MIGUEL TEIXEIRA / Ano: 1 / Mês: 1 / Edição número: 4 / Info: aultimapalavra@hotmail.com
NÚMERO 4: BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA(1)
04-12-2014
A ÚLTIMA PALAVRA BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA
Após 4 meses de competição, o campeonato português 2014-2015 apresenta praticamente um terço dos jogos concluídos, 11 por cada equipa, o suficiente para uma primeira análise ao campeonato em si, e a cada uma das equipas individualmente. Nada está decidido, nem ocorreram surpresas desmesuradas, pelo que se prevê ainda muita emoção
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nos próximos 6 meses.
O primeiro destaque da Liga vai para… a própria Liga de Clubes: o campeonato começou com uma organização fantasma, sem patrocinadores e sem financiamento! Entretanto os clubes disfarçaram a situação elegendo à pressa um presidente, que a única medida que anunciou foi deixar a gestão da liga a Porto e Benfica, mantendo assim a verdade desportiva da competição mais uns tempos perdida numa utopia longínqua qualquer. O campeonato volta a ser disputado por 18 clubes, embora esta seja uma história que se tenha escrito direito por linhas tortas… e com canetas sem tinta… e numa folha já rasgada… Enfim, nada de novo no futebol português! Estando, aparentemente, cada um por si, sobressaiu a lei do mais forte. As equipas com mais recursos financeiros usam e abusam da boa vontade dos árbitros (é visível semanalmente a corrupção de que padece a organização desportiva dos chamados “grandes”). As equipas bem preparadas (são tão poucas) proporcionam excelentes jogos entre si, dão boa réplica mas perdem contra os já referidos “grandes”, e padecem de anti-jogo constante quando defrontam as restantes equipas da liga. Estas, não apresentam qualidade suficiente para participar em provas desta magnitude (34 jornadas são um suplício para alguns clubes) e limitam-se a ser humilhadas pelos “grandes” e a tentar um pontinho através do já referido anti-jogo na maioria dos jogos. Quando jogam entre si, estas equipas proporcionam espetáculos deprimentes, finalizando os jogos com 0-0, quiçá 1-0… Futebolisticamente falando, a qualidade do nosso futebol deixa algo a desejar, mas comparando com outros campeonatos de maior nomeada como Itália e França, podemos sentir-nos satisfeitos pois não ficamos a perder. O mérito vai todo para os treinadores
BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA
A ÚLTIMA PALAVRA portugueses, que inegavelmente são dos que melhor se preparam e mais conhecimentos têm no atual futebol mundial! No nosso campeonato a esmagadora maioria dos treinadores continuam a ser de nacionalidade portuguesa e em algumas equipas isso tem sido fundamental pois muitos dos jogadores que vemos semanalmente nos nossos relvados apresentam gritantes défices de qualidade técnica, competitiva e psicológica. Vai valendo a organização tática, que fruto do trabalho dos nossos treinadores, é muito boa em todas as equipas. Já os jogadores, são cada vez menos os portugueses a atuar na Liga (50%), e se alguns estrangeiros trazem qualidade ímpar e muita magia aos nossos fins-de-semana, a maioria dos que vemos jogar são bem piores futebolistas que muitos jogadores portugueses que atuam nos escalões amadores do nosso país. Não está aqui implícita nenhuma crítica, pelo contrário, são variadas e justas as razões de ser desta situação! Nos melhores marcadores encontramos apenas 4 lusos nos primeiros 20 da tabela. Destaque negativo para 8 das equipas que em 11 jogos não conseguiram marcar mais de 8 golos… O futebol em Portugal não é violento, embora a média de expulsões seja de 3 por jornada. Já duas equipas mudaram de treinador, e fizeramno ainda antes da 5ª jornada: se nos últimos lugares se encontravam, nos últimos lugares continuam… Destaca-se também, embora sem surpresa, o pouco público presente nos estádios. Estando o vencedor do campeonato decidido desde o princípio (corrijo: ou será o Benfica, ou será o Porto); sendo o agendamento dos jogos responsabilidade da empresa detentora dos direitos televisivos (é escandaloso como uma empresa privada ordena e coordena o dia-a-dia dos clubes); apresentando a maioria das equipas uma qualidade sofrível; sendo o preço dos bilhetes tão elevado; sendo tão perigoso entrar em estádios alheios ao clube da nossa preferência (as claques têm obrigatoriamente de ser banidas do desporto); e sendo, entre outros motivos, Portugal um país de mentalidade pequena, onde apoiar o “clube da terra” é uma qualidade atribuída a pouquíssimos cidadãos, os jogos do campeonato nacional terão sempre um número irrisório de espectadores! Pormenorizando um pouco, destaco a permanente arrogância de jogadores espanhóis e sul-americanos falantes da língua de Cervantes, que não fazem um mínimo esforço por falar português quando se dirigem ao público em entrevistas e conferências de imprensa. É a Liga portuguesa que lhes dá de comer, deveriam esses meninos mimados respeitar mais a
BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA
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A ÚLTIMA PALAVRA sociedade em que estão inseridos e que os trata quase como deuses (vá-se lá perceber porquê). Em Espanha, os jogadores lusos falam espanhol ou então… não falam! Destaco ainda o comportamento da imprensa em geral e desportiva em particular que, aparentemente, só conhecem 3 clubes em Portugal. Não é possível realizar um trabalho isento, imparcial, se só se considerarem 3 partes de um todo composto por 18. Não é correto avaliar a prestação de uma equipa quando só se analisam um ou dois jogos dessa equipa
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contra os “estarolas” do costume. Não é correto criticar um jogador que faz 10 jogos de boa qualidade mas que por azar marca um auto-golo contra um dos “estarolas”. Os jornais nacionais diários desportivos – e são 3 !!! – dissimuladamente apoiam cada um o seu “estarola”, e dedicam 90% do seu recheio a 3 clubes, deixando os restantes 15 clubes esquecidos entre anúncios publicitários. Na TV a parcialidade é a mesma: os 3 “estarolas” são alvo de reportagens diárias (mesmo quando os jogadores estão de folga…) e os seus jogos têm direito a vários resumos diários de, pelo menos, 90 segundos, ao contrário de outros jogos, disputados por outras equipas, que nem sequer são mencionados.
(continua)
BALANÇO – 1º TERÇO DA LIGA