MIGUEL TEIXEIRA / Ano: 1 / Mês: 1 / Edição número: 3 / Info: aultimapalavra@hotmail.com
NÚMERO 3: BOLA DE OURO
03-12-2014
A ÚLTIMA PALAVRA BOLA DE OURO
Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2014, foram anunciados os três finalistas da bola de ouro, um dos prémios individuais mais almejados no mundo do futebol: Cristiano Ronaldo (Portugal), Lionel Messi (Argentina) e Manuel Neuer (Alemanha), alfabeticamente ordenados.
2
O prémio é atribuído pela FIFA, órgão máximo do futebol mundial, em parceria com uma revista francesa, verdadeira impulsionadora da atribuição anual do prémio em meados do século XX. No entanto, este é um prémio sem qualquer critério de atribuição. Na prática é um prémio absolutamente “político”, uma espécie de elevação de ego de uma Confederação sobre outra, uma demonstração de poderio e “amizade” da UEFA em relação às Federações da Alemanha e França, e da CONMEBOL para com as Federações da Argentina e Brasil. Acima de tudo é um prémio que os principais patrocinadores da FIFA controlam, tal como todos os outros prémios da FIFA, UEFA, etc. Afirma a FIFA que o prémio é atribuído ao jogador que mais votos receber, e que quem vota são os representantes (treinador e capitão) de todas as seleções afiliadas na própria FIFA e um conjunto de jornalistas em representação de variadíssimos países! Desta forma, a FIFA tenta, todos os anos, criar um certo suspense em redor do vencedor, anunciando um processo limpo e justo de votações, quando já todos sabemos que o prémio é atribuído pessoalmente por Joseph Blatter e seus compinchas. Em anos anteriores já vários treinadores e capitães de seleções revelaram em público não terem recebido qualquer boletim de voto, ou terem votado e a FIFA simplesmente ter alterado ou ignorado esse voto, entre outras situações menos honestas como considerar várias vezes na mesma votação os votos de Federações como (pasmem-se…) Argentina, França e Alemanha. Outra anormalidade raramente invocada é o prémio ser referente a um determinado ano civil mas a (suposta) votação ocorrer em Outubro! Os últimos três meses não contam?
BOLA DE OURO
A ÚLTIMA PALAVRA São também nomeados, todos os anos, presidentes de certas federações com direito aos chamados “votos dourados”, para “equilibrar votações” segundo a FIFA!!! Os detentores dos votos dourados são nomeados por Blatter… Para completar o ramalhete que confere inusitada verdade a este prémio somos presenteados todos os anos com declarações públicas sobre as preferências pessoais de elementos como… os próprios presidentes da FIFA e da UEFA (o já exposto Blatter e Platini). Só o facto de revelarem publicamente uma preferência era motivo para as Federações de futebol por esse mundo fora exigirem as suas demissões, mas Blatter e Platini vão mais longe e costumeiramente preferem jogadores por variadíssimos motivos, menos serem o melhor do mundo desse ano: “é um filho para mim”, “deveria ser um defesa”, “deveria ser um guardaredes”, “deveria ser um campeão do mundo”, “esse não porque é arrogante”, “esse não porque marca muitos golos”, ”deveria ser um espanhol”, “deveria ser um alemão”, “não pode ser sempre o mesmo”, “deveria ser este porque nunca ganhou”, “o futebol não é só decidir jogos”, “tem que ser alguém do Bayern”, são expressões usadas nos últimos tempos apenas pelos dois sujeitos atrás referidos, escudados por… nada, para além da sua própria falta de inteligência. Toda esta questão ganha contornos anedóticos se pensarmos naquilo que realmente interessa: o que os jogadores jogam ao longo do ano. Aí, por muito que Iniesta, Suarez, Aguero, Yaya, Robben, Vidal, Neymar, Lahm, Hazard, Bale, Ibrahimovic, Kroos, Di Maria e meia dúzia mais se consigam destacar durante um ano ou outro, o máximo que podem exigir é 3º lugar da “votação” pois Cristiano Ronaldo e Lionel Messi (alfabeticamente ordenados…) tiveram nos últimos anos rendimentos individuais muito acima de todos os outros jogadores do mundo. Desde 2011, e mesmo considerando anos menos bons (como o 2014 de Messi) o rendimento individual de cada um deles é exponencialmente superior a todos os outros, e portanto, a decisão terá de ser sempre entre um deles. Mas desde 2009 que o filho de Blatter arrecada o troféu, sem que se perceba inteiramente porquê: se em 2012 e 2013 o equilíbrio entre os dois “monstros” foi patente (ganhou Messi, aceita-se, mas os resultados das “votações” apresentadas pela FIFA revelaram diferenças gigantescas entre um e outro, o que não se aceita!) em 2009 e 2010, Cristiano foi superior a Messi – em 2010, Iniesta foi claramente o melhor do mundo se analisarmos todo o ano – mas ficou sempre atrás do argentino. Mesmo em 2013, Blatter preparava-se para atribuir a 5ª bola ao seu protegido,
BOLA DE OURO
3
A ÚLTIMA PALAVRA tendo esse escândalo sido evitado pela forte ação “política” do Real Madrid em defesa de Cristiano, seu jogador, que arrecadou o (merecido) troféu. Platini, porquê dar um prémio a um alemão, será por a Alemanha ter perdido com a Polónia um mês após o brilhante título conquistado no Brasil? Porquê dar o prémio a um jogador do Bayern (pode ser o Pizarro?...), porque ganhou o campeonato? Porquê dar um prémio “a um guarda-redes, que só pode ser Neuer”, será por ele ser o guarda-redes que
4
menos defesas faz no mundo? A bola de ouro é um prémio INDIVIDUAL! E é suposto ser uma votação, lembra-se?! Blatter, porquê dar o prémio a Messi, por ele ter estado lesionado os dois primeiros meses do ano? Ou por não ter sido sequer considerado para os prémios individuais do país onde joga? Ou talvez por ter ganho o prémio de melhor jogador do Campeonato do Mundo (decisão do maior patrocinador da FIFA e que é, ao mesmo tempo, o maior patrocinador do próprio Messi…) apesar de nem ter sido considerado para o “11 ideal” da mesma competição? Resta-nos continuar incrédulos em relação a Blatter e Platini e às surpresas (cada vez menos surpreendentes) que a FIFA, a UEFA e seus patrocinadores nos vão apresentando nestas ocasiões. A última palavra vai, evidentemente, para Cristiano Ronaldo: se a “bola de ouro” fosse um prémio linearmente atribuído ao melhor jogador do Mundo, Cristiano Ronaldo venceria em 2014 de forma unânime (inclusive com o voto – se sincero – do capitão da Argentina, Lionel Messi).
BOLA DE OURO