A última palavra

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MIGUEL TEIXEIRA / Ano: 1 / Mês: 1 / Edição número: 5 / Info: aultimapalavra@hotmail.com

NÚMERO 5: BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA(2)

05-12-2014


A ÚLTIMA PALAVRA BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA

Após 4 meses de competição, o campeonato português 2014-2015 apresenta praticamente um terço dos jogos concluídos, 11 por cada equipa, o suficiente para uma primeira análise ao campeonato em si, e a cada uma das equipas individualmente. Nada está decidido, nem ocorreram surpresas desmesuradas, pelo que se prevê ainda muita emoção

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nos próximos 6 meses.

Em 1º lugar segue o Benfica (28 pontos) com o melhor ataque e o maior número de vitórias. Esta posição mascara e atenua, por enquanto, a degradante, quase humilhante, participação na Liga dos Campeões. Mas no que diz respeito ao campeonato, este tem sido um Benfica em tudo igual ao dos últimos anos: entradas em campo fortíssimas na tentativa de resolver cada jogo o mais rapidamente possível. A elevada qualidade técnica de alguns dos seus executantes revelam-se suficientes para decidir a maioria dos jogos, mas as más arbitragens (ou excelentes, depende do ponto de vista) asseguram ajuda preciosa quando o primeiro golo tarda, ou quando uma vantagem mínima não tranquiliza totalmente os lisboetas. O treinador Jorge Jesus continua a menosprezar a equipa secundária do clube; “questões de qualidade”, segundo o próprio. Certo é que o lugar de médio defensivo continua instável e ainda não é desta que a equipa joga com um defesa esquerdo digno de suceder a Fábio Coentrão. Individualmente, Júlio César dá dimensão mundial à baliza, o capitão Luisão alarga recordes de longevidade e Enzo Pérez, Toto Salvio e Nico Gaitán espalham qualidade, magia e categoria semana após semana. O maior destaque, contudo, vai para Talisca. O brasileiro segue na liderança dos melhores marcadores da prova, tendo já decidido alguns jogos, mesmo que por vezes pareça perdido em campo, ou antes, na organização tática que Jesus dá à equipa.

Na 2ª posição aparece o Vitória de Guimarães (26 pontos). A equipa demonstra uma atitude competitiva fantástica, uma espécie de jogo entre amigos que temos de ganhar a qualquer custo, espelho da extrema juventude da maioria dos jogadores. O mérito é todo do

BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA


A ÚLTIMA PALAVRA treinador Rui Vitória que tira o máximo rendimento da equipa secundária do clube. Os “meninos do Rui” aprendem muito com o seu técnico e isso nota-se em cada jogo dos vimaranenses. Conseguir 8 vitórias em 11 partidas é um excelente pecúlio, embora as arbitragens tenham dado “um jeitinho” em pelo menos 3 jogos, justificando a posição tão cimeira na tabela. Individualmente, Bernard e Hernani têm estado em grande nível, ao contrário de André André, que para além do nome, pouco ou nada tem ligado ao futebol. Protegido por alguma imprensa, tem ainda mais destaque por marcar os penáltis da equipa.

3 Na 3ª posição surge o Porto (25 pontos), única equipa ainda invicta e melhor defesa da prova. O treinador Julen Lopetegui entrou em força no clube e a meio do segundo mês de competição já tinha comprado guerras com adeptos do clube (pela escassa utilização de Ricardo Quaresma) e com a imprensa (não assumindo a óbvia rotatividade de jogadores que implementa). Os resultados vão-lhe dando razão pois a equipa segue a escassos 3 pontos da liderança e com uma campanha europeia irrepreensível. Apesar disso, não é possível opinar quanto à ideia de jogo do espanhol: as constantes alterações no 11, sem critério definido que se perceba, deixam a dúvida se Lopetegui as faz conscientemente seguindo um plano de jogo, ou se escolhe quem joga tirando papéis com nomes escritos de um saco. No entanto, Lopetegui demonstra perceber minimamente de futebol ao dar poucos minutos a Quaresma (se não fosse a cegueira dos adeptos acredito que o extremo português teria sido dispensado em Julho…). O plantel é o mais alargado do país em qualidade, fruto do maior orçamento clubístico da Liga, no entanto as exibições têm sido irregulares, conjugando os portistas, às vezes no mesmo jogo, momentos de grande qualidade futebolística e eficácia com outros momentos de incapacidade gritante perante equipas que lhe são inferiores. Vai valendo a costumeira proteção presidencial em forma de arbitragens escandalosamente danosas para os adversários da equipa de Campanhã. No plano individual, Danilo é já um dos melhores defesas direitos do mundo e titular da seleção do Brasil, Yacine Brahimi “explodiu” demonstrando capacidade técnica e velocidade apuradas e Jackson Martinez é um dos melhores finalizadores do mundo. Adrian custou 12 milhões de euros e… não joga.

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A ÚLTIMA PALAVRA O Braga (21 pontos), 4º da tabela, é a imagem perfeita de sérgio Conceição, seu treinador: muita garra, muita luta, mas pouca qualidade tática. A qualidade individual dos jogadores é suficiente para muito mais, mas as “ideias” de Conceição impede-os de chegar longe. Abençoados por erros de arbitragem clamorosos que têm resolvido os jogos caseiros, a equipa mostra a sua verdadeira face de banalidade nos jogos longe de Braga. Perspetiva-se que a qualidade de alguns elementos por enquanto apagados virá ao de cima, garantindo a manutenção na 4ª posição até final da prova, mas, para já, aos brasileiros Aderlan Santos na

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defesa e Danilo no meio campo, junta-se o colombiano Felipe Pardo no ataque como suportes mais qualificados da equipa. Rafa tarda em mostrar o génio que lhe é perspetivado, e Éder beneficia da proteção da imprensa para dissimular a sua pouco categoria, conseguindo inclusive, enganar selecionadores nacionais!

Em Belém mora a maior surpresa (positiva) do campeonato até agora: o Belenenses (21 pontos), 5º classificado. A equipa é a imagem do seu treinador, Lito Vidigal: sem vedetismo, muito trabalho e muita organização tática. Tem sido este o segredo de um elenco onde a qualidade não abunda, mas onde o rigor tático e o querer da equipa têm garantido bons resultados e uma carreira mais que tranquila, acima das espectativas. Se imperar a lógica, o Belenenses acabará por descer uns degraus na tabela, mas em futebol tudo é possível, pelo que convém seguir este conjunto com atenção. A quase inabilidade da defesa é compensada por um meio campo sempre combativo onde se destaca a magia de Miguel Rosa municiando um ataque rápido, onde Deyverson consegue ser um dos melhores marcadores da prova.

(continua)

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