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EM PAUTA
ISSN 2236-1022
A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição
R$ 30,00 • Março 2013 Ano 3 Número 13 Edição Eletrônica São Paulo
clínica
Características Comportamentais de Ortorexia Nervosa
food
Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso
FUNCIONAIS
O Uso de Fitoterápicos como Auxilio na Redução do Peso Corporal
Obesidade Infantil: Omissão do Café da Manhã www.nutricaoempauta.com.br
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Nutrição em Pauta: a Revista dos Melhores Profissionais em Nutrição. 20 anos de Sucesso.
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editorial
EM PAUTA
por Sibele B. Agostini
Obesidade Infantil: Omissão do Café da Manhã Diversos estudos têm demonstrado que o Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive com a transição nutricional, determinada frequentemente pela má alimentação. Ao mesmo tempo em que se assiste a redução contínua dos casos de desnutrição, são observadas prevalências crescentes de excesso de peso, contribuindo com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis. A matéria de capa desta edição teve por objetivo realizar uma revisão na literatura para verificar a relação entre a obesidade infantil e a omissão do café da manhã. Considerando-se a importância e as vantagens do seu consumo adequado, o café da manhã poderia ser responsável pela inclusão de algumas ou de todas as porções diárias de alguns grupos alimentares, como cereais, frutas e sucos de frutas e leite e derivados. O café da manhã é deixado de lado e esquecido como uma das principais refeições do dia, o que leva crianças e adolescentes a aumentarem o consumo de carboidratos, especialmente açúcares simples e gorduras.
Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2013, englobando o 14o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 14o Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 1º Congresso Multidisciplinar de Nutrição esportiva, 9o Fórum Nacional de Nutrição, 8o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 6o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 6o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 1º Simpósio Internacional de Gastronomia Molecular, 14a Exposição de Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo no período de 03 à 05 de outubro de 2013 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E também o 9o Fórum Nacional de Nutrição 2013, que será realizado este ano em 9 capitais do país: RJ, MG, BA, SC, DF, PA, PR, RS e SP.
Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da Revista Nutrição em Pauta. Boa leitura!
Sibele B . A g os tini Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região
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nesta edição março 2013
3. Obesidade Infantil: Omissão do Café da Manhã 9. Características Comportamentais de Ortorexia Nervosa em Estudantes do Curso de Nutrição 15. Efeitos da Suplementação de L-Arginina em Praticantes de Atividade Física. 21. Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso. 29. O Uso de Fitoterápicos como Auxilio na Redução do Peso Corporal. 35. Perfil Nutricional de Pacientes Admitidos em Hospital Público de Goiânia. 41. Benefícios da Dieta de Baixa Carga Glicêmica na Acne Vulgar. Assine: (11) 5041.9321 r.22 assinaturas@nutricaoempauta.com.br Fale Conosco: (11) 5041.9321 r.20 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br
47. Hábitos de Vida de Estudantes de Nutrição de uma Universidade Pública. 51. Análise Físico-Química e Sensorial de Panqueca à Base de Batata Desidratada em Flocos.
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A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científica em Nutrição - Av. Ver.
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José Diniz, 3651 - cj 41 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 - Fax 55
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Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ), Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP), Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefina Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Thais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP) Dra. Ilana Elman (Doutora FSP/USP) Chef Patrick Martin | LCB/PARIS Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Dra. Cecília Tsukamoto Amanda B. Ansaldo | MTB 46767/SP Alexandre Agostini Roberta Lajes | assinaturas@nutricaoempauta.com.br estudiolumine.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Produzida em Março de 2013
Ano 2 - número 12 -martço/abril 2013 - edição eletrônica 11 5041-9097 - email nucleo@nutricaoempauta.com.br - website www.nutricaoempauta.com.br
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matéria de capa
Childhood Obesity: Omission of Breakfast
por Juliana Gonçalves, Josi Faoro e Nathália Ribeiro Hirata
Obesidade Infantil:
Omissão do Café da Manhã A obesidade infantil é relacionada cada vez mais ao estilo de vida moderno e aos novos hábitos alimentares. O café da manhã é deixado de lado e esquecido como uma das principais refeições do dia, o que leva crianças e adolescentes a aumentarem o consumo de carboidratos, especialmente açúcares simples e gorduras. O presente estudo teve por objetivo realizar uma revisão na literatura para verificar a relação entre a obesidade infantil e a omissão do café da manhã. Considerando-se a importância e as vantagens do seu consumo adequado, o café da manhã poderia ser responsável pela inclusão de algumas ou de todas as porções diárias de alguns grupos alimentares, como cereais, frutas e sucos de frutas e leite e derivados. Childhood obesity is increasingly related to the modern lifestyle and new eating habits. The breakfast is laid aside and forgotten as one of the main meals of the day, which leads children and teens to increase their intake of carbohydrates, especially simple sugars and fats. This study aimed to review the literature to assess the relationship between childhood obesity and the omission of breakfast. Considering the importance and benefits of their consumption appropriate, the breakfast could be responsible for the inclusion of some or all of the daily portions of some food groups such as cereals, the fruit and fruit juices, and milk and derivatives.
Introdução
A obesidade é uma doença multifatorial, que envolve fatores genéticos e ambientais. Há evidências de que os fatores genéticos são capazes de modular a resposta do organismo frente a variações de fatores ambientais, como dieta e atividade física (NASCIMENTO et al., 2011). Diversos estudos têm demonstrado que o Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive com a transição nutricional, determinada frequentemente pela má alimentação. Ao mesmo tempo em que se assiste a redução contínua dos casos de desnutrição, são observadas prevalências crescentes de excesso de peso, contribuindo com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008). O consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente quanto ao volume da ingestão alimentar, como também à composição e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares também mudaram, explicando em parte o contínuo aumento da adiposidade nas crianças, como o pouco consumo de frutas, hortaliças e leite, o aumento no consumo de guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da manhã (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). Apesar do café da manhã ser considerado uma das principais refeições do dia, observa-se uma relativa carência de informações na literatura científica sobre ele, quando comparado às outras refeições (TRANCOSO; CAVALLI; PROENÇA, 2010).
SOARES, 2003 No mundo, há mais de 1 bilhão de adultos com excesso de peso. Destes, pelo menos 300 milhões são obesos e 17,6 milhões são crianças com idade escolar inferior a cinco anos.” março 2013
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Diante destas considerações, o presente estudo teve o objetivo de realizar uma revisão bibliográfica e demonstrar a relação entre a obesidade infantil e a omissão do café da manhã. Para tal, foram selecionados os seguintes bancos de dados: SCIELO, LILACS, MEDLINE e PUBMED. Foram pesquisados os idiomas português, inglês e espanhol e definidos os seguintes descritores: café da manhã, desjejum, alimentação, sobrepeso, obesidade infantil. Os levantamentos dos estudos referentes ao tema escolhido priorizaram o período de 2005 a 2012, para que a pesquisa contasse com dados mais recentes, não excluindo publicações de datas anteriores que possuíssem material pertinente ao estudo e fossem relevantes. Além disso, foram pesquisados livros técnicos, sites de internet e revistas científicas relacionados ao tema principal do estudo.
Obesidade Infantil
A epidemia global do excesso de peso e obesidade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), está rapidamente se tornando um problema de saúde pública em muitas partes do mundo e está associada ao aumento da morbidade na infância e na vida adulta (ALVES, 2008). No mundo, há mais de 1 bilhão de adultos com excesso de peso. Destes, pelo menos 300 milhões são obesos e 17,6 milhões são crianças com idade escolar inferior a cinco anos (SOARES, 2003). Em 2010, foi divulgado, com a utilização da avaliação nutricional, que uma em cada três crianças entre 5 a 9 anos estava acima do peso, através da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 (POF). Esses números representam um salto na frequência de excesso de peso nessa faixa etária ao longo de 34 anos em meninos: 34,8% em 2008-2009, 15% em 1989 e 10,9% em 1974-75 (MELO, 2009). Cerca de um terço dos pré-escolares e metade dos escolares obesos tornam-se adultos obesos (SILVA; MOTTA, 2005). Em outras palavras, os pais desempenham um papel crucial na formação dos hábitos alimentares e dos padrões de atividade física das crianças (PAKPOUR; YEKANINEJAD; CHEN, 2011). O interesse na prevenção da obesidade infantil justifica-se pelo aumento de sua prevalência com permanência na vida adulta, pela potencialidade enquanto fator de risco para as doenças crônico-degenerativas e, mais
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Childhood Obesity: Omission of Breakfast
matéria de capa por Juliana Gonçalves, Josi Faoro e Nathália Ribeiro Hirata
triches; giugliani, 2005 recentemente, pelo apareOmissão do O consumo alimentar tem sido recimento de doenças como Café da Manhã lacionado à obesidade não somente quano diabetes mellitus tipo 2 Muitos estudos (LEÃO, 2003), hiperinto ao volume da ingestão alimentar, como enfatizam a importância sulinemia (MIELDAZIS, do consumo do desjejum também à composição e qualidade da die2010) e esteatose hepáticom uma boa nutrição, ta. Além disso, os padrões alimentares ca (LIRA et al., 2010) em sendo a falta de vitaminas também mudaram, explicando em parte crianças e adolescentes e minerais um dos pontos o contínuo aumento da adiposidade nas obesos, antes predomiressaltados quando esta crianças, como o pouco consumo de frunante em adultos (LEÃO, refeição não é realizada, tas, hortaliças e leite, o aumento no con2003). Segundo teorias pois pode não ser comsumo de guloseimas (bolachas recheadas, ambientalistas, as causas pensada durante o resto salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem estão fundamentalmente do dia por indivíduos que como a omissão do café da manhã.” ligadas às mudanças no não realizam o desjejum estilo de vida e aos hábitos (WILLIAMS, 2005). alimentares (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). O organismo necessita da elevação da glicemia para realizar as atividades matinais, porém a prática de Alimentação não consumir o desjejum inviabiliza este processo, além As práticas alimentares como determinantes dide favorecer uma possível deficiência de cálcio, uma vez retos do aumento da obesidade têm sido reconhecidas que os alimentos fontes desse mineral são geralmente em inúmeros estudos. Alguns estudos destacam como consumidos diariamente durante esta refeição (SOUZA principais desvios alimentares: consumo insuficiente de et al., 2007). frutas, hortaliças e leguminosas (principalmente feijão); Entre as crianças, as razões normalmente citadas ausência de refeições, com destaque para o desjejum; repara a não realização do café da manhã são: falta de temdução do consumo de leite e derivados com substituições po, falta de fome nesse momento do dia ou desejo de fazer dos mesmos por bebidas lácteas com menor concentradieta para perder peso. Acredita-se que a falta de incenção de cálcio; aumento no consumo de alimentos prontos tivo para a criação de um hábito alimentar que inclua o (congelados e pré-preparados) e refrigerantes (TRICHES; consumo de café da manhã também influencia a omissão GIUGLIANI, 2005; RAMOS; STEIN, 2000). Estes hábidessa refeição pelas crianças (TRANCOSO; CAVALLI; tos sinalizam para a necessidade de trabalho de educação PROENÇA, 2010). alimentar envolvendo o núcleo familiar, os órgãos goverEvidências científicas relacionam o consumo frenamentais e os meios de comunicação (TRICHES; GIUquente de café da manhã com baixo risco de sobrepeso e GLIANI, 2005; RAMOS; STEIN, 2000). obesidade. O consumo frequente e adequado do café da A relação entre práticas alimentares inadequadas e manhã pode melhorar o poder de saciedade do comeno excesso de peso é evidenciada por Mondini et al (2007), sal e, assim, reduzir a quantidade calórica total ingerida que verificaram maior razão de prevalência para obesidurante o dia; em especial, pode limitar o consumo de dade em crianças que consumiam quantidade superior lanches calóricos por crianças e adolescentes ao longo da de alimentos industrializados, tais como salgados fritos, jornada (TRANCOSO; CAVALLI; PROENÇA, 2010). batata frita, sanduíches, salgadinhos comercializados em O número de refeições constitui indicador imporpacotes, bolachas, balas e refrigerantes. tante do panorama alimentar e do padrão nutricional dos Resultados semelhantes são compartilhados por escolares. Os dados da pesquisa realizada por Sturion et Triches e Giugliani (2005), que observaram nas crianças al., (2005) evidenciaram que 15% a 20% dos escolares com práticas alimentares menos saudáveis (não consumir omitiam da sua pauta alimentar diária pelo menos uma frutas, hortaliças, leite, café-da-manhã e maior consumo refeição principal. Destaca-se que 19,5% dos escolares dede refrigerantes) chance cinco vezes mais elevada de seclararam não consumir o café da manhã, enquanto 14,6% rem obesas. não almoçavam e 16,1% não jantavam. Também em uma março 2013
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refeição. O estilo de vida associação entre obesitrancoso; cavalli; proença, 2010 da sociedade contempodade e hábitos alimentaEvidências científicas relacionam rânea tem modificado res específicos realizada o consumo frequente de café da manhã com os hábitos alimentares por Betin et al., (2010), baixo risco de sobrepeso e obesidade. O conda população. No vasto demonstrou-se que criansumo frequente e adequado do café da macampo de estudos sobre ças com hábito alimentar nhã pode melhorar o poder de saciedade do alimentação contempoinfrequente de tomar café comensal e, assim, reduzir a quantidade carânea, há evidências da da manhã têm duas vezes lórica total ingerida durante o dia; em esdiminuição do consumo mais chances de serem pecial, pode limitar o consumo de lanches de café da manhã como obesas do que os escolares calóricos por crianças e adolescentes ao uma modificação imporque têm esse hábito. longo da jornada. ” tante no comportamento É importante lemalimentar atual (ALVES, brar que a omissão de re2008). feição é um fenômeno cobetin, et al., 2010 Uma relação immum entre os adolescentes, É importante lembrar que a omissão portante entre o consusendo o desjejum a refeição de refeição é um fenômeno comum entre os mo de café da manhã e a mais negligenciada, seguida adolescentes, sendo o desjejum a refeição idade é também evidenpelo jantar; frequentemente mais negligenciada, seguida pelo jantar; ciada nessas pesquisas. O são substituídos por lanfrequentemente são substituídos por lanconsumo dessa refeição ches com baixa densidade ches com baixa densidade de nutrientes, parece aumentar com de nutrientes, muitas vezes muitas vezes ricos em gordura e açúcares e a idade quando se trata ricos em gordura e açúcapobres em vitaminas, minerais e fibras.” de adultos, entre 18 e 60 res e pobres em vitaminas, anos, e diminuir quando minerais e fibras (BETIN, et se estuda o consumo dessa refeição em crianças e adoal., 2010). lescentes, entre 4 e 18 anos, constatando-se ainda que na Rampersaud (2009), em estudo de revisão, tamidade adulta, em geral, o consumo de café da manhã é bém constatou uma alta prevalência de crianças que omipredominantemente maior que em outras fases da vida tem o consumo de café da manhã, tanto nos Estados Uni(SONG et al., 2005). dos como na Europa (variando de 10% a 30%). O autor O café da manhã influencia no raciocínio do escorevisou 47 estudos, o que lhe possibilitou traçar um perfil lar. Crianças saudáveis na faixa etária entre 9 e 11 anos, dos não consumidores dessa refeição: adolescentes meque pulam o café da manhã, cometem mais erros ao reninas, crianças de baixo nível socioeconômico, crianças ceberem uma bateria de testes do que aquelas que tomam e adolescentes mais velhos, bem como jovens negros o café da manhã. Alguns estudos que levaram em conta e hispânicos. A omissão dessa refeição entre os adulo horário do café da manhã demonstraram que as criantos foi associada a pessoas fumantes, pessoas com baixa ças que receberam o café da manhã até 30 minutos antes frequência de atividade física, pessoas que, preocupadas dos testes obtiveram um resultado melhor do que aquelas com o peso corporal, fazem dietas sem acompanhamenque receberam o café da manhã 2 horas antes. Com isso, to. Alexander et al., (2009) identificaram ainda associação os programas de merenda escolar devem incluir em seus positiva entre a omissão desta refeição e o aumento da estudos não só a quantidade e qualidade do alimento seradiposidade visceral. vido, mas também o horário no qual essa refeição é ofereSegundo o estudo de Souza (2007), há uma relação cida (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005). inversa entre o IMC e o consumo do desjejum. Indivíduos que consomem o desjejum tendem a ter um IMC menor, quando comparados com os que não realizam esta refeiConsiderações Finais ção. Além disso, indivíduos obesos são mais propensos a De acordo com os estudos, as crianças apresentanão realizar o desjejum ou consumir menos calorias nesta ram, em sua maioria, insuficiência calórica na dieta e um
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padrão alimentar com baixo consumo dos grupos de frutas, verduras e legumes. Além disso, apesar do padrão de realização de refeições ter sido considerado satisfatório, é necessário o incentivo do café da manhã entre as crianças, para auxiliar no controle de peso corporal. Considerando-se a importância e as vantagens do seu consumo adequado, o café da manhã poderia ser responsável pela inclusão de algumas ou de todas as porções diárias de alguns grupos alimentares, como cereais, frutas e sucos de frutas e leite e derivados. Esse fato poderia contribuir para uma adequação nutricional no consumo de alimentos, auxiliar na diminuição de sobrepeso e de obesidade e ainda melhorar o rendimento escolar, principalmente em crianças e adolescentes.
Sobre os autores
Profa. Dra. Juliana Gonçalves Nutricionista. Mestre e Doutoranda em Ciências da Saúde: Cardiologia - IC/FUC (RS); Especialização em Nutrição Clínica – CBES (RS); Especialização em Fitoterapia - Universidade de Léon (Espanha). Docente na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI/FW. Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética. Dra. Josi Faoro Nutricionista. Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário FEEVALE. Pós Graduação em Nutrição Clínica Personalizada. Dra. Nathália Ribeiro Hirata Nutricionista. Graduada em Nutrição pela Universidade Filadélfia de Londrina e Pós Graduada em Nutrição Esportiva pela Universidade Gama Filho e Pós Graduação em Nutrição Clínica Personalizada.
Palavras-chave: consumo alimentar, alimentação, criança, sobrepeso, obesidade, omissão. Keywords: food intake, nutrition, child, overweight, obesity, omission. Recebido: 24/9/2012 – Aprovado: 8/3/2013
Referências
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março 2013
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Em 2013, o Mega Evento está ainda melhor.
2013 • 14º Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida • 14º Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição • 1º Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva • 9º Fórum Nacional de Nutrição • 8º Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA) • 6º Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom) • 6º Simpósio Internacion`al do Le Cordon Bleu (França) • 1º Simpósio Internacional de Gastronomia Molecular (França) • 14a Exposição de Produtos e Serviços em Alimentação e Nutrição Nutrição Clínica . Nutrição Esportiva . Nutrição Hospitalar . Saúde Pública . Alimentos Funcionais . Food Service . Gastronomia e Aspectos Alimentares e Culturais . serão discutidos em profundidade no Mega Evento Nutrição 2013 o maior evento de Nutrição e Alimentação da América Latina. Prêmios Científicos: Serão quatro importantes prêmios para os Temas Livres: Melhor Trabalho Científico em Nutrição Clínica, Melhor Trabalho Científico em Nutrição Esportiva, Melhor Trabalho Científico em Nutrição e Saúde Pública e Melhor Trabalho Científico em FoodService/Gastronomia. Também serão premiados os melhores Pôsteres apresentados: Melhor Pôster em Nutrição Clínica, Melhor Pôster em Nutrição Esportiva, Melhor Pôster em Nutrição e Saúde Pública e Melhor Pôster em FoodService/Gastronomia.
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Behavioral Characteristics of Orthorexia Nervosa in Nutrition Students
por Raquel A. da Costa, Priscila de Moraes N. e Rosangela de Assis Rodrigues
Características Comportamentais de Ortorexia Nervosa em Estudantes do Curso de Nutrição A ortorexia nervosa é uma patológica obsessão pelo consumo de alimentos saudáveis. Por ser um termo novo, a DSM-IV ainda não considera ortorexia nervosa um transtorno alimentar. Os profissionais e os graduandos ligados à área de saúde são mais suscetíveis a desenvolvê-la. O objetivo deste trabalho foi verificar possíveis características comportamentais de ortorexia nervosa em estudantes do curso de Nutrição de uma universidade particular de Brasília. A pesquisa teve participação de 82 alunos, que foram avaliados por meio de um instrumento de autopreenchimento contendo 18 perguntas abertas e fechadas sobre dados pessoais, estado nutricional, e o teste de Bratman para identificar características comportamentais de ortorexia nervosa (BOT). Os resultados indicaram que houve indícios fortes de ortorexia nervosa em 3,6% dos estudantes, indícios significativos em 69,9%, leves indícios em 18,1% e que não houve indícios em 8,4% da amostra avaliada. Orthorexia Nervosa is an obsessive pathological fixation on the consumption of healthy foods. Being a new term, the DSM-IV does not recognize Orthorexia Nervosa as an eating disorder. Science health professionals and graduate students are more vulnerable to develop this obsessivecompulsive personality. The present study aimed to identify behavioral characteristics of Orthorexia Nervosa in Nutrition students of a private university in Brasilia. The research was attended by 82 students, who were assessed using a self-report instrument containing eighteen open and closed questions on personal data, nutritional status and the Bratman’s test to identify behavioral characteristics of Orthorexia Nervosa (BOT). The results indicated a strong evidence of Orthorexia Nervosa in 3.6%, significant indications in 69.9%, mild signs in 18.1% and no indications in 8.4% of the sample. março 2013
Introdução
Existem três principais categorias de transtornos alimentares: anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e os distúrbios não oficiais (CARTWRIGHT, 2004). Dentre os não oficiais, há um novo comportamento, descrito por Bratman e Knight (2000), em que a preocupação constante por uma alimentação saudável leva indivíduos a adotarem uma dieta progressivamente rígida e a desenvolverem uma obsessão, atualmente definida como ortorexia nervosa (ON). O termo “ortorexia” é de origem grega, sendo formado pelas palavras orthos, que significa preciso, certo, correto, válido, e orexis, que significa fome. A ortorexia nervosa começa casualmente, como um desejo de tratar doenças crônicas, perder peso, de melhorar a saúde em geral ou de corrigir maus hábitos alimentares. Pode se tornar um padrão de comportamento alimentar em longo prazo, afetando negativamente a qualidade de vida do indivíduo (BRATMAN; KNIGHT, 2000). Segundo Bartrina (2007), as pessoas que evitam aditivos alimentares, agrotóxicos, alimentos geneticamente modificados e com alto teor de cloreto de sódio e açúcar também podem apresentar indícios de ortorexia. A autora afirma que o comportamento ortoréxico é composto por quatro fases: na primeira fase, o indivíduo preocupa-se com o que irá comer no mesmo dia e nos demais dias; na segunda fase, a preocupação se volta para a compra minuciosa de cada ingrediente; na terceira fase, o foco é com a preparação dos alimentos, com os ingredientes presentes, com as técnicas e procedimentos utilizados, que devem ser livres de perigos; a última fase está relacionada com a satisfação pelo cumprimento adequado das fases anteriores.
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dentre outras condutas De acordo com bratman e knight, 2000 entre universitários no Bratman e Knight (2000), um indivíduo ortoréxico possui uma início e no final do curso um indivíduo ortoréxipreocupação excessiva com os componende Nutrição (FRANCA; co possui uma preocutes presentes nos alimentos, muitas vezes COLARES, 2008). Porém, pação excessiva com os eliminando de sua alimentação nutrientes Georgiou e colaboradocomponentes presentes cruciais ou grupos de alimentos, tornandores (1997) afirmam que nos alimentos, muitas -a não balanceada e, ao se desviar da sua graduandos e graduados vezes eliminando de sua dieta, ela recorre a dietas rigorosas e até apresentam hábitos mais alimentação nutrientes mesmo ao jejum para poder compensar os exsaudáveis. cruciais ou grupos de cessos alimentares e a ingestão com pouca Bosi, Çamur e Güalimentos, tornando-a qualidade (...). ” ler (2007) garantem que não balanceada e, ao se os estudantes de medicina, desviar da sua dieta, ela por terem maior conhecimento sobre os efeitos da nutrição recorre a dietas rigorosas e até mesmo ao jejum para posobre a saúde, são mais suscetíveis a apresentarem caracteder compensar os excessos alimentares e a ingestão com rísticas de ortorexia nervosa. Entretanto, Fidan et al. (2010) pouca qualidade. Em níveis mais avançados da ortorexia declaram que o nível de conhecimento não influenciou no nervosa, a pessoa pode preferir passar fome a comer alidesenvolvimento de comportamentos ortoréxicos em estumentos que avalia como inadequados e, ainda, passa a se dantes de medicina da Turquia. sentir superior em relação às outras pessoas, por julgar O objetivo deste trabalho foi verificar possíveis casua alimentação mais saudável. racterísticas comportamentais de ortorexia nervosa em Para Martins et al. (2011), um indivíduo com um estudantes do curso de Nutrição de uma universidade comportamento alimentar saudável tem consciência de particular de Brasília. que o alimento adequado é aquele que exerce papel fisiológico, emocional e social, porém uma pessoa com ortorexia nervosa tem sua escolha alimentar baseada apenas Metodologia no valor biológico que o alimento oferece, o que não a faz Aplicou-se um instrumento de autopreenchimento ter uma alimentação de fato saudável. em graduandos do primeiro ao oitavo semestre do curSteven Bratman desenvolveu um instrumento para so de Nutrição de uma universidade privada de Brasília, avaliar o comportamento das pessoas em relação aos Distrito Federal, no primeiro semestre de 2012. Junto ao alimentos, conhecido como Bratman’s Orthorexia Test instrumento, foi aplicado o Termo de Consentimento LiBOT (BRATMAN; KNIGHT, 2000). Outros dois instruvre e Esclarecido, ambos aprovados pelo Comitê de Ética mentos foram criados a partir do BOT, o ORTO – 15 por e Pesquisa com Seres Humanos. O curso contava com 116 Donini e colaboradores (2005) e o ORTO – 11 por Arusoalunos matriculados no período noturno. Entretanto, a glu, Kabakçi e Köksal (2008). amostra compreendeu 82 alunos, pois foram excluídos os Pesquisas realizadas com estudantes da área de ausentes no período de coleta de dados, os que se recusasaúde têm demonstrando uma alta susceptibilidade deste ram a participar e os formulários incompletos. grupo para desenvolver transtornos alimentares (LAUS; O instrumento consistia de 18 perguntas, tanto MOREIRA; COSTA, 2009; KIRSTEN; FRATTON; PORabertas quanto fechadas, que abordaram questões sócioTA, 2009). A escolha da profissão de nutricionista talvez -demográficas, peso e altura para análise do estado nuseja influenciada pela preocupação com o peso, com a imatricional através do cálculo do Índice de Massa Corporal gem corporal ou até mesmo com um distúrbio alimentar (IMC) preconizado pelo Ministério da Saúde (2011) e o antecedente (KORINTH, SCHIESS; WESTENHOEFER, BOT. As questões do BOT foram traduzidas de forma li2009) e por adquirem conhecimento qualitativo e quantiteral, exceto pela questão 13 - traduzida de forma mais tativo a respeito dos alimentos (FIATES; SALLES, 2001). clara para a pesquisa - e questão 7 - que continha duas É perceptível a má conduta de jovens estudantes em relaperguntas em uma e foi desmembrada, originando duas ção ao consumo de álcool, tabaco, inalantes, alimentos, para facilitar a resposta.
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A classificação indicada por Bratman (2000) parecia dispersa, por isso foi adaptada para maior organização e melhor entendimento, sem descaracterizar a original. As questões de 8 a 18 foram analisadas da seguinte forma: de zero a uma resposta afirmativa significava que não havia indícios que caracterizam a ortorexia nervosa; de duas a três afirmativas, leves indícios; de quatro a oito, indícios significativos; e de nove a dez, fortes indícios. As demais questões foram avaliadas visando verificar o perfil e o estado nutricional dos estudantes de Nutrição. Para testar as variáveis (sexo, idade, estado civil, renda familiar, semestre, estado nutricional), foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, cujo resultado identifica se há ou não diferença significativa nos indícios de ortorexia nervosa. O teste de Kruskal-Wallis é um teste não paramétrico, com o objetivo de testar se k grupos são semelhantes a partir de uma variável testada. A um nível de significância de 5%, se o teste resultar em um p-valor acima de 0,050, conclui-se que os grupos são semelhantes, ou seja, que não há diferença. No caso de um p-valor abaixo de 0,050, conclui-se que há diferenças significativas entre os grupos (CONOVER, 1999).
Resultados e Discussão
Foram avaliados 82 alunos, sendo 19,5% (n = 16) do sexo masculino e 80,5% (n = 66) do sexo feminino. Um estudo realizado por Korinth, Schiess e Westenhoefer (2009) com estudantes de Nutrição e de Economia Doméstica confirma a maior proporção de alunas do sexo feminino (89%). Outro estudo realizado por Marcondelli, Costa e Schmitz (2008) mostra 65% de alunas mulheres e 35% de alunos homens no curso de Nutrição. Ao avaliar a idade, foi observado que os pesquisados, em sua maioria, apresentavam entre 18 e 25 anos de idade (45,1%) e que 66,3% (n = 55) das pessoas eram solteiras. Em um estudo realizado com estudantes de Nutrição encontrou-se uma proporção de 91% de solteiras (KIRSTEN; FRATTON; PORTA, 2009). Relativamente à questão da renda familiar, os resultados mostraram que não há correlação. Quanto ao estado nutricional da amostra, percebeu-se que a maioria (78,3%) era eutrófica e menos de 5% apresentaram obesidade ou baixo peso. Os resultados encontrados em estudos realizados com estudantes de Nutrição para avaliar a prevalência de transtornos alimarço 2013
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mentares (KIRSTEN; FRATTON; PORTA, 2009), e com nutricionistas, para avaliar a prevalência de ortorexia nervosa (KINZL et al., 2006), assemelham-se aos resultados encontrados neste estudo, em que houve maior prevalência de eutróficos - 85,5% e 72,6%, respectivamente. Verificou-se que 69,9% (n = 58) dos pesquisados apresentaram indícios significativos, 18,1% (n = 15) apresentaram leves indícios, sete (8,4%) não apresentaram indícios e três participantes (3,6%) apresentaram fortes indícios de características de ortorexia nervosa. Kinzl et al. (2006), em seu estudo feito com 283 nutricionistas, obtiveram os seguintes resultados: 52,3% não tinham ortorexia, 34,9% apresentaram algum comportamento ortoréxico e 12,8% foram caracterizados como tendo ortorexia. Uma pesquisa realizada na Itália com 404 voluntários teve como resultado que 60,2% apresentaram comportamentos alimentares normais e 6,9% sofriam de
Características Comportamentais de Ortorexia Nervosa em Estudantes do Curso de Nutrição ortorexia (DONINI; MARSILI; GRAZIANI, 2004). Ao avaliar a prevalência de ortorexia nervosa em 878 estudantes de Medicina, Fidan et al. (2010) encontraram tendência ao transtorno em apenas 1,9% deles. No presente estudo constatou-se que as variáveis sexo, idade, estado civil, renda familiar e estado nutricional não influenciaram nos indícios de ortorexia nervosa. Contudo, a variável semestre do curso demonstrou diferenças significativas nos indícios de ortorexia nervosa, devido a um p-valor de 0,030. Na tentativa de identificar os motivos dessa diferença, foi calculado o coeficiente de associação, cujo resultado foi uma leve associação negativa de -0,09. Este resultado indica que, aparentemente, quanto maior o semestre, menor é o indicativo de ortorexia nervosa; entretanto, o valor é muito baixo para ser conclusivo. É importante ressaltar que na faculdade onde o estudo foi realizado não havia turma de 4º semestre.
Gráfico 1. Frequência de indícios de ortorexia nervosa por semestre. Brasília. DF, 2012.
Ao observar as frequências no gráfico 1, pode-se dizer que o primeiro e o segundo semestre tendem a apresentar mais indícios de características comportamentais de ortorexia nervosa, com quase todos os alunos demonstrando indícios significativos ou fortes de ortorexia nervosa. No terceiro, quinto, sexto e sétimo semestre, apesar de a maior incidência ser de indícios significativos, os alunos demonstram uma tendência menor à ortorexia nervosa, já que boa parte possui leve ou nenhum indício de ortorexia nervosa. Já no oitavo semestre, quase a totalidade dos alunos possuía indícios significativos. Laus, Moreira e Costa (2009), em seu estudo feito com 24 estudantes de
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Nutrição dos primeiro e segundo semestres, verificaram uma maior susceptibilidade de sintomatologia de transtornos alimentares, ou seja, 50%. A ortorexia nervosa não é considerada um transtorno alimentar pela AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA (2000). No entanto, apresenta características similares, por isso esse resultado corrobora com o presente estudo, em que 51% da amostra, dentre os alunos do primeiro e do segundo semestre, apresentaram fortes indícios de ortorexia nervosa. Já outro estudo realizado por Kirsten, Fratton e Porta (2009), com todos os semestres, em que se avaliou a susceptibilidade de 186 estudan-
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tes de Nutrição para desenvolver transtornos alimentares, observou-se que 24,7% da amostra apresentaram índice de positividade, porém, não houve diferença significativa entre os semestres.
Conclusão
A análise do estudo realizado demonstrou que houve indícios fortes de ortorexia em uma pequena parcela da amostra, porém indícios significativos apresentaram uma porcentagem bastante elevada. Em relação ao semestre cursado, houve diferença significativa nos indícios de ortorexia nervosa e observou-se que alunos em semestres mais avançados teriam menor indicativo de ortorexia nervosa, mesmo que o valor tenha sido muito baixo para essa conclusão. A limitação de metodologia e de definição do conceito de ortorexia nervosa é unânime entre todos os autores citados. Por isso, há necessidade de uma investigação científica mais apurada e mais completa, fornecendo informações necessárias para identificação real do problema, para que haja um encaminhamento e um tratamento adequado.
Sobre os autores
Profa. Dra. Raquel Adjafre da Costa Matos – Nutricionista, Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Brasília. Professora do Centro Universitário Unieuro. Priscila Angélica Pereira de Moraes Nascimento – Graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário Unieuro. Rosangela de Assis Rodrigues – Graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário Unieuro. Palavras-chave: estudantes, comportamento alimentar, transtornos alimentares. Keywords: students, feeding behavior, eating disorders. Recebido: 12/11/2012 – Aprovado: 22/02/2013
Referências
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Effects of L-Arginine Supplementation on Practicing Physical Activity.
esporte por Julian Silva Torres e Wanessa F. da Silva
Efeitos da Suplementação de L-Arginina em Praticantes de Atividade Física Os suplementos nutricionais à base de arginina têm ganhado destaque por praticantes de atividade física, por estarem relacionados à melhoria do desempenho muscular, devido ao possível incremento na produção de óxido nítrico e de fluxo sanguíneo aos músculos exercitados. Entretanto, os estudos sobre o papel desta suplementação apresentam resultados controversos na literatura. Sendo assim, esta revisão bibliográfica pretende analisar a suplementação de L- arginina utilizada por praticantes de atividades físicas e a potencial vasodilatação, ganho de força e de massa muscular produzidos pelo óxido nítrico. Nutritional supplements based on arginine have gained prominence by physically active because it is related in improving muscle performance due to a possible increase in nitric oxide production and blood flow to working muscles. However studies on the role of supplementation are controversial in the literature. Thus, this literature review is to examine supplementation with L-arginine used by practitioners of physical activities and potential vasodilation, gain strength and muscle mass produced by nitric oxide.
Introdução
Atualmente, há uma grande prevalência do consumo de suplementos orais por parte dos praticantes de atividade física (GOMES et al, 2008). Os suplementos à base de aminoácidos são um dos mais consumidos, sendo o objetivo desses consumidores o ganho de massa muscular e uma melhor performance (GOMES et al, 2008; Quintiliano; Martins, 2009). Dentre esse tipo de suplementação, a L- arginina tem ganhado destaque por
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estar relacionada ao aumento de força e de massa muscular (ANGELI et al, 2007). A L- arginina é convertida pela enzima óxido nítrico-sintase (NOS) em L- citrulina, produzindo o Óxido Nítrico (NO) (MOTTA, 2005). Portanto, a suplementação com L- arginina parece aumentar a produção de NO, o que ocasiona uma vasodilatação, favorecendo a perfusão muscular, aumentando a oferta de glicose para os músculos e diminuindo assim a necessidade de consumo do glicogênio (MCCONELL et al, 2006). Há também a hipótese de que o aumento do fluxo sanguíneo nos músculos potencializaria a hipertrofia, por resultar em um maior aporte de oxigênio e nutrientes para o músculo, (MENEILLY et al, 2001) bem como a remoção acelerada de subprodutos do metabolismo (SCHAEFER et al, 2002). Com base nestas hipóteses, suplementos nutricionais, supostamente precursores da síntese endógena de NO, têm sido comercializados (MORAIS et al, 2009). Ao considerar esse consumo crescente de suplementos alimentares contendo L-arginina em sua composição entre os indivíduos fisicamente ativos, será analisado por meio de uma revisão bibliográfica o embasamento científico existente, para fornecer subsídios necessários para a prescrição com segurança deste suplemento, verificando o possível aumento da produção de NO endógeno e seus benefícios.
gomes et al, 2008; quintiliano; martins, 2009 Os suplementos à base de aminoácidos são um dos mais consumidos, sendo o objetivo desses consumidores o ganho de massa muscular e uma melhor performance .”
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Metodologia
Os artigos utilizados no trabalho foram encontrados por meio de pesquisa realizada em livros brasileiros, no site da Biblioteca Digital de Ciências da Unicamp, na Biblioteca Virtual em Saúde e no Google Acadêmico, nas bases lilacs, ibecs, medline, biblioteca cochrane, scielo, utilizando-se as palavras-chave arginina, suplementação e atividade física, abrangendo o período de 2001 a 2012.
L-Arginina
Tabela1. Fontes de L-arginina com a porção média servi-
da em gramas (g), os valores totais em miligramas (mg) e de concentração de mg por grama (mg/ g) de L- arginina. Alimento
Porção Quantidade média média de servida (g) arginina (mg) / porção
Concentração média do alimento (mg/g)
Semente de Abóbora
66, 21
3220
48, 6
Amendoim
69, 93
2140
31, 3
Filé Mignon
110,1
2140
19, 4
Peito de Frango 92, 42
1610
17, 4
Camarão
66, 5
1060
15, 9
Peixe Branco
182, 55
2150
11,8
Fonte: BORGES, 2009.
Ainda não há uma recomendação diária mínima (RDA-Recommended Dietary Allowance- Requerimento mínimo diário) do consumo de L-arginina estabelecida pela Food and Drug Administration (FDA), sendo que essas necessidades devem atender a fatores como nível de atividade física, tamanho corporal, sexo, idade, dentre outros (BAENA; BAENA, 2008). Em média, a alimentação convencional provém em torno de 5g/dia de Arginina. Já os estudos envolvendo humanos saudáveis utilizam uma dosagem exógena de até 30g/ dia, uma vez que este aminoácido apresenta níveis de toxicidade quando administrado em dose superior a 30g/dia, sendo que os efeitos colaterais mais comuns são diarreia, náuseas, vômitos e dores de cabeça. Em doses abaixo de 30g/ dia a suplementação demonstra ser segura em voluntários saudáveis (BORGES, 2009; BODE- BOGER, 2005).
Stockxchange
A L-arginina é produzida no hepatócito, ou seja, é um aminoácido não- essencial, por ser sintetizado pelo organismo (VIEIRA, 2003). Porém, em determinadas condições, ele pode ser denominado como condicionalmente essencial, uma vez que a sua produção ocorre em uma velocidade inadequada às necessidades metabólicas do organismo (MOTTA, 2005), como na fase de crescimento (VIEIRA, 2003) e em casos de stress metabólico (úlceras, queimaduras). Nessas condições, o consumo deste aminoácido pela dieta ou através de suplementação torna-se essencial (TORRES et al, 2003). A L-arginina é convertida pela enzima NOS em NO (MOTTA, 2005), sendo este responsável pela vasodilatação provocada pela suplementação (MCCONELL et al, 2006). Dentre as várias fontes onde a L-arginina é encontrada, destacam-se alimentos de origem animal, como as carnes, leite e seus derivados e ovos (MOTTA, 2005). Porém, outros alimentos também possuem este aminoácido em sua composição, como mostra a tabela1.
Efeitos da Suplementação de L- Arginina em Praticantes de Atividade Física.
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Effects of L-Arginine Supplementation on Practicing Physical Activity.
esporte por Julian Silva Torres e Wanessa F. da Silva
Óxido Nítrico
necessidade do organismo em aumentar a produção de A biossíntese do NO compreende uma das funNO durante a atividade física para suprir as necessidades ções mais importantes do metabolismo da L-arginina no energéticas (D’ÁVILA et al, 2008). organismo. O NO é forMaeda et al (2001) mado a partir desse amidemonstraram em um mcconell et al, 2006 noácido, por meio de uma estudo que jovens engaa suplementação com L-arginina reação catalizada pela enjados a um treinamento parece aumentar a produção de NO, o que zima NOS, que converte de 3 a 4 vezes por semana ocasiona uma vasodilatação, favorecenL-arginina em L-citulina com cicloergômetro com do a perfusão muscular, aumentando a e NO. A produção endóintensidade de 70% VO2 oferta de glicose para os músculos e digena desse gás ocorre no máx (Volume de oxigênio minuindo assim a necessidade de consumo tecido neural, nos rins e máximo, ou seja, a capado glicogênio.” principalmente no endocidade máxima do cortélio, que recobre todos os po de um indivíduo em vasos sanguíneos. Sendo assim, ele está associado a divertransportar e fazer uso de oxigênio durante um exercício sas funções biológicas, como neurotransmissão, vasodilafísico) aumentaram consideravelmente as concentrações tação, atividade imune e função plaquetária (TORRES et de nitrito e nitrato (produtos finais da inativação do NO) al, 2003). plasmáticos no curso de Um estudo expe8 semanas, confirmanmeneilly et al, 2001 rimental realizado com do a maior produção Há também a hipótese de que o auratos Wistar demonstrou de NO estimulada pelo mento do fluxo sanguíneo nos músculos que a atividade física, treinamento. Entretanto, potencializaria a hipertrofia, por resulem si, já estimula a properceberam um retorno tar em um maior aporte de oxigênio e nudução de NO (D’ÁVILA aos níveis de NO do prétrientes para o músculo.” et al, 2008), assim como treinamento pouco antes diversas pesquisas com do final do experimento. humanos também afirmam que há esse aumento em Ou seja, a concentração de NO parece aumentar bastante praticantes de atividade física que não fazem o uso do apenas no início dos treinamentos, sendo que em poucos suplemento L-arginina (HIGASHI; YOSHIZUMI, 2004; meses essa concentração volta aos níveis de pré-treinaZAGO; KOKUBUN; mento, devido à provável BROWN, 2009). reestruturação morfolódos autores Essa condição figica nos vasos sanguíneos Ao considerar esse consumo cressiológica se deve ao fato periféricos (capilarizacente de suplementos alimentares contende que a atividade física ção) proveniente do exerdo L-arginina em sua composição entre os faz com que o organiscício regular. indivíduos fisicamente ativos, será analimo perca a homeostase, Em situações de sado por meio de uma revisão bibliográdevido a necessidades hiperatividade muscular, fica o embasamento científico existente, energéticas aumentadas em que a produção de para fornecer subsídios necessários para a nos músculos acionados. NO é elevada, este pode prescrição com segurança deste suplemenAssim, inúmeras alterapossuir uma característito, verificando o possível aumento da proções sistêmicas são obserca ruim de agir como um dução de NO endógeno e seus benefícios.” vadas, como as respostas agente pró-oxidante, pois do sistema cardiovascular, o NO produzido em exdesencadeando aumento no débito cardíaco e fluxo sancesso pode reagir com o O2, gerando o peroxinitrito, uma guíneo do tecido muscular (RONDON; BRUM, 2003). espécie altamente reativa capaz de oxidar e nitrar biomoPortanto, essas adaptações fisiológicas são decorrentes da léculas (TORRES et al, 2003). março 2013
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Discussão
Diversas pesquisas utilizam diferentes doses de L-arginina em seus experimentos com humanos, como descreve a tabela abaixo. Tabela2. Estudos avaliando os efeitos do uso de L-arginina em indivíduos praticantes de atividade física. Dose ee Arginina
Resultado encontrado
Referência
8g/dia
redução da concentração de amônia e lactato após exercício
SCHAEFER et al, 2002
9g/dia
concentração sanguínea de arginina aumentou significativamente
EVANS et al, 2004
21 e 30g/dia
concentração sanguínea de arginina aumentou, EVANS et al, 2004 porém tiveram efeitos colaterais
11,2g/dia
aumentou o desempenho
BUFORD et al, 2004
5g/dia
resultados insatisfatórios
SALES et al, 2005
3g/ dia
aumento da resposta e da tolerância ao exercício
BURTSHER et al, 2005
5g/dia e 14,5g /dia
resultados insatisfatórios
ABEL et al, 2005
12g (sendo 4g/3vezes ao dia)
melhora na força máxima
CAMPBELL et al, 2006
3g/dia
ganho de força e de ANGELI et al, massa muscular 2007
3,2g e 9,6g/ dia
resultados insatisfatórios
10g/dia
não aumentou o fluxo sanguíneo TANG et al, 2011 nem a síntese de NO
6g/dia
aumento da concentração plasmática de nitrito e nitrato e diminuição da pressão arterial
18
| nutrição em pauta
BORGES, 2009
LIMA et al, 2012
Observa- se que no estudo de Campbell et al (2006) os resultados foram satisfatórios, porém houve apenas a hipótese de que o rendimento foi atrelado ao provável aumento do fluxo sanguíneo muscular, via produção de NO, sendo que esta hipótese é diversas vezes levantada. Porém, como neste e em outros estudos (BURTSHER et al, 2005; BUFORD; KOCH, 2004), não são avaliados parâmetros fisiológicos, tais como vasodilatação, fluxo sanguíneo ou produção de NO. Pode-se perceber através da tabela 2 que diversos experimentos (EVANS et al, 2004; CAMPBELL et al, 2006; ANGELI et al, 2007; LIMA et al, 2012 ) demonstram que, para haver esse efeito vasodilatador, a dose de L-arginina deve ser maior que 5g, ou seja, superior à dose geralmente obtida através da alimentação. Por este motivo, justificar-se-ia a sua suplementação. Em contradição, existem estudos que apresentaram resultados com uma suplementação de menos de 5g/ dia (BURTSHER et al, 2005; ANGELI et al, 2007). Entretanto, também existem experimentos em que mesmo uma dose superior a 5g/dia é ineficaz em proporcionar os efeitos esperados com relação a um maior desempenho (TANG et al, 2011; ABEL et al, 2005; BORGES, 2009), o que leva ao questionamento da suplementação como recurso ergogênico ineficaz na melhora do desempenho. Aparentemente, a maioria dos estudos que sugerem que a administração oral de L-arginina proporciona uma melhor performance aos praticantes de atividade física relaciona tal fato a mecanismos interrelacionados e interdependentes desencadeados simultaneamente pela vasodilatação, o que levaria a uma maior perfusão sanguínea, tornando maior o aporte de oxigênio, nutrientes (MENEILLY et al, 2001) e de glicose ao músculo em atividade (MCCONELL et al, 2006). Esses mecanismos proporcionariam um maior substrato energético para a contração muscular, além da redução da concentração plasmática de subprodutos do metabolismo, como a amônia e o lactato, o que retarda a fadiga causada pelo acúmulo desses catabólicos na musculatura (SCHAEFER et al, 2002). Essa ultima hipótese parte do princípio de que o acúmulo de lactato é um indicio da diminuição de glicogênio, sendo que no ponto de fadiga há altas concentrações de lactato (TORRES et al, 2003). A expectativa de que a arginina promoveria um efeito ergogênico é fundamentada fisiologicamente no fato de se conhecer que esse aminoácido condicionalmente essencial (MOTTA, 2005) é o substrato utilizado para a síntese de NO (MCCONELL et al, 2006). nutricaoempauta.com.br
Effects of L-Arginine Supplementation on Practicing Physical Activity.
Considerações Finais
Embora os fabricantes de suplementos nutricionais que contêm arginina em sua composição venham relacionando tais produtos com o aumento dos níveis de NO sanguíneo, o que resultaria no aprimoramento da resposta muscular ao exercício de força, isto não foi devidamente comprovado, uma vez que os estudos são muito controversos quanto à efetividade da suplementação em questão. Existem de fato pesquisas demonstrando efeitos satisfatórios com a utilização desse aminoácido, sendo que em muitos casos supracitados diversos processos metabólicos relacionados com a atividade física são melhorados e potenciados. Porém, também existem pesquisas com resultados muito insatisfatórios. Portanto, são necessárias pesquisas com períodos de experimento mais longos e com métodos mais específicos, para de fato considerar a suplementação oral com arginina algo vantajoso e seguro para indivíduos que desejam um maior desempenho com tal suplementação.
Sobre os autores
Dra. Julian Silva Torres Nutricionista pela Universidade Presidente Antônio Carlos (Juiz de Fora- MG), atuante na área esportiva. Profa. Dra. Wanessa Françoise da Silva Aquino do Carmo Especialista em Políticas e Pesquisa em Saúde Coletiva/ UFJF e em Nutrição Materno-Infantil/UFV; Mestranda em Saúde Coletiva/UFJF; Professora dos cursos de Graduação em Nutrição/ UNIPAC e Técnico em Nutrição e Dietética/Escola Elisabeth Rombach em Juiz de Fora (MG). Palavras-chave: arginina, suplementação, atividade física. Keywords: arginine, supplementation, physical activity. Recebido: 14/2/2013 – Aprovado: 5/3/2013
Referências
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março 2013
esporte por Julian Silva Torres e Wanessa F. da Silva
BORGES, C.C. Efeitos da suplementação com arginina na vasodilatação, produção de óxido nítrico e desempenho muscular no exercício resistido em jovens saudáveis. p.17-18. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Escola de Educação Física, Universidade de Brasília, 2009. BUFORD, B. N.; KOCH, A. J. Glycine-Arginine-_-Ketoisocaproic Acid Improves Performance of Repeated Cycling Sprints. Med. Sci. Sports Exerc, v.36, n. 4, p. 583–587, 2004. BURTSCHER, M. et al. The prolonged intake of l-arginine-l aspartate reduces blood lactate accumulation and oxygen consumption during submaximal exercise. Journal of Sports Science and Medicine, v.4 n.3, p314322, 2005. CAMPBELL, B. M. S. et al. Pharmacokinetics, safety, and effects on exercise performance of l-arginine α-ketoglutarate in trained adult men. Nutrition Journal, v.22 n.9, p.872-881, 2006. D’ÁVILA, V. G. F. C. et al. Avaliação da produção de óxido nítrico em ratos, submetidos aos exercícios aeróbio e anaeróbio. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.44, n. 4, p.755- 761, 2008. EVANS, R. W. et al. Biochemical responses of healthy subjects during dietary supplementation with L-arginine. The Journal of Nutritional Biochemistry, v.15, n.9, p.534-539, 2004. GOMES, G.S. et al. Caracterização do consumo de suplementos nutricionais em praticantes de atividade física em academias. Revista de Medicina, Ribeirão Preto, v.41 n.3, p.327-331, 2008. HIGASHI, Y; YOSHIZUMI, M. Exercise and endothelial function: Role of endothelium-derived nitric oxide and oxidative stress in healthy subjects and hypertensive patients. Pharmacol. Ther., v.102, n.1, p.87-96, 2004. Lima, J.M. et al.L-arginina aumenta a produção endotelial de óxido nítrico e reduz a pressão arterial de repouso sem alterar as respostas pressóricas do exercício. Motricidade, v. 8, n. 3, p. 19-29, 2012. MAEDA, S. et al. Effects of exercise training of 8 weeks and detraining on plasma levels of endothelium-derived factors, endothelin-1 and nitric oxide, in healthy young humans. Life Sciences, v. 69, n.9, p. 1005-1016, 2001. MCCONELL, G.K. et al. L-arginine infusion increases glucose clearance during prolonged exercise in humans. Am J Physiol Endocrinol Metab, Austrália, v.1 n.290, p.60- 66, 2006. MENEILLY, G.S.; ELLIOTT, T.; BATTISTINI, B.; FLORAS, J.S. N(G)-monomethyl-L-arginine alters insulin-mediated calf blood flow but not glucose disposal in the elderly .Metabolism Journal, v.50, n. 3, p.306-10, 2001. MORAIS, MR. et al. Suplementação Proteica não aumenta a concentração plasmática de óxido Nítrico em homens saudáveis. Rev Bras Med Esporte, v.15 n.2, p.119-122, 2009. MOTTA, V.T. Bioquímica Básica. Autolab, 2005. Quintiliano, e. l.; Martins, j. c. l. Consumo de suplemento alimentar por homens praticantes de musculação, nas academias centrais do município de Guarapuava/ PR, VOOS- Revista Polidisciplinar Eletrônica da Faculdade Guairacá, v. 1, n. 2, p. 3-13, 2009. RONDON, M.U.P.B.; BRUM, P.C. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. Rev Bras Hipertens, v.10, n. 2, p.134-139, 2003. SALES, R. P. et al. Efeitos da suplementação aguda de aspartato de arginina na fadiga muscular em voluntários treinados. Rev Bras Med Esporte, v. 11, n. 6, p347-351, 2005. SCHAEFER, A. et al. Arginine reduces exercise-induced increase in plasma lactate and ammonia. Int J Sports Med, v. 23, n. 6, p. 403-407, 2002 Tang, j. e . et al. Bolus Arginine Supplementation Affects neither Muscle Blood Flow nor Muscle Protein Synthesis in Young Men at Rest or After Resistance Exercise. The Journal of Nutrition, v.141, n. 2, p.195-200, 2011. TORRES, B. B. et al. Nutrição e Esporte: Uma Abordagem Bioquímica. Departamento de bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Biblioteca Digital de Ciências, p. 48- 74, 2003. VIEIRA, R. Fundamentos da Bioquímica. Universidade Federal do Pará, 2003. ZAGO, A. S.; KOKUBUN, E.; BROWN, M. D. Exercício físico como estímulo para o aumento da Produção e Biodisponibilidade do Oxi do Nítrico e seu efeito no controle da Pressão Arterial. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, v. 13, n. 1, p. 59-66, 2009.
nutrição em pauta |
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núcleo de estudos avançados em nutrição São Paulo 11 de abril
18 de abril
das 14h às 18h
das 14h às 18h
Suplementação em Nutrição Clínica
• • • • • •
Classificação dos suplementos Suplementos hipercaloricos Suplementos hiperproteicos Suplementos polivitaminicos Suplementos especiais (nutracêuticos) Suplementação em diferentes patologias (obesidade, diabetes, dislipidemias, hipertensão, câncer)
Profa. Dra Daniela Caetano Gonçalves Doutora em Ciencias pelo ICB/USP. Especialista em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP. Atua como nutricionista clínica e esportiva. Professora da Graduação do curso de Nutrição, Ed Física e Estética pela Universidade Paulista e Professora dos cursos de Pós graduação da UGF. Coordenadora do curso de Alimentos Funcionais e Nutrigenômica e palestrante convidada da IFBB (International Federation of Bodybuilding).
Abordagens Participativas na Capacitação de Manipuladores de Alimentos
• Definindo o objetivo da capacitação de manipuladores de alimentos. • Estratégias participativas: como utilizar atividades lúdicas e culturais na capacitação. • Utilização de recursos audiovisuais como forma de problematização e participação. • Formas participativas de avaliação do processo educativo. Eliana Menegon Zaccarelli Mestre em Nutrição Humana Aplicada (Pronut – USP), Nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública – USP, Professora das disciplinas Práticas Educativas em Saúde, Educação Nutricional, Nutrição em Saúde Pública da Universidade Paulista. Faz assessoria na área de Alimentação Escolar e Educação Nutricional há mais de dez anos.
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food
Nutricional Status and Food Choices of Users of a Self-Service Restaurante
por Aline Zanella, Camilla Breda Dutra, Bethania Hering e Luciane C. Azevedo
Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso O restaurante por peso é um ambiente propício para avaliar a escolha alimentar, pois nele o comensal precisa decidir o que comer diante de uma ampla oferta de alimentos. Diante disso, objetivou-se avaliar as escolhas alimentares e o estado nutricional de usuários de um restaurante por peso. Este estudo foi de caráter transversal descritivo. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário semiestruturado. A análise estatística envolveu o Teste Exato de Fisher (p ≤ 0,05). A amostra compreendeu 211 usuários, a maioria adultos (79%), com predomínio da eutrofia (82%). O molho vinagrete (31%; p=0,023), a proteína suína (13%; p=0,030) e o suco artificial (53%; p=0,001) foram mais frequentemente escolhidos por pessoas classificadas com sobrepeso. Já o arroz esteve mais presente na escolha dos eutróficos (31%; p=0,029). Conclui-se que prevaleceram comensais eutróficos, com diferenças na frequência da seleção de molho vinagrete, suco artificial, carne suína e arroz entre as categorias de estado nutricional. Self-service restaurant is a propitious environment to evaluate the food choice, therefore in it the necessary consumer of deciding on what to eat among a wide offers of foods. This paper aimed to evaluate the nutritional status and the food choices of users of a self-service restaurant. It was a descriptive transversal study. For the data collection was carried out using of semi-structured questionnaire. The statistical analysis involved the Fisher Exact Test (p ≤ 0.05). The sample understood 211 users, most adults (79%), with a predominance of eutrophic (82%). The gravy vinaigrette (31%, p=0,023), the pork (13%, p=0,030) and artificial juice (53%, p=0,001) had been more frequent chosen by people classified as overweight. Already the março 2013
rice was more present in the choice of eutrophics (31%, p=0,029). One concludedes that commensals eutrophics had prevailed, with differences in the frequency of selection of gravy vinaigrette, artificial juice, pork and rice enters the categories of nutritional status.
Introdução
Devido ao acelerado ritmo de vida urbano e às crescentes opções de refeições fora de casa, a alimentação deixou de ter um papel central na vida familiar e doméstica. Especialmente por causa do amplo acesso a restaurantes, além de pratos prontos, congelados e industrializados, que são comprados e consumidos com facilidade. Assim, o comer perde o significado do momento da família reunida e passa a ser lembrado como a falta de tempo, as refeições sem horário, a falta de preocupação com a alimentação, a excessiva oferta de alimentos de baixo valor nutricional, gerando práticas alimentares pouco saudáveis (COLLAÇO, 2004). O segmento de restaurantes do tipo self-service (auto-serviço) por peso tem se apresentado como um dos mais promissores e deverá seguir crescendo, pois nestes estabelecimentos o comensal escolhe o que deseja consumir, não precisa esperar pelo prato, os produtos estão expostos a sua escolha e o preço é referente ao peso do que foi escolhido pelo comensal (MAGNEÉ, 1996).
batista-filho; rissin, 2003 No país, ocorre um declínio acelerado da ocorrência de desnutrição simultaneamente à ocorrência elevada de sobrepeso e obesidade, mudanças características da transição nutricional.” nutrição em pauta |
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Nutrição
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EM PAUTA
Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso
Stockxchange
No restaurante por peso, a variedade de alimentos é maior do que a doméstica, onde o rol de opções e, consequentemente, a escolha são geralmente definidos pelo responsável pela alimentação da família, além das preferências individuais. No entanto, muitos fatores conduzem os indivíduos a realizarem suas escolhas alimentares, sendo estes percebidos num determinado tipo de estabelecimento ou mesmo no momento de uma refeição. Isso confere ao restaurante por peso um ambiente particularmente propício de se avaliar a escolha alimentar dos indivíduos (JOMORI; PROENÇA; CALVO, 2005). Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nas últimas décadas, houve importantes mudanças no perfil nutricional da população brasileira (FERREIRA, 2005). No país, ocorre um declínio acelerado da ocorrência de desnutrição simultaneamente à ocorrência elevada de sobrepeso e obesidade, mudanças características da transição nutricional (BATISTA-FILHO; RISSIN, 2003). Nas últimas décadas, ocorreram mudanças significativas na composição da dieta da população urbana do país. Houve redução do consumo de cereais e tubérculos, constante aumento no consumo relativo de produtos de origem animal, grãos refinados, açúcar, gorduras saturadas, alimentação fora do domicílio e disponibilidade de produtos industrializados (MONTEIRO et al., 2000). Deste modo, as mudanças das práticas alimentares do comensal dos ambientes domésticos para a alimentação fora de casa podem estar relacionadas à alteração de certos hábitos previamente estruturados. Em unidades de alimentação fora de casa, o comensal depara-se tanto com uma ampla oferta de alimentos quanto com dimensões relacionadas às questões individuais, como, por exemplo, preferências alimentares e hábitos culturais. Diante dessa situação, o indivíduo depara-se com o dilema de ter que decidir o que comer (JOMORI, 2006). Considerando-se as colocações acima, objetivou-se, por meio do presente trabalho, avaliar as escolhas alimentares e o estado nutricional de usuários de um restaurante por peso.
Metodologia
O presente estudo tem delineamento transversal descritivo e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Os comensais assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.
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Nutricional Status and Food Choices of Users of a Self-Service Restaurante
food por Aline Zanella, Camilla Breda Dutra, Bethania Hering e Luciane C. Azevedo
(OMS, 2004) e para idosos (NSI, 1992). Para a análise O tamanho da amostra foi calculado considerandoestatística, as classificações do estado nutricional foram -se o universo amostral de 300 comensais atendidos diacategorizadas em dois grupos, nos quais baixo peso e variamente pelo restaurante, o nível de 95% de confiança e riação normal formaram o grupo eutrofia, enquanto soum erro amostral de 5%, totalizando 207 comensais que brepeso e obeso compuseram o grupo sobrepeso. frequentam um restaurante por peso em Itajaí, Santa CaA pesquisa das escolhas alimentares foi realizada tarina. Considerou-se um percentual de perdas e recusas com a utilização de um questionário semiestruturado, de 30%, totalizando uma amostra de 269 comensais. O adaptado de Jomori (2006) e concebido com base nas precálculo utilizado para prevalência esperada de sobrepeso e parações ofertadas no local do estudo, compreendendo: obesidade foi baseado no estudo de Fausto et al. em 2001, a) saladas (cruas, cozidas, elaboradas, grãos e frutas); b) que encontrou uma prevalência de 12% em uma amostra molhos (vinagrete, iogurte e maionese); c) complementos de 403 usuários de um restaurante universitário, em Arara(sal, azeite de oliva, linhaça e granola); d) arroz (branco, quara, São Paulo. Cabe mencionar que o cálculo amostral e integral e elaborado); e) a coleta de dados não perfeijão/lentilha; f) legumes mitiram uma amostra remonteiro et al., 2000 quentes; g) batata; h) fripresentativa, uma vez que Nas últimas décadas, ocorreram turas; i) massas (elabose calculou uma amostra mudanças significativas na composição da radas, só massa e massa para a população de um dieta da população urbana do país. Houve com molho); j) lasanha dia e a coleta foi realizada redução do consumo de cereais e tubércuou torta salgada; l) opção durante dois meses. los, constante aumento no consumo relaproteica (suína, bovina, A seleção dos cotivo de produtos de origem animal, grãos peixe e aves); m) opção mensais foi realizada refinados, açúcar, gorduras saturadas, proteica grelhada (bovina, aleatoriamente, conforalimentação fora do domicílio e disponipeixe e aves); n) sobreme a ordem de chegada bilidade de produtos industrializados.” mesa elaborada e bebidas ao restaurante e à medi(água, refrigerante, sucos da que concordavam em jomori, 2006 artificiais e chá gelado).O participar da pesquisa. O mesmo foi preenchido local do estudo foi escoDeste modo, as mudanças das prátipelos pesquisadores dulhido por conveniência, e cas alimentares do comensal dos ambienrante a seleção feita pelos a coleta de dados foi realites domésticos para a alimentação fora de comensais, de modo a rezada nos meses de Abril a casa podem estar relacionadas à alteragistrar as escolhas alimenAgosto de 2008. ção de certos hábitos previamente estrutares e, em seguida, foram O questionário foi turados. Em unidades de alimentação fora coletadas as demais inforpreenchido pelos pesde casa, o comensal depara-se tanto com mações, como peso, idade quisadores, de modo a uma ampla oferta de alimentos quanto com e estatura. registrar a escolha dos dimensões relacionadas às questões indiviOs dados da pescomensais enquanto esduais, como, por exemplo, preferências aliquisa foram tabulados no tes se serviam no Buffet e, mentares e hábitos culturais. Diante dessa programa Excel 2.0, senapós a refeição, as demais situação, o indivíduo depara-se com o diledo os mesmos digitados informações, como peso, ma de ter que decidir o que comer. ” em duplicata, revisados idade e estatura, foram inmanualmente e os erros formadas pelos usuários. corrigidos. A análise estatística envolveu o cálculo de méPara avaliação do estado nutricional, foram coledias e desvio-padrão. Utilizaram-se o programa Epi Info tadas informações de peso atual e estatura referida pelos 6.04 (Center of Control Diseases, Atlanta, USA) e o Teste participantes do estudo. A classificação foi realizada utiExato de Fisher, a fim de testar associações entre categolizando o Índice de Massa Corporal (IMC), conforme os rias, adotando-se como nível de significância p ≤ 0,05. pontos de corte para adolescentes (WHO, 2006), adultos março 2013
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Nutrição
Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso
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Resultados
Do total de 30% de perdas e recusas esperadas, observaram-se 22%, resultando em uma amostra de 211 (100%) participantes, com idade média de 28,55±11,29 anos. Desta, 18,96% (n = 40) eram adolescentes, 79,15% (n = 167), adultos e 1,89% (n = 4), idosos, sendo 81,99% (n=173) do sexo feminino. A Tabela 1 exibe a distribuição percentual dos dados categorizados de classificação do estado nutricional por sexo e para o total da amostra. Com 81,99%, a classificação eutrofia foi a mais prevalente entre os usuários do restaurante, enquanto o sobrepeso foi observado em 18,01%. Os homens apresentaram maior prevalência de sobrepeso e obesidade do que as mulheres, com 52,63% de sobrepeso, enquanto 89,60% das mulheres foram classificadas como eutróficas. Tabela 1. Classificação do estado nutricional em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC) de usuários de um restaurante por peso, por sexo. Categoria
Homens
Mulheres
Total
Tabela 2. Escolha alimentar de usuários de um restaurante por peso, classificados com eutrofia e sobrepeso. Variável
Categoria
Eutrofia
Sobrepeso
n
%
n
Valor de p*
%
Salada
Salada crua
160
92,49 38
100
Molhos
Molho vinagrete
29
16,76 13
30,95 0,023
Complementos
Azeite de oliva
51
29,48 15
39,47 0,249
Sal
69
39,88 12
31,58 0,364
Arroz integral
66
38,15 16
42,11 0,714
Arroz normal
53
30,64 5
13,16 0,029
Feijão/ Lentilha
Feijão/ lentilha
93
53,76 16
42,11 0,213
Legumes quentes
Legumes quentes
71
41,04 16
42,11 1,000
Batata
Batata
64
36,99 12
31,58 0,580
Frituras
Fritura
69
39,88 18
47,37 0,467
Massas
Massa elaborada
30
17,34 5
13,16 0,636
Arroz
0,286
n
%
n
%
n
%
Eutrofia
18
47,37
155
89,60
173
81,99
Sobrepeso
20
52,63
18
10,40
38
18,01
Lasanha
Lasanha
19
10,98 5
13,16 0,778
Total
38
100
173
100
211
100
Torta Salgada
Torta Salgada
41
23,70 7
18,42 0,669
Proteína
Grelhado aves
82
47,40 14
36,84 0282
Proteína Suína
6
3,47
13,16 0,030
Sobremesas elaboradas
Sobremesas elaboradas
68
39,31 11
28,95 0,270
Bebidas
Suco artificial
40
23,12 20
52,63 0,001
Stockxchange
A Tabela 2 apresenta a distribuição percentual das escolhas alimentares entre as categorias eutrofia e sobrepeso, de acordo com o alimento mais consumido entre os grupos de preparações que compõem o cardápio. Observou-se, de acordo com o Teste Exato de Fisher, que o molho vinagrete (30,95%), a proteína suína (13,16%) e o suco artificial (52,63%) foram mais frequentemente escolhidos por pessoas classificadas com sobrepeso. Já o arroz esteve mais presente na escolha daqueles classificados com eutrofia (30,64%). Destaca-se que no grupo das saladas a salada crua foi selecionada pela totalidade do grupo sobrepeso e por 92,49% dos com eutrofia.
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* Teste Exato de Fisher (p ≤ 0,05).
Discussão
O presente estudo permitiu caracterizar as escolhas alimentares dos comensais de um restaurante por peso e avaliar o estado nutricional. O público total se constituiu de estudantes, professores e funcionários com idades entre 17 a 66 anos, de um estabelecimento que oferece diariamente refeições em uma Universidade privada de Santa Catarina.
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Nutricional Status and Food Choices of Users of a Self-Service Restaurante
food por Aline Zanella, Camilla Breda Dutra, Bethania Hering e Luciane C. Azevedo
Hamann e Lima (2007), que indicam uma preocupação Entre a população analisada, a eutrofia foi a com uma alimentação adequada e com um melhor estado classificação de estado nutricional predominante, com de saúde. Atualmente, estes dados refletem a importância 81,99%, enquanto o sobrepeso foi observado em 18,01% dada ao consumo desses alimentos para um adequado sudos comensais. Diferindo destes resultados, em estudo primento das necessidades de diversas vitaminas, minecom o objetivo de avaliar o consumo alimentar e o estado rais e de fibras, em razão das funções desses nutrientes na nutricional de participantes do Programa de Alimentação proteção contra doenças cardíacas, neoplásicas, diabetes e do Trabalhador (PAT), com idade entre 20 e 50 anos, foi afecções gastrointestinais. Nesse sentido, destaca-se ainda observado que 43% do total da população apresentavam o maior consumo de legumes quentes em relação à lasaexcesso de peso. Nas últimas décadas, no Brasil, tem sido nha, massa e torta salgada, que são preparações elaboraobservado um crescente aumento na prevalência de exdas com ingredientes de alto valor energético e fornecem cesso de peso. As mudanças no padrão de alimentação e menos nutrientes essenciais ao organismo. É importante o crescente sedentarismo podem ser fatores responsáveis ressaltar que em restaurantes por peso os comensais enpor essa alteração (SÁVIO et al., 2005). contram a oferta desses alimentos, possibilitando a escoQuanto à classificação do IMC, os resultados delha de preparações mais saudáveis. monstraram que os homens apresentavam sobrepeso com O restaurante oferece diariamente três opções de maior frequência do que as mulheres, corroborando com molho para salada, que incluem molho vinagrete, de ioos dados obtidos na pesquisa de Sávio e colaboradores gurte e de maionese. O vinagrete foi o mais consumido (2005), na qual o sobrepeso e a obesidade foram prevaentre os molhos, principalmente pelo grupo com maior lentes e mais expressivos no sexo masculino (48,1%). IMC, apresentando diferença estatística. Vale ressaltar É conveniente mencionar que, durante grande que as outras opções possuem maiores quantidades de parte do período de coleta de dados, o estabelecimento gordura, devido aos ingredientes utilizados para sua elaofereceu sobremesa elaborada gratuitamente em todas boração, pesquisados nas receitas. as sextas-feiras, o que provavelmente pode ter elevado o O azeite de oliva foi consumido por aproximadaconsumo desta preparação entre os comensais. No estudo mente 40% do grupo sobrepeso. Segundo Angelis (2001), de Strobel e colaboradores (2005), que descreveu o cona ingestão de azeite de oliva confere efeitos benéficos na sumo alimentar de curitibanos com mais de 17 anos, as efetiva redução da oxidação do LDL-colesterol (forma sobremesas estavam pouco presentes no dia a dia dos enque propicia processos de aterosclerose), devido ao seu trevistados, pois apenas um em cada quatro tinha o hábito conteúdo de ácido oleico. No entanto, o azeite de oliva de comer sobremesa após o almoço. O consumo de açúrepresenta uma imporcar simples, encontrado tante fonte de calorias e em grandes quantidades dos autores deve ser consumido dianas sobremesas elaboraAcredita-se que seja possível riamente, com moderadas, está relacionado ao manter uma alimentação equilibrada em ção, principalmente pelo aumento do índice glicêrestaurantes por peso com a prática de grupo classificado como mico, representando um ações de educação nutricional que obsobrepeso. fator de risco para doenjetivem a modificação das práticas aliConsiderando-se a ças cardiovasculares, diamentares e da qualidade da dieta. Essas variável arroz, a escolha betes e obesidade (ROSAações podem diferenciar esses estabelede arroz integral entre os DO; MONTEIRO, 2001). cimentos, tornando-os fonte de uma aligrupos prevaleceu sobre A escolha frequenmentação saudável e garantindo a satiso branco e o elaborado. te de verduras e legumes fação dos comensais.” Em discrepância, o estudo entre os comensais desta realizado por Cavalheiro, pesquisa pode estar reSilva e Gularte (2007) verificou um consumo diário de lacionada com a grande oferta destes alimentos no local arroz branco por cerca da metade dos consumidores endo estudo ou em consonância com os dados de Marinho,
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trevistados (54%), seguido por 11% do arroz parboilizado e 3,5% do integral, considerando-se que 65% não consomem arroz integral. Todavia, no presente estudo houve diferença estatística no consumo de arroz branco, sendo este mais servido pelos eutróficos. Os autores afirmam ainda como motivos para o baixo consumo do integral o sabor diferenciado, alto preço e reduzida vida de prateleira. Já no presente estudo, é possível que o maior consumo de arroz integral tenha ocorrido devido à escolaridade dos comensais, pois, destes, a maioria era professores e alunos do nível superior. Portanto, acredita-se que tenham maior acesso a informações referentes à alimentação saudável. Os resultados referentes ao feijão/lentilha expressam um consumo por aproximadamente metade da população investigada. Os dados assemelham-se à pesquisa desenvolvida por Jomori (2006), que, ao verificar as escolhas alimentares em restaurantes por peso, constatou consumo de feijão por apenas 40,61% da população estudada, representando um baixo consumo, uma vez que o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda o consumo diário de uma porção de leguminosas. Segundo a autora, esse fato pode ocorrer devido às outras preparações servidas no balcão representarem aos indivíduos, muitas vezes, um substituto do feijão. Sichieri (2002) avaliou padrões de consumo alimentar para a população do município do Rio de Janeiro e conferiu que um modelo de consumo alimentar tradicional, baseado em arroz e feijão, foi protetor para a presença de sobrepeso e obesidade. Esse papel protetor pode ser devido ao baixo índice glicêmico (IG) e alto teor de fibras do feijão, da baixa densidade energética do arroz e do feijão, da baixa ingestão de gorduras e da reduzida variedade da tradicional dieta. Coelho e colaboradores (2005) realizaram um estudo com estudantes de Medicina com faixa etária entre 18 e 31 anos, em que verificaram percentuais de 2,6% de indivíduos com obesidade e 15% de sobrepeso. Entre os estudantes analisados, 55,6% admitiram ingestão média ou frequente de frituras. Contudo, não foi analisada possível associação entre esse consumo e o excesso de peso. A Sociedade Brasileira de Hipertensão (2005) cita que os ácidos graxos trans presentes em óleos e gorduras hidrogenadas e óleos para fritura industrial aumentam o LDL-colesterol e triglicerídeos e reduzem a fração do HDL-colesterol. A revisão de literatura realizada por Ri-
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Estado Nutricional e Escolhas Alimentares de Usuários de um Restaurante por Peso que, Soares e Meirelles (2002) ressaltou a importância da redução de gorduras saturadas e ácidos graxos trans e a manutenção de um consumo alimentar com ênfase nos ácidos graxos monoinsaturados e ômega-3 para a redução dos fatores de risco das doenças cardiovasculares. Jomori (2006), analisando as escolhas alimentares de comensais de um restaurante por peso em Florianópolis-SC, observou que acompanhamentos como massas e tortas salgadas substituíram o tradicional arroz e feijão. Em contrapartida, na presente pesquisa foram verificadas maiores porcentagens na escolha de arroz e feijão, quando comparadas às massas, lasanha e tortas salgadas. Vale ressaltar que, diariamente, só era oferecido no cardápio do restaurante uma opção deste grupo, podendo ser este o motivo para a menor escolha. Neste estudo notou-se alto consumo de carnes entre os grupos, principalmente de aves. Abreu (2000) menciona que, em restaurantes por peso, a alta ingestão de proteínas pode estar associada ao fator econômico, uma vez que os alimentos proteicos são mais caros e nessa modalidade de venda se equiparam ao preço dos demais alimentos. De acordo com Silva e Filho (1994), o consumo crescente de carne de frango deve-se às suas características nutricionais, que incluem alto valor proteico, ácidos graxos insaturados e baixo nível de lipídeos. No entanto, houve diferença estatística na ingestão de carnes de origem suína, sendo esta maior entre os usuários com sobrepeso. Segundo Silva (2005), pesquisas recentes mostraram que a população brasileira considera como principal ponto forte da carne suína o seu sabor e, diferentemente do que muitos pensam, a carne suína contém nível de colesterol igual ou até menor que o de outras carnes, além de ser uma importante fonte de proteínas e vitaminas do complexo B. Os resultados relacionados à ingestão de bebidas evidenciaram que somente pequena parcela da amostra total consumiu algum tipo de líquido. Contudo, houve grande consumo pelo grupo sobrepeso de sucos artificiais (52,63%), demonstrado pela diferença estatística entre os dois grupos. Strobel e colaboradores. (2005) verificaram em sua pesquisa que, para acompanhar tanto o almoço quanto o jantar, os entrevistados costumavam beber suco (52%), refrigerante (35%) ou água (16%) e cerca de 10% não costumavam beber durante as refeições. É importante destacar que o cálculo amostral e a
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Nutricional Status and Food Choices of Users of a Self-Service Restaurante coleta de dados não permitiram uma amostra representativa, uma vez que se calculou uma amostra para a população de um dia e a coleta foi realizada em um maior tempo. E ainda, que este estudo avaliou peso e altura auto-referidos. Silveira e colaboradores (2005), com o objetivo de avaliar a comparabilidade do IMC obtido pelo peso e altura auto-referidos, com o IMC baseado nas medidas verificadas por pessoal treinado, observaram que o IMC referido coincidiu com o IMC medido em 87% dos indivíduos, justificando que este apresenta boa validade, podendo assim simplificar os trabalhos de campo, tornando-os mais rápidos e acessíveis. Cabe ainda enfatizar que o local em que o presente estudo foi realizado dificulta a obtenção destes dados, uma vez que poucas pessoas se sentem à vontade para serem submetidas a uma avaliação nutricional em um restaurante. Como ponto positivo, pode-se citar que as análises se basearam na observação das escolhas alimentares, e não no auto-relato por parte dos comensais.
Conclusão
Conclui-se que a verificação do estado nutricional e das escolhas alimentares dos comensais foi importante para avaliar a presença de risco nutricional e hábitos alimentares inadequados, para que assim possam ser realizadas futuras intervenções nutricionais. No presente estudo prevaleceram comensais adultos, do sexo feminino e eutróficos, com diferenças na frequência da seleção de alimentos como molho vinagrete, suco artificial, carne suína e arroz entre as categorias de estado nutricional. O momento da escolha alimentar caracteriza-se como um processo complexo e dinâmico, e os fatores determinantes da escolha alimentar somente poderiam ser observados individualmente, por meio de um estudo mais detalhado. Contudo, destaca-se a importância deste estudo, a fim de verificar as principais escolhas alimentares dos comensais, já que estas têm consequências a curto e longo prazo para a saúde Acredita-se que seja possível manter uma alimentação equilibrada em restaurantes por peso com a prática de ações de educação nutricional que objetivem a modificação das práticas alimentares e da qualidade da dieta. Essas ações podem diferenciar esses estabelecimentos, tornando-os fonte de uma alimentação saudável e garantindo a satisfação dos comensais.
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por Aline Zanella, Camilla Breda Dutra, Bethania Hering e Luciane C. Azevedo
Sobre os autores
Aline Zanella – Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí/SC - UNIVALI. Camilla Breda Dutra – Acadêmica do Curso de Nutrição da UNIVALI. Profa. Dra. Bethania Hering – Nutricionista, Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Docente dos cursos de Nutrição da UNIVALI e da Universidade Regional de Blumenau (FURB).Integrante do Núcleo de Pesquisas de Nutrição em Produção de Refeições - NUPPRE /UFSC. Profa. Dra. Luciane Coutinho Azevedo – Nutricionista, Mestre em Neurociência e Comportamento pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC. Docente dos cursos de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Palavras-chave: estado nutricional, escolha alimentar, restaurante por peso. Keywords: nutritional status, food choice, self-service restaurant. Recebido: 21/8/2011 – Aprovado: 11/03/2013
Referências
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The Use of Herbal Medicine as Aid in Reducing the Body Weight
por Rejane Elias Torres
O Uso de Fitoterápicos como Auxilio na Redução do Peso Corporal
The search for herbal medicine as an aid in the control of obesity has been growing every day, as a result of its significant increase in individuals of all ages, genders, and social classes. It is a common belief that herbal substances, because they are derived from plants can not result in side effects, which is not an absolute fact, and such a claim needs to be proven in human studies, which are currently scarce. By the above, this study aimed to evaluate the special use of two herbal commonly used in weight loss: Citrus aurantium and Garcinia cambogia. For such we used literature found in national and international articles published from 2000 and books of herbal medicine and pharmacology. We conclude that both, the Garcinia and the Citrus, when used in conjunction with changes in eating habits and physical activity can provide positive results in weight loss. março 2013
Introdução
A obesidade vem crescendo em níveis alarmantes, colocando toda a comunidade cientifica e a sociedade como um todo em estado de alerta, sendo que a projeção para 2015, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) gira em torno de, aproximadamente, 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e 700 milhões com obesidade (LEITE; ROCHA; NETO, 2009). Considera-se que o problema desencadeado por ela vai muito além da questão estética – o que por si só já é passível de acarretar em muitos danos, como emocional, psicológico e social; mas é necessário considerar que o excesso de peso acumulado é fator predisponente para muitas doenças crônicas não transmissíveis, que colocam o obeso em situação de risco constante, uma vez que estes indivíduos se encontram num permanente estado inflamatório, impondo-lhes um desequilíbrio em todas as funções de seu organismo. Com todas as pesquisas a cerca da obesidade, tem-se hoje o conhecimento de que a perda de peso vai muito além do que simplesmente fazer o obeso comer menos e praticar atividade física; existe todo um conjunto de fatores genéticos envolvidos, bem como fatores ambientais e emocionais (RUANO et al., 2011).
ruano et al., 2011 (...) o excesso de peso acumulado é fator predisponente para muitas doenças crônicas não transmissíveis, que colocam o obeso em situação de risco constante, uma vez que estes indivíduos se encontram num permanente estado inflamatório, impondo-lhes um desequilíbrio em todas as funções do organismo.”
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A busca pela fitoterapia como auxílio no controle da obesidade vem crescendo a cada dia, consequência do aumento significativo desta em indivíduos de todas as idades, sexo e classes sociais. É comum acreditar que substâncias fitoterápicas, por serem oriundas de plantas, não possam resultar em efeitos colaterais, o que não é um fato absoluto e, para tal afirmação, necessita-se de comprovação em estudos com humanos, os quais são escassos atualmente. Mediante o exposto, este trabalho objetivou avaliar o uso em especial de dois fitoterápicos comumente utilizados no emagrecimento: Citrus aurantium e Garcínia cambogia. Para tal, utilizou-se pesquisa bibliográfica em artigos nacionais e internacionais publicados a partir de 2000 e em livros de fitoterapia e farmacologia. Concluí-se que, tanto a Garcínia quanto o Citrus, quando utilizados em conjunto com mudanças nos hábitos alimentares e a prática de atividade física, podem apresentar resultados positivos no emagrecimento.
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No tratamento da obesidade, além das mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física e uma dieta balanceada, muitos indivíduos necessitam de uma ajuda farmacológica extra, para dar-lhes num primeiro momento o incentivo inicial, seja ele para melhor aderência à dieta ou simplesmente pelo efeito psicológico que costuma causar, ou seja, o simples fato de o indivíduo saber que está usando um emagrecedor, por exemplo, na maioria das vezes causa-lhe uma sensação de conforto. E há ainda aqueles que desenvolveram um estado de obesidade tão avançado que precisam de intervenção cirúrgica, mas, ainda assim, as mudanças alimentares e comportamentais acompanharão o individuo pela vida toda (MORAES, 2007). No Brasil, após decisão da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2011, de fazer um maior controle no uso indiscriminado de anorexígenos e anfetaminas, tem surgido um grande interesse pelos medicamentos fitoterápicos, visto também que grande parte dos indivíduos está em busca de uma vida mais saudável, e pelo fato dos fitoterápicos serem oriundos de plantas, acredita-se que não tenham tantos efeitos colaterais como muitas drogas existentes no mercado, muitas das quais também causam dependência psicológica, como as anfetaminas que, quando utilizadas de modo crônico, desenvolve quase invariavelmente ao efeito anorexígeno destas uma maior tolerância, levando frequentemente o indivíduo à necessidade de doses crescentes para manter o resultado obtido inicialmente ao seu uso. Porém, comumente existem conceitos errôneos no que diz respeito à segurança e eficácia de agentes fitoterápicos, uma vez que uma designação de “produto natural” não é garantia de segurança, até mesmo pelo fato de que em alguns casos a recomendação de uma substância fitoterápica ativa pode ser maior do que aquelas consideradas clinicamente seguras, e a falta deste conhecimento pode colocar a saúde do indivíduo em risco (DENNEHY; TSOUROUNIS, 2006).
Fitoterapia
A fitoterapia é uma palavra com origem grega, que resulta na combinação de phito (plantas) e therapia (tratamento), caracterizando, através do uso de substratos naturais, uma melhora em diversos estados patológicos, tendo o intuito de prevenir, aliviar ou curar uma doença (KALLUF, 2008).
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O Uso de Fitoterápicos como Auxilio na Redução do Peso Corporal De acordo com o dicionário Aurélio da língua portuguesa, a palavra fitoterapia significa “tratamento de doenças mediante o uso de plantas”. Segundo Rosa (2002), a fitoterapia é uma terapêutica que se caracteriza pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, nas quais as matérias-primas são órgãos de plantas medicinais (folhas, raízes, caules, flores, frutos) com efeitos farmacológicos medicinais, alimentícios, coadjuvantes técnicos ou cosméticos. O uso médico da fitoterapia em sua forma natural e não processada descende desde que os primeiros animais inteligentes concluíram que determinados alimentos vegetais exerciam influência sobre determinadas atividades orgânicas. Desde essa época, há muitas informações sobre o uso histórico e a eficácia de remédios fitoterápicos. O problema consiste no fato de que nem sempre a qualidade destas informações é validada cientificamente (DENNEHY; TSOUROUNIS, 2006). Atualmente, vários fitoterápicos estão disponíveis no mercado, prometendo resultados que nem sempre são atingíveis, visto que na maioria das vezes estas substâncias não apresentam estudos científicos confiáveis que demonstrem a segurança e a eficácia em sua utilização (SANTOS et al., 2007). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 60 a 80% da população de países em desenvolvimento contam exclusivamente com o uso de plantas, devido à dificuldade de acesso ao tratamento medicamentoso. Por essa razão, a OMS mantém uma política de incentivo, com o intuito de que todos os países incluam em seus sistemas públicos de saúde práticas alternativas em conjunto com a medicina tradicional, como o uso da fitoterapia (SILVA; OLIVEIRA; NAGEM, 2010). As plantas medicinais utilizadas na fitoterapia podem contribuir de forma favorável no tratamento da obesidade, e estas podem ser divididas em dois grupos, conforme o seu mecanismo de ação. Segundo Del Fresno e Carretero (2005) apud Junior (2009), o primeiro grupo é constituído por plantas de ação direta, que provocam a estimulação metabólica, podendo em conjunto inibir o apetite. Já o segundo grupo constituí-se pelas plantas de ação indireta, atuando então em decorrência dos efeitos que provocam, como laxantes e diuréticos, por exemplo. A escolha deve estar embasada no diagnóstico da causa do aumento de peso do individuo, que pode ser decorrente de fatores como: apetite aumentado, metabolismo ou nutricaoempauta.com.br
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ácidos graxos e ainda aumenta a liberação de serotonina, bem como sua disponibilidade no córtex cerebral, e paralelamente diminui a concentração de leptina no soro. A leptina, por sua vez, é uma proteína transcrita pelo gene Fisiologia da Obesidade da obesidade e secretada pelos adipócitos (CAMPFIELD O acúmulo exacerbado de tecido adiposo et al., 1995 apud SANTOS et al. 2007), atuando sobre o deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de subssistema nervoso central como sinalizador para regulação tratos presentes nos alimentos e bebidas (proteínas, hida homeostase do peso corporal e reserva energética do dratos de carbono, lipídios e álcool), em relação ao gasto organismo. Todavia, é coenergético (metabolismo mum indivíduos obesos da autora basal, efeito termogênico e atividade física). Nesse No Brasil, após decisão da ANVISA apresentarem níveis elevasentido, contribuem para (Agência Nacional de Vigilância Sanitá- dos de leptina, a qual não o aparecimento da oberia) em 2011, de fazer um maior controle se apresenta funcionante, sidade tanto os hábitos no uso indiscriminado de anorexígenos e devido a uma mutação alimentares inadequados anfetaminas, tem surgido um grande inte- no gene que tem a função de codificar o seu recepquanto o estilo de vida resse pelos medicamentos fitoterápicos, tor, podendo pelo mesmo como um todo, incluindo visto também que grande parte dos indivímotivo fazer com que o fatores sociais, alterações duos está em busca de uma vida mais sau- indivíduo apresente resismetabólicas e neuroendódável, e pelo fato dos fitoterápicos serem tência à leptina. crinas, bem como compooriundos de plantas, acredita-se que não Independente da nentes de ordem hereditátenham tantos efeitos colaterais como razão, a não responsiviria (MORAES, 2007). muitas drogas existentes no mercado, mer- dade da leptina estimula Ainda que a obesicado, muitas das quais também causam de- o aumento do NPY (neudade possa ter como gatiropeptídio Y) no hipotálalho causas monogênicas, pendência psicológica (...).” mo. Este, por sua vez, age como, por exemplo, uma aumentando o apetite e desencadeando uma hipersecremutação no gene ou receptor da leptina, hoje já se sabe ção de insulina e de glicocorticóides, com secreção sube se evidência que a obesidade é uma doença poligênica, sequente de leptina, estabelecendo-se um circulo vicioso com o envolvimento de mais de 250 genes, com a assoquando a leptina não é funcionante, o que origina um ciação de marcadores inflamatórios e regiões cromossôfenótipo marcado pela deposição de gordura que, depenmicas variadas (LEITE; ROCHA; NETO, 2009). Contudo, dendo da ingestão alimentar, pode levar ao desenvolviacredita-se que os fatores externos são mais relevantes na mento da obesidade (SANTOS et al., 2007). De acordo incidência de obesidade do que os fatores genéticos (ROcom Leal e Pampanelli (2004), o surgimento da obesidade MERO; ZANESCO, 2006). está diretamente ligado à infância, período no qual adQuanto maior o volume de gordura depositada, quirimos a maior parte das células adiposas, responsáveis sobretudo na região abdominal, maiores as chances de pelo armazenamento de gordura. Quanto maior o númeo obeso desenvolver patologias como diabetes, hipertenro de células adiposas desenvolvidas nesse período, maior são, doenças cardiovasculares, isto porque a maior parte a chance de tornar-se um adulto obeso (FETT; REZENdessas doenças está relacionada à ação do tecido adiposo DE, 2001). como órgão endócrino, uma vez que os adipócitos sintetizam diversas substâncias, como adiponectina, glicocorticóides, TNFα, hormônios sexuais, interleucina-6 (IL- 6) e Garcínia Cambogia leptina, que agem no metabolismo e controle de diversos A Garcínia cambogia é uma espécie da família sistemas do organismo (AHIMA; FLIER, 2000). Clusicaceae, planta nativa da Índia, que tem seu extrato De acordo com Shara et al. (2004), o ácido hidróxiobtido através do pericarpo de seu fruto, que tem como citrico (HCA) presente na garcínia estimula a oxidação de principal constituinte químico uma considerável fonte trânsito intestinal lento, disfunções hormonais, acúmulo de líquidos, entre outras causas.
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natural de ácido hidroxicítrico (HCA), o qual é um importante inibidor da enzima ATP citrato liase (SANTOS et al., 2007). Esta enzima cataliza a clivagem extramitocondrial do citrato, para que ocorra a formação de oxaloacetato e acetil-CoA, o qual é necessário para a síntese de ácidos graxos e para que ocorra lipogênese, sobretudo em dietas hipercalóricas. A garcínia ainda é rica em uma das frações dos flavonóides, chamada biflavona – a qual apresenta um potente efeito antiinflamatório, que age inibindo a síntese de prostaglandinas (KALLUF, 2008), o que por si só já apresenta efeito na modulação inflamatória da obesidade. Estudos experimentais a cerca da Garcínia cambogia têm indicado a sua eficácia em inibir a síntese de ácidos graxos, a lipogênese, a ingestão de alimentos e, consequentemente, implicando em redução do peso, pela ação do HCA (JENA et al., 2002). Assim, de acordo com os que defendem o seu uso, esta planta atua não apenas aumentando a taxa de síntese hepática de glicogênio, mas também inibindo o apetite e a estocagem de gordura corporal. Para Van Loon et al. (2000), a eficácia da garcínia como agente antiobesidade consiste no fato de que ela induz a diminuição do apetite com consequente menor ingestão de alimentos. Leonhardt e Langhans (2002), em estudo, também encontraram diminuição na ingestão alimentar, com comprometimento de 12% do teor lipídico em modelo animal suplementados a longo prazo com o extrato de garcínia cambogia. Ishihara et al. (2000) analisaram o efeito da administração de extrato de garcínia em modelo animal (rato) estimulado a praticar corrida, avaliando a capacidade deste fitoterápico em diminuir a quantidade de glicogênio utilizado como substrato e concluíram, através dos resultados obtidos, que a administração crônica de HCA promoveu a oxidação lipídica e ainda evitou a utilização de carboidratos em ratos no descanso e durante a corrida e que a Garcínia ainda possui a habilidade de diminuir a quantidade de glicogênio utilizado como substrato energético durante o exercício, e que este fato deve-se ao seu efeito inibidor sobre a enzima ATP-citrato-liase. Keun-Young Kim et al. (2008) também avaliaram os efeitos da garcínia cambogia em ratos, analisando então a gordura visceral. Os ratos foram divididos em 3 grupos: os que receberam dieta hiperlipídica e suplementada com Garcínia Cambogia, os que receberam apenas dieta hi-
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Citrus Aurantium
O Citrus Aurantium L., também conhecido como laranja amarga, é uma árvore originária da Ásia e pertence à família das rutáceas, do latim - Rutaceae - uma família de plantas angiospérmicas (plantas com flor - divisão Magnoliophyta), pertencente à ordem Sapindalimes, da qual o gênero mais importante do grupo é o Citrus, que inclui plantas comercialmente importantes para o ser humano, vulgarmente conhecido como citrinos. O extrato do Citrus Aurantium é rico em Sinefrina, uma amina adrenérgica, a qual simula a ação da adrenalina no corpo. A adrenalina possui vários efeitos no organismo, destacando-se nesse caso por aumentar o metabolismo e, consequentemente, queimar gorduras (GUERRA; ARENT; MACHADO, 2010). De acordo com Rossato (2011), tanto a efedrina, obtida da planta Ephedra sp, como a Sinefrina são agonistas adrenérgicos e a sua atividade favorável ao emagrecimento está associada ao aumento da lipólise promovido pela termogenese. Porém, o uso da Ephedra foi associado a efeitos colaterais como problemas cardíacos, psiquiátricos, hipertensão e derrames cerebrais, tendo então sido proibida a sua indicação (ARBO, 2008). Assim, após a proibição da efedrina, em 2004, como agente promotor
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ram menor ganho de peso, quando comparados ao grupo do emagrecimento pela Food and Drug Administration controle que não foi suplementado. (FDA), mesmo esta não tendo sido proibida no Brasil, o uso da Sinefrina proveniente do Citrus aurantium generalizou-se como alternativa para a indústria dos suplementos O Nutricionista e a Fitoterapia alimentares, dados os efeitos farmacológicos da Sinefrina O uso de fitoterápicos pelo profissional nutricionisserem semelhantes aos da efedrina, resultando nos mesta foi aprovado pelo Conselho Federal de Nutricionistas mos efeitos estimulatórios (ROSSATO, 2011). Da mesma em 30 de julho de 2007, sendo então publicado no Diário forma, de acordo com Grollman (2005), a Sinefrina tamOficial da União em 06 de agosto do mesmo ano, através bém pode apresentar o da Resolução CFN n°.402 autores diversos mesmo potencial de efeide 2007. Essa resolução tos colaterais da efedrina. (...) o ácido hidróxicitrico (HCA) regulamenta a prescrição A Sinefrina atua nos presente na garcínia estimula a oxida- fitoterápica pelo nutricioreceptores beta-adrenérção de ácidos graxos e ainda aumenta a nista de plantas in natura gicos, sendo um potente liberação de serotonina, bem como sua frescas ou como droga estimulador do SNC (Sisdisponibilidade no córtex cerebral, e pa- vegetal nas suas diferentema Nervoso Central), ralelamente diminui a concentração de tes formas farmacêuticas. apresentando correlação Para a elaboração dessa leptina no soro. A leptina, por sua vez, entre a sua administraresolução, o CFN consié uma proteína transcrita pelo gene da ção com emagrecimento derou algumas premissas obesidade e secretada pelos adipócitos e queima de gordura. Seque a justificassem, como (CAMPFIELD et al., 1995 apud SANTOS et o fato de que a fitoteragundo Mori (2011), uma al. 2007), atuando sobre o sistema nervoso pia tem uma importante taxa elevada de receptores central como sinalizador para regulação relação com a nutrição e beta-adrenérgicos exerce da homeostase do peso corporal e reserva que as plantas medicinais efeito positivo estimulando a lipólise e aumentantêm finalidades bioativas, energética do organismo.” do a frequência cardíaca, terapêuticas e também bem como estimula o aumento do fluxo sanguíneo para funções nutricionais, de acordo com relatos cientificos o musculo esquéletico, proporcionando uma maior vas(KALLUF, 2008). cularização e, consequentemente, maior resistência física A Resolução 402 preconiza que, antes de fazer sua para a prática de exercícios, o que contribui para a quebra prescrição fitoterápica, o nutricionista deve consultar a lede gordura. gislação vigente da ANVISA, uma vez que existem fitoteBent et al. (2004) estudaram a eficácia da adminisrápicos que podem ser prescritos apenas por profissional tração de Sinefrina em humanos, fazendo uma revisão médico. Ressalta-se também que, de acordo com o parágasistemática nos estudos realizados de 1996 a 2004, e confo único do 3° artigo da Resolução 402, o nutricionista só cluiram que não há evidências absolutas que atestem a sua poderá prescrever aqueles fitoterápicos cuja forma farmautilização como eficiente na promoção do emagrecimencêutica for de uso oral, ou seja, infusão, decocção, tintura, to. Da mesma forma, Haller et al. (2008) concluiram que alcoolatura e extrato. A legislação vigente apresenta a resoa administração isolada de Citrus aurantium não foi efilução ANVISA RE 89 de 16 de março de 2004, que propõe ciente na redução de peso e que esta só aconteceu quando a Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos – a qual o associada a outros agentes, como a cafeína, por exemplo. nutricionista deve consultar antes de fazer qualquer presEm estudo com ratos, Arbo et al. (2009), analicrição, e o mesmo também deve especificar informações sando a toxicidade subcrônica da Sinefrina, observaram claras e técnicas em seu receituário, como: nomenclatura que, mesmo o peso corporal dos animais não tendo sido botânica, nome popular, parte utilizada, forma farmacêualterado de forma considerável durante o tratamento com tica, modo de preparo, tempo de utilização, dosagem, frep-sinefrina na dosagem de 300 mg/kg, estes animais tivequência de uso e horário a ser admistrado.
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Considerações Finais
Conclui-se que, quando associados a modificações dietéticas e à prática de exercícios físicos, os fitoterápicos Garcínia cambogia e Citrus aurantium podem apresentar resultados favoráveis no emagrecimento. Porém, a maioria dos estudos a cerca da utilização destas plantas no emagrecimento expostos no presente trabalho foi realizada em modelo animal, onde alguns autores encontraram resultados positivos e outros não, não havendo também padronização, como dosagem e tempo de utilização, entre os estudos analisados. Assim, mais estudos são necessários, sobretudo em humanos, para definir a dose ideal de suplementação, bem como o tempo a ser administrado.
Sobre a autora
Dra. Rejane Elias Torres Nutricionista pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Pós-Graduanda em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul. Palavras-chave: fitoterapia, garcínia cambogia, citrus, obesidade. Keywords: herbal medicine, garcinia cambogia, citrus, obesity. Recebido: 27/10/2012 – Aprovado: 11/03/2013
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Nutritional Profile of Patients Admitted to Hospital Public Goiânia
por Luana Lima Castro e Lorena Pereira de Souza Rosa
Perfil Nutricional de Pacientes Admitidos em Hospital Público de Goiânia
As alterações do estado nutricional contribuem para o aumento da morbi-mortalidade, sendo a desnutrição hospitalar responsável por uma série de complicações graves, e o excesso de peso fator de risco para vários agravos à saúde. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil nutricional de pacientes admitidos em hospital público da cidade de Goiânia. O estudo foi realizado com indivíduos adultos e idosos, de ambos os sexos, com até 48h de admissão hospitalar. Os pacientes foram submetidos a avaliação antropométrica, para classificação do estado nutricional pelo Índice de Massa Corporal. A amostra foi composta por 30 pacientes. De modo geral, 46,7% (n=14) dos pacientes encontravam-se eutróficos, 23,3% (n=7) estavam com baixo peso, 20% (n=6) apresentaram sobrepeso e 10% (n=3) estavam obesos. Os idosos tiveram um percentual maior de baixo peso, comparados aos adultos. A realização da triagem nutricional na admissão torna-se indispensável, para que haja melhor direcionamento do tratamento, evitando complicações e agravo do estado de saúde dos pacientes. The changes of nutritional status contribute to the increase of morbidity and mortality. It has been malnutrition hospital responsible for a series of serious complications and the excess of weight factor of risk to several grievances health. So, the objective of this study was assessing the profile nutritional of patient admitted in a public hospital city of Goiania. The study was accomplished with individual adult and elderly, of both sexes, within 48h of admission hospital. The patients were submitted to evaluation anthropometric to classification nutritional status the Index of Mass Corporal. A sample was composed with 30 patients. Generally, about 46,7% (n=14) of the patients were found eutrophic, 23,3% (n=7) were found with low weight, 20,0% (n=6) had overweight and 10,0% março 2013
(n=3) were obese. The elderly had a percentage higher of low weight comparing to adults. The realization screening nutritional on admission becomes indispensable, so there will be better direction to treatment, avoiding complication and aggravated the state of health of the patients.
Introdução
O Brasil, assim como diversos países da América Latina, passou nas últimas décadas por uma rápida transição demográfica, epidemiológica e nutricional. Com isso, foi possível perceber diversas mudanças nas características da população. Entre elas está a redução dos níveis de fecundidade e mortalidade infantil, diminuição da incidência de doenças infectocontagiosas e aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s), redução da prevalência de desnutrição e aumento da prevalência de obesidade (OLIVEIRA, 2004). Entretanto, a desnutrição ainda está presente, principalmente entre integrantes de famílias de baixa renda per capita, dentre outros fatores que podem determinar um estado de insegurança alimentar, que leva ao risco nutricional (HOFFMANN, 2008). E estes indivíduos representam a maioria dos que adentram em hospitais públicos, contribuindo, portanto, para a alta prevalência de desnutrição no ambiente hospitalar (CAMPOS; BRANCO, 2006).
autores diversos As alterações do estado nutricional contribuem para o aumento da morbi-mortalidade. Dessa forma, a desnutrição hospitalar é responsável direta por uma série de complicações graves, como cicatrização mais lenta de feridas; taxa de infecção hospitalar aumentada; falência respiratória; insuficiência cardíaca; maior tempo de internação, principalmente em pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI); e índices de reinternação superiores.” nutrição em pauta |
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Perfil Nutricional de Pacientes Admitidos em Hospital Público de Goiânia
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Em 2001, foi publicado o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI), que avaliou 4 mil pacientes internados em hospitais gerais do Brasil (CAMPOS; BRANCO, 2006). Este estudo identificou que 48,1% destes pacientes apresentavam desnutrição, sendo 35,5% desnutridos moderados e 12,6% desnutridos graves (WAITZBERG, 2006). O IBRANUTRI mostrou ainda que a desnutrição hospitalar progride à medida que aumenta o período de internação. Dos pacientes avaliados, 31,8% já estavam desnutridos nas primeiras 48 horas de internação; 44,5% em três a sete dias de internação; 51,2% em oito a 15 dias; e 61% nos doentes internados há mais de 15 dias (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001). As alterações do estado nutricional contribuem para o aumento da morbi-mortalidade. Dessa forma, a desnutrição hospitalar é responsável direta por uma série de complicações graves, como cicatrização mais lenta de feridas; taxa de infecção hospitalar aumentada; falência respiratória; insuficiência cardíaca; maior tempo de internação, principalmente em pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI); e índices de reinternação superiores (WAITZBERG, 2006; ACUÑA; CRUZ, 2004; WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001). Por outro lado, o excesso de peso é fator de risco para vários agravos à saúde, como doença isquêmica do coração, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, colelitíase, esofagite de refluxo, entre outros (ACUÑA; CRUZ, 2004). No sentido de reduzir o número de indivíduos com risco nutricional, tanto devido à desnutrição quanto ao excesso de peso, a terapia nutricional desempenha, portanto, um papel fundamental, favorecendo o processo de nutrição e recuperação do paciente. E o acompanhamento da equipe multiprofissional a esses pacientes é de grande importância para a melhora da qualidade de vida dos mesmos, minimizando o tempo de internação (CROSSETTI et al., 2010). Além disso, é possível triar os pacientes com risco nutricional, evitando maiores complicações do estado de saúde dos mesmos, já que essa triagem é feita nas primeiras horas de admissão hospitalar (BEGHETTO et al., 2008). Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil nutricional de pacientes admitidos no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO).
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hospitalar por Luana Lima Castro e Lorena Pereira de Souza Rosa
Metodologia
O banco de dados foi construído no Software Excel do Pacote Office for Windows, versão 2007, com duEste estudo faz parte de um projeto matriz intitulado pla entrada para a checagem da consistência e posterior por “Estado nutricional e ingestão alimentar de adultos e idolimpeza em caso de inconsistência. As análises dos dasos hospitalizados: comparação entre métodos de avaliação”. dos foram processadas no Software Stata 8.0, sendo feita O estudo foi realizado na enfermaria do Hospital análise descritiva, frequência absoluta e relativa, média e de Urgências de Goiânia (HUGO), com pacientes adultos desvio padrão. e idosos (18 anos ou mais de idade), de ambos os sexos, Para verificar associação entre estado nutricional com até 48 horas de admissão no hospital. Foram excluíe as outras variáveis, utilizou-se teste exato de Fisher. Fodos os pacientes com idade inferior a 18 anos, gestantes e ram consideradas diferenaqueles internados por peças estatisticamente signiríodo maior que 48 horas. crossetti et al., 2010 A coleta de dados ocorreu No sentido de reduzir o número de ficantes entre as variáveis no mês de julho de 2011. indivíduos com risco nutricional, tanto do estudo quando p<0,05. Os pacientes fodevido à desnutrição quanto ao excesso ram submetidos a avaliade peso, a terapia nutricional desempenha, Resultados A amostra foi comção antropométrica, para portanto, um papel fundamental, favoreposta por 30 pacientes, classificação do estado cendo o processo de nutrição e recuperacom idade média geral de nutricional pelo Índice de ção do paciente. E o acompanhamento da 50,17±21,00 anos. A idade Massa Corporal (IMC) equipe multiprofissional a esses pacientes entre as mulheres variou (WHO, 1997; LIPSé de grande importância para a melhora de 43 a 96 anos, com méCHITZ, 1994). da qualidade de vida dos mesmos, minimi- dia de 71,70±17,47 anos. Para obtenção do zando o tempo de internação.” Já entre os homens, a vapeso, foi utilizado, como riação foi de 20 a 68 anos, primeira opção, o peso com média de 39,40±12,76 anos (Tabela 1). aferido. Quando este não foi possível de ser coletado, foi usado o peso referido pelo próprio paciente ou por Tabela 1. Características socioeconômicas, demográficas familiares. E como terceira e última opção, foi utilizae do estado nutricional dos pacientes admitidos no Hosdo o peso ideal estimado pela compleição óssea, atrapital de Urgência de Goiânia (HUGO), em até 48 horas, vés da circunferência do punho (METROPOLITAN Goiânia-GO, 2011. HEIGHT AND WEIGHT TABLES, 1985). Variável Mulheres Homens Total A estatura foi obtida pela altura aferida, ou pela refen=10 n=20 n=30 rida, recumbente, envergadura, semienvergadura ou altura Idade do joelho (CHUMLEA; ROCHE; STEINBAUGH, 1985). 20-59 2 (20,0) 19 (95,0) 21 (70,0) Foi aplicado também, durante a triagem, um questionário contendo informações referentes a dados 60-96 8 (80,0) 1 (5,0) 9 (30,0) pessoais e sociodemográficos, sendo nome, sexo, idade Procedência e procedência. 1 (10,0) 3 (15,0) 4 (13,3) Goiânia O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Urgências de Outra ci9 (90,0) 17 (85,0) 26 (86,7) dade Goiânia (protocolo nº29/2011 – ANEXO B) e foi entreIMC gue a cada paciente, ou ao responsável pelo mesmo, um 4 (40,0) 3 (15,0) 7 (23,3) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, contendo Baixo peso explicações acerca dos procedimentos a serem realizados 3 (30,0) 11 (55,0) 14 (46,7) Eutrófico durante o estudo, visando todo o esclarecimento ao pa2 (20,0) 4 (20,0) 6 (20,0) Sobrepeso ciente e a liberação dos dados coletados para utilização 1 (10,0) 2 (10,0) 3 (10,0) Obesidade nesta pesquisa de forma sigilosa. março 2013
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Nutrição
Perfil Nutricional de Pacientes Admitidos em Hospital Público de Goiânia
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Através da avaliação do estado nutricional por meio da determinação do IMC, verificou-se que, de modo geral, 46,7% (n=14) dos pacientes encontravam-se na faixa de eutrofia. Entre os homens, essa classificação foi estabelecida em 55% (n=11) dos pacientes. Já entre as mulheres, houve uma maior quantidade de pacientes com baixo peso, sendo 40% (n=4) no total. Ao associar o estado nutricional com a idade (Tabela 2), verificou-se diferença significativa entre adultos e idosos. Enquanto que 52,4% (n=11) dos adultos foram classificados como eutróficos, a maioria dos idosos apresentou baixo peso, com percentual de 55,6% (n=5). Tabela 2 - Classificação do estado nutricional, segundo o IMC, dos pacientes adultos e idosos admitidos no Hospital de Urgência de Goiânia (HUGO), em até 48 horas, Goiânia- GO, 2011. Estado nutricional
Adultos (20-59) n=21
Idosos (60-96) n=9
Valor p*
Baixo peso
2 (9,5)
5 (55,6)
0,035
Eutrófico
11 (52,4)
3 (33,3)
Sobrepeso
5 (23,8)
1 (11,1)
Obesidade
3 (14,3)
0 (0,0)
*Teste exato de Fisher
Discussão
No presente estudo, houve predomínio de pacientes do gênero masculino, dado que vai de acordo com as pesquisas de Albertini et al. (2008) e Waitzberg, Caiaffa e Correia (2001), que encontraram um percentual de 58,7% e 54,4%, respectivamente, ao avaliarem pacientes recém-admitidos em hospitais de grande porte. Essa característica pode ser observada devido ao maior envolvimento de homens em acidentes de trânsito e, por se tratar de um hospital de urgências, grande parte dos pacientes que dão entrada no mesmo é vítima desse tipo de acidente. De acordo com a revisão feita por Magalhães e Loureiro (2007), os homens são considerados mais propensos ao envolvimento em acidentes de trânsito, e em alguns estudos este risco foi duas vezes maior do que o das mulheres. O Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) atende Goiânia e os municípios adjacentes que, por estarem próximos da capital, acabam fazendo uso dos serviços de emergência disponíveis em Goiânia, o que justifica
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a prevalência de pacientes oriundos de outros municípios (86,7%). Outro estudo, realizado por Sousa e Rassi Neto (2008), que caracterizou os atendimentos dos acidentes de trânsito no HUGO, encontrou que, em média, 40 % dos casos de atendimento eram de outros municípios, identificando o hospital como referência da região. Com relação ao estado nutricional, um maior percentual de mulheres apresentou baixo peso, fato este que pode ser explicado pela maior quantidade de idosos do gênero feminino. E assim como afirma Acuña e Cruz (2004), a população idosa é particularmente propensa a problemas nutricionais, principalmente desnutrição, devido a fatores relacionados com as alterações fisiológicas e sociais, ocorrência de doença crônica, uso de várias medicações, problemas na alimentação, depressão e alterações da mobilidade com dependência funcional. Essa afirmação também explica a maior prevalência de baixo peso nos idosos quando se associou o estado nutricional e a idade. Segundo Sullivan, Sun e Walls (1999), até 60% dos idosos hospitalizados são desnutridos na admissão, assim como foi observado no presente estudo. De modo geral, grande parte (46,7%) dos pacientes encontrava-se eutrófica, parte estava com baixo peso (23,3%) e uma minoria estava obesa (10%). No entanto, 20% dos pacientes apresentaram sobrepeso. Portanto, a maioria dos pacientes avaliados apresentou algum desvio nutricional. Inúmeros estudos avaliam o estado nutricional de pacientes hospitalizados, demonstrando assim o alto índice de indivíduos com desvio nutricional, inclusive nas primeiras horas de admissão hospitalar. Kondrup et al. (2002), por exemplo, através de estudo realizado nos pacientes admitidos em três tipos de hospitais (universitário, regional e local), revelaram que 23% desses pacientes estavam em situação de risco nutricional. Albertini et al. (2008) realizaram uma pesquisa com pacientes internados em um Hospital de Ensino, pela rede do SUS, a fim de determinar a prevalência de risco nutricional por método de triagem. Os mesmos foram avaliados no momento da internação ou até 24 horas após a mesma, através da Avaliação Subjetiva Global (ASG), do Escore de Risco Nutricional (NRS), do IMC e da Mini Avaliação Nutricional (MAN). De acordo com o IMC, 38% dos pacientes estavam acima do peso, 15% abaixo do peso e 47% eutróficos, resultados estes que se apresentam
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Nutritional Profile of Patients Admitted to Hospital Public Goiânia
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semelhantes aos do presente estudo. e idosos no presente estudo, houve diferença significativa Outro estudo que obteve resultados similares foi (p=0,035), caracterizando o grupo de idosos com baixo o de Merhi et al. (2000), que traçou o perfil nutricional peso ao serem admitidos. Esse resultado ressalta a necesde pacientes internados no Hospital e Maternidade Celsidade de uma atenção especial aos idosos, por se tratar de so Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campium grupo de risco para desnutrição. nas, utilizando o IMC como instrumento de classificação. As alterações fisiológicas decorrentes do processo Dessa forma, dos pacientes hospitalizados entre 0 a 5 dias, de envelhecimento, como alterações da visão, audição, 19% estavam desnutridos, 43,1%, eutróficos, 26,1%, com olfato, marcha, equilíbrio, coordenação motora e tempo sobrepeso e 11,8% estavam obesos. de reação, têm levado a um aumento significativo na prePor meio dos estudos supracitados, é possível vevalência de trauma em idosos nos últimos anos, fazenrificar a alta prevalência de baixo peso/desnutrição dendo com que a traumatologia geriátrica passe a apresentre os pacientes recém-admitidos no ambiente hospitalar. tar uma importância cada vez maior, principalmente ao No estudo realizado por avaliar o número de interMcWhirter e Pennington nações hospitalares com autores diversos (1994), por exemplo, os maior frequência desse As alterações fisiológicas decor- grupo (BIAZIN, 2006; pacientes foram avaliados rentes do processo de envelhecimento, MEIRELES et al., 2007). nas primeiras horas de como alterações da visão, audição, olfaadmissão hospitalar, senParalelamente ao do que 64% dos mesmos to, marcha, equilíbrio, coordenação mo- aumento do número de apresentaram IMC maior tora e tempo de reação, têm levado a um internações, tem-se auque 20 kg/m2 (eutrofia/exaumento significativo na prevalência de mentado a prevalência de cesso de peso), 13%, IMC trauma em idosos nos últimos anos, fazen- desnutrição. Nesse conentre 18 e 20 kg/m2 (desdo com que a traumatologia geriátrica texto, a avaliação nutrinutrição grau I/eutrofia), passe a apresentar uma importância cada cional do paciente idoso 14%, entre 16 e 18 kg/m2 vez maior, principalmente ao avaliar o hospitalizado é essencial, (desnutrição grau I/grau número de internações hospitalares com de modo que a desnutriII) e 9%, abaixo de 16 kg/ ção seja precocemente maior frequência desse grupo.” m2 (desnutrição grau III). diagnosticada e que sejam Há outros estudos adotadas medidas eficazes que confirmam esses dados, como o de Pablo, Izaga e para reversão desse quadro. Se esta avaliação não for feita Alday (2003), que avaliaram o estado nutricional dos pana internação hospitalar, os pacientes correm o risco de se cientes admitidos nas primeiras 48h em um hospital geral desnutrir ao longo do tempo, e os que já estavam desnue tiveram como resultado um percentual de 78,3% de patridos tendem a ter seu grau de desnutrição agravado ducientes desnutridos. E também Rezende et al. (2004), que, rante a hospitalização (BARBOSA; BARROS, 2002; LEIem estudo conduzido em um hospital filantrópico de SalTE; CARVALHO; MENESES, 2005; CORREIA, 2003). vador – BA, avaliaram o estado nutricional dos pacientes internados no mesmo e correlacionaram com o tempo de Conclusão permanência hospitalar. Dos pacientes internados entre 0 Observou-se que os pacientes adultos admitidos a 5 dias, 46% estavam desnutridos. no HUGO em sua maioria são eutroficos, diferente dos Ao avaliar o estado nutricional de pacientes hospiidosos que, ao serem admitidos, já apresentavam baixo talizados desconsiderando o tempo de internação, esses peso, reforçando a necessidade de um cuidado maior ao números tendem a aumentar. Logan e Hildebrandt (2003) idoso e ressaltando a importância de uma triagem nutriafirmam que a desnutrição afeta entre 30% a 60% dos pacional na admissão do paciente, com o intuito de evitar cientes hospitalizados. agravar a desnutrição já existente e garantir o estado nuAo comparar o estado nutricional entre os adultos tricional adequado.
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Nutrição
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Sobre os autores
Luana Lima Castro Graduanda do Curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Profa. Dra. Lorena Pereira de Souza Rosa Mestre em Nutrição e Saúde pela Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Docente do Curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Palavras-chave: estado nutricional, Índice de Massa Corporal, admissão, nutrição. Keywords: nutritional status, body mass index, admission, nutrition. Recebido: 28/7/2012 – Aprovado: 28/1/2013
Referências
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pediatria
Benefits of Low-Glycemic Load Diet in Acne Vulgaris
por Maria Helena Araújo de Vasconcelos e Edilene Queiroz Araújo
Benefícios da Dieta de Baixa Carga Glicêmica na Acne Vulgar O avanço da nutrição estética abrange a busca por uma aparência bela e saudável. A nutrição é a melhor forma de manter a saúde da pele, e a utilização da dieta de baixa carga glicêmica pode beneficiar a terapia da acne vulgar, incluindo a melhora da aparência e autoestima. Os hábitos dietéticos ocidentais e o frequente consumo de alimentos de alto índice glicêmico podem expor os adolescentes à hiperinsulinemia aguda, com consequente elevação dos andrógenos circulantes e exacerbação da acne. Intervenções nutricionais com dietas de baixa carga glicêmica podem apresentar redução da glicemia pós-prandial e da resposta insulínica. Em vista disso, os possíveis efeitos benéficos no sistema endócrino e a consequente redução dos sintomas da acne revelam o notável potencial terapêutico destas dietas no tratamento da doença.
No Brasil, a acne é a principal causa de consulta dermatológica registrada entre a população e constitui um problema de saúde pública, segundo os dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2006). Acne vulgar é considerada uma doença inflamatória crônica da pele que afeta a unidade pilossebácea e atinge especialmente áreas do corpo como a face e o tronco (BRITO et al, 2010; TEIXEIRA; FRANÇA, 2007). Nos Estados Unidos, a acne atinge milhões de indivíduos e apresenta caráter quase universal em países ocidentais. A doença atinge 28% a 61% de crianças de 10 a 12 anos e 79% a 95% da população entre 16 a 18 anos, tornando-se evidente principalmente entre os adolescentes do ocidente. É provável que a intensidade da acne estabeleça melhor relação com a fase puberal do que com a idade cronológica. Não obstante, a maioria dos homens apresenta a forma mais intensa e grave da doença e espera sua regressão entre os 20 e 25 anos, enquanto que o problema persiste nas mulheres durante a vida adulta, mesmo após os 40 anos de idade (CORDAIN et al, 2002; SCHMITT; MASUDA; MIOT, 2009). O diagnóstico clínico da acne pode envolver alterações da aparência e autoestima, com impactos psicossociais negativos que podem se associar com ideias e tentativas de suicídio (BOWE et al, 2011).
jeong et al, 2011 Diversos fatores estão associados com a doença, como a hiperqueratinização folicular, aumento da produção de sebo, a colonização bacteriana pelo Propionibacterium acnes e o processo inflamatório.
Stockxchange
The Advancement of nutrition beauty cover the search for a beautiful and healthy appearence. Nutrition is the best way to keep the skin health, diet and the use of low-glycemic load can benefit from therapy of Acne Vulgar, including the improvement of appearence and self-steem. Western dietary habits and food consuptiom of frequent high glycemic index may expose the teens with consequential hyperinsulinemia acute elevation of current and androgen of acne exacerbation. Nutritional interventions with low glycemic load diets may have reduced postprandial glucose and insulin response. As a result, the possible beneficial effects on the endocrine system and the consequent reduction of the symptons of acne show the remarkable therapeutic potential of these diets in the treatment of disease.
Introdução
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Nutrição
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EM PAUTA
Os estudos, em sua maioria, abarcam a cerca do índice glicêmico. Porém, esta pesquisa aborda sobre a carga glicêmica da dieta, o que a torna um diferencial. Ademais, as dietas de baixa carga glicêmica podem revelar um potencial terapêutico na acne (SMITH et al, 2007; CORDAIN et al, 2002). Diante desse contexto, foi objetivo da revisão esclarecer a relevante influência da dieta de baixa carga glicêmica no tratamento da acne vulgar.
Metodologia
jung et al, 2010 A nutrição influencia diretamente a saúde da pele e do corpo, de maneira que recentes estudos têm destacado o papel da dieta na incidência da acne.” jeong et al, 2011 Diversos fatores estão associados com a fisiopatologia da doença, como a hiperqueratinização folicular, aumento da produção de sebo, a colonização bacteriana pelo Propionibacterium acnes (P. acnes) e o processo inflamatório.” baumann, 2002; vaz, 2003 O quadro clínico da acne pode apresentar lesões não inflamatórias (comedões abertos ou fechados) ou lesões inflamatórias com a presença de pápulas, pústulas, nódulos ou cistos.”
A revisão da literatura consistiu na pesquisa de periódicos publicados nas bases de dados Capes, Pubmed, Lilacs e Scielo. Foram utilizados os seguintes descritores em idioma português e sua correspondência em inglês: “acne vulgar”, “dieta” e “resistência à insulina”, considerando-se publicações no período de 2000 a 2011.
Acne: Etiologia e Fisiopatologia
Aspectos genéticos, hormonais, psicológicos e dietéticos podem estar envolvidos na etiologia da acne. A influência genética pode afetar o controle hormonal, a hiperqueratinização folicular e a secreção sebácea (COSTA et al, 2007; SMITH et al, 2007; TEIXEIRA; FRANÇA, 2007; CORDAIN et al, 2002). A elevação da biodisponibilidade de andrógenos pode implicar em maior produção de sebo e alterações psicológicas, incluindo preocupações com a imagem corporal, depressão e baixa autoestima, podem estar envolvidas na etiologia da acne (BOWE et al, 2011; CORDAIN et al, 2002). A nutrição influencia diretamente a saúde da pele e do corpo, de maneira que recentes estudos têm destacado o papel da dieta na incidência da acne (JUNG et al, 2010). Diversos fatores estão associados com a fisiopatologia da doença, como a hiper-
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Benefícios da Dieta de Baixa Carga Glicêmica na Acne Vulgar
queratinização folicular, aumento da produção de sebo, a colonização bacteriana pelo Propionibacterium acnes (P. acnes) e o processo inflamatório (JEONG et al, 2011). O quadro clínico da acne pode apresentar lesões não inflamatórias (comedões abertos ou fechados) ou lesões inflamatórias com a presença de pápulas, pústulas, nódulos ou cistos (BAUMANN, 2002; VAZ, 2003 citado por COMIN; SANTOS, 2011).
Tratamento
A abordagem terapêutica da acne pode apresentar tratamentos clássicos, com objetivos na melhoria de um ou mais processos envolvidos com a fisiopatologia da doença. Neste seguimento o tratamento tópico exerce papel fundamental nas lesões pouco inflamatórias, com a utilização de peróxido de benzoíla, retinóides ou ácido azeláico e o tratamento sistêmico pode ser utilizado nas formas mais graves com a utilização de antibióticos, antiandrógenos ou isotretinoína (ARRUDA et al, 2009).
Dieta e Acne
A hipótese da associação entre os fatores dietéticos e acne vulgar tem sido demonstrada em diversos estudos atuais, visto que alguns alimentos têm sido incriminados, como os produtos lácteos (ADEBAMOWO et al, 2008) e alimentos gordurosos e de alto valor calórico (WEI et al, 2010; JUNG et al, 2010). Contudo, a carga glicêmica da dieta habitual parece estar envolvida com a ocorrência e gravidade da acne, por apresentar conexão com a hiperinsulinemia (Figura 1). A hiperinsulinemia aguda pode ser responsável pela elevação dos níveis de andrógenos e de IGF-1 (Fator de crescimento semelhante à insulina), além de redução dos níveis de globulina ligadora de hormônios
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Benefits of Low-Glycemic Load Diet in Acne Vulgaris
pediatria por Maria Helena Araújo de Vasconcelos e Edilene Queiroz Araújo
DULLIUS, 2011) e câncer sexuais SHBG e das proarruda et al, 2009 (GALEONE et al, 2009; teínas ligadoras de IGF-1 A abordagem terapêutica da acne GNAGNARELLA et al, (IGFBP-1 e IGFBP-3). Por pode apresentar tratamentos clássicos, 2008). conseguinte, os níveis de com objetivos na melhoria de um ou mais O índice glicêmico IGF-1 elevado e IGFBP-3 processos envolvidos com a fisiopatologia é determinado pela rela(Proteína de ligação do da doença. Neste seguimento o tratamento ção da área sob a resposta fator de crescimento setópico exerce papel fundamental nas lesões glicêmica entre a ingestão melhante à insulina) repouco inflamatórias, com a utilização de de uma porção de alimenduzido podem estimular peróxido de benzoíla, retinóides ou ácido to-teste contendo 50g de o crescimento do epitélio azeláico e o tratamento sistêmico pode ser carboidratos e a ingestão folicular e queratinização. utilizado nas formas mais graves com a utida mesma porção de carA redução da síntese helização de antibióticos, antiandrógenos boidratos do alimentopática de IGFBP-1 pode ou isotretinoína.” -referência (glicose ou induzir à sinergia da elepão branco) ingeridos vação livre dos níveis de pelo mesmo indivíduo (DIAS et al, 2010; SAMPAIO et al, IGF-1, os quais influenciam diretamente o aumento dos 2007). A carga glicêmica é calculada com o valor do índiandrógenos associado à redução da SHBG e consequence glicêmico do alimento multiplicado pela quantidade de te elevação da produção sebácea (CORDAIN et al, 2002; carboidratos disponível em um tamanho da porção deste KAYMAK et al, 2007; JUNG et al, 2010). alimento, dividido por 100 (CHEN et al, 2010). O controle glicêmico pode ser afetado positivaFigura 1. Representação esquemática dos possíveis efeimente pelo consumo de dietas de baixo índice glicêmico tos de alta carga glicêmica da dieta no desenvolvimento e baixa carga glicêmica, com benefícios terapêuticos em da acne vulgar. diversos fatores de risco metabólicos (QUEIROZ; SILVA; ALFENAS, 2010; DU et al, 2008). Livesey et al (2008), em uma meta-análise, demonstraram mudanças favoráveis na melhora da sensibilidade à insulina a partir do consumo de dietas com baixa carga glicêmica. A utilização destas dietas forneceu evidências benéficas na melhora da resistência à insulina em pacientes diabéticos (GATTÁS et al, 2007) e em mulheres com (SOP) Síndrome do Ovário Policístico (MARSH et al, 2010).
Relação Entre a Carga Glicêmica da Dieta e Acne
Índice Glicêmico e Carga Glicêmica
O principal componente da dieta responsável pelo aumento da glicose pós-prandial e secreção insulínica é o carboidrato, o qual está relacionado à origem de muitas doenças crônicas (BARCLAY et al, 2008). O frequente consumo de alimentos com alto índice glicêmico tem sido relacionado com fatores de risco para doenças como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares (REIS;
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Uma nova perspectiva de prevenção e tratamento da acne tem sido evidenciada através de recentes pesquisas, com resultados positivos a partir da adoção de dietas de baixa carga glicêmica. O primeiro estudo de intervenção randomizado controlado acompanhou 43 participantes do sexo masculino entre 15 a 25 anos de idade, durante 12 semanas. O grupo de intervenção recebeu dieta composta de 25% de energia de proteínas e 45% de energia de carboidratos com baixo índice glicêmico, enquanto que o grupo controle foi aconselhado a consumir alimentos com
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alta densidade de carboidratos e sem referência ao índice glicêmico. O grupo com dieta de baixa carga glicêmica apresentou redução do número total de lesões cutâneas, perda de peso e melhora na sensibilidade à insulina, em comparação com o grupo controle (SMITH et al, 2007). Em um ensaio clínico randomizado duplo-cego, Smith et al (2007) observaram efeitos de uma dieta experimental de baixa carga glicêmica em comparação com uma dieta convencional de alta carga glicêmica. Após 12 semanas, o grupo com dieta experimental apresentou aumento da sensibilidade à insulina e dos níveis de SHBG e IGFBP-1 e redução do número total de lesões, das lesões inflamatórias, do peso e do percentual de gordura corporal, da circunferência da cintura, dos níveis séricos de testosterona e das concentrações de SDHEA (sulfato de dehidroepiandrosterona), em comparação com o grupo convencional. Nosso estudo sugere que a melhora na sensibilidade à insulina pode estar associada à redução da atividade androgênica. Entretanto, a melhora dessa sensibilidade pode ser atribuída não apenas como fator decorrente da redução da carga glicêmica da dieta, mas também do aumento na ingestão de proteínas, da diminuição do valor energético e consequente perda de peso corporal. Em contraste aos estudos de Smith et al., um estudo de coorte prospectivo demonstrou que o índice glicêmico, carga glicêmica da dieta diária e os níveis séricos de insulina não tiveram participação alguma na patogênese da acne em indivíduos mais jovens. Todavia, esse estudo apresentou limitações por ter sido baseado nos dados obtidos a partir das recordações dos próprios participantes, as quais podem não ser seguras (KAYMAK et al, 2007). Em um estudo piloto analisou-se, em curto prazo, os efeitos de uma dieta de baixa carga glicêmica em marcadores hormonais da acne. A pesquisa demonstrou que o grupo que manteve dietas de baixa carga glicêmica apresentou aumento nos níveis de IGFBP-1 e IGFBP-3, enquanto que o grupo com dietas de alta carga glicêmica apresentou redução dos níveis da SHBG. Contudo, esse estudo avaliou apenas os efeitos de uma intervenção dietética em condições ideais em um tempo limitado, sendo necessários estudos experimentais sob condições de vida mais comuns e em larga escala (SMITH et al, 2008). Em outro estudo com 31 homens com acne analisou-se o efeito das dietas de baixa carga glicêmica na secreção sebácea e na composição dos triglicerídeos da superfície
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por Maria Helena Araújo de Vasconcelos e Edilene Queiroz Araújo
epitelial. Após 12 semanas, o grupo com dieta de baixa carga glicêmica apresentou aumento significativo da relação entre ácidos graxos saturados (SUFAs) e monoinsaturados (MUFAs) do sebo, além de redução da oleosidade da pele e melhora clínica da acne, em comparação com o grupo controle. Tendências contrárias na relação SFAs/MUFAs foram encontradas entre os grupos e, embora não se saiba certamente como a carga glicêmica da dieta pode alterar a composição do sebo, o aumento nas concentrações destes ácidos revelou-se como um fator responsável pela melhora do quadro clínico da acne (SMITH et al, 2008). JUNG et al. (2010) avaliaram o padrão alimentar de 1.285 indivíduos coreanos, sendo 783 com acne e 502 sem acne. Resultados demonstraram que uma dieta de alta carga glicêmica influenciou a elevação dos níveis de IGF-1 e a redução de IGFBP-3. Os participantes que apresentaram agravamento da doença demonstraram níveis de insulina, glicose pós-prandial e SDHEA elevados. Os autores sugeriram que a ingestão de dietas de alta carga glicêmica poderia contribuir para o agravamento da acne. Contudo, esse estudo analisou hábitos alimentares e consumo de alguns alimentos coreanos como laticínios, dieta rica em gorduras e iodo, os quais estão envolvidos na mudança do padrão alimentar e ocidentalização destes indivíduos nas duas últimas décadas.
Considerações Finais
De acordo com esta revisão de literatura, pode-se concluir que a acne vulgar é uma doença típica de países ocidentais, com hábitos dietéticos baseados no frequente consumo de dietas de alta carga glicêmica. A utilização destas dietas pode implicar em maior resposta insulínica e aumento da atividade biológica dos hormônios sexuais com fatores agravantes na acne, como uma maior produção sebácea, crescimento do epitélio folicular e queratinização. Esta pesquisa aborda uma nova perspectiva acerca da carga glicêmica da dieta na terapia da acne, uma vez que se destaca como um diferencial entre a maioria dos estudos que tratam sobre o índice glicêmico. Diversos benefícios bioquímicos e endócrinos são perceptíveis, a partir da adoção das dietas de baixa carga glicêmica na acne, como a redução da glicemia pós-prandial, melhora na sensibilidade à insulina, redução da biodisponibilidade de andrógenos, das lesões cutâneas, das lesões inflamatórias e da oleosidade da pele.
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Adicionalmente, não se sabe se a melhora na sensibilidade à insulina pode ser considerada resultado da redução da carga glicêmica da dieta, do valor energético ou do aumento na ingestão de proteínas. Embora não se conheça o efeito em longo prazo das dietas de baixa carga glicêmica, ricas em proteínas, seria necessário que mais estudos fossem conduzidos com dietas isoprotéicas, por períodos mais longos e sobre condições de vida mais comuns, para que a associação entre a carga glicêmica da dieta e acne fosse mais bem esclarecida.
Sobre os autores
Dra. Maria Helena Araújo de Vasconcelo Nutricionista graduada pela UFPB. Pós-graduanda em Nutrição Aplicada à Estética pela Uniasselvi, Santa Catarina – SC. Profa. Dra. Edilene Queiroz Araújo Nutricionista, Mestre em Nutrição, Doutoranda em Biotecnologia (UEFS/FioCruz), Professora e Pesquisadora Assistente da UNEB e UNIME, Coordenadora de Pós-graduação (UNEB). Palavras-chave: acne vulgar, dieta, resistência à insulina. Keywords: acne vulgar, diet, insulin resistance. Recebido: 24/8/2012 – Aprovado: 9/2/2013
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Life Habits of Nutrition Academics From a Public University
saúde pública por Adriana H. de Paula, Roberta de Oliveira Bernardes, Flávia Vitorino Freitas e Gilmara Alves Zanirate
Hábitos de Vida de Estudantes de Nutrição de uma Universidade Pública
The superior education is associated with a series of changes on the individuals lives, turning the consumption of little healthy aliments, alcoholic beverages, smoke and sedentariness elevated. This work had as objective to verify life habits of nutrition academics from a public university. Thirty-nine students coursing from the 2nd to the 8th period, with age superior than 19 years old agreed to participate on the study. Regarding the consumption of alcoholic beverages, 66.00% were consumers and 33.00% didn’t consume alcoholic beverages. Analyzing the tobaccoism incidence, it was verified that 5.12% of the students were smokers and 94.87% weren’t adherent to this practice. Concerning the physical activities practice, it was observed that a little more than half (51.20%) of the sample was sedentary. This way, the necessity of some behavior practice and life habits changes was identified, with the intention of promoting a healthier life. março 2013
Introdução
O estilo de vida, associado com a alimentação, passou a ser um determinante essencial da saúde, indispensável para a promoção da mesma e, ainda, para a prevenção de patologias (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2006). O sedentarismo e o fumo entre universitários são comuns e, além deste último estar relacionado com insuficiências pulmonares, câncer, cardiopatias e patologias crônicas não transmissíveis, essa combinação pode se tornar grande contribuinte para aumentar as taxas de mortalidade e dependência à nicotina para o resto da vida (RIGOTTI; LEE; WECHSLER, 2000). A maior disponibilidade de alimentos e a redução do esforço físico têm sido os responsáveis pelo aumento da prevalência de ganho de peso (ABREU et. al, 2001). A prática de atividade física pode influenciar a deposição de gordura abdominal, fazendo com que a circunferência da cintura (CC) venha sendo utilizada como ótimo indicador de riscos para desenvolvimento de doenças cardiovasculares (PEIXOTO et. al, 2006). Doenças cardiometabólicas, que antigamente só acometiam adultos e idosos, hoje em dia fazem parte da vida de adolescentes e adultos jovens, isso devido aos maus hábitos alimentares que os mesmos apresentam e ao sedentarismo (MENDES et. al, 2006; GUEDES et. al., 2006).
cca/ufes Considerando-se que o estudante de nutrição está se preparando para ser um profissional de saúde, determinadas práticas, como sedentarismo, tabagismo e etilismo, poderão comprometer o seu desempenho profissional.” Stockxchange
O ensino superior está associado com uma série de mudanças na vida dos indivíduos, tornando alto o consumo de alimentos pouco saudáveis, bebidas alcoólicas, fumo e sedentarismo. Esse trabalho teve como objetivo verificar hábitos de vida de estudantes do Curso de Nutrição de uma Universidade Pública. Trinta e nove alunos cursando do 2º ao 8º período, com idade superior a 19 anos, concordaram em participar do estudo. Referente ao consumo de bebidas alcoólicas, 66% eram consumidores e 33% não ingeriam bebidas alcoólicas. Ao analisar a incidência do tabagismo, verificou-se que 5,12% dos estudantes eram fumantes e 94,87% não eram adeptos da prática. Quanto à prática de atividades físicas, foi observado que pouco mais da metade (51,20%) da amostra era sedentária. Dessa forma, identificou-se a necessidade de mudança em algumas práticas comportamentais e de hábitos de vida, com o intuito de promover uma vida mais saudável.
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O consumo de bebidas alcoólicas também é alto entre os estudantes da área de saúde e sua introdução na vida dos indivíduos ocorre cada vez mais precocemente e de forma intensa (CHIAPETTI; SERBENA, 2007). Considerando-se que o estudante de nutrição está se preparando para ser um profissional de saúde, determinadas práticas, como sedentarismo, tabagismo e etilismo, poderão comprometer o seu desempenho profissional. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os hábitos de vida de universitários do curso de Nutrição do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA/UFES).
Material e Métodos
O presente estudo consistiu numa pesquisa de caráter observacional, transversal e descritivo, devidamente aprovada, sob parecer nº 014/11, pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (CCS/UFES). O curso de nutrição faz parte do Centro de Ciências Agrárias (CCA)/ UFES, sendo que, durante o período do estudo, era composto por 135 alunos. Os participantes foram selecionados segundo os seguintes critérios de inclusão: cursar do 2º ao 8º período, ter idade igual ou superior a 19 anos, sem distinção de sexo. Foram excluídos do estudo todos os indivíduos que não atenderam aos critérios de inclusão. Foi utilizada, para o cálculo amostral de participantes, a fórmula para população finita de Arango (2005), estabelecido um intervalo de confiança de 95% e um erro amostral de 3,5, totalizando 35 estudantes. A amostra foi composta por 39 estudantes do curso de nutrição. Deste total, 38 eram do sexo feminino (97,40%) e 1 era do sexo masculino (2,56%). Dentre os participantes, 1 cursava o 2º período (2,56%), 5 cursavam o 4º período (12,82%), 8 cursavam o 6º período (20,51%) e 25 cursavam o 8º período (64,10%). Os estudantes foram recrutados por meio de cartazes, correspondência eletrônica e abordagem direta dentro do campus universitário, com o convite para participar da pesquisa em caráter voluntário. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados foi realizada no período de 10h ao meio dia, entre os meses de agosto e outubro de 2011, no consultório da Clínica Escola de Nutrição do CCA-UFES. Por meio de questionário pré-estruturado, foram
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Hábitos de Vida de Estudantes de Nutrição de uma Universidade Pública obtidas as informações quanto a dados pessoais e os hábitos de vida, referentes ao consumo de bebidas alcoólicas, fumo e prática de atividades físicas.
Resultados e Discussão Hábitos de vida
De acordo com os dados analisados referentes aos hábitos de vida, foi observado que mais da metade dos universitários (66,60%) fazia uso de bebidas alcoólicas, contra 33,30% que não consumiam álcool (Figura 1). Figura 1. Percentual do consumo de bebidas alcoólicas entre os universitários do Curso de Nutrição do CCA-UFES, Alegre – ES, 2011
Os resultados encontrados no trabalho de Colares, Franca e Gonzalez (2009) com estudantes, no final de cursos da área da saúde das universidades públicas do estado de Pernambuco, corroboram com os achados do presente estudo, sugerindo que as taxas de consumo de bebidas alcoólicas entre universitários são muito altas. Entre a amostra avaliada pelos autores, cerca de 83% dos estudantes faziam ou já haviam feito uso de bebidas alcoólicas ao longo da vida e 66% já as haviam consumido naquele mesmo mês. Estudos dentro desse mesmo âmbito, como de Peuker, Fogaça e Bizarro (2006), que avaliaram o beber problemático entre universitários, identificaram que 44,20% dos estudantes eram caracterizados como consumidores de risco, devido às altas quantidades de bebidas alcoólicas ingeridas, sendo que, desse total de consumidores, 35,70% eram do sexo feminino e 53,10% do sexo masculino. Tal resultado revela o crescente consumo de bebidas alcoólicas entre as mulheres (PEUKER; FOGAÇA; BIZARRO, 2006), corroborado pelo estudo de Malzbergier et. al (2006), que confirmam esse achado, pois verificaram um percentual de 82,30% de estudantes consumidoras desse tipo de benutricaoempauta.com.br
Life Habits of Nutrition Academics From a Public University bida, o que pôde ser observado no presente estudo, visto que a amostra era composta predominantemente pelo sexo feminino. De encontro aos achados pelos pesquisadores citados anteriormente, Paduani et. al (2008), em um estudo envolvendo estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, observaram que 66,30% dos universitários consumiam bebidas alcoólicas. Os pesquisadores também ressaltam que as condições que fazem esses estudantes apresentarem consumo tão elevado seriam as festas da faculdade, as amizades e que a prática poderia ser vista como forma de recompensa, para aliviar os dias de estresse causados por provas, trabalhos, entre outros. Quanto ao tabagismo, os valores encontrados no presente estudo indicam que 5,10% dos estudantes têm o hábito de fumar, enquanto a maioria (94,80%) não relata o hábito (Figura 2). Figura 2. Percentual de estudantes do Curso de Nutrição do CCA-UFES fumantes e não fumantes, Alegre – ES, 2011.
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justificado pelo fato dos universitários estarem passando por uma etapa de conscientização a respeito dos malefícios que o tabagismo provoca (ANDRADE et al, 2006). Sugere-se que a baixa prevalência de fumantes no presente estudo também possa ser relacionada à menor presença de estudantes do gênero masculino no curso de nutrição, visto que apenas 1 aluno se voluntariou a participar e o mesmo era fumante. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA (2001), 48% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo é fumante, confirmando a tendência da maior proporção de uso de tabaco entre homens.
Atividade física
No que tange a atividade física, foi observado que 48,70% dos estudantes praticavam exercícios físicos, enquanto que 51,20% não eram adeptos da prática. Dos praticantes, 5,10% praticam pelo menos 1 vez na semana, 23% praticam de 2 a 3 vezes por semana e 20,50% praticam de 4 a mais vezes por semana (Figura 3). Figura 3. Classificação dos estudantes de nutrição por frequência de atividade física, Alegre – ES, 2011
Nos achados de Baus et. al (2002), em um estudo envolvendo escolas do sul do país, 9% dos estudantes fazem o uso de cigarros, enquanto Malzbergier et al (2006), em seu estudo com graduandos de uma universidade de São Paulo, encontraram um valor substancialmente mais elevado, de 29,60%. Em um estudo realizado por Andrade et. al (2006) na universidade de Brasília, foi observado que a prevalência de fumantes no curso de nutrição era de 8,60%. Os baixos índices de fumantes encontrados no estudo de Andrade et al (2006) podem estar relacionados às políticas de saúde bem efetivadas e ainda ao número de tabagistas declarados. Muitas vezes, por questões de aceitação cultural, os indivíduos omitem tais práticas para evitar julgamentos e isso pode acabar interferindo no valor real da amostra (ANDRADE et al. 2006). A menor incidência de fumantes também foi observada entre os alunos dos cursos das áreas da saúde, o que possivelmente pode ser março 2013
Dentre as atividades físicas realizadas entre o grupo, a musculação e a caminhada foram as mais citadas (28,20% e 7,69%, respectivamente). O trabalho desenvolvido por Ramos (2005), com universitários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirma as preferências de atividades físicas deste trabalho, evidenciando que os universitários englobados em seu estudo também optaram por atividades como musculação, caminhada e dança. Do grupo analisado pela pesquisadora, 55,30% eram sedentários ou praticavam atividades físicas pelo menos 1 vez por semana. Embora os estudantes conhecessem os benefícios que a prática de atividade física poderia trazer para a saúde, somente 16,70% nutrição em pauta |
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praticavam 4 vezes ou mais por semana, similar ao encontrado no presente trabalho, que apresentou 20,50% dos estudantes praticantes de atividades na mesma frequência. Santos e Venâncio (2006), em trabalho com alunos de educação física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), observaram que 19% dos estudantes tinham o hábito de praticar atividade física 5 vezes por semana e 37% praticavam atividades envolvendo força e alongamento pelo menos 2 vezes por semana. O nível de sedentarismo encontrado no estudo de Martins et al (2009) com alunos da Universidade Federal do Piauí (UFPI) apontou que 52% dos indivíduos eram sedentários ou se exercitavam poucas vezes. Trata-se de um comportamento encontrado nos campi universitários, o que não foi diferente do observado no presente estudo, em que pouco mais da metade da amostra (51,20%) não era praticante de atividades físicas.
Conclusão
Em resumo, embora se trate de um grupo de maior grau de informação, foram observados hábitos inadequados entre os universitários. Os dados encontrados mostram a necessidade de mudança de alguns hábitos de vida e práticas comportamentais, visto que se trata de futuros profissionais da saúde que irão participar da educação em saúde de muitos indivíduos.
Sobre os autores
Profa. Adriana Hocayen de Paula - Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Professora Assistente da Universidade Federal do Espírito Santo. Dra. Roberta de Oliveira Bernardes - Nutricionista pela Universidade Federal do Espírito Santo. Profa. Flávia Vitorino Freitas - Mestre em Ciência de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais e Professora Assistente da Universidade Federal do Espírito Santo. Dra. Gilmara Alves Zanirate - Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), especialista em Nutrição e Saúde pela UFV. Responsável pelo Restaurante Universitário do CCA-UFES. Palavras-chave: Hábitos, Bebidas Alcoólicas, Tabagismo, Atividade Física. Keywords: Habits, Alcoholic Beverages, Tobaccoism, Physical Activity. Recebido: 11/12/2012 – Aprovado: 28/2/2013
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Hábitos de Vida de Estudantes de Nutrição de uma Universidade Pública Referências
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Physical Chemical and Sensory Analysis of Pancake Based on Potato Dehydrated Flaked
por Gabriel Bonetto Bampi e Adriana Savio
Análise Físico-Química e Sensorial de Panqueca à Base de Batata Desidratada em Flocos could present sensorial acceptability. The special pancake was elaborated based on dehydrated potatoes flakes, corn starch, eggs, milk, soybean oil and salt – ingredients free of gluten. After the development of the pancake sensorial analysis were performed (paired comparison test, hedonic scale test and purchase intention test) and physical-chemical (ash, moisture, pH, acidity and presence of gluten) according to the rules of Adolfo Lutz Institute. The results of physicalchemical and sensorial characteristics demonstrated that the characteristics of the new product as well as a high level of acceptability and preference for the special pancake, thus a new option for the celiac.
A doença celíaca (DC) é uma inflamação imunomediada que ocorre no intestino delgado, associada à intolerância permanente ao glúten ingerido, tendo como única forma de tratamento a retirada do glúten da dieta. O glúten é uma proteína presente em cereais como trigo, aveia, centeio, malte e cevada. Cereais esses que fazem parte da maioria dos alimentos presentes no mercado brasileiro. Com base nisso, o presente trabalho objetivou desenvolver uma panqueca isenta de glúten, que apresentasse uma boa aceitabilidade sensorial. A panqueca especial foi elaborada à base de batata desidratada em flocos, amido de milho, ovos, leite, óleo de soja e sal - ingredientes isentos de glúten. Posteriormente ao desenvolvimento da panqueca, foram realizadas análises sensoriais (teste de comparação pareada, teste de escala hedônica e teste de intenção de compra) e ensaios físico-químicos (cinzas, umidade, pH, acidez e determinação de glúten), segundo as normas do Instituto Adolfo Lutz. Os resultados das análises físico-químicas e sensoriais demonstraram as características do novo produto, bem como um alto índice de aceitabilidade e preferência pela panqueca especial, gerando assim uma nova opção de massa aos celíacos.
A doença celíaca (DC) é uma inflamação que ocorre no intestino delgado, associada à intolerância permanente ao glúten, caracterizada por uma resposta imunológica inapropriada geneticamente determinada contra antígenos presentes no glúten (CASSOL et al., 2007), proteína encontrada no trigo, no centeio, na cevada, na aveia e no malte. A fração tóxica do glúten é a gliadina, que é a responsável pela manifestação clínica da doença celíaca. A gliadina pode causar lesões relacionadas à atrofia e ao achatamento das vilosidades da parede do intestino delgado, prejudicando, assim, a absorção dos nutrientes (MOREIRA MIRANDA; ROSA, 2005; ATZINGEN; SILVA, 2001).
Celiac disease (CD) is an immune-mediated inflammation that occurs in the small intestine associated with permanent intolerance to the intake gluten, having as the sole mode of treatment is the withdrawn of the gluten from the diet. Gluten is a present protein in cereals, as the wheat, oat, rye, malt and barley. Based on this, the current study has objectified to develop a free gluten pancake that
atzingen; silva, 2001 O tratamento da doença celíaca é, basicamente, dietético e consiste na retirada de produtos oriundos da panificação - massas e produtos à base de cereais que contenham glúten.”
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Análise Físico-Química e Sensorial de Panqueca à Base de Batata Desidratada em Flocos
O tratamento da doença celíaca é, basicamente, assim, uma massa semilíquida que, depois de aquecida e dietético e consiste na retirada de produtos oriundos da frigida, pode ser recheada com ingredientes salgados ou panificação - massas e produtos à base de cereais que doces (PHILIPPI, 2006). Essa variedade de massa, portancontenham glúten (ATZINGEN; SILVA, 2001). No ento, será objeto principal de nosso estudo, já que, por ser de preparo simples e rápido e por aceitar variações nos intanto, para que a dieta seja seguida, é necessário que o gredientes, nos possibilita oferecer aos indivíduos portapaciente conheça muito bem os ingredientes que comdores da DC uma opção saborosa e prática em seu plano põem as preparações. Pesquisas apontam que a transalimentar. Ressaltando, assim, a importância de criações gressão da dieta pode ocorrer de duas formas, a voluntária, como essa variedade e, sobretudo, provando a possibilidaque ocorre em todas as idades, mas principalmente na de do desenvolvimento de massas alimentícias isentas de adolescência, e a involuntária, que ocorre devido à falta glúten, a fim de proporcionar novas alternativas alimende informações ou pela contaminação no processo de tares aos celíacos. fabricação de alimentos (CASSOL et al., 2007; ARAÚJO Com base nisto, o presente estudo visou desenvolet al., 2010). Por isso, é de extrema importância o resver uma panqueca isenta peito ao tratamento corde glúten e analisar sua reto, já que essa doença, tavares; gutierrez, 2008 aceitabilidade e sua comse não tratada, apresenta A Associação dos Celíacos do Braposição físico-química, a um grande risco de comsil (ACELBRA, 2001), em pesquisa, observou fim de proporcionar noplicações, como infertique os celíacos gostariam de encontrar vas opções de alimentos lidade, anemia, câncer com mais facilidade e opções variadas aliaos portadores da doença - principalmente linfoma mentos como pão e derivados de massas celíaca. intestinal - e osteoporoisentos de glúten. Uma vez que as massas se, apresentando ainda alimentícias são produtos de boa aceiuma alta taxa de morbiMetodologia tação e fazem parte do hábito alimentar mortalidade (CASSOL et Desenvolvimento da tradicional da população brasileira e, al., 2007; ARAÚJO et al., Panqueca quando elaboradas com farinhas mistas, 2010). Após diversos prédevem manter cor aceitável, boa textura Infelizmente, no -testes baseados em receimercado brasileiro, existas caseiras, elaborou-se e sabor agradável “ tem poucos produtos inuma panqueca isenta de dustrializados sem glúten. Sendo assim, a maior parte glúten, a partir da substituição da farinha de trigo por das preparações do cardápio dos pacientes celíaco é cabatata desidratada em flocos. A melhor combinação de seira. E todo esse preparo demanda tempo e dedicação, ingredientes foi a adição de três ovos inteiros, óleo de soja levando, portanto, alguns pacientes à transgressão da (20mL), leite integral (680mL) e sal (8g), misturados com dieta (SOZO, 2007). o auxílio de uma batedeira doméstica. Depois, acrescenA Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA, tou-se a mistura amido de milho (22g), para melhorar a 2001), em pesquisa, observou que os celíacos gostariam consistência da massa, e a batata desidratada em flocos de encontrar com mais facilidade e opções variadas ali(83g), para substituir a farinha de trigo, batendo até obter mentos como pão e derivados de massas isentos de glúten. uma massa homogênea, a qual foi frigida junto a uma coUma vez que as massas alimentícias são produtos de boa lher de chá de óleo de soja. aceitação e fazem parte do hábito alimentar tradicional da população brasileira e, quando elaboradas com farinhas Análise Sensorial mistas, devem manter cor aceitável, boa textura e sabor Após o desenvolvimento da panqueca isenta de agradável (TAVARES; GUTIERREZ, 2008). glúten, foram realizados testes de comparação pareada, Dentre os diversos tipos de massas, encontramos escala hedônica e intenção de compra. As análises sena panqueca, que é tradicionalmente preparada no liquisoriais ocorreram no Laboratório de Análise Sensorial da dificador com farinha de trigo, ovos e leite. Obtendo-se, Fundação Universidade do Contestado – FUnC/Concór-
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Physical Chemical and Sensory Analysis of Pancake Based on Potato Dehydrated Flaked dia, após submissão e aprovação do trabalho no Comitê Local de Ética em Pesquisa da Universidade do Contestado (COLEP – UnC), atendendo todas as exigências legais da Resolução CNS 196/96. Os testes sensoriais contaram com a participação de 100 julgadores não treinados, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 37 anos, os quais previamente assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para avaliar a nova panqueca, cada um dos julgadores recebeu duas amostras codificadas, sendo uma da panqueca especial sem glúten e outra de uma panqueca tradicional desenvolvida conforme receita baseada em Gil (2005), que continha 1 xícara de chá de leite, 1 ovo, 8g de sal, ¾ xícara de chá de farinha de trigo, batidos durante 2 minutos no liquidificador e frigidas de ambos os lados. Para que não houvesse interferência nas análises sensoriais, o recheio de ambas foi preparado em uma mesma receita, contendo carne moída, cebola, tomate, sal, salsa, cebolinha verde e orégano. Após provar as duas amostras, cada estudante avaliou as amostras com notas conforme seu grau de preferência, escolhendo entre uma das duas amostras (teste de comparação pareada), o grau de aprovação (teste de escala hedônica) e a atitude ou intenção de compra (teste de intenção de compra), conforme IAL (2008).
Análises Físico-Químicas
Baseando-se nos critérios de identificação dos padrões de identidade e qualidade de massas alimentícias da Associação Brasileira de Indústrias de Massas Alimentícias (ABIMA, 2011), foram aplicadas as análises de umidade, acidez, cinzas e pH. Para a confirmação da isenção de glúten na panqueca elaborada neste trabalho, foi aplicado o teste de determinação de glúten. Todas as análises foram realizadas em triplicata e seguiram as normas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008).
Resultados
Análises Sensoriais
No teste de comparação pareada cada julgador deveria escolher entre uma das duas amostras degustadas, sendo que as mesmas se encontravam codificadas. Em relação à preferência, 78% dos julgadores preferiram a panqueca especial, enquanto 22% apreciaram a panqueca tradicional. março 2013
por Gabriel Bonetto Bampi e Adriana Savio
No teste de escala hedônica foi possível observar que a panqueca especial apresentou 61% de aceitação no grau 9 (gostei extremamente), 33% dos julgadores avaliaram com nota 8 (gostei moderadamente) e 6% dos julgadores classificaram a amostra com nota 7 (gostei regularmente), conforme mostra o Gráfico 1. Gráfico 1. Teste de Escala Hedônica da Panqueca Especial. Concórdia, 2012.
No teste de intenção de compra, os julgadores avaliaram suas intenções de consumo das panquecas se estas fossem comercializadas, em que se pôde observar que 55% dos julgadores responderam que comprariam sempre, 22% comprariam muito frequentemente, 18% comprariam frequentemente, 4% comprariam ocasionalmente e 1% compraria raramente, sendo que as notas “nunca compraria” e “compraria muito raramente” não foram citadas nas pesquisas.
Análises Físico-Químicas
Os resultados das análises físico-químicas, juntamente com a média das análises da panqueca elaborada com batata desidratada em flocos, apresentam-se descritos na tabela 1. Tabela 1. Determinações físico-químicas das três amostras de panqueca especial. Concórdia, 2012. Testes
Amostra1
Amostra 2
Amostra 3
Média Total
Umidade
43,0%
43,0%
37,0 %
41%
Acidez
1,1%
1,3%
1,1%
1,1%
Cinza
1,5%
1,5%
1,8%
1,6%
pH
7,06
7,03
7,03
Glúten
0,0%
7,02 0,0%
0,0%
0,0%
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EM PAUTA
Análise Físico-Química e Sensorial de Panqueca à Base de Batata Desidratada em Flocos
Discussão
O pH médio de 7,03 apresentado pela panqueca elaborada demonstra a neutralidade dessa massa. Estudos Análises Sensoriais prévios (TAVARES; GUTIERREZ, 2008; MENEGASSI; A alta preferência da panqueca do presente estuLEONEL, 2011) que avaliaram o pH para diferentes masdo indica que, além do seu benefício para os portadores sas encontraram valores inferiores (ao redor de 6,50) ao de doença celíaca, devido à isenção do glúten, essa vapresente estudo. Porém, riação ainda apresentou não existe um valor precodos autores um melhor sabor, quando nizado pela legislação bracomparada à panqueca A alta preferência da panqueca do sileira vigente para o valor tradicional. É importante presente estudo indica que, além do seu bede pH (BRASIL, 2011). destacar que muitos julnefício para os portadores de doença celíAlém disso, foi gadores descreveram nas aca, devido à isenção do glúten, essa vapossível comprovar a fichas sensoriais que a riação ainda apresentou um melhor sabor, isenção de glúten no propanqueca especial aprequando comparada à panqueca tradicional. duto elaborado, atingindo sentava uma massa mais É importante destacar que muitos julgadoo objetivo do trabalho de leve e mais saborosa que a res descreveram nas fichas sensoriais que elaborar uma panqueca tradicional. a panqueca especial apresentava uma massa com batata desidratada Ao analisar os remais leve e mais saborosa que a tradicional. ” em flocos para os portasultados obtidos neste dores da doença celíaca. estudo e comparando-os “foi possível comprovar a isenção de glúten com os estudos de Marcíno produto elaborado, atingindo o objetiConclusões lio, (2001), Ferreira et al., vo do trabalho de elaborar uma panqueca A escassez de pro(2007) e Silva et al., (2005), dutos especializados e o alto foi possível observar que a com batata desidratada em flocos para os custo dos produtos induspanqueca elaborada com portadores da doença celíaca.” trializados contribuem para batata desidratada em a não adesão dietética pelos flocos teve uma boa acei“(...) A grande aceitabilidade desse produto pacientes trazendo inúmetação (teste de escala hepela população não celíaca retrata, sobreras complicações clínicas. dônica) frente aos outros tudo, a sua alta aprovação, facilitando o A grande aceitabiprodutos analisados. convívio social dos portadores da doença, lidade desse produto pela já que essa panqueca pode ser preparada em população não celíaca reAnálises Físicorestaurantes, podendo ainda ser um produtrata, sobretudo, a sua alta Químicas to pré-pronto (congelado) para venda, ou aprovação, facilitando o No presente esmesmo para uma receita caseira, o que faconvívio social dos portatudo foi encontrado um cilita o seu consumo.” dores da doença, já que essa teor de umidade de 41%, panqueca pode ser prepavalor acima do preconirada em restaurantes, podendo ainda ser um produto prézado pela ABIMA (2011), que define como teor máximo -pronto (congelado) para venda, ou mesmo para uma receita 35% de umidade. A alta umidade pode ser justificada pela caseira, o que facilita o seu consumo. grande quantidade de leite e óleo de soja presentes na massa, devendo esta ser ajustada, para que a massa possa se enquadrar nos parâmetros de massa úmida ou fresca. Sobre os autores A acidez da panqueca sem glúten apresentou-se Prof. Dr. Gabriel Bonetto Bampi dentro dos índices desejados, abaixo de 3%. Já o teor de Biomédico, Professor Mestre do Curso de Nutrição da Unicinzas ficou um pouco acima do desejado (1,40%), possiversidade do Contestado, UnC /Concórdia Adriana Savio velmente pela adição do amido de milho, o que não repreAcadêmica do Curso de Nutrição – UnC/Concórdia sentaria problemas para a massa (ABIMA, 2011).
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Physical Chemical and Sensory Analysis of Pancake Based on Potato Dehydrated Flaked
gastronomia por Gabriel Bonetto Bampi e Adriana Savio
Palavras-chave: Doença celíaca; Glúten; Dieta Livre de Glúten. Keywords: Celiac Disease, Gluten, Diet Gluten-Free. Recebido: 18/2/2013 – Aprovado: 6/3/2013
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Normas para a Publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia, nutrição e ecologia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições. Envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante. Apresentação do Artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e inglês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências.
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O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .tif ou .jpg em resolução de 300 dpi. As tabelas, quadros, figuras e gráficos devem ser referidos em números arábicos. Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores pertençam. As referências e suas citações no texto devem seguir as normas específicas da ABNT, conforme instruções a seguir. CITAÇÕES (NBR10520/2002) a. sobrenome do autor seguido pelo ano de publicação. Ex.: (WILLETT, 1998) ou “Segundo Willett (1998)” b. até três autores, citar os três separados por ponto e vírgula. Ex.: (CORDEIRO; GALVES; TORQUATO, 2002). Mais de três autores, citar o primeiro seguido da expressão “et al.” REFERÊNCIAS (ABNT NBR-6023/2002) a. ordem da lista de referências – alfabética b. autoria – até três autores, colocar os três (sobrenome acompanhado das iniciais dos nomes) separados por ponto e vírgula (;). Ex.: CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. Mais de três autores, colocar somente o primeiro autor seguido de “et al.” c. títulos dos periódicos – abreviados segundo Index Medicus e em itálico d. Exemplo de referência de artigo científico (para outros tipos de documentos, consultar a ABNT): POPKIN, B.M. The nutrition and obesity in developing world. J. Nutr., v.131, n.3, p.871S-873S, 2001. Obs.: a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. Notas do Editor Caberá ao editor, visando padronizar os artigos ou em virtude de textos demasiadamente longos, suprimir, na medida do possível e sem cortar trechos essenciais à compreensão, textos, tabelas e gráficos dispensáveis ao correto entendimento do assunto. Os artigos que não se enquadrem nas normas da revista poderão ser devolvidos aos autores para os ajustes necessários. nutricaoempauta.com.br
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1
cápsula 3 ao dia
*Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm. Acesso em Março/2013. **Baseado no PMC sugerido para apresentação com 30 cápsulas. Referências bibliográficas: 1. DEL PIANO, M. et al. Is microencapsulation the future of probiotic preparations? Gut Microbes 2:2, 120-123, March-April 2011. 2. TAYLOR, J. Symbiotic formulas come to dietary supplements. Functional Ingredients, May 2009. Disponível em: http://newhope360.com/print/business/ synbiotic-formulas-come-dietarysupplements. Acesso em: 1 de setembro de 2011. 3. Prolive: informações técnicas. Reg. MS. 6.4392.0006.001-9. 4. LOSADA, M.A.; OLLEROS T. Towards a healthier diet for the colon: the influence of fructooligosaccharides and lactobacilli on intestinal health. Nutrition Research, v.22, p.71-84, 2002. 5. Kairos Web Brasil. Disponível em: <http:/brasil.kairosweb.com>. Acesso em: 10 dezembro 2012. Cód.: 7007969 - Impresso em março/2013.
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