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ISSN 2236-1022 Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científica em Nutrição • Av. Vereador José Diniz, 3651 cj. 41 cep 04603-004 São Paulo/SP - Brasil • Tel: (11) 5041-9321 • Fax: (11) 5041-9097 Email: nucleo@nutricaoempauta.com.br Homepage: http://www.nutricaoempauta.com.br Editora científica: Dra. Sibele B. Agostini (redacao@nutricaoempauta.com.br) Diretor: Cláudio G. Agostini Jr. (diretoria@nutricaoempauta.com.br) Coordenadora de Marketing: Daniela Bossolani Agostini (marketing@nutricaoempauta.com.br) Conselho Científico: Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ) Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP) Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ) Prof. Dra. Cláudia Cople (UERJ/RJ) Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP) Prof. Dra. Eliane de Abreu (UFRJ/RJ) Profa Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim - UNICAMP/SP Prof. Dr. Flávia Meyer (UFRGS/RS) Prof. Dra. Josefina Bressan (UFV/MG) Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK) Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP) Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS) Prof. Dra Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO) Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP) Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) Profa Dra. Mirtes Stancanelli - UNICAMP/SP Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP) Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ) Prof. Dr. Ricardo Coelho (UFOP/MG) Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP) Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC) Prof. Dra Sonia Tucunduva Philippi (USP/SP) Prof. Dr. Teresa Helena Macedo da Costa (UnB/DF) Prof. Dra. Thais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP) Pesquisadora Científica: Dra. Ilana Elman (Doutora FSP/USP) Dra. Michele Caroline da Costa Trindade (Doutoranda FCF/USP) Consultor Gastronomia: Chef Patrick Martin (LCB/PARIS) Colaboradores: Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Chef Gabriela Soares Junqueira Tradutora: Dra. Cecília Tsukamoto Repórter: Amanda B. Ansaldo (MTB 46767/SP) Fotógrafo: Alexandre Agostini Assinaturas: Léia Rosa de Souza (assinaturas@nutricaoempauta.com.br) Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica: nippak graphics Produzida em novembro/2011 Publicação dirigida para profissionais que atuam na área de saúde e nutrição. A reprodução dos textos, no todo ou em parte, é permitida desde que citada a fonte. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Indexação: A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP.
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Avaliação do Conhecimento de Diabéticos sobre Rotulagem de Alimentos Diet e Light Nas últimas décadas as transformações socioeconômicas têm levado a transição nutricional com modificações do perfil alimentar da população, como a diminuição na ingestão de alimentos ricos em fibras e o aumento no consumo de gordura saturada e açúcares, que associados a um estilo de vida sedentário, compõem os principais fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2. Ciente disso, a indústria de alimentos tem disponibilizado ao mercado uma grande variedade de produtos para fins especiais, incluindo os alimentos diet e light . A rotulagem de alimentos visa orientar o consumidor sobre a quantidade de nutrientes dos produtos, podendo auxiliar nas escolhas por alimentos saudáveis, desde que haja fidedignidade das informações contidas nos rótulos. Apesar de toda regulamentação existente, os rótulos dos alimentos ainda trazem publicidades abusivas e informações enganosas que induzem às escolhas errôneas, colocando em risco a saúde do consumidor. Além disso, propaganda enganosa em rótulos alimentícios prejudica campanhas de educação alimentar, podendo levar à crença de que certos produtos possam ter propriedades terapêuticas além do esperado. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2012, englobando o 13º Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 13º Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 8º Fórum Nacional de Nutrição, 7º Simpósio Internacional da American Dietetic Association (USA), 5º Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 5º Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 4º Concurso de Gastronomia Saudável, 13ª Exposição de Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo no período de 04 à 06 de outubro de 2012 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E também o 8º Fórum Nacional de Nutrição 2012, que será realizado este ano em 10 capitais do país: RJ, MG, BA, SC, DF, PE, AM, PA, RS e SP. Desejamos a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 - 3ª Região
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04. Avaliação do conhecimento de diabéticos sobre rotulagem de alimentos diet e light 09. Aspectos Metabólicos do Magnésio no Diabetes Mellitus Tipo 2 15. Perfil Bioquímico de Crianças e Adolescentes com Sobrepeso e Obesidade 22. Excesso de Peso e Risco Cardiovascular em Idosos Atendidos no Ambulatório de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. 28. Avaliação da Frequência do Consumo e Conhecimento sobre Alimentos Funcionais em Universitários da Área da Saúde 34. Avaliação do Estado Nutricional Relacionado à Prevalência de Anemia Associada ao Aleitamento Materno das Crianças da Creche Municipal Maria Rodrigues Dias de Itaporã, MS. 40. Avaliação da Ingestão Proteica de Praticantes de Musculação em Academias da Cidade do Rio de Janeiro. 46. Avaliação do Índice de Resto Ingestão de um Serviço de Alimentação e Nutrição Militar da Cidade de Belém, PA 50. Qualidade e Adequação Nutricional de Cardápios de Unidades Produtoras de Refeições Credenciadas ao Programa de Alimentação do Trabalhador 55. Boules de Soja 58. Normas para publicação.
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Avaliação do conhecimento de diabéticos sobre rotulagem de alimentos diet e light Evaluation of knowledge of diabetics about food labeling of diet and light foods Dra Liane de Jesus Noronha
– Nutricionista (UCB), Divisão de Nutrição do Hospital Universitário de Brasília (UnB). Dra. Fernanda Duarte Moreira – Nutricionista (UCB), Pós-graduada em Nutrição Clínica e Mestre em Ciências da Saúde (UnB), Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Distrito Federal.
Dr. Caio Eduardo Gonçalves Reis – Nutricionista (UnB), Pós-
graduado em Nutrição Humana e Saúde (UFLA), Mestre em Ciências da Nutrição (UFV) e Doutorando em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Profa. Dra. Jane Dullius – Doutora em Ciências da Saúde, Docente da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília e Coordenadora do Programa Doce Desafio (UnB). palavras-chave: diabetes mellitus, rotulagem de alimentos, dieta. keywords: diabetes mellitus, food labeling, diet.
resumo
Objetivou-se analisar o conhecimento de diabéticos sobre rotulagem nutricional de alimentos diet e light, através de um questionário composto por nove
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questões. Os resultados mostram que 57,5% (n=23) dos diabéticos acertaram o conceito de light e 15,3% (n=6) diet. 64,4% (n=6) pensavam que diet é um produto indicado para diabéticos por não contém açúcar e 32,5% (n=13) achavam que light apresenta redução ou nenhuma quantidade de lipídio. Para 69,9% (n=28) a rotulagem de alimentos diet e light são de difícil compreensão e 22,5% (n=9) pensavam que seu consumo leva à perda de peso. 14,8% (n=6) consomem esses produtos por acharem que são saudáveis e 85,3% (n=34) porque acreditam que são indicados a diabéticos. Apenas 20,0% (n=8) souberam analisar corretamente o rótulo de um alimento diet. Os resultados demonstraram que há dificuldades no entendimento do rótulo de alimentos diet e light, sendo necessárias atividades educativas para orientar os diabéticos sobre suas diferenças e reais indicações.
abstratc
The objective was to analyze the knowledge of diabetics’ nutrition labeling of diet and light food using a questionnaire comprising nine questions. The results show that 57.5% (n = 23) of diabetics have agreed the concept of light and
15.3% (n = 6) diet foods. 64.4% (n = 6) believed diet is suitable for diabetics because they do not contain sugar and 32.5% (n = 13) think light has reduced or dot no have lipids. To 69.9% (n = 28) the labeling of diet and light foods are difficult to understand and 22.5% (n = 9) think that their consumption leads to weight loss. 14.8% (n = 6) consume these products because they believe that are healthy and 85.3% (n = 34) because they are suitable for diabetics. Only 20.0% (n = 8) analyze corrected the label of a diet food. The results showed that there are difficulties in understanding the label of diet and light foods, and educational activities is necessary to guide people with diabetes about their differences and real necessity.
introdução
Nas últimas décadas as transformações socioeconômicas têm levado a transição nutricional com modificações do perfil alimentar da população, como a diminuição na ingestão de alimentos ricos em fibras e o aumento no consumo de gordura saturada e açúcares, que associados a um estilo de vida sedentário, compõem os principais fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 (POPKIN, 2004). Ciente disso, a indústria de Recebido: 17/08/2011 – Aprovado: 22/11/2011
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alimentos tem disponibilizado ao mercado uma grande variedade de produtos para fins especiais, incluindo os alimentos diet e light (OLIVEIRA; ASSUNÇÃO, 2001). A rotulagem de alimentos visa orientar o consumidor sobre a quantidade de nutrientes dos produtos, podendo auxiliar nas escolhas por alimentos saudáveis, desde que haja fidedignidade das informações contidas nos rótulos. Apesar de toda regulamentação existente, os rótulos dos alimentos ainda trazem publicidades abusivas e informações enganosas que induzem às escolhas errôneas, colocando em risco a saúde do consumidor. Além disso, propaganda enganosa em rótulos alimentícios prejudica campanhas de educação alimentar, podendo levar à crença de que certos produtos possam ter propriedades terapêuticas além do esperado (ARAÚJO; ARAÚJO, 2001; COUTINHO; RECINE, 2007). Em 2004, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial realizou uma pesquisa com diferentes marcas de produtos diet e light e verificou que há uma tendência nas informações dos rótulos dos produtos em não conformidade aos critérios estabelecidos pelas legislações. Entre os produtos diet (n=11) e light (n=35) analisados somente 18,2% (n=2) e 28,6% (n=10) foram considerados de acordo com a legislação, respectivamente (INMETRO, 2004). O acesso à informação correta sobre o conteúdo dos alimentos é um elemento de suma importância, pois influencia na adoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis (SILVA, 2003). Para que indivíduos com diabetes mellitus possam consumir de forma consciente esses tipos de alimentos faz-se necessário
a compreensão das informações contidas nos rótulos nutricionais, uma vez que estes produtos têm atingido grande parte dessa população (FITZGERALD et al., 2008). Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar o conhecimento de diabéticos sobre rotulagem nutricional de produtos diet e light.
metodologia
O presente trabalho compreende uma pesquisa transversal descritivo, baseado na aplicação de questionários estruturados a diabéticos (tipo 1 e 2) a fim de identificar seu nível de conhecimento sobre rotulagem nutricional de produtos diet e light. A amostra foi composta por 40 diabéticos tipo 1 (n=4) ou tipo 2 (n=36) com idade entre 20-80 anos e com mais de 1 ano de diagnóstico de diabetes. Os critérios de exclusão adotados foram: pacientes com outros tipos de diabetes e que se recusaram a fornecer ou não sabiam informar dados relevantes para a pesquisa. Para coleta de dados foi elaborado um questionário composto por nove questões objetivas. Realizou-se previamente um estudo piloto (n=10) com o objetivo de verificar as possíveis falhas do instrumento de coleta e, após reformulação do questionário, foi iniciada a coleta de dados definitiva. A construção do questionário enfatizou o conceito de diet e light, frequência de consumo, nível de compreensão do rótulo, motivação a compra, conseqüência do consumo desses alimentos e interpretação de um rótulo nutricional. O questionário foi preenchido pelos próprios indivíduos, com supervisão dos pesquisadores. Foram coletados dados sociodemográficos (nome, idade, gênero, escolaridade e tipo e tempo de diabetes) e antropométricos
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(peso, estatura e índice de massa corporal). O peso foi aferido utilizando balança digital com precisão de 0,1 kg (Toledo do Brasil, Modelo 2096 PP®), a estatura foi medida com antropômetro vertical milimetrado com precisão de 0,5cm (SECA modelo 206®), aferidos segundo Jellife (1968). Foi calculado o valor do índice de massa corporal (IMC) e classificado segundo os pontos de corte preconizados pela Organização Mundial de Saúde (1998). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética protocolo nº 0021.0.012.00003. Todos os voluntários foram esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Realizou-se análise descritiva e correlação de Pearson dos dados utilizando o programa SPSS versão 15.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, 2000). Os resultados são apresentados como média ± desvio padrão.
resultados
A amostra foi composta por 40 diabéticos com idade média de 59,30 + 13,43 anos, tempo médio de diagnóstico de diabetes de 9,0 + 8,0 anos, destaca-se que nesse grupo a presença de 90,0% de diabéticos tipo 2, 40,3% com sobrepeso e 42,2% com ensino superior completo (Tabela 1). Considerando o conhecimento do diabético em relação à rotulagem de alimentos, 57,5% dos indivíduos (n=23) demonstraram conhecimento correto a cerca do conceito do produto light, entretanto 32,5% (n=13) achavam que produto light é um produto que apresenta “pouca ou nenhuma gordura em relação ao produto convencional”. Quanto ao entendimento do conceito do produto
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diet, apenas 15,0% da amostra (n=6) respondeu corretamente, 64,4% (n=6) pensavam que era um produto especial para diabéticos por “não contém açúcar” (Tabela 2). No entanto, o entendimento de diabéticos quanto aos produtos diet e light demonstraram que, independente do grau de instrução (correlação de Pearson p > 0,62), os diabéticos não estão suficientemente orientados quanto a o que são esses produtos diet. Em relação ao significado da frase “sem adição de açúcar”, 54,7% dos indivíduos (n=22) responderam de forma correta, que significa que “não foi adicionado açúcar ao produto”; enquanto 32,9% (n=13) acham que é um produto “não contém nenhum tipo de carboidrato”. A interpretação correta da frase “sem adição de açúcar” foi associada ao maior o grau de escolaridade dos diabéticos (p<0,05). Para 69,9% (n=28) a rotulagem de alimentos diet e light não é de fácil compreensão e, quando questionados se “o consumo de produtos diet e light leva à perda de peso”, 52,3% (n=21) responderam “às vezes”, 25,3% (n=10) responderam “não” e 22,4% (n=9) responderam “sim”, o que indica que houve má interpretação da rotulagem nutricional. Foi verificado que 14,8% (n=6) dos diabéticos consomem estes tipos de produtos porque acham que é saudável e 85,2% (n=34) consomem porque acreditam que eles são próprios para eles. Sendo que 40,6% (n=16) consomem diariamente, 27,2% (n=11) de 4 a 6 vezes por semana, 22,2% (n=9) de 1 a 3 vezes por semana, e 10,0% (n=4) consomem raramente. Por fim, ao serem solicitados a classificar um rótulo nutricional de um refrigerante diet que não continha quantidades significativas de energética (Kcal), carboidratos,
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gorduras totais, gordura saturada, verificou-se que 55,4% (n=22) não souberam analisar o referido rótulo e apenas 20,0% (n=8) responderam de maneira correta.
discussão
Poucos estudos têm avaliado o conhecimento de diabéticos sobre a rotulagem nutricional de alimentos diet e light, desta forma o presente estudo visa contribuir com os dados referentes a essa lacuna científica (CÂMARA et al., 2008). Ao escolher um alimento diet e light o diabético deve ficar bem atento a todas as informações contidas no rótulo nutricional, principalmente as informações nutricionais e a lista de ingredientes, a fim de realizar a melhor escolha (FITZGERALD et al., 2008). Outra observação importante é a necessidade de melhoria da rotulagem dos produtos, principalmente da forma como as informações são expressas, devendo trazer as informações completas, com a listagem de todos os ingredientes do produto, de fácil localização e reconhecimento (MILLS et al., 2004).
Segundo Miller et al. (1999), a educação sobre leitura de rótulos nutricionais devem ser um componente primário em um programa de educação nutricional para diabéticos, obtendo-se resultados positivos no nível de conhecimento dessa população independente da classe social, nível de escolaridade e renda. Os resultados do presente estudo mostram que não há um programa eficiente de educação nutricional à população diabética quanto à rotulagem de alimentos, e que o marketing e a mídia das indústrias de alimentos parecem ser os responsáveis pela interpretação errônea destes produtos. Uma característica preocupante de um produto light é que freqüentemente há alteração do valor nutritivo quando comparado ao produto convencional, tais como, aumento no teor de sódio, redução de ferro, cálcio e teor de fibras (SANTOS, 2005). A maior parte dos diabéticos (55,4%) não soube interpretar o rótulo nutricional de um alimento diet da forma correta devido à
Tabela 1 – Caracterização da amostra, Brasília (DF), Brasil, 2009 Mulheres Homens Total n % n % n % Sujeitos 19 47,5 21 52,5 40 100 Diabetes tipo I 2 5,0 2 5,0 4 10,0 Diabetes tipo II 19 47,5 17 42,5 36 90,0 Índice de Massa Corporal (kg/m²) < 18,50 3 7,5 1 2,5 4 10,0 18,50 – 24,99 3 7,5 9 22,5 12 30,0 25,00 – 29,99 9 22,5 7 17,5 16 40,0 > 30,00 4 10,0 4 10,0 8 20,0 Escolaridade Fundamental incompleto 1 2,5 2 5,0 3 7,5 Fundamental completo 1 2,5 2 5,0 3 7,5 Médio incompleto 0 0,0 1 2,5 1 2,5 Médio completo 9 22,5 5 12,5 14 35,0 Superior incompleto 1 2,5 1 2,5 2 5,0 Superior completo 7 17,5 10 25,0 17 42,5
Tabela 2 – Porcentagem de acertos e erros em relação às perguntas sobre a definição de alimentos diet e light, Brasília (DF), Brasil, 2009 Pergunta Resposta Correta Resposta Errada Não sabe Diet 15,0% (n=6) 85,0% (n=34) 0,0% (n=0) Light 57,5% (n=23) 35,0% (n=14) 7,5% (n=3)
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dificuldade de compreensão das informações contidas. Esse fato pode ser potencializado pela divulgação excessiva de outras características do produto que leva a uma confusão no entendimento do valor nutricional do alimento (BARROS et al, 2000). Além disso, os açúcares não estão proibidos para os diabéticos, uma vez que outros carboidratos podem ter efeitos semelhantes e não são computados da mesma forma (SARTORELLI; CARDOSO, 2006). Foi observado que apesar de muitos dos produtos diet não conterem açúcar, nem todos são indicados para diabéticos. Alguns dos produtos classificados como diet e/ou light não são tão saudáveis conforme o esperado, pois podem apresentar menor valor nutritivo que o alimento convencional. A interpretação da frase “sem adição de açúcar” foi mais fácil quanto maior o grau de escolaridade dos participantes. No entanto, o entendimento do diabético quanto ao produto diet mostrou que, independente do grau
de instrução, os diabéticos não estão suficientemente orientados quanto ao que é, de fato, esse produto. De acordo com Portaria n º 29 da Secretária de Vigilância Sanitária (1998) os alimentos que apresentam no rótulo a informação “sem adição de açúcar”, são alimentos que não sofreram adição de açúcar durante a produção ou embalagem do produto. Houve uma associação entre o consumo de alimentos diet e light com a perda de peso. Isso demonstra que estes produtos ainda são utilizados, muitas vezes erroneamente, com o objetivo de perda de peso, porém, eles podem apresentar mais calorias do que o produto convencional (SANTOS, 2005). Há necessidade de um maior esclarecimento aos diabéticos quanto às propriedades nutricionais e teor de calorias destes alimentos, pois nem sempre eles apresentam redução do valor calórico, devendo ser evitados pelo consumidor que deseja emagrecer. É necessario conhecer as informações dos rótulos nutricionais
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para implementação de hábitos alimentares mais saudáveis, como comparações entre a quantidade e qualidade da gordura, de calorias, ou a quantidade de de sódio (FITZGERALD et al., 2008).
conclusão
Os resultados demonstraram que ainda há necessidade dos profissionais que trabalham com alimentação e nutrição direcionarem mais atenção para a educação nutricional, a fim de melhor orientar os diabéticos na interpretação de rótulos alimentares, uma vez que o consumo destes alimentos tem sido largamente difundido na sociedade moderna e muitas vezes indicado erroneamente para estes indivíduos. Os diabéticos têm consumido alimentos diet por acreditarem que eles são importantes para o controle da doença. Ainda há uma dificuldade no entendimento do rótulo alimentar, sendo necessárias mais atividades educativas para orientar diabéticos sobre as diferenças dos produtos diet e light e suas indicações.
referências
• ARAUJO, A.C.M.F; ARAUJO, W.M.C. Adequação à legislação vigente, da rotulagem de alimentos para fins especiais dos grupos alimentos para dietas com restrição de carboidrato e alimentos para dieta de ingestão controlada de açúcares. Hig Alimentar. v.15, n.82, p.52-70, 2001. • BARROS, M.A; CANIL, N.M; CORNATOSKY, M.A; CHAYEP, M; NIETO, M.V. Pacientes diabéticos: consideración del rotulado nutricional. Temas Enfermería Actualizados. v.8, n.37, p.23-26, 2000. • CÂMARA, M.C.C; MARINHO, C.L.C; GUILAM, M.C; BRAGA, A.N.C.B. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam Salud Publica. v.23, n.1, p.52–58, 2008. • COUTINHO, J.G; RECINE, E. Experiências internacionais de regulamentação das alegações de saúde em rótulos de alimentos. Rev Panam Salud Publica. v.22, n.6, p.432-437, 2007. • FITZGERALD, N, DAMIO, G; SEGURA-PÉREZ, S; PÉREZ-ESCAMILLA, R. Nutrition knowledge, food label use, and food intake patterns among latinas with and without type 2 diabetes. J Am Diet Assoc. v.108, n.6, p.960-967, 2008. • INMETRO. Produtos Diet e Light – parte I e II – produtos Diet e Light. Disponível em <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/prodligthdiet1.asp>. Acesso em 31 dezembro de 2010. • JELLIFE, D.B. Evolución del estado de nutrición de la comunidad. Ginebra, Organización Mundial de la Salud ,1968 (Série de monografías, 53). • MILLS, E.N; VALOVIRTA, E; MADSEN, C; TAYLOR, S.L; VIETHS, S; ANKLAM, E; et al. European Union Forum. Information provision for allergic consumers - where are we going with food allergen labeling? Allergy. v.59, n.12, p. 1262-1268, 2004. • MILLER, C.K; JENSEN, G.L; ACHTERBERG, C.L. Evaluation of a Food Label Nutrition Intervention for Women with Type 2 Diabetes Mellitus. J Am Diet Assoc. v.99, n.3, p.23-38, 1999. • OLIVEIRA, S.P; ASSUNÇÃO, B.V. Alimentos dietéticos: evoluçäo do conceito, da oferta e do consumo. Hig. Aliment. v.14, n.76, p.36-42, 2000. • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Obesity: preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation on obesity. Organização Mundial de Saúde: Geneva, 1998. • POPKIN, B.M. The nutrition transition: an overview of world patterns of change. Nutr Rev. v.62, n.7, p.S140-143, 2004. • SANTOS, L.G.M. Rotulagem de alimentos diet e ligth: correlação com a legislação vigente. [Monografia] Brasília: Universidade Católica de Brasília, 2005. • SARTORELLI, D. S; CARDOSO, M. A. Associação entre carboidratos da dieta habitual e diabetes mellitus tipo 2: evidências epidemiológicas. Arq Bras Endocrinol Metab. v.50, n.3, p.415-426, 2006 • SILVA, M.Z.T. Influência da rotulagem nutricional sobre o consumidor [dissertação]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2003.
agradecimentos Equipe Doce DESAFIO, ao Centro Olímpico e ao Decanato de Extensão da Universidade de Brasília.
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Aspectos Metabólicos do Magnésio no Diabetes Mellitus Tipo 2 Metabolic Aspects of Magnesium in Type 2 Diabetes Mellitus Mábille Dantas
Rayanne
Rodrigues
Graduanda do Departamento de Nutrição - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí- UFPI Fabiane Araújo Sampaio Mestranda em Ciências e Saúde - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí – UFPI
Profa. Dra. Dilina do Nascimento Marreiro - Professora Doutora do
Departamento de Nutrição - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí – UFPI palavras-chave: magnésio, diabetes mellitus tipo 2, metabolismo keywords: magnesium, type 2 diabetes mellitus, metabolism
resumo
O diabetes mellitus é uma doença crônica que favorece a manifestação de distúrbios metabólicos e nutricionais. A deficiência de minerais tem sido identificada em diversos estudos. O magnésio, em particular, é aquele que apresenta alterações mais expressivas no seu comportamento metabólico. O objetivo da presente revisão foi trazer informações Recebido: 02/09/2011 – Aprovado: 31/10/2011
sobre aspectos metabólicos do magnésio no diabetes mellitus tipo 2, coletando dados de publicações nas principais bases de dados em saúde no período de 2000 a 2011. As pesquisas sugerem a existência da relação entre o diabetes mellitus e a depleção intracelular e extracelular de magnésio. Existem alterações nas funções fisiológicas do magnésio em pacientes diabéticos, e a suplementação com este mineral possui efeitos promissores sobre a resistência insulínica. Novos estudos sobre a relação entre a hipomagnesemia e o diabetes mellitus poderão esclarecer os benefícios do uso de suplementos com magnésio como estratégia terapêutica no controle desta doença.
abstract
The diabetes mellitus is a chronic disease that favors the expression of metabolic and nutritional disturbances. A deficiency of minerals has been identified in studies, magnesium in particular is on that has more significant changes in their metabolic behavior. The objective of the present revision was to bring updated information on the aspects metabolic of magnesium in the diabetes mellitus
type 2, collecting data from publications in major health care data bases in the period 2001 to 2011. The researches suggest the existence of the relationship between diabetes mellitus and the depletion of intracellular and extracellular magnesium. There are changes in physiological functions of magnesium in type 2 diabetic patients and that supplementation with this mineral has promising effects on insulin resistance. New studies on the relationship between the hypomagnesemia and diabetes may to clarify the benefits of the use of supplements with magnesium as therapeutic strategy for the control this disease.
introdução
O diabetes mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado pela hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção e/ou ação da insulina (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2008). A hiperglicemia crônica induz complicações como retinopatia, nefropatia, hipertensão e anormalidades no metabolismo das lipoproteínas, que favorecem a elevada incidência de doenças cardiovasculares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
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O diabetes mellitus tipo 2 possui como principal alteração fisiopatológica a resistência periférica à ação da insulina e a resposta compensatória deste hormônio, resultando em um estado de hiperinsulinemia e produção hepática excessiva de glicose (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2008), normalmente acompanhada por distúrbios metabólicos e nutricionais. Os danos causados pelo estado metabólico descompensado do diabetes mellitus podem promover a deficiência de minerais, sendo que o magnésio, em particular, é o mineral que apresenta alterações mais expressivas no seu comportamento metabólico, caracterizadas pela hipomagnesemia (RANDELL et al., 2008). O magnésio é importante em várias reações celulares, participando de quase todas as ações anabólicas e catabólicas (LUKASKY, 2004). Modula o transporte da glicose através das membranas, podendo a deficiência desse mineral contribuir para resistência à insulina, ou ser consequência dela (GUERRERO; RODRIGUEZ, 2000; GUERRERO; RODRIGUEZ, 2005). Considerando-se a relevância do tema, bem como a existência de discordância nos resultados obtidos por meio de diversos estudos, o objetivo desta revisão foi trazer informações atualizadas sobre os aspectos metabólicos do magnésio no diabetes mellitus tipo 2. Nessa perspectiva serão apresentados de forma específica os aspectos metabólicos do magnésio, bem como dados sobre o estado nutricional relativo a este mineral em pacientes diabéticos tipo 2.
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O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados Pubmed, Scielo e Lilacs, entre os anos 2000 e 2011. O presente estudo incluiu artigos publicados nos idiomas inglês e português, originais ou de revisão, em seres humanos ou em modelos animais. Os critérios de inclusão foram: (1) estudos randomizados e (2) estudos que investigaram o metabolismo do magnésio e sua participação no diabetes mellitus tipo 2. Além disso, os estudos foram selecionados quando à originalidade e relevância. Os trabalhos clássicos e recentes foram preferencialmente utilizados.
magnésio
O magnésio é um importante regulador dos processos celulares e cofator de reações metabólicas essenciais. O mineral participa de reações redox, principalmente aquelas envolvidas no metabolismo energético, sendo indispensável para a ativação enzimática, e como parte de algumas enzimas, como, por exemplo, a enolase e ATPase do metabolismo dos carboidratos, sendo necessário para a produção de energia, síntese de ácidos nucleicos e nucleoproteínas (ASHMEAD, 2008; NELSON; COX, 2008). O envolvimento do magnésio na síntese e secreção de insulina pelas células β pancreáticas tem sido amplamente pesquisado e existem evidências de que este mineral exerce efeito direto na síntese e ação periférica deste hormônio. A insulina influi, em nível de membrana, nas trocas de magnésio entre os compartimentos extra e intracelular, modulando a sua concentração (WELLS, 2008). No estudo realizado por Reis et
al. (2001) foi demonstrado que a redução da área sob a curva de insulina em ratos deficientes em magnésio submetidos a testes de tolerância à glicose parece ser em decorrência da menor secreção de insulina e/ou maior clearance hepático, ou ainda menor reserva pancreática do hormônio. A homeostase do magnésio depende da quantidade de ingestão, da eficiência da absorção e da excreção renal e intestinal. A regulação desse mineral é conduzida por diversos hormônios, sendo que a insulina está envolvida no transporte de magnésio através da membrana celular (SARIS et al., 2000). A absorção do magnésio pode ocorrer em todo o trato gastrintestinal, especialmente em nível de jejuno e íleo (BOHL; VOLPE, 2002). Em situação de deficiência de magnésio na dieta, a principal forma de absorção ativa é paracelular, envolvendo o transporte de sódio. No entanto, em situação de ingestão dietética superior à recomendação, podem ocorrer modelos de difusão passiva de magnésio (VORMANN, 2003). A fração de absorção do magnésio, tanto por crianças quanto por adultos sadios, é influenciada pela concentração dietética e pela presença de componentes inibidores ou promotores na dieta. Dentre os inibidores, citam-se as fibras, fitatos, oxalatos, fosfatos, potássio e zinco em elevadas concentrações e proteínas em concentrações menores do que 30 g/dia. Entre os promotores estão a lactose e os carboidratos, que estimulam a fermentação bacteriana intestinal, como, por exemplo, os frutanos
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(SWAMINATHAN, 2003). O rim é o principal excretor envolvido na homeostase do magnésio. Em situação de baixa ingestão oral deste mineral, os rins são capazes de reduzir a sua excreção diária (SARIS et al., 2000). A reabsorção do magnésio no túbulo proximal depende de sua concentração luminal e é secundária à reabsorção de sódio e água (SCHLINGMANN; KONRAD; SEYBERTH, 2004). O magnésio sérico, plasmático e o eritrocitário são os marcadores mais utilizados para avaliar o estado nutricional. A excreção urinária de magnésio é o método considerado mais confiável na detecção da deficiência deste mineral. A concentração de magnésio no osso e no músculo reflete eficazmente suas reservas corporais, entretanto as técnicas de obtenção de amostras de tecido ósseo e muscular são altamente invasivas e limitantes em pesquisas realizadas em humanos (BOHL; VOLPE, 2002). A recomendação diária de magnésio é de 400-420mg/dia e 300-320mg/dia em adultos do gênero masculino e feminino, respectivamente (DIETARY REFERENCE INTAKES, 2002). Os vegetais verdes escuros, castanhas (Pará e caju), amêndoas, sementes e legumes, farinha de soja e o tofu, assim como alguns alimentos integrais e frutas, como o abacate e o damasco seco, são boas fontes de magnésio (CHAUDHARY; SHARMA; BANSAL, 2010).
diabetes mellitus tipo 2 e hipomagnesemia
O diabetes mellitus tipo 2 tem sido associado tanto com
a depleção intracelular quanto extracelular de magnésio (BARBAGALLO; DOMINGUEZ, 2007). A deficiência deste mineral foi inicialmente descrita em diabéticos em 1952, por Stutzman e Amatuzio, sendo mais comum naqueles que possuem controle metabólico inadequado (PHAM et al., 2007). Estudos epidemiológicos têm demonstrado elevada prevalência de hipomagnesemia em indivíduos diabéticos tipo 2 (WALTI et al., 2003; LIMA et al., 2005). A hipomagnesemia é encontrada em 13% a 47% desses doentes, sendo que a incidência é maior em indivíduos do gênero feminino, quando comparada com masculino, na proporção de 2 para 1 (PHAM, 2005). Sobre o comportamento metabólico do magnésio em pacientes diabéticos, alguns estudos mostram aumento da excreção urinária do mineral, que parece ser decorrente do controle metabólico deficiente, da menor ingestão deste micronutriente, alteração na absorção, distúrbios endócrinos e perdas excessivas de tecidos corporais, o que contribui de forma significativa para a manifestação da hipomagnesemia (WALTI, 2003; MILAGROS et al., 2005; PHAM et al., 2007; WELLS, 2008). Os mecanismos responsáveis pela hipomagnesemia em diabéticos, bem como o impacto desta deficiência no desenvolvimento da doença e em suas complicações crônicas, ainda são controvertidos (SALES; PEDROSA, 2006). Segundo Resnick et al. (2001), existe alteração iônica em pacientes
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diabéticos, que leva à depleção dos níveis de potássio intracelular, comprometendo a homeostase do magnésio e do cálcio. Nos estudos de Abou e Youseff (2004) foi identificada baixa concentração plasmática de magnésio em pacientes diabéticos associada a alterações na defesa antioxidante, o que implica em complicações crônicas nesses doentes. De forma semelhante, Lima et al. (2005) também avaliaram pacientes diabéticos tipo 2 e verificaram hipomagnesemia em 75% e déficit intracelular de magnésio em 30,8% dos participantes do estudo. A concentração de magnésio no plasma possui relação com os estágios do diabetes mellitus, sendo que os diabéticos apresentam concentrações séricas desse mineral inferiores, quando comparados queles classificados como pré-diabéticos ou com valores normais de glicose em jejum (CAMARAS et al., 2006). No estudo de Sales e Pedrosa (2006) foi verificada associação entre a hipomagnesemia e as complicações do diabetes, como, por exemplo, dislipidemia e anormalidades neurológicas. A deficiência de magnésio também parece estar associada a sintomas depressivos em mulheres adultas diabéticas (GUERRERO; RODRIGUEZ, 2007). Song et al. (2011) mostraram associação negativa entre o magnésio sérico e a glicemia de jejum em adultos coreanos, bem como entre a hipoglicemia e o metabolismo anormal da glicose. A hipomagnesemia favorece maior fluidez nas membranas celulares, o que contribui para a
11
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resistência à insulina (TAKAYA; HIGASHINO; KOBAYASHI, 2004; TIRAPEGUI; AMORIM, 2008). Além disso, existe associação entre a diminuição das fases 1 e 2 da secreção insulínica em indivíduos não diabéticos com hipomagnesemia (GUERRERO; RODRÍGUEZ, 2011). A alteração na função renal pode levar à redução do magnésio, que, quando associada à baixa ingestão desse mineral, pode induzir ao aumento da glicose no sangue, o que reforça a necessidade da ingestão adequada deste nutriente (SALES et al., 2011). No estudo de Kirii et al. (2010) foi demonstrado que o consumo de magnésio está associado à redução do risco de desenvolver a doença em populações japonesas. Agrawal et al. (2011) encontraram correlação negativa entre doenças coronarianas e o magnésio sérico, glicemia de jejum e hemoglobina glicada. Segundo os autores, a hipomagnesemia possui relevância na manifestação das complicações do diabetes, e a suplementação com este mineral
referências
edição eletrônica
em adição à terapia clássica da doença pode ajudar na prevenção dos distúrbios associados. Nesse sentido, a suplementação com magnésio tem sido uma estratégia de prevenção e tratamento do diabetes mellitus tipo 2. No entanto, os dados obtidos dos estudos realizados apresentam divergências. Rodríguez e Guerrero (2003) demonstraram em um estudo randomizado duplo-cego o efeito positivo do uso de suplemento oral com magnésio na redução da glicemia de jejum, hemoglobina glicada e no índice de Homa-ir em pacientes diabéticos tipo 2 com hipomagnesima (GUERRERO; RODRÍGUEZ, 2005; MOOREN et al., 2011). Por outro lado, Lee et al., (2009) não identificaram efeito positivo desses suplementos sobre a sensibilidade à insulina, provavelmente em função do tipo e da dose de magnésio utilizada. Além disso, sobre este aspecto, vale destacar a presença de fibras na dieta, componente importante no controle glicêmico, que provavelmente pode ter influência sobre o efeito do magnésio (LEE et
al., 2009).
considerações finais
O estado diabético interfere na manutenção das concentrações normais de magnésio corporal, levando à hipomagnesemia, principalmente quando há deficiência de controle metabólico. Por outro lado, a hipomagnesemia pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2, especialmente quando existem outros fatores de risco associados. Embora existam evidências de que a suplementação com magnésio melhore a sensibilidade à insulina em indivíduos diabéticos com ou sem hipomagnesemia, os efeitos da suplementação com este mineral ainda não estão bem estabelecidos. Portanto, tornase necessário o esclarecimento dos mecanismos envolvidos na relação entre a hipomagnesemia e o diabetes mellitus tipo 2 e que sejam avaliados os benefícios do uso de suplementos com magnésio na perspectiva da prevenção e tratamento desta doença.
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Perfil Bioquímico de Crianças e Adolescentes com Sobrepeso e Obesidade Biochemical Profile of Children and Adolescents With Overweight And Obesity
Dra. Pâmela Fantinel Ferreira Fontana – Nutricionista, Mestranda
em Distúrbios da Comunicação
determinar
Humana da UFSM; Doutora pela
de
em Distúrbios da Comunicação
Faculdade de Medicina de Ribeirão
com
Humana pela Universidade Federal
Preto, Universidade de São Paulo
atendidas
de Santa Maria (UFSM), Especialista
(FMRP-USP);
no
de alta complexidade de Santa
em Ciências da Saúde e do Esporte
The Hospital for Sick Children,
Maria – RS, no ano de 2010. A
pela Pontifícia Universidade Católica
University of Toronto, Canadá.
amostra compreendeu 14 crianças
do Rio Grande do Sul (PUC-RS),
Dra. Léris Haeffner –
Saleti
Bonfanti
e 30 adolescentes, com idades
Médica
Pediatra;
médias entre 7,6 e 12,6 anos, que
Professora
Associada
Departamento
de
Bolsista Capes.
Denise Educadora
Bolzan
Berlese
Física,
–
Mestranda
Pós-doutorado
do
Pediatra
e
o
perfil
crianças
e
adolescentes
sobrepeso em
bioquímico
e
obesidade
hospital
público
foram submetidas a avaliações antropométricas
e
bioquímicas.
em Distúrbios da Comunicação
Puericultura e do Programa de
Para análise dos dados foi utilizada
Humana pela UFSM.
Pós-Graduação
estatística
Heloísa Ataide Isaia – Médica
da
da
população investigada, 100% das
Pediatra do Hospital Universitário
UFSM; Doutora pela Faculdade de
crianças e 66,7% dos adolescentes
de Santa Maria (HUSM).
Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-
apresentaram
Sandra Márcia Soares Schmidt
USP);
demais 33,3% dos adolescentes
em
Comunicação
Distúrbios
Humana
apresentaram
– Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa
palavras-chave:
Catarina (UFSC), Enfermeira do
criança;
Hospital Universitário de Santa
colesterol; triglicerídeos.
Maria (HUSM).
keywords:
obesity;
Ângela Regina Maciel Weinmann
adolescent;
blood
– Médica Neonatologista; Professora
cholesterol; triglycerides.
Associada
do
Departamento
de Pediatra e Puericultura e do Programa
de
Pós-Graduação
Recebido: 25/02/2011 – Aprovado: 28/10/2011
descritiva.
obesidade;
adolescente;
glicemia;
Entre
obesidade; sobrepeso.
a
os Em
relação ao perímetro abdominal, observou-se
que
40%
dos
adolescentes e 92,9% das crianças child;
apresentaram valores acima do
glucose;
percentil 90 para a idade. Quanto
resumo O estudo teve como objetivo
ao perfil bioquímico, a maioria dos pacientes apresentou valores desejáveis
para
as
variáveis
glicemia de jejum, LDL- colesterol e
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nov 2011
edição eletrônica
prevalência
a variável que apresentou maiores
cresceu
dos
renda da população. Em crianças
percentuais de valores limítrofes
países, constituindo-se um dos
entre 5 e 9 anos de idade e entre
e
mais
adolescentes,
a
nutricionais e de saúde pública
excesso
peso,
da atualidade (MENDONÇA et al.,
aumentando
2010; BERTIN et al., 2010). Trata-se
até o final da década de 1980,
de uma doença crônica, complexa
praticamente triplicou nos últimos
e de etiologia multifatorial, definida
20 anos, alcançando entre um
determine the biochemical profile
como
quinto e um terço dos jovens.
of overweight and obese children
corporal, decorrente basicamente
Associado a esse aumento,
and adolescents assisted at a
de um balanço energético positivo
estudos vêm observando a elevação
public hospital of high complexity
(VANZELLI
As
das taxas de comorbidades nessa
of Santa Maria - RS, in 2010. The
mudanças ocorridas nos padrões
faixa etária, como as alterações
universe of the research used in
alimentares e no estilo de vida,
endocrinológicas e cardiovasculares
this case included 14 children and
relacionadas
que
30 adolescents with average age
homem à vida moderna, são as
agravar na idade adulta (ENES;
between 7,6 and 12,6 years old that
principais causas da obesidade
PEGOLO; SILVA, 2009; BAKER;
were submitted to anthropometric
infantil
GUERRA;
OLSEN; SORENSEN, 2007). Estas
and
assessments.
PETROSKI, 2008; PELEGRINI et
constatações requerem métodos
Descriptive statistics were used to
al., 2010). Dentre estas mudanças,
práticos de diagnóstico da doença
analyze the information collected.
merecem
o
que permitam a triagem de jovens
Among
aumentados,
significativa
sem
entre
diferença
crianças
e
adolescentes.
abstract The goal of this study was to
biochemical
de
na
obesidade
país e em todos os estratos de
triglicerídeos. O colesterol total foi
maior
significativos
o
excesso
et
al.,
à
parte
problemas
de
gordura
2008).
adaptação
(FARIAS;
maior
atenção
do
de
tendem
frequência que
do
vinha
modestamente
a
persistir
e
se
aumento no consumo de alimentos
em risco, pois as possibilidades de
100,0% of children and 66,7% of
industrializados
alta
persistência dessas condições na
adolescents were obese and the
densidade energética, a ingestão
idade adulta estão relacionadas
remain 33,3% of adolescents were
insuficiente de frutas e hortaliças e a
com o tempo de duração da
overweight. In relation to abdominal
diminuição na prática de exercícios
doença e sua gravidade, de modo
circumference, we observed that
físicos, em detrimento do aumento
que o tratamento da doença nessa
40,0% of adolescents and 92,9% of
do tempo gasto em atividades como
faixa etária não deve ser protelado
children presented values above the
assistir televisão, jogar vídeo-game
(FERNANDES
90th percentile for their age. As to
e usar o computador (CAMPBELL;
ZAMBON et al.,2008).
the biochemical profile, the majority
CRAWFORD,
LEMURA;
O diagnóstico de sobrepeso e
patients
MAZIEKAS, 2002; BERTIN et al.,
obesidade é prioritariamente clínico,
2010).
baseado na história clínica, exame
the
population
presented
studied,
reasonable
values for fasting glycemia, LDL-
e
2001;
com
et
al.,
2008;
cholesterol and triglycerides. The
Dados da última Pesquisa
físico e dados antropométricos. A
total cholesterol was the variable
de Orçamentos Familiares (POF),
Organização Mundial de Saúde
that presented higher percentages
realizada no ano de 2008 e 2009
(OMS) sugere o uso do Índice
of borderline and high values with
no Brasil pelo Instituto Brasileiro
de Massa Corporal (IMC = peso/
no significant difference between
de Geografia e Estatística (IBGE),
estatura2) para triagem de crianças
children and adolescents.
demonstraram uma tendência de
e adolescentes com sobrepeso
aumento acelerado do excesso
e obesidade, por correlacionar-
de peso e obesidade em todas as
se muito bem com a gordura
idades, nas diferentes regiões do
subcutânea e a gordura total, com
introdução Nos
16
últimos
anos,
a
nutrição e pediatria |
edição eletrônica
nov 2011
o aumento da pressão arterial, com
e atende crianças e adolescentes
ao final de uma expiração normal.
lípides e lipoproteínas do plasma,
oriundas
de
Para classificação foram utilizadas
além de ser de fácil obtenção, ter
atenção básica ou da pediatria
as tabelas de percentil (P50, entre o
referências para comparações e
do próprio hospital, junto de seus
P50 e o P90 e > P90) de Freedman
ainda permitir uma continuidade
familiares, por meio de consulta
et al (1999), de acordo com a faixa
do critério utilizado para avaliação
mensal.
etária e etnia.
de adultos (IAMPOLSKY; SOUZA;
estudo somente os pacientes que
SARNI, 2010).
já tivessem realizado os exames
bioquímico
exames
laboratoriais solicitados e esses
exames laboratoriais de colesterol
exames
dados estivessem disponíveis em
total e frações, triglicerídeos e
prontuário.
glicemia
No
entanto,
subsidiários,
como
bioquímicos, devem ser utilizados
dos
ambulatórios
Foram
incluídos
no
Para determinação do estado
para obtenção de dados mais
de
realizados
jejum,
solicitados
no momento da consulta com o paciente.
Esses exames foram
nutricional
grupo, auxiliando na investigação
avaliações
de
realizados junto ao Laboratório de
de possíveis alterações metabólicas
peso e altura, com auxílio de
Análises Clínicas do hospital, com
relacionadas
uma balança digital com precisão
técnicas previamente padronizadas
desproporcional da gordura corporal,
de
um
no serviço. Foram dados como
como hipercolesterolemia e diabetes
estadiômetro modelo Tonelli®, fixo
alterados os valores de: colesterol
melito tipo 2 (FERNANDES et al.,
em parede sem rodapé. As crianças
total > 170 mg/dL, LDL-colesterol >
2008; ZAMBON et al., 2008).
e adolescentes foram avaliadas
130 mg/dL, triglicerídeos > 130 mg/
com o mínimo possível de roupas,
dL, glicemia > 100mg/dL. E para o
aumento
Tendo em vista o rápido aumento
da
realizadas
foram
precisos sobre a saúde desse
ao
foram
Para determinação do perfil
antropométricas
100g,
modelo
Líder®,
prevalência
de
descalços e sem adereços na
HDL-colesterol foram considerados
crianças
e
cabeça, conforme a metodologia
ideais valores > 45 mg/dL (LOPES
adolescentes e as implicações
proposta por Heyward e Stolarczyk
et al., 2007).
da doença à saúde, o objetivo
(2000). Os dados foram analisados
desse estudo foi determinar o
por meio do cálculo do IMC e
foram aplicados procedimentos da
perfil bioquímico de crianças e
classificados
com
estatística descritiva, estabelecendo
adolescentes com sobrepeso e
as
da
média, desvio padrão e valores de
obesidade.
Organização Mundial de Saúde
mínimo e máximo das variáveis.
(OMS, 2007). O ponto de corte
Essas foram comparadas a partir
para classificação do sobrepeso foi
do Teste t de student para amostras
percentil (P) > 85 e < P 97 e para
independentes, adotando-se como
a obesidade, P > 97 (OMS, 2007).
significativo o valor de p < 0,05. A
obesidade
em
metodologia O estudo caracterizou-se como do tipo descritivo e transversal. A
amostra
foi
constituída
curvas
Foi
de
de de
acordo crescimento
realizada
também
a
crianças e adolescentes, de ambos
aferição do perímetro abdominal,
os
com
gêneros,
ingressantes
no
auxílio
de
fita
métrica
Para
análise
dos
dados
análise foi realizada com auxílio do software SPSS versão 15.0. Este
estudo
foi
realizado
Grupo de sobrepeso e obesidade
inextensível, marca Sanny®, no
após a aprovação da Direção
do
pediatria
ponto médio entre a borda inferior
de Ensino, Pesquisa e Extensão
de um hospital público de alta
da última costela e a crista ilíaca.
do HUSM e do Comitê de Ética
complexidade da cidade de Santa
Esta medida foi verificada com os
e Pesquisa da UFSM, sob o
Maria - RS, no ano de 2010. O
sujeitos em pé, em contato direto
número
grupo de sobrepeso e obesidade é
com a pele, sem comprimir os
após o consentimento dos pais e/
formado por equipe multiprofissional
tecidos, e a leitura foi realizada
ou responsáveis legais através
ambulatório
de
0112.0.243.000-10,
e
17
| nutrição e pediatria
nov 2011
edição eletrônica
de
seguros, válidos e precisos para
predominaram indivíduos do sexo
Consentimento Livre e Esclarecido,
realização da mesma. O IMC tem
masculino, com média de idade
de acordo com as determinações
sido
em
semelhante a este estudo (10,5
da norma 196/1996 do Ministério
estudos epidemiológicos, devido
anos) e valor médio do IMC igual a
da Saúde.
à associação com as medidas
31,7 kg/m2, superior ao encontrado
de adiposidade em crianças e
neste trabalho (ZAMBON et al.,
adolescentes de forma consistente
2008). Outro estudo epidemiológico
entre as diferentes faixas etárias e
investigou 903 adolescentes de
com
para ambos os gêneros (JÚNIOR
três cidades brasileiras, Pelotas
médias de idade entre 7,6 + 1,5
et al., 2009; ROMERO et al.,
(RS), São Paulo e Goiânia (GO),
anos para as crianças e 12,6 + 1,8
2010). Atualmente este indicador
e demonstrou valores médios de
anos para os adolescentes. Na
é a melhor alternativa clínica para
IMC próximos ao encontrado neste
amostra estudada predominaram
mensurar a adiposidade e cujo
estudo, de modo que os valores
indivíduos
masculino
valor normal varia com idade e
médios encontrados em Pelotas
(61,4%) e adolescentes (68,2%).
gênero, sendo que a sua principal
foram os mais baixos, isto é, mais
As variáveis antropométricas da
limitação se encontra no fato de não
próximos da normalidade, quando
população
de
ser possível diferenciar o excesso
comparados aos demais estados
acordo com o grupo etário e o
de peso por obesidade do aumento
(RIBEIRO; COLUGNATI; TADDEI,
gênero na Tabela.
por hipertrofia muscular, edema e
2009).
da
assinatura
no
Termo
resultados e discussão Participaram do estudo 44 crianças
e
adolescentes,
do
sexo
estão
Tabela
descritas
1.
antropométricas
Variáveis
de
crianças
e
utilizado
Em
ossos (WEFFORT; LAMOUNIER, Em estudo realizado com 150
relação
ao
perímetro
abdominal, observou-se que, entre
2009).
adolescentes com sobrepeso e obesidade, Santa Maria, RS, 2010.
amplamente
crianças
e
adolescentes
os adolescentes investigados, 40% (n = 12) apresentam valores acima
de
do percentil 90 para a idade, de modo
médios do IMC (Tabela 1), houve
obesidade do Hospital de Clínicas
que, destas, 9 são obesas. Entre
diferença significativa (p = 0,012)
da
Estadual
as 14 crianças com diagnóstico de
entre o estado nutricional e o
de
também
obesidade, 13 (92,9%) apresentam
grupo etário.
Tabela 1 – Variáveis antropométricas de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, Santa Maria, RS, 2010. Crianças (n = 14) Adolescentes (n = 30) Feminino (n=3) Masculino (n=11) Feminino (n=14) Masculino (n=16) Média+DP Média+DP Média+DP Média+DP Idade (anos) 7,9 + 2,4 7,5 + 1,3 12,7 + 2,0 12,5 + 1,7 Peso (Kg) 44,5 + 10,5 39,3 + 11,1 69,9 + 22,3 61,5 + 12,5 Altura (cm) 126,2 + 16,8 133,6 + 9,2 153,7 + 10,7 152,3 + 8,5 IMC (Kg/m2) 24,2 + 0,9 24,6 + 3,5 29,1 + 6,4 26,4 + 3,8 Pabd (cm) 68,2 + 4,5 84,4 + 7,4 82,9 + 9,3 86,3 + 9,4
De acordo com os valores
investigada,
Entre a população 100%
(n
=
14)
das crianças e 66,7% (n = 20) dos
adolescentes
diagnóstico
de
apresentam obesidade
e
os demais 33,3% (n = 10) dos adolescentes
apresentam
diagnóstico de sobrepeso. prevalência
de
em
crianças
a
investigação
nutricional torna-se como dispor
18
a de
e
nessa
obesidade
adolescentes, do
estado
faixa
etária
indispensável,
bem
necessidade métodos
em
ambulatório
Universidade Campinas
(SP),
Pabd: perímetro abdominal; n: tamanho da amostra; DP: desvio-padrão
Haja vista o rápido aumento da
atendidos
de
se
práticos,
Tabela 2 – Variáveis bioquímicas de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, Santa Maria, RS, 2010. Crianças (n = 14) Adolescentes (n = 30) Média+DP Min/Máx Média+DP Min/Máx GJ (mg/dL) 89,8+6,2 78/105 89,3+6,8 73/101 CT (mg/dL) 157,8+34,5 115/249 162,7+41,3 101/327 LDL(mg/dL) 93,5+28,9 54/169 97,7+37,5 45/255 HDL(mg/dL) 47,4+8,3 36/68 47,1+11,9 29/88 TGL(mg/dL) 83,5+51,1 30/220 93,3+40,7 34/209
p* 0,572 0,915 0,916 0,659 0,901
GJ: glicemia de jejum; CT: colesterol total; LDL: LDL – colesterol; HDL: HDL – colesterol; TGL: triglicerídeos; n: tamanho da amostra; DP: desvio-padrão; * teste t de student´s
nutrição e pediatria |
edição eletrônica
colesterol
90 para a idade para esta variável.
arterial,
Na infância e adolescência, os
obesidade e estresse. De modo
(TGL),
a
riscos
excesso
que a obesidade é considerada
valores
dentro
de gordura abdominal ainda são
um dos principais fatores, devido
desejáveis para a idade. Em 30%
pouco definidos. Entretanto, nos
à forte relação com a hipertensão,
dos pacientes com sobrepeso o
casos de obesidade, encontra-se
dislipidemias e resistência à insulina
CT foi considerado aumentado. Já
correlação com morbidades como
(VANZELLI et al., 2008; WEFFORT;
nos pacientes obesos esta variável
hiperinsulinemia de jejum e aumento
LAMOUNIER, 2009).
mostrou-se aumentada em 32,3% e
ao
hipertensão
variáveis glicemia de jejum (GJ),
valores também acima do percentil
associados
baixo,
nov 2011
diabetes,
sedentarismo,
LDL-
colesterol
e
triglicerídeos
maioria
apresenta
dos
parâmetros
longitudinal
dentro do limite em 23,5%. Entre os
(WEFFORT; LAMOUNIER, 2009;
investigou os dados bioquímicos
pacientes com sobrepeso, a variável
IAMPOLSKY;
de crianças e adolescentes com
TGL mostrou valores considerados
sobrepeso e obesidade quando
aumentados em 30%, enquanto
ingressaram
da
nos obesos o percentual foi de
também
13,7%. O CT foi a única variável que
das
lipoproteínas
Um
plasmáticas
SOUZA;
SARNI,
2010). Na Tabela 2 são apresentados os valores médios, máximo e
doença,
mínimo das variáveis bioquímicas.
os
estudo
no
tratamento
comparando
dados
dos
pacientes
entre os pacientes investigados,
valores
sem diferença significativa entre
aqueles
continuaram
observou-se
acompanhamento.
que
não
houve
que
tratamento Os
percentuais
em
valores das variáveis bioquímicas,
os
maiores
de valores limítrofes e aumentados
o
analisados
apresentou
e
abandonaram
Quando
que
eles.
diferença significativa entre elas.
médios dos exames realizados na
Entretanto, nos adolescentes (20
primeira consulta foram bastante
obesos e 10 sobrepeso) os valores
semelhantes
as
foram considerados desejáveis os
máximos para o colesterol total (CT)
variáveis bioquímicas investigadas
valores > 45 mg/dL e abaixo do
e LDL – colesterol foram maiores
neste estudo. Porém, não houve
desejável valores inferiores a estes.
que nas crianças, mesmo todas
diferença
a
Sendo assim, 45,5% das crianças e
elas apresentando obesidade.
maioria das variáveis dos pacientes
50% dos adolescentes apresentam
epidemiológicos
que abandonaram o tratamento e
valores abaixo do desejável para
definiram claramente os principais
aqueles que continuaram; somente
esta variável.
fatores de risco para as doenças
o
apresentou
O diagnóstico precoce da
cardiovasculares,
diferença significativa (p igual a
obesidade é de grande interesse
0,007) (ZAMBON et al.,2008).
para a saúde pública, pois o
Estudos
alguns
desses
sendo
que
fatores,
como
para
significativa
HDL-colesterol
todas
entre
Em relação ao HDL-colesterol,
tratamento nesta fase inicial da
sexo, idade e história familiar, não
Quanto ao perfil bioquímico,
são modificáveis. Os principais
classificado de acordo com o estado
vida
fatores
nutricional dos pacientes estudados,
menos
observa-se na Tabela 3 que, para as
evitando o surgimento de doenças
são
de
risco
modificáveis
hipercolesterolemia,
HDL-
Tabela 3 – Perfil bioquímico de acordo com o estado nutricional de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade, Santa Maria, RS, 2010. Sobrepeso (n = 10) Obeso (n= 34) Desejável Limítrofe Aumentado Desejável Limítrofe Aumentado p* % % % % % % GJ 100,0 0,0 0,0 94,1 0,0 5,9 0,432 CT 50,0 20,0 30,0 44,1 23,5 32,3 0,944 LDL 60,0 40,0 0,0 53,0 38,2 8,8 0,619 TGL 60,0 10,0 30,0 70,5 18,2 13,7 0,208 GJ: glicemia de jejum; CT: colesterol total; LDL: LDL – colesterol; HDL: HDL – colesterol; TGL: triglicerídeos; n: tamanho da amostra; * teste t de student´s
pode
crônicas
ser
oneroso não
mais e
eficiente, preventivo,
transmissíveis,
como diabetes melito e doenças cardiovasculares (MENDONÇA et al., 2010). Os exames bioquímicos complementares considerados
no
devem manejo
ser do
excesso de peso, assim como outros fatores que não foram
19
nov 2011
| nutrição e pediatria
edição eletrônica
investigados neste estudo, dentre
de
eles, a investigação da ingestão
obesidade. O fato de não termos
multiprofissionais de atendimento.
alimentar e dos hábitos alimentares
encontrado significância estatística
Embora os estudos transversais
dos pacientes e da família, o estilo
entre
não permitam inferir causalidade,
de vida, os recursos financeiros
quanto ao perfil bioquímico se
são
e o nível de atividade física da
deve, provavelmente, ao pequeno
hipóteses e direcionar a realização
criança ou adolescente, auxiliando
tamanho da amostra. Os resultados
de novos estudos prospectivos,
na conduta dos profissionais da
demonstram a necessidade que
incluindo
saúde (ENES; PEGOLO; SILVA,
essa
população
apresenta
de
estabeleçam relações entre os
2009; SOCIEDADE BRASILEIRA
acompanhamento
criterioso
e
fatores relacionados ao estilo de
DE PEDIATRIA, 2008).
tratamento adequado.
prevenção
crianças
Desta
conclusão Alterações no perfil lipídico
precoce
e
da
adolescentes
forma,
a
importância
importantes
novas
centros
para
variáveis
gerar
que
vida, as variáveis antropométricas conclui-se
(IMC, dobras cutâneas e perímetro
que o sobrepeso e a obesidade
abdominal)
devem
direcionando
ser
de
entendidos
como
e
bioquímicas, condutas
observadas em nossa amostra,
uma problemática emergente e
terapêuticas eficazes que motivem
consoante
outros
preocupante, principalmente na
o paciente e a família a seguirem o
estudos, alerta para a necessidade
infância e adolescência, reforçando
tratamento.
com
vários
referências • BAKER, J.L.; OLSEN, L.W.; SORENSEN, T.I. Childhood body mass index and the risk of coronary heart disease in adulthood. N Engl J Med, v.357, p.232937, 2007. • BERTIN, R.L. et al. Estado nutricional, hábitos alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Rev Paul Pediatr, v. 28, n.3, p.303-8, 2010. • CAMPBELL, K.J.; CRAWFORD, D.A. Family food environments as determinants of preschool aged children’s eating behaviours: implications for obesity prevention policy. A review. Aust J Nutr Diet, v.58, p.19-24, 2001. • ENES, C.C.; PEGOLO, G.E.; SILVA M.V. da. Influência do consumo alimentar e do padrão de atividade física sobre o estado nutricional de adolescentes de Piedade, São Paulo. Rev Paul Pediatr, v.27, n.3, p.265-71, 2009. • FARIAS, E.S.; GUERRA, J.R.G.; PETROSKI, E.L. Estado nutricional de escolares em Porto Velho, Rondônia. Rev Nutr, v.21, p.401-9, 2008. • FERNANDES, A.R. et al. Risco para o excesso de peso entre adolescentes de diferentes classes econômicas. Rev da Associação Médica Brasileira, v.54, n.4, p.334-8, 2008. • HEYWARD, V.H.; STOLARCZYK, L.M. Avaliação da composição corporal aplicada. 2.ed. Barueri, SP: Manole, 2000. • IAMPOLSKY, M.N.; SOUZA, F.I de S.; SARNI, R.O.S. Influência do índice de massa corporal e da circunferência abdominal na pressão arterial sistêmica de crianças. Rev Paul Pediatr, v.28, n.2, p.181-7, 2010. • JÚNIOR, J.C. de F. et al. Sensibilidade e especificidade de critérios de classificação do índice de massa corporal em adolescentes. Rev de Saúde Pública, v.43, n.1, p.53-9, 2008. • LEMURA, L.M.; MAZIEKAS, M.T. Factors that alter body fat, body mass, and fat-free mass in pediatric obesity. Med Sci Sports Exerc, v.34, p.487-96, 2002. • LOPES, L.A. et al. Avaliação do Estado Nutricional. In: Lopez F.A; Campos, Jr. D. Tratado de Pediatria- Sociedade Brasileira de Pediatria. Baueri: Manole, 2007. • MENDONÇA, M.R.T. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes da cidade de Maceió. Rev da Associação Médica Brasileira, v.56, n.2, p.192-6, 2010. • MONTEIRO, C.A.; CONDE, W.L. Tendência secular da desnutrição e da obesidade na infância na cidade de São Paulo (1974-1996). Rev Saúde Pública, v.34, p.52-61, 2000. • PELEGRINI, A et al. Sobrepeso e obesidade em escolares brasileiros de sete a nove anos: dados do Projeto Esporte Brasil. Rev Paul Pediatr, v.28, n.3, p.290-95, 2010. • RIBEIRO, I.C.; COLUGNATI, F.A.B.; TADDEI, J.A. de A.C. Fatores de risco para sobrepeso entre adolescentes: análise de três cidades brasileiras. Rev Nutr, v.22, n.4, p.503-15, 2009. • ROMERO, A. et al. Determinantes do índice de massa corporal em adolescentes de escolas públicas de Piracicaba, São Paulo. Ciência e Saúde Coletiva, v.15, n.1, p.141-9, 2010. • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de Nutrologia. Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação, 2008. • VANZELLI, A.S. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de rede pública do município de Jundiaí, São Paulo. Rev Paul Pediatr, v.26, n.1, p.48-53, 2008. • WEFFORT, V.R.S.; LAMOUNIER, J.A. Nutrição em pediatria: da neonatologia à adolescência. Barueri, SP: Manole, 2009. • ZAMBON, M.P. et al. Crianças e adolescentes obesos: dois anos de acompanhamento interdisciplinar. Rev Paul Pediatr, v.26, n.2, p.130-5, 2008.
20
nov 2011
| nutrição hospitalar
edição eletrônica
Excesso de Peso e Risco Cardiovascular em Idosos Atendidos no Ambulatório de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Overweight and Cardiovascular Risk in Elderly Served in the Clinic of Geriatrics from Servidor Público Estadual Hospital from São Paulo. Dra. Michele Rodrigues de Araujo – Nutricionista graduada
identificar casos de excesso de
weight, height, waist circumference
peso e de risco cardiovascular
and hip circumference. Overweight
pela Universidade Nove de Julho
em idosos. Foram avaliados 105
was observed in 83% of males and
Dra. Luziene dos Santos Lalau
pacientes
o
56.10% of females. According to the
–
ambulatório de geriatria, utilizando-
waist / hip and waist circumference
Universidade Nove de Julho
se aferições antropométricas como:
the female group had a higher risk of
Dra.
peso,
Nutricionista
Celia
graduada
Moreira
pela
Santos
que
da
cardiovascular disease. This study
cintura e circunferência do quadril.
reinforces the need for attention to
Universidade Nove de Julho
Observou-se
this population.
Profa. Dra. Thelma Fernandes Feltrin Rodrigues – Nutricionista,
homens e 56,10% das mulheres
Docente da Universidade Nove
De acordo com a relação cintura/
de Julho, Mestre em Nutrição em
quadril e circunferência da cintura,
expectativa de vida e consequente
Saúde Pública pela Faculdade de
o grupo feminino apresentou maior
aumento da população idosa, a
Saúde Pública da Universidade de
risco de doença cardiovascular.
distribuição etária da população
São Paulo.
Este estudo reforça a necessidade
mundial
tem
de atenção a essa população.
evidente
alteração
–
Nutricionista
palavras-chave:
graduada
idoso,
pela
estado
nutricional, fatores de risco. keywords: aged, nutritional status, risk factors
resumo Este estudo teve como objetivo
22
altura,
frequentavam
circunferência que
47,83%
dos
apresentaram excesso de peso.
abstract This study aimed to check
introdução Através
da
melhora
apresentado nas
da
uma
últimas
décadas (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000). Segundo
a
Organização
the prevalence of overweight and
Mundial
de
Saúde
(OMS),
cardiovascular risk in the elderly. It
consideram-se
idosas
pessoas
evaluated 105 patients who were
com 60 anos ou mais para países
attending in a geriatric clinic using
em desenvolvimento e 65 anos ou
four anthropometric measurements:
mais para os países desenvolvidos Recebido: 14/03/2011 – Aprovado: 04/08/2011
nutrição hospitalar |
edição eletrônica
(FONSECA et al., 2009).
nov 2011
utilizado para avaliação do estado
possam ser realizadas. O objetivo
Desde o início da década de
nutricional, por ser uma medida de
do presente estudo é identificar
60, devido ao começo da queda das
fácil aplicação, baixo custo e pouca
casos de excesso de peso e risco
taxas de fecundidade, a população
diferença
cardiovascular em idosos atendidos
brasileira vem envelhecendo de
Porém,
forma rápida. Com isso, há um
associado
grande
sociedade,
composição corporal. É importante
incluindo os sistemas de saúde
adotar pontos de corte de IMC
que não dispõem de infraestrutura
específicos
população
metodologia
adequada que corresponda com
idosa associados a outras medidas
Realizou-se
as necessidades do grupo etário,
antropométricas que expressem
transversal,
aumentando a necessidade de
a distribuição de gordura, como
Geriatria do Hospital do Servidor
maior conhecimento dos fatores
a medida da circunferência da
Público Estadual (HSPE) de São
que incorrem sobre a prevalência
cintura, haja vista as mudanças na
Paulo, para identificar casos de
de
não
estrutura corporal, como a redução
excesso de peso entre os pacientes
transmissíveis (LOURENÇO et al.,
de massa magra e aumento do
atendidos. A coleta
2005; CRUZ et al., 2004).
tecido adiposo (VITOLO, 2008;
ocorreu no período de uma semana
No mundo inteiro observam-
KAIMURA et al., 2005; CERVI,
durante o mês de janeiro do ano de
se altas taxas de sobrepeso e
FRANCESCHINI; PRIORE, 2005;
2011.
obesidade em todas as faixas
SAMPAIO, 2004).
impacto
doenças
na
crônicas
entre não
examinadores.
distingue
ao
o
músculo
para
a
peso ou
a
no ambulatório do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
um
estudo
no Ambulatório
Trata-se
de
de
de
dados
amostra
de
conveniência, constituída por 105
etárias e gêneros, tendo entre as
A
causas o aumento da ingestão de
(RCQ)
gordura e açúcar e a diminuição
habitualmente
a
Como critérios de inclusão foram
no consumo de fibra alimentar e
identificação do tipo de distribuição
adotados: idade de 60 anos ou
carboidratos
de
pode-se
mais e frequentar o ambulatório
et al., 2004; NAGATSUYU et al.,
utilizar apenas a circunferência
de geriatria do HSPE, englobando
2009;
da cintura como preditor de risco
os de primeira consulta e aqueles
cardiovascular e doença metabólica
que já faziam acompanhamento.
como
(KAIMURA et al., 2005; SAMPAIO,
Foram excluídos indivíduos com
uma doença crônica caracterizada
2004; TINOCO et al., 2006; WHO,
dificuldade de permanecer em pé,
pelo excesso de tecido adiposo
2000).
cadeirantes e pacientes que faziam
complexos
MÜLLER;
(CRUZ
WICHMANN;
OHLWEILER, 2010). Define-se
no
organismo,
obesidade
que
leva
a
Relação é
o
Cintura/Quadril indicador
utilizado
gordura,
porém
Considerando-se
mais
para
o
pacientes de ambos os gêneros.
uso de fraldas ou sondas.
alterações de saúde, podendo ser
crescimento da população idosa e o
O projeto foi aprovado pelo
representadas por aumento de risco
grande impacto proporcionado por
Comitê de ética em Pesquisa
de morte, diabetes, hipertensão
este fenômeno, faz-se necessário
IAMSPE (Protocolo nº 0103/10),
arterial, dislipidemias e doenças
aperfeiçoar
e
cardiovasculares, sendo também
referentes sobre essa população,
foram
associada a outras doenças que
procurando com isso promover a
procedimentos para a coleta de
afetam a qualidade de vida do
busca por uma melhor qualidade
dados antes de assinar o termo de
idoso. (CABRERA; JACOB FILHO,
de
consentimento.
2001).
imprescindível conhecer o estado
A avaliação antropométrica
nutricional de idosos para que
incluiu peso, altura, circunferência
estratégias de promoção à saúde
da cintura e circunferência do
O Índice de Massa Corporal (IMC)
é
um
método
muito
vida.
os
conhecimentos
Portanto,
torna-se
todos
os
esclarecidos
participantes sobre
os
23
| nutrição hospitalar
nov 2011
edição eletrônica
quadril. O peso foi aferido utilizando-
circunferência do quadril foi obtida
muito aumentado ( >102 cm para
se balança digital com capacidade
circundando a região do quadril de
homens e > 88 para mulheres).
para 180 kg e precisão de 100g,
maior perímetro, sem comprimir a
E para a classificação da relação
da
marca
pele.
cintura/quadril
Os
pacientes
Filizola
Personal®.
foram
utilizaram-se
pesados
O IMC foi calculado dividindo-
os pontos de corte para risco
descalços, usando roupas leves.
se o peso (kg) pela estatura (em
cardiovascular >1,0 para homens
A estatura foi aferida utilizando-
metros quadrados). Para os pontos
e >0,85 para mulheres, segundo
se
de corte foi utilizada a classificação
WHO.
estadiômetro
balança.
acoplado
Solicitou-se
que
à os
segundo
Screening
Os dados coletados foram
pacientes ficassem descalços e
Iniciative e adotada pelo Ministério
anotados em formulário preenchido
se colocassem de costas para o
da Saúde (2004), conforme a
pelas
estadiômetro, em posição ereta e
seguinte categorização: baixo peso
também as seguintes variáveis:
pés unidos.
(IMC < 22kg/m²), eutrofia (IMC > 22
motivo da consulta ou patologia
a 27kg/m²) e excesso de peso (IMC
existente e acompanhamento no
> 27kg/m²).
ambulatório de nutrição. Os dados
Para
a
aferição
da
circunferência da cintura utilizou-
Nutrition
pesquisadoras,
contendo
se uma fita métrica inelástica da
Para a classificação de risco
foram tabulados no Microsoft Excel
marca Wiso®, com extensão de
cardiovascular de acordo com a
2007. Para análise estatística foram
200 centímetros e precisão de 1
circunferência da cintura foram
utilizados a média, desvio-padrão e
mm. A medição foi realizada com
adotados
porcentagem.
o paciente em pé circundando o
de cortes, de acordo com a
ponto médio entre a última costela
World Health Organization: risco
e crista ilíaca e a leitura foi realizada
aumentado (> 94 cm para homens
no momento da expiração. E a
e > 80 cm para mulheres) e risco
os
seguintes
pontos
Tabela 1 – Distribuição das variáveis conforme o gênero (Média e Desvio Padrão). HSPE – São Paulo (2011). Masculino Feminino Total Média DP Média DP Média DP Idade (anos) 78,13 6,9 76,82 5,6 77,10 5,92 Peso (kg) 74,17 11,1 64,96 12,9 66,97 13,02 Altura (m) 1,64 0,1 1,52 0,1 1,55 0,09 IMC (kg/m²) 27,52 3,5 27,87 4,6 27,80 4,35 CC (cm) 98,48 10,5 89,59 11,7 91,54 11,97 CQ (cm) 104,76 8,6 105,35 11,1 105,22 10,60 RCQ (cm) 0,94 0,1 0,86 0,1 0,87 0,07 IMC: índice de massa corporal; CC: circunferência da cintura; CQ: circunferência do quadril; RCQ: relação cintura e quadril; DP: desvio-padrão
Tabela 2 – Classificação do estado nutricional e risco cardiovascular segundo o índice de massa corporal (IMC), relação cintura/quadril (RCQ) e circunferência da cintura (CC). HSPE – São Paulo (2011).
Masculino Feminino Total Variáveis (n= 105) Classificação (n=23 – 21,90%) (n= 82 – 78,10%) Antropométricas n % n % n %
Baixo Peso
2 8,70 8 9,76 10 9,52
Estado Nutricional
Eutrofia
10
43,48
28
34,15
38
Excesso de Peso
11
47,83
46
56,10
56
53,33
Baixo Risco
21
91,00
47
57,32
68
64,76
RCQ
Risco Cardiovascular
2
9,00
35
42,68
37
35,24
Baixo Risco
2
8,70
1
1,22
3
2,86
CC
Risco Aumentado
7
30,40
3
3,66
10
9,52
Risco Muito Aumentado
14
60,90
78
95,12
92
87,62
24
36,19
resultados Foram
avaliados
105
indivíduos com faixa etária entre 66 e 90 anos, dos quais 78,10% eram mulheres. A média de idade no grupo masculino foi maior do que no feminino, sendo de 78,13 + 6,9 anos e 76,82 + 5,6 anos, respectivamente (Tabela 1). Segundo
a
avaliação
do
estado nutricional pelo IMC (Tabela 2), observou-se maior frequência Tabela 3 – Distribuição dos idosos segundo a quantidade e o tipo de DCNT mais relatadas. HSPE – São Paulo (2011) DCNT n % Nenhuma 10 9,52 Uma 44 41,90 Mais de uma 51 48,57 HAS 49 46,67 DM 20 19,05 Hipercolesterolemia 15 14,29 Osteoporose 11 10,48 Alzheimer 6 5,71 AVC 2 1,90 HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: Diabetes Mellitus; AVC: Acidente vascular cerebral
nutrição hospitalar |
edição eletrônica
nov 2011
de excesso de peso em ambos
em concordância com os resultados
presente estudo, esse valor foi
os gêneros, sendo 47,83% dos
de outros estudos (BUENO et al.,
maior.
homens e 56,10% das mulheres,
2008; BASSLER; VIANNA, 2009;
e para eutrofia 43,48 % dos
SCHERER; VIEIRA, 2010). De
relatadas pelos idosos, a HAS,
homens e 34,15% das mulheres.
acordo com o estudo de Müller,
DM e Hipercolesterolemia foram
A prevalência de baixo peso foi
Wichmann
(2007)
as mais frequentes. De acordo
pequena em ambos os grupos. A
realizado com mulheres idosas
com alguns autores (BUENO et al.,
média de IMC foi de 27,52kgm2
ativas, houve maior prevalência
2008; LEITE-CAVALCANTI et al.,
e
e
de sobrepeso. No entanto, Félix e
2009; SCHERER; VIEIRA, 2010), a
mulheres, respectivamente (Tabela
Souza (2009) e Tinoco et al. (2006)
HAS foi a DCNT mais presente nos
1).
encontraram uma prevalência maior
idosos, o que confirma os resultados
a
de eutrofia do que de excesso de
deste estudo. Segundo estudo
julgar pela relação cintura e quadril,
peso, confrontando os resultados
de Scherer e Vieira (2010), as
esteve presente em 9,00% do
deste estudo.
prevalências de HAS, SM, DM e de
gênero masculino e em 42,68% do
Do
27,87kgm2
O
risco
para
homens
cardiovascular,
gênero feminino.
e
Ohlweiler
total
dos
idosos
Dentre
as
morbidades
todos os componentes da síndrome
participantes, observou-se um maior
metabólica
Ao avaliar a circunferência da
predomínio de mulheres no estudo,
significativamente maior com o
cintura, observou-se risco muito
corroborando com os resultados
excesso de peso, se comparados
aumentado em 60,90% dos homens
de
com idosos classificados como
e em 95,12 % das mulheres (Tabela
SICHIERI,
2).
al., 2006; FÉLIX; SOUZA, 2009;
alguns
estudos 2005;
(SANTOS;
TINOCO
et
obtiveram
relação
baixo peso e eutróficos. Avaliando-se
o
risco
Ao serem questionados sobre
LEITE-CAVALCANTI et al., 2009).
cardiovascular segundo a relação
a realização de acompanhamento
Segundo Tinoco et al. (2006), essa
cintura/quadril,
nutricional, 89,52% relataram não
característica pode ser explicada
a
frequentar o serviço de nutrição.
pela maior preocupação com a
mulheres do que nos homens, o
saúde,
solidão.
que foi confirmado no trabalho de
Bassler e Vianna (2009), estudando
Tinoco et al. (2006), que verificou
preocupação
o perfil nutricional de idosos de
que as mulheres apresentaram
constante com o aumento da
um município de Mato Grosso,
maior chance de ter uma RCQ
prevalência
identificaram
inadequada. Félix e Souza (2009)
discussão Há
uma de
sobrepeso
e
longevidade
que
a
e
população
observa-se
inadequação
foi
que
maior
nas
obesidade, por estar associado
era na sua maioria formada por
puderam
a
as
homens. Associaram este fato à
uma diferença significante entre
Nos idosos a
migração de outros estados, com o
os gêneros, com maior risco entre
objetivo de uma vida melhor.
as mulheres, sugerindo um maior
outras
doenças,
cardiovasculares.
como
inquietação é mais acentuada, por
observar
ser a idade um fator que contribui
Observou-se neste estudo a
para o surgimento de doenças
presença de DCNT em quase todos
e
maior
crônicas não transmissíveis, que
os
o
surgimento
causam prejuízos à qualidade de
que a idade é um fator de risco
associadas.
vida.
para doenças crônicas, devido às
No
participantes,
confirmando
que
houve
acúmulo de gordura abdominal vulnerabilidade de
entanto,
para
morbidades de
acordo
No presente estudo observou-
alterações fisiológicas. No estudo
com a CC, observou-se que a
se uma maior prevalência de
de Leite-Cavalcanti et al. (2009)
maioria dos idosos apresentou
obesidade em ambos os gêneros do
37,6% dos idosos apresentavam
risco
que eutrofia e baixo peso, estando
uma
doenças
doença
crônica.
Já
no
muito
aumentado
para
cardiovasculares.
25
nov 2011
Nota-se
| nutrição hospitalar não
dedicar atenção especial a essa
indicador, o risco para doenças
frequentava o serviço de nutrição.
população que está aumentando,
cardiovasculares aumentou em
Tal fato pode ser explicado, de
para que ações efetivas de controle
ambos os gêneros, se comparado
acordo com os participantes do
e/ou prevenção do ganho de peso
com a RCQ, porém se mantêm
estudo, devido à falta de vagas
excessivo
maior no gênero feminino. Os
gerada pela intensa procura.
qualidade de vida aos idosos,
valores
que,
através
médios
desse
edição eletrônica
encontrados
estão acima do recomendado nos homens e mulheres, significando
grande
parte
dos
idosos
em
melhor
evitando o surgimento de maiores
conclusão
complicações.
Diante dos dados levantados, do
importância
assemelhando-se aos resultados
de excesso de peso e risco
nutricionista, visando atendimento
de Leite-Cavalcanti et al. (2009).
cardiovascular, para ambos os
individualizado e considerando as
gêneros, na população estudada.
particularidades e as modificações
Torna-se extremamente necessário
próprias de cada estágio da vida.
nutricional,
predomínio
a
conclui-se
acompanhamento
há
Destaca-se
risco aumentado para ambos e
Apesar da necessidade de
que
resultem
acompanhamento
com
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o
nov 2011
| alimentos funcionais
edição eletrônica
Avaliação da Frequência do Consumo e Conhecimento sobre Alimentos Funcionais em Universitários da Área da Saúde Evaluation of Knowledge and Consumption of Functional Foods Among University Students in Health
Profa. Dra. Luciane Ângela Nottar Nesello - Docente do Curso de Nutrição e Medicina da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Rafaela Botelho Lopes Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do ItajaíUNIVALI. Ketlin Suzani Mafeçoli Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do ItajaíUNIVALI. palavras-chave: alimentos funcionais, estudantes de ciências da saúde, consumo. keywords: functional foods, students in health sciences, diet.
resumo
Alimentos funcionais, além do seu valor nutritivo, possuem compostos bioativos que atuam no organismo trazendo benefícios à saúde. O presente estudo
28
objetivou avaliar a frequência do consumo e conhecimento de alimentos funcionais em universitários da área da saúde. Os 582 acadêmicos foram avaliados quanto à frequência alimentar e conhecimento sobre alimentos funcionais. A definição de alimentos funcionais foi respondida corretamente por 69,1%, e 57,9% sabiam ser necessário conter compostos benéficos à saúde. Os compostos funcionais presentes na soja e no suco de uva/vinho tinto foram corretamente respondidos por 6,5% e 27,8%, respectivamente. Em relação ao consumo de alimentos funcionais, 74,91% afirmaram que, sabendo dos benéficos, buscariam consumilos. Porém, a maioria não consumia alimentos funcionais na frequência suficiente para obter benefícios à saúde. Com o aumento das doenças crônicas, o profissional da área da saúde deve estar habilitado a passar informações à população sobre a importância da alimentação na manutenção da saúde.
abstract
Besides their nutritional value, functional foods contain bioactive compounds that bring health benefits to the organism. This study sought to evaluate the frequency of the consumption and knowledge of functional foods among university students in the area of health sciences. 582 students were questioned, to determine how frequently they consumed functional foods, and their knowledge of these foods. The definition of functional foods was correctly given by 69.1% of the students, and 57.9% knew that these foods contain elements beneficial to health. The functional compounds present in soy and grape juice/red wine were correctly identified by 6.5% and 27.8% of the students, respectively. In relation to functional foods, 74.91% stated that they knew the benefits and sought to incorporate these foods in their diets. However, the majority did not consume functional foods in sufficient amounts to obtain health benefits. With the increase Recebido: 11/07/2011 – Aprovado: 20/11/2011
alimentos funcionais |
edição eletrônica
in chronic diseases, professionals in the area of health must be able to pass on information to the population about the importance of diet for maintaining good health.
introdução
Devido à ampla divulgação pela mídia sobre a relação entre alimentação e saúde, a preocupação da sociedade ocidental com os alimentos tem aumentado de forma exponencial (ANJO, 2004). O binômio dietasaúde, apregoado há milênios, principalmente por populações orientais, tem sido reforçado e rapidamente propagado, sob a égide dos chamados alimentos funcionais (SGARBIERI; PACHECO, 1999). Segundo Rocha, Nacif e Viebig (2007), estes alimentos são divididos em grupos conforme os seus compostos bioativos, que atualmente se classificam em oligossacarídeos, polissacarídeos, flavonoides, carotenóides, organossulfurados, fitoesteróis e ácidos graxos essenciais. De acordo com Guerra (2009), para obter seus benefícios é necessário que os compostos bioativos estejam presentes nos alimentos e sejam ingeridos em quantidades suficientes para promoverem seus efeitos benéficos. Moraes e Colla (2006), em um estudo acerca dos alimentos funcionais e nutracêuticos, ressaltam a importância destes compostos no aumento da expectativa de vida da população, uma vez que é crescente o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), ocasionando uma preocupação maior, por parte da população e dos órgãos públicos da saúde, com a alimentação.
No Brasil, a legislação não define alimento funcional, porém a Portaria n° 398/99 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) menciona que são alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido como parte da dieta usual, produz efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, auxiliando no controle e prevenção de diversas doenças, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica (BRASIL, 2009). Para Lajolo (2002), os consumidores da América Latina, em geral, não sabem o que são alimentos funcionais, embora haja um número crescente de consumidores conscientes da importância da dieta para a saúde e bem-estar. No entanto, ressalta a necessidade de difundir melhor as informações relacionadas à alimentação e nutrição para melhor entendimento por parte dos consumidores. Diante do exposto, o presente estudo, teve o objetivo de avaliar a frequência do consumo e o conhecimento sobre alimentos funcionais entre universitários da área da saúde de uma universidade no Estado de Santa Catarina.
metodologia
Participaram deste estudo descritivo de caráter transversal, previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade sob o registro do protocolo 577/09, 582 acadêmicos voluntários dos cursos de graduação da área da saúde de uma universidade do Estado de Santa Catarina, que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
nov 2011
Os acadêmicos eram de ambos os gêneros, de todos os períodos que antecediam os estágios, dos cursos de Educação Física (bacharelado e licenciatura), Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina e Psicologia. Não fizeram parte do estudo os acadêmicos de Nutrição, por terem maior acesso ao assunto durante sua formação. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário estruturado constituído de questões abertas e de múltiplas escolhas, a fim de caracterizar os estudantes avaliados e obter informações sobre o conhecimento de alimentos funcionais. Para averiguar a frequência do consumo, foi utilizado o Questionário de Consumo e Frequência Alimentar (QFCA), desenvolvido e validado por Ribeiro et al. (2006), acrescidos de alguns alimentos funcionais (leite fermentado, espinafre, couve, tomate, cenoura, couve-flor, brócolis, mamão, frutas cítricas, amora) aprovados pela American Dietetic Association (ADA, 2004). Os alimentos funcionais adicionados ao QFCA são alimentos que compõem a Pirâmide Alimentar Brasileira (PHILLIPI et al., 1999). Para organizar o QFCA, utilizou-se a seguinte frequência: mais de 1 vez por dia; de 2 ou mais vezes por dia; 2 a 4 vezes por semana (consumo frequente), 1 vez por semana; 1 a 3 vezes por mês (consumo intermediário), e raramente ou nunca (consumo esporádico). Para a análise descritiva, utilizaram-se as variáveis categóricas descritas por meio de suas frequências absolutas e relativas e seu respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%).
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nov 2011
| alimentos funcionais
A associação entre as variáveis foi analisada por meio do teste do qui-quadrado de Pearson. Foram consideradas significativas as diferenças quando valor de p = 0,05 (KIRKWOOD, 1988).
resultados e discussão
Os acadêmicos estudados eram predominantemente do gênero feminino sobre o masculino (71,1% e 28.9%, respectivamente), com idade média de 21,85 anos ± 6,41 anos. Dos entrevistados, 87,1% eram solteiros, 75,1% residiam com a família e 68,2% eram economicamente dependentes dos pais. Quanto ao conhecimento sobre a definição de alimento funcional, 69,1% dos acadêmicos da área da saúde responderam corretamente, afirmando que seria aquele que além de seu valor nutritivo exerce função na manutenção da boa saúde e na prevenção de DCNT. Quando questionados sobre o que seria necessário conter neste alimento para ser considerado funcional 57,9% relataram ser necessário
30
conter compostos que atuarão no organismo trazendo benefícios a saúde. Os acadêmicos foram ainda questionados sobre os compostos funcionais presentes na soja e no suco de uva e vinho tinto, e 6,5% e 27,8%, respectivamente, responderam corretamente, e apenas 1,7% tinha conhecimento sobre os benefícios do suco de uva ou vinho. Para Liu (2004), os compostos presentes nos alimentos integrais (frutas, verduras e grãos), quando isolados, não atuam da mesma forma, ou perdem sua bioatividade. Han et al. (2002), estudando os benefícios da isoflavona na menopausa, evidenciaram que, além de serem eficazes para amenizar os sintomas, podem ainda trazer um benefício para o sistema cardiovascular. Wansink et al. (2005) constataram que o nível de conhecimento nutricional sobre a soja estava diretamente relacionado ao consumo. O conhecimento do composto funcional da soja, de acordo os cursos de graduação dos acadêmicos, evidencia que
edição eletrônica
as áreas com maior acerto foram: farmácia, medicina e enfermagem (Gráfico 1). Quanto à definição de probióticos, somente 27,8% dos acadêmicos responderam que são microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. Não se encontrou associação estatisticamente significativa em relação ao consumo e ao conhecimento. Corroborando com o presente estudo, Holanda et al. (2008), avaliando o conhecimento sobre probióticos em acadêmicos, observaram que a minoria (32,0%) conhecia a definição de probióticos. Quando futuros profissionais da saúde foram questionados se julgam importante o conhecimento sobre alimentos funcionais na sua formação, houve prevalência (94,3%) afirmativa. Destes, 37,1% relataram adquirir o conhecimento através da mídia. Segundo o International Food Information Council (IFIC, 2007), é importante que todos os meios de comunicação forneçam informações coerentes e cientificamente corretas sobre os benefícios e consumo dos alimentos funcionais. Os entrevistados (96,2%) alegaram ainda que, consumindo os tipos certos de alimentos, as pessoas podem reduzir as chances de desenvolver algumas doenças. As DCNT mais relacionadas ao consumo alimentar, citadas pelos acadêmicos, foram: 66,8% diabetes mellitus; 59,1% hipertensão e 57,6% dislipidemias. Estudos evidenciam que a dieta pode reduzir o risco do desenvolvimento de inúmeras doenças, como síndrome metabólica e vários tipos de câncer. Afirmam ainda que
alimentos funcionais |
edição eletrônica
o consumo frequente de frutas, legumes, peixes e óleos ricos em ômega-3 podem diminuir o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer (ROBERT et al., 2005; BARBERGER-GATEAU et al., 2007). Quanto aos hábitos alimentares em relação ao consumo de alimentos funcionais, os acadêmicos relataram buscar consumir principalmente alimentos pertencentes ao grupo dos cereais integrais, da soja e alimentos ricos em ômegas (ω3 e ω9). Maciel et al. (2009), em estudo com universitários, evidenciaram que houve maior ingestão de alimentos do grupo dos cereais, por associarem estes a uma importante fonte de fibras. Constandache et al. (2010), buscando identificar a importância da compra e do consumo de alimentos funcionais, constataram que a maioria dos entrevistados (89,3%) considera importante obter a informação dos benefícios dos alimentos para a saúde. O estudo mostrou ainda que a frequência com que estes alimentos são ingeridos é insuficiente. No presente estudo, em relação ao consumo de alimentos funcionais, a maioria (74,9%) afirmou que, se conhecesse os benefícios, buscaria consumi-los. Porém, grande parte dos entrevistados não consumia alimentos funcionais na frequência suficiente para se obter benefícios à saúde (Tabela 1). A evidência de consumo frequente através do QFCA ficou entre os seguintes alimentos: tomate, cenoura e azeite de oliva. Atribui-se o consumo frequente destes alimentos ao fato de serem amplamente divulgados na mídia como tendo propriedades funcionais. A Food and Drug
Administration (FDA), em 2000, recomendou que o consumo de alimentos funcionais fosse de no mínimo 2 a 3 vezes/semana. Shatenstein et al. (2003), com o propósito de desenvolver e testar um método para avaliar o consumo de alimentos funcionais ao longo da vida, verificaram que o tomate foi o alimento mais relatado em todas as faixas etárias (10-65 anos) investigadas na pesquisa. Pelletier et al. (2002), com o incentivo de promover o consumo de alimentos funcionais, analisaram os efeitos de um programa de educação nutricional e observaram que o tomate e os produtos à base de tomate foram consumidos diariamente por 23% dos participantes; e mais de 60% dos homens e mulheres ultrapassaram a frequencia de ingestão recomendada pela FDA. Os participantes de 36 a 50 anos
nov 2011
foram os que consumiram maiores quantidades de brócolis; e os indivíduos com mais de 65 anos ingeriram uva, soja e iogurte nos níveis recomendados. A American Dietetic Association (ADA), em 2009, posicionou-se favoravelmente ao consumo de alimentos funcionais, quando estes são consumidos como parte de uma dieta variada e em níveis eficazes, enfatizando um efeito benéfico melhor na saúde. No presente estudo foi evidenciada associação positiva entre o consumo frequente de tomate, cenoura e brócolis e o conhecimento sobre a definição de alimento funcional (Tabela 2). Corroborando com o presente estudo, Ferreira (2005) avaliou a introdução e oferta de alimentos funcionais na gastronomia de restaurantes e observou que os alimentos com uma frequencia de
Tabela 1 – Percentagem do consumo frequente, intermediário e esporádico de alimentos funcionais em universitários da área da saúde. Itajaí/SC, 2010.
Consumo Frequente Consumo Intermediário Consumo Esporádico Alimentos Funcionais n % n % n %
Tomate Cenoura Azeite de oliva Brócolis Iogurte Frutas cítricas Couve manteiga Mamão Morango
377 64,8 101 17,4 104 17,9 292 50,2 136 23,4 154 26,5 284 48,8 82 14,1 216 37,1 234 40,2 143 24,6 205 35,2 225 38,7 163 28,0 194 33,3 132 22,7 213 36,6 237 40,7 117 20,1 121 20,8 344 59,1 51 8,8 215 36,9 316 54,3 35 6,0 247 42,4 300 51,5
Analise descritiva, dados apresentados em frequência e percentual de acordo com o total da amostra.
Tabela 2 – Associação da frequência de consumo frequente de alimentos funcionais e do conhecimento sobre a definição de alimento funcional. Itajaí/SC, 2010. Consumo Consumo Consumo Valor Alimentos Funcionais Frequente Intermediário Esporádico de p n % n % n % Tomate 269 66,92 74 18,41 59 14,68 0.010 Cenoura 211 52,49 46 11,44 145 36,07 0.005 Azeite de oliva 204 50,75 97 24,13 101 25,12 0.526 Brócolis 161 40,05 111 27,61 130 32,34 0.019 Iogurte 150 37,31 114 28,36 138 34,33 0.591 Frutas cítricas 91 22,64 148 36,82 163 40,55 0.986 Couve manteiga 80 19,90 85 21,14 237 58,96 0.947 Mamão 25 6,22 166 41,29 211 52,49 0.699 Morango 16 3,98 119 29,60 267 66,42 0.084 Analise bivariada através do teste qui-quadrado de Person, sendo estatisticamente significante (p < 0,05).
31
nov 2011
| alimentos funcionais
consumo de 100% foram: tomate, cenoura/abóbora e brócolis. Atribuiu aos achados o fato destes alimentos fazerem parte da culinária do país. Segundo Wansink et al. (2005), para consumir um alimento funcional, as pessoas precisam saber quais são seus benefícios e como estes são fornecidos. Os resultados do IFIC (2007) sugerem que os consumidores estão preparados para obter informações sobre os benefícios dos alimentos além da base nutricional e como devem incorporar estes alimentos em uma dieta. Os entrevistados
referências
consideraram os profissionais da saúde como sendo os mais influentes na decisão pelas escolhas em consumir alimentos ou ingredientes funcionais, sendo que 76% associaram o profissional de nutrição como maior incentivador no consumo destes alimentos.
considerações finais
O estudo mostrou que o conhecimento dos acadêmicos a respeito dos alimentos funcionais era básico e adquirido principalmente através da mídia. O consumo de alimentos funcionais pelos acadêmicos buscando a
edição eletrônica
prevenção de doenças mostrouse insuficiente. Haja vista que as DCNT têm aumentado em grande proporção, é necessário ter um profissional da área da saúde preparado para informar a população sobre a importância da dieta na manutenção da saúde e os benefícios obtidos pelos alimentos funcionais na prevenção das doenças. É de total competência do profissional nutricionista disseminar informações a respeito dos alimentos, visando a saúde da população, incluindo os alimentos funcionais e mostrando seus benefícios na prevenção de DCNT.
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| saúde pública
edição eletrônica
Avaliação do Estado Nutricional Relacionado à Prevalência de Anemia Associada ao Aleitamento Materno das Crianças da Creche Municipal Maria Rodrigues Dias de Itaporã, MS. Assessment of Nutritional Status Related to the Prevalence of Anemia Associated with Breastfeeding children of Municipal Nursery Days Itaporã Maria Rodrigues, MS.
Dra. Nayara Karoline
Perin –
Nutricionista pela Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN, Dourados – MS
Dra. Letícia Rosa Espírito Santo de Freitas - Nutricionista, Docente do curso de nutrição, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN, Dourados – MS Anemia, pré-escolares,
hemoglobina, obesidade. keywords: anemia, suckling, pre school, hemoglobin, obesity.
34
sendo o restante (91,0%) eutróficos
Um estudo quantitativo do tipo descritivo, com 88 crianças, de 7 a 60 meses, de ambos os sexos, avaliadas quanto à concentração
de
hemoglobina,
índices antropométricos e tempo de aleitamento materno exclusivo. A anemia foi definida de acordo com OMS (hemoglobina < 11g/ dL), e o estado nutricional foi classificado a partir da curvas de escore Z para os índices de P/E
palavras-chave: amamentação,
resumo
e E/I(OMS). Foram encontrados 18,0% de crianças anêmicas. O estado nutricional para o índice P/E demonstrou que 8,0% das crianças apresentaram obesidade e 1,0% apresentou desnutrição,
e para o índice de E/I 100% de adequação. Foi observada uma associação entre a anemia e o tempo de aleitamento materno, o que não se observou em relação da desnutrição com a anemia. O excesso de peso sobressaiu-se em relação à desnutrição. Intervenções nutricionais e educativas devem ser estimuladas para a promoção da saúde.
abstract A quantitative study of the descriptive, with 88 children, 70 to 60 months, of both sexes evaluated for
hemoglobin
concentration,
anthropometric indices and time of Recebido: 26/04/2011 – Aprovado: 20/11/2011
saúde pública |
edição eletrônica
nov 2011
Anemia
intestinal, entre outras doenças. A
plasmático, deficiente utilização do
was defined according to WHO
introdução de outros alimentos deve
ferro, bloqueio ou armazenamento
(hemoglobin <11g/dl), and nutritional
ser lenta e gradual, com uma dieta
de ferro nos tecidos. Os valores
status was classified based on the
balanceada,
continuidade
de hemoglobina corpuscular média
Z-score curves for the contents of P /
ao aleitamento até os dois anos de
(HCM<27µg), volume corpuscular
E and E / I (WHO). Was found 18,0%
idade (VITOLLO, 2008).
médio (VCM<80µg) e concentração
of anemic children. The nutritional
Identifica-se
exclusive
breastfeeding.
dando
a
primeira
de
hemoglobina
corpuscular
status for the P / E showed that 8,0%
infância como uma das fases de
média (CHCM<23%) encontram-
of the children were obese and 1,0%
maior risco em relação a alguns
se diminuídos (CHEMIN; MURA,
had malnutrition, and the remainder
fatores vinculados às necessidades
2007). A outra classificação é quanto
(91,0%) to normal and the rate of H
de ferro do lactente, como reservas
aos níveis de gravidade, segundo
/ A 100% fitness. We observed an
de ferro ao nascer, a velocidade
os valores de hemoglobina para
association between anemia and
de crescimento, a ingestão e as
menores de 5 anos e gestantes, que
duration of breastfeeding, which was
perdas do mineral (MINISTÉRIO
se distingue em anemia leve (Hg
not seen in about malnutrition with
DA SAÚDE, 2007).
9,0–11,0 g/dl), moderada (Hg 7,0–
anemia. Excess weight stood out in
Entre as doenças nutricionais,
9,0g/dl), grave (Hg <7,0g/dl) e muito
relation to malnutrition. Nutritional
a anemia é considerada a mais
grave (Hg<4,0g/dl) (OMNI, 1997
and educational interventions should
prevalente em todo o mundo, em
apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,
be encouraged to promote health.
especial a anemia por deficiência
2007). Vários
de ferro (SOARES et al, 2000).
introdução
No Brasil, pesquisadores têm
como
estudos
fatores
apontam
determinantes
O crescimento infantil não se
encontrado um elevado aumento
para o surgimento da anemia as
restringe apenas ao aumento de
na prevalência de anemia em
condições
peso e altura, mas também a um
crianças com o passar dos anos
região de moradia, escolaridade
processo de dimensão corporal
(MONTEIRO et al., 2000).
materna, idade materna, tempo de
e
número
de
células,
sendo
Szarfarc
et
al.
(2004)
socioeconômicas,
a
gestação, a prematuridade e baixo
influenciado por fatores genéticos,
observaram
de
peso ao nascimento, infecções
ambientais e psicológicos (VITOLO,
anemia nas cinco regiões do Brasil
frequentes, o estado nutricional,
2008).
(Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e
alimentação
vida
Centro-oeste) em crianças de 6 a
ingestão precoce de leite de vaca
a criança triplica seu peso de
12 meses e encontraram 51,7%.
ou
nascimento e a estatura aumenta
Na Paraíba, um estudo realizado
duração do aleitamento materno ou
em 50%. As deficiências nutricionais
para comparar a prevalência entre
aleitamento prolongado por mais
nesse período referente à baixa
os anos 1982 e 1992 mostrou um
de 6 meses sem suplementação
ingestão
aumento
88,5%
de ferro e a ingestão deficiente de
no número de casos de anemia
alimentos fonte de ferro (ASSIS
(OLIVEIRA et al.2002).
et
No
primeiro
ano
podem
crescimento
de
interferir
(CHEMIN;
no
MURA,
2007).
a
prevalência
expressivo
de
inadequada
alimentos
al.,
2004;
sólidos,
a
OSÓRIO,
com curta
2002;
SPINELLI et al., 2005).
Até o sexto mês de vida o
A anemia pode ser classificada
alimento mais completo para o
de duas maneiras. A primeira é
lactente é o leite materno exclusivo,
de acordo com a classificação
(2001), o leite humano é a forma
que
morfológica
ideal
supre
as
necessidades
(hipocrômica
e
Como de
aponta alimentar suas
Lamounier o
lactente,
nutricionais e previne de alergias
microcítica), provocada por perda
garantindo
alimentares, desnutrição, obesidade,
de sangue, dieta insuficiente, má
nutricionais, padrão de crescimento
anemia,
deficiência
nutricionais,
absorção, consumo ou necessidades
e
diabete
melito,
constipação
aumentadas, defeito no transporte
e estreitamento do vinculo mãe-
desenvolvimento
necessidades adequados
35
nov 2011
| saúde pública
edição eletrônica
filho. É o alimento que reúne as
O Ministério da Saúde, a
Na fase pré-escolar a criança
características nutricionais ideais,
Organização Mundial de Saúde
apresenta grande desenvolvimento,
com os nutrientes adequados e
(OMS) e o Fundo das Nações
adquirindo
de forma balanceada, além de
Unidas para a Infância (Unicef)
habilidades e apresentando uma
desenvolver inúmeras vantagens
(1993) recomendam o aleitamento
socialização
imunológicas
e
psicológicas,
conhecimentos mais
intensa.
e No
materno exclusivo até seis meses
que diz respeito à alimentação,
da
e sua continuidade, juntamente
cabe salientar que, a partir dos
morbidade e mortalidade infantil,
com a introdução da alimentação
dois anos de idade, a criança tem
tornando-se
complementar, até dois anos de
o apetite reduzido, pois há uma
idade ou mais, se possível.
desaceleração na velocidade do seu
importantes
na
diminuição
importante
para
a
criança, para a mãe e para toda a família.
A
precoce
de
crescimento. Torna-se mais seletiva
complementares
é
na ingestão dos alimentos, porém
de alta biodisponibilidade (cerca de
considerada como fator de alto
não tem habilidade de escolher
50%) e contém pouca quantidade
risco para o aparecimento da
uma alimentação balanceada e
de
sendo
anemia ferropriva. As reservas
adequada ao seu crescimento e
oferecido para maioria das crianças
de ferro, ao nascer até os seis
desenvolvimento,
até o terceiro ou quarto mês de vida
meses de idade, quando a criança
grande senso de imitação. Os
e muitas vezes associado ao leite
recebe com exclusivamente o leite
pais, a família, assim como as
de vaca, que, além de conter baixo
materno, atendem às necessidades
instituições de educação, têm um
teor de ferro biodisponível, propicia
fisiológicas
papel importante na promoção
pequenas
O leite materno é fonte de ferro
ferro
(0,1-1,6mg/l),
perdas
sanguíneas
introdução
alimentos
da
criança,
não
apresentando
necessitando de qualquer forma
da
por lesionar a mucosa intestinal
de
de
são estes que determinam os
e
micro-hemorragias,
introdução de alimentos sólidos. Isto
alimentos que serão oferecidos,
contribuindo para menores níveis de
se deve à alta biodisponibilidade
estabelecendo limites em relação
hemoglobina e levando à anemia.
do ferro no leite humano. Porém,
aos alimentos inadequados, tais
(ASSIS et al., 2004).
esta
provocar
complementação
nem
biodisponibilidade
alimentação
saudável,
pois
pode
como refrigerantes, balas, doces,
Alguns estudos mostram que o
diminuir cerca de 80% quando
guloseimas, frituras e alimentos
aleitamento materno exclusivo tem
outros alimentos são ingeridos pelo
gordurosos, visando à proteção à
efeito protetor quanto à instalação
lactente (OSÓRIO, 2002).
saúde e prevenção do excesso de
da deficiência de ferro e da anemia
A alimentação saudável desde
ferropriva. Osório (2002), em um
o início da vida fetal e ao longo da
estudo realizado em Pernambuco,
primeira infância, o aleitamento
demonstrou que as crianças que
materno e a introdução apropriada
etiológicos
mamaram mais de quatro meses
da
alimentação
na
tinham
têm
impactos
a
concentração
média
complementar positivos,
no
peso (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2006). Os
principais da
infância
são
fatores obesidade
o
desmame
precoce, introdução inadequada
de hemoglobina em torno de 3g/
crescimento e desenvolvimento da
dos
dl maior do que aquelas que
criança, até as demais fases do
emprego
mamaram menos tempo. Já Torres
curso da vida (MINISTÉRIO DA
inadequadamente
et al. (2006), em estudo com
SAÚDE, 2006). Já o inverso, pode
distúrbios
lactentes em aleitamento materno
desencadear efeitos negativos no
e
exclusivo, verificaram um aumento
desenvolvimento, levando ao risco
(SOARES et al. 2000).
na média da hemoglobina nos
nutricional, como a desnutrição
lactentes que foram amamentados
ou excesso de peso (sobrepeso/
de
exclusivamente ao seio durante 5 a
obesidade)
nutricionais em crianças, torna-
6 meses.
SAÚDE, 2006).
36
(MINISTÉRIO
DA
alimentos de
de
desmame,
fórmulas
do
lácteas
preparadas, comportamento
inadequada
relação
familiar
Devido elevadas prevalências anemia
e
de
distúrbios
se necessária a realização de
saúde pública |
edição eletrônica
nov 2011
trabalhos científicos, que, além de
próprios líderes, sendo estas as
favorecer a população estudada,
que os pais não concordaram com
Para a avaliação do estado
proporcionando o conhecimento
os termos da pesquisa (29,8%,
nutricional foram utilizados os dados
sobre a real situação e podendo
n=65),
estavam
antropométricos (peso e estatura),
ofertar orientações sobre o assunto,
presentes nos dias da coleta do
com finalidade de detectar possíveis
gera mais uma fonte de pesquisa e
sangue (33,9%, n=52), na coleta
riscos nutricionais às crianças.
de informação para outros estudos
dos dados antropométricos (5,9%,
Para a aferição de peso utilizou-se
científicos. Dessa forma, o presente
n= 13) e as crianças cujos pais não
uma balança digital portátil e para
trabalho teve por objetivo verificar
responderam o questionário.
a aferição da estatura, uma fita
as
que
não
muito grave < 4,0 g/dl.
o estado nutricional relacionado à
Para realizar o estudo, foi
métrica. As crianças foram pesadas
prevalência de anemia associada
coletado sangue para o exame
sem sapatos e com roupas leves.
ao tempo de aleitamento materno
laboratorial (hemograma), coleta
A fita métrica foi fixada na parede
das crianças de 0 a 5 anos da
de dados antropométricos (peso
sem rodapé, as crianças (maiores
Creche Municipal de Itaporã – MS,
e altura) e foi entregue aos pais
de 2 anos) ficaram em pé, com o
analisando o exame laboratorial
um
calcanhar
(eritrograma), conhecendo o tempo
alimentar (para descobrir o tempo
e sobre a cabeça foi utilizada
de aleitamento materno e avaliando
de aleitamento materno exclusivo,
uma régua. No caso das crianças
o estado nutricional das crianças.
juntamente
de
menores de 2 anos, para aferir a
Consentimento Livre e Esclarecido
altura foi utilizada um estadiomêtro
(TCLE).
de madeira, em que a criança, sem
materiais e métodos
questionário
de
com
o
consumo
Termo
encostado
à
parede
O estudo é quantitativo do
Para diagnosticar a anemia,
sapatos e adereços na cabeça,
tipo descritivo. Foi aprovado pelo
através do valor de hemoglobina,
deitou no centro da régua com a
Comitê de Ética em Pesquisa
foi solicitado um eritrograma que,
cabeça firmemente apoiada na
(CEP) do Centro Universitário da
em parceria com a Prefeitura
parte fixa, com o pescoço reto,
Grande Dourados – UNIGRAN.
Municipal de Itaporã, foi realizado
sem contato com peito e com as
pelo
município,
nádegas, e os calcanhares em
período de setembro a outubro
A pesquisa foi conduzida no
coletado pela equipe treinada e
laboratório
do
pleno contato com a superfície
de 2009, com 70,1% (153) do
custeado pela prefeitura.
(SISVAN, 2004).
total de 218 crianças da única
Os exames foram analisados
Os dados foram anotados
Creche Municipal de Itaporã, Mato
a partir do valor de hemoglobina,
junto ao questionário, com o nome,
Grosso do Sul (MS), com idades
pelo qual, para estabelecer o
data de nascimento e idade.
entre 0 e 5 anos, de ambos os
diagnóstico de anemia em crianças
sexos. Participaram da pesquisa
e sua gravidade, são utilizados os
Estado Nutricional utilizou-se a
as crianças cujos pais assinaram
pontos de corte definido pela OMS
Classificação
o
Consentimento
e Opportunities For Micronutrient
2006-2007 apud SISVAN, 2008),
Livre e Esclarecido, permitindo
Interventions (OMNI) (1968, 1997
a partir das curvas do escore Z
a
apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,
(OMS, 2006) dos índices de peso
2007),
de
por estatura (P/E) e estatura por
matriculadas, que tinham idade
hemoglobina para o diagnóstico de
idade (E/I), que são os índices mais
entre 0 e 5 anos e aquelas cujos
anemia em crianças de 6 meses
sensíveis.
pais responderam o questionário.
a 6 anos 11 g/dl. E a classificação
que
Termo
de
participação estavam
da
criança,
regularmente
sendo
os
valores
Para
a da
avaliação OMS
do
(WHO,
resultados e discussão
Foram excluídas as crianças
da anemia de acordo com sua
indígenas, devido à necessidade de
gravidade leve 9,0 – 11,0 g/dl,
contar com a anuência antecipada
anemia moderada 7,0 – 9,0 g/dl,
a
da comunidade através dos seus
anemia grave < 7,0 g/dl e anemia
(39,9%) não participaram de acordo
Das 153 crianças autorizadas participar
da
pesquisa,
65
37
| saúde pública
nov 2011
edição eletrônica
com os critérios de exclusão.
obtiveram maior prevalência de
em pesquisa com crianças em
Assim, a amostra total avaliada
anemia (75,0%), se comparadas
ambulatório pediátrico, verificaram
compreendeu 88 crianças com
às
uma
média de idade de 36,8 meses,
exclusivamente do quinto ao sexto
crianças desnutridas (27,0%), se
com variação entre 7 e 60 meses,
mês
comparadas às obesas (14,5%).
sendo que 55,6% (n=49) são do
há associação entre o tempo de
sexo masculino e 44,3% (n=39)
aleitamento materno e a anemia,
nutricional com anemia, notamos
são do sexo feminino. Em relação
supondo assim o fator de proteção
que, das 88 crianças avaliadas,
à amamentação, a média de tempo
que o leite materno possui contra a
apenas
de aleitamento exclusivo foi de
anemia (SILVA et al., 2001).
desnutrição, sendo que na mesma
que
foram
(25,0%),
amamentadas mostrando
que
porcentagem
Ao
maior
comparar
o
uma
de
estado
apresentou
3 meses e 98,8% das crianças
Torres et al.(1994) também
receberam aleitamento materno em
detectaram que existe associação
às
algum momento de suas vidas.
entre o tempo de aleitamento
sobrepeso/obesidade
A prevalência de anemia foi
materno e anemia, ao observar que,
apenas
de 18,1% (n=16), a faixa etária que
conforme o tempo de aleitamento
(14,2%).
mais apresentou casos de anemia
aumentava, diminuía o numero de
crianças que estavam eutróficas
foi de 13 a 36 meses (75,0%, n=
crianças anêmicas.
(n= 80) apenas 18,7% (n= 15)
não foi constatado anemia. Quanto crianças
que
uma
apresentaram (n=
estava
No
7),
anêmica
restante
das
12), seguida pela faixa de 7 a 12
O estado nutricional que
meses (18,7%, n= 3). A média de
foi analisado a partir do escore-Z
Dessa forma, supõe-se que
hemoglobina entre as crianças
das curvas da OMS de 2006
não há associação significante entre
anêmicas e não anêmicas foi de
apresentou, segundo o Índice E/I,
o estado nutricional e a anemia no
11,7±1,07g/dL.
100% das crianças com Estatura
presente estudo. O mesmo fato
Silveira et al. (2008) e Rocha
Adequada para Idade. Diferente
foi observado por Miranda et al.
et al. (2008), em estudos em
de Fisberg et al (2004), que em
(2003), que, ao verificarem anemia
creches
encontraram,
estudo realizado no Município de
ferropriva e o estado nutricional de
respectivamente, 29,8% e 28,8%
São Paulo em creches municipais
crianças de Viçosa, MG, também
de
encontraram um déficit de estatura
não
de 7,0%.
entre anemia e desnutrição e
públicas,
crianças
anêmicas,
valores
mais próximos aos obtidos nessa pesquisa.
desenvolveram anemia.
observaram
associação
De acordo com o Índice
ainda relataram que, por serem
Já estudos realizados por
P/E, 7,9% (n= 7) das crianças
carências distintas e possuírem
Bueno et al. (2006) encontraram
apresentaram peso elevado para
etiologias próprias, necessitam de
68,8% de anemia em crianças
Estatura
intervenções
de
São
e apenas 1,1%(n= 1) de Baixo
como Almeida et al. (2004), que,
Paulo, assim como a pesquisa de
Peso para Estatura (Desnutrição),
ao relacionar os fatores associados
Hadler et al.(2002), que verificou
sendo o restante (90,9%) de Peso
à anemia em pré-escolares, não
uma prevalência de 60,9% de
Adequado para Estatura (Eutrofia)
encontraram correlação com o
creches
públicas
de
anemia, resultados elevados, se comparados
com
esse
estudo
(Sobrepeso/Obesidade)
Vários estudos, como os de
específicas. Assim
estado nutricional.
Biscegli et al.(2008), Stahelin et
Segundo Torres et al. (1994)
al. (2008) e Caldeira et al. (2008),
e Neuman et al. (2000), a anemia
revelaram uma maior prevalência
pode
crianças anêmicas associadas ao
de
desnutrição,
tempo de aleitamento materno,
7,9%; 8,6% respectivamente) em
existe
as
relação à desnutrição (2,0%; 0,0%;
patologias
2,4%).
como demonstraram Matta et al.
(18,1%). Em relação à prevalência de
crianças
amamentadas
exclusivamente de leite materno do primeiro ao quarto mês de vida
38
sobrepeso/obesidade
Já
Torres
et
al.
(8,0%;
(2002),
surgir uma
independente mas
da
geralmente
propensão
dessas
estarem
ligadas,
(2005), em que crianças mais
saúde pública |
edição eletrônica
nov 2011
baixas e mais magras pareceram
em relação à desnutrição. E um
de risco nutricional devem ser
apresentar maior risco de anemia,
significativo número de crianças
uma prioridade em creches, local
pois as médias mais baixas do
anêmicas, sendo que, no presente
onde as crianças recebem 80%
escore-Z estavam entre as crianças
estudo, a anemia está associada
de suas necessidades calóricas
anêmicas.
ao curto tempo de aleitamento
diárias. A área de alimentação e
materno exclusivo, representando
nutrição deve intervir em relação
75% das crianças amamentadas do
à alimentação e suplementação
Foi possível verificar nessa
primeiro ao quarto mês de vida, que
e realizar ações educativas que
pesquisa o aumento da incidência
apresentou uma baixa média de
visem à diversificação alimentar,
de
nas
duração, das crianças da Creche
promoção
em
Municipal de Itaporã.
materno exclusivo até 6 meses
conclusão sobrepeso/obesidade
crianças,
como
observado
outros estudos, que recentemente
Assim, ações que visem ao
vem aumentando em nosso meio,
adequado controle e à prevenção
e
do
orientações
aleitamento nutricionais,
promovendo a saúde.
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39
nov 2011
| nutrição e esporte
edição eletrônica
Avaliação da Ingestão Proteica de Praticantes de Musculação em Academias da Cidade do Rio de Janeiro. Assessment of Intake of Protein Bodybuilders in the City of Rio de Janeiro. Dra. Viviam Rodrigues das Neves – Nutricionista, PósGraduada em Nutrição Aplicada ao Esporte e ao Fitness Corporativo da Universidade Federal do Rio de
Diretriz
resistance training.
no
Esporte,
de
porém
Medicina destaca-se
o alto percentual de orientação
resumo
por profissionais não habilitados
O treinamento de resistência sinaliza
de Castro.
síntese proteica, cujo resultado é
Dra. Kelly dos Santos Gomes
a hipertrofia muscular. O objetivo
–
Pós-Graduada
do presente estudo foi avaliar a
em Nutrição Aplicada ao Esporte
ingestão de proteína em praticantes
e
da
de musculação. Foram avaliados
signals to ribosomes for protein
Universidade Federal do Rio de
94 indivíduos em academias do
synthesis, which results in muscular
Janeiro, Instituto de Nutrição Josué
Rio de Janeiro. Observou-se que
hypertrophy. Thus, the objective
de Castro.
53% da amostra se encontravam
of this study is to evaluate the
Profa. Dra. Wilza Arantes Ferreira Peres - Professora
eutrófica, 38% com sobrepeso e
total intake of protein, including
6% com magreza seja grau I ou II,
protein supplement in practicing
Doutora Adjunta de Nutrição do
enquanto somente 1% encontrava-
bodybuilding. 94 individuals were
Instituto de Nutrição Josué de
se com obesidade. A média de
evaluated in academies of Rio
Castro da Universidade Federal do
ingestão proteica foi de 1,6g/Kg
January. It was observed that 53% of
Rio de Janeiro.
de peso corporal/dia. Observou-se
the sample was eutrophic, 38% was
que 37% da amostra faziam uso
overweight and 6% with thinness,
atividade
de suplemento proteico, sendo a
grade I or II, while only 1% was with
dietéticos,
indicação de consumo realizada por
obesity. The average protein intake
ingestão de alimentos e treinamento
professores de educação física em
was 1.6 g/Kg of body weight/day.
de resistência.
63% dos casos. O consumo médio
With regard to the consumption of
keywords: motor activity, dietary
de proteínas da amostra encontra-
protein supplement, it was observed
supplements, food ingestion and
se dentro do recomendado pela
that 37% of the sample was in use,
ao
Fitness
Corporativo
palavras-chaves: motora,
40
suplementos
ribossomos
para
na área de nutrição, o que pode
Janeiro, Instituto de Nutrição Josúe
Nutricionista,
aos
Brasileira
acarretar em risco à saúde dos usuários.
abstract The
resistance
training
Recebido: 06/05/2011 – Aprovado: 18/10/2011
nutrição e esporte |
edição eletrônica
nov 2011
de musculação.
the indication of consumption was
se à proteína como importante
held by physical education teachers
regulador do próprio metabolismo
in 63% of the cases. The average
proteico, sendo ela própria fator
consumption of proteins of the
limitante
sample is within the recommended
Segundo BILSBOROUGH e MANN
foi
by Brazilian Guideline of Medicine
(2006),
quantidade
praticantes
de
treinamento
de
in the Sport, however, highlights
proteica, mas também a qualidade
resistência
de
academias
de
the high percentage of guidance by
deve ser levada em consideração
ginástica da Zona Norte e Oeste da
non-qualified professionals in the
no
cidade do Rio de Janeiro (RJ).
area of nutrition, which can result in
quando se visa hipertrofia.
risk to the health of users. do
introdução
para não
sua só
metabolismo,
a
material e métodos
síntese.
principalmente
A
população
constituída
estudada
por
indivíduos
A amostra constituiu-se de
Mesmo após as autoridades
pessoas de ambos os sexos,
assunto
indiferente
determinarem
raça
ou
classe
social. A fim de assegurar a
A nutrição é o fator isolado
atletas de força em 1,4 a 1,8g/kg
equiprobabilidade na participação
que ocupa o papel mais importante
de peso corporal/dia, ainda não
do estudo, a amostra contemplou os
no desempenho físico do atleta,
há consenso na literatura sobre a
praticantes de musculação clientes
evidentemente
excluindo
os
ingestão deste macronutriente em
da academia, de forma que cada
componentes
hereditários
e
não atletas praticantes recreativos
aluno teve a mesma probabilidade
de
de ser escolhido de acordo com a
condicionamento
atlético
(COSTILL, 2003). indivíduos
academias
física
procuram
ginástica
de
força
BRASILEIRA
DE
demanda de atendimento.
MEDICINA DO ESPORTE, 2003).
Para
A hipernutrição de proteína
os
inclusão
pacientes
no
estudo,
deveriam
ser
para
pode afetar o metabolismo hepático
alfabetizados. Foram usados como
habilidades
e renal, já que a maior parte dos
critérios de exclusão: analfabetos,
atléticas, melhorar a estética e o
subprodutos
do
grávidas, usuários de implantes
condicionamento físico (PEREIRA;
proteico
metabolizado
LAJOLO; HIRSCHBRUCH, 2003).
excretado
desenvolver
de
atividade
(SOCIEDADE
Segundo Pereira et al. (2003), muitos
proteicas
de
para
o
necessidades
as
suas
Praticantes de treinamento de
é por
respectivamente
resistência normalmente têm como
MAHAN,
objetivo a hipertrofia muscular. O
como
incremento do rendimento muscular
1991).
ingestão
metabolismo esses
e
órgãos,
corporais e indivíduos com placas de metal ou parafusos.
(KRAUSE; Considera-se excessiva
de
Os indivíduos que atendiam ao
critério
de
inclusão
informados
sobre
proteína o consumo acima de 5g/
e
que
depende do tipo, intensidade e
Kg de peso corporal/dia, o que
interesse em participar assinavam
duração do exercício. O treino de
pode ocasionar hiperamonemia e
o
alta intensidade, a microlesão do
esteatose hepática (MAESTÁ; et
aprovado pelo comitê de ética em
músculo e o esforço de adaptação
al., 2008).
pesquisa do Hospital Universitário
aqueles termo
de
a
eram
pesquisa,
demonstravam consentimento
Clementino Fraga Filho (protocolo
aumentam a produção de mRNA
Em decorrência da escassez
(Ácido Ribonucléico Mensageiro),
de publicações científicas no Brasil
que sinaliza aos ribossomos para a
sobre a ingestão proteica em
síntese de proteína, o que resultará
praticantes de atividade física, o
foram: peso corporal, percentual
em hipertrofia, mesmo não sendo a
presente estudo tem como objetivo
de gordura e percentual de massa
contração o único fator que contribui
avaliar a ingestão de proteína total,
magra, através da balança digital
para este efeito (FOLLAND; et al.,
diferenciando as provenientes da
da marca Plenna® modelo Máxima
2001) (KATO; et al., 2011).
alimentação das obtidas pelo uso
II, dotada de bioimpedância com
de suplementação em praticantes
graduação de 0,1%, capacidade
BIOLO et al., 2003 referem-
de pesquisa nº 052/10 – CEP). As
variáveis
estudadas
41
nov 2011
| nutrição e esporte
edição eletrônica
graduada
de um questionário aplicado por
altura média de 1,69m (± 0,09),
em 100g, seguindo o protocolo
entrevistador treinado, que consta
resultando em valores médios de
estabelecido pelo fabricante da
de: quantidade ingerida, horários
IMC de 24,58 (± 20,44).
balança.
habituais de consumo, frequência
máxima
de
Os
150kg,
indivíduos
foram
de
uso,
percentual
de
gordura
avaliados utilizando apenas roupa
e
suplemento
oscilou na média de 24,81% (± 8,07)
de ginástica, descalços, de bexiga
escolhido, marca e fabricante do
e a massa magra média calculado
vazia e sem alta ingestão de
produto, o motivo e o objetivo pelo
pelo Avanutri® em 51,12kg (+ 9,53).
líquidos imediatamente antes.
qual o individuo faz uso e quem o
A análise alimentar mostrou uma
indicou.
ingestão média de 2435,09 kcal
A altura foi mensurada através
tempo
O
marca
A análise dos dados foi feita
total para os homens (± 913,85kcal)
WCS® modelo Wood Compact,
utilizando o cálculo de médias
e de 2535kcal (± 295kcal) para as
com altura máxima de 200 cm e
e do desvio padrão, conforme a
mulheres. A ingestão de proteínas
precisão de 1 cm. A avaliação foi
distribuição da amostra pelo Office
total (alimentos + suplementos)
realizada com o indivíduo descalço,
Excel® 2007 .
teve média de 1,58g/kg de peso
do
estadiômetro
portátil
com os pés juntos e olhos no plano
Para a análise da composição dietética
de Frankfurt (LEMON, 1997). O cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) foi feito de acordo com a fórmula peso/(estatura)2 e
utilizou-se
o
software
Avanutri.
resultados
corporal (± 1,15g de proteína/kg de peso), variando de no mínimo 0,24g/kg a 9,81g/kg de peso. A
figura
1
apresenta
a
avaliação da ingestão de energia
sua classificação se deu segundo
Foram estudadas 94 pessoas,
(em quilocaloria por quilograma
o ponto de corte da Organização
sendo 61 (64,9%) mulheres. A
de peso). A ingestão de proteínas
Mundial de Saúde (QUETELET,
média de idade foi de 29,31 anos,
alimentar diferenciada entre os
1870).
(± 10,31 anos). Destes 10,7% (10
sexos está descrita na figura 2.
A composição da dieta destes
participantes) possuíam o ensino
A avaliação da ingestão proteica
indivíduos foi analisada através
fundamental, 60,6% (57) o ensino
de suplemento (Figura 3) e a
do registro alimentar de três dias
médio e 28,7% (27) o ensino
avaliação do consumo total de
preenchido
superior.
proteínas (suplemento + alimento)
pelos
participantes
num formulário que consta de
Na avaliação antropométrica
por quilograma de peso (Figura 4)
informações sobre a refeição, o
verificou-se que a média de peso
também se encontram explicitadas
horário, o local de consumo, os
foi de 68,91kg (± 14,12kg), com
nas figuras abaixo:
alimentos e a quantidade ingerida expressas em medidas caseiras, sendo feitos durante três dias, nos quais dois dias da semana não consecutivos e um dia do final de semana. Apesar
deste
método
de
avaliação de ingestão de alimentos ser subjetivo, é um dos mais utilizados para este tipo de cálculo, quantitativamente, em populações (GARRY; KOEHLER, 1991). O
uso
de
suplementos
dietéticos foi investigado através
42
nutrição e esporte |
edição eletrônica
A
avaliação
do
uso
nov 2011
de
suplementos (n= 35) sendo mais
carboidratos complexos. Observou-
suplementos dietéticos demonstrou
citados os de base proteica, os
se ainda que a indicação para o uso
que 37% da amostra utilizam
termogênicos, os hipercalóricos e os
do suplemento dietético ingeridos foi maior em 63% de indicação de professores de educação física.
discussão Estudo similar em academias de ginástica de Belém – PA, realizado em 1999 por ARAÚJO E SOARES, encontrou 27% da amostra declarando usar algum tipo de suplemento dietético, sendo 42% homens e 23% mulheres. Em Goiânia, ARAÚJO; ANDREOLO; SILVA (2002) declararam que 34% de
praticantes
de
de
resistência
faziam
treinamento uso
de
suplementos. Estudo de Cuiabá (COSTA;
ROGATTO,
2006)
demonstrou 40% de uso. Em São Paulo
(SP),
FISBERG;
(HIRSCHBRUCH;
MOCHIZUKI,
2008)
61% (n=123) declaram ter usado pelo menos uma vez na vida algum estudo
tipo que
de
suplemento.
apresentou
O
dados
mais discrepantes fora realizado em Minas Gerais, que obteve 94% de uso sendo relatados, 29,5% de uso esporádico e 47,5% contínuo (DOMINGUES; MARINS, 2007). O presente estudo verificou que 37% da amostra utilizam suplementos, apresentando valores semelhantes ao outros estudos. No
presente
estudo
o
consumo de suplementos proteicos foi de 71%, estando superior ao encontrado em Belém e Goiás, onde 43% e 49% dos indivíduos, respectivamente,
utilizavam
suplementos fonte de proteína. Em São Paulo, apenas 10% utilizavam
43
nov 2011
| nutrição e esporte
edição eletrônica
o treinamento e o aumento da
de obesidade, resultado menor
Das pessoas que usavam
demanda proteica, e não o contrário
do que os 14,4% do estudo de
suplementos em Belém (ARAÚJO;
(SBME, 2003). Kato, et al. (2001)
DOMINGUES;
SOARES,
1999),
os
evidenciaram que a ingestão de
em
consumiam
sem
de
um lanche hiperproteico (com 15g
que também demonstrou 35% de
profissionais, seguindo orientações
de proteína e 18g de carboidrato)
sobrepeso e 50,6% de eutróficos
de amigos, propagandas ou por
só foi eficaz em exercícios de
e baixo peso. No presente estudo
vontade própria, e 46% receberam
musculação de 30 a 60 minutos
verificou-se 38% de sobrepeso e
indicação
57% de adequação e baixo peso.
suplemento proteico.
54% indicação
em
para o aumento de massa muscular e força. Ficando claro assim a
educação física, fator similar a
importância de se aliar a ingestão à
quilograma
este estudo, em que cerca de 63%
prática esportiva adequada.
estavam
profissionais,
(2004)
adulta
urbana,
população
sua maioria dos professores de
de
MARINS
As
quilocalorias de
peso
bastante
por corporal
semelhantes,
de
com variação de 33,5 a 35,2 kcal/
parte dos profissionais de educação
proteínas podem elevar as perdas
kg de peso/dia nos homens e 30,5
física da própria academia.
urinárias
aumentar
a 35,4 kcal/kg/dia nas mulheres na
favorecer
população sadia e média de 32,83
(DOMINGUES;
e 35,85 kcal/kg, respectivamente,
Ingestões
receberam orientação de uso por
Vale ressaltar que entre as
a
excessivas
de
perda
cálcio,
hídrica
e
atribuições dos professores de
arteriogenicidade
educação física não consta prestar
ARAÚJO,
orientações dietéticas nem indicar
usar suplementos e/ou de dietas
uso de suplementos dietéticos.
hiperproteicas,
Indaga-se, portanto, se estudos
cuidadosamente
no país demonstram que a maior
hídrica e à ingestão de cálcio.
parte do uso de suplementos
2004).
Portanto,
para os alunos das academias estudadas.
atentar
O perfil da ingestão proteica
reposição
mostrou-se mais discrepante no
deve-se à
ao
sexo
Estudos com a população
feminino,
comparado
ao
estudo de Botucatu (ANSELMO;
SP
et al., 1992), que encontrou dados
et
al.
entre 1,1 e 1,4 g/kg/dia com total
dados
de
de 73 a 78g de proteína/dia. Neste
os motivos pelos quais nada é
antropometria semelhantes a deste
estudo encontrou-se média de 1,6
feito para reverter esses números
estudo. Já a ingestão demonstrou
g/kg/dia e total de 134,32g. Os
(BRASIL, 1998).
maior diferença.
homens tiveram ingestão média de
por membros de academias de
sadia
de
Botucatu
ginástica se dá por indicação
feitos
por
ANSELMO;
destes profissionais, quais seriam
(1992)
Os
suplementos
proteicos
A
encontraram
Diretriz
–
da
SBME
141,11g e de 1,35g/kg de peso/dia
mais recomendados são os do
(SOCIEDADE
DE
no Rio de Janeiro e 86 a 114g por
soro do leite ou da clara do ovo,
MEDICINA DO ESPORTE, 2003)
1,3 a 1,6g/kg/ dia no interior de São
contudo é importante salientar que
convencionou um consumo de
Paulo (ANSELMO; et al., 1992).
suas quantidades devem estar de
calorias de cerca de 1,5 a 1,7
acordo com a ingestão proteica
vezes
produzida,
Brasileira de Medicina do Esporte
total, como refere a Diretriz (SBME,
correspondendo a um consumo
(SBME, 2003) preconiza, para fins
2003). O consumo excessivo de
entre 30 e 50 kcal/kg/dia, sendo
de hipertrofia, um consumo máximo
proteínas não resulta em aumento
uma faixa bastante ampla, o que
de 1,8g de proteína/kg de peso
de massa muscular nem promove
dificulta a definição da prescrição.
corporal/dia, o que se configura
aumento do desempenho (SBME,
Contudo, observou-se a adequação
uma dieta hiperproteica. No estudo
2003). O consumo precisa estar
segundo a diretriz (SBME, 2003).
observou-se
em consonância com a ingestão
A
da
BRASILEIRA
energia
mostrou
que
hipertrofia surge de acordo com
amostra
possuíam
44
Diretriz
que
da
a
Sociedade
população
IMC
estudada não ultrapassou este limite
da
de ingestão, mesmo com consumo
classificação
de suplementos proteicos, além
classificação
de proteína e de calorias totais. A
A
de
apenas
5%
nutrição e esporte |
edição eletrônica
nov 2011
da ingestão habitual de proteína
de musculação, não atletas e entre
dos praticantes de musculação
dietética. Porém, deve-se destacar
15 e 25 anos de idade. Segundo
encontrou-se dentro dos limites
que os valores da diretriz não se
SANTOS (2002),
esta prática
recomendados pela diretriz, porém
referem à população não atleta.
ganha força na falta de uma
grande parte da amostra faz uso
no
legislação que desautorize a venda
de suplemento de forma empírica,
Alguns
estudos
Brasil
(SANTOS;
SANTOS,
de suplementos sem prescrição
já que não fora recomendado por
2002)
(PEREIRA;
LAJOLO;
de profissional habilitado e ainda
profissional
2003)
devido à intensa e descriteriosa
Desta forma, é necessário que
(PEDROSA; et al. 2010) apontam
campanha publicitária das indústrias
os profissionais que atuam em
para
alimentícias e farmacêuticas.
academias estejam mais atentos
HIRSCHBRUCH, o
uso
suplementos
indiscriminado dietéticos,
de em
especial à base de proteínas e aminoácidos, por jovens praticantes
conclusão consumo
para
tal.
a este fato e sempre que possível
O
habilitado
orientem a consulta com profissional de
proteína
da nutrição especializado na área.
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Avaliação do Índice de Resto Ingestão de um Serviço de Alimentação e Nutrição Militar da Cidade de Belém, PA Evaluation of the Rest Ingestion Index at a Military Food Service in Belém, PA, Brazil Dra. Francine Monte Duarte - Nutricionista especialista em Gestão da Qualidade em Unidades Produtoras de Refeições pela Universidade Federal do Pará – UFPA.
Dr. Daniel Santos de Castro - Nutricionista especialista em Gestão da Qualidade em Unidades Produtoras de Refeições pela Universidade Federal do Pará – UFPA.
Dra. Denise Moreira Assis Ribeiro - Nutricionista especialista em Gestão da Qualidade em Unidades Produtoras de Refeições pela Universidade Federal do Pará – UFPA.
Profa. Dra. Xaene Maria Fernandes Duarte Mendonça Nutricionista, Doutora em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos pela Escola de Química da UFRJ; Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pelo Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFRRJ (2000); Docente da disciplina
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Administração dos Serviços de Alimentação da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal do Pará. palavras-chave: desperdício de alimentos; serviços de alimentação; controle de qualidade. keywords: food waste, food services, quality control.
resumo
Uma forma de monitorar a eficiência da produção de um serviço de alimentação (SA) é a utilização do índice resto ingestão, que é a relação entre o resto devolvido nas bandejas pelo cliente e a quantidade de alimentos oferecidos, expressa em percentual. Quanto maior o valor deste índice, menor a satisfação do cliente. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o desperdício de alimentos através do índice de resto ingestão e das sobras geradas em um serviço de alimentação militar
da cidade de Belém, PA, visando aplicar medidas para evitar o desperdício. O cálculo do índice de resto ingestão foi realizado no período de 10 dias úteis do mês de setembro de 2010. O serviço de alimentação produz, em média, 900 refeições/dia. O cardápio oferecido é de nível popular, bastante diversificado, distribuído em balcões térmicos com utilização de pratos. Para a obtenção do peso da refeição distribuída, foi realizada a pesagem de todas as cubas de cada preparação, sendo descontado o peso do recipiente. O peso das sobras foi obtido através da pesagem das cubas ainda com alimentos retiradas do balcão de distribuição. Com relação aos restos, estes foram coletados e pesados diretamente da área de devolução. O serviço de alimentação teve uma média de produção de 449,210 kg/ dia e consumo de 236,850 kg/ dia de alimentos. Durante todos os dias analisados, o índice de Recebido: 29/11/2010 – Aprovado: 31/10/2011
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resto ingestão apresentou valores abaixo de 10%, o que demonstra que o nível de aceitação dos cardápios é satisfatório. O percentual de sobras variou de 37% a 61%. Com o desperdício de alimentos gerados no serviço de alimentação, apenas durante o almoço, no período analisado, poderiam ser alimentadas em média 350 pessoas. Em suma, embora os valores de índice de resto ingestão estejam dentro do recomendado pela literatura, o percentual de sobras encontrase elevado, o que sinaliza a necessidade de um maior controle no processo produtivo para minimizar o desperdício de alimentos. Para tanto, sugere-se a padronização de processos e serviços, por meio da elaboração de rotinas e procedimentos técnicos operacionais, treinamento da equipe e monitoramento das atividades, para que haja a redução deste percentual de sobras.
abstract
It is possible to monitor the production efficiency of food services (FS) by using the rest ingestion index, which is the proportion (rate, expressed in percentage) between the leftover food returned in the trays and the total quantity of prepared (cooked) food. The highest the index, the worst is customers’ satisfaction. The purpose of this study was to evaluate food waste at a military FS in Belém city, state of Para, Brazil, by measuring the rest ingestion index and the uneaten food in order to apply the necessary measures to avoid food waste. The rest ingestion index was calculated based on a 10
nutrição e ecologia | working days period, in September 2010, with a daily production average of 900 meals. The menu was simple and varied. The dishes were displayed and distributed from hot food bars. To calculate the weight of meals, the weight of all the food bar pans would have had to be previously measured, and subtracted. The weight of the uneaten food was obtained by weighing all the pans after the serving service. With regard to leftovers, the weight was calculated in loco, at spot from where trays are returned. The daily food production average was of 449.210 kg/day against a daily food consumption of 236.850 kg/day. During the ten days’ period of assessment, the rest ingestion rate remained below 10%, proving that the level of acceptance of the menus was satisfactory. The uneaten food percentage oscilated between 37% and 61%. Considering lunch period alone, throughout the study period, the food waste generated could have fed about 350 people. To summarize, although the rest ingestion index values are compliant with the parameters recommended in literature, the uneaten food percentage was still high. This could point out the fact that it is necessary to do better production control aiming to minimize food wastage. Therefore, we suggest the standardization of processes and services by establishing production routines, defining the operating technical procedures, providing proper training to the teams, as well as monitoring the activities in general so as to bring the percentage reduction of uneaten food.
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introdução
O objetivo principal de um Serviço de Alimentação e Nutrição (SAN) é oferecer refeições saudáveis, balanceadas nutricionalmente e livres de contaminações do ponto de vista higiênico-sanitário. Além disso, Sayur (2009) defende a importância de se buscar constantemente a satisfação da refeição pela clientela, diminuindo desta forma o desperdício dos alimentos e, consequentemente, o custo das refeições, oferecendo assim um serviço de qualidade. Uma das maneiras de se atingir esse objetivo é através da confecção de cardápios, que nada mais é do que a sequência de pratos a serem servidos em uma refeição, ou todas as refeições do dia. O cardápio é uma ferramenta que inicia o processo produtivo e serve como instrumento gerencial para a administração do SAN. A partir do seu planejamento, podem ser dimensionados os recursos humanos e materiais, o controle de custos, o planejamento de compras, a fixação dos níveis de estoque e a determinação dos padrões a serem utilizados na confecção das receitas, servindo ainda para pesquisa e análise das preferências alimentares dos clientes (ABREU, 2009). Os cardápios também auxiliam em uma importante questão dentro dos SANs, que é o controle de desperdícios. De acordo com Borges (2006), o controle de desperdícios é um fator de grande relevância por se tratar de uma questão não somente ética, mas também econômica, com reflexos políticos, sociais e ambientais que
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abrangem as principais etapas da cadeia produtiva; por sua vez, o desperdício envolve perdas que variam desde alimentos que não são utilizados até preparações prontas, que não chegam a ser servidas, e ainda as que sobram nos pratos dos clientes e têm como destino o lixo. O desperdício pode ser influenciado por diversos fatores, como planejamento inadequado, falha no treinamento dos funcionários responsáveis pelo porcionamento das refeições, utensílios de servir inadequados e preferências alimentares, gerando excesso de produção e consequentes sobras. Também é importante a padronização de processos e serviços, por meio da elaboração de rotinas e procedimentos técnicos operacionais; treinamento da equipe; monitoramento das atividades através de checklist, análises microbiológicas, conferência de temperaturas dos alimentos e equipamentos; e manutenção de registros (HIRSCHBRUCH, 1998). Dentro do contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar o índice de resto ingestão de um Serviço de Alimentação e Nutrição Militar (SAN) da cidade de Belém, PA.
material e métodos
O estudo é do tipo observacional, exploratório, descritivo e qualitativo, com foco na avaliação do desperdício de alimentos. O cálculo do índice de resto ingestão foi realizado no período de 10 dias úteis no mês de setembro de 2010. O SAN está inserido em uma Organização
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Militar localizada na cidade de Belém, PA, a qual produz, em média, 900 refeições/dia. O cardápio oferecido é de nível popular, bastante diversificado, distribuído em balcões térmicos (quente e frio) com utilização de pratos. Os cardápios são compostos pelas seguintes preparações: feijão, arroz simples e/ou elaborado, um prato principal, um tipo de salada (crua ou cozida) e uma sobremesa (elaborada ou fruta). Para a obtenção do peso da refeição distribuída, foi realizada a pesagem de todas as cubas de cada preparação, sendo descontado o peso do recipiente. O peso das sobras foi obtido através da pesagem das cubas ainda com alimentos retiradas do balcão térmico. Com relação aos restos, estes foram coletados e pesados diretamente da área de devolução. Em seguida, cada saco plástico correspondente a cada preparação oferecida foi pesado e os resultados foram anotados em planilhas, para cálculos posteriores no Software Excel (2007). As balanças utilizadas para a pesagem foram da marca Filizola, com capacidade para 15 Kg e 300 Kg. Todos os cálculos foram realizados de acordo com as fórmulas citadas por (ABREU, 2009). Para determinação da quantidade de sobras, foi utilizada a seguinte fórmula: % Sobras = (total produzido – total distribuído) x 100 Total produzido
A
porcentagem
do
resto
ingestão foi calculada pela seguinte fórmula: Índice de Resto ingestão (%) = Peso da Refeição Rejeitada (PR) x 100 Peso da refeição Distribuída (PRD)
Foi utilizado o índice de resto ingestão de até 10%, valor recomendado para coletividades sadias (CASTRO, 2003; ABREU, 2009).
resultados e discussão
Ao avaliar a Tabela 1, podese observar que o SAN militar esta adequada quanto ao índice de resto ingestão. A média desse percentual foi de 6,2 %. Os resultados encontrados assemelham-se aos de alguns estudos em UANs que produzem alimentação para coletividades sadias, como em Amorim et al. (2005) e Ricarte et al. (2008), que verificaram nas empresas avaliadas que o índice de resto ingestão foi de 6,6% e 8,4%, respectivamente. Índices estes inferiores aos adotados como padrão para coletividades sadias (10%). Essa média adequada sugere que devam existir estudos com relação às preferências e aos hábitos da clientela atendida. Como relatado no estudo de Vieira et al.
Tabela 1 – Distribuição percentual do resto ingestão de um SAN militar da cidade de Belém-PA, 2010. Dias do Estudo Resto ingestão (%) 1° dia 7,1 2° dia 4,1 3° dia 9,0 4° dia 4,7 5° dia 1,8 6° dia 8,2 7° dia 7,9 8° dia 6,5 9° dia 6,0 10° dia 7,1 Média 6,2
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(2007), que enfatiza a necessidade de conhecer o hábito alimentar da população atendida para diminuir o resto ingestão. No que diz respeito às sobras na tabela 2, nota-se um elevado desperdício de alimentos, cuja quantidade daria para alimentar, em média, 350 pessoas durante 10 dias. A média do percentual de sobras de 47,2% evidencia um resultado semelhante ao de Parisenti (2008) em uma Unidade Tabela 2 – Distribuição percentual de sobras, de um SAN militar da cidade de Belém-PA, 2010. Dias do Estudo Sobras (%) 1° dia 51,1 2° dia 37,0 3° dia 61,4 4° dia 33,6 5° dia 39,4 6° dia 58,3 7° dia 57,0 8° dia 44,4 9° dia 43,5 10° dia 46,5 Média 47,2
nutrição e ecologia | Produtora de Refeição Hospitalar. Para minimizar as sobras, Ribeiro e Justo (2003) orientam a controlar a quantidade servida das preparações durante o porcionamento, substituição de preparações não muito aceitas, monitoramento constante da temperatura dos alimentos até a hora da distribuição, criação de pesquisas de satisfação e estabelecimento de metas para diminuição do índice de resto ingestão. Segundo Santos (2005), a redução dos desperdícios numa Unidade Produtora de Refeição pode melhorar a qualidade do serviço prestado, pois os gastos podem ser direcionados a investimentos em instalações, utensílios e compra de matériaprima variada. Para Ribeiro (2003), o controle de restos de alimentos (resto ingestão) é um instrumento para
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o controle de custos e indicador de qualidade no serviço prestado, contribuindo para melhoria de todo processo de produção e a aceitação do cardápio oferecido.
conclusão
Através dos resultados obtidos conclui-se que, embora os valores do índice de resto ingestão estejam dentro do recomendado pela literatura, o percentual de sobras encontrou-se elevado, o que sinaliza a necessidade de um maior controle no processo produtivo, para minimizar o desperdício de alimentos na unidade. Para tanto, sugere-se a padronização de processos e serviços, por meio da elaboração de rotinas e procedimentos técnicos operacionais, treinamento da equipe e monitoramento das atividades, para que haja redução do percentual das sobras e a melhora continua dos serviços prestados.
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Qualidade e Adequação Nutricional de Cardápios de Unidades Produtoras de Refeições Credenciadas ao Programa de Alimentação do Trabalhador Quality and Menu Nutritional Adequacy in Food Service Accredited to the Workers’ Food Program
Profa Ms Ana Clara Martins e Silva Carvalho - Nutricionista.
Mestre e doutoranda em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da UFG. Docente curso de nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC GOIÁS Dra. Ana Carolina Bóscolo Nutricionista. Especialista em Consultoria Alimentar e Nutricional pela FANUT/UFG Dra. Kaline Ramos - Nutricionista. Especialista em Consultoria Alimentar e Nutricional pela FANUT/ UFG
Dra. Marina Cunha de Resende
- Nutricionista. Especialista em Consultoria Alimentar e Nutricional pela FANUT/UFG Dra Polliane Karla Chaves Nutricionista. Especialista em Consultoria Alimentar e Nutricional pela FANUT/UFG palavras-chave: Planejamento de Cardápio, Alimentação Coletiva, Serviços de Alimentação keywords: menu Planning, collective feeding, food service
50
resumo
Este estudo avaliou qualidade e adequação de macronutrientes, sódio e fibras do cardápio de duas UPR, uma em Goiás e outra em Minas Gerais, credenciadas ao PAT. Para avaliação quantitativa acompanharam-se todas as etapas do processo produtivo das preparações do almoço, e calculouse a composição nutricional dos cardápios por meio de tabelas de composição de alimentos. Para avaliação qualitativa utilizou-se o método AQPC. As duas UPR apresentaram quantidades de óleo elevadas no preparo dos alimentos e presença de doces e carnes gordurosas com frequência alta. Essas características foram compatíveis com valores de energia e macronutrientes superiores a recomendação do PAT. Um aspecto positivo foi adequação do teor de fibras alimentares. As duas unidades avaliadas apresentaram resultados semelhantes aos de outras UPR e compartilham da necessidade de revisão da
composição dos cardápios e controle técnico no preparo de alimentos, para assegurar uma alimentação saudável que possa promover a saúde do comensal.
abstract
In this study, we assessed macronutrient, sodium, and fiber quality and adequacy of the menus prepared in two food services, one in Goiás and the other in Minas Gerais, accredited to the Workers’ Food Program. For the quantitative evaluation, all the phases of the meals production process were followed and their nutritional composition was calculated using food composition tables. For the qualitative assessment, we used the method of Qualitative Evaluation of Menus. Both food services presented high oil content in their food preparations and high frequency of sweets and fatty meat, compatible with energy and macronutrient contents higher than the Workers’ Food Program recommendation. A positive aspect Recebido: 27/03/2011 – Aprovado: 01/11/2011
food service |
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was the adequacy of dietary fiber content. Both food services assessed presented results similar to other food services’ data and share the need to revise their menu composition and technically control the food preparation to guarantee healthy meals that can promote consumers’ health.
introdução
O objetivo o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, com repercussões positivas para a qualidade de vida (VELOSO; SANTANA, 2002). Segundo a POF (2008-2009), cerca de 49,0% e 14,8% dos indivíduos adultos apresentam excesso de peso e obesidade respectivamente (IBGE, 2010). Essas mudanças no perfil nutricional da população têm ocorrido em todo o mundo, e devese questionar a contribuição do PAT nessa modificação do estado nutricional dos trabalhadores (VELOSO; SANTANA, 2002). A avaliação do estado nutricional de trabalhadores do Distrito Federal revelou média de 43,0% de trabalhadores com excesso de peso (SAVIO et al., 2005). Estudo realizado na Bahia detectou que os beneficiários do PAT apresentavam maiores taxas de incidência de ganho de peso em comparação com os trabalhadores não cobertos pelo programa (VELOSO; SANTANA; OLIVEIRA, 2007). Bandoni et al.(2006) relatam que os gestores do PAT desconhecem o programa e seus objetivos. Estes resultados sugerem descompasso entre os objetivos do programa e a sua operacionalização. A análise nutricional dos
cardápios mostra que as refeições oferecidas pelas empresas cobertas pelo PAT são hiperprotéicas, hiperlipídicas, hipercalóricas, com baixo teor de fibras e carboidratos (VELOSO; SANTANA; OLIVEIRA, 2007). Portanto, o grande percentual de trabalhadores com excesso de peso, é compatível com a composição nutricional das refeições e com a ênfase dada pelos gestores das Unidades Produtoras de Refeições (UPR): minimização dos custos de produção das refeições e benefícios de dedução fiscal conferidos pelo PAT para a empresa. A correta intervenção alimentar pode representar um importante reflexo na saúde dos clientes de uma UPR, visto que, para diversos comensais, a alimentação recebida na empresa representa a grande refeição do dia (VEIROS; PROENÇA, 2003). Portanto, o cardápio elaborado pelo nutricionista pode ser utilizado como uma forma de promover a alimentação saudável e repercutir na prevenção, manutenção e recuperação da saúde. Por outro lado, se não for elaborado com o cuidado necessário, pode contrariamente contribuir para fragilizar a saúde das pessoas (PROENÇA, et al., 2005). Nesse sentido, este estudo avaliou a qualidade e adequação nutricionais de cardápios de duas UPR, uma localizada no estado de Goiás e outra no de Minas Gerais, ambas credenciadas ao PAT.
metodologia
Trata-se de amostragem não probabilística por conveniência, composta por duas UPR com gestão terceirizada, a UPR 1 localiza-se em Itumbiara-Goiás
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e a UPR 2 em Uberaba-Minas Gerais. A UPR 1 serve 125 refeições (almoço) por dia e a UPR 2, 90 refeições (almoço). Em ambas os comensais são indivíduos que trabalham em cargos administrativos, com baixo gasto energético. O cardápio é elaborado pelas nutricionistas das UPR, sendo composto por 3 tipos de salada, 1 prato protéico, 1 guarnição, arroz, feijão, 1 sobremesa (fruta ou doce) e 1 bebida (refresco artificial em pó) nas duas UPR. As porções padrões das preparações (planejamento da oferta ao comensal), das UPR 1 e 2 respectivamente são: salada (60g e 90g), prato protéico (80 g e 160 g), guarnição (90 g e 70 g), arroz (230 e 150 g), feijão (60 g), sobremesa doce (70g e 80 g) e bebida (300 ml e 250 ml). As duas UPR possuem sistema de distribuição tipo cafeteria com prato protéico (80 g na UPR 1 e 160 g na UPR 2), sobremesa (70g na UPR 1 e 80 g na UPR 2) e bebida (300 ml) porcionados. As demais preparações são servidas pelo próprio comensal. Foram avaliadas todas as 7 preparações de cada cardápio de almoço, num período de 10 dias consecutivos do mês de julho de 2009, servidos de segunda a domingo, totalizando 140 preparações avaliadas, 70 em cada unidade. Como nas UPR avaliadas não há uso de Ficha Técnica de Preparação (FTP) ou Receituário Padrão, todas as etapas do processo produtivo das preparações do almoço foram acompanhadas para cálculo do real valor nutricional das mesmas e conferência do cardápio planejado com o executado e oferecido aos comensais. Com esse acompanhamento obteve-se por meio de pesagem direta o peso dos
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ingredientes (peso bruto e líquido) e peso das preparações prontas. Para a pesagem de alimentos e preparações foi utilizada Balança Filizolla digital com capacidade para 15 Kg e sensibilidade de 5 g. Para os líquidos foi utilizada proveta de 500 mL, com graduações de 5 mL. Somando-se os valores de composição químicanutricional de cada ingrediente da preparação (peso líquido) foi obtida a composição nutricional da preparação (valor calórico, de macronutrientes, sódio e fibras), correspondente ao peso da mesma pronta (rendimento total). Foi considerado o rendimento total (peso da preparação pronta) das preparações para realizar a correção dos valores obtidos em ingredientes crus para valores correspondentes a alimentos prontos para o consumo. Posteriormente, para obter o valor calórico e teores de macronutrientes referentes ao peso da porção, aplicou-se regra de três simples entre a composição nutricional da preparação toda e o peso da porção. As porções das preparações do cardápio avaliadas foram as porções padronizadas e planejadas pelas unidades, na perspectiva de analise do que é oferecido pela UPR ao comensal. Os cálculos da composição química-nutricional das preparações foram realizados utilizando-se tabela de composição de alimentos (NEPA/UNICAMP, 2006) e o Software Avanutri. A distribuição energética percentual em macronutrientes foi calculada a partir do valor energético total do cardápio, quantidade em gramas e valor calórico de cada macronutriente, utilizando-se os fatores de atwater. Para avaliação quantitativa do cardápio das UPR utilizou-se
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as recomendações de distribuição energética dos macronutrientes estabelecidos pelo PAT (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2006), e para avaliação qualitativa foi utilizado o método de Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) (PROENÇA et al., 2005).
resultados e discussão
A recomendação energética máxima do PAT para grandes refeições é 960 kcal, entretanto a análise do cardápio (Tabela 1) revela médias com valores superiores a esta recomendação em 50% dos dias avaliados na UPR 1 e em 30% na UPR 2. Em relação à distribuição dos macronutrientes, destacamse percentuais diferentes dos parâmetros nutricionais estabelecidos pelo PAT nos cardápios das duas UPR. O cardápio foi hiperglicídico em 60% dos dias avaliados da UPR 1 e hipoglicídico em 50% dos dias na UPR 2; hiperprotéico em 80% e 90%, e hiperlipídico em 20% e 80% dos dias na UPR 1 e 2 respectivamente. Sávio et al (2005), Amorim, Junqueira e Jokl (2005) e Geraldo, Bandoni e Jaime (2008) também encontraram redução no percentual calórico proveniente dos
DIA
carboidratos e aumento de lipídios, caracterizando a oferta de refeições inadequadas nutricionalmente (hipoglicídicas, hiperprotéicas e hiperlipídicas). Em relação ao consumo de fibra alimentar, as duas UPR analisadas neste estudo apresentaram médias dentro dos valores diários de referência do PAT (7 a 10 g), diferente de Amorim et al (2005) que encontrou oferta inadequada de fibras em UPR. Já o teor médio de sódio é superior a recomendação diária (2000 mg) e para o almoço (960 mg) e é semelhante ao valor médio encontrado em uma UPR do estado de São Paulo, 2435 mg de sódio, apenas no almoço (SALAS, et al., 2009). Na tabela 2 consta o per capita de sal e óleo adicionados no preparo das refeições. A UPR 1 apresentou números bastante elevados em relação à recomendação para a quantidade de sal. Os valores encontrados na UPR 1 merecem destaque, visto que ultrapassa a recomendação diária (5 g/dia) em apenas uma refeição do dia, com média de 9,05 g. Já na UPR 2 a média é três vezes menor, 3,12 g, porém contribui com mais de 50% da recomendação diária de sal em apenas uma refeição. A recomendação de consumo
Tabela 1 – Avaliação da Composição Nutricional de Cardápios da UPR 1e UPR 2. Itumbiara - GO; Uberaba - MG, 2009 UPR 1- Itumbiara - GO UPR 2 - Uberaba - MG Kcal
CHO % PTN %
LIP % Fibra (g) Na(mg)
Kcal
CHO % PTN %
LIP % Fibra (g) Na(mg)
1° 1149 61,6 19,1 19,7 12,5 2767 918 51,2 19,7 38,1 7,3 1651 2° 966 53,4 18,2 29,1 9,5 3234 811 49,0 25,9 23,6 8,5 1242 3° 1256 64,1 17,6 18,1 7,2 2531 849 46,9 21,1 31,8 8,4 1722 4° 940 65,6 19,1 18,6 4,2 3370 946 57,2 12,0 19,4 12,7 1535 5° 1255 63,5 13,2 23,2 15,7 2370 1487 38,9 13,9 47,0 9,9 2698 6° 892 33,9 30,6 35,6 3,7 3244 1380 37,0 24,3 47,9 8,7 2365 7° 711 60,2 18,4 19,1 11,4 1575 757 46,5 22,2 31,5 8,0 1314 8° 1028 56,7 24,0 19,5 9,2 2502 868 50,0 20,4 38,2 6,39 1998 9° 921 56,9 18,1 22,4 7,2 1544 1052 42,1 23,1 34,7 10,3 1612 10° 915 58,3 19,1 22,5 8,7 1655 903 53,2 17,9 28,9 8,65 1649 Média 1003 57,4 19,7 22,7 8,9 2479 997 47,2 20,0 34,1 8,8 1778
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de óleo, do Guia alimentar para a população brasileira, é de 8 ml ao dia (BRASIL, 2005). Considerando um cardápio composto por salada, prato protéico, guarnição, arroz, feijão e sobremesa; e que utiliza óleo no preparo do arroz, feijão, prato protéico e guarnição, temos que a quantidade de óleo para o almoço seria de 4 ml. Para o jantar utilizam-se mais 4 ml, que totaliza as 8 ml da recomendação diária de óleo. Portanto, a recomendação do Guia alimentar confere com o preconizado por Ornellas (2001): 1 ml de óleo per capita por preparação. Nas UPR avaliadas utilizase mais que 1 ml de óleo por preparação, a soma dos per capitas de óleo das preparações foi superior as recomendações. Na UPR 1 foi superior ao preconizado em 100 % dos dias analisados, com média de 13,5 ml e destaque para o sétimo dia de avaliação, 20 ml. Na UPR 2, a média foi de 5,74 ml, inferior ao da unidade 1, mas com valor superior a recomendação para uma refeição (4 ml). Ressalta-se que os comensais da UPR 1 extrapolam o consumo de óleos em apenas uma refeição do dia. Percebe-se que a elevada quantidade de óleo usada para o preparo dos alimentos influenciou diretamente o valor nutricional das preparações avaliadas, tornandoas mais calóricas e com maior teor de gorduras, assim como o relatado por Savio et al (2008) e Salas et al (2009). Os resultados da aplicação do método AQPC (Tabela 3) sugerem aspectos positivos como ocorrência baixa de frituras e grande de folhosos, e negativos como presença considerável de carne gordurosa, maior proporção de sobremesas doces do que frutas e
monotonia de cores nos cardápios. Veiros e Proença (2003) e Passos (2008) também encontraram percentuais altos de folhosos, de doces e monotonia de cores. Destaca-se, que as recomendações nutricionais evidenciam a necessidade de três a quatro porções de frutas por dia, principalmente no final da refeição, substituindo os doces (BARRETO et al., 2005). A semelhança de cores dos alimentos oferecidos pode interferir na diversidade de nutrientes oferecidos, e na percepção sensorial dos clientes com a refeição (ORNELLAS, 2001). Os aspectos qualitativos do cardápio são compatíveis com a análise quantitativa que evidenciou alta densidade energética e de lipídios (carnes gordas e doces) e teor satisfatório de fibras (folhosos). A oferta satisfatória de fibras é um ponto positivo para a saúde dos comensais das UPR avaliadas, pois pesquisas têm evidenciado os efeitos benéficos das fibras para prevenir e tratar a doença
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diverticular do cólon, reduzir o risco de câncer e melhorar o controle do diabetes mellitus (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Entretanto o consumo diário de refeições com elevado teor de gorduras, sódio e de doces (açúcar refinado) pode prejudicar o estado nutricional e a saúde do trabalhador, visto que há evidencias convincentes que dietas com elevada densidade energética, alto teor gorduras, e consumo superior a 2400 mg de sódio/dia, favorecem o ganho de peso e o desenvolvimento de Hipertensão Arterial (BARRETO et al., 2005). Destaca-se a necessidade de maior frequência de alimentos saudáveis (carnes magras, frutas e hortaliças, cereais integrais, etc) nos cardápios e a redução do teor de óleo e de sal no preparo dos alimentos para melhor adequação energética e diminuição a exposição a fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. Sendo esta redução uma orientação da Organização Mundial de
Tabela 2 – Per capita de óleo e sal para preparo de almoço UPR 1 e 2. Itumbiara - GO; Uberaba - MG, 2009 UNIDADE 1 UNIDADE 2 DIAS SAL (g) ÓLEO (mL) SAL (g) ÓLEO (mL) 1° 6,8 13,9 2,5 5,2 2° 8,3 15 2,5 3,9 3° 8,1 8,1 2 5,8 4° 8,3 11,6 3,3 4,9 5° 9,2 14,1 5,2 10,6 6° 8 10,6 3,9 6,6 7° 15 20 2,6 5,7 8° 8,4 15,2 2,9 4,8 9° 10 11,6 3,4 5,4 10° 8,4 15,2 2,9 4,5 Média 9,05 13,5 3,12 5,74 Tabela 3 – Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio na UPR 1 e UPR 2. Itumbiara - GO; Uberaba - MG, 2009 Folhosos Frutas
Porcentagem (%) de Ocorrência em 10 dias de cardápio - UPR 1 Porcentagem (%) de Ocorrência em 10 dias de cardápio - UPR 2
Carne Doce + Cores Ricos em Doce Fritura Iguais Enxofre gordurosa Fritura
100 % 20% 70% 40% 80% 0% 20% 0% 100 % 30% 30% 20% 70% 10% 60% 1 0 %
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Saúde (OMS) para promoção da alimentação saudável (BARRETO et al., 2005). Os per capitas de sal e óleo devem ser padronizados, seguindo as recomendações do guia alimentar para a população brasileira e da OMS. Esta padronização deve ser registrada nas FTP que devem ser seguidas diariamente, como um instrumento de controle operacional que garante qualidade nutricional, sensorial e até mesmo controle de custos das refeições (SAVIO et al.,2008; BERNARDO et al., 2009). As duas Unidades avaliadas apresentaram resultados semelhantes aos de outras UPR e compartilham da necessidade de revisão da composição dos cardápios, definição de per capitas, e controle técnico do preparo de alimentos por meio da FTP, para assegurar uma alimentação saudável que possa promover ou manter a saúde do comensal. Estes resultados comuns
referências
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em UPR de diferentes regiões do país apontam que o planejamento e a execução dos cardápios não seguem os princípios da alimentação saudável preconizados pela portaria interministerial que define os paramentos do PAT, pelo guia alimentar da população brasileira e pelas atribuições do nutricionista em UPR definidas pelo Conselho Federal de Nutrição (CFN). As UPR são consideradas pela OMS com um dos parceiros preferenciais na promoção da alimentação saudável, pois há a oportunidade da produção e distribuição de alimentos de fato saudáveis. Portanto a realidade atual da produção de refeições em UPR brasileiras necessita ser revista com urgência (BERNARDO et al., 2009).
conclusão
Verificou-se elaboração dos
que cardápios
na há
pontos críticos para a qualidade nutricional como monotonia de cores, poucas frutas, muitos doces e carnes gordas. Durante o preparo do alimento a qualidade nutricional fica comprometida pela adição excessiva de óleo e sal. Cabe ao nutricionista por em prática a técnica dietética para criar novas estratégias para servir alimentos saborosos, que agregam valor nutricional e não prejudiquem a saúde, pelo contrário, que contribua para melhorá-la por meio da alimentação oferecida, que é o objetivo do PAT. Apenas com exercício do controle técnico do preparo dos alimentos - iniciado com a elaboração de cardápios saudáveis, definição de per capita e porções adequadas as necessidades nutricionais dos comensais, e elaboração e execução das Fichas Técnicas de Preparação (FTP) pode-se efetivamente promover a saúde dos trabalhadores.
• AMORIM, M.M.A; JUNQUEIRA,R.G;JOKL,L. Adequação nutricional do almoço self-service de uma empresa de Santa Luzia, MG. Rev Nutr., v.18, n. 1, p.145-156, 2005. • BANDONI, D. H; BRASIL, B.G.; JAIME, P. C. Programa de Alimentação do Trabalhador: representações sociais de gestores locais. Rev Saúde Pública, v.40, n. 5, p.837-842, 2006. • BARRETO, S.M. et al. Análise da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde, da Organização Mundial da Saúde. Epidemiol Serv Saúde, v.14, n. 1, p. 41-68, 2005. • BERNARDO, G.L; INSENSEE, M.; PROENÇA, R.P.C. Redução de gorduras, eliminação de gorduras trans adicionadas e estabelecimento de um padrão mínimo de qualidade nutricional e sensorial de preparações de uma Unidade Produtora de Refeições. Nutrição em Pauta, n.94, p. 49-53, 2009. • BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília; 2005. • GERALDO, A.P.G.; BANDONI, D.H.; JAIME, P.C. Aspectos dietéticos das refeições oferecidas por empresas participantes do Programa de Alimentação do Trabalhador na cidade de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salude Pública, v.23, n. 1, p.19-25, 2008. • IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009. Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/pof_20082009_encaa.pdf>. Acesso em: 02 set. 2010 • MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Portaria Interministerial nº 66, de 25 de agosto de 2006. Publicada no Diário Oficial da União de 28 de Agosto de 2006. • NEPA/UNICAMP, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação, Universidade Estadual de Campinas. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos [TACO]: versão 2. São Paulo: NEPA/Unicamp; 2006. 113p. • ORNELLAS,L.H. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos. 7.ed.São Paulo: Atheneu, 2001.330 p. • PASSOS, A.L.A. Análise do Cardápio de uma Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional em Brasília-DF segundo o Método “Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio”. 2008. 41 f. Monografia ( Especialização em Gastronomia e Saúde) - Universidade de Brasília, Brasília, 2008. • PROENÇA, R.P.C. et al. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições. 1. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2005. 221p. • SALAS, C.K.T.S. et al. Teores de sódio e lipídios em refeições almoço consumidas por trabalhadores de uma empresa do município de Suzano, SP. Rev Nutr, v. 22, n.3, p.331-339, 2009 • SAVIO, K.E.O. et al. Avaliação do almoço servido a participantes do programa de alimentação do trabalhador. Revista de Saúde Pública, v. 39, n.2, p.148155, 2005. • SAVIO, K. et al. Ficha Técnica de Preparação: Um Instrumento de Atenção Dietética. Nutrição em Pauta, , n.91, p. 19-24, 2008. • VEIROS, M.B.; PROENÇA, R.P.C. Avaliação qualitativa das preparações do cardápio em uma unidade de alimentação e nutrição-método AQPC. Nutrição em Pauta, v.11, n.62, p.36-42, 2003. • VELOSO, I.S.; SANTANA, V.S. Impacto nutricional do programa de alimentação do trabalhador no Brasil. Rev Panam Salud Pública , v. 11, n. 1, p.24-31, 2002. • VELOSO, I.S.; SANTANA, V. S.; OLIVEIRA, N.F. Programas de alimentação para o trabalhador e seu impacto sobre ganho de peso e sobrepeso. Rev Saúde Pública, v. 41, n. 5, p. 769-776, 2007.
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Boules de Soja Boules Soy Profa. Dra. Isabel Pommerehn Vitiello – Nutricionista, Mestre em Engenharia de Produção, Professora do Curso de Nutrição da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS.
Fernanda Sontag, Graziane de Franceschi, Jéssica Temp, Juliana Herath, Patrícia Andréia Jost e Rosiane Lima –
Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS palavras-chave: Soja, alimento funcional keywords: Soybeans, functional food
nutrição, nutrition,
resumo
O objetivo deste trabalho é levar às pessoas uma nova visão para o uso da soja na Gastronomia, considerando-se as vantagens da leguminosa para o equilíbrio da saúde humana. Neste trabalho será apresentada uma preparação com a soja como principal ingrediente: Boules de Soja.
abstract
The objective of this work is to bring people a new vision for the use of soy in Gastronomy, considering the advantages of the legume to the balance of human health. This work will be presented with a soy preparation as the main ingredient: Soy boules. Recebido: 22/10/2011 – Aprovado: 26/11/2011
introdução
A soja é um importantíssimo alimento funcional, utilizada no Oriente há mais de cinco mil anos, sendo considerada um grão sagrado. A utilização do produto em maior escala no Ocidente, no entanto, é bem mais recente, sendo motivada pelas suas qualidades nutritivas e terapêuticas (BERGEROT, 2003). A soja é um dos alimentos mais completos em termos de propriedades nutricionais (BHAKTIVEDANTA,1985; ROYO, 1977). O feijão de soja contém mais proteína que qualquer outra leguminosa, e seus produtos são excelentes fontes proteicas não animais. É fonte de vitaminas, sais minerais e fibra alimentar, além de oferecer quantidades de aminoácidos similares a dos alimentos de origem animal. A soja não contém colesterol e sua gordura apresenta alto teor de gorduras poliinsaturadas, vitais ao nosso organismo, como ômega 6 e ômega 3 (ALVES, 2010; BURGIERMAN, 2003). De acordo com Hasler (1998 apud BEHRENS): “Dentre os alimentos cujas alegações de saúde têm sido amplamente divulgadas pela mídia nos últimos anos destaca-se a soja. Suas características químicas e nutricionais a qualificam como um alimento funcional: além da qualidade de sua proteína, estudos mostram que a soja
pode ser utilizada de forma preventiva e terapêutica no tratamento de doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose e sintomas da menopausa.” Alves (2010) e Royo (1977) descrevem que se encontram disponíveis no mercado as diferentes formas da soja, são elas: Grãos – Desde que cozidos, podem ser consumidos de diversas maneiras. Recomenda-se aplicar o choque térmico antes de seu consumo, usando-se água fervente por cerca de 5 minutos e, depois, água gelada. Isso colabora para retirar as substâncias que interferem na absorção de proteína vegetal. Farinha – Produzida a partir do grão torrado e moído, possui boa quantidade de proteínas. Pode substituir parte da porção de farinha de trigo em produtos de panificação, sem alterar características como gosto e textura. Tofu – Produzido a partir do extrato do grão, também é chamado de queijo de soja. É rico em proteínas, além de apresentar fósforo, ferro e vitaminas do complexo B. Não possui gordura saturada nem colesterol. Óleo – Muito comum na cozinha do brasileiro, é fonte de ácidos graxos essenciais, ômega 3 e 6. Porém não contém isoflavonas na fórmula. O consumo moderado aliado à dieta com níveis controlados de gorduras é benéfico. Leite (extrato) – Ainda que
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batizado de leite trata-se do líquido originado do cozimento dos grãos em água e trituração. Possui baixo teor de gordura e é isento à lactose (açúcar do leite). Missô Condimento fermentado fabricado com grãos de soja, abundante em proteína e aminoácidos essenciais. Shoyu - É produzido pela fermentação natural da soja, mas deve ser degustado com moderação, pois é rico em sódio. Lecitina - Obtida por técnicas de processamento, é um suplemento alimentar abastecido de fosfolipídios que favorece o funcionamento as
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células nervosas e a memória. Proteína isolada – Popular nutriente extraído dos grãos e comercializado em forma de suplemento, especialmente em cápsulas. Farelo – É o resíduo do processo de produção de óleo. Possui alto teor de proteína, em torno de 40%.
receita vegan Modo de preparo da massa: Junte todos os ingredientes da massa e abra com a ajuda de um rolo numa superfície enfarinhada.
Para o recheio: deixe a soja de molho algumas horas temperada com o alho, louro, salsa, suco e casca de limão. Pique a cebola e refogue com azeite. Junte a polpa de tomate, a soja que ficou de molho com os temperos, a cenoura ralada e tempere com pimenta e noz-moscada. Retire do fogo e junte a salsa picada. Corte a massa em círculos com cerca de 10 cm de diâmetro e no centro de cada um coloque um pouco de recheio. Faça bolinhas. Leve ao forno em uma forma untada ou frite. Depois enfeite com pedaços de alface enrolada, tomate e palito. Boules de soja (Boyles soy) Rendimento: 60 unidades Ingredientes da massa: • 1 xícara de água • sal a gosto • 1 xícara de farinha de trigo • 1 colher de sopa de margarina Ingredientes do recheio: • 1 xícara de soja granulada (proteína de soja PVT) • 2 dentes de alhos • 2 folhas de louro • salsa a gosto • suco e casca de limão ralada • 1 cebola média • polpa de tomate a gosto • 1 cenoura média • pimenta a gosto • noz-moscada moída na hora a gosto • azeite a gosto Ingredientes da decoração: • Folhas de alface • 4 tomates • 1 caixa de palitos de dente
referências
• ALVES, Fabi. Tipos de soja. 2010. Disponível em: <http://fabialves.com/tipos-de-soja.html>. Acesso em: 26 set. 2011. • BEHRENS, Jorge Herman; SILVA, Maria Aparecida Azevedo Pereira da. Atitude do consumidor em relação à soja e produtos derivados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 24, n. 3, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? • script=sci_arttext&pid=S0101-20612004000300023&lng=en&nrm=iso>. Acesso • em: 26 set. 2011. • BERGEROT, Caroline. Cozinha Vegetariana: A soja no seu dia-a-dia. São Paulo: Cultrix, 2003, 383 p • BHAKTIVEDANTA, Swami P. Gosto superior: guia da alimentação vegetariana. São Paulo: fundação Bhaktivedanta, 1985.58 p. • BURGIERMAN, Denis Russo. Vegetarianismo. (S.I.): Abril, 2003. 90 p. • ROYO, Ana Maria. Cocina vegetariana: 368 recetas compatibles. Barcelona: Ed. Cedel, 1977. 239 p.
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Normas para Publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar/enteral, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia, nutrição e ecologia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições. Envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante. Apresentação do Artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e inglês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências. O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As
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imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .tif ou .jpg em resolução de 300 dpi. As tabelas, quadros, figuras e gráficos devem ser referidos em números arábicos. Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores pertençam. As referências e suas citações no texto devem seguir as normas específicas da ABNT, conforme instruções a seguir. CITAÇÕES NO TEXTO (NBR10520/2002) a. sobrenome do autor seguido pelo ano de publicação. Ex.: (WILLETT, 1998) ou “Segundo Willett (1998)” b. até três autores, citar os três separados por ponto e vírgula. Ex.: (CORDEIRO; GALVES; TORQUATO, 2002). Mais de três autores, citar o primeiro seguido da expressão “et al.” REFERÊNCIAS (ABNT NBR-6023/2002) a. ordem da lista de referências – alfabética b. autoria – até três autores, colocar os três (sobrenome acompanhado das iniciais dos nomes) separados por ponto e vírgula (;). Ex.: CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. Mais de três autores, colocar somente o primeiro autor seguido de “et al.” c. títulos dos periódicos – abreviados segundo Index Medicus e em itálico d. Exemplo de referência de artigo científico (para outros tipos de documentos, consultar a ABNT): POPKIN, B.M. The nutrition and obesity in developing world. J. Nutr., v.131, n.3, p.871S-873S, 2001. Obs.: a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. Notas do Editor Caberá ao editor, visando padronizar os artigos ou em virtude de textos demasiadamente longos, suprimir, na medida do possível e sem cortar trechos essenciais à compreensão, textos, tabelas e gráficos dispensáveis ao correto entendimento do assunto. Os artigos que não se enquadrem nas normas da revista poderão ser devolvidos aos autores para os ajustes necessários. Os autores receberão um exemplar da edição em que o artigo foi publicado.