira metade da década de 1990, houve três companheiros que faleceram no Japão onde estavam trabalhando. Os companheiros Shokichi Horie (10ª


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leva da primeira fase, de Tochigi), Teruhiko Tabira (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima), Yasutaka Deguchi (6ª leva da segunda fase, de Nagasaki) perderam a vida por causa do câncer e tumor maligno. Será que simplesmente o estresse causado pelo trabalho pode levar ao câncer psicogênica? Notícias tristes precederam, mas entre pessoas que faleceram estão Yoshio Kitagawa (2ª leva da primeira fase, de Hokkaido) e, em 2004, Nobuhiro Suzuki foi vítima de assalto na residência, o que foi lamentável. Cotia Seinen que nasceu no Brasil Cremos que haja muitas pessoas que tenham nascidos fora do Japão como Manchúria, mas há um Cotia Seinen que nasceu no Brasil. É Isamu Murata (citado anteriormente) e o local de seu nascimento é Fazenda Tozan em Campinas. Ele perdeu a mãe logo depois do nascimento, sendo adotado pelos tios e visitou o Japão, mas por causa da guerra não pôde retornar ao Brasil. Tinha um ano e meio e sem nenhuma lembrança do Brasil, foi criado como japonês, mas naturalmente o sentimento em relação ao Brasil deveria ser mais forte do que de outras pessoas. Candidatou-se assim que foi reiniciada a emigração do pós-guerra e veio para o Brasil. Nos 10 primeiros anos se dedicou à agricultura, mas como tinha tino comercial, naturalmente dirigiu-se ao comércio e se tornou sócio de empresa comercial de máquinas agrícolas em Nova Friburgo e está na ativa até hoje. Tem um filho e uma filha e os respectivos esposa e marido deles são descendentes de Cotia Seinens. O filho Yuji casou-se com Naomi, a primeira filha do falecido Tabira, e a filha Matsumi com Toshiaki, o primeiro filho do Akio Shitara (7ª leva da primeira fase, de Gunma, residente em Castro) e de ambos os casais estão crescendo os genuínos Cotia Seinens de terceira geração. A segunda geração da família Shitara tem residência na cidade de Sorocaba, onde trabalha,

mas é emocionante, mesmo que seja por acaso, que estejam no meio entre Paraná e Rio de Janeiro, na mesma distância para os pais de ambos. Os três concunhados Em São Paulo ou no Paraná onde há muitos descendentes de japoneses não se sabe se aconteceu, mas em Teresópolis, terra de paisagem bela e pitoresca na cordilheira costeira, apenas cinco Cotia Seinens se fixaram, dos quais três são concunhados, ou seja, suas esposas são irmãs, o que é também bem raro. Da família Watanabe, que é casa paterna das esposas, não há o que dizer, mas a confiança e a expectativa que o irmão mais velho Naochika tem é enorme. A segunda filha da família Watanabe, Kiyoe casou-se com Takao Nakayama (9ª leva da primeira fase, de Mie) dois anos após a chegada dele ao Brasil. Não aguentando os prejuízos causados por aves e lontras, desistiu da criação de peixe e atualmente está mudando de "hananira" para pomar. Tem fama de ser uma pessoa que quase não sai da propriedade, mas em relação às informações de horticultura é o melhor do mundo e tem plantado, além de cerca de mil pés de ponkã, frutas raras como lia, rambutão, romã e pera japonesa. O marido da terceira filha, Yoriko, é Hiroaki Arita (8ª leva da primeira fase, de Ehime) e é especialista em verduras de subúrbio, produz ano inteiro o minitomate, e pela condição fa-

Reunião de confraternização em Nova Friburgo

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vorável de estar à beira da rodovia Rio-Bahia, vende quase toda produção no local.

- Takeo Miura (30ª leva da segunda fase, de Aomori) - Junichi Matsumura (34ª leva da segunda fase, de Fukuoka) - Nobukazu Abe (13ª leva primeira fase, de Ehime) no Japão

Essa pessoa de poucas falas a ponto de ficar com ombros rígidos, mas ele deve ter feito poucos gafes ou usado linguagem imprópria. Deve ser do tipo que aprecia o longo relacionamento familiar. As duas filhas Hitomi e Miyuki celebraram casamento com dois filhos de Sadao Miyajima (3ª leva da segunda fase, de Fukushima). Esse tipo de ligação entre famílias por casamento também deve se tornar duplamente inabalável.

- Masayoshi Komatsu (10ª leva da segunda fase, de Shiga) [paradeiro desconhecido] Nome dos falecidos - Yoshio Kitagawa (2ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Nobuhiro Suzuki (8ª leva da primeira fase, de Kagawa) - Shokichi Horie (10ª leva da primeira fase, de Tochigi) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.177~179

ATIBAIA Jovens que construíram terra das flores

Teruhiko Tabira acolheu a filha caçula Itsuko. Tabira era um "super star" que habilmente se destacava no esporte, na arte do entretenimento e no ensino de língua japonesa, e a comunidade local depositava muita esperança nele. Infelizmente, durante o trabalho no Japão ficou doente e faleceu. (Texto: Toshiharu Matsuoka)

Membros da Filial - Isamu Murata (1ª leva da primeira fase, de Saitama) - Michio Shiihara (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Kazuyoshi Hoshikawa (2ª leva da primeira fase, de Ehime) - Sadao Sugiura (2ª leva da primeira fase, de Shizuoka) - Shozo Atsumi (3ª leva da primeira fase, de Hokkaido)

Grande concentração de Cotia Seinens? 300 pessoas em 50 famílias Ao transpor duas serras, a Cantareira e Juqueri, que se sobrepõem ao norte da grande cidade de São Paulo, estende-se uma faixa de terra montanhosa em forma de onda. Ali se situa a cidade de Atibaia. Ao complementar um pouco mais compreensivelmente, é na área ao redor da intersecção da rodovia Fernão Dias, que liga a cidade de São Paulo {a cidade de Belo Horizonte no Estado de Minas Gerais, e a rodovia Pedro I, que liga a rodovia Dutra à cidade de Campinas, com área total de 492 km².

- Tadayoshi Saigusa (3ª leva da primeira fase, de Nagasaki) - Shindi Hasegawa (3ª leva da primeira fase, de Niigata) - Takero Akiyoshi (5ª leva da primeira fase, de Oita) - Kaoru Ito (6ª leva da primeira fase, de Tochigi) - Kozo Toda (6ª leva da primeira fase, de Akita) - Hiromi Bando (7ª leva da primeira fase, de Chiba) - Hiroaki Arita (8ª leva de primeira fase, de Ehime) - Iwao Fukushima (8ª leva da primeira fase, de Ehime) - Takao Nakayama (9ª leva da primeira fase, de Mie) - Masayoshi Otsuka (9ª leva da primeira fase, de Gunma) - Kiyoshi Tsukui (9ª leva da primeira fase, de Gunma) - Suemaru Saito (9ª leva da primeira fase, de Yamagata)

A distância direta a partir da cidade de São Paulo é de 40 km, mas como está bloqueada por duas serras ao ir pela rodovia Fernão Dias, a distância quase dobra para 70 km. No planalto de 840 m de altitude e com uma condição climática amena, é uma cidade gostosa de se viver, com ar límpido e fresco, ideal para estância e tem 119 mil habitantes. A população presumida de descendentes de japoneses é de cerca de 5 mil pessoas em 1300 famílias, sendo 300 Cotia Seinens em 50 famílias.

- Toshiharu Matsuoka (10ª leva da primeira fase, de Saitama) - Mitsuo Hoshi (16ª leva da primeira fase, de Gunma) - Shoji Yamagishi (8ª leva da segunda fase, de Nagano) - Yoshinobu Moriya (21ª leva da segunda fase, de Miyagi)

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Os Cotia Seinens de Atibaia ocupam posição central da comunidade local e têm atuado em várias atividades, mas a principal deve ser a


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produção de flores e plantas ornamentais. Acrescido a isso, a tecnologia de produção trazidos do Japão pelos imigrantes do pós-guerra (principalmente Cotia Seinens) foi mais do que suficientemente aproveitado. Com os benefícios da agricultura de subúrbio, até mesmo os produtores relativamente de pequena escala também tiveram oportunidade de alcançar o desenvolvimento. As realizações de Setsuo Yamaguchi por trás do desenvolvimento Segundo a divulgação recente da Associação dos Produtores de Flores e Plantas Ornamentais de Atibaia, calcula-se que chega a 60 milhões de dólares o valor da produção anual, representando 30% do volume de produção de flores e plantas ornamentais de todo o Brasil e que mais de 20 mil empregos. São 400 famílias de produtores e o conteúdo de produção são mais de 70 tipos de mudas de plantas ornamentais para canteiros de flores, 30 espécies de vasos, entre os quais, 4,5 milhões de vasos de crisântemo, 15 espécies de flores de corte, 8,9 milhões de dúzias de rosa, quantidade plantada de 2,79 milhões de pés, valor de venda de 72 % de todas as flores e plantas ornamentais, 5 milhões de maços de crisântemo, 120 mil dúzias de cravo, 40 mil dúzias de lírio, 300 mil de orquídea, 1 milhão de maços de gypsophila perene, campânula turca, etc. Cotia Seinens estão envolvidos em mais da metade de cultivo de flores e plantas ornamentais e presume-se que represente 30 % da produção total. A base da construção desta próspera produção de flores e plantas ornamentais de hoje foi a realização de Setsuo Yamaguchi, que ao mesmo tempo mostrou um feito notável na atuação como pioneiro dos Cotia Seinens da região. Yamaguchi faleceu em um acidente às vésperas da Cerimônia Comemorativa dos 50 Anos de Cotia Seinen, mas a contribuição dele não

se resumiu ao cultivo de flores e plantas ornamentais, agiu com a consciência de pioneiro e acolheu muitos Cotia Seinens, fazendo aprender a técnica e a administração, ajudando também na independência deles. A maior parte está envolvidoa na produção de flores e plantas ornamentais até hoje. No início, em torno dele entraram Shigeru Yoshida, Seiichi Nishino, Tadao Nishiguchi, Shinitiro Kobayashi, Hiroshi Ono, Takatsugu Nagai, Michio Miki, entre outros, visando o cultivo de flores e plantas ornamentais, e se tornaram independentes. Entretanto, a terra das flores de Atibaia mudou repentinamente por causa dos danos de desastre natural. Em outubro de 1975, ocorreu o grande dano com a queda de granizo, que durou por 30 minutos, acumulando 30 cm e deixando tudo branco. Na sombra, os blocos de gelo ficaram sem derreter por 3 dias. A maior parte dos produtos cultivados ao ar livre foi exterminada. No entanto, as flores e plantas ornamentais dentro de estufas de vinil escaparam dos danos e com isso mais da metade dos agricultores se mudaram para o cultivo de flores e plantas ornamentais. Depois disso, essa área se tornou uma área de cultivo de cravos, chegando a fornecer 50 % de cravos no mercado de São Paulo. Porém, depois disso, o cultivo do cravo declinou. Outras flores e plantas ornamentais vieram para substitui-lo. E começou o cultivo de rosas e de crisântemo com a iluminação elétrica. Rei das rosas, Nakanori Mori também é Cotia Seinen Entre os pioneiros havia um Cotia Seinen. É o Nakanori Mori, produtor de rosas de Atibaia. Em um determinado período ele foi chamado de "rei das rosas". Ainda, quando o mercado de rosas não estava estabelecido, o seu lema era "mais do que quantidade a qualidade". Isso fê85


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Grupo de estufas de plástico alinhadas ordenadamente (fazenda de flores e plantas ornamentais Kuroki, no bairro do Tanque)

lo obter boa reputação no mercado. As rosas dele realmente tiveram excelente comercialização. Num piscar de olhos, com a ampliação da expansão dos negócios, tornou-se grande produtor de rosas, e dizem que a produção diária foi de 5 mil dúzias. No entanto, esse rápido crescimento criou um mal-estar dentre seus próximos, perdeu a paixão pelo negócio e, em 1982, encerrou o cultivo da rosa. Depois disso, em substituição à rosa escolheu o cavalo, ou seja, criação de cavalo de raça. Dedicou sua paixão na criação da raça manga larga com pedigree. Chegou a criar 60 cavalos. Era a época em que um cavalo custava o equivalente a um carro de luxo. Entretanto, com a mudança no mercado decide sair do negócio. As pessoas que o conhecem avaliam que, em vez de administrador agrícola, ele é um técnico. Após ter se retirado dos negócios, está levando uma vida sem se dedicar às flores e plantas ornamentais. Isso também é uma espécie de colaboração para vitalização da cidade. Depois dele, Mitsuo Jisaka tornou-se um dos grandes produtores de rosas (Jisaka, como Yamaguchi, faleceu às vésperas da Comemoração dos 50 Anos de Cotia Seinen). Ele plantou anualmente perto de 30 mil pés de rosa a partir da década de 1970 e se tornou produtor de rosa de ultrapassava 300 mil flores. 86

A produção de rosa tinha custo baixo e os produtores de rosa viviam a prosperidade. Quem se encarregou disso foi Koichi Nakazawa. A ampliação da escala do cultivo de rosa começou pela ampliação da dimensão do plantio. O que estimulou isso foi o método de Koichi Nakazawa, que incorpora a força mecânica ao método de cultivo. Até então, estavam dependendo de mão de obra para arar e fertilizar, mas o Nakazawa, com utilização plena do trator, reduziu o custo de mão de obra e de uma vez se tornou um produtor de grande quantidade. Koichi Nakazawa é atualmente a "pessoa do momento" da comunidade nipo-brasileira, tendo ocupando cargos como de presidente da Associação Miyagi Kenjinkai do Brasil, presidente do Kenren, presidente da Associação de Imigrantes do Pós-guerra. Sua base está no bairro do Tanque em Atibaia onde administra o cultivo de flores e plantas ornamentais e também um centro de educação esportiva, que participa de partidas oficiais de futebol. Condições geográficas e sociais de localização de flores combinando três requisitos importantes Se for destacar dois ou três produtores de flores e plantas ornamentais peculiares, em primeiro lugar há o Hiroshi Ono. Ele está cultivando crisântemo com iluminação elétrica, gypsophila perene, campânula turca, etc. A produção e a venda planejada sem desperdício são considerados métodos superiores entre o grupo de produtores de flores de corte. Ele ocupa o cargo de presidente da Associação de Produtores de Flores e Plantas Ornamentais de Atibaia, presidente do Órgão Deliberativo de Hortolândia e membro da comissão de escola da língua japonesa do Bunkyo. Shigeru Yoshida, que faz pleno uso da família com muitos filhos, como se cada um deles fosse um engrenagem do relógio, desenvolve trabalho em equipe de forma notável, fazendo se encarregarem


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da produção e da venda. Ele tem elevada avaliação como raro produtor de flores e plantas ornamentais à prova de recessão. Desta forma, a atuação de Cotia Seinens é como uma constelação de muitas estrelas que se estendem em uma variedade de atividades, mas isso deve constituir uma camada de atividades que o grupo Cotia Seinens faz. No início da independência na região de Ati- Reunião de amigos de Cotia Seinens residentes em Atibaia (março de baia, havia em cada área proprieda- 2003, Setsuo Yamaguchi, do canto esquerdo, naufragou duramente des agrícolas adequadas para o cultivo pesca no mar um mês depois) de flores e de plantas ornamentais, com pemas os Cotia Seinens foram bem sucedidos na queno capital e favorecido por condições geoforma como conduziram o negócio, encarando gráficas e climáticas, como do terreno adequatudo como uma administração empresarial. Os do e que facilitaram a independência. Cotia Seinens também entraram na meia-idade e estão chegando na época de passar o basAlém disso, não se pode esquecer o fato de que tão para a próxima geração, mas se espera que os veteranos atuavam e orientavam os novatos a presença deles como força ascendente não em cada área de flores e plantas ornamentais, diminua e que o amanhã ainda esteja sobre os ajudando-os na fase inicial e criando um ambiombros deles. (Texto: Shigeyuki Murata) ente para empurrá-los para cima. Membros da Filial - Nakanori Mori (1ª leva da primeira fase, de Kochi) Por exemplo, há os resultados de Nakanori Mori - Masasuke Kuroki (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki) e Mitsuo Jisaka, que criaram a época de ouro - Takeshi Kato (1ª leva da primeira fase, de Fukushima) da rosa, Setuo Yamaguchi de cravo, Masasuke - Yoshisada Nishida (2ª leva da primeira fase, de Nagano) Kuroki e Toshihiro Kobayashi de gypsophila pe- Shigeru Yosida (2ª leva da primeira fase, de Tochigi) rene, Masao Hirahara do cultivo de crisântemo - Kazumi Hiramatsu (4ª leva primeira fase, de Wakayama) em vaso, Hiroshi Ono do crisântemo de corte, - Ikuro Takane (5ª leva da primeira fase, de Akita) Setsuo Yamaguchi e Shinitiro Kobayashi de cam- Tsutomu Moriyama (5ª leva primeira fase, de Kagoshima) pânula turca, etc. Além disso, há casos como - Masao Hirahara (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima) de Hiroshi Harada, que teve sucesso combinan- Toshiro Kimura (7ª leva da primeira fase, de Yamaguchi) do de forma admirável o cultivo de árvores fru- Shoshichiro Komorita (7ª leva primeira fase, de Kumamoto) tíferas e o cultivo de flores e plantas ornamen- Yasuhiko Miyata (10ª leva da primeira fase, de Mie) tais. Em todos os casos, pode-se dizer que são - Norihide Sakamoto (10ª leva da primeira fase, de Kochi) pioneiros em cada uma de suas áreas. - Hiroshi Harada (11ª leva da primeira fase, de Saitama)

São pessoas que lideram a produção local de modo incontestável. A agricultura convencional de até então, não se limitando à produção de flores e plantas ornamentais, o velho espírito do produtor agrícola eficiente prosperava,

- Kichisaku Imoto (11ª leva primeira fase, de Tokushima) - Toshihiro Kobayashi (11ª leva primeira fase, de Kanagawa) - Yasunori Nakajima (12ª leva primeira fase, de Kumamoto) - Minoru Nonaka (12ª leva da primeira fase, de Kochi) - Kazuhiko Kawai (14ª leva da primeira fase, de Aichi)

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Cotia Seinen: 60 anos de União - Bibo Seko (14ª leva da primeira fase, de Mie) - Shoji Furumori (14ª leva da primeira fase, de Hiroshima) - Seijiro Otsuka (16ª leva da primeira fase, de Gunma) - Shiguemasa Hayashi (16ª leva primeira fase, de Toyama) - Shiniti Tagashira (1ª leva da segunda fase, de Kagoshima)

to Santo, para região Sul do Estado da Bahia, estende-se interminavelmente na plantação de árvores frutíferas, de café e de eucalipto, e é referido como de clima idea para a agricultura e silvicultura.

- Toshiaki Yoshida (2ª leva da segunda fase, de Miyazaki) - Shoji Tanaka (2ª leva da segunda fase, de Nagano) - Hideo Iijimma (2ª leva da segunda fase, de Nagano) - Takeo Sasamae (6ª leva da segunda fase, de Miyazaki) - Shigeki Shinguchi (10ª leva segunda fase, de Kagoshima) - Tetsuo Maehara (11ª leva da segunda fase, de Fukuoka)

Teixeira de Freitas possui terreno arenoso a cerca de 40 km da costa e tem clima com precipitação de chuva relativamente grande. É adequada para o cultivo de frutas como limão, mamão e maracujá.

- Masao Kobayashi (12ª leva da segunda fase, de Nagano) - Masataka Taniguti (16ª leva da segunda fase, de Hyogo) - Koichi Nakazawa (21ª leva da segunda fase, de Miyagi) - Tsukasa Nekotsuka (21ª leva da segunda fase, de Iwate) - Shinitiro Kobayashi (26ª leva segunda fase, de Nagano) - Mitsuyuki Kamada (27ª leva da segunda fase, de Iwate) - Takatsugu Nagai (27ª leva da segunda fase, de Hiroshima) - Yukihide Hoshi (30ª leva da segunda fase, de Tokyo) - Michio Miki (34ª leva da segunda fase, de Kagawa) Nome dos falecidos - Kiyoshi Minamikawa (1ª leva da primeira fase, de Shiga) - Setsuo Yamaguchi (2ª leva da primeira fase, de Nagano) - Tadao Nishiguchi (3ª leva da primeira fase, de Shiga) - Mitsuo Jisaka (5ª leva da primeira fase, de Wakayama)

Os japoneses começaram a se estabelecer em Teixeira de Freitas em 1955, com o loteamento da propriedade agrícola pela "Imobiliária Caravelas", no bairro de Taquari, a cerca de 35 km da costa. Com a divulgação de que "a árvore que dá ouro é o coqueiro" atraiu nossos patrões bem sucedidos da época inicial da batata e, em 1960, os Cotia Seinens como Takeo Morita, Tomio Tokushige, Shiro Takeuchi, Eiki Haseda, Kazuo Obayashi, entre 1956 até por volta de 1965 tentaram o cultivo de coqueiros, mas o seu resultado não foi satisfatório, e os patrões não gostando da experiência, abandonaram o terreno e se retiraram.

- Seiichi Nishino (7ª leva da primeira fase, de Kagoshima)

Passados 50 anos de entrada, a sucessão está concluída

Depois disso, os Cotia Seinens que ficaram repetiram as provações e, por volta de 1963, fizeram o cultivo experimental de melão, tomate, pimentão, melancia, etc., obtendo bons resultados. No mercado da cidade de São Paulo tornaram-se produtos conhecidos. Nesse meio tempo, por volta de 1970, um produtor de batata de Bragança Paulista experimentou cultivar batata no local, mas não foi bem sucedido.

Persistem depois da retirada do patrão A cidade de Teixeira de Freitas no Estado da Bahia situa-se a cerca de 1500 km em linha reta da cidade de São Paulo. Na beira da rodovia federal 101, que vai para o Norte do Estado do Rio de Janeiro, passando pelo Estado do Espíri-

De mamão para macadâmia Em 1980, foi fundada a "Filial Teixeira de Freitas da Cooperativa Agrícola do Cotia e foram introduzidos no terreno de 4000 hectares que a Cooperativa Agrícola de Cotia adquiriu e dividiu em lotes de 150 hectares cada. Chegaram 17 famí-

- Hitoshi Akiyama (30ª leva da segunda fase, de Tokyo) - Hiroshi Ono (18ª leva da segunda fase, de Tochigi) - Kazuhiko Tsuji (12ª leva da primeira fase, de Tokushima) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 P. 180~182

TEIXEIRA DE FREITAS NO ESTADO DA BAHIA

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lias. Era uma colônia inicialmente construída com estrutura para o cultivo de melão. No início, foi priorizado o plantio do produto indicado pela cooperativa, mas sendo o produto não adequado para aquele ambiente, foi mudando aos poucos para o cultivo de mamão. Com o plantio excessivo e propagação de vírus, foram forçados a mudar de direção e atualmente o número de produtores de mamão é menor e permanecem na colônia oito famílias.

Foto comemorativa com a mansão de Hidehiro Umeda ao fundo

Na época em que a Cooperativa Agrícola de Cotia e a Cooperativa Sul Brasil estavam bem, haviam 200 famílias e 90% se dedicavam a agricultura em torno de Teixeira de Freitas, no alcance de 70 km para esquerda e para direita. Atualmente, verifica-se a tendência de mudar para pecuária e reflorestamento. Um deles é Hachiro Nagayama (3ª leva da segunda fase, de Fukushima), que desde a partida do Japão tinha como meta a administração de fazenda de gado, que atualmente é dirigido pelo filho mais velho. Na fazenda de gado dele, mil bois estavam comendo a grama calmamente. Nós da delegação de visita, enquanto admirávamos a majestosa paisagem, degustamos o churrasco do almoço. Como especialidade da região, há a macadâmia e o cacau. A macadâmia é adicionada ao chocolate. A semente que está no núcleo da pequena fruta esférica, parecida com uma bolinha de gude grande, é quebrada e seca. Depois é misturada ao chocolate. Como a macadâmia é uma cultura ova, para que se torne comercialmente viável, deverá demorar 10 anos, o que a torna inviável pelo sistema atual, mas será que não se poderia desenvolver pesquisas pensando no futuro?

Agricultura estável em grande escala O sofrimento dos pioneiros no período inicial do estabelecimento no Sul da Bahia certamente nem se pode expressar com palavras, mas hoje se pode contabilizar o sucesso desse esforço apoiado pela terra fértil. A residência do Umeda é uma grande mansão cercada por árvores enormes ocupando um terreno de um quarteirão inteiro no centro da cidade de Poço da Mata. Ele faz reflorestamento com eucalipto há cinco anos e quando passar dos seis anos vai cortar. Pelo raciocínio dele, se recupera o investimento dos 6 anos e ainda tem lucro. A partir da próxima derrubada, o lucro será integral e com esse dinheiro pode comprar novas terras. Ele, que tem personalidade afável, nos atendeu sorridente. E quem chamou Umeda para vir para cá foi Akiyoshi Matsui. Nishimura está administrando amplamente a comercialização do mamão e parece que ele aprendeu sozinho o jeito de comercializar no Brasil. "Ser bom no comércio é negociar sempre com cautela com o outro lado", contou Nishimura. O Estado da Bahia está mais desenvolvido do que imaginávamos e, de modo geral, os Cotia Seinens da região de Teixeira de Freitas estão numa situação estável também economicamen89


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do grupo de boas vindas. Vamos apresentar os companheiros do local que nos recepcionaram. Os Cotia Seinens Akiyoshi Matsui (1ª leva da segunda fase, de Kumamoto), sua esposa Yoko (de Saga), Hiroshi Sekiguchi (1ª leva da segunda fase, de Chiba), Haruyoshi Tanimoto (13ª leva da primeira fase, de Kagawa), sua esposa Nobuko (de Osaka), Hidehiro UmeFazenda de gado de Nagayama com 1000 bois comendo capim tranquilada (1ª leva da segunda fase, de mente Kumamoto), sua esposa Yaeko (de te. A escala de negócios é grande. O papel que Kumamoto), Shiro Takeuchi (7ª leva da primeios Cotia Seinens deveria cumprir está complera fase, de Kochi), Michinori Yamashita (10ª leva tamente cumprido. da segunda fase, de Kagoshima), Sakae Nishimura (15ª leva da primeira fase, de Miyazaki), Michinori Yamashita (presidente da Associação sua esposa Kinuko (descendente de segunda geCultural Esportiva e Agrícola de Teixeira de ração), Chikashi Urano (15ª leva da primeira Freitas) tem uma grande responsabilidade. A fase, de Fukuoka) e imigrantes dos mesmos instalação dos japoneses no local já passou dos navios do grupo Masumi Tokunaga (de Kagoshi50 anos este ano (2005) e quase todos passama), Yoshiaki Nakajima (de Kumamoto), Yuki ram a administração para os descendentes de Oama (de Okayama), Hisako Fukunaga e Kusegunda geração. À seguir, relacionamos os reniyoshi Gondo. sidentes na cidade. (Texto: Hachiro Nagayama, Ichimizu Takahashi) Neste ano (2006), de 27 a 29 de junho, a delegação do intercâmbio da amizade, que visitou Teixeira de Freitas e Posto da Mata, foi recepcionada pelos companheiros do local e familiares. O grupo foi bem recebido e a lembrança ainda agora está viva no fundo do coração de cada um dos membros da delegação visitante e

Membros da Filial Residentes na cidade de Teixeira de Freitas - Tomio Tokgushige - pecuária e cultivo de melancia. O filho mais velho cultiva melancia, mamão e é atacadista, o segundo filho e o terceiro filho cultivam mamão, melancia e abóbora. - Shiro Takeuchi - pecuária e melancia. O filho mais velho independente cultiva mamão e melancia, o segundo filho independente cultiva mamão e melancia. - Toshihiro Kirikihara - produz e vende pinga em administração conjunta com o filho. - Akiyoshi Matsui - cultiva cacau, recebe aposentadoria. - Yoichi Maeda - administra com filho a "Pousada Maeda" e motel. - Hachiro Nagayama - o fillho mais velho está na pecuária e o segundo filho administra a rede "Restaurante Nagayama" em São Paulo.

Presidente Takahashi fazendo discurso no almoço junto com companheiros do Cotia Seinen (Teixeira de Freitas)

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- Michinori Yamashita - filha administra uma agência de


Cotia Seinen: 60 anos de União viagem com duas filiais na cidade e na cidade vizinha. - Yoshiharu Tanimoto - após trabalhar no Japão, tem vida sossegada com a aposentadoria do casal. Posto da Mata (cidade vizinha de Teixeira de Freitas) - Hidehiro Umeda - faz reflorestamento e produz carvão

Shimane, 65 anos) Tadaaki Aoyanagui (17ª leva da segunda fase, de Niigata, 64 anos) Kozo Sato (34ª leva da segunda fase, de Akita, 58 anos)

junto com 4 filhos. - Sakae Nishimura - cultiva mamão e melancia, e é atacadista. Os filhos ainda são estudantes - Chikashi Urano - reflorestamento de eucalipto - Hiroshi Sekiguchi - borracha, reflorestamento, o filho trabalha em São Paulo. Prado (cidade vizinha de Teixeira de Freitas) - Nobuhiro Ota - agricultura - Eiki Haseda - agricultura Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p 183~185

SÃO GOTARDO Cotia Seinens que tentam conquistar o Cerrado Sobreviver com agricultura mecanizada de grande porte A entrada dos descendentes de japoneses em São Gotardo, na Zona do Cerrado do Estado de Minas Gerais, começou a partir da década de 1970. Na época, tornou-se um modelo de desenvolvimento do Cerrado para o futuro, como local de atuação dos jovens descendentes da segunda geração, com a formação da frente de desbravamento do Brasil Central como uma nova fronteira. No início cinco Cotia Seinens entraram (além de dois que participaram pelo sistema de consignação da administração agrícola (segundo Livro Comemorativo dos 40 Anos) e 10 anos depois, se incluir a entrada dos Cotia Seinens no distrito vizinho de Ibiá, eram 13 pessoas. Mais 10 anos depois, esse número se reduziu para seis pessoas (segundo o mesmo livro) e atualmente, nos 50 anos, sobraram três pessoas: Yoshifumi Tanaka (10ª leva da segunda fase, de

Dos membros de 10 anos atrás, Kamon Kawahara (11ª leva da primeira fase, de Kagoshima) e Shiniti Takahashi (17ª leva da segunda fase, de Hokkaido) faleceram e Hiroyuki Ashikawa (7ª leva da primeira fase, de Shizuoka) retornou para Campinas por questões de saúde, e passou a administração para o filho mais velho e o casal da filha mais velha. Faleceu por causa da doença em 2006. Uma outra pessoa, Shiguenori Inoue (10ª leva da segunda fase, de Ehime), que veio de Tatuí, com pleno uso da máquina de grande porte, está ampliando a produção de batata, milho, soja e feijão. De café para grãos como soja e trigo São Gotardo é uma pequena cidade com população de 25 mil habitantes. Como fica em um planalto de 1100 m de altitude, prospera como terra adequada para o cultivo de café, raízes comestíveis, frutas e grãos, e atualmente são cultivadas as raízes comestíveis como batata, cenoura, alho, cebola e beterraba; além de grãos como soja, milho, trigo e feijão. Quanto às raízes comestíveis, por causa da crise na agricultura, que ocorreu em meados da década de 1980, foram introduzidas como diversificação da agricultura para sair da monocultura do café e de grãos, que eram produtos principais até então. Atualmente, sobretudo a cenoura tem se tornado produto principal, com volume de produção que até influencia o seu valor no mercado. Além disso, o alho, que até então tinha como principal local de produção o Estado de Santa Catarina, perdeu o posto para São Gotardo, que produz metade do volume total do Estado de 91


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Minas Gerais. O cargo de presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA) é ocupado por um descendente de japonês da segunda geração mostrando a grande força de São Gonçalo. Atualmente, cada produtor tem em média 100 hectares para cultivo e, pela união do grupo. está sendo mecanizado Quanto às frutas, o abacate e a atemóia são produtos principais, mas estão sendo introduzidos experimentalmente o caqui, o dekopon e, na estação experimental, estão sendo testados as produções de azeitona, maçã (tipo gala), pêssego, ameixa, etc. Grande atuação dos Cotia Seinens de segunda geração Foi citada a situação geral da agricultura de São Gotardo, mas devemos destacar que, a área de propriedade de cada Cotia Seinen é de 500

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a 600 hectares. Adotarem a irrigação pelo pivô central, e de 3 em 3 anos preparam uma cultura rotativa e atualmente estão orgulhosos com a administração agrícola estável, passando o bastão para os filhos. Dentre eles é extraordinário o caso de Yoshifumi Tanaka, que expandiu para o Estado de Roraima adquirindo um terreno enorme (3000 hectares) e encarregou o filho de cultivar grãos como arroz e soja. Além disso, os descendentes de segunda e terceira geração que estão atuando no local como agrônomos formados em universidades, e são esperados no futuro como estrelas que vão brilhar se encarregando da agricultura de São Gotardo, o que é muito encorajador. (Texto: Toyoji Suganuma) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.185~187


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COLÔNIA PINHAL Cultivando árvores frutíferas para produção local Outro nome é Fukui-mura, onde entraram 14 Cotia Seinens Como São Miguel Arcanjo e Colônia Pinhal ficam na mesma área, têm produtos agrícolas em comum. Atualmente, excetuando as pessoas que estão tentando algo especial, a maioria dos agricultores produz frutos. Os Cotia Seinens trabalham no desenvolvimento de novas espécies e na difusão das técnicas agrícolas, contribuindo assim para o progresso do setor e da comunidade local. Houve desde o passado um esforço dos Cotia Seinens para ajudar a sociedade brasileira. A construção desse vilarejo, em 1963, é amplamente conhecida. Foi iniciado pela JICA Agência de Cooperação Internacional do Japão e a Província de Fukui visando a construção do novo vilarejo, com a colaboração da Cooperativa Agrícola Central Sul-Brasil na orientação de sua execução. É conhecida pelo nome popular de Fukui-mura (Vilarejo de Fukui). Surpreendentemente, havia muitos Cotia Seinens que adquiriram terrenos aqui e desde o estágio inicial se empenharam na construção do vilarejo, sendo que os Cotia Senens que se estabeleceram a partir de 1963 foram 14 pessoas. Houve entrada e saída no meio do percurso e até agora quatro pessoas faleceram. Pelo que relata Osamu Yamashita (1ª leva da segunda fase, de Fukui) que, sendo pioneiro a se estabelecer no local, veio se envolvendo na construção do vilarejo. O terreno de 1 mil hectares, que antigamente era inexplorado, atualmente está desenvolvido como um vilarejo rural onde 1 mil habitantes vivem e se tornou

uma área produtora de frutas, principalmente de uva. Houve épocas de prosperidade e de recessão, mas a produção de frutas passou a registrar mais de seis mil toneladas e a vida ficou estável. Quanto aos produtos agrícolas, estão cultivando uva Itália, caqui Fuyu, nêspera, ponkan, atemóia e atualmente estão cultivando pepino e pimentão em estufa de grande porte. Atualmente, nesse local, embora haja exceções, os filhos cresceram como sucessores e estão atuando na linha de frente. Estavam exportando principalmente uva Itália, mas recentemente parece que a exportação não vai tão bem. No entanto, como a uva é o produto típico da região, está sendo realizada todos os anos a Festa da Uva na cidade de São Miguel Arcanjo. Em São Miguel Arcanjo, incluindo a Colônia de Pinhal, há cerca de 800 produtores grandes e pequenos de uva. O líder do vilarejo recebeu o Prêmio Kiyoshi Yamamoto No início do estabelecimento da Colônia Pinhal havia muitas pessoas que se empenhavam no cultivo de tomate. As árvores frutíferas no início eram de pêssego. Um dos residentes, o já citado Osamu Yamashita, desde o início da construção do vilarejo foi um líder e personagem central da Associação Cultural e Esportiva local. Ao mesmo tempo, como presidente da filial da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, desempenhou com seriedade o cargo e veio colabo-

Plantação de uva de Colônia Pinhal

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Cotia Seinen: 60 anos de União

rando na resolução de problemas de eletrificação rural e de estrada, construção da escola brasileira de primeiro grau e de escola para ensino da língua japonesa. Os esforços do Yamashita e a colaboração unânime das pessoas de Fukui-mura frutificaram e atualmente se tornou um vilarejo modelo que ficou famosoo de forma que todos da colônia o conhecem. Principalmente, a escola de língua japonesa da Colônia Pinhal é o centro da atenção como uma escola modelo. Há também uma biblioteca japonesa famosa. Com o apoio da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil foram resolvidos os problemas, como da constituição de um fundo agrícola e de difusão de técnicas agrícolas e todo o vilarejo de Fukuimura entrou em um longo período de crescimento estável. Atualmente, o comando está sendo passado para os sucessores de cada um dos agricultores. Osamu Yamashita dedicou-se inicialmente à olericultura e depois à cultura do pêssego e da uva itália. Com o sucesso alcançado por Yamashita na cultura da uva itália, a maioria dos produtores aderiu à produção dessa fruta pela sua contribuição no desenvolvimento da uva itália e também pela sua dedicação à construção da Colônia Agrícola Fukui, em São Miguel Arcanjo. Yamashita recebeu o prêmio Kiyoshi Yamamoto. Além disso, como presidente da Associação Fukui Kenjinkai por um longo tempo, veio se dedicando ao intercâmbio com a província de origem, no envio de bolsistas e estagiários custeados pela província. Quanto à administração da plantação de árvores frutíferas e a atividade agrícola diz ele que ajuda quando tem tempo, e passou plenos poderes para seu filho, mas continua determinado em desenvolver uma nova espécie de uva. Atualmente, nessa colônia estão seis companheiros do Cotia Seinen, não só o Yamashita, 94

mas todos lutaram para a construção do vilarejo. Há um companheiro que, no significado puro de estar na ativa, está cumprindo sua incumbência de trazer e levar de volta os trabalhadores. No caso dessa pessoa, julgando que seria impossível fisicamente para a filha administrar a agricultura, fê-la seguir outro caminho através do estudo. Filosofa ele que a agricultura acabará na sua geração. Yoshio Hirose (6ª leva da primeira fase, de Toyama) se estabeleceu aqui desde a fase de construção do vilarejo e atualmente leva dias atarefados na administração da plantação de árvores frutíferas. Educou cada uma das sete filhas e passou a administração para a geração seguinte. Foi também presidente da associação cultural e esportiva. Ko Enta (1ª leva da primeira fase, de Fukushima), se comparar com os pioneiros, se estabeleceu um pouco mais tarde, mas da mesma forma está com os dias atarefados junto com o sucessor, na administração da plantação de árvores frutíferas. Kenji Higuchi (35ª leva da segunda fase, de Hokkaido) é um dos que chegou mais tarde entre os Cotia Seinens, excetuando os novos Cotia Seinens, mas do mesmo modo acumulou mais do que suficiente as provações como imigrante solteiro. Como os filhos ainda eram pequenos, precisava se preocupar com despesas de educação. Por isso, passou um tempo no Japão como decasségui, fazendo com que as quatro filhas se formassem na faculdade e, atualmente está administrando a plantação de uva Itália. Shuji Oiwa (11ª leva da primeira fase, de Niigata) inicialmente estava se empenhando na agricultura em um local um pouco afastado daqui, em São Miguel Arcanjo, mas por algum tempo foi trabalhar no Japão com a esposa e atualmente se dedica todos os dias à adminis-


Cotia Seinen: 60 anos de União

tração da biblioteca particular doada por Tetsuhito Amano e na construção de um parque. Os filhos já estão independentes e um deles se empenha na agricultura em outra região, e outro constituiu família no Japão. Tendo netos, ele está gozando da aposentadoria, mas recentemente está comentando de que no fim vai acabar entrando num asilo de idosos. Cotia Seinen júnior, os sucessores de confiança Os sucessores agrícolas, como foi citado anteriormente, já são inegavelmente administradores e não só estão assumindo a responsabilidade na administração de sua própria fazenda, mas também se destaca em posições de responsabilidade no núcleo da cooperativa agrícola e no vilarejo. São Takahiro Yamashita, Kiyoshi Hirose, Shogo Hirose, Milton Enta e outros. Estão se esforçando como líderes da comunidade local. Entre os descendentes que atuam em área fora da agricultura, há uma pessoa que por longos anos trabalha na diretoria executiva da subsidiária de uma empresa japonesa e há muitos com alta escolaridade, incluindo os sucessores da administração agrícola, e cada um está atuando em sua área de especialidade. (Coleta de dados: Tateno e Ozaki) Membros da Filial - Ko Enta (1ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Osamu Yamashita (1ª leva da segunda fase, de Fukui) - Yoshio Hirose (6ª leva da primeira fase, de Toyama) - Teruo Kitatani (9ª leva da primeira fase, de Toyama) - Shuji Oiwa (11ª leva da primeira fase, de Niigata)

A escola de língua japonesa da Colônia Pinhal é famosa por ser considerada escola-modelo - Hiroshi Sekiguchi (5ª leva da primeira fase, de Chiba) Nome dos falecidos - Yuji Hata (11ª leva da primeira fase, de Fukui) - Isamu Kobayashi (1ª leva da segunda fase, de Fukui) - Ryoji Minamino (1ª leva da segunda fase, de Fukui) - Kenji Omaki (15ª leva da segunda fase, de Fukui) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.187~189

BRAGANÇA PAULISTA Traços de sonho dos lutadores Em determinado momento eram 50 pessoas atuando, agora são 16 pessoas O armazém da Cooperativa Agrícola de Cotia foi construído em Bragança Paulista em 1954 e, no ano seguinte, em 1955, a primeira leva de imigrantes de Cotia Seinen foi enviada para as fazendas e suas histórias são quase semelhantes. Na época, no vilarejo havia cerca de 250 famílias japonesas, sendo que a maioria prodduzia batata e tomate. Os associados da Cooperativa Agrícola de Cotia produziram principalmente a batata, tomate e ovos, e desde o início muitos dos Cotia Seinens foram enviados para fazendas de membros da cooperativa, que eram produtores de batata.

- Kenji Higuchi (35ª leva da segunda fase, de Hokkaido) Pessoas que retornaram para o Japão ou se mudaram para outra região - Yutaka Kitano (2ª leva da segunda fase, de Fukui) - Tetsuo Okuyama (27ª leva da segunda fase, de Fukui) - Fumio Nakazawa (6ª leva da primeira fase, de Nagano)

A partir de então, em cerca de seis anos, 171 Cotia Seinens foram enviados para esse local e, incluindo os que vieram transferidos no apogeu da produção de batata, houve um período em que 250 Cotia Seinens estavam se esfor95


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A cidade de Bragança Paulista onde perfilam prédios elegantes no meio do verde e água

çando. E entre os Cotia Seinens, que chegaram a época de se tornarem independentes, havia os que não puderam continuar a agricultura pela crise da batata e mudaram para outros locais e, também com a recuperação econômica do Japão, entre os que vieram no período final da segunda fase tinham os que voltaram para o Japão, sendo que na soma geral, os que retornaram para o Japão foram 20 pessoas.

de outrora, e não há descendente de japoneses que continua com a produção de batata. Cerca de 10 famílias continuam com a atividade agrícola produzindo verduras e outros produtos. (Texto: Toshiyuki Maezono)

Membros da Filial - Kameo Hirayama (3ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Yoshiko (no Japão), filha mais velha Sachie (funcio-

Como os Cotia Seinens estavam ligados à produção da batata, a partir de 1972 houve quem se mudasse para os estados do Paraná e de Minas. Há os que mudaram de profissão e o número de Cotia Seinens do local foi diminuindo.

nária do Fórum de Bragança Paulista), filho mais velho Eiji (administra chácara), segundo filho Kazuo (no Japão). - Issei Yuki (3ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Isabel, filho mais velho Issei Jr. (advogado), filha mais velha Isabel Kasue (advogada), segunda filha Aparecida Akemi (advogada).

Os que dedicam à agricultura são apenas 10 famílias Atualmente, a população total da cidade de Bragança Paulista é de 136.608 habitantes, e com a duplicação da rodovia Fernão Dias melhorou o tráfego e leva-se apenas uma hora de carro a partir da cidade de São Paulo. Com clima agradável e sem poluição, está se desenvolvendo rapidamente como área de lazer.

- Akira Ozaki (3ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Ana Maria, filho mais velho (funcionário da prefeitura de Atibaia), segundo filho (estudante universitário), filha mais velha (médica). - Teruto Shimosaka (4ª leva da primeira fase) administra cerealista e fazenda de gado na cidade de Palmas no Estado do Paraná junto com filhos, esposa Kinu (reside em Bragança Paulista), filho mais velho Hitomi, segundo filho Midori, terceiro filho Osami, quinto filho Izumi. - Hiroshi Okido (5ª leva da primeira fase) administrador

No passado, Bragança era famosa em todo o Brasil como sendo a região de grande produção de batata. Atualmente, não há sequer vestígio 96

agrícola independente, esposa Setsuko, filho mais velho Tatsuo (comerciante), segundo filho Takeshi e filha mais velha Shiguemi (cultura hidropônica de alface e outras


Cotia Seinen: 60 anos de União verduras), segunda filha Satie (dentista em São Paulo). - Tokio Kitami (7ª leva da primeira fase) administra Distrivelho Mário (estudante).

ESTRADA DE FERRO CENTRAL DO BRASIL E RODOVIA DUTRA

- Kiyoshi Matsumoto (10ª leva da segunda fase) aposenta-

A Transformação da Região e os Cotia Seinens

buidora Kitami Alimentos Ltda., esposa Mariko, filho mais

do, esposa Aiko, filho mais velho (vestubulando), filha mais velha (funcionária de INSS de São Paulo). - Toshiyuki Maezono (11ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Masako, filho mais velho Yasuhiro (no Japão), segundo filho Kiyomi (cultivo de cogumelo agaricus), terceiro filho Yoichi (cultivo de cogumelo agaricus). - Masaru Kondo (11ª leva da primeira fase). - Tamotsu Onizuka (12ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Clarice, filho mais velho (comerciante), filha mais velha (no Japão), segundo filho. - Tatsumi Kubo (12ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Mari, filho mais velho (funcionário da empresa de energia), filha mais velha Kayoko (funcionária do Congresso Nacional). - Shigetomi Matsuzawa (14ª leva da primeira fase), esposa Hiromi, filho mais velho (funcionário de Soken Engenharia Ltda de São Paulo), filha mais velha Cátia (funcionária da Iharabras, na cidade de Sorocaba), segunda filha Miki (funcionária do Fórum em São Paulo), terceira filha Moeko (pósgraduanda). - Katsuzo Suzuki (16ª leva da primeira fase) aposentado, esposa Suzana, filho mais velho (comerciante). - Takayuki Yokoo (2ª leva da segunda fase) aposentado, primeiro filho, segundo filho, primeira filha, segunda filha (no Japão).

Panorama da região O curso natural do cultivo de café, que iniciou a partir do início do século XIX, foi avançando para São Paulo subindo pelo desfiladeiro de Rio de Janeiro, da parte inferior do rio Paraíba a oeste, queimando florestas nativas exuberantes como de Lorena e Taubaté, na planície do rio Paraíba. Ainda hoje pode se ver ocasionalmente os vestígios desse cafeeiros entre as árvores do reflorestamento. A construção da ferrovia entre São Paulo e Jacareí, que foi aberto em 1876, foi um acontecimento surpreendente para os fazendeiros ao longo da antiga estrada que se dirige de Taubaté para Rio de Janeiro e que passa por Mogi das Cruzes e Guararema. No entanto, a extinção do trecho entre Mogi das Cruzes e São José dos Campos, pressionada pela rodovia nos últimos anos, foi recente. Alguns anos depois de "Kasato-maru", os imigrantes, que escaparam das fazendas de café do interior, vieram em pequenos grupos contando com a ajuda de Ryoichi Yasuda, que tinha sido contratado como administrador da fazenda de arroz de Pindamonhangaba.

- Kazuo Morita (11ª leva da segunda fase) aposentado, esposa Mercedes Toledo Morita, filho mais velho Edson (estudante de direito), filha mais velha Dosalina no Japão, segundo filho Bruno também no Japão. Nome dos falecidos - Kozaburo Kimura (1ª leva da primeira fase, de Aomori) - Etsusaburo Ishikawa (3ª leva primeira fase, de Miyazaki) - Tetsuji Yamada (3ª leva da primeira fase, de Akita) - Shiguemasa Matsumoto (3ª leva primeira fase, de Kagoshima) - Kanae Fukunaga (11ª leva primeira fase, de Kagoshima) - Masao Kugishima (4ª leva da segunda fase, de Saga) - Haruo Miyazaki (30ª leva da segunda fase, de Ishikawa) - Mutsuo Horinouchi (32ª leva da segunda fase, de Kagoshima) P. 189~190

Buscando terreno baixo e úmido relativamente seguro, começaram a produzir verduras, principalmente tomate e repolho, aproveitando o transporte de trem entre São Paulo e Rio de Janeiro. Por volta do início da década de 1930, foi-se formando a comunidade nipo-brasileira em torno de cada uma das estações da Estrada de Ferro Central do Brasil. Durante a Segunda Guerra Mundial enquanto os agricultores do interior se entusiasmavam com a indústria bélica, o pessoal dessa região produzia simplesmente verduras e frutas, mas frente às duas regiões principais de consumo, dizem que pu97


Cotia Seinen: 60 anos de União

deram levar uma vida bastante tranquila.

almente uma paisagem desoladora.

A notícia do início da construção da rodovia Dutra, que liga Rio de Janeiro e São Paulo, logo depois da Segunda Guerra Mundial, circulou rapidamente entre os donos de terra da beira da estrada. Para eles, houve o aumento do preço do terreno sem precedente, iniciando a corrida dos agentes imobiliários. Dizem que, para pessoas que queriam escapar da disputa entre "kachigumi (grupo dos vencedores) e makegumi (grupo dos perdedores), que abalou a comunidade japonesa, e para os agricultores com aspiração suburbana, a possibilidade de vender a terra deixava sem margem para dúvidas. A rodovia federal Dutra que ficou pronta em 1951, na época era uma estrada pobre, de via única, com muitos acidentes, mas atualmente se tornou uma autoestrada confortável administrada por uma empresa pública.

Por outro lado, as famílias de agricultores japoneses da beira da estrada de ferro entre Itaquera, Suzano e Mogi das Cruzes, já tinham se estabelecido no início da década de 1920 e sua história é antiga. Para os agricultores desta região, a fertilidade do solo era boa e o clima também era fresco e ótimo para o cultivo de verduras e frutas, e avicultura e, por volta de 1935, quando a Cooperativa Agrícola de Cotia instalou o Armazém (escritório administrativo) em Mogi das Cruzes, nessa região havia um dos maiores agrupamentos de agricultores japoneses no Brasil. Acrescida a praticidade de ser próxima à cidade de São Paulo, a vantagem do local de poder enviar por trem verduras e batatas produzidas no verão e o repolho produzido depois, pode-se dizer que construiu a base de uma enorme zona rural, que possa enviar dezenas de caminhões pela rodovia federal Dutra anos mais tarde.

Os companheiros do Cotia Seinen, que na época percorreram a rodovia federal à bordo de jipe pertencente ao armazém da cooperativa ou do caminhão do patrão, não perceberam cidades como Guarulhos, mas sucediam casas populares de telhados vermelhos aqui e acolá e matas de eucalipto. Na planície do Paraíba, que se estendia à partir de Jacareí, não havia nenhum arranha-céu e na colina suave depois de São José dos Campos perfilavam formigueiros gigantes parecidos com túmulos, sendo re-

No entanto, com a mudança da capital para Brasília em 1960, o mapa de produção do Brasil foi redesenhado enormemente. Principalmente, da década de 1970 para década de 1980 quando foram construídas rodovias federais e estaduais com a cidade de São Paulo no meio, foi também a época em que os agricultores tiveram que fazer uma grande mudança. Os Cotia Seinens com poucos anos de imigração e que

Reunião de Cotia Seinens de Ao Longo da Estrada de Ferro Central do Brasil e da Rodovia Dutra (1966)

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Cotia Seinen: 60 anos de União

ainda moravam na periferia, com base financeira limitada, experimentaram o batismo dessa época e ficaram numa encruzilhada que não esperavam. Embora seja a tendência da época, o período em que muitos dos companheiros de Cotia Seinens, que aspiravam a agricultura no Brasil como de descanso eterno, foram mudando de profissão relutantemente, segundo a corrente do momento. Não teria sido esforço valorizando cada momento daqueles que viveram nesse local por 50 anos? Apresentação da região e os Cotia Seinens 1) Itaquera Outrora, Itaquera era conhecida como terra do pêssego e do morango, sendo a maioria dos agricultores membros da Cooperativa Agrícola de Cotia, alguns Cotia Seinens que fugiram dos agricultores de batata das regiões de Bragança Paulista e de Ibiúna foram recolocados aqui como "terra de recuperação de saúde". A independência dos Cotia Seinens, que terminaram o período obrigatório do contrato, causava de dor de cabeça para os patrões. Com o início da urbanização, não havia outra alternativa senão ajudá-lo a se tornar independente, procurando terra mais barata num local remoto ou aconselhá-lo a se mudar de ocupação. Por causa dessa situação, atualmente não há nenhum Cotia Seinen em Itaquera. 2) São Miguel Paulista e Suzano Como as fazendas para onde os Cotia Seinens da primeira fase (1955~1958) foram enviados eram predominantemente de produtores de batata, na região de Suzano também centenas de Cotia Seinens pisaram essa terra. A história dessa época será omitida, mas o Kazuo Kimura (1ª leva da primeira fase, de Gifu) faleceu por causa de doença, Isao Kato (2ª leva da primeira fase, de Shimane), por causa de um incidente e Sada Yonekura (10ª leva da primeira fase,

de Nagano) também, mas Kato faleceu em sua própria loja e Yonekura na própria casa, junto com cinco pessoas da família, por balas disparadas por criminoso. As famílias dessas três pessoas moram em São Miguel Paulista. É incerto o destino de muitos dos Cotia Seinens que foram treinados por membros influentes da Cooperativa na mesma época dos citados, mas um dos que ainda estava se esforçando em Suzano é Izumi Kaneyama (12ª leva da primeira fase, de Shimane), que se aposentou passando os negócios para os filhos. Hisashi Ishikawa (1ª leva da primeira fase, de Yamagata) buscou, junto com a esposa, um local seguro para morar em Suzano, passando por Campos do Jordão e Atibaia. Hoje, vende principalmente nêspera e verduras orgânicas do jardim da casa e está realmente ocupado cuidando do neto que o casal de filho, que está trabalhando no Japão, lhe confiou. Recentemente, mesmo nessa situação, se concentra em karaokê, desempenhando função de diretor de associação local. Há outros também semelhantes a Ishikawa como Takaaki Sakai (3ª leva da primeira fase, de Miyazaki) e Toshinori Nakagome (5ª leva da primeira fase, de Yamanashi). Dentro da cidade de Suzano, que está se desenvolvendo rapidamente como cidade comercial e industrial, Eikichi Kino (3ª leva da primeira fase, de Yamagata) desempenha o cargo de diretor do kenjinkai e do templo budista e Shotaro Fukushima (15ª leva da primeira fase, de Saitama) desempenha o cargo de presidente da casa de repouso "Ipelândia Home" em Suzano. Masami Yamaguchi (6ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Yoshio Nakajima (7ª leva da primeira fase, de Aichi), Yoshinori Oshima (12ª leva da primeira fase, de Hiroshima) e Norio Yamaguchi (30ª leva da segunda fase, de Tokyo) também se aposentaram e estão levando vida sossegada. Na periferia de Suzano há um local chamado Palmeiras (Fukuhaku-mura). Há histórias de prosperidade, como na comunidade 99


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agrícola nipo-brasileira em que foram enviados dezenas de Cotia Seinens no passado. Atualmente, dos poucos agricultores que restaram, podemos destacar Isamu Watanabe (5ª leva da primeira fase, de Miyagi), que é um exemplo, é um agricultor idoso, que trabalha na agricultura de subúrbio singular, ocupado com atividades públicas e privadas. Para evitar as repetidas invasões de ladrões, construiu fosso em volta da mansão e começou a criar peixes tropicais de grande porte.

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As cenouras e as verduras produzidas por técnica completa de agricultura orgânica têm popularidade entre os empresários e conseguem comercializar tudo no próprio jardim da propriedade. Entre os que entram no rol dos mortos nessa região foram cinco Cotia Seinens (vide a lista dos falecidos) e entre eles está o filantropo Sadami Moriya (5ª leva da primeira fase, de Nagano).

considerada apogeu, mas teve experiência amarga quando a enorme quantidade de ações que tinha acumulado na cooperativa foi congelada com o seu colapso. No entanto, a agricultura sólida dele continuou persistentemente depois disso, passando a produção de batata para os filhos. Conseguiu organizar o cultivo da orquídea borboleta que começou com sua esposa Reiko e está na ativa colocando no mercado 100 mil flores de corte anualmente. Na época áurea de produção de batata conseguia desfrutar da pesca nos dias de folga, no mar aberto de Bertioga, no grande iate de sua propriedade, mas atualmente tendo pena das orquídeas tem deixado de lado. O filho mais velho tem brevê de piloto de avião de pequeno porte e dedica seu tempo na orientação da geração mais nova e, recentemente, tem recebido convite para participar da administração da cidade, mas diz que "no momento está refletindo sobre o assunto".

3) Mogi das Cruzes Para onde afinal foi a força dos agricultores que outrora produziram tantos produtos agrícolas? A causa é explicada de várias formas, mas o fato de haver companheiros que continuam a manter a postura básica profundamente enraizada na agricultura, mesmo dentro desse declínio da agricultura, é promissor. Um deles é Toshio Fujii (1ª leva da primeira fase de Kagawa) de Biritiba Mirim, e ele deixou um rastro de 50 anos no Brasil como produtor genuíno de batata. Os quatro anos em que foi cuidadosamente treinado na Fazenda Tsuno de Suzano foram para ele uma experiência valiosa. Diz ele que iniciou em terra arrendada, mas sem nunca fazer plantio especulativo e leva à cabo o sistema de rotação de culturas. Conseguiu continuar com a produção agrícola centralizada em batata na mesma fazenda desde a época que chegou na colônia. Atuou também com conselheiro deliberativo da região de Mogi das Cruzes da Cooperativa Agrícola de Cotia na época

Na proximidade, moram Sadao Miyajima (3ª leva da segunda fase, de Fukushima) e sua esposa, que têm 22 netos e que foram homenageados na Cerimônia Comemorativa dos 50 Anos. Eles são o 1º casal de imigrantes de Cotia Seinen. O "resultado da obediência dos filhos" por todos os 8 filhos de Miyajima terem se casado deve fazer com que, tanto os pais como os filhos, sejam elogiados. Tadaharu Imayoshi (3ª leva da segunda fase, de Kagoshima) se especializou no cultivo de agrião e o casal da filha faz venda direta. Yoshifumi Imamura (9ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Gunji Omuro (4ª leva da primeira fase, de Hokkaido), Tashio Hiraga (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) e Bungoro Torigoe (13ª leva da primeira fase, de Okayama) passaram cada um as propriedades agrícolas para os filhos e estão começando a aproveitar a aposentadoria. Há dois companheiros do Cotia Seinen, que desde cedo começaram a criar peixes tropicais e peixinhos vermelhos em suas fazendas. São Tsuneo Yamauti (17ª


Cotia Seinen: 60 anos de União

leva da segunda fase, de Aichi) de Cocuera e Yoshimasa Obase (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima) de Itapeti e ambos estão na ativa discutindo sobre uma nova espécie de sua própria criação. Os olhos brilham no rosto enrugado quando se fala do sonho de se expandir para a Amazônia no futuro. Dentro da jurisdição de Mogi das Cruzes há mais de 20 comunidades nipo-brasileiras. Pindorama também é uma colônia que foi formada depois da guerra por cerca de 60 famílias e entraram aqui cinco Cotia Seinens, todos originários da província de Miyazaki. O filho mais velho de Kohei Asakura (3ª leva da primeira fase), Nobuo, está cuidando da fazenda ajudando a mãe após a morte do pai. Tadachi Ibusuki (1ª leva da primeira fase) tem um viveiro de peixe para pesca e Masanori Takeshita (1ª leva da primeira fase) tem uma área com plantação de bambu mossô que no mercado de flores de São Paulo é famoso pelo bambu de caule curvilíneo. Juichi Nagai (3ª leva da primeira fase) cria vaca leiteira e cultiva verduras orgânicas. Akifumi Seguchi (4ª leva da primeira fase) não permite adulação de outros no tomate e na ervilha. A popularidade dele no local é evidente e atua nos cargos da diretoria do Kenjinkai e do Bunkyo. Quatinga, que é um local perto daqui e conhecido como Hakone de Mogi é a base de Masaharu Hasegawa (6ª leva da primeira fase, de Saga). Logo que se tornou independente tinha entrado nessa região e, enquanto produzia batata, recebeu convite e obteve terra do loteamento de Guarapuava no Estado do Paraná. Nessa terra havia o encanto da produção da batata que não poderia experimentar em Mogi das Cruzes ou Suzano. O desbravamento da área emergente era também a realização do seu sonho ao emigrar para o Brasil. Atualmente deixou essa terra a cargo do filho e sua rotina é ajudar a esposa no hobby de cuidar das flores e de cuidar

dos netos e, ocasionalmente, desfruta da paisagem do Sul do Paraná. O vizinho dele, que veio no mesmo navio, Sakae Nara (8ª leva da primeira fase, de Kagawa) administra uma plantação de árvores frutíferas tendo a uva Itália como a principal fruta. É esplendido o modo de vida de Yasuichi Todo (3ª leva da primeira fase, de Kagawa), que construiu um grande salão para alugar na periferia da cidade de Mogi das Cruzes, que continua a se desenvolver como cidade comercial, buscando facilidade para os moradores da cidade. Leva uma rotina diária como dono da loja fazendo marmitas e entregando com a família inteira. Humildemente diz que "Isso foi graças à experiência de trabalho no Japão com a família inteira e o apoio do pessoal do local". Mitsuo Nishibori (2ª leva da segunda fase, de Aomori) é um veterano de 35 anos dono de restaurante eclético com comida japonesa e ocidental. Shigueyassu Nakano (3ª leva da primeira fase, de Miyazaki) também se valeu do trabalho sozinho no Japão e abriu um bar em local privilegiado da cidade. A arte da convivência social, que aprendeu desde da época da independência no setor imobiliário, deve ser a razão de sua prosperidade. A loja que foi aberta recentemente é de peças de automóveis administrada em conjunto por Yutaka Yamamoto (7ª leva da segunda fase, de Hyogo) e seu filho. No caso de Yoshio Egawa (14ª leva da primeira fase, de Ibaraki), a produção de bonsai e de orquídea em sua casa na cidade é de habilidade reconhecida por colegas da mesma área. Não se sabe onde fez o treinamento, mas o consultório de acupuntura aberto pelo casal de imigrantes Jitsuo Yoshida (8ª leva da segunda fase, de Fukuoka) está em prosperidade, que às vezes nem tem tempo para dormir ou comer direito. Masao Hirota (2ª leva da primeira fase, de Yamaguchi), Masao Komuta (3ª leva da primeira fase, de Kagoshi101


Cotia Seinen: 60 anos de União

ma), Isamu Koike (3ª leva da primeira fase, de Tochigi), Sadamu Sonoda (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Riichi Kawano (3ª leva da primeira fase, de Ehime), Kunizo Kashiwagui (15ª leva da primeira fase, de Fukuoka), Keiji Yokota (16ª leva da segunda fase, de Ibaraki), Katsuto Ogiso (17ª leva da segunda fase, de Nagano) e Gozo Nakamura (19ª leva da segunda fase, de Kyoto), há entre eles aqueles que estão com um pouco de problema de saúde, mas quase todos são idosos bondosos que deixaram para trás a linha de frente e acompanham o crescimento dos netos. Nessa região há onze Cotia Seinens falecidos, mas os familiares mantém firmemente as casas da geração anterior. Dentro do município de Mogi das Cruzes, na parte mais ao norte, perto da rodovia federal Dutra, localiza-se Itapeti. Aqui também há uma colônia iniciada por aqueles que vieram transferidos do interior logo depois da guerra e, na época, havia algumas famílias que eram associadas da Cooperativa Agrícola de Cotia e mais de 20 Cotia Seinens entraram e saíram, e atualmente nove famílias de Cotia Seinens permanecem no local. Em 1960, foi feito o reloteamento e as famílias de imigrantes do pós-guerra também tiveram a oportunidade de entrar. Por um tempo tornou-se uma colônia com 120 famílias de imigrantes antigos e novos misturados. Muitos se mudaram não aguentando os

Cerimônia de inauguração de "Hana no mori (floresta de flores) de Shichiro Haga (29 de julho de 2005)

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muitos problemas que surgiram e atualmente 60 famílias estão estabelecidas. Entre os Cotia Seinens, três faleceram, mas os familiares que restaram continuam todos na agricultura. A independência de Shichiro Haga (12ª leva da primeira fase, de Miyagi), que permanece nesse local desde o início, foi tardia e seis anos após seu encaminhamento para a fazenda deste local, se lançou para desbravar a terra desabitada. Como muitos companheiros, que vieram solteiros e viviam em casas de parede de barro, receberam as jovens esposas nascidas no Brasil, e juntos, montaram as caixas de alface sob a luz das estrelas. Mas como sua teoria era "sob seus pés havia terra de ouro", nutriu afeição pela coletividade local e foi olhando atentamente para o futuro da agricultura que transformava repentinamente. Haga começou o cultivo de flores no vaso, que na época poderia ser considerado pioneiro, e dedicou esforços para o fomento da agricultura do vilarejo introduzindo seguidamente novas espécies e convidando engenheiros para orientar novas técnicas. Veio encorajando as gerações mais novas, enfatizando a ativação da região chamando para si o papel de idealizador da Festa da Ponkan e da Festa das Flores. O cultivo da orquídea, que ele introduziu há 20 anos, se tornou de grande importância e pode se perceber a capacidade de influência dele ao verificar que a maioria dos produtores de flores e plantas ornamentais da região produz orquídea. Passou a administração da produção de orquídea para o filho e há 3 anos iniciou o novo plantio, principalmente de árvores floridas, propondo a promoção do turismo rural como parte da conservação ambiental. Com um sorriso no rosto envelhecido diz: "essa atividade é a compilação dos meus 50 anos de imigração". Quem visita essa fazenda tem sempre a sensação de receber uma lição de vida. Takeo Sato (4ª leva da primeira fase, de Iwate) é veterano de 48 anos, que veio de Ibiúna e pro-


Cotia Seinen: 60 anos de União

Seinens. Esta área, como em Itaquera, foi afetado pelo fenômeno da urbanização, e os agricultores foram afastados para locais distantes. O caso de Hachiro Hosogui (25ª leva da segunda fase, de Kochi) é especial, pois desde o início foi instalado na loja administrada por um tio que era um imigrante antigo. Ele é um Cotia Seinen sem nenhuma experiência na agricultura.

Reunião de amigos em Mogi das Cruzes (no Salão Todo, março de 2002)

duz e vende flores junto com filho. O filho mais velho Takashi se encarrega da liderança da região no vilarejo. Riju Tomioka (2ª leva da primeira fase, de Gunma) se esforça, junto com a esposa, nos 3 mil pés de ponkan. Yoshikuni Nomura (12ª leva da primeira fase, de Shimane) tem flores e plantas ornamentais e caqui, e assim como Tomioka reside só com a esposa. Os filhos de ambos os Cotia Seinens são independentes em outras cidades. Mutsuo Ito (21ª leva da segunda fase, de Miyagi) está na ativa e é especializado em rosa de corte desde que se estabeleceu no local. Yoshimasa Obase citado anteriormente também é um dos que mudou do cultivo de rosas para a criação de peixes tropicais, mas entre os companheiros de Cotia Seinens há inesperadamente aqueles que atuam em diversos locais com trabalho relacionado a peixes. A seguir, vamos seguir a rodovia federal Dutra em direção ao Rio de Janeiro. 4) De Guarulhos a Arujá Atualmente, as terras úteis dentro da jurisdição de Guarulhos estão cheios de prédios, mas há 50 anos, de Bom Sucesso a São Miguel Paulista, havia um número considerável de agricultores nipo-brasileiros cultivando principalmente verduras e flores de corte, e para as propriedades de diretores influentes da Cooperativa Agrícola de Cotia, como Kiyomi Ohira e Tosaku Kida, foram enviados muitos Cotia

Além dele, excetuando Susumu Ozaki que faleceu sem formar família, moram nessa cidade onze pessoas, incluindo duas famílias que perderam os pais. Em primeiro lugar, o chefe da filial Tatsuo Sakamoto (4ª leva da primeira fase, de Tottori) experimentou cerca de cinco locais de trabalho que começou em Santo Amaro e, por fim, após se aposentar, na agência Guarulhos do Banco América do Sul, pouco antes de ser incorporado por outro banco. Ele está participando de atividades beneficente da região. Tadayoshi Taira (4ª leva da primeira fase, de Gifu), que nasceu em Taiwan e que logo depois de se tornar independente se firmou na avicultura, que iniciou em Atibaia estabeleceu uma loja nessa cidade com o irmão mais novo Shizuo (9ª leva da segunda fase). Ele foi um dos que retornou ao Japão após a guerra mas não se acostumou com a vida no Japão. Optando pelo Brasil, chamou os irmãos para virem ao Brasil e foi ampliando sua atividade. Atualmente, cada qual se tornou independente e se expandiram. Ele próprio está fazendo sua loja prosperar harmoniosamente com sua esposa. Yoshiro Nagai (2ª leva da primeira fase, de Yamaguchi) e Hitoshi Izawa (8ª leva da primeira fase, de Kochi) estão na ativa no comércio. Kiyoshi Nogata (2ª leva da primeira fase, de Saga), Takaaki Yamashita (30ª leva da segunda fase, de Kagoshima) e Toohatiro Hayase (1ª leva da primeira fase, de Oita) enquanto levam vida tranquila e confortável de aposentados estão participando também de atividades sociais. Masaaki Kanoyatani (15ª leva de primeira fase, de Kagoshima) está se empenhan103


Cotia Seinen: 60 anos de União

do na venda por atacado de flores perto de Arujá. Há 50 anos, Arujá era uma cidade de aparência tranquila e havia muitos agricultores nipobrasileiros, que contribuíam para a economia da cidade com produção de frutas e verduras, mas não havia membros da Cooperativa Agrícola de Cotia. Os Cotia Seinens dessa cidade são todos do grupo de transferidos e o veterano Mohee Aoki (3ª leva da primeira fase, de Shiga) começou a cultivar rosas de corte e Masashi Yokoyama (4ª leva da primeira fase, de Yamagata), Makoto Yasutake (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto) e Yoshio Nishihara (12ª leva da primeira fase, de Fukui) se dedicam ao cultivo de verduras. Não se sabe a razão, mas Arujá foi considerada pela comunidade japonesa como local sagrado e é famosa pelas igrejas como "Kami no Ya (Casa de Deus)" e PL Kyodan (Instituição Religiosa Perfect Liberty). Isao Hirakawa (13ª leva da primeira fase, de Miyazaki), que era dono do restaurante no campo de golfe do local e que demostrava sua habilidade, fez com que muitos fãs lastimassem a morte dele. Kiyohira Yamaguiwa (7ª leva da segunda fase, de Nagano) administra assuntos gerais da instituição religiosa. Yoshinori Narimatsu (15ª leva da primeira fase, de Kumamoto) no cultivo de flores e Shin Iijima (22ª leva da segunda fase, de Nagano) na fabricação de própolis mostram solidez cada qual em sua área de atuação. No caso citado anteriormente Makoto Yasutake, mudou do cultivo de verduras para o de flores e mostrou sua competência ao ampliar rapidamente o tamanho e desempenha sozinho três cargos: presidente da "Associação dos Floricultores da Região da Via Dutra" (Aflord) com 70 associados, diretor de Kenjinkai e diretor de Associação Cultural local, sendo também amante de Karaokê. Masashi Yokoyama também passou a chefia da família para filho e se dedica ao Minyo 104

(música folclórica japonesa), que curtia com a esposa, que falecera no ano passado, sendo presidente do Zenpaku Minyo Kyokai (Associação Brasileira de Minyo). O filho mais veho Hiroki, que mostra desempenho que supera o do pai, é um jovem líder que habilmente dá conta do cargo de presidente da Associação Cultural de Arujá e do cultivo de flores. Na cidade vizinha de Itaquaquecetuba, para Yoshiaki Kambayashi (10ª leva da primeira fase, de Nagano), que paralelamente à agricultura contribui como diretor de Associação Japonesa local, o terrível acidente com a família de Sada Yonekura, que era seu conterrâneo e companheiro do mesmo navio de imigração, deixou marca de profundo pesar. Na cidade de veraneio Santa Isabel, Nobuo Goto (33ª leva da segunda fase, de Hiroshima) estabeleceu uma loja, mas pode se dizer que foi fruto de trabalho no Japão. No km 60 da rodovia Dutra, do cruzamento que leva à Guararema, a 4 km para frente, há a Colônia Sakura, com cerca de 50 famílias. Aqui também há três pessoas envolvidas no cultivo de flores. Kozo Akuzawa, que faleceu repentinamente no final do ano, veio de Pindamonhangaba há 40 anos e dedicou a vida no cultivo de rosas. Atualmente estava cultivando Eustoma Grandiflorum cujo trabalho o filho mais velho Yoichi assumiu após a morte do pai. Masaharu Ojiro (2ª leva da segunda fase, de Oita) mudou para esse local logo depois de se casar em Jales no interior. Masaharu Kato (14ª leva da segunda fase, de Oita) veio de Atibaia para esse local e ambos começaram o cultivo de rosas. Kato se especializou na flor de corte Gerbera e também está lidando com orquídea, mas esta parte está a cargo da esposa. O filho mais velho tornou-se independente no Cerrado e a filha mais velha está orientando os produtores como engenheira em tempo integral da "Asso-


Cotia Seinen: 60 anos de União

ciação dos Floricultores da Região da Via Dutra". A propósito, a Colônia Sakura foi fundada em 1960 e quase todos são imigrantes de pósguerra. Na época, muitos dos membros eram Cotia Seinens, tendo iniciado a administração agrícola combinando a avicultura com árvores frutíferas, por orientação da cooperativa agrícola. No entanto, a maioria dos que entrou era vindo de outra região e com experiência na mina de carvão. Quase todos os agricultores do vilarejo mudaram a produção para flores de corte seguindo a onda do cultivo de flores que começou na época. A produção de flores e plantas ornamentais, em particular, exige empreendedorismo, de modo que há tentativas e erros, mas atualmente a região é um verdadeiro vilarejo de flores, com quantidade esmagadoramente grande de produtores de orquídeas. 5) Jacareí A história de nipo-brasileiros nessa cidade é surpreendentemente antiga e dizem que já em 1927 haviam famílias de agricultores japoneses na baixada ao longo do Rio Paraíba, que vem da vizinha cidade de Guararema. Em 1938, com a prosperidade do cultivo de inverno de tomate, foi inaugurado o armazém (escritório) da Cooperativa Agrícola de Cotia. Os membros da cooperativa que acolheram Cotia Seinens nessa região eram agricultores de pequeno porte. A quantidade de Cotia Seinens que foram encaminhados para o local não chega a 10. Hachiro Inoue (1ª leva da primeira fase, de Ya-

Reunião de amigos da região ao longo de Dutra, Mogi e Suzano (fevereiro de 2005, na sede de Itapeti)

magata) é um deles. Tornou-se independente conforme o contrato e se casou, teve filhos e adquiriu terra, mas no meio dessa caminhada favorável, perdeu o filho mais velho já adulto em um acidente. Para aliviar a dor dessa perda, dedicou-se ao minyo que gostava e visitou o Japão como representante dessa arte no Brasil. Atualmente, valendo-se dessa condição, está se dedicando exclusivamente à orientação de gerações mais novas. No vilarejo de Santana, onde os Cotia Seinens entraram em grupo, vindos de Itaquera, em 1960, havia sete samurais, mas dois se mudaram para outro local, três faleceram e atualmente dois estão saudáveis. Noriyoshi Tamakoshi (casal, 3ª leva da segunda fase, de Aichi), na condição de líder como associado da Cooperativa Agrícola de Cotia, após o colapso dela, cumpriu a pesada responsabilidade como membro da comissão de liquidação de dívidas da Cooperativa de Crédito de Cotia. O cultivo de orquídea e de bonsai, que lidava desde a época quando a principal atividade era avicultura, tornou-se depois seu meio de vida e atualmente leva dias atribulados participando de serviços comunitários junto com a esposa. Conta alegremente que a sua participação na filmagem no Brasil de "Haru to Natsu: as cartas que não chegaram" novela de imigrantes que ficou famosa recentemente, foi a melhor experiência vivida. O outro, Michitaka Horiuchi (15ª leva da primeira fase, de Okayama) experimentou o trabalho no Japão com toda a família de seis pessoas e, mostrando a determinação do Cotia Seinen que aspirou a agricultura, realizou o sonho de se dedicar exclusivamente ao cultivo de orquídea com a família. As famílias de Tetsuo Yokota (3ª leva da primeira fase, de Aichi), Morio Mizuguchi (10ª leva da primeira fase, de Shimane) e Yoshiaki Watanabe (11ª leva da primeira fase, de Yamaguchi), que faleceram nessa região estão preservando 105


Cotia Seinen: 60 anos de União

a agricultura produzindo verduras. A fazenda de Hideo Miyoshi (1ª fase da segunda fase, de Okayama) é de grande porte, a qual seria apropriada a denominação de floresta de bambu, pois conseguiu cultivar bambu gigante adubando generosamente enquanto se dedicava à suinocultura. Apesar da atividade principal ser a colocação de bambu no mercado, a produção de carvão de bambu e de vinagre de bambu podem ser feitos durante todo o ano. O cultivo de orquídea, que começou nos anos recentes, tem sido o setor importante de apoio ao serviço de paisagismo do terceiro filho e com essa forma de administração a recessão não tem atingido. Yoji Kaminaga (9ª leva da primeira fase, de Tochigi), que outrora era o melhor produtor de gladíolo, atualmente está desfrutando de vida tranquila e tem como rotina vender verduras de produção própria em feira de fim de semana com os amigos Katsutoshi Ito (15ª leva da primeira fase, de Yamagata) e Keiichiro Nomoto (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima). Yasuo Yanagisawa (16ª leva da primeira fase, de Nagano) e Hozumi Tanaka (26ª leva da segunda fase, de Nagasaki) cultivam flores de corte em suas próprias propriedades e vendem por conta própria e Tadao Setoguti (26ª leva da segunda fase, de Kagoshima é especialista em venda de flores por atacado, sendo que os três administram os negócios com os filhos. Além desses, três pessoas faleceram, mas não se tem notícias de suas famílias. A cidade de Jacareí também mudou muito nos últimos anos com a onda de industrialização. A zona rural espaçosa está desaparecendo naturalmente. 6) São José dos Campos a Pindamonhangaba Há cerca de 50 anos, esta cidade era menor do que Jacareí, mas cresceu como cidade industrial proeminente no Estado. Nessa cidade, há 106

12 famílias de Cotia Seinens incluindo as dos falecidos. Moram na cidade as famílias de Sadao Utimura (1ª leva da primeira fase, de Kagoshima), Isamu Saito (5ª leva da primeira fase, de Fukushima), Terumi Okuno (6ª leva da primeira fase, de Fukui), Yoiti Kurotaki (11ª leva da segunda fase, de Aomori), Nobuyoshi Kazurayama (18ª leva da segunda fase, de Kumamoto) e incluindo as dos falecidos Yutaka Yasumoto (15ª leva da primeira fase, de Hyogo) e Koshiro Tsutida (5ª leva da primeira fase, de Akita). Saito, que com dinheiro conseguido no trabalho no Japão adquiriu uma fazenda, que era seu sonho e que dorme e acorda com o gado, nos fins de semana volta para a cidade para ficar com os netos. Kurotaki, que não pôde se dedicar à agricultura, está prosperando com o consultório de massagem oriental. Kazurayama se encarrega do paisagismo na área residencial se valendo de habilidade especial. Todos são eternos Seinens que investem no trabalho a força que sobrou de ter criado os filhos como membros da sociedade. À 10 km da rodovia federal fica Eugênio de Melo. Nessa área de arrendamento coletivo que surgiu logo depois da guerra, entraram cerca de 20 famílias de associados da Cooperativa Agrícola de Cotia de antes da guerra. Era pântano de turfa da beira do Rio Paraíba, com produção de arroz no período chuvoso, batata, tomate e pepino como produtos principais no período de seca. A fazenda estava dividida em áreas com dimensões que cada um desejava, sendo admirável a visão de centenas de diaristas com roupa branca trabalhando na época de colheita da batata. Foram colocados aqui perto de 30 Cotias Seinens, mas como o contrato de arrendamento era de 10 anos, foram se dispersando junto com os patrões. As famílias de Motoyoshi Murakami (12ª leva da primeira fase, de Kumamoto) e Eiji Hasegawa (5ª leva da primeira fase, de Fukuoka), que perdeu a esposa e ele próprio faleceu em acidente, permane-


Cotia Seinen: 60 anos de União

ceram nessa área e estão se empenhando no cultivo de orquídea. Na terra vizinha está Yukio Shintani (31ª leva da segunda fase, de Yamaguchi) especializado em árvores de jardim, orquídea borboleta e bromélia. Expandiu as atividades assumindo os negócios do sogro sr. Takanashi e construiu a base sólida no setor de flores. Tanto o pai como o filho têm experiência no cargo de presidente da associação de floricultores e têm mostrado competência na Festa das Flores promovida pela associação. Em Santo Antônio, no meio do caminho de subida para Campos do Jordão, Yukinori Gunji (26ª leva da segunda fase, de Hokkaido) está mostrando resultado no cultivo de orquídea. A cidade de Taubaté é grande, mas se encontra apenas um Cotia Seinen, o Michijiro Senba (10ª leva da primeira fase, de Tochigi), que ao lado de produção de verduras, está ocupado na orientação de gate ball da região. Em Pindamonhangaba, que outrora foram enviados 60 Cotia Seinens, havia muitos associados antigos da cooperativa que ajudou ativamente na independência dos jovens. O veterano Keiri Takahashi (2ª leva da primeira fase, de Saga) relembra essa época e, contando sobre o período de luta dura de muitos companheiros se preocupa com as notícias dos que foram embora. Shigueru Motokubo (7ª leva da primeira fase, de Kagoshima), com histórico de 20 anos na piscicultura, na fazenda em que se tem outras vantagens, passou o know-how para o filho mais velho. Está animado dizendo que doravante irá introduzir novas espécies e consolidar o mercado. Em Lorena está Taira Sakai (11ª leva da segunda fase, de Saga) e em Cachoeira Paulista, Masayoshi Ichiyama (11ª leva da segunda fase, de Nagasaki) que veio no mesmo navio. Ichiyama é um feirante veterano que se dedicou à produção de verduras desde que se tornou independente. Itsuo Takenouchi (1ª leva da primei-

ra fase, de Kagoshima), que foi enviado para a propriedade de um associado da cooperativa de Taubaté, tornou-se independente em Lavrinhas e outrora ficou conhecido como um excelente membro da Cooperativa Agrícola de Cotia. Nos últimos 10 anos está cultivando alface, fornecendo toda produção para supermercados da redondeza e está contente com o esforço redobrado para oferecer mercadoria fresca que deixa a clientela satisfeita, que é um prazer para um agricultor. Do tempo de 50 anos que ele relata sente-se o vigor de "semente de erva que sobrevive onde cair". Shosuke Minami (11ª leva da segunda fase, de Okayama) que mora em Itajubá, no Estado de Minas Gerais, logo depois de transpor a Serra da Mantiqueira de Pindamonhangaba, há 30 anos abriu consultório de massagem e diz que acabou esquecendo até a língua japonesa. Ao redor dele, todos são brasileiros a começar pela esposa. Pelos anos passados aí é muito respeitado na cidade. Terminada a coleta de materiais O rio que flui ininterruptamente pela planície da Paraíba desde os tempos imemoriais deve ter em um momento transbordado, turvado e por vezes engolido as casas e grandes árvores, embora tenha aceitado as histórias de muitas pessoas. O fluxo de imigrantes também logo foi se fundindo dentro de um grande redemoinho, não tendo quem se importe e busque essa origem. Mesmo que até o cemitério desapareça na urbanização que se amplia, pode ser que alguém perceba o sinal esculpido na lápide que por sorte restou. Assim mesmo, ficamos surpresos pelo fato de muitos dos companheiros de Cotia Senen terem falecido e, ao mesmo tempo, damos conta mais uma vez de que nós mesmos estamos nessa faixa de idade, fazendo sentir profundamente a transitoriedade da vida. (Texto: Yoshikuni Nomura) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.191~197

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Cotia Seinen: 60 anos de União

CAPÃO BONITO Três agricultores na ativa, no grupo de quatro aposentados, um seitaishi (mestre em colocar corpo em ordem) Dez companheiros do Cotia Seinen de Capão Bonito, que foram apresentados no "Livro comemorativo dos 40 anos" estavam saudáveis. Dez anos depois, dos 10 companheiros dois se foram. Os dois que faleceram são Satoshi Okamoto e Haruo Minamitani. Dos oito que restaram sete são a primeira fase, sendo que só Tetsuro Shintani é da 1ª leva da segunda fase e continua na agricultura até agora. Além dele, Juzaemon Suda e Shigemitsu Suda são agricultores na ativa. Suda, que tem um nome antiquado, é pioneiro entre Cotia Seinens que entrou nesse local e, com seu irmão mais novo Isao terminando os anos de agricultura obrigatória em 1958 na "Escola Saeki" de Morro Grande, tornou-se independente nesse local. No Livro comemorativo dos 40 anos, o irmão mais velho dos Suda relatou que está conseguindo bons resultados cultivando verduras com duas máquinas Pipo instaladas no cultivo em declive do cume do monte que não havia em Morro Grande. Nota-se o entusiasmo se desafiar na mecanização agrícola desde jovem e vislumbra-se a longa vida agrícola Para Juzaemon Suda. Por outro lado, Shigemitsu Hori é do último grupo dos companheiros do Cotia Seinen

que entrou na Colônia Auriverde convidado por Kokusai Kyoryoku Jigyodan (antecessor da JICA), mas este, como Juzaemon é agricultor radical que vive junto com a terra cultivada. Tetsuro Shintani, diretor da nova cooperativa fundada depois do colapso da Cooperativa Agrícola de Cotia, está sustentando a sua estrutura e é um personagem central que ajuda os companheiros do Cotia Seinen. Segundo Shintani, em Auriverde havia 5 ou 6 companheiros, mas eram poucos os residentes no local, havendo os que iam e vinham trabalhando em outro local, estando distribuídos em grupo dos que voltaram para o Japão (4), grupo dos que se mudaram para outro Estado (8), falecidos (5) e as reuniões em que todos os companheiros que ficaram comparecem diminuíram bastante. São quatro os que vivem da aposentadoria: Kiyotaka Takai, Shoji Saito, Tadato Tadano e Shinsuke Sakamoto, além de Isao, o mais novo dos irmãos Suda, que é singular "seitaishi" (mestre em colocar o corpo em ordem). O grupo dos aposentados em vez de ter tempo de folga, parece que anda muito ocupado. Membros da Filial - Kiyotaka Takai (5ª leva da primeira fase, de Wakayama ) aposentado. - Shoji Saito (7ª leva primeira fase, de Fukushima) aposentado - Juzaemon Suda (8ª leva primeira fase, de Kagoshima) agricultor. - Shigemitsu Hori (9ª leva primeira fase, de Yamagata) agricultor - Tadato Tadano (9ª leva primeira fase, de Fukushima) aposentado. - Isao Suda (11ª leva primeira fase, de Kagoshima) seitaishi - Shinsuke Sakamoto (13ª leva primeira fase, de Ehime) aposentado. - Tetsuro Shintani (1ª leva segunda fase, de Hiroshima) agricultor. Nome dos falecidos - Hiroshi Inkyo (15ª leva da primeira fase) falecido em 1958.

Famílias de Cotia Seinens por volta de1970

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Um funcionário do Governo da Província de Hiroshima le-


Cotia Seinen: 60 anos de União vou os restos mortais para o Japão - Ryodi Asai (4ª leva da segunda fase) falecido em 1982, a viúva Mie retornou para o Japão levando 2 filhos - Satoshi Okamoto (2ª leva da primeira fase) falecido em 2003, a viúva Yoko desfez da fazenda e mora na cidade - Haruo Minamitani (7ª leva da segunda fase) falecido em 2005, a viúva e o quarto filho que o sucedeu nos negócios da fazenda moram juntos. - Mitoshi Nitta (8ª leva da primeira fase) falecido em 2005, a viúva Kotomi mora com a filha em Guapiara. Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 - p.198

CIDADE DE SÃO PAULO E ARREDORES Cerca de 200 pessoas na cidade e quase todos vivem da aposentadoria "Situação de isolamento" na vida da metrópole A região em que mora o maior número de Cotia Seinen é a cidade de São Paulo. Na pesquisa na ocasião dos 40 anos foi unificada a localização de 101 pessoas e a suposição era de que o número real deveria ser bem superior, mas atualmente, depois de 10 anos como seria? Quanto ao número real, provavelmente seria adequado considerar que diminuiu 20%. Houve muitos Cotia Seinens, que durante o período de emprego de quatro anos fugiram das fazendas e saíram para a cidade e, além do relacionamento com alguns companheiros, estão vivendo em "situação de isolamento". Às vezes era esperada a reunião por iniciativa da Kyoguikai, mas se reunissem por volta de 30 pessoas era bom. Atualmente, a maioria dos Cotia Seinens está vivendo da aposentadoria. Após ter deixado a ativa, há muitos que se mudaram para chácaras adquiridas no subúrbio da cidade de São Paulo e com os casos de morte por doença ou por infeliz acidente, a perspectiva da maioria é que os residentes na cidade se São Paulo sejam por volta de 200 pessoas.

Dentro da região metropolitana seriam 400 pessoas? No Livro Comemorativo dos 40 Anos foram publicados nomes de 101 pessoas residentes na cidade de São Paulo, mas dentre esses devem haver algumas que já faleceram e, sem dúvida, há também aquelas que se mudaram para outros locais. Além disso, deve haver um número considerável de pessoas que, embora os nomes e os endereços fossem esclarecidos, ficaram fora da publicação (não participaram da pesquisa de campo). Considerando isso, dizer que o número real deve estar por volta de 200 pessoas não deve ser um absurdo. Estamos falando do número real de "Cotia Seinens" residentes na cidade de São Paulo, mas se incluir as regiões vizinhas a São Paulo, como ABC (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul), Mauá, Diadema, Osasco, Embu, Cotia, Guarulhos, Taboão da Serra, será que não se pode considerar que o número seja o dobro? Nessas regiões não estão constituídas as filiais e não há como verificar os endereços e nem os movimentos dos Cotia Seinens. É uma presunção estritamente baseada nos resultados da pesquisa do Livro Comemorativo dos 40 Anos. Parece que ainda há pessoas que negam a ligação com os Cotia Seinens e que não participam das atividades.

Esposas de Cotia Seinens residentes na cidade de São Paulo (2005)

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Gostaríamos que compreendessem que, por ser uma região em que uma pesquisa profunda é impossível, acabou se tornando um relatório realmente superficial.

65 anos. Como membro da Comissão de Edição do Livro Comemorativo dos 50 Anos é encarregado de organizar a pesquisa de campo. Tem um filho.

Além disso, logo depois do término da festa dos 50 anos, no dia 20 de outubro, foi realizada a reunião dos residentes na cidade de São Paulo e de cidades vizinhas por solicitação da Comissão de Edição do Livro Comemorativo dos 50 Anos na sede da "Associação Cultural dos Provincianos de Kochi no Brasil" no bairro de Pinheiros na cidade de São Paulo. Apresentaremos a situação recente dos 12 participantes.

Kesayuki Nozawa 10ª leva da primeira fase, de Nagano. Mora em Jaraguá, tem 73 anos de idade. Imigrou para o Brasil depois de retornar do desbravamento da Manchúria. Pelo sentimento de querer deixar algo sobre o passado, escreveu sua história pessoal "Sogen (Pradaria)", que foi premiado no Colonia Bungeisho (Prêmio Literário da Colônia) (promovido pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social) de 2005, surgindo mais um escritor Cotia Seinen.

A seguir, delinearemos a situação recente e como cada um veio como "porta-voz" ou "caso típico" dos muitos companheiros de "Cotia Seinen" que se tornaram moradores das cidades. (Por ordem de uso de palavra) Shiro Suzuki 12ª leva da primeira fase, de Tochigi. Mora em Taboão da Serra. Inicialmente entrou em Embu. Por sugestão do amigo do patrão, começou o cultivo de tomate em Campinas, mas não deu certo e se tornou feirante na cidade de São Paulo. Consultando os vereadores da cidade de São Paulo Mário Osassa, Antônio Morimoto e Yoshifumi Uchiyama e reunindo cerca de 30 companheiros funda a Associação dos Feirantes de São Paulo. São cerca de 600 associados. Expandindo negócios para o supermercado e sacolão, deixou a atividade de feirante, que exerceu durante 25 anos. Depois, visitou o Japão onde ficou por cerca de um ano. Kozo Fujii 2ª leva da primeira fase, de Yamaguchi. Veio para o Brasil com 18 anos. A pedido da Estação Experimental de Moinho Velho foi para a granja de galinhas e, depois, se empregou no Departamento de Avicultura da matriz da Cooperativa Agrícola de Cotia, onde se aposentou aos 110

Akira Kamamata 29ª leva da segunda fase, de Hyogo. Mora em Cotia (Km 19 da Rodovia Raposo Tavares). Tem dificuldade para lidar com as pessoas e escolheu no Japão a atividade relativa à criação de gado e estudou a criação de bois. Empregou-se na Cooperativa Agrícola de Cotia e se dedicou ao trabalho relativo à avicultura. Durante dois anos antes do colapso da Cooperativa trabalhou no supermercado Cotia e por ter lidado com arroz, produziu no Estado do Rio Grande do Sul o arroz japonês "Koshihikari" e vendeu por atacado para restaurantes. Ao ouvir dizer que a Fazenda Yakult do Brasil estava criando um mestiço de kuroge washu (bovino japonês de pelagem preta), pediu para um amigo de Guatapará criar também. Shigeyuki Murata 2ª leva da segunda fase, de Kagoshima, mora em Granja Viana. Ajudou na instalação de vilarejo de avicultura em Atibaia e trabalhou na granja de "genshu shukei" (espécie original de frango). Depois, passou para o departamento de gado da Cooperativa e em Araçoiaba da Serra fez hibridação de frangos de espécie original. Trabalhou em torno de 30 anos. Deixou o


Cotia Seinen: 60 anos de União

emprego antes do colapso da Cooperativa e, investindo o dinheiro de indenização trabalhista por demissão, fundou junto com a cooperativa uma empresa de discriminação de pinto, sendo a porcentagem de investimento 60% da cooperativa e 40% de Murata, com Gervásio Inoue como presidente do conselho e Shigeyuki Murata como presidente executivo. Em cerca de três anos liquidou essa empresa e, depois, trabalhou em tempo parcial para uma empresa de recursos humanos. Atualmente vive com o dinheiro da aposentadoria. Tem 2 filhos e 1 filha. Hiromitsu Takaya 10ª leva da segunda fase, de Hokkaido. Mora em Diadema. Como a casa paterna era fabricante de acolchoados, passou por treinamento agrícola por um ano e veio para o Brasil. Trabalhou durante um ano na fazenda Shirahama em Bragança Paulista e, depois, veio para São Paulo onde administrou uma pensão. Trabalhou (por 3 anos) na fábrica de saco para batata, foi vendedor de calculadora, máquina de escrever, máquina massageadora, equipamentos para escritório, etc. Pertenceu por 5 a 6 anos à seleção brasileira de natação como massagista. Yuichi Suzuki 11ª leva da segunda fase, de Toyama, mora em Itaquera. Chegou ao Brasil em 1961 e ficou na região de Mogi das Cruzes e Itaquera por cerca de 30 anos. Em 1988, foi trabalhar no Japão. Atualmente, trabalha como vendedor do São Paulo Shimbun. Tem 1 filho e 2 filhas. Sakae Hosaka 28ª leva da segunda fase, de Yamanashi, mora na cidade de São Paulo. Entrou em Itatiba e se dedicou ao cultivo de batata por um ano. Depois, veio para São Paulo e trabalhou como feirante por 17 anos e 10 anos como vendedor comissionado na CEAGESP. Depois, trabalhou no Japão. Tem 1 filho e 3 filhas, sendo que uma

delas está envolvida no trabalho de transplante de fígado. Kichinosuke Sato 7ª leva da segunda fase, de Miyagi, mora em Santo Amaro, na cidade de São Paulo. Inicialmente, entrou em Jacareí onde produziu verduras por quatro anos. Ficou um ano em Guatapará e, depois se tornou independente em Capão Bonito. Adquiriu 15 alqueires de terra em Itaparagua contando com uma pessoa que veio no mesmo navio com quem administrou em conjunto. Depois, produziu verduras por 10 anos em Embura, em Santo Amaro. Depois disso, adquiriu quatro caminhões e dedicou por 28 anos à atividade de venda de carne de frango. Atualmente, está sem ocupação e está recebendo ajuda da filha. Hiroya Inoshita 7ª leva da segunda fase, de Fukushima. Mora na cidade de São Paulo. Trabalhou por quatro anos em Pindorama, na região de Mogi das Cruzes, para onde foi encaminhado. No 5ª ano tornou-se independente. Abandonou a agricultura por ter contraído icterícia por causa de agrotóxico. A partir de 1965, lida com tomate no departamento de venda da Cooperativa Agrícola de Cotia. Trabalhou até 1994, por cerca de 30 anos. Atualmente, ao lado de vida de aposentado está produzindo verduras aos domingos em Ibiúna. Hachiro Nagayama 3ª leva da segunda fase, de Fukushima, imigrou com a esposa, mora na cidade de São Paulo. Foram enviados para um batateiro de Itatiba. Durante o período de trabalho nessa fazenda nasceram 3 filhos. Comprou bicicleta e bomba e se tornou independente. Cultivou batata por 20 anos em Itatiba e uma vez lucrou muito. Depois, foi para Teixeira de Freitas no Estado da Bahia para cultivar mamão, mas depois de cerca de 10 anos, como o preço foi caindo, 111


Cotia Seinen: 60 anos de União

mudou-se para uma fazenda de gado. O filho, que foi estudar nos Estados Unidos,, administra um restaurante. Administra em conjunto com quatro filhos a fazenda e o restaurante. Tem nove netos. É ex-presidente do Kyoguikai. É proponente do "Seinen no mori (floresta de jovens)". Atualmente, é conselheiro do Renraku Kyoguikai.

- Shudi Kudo (de Akita, 3ª leva primeira fase, paisagista) - Takumi Kanamori (de Yamanashi, 4ª leva da primeira fase, feirante) - Kiyoshi Tokudome (de Kagoshima, 6ª leva da primeira fase, aposentado) - Tetsuya Dote (de Miyazaki, 6ª leva primeira fase, aposentado) - Akira Konya (de Kagoshima, 6ª leva primeira fase, aposentado) - Kaneo Sakurai (de Hokkaido, 7ª leva da primeira fase, aposentado)

Shizuka Niidome 16ª leva da primeira fase, de Kagoshima, mora na cidade de São Paulo. Foi enviado para Vargem Grande Paulista onde cultivou hortaliças por um ano e meio e, depois disso, foi produzir verduras em Itapecerica da Serra, contando com o apoio de um companheiro de viagem no navio, mas adoeceu e desistiu da agricultura. Recebendo ajuda do departamento de imigrantes da matriz da cooperativa, trabalhou como funcionário do departamento de colonização por cinco anos e, depois, mudou-se para tankyo (unidade da cooperativa local) onde ficou por cinco anos. Então, deixou a vida de assalariado e administrou por 20 anos um estúdio fotográfico em Pinheiros. Desistiu da atividade com fotografia depois de ser assaltado por três vezes. Adquiriu terra em Itapecerica da Serra e entrou na vida de aposentado. Tem dois filhos. Eles trabalharam no Japão e estão empregados em uma empresa de recursos humanos. A filha é orientadora do Kumon. Tem seis netos.

- Hidenori Yanase (de Kagoshima, 7ª leva da primeira fase,

(Texto: Toyoji Suganuma)

- Yasuo Fukuda (de Kumamoto, 10ª leva da primeira fase,

comerciante de frutas no CEAGESP) - Hiroshi Saito (de Yamagata, 7ª leva da primeira fase, diretor da Federação de Shogi de São Paulo) - Fukuo Nakamura (de Ehime, 7ª leva da primeira fase) - Kaoru Higuti (de Niigata, 7ª leva da primeira fase, comerciante de cereais na CEAGESP) - Inaki Okino (de Kochi, 8ª leva da primeira fase, trabalha no Nikkey Shimbun) - Kaoru Higashizono (de Kagoshima, 8ª leva da primeira fase, aposentado) - Nobuhiko Tsutsui (de Nagano, 9ª leva da primeira fase, administra loja de flores e plantas ornamentais) - Kisaku Takoi (de Yamagata, 9ª leva da primeira fase, atividade de reflorestamento) - Ryoji Baba (de Kumamoto, 10ª leva da primeira fase) - Katsuo Arai (de Gunma, 10ª leva da primeira fase) - Sanai Ishikura (de Gunma, 10ª leva da primeira fase, aposentado) - Yotsugu Ueno (de Kumamoto, 10ª leva da primeira fase, aposentado) - Kesayuki Nozawa (de Nagano, 10ª leva da primeira fase, aposentado) presidente da Associação Kumamoto Kenjin do Brasil)

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Lista de nomes de residentes na cidade de São Paulo

- Unzo Suzuki (de Miyagi, 10ª leva da primeira fase, apo-

- Chuji Abe (de Nagano, 2ª leva da primeira fase, adminis-

- Tadashi Aizawa (de Niigata, 11ª leva da primeira fase)

tra agência de viagem)

- Yasuo Kurane (de Nagano, 11ª leva da primeira fase)

- Issui Takahashi (de Kochi, 3ª leva da primeira fase, presi-

- Katsuhiko Ezaki (de Aichi, 12ª leva da primeira fase, ven-

dente de Renraku Kyoguikai, presidente da Associação Cul-

dedor de aparelhos eletroeletrônicos)

tural dos Provincianos de Kochi no Brasil)

- Fumio Miyake (de Shimane, 12ª leva da primeira fase,

- Takuto Utiyama (de Yamaguchi, 3ª leva da primeira fase,

aposentado)

diretor da Federação dos Clubes Nipo-Brasileiros de Anci-

- Kakitaro Noguti (de Mie, 12ª leva da primeira fase, admi-

ões)

nistrador de loja de flores e plantas ornamentais)

sentado)


Cotia Seinen: 60 anos de União - Noboru Uetake (de Tochigi, 12ª leva da primeira fase, aposentado) - Tsuyoshi Hayasaka (de Miyagi, 12ª leva da primeira fase, vendedor de flores e plantas ornamentais) - Mitsuo Baba (de Hokkaido, 13ª leva da primeira fase, gerente da filial São Paulo de Zentakuren) - Mitsuo Murata (de Mie, 14ª leva da primeira fase) - Koji Nakano (de Hiroshima, 14ª leva primeira fase, gerente do departamento de vendas do São Paulo Shimbun) - Tsutomu Kitagaki (de Okayama, 15ª leva da primeira fase, comerciante) - Norio Nishio (de Tottori, 16ª leva da primeira fase, vendedor de sementes e mudas) - Mikihiko Yoshimoto (de Osaka, 16ª leva da primeira fase, calígrafo japonês) - Keiji Watanabe (de Aichi, 16ª leva da primeira fase) - Tsugumi Konno (de Akita, 16ª leva primeira fase, aposentado) - Hiroyuki Bando (de Tokushima, 1ª leva da segunda fase, comerciante) - Kenji Mori (de Osaka, 1ª leva da segunda fase, vendedor de frutas na CEAGESP) - Tamotsu Murakami (de Miyagi, 1ª leva da segunda fase, aposentado) - Kensho Ishii (de Miyagi, 1ª leva da segunda fase, vendedor flores e plantas ornamentais na CEAGESP) - Ryoshi Shimanoe (de Saga, 1ª leva da segunda fase, aposentado) - Noboru Nakasuji (de Kagoshima, 2ª leva da segunda fase, aposentado) - Mitsuo Ikeda (de Kagoshima, 2ª leva da segunda fase, vendedor de verduras na CEAGESP) - Nobuyuki Ueno (de Toyama, 2ª leva segunda fase, aposentado) - Kazuyuki Takei (de Nagano, 3ª leva segunda fase, aposentado) - Kikuo Suzuki (de Chiba, 6ª leva segunda fase, aposentado) - Masahiko Watanabe (de Yamanashi, 6ª leva da segunda fase, aposentado) - Kimio Ishimitsu (de Yamaguchi, 6ª leva da segunda fase, profissional liberal) - Hatao Ikebe (de Miyazaki, 7ª leva da segunda fase, comerciante) - Shizuma Furukawa (de Saga, 7ª leva da segunda fase, vendedor de produtos agrícolas na CEAGESP) - Michikazu Nagamatsu (de Oita, 25ª leva da segunda fase, presidente da Associação Cultural e Recreativa Oita Kenjin

do Brasil) - Noboru Kitagaki (de Okayama, 25ª leva da segunda fase) - Asayoshi Ikaida (de Niigata, 26ª leva da segunda fase) - Hiroshi Noguchi (de Aichi, 27ª leva segunda fase, aposentado) - Akiteru Nagao (de Ehime, 28ª leva da segunda fase) - Michiharu Kuroki (de Miyazaki, 29ª leva da segunda fase, administrador de empresa de arquitetura)

Moradores do bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo - Mitsugu Yamada (de Kagoshima, 1ª leva da primeira fase, aposentado) - Noboru Fujinaka (de Yamaguchi, 2ª leva da primeira fase, aposentado) - Kenichi Uemura (de Kumamoto, 5ª leva da primeira fase, aposentado) - Kiyoshi Kamei (de Kanagawa, 6ª leva da primeira fase, aposentado) - Kiyoharu Miura (de Fukushima, 6ª leva da primeira fase, aposentado) - Mitsuru Kikuchi (de Ibaraki, 7ª leva da primeira fase, comerciante) - Zeniti Yamamoto (de Yamaguchi, 7ª leva da primeira fase, aposentado) - Takuji Okamoto (de Yamaguchi, 8ª leva da primeira fase, aposentado) - Minoru Sugimoto (de Okayama, 8ª leva da primeira fase, aposentado) - Harukiyo Yamamoto (de Kagawa, 8ª leva da primeira fase, aposentado) - Yoshitoki Shimamura (de Kochi, 8ª leva da primeira fase, aposentado) - Haruo Jodai (de Shimane, 8ª leva primeira fase, aposentado) - Hiroshi Haraoka (de Kagawa, 8ª leva da primeira fase) - Natotomu Ota (de Kumamoto, 10ª leva da primeira fase, aposentado) - Koji Baba (de Gifu, 11ª leva da primeira fase, feirante) - Takeo Shoji (de Miyagi, 15ª leva primeira fase, aposentado) - Kihatiro Tanaka (de Fukuoka, 16ª leva da primeira fase, aposentado) - Masao Ôi (de Toyama, 6ª leva segunda fase, aposentado) - Tetsuro Yagui (de Miyazaki, 7ª leva da segunda fase) - Daihati Morita (de Kumamoto, 4ª leva da primeira fase) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955-2005 p. 199~202

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Cotia Seinen: 60 anos de União

SUBÚRBIO SUDOESTE DA CIDADE DE SÃO PAULO Vejam essa variedade de pessoas Contribuição na ativação da agricultura suburbana Ao longo da rodovia Br116 que liga a cidade de São Paulo ao Sul do Brasil sucedem as cidades Taboão da Serra, Embu, Itapecerica da Serra e São Lourenço da Serra. Nessa região, desde antes da guerra, os imigrantes japoneses se fixaram e cultivando em pequena e típica área montanhosa perto da serra costeira, produziam batata e verduras e floresciam as atividades agrícolas suburbanas da metrópole como a avicultura. Porém, depois da década de 1950, junto com o rápido desenvolvimento da cidade de São Paulo, houve elevação do preço da terra e dos recursos humanos. Os produtores de batata foram se mudando para o interior em busca de novas terras. Nessa época, essa região também foi empurrado pela onda de urbanização e a agricultura suburbana estava em declínio. Mas presumimos que os Cotia Seinens salvaram essa situação. Os avicultores aos poucos foram se transformando combinando o cultivo de hortaliças e frutas ou de plantas ornamentais. No entanto, vale a pena mencionar que, aproveitando a condição da sua localização perto do mercado, de olho em plantas como samambaias, que podem ser produzidas na encosta estreita das montanhas e, logo, foram se estabelecendo os empreendimentos produtores de rosas e cravos, flores campestres e todos os tipos de flores e plantas ornamentais. No auge da imigração de Cotia Seinen, nessa região trabalhavam mais de 80 Cotia Seinens, mas eram habitualmente mutáveis. Assim mesmo, atualmente 16 pessoas estão estabelecidas 114

e se empenham no cultivo de flores e plantas ornamentais, flores campestres e de vasos para canteiros de flores. Entretanto, uma parte está tentando estabilidade na gestão com a produção durante todo ano com cultivo de hortaliças em estufa de plástico. Esses Cotia Seinens também, quase todos, passaram dos setenta anos de idade e ainda que alguns ainda estejam trabalhando, a maioria passou a administração para o sucessor da segunda geração e vive o dia a dia como aposentado. Em Taboão da Serra, a 16 km da cidade de São Paulo, ultimamente a urbanização está avançando rapidamente e não resta quase nada de propriedade agrícola que produzia batata no início da fundação da Cooperativa Agrícola de Cotia, mas aqui moram atualmente cinco Cotia Seinens: - Shiro Suzuki (12ª leva da primeira fase, de Tochigi) - Yosuke Nakagawa (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto) - Kiyoshi Momose (16ª leva da primeira fase, de Nagano) - Shigueyuki Hishijima (10ª leva da segunda fase, de Kagoshima) Os quatro acima vivem de aposentadoria - Hajime Suyama (2ª leva da segunda fase, de Fukui) comerciante de artigos para escritório. Iniciante do turbilhão de Samambaia Embu, a 26 km da cidade de São Paulo, por causa da urbanização como área turística, dos 48 Cotia Seinens que estavam em certa época, restaram apenas cinco. Entre eles, Fumio Hashiya (8ª leva da primeira fase, de Gunma), após trabalhar na fazenda de Embu, para onde foi encaminhado inicialmente, tornou-se independente com avicultura, mas depois foi atingido pela recessão no setor e, por um acaso, começou a cultivar samambaia utilizando o galinheiro e fez chegar à moda de samambaia numa época. Atualmente, o genro tornou-se seu


Cotia Seinen: 60 anos de União

sucessor especializado em flores de canteiro de plantio. Com bastante popularidade na região, por um longo tempo foi presidente da Associação Japonesa local, onde dedicou-se à construção da sede da associação. Por um tempo, atuou com assessor da Secretaria de Turismo da cidade de Embu e atualmente ainda exerce a função de consultor da cidade nas questões relativas aos nipo-brasileiros. Yukio Okazaki (de Miyagi, 4ª leva da primeira fase), depois de trabalhar na criação de frangos do patrão por oito anos, tornou-se independente e após três anos na avicultura, mudou para o comércio de roupas e como bico, começou a fazer kokeshi. Atualmente, com o sucessor criado, trabalha efetivamente na fabricação de kokeshi e daruma de madeira. É uma pessoa incomum, que monopoliza a confecção do daruma de madeira no Brasil. Junzo Fukutoku (11ª leva da primeira fase, de Tokushima), que se tornou independente com o cultivo de rosas, está se empenhando ainda no cultivo de flores e plantas ornamentais. Sakimi Kai (7ª leva da segunda fase, de Miyazaki) cultiva plantas para canteiro de flores e Tetsuo Kimura (2ª leva da segunda fase, de Yamaguchi) é aposentado. Em Itapecerica da Serra, a 9 km de Embu, atualmente cinco Cotia Seinens estão estabelecidos, sendo que Yoshimi Tanaka (2ª leva da primeira fase, se Kagoshima) cultiva plantas ornamentais, Kozo Uemi (9ª leva da primeira fase, de Hokkaido), junto a Santo Amaro, cultiva flores e plantas ornamentais, Yoshitaka Kajihara (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima) é paisagista, Jun Yuta (21ª leva da segunda fase, de Kagoshima) administra bar e Mitsugu Fukuyama (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima) estava se dedicando ao cultivo de verduras, mas com a onda de decasségui, há

alguns anos está trabalhando no Japão. Em São Lourenço da Serra, a 20 km de Itapecerica da Serra, houve muitos que se transferiram de Itapecerica e de Embu e atualmente estão estabelecidos cinco Cortia Seinens. Satoru Yoshikawa (6ª leva da primeira fase, de Nagasaki) é aposentado, Tsukumo Tanaka (16ª leva da primeira fase, de Kagoshima) é comerciante, Itsuo Nakagawa (4ª leva da segunda fase, de Kumamoto) cultiva flores e plantas ornamentais, Yuji Yokouchi (8ª leva da segunda fase, de Aomori) também cultiva flores e plantas ornamentais e Wakaiti Hiramatsu (17ª leva da segunda fase, de Okayama) produz frutas. Chefe do vilarejo de Juquitiba Na cidade de Juquitiba, descendo mais 19 km a rodovia federal, Hisatoshi Nakahira (13ª leva da primeira fase, de Wakayama), que é o único que permanece na área desbravada pela Cooperativa Agrícola de Cotia, se empenha no cultivo de verduras, é chamado de "chefe do vilarejo de Juquitiba" e está bem de saúde. Na época em que a Cooperativa Agrícola de Cotia estava em boa condição econômica recebeu vários prêmios como excelente membro da cooperativa e produtor. Em agosto perdeu a amada esposa e atualmente vive com o casal do filho, tendo produção durante todo o ano de pepino e vagem em estufa de plástico. Nessa região, que está bem distante da ampla planície que se estende infindavelmente, que os Cotia Seinens sonharam antes de vir para o Brasil, parece que havia muitas insatisfações e reclamações na época em que foram enviados, por ser uma topografia de relevo montanhoso. Entretanto, se valendo da localização próxima ao mercado de São Paulo, mesmo com o terreno estreito com muita inclinação, conseguiram efetivar o cultivo de verduras frescas e de flores e plantas ornamentais, criaram e educa115


Cotia Seinen: 60 anos de União

ram os descendentes de segunda geração, que como sucessores assumiram o gerenciamento da agricultura ou estão atuando como espinha dorsal de cada área como vendedores de empresas comerciais, engenheiros ou então educadores, o que é muito encorajador. Nome dos falecidos Shiro Shimuzu (12ª leva da primeira fase, de Kagoshima) Yoshiharu Nakatani (12ª leva da primeira fase, de Hiroshima) Shôji Nishimura (14ª leva da primeira fase, de Hokkaido) Yoshio Kitano (16ª leva da primeira fase, de Kumamoto) Daiki Orihashi (4ª leva da segunda fase, de Ishikawa) (Texto: Shizuka Niidome) 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005,

Foto do sr. chefe do vilarejo de Juquitiba, Hisatoshi Nakahira, filho e neto, 3 gerações juntas na plantação de pepino

P. 202~204

GALERIA DE FOTOS Confiando os sonhos nessas crianças

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Piedade, Sudoeste do Estado de São Paulo Preservando as atividades de amizade Nos produtos da região há o que se chama produção do momento, e se falar em Piedade lembramos da "cebola". Não deixa de ser um dos principais produtos atualmente, mas parece que o seu apogeu já passou. Dizem que quase todos os Cotia Seinen da região já deixaram de produzir a cebola. Há alguns anos proliferou uma doença e começou a importação da Argentina, e assim o lucro ficou mais difícil.

Os primeiros japoneses se instalaram aqui foi na década de 1940 A chegada do Cotia Seinen não difere de Vargem Grande e Ibiúna. Começou a partir da primeira leva da primeira fase, mas não se sabe a quantidade certa. Parece que não foram muitos. Os locais para onde foram encaminhados produziam batata, tomate ou criavam aves.

No caso dos "seinen" de Piedade, os principais produtos são hortaliças (cenoura, beterraba, alho, tomate, repolho, verduras) e morango.

Sobre o seinen do período inicial, o nome de Heisaburo Kanaya é lembrado pelos companheiros. Chegou em 1955, na segunda leva da primeira fase (de Gunma). Dizem que faleceu depois de voltar para o Japão.

Um novo produto está sendo considerado promissor, o caqui, cuja uma parte já está sendo comercializado com a marca "Kaki Fuyu de Piedade". Esse caqui Fuyu de cor viva e brilho na casca é grande e rico em doçura, e está obtendo um bom preço no mercado, vem aumentado o número pessoas que se preparam para produzir esse caqui. Recuperação a partir de 36 a 0 A partir de Ibiúna, continuando 30 km para o lado oeste, na sinuosa via Bandeirantes, tendo a cidade que surgiu dos dois lados do riacho, no centro o município de Piedade se estende por montanhas e colinas circundantes. A cidade em si é pequena, mas a construção de prédios com mais de 10 andares deve ser uma mostra do desenvolvimento. Também nesse município está aumentando a quantidade de chácaras e dizem que é grande a agitação das ruas aos sábados.

Atualmente, em Piedade estão 20 Cotia Seinen, mas os que permanecem desde que foram encaminhados, não passam de três ou quatro pessoas. Outros se mudaram ou voltaram para o Japão. Dessas 20 pessoas, 17 são agricultores que se dedicam no cultivo de produtos acima citados e outros três administram uma agência de viagem, uma sorveteria e um bar, ou seja, mudaram de ramo. Os Cotia Seinen daqui desde cedo fundaram uma associação chamada "Mitsubachi Kai" (Associação das Abelhas) que vem se dedicando a atividades para preservar a amizade. Isso aconteceu antes do Cotia Seinen Renraku Kyoguikai começar, e os participantes tinham por volta de vinte anos. Quanto a atividade agrícola de Piedade, a produção de cebolas pequenas teve início a partir da segunda metade da década de 1960. Tendo a cebola se adaptado bem ao solo do local, ao entrar na década de 1970, Piedade passou a 117


Cotia Seinen: 60 anos de União

ser conhecida como a capital da cebola. O morango também prosperou e Piedade entrou num período de prosperidade. Enquanto disso, os "seinen" se tornaram independentes, casaram e tiveram filhos. Obviamente, se existe claridade existe a escuridão. Ainda hoje há coisas que não se podem ser ditas e houve também vítimas. Por isso mesmo, os seinen se esforçaram em promover a amizade e, quando acontecia uma infelicidade com alguma pessoa, se ajudavam mutuamente. Desde pequenos, os seus filhos tiveram atividades de recreação juntos com todas as famílias. Como resultado, dizem que não há quem saía da associação de amizade e, mesmo agora que os filhos se tornaram adultos, continuam a se relacionar como se fossem parentes. Por falar em atividade de amizade, houve o seguinte episódio. Foi realizado um Campeonato Regional de Beisebol patrocinado pela Cotia Seinen Renraku Kyoguikai no qual Piedade também participou, mas perdeu feio na eliminatória com a pontuação absurda de 36 a 0, que ultrapassou o "called game". Nessa ocasião, envergonhado, o técnico nem podia levantar a cabeça. Nos campeonatos seguintes, outros ti-

Reunião dos Cotia Seinens em 1976

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mes ficavam muito contentes quando iam jogar com Piedade. Mas, não se podia ficar assim: "Ah, é apenas beisebol de várzea". Depois, com muita coragem treinaram muito e aos poucos a equipe ficou forte, tornando-se finalmente campeão por 2 vezes e recuperou a sua reputação. No campo do Bunkyo de Piedade há três campos de beisebol. Um deles foi construído pelo Cotia Seinen local. Convidado para promover um campeonato de beisebol entre os seinen, percebeu-se que um só campo era insuficiente. Construiu-se às pressas mais um campo. Mais tarde, foi adicionado mais um campo, mostrando como a febre pelo beisebol cresceu. Essa recuperação a partir de 36 a 0 é um episódio um pouco engraçado e ao mesmo tempo digno de orgulho. Ela tornou-se a espinha dorsal dos seinen e foi utilizada no trabalho e na vida. A luta contra a queda Em 1988, o sr. Harutoshi Ikeda faleceu em um acidente de trânsito, aos 50 anos de idade. Tinha chegado ao Brasil em 1958, na 14ª leva da primeira fase (de Fukuoka). O Sr. Ikeda também gostava de beisebol. E, nessa época, o setor agrícola viveu uma crise como se tivesse sido atingido várias vezes por um grande maremoto, e com Piedade não foi diferente. Além dos problemas em comum do setor, no caso daqui, como foi referido no início, a cebola já estava saindo do seu auge, e o morango também já não estava na sua melhor fase. Então, começou o fenômeno decasségui. Dentre os famíliares do Cotia Seinen,


Cotia Seinen: 60 anos de União

mais da metade dizia que alguém da família tinha ido trabalhar no Japão. De fato, os jovens nisseis procuravam simplesmente uma renda mais alta, mas havia casos em que a pessoa queria ver o Japão pelo menos mais uma vez. No entanto, em se tratando do próprio "seinen", quase todos com mais de 30 anos no Brasil, havia pessoas que já tinham passado dos 60 anos de idade. Em junho de 1990, um deles, sr. Kunio Takeichi, faleceu doente no Japão, aos 56 anos de idade. Natural de Kochi, veio ao Brasil em 1955, na primeira leva da primeira fase. Em novembro de 1994, na época da visita a Piedade para coleta de dados para esse livro comemorativo dos 40 anos, o sr. Tadao Fujiwara faleceu num acidente de trânsito, aos 53 anos de idade. Nascido em Ehime, veio ao Brasil em 1960, na nona leva da segunda fase. Algumas famílias retornaram para o Japão. E, em 1993, ocorreu o colapso da Cooperativa Agrícola de Cotia - Cooperativa Central. Provavelmente, tanto para o setor agrícola de Piedade como para o Cotia Seinen desse local, não houve período tão conturbado como esse período. Contudo, a luta contra a queda também continuou. A mudança da cultura de cebola para verduras também deve ter sido uma delas. Dizem que os produtores adquiriram confiança por não haver prejuízo com hortaliças da safra de verão plantadas depois de outubro. Isso é o resultado da vantagem geográfica da altitude (800~1000 m) do local somada {a técnica desenvolvida. Há um caso a destacar: O Sr. Matomu Toyoda, que participou do assentamento de imigrantes do pós-guerra, enviou o

filho para Barreiras. O resultado é que, como é do conhecimento de todos, o assentamento foi extinto. O filho foi embora para o Japão e, em Piedade, o sr. Toyoda entregou os equipamentos como trator para a cooperativa, para pagar a dívida, e tomou-os emprestado para continuar na agricultura. E, depois de alguns anos ele comprou-os de volta. Teve grande lucro produzindo alho e cenoura. Mas, segundo os conhecidos, ele não produziu simplesmente. Ele se esforçou muito além do normal para isso. Irrigou a plantação até sete ou oito horas da noite, para obter lucro, reuniu informações, analisou e inventou técnicas. Isso mostra que, mesmo em Piedade, dependendo da forma de trabalhar ainda é possível obter lucro. Também houve fatos que ajudaram a elevar o moral do grupo. Em 1992, uma pessoa de Piedade recebeu condecoração do Governo Japonês e o Prêmio Kiyoshi Yamamoto. O Cotia Seinen ganhador do Prêmio Kiyoshi Yamamoto foi o sr. Akira Isechi, que desde cedo empenhou na melhoria do solo com material orgânico e destacou-se o fato de ter proposto o método para produzir em grande quantidade o adubo no estilo japonês. Esse prêmio foi o segundo entre os seinen a receber em todo o Brasil. Em todos os casos, esses dois acontecimentos deixou o ambiente de Piedade bastante alegre. Na realidade, nesse ano, o presidente do Bunkyo local era um Cotia Seinen e, com a colaboração de outros seinen, esforçou-se para realizar várias atividades. Dizem que, antes disso, os "seinen" lideraram e realizaram Assembleia Geral Extraordinária para projeto de construção de prédio permanente do sumô e ampliou o ginásio de esporte para 960 m². 119


Cotia Seinen: 60 anos de União

Em Piedade, há cerca de dez senhoras convidadas para imigrar. Incluindo essas pessoas, a importância das senhoras é sem dúvida muito grande na história de 40 anos de "seinen" desse local. Se for para apresentar isso sem fazer uma nova reportagem não seria possível elaborar um artigo, de modo que desta vez não abordamos esse assunto. Até agora, quatro senhoras de seinen faleceram: Futigami, Omaru, Inami e Hashizume. Nova tentativa Após a dissolução da Cooperativa Agrícola de Cotia, foi fundada no local a "Cooperativa Agropecuária de Piedade". Os isseis, que são metade dos 25 membros da cooperativa, são quase todos Cotia Seinen. Entre os membros da cooperativa, não são poucos os filhos de "seinen". Eles estão começando a administrar as fazendas. Nos morros de Piedade, os pés de Kaki Fuyu de 30 anos estavam em estado de abandono. Dizem que havia 15 mil pés adultos e 10 mil novos. Eram pés de caqui que outrora os agricultores descendentes de japoneses plantaram, mas nessa época não havia ainda o costume de

comer caqui duro entre os brasileiros e havia também problemas técnicos, e foram abandonados. Então, apareceu uma pessoa que tentou produzir novamente e continuar a pesquisa. O Sr. Yuki Nishio não era Cotia Seinen, mas era produtor agrícola eficiente e ao vender o Kaki Fuyu encontrou boa aceitação. Isso foi há alguns anos, mas está começando a chamar atenção novamente. Sr. Nishio, por dezenas de anos, vinha fazendo diversas melhorias no solo, na colocação de rede, etc, e consolidou a forma de produção obtendo frutas de excelente qualidade, conseguindo um bom preço e conquistou o mercado. As pessoas que sentiram estimuladas com isso cuidaram dos pés que estavam abandonados há 30 anos e fizeram frutificar, resultando em ativação da produção. Agora estão até exportando para a Europa. Isso aconteceu há três anos (informação de 1995), mas com a pretensão de tornar o Kaki Fuyu o novo produto típico de Piedade, foi organizada uma associação de produtores. O número de membros já ultrapassa 30 pessoas e o presidente é o sr. Tetsuji Kawakami e o vice-presidente é o sr. Teruo Masuda, ambos Cotia Seinen. A propósito, o sr. Ma-

Excursão do Cotia Seinen com seus familiares em janeiro de 1981

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Cotia Seinen: 60 anos de União

suda está abrindo a plantação de castanha para o público em geral, para catar castanhas e está doando o lucro líquido dessa atividade para o Enkyo.

liças. Masato Tashiro - 13ª leva da primeira fase, trabalhando no Japão. Yasuyuki Sasada - 13ª leva da primeira fase, morango. Matomu Toyoda - 13ª leva da primeira fase, alho, hortali-

Voltando o assunto para o caqui, o Kaki Fuyu, que está sendo produzido e vendido, pesa em média 350 a 400 gramas e já foi produzido caqui de até 920 gramas com bom brilho e sabor, e isso surpreendeu até os especialistas do Japão.

ças. Chuji Nakagawa - 14ª leva da primeira fase, morango, caqui, mandioquinha. Takinori Ueyama - 14ª leva da primeira fase, morango, hortaliças. Koichi Kadowaki - 15ª leva da primeira fase, ervilha, hor-

No entanto, o problema é que se for para dedicar para valer, para produzir a muda demorará três anos, e depois para chegar à colheita mais cinco anos, no total de oito anos. Em contraposição, a idade dos "seinen" já está na faixa de 50 a 60 anos. Talvez por isso, no início havia poucas pessoas que mostraram interesse. Mas, aos poucos têm aumentado pessoas dizendo "vou fazer também".

taliças. Mitsuo Inuzuka - 2ª leva da segunda fase, hortaliças Hisashi Iida - 2º leva da segunda fase, hortaliças Satoru Hashizume - 6ª leva da segunda fase, trabalhando no Japão. Tetsuji Kawakami - 7ª leva da segunda fase, caqui, morango. Takeki Kutiki - 7ª leva da segunda fase, dono de bar. Teruo Masuda - 12ª leva da segunda fase, caqui, castanha, alho, hortaliças.

Se isso for efetivado, os Cotia Seinen estariam gerando um negócio que tornaria um legado. Seria o desejo original como agricultores.

Teruo Akune - 31ª leva da segunda fase alho, morango, hortaliças. Livro: Comemorativo dos 40 Anos de Imigração de Cotia

Cotia Seinen de Piedade

Seinen, p.47~50

Sadatsugu Kameda - 1ª leva de primeira fase, sem ocupação. Takayuki Yonekawa - 1ª leva de primeira fase, produz caqui. Tokuyoshi Kawakami - 3ª leva da primeira fase, produz caqui e dedica-se à pecuária. Tamotsu Ibusuki - 3ª leva da primeira fase, agência de viagem, mercearia, kiwi. Tokusaburo Inami - 7ª leva da primeira fase, caqui, hortaliças. Rikio Yoshimura, 7ª leva da primeira fase, alho, cebola. Mitsuru Kitamura - ª leva da primeira fase, produção em estufa (hortaliças). Manji Takeda - 8ª leva da primeira fase, morango, hortaliças. Hideo Futigami - 8ª leva da primeira fase, caqui, castanha, morango, tomate.

Avenida com cerejeiras em Piedade

Tsuguo Kimura - 10ª leva da primeira fase, produção e venda de sorvete. Akira Isechi - 12ª leva da primeira fase, alcachofra, horta-

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Os líderes que formaram e incentivaram os Cotia Seinen LEMBRANÇAS DO SR. SHIMOMOTO Devem ter sempre tanto a experiência como o estudo Kei Kuroki (Vargem Grande Paulista)

Outro dia, visitei a Estação Experimental de Moinho Velho depois de muito tempo. Ali ainda se conserva os aspectos de 20 anos atrás. Estava silencioso envolto em verde profundo. No alojamento em que passei a primeira noite após a chegada ao Brasil, recordei com nostalgia o salão em que o sr. Shimomoto, meio gripado e envolto em um sobretudo cinza, conversou com humor. Não sei por que tive a sensação de ter retornado à terra natal. Pois bem, a introdução ficou longa, mas ao recordar da figura do sr. Shimomoto, lembro até do conteúdo do que ele disse e resolvi escrever sobre isso. São duas narrativas alegóricas. Primeiro caso Há muito tempo, no local isolado de Tosa morava um homem chamado Gosuke que era famoso por "otenki mi (previsão de tempo)". A previsão que ele fazia do tempo era certeiro. Sua fama chegou aos ouvidos do Tonosama (senhor feudal) de Tosa e foi lhe dada a oportunidade de mostrar sua habilidade. Ele acertou 100 vezes em 100 tentativas sem nenhum erro. Então, Tonosama chamou Gosuke para perto e disse: Gosuke, sua habilidade de previsão é divina. É uma pena passar a vida inteira em Tosa. Pela honra de Tosa, vá para Edo (atual 122

Tóquio) prestar serviço diretamente ao Xógun (líder máximo dos senhores feudais)." Gosuke aceitou agradecido essa sugestão e foi para Edo. Um dia, o Xógun resolveu se divertir com a caça levando um grande número de kerai (vassalos). Então, Xógun perguntou a Gosuke sobre o tempo do dia seguinte. Gosuke disse sem hesitar "sr. Xógun, amanhã o tempo será excepcionalmente bom, ideal para caça". O Xógun ficou muito contente e foi caçar animadamente. O tempo, que era bom pela manhã, enquanto perseguiam freneticamente a caça, virou e choveu torrencialmente. O Xógun que ficou molhado até os ossos, assim que voltou chamou Gosuke e esbravejou: "Esse kitsune tenkiya (meteorologista falso), há limite para insultar as pessoas. Desapareça logo." Gosuke se retirou dali intrigado. "Que estranho. Por que a previsão falhou? Ah, o culpado é esse fundoshi (faixa de pano que fazia a vez de cueca). Enquanto estava no interior, não trocava e nem lavava o fundoshi até rasgar. Se o fundoshi ficava úmido era chuva e se secava o tempo era bom. Mas em Edo, o assistente me fazia trocar fundoshi todos os dias. É obvio que esse fundoshi não tem poder divino." E Gosuke voltou vacilante para a terra natal. Segundo caso Era a época em que a medicina avançada da Holanda estava se espalhando por todo o Japão. O Tonosama de Tosa, para não ficar para trás em relação a outros hans (feudos japone-


Cotia Seinen: 60 anos de União

ses na época do xogunato de Edo), ordenou a Wakatono (filho herdeiro de Tonosama) que fosse para Holanda aprender a medicina avançada de lá. Como era local em que Wakatono queria ir, concordou em ir sem hesitar. Após longa viagem ele chegou a Holanda, acompanhado pelo funcionário Tarokichi. Todos os dias, recebendo uma hospitalidade calorosa, Wakatono estudou a nova ciência. Por ter boa formação, anotou em cadernos e juntou livros ficando mais na teoria do que prática. Enquanto isso, o servo Tarokichi, limpava o quarto, ajudava na dissecação do corpo humano e ele também acabou aprendendo sobre a constituição do corpo humano e a forma de tratamento de doenças. Finalmente, passaram os dois anos combinados e chegou o dia de voltar para o Japão. O resultado de estudo de dois anos do Wakatono estava em numerosas caixas cheias de livros e cadernos. Quanto a Tarokichi, não tinha nada e só acompanhava o Wakatono. O navio atravessou o Oceano Índico e, quando já se podia contar nos dedos os dias que faltavam para chegar ao Japão, a embarcação foi pega por uma tempestade e acabou naufragan-

SOBRE O SR. YAMANAKA - Nós o chamávamos de "sr. Entatsu" Hideyo Isewaki

Foi totalmente normal, mas a primeira vez que encontrei com o sr. Yamanaka foi no navio América-maru, no porto de Santos, e ele era o chefe da seção de imigrantes. Naturalmente, não o conhecemos como "sr. Hiroshi Yamanaka". Ele era chamado por nós, 109 companheiros, de sr. "Entatsu". Creio que o navio tenha aportado em Santos por volta das 6 horas da tarde. Nessa noite, chegou uma ordem de "reu-

do. O resultado de dois anos do Wakatono desaparecera no fundo do mar. Felizmente, Wakatono e Tarokichi foram salvos e conseguiram voltar ao Japão. O Tonosama de Tosa ficou muito contente por eles voltarem salvos e disse: "É uma pena os livros do Wakatono terem desaparecidos no mar, mas vamos construir um hospital de medicina holandesa", e construiu um hospital admirável. Ao iniciar o atendimento no hospital, Wakatono de repente percebeu que estava em apuros, percebeu que não havia restado na cabeça o que havia aprendido. Como não tinha como recuar, Wakatono colocou Tarokichi do lado e trabalhou perguntando para o funcionário. Assim, dentro das duas narrativas, a primeira mostra que uma experiência não serve sempre em todos os lugares. A segunda mostra que depender só de livros não ajuda na prática. Ou seja, o sr. Shimomoto ensinou na palestra que todos devem ter tanto a experiência como o estudo. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.40~41

nião de todos os Cotia Seinen" em cabines de segunda classe, e houve uma explicação sobre a alfândega do dia seguinte e depois sobre o desembarque. Com o cotovelo do braço esquerdo dobrado e marcando um pouco o ritmo no ar e com voz retinida ele fez o discurso de advertência. O rosto era do sr. Entatsu, mas o conteúdo da conversa era de chefe da seção de imigrantes. Com um pequeno crachá escrito C.A.C. (na época pronunciávamos Shii, Ei, Shii) que indicava Cooperativa Agrícola de Cotia, e o núme123


Cotia Seinen: 60 anos de União

ro do controle no peito, eu esperava o ônibus meio perdido quando, o sr. Yamanaka gritou para os rapazes: "Ei, não é aí, é este ônibus". O diretor Yamashita, que tinha vindo recepcionar, observou: "Sr. Yamanaka, os jovens não vão entender dizendo de repente ônibus (em português)..." Durante os 4 anos de contrato, exceto para chamar a esposa para vir ao Brasil, não recebi nenhuma ajuda especial, mas depois de me tornar independente ele mostrou preocupação perguntando sempre que se encontrava comigo "Já comprou terra?" Certo dia, fui chamado "Isewaki, venha, tenho uma conversa" e fui levado de repente para a sala do diretor superintendente Ohira, que na época era diretor também da Notakyo (Cooperativa Central Agrícola e de Colonização do Brasil), e disse: "Que tal você ir para o Rio Ferro e se esforçar lá?", e o sr. Ohira também recomendou: "Seria gratificante se um jovem como você fosse para lá", de modo que perguntei sobre detalhes e o sr. Yamanaka disse: "Não sei os detalhes, mas não dá para ir verificar, pois são 2 mil km só de ida, então é mudança imediata. A pimenta tem boa saída" e passou para mim 50 a 60 fotos que, se não me engano, o sr. Otani de Iguape tirou quando foi fazer a verificação. Reitornei com as fotos dizendo "vou consultar minha esposa". Isso era também um aliciamento por sentimento paternal do sr. Yamanaka de alguma forma fazer com que eu obtivesse terra, mas minha esposa tinha um filho por ano e estava grávida do terceiro filho. O trabalho não estava indo bem e não tinha perspectiva de levantar recurso para fazer mudança para um local distante, e mesmo reconhecendo que pimenta e borracha tinham futuro, tive que desistir. Em Rio Ferro, no início ocorreu uma praga na pimenta e parece que quem foi sofreu, mas atualmente a 124

borracha está indo bem, o que é muito bom. Enquanto acontecia isso, tive a chance de adquirir a terra no atual local. Então, um dia encontrei na matriz da cooperativa com o sr. Yamanaka, que já tinha deixado a cooperativa e que mostrou preocupação dizendo: "Já comprou terra? Se ainda não, que tal vir para Iguape?" "Bem, consegui ao lado de um cemitério", ao responder assim, ele quis saber: "Que bom, mas onde é?" "O local é São Miguel Arcanjo e o depósito regional é de Pilar do Sul. E o como é o Iguape do sr. Yamanaka?", retruquei. "Um japonês só tem paz onde enxerga o mar. É de madeira, mas sentado no piso de madeira do andar de cima (o andar de baixo não é utilizado de fato) e ficar olhando o mar a gente tem paz no espírito", disse com expressão animada também por não ter maiores responsabilidades da cooperativa. Quando o sr. Nagai, originário da província de Gifu, que veio no mesmo navio e que foi enviado para mesmo local, faleceu no Hospital de Cotia sem se recuperar da doença, veio até minha casa me avisar. Não era no atual local, mas em terra arrendada. Ao me localizar trabalhando no brejo, gritou da estrada a 50 metros: "Nagai faleceu!" e desceu sozinho de sua perua. "Estou aplicando defensivo em pimentão, mas assim que terminar irei", respondi desta forma e quando voltei para casa após terminar, o sr. Yamanaka, que pensei que já tivesse ido embora, estava dormindo profundamente na cama onde a criançada havia brincado e deixado cheio de terra. Provavelmente, deve ter passado a noite em claro cuidando do sr. Nagai. Aprontei-me para sair e ao acordar o sr. Yamanaka, ele disse: "Sua esposa serve muita comida. Eu disse que não estou com fome e não dá para comer tanto, mas ela me disse: 'coma o quanto puder' e encheu o prato." Só


Cotia Seinen: 60 anos de União

tinha comido um pouco. Creio que para um corpo cansado a comida era muito simples e não deve ter agradado o paladar. Isso foi por volta das 10 horas da manhã. Quando o enterro do sr. Nagai terminou já tinha passado das 5 horas da tarde e o cemitério ficava do lado oposto de Pinheiros, em Vila Formosa, de modo que o sr. Yamanaka deve ter ficado muito cansado. Mesmo depois de ter deixado a Cooperativa Agrícola de Cotia, o sr. Yamanaka continuava trabalhando para a Notakyo e parece que seus dias eram bem ocupados. Os rapazes que receberam sua ajuda, em retribuição, deram de presente um Volkswagen, mas ele veio a falecer dentro desse carro indo buscar em Santos um jovem a serviço da Notakyo. O túmulo já tinha sido providenciado, mas nesse cemitério toda construção era uniforme, de modo que não havia diferenciação de ricos e pobres. E o nome do Cemitério também era Paz... O caixão desceu e foi jogada terra por

SR. YAMANAKA, O CHEFE TEIMOSO Shizuka Niidome

Creio que haja jovens, que vieram na segunda metade da Segunda Fase, que não tenham encontrado pessoalmente com o Sr. Hiroshi Yamanaka, mas nessa ocasião da Comemoração dos 25 Anos de Cotia Seinen gostaria de escrever, dentro do que posso lembrar, sobre o sr. Hiroshi Yamanaka que, como chefe do antigo departamento de imigração da Cooperativa Agrícola de Cotia, incansavelmente trabalhou tornando-se nossa sombra e nosso sol. Antes, porém, gostaria de falar sobre o meu relacionamento pessoal com o sr. Yamanaka.

cima, então as lágrimas rolaram. O sr. Tomita, que estava junto tanto no Notakyo como em Iguape, comentou: "Esse tipo de gente não deve surgir mais na colônia", ao qual concordo plenamente. Os dois filhos dele trabalham para o Governo do Estado e o sr. Isidoro visitou muitas vezes o Japão acompanhando autoridades como intérprete, mas isso foi depois da morte do sr. Yamanaka. Tanto a esposa do sr. Simomoto como a do sr. Yamanaka não eram pessoas que apareciam em público, e nem é possível imaginar o quanto elas se preocupavam com os jovens. Se as esposas do sr. Simomoto e do sr. Yamanaka desejarem, uma das imigrantes noivas dos jovens poderia acompanhá-las para visitar o Japão, e assim, seria retribuído um pouco da ajuda que os jovens receberam. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.41~42

Encontrei com o sr. Yamanaka no Porto de Santos quando ele veio nos recepcionar, mas o relacionamento iniciou no seminário em Moinho Velho. Na época, no Japão havia um ator de comédia chamado ""Entatsu", que era a cara dele, e lembro dele com a característica voz ruidosa, que uma vez ou outra chamava nossa atenção "korah!" misturando a voz irritada, ajudando no momento de passar pela alfândega e depois do seminário em Moinho Velho, na noite anterior ao envio dos jovens às fazendas. Chamou-nos um por um para explicar minuciosamente sobre o lar do patrão onde iríamos nos 125


Cotia Seinen: 60 anos de União

acomodar e os serviços agrícolas que teríamos que prestar. O que ainda restou na memória de maneira clara foi quando ele disse o local para o qual iria ser encaminhado. Ele falou: " já foram enviados 12 jovens, mas nenhum deles conseguiu ficar. Desta vez, como há um forte desejo da outra parte de cuidar sem falta até o fim e, confiando em você, estou enviando-o para lá, de modo que espero que se esforce." Considerado o pai dos Cotia Seinens , continuou Assim, decidi ir e tracuidando deles até o dia do seu falecimento. balhei ali por um ano e meio, mas por diversos motivos saí dali e fui dei para Cooperativa, enviado para outro lugar. anos até me demitir. Cerca de quatro meses antes de completar os quatro anos do contrato acabei ficando intoxicado pelo agrotóxico. Sem esperança, saí da fazenda e vim para São Paulo, e com ajuda do sr. Yamanaka, recebi tratamento na Santa Casa de Cotia e recuperado, fiquei repousando na pensão Tanaka e pensando: "devo recomeçar voltando para o interior ou me retornar para Japão?" Então, um dia, o sr. Yamanaka disse: "Como está passando? Se está melhor, não fique perdendo tempo nesse lugar e venha para o departamento de imigração ajudar em alguma coisa." E a partir do dia seguinte, fui ao departamento de imigração e passei a trabalhar com o sr. Nishio que também era recém-curado de uma doença e estava nesse departamento. 126

Logo depois, o departamento de imigração se transformou no departamento de colonização e, por ironia, a partir desse momento o sr. Yamanaka se afastou das atividades da imigração. O sofrimento do sr. Yamanaka, que dedicou a vida nas atividades da imigração, deve ter sido maior do que podemos imaginar. Em contraposição, acabei permanecendo e, desde então, por cerca de cinco anos fiz parte do departamento de imigração e depois muonde trabalhei por 10

Como imigrante de Cotia Seinen não consegui tornar-me agricultor independente, mas me orgulho de ter ajudado o grupo, ainda que com pouca capacidade, de dentro da estrutura da Cooperativa Agrícola de Cotia. Isso também ocorreu pelo fato do sr. Yamanaka ter me dado um conselho caloroso percebendo minha situação difícil, sendo incessante o meu sentimento de gratidão. O meu relacionamento com o sr. Yamanaka está citado aqui, mas pensando agora havia também o aspecto de, além do sr. Yamanaka ter língua afiada, bronqueara com a voz ruidosa. Por isso, muitos jovens e patrões chegaram a ter antipatia por ele. No entanto, tenho a sensação de que ele sempre foi honesto, não escondia seus sentimentos e as palavras muitas vezes acaba-


Cotia Seinen: 60 anos de União

vam parecendo ter o sentido oposto. Na época do departamento de imigração, no dia em que ia a Santos recepcionar os novos, desde manhã cedo até meio da noite, e até mesmo na manhã seguinte, não importando quão tarde ficasse, ele não descansava enquanto não constatava que os jovens chegaram bem em Moinho Velho e foram para cama. No escritório, exigia obediência absoluta às instruções e não ficava satisfeito se todo o trabalho não fosse rápido e plenamente correto. E como rotina de trabalho do departamento de imigração, se houvesse alguma ocorrência com alguém, tinha que pegar o livro de registro, mas antes de puxar-mos a informação, o sr. Yamanaka já tinha lembrado sobre qual grupo e de que fase o rapaz era, além do local de origem dele, para onde ele tinha sido enviado etc, de modo que a apresentação da ficha demorava sempre mais do que a memória do Sr. Yamanaka. Ele se preocupava dessa maneira com cada um dos rapazes. Quando um jovem tornava independente, ele aparecia várias vezes e andava estimulando "Ei, está dando para comer?!" Quando sr. N ficou doente e veio para São Paulo, o sr. Yamanaka o levou para o hospital e também se conta que, nos longos corredores e escadas, carregou a mala do rapaz dizendo "você não pode carregar". Além disso, há muitos exemplos de orientação que deu em relação à vida pessoal dos jovens, e ouvi dizer que há muitas pessoas que ficaram emocionados pela bondade dele.

No lar do sr. Yamanaka havia um filho e uma filha em pleno crescimento. Ele não devia estar em condições econômicas confortáveis, mas como nós tínhamos idades próximas à do filho dele, creio que ele conseguia compreender bem o nosso estado de espírito. Os jovens também procuravam o filho dele e até hoje muitos mantém amizade com ele. E mais, a esposa do sr. Yamanaka ficava contente quando nós íamos à sua casa como se os filhos dela tivessem voltado. Assim, éramos recepcionados pela família inteira. Corria de um lado para outro para arranjar noivas para os jovens e todas as vezes que nascia um filho desses casamentos corria para felicitar, mantendo relacionamento familiar com os jovens. Nos últimos anos, o sr. Yamanaka era encarregado da imigração na Notakyo. Um dia tinha ido recepcionar jovens em Santos e, enquanto aguardava o desembarque, cochilava dentro do carro e acabou falecendo repentinamente. Só esse fato já seria um fim apropriado para o sr. Yamanaka, mas como o carro em que estava era um Volkswagen presenteado pelos jovens como "sentimento de retribuição", faz perceber como era forte o vínculo do sr. Yamanaka com os jovens, e isso foi especialmente marcante. Ao comemorar os 25 anos, creio que a vontade de querer mostrar para ele, mesmo que de relance, o presente momento de gala não acontece só comigo. (do 16º grupo da primeira fase, originário da Província de Kagoshima) Livro: 25 Anos de Cotia Seinen, p.132

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Cotia Seinen: 60 anos de União

SRA. KIKU YAMANAKA, NO DESCANSO ETERNO No dia 31 de março de 2015, a sra. Kikuko Yamanaka (viúva do sr. Hiroshi Yamanaka, ex-gerente do departamento de imigrantes da antiga Cooperativa Agrícola de Cotia) teve morte serena aos 104 anos de idade.

bém os filhos crescidos do sr. Yamanaka, com a mesma faixa de idade dos jovens que vinham do Japão, também iam a Santos recepcionalos, ajudando nos trâmites e como intérprete, sentido na pele as dificuldades dos imigrantes O sr. Yamanaka tinha ido como sempre recepcionar os imigrantes em Santos, no carro de estimação presenteado pelos Cotia Seinens para "oyaji" (chefe) e, dentro desse carro, enquanto aguardava, o "oyajisan" faleceu. Foi uma morte tão repentina que ninguém poderia acreditar.

O sr. Hiroshi Yamanaka resolveu se afastar de Bastos para colaborar dedicando toda sua força, tendo empatia com o entusiasmo e a grandeza do significado das palavras do sr. Kikuko Yamanaka com suas filhas, em janeiro de 2010, na casa de campo do sr. Seo Kenkiti Simomoto (exdiretor superintendente da Cooperativa de Cotia) que pretendia trazer "jovens cheios de soDepois disso, parece que a sra. Kiku teve dias nhos para essa terra" preocupado com o retordifíceis, mas os filhos se tornaram membros no de soldados das áreas de combate após a respeitáveis da sociedade e estava vivendo dias derrota do Japão na guerra, aliado à dificuldatranquilos rodeada pelas famílias dos filhos, de de emprego dos segundo e terceiro filhos com netos amorosos. Ao passar dos 100 anos da família de agricultores no meio do caos da de idade, havia aumentado as horas de sono, recuperação econômica do Japão. mas parece que, lembrando o passado cantava sempre a canção "Yuyake Koyake" (Pôr do sol Parece que o fato de a bala da arma de fogo, avermelhado). do grupo que não aceitava a derrota do Japão, ter causado um grande ferimento na perna da Após o funeral, a pedido da família para as sra. Kiku, o influenciou nessa decisão. pessoas que compareceram, todos cantaram em coro "Yuyake Koyake". Foi uma despedia digna A sra. Kiku seguiu o marido corajosamente dide quem teve morte tranquila com vozes fluinzendo "vou junto", mas a vida na cidade não do entre as árvores crescidas em abundância familiarizada levando seis filhos em idade de no Cemitério da Paz. Livro: 60 Anos de Cotia Seinen, p. 69. Publicado inicialcrescimento, incluindo um bebê em fase de mente no boletim Kaihou número 30. amamentação, parece que foi mais difícil do se poderia imaginar. A sra. Kiku apoiou na retaguarda o sr. Yamanaka que, dormindo ou acordando, estava preocupado com os Cotia Seinens. Parece que tam128


Cotia Seinen: 60 anos de União

Atividades e Eventos EVENTOS PATROCINADOS PELA COTIA SEINEM RENRAKU KYOGUIKAI Masahiro Seo

O primeiro grupo de imigrantes do Cotia Seinen, constituído por 109 jovens, desembarcou em 15 de setembro de 1955 no Porto de Santos. Sete anos após a chegada dessa primeira leva, em 15 de agosto de 1962 realizou-se o 1º Encontro de Imigrantes Cotia Seinen. Este grupo foi o primeiro a realizar um evento na colônia Japonesa, genuinamente organizado pelos próprios imigrantes. Deliberado nesta ocasião, em outubro do mesmo ano estabeleceu-se um grupo de informação e debates denominado Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. À seguir explicarei sobre as principais atividades e eventos do Kyoguikai. 1º Encontro de Imigrantes Cotia Seinen Três anos haviam se passado após a independência dos jovens da primeira leva que concluíram seus contratos de quatro anos. Apesar de independentes, começavam do ponto zero e esta realidade acarretou muitos problemas no futuro desses jovens. Sua prioridade era encontrar soluções para resolver esses problemas. O segundo grande objetivo era relatar os frutos de seu esforço e agradecer com um "muito obrigado!" àqueles que os ajudaram. Durante a concepção do evento, o corpo diretivo da Cooperativa de Cotia temia que se iniciasse uma disputa trabalhista. No final das contas, a realização do Encontro se mostrou construtiva tam-

bém para a Cooperativa. Participaram do evento convidados ilustres como o presidente Yasushi Hasumi, da Zenchu, órgão responsável pelo envio dos jovens no Japão, o presidente Koji Miyagui, da Seguradora Kyoei e membro do Comitê de Imigração do Ministério. Um total de 900 pessoas participou no evento em que se transbordava o entusiasmo. Interna e externamente, o evento recebeu elogios de todos os envolvidos e da mídia. Assim, conforme citado, o grupo se formalizou a partir dessa ocasião, estabelecendo-se a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. Posteriormente, o grupo estabelecido tornou-se o núcleo de atividades e acontecimentos, a base de apoio dos membros e de suas famílias. Dentro da colônia japonesa, o evento representou uma oportunidade para solidificar a imagem da organização como a mais original e ativa criada pelos imigrantes do pós-guerra. Na seqüência, realizaram-se com sucesso os 2º e 3º encontros para a pronta efetivação das questões deliberadas no 1º Encontro.

129


Cotia Seinen: 60 anos de União

Realização das Cerimônias Comemorativas Após a realização da Cerimônia Comemorativa de 10 anos, em 1965, a cada cinco anos são realizadas cerimônias e atividades complementares. Como convidados, contamos com a presença de representantes das Associações de Familiares de Imigrantes (mais detalhes na Cronologia Cotia Seinen). Delegação de visita ao Japão de familiares de Cotia Seinen Em dezembro de 1970, organizou-se a 1ª Delegação de Familiares de Cotia Seinen constituída de 150 pessoas (chefe da delegação Sr. Masahiro Seo). As visitas seguintes, que ocorreram a cada dois anos, foram coroadas de sucesso e os participantes muito bem recebidos, não só pelas famílias no Japão, como por todas as partes envolvidas. Na ocasião da primeira visita, duas das famílias foram convidadas a participar do programa de TV "102 ban" da NHK, que destacou o feliz retorno dos imigrantes do período pós-guerra à terra natal. Delegação de estagiários da segunda geração em visita ao Japão Em dezembro de 1979, embarcaram para o Japão 140 membros da 1ª Delegação de estagiários da segunda geração (Chefe da delegação Sr. Mitsunobu Yamada). Com associação, a tarefa da Kyoguikai era estudar como orientar os filhos dos imigrantes. Após analisar a questão, a conclusão foi de enviá-los ao Japão para estagiar. Um grupo de jovens em visita ao Japão era um acontecimento inédito e foi amplamente divulgado nos jornais de língua japonesa da colônia. Os órgãos responsáveis que enviaram os Cotia Seinens, Zenchu e Zentaku, as pessoas relacionadas, e em especial, os familiares dos imigrantes no Japão recepcionaram os jovens, expressando grande contentamento. Este feito aproximou e serviu para aumentar o interesse dos jovens da segunda geração em rela130

ção ao Japão, tendo sido o primeiro passo para a continuidade do intercâmbio. Foi o maior evento da entidade. Delegação de casais em bodas de prata visitando o Japão Em 1985, o projeto foi elaborado como um dos eventos de Comemoração dos 30 anos de Imigração. A delegação foi composta pelo presidente da diretoria da Cooperativa de Cotia, sr. Inoue e esposa, pelo ex-consultor matrimonial sr. Kozeki, e pela sra. Kikuko Yamanaka, viúva do ex-chefe da Divisão de Imigração, sr. Hiroshi Yamanaka. Este projeto teve o intuito de ser uma viagem de agradecimento às esposas (o Chefe da delegação foi o já falecido sr. Setsuo Yamaguchi). Os preparativos do lado japonês foram centralizados pela Zenchu e pela Zentakuren, e na recepção estiveram presentes o Ministro da Agricultura, Florestamento e Pesca, sr. Sato, o presidente da Zenchu, sr. Iwamochi, os viceministros parlamentares, sr. Kondo e sr. Kawahara, o ex-Ministro das Finanças, sr. Watanabe, o Chefe do Departamento de Imigração do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sr. Tanita, o diretor da JICA, sr. Hirakawa, o diretor executivo da Associação de Intercâmbio Nipo-Brasileira, sr. Tamai, entre outros, emocionando profundamente os casais e todos os membros da delegação. Envio de estagiárias de regiões rurais Em 1989, o primeiro grupo de cinco estagiárias foi enviado à cidade de Iida, da Província de Nagano. Este projeto foi idealizado devido ao fato preocupante de no Japão se desposar noivas oriundas do Sudeste Asiático, por falta de candidatas a se casarem com agricultores. Sob o slogan de fachada "intercâmbio nipo-brasileiro de jovens de regiões rurais", resolveuse em princípio, proporcionar às jovens descendentes de japoneses das regiões rurais bra-


Cotia Seinen: 60 anos de União

sileiras, um estágio nas regiões rurais japonesas. A intenção era descobrir como proporcionar oportunidades para os jovens se relacionarem. Em três anos foram enviadas 60 pessoas e 10 pares se formaram e se casaram. O efeito como projeto-piloto foi grande. Nos anos seguintes, o projeto sofreu algumas modificações e foi levado avante pela Zentakuren. As províncias que se incluíram no projeto foram Nagano, Fukushima, Shizuoka, Iwate, Tochigi, Aomori e Fukuoka. A província de Nagano liderou o projeto, Fukushima estruturou o projeto em toda a província e a Cooperativa Agrícola de Kunimi deu espetacular suporte até o término. O projeto exerceu profundo impacto nos envolvidos com as associações de provincianos e serviu de modelo a algumas associações de outras províncias apresentarem suas candidatas. Envio de representante Cotia Seinen e consultor matrimonial Após a realização do 1º Encontro Cotia Seinen estabeleceu-se a Renraku Kyoguikai e iniciouse ações para solucionar os problemas deliberados no Encontro. Os problemas levantados foram os seguintes: estabelecimento do Renraku Kyoguikai, envio da delegação de representantes dos jovens, estudo do sistema de empréstimos objetivando a autonomia dos jovens, criação de colônias, questões matrimoniais (agilizar apresentação de imigrantes candidatas ao casamento), entre outros. Com base nas deliberações, estabeleceu-se formalmente um Conselho Deliberativo (Kyoguikai) e, logo em seguida, se planejou e efetivou o envio de representantes dos jovens. O Kyoguikai enviou duas pessoas ao Japão com fundos próprios da entidade. A partir do terceiro ano, os envios passaram a ser subsidiados pela Zentakuren (Ministério da Agricultura, Florestamento e Pesca), tendo sido incluídos em seu

orçamento. O envio de representantes de jovens foi sistematizado com o propósito de servir como relatório de retorno à pátria dos imigrantes. Cerca de 30 jovens foram enviados ao Japão através deste sistema. Atendendo ao enérgico pedido de "mandem noivas!" dos jovens Cotia Seinen, o conselho deliberativo Cotia Seinen Kyoguikai e a Cooperativa de Cotia realizaram um trabalho de influência junto à Zentakuren, cujo resultado foi a sistematização do projeto. No início, os trabalhos eram centralizados por funcionários e representantes da Cooperativa e posteriormente passaram a ser realizados por veteranos do Cotia Seinen. Em relação à questão das noivas, Yumiko Hibino e Masako Chisaka foram as representantes enviadas ao Japão para promover a "campanha de noivas" e receberam um honroso convite da Imperatriz Michiko, que lhes proporcionou a oportunidade de uma conversa amigável. Participaram também de um programa famoso da NHK chamado "Meu Segredo", e se tornaram personalidades do momento. Publicação do Livro Memorial (Histórico) A publicação do Livro Memorial ocorreu juntamente com a realização da Cerimônia Comemorativa, tornando-se um registro para a posteridade da situação real dos imigrantes Cotia Seinen. Espera-se que, com o passar dos anos, o Livro Memorial sirva como importante material de referência. A cada grupo de estagiários de segunda geração enviado ao Japão, aproveitou-se a oportunidade para publicar em edição bilíngüe japonês/português os depoimentos dos jovens como lembranças da viagem. As publicações proporcionaram a chance de apreender as opiniões e ideias dos jovens. A leitura das referidas publicações certamente oferecerá um nítido panorama dos 50 anos do 131


Cotia Seinen: 60 anos de União

Cotia Seinen. Essas são as melhores publicações dos 50 anos do Cotia Seinen. Essas são as melhores publicações sobre a Cotia Seinen Renraku Kyoguikai, verdadeiras preciosidades. Publicação da Revista Agro Nascente Como a revista "Nogyo to Kyodo" (Lavoura e Cooperativismo) publicada pela Cooperativa de Cotia a partir de 1951, que mudou seu nome para "Agricultura do Brasil", parou de ser publicada em 1978, foi substituída pela Revista Agro Nascente, a partir de 1982. A revista era importante fonte de notícias para os agricultores, uma vez que sua publicação coincidiu com o início do desenvolvimento do cerrado. Perdurou por dez anos, mas por circunstâncias internas e externas, a publicação foi interrompida e passada sem ônus aos cuidados do Jornal Nippak. A citada empresa jornalística deu continuidade ao projeto por mais dez anos, mas por grande redução no número de leitores, infelizmente, a revista deixou de ser publicada. Foram apenas 20 anos de publicação, mas seu significado e objetivo foram praticamente cumpridos. As reportagens e edição estavam sob a responsabilidade dos srs. Tetsuya Tajiri e Osamu Toyama. Viagem recreativa, confraternizações (performance artística, beisebol, jogo de gô e shoji) Em julho de 1976, realizou-se o 1º Torneio de

Beisebol Cotia Seinen, no campo da Associação Japonesa de Vargem Grande. O jogo se iniciou com regras simplificadas, uma vez que o objetivo do torneio era a confraternização. Entretanto, um acontecimento paralisou o jogo por quase duas horas. Em resumo, apesar de ser um jogo para confraternizar, tratando-se de disputar um jogo com vitória e perda, tanto jogadores com torcedores, surpreendentemente começaram a levar a disputa muito a sério. Os diretores encarregados de dar andamento aos jogos foram vaiados pelo público. A confusão foi enorme, a ponto de parecer que diretores, jogadores e torcedores acabariam brigando. Sinto-me nostálgico ao relembrar agora esse incidente, que representou um dos momentos divertidos de minha juventude. Este torneio de beisebol foi realizado dezenas de vezes em locais diversos. Foi o evento que mais contou com o suporte dos associados. Competições de golfe eram realizadas a cada dois meses, nas quais homens e mulheres se divertiam disputando a supremacia. Passavase assim um momento agradável, bebendo e discutindo sobre essas disputas. Atualmente, talvez por causa da idade, o gateball está em alta em todas as regiões. Além dessas atividades, há o jogo de gô, o mallet golf, karaokê, karaokê dançante entre outros, cada um dos quais proporciona divertimento. Livro: 50 Anos de Cotia Seinen p.358~361

Quantidade de Cotia Seinen introduzida no Brasil "Imigrantes de Cotia Seinen" que vieram a partir de 1955, por 12 anos, somando os 1519 jovens introduzidos na primeira fase até 1959 e os 989 jovens da segunda fase, de 1959 a 1967, 132

totalizaram 2508 jovens. Seguem o número do grupo, data do desembarque em Santos, nome do navio e número de pessoas do grupo:


Cotia Seinen: 60 anos de União

PRIMEIRA FASE

19

22/08/1962

Santos

15

Grupo

Data chegada

Nome do navio

Número de pessoas

20

22/11/1962

África

6

1

15/09/1955

América

109

21

14/05/1963

Sakura

20

2

08/11/1955

Brasil

161

21-B

10/06/1963

Argentina

3

17/02/1956

América

124

22

08/09/1963

Sakura

2 10

3-B

13/03/1956

Brasil

12

23

10/10/1963

Argentina

1

4

18/05/1956

África

79

24

11/11/1963

Ruys

1

4-B

09/06/1956

Ruys

5

11/09/1956

Ci Sadane

19

25

06/02/1964

Argentina

21

118

26

20/05/1964

América

43

6

07/11/1956

7

16/01/1957

Ruys

88

27

18/09/1964

África

33

Brasil

124

28

18/01/1965

Santos

13

8

21/05/1957

América

9

11/06/1957

Brasil

125

29

12/04/1965

Brasil

19

65

30

13/10/1965

Brasil

39

10

12/09/1957

Santos

83

31

12/12/1965

Argentina

16

11

11/10/1957

Brasil

82

32

12/02/1966

Brasil

25

12

13/01/1958

Santos

91

32-B

13/03/1966

Boissevain

13

09/02/1958

Brasil

35

33

11/05/1966

Sakura

11

13-B

23/03/1958

África

16

34

12/09/1966

Sakura

20

14

15/05/1958

Santos

56

35

10/01/1967

Sakura

11

15

15/06/1958

Brasil

76

Total da Segunda Fase:

15-B

10/07/1958

Tegelberg

16

20/08/1958

África

52

16-B

12/10/1958

Brasil

3

Total da Primeira Fase:

989 pessoas

1

1519 pessoas

SEGUNDA FASE América

1

1

23/04/1959

89

2

14/07/1959

Brasil

75

3

12/08/1959

Argentina

18

4

08/12/1959

Argentina

79

5

18/01/1960

América

10

6

13/03/1960

Brasil

7

09/04/1960

Argentina

8

12/08/1960

Brasil

29

9

18/11/1960

África

29

10

11/01/1961

Argentina

37

11

24/03/1961

Santos

27

12

08/05/1961

Argentina

45

13

14/08/1961

Brasil

12

63

Dos citados acima, excluindo-se 74 pessoas formando famílias (55 pessoas da primeira fase e 19 pessoas da segunda fase), 88 casais (somente na segunda fase) e 51 pessoas de Sangyo Kaihatsu Seinentai (Equipe Jovem de Desenvolvimento Industrial), que pegou emprestados os moldes do sistema de imigração de Cotia Seinen, todos eram imigrantes jovens solteiros de 18 a 24 anos. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.17

105

14

16/11/1961

África

20

15

10/12/1961

Brasil

9

16

21/03/1962

Santos

16

17

11/05/1962

Argentina

17

18

22/06/1962

África

7

133


Cotia Seinen: 60 anos de UniĂŁo

Presidentes da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai

134

- Setsuo Yamaguti

1962,1977,1978

falecido

- Tomojiro Yamazaki

1963

- Toshiyuki Maezono

1964

- Sanji Tomoyassu

1965, 1966

- Masahiro Seo

1967, 1968

- Mitsunobu Yamada

1969, 1970

- Kimito Horiuchi

1971

- Kozo Uemi

1972

- Hiroshi Serikawa

1973

falecido

- Mitsuyoshi Maeda

1974

falecido

- Masaaki Yamashita

1975, 1976

- Hiroyuki Ashikawa

1979, 1980

falecido

- Shuzo Yoshiizumi

1981, 1982

falecido

- Toshihiro Kobayashi

1983, 1984

- Teruo Masuda

1985, 1986

- Kaneo Sakurai

1987, 1988

- Tadashi Kamitori

1989, 1990, 1991, 1992

- Masasuke Kuroki

1993, 1994, 1995, 1996

- Hachiro Nagayama

1997, 1998, 1999, 2000

- Kimihiro Kagawa

2001, 2002, 2003

- Issui Takahashi

2004, 2005, 2006

- Osamu Yamashita

2007, 2008

- Shizuka Niidome

2009, 2010

- Makoto Shirahata

2011, 2012

- Shigeyuki Murata

2013

- Susumu Maeda

2014, 2015, 2016

falecido

falecido


Cotia Seinen: 60 anos de União

Relatório da Pesquisa sobre a Situação Atual Por ser entendido como importante no livro comemorativo, foi realizado o enquête e a pesquisa da situação atual dos Cotia Seinen. Desta vez, o número dos que forneceram informações foi de 250 pessoas. Observando a coleta nos últimos 10 anos, verificamos que a cada oportunidade o número está diminuindo para metade. A anterior, de 2005, foi de 460 pessoas. Deixando de lado o significado específico do trabalho de pesquisa, as pegadas deixadas pelos Cotia Seinens durante 60 anos após a imigração estão registradas claramente na história da imigração japonesa. A partir dessa perspectiva, gostaria de enfatizar a importância do registro de cada pessoa. Agradeço de coração aos companheiros que aprovaram e cooperaram com o levantamento e às pessoas encarregadas que se envolveram no trabalho de totalização. Chefe da comissão Yoshikuni Nomura

QUESTIONÁRIO 1. Nacionalidade própria pessoa esposa Japonesa 164 100 Brasileira 4(1) 98 Naturalizada 54 17 Não informado 28 (Obs.: As 4 pessoas que preencheram "brasileira" confundiram com naturalizada? Uma pessoa que está entre parênteses confirmou isso)

2. Relacionamento familiar própria pessoa esposa Mora só o casal 126 119 Mora sozinho 18 10 Mora com filhos e netos 70 65 (Obs.: A diferença 7 pessoas sobre só o casal morar junto, pode ser por estar no Japão ou por estar fora de casa para acompanhar os partos das filhas? ) 3. Situação da vida própria pessoa esposa Aposentadoria 171 121 Ajuda dos filhos 23 19 Rendimento do trabalho 56 30 Rendimento dos bens 66 25 Outros 7 7 (Obs.: Há muitas pessoas que marcaram várias alternativas) 4. Estado de saúde própria pessoa esposa Normal 133 102 Tem doença crônica 63 46 Interna no hospital de vez em quando 12 13 Já fez cirurgia grande 47 37 Não consegue deixar de beber/fumar 29 4 Deixou de beber/fumar 73 1 Está fazendo controle especial de saúde 73 53 Não está fazendo controle especial de saúde 53 30 Tem plano saúde privado 125 106 Exame de saúde 1 vez por mês 30 18 Exame de saúde 1 vez por ano 106 48 Não faz exame de saúde 24 22 135


Cotia Seinen: 60 anos de União

Já teve doença grave Não teve doença grave A velhice em casa ou em instituição A velhice pode ser tanto em casa ou na instituição Em branco

55 50

24 47

149

121

45 6

35 13

5. Na ocasião da independência (incluindo também fora da agricultura) Recebeu financiamento para independência da Cooperativa Agrícola de Cotia 49 Auxílio do patrão 43 Auxílio do Japão 9 Auxílio de uma terceira pessoa 19 Financiamento do banco 62 Capital próprio 67 6. Situação do patrão da fazenda para onde foi encaminhado Proprietário de terra 133 Avicultor 44 Agricultor com terra arrendada 39 Fruticultor 28 Mudou atividade durante emprego 4 Verdureiro 59 Produtor diversificado 26 Batateiro 86 Outros 6 7. Acontecimentos após a imigração Número de mudanças até o atual local de residência 1 vez 22 2 vezes 17 3 vezes 23 4 vezes 20 5 vezes 15 6 vezes 9 7 vezes 4 8 vezes 2 9 vezes 4 10 ou mais vezes 5 136

Quantidade de anos em que está residindo no atual local 3 ou mais anos 5 ou mais anos 10 ou mais anos 20 ou mais anos 30 ou mais anos 40 ou mais anos 50 ou mais anos 60 anos no mesmo local

7 3 14 9 10 34 23 3

8. Sobre ter imigrado como Cotia Seinen Orgulhoso 58 Satisfeito 127 Resignado 15 Decepcionado 5 9. Sobre Cooperativa Agrícola de Cotia - Filiou-se a cooperativa 145 - Não se filiou a cooperativa 46 - Encontrou com o diretor superintend. Kenkiti Simomoto 74 - Não se encontrou com diretor superintend. Kenkiti Simomoto 99 - Extinção da Cooperativa foi natural 30 - Extinção da Cooperativa foi uma pena 134 - Extinção da Cooperativa foi desoladora 12 10. Sobre Cotia Seinem Renraku Kyoguikai - Deseja a manutenção da atual situação 131 - Continuidade desnecessária 3 - Já foi até o escritório da Kyoguikai (Pinheiros) 86 - Nunca foi até o escritório da Kyoguikai (Pinheiros) 106


Cotia Seinen: 60 anos de União

QUESTIONÁRIO (2) 1. Motivação para a imigração Viu o anúncio de recrutamento 63 Tinha parentes, conhecidos no Brasil 29 Para desenvolvimento pessoal 52 Saída para a situação em que se encontrava 29 Sonhando com grande fazenda 45 Simples curiosidade 30 Enjoado de viver no Japão 9 Dificuldade de arranjar emprego 10 Incentivado pelos veteranos 9 (Obs.: há pessoas que marcaram dois itens) 2. Ocupação antes da imigração (incluindo estudo) Agricultura 72 Atividade Florestal 2 Pesca 2 Funcionário Público, Educador 8 Balconista, funcionário deescritório 12 Engenheiros (agricultura epecuária) 19 Relativo a construção 10 Força de Autodefesa 6 Torneiro 6 Enfermeiro 2 Carpinteiro 1 Faculdade e superior de curta duração 8 Logo depois de formar no colegial 76 Recém formado em escola 26 3. Vida no navio de imigração e depois disso Foi agradável 116 Foi penosa por enjoo no navio 31 Impressão no momento da escala 12 Conseguiu fazer intercâmbio com pessoas 38 Romance dentro do navio 3 Participou ou participa de reunião dos que vieram no mesmo navio 60 Nunca participou de reunião dos que vieram no mesmo navio 75 (Obs: Supõe-se que a reunião dos que vieram no mesmo navio aconteça pela motivação de um organizador)

4. Sobre os 4 anos de trabalho agrícola obrigatório - Teve sorte com patrão 85 - Não foi até o Depto de imigração 55 No caso de ter ido ao Depto de imigração Por problema de independência 6 Por conflito com patrão 19 Por problema no casamento 10 Para consultar sobre doença 6 Outros 16 - Vagou desiludido 10 - Mudança de ocupação no meio Comércio 15 Assalariado 14 Outros 9 - Cumpriu de alguma maneira durante 4 anos 78 - Sofreu no relacionamento c/companheiros 9 - Depois de encaminhado para fazenda: mudou dentro de 1 ano 26 mudou dentro de 2 anos 37 mudou dentro de 3 anos 22 completou os 4 anos 110 5. Passatempos, diversões própria pessoa esposa Karaokê 40 31 Coral 1 8 Min-you 2 2 Dança japonesa 11 Dança de salão 2 8 Haiku 14 9 Tanka 9 9 Ensaio 3 3 Leitura 73 21 Revista mensal/semanal (japonês) 63 40 Revista mensal/semanal (português) 4 Programa de TV 58 60 DVD 67 69 Câmera 20 10 Viagem 62 64 Pesca 28 10 Bonsai, jardinagem 23 2 Shodo (Caligrafia japonesa) 1 3 Pintura 2 137


Cotia Seinen: 60 anos de União

Shogi Igo Number cross

4 1 -

1

(Obs.: Bonsai e jardinagem são divertimentos da velhice que podem trazer rendimento)

6. Esporte própria pessoa esposa Gateball 30 9 Golfe 10 6 Mallet Golf 20 14 Park e Grand Golf 6 4 Voleibol 3 Natação 4 6 Atletismo 3 Ciclismo 4 1 Radio Taiso 13 12 Kenko Taiso 25 27 Ioga 2 Kendo 5 Judo 3 Tênis 1 Tênis de Mesa 1 Jogging 22 22 Walking (Caminhada) 1 1 Hidroginástica 1 Obs.: · Beisebol e Futebol acabaram naturalmente por causa da idade · Em natação e atletismoas mulheres estão mais presentes · Jogging é prova de harmonia dos casais

7. Comunicação e informação própria pessoa esposa Jornal de língua japonesa 118 64 Jornal de língua portuguesa 1 18 Televisão 145 122 Rádio 9 7 Facebook 12 6 E-mail e internet 31 35 Telefone (internacional) 58 47 Carta 22 36

138

8. Consciência como japonês própria pessoa esposa Tem interesse pelo futuro do Japão 147 101 Não tem interesse pelo futuro do Japão 16 15 Mantém comunicação com lado japonês 132 81 Não mantém comunicação com lado japonês 11 8 Pertence a organizações de origem japonesa 138 105 Não pertence a organizações origem japonesa 25 23 Tem relacionamento com brasileiros 129 116 Não tem relacionamento com brasileiros 20 14 Conversação com filhos e netos em japonês 120 108 Conversação com filhos e netos em português 80 88 Satisfeito c/crescimento dos filhos e netos 149 133 Insatisfeito c/crescimento dos filhos e netos 6 4 Resignado c/crescimento dos filhos e netos 12 10 ______________________________________

RELATÓRIO GERAL DA PESQUISA DE SITUAÇÃO ATUAL Esse é o resultado da pesquisa onde as informações foram dadas aos colaboradores. Foram ouvidas 248 pessoas. Encarregado: Kozo Fujii Porcentagem das idades Idade número de membros % 1 66~70 10 pessoas 4,0 2 71~75 53 pessoas 21,4 3 76~80 122 pessoas 49,3 4 81 ou mais 42 pessoas 16,9 5 Falecidos 15 pessoas 6,0 6 Em branco 6 pessoas 2,4 Total 248 pessoas 100,0 (Média de idade 77,3 anos)


Cotia Seinen: 60 anos de União

Dentro da família dos pais o entrevistado é: 1º filho homem 29 pessoas 11,7% 2º filho homem 78 pessoas 31,4% 3º filho homem 51 pessoas 20,6% 4º filho homem 26 pessoas 10,5% 5º filho homem 25 pessoas 10,1% 6º filho homem 8 pessoas 3,2% 7º filho homem 3 pessoas 1,2% Não responderam 28 pessoas 11,3% Total 248 pessoas 100,00%

NÍVEL DE ESCOLARIDADE Escolaridade Não informado Primário completo Antigo ginásio completo Ginásio completo Colegial incompleto Colegial completo Superior incompleto Superior curta duração Superior completo Total

quantidade % 19 pessoas 7,7 3 pessoas 1,2 1 pessoa 0,4 59 pessoas 23,8 20 pessoas 8,1 131 pessoas 52,8 2 pessoas 0,8 4 pessoas 1,6 9 pessoas 3,6 248 pessoas 100,0

OCUPAÇÃO ANTES DA IMIGRAÇÃO Ocupação Agricultor Assalariado Estudante Sem ocupação Florestal Pescador Não informaram Total

quantidade 100 pessoas 57 pessoas 30 pessoas 14 pessoas 1 pessoa 1 pessoa 45 pessoas 248 pessoas

% 40,3 23,0 12,1 5,6 0,4 0,4 18,2 100,0

139


Cotia Seinen: 60 anos de União

FONTE DE RENDA ATUAL Ocupação Aposentado Agricultor ativo Assalariado Transferido p/ filho Comerciante Acupunturista Tintureiro Marceneiro Viveiro de pesca Jardineiro Administrador de Salão de Casamento Em branco Total

quantidade % 115 pessoas 46,5 81 pessoas 32,7 15 pessoas 6,0 15 pessoas 6,0 6 pessoas 2,4 2 pessoas 0,8 1 pessoa 0,4 1 pessoa 0,4 1 pessoa 0,4 1 pessoa 0,4 1 pessoa 0,4 9 pessoas 3,6 248 pessoas 100,0

(Dos 248 colaboradores da pesquisa, os que tem experiência de decasségui noJapão são 22 pessoas, ou seja 8,9% do total.)

ÁREA DE PROPRIEDADE AGRÍCOLA Área total = 35.810,8 ha (hectares) Proprietários de terra = 72 pessoas Área 30.000 ha 1.000 ha ou mais 500 ha ou mais 300 ha ou mais 200 ha ou mais 100 ha ou mais 50 ha ou mais 20 ha ou mais 10 ha ou mais menos de 10 ha Total

140

quantidade 1 pessoa 1 pessoa 3 pessoas 1 pessoa 2 pessoas 4 pessoas 5 pessoas 17 pessoas 16 pessoas 22 pessoas 72 pessoas

IDADE DAS ESPOSAS Idade das esposas 65 anos ou menos 66~70 anos 71~75 anos 76~80 anos Acima de 80 anos Falecida Não informado Divorciada Total

quantidade 10 pessoas 37 pessoas 90 pessoas 69 pessoas 6 pessoas 15 pessoas 20 pessoas 1 pessoa 248 pessoas

% 4,0 14,9 36,4 27,9 2,4 6,0 8,0 0,4 100,0


Cotia Seinen: 60 anos de União

COMPANHEIRA DE CASAMENTO Companheira de Casamento Noiva chamada do Japão

pessoas

%

78 pessoas 31,5

Japonesa residente no Brasil 44 pessoas 17,7 Descendente de 2ª geração 114 pessoas 46,0 Descendente de 3ª geração

0

0

Não descendente de japonês 4 pessoas

1,6

Não informado

4 pessoas

1,6

Imigração em família

3 pessoas

1,2

1 pessoa

0,4

Divorciado Total

248 pessoas 100,0

COMPANHEIROS DE CASAMENTO DOS FILHOS Companheiros de Casamento

Filho (%) Filha (%)

Brasileiro (a)

34,0

26,8

Descendente de 2ª geração 30,9

34,6

Descendente de 3ª geração 16,6

15,0

Japonês (a)

2,4

6,3

Solteiro (a)

6,1

8,7

Falecido (a)

6,9

3,2

Outros

2,1

2,7

Divorciado (a)

0,6

1,1

Total de pessoas

375

379

96

71

Em branco

141


Cotia Seinen: 60 anos de União

ESCOLARIDADE FINAL DOS FILHOS

OCUPAÇÃO DOS FILHOS

Total de 806 pessoas Escolaridade final de Primário Ginásio Colégio Faculdade Pós-Graduação

Ocupação

(Total: 806 pessoas)

FILHOS

FILHAS

filho (%) filha (%) 0,3 0,5 5,0 2,8 36,2 29,6 57,8 66,4 0,7 0,7 100,0 100,0

Filha Total

Funcionário de empresa

83

65

148

Agricultor

90

37

127

Funcionário público

29

46

75

No Japão

30

21

51

Comerciante

36

7

43

Administrador

25

13

38

Engenheiro industrial

20

17

37

Serviço doméstico

9

13

22

Bancário

5

17

22

Médico

6

12

18

Professor

3

13

16

Professor universitário

3

6

9

Dentista

1

7

8

Contador

5

4

9

Engenheiro agrônomo

3

1

4

Engenheiro civil

3

1

4

Falecido

24

12

36

Em branco

77

59

136

Outros

27

41

68

464

412

876

Total Número de Netos Netos = 543 pessoas Netas = 526 pessoas Número de Bisnetos Bisnetos = 11 pessoas Bisnetas = 7 pessoas

142

Filho


Cotia Seinen: 60 anos de União

TERMINADA A PESQUISA DA SITUAÇÃO ATUAL

Membros da Comissão de Pesquisa da Situação Atual:

Ouvindo a opinião da maioria de que o evento de 60 anos de imigração será provavelmente a última oportunidade, forçosamente implementamos a pesquisa da situação atual.

Yoshikuni Nomura, Kozo Fujii, Shizuka Niidome e Yuichi Suzuki

Na pesquisa realizada por ocasião da comemoração dos 20 anos (1975), o departamento de imigrantes de Cooperativa Agrícola de Cotia foi encarregado de sua implementação e teve como alvo os 2.238 Cotia Seinens e, desde então, em cada comemoração de ano marcante tem sido feita a pesquisa.

Livro: 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em japonês) p. 141~153

Desta vez, enviamos os formulários da pesquisa junto com o boletim da associação a mais de 800 associados dos quais temos os endereços e, colocando um envelope selado, pedimos que nos enviassem de volta, mas não atingimos nem 500 pessoas que era a nossa meta. A propósito, ao ver os números das cinco coletas anteriores, a cada coleta está diminuído a metade dos participantes e, desta vez, com apenas 250 pessoas respondendo, fica um sentimento inconformável. Contudo, ao mesmo tempo em que expressamos novamente o agradecimento aos senhores associados que colaboraram com a pesquisa, não paramos de acreditar que as pegadas deixadas por nós Cotia Seinens por mais de meio século no Brasil, são heranças preciosas que podemos deixar de presente para a posteridade.

143


Cotia Seinen: 60 anos de UniĂŁo

144


Cotia Seinen: 60 anos de União

Capítulo 2 O LONGO CAMINHO PERCORRIDO

145


Cotia Seinen: 60 anos de União

20 anos de casamento

Miwako Yoshiizumi

Hoje é dia de comemoração do meu casamento. Para mim é também o dia em que comemoro os 20 anos de travessia para o Brasil. Há 20 anos, no dia 18 de maio de 1960, vim para o Brasil, num continente desconhecido continente como "noiva imigrante" do Cotia Seinen, confiando no marido, que era Cotia Seinen do primeiro grupo e da primeira fase, que só conhecia pela foto e por algumas cartas, desvencilhando dos pais e irmãos que eram contrários à minha vinda. Desde então o tempo passou rapidamente e estando na mesa com os filhos refleti casualmente sobre esses 20 anos. Quanto tinha a idade da filha mais velha, que estuda na faculdade sem nenhuma preocupação, tornei-me membro da Kaigai Iju Kenkyukai (Associação de Pesquisa de Emigração Ultramarina) e, atrás de sonhos, emigrei para o Brasil no ano seguinte como noiva. Refletindo agora, foi uma grande aventura. Criada como filha caçula de cinco irmãos, apenas com 19 anos e sem saber nada do mundo, não que tenha vindo para o Brasil com um raciocínio superficial sobre a realidade, mas a vida de recém-casada era modesta demais. Percebendo isso, meu marido dizia na casa de parede de barro, com alegria forçada, que a vida estava começando agora e que deveríamos nos esforçar para fincar as raízes passo a passo no Brasil. 146

Para o ser humano fazer alguma coisa são necessários esforço e perseverança. Especialmente, nós que casamos só com troca de foto e de cartas. Creio que há o dia de hoje por não termos destacado os defeitos de ambos, por termos consideração mútua e estarmos sempre com uma postura positiva. Naquela época, achei que era digna de confiança a firmeza de caráter dele, apesar da sua aparência nervosa num físico pequeno de 1,60 m e 52 kg. Sempre me apoiei nele. Meu marido, que há 25 anos veio para Brasil sonhando em ser criador de gados, sem se dar conta, tinha se tornado tomateiro. Morando em Indaiatuba já faz 18 anos que produz tomates. Em 1970, pensando na educação dos filhos, instalamos a residência na cidade e meu marido se tornou agricultor que se desloca todos os dias para a plantação levando marmita e eu quase não vou mais para a plantação. Em 1972, meu marido foi para o Japão levando os filhos mais velhos para visitar o túmulo da família, integrando a Primeira Delegação de Visita ao Japão de Cotia Seinen. E em 1976, fui ao Japão levando os filhos menores para visitar os túmulos de meus pais e de minha irmã mais velha. Sonhava em rever o Japão e revi depois de 16 anos. Ao me afastar do Brasil, percebi as qualidades do Brasil e nunca tinha sentido como


Cotia Seinen: 60 anos de União

naquele instante. Como foi realmente bom ter me emigrado para o Brasil. O Brasil é um país do futuro, é um país em que dependendo do esforço da pessoa é possível realizar sonhos mesmo que estes sejam enormes. E nós também continuamos perseguindo um sonho sem limites. Como atividade comemorativa dos 25 anos de imigração do Cotia Seinen, no ano passado foi organizada a Delegação de Estagiários da Segunda Geração do Cotia Seinen e 150 jovens visitaram a terra natal de seus pais em todo o Japão. Estou agradecida por esse projeto ter sido realmente bem sucedido. Será que no passado houve este tipo de projeto? Creio que foi possível por ser do Cotia Seinen. Peço que continuem com esse projeto para os jovens, que precisam crescer e se lançar no mundo como brasileiros descendentes de japoneses e como cidadãos do mundo. Estou contente com o resultado pelo qual as

crianças na visita ao Japão sentiram a necessidade da língua japonesa. Eles passaram naturalmente a conversar em japonês em casa e os irmãozinhos também estão imitando. Tenho ouvido que o desconhecimento da língua foi trágico para imigrantes. Para que isso não aconteça com Cotia Seinen, gostaríamos de ir discutindo assuntos em comum entre pais e filhos. Creio que não acontece só comigo, mas a vida no Brasil ficou mais longa do que no Japão. Os jovens do grupo Cotia Seinen fincaram firmemente as raízes em um canto do Brasil e se tornaram proprietários de terra. Eles vieram atuando em diversas áreas do Brasil, tendo conforto material e psicológico, e nós, que somos suas esposas, como heroínas anônimas estamos apoiando vocês. Olhando para trás e vendo os dias que se passaram trabalhando muito, creio que podemos ensejar uma situação mais tranquila, apreciando as coisas boas da vida. Livro Comemorativo dos 25 anos de Cotia Seinen, p.134

A carta que chegou do Brasil

Terumi Nishio - Esposa de Norio Nishio, da 16ª leva da 1ª fase, da Província de Tottori

Dias da juventude em que ficamos fascinados pelo Brasil Ao ver o céu azul límpido, lembro-me do céu visto no interior do Japão, e muitas vezes até estranho como se fosse coisa de outra pessoa, como uma interiorana pacata como eu está morando do outro lado do planeta, longe da terra onde nasceu e cresceu. Ao me formar no curso colegial, fui morar com a família da minha tia e trabalhar no comércio que ela administrava na cidade. Combinando

com o treinamento de noiva, e tendo passado cerca de três meses, minha mãe me enviou alguns exemplares da revista "Ie no Hikari", dizendo: "deve estar com saudade do interior, morando pela primeira vez na cidade". À noite, no horário livre, lia aos poucos essas revistas e em uma delas encontrei o artigo "Cotia Seinen volta do Brasil à terra natal" e não pude segurar o meu coração palpitar mais forte. 147


Cotia Seinen: 60 anos de União

Já fazia seis anos (na época em que tinha acabado de entrar no curso ginasial), tinha começado a aprender a geografia mundial e tinha aprendido também sobre o Brasil com seu vasto território.

nome que via pela primeira vez. Ao abrir receosamente a carta, era de uma pessoa que trabalhava no departamento de imigrantes da Cooperativa Agrícola de Cotia chamada Nishio. Nessa ocasião, chegaram muitas cartas aos srs. Yamaguchi e Kiyohashi que, Mesmo no interior, a instalação como representantes dos Cotia do cabo de telefone estava senSeinen, circularam por todo o Norio e Terumi Nishio do feita e, no horário do almoJapão. Os dois levaram para o ço, era anunciada pela cooperativa o recrutaBrasil um monte de cartas como "lembranças" mento do Cotia Seinen. Ao chegar o inverno, para o departamento de imigrantes. As pessoeu tinha ulceração na pele causada pelo frio as envolvidas ficaram surpresas com a grande quase todos os anos. Mesmo sabendo que era repercussão. As cartas eram de pessoas que impossível, tinha época em que ficava pensanqueriam ir para o Brasil, que pediam dados, do que se fosse menino poderia ir para o Braque queriam saber sobre a realidade do Brasil, sil. etc. e foram divididas por desejos e os companheiros estavam ocupados para responder. No Ficava maravilhada ao saber que havia muitos final da carta estava escrito: "de São Paulo onde jovens que emigraram de verdade para o Brabrilha a constelação do Cruzeiro do Sul". sil, inflamados com o sonho e a esperança numa vasta terra, respondendo ao recrutamento do Eu que tinha acabado de completar 19 anos, Cotia Seinen. Ao ler diversas vezes os textos do não podia acreditar que a carta havia chegado sr. Yamaguchi e do sr. Kiyohashi, que estavam do Brasil e por um instante fiquei com a sensavisitando o Japão pela primeira vez como Coção de donzela no meio do sonho. Assim, a moça tia Seinen, fiquei totalmente emocionada. Fido interior que queria apenas saber sobre o quei com vontade de saber mais sobre o Brasil Brasil, com quatro anos de troca de cartas e de todo o jeito. Demorei dias escrevendo uma com o apoio da irmã mais velha, que mais do carta, mas passei quase uma hora na frente do que qualquer pessoa desejou a felicidade da posto de coleta de correspondência, cilíndrico irmã, com a colaboração de muitas pessoas e a e vermelho, indecisa se iria postar ou não. Como compreensão de pais e irmãos, casei-me com a se fosse empurrada pela própria voz dizendo primeira pessoa que me enviou uma carta ines"Se não enviar, vai se arrepender por não ter perada. feito nada", postei. Admirada e surpreendida por ter enviado carta para pessoas que estaMeu marido também veio para o Brasil como vam numa revista, era como se tivesse feito Cotia Seinen, sonhando com a vasta terra com algo como agarrar as nuvens. Quando estava 18 anos de idade, mas na atividade agrícola quase esquecendo que tinha enviado a carta, com a qual não estava acostumada, e com o chegou uma carta do Brasil. cansaço pelo excesso de trabalho, em apenas três anos ficou doente, e ainda por cima, quanEm São Paulo onde brilha a constelação do do o médico deu o diagnóstico de que estava Cruzeiro do Sul com tuberculose pulmonar e não era mais posO remetente não era sr. Kiyohashi, mas um sível trabalhar na agricultura debaixo do sol, 148


Cotia Seinen: 60 anos de União

parece que o choque foi tão grande que perdeu a consciência. Parece que o chefe do departamento Sr. Yamanaka pediu para a sra. Margarida Watanabe da Assistência Social Dom José Gaspar. Foi possível interná-lo em um hospital de isolamento administrado por religiosas. Talvez, por achar que era por demais miserável, um jovem magérrimo e sem nenhum parente e ter que ser internado num hospital, ou por saber que a tuberculose corroeria o corpo e faria perder a força física, o chefe do departamento Yamanaka carregou a pequena mala com os pertences que era único bem que ele possuía e o acompanhou dizendo "Você está doente". Ao que parece, isso deixou meu marido tão grato e contente que quase chegou às lágrimas e até hoje se lembra disso. Como a doença foi diagnosticada cedo e recebeu um bom tratamento especializado, em um ano conseguiu ter alta, mas depois da recuperação, sem perspectiva de emprego e sem dinheiro parece que estava no limite da decepção. Então, o chefe do departamento disse "Como ainda não pode se esforçar, que tal trabalhar por um tempo no departamento de imigrantes da cooperativa?" e acabou recebendo ajuda novamente. Diz meu marido que "Se não fosse o sr. Yamanaka que estendeu a mão calorosa para mim, que tinha acabado de me curar, e pelas pessoas do departamento de imigrantes, não sei se poderia recomeçar depois da doença". E, exatamente nessa época, se meu marido não estivesse trabalhando no departamento de imigrantes, não teria se encontrado comigo e eu nem teria vindo para o Brasil. O fato de ter trabalhado no departamento de imigrantes, conhecido muitos companheiros, tomado parte diretamente na recepção de imigrantes com o chefe do departamento, Sr. Yamanaka, sra. Kose e o chefe da estação experimental e

ser beneficiado pela oportunidade de relacionar por meio do trabalho com muitas pessoas, parece que foi para meu marido lembranças preciosas que não dá para esquecer. Passada a tempestade em que vaguei entre a vida e a morte Depois disso, o Cotia Seinen veterano sr. Seo convidou-o para trabalhar na loja de materiais agrícolas e ele deixou o departamento de imigrantes onde havia ficado por quase quatro anos e passou a trabalhar como comerciante atarefado. Para alimentar e criar filhos que nasceram seguidamente, ele trabalhou freneticamente de dia e de noite. No longo caminho estavam conosco a família do sr. Yamanaka, que se preocupou em todos os aspectos como se fosse pai, a família do sr. Watanabe, a família da sra. Hifumi, que só por ser uma parente afastada se preocupou como se fosse irmã. Houve também o editor chefe Iono, do Diário Nippak, que nos tratou com amizade e nos deu conselho só por ser da mesma província. A família do sr. Niidome, que veio no mesmo navio e que casualmente trabalhou também no departamento de imigrantes, morou na mesma pensão e que apoiou discretamente dando conselhos como se fosse a um irmão. Nós também, nesses mais de 10 anos, estávamos como no meio de uma tempestade, com filho doente, com má condição de trabalho, e até eu que me orgulhava da saúde, de repente caí doente, fiquei entre a vida e a morte e tive que fazer cirurgia na cabeça. As famílias da sra. Noriko, da sra. Yoko, da sra. Sumie e sra. Nakasuji, que moram nas proximidades, doaram sangue diversas vezes para que eu pudesse receber a transfusão e acabei causando muita preocupação. Com altos e baixos e agitações, a minha família chegou até hoje com o apoio e o incentivo de benfeitores, amigos, conhecidos 149


Cotia Seinen: 60 anos de União

e de muitas pessoas. Em noite de tempo bom, ao olhar para o céu, é possível ver a constelação do Cruzeiro do Sul. É possível ver também a constelação de Orion, que via no Japão. É uma sensação estranha. Meu pai que gostava de caçar, para não se perder quando passava a noite no mato, andava se orientando pelas estrelas. Quando éramos crianças, ele falava sobre as estrelas olhando para o céu noturno. Talvez, por isso, gosto de ver as estrelas e ainda agora olho frequentemente. Assim como quando era criança, acabo fazendo pedidos. Se comparar com a vida das estrelas, a nossa é realmente curta, por isso devemos cuidar uns dos outros. Agradeço do fundo do coração ao meu marido que me deu a oportunidade de vir para o Brasil em que brilha a constelação do Cruzeiro do Sul. Os imigrantes do Cotia Seinen, que passaram a viver no país de língua e de costumes totalmente diferentes, tal como na letra da música " Kawa no nagare no youni" (como fluxo do rio),

que foi cantada na cerimônia comemorativa dos 50 anos como atividade secundária, andaram por caminhos acidentados e cheios de curvas, que nem constam nos mapas, cada um com seu sonho e ao se darem conta estão em idade de ter netos. O Brasil introduziu novas máquinas e a tecnologia de países desenvolvidos e a vida do cotidiano ficou mais prática, mas a desigualdade entre a população rica e pobre não foi reduzida, a segurança pública piorando cada vez mais e não está conseguindo sair do estágio de país em desenvolvimento. Creio que outros também lamentem por essa situação. Desejo que daqui em diante, na época dos filhos e dos netos, ao menos um pouco, os políticos voltem os olhos para o mundo para que a população possa viver na abundância e em paz, e que seja adotada uma política, que a população possa confiar e construa um país pacífico com segurança onde a população possa viver realmente tranquila. Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.55~58

Ao sr. pássaro azul de Mytyl e Tytyl

Misako Kuroki - Esposa de Kei Kuroki, da 1ª leva da 1ª fase, de Miyazaki

Sr. Pássaro Azul de Tytyl e Mytyl, há quanto tempo! O fato de não ter notícias é a prova de que tudo está bem. No momento, aonde se encontra? Ah, você também deve estar cansado, afinal é depois das comemorações dos 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen e as esposas destes também devem estar aliviadas. Por favor, descanse as asas por algum tempo e fique à vontade! Sr. Pássaro Azul também vo150

ando de norte a Sul do Brasil foi uma dureza. Excelente trabalho. Muito obrigado. Esse é o serviço do meu pássaro azul..., pois bem, os Cotia Seinens, que se empenharam nessa terra nutrindo sonhos e esperanças, obviamente se casaram, iniciaram a vida a dois, tiveram filhos e construíram lares na mão, mas felizes. Na maioria dos casos, creio que tenham iniciado com as mesmas condições, mas em um momento em que meus olhos não alcançaram, houve casos em que os caminhos mudaram de


Cotia Seinen: 60 anos de União

direção! Por exemplo, no final das contas, vi uma esposa Cotia Seinen que, depois de perder o marido em um acidente de trator, cuidou dos três filhos, ou então, uma esposa nissei que, após perder o marido atacado por doença, foi submetida à penosa agricultura independente fazendo concomitante o trabalho agrícola e a educação dos filhos. Pode-se dizer que foram destinos, mas foi envolvendo Cotia Seinens. No entanto, elas não se abateram. Foram maravilhosas! Constatei o crescimento dos Cotia Seinens.

se afligem. Ficam mais animadas como se dissessem "agora é minha vez!" e ficam mais bonitas e estão atuando livremente em seu hobby. São esposas que atravessaram o oceano, creio esteja bem assim e têm o meu apoio. Ânimo, esposas! Muito obrigada, Tytyl e Mytyl. Conto no futuro também com o seu pássaro azul, apesar de ser trabalhoso pelo fato do Brasil ser amplo. Eu, como esposa de Cotia Seinen, sinto vontade de escrever bem grande "?"(felicidade ou sorte).

Além disso, no caso de um CoTanto as esposas nisseis como tia Seinen, chamou para vir do as esposas que atravessaram o Japão seu pais e todos da faoceano são companheiras de mília trabalharam. Esforçou-se Cotia Seinens e a impressão é como chefe da família. A espoque atualmente estão vivendo sa dele cuidou com carinho dos alegremente. pais dos dois lados até o fim. Casal Kuroki sempre harmonioso Creio que isso também foi uma Vejam, na volta da festa do Bocoisa difícil e gostaria de aplaunenkai de ontem, havia esposa dir, ou seja, as esposas nascidas no Brasil são que levava um manju para casa ou Cotia Seimuito carinhosas, boas cozinheiras e como fanen que guardava cuidosamente no bolso dilavam português ajudaram muito os Cotia Seizendo "é para colocar no altar budista". São fenens. Eles são felizardos. lizes, não? É invejável. Outra coisa, creio que foi boa a imigração de jovens casais. Não deveria ter insegurança e creio que foi um sucesso. Mesmo assim, entre eles houve também Cotia Seinen que morreu por doença e aquele que perdeu a esposa. Mas então, atualmente os que perderam os parceiros fizeram amizade, ajudando-se mutuamente e formaram um par. É maravilhoso preocupar-se com o outro. Sendo ser humano, um dos dois falece primeiro e geralmente as esposas permanecem. É mais seguro assim.

Eu? Nós dois somos saudáveis. Como ainda há com quem brigar, não sei como é o sofrimento dos outros, mas digo para meu marido Cotia Seinen para cuidar de nossa saúde até os 90 anos. Sendo observados pelo pássaro azul...o futuro do casal. Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen P.123~124

Ultimamente, quase todos já tem sucessores, com base sólida e as esposas que ficarem não 151


Cotia Seinen: 60 anos de União

Pichação

Shuji Sato da 12ª leva da segunda fase, de Mie

Eu sou o autor da "pichação" no Centro de Emigração de Kobe. Parece que deixei escrito: "Excelentes jovens da província de Mie: Iida, Sato, Nishijima, os três acima atravessarão o mar a bordo do Argentina-maru, às 4 horas da tarde, do dia 2 de abril". Mas não consigo lembrar disso de forma alguma. No entanto, ao ver a escrita, não há dúvida de que sejam minhas letras. Com o rebuliço causado pela mídia, por uma circunstância estranha conheci a sra. Miyoko Shakuda, que era vice-presidente do Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. Voltei ao convívio dos Cotia Seinens e participei, depois de 50 anos, das cerimônias comemorativas dos 55 anos. Nessa ocasião, consegui reencontrar com o sr. Toshiaki Hishinuma e o sr. Teruo Masuda, que vieram no mesmo navio, e conversamos depois de muito tempo sem nos encontrarmos. Disseram: "Durante 50 anos, quem mais nos preocupava era você" e senti uma emoção imensurável. Era o sentimento de ficar com os olhos lacrimejando ao saber que existem pessoas maravilhosas como esses Cotia Seinens que se pre-

Família de Suiji Sato na formatura da filha

ocupavam comigo. Foi por acaso, mas pude presenciar o plantio da muda de cerejeira pelo casal do Cônsul Geral Kazuaki Obe. Nessa ocasião, alguém estava comunicando ao Cônsul Geral que este sr. Sato era o comandante geral da pichação. Relatei que tenho duas filhas que se formaram com louvor na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e eu tinha deixado a pichação no Centro de Emigração aos 21 anos. Recebi diretamente do casal do Cônsul Geral, palavras de elogio. Não há nada mais honroso do que isso. Foi uma sensação de que todos os sofrimentos de 50 anos se dissiparam de uma vez. Expresso o meu agradecimento de coração à Kyoguikai e aos companheiros do Cotia Seinen, dizendo "muito obrigado." Viva Cotia Seinen! Que Cotia Seinen seja eterno!

Compartilhando alegria do reencontro após 50 anos, na cerimônia comemorativa. Cotia Seinens que vieram no mesmo navio (Sato no meio, à direita Masuda, e à esquerda Shikinuma)

152

10 de outubro de 2010 (de Belo Horizonte)

Livro Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, P.69


Cotia Seinen: 60 anos de União

Com certeza, o inverno passará e chegará a primavera

Hachiro Nagayama - 3ª leva da segunda fase, de Fukushima

51 anos que caminhei com minha esposa Digo que as esposas dos Cotia Seinens, principalmente as 294 que atravessaram o oceano são realmente esplêndidas e corajosas. Eu e minha esposa viemos como "1ª emigração de jovens casais de Cotia Seinen". Vieram juntos nove casais jovens. Depois disso, se passaram longos anos, mas o pessoal se esforçou realmente. Foi uma vida de alegria e de tristeza. Vou contar algumas de nossas lembranças. Na época do casamento [Esposa jovem que nem conhece a letra "lavoura" de "agricultura" atravessa o oceano confiando no marido].

ramente em "Cem anos de águas corridas da comunidade japonesa" de Osamu Toyama. Período de treinamento No período de treinamento como Cotia Seinen, em cinco anos tivemos três filhos. Não tenho como me desculpar perante o patrão, mas havia momentos em que minha esposa se queixava. Nesses momentos eu dizia: "O caminho do treinamento é rigoroso. Quanto mais rigoroso, a flor que desabrocha depois é mais bonita. O inverno sempre se transforma em primavera. Não há ano em que iniciou com inverno e terminou no inverno." Essas são palavras que recebi de minha mãe e que vim valorizando.

A vida com essa esposa este ano completou 51 anos. Estou agradecido por ter me apoiado até hoje apesar da minha falta de capacidade.

Na época da independência Sem dinheiro, uma vez levei o precioso quimono que a minha esposa trouxe do Japão para Aoyagui, famoso restaurante de São Paulo. Fui acreditando que se contasse a situação difícil em que me encontrava, iriam comprar, mas não quiseram comprar. Na época, refleti bem e tristemente sobre a superficialidade do meu modo de pensar. Isso é coisa que acontece com qualquer um e tornou-se uma lembrança nostálgica e preciosa, que conto aos meus filhos e meus netos sempre que tenho oportunidade.

Na subida de uma montanha, quanto mais íngreme, a alegria de ter chegado ao topo é maior. Isso e o nosso sofrimento em comparação com o dos imigrantes veteranos de antes da guerra nem se pode comparar. Isso está registrado cla-

Para Bahia O Brasil entrou num período de crescimento econômico e o Ministro Delfim Neto trouxe dinheiro emprestado do exterior e, após muitas voltas, a Cooperativa Agrícola de Cotia tam-

Na época em que tínhamos acabado de nos casar, a irmã mais velha da minha esposa me enviou esses versos. A irmã mais velha deve ter expressado em versos a preocupação: "Minha irmãzinha que nasceu numa família de comerciantes e que nunca pegou em uma enxada, será que conseguirá aguentar a agricultura do Brasil?"

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Cotia Seinen: 60 anos de União

bém nos concedeu um grande financiamento. Foi uma época em que eu era jovem e mal falava português, mas se tivesse um fiador, o dinheiro saía. O juro era de 3 % ao mês. Se considerasse a inflação era um empréstimo muito vantajoso. Por cerca de 10 anos, de 1965 a 1975, isso continuou. Era uma época em que a Cooperativa Agrícola de Cotia cresceu muito seguindo essa onda. Também era o período de crescimento dos produtores de batata de Itatiba onde estávamos. No 15º ano de independência, finalmente acertamos duas safras de batata, zeramos as dívidas e decidimos largar o cultivo de batatas.

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Em 1979, quando tinha 45 anos, foi construído o distrito de mamão papaya, da Cooperativa Agrícola de Cotia, em Teixeira de Freitas, no Estado da Bahia e fomos para lá. Experimentamos a dificuldade de deixar de lado uma cultura com a qual tínhamos experiência. Mudamos para Bahia, a 1400 km de São Paulo, junto com a esposa e lhe causei sofrimentos e preocupações. Nesses momentos, lutamos acreditando que o inverno sempre se transformará em primavera.

de que a dívida seria paga com mamão, que seria produzido, e foi bom ter nos esforçado para isso. Foi um inverno muito, mas muito frio, mas por volta de 1990, zeramos as dívidas e pudemos desfrutar da alegria da primavera. Nessa época, o segundo filho abriu um restaurante em São Paulo. Recordo muito bem desse momento. Disse para o segundo filho que, para ser bem sucedido, deveria "Começar pequeno. Iniciar com tamanho de 12 ~15 fregueses, frequentando a faculdade". Isso foi bom. Aquele restaurante tem com base aquele pensamento.

O pior período Em 1988, na época do presidente Sarney, a inflação era tremenda. As condições de empréstimo como os juros altos, em comparação com as praticadas anteriormente, muito duras. Quem dependia dos bancos faliu um após outro e, tanto a Cooperativa Agrícola de Cotia, como a Cooperativa Sul-Brasil, também foram levadas à dissolução. Até o Banco América do Sul foi vendido. Era o pior período da economia brasileira.

Agradecimento às pessoas que nos apoiaram O ser humano não consegue viver só com a sua capacidade nesse mundo, de forma alguma. Agradeço profundamente à benção da natureza, aos conhecidos e aos amigos, a todos que nos apoiaram até hoje. Graças a Deus, os nossos nove netos estão crescendo saudáveis e ao vê-los assim esquecemos dos diversos sofrimentos do passado e as alegrias do futuro vem brotando.

A nossa situação também não era tranquila. Conversei com o filho mais velho e minha esposa até o amanhecer. Chegamos à conclusão

Sonho e esperança Outro dia, encontrei com um senhor chamado Yoshio Tsuzuki. Está com 81 anos de idade, e


Cotia Seinen: 60 anos de União

agrotóxico. E, então, construiu a fábrica de produção de fertilizante isento de agrotóxicos. Fiquei muito emocionado com o significado desse empreendimento e o entusiamo para se empenhar em um novo objetivo com a idade avançada.

com essa idade, construiu uma fábrica de fertilizante, tendo a avicultura como matéria-prima, na cidade de Bastos, e que recentemente começou a funcionar. O sr. Tsuzuki conseguiu grande sucesso na venda de agrotóxicos, mas pensando nos males do agrotóxico, afastou-se e foi pesquisar os métodos de agricultura orgânica e da agricultura sem

A última fita do curso de nossas vidas não deve estar muito longe, mais esforçaremos ainda mais como casal junto com os senhores para proporcionar sonho e esperança aos nossos filhos e nossos netos. Por fim, expresso os pêsames aos que tombaram no meio da realização dos sonhos. (Residente na cidade de São Paulo) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p. 89~90

Meu tesouro do coração

Elise Kazuko Sato Okino (esposa de Inaki Okino)

Eu, que nasci no interior do Estado de São Paulo, não conseguia entender o significado real da palavra "furusato" (terra natal). "Furusato", que lia ou ouvia para mim, que sou brasileira (nissei), não passava de uma mera palavra. Ou seja, interpretava como palavra sentimental, que os japoneses indicavam o local do nascimento, e que para mim era um sentimento difícil de entender. O encontro com "furusato" No meio da minha vida, encontrei com um Cotia Seinen. Fui atraída pela conversa de um japonês que até então não ouvia muito. Esse Cotia Seinen contou-

me sobre sua infância. Parece que era um moleque levado que aprontava muito. Aborrecia os professores, fumava escondido, pegava escondido do depósito de sua casa arroz e azuki e ia para a cidade vendê-los, comprava comida que gostava e comia.

Elise Kazuko e Inaki Okino

Mas o que me atraía mais era a paisagem que ficava no fundo dessa narrativa. Oh, conseguia visualizar a paisagem: a montanha, o rio, plantação irrigada de arroz, o cipó de cará, a estrutura provisória da construção em que enfiou a mão para pegar pássaro, 155


Cotia Seinen: 60 anos de União

o arroz cozido na marmita na montanha em que foi junto com um amigo e a explicação de como era essa marmita. Ouvi deliciando e divertindo com interesse essa forma de contar sobre as árvores da montanha, o vento, o ruído do rio, o céu e os diversos cheiros da natureza. Visualizei a infância dessa pessoa e foi gravada no meu coração. A minha imaginação ampliou infinitamente e tive um pouco a ilusão de ter brincado junto. E isso foi gravado na minha cabeça e no meu coração. E ao ver ou ouvir o nome da província, do vilarejo e da cidade de origem dessa pessoa, passei a sentir um pouco a nostalgia. E percebi: "Ah, isso que é furusato!" Compreendi a letra da música que Hiroshi Itsuki canta "Aa darenimo furusato ga aru"(Ah, todos possuem

furusato). Finalmente, pude compreender realmente. Nasci no bairro da Sobra, na cidade de Ourinhos. Naturalmente, ali é a minha terra natal. Porém, o "furusato" que tem som envolvendo terna e afetuosamente, só existe dentro do meu coração. Porque isso é o meu tesouro precioso. O Cotia Seinen, que compartilhou esse tesouro comigo e chegando aos 77 anos de idade, continua sendo "Cotia Seinen", é meu marido Inaki Okino. Foi realmente muito bom tê-lo encontrado. Querido, muito obrigada. (8ª leva da primeira fase, de Kochi, residente na cidade de São Paulo) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p. 134

Como é ser casada com um Cotia Seinen

Rita Natuko Izuno

Em minha opinião é muito bom ser casada com um Cotia Seinen. Por que ele é uma pessoa muito boa, sempre compreensível, honesto, trabalhador e bem educado. E com ele já aprendi muita coisa. Já são mais de 35 anos de casados. Tivemos três filhos (Massaru, Choji e Yuta). Hoje já estão todos crescidos, bem criados. Então agora, depois de tantos anos de muita luta juntos, a nossa maior vontade é de ter uma vida tranquila. Descansar, passear um pouco. Aproveitar a vida.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

O que penso do 51° ano de imigração das noivas

Misako Kuroki - esposa de Kei Kuroki

Mensagem de Agradecimento Para minha amada esposa Misako. Ao olhar para os 50 anos passados, nós dois transpomos montanhas de dificuldades. Agradeço ao constatar a força com que você se dedicou aos filhos com amor na criação deles, depois da independência. E também, sobre o meu serviço, me repreendeu quando estava prestes a correr para aventura e me orientou para a escolha do caminho de acordo com a minha capacidade. Houve sempre discussões, mas sua personalidade positiva e alegre animou a mim, que sou um tanto retraído e negativo. Misako, não se pode relatar a felicidade de agora sem você. Muito obrigado, Misako. Gostaria de passar os dias agradáveis do resto da vida também nos apoiando mutuamente enquanto a vida continuar. Hoje, no dia auspicioso das bodas de ouro, entrego-lhe essa mensagem de agradecimento com todo o sentimento possível. 15 de agosto de 2009. De seu marido, Kei Essas são as palavras da Mensagem de Agradecimento, que em agosto de 2009, meu marido Kei da 1ª leva de imigração de Cotia Seinen, entregou a mim da 2ª leva de imigrantes noivas na ocasião da comemoração de bodas de ouro, na presença dos quatro filhos e respectivos genros e noras, os 10 netos e um bisneto, e muitos amigos e conhecidos. Exatamente nesse ano, meu marido, que era presidente da Associação de Beneficente e Cultural Miyazaki, promoveu junto com a diretoria da associação, a comemoração dos 60 anos

de fundação da associação, e foi possível realizar uma cerimônia maravilhosa com a presença do Governador da Província de Miyazaki, Hideo Higashikokubaru, e comitiva formada por muitas pessoas. E na ocasião da visita ao Japão do casal do presidente da comissão executiva da cerimônia comemorativa e do vice-presidente da associação, eu também acompanhei por recomendação do meu marido. E ainda, em abril de 2010, voltei para a terra natal para a cerimônia budista de 13º ano da morte da minha mãe. Ao me comunicar com os amigos da época do curso ginasial, logo o assunto foi para a reunião da turma, sendo enviado convites conforme o meu período de visita ao Japão e, no final das contas, foi organizada a reunião de turmas do curso ginasial, do curso colegial e da escola de corte costura ocidental, tornando o meu oitavo retorno a terra natal muito substancial. A introdução ficou um pouco longa, mas estou contente sendo uma das noivas imigrantes estou me sentido feliz hoje em dia. O destino que me trouxe ao Brasil Pois bem, na reunião da turma da época do ginásio, houve muitas colegas que ficaram contentes com com o reencontro depois de 50 anos, sendo que no convite estava escrito "A sra. Misako Kuroki também participará vindo do Brasil" e houve várias pessoas que participaram pela primeira vez vindo de outras províncias, deixando as organizadoras muito contente. Foi 157


Cotia Seinen: 60 anos de União

uma reunião divertida como se restasse vagamente o aroma do primeiro amor da época da juventude. A maioria das colegas das escolas não sabia que, depois de terminar o curso colegial, fui frequentar a escola de corte costura ocidental e assim que cheguei à maioridade, eu vim para o Brasil. Não tenho como saber quem nos apresentou, mas alguns dias depois de vir para o Brasil, a revista "Ie no Hikari" (Luz da Casa) veio fazer uma reportagem. Apesar de nem ter experiência na agricultura, tiraram algumas fotos deixando meu marido e eu embaraçados, mas o artigo foi publicado na edição de ano novo do ano seguinte, de modo que as colegas das escolas viram esse número da "Ie no Hikari". Ficaram sabendo pela primeira vez que eu havia ido para o Brasil e tiveram surpresa, sendo que esse assunto tomou conta da reunião das turmas.

verdade, foi um casamento entre primos. É estranho que tenha casado sem nenhuma resistência, com alguém que nunca tinha encontrado. É como se fosse trapaceada. Será que não obstante nasci destinada para vir para o Brasil? Ao surgir essa conversa de noiva imigrante, a minha mãe disse simplesmente "vá". Depois disso se passaram 51 anos. Dentro da pequena mensagem de agradecimento, meu marido deve ter escrito a seu modo o sentimento desses 50 anos. Não há dúvida que o meu emprego vitalício foi mediado por Deus. Eu também agradeço ao meu marido! (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki, cidade de Vargem Grande Paulista)

Afinal de contas, apesar de na época ser aluna do curso colegial agrícola, era a filha de uma família pobre de ferreiro. Quando voltei para terra natal pela primeira vez após 20 anos, lembro-me que no estante de livros da minha mãe encontrei esse número esfarrapado de "Ie no Hikari". Com certeza a minha mãe mostrou esse "Ie no Hikari" para todos os visitantes da época. Até o dia da cerimônia da maioridade, nunca tinha pensado no Brasil e desconhecia que havia esse mundo da imigração, mas para minha surpresa posterior a noiva imigrante tornou-se meu emprego vitalício. Todas as vezes que encontro com as colegas das escolas, elas perguntavam uníssono "Por que sra. Misako e ainda continua Kuroki?", mas na 158

O marido Kei Kuroki em fevereiro de 2010

Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.140~141


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O caminho que percorri

Naomi Kato - esposa de Masaharu

Primavera l Na ponta dos ramos, flores encolhidas pelo retorno da onda de ar frio l Namoro dos gatos visto no local ensolarado com as costas inclinadas l Linha de pesca balança ocasionalmente na água morna l Tremer com roupa leve, na cerimônia de casamento, no início da primavera l Ao lado do Suzumeran (orquídea) o gorjeio com filhotes

tarde até de manhã com água carregada na recoveira", o que não era uma situação que deixaria os pais felizes em mandar sua filha. Ao repetir a troca de correspondência, o sentimento ilusório era de "apostar a minha vida nele, que era muito honesto e totalmente incapaz de mentir". Meu pai acabou permitindo sob forma de consentimento tácito pela minha decisão ser séria.

Na época, eu que trabalhava na divisão de registro de Ao refletir, desde que casei família da prefeitura, elabocom meu marido, que veio rei sozinha o registro do meu sozinho do Japão para o casamento. O fato de ter Brasil, só me dediquei à decidido cedo, meu marido agricultura na produção de com 18 anos e eu com um hortaliças e no cultivo de pouco mais de 20 anos, só flores. poderia considerar como Masaharu e Naomi Kato uma aventura imprudente. Quando frequentava o curPensei que o caso de imigrar como esposa era so colegial, meu marido, ao ouvir no rádio a algo especial, mas no navio Argentina-maru, de notícia de que "a primeira viagem de Cotia Seimaio de 1966, 88 noivas imigrantes vieram junnen com muita aspiração zarpou para a Améritas comigo. ca do Sul", sem poder conter o seu sentimento, levou a cabo o pensamento de viver seu futuro Esforçando-se em dupla no Brasil. Ele veio na 14ª leva da segunda fase Como ele escreveu: "sendo a casa que eu mesjunto com 21 companheiros para um país desmo construí, à noite pode se ver deitado as conhecido. estrelas", estava resignada, mas fiquei surpresa com a casa maravilhosa, acima da expectaApós o contrato agrícola de quatro anos, na tiva. Agora lembro com nostalgia como pudeépoca de independência, houve a troca de cormos trabalhar sem um dia de descanso e sem respondência comigo por cerca de um ano, ficar doente na lavoura não familiarizada. apesar do meu pai ser radicalmente contra me deixar ir para uma terra desconhecida, longe e Nesse vilarejo havia muitas famílias de jovens inexplorada. Minha mãe pedia para mostrar pelo e parecia uma extensão do Japão. Por nós dois menos uma carta do sr. Masaharu, mas o contermos esforçado sem fazer quase dívidas, não teúdo era do tipo "a irrigação do tomate, planpodemos nos esquecer da alegria de quando tado com financiamento do banco, era feita de 159


Cotia Seinen: 60 anos de União

conseguimos adquirir uma terra agrícola de quatro alqueires na Colônia de Sakura, na atual cidade de Guararema. Sem nos abater com repetidas infelicidades Pareceu que foi um zarpar da vida com vento favorável, mas perdemos com apenas um ano de vida o nosso tesouro, que era o amado filho, por causa da doença. A nossa casa, apesar de ser pequena era de alegria centralizada na criança, em um instante foi lançada a tristeza profunda e o estado mental daquela época está além da possibilidade de descrição. Tínhamos dito que não queríamos esse sofrimento nunca mais, mas o segundo filho de um mês de vida também faleceu de repente. Foram dias de me perguntar a mim mesma, que terrível, o que fiz de errado. Fiquei sabendo pela primeira vez, que quando está realmente triste nem as lágrimas e nem a voz saem. Só fiquei olhando atordoada o meu marido, que julgava muito forte, chorar soltando a voz ao meu lado. Quando estávamos arrasados do fundo do coração, a chuva pesada estourou o reservatório de água, que havíamos construído levando vários dias. As coisas ruins se sobrepõem e o meu marido, que era vigoroso, acabou tendo apendicite aguda. Era época quente e deve ter trabalhado em excesso. Supurou, a febre alta continuou e foi realmente preocupante. Julgávamos que o pagamento da compra do terreno seria parcelado, mas o dono do terreno disse que "queria o valor total agora" e tivemos que usar todo o fundo agrícola que dispúnhamos. Foi realmente um reinício começando do zero. Na terra onde as flores florescem Plantamos rosas na nova terra e conseguimos um bom preço de venda, talvez porque elas 160

ficaram bonitas graças à qualidade do solo. Produzimos as rosas e atamos em maços todos os dias até tarde, não indo para cama antes da meia noite. Justamente nessa época, as flores entraram na moda e aos poucos conseguimos aumentar o capital de giro. Atualmente, estamos produzindo gerberas e orquídeas, mas o nosso filho contratou funcionários e parece que ele não perde tempo como nós. Creio que pude aguentar de alguma forma a fúria da tempestade da vida por ter sempre o apoio do meu marido. Retornei à terra natal por cerca de dez vezes, me encontrei nessas ocasiões com o meu pai, que foi contra a minha ida ao Brasil, e pude me despedir dele no final da vida. Trouxe a minha carinhosa mãe para o Brasil e, passando dias agradáveis, ela ficou contente dizendo "Você fez uma boa escolha". Pudemos aguentar diversas provações pelos quais passamos porque éramos jovens. Gostaria de estar com saúde junto com meu marido, com quem compartilhei momentos de alegria e tristeza por mais de 40 anos, por muito mais tempo possível. Estamos sinceramente satisfeitos com a vida sabidamente suficiente que temos. Os três filhos, que cresceram saudáveis, tornaram-se independentes e creio que seja ideal: podemos estar próximos dos netos. O que não mudou é estar me dedicando ao trabalho na estufa todos os dias. Ainda agora sou uma pessoa que imutavelmente adora as flores. Desejo que a vida livre e ensolarada continue daqui em diante também.

(25ª leva da segunda fase, de Okayama, residente em Jacareí) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.135~136


Cotia Seinen: 60 anos de União

Caminhando para a frente perseguindo um sonho

Kayoko Kusajima - esposa de Seiji

Em 1959, quando todo o Japão estava animado com a Princesa Michiko (atual imperatriz do Japão), nós nos casamos no interior da Província de Toyama e com grande sonho e muita expectativa, partimos no dia 2 de dezembro a bordo do navio Africa-maru para o Brasil. "O que vão fazer indo para o Brasil onde não há conhecidos e nem parentes?" Era a preocupação dos pais e irmãos, mas creio que não nos preocupávamos com isso porque éramos jovens.

dicite aguda e fui impedida de embarcar. Retornando ao navio, pedimos ao médico de bordo, ao pessoal administrativo e também ao pessoal do hospital e o embarque foi permitido à tarde, antes das 15 horas. A cirurgia foi feita imediatamente e, no dia seguinte, zarpamos junto com 550 pessoas. Fui levada de maca e embarquei bem antes das demais pessoas. Assim, não sei o gosto de arrebentar as serpentinas.

No navio, fui muito bem cuiMeu marido iria sozinho para dada por todos e para nós Castro, mas acabei dizendo foram 55 dias agradáveis de "eu vou junto" e tivemos que Seiji e Kayoko Kusajima viagem de lua de mel. Hourefazer a documentação e a ve muitas atividades e sem agitação das onpartida se atrasou por nove meses. Muitos dizidas. Ficaram somente lembranças boas. am parecer um casal jovem, de brincadeira de casinha, o meu marido com 22 anos de idade e Vida de recém casados no Brasil eu com 20 anos. Imaginava uma vida primitiva, mas o local onde tinha uma casa de tijolo. Tinha luz e banheira, Uma entre muio que me deixou muito contente. O trabalho tas provações foi do meu marido era dirigir trator e o meu era no dia anterior à recolher ovos no galinheiro. O que era muito partida do Porto duro era ajudar a preparar o café da manhã de Kobe. Tive para todos, acordando de manhã bem cedo. dor abdominal e Contudo, agüentei para acostumar logo com o pedi consulta no Brasil. Hospital Sakai,

Kayoko Kusajima em 1961, já acostumada à vida no Brasil

em frente ao Escritório de Intercessão de Kobe, e fui diagnosticada com apen-

O patrão tinha três filhas e havia cinco famílias de japoneses, e sempre havia sete a dez Cotia Seinens, de modo que não senti dificuldade para me comunicar. 161


Cotia Seinen: 60 anos de União

víncias. Trabalhando seriamente durante quatro anos, passamos para a produção comissionada. Obtendo lote de três alqueires, com trabalho de retirada de toco com enxadão e machado, as mãos ficaram cheias de bolhas. Se fosse hoje seria tudo mecanizado, mas naquela época era tudo manual. Assim mesmo, não achei que era duro. Em casa, com o nascimento de três filhos e uma filha, as perspectivas para o futuro eram promissoras.

Como comunicávamos sempre o patrão, ele fazia vista grossa. Meu marido trabalhou por oito anos e eu por quatro. Os netos nasceram seguidamente e atualmente temos oito netos. Agora temos dois no ensino fundamental. O menor está na quinta série. Todos já estão crescidos. Atualmente, faço parte da ADESC (Associação Cultural dos Departamentos das Senhoras Cooperativistas) e estou me dedicando à venda de hortaliças na feirinha. Com meu próprio dinheiro, tenho comprado o que aprecio.

Por volta de 1975, plantamos cravos, crisântemos e rosas e, quando as dívidas estavam diminuindo, fiquei doente e sofri muito. O médico diag- Familiares reunidos na festa de bodas de outro e de 50 anos de vinda ao Brasil, somos em 18 pessoas na nossa família (uma das nosticou que estava noras estava nos Estados Unidos). (24 de janeiro de 2010) com tuberculose, e Além disso, estou parnão me recuperava nem um pouco. Muito temticipando de viagens de observação e tenho espo depois, descobriu-se que era asma. Contutudado diversas coisas. Mesmo com 70 anos, do, atualmente estou recuperada e quase não estou me empenhando para participar na metenho acesso de asma. dida do possível. Creio que encontrei a razão da vida agora. O sonho do casal A década de 1980 foi de construção do nosso Temos mais um sonho. Desde que saímos do lar e a de 1990 foi a época de casamentos dos Japão, estamos pensando em viajar para Suínossos filhos. Em 1996, como todos os filhos ça. Meu marido, na época em que era solteiro, casaram, experimentamos trabalhar como degostava de montanhismo e dizia que, quando casséguis no Japão. tivéssemos disponibilidade, iríamos juntos, mas até agora não foi realizado. Meu marido foi motorista de caminhão em Takamatsu. Constantemente, fazia viagem de ida e Estamos ambos no limite da idade e condições volta entre Takamatsu e Osaka, mas por vezes físicas, mas pensamos em viver para a frente quando entrava trabalho nos fins de semana, com nossos sonhos. ia província de Kumamoto para Chiba e Iba(5ª leva de segunda fase, de Toyama, residentes em Ibiraki. Como às vezes me convidava, era muito úna) divertido desviar do destino no meio do camiLivro Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia nho. Vimos muitos locais famosos dessas proSeinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.138~139

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Ficar sem o que fazer

Ryoko Shirahata - esposa de Makoto

Aspirando a amplitude do exterior familiares, formou-se no curso colegial da esEm 14 de março de 2010, aconteceu o enconcola para surdo-mudo de São Paulo, e trabalha tro de passageiros do navio Brasil-maru. Isso há nove anos no depósito da empresa de rouaconteceu porque na Assembleia Geral da Copas C & A ,em Tamboré. tia Seinem Renraku Kyoguikai, realizada em março, o sr. Shirahama e o meu marido, com o Quando me encontrava na maior êxtase da vida, entendimento mútuo, resolveram realizar o sofri um forte revés. Em janeiro de 2008, o fievento. O grupo de Yokohama, que estava junlho mais velho Yoichi partiu para outro mundo to com meu marido, também aos 39 anos de idade. Gosparticipou em grande númetaria de viver o resto da vida ro e passamos horas agradáde modo que possa dizer veis. Esse aspecto foi publique "Foi uma vida sem recado no artigo "30 viajantes morsos" quando reencontrar do Brasil-maru, sorrindo, recom o meu filho mais velho. cordam com nostalgia o meio século agridoce" em mais de Nos 46 anos residindo no meia folha da página 6 do Brasil, houve muitas coisas. jornal Nikkey Shimbun, de Fui assaltada várias vezes e modo que deve haver pessocarrego no ombro um estiRyoko e Makoto Shirahata as que tenham lido. Nessa lhaço de bala de revolver, reunião, consegui conversar com uma amiga mas sem reclamação adoro o Brasil. que atravessou o oceano com o mesmo pensamento. Ela disse: "Viemos aspirando a amplituSempre para frente de do exterior" e foi isso mesmo. Deixando de lado coisas boas e coisas ruins e esquecendo tudo, eu estou sempre voltada para Eu vim para o Brasil como noiva imigrante defrente. E a minha razão de viver é o atletismo. pois de trocar cartas por meio ano com meu marido, que a Federação de Colonização da ProHá 17 anos, participei pela primeira vez do 10º víncia de Nagano me apresentou. Vim sonhanCampeonato Mundial de Atletismo de Veterado com a vida em uma ampla fazenda de gado, nos, realizado no Japão (Miyazaki). Fiquei em mas estamos cultivando crisântemo com ilumi9º lugar em 1500 m. Participei do revezamento nação elétrica em Ibiúna, que geograficamende 400 m na categoria dos 50 anos de idade te não difere em nada das áreas montanhosas representando o Brasil e ficamos atrás da Aledo Japão. Como gosto muito de crianças, quemanha em 2º lugar. Desde então, meu hobby ria ter 12 filhos, mas parei com sete filhos. da vida é unicamente o atletismo. O terceiro filho, Satoshi, por ignorância da mãe, nasceu com deficiência em consequência da rubéola. Contudo, com o esforço e incentivo dos

E no ano passado, no 30º Campeonato Comemorativo Internacional de Masters Japonês (em Nagoya), em que participei aos 66 anos, na 163


Cotia Seinen: 60 anos de União

corrida de obstáculos de 300 m que havia treinado no grupo de atletismo do curso colegial, consegui marcar o novo recorde do campeonato, que até pensei que não passava de um sonho. Pretendo me dedicar a coisa que gosto enquanto a saúde permitir. Por fim, no início escrevi sobre aspectos da reunião de viajantes do mesmo navio do meu marido, mas a reunião de viajantes do mesmo navio de nós noivas imigrantes Misako Saito, Akiko Yanagizawa, Shizuko Wada e eu, Shirahata, nesses 46 anos não deixamos de realizar nenhuma vez. No início, era junto com familiares, mas com os filhos crescidos, ultimamen-

te tem sido uma reunião só de mulheres. Mas penso agora que "isso acontece porque havia uma base comum de noivas dos Cotia Seinens". Os Cotia Seinens e as esposas deles continuam a ter pensamentos em comum e cada um conseguiu ultrapassar 55 anos e 51 anos. Essas lembranças não vão mudar no futuro e gostaria de contar para as próximas gerações. (6ª leva da segunda fase, de Nagano, residentes em Ibiúna) Livro Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.151~152

Sentindo a razão de viver no departamento de senhoras

Toyoko Tamakoshi - esposa de Noriyoshi

duas pessoas por meio da JICA (Japan International Cooperation Agency) e três pessoas por meio da JATAK (Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Colonização do Japão). Pelos resultados que cada um trouxe de volta, sem dúvida, surgiram coisas novas e foi possível utilizá-las. É uma coisa pessoal, mas com o histórico escolar de formada O tempo passa rápido, e no curso ginasial, se fosse neste ano (2010), entramos Um dos quatro casais jovens que chegaram do Jano 16º ano. Nem pensamos pão, no terceiro grupo da segunda fase, em agos- no Japão não teria brotaque o sonho iria continuar to de 1959, no Porto de Santos. Toyoko Tamakoshi do e teria terminado sem está à direita na foto. florescer. É um local gratanto tempo, mas quanto tificante. Graças ao fato de estar no Brasil, foi mais as realizamos, as atividades adquirem prodescoberto um talento onde nem era visível, fundidade. que nem eu tinha percebido de tão pequeno e foi desenvolvido e cultivado. Isso levou a posEntre muitas atividades, há o envio de estagiásibilidade de participação no plano de lançarios ao Japão. Até agora conseguimos enviar Após a dissolução da Cooperativa Agrícola de Cotia, o departamento de senhoras, que foi formado novamente por meio da reunião de companheiras, que tem o mesmo sentimento, deu origem à ADESC - Associação Cultural dos Departamentos de Senhoras Cooperativistas, em setembro de 1995.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

mento do departamento de senhoras. E estou fazendo atividades do departamento de senhoras atualmente, o que, se pensar bem, é um trabalho grandioso. No início, o que diziam ao redor me incomodava e fiquei sofrendo por vários dias, sem poder dormir à noite e era psicologicamente terrível. No entanto, agora habituei a não ligar para o que dizem e, fico embaraçada por esquecer até coisas importantes. Mas, psicologicamente fiquei realmente muito aliviada. Com apoio do meu marido e da minha nora Ainda agora vou duas vezes por semana para São Paulo. Com o tema de processamento de produtos agrícolas da ADESC e sua venda, somente eu estou participando da feira de venda três vezes por mês. Estou fabricando missô e vendendo. É difícil carregar por ser pesado, mas sinto a razão de viver pelos fregueses que estão à espera. Com 71 anos de idade, estou utilizando ao máximo o cartão do idoso de transporte gratuito, conseguindo economizar nas despesas de transporte. Além disso, consigo

dinheiro para despesas miúdas sem ter que dar satisfação para alguém. Outro dia, a esposa do meu filho mais velho, com quem nós moramos juntos, disse para mim: "Baatiam (vovó)! (Desde que nasceram meus netos, essa nora está me chamando assim) Não pode parar de fazer as atividades da ADESC, que está fazendo agora." Com estas palavras, senti que ganhei 100 vezes a força. As pessoas que se preocupam comigo, quando ando por aí, em primeiro lugar é o meu marido e em segundo é essa minha nora. No entanto, recentemente penso que seria muito bom poder continuar as atividades da ADESC de agora em diante, tomando cuidado com a saúde, e me divertindo. Por fim, parabéns pelos 51 anos de imigração das noivas do Cotia Seinen e 55 anos de imigração do Cotia Seinen. (3ª leva da segunda fase, de Aichi, residentes na cidade de Jacareí) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.163~164

Da Força de Autodefesa do Japão para o Brasil

Inaki Ono - 8ª leva da 1ª fase, da Província de Kochi

Essa é uma compilação nostálgica de um exmembro das forças de autodefesa, que embarcou no navio de imigrantes "America-maru" como imigrante do Cotia Seinen. Alistei-me em 1952 na Força Policial de Reserva, que tinha má fama de ser um ladrão de impostos ou uma força imprestável. O local do alistamento foi a Tropa de Zentsuji, na Província de Kagawa. Minha terra natal é Shiwamine, no vilarejo de Higashimata, no distrito de Takaoka, Província de Kochi, um povoado calmo cercado por montanhas. Nasci no dia 30 de

dezembro de 1933 como terceiro filho de uma família de agricultores que morava no local mais fundo do vilarejo. O vilarejo de Higashimata era comumente chamado de terra alta do Sul e havia três vilas de pescadores logo abaixo, não faltando peixe o ano todo. Não esqueço até hoje, principalmente o sabor de olhete de frio do inverno. Caminhei todos os dias uma distância de quatro km para frequentar a escola primária. Nessa época, estávamos na Segunda Guerra Mun165


Cotia Seinen: 60 anos de União

dial e, quase todos os dias, soavam os alarmes de alerta de ataque aéreo e refugiávamos na mata da colina do fundo.

colegial. Atraído pela figura uniformizada, alistei-me na Força Policial de Reserva. Até me alistar achava que era força de reserva de policiais, mas no Para uma escola primária dia seguinte ao alistamendo interior, havia um raro to, fui obrigado a marchar auditório grande onde 2 a carregando fuzil e isso não 3 vezes por mês se realizadiferia em nada do exércivam cultos em memória to do passado. Era um treidos que nasceram na vila e namento no estilo amerimorreram na guerra. Todos cano, mas havia também os alunos eram levados pe- Em 1953, na frente do Palácio Imperial, Okino eventos divertidos e os três está do lado esquerdo na fileira da frente. los professores para partimeses de treinamento de ciparem do culto com lágrimas junto com os novos soldados se passaram num instante. Enfamiliares dos mortos. quanto os companheiros de treinamento iam sendo enviados para diversas tropas, fui desigO combate entre o Japão e os Estados Unidos nado para a Unidade de Fornecimento de Arcomeçou no dia 8 de dezembro de 1941. É o mas de Tachikawa, em Tokyo. Ali era campo dia em que a grande frota comandada pelo aldas forças americanas e havia poucos soldados mirante Isoroku Yamamoto atacou Pearl Harjaponeses. Na parte da manhã, se fazia exercíbor no Havaí. Na época, eu estava com 8 anos cios físicos para se manter em forma. A tarde de idade. divertia jogando beisebol com os soldados americanos. Graças a isso fui tornando hábil no beiRapidamente, a guerra terminou. Formei-me sebol. nos cursos primário e ginasial no vilarejo de Higashimata e me matriculei no Colégio TsuNos arredores do campo de Tachikawa dessa bokawa, da Província de Kochi. Esse colégio era época, apesar de ter passado sete anos do téro único administrado pela província, que tinha mino da guerra, havia pessoas que moravam um curso colegial comum e também um curso dentro do bonde meio queimado ou no ônibus profissionalizante (curso agrícola e curso floque não se movia. Também havia pessoas morestal). Escolhi o agrícola. A escolha foi pelo rando debaixo do viaduto e, quando nós saífato do curso agrícola ter muita aula prática. mos do campo no domingo, levávamos shochu Havia atividades externas e podia-se aprender (aguardente de arroz e outros cereais) e espemuitas coisas, a começar por engenharia civil tos de yakitori, e ouvíamos a "História de Shiagrícola, plantação de arroz, cultivo de hortamizu Jirocho", de um antigo narrador de liças, etc. Rokyoku (gênero de narrativa japonesa cantada). No entanto, apesar de ter me formado em colégio do interior, não havia trabalho definido É muito triste para o povo do país derrotado na e, enquanto perambulava, fui assistir ao filme guerra. Nos arredores do Campo de Tachikawa, americano "A um passo da eternidade" estrelahavia mulheres japonesas que se prostituíam do pelo famoso ator Montgomery Clift, no cicom soldados americanos e não davam bola e nema que costumava frequentar na época do nem olhavam para nós. E, quando a gente as 166


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segurava pela boca do estômago dizendo: "Suas traidoras da pátria", os soldados americanos diziam: "Ei, o que estão fazendo com nossa garota?" Junto com os soldados conhecidos brigávamos lutando boxe e sumô. Agora é uma lembrança nostálgica. Na época do Campo de Tachikawa, ia frequentemente passear no Aeroporto de Haneda. Um dia, uma delegação de visita ao Japão chegou do Brasil e estava sendo recepcionado com grande entusiasmo. Havia uma faixa dizendo: "Okaerinasai" (bom retorno), e o pessoal gritando: "Professor Fulano de Tal, bom retorno do Brasil!". Ao ficar observando como era o aspecto das pessoas que estavam visitando o Japão, dois ou três homens morenos vestindo terno e gravata desceram a escada do avião. Ao perguntar no saguão do aeroporto para pessoas relacionadas à viagem, que tipo de pessoas eram aqueles professores, ouvi dizer: "Aquelas são pessoas que lucraram cultivando batatas no Brasil e vieram para o Japão". Ao ver aquilo, pensei que se nós fôssemos ao Brasil, no mínimo em cinco anos poderíamos voltar de avião. Creio que a cena daquele dia construiu a ideia preconcebida do país chamado Brasil dentro da minha cabeça. Na época do ambiente ruim, ou melhor, do mundo inteiro ruim, depois de três meses do Campo de Tachigawa, fui para o antigo Kasumigaura Yokaren Kokutai (Treinamento da Força Aérea de Kasumigaura), da conhecida canção "Nanatsu no botan wa sakura ni ikari, kyo mo tobu tobu Kasumigaura nya (Sete botões ancoram na cereja, hoje também voa, voa no Kasumigaura...)". Atualmente é a Escola de Armas da Força Terrestre de Autodefesa situada no Amimachi, vizinha à cidade de Tsuchiura, na Província de Ibaraki. Fui encaminhado para o quartel-general da seção de alunos dessa escola de armas. No terreno dessa escola da tropa, havia

o escritório do quartel-geral, de 3 andares, um alojamento, o prédio da escola de madeira, refeitório e banheiro. Do lado de fora havia a ruína da fundação de concreto armado do prédio da escola, que tinha sido destruído pelo bombardeio das forças americanas e, junto com trabalhadores com jeito de peão de obra, que vinham de outras regiões, arrumávamos o local com pás e picaretas e esforçávamos no trabalho de terraplanagem. Ainda, no pátio da escola havia buracos enormes para lá e para cá, fazendo notar o tamanho do bombardeio. O terreno da escola foi ficando arrumado e parecendo uma escola de armas. A atração da escola era a árvore "sagari matsu", que escapou do bombardeio e que estava plantado no meio do jardim em frente ao quartel-geral. Os visitantes da tropa e alunos frequentemente tiravam fotos comemorativas na frente dele. Nessa época, o nosso serviço era mimeografar e a tarde imprimia no mimeógrafo e encadernávamos. Essa era nossa tropa especial. O conteúdo desse livro era o de treinamento no estilo americano e era distribuído para os alunos e também para as tropas de todo o país. Os cursos dos estudantes foram aumentando e havia os de Básico de Aviação, de Fundição, de Vagão, Mecânica de Instrumento, etc. Estava ocupado todos os dias como encarregado dos alunos nas reuniões de candidatos a dirigentes e de comandantes das tropas de todo o país. Dois meses após a mudança de endereço da escola de armas, o nome da Força de Reserva Policial foi mudado para Força de Segurança. E também foi aberta a Faculdade de Defesa. O comandante da companhia nos recomendou dizendo que nós tínhamos qualificação para prestar exame de admissão. Pensando em ter que estudar de novo, e ao invés disso, querendo receber indenização trabalhista por demissão - 30 mil ienes pelos 2 primeiros anos, 30 mil 167


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ienes pelos 2 anos posteriores e 30 mil como pensão temporária no total de 90 mil ienes encerrei o serviço de quatro anos na Força de Reserva Policial, Força de Segurança e Força de Autodefesa, e retornei à terra natal depois de muito tempo. No vilarejo, os colegas do tempo do ginásio e do colégio, com cara de adulto vinham me visitar só pelo fato de um ex-membro da Força de Autodefesa ter se retornado. Havia entre eles colegas do tempo do colégio, que traziam filhos e iam embora depois de contarem vantagens. E como os pais do vilarejo perguntavam como era a Força de Autodefesa em comparação às Forças Armadas de antigamente, eu explicava sobre o treinamento no estilo americano e o rigor dentro das tropas. Ao ouvir as conversas dos colegas da escola, eu que vivi quatro anos em um mundo diferente deles, pensei, isso é sério, estou muito atrasado em relação à sociedade em geral. Meu pai disse, parecendo preocupado, que o pessoal do vilarejo me cumprimenta por medo de mim, que por quatro anos estava sendo treinado para matar na guerr. Ele disse para ir embora e eu também achei que não poderia viver nesse vilarejo. Fiquei sabendo que um veterano do colégio começou cultivar em estufa com dinheiro ganho como decasségui na fazenda da Califórnia, nos Estados Unidos. O veterano recomendou: no futuro na Província de Kochi o cultivo em estufa prosperará, de modo que deveria ir aos Estados Unidos ganhar dinheiro. Fui imediatamente para a repartição pública do vilarejo consultar e o chefe do vilarejo disse: do que ir para os Estados Unidos, como há proposta do Cotia Seinen da Cooperativa Agrícola de Cotia do Brasil, na América do Sul, pense bem nisso. Segundo a conversa do chefe do vilarejo, a Cooperativa Agrícola de Cotia era a maior cooperativa agrícola da América do Sul e o funda168

dor era originário do vilarejo de Hayama, em Kochi. Disse que o nome dessa pessoa era Kenkiti Simomoto e era uma pessoa famosa entre os descendentes de japoneses no Brasil. O chefe do vilarejo disse que, como a imigração do Cotia Seinen iniciou com a negociação entre esse Kenkiti Simomoto, que era diretor superintendente da Cooperativa Agrícola de Cotia, e o presidente Hasumi do Zenchu do Japão, o nosso vilarejo precisa indicar um jovem para imigrar. Segundo a explicação do chefe do vilarejo, se for para o Brasil, há fazenda de café tão ampla de perder de vista e, se trabalhar por quatro anos, receberá uma parte da fazenda tornando-se independente e recebendo ajuda até para arranjar o casamento, de forma que ele recomendava com entusiasmo minha a ida para o Brasil. Levado pelo entusiasmo do chefe do vilarejo, desisti da ida aos Estados Unidos e decidi imigrar para o Brasil como Cotia Seinen. Nasci como terceiro filho de família de agricultores, mas desde a formatura no curso colegial não praticava agricultura. Fiquei um pouco inseguro e, como o chefe do vilarejo fazia muita propaganda da imigração ao Brasil, pensei que o meu pai havia combinado alguma coisa com ele. Perguntando para um conhecido da repartição pública, disse que meu pai havia pedido para o chefe do vilarejo que, ao invés dos Estados Unidos recomendasse o Brasil, no outro lado do planeta. Na realidade, meu pai e o chefe do vilarejo eram colegas do curso primário, sendo que, enquanto o chefe do vilarejo era representante da classe, meu pai era vice-representante e ambos eram rivais nos estudos. Isso me deixou decepcionado, mas pensando que era uma forma de demonstrar dedicação aos pais, decidi emigrar para o Brasil como imigrante Cotia Seinen. Como me sentia no íntimo, que estava atrasado muitas décadas em relação às pessoas da sociedade em geral, fiquei de alguma forma aliviado que poderia fugir do Japão.


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Antes da emigração, houve inicialmente um treinamento prático de agricultura por uma semana na Fazenda Uchihara na Província de Kagawa e, junto com os companheiros que imigrariam, nos dedicamos com esperança ardorosa ao treinamento. Durante o período de treinamento, fiquei particularmente amigo do rapaz chamado Tsutomu Miki, originário de Tokushima. Passei dormindo com meu travesseiro e o dele lado a lado, mas o seu linguajar era absolutamente afeminado e era um rapaz bonito com corpo e rosto como de ator, de modo que, mesmo sendo coisa alheia, fiquei preocupado se ele seria capaz de viver em uma terra vasta como a do Brasil. Era um belo rapaz, que dava vontade de agarrar. Uma noite, perguntei ao Miki que tipo de trabalho fazia até agora. Ele respondeu que por muitos anos viveu junto com as operárias da fábrica de fiação, e eu pude compreender. No último dia do treinamento, quando disseram para escrever uma dissertação sobre o sonho ao emigrar para o Brasil , lembro-me que o Miki disse que não era capaz de escrever um texto desse tipo e recorreu a mim, de forma que escrevi para ele uma narrativa de um grande sonho. Terminado o treinamento de uma semana, despedimo-nos prometendo nos encontrar no Porto de Kobe. Voltei para casa e, ao relatar para meus pais, irmão mais velho e cunhada, todos ficaram contentes com a minha emigração para o Brasil. Principalmente a minha cunhada. Disse que faria uma grande festa de despedida, mas mesmo agradecido recusei dizendo que não era soldado que ia para a linha de frente no passado. No dia anterior à partida, quando tiramos uma foto na frente de casa com a família e dois primos, a minha idosa avó que me criou com carinho desde criança me abraçou dizen-

do que era despedida para o resto da vida. Não pude conter as lágrimas e abracei-a firmemente de volta. No dia da partida, acordei cedo, olhei de longe a casa onde cresci e estava acostumado a viver, pedi para as montanhas que cercam as plantações que protejam a minha família. Despedi da minha terra natal dirigindo-me para a cidade de Kobe, onde minha irmã mais velha e o meu cunhado me esperavam. No dia 21 de maio de 1957, o navio "América-maru" chegou ao Porto de Santos e fui encaminhado para a família de agricultores que trabalhava com avicultura e cultivava tomate no bairro chamado Capão Redondo, na região de Santo Amaro, na periferia da cidade de São Paulo. Passado cerca de um mês, foi divulgada a ocorrência de um grande incidente que abalou a comunidade japonesa. Um Cotia Seinen, que tinha sido enviado para uma colônia na cidade de Pindamonhangaba, no Estado de São Paulo, havia assassinado o patrão. O nome desse Cotia Seinen era Tsutomu Miki, que tinha recebido treinamento junto comigo. Quando vi o nome dele, lembro-me como se tivesse acontecido hoje, que fiquei estupefato. Miki havia chegado no navio seguinte ao nosso. No dia da partida de Kobe, como ele não apareceu, embarquei pensando que por questão de personalidade não tinha dado certo. Fiquei sabendo depois, que havia saído da penitenciária em menos de um ano, pelo seu bom comportamento. Por arranjo da Cooperativa Agrícola de Cotia trabalhou cerca de dois anos usando um nome falso e voltou para o Japão. Gostaria de ter encontrado com Miki mais uma vez. Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo (Nota: O "Incidente de Pindamonhangaba" foi publicado na p.14 da edição de 40 anos (em japonês) sob título de "A verdade sobre o incidente de Pinda". Se tiver oportunidade, gostaríamos que dessem uma olhada) Livro: 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em japonês) p. 42~45

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20 anos no cultivo de flores

Setsuo Yamaguchi - Atibaia

Lembro-me com saudade que, há 20 anos, era registrado na cooperativa de um vilarejo pobre e isolado em um canto de Kawanakajimadaira em Shinshu (Nagano). No vilarejo cercado nos três lados por montanhas, havia cerca de 400 casas, e ao subir em uma pequena colina e avistar o vilarejo na primavera japonesa em abril, no estreito vale podia se ver telhados cobertos de palha de casas de agricultores e cercados por flores de ameixeira. No local, que quase não tinha contato com outro lugar, as pessoas de fora do vilarejo eram o professor da escola primária, o policial residente e o técnico da cooperativa. E para nós solteiros, o policial que morava lá por muito tempo era um bom colega de bebida. Quando ameixeiras começavam a florescer, o salão de cima da cooperativa se transformava em local de banquete de diversas associações e dia após dia eram realizadas reuniões dessa entidades e junto se fazia um banquete para a contemplação de flores. A escada ao lado do escritório era usada para transportar as iguarias. Por cerca de um mês, até as flores caírem, passava-se todos os dias bebendo em companhia deles e o trabalho absolutamente calmo. Era um vilarejo em que se colhia arroz para subsistência e a renda dos agricultores vinha da ameixa, sericicultura e flores cortadas, que quase todos os agricultores cultivavam um pouco. Era um vilarejo famoso pelo cultivo de flores na região, fornecendo cravo de campo no verão para a região de Tóquio e crisântemo para o Dia de Finado japonês em Tóquio. A realização do encontro anual de produtores de flores e plantas ornamentais no salão da escola primária era um evento anual e depois 170

ficava animado com o saquê servido por atacadistas. Se comparar com o cultivo de flores no Brasil em que se passa o ano inteiro trabalhando, lembro-me com saudade da época em que os dias eram mais tranquilos e humanos. Na reunião dos 20 anos de Cotia Seinen, as lembranças devem aumentar muito. Gostaria de escrever nessa oportunidade sobre as lembranças da vida no Brasil onde passei na maior parte do tempo cultivando flores. Cultivo de flores em Shinshu que parecia brincadeira de criança Todos os anos em abril, ao realizar o encontro de produtores de flores e plantas ornamentais, invariavelmente o funcionário encarregado da carga da Kokutetsu (companhia ferroviária) comparecia. Vinha para negociar o transporte de flores cortadas para Tóquio. Ao iniciar o despacho da carga por volta de junho, crisântemos e cravos empacotados começam a chegar aos poucos no depósito de carga da cooperativa. Todos os dias, a cooperativa transportava esta carga em um triciclo (com capacidade para 1 tonelada). Seria equivalente a uma perua da atualidade, mas era carga de dezenas de produtores. Se comparar com o cultivo de flores no Brasil, de carga diária em caminhão de 6 toneladas, há uma sensação de viver num


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mundo diferente. Certo ano, com a seca prolongada os crisântemos do campo começaram a murchar. Os agricultores que não possuíam equipamento de aspersão de água, não tinham como regar. A cooperativa, que recebeu apelos para ajuda, ordenou que aspergissem com o pulverizador de desinfetante que tinham na mão. Com capacidade de aspersão de 1 mil litros por hora, mesmo levando o dia inteiro, era como jogar água em pedra quente. Com a quebra da colheita com a seca, a ocorrência de doença por causa da chuva, os anos em que se tinha boa produção eram poucos. O cultivo em estufas de vinil fez com que cravos fossem vistos na estufa dentro da neve profunda, e o cultivo com iluminação artificial permitiu que os crisântemos fossem vistos fora do outono. Isso chamou bastante a nossa atenção. "Hana yori dango" (comida ao invés de flores) depois da travessia para o Brasil Comecei a ter interesse no cultivo de flores e, admirando o cultivo de flores dos descendentes de japoneses da Califórnia e da Argentina, candidatei-me para ser Cotia Seinen. Na distribuição em fazendas no alojamento de Moinho Velho, o sr. Yamanaka disse: "Embora você queira cultivar flores, como aqui ainda a situação é de "hana yori dango" (comida invés de flores) e não tem patrão que cultive flores para acolher, fique criando aves." Fui enviado para a Fazenda Imamura nos arredores de Embu. Cuidei das aves e porcos por cerca de um ano e meio e soube que sr. Matsuoka havia trazido do Uruguai grande quantidade de mudas de cravos e crisântemos para cultivo em estufas e iniciado uma grande produção em Atibaia. Então, pedi à pessoa envolvida e fui aceito como discípulo desse senhor. Na fazenda deste senhor em Atibaia, havia instalação considerável de estufas de vidro e de

plástico, onde desabrochavam flores de cravo do tipo Sim admiravelmente grandes. Em cerca de 3 meses, por conveniência para a venda, o cultivo foi transferido para perto de Moinho Velho, mais perto de São Paulo. Fiquei 2 anos e meio trabalhando ali. O grande problema do cultivo de flores nessa época era que mesmo produzindo muito não conseguia vender tudo no mercado. Após 2 ou 3 anos as vendas foram melhorando, mas não conseguia produzir boas mudas, ou se produzia seguidamente a terra ficava com doença e era difícil obter uma boa colheita como se desejava. Nos canteiros em que surgiam pés com problema, eram plantados crisântemos bombons temporariamente. Não tinha como saber como estava o bolso do patrão, mas pela venda e pela colheita, não deveria estar muito recheado. Uma vez, o patrão sugeriu: "como o cultivo de flores não rende como batata e avicultura, não seria melhor vocês jovens mudarem agora para outros negócios?" Como eu pensava de maneira muito simples, deve ter pensado que me daria melhor no cultivo da batata do que no de flores, que na época era mais próximo da jardinagem. Independência em terra arrendada de cinco tarefas Ao passar da metade do período de quatro anos do contrato de Cotia Seinen, que pareceu longo, entre os companheiros falávamos sobre a independência pessoal. Por faltar um ou dois anos para entrar na casa dos 30 anos de idade, comecei a planejar minha independência adequada à minha capacidade. O caminho escolhido foi, como se esperava, o cultivo de flores. No bolso havia 40 contos de reis que havia poupado durante 4 anos. Com 9 mil mudas de cravos, que o patrão me arranjou, e com um pouco do dinheiro do fundo de assistência planejei o arrendamento de terra. Com a condição de ser perto de ponto de ônibus e ter energia elé171


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trica, arrendei em Embu cinco tarefas. O ponto de ônibus ficava a 200 metros, mas a metade da terra era arenosa e devastada por cultivo de verduras, sendo que o restante era mata de eucalipto. Fiz o canteiro para plantar flores transportando três caminhões de terra do mato, pois o terreno arenoso seria ruim para a plantação. Como o riacho para irrigação ficava a 300 metros, quando estava pensando em como fazer, o prestativo patrão trouxe um motor a gasolina de 1 cavalo-vapor para o poço e me emprestou com a condição de pagar-lhe depois de um período de carência. Como o local era arenoso e parecia que a água subterrânea era alta, precisando de água para irrigação, cavei um poço de 2 metros e meio de diâmetro no beiral da casa. Começou assim o cultivo de flores, cozinhando a própria comida e irrigando com a bomba debaixo do beiral. Então ouvi um boato estranho, algo como: "aquele rapaz (referia a mim) não sabe nada e por isso começou em um terreno arenoso e estreito, mas naquele lugar a terra é tão pobre que nem verdura cresce. Com certeza, daqui a pouco vai acabar fugindo a noite. Coitado". A área plana da região é arenosa e a terra ruim, mas quanto mais a terra fica na declive é fértil e as berinjelas e cenouras cresciam bem, de modo que muitas pessoas do vilarejo faziam as plantações na parte inclinada, bem no fundo. Felizmente, como a área era pequena, pude cuidar bem e não precisei fugir à noite. Quando os botões começaram a aparecer, a Cooperativa Agrícola de Cotia resolveu financiar 80 contos de réis por pessoa como capital inicial. E com esse financiamento para a próxima produção, resolvi arrancar os pés de eucalipto para aumentar a área cultivável. Depois de levar um 172

dia inteiro para arrancar um pé, contratei um baiano para arrancar as dezenas de pés restantes. Nesse ano fez mais calor do que nos outros anos e fiquei aturdido com a chuva contínua, mas graças ao telhado de plástico consegui chegar ao mês de março sem muitos estragos na colheita. As flores que tratei rezando para dar certo desabrocharam. Quando pedi para a dona da terra, que me ajudou, a cortar a primeira flor desabrochada, sem querer meus olhos lacrimejaram. Pensando bem, era a maior emoção desde que me despedi dos meus pais para sair do país com novos propósitos. A semana seguinte era da Páscoa. Levando no peito o primeiro carregamento, dirigi-me ao mercado de flores da Consolação. Alguns rostos de produtores japoneses foram aparecendo aos poucos, mas como era novato estava desorientado. Meu antigo patrão que me viu, apresentou logo 2 ou 3 clientes. Uma dúzia de flores foi vendida a 40 cruzeiros. Como um quilo de carne superior para bife custava cerca de 30 cruzeiros, em termos de agora devia ser algo em torno de 20 cruzeiros a dúzia. No diário da época está escrito: preparativos para independência e despesas para a primeira produção, no total de 60 contos de reis. A venda da primeira produção rendeu 180 contos


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de reis. Tivemos dois ou três anos favoráveis e no terceiro ano foram plantados 40 mil pés de cravo e, com o empréstimo da agência de imigração, adquiri um jipe para transporte. Três anos depois de me tornar independente, consegui comprar um terreno no loteamento da Cooperativa Agrícola de Cotia em Atibaia e me tornei um pequeno proprietário.

instalados e era organizado como dentro de uma fábrica. O acabamento da safra era maravilhoso e ao perguntar sobre os detalhes, sendo um país do Norte, era necessária a calefação durante 8 meses. A água para irrigação era comprada e trazida de longe, e também a terra de boa qualidade para o plantio, dependendo do caso, era comprada e transportada.

Cultivo de flores que almejou a formação do bairro de flores e plantas ornamentais de Atibaia Na época em que mudei para Atibaia, estava vivendo com seis ou sete novatos, mas anos mais tarde, quase todos haviam se fixado nas proximidades. No departamento de flores e plantas ornamentais que existia na Cooperativa Agrícola de Cotia, quase todo o setor de cravos era de Atibaia.

Se considerar que tiveram que aterrar o mar para construir o terreno, devem ter levado muito tempo e custado muito caro. O segredo da administração deles para compensar isso e ter uma boa vida era colher ao máximo todos os anos, em estufas totalmente esterilizadas, com temperatura controlada, plantando mudas de boa qualidade e controlando totalmente o solo.

Estava começando a formar-se um bairro produtor de flores e plantas ornamentais e parecia que o respectivo departamento da Cooperativa cresceria. Porém, a época não era favorável, pois com a aplicação do ICM, a venda da Cooperativa foi freada e o sonho da comercialização em grupo se desfez. Sem a venda pela Cooperativa, gradualmente a venda individual foi centralizada no CEASA. Cultivo de flores na Holanda onde se compra até terra e água Em 1965, tive a oportunidade de conhecer o cultivo de flores na Holanda, que se orgulha da longa tradição, mas o que senti ali é que qualquer produtor de flores tinha um gramado verde, casa bem arrumada e flores do campo plantadas em janelas de sacada. Ele vivia muito bem em comparação conosco, produtores brasileiros que só trabalhavam desoladamente. A área de estufa dos produtores de flores e plantas ornamentais era de menos de 1 alqueire, e por essa dimensão não era possível produzir muito. Dentro das estufas havia corredores bem

Antes, tinha visitado Buenos Aires e o produtor descendente de japonês disse que na Argentina o cultivo de cravo em local novo trazia bom resultado no primeiro ano. No segundo ano diminuía 15% e no terceiro ano, 30%, de forma que, quanto mais repetia a produção, a rentabilidade caía. Lembro que ele disse que se diminuísse 30% ficaria inviável financeiramente e esse era o destino dessa plantação. De fato, por volta de 1972, ao visitar uma área de cultivo do Uruguai verifiquei que havia muitas estufas abandonadas por não conseguir mais produzir e acabei entendendo o motivo. O Brasil é novo e tem vasta terra, mas em termos de instalação do cultivo, sinto profundamente que não pode faltar no Brasil o investimento de capital e de esforço para aumentar a produção ano a ano como na produção da fábrica da Holanda. Cultivo de flores da Colômbia na "estufa natural" A ideia de produzir flores aproveitando o verão do hemisfério Sul e enviar para os países de173


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senvolvidos de consumo alto, que estão no inverno era um anseio desde a época do departamento de flores e plantas ornamentais da Cooperativa Agrícola de Cotia. Por vários anos, lidei com o cultivo da flor de corte para exportação, principalmente de rosas. Havia muitos obstáculos como o rigor do padrão, a perda de qualidade por não conseguir o controle total da temperatura no clima quente, a necessidade de transportar de avião, etc. Nessa época, tive a oportunidade de observar o cultivo de flores da Colômbia, que cresceu na exportação de cravos. A partir de 1974, no inverno quando o preço do cravo melhorava, ele era importado pelo Brasil e aparecia nos mercados de São Paulo e Porto Alegre. Isso me levou a fazer essa visita à Colômbia. A região do cultivo fica na cercania da capital Bogotá, na altura de 2.700 m do nível do mar, a 5º da latitude Norte e, por ser perto da linha do Equador, tem sol o ano inteiro por muitas horas e com pouca variação de temperatura entre dia e noite. E pela sua alta altitude, a temperatura fica entre 5º e 25º C, de modo que nesse lugar o meio ambiente é o mesmo da estufa com controle total de temperatura, que os países desenvolvidos se orgulham em ter. Na produção de crisântemo não precisa de raio de luz. O descendente de japonês que era administrador da fazenda de flores e plantas ornamentais de proprietários estrangeiros, que estava iniciando as exportações na visita de quatro anos antes, tinha se tornado independente e estava administrando uma fazenda de flores e plantas ornamentais para exportação que produzia 500 mil cravos. Tendo uma firma comercial nos Estados Unidos, exportava em grande quantidade para lá, e a produção de flores e plantas ornamentais, que era o orgulho da Califórnia, ficou bastante prejudicada.

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Com custo baixo, para o mercado amplo Desde a elevação do preço do petróleo em 1974, o custo da produção de flores no Brasil tem elevado consideravelmente e, dependo do caso, o preço de venda fica abaixo do custo. Além de haver o problema dos defensivos agrícolas de afetar o corpo, não está sendo possível fazer bom trabalho como antigamente. Em relação às flores vendidas no CEASA, as flores do campo cultivadas por produtores regionais a baixo custo são mais vendidas do que as flores mais caras que os produtores descendentes de japoneses cultivam. Para abaixar os custos, mesmo em um terreno amplo, as flores e plantas ornamentais necessitam de certas instalações e não se pode mudar de lugar com tanta facilidade. Penso que aumentar o rendimento por área de forma concentrada vem em primeiro lugar. Isso significa gestão completa do cultivo, de muda e de solo que aprendi na Holanda. Produzir em instalação cara adaptando à força para o clima frio e quente é algo para se pensar, já que enfrentamos os produtos trazidos do exterior, dependendo do preço. Torna-se ainda mais necessária a exaustiva produção adequada em local adequado. Mesmo considerando muitas alternativas, em termos de cultivo de flores, o cultivo descuidado à maneira brasileira não traz bons resultados. Não tive meios para resolver o problema de calor do verão no cultivo de cravo em Atibaia, mas diante da importação de bons produtos do exterior, não há sentido em ficar de braços cruzados. Então, resolvi começar o cultivo de cravo a 500 km de distância, em Barbacena, no Estado de Minas Gerais no planalto de 1.200 metros de altitude. Cotia Seinen no 20 nen (20 anos de Cotia Seinen), p.29~31


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O caminho para ser dono da fazenda

Mitsuyoshi Tsuji - 2ª leva da segunda fase, de Fukuoka

Se não for bem sucedido, não retornarei para a terra natal Nasci no dia 10 de fevereiro de 1938, como 3º filho de família de agricultores de Hirokawacho em Yame-gun na Província de Fukuoka. Desde pequeno tive contato com a história heróica sobre o desbravamento de Manchúria e de aventureiros errantes de continentes. Aos 18 anos, decidi me emigrar para o Brasil, pelo sistema do Cotia Seinen. Meus pais e parentes se opuseram fortemente, de modo que, antes de tudo, aprendi sobre a técnica de avicultura de frango reprodutor da província e, com criação de frango, juntei dinheiro para vir para Brasil e convenci meus pais. Como meu pai determinou com rigor que "vá para Brasil, mas não volte chorando", decidido que "até ser bem sucedido não colocaria os pés na casa paterna de forma alguma", cheguei no Brasil no dia 2 de junho de 1959, a bordo no Brasil-maru, na 2ª leva da segunda fase de imigração do Cotia Seinen. O local para onde fui encaminhado foi o produtor de batata de Embu Guaçu, mas pouco depois, o patrão faliu por causa da recessão e, por mediação do departamento de imigração da Cooperativa Agrícola de Cotia, estabeleci-me na família de um grande produtor de Itatiba, a 82 km ao Norte de São Paulo, mas não conseguindo me entender com a ousadia do patrão, a partir de 1960 fiquei vagando sem dinheiro, ficando alguns meses em Presidente Prudente, depois de Capão Bonito e desloquei-me para o Estado do Paraná, andando por vários locais como Castro e Araucária. Com o convite do fazendeiro Hideki Yamaguchi, para os preparativos para me estabelecer, voltei uma vez para São Paulo para retirar as bagagens, mas para observar mais um pouco outros locais, fui à cidade de Dourados

no Estado de Mato Grosso do Sul, que por volta de 1960 atraía atenção como nova fronteira agrícola fui conhecer locais como "Colônia Matsubara", passei o Ano Novo e depois de vaguear de Ponta Grossa até Campo Grande, cheguei a Araucária. Com essa vadiagem, houve reclamações em muitos locais e rotularam-me como "jovem delinquente" e fui tratado como um elemento perigoso, mas com essa vadiagem conheci a natureza humana e enriqueci o meu conhecimento. Tornei-me independente no distrito de Palmeira pertencente ao escritório de Ponta Grassa, a 100 km da capital do Estado do Paraná, Curitiba. Porém, castigado pela vadiagem e pelo vício em briga, não pude receber ajuda do fundo para a independência. Em nome do patrão Yamaguchi, citado anteriormente, recebi o empréstimo da batata semente e adubo e plantei batata em um alqueire de terra arrendada. Com esforço extraordinário, a safra foi excelente e com preço proporcional. O prejuízo foi evitado e os empréstimos foram liquidados. A produção seguinte foi iniciado do zero e me esforcei para conseguir o financiamento, mas por dificuldade com a língua portuguesa, tive que ir cerca de 10 vezes ao Banco do Brasil pedir o empréstimo. Pelo reconhecimento a essa perseverança, consegui finalmente o financiamento. A busca da noiva em Manaus e a obtenção de recursos com batata Em relação ao casamento, influenciado pela má fama e mania de vadiagem, não havia no Brasil ninguém que quisesse me dar a mão de sua filha em casamento, de modo que, sem outro jeito, pedi ajuda aos meus pais que me mandaram o recado: "como em Manaus há filha de conheci175


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do, vá vê-la". Depois desse esforço, em julho retornei com minha esposa. E como se as batatas felicitassem o casal, a safra foi boa e restou algum dinheiro. Nessa situação, estranhamente, a má fama e a mania de vadiagem foram se desaparecendo e, ao contrário, comecei a ter fama de "aquele sujeito é trabalhador". E ainda, com o recurso angariado por meu pai adquiri terra e começou a soprar vento favorável. Fui até escolhido para ser diretor do armazém e, ampliando a área de cultivo, finalmente fiquei com a aparência de agricultor autônomo. A perseverança e a provação dessa época influenciou muito posteriormente na administração da fazenda de gado e experimentei o perigo de me satisfazer com o trabalho, crendo que "assim está bom" com o lucro obtido, pois esse empreendimento é contínuo, não tem safra. Acumulei recursos financeiros com batata e fui ampliando a fazenda. Como não se pode cultivar batata no mesmo terreno seguidamente, após a colheita planta-se trigo, que como desenvolve grãos na ponta da espiga fica com a cabeça grande e se não crescer com talo forte tomba mesmo com o vento. Isso pode ser ajustado com fertilizante. Mas o excesso de fertilizante não fez crescer um talo robusto. Como cresce na época da chuva, se não fizer uma pulverização cuidadosa de fungicida antes da chuva o agente patogênico será propagado. Se fizer esse tipo de pesquisa e a produção for boa, a colheita aumentará e com boa qualidade poderá ter boa venda e aumentar o lucro. O empreendedor não pode administrar em cima da escrivaninha. Deve avaliar sem falta a situação atual "in loco" e não pode deixar de lado a postura de se empenhar ativamente nas medidas. Ao manter essa postura básica, o dinheiro virá. Não é algo que se consegue perseguindo. E não existe a necessidade de perseguí-lo. E essa é a conclusão que cheguei com a minha experiência. 176

Pode-se resumir da seguinte forma: (1) O fundamento da gestão agropecuária é a tecnologia de produção; (2) A premissa da tecnologia é o pensamento do administrador; (3) O local em que o administrador pensa seriamente e refina o pensamento é o campo cultivado.

Isso não deve ter distinção entre Oriente e Ocidente e deve ser comum em toda agricultura do mundo. Nesses 40 anos de dedicação à atividade agrícola, vi de perto muitos casos reais e experimentei. Eu mesmo, por experiência própria, senti o quanto é importante a tecnologia e desde então tenho administrado priorizando a tecnologia. Não se pode esperar aumento de produção negligenciando a tecnologia e contando somente com o recurso financeiro. Com o objetivo de melhoria na produtividade e na qualidade de culturas agrícolas, estou me dedicando hoje em dia como especialista em gado na utilização eficiente do pasto e no aumento da taxa de reprodução. A utilização da tecnologia não é a introdução do que os estudiosos incentivam como sendo "a melhor tecnologia". É o uso da técnica que parece mais apropriada, de acordo com seu trabalho e as condições ambientais da vizinhança. Com 400 hectares em posse, o primeiro passo para a realização do sonho Atualmente, as tecnologias se diversificaram e o que é considerado teoricamente o melhor nem sempre é o mais adequado. Há muitos casos em que a teoria e a realidade não coincidem. Há casos em que não é rentável pelo seu custo alto. Em primeiro lugar, é importante decidir adequadamente discernindo a realidade. Ao deparar com um problema nunca experimentado, o melhor é consultar pessoas experientes. Como se diz no provérbio: "Perguntar é passar vergonha uma vez, não perguntar é passar vergonha perpetuamente", deixe o orgulho de lado e pergunte com franqueza e vamos pro-


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curar a solução da situação. Devemos aprender muitas coisas com as explicações recebidas dos outros. Gostaria que utilizassem bastante o provérbio: "Ouvir uma coisa e entender dez". A pessoa que ouvir uma coisa e só aprender uma, está desqualificado como agricultor. Se for uma pessoa que vai administrar um empreendimento, precisa ouvir uma coisa e aprender 100. "Ouvir uma coisa e aprender 100" não é um dom natural, mas pode ser adquirido por meio de treino. Como é uma qualidade adquirida, é possível conseguir, se esforçar para tanto, treinado sempre. Creio que antes, se deve treinar conscientemente do que se esforçar. Esse treino deve ser feito, não dentro de casa ou do escritório, mas "in loco" ponderando a situação e colocando em prática a melhor solução.

do Estado do Mato Grosso do Sul, com extensão maior, tornou-se a base principal e em tempo relativamente curto pude organizar os negócios de cereais. Na mesma região, os administradores que dependiam de financiamento bancário, por escassez de recursos próprios, foram atingidos pela crise econômica brasileira das décadas de 1980~1990, e entraram em colapso, e se dispersaram. Nessa época, aprendi de perto o perigo de depender do financiamento bancário. Os recursos próprios escassos podem gerar os seguintes problemas: (1) Fica fácil de cair na falta de capital e a produtividade não aumenta; (2) A baixa produtividade leva à baixa qualidade e o preço de venda do produto fica baixo; (3) Com a introdução de recursos externos, aumentam as despesas não-operacionais como o custo dos juros; (4) Recebendo novamente o empréstimo bancário para pagamento ao banco, a dívida vai aumentar feito uma bola

Como o rendimento com trigo era muito boa, expandi a produção mudando a diretriz agrícola para cereais e grãos. O cultivo de batata não era possível ser fixo, adquiri terreno e mudei, depois de 1970, para produzir no verão a soja e o trigo no inverno. A partir dessa época, esforcei-me para aproximar da realização do sonho que nutria desde o Japão, de ampliação de terreno, e adquiri 400 hectares de terreno em Ponta Grossa.

de neve.

Em 1974, a grande empresa comercial Marubeni iniciou o projeto de produção de cereais de 20 mil hectares (Fazenda União), no município de Maracaju, no Estado de Mato Grosso. Com 13 companheiros do Estado do Paraná, adquirimos o loteamento dessa terra. Esse terreno era de 1 mil hectares com fonte de água e com água cristalina atravessando o local. Depois disso, adquiri mais 2 mil hectares de terreno adjacente e aumentei para o total de 3 mil hectares. Dediquei-me ao cultivo de cereais e também grãos em 400 hectares, em Ponta Grossa, cruzando frequentemente as duas terras. A

Finalmente consegui empreender na fazenda de gado que visava Ampliei o empreendimento mudando de batata para cereais, mas a agricultura é influenciada pelo clima e há muitos elementos indeterminados, de modo que, sentindo insegurança no futuro comecei a pensar na pecuária que, apesar da baixa lucratividade, é estável. No início, o investimento na instalação era grande e tinha necessidade de esperar cerca de 10 anos para se tornar produtiva, aumentando o número de bovinos. Mas, tendo certeza de que seria um empreendimento relativamente estável a

O benefício indireto de autofinanciamento é que pode haver pequenos fracassos nos negócios, mas não há grandes perdas, pode haver sobreposição de condições adversas no mercado e os lucros podem cair, mas não há prejuízo. As despesas financeiras são inexistentes, se consegue adquirir os materiais com menor custo e pode manter baixo o custo de produção.

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longo prazo, a partir de 1978, iniciei a administração da fazenda de gado ainda que experimentalmente. Passando pelo período de 3 anos de teste, com formato definido, a partir de 1981, lancei-me na construção para valer da fazenda de gado, ampliando anualmente o pasto de forma planejada. O problema da fazenda de gado é a falta de grama no período de seca no inverno. Para tanto, em 1983 adquiri 2500 hectares em Nioaque, no Pantanal. No período de chuva, a metade da terra é inundada, mas no período de seca a terra que estava inundada tem a capacidade de retenção de água e por longo tempo mantém a umidade do solo, tendo a vantagem da grama crescer de forma sustentada, mesmo sem precipitação de chuva. Depois disso, em 1995, adquiri 3500 hectares de terra na cidade de Caracol, perto da divisa com Paraguai. Coloquei o nome de Fazenda Kanekura usando o nome comercial de meu pai. Além disso, em 2002, adquiri mais 2400 hectares de terra coberta por mata natural na mesma região. Atualmente, o total de área da fazenda, dividida em 5 locais, é de 12000 hectares, e aumentei a criação para 13 mil cabeças de gado. A motivação da dedicação exclusiva à administração do gado, deixando de lado o cultivo de grãos, foi a divisão de risco e creio que o lucro a curto prazo da fazenda de gado não é comparável com o do cultivo de grãos, que busca alta renda, mas no lucro obtido a curto prazo, o imposto de renda também é cobrado e, se calcular o lucro líquido a longo prazo, é mais vantajoso o lucro real da fazenda de gado. Na produção agrícola, ao fazer a colheita, a venda também é feita em curto prazo avaliando o preço do mercado, mas no caso da fazenda de gado, quando o preço do mercado de bovino estiver baixo vende-se somente o necessário para manter o mínimo de despesas, e 178

tem a vantagem de poder vender em grande quantidade, na época de preço alto. Na época em que não há necessidade de vender é só deixar solto que não há muitas despesas. Além disso, as vacas dão luz a bezerros todos os anos com certeza e o número de cabeças vai aumentando e isso parece com os juros do banco, e se os bezerros forem crescendo, aumentam de peso, criando lucro acima do depósito no banco. Na ativa durante a vida, não há estação final no empreendimento O Fernando Collor, que assumiu a presidência da república no dia 16 de março de 1990, implementou o tratamento de choque com um plano econômico no mesmo dia: (1) Bloqueio de depósito bancário (não permitindo o livre saque do dinheiro depositado nos bancos); (2) Congelamento de preços (muitos produtos agrícolas ficaram com os preços congelados no valor baixo); (3) Abolição do sistema de subsídio do trigo; (4) Elevação dos juros do financiamento agrícola; (5) Aumento dos impostos sobre rendimento agrícola.

Com a implementação desse plano econômico, toda a população foi oprimida, tanto na economia como na vida. O impacto sobre os administradores agrícolas em particular foi grave. A experiência desse momento acarretou uma grande influência no senso de negócio da minha vida e nessa oportunidade encerrei o cultivo de produtos agrícolas e me especializei em pecuária. Dediquei-me à atividade que recebemos influência da política econômica e do clima. Na questão da gestão de negócios, o pensamento do administrador é o básico do básico e precisa repetir constantemente o pensamento, 365 dias por ano, e principalmente aos domingos, quando o sentimento afrouxa, é preciso ter cuidado para evitar a ocorrência de acidente e se esforçar para não se afrouxar. Para o em-


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preendedor não há feriado. Ao colocar em funcionamento máximo o pensamento, a equação necessária para a resolução do problema, o trabalho vai ensinar. Na sociedade em geral, há a prática social das pessoas invejarem os que são superiores (monetariamente), mas não é possível suprimir a condição atual autodepreciando. Em qualquer caso, é preciso continuar mantendo a vontade firme de buscar a solução do problema com confiança sem deixar de lado o orgulho. O imigrante precisa dizer para si mesmo, incessantemente, que "sou imigrante que veio para ganhar dinheiro no Brasil e aumentar o patrimônio" e fazer disso os víveres para inflamar o ânimo combativo. No ato de ganhar dinheiro, pode-se obter lucro, mas a poupança é também uma parte da busca do lucro. Por exemplo, se for agricultor, para reduzir os gastos, ao invés de pedir às empresas comerciais, na medida do possível, fará por conta própria a casa, o armazém e os utensílios para economizar os gastos. Estou convencido de que, quanto mais a situação for difícil economicamente, a redução de custo é uma condição essencial. Muitos empreendedores desenvolvem e ampli-

am as atividades, mas ao chegar a um certo estágio ficam satisfeitos e nessa época estão envelhecidos, chegando aos sessenta anos de idade. Com declínio de força física e vigor, pensam mais em desfrutar o resto da vida do que ter vontade de trabalhar. Passam o poder efetivo do empreendimento para a geração seguinte e se retira do trabalho. Ao encarregar os negócios a um administrador com pouco espírito de luta e flexibilidade, o empreendimento também retrocederá e, se for liberado da tensão, a vitalidade declina e se torna causa a principal para perder a saúde, de modo que estou convicto de continuar na ativa durante toda a vida. As pessoas dizem "se possuir 10 mil hectares de terra e criar 10 mil gados é um grande fazendeiro. Deve estar satisfeito sem ampliar mais ", mas se parar de ampliar os negócios, o tamanho dos negócios pode ser grande, mas na vida do empreendedor significa que desceu na estação final. Nos negócios não há estação final. No sentido de aproveitar a vida e não somente princípio de ganhar dinheiro, não restringirei o espírito de luta em relação à fazenda de gado. Creio que continuar o trabalho é mesmo o segredo para longa vida e é o maior prazer da vida. Esse tipo de vida também não é boa? Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.260~263

Mitsuyoshi na Fazenda Tsuji (Estado do Mato Grosso do Sul)

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Refletindo um pouco sobre a vida até agora

Yoko Seo - esposa de Masahiro

Meu marido tornou-se independente em 1960, e eu cheguei ao Brasil no dia 9 de fevereiro do ano seguinte, como noiva imigrante. Encontrei pela primeira vez com o meu marido, um bom jovem, no Porto de Santos. No dia que cheguei pela primeira vez na fazenda, foi um aguaceiro à tarde, e da fresta do telhado caíram pingos de chuva... Iniciou-se a vida a dois de forma um pouco assustadora. Em frente à plantação de tomate, o meu marido me explicou sobre a situação da época dizendo "Esses tomates sofreram com a terrível seca no meio de janeiro e me deixou em apuros". Entretanto, a meu ver, esses tomates não tinham nenhum dano e estavam redondinhos e pendurados em cachos bonitinhos, começando a colorir, como se estivessem felicitando o nosso futuro. Eu, que fazia trabalho na lavoura, fiquei surpresa e perplexa, mas no auge do tempo de colheita, consegui trabalhar de dia e de noite, junto com o meu marido. Afastamento da agricultura em lágrimas e rumo a São Paulo Depois de três anos de independência, com as ferramentas agrícolas completas, adquirindo terras também, no momento em que se preparava para ampliar a fazenda como segunda etapa, meu marido ficou doente. Ao ser examinado pelo médico, o diagnóstico foi envenenamento por pesticidas. Foi recomendado pelo médico para se afastar da agricultura. Para o meu marido foi o afastamento da agricultura, em lágrimas. Escolheu comércio como atividade seguinte e abriu uma loja de artigos para 180

agricultura, bem perto da Cooperativa Agrícola de Cotia. Era uma loja bem pequenina. Eu também, pensando em ajudar de alguma maneira, iniciei um bico de trabalho em malha e alugamos quarto para descendentes de japoneses. Nessa oportunidade, iniciei a escola de língua japonesa e, em 10 anos, ensinei para cerca de 70 alunos. Foi nessa época em que me empenhei na difusão do Ikebana, o que me recordo com saudade. Como a administração da loja também se estabilizou, cedi a escola de língua japonesa para uma outra pessoa e finalmente pude ter meu horário. Então, com o incentivo de meu marido comecei a aprender a nihonbuyo (dança clássica japonesa). Mas, sem me dar conta, a dança não me soltou mais e a impressão é que fiquei cativa da dança pelo resto da vida. Em breve, completarei 30 anos que me tornei "natori" (mestre licenciada de dança japonesa), mas ainda não consigo expressar totalmen-

Visita para confortar a sra. Haru Ueno (93 anos), que é bem quista como mãe carinhosa dos Cotia Seinens (no Ikoi no Sono, dezembro de 2000)


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te o fascínio e a graça da dança clássica japonesa. Creio que o encanto maior da dança clássica japonesa são as profundidades dos segredos dessa arte. Fui abençoada com dois filhos e o filho mais velho, depois de terminar os estudos, trabalha na elaboração de um projeto relacionado a finanças. O filho mais velho e a esposa dele têm duas filhas que, no momento, estão na fase de crescimento em que os pais ficam mais preocupados. O segundo filho assumiu o trabalho da loja do meu marido como seu sucessor e estava se empenhando em um trabalho inovador. Estava fortemente interessado na nova importação e exportação de frutas e creio que estava verificando a situação atual e a perspectiva no futuro do comércio mundial, no intervalo do trabalho. Superando a tristeza Mas, na vida não se pode saber o que acontecerá amanhã. O segundo filho, justamente quando estava ardendo de esperança para o futuro, foi acometido por uma doença inesperada e, em menos de três meses depois de adoecer, acabou falecendo. Estava com 32 anos de idade. Deixou um filho com menos de dois anos e creio que foi um final com ressentimento. A nossa desilusão, solidão e tristeza devem nos perseguir por toda a vida. Depois disso, meu marido se afastou de quase todos os cargos associativos e, em 2001, nos mudamos para a casa de veraneio em Ibiúna. Registrarei aqui uma lembrança que me marcou profundamente. Foi a alegria de ter participado da comitiva de visita ao Japão, do grupo de bodas de prata,

que foi organizado pela Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, em comemoração aos 30 anos de imigração. O clímax da recepção de boas vindas no Japão foi a visita ao Palácio Togu. Recebemos do Príncipe Herdeiro e da Princesa Michiko uma recepção cheia de consideração e palavras de contentamento. As lembranças saudosas do passado, como esses também se tornaram longínquos e, este ano para mim, foram 50 anos desde que fomos assuntos da época como noiva imigrante do Cotia Seinen, e um grande marco em que chegamos às bodas de ouro. Após nos mudarmos para Ibiúna, com disponibilidade de um pouco mais de tempo, começamos nós dois a frequentar o curso de shodo (caligrafia japonesa), o que já completa 10 anos. Não chegamos a progredir bastante, entretanto com dificuldade, estamos continuando. Como os filhos foram batizados na infância, nós também recebemos o batismo. Depois disso, como católicos, todos os domingos puxando o meu marido com andar pesado, estamos assistindo a missa e participando também dos eventos da igreja. Estamos morando há 10 anos na casa de veraneio e estamos desfrutando das bençãos da natureza com verde, das árvores floridas, olhando para o céu vendo o Sol, a Lua, as nuvens e as inúmeras estrelas, o prazer da chegada da garça branca e ouvindo o canto dos pássaros. O resto vou deixar por conta do destino e gostaria de viver firmemente valorizando o dia a dia, é o que penso hoje em dia. (5ª leva da primeira fase, de Tokushima, residentes em Ibiúna) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.154~155

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Participando da 2ª Delegação de Visita ao Japão do Cotia Seinen Mitsunobu Yamada

Faz algum tempo, ouvi de uma senhora que imigrou como noiva de um certo Cotia Seinen a sua impressão de viagem ao Japão: "Realizei a visita ao Japão que esperei por muitos anos, que até vi em sonho, encontrei com meus pais, amigas de infância, contemplei a terra natal e a emoção profunda foi imensurável. Se tivesse feito esta viagem longa com as companheiras com as quais vim para o Brasil, como teria sido divertida... Mas, ao mesmo tempo em que tenho a certeza de que o Japão já não é o meu país, algo que por muito tempo estava encravado no peito finalmente desapareceu e pude colocar em ordem os meus sentimentos. Com isso, tenho a impressão de que vou conseguir me esforçar ao máximo..." Baseando nesse tipo de conversa, apelei aos companheiros para a formação de uma delegação do Cotia Seinen para uma visita ao Japão. A primeira delegação de visita ao Japão tendo como chefe Masahiro Seo contou com o inesperado apoio de muitas pessoas. Um ano e meio depois, foi formada a segunda delegação e fui designado chefe do grupo. No inesquecível dia 16 de julho de 1974, a delegação de 140 familiares do Cotia Seinen, recebendo despedida de muitas pessoas, partiu do Aeroporto de Viracopos, com certo nervosismo por embarcar em um jato pela primeira vez e a alegria de poder finalmente visitar o Japão. Passando por Lima, Los Angeles e Anchorage 182

(Alasca) e, antes de se acalmar da excitação, o avião que tomamos aterrizou no Aeroporto de Haneda, Em comparação com a viagem de outrora que demorava cerca de 40 dias, a viagem pelo céu foi de apenas 24 horas. De fato, ao lembrar do passado e do presente, a emoção foi profunda. Aqui também fomos recepcionados por muitas pessoas, a começar pelo pessoal da Zentakuren, Ie no Hikari Kyokai, e de cooperativas, parentes e amigos. No encontro com os parentes que não via há 15 a 18 anos, as palavras não saíam e batendo nos ombros e se abraçando, só nos alegramos com a saúde de ambas as partes. Até hoje estão gravados em meu coração, sem se apagar as enormes gotas de lágrimas que rolaram pelo rosto do homem queimado pelo Sol do Brasil e também da mãe cheio de rugas. Pois bem, a nossa delegação, conduzida pela filial de Tóquio da Univertur, com cinco ônibus, ficamos acomodados no Hotel New Japan, mas ficamos surpresos com a quantidade de bagagens dispostas no amplo hall do hotel. O recolhimento pelos respectivos donos das bagagens demorou cerca de cinco horas e, então, foi possível descansar na primeira noite em Tóquio. Enquanto isso, no hall, as pessoas que acorreram para o hotel formaram círculos em torno das mesas em pequenos grupos e no meio o personagem principal do dia contava orgulhosamente sobre o Brasil e as pessoas ouviam concentrados para não perderem nada. De


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maneira alguma consigo expressar com minhas palavras essa visão harmoniosa. Nesse ambiente caloroso em que não se podia dizer nada, sem querer me comovi. No dia seguinte, pela manhã visitamos Santuário de Meiji, o Santuário de Yasukuni e o Palácio Imperial, e a tarde, participamos da festa de boas vindas de oito associações de cooperativas agrícolas como Nokyo Chuo Kai, Ie no Hikari Kyokai. Ficamos emocionados com as congratulações calorosas das pessoas de diversas organizações, a começar do prof. Takaharu Miyagi, pai da imigração do Cotia Seinen, e do prof. Miyabe Ichiro, e não se pode esquecer também das palavras do sr. Asao Miyawaki presidente de Nokyo Chuo Kai que ocorreu durante a época de deliberação do preço do arroz. E eu, como representante da delegação, tive a oportunidade de expressar as palavras de emoção. À tarde, cada um voltou para suas terras e passaram cerca de um mês desfrutando livremente do seu tempo. As impressões do Japão foram várias, destacando-se as ruas que ficaram esplêndidas, e os carros que correm em grande quantidade nessas ruas, os prédios enfileirados, as faixas elevadas que se estendem sem fim e um enorme

dilúvio de coisas feitas de plástico. Creio que eu não seja o único que tenha sentido um pouco de tristeza pela impressão de que cultura japonesa, que foi desenvolvida desde a antiguidade e as tradições do povo tenham sido empurrados para a sombra da economia em grande crescimento. Ao chegar à casa na terra natal, pela primeira vez senti que "ah, voltei para o Japão". Os nossos companheiros que sofreram por longos anos no longínquo Brasil e construíram o dia de hoje, depois de visitarem cada qual os diversos locais do Japão e voltaram a se encontrar, sentiram proximidade como de familiares e todos disseram com suas próprias palavras que "foi bom ter tido a oportunidade de visitar o Japão" , "foi bom ter emigrado para o Brasil" e "quero voltar logo para aquela vasta terra verdejante." Sinto que repensamos de verdade onde está a felicidade do ser humano. Peço desculpas por ser uma coisa pessoal, mas sinto que foi uma condução de algo superior a alegria de encontrar com meu pai antes da sua morte e não canso de agradecer. E mais, foi realmente um fato lamentável a sra. Kanno da delegação ter ficado no Japão por causa de doença incurável e acabou falecendo cerca de quatro meses mais tarde. E aqui rezamos respeitosamente pela sua alma. Por fim, expressamos nosso profundo agradecimento ao pessoal das cooperativas agrícolas que nos recepcionaram apesar de estarem ocupados e às pessoas do programa de TV da Ie no Hikari "Den-en (distritos rurais) Álbum" e do Canal 12 de Tóquio que fizeram reportagem sobre a nossa delegação. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.54~55

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Desenvolvimento de novas áreas DESENVOLVIMENTO DO CERRADO E COTIA SEINEN Masahiro Seo

Em 1974, o então Primeiro-Ministro Kakuei Tanaka visitou o Brasil. Na ocasião, foi realizado um comunicado conjunto com o Presidente Ernesto Geisel sobre o desenvolvimento da região do cerrado. Em 1976, o presidente brasileiro realizou visita oficial do Japão, durante a qual assinou acordos relativos a diversos projetos, incluindo o desenvolvimento do cerrado, que foi dessa forma oficialmente iniciado. Não existia relação direta entre o Kyoguikai e o desenvolvimento da região do cerrado, mas gostaria apenas de ressaltar que muitos Cotia Seinens participavam ou de alguma outra forma estavam envolvidos nesses projetos de desenvolvimento. No ano anterior à divulgação do comunicado anteriormente mencionado pelas autoridades máximas dos dois países, a Cooperativa de Cotia havia anunciado sua associação ao governo de Minas Gerais em um projeto de desenvolvimento em São Gotardo, que já se encontrava encaminhado. Sucederam-se projetos de desenvolvimento agrícola de grande escala em Pirapora (1976), Paracatu (1979) e Barreiras (1986).

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A Cooperativa Sul-Brasil também desenvolvia projetos em Paracatu e alguns outros locais, mas de pequena escala se comparados aos da Cooperativa de Cotia. Esta última tinha esperança de que muitos Cotia Seinens pudessem se tornar colonos desses projetos, mas muito poucos de habilitaram. A Empresa Agropecuária de Paracatu do Cotia Seinen foi a pioneira no desenvolvimento da região. A empresa foi fundada com a participação de nove Cotia Seinens, envolvendo-se no projeto de 1977. Um ano depois, a empresa de desenvolvimento agrícola nipo-brasileiro adquiriu nas redondezas 10 mil hectares nos arredores e logo em seguida a Cooperativa de Cotia adquiriu 25 mil hectares nos arredores e começaram a agrupar colonos da Sul-Brasil. Por motivos de espaço resumirei os acontecimentos, ressaltando que o desenvolvimento realizado pelo grupo Cotia Seinen foi considerado inovador em todos os aspectos e chamou a atenção, tanto no Brasil como no exterior. Interessados no projeto de desenvolvimento, secretários administrativos e oficiais do governo vieram por variados motivos pesquisarem e inspecionar o local. Independentemente de seu sucesso ou não, o projeto causou grande impacto e serviu para abrir novos caminhos ao futuro desenvolvimento do cerrado. (12/7/2005)


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DESENVOLVIMENTO DO CERRADO NO DISTRITO DE PIRAPORA Yoshitake Shiraishi (13ª leva da 1ª fase, de Kumamoto)

Resposta correta que saiu no 25º ano O distrito de Pirapora, no Estado de Minas Gerais, foi desenvolvido com o objetivo de construir um núcleo de frutas tropicais em 1979, iniciado com a cooperação da CODVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) com a Cooperativa Agrícola de Cotia. Os primeiros colonizadores foram as 15 famílias compostas por seis famílias de descendentes de japoneses, quatro famílias de Cotia Seinens, uma família da equipe de jovens de desenvolvimento, uma família imigrante de antes da guerra e três famílias de imigrantes do pós-guerra. A área do projeto era de 1500 hectares e a área média por família era de cerca de 40 hectares. Seguindo o planejamento detalhado do Departamento de Trabalho Agrícola da Cooperativa Agrícola de Cotia, foi implementado com o apoio total de três departamentos: Venda, Organização e Crédito da Cooperativa. No 5º ano conseguimos mostrar o resultado real, que superava em muito as expectativas iniciais da Cooperativa. Esse sucesso que superou a expectativa tornou-se alvo de interesse dos setores público e privado, e dizem que se tornou um modelo para acelerar o desenvolvimento da bacia do São Francisco. Na época em que se iniciou o desenvolvimento do distrito rural de Pirapora, o primeiro desbravamento do Cerrado de São Gotardo já estava no quinto ano e havia uma forte crítica de uma parte dos associados da cooperativa, que achava que poderia ser motivo de arruinamento da cooperativa. Vencendo a situação difícil

e poder ver o atual aspecto maravilhoso é de contentamento geral. Depois disso, a Cooperativa lançou novos projetos de desenvolvimento como os de São Joaquim, Sul de Minas, Paracatu, Juazeiro e Sul de Bahia e continuou a enviar muitos filhos jovens de associados da cooperativa e, como é do conhecimento de todos, que contribuiu para o aceleramento da expansão da Cooperativa e do Brasil. É verdade que houve evidentemente diversos problemas nesses projetos de desenvolvimento, mas agora depois de um quarto de século, é preciso dizer que a decisão da diretoria da Cooperativa de estava correta, isso Yoshitake Shiraishi participando porque as sementes do programa da TV NHK Kyou plantadas pela Coo- no Wadai , em 21/4/1978 perativa naquela época estão germinando em vários locais e continuam a se desenvolver. Com certeza irão se tornar o núcleo de expansão de nova agricultura do Brasil. O fato de a Cooperativa ter desaparecido é extremamente lamentável, mas estamos agradecidos do fundo do coração pela felicidade de ter proporcionado a oportunidade de desbravar novas terras e nos ter dado a alegria de nos lançar com toda força. Rendimento anual bruto de 500.000 reais A seguir, gostaria de registrar a situação atual do distrito de Pirapora e a perspectiva para o futuro. Somos em 35 famílias de colonizadores e a área total de cultivo é de 800 hectares. Quanto aos principais produtos, uva, banana, cítricos e mamão dominam cerca de 80% da produção total, representando um volume de cerca de 185


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25 mil toneladas no valor de R$17.500.000,00, sendo que o rendimento bruto médio por família é de R$500.000,00. Além disso, são produzidas manga, atemóia, goiaba e maracujá, hortaliças de inverno (pepino e abobrinha) e recentemente iniciou-se também o cultivo de caqui, devendo ser mencionado que, com a colaboração da EMBRAPA, EPAMIG e SEBRA, foram divulgadas quatro novas espécies de uvas sem sementes cultivadas experimentalmente na nossa região e a partir do ano passado, iniciou-se a nova plantação com perspectiva de em breve realizar a exportação para o exterior. Além disso, em relação às uvas de consumo interno no país, a expectativa é ir transferido-se cada vez mais para a variedade sem semente, parecendo-se que a produção será ampliada anualmente. Por fim, sendo o ano de comemoração dos 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen, como imigrante de Cotia Seinen, estou feliz de coração que haja o dia de hoje. Gostaria de expressar o sentimento profundo de agradecimento em relação às cooperativas agrícolas do Japão e dos órgãos relacionados, que acompanharam a nossa saída do país e à Cooperativa Agrícola de Cotia que nos acolheu. E especialmente, gostaria de expressar um cordial agradecimento ao patrão e à família dele, que me acolheu como um membro da família para viver junto e orientar. E mais, gostaria de transmitir o sentimento de gratidão nessa oportunidade também à minha esposa, que desde o casamento tornou-se o centro do lar e apoiou com esforço extraordinário a vida em família. (nota: a quantidade de produção e o valor foram estimados baseado em materiais da Cooperativa Agrícola de Pirapora) Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.266~267

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DUAS DECISÕES Falecido Takeshi Hosoi (20ª leva da 2ª fase, de Kyoto)

Emigração para o Brasil Com o toque do sino e o apito do navio com a canção de despedida "Hotaru no Hikari". O navio foi se afastando vagarosamente da costa. Com as lágrimas que não saíram no Porto de Kobe, não consegui enxergar as figuras da minha mãe e da minha irmã mais velha. Nesse momento, duas serpentinas se romperam ao relar na superfície do oceano e pensei que não iria mais encontrar com minha mãe. (2 de outubro de 1962, no Porto de Yokohama). Na época em que entrei no curso ginasial, minha mãe disse que "um parente distante está sendo bem sucedido no Brasil". Nesse momento, não dei muita importância. Por volta do final da segunda série do curso ginasial, fiquei com vontade de conhecer o Brasil. Como um funcionário do governo da província morava perto da minha casa, perguntei para ele como poderia ir ao Brasil. O funcionário disse que "a condição era ter mais de três anos de experiência na agricultura". Como meu pai era bancário, achei que não era possível. Consultei logo o professor encarregado da minha classe e ele verificou para mim. Informou que no Colégio Katsura, da Província de Kyoto, havia o "curso de agricultura". Achei que era inviável. Eu era um aluno que não conseguia ficar sentado por 40 minutos. Então, minha mãe contratou um professor particular de matemática até o exame de admissão. Minha mãe foi contra a minha vinda ao Brasil até o fim. Ela sabia que se conseguisse entrar nesse colégio iria para o Brasil. Até agora não consigo entender a intenção dela, mas de alguma forma consegui me matricular nessa escola. Passei 3 anos agradáveis da vida estudantil. Principalmente, com as atividades extracurriculares, coloquei meu corpo em forma. Graças a isso, pude viver até agora sem


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ficar doente depois de emigrar. (Formado em março de 1962). Como havia um veterano da escola que tinha ido para São Paulo, pedi para o professor escrever uma carta para que Shizuko e Takeshi Hosoi no Porto de Santos me chamasse para ir. A resposta não veio, mesmo tendo esperado os meses de abril e maio. Pensando agora, foi bom que a resposta não tenha vindo. Fui para o governo da província e perguntei para o funcionário, que era meu vizinho, se não havia uma boa forma de "emigrar sozinho". Ele me informou que havia "imigração solitária de Cotia Seinen". Inscrevi-me imediatamente. No meio de junho de 1962, chegou um cartão postal do governo da província. Dizia para receber treinamento de um mês, a partir de agosto, no Koibuchi Gakuen, da Província de Ibaraki. Como nunca tinha me afastado de Kyoto sozinho, meu pai me levou até lá. E pedindo "Por favor, cuidem bem do Takeshi" para seis companheiros e foi embora. Ao ver as costas do meu pai, por um momento segui atrás dele, mas logo voltei a mim. O treinamento de 1 mês terminou bem. A partida o Porto de Kobe foi marcado para o dia 29 de setembro de 1962. Voltei para Kyoto e minha mãe aprontou a minha bagagem. Eu tinha mais um problema. Como era menor, precisava do termo de consentimento dos pais. Como meu pai sabia disso, falou: "Takeshi, vá e se empenhe!" E carimbou o documento. Dois tios também se se tornaram meus fiadores. No dia 20 de setembro de 1962, enviei a minha bagagem para o Escritório de Mediação de Kobe. Nessa noite, meus pais convidaram muitas pessoas para fazer uma festa de despedida. À noite quando estava dormindo, minha mãe veio junto ao meu travesseiro e disse:

"Takeshi, compro um carro para você, por isso não vá para o Brasil". Como estava cansado, fingi que estava dormindo. No dia seguinte, com vizinhos vindo para me despedir, parti para a estação de Kyoto. Disseram "Se esforce com ânimo!" e me viram partir. Meus pais e minha irmã mais velha me acompanharam até Kobe. No escritório de mediação aprendi durante uma semana sobre as coisas do Brasil. Dia 29 de setembro de 1962. Meu pai, minha mãe, minha irmã mais velha, meu irmão mais velho, minha irmã mais nova, meu respeitável professor, amigos e vizinhos vieram se despedir de mim. Segurei nas duas mãos um maço de serpentinas de 5 cores. Parecia que estava saindo para uma viagem. Nem as lágrimas saíram. Disse: "Assim que ganhar dinheiro vou voltar logo". Com o sino tocando, o navio partiu do Porto de Kobe. A minha irmãzinha acenou com a mão do local que quase caía no mar. No dia seguinte, chegamos ao Porto de Yokohama. O marinheiro veio me chamar: "Sr. Hosoi do Cotia Seinen, tem visita". Como não havia parentes em Tóquio, fiquei surpreso. Minha mãe e minha irmã mais velha tinham vindo de trem. Pedi para o marinheiro deixar passar a noite fora. Tive impressão de que a minha mãe ficou junto ao meu travesseiro a noite inteira. Na manhã seguinte, voltei ao navio. O navio zarpou devagar como no Porto de Kobe. Eram somente duas serpentinas, mas pesaram muito. Cultivo de maçã em São Joaquim (Estado de Santa Catarina) No dia 5 de agosto de 1974, instalei-me no "Distrito de Maçã de Cotia" no primeiro grupo. Era o início do grande projeto de produção de maçã nacional do Governo Brasileiro. Já tinha vindo do Japão o dr. Kenshi Ushirozawa, enviado ao Brasil pela JICA (antigo OITC). O segundo grupo foi instalado em 1975, em 1976 o terceiro grupo e, em 1977, o quarto grupo no total de 187


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44 famílias. Excetuando o sr. Nishimori e o sr. Shimizu, os demais nunca tinham visto maçã.

O objetivo do plano foi alcançado. É um orgulho de nós colonizadores e de outros produtores.

O cultivo de maçã entrou nos triPosfácio lhos por causa da ardente orientaUm rapaz de 18 anos desembarcou ção do dr. Ushirozawa. Sr. Nishino Porto de Santos com duas malas mori e sr. Shimizu estavam produe desde então se passaram mais de zindo maçã em São Paulo, mas que- Casal Hosoi mostra a maçã pro- 50 anos. O patrão, sr. Akira Kawakaduzida para o Embaixador Suzuki rendo produzir no local adequado, mi, que transformou num adulto inestavam procurando terreno na região de Santa dependente, eu que não sabia o que era direta Catarina a partir da segunda metade da década ou esquerda e nem a língua. O cunhado Hideo de 1960. Como foi citado anteriormente, com a Shimizu, que desde o casamento ficou sempre política nacional do governo, a Cooperativa Agríjunto e veio até São Joaquim produzir maçã, o cola de Cotia atuou e deu uma boa partida. pessoal da comunidade de São Joaquim, que sempre acompanhou com carinho. Creio que Eu também, por volta de 1972, fui convidado pelo existo agora pelo apoio dessas muitas pessoas. sr. Shimizu para ir a Santa Catarina produzir maçã. Havia tornado independente em 1969 e estava Creio que foi no final do mês de outubro de 1975. plantando batatas. Tinha colhido duas safras e Na época, se mantendo receosos dos japoneses, havia plantado pela terceira vez. A batata estava os camaradas não se aproximavam, e eu e a bem na época e, como fiquei um pouco indeciso, minha esposa estávamos fazendo pulverização consultei logo o meu ex-patrão que disse: "Cultucom defensivo. O prof. Ushirozawa veio e disse ra perene estabiliza. Vá e se empenhe". Eram as "não pode abusar". A minha esposa estava grávimesmas palavras do meu pai ao sair do Japão. da de sete meses. Em meado de novembro, a Imediatamente, decidi que "vou!". bolsa amniótica da minha esposa rompeu no pomar de maçã. Deu à luz a um bebê prematuro Em março de 1974, nós seis (sr. Nishimori, pai e de sete meses e meio. Esse terceiro filho, junto filho da família Shimizu, irmãos da família Hiracom os dois mais velhos, me sucedeu na admigami e eu, Hosoi) viemos com o funcionário da nistração do pomar. Creio que os irmãos vão Cooperativa Agrícola de Cotia pela primeira vez. continuar produzindo maçã amigavelmente. Prof. Ushirozawa tinha dito: "venham, pois encontrei o terreno". Esse local era uma montaCasei, me tornei independente, criei os filhos nha cheia de pedras e o terreno da colônia de e produzi maçãs. Houve muitas coisas alegres, Ramos era melhor, as condições eram melhores tristes e desagradáveis, mas a minha esposa e com o preço mais baixo. O professor disse: "as me acompanhou sem reclamar nenhuma vez e, pedras dá para mudar, já o clima não podemos como não consigo falar, gostaria de deixar esmudar." Na época, não tínhamos entendido escrito aqui "muito obrigado" sas palavras, mas agora vemos que o professor São Joaquim, Estado de Santa Catarina disse a verdade. E foi produzida a espécie de Nota: Sr. Takeshi Hosoi, após enviar esse original, no dia maçã "Fuji" em São Joaquim. Na época da insta21 de novembro de 2014, faleceu de ataque cardíaco. lação do distrito, quase todas as maçãs no Brasil Oramos pela sua alma do fundo do coração. eram da Argentina, mas atualmente estão senLivro: 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em do produzidas 1 milhão de toneladas de "Fuji". japonês) p. 63~66 188


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Capítulo 3 DESCENDENTES DE COTIA SEINEN

3° grupo de estagiários da terceira geração em visita ao Museu da Imigração da JICA em Yokohama.

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Segunda Geração de Cotia Seinen A INFLUÊNCIA DO ENSINO E DA EDUCAÇÃO DOS PAIS Hiroyuki Ashikawa

Depois de chegar ao Brasil até agora, estava pensando sempre em trabalhar freneticamente à minha maneira, mas com os filhos crescendo e chegando ao ponto em que aos poucos tenho que passar os serviços para eles, percebo que o que vim fazendo teve muita influência do que me foi ensinado pelos meus pais quando criança. Quando eu trabalhava na agricultura ajudando os meus pais, o meu pai me dizia: "No futuro, quando for trabalhar empregando pessoas, é preciso ser capaz de entender o sentimento do empregado, sendo empregado de uma outra pessoa por um tempo." Acabei encerrando em três anos o tempo obrigatório de Cotia Seinen por minha conveniência, mas como tinha me tornado capaz de entender bem o sentimento de uma pessoa empregada, depois de me tornar independente e

no período em que cultivei principalmente tomate na periferia, tenho a consciência de que não causei transtorno para as pessoas que trabalharam comigo. Em 1975, mudei para o Cerrado em Minas Gerais. Esse é o local amplo que desejava cultivar com a agricultura em grande escala. Fui atraído pelos campos de São Gotardo, mas não quer dizer que não tivesse preocupação por me mudar para uma agricultura do tipo totalmente diferente. Todavia, senti que era o que meu pai sempre dizia: "não se pode errar a época certa para avançar e retroceder". Sendo justamente "época de avançar", decidi ir adiante. De fato, a agricultura no novo Cerrado era totalmente diferente do que era usual até agora. No entanto, no início lavrava a terra conforme a orientação de agrônomos, e por sorte obtive resultado razoável. Achando que era caminho para uma ampliação, adquiri novas terras de 3.500 hectares na direção de Barreiras e me preparei para isso. Entretanto, por volta dessa época a situações econômica e política do Brasil estavam ficando estranhas, e acima de tudo, com juros para agricultura ficando extremamente altos. Por outro lado, os preços dos produtos agrícolas ficaram arrochados e não havia lucro. Dentro disso, pensei se deveria ampliar mais ou manter a situação atual e introduzir o equipamento para irrigação e

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promover a administração de diversificação da agricultura no Cerrado. Nesse momento, o que se tornou a base para a decisão foram as palavras do meu pai: "não erre o período para recuar". Por descuido, já tinha revelado que tinha intenção de expandir para novas terras e ouvi de uma pessoa que esperava por isso uma crítica: "é incômoda a mudança de diretriz nessas alturas". Fiquei um pouco indeciso, mas desisti do plano de ampliação. Fico horrorizado ao pensar o que poderia ter acontecido se tivesse ampliado a lavoura até as novas terras naquela época. Olhando assim, os 40 anos no Brasil em que pensava que estava agindo ao meu bel prazer, na realidade parece que vim seguindo os ensinamentos de meus pais. Agora que estou passando os serviços para os meus filhos, estou com a idade que meu pai tinha quando saí do Japão. Assim sendo, passei a achar que o método de educação e a disciplina no lar japonês de longa história são realmente maravilhosos. Devo transmitir isso aos

ESTAGIÁRIA AGRÍCOLA FEMININA ENVIADA PARA O JAPÃO, O QUE GEROU?

meus filhos por um longo tempo. Mudando de assunto. O desbravamento do Cerrado em que me mergulhei sem ter consciência alguma foi um marco dentro da história do Brasil. Começando na Bahia, até o meado do séc. XX a agricultura foi feita derrubando a floresta virgem ao longo da costa do Oceano Atlântico. Não havendo mais floresta, começou o desbravamento da área central do Brasil, que estava abandonada como terra estéril. Parece que não acreditavam que se tornaria uma terra cultivável. Não sabia de nada disso, mas agindo conforme o ensinamento dos meus pais, pude participar também da histórica virada da agricultura brasileira e agora estou grato aos meus pais por isso. A propósito, a agricultura do futuro já não é nosso trabalho e sim da geração seguinte. Desejo fortemente que os jovens nos ultrapassem e desenvolva ainda mais a agricultura brasileira. Livro: Comemorativo dos 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.144~145

"Okaasan" (mamãe). Esse som! Antes era só das crianças, mas agora o da estagiária srta. Lúcia se misturou e chegou no meu ouvido e acabou ficando.

senhora da família agrícola da região de Han-i, na Província de Nagano, que chegou ao Cotia Seinem Renraku Kyoguikai no início de 1990. A srta. Lúcia citada na carta era uma das estagiárias agrícolas enviada ao Japão pelo Kyoguikai. O período do estágio estava chegando ao fim e a senhora estava lamentando a proximidade da despedida dela.

Todos os dias, ser chamada várias vezes de "okaasan". Ao pensar que esta palavra também, daqui a pouco, voltará a ser apenas das crianças, meus olhos lacrimejam." Acima está um trecho de uma carta de uma

Nesse sistema de estágio agrícola feminino de envio ao Japão, que foi iniciada em 1988 e nos três anos seguintes, até 1990, participaram o total de 51 pessoas em seis províncias. A partir de 1991, JATAK (Federação Nacional 191


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das Cooperativas Agrícolas de Colonização) iniciou atividade semelhante e a operação foi unificada. Kyoguikai encerrou a atividade em curto tempo, mas na época, como havia poucas oportunidades de visita ao Japão para as moças das famílias de agricultores do interior, deu chance a elas conhecerem o Japão. Elas faziam "homestay" na casa de agricultores japoneses por meio das cooperativas agrícolas das províncias e aprendiam, por meio de experiência pessoal, a agricultura e os costumes japoneses por um ano (as estagiárias da primeira turma ficaram meio ano). Nesse período, parece que do relacionamento pessoal surgiram coisas preciosas. E ainda, como resultado do estágio, houve casamentos no local do estágio e não foram poucos os casos em que se conseguiram bons companheiros. Esse projeto de estágio, no início, surgiu numa conversa do integrante da Kyoguikai, que tinha voltado à sua terra natal na província de Nagano em 1986, com a cooperativa agrícola local. No ano seguinte, cinco moças nisseis visitaram o Japão e fizeram "homestay" em casas de famílias de agricultores indicadas pela cooperativa. Houve uma reação bastante favoRecepção das estagiárias na Cooperativa de Kunimi, em Fukushima

rável por parte das famílias que acolheram e isso foi noticiado em jornais e TV. Como resultado, chamou atenção de outras províncias, que enviaram uma missão atrás da outra para o Brasil. Com isso, no ano seguinte, em 1989, foram nove pessoas para Fukushima, 11 para Nagano e cinco pessoas para Shizuoka, totalizando 25 pessoas. Em 1990, oito pessoas foram para Iwate, seis para Fukushima, cinco rapazes para Fukuoka e duas pessoas para Aomori, no total de 21 pessoas. Parece que a alegria pura delas, um pouco diferente das crianças japonesas, impressionaram as pessoas que as receberam. Outro trecho da carta da senhora do início diz: Outro dia nevou muito e tudo ficou branco. Ao sair no quintal dos fundos, avistei na neve ainda não pisada por ninguém um nome escrito bem grande. E o nome de um rapaz escrito pequeno. Perguntei: "Quem escreveu?", então, a srta. Lúcia ergueu a mão encabulada com rosto avermelhado. Foi agradável e graciosa. É esforçada em tudo, quando as folhas das árvores mudam de cor para vermelho ou amarelo, exclama alto "Oh, que lindo!", se neva, olha para o céu e se emociona com a neve que vem caindo, conseguindo se expressar com franqueza a alegria com todo o corpo. Ela é radiante. Uma outra senhora de idade da família de agricultores respondeu à entrevista da jornalista do Japão: "Os meus netos, na hora da refeição,

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com toda naturalidade, sobem no colo da srta. Nori (estagiária). Creio que vão ficar triste na hora que ela for embora." Por um lado, parece que as estagiárias também aprenderam muitas coisas e cresceram como seres humanos. "Elas estão fazendo estágio com considerável dificuldade nas famílias de agricultores do Japão. Mas, não demonstram isso e são diligentes e alegres." Isso é comentário do presidente da cooperativa que as acolheu. Em uma coluna de um jornal está escrito que a Hatchan (estagiária) sorriu alegre dizendo: "O bom de ter vindo ao Japão é que minha personalidade mudou. Fiquei proativa em tudo." Em um trecho da carta que uma estagiária enviou para o condutor do grupo no momento de sua visita ao Japão: "Nesses 10 meses, houve muitas coisas. Preocupações, sofrimentos, lágrimas derramadas, mas senti que aos poucos eu também estou mudando. Bem, pode-se dizer que estou ficando aos poucos mais adulta, pode-se dizer da minha juventude e que devo cuidar dela. Preciso me esforçar. Ficar longe da família pela primeira vez. ive que ser tolerante em algumas coisas, vi e ouvi por mim mesma. Como e como estagiária, foi um bom aprendizado." Mais um trecho da carta da primeira senhora: "Em um ano de convivência, nós da família de agricultores que a acolheu também aprendemos muito. Eu que tinha ouvido falar no Brasil, mas nem tinha visto no mapa, desde que elas vieram, tive a oportunidade de ver o Mapa Mundi, e as crianças também estão falando algumas palavras que aprenderam como "Brasil", "bom dia", "obrigado", "parabéns para você", etc. e de alguma forma não posso deixar de achar que é um país vizinho e não do outro

lado do planeta." Conseguimos ouvir do conselheiro da Cooperativa de Laticínios de Kamikita no norte da Província de Aomori, Isao Oku, que veio ao Brasil em setembro de 1995, sobre os casos de estagiárias que conheceram pessoas nos locais onde foram enviadas e se casaram. Essa cooperativa acolheu três moças (uma delas da JATAK) e as três se casaram no Japão. Cada uma tem dois filhos e vivem felizes como esposas de criadores de gado leiteiro. O conselheiro Oku, que era o coordenador responsável, dava o melhor de si, acompanhandoas por 200 dias em um ano para mostrar aqui e acolá, tirando cerca de mil fotos em média por pessoa, escrevendo cartas para os pais das moças e para pessoas envolvidas no Brasil e vindo visitar o Brasil por duas vezes. Quando soube da decisão desses jovens pelo casamento, ele foi até Guatapará obter o consentimento dos pais. Esses três casos foram abordados no programa de TV japonesa e esse vídeo chegou ao Brasil também. Além disso, a JATAK tem-se dedicado a essa atividade do estágio e, em 1995, enviou 31 pessoas a 12 províncias, compondo a quinta turma de estagiários. Livro: Comemorativo dos 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.171~172

Estagiárias em 1989

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FILHA DO COTIA SEINEN E DE NOIVA IMIGRANTE Mari Shishido

Lembranças da infância Meu pai Makoto veio como imigrante do Cotia Seinen e minha mãe Ryoko como noiva imigrante para o Brasil. Quando a minha mãe disse, vendo a fotografia de casamento, que no lugar do meu pai estava o tio por parte do pai, ao lado da minha mãe, naturalmente estranhei: "pode haver um casamento assim?", pois eu sonhava encontrar uma pessoa maravilhosa e fazer o casamento por amor. A minha mãe, no dia 12 de outubro 1964, no ano das Olimpíadas de Tóquio, depois de 45 dias de viagem de navio, aos 21 anos de idade, encontrou pela primeira vez com o meu pai no Porto de Santos. Mas ela já estava casada com ele. Na época em que não era possível uma mulher sozinha, correr atrás do sonho de vir para Brasil, ela decidiu atravessar o oceano como noiva imigrante aos 20 anos. A coragem dela, que trocou fotos e cartas por cerca de meio ano com meu pai, que havia vindo para o Brasil quatro anos antes, e fez a cerimônia de casamento sem a presença do noivo, acreditando na pessoa que não conhecia pessoalmente, é surpreendente! Como teria sido os sentimentos dos dois ao ficar frente a frente? Na época, meu pai tinha 28 anos. Depois de plantar por certo tempo a batata, no terreno de Itatiba do sr. Yoshimoto, que foi patrão (dono da fazenda), onde meu pai se empregou por quatro anos, tornou-se independente e se dedicou à produção de hortaliças, arrendando terra na atual cidade de Vargem Grande Paulista.

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Na casa de parede de barro, construída no meio da plantação de hortaliças, eu, meu irmão logo abaixo Yoichi e o irmão abaixo deste, Yutaka, crescemos. Lembro-me que bombeamos água enchendo o tambor e tomamos banho nele, e de termos comido cenoura que acabarta de ser colhida na plantação. À noite, debaixo da luz do lampião, ficávamos em volta da mesa de jantar. Minha mãe lia para nós frequentemente os livros infantis ilustrados e de histórias infantis enviados do Japão e, colhendo as hortaliças, nos ensinou muitas canções infantis como Tulipa, Zou-san (Sr(a). elefante), Akatombo (Libélula Vermelha), Furusato (Terra Natal) que lembro até agora. Nessa época, não nos vestiam com roupas prontas e sim com roupas costuradas pela minha mãe. Ficava na expectativa de que tipo de roupa que ela iria costurar. Quando eram exibidos filmes japoneses na sede de associação de Vargem Grande, íamos assistir com a vizinha família Takahama, subindo na carroceria do trator. Meu pai gostava de cinema e, mesmo se mudando para Ibiúna, quando um filme era exibido no vilarejo,eu ia junto com ele. Eram filmes de drama histórico, de ação, drama protagonizado por Ken Takakura, Sayuri Yoshinaga, Shinichi Chiba, Kiyoshi Atsumi, etc. E a série "Otoko wa Tsuraiyo (É triste ser homem)". Mudamos para Ibiúna adquirindo terras quando eu tinha sete anos de idade. Nessa época, estudava língua japonesa no internato de Vargem Grande e dali frequentava a escola brasileira. Transferi para a escola de Ibiúna, quando estava passando para a 3ª série da escola primária. A irmã mais nova Lissa, o terceiro irmão mais novo Satoshi, a segunda irmã mais nova Misao,


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e o caçula Daigo nasceram e cresceram aqui. Meus pais produziram hortaliças aqui. Fiz afazeres do lar e ajudei no trabalho da lavoura. Lembro-me de ter feito desbaste de cenoura, selecionando e encaixotando, desenterrando batata e selecionando, mas não lembro muito de ter saído para brincar. Mudamos para o cultivo de flores e plantas ornamentais há 30 anos. Meu pai deve gostar da agricultura pela raiz. Isso porque produz coisas boas. Minha mãe disse uma vez "Seu pai produz tanto hortaliças como flores conversando com elas". Creio que isso seja verdade. Como produz tudo com todo empenho, o sentimento é transmitido e consegue produzir coisa boa e, como gosta disso, deve ter ânimo para fazer tudo de novo quando fracassa. Como meus pais davam importância também para o ensino de língua japonesa, aprendemos a língua japonesa com uma bolsa de estudo em Ibiúna, e participamos das atividades da Associação Cultural de Ibiúna. Os rapazes participaram de beisebol e as moças de atletismo. Meu pai foi técnico de basebol das crianças por vários anos. E quando chegávamos aos 15 anos de idade, ele deu um jeito de nos mandar para o Japão. Junto com o irmão mais novo com deficiência Quando soubemos que o terceiro irmão mais novo Satoshi tinha deficiência auditiva, meus pais não o trataram de forma especial. Dos três anos e meio até a formatura do curso ginasial, aos 18 anos, ele frequentou todos os dias, de segunda-feira a sexta-feira a escola para deficientes auditivos de São Paulo. Nos primeiros quatro anos, o meu pai o levava de carro, e depois, a minha mãe acompanhou o caçula de ônibus por um ano e meio. E a minha mãe, que com muita dificuldade conseguiu tirar carteira de motorista, continuou depois a leva-lo de carro. O Satoshi, com 15 anos passou a frequen-

tar a escola sozinho de ônibus. Minha mãe disse "se Satoshi não gostasse da escola, não teria continuado". Graças a isso, Satoshi começou a trabalhar na C&A de Barueri e já está lá há 9 anos. Quando voltamos para Ibiúna, principalmente a minha mãe o levava de carro até Vargem Grande às 3 horas e meia da manhã, mas esse irmão tirou carteira de motorista enquanto morava em São Paulo, e começou a dirigir o carro há quatro anos. Quando ia sair para passeio ou visitar alguém, meu pai sempre levava toda a família. Quando era criança, ia muito para a casa do sr. Toyoki de Indaiatuba, do sr. Yanagizawa de Jacareí, do sr. Wada de Atibaia e do sr. Nakamura de Guararema. Com o sr. Hatori temos um relacionamento como de parentes desde que nasci. A sra. Akiko Yanagizawa, a sra. Shizuko Wada e a sra. Misako Saito vieram no mesmo navio que minha mãe como noivas imigrantes. Todos os anos sem falha, estão realizando em rodízio o encontro dos passageiros do mesmo navio, e este ano completam 46 anos. Até os filhos se tornarem independentes, reuniam-se com os familiares. Lembro-me que quando era criança brincávamos de partir melancia com pau à beira do lago, de esconde-esconde e pega-pega. Não se esquece a visita ao túmulo do patrão O patrão do meu pai, o sr. Yoshimoto, se afastou da fazenda e estava morando em São Bernardo do Campo. Parece que foi um grande batateiro. Já faz 25 anos que esse sr. Yoshimoto faleceu. Desde então, todos os anos no dia dos finados, temos visitado o túmulo dele em São Bernardo do Campo. A patroa (esposa do sr. Yoshimoto) está com 86 anos, 12 anos a mais que meu pai. É uma pessoa pequena e saudável. Cerca de duas vezes por ano, minha mãe vai buscar e levar de carro para que ela passe dois ou três dias em Ibiúna. Ela espera por isso com expectativa.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

A razão de viver da minha mãe Minha mãe gosta de escrever. Até hoje, não todos os dias, mas continua escrevendo diário. Eu também quando estava no internato em Vargem Grande, durante uma semana, escrevia todos os dias o diário e, ao retornar para casa no final de semana, conversávamos sobre diversas coisas que tinham acontecido. Eu também gosto de escrever e escrevo cartas. Naturalmente escrevo à mão. Nos últimos anos, tenho escrito com pincel diversas cartas como de agradecimento, de felicitação, de comunicar o estado atual, etc. Quando era criança, a minha mãe sempre lia para nós a carta que vinha do Japão. Também lia para nós a carta que ela escrevia. Agora, ela deixa que eu leia. A partir de quando minha mãe começou a escrever para o Jornal Nikkei? Está escrevendo o que aconteceu de alegre, triste, decepcionante, feliz e enviando. Se registrar o diário de longos anos e cartas, os artigos postados devem ser bastante numerosos. Minha mãe espera juntar tudo num livro. Parece desejável que isso seja feito em vida. Antes de vir para o Brasil, minha mãe trabalhou como professora numa instituição para deficientes mentais por cerca de dois anos. Parece que tinha sonho de continuar esse tipo de serviço no Brasil. Há 17 anos, minha mãe vai todos os meses cortar cabelo no "Kibo-noie", de Itaquaquecetuba. Depois que soube que no Kibo-no-ie se coletava lixo reciclável para cobrir despesas de manutenção da instituição, ela está juntando lixo reciclável do vilarejo, colocando no carro e levando. Atualmente está guardando em casa e pedindo para vir buscar de caminhão. Aos trinta anos, ela participava da Associação de Senhoras e atuava na equipe de voleibol de senhoras. E depois da metade dos quarenta 196

anos, começou o atletismo que gostava desde a época do colegial. Começou na equipe de veteranos de Ibiúna, depois entrou na ANASP e foi ampliando a extensão para o Campeonato Estadual, Campeonato Nacional e Campeonato Mundial. As modalidades eram 1500 m, 800 m, 400 m, salto em altura, corrida de obstáculo, revesamento, etc. Em qualquer campeonato que participa sempre ganha medalha. A corrida de obstáculo, que fazia na época do colegial, ainda hoje continua praticando aos 67 anos. Depois de terminar o trabalho na lavoura, coloca um short e sai para correr. Corre pela estrada de terra ou vai para a pista de atletismo. Por vezes, volta correndo da cidade numa distância perto de 6 km. No dia 19 de janeiro de 2008, quando o meu irmão mais novo logo abaixo, Yoichi, faleceu aos 39 anos, minha mãe desabou. Não é uma coisa absurda. Quem, além da própria pessoa, pode entender o sentimento da mãe que perdeu o filho? Não havia nada que pudesse fazer. Eu só consegui ficar rezando. Todas as manhãs, minha mãe está orando na frente do altar budista e conversando com Yoichi. Mas agora, minha mãe voltou a ficar animada e está se esforçando para viver. Acho que o atletismo ajudou a minha mãe. Creio que uma outra coisa que está se tornado apoio para minha mãe é a revista mensal "Fujin no Tomo" (Amiga das senhoras). Tomoko Shirahata, residente em São Paulo, que não era noiva de imigrante, mas era do mesmo navio da minha mãe, envia todos os meses para ela. Para minha mãe que se casou com uma pessoa que não conhecia em terra desconhecida, e que pariu e educou sete filhos, talvez "Fujin no Tomo" seja uma amiga. Minha mãe é ingênua e adora as crianças. Seja criança negra ou vestida de trapos dirige palavras e cuida. Não se importa com o que os ou-


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tros falam. Tem princípio próprio. Tem seu lado teimoso e obstinado, mas o sentimento de ficar preocupada com outros é o dobro das pessoas. O que for útil às pessoas se oferece para fazer. Está ajudando sem falta as atividades do Templo Budista Jodoshu Nippakujii de Ibiúna. Meu pai está se esforçando como Cotia Seinen Meu pai é uma pessoa séria, que gosta de conversar. Tem seu lado teimoso. É obstinado por trabalho e, quando nós éramos crianças, era severo e ninguém o contrariava. Minha mãe sempre nos dizia: "Na verdade, o papai é uma pessoa gentil". No decorrer do tempo, pude perceber a gentileza de meu pai. Do Yoichi, Yutaka ao caçula Daigo, meu pai tomou parte no beisebol, não só praticando por si, mas ensinando aos filhos. Depois disso, introduziu gateball em Ibuúna, depois trouxe do Japão o mallet golf e construiu o campo de mallet golf no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku e continua sua difusão. Foi indicado e recebeu o Prêmio Paulista de Esportes. É certo que isso foi graças ao apoio de muitas pessoas. Meu pai, que gosta de ajudar os outros e de conversar, fica alegre quando toma bebida alcoólica e sempre fica até o fim nas reuniões. A minha mãe também é igual, mas o meu pai é do princípio de fazer o que precisa ser feito e, aos 74 anos, ainda está na ativa. Minha mãe diz: "Se tirar o trabalho de lavoura de seu pai, vai se tornar senil num instante" e eu também sou da mesma opinião. Creio que meu pai ao estar em contato com os produtos agrícolas, em um certo sentido está mantendo a calma. Atualmente, meu pai está exercendo o cargo de vice-presidente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai. No ano em que completa 55 anos, parece que há um monte de coisas para fazer. Minha mãe também vem acompanhando isso,

para a coletânea de experiências para os 55 anos do Cotia Seinen e 51 anos das Noivas Imigrantes. Ela está andando para solicitar depoimentos dos colegas. Na verdade, eu também fui solicitada para escrever o que pensava, mesmo que fosse um item e fiquei de escrever isso. Disseram que podia ser curto, mas acabou sendo extenso. Enquanto escrevia, lembrei de muitas coisas que havia esquecido. Há muitas coisas saudosas. Um dia, quando estava preocupada com a educação de meus filhos, perguntei à minha mãe "como a mamãe nos educou?". Nesse momento ela respondeu "Como foi mesmo que eduquei? Mas, todos se tornaram bons filhos". Ao escrever isso, tenho impressão de que de alguma forma compreendi. Este ano completa cinco anos que o grupo Cotia Seinen passou a participar do Festival das Cerejeiras do Bunkyo de São Paulo. E há quatro anos participa do Festival do Japão, promovido pela Kenren. Cotia Seinens com idade média de 73 anos, animados, com postura de se envolver durante os três dias do evento e nos preparativos anteriores, é verdadeiramente jovial. Creio que são muito entusiasmados. Como aconteceu com outros imigrantes, entre os Cotia Seinen e suas noivas, ouvi dizer que aconteceram muitos incidentes. Os sentimentos em relação ao Cotia Seinen são diversos. Meu pai como Cotia Seinen e minha mãe como noiva imigrante valorizam essa história. Nunca ouvi da boca dos dois de que a vida é dolorosa ou dura. Talvez, porque ao invés de pensar que é dura, sempre estão com postura para frente. E estão vivendo o dia a dia ao máximo, para não terem arrependimentos para poderem partir dessa vida a qualquer momento. 197


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Meus pais vieram da Província de Nagano para o imenso Brasil, cada qual atrás de seus sonhos. Como será que foi o sentimento em 12 de outubro de 1964, no Porto de Santos, quando os dois se olharam? Isso está refletido nos 46 anos de casamento? Ao descrever aqui o início da vida dos dois, consegui reconhecer uma realidade: de que não deveria ter sido fácil.

PENSANDO NOS PAIS Cecília Tomie Ishida

Meus pais emigraram para o longínquo Brasil há cerca de 50 anos, partindo do Porto de Yokohama à bordo do navio Argentina-maru, como casal de jovens imigrantes do Cotia Seinen. Creio que, ir para um país desconhecido onde não havia parentes e nem conhecidos, deve ter sido o maior desafio da vida deles. Os primeiros três anos foram de aprendizagem e o casal morou com a família de um avicultor em Itaquera, na periferia da cidade de São Paulo. Depois disso, se tornaram independentes, se mudaram para o bairro de Santana, na cidade de Jacareí, e finalmente iniciaram a vida no Brasil para valer. Meus pais que se empenharam com coragem Pelas lembranças da época, o trabalho do avicultor era realmente duro. Era tudo feito manualmente, e o galinheiro também foi construído por eles mesmos. Primeiro, se empenharam em galinhas poedeiras e depois se dedicaram em frango Broiler. A entrada do pinto, vacinação, dar ração e água 198

No final de abril deste ano, meus pais se tornaram bisavôs, por favor, sejam saudáveis e tenham longas vidas. E de coração, muito obrigada. (Filha mais velha de Makoto Shirahata, residente em Ibiúna) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.158~160

e o despacho de frango feito com toda a família e, às vezes, com a ajuda dos amigos de meu pai. No entanto, depois de administrar por cerca de 20 anos a avicultura, desistiu. A seguir, começaram a cultivar mamão, melão e noz de macadâmia em Teixeira de Freitas, no Estado de Bahia, no Nordeste do Brasil, distante 1200 km de Jacareí. Empenharam-se num trabalho totalmente diferente. Ao perguntar para meus pais sobre essa época, parece que tem lembranças muito divertidas. Pensei, ao ouvi-lo sobre isso, que meus pais eram aventureiros, e que tinham coragem por não temerem o fracasso. É o eterno jovem casal, que possui espírito jovem para sempre. Infelizmente, há 2 anos, pouco antes das bodas de ouro, meu pai faleceu. Deixou muitos ensinamentos para nós oito filhos, como "se viver com honestidade, não há nada a temer"; mesmo no momento de muito sofrimento, orando para Deus, "transpor a dificuldade com a ajuda mútua dos familiares e amigos". Isso continua vivo até hoje entre os filhos. Agradecendo aos pais Passei a minha infância e a minha juventude na cidade de Jacareí. Depois disso, casei e moro no Japão com a família desde então. No início, fiquei confusa com a vida no Japão que não estava acostumada. No entanto, nem se com-


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para com as dificuldades da época em que meus pais foram para o Brasil. Atualmente, muitos descendentes de japoneses estão trabalhando no Japão. Tenho tomado cuidado até agora, por minha mãe ter dito que no início da vida no Brasil teve dificuldade por não entender o português. E nessa hora, recebeu ajuda de muitas pessoas e que minha mãe está muito agradecida. Para retribuir esse favor, minha mãe disse que se houver pessoa com dificuldade, deve ajudar. Tem aumentado a oportunidade de ajudar pessoas com dificuldade nos últimos anos. Por exemplo, acompanhar a até escola ou hospital para servir de intérprete. E, também, há por vezes solicitação de palestras sobre o povo brasileiro em escolas e centros comunitários. Nesses momentos, o que apresento é a "histó-

ria do sr. Sadao e sra. Sadako". Meus pais foram para o Brasil só os dois, foram abençoados com oito filhos, agora tem 22 netos e formaram uma grande família. A história que o jovem casal construiu continua. Meus pais, que há 50 anos foram para o longínquo Brasil, agora a filha deles mora na terra natal deles. Sinto que é uma estranha sina. Daqui em diante, também pensando nos meus pais, gostaria de continuar a preservar com cuidado os ensinamentos de meus pais. (Residente na cidade de Fukushima, filha mais velha de Sadao e Sakako Miyajima residente na cidade de Biritiba Mirim)

Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.116~117

Viva papai e mamãe! Misao Shirahata

Parabéns pelos 55 anos do Cotia Seinen e 51 anos de noivas imigrantes. Sou a terceira filha do Cotia Seinen Makoto Shirahata e da noiva imigrante Ryoko Shirahata. Quando ouvi pela primeira vez sobre como meus se encontraram e se casaram, fiquei muito surpresa. Principalmente no caso de minha mãe que, mesmo que tenham trocado correspondência, resolveu casar com um homem que nunca tinha se encontrado em um país desconhecido. Achei que era uma coisa extraordinária. Creio que conseguiu tomar esse tipo de decisão por ter forte vontade e desejo de realizar seu sonho. Ao imaginar a viagem de navio de 45 dias para o sonhado Brasil, penso que o amplo e infinito oceano transbordava de sonho e expectativa. O céu limpo e cheio de estrelas deve ter sido lindo. No entanto, até conseguir levar uma vida normal em um país sonhado mas estranho, deve ter passado por muitas dificuldades.

E testemunhei sempre a figura de meus pais, que se esforçaram extraordinariamente para lutar contra essas dificuldades. Por meus pais enfrentarem tudo com seriedade, foram rigorosos na criação dos filhos e para eles era normal todos da família trabalharem. Por isso, quando criança, achava normal ver os amigos brincando, mas em casa precisava ajudar sempre e diversas vezes senti-me decepcionada. Agora estou agradecida por ter passado por aquelas decepções, pois consegui superar muitas dificuldades e desenvolver força ao abrir meu próprio caminho. Pela imagem dos meus pais, que imigraram para o Brasil, criaram sete filhos e vivem o dia a dia com cuidado, creio que estou aprendendo a maravilha de ter um sonho e ter coragem de 199


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tentar tudo. Como meus pais, eu também resolvi emigrar, do Brasil para o longínquo Japão. É uma pena que tenha que viver longe de meus pais, mas gostaria de viver no Japão, com muito empenho, integridade e dedicação como eles. Aproveitando essa oportunidade, gostaria de agradecer de coração aos meus pais que me criaram e me protegeram até agora.

Por fim, parti decidida para outro país com muitos sonhos, refletindo a forma de viver de imigrantes. Vivo com grande empenho positivamente em direção aos sonhos, mesmo com dificuldades e, mesmo que esses sonhos não se realizem, o que se obtém nesse processo pode ser o próprio fato de viver. (Residente no Japão) Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.152

APEGO E AUTOCONFIANÇA EM RELAÇÃO AO JAPÃO, COMO BRASILEIROS QUE SE SENTIRAM ESTIMULADOS

de século que se passaram, e o da idade, de 40 e poucos anos.

Mitsunobu Yamada (Chefe da Delegação na Viagem ao

Participantes que superaram a expectativa No entanto, apesar do longo período de pobreza, pelo menos as crianças cresceram bem. O filho ficou maior que o pai fisicamente e a filha, maior do que a mãe. Ao pensar nisso, vejo que estão chegando à idade com a qual viemos para o Brasil.

Japão dos Estagiários Descendentes de Segunda Geração de Cotia Seinen)

Ao refletir sobre a viagem de estágio desta vez, pode-se dizer: 1) Os nisseis (descendentes da segunda geração) sentiram a afeição dos parentes do Japão e nutriram o sentimento de apego em relação ao Japão. 2) Ao ver o Japão, sentiram orgulho como descendentes de japoneses. 3) Como brasileiros se sentiram estimulados a esforçar para não ficar para trás em relação do Japão. O resultado foi melhor do que o esperado. Creio que este projeto deve continuar no futuro enquanto houver aspirantes. A imigração de Cotia Seinen, este ano (1990) completou 25 anos desde o seu início. Foi exatamente como se costuma dizer: o tempo voou como uma flecha. Não devo ser único a relembrar o dia em que 20 ou 25 anos atrás demos o primeiro passo no Porto de Santos. Recentemente, com cabelos rareando e ficando branco, as rugas do rosto aumentando com a idade, sinto o peso do tempo, de um quarto 200

Relembrando, foi uma sucessão de sofrimentos e fracassos em tudo, mas finalmente a vida se estabilizou, a economia também entrou nos trilhos e de alguma forma estamos tomando a aparência de um patrão. Então, chegamos aos 25 Anos de Cotia Seinen Creio que foi por volta de 1979 que no jantar após a reunião do Cotia Seinen surgiram perguntas sobre o que poderemos deixar para os nisseis e o que poderemos fazer por eles como pais. Após refletir muito, a reposta foi enviar uma delegação de estagiários nisseis de Cotia Seinen para o Japão. Chegamos à conclusão de que o nosso trabalho é criar pessoas que conduzam o Brasil do século 21 e para tanto vamos estimular a formação pessoal e educar nisseis com muitos sonhos, por meio de uma viagem de estágio. Assim, foi decida a viagem como uma


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das atividades comemorativas dos 25 Anos de Imigração de Cotia Seinen. Assim, foi feito um panfleto às pressas e iniciamos o recrutamento de integrantes da delegação em março de 1979. Os diretores se dividiram em grupos para realizar palestras de explicação em cerca de 17 locais de áreas habitadas por Cotia Seinen, começando por Ibiúna. Houve muitas preocupações, mas no dia do encerramento do prazo, as vagas estavam preenchidas. A previsão inicial foi superada em muito. A imprensa recepcionou em massa No dia 23 de dezembro de 1979, a delegação de estagiários finalmente ia partir. Ao ver 130 nisseis vestindo blazer azul-marinho reunidos na festa de despedida na matriz da Cooperativa Agrícola de Cotia, no Jaguaré, e pensar que finalmente conseguimos chegar até aqui, comovemo-nos. Foi a realização de algo sonhado por um longo tempo. Após discursos de incentivo como do presidente Gervásio Inoue, da Cooperativa Agrícola de Cotia, do presidente Shinichi Aiba do Bunkyo, e do cônsul Yabe, foram para o Aeroporto de Viracopos. Os nisseis que se reuniram no aeroporto estavam absolutamente tensos pela mistura de ansiedade e expectativa por ser a primeira viagem longe dos pais. Os pais que vieram se despedir, com rostos preocupados se estarão realmente bem, não paravam de me pedir para cuidar deles. Cada um com seu sentimento no peito partimos no avião da JAL com a vistosa marca de grou na cauda. No início, talvez pela insegurança, os nisseis estavam muito quietos. O avião voou para San Juan, Nova Iorque e Anchorage e, nessa altura, eles ficaram entediados e começaram a andar de um lado para o outro dentro do avião. Perguntavam incessantemente quantas horas faltavam para chegar a Tóquio. Enfim, chegamos

ao novo aeroporto internacional de Tóquio. Era o primeiro passo com todos os nervos focados no Japão que viam pela primeira vez. Após a conferência dos vistos, fomos para a alfândega, mas por ser uma delegação de estagiários nisseis de Cotia Seinen tivemos passe livre. Isso foi de grande ajuda. Ao sair da alfândega, tivemos uma surpresa: fomos recepcionados por diversos órgãos de imprensa a começar pela TV NHK. Perplexos com um monte de fotógrafos e flashes, caminhamos para o saguão do aeroporto. No saguão, num piscar de olhos, fomos rodeados por repórteres e a entrevista foi iniciada. Pressionado pela grande quantidade, esforcei-me para distribuir meu cartão de visita, mas os 60 cartões que havia levado logo acabaram e, pedindo desculpas por não ter mais, recebi os cartões dos repórteres. Depois, não me lembro bem sobre o que conversei. Mas, creio que tenha falado por cerca de 20 minutos sobre o Brasil e os nisseis. Como foi noticiado no país inteiro no noticiário da TV de NHK das 7 horas da noite, todo o Japão ficou sabendo da nossa chegada. Passamos a primeira noite em Tóquio no Centro Olímpico da Juventude de Tóquio. Era um prédio simples e antigo, mas como estávamos cansados, dormimos bem. Boas vindas também na terra natal No dia seguinte, desde manhã cedo, os avós e os tios vieram nos recepcionar. Eram cerca de 4 a 5 pessoas para cada criança. Após uma longa explicação de cerca de três horas sobre os cuidados e pedidos durante a ida à terra natal dos pais, e sobre as bagagens no retorno, entregamos os jovens aos seus parentes. Eles partiram contentes, mas um pouco desorientados, cada qual para sua região. Acompanhei a partida desejando que ficassem bem e não ficassem gripados. Na tarde desse dia, fizemos uma visita de saudação às organi201


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zações relacionadas e ao governo de Tokyo com diretores e oito representantes de nisseis. Em todos os locais elogiaram o estágio dos descendentes e o que nós conseguimos realizar. No dia 27 de dezembro, os diretores também retornaram para respectivas terras de origem. Na terra natal também eram dias e noites de boas vindas. E ainda, a TV japonesa invadiu até o interior da província de Gifu e, permanecendo por três dias, filmou em vídeo a conversa com antigos companheiros, com os familiares, visita ao túmulo da família e visita a escola, antes de ir embora. O Governador da Província e a Assembleia Legislativa da Província também convidaram as crianças. Nas escolas ginasiais e colegiais onde foram tiveram evento de confraternização. Os 20 dias livres, com o Ano Novo no meio, passaram agitadamente sem tempo para fazer nada. No dia 16 de janeiro, reunimo-nos em Quioto. Imaginando que certamente os nisseis estavam contentes em poder falar em português, eu falei em português. Mas a resposta foi tudo em japonês! Foi realmente surpreendente. Como eles aprenderam bem o japonês em 20 dias! E foi dessa maneira: "Como era a casa do papai e da mamãe?" - O tio foi bom. - O vovô, a vovó, o titio e a titia me trataram bem. - O Japão é maravilhoso. Todos os locais são bonitos. - Todos são gentis e também ricos. Estavam de bom humor por terem recebido muito "otoshidama" (presente de Ano Novo em dinheiro para crianças). "Querem retornar logo para o Brasil?" - Não. Somente isso foi respondido em português. Fiquei aliviado em saber que as crianças tiveram uma excelente impressão do Japão. No 202

hotel, estavam muito animados. Quioto - Nara - Shizuoka No dia 17 de janeiro, finalmente começou o estágio. Primeiro fomos de Quioto para Osaka fazer um turismo pela cidade. Como era inverno, o Castelo de Osaka estava com poucos visitantes, mas havia o remanescente dos tempos de prosperidade de Toyotomi Hideyoshi. A torre Tenshukaku estava em reforma e não foi possível subir, deixando decepcionados os nisseis. À tarde, fomos para o teatro de Takarazuka. Era realmente bonito, cheio de vida e deslumbrante. Recebemos saudação de boas vindas do palco. No dia seguinte, dia 18, nevou muito em Quioto como não acontecia há 18 anos. A paisagem de Quioto com neve era realmente maravilhosa. E fomos para Nara debaixo da neve. Em Nara, visitamos a fábrica de calculadoras eletrônicas da Sharp. A automação estava avançada admiravelmente, aumentando a produção e fabricando um produto realmente de precisão. À tarde, fomos para o parque de Nara. Com a recepção dos veados, os nisseis ficaram muito contentes, e visitamos templos budistas de Todai e Horyu e o santuário xintoísta de Kasuga. No dia 19, pela manhã, fizemos turismo pelo Palácio Imperial de Quioto, o templo Kinkakuji e o Parque de Arashiyama. E à tarde, dirigimonos a Shizuoka utilizando o trem bala. À tarde, em Shizuoka, fomos recepcionados pelo pessoal do governo da província e da cooperativa agrícola, e nos acomodamos no Izokukaikan. À noite, participamos da Festa de Boas Vindas da Província de Shizuoka e da cooperativa agrícola. Os nisseis ficaram muito contentes com a grande quantidade de iguarias. No dia 20, saímos da cidade de Shizuoka, passando por Nihondaira, vimos Shiraito no Taki (catarata) e por volta de 2 horas da tarde, chegamos à universidade do Ministério da Cons-


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trução (atual Ministério de Território Nacional, Infra-estrutura, Transporte e Turismo) de Fujinomiya. Fomos recepcionados grandiosamente pelo diretor Nagazawa e 150 alunos uniformizados. Ali era no sopé de Monte Fuji e a bela montanha ficava bem perto, e todo o redor estava coberto de neve. Fomos recebidos por um boneco de neve que deveria ter uns 2 ou 3 metros de altura. À noite, na Festa de Confraternização foram demonstrados judô, kendô, koto, cerimônia do chá, canto e dança de salão, e foi uma noite realmente maravilhosa. E na hora do jantar foi mostrado o mochitsuki (socar o arroz no pilão). Nós, os adultos, fomos levados para um outro salão de banquete e tomamos saquê. Na manhã seguinte, com a temperatura de 15ºC negativo e com as orelhas congelando fomos patinar. Os nisseis pareciam que estavam se divertindo muito deslizando sobre o gelo. Togugosho (Palácio do Príncipe Herdeiro) Nisseis respeitosamente silenciosos À tarde, nos dirigimos para Tóquio. A noite de Tóquio era repleta de carros e as luzes de neon eram ofuscantes. Pousamos no Tokyo Koma Ryoko Kaikan em Roppongi. No dia seguinte, havia a visita ao Togugosho. O preparativo de todos era trabalhoso. Lavar camisa, passar ferro na calça, lustrar os sapatos. Saímos às 9 horas e 30 minutos do dia seguinte. No Togugosho, os camareiros vieram recepcionar e fomos convidados a entrar no

salão Nichigetsu no Ma. Estava tão silencioso que não parecia que 140 nisseis estavam em uma sala. Ninguém falava nada e eu, como responsável, estava sentindo muito tenso. Mesmo no frio, minhas mãos estavam suando. Depois das 10 horas, o Príncipe Herdeiro (atual Imperador), a Princesa Michiko (atual Imperatriz) e o Príncipe Hiro (atual Príncipe Herdeiro Naruhito) entraram juntos no salão. Primeiro, o ex-ministro de Agricultura, Floresta e Pesca fez a saudação e à seguir como representante da delegação de estagiários, fiz a saudação, mas no pico do nervosismo, li o texto de saudação que havia preparado no Brasil em um só fôlego. Foi a maior emoção da minha vida e foi realmente uma honra. À seguir, o Príncipe Herdeiro fez a saudação com tradução para o português e parece que os descendentes da segunda geração tiveram uma excelente e profunda impressão. Na sequência, foi arranjada uma conversa informal em forma de festa. No final, entregamos como lembrança uma pedra bruta de ametista, que tínhamos trazido do Brasil, e voltamos para nosso alojamento. As crianças vieram pedir o adiamento do retorno ao Brasil À tarde visitamos o Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca, o Parlamento, a TV NHK e a Zenchu (União Central de Cooperativas Agrícolas do Japão).

Delegação brasileira recepcionada pelo Príncipe Herdeiro em 12/1979

No dia 23, visitamos a fábrica da Indústria Automobilística Isuzu de Yokohama e a oficina de manutenção da Japan Airlines. No dia 24, fizemos tu203


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rismo pela cidade de Tóquio. No dia 25, tomamos balsa em Kawasaki e fomos para Kimitsu, na Província de Chiba, e visitamos a fábrica da Nippon Steel. A fábrica, que se orgulha de ter a melhor produtividade do mundo e o produto com a melhor qualidade do mundo, é controlada por um computador, o que é simplesmente maravilhoso. No dia 26, após a refeição da manhã, o dr. Torao Tokuda, presidente da Tokushukai, que está revolucionando a medicina no Japão, veio nos visitar e fez uma palestra de uma hora. Senti um grande respeito em relação ao entusiasmo e ao ideal do professor. Depois do almoço, o ex-ministro da Agricultura, Floresta e Pesca, Sr. Watanabe, veio nos visitar e após uma palestra, distribuiu presentes para todos. Ao ver a alegria dos nisseis, fiquei imensamente agradecido. Nesse dia, no horário livre, fizemos as compras.

um deixando suas lembranças. Esta viagem, que deve ficar gravada na memória jovem dos nisseis, parece que fez o avião voar com mais leveza. No meio do vôo, dentro do avião, um nissei propôs: que tal daqui a 10 anos viajarmos novamente com esse grupo e preservar essas lembranças para sempre? Como achei realmente maravilhosa a ideia, pedi para anunciar no altofalante do avião. Cada qual com a emoção no peito, o avião pousou em Viracopos. Ao refletir sobre a viagem de estágio desta vez, pode-se dizer: 1) Os nisseis sentiram a afeição dos parentes do Japão e nutriram o sentimento de apego em relação ao Japão. 2) Ao verem o Japão sentiram orgulho como descendentes de japoneses. 3) Conheceram a beleza natural do Japão e a história que foi construída dentro dele. 4) Conheceram a boa educação dos japoneses e a postura de cumprir as regras e compreenderam como isso é importante.

Dia 27, na parte da manhã, na reunião de confraternização entre os nisseis e as crianças de Tóquio promovida pela Nippaku Seinen Koryu Kyokai (Associação de Intercâmbio de Jovens Japão-Brasil) compareceram todos e, com a orientação do prof. Hirano da Universidade de Educação Física do Japão, o evento foi maravilhoso e divertido. As crianças brincaram divertidamente esquecendo a hora passar. À tarde, fizemos com que arrumassem as bagagens para retornarem ao Brasil, e vieram muitas pessoas no hotel para se despedirem dos nisseis. Como houve muitos visitantes nesse dia, fui para cama já perto da meia-noite. Então, três ou quatro nisseis vieram me procurar e perguntaram se não daria para adiar a volta para o Brasil por dois ou três dias, o que me deixou um pouco espantado. Queriam ficar mais um pouco em Tóquio. A continuidade da atividade No dia 28 de janeiro, com muitos parentes vindo se despedir, regressamos para o Brasil, cada 204

5) Souberam que os japoneses são diligentes e é um povo com alta produtividade. 6) Como brasileiros, se sentiram estimulados a se esforçarem para não ficarem para trás em relação ao Japão.

E ao ver que quase todos desejam ir novamente ao Japão, desta vez para estudar, parece que voltaram com uma impressão muito boa em relação ao país, e pode se dizer que o resultado foi maior que o esperado. Creio que o fato do resultado ter sido grande foi por causa da maioria dos estagiários ser adolescente, quando se vê e sente as coisas com mais simplicidade. No caso dos adultos, que têm a mania de ver as coisas de forma mais crítica, não deve ter sido a mesma coisa. Creio que este projeto deve continuar no futuro enquanto houver aspirante. Livro: Comemorativo dos 25 Anos de Cotia Seinen, p.76~80


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Debate entre filhos de Cotia Seinen Realizado no dia 24/8/2005, na Associação Cultural dos Provincianos de Kochi no Brasil

Participantes (ordem de uso de palavra) - Walter Shinji Ihoshi (44 anos), primeiro filho de Migaku Ihoshi, político, subprefeito da subprefeitura de Jabaquara, residente na cidade de São Paulo - Roberto Shirahata (37 anos), primeiro filho de Makoto Shirahata, produtor de flores e plantas ornamentais, residente em ibiúna - Marcelo Tsutomu Shakuda (37 anos), primeiro filho de Tadashi Shakuda, produtor de orquídea, residente em Caucaia do Ato - Bernadete Megumi Tamakoshi Kambe (41 anos), primei-

Participantes do debate

ra filha de Noriyoshi Takakoshi, professora de língua japo-

sil há mais de 40 anos. Minha mãe veio como noiva imigrante e meu pai como Cotia Seinen. Atualmente temos uma produção de crisântemo na cidade de Ibiúna. Sou o mais velho de sete irmãos, embora tenha uma irmã acima de mim, eu sou mais velho dos homens. Ao mesmo tempo em que ajudo os meus pais na sua produção, tenho uma área de produção independente. Sou casado e tenho duas filhas. Portanto, já tenho a minha emancipação, mas ajudo os meus pais, pois o sítio fica muito próximo da minha casa. Sou formado a nível técnico pela Fundação Shunji Nishimura e fiz estágio no Japão entre 90 a 92 pela JATAC e atualmente tocando a vida aqui no Brasil e tentando sobreviver.

nesa, tradutora, residente na cidade de São Paulo - Cecília Tomie Ishida (43 anos), primeira filha de Sadao Miyajima, do lar, voluntária, residente em Fukushima - Miki Matsumura (38 anos), primeira filha de Yoshinosuke Sato, enfermeira, residente na cidade de São Paulo - Sueli Mika Takahashi (40 anos), primeira filha de Issui Takahashi, contadora, residente na cidade de São Paulo - Tereza Yoshiko Miyajima Matsuoka (40 anos), segunda filha de Sadao Miyajima, funcionária de escola primária/ conselheira de crianças estrangeiras em Mie - Gabriela Sayuri Miyajima Soga (33 anos), terceira filha de Sadao Miyajima, do lar, residente em Mogi das Cruzes - Yoshiko Iihoshi (participação especial), mãe de Walter Iihoshi, comerciante de aparelhos de beleza, residente na cidade de São Paulo

WALTER: Bom dia. Está aberta a mesa redonda para os filhos de Cotia Seinen exporem suas ideias na ocasião em que Cotia Seinen completa 50 anos. Muito prazer, sou Walter Iihoshi. Primeiramente gostaria que todos se apresentassem. ROBERTO: Meu nome é Roberto Yoichi Shirahata, meus pais são de Nagano, não tenho certeza mas acredito que eles tenham vindo para o Bra-

MARCELO: Meu nome é Marcelo Shakuda. Acabei de completar 37 anos. Tenho uma filha de 1 ano e 10 meses. Meus pais vieram da província de Mie. Logo que meus pais imigraram para o Brasil começaram com a plantação de tomate, depois na avicultura por 30 anos e atualmente cultiva orquídea. Sou formado em arquitetura na USP e trabalhei com casas pré-fabricadas, mas hoje ajudo os meus pais no cultivo da orquídea.

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MEGUMI: Muito prazer, meu nome é Bernadete Megumi Tamakoshi Kambe. Sou a primeira filha da família Tamakoshi. Embora eu já tenha 41 anos os meus filhos ainda são pequenos. O mais velho tem 4 anos e o menor tem 2 anos. Tive-os depois de 12 anos. Meus pais são de Aichi. Atualmente o meu pai produz bonsai em Jacareí e minha mãe faz missô para vender. Dou aula de japonês para adultos. Até recentemente fazia traduções, mas como ainda os meus filhos necessitam de mim, parei com esta atividade. TOMIE: Eu sou a filha mais velha dentre os oito filhos de Sadao e Sadako Miyajima. Sinto-me muito honrada em poder estar participando hoje deste debate, pois eu e minha irmã estamos de passagem aqui no Brasil depois de 24 anos. Viemos visitar os nossos pais. Espero que este encontro contribua ao expormos as nossas idéias e sentimentos em relação aos nossos pais. WALTER: Meu nome é Walter Shinji Iihoshi, eu sou primogênito de três irmãos. Meu pai Cotia Seinen, veio na década de 50 do Japão ainda solteiro e casou-se com minha mãe que está aqui, a Yoshiko Iihoshi, ela é Walter Iihoshi nissei e criou três filhos. Meu pai veio da região de Cotia que trabalhou lá por quatro anos cumprindo o prazo de cotia seinen e depois veio a São Paulo para se dedicar ao comércio. Eu sou formado e m administração, empresário e neste momento estou atuando no setor público nomeado como subprefeito da região do bairro do Jabaquara pelo prefeito Serra. Será um grande prazer estar com vocês aqui debatendo as idéias e contando a história dos nossos pais, do sacrifício que eles fizeram para nos criarem e de como nós poderemos aproveitar 206

este momento visando o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil daqui a três anos. Todos nós poderemos trocar livremente as nossas idéias para que possamos construir novas propostas para os nossos filhos e descendentes. MIKI: Bom dia, meu nome é Miki Matsumura. Tenho 38 anos, casada, com dois filhos muitos saudáveis: um de 9 e outro de 7. Meu pai veio de Miyagi e chegou ao Brasil na década de 60. Minha mãe também veio a bordo do navio Argetina-maru, ela com 16 anos e meu pai 18 anos. Sou a mais velha dos três filhos. Meu pai já está aposentado e desfrutando de uma vida feliz. Sou enfermeira e trabalho no Hospital Sírio Libanês. MIKA: Bom dia, meu nome é Mika Takahashi. Sou a primeira filha de Issui Takahashi. Meu pai veio de Kochi e imigrou para o Brasil como Cotia Seinen. A minha mãe é nissei. Tenho um filho de 11 anos. Atualmente eu trabalho na administração financeira da empresa que distribui produtos eletrônicos da marca TEAC. TEREZA: Muito prazer meu nome é Tereza Yoshiko Miyajima Matsuoka. Conforme a minha irmã já me adiantou, sou a segunda filha dos oito filhos de Sadao e Sadako Miyajima. Estou morando há 18 anos na cidade de Suzuka em Mie, Japão. Até março deste ano trabalhei como ajudante numa escola primária da cidade de Suzuka, auxiliando os filhos de decasséguis brasileiros na comunicação. Em abril, passei a trabalhar na cidade de Tsu, capital de Mie, como conselheira itinerante nas escolas primárias e ginasiais. Com o aumento rápido de estrangeiros, bem como de brasileiros residentes no Japão, as pessoas sentem necessidade de obter mais informações de outros povos e eu dou palestras para professores. Mostro o panorama histórico dos cem anos da imigração japonesa no Brasil, o que evidentemente justifica a presença de tantos descendentes nikkeis, e que


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eles têm contribuído no laço de amizade entre os dois países. Para mim, que pouco conhecia da história dos nikkeis, isto está sendo um grande aprendizado. SAYURI: Meu nome é Gabriela Sayuri Miyajima Soga, sou de Mogi das Cruzes, comerciante, sou a caçula das irmãs dentre os oito filhos. A saga dos meus pais começa em 1959, passando por Itaquera, Jacareí, Bahia e foram para o Japão e hoje estão morando em Biritiba Mirim. Estou aqui para enriquecer também esta cultura, enraizar e passar isto para os nossos filhos e netos, pois a cultura não pode acabar. YOSHIKO IIHOSHI: Casei-me há mais de quarenta anos. Meu marido veio da província de Kumamoto e meus pais são da província de Saga. Casamos por omiai, namoramos aproximadamente um ano e depois nos casamos. Começamos a trabalhar vendendo produtos de beleza que mantemos até hoje. Os filhos cresceram e cada um está seguindo a sua carreira. Nasci na região de Lins. Por estar morando numa colônia de japoneses falávamos mais em japonês e o português era utilizado somente na escola brasileira. Em casa também só falávamos em japonês e fazia curso de língua japonesa à noite. Portanto, sentia mais afinidade com o Japão e foi um dos motivos por ter me casado com um japonês nativo. Não tive nenhum atrito com o meu marido por ser pessoa de outro país. Tudo foi muito natural. WALTER: Vamos agora entrar no nosso primeiro tema que é: qual a opinião que você teria sobre os seus pais? Ou seja, todos nós sabemos que os nossos pais tiveram uma vida difícil, sobretudo na lavoura, se dedicaram muito à educação dos filhos, passaram por sofrimentos, mas que a maioria conseguiu superar e prosperar. Sabemos também que os filhos tiveram uma educação muito boa, por exemplo, hoje aqui vemos pessoas formadas na USP, de for-

mação bastante privilegiada e que agora enfrentam novamente na educação de seus filhos num mundo novo, num mundo globalizado. Estamos vivendo também momentos em que os nossos descendentes estão voltando para o Japão. Bem, o tema diz respeito aos nossos pais. Como enxergamos a vida dos nossos pais no passado e no momento atual. Como nos refletimos em relação a eles. MEGUMI: Defino a vida dos meus pais em antes e depois da Cooperativa Agrícola de Cotia, pois sinto que muitas coisas mudaram com a extinção desta Cooperativa, não só mudando a vida dos meus pais, mas da comunidade nipo-brasileira, inclusive das famílias que trabalhavam nas lavouras. Tenho a impressão que a falência da Cooperativa contribuiu também para o fenômeno decasségui. TOMIE: Meu pai já Bernardete Megumi tem 71 e minha mãe Kambe 69. Embora já estejam com idade, eles estão sempre com espírito de seinen, animados, agitados e respeito muito isso deles, pois a vida não deve ter sido fácil para eles. Apesar da dificuldade de comunicação, conseguiram educar todos os oito filhos. Nossa vida nunca foi abastada, mas nada nos faltou. Era uma vida mais aberta, ampla, de querer viver. Sinto que este espírito falta hoje no Japão, a união entre os familiares. Por estar muito tempo ausente do Brasil, posso perceber melhor estas diferenças. Meus pais sempre tiveram muito ânimo para enfrentar a vida e estou aprendendo muito com eles e ainda tenho de aprender mais. MARCELO: Meus pais nasceram no período da Segunda Guerra Mundial e viveram num mo207


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mento em que não tinham perspectiva de futuro, pois tudo estava destruído. Meu pai com 18 anos aprendeu a consertar carros e minha mãe tinha uma carreira num banco. Como o meu tio já havia imigrado ao Brasil, meu pai também mostrava interesse em vir para cá, e existia uma campanha para que o povo japonês imigrasse para outros países. Ele decidiu então vir para o Brasil. Conseguiu ampliar o seu negócio e tudo saiu como ele havia planejado. E hoje cultiva orquídeas. A minha mãe, embora com uma carreira promissora num banco, largou tudo e veio morar no Brasil. Mas sinto que mesmo assim, eles estão desfrutando de uma vida confortável. ROBERTO: Acho que morar num outro país naquela época era uma determinação muito corajosa. Mesmo hoje, existem alguns japoneses que se mudam para o Brasil. São pessoas Roberto Shirahata donas de um sentimento muito diferente dos demais japoneses. De que dirá aqueles japoneses que tomaram a decisão em morar no Brasil naquele tempo. Foi realmente um ato de muita coragem. Meu pai imigrou para cá com 18 anos, mas o mais incrível foi a minha mãe que resolveu se mudar para o Brasil casando-se apenas com a fotografia do meu pai. No dia em que ela se casou, quem estava ao seu lado era o sogro dela e junto dela estava colocada a fotografia do meu pai. Incrível mesmo! É muita coragem dela. Acho que este tipo de coisa as pessoas de hoje em dia não pode imaginar. O primeiro encontro deles foi no porto de Santos, tiveram sete filhos e começaram com a plantação de batatas. Emanciparam e começaram a ser donos de seu próprio trabalho. Não é para qualquer um. Quando eu era criança meus pais me davam muita bronca e me revol208

tava com isto, mas hoje encaro que eles foram muito valentes. Meu pai tem quase 70 anos e ele gosta muito de trabalhar. O trabalho é seu hobby. Minha mãe sempre diz a ele porque um velho de 70 anos tem de trabalhar num domingo à tarde. De fato, mas é porque ele gosta de trabalhar mesmo. Não sei ser igual a ele. O modo de trabalhar também é deferente se comparado aos dias de hoje. Naquele tempo, se ele trabalhasse ficava rico, mas hoje a forma de trabalhar depende de como você administra os funcionários. MIKI: Meu pai é o quarto filho dentre os sete filhos. Ele veio para o Brasil com 18 anos, depois do término da Segunda Guerra Mundial. Acho que quando ele viu a propaganda do Cotia Seinen sentiu estar diante de uma luz iluminando o seu caminho. Pois, logo que completou 18 anos, catou sua mala e veio ao Brasil na esperança de voltar ao Japão com uma vida mais estável. Mas antes de vir ao Brasil se formou como técnico em agronomia. Estar com 18 anos significa muita incerteza, mas ter esperança, enfim tudo o que nós sentimos normalmente, mas com uma intensidade muito maior. Meu avô disse ao meu pai que se em dez anos ele não conseguisse nada, mesmo assim ainda ele estará com 28 anos e ainda poderia recomeçar uma nova vida no Japão. Quando completei 18 anos, o meu pai me parabenizou e me deu autorização para que fosse para qualquer lugar, que eu já era livre e seguisse o meu caminho. Emociono-me muito ao lembrar da vida dos meus pais, mas enfim, até hoje ele diz que ter vindo ao Brasil foi muito bom, pois este país os acolheu. Eles sempre elogiaram o Brasil. WALTER: Vejo a vida dos meus pais como uma vida de luta, de vitória, como vencedores desta vida. Meu pai veio do Japão com seus 25 anos e muitas vezes eu pensava se eu teria coragem de fazer o que ele fez, de largar tudo,


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dizendo que venceria e que iria ao Brasil. Isso me mostra o quanto eu sou pequeno em relação ao meu pai, que foi lutador, trabalhou muito e por situações ter mexido com tomate, aquele agrotóxico foi contaminando o corpo dele, sofreu de bronquite e aos 65 anos, depois de dois anos de sofrimento, ele veio a falecer. A hora que ele poderia desfrutar da vida se foi. Sinto muito a forma como ele deixou a vida sem poder desfrutar desta vida, pois dedicou muito ao trabalho. Assim como já foi comentado aqui hoje, ele fazia porque gostava de trabalhar. Mesmo a minha mãe, com a lojinha dela, continua trabalhando e não para. Ou seja, vão trabalhar até o final da vida. É realmente símbolo de luta e dedicação. Vejo a vida deles como vitoriosos e tenho muito orgulho disso. Sinto uma responsabilidade muito grande de não errar na minha vida e seguir este exemplo para frente (risos), mas a minha mãe ainda tem esperanças de que eu me case. Hoje, tenho 44 anos, mas quem sabe, enfim, se não puder para os meus filhos mas para as pessoas que eu possa dedicar. MIKA: Meu pai veio ao Brasil como Cotia Seinen aos 16 anos. Naquela época, ele tinha sonhos de se tornar professor no Japão. Mas devido ao pós-guerra, a situação econômica do Japão estava muito difícil, e dessa forma o governo japonês incentivava a imigração para outros países. Assim, o meu pai veio ao Brasil dentro de muita incerteza. Logo que ele chegou ao Brasil começou a trabalhar na fazenda onde morava minha mãe. Penso que o período de adaptação inicial neste pais desconhecido foi muito difícil, diferença no clima, nos costumes, na linguagem... Imagino que tenha sido um longo período de sofrimento. Casou-se com minha mãe e constituiu uma família nos moldes japoneses, pois como ele era o primogênito cuidou dos seus pais até o final da vida deles. Meu irmão e eu tivemos a chance de aprender um pouco do idioma, e aprender sobre a

cultura japonesa, pelo fato de termos morado junto com nossos avós. O meu pai vivenciou muitas coisas. Plantou batata em Itatiba, experimentou abrir um comércio, trabalhou na construção de casas e atualmente ele faz parte da diretoria da Cotia Seinem e da Associação da Província de Kochi. Hoje desfruta de uma vida estável depois de muitas lutas. E, sobretudo, acho que ele conquistou muitas coisas por ter tido o grande apoio da minha mãe. Eles sempre se empenharam muito pelos nossos estudos, e sempre nos apoiaram e incentivavam em todas as nossas atividades e decisões. Admiramos a coragem, e respeitamos todo o esforço e dedicação de nossos pais. Nós seremos eternamente gratos a eles. TEREZA: Pensando bem, o fato dos meus pais terem se imigrado para cá posso dizer que eles são realmente aventureiros. Mas acho que sozinhos teria sido mais difícil. Eles superaram porque o meio em que viveram ajudou, como a colônia do bairro de Santana onde existia a comunidade de nikkeis, que por sua vez dispunha de escola de língua japonesa. Quando eu nasci, tudo estava pronto, no entanto não posso fazer nem ideia do sofrimento e luta dos nossos pais para conseguir isso. Tereza Yoshiko Falávamos tudo mistuMiyajima Matsuoka rado com português e japonês, mas por termos frequentado a escola de língua japonesa hoje posso estar trabalhando, embora eu tenha estudado apenas até o colegial. Sinto grata aos meus pais por terem me dado esta oportunidade. SAYURI: O que mais admiro nos meus pais é quando eles dizem com entusiasmo das festividades comemorativas do Cotia Seinen. Nós 209


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achamos estranho se considerarmos o nome, mas essa força de vontade de se encontrarem, o espírito batalhador me admira muito. Todos fazem o maior esforço para se encontrarem, fretam ônibus para todos poderem se encontrar. Nós, que hoje vivemos este mundo muito corrido, pergunto, onde está este espírito. Portanto, tento olhar os meus pais que lutaram tanto, tiveram um caminho longo, mas hoje são felizes curtindo o encontro com os seus amigos nas partidas de gateball e ainda têm aquele espírito de vencer, de fazer algo. O fruto deles são os 21 netos e filhos todos casados. Eles sempre nos incentivam a levar os netos para nihongogakko ou em atividades culturais como undokai, na tentativa de preservar a cultura que por sua vez está sendo a luta de muitas comunidades nikkeis como a de Mogi das Cruzes, em resgatar a cultura. O que é gratificante para eles é terem saído de seu país e morado num país estrangeiro e poderem estar colhendo estes frutos, acho que isto não tem preço. YOSHIKO IIHOSHI: Meu pai veio para cá quando ele ainda tinha apenas 9 anos. Foi para o interior, e segundo o seu relato, foi de muito sofrimento. Ele veio sem ter completado um estudo no Japão e depois de ter chegado ao Brasil foi enviado para um local onde não havia nenhuma escola brasileira e escola de língua japonesa. Trabalhou muito, impedindo-o de estudar. Por isso, quando teve filhos, o maior desejo dele era de dar-lhes estudo. Mas, a vida ainda era dura. Eu sou a mais velha dentre os cinco filhos e tive de cuidar dos meus irmãos. Tinha muita vontade de ir à escola brasileira, mas o meu desejo não se concretizou. Estudei japonês num curso a noite. Conheci meu marido e me casei. E assim, tanto eu como meu maYoshiko Iihoshi 210

rido colocávamos o estudo na prioridade e achávamos que os nossos filhos tinham de ter estudo. Entre as aulas normais da escola brasileira, de manhã iam para curso de língua japonesa e a tarde para curso de língua inglesa. Graças a Deus os três concluíram seus estudos e nós trabalhamos intensamente. Como disse o meu filho, nós trabalhamos tanto, mas tanto e quando finalmente podíamos desfrutar da vida o meu marido se foi. Fico muito triste por isso. Muitas vezes penso se a vida não poderia ter sido mais confortável, se eu previsse isso e sempre pergunto se nós não teríamos tido uma vida diferente. Não sabemos o dia de amanhã. Meu marido sempre dizia aos meus filhos para que sejam pessoas decentes e eu sempre rezo para que a vontade dele seja feita. Obrigada. WALTER: Bem, vamos entrar agora para o segundo tema que é o lado positivo e negativo de um descendente de japoneses aqui no Brasil. Todos nós sabemos que tivemos uma educação muito rígida, pelo menos eu tive, e muitas vezes nem falar o português dentro de casa era permitido. Ao sair para sociedade você depara com um mundo muito diferente daquele que você teve na sua família. Depois, com o passar dos anos tínhamos de interagir com colegas, amigos brasileiros. Questão da cultura, da adaptação, das dificuldades e, em alguns casos, dificuldades na aceitação. Eu mesmo estudei numa escola que havia um pouco de discriminação e que não era falada, mas poderia ser sentida até na brincadeira das crianças. Como nós descendentes nos deparamos com a sociedade na questão da aceitação, da cultura, da própria educação, e como temos enfrentado tudo isso. Dentro dessa visão, gostaria que todos colocassem pontos positivos e negativos para os descendentes que vivem na sociedade brasileira. MARCELO: Fui muito discriminado na escola brasileira por ter a fisionomia de japonês e na escola de língua japonesa havia um colega que


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caçoava de mim e passei a não querer ir mais para a escola. Passei a faltar e escondi isso da minha mãe. Uma vez até me escondi. Na época, gostava muito de gibis japoneses, o Doraemon, e passei a Marcelo Tsutomu aprender o japonês Shakuda através destes gibis, que aos poucos me fez gostar de estudar, principalmente o japonês. O meu pai também sempre falava do Japão e eu ficava imaginando que lá seria um país muito bom e o meu sonho era conhecer este país. E achava que o Brasil não era a minha praia. Entrei na faculdade e depois passei a conhecer vários países. No entanto, descobri que o Brasil era um país muito bom, livre das catástrofes naturais como terremoto, furacão, nevascas que existem no Japão sem contar com a extensão territorial que é muito menor. Viver no Japão não é fácil. Mas os japoneses têm um espírito forte e acho que isso herdei deles e quando eu era discriminado pelos colegas, essa característica me fez superar esta fase e entrar na USP. Meu pai sempre me dizia: a disputa entre o ser humano é fácil, mas na disputa com um cavalo, evidentemente o cavalo vence. Brasil é um país que te oferece oportunidades, diferentemente do Japão, pois lá quando se perde uma chance a outra dificilmente virá. Desta forma, o Brasil é um país com muitas qualidades. Mesmo para ter filhos, o que se discute no Japão nos dias de hoje é tê-los ou não. Por outro lado, o Brasil é um país que permite ter quantos filhos quiser. As crianças aqui podem brincar livremente no ambiente externo e acho que aqui eu poderei criar em condições mais favoráveis. TOMIE: Eu já vivi metade aqui e metade no Japão e o que percebo é o fato de eu falar o japonês me proporcionou ter oportunidade de

conhecer o meu marido e ir para o Japão. Todos os meus quatro filhos nasceram e foram criados no Japão. De fato, criar os filhos não tem sido uma tarefa tão fácil assim. E eu, por saber falar o japonês e português, me possibilitou trabalhar em ajudar os brasileiros que residem no Japão. Mas muitas pessoas, inclusive crianças, estão tendo muitos problemas por não saberem falar o japonês. Por isso, acho que o Japão ainda não está preparado para ser um país internacionalizado. No Brasil, não importa qual a sua origem, mas se nasceu neste território você já é brasileiro, pois no Japão, mesmo que já seja da segunda ou quarta geração você sempre continuará a ser um estrangeiro. Sinto que existe uma defasagem, mesmo que seja sentimental, mas existe. Portanto, sempre acho que não sou 100% japonesa e nem 100% brasileira me colocando diante da crise de identidade, mas também me coloca na vantagem de poder ver os dois lados da moeda. Como me foi dado este destino, eu devo aceitar esta posição e só posso dizer que a minha função é mostrar o lado bom do Brasil e vice-versa. É assim que penso e assim estou vivendo. ROBERTO: Quando estava com cinco anos, me mudei para a cidade de Ibiúna. Como aqui é uma cidade com muitos descendentes de japoneses não houve nenhuma discriminação. Em casa era falado somente o japonês e a minha irmã chorou por várias semanas, pois não entedia o que era dito na escola. Nos dias de hoje, Ibiúna ainda continua com um índice alto de habitantes nikkeis, inclusive a presença de isseis ainda é alta, principalmente de Cotia Seinens. Muitas atividades culturais japonesas ainda fazem parte do calendário da comunidade e cresci neste meio. Considero isto muito importante e quero dar continuidade para que as minhas filhas também possam vivenciar esta cultura. Falar o idioma japonês também não foi nenhuma barreira para mim, que sempre usei desde criança e facilitou quando eu come211


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cei a estudar japonês. Ao dar um passo lá fora todos me chamam de japonês, em qualquer lugar que vamos todos nos chamam de japonês, não importando qual seja a sua geração. Portanto, quero criar as minhas filhas e ensiná-las a falar, mesmo aos trancos e barrancos, o japonês. E na geração dos meus netos, que estes saibam pelo menos a cumprimentar ou falar coisas básicas. Não tenho interesse em trabalhar no Japão, pois eu quero tentar com as minhas forças fazer um bom trabalho aqui e prosperar. Como disse o Marcelo, eu também concordo que o Brasil lhe oferece muitas oportunidades de trabalho. Pude perceber das inúmeras viagens que fiz ao Japão, que este povo tenta sempre se encaixar aos moldes pré-estabelecidos e, quando algum individuo desvia deste formato, este sujeito não consegue mais retornar a esta linha de trem. É por isso que existem muitos casos de suicídio, falências de empresas. O brasileiro se for demitido, cata um carrinho de sanduíche e vende em qualquer esquina ou sobrevive como vendedor ambulante. Os japoneses, com medo de ser marginalizado pela sociedade, se encaixa no padrão estabelecido e se acomoda nele. Por isso, acho que o Brasil é melhor para se viver, trabalhar e criar os filhos. E assim continuarei batalhando por aqui. WALTER: Vejo que o descendente nikkei tem uma vantagem muito grande aqui no Brasil, sobretudo no aspecto comercial. Nós, como descendentes temos esta feição e passa para os brasileiros aquela imagem de honestidade, de trabalho, de confiança. Quando nós nos apresentamos no mundo do trabalho, somos muito bem aceitos. Da mesma forma, tive a oportunidade de começar negócios junto com o meu pai trazendo empresas japonesas para o Brasil e ele começou e o segui fazendo as mesmas coisas. Portanto, nós como descendentes temos esta vantagem muito grande de fazer a ponte entre Brasil e Japão, principalmente no 212

setor de negócios, na área econômica. Eu acho que essa é uma grande vantagem e temos de aproveitar. O Japão espera isso de nós. Estive agora no mês de janeiro a convite do governo japonês, participando do encontro de jovens nikkeis da América Latina representado por 24 jovens. Foram cerca de 8 pessoas do Brasil e 2 deles de São Paulo. Lá no Japão tive a oportunidade de falar dessa relação Brasil-Japão. Por que o Japão fez isso, de convidar jovens daqui para lá. Foi para estreitar esse intercâmbio entre Brasil, Japão e América Latina. O primeiro ministro Koizumi levará cerca de 4.000 jovens da América Latina nos próximos cinco anos. E nesse Congresso, eu propus para que fizesse o contrário também, de enviar jovens japoneses para o Brasil e conhecer os potenciais do Brasil. Desta forma, poderemos fazer um intercâmbio maior. Nós descendentes temos esta vantagem e temos de usar isso a nosso favor. Mas infelizmente temos algumas desvantagens. Por exemplo, estou no meio político, pois nós nikkeis somos um pouco retraídos e não sei se isso seja uma questão cultural, de uma educação muito rígida que não temos coragem de se expor, pois temos medo de errar, de fazer tudo muito certo. Então, acho que devemos ter um pouco mais de ousadia, dar a cara para bater, eu sei que não é fácil. Essa é a desvantagem, pois os brasileiros discriminam, subestimam os nikkeis, sinto isso, não sei vocês. Tem momentos que se você não abre espaço, não dá a sua cara para bater esse espaço não será aberto e eles irão ocupar este espaço. MEGUMI: A aceitação dos brasileiros é minha preocupação para educar os meus filhos e você disse uma coisa e percebi que eles fazem comentários quando ganhamos espaço dizendo que não parecemos ser japoneses, pois acho que eles têm essa idéia. Na verdade preciso me encontrar logo, conhecendo melhor a minha posição, pois ainda sinto que não encontrei a minha identidade, mas sinto a urgência


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de me localizar para poder passar o lado bom aos meus filhos, caso contrário, eles vão ficar no meio termo. WALTER: Sabemos que as nossas associações nikkeis estão passando por uma dificuldade muito grande, principalmente porque muitos dos nossos nikkeis estão no Japão. Temos quase 300 mil morando no Japão e o que sobrou está aqui. Os kaicho isseis seguraram as associações por muito tempo e não deram oportunidades para os nisseis, que agora aos poucos estão assumindo as funções. Mas é um momento difícil, porque economicamente nós vimos a bancarrota do Banco América do Sul, da própria Cooperativa Agrícola de Cotia, que foi o nosso grande ponto de alicerce e nós perdemos essas referências, inclusive as associações se encontram em dificuldades financeiras e de atrair descendentes. Porque aquele que se identifica com a cultura estão participando das atividades dos kaikans, mas a maioria dos jovens aqui de São Paulo não possui identidade nenhuma com a cultura. Não fala o japonês, não participa dos eventos, não tem identidade e, pelo contrário, muitos se colocam à margem da nossa cultura. Como disse o nosso presidente do Bunkyo, Kokei Uehara, a nossa comunidade é de mestiços, pois mais de 40% já se casaram com outras descendências e cada vez mais esse será o fenômeno que irá acontecer. Como resgatar esse nosso orgulho da cultura? Acho que à medida que abrimos a nossa cultura para os brasileiros, na medida em que divulguemos as nossas associações, as nossas atividades para os não descendentes, nós iremos fortalecer a nossa cultura. Os nossos filhos e netos terão orgulho de ser nikkei. Portanto, temos de resgatar esse orgulho de sermos descendentes. De certa forma, sabemos que o Japão é a segunda maior economia do mundo, é uma potência. Agora, como transferir este orgulho para nós e como abrimos as nossas associações, a nossa cultura para os brasileiros. Por

exemplo, a culinária já é um exemplo. Quem dos gaijin não gosta de sushi? Esse já é um ponto a favor. Está aí um grande desafio para que nós possamos integrar a nossa comunidade nikkei com a sociedade brasileira. Desta forma estaremos criando uma imagem cada vez mais fortalecida. MARCELO: Quando estudei na USP saiu um dado de que 20% dos universitários eram descendentes de japoneses. Surpreendi-me pela boa colocação dos nikkeis. Os meus pais sempre me incentivavam muito a estudar e por isso que cheguei aqui. Quando fui trabalhar a condição era ser formado na USP e que fosse nikkei. Havia apenas duas pessoas neste perfil e entrei nesta construtora civil. Achei muito interessante por eu ter sido nikkei. Na Argentina existe uma dificuldade muito grande para os nikkeis ingressarem em outros setores que não seja a agricultura. Só por isso já acho o Brasil muito bom. SAYURI: Acho que ser descendente é mais ponto positivo do que negativo. Por ser descendente, eu tive a oportunidade de ser comerciante em Mogi das Cruzes, abrindo muitas portas. Gabriela Sayuri Por ser descendente, Miyajima Soga meus irmãos tiveram a oportunidade de ir ao Japão, trabalharam, retornaram e hoje montaram um negócio. Vejo então que o Brasil é um país de oportunidades, embora a economia não esteja bem, mas somos engrandecidos por esta cultura que nos foi dada desde pequena e que nos faz deixar a um passo acima ou adiante, que faz parte de nossa comunidade. MIKI: Sou muito grata por meus pais terem vindo ao Brasil, pois só vejo pontos positivos. Não 213


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sei se foi pela educação que minha mãe me deu, mas ela nunca comparou ninguém e muito menos com nenhum dos irmãos. Ela sempre dizia para fazer o máximo e ser você mesma e se mesmo assim não der certo, pelo menos você tentou. Portanto, só consigo ver os pontos positivos. Em relação aos meus filhos, levo-os para nihongo gakko, tento fazer com que eles dialoguem com os meus pais, e como tenho bloqueio para falar em público, principalmente em português, coloquei os meus filhos em aulas de karaokê, em cursos de teatro, danças para não ficar igual a mim. MIKA: Concordo com todos quando disseram que a nossa educação é rígida. Eu também sofro com a timidez, e por isso acho que perdi muitas oportunidades na minha vida. Medo de errar, de passar vergoSuely Mika nha. Não sei exatamenTakahashi te o porquê deste bloqueio. Nasci em Itatiba e vim para São Paulo muito pequena e nessa transição não sei o que houve, mas fiquei tímida demais e acho que foi por conta desta rigidez de educação. Meu filho, felizmente, é mais extrovertido e não deixa escapar a oportunidade da vida dele. Vou tentar transmitir a ele sobre a cultura japonesa e gostaria realmente que a cultura se mantivesse viva nas próximas gerações. Acho que existe uma grande preocupação dos isseis com relação à continuidade da cultura japonesa. Na parte de profissão acho que o descendente tem muitas oportunidades, vai muito do esforço, pois os nikkeis são muitos dedicados. TEREZA: Acho que não existem muitos pontos negativos. Muito pelo contrário, acho que os descendentes sabem fazer o bom uso de sua vantagem. Quando meu pai dizia que era ati214

tude de nissei, sansei, acho que ele quis dizer que eles sabem diferenciar corretamente os dois lados. Não acham? MARCELO: O que percebo é que o fato de saber falar japonês e o português ao mesmo tempo me traz muitas vantagens, pois meus pais tinham muita dificuldade para conversar com brasileiros. Quando eles tinham de administrar a empresa, deparavam com a dificuldade de comunicação em português. O mesmo já não acontece comigo para comunicar com os funcionários, e eles me entendem a minha linha de raciocínio para o trabalho. Tanto que hoje consigo um resultado melhor do que eles neste sentido, embora muitas vezes ele consegue se comunicar apenas com sentimentos. Outro item negativo dos meus pais é por eles serem estrangeiros e acabam se atrapalhando na parte legal. Pelo simples fato de não saberem a língua, eles são facilmente enganados. Enganar nikkeis hoje está mais difícil, mas muitos perderam terras no passado. Eu, por saber o português, faço até contratos. Meu pai contava história de pessoas que trabalharam tanto e foram enganados e perderam suas terras. YOSHIKO: Quando os brasileiros dizem "japonês garantido", por um instante acho que estão nos fazendo de bobos, mas tento enxergar positivamente, que eles confiam nos japoneses. WALTER: O terceiro tema diz respeito ao que você desejaria para o futuro do Brasil. Bem esse tema é bem claro, todos dizem que o Brasil é o país do futuro, os nossos pais vieram do Japão tentar o sonho deles aqui no Brasil. Nós estamos atravessando aqui momento de mudanças e todos os dias vemos na televisão falando da crise política, ao mesmo tempo estamos vendo uma economia pujante, provavelmente teremos no ano que vem um crescimento apesar de tudo que está acontecendo. O Brasil é considerado uma das grandes potências do futuro, está


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entre os Estados Unidos, China, Rússia, Brasil, Índia que são considerados os cinco países com maior potencial de crescimento e nós com certeza estaremos aqui no nosso país com nossos filhos, nossos netos, tentando construir um país maior. Gostaria de ouvir de vocês o que vocês desejariam para o futuro do Brasil, em termos de economia, de política, de povo... MEGUMI: Gostaria que o governo empregasse melhor o nosso dinheiro. Que melhore a educação, a saúde, porque o que temos hoje é uma vergonha. Não sei como este país pode dizer que ainda vai ser uma grande potência. Pelo visto só para quem tem dinheiro. MARCELO: Esse mês eu fui ao Japão a negócio e temos um parceiro comercial lá e que fazemos vários contatos com eles lá. O setor brasileiro está voltado muito ao setor agrícola, tanto que um dos carros-chefes do governo atual era a soja que seria o futuro do Brasil. Infelizmente, o clima não ajudou. Mas, converso com muitos agrônomos e eles comentam que o mundo inteiro está com os olhos voltados para o Brasil, pois é o país que vai oferecer comida para o mundo, principalmente para China e Índia, porque se comenta que vai faltar comida no mundo. Se observarmos países como Estados Unidos e a Rússia, estes países não possuem mais áreas de cultivos. O Brasil tem também clima favorável e a área cultivada no Brasil é muito pouca ainda. Então, é um país que tem muito potencial, e é chamado de BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) que são ditos como de países do futuro. Brasil tem um potencial grande porque ela começou a crescer a partir de São Paulo, que não tem mais de cem anos que começou a crescer muito rápido. Os países do mundo todo ficaram impressionados com a velocidade de crescimento. Acho então, que a única coisa que o Brasil não valoriza ainda é a educação, pois a Coréia do Sul valorizou a educação e hoje é considerada uma das potências

que, comparado com o Brasil, cresceu muito. Se o nosso país não investir na educação haverá uma diferença de classe social ainda maior e haverá pessoas que não conseguirão emprego em hipótese alguma, porque são pessoas que não tem base para fazer produção, pois qualquer país baseia-se na produção. Sem produção você não gera emprego. Consequentemente, a saúde e a segurança ficarão comprometidos, infelizmente. Portanto, gostaria que o governo investisse mais na educação, pois sem isso o país não irá para frente. TOMIE: No meu caso retomei ao Brasil depois de 17 anos desde a última visita. Mas percebi que o Brasil mudou muito nestes 17 anos se comparado à minha visita anterior. Estou surpresa, pois Cecília Tomie Ishida está mais organizado. A coleta seletiva também está sendo respeitada. O Brasil por ser 23 vezes maior que o Japão tem muita matériaprima e vejo que tem muito futuro neste país e que muitas coisas vão melhorar. Só peço que a educação, a saúde e a segurança sejam prioridades. SAYURI: Eu acho que o Brasil é o país do futuro. Já está provado, Marcelo também disse agora pouco. O que eu desejo é que se roube menos e eduque mais o povo. E falando de nós descendentes, estamos sim precisando de políticos descendentes (dando uma olhadinha no Walter e todos rindo) que reforcem as nossas raízes. Os escândalos que estão aparecendo muito na TV são de certa forma bons, pois está sendo revelado toda a corrupção. Dizem também que o Brasil é um país que tem mais armazéns de cereais do mundo. Meu marido, que trabalha com grãos, cereais, com bolsa de ce215


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reais, diz que existe uma estabilidade econômica, mesmo diante de tanta instabilidade política. Cinco anos atrás, não enxergava isso, pois quando havia uma turbulência política tudo aumentava de preço e hoje isso não está mais acontecendo. Estamos num caminho, a passos lentos, mas indo adiante. Para os meus filhos, o desejo meu é de dar lhes uma educação melhor e absorver mais as oportunidades. MIKA: Eu também concordo que o Brasil é um país do futuro, precisaria realmente de políticos sérios, honestos, responsáveis e que fossem patriotas. Acho que cada cidadão deveria trabalhar em prol do desenvolvimento e progresso do Brasil. Para o povo, a prioridade é a educação, a saúde, pois com o estudo, todos têm mais oportunidade na vida. Gostaria também que diminuíssem as diferenças sociais. MIKI: Também concordo com todos. Espero que daqui a 50 anos o Brasil tenha dado um grande passo, pois quando os nossos pais vieram para cá não poderiam imaginar que dali há 40 - 50 anos tudo tenha mudado. Espero já estar uma vovozinha aplaudindo todos os netos nos próximos 50 anos. MEGUMI: Na verdade, é uma pergunta que gostaria de fazer aqui hoje, como nós descendentes poderíamos contribuir para melhorar este país? Walter gostaria de ouvir de você, que está engajado no meio político. WALTER: Como ela colocou, eu acho na verdade que este encontro tem esta finalidade, de nós criarmos uma proposta e não só esperar que as coisas aconteçam, não só esperar que os políticos mudem, não só esperar que as coisas melhorem. Cada um de nós tem uma missão, que de certa forma estamos cumprindo, pois todos nós temos uma atividade profissional, empresarial e todos nós pagando impostos, pois tenho a certeza de que nós descendentes de Cotia Seinen trabalhamos correta216

mente, seguindo os exemplos de nossos pais, mas não basta somente isto. Por isso, que em 2002 assumi este compromisso de entrar na política e, de alguma forma, contribuir para este país. Entendo que o meu pai veio do Japão e realizou a maioria do seu sonho, e eu como brasileiro e descendente gostaria de ver este país melhor, pois tenho amor por este país. Tenho certeza que o Brasil será como dizem aí fora, está no BRICS, será uma das grandes potências do mundo. O Brasil querendo ou não. Com os brasileiros. Sem os brasileiros. E poderá estar sendo até mesmo instrumentalizado por outras grandes nações que vão usar o Brasil para ser um grande celeiro agrícola, que vão usar o Brasil para ser um grande mercado. Agora, depende de nós brasileiros. Queremos o Brasil para nós ou deixar que o Brasil seja utilizado. Tenho um ideal, e o meu ideal é contribuir como um descendente nas relações BrasilJapão, quero ser no futuro uma liderança que possa estreitar as relações econômicas culturais, porque o Japão é o parceiro verdadeiro do Brasil, pois o Japão realmente tem interesses de ganho a ganho e alguns países, que não posso falar aqui agora, mas que tem outros interesses em relação a este país. O Brasil pode ganhar muito com o Japão. Este é o meu projeto que iniciei em 2002 e seguirei adiante e gostaria de trabalhar de forma bastante correta e honesta, principalmente como um filho de Cotia Seinen. O Brasil será, sem dúvida, um grande país e nós filhos de Cotia Seinen não podemos ficar apenas olhando que as coisas caiam do céu, pois não caí. Temos de nos organizar porque para uma sociedade organizada não é apenas cobrar do governo, mas se organizar cada um no seu setor, quer seja rural, comercial, enfim todos nós bem organizados poderemos cobrar dos nossos políticos. Não adianta apenas cumprir o seu dever no dia da eleição e depois ficar apenas esperando. MARCELO: Outra informação que eu tenho é


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que o Brasil já está sendo comprado por outros países. Existem muitos estrangeiros adquirindo terras aqui no Brasil, porque sabem que este país é a terra do futuro, que vai produzir comida no mundo, pois a comida vai faltar, ou seja, já está faltando. A China vai ser ainda um grande consumidor. O que está acontecendo é que o Brasil não está se preocupando muito. Isto me preocupa, pois o Brasil vai ser o país do futuro. Na ocasião que estive no Japão, uma pessoa comentou comigo que o Japão está com jovens muito ociosos, eles não sabem o que fazer, apenas alguns com potenciais elevados têm rumo, mas a grande maioria está perdida, pois o país é muito limitado. A produção agrícola no Japão é muito limitada. As áreas de plantação de arroz estão sendo trocadas por shopping centers. O Brasil é o segundo país com maior número de descendentes fora do Japão. Desta forma, poderia mandar estes jovens para o Brasil. Com o apoio do governo japonês poderia criar áreas para produções, pois a maior tecnologia de agronomia está no Japão. Existem pesquisas que o ser humano não conhece. Por exemplo, a natureza não contribui mais para o setor agrícola e necessitará de estufas e futuramente não poderá mais contar com o Sol. Até 2050, a população do planeta vai dobrar e consequentemente consumir muita comida. Vão faltar comida e água no mundo. Vai faltar energia. O ser humano não tem opção de energia. Petróleo vai acabar, pois existe uma previsão que este durará mais 20 anos. No início, o ser humano retirava da natureza para sobreviver, depois suprir produzindo, e agora estamos na terceira etapa é não podermos contar com a natureza e a quarta etapa é não podermos contar com o Sol. Esta construção que estão comentando é em forma de prédio, utilizando fotocélulas gerando luz dentro da construção de maneira que ficaremos 100% isolados. Portanto, o Japão poderia ser um bom aliado para o setor agrícola brasileiro, que só teremos futuro se o Brasil tiver união com o Japão.

ROBERTO: Todos já sabem que o Brasil tem futuro por ser um país agrícola. Mas como foi mostrada uma pesquisa agora pouco, infelizmente o setor que mais diminui é a agricultura. Isto vem acontecendo porque existe um problema do governo em investir no setor agrícola. Mas, voltando a história dos nossos pais, quando eles vieram para cá a primeira coisa que passou pela cabeça deles e o que sabia fazer, foi trabalhar com a lavoura, mas com as dificuldades abandonaram a enxada e foram para cidade trabalhar no comércio, na indústria, mas eu acho ainda que a nossa origem está na agricultura. Houve comentário de algumas pessoas em estar oscilando na sua identidade, mas eu trabalho em prol do Brasil, como brasileiro. Portanto, o que posso fazer é trabalhar no meu setor e melhorar e deixar atraente o trabalho do agricultor. A falência do Banco América do Sul e da Cooperativa Agrícola de Cotia foi muito ruim para a comunidade nipobrasileira, afetando a nossa imagem. Precisamos novamente de um representante muito forte que representasse a nossa comunidade no setor agrícola, caso contrário seria difícil pensar em fazer com que os descendentes voltem para o campo. Espero que num breve futuro o fenômeno se inverta, com descendentes voltando ao campo e que possamos construir um grande representante e que nos orgulhemos disto. WALTER: O quarto e último tema é: o que você acha, como um descendente, morar no Japão num país de primeiro mundo? TOMIE: Moro há 24 anos no Japão. Conheci o meu marido quando ele veio trabalhar no Brasil, casamos e mudei para o Japão. No começo, mesmo entendendo e falando o japonês, foi muito difícil a adaptação. O Japão é um país muito sistemático, eles se preocupam muito com formalidades. Para mim, isto foi 217


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muito difícil, pois os japoneses vivem agradecendo alguma coisa que você fez ontem, antes de ontem, outro dia... Isso era muito estressante, mas já me acostumei. No Japão, existe um ditado que em português é algo como "em Roma viver como os romanos". Quando os japoneses te compreendem as coisas fluem. Com o tempo tive um bom relacionamento com os vizinhos, parentes. Acho que hoje temos de viver em qualquer lugar e se adaptar ao local e não ficar preso apenas a sua cultura, a sua origem. Hoje todos nós somos terráqueos e devemos viver cada um contribuindo com as suas habilidades, sua qualidade e quando educo os meus filhos não me prendo apenas a raça, a cultura, mas ensiná-los como seres humanos. MARCELO: Já fui várias vezes para o Japão, mas não tenho nenhuma intenção de morar lá. Pois, o Brasil é um país livre. No Japão existe a reciprocidade. Existe uma certa obrigação em retribuir o favor a que foi dado, isto é muito sutil e difícil. Tenho um tio e ele tem poucos amigos e os poucos ele tenta diminuir mais ainda para evitar pecar com a reciprocidade. O seu passatempo era cultivar cogumelos e ele dizia que poderia viver bem também contemplando algo que não envolva o dinheiro. O Brasil é um país que permite viver fazendo o que você gosta. Gosto deste país e quero continuar morando aqui. MEGUMI: Meu marido é ex-estagiário da Associação de Intercâmbio Brasil-Japão e presencio nos encontros de seus colegas dizendo que o Brasil é um país mágico, pois quando chega aqui eles conseguem sê-los na íntegra e que no Japão não era possível. Aí pergunto o que aconteceu então com aquele Japão, pois até o próprio japonês tenta entender o que está acontecendo em seu próprio país? Meus pais também gostam muito deste país, embora muitas vezes a política e a economia tenham atrapalhado seus planos, mas eles dizem que quando 218

morrerem querem ser enterrados em terras brasileiras. Eles gostam tanto do Brasil, muito mais do que eu. TEREZA: Quando nos mudamos para Bahia, meus pais começaram a cultivar mamão papaya. Lá comecei a participar das atividades do seinenkai e conheci o meu marido. Fomos para o Japão. Casamos numa época em que a inflação estava alta e na indecisão de começarmos a nossa vida, fomos para o Japão. Moro na cidade de Suzuka, onde tem o circuito de corrida de carros e também a indústria da HONDA e seus fornecedores, que consequentemente atrairam muitos brasileiros formando uma grande comunidade de nikkeis. Logo no início ainda era rara a presença de brasileiros, mas hoje tropeçamos em brasileiros. Tanto que eles não precisam mais da língua japonesa para se comunicar. Os chefes de setores são brasileiros. Os que chegam ao Japão sabendo falar japonês ficam numa posição privilegiada. Contudo, o maior problema são os que trazem familiares e as crianças que vão para a escola e não conseguem se comunicar. Estas crianças passam 8 horas na escola, mas nas escolas agora têm de enfrentar o bloqueio da comunicação. Os pais precisam trabalhar o dia todo, pois hoje não acontece como em outros tempos, quando chegavam a trabalhar mais de 100 horas por mês de hora-extra. Hoje a mãe e o pai precisam trabalhar para poder sobreviver. Eu sinto muito grata por estar numa posição privilegiada ao saber falar japonês. Portanto, tento ajudar as pessoas por eu estar nesta vantagem. MIKA: O Japão é um país seguro, com economia estabilizada, mas existe o convívio com os desastres naturais. Na educação, as crianças são pressionadas desde pequena e se não atingirem a expectativa acabam se suicidando. Aliás, o índice de suicídio é muito alto e isso me preocupa. A parte de saúde, medicina e odontologia não me transmitem muita confiança, não sei se


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vocês concordam comigo. Muitos voltam aqui para fazer tratamentos. Eu, mesmo com toda a violência no Brasil, prefiro ainda morar aqui. Acho o povo brasileiro muito alegre e acolhedor. Vou depositar a minha confiança nos país do futuro e do meu coração, o Brasil. MIKI: Prefiro ficar no Brasil. Pretendo investir no estudo dos meus filhos e continuar morando aqui. ROBERTO: Temos duas formas aqui hoje conosco: pessoas que Miki Matsumura moraram ou viajaram temporariamente ou que vivem lá. Mas para viver lá é preciso entender os moldes de vida, sem perder a sua identidade. Eu particularmente, pretendo ainda batalhar aqui no Brasil. WALTER: Minha identidade está mais voltada aos costumes brasileiros. Isto aconteceu quando eu fui para o Japão pela primeira vez e senti que não era japonês. Ainda mais agora, não quero perder este momento que o Brasil passa, pois muita coisa irá acontecer na política e na economia. Acho que o Brasil está numa grande virada. O país está precisando de pessoas sérias. Não perderia nada neste mundo para acompanhar o que vai acontecer neste país nos próximos anos e quero estar aqui acompanhando e ajudando. WALTER: Eu gostaria de dizer a todos que o debate aqui hoje foi muito rico e queria propor o seguinte: para que este debate não termine no debate e não fique somente nas comemorações dos 50 anos, mas que a gente saia daqui com alguma proposta, como algo produtivo. Muito se falou da agricultura, de fazer sugestões, portanto gostaria de sugerir aqui um grupo de trabalho dentro dos filhos de Cotia

Seinen, um projeto na agricultura fazendo intercâmbio Brasil-Japão, trazendo tecnologias ou recursos através de organismos como JICA e tentar construir pontes que pudéssemos apoiar os pequenos produtores ou trazer novas tecnologias para algo novo e deixar alguma coisa nova nesse Cotia Seinen e que nós filhos descendentes possamos construir algo novo entre nós. Essa é minha proposta. TEREZA: Tem muitos decasséguis com sonho de voltar para o Brasil. Mas nota-se que muitos voltam para o Brasil e, por falta de oportunidade, retornam ao Japão. Portanto, isto é muito interessante, pois dinheiro, eles tem. MIKI: Meu pai, quando veio para cá foi um dos poucos que trouxe novas tecnologias e ninguém mais fez isso. Ele jamais teve a oportunidade de participar de assuntos novos e acho que isso a agricultura perdeu por falta de dar apoio a ele. Quem sabe, nós podemos dar esta continuidade ao Cotia Seinen. WALTER: Finalizando, hoje nós vivemos num mundo novo, da informação, da tecnologia, da biotecnologia, existem algumas universidades que trabalham esta questão muito forte. Por outro lado temos decasséguis, que voltam para cá sem oportunidades. Temos um país como o Japão que tem o Brasil como parceiro e enxerga assim e tem recursos tecnológicos humanos e financeiros. Portanto, nós do Cotia Seinen poderíamos criar um projeto que será o projeto do século 21 do Cotia Seinen. Quem sabe, poderíamos ter até novos produtos agrícolas e aí quem sabe exportar produtos para o mundo todo. Vamos criar novas oportunidades, de livre iniciativa através deste encontro. Quem sabe este seja um belo presente para aqueles que vieram ao Brasil construir esta história bonita e maravilhosa. Muito obrigado a todos.

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Segunda Geração de Cotia Seinen Hideyo Isewaki - 1ª leva da 1ª fase, de Kochi

Foi rápido. Foram 60 anos morando no Brasil. E o grupo do "Cotia Seinen" fez diversas coisas. A maioria, imitando os veteranos (imigrantes de antes da guerra), derrubou a mata rústica (a maior parte mata reflorestada), plantou e, ganhando e perdendo, de alguma forma conseguiu algo parecido como seu próprio "palácio".

poneses colonizaram, o local nem prestava para pasto e que, por alguma razão, o índice de incidência de câncer era alto. Apesar dos agricultores não serem os únicos culpados pela recente anormalidade climática do planeta, a forma de redução das águas dos rios nesses 2 a 5 anos não é normal. Apareceu um número considerável de rios, que tem fluxo de água abaixo dos 20%. Estão aumentando locais com escassez de água potável e a redução drástica do volume de chuva na estação chuvosa é uma situação preocupante.

No tempo em que nós deixamos o Japão, por cerca de meio século, havia guerras em toda a parte da Terra e era uma época em que todas as pessoas da Terra estavam cansadas. Era também a situação Até agora, a estação de chuva (falta de capital) em que, e a de seca estavam bem demesmo tendo trabalho e quefinidas. De setembro a marco rendo trabalhar, não se podia. do ano seguinte, a frente fria Mas, todos tinham vontade e que iniciava no Estado do Rio Hideyo Isewaki (ao centro) em 2009 começaram a agir e na décaGrande do Sul chegava depois da de 1960 toda a Terra estava ficando animade uma semana nos Estados de São Paulo e de da. Terminado os quatro anos de contrato do Minas Gerais e enchiam os rios e os reservatótrabalho agrícola, procurava independência, se rios de água. Atualmente, quase todas as frencasava, comprava terreno e, de qualquer mates frias acabam saindo para o Oceano Atlântineira, "ao se plantar" já dava lucro. Era a fase co nos Estados de Santa Catarina e Paraná. A de "Plante, que o preço o João (presidente quantidade de chuva também diminuiu. É por Figueiredo) garante". causa da alta pressão que permanece no Cerrado. E ainda, a mata virgem da Amazônia está Passados 30 a 40 anos, por causa dos efeitos menor e continua o corte ilegal de árvores. adversos do uso de fertilizantes químicos e de defensivos agrícolas, os produtos não cresciam Com o excesso de áreas agrícolas, essa mesma mais no mesmo local e havia pessoas que se situação tem se verificado há 30 anos na Chimudavam buscando novas terras ou até emina, além de outros países da Ásia, como Índia, grava de volta para o Japão como decasségui. Indonésia e Filipinas, e também na África. No meio desses, havia também Cotia Seinen, que desde cedo cuidou da "terra" e viveu mais Na agricultura em zona em que não há inverde meio século. Dizem que, depois que os jano, é preciso tomar muito cuidado com a "ter220


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ra", pois o esgotamento do material orgânico é intenso e a desertificação avança incrivelmente rápido. Este grupo heróico A quantidade de chuva que cai na superfície da Terra não deve ter diminuído tanto. No lugar onde há pouco material orgânico e sem umidade suficiente não chove. É porque não há água para formar a nuvem. O que precipita nesse local é a chuva torrencial ou tempestade. Diminui a frequência de chuva e começa a desertificação. Dizem que é seca que não ocorria há 80 anos, mas parece que a Terra tem se tornado deserto num ciclo de cerca de 7 mil anos e atualmente está a cerca de 5 mil anos da próxima desertificação. Anteriormente, referi-me brevemente sobre a China. Ao se fazer a ampla construção da área agrícola para alcançar a auto suficiência na produção de alimentos, passou a ocorrer grandes inundações e danos causados pela seca. Para reverter a situação, providenciaram mudas e fizeram o reflorestamento, mas nos locais em que a erosão era intensa, as mudas eram levadas pela chuva ou murchavam com um pouco de seca, não obtendo o resultado esperado. Uma vez perturbado o ciclo da natureza, parece que é difícil se recuperar com a força humana. Hoje, a situação é tal que a água do Rio Amarelo não chega a verter no Mar da China. Dizem que os rios Tigre e Eufrates do Oriente Médio também não têm chegado ao mar. Embora seja uma digressão, o local onde eu morava, na jusante do afluente do rio Shimanto, na Província de Kochi, há cerca de um quilômetro como esse. Dizem que, na ocasião da peregrinação de Kobo Daishi, não ficando satisfeito com o tratamento recebido do povo, ele abriu um buraco no fundo do rio com a bengala. O Daishi construiu também um reservatório de água na Província de Kagawa para valorizar a agricultura e até agora está sendo útil.

O escritor Tolstoi também dizia que "a base da vida é a agricultura" e na ocasião em que Roka Tokutomi visitou a Rússia e se encontrou com ele, apesar de ter sido logo depois do término da Guerra Russo-Japonesa, foi tratado como se fosse um filho. Acompanhando-o na diversão no rio, perguntou-lhe detalhadamente sobre os agricultores do Japão e mostrou interesse, como fisiocrata, dizendo que os agricultores japoneses são pobres, mas em comparação com os da Europa, as casas deles têm espaço suficiente. E mesmo sendo "pobres", geralmente nas casas havia provisão de comida para se comer até o ano seguinte, tendo a base da "vida" estabelecida. Atualmente, com o costume de comprar tudo com "dinheiro", negligenciando a produção agrícola e bastante ocupado em trabalhar fora, será que o japonês não está empobrecido? Nas cidades é preciso tratar da grande quantidade de lixo produzido, mas se revisar o ato de descartar as coisas, 80% do lixo pode ser reutilizado facilmente. Se fermentar o resto da verdura, depois de 10 dias se transforma em adubo. Ao envolver o waribashi em papel alumínio e carbonizar, se obtém o carvão. Colocando-se a terra, esse carvão e o adubo do resto de verdura fermentada numa embalagem forte como de arroz, dá para plantar algo como alface. Se for uma família de agricultor é desnecessário o trabalho de "fermentação". Pode ser aplicado na base da raiz da fruta. Houve uma notícia sobre o chinês que construiu uma plantação de verduras no laje de casa, mas para o futuro da Terra é importante que se aproveite esse tipo de espaço. O modo de vida do Tenko Nishida (1872 ~ 1968), é de muita utilidade. Parece que é satisfatório que esteja limpo e brilhando, mas equipamentos elétricos como panela elétrica de arroz não gostam da umidade ao extremo. Se cozinhar o 221


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arroz gostoso, ele está cumprindo sua função e não é algo para ficar enfeitando a prateleira. Deixa-lo sempre limpo toma tempo e dá muito trabalho. Por exemplo, a panela que uso tem a parte externa enegrecida, pois quando ela fura, eu tampo com material adesivo. Não lembro se foi a minha filha que me deu ou se a minha nora que trouxe, mas estou usando há mais de cinco anos. Por precaução, tenho uma nova, mas a garantia de um ano já venceu há muito tempo. Se economizar revendo as coisas ao redor, não é preciso trabalhar feito idiota. Em relação a roupas e sapatos, as roupas são sobrepostas na época do frio, mas não se calçam sapatos sobrepostos. Dispor de quantidade de sapatos equivalentes a cerca de três cabeças de boi, só significa a satisfação da pessoa que possui esses sapatos e o fato da Terra, que os produz, estar sendo importunado. Há esse tipo de desperdício em excesso. Como a filha tinha casado, ao entrar no quarto dela, viu que o guarda roupa estava cheio de roupa masculina. Chamou a esposa e perguntou se não havia algum lugar que aceitasse a doação, ao que recebeu a resposta: não teria como doar por ser antiga demais. Isso aconteceu com o sr. Kazuo Inamori. Por essas coisas, quantas roupas não usadas e esquecidas há no planeta inteiro? No entanto, o produtor de algodão ainda se dedica à produção de algodão para "lucrar" e assim destruir a natureza. A população do mundo está próxima de 7 bilhões de habitantes. A produção do alimento precisa ser feita com bastante planejamento, sem a atual produção em massa que dispensa a qualidade. Isso acabará tornando o ser humano um animal, que cada vez mais tem comportamento pior do que de um animal selvagem. Nos anos recentes, com a difusão da cultura 222

japonesa, a arte, a comida e a diversão estão ficando familiarizadas pelos brasileiros. Mas parece que a "agricultura", que é a essência do espírito japonês, está sendo negligenciada. O arrozal irrigado não só produz arroz, mas também regula a temperatura e a umidade, e produz também alimentos para libélulas e rãs, criando plânctons e animais pequenos. Era onde as carpas desovavam e criavam os alevinos. A região de Registro é o local onde se colhe um dos melhores arroz no mundo, mas como acontece a utilização de seu sub-produto, como palha, casca grossa de arroz e farelo de arroz? O forte do povo agrícola japonês é não jogar fora o que for produzido, dando um jeito de transforma-lo em algo como conservas. Não se pode faltar farelo de arroz em conserva de nabo. Melhora o sabor, absorvendo nutrientes do farelo dura por mais tempo. Se utilizar bem o farelo, ele torna-se adubo orgânico, inseticida e ração. Imigramos com muito esforço. Deixando de lado a parte econômica e pensando no futuro da Terra, vamos transmitir esses conhecimentos para os filhos e netos. Há um número considerável de países imperialistas, mas há algum país em que o próprio imperador semeia, planta, cuida, colhe arroz e oferece aos antepassados expressando o agradecimento? Por haver esse tipo de sentimento de gratidão em relação à natureza é que o povo pode ficar tranquilo. Einstein gostava muito do Japão e tinha alta expectativa. Quando a Terra ficar em situação desesperadora, o país que lideraria a salvação do planeta seria o Japão. Pilar do Sul no Estado de São Paulo 60 Anos de Cotia Seinen em japonês - p. 107~109


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1ª visita ao Japão dos estagiários de terceira geração Shinichi Hatori Responsável pela Delegação da 1ª Visita do Japão dos Sanseis do Cotia Seinen

Na assembleia da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, de ano 2009, o consultor, sr. Hachiro Nagayama apresentou uma proposta de envio da delegação de treinamento (Kenshu) ao Japão para Sanseis do Cotia Seinen e foi aprovado. Os interessados foram reunidos e foi realizada a excursão de treinamento no Japão, de 27/ 12/2010 a 17/01/2011, no período de 22 dias, com a participação do total de 31 pessoas, sendo 18 sanseis, 4 nisseis e 9 isseis do Cotia Seinen. Isso ocorreu após 14 anos depois da nona e última missão de treinamento no Japão dos nisseis do Cotia Seinen (1996). Em relação ao programa, no caso de treinamento para nisseis, um dos maiores objetivos foi de mostrar nossos filhos para os pais do Cotia Seinen no Japão. Contudo, este treinamento de sanseis tem como um dos objetivos fazer contato com a terra natal dos avôs e também com os parentes no Japão. E para ter contato com o frio do Japão e com a neve, também com a cultura tradicional do fim do ano e do ano novo, sendo um meio de se conhecer o Japão. Através desta experiência, os membros devem ter reconhecido melhor o fluxo de sangue japonês no corpo de si. Foi um treinamento corrido por causa da viagem restrita a 22 dias. Contudo, deu para aprender muitas coisas através de visitas nos templos antigos, por exemplo, a história do Japão desde longínquo passado, os aspectos das autoridades da época

e outros. E ainda, a experiência rara de conhecer o Príncipe do Japão, em pessoa, o que é impossível mesmo para japoneses no Japão, será um fato inesquecível para todos os membros durante a vida toda. Notável é o acontecimento inédito de aceitação do cumprimento do representante dos sanseis, na ocasião de encontro com o Príncipe, o que valeu muito foi o conselho dos nossos veteranos dizendo "como os principais do grupo são os sanseis, deve ter também o cumprimento de sansei, junto com o do responsável da delegação. Perpetuar os relatos como estes, do primeiro treinamento no Japão dos sanseis do Cotia Seinen, certamente tornar-se-ão uma boa página comemorativa na vida dos participantes. Com a compreensão e a cooperação dos senhores, espero que aumentem os participantes para a segunda e demais delegações desse treinamento e desejo também que esta coletânea de relatos seja útil para o próxima delegação de treinamento no Japão. São Paulo, 20 de janeiro de 2012

Visita oficial à Associação Central Nipo-Brasileira Presidente Shinjiro Shimizu. Presidente da Diretoria, sr. Katsunari Suzuki e Seiji Oka, da Alfainter Turismo. Shinichi Hatori no centro na frente.

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Sobre a 1ª visita de treinamento no Japão Miyoko Shakuda (67anos), esposa de Tadashi Shakuda 2ª leva - 19º grupo, de Mie

A primeira missão de treinamento no Japão de sanseis do Cotia Seinen, com 31 componentes, partiu ao Japão no dia 27/12/2010 e retornou dia 17/01/ 2011. O grupo chegou dia 29/12 ao Japão e os membros se encontraram com os respectivos parentes, visitando as terras natais dos avôs (os cotia seinens), visitando os túmulos e também as montanhas e rios onde os avôs brincaram. No caso da viagem dos nisseis, os avôs, ou sejam, os pais ainda vivos dos cotia-seinen, acompanharam aos seus netos que vieram no Japão, explicando "esta é a escola onde seus pais estudaram" ou "seus pais brincaram neste rio". Mas nesta vez, realizada na visita dos sanseis, os avôs são os próprios cotia seinens morando no Brasil. Portanto, o lado japonês está um pouco distante em termos de sanguinidade. Este foi o motivo pelo qual o período de treinamento com os parentes foi encurtado para 10 dias. Contudo, achei que seria melhor se fossem de duas semanas. Algumas pessoas foram entre-

Miyoko Shakuda no Tokyo Disneyland

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vistadas pelos jornais e TV. Outros foram levados à montanha com neve e experimentaram o inverno muito frio, o que não conseguiria no Brasil. Houve também os encontros com os primos de segundo grau cujas idades são semelhantes. Não conseguiram fazer bons intercâmbios entre eles pelo fato da maioria dos sanseis não dominarem a língua japonesa. Porém, eu tenho minha fé, de que, com toda certeza, esta experiência será muito útil para quando eles forem visitar o Japão na próxima vez. Reunimo-nos em Hiroshima dia 08/01/2011 e fizemos os treinamentos em Quioto, Nara, Miyajima e Kobe, aproveitando o turismo. Chegamos em Tóquio em 12/01 e visitamos o Palácio do Príncipe e fomos honrosamente recebidos pelo Príncipe Hironomiya. Cada um dos participantes recebeu as palavras do Príncipe, que foi acompanhado por um intérprete. Desta vez, além do cumprimento inicial pelo responsável da missão, tivemos a honra de ter a oportunidade de apresentar as palavras de agradecimento do representante dos sanseis no final. Foram muito úteis os conselhos recebidos, antes da partida para a viagem, pelos veteranos experientes em visitas de treinamento. Agradecemos do fundo de coração. Em 12/01, 6 pessoas do grupo, composto de um responsável, dois vice-responsáveis, o representante de nisseis e dois representantes dos sanseis, fizeram as visitas de cortesia às seis organizações e fomos recebidos calorosamente. Em 14/01, os jovens brincaram no Tokyo Disneyland, o programa mais aguardado por to-


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dos. Em 15/01, ficamos muito ocupados para as compras e para preparar o retorno ao Brasil. Partimos dia 16/01 e retornamos ao Brasil em 17/01. Refletimos sobre a necessidade de mais tempo para as visitas, combinando com antecedência mais minuciosamente, na próxima ocasião. Principalmente, a necessidade de se preparar para que os sanseis possam se expressar melhor com suas palavras. E também, criar oportunidade de intercâmbio entre jovens da mesma faixa etária, uma ou duas vezes se pouder, durante o período de treinamento. Foi o relatório simplificado da viagem de treinamento no Japão. A Assembleia Geral da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai foi realizada no dia 20 de fevereiro de 2011, onde houve a apresentação do relatório da viagem de treinamento no Japão pelo sr. Shin-ichi Hatori, o responsável pela missão.

A seguir, foi apresentada a moção de mandar um novo grupo de sanseis a cada dois anos ao Japão e obtivemos aprovação unânime. Na reunião originária de diretores do dia 22 de março, sr. Hatori explicou sobre a criação de uma coleção de relatórios da primeira missão de treinamento no Japão de sanseis dos Cotia Seinen. Na ocasião, foi aprovada a moção para lançar a edição de luxo, com muitas fotos, com o significado de ser um dos elos comemorativos de 55 anos de imigração do Cotia Seinen e também, inclusive, uma chamada para a próxima missão de treinamento. A idade média dos Cotia Seinen completa 75 anos neste ano. Desejamos mandar em dezembro de ano vindouro uma missão de treinamento com o número superior a 31 pessoas da primeira missão.

Sobre a 2ª visita de treinamento da terceira geração no Japão Makoto Shirahata (76 anos) 2' leva - 6º grupo, de Nagano

Às 22h25 do dia 26 de dezembro de 2012, embarcamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, no vôo AC091 da Canadian Air Lines, rumo ao Japão. Foi a 2ª Viagem de Intercâmbio dos Sanseis (filhos de japoneses da terceira geração) do Cotia Seinen e tive a oportunidade de participar como líder do grupo. O grupo foi composto por 36 integrantes, dentre estes, os vice-líderes Miyoko Shakuda e Koichi Kadowaki. Antes da partida, reunimo-nos no Aeroporto de Guarulhos às 19 horas, quando foi realizada uma cerimônia para a integração do grupo. Recebemos, na ocasião, fortalecedoras palavras de

estímulo do vice-presidente Murata, às quais agradeço profundamente. Recebemos também calorosas palavras e muito carinho de todos os parentes e amigos presentes para a despedida, dentre eles, os vice-presidentes Murata e Nishio, e o líder do grupo da primeira viagem de intercâmbio, Shin-ichi Hatori. Nossa chegada em Narita estava prevista para 15h10 do dia 28 de dezembro, porém, chegamos horas depois, devido ao atraso na partida em Toronto. Mas chegamos todos bem. Até o dia 8 de janeiro de 2013, tivemos tempo livre e cada qual aproveitou para visitar conhecidos e familiares. O dia 9 de janeiro foi a data marcada para o reencontro de todos, no hotel em 225


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Hiroshima. Daríamos início à viagem de intercâmbio no dia 10. No dia do reencontro em Hiroshima, o presidente Sato, da agência de viagens Alfainter do Japão esteve presente para nos recepcionar, mas, como não tínhamos definido o horário, até a hora do jantar alguns ainda não haviam chegado, causando grande preocupação. 10 de janeiro - Visita ao Museu Memorial da Paz em Hiroshima. Ficamos todos muito impressionados com o aterrorizante poder da bomba atômica. 11 de janeiro - Visita ao Centro de Intercâmbio Cultural e Emigratório Internacional. Após as explanações da diretora Marina Matsubara, seguimos para visita ao Memorial do Emigrante no porto de Kobe (local de embarque dos imigrantes, na época). 12 de janeiro - Visitas aos templos Todaiji (com o grande Buda), Kiyomizu-dera, Kinkakuji e as cidades de Quioto e Nara. (Após, visitamos o Castelo de Osaka). 13 de janeiro - Deslocamo-nos para Tokyo, de trem-bala, seguindo diretamente ao Centro Nacional dos Jovens Memorial das Olimpíadas. 14 de janeiro - Amanheceu com uma garoa que logo se transformou em neve. Nevou o dia todo, tendo acumulado até 10 cm, um fenômeno que não acontecia em Tóquio há mais de

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17 ou 18 anos. Dentre os integrantes do grupo, alguns jamais haviam visto neve, o que para estes, foi um grande e inesperado presente. Este dia estava reservado para visita ao centro chinês e ao Museu Histórico da Imigração, ambos em Yokohama. Em virtude da neve, somente três representantes do grupo e o presidente Sato foram ao Museu Histórico. Percorremos a distância de 3 km a pé, no meio da neve. Os demais integrantes tiveram o dia livre. 15 de janeiro - Visita à Fábrica de Aço Kimitsu, da Nippon Steel. (O traslado foi feito de ônibus). Devido à neve do dia anterior, não pudemos rodar na via expressa, tendo que dar a volta pela cidade de Chiba, em vias locais. O motorista e o funcionário Senda da Alfainter entraram em contato com várias pessoas via telefone, até encontrar o local. No dia, estavam previstas visitas de 4 entidades, mas apenas o nosso grupo conseguiu chegar. Muito obrigado pelo esforço. Quanto à fábrica, ficamos todos impressionados com a tecnologia e a gigantesca escala. Realmente digno de estar à frente do mundo. É um lugar que gostaríamos de voltar outras vezes. 16 de janeiro - Visita à Skytree de Tokyo, em Asakusa. A vista panorâmica da cidade de Tóquio coberta de neve foi uma experiência singular. Depois, seguimos ao Aquário de Shi-


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nagawa. Após, fizemos uma visita formal à Associação Ie no Hikari e à Associação Central Nipo-Brasileira. Estas últimas visitas foram feitas somente pelo líder do grupo, dois vice-líderes e dois representantes dos membros da terceira geração, totalizando 5 pessoas. 17 de janeiro - Visita ao Palácio Togu, do Príncipe da Coroa (Atração principal desta viagem). Tivemos a honra de obter uma audiência com o príncipe herdeiro, no espaço Sol e Lua. Mesmo os integrantes da terceira geração aparentavam extremo nervosismo nos minutos que antecederam a entrada do príncipe herdeiro. Porém, acredito que todos se encantaram com a simpatia do príncipe Hironomiya, que, sempre sorridente, apertou a mão de cada membro, trocando uma palavra ou outra. As palavras do príncipe: "Fiquei muito feliz com a oportunidade de conversar com todos vocês hoje, muito obrigado", proferidas à nossa saída, estão vivas em meu coração até hoje, e acredito que as visitas ao Palácio Togu poderão continuar, enquanto existirem as viagens de intercâmbio pelo Cotia Seinen. 18 de janeiro - Visita formal à Federação Nacional das Associações de Cooperativas Agrícolas. O convite se estendia a todos os integrantes do grupo, os quais assistiram ao vídeo de apresentação dos empreendimentos da Federação (em inglês). Logo após, seguimos para compras em Akihabara e arredores. 19 de janeiro - Um dia na Disneylândia de Tóquio. 20 de janeiro - Reunião de reflexão sobre a viagem de intercâmbio e preparo para o retorno ao Brasil. 21 de janeiro - Embarque no Aeroporto de Narita às 17h, rumo a São Paulo, via Toronto, vôo AC 002. 22 de janeiro - Chegada ao Aeroporto de Guarulhos - São Paulo, às 11h25. Após as formalidades do desembarque, o grupo se dispersou cada qual seguindo o caminho das respectivas casas.

Ao líder do primeiro grupo Hatori, vice-presidentes Murata e Nishio, muito obrigado pela recepção na ocasião do nosso retorno. Agradeço também profundamente ao presidente Sato e ao sr. Toshisada Senda, da Alfainter do Japão, Sr. Akira Shiono e Kazue Sano do Brasil, pela assistência durante toda a viagem de um grupo tão numeroso e que teve a conclusão sem incidentes. Muito obrigado.

EXPERIÊNCIA SINGULAR Renan Yassunori Koike (18 anos) Neto do Seiichiro Koike, 2ª leva 12º grupo, de Saitama

Primeiramente, gostaria de agradecer em especial ao meu avô, que juntamente com minha avó nos acompanhou nessa viagem, pois ele foi o agente principal para que eu tivesse a oportunidade de participar dessa viagem, sendo ele um dos imigrantes que fez parte do Cotia-Seinen. Impossível descrever o Japão sem citar a disciplina de seu povo, a grandeza tecnológica e eficiência dos serviços públicos. Sem dúvida, um exemplo para todo o mundo. É fácil falar sobre essas qualidades, pois é aquilo que sempre ouvimos sobre o Japão. O difícil é perceber que é necessário ir ao Japão para saber como ele realmente é. Sim, o Monte Fuji existe, assim como existem templos, castelos e trens lotados. As ruas são estreitas, os carros e casas são apertados e o volante do carro é do lado contrário. Mas a grande diferença está nas pequenas coisas. Eu me recordo de ter ido a lugares onde meu avô morava quando criança, ao cemitério onde seus pais foram enterrados, passear e conhecer histórias de um país que, ao contrário do Brasil, é um país milenar de origens desconhecidas e remotas. Esses sim são sentimentos difíceis de serem colocados no papel, são coisas simples, mas não seria o mes227


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mo em qualquer outro país. O sentimento de conhecer o país que é amado por cada imigrante que saiu de lá e fez questão de manter suas culturas e costumes é realmente intenso. Quanto à excursão em si, vale a pena salientar os esforços dos organizadores em tentar agradar a todos, mas gostaria de aproveitar e lembrar que nós somos brasileiros, não conseguimos fingir que somos japoneses. Gostamos de abraços, conversamos alto e damos risada a qualquer hora. Acredito que em vez de conhecer o Japão fingindo ser um japonês, seria muito mais interessante mostrar aos japoneses que somos brasileiros e que o Brasil é um ótimo país para se viver. Creio que o roteiro foi muito proveitoso, pois realmente é um milagre termos ido a tantos lugares em tão pouco tempo. Entretanto, talvez o período da tarde pudesse ser aproveitado melhor, ao invés de voltar cedo para o hotel. De qualquer forma, quanto ao roteiro, realmente gostaria de cumprimentar as pessoas que o organizaram. Para mim o clímax da viagem foi o encontro com o príncipe herdeiro, realmente uma oportunidade única. Gostaria de agradecer a todos que foram nessa excursão, foi para mim uma experiência singular e inesquecível. Tenho certeza de que mais do que conhecer lugares, foi interessante estar com pessoas com as quais em algum momento temos uma história comum. Lembrar, que nós somos como somos graças às escolhas e à dedicação de pessoas que vieram antes de nós e que nos deixaram essa oportunidade incrível de conhecer esse país fantástico. Do ponto de vista da área profissional de minha atuação, a construção civil, eu fiquei realmente impressionado com a infra-estrutura, principalmente viária e ferroviária; com a organização nos serviços de transportes públicos (trens e metrôs); com as prevenções a desas228

tres naturais; com os serviços de entrega (similar aos correios) e com a segurança pública. Com certeza existem mais áreas do serviço público que são exemplos para o Brasil, mas não tive a oportunidade de conhecer. Concluindo, a impressão que vai ficar comigo sobre o Japão é de um país impressionante e organizado. No entanto, ainda acho que não existe melhor lugar para morar do que o Brasil, se bem que o Japão é um lugar excelente para passar as férias!

ATUALIZAÇÃO DE MAIS DE MEIO SÉCULO EM 25 DIAS Shiguekazu Karasawa (46anos) filho de Masaru Karasawa, 7ªleva 2ª fase, de Nagano

PARTE 1 Uma história que se iniciou há mais de 50anos, foi "atualizada" com a minha viagem ao Japão realizada junto com a 2ª visita ao Japão de sanseis do Cotia Seinen na virada do ano 2012/ 2013. Sou filho mais velho de um issei, hoje estou com 47 anos, tive a oportunidade de ir ao Japão e conhecer um pouco sobre a terra dos meus pais, visto com meus próprios olhos. Meus pais vieram sozinhos, portanto, até o momento não conhecia nenhum parente de ambas as partes com exceção dos pais da minha mãe que vieram para o Brasil em 1979, quando tinha 13anos. Na época foi bastante emocionante, pois foi a oportunidade única de conhecer um parente, e eles ficaram quase um mês convivendo conosco. Na minha infância trocava correspondência com alguns primos (as) quando meus pais mandavam cartas para os irmãos deles, colocando junto no mesmo envelope (na época não existia internet), e tive alguns contatos. Esta viagem será inesquecível para mim em


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vários aspectos. Em primeiro lugar, por conhecer a cultura japonesa, clima, geografia, economia, política e tantos outros pontos, que é um muito diferente do nosso país. Particularmente, não conhecia a neve e tampouco a temperatura de um ambiente totalmente tomado pela neve. Esta sensação já foi possível realizar logo no decorrer da viagem na escala de Toronto no Canadá. A ansiedade era tamanha que o desconforto da viagem dentro do avião não teve muita importância, pelo menos na ida. Finalmente, chegando ao Japão, o senhor Tadao Tokunaga, professor de colégio - Tiyuugakou (5ª a 8ª série), sobrinho do meu pai estava nos esperado no aeroporto e nos recebeu com um delicioso jantar de boas vindas. Digo nós, porque eu fui com a esposa, filha (15), enteado (12) e sobrinho (16), que acabei ficando como interprete para eles. Apenas o meu sobrinho conhecia um pouco de nihongo (língua japonesa). Diga se de passagem que para mim, levar ou me responsabilizar por menores é uma tarefa não muito fácil, pois temos que apresentar vários documentos atestando o parentesco e também a autorização de quem as liberou, mas correu tudo dentro da normalidade. Com a apresentação ao meu primo, iniciou-se a nossa viagem à terra de origem dos meus pais. Este primo foi o primeiro contanto dentre alguns que tive no decorrer da viagem, e irá aposentar-se neste ano e a esposa dele no próximo, e segundo eles, têm interesse em visitar o Brasil em breve. Ele nos auxiliou durante a primeira semana. Para mim foi fundamental este primeiro contato com ele, e de certa forma foi interessante, pois ele é professor de história, e também pelo fato de ser docente, facilitou bastante o nosso entendimento inicial. Foi a oportunidade de por em exercício o meu nihongo no Japão, pois aqui no Brasil, se fala nihongo "misturado" com português. Claro que em algumas instâncias precisava dar uma "pausa" para lembrar o significado ou sinônimo em

nihongo para poder me comunicar. Tive algumas (ou várias) palavras em nihongo que precisava que ele pronunciasse de outra forma ou sinônimo também para eu poder entender, mas no fim, o aproveitamento da nossa comunicação foi superior a 90%, portanto, modéstia à parte, considero satisfatório. Foi a semana de novidades, aprendendo como se comportar frente ao público japonês, pegar metrôs, compras em departamentos, lojas, supermercados, padarias e hotéis. O que mais me impressionou foi a organização, higiene e principalmente apresentação das mercadorias como refeição (bentôs) e hortifrutis para os consumidores. Não poderia deixar de comentar sobre importância e o respeito com o dinheiro pago pelos fregueses, onde o comprador colocava a cédula junto com moeda ou cartão de crédito dentro de uma espécie de bandejinha para o caixa receber e o mesmo voltava o troco do mesmo modo. E tudo exatamente como consta no cupom de venda, devolvendo até mesmo a moeda de 1YEN, sem ignorá-las. No Brasil 1YEN equivale a aproximadamente 0,025 reais, ou seja, metade de 5 centavos. O primeiro dia no Japão foi para conhecer os arredores do hotel onde hospedamos - Toyoko inn 217 (Chiba Shin-Kamagaya Ekimae). Muita coisa mudou, principalmente a refeição, a começar pela manhã que se inicia o dia com comida à base de arroz, missoshiru e tsukemono entre outras, bem diferente do nosso café, pão e margarina, algum frios como queijo/presunto com sucos iogurtes e frutas. Devido ao fato de ser inverno, o dia era curto para os japoneses, começando a escurecer às 17h, para quem estava na localização mediana do país. Foi um dia de novidades para mim, como por exemplo, o respeito no trânsito tanto do motorista como dos pedestres, que é cumprido e acima de tudo, a organização e a limpeza das ruas. Ciclistas que deixam suas bicicletas no estacionamento e ninguém os roubam levando em229


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bora e consumidores que levam seus carrinhos de compra e ele próprio passa no caixa e deixa ou paga corretamente sem a interferência do funcionário do estabelecimento. Outra coisa que me chamou foi a disponibilidade de cabines de bebidas e cigarros espalhados pelas ruas ou calçadas onde o público compra com a moeda. Não há sinais de vândalos com tentativa de destruição de tais cabines. No dia seguinte (30) de manhã, o meu primo Tadao nos recolheu no hotel e viajamos para o Sul de Chiba, para passarmos a virada do ano com eles na casa de campo. Foi um dia de tempo instável e tivemos que mudar alguns roteiros de viagem. Chegamos ao final do dia e no dia seguinte fomos a um aquário e assistimos aos shows de diversos animais marinhos e compras de iguarias para saborear no último dia do ano. Foram os dias de bastante conhecimento e conversas. Eu notei que conversava até a meia noite e não sentia sono devido ao fuso horário e eles já estavam meio cansados. Na volta ao hotel no final do dia primeiro, da casa de campo, o tempo foi melhor e avistamos pela primeira vez o famoso monte Fuji de longe, dando a sensação da certeza de que estávamos no Japão. Agora já um pouco familiarizados com os costumes do Japão, iniciou-se a visita propriamente dita aos familiares, a começar por parte do meu pai na província de Nagano, na cidade de Mosugue. Eram pessoas de idades avançadas, alguns com problemas de saúde e com dificuldade de fala. Conhecemos os pais do Tadao (meu tio), em seguida fomos à casa do meu pai para hotokeshan-omairi, onde ele nasceu e o tradicional ohaka-omairi. Na sequência visitamos alguns pontos turísticos que permitiam visita, pois nem todos estavam abertos ao público devido ao feriado prolongado do oshougatsu, de 3dias. Mas mesmo assim, sob o intenso frio de Nagano (sede da olimpíada de inverno 230

de 1998), conseguimos visitar alguns pontos de referência como Zenkoji e Emuhawe, juntamente com Tadao e tio Kandiro. Por onde passava, o frio era muito intenso, lagos congelados e a paisagem toda branca tomada pela neve, portanto, quando adentrava em algum ambiente fechado era mais habitável e confortável, tais como a estação de boliche, por exemplo. Encerrada a visita aos parentes do pai, seguimos para a cidade de Obuse para visita aos parentes da mãe, despedindo-nos do guia de apoio oferecido pelo primo Tadao. A partir deste ponto, o pessoal da minha mãe nos deu o todo apoio logístico, alimentação e passeios. Neste também se fez os mesmos rituais culturais e o que me marcou foi a visita à estação de esqui utilizada na olimpíada de 98, apresentado pelo tio Kihei. As crianças curtiram e brincaram sobre a neve incansavelmente, parecendo nem sentir frio, mas nós adultos estávamos encolhidos de tanto frio. No inverno, esse tio Kihei é uma espécie de agente turístico, que conduz os grupos de visitantes, orientando e ensinando como esquiar na neve, portanto, ele tinha todo o arsenal como calçados, roupas e equipamentos para a diversão ser completa. O frio intenso ainda nos perseguiu e apesar de o sol brilhar, o calor era desprezível. As famílias da minha mãe deram mais assistência pelo fato de serem mais jovens quando comparadas com as do meu pai, pois a minha mãe é a filha mais velha de casa, ao passo que o meu pai era o sexto filho de oito irmãos. Ao término da parte livre com os familiares, reencontramos o grupo todo em Hiroshima no dia 9. Neste dia rapidamente conheci o tio Kesao, irmão caçula do pai, que nos encaminhou do hotel Toyoko inn 212 Nagano-eki Zenkojiguchi para a estação de trem de Nagano. Em resumo, conheci apenas uma irmã e dois irmãos do meu pai e quatro sobrinhos dele. Já da parte da minha mãe foram mais parentes, pois conheci todos os irmãos e irmãs e a maioria


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dos sobrinhos (as). Percebi que na família da minha mãe a maioria trabalha na agricultura, mas os seus filhos não, trabalhando todos em serviços urbanos. Durante a excursão no país, observei a mesma configuração dos jovens, onde a imensa maioria trabalha na zona urbana, ficando apenas os idosos na atividade ligada à agricultura. Isso certamente levará a um desequilíbrio social ao longo prazo. O homem necessita de alimentos e desta forma ocorrerá obrigatoriamente a importação de alimentos. Nos contatos iniciais com o primo Tadao, conhecendo-se o Sul de Chiba, ele relatou que o campo estava sendo tomado pelos bambuzais que esta virando problema para a sociedade. E isto certamente está ligado ao deslocamento dos jovens da área rural para as cidades. PARTE II Reencontrando com a turma do Cotia Seinen, o ritmo da viagem foi mais corrido, com horários preestabelecidos em cada local, tomada de trem na estação, horário do café da manhã entre outros. Mas tudo ocorreu dentro do previsto, mesmo com alguns retardatários, porém sem grandes transtornos. No início fomos surpreendidos pelo belo jantar de confraternização no dia em que chegamos ao hotel New Hirodem. Foi uma estadia formidável e o café da manhã também dispensa comentários. Mas o primeiro dia de visita com a turma foi no local onde caiu a bomba atômica em Hiroshima. É um local muito triste e a sociedade mundial deveria ter conhecimento e ver de perto a tamanha crueldade que os americanos fizeram para com os japoneses. Ainda hoje existem no mundo vários países que insistem em manter esta arma para usar em alguma situação, e com certeza estes governantes não tem em mente a extensão da destruição em massa que pode causar principalmente aos civis que pouco ou nada tem a ver com isso. Particularmente, eu não tinha nem havia pensado

na destruição que isto tinha ocasionado, mas depois de presenciado o local, o museu e as maquetes, fiquei muito comovido e impressionado. Com certeza existem pessoas que sofrem até a atualidade devido a radiação liberada na explosão. São famílias desintegradas e sociedades destruídas oriundas das brutalidades dos adversários da guerra. Deixando este local triste e comovente, fomos à ilha de Miyashima e caminhamos meio aos cervos, com a temperatura bastante fria e conhecemos um pouco da história. Lá avistei vários turistas que vem pedir bênçãos, agradecimento e também ajuda ou desejo que gostaria que fossem realizados. Os templos eram construídos usando basicamente madeiras e no momento que estive no local, a maré estava recuada e o portal de Miyashima estava exposto. Isto parece que não é muito desejável, pois o ideal seria se a maré estivesse alta, ocasionando uma vista semelhante ao portal estar flutuando no mar, mas tudo bem! Na sequência, fomos conhecer o local onde os imigrantes se reuniram antes de embarcar para o Brasil. A construção preservada até hoje, inclusive resistindo aos terremotos, apresenta a hospedaria, sala de reunião e de orientação aos viajantes para o Brasil. Foi de muita valia para entender um pouco da trajetória dos imigrantes antes da chegada ao destino. Foram famílias ou solteiros sozinhos que vieram ao outro lado do mundo tentar uma nova vida, cheios de esperanças e coragem. Lugar totalmente diferente da origem, muito precário em todos os aspectos possíveis e ainda por cima, uma língua totalmente estranha. Eu me sinto na obrigação de agradecer aos meus pais pela brava luta incessante dia após dia para ter chegado aonde nós chegamos. Se temos o que temos agora, é porque eles tiveram a coragem e determinação, sem medir esforços ou cansaços para conquistar esta realidade. 231


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Prosseguindo a excursão, nos mudamos para um hotel de Quioto e conhecemos Nara e a própria Quioto. Neste dia também foi muito corrido, andando de ônibus e com guia turístico, conseguimos conhecer mais um pouco do Japão. Nara também tem vários templos, e visitei alguns, que também tinham muitos cervos, mais do que Miyashima. Lá conheci um pouco da história sobre a entrada do budismo no Japão oriundo da índia. Logo na entrada o piso determina a trajetória do caminho que o budismo fez para chegar ao Japão, sendo gravado no piso pelas cores distintas, que nos leva ao Buda gigante. Fiquei imaginando o meu pai, que foi visitar quando ainda era criança, e diz ter passado no orifício aberto num dos pilares de madeira enorme. A crença diz que se passar por ela muita coisa boa poderá acontecer para quem passou. À tarde fomos passear em Quioto conhecer o famoso templo dourado. Segundo a guia, a cidade de Quioto foi protegida ou preservada na segunda guerra mundial pelos americanos, que não lançaram a bomba atômica, para conservar um pouco da cultura japonesa, que existia há milênios. Com isso, muitos castelos foram poupados da destruição Foi uma vista maravilhosa, no horário em que o Sol estava favorável para ter ótima vista. Assim, acabaram-se os dias em que nos hospedamos em hotéis. Daqui para frente, a hospedagem será no alojamento do Olympic Center. Considero este período como um aprendizado ao costume japonês, onde há regras e horários a serem cumpridos, tais como horário das refeições, dobra dos lençóis e organização e educação. Durante a viagem para Tóquio, de trem bala (shinkansen), consegui avistar o monte Fuji novamente, que ainda vimos algumas vezes no decorrer da excursão. Chegando ao centro olímpico, o ritmo da excursão ficou mais exigente no sentido de cada um ter que organizar seu quarto, tomar banho 232

em área pública onde mais de uma pessoa pode tomar banho simultaneamente. O próprio banheiro é de uso comum, portanto, foi necessária a organização e a limpeza após o uso, sempre conservando o local limpo para que outras pessoas possam encontrar o local limpo também. No primeiro dia após a chegada, fomos surpreendidos pela nevasca que caiu sobre Tóquio, que ocasionou alguns transtornos principalmente nas rodovias expressas e alguns trens ficaram parados. Neste dia, fomos para a estação de Shinjuku, onde existem várias lojas onde ficamos olhando artigos eletrônicos e fazendo compras. Visitamos uma siderúrgica, em que me chamou atenção a tecnologia de fabricação das chapas de aço. Na seqüência, fomos para a torre mais alta - Skytree, e tivemos uma vista panorâmica de Tóquio, onde avistamos os topos dos prédios que estavam brancos devido à existência de neve que tinha caído uns dias atrás. Mas o dia mais esperado com certeza foi a do dia de encontro com o príncipe herdeiro do Japão. Já no dia anterior fez-se o treinamento de como receber e cumprimentar o príncipe. Foi quase uma hora de encontro e será o dia que ficará gravado na memória: a fisionomia dele, o olhar sempre sorridente e atento aos pronunciamentos e também com cada um dos excursionistas. Ele conversou com todos, cumprimentado cada um e para os jovens ele perguntou o que estudava, que profissão pretendia e para mim questionou sobre o que achei da viagem ao Japão. Por fim, visitamos os locais para fazer compras como de eletroeletrônicos, mas os preços não foram muitos atraentes e acabamos não comprando quase nada. A maior parte das compras ficou mesmo nas lojas de 100 ienes, onde se encontravam muitos artigos úteis no dia a dia e que não encontramos aqui no Brasil. Para concluirmos, quero deixar registrado o muitíssimo obrigado pelo empenho e esforço


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dispensados pelas comissões organizadoras, principalmente a senhora Miyoko Shakuda, senhores Makoto Shirahata, Koichi Kadowaki e também à Noemia pela tradução. Ao pessoal da Alfainter, em especial os senhores Sato e Senda, pela paciência e atenção dispensadas.

NA TERRA DOS MEUS ANTEPASSADOS Ruriko Kuroki Imanishi (52anos)

no Nihon é muito diferente! Fiquei encantadíssima com o desenvolvimento do país! Basta querer que tudo está às suas mãos! Nos supermercados, nos "combini", nas farmácias, nos restaurantes... Os shoppings são imensos! O shinkansen! A neve! O friiiiiiooooooo! Até o frio já não me incomodava mais! Constatei que a neve é linda de se apreciar, mas um transtorno para quem tem que conviver com ela! E por todos esses encantamentos posso passar novamente talvez não com a mesma emoção da primeira vez, mas posso! Basta querer, ter dinheiro e ir!

filha de Kei Kuroki-1ª leva 1ª fase, de Miyazaki

Ainda quando eu estava no conforto da barriga da minha mãe, já ouvia histórias e canções japonesas que meus pais contavam e cantarolavam. E a primeira vez que tive contato com alguém lá do outro lado do mundo foi quando eu tinha 10 anos, através de uma cartinha que escrevi em japonês para a minha avó de quem obtive resposta e não me lembro muito bem de qual foi a minha sensação, mas com certeza de alegria. E daí até os meus 18 anos sempre tive muita vontade de encontrar com os meus parentes. Depois, aos poucos esse projeto foi sendo deixado de lado e substituído por outras prioridades, principalmente a minha própria família que comecei a constituir aqui no Brasil. Em junho do ano passado, surgiu a oportunidade de viajar ao Japão pelo convite dos meus pais para fazer parte de uma excursão promovida pela "Cotia Seinem Renraku Kyoguikai" no segundo grupo de estágio de sanseis ao Japão. Pesamos todas as possibilidades, principalmente as financeiras e decidimos aceitar. A viagem, que durou 28 dias (de 26/12/2012 a 22/01/2013), embora maravilhosa, foi totalmente fora da minha realidade, pois além de ter sido a minha primeira vez ao exterior, tudo lá

No entanto, inesquecível mesmo foram as emoções dos encontros! Primeiro com a minha querida irmã Eri e sua família! O Goto-san (esposo), a Haruka (filha) e o Sho (filho) também foram muito solícitos! Explicaram e nos ensinaram de tudo! Comportamento, costumes, culinária! Na passagem ao Ano Novo: toshikoshi soba! No Ano Novo: osechi ryouri! Levaram-nos a lugares incríveis durante o tempo em que ficamos hospedados na casa deles! Ainda no dia anterior à viagem de volta ao Brasil, encontramo-nos novamente e, de despedida, fomos a um restaurante fantástico em Shinjuku, por indicação do meu cunhado. A Eriko ainda nos auxiliou muito levando e viajando conosco durante os cinco dias seguintes! Sem a presença dela eu teria me sentido muito perdida! Não me sentia segura com o meu "nihongo", pois percebi que muito do que eu falo do idioma já é ultrapassado! Assim, no dia 04/01, partimos rumo a Kyushu com o objetivo de conhecermos a terra natal dos meus pais: Hyuga, Miyazaki (papai) e Kikuchi, Kumamoto (mamãe). Viajar de shinkansen é uma delícia! Apreciar pela janela as lindas paisagens é indescritível! Quando passamos por Nagóia, fiquei sem fôlego de tão linda a paisagem de neve! Onde não havia disponibilidade da linha de shinkansen, viajamos de trem comum de menor porte, mas não menos confor233


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tável! Para melhor aproveitarmos os benefícios do JR pass, paramos em Beppu. Beppu é uma cidade à beira mar onde o tradicional e o hiper moderno convivem muito bem! Os "pacchinko" e os onsen estão em todos os lados! Embora a nossa passagem por Hyuga e Kumamoto tenha sido muito breve, os momentos em que ficamos com os nossos parentes foram muito intensos e recheados de emoções! Fizemos o "ohakamairi" onde oramos e agradecemos aos nossos antepassados pela benção das nossas vidas! Na estação de trem onde descemos em Hyuga tem uma estátua de Wakayama Bokusui, que foi o professor do meu avô materno. Na lápide do ohaka tem dois poemas "tanka" dos meus avôs Denmatsu (materno) e Yakichi (paterno) e estão esculpidos com a letra da minha mãe! Isto me emocionou muito e me deu muito orgulho! Conhecemos os lugares onde o meu pai passou a infância e estudou! A minha tia nos contou histórias do meu pai e do meu tio que também mora no Brasil; e a cada detalhe chorei de emoção. Conhecemos também pontos turísticos maravilhosos como a "Cruss Sea" e praias maravilhosas! Adorei o Onsen que dava vista para o mar! O que realmente me chamou a atenção aqui foi a união da família da minha tia! Todos os filhos e netos estavam lá! Não só porque nós do Brasil estávamos... Mas porque é sempre assim, o que é raro no Japão! Linda família! Para seguirmos viagem rumo a Kumamoto, demos uma volta enorme passando pela cidade de Miyazaki e pela província de Kagoshima, onde conhecemos Sakurajima, um vulcão ainda em atividade! Lindo! De Kagoshima a Kumamoto fomos de shinkansen. Kumamoto é também uma metrópole! Ficamos hospedados na casa dos meus tios em Shisui, município de Kikuchi, onde a minha mãe cresceu. A escola de 234

corte e costura, o rio onde brincava e onde se escondia dos aviões inimigos na época da guerra! Apesar do pouquíssimo tempo juntos, ficamos conversando horas sobre diversos assuntos. Parecia que eu e o meu tio, irmão da minha mãe, éramos velhos conhecidos! Ele ficou muito aborrecido por não ficarmos mais tempo! Por fim tivemos que nos despedir com muita tristeza e promessa de retornar em breve! E a despedida também da minha irmã, que teve que retornar para Kanagawa. Ou seja, até o reencontro com o pessoal do grupo Cotia Seinen, viajamos sozinhos para Nagasaki. Adoramos a cidade reerguida após a destruição pela bomba atômica! Conhecemos vários lugares: Museu da Bomba Atômica, Parque da Paz, Dejima, Templo Confúcio, Igreja Católica de Oura, Glover Garden. Em Hiroshima nos reencontramos com o pessoal da delegação. A partir daí, acompanhamos o roteiro da excursão conhecendo diversos lugares lindos e seguindo viagem até chegarmos ao Olympic Center onde ficamos até o dia do retorno. Passamos por Kobe, Osaka, Quioto, Nara. Conhecemos Miyajima, lugar fantástico! Muita emoção ao ver de perto o Fujisan! Subir no Skytree! Conhecer, cumprimentar e conversar com o príncipe! Quando teria uma oportunidade dessas? Mas o lugar onde a minha emoção aflorou mesmo foi em Kobe! "Kobe Center for Overseas Migration and Cultural Interaction" e "Memorial do Emigrante do Porto de Kobe e Museu de Emigração"... Mais do que esse nome enorme, conhecer aquele lugar significou muito para mim! O lugar onde os meus pais, cada qual na sua época, ficaram hospedados nos dias que antecederam a vinda ao Brasil! Ouvir a Marina mostrar e explanar sobre cada sala e cada quarto, o vídeo! Tudo me emocionou muito! Fiquei imaginando como deve ter sido angustiante aquela situação de incerteza e ao mesmo tem-


Cotia Seinen: 60 anos de União

po de esperança! Eles tão jovens! Meus pais são meus heróis! Não fossem eles, eu não estaria aqui! Sou muito grata a eles!! Gostei muito de conhecer os integrantes desta excursão! Com certeza os jovens fizeram muita diferença alegrando toda a delegação! Os senhores Sato e Senda da Alfainter também não mediram esforços para nos deixar confortáveis! Arigatou! Sou muito grata também ao Cotia Seinem Renraku Kyoguikai e aos organizadores que nos proporcionaram esta viagem! Gostaria de, no entanto, fazer um comentário com o único intuito para que as próximas excursões sejam melhores ainda! Tenho certeza de que organizar uma empreitada como esta não deve ser nada fácil, mas sugiro que para as próximas haja mais transparência para com os eventuais integrantes. Digo isso porque na última etapa da nossa excursão, no Olympic Center, não havia ficado muito claro com antecedência sobre a rigidez nas exigências quanto ao comportamento e atitudes dos jovens e até mesmo dos demais já acostumados à nossa cultura brasileira. Assim como os isseis quando aqui chegaram sentiram dificuldade em se adaptar, nós os nisseis e sanseis também sentimos lá no Japão. Então pediria aos organizadores que fossem mais compreensivos e pacientes, pois não é de um dia para outro que se mudam as atitudes e comportamentos! Parabéns pela iniciativa como essa! Muito obrigada!

FILHA (MIZUHO), OBRIGADA! Katsuyo Kadowaki (69 anos) - Esposa de Koichi Kado-

inverno de Yamagata era de tanta neve que chegava a entrar nas botas. Chegamos à conclusão de que não precisaríamos de guarda-chuvas porque no inverno só caía neve. Porém, ao chegar em Narita, era só chuva. Mesmo no frio de enregelar os ossos, a família de meu marido tinha enviado uma pessoa para nos recepcionar. O carro era tão confortável que parecia estarmos no shinkansen (trembala). As rodovias... Não dava nem para comparar com as do Brasil! No dia seguinte, vi meus netos brincando de trenó com outras crianças. Era a primeira vez que meus netos brincavam sobre a neve. O sorriso de cada um, os trenós, até as ondulações das colinas pareciam estar nos dando as boasvindas. À noite, fomos levados ao onsen (águas termais). Entrei com minha filha e de lá escutávamos as alegres risadas e folias das crianças ao lado, onde havia um tobogã. Uma experiência enternecedora, que jamais esquecerei. Shinnittetsu (Companhia Ferroviária do Japão) ao longe, no meio da imensidão, não vejo uma única pessoa. Somente a máquina funcionando. O tempo passa célere e sinto que sou deixada para trás (snif!), mas, aonde quer que eu vá, encontro somente alegria. Orgulho-me da viagem feita em família, de três gerações, e espero que tudo fique gravado nos corações dos meus netos, como força motriz para a vida deles daqui para frente.

waki, 15ª leva da 1ª fase, de Yamagata

"Será que precisaremos de guarda-chuva no Japão?", perguntou minha filha. Na época, o

Agradeço profundamente, por tudo, a tudo e a todos.

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Sobre a 3ª visita de descendentes da terceira geração no Japão PARTICIPAÇÃO COMO CHEFE DA DELEGAÇÃO Kozo Sato - 34ª leva da 2ª fase, de Akita

Em 2013, visitei o Japão com minha esposa e minha sogra. Para que elas, que não entendem o japonês, pudessem aproveitar bem a viagem ao Japão, participamos de uma excursão de brasileiros. Fiquei sabendo que a partir de 2010, a Renraku Kyoguikai está implementando viagem de estágio no Japão de descendentes de terceira geração. Meus três netos não falam japonês, de modo que eu preciso acompanhar para que eles possam participar. Como o meu neto Gabriel Takaki tinha acabado de completar 10 anos, tive a impressão que seria difícil, mas conclui que se eu fosse junto não teria proble-

mas. Somando as netas de 11 e 16 anos, fizemos a inscrição de quatro pessoas. Os pais dos netos, ou seja, minha filha e meu genro (ele também é filho de Cotia Seinen), também participaram do estágio como descendentes da segunda geração. Recebendo o comunicado da realização de uma reunião de esclarecimento, ao comparecer ao escritório da Kyoguikai, fui nomeado pelo presidente Maeda como chefe da delegação de estagiários e, por ser tão repentino, fui pego de surpresa, de modo que por um instante pensei em desistir da participação. No entanto, recebendo explicação do presidente e do vicepresidente Hirose, que tinha vindo comigo no mesmo navio, de que eu era o único Cotia Seinen a participar da 3ª delegação, não tive outro jeito senão aceitar.

Junjiro Matsuda, do Museu da Migração de Yokohama, Kozo Sato e seus netos

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Nessa 3ª delegação, os acompanhantes responsáveis eram somente eu e a vice-chefe sra. Shakuda e, dos 14 descendentes de terceira geração membros da delegação, excetuando dois ou três, eram todos estudantes que não falavam japonês e, mesmo na fase de preparação, como era impossível reunir todos os membros, só nos reunimos todos no dia da partida. No dia 27 de dezembro de 2014, recebemos a saudação de incentivo do presidente Maeda a qual respondi em agradecimento e, dentro do aeroporto congestionado por causa do final do ano, sem poder nos despedir tranquilamente, fomos fazer os procedimentos de embarque. Na sala de espera estávamos separados para o jantar de cada um, mas quando iniciou o embarque, chamaram meu nome e, ao verificar o que era, fui informado que iria especialmente para um assento em uma classe superior. Fiquei confuso pelo fato do chefe, a vice-chefe e mais uma pessoa terem sido conduzidos para assentos da classe executiva. Ao refletir depois, entendi que por ser final do ano estavam faltando assentos da classe econômica. Como sabíamos que o tempo de espera no Aeroporto de Pearson em Toronto no Canadá seria longo, ao chegar ao portão de embarque reunimos todos e fizemos tranquilamente a autoapresentação. Esperávamos por uma paisagem de neve do inverno do Canadá, mas não avistamos neve. Chegando em Tóquio, todos retiraram suas bagagens sem problemas e fomos recebidos pelo presidente Sato, sr. Oka e sr. Senda da agência de turismo Alfainter, de Tóquio. Com o ônibus providenciado por eles, fomos para o hotel e enquanto o sr. Senda providenciava o passe ferroviário, fomos jantar conduzidos pelo presidente Sato. Até todos nós deixarmos o hotel no dia seguinte, dia 30, ficamos recebendo ajuda

do presidente Sato. Foram providenciados também celulares alugados para mim e para a vicechefe, para que os membros da delegação pudessem se comunicar a qualquer momento. Reencontrei com meus irmãos, retornei à minha terra natal Akita, e no meio de muita neve, fiquei ocupado em fotografar os netos se divertindo com trenó de neve e brincar fazendo um grande boneco de neve. Foram momentos felizes. Os netos que estavam na expectativa de fazer compras no Japão tinham feito economias desde o ano anterior. Fiquei guardando esse dinheiro e comprei os produtos que eles queriam. Na realidade, sabia que para comprar o que os netos queriam, o dinheiro seria insuficiente, assim complementei o que faltava. Foi por que queria que eles tivessem a satisfação de ter comprado do seu próprio dinheiro e que se sentissem responsáveis. No dia 7 de janeiro, no hotel de Hiroshima o presidente Sato da Alfainter já nos esperava para fazer o acerto dos detalhes e, no horário do jantar, o presidente Sato explicou sobre o estágio. Quase todos os membros da delegação experimentaram a viagem solitária por cerca de uma semana, e ao se reencontrarem com os colegas, pareciam contentes por poder conversar em português. A visita ao museu de Hiroshima foi realmente chocante. Em Kobe, após conhecer CBK (Comunidade Brasileira de Kansai), para confraternizar com o povo de Kobe, os membros da delegação foram distribuídos nas mesas e almoçaram feijoada junto com as pessoas de Kobe. Os membros da delegação não falavam bem em japonês, mas pelo menos apreciaram a refeição. Para que as conversas se animassem, a presidente Marina Matsubara havia planejado um jogo de perguntas para que pensas237


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sem na resposta juntos. Depois disso, as pessoas da cidade de Kobe e os membros da delegação andaram até o Porto de Kobe, no frio e debaixo do chuvisco, e fizeram uma foto comemorativa com todos os participantes na frente a "Imin Josen Kinenhi" (Monumento aos navios de imigrantes), porém, como estava muito frio mal nos despedimos e tomamos ônibus e partimos em rumo a Quioto. Sobretudo, todos apreciaram a visita ao Santuário de Itsukushima, Kinkakuji (Templo do Pavilhão Dourado), Templo Kiyomizu e o Castelo de Osaka, e no aquário de Osaka puderam ver tranquilamente o tubarão baleia nadar calmamente. No dia 12 de janeiro, fomos para Tóquio e no shinkansen (trem bala), divertimos com diversas brincadeiras e, como tempo estava bom, foi possível fotografar bem o Monte Fuji. Chegamos bem no Centro Olímpico, recebemos lençóis e as instruções do presidente Sato e cada um se dirigiu ao seu quarto, onde havia o principal problema: o banho na banheira, que foi resolvido com os membros masculinos tomando banho de chuveiro no meu quarto que era do chefe da delegação e que estava ocupando junto com meu neto. Os membros femininos tomaram banho no chuveiro do quarto da vicechefe. No meio da estadia, aos poucos foram surgindo membros da delegação que se acostumaram com a grande banheira. Visitamos Zenchu (Central das Cooperativas do Japão) e na sala de reuniões assistimos a apresentação em vídeo na versão em inglês de sua organização. Depois disso, fomos conduzidos ao andar mais alto de onde se pode ver a cidade de Tóquio, o Skytree e, com tempo bom, o Monte Fuji. Na Associação Ie no Hikari foi servido Makunouchi Bentô para todos os integrantes da delegação. Meus netos de 10 e de 11 238

anos não conseguia manusear hashi e pediram garfos para mim com os olhos, ao que respondi em silêncio que comecem com hashi. Gabriel Takaki não conseguiu comer nada e os amigos ficaram preocupados, no momento não estava sentindo fome. A seguir visitamos o Skytree e a tarde fui inflexível com ele que não estava suportando a fome e, no caminho de volta, chorando de fome ele acabou dormindo. Após chegar no Centro Olímpico, ele jantou contente com todos. A visita à Siderúrgica Shinnittetsu Kimitsu foi maravilhosa. Na siderúrgica trabalham funcionários em sistema de gestão autônoma. Importa minério de ferro do Brasil. O caminhão especial que transporta ferro-gusa aquecido que parecia grande bloco de ferro, trem elétrico dentro da siderurgia, toda instalação era enorme e o fato de ser tudo arrumado e limpo me deixou impressionado. Almoçamos contemplando a baía de Tóquio. Ao fotografar essa maravilhosa paisagem, um pensamento complexo surgiu na minha mente. É difícil compreender a construção de edifícios no Japão, onde se pressupõe enorme terremoto. O que aconteceria se ocorresse o grande e

Kozo Sato e seu irmão no shinkansen


Cotia Seinen: 60 anos de União

catastrófico terremoto de Kanto? É um aspecto do Japão atual que é de difícil compreensão para nós que moramos no Brasil.

normalmente inimaginável, conseguiu a emissão de passaportes e realizou a visita ao Brasil, que era um desejo de muitos anos.

No dia anterior a visita mais importante do estágio, que era ao Palácio Togu, sob a orientação da vice-chefe Shakuda que estava participando pela terceira vez, foi feito um ensaio com todos no Centro Olímpico. Conversando com os membros da delegação, repetimos várias vezes o ensaio. Graças a isso, no dia, fomos capazes de comportar de forma bonita. O Príncipe Herdeiro conversou gentilmente até com os pequenos membros da delegação. Cumprimentou um por um e desta vez foi servido doce que parecia delicioso. Houve também um pequeno incidente com um dos integrantes que por estar nervoso demais deixou cair o doce, mas o ensaio surtiu efeito.

Após o retorno ao Brasil, apesar de ter reduzido o meu trabalho ao nível de passatempo, só para manter a saúde na velhice, até que estou bem ocupado. Como estou planejando uma viagem com minha esposa no futuro próximo, nem tenho tempo para me encontrar com meus netos. Finalmente, no dia 23 de fevereiro, visitei junto com a vice-chefe duas empresas jornalísticas de língua japonesa e o consulado para relatar sobre o retorno ao país.

A Disneylândia, que dentro da programação de estágio era a mais esperada pelos membros da delegação, com tempo bom, foi possível aproveitar calmamente até o último desfile. Para o preparativo do retorno ao Brasil, arranjamos um dia e meio de tempo livre e na última noite fizemos a última atividade do estágio, que era reunião de avaliação no Centro Olímpico. Em primeiro lugar, o de mais idade (22 anos) do grupo, Leo Takahara, relatou entre lágrimas sobre o sentimento de gratidão à família como a falecida avó e a tia e nos emocionou. Outros membros da delegação também disseram que houve coisas que deixaram insatisfeitos, mas de modo geral foi bom ter conhecido o Japão. Conseguimos encerrar o estágio com uma reunião de avaliação maravilhosa. No caminho de volta, um casal de parentes de um dos membros da delegação resolveu aproveitar a ocasião e decidiu repentinamente visitar o Brasil. E num curto período de tempo,

Este ano, no dia 20 de setembro será realizado no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku a cerimônia dos 60 anos. E no dia anterior será implementado o plantio comemorativo de cerejeira. Como todos os membros da 3ª Delegação de Estágio vão fazer o plantio comemorativo com contribuição em dinheiro, estou ansioso pelo reencontro nesse dia. Por fim, experimentei a sensação de muito aperto pela responsabilidade de ser chefe da delegação, o que não estava acostumado, mas o fato de ter-me encontrado com o Príncipe Herdeiro e ter a convicção de que tudo ficou na memória e no fundo do coração dos meus netos que não entendem japonês, estou aliviado de que consegui cumprir até certo nível a minha responsabilidade como chefe da delegação. E, muito obrigado à vice-chefe sra. Miyoko Shakuda, que me ajudou muito para que a viagem da 3ª Delegação de Estágio de Descendentes de Terceira Geração de Visita ao Japão terminasse bem. Agradeço do fundo do coração. São Gotardo, Estado de Minas Gerais 60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em japonês) p. 130~132

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VIAGEM AO JAPÃO Anna Carolina Miho Resende Sato, de São Gotardo/MG

Quando recebi a notícia de que iria conhecer o Japão fiquei muito feliz. Era um sonho que estava se realizando. Ficava pensando: Como será que é lá? Será que as pessoas são educadas ou receptivas com pessoas de outro país? Como nunca tinha viajado para fora do Brasil não sabia o que iria encontrar lá! Mas ficava imaginando as melhores coisas. Quando disse para meus colegas que iria viajar para o Japão o que não faltou foram pedidos. Pois seria a primeira da classe a fazer uma viagem internacional e a conhecer a Tokyo Disneyland. Estava muito ansiosa para conhecer as pessoas que iriam viajar também, fazer novas amizades! Na semana da viagem não dormia direito, e finalmente chegou o grande dia. Saímos eu e meu irmão com o meu Ditian de madrugada de São Gotardo rumo à São Paulo e chegamos por volta de 14h30 da tarde. Assim que cheguei fui encontrar minha prima, meu primo e meus tios. Às 17 h conheci algumas pessoas que iriam e ao longo da viagem fui conhecendo as outras pessoas. Às 17h15 tiramos uma foto do grupo com a faixa do Cotia Seinen 2014. Despachamos as malas grandes e fomos jantar. Partimos às 22h30 com destino ao Canadá, estava com um pouco de medo pois era a minha primeira viagem de avião, fiquei enjoada querendo vomitar. Chegamos ao Canadá às 5h45 da manhã e partimos para Tóquio às 13h45. Ainda no Canadá, passeamos no aeroporto e tomamos um lanche. Estava fazendo 1 grau centígrado e estava muito frio! 240

O avião pousou em Tóquio às 17h05, estava mais frio que o Canadá! Era muito lindo, muito limpo e muito organizado. É uma capital muito iluminada! Ficamos na casa dos parentes em Noshiro, gostei muito de conhecer os parentes, foram muito receptivos e educados. Em Noshiro estava nevando muito, a temperatura estava negativa, amei brincar na neve! Eu e meus primos fizemos um boneco de neve. No último dia aproveitamos ao máximo com eles, pois era nossa última noite antes de irmos para Hiroshima. No dia seguinte, nos despedimos e fomos para Hiroshima de trem-bala. Também foi a primeira vez que andei de trem-bala, gostei muito. Em Hiroshima, o que mais marcou foi o Museu da Paz, impressionante como uma bomba conseguiu fazer todo aquele estrago, matou milhões de pessoas, derrubou casas, prédios, destruindo tudo! Mas hoje Hiroshima é uma cidade maravilhosa! Andei de balsa pela primeira vez em Miyajima. Andamos também de bondinho, achei muito legal. Também foi a primeira vez que andei de bondinho. Gostei muito de conhecer o aquário em Osaka, foi onde mais tirei fotos! Em Kobe, fomos à CBK almoçar e depois caminhamos até o Porto de Kobe de onde partiram os navios para o Brasil, EUA etc. Assim que voltamos para Tóquio, fomos visitar o Skytree, o prédio mais alto de Tóquio. O dia 15 de janeiro foi o dia mais importante da viagem, pois fomos visitar o príncipe no Castelo Imperial. Ele me perguntou como eu estava na escola e em qual série. Estava muito nervosa! No dia 16 de janeiro fomos à Disney e ficamos


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lá o dia inteiro, gostei muito de conhecer a Disney, me diverti bastante! Infelizmente chegou o dia de voltarmos ao Brasil!Gostei muito de fazer novas amizades, eles foram muito gentis e educados comigo, não imagino pessoas melhores para fazer essa viagem. Formamos até uma família: Família Rown! Nunca vou me esquecer deles! Além do mais, eles são minha FAMÍLIA!Obrigada por tudo! Dia 20 de janeiro chegamos ao Brasil, no aeroporto de São Paulo nos despedimos e fomos para nossas casas. Nessa viagem, o que eu mais gostei de conhecer foi a neve, ir ao aquário e conhecer a Disney. Gostaria de agradecer de coração ao meu Ditian (Kozo Sato) por me dar a oportunidade de conhecer o Japão. E a todos que se empenharam para que essa viagem fosse possível! Um sonho meu que se realizou! Um não, vários! Muito obrigada!

RELATÓRIO DE VIAGEM NIHON KENSHU 2014/2015 Andereson Yudi Ishikawa A viagem como um todo foi uma das experiências mais marcantes que vivi até o momento, e vai ser sem dúvida uma lembrança muito querida em minhas memórias para o resto de minha vida. Conhecer o país de onde meu avô, Hisashi Ishikawa, imigrou quando tinha exatamente a minha idade, 20 anos em 1955, para o Brasil, é muito especial para mim. Um momento marcante na viagem que não vou esquecer foi a visita à CBK em Kobe, e ao final

da visita, após o almoço, nós fizemos o mesmo caminho a pé que os imigrantes, e provavelmente meu avô fez, da instituição até o porto de Kobe, para assim iniciar a longa jornada até o Brasil. Ter a oportunidade de cumprimentar e conversar com o príncipe Naruhito foi uma grande honra para mim. Nunca pensei que poderia ter uma chance como essa na minha vida. Algo que admirei muito no Japão foi a organização que existe lá para tudo, das coisas mais simples até as mais complexas, o que torna a solução de problemas muito mais prática e ágil. Sem falar da educação das pessoas, ao entrar em uma loja, por exemplo, logo já somos recebidos com um "irashaimase", o que é muito hospitaleiro da parte deles. Os funcionários de estabelecimentos comerciais também são muito atenciosos e estão sempre dispostos a ajudar com muito bom humor. Algo que eu particularmente gostei muito, foi a segurança que sentirmos lá, mesmo andando a noite não sentimos qualquer receio, essa sensação de segurança é muito boa. E falando das noites no Japão, elas são muito lindas e iluminadas nos grandes centros, com painéis luminosos chamativos, neons de propaganda e letreiros de restaurantes. Osaka se torna praticamente outra cidade ao anoitecer, é maravilhoso poder vê-la de noite. Algo que não poderia deixar de mencionar são as comidas que tive o prazer de experimentar na viagem, de diferentes tipos, sabores e locais do Japão. Sem dúvida se há um lugar onde existe uma diversidade de tipos de culinária esse lugar é o Japão. Apesar de a maioria das comidas terem como base frutos do mar e macarrão japonês, há uma diversidade enorme de tipos de preparo para cada um destes alimentos, o que tornam os cardápios por lá muito 241


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diversificados. Gostei muito de comer Tonkatsu, Okonomiyaki, o lamen japonês também é excelente, dentre uma infinidade de outras culinárias que pude experimentar. Gostaria de agradecer a todos os envolvidos na organização desta viagem, especialmente à Shakuda-san e ao Sato-san chefes da delegação na viagem. Eles fizeram dessa viagem o melhor possível, e os agradeço muito por isso, me proporcionaram experiências que levarei para vida, além de conhecer um país tão maravilhoso quanto o Japão, seus locais históricos, turísticos e sem dúvida estar na presença do príncipe Naruhito, uma honraria sem precedentes em minha vida. Também gostaria de agradecer a todos que formaram o grupo, pois sem eles com certeza esta viagem não seria tão divertida quanto foi. Vou lembrar de cada um com muito carinho. Quero dedicar um agradecimento especial aos meus avôs, pois sem eles nada disso teria acontecido. Doumo arigatô ojichan to obachan.

guins, baleia bebê, tartaruga, etc. E também tinha muitas lojas com coisas interessantes (em Osaka). A visita ao Príncipe foi muito legal, pois foi a primeira vez que eu aperto a mão de um príncipe e conversei. A Disneyland, pois tinha muitos brinquedos, lojas, restaurantes, shows, carros alegóricos, etc. (em Tokyo). E o que eu menos gostei foi do museu da bomba atômica em Hiroshima, pois mostra que há 70 anos morreu muita gente nesse lugar, e teve muito sofrimento. E no Japão eu vi neve pela primeira vez (não toquei, mas eu vi). Foi a primeira vez que eu andei de metrô, e de trem, apesar de em SP termos metrô e trem. Andei de trem-bala também. Foi muito legal. Comprei muitas lembrancinhas legais do Japão. Eu comi comidas que eu nunca comi no Brasil.

RELATÓRIO DA VIAGEM AO JAPÃO Audrei Himika Hagio Shakuda (11anos), de Cotia/SP

Eu sou a Audrei Himika, eu tenho 11 anos. Eu gostei muito da viagem ao Japão, conheci muitas coisas que eu não sabia. Fui com minha mãe a Eunyce, e com a minha avô a Shakuda-san. E os lugares que a gente visitou foram Hakata, Osaka, Takamatsu, Nagóia, Tóquio e Sapporo (não está na ordem certa que visitamos cada lugar). O que eu mais gostei foi do Aquário. Eu gostei muito, pois tem muitos peixes, que eu nunca vi na minha vida de perto como: golfinhos, pin242

O Japão é bem organizado, o País é bem limpo, as pessoas obedecem as leis, são boazinhas, as paisagens são lindas, os hotéis de lá também são bem chiques (no Brasil também temos hotéis chiques). Fui a mais de um hotel nessa viagem. O legal também foi conhecer no meu grupo pessoas de outros estados do Brasil. Foi muito bom conhecer o Japão. Quero poder voltar de novo e poder estudar lá.


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RELATÓRIO DA VIAGEM AO JAPÃO Augusto Takashi Fujimaki (16anos), de Piedade/SP

Com esta viagem pude realizar um sonho que vinha tendo há vários anos, de conhecer o Japão e suas paisagens lindas e sua cultura impressionante. Tenho certeza de que me lembrarei dela para o resto de minha vida. Foi uma oportunidade para conhecer onde meus tios viviam e poder encontrar com os primos dos quais tinha poucas recordações. Graças a eles pude visitar diversos pontos turísticos, tais como o Monte Fuji, o templo e também um aquário. Durante esse período consegui ver de perto a vida que os brasileiros e os decaséguis levam na região de Kakegawa (Província de Shizuoka). Tive também a oportunidade de ver neve pela primeira vez na província de Niigata, local onde visitei outros parentes. Eles ficaram impressionados pelo fato de eu ter vindo de tão longe para visitá-los. Pude sentir que era uma cidade bem tradicional e tinha uma comida muito gostosa. Visitar o Museu da Paz de Hiroshima foi um pouco chocante devido a tamanha crueldade que foi a bomba atômica e por isso o clima era pesado. Já em Osaka o que mais me chamou atenção foi o castelo, era imenso e o tamanho da muralha era impressionante. Em Kobe conheci o porto de onde os imigrantes partiram, foi um local que me chamou bastante atenção. Encontrar com o Príncipe foi sem duvida uma experiência única, todos nós estávamos muito nervosos e meu medo de errar em algum momento da cerimônia era grande. Apesar disso, tudo deu certo. Achei impressionante como os japoneses são muito gentis, como as ruas são limpas e seguras, além do respeito mútuo presente em todo

lugar. Não poderia deixar de citar o grupo, sempre unidos e acolhedores, me considero sortudo por ter viajado com eles. A viagem foi o que foi devido à amizade que fizemos, compartilhando momentos e gargalhadas. Agradeço a todos que tornaram esta viagem possível.

EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL! Bruno Makoto Sawada, de Aguaí/SP

Conhecer o Japão, país em que nasci, sempre foi um sonho. De início fiquei muito nervoso pelo fato de estar viajando sozinho e não ter domínio da língua japonesa, mas no final deu tudo certo. Na primeira semana no Japão pude conhecer grande parte da minha família por parte do meu avô. O maior problema foi a comunicação, pois nenhum deles falava português. Por outro lado, acabei expandindo meu vocabulário da língua japonesa. Durante este período com minha família acabei tendo experiências diferentes. Vi neve pela primeira vez, comemorei o ano novo de acordo com a cultura tradicional japonesa, experimentei diferentes comidas. O momento de despedida foi muito triste. No dia de sair da casa dos familiares e ir ao encontro com o grupo do Cotia Seinen, andei de shinkansen pela primeira vez. No primeiro dia já tive a oportunidade de conhecer bem o pessoal do grupo, todas pessoas incríveis. Eles fizeram com que essa viagem se tornasse muito mais divertida. A cada dia que passava pude conhecer mais o Japão, sempre me apaixonando mais pela sua 243


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cultura. A organização, a educação das pessoas (sempre recebendo "Bem Vindo" ao entrar em algum lugar) e a higiene são coisas a destacar. Nessa viagem tivemos a oportunidade de conhecer o Príncipe do Japão. Foi uma grande honra poder encontrar e falar com ele pessoalmente. O nervosismo nos nossos rostos era perceptível. O momento de volta foi muito triste, sair do Japão e separar do grupo. Os momentos que passamos juntos foram maravilhosos. Nossa separação não foi um "adeus", mas sim um "até logo". Gostaria de agradecer à minha família que fez com que meu sonho de ir ao Japão se tornasse realidade, ao CotiaSeinen que nos proporcionou uma viagem muito divertida e proveitosa, e ao grupo que fez com que a viagem fosse ainda mais incrível.

REDAÇÃO SOBRE A VIGEM AO JAPÃO Carolina Mae Tsunetomi Hatanaka (15 anos)

Eu me lembro de quando a minha mãe me contou sobre a viagem, fiquei muito animada e, confesso, a primeira coisa que me veio à cabeça foi fazer compras. Fiquei com medo de conhecer meus parentes, mas essa foi uma das melhores partes da viagem, melhor do que fazer compras. Eles foram muito receptivos e se esforçaram para se comunicar. Vou sentir muitas saudades. Espero que eles venham algum dia para o Brasil e irei recebê-los com muito prazer. A viagem foi quase um sonho, quando me dei conta ela já tinha acabado. Foi um sonho reali244

zado ver flocos de neve, andar em Shibuya e atravessar aquela avenida enorme. Ver o Fujisan, conhecer a Disney e comprar bebidas nas máquinas. Tirar fotos no "puricura" e, sem dúvida, essas fotos são minha melhor aquisição da viagem. Os doces também eram lindos e saborosos. Fiquei muito honrada em conhecer o Príncipe. Muitos japoneses não têm essa oportunidade. Ele deve ser ocupado, mas foi muito simpático e atencioso, fazendo perguntas para todos. As cidades são maravilhosas, muito organizadas e limpas. Foi uma experiência muito boa visitar cada uma. Em Hiroshima, visitar o Museu da Paz, sentir o sofrimento que meus avós também devem ter sentido, foi triste. Quioto é uma cidade histórica com templos maravilhosos. Em Kobe, conversamos com as pessoas nativas sobre a cultura do Brasil e explicamos sobre a feijoada. Conhecer mais um pouco da vida deles foi interessante. No começo, eu fiquei com um pouco de medo de não fazer amizades, mas todos se ajudavam e no final ficamos tão unidos que parecíamos uma família. Eu espero nunca perder estas amizades, porque eles fizeram essa viagem muito melhor, e me ensinaram várias coisas. Se eu pudesse repetir, repetiria sem dúvidas e levaria minha batian junto. Seria muito bom ela rever seus parentes. Essa viagem me fez ter vontade de estudar a língua japonesa e conhecer mais sobre a cultura. Agradeço a todos que nos ajudaram a proporcionar essa viagem maravilhosa!


Cotia Seinen: 60 anos de União

VIAGEM AO JAPÃO Diana Miki Tsunetomi, de Paulínia/SP

Foram apenas alguns dias, cerca de 3 semanas, em que finalmente pude conhecer o tão sonhado local do qual meus avós vieram, o Japão. Desde criança sempre sonhei como seria viver num lugar tão distante, um lugar que sempre foi algo de repleta imaginação e expectativa, onde eu criava uma realidade alternativa baseado nos relatos, filmes, livros e revistas. Quando cheguei ao aeroporto estava bastante eufórica, mas ao mesmo tempo muito cansada e logo depois fomos direto para o hotel, e o que eu mais queria naquele momento era um banho, porém mandaram-nos apenas deixar as malas na entrada para irmos jantar, e como eu tenho um grande interesse nessa área, nunca recuso comida, apesar de estar meio enjoada fiz questão de experimentar tudo. A viagem em si foi muito interessante, mas como sempre, não houve tempo suficiente para aproveitar tudo, foi muito rápido e agora parece como se tivesse sido um sonho. Fico me perguntando se realmente fui para lá. Fizemos muitas coisas, e até mesmo fizemos uma visitinha para o Príncipe do Japão, o que foi ao mesmo tempo estressante, mas interessante. Visitamos alguns castelos como de Quioto, vimos grupos estranhos em Osaka enquanto comíamos em céu aberto e, por sinal, passando frio, mas foi divertido, perdemos uma pessoa em Shibuya, loucuras procurando por ela, ficamos loucos com tantas lojas e coisas para comprar, um pecado capitalista, e por fim rimos, gritamos, corremos, falamos bobeiras e fomos felizes mesmo passando frio. O que mais gostei do Japão, além de toda a sofisticação do lugar, foram principalmente os doces, bonitos, leves e saborosos, como recu-

sar um doce né? Queria poder experimentar tudo, mas infelizmente nunca é bom abusar, além disso, minha barriga também possui um limite. A única parte que me decepcionei foi não ter tempo suficiente para ir aos locais que eu queria. Pelo fato de estarmos em grupo com cronogramas já agendados, não pude ir a locais que me interessam mais, como patisseries ou confeitarias, gostaria muito de ter conhecido um local assim e quem sabe até mesmo ter tido algumas aulas, mas isso seria somente de meu interesse. A viagem foi realmente muito boa, experiência nunca é um desperdício e pude aprender muitas coisas por lá. Agora, ao voltar para o Brasil a gente acaba enxergando, nem que seja um pouco, o mundo com outros olhos. Espero um dia poder voltar lá para estudar e trabalhar, gostaria de aprender os segredos daqueles doces, principalmente, mas acima de tudo obter mais dessa experiência fantástica que levarei pelo resto da vida. Meus agradecimentos ao pessoal da Alfainter Turismo, Cotia Seinen e principalmente aos meus pais que puderam transformar esse sonho em realidade.

PIM POM. VÔO PARA NARITA. Eunyce Setsumi Hagio Shakuda (45 anos), de Cotia/SP

Era dia 27de dezembro de 2014. Mas já? Passei o ano pensando nesta viagem. Era minha primeira viagem para fora do Brasil. Como será? Quem são os meus companheiros? Será que não vou me perder? Falar em japonês? Estas eram minhas preocupações. Eram tantas. Não sei se a ansiedade tomava conta ou se eram preocupações. 245


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Sempre sonhei em poder sair do Brasil e poder conhecer outro País. O Japão é de onde meus avôs vieram. Por que não conhecê-lo primeiro? Pim pom. Vôo para o Brasil. Já? A viagem foi tão rápida que os 20 dias voaram. Nem consigo lembrar como foi a viagem, pois foi muito rápido. Me disseram para fazer uma redação. Vou tentar relembrar alguns momentos que me vêem na minha memória. Sou mãe de 3 crianças. Uma de 11 anos que foi na viagem comigo, uma de 6 anos e um menino de 1 ano e 10 meses que ficaram com meu marido. Do grupo, eu era a mais velha. A média do grupo era de 16 anos, ou seja, todos eram jovens. Basicamente a viagem começou no dia 27 de dezembro de 2014 e terminou no dia 20 de janeiro de 2015. Os sete dias iniciais você fica com os parentes e o restante conhecendo o Japão e suas histórias de como começou a emigração japonesa para o Brasil, ou seja, a sua origem. Existem passeios a templos, castelos e pontos turísticos famosos do Japão. Quem organizou esta viagem, foi minha sogra, a Shakuda-san. No aeroporto de Guarulhos encontramos com todos os membros. Não nos conhecíamos. Tiramos fotos na partida. Na entrada do check-in meu coração começou a bater forte. O vôo era com escala no Canadá. Chegando ao Japão ficamos no hotel Keikyu EX Inn do aeroporto de Narita. Passamos uma noite agradável. No dia seguinte almo... bem, tomamos um café da manhã. Mas que café da manhã. Parecia um almoço. Tinha de tudo. Até 246

arroz com missoshiru e UDON, que eu geralmente como no almoço. Como meus parentes são distantes (meus avôs), não tinha parentes que pudessem me acomodar neste período. Encontramos com uma pessoa conhecida do meu marido, Abiru-san, que me acomodou neste período de 7 dias (visita a parentes). Ficamos em Tochigi. Durante os 7 dias pude fazer muitas compras e conhecer a cidade de Tochigi, pois no Japão existem muitos produtos bons e de qualidade, voltado aos japoneses. Ou seja, como sou descendente, pude aproveitar muito.A comida também me impressionou muito. De Tochigi fomos de shinkansen para Hiroshima. É de onde se inicia a viagem para conhecer o Japão. No museu de Hiroshima vimos como uma bomba atômica e a guerra conseguem causar tanto sofrimento a um povo. Minha filha de 11 anos ficou muito sentida... Em Miyajima, uma ilha do Japão, fomos de ferry. Na chegada da ilha você dá de cara com o Torii "flutuante" na água. Foto incrível. A ilha é religiosa e você sente esta aura. No museu de Kobe, fomos recepcionados pela Marina da CBK. Comemos uma FEIJOADA. Que feijoada. Obrigada Marina. O Nelson explicou TUDO sobre o museu da emigração (local de partida). Obrigado Nelson. Pudemos ver de onde os imigrantes partiram para o Brasil. Não sei se meu avô passou por lá, mas foi de lá que muitos japoneses partiram para o Brasil. Em Osaka vimos um Castelo japonês. É bem diferente do castelo europeu. Fomos ao aquário onde pudemos ver muitos peixes. Nas ultimas semanas ficamos no Olyimpic Center. Acho que poderiam ser dois dias, pois de-


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pois de passar dias em hotéis de luxo... Conhecemos o Príncipe. O auge da viagem. Príncipe? Ele era tão sereno. Não tenho palavras para descrever meu sentimento deste momento. Palavras não saiam da minha boca para expressar meus pensamentos a ele. Pudemos ir à Disney. Disney no Japão? É tem Disney lá. Foi muito divertido. Minha filha se divertiu muito. Bem, momento de despedida. Sentimento de vazio...

Fizemos visita a parentes em Noshiro, província de Akita. Lá eu conheci muitos parentes legais, me acolheram muito bem, sendo educados e receptivos. Conheci a neve e gostei muito, brinquei bastante na neve com meus parentes! Depois do Kenshu eu fui para Hiroshima e visitei o Museu da Paz, lá é muito triste! Mas demonstra como os japoneses superaram uma Guerra Mundial e uma Bomba Atômica! Hoje Hiroshima é muito linda e recuperada!

Obrigada a todos que estiveram comigo nesta viagem. Dizer o que foi a viagem? Não sei descrever até agora. Daqui a alguns anos terei esta resposta.

Também visitei Miyajima, lá é muito legal, fizemos um passeio de navio em volta da ilha e visitamos algumas lojas. Depois fomos para o Castelo de Osaka, para o Pavilhão de Ouro (Kinkakuji), ele é muito lindo! Queria levar um pedacinho para minha Mãe!

A VIAGEM DOS MEUS SONHOS

Depois fomos para Kobe, almoçar no CBK e voltarmos para Quioto, fomos para o Olympic Center e em seguida fizemos um tour pela cidade de Quioto com uma guia e voltamos ao Olympic Center.

Gabriel Takaki Resende Sato - São Gotardo/MG

Durante todo o ano sonhei com este dia, minha viagem ao Japão. Todos já estavam cansados de ouvir pois meu assunto era só esse e ninguém aguentava mais! Tudo começou no aeroporto de São Paulo. É enorme! O avião também é enorme, o nome da companhia aérea era Air Canada! Nós fomos de São Paulo ao Canadá e o avião ficou parado por 8 hs direto no Canadá. Lá fizemos um passeio individual, fui com minha prima, meu avô e minha irmã no passeio pelo Canadá e tomamos um lanche. Às 13h45 embarcamos no avião, 12 horas depois chegamos ao Japão! Que maravilha!

Fomos visitar o Príncipe, ele é bem educado e simpático, eu fiquei muito nervoso, mas no final deu tudo certo. O que mais me chamou atenção foi a Disney, lá é tudo lindo e contagiante. Mas também fiquei impressionado com a limpeza e organização do Japão, sem falar na pontualidade. Realmente vi o que é um país de primeiro mundo. Quero muito poder volta lá em breve! Gostaria de agradecer a todos que se empenharam para que essa viagem fosse possível. E as novas amizades que conquistei e por todos eles terem tido paciência comigo. E ao meu querido Ditian (Kozo Sato) que realizou meu sonho de conhecer o Japão e por ter tido tanta paciência comigo nesta linda viagem. Obrigado a todos! 247


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FORMANDO UMA GRANDE FAMÍLIA DE ESTAGIÁRIOS Katia Miwa Nagao - Mogi das Cruzes/SP

Desde o começo do ano 2013 eu planejava ir para o Japão. Primeiramente, eu iria com a minha batian, mas quando a proposta do Cotia Seinen apareceu, eu fiquei muito animada, pois seria uma viajem com pessoas da minha idade e passearíamos por vários locais do Japão. No aeroporto, eu estava vendo os integrantes do grupo com o qual que eu iria passar quase um mês junto pela primeira vez. Ninguém fala com ninguém, claro que tinha aquelas tentativas de conversar constrangedoras, de interagir com o resto do grupo, mas era tudo muito estranho. E para melhorar, eu perdi meu celular no aeroporto de Guarulhos então fiquei todo esse tempo da viagem sem conversar com ninguém do Brasil. A minha única preocupação era a primeira semana da viagem. Eu teria que ficar na casa de um parente, e esse parente era o Nagao Sussumu, meu tio avô que eu nunca tinha visto e nem ouvido falar antes. Eu não sei falar japonês muito bem e ele não sabe falar português, mas quando cheguei à casa deles foram só alegrias. Eu fiquei na casa do filho e da filha dele, eles se esforçavam bastante para falar comigo até baixaram um aplicativo no celular para traduzir a fala deles. O meu tio, marido da filha do Sussumu, sabia falar inglês. Quando descobri isso, a comunicação ficou muito mais fácil. Levaram-me para vários lugares diferentes e eu até patinei no gelo com minhas "priminhas", elas são incríveis. Apenas a minha despedida foi difícil, criei um laço com eles que deixou uma saudade intensa quando fui embora. 248

Depois disso, o grupo foi pulando de hotel em hotel. No começo, todos do grupo se estranhavam, mas acho que a partir do segundo hotel em que ficamos, formamos nossa primeira conexão como algo maior que um grupo .Todos haviam chegado no hotel, menos a Maisa, e para melhorar a situação ela não atendia o celular, então todos nós fomos à procura dela em direção à estação de shinkansen. No caminho nós a encontramos e foi só abraços. De manhã nós visitávamos, junto com guias do Cotia Seinen, museus cheios de história e corações cheios de emoções deixados por cada pessoa que passava, e à noite nós podíamos sair por conta própria e conhecer as ruas cheias de vida noturna, mas é claro que devíamos voltar antes das 22:30 para o hotel. O último lugar que ficamos foi no Olympic Center, que no começo achei muito chato pois saímos de um hotel lindo e luxuoso e fomos para quartos sem banheiro e banhos comunitários, mas depois do terceiro dia percebi que estava sendo incrível cada dia que passava lá. Lá tivemos chance de conhecer melhor todo mundo, não só do grupo mas também as outras pessoas que dormiam lá no Olympic Center. Vimos uma verdadeira novela coreana ao vivo, conversamos com americanos muito legais e vimos como as japonesas no inverno não sabem o quanto é frio, pois elas insistem em colocar saias. A cada saída de ônibus para conhecer os lugares mais interessantes do Japão, ficávamos mais parecidos com uma família do que um grupo de turismo, tanto que viramos uma. #familiarawn


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OUTRO MUNDO

gostei muito. Mas tem que experimentar uma vez na vida.

Leo Koji Takahara (23anos) - São Paulo

Um dia meu dityan chegou na minha casa e perguntou se eu queria ir para o Japão, e obviamente, eu respondi que sim. Foi uma correria, ir atrás dos vistos, procurar roupas de frio no começo do verão. Mas no fim deu tudo certo. Eu não sabia o que esperar do Japão. Não fazia ideia de como seria visitar um país de cultura tão diferente. Além disso, ir para um país que eu sabia somente o básico do básico da língua. Foi tudo uma grande novidade para mim. É um país completamente diferente, posso até dizer que é outro mundo. As cidades são lindas com muitas luzes, sem igual. As pessoas são muito diferentes, tanto no jeito de vestir quanto no jeito que elas se dirigem a outras de forma tão educada e respeitosa. Eu fui muito bem recebido ma casa do primo do meu pai em Kumamoto. Lá conheci vários lugares, praticamente saíamos todos os dias. Castelo de Kumamoto, Amakusa, Kikuchi, Beppu, o parque Suizenji e vários santuários. Conheci as irmãs do meu dityan, os sobrinhos da parte da família da minha batyan. Além dos parentes, eu revi um amigo da família que veio uma vez para o Brasil, mas eu era ainda muito pequeno. Foi bem legal revê-lo, pois eu lembro que ele brincava comigo quando estava aqui e foi uma surpresa reencontrálo cerca de 17 anos depois. Além dos lugares diferentes, eu pude experimentar várias comidas diferentes. Eu gostei praticamente de todos os pratos que comi. Experimentei até sashimi de carne de cavalo (Basashi) que é típico de Kumamoto. Esse último, não vou negar que era meio estranho e não

Depois de ficar em Kumamoto, todos do grupo se reencontraram em Hiroshima, e para chegar até lá fui de shinkansen, o famoso trembala. É de fato muito rápido e pontual. No ticket estava marcado que o trem saia às 14:29, e de fato saiu exatamente nesse horário. O trem é muito confortável e nem se compara às poltronas do avião. Na viagem nem se percebe que o trem está a mais de 200 km/h. E em Hiroshima o trem chegou exatamente às 16:16. Em Hiroshima, fiquei muito chocado depois que sai do museu da Paz. É difícil imaginar o que a bomba causou, mas depois de ver a exposição eu pude ter um pouco de noção do tamanho da destruição. Outra cidade que visitamos foi Kobe, em especial a CBK. Acho que esse foi um dos dias mais emocionantes para mim. Lá encontrei a tia da minha mãe, minha tia-avó, que nunca tinha visto antes. Quando ela viu quem eu era, me abraçou diretamente. Acho que para ela, foi como se tivesse abraçando a minha mãe. A última vez que a minha tia-avó viu a minha mãe, minha mãe era um bebezinho. E o último contato entre elas foi quando a minha tia-avó carregou a minha mãe no colo até o porto de onde o navio partiria com destino para o Brasil. Nesse dia eu queria tanto que a minha mãe estivesse comigo, ou no meu lugar mesmo só para ela poder conhecer a tia dela. Das cidades que visitamos (Hiroshima, Osaka, Quioto, Tóquio), não sei o porquê, mas fiquei encantado com Quioto. Lá visitamos o Kinkakuji e o Kiyomizudera que são dois lugares únicos. Mas o que me deixou mais encantado foi uma escadaria na estação que leva do primeiro ao décimo primeiro andar, toda iluminada, e que projetava desenhos sobre ela. Lindo demais. E 249


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o hotel que ficamos lá era muito bom. Em Tóquio visitamos vários outros lugares. Mas o dia de visitar o príncipe foi o mais marcante. Fiquei muito nervoso nesse dia mesmo fazendo um ensaio na noite anterior. Afinal de contas, trata-se de uma autoridade e existe um protocolo que deve ser seguido. Eu estava com um pouco de tosse, e me segurei e suei frio para não ficar fazendo barulho. Graças a Deus serviram suco para gente e eu pude aliviar a garganta. Mesmo com todo esse rigor, a impressão que eu tive sobre o príncipe é que ele é uma pessoa muito simpática. Ele me perguntou sobre os meus estudos e se eu estava gostando. Finalmente, acho que esse é um ponto que fez uma grande diferença nessa viagem. Acho que não podia existir grupo melhor para fazer essa viagem. O grupo era pequeno, e como foi dito, isso só favoreceu para ficarmos mais unidos. Demos muitas risadas, praticamente andávamos sempre juntos mesmo nos tempos livres. E escrevendo esse "relatório" só me faz relembrar esses bons tempos que passamos e me deixa um monte de saudades de cada dia. É um grupo/família que eu quero levar comigo para sempre.

A VIAGEM AO JAPÃO

to bem recebida, eles me levaram para ver o Fuji-san, uma obra da natureza. Depois da estadia na casa de parentes, fui para Nagano na casa de amigos, onde eu vi muita neve, e pude sentir aquele frio intenso que minha família tanto falava. E fui para Mie visitar minha amiga. Dia 7 de janeiro, fui para Hiroshima, onde o grupo iria se encontrar. Já com o grupo, fui conhecendo melhor cada um. Os lugares que marcaram foram: Hiroshima, mesmo depois da bomba, Hiroshima conseguiu se reerguer novamente muito rápido, isso me impressionou muito; Osaka-jô, a beleza arquitetônica; templo Kiyomizu, onde na sua estrutura não foi usado um único prego; Kobe, fomos andando da CBK até o porto,por onde os japoneses embarcaram em navios para ir ao exterior. Dia 15 de janeiro, foi o dia mais importante da viagem, fomos visitar o príncipe do Japão, tive a honra de ler uma carta para o príncipe, representando os sanseis do grupo. Essa viagem foi uma oportunidade única, por isso quero agradecer primeiramente a Deus, a minha família, aos meus novos amigos que viajaram junto e que fizeram a viagem ficar mais divertida e inesquecível, e aos organizadores da excursão ao Japão. Muito obrigada!

Luciana Kanno (15 anos) de Piedade/SP

No dia 27 de dezembro de 2014, começou a tão esperada viagem ao Japão. Todos do grupo estavam muito ansiosos.

VIVENDO UMA REALIDADE QUE PARECIA UM SONHO Maisa Ogasawara (17anos) - Mogi das Cruzes/SP

A chegada ao Japão parecia um sonho, não parecia real, demorou para cair a ficha, "eu estou no Japão!". Eu estava tão feliz que na primeira noite não consegui dormir direito. Na manhã seguinte o grupo se separou. Eu fui para Kanagawa, na casa de parentes, onde fui mui250

Confesso que viajar ao Japão não estava em meus maiores planos. Quando fiquei sabendo da oportunidade de conhecer o outro lado do mundo, pensei como a chance de conhecer minha origem, o país onde meus antepassados


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nasceram. Em primeiro lugar, amei visitar meus parentes. Fui à casa da minha tia, que é brasileira, e pude reencontrar minhas primas e meu tio que não via há algum tempo. Foi lá que vi neve pela primeira vez. Fomos para Gifu-ken passar a virada do ano e era lindo ver os floquinhos de neve caindo. Pude fazer boneco de neve, guerrinha, subir em uma montanha e apreciar aquela paisagem linda que só tinha visto em filmes. Por mais que estivesse com a temperatura mais baixa que eu já tinha passado, a alegria de estar ali era muito maior, que me aquecia com tanta felicidade. Conheci muita gente, brasileiros que moram no Japão há anos e morrem de saudades do Brasil. Durante a minha estadia na casa da minha tia, fui muito para o shopping aproveitar as promoções de começo de ano e também conheci os famosos banhos publicos, coisa que não veremos aqui no Brasil. Amei ter tido a chance de conhecer melhor minha tia, já que devido à distância, não temos tanto contato. Espero muito que a minha família venha para o Brasil, pois eu irei recepcioná-los assim como eles me receberam de casa e coração abertos. Uma semana depois de chegar ao Japão, me reencontrei com o grupo e visitamos vários lugares que me fizeram ter uma visão diferente daquela que eu tinha antes. Nosso primeiro destino foi Hiroshima. A cidade que, há 70 anos, foi devastada por uma bomba atômica. Já tinha ouvido falar da história, sabia que tinha sido horrível. Mas estar no local, é totalmente diferente. Senti uma parte da dor das vitimas, se é que isso é calculável. Centenas e milhares de pessoas sendo destruídas em um único segundo, dá pra imaginar? Em um único dia, um dia comum, minutos depois, ela simplesmente não existir mais, estar tudo destruído. Mas o mais impressionante é ver como tudo isso mudou em tão pouco tempo. 70 anos é uma vida

ok, mas e o nosso país que com 515 anos não chega aos pés do que o Japão é hoje. E por causa dessa visita, vi o quanto precisamos lutar por aquilo que queremos, basta ter a força que os japoneses têm. Outros locais, que me fizeram refletir bastante sobre a nossa história, foram os museus sobre a imigração. Meus avós maternos vieram para o Brasil em 1955. Juntaram suas economias e passaram mais de 30 dias em um navio sem poder voltar atrás. Minha avó veio com a família quando ela tinha 20 anos e meu avô sozinho, com 21 anos. Eles se conheceram no navio e pouco depois de chegar ao Brasil, se casaram. Minha família passou por várias dificuldades, não foi nada fácil largar tudo em um país que tinha acabado de perder uma guerra, para construir uma nova vida em um país com o clima, cultura, alimentação, idioma, tudo diferente. Mas eles e muitos outros japoneses tiveram a coragem de atravessar o oceano e encarar todas as barreiras. No museu, pude ver o quanto eles lutaram para conseguir cada centavo suado. Pensar que meus avós passaram por tudo aquilo e ver aonde eles chegaram hoje, é motivo de extremo orgulho. Hoje o maior desejo do meu vô é poder voltar ao Japão para visitar sua terra natal e eu espero com todo o meu coração que ele consiga realizar esse sonho. O Japão é um país que possui vários locais, cada um com sua história, e outra visita que me impressionou foram os castelos e templos que existem. É impressionante ver todas aquelas construções com milhares de anos de história, cada coisa com um significado diferente. O castelo de Osaka, por exemplo, mostrava toda a proteção contra ataques e lá dentro tinham maquetes que simulavam as construções antigas. Também em Osaka fomos a um aquário que parecia coisa de filme. Já tinha visto uma foto 251


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daquele aquário e pensava que era apenas ficticio, mas quando o vi pessoalmente, fiquei encantada. Era lindo ver todos aqueles animais nadando. Alguns pareciam até que estavam fazendo pose pra foto. Visitar o príncipe foi um privilégio. Sei que poucas pessoas têm acesso a ele e nós pudemos estar no palácio onde ele vive e ter a ilustre presença dele, o que nos fez sentir muito importante. Enquanto andávamos no trem-bala, vimos algumas vezes o Fuji-san e por mais que já tenhamos visto em fotos, vê-lo ao vivo é totalmente diferente. Mesmo o vendo algumas vezes, todas as vezes que ele passava ao nosso lado, era uma surpresa. Outro ponto que me impressionou foram as lojas, cidades, o movimento e as luzes. Os preços dos produtos eram muito mais baixos comparados ao Brasil, o que é maravilhoso para nós. As cidades grandes e ao mesmo tempo seguras, foi o que mais me impressionou. Nos sentimos à vontade andando de noite nas ruas, sem risco de sermos assaltados, o que não é possivel em cidades grandes (hoje em dia até nas pequenas) aqui no Brasil. O movimento em bairros como Harajuku e Shibuya era um absurdo! Ver as pessoas atravessando a rua ao mesmo tempo me fazia sentir em filme, era incrível a quantidade de gente. Cheguei até a ver em um vídeo um homem perguntando se tudo aquilo de gente não eram apenas figurantes. As luzes das lojas eram outra coisa que encantava meus olhos. Todas aquelas telas e luzes brilhando fazia a gente andar com o celular 24 horas filmando e tirando foto de tudo. Sobre os hotéis, todos muito confortáveis. Na primeira semana tivemos o luxo de ficar em hotéis com café da manhã pertinho, banheiro só para nós, cama sempre arrumada e toalhas 252

limpinhas em todos os banhos. Porque na segunda semana Olympic Center (sim, banho coletivo, você que arrumava a cama e tinha que esconder as comidas toda vez que ia sair). Pode parecer o fim da alegria na viagem, mas que nada, foi o que uniu mais o nosso grupo. Era tão divertido chegar correndo do kombini no Olympic Center antes das 10 da noite e ter que subir e descer aquelas escadas da estação (malhando no Japão), todos sentados no sofá pra comer nosso oniguiri e nosso bolinho com creme ouvindo música e rir das bobagens que os coreanos doidos faziam de noite. Correr pra ir comer (porque o refeitório era longe) ajudava a espantar um pouco o frio que a gente sentia logo depois de sair do quentinho (choque térmico). E rir por não saber usar a máquina de lavar e a secadora e perder várias moedas por isso, são memórias que ficarão guardadas para sempre. O mais divertido e mágico de todos, a Disneyland. Nunca tinha ido e foi uma realização de sonho conhecê-la. Admito que chorei de emoção ao ver aquela bandinha tocando logo na entrada. Aqueles japoneses fofinhos vestidos de soldados tocando corneta, bateria Era emocionante. Além disso, os brinquedos eram muito divertidos. Pena que passamos apenas um dia, pois não conseguimos curtir tantos brinquedos. Ver os personagens andando pelo parque era lindo, me fazia sentir criança de novo. De noite ainda, pudemos assistir ao desfile dos personagens que nos renderam muitas fotos e vídeos. E como eu disse no começo do texto, o Japão não estava nos meus planos, não foi um sonho que se tornou realidade, mas o descrevo como uma realidade que parecia sonho. E hoje posso garantir está na minha lista dos maiores desejos. Quero voltar e poder estudar a língua e reviver os costumes, as tradições, a educação, limpeza, paciência, gentileza e segurança ja-


Cotia Seinen: 60 anos de União

ponesas.

e pela sua cultura só cresceu.

E para fechar com chave de ouro e totalmente essencial, sobre as pessoas que viajaram comigo. Foi um grupo, ou melhor, uma família que com toda certeza do mundo fizeram essa viagem se tornar perfeita. Não há palavra para descrevê-los, além de eternos. Enfrentamos a dificuldade com a comunicação, as gripes coletivas, as tentações de gastar todo nosso dinheiro, o medo de pegar o trem errado em Tóquio, nos perder na loja, aturar o banho coletivo no Olympic Center, andar (correr) no ritmo japonês Foi com eles que passei os momentos mais engraçados que eu jamais vou esquecer. Foram meus médicos quando eu adoeci, meus ombros quando senti saudade, meus bancos quando esquecia o dinheiro, meus tradutores, fotógrafos, meus irmãos E só tenho a agradecê-los por terem feito essa viagem perfeita.

Eu sempre procurei pesquisar mais e aprofundar mais os meus conhecimentos sobre o país com as ferramentas que eu tinha disponível aqui no Brasil. E por isso, eu já tinha uma ideia clara do que eu gostaria de fazer quando fosse pra lá e o que eu iria encontrar.

"Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo. Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade" - Walt Disney.

Apesar de ter pesquisado bastante sobre todos os lugares que iríamos passar na viagem e também sobre aqueles que eu queria visitar por conta, tenho que confessar que cada um deles não deixou de me surpreender. O Japão é realmente um lugar incrível! É de fato tudo aquilo que eu imaginava e ainda melhor pessoalmente. Nesta viagem eu tive a oportunidade de entrar em contato tanto com o Japão moderno durante a minha estadia em Tóquio, Osaka, quanto com o Japão mais tradicional quando fui a Quioto, Kamakura e Enoshima. Fiquei muito admirada com a educação e simpatia com as quais eu era tratada em qualquer lugar que eu fosse.

VIAGEM AO JAPÃO - 2014/2015 Victória Silveira Novaes (19 anos) - Paulínia/SP

Meu nome é Victória, tenho 19 anos e apesar de não ser descendente e também de não ter nenhum parente japonês, eu gostaria de deixar registrado aqui como é possível para alguém nas mesmas condições que eu viajar para o Japão com o grupo de estagiários intercambistas do Cotia Seinen. Desde pequena o meu maior sonho era um dia poder viajar para o Japão. Eu não sei ao certo de onde esse sonho surgiu, mas com o passar dos anos o meu interesse e admiração pelo país

O idioma certamente não foi um obstáculo. Mesmo eu falando poucas palavras e não entendendo quase nada de japonês, as pessoas se mostravam sempre muito prestativas em ajudar e tentar me entender. Saber inglês realmente facilitou muita coisa porque em vários lugares as placas estão escritas em inglês e em grandes lojas ou lugares turísticos a maioria dos atendentes conseguia conversar em inglês. Também não pude deixar de notar e de elogiar para os meus conhecidos quando voltei, como todos os lugares são limpos e organizados. É difícil escolher o meu roteiro preferido dessa 253


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viagem, pois cada lugar que eu visitei é único e especial. Mas talvez o lugar que mais tenha me marcado nessa viagem foi quando eu e meus colegas de viagem pudemos ir visitar Shibuya nas noites que tínhamos livres. Shibuya era um dos lugares que eu gostaria de visitar no Japão e que não estava no roteiro, por isso eu fiquei muito feliz quando soube que teríamos algumas noites livres para visitar alguns bairros perto do nosso alojamento. Shibuya é realmente incrível! Tão movimentada e cheia de lojas! E, na minha opinião, à noite a paisagem se torna ainda mais bonita porque as luzes dos prédios e comércios acendem e iluminam com diversas cores um dos cruzamentos mais movimentados e famosos do mundo , o Shibuya Crossing. Tirei várias fotos para guardar de recordação. Não posso deixar de mencionar também os maravilhosos templos que visitamos em Quioto, o magnífico castelo de Osaka e a visita ao príncipe. Foi realmente uma honra ter a oportunidade de visitar esses lugares. Eu não consigo descrever em palavras toda a alegria que eu senti em poder ter participado desta viagem. Eu fico ainda mais feliz em ter conhecido e feito bons amigos durante esse tempo. Eu gostaria de agradecer imensamente as pessoas que tornaram este sonho uma realidade: Agradeço a minha amiga Diana Miki por dividir os mesmos gostos e sonhos que os meus, e por ter me convidado para fazer parte desta viagem maravilhosa. Agradeço à família e amigos da minha amiga que me acolheram tanto aqui no Brasil quanto lá no Japão com tanta hospitalidade e carinho. Agradeço ao Cotia Seinen, à agência de turismo Alfainter e principalmente à senhora Shaku254

da por todo o trabalho duro durante esta viagem. E por último e mais importante agradeço aos meus pais por terem tornado o meu maior sonho possível.


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Capítulo 4 PARTICIPAÇÃO E COOPERAÇÃO Campeonato de Sumô em Santo Amaro com os vencedores de Casa Grande, Issui Takahashi e Masahiro Seo. Julho de 1958.

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Cooperação para o bem de todos MOVIMENTO PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL E O DEPARTAMENTO DE JOVENS

Hachiro Nagayama (Vice-presidente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai)

Receber essa oportunidade de participar dessa atividade significativa como membro de comissão do livro comemorativo dos 40 anos é um grande prestígio e uma honra para mim. Agradeço por isso. Na ocasião da visita a vários locais para coleta de materiais, recebi a atenção e o atendimento especial do Cotia Seinen e seus familiares, os quais agradeço imensamente. Nesse livro comemorativo mudamos um pouco o teor em relação aos anteriores. Em primeiro lugar, entre os nossos companheiros há muitas pessoas que imigraram para esse país com grande sonho e esperança, mas que infelizmente, no meio da jornada, tiveram um fim triste como suicídio, doenças e acidentes, de modo que estamos abordando esse assunto também. Além disso, adotamos a diretriz básica de captar como os Cotia Seinen viveram nesses 40 anos, em especial, nesses últimos 10 anos que foram agitados. Mencionarei duas ou três coisas que senti ao visitar vários locais: (1) Há quatro ou cinco anos, havia aqui e acolá grandes devedores. Eu também era um deles. Mas desta vez não ouvi nenhuma conversa sobre dívida. Creio que seja a "maravilhosa herança" da Era Sarney, de alta taxa de juros. (2) Problema de falência da Cooperativa Agrícola de Cotia. Onde estava a causa? Havia diversos alvos nas discussões como o Governo do Brasil, a diretoria e os associados. Senti que 256

havia muitas vozes que diziam: "Não, foi bom ter falido." Mas, quantas pessoas poderiam prever com antecedência uma situação como essa? Alguém disse: "A falência da Cotia foi como um grande elefante tombando morto. Vim por 30 anos acreditando na Cotia, de modo que acho realmente lamentável. Por isso, creio que não deve se desperdiçar as lições dessa falência e utilizá-las nas atividades futuras e na administração de organizações. O câncer, que é a mais terrível das doenças, se for no início, na maioria das vezes é curável. Mas, se o diagnóstico for tardio, não se cura. É preciso fazer exame médico sempre para ver se está com câncer ou não. No caso da Cooperativa Agrícola de Cotia, parece que houve negligência, esquecendo-se de fazer exame. Antigamente, o mestre religioso Nichiren expressou da seguinte maneira a sua forma de pensar: o leão, o rei dos animais, tem a mesma postura para apanhar um filhote de formiga ou um animal enorme. Essa postura é "zensangoichi" (dar três passos para frente e um passo para trás) e significa que tanto para os grandes problemas como para os pequenos, deve sempre se tratar com seriedade. Creio que a falência da Cooperativa Agrícola de Cotia não aconteceu por falta de habilidade administrativa por dois ou três anos, mas a raiz devia ser bem mais profunda. (3) Preocupação dos Cotia Seinen. Casamento dos filhos com brasileiros. Ouvi sobre esse problema aqui e acolá. Sobre casos mal sucedidos e bem sucedidos. Diziam que não permitiria casamento com brasileiros de forma alguma ou, quem era radical, cortaria os laços familiares, mas enquanto exis-


Cotia Seinen: 60 anos de União

tir isseis esse problema deve persistir. O jornalista T, que me acompanhou nas viagens de coleta de informações, quando ficava bêbado dizia: "Os Cotia Seinen são maravilhosos. Onde quer que seja, têm um forte companheirismo como se fossem irmãos. E, aqueles quatro anos como funcionário vêm à tona." Ao ouvir isso, sinto que foi bom ter sido um Cotia Seinen. Os Cotia Seinen estão ficando idosos, em idade madura, com base formada e estão passando os negócios para os filhos. Muitos estão pensando em como passar a vida de agora em diante. Todos devem reconhecer que o Brasil nos respeitou, deu os direitos como cidadão e nos criou, mesmo sendo imigrantes que nem sabiam a letra "p" da língua portuguesa. Minha filha disse-me uma vez: "Papai, obrigada por ter imigrado para o Brasil. Ainda bem que nasci nesse país." Nesse momento, tive a certeza de que meu caminho estava correto. Então, a minha preocupação é como tornar este local ainda melhor e penso que devemos melhorar o nosso meio-ambiente. Nesse país, São Paulo ainda é razoável, mas no Norte, a área urbana é realmente suja. Lembro que o assunto foi abordado como um grande problema a nível municipal, estadual e federal no Encontro Internacional realizado na época do presidente Collor, em que os políticos do mundo se reuniram no Rio de Janeiro para essa conferência. Em qualquer país, parece que a dor de cabeça dos prefeitos está no processamento do lixo. Particularmente no Brasil, isso é terrível. A respeito disso, vamos trabalhar junto à comunidade com um movimento centralizado na Kyoguikai para que cada pessoa seja mais cooperativa. Gostaria de tornar isso a "placa principal" do movimento para a

Família Nagayama em visita ao Japão

preservação do meio ambiente. Um palito de fósforo pode iluminar todo o mundo e toda a humanidade, mas também pode destruir o mundo. Eu acredito nesse movimento de base, para elaborar um grande plano para 10 anos, 20 anos, ou até de 50 anos, buscando a colaboração de uma pessoa para outra, de amigos, da associação, para transformar a política do bairro, da cidade e do país. Dizem que falar é fácil, mas colocar em prática é difícil. Acredito que é possível se tiver união, colaboração e caráter. Aqui, mencionarei um pouco sobre a formação do seinenbu (departamento de jovens) da Renraku Kyoguikai. Desde a criação do seinenbu pelos nossos descendentes de segunda geração, em 1994, até agosto de 1995, foram realizadas quatro reuniões, e tivemos também a colaboração deles na Cerimônia Comemorativa dos 40 Anos em setembro. Passei a entender o sentimento deles. Sinto fortemente que a missão da Kyoguikai é proporcionar a essas crianças francas um local para educar, para atuar no "palco" chamado Brasil.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Estou pensando em pedir para o seinenbu realizar o trabalho do movimento de base para a preservação do meio ambiente. No entanto, o Brasil é amplo e como eles estão espalhados, sem a colaboração de todos não podemos coordená-los. Vamos construir o seinenbu atraente sem precipitação e sem diminuir os esforços. Amigos, vamos nos esforçar cada vez mais indo ao encontro do grande sonho e da esperança. Por fim, muito obrigado pela orientação e colaboração de muitas pessoas para a publicação do livro comemorativo dos 40 anos. Creio que há pontos insatisfatórios no conteúdo desse livro comemorativo, mas por favor nos perdoem. Livro: Comemorativo dos 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.173~174

COTIA SEINEN E ADESC Miwako Yoshiizumi - Presidente da ADESC- Associação Cultural dos Departamentos de Senhoras Cooperativistas

No dia 13 de setembro de 1995, após a dissolução da Cooperativa Agrícola de Cotia, finalmente realizamos a Assembleia Geral para fundação da Associação Cultural dos Departamentos de Senhoras Cooperativistas reunindo 288 in-

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teressadas. O nome Em japonês: Noukyou Fujinbu Rengoukai Em português: Associação Cultural dos Departamentos de Senhoras Cooperativistas (ADESC) Foi um início de alegria e alívio para todas junto com uma grande preocupação. Iniciamos, sem capital e tateando, centralizada na orientadora do tempo da Cooperativa, Marina Suhara, com 18 filiais, ao norte da Bahia a Minas Gerais e São Paulo abrangendo uma ampla área. Demos a partida com o escritório instalado dentro da CEAGESP. Este ano (2006), estamos no 11º ano da ADESC, mas a disposição de cada uma das integrantes mudou. Estamos orgulhosas do sucesso do processamento de produtos agrícolas e sua comercialização que com o apoio da JATAK. No processamento atendendo sempre às exigências dos clientes, estamos pesquisando, mas na comercialização nem sempre nos saímos bem. Conseguir confeccionar um produto depois de muitas tentativas, que possa ser adquirido pelo cliente é uma alegria que talvez não seja compreendida se não for da ADESC, ou melhor, membro da feira.


Cotia Seinen: 60 anos de União

Nos últimos anos, vem aumentando o número de consumidores que buscam a comida natural segura, e além do dia da feira, recebemos frequentemente pedidos especiais. Ultimamente, estamos sendo pressionadas a concretizar a instalação de um posto permanente de venda. Os conteúdos das atividades têm se ampliado, como o acolhimento do grupo de pesquisadores ligados às cooperativas agrícolas do Japão, a ajuda ao "Concurso de Desenho de Crianças do Mundo" promovido pela Ie no Hikari, o envio de estagiário da JICA e também da JATAK, o intercâmbio com senhoras do Paraguai, etc. A maioria das integrantes da ADESC é de esposas descendentes de japoneses da segunda geração ou mesmo não descendentes que casaram-se com Cotia Seinen. Mas também estão misturadas noivas imigrantes do Cotia Seinen e as que imigraram junto com o marido. Só de dizer que são imigrantes do Cotia Seinen, mesmo que se seja a primeira vez que se encontram, a conversa rende e há um sentimento de

afeição, como se fossem pessoas que se encontram sempre. Para que uma mulher da comunidade agrícola possa atuar, é muito importante a colaboração e a compreensão dos familiares. Ao reunirmos, às vezes enfatizamos esse ponto e consideramos que é algo que não podemos esquecer e valorizamos muito. Graças a Deus, o círculo de atividades se ampliou e, além das da ADESC, aumentaram as participações em grandes eventos como o Festival do Japão promovido pela Kenren, Expo Aflord de Arujá, Festival da Cerejeira do Kokushikan, etc. Mesmo que por vezes tenha que enfrentar problemas e dificuldades, a ADESC ainda está atuando vigorosamente. Por fim, nossos sinceros parabéns pelos 50 Anos do Cotia Seinen. Todas da ADESC congratulam do fundo do coração. (Esposa do falecido Shuzo Yoshiizumi, da 1ª leva da 1ª fase, da Província de Yamagata) Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.92~93

Visita itinerante ao Cotia Seinen no interior

Shizuka Niidome

Desde que, em setembro de 1955, desembarcaram em Santos 109 pessoas da 1ª leva do Cotia Seinen, em 13 anos no total de 2508 pessoas fincaram suas raízes no solo brasileiro, atuando em todo o país e contribuindo em diversos setores, a começar pela agricultura. Na ocasião dos 50 anos, para compartilhar com os companheiros espalhados em todo o país as dificuldades e as alegrias de meio século,

para conferir mutuamente a saúde e para animar as atividades comemorativas, a Renraku Kyoguikai planejou uma visita itinerante aos companheiros do interior. O responsável pela execução do plano, o diretor de relações públicas Hiroyuki Bando (de Tokushima, 1ª leva da segunda fase) escolheu Brasília como o primeiro local a ser visitado. O Relatório da OISCA, Tadashi Watanabe, acompanhou a delegação escreveu o texto a seguir, que foi publicado no Nikkey Shimbun. 259


Cotia Seinen: 60 anos de União

BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL No dia 27 de novembro de 2004, os Cotia Seinens de Brasília se reuniram na sede de Associação de Cultura Japonesa de Vargem Bonita do Distrito Federal e 16 pessoas de São Paulo realizaram um reencontro emocionante com cerca de 30 Cotia Seinen do Distrito Federal. Em Brasília, atualmente, estão em boa forma 29 Cotia Seinen e 3 viúvas de Cotia Seinen no total de 32 pessoas. Segundo a conversa de Hitoshi Sato (de Shizuoka, 13ª leva da segunda fase), o Presidente da República, Kubitschek, que planejou a mudança da Capital, considerando que "o solo é ruim, mas os japoneses podem desenvolver" solicitou à Cooperativa Agrícola de Cotia emigração de japoneses para a nova Capital, e foi realizado o assentamento dos Cotia Seinen. No início do assentamento, não havia instalação de irrigação e sofreram com a longa estiagem e o prejuízo com a geada. Atualmente não há qualquer vestígio da época em que foi chamada de "ilha isolada do continente", com o desenvolvimento da cidade emergente, a infraestrutura foi instalada e junto com isso os colonizadores aumentaram a produção e contribuem bastante como abastecedor de alimentos da região metropolitana, e quase todos os Cotia Seinen estão levando uma vida estável. Shigetaka Araki (de Mie, 72 anos na época) da 1ª leva da primeira fase, é muito conhecido entre os companheiros como pessoa que se destaca na música e, ligado aos 50 anos, compôs uma música nova em comemoração: "Cotia Seinen Tsurukame Ondo" (Música de Grou e Tartaruga de Cotia Seinen). "Tsurukame Ondo" é constituído por cinco partes: "Doryoku (esforço)", "Sachi (boa sorte)", "Nakama (companheiro)", "Kansha (gratidão)" e "Matsuri (Festival)". Como humildemente diz que não aprendeu especialmente a escrever versos ou a música, pode ter nascido com esse dom. Compôs inúmeras músicas como "Brasília Ondo". Como ele disse 260

que gostaria de cantar junto com todos na cerimônia de comemoração, isso foi realizado. Araki, depois de passar quatro anos de trabalho contratual em Atibaia, no Estado de São Paulo, em 1959, como precursor do Cotia Seinen já tinha se transferido para Brasília. Lidou com o cultivo de verduras e frutas e chegou aos dias de hoje. É um dos "japoneses pioneiros" no fornecimento de alimentos na área metropolitana de Brasília. A filha mais velha atua como diplomata na Embaixada do Brasil em Tóquio. Com a condução de Mitsuo Sakai (de Niigata), da 3ª leva da primeira fase, visitamos a fazenda da sra. Kazue Yamane, que estava lidando com o cultivo de café, soja e milho e criação de gado leiteiro em 160 hectares no distrito de Rio Preto. A sra. Kazue havia perdido o marido Isamu Yamane (de Shimane, 7ª leva da primeira fase) em 1987. Na época, a "mamãe coragem" que estava com o filho mais velho de 15 anos e três filhas, aguentou firme para superar as dificuldades e construiu a base da vida. Passou a fazenda para o filho mais velho, com a vida estabilizada, com bom clima, bom ar e bom ambiente, está ansiosa com o nascimento de neto esperado para breve. Atualmente, quase todos os Cotia Seinens têm vida estável, com sucesso na produção de frutas como abacate, limão, ponkan, goiaba e hortaliças, como chuchu, alface, beterraba e pimentão.

ESTADO DO PARANÁ A segunda visita da delegação foi definida para a região Sul do Paraná. Com 15 participantes de São Paulo, o grupo visitou a região de Castro, no dia 1 de abril de 2005. REGIÃO DE CASTRO O Rio Iapó corre ao longo do município de Castro no Estado do Paraná e outrora mais de 100


Cotia Seinen: 60 anos de União

mil burros foram levados do Rio Grande do Sul para o Estado de Minas Gerais. A cidade de Castro surgiu como local de hospedagem há 300 anos, em 1704, e ainda hoje mostra a aparência da época. E nessa cidade Castro que Kimihiro Kagawa (de Tokushima, 16ª leva da primeira fase) se transferiu em 1959, e na época a população era de 10 mil habitantes. Atualmente, está com 70 mil. A cidade de Castro é primeira no país na produção de cal e a neutralização do solo está ajudando no fomento da agricultura. Atualmente, 80 famílias de agricultores descendentes de japoneses moram na cidade e não só os imigrantes japoneses que são dedicados à agricultura. Em Castro, há a "Castrolanda", colônia de imigrantes holandeses, que tem ruas com construções semelhantes às da Holanda. É onde surgiu a Cooperativa Agrícola "Batavo", famosa por laticínios. Na área central, há um enorme moinho de vento doado pela Holanda. No aspecto de estar criando firmemente os sucessores de agricultores é contrastante com a sociedade nipo-brasileira. Parece que levam vidas confortáveis em residências com quintais amplos. Quando Kagawa disse "algo a ser aprendido por nós" estava se referindo à formação segura de sucessores e à vida confortável. Em setembro de 1958, chegaram as primeiras oito famílias de colonizadores japoneses e plantaram batatas para produção da semente, no dia 8 de janeiro do ano seguinte. Falharam na produção de batatas sementes, mas tiveram sucesso na produção de batatas para consumo. Na atual região de Castro, a paisagem de outrora coberta por batata deu lugar a de soja e milho que dominam a planície. Como o solo e o clima são bons, a colheita da soja e do milho por área é maior do que a nacional, segundo as palavras cheias de orgulho de Kagawa. Seiichiro Koike (12ª leva da segunda fase, de

Gunma) e Kagawa nos apresentaram a fazenda que a viúva de Goro Takemasa (2ª leva da primeira fase, de Kochi), a nissei Sumiko e seu filho Jorge administram. Estão cultivando 1400 hectares, produtos como batata, soja, milho e feijão. Shuji, que também tem pai que foi Cotia Seinen (falecido Osamu Fukushima, de Toyama), ajuda o Jorge como encarregado das batatas. Na plantação bem cuidada de batata a perder de vista as flores roxas estavam florescendo. As batatas são cultivadas por contrato com a indústria de alimentos de origem norteamericana. A aparência do produto sugere a confiança da contratante. A Sumiko, que deve ter superado muitas dificuldades após a morte do marido, é uma "avó muito boa" que não deixa transparecer um mínimo de sofrimento. Nessa noite, foi realizada uma reunião informal no restaurante "Estação Grill" de Akito Hashiguchi (4ª leva da segunda fase, de Saga), que administra um supermercado e um restaurante no centro da cidade de Castro. Foi uma reunião bem sucedida em que participaram cerca de 50 pessoas. Koike, que foi o apresentador, disse no discurso de abertura que 27 dos companheiros que foram para Castro voltou para "terra" no percurso, mas as esposas que permaneceram estão se esforçando e criando sucessores. Os jovens sucessores participam dessa reunião junto com as mães, de modo que se tornou uma reunião de confraternização onde 20 senhoras participaram. Toshio Komori (de Toyama), da 1ª leva da primeira fase, daqui a pouco (2005) completará 70 anos e diz com vitalidade que conseguiu chegar até aqui sem saber o que é doença, e que gostaria de viver até os 80 anos. Katsutoshi Imagawa (21ª leva da segunda fase, de Saga) é caçoado pelos companheiros que dizem "Você é o caçula", mas ele fez todos darem gargalhada retrucando que está satisfeito 261


Cotia Seinen: 60 anos de União

com isso e está se se esforçando. Saburo Takano (11ª leva da primeira fase, de Niigata) que cultiva frutas como pera, caqui e ameixa, está despachando toda colheita de pera da variedade chinesa para o mercado de São Paulo. Está enviando de caminhão duas vezes por semana, mas estava reclamando que não estava tendo boa venda. Na verdade, é uma das frutas bem aceitas na cidade de São Paulo, principalmente no bairro da Liberdade. Ele é originário da cidade de Nagaoka, que sofreu grande prejuízo com o terremoto do final do ano passado (2004). Kunio Baba (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) que trabalha principalmente com caqui, negociou com a prefeitura municipal para oferecer fruta na merenda escolar há 6 anos, e hoje em dia a demanda tem aumentado. Caqui tem ajudado na prevenção de gripe das crianças no inverno de junho e julho. Haguie Miyoshi, que perdeu o marido (falecido Tokuo Miyoshi, de 2ª leva da primeira fase, de Hiroshima) tem o filho mais velho Hideki como sucessor, que está administrando e se esforçando admiravelmente. Visitamos a Fazenda Turística "Maruka", que é administrado por Masato Oda (6ª leva da segunda fase, de Okayama) e que fica na cidade de Balsa Nova a 50 km de Curitiba. "Maruka" é terra natal de Oda e era marca utilizada para despachar produtos agrícolas para Osaka. A fazenda iniciada unindo esforços com a esposa Tomoko, tem como característica a instalação simples que combina três em um: o cultivo de frutas, o processamento de produtos agrícolas e o restaurante. Estavam produzindo e vendendo aos poucos, sucos e vinhos caseiros, quando foi solicitado pelos visitantes que servissem refeições na fazenda e passou a fazer por sistema de reserva. Diz que até agora 70% dos visitantes da fazen262

da eram brasileiros não descendentes de japoneses, mas recentemente há uma tendência no aumento de visitantes descendentes de japoneses. O restaurante começou há 8 anos. De segunda a sexta servem somente o jantar e no final de semana aceitam encomenda de almoço e de jantar, mas aproveitando o ambiente tranquilo cercado pela natureza, o sonho de Oda é planejar festas na fazenda como a de aniversário, no futuro. Atualmente, há de vez em quando reserva para festa de pequeno porte. A comida é quase toda feita pela sra. Tomoko, mas recentemente a filha Mitsue está se tornando o núcleo da cozinha, sendo um apoio muito forte para os pais. Kiyomizu Tanigawa (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Hideaki Yoshioka (28ª leva da segunda fase, de Osaka), Nobutaka Tokudome (10ª leva da segunda fase, de Kagoshima), e Senji Ito (13ª leva da primeira fase, de Hokkaido), que participaram do almoço de confraternização foram unânimes em elogiar o Oda, que antes de chegar aqui plantava batata em Castro. Shiro Uchino (de Nagasaki, 6ª leva da primeira fase) tem a maior granja do Estado do Paraná, em Araucária, nos arredores de Curitiba, com o nome de "Granja SHISA", criando regularmente 300 mil aves e empregando cerca de 80 funcionários. SHI de "SHISA" vem de Shiro e SA, a primeira letra do nome do sócio. Atualmente, detém todas as ações, mas em consideração ao ex-sócio, mantém o nome "SHISA". Logo depois da imigração para o Brasil, dedicou por três anos e meio ao cultivo da uva em Vargem Grande, no Estado de São Paulo. Depois, passou um ano e meio na cidade de Joinville, Estado de Santa Catarina e, em 1962, mudou-se para o atual local. Na época era solteiro, mas depois de algum tempo casou-se com uma moça nissei nascida em Curitiba. No início, sem capital, estava só com roupa do corpo, mas com a condição de não receber heran-


Cotia Seinen: 60 anos de União

ça, recebeu ajuda para o capital inicial e iniciou a avicultura. Como não tinha conhecimento e nem experiência, estudou lendo livros. Ele cita dois motivos principais de ter se iniciado na agricultura: não precisava de palavras com as galinhas e, mesmo com pouco capital inicial, poderia expandir até o nível industrial. Na época, havia criadeira de pintos da Cooperativa Agrícola de Cotia na proximidade e assim adquiriu pintos dessa criadeira. No início da década de 1960, adquiriu o terreno de 25 alqueires (cerca de 60 hectares) no meio da mata da região de Araucária, mas como não passava cabo de energia elétrica por perto, puxou a eletricidade com capital próprio. No entanto, essa região agora foi apontado como distrito da cidade e parece que nem mesmo o povo indígena tem paz. Ele compra a ração mas o detalhe é que a mistura é feita a seu modo. O galinheiro tem piso alto e o excremento é recolhido frequentemente nos caminhões. Debaixo do galinheiro estão inúmeras galinhas de Angola, que comem os vermes das moscas, de modo que há pouco mau cheiro no galinheiro. Além disso, ao redor do galinheiro há inúmeros carneiros que comem ervas daninhas. O excremento recolhido é transformado em adubo orgânico e vendido. É um sistema de avicultura integrada à natureza. Está sendo gerenciado para manter o índice de postura de ovos de 83~85% e, quando fica abaixo disso, é vendido para abate de frango. Os ovos são vendidos no mercado de Curitiba com a população da Capital, de 2 milhões de pessoas, e a demanda é suficiente. É o retrato do Cotia Seinen, que comprovou que é possível pular para dentro de uma nova área sozinho, sem companheiros, e levando 40 anos, se tornar o avicultor de primeira qualidade do Estado do Paraná, e mesmo com pouco capital inicial, se erguer ao nível de uma grande empresa. Até che-

gar aqui, o apoio da esposa foi também grande, Mesmo com 73 anos, não mostra nem um pouco o declínio na paixão pelo trabalho. Talvez a fonte disso esteja na resistência que está no eterno jovem. REGIÃO DE CURITIBA Makoto Nakaba (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima) administra um restaurante de comida japonesa "Restaurante NAKABA", em Curitiba, que tem 2 milhões de habitantes. No início, ele administrava uma floricultura na periferia e, ao lidar com teppan yaki, inesperadamente teve boa aceitação, e resolveu há 20 anos abrir o restaurante no centro da cidade. Até 10 anos atrás, sushi e sashimi não eram apreciados por pessoas da região. Parece que era diferente de São Paulo. Aos poucos, a preferência da clientela está transferindo de teppan yaki para sushi e sashimi e hoje em dia a culinária japonesa tradicional é apreciada também por clientes não descendentes de japoneses. O genro (nissei) é o chefe da cozinha. Está prosperando com um preço justo e sabor delicioso. Oferece almoço e jantar seis dias por semana e tem 50 funcionários se revesando em turnos de dia e de noite. Na instalação de karaokê no anexo, foi realizada a reunião informal de companheiros da região de Curitiba em que participaram cerca de 35 pessoas. Masato Oda, que administra fazenda turística na cidade de Balsa Nova, Shiro Uchino da granja de Araucária também participaram acompanhados pelas respectivas esposas. E ainda, Hideo Ueki (13ª leva da segunda fase, de Tochigi), que cultiva pera chinesa demonstrou sua autoconfiança dizendo que sua pera era da melhor qualidade e não despachava para São Paulo, porque havia demanda suficiente em Curitiba. Foi possível provar a pera e constatar a boa textura à mordida e o bom sabor. No último dia da visita itinerante à região Sul 263


Cotia Seinen: 60 anos de União

do Paraná, no dia 3 de abril, a delegação visitou o Jardim Botânico, Ópera House, oásis dos cidadãos, e o Jardim Japonês, dentro da cidade, tendo como guia Chiku Nakamura (originário da Província de Hyogo). Nakamura imigrou para o Brasil em 1970 depois de se formar na Faculdade de Agricultura da Universidade da Província de Osaka. Pudemos entender pela explicação dele porque serviu de guia ao grupo, mesmo num feriado, concedendo um tempo valioso. "Assim que imigrei, recebi muita ajuda de Makoto Nakaba. O que eu sou hoje é graças a ele. É a maior autoridade no serviço administrativo trabalhando seguidamente por 12 anos como Secretário do Meio Ambiente da Cidade de Curitiba e Secretário do Meio Ambiente do Estado do Paraná. Ele fez com que a cidade fosse conhecida no mundo como capital da proteção ambiental. Ficou esclarecido pela primeira vez, que um dos Cotia Seinens apoiou essa personalidade. O gentil Nakaba, discreto, não comenta sobre isso. Nakamura, que agora se aposentou do serviço público, leva uma vida ocupada como coordenador da Universidade Popular de Meio Ambiente.

les. Por ser época como essa que os Cotia Seinens, que completam os 50 anos de imigração, têm espaço para chamar atenção para o "mottainai". Nesse sentido, as instalações como antiga pedreira e a estação de tratamento de lixo, que o sr. Nakamura nos apresentou, foi um grande ensinamento para a comitiva, que prontamente levou de volta para o ônibus a comida que restou do restaurante de Curitiba, por ser "mottainai". O ônibus que correu a noite inteira estava previsto para chegar na Praça da Liberdade, em São Paulo, às 6 horas da manhã do dia 4 de abril. Por causa da chuva torrencial, teve que parar por cerca de seis horas por congestionamento de ônibus e caminhões de mais de 20 km na rodovia. Essa parada era absolutamente imprevisível, mas o resto de comida que foi levado para o ônibus, por ser "mottainai", ajudou a matar a fome da comitiva. É um pequeno exemplo de que não foi em vão o "mottainai". Cotia Seinens residentes no Sul do Paraná - Toshio Komori (1ª leva primeira fase, de Toyama), Curitiba - Michio Izawa (1ª leva da primeira fase, de Tokushima), Araucária - Mutsuo Honda (1ª leva primeira fase, de Oita), Curitiba

Essa universidade é uma ONG (organização não governamental) e os alunos são variados como estudantes, munícipes, funcionários públicos, educadores, donas de casa, etc. A conscientização do problema ambiental de cada um dos munícipes, que apoia a "cidade limpa" pode ser sentida por qualquer pessoa que visita a cidade de Curitiba. Não é exagero dizer que esse fato é o orgulho da comunidade nipo-brasileira. A esposa Nobumi nasceu em Marília. Dizem que o Ópera de Arame, que nos foi apresentado, foi construído na antiga pedreira. O local de lazer dos munícipes era a antiga estação de tratamento de lixo. A reutilização, não só de coisas mas também de locais, é a origem da consciência de "mottanai" (não desperdiçar). Pode se dizer que no Brasil também chegou a época de saturação de objetos nas metrópo264

- Takanori Okawa (3ª leva primeira fase de Chiba), Curitiba - Kenro Nakatani (4ª leva da primeira fase, Yamaguchi), Morretes - Shiro Uchino (6ª leva primeira fase, de Nagasaki), Curitiba - Muneo Morikami (7ª leva da primeira fase, de Tokushima), Curitiba - Chitoshi Matsugano (8ª leva da primeira fase, de Kagoshima), Curitiba - Kiyomizu Tanigawa (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Araucária - Yoshiyuki Higuchi (10ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Paranaguá - Toshio Umeda (11ª leva da primeira fase, de Hokkaido), Curitiba - Saburo Takano (11ª leva da primeira fase, de Niigata) - Masaki Suzuki (11ª leva da primeira fase, de Yamagata), Araucária - Mitsugu Takei (12ª leva da primeira fase, de Hokkaido),


Cotia Seinen: 60 anos de União Curitiba - Seiji Ito (13ª leva da primeira fase, de Hokkaido)

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

- Yoshiaki Yanaguida (13ª leva da primeira fase, de Miya-

A 3ª Delegação de Visita Itinerante de Amizade (28 participantes de São Paulo) visitou Rio de Janeiro e Minas Gerais entre os dias 1 a 4 de julho.

zaki), Curitiba - Tadasuke Oono (14ª leva da primeira fase, de Yamaguchi), Araucária - Nobuaki Tago (15ª leva primeira fase, de Gunma), Curitiba - Takenobu Kaido (15ª leva da primeira fase, de Hiroshima), Curitiba - Kimihiro Kagawa (16ª leva da primeira fase, de Kagawa), Castro - Makoto Nakaba (4ª leva da segunda fase, de Kagoshima) - Akito Hashiguchi (4ª leva da segunda fase, de Saga) - Kunio Baba (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) - Masato Oda (6ª leva segunda fase, de Okayama), Balsa Nova - Kiyoshi Shimada (7ª leva da segunda fase, de Nagano), Curitiba - Koshin Takeuchi (7ª leva da segunda fase, de Nagano), Curitiba - Hiroyasu Mori (7ª leva da segunda fase, de Miyazaki), São Mateus do Sul - Masai Yatabe (7ª leva segunda fase, de Ibaraki), Curitiba - Kenji Ota (7ª leva segunda fase, de Yamagata), Contenda - Nobutaka Tokudome (10ª leva da segunda fase, de Kagoshima), Curitiba - Seiichiro Koike (12ª leva da segunda fase, de Gunma)

De manhã do dia 1º de julho, a delegação foi recebida na cidade do Rio de Janeiro por Masayoshi Otsuka (9ª leva da primeira fase, de Gunma), chefe da filial do Rio de Janeiro de Cotia Seinen. Otsuka mora no Estado do Rio de Janeiro há 48 anos, mas em efusão de sentimento e pensamento diz que foi uma vida "tumultuada". Há apenas alguns anos, o terreno de 150 hectares, com mandioca cultivada com cuidado, pouco antes da colheita foi confiscado por um órgão público. Era um terreno registrado legalmente, cultivado e cuidado há muitos anos. Denunciou à Polícia Federal, mas como o denunciado era um órgão público, a ação judicial acabou num esforço em vão. Parece que esse terreno agora está nas mãos dos trabalhadores sem terra. Contou-nos calmamente esse tipo de acontecimento absurdo que ocorreu enquanto vivia por ali.

- Hideo Ueki (14ª leva segunda fase, de Tochigi), Araucária - Mutsuji Sada (18ª leva da segunda fase, de Shizuoka), São Mateus do Sul - Masuko Ohara (falecido Minoru, 18ª leva da segunda fase), Paranaguá - Akira Sugiyama (27ª leva da segnda fase), Contende - Katsutoshi Imagawa (21ª leva da segunda fase, de Saga) - Hideaki Yoshioka (28ª leva da segunda fase, de Osaka), São José dos Pinhais - Yasuo Yamamura (30ª leva da segunda fase, de Hiroshima), Curitiba. Nome dos falecidos - Shigueru Yasuda (26ª leva da segunda fase, de Kagoshima), Paranaguá - Takaei Inoue (13ª leva da segunda fase, de Fukuoka), Curitiba (falecido em junho de 2005)

Fomos recebidos por Toshiharu Matsuoka antes de Teresópolis e visitamos a fazenda dele. Matsuoka nasceu em 1937 e está com 68 anos, possui terreno de 70 hectares em Novo Friburgo, perto do Rio de Janeiro. Estando a 1000 m do nível do mar, tem condições adequadas para o cultivo de hortaliças de planalto. É um verdadeiro Shinshu (atual província de Nagano) do Estado do Rio de Janeiro. Diz que é sorte poder ser proprietário de terra com condições boas como essas em topografia cercada por montanhas. Matsuoka, que mora em Novo Friburgo há 43 anos e que adquiriu esse terreno em 1970, está realizando a hidroponia de vegetais em estufa. Como é hidroponia em dois andares, é alta a eficiência do uso da terra. A alface é o principal produto e 95% é destinado 265


Cotia Seinen: 60 anos de União

ao mercado do Rio de Janeiro. É uma vantagem também poder produzir durante o ano inteiro. Cultiva também caqui. Em torno da plantação estão cerca de 200 cerejeiras (Hikanzakura). É um motivo de orgulho para Matsuoka ter sido favorecido pelos sucessores. O filho mais velho Cláudio Masato se encarrega da produção e o segundo filho Lourenço Kimito de transporte e venda. Todos os dias despacha para o mercado do Rio de Janeiro dois caminhões de porte grande que possuem, sem passar por intermediário. A filha Patrícia atua como presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Novo Friburgo e a esposa Elisa que gerou os filhos, que são motivos de orgulho, é nissei que nasceu em Presidente Venceslau, no Estado de São Paulo. Incluindo os netos, toda a família mora na fazenda. Matsuoka se preocupa em levar a vida que não fica para trás das pessoas que moram em cidade, mesmo residindo no interior e, no quintal tem uma grande piscina. A fazenda Matsuoka é cercada por montanhas e com ar puro parece mesmo o Shinshu do Japão.

nância das gerações está ocorrendo firmemente. A reunião de intercâmbio foi realizada com a mediação de Matsuoka e participaram Isamu Murata (1ª leva da primeira fase, de Saitama), Shozo Utsumi (3ª leva da primeira fase, de Hokkaido), Hiroaki Arita (8ª leva da primeira fase, de Ehime), Kiyoshi Tsukui (9ª leva da primeira fase, de Gunma), Masayoshi Otsuka (9ª leva da primeira fase, de Gunma) e familiares. (Observação: vide a lista dos membros da filial Rio de Janeiro na apresentação das filiais no Capítulo 8) Membros da Filial - Isamu Murata (1ª leva da primeira fase, de Saitama) - Michio Shiihara (1ª leva da primeira fase, de Miyazaki) - Kazuyoshi Hoshikawa (2ª leva da primeira fase, de Ehime) - Sadao Sugiura (2ª leva da primeira fase, de Shizuoka) - Shozo Atsumi (3ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Tadayoshi Saigusa (3ª leva da primeira fase, de Nagasaki) - Shindi Hasegawa (3ª leva da primeira fase, de Niigata) - Takero Akiyoshi (5ª leva da primeira fase, de Oita) - Kaoru Ito (6ª leva da primeira fase, de Tochigi) - Kozo Toda (6ª leva da primeira fase, de Akita) - Hiromi Bando (7ª leva da primeira fase, de Chiba)

A delegação chegou ao local de intercâmbio, que seria um restaurante de comida japonesa, que é a única na cidade de Novo Friburgo, situada a 850 m do nível do mar, no km 135 da rodovia estadual do Rio de Janeiro, conduzida pelo Otsuka. Tsuney é o nome do restaurante que o Hirotsune Fujimaki (nissei) iniciou há alguns anos. O pai dele, Osamitsu, se formou na Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tokyo e emigrou em 1956. O Cotia Seinen Isamu Murata (1ª leva da primeira fase, de Saitama) está administrando a empresa NIBRA, que vende e conserta máquinas agrícolas e de construção civil, em conjunto com Osamitsu Fujimaki, há 37 anos. A filha Patrícia do Toshiharu Matsuoka é casada com o segundo filho da família Fujimaki. Como foi citado anteriormente, mesmo sendo jovem, tem atuado como presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Novo Friburgo. É uma prova de que a alter266

- Hiroaki Arita (8ª leva de primeira fase, de Ehime) - Iwao Fukushima (8ª leva da primeira fase, de Ehime) - Takao Nakayama (9ª leva da primeira fase, de Mie) - Masayoshi Otsuka (9ª leva da primeira fase, de Gunma) - Kiyoshi Tsukui (9ª leva da primeira fase, de Gunma) - Suemaru Saito (9ª leva da primeira fase, de Yamagata) - Toshiharu Matsuoka (10ª leva primeira fase, de Saitama) - Mitsuo Hoshi (16ª leva da primeira fase, de Gunma) - Shoji Yamagishi (8ª leva da segunda fase, de Nagano) - Yoshinobu Moriya (21ª leva da segunda fase, de Miyagi) - Takeo Miura (30ª leva da segunda fase, de Aomori) - Junichi Matsumura (34ª leva da segunda fase, de Fukuoka) - Nobukazu Abe (13ª leva primeira fase, de Ehime) [no Japão] - Masayoshi Komatsu (10ª leva da segunda fase, de Shiga) [paradeiro desconhecido] Nome dos falecidos - Yoshio Kitagawa (2ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Nobuhiro Suzuki (8ª leva da primeira fase, de Kagawa) - Shokichi Horie (10ª leva da primeira fase, de Tochigi)


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ESTADO DE MINAS GERAIS No dia 3 de julho, visitamos o viveiro de mudas administrado por Mitsuo Tsuchiya (1ª leva da segunda fase, de Nagasaki) residente em Betim. Comendo onigiri (bolinho de arroz) e sanduíche que os familiares como a sra. Sada (nissei) fizeram com todo carinho, ouvimos a história nostálgica de Tsuchiya, que tem alcunha de Charles Bronson, no local. Atualmente com 66 anos, no início cultivou batata com o patrão por dois anos e oito meses em Ibiúna, no Estado de São Paulo. Depois disso, foi para o Estado do Rio Grande do Sul. Trabalhava com bicicleta, mas como a bicicleta quebrou, deixou o trabalho e vagou por cerca de 2 ou 3 anos. Quando chegou no Estado do Paraná, foi agarrado por uma mulher (sra. Sada) (na realidade pode ter sido o contrário), foram os dois para Brasília. E há 27 anos vieram para esse local e encerraram a vida tumultuada. Foram abençoados com 4 filhos (três rapazes e uma moça). Possuem 15 hectares em dois locais. Foram terrenos adquiridos com o financiamento da JICA (na época, Agência de Cooperação Internacional do Japão). A água subterrânea não é boa, mas tem sido de grande ajuda o fato da água do rio ser abundante. No início, produziu hortaliças, mas como havia muitas desistiu e tentou cultivar flores como cravo, mas não foi bem sucedido. Então, levando em consideração as mudas de plantas de folhagem ornamental, adquiriu as mudas em São Paulo e iniciou a produção. E há cerca de 10 anos progrediu favoravelmente. Atualmente, está despachando para Belo Horizonte, e os intermediários vêm comprar. No viveiro do mudas estão crescendo muitas mudas. É magnânimo a ponto de dizer que "como nunca contei a quantidade e as espécies das mudas, não sei". Generosamente, presenteou os companheiros com muda de "hinoki (cipreste japonês)". "Hinoki" é material de construção de qualidade superior no Japão. Num canto do viveiro de mudas tem um "hinoki", que

foi plantado há 10 anos e que está crescendo bem reto. É um local de bela paisagem onde se elevam montanhas de minério de ferro na frente dos olhos. Tsuchiya diz "o Brasil é um bom país com clima bom" e todos concordaram. Betim fica a 580 km de São Paulo, mas visitamos Kaizo Shibayama (9ª leva da segunda fase, de Gunma) que fabrica cachaça em Igarapé, na periferia de Betim onde mora Tsuchiya. A cachaça produzida com 1000 litros de caldo de cana-de-açúcar resulta somente em 20 litros, ou seja, somente 0,5 %. A época adequada para produção em Igarapé é de agosto a novembro. Nessa época, é possível produzir cachaça de qualidade com sabor adocicado. Como depois de janeiro começa a chover e a a doçura cai, está restringindo a produção. Diz que produz 60 mil litros. Não deixa o produto armazenado e despacha a cachaça recém-produzida. A vantagem é ficar perto do grande mercado. Como o próprio Shibayama não aprecia bebida alcoólica, prova o sabor na palma da mão. Parece técnica de um perito. Shibayama foi encaminhado para fazenda do membro da cooperativa de Congonhal, perto da cidade de São Paulo, em novembro de 1960. Logo depois de ter sido encaminhado teve que vir para a sede da Cooperativa Agrícola de Cotia. Teve uma experiência estranha so voltar para a fazenda para onde foi encaminhado por uma semana. Foi e voltou, entre a Cooperativa Agrícola de Cotia e o Aeroporto de Congonhas. Na época, não entendia a língua portuguesa e não tem senso de localização. Pensou ter dito "Congonhal" no ponto de ônibus, mas todas as vezes os motoristas confundiram com "Congonhas". Depois de uma semana, quando acostumou aos poucos, olhando para fora do ônibus com atenção desceu no meio do caminho contando com a vaga recordação e andou diversos quilômetros para voltar à fazenda. Como tinha se acostumado na terra natal, Gunma, não achou que o trabalho na casa do patrão fosse penoso, mas como 267


Cotia Seinen: 60 anos de União

deteriorou o pé no trabalho de esterilização, pensando na saúde em primeiro lugar, depois de participar da 1ª Encontro de Cotia Seinens, realizado em 1962, foi para Belo Horizonte. Como tinha amizade com Setsuo Yamaguti (2ª leva da primeira fase, de Nagano), que faleceu em abril passado em um acidente inesperado, adquiriu mudas de cravos de Yamaguti e começou a cultivar, mas não teve sucesso. Tentou também rosa, mas não deu certo. Tentou pastagem: o pasto foi tomado por ervas daninhas. Shibayama conta que fez sete cirurgias. Depois, mudou para o cultivo da cana-de-açúcar que trouxe sorte e em 1986 iniciou a produção de cachaça. Está cultivando 15 hectares de canade-açúcar. Há 5 anos está renovando em parte as mudas. É uma área suficiente para produção de 60 mil litros de cachaça. Atualmente, o filho mais velho Mamoru o sucedeu, por isso está tranquilo. Diz que o filho gosta de cachaça e está produzindo e tomando-a. Já foi cinco vezes ao Japão, mas recentemente nasceu um filho da filha, que casou com um nissei, no Japão. Está ansioso para ver o rosto do neto na 6ª visita ao Japão. É uma pessoa que ama o Brasil, que até se naturalizou. Por causa do shogi, que é seu hobby, há três anos teve a felicidade de participar de campeonato em Tóquio a convite de Federação de Shogi do Japão. Ele nega, mas parece que é consideravelmente hábil. Nessa noite, no hotel na cidade de Betim, foi realizada uma reunião de intercâmbio em que Chuta Miyata (5ª leva da primeira fase, de Ibaraki), que fez todos rirem ao dizer que "recebi a desonra de ser delinquente número 1 do Cotia Seinen, e já faz 46 anos que vim ao Estado de Minas Gerais". Ele exerce a liderança entre os companheiros desse Estado. Nome dos Participantes da Reunião de Intercâmbio - Osamu Inakazu (2ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Norihisa Kaneko (2ª leva da primeira fase, de Gunma) - Chuta Miyata (5ª leva da primeira fase, de Ibaraki) - Misao Nakano (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima)

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- Mitsuo Tsuchiya (1ª leva da segunda fase, de Nagasaki) - Kaizo Shibayama (9ª leva da segunda fase, de Gunma) - Hajime Honda (9ª leva da segunda fase, de Ehime) - Esposa de Hajime Honda, Michiko - Hisashi Takayama (13ª leva da segunda fase, de Nagano) - Yoshitake Shiraishi (13ª leva da primeira fase, de Kumamoto) de Pirapora

NORTE DO ESTADO DO PARANÁ A 4ª Delegação de Visita Itinerante de Amizade (11 participantes de São Paulo) esteve no Norte do Estado do Paraná (chamado normalmente de Norte do Paraná) no dia 6 de agosto. REGIÃO DE CARLÓPOLIS A delegação de intercâmbio, na tarde do dia 6, foi recebida por representantes da região Ryo Nakabayashi (6ª leva da segunda fase, de Shimane), Masahiro Tsutsui (6ª leva da primeira fase, de Kochi), Seita Sato (7ª leva da primeira fase, de Fukushima), na entrada de Carlópolis, no Estado do Paraná, localizada na divisa com o Estado de São Paulo. Escolhemos como o primeiro local a ser visitado a fazenda de Sunao Ito, que é benfeitor, que orientou cerca de 30 Cotia Seinens. Sunao Ito nasceu em Yubetsu-cho, na Província de Hokkaido. Atualmente com 92 anos, imigrou junto com a esposa Shigeko, que nasceu na mesma cidade, em 1937 para o Brasil. Tem experiência como bancário no Banco América do Sul e de ter participado na publicação de Jornal Paulista. Dizem que, por volta de 1942, tendo empatia com o superintendente Simomoto, da Cooperativa Agrícola de Cotia, seguiu o caminho da agricultura. Enquanto andava por diversos locais a procura de local tranquilo para se viver, ao olhar do topo de uma montanha para baixo, houve um local que o cativou e esse local escolhido foi Carlópolis. Foi em 1948. Ito pensou "aqui é 550 m do nível do mar, é uma área abundante abençoada por terra cultivável fértil, raro no mundo, com solo superficial de 1 a 3 m". É um


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solo com mistura de terra roxa e massapé, na proporção de 7 para 3. É uma zona que faz lembrar a campina de Cauca da Colômbia, que é citado como uma das principais áreas agrícolas do mundo. Na campina de Cauca, os imigrantes japoneses cultivam cana-de-açúcar e o produto é fornecido para os norte-americanos. Em "Pasnda Teolandia" há mais de meio século é cultivado café e criado porco. Na década de 1970, foi construído lago artificial e uma parte da propriedade do Ito também foi soterrado. Parece que o nome do lago Xavantes é nome de tribo indígena. Esse gigantesco lago artificial que se estende pelos Estados de São Paulo e Paraná, parece que é maior que o Lago Biwa (672 km² de extensão). Tendo em vista a importância da proteção ambiental, Ito vem plantando árvores, não só dentro e fora da fazenda, mas por 11 km dos dois lados da estrada na vizinhança de Carlópolis. As flores que desabrocham nas estações do ano das árvores crescidas alegram os olhos dos moradores. No início, quando começou a arborização, sofreu por não obter a compreensão dos moradores. Por essa experiência, tem alta consideração pela concepção da "floresta de Cotia Seinen". Entre os Cotia Seinens há Shichiro Haga (12ª leva da primeira fase, de Miyagi) que, para construir o "Parque Natural de Floresta das Flores" no bairro de Itapeti, na cidade de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, está plantando as árvores, e Mitsuo Tsuchiya (1ª leva da segunda fase, de Nagasaki), que administra o viveiro de mudas de grande porte em Betim, no Estado de Minas Gerais. Por volta de 1960, o Estado do Paraná era considerado interior e quase que não havia patrão que acolhesse Cotia Seinen, mas Sunao Ito acolheu cerca de 30 pessoas e ajudou a se tornarem independentes. Também tem acolhido e

ajudado imigrantes das cooperativas agrícolas do Japão e da Associação Internacional dos Amigos da Agricultura e, pela experiência de vida de 60 anos no Brasil, aconselhou a delegação do intercâmbio de amizade dizendo: "deve observar a segurança no estilo brasileiro". Explicando: deve tratar com cuidado as famílias de brasileiros, que são os trabalhadores, podem ser duas a três famílias, "essas vão proteger os arredores e é o caminho para se proteger, não deve esquecer que os católicos são tolerantes". Os feitos notáveis de muitos anos foram reconhecidos e recebeu a condecoração da Ordem do Tesouro da Felicidade Sagrada do Governo Japonês, o título de cidadão honorário de Carlópolis e o de cidadão honorário do Estado do Paraná. É uma pessoa que é respeitado e tem alta avaliação por diversas contribuições sociais. Deixando a fazenda do grande veterano Ito, a delegação visitou o "vilarejo de Cotia Seinen". Em 1964, nove Cotia Seinens adquiriram 32 alqueires (77 hectares) e dividiram entre eles. Nem é preciso dizer que Ito deu assistência na aquisição dessas terras e diversos ex-patrões tornaram-se fiadores em grupo e, novamente, Ito foi o personagem central disso. Nesse vilarejo observamos o aviário que Haruo Uto (8ª leva da primeira fase, de Kagoshima) administra. Parece que quase todos os que entraram nessas terras se dedicaram à avicultura a ponto de ter outro nome "vilarejo da avicultura". Apenas Uto continua com a avicultura iniciada em 1967 e, atualmente, cria 25 mil galinhas poedeiras. Recentemente, passou a administração para o filho mais velho Tadashi, mas ele foi eleito vice-prefeito na eleição deste ano (2005) e, por estar muito ocupado com assuntos do governo, a esposa Mitsuko (nascida em Santo Antônio de Platina), é quem cuida 269


Cotia Seinen: 60 anos de União

dos negócios. A sábia esposa e mãe que trabalha criando quatro filhos diz "todos os dias é muito trabalhoso" e então o velho Haruo ajuda todos os dias. A vantagem que é quase autosuficiente, não só fazendo incubação de pintos, mas também cultivando produtos para ração. Os ovos são despachados todos os dias e uma vez por semana despacha também para Curitiba, a capital do Estado. Nessa noite, a partir de 19 horas, foi realizada a reunião de intercâmbio no "Restaurante Kyoudai" no centro da cidade. Como diz o nome é kyodai (irmãos) que os irmãos, filhos de Sato, iniciaram com comida japonesa e brasileira. Dos 63 Cotia Seinens que entraram em Carlópolis, atualmente residem 10 pessoas. E participaram do grupo de intercâmbio 12 pessoas incluindo as esposas. Ryo Nakabashi (6ª leva da segunda fase, de Shimane) e a esposa Akemi, Kazuyoshi Abe (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) e a esposa Setsuko, Haruo Uto (8ª leva da primeira fase, de Kagoshima) e o filho mais velho Tadashi, Seita Sato (7ª leva da primeira fase, de Fukushima) e a esposa Chieko, Takashi Urazoe (7ª leva da segunda fase, de Nagasaki) e a esposa Natsue, Tsuruki Akamatsu (3ª leva da primeira fase, de Kumamoto), Masahiro Tsutsui (6ª leva da primeira fase, de Kochi) e Yasuo Babazono (4ª leva da primeira fase, de Kagoshima) residente em Ourinhos. O representante Nakabashi expressa sobre a situação dos Cotia Seinens de Carlópolis da seguinte maneira. Carlópolis é um local de bela paisagem em que há uma ponte de 1,5 km sobre o lago artificial de Xavantes que liga ao Estado de São Paulo. No futuro, tem possibilidade de se desenvolver como local turístico. Carlópolis é um local com apelido incomum de "albergue do Paraná" doCotia Seinen, em que havia fazendas do Sunao Ito e do diretor da Cooperativa Agrícola de Cotia, Katsuo Yamamoto, onde muitos Cotia Seinens pernoitaram. 270

Outro dia, conversando com os companheiros e organizando as informações, ficou esclarecido que até agora 63 Cotia Seinens ao todo estiveram nesse local. O que significa que o índice de estabelecimento do Cotia Seinen no Leste do Estado do Paraná é de 15 % e não é um número que possa ser elogiado. No entanto, em 1970, com a construção da Usina Hidroelétrica de Xavantes a maioria dos descendentes de japoneses tiveram que deixar esse local e, apesar de atividades do escritório de Carlópolis da Cooperativa Agrícola de Cotia ter diminuído, a avicultura prosperou no "vilarejo de Cotia Seinen", com a produção de frango (Broiler); havendo continuidade de um período em que as atividades dos Cotia Seinens ultrapassavam 70% de toda a cooperativa, com cinco Cotia Seinens ocupando sucessivamente o cargo de conselheiro deliberativo da Cooperativa, sendo realidade o fato de terem sido figuras centrais das atividades da Cooperativa. Não é exagero dizer que isso é um orgulho para o Cotia Seinen. É muito triste que agora essa Cooperativa Agrícola de Cotia não exista mais. Além disso, Cotia Seinens fazem parte da associação de descendentes de japoneses do local, fundaram a Associação Cultural e Esportiva de Carlópolis, atuando na administração, desenvolvimento e também quatro companheiros exerceram o cargo de presidente. Entre eles dois foram presidente por dois períodos, recebendo o título de cidadão honorário da cidade de Carlópolis e considerando isso, é fato que os Cotia Seinens contribuíram um pouco para o desenvolvimento da região. Agora que se passaram 50 anos, é uma pena que não haja negócios ou atividades para serem mencionados especialmente. Das 10 pessoas residentes aqui, oito Cotia Seinens tiveram no total 37 filhos (duas pessoas não tiveram filhos) e não são poucos que têm netos


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atualmente. De todos os filhos, 20 pessoas, ou seja, mais da metade são formados nas faculdades. Isso por si mostra o fervor dos japoneses pela educação. Entre os nisseis, há um viceprefeito que foi eleito depois de ser vereador e que há boas expectativas na sua atuação. A partir de agora é tempo dos nisseis, e os antigos Cotia Seinens, que os criaram, estão em situação de levar dias agradáveis praticando gateball e parkgolf. Olhando para trás o meio século passado pode se dizer que normalmente foi bom. Cotia Seinens residentes em Carlópolis - Kiyoharu Tanaka (2ª leva da primeira fase, de Hokkaido) - Tsuruki Akamatsu (3ª leva primeira fase, de Kumamoto) - Masao Kubo (5ª leva da primeira fase, de Tokushima) - Seita Sato (7ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Haruo Uto (8ª leva da primeira fase, de Kagoshima)

dutos alimentícios artesanais, que foi o resultado de repetidas pesquisas, ainda que tivesse repetidos fracassos, encantou os participantes. Como pode ter contato com os fregueses, ele fez venda direta e também vende por atacado para um supermercado de conhecido, deixando perceber a autoconfiança em sua humildade. Masaru Kimura, que é conhecido no Mercado Central de Londrina como perito na produção do nabo, está cultivando nabo por mais de 20 anos, com a confiança crescendo firmemente. Tem clientela de grande porte e não tem problema de demanda. A popularidade é grande que vem cliente até do Estado de Mato Grosso, e o filho mais velho, Satoshi, cresceu como seu sucessor o que lhe dá tranquilidade aos 69 anos de idade.

- Kazuyoshi Abe (4ª leva da segunda fase, de Hokkaido) - Ryo Nakabayashi (6ª leva da segunda fase, de Shimane) - Sadao Ito (7ª leva da segunda fase, de Hokkaido) Pessoas que vieram de outros lugares - Masahiro Tsutui (6ª leva da primeira fase, de Kochi) - Takashi Urazoe (7ª leva da primeira fase, de Nagasaki) Nome dos falecidos - Tadashi Miyakawa (2ª leva da primeira fase, de Akita)

A região de Londrina tem terra de cor marrom avermelhada, que é sem dúvida terra roxa, e nos dois lados da rodovia a plantação de trigo continuava interminavelmente até além do horizonte, tendo também as plantações de milho espalhadas. É verdadeiramente "terra de grãos".

- Yoshio Kaneko (3ª leva da primeira fase, de Fukushima) - Fumio Sugimura (26ª leva da segunda fase, de Shizuoka) Residente em Salto do Itararé perto de Carlópolis - Kozo Ishitaba (6ª leva da primeira fase, de Kyoto) Residente em Joaquim Távora - Masaru Seki (15ª leva da primeira fase, de Chiba

REGIÃO DE LONDRINA No dia 6 de agosto, a delegação que se dirigiu a Londrina foi recepcionada pelo chefe da filial Mikio Katsumata (2ª leva da segunda fase, de Shizuoka) e chegou ao local do intercâmbio. Yasuo Hirama (9ª leva da primeira fase, de Miyagi) explicou que se reuniram nesse dia a maioria dos 30 Cotia Seinens que residem na região. Kanji Irie, de Arapongas, que trouxe tofu, konnyaku e tsukemono, diz que está nesse ramo há 20 anos. O sabor admirável de pro-

Quando os imigrantes veteranos colonizaram, talvez não fosse possível imaginar que o Norte do Paraná aparecesse como uma terra tão rica. Muitos dos veteranos, que venceram as dificuldades do desbravamento, acolheram os Cotia Seinens. Veio à mente de cada um dos companheiros, que se instalaram no Norte do Paraná e receberam ajuda dos veteranos: "será que essa área realmente era interior?". Terminada a reunião de intercâmbio, mais 10 companheiros de Londrina se juntaram e nos dirigimos para "Paraná-shu Kaitaku Jinja (templo xintoísta do desbravamento do Estado do Paraná)" em Rolândia, e visitamos o museu dos imigrantes. Olhando para os móveis antigos, panelas, caldeiras de ferro, fotografias expostos, 271


Cotia Seinen: 60 anos de União

etc, mergulhamos nas lembranças de cerca de meio século antes. Deve ser uma cena que somente as pessoas que tem passado em comum podem se entender. Ao lado do museu está construído o "Paraná-shu Kaitaku Jinja". Quem propôs a construção foi Shinichi Numata, originário de Hokkaido e no folheto está escrito: "Penso que antes da Festa do Centenário, o templo xintoísta do Brasil deve se tornar um local de apoio espiritual dos descendentes, que sucederão depois que os isseis se forem. Ou então, deve-se deixar construído algo relativo à divindade xintoísta tutelar nessa região" e "gostaria de venerar como benfeitores as pessoas que criaram a oportunidade para que nós imigrantes viéssemos aqui".

intercâmbio junto com Katsumata e Hirama e, indo e voltando de Campo Mourão, apresentou cada tipo de atividade da colônia japonesa do Norte do Paraná.

Kenkiti Simomoto, que efetivou a imigração do Cotia Seinen também é venerado como "mikoto (divindade)" entre as 17 divindades. Todos nós visitamos esse templo xintoísta e agradecendo aos espíritos dos pioneiros, oramos pela saúde da população e pelo desenvolvimento estável do país.

A viagem da Delegação do Cotia Seinen de Visita Itinerante de Intercâmbio de Amizade, que iniciou em novembro de 2004, começou por Brasília, indo depois para o Sul do Paraná, em Castro e Curitiba, Rio de Janeiro e Novo Friburgo, Betim, no Estado de Minas Gerais, e no Norte do Paraná, sendo que a distância percorrida deve ter ultrapassado 8 mil km. Ficou claro o fato de que o "sangue" do Cotia Seinen está sendo certamente transmitido do issei para nissei, sansei e para seus descendentes. Em cada local, muitos compatriotas reuniram e recepcionaram prazeirosamente. O fato de ter podido fazer intercâmbio como se fôssemos irmãos, sentido bem forte a consciência de companheirismo, tornou a viagem frutífera e teve grande efeito para a participação na Cerimônia Comemorativa dos 50 Anos que é o fato principal.

Yasuo Hirama, que se juntou a nós em Londrina, tem acumulado cargos de grande responsabilidade de presidente do conselho deliberativo da Associação Cultural e Esportiva de Londrina e de chefe do departamento de bem-estar dos idosos da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras do Paraná. Diz que, para se ligar com o futuro, tem que dar importância aos idosos e aos jovens. O fato da Associação Cultural e Esportiva de Londrina ter arrebatado quatro títulos nacionais, ou seja, de wadaiko (Isshin), Yosakoi Soran (Grupo Sansei), beisebol infantil (11~12 anos), kendô (acima de 3º grau), foi o resultado de ter ouvido os jovens.

Dentro do ônibus, os membros do grupo de intercâmbio, que receberam o convite para o comparecimento à Cerimônia Comemorativa dos 50 Anos, disseram: "Sem falta, na próxima vez encontraremos no dia 18 de setembro". O chefe da filial, Katsumata, estava com rosto satisfeito dizendo "Como era a primeira vez que recebíamos esse tipo de grupo de intercâmbio, tivemos trabalho e preocupação para o preparo e contato, mas fiquei tranquilo recompensado por todo o esforço".

Nome dos Participantes Região de Marialva - Seiji Ogata (5ª leva da primeira fase, de Kumamoto) e

Uma das reuniões dos idosos é com o coral. A orientadora é a Tsukiko Kashiba, que iniciou, e já foi realizada por 74 vezes em 6 anos. Desse grupo, oito pessoas se juntaram ao grupo de 272

esposa Hisa Região de Arapongas - Kanji Irie (7ª leva da primeira fase, de Fukuoka) - Satoshi Yamamoto (14ª leva primeira fase, de Yamaguchi)


Cotia Seinen: 60 anos de União Região de Ibiporã

- Masaru Kimura (7ª leva da primeira fase, de Yamagata)

- Hidemitsu Takahashi (12ª leva segunda fase, de Aomori)

- Yasuo Hirama (9ª leva da primeira fase, de Miyagi) e es-

Região de Colorado

posa Terumi

- Etsuro Shio (6ª leva da primeira fase, de Akita)

- Mikio Katsumata (2ª leva da segunda fase, de Shizuoka)

Região de Londrina

- Tadakiyo Iwanaga (4ª leva da segunda fase, de Saga)

- Shoichi Yano (4ª leva da primeira fase, de Fukuoka)

- Takashi Nishimura (27ª leva da segunda fase, de Fukuoka)

- Koichi Nagata (6ª leva da primeira fase, de Kagoshima), a

- Shigeru Takamizawa (6ª leva primeira fase, de Gunma)

esposa Emiko, 4ª filha Roseli Harumi e 5ª filha Kelly Itsumi

- Tsukiko Kashiba

- Kiyoshi Yamamoto (2ª leva da primeira fase, de Yamagu-

Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005,

chi) e filho Nilton

p.106~117

Plantando árvores para o futuro PROSPECTO DA PREPARAÇÃO DE TERRENO PARA A FLORESTA DE COTIA SEINEN Em 1992, os representantes dos países do mundo se reuniram no Rio de Janeiro no primeiro encontro para tratar da preservação do meio ambiente do planeta. Depois, no Japão, foi adotado o Protocolo de Kyoto, sem a participação dos Estados Unidos. No próximo ano, com a participação da Rússia há perspectiva do Protocolo de Kyoto finalmente entrar em vigor.

Atualmente, continua a poluição ambiental sem a perspectiva de melhora no futuro. Por priorizar a conveniência da vida das pessoas e o lucro, fuligem e gás tóxico das fábricas são lançados no ar e todos os anos milhões de carros são descarregados das fábricas, espalhando dióxido de carbono nas ruas do mundo inteiro. Aos poucos o aquecimento global avança, destruindo mais e mais o ecossistema. Dentro desse fluxo, as florestas do mundo que deveria desempenhar o papel de proteção estão sofren-

O primeiro plantio de árvores na Floresta de Cotia Seinen, no dia 23/11/2004.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

do o desmatamento contínuo. Em particular, as florestas brasileiras são os últimos baluartes que restam no planeta. Antes disso, o Brasil foi desenvolvendo o interior, derrubando e queimando sem dó as florestas nativas de dezenas de milhares de anos, sob o pretexto do desenvolvimento industrial, aumento da produção de alimentos, promoção de exportação, etc. Quando perceberam, já era tarde e isso só aconteceu na década de 1980. O Governo Brasileiro promulgou lei que não permite que uma árvore nativa seja cortada sem permissão, e nos últimos anos há uma fiscalização mais rigorosa. Não se pode destruir as florestas brasileiras além do que já foi destruído. É impossível fazer com que o Brasil volte a ser o país das florestas, mas ao menos não daria para interferir em áreas ociosas, para que sejam regeneradas e se formem próximas à floresta virgem de outrora? Obviamente, nós do Cotia Seinen também derrubamos árvores, mesmo que tenham sido quase todas de reflorestamento. Queimamos, fazemos campos para plantações, cultivamos produtos agrícolas e construímos a base de nossas vidas. Pensando em retratação por tudo o que causamos, vamos retribuir ao Brasil e ao mundo. Vamos nos tornar pioneiros na criação de florestas e iniciar o estopim do reflorestamento do Brasil e vamos nos esforçar para que chegue o dia em que o Brasil esteja coberto por uma floresta verdejante.

em 10 a 30 anos plantando árvores da espécie nativa entre as árvores do reflorestamento, colocando fertilizante orgânico e o controlando com cuidado. Obviamente, como gostaríamos que o trabalho de criação e proteção posterior seja assumido pela nova geração, estamos pedindo a participação de filhos e netos no dia de plantio das árvores. Fevereiro de 2005 Comissão da Preparação do Terreno para a Floresta de Cotia Seinen - Presidente da Comissão: Kei Kuroki Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.26

"FLORESTA DE SEINEN" QUE SERÁ DEIXADA PARA A GERAÇÃO SEGUINTE Às 9 horas da manhã do dia 18 de setembro de 2005, antecedendo a Cerimônia Comemorativa dos 50 Anos da Imigração de Cotia Seinen, foi realizada a Inauguração do Monumento Comemorativo erguido na parte superior frontal do local da cerimônia. Na frente do monumento coberto por um pano branco, primeiramente o presidente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, Issui Takahashi, discursou e à seguir o ex-presidente Hachiro Nagayama, que lançou inicialmente a ideia da "Floresta de Seinen" discursou e seguiu-se a Cerimônia pelos 8 convidados: Keishiro Fukushima (Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros) Takahiko Horimura (Embaixador Extraordinário Plenipotenciário do Japão no Brasil) Isamu Miyata (Presidente da Associação Central de Cooperativas Agrícolas Nacionais)

O local onde nós Cotia Seinen pretendemos formar a floresta é a área de reflorestamento rarefeita da mata nativa derrubada há mais de algumas décadas e que, se deixar abandonada, daqui a 100 ou 300 anos pode ser que venha a se regenerar em floresta parecida com a mata nativa A nossa tentativa é regenerar a floresta 274

Tetsuo Okubo (Presidente Federação Nacional de Cooperativas Agrícolas Colonizadoras) Mitsuhisa Kobashi (Diretor executivo Associação Ie no Hikari) Akio Ogawa (Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social) Efaneu Nolasco Godinho (Prefeito da cidade de São Roque) Issui Takahashi (Presidente da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai)


Cotia Seinen: 60 anos de União

Com o sinal de "1, 2, 3" do mestre de cerimônia, o pano branco caiu completamente ao chão e apareceu o monumento de pedra de 3 m de altura com os dizeres em letra grande "Convivência da Natureza com o Ser Humano". Depois disso, passou-se para a plantação das árvores comemorativas pelas mãos de 12 pessoas relacionadas entre convidados e representantes dos organizadores. Com a chuva da noite anterior e com o solo molhado, as mudas que foram plantadas com certeza, depois de 10 anos, devem atingir o céu como árvores grandes. Ao terminar o plantio das árvores, todos reservaram um tempo para fotografar em frente ao monumento de pedra. O plano de levantar o monumento comemorativo de pedra foi feito paralelamente ao preparativo do terreno para a "Floresta de Cotia Seinen" e a sua confecção foi solicitada para empresário de pedras, sr. Iwao Sudo, residente em Tabão da Serra. Quanto aos dizeres do monumento, foi feito um anúncio no boletim da Kyoguikai, mas não houve muitas propostas e no final das contas a diretoria escolheu três sugestões. Foi solicitado então ao Ministro da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão, Yoshinobu Shimamura, que escolhesse uma delas e escrevesse com caligrafia artística. Em resposta a essa solicitação, o Ministro escolheu "Convivência entre Natureza e Ser Humano", proposto por Kei Kuroki e a escreveu com caligrafia artística e nos enviou. Na parte de frente do monumento de pedra está escrito em letra grande de caligrafia artística e a baixo estão gravados o nome da Cotia Seinen Renraku Kyoguikai, a data e ainda a tradução para o português do texto em japo-

nês. Na parte de trás do monumento de pedra está expresso o texto de Shizuka Niidome explicando como é o grupo Cotia Seinen e há tradução em português desse texto, do advogado de Brasília, Shinji Imai. Nós da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai publicamos um livro comemorativo a cada marco comemorativo e registramos a vida dos Cotia Seinens. Para provar às gerações futuras de que os Cotia Seinens se esforçaram no Brasil entre 1955 a 2005, durante 50 anos, isso era insuficiente. Esse monumento de pedra supre esse ponto e nossos descendentes irão continuar a contemplar por 100, 500 e 1000 anos para a frente, como uma história da existência do Cotia Seinen. Os dizeres de "Coexistência entre Natureza e Ser Humano" do monumento de pedra erguido num canto da "Floresta de Cotia Seinen" é algo que dá às pessoas a impressão verdadeira de unidade com a floresta. Se for possível, o plantio de árvores da "Floresta de Cotia Seinen" será completado como previsto na próxima época de chuva. As mudas das árvores plantadas no ano passado estão crescendo plenamente. De agora em diante, por vários anos, está previsto que iremos cuidar das árvores duas ou três vezes por ano. E nessas ocasiões, gostaríamos que um maior número de companheiros, filhos e netos participem e tornem a ocasião numa oportunidade de encontro. Na página seguinte estão os nomes das pessoas e as variedades plantadas. Comissão de Preparação do Terreno para a Floresta de Cotia Seinen Comissão para levantamento do Monumento de Pedra: Kei Kuroki, Mitsunobu Yamada, Makoto Shirahata

275


Cotia Seinen: 60 anos de União n° nome da espécie quem plantou

cargo

1 Manduirana

Keishiro Fukushima

Secretário de Negócios Estrangeiros

2 Ipê Amarelo

Takahiko Horimura

Embaixador Extraordinário

3 Manacá da Serra Efaneu Nolasco Godinho Prefeito de São Roque 4 Quaresmeira

Kazuo Ohara

Chefe da Seção de Desenvolvimento Rural, Encarregado Treinamento de Estrangeiros Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca

5 Sibipiruna

Isamu Miyata

Presidente da Associação Central de Cooperativas Agrícolas Nacionais

6 Ipê Lilás

Goro Hashimoto

Doutor em Botânica

7 Paineira

Tetsuo Okubo

Presidente da Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas Colonizadoras

8 Pau Brasil

Issui Takahashi

Presidente Cotia Seinem Renraku Kyoguikai

9 Pata de Vaca

Kokei Uehara

Presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social

10 Pau Cigarra

Mitsuhisa Kobashi

Diretor Executivo Associação Ie no Hikari

11 Ipê Roxo

Guenji Yamazoe

Ex-Diretor Geral do Instituto Florestal e representante da JICA

12 Quaresmeira

Akira Nishimura

Presidente da Associação Central das Cooperativas Agrícolas de Kochi

Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 ~ 2005, p.264

SEGUNDA FLORESTA DO COTIA SEINEN Tetsuhiro Hirose

A segunda Floresta do Cotia Seinen fica dentro da "Floresta Nipo-Brasileira de 100 anos" construída em 2008, usando espécies de árvores nativas do Brasil num canto da Fazenda Zen-

276

takuren de Guatapará, em comemoração aos 100 anos de imigração. Às 10 horas do dia 23 de outubro, os Cotia Seinens de vários locais, a começar pelos que vieram em um ônibus de São Paulo, plantaram na área de cerca de 2,5 hectares, junto com os colaboradores da colônia, as mudas preparadas pelos funcionários. Conforme o método de reflorestamento de multiuso sugerido pelo sr. Genji Yamazoe, está planejado para que em um hectare da parte central fiquem espécies de árvores de madeira boa, que cresceriam em 40 a 60 anos. A seguir as espécies de árvores de crescimento rápido, que poderiam ser derrubadas em 10 ou 20 anos e, na parte mais externa, espécies de árvores frutíferas, que depois de três a quatro anos poderia trazer rendimento, tendo assim uma floresta experimental para comprovar a sua praticidade. Esse dia foi de calor intenso e, como quase todas as mudas plantadas na parte secaram, foram replantadas, mas os Cotia Seinens mostraram muito as experiências do passado e a sua vitalidade. Livro: Comemorativo dos 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.63


Cotia Seinen: 60 anos de União

PLANTIO DE CEREJEIRAS COMEMORATIVAS DO 60° ANIVERSÁRIO DE EMIGRAÇÃO AO BRASIL DO COTIA SEINEN Em setembro de 2014, o vice-presidente Shinichi Hatori propôs o plantio de 60 pés de cerejeira em comemoração aos 60 anos da emigração para o Brasil do Cotia Seinen. Como contribuição para adquirir as mudas foi estabelecida uma cota de 200 reais por muda de cerejeira, a qual foi aprovada pela diretoria da Renraku Kyoguikai, e foi incluída nas propostas de atividades a serem apresentadas na assembleia geral de 2015. A proposta foi aprovada na assembleia e, na festa de comemoração do ano novo que se seguiu, foi solicitada a colaboração e para tal houve muita contribuição. Dezessete membros da 3ª Delegação de Visita ao Japão para o Estágio de Descendentes da Terceira Geração do Cotia Seinen também colaboraram. O prazo para contribuição divulgado em comunicados da associação estava marcado para o dia 15 de junho e, caso não tivesse alcançado o número de colaboradores previsto para o plantio, seria solicitada colaboração fora do Cotia Seinen. Contudo, contrariando a preocupação, foi obtida, até o fim o prazo, a contribuição de mais de 60 pés. No processo de definição do local do plantio,

foi considerado o campus da Universidade de São Paulo, mas como houve vários problemas, e tendo desentendimento com outras organizações, a comissão recorreu à Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), da qual obteve permissão de plantio, e o fato foi comunicando à diretoria e obteve a aprovação. O sr. Keijiro Tadenuma, residente em Castro, havia manifestado o desejo de plantar duas mudas de seis anos da variedade melhorada de cerejeira, "youkou" (luz do sol), que ele mesmo havia cultivado, no dia da Festa da Cerejeira no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku do Bukyo, e o presidente da comissão de plantio, Hatori, foi autorizado a adicionar essas mudas entre os 60 pés do plantio comemorativo. Justamente, o casal do novo Cônsul Geral em São Paulo, Takahiro Nakamae estava presente na cerimônia de abertura, no centro esportivo e testemunhou o plantio comemorativo. Com a presença do casal Tadenuma, do casal do Cônsul Geral Nakamae, do presidente Maeda, do presidente da comissão Hatori, conselheiros e diversos membros do Cotia Seinen, o plantio tornou-se memorável. No dia 19 de setembro será feito o plantio comemorativo com a presença dos colaboradores do plantio. Livro: 60 anos de Cotia Seinen (em japonês), p.140

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Atividades Esportivas PARTICIPAÇÃO ATIVA TAMBÉM NA ÁREA DE ESPORTE -Prêmios esportivos em arremesso de dardo e sumô Os Cotia Seinens estão atuando atualmente em diversos setores e o esporte também não é exceção, sendo que duas pessoas foram agraciadas com o Prêmio Paulista de Esporte (promovido pelo Jornal Paulista) que premia anualmente os atletas da coletividade que mais se destacaram em cada modalidade. O sr. Ryoji Baba, que recebeu o 9º Prêmio Paulista de Esporte, em 1964, veio para o Brasil em setembro de 1957 como Cotia Seinen. Em 1964, marcou novo recorde brasileiro no arremesso de dardo, atingindo a marca de 67,32 m e foi um destacado atleta da equipe brasileira de arremesso de dardo. O sr. Baba iniciou o arremesso de dardo na época do ginásio e no colégio conseguiu o segundo colocado no Campeonato Nacional Colegial de Educação Física, na Província de Niigata. Na Universidade Chuo participou de muitas competições internacionais como o Campeonato Nipo-Americano. Ao se formar na Faculdade de Direito da Universidade Chuo emigrou para o Brasil e, a partir de 1958, fez parte do atletismo brasileiro estabelecendo o recorde citado que ainda não foi superado.

Campeonato de Sumô em Santo Amaro - julho de 1958

278

E em sumô, Tadashi Kuwazuru, que veio para o Brasil em 1956, recebeu o 10º Prêmio Paulista de Esporte. O histórico de sumô do sr. Kuwazuru começou no Japão e, após a sua vinda ao Brasil, atuou no sumô e é muito famoso pelo nome de "Wakayanagi"(nome dos 4 membros). Venceu muitos campeonatos, mas na participação como capitão da época da Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A), em 1962, no Primeiro Campeonato Brasileiro tornou-se força motriz para a vitória por equipe e campeão individual chegando ao posto de primeiro "Campeão da Colônia". Ele tem também a reputação por sua excelente habilidade para orientar e é reconhecido como bom treinador. Livro: 20 anos de Cotia Seinen, p.55

SOBRE ESPORTE, PASSATEMPO E LAZER Os Cotia Seinens, ao término do contrato de quatro anos da chegada ao Brasil, a decisão de residência permanente no Brasil se solidifica aos poucos e finalmente começam a caminhar para o sonho de independência com um empreendimento autônomo. Em breve, se tornam independentes, se casam e, quando os negócios começam a entrar nos trilhos, conseguem uma folga econômica e tempo. Paralelamente ao esforço de educar os filhos, começam a apreciar o esporte, o passatempo e o lazer. Começam a fazer atividades de sua preferência em cada área e no esporte surgem pessoas competitivas, que quebram os recordes da coletividade elevando o nível, aumentando o número de Cotia Seinens que se empenham na difusão em cada área. Há atletas que deixaram destacados resultados. Nas áreas de atletismo, sumô, judô, tênis de mesa, golf e kendô houve sete


Cotia Seinen: 60 anos de União

pessoas do Cotia Seinen que receberam o Prêmio Paulista de Esporte. É um fato admirável. Beisebol Nessa época, no Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, com objetivo de aprofundar a cooperação e estimular a amizade entre os associados, foi promovida a primeira competição de beisebol, em 1976, entre as regiões. Na época de maior participação houve 15 times no campeonato, com torcida dos familiares e era um grande destaque. Esse campeonato de beisebol continuou até 1984. Com o envelhecimento dos Cotia Seinens o campeonato foi suspenso até recentemente, mas para animar o Encontro Comemorativo dos 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen foi realizado novamente o campeonato. No entanto, era difícil formar times completos por região. Os 32 jogadores que apareceram foram divididos em 3 times mistos. No campo de beisebol de Vargem Grande, onde foi realizado o campeonato, boas e curiosas jogadas apareceram sucessivamente, alegrando a plateia e foram distribuídos prêmios individuais para cada categoria, independente do desempenho dos times. Ouvindo comentários de que provavelmente esse seria o último campeonato de beisebol, foi chamado de "beisebol dos setenta anos" com a disposição acompanhando a reputação e a competência. Os campeonatos amistosos de beisebol foram

no total de nove edições, do primeiro realizado em 1976 até o último em 1984. O time de Castro ganhou quatro campeonatos. A região de Castro, na época com os negócios de batata em alta, estavam entusiasmando os Cotia Seinens e esse pode ter sido o motivo do sucesso. Golfe Entre os eventos desportivos promovidos por Renraku Kyoguikai, o golfe é o esporte com maior durabilidade. Desde o 1º Torneio Amistoso de Golf de março de 1985 a de 14 de dezembro de 2005, foram realizados 109 certames. Para tanto os esforços de facilitadores como Kiyotoshi Shirahama (6ª leva da segunda fase, de Kumamoto) e Kazuyuki Yasutake (1ª leva da segunda fase, de Kumamoto) foram grandes. Pelo fato do golfe ser um esporte individual, uma vez envolvido nesse esporte muito saudável praticado no meio de um amplo gramado, quanto mais se envolve mais se procura melhorar. Como resultado, vai se envolvendo cada vez mais visando a melhoria da técnica. Sendo um esporte individual, é fácil de praticar. O Campeonato Comemorativo dos 50 Anos foi realizado no Campo de Golfe de Lago Azul, na cidade de Araçoiaba da Serra, com participação de 30 golfistas. No Campeonato de Golfe Beneficente realizado em maio de 2000, o objetivo era o agradecimento à colônia que ajudou os Cotia Seinens. Foi planejado o 1º Cam-

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Cotia Seinen: 60 anos de União

peonato de Golfe Beneficente e realizado com a colaboração do Paradise Golf de Mogi das Cruzes (proprietário Fumio Horii), e o lucro líquido foi doado à entidade beneficente. O golfe beneficente continuou depois com a colaboração de muitos golfistas da coeltividade. Em abril, o campeonato em comemoração dos 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen foi realizado com a colaboração do Paradise Golf e foi possível fazer doação para uma entidade beneficente. Foi um campeonato com profundo significado, que recebeu atenção da comunidade em geral. Mallet Golf Como um dos esportes que pode ser praticado por idosos, além de ser um esporte individual, podendo desfrutar a sensação do golfe no gramado, vem chamando atenção no Brasil. Como tem aumentado pessoas que praticam mallet golf, em novembro de 2000 foi realizado o 1º Torneio de Amizade e desde então está ficando mais disputado a cada ano. Em julho de 2005, foi realizado o 5º Torneio de Amizade na quadra do Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, onde participaram 60 pessoas. No dia 17 de setembro, o Torneio Comemorativo dos 50 Anos foi realizado em grande estilo com a participação de 50 pessoas na mesma quadra do Centro Esportivo Kokushikan Daigaku. Gateball Gateball é um dos esportes que tem um grande número de praticantes idosos e pode se dizer que é um esporte popular. Os Cotia Seinens tam-

4° Campeonato de Gateball Cotia Seinen 280

bém começaram a praticar por volta de 1970 e em setembro de 1972 foi realizado o 1º Torneio Amistoso na quadra de Tatuí. Em junho de 2005, foi realizado na quadra de Caucaia do Alto. No Encontro Comemorativo dos 50 Anos, foi realizado o Torneio Amistoso na quadra especialmente instalada no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, com 30 participantes formando times mistos. Park Golf O park golf, que está sendo difundido recentemente, assim como o mallet golf é um esporte de gramado e mesmo os idosos podem se divertir, diferindo um pouco nos tacos e nas bolas, mas as regras são quase iguais. Recentemente, está ficando popular em Londrina, Carlópolis e Castro no Norte do Paraná e como em Atibaia no Estado de São Paulo está aumentando os praticantes, pelo forte desejo do companheiro Yasuo Hirama (9ª leva da primeira fase), que atualmente exerce o cargo de presidente da Federação de Park Golf do Brasil, foi realizado o Torneio Amistoso Comemorativo dos 50 Anos no dia 17 de setembro na quadra de mallet golf do Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, com a participação de 35 pessoas e teve boa repercussão. Além dos esportes citados, em 1977 foram realizadas também: a Gincana Desportiva Recreativa Familiar e o Encontro de Entretenimento Artístico, misturando muitas crianças nisseis e foram um sucesso. Além disso, em 1985 e nos dois anos seguintes foram realizados os Tornei-


Cotia Seinen: 60 anos de União

os Amistosos de Go e de Shogi. Não são poucos que perseguiram cardumes de peixes no mar, nos rios, nos lagos e nos tanques de pescas como passatempo. Além disso, os donos de voz bonita de outrora, que se retiraram da linha de frente do trabalho, estão em casais se dedicando ao karaokê, que está se difundindo. Estão competindo entre si participando dos campeonatos e surgindo muitos cantores da categoria extra.

SOBRE AS ATIVIDADES ESPORTIVAS DO COTIA SEINEN

E ainda estão surgindo talentos que se tornaram mestres de dança japonesa e de danças de salão. Há muitas pessoas com talento em literatura que têm como hobby as poesias tanka e haiku, além de caligrafia, pintura e produção literária, publicando dentro e fora do país (Japão). Alguns receberam prêmios na área de pintura e também na área de produção literária, onde os nossos escritores se destacaram no Premio de Literatura da coeltividade.

O início do Campeonato de Beisebol de Cotia Seinen (segundo sr. Tadayoshi Tateno): "Na época em que o sr. Kuwazuru era chefe da filial de Vargem Grande da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, decidiram que fariam partidas de beisebol com os Cotia Seinens do vilarejo vizinho de Ibiúna e, por volta de 1973, quando começaram a jogar no campo de beisebol de Vargem Grande, estavam sempre perdendo da rival Ibiúna. O rebatedor substituto, sr. Ukai, bateu ground ball, mas como todos gritavam para ele correr, foi em direção à terceira base e todos deram muita gargalhada.

Dessa forma, gostaríamos que os atuais eternos jovens busquem ainda mais uma vida abundante e levem uma vida cada vez mais plena aproveitando os passatempos, usando eficientemente o tempo livre de agora em diante para se empenhar na promoção da saúde e se divertindo com esporte. (Texto: Shizuka Niidome) Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955 - 2005, p.82~87

Tetsuhiro Hirose - 34ª leva da 2ª fase, de Mie

Coletei artigos relacionados ao esporte nos originais apresentados para o livro comemorativo dos 60 anos em japonês e também procurei citar os Cotia Seinens que receberam o honroso e tradicional Prêmio Paulista de Esportes.

Depois da partida de basebol e de comer churrasco e beber muita cerveja, na época em que ainda não havia karaokê, desenhavam um círculo com taco de beisebol e lutavam sumô, não tendo ninguém que superasse o sr. Kuwazuru em vencer cinco adversários seguidos. E isso continuou por cerca de dois anos. Então, o sr. Kuwazuru disse: "É muito divertido, vou sugerir para fazer Campeonato de Beisebol com Cotia Seinen de todo o país na reunião do Cotia Seinen", e foi realizado o 1º Campeonato de Beisebol.

Torneio Amistoso de Golfe Cotia Seinen em Ibiúna, em 2000 281


Cotia Seinen: 60 anos de União

1º Campeonato de Cotia Seinen: 11 de julho de 1976, no campo de beisebol de Vargem Grande, equipe campeã: Castro. Houve um grande incidente e houve quem solidarizasse com a equipe de Mogi. Era impossível realizar as partidas de oito equipes em apenas um dia, em um só campo. Para terminar em um dia, na reunião do Cotia Seinen foi decidida a limitação de tempo e, no caso de término do tempo, a vitória seria pela pontuação da rodada anterior. Estavam pensando tudo com simplicidade. Houve ocasião em que a intenção do árbitro não ficou clara e as equipes que disputavam gritavam que foi "safe" ou que foi "out", ficado um clima explosivo onde uma briga poderia se iniciar a qualquer momento. Enquanto isso, o tempo acabou. A equipe de Mogi, que teria vencido se o tempo não tivesse terminado, não se conformou e foi embora sem esperar pela cerimônia de encerramento e sem comer o churrasco. Cremos que o motivo principal foi a falta de explicação clara quanto as regras antes do campeonato. Depois disso, a equipe de Mogi não participou mais do campeonato. 2º Campeonato: 14 de agosto de 1977, no campo de beisebol de Tanque em Atibaia, equipe campeã: CEASA 3º Campeonato: 6 de agosto de 1978, no campo de beisebol de Indaiatuba, equipe campeã: Indaiatuba 4º Campeonato: 29 de julho de 1979, campo de beisebol de Castro, equipe campeã: CEASA 5º Campeonato: 27 de julho de 1980, campo de beisebol de Coopercotia, equipe campeã: CEASA 6º Campeonato: 2 de agosto de 1981, campos de beisebol de São Miguel Arcanjo e de Pilar do Sul, com participação de 11 equipes, equipe campeã: São Miguel Arcanjo 7º Campeonato: 25 de julho de 1982, campo de beisebol de Ibiúna, jogos eliminatórias nos campos de beisebol de Vargem Grande e Piedade, equipe campeã: Castro 282

8º Campeonato: 23 de julho de 1983, campos de beisebol de Tanque e de Usina e de Nazaré, equipe campeã: Castro 9º Campeonato: julho de 1984, campo de beisebol de Piedade e mais 3 campos, tricampeonato da equipe de Castro Campeonato Amistoso do Cotia Seinen: 1993, realizado do estádio do Bom Retiro, com participação de cerca de 50 pessoas, divididas em equipes para partidas amistosas. Quase todos os participantes eram relacionados ao CEASA Campeonato Amistoso dos 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen: 17 de setembro de 2005, no campo de Vargem Grande se apresentaram 24 pessoas formando equipes para realização de partidas amistosas. Divertiram relembrando o passado. Torneios Amistosos de Mallet Golf realizados pelo Cotia Seinen uma vez por ano, começou em 2000 com a difusão do mallet golf e para a Kyoguikai obter um pouco de receita, e ainda hoje é realizado. No início participavam 40 a 50 pessoas, mas recentemente participam 150 a 200 pessoas, que estão aprofundando a amizade. O 1º (2000) ao 3º (2003) e 5º (2004) e 7º foram realizados no Kokushikan. 4º (2003) e o 6º (2005) foram realizados em Piedade. Depois disso: 8º Torneio: 2 de setembro de 2007, em Piedade com 142 participantes 9º Torneio: 7 de setembro de 2008, em Kokushikan com 52 participantes 10º Torneio: 8 de novembro de 2009, em Grande São Paulo, com 161 participantes 11º Torneio: 18 de setembro de 2010, em Kokushikan, com 151 participantes 12º Torneio: 18 de setembro de 2011, em Grande São Paulo, com 130 participantes 13º Torneio: 5 de agosto de 2012, em Ibiúna, com 175 participantes 14º Torneio: 15 de setembro de 2013, em Kokushikan, com 203 participantes


Cotia Seinen: 60 anos de União

15º Torneio: 7 de setembro de 2014, em Grande São Paulo, com 164 participantes 16º Torneio: 8 de novembro de 2015, em Grande São Paulo, com 157 participantes Associação Brasileira de Park Golf foi fundada em 2005 (Primeiro presidente: Yasuou Hirama, 9ª leva da 1ª fase). Atualmente, há 10 filiais (Curitiba, Ponta Grossa, Castro, Londrina 2, Assaí, Carlópolis, Itapetininga, São Miguel Arcanjo e Atibaia) com cerca de 300 praticantes de divertindo. Os Torneios Amistosos de Park Golf promovidos por Cotia Seinens foram iniciados a partir de 2013 e todas as vezes tem a participação de cerca de 100 pessoas. A qualidade do park golf é principalmente ser ótimo para saúde e para

7° Campeonato Sul-Americano de Atletismo, em Cali, na Colômbia. Equipe da sra. Ryoko Shirahata foi campeã no revezamento, em 18 de março de 1994.

a confraternização dos idosos. Em 2005, recebeu o Prêmio Paulista de Esportes organizado pelo Nikkey Shimbun. No golfe, em 2010 foi realizado no Arujá Golf Clube, o Campeonato de Golfe Comemorativo dos 55 Anos de Imigração do Cotia Seinen (135º torneio). Participaram 50 pessoas entre as quais a sra. Eiko, esposa do Cônsul Geral Kazuaki Obe. Os Torneios Amistosos de Golfe do Cotia Seinen com 161º torneios (no final de 2014) são as competições mais duradouras da comunidade japonesa. Quanto ao atletismo, sr. Ryoji Baba é bem conhecido no lançamento do dardo e arremesso de peso e também a sra. Ryoko Shirahata, que se associou à ANASP - Associação dos Nisseis de Atletismo de São Paulo - Veteranos, em 1991, tem atuação que resulta em mais premiação de 2 kg de medalhas por ano. Em 2010, no 20º Campeonato Internacional Masters de Nagoia ela ficou em 2º lugar nos 80 m com barreiras e estabeleceu novo recorde em 300 m com barreiras. Além disso, em novembro de 2014, no Campeonato Sul-Americano realizado na cidade de Medellin na Colômbia, estabeleceu novo recorde para 200 m com barreira para categoria de 70 anos. O início do voleibol dos idosos no Brasil foi em 2002 com a vinda ao país do presidente Nihongi da Federação de Voleibol de Idosos da Cidade de Fukui com outras 7 pessoas, objetivando a divulgação e a orientação, na ocasião da cerimônia comemorativa dos 40 anos da Colônia do Pinhal, foi bem aceito principalmente pelo departamento feminino da sra. Shigeko Yamashita. Depois disso, os praticantes aumentaram e muitos Cotia Seinens e esposas deles estão se divertindo ao participar. Hoje em dia, está na programação anual da União Cultural e Esportiva do Sudoeste de São Paulo e são realizados seis campeonatos por ano. 283


Cotia Seinen: 60 anos de União da Província de Kagoshima), em Mallet Golf

COTIA SEINENS QUE RECEBERAM O PRÊMIO PAULISTA DE ESPORTES:

2010 (54º Prêmio) Toshihiro Kobayashi (11ª leva da 2ª fase,

1965 (9º Prêmio) Ryoji Baba (1ª leva da 1ª fase, da Pro-

2011 (55º Prêmio) Inaki Okino (8ª leva da 1ª fase, da Pro-

víncia de Kumamoto) em atletismo

víncia de Kochi), prêmio especial em Mallet Golf

1965 (10º Prêmio) Tadashi Kuwazuru (5ª leva da 1ª fase,

2012 (56º Prêmio) Toshio Komori (1ª leva da 1ª fase, da

da Província de Kagoshima, em Sumô

Província de Toyama) em Park Golf

1998 (42º Prêmio) Hiroshi Tsuruta (4ª leva da 1ª fase, da

2012 (56º Prêmio) Tomiko Komori (esposa de Toshio Ko-

Província de Yamanashi), em Golfe

mori), em Park Golf

2003 (47º Prêmio) Goro Kosaihira (34ª leva da 2ª fase, da

2013 (57º Prêmio) Shoji Masaki (3ª leva da 1ª fase, da

Província de Fukuoka), em Judô

Província de Fukushima), em Park Golf

2006 (50º Prêmio) Makoto Shirahata (6ª leva da 2ª fase,

2013 (57º Prêmio) Koichi Nakazawa (21ª leva da 2ª fase,

da Província de Nagano), em Mallet Golf

da Província de Miyagi), em Futebol

da Província de Kanagawa), em Park Golf

2007 (51º Prêmio) Tokio Kitami (7ª leva da 1ª fase, da

2014 (58º Prêmio) Mori Nekozuka (21ª fase da 2ª fase, da

Província de Niigata) em Judô

Província de Iwate), em Sumô

2007 (51º Prêmio) Yasuou Hirama (9ª leva da 1ª fase, da

2015 (59º Prêmio) Keijiro Tadenuma (10ª leva da 1ª fase,

Província de Miyagi, em Park Golf

da Província de Tochigi) em Park Golf

2008 (52º Prêmio) Hiromu Doi (1ª leva da 1ª fase, da Província de Hokkaido), em Park Golf 2010 (54º Prêmio) Tetsuji Kawakami (7ª leva da 2ª fase,

Obs. Os dados anteriores a 1998 são do livro comemorativo do 20º aniversário.

Conselhos, incentivos e agradecimentos ao Cotia Seinen SR. UENO E COTIA SEINEN 15 anos de boa vontade em relação aos jovens" Tetsuya Tajiri

O sistema de "Imigrante de Cotia Seinen", que se orgulha pela singularidade na história da imigração no mundo, como o seu idealizador previu, tem provavelmente alcançado resultados muito bons. No processo de imigração, nesses 20 anos, é certo que inúmeros imigrantes tombaram por causas como doenças, mas de modo geral, levando-se em conta as exigências da época do Brasil e do Japão, é certo que a maioria de certo modo alcançou o objetivo, o que é raro em outras imigrações. 284

Mas, ao pensar sobre esses bons resultados, embora possa se dizer que houve boa ideia e boa organização para sua execução, não se pode deixar de reconhecer que este sistema de imigração foi sobretudo acompanhado e desenvolvido pelas inúmeras pessoas anônimas de boa fé. Esse é um ponto que não se vê em outra imigração e, provavelmente as pessoas em geral não podem imaginar como inúmeros jovens puderam vencer as dificuldades tanto físicas como psicológicas e construíram o sucesso de hoje, graças a boa vontade dessas inúmeras pessoas que não aparecem na frente. Segundo sr. Y. que conhecia bem a imigração, qualquer que seja o tipo de seleção dos candi-


Cotia Seinen: 60 anos de União

datos a imigrantes, 20% seria bem sucedido, mesmo que fosse para o inferno, mas ao mesmo tempo 15~20% chegaria ao fracasso mesmo no céu, e 60~65% restante seria aquele que, dependendo do próprio esforço, ou sorte, penderia para um lado ou para outro. Ao ouvir a situação de muitos imigrantes do Cotia Seinen hoje, não posso deixar de pensar que a boa vontade de inúmeras pessoas anônimas teve a força de mudar o destino desses jovens da época.

ram-lhe prejuízo financeiro, creio que o número era tão grande que o próprio sr. Ueno não saberia calcular quanto. E mais, ainda que sr. Ueno fosse funcionário da Cooperativa, em termos de incumbência não tinha nada a ver com o início da imigração, assim sendo os atos de manifestação de boa vontade em relação aos jovens, naturalmente eram financiados com a economia pessoal. Mas, talvez porque o casal não tivera filhos, e somado à personalidade deles, dedicaram naturalmente cuidando como se fossem seus próprios filhos.

Sr. Narumi Ueno, ou seria mais correto dizer o casal Ueno, seria uma das pessoas representativas dessas inúmeras pessoas anônimas de boa vontade. Se disser isso, creio que levarei bronca do sr. Ueno com aquela voz baixa "só fiz o que era normal."

Se for falar do sr. Ueno acrescentaria: isso não era boa vontade aos imigrantes jovens, mas se extendia a todos os vizinhos, e por acaso, os jovens imigrantes estavam incluídos entre eles.

Pela personalidade do sr. Ueno pode-se pensar que isso é absolutamente normal, mas, na verdade, o sr. Ueno trabalhou como chefe da Estação Experimental de Moinho Velho, que para os jovens era como se fosse a terra natal no Brasil, desde bem antes do início da imigração de jovens, até sua morte em 1969. Esses 15 anos foram de contínua boa vontade em relação aos jovens.

O sr. Ueno, que amava todas as plantas, acima de tudo o bambu, era um cavalheiro. No entanto, não era do tipo herói de tempos conturbados, e ainda mais, por ele detestar exibir aos outros seus atos, mesmo naquela época poucos sabiam dos atos benevolentes do sr. Ueno. E hoje em dia, quase ninguém sabe. Mas, não posso deixar de dizer que o fato de ter existido muitos veteranos com bondade como ele foi uma grande felicidade para os imigrantes de Cotia Seinen.

As pessoas que receberam ajuda do casal Ueno, segundo a classificação do sr. Y. descrito acima, seriam do grupo fora daquele que mesmo que fossem para inferno..., e segundo um antigo encarregado de imigrantes, eram principalmente os que estavam na fase de intensa deficiência física e mental. Mas, o casal Ueno nunca disse isso, e se acrescentar os que causa-

Sr. Ueno descansa agora no Cemitério de Cotia e a viúva Haruno ainda mora na Estação Experimental de Moinho Vellho. Livro: 20 anos de Cotia Seinen - p.43

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Cotia Seinen: 60 anos de União

O VERDADEIRO VALOR AQUI Sunao Ito

O tempo voa como uma flecha. 25 anos se passaram com meses e anos alternando as alegrias e as tristezas com os senhores. Sinto satisfeito pela amizade com muitos dos senhores Cotia Seinen, que vem se aprofundando cada vez mais com o passar dos anos, e dentre eles há dois grupos que são minha razão de viver. Como região de concentração de descendentes de japoneses, a região do Paraná vem depois do Estado de São Paulo. Mas a vila de Carlópolis (PR) é única. Enquanto as comunidades rurais nipo-brasileiras estão envelhecendo, os jovens estão contribuindo muito e ao mesmo tempo estão trazendo novidade, tanto em atividades agrícolas como no papel social. Essa força pode ser noada no fato de ter havido participação de 13 pessoas dessa comunidade na delegação de estagiários deste ano. Fico contente e orgulhoso por isso. Quando eles retornaram ao Brasil, todas os familiares que ficaram no país se reuniram para recepcioná-los. "Quando vocês se reuniram no hotel de Tóquio para voltar para o Brasil, estavam com saudade do grupo como se tivessem se reencontrado como irmãos, não é? Conversaram muito em português? Não ficaram de repente com saudade de Carlópolis? Nós estamos vivendo nessa terra por ter um destino em comum, mas somos todos como parentes e vamos continuar a relacionar amigavelmente." No ano passado, na comemoração dos 30 anos dessa vila, quando o pessoal local chamou os jovens originários dali, vieram muitas pessoas de vários locais e até de outros Estados acompanhados por familiares. Na margem do lago Xavantes, que tem vista maravilhosa e que fica 286

na parte baixa da fazenda, foi feito um brinde por estarem bem e foi plantada uma árvore comemorativa. Entre eles, havia uma família que não se via há cerca de 20 anos e, ao confundir a filha mais velha que acompanhava com a esposa da época do casamento todos riram, mas atentamos para o tempo corrido e os anos de crescimento das pessoas. Bem, outra comunidade é de jovens do Cerrado. Por obra do destino, fiquei encarregado de liderar o grupo na terra arável de Santa Maria, ao lado de Novo Mundo, e estou aprofundando relacionamento com muitos dos velhos conhecidos tendo o presidente Yamaguchi no meio. Na parte baixa dessa terra há um maravilhoso córrego de água límpida. Ele evoca uma nostalgia indescritível. Provavelmente, os jovens escolheram essa terra por gostar desse córrego límpido. E na margem há um enorme pé de jatobá que faz uma sombra ideal para churrascada. E uma vez ou outra fomos convidados a comer as iguarias feitas pelas senhoras Tomoyasu e Saeki. Principalmente a dona Saeki era a única senhora que tinha família no meio do Cerrado. E disse que uma das razões para decidir-se morar ali foi o lindo córrego em que se poder ver peixinhos. Qualquer pessoa deve lembrar dos rios da terra natal ao ver essa corrente de água límpida. Eu disse para dona Saeki: "se um dia os homens concentrados no trabalho sujarem esse rio, declare que vai embora para São Paulo". Então ela retorquiu de imediato: "sr. Ito, na nascente desse rio fica o Cerrado que você está desbravando." Levando esse golpe certeiro, prometi dentro do coração: "Pois bem, vou me esforçar para preservar a nature-


Cotia Seinen: 60 anos de União

za, não poluindo e contando com a colaboração dos vizinhos."

aos senhores que chegaram à presente prosperidade com a incansável vigorosidade.

Fico contente com a oportunidade que tive de exaltar colaborando com uma das atividades comemorativas dos 25 Anos de Imigração de Cotia Seinen, com "O verdadeiro valor de Cotia Seinen" e "A conclusão de imigrantes da colônia japonesa", que é marcado por esse lindo córrego no centro e pelo grande ideal de aumentar a produção de alimentos no interior do Estado de Minas Gerais.

A partir de 1979, com o acordo entre a Cooperativa Agrícola de Cotia e a Zenchu do Japão, reiniciou-se a emigração do "Novo Cotia Seinen", mas apesar da receptividade dos senhores imigrantes mais antigos, a situação atual é de não poder atender às expectativas.

Superintendente da Companhia de Desenvolvimento do Cerrado Livro: Comemorativo 25 Anos de Cotia Seinen p.139

COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO POR MEIO DA COOPERATIVA Saburo Fujita

No Ano Novo deste ano (1980), foi realmente uma grande emoção encontrar com seus amorosos filhos cheios de vitalidade visitando o Japão. Isto porque, penso que os sorrisos alegres dos nisseis são sustentados pelo fato de a maioria das 2508 pessoas, que foram para o Brasi estavam, vencendo as condições duras e estabelecendo-se como cooperativistas da Cooperativa Agrícola de Cotia e cresceram a ponto de se esperar um papel importante no desenvolvimento da nova agricultura do Brasil. No longo sofrimento dos senhores deve haver coisas indescritíveis. Nesses 30 anos até hoje, no processo de recuperação da economia do Japão devastada pela guerra, nós das cooperativas agrícolas estávamos pressionados com a nossa própria reconstrução da economia e a recuperação da agricultura. Assim, não pudemos dar apoio suficiente para a independência dos senhores e estamos sinceramente sentidos por isso. Entretanto, devo prestar homenagens

As atuais famílias dos agricultores têm em média dois filhos e estão ficando com um nível de escolaridade cada vez mais elevado. Em geral, depois de se formar se empregam em área diferente da agricultura, causando um grave problema por falta de sucessores na agricultura. Com a extinção da JAMIC e JEMIS, entre os governos do Japão e do Brasil está sendo discutida a revisão básica da imigração para o futuro, mas como há um compromisso firme de continuidade nos dois governos, a ligação com os senhores nunca será cortada. Principalmente pelo desenvolvimento do Cerrado, a nova política agrícola do Brasil, que almeja ser a base de alimento do mundo no futuro, é realmente grandiosa, e as cooperativas agrícolas do Japão também estão colaborando. Estamos fazendo um investimento indireto no CPA, que é o responsável pelo negócio de desenvolvimento experimental de 50 mil hectares em Paracatu, Iraí e Coromandel, e cogitando com a expectativa no empenho das atividades dos senhores no futuro. A década de 1980 no cenário internacional está sendo previsto tanto no aspecto político como no econômico com um período de abalo e caos, mas nós das cooperativas agrícolas do Japão, 287


Cotia Seinen: 60 anos de União

estamos nos empenhando organizando o "movimento de fortalecimento das atividades comunitárias" em diversos aspectos, por região, para proteger a agricultura e a vida dos agricultores. Nós estamos pensando em ampliar ainda mais e fortalecer a "cooperação e a conexão entre cooperativas internacionalmente", incluindo a aliança com a Cooperativa Agrícola de Cotia. Acreditamos que ao chegar aos 25 anos os senhores estão com intenção de dar um salto maior para o futuro. O nosso desejo é que este salto seja por meio da cooperativa. Portanto, esperando que a cooperação e a conexão com os senhores sejam fortalecidas cada vez mais por meio da Cooperativa Agrícola de Cotia e, nesse momento de comemoração, representando as cooperativas agrícolas do Japão, gostaria de expressar de coração a congratulação. (Presidente da Zenkoku Nogyo Kyodo Kumiai Chuokai Zenchu) Livro: Comemorativo dos 25 Anos de Cotia Seinen, p.128

MESMO QUE A COOPERATIVA ACABE QUE "SEINEN" SEJA INDESTRUTÍVEL! Keyro Simomoto Representante da Comissão Liquidatária da Cooperativa Agrícola Central de Cotia

A partir do dia 15 de setembro de 1955, quando 109 pessoas da primeira leva de imigrantes do Cotia Seinen pisaram pela primeira vez o solo brasileiro, passaram-se rapidamente 40 anos. Este ano (1995) é um marco e a publicação do livro comemorativo é motivo de congratulação. Suponho que muitos dos jovens de 40 anos atrás, mesmo tornando-se maduros ou idosos e às voltas com netos, ainda hoje se decla288

ra "Cotia Seinen" e mostra o espírito vigoroso, provavelmente por orgulho e disposição de querer se manter eternamente jovens do ponto de vista espiritual. No Japão de 40 anos atrás, ainda que tivesse se recuperado da confusão do pós-guerra e voltado à calma, a situação econômica não era necessariamente satisfatória e era época em que muitas pessoas sonhavam com a imigração para América Central e Sul para superar as dificuldades. Nesse cenário, até 10 de janeiro de 1967, quando desembarcaram em Santos os últimos 11 jovens, imigraram no total de 2.508 Cotia Seinen. Quanto a Cooperativa Agrícola de Cotia da época, pela proposta do já falecido diretor superintendente Kenkithi Simomoto, estava acolhendo ativamente os imigrantes agricultores recém-vindos, e estava se empenhando na formação de sucessores de agricultores deste país, sendo que o grupo "Cotia Seinen" foi para a cooperativa, que foi administrado principalmente por imigrantes japoneses, a grande esperança para o futuro como um vento de inovação. Na época em que ocorria a sucessão da geração de imigrantes japoneses de antes da guerra, os isseis por seus filhos nisseis e da previsível grande mudança do método de administração da agricultura, esses jovens imigrantes foram colocados na faixa intermediária entre as duas gerações. Foram a ligação entre os pensamentos antigo e novo. Dos Cotia Seinen, muitos fixaram suas raízes no vasto solo brasileiro como produtores agrícolas e é bem conhecido o fato de terem atuado investindo em negócios agrícolas do Brasil. Além disso, tem mostrado inúmeros esforços


Cotia Seinen: 60 anos de União

dentro da Cooperativa como principais forças produtoras e como líderes da região. A agricultura brasileira atual (1995) por sua vez, sofre com a manutenção da estagnação, com paralisação ou retrocesso da economia por causa de inflação na década de 1980 e a recessão da década de 1990. Por causa da longa e má conjuntura econômica, muitos agricultores nikkeis estão indo trabalhar no Japão. É um fenômeno de fluxo inverso, de alguma forma semelhante à imigração para o Brasil que aconteceu no Japão há 40 anos. Por outro lado, a Cooperativa Agrícola de Cotia, também foi vítima das mudanças na conjuntura econômica e da instabilidade do setor agrícola dos últimos anos e, teve falência administrativa e, como é do conhecimento de todos, em setembro de 1994 houve a sua dissolução voluntária.

família, para os companheiros, para a região e para o Brasil, reconhecendo esse ideal principalmente na comemoração dos 40 anos. Fazer isso é a missão incumbida ao eterno seinen (jovem) e acredito e tenho grande esperança de que se tornará um maravilhoso marco que sobrepujará quão grande seja a cerimônia comemorativa ou o monumento de pedra.

Os 18 mil associados da cooperativa ficaram sendo a tripulação da frota baleeira que perdeu sua nave-mãe e estão dispersos em vários lugares. Estão procurando uma saída, cada qual fundando novas cooperativas agrícolas regionais, mas, mesmo que o formato da cooperativa agrícola mude e fique em tamanho menor, desejaríamos que os Cotia Seinen ajam sempre como líderes e superem brilhantemente a tormenta oceânica. Mesmo deparando com adversidades em qualquer que seja a situação, ou qualquer que seja a área em que for se empenhar, gostaria que avançassem sem hesitação na formação de sucessores que assumam as responsabilidades, orientando as gerações mais novas e dando esclarecimento aos filhos, sem perder a liderança e o espírito pioneiro adquirido e refinado até agora como membro da Cooperativa Agrícola de Cotia. Creio que, ao fazer isso e se tornar pedra angular da prosperidade brasileira no futuro, estarão cumprindo o objetivo inicial da imigração.

Sunao Ito - Cidade de Carlópolis, Estado do Paraná)

Não paro de desejar que continuem o esforço e a dedicação daqui para frente também para a

Mesmo que a organização chamada Cotia que outrora apoiou a imigração dos senhores desapareça, faço votos para que "Cotia Seinen seja indestrutível", e assim, de forma simplificada expresso as palavras de congratulação. Livro: 40 Anos de Imigração de Cotia Seinen, p.165~166

ENRAIZANDO NO SOLO A felicidade do encontro inesperado nesse excelente dia Parabéns aos senhores em boa forma pelo meio século na terra pacífica. Bom trabalho dos diretores encarregados da Kyoguikai. Nessa longa caminhada de dias alegres e dias tristes, nós que passamos por alegria e tristeza temos muitas lembranças profundas e fortes os quais ninguém conhece. Os senhores que recebem as felicitações hoje são pessoas felizes. Numa circunstância em que não há parentes nesse continente, as pessoas com quem poderia contar eram marido e esposa. Não há nada mais auspicioso do que os dois estarem com boa saúde. Não podemos deixar de elogiar o esforço comovente e admirável das pessoas que perderam seus parceiros amados sem conseguir realizar sua grande ambição e que, sem se abater, superando a dor e a tristeza prepararam seus filhos para a sociedade. Para tanto deve ter havido também o apoio e o 289


Cotia Seinen: 60 anos de União

encorajamento dos companheiros. Por favor, continuem com essa amizade no futuro também. E ainda, esperamos pelas reuniões de visitas itinerantes. Atualmente, nos grupos de cada local está ficando cada vez mais dificil compartilhar com os japoneses os nossos sentimentos. Chegando a época em que somos libertados do trabalho, não devemos somente dedicar o tempo livre para o lazer, mas creio que há necessidade de retribuirmos à sociedade local.

bons hábitos que os japoneses possuem e de boa cultura que os descendentes de outros grupos étnicos possuem. Na corrente da sociedade moderna, seja pela diversidade de vidas isoladas ou por unificação por incorporação, os países estão se aproximando e o mundo está ficando menor, mas as diferenças de senso de valor é grande e os confrontos entre países, grupos étnicos e religiões não cessam. Com a insegurança ampliada, está chegando a época em que é difícil de se prever o futuro.

Dentro da sociedade local, há inúmeros brasileiros com boa educação. Devemos buscar ativamente a amizade com essas pessoas.

Chegou a época em que o mundo inteiro deve observar atentamente para o Brasil, que tem atrativos que guardam essa grande possibilidade. É a A combinação da excelencircunstância dos países te cultura de grupos étestrangeiros, que não ponicos diferentes e, ao dem ignorar essa vasta mesmo tempo, entre os planície fértil, riqueza de Sunao Ito homenageado na festa dos 50 anos (a direita), ao lado do presidente Issui Takahashi nossos descendentes, que recursos naturais e sua já estão atuando como membros da sociedade, produção. Esse continente e terra é onde nós resulta na grande influência na compreensão nos enraizamos e é a terra natal dos nossos desdo pensamento de cada um. cendentes que nasceram e foram criados aqui.

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O reflorestamento é o legado que se deixa para a próxima geração Há algo notável nas figuras dos descendentes de imigrantes do pós-guerra que atuam em diversas áreas. Estão aumentando nisseis e sanseis, que estudaram muito e se esforçaram muito, e que atuam na camada superior da sociedade. O fato de aparecer em cada local jovens que ocupam cargos de responsabilidade elevada e de importância é para nós uma grande satisfação.

Como um empreendimento do Cotia Seinen, continua em vários locais o reflorestamento e nós estamos sigilosamente satisfeitos com isso. Esse exemplo exerce influência em vários locais e os Cotia Seinens devem liderar esse processo, pensando em melhrar a terra natal de seus filhos de cada região.

O que se espera, além disso, é que surjam pessoas com grande tolerância e de profunda benevolência na sociedade, com a combinação de

Livro: 50 Anos de Cotia Seinen 1955~2005 p.140~141

"Não esqueçam do propósito inicial", por favor, dediquem a energia do restante da vida nessa terra em que buscaram a tranquilidade.


Cotia Seinen: 60 anos de União

RECORDAÇÕES DO COTIA SEINEN DA ÉPOCA DE BRAGANÇA PAULISTA Toshio Shimura (Residente em São Paulo)

Realização de "Reuniões para Conhecer o Brasil" no depósito Empreguei-me na Cooperativa Agrícola de Cotia em 1957 e foi dois anos depois do início da vinda de Cotia Seinens ao Brasil. Em dezembro do mesmo ano fui transferido para o Depósito de Bragança como gerente. Na época, essa região era uma grande produtora de batatas e cerca de 50 imigrantes Cotia Seinen trabalhavam nas fazendas dos membros da cooperativa com radiante vitalidade. Como eles tinham pouco tempo de Brasil e não conhecerem a realidade do Brasil, com o consentimento dos patrões, foram realizadas "Reuniões para conhecer o Brasil", reunindo-se no depósito de Bragança, no 3º domingo do mês. Essas reuniões foram chamadas de "Seiunkai" de Cotia Seinen. Havia pessoas que não podiam participar por razão do trabalho do patrão, mas cerca de 80% dos Cotia Seinen se reuniam e tornandome um professor improvisado, expliquei sobre a situação do Brasil e a agricultura, respondi às perguntas deles e conversamos sobre o futuro deles. Por volta de 1960, os Cotia Seinens participantes aumentaram, chegando em torno de 120 pessoas, sendo elogiado pelo chefe da Seção de Imigrantes, sr. Yamanaka, que dentro da juridição da Cooperativa Agrícola de Cotia, o número de Cotia Seinens e sua fixação na região eram excelentes. Em 1961, foi realizado o Campeonato de Judô de Jovens Bragantinos, promovido pela Associação Cultural de Bragança. Foi dentro da oficina da concessionária de automóveis da cidade

de Bragança. O presidente da Comissão do Campeonato foi Shimura e o presidente da Comissão de Árbitro do Campeonato foi o presidente da Federação Brasileira de Judô, faixa preta de 7º grau, Okouchi, e dos 30 judocas participantes, havia 25 faixas pretas Cotia Seinen. Essa formação surpreendeu o presidente da federação, sr. Okouchi, que disse "Tenho assistido a todos os campeonatos brasileiros, mas ter 25 faixas pretas e todos são Cotia Seinen. Para mim será a primeira e última vez. Parabéns sr. Shimura", elogiou e apertou a minha mão até doer. Os judocas participantes foram Cotia Seinens de Atibaia, Itatiba e Bragança. Ter enfileirado os judocas, liderado pelo mais alto grau, o faixa preta de 3º grau, Haga de Itatiba, e os faixas pretas de 2º e 1º grau foi algo espetacular. Dois Cotias Seinens infelizes que morreram no meio da aspiração As coisas boas não duram muito tempo e o sr. S da 2ª leva da primeira fase morreu por causa de câncer, deixando a jovem esposa, após um ano de casamento. Logo depois, sr. K morreu em acidente com trator um mês após a sua chegada ao Brasil. Depois de perder dois Cotia Seinens, não devia acontecer, mas pensando que poderia acontecer no futuro, foram adquiridos dois túmulos no cemitério em nome da Cooperativa Agrícola de Cotia, com o dinheiro da Associação de Ajuda Mútua dos Vilarejos. Em um deles estão os ossos do sr. K, mas felizmente, depois disso não houve nenhuma perda até agora. Em 1962, como o prédio do armazém era apertado e estávamos passando por necessidade por não ter local para fazer a reunião de chefes 291


Cotia Seinen: 60 anos de União

dos vilarejos. Negociando com os diretores da central, com investimento especial dos membros da cooperativa, foi construída a sala de reunião no fundo, sobre o depósito de fertilizantes e de defensivos agrícolas. Esse ano marcava o 10º ano da fundação do Depósito de Bragança, levando-se em conta que haveria cerimônia comemorativa. A sala de reuniões ficou pronta com 7 m de largura por 18 m de comprimento. No canto do fundo, como sala de estar, foi colocado um conjunto de sofá com tapete no chão e, ao lado, um aparelho de televisão. As janelas eram grandes e foram colocadas cortinas, foram dispostas 100 cadeiras dobráveis, uma mesa de tênis de mesa, um jogo de shogi, e um jogo de go. E em setembro desse ano, foi realizada grandiosamente uma reunião conjunta dos chefes na nova sala de reuniões com a presença do presidente Gervásio Inoue e de alguns diretores, chefes de departamentos e chefes de seções, mas ninguém falou nada sobre a sala de reuniões. Na verdade, exceto as 100 cadeiras dobráveis, as mobílias da sala de reuniões foram adquiridas com o dinheiro da Associação de Ajuda Mútua dos Vilarejos e não tinha nenhuma relação com o orçamento da Cooperativa Agrícola de Cotia. Isso se tornou um estopim e, com a sala de reuniões no depósito da Cooperativa Agrícola de Cotia, tornou-se possível receber visitantes estrangeiros e brasileiros. Livro: 50 Anos de Imigração 1995~2005 p.141~143

SOBRE AS NOIVAS DOS COTIA SEINENS Maria Katsuko Takahara - a família do patrão

A primeira vez que encontrei com Cotia Seinen foi em 1960. Sr. Shigeru Kimura, sr. Kazuhiro Toyosaka e sr. Yoshinori Takashima vieram para a Fazenda Takahara da nossa família em Indaiatuba. Meus pais Miyoji e Toshiko, desde a dé292

cada de 1950, estavam acolhendo famílias de jovens da Rikkokai, de modo que estavam acostumados. Os Cotia Seinens eram alegres, trabalhadores esforçados e diligentes, ganhando logo a confiança da nossa família. Eles eram enérgicos, com vontade de fazer as coisas, interessados e queriam ajudar em tudo. Indaiatuba era um grande produtor de tomates. Era uma cidade que acolhia pessoas de fora e acolheu muitos imigrantes do pós-guerra. Aos poucos, os Cotia Seinens de outras regiões também começaram a viver nessa cidade. Na década de 1960, foi construído o depósito da Cooperativa Agrícola de Cotia. Nessa época eu era ainda uma menina. Lembro-me muito bem que esses Cotia Seinens falaram sobre o Japão. Fiquei ouvindo com muito interesse as histórias, que esses jovens que vieram de longe, me contaram. Nessa época, ainda era difícil a comunicação com o Japão, e para receber a cultura japonesa dependia da escola de língua japonesa e da família. E ainda, os filmes japoneses tinham um papel importante na transmissão da cultura japonesa. Esses jovens, que vieram do Japão depois da guerra foram chamados de "Japão novo" (japonês recém-vindo) e trouxeram a atmosfera e o pensamento novos e modernos nesse local. A maioria dos Cotia Seinens veio solteiro após se formar no curso colegial no Japão. Com o passar do tempo, os pais dos jovens começaram a ficar preocupados por eles serem solteiros. E encontrando boas esposas para os jovens as enviavam para o Brasil. As pessoas que conseguiam casar antes da partida do Japão, vinham em lua de mel na viagem de navio. E ainda, outras pessoas se encontravam


Cotia Seinen: 60 anos de União

pela primeira vez no Porto de Santos com as esposas escolhidas antes da viagem. Somente um número reduzido de pessoas conseguiu ir buscar as esposas no Japão. Cotia Seinens tinham boa avaliação por serem sérios, diligentes e esforçados no trabalho em cada família rural, agradando os donos das fazendas de gado e de agricultura. E em famílias que tinham filhas solteiras, os casamentos eram feitos naturalmente, com a aprovação dos pais. Como o trabalho na casa dos agricultores era duro, para os jovens era importante ter uma esposa que acompanhasse e apoiasse, para se tornar independente financeiramente o mais rápido possível. De fato, por ter motivos como esse, por formação familiar e cultural e idade para se casar, foi iniciada a imigração de noivas para os Cotia Seinens.

Terminada a longa viagem de navio pelo Oceano Pacífico e chegando ao Porto de Santos e pisando com os próprios pés o solo brasileiro diria "Muito prazer, sou sua esposa. Conto com sua consideração". Isso era ao pé da letra "conto com sua consideração", na situação em que só se podia contar com ele. Não há outra pessoa com quem poderia contar, a não ser ele, que é o marido com quem me encontrei pela primeira vez. Era a primeira vez de fato que se encontrava com o marido. No entanto, o sentimento era algo que precisava encontrar doravante. Eu sempre simpatizei com as noivas do Cotia Seinen. Isso porque elas eram curiosas, tinham espírito de aventura, gostavam de saber sobre tudo, tinham coragem, capacidade de decisão, eram dedicadas ao trabalho, ficavam amigas de qualquer pessoa e tinham perseverança. Nos jantares

A coragem e a decisão das noivas Ao invés da noiva simplesmente vir de fato, ela partia do Japão fazendo o registro civil do casamento, com o marido que conhecia somente pela foto. A cerimônia de casamento era feita no Japão, formalizada com a família do noivo, com a fotografia dele ao lado da noiva, com a presunção de que vão se conhecer quando chegar ao Brasil. Sempre perguntei a essas pessoas por que fizeram esse tipo de casamento e sobre o estado de espírito no momento da decisão. Quando eu era jovem, mesmo com caráter e cultura oriental, por ter crescido no estilo ocidental, fiquei surpresa pelo casamento feito pelos pais. Isso não era encontro arranjado normal, que ainda era realizado geralmente na sociedade brasileira. O que eu vi era algo como cair na escuridão. Esse pulo iniciaria com a resposta "sim" da noiva para os pais do noivo e, durante a viagem era como se estivesse no ar.

Colheita de tomate com a esposa recém-chegada do Japão, Katsumi Ukai, da 3a. leva da primeira fase, de Gifu.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

sociais, enquanto os maridos se reuniam e se divertiam harmoniosamente, bebendo e cantando, as esposas dedicadas cozinhavam. Entre elas havia aquelas que voltavam dirigindo os carros no lugar dos maridos embriagados, por medida de segurança. Esses jantares sociais influenciavam positivamente os sentimentos dos maridos. (Embora poderia fazer mal para o fígado...) Fortaleciam laços como amizade com amigos e ajuda mútua e ficam como boas lembranças para sempre. Agora que passaram 50 anos, o que senti é que tenho certeza disso. As noivas eram alegres, gostavam de festas, honestas com vontade inabalável, fácil de ganhar confiança das pessoas e sabem como superar as dificuldades. As esposas dos Cotia Seinens apesar de terem envelhecidas, têm a coragem de acompanhar os maridos que vão ao Japão como decasséguis por problemas financeiros. Além disso, para elas, as dificuldades da vida e da distância, perderem pessoas íntimas, é o começo de tudo e, mesmo perdendo o marido, que era fonte de sua força, têm a capacidade de superar e ainda até ajudam outras pessoas. Têm a criatividade para superar o que foi perdido na vida cheio de dificuldades e têm

a vontade de fazer. Tenho muito respeito por elas. Ainda agora as noivas dos Cotia Seinens são graciosas, fortes, bondosas e amorosas, inabaláveis, sérias, têm humor e são bastante pacientes. Os valores aprendidos desde a infância, como tolerância, respeito ao marido e a importância de construir a família foram herdados pela noivas que se casaram com os Cotia Seinens. Todas elas são mulheres altamente avaliadas, inteligentes e mulheres que enfrentam as dificuldades. Com 64 anos de idade, ainda agora estou refletindo sobre esses assuntos. Isso é, não pensava que eram pessoas com sentimentos amorosos tão profundos. O amor vem em silêncio. Mas, o fato de você saber quando isso vem é porque, de repente, você não está mais sozinho e não há tristeza dentro de você. (Joan Walsh Anglund) Creio que essa poesia expressa bem sobre as noivas do Cotia Seinen. (texto traduzido) Livro: 55 Anos de Imigração de Cotia Seinen e 51 anos de Imigração das Noivas, p.163~165

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Mesas Redondas CHEGANDO A 20 ANOS DE COTIA SEINEN

Hiroyuki Ashikawa, originária de Shizuoka, 40 anos - Yoko Seo - Residente na cidade de São Paulo, esposa de Masahiro Seo, originária de Tokushima, 36 anos - Hideko Bando - Residente na cidade de São Paulo, espo-

Foi bom ter vindo para o Brasil Sou "feliz" por ser esposa de Cotia Seinen Do total de 2508 Cotia Seinens, a maioria já é independente e tem construído alicerce como um núcleo na sociedade brasileira, mas à sombra desse esforço, nem é preciso dizer que a cooperação e o encorajamento das esposas têm sido uma força importante. São relatos de experiência das esposas que contaram misturando relações amorosas e dizendo estar "cheio de felicidade" agora que superaram as dificuldades.

sa de Hiroyuki Bando, originária de Tokushima, 34 anos

Participantes (na ordem de uso da palavra)

Para o Brasil com incerteza e esperança [Maeda] Muito obrigado, por terem comparecido em grande número hoje apesar de estarem ocupadas e da longa distância. Pois bem, nós Cotia Seinen, que chegamos a 20 anos este ano, atualmente estamos atuando cada um em sua área e tornamos um grande foco de atenção da sociedade brasileira. Isso é o resultado dos esforços contínuos e extraordinários de cada um dos Cotia Seinen que contou

- Nobuko Tashiro - Residente em São Miguel Arcanjo, esposa de Tadashi Tashiro, nissei, 36 anos - Francisca Sato - Residente em São Miguel Arcanjo, esposa de Hitoshi Sato, brasileira, 27 anos - Yumiko Hibino - Residente em Butantã, esposa de Katsuhiko Hibino, originária de Gifu, 38 anos - Takako Ukai - Residente em Vargem Grande, esposa de Katsumi Ukai, originária de Gifu, 35 anos - Michiko Ashikawa - Residente em Indaiatuba, esposa de

- Minako Yamashita - Residente em Ibiúna, esposa de Masaaki Yamashita, issei (originária de Kagawa), 31 anos - Miwako Yoshiizumi - Residente em Indaiatuba, esposa de Shuzo Yoshiizumi, originária de Yamagata, 34 anos - Yoko Sadasue - Residente em São Miguel Arcanjo, esposa de Tetsuya Sadasue, originária de Fukuoka, 33 anos - Akiko Nishioka - Residente em São Miguel Arcanjo, esposa de Sadao Nishioka, originária de Kochi Mitsuyoshi Maeda - Presidente de Cotia Seinem Renraku Kyouguikai (Mediadora) Haruju Matsuoka

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com a força das esposas que os incentivaram diretamente na sombra ou no sol. Hoje, gostaríamos que contassem sem reserva os fatos que aconteceram até agora. A mediadora será a sra. Matsuoka, que é admirada por Cotia Seinens como mãe deles e que no ano passado foi ao Japão como conselheira das noivas do Cotia Seinen. [Matsuoka] Sou Matsuoka apresentada há pouco. Na verdade, pensei que seria uma ousadia aceitar ser mediadora da mesa redonda como essa, mas no ano passado fui ao Japão como conselheira Haruju Matsuoka das noivas de Cotia Seinen e, ainda no início, quando começou o sistema Cotia Seinen, acolhi três a quatro Cotia Seinens. sendo suas esposas convidadas para participar, achei que tenho um pouco de relação com senhores e resolvi aceitar. Apesar do nome Cotia Seinen, como passaram 20 anos, não são mais jovens, ouvi dizer que já passaram dos 42 anos e há pessoas com 45 anos. Creio que, como os casamentos das senhoras aconteceram depois, não deve chegar a 20 anos, mas deve ter havido muitas coisas até agora. Hoje, gostaria que contassem isso francamente. Inicialmente, pedimos para contar quando veio a oportunidade de casar com Cotia Seinen. Sra. Tashiro é nissei, a sra. Sato é brasileira, a sra. Yamashita é issei residente no Brasil e as demais são noivas vindas do Japão, não é isso? Sra. Tashiro que é nissei, como casou-se com Cotia Seinen? [Tashiro] Fala-se em chance, mas ouvi dizer de todos que era um rapaz muito bom. Será que isso pode ser chamado de chance? [Matsuoka] Sra. Sato namorou e casou? [Sato] Sim, isso mesmo. [Matsuoka] As pessoas que vieram do Japão 296

deviam estar bem inseguras como seriam os maridos e creio que provavelmente deviam estar com incerteza e esperança. Sra. Hibino que veio mais cedo, como foi? [Hibino] Estava vendo sempre a fotografia, mas quando cheguei ao Porto de Santos, ao ver o meu marido de cima do navio, a cabeça dele já estava com cabelos rarefeitos. (risos) A fotografia era falsa. (risos) Como a linhagem genealógica do meu marido é de careca, até certo ponto, tinha imaginado isso. [Matsuoka] Sra. Ukai, como foi para senhora? Também estava insegura? [Ukai] Estava insegura sim, mas como posso dizer? Não saber é uma coisa boa e mais do que insegurança a expectava era maior. [Hibino] Sra. Ashikawa e eu viemos no mesmo navio, mas como a sra. Ashikawa já conhecia o marido dela, estava tão tranquila que era até detestável. [Ashikawa] Não era bem assim. (risos) [Ukai] Eu só tinha uma foto, de modo que quando o navio chegou no porto, fui chamada em voz alta. [Seo] Quanto a mim, o amigo do meu marido subiu no navio e intermediou com meu marido. [Bando] Como conheci no Japão, não tinha nenhuma preocupação. [Matsuoka] Sra. Yamashita conheceu aqui, isso mesmo? [Yamashita] Sim, no meu caso foi um casamento rápido. O meu marido morava na casa do sr. Kurose de Atibaia e nós mudamos para esse local. Conheci-o em janeiro e em junho nos casamos. Cotia Seinens cuidam bem das esposas [Matsuoka] Enfim, descendo do navio, foram para as fazendas, mas deve ter sido difícil por ser um ambiente totalmente diferente. [Hibino] Como se diz, na frente do portão, o jovem sacerdote budista lê um sutra não aprendido (exemplo da grandeza da influência do


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meio ambiente no ser humano). Até que não nós dois. ligava, mas como éramos as primeiras noivas [Sato] Como minha família estava em São Mide Cotia Seinen, parecia que havia sempre pesguel, não havia muita preocupação. soas observando, e preocupadas com a vizinhan[Yamashita] Os Cotia Seinens cuidam bem das ça, parecia que estávamos encenando. esposas. Assim, creio que cada uma tinha sua [Yoshiizumi] Certamente era assim. Éramos insegurança por ser primeiro parto em um amobservadas por todos. biente não acostumado, mas os maridos se es[Hibino] Sim, por isso mesmo, por teimosia tíforçaram bastante e creio que não ficaram nhamos que ser bem sucedidas. Esforçávamos muito preocupadas. para não falhar na medida do possível. Não sei [Tashiro] Realmente é isso. Cotia Seinens cuio que é, mas parecia que havia maldade nos dam bem das esposas deles. olhos da vizinhança que esperava a nossa fa[Nishioka] Como ambos compartilham o sofrilha, não é? mento, conseguiram se compreender mutua[Yoshiizumi] Como o patrão morava em casa mente. de parede de barro, fiquei muito surpresa. [Ashikawa] Naquela época era realmente terComo a batata está barata está difícil rível, tínhamos uma noção lendo as cartas, mas [Matsuoka] Mas, o que estão produzindo? vendo essa realidade com os próprios olhos fi[Tashiro] Até agora estávamos produzindo tocamos surpresas. mate e hortaliças, mas atualmente estamos [Sadasue] Na casa do patrão, de manhã cedo, produzindo uva Itália em 1,5 hectares com mão assim que amanhecia, começava a trabalhar e de obra caseira. ia até o pôr do Sol, e fiquei surpresa com isso. [Sato] No meu sítio produzimos principalmen[Matsuoka] O primeiro parto deve ter sido dite cenoura em cerca de 2 hectares, mas há fícil. cerca de 30 trabalhadores. [Ashikawa] Quando o meu primeiro filho nas[Nishioka] Estamos plantando batatas em 35 ceu, éramos trabalhadoras diaristas. De modo alqueires anuais, com cerca de 10 alqueires por que assim que voltei do hospital, não podia nem vez, mas como a batata está barata, está difídeitar e fiz de tudo para tirar a água e rachar a cil. lenha. Até o segundo filho trabalhei na lavou[Sadasue] No meu sítio temos 1 hectare de uva ra, mas na medida que a vida foi melhorando Itália, além de cebola e batata. não ia para lavoura e as crianças mais novas [Hibino] No meu caso são flores. Éramos agricultores, mudamos, mas não deu certo. Reconão sabem o que é ser agricultor. meçamos, e somos pequenos [Nishioka] Na época do meu agricultores. É preciso se esprimeiro parto, como estávatabilizar para tentar alguma mos com meu irmão mais vecoisa diferente. lho, eu fazia como a minha [Ashikawa] Tomate e algodão. cunhada dizia e não tive neOs japoneses tomam conta e nhuma preocupação. o resto é com as famílias de [Sadasue] No nosso caso, não brasileiros. havia ninguém para ajudar e [Yoshiizumi] No meu sítio promeu marido ajudou muito faduzimos tomate. zendo o trabalho pesado. [Yamashita] Uva Itália e conSendo assim, podemos dizer Akiko Nishioka (a direita) e Yoko Sadasue tamos com uma família de que criamos nossos filhos só (a esquerda) 297


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trabalhadores. [Ukai] Cerca de 2 alqueires de alcachofra. [Seo] No meu caso, uma pequena loja. [Bando] No meu caso sim, uma pequena loja de linhas de lã. Sou realmente "feliz" com um marido bom [Matsuoka] Dizem que vieram até agora 2508 Cotia Seinens, e dentre eles os que casaram Francisca Sato e Nobuko Tashiro com nisseis e sanseis foram cerca de mil pessoas. 506 pessoas chamaram noivas do Japão e os que casaram com brasileiras não descendentes de japoneses são cerca de 200, de modo que cerca de 2/3 casaram-se e creio que as senhoras dentre as esposas são todas muitos felizes, o que acham? [Yoshiizumi] Eu casei por fotografia sem conhecer nada do meu marido, mas atualmente, sem incomodar os outros, sou feliz demais e penso que foi realmente bom ter vindo para o Brasil. [Seo] Eu troquei correspondência com meu marido até demais, mas foi também um casamento por fotografia. No início produzimos tomate. Como não vim de uma família de agricultores no Japão, não sabia nada de agricultura. Como meu marido disse que havia lavoura que mesmo uma mulher poderia praticar, eu vim, e a lavoura que fiz foi só encaixotar os tomates. (risos) Essa primeira produção de tomate foi favorável, e foi possível começar o comércio de atualmente sem muito sofrimento. Mas sou completamente dependente do meu marido e creio que uma felicidade como essa não conseguiria obter no Japão. [Ukai] Vim direto sem trocar cartas, só via fo298

tografia. Eu estava trabalhando na cidade, mas não gostava do relacionamento humano e sempre estava pensando em ir para o interior, mas só de vir para o Brasil fiquei feliz e atualmente também sou obviamente feliz. [Hibino] Não sei bem se sou feliz ou não. Após 16 anos de casamento, acostumados demais, será que a prova da felicidade está em não pensar se é feliz ou infeliz? Eu sempre gostei de lugares amplos. Então, o meu ideal de rapaz era o que iria para o desenvolver de Hokkaido, mas não havia por perto um rapaz com essa fibra e estava descontente. Nesse momento, ouvi a respeito do meu futuro marido e como havia muitos conhecidos no Brasil, vim para cá. De qualquer maneira, como passo os dias sem pensar se sou feliz ou infeliz, no final de contas, isso não seria felicidade? [Sadasue] Vim para cá por fotografia e correspondência. Após passar cerca de 8 meses na fazenda do patrão tornamos independentes. Como era no meio do mato e sem carro para sair para a cidade, passamos dificuldades e atualmente estamos mais ou menos. Há cerca de 3 anos, voltei ao Japão, mas ao ficar lá por 2 meses, fiquei com vontade incontrolável de voltar ao Brasil. [Nishioka] Por 3 anos trabalhamos como camaradas e, deve ter sido para todos, mas passamos por muitas dificuldades. Atualmente, pelo preço da batata ser baixo, o meu marido anda irritado e estou me esforçando em não lhe causar preocupação com a família. Desde que nos casamos não tivemos briga de casal nenhuma vez. Meu marido sempre diz que o mais importante é todos se entendeYoko Seo e Hideko Bando


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rem e viver amigavelmente. com uma dívida de 7 contos É realmente um marido bom de réis de 15 anos atrás. e acho que sou feliz. Essa dívida foi saldada com [Sato] Como nos casamos pora primeira produção percenque nos amávamos, obviatual e com a produção semente somos felizes. Na époguinte de tomate, conseguica do casamento tivemos um mos lucrar bastante. Com pouco de desencontro no idiisso compramos bomba, aroma, mas atualmente isso não rendamos terra e ao mesmo acontece e somos felizes. tempo contratamos duas faMinako Yamashita e Takako Ukai Eu como arroz branco e mimílias de brasileiros. Depois soshiru e meu marido até fica orgulhoso dizendisso, nesses 10 anos, temos plantado cerca de do a todos que tsukemono que eu faço é real200 mil pés de tomate por ano, mas creio que mente delicioso. as primeiras dificuldades funcionaram como um [Tashiro] Eu também tive dificuldades por não bom remédio. saber a língua japonesa. Logo depois de tornar Como meu marido diz que de alguma forma independente também foi difícil. Se pensar estamos indo bem, de modo que de agora em agora parece piada, mas na época estávamos diante vamos pensar nos outros, eu também nos virando pedindo emprestado 30 contos de estou me empenhando com essa intenção. reis por mês da cooperativa. [Yamashita] Em uma palavra, sou feliz. Vim Como nasci no Brasil, é natural que esteja no para o Brasil aos 16 anos na minha adolescênBrasil, mas estou grata pelo fato de ter enconcia, mas na verdade não queria vir para cá, ou trado com meu marido que veio do Japão, creio melhor dizendo, não conhecia a realidade do que graças ao Deus da felicidade. Brasil e, em todos os casos, pensei até em sui[Bando] Conheci o meu marido no Japão e vim cidar dentro do navio. Mas então, consegui capara cá, sendo agricultor no início, mas por ele sar com meu marido, passei a gostar realmenter adoecido no meio do percurso, saímos para te do Brasil e pensar que sou feliz todos os dias. cidade e ele se empregou na cooperativa e atu[Matsuoka] Só de ver os rostos das senhoras almente conseguimos finalmente abrir uma loja tive a intuição de que são todas pessoas felizes de fios de lã. e ao ouvir as conversas de todas fiquei realidaÉ doloroso ficar doente em qualquer lugar, mas de contente. Principalmente a conclusão de que ao ficar doente no Brasil, tivemos muitos progostam do Brasil e foi bom terem vindo para o blemas. No entanto, atualmente, conseguimos Brasil. É o que vim falando para as pessoas com passar todos os dias com esperança, de modo as quais tenho encontrado no Japão e fiquei que creio que foi muito bom ter vindo para o aliviada por não estar errada. Brasil. [Ashikawa] Como eu também já estava me reEducar as crianças adequadamente lacionando com meu marido no Japão, não es[Matsuoka] Então por fim, por favor, contem tava muito preocupada em vir para o Brasil. os planos para o futuro que podem ser qualQuando cheguei, estava no meio do contrato quer coisa, como trabalho, vida e filhos. de 4 anos e ao terminar, como mudamos de [Tashiro] Meu marido adora agricultura e diz local, para acostumar com os costumes desse que gostaria de continuar para sempre, mas lugar, trabalhamos como camaradas por mais 6 gostaria de desenvolver ao máximo a aptidão meses e no final das contas ao sair estávamos de cada filho e deixar fazer isso no futuro. 299


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[Sato] Meu marido também adora a agricultura e diz que não pensa em parar, mas gostaria de dar educação adequada para os filhos. [Nishioka] Não pensamos em produzir batata a vida toda. Meu marido diz que quer comprar uma fazenda de gados no Estado do Pará e viver tranquilamente. E eu concordo com isso. As crianças não são muito inteligentes, mas vamos deixar os negócios por conta delas. GostaYumiko Hibino, Michiko Ashikawa e Miwako Yoshiizumi ríamos de dar uma educação adequada que vão aprender naturalmente. para que possam decidir o caminho a seguir. E E como creio que a língua japonesa se aprende ainda, gostaríamos de dar uma educação de línnão porque os pais são japoneses, mas como gua japonesa, e nós também queremos estuuma língua representativa do mundo como indar a língua portuguesa. glesa, alemã, francesa e espanhola, a língua [Sadasue] Meu marido diz que qualquer coisa japonesa será necessária mundialmente, penque os filhos forem fazer no futuro, precisam so que daqui em diante as crianças brasileiras de uma educação adequada e eu também penprecisarão aprender normalmente a língua jaso do mesmo modo. ponesa. O que acham disso? [Hibino] No meu caso, ainda estou no estágio No momento, parece que os meus filhos estão em que posso falar dos planos para o futuro. estudando com vontade de ir para a faculdaMeu marido que é atraído por muitas coisas, de, na medida do possível, gostaria de fazer de vez em quando traz bons negócios, mas o com que esse desejo se realize. máximo que consigo fazer é colocar em ordem. [Yoshiizumi] Como meus filhos frequentam a No momento, estou pensado que como já pasescola de língua japonesa, sabem ler e escresamos dos 40 anos, precisamos dar um jeito ver, mas não falam muito. Eu também, acabo em 10 anos. falando no dia a dia em português desajeitado, Não tenho altas aspirações para os filhos, mas o que é ruim, mas gostaria de desenvolver as se tiverem capacidade gostaria de deixar fazer capacidades dos filhos na medida do possível. o que quiserem. Atualmente não estão frequenQuanto ao trabalho deixo por conta do meu tando escola de língua japonesa, mas como marido, que agora está produzindo tomate, mas sabem ler e conversar em japonês, estou me no futuro não sei. Por muito tempo viemos aresforçando para responder às perguntas com rendando terra e só recentemente adquirimos japonês correto, isso porque os filhos vêem terra, de modo que as coisas acontecerão de mangá japonês e aprenderam e falam japonês agora em diante. no estilo do mangá. (risos) [Yamashita] O que estamos fazendo atualmen[Ashikawa] Como deixo o trabalho por conta te é o máximo e não chegamos até as aspirado meu marido, quanto aos filhos, estou soções do futuro. Se aspiração for manter o que frendo também com a linguagem deles. Depois temos no momento, isso seria a aspiração. do curso ginasial as tarefas da escola aumentaA minha filha mais velha só falava japonês e ao ram e acaba inevitavelmente não tendo tempo entrar na escola primária nem entendia bom para dedicar à língua japonesa. Mas quando os dia e fomos alertados pela escola para usar o filhos ficarem com vontade de aprender, creio 300


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português em casa. Então, agora estamos nós dois usando o português na medida do possível. Para os filhos, é óbvio, como pais gostaríamos de fazer com que estudem de acordo com os desejos deles na medida do possível. [Ukai] Como não temos muita capacidade, mesmo tendo altas aspirações, no meu caso espero também manter a situação atual. [Seo] Falando em aspiração para o futuro, particularmente não tenho. Como sou totalmente dependente, deixando tudo por conta do marido, não tenho pensado nisso. Somente, gostaria de proteger bem a família para que meu marido tenha facilidade de agir. Quanto aos filhos, eles falam a língua japonesa no nível suficiente e nesse ponto não tenho preocupação. Como pais, gostaríamos de continuar dando a educação aos filhos de acordo com a capacidade e a vontade deles. [Bando] Os meus filhos entendem bem a língua japonesa e lêem romances normalmente. Obviamente, gostaria de dar toda educação possível. Quanto ao trabalho, agora que finalmente tenho ambição, gostaria de ajudar o meu marido que anda adoentado, trabalhando intensamente para que digam com certeza "é esposa de Cotia Seinen". [Matsuoka] Então com isso, muito obrigada pelo longo tempo que tomamos. Por favor, tomem muito cuidado com suas saúdes e se esforcem para que se tornem cada vez mais felizes no futuro. E ainda, como há entre os Cotia Seinens ainda muitos que estão solteiros, para que tenham o gosto da felicidade como as senhoras, por favor, pedimos para as senhoras que ajudem de diversas formas em prol dos Cotia Seinens solteiros. Composição/Hideharu Sakata Livro: 20 anos de Cotia Seinen p.44~49

AS NOIVAS QUE SE TORNARAM CENTRO DOS LARES Data: 20 de julho de 2005 - Local: Associação Cultural dos Provincianos de Kochi no Brasil Participantes - Michiko Ashikawa (Marido falecido sr. Hiroyuki Ashikawa, 7ª leva da primeira fase, de Shizuoka, Campinas) - Naomi Kato (Marido sr. Masaharu Kato, 14ª leva da segunda fase, de Oita, Jacareí) - Misako Kuroki (Marido sr. Kei Kuroki, 1ª leva da primeira fase, de Miyazaki, Vargem Grande) - Ryoko Shirahata (Marido sr. Makoto Shirahata, 6ª leva da segunda fase, de Nagano, Ibiúna) - Miwako Yoshiizumi (Marido falecido sr. Shuzo Yoshiizumi, 1ª leva da primeira fase, de Yamagata, Indaiatuba) Mediadora: - Miyoko Shakuda (Marido sr. Tadashi Shakuda, 19ª leva da segunda fase, de Mie, Caucaia do Alto)

Mediadora: Chegando aos 50 anos de imigração do Cotia Seinen, gostaria de ouvir diversos relatos das esposas que estão presentes aqui sobre os 50 anos vivenciados até hoje. Em primeiro lugar, lembramos de uma pessoa representativa do Cotia Seinen, que é o sr. Setsuo Yamaguti. E o sr. Yamaguti infelizmente faleceu num desastre no dia 9 de abril, pouco antes das festividades comemorativas dos 50 anos. Gostaria de expressar os pêsames no lugar de muitas pessoas que receberam ajuda do sr. Yamaguti. (Todos em prece silenciosa) Então, gostaria de iniciar a mesa redonda a partir de agora. Como principais temas de hoje, aqui estão 9 itens: 1) Motivação para emigração 2) Encontro (primeira impressão, pensamento de cada uma) 3) Vida de recém casados no novo mundo (meio ambiente, idioma, o futuro do trabalho, etc.) 4) Relacionamento com ex-patrão 5) Criação de filhos (época de idade escolar, 301


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época de decidir a carreira, educação de língua japonesa, etc.) 6) Aquisição do primeiro terreno, aquisição de carro, viagens, acolhimento de visitante do Japão 7) Atuações na região 8) Passatempo e lazer 9) Expectativa para o futuro Antes de tratar dos assuntos, gostaria que as participantes fizessem auto apresentação simples. Por favor, comecem pela sra. Ashikawa.

cerca de 70 km de São Paulo, atualmente está quase tudo por conta do meu filho, mas estamos produzindo gerbera. Meu marido e eu construímos as fundações e meu filho está ampliando o tamanho. Como tem o meu marido que é responsável pelo trabalho aqui, meu filho adquiriu terra em Fortaleza e está produzindo pimentão e hortaliças lá. Como meu filho está se empenhando a seu modo, estou tranquila. Mediadora: Então, sra. Misako Kuroki. Kuroki: Desembarquei em Santos em 1959 e nesse momento encontrei com meu marido pela primeira vez. Depois disso, nós dois nos empenhamos com esforço máximo, empenhamos e empenhamos e agora estamos aposentados. Como nosso filho assumiu o trabalho, nós dois estamos fazendo o que queremos. Desde o início entramos em Vargem Grande e sem sair um passo dali, como sapo no poço, estamos nos empenhando. Mediadora: Então, por favor, sra. Ryoko Shirahata Shirahata: Subi no navio sem assistir as Olimpíadas de Tokyo, que foram realizadas em 1964, e cheguei em Santos no dia 12 de outubro. O patrão do meu marido era batateiro em Itatiba e fiquei aí por quatro meses, vivendo junto com meu marido. Depois disso, arrendamos terra em Vargem Grande, onde tivemos os primeiros três

ABENÇOADA COM 7 FILHOS Ashikawa: Sou Michiko Ashikawa e vim na primeira leva de noivas do Cotia Seinen, em 1959, junto o pessoal da 1ª leva da segunda fase do Cotia Seinen. Há algum tempo, participei da mesa redonda do livro comemorativo de 20 anos, e mais uma vez fui chamada. Tinha recusado dizendo que havia muitas noivas, mas de alguma forma fiquei na situação de participar intrometendo-me. (risos) Sinto muito. Atualmente, moro junto com o marido numa chácara no km 136 da rodovia Campinas-Mogi Mirim. Meu marido é agricultor e está produzindo café e soja no cerrado, mas com a saúde e a força física precária, precisa de ajuda de outras pessoas. O trabalho foi passado para os filhos e agora estou levando a vida cuidando principalmente do marido. Como é uma vida sem estímulo, parece que sou eu quem ficou demente. (risos) As vezes, vamos para o cerrado para distrair, mas fico preocupada com o futuro dos jovens, se estariam bem dedicando somente à agricultura no Brasil, que parece que não existe política agrícola, sendo uma potência agrícola e ultimamente fico pensando que no passado era bom, como se fosse uma idosa. Mediadora: Então, por favor, sra. Naomi Kato. Kato: Vim como noiva do Cotia Seinen Na fileira da frente, no canto esquerdo Michiko Ashikawa, Miyoko Shakuda, Misako Kuroki e Naomi Kato; na fileira de trás, no canto há 39 anos, em 1966. Em Jacareí, a esquerdo Miwako Yoshiizumi e Ryoko Shirahata. 302


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filhos e, após isso, adquirimos terchegar o momento, como gostaria ra em Ibiúna e mudamos para esse de chamá-la como companheira, por local. Graças a Deus, tivemos o tofavor, deixe-a tomar o navio sem tal de sete filhos. Como meu maridizer nada". Como pais deviam esdo e eu fomos abençoados com boa tar com apreensão sendo o Brasil um saúde, estamos cultivando ainda país desconhecido. Eu, pensando em hoje crisântemos com iluminação se acontecer de ficar viúva ou dielétrica. vorciar em um país estrangeiro toMediadora: De flores pequenas? talmente desconhecido, tirei diploShirahata: Flores grandes. Importama de datilógrafa e trouxe até máMichiko Ashikawa mos mudas do Japão e, no Brasil, quina de escrever. Isso porque se não além de nós deve ter um ou dois produtores. tivesse alguma profissão era preocupante em Mediadora: Ah, é isso. Então, por favor, por caso de eventualidade. fim a sra. Yoshiizumi. Mediadora: Mesmo na eventualidade, não tiYoshiizumi: Sou Yoshiizumi e vim de Indaiatunha intenção de voltar para o Japão, não é ba. Sou originária de Yamagata. Vim para o Bramesmo? sil em 1960. Há oito anos meu marido faleceu Ashikawa: Sim, vim com intenção de morar a e então deixei a agricultura. Agora estou movida toda no Brasil. Naquela época todos os rando com minha filha. Produzimos tomate por imigrantes não tinham intenção de se fixar no 32 anos e depois mudamos para frutas e por 13 Brasil? Não poderia voltar para o Japão no resanos produzimos, no Estado de Minas Gerais, to da vida. E então, na ocasião do nascimento mas já faz três anos que paramos. Atualmente, do meu filho, antes da independência, como tenho 65 anos. não tinha dinheiro, vendi a máquina de escreMediadora: Atualmente desempenha um carver que trouxe com muito esforço, calçados go importante, não? O da ADESC (Associação esportivos novos e tudo que pudesse vender, Cultural dos Departamentos de Senhoras Coficando sem nada. (risos) operativistas). Mediadora: Ah, foi assim. A decisão era firYoshiizumi: Sim, fico constrangida, mas emme, não? Então, por favor, sra. Kato. purradas por todos, sou presidente da ADESC. Conto com a consideração de todas. CASAMENTO CONTRARIANDO AS OBJEÇÕES Mediadora: Sim, muito obrigada a todas. EnDOS PAIS COM UM POUCO DE REMORSO tão, o primeiro tema é "motivação para emiKato: Naquela época, estava empregada em gração", mas por favor gostaríamos que conrepartição pública. Então, veio a senhora do tassem descontraidamente, sem pensar difítemplo budista, essa senhora era uma pessoa cil, sobre por que veio para o Brasil e qual foi idosa que é compositora da música "Kawa no a impressão que ficou até agora. Por favor, nagare no youni (Como o fluxo do rio). comece pela sra. Ashikawa. Todas: Oh! Ashikawa: Sempre por mim? (risos) Kato: Essa senhora era professora da escola que Mediadora: Sim, é a sequência. (risos) ensinou a minha mãe. E, o pai do meu marido Ashikawa: No meu caso, falado em motivação foi professor do meu pai. Então, quando estapara emigração, antes de vir para o Brasil, já va trabalhando na repartição pública, o pai do relacionamento com meu marido. meu marido disse para a senhora do templo Todas: Oh, que bom. (risos) É invejável. budista "A filha do meu aluno trabalha na reAshikawa: Ele disse aos meus pais: "quando partição pública. Que tal ela para esposa do 303


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meu filho?" e a professora da escola trouxe-o dizendo "Vamos perguntar". Mediadora: Para omiai (encontro arranjado)? Kato: Não, isso foi com os pais. (risos) Então, começou a troca de correspondência. Meus pais contrariaram com veemência. Mas eu estava afim e foi decidido que viria. Ainda hoje tenho remorsos em relação aos meus pais. Mediadora: Certo, então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: No meu caso, somos primos. Quando meu marido ia se tornar independente, parece que houve algumas consultas sobre as moças nisseis da vizinhança, mas não, obstante achando que seria melhor uma mulher japonesa da terra natal, informou a mãe dele por carta sobre isso e parece que pediu que arranjasse. Então, a mãe do meu marido é minha tia, sendo que o meu marido é de Miyazaki e sou de Kumamoto, mas essa tia veio até Kumamoto me procurar e como eu estava na idade apropriada para me casar, de modo que seria ideal. Assim poderia fazer o favor de ir para Brasil e a conversa se tornou fora do normal. Como estávamos distantes, não tínhamos relacionamento constante e nem sabia que meu primo tinha ido para o Brasil. Contudo, bem nessa época, estava sofrendo com a situação de casa e com problemas pessoais, e estava pensando em sair de casa. Disse: "sim, eu vou aceitar a proposta da minha tia, respondendo sem pensar muito. Essa consulta foi logo depois da cerimônia de maioridade do dia 15 de janeiro, e em julho já estava a bordo do navio. É como se ficasse sabendo pela primeira vez que existia um país chamado Brasil na conversa da minha tia. Bem, aconteceu algo assim. Mediadora: Há pouco, no momento da apresentação, disse que se encontraram pela primeira vez em Santos, mas sendo primos, na época que estavam no Japão, não tinham se encontrado? Kuroki: Não, em absoluto. No entanto, pela conversa do meu marido depois, parece que na 304

época da juventude dele parece que foi visitar a região de Kumamoto e me viu andando e brincando e disse ah, aquela era a Misako daquela época. Mediadora: Foi assim? Então, por favor, sra. Shirahata. Shirahata: Quando tinha 15 anos, o gerente da Cooperativa Agrícola do vilarejo tinha sido um dos membros da delegação de observação do Brasil e tinha vindo para o Brasil. Ouvi dizer na reunião de apresentação do relatório, que se for para praticar a agricultura seria bom no Brasil. Tinha vontade de ir ao Brasil desde essa época. No entanto, se fosse homem poderia ir logo depois de se formar no curso colegial, mas como as mulheres não podem, sem outro jeito, Ryoko Shirahata formando no curso colegial empreguei-me. Então, por um acaso, o sr. Yamaguti (Setsuo) veio e a casa dele era no vilarejo vizinho a cerca de 15 minutos a pé da minha casa. Então, com a recomendação do sr. Yamaguti, fui à Federação de Colonização, onde me apresentaram o atual marido dizendo e começou a troca de correspondência a partir de então. Vim como noiva do Cotia Seinen, mas isso era um recurso para vir ao Brasil. (risos) Como eu tinha uma profissão, estava pensando em vir por outro meio. Tinha me encontrado com o professor Ryoshin Hasegawa da "Kodomo no Sono". Como era professora do jardim de infância de deficientes físicos, a conversa era que poderia ir sozinha por esse meio, mas por acaso encontrei com o sr. Yamaguti e percebi que poderia ir para o Brasil assim também. (risos) Por isso, acho que não há como pedir desculpas ao meu marido. Mas, fui realmente feliz, vindo para o Brasil. (risos) Mediadora: Nesse caso, não pensava em absoluto ir como noiva do Cotia Seinen.


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Shirahata: Em absoluto. Desde os 15 anos tinha a vontade de praticar lavoura no Brasil. Ter uma ampla fazenda de gados indo ao Brasil. (risos) Mas, o sonho e a realidade são bem diferentes. Atualmente, estou praticando uma pequena lavoura no meio do mato. (risos) Kuroki: E tinha o sonho desde os 15 anos. Mediadora: Então, por favor, sra. Yoshiizumi. FUI INFLUENCIADA POR PAÍS ESTRANGEIRO Yoshiizumi: A minha motivação foi o irmão mais novo da minha cunhada, esposa do meu irmão mais velho, ter ido para o Chile em navio de 240 toneladas. Isso foi a primeira motivação e, como sra. Shirahata (risos), não sabia de nada fiquei admirada com o país estrangeiro e fui influenciada vendo livros estrangeiros e filmes ocidentais. Então, houve a delegação de pesquisa da situação da América do Sul, dos membros da Assembleia Provincial e, justamente, pessoas de Yamagata também tinham ido. Teve a Reunião do Relatório disso e foi criado o Grupo de Estudos da Situação da América do Sul e, sem falar com ninguém, fui às escondidas. Para minha mãe disse porque estava indo, mas parece que não sabia de nada. E, nesse grupo de estudo encontrei com a mãe do meu marido, que me disse: "meu filho está no Brasil e se for uma pessoa com corpo saudável e pernas grossas como você seria ideal para ele." (risos) Então, cerca de três dias depois, os pais do meu marido, acompanhados pelo irmão mais velho dele, vieram e minha casa ficou um alvoroço. Meu irmão mais velho ficou furioso virando a mesa da cozinha e minha irmã mais velha, como posso dizer, ao agarrar-me a ela, ficou assim pesadamente de pé e, ao contrário me empurrou, de modo que sem saber o que fazer, sai de casa desesperadamente. E, como todos foram contra, fiquei obstinada. Vim com 19 anos, era uma época em que não sabia de nada. Depois disso, no período de 37 anos, estou junto com meu marido, mas para mim o Brasil é segunda terra natal e creio que seja o melhor local.

Mediadora: Certo, muito obrigada. É uma lembrança penosa, não? Yoshiizumi: Isso também agora é nostálgica. Mediadora: Então vamos passar para o tema seguinte. Dentro do "encontro" há "primeira impressão" e "pensamento de cada uma". Como foi a impressão de ter encontrado o futuro marido pela primeira vez em Santos, sra. Ashikawa? Ashikawa: Bem, como já o conhecia, tive relacionamento de dois anos no Japão, já sabia que ele tinha pele escura (risos). De qualquer maneira, assim que o encontrei, ele me disse que não tem árvore que frutifica ouro... Veio me buscar junto com o patrão e fomos pelo meio do mato sem estrada e sem nunca chegar, por mais que se avançava. Lembro-me que perguntei ao meu marido: até onde vamos onde nem tem estrada? No navio fui diagnosticada que estava com apendicite crônica e passei 15 dias com papa de arroz e um grande umeboshi, sendo que ao atravessar a linha do Equador, estava me esfriando com gelo, deitada, de modo que nessa época meu corpo não estava bem. Assim, logo que cheguei aqui passei por uma cirurgia no hospital, mas me lembro que, sem entender a língua, mesmo quando pude comer, tive que esperar sem poder fazer o pedido. Não lembro se meu marido me dirigiu palavras carinhosas. (risos) Mediadora: Então, por favor, sra. Kato. Kato: Quando cheguei a Santos, eu vi em primeiro lugar as mãos invés do rosto. Estavam enegrecidas. Só as mãos dele estavam pretas. Não podia perguntar o por quê na primeira vez em que nos encontramos, por constrangimento. Não eram só as mãos, mas os braços e até os cotovelos estavam pretos. Pensei "por que não lavou antes de vir?", mas não dava para perguntar na primeira vez que encontrava. Em conversa posterior, soube que sujava com óleo diesel produzindo tomate. Se fosse agora, não faria uma coisa dessas, mas até quando fizemos a cerimônia de casamento estavam sujos. 305


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Mediadora: O casamento foi quantos dias depois? Kato: No dia seguinte. Creio que eu seja uma mulher à moda antiga. Escrevi na carta que pedisse para o patrão, sr. Jisaka, que poderia ser até por mera formalidade e que nem precisaria vestir vestido de noiva. Fizeram sansankudo (cerimônia xintoísta de casamento com troca de taças de saquê nupciais) e reuniram Cotia Seinens do local e fizeram uma festa simples. Lembro-me que naquele momento também as mãos dele estavam sujas. (risos) Kuroki: Seu marido era bastante trabalhador. Kato: É mesmo. Mediadora: Então, por favor, sra. Kuroki Kuroki: O que lembro bem é do momento que o navio chegou em Santos, com muitos jovens enfileirados embaixo. Eram homens com aspectos parecidos e não dava para saber quem era marido de quem. Então, tendo autorização para embarcar, subiram no navio e cada um se apresentou e ficou face a face. Eu também cumprimentei dizendo: "conto com sua consideração", pois íamos formar um lar. A impressão inicial ao vê-lo pela primeira vez foi que era um homem gentil. Obviamente, a cor da pele estava escura. (risos) Veio no caminhão do patrão na ida, mas na volta disseram para nós irmos de ônibus e fomos até a central da Cooperativa Agrícola de Cotia, em Pinheiros, de ônibus, sendo essa a nossa viagem de lua de mel. Mediadora: Certo, muito obrigada. A seguir, por favor, sra. Shirahata. Shirahata: Estou com problemas agora. Disseram "sra. Shirahata, participe da mesa redonda", mas me esforço para esquecer o que passou. Esqueço na medida do possível, seja coisa boa ou coisa penosa, e levo a vida sempre voltada para frente. Assim, não tenho certeza de que possa responder corretamente às perguntas. O que lembro de alguma maneira é que na refeição antes de descer do navio o waribashi estava grudado até em baixo. As pessoas disseram que isso é um bom presságio. Recordo-me 306

que guardei esse hashi com cuidado por certo tempo. E mais uma coisa, outro dia, no Festival do Japão, estava exposta a foto em que eu e meu marido aparecíamos no momento de encontro em Santos. Estou um pouco vaidosa de que só nos temos muitas fotos tiradas. Mediadora: Ah, eu também vi e era uma noiva muito graciosa. (risos) É acima de tudo comemorativa. Então, sra. Yoshiizumi. Yoshiizumi: Bem, a primeira impressão do meu marido foi que ele era muito magro. Como o irmão mais velho do meu marido dizia sempre que tinha rosto igual ao dele, de modo que logo consegui identificar. O irmão mais velho também era magro. Mediadora: Era mesmo muito parecido com irmão mais velho? Yoshiizumi: Sim, era muito parecido. (risos) Mediadora: Certo, muito obrigada. Então, gostaria de passar para o próximo tema. Gostaria que cada uma dissesse resumidamente sobre os problemas do trabalho na vida de recém casadas ou de problemas com a língua. Por favor, sra. Ashikawa. VEIO COMO NOIVA NA CASA DO PATRÃO ? Ashikawa: A nossa casa não estava pronta e apenas um quarto estava pronto. Como o patrão ainda estava junto, as refeições eram junto e eu ajudava a fazer as comidas. Então, o pessoal dizia que parecia que eu tinha vindo como noiva da casa do patrão e não na casa do meu marido. (risos) Pedi para tomar banho por último e voltava para casa, que localizava a 2 km de distância no meio do mato, e dormia. Bem, era mais ou menos isso. Obviamente, não tinha energia elétrica. Mediadora: Onde era o local? Ashikawa: Era em Santo Amaro. Cheguei ao Brasil em abril e até dezembro do mesmo ano esse tipo de vida continuou. Como o patrão plantava batata em dois locais, também na região de Bragança Paulista, na época de chegada a esse país. Até terminar o plantio de batatas em 4 a


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5 alqueires, por duas semanas, era vida de ir e fato de ter terra e de estar tudo completo, mas vir. E depois de terminar de plantar, construínesse ponto eu acho que foi bom e acertei. (rimos a casa dividindo em três partes: uma era sos) para os jovens solteiros, outra era sala de esShirahata: Como se acertasse na loteria? (ritar e de jantar e a terceira era nosso quarto. A sos) cozinha era do lado de fora com cobertura de Kato: Sim, como se acertasse na loteria. (rizinco e fogão a lenha com tijolos empilhados sos) onde se cozinhava em postura meio agachada, Mediadora: Então, por favor sra. Kuroki. mas me lembro que fiquei sem saber o que faKuroki: Agora também deve ser a mesma coizer quando o fogo não acendia por causa do sa, mas o casamento parece uma fraude. Bem, vento. E ainda, a banheira era um tambor a no nosso caso, tive impressão de ter sido uma céu aberto. fraude. (risos) O meu marido escreveu honesMediadora: Ah, era assim? Então, por favor, tamente que gostaria que viesse só com saúde, sra. Kato. não precisa trazer nada e que não traga de forKato: Meu marido é realmente honesto e na ma alguma coisa nova. A letra era bonita e esse carta que me escrevia dizia que, como era casa tipo de impressão é que me atraiu. Cheguei no que ele tinha construído, não tinha nada, o que dia 13 em Santos, e na casa do sr. Morita no dia possuía era saúde e determinação para traba14, sendo que na subida, no meio do mato, lhar. E aí, a minha mãe pedia para mostrar as como estava chovendo, meu marido desceu do cartas pelo menos uma vez e perguntava por carro e, quando estava pensando o que ele foi que eu tinha ficado com vontade ir só pelas fazer, ele estava colocando correntes nas rocartas. Bem, eu também queria mostrar pelo das para não patinar na subida. Assim, chegamenos uma carta, mas meu marido só escrevia mos na casa do sr. Morita e a patroa nos recepo que ele pensava de verdade. Creio que geralcionou. Ela disse "sra. Misako, essa noite não mente os pais não pensariam em deixar que a podem dormir juntos. Como amanhã faremos filha fosse para um lugar como esse. Eu tamdireitinho a cerimônia de casamento, essa noibém vim pensando que morava em casebre de te você vai dormir comigo". (riso geral) Então, sapé. Então, havia uma casa sem problemas fomos ver a outra ala da mansão. Havia um com energia elétrica. Perguntei se ele tinha velho guarda-roupa cedido pelo patrão e só construído a casa e ele disse que sim. Era um havia uma mala e roupa de trabalho dentro. lugar que havia galinheiro e para iluminação Havia também um terno para o casamento, mas noturna tinha instalado energia elétrica e esse parecia que era emprestado. (risos) Essa noite era o motivo de ter eletricidade. Por isso, vim dormi com a patroa, mas no dia seguinte foi achando que iniciaria uma vida pésrealizada a cerimônia de casamensima morando em casebre de sapé, to convidando o pessoal do vilaremas foi um pouco acima da expecjo. Parece que ninguém tinha mátativa. (risos) Não havia dinheiro, quina fotográfica naquele momenmas pensando agora creio que foi to, de modo que não tenho nenhubom. Meu marido é honesto de mais ma foto do casamento. No dia see fala tudo conforme pensa, de modo guinte, fui levada para a plantação que há ocasiões em que as pessoas próxima e, como era justamente se equivocam, mas respeito meu maépoca de plantio de mudas de barido que é assim. Ao contrário, há tata, fui plantar batata. Disseram é Misako Kuroki pessoas que se decepcionam pelo assim que se planta. (risos) 307


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Yoshiizumi: Eu também, depois de cerca de três dias fui levada para trabalhar. (risos) Kuroki: Isso mesmo, começou assim e aprendia a preparar o café e a cozinhar a carne seca. E fui levada a cerca 4 km onde havia terra arrendada para se tornar independente e onde estava sendo construída minha casa de parede de barro e ajudei a construir. Inicialmente, escavamos um poço. Meu marido escavava e eu puxava a terra para cima, ao chegar a cerca de 8 m de profundidade brotou água. Nesse momento, ficamos muito contentes. Estamos usando esse poço até hoje. Mediadora: Oh, que bom. Kuroki: Quanto a língua, tive realmente problemas por não entender. Ao ver os gaijins (brasileiros) conversando, pensava que eles estavam falando mal de mim. Dali a pouco, cerca de um mês e meio, engravidei, e a partir de então por cerca de um mês e meio tive enjoo. Nesse período, o meu marido foi muito carinhoso. (risos) Sendo assim, não posso esquecer a época de recém-casada. Mediadora: O relato da sra. Kuroki, com no momento em que entrou na nova residência com apenas uma mala, é uma experiência que quase todas as noivas do Cotia Seinen passaram e creio que seja uma coisa em comum. Ashikawa: A sra. Kuroki não foi especial? (riso geral) Mediadora: Então, como foi a experiência da sra. Shirahata? Shirahata: Pois bem, no meu caso, a patroa era muito firme e dizia que o homem quando vai casar é para providenciar todas as mobílias. Então, na casa pequena de 4 m por 8 m havia direitinho mobílias e cama bonitas. Fiquei surpresa com isso. Como era dentro do mato de Itatiba, era uma vida com lampião, mas eu estava preparada para isso. Mediadora: E quanto a língua? Shirahata: Quanto a língua, na plantação não era necessária e pelo fato de ter vindo para o Brasil estava satisfeita e não sofri por não en308

tender a língua. LÍNGUA? MESMO AGORA NÃO SEI FALAR Mediadora: E quando começou a contratar funcionários? Shirahata: Bem, nessa época, creio que começava a falar um pouco. Por outro lado, atualmente ainda não consigo falar direito. (risos) Assim mesmo, creio que conseguia falar algo como faça aquilo ou levante isso. Creio que aconteceu o mesmo com todas. Kato: Mostrava com mímica, não é mesmo? Shirahata: Isso mesmo. Os meus filhos dizem: o português do papai e da mamãe é "aquele koquele" e o português está no meio de japonês e os outros é que se esforçam para compreender. (risos) Kato: É verdade. Os outros que compreendem. Shirahata: De alguma maneira é assim e ainda não consigo falar, mas por vezes me arrependo por não ter estudado mais naquela época. Havia muitas oportunidades. Ashikawa: Como a vida era só do casal, não havia muita necessidade. Para fazer as compras, o marido ou o patrão faziam... Kuroki: Isso mesmo. Por isso, não conseguia e não precisava falar. Ashikawa: Além disso, a sensação era só de acompanhar o marido ou outra pessoa. Porém, eu tenho uma coisa que não consigo esquecer. Quando estava produzindo tomate, o camarada perguntou o preço. Justamente, quando o meu marido e o patrão estavam ausentes. Então, não sabia como responder, mas naquela época cada caixa era 480 ... mil reis? Yoshiizumi: Mil reis? Conto de reis? Ashikawa: Era conto de reis? Sim, era conto de reis. Como não conseguia falar em português 480, pensando que era mais ou menos 500, acabei falando cinco. Então, ninguém riu nesse momento, mas riram depois de se afastarem dali. Ouvi isso e pensei, por que estão rindo? Depois o meu marido disse que estavam falando isso. (risos)


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Kuroki: Se rirem do outro lado, acabo pensanassim. Por isso, não conversava em japonês com do de que estão rindo de mim. Todas tem essa meus filhos. Por isso, o meu marido reclamaexperiência, não? va. Então, em Indaiatuba tive aula particular. Mediadora: É realmente uma experiência que Nessa época, já estava consideravelmente acosnão dá para rir. Então, por favor, sra. Yoshiitumada com o português e me disseram que zumi. era fácil de me ensinar. Tinham também pesYoshiizumi: O meu marido estava no interior, soas que foram enviadas do Japão pela emem Presidente Prudente. Na Província de Yapresa Yanmar. E essas pessoas não sabiam nada. magata ele tinha má fama por hábito de vadiaSe disser goiaba, precisava trazer o produto ou gem. Então, depois foi para São Bernado e traprecisava mostrar tudo e explicar. Indo ali, disbalhava para o sr. Yoshimoto. Depois de cerca seram que, como você já sabe, não precisava de um ano e meio, quando disse que iria emboexplicar a mais, de modo que era mais fácil ra, o sr. Yoshimoto disse: "Onde pensa que vai ensinar. quando a noiva está chegando do Japão? AguenMediadora: O meu caso é um pouco diferente. te e trabalhe". Então, acomodou-se e quando O meu marido foi como Cotia Seinen na fazeneu cheguei ali, o meu marido disse que naqueda do irmão mais velho dele e durante quatro la casa moravam negros até três dias atrás. Limanos trabalhou ali com os funcionários. Então, pou as sujeiras, fez a mesa e eu fiquei feliz não tinha necessidade de estudar português em com o fato de que tinha deixado limabsoluto. E, assim que cheguei, meu po e novo para me receber. Depois marido disse: "você deve aprender disso, casando e tornando indepenportuguês" e fui para o curso noturdente, estava ficando impaciente, no, mas a matemática era de nível querendo apressar as coisas. Arrende 1º ano do primário. Recebi o didando terra e alugando trator e planploma de conclusão do Mobral, fretando ainda não eram nossas coisas. quentando dois anos e, como mais que Aí, um amigo que mora em Salto disisso era perda de tempo, estudei por se que é bom plantar tomate, pois cerca de um ano com professor pardá para cultivar sem capital. Disse ticular. Contudo, nasceu a minha fique o lucro era grande mesmo numa lha mais velha e não pude continuar. Miwako Yoshiizumi área pequena. Então, fomos para Lamento agora por não ter pelo meSalto e logo depois para Indaiatuba, para cultinos habilidade escolar do nível ginasial. var tomate. E desde então, sem sair de IndaiaAshikawa: Eu também naquela época tive aula tuba, estamos produzindo só tomates. noturna do Mobral, onde me matriculei com a Mediadora: E quanto ao português, o que fez? permissão do meu marido quando moramos Yoshiizumi: Sempre levei bronca do meu marinuma pequena cidade. Todavia, as necessidado. Nossos filhos frequentavam escola de líndes de uma pessoa que só queria aprender a gua japonesa, mas não conseguiam falar muilíngua e das pessoas que não tiveram oportunito. Então, meu marido disse que os filhos não dade para estudar até se tornar adulto, eram aprendiam o japonês porque eu misturava o totalmente diferentes e eles eram pessoas que português desajeitado. não sabiam calcular e nem escrever as palaAshikawa: Não tem jeito, mesmo que falem vras. Por isso, acabei recebendo o certificado que o português é desajeitado. de conclusão de quatro anos matriculando em Yoshiizumi: Se eu tentava aprender, os meus fevereiro e estudando até as férias de inverno filhos consertavam dizendo que não é assim, é de julho, ajudando a professora com matemá309


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tica e alfabeto, mas não tenho a sensação de ter aprendido a conversação. Todavia, a conversação não funciona se não contratar um professor reunindo mais pessoas, embora agora seja muito tarde. Mediadora: É uma coisa difícil a língua. Então, gostaria de passar para o 4º item que é o "relacionamento com antigo patrão". Inicialmente, por favor, sra. Yoshiizumi. A PATROA ERA SUBSTITUTA DA MINHA MÃE Yoshiizumi: Na hora de nos tornarmos independentes, recebemos ajuda deles e levávamos coisas que produzíamos quando visitávamos levando os nossos filhos. Enquanto meu marido estava vivo, íamos de vez em quando, mas depois que ele faleceu, o relacionamento foi ficando mais distante. É nesse nível. Mediadora: Por favor, sra. Kato. Kato: Considero como se fossem substitutos dos pais. Meu marido disse que não faça nada que impeça o relacionamento com o patrão. Afinal de contas, patrão é patrão, de modo que estamos sempre tendo cuidado com isso. O patrão é uma pessoa meticulosa, e como era avicultor, na hora de receber o esterco de frango, calculava direito, se for para 1 mês era para 1 mês. Cedia mais barato do que para outras pessoas. No entanto, o que foi mais instrutivo é que, apesar de ser patrão, assumiu a responsabilidade em relação aos Cotia Seinens que trabalhavam com ele. Quanto a isso estamos realmente gratos. Mediadora: Ouvi dizer que o sr. Jisaka está doente... Kato: Sim, isso mesmo. É realmente uma pena. À noite, meu marido fica preocupado dizendo que seria bom se não tiver um Naomi Kato comunicado ruim... Mediadora: Já fizeram quantas vez a visita 310

ao doente? Kato: Sim, a esposa dele disse para ir visitar enquanto está com vitalidade e já fomos duas vezes. Sinto como se fossem nossos pais. Como é uma pessoa muito meticulosa, pensamos que o que aquela pessoa nos ensinou não devemos esquecer jamais. Mediadora: É assim? É invejável ter um relacionamento muito bom. Então, por favor, sra. Shirahata. Shirahata: O que aprendi com a patroa e que para mim ficou mais marcada foi quando estávamos catando batatas em Itatiba. A patroa disse para tomar cuidado quando uma mulher for colocar as mãos para fora, na frente das pessoas. A patroa estava sempre usando as luvas direitinho, para fazer as coisas. Como não sabia disso, estava sempre com as mãos nuas. Deve ser modéstia feminina desse país. Essa patroa é uma pessoa de dar pena, pois o marido faleceu e cuidou de todos, 2 filhos e uma filha. Está agora com 81 anos e com saúde. Há algum tempo, no casamento do filho de um parente a levamos de carro até Santos. Atualmente, a patroa está em São Bernardo, mas de vez em quando, uma vez em 3 ou 4 meses, telefona e diz: "sra. Ryoko, fiquei com vontade de ir para Ibiúna." (risos) Nesses momentos vamos buscá-la. Gosta de karaokê e canta aprendendo com um professor com 81 anos de idade. Outro dia, pouco antes do sr. Yamaguti falecer, levamos a patroa até São Bernardo e, ao retornar, recebemos o aviso de que o sr. Yamaguti havia falecido, ah! sim, desde então já fazem cerca de três meses. Creio que daqui a pouco ela deve telefonar dizendo "sra. Ryoko". (risos) Graças a Deus, temos um relacionamento dessa forma. Mediadora: É realmente muito boa. Então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: Para nós, invés de chamar de patroa, era mamãe-san. Quando estávamos no Japão, para escrever carta escrevíamos mamãe-san. Até o patrão falecer e a mamãe-san falecer,


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fomos cuidados como se fôssemos filhos, nos chamando de Misako-san, e Kei-san. E quando nosso filho nasceu, acompanhou de perto e depois que os dois faleceram, os filhos deles nos tratam amigavelmente do mesmo modo e ainda mantemos o relacionamento. Realmente como se fôssemos pais e filhos, aprendemos tudo. Foi realmente uma patroa boa. Mediadora: Quando ela faleceu? Kuroki: Já faz quatro anos, não, cinco anos. Mediadora: E quanto a sra. Ashikawa? Ashikawa: No ano em que cheguei ao Brasil (1959), não havia perspectivas com o patrão, acabamos saindo e no momento de ir embora, nem recebemos o transporte da bagagem. Um caminhão com carregamento de batata de um brasileiro, que nem nos conhecia, nos levou de Bragança até São Paulo. Não podendo esquecer essa gentileza, depois disso começamos a trabalhar onde havia muitos brasileiros. No entanto, quando os pais do meu marido vieram para o Brasil, aproveitando o ensejo para cumprimentar, visitamos e revivemos a antiga amizade, mas com a mudança de geração novamente foi ficando cada vez mais distante. Mediadora: Muito obrigada. Então, gostaria de passar para o tema seguinte. Consta "Criação dos filhos" e, entre parênteses, época de idade escolar, época de decidir a carreira, educação de língua japonesa, etc. Por favor, conte suas experiências. Por favor, sra. Kato. Kato: Como não entendia português, dizia para nossos filhos, para conversarem com papai e mamãe em japonês e, graças a Deus, todos eles falam japonês e foram aprovados no exame de proficiência em língua japonesa do nível 1. No entanto, como eu não sou boa em português, há casos em que tenho um pouco de problema, mas a minha filha foi estudar no Japão e conhecendo as pessoas de lá, disse que foi bom ter estudado japonês. Isso me deixou muito contente. Foi realmente bom.

"FAÇA COM QUE COMA ARROZ PREPARADO POR OUTROS" Mediadora: Qual foi o sentimento quando se matricularam em escola ou foram aprovados no vestibular? Kato: Por mim, gostaria que meu filho fizesse a faculdade, mas ele disse que não queria. Ou melhor, acho que queria fazer, mas não podia escolher ambos os caminhos, a faculdade poderia ser feito à noite, mesmo trabalhando, e foi para o Japão como decasségui. Na verdade, meu filho estava aprovado no exame do vestibular. Então, pedi chorando. Mas assim mesmo ele não me ouviu. Contudo, meu marido disse "tudo bem, deixe comer o arroz preparado por outros" e foi decido. Pensando agora, posso rir dizendo que o resultado foi bom, mas naquela época, estava de alguma forma envergonhada e até fiquei doente... Mediadora: E agora? Ele se formou em escola? Kato: Bem, não sei se formou em faculdade, mas parece que, como antes, está sozinho. E trabalhando. Mediadora: Então, por favor, sra. Shirahata. Shirahata: Eu tenho sete filhos. (risos) Graças a Deus nasceram seguidamente. (risos) Até o sexto filho não tive enjoo, mas no sétimo sofri um pouco com enjoo. Nas escolas seguiram plenamente e graças a Deus o sétimo filho também se formou este ano e conseguiu se empregar. Tenho sete filhos, mas como fazia só o que gostava, ao invés de dizer que criei meus filhos, a sensação é de que o filho mais velho criou o filho mais novo. E nesse ponto, estou realmente agradecida ao meu marido... Mediadora: Criou sete filhos e está praticando atletismo que gosta. O que realmente pode se dizer...? (risos) Shirahata: É só isso a minha razão de vida. (risos) Quando o filho completa 18 anos, pode dizer "faça o que quiser com sua própria responsabilidade", é cômodo para os pais. Posso fazer o que quiser. (risos) Estou levando a vida 311


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assim. Mediadora: Depois dos 60 anos participa em campeonatos e está batendo recordes várias vezes... Shirahata: É isso. Aos 60 anos em um ano bati nove recordes. Não em maratona, mas em corrida de média distância. Todas: Oh, fantástica! Shirahata: Isso também é minha razão de viver. (risos) Kuroki: A Mari é professora de língua japonesa, não é? A minha filha estava dizendo que o japonês da Mari é muito bonito. Shirahata: Ah, é. Isso foi graças ao trabalho no Japão. Tenho sete filhos e todos foram para o Japão, como estagiários ou para estudar. Creio que isso foi resultado da capacidade do meu marido. É esquisito dizer que é um orgulho. Mediadora: Parece que três filhos foram para Escola Agrícola Nishimura. Shirahata: Sim, os três filhos homens, todos para a escola de Pompéia. E, a terceira filha foi estudar no Japão financiada com recursos da Província de Nagano e, ao retornar para o Brasil, a primeira coisa que disse foi "mamãe, gostei do Japão. Quero ir para o Japão para morar." Então, eu disse: "mamãe veio para o Brasil por que gostava, se você gosta do Japão, vá." Atualmente, ingressou na matriz do Kumon e parece que está se empenhando, graças a Deus. SE FORMARAM OU ABANDONARAM A FACULDADE, SÃO DIVERSOS CASOS Mediadora: Então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: Será que sou das que criaram? Parece que, de alguma forma, fui criada. (risos) Naquela época, quando a minha filha mais velha e o filho mais velho completaram 6 e 7 anos, coloquei-os num internato em Vargem Grande. Como foram deixados no internato um ou dois meses, não tenho a sensação de tê-los criados. O filho mais velho estudou com intenção de nos suceder na agricultura, mas parece que não 312

gostava muito. Assim mesmo, está levando adiante de alguma maneira. E, as três filhas foram abençoadas cada uma com bons parceiros e estou realmente tranquila. A filha mais velha estava estudando na USP, mas assim que arranjou um namorado, largou os estudos e se casou. Penso se foi tão bom assim. (risos) As cerimônias de casamento foram preparadas por cada um deles e nós os pais não precisamos fazer quase nada. Deixaram a gente realmente confortáveis. Mediadora: Parece de sra. Kuroki não andou segurando a mão do seu filho, mas agora parece que está andando sempre segurando as mãos dos netos, não? (risos) Kuroki: Parece que há pessoas que dizem que não dá para dar atenção para netos, mas atualmente, isso é a minha principal razão de viver. Cantar no karaokê junto com os netos é realmente muito divertido. Mediadora: Então, por favor, sra. Ashikawa. Ashikawa: Ao ouvir a conversa de todas, parece que já estão na velhice feliz... (risos) Tirando um filho que entrou na faculdade a contragosto e acabou desistindo, todos os outros se formaram. O caçula, que é único filho, estudou na Escola Agrícola Nishimura e se formou na Faculdade de Lavras, sendo preparado como sucessor há cerca de 10 anos. As três filhas se casaram e vão levando vidas condizentes. Uma filha que casou e se separou rapidamente. Atualmente ela está me ajudando em casa, mas estou observando preocupada o que vai fazer no futuro. Mediadora: Ah, é isso? Então, por favor, sra. Yoshiizumi. Yoshiizumi: Os meus filhos são formados em faculdades a princípio, mas parece que não chegaram ao ponto de poder comer com isso. Um dos filhos deixou a agricultura e está seguindo a carreira de sua preferência. Todos casaram e sobre o casamento dos filhos, como tive muita oposição dos pais, não os incomodei falando muito e disse apenas para fazer por


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sua própria responsabilidade. Então eles disseram "não, não, mamãe não precisa se preocupar, faremos por nossa conta." Parece que meus filhos gostam de trabalho manual e experimentaram fazer pintura. As três das quatro filhas disseram que era bom aprender costura no estilo ocidental e fizeram curso de corte costura. Agora parece que cada uma está fazendo o que gosta. Mediadora: É bom fazer coisas que possam dar rendimento, não é? Yoshiizumi: É mesmo. Parece que estão fazendo assim. Além disso, sobre netos, tenho nove, mas até o 8º, como moramos em Minas por 13 anos, não cuidamos de nenhum neto. A visita depois do parto era feita cerca de um mês depois. Perguntavam: "mamãe, o que aconteceu?" Eu dizia que até chegar aos 50 anos não queria ver rosto dos netos de forma alguma. (risos) No entanto, agora, depois que voltei a Indaiatuba, estou morando com o oitavo neto e estou vendo-o desde que nasceu. Mediadora: Qual é a idade do oitavo neto? Yoshiizumi: Está com quatro anos este ano. Vem me abraçando e é muito amoroso. Quando era jovem, estava pensando que nunca iria morar junto com os netos, mas ao morar é muito gracioso. Como meu marido faleceu em Minas, fiquei sozinha. Passei 40 dias levando uma vida de conversar com a parede do quarto. Assim, como é bom morar junto com a filha e o neto. (risos) Dou uma saidinha e volto. Então, vem se atirando "obaatiam (vovó)". É muito gracioso. Kuroki: Dizem que quando um neto enfia o dedo nos seus olhos não dói, mas em certos momentos dói, não? (risos) Yoshiizumi: É mesmo. Mas, a dor é diferente. (risos) Mediadora: Sra. Kuroki tem quantos netos? Kuroki: 10 netos. Cada filho tem dois ou três filhos no total de 10 netos. Ashikawa: Tenho quatro filhos e quatro netos. São três mulheres e um homem. Os filhos tam-

bém são três mulheres e um homem. Todas: Oh! Yoshiizumi: No meu caso, há mais homens. Os filhos eram um homem e quatro mulheres, mas ao contrário são seis homens. Mediadora: E a sra. Shirahata? Shirahata: Na minha casa, dos sete filhos somente três casaram. Então, o número de netos por enquanto é indefinido. (risos) Porém, atualmente tenho cinco netos. Mediadora: E a sra. Kato? Kato: No meu caso, tenho dois netos do meu filho e agora há um na barriga. (risos) NO CASAMENTO DO FILHO MAIS VELHO OS IRMÃOS DO JAPÃO VIERAM EM MASSA Mediadora: No seu caso também é número indefinido? (risos) Muito obrigada. A seguir é sobre "Aquisição de primeiro terreno, aquisição de carro, viagens, acolhimento do visitante do Japão". Mudando um pouco a ordem, por favor, começamos pela sra. Shirahata. Shirahata: Por mim? Bem, a primeira vez que compramos terra foi depois de passar quatro meses em Itatiba e depois de arrendarmos terra em Vargem Grande. Como meu marido gostava de produzir hortaliças, plantava repolho. Foi uma independência sem ajuda de ninguém. Mediadora: Depois de quanto tempo compraram o terreno? Shirahata: Há 30 anos. Compramos terra em Ibiúna e mudamos para esse local. Mediadora: Quantos anos depois de ter vindo do Japão? Shirahata: Vim em 1964, portanto depois de cerca de 10 anos. Mediadora: E o carro, foi quando? Shirahata: Compramos na época da terra arrendada em Vargem Grande. Era um Variant. Para levar o filho para a escola em São Paulo. No primeiro ano, íamos de ônibus, mas o meu marido disse para aprender a dirigir para levar e buscar o filho e assim fiz. Então, graças ao filho tirei a carta de motorista. Atualmente, se 313


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o carro estiver bem vou a qualquer lugar. (risos) Mediadora: E quanto aos visitantes do Japão, como foram? Shirahata: Ah, sim, no casamento do meu filho mais velho vieram sete entre meus irmãos e os irmãos do meu marido. Aquilo foi muito bom. E, do lado dos pais, o pai do meu marido veio três vezes. A mãe dele, por não gostar de avião, não veio nenhuma vez. O meu pai veio quando nos tornamos independentes em Ibiúna. Mediadora: Como era no início da independência, não lhes deram algo como capital de giro para que utilizassem? (risos) Shirahata: Não, não. Se tivesse sido assim era bom. (risos) Não aconteceu nada disso. Lembro-me que meu pai disse que os filhos da Ryoko, durante o dia são pretos, mas a noite tomam banho e ficam com aparência de seres humanos. (risos) Mediadora: Então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: No nosso caso, no 5º ano havia uma pessoa que estava vendendo sete alqueires e meio por perto e adquirimos. A dona do terreno era uma velhinha e como ela queria um jipe, trocamos um jipe por sete alqueires e meio de terra. Se for agora qual seria a quantia? Era um jipe mais 100 contos de réis daquela época. Depois disso, adquirimos mais o terreno contínuo a esse que era do irmão dessa velhinha. É um terreno cheio de pedras que não dá nem para utilizar. Até hoje está abandonado sem usar. Nós cortamos as árvores grandes desse mato e agora ficamos surpresos como pudemos fazer isso. Quanto ao carro..., quando os filhos passaram a ir para escola compramos uma Perua Rural. Nessa época, o que produzíamos era em terra pobre e era difícil comprar um carro. Só as dívidas aumentavam. Tínhamos medo que o cobrador de dívidas viesse. Esse período durou cerca de quatro anos. Não havia energia elétrica, mas a televisão que deixamos comprado esperando que em breve chegaria a energia, também foi levada pelo cobrador de dívi314

das. Naquela época, não tínhamos realmente a sensação de estarmos vivos. Pensávamos por que tínhamos que passar por isso. A mãe do meu marido veio foi logo depois disso, em 1973. A princípio, enviamos dinheiro para o Japão, para que a minha mãe e a mãe do meu marido viessem. Mas, as circunstâncias da minha mãe não eram boas e não pôde vir, de modo que só a mãe do meu marido veio. Ela chegou sozinha com passos miúdos e rápidos no aeroporto de Campinas e passou cerca de um mês conosco. Contudo, chovia todos os dias tendo batatas para colher e deixando-nos ansiosos. Entretanto, pensamos que Deus usando o bom senso nos deixou passar calmamente, por nos esforçarmos para atender a visita do Japão. Bem, foi assim que passamos a primeira visita do Japão e cremos que retornou tranquila verificando a nossa imagem trabalhando. Depois disso, saldamos aos poucos as dívidas e, voltando à situação como da época da independência, começamos tudo de novo. E, em 1980, nós viajamos pela primeira vez para o Japão. Estava achando que ainda não daria para ir ao Japão, por estarmos muito ocupados produzindo batatas e, ao mesmo tempo, criando frangos e cultivando flores, mas o meu marido disse que iríamos de qualquer maneira. Pudemos voltar finalmente para a terra natal, o meu marido depois de 24 anos e eu, depois de 20 anos. Depois disso e até agora fomos seis ou sete vezes para o Japão. O PRIMEIRO CARRO ADQUIRIDO VIROU PENHOR DE DÍVIDA Mediadora: Lembra-se o carro que compraram? Kuroki: Lembro-me. Mas, foi levado pelo cobrador de dívidas. (risos) Depois disso, compramos um carro velho. Em uma certa ocasião, quando estávamos correndo pela cidade de Ibiúna, um transeunte disse: "está pegando fogo" e quando olhamos estava soltando fumaça e em chamas. (risos) Estava esfarrapado dessa


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maneira. Essa época é nostálgica agora. Mediadora: Realmente, é uma época nostálgica que poderia ser de qualquer pessoa. E para sra. Ashikawa como foi? Ashikawa: No nosso caso, quando terminamos uma produção por porcentagem, compramos uma bicicleta e meu marido ia fazer compras a uma distância de cerca cinco km. Quanto ao carro, compramos na época do arrendamento de terra. Era "Fusquinha" da Volkswagen. Lembro-me que ficamos muito contentes e fizemos a primeira viagem para Poços de Caldas levando as crianças pequenas. Foi uma viagem em que, ao lado do filho maior, que mordia maçã dizendo que estava com fome porque balançava, o filho menor vomitava com enjoo do carro. Para o Japão, creio que foi em 1974, fomos com seis familiares. Os pais do meu marido vieram em 1970, ao enviar-lhes dinheiro para a viagem, e depois de passar meio ano aqui, retornaram de avião. A seguir, meus pais disseram: "ao invés de nós irmos, venham vocês para cá, pois poderiam encontrar com todos", então, fomos para o Japão com toda a família. Além disso, os irmãos do meu marido e os meus também vieram para o Brasil. Mediadora: E quanto a aquisição de terra? Ashikawa: Sim, provavelmente foi por volta de 1968, o dono da terra de 20 alqueires que arrendávamos até então, disse para que nós comprássemos, por isso compramos. Corremos de um banco a outro para juntar o dinheiro. (risos) Mediadora: Ah, foi assim? Então, por favor, sra. Yoshiizumi. Yoshiizumi: Estávamos sempre cultivando tomate em Indaiatuba. E era só em terra arrendada. Nessa época, a Cooperativa Agrícola de Cotia disse que construiria uma região de tomate em Botucatu e que deveria ir para lá, pois pagando por 10 anos o terreno seria nosso. Junto com cinco ou seis pessoas de Indaiatuba fomos para lá. E, enquanto estávamos produzindo ali, houve um novo convite para ir para Mi-

nas, ficando com três locais de uma vez. Era assim, mas o que estava completo era o de Botucatu, mas após 10 anos, vendemos e depois da crise do petróleo, ficou difícil e ficamos só com o terreno de Minas. Bem, quanto aos terrenos foi assim, mas quanto a compra do carro, acertamos na safra de inverno de 1963 do tomate e lucramos muito. Então, compramos o jipe da Cooperativa Agrícola de Cotia. Nessa época, o meu marido nem tinha carta de motorista, mas veio correndo pela rodovia Anhanguera. Estava com sensação de que tinha conquistado o mundo. (risos) Lembro-me que disse isso. Além disso, sobre as viagens, o meu marido foi junto com dois filhos de cima na 1ª Delegação de Visita ao Japão de Cotia Seinen. Depois disso, os filhos foram duas vezes ao Japão como estagiários. Depois, é o casal do irmão mais velho que veio nos visitar. Esse irmão é aquele que se opôs sobre a minha vinda para o Brasil e que virou até a mesa da cozinha. Esse irmão disse cordialmente que, se ele fosse 30 anos mais novo, também se mudaria para o Brasil, não sabia que era um lugar tão bom. Ah, finalmente o meu irmão compreendeu e nesse momento fiquei muito feliz. Fiquei realmente feliz. Além disso, quando o pai do meu pai veio para o Brasil de navio pela Associação de Familiares Ausentes, todos os Cotia Seinens do vilarejo foram recepcioná-lo em Santos. Era justamente o início da época de chuva. Creio que foi por volta de outubro e ele só dizia "por que o relâmpago do Brasil corre de lado". Bem, retornou realmente contente dizendo "foi bom, foi bom". Depois disso, veio um sobrinho como estagiário de agricultura e mais um como funcionário enviado do Japão. Depois, veio mais um como estagiário colegiMiyoko Shakuda al, mas como ficou pe315


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rambulando por três meses sem encontrar serviço, meu marido ficou bravo e mandou embora. Por causa disso, os pais dele ficaram ressentidos. Depois disso, esse sobrinho foi convidado por um conhecido, que é vereador, para trabalhar no Brasil e veio de novo. Assim, permaneceu aqui e foi elogiado de que não há pessoa que trabalha tanto com ele e dessa vez os pais ficaram contentes. Bem, dessa forma houve muitas coisas. Mediadora: Ah, foi assim? Mas foi realmente bom seu irmão ter compreendido... FIQUEI CONTENTE COM A PRIMEIRA TERRA ADQUIRIDA Yoshiizumi: Foi realmente. Isso foi a coisa que me deixou mais contente. Mediadora: Então, por fim, por favor, sra. Kato. Kato: A primeira vez que adquirimos terra foi há 34 anos e eram somente quatro alqueires, mas fiquei contente de verdade. Lembro que não consegui dormir de noite. A primeira vez que voltei ao Japão, o funcionário da repartição pública me disse: "Sra. Naomi, você tomou a terra no Brasil com espada na cintura? (risos) Pensando que ele estava achando que o Brasil era desse nível, eu disse: "Não foi assim, compramos trabalhando direitinho" e então ele disse: "Desbravou sozinha?". Não adiantava explicar, pois não entendia... E quanto ao carro, compramos um usado dois ou três anos antes disso, quando não tínhamos nada. Como ficamos contentes. Foi diferente dos jovens de agora, que compra logo um carro novo sem dificuldades e, mesmo sendo usado, gostaria que as crianças de agora experimentassem a nossa satisfação daquela época. E quanto a viagens, fui pela primeira vez ao Japão levando um dos filhos. Meu marido havia visitado o Japão bem antes. E o meu pai, que tanto opôs que eu viesse para o Brasil, escreveu pela primeira vez uma carta para meu marido agradecendo. Fiquei realmente feliz pensando que finalmente com316

preendeu. E quanto aos visitantes do Japão, o pai do meu marido veio aos 77 anos de idade. Ele tem 10 filhos, mas deve ter pensado que o meu marido era o mais pobre e parece que veio com a intenção de ceder a metade do seu patrimônio. Parece que, atualmente no Japão, quando os pais falecem o patrimônio é dividido igualmente para cada um dos filhos. E veio pensando se a metade seria suficiente para o meu marido. Contudo, eu disse para ele que nós não queríamos nada e, se tiver algo para ser dividido, que fosse dado a quem o suceder. E na hora dele ir embora, assinei o termo da renúncia de patrimônio, sem falar nada para o meu marido. Após voltar para o Japão, o pai do meu marido disse sobre isso para outros filhos que tomaram como exemplo e tudo foi resolvido com harmonia. Então, pensamos que fizemos uma coisa boa. Quando o pai do meu marido veio para o Brasil, o pessoal do Cotia Seinen do vilarejo fez uma festa de boas-vindas e ele fez um discurso. Então, no meio acabou chorando sem poder falar, emocionado com a cordialidade dos brasileiros. Disse que isso não acontecia de forma alguma no Japão. Retornando para o Japão, depois de constatado que estávamos bem de vida, parece que disse à irmã mais velha do meu marido: "se for daquele jeito não há problemas". Agora ele já faleceu, mas creio que ele se foi tranquilo. Mediadora: Muito obrigada. A seguir será sobre "Atuações na região". Começamos pela sra. Kuroki, por favor. Kuroki: É sobre atuações na região? Eu? (risos) Se for dizer sobre minhas atuações na região são diversões. (risos) Invés de dizer atuação deveria dizer atividade. Bem, o que estou fazendo atualmente é ensinar caligrafia com pincel e música para as crianças na Escola de Língua Japonesa de Vargem Grande, como voluntária. E estou no grupo de karaokê de adultos, mas faço para o meu passatempo e não serve para nada. Mediadora: Voluntariado é diferente do que


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os professores das escolas fazem e é um serviço que não pode faltar na região. Kato: É bem-estar social. Mediadora: Realmente, é isso mesmo. Kuroki: Como não tenho o que fazer, saio todos os dias de casa. Estou ocupada a ponto de minhas filhas dizerem que gostaria de ir para casa do interior, mas aos sábados e domingos a vovó não está em casa, de modo que mesmo pensando em ir, não dá para ir. (risos) Ashikawa: Que bom ter diversão. Mediadora: No Festival do Japão, que o Cotia Seinen também participou, pedimos para escrever diversas palavras. Todas: Ah, foi isso. Kuroki: Bem, são letras desajeitadas. Agora é possível escrever com computador com letras bonitas de modo que seria bom fazer com computador, mas como tenho pincel, faço apesar de ser inábil. Mediadora: Bem, muito obrigada. No caso da sra. Ashikawa tenho ouvido que está atuando na associação de senhoras desde cedo Ashikawa: Quando existia a Cooperativa Agrícola de Cotia, foi fundada a associação de senhoras na filial e fui a primeira presidente. Para que um maior número de pessoas pudesse desempenhar o cargo, passando-o a cada gestão, em um ou dois anos deixei o cargo. Depois disso, mudamos a agricultura para o Cerrado e nós residíamos em Campinas. Mas como ali não havia produtos agrícolas, não pude entrar na associação de senhoras. Além disso, na Associação Cultural de Campinas, como iniciei o trabalho de confecção, não podia ajudar mesmo havendo muitos eventos e desisti de entrar. Assim sendo, é vergonhoso, mas não tenho recentemente nenhuma atuação na região. EMPENHANDO-SE NO POSTO DE PRESIDENTE DA ADESC Mediadora: Ah, é assim? Então, por favor, sra. Yoshiizumi. Yoshiizumi: Eu também, entre a década de

1970 e a de 1980, desempenhei vários cargos na Associação Cultural de Indaiatuba por 10 anos. Nesse meio tempo, foi fundada a associação de senhoras da Cooperativa Agrícola de Cotia, e isso influenciou positivamente de diversas maneiras a associação cultural. Depois, mudamos para Minas e como havia associação de senhoras lá, também participei. Depois disso, faz três anos que vim para cá e assumi o cargo de presidente da ADESC. Se for para dizer que gosto, eu gosto, mas nas atividades da região não tenho participado muito. Ou seja, como sou viúva, se for participar ao mesmo temo de várias coisas o ônus financeiro fica muito pesado, de modo que só estou na ADESC. Graças a Deus, tenho conhecido muitas pessoas e observado muitas coisas. ADESC para mim, como se diz, é como a sra. Kuroki disse, é a razão de viver. Mediadora: E a sra. Tamakoshi? Yoshiizumi: Sim, a sra. Tamakoshi foi presidente por longos anos. Este ano, a ADESC completa 11 anos e ela foi presidente por sete anos. Ela tem grande capacidade de julgamento e também de decisão. Então, ela me disse que não havia outra pessoa para o cargo e depois que a sra. Kamishibahara foi por três anos, a partir desse ano assumi o cargo. Mediadora: A sra. Kamishibahara também é esposa do Cotia Seinen? Yoshiizumi: Não, não é. Mas era membro da Cooperativa Agrícola de Cotia. Eu assumi depois da sra. Kamishibahara, mesmo tendo pessoas melhores do que eu, creio que o principal motivo foi, como pode se dizer, por eu ser viúva e é mais fácil me ausentar do lar. (risos) Bem, estou me empenhando com o apoio de todas. Mediadora: Bem, muito obrigada. Então, por favor, sra. Kato. Kato: Não tenho nenhuma atuação na região. Só ajudo um pouco a associação de senhoras. No Festival do Japão, ajudei a vender flores. É só isso. 317


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Mediadora: E quanto a atividade da ADESC? Kato: Não tenho nada de especial. Creio que seria divertido se tivesse um encontro com diversas mulheres, mas não tem isso. SERVIÇO DE CORTE DE CABELO NA KIBÔ-NO-IÊ Mediadora: Sra. Shirahata, ficou para final. Shirahata: Invés de região, é "Kibo no Ie"... Mediadora: Bem, incluindo isso. Seria a nível nacional. Shirahata: Na região, fui secretária da associação de senhoras do bairro e da Associação de Senhoras de Ibiúna como a sra. Yoshiizumi disse. É que gosto de escrever. (risos) E, estou prestando serviço de corte de cabelo na Kibôno-Iê. Todas: Oh! Shirahata: Comecei aos 50 anos e este ano completo 12 anos. Estou indo uma vez por mês. No Japão, trabalhei por dois anos em instituição de deficientes mentais e de crianças com retardo. E nessa época, conhecia de nome a profa. Kouko Ichikawa. Encontrei também com o prof. Ryoshin Hasegawa da Kodomo-no-Sono e estava pensando em ajudar a profa. Ichikawa depois de vir para cá e acabar de criar os filhos. Então, por acaso, vi no jornal um artigo dizendo que estava procurando alguém para suceder o sr. Fujisawa, que prestou serviço de corte de cabelo de rapazes por 30 anos, e me candidatei. Como sou mulher, creio que se puder fazer 15 anos que é a metade do tempo do sr. Fujisawa seria bom, mas graças a Deus já prestei por 12 anos. Gostaria de me esforçar por mais três anos. Todas: Oh! Por favor, esforce! Kuroki: Todos ficam aguardando, não? Shirahata: Sim, todos ficam aguardando. Kato: Com máquina de cortar cabelo manual? Shirahata: Agora existe a máquina elétrica, então uso essa. É prática e rápida. Kato: É maravilhoso esse tipo de prestação de serviço. 318

Mediadora: É muito bom. Então, a seguir gostaria de conversar sobre "Passatempo e lazer". Creio que têm muitas coisas para relatar. Por favor, inicie pela sra. Ashikawa. Ashikawa: Quanto a atividade de prestação de serviço está sendo incubada na mente, mas na realidade não é fácil... O casal Shirahata é admirável. Precisa da compreensão da família, principalmente do marido. Gosto de todos os esportes. Atualmente, não posso sair livremente para treinar, de modo que estou me divertindo com programas de esporte da televisão. A ponto de dizer que se for esporte pegunte a mamãe... Qualquer coisa. (risos) Mediadora: Quanto ao golfe, desde quando está praticando? Ashikawa: Quanto ao golfe, meu marido começou junto com os companheiros do Cotia Seinen e, como é muito bom para a saúde, por andar suando um pouco, sem esforço e no meio da natureza de ar límpido, recebi permissão e comecei aos 57 anos. Um ano depois do meu marido. Mediadora: E quanto ao lazer? Ashikawa: Como sou desajeitada... Gostaria de tentar fazer origami e enfeites de verduras e frutas, mas tenho vergonha... (risos) Gostaria de ler livros tranquilamente e viajar. Mediadora: E gateball? Ashikawa: Antes praticava. No entanto, para participar do torneio de gateball do Cotia Seinen, montamos equipe às pressas e treinamos de improviso por um mês, encarando o torneio no início, mas ficou nesse nível. Mediadora: E a sra. Yoshiizumi? Yoshiizumi: Eu não tenho passatempo. Mas adoro ler livros. Mediadora: E quanto a trabalhos manuais? Yoshiizumi: Mesmo os trabalhos manuais acabam em lucro. (risos) Estou vendendo as coisas que eu faço. Confecciono várias coisas, mas ultimamente estou ocupada e não tenho conseguido fazer por falta de tempo. Gostaria de me empenhar em uma coisa nova. No final das


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contas, no meu caso, é algo que combina passatempo e lucro real. Ashikawa: É bom por ser divertido, não é? É o máximo. Yoshiizumi: Além disso, não tenho coordenação motora muito boa e pelo corpo que tenho não sou boa em esporte. Quando tenho tempo, estou sentada na frente da máquina de costura. A noite, antes de dormir, se não ler um livro ou jornal não consigo dormir. Então, estou lendo livro ou qualquer outra coisa. O que estou lendo atualmente é sobre uma mulher de vilarejo agrícola do Japão no passado, que é a história da esposa de um agricultor que sofre com o costume tradicional. Estou lendo e chorando. Só li mais ou menos a metade. Ashikawa: Assim, não fica com sono. (risos) Eu também, na época em que estudava, passei diversas vezes lendo a noite inteira e levava bronca por desperdiçar a luz. Yoshiizumi: É verdade. Não dá para dormir. Para o agricultor, a esposa era mera força de trabalho e, mesmo com estado de saúde ruim, não deixava ir, de forma alguma, para o hospital. Como tinha vivido no Japão nessa época, alguns anos depois da guerra, sinto ainda mais profundamente... Ashikawa: Deve ter havido esse tipo de coisa com certeza. Yoshiizumi: As esposas não podiam ir para o hospital de forma alguma. Mediadora: Contudo, essa época também já mudou. Yoshiizumi: Atualmente não deve acontecer. Shirahata: Por isso, naquela época, havia muitas mulheres jovens que queriam vir para o Brasil, como nós. (risos) Yoshiizumi: Deve ser verdade. Bem, é um livro assim. Desculpe por desviar do assunto. Escrever o nome na lápide com shodô praticado como passatempo Mediadora: É uma época feliz agora... Então, por favor, sra. Kato. Kato: Quanto a mim, tenho muitos hobbies.

(risos) Fazia caligrafia com pincel junto com a sra. Kuroki, mas como o professor faleceu, parei. Kuroki: Esse professor também era Cotia Seinen. Mediadora: Ah, era mesmo? Kato: No meu caso, era passatempo, mas cheguei de alguma maneira até quinto grau. Yoshiizumi: Que maravilha! Kuroki: Então, a sra. Kato mudou para pintura a óleo... Kato: Bem, comecei pintura a óleo. Isso também interrompi quando fui para o Japão e como isso faz cerca de cinco anos, é como se tivesse desistido. (risos) Kuroki: Mas, no caso de pintura a óleo, é bom porque mesmo que tenha interrompido por algum tempo, pode voltar a fazer. Kato: É isso mesmo. Pensando assim comprei um monte de tintas a óleo, pois não quero parar. Kuroki: No caso de caligrafia a pincel, não pode, pois se parar uma vez a habilidade diminui. Kato: Atualmente, estou escrevendo nome em 100 lápides ou seria melhor dizer de 100 pessoas. É como voluntária sem cobrar dinheiro, mas escrevo como se estivesse rezando para Buda. Fiquei desolada por falta de experiência. E quem esculpe na lápide é um brasileiro. Como não sabeem, esculpe os nomes de ponta cabeça. (risos) Aconteceu isso também. Mediadora: E lazer? Kato: Pratiquei por muito tempo a dança. Ensinei aos idosos de Jacareí. Shirahata: Dança de salão? Kato: Sim, é dança de salão. Mediadora: Seu marido não dança, não? Kato: Não dança, mas deixa ir. (risos) E também ia jogar tênis de mesa, mas parei com tudo e estou agora acompanhando meu marido em coisas que ele gosta. Mediadora: O que seu marido faz? Kato: Pesca. Ele só pesca. 319


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Mediadora: Que tipos de peixes pescam. Kato: Tilápia, tucunaré, corvina. E vamos de barco. Então, o ideal é ir na metade do dia. Kuroki: É o melhor hobby. Ficar junto com o marido todos os dias. Kato: É mesmo. Meu marido não tem mais nada além disso. Só pesca e bebe. (risos) Estou pensando em acompanhá-lo também na bebida. Mesmo porque, para começar, não deixo de gostar da bebida. (risos) Mediadora: Por favor, como casal, façam isso por longo tempo e amigavelmente. (risos) E quanto sra. Shirahata? Shirahata: Como sra. Kuroki e sra. Kato disseram agora, eu também gosto de escrever e estou fazendo shodo (caligrafia artística). O professor me ensinou em Ibiúna, mas depois que esse professor voltou para o Japão, estou praticando sozinha. Para escrever carta para o Japão estou usando pincel. Como são letras que são diferentes das que a sra. Kuroki e a sra. Kato aprenderam direito com o mestre, é realmente de minha própria maneira, mas estou praticando pensando que escrever carta é como estudar. MUITOS HOBBIES E GOSTA DE VIAJAR Mediadora: Ah, certo. Então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: Eu também tenho hobbies demais, de modo de gostaria até de eliminar algum. (risos) Meu marido diz, não há ninguém mais extravagante do que você. Gosto de tudo. Gosto de tricô, de crochê... Não parece que sou assim, não? Gosto também de corte e costura. Para começar, até chegar a proposta da noiva imigrante, estava frequentando uma escola de corte costura ocidental, com intenção de me tornar professora de corte costura ocidental no Japão. Atualmente, o principal passatempo é o shodo. A sra. Kato também está junto, mas estou entregando, como dever de casa, sete itens de kanji e silabário fonético japonês todos os meses para uma pessoa de Osaka, mas é 320

o passatempo que tenho me dedicado mais. Além disso, vou ao Centro Esportivo Kokushikan Daigaku para praticar mallet golfe ou vou a karaokê, de modo que estou realmente na situação em que, por mais que tenha tempo de folga, é insuficiente. (risos) Mediadora: Quanto ao karaokê, não só canta, mas no caso da sra. Kuroki, é membro de júri em campeonatos como da região Sul de São Paulo, não é? Kuroki: Bem, canto porque gosto. Se estiver fazendo o que gosto estou bem. Também quanto às letras, no Festival do Japão, fui elogiada por todos, mas creio que preciso estudar mais para me aperfeiçoar. Mediadora: E quanto ao lazer? Kuroki: Por falar em lazer... Ah, sim, gosto de viajar. Já viajei por quase todo o Brasil e andei com meu marido para lá e para cá, na Argentina e Europa. Já fui diversas vezes para o Japão e agora gostaria de ir para para o lado do Canadá. Mediadora: Não praticava atletismo? Como arremesso de peso? Kuroki: Atualmente não pratico mais. Já tenho atividades demais e estou em apuros. (risos) Mediadora: Então, finalmente vamos para o último assunto. É sobre "Expectativa para o futuro" e, por favor, começaremos pela sra. Ashikawa. Ashikawa: Mesmo que se falem em expectativa para o futuro, já não é tão longo assim... (risos) Mediadora: Seria sobre de agora em diante. Ashikawa: Já estamos com 70 anos. E ainda, a saúde do meu marido está em situação em que não se pode ter muita expectativa. Então, o que gostaria de falar para todas é que, como se empenharam muito até agora, gostaria que levassem uma vida divertida, sem remorsos, enquanto o casal está com boa saúde, fazendo o que querem como viajarem juntos. E, isso parece um sonho, mas está sendo construída a


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"Floresta do Cotia Seinen", em um canto da natureza. Penso que seria bom que tivesse um local em que qualquer Cotia Seinen pudesse conversar com companheiros, passar tempo se divertindo com o hobby e ir à vontade, pousar e, ao mesmo tempo, cuidar da floresta, ou seja, algo como asilo de idosos destinado aos Cotia Seinens. Mediadora: É uma ideia muito boa. Gostaríamos que todas pensassem em torná-la realidade. Então, por favor, sra. Yoshiizumi. Yoshiizumi: No momento, eu estou com a intenção de estar na ativa, de modo que gostaria de continuar com a atividade da associação de senhoras, que estou participando. Gostaria que a própria associação de senhoras continuasse a existir para sempre. Mediadora: Tentar a plenitude da vida por meio das atividades da associação das senhoras ou proteger a saúde por si próprio... Yoshiizumi: Isso mesmo, tendo saúde, se permite as atividades da associação das senhoras. Então, em primeiro lugar a saúde. Meu princípio é eu mesmo cuidar do meu corpo. Mediadora: E a sra. Kato o que acha? Kato: Sim, quanto a mim até agora só a saúde era meu lucro e estou pensando em manter essa situação de alguma maneira, proteger a família e, se for possível, ser útil às pessoas. Mediadora: Por exemplo que tipo de coisa? Kato: Até agora, não sei por que, eu era tímida. Então, estou pensando em sair na frente das pessoas e procurar o que consigo fazer... Mediadora: Atuar no departamento de senhoras do Cotia Seinen, por exemplo... Kato: Não sou boa para falar na frente das pessoas ou liderar as pessoas e não consigo fazer.... (risos) Ashikawa: Essas coisas, se começar a fazer, consegue de alguma forma. Eu também atualmente consigo falar, mas no início não gostava e não conseguia. (risos) Kato: Eu também ouvi da sra. Tamakoshi. Ela também antes não conseguia falar. Ao repetir

várias vezes se adquire confiança. Então, gostaria de tentar sair aos poucos na frente das pessoas e fazer diversas coisas. Ashikawa: Ao acostumar, o prazer de falar aumenta e fica mais prazeroso viver. (risos) SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR, ESPOSA DO COTIA SEINEN ACONTEÇA O QUE ACONTECER Mediadora: Então, sra. Shirahata. Shirahata: Por onde vou começar a falar? (risos) Bem, gostaria de praticar atletismo aos 90 anos. Se estiver com saúde. Graças a Deus, no momento parece que não há o que me preocupar. Quando estava no 2º ano do primário, fui acometida de pleurisia. Então, até o 6º ano foi o mesmo professor que me cuidou, e creio que, graças a essa época, tenho atualmente boa saúde. E, a viagem de Intercâmbio de Amizade do Cotia Seinen, desde a primeira vez, queria ir junto com meu marido. Mas, meu marido diz que ainda não estamos na condição de viajar os dois juntos e ele não vai, indo somente eu. Então, o meu modesto sonho é ir algum dia os dois juntos. (risos) Yoshiizumi: Há algum tempo, quando encontrei com o seu marido estava dizendo isso: E ao lhe perguntar por que não ia também, ele disse: "se os dois forem, quem é que vai trabalhar para ganhar dinheiro?" (risos) Shirahata: É isso mesmo. Meu marido é assim. Então, deixando de lado o trabalho, gostaria de ir despreocupadamente nós dois... Yoshiizumi: Isso parece coisa da sra. Shirahata. (risos) Shirahata: Sou como uma bala disparada de arma de fogo. Se tiver coisa que gostaria de fazer, vou para qualquer lugar. (risos) Mas, de agora em diante junto com o marido. Mediadora: Como a sra. Ashikawa diz, que os dois tenham vidas bem divertidas... (risos) Então, por favor, sra. Kuroki. Kuroki: Para começar, a saúde dos dois em primeiro lugar. Não pode faltar nenhum dos dois. Quando o marido não está, acabamos comen321


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do qualquer coisa que temos por perto. Porém, não pode ser assim. Para ter saúde é preciso comer direitinho. Além disso, é uma coisa engraçada, não fico muito preocupada com a saúde dos filhos, mas quanto a saúde dos netos me preocupo como se fosse boba. Quando um neto está gripado, vou para karaokê e fico preocupada na hora de sair, será que está bem? Será que está bem? (risos) Bem, em todos os casos, a saúde em primeiro lugar. E mais, no futuro, se tiver tempo e dinheiro, gostaria de viajar muito mais. Mediadora: Então, senhoras, muito obrigada por hoje. Sou mediadora, mas o que gostaria de dizer no final é que o pessoal do Cotia Seinen, embora vindo em anos diferentes, a aspi-

ração era a mesma. Nós, noivas também tínhamos o mesmo ponto de partida. Acredito que continuarão a ter a autoconsciência de que são Cotia Seinens e noivas deles, do fundo do coração, provavelmente até morrer sem mudar. Nessa ocasião, vamos realizar a cerimônia comemorativa dos 50 anos e gostaria que todos se animem com a disposição de serem Cotia Seinens e noivas deles. Além disso, depois da cerimônia comemorativa, gostaria que nós nos empenhássemos por longo tempo, com saúde, e tendo consciência da solidariedade de sermos membros desse mundo. Realmente, muito obrigada por hoje. Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005), p.299~320

Outros assuntos SOBRE O BOLETIM DA COTIA SEINEM RENRARU KYOGUIKAI Ao se referir à comunicação da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai, o principal trabalho é a confecção do informativo da associação, ou seja, a edição e a elaboração de "Boletim da Kyoguikai". Até agora, o único encarregado dessa tarefa sofria sozinho na sua execução, mas agora que findou a edição do livro comemorativo dos 50 anos, é uma pena desativar a sua comissão de edição. Essa comissão atuou como excelente editor e redator, e desativá-la seria realmente lamentável como se tivéssemos a sorte de encontrar uma gema de pedra preciosa e, tendo a extraída com muito esforço, termos que enterrá-la novamente. Aproveitando esse pessoal no Boletim, gostaríamos de aprofundar o intercâmbio de informações para dar suporte aos Cotia Seinens daqui para a frente. Sob a liderança do presidente da comissão, sr. 322

Tamakoshi, foram feitas discussões entre os membros da comissão de edição. Shigeyuki Tamura foi escolhido como encarregado da confecção do boletim da associação e foi combinado que todos os membros iriam apoiar. É claro que o informativo da associação poderia ser feito só com os membros da comissão, mas a colaboração dos senhores associados é indispensável. Os aspectos de vários locais e também a atuação do Cotia Seinen e de seus descendentes são itens que gostaríamos de transmitir para os associados. Além disso, gostaríamos de apresentar também as atividades das senhoras e também, de agora em diante, falar sobre os passatempos para nos divertirmos no resto de nossas vidas. Cremos que seja necessário dar um espaço no boletim para esse assunto. Em todos os casos, gostaríamos de divulgar as opiniões de todos no informativo. Então, por favor, enviem-nos suas opiniões em grande quan-


Cotia Seinen: 60 anos de União

tidade. Os itens que foram definidos até agora são como se segue abaixo: * O número de exemplares publicados permanece o mesmo e as publicações circulam quatro vezes por ano (janeiro, abril, julho e outubro) e a data de lançamento será entre os dias 20 e 30. * A edição e a confecção serão feitas doravante por membros da comissão de edição do livro comemorativo dos 50 anos. * O conteúdo do Boletim da Kyoguikai 1 - Saudação do presidente 2 - Resumo de ata de reunião da Kyoguikai mensal (reunião regular) 3 - Apresentação das atividades e tendências de cada região 4 - Apresentação de eventos e conteúdo, etc (incluindo também o interior) 5 - Coluna de colaboração (opiniões, literatura e arte, etc.) 6 - Coluna de anúncio (avisos, solicitação, etc.) 7 - Nota do editor Livro: 50 Anos de Imigração do Cotia Seinen 1955 2005, p. 378

SOBRE O "LIVRO DE REGISTRO DE ÓBITOS DO COTIA SEINEN" Akira Kamamata - 29ª leva da segunda fase, de Hyogo

Foi decidido que seria elaborado o Livro de Registro do Óbito de Cotia Seinen. Como há muitos companheiros falecidos, iniciei de acordo com o desejo de, na medida do possível, corrigir os erros, colocar em ordem cronológica do falecimento e mudar a ordem, mas isso acarretou muitas dificuldades. Foram verificados todos os materiais, como os quatro livros comemorativos publicados no passado, livro de registro de óbito elaborado pela Cotia Seinem Renraku Kyouguikai, três livros de registro de endereços do Cotia Seinen, pes-

quisas de campo realizadas três vezes no passado, registro de endereços elaborado pela Zentakuren, cópias do pedido de financiamento e registro de endereços do escritório. Para completar os oito itens, como província de origem do falecido, a fase de chegada ao Brasil, nome, forma de leitura, data do falecimento, idade ao falecer, causa da morte e local do sepultamento. Por ter muitos materiais para verificar e para confirmar por haver diferenças na província de origem ou ter duas formas de leitura do nome, levou-se muito tempo. Pensando bem, o maior obstáculo na confecção do livro de registro de óbito do Cotia Seinen não é outra coisa senão o fato de os mais antigos terem falecido na etapa inicial da chegada ao Brasil em que ainda não tinham amigos e conhecidos. Ano passado, 2005, foi para os que vieram na 1ª leva da primeira fase o ano em que completaram 50 anos de chegada ao Brasil. Ao relembrar agora sobre a época de nossa chegada ao Brasil, quase não foi esclarecido para onde os companheiros do mesmo navio foram enviados e por isso nem era possível enviar carta. Mesmo que tenham falecido alguns anos depois da chegada ao Brasil, somente um número restrito de companheiros da região sabiam e o que estava memorizado claramente na época, com o passar do tempo, vai sendo aos poucos esquecido. Por isso, mesmo verificando o material do primeiro período, muitas vezes havia itens que não conseguia encontrar, mas nas respostas do formulário de pesquisa de campo, principalmente na última, havia muitas pessoas com o número de telefone para contato e isso ajudou muito. Se na coluna para preencher havia o nome do falecido, foi possível perguntar mais detalhadamente pelo telefone e isso é semelhante à confecção de livro doregistro de óbito da as323


Cotia Seinen: 60 anos de União

sociação de província a que pertenceu. No entanto, considerando somente as pessoas cujas quais se conhece a data de falecimento, ao escrever em ordem por data, começando pelo sr. Miyakawa, que é tido como a primeira pessoa a falecer dentre os Cotia Seinens, as causas de morte de acordo a época do Cotia Seinen ficam evidentes. Quanto aos falecidos com menos de 30 anos do período inicial, havia muitos que suicidaram ou morreram em acidentes. Observa-se que com 30 a 40 anos, há morte por doença; ao ficar ocupado com o trabalho e na vida rotineira começa a haver acidente de trânsito. Com o aumento do movimento decasségui, com a piora da situação econômica do Brasil, há casos de falecimento no Japão. Quanto ao trabalho na terra natal Japão, a fadiga mental era mais pesado do que tranquilidade e talvez tenha atingido o corpo com forte sensação de pressão. Quanto às mortes depois dos 60 anos de idade, com a difusão do telefone e podendo ter contatos, houve esclarecimentos pelo telefone, mas há pessoas de quem não se sabe quando faleceram. São cerca de primeiras 50 pessoas do livro de registro de óbito. Eu não consegui vir para o Brasil com companheiros que fizeram o estágio no centro de treinamento de Ibaraki. Até chegar a permissão do Brasil para vir para cá, tive que esperar mais um ano. Vim no navio com companheiros da segunda fase de partida tardia, de modo que tenho muitos companheiros do grupo de partida tardia antes de extinguir a imigração de Cotia Seinen. Em certo aspecto isso me ajudou muito, mas, alguns anos após a chegada ao Brasil, experimentei a tristeza do falecimento um por um 324

de companheiros de respectivas levas, sendo que em relação a eles esforcei-me para preencher todos os itens. No entanto, não ficou claro quando certa pessoa faleceu e um dos companheiros que vai visitar o Japão daqui a algum tempo ficou de ler na sua lápide a data do falecimento dele. A morte do Cotia Seinen que veio sozinho para o Brasil e faleceu alguns anos depois, agora que se passaram várias dezenas de anos, com os pais dele também falecidos, com o tempo acabou se tornando uma longínqua história do passado. Aos menos é um consolo a lembrança dele que resta ser de um jovem que está rindo sempre. No trabalho de pesquisa, o nome do Cotia Seinen parecia que tinha força como da varinha mágica. Mesmo quando conversava pela primeira vez pelo telefone, ao começar a falar: "Sou do Cotia Seinen e será que não sabe sobre uma pessoa assim?" fui atendido de forma verdadeiramente gentil e fiquei feliz por ficar com a sensação de que tínhamos relacionamento há muito tempo. Sem pesquisar o suficiente, liguei para o número de telefone que obtive com muito custo e conversei com a suposta esposa do falecido e ela me disse: "Esse deve ser meu cunhado, pois meu marido ainda está vivo", deixando-me surpreso e fiquei pedindo desculpa pelo engano. Em determinadas regiões do Japão também há muitas pessoas com o mesmo sobrenome e entre os Cotia Seinen não são poucos que vieram juntos com irmãos, sendo que senti que é necessária muita atenção. Pensando dessa maneira, o sr. M, cujo nome aparece no livro comemorativo, era uma pessoa que tinha falecido há muito tempo e com a data de falecimento conhecida. Por ter visto o nome dele várias vezes, ficou retido em algum lugar da memória e ao verificar folha por folha


Cotia Seinen: 60 anos de União

a pesquisa de campo, de repente deparei com o formulário do sr. M. A pesquisa era da década de 1980 e o falecimento dele teria sido antes da década de 1960, percebendo que era estranho, ao ver a coluna da família, a segunda filha dele tinha nascido na década de 1980. E pensando em coisa sem importância relacionada ao trabalho de outrora, como naquela época o congelamento de sémen era coisa só de animais, pesquisei novamente apesar de saber a data de falecimento. Então, foi esclarecido que por algum motivo a data de falecimento que deveria ser 1985, foi escrito como 1958. Como a pessoa falecida não pode nem protestar pelo erro, se houver algo estranho no livro de registro de óbito que ficou pronto, por favor, apontem-nos. Quanto às listas de nomes e os registros de endereços relativos ao Cotia Seinen, de modo geral são o que foram feitos no Brasil num dado momento, mas por outro lado existem também listas de nomes confeccionadas pelo Zentakuren e pelas organizações de negócios, que nos enviou para cá, do Japão. O que é interessante nessas listas é que estão divididos por ordem de ano de vinda ao Brasil e por província de origem e para cada um é atribuído um número, como da numeração de prisioneiros. Ao saber da minha ficha numerada, por um momento fiquei com um sentimento impronunciável, mas estranhamente há Cotia Seinens que não possuem ficha numerada de arrumação, que tomaram parte com nome em livros comemorativos junto com outros companheiros e faleceram. As organizações que nos en-

viaram para cá deveriam ter todos os documentos relativos a nós daquela época. Pelo fato de não ter número, a única coisa que se poderia pensar é que essas pessoas não seriam Cotia Seinen e, chegando a essa conclusão, pensando em tirar o nome do livro de registro de óbito, conversei com os membros da comissão de edição e cheguei a uma sentença: "Se os nomes deles estão publicados também em livros comemorativos, eles são respeitáveis Cotia Seinens nessa região. Se foram assim em vida, vamos reconhecer como companheiros após a morte também", e tudo foi resolvido. Fomos pegos pelo desejo de corrigir o que estivesse errado na medida do possível e estávamos avançando para a direção errada, mas envoltos no sentimento amplo que acolhe vários aspectos das pessoas, inclusive os defeitos e as falhas que a palavra "companheiro" possui, ficaram bem e em segurança. Por favor, familiares, fiquem tranquilos. Assim mesmo, ainda que a vida tenha sido curta, cada uma das pessoas deve ter vivido sua vida até então. Os pioneiros que faleceram no meio da aspiração com sonho depositado na vinda para o Brasil, se fosse possível voltar para aquela época e conversar, creio que seria grande a felicidade, mas isso é disparate de pessoa que sobreviveu, de modo que o pessoal do mundo espiritual descanse em paz... Nós também em breve mudaremos para aí. Livro: 50 Anos de Imigração de Cotia Seinen 1955 - 2005, p. 380~381

Akira Kamamata

325


Cotia Seinen: 60 anos de União

Livro de Registro de Óbitos nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Koji Nashida

1ª/1ª Aomori

no Japão

Kozaburo Kimura

1ª/1ª Aomori

Bragança-SP

Masafumi Shindo

1ª/1ª

Kanagawa

Matarazzo-SP

Ryuiti Nishiguti

1ª/1ª

Shiga

Naoyuki Kawamoto

1ª/1ª Kumamoto

Kiyoshi Kitayama

2ª/1ª Shizuoka

Tadami Kawajiri

2ª/1ª Yamaguchi

Shiguemitsu Kishida

2ª/1ª Tottori

Nobuki Kawakami

2ª/1ª Kochi

Tokumatsu Kimura

3ª/1ª Aomori

Hiromi Hiraki

3ª/1ª Tottori

Shintaro Kawakami

3ª/1ª Okayama

Tiguira

3ªB/1ª Gunma

Takanori Ookawa

3ªB/1ª Chiba

Mataiti Nishikawa

4ª/1ª Kanagawa

Haruyoshi Oda

4ª/1ª Hiroshima

Shinsaku Sato

5ª/1ª Akita

Jintaro Reido

5ª/1ª Iwate

São Paulo-SP

30.11.31

Japão

Mogi das Cruzes-SP 12.11.35

Curitiba-PR São Paulo-SP

Mitsuo Kimura

326

Susumu Amagasa

5ª/1ª Gunma

30.03.33

Shushi Furuyashiki

6ª/1ª Iwate

Noriyoshi Oomori

6ª/1ª Oita

Kyoji Ishizawa

7ª/1ª Yamagata

18.10.32

Castro-PR

Hisashi Yamabe

7ª/1ª Mie

03.06.34

Japão

Mitsuo Yamane

7ª/1ª Yanaguchi

Toshimasa Takemasa

7ª/1ª Kochi

Yoshinobu Hirakawa

7ª/1ª Fukuoka

Kazutoshi Itoyama

7ª/1ª Saga

Akira Samukawa

8ª/1ª Wakayama

Toshiaki Iwai

8ª/1ª Ehime

23.08.34

Ibiúna-SP

Hiroshi Katayama

8ª/1ª Nagasaki

14.11.33

Arujá-SP

Japão 24.01.34 Japão


Cotia Seinen: 60 anos de União

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Kesamitsu Noda

8ª/1ª Kumamoto

Yasuo Kawaguti

8ª/1ª Kagoshima

Shinya Shirahata

9ª/1ª Yamagata

Takeshi Oike

9ª/1ª Gunma

Noriyuki Imamura

10ª/1ª Kumamoto

Tsuneo Doomi

11ª/1ª Hokkaido

Narinori Ebihara

11ª/1ª Miyazaki

Yukimori Yoshida

12ª/1ª amagata

Mitsuyoshi Maeda

14ª/1ª Kagoshima

Tadashi Kuroki

16ª/1ª Miyazaki

Hidehiko Fujimoto

16ª/1ª Yamanashi

Akinobu Harada

1ª/2ª Shimane

03.11.39

Kiyoshi Kadoya

1ª/2ª Ehime

27.11.38

Teruyoshi Yoshida

1ª/2ª Miyazaki

17.08.34

Tsutomu Shigueyoshi

1ª/2ª Kagoshima

30.20.38

Tokuji Murakami

4ª/2ª Hiroshima

07.03.39

Katsumi Sato

6ª/2ª Chiba

12.12.37

Satoru Hashizume

6ª/2ª Mie

01.08.36

Teruo Endo

7ª/2ª Miyagi

13.01.41

Katsushi Yasuhara

7ª/2ª Hiroshima

23.08.34

Takeshi Furuya

9ª/2ª Yamanashi

04.09.40

Masaji Ookubo

11ª/2ª Toyama

10.01.42

Tikara Oishi

21ª/2ª Shizuoka

29.10.43

Yutaka Horie

27ª/2ª Miyagi

21.02.42

acidente Japão

Makoto Shinya

29ª/2ª Hiroshima

16.01.45

acidente

Kameo Fujita

30ª/2ª Fukuoka

06.04.47

15.07.33 11.01.35

00.00.37

15.08.34

Piedade-SP Brasília-DF acidente Parelheiros-SP

acidente Ponta Grossa-PR

Curitibanos-PR

< Acima, companheiros cujas datas de falecimento são desconhecidas > Tadashi Miyakawa

1ª/2ª Akita

07.07.56 - 24 acidente Carlópolis-PR

Naozo Ikeda

8ª/1ª Kagawa

20.05.57

Sadahiro Murayama

7ª/1ª Gunma

27.01.58

Kimio Imamura

10/1ª Kumamoto

28.05.58

Hiroshi Inkyo

15/1ª Hiroshima

04.07.58

Kano Igarashi

16/1ª Niigata

04.11.58 - 19 acidente São Roque-SP

Kiyomune Ooki

5ª/1ª Tochigi

26.12.58

acidente

acidente São J.Campos-SP 327


Cotia Seinen: 60 anos de União

328

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Asao Kasuga

2ª/1ª Nagano

Ryoiti Matsui

1ª/2ª Kumamoto

28.03.39 26.11.59 - 20 acidente Embu-SP

Masao Kuguijima

4ª/2ª Saga

12.09.37 27.12.59 - 22 acidente Bragança-SP

Kuniya Ozaki

5ª/1ª Kumamoto

01.01.60

Sadamu Sakanoshita

8ª/1ª Miyazaki

17.07.60

Nobuya Shimaoka

8ª/1ª Kochi

19.08.60

acidente

Yasue Matsumura

7ª/2ª Nagano

00.00.60

acidente Formosa-SP

Nobuo Sakai

4ª/2ª Kumamoto

06.04.39 02.02.61 - 23 doença

Matsuo Koyama

1ª/2ª Miyagi

29.07.39 15.09.62 - 23 doença

Toshitake Nagai

1ª/1ª Gifu

Kyosuke Haseyama

10ª/2ª Akita

Masamitsu Sooma

1ª/1ª Kumamoto

07.01.63

Kyoji Kambe

15ª/1ª Akita

20.02.63

acidente

Tetsuji Yamada

2ª/1ª Akita

08.10.63

doença

Hiroshi Takata

7ª/2ª Ibaraki

11.10.37 00.00.64 - 26 acidente

Manabu Takahashi

3ª/1ª Yamagata

10.08.37 25.05.65 - 27 acidente

Takashi Kiurahara

10ª/2ª Yamanashi

13.10.39 09.09.65 - 25 acidente Brasília-DF

Masakatsu Isa

5ª/1ª Kumamoto

Ikuo Moriwaki

7ª/2ª Shimane

30.12.40 28.04.66 - 25 acidente Castro-PR

Haruhiko Harashima

7ª/2ª Tokyo

02.06.40 14.06.66 - 26 doença

Tsugunori Totihara

1ª/1ª Kumamoto

30.12.66

Guiiti Onishi

15ª/1ª Mie

00.00.66 - 29 acidente

Masayasu Kaito

8ª/1ª Miyazaki

00.00.66

Mutsumi Asai

29ª/2ª Kagoshima

13.11.43 10.04.67 - 23 acidente

Takeshi Suzuki

11ª/2ª Miyagi

02.01.40 26.07.67 - 27 acidente Ibiúna-SP

Nagahei Ito

10ª/2ª Yamanashi

25.06.41 25.09.67 - 26 acidente Taquari-BA

Noboru Kato

10ª/2ª Okayama

27.01.42 03.01.68 - 25 acidente Boituva-SP

Takefumi Sadano

7ª/1ª Kagoshima

Miki Miura

1ª/2ª Yamagata

26.01.37 04.02.69 - 32 acidente

Kunihiko Sawada

11ª/2ª Toyama

13.03.42 08.06.69 - 27 acidente

Kohei Uemura

2ª/1ª Chiba

22.06.69

Mitsugu Tanaka

8ª/1ª Fukuoka

28.05.69

Yoshikazu Fujita

31ª/2ª Kagoshima

14.07.48 01.08.69 - 21 acidente Lages-SC

Haruo Miyazaki

30ª/2ª Ishikawa

02.01.43 23.09.69 - 26 acidente Socorro-SP

12.02.59

Itu-SP

Santo Amaro/SP

25.11.62 12.02.41 02.12.62 - 21 acidente

21.12.65

Embu-SP

doença

Formosa-SP

Brasília-DF

08.07.68 - 34 acidente

Poá-SP


Cotia Seinen: 60 anos de União

nome

grupo

província

Haruji Anan

10ª/1ª Oita

Shigeo Miyashita

7ª/2ª Toyama

09.05.41 07.04.70 - 28 acidente Guarapuava-PR

Naohiko Nishio

10ª/1ª Fukushima

18.11.38 20.06.70 - 31

Sadayuki Ii

12ª/1ª Ehime

19.02.35 30.08.70 - 35

Heisaburo Kanaya

2ª/1ª Gunma

00.09.70

Sanenobu Shibuya

10ª/1ª Miyagi

00.00.70

Shunsuke Seko

1ª/1ª Gifu

Kensei Isato

4ª/1ª Ehime

Kazuyoshi Kobayashi

2ª/2ª Nagano

18.10.40 00.12.71 - 31

Masaru Akiyoshi

11ª/1ª Oita

14.10.33 00.00.71 - 38

Manabu Fuwa

11ª/1ª Gifu

21.12.35 00.00.73 - 37

Shigueru Kawamura

7ª/2ª Iwate

01.02.37 00.05.74 - 37 doença

Keiji Sugao

1ª/2ª Mie

01.01.36 20.10.74 - 38

Yosaburo Fujita

1ª/1ª Mie

Tomeo Tamaru

6ª/2ª Mie

02.10.37 00.00.74 - 37

Masaru Toyomura

4ª/2ª Nagasaki

15.11.36 00.00.74 - 38

Kiroku Odagiri

15ª/1ª Aomori

00.02.75

Shozo Takayama

2ª/1ª Nagano

09.04.75 - 42 doença

Antônio Carlos-MG

Kimito Horiuti

10ª/1ª Nagano

25.08.75

Jaraguá-SP

Hiroharu Yoshioka

13ª/2ª Chiba

Shiguemasa Matsumoto 3ª/1ª Kagoshima

nascimento falecim/idade

causa

00.00.69

Japão Embu-SP

acidente Santo Amaro/SP

15.11.35 27.06.71 - 35 doença 03.07.71

26.11.74

local sepultamento

Londrina-PR

acidente Iguape-SP Ibiúna-SP Pilar do Sul-SP

acidente

acidente doença

23.12.42 08.10.75 - 33 acidente Castro-PR 01.05.76 - 31 acidente

Yoshihiro Ban

2ª/1ª Aomori

08.08.35 18.08.76 - 41 acidente Castro-PR

Kenji Miyamoto

8ª/1ª Kumamoto

19.01.32 13.11.76 - 45 doença

Masato Tsutsui

7ª/1ª Saga

Izumi Kubokawa

1ª/2ª Nagasaki

Saiji Nakamura

4ª/1ª Kagoshima

25.02.78 - 53 acidente São Paulo-SP

Titose Ushiroda

11ª/1ª Kagoshima

29.08.78 - 40 doença

Sumiyuki Mizuki

2ª/2ª

Hitoshi Akiyama

30ª/2ª Tokyo

Seisaburo Shirakawa

4ª/1ª Kumamoto

Sueharu Kashiwagi

12ª/1ª Wakayama

Yuugi Nakasuga

7ª/1ª Hiroshima

Isao Takeyasu

12ª/1ª Kagoshima

11.04.33 31.10.79 - 47 doença

Pilar do Sul-SP

Hiromiti Kamohara

7ª/1ª Saga

14.07.34 00.00.79 - 45

Campinas-SP

Aomori

00.12.76

Mogi das Cruzes-SP

acidente Ponta Porã-MS

03.10.40 00.00.77 - 37 doença

Pilar do Sul-SP São Paulo-SP

23.04.37 23.10.78 - 42 03.01.41 17.11.78 - 38 acidente Japão (Hachioji) 00.00.78 - 46 doença

Registro-SP

16.02.35 00.00.78 - 42 acidente 00.05.79

329


Cotia Seinen: 60 anos de União

330

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

Tadaaki Endo

14ª/2ª Osaka

07.12.42 08.04.80 - 38 doença

Brasília-DF

Yoshio Koike

7ª/2ª Nagano

07.05.32 15.06.80 - 48 doença

Osasco-SP

Kiyoshi Furuto

1ª/1ª Yamagata

Ryodi Asai

4ª/2ª Nagano

01.11.39 15.02.82 - 43 acidente Capão Bonito-SP

Shigueyuki Kano

12ª/1ª Fukuoka

15.06.37 23.02.82 - 45 acidente Cotia-SP

Yukio Nakata

7ª/2ª Kumamoto

10.12.37 00.08.82 - 45

Isamu Ikuta

10ª/1ª Kumamoto

Masashi Tiba

12ª/2ª Iwate

29.01.43 06.04.83 - 40 acidente Piraí do Sul-PR

Yoshio Nakamura

6ª/2ª Yamanashi

13.09.35 09.12.83 - 48 acidente

Morio Araki

5ª/1ª Gunma

08.03.35 21.01.84 - 49 acidente Mogi das Cruzes-SP

Susumu Suzuki

2ª/2ª Ibaraki

05.01.41 28.02.84 - 43

Tsuneo Tiba

4ª/2ª Hokkaido

20.07.37 11.04.84 - 47 acidente Ubiratã-PR

Junho Fujita

21ª/2ª Hyogo

23.05.44 11.04.84 - 40 acidente Salto de Pirapora-SP

Juniti Sakaguti

4ª/2ª Kumamoto

25.12.36 12.04.84 - 48 doença

Mutsuo Horinouti

32ª/2ª Kagoshima

08.02.42 18.06.84 - 42 acidente Bragança-SP

Tsuruo Aisono

4ª/2ª Fukuoka

17.02.39 19.07.84 - 45

Sorocaba-SP

Miyoshi Maeda

1ª/1ª Nagasaki

10.09.31 05.08.84 - 54 doença

Campinas-SP

Masaru Yano

6ª/2ª Ehime

06.03.39 12.11.84 - 46 doença

Cotia-SP

Kazuo Saeki

12ª/1ª Ehime

19.08.35 00.00.84 - 49

Guihati Izuta

1ª/1ª Yamagata

14.09.34 00.00.84 - 50 doença

Tsuneto Tokuhisa

16ª/1ª Saga

Goro Takemasa

2ª/1ª Kochi

01.06.29 10.03.85 - 56 doença

Hisashi Senda

14ª/1ª Hiroshima

09.10.33 10.07.85 - 52 acidente

Keiji Abuno

9ª/1ª Niigata

20.01.33 15.09.85 - 52 acidente Pilar do Sul-SP

Koshiro Tsutida

5ª/1ª Akita

04.10.37 18.09.85 - 48 acidente São J. Campos-SP

Kazuo Kimura

1ª/1ª Gifu

23.09.30 20.09.85 - 55 acidente

Mikio Minami

12ª/1ª Kagoshima

24.11.34 17.11.85 - 51 doença

Minoru Takahashi

7ª/1ª Yamagata

20.11.30 00.00.85 - 55

Hiroyuki Morikawa

10ª/1ª Mie

07.10.34 00.00.85 - 51

Osamu Mizuta

8ª/1ª Fukuoka

14.10.35 00.00.85 - 50 doença

Toyoshi Utimura

6ª/1ª Kumamoto

Sadao Matsumoto

33ª/2ª Hokkaido

21.03.41 00.00.85 - 44 acidente Japão (Hokkaido)

Sanji Tomoyasu

15ª/1ª Okayama

11.02.35 19.04.86 - 51 acidente Paracatu-MG?

Kanae Fukunaga

11ª/1ª Kagoshima

14.02.35 03.05.86 - 51 acidente São Gotardo-MG

02.08.80

00.01.83

causa

acidente Vargem Grande-SP

acidente Ibiúna-SP

00.02.85

00.00.85

local sepultamento

Conceição Araguaia-GO

Apiaí-SP

Castro-PR

Registro-SP Ubatuba-SP Castro-PR

Mogi (Brás Cubas)-SP

Brasília-DF Santo Amaro-SP


Cotia Seinen: 60 anos de União

nome

grupo

Syunsuke Torii

3ª/1ª Ehime

14.01.34 11.07.86 - 52

Nobuo Saito

6ª/2ª Akita

12.06.37 00.08.86 - 49

Isamu Yamane

7ª/1ª Shimane

13.11.37 01.02.87 - 50 acidente Brasília-DF

Yorimitsu Oomori

4ª/2ª Ehime

18.01.41 11.03.87 - 46

Hiroshi Hamada

10ª/1ª Ibaraki

Tooru Hosaka

10ª/1ª Fukuoka

12.06.37 07.04.87 - 50

Iseharu Horiuti

6ª/1ª Ehime

21.06.31 00.04.87 - 56

Itsumori Watanabe

10ª/1ª Kumamoto

26.09.35 13.05.87 - 51 acidente Mogi das Cruzes-SP

Osamu Tanabe

33ª/2ª Kagawa

07.09.47 00.06.87 - 40 doença

Kazuo Hashizume

10ª/1ª Nagano

01.06.33 27.10.87 - 52 doença

Indaiatuba-SP

Morio Mizuguti

10ª/1ª Shimane

06.12.37 06.11.87 - 50 doença

Jacareí-SP

Nobunori Ito

13ª/1ª Shimane

Toshiro Shibahara

29ª/2ª Kagoshima

05.01.46 07.02.88 - 42 doença

Barreiras-BA

Harutoshi Ikeda

14ª/1ª Fukuoka

26.03.37 06.07.88 - 51

Piedade-SP

Yoshio Takahashi

2ª/1ª Miyagi

20.05.31 06.08.88 - 57 acidente Suzano-SP

Noboru Saito

8ª/1ª Kanagawa

25.07.36 19.08.88 - 52

Tetsuji Matsumoto

1ª/1ª Fukushima

18.03.36 09.05.89 - 53 acidente São José Campos-SP

Shiro Shimizu

12ª/1ª Kagoshima

02.09.35 21.07.89 - 54

Tyodyu Kanazawa

3ª/1ª Fukushima

29.04.36 17.11.89 - 53 acidente Jacareí-SP

Etsusaburo Ishikawa

3ª/1ª Miyazaki

14.09.30 00.00.89 - 59 doença

Shinya Ikeda

3ª/1ª Yamagata

15.03.36 00.00.89 - 53

Kunio Takeiti

1ª/1ª Kochi

00.05.34 00.06.90 - 56

Japão

Masamitsu Furuya

11ª/1ª Yamanashi

17.10.38 16.07.90 - 52 doença

Castro-PR

Katsuiti Hoshino

9ª/1ª Aichi

Kazuhisa Oohara

8ª/1ª Miyazaki

30.09.38 00.07.90 - 52

Tsutomu Sawada

4ª/1ª Tottori

20.03.33 14.10.90 - 57

Wakiti Hiraga

4ª/2ª Hokkaido

04.11.38 00.00.90 - 52 doença

Katsuiti Fukuda

2ª/1ª Tochigi

Shokiti Horie

10ª/1ª Tochigi

11.01.39 07.03.91 - 52 doença

Japão (Ueda-shi)

Kaname Hamamoto

12ª/1ª Okamoto

22.07.34 30.10.91 - 57 doença

Mogi das Cruzes-SP

Sadao Nishioka

6ª/1ª Kochi

23.06.37 00.00.91 - 54

Eunápolis-BA

Tatsuo Morioka

8ª/1ª Toyama

01.12.37 00.00.91 - 54 doença

Yuji Hata

11ª/1ª Fukui

19.03.33 30.05.92 - 59

Colônia do Pinhal-SP

19.04.41 23.07.92 - 51 doença

Japão (Kawazaki-shi)

Yasutaka Deguti

província

6ª/2ª Nagasaki

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Paraguai(Cabaré)

00.03.87

00.00.87

Japão

Campinas-SP

Itapecerica-SP Socorro-SP

18.07.90 Ibiúna-SP Mogi das Cruzes-SP

00.00.90

331


Cotia Seinen: 60 anos de União

332

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

Hiroshi Shimizu

3ª/1ª Kumamoto

16.06.32 13.11.92 - 60

Seiji Tanaka

1ª/2ª Saga

18.08.40 06.12.92 - 52 doença

Jacareí-SP

Shoiti Fujimoto

2ª/1ª Kochi

22.01.30 14.12.92 - 62 doença

Curitiba-PR

Tsuneharu Yoshida

6ª/1ª Saitama

30.03.31 00.00.92 - 61

Yoshikazu Nakamura

25ª/2ª Miyazaki

06.11.38 00.00.92 - 54

Dyuiti Kawakami

2ª/1ª Okayama

13.10.33 00.01.93 - 59 doença

Yoshiteru Kato

1ª/2ª Ibaraki

27.10.35 10.02.93 - 57

Japão

Hitoshi Sasho

3ªB/1ª Chiba

15.03.35 00.06.93 - 58

São Paulo-SP

Masuo Hirahara

7ª/1ª Kagoshima

02.09.93 - 59 doença

Masumi Takatori

30ª/2ª Kagoshima

20.09.34 01.10.93 - 59 doença

Suzano-SP

Tatsuo Takamine

11ª/1ª Kagoshima

29.11.33 01.10.93 - 60

Cangaiba-SP

Mitihiro Katano

10ª/2ª Miyazaki

Takashi Umeda

2ª/2ª Aomori

08.05.40 00.00.93 - 53 doença

Ryo Senda

12ª/2ª Iwate

23.12.38 00.00.93 - 55 acidente Registro-SP

Ken Ito

8ª/2ª Miyagi

21.11.36 00.00.93 - 57 doença

Mogi das Cruzes-SP

Yasuo Shimizu

14ª/2ª Toyama

06.10.36 00.00.93 - 57 doença

Pilar do Sul-SP

Tatsuo Muranobu

5ª/1ª Tottori

02.10.35 00.00.93 - 58

Genji Kawakubo

10ª/2ª Saga

06.02.41 00.00.93 - 52

Mairinque-SP

Katsuhiko Hibino

4ª/1ª Tochigi

13.01.34 23.04.94 - 60 doença

São Paulo-SP

Kizou Kirita

22ª/2ª Iwate

05.10.44 00.04.94 - 49 doença

Tadao Ono

2ª/1ª Saga

01.02.33 19.08.94 - 61 acidente

Mineo Shibata

9ª/2ª Shizuoka

14.06.41 00.08.94 - 53 doença

Fukao Eguti

7ª/1ª Kagoshima

Masahiro Fujita

7ª/2ª Yamanashi

27.11.37 11.09.94 - 57 acidente

Tadashi Kuwazuru

5ª/1

Kagoshima

20.11.33 12.10.94 - 60 doença

Itapevi-SP

Teruhiko Tahira

4ª/2ª Kagoshima

03.01.40 18.10.94 - 54 doença

Japão (Hamamatsu-shi)

Tadashi Fujisawa

3ª/1ª Aomori

10.01.34 12.12.94 - 60 doença

Takahiro Kagawa

30ª/2ª Tokushima

27.01.41 23.12.94 - 54 doença

Tadao Fujihara

9ª/2ª Ehime

09.08.40 00.12.94 - 54 acidente Piedade-SP

Tetsuzo Ooya

12ª/1ª Chiba

09.09.39 00.00.94 - 55

São Paulo-SP

Mitsuyoshi Ishibuti

16ª/1ª Gunma

27.10.39 00.00.94 - 55

Japão

Masashi Sumida

4ª/1ª Tottori

21.12.37 26.04.95 - 57 acidente Japão

Kiyoshi Minamikawa

1ª/1ª Shiga

27.02.34 00.04.95 - 61 doença

Atibaia-SP

Akira Tanakura

10ª/1ª Chiba

20.01.34 23.06.95 - 61

Ibiúna-SP

13.10.93

causa

local sepultamento

Japão

acidente Castro-PR

22.08.94 - 56 doença

Bragança-SP

Castro-PR


Cotia Seinen: 60 anos de União

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Eiji Haswgawa

5ª/1ª Fukushima

13.04.32 07.02.96 - 64 acidente S José Campos-SP

Mutsuo Tokutake

7ª/2ª Nagano

17.09.41 14.09.95 - 54 doença

Nobuyuki Nenoki

21ª/2ª Oita

19.10.41 23.10.95 - 54 acidente Belém-PA

Migaku Iihoshi

3ª/1ª Kumamoto

21.09.30 26.10.95 - 65 doença

Tadaharu Nakagawa

14ª/1ª Kagawa

01.03.36 13.12.95 - 60 doença

Torao Kushima

2ª/2ª Miyazaki

18.02.38 00.00.95 - 57

Eiiti Fujita

5ª/1ª Tottori

24.10.36 04.01.96 - 59

Tsuzuki Kazuki

8ª/1ª Kumamoto

05.02.32 13.07.96 - 64 acidente

Kohei Asakura

3ª/1ª Miyazaki

25.10.34 31.07.96 - 62 doença

Soiti Suzuki

7ª/1ª Yamagata

20.02.32 21.08.96 - 64 doença

Takuiti Hayashi

4ª/2ª Kagoshima

25.02.41 01.10.96 - 56 doença

Nobuyoshi Suzuki

26ª/2ª Shizuoka

23..09.45 13.10.96 - 51 acidente

Kakuo Kawano

6ª/1ª Miyazaki

25.10.35 13.10.96 - 61

Yoshiharu Nakatani

12ª1ª Hiroshima

09.01.38 13.06.97 - 59 acidente

Yoshio Kitagawa

2ª/1ª Hokkaido

00.00.32 00.06.97 - 65 acidente Japuíba-RJ

Shuzo Yoshiizumi

1ª/1ª Yamagata

02.09.32 29.09.97 - 65 doença

Indaiatuba-SP

Isamu Kobayashi

1ª/2ª Fukui

01.09.35 10.11.97 - 62

S Miguel Arcanjo-SP

Toshisaburo Inami

7ª/1ª Tochigi

11.03.31 29.11.97 - 66 acidente

Yukio Kubo

5ª/1ª Saitama

09.01.34 24.12.97 - 64

São Paulo-SP

Sadami Moriya

5ª/1ª Nagano

28.11.33 26.12.97 - 64 doença

Suzano-SP

Atsunori Kawano

3ª/1ª Miyazaki

10.08.31 00.00.97 - 66

Katsuyuki Sadajima

16ª/1ª Saga

06.04.39 16.01.98 - 59

Yutaka Yasumoto

15ª/1ª Hyogo

01.06.39 00.01.98 - 59

S José Campos-SP

Takatomo Hatinohe

12ª/1ª Aomori

25.04.38 04.05.98 - 60 doença

São Paulo-SP

Isao Kato

2ª/1ª Shimane

29.05.98

Hirosai Kubota

5ª/1ª Iwate

00.05.98

Akira Ito

7ª/1ª Tokyo

00.00.32 03.09.98 - 66 doença

Ponta Porã-MS

Masataka Utsunomiya

6ª/2ª Ehime

29.09.40 10.11.98 - 58 doença

Palmas-PR

Morio Narita

6ª/2ª Aomori

22.05.40 00.00.98 - 58

Tokuo Obata

2ª/1ª Miyagi

Takehiro Nakajima

8ª/1ª Kumamoto

09.02.32 20.05.99 - 67

Porto Alegre-RS

Masafumi Nishi

6ª/2ª Kagoshima

21.09.40 21.05.99 - 59 doença

Espírito Santo-ES

Kinshi Itai

8ª/1ª Oita

Ponta Grossa-PR São Paulo-SP

Mogi das Cruzes-SP

Japão

Itapecerica da Serra-SP

acidente Mogi das Cruzes-SP

00.00.98

21.06.99 333


Cotia Seinen: 60 anos de União

334

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

Minoru Obara

26ª/2ª Kagoshima

20.02.40 17.07.99 - 59 acidente Paranaguá-PR

Genki Akahane

3ª/1ª Nagano

20.04.29 26.08.99 - 70 doença

Castro-PR

Tsutomu Nakamizu

2ª/1ª Kagoshima

05.03.38 19.10.99 - 61

Guatapará-SP

Terumi Ozaki

14ª/1ª Yamaguchi

27.09.35 31.12.99 - 64 doença

Tomio Tanaka

10ª/1ª Saga

14.02.37 00.00.99 - 62

Takao Mori

1ª/1ª Shiga

08.01.32 07.01.00 - 68

Takeki Kutiki

9ª/2ª Ehime

29.11.41 18.02.00 - 58

Kitiro Konno

9ª/1ª Miyagi

10.12.35 19.02.00 - 64 doença

Campinas-SP

Katsumi Ukai

3ª/1ª Gifu

11.08.30 11.03.00 - 69 doença

Mairinque-SP

Yukinori Sato

3ª/1ª Kumamoto

19.01.31 00.03.00 - 69

Hidehiko Ito

2ª/2ª Saga

22.09.39 12.04.00 - 60

Porto Alegre-RS

Susumu Shakuda

5ª/1ª Mie

10.01.32 26.04.00 - 68 doença

Caucaia-SP

Katsushigue Ito

9ª/1ª Akita

00.00.39 13.06.00 - 61 doença

Vargem Grande-SP

Hiroshi Tahara

6ª/2ª Kumamoto

13.05.35 02.07.00 - 65 doença

Cotia-SP

Ryoji Oda

6ª/1ª Hiroshima

05.05.35 05.07.00 - 65

Setsuo Noguti

7ª/1ª Kagoshima

Joji Koto

local sepultamento

Canoas-RS

doença

São Paulo-SP

13ª/1ª Shimane

07.01.38 00.10.00 - 62 doença

São Paulo-SP

Fumio Suguimura

26ª/2ª Shizuoka

02.03.43 30.11.00 - 58 doença

Carlópolis-PR

Yukitsura Kojima

9ª/1ª Tochigi

Fujio Sotoyama

4ª/2ª Kagoshima

27.03.41 28.02.01 - 60

Caxingui/ S.Paulo-SP

Hidenori Kushihara

5ª/1ª Kagoshima

06.04.33 15.04.01 - 67 doença

Paraquedas-SP

Hironori Orihashi

4ª/2ª Ishikawa

30.11.40 23.04.01 - 60 doença

Susumu Ozaki

12ª/2ª Tottori

25.07.39 10.06.01 - 62

Guarulhos-SP

Masatane Miyamoto

4ª/1

27.09.38 08.07.01 - 63

São Gortardo-MG

Yasutomo Sasaki

4ª/1ª Fukuoka

Yukio Yagami

6ª/1ª Kagoshima

23.11.35 31.07.01 - 66 doença

São Roque-SP

Tadao Nishiguti

3ª/1ª Shiga

11.07.33 08.09.01 - 68 doença

Atibaia-SP

Makoto Sasaki

11ª/1ª Hokkaido

30.07.33 30.11.01 - 68 doença

S José Campos-SP

Kunio Ooishi

4ª/2ª Hiroshima

21.09.37 00.00.01 - 64

Araçoiaba-SP

Tamotsu Takezakki

5ª/1ª Yamaguchi

10.01.37 05.01.02 - 65 doença

Rokunori Matsumoto

8ª/1ª Kagoshima

06.01.02 - 65 doença

Hatiro Fukudome

12ª/1ª Kagoshima

11.02.39 11.01.02 - 63 doença

Tooji Setoguti

15ª/1ª Kagoshima

Wakayama

20.10.00

causa

15.12.00

09.07.01 - 65

Ponta Grossa-PR

São Paulo-SP

Cajamar-SP Ibiúna-SP

16.01.02 - 68 acidente Americana-SP


Cotia Seinen: 60 anos de União

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

Seishiro Tsutida

2ª/1ª Akita

Sadao Suzuki

7ª/1ª Yamagata

Shoji Nishimura

14ª/1 Hokkaido

30.11.36 08.03.02 - 65 doença

São Lourenço-SP

Kiyoshi Yamashita

4ª/2ª Miyazaki

25.02.37 26.04.02 - 65

Teixeira-BA

Hiroto Ono

3ª/1ª Oita

05.07.35 08.05.02 - 67 acidente

Tokuo Miyoshi

2ª/1ª Hiroshima

11.10.34 09.05.02 - 67

Castro-PR

Mamoru Takaku

6ª/2ª Ibaraki

20.10.37 24.05.02 - 64 doença

Itu-SP

Ryoji Minamino

1ª/2ª Fukui

19.06.38 00.06.02 - 64 doença

Apiaí-SP

Tetsuo Yokota

3ª/1ª Aichi

04.03.36 04.09.02 - 66 doença

Jacareí

Takashi Suguimoto

10ª/1ª Kumamoto

15.07.36 21.11.02 - 66 doença

Itapeti-SP

Shoji Ueno

7ª/1ª Kagoshima

23.11.02 - 67 doença

Mogi das Cruzes-SP

Yukinori Narimatsu

12ª/1ª Kumamoto

11.10.34 24.11.02 - 68 doença

Santo Antônio-RS

Setsuo Ishimaru

7ª/1ª Fukuoka

Mineo Okuyama

9ª/1ª Yamgata

Shiro Watanabe

8ª/1ª Niigata

Kenitiro Miyahara

7ª/1ª Kagoshima

27.09.38 00.00.02 - 63

Shigueru Yasuda

26ª/2ª Kagoshima

11.11.43 00.00.02 - 58 doença

Paranaguá-PR

Isao Hirakawa

13ª/1ª Miyazaki

31.03.37 23.02.03 - 66 doença

Arujá-SP

Ikuo Onodera

1ª/2ª Miyagi

21.08.39 28.02.03 - 63 doença

São Paulo-SP

Shizuo Taira

9ª/2ª Gifu

14.04.39 14.03.03 - 64 doença

Guarulhos-SP

Nobuhiro Suzuki

8ª/1ª Kagawa

06.12.34 05.04.03 - 68 acidente Santo Aleixo-RJ

Tomozou Hanma

8ª/1ª Niigata

20.01.34 20.05.03 - 69

Vargem Grande-SP

Tsutomu Teratoko

12ª/1ª Saga

28.05.39 18.07.03 - 64

Brasília-DF

Mitinori Itakura

5ª/1ª Shimane

10.03.35 26.07.03 - 68 doença

Pilar do Sul-SP

Toshinori Hamano

26ª/2ª Nagasaki

16.03.41 05.09.03 - 62 doença

Santa Catarina

Keniti Kobayashi

8ª/2ª Nagano

18.03.36 17.09.03 - 67

Kazuhiko Tsuji

12ª/1ª Nagasaki

17.05.36 24.09.03 - 67 doença

Satoshi Okamoto

2ª/1ª Hiroshima

10.04.33 13.10.03 - 70

Seiyu Mori

1ª/1ª Kochi

20.11.35 28.10.03 - 68

Yoshio Kitano

16ª/1ª Kumamoto

15.02.37 02.11.03 - 67

Keiji Oomura

12ª/1ª Kumamoto

04.02.34 00.00.03 - 69 doença

Biritiba Mirim-SP

Yoshiaki Watanabe

11ª1ª Yamagata

11.05.35 05.01.04 - 68 doença

Jacareí-SP

Masaru Fumioka

7ª/2ª Kagoshima

02.11.38 12.03.04 - 65 doença

Cabreúva-SP

01.12.33 17.01.02 - 68 doença

local sepultamento Santa Izabel-SP

25.01.02

07.12.02

doença

Castro-PR

20.10.36 24.12.02 - 66 00.00.02

Jandira-SP

335


Cotia Seinen: 60 anos de União

336

nome

grupo

província

nascimento falecim/idade

causa

local sepultamento

Kitinosuke Hara

2ª/1ª Yamaguchi

18.12.35 23.03.04 - 68

Caucaia-SP

Fujio Fukushima

4ª/1ª Miyazaki

05.03.31 27.04.04 - 73

Campinas-SP

Kosaburo Saku

6ª/1ª Toyama

21.06.36 19.06.04 - 68 doença

São Paulo-SP

Minoru Nagatomo

8ª/1ª Kagoshima

17.04.32 08.09,04 - 72 doença

Santo Amaro-SP

Satoru Sasaki

7ª/2ª Miyagi

20.02.40 27.09.04 - 64

Castro-PR

Kei Watanabe

3ª/1ª Yamagata

15.04.35 00.09.04 - 69

Brasília-DF

Tikao Terasaka

8ª/1ª Ehime

25.01.34 27.12.04 - 70

Caucaia do Alto-SP

Keiiti Hino

12ª/1ª Shimane

03.11.34 29.12.04 - 70 doença

Marialva-PR

Akira Murakami

2ª/1ª Shimane

21.04.36 00.00.04 - 68 doença

Itapetininga-SP

Kamon Kawahara

11ª/1ª Kagoshima

29.01.37 25.02.05 - 68 doença

São Gotardo-MG

Haruo Minamitani

7ª/2ª Tokushima

01.04.35 05.03.05 - 70

Capão Bonito-SP

Masahiro Sakaguti

1ª/1ª Wakayama

04.08.35 19.03.05 - 69

Santos-SP

Setsuo Yamaguti

2ª/1ª Nagano

09.01.31 09.04.05 - 74 acidente Atibaia-SP

Mitoshi Niita

8ª/1ª Miyazaki

10.01.33 09.06.05 - 7

Capão Bonito-SP

Kuniyoshi Nobetoki

1ª/2ª Kagoshima

20.08.36 06.07.05 - 69 doença

S Miguel Paulista-SP

Toshio Arai

2ª/1ª Gunma

27.09.31 00.07.05 - 74 doença

Mogi das Cruzes-SP

Naoiti Nagasue

11ª/1ª Hiroshima

Yuzu Yanagida

14.08.05 - 69

São Paulo-SP

3ª/1ª Tochigi

21.11.31 15.08.05 - 74

São Paulo-SP

Mitsuo Jisaka

5ª/1ª Wakayama

01.01.33 19.08.05 - 72 doença

Atibaia-SP

Takaaki Yoneda

8ª/1ª Kumamoto

12.08.35 00.08.05 - 70

São Paulo-SP

Tadashi Yonekura

10ª/1ª Nagano

11.09.05 - 68 acidente S Miguel Paulista-SP

Ken Inoue

1ª/2ª Miyazaki

00.09.05

Saneyoshi Babazono

3ª/1ª Kagoshima

30.03.32 01.10.05 - 73 doença

Tadashi Murakami

3ª/1ª Yamaguchi

07.01.30 20.10.05 - 75 doença

Tatsuo Furuzawa

1ª/2ª Saitama

18.06.35 25.10.05 - 70 doença

Morio Kurozawa

5ª/1ª Gunma

28.04.34 26.10.05 - 71

Kozo Akuzawa

2ª/1ª Gunma

13.11.05 - 73 doença

Hiroshi Ono

18ª/2ª Tochigi

12.08.43 24.12.05 - 62 doença

Atibaia-SP

Masataka Taniguti

6ª/2ª Hyogo

30.04.37 14.02.06 - 68 doença

Atibaia-SP

Hiroyuki Ashikawa

7ª/1ª Shizuoka

02.02.34 29.03.06 - 72 doença

Campinas-SP

Kiyoshi Kamei

6ª/1ª Kanagawa

26.11.33 03.07.06 - 73 doença

Cipó-SP

Butantã-SP Vargem Grande-SP

Ibiúna-SP Guararema-SP


Cotia Seinen: 60 anos de União

COMEMORAÇÃO DO KANREKI E DO KOKI IWAI DOS COTIA SEINENS Masahiro Seo

Em 1990, os Cotia Seinen continuavam sendo chamados dessa forma ("Jovens de Cotia") independentemente de sua idade. Entretanto, fisicamente muitos haviam chegado à casa dos sessenta. A 1ª Comemoração dos sexagenários foi realizada com muita pompa na chácara do Sr. Enomoto (imigrante da primeira leva Cotia Seinen). O grandioso e divertido evento repetiu-se nos anos seguintes e depois de duas ou três vezes acabou por se tornar um evento anual de praxe. Em 1999, realizou-se a 9ª Comemoração no salão da associação de provincianos de Kochi. Nesse dia, a comemoração foi um pouco mais além, com as esposas fazendo vistas grossas aos excessos de bebida alcoólica e a conversa entre os companheiros fluindo de forma agradá-

vel. Foi um momento de alegria próprio aos Cotia Seinen. Ao fmal, despediram-se todos desejando saúde reciprocamente e fazendo promessas de se reencontrarem. Dez anos se passaram desde o início das comemorações aos sexagenários e a partir do ano 2000 passaram a se realizar em conjunto os eventos comemorativos dos sexagenários e dos septuagenários. Em breve será incluída também a comemoração de 77 anos (kiju) e a expectativa é grande com relação à possibilidade de se apreciar mais adiante o evento de comemoração de 99 anos (hakuju-íwai).

Acima: nas duas fotos, a visão geral das primeiras comemorações Kanreki Iwai, na Chácara Enomoto. Abaixo, a 14ª comemoração do Kanreki e 5ª do Koki, em 17 de outubro de 2004, No Bunkyo de Ibiúna.

337


Cotia Seinen: 60 anos de União

O FUTURO DA COTIA SEINEM RENRAKU KYOGUIKAI Miyoko Shakuda (esposa de Tadashi Shakuda 19ª leva da 2ª fase, Província de Mie)

Nascida em 1943, no meio da guerra do Pacífico, eu não me lembro das dificuldades da época, de sofrimento por fome pela escassez de alimento no pós-guerra. Mais tarde, compreendi como isso deve ter sido doloroso para meus pais. Na época do colegial, minha irmã mais velha casou-se com um japonês que morava no Brasil e que conheceu por fotografia. Dois anos mais tarde, Tadashi, que se tornaria meu marido no futuro, imigrou para o país em que minha irmã mais velha foi morar. Nessa época, nem em sonho imaginava que eu também iria para o Brasil. Após me formar no curso colegial, tendo emprego no Correio Central da cidade de Matsusaka, na Província de Mie, estava com o futuro garantido como funcionária pública.

cidir, pois tinha tratamento privilegiado no Japão como funcionária pública. Nos 47 anos como imigrante, aconteceram muitas coisas, mas agora creio que a vida no Brasil combina mais comigo. Ao participar com forte convicção nas atividades de estágio no Japão dos descendentes da terceira geração do Cotia Seinen, que tiveram início em 2010, recebi palavras de incentivo do Embaixador Kunio Umeda e do Cônsul Geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima. Dos pais e avôs dos descendentes da terceira geração que participaram recebi palavras de agradecimento. Pude sentir neles a alegria, maior do que a experimentada pelos próprios netos, extravasando do fundo dessas palavras. Assim, sentimo-nos recompensado mesmo tendo passado por dificuldades na ocasião do recrutamento de integrantes da delegação. Tenho sentido uma grande alegria por poder ajudar os descendentes da terceira geração a experimentarem, entrando em contato com a cultura japonesa, visitando os locais históricos em poucos dias no frio inverno do Japão.

Quando terminou as Olimpíadas de Tóquio, a Hoje em dia em que a média de idade dos Coeconomia japonesa estava em forte crescimentia Seinen está chegando aos 80 anos, chegará to. Nessa época, de repente, o sogro da minha uma hora em que as atividades da Kyoguikai irmã mais velha visitou a não poderão ser continunossa casa e pediu que eu adas. No entanto, o desme tornasse noiva de Tacendente da segunda gedashi. Eu, que estava me ração, sr. Walter Ihoshi, sentindo incomodada está atuando no segundo pela pobreza, numa atimandato como deputado tude desesperada, decifederal do Brasil e muidi vir para o Brasil. Retos descendentes da selembrando agora, houve gunda geração estão atutambém uma época em ando em muitas áreas e que me arrependi por contribuindo para a socinão ter pensando um edade brasileira. E ainDeputado Federal Walter Ihoshi, descendente de pouco mais antes de deCotia Seinen e os jovens netos de Cotia Seinen da, em 2010, 2012 e 2014 338


Cotia Seinen: 60 anos de União

no total de 84 descendentes da terceira geração realizaram o estágio de visita ao Japão, entraram em contato com a cultura japonesa e conheceram o país de seus avós. Creio que está chegando o dia em que esses descendentes, que entendem a organização do Cotia Seinen, irão assumir as responsabilidades e o papel da primeira geração, para dar continuidade ao nome da Kyoguikai e ao profundo relacionamento com o Japão e a família imperial japonesa. Creio que no ano de comemoração dos 60 anos deve ser construída uma estrutura forte para que eles possam dar continuidade às ativida-

des da Kyoguikai. Este ano, como uma parte disso, serão plantadas cerejeiras ao redor do monumento no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, em São Roque. Já recebemos o dinheiro da contribuição para as 60 mudas comemorativas e, gravando os nomes das famílias na etiqueta, estamos esperando que na época de floração de cerejeiras possamos realizar uma festa de contemplação das flores e transmitir por muito tempo o espírito do Cotia Seinen. Caucaia do Alto, Estado de São Paulo

60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em japonês) p. 135~136

EXPLICAÇÃO SOBRE A ILUSTRAÇÃO DA CAPA Fiquei cerca de um ano pensando em como expressar um tema que simbolize os 60 anos. Enquanto as ideias vinham surgindo e desaparecendo, no final da apuração, ficou pronta a ilustração que combina cinco símbolos. Colocando no fundo o logotipo da Cooperativa Agrícola de Cotia, as flores nacionais (ipê e flor de cerejeira) e no centro "Kizuna (laço)" amarrado com cordões nas cores das bandeiras dos dois países: verde-amarelo e vermelho-branco e, completado com a cor avermelhada (cor de caqui), que significa "kanreki" (60 anos de idade cercando tudo isso. Foi uma ideia um tanto forçada, mas não nos ocorreu algo melhor do que isso. Ficaremos felizes se a ilustração realçar o livro comemorativo há muito esperado. Toyoji Suganuma

60 Anos de Imigração de Cotia Seinen (edição em japonês) p. 170

Casal Suganuma, na foto publicada no livro de 50 Anos de Imigração

O mesmo autor criou uma variação da mesma ideia para a capa da edição em português 339


Cotia Seinen: 60 anos de União

LOGOMARCA DA COTIA SEINEM RENRAKU KYOGUIKAI A logomarca da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai é um boné escrito em japonês Cotia Seinen , que simboliza o fato de serem eternamente jovens . Há as duas bandeiras mostrando onde se fixaram e de onde vieram. Quem criou a logomarca é o Gabriel Takeshi Shakuda Shirahama. Ele é neto de Tadashi, Cotia Seinen (19ª leva da 2ª fase) e Miyoko Shakuda, ambos de Mie, e nasceu em Setembro de 1996.

Logomarca de Cotia Seinen para uso permanente.

Ele ingressou em 1998 no Colégio Kosmos localizado no município de Cotia onde estudou até 2002. No ano seguinte, ingressou na Escola Ceda onde estudou até 2004 e na mesma época frequentou o curso de idioma japonês da Associação Japonesa de Vargem Grande. Em 2005, ingressou no Colégio Rio Branco, unidade Granja Viana, e estudou até 2014 quando se formou no ensino médio. Entre 2013 e 2015, Gabriel frequentou o curso de playgame - desenvolvimento de jogos - da Saga. Em 2005, ingressou com sucesso na Faculdade Fatec da, cidade de Bauru, no curso de Rede de Computadores. Na infância, recebeu todos os meses a orientação da profa. Cecília Ohira no departamento de Karaokê da Associação Japonesa de Caucaia e teve a experiência de ser campeão em muitos concursos de karaokê, na categoria infantil. Da época do ensino fundamental II (a partir do 6º ano, antigo curso ginasial) e do ensino médio (antigo curso colegial) ia com os colegas da 340

Logomarca comemorativa dos 60 anos de Cotia Seinen para uso somente em 2015

classe todos os sábados para a cidade de São Paulo fazer cursos relativos à informática, e no final dos mesmos, obteve certificados de conclusão com bom aproveitamento. Atualmente, pela primeira vez longe dos pais, mora sozinho no apartamento na cidade de Bauru e leva uma vida de estudante universitário, fazendo curso relativo à informática, que ele adora.


Cotia Seinen: 60 anos de União

Palavras Finais COMISSÃO DE EDIÇÃO DO LIVRO COMEMORATIVO No dia 19 de setembro de 2015, foi realizada a Cerimônia Comemorativa dos 60 Anos de Imigração para o Brasil dos Cotia Seinens, no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, pertencente a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, em São Roque, onde houve a participação de cerca de 800 pessoas. Como uma das atividades da comemoração dos 60 anos, decidimos publicar o livro comemorativo em japonês e em português, em volumes distintos. A Fundação Kunito Miyasaka, que colaborou financeiramente, manifestou o desejo de ajudar especialmente a publicação do livro em português. Por isso, foi possível contratar oficialmente a tradutora sem preocupação com a enorme despesa de tradução. Os Cotia Seinens imigraram para o Brasil com idade entre 18 e 24 anos e, passados 60 anos, a média de idade ultrapassou os 80 anos. Atualmente, com os netos chegando à juventude, visamos o livro comemorativo com a história do Cotia Seinen em português. Pretendemos deixar para as próximas gerações o resumo dos 60 anos de caminhada e, colocando muitas fotos, para que a Cotia Seinem Renraku Kyoguikai seja, até certo ponto, compreendido pelas ilustrações. Selecionamos partes dos livros comemorativos publicados anteriormente e gostaríamos que os descendentes de Cotia Seinen entendam e dêem continuidade ao trabalho dos pais e avós. Como há limitação do número de páginas, é uma pena que não se possa incluir todos os registros ma-

ravilhosos, mas ao abrir esse livro comemorativo em português e tendo interesse pela história do Cotia Seinen e da Renraku Kyoguikai, esperamos que leiam-no em japonês para conhecer mais detalhadamente. Por duas vezes publicamos as coletâneas de redações de estágio no Japão de descendentes da terceira geração, que começou a partir de 2010. As redações dos 17 estagiários da terceira viagem estão todas incluídas nesse livro em português. As fotos dos estágios também mereceram espaço na publicação. A partir do final do ano de 2016, a quarta delegação de estagiários irá visitar o Japão, com 23 pessoas no total. Os encarregados do estágio têm a expectativa de que, como consequência desse livro comemorativo, seja realizado o envio da quinta delegação de estagiários em 2018. O livro comemorativo em japonês já foi publicado, mas esse em português, por problema de saúde da tradutora, acabou demorando mais do que o previsto. Sobre a publicação dos textos traduzidos dos livros comemorativos do Cotia Seinen, acabamos não pedindo a autorização dos seus autores. Como o propósito original desse livro em português é que seja um registro para ser passado para os descendentes do futuro, por favor, concedam-nos esse consentimento. Reiteramos o nosso agradecimento pela grande cooperação da Fundação Kunito Miyasaka. Expressamos nosso agradecimento pela colaboração ao editor sr. Francisco Noriyuki Sato e a tradutora sra. Sumire Misawa. Agradecemos 341


Cotia Seinen: 60 anos de União

e acrescentamos que o professor da USP, sr. Márcio Nakane, colaborou voluntariamente na revisão da língua portuguesa dos originais dos estagiários da terceira geração. Expressamos o agradecimento por diversos conselhos ao presidente da comissão de edição Toyoji Suganuma e ao membro da comissão Tetsuhiro Hirose. Agradecemos pela ajuda em relação à publicação do livro comemorativo em português da Cotia Seinem Renraku Kyoguikai.

O destino do Cotia Seinen é se diminuir em quantidade a cada ano que passa. Contudo, estamos convictos de que as famílias do Cotia Seinen estão firmemente enraizadas em diversos locais do Brasil e vão crescer grandemente tendo a imagem de "diligente, honesto e trabalhador" dos japoneses. Além disso, não haveria alegria maior do que esse livro comemorativo se tornar uma oportunidade para buscar suas raízes. (Comissão de Edição do Livro Comemorativo em Português)

342


Cotia Seinen: 60 anos de UniĂŁo

Apoio:

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Cotia Seinen: 60 anos de União

Cotia Seinen: 60 Anos de União 1955 ~ 2015 Edição: 2017 Cotia Seinem Renraku Kyoguikai Rua Teodoro Sampaio, 2550 - sala 25 - Pinheiros - CEP 05406-200 - São Paulo/SP Telefone (11) 3031-1123 - e-mail: cotiasei@uol.com.br Elaboração: Comissão de Edição do Livro Comemorativo em Português

Edição e Publicação: NSP Editora Rua Moraes de Barros, 379 - Campo Belo - CEP 04614-000 - São Paulo/SP Telefone (11) 5044-8305 - e-mail: francisco@nsp-editora.com.br - www.culturajaponesa.com.br Editor e jornalista responsável: Francisco Noriyuki Sato Assistente: Leonardo Obara Tradução: Sumire Misawa 344


Cotia Seinen: 60 anos de União

CERIMÔNIA COMEMORATIVA DO 60° ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

Desatamento do laço inaugural após a transferência para o novo local

O presidente Susumu Maeda faz o plantio da árvore comemorativa

Plantio de árvore comemorativa por Mitsuto Sendai

Ichiya Takuro realiza o plantio

Flores da Associação Iê no Hikari.

Fundação do Jardim Japonês pelos Cotia Seinens no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku.

Sessenta pés de cerejeira foram plantados no Centro Esportivo Kokushikan Daigaku, em São Roque, celebrando os 60 anos de Cotia Seinen. A aquisição das mudas foi custeada pelos colaboradores cujos nomes estão na placa acima. Detalhes na página 277.

O embaixador Umeda e sua esposa visitam exposição histórica

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Cotia Seinen: 60 anos de União

PERSONALIDADES QUE AJUDARAM COTIA SEINEN Hiroshi Yamanaka acompanhou os jovens imigrantes desde a chegada e os orientou com dedicação total

Kenkiti Simomoto Fundador e Presidente da Cooperativa Agrícola de Cotia, e idealizador do Cotia Seinen

Narumi Ueno foi chefe da Estação Experimental de Moinho Velho, que era o primeiro local onde ficavam os jovens. Ueno ajudou-os na adaptação no Brasil

Yasushi Hasumi foi presidente da Federação das Cooperativas Agrícolas do Japão. Junto com Kenkiti Simomoto é considerado o pai da imigração de Cotia Seinen

Takaharu Miyagi, presidente da seguradora Kyoei, tinha forte ligação com a Cooperativa de Cotia e se tornou elo de ligação entre as entidades envolvidas

FASE DE TREINAMENTO NO JAPÃO

Treinamento na Fazenda de Ureshino, província de Mie, Japão, em 1955. Grupo de Yoshikuni Nomura, residente em Itapeti, da 12ª leva da 1ª fase. 346

Ichiro Miyabe, presidente da Associação Iêno-Hikari, utilizou o prestígio da revista Iêno-Hikari para divulgar o programa.

Belkis Noriko Koseki Conselheira Matrimonial do Cotia Seinen


Cotia Seinen: 60 anos de União

MOMENTOS ANTES E DURANTE A LONGA VIAGEM

O primeiro grupo da primeira leva de imigrantes do Cotia Seinen na véspera do embarque no navio America Maru. Dia 3 de agosto de 1955, na Casa de Emigrantes de Kobe.

A emocionante despedida dos viajantes de seus familiares se deu no Porto de Kobe, onde permaneceram unidos pelas longas serpentinas até o navio começar a se afastar. A viagem demorava cerca de 50 dias. Os portos onde passavam e as refeições eram os bons momentos da viagem.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

A CHEGADA E O DESEMBARQUE EM SANTOS

Chegada do navio trazendo imigrantes ao Porto de Santos O desembarque após a longa viagem e o encontro com as pessoas que foram buscá-los.

O DURO TRABALHO NO BRASIL

Os Sete Samurais de Vargem Grande Paulista e a difícil derrubata da mata.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

O TRABALHO POR CONTA PRÓPRIA E O CASAMENTO

Onze casais de noivos se reúnem na cobertura do Hotel Mikasa para a foto comemorativa do casamento coletivo.

Aprendendo a sobreviver com uma estrutura mínima e sem qualquer conforto material. O trabalho coletivo da construção de uma nova casa em Vila Caetê, em Vargem Grande Paulista.

O sorriso da jovem esposa espelha a alegria da vida de casada, apesar das dificuldades e limitações da roça.

Desenvolvimento do Cerrado, em São Gotardo, Minas Gerais. Plantação de trigo utilizando pivô central.

Produção de crisântemo em estufa da Fazenda Yasutake Yoshio Tokuyoshi se tornou o maior produtor de milho em Tatuí e chegou a produzir 60% de todo o milho do Estado de São Paulo. Foi amigo do piloto Ayrton Senna.

Cultivo de mamão em Teixeira de Freitas, Bahia, na fazenda da família Nagayama.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

CRIAÇÃO DOS FILHOS, ESTÁGIO DOS NISSEIS E DAS MOÇAS

Maria Sônia Imai, filha de Shinji e Yaeko Imai, se tornou superintendente da Biblioteca Municipal de Goiânia. Na foto, a sua formatura em 1984.

Estágio dos filhos de Cotia Seinen no Japão. Na foto, o primeiro grupo, que viajou em 1978. Eles foram acolhidos com grande simpatia e apareceram com destaque nos jornais do Japão.

Casamento de Nozomi Kawakami, estagiária nissei, e Masaji Watanabe, agricultor japonês, em Aomori, Japão, em 06/12/1991.

Recepção das Estagiárias Nisseis de Zonas Rurais do Brasil em Fukushima. Em três anos, 60 jovens estagiaram no Japão e, dentre elas, 10 se casaram com agricultores japoneses. Acima, o segundo grupo de estagiários nisseis do Brasil.

ATIVIDADES ESPORTIVAS E SOCIAIS

Campeonato de Golfe em Ibiúna, em 1999.

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Maratona Sul Americana em Cali, Colombia, 1994


Cotia Seinen: 60 anos de União

Norio Haritani, da 35ª leva da 2ª fase, natural de Okayama, leciona japonês no templo Nishi Honganji de Londrina, onde ensina também judô para crianças.

Tradicionais jogos de tabuleiro, gô e shogui, são praticados pelos Cotia Seinens, que chegaram a promover diversos campeonatos.

O beisebol foi bastante praticado pelo grupo, que promoveu vários amistosos e campeonatos disputadíssimos. 5° campeonato de gateball do Cotia Seinen, em Piedade. Equipe vencedora: São Paulo, com o casal Hachiro Nagayama.

A primeira comemoração dos 60 anos (Kanreki Iwai) realizada na chácara Enomoto (foto maior). No destaque: Companheiros, ex-patrões e amigos se reúnem no oitavo Kanreki Iwai

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Cotia Seinen: 60 anos de União

LAÇOS COM A FAMÍLIA IMPERIAL JAPONESA

Calorosa recepção do Príncipe Herdeiro Akihito e da Princesa Michiko, atual casal imperial, aos nisseis filhos de Cotia Seinen em visita ao Japão. 12/1979

As representantes das noivas imigrantes do Brasil, Yumiko Hibino e Masako Jisaka conversam com a Princesa Michiko no Palácio Togu.

O casal imperial se encontra com os Cotia Seinens de Brasília, Shigetaka Araki (1ª leva da 2ª fase, de Mie) e Shinji Imai (12ª leva da 1ª fase, de Saitama), na Embaixada do Japão em Brasília, junho de 1997.

O Príncipe Herdeiro Naruhito e a Princesa Masako recepcionam os estagiários nisseis em visita ao Japão, no Palácio Togu.

ESCRITÓRIO DA COTIA SEINEM RENRAKU KYOGUIKAI

Acima a esquerda, a Assembleia Geral da Cotia Seinem. Abaixo, a Reunião de Diretoria. Na foto maior, comemoração pelo sucesso do evento. Ano 2000.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

1ª COMITIVA DE VISITA AO JAPÃO DA 3ª GERAÇÃO - 2010~2011

O primeiro grupo de sanseis do Cotia Seinen, em 27/12/2010, no Aeroporto Internacional de Guarulhos

Visita ao Memorial da Paz de Hiroshima

Visita oficial à Associação Ie-no-Hikari, sendo recepcionados pelo diretor executivo Seiji Shimokawa e pelo vice-chefe do Departamento de Assuntos internos Takayuki Kawauchi

O grupo foi recepcionado pelo Príncipe Herdeiro Naruhito no Palácio Togu, em Tóquio.

No Parque do Palácio Imperial

Visita ao JA-Zenchu, Federação das Cooperativas Agrícolas do Japão. Diretor executivo Hiroshi Tsuchiya e chefe do Setor de Cooperação Internacional Masahiro Matsuda

Visita oficial à Associação Central Nipo-Brasileira. Presidente Shinjiro Shimizu, presidente da Diretoria Kazunari Suzuki e Seiji Oka da Alfainter

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Cotia Seinen: 60 anos de União

2ª COMITIVA DE VISITA AO JAPÃO DA 3ª GERAÇÃO - 2012~2013

A segunda comitiva de sanseis a visitar o Japão no jardim do Palácio Imperial em Tóquio.

Visita da comitiva brasileira à Associação Central Nipo-Brasileira. Coordenador Makoto Shirahata e os vices Koichi Kadowaki e Miyoko Shakuda. Representando os sanseis: Takashi Shirahata, Tsurushi Kanno e Aska Inutsuka. No centro, o presidente Shinjiro Shimizu e Tadashi Ikeda (direita)

Acima: A segunda comitiva de sanseis no Aeroporto de Guarulhos. Abaixo: Makoto Shirahata e demais representantes da Comitiva na visita oficial à Associação Ie-no-Hikari, em Tóquio. Ao lado: O ponto alto da viagem. A visita ao Príncipe Herdeiro do Japão, no Palácio Togu em Tóquio. O coordenador da comitiva, Makoto Shirahata, e o representante dos sanseis, Tsurushi Kanno, dirigiram mensagens ao Príncipe.

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Cotia Seinen: 60 anos de União

3ª COMITIVA DE VISITA AO JAPÃO DA 3ª GERAÇÃO - 2014~2015

A comitiva na frente do Centro de Migração e Interação Cultural de Kobe, onde também fica a CBK. A comitiva visita o Museu da Migração de Yokohama.

Audrei Himika Hagio Shakuda e Kátia Miwa Nagao na CBK

Na foto seguinte: No último andar do grande edifício da JA Zenchu, onde foi feita uma visita oficial. Abaixo: Visita oficial dos representantes da comitiva brasileira à Associação Central NipoBrasileira

Victoria Novaes, Carolina Hatanaka, Luciana Kanno, Maisa Ogasawara na Tokyo Disneyland. Ao lado, o maior forno do mundo da Shin-Nittetsu

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Cotia Seinen: 60 anos de União

PLANTANDO PARA O FUTURO DO BRASIL

Plantio de árvore comemorativa pela Masako Hirasawa, Michiko Ashikawa e Miyoko Fukumoto, todas do 1°grupo de noivas. Á direita Eiko Obe (esposa do Cônsul-Geral) e atrás o presidente Shizuka Niidome.

Participação todos os anos no Sakura Matsuri, no Centro Esportivo Kokushikan, em São Roque

Participação anual no Festival do Japão, no Centro de Exposições Imigrantes.

Plantio de árvores na Floresta do Cotia Seinen: pensando no futuro do Brasil e dos descendentes que ainda virão. Em 2008, o plantio na 2ª Floresta em Guatapará, Paraná.

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