Distribuição Gratuita
í n d i c e Páginas 4 e 5 O que quer mudar em si? Filipe Esménio Página 6 Mudança Maria Manuela Dias
Páginas 12 e 13 Fotorreportagem "Portela é Futuro" Nuno Luz Páginas 14 e 15 Telefones Centro
Página 7 Zeca Má Rolha Ana Antunes
Páginas 16 e 17 Quem Conduz a Mudança? Maria Margarida Oliveira
Páginas 8 Caros Paroquianos Pe. Alberto Gomes
Página 18 Uma Mudança Necessária Daniela Rodrigues
Página 10 Mudança ou Adaptação? Pedro Pereira
Páginas 19 O Desafio da Mudança Ricardo Andrade
Página 20 e 21 Idalina, a grande Ana Cássia Rebelo Página 23 E a Vida Corre Feliz Rita Pereira
Ficha Técnica Director Filipe Esménio Chefe de Redacção Pedro Pereira Redacção Cristina Fialho, Daniela Rodrigues, Margarida Oliveira, Rita M. Amaral, Teresa Cadete Colaborações Ana Cássia
Rebelo, Ricardo Andrade, Rita Pereira Fotografia Nuno Luz Direcção Comercial Luís Bendada Ilustrações Ana Antunes, Bruno Bengala Criatividade e Imagem Nuno Luz Impressão SIG, Lda. - Rua Pêro Escobar, 21 (Bairro de S. Francisco) - 2680-574 CAMARATE - Lisboa Tiragem 6 200 Exemplares Proprietário Filipe Esménio CO:202 206 700 Sede Social, de Redacção e Edição Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Telefone 21 945 65 14 E-mail info@noticiasdaportela.pt Registo GMCS n.º 121 952 Depósito Legal n.º 119 760 / 98
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O QUE QUER MUDAR EM SI?
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Muitas vezes afirmamos querer mudar algo em nós… a atitude, a dinâmica, a energia, o comportamento com os que gostamos mas, na verdade, não o fazemos. A mudança só se dá na continuidade. Só faz sentido se tiver sequência e todos sabemos, que a nossa acção influencia em cadeia todos os que nos rodeiam. Porque temos tanto medo da mudança? O que nos angustia no desconhecido? Como diria Pedro Chagas Freitas, porque nos sujeitamos a viver tanto tempo na «subfelicidade»? Haverá algo pior do que estar aquém, poder e não querer? Estar à porta e não entrar? Sem percepção de tempo torna-se difícil haver percepção de mudança e muitas vezes, não damos mesmo pelo tempo a passar por nós. Olhamos para trás com uma memória não selectiva e apenas nos apercebemos que o tempo passou... Não fomos nem deixámos de ser. Acabamos por deixar a vida passar como uma brisa contínua, inodora, incolor, inócua. A mudança é uma transformação física ou moral, algo que efectivamente faz de nós algo diferente. E esse caminho pode ser travado por nós, só por nós sem ajuda, sem ninguém, e acredite que produz efeitos nos que o rodeiam. Experimente sorrir mais, até rir quem sabe, permita-se ser livre, a amar-se e natural-
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E S P E C I A L mente amará. Permita-se a crescer e a expandir as suas capacidades. A pior prisão é a prisão dos nossos pensamentos, pois enquanto estes forem livres nunca estamos verdadeiramente presos a nada ou a ninguém. Se pensa que pode, escolha poder, faça. Abdique de juízos de valor, de preconceitos, de estigmas de chips e chips de má informação que lhe foram dando ao longo da sua vida, duma vida cheia de regras, regras erradas na sua maioria e inibitórias na totalidade. Respeite-se e respeitará. Decida, escolha, e será feliz. Se for livre escolhe sempre bem. Até porque a culpa e o mal são coisas que não têm de existir. Faça. Faça por si, faça por bem, faça com quem entender ser. Esperar é ter esperança, escolher é abraçá-la e transformá-la em algo de novo. Na cultura anglo-saxónica o conceito de falhar é diluído, existe aprendizagem com as nossas acções, retorno. Podemos agir e voltar a agir, e voltar a agir e assim estamos em aprendizagem contínua. Perdendo o medo, a inibição. Libertando-nos da teia que criamos a nós mesmos. Até porque como diz Sir Ken Robinson, é preciso que a sociedade permita falhar para que o indivíduo possa livremente criar.
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Eu quero ser. Eu escolho ser. Eu escolho. Nós podemos construir a realidade que desejamos, nem que seja parcialmente, e é essa que vivemos todos os dias. Mas o mais espectacular é que essa realidade pode por nós ser mudada, moldada, aperfeiçoada e depende só de nós. Seja como Walt Disney sonhador, realista e crítico de si mesmo, do seu projecto mas seja-o. Os projectos acontecem se vestir a pele destas três personagens que tem dentro de si. De forma equilibrada e alternada mas não deixe que o realista, ou pior ainda, o crítico matem o sonhador que tem dentro de si.
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nossa energia?” Nível de Capacidade – “Que estados mentais ou estratégias vamos tomar no pro-
Pirâmide de Maslow
Para Maslow, o caminho para a auto realização passa pela satisfação de cada uma das necessidades de forma gradativa, de baixo para cima, ou seja, a última só pode estar satisfeita com todas as anteriores satisfeitas. Vamos admitir que tem razão e, dessa forma, identifique por onde anda, com realismo e busque a ascensão na pirâmide. Não se esconda dentro do seu degrau. Vá em frente. Arranje as suas estratégias e siga. Não fuja da auto-realização dê-se ao direito de a atingir. Muitos perguntam… - Mas como consigo mudar? A resposta nunca é fácil mas lanço o seguinte desafio: Vamos ser capazes de mudar questionando-nos, dando respostas às seguintes perguntas e pensarmos sempre que pudemos mudar. No patamar seguinte podemos sempre resolver as dúvidas do anterior. Nível do Ambiente – “Onde, quando e com quem escolhemos focalizar a nossa atenção, a nossa energia?” Nível do Comportamento – “Que comportamentos ou acções tomaremos quando escolhemos focalizar nossa atenção, a
AutoRealização Auto-Estima Necessidades Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas Básicas
cesso?” Nível de Crenças/Valores – “Que valores e crenças vai precisar e usar?” Nível da Identidade – “Que tipo de pessoa sou, para escolher a acção, a energia para a focalização?” Nível Espiritual / Sistema Superior – “A quem mais isso vai servir, ou a que visão ou missão maior vai servir, você escolher focalizar a energia? As dúvidas e as respostas estão todas em si. Pode parecer um desafio difícil para uns, fácil para outros, o mais importante é que seja um desafio eficaz. E eu acredito que o pode ser. Se pode mudar já, mude. Mude para melhor. Filipe Esménio filipe_esmenio@ficcoesmedia.pt
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Mu dança
“Está de mudança?” – era a frase que saía da boca de todos quando alguém em casa tinha os móveis, roupas em desarrumação completa. Estava certamente de partida para outra casa. Hoje, a palavra “mudança” não se limita a desarrumar os nossos “tarecos” e a arrumá-los noutro sítio. Necessitamos sim de desarrumar as nossas ideias, limpá-las, arejá-las e colocá-las arrumadas nas nossas cabeças. Tudo mudou tão repentinamente e inesperadamente que um momento novo chegou a passinhos lentos e entrou pelas nossas vidas. Dizer que ocorreu sem darmos por isso não é propriamente verdade. Bem sabíamos que andava por aí, mas quão cómodo era, não a ver, que jeito nos fazia vê-la só daqui a muito tempo. E prazenteiramente dizíamos “eu nem sei se ainda cá estou...” Mudar sempre foi difícil para nós Portugueses – dantes é que era bom – e de braço dado com esta frase... quase parecíamos felizes. O passeio terminou e começar a arrumar ideias é mais que urgente e imperativo. Comece por gestos simples – oiça os que querem falar consigo; dê mais tempo aos mais velhos que já não têm a sua passada; não valorize pequenos nadas ou arrufes; não afie a língua para a destruição, para gerar conflitos, para apoiar ideias sem sentido; junte-se a outros para tudo o que é positivo; não conduza ninguém para o poço; elogie os pequenos esforços e exalte os grandes; não olhe só para o seu umbigo; não use e abuse do nome “eu” – utilize o “nós”. E não se esqueça das nossas crianças... comece a mudar tudo para o estritamente necessário. Se todos começarmos a mudar... podemos fazer a mudança sem o incómodo de embrulhar, acomodar e carregar “tarecos” para outro sítio... Façamos a mudança dentro de nós próprios e sentir-nos-emos certamente mais tranquilos e com mais esperança. Maria Manuela Dias Presidente da Junta de Freguesia da Portela
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Caros Paroquianos: A missa a que tradicionalmente apelida-mos de Missa do Galo, isto é, a Missa da Meia-noite, tem como cântico de entrada este texto: «Exultemos de alegria no Senhor, porque nasceu na terra o nosso Salvador. Hoje desceu do Céu sobre nós a verdadeira paz.» É a alegria do Natal que preparamos, tal como a mulher que espera um filho vive a atitude de esperança, nós vivemos também essa ansiedade de celebrar o nascimento do Filho de Deus, Aquele que é o único capaz de trazer a Paz. O profeta Isaías diz mesmo de Jesus: «Tem o poder sobre os ombros e será chamado “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”». É este Príncipe da Paz que nos anima a vivermos este tempo difícil com uma forte esperança de mudança. Confiados na atenção do nosso Deus que nos envia o Príncipe da Paz demos passos concretos de mudança pessoal e comunitária para podermos tornar este mundo em que vivemos melhor para todos e que as dificuldades do tempo presente sejam vividas em atitude de partilha e de corresponsabilidade. Não precisamos de muitas palavras, precisamos sim de nos deixar guiar pelo Menino de Belém e d’Ele aprender a tornar este mundo um lugar da verdadeira Paz. Um Santo Natal repleto das bênçãos de Deus. Pe. Alberto Gomes
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Mudança ou Adaptação? Sempre que alteramos a nossa forma de estar devemos chamar-lhe mudança ou adaptação? Mudamos porque queremos ser diferentes e escolher uma nova forma de vida, ou adaptamo-nos porque o que nos rodeia nos obriga a reagir de outra forma? Dentro do senso comum a mudança implica uma vontade consciente, fazemo-la porque estamos insatisfeitos ou acomodados e queremos estabelecer uma ruptura com o passado, ou porque apesar de satisfeitos queremos experimentar novos caminhos, métodos e sensações. Em contrapartida a adaptação é uma forma de nos adequarmos ao quotidiano de uma forma semi-inconsciente, em que a cada dificuldade utilizamos a experiência para a contornar, algo muito comum aos seres vivos, que se foram mutando em função
do local e das necessidades que tinham ao longo da sua existência. As nossas opções são semelhantes à caixa de velocidades de um todo-o-terreno, temos uma caixa que nos permite adaptar ao piso e uma outra em que comandamos a velocidade. Podemos fazer o trajecto de uma forma agressiva, de uma forma defensiva, em ponto morto ao sabor da maré, de marcha a ré, ou alternando qualquer uma destas formas sabendo sempre que a opção é nossa. Mudamos de convicções quando mudam os ideais ou adaptamo-nos a eles? É com esta liberdade que fazemos e definimos o nosso caminho, é com ela que nos temos de responsabilizar e com ela que devemos lutar pela felicidade, sabendo sempre que qualquer escolha é válida. Temos mecanismos intrínsecos que
nos permitem lutar pelo que pretendemos, é a atitude com que encaramos a vida que nos define, tudo depende de nós e da nossa abordagem a cada situação. Numa fase como a que se vive nos dias de hoje em que a crise, provavelmente a palavra mais usada no vocabulário corrente, nos obriga a fazer alterações no nosso dia-a-dia, de que forma iremos responder? Através de mudanças ou de adaptações? De uma forma agressiva ou passiva? Ou combinando-as todas? Tantas perguntas e nenhuma resposta. Cabe-nos a nós individualmente responder.
Pedro Pereira
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telefones
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Centro
CAVE 1 – ITW 2 3 4 5
218 062 738 - ALDINHA- INST. BELEZA 219 430 009 – ATELIER DE COSTURA 935 352 186 – CANTINHO DO BODA 309 957 357 – LOJA DO PEIXE 914 031 594
8 - NADYA JOTTA – CABELEIREIROS E ESTÉTICA 219 435 558 9 – OURO FINO 219 444 361 10 – LOJA DA ILDA 962 284 287 11 – LOJINHA DAS PRTAS 219 432 355
12 - FÍGARO CABELEIREIRO 219 432 371 13 - NIKITA CABELEIREIROS 219 434 029 14 - MONTE BIANCO 210 876 354 16 - JAMBA 218 095 050 17 - STOP RÁPIDO 219 432 193
20 – GANESHA – HAIR SPA 201 880 234 21 - SNACK BAR 21 219 434 974 26 - PIRIPIRI- IMP. & EXP. 219 432 215 27 – COMERCICÓPIA 219 447 133 28 – KAFFE & LOUNGE 968 819 920
53 - TALHO CENTRAL 219 434 088 54 - MAGGIE 966 292 652 55 – CESAR`S 219 131 469 56 - BIJU 219 432 029 57 - CHÁVENA DE PRATA 219 447 132 58 - DROGARIA DA PORTELA 219 431 683 59 - PEIXINHO DO MAR 219 436 711 60– FARMÁCIA PAULA DE CAMPOS 219 431 423 63 – SUPORTEL 219 458 650 64 - CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS 219 449 090 65 – SENTIDO DO CÁLCULO 219 430 694 66 – PHONE I TAL 219 432 317 68 – JAMBA III 69 – SILVANA’S 219 431 068 70 - IMOAGRA 962 583 067 71 - PADARIA DA PORTELA 219 445 171 72 - MINI-MERCADO 966 057 458 73 - LABOCENTRO 219 430 675 74 – EMPADA REAL 75 - CHURRASQUEIRA DA PORTELA 219 430 972 76 – TALHOS CARZÉLUI 219 431 517 77 – TALHO CENTRAL 219 434 868
78 - O NOSSO TALHO 219 431 069 80 – ESPAÇO DAS DIVAS 219 442 101 81 - RECEPÇÃO DO C.C.P. 219 433 484 82 - TABULEIRO 219 436 599 B83 – PASSEIO DA FAMA 963 552 787 B84.1 – FASHION LIFE 932 267 925 B84.2 – RC – WINE BAR 912 567 201
RÉS-DO-CHÃO 2 – AQUASSIS 219 431 004 3 – MILLENNIUM BCP - CONCORDIA 210 075 155 5 – MILLENNIUM BCP – PORTELA SHOPPING 210 075 140 7 - SNACK-BAR BOM DIA 219 433 767 8 – PBF – GALERIA DE JÓIAS 219 443 098 9 – @S NOSSA@S MENIN@S 219 435 171 10 - TARIK 219 431 018 11 - BOUTIQUE VENTURA 219 434 861 12 - MANEL BOUTIQUES 219 445 290 13 - CASA DOS CAFÉS PORTELA 219 458 100 15 – SOLYMENT-PRODUTOS NATURAIS 219 433 025 16 - BOUTIQUE CHRISTIANE 219 430 607 17 - MILLENNIUM BCP - PORTELA 210 004 700 19 - ZONA ÓPTICA 219 430 849 21 - PITITI 214 023 400 22 – BARREIROS FARIA PERFUMARIA 219 43 5 193 23 - SUPERBRINQUEDOS 219 431 963 24A- MULEMBEIRA V 219 431 319 24B- M33 INFORMÁTICA 219 431 319 25 - TIO ARMANDO 219 436 486
26 - ZUKY 219 435 570 27 – O TABULEIRO GOURMET 28 – GRANDE CESTO 210 999 122 29 - JOALHARIA EMIL 219 435 671 30 - MEDIPORTELA 219 442 042 32 A) - SALÃO ARIOSTO 219 434 954 32 B) -TRAPICHE CONFECÇÕES 219 431 153 33 - MULEMBEIRA II 219 431 359 34 A) – HALCON VIAGENS 219 449 100 34 B) – CESAR’S 219 436 188 35 - BANCO SANTANDER 219 458 680 40 - STOP RÁPIDO 219 445 462 41 - PEROM 219 431 729 42 - CENTRIMAGEM 219 445 211 43 - O MUNDO DAS SANDES 219 433 160 44 – JAMBA I 219 431 191 45 - TENTAÇÃO 219 434 175 46 – IMOBILIÁRIA RM 219 435 392 47 - PÃO NO CESTO 962 042 694 48 – GIRANDOLA 219 436 938 49 - SAPATARIA VITÁLIA 967 610 891 51 - ORVIL 219 430 687
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Comercial da
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Portela
1º ANDAR 1 – DREAM DOURO 916 345 454 2 – ESTÁDIO DA PORTELA 219 436 091 3 – YE SHAOFENG 966 754 857 4 – LIN MODAS 219 432 188 5 - FRUTARIAS A & C 936 001 917 6 - 5 À SEC 219 447 722 C6 - SIMPLESMENTE GENIAL 7 - ESPAÇO VII 219 430 629 8 - CADENA 219 431 260 10 – PC COZINHAS 219 477 077 11 – ESSENCE WOMAN LOOK 219 441 376 13 – RAPIDINHA SEX SHOP 218 288 164 14 - USE E ABUSE 219 431 949 15 – MÓNICA PRATA 918 087 878 16 - P.H.J. CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO LDª 219 431 990 17 - PICAR O PONTO PAPELARIA 219 433 233 18 - CENTRIMAGEM 219 443 337 19 - LA JEUNESSE 219 435171 20 – HOME 4 US 219 434 193 21 – SAL & BRASAS 219 442 332 22 – VIDA SAUDÁVEL 219 442 373 23 - GIOVANNI GALLI 219 435 944 24 – MAGIC TRAVEL 219 433 185 25 – NÃO + PÊLO 218 021 963 26 – A CASA DO KEBAB 936 461 309 27 - PÉROLA DA PORTELA 219 432 558
28 – MAUSER TV 219 434 360 30 - FOREVA 219 434 516 31 – ESCOLHER DESTINOS 210 889 840 32 - SKANDALL 33 – LE CANARD 211 932 772 34 - MOVILAINE 219 430 102 35 - EUROSPORT 219 431 697 36 - LOOK BOUTIQUE 219 430 280 37 – MAESTRO DO SAPATO 219 446 389 38 – TIOCCHA 214 002 262 39 - IDA CABELEIREIROS 219 431 654 41 – CUQUINHA 218 277 502 42 A– INDIAN GOURMET 212 451 917 43 – SABOR NATURAL 219 430 767 45 – INDIAN GLAMOUR 219 436 408 46 – EDEN JÓIAS 219 436 188 47 – 5 À FIL 48 - ENTRETEM 219 435 881 49 – MORA & SANTINI 219 444 087 50 – AMOR E CANELA 927 971 516 51 – REPRISE TIME 219 435 029 52 - LOJA DOS 300 53 – GALERIA DO VINHO 210 890 262 54 – LISBOA ROCK 219 436 405 55 - GLARE 219 440 409 56 – RAMO VERDE 217 145 372 57 – MS BORDADOS 218 485 328 58 – GOLD JOALHARIA 219 435 495
59 - COEFA 219 436 259 60 – MONTE DOS SABORESPRODUTOS ALENTEJANOS 210 966 277 61 –ARQUITECTURA E DECORAÇÃO DE INTERIORES 968 986 644 63 - AURORA LAVORES 212 445 375 64 – MILLE PASTE 219 445 286 65 – MA GEU 219 443 626 66 – CONDIPORTELA 219 432 121 67 - TROPICÁLIA 967 559 101 68 – ARTE & BELEZA 219 445 345 69 – LUNAS 969 019 118 70 – CONGELADOS MAR AZUL 964 019 473 71 – ZOO DA PORTELA 210 965 374 73 – LÌDYHART-CABELEIREIRO 309 715 029 74 – ANA`S CABELEIREIRO 219 432 531 75 – BELEZA PURA COSMÉTICA 219 444 199 76 – ANA’S CABELEIREIRO 219 444 321 77 – CLASSIC DIGITAL 960 382 554 78 - SUPERFRUTAS PAI & FILHO 962 728 215 79 – REINO DA ANIMAÇÃO 965 378 870 80 – ALTA COSTURA NARCISA 961 214 260 81 – BOUTIQUE CERISE 219 431 015 82 - CARLANDRY 219 434 617 84 - CHARLIE 219 436 650 85 – MARIA TERESA MACEDO – CABELEIREIRO 219 433 655 86 - LA MODE - SAPATARIA 219 432 089
88 - QUIM CABELEIREIRO 219 432 096 90 - TASQUINHA DA PORTELA 210 994 690 91 - LAVANDARIA QUINANA 219 434 806 92 – O ABRIGO DO TEJO 927 194 171 94 - GUILL 219 431 986 95 - FORMA E BELEZA CENTRO DE ESTÉTICA 219 435 294 96 – HL – HAIR CENTER 219 440 197 98 – TARIK TAKE AWAY 962 818 886 99 – MELO E ASSOCIADOS 913 293 298 100 – MAISON DE LA FEMME 964 996 557 101 – RAMINHO DE SEDA 219 440 158 102 – JAY GANESH 212 462 345 103 – HF – HAIR FASHION 219 436 102 104 – JOÃO LOPES – COMPANHIA DE SEGUROS TRANQUILIDADE 211 547 951 105 - CORREIOS DE PORTUGAL 219 458 810 B83 – BENTOS LEILOEIROS 219 440 336 B84 – LO STIVALE 218 000 435 B84 – CHIC 214 069 060
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Quem Conduz a À medida que o barco se afastava do cais, Maria sentia que as suas raízes iam sendo arrancadas à terra, uma a uma, qual pequeno arbusto que sem ser consultado é arrancado e deitado fora. Era já a terceira mudança de terra, que Maria fazia num espaço de três anos. Porém, esta mudança, por razões que não entendia, estava a doer demais! Quando chegou a África, Maria chorou copiosamente e escrevia para a sua Tia, uma segunda mãe, dizendo: “Se eu pudesse ia para aí num barquinho a remos!” Porque tanta infelicidade? Não sabia encontrar resposta! As condições materiais mudaram e a família de Maria passou a viver muito melhor, mas o coração de Maria não se sentia satisfeito.
Todos os dias Maria ia à Igreja e pedia a Deus que lhe tirasse o peso que sentia sobre si e que não sabia de onde vinha nem para quê! Tudo lhe era difícil naquela terra Africana, o clima, as pessoas e principalmente as injustiças que via praticar com a descriminação, a vaidade e a futilidade da vida que levavam: bons petiscos, festas faustosas, e jogo, muito jogo! Ela, que dada a classe social donde provinha não estava disso habituada, clamava pela ausência de uma sala de cinema ou de teatro, sentindo um enorme vazio cultural. Não via como evoluir! Para contrariar tudo isto, ou por outra razão “que a razão desconhece” Maria foi para uma Missão Católica aprender a tocar órgão. Com esse saber aprendido organizou na sua cidadela um coro. Iniciou também o ensino da catequese para as crianças brancas. Entretinha-se com tudo isto, à espera que o tempo passasse. Enquanto estudava, bordava, bordava, pois que frequentava o Curso de Formação Feminina da Escola Técnica. E fazia lindos bordados! E sonhava! Desde que chegou a África o sonho de Maria era encontrar o “seu amado”. Esperando que ele a tirasse daquele sufoco? Não sabe! Só estava sempre atenta a ver quando ele chegava. Havia nisto qualquer coisa de mágico, de premonitório. Quando Maria se confessava, o Padre atencioso só lhe sabia dizer que talvez encontrasse paz indo para freira, o que deixava Maria ainda mais prostrada, pois ela queria casar, ter filhos, ser como as outra raparigas. Isso relembravalhe a infância onde desde os cinco, seis anos se sentia diferente das outras meninas. Mas isso em vez de a enaltecer era por ela sentido como um “defeito”, ou uma “menos valia”. Quando acabou o Curso que a habilitava a ser professora de Trabalhos Manuais, Maria de repente, e sem saber de onde, ou como lhe veio tamanha ideia,
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Mudança? propõe ao pai continuar os seus estudos na “Metrópole”. O seu pai sempre bondoso e solícito, acedeu. Num dia quente, meio nublado pelo calor, sem olhar para trás, quase sem se despedir das pessoas, Maria parte num velho avião a motor, para Lisboa. Já no Instituto Técnico, numa velha cidade do Norte de Portugal, Maria vai para um lar de freiras, e volta a sofrer terrivelmente, com o frio, não tem amigos, a família está longe afectivamente, porque ela cresceu e modificou-se e não entende porque sofre, se foi ela que desejou tanto voltar! Volta a tocar e a cantar na Igreja local e aí, e mais uma vez sem saber como, encontra o seu primeiro namorado. Era o mais bonito das centenas de rapazes que frequentavam o Instituto
e Maria não hesitou. Parecia que há muito se conheciam e que apenas tinham reatado uma relação interrompida. No primeiro Natal que passou na “Metrópole”, Maria vê-se a percorrer as ruas da cidade contemplando os muitos presépios espalhados pelas montras e mais uma vez chora copiosamente, não sabe o quê nem porquê: uma falta! Um vazio! Que não sabe de onde nem porque vinha. Novamente se interrogava: -“Que destino é este o meu? Que força é esta que me conduz e que ao mesmo tempo me parece tirar a alegria e o entusiasmo pela vida?” E foi nessa procura que Maria sempre andou na sua vida. Lisboa, 29 de Novembro de 2011 Maria Margarida Oliveira
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UMA MUDANÇA NECESSÁRIA Estamos a viver uma época de mudança. Não, não falo apenas de uma mudança económica, mas de algo que se encontra associado a ela. Falo de uma mudança individual. Mudança de atitudes, de comportamentos, de valores pessoais. Estamos perante aquilo que poderemos chamar de fenómeno socioeconómico. Caminhamos forçosamente para uma mudança de estilo de vida, e inevitavelmente para mudanças a nível psicológico que visam a adaptação. Todos os dias o nosso cérebro é bombardeado de informação. Nos jornais, na televisão, na internet, na rádio. Até no café, a conversa acaba sempre no grande problema da actualidade social: crise financeira e política, o desemprego, a falta de esperança e o medo. A falta de esperança que o amanhã seja melhor. O medo da imprevisibilidade do amanhã. As pessoas estão cada vez menos tolerantes, mais negativas, os novos não têm perspectivas de futuro, os velhos vão perdendo a fé. A depressão vai ganhando terreno. É seguramente mais fácil culpabilizarmos constantemente o nosso governo, os nossos políticos, apontando os erros, os defeitos, as promessas não cumpridas. Mas para quê gastar o nosso latim e a nossa sanidade quando o leite já está derramado? As notícias que assombram os nossos dias têm um papel fundamental. Não, não nos podemos deixar levar pelo desespero. É agora o momento de repensarmos o que queremos, de reorganizarmos o nosso interior de forma a termos consciência do que realmente tem valor. As pessoas foram invadidas pelo medo de mudar. As nossas capacidades adaptativas parecem cada vez mais deficitárias, a dependência da tecnologia, o apego excessivo aos bens materiais e o consumismo cego levou a sociedade a dar menos valor àquilo que é mais importante na vida do ho-
mem: o amor. O altruísmo. A compreensão. A humildade. As emoções não se compram, e os valores também não. Cabe a cada um de nós procurar onde está a nossa felicidade, e aprender a viver em vez de sobreviver. As pessoas vão mudar. Pelo menos algumas. Este autismo que contamina a sociedade, esta cegueira que inflama corações, vai atenuar. O homem reinventa-se todos os dias. Temos a capacidade de mudar, de evoluir, de nos adaptarmos a novas situações, cada um com o seu timing, claro. O medo não é da crise. O medo é da mudança. Medo de não nos conseguirmos
adaptar a uma nova vida, com menos luxos, com menos ostentação, com menos poder. Medo de sermos rejeitados por uma sociedade materializada. Tudo isto faz parte de uma evolução, de um progresso a nível individual, de percepção e de reestruturação emocional. Necessitamos de uma reaprendizagem de valores sociais e individuais, essenciais para viver em sociedade. Isto não é um grito de alerta. É um grito de esperança. Daniela Rodrigues
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O DESAFIO DA MUDANÇA Julgo que uma das coisas mais comuns para quem, quer por necessidade profissional quer por gosto pessoal, gasta algum tempo à volta de um texto é a dificuldade em escrever acerca das coisas mais comuns. Escolher um tema menos propalado implica, quase invariavelmente, uma pesquisa aprofundada e uma sistematização criteriosa de uma metodologia, que permita abordar a tarefa complicada de analisar algo mais desconhecido, conseguindo transmitir muita informação e opiniões da forma mais simples possível vencendo o desafio do desconhecido. Já a escolha de uma temática mais comum nos leva, com muita facilidade, a incorrer na terrível armadilha de que a preparação é desnecessária e de que, a qualquer momento conseguiremos discorrer inúmeros raciocínios passados a escrito acerca de algo com que nos deparamos em diversas situações. Por tudo o que escrevi anteriormente, devo confessar que discorrer acerca de mudança se torna uma tarefa mais desafiante do que poderia esperar. E mesmo sem nenhuma preparação cuidadosa tentarei não negar uma das heranças do nossos antepassados, que é o facto de encarar as dificuldade, e o desafio como realidades que existem para que as vençamos e não para que sejamos por elas intimidados. Com todas estas ideias no pensamento e, após esta já longa introdução, deixarei a caneta deslizar para falar de um conjunto de sete letrinhas que é, provavelmente, uma das palavras mais utilizadas no mundo: “ MUDANÇA ”. Quer queiramos quer não, fugir à mudança é uma tarefa impossível. Mesmo que nos escondamos ou que estejamos ensimesmados, ela aparece-nos um pouco por toda a parte e na maioria das vezes nem sequer pede licença para “ entrar em nossa casa”. Talvez seja por isso, pelo facto de inúmeras vezes a mudança ser inesperada, que
uns reagem de forma defensiva, desconfiada ou até mesmo preocupada e outros com naturalidade, com um sorriso nos lábios ou até mesmo como se de uma bênção se tratasse. Há quem mude de escola, há quem mude de emprego, há quem mude de país. Há quem mude os seus gostos, há quem mude a sua atitude perante o mundo, há quem mude a sua forma de olhar para o exterior e a si mesmo. A mudança é assim tanto mais abrangente quanto os factores externos ou internos que pode implicar. Admito que muitas vezes pensei que a minha reacção à mudança era uma apenas, para descobrir, com o passar dos anos, que afinal as minhas experiências ao longo da vida, aliadas a reacções impensadas, tinham determinado que a minha forma de estar perante a mudança fosse outra que não aquela que imaginara. Mas julgo que a maior lição que retirei, no que à mudança diz respeito, ao longo dos
curtos anos de vida que levo, é que a mudança deve ser praticada e não pensada. A mudança jamais deve, na minha opinião, servir como uma arma de arremesso ou como qualquer arma propagandística. A mudança deve ser demonstrada no diaa-dia, deve ser uma luta permanente, uma conquista diária. Falar em mudança no geral sem ter a frontalidade de a praticar no particular saberá sempre necessariamente a pouco. Apregoar a mudança do que nos rodeia sem ter a disponibilidade mental para efectuar alterações no nosso universo pessoal será algo condenado a não sair do plano das intenções vãs. Por isso talvez um bom resumo da importância da compreensão que devemos ter da mudança é de que, como diz o artista de hip-hop nacional de nome Valete: “ O mundo muda a cada gesto teu ” Ricardo Andrade
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Idalina O cemitério fica longe da aldeia. Vários ciprestes guardam os mortos e lançam sobre as campas uma caruma perfumada que as mulheres, aos domingos, se apressam a varrer com vassourinhas de estopa. Atrás do portão, dois anjos baços espreitam o céu, que ameaça com nuvens pardas. Um carreiro serpenteia entre campas, mausoléus e jazigos. Idalina, agachada no chão, ajeita cravos e crisântemos entre os pés de cameleira, que trouxe do quintal. Depois, com uma flanela húmida, limpa a campa do meu sogro. Trabalha lá em casa há muitos anos. Planta batatas, couves, cebolas, alfaces. Cuida dos pessegueiros, das laranjeiras, das oliveiras, da vinha, das pereiras, das macieiras, das nespereiras. Esfola coelhos e degola galinhas. Passou a vida entre França e aquela aldeia perto de Ourém. É descarada e muito
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feia. Em cada frase, diz uma asneira. A minha sogra queixase. Acha-a velhaca, preguiçosa e mentirosa. Gosto dela. É uma festa quando chega. Tem sempre coisas para contar. O marido chama-se José. É um homem de sorriso manso, ar de mosquinha morta, parece uma coisinha de nada perto dela.
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a grande Pois o José, esse tal José, pai das suas quatro filhas, avô de vários netos, bisavô de uma Caroline e de um Mickael, ia-lhe dando cabo da alegria. Os estragos que um homem pode fazer na vida de uma mulher. Eu conto. A Idalina vive com uma irmã mais nova, deficiente e muda. A pobre passa os dias a comer caramelos e a brincar com bonecas. Volta e meia, porém, amarinham-lhe uns calores pelo corpo e esquece-se das bonecas. Põe-se, muito oferecida, à janela a meter-se com os homens que passam na rua. Como não fala, gesticula e afaga o baixoventre. Às vezes, lança uns grunhidos de foca. Há coisa de dois anos, a irmã da Idalina apareceu grávida. A princípio, quando deu pela gravidez, a Idalina desconfiou de um vizinho muito bêbado, o Goela, que, quando voltava da taberna, olhava a muda como quem olha uma presa fácil. Lá estava ela, gorda, quase imóvel, silenciosa, mascando ursinhos de goma, adormecendo as bonecas na aduela da porta. Umas vezes, oferecendo-se, outras, não. O José, sempre rindo, confiando na imbecilidade da cunhada, não dava opinião sobre tão delicado assunto. Ia levando a vida como podia. Até que a muda, certo dia, fartou-se de atribuírem injustamente a paternidade ao Goela. Tão feio e malcheiroso. Apontando para o bucho cheio, prestes a rebentar, terá grunhido, com a sua boca cheia de dentes podres, o nome do cunhado. Quando a Idalina descobriu o feito do marido, já andava desconfiava dos sorrisos nervosos do parvalhão, deu-lhe uma tareia que se ouviu na aldeia inteira. Ameaçou capá-lo com uma tesoura de poda. Uivou o desgraçado. Quanto mais ele gritava, pedindo-lhe desculpa, culpando o vinho, mais vontade ela tinha de lhe bater, de o matar. Deixou-o roxinho de dor, o corpo marcado, uma vértebra fissurada, várias peladas no couro cabeludo, os testículos muito encolhidos, prometendo para sempre recato e recolhimento. Depois, esteve trinta dias fechada em casa, mal comia, não se lavava, não
via televisão, nem as telenovelas a animavam, passava os dias enfiada na cama, cozendo a dor e pensando na vida. Definhou. Dava-se conta da gravidade dos factos, da humilhação, sabia que a honra, se a tinha, lhe exigia uma mudança. Uma mulher passa a vida ao lado de um homem, aguenta tudo, acostuma-se ao seu cheiro, aos tabefes, aos encontrões, às suas rotinas, ao vazio que deixa na cama, à arrogância do género, mas há coisas que uma mulher não pode perdoar. Durante esse tempo de recolhimento pensou em separar-se do marido, ninguém na aldeia a recriminaria por tal decisão. Tinha motivos de sobra. A mudança, porém, essa mudança que se impunha como única saída possível, exigia-lhe em demasia: assumir a pequeneza do marido, confessar a sua vergonha e a sua fragilidade, sobretudo, tornar verdadeira uma história que, por ora, não passava de uma suposição. Idalina tomou a decisão mais difícil. Ao trigésimo primeiro dia, saiu da cama, lavou-se, vestiu-se, entrou no café da aldeia, pediu um galão escuro e um papo-seco com manteiga e chouriço. Comeu, com ávido apetite, para matar a fome de muitos dias. Sentiu nela os olhos das mulheres e dos homens da aldeia. Todos esperavam o anúncio da mudança. Idalina comeu em silêncio, deu um arroto pequenino para aliviar da gordura do conduto, depois, como se fosse a coisa mais natural do mundo, explicou que ia para casa preparar o almoço do seu José. Acompanhou a gravidez da irmã. Tratou da criança que nasceu perfeitinha e muito bonita. Recambiou o marido para França durante alguns meses para deixar assentar a vergonha e o falatório. Agora, anda com a menina para todo o lado, mostrando com orgulho a sua beleza. Olha o mundo de frente. Nunca se arrependeu de não ter mudado a sua vida, largando o marido, abandonando o previsível conforto da vida conjugal. Quem trataria do pobre coitado? Ai de quem ouse fazer um comentário mais acintoso ou tratá-la como uma desgraçada. Toda a gente teme que ela faça o que fez ao marido. E, por fim, dê uso à tesoura de poda. Idalina, a grande. Ana Cássia Rebelo
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E A VIDA CORRE
FELIZ
É nos dias em que não tenho mais nada para fazer, que me sento à janela a olhar para a vida. Ela muitas vezes nem dá por mim. Mas eu fico ali, horas e horas, quieta e em silêncio, só a contemplá-la, com a curiosidade incontrolável de saber se ela é feliz. Quando o barulho dos carros diminui, oiço-a rir, alegre, esfuziante, de forma excessiva, que ao mesmo tempo me excita e irrita. Deve andar feliz, esta vida. E eu ali parada. Vejo-a andar para lá e para cá, num vaivém atarefado, sempre a querer mudar. Nunca contente com o que tem, sempre a querer mais. Faça frio ou calor, lá vai ela, a vida. Às vezes quase a perder o fôlego, mas sempre com a mesma mania de querer ser feliz. Que ele há manias para tudo nesta vida! Há momentos em que a inveja toma conta de mim e sonho ser como ela, feliz. Mas se calhar para isso também tinha de mudar, de correr. Isso de correr, a mim, dá-me medo. E então deixo-me ficar, imóvel, à janela, só a vê-la passar, à vida. Lá vai ela outra vez, à procura dessa tal de felicidade. Um dia destes, pergunto-lhe se posso ir com ela. Digo-lhe que também gostava de ser feliz. E que quero mudar. Um dia, empurro o medo e agarro-me com toda a força à mudança. Mudo tudo o que me faz triste e o que me magoa. Mudo os bocadinhos do meu mundo que não me deixam sorrir, com a mesma coragem de quem sonha mudar o Mundo. Um dia salto pela janela e ponhome a correr ao lado da vida. E vou correr tão depressa, que nem ela me passa à frente, a vida. Se calhar até a agarro. A ela e à felicidade. Será tarde? Irei a tempo? Estou farta de estar aqui sentada, debruçada à janela, com o coração cheio de uma esperança, que em tempos, me ultrapassou. Estou cansada de ver a vida sempre a mudar. E eu quieta. E ela feliz. É hoje, é hoje que eu mudo. Hoje, um dia igual a outro qualquer. É hoje que digo que para mim já não basta apenas ficar à janela a ver a vida passar. É hoje que aprendo a querer ser feliz. Rita Pereira