Nutricao em Pauta - Eletronica - 11

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Nutrição

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EM PAUTA

ISSN 2236-1022

A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição

R$ 25,00 • Novembro 2012 Ano 2 Número 10 Edição Eletrônica São Paulo

clínica Marcadores Antropométricos e Percepção da Imagem Corporal

esporte A Influência da Ingestão de Carboidrato no Desempenho Físico e Imunossupressão

PEDIATRIA Conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil

Atualidades em Aleitamento Materno www.nutricaoempauta.com.br

FOOD | FUNCIONAIS | GASTRONOMIA | HOSPITALAR | saÚDE.PúBLICA



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Por Sibele B. Agostini

Atualidades em Aleitamento Materno O objetivo deste artigo foi apresentar uma revisão atual da literatura científica referente aos benefícios e fatores de risco para o aleitamento materno para recém-nascidos a termo, elucidando-se os fatores que contribuem para as baixas prevalências. Evidências científicas demostram a superioridade do leite humano, seus benefícios e os fatores de proteção tanto para a mãe como para a criança. No entanto, restam lacunas que necessitam de pesquisas adicionais, a fim de compreender os mecanismos pelos quais as prevalências em diversos países, inclusive no Brasil, estarem aquém do recomendado. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2013, englobando o 14o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 14o Congresso Internacional de Gastro-

nomia e Nutrição, 9o Fórum Nacional de Nutrição, 8o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 6o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 6o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 2o Simpósio Internacional da Italian Culinary Institute for Foreigners (Itália), 14a Exposição de Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo no período de 03 à 05 de outubro de 2013 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. Estamos muito felizes pois em 2012 a Nutrição em Pauta está completando seu 20o aniversário.

Sibele B. Agostini Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região

NOV/2012

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nesta edição Índice Agosto/2012

3. Atualidades em Aleitamento Materno. 9. Marcadores Antropométricos e Percepção da Imagem Corporal. 15. A Influência da Ingestão de Carboidrato No Desempenho Físico e Imunossupressão. 21. Avaliação do Perfil Ergonômico e Nutricional de Colaboradores em uma Unidade de Alimentação e Nutrição no Município de Araguari - MG. 27. Análise da Veracidade da Informação Referente ao Teor de Vitamina C Contida no Rótulo de Sucos de Laranja Industrializados e Preparados Sólidos para Refresco. 31. Avaliação da Utilização de Suplemento Alimentar em Alojamento Conjunto de Um Hospital de Ensino. Assine: (11) 5041.9321 r.22 assinaturas@nutricaoempauta.com.br Fale Conosco: (11) 5041.9321 r.20 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br

35. Conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil. 41. Perfil Antropométrico e Socioeconômico de Estudantes que Frequentam um Restaurante Universitário. 47. Aproveitamento Integral de Alimentos com Pré-Escolares de Uma Escola Pública e Outra Privada do Município de Criciúma, SC.

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A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científica em Nutrição - Av. Ver.

ISSN 2236-1022

José Diniz, 3651 - cj 41 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 - Fax 55

editora científica diretor coordenadora de marketing e eventos conselho científico

Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ), Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP), Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefina Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Thais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP) Dra. Ilana Elman (Doutora FSP/USP) Dra. Michele Caroline da Costa Trindade (Doutoranda FCF/USP) Chef Patrick Martin | LCB/PARIS Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Chef Gabriela Junqueira Dra. Cecília Tsukamoto Amanda B. Ansaldo | MTB 46767/SP Alexandre Agostini Roberta Lajes | assinaturas@nutricaoempauta.com.br estudiolumine.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Produzida em nov/2012

Ano 2 - número 10 - novembro/2012 - edição eletrônica 11 5041-9097 - email nucleo@nutricaoempauta.com.br - website www.nutricaoempauta.com.br

Publicação dirigida para profissionais que atuam na área de saúde e nutrição. A reprodução dos textos, no todo ou em parte, é permitida desde que seja citada a fonte e colocado link para o site www.nutricaoempauta. com.br. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

pesquisadora científica consultor de gastronomia colaboradores tradutora repórter fotógrafo assinaturas projeto gráfico e editoracão eletrônica Indexação

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Breastfeeding Update

matéria de capa Por Franceliane Jobim Benedetti

Atualidades em Aleitamento Materno O objetivo do estudo foi descrever os fatores de risco que contribuem para as baixas prevalências de aleitamento materno em recém-nascidos a termo. Efetuou-se uma revisão da literatura por meio dos bancos de dados Scientific Electronic Library (SciELO) e National Center for Biotechnology Information (PubMed), considerando-se as publicações do período de 2009 a 2011. Nesta revisão constatou-se que as prevalências de aleitamento materno se encontram inferiores às recomendações. Destaca-se entre os fatores para a interrupção precoce do aleitamento materno o uso de chupeta, os problemas e o suporte conferido para a amamentação. Sugerem-se novos estudos que identifiquem estratégias eficazes para aumentar as prevalências de aleitamento materno. This study aimed to describe risk factors that contribute to the low prevalence of breastfeeding in the term newborn. A literature search was conducted using the Scientific Electronic Library (SciELO) and MEDLINE/ PubMed of articles published from 2009 to 2011. A review of the literature indicated that the prevalence of breastfeeding is below the recommended rate. The main factors involved in early cessation of breastfeeding include pacifier use, breastfeeding-related problems, and the support the woman receives for breastfeeding. Further studies should be conducted to identify effective strategies to increase breastfeeding rates.

Introdução

O aleitamento materno (AM) é amplamente indicado e recomendado, visto que não há dúvidas sobre sua superioridade em relação a outros leites e fórmulas lácteas infantis. A literatura é clara em relação aos seus benefícios, dentre os quais se destacam a diminuição da mortalidade, dos episódios de diarreia, do risco de alergias e a promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho (KRAMER, 2010). No Brasil, as recomendações referentes ao AM estão em concordância com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e descritas nos “Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores NOV/2012

de dois anos”. Neste guia destacam-se os passos 1 e 2, os quais orientam aleitamento materno exclusivo (AME) até o sexto mês, complementado a partir do sexto e mantido até os dois anos ou mais, visto que nesta fase o AME não satisfaz mais totalmente as necessidades nutricionais das crianças (BRASIL, 2010). Ao longo do tempo, as definições de aleitamento passaram por modificações. Portanto, conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), a acepção atual de AME é quando o lactente recebe somente leite materno ou humano, sem outros líquidos ou sólidos, e AM é quando o bebê recebe leite materno, independentemente de receber ou não outros alimentos. Evidências científicas demostram a superioridade do leite humano, seus benefícios e os fatores de proteção tanto para a mãe como para a criança. No entanto, restam lacunas que necessitam de pesquisas adicionais, a fim de compreender os mecanismos pelos quais as prevalências em diversos países, inclusive no Brasil, estarem aquém do recomendado (BRASIL, 2009). Diante do exposto, o objetivo deste artigo foi apresentar uma revisão atual da literatura científica referente aos benefícios e fatores de risco para o aleitamento materno para recém-nascidos a termo, elucidando-se os fatores que contribuem para as baixas prevalências.

Materiais e métodos

Realizou-se revisão da literatura pela consulta aos bancos de dados Scientific Electronic Library (SciELO) e National Center for Biotechnology Information (PubMed), considerando-se as publicações do período de 2009 a 2011. As palavras-chaves utilizadas foram: amamentação, aleitamento materno, leite humano, leite materno, fatores de risco, proteção, breastfeeding, milk, human, risk factors, protection.

VICTORA et al., 2011 (...) No Brasil, a mediana do tempo de AM quadriplicou nas últimas três décadas, principalmente devido ao desenvolvimento de mecanismos e ações de proteção, promoção e apoio ao AM (...)” nutrição em pauta |

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Atualidades em Aleitamento Materno

Prevalências de aleitamento materno

Leite Materno, implementado desde 1988; o tempo da licenNo Brasil, foram realizadas duas pesquisas que ça maternidade que foi estendida de dois meses na década avaliaram a prevalência de AM: a primeira em 1999 e de 40 para seis meses em 2006; e a implantação de Hospitais a segunda publicada em 2009. Estas pesquisas tiveram Amigos da Criança e de bancos de leite humano. Com estas como objetivo apresentar a situação da amamentação estratégias, o objetivo de disseminar os benefícios do AM e analisar a evolução dos indicadores de AM no Brasil foram alcançados, além de, em conjunto, terem contribuído (BRASIL, 2009). para diminuição da mortaNa pesquisa nalidade infantil (VICTORA gerd et al., 2011 cional de 2009 foram inet al., 2011). Constata-se que, no Brasil, as cluídas 34.366 crianças Constata-se que, prevalências de AM aumentam, apesar de menores de um ano que no Brasil, as prevalências ainda encontrarem-se inferiores às recompareceram na campade AM aumentam, apesar comendações. Por outro lado, em alguns nha de multivacinação, em de ainda encontrarem-se países como a Suécia, o processo tem sido todas as capitais brasileiinferiores às recomendainverso: a prevalência de AM é elevada, ras e Distrito Federal. Os ções. Por outro lado, em alporém apresenta um ligeiro decréscimo resultados apresentados guns países como a Suécia, nos últimos anos.” indicam que a prevalência o processo tem sido inverdo AME em menores de so: a prevalência de AM é seis meses foi de 41%; salienta-se que o comportamento elevada, porém apresenta um ligeiro decréscimo nos últidesse indicador foi heterogêneo, variando de 27,1% em mos anos (GERD et al., 2011). Cuiabá/MT a 56,1% em Belém/PA. Outro dado importanMundialmente existe o movimento denominado te refere-se à duração mediana do AME, que foi de 1,8 meCountdown, que tem por objetivo avaliar a cada dois ou ses e de AM de 11,2 meses. Destaca-se que somente 9,3% três anos, até 2015, a eficácia de intervenções em mudas crianças permanecem em AME aos 180 dias seguinlheres e crianças, especialmente em populações margido a recomendação da OMS e MS. Na mesma pesquisa nalizadas e que vivem na pobreza. O estudo apresentou constatou-se aumento de 16%, em 10 anos, na prevalência cobertura de 26 intervenções que perpassam dos cuidade AM em crianças menores de 12 meses (BRASIL, 2009). dos pré-gestacionais até a primeira infância, em 68 paíAlém da pesquisa nacional, nos últimos anos pouses. Observa-se que as coberturas medianas são maiores cos estudos foram publicados com o objetivo de apresentar para suplementação de vitamina A (86%) e imunizações as prevalências somadas aos fatores que interferem no AM. (83%) e que o AME representa apenas 34% da cobertura Dentre os estudos, cita-se o realizado com crianças nasci(BHUTTA et al., 2010). das em Hospitais Amigos da Criança de Teresina/Piauí, no qual os resultados indicam que o percentual de lactentes em Fatores de risco para interrupção precoce AME foi de 60,5% e a duração da mediana foi de 98 dias. do aleitamento materno Os valores são aproximadamente 19,5% e 44 dias maiores A consolidação do AM é influenciada por diversos que os apontados na pesquisa Nacional (RAMOS et al., fatores. Destacam-se as características da personalidade 2010). Entretanto, estudo realizado no Paraná apresentou materna e sua atitude frente ao aleitamento, as condições maior mediana de AME (60 dias); destaca-se também que de nascimento do recém-nascido, o período pós-parto e a prevalência deste foi de 97,4% após o nascimento e apeoutros fatores circunstanciais, como o trabalho materno e nas 12,9% aos seis meses (BRECAILO et al., 2010). as condições habituais de vida (KRAMER, 2010). No Brasil, a mediana do tempo de AM quadriplicou Os fatores associados à interrupção precoce do AM nas últimas três décadas, principalmente devido ao desentêm sido avaliados em diversos estudos. Recentemente, volvimento de mecanismos e ações de proteção, promoção e um estudo de base populacional averiguou que 27% das apoio ao AM, destacando-se o Programa Nacional de Incenmães relataram algum problema durante a amamentação. tivo ao Aleitamento Materno, lançado em 1981; a criação do Entre os fatores que contribuíram para o insucesso estão Código Internacional de Comercialização de Substitutos do o uso de chupeta (OR 3,72- IC 2,09-6,63), os problemas

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tam o quanto esta prática está arraigada na cultura, uma relacionados à amamentação (OR 2,54-IC 1,74-3,71) e o vez que as mães relataram que a chupeta “ajuda a mãe”, suporte para o AM (OR 2,49- IC 1,57-3,94). Referente aos “entrete o bebê” e “acalma a criança” (MARQUES; COTTA; problemas com a amamentação, destacam-se a técnica de ARAÚJO, 2009). Contudo, destaca-se que o uso da chusucção (OR 2,96 IC 2,14-4,07) e o suporte da maternidade peta é desaconselhado para crianças saudáveis, confor(OR 2,56 IC 2,05-3,19) como fundamentais para o estabeme citado no nono passo da Iniciativa Hospital Amigo lecimento do AM (GERD et al., 2011). da Criança e nas recomendações do Ministério da Saúde Enquanto estudos indicam que o uso de chupeta (BRASIL, 2009), pois está envolvido na consolidação e pode ser um dos fatores que interferem negativamente interrupção precoce da amamentação, bem como interno AM, Jaafar et al., (2011), em meta-análise, avaliaram o fere no desenvolvimento do sistema estomatognático das efeito do uso de chupeta em recém-nascidos saudáveis ​​a crianças (MOIMAZ et al., 2011). termo, cujas mães iniciaram e estavam motivadas a amaSegundo a literatura, outro fator a ser consideramentar. Os autores concluíram, após análise de dois estudo são os problemas relacionados com a amamentação. dos, que o uso de chupeta não afetou significativamente a Entre eles, cita-se a baixa produção de leite, que é uma prevalência ou a duração da amamentação até os quatro queixa comum entre lactantes. Porém, muitas vezes, essa meses de idade. percepção é o reflexo da insegurança quanto à capacidade Os resultados apresentados na meta-análise são de nutrir plenamente o recém-nascido (KRAMER, 2010). controversos e merecem aprofundamento. Portanto, anaO volume de leite produzido, após a lactação já eslisando-se separadamente os artigos incluídos, observa-se tabelecida, varia de acordo com a demanda da criança, no estudo de Jenik et al., (2009), que avaliaram os efeitos sendo influenciada pela duração, intensidade e frequêndo aconselhamento sobre uso de chupeta em duas semanas cias das mamadas. Em média, uma mulher amamenapós o estabelecimento da amamentação, com mães que tando exclusivamente produz 800 ml de leite/dia. No enplanejavam amamentar, que não houve diferença entre os tanto, a capacidade de produção pode ser maior que as grupos aconselhados a favor ou contra a utilização da chunecessidades de seus filhos, o que explica a possibilidade peta. O estudo de Kramer et al., (2001) verificou os efeitos de amamentação exclusiva do aconselhamento sobre o de gêmeos e a doação de uso de chupetas em recémmoimaz et al., 2011 leite excedente aos bancos -nascidos antes da alta hos(...) destaca-se que o uso da chude leite (BRASIL, 2009). pitalar com as mães que peta é desaconselhado para crianças Para algumas si“pretendiam amamentar saudáveis, conforme citado no nono pastuações específicas relapor mais tempo” e concluiu so da Iniciativa Hospital Amigo da Criancionadas aos problemas que não houve diferença ça e nas recomendações do Ministério da maternos ou da criança, entre os grupos aconselhaSaúde (BRASIL, 2009), pois está envolvido recomenda-se ordenha dos ou não. na consolidação e interrupção precoce manual da mama ou com Portanto, estes esda amamentação, bem como interfere no bomba de extração de tudos nos levam a refletir desenvolvimento do sistema estomatogleite. A fim de avaliar a sobre a combinação de nático das crianças.” efetividade dos métodos, dois estudos diferentes, Slusher et al., (2011) comporque avaliam bebês em pararam os volumes de leite de mães cujos filhos estavam diferentes idades (nascimento versus duas semanas de em berçário de cuidados especiais. Apresentaram como vida), incluem mães em diferentes estágios de lactação resultados que as mães que utilizaram bomba elétrica tive(lactogênese versus galactopoiese), além de não deixarem ram em média 647±310ml de leite coletado, 520±298ml de claro como foi aferida a intenção de amamentar. bomba não elétrica e 434±291ml (p=0,0019) de expressão No Brasil, foi realizado um estudo qualitativo com manual. Constatou-se que a bomba elétrica foi mais eficaz, o objetivo de identificar os diferentes significados que enordenhando maior volume de leite. No entanto, a maioria volvem o AM e o uso de chupetas com um grupo de mães das mães obteve adequado volume para seus filhos. de crianças menores de seis meses. Os resultados aponNOV/2012

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Atualidades em Aleitamento Materno

Aleitamento materno como fator de proteção para o recém-nascido

No estudo de Flaherman et al., (2011) o diferencial foi que, além do volume de leite ordenhado (15 min de bombeamento elétrico ou 15 min de expressão manual), os autores investigaram o tempo de amamentação e constataram que o volume de leite coletado foi maior na utilização da bomba elétrica 1(0-40)ml, comparado à expressão manual, que foi de 0,5(0-5)ml (p=0,07). Entretanto, o percentual de crianças em AM aos dois meses foi maior entre as mães que utilizaram a expressão manual (96,1%), comparado às que utilizaram bomba elétrica (72,7%) (p=0,02). De acordo com o referido, considera-se que as nutrizes produziram volume de leite adequado para alimentar recém-nascidos e tanto o bombeamento como a expressão manual são apropriados para expressar o volume de leite adequado. Porém, sugere-se que os profissionais recomendem a expressão manual, uma vez que ela parece aumentar o tempo de amamentação.

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O leite materno, além de trazer vantagens para as mães, promove o desenvolvimento sensorial e cognitivo e protege o lactente contra doenças infecciosas e crônicas. O AME contribui para a redução da mortalidade infantil devido a doenças comuns na infância, como a diarreia ou pneumonia, e permite uma recuperação acelerada, além de ser um dos fatores de proteção e prevenção para doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, asma e hipertensão (BRASIL, 2010). Nesse sentido, têm-se procurado estabelecer a relação do AM com a programação metabólica em longo prazo (programming). A hipótese de que o AM teria um efeito protetor contra a obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis tem sido estudado na última década. Contudo, havia grandes esperanças de que o aumento dos índices de AM fosse uma solução para a diminuição na prevalência da obesidade, porém resultados contraditórios são apresentados, e o tema permanece extremamente atual (OWEN; WHINCUP; COOK, 2011). A complexidade da regulação do balanço energético, associada ao grande número de fatores bioativos presentes no leite humano, sugere uma infinidade de potenciais mecanismos envolvidos com a obesidade. Entre os mecanismos, três são apresentados com maior clareza. O primeiro refere-se ao fato do leite humano conter hormônios (leptina, adiponectina e grelina) que poderiam auxiliar na autorregulação do consumo e determinar o apetite em longo prazo. O segundo mecanismo envolve padrões de crescimento infantil, ou seja, recém-nascidos amamentados teriam menor ganho de peso, comparados aos que utilizam fórmulas lácteas infantis. E o terceiro também diz respeito à utilização de fórmulas lácteas, pois elas contêm maior quantidade de proteína, em comparação ao leite humano. Assim, produziriam rápido ganho de peso, levando a um aumento da secreção do IGF-1 (insulin-like growth factor type 1), a qual, por sua vez, estimularia a multiplicação dos adipócitos e acarretaria consequências metabólicas no futuro (GILLMAN, 2011). Gillman (2011) também destaca que nenhum método científico é perfeito para controlar os fatores de confusão, principalmente os sociais e econômicos. No entanto, estudos em populações diferentes tendem a ser informativos por apresentarem estas diferenças. Neste nutricaoempauta.com.br


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sentido, evidencia-se que o AM (inicio, duração e exclusividade) poderia exercer uma proteção modesta sobre a obesidade na infância e adolescência. Seguindo a mesma linha de investigação, Kroon et al. (2011) observaram uma relação estatisticamente significativa, dose resposta inversa, entre o AM e IMC, circunferência da cintura e relação cintura-quadril, mesmo após a correção para idade e sexo. Entretanto, não observaram relação com uma dieta saudável na vida adulta. Estudos brasileiros também tentaram elucidar esta problemática. Ferreira et al. (2010) constaram que o AM por um período mínimo de 30 dias exerce um efeito protetor contra o sobrepeso em pré-escolares. Moraes e Giuliano (2011), com o objetivo de associar o tempo de AME com adiposidade central e periférica em pré-escolares, observaram que houve uma correlação inversa significativa entre tempo de amamentação exclusiva e perímetro da cintura (r=-0,166; p=0,05). Corroborando com o relatado, Owen, Whincup e Cook (2011), em revisão sistemática, verificaram que os indivíduos que foram amamentados tinham um risco 22% menor de serem obesos, comparados aos alimentados com fórmulas lácteas infantis. Porém, após ajustar os resultados para potencias variáveis de confusão, constataram que o efeito protetor desapareceu. Já quando avaliaram as consequências cardiovasculares, constataram que crianças amamentadas apresentaram menor risco de diabetes e níveis de insulina na vida adulta. Referente à pressão arterial sistêmica, foi demonstrada uma diferença média na vida adulta de 0,15mmol/l (95%IC0,06-0,23mmol/l) menores entre os indivíduos que foram amamentados.

Estratégias para aumentar as prevalências de aleitamento materno

Os benefícios conferidos pelo AM são conhecidos, porém o país apresenta baixas prevalências. Analisando-se este contraponto, faz-se necessário buscar alternativas para o estimulo e promoção do mesmo. Com o intuito de buscar melhores resultados nas práticas do AM, no Brasil, há vários anos, foram criadas diversas politicas e programas públicos. Entre estes, destacam-se a Rede Amamenta Brasil, os Bancos de Leite Humano, no qual um dos objetivos é promover, proteger e apoiar o AM, e a iniciativa Hospitais Amigos da Criança, que tem como finalidade mobilizar os funcionários NOV/2012

dos estabelecimentos de saúde a mudar condutas e rotinas. Atualmente, o país conta com 203 Bancos de Leite Humano e 336 Hospitais Amigos da Criança (BRASIL, 2011). Além das iniciativas públicas, outras ações independentes têm sido estudadas com o objetivo de melhorar as prevalências de AM. Wallace e Taylor (2011), em seu estudo, propuseram um programa de treinamento pela internet para os profissionais da saúde e constataram que o autoestudo é acessível e flexível, mas requer automotivação e conhecimentos de informática. Todavia, destacaram que em todos os grupos de profissionais houve aumento do escore de conhecimento sobre AM após o programa de treinamento. Outro estudo teve como objetivo aplicar um programa de atualização em alimentação infantil na prática do AME, realizado em Porto Alegre/RS, contemplando 20 Unidades Básicas de Saúde e avaliando 619 crianças de seis a nove meses de idade. Os autores observaram que a estratégia não foi suficiente para interferir na ocorrência de morbidades, mas foi eficaz em aumentar o tempo do AME (BERNARDI; GAMA; VITOLO, 2011). Nas estratégias de incentivo ao AM, além do conhecimento, destaca-se o uso da linguagem utilizada, nesta interface no estudo Wallace e Taylor (2011) os resultados indicaram que não houve diferença estatística na intenção da amamentação, porém os entrevistados foram menos favoráveis aos textos que apontavam os riscos, classificando-os como menos confiáveis, precisos e úteis. Diante ao exposto, resalta-se a revisão sistemática que examinou os efeitos de intervenções na mudança das práticas dos profissionais de saúde e a duração do AM, a qual identificou que a prinicpal e talvez única maneira consistente em melhorar a duração da amamentação é a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (SPIBY et al., 2009).

Conclusões

Nesta revisão verificou-se que em todo país as prevalências de AM estão em crescente aumento, porém ainda inferiores às recomendações. Foram identificados alguns fatores para interrupção precoce do AM, como o uso de chupeta, os problemas relacionados à amamentação e o suporte conferido para a amamentação. Destaca-se que, além dos fatores já estabelecidos de proteção conferidos nutrição em pauta |

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pelo AM, ainda merecem estudos adicionais os efeitos sobre a obesidade, hipertensão, entre outras doenças crônicas. Mais ações eficazes e novos estudos identificando estratégias para aumentar as prevalências de aleitamento materno são necessários. Identificar as variáveis de maior preponderância para o efetivo sucesso do AM faz-se necessário para que melhorias nesta prática possam ser alcançadas de forma mais contundente.

Sobre a autora

Profa. Dra. Franceliane Jobim Benedetti Nutricionista, Professora do Centro Universitário Franciscano. Mestre em Ciências Medicas: Pediatria. Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, Porto Alegre, Brasil. Doutoranda em Saúde da Criança e do Adolescente Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS, Porto Alegre, Brasil. Palavras-chave: aleitamento materno, fatores de risco, proteção. Keywords: Breast Feeding, Risk Factors, Protection. Recebido: 07/6/2012 – Aprovado: 20/9/2012

Referências

BERNARDI, J. R.; GAMA, C.M.; VITOLO, M.R. Impacto de um programa de atualização em alimentação infantil em unidades de saúde na prática do aleitamento materno e na ocorrência de morbidade. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.27, n.6, p.1213-1222, 2011. BHUTTA, Z.A., et al. Countdown to 2015 decade report (2000–10): taking stock of maternal, newborn, and child survival. Lancet, v. 375, p. 2032–44, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Rede Amamenta Brasil: os primeiros passos (2007–2010) / Ministério da Saúde.

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Atualidades em Aleitamento Materno

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clínica

Anthropometric Markers And Body Image Perception

Por Betânia Farias de Souza, Cristiane Carnevalli Arisi e Camile Boscaini

Marcadores Antropométricos e Percepção da Imagem Corporal O aumento da insatisfação com a imagem corporal vem crescendo em mulheres, principalmente quando relacionado à autoimagem com índices e medidas antropométricas. Este estudo buscou relacionar a percepção da imagem corporal a diferentes indicadores antropométricos. Foram avaliadas 103 mulheres adultas, entre 20-60 anos. Trata-se de uma amostra não probabilística aleatória. Foram realizadas as medidas de massa corporal, estatura, circunferências e avaliação da percepção da imagem corporal. A metodologia deu-se por análises descritivas. Como resultados, as silhuetas 2 e 3 foram as mais indicadas como ideais. Encontrou-se correlação significativa entre circunferência da cintura e insatisfação com a imagem corporal. Os resultados mostraram que a maioria das mulheres estudadas apresentou IMC dentro dos padrões da eutrofia, apesar da alta prevalência de insatisfação com a imagem corporal. Concluiu-se que a prevalência da insatisfação da imagem corporal e da circunferência da cintura aumentada foi alta. Increasing dissatisfaction with body image in women is growing, especially when related to self-image with indices and anthropometric measures. This study sought to relate the perception of body image to different anthropometric indicators. We evaluated 103 adult women between 2060 years. It is a improbable random. Were measured body mass, height, circumference and evaluation of body image perception. The methodology was made by descriptive analyzes. As a result profiles 2 and 3 were indicated as the most ideal. We found a significant correlation between waist circumference and cardiovascular risk. The results showed that most of the women studied had a BMI within the normal range of standards, despite the high prevalence of dissatisfaction with body image. It is concluded that the prevalence of body image dissatisfaction and increased waist circumference was high, since the women studied sought any aesthetic treatment. NOV/2012

Introdução

A imagem corporal é a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio, a forma como o indivíduo se percebe. A indústria cultural, através dos diversos meios de comunicação, encarrega-se de criar desejos e reforçar imagens, padronizando corpos vistos como perfeitos (SCHNEIDER, 2009). Além disso, possíveis distúrbios na percepção do corpo podem ser investigados através da relação da percepção da imagem corporal com os índices e medidas antropométricas (TEHARD, 2002). Segundo Barbosa (2009), existe vários métodos indiretos que permitem estimar com precisão a quanti­ dade total de gordura corpórea, assim como sua distribuição, tais como a bioimpedância elétrica, a tomografia computadorizada, a absorciometria de dupla energia por raios-X (DEXA) e a ressonância magnética, entre ou­tros. Este mesmo autor cita que, de modo geral, esses métodos, apesar de mais acurados, são caros e complexos. Para a realização de estudos epidemioló­gicos, tem sido recomendada a utilização de medidas antropométricas diretas, por serem consideradas um método simples, de fácil obtenção, de baixo custo e de boa precisão. Um dos índices mais utilizados na ava­liação antropométrica da composição cor­poral é o Índice de Massa Corporal (IMC). Sua grande difusão deve-se à capacidade de expressar as reservas energéticas dos indivíduos, facilidade de obtenção, aplica­bilidade, baixa

neighbors, 2007 Muitas vezes, a pressão para atingir o suposto corpo ideal leva à piora da imagem corporal, ao aumento do comer desordenado e a tentativas malsucedidas de controle de peso. As influências socioculturais podem induzir ao desejo de um corpo magro e à insatisfação corporal, uma vez que não se consegue alcançar o ideal cultural.” nutrição em pauta |

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Nutrição

R

EM PAUTA

correlação com a estatura e boa correlação com as medidas da gordura corporal (STEVENS, 2002). As medidas da circunferência da cintura (CC) e a relação cintura/ quadril (RCQ) são os indicadores mais utilizados na aferição da distribuição centralizada do tecido adiposo, em avaliações individuais e coletivas (HAUN, 2009). A CC é um indicador de fácil aplicabilidade e custo reduzido, e sua aplicação na prática clínica e em estudos é justificada por constituir principal risco para doenças cardiovasculares (KONING, 2007). A medida da circunferência do braço (CB) pode ser utilizada como um indicador isolado de magreza ou adiposidade, quando se utilizam os percentis (CHUMLEA, 1987). Muitas vezes, a pressão para atingir o suposto corpo ideal leva à piora da imagem corporal, ao aumento do comer desordenado e a tentativas malsucedidas de controle de peso. As influências socioculturais podem induzir ao desejo de um corpo magro e à insatisfação corporal, uma vez que não se consegue alcançar o ideal cultural (NEIGHBORS, 2007). Com o objetivo de contribuir para estudos relacionados com a imagem corporal de mulheres e suas insatisfações corporais, o trabalho buscou relacionar a percepção da imagem corporal a diferentes indicadores antropométricos e analisar as prevalências de insatisfação com a imagem corporal, de acordo com diferentes parâmetros de sobrepeso, obesidade e risco cardiovascular.

Métodos

Participaram do estudo 103 mulheres adultas, na faixa etária entre 20-60 anos, clientes de uma clínica de estética privada da cidade de Nova Prata, Rio Grande do Sul- RS. As mulheres, após receberem informações sobre os objetivos do estudo e procedimentos para coleta de dados, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista de Porto Alegre – IPA e segue as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Trata-se de uma amostra não probabilística aleatória. Foram convidadas todas as mulheres que frequentavam a clínica privada para tratamento estético, durante o período de abril de 2011 a julho de 2011. Foram realizadas as seguintes avaliações: massa corporal, estatura, circunferências de cintura (CC),

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Marcadores Antropométricos e Percepção da Imagem Corporal quadril (CQ) e braço relaxado (CB) e avaliação da percepção da imagem corporal. Essas avaliações permitiram calcular os seguintes índices: Índice de Massa Corporal (IMC), relação cintura/quadril (RCQ) e área muscular do braço (AMB). A massa corporal foi medida utilizando-se uma balança digital da marca Welmy, com resolução de 0,1 kg. A estatura foi aferida com um estadiômetro, com resolução de 1 mm, fixado verticalmente em uma parede, seguindo os procedimentos para medidas recomendados por Alvarez (1999). Foram adotados os seguintes pontos de corte para o cálculo das razões de prevalências: - Índice de Massa Corporal: indivíduos obesos, aqueles com IMC a partir de 30 kg/m² (WHO, 1998); - Circunferência de cintura: indivíduos com alto risco, aqueles com valores de CC > 80 cm (WHO, 1998); - Relação cintura-quadril: indivíduos com RCQ > 0,85 cm (LOHMAN, 1988). A percepção da imagem corporal foi analisada pela escala original de nove silhuetas, proposta por Stunkard (1983), a qual representa um continuum desde a magreza (silhueta 1) até a obesidade severa (silhueta 9). Nessa escala, as mulheres escolheram o número da silhueta que consideravam semelhante à sua aparência corporal real (Percepção da Imagem Corporal Real – PICR) e também à sua aparência corporal ideal (Percepção da Imagem Corporal Ideal – PICI). Para a avaliação da satisfação corporal, subtraiu-se da aparência corporal real a aparência corporal ideal, podendo variar de -8 até 8. Para variação igual a zero, o indivíduo foi classificado como satisfeito com sua aparência e, para variação diferente de zero, foi classificado como insatisfeito. Caso a diferença fosse positiva, considerou-se uma insatisfação pelo excesso de peso e, quando negativa, uma insatisfação pela magreza. Foram realizadas análises descritivas (média, desviopadrão, intervalo de confiança, distribuição em frequência e porcentagem e teste qui-quadrado). A correlação de Spearman foi utilizada para verificar as possíveis associações entre a percepção da imagem corporal e as variáveis antropométricas. Em todas as análises foi adotado o nível de significância de 5%. Consideraram-se, para efeito de análise, os critérios adotados por MALINA (1996), os quais descrevem correlação baixa para um valor menor que 0,30, correlação moderada para valores entre 0,30 e 0,60 e correlação alta para valores superiores a 0,60. nutricaoempauta.com.br


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Anthropometric Markers And Body Image Perception

Por Betânia Farias de Souza, Cristiane Carnevalli Arisi e Camile Boscaini

Resultados

Foram avaliadas 103 mulheres com idade média de 32 anos. Os resultados descritivos das variáveis estudadas podem ser observados na Tabela 1. Observou-se, na população estudada, que o IMC se encontra dentro dos padrões da classificação de eutrofia (24,3 Kg/m 2) e a RCQ foi classificada como baixo risco de desenvolver doenças coronarianas (0,82 cm). Tabela 1. Medianas e quartis 1 e 3 das variáveis estudadas. (Nova Prata-RS, abril/11). Dados Descritivos Variável

Mediana

A Tabela 2 descreve as correlações entre a percepção da imagem corporal real e a percepção da imagem corporal ideal com os indicadores antropométricos. Foi identificada correlação estatisticamente significativa e positiva entre PICR, massa corporal, IMC, CC, CQ e RCQ. A PICI correlacionou-se significativamente com idade, massa corporal, IMC, CC e RCQ. Tabela 2. Correlações (r) entre a percepção da imagem corporal real (PICR) e a percepção da imagem corporal ideal (PICI) com os indicadores antropométricos. (Nova Prata-RS, abril/11).

(Q1; Q3)

Idade (anos)

32,00

(25,0; 43,0)

Massa Corporal (Kg)

63,00

(58,0; 72,0)

Estatura (m)

1,62

(1,5; 1,6)

IMC ( Kg/m²)

24,30

CC (cm)

PICR

PICI

r

p*

r

p*

Idade

0,049

0,627

0,246

0,012

(22,3; 27,3)

Massa Corporal

0,681

< 0,001

0,272

0,005

82,00

(74,0; 90,0)

Estatura

0,062

0,532

0,082

0,408

CQ (cm)

99,00

(95,0; 106,0)

IMC

0,741

<0,010

0,310

0,010

RCQ

0,82

(0,7; 0,8)

PICR

4,00

(3,0; 5,0)

CC

0,580

<0,010

0,326

0,001

PICI

2,00

(2,0; 3,0)

CQ

0,536

<0,010

0,115

0,246

STUNKARD

1,00

(0,0; 2,0)

RCQ

0,318

0,010

0,248

0,012

IMC: índice de massa corporal; CC: circunferência de cintura; CQ: circunferência de quadril; RCQ: relação cintura-quadril; PICR: percepção da imagem corporal real; PICI: percepção da imagem corporal ideal; Stunkard: diferença entre PICR e PICI.

Na Figura 1 estão descritos as frequências das avaliações de PICR e PICI. As silhuetas 3 e 4 foram mais citadas como imagem real e as silhuetas 2 e 3, como as ideais. Figura 1. Frequências das percepções da imagem corporal real (PICR) e ideal (PICI) por sexo. (Nova Prata- RS, abril/11).

Variáveis

* Probabilidade do teste para a correlação de SPERMAN.

A Tabela 3 descreve as prevalências e razões para a insatisfação com a imagem corporal, de acordo com as variáveis antropométricas. Os dados mostram correlação estatisticamente significativa entre a insatisfação pelo excesso de peso e circunferência da cintura de alto risco cardiovascular (p = 0,04). Tabela 3. Prevalências e razões de prevalências para a insatisfação com a imagem corporal (insatisfação pelo excesso de peso), de acordo com as análises antropométricas. (Nova Prata-RS, abril de 2011) Variáveis

N

%

RP (IC 95%)

Valor de p*

Baixo risco

28

36,4

1,00

0,040

Alto risco

49

63,6

2,78 (1,34 – 5,82)

Baixo risco

48

62,3

1,00

Alto risco

29

37,7

2,07 (0,85 – 5,05)

CC

RCQ 0,084

* Valor de p não ajustado (p do qui-quadrado) NOV/2012

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Marcadores Antropométricos e Percepção da Imagem Corporal

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Discussão

Das 103 mulheres avaliadas neste estudo, 45% escoque a circunferência da cintura é a medida mais relaciolheram como imagem corporal ideal a figura de nº 2 e 30% nada com essa percepção. escolheram a silhueta de nº 3, mostrando a insatisfação Neste estudo, na análise dos indicadores, não foi pelo excesso de peso. Este fator é considerado muito immostrado risco para sobrepeso e obesidade, mas a tendênportante para a relação entre nutrição, percepção da imacia a estes riscos nos leva a destacar o que foram encongem corporal e estética. Dentre os resultados, encontrou-se trados em alguns estudos. Em um estudo sobre marcacorrelação estatisticamente dores antropométricos de significativa entre circunMota (2011) foi encontraalvarenga, 2010 ferência da cintura e risco da uma elevada prevalênOs resultados mostraram que a cardiovascular, mostrando cia (71,8%) de indivíduos maioria das mulheres estudadas tinha a importância do uso de com excesso de peso coro IMC dentro dos padrões da eutrofia, indicadores antropométriporal. Dados do Instituto apesar da alta prevalência de insatisfacos específicos para a avaBrasileiro de Geografia e ção com a imagem corporal. Além disso, liação de mulheres e perEstatística mostram que, chama a atenção o fato de que mesmo as cepção de riscos à saúde. em 2003, foram diagnostieutróficas desejam ser menores e, além No entanto, estes estudos cados como portadores de de desejarem um corpo mais magro, a essão limitados na literatura excesso de peso corporal colha de uma figura saudável menor faz para esta população. cerca de 40% dos indivídiscutir o conceito de saúde e boa forma Os resultados mosduos com idade superior a vigente, muito associado a uma magreza traram que a maioria das 20 anos. Observou-se um não saudável, de acordo com os parâmemulheres estudadas tinha grande número de estudos o IMC dentro dos padrões tros médicos .” que associaram o indicada eutrofia, apesar da alta dor IMC com a percepção prevalência de insatisfação com a imagem corporal. Além da imagem corporal, mostrando a grande importância disso, chama a atenção o fato de que mesmo as eutrófideste e de outros indicadores também muito importantes cas desejam ser menores e, além de desejarem um corpo que não foram estudados (dobras cutâneas), mas que apamais magro, a escolha de uma figura saudável menor faz recem em outras pesquisas. discutir o conceito de saúde e boa forma vigente, muito Alvarenga (2010) encontrou em seu estudo que associado a uma magreza não saudável, de acordo com os 64,4% das estudantes eutróficas escolheram como ideais parâmetros médicos (ALVARENGA, 2010). No estudo de e saudáveis números menores que a figura atual, evidenRech (2010) indivíduos com excesso de peso desejaram, ciando que a insatisfação corporal é grande, mesmo naem sua maioria, diminuir a silhueta. Este fato é relevante, quelas de peso normal. Moreira (2005) avaliou 163 estupois uma das maneiras de adotar estilos de vida mais saudantes do primeiro ano do curso de Medicina e encontrou dáveis é entender que é preciso mudar o comportamento associação entre a insatisfação com a imagem corporal e frente às escolhas do dia a dia (MATSUDO, 2002). Já Peo estado nutricio­nal, segundo IMC. Relacionando a inreira (2009), em suas análises comparativas com as medisatisfação com a imagem corporal, 63,6% das mulheres das antropométricas, observou que as mulheres estudadas encontram-se em alto risco na CC e 62,3%, em baixo rispossuem uma boa percepção da sua imagem corporal e co (RCQ). No estudo com as idosas praticantes de hidro-

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Anthropometric Markers And Body Image Perception ginástica verificou-se que a circunferência de cintura e a dobra cutânea tricipital são as variáveis antropométricas mais importantes para a determinação da silhueta real (PEREIRA, 2009). Esse resultado está em consonância com a recomendação da Organização Mundial de Saúde, que indica que a cintura é uma das medidas mais importantes como parâmetro de saúde nutricional. Os métodos para avaliar a percepção da imagem corporal e os números de mulheres analisadas são as principais limitações deste estudo, apesar de que o método utilizado pode estar presente em inúmeros trabalhos. A utilização das dobras cutâneas poderia ter sido utilizada como um indicador e ampliado os resultados da autoimagem das mulheres estudadas.

Conclusão

A prevalência da insatisfação da imagem corporal e da circunferência da cintura aumentada foi alta, visto que as mulheres estudadas procuravam por algum tratamento estético. Recomenda-se que medidas antropométricas, como dobras cutâneas, sejam realizadas em um próximo estudo, assim como a avaliação da satisfação da imagem corporal, associada a um acompanhamento nutricional. Além disso, estudos que mostrem a satisfação da imagem corporal em mulheres adultas são necessários, visto que muitos deles associam a imagem corporal a idosas. São necessários estudos mais característicos da população estudada, inclusive uma proposta de normas específicas para a população latina e brasileira.

Sobre os autores

Dra. Betânia Farias de Souza Nutricionista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e aluna do Curso de Pós Graduação em Nutrição Clínica e Estética do Instituto de Pesquisa em Saúde. Dra. Cristiane Carnevalli Arisi Nutricionista pela Universidade de Caxias do Sul e aluna do Curso de Pós Graduação em Nutrição Clínica e Estética do Instituto de Pesquisa em Saúde. Dra. Camile Boscaini Nutricionista pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Palavras-chave: imagem corporal, antropometria e mulheres.. Keywords: body image, anthropometry and women. Recebido: 27/6/2012 – Aprovado: 1/10/2012 NOV/2012

Por Betânia Farias de Souza, Cristiane Carnevalli Arisi e Camile Boscaini

Referências

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The influence of Carbohydrate intake on physical performance and immunosuppression

Sabrina de Albuquerque Santos Cola Pim e Erica Sartorio Bindaco

A Influência da Ingestão de Carboidrato no Desempenho Físico e Imunossupressão Os atletas necessitam de um aporte glicídico maior que os indivíduos não atletas, em função do gasto energético elevado, e suas necessidades de energia e nutrientes variam com seu peso, altura, sexo, idade e taxa metabólica e com o tipo, frequência, intensidade e duração do treinamento. O presente estudo tem por objetivo caracterizar a influência do carboidrato para a melhora do desempenho físico e imunossupressão, a partir de dados coletados em literatura. A modulação da ingestão de carboidratos antes, durante e após a prática de exercícios é importante para produzir efeitos ergogênicos, melhorar o processo de recuperação e evitar a fadiga decorrente de baixos estoques e depleção de glicogênio muscular, hipoglicemia e desidratação. Uma dieta rica em carboidratos aumenta as concentrações de glicogênio muscular, resultando em melhora do desempenho, retardando a fadiga e otimizando a recuperação do atleta, bem como a melhora na resposta imunológica pós-exercício. Athletes need a glycidic supply greater than nonathletic individuals due to the high energy expenditure and their energy and nutrient needs vary according to weight, height, sex, age and metabolic rate and to the type, frequency, intensity and duration of training. The current study aims to characterize the influence of carbohydrate to the improvement of physical performance and immunosuppression from data collected in the literature. Modulation of carbohydrate intake before, during and after exercise is important to produce ergogenic effects, improve the process of recovery and avoid fatigue caused by low inventories and muscle glycogen depletion, hypoglycemia and dehydration. A diet rich in carbohydrates increases the concentrations of muscle glycogen, resulting in improved performance, delaying fatigue and enhancing the recovery of the athlete, as well as an improvement in immune response after exercise. NOV/2012

Introdução

A alimentação do atleta é diferenciada dos demais indivíduos, em função do gasto energético elevado, e suas necessidades de energia e nutrientes variam com seu peso, altura, sexo, idade e taxa metabólica e com o tipo, frequência, intensidade e duração do treinamento (TIRAPEGUI, 2005; MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). Segundo Tirapegui (2005), os atletas necessitam de um aporte glicídico maior que os indivíduos não atletas, pois os carboidratos compõem o glicogênio muscular – o principal substrato energético utilizado durante o exercício. O carboidrato é o principal responsável pelo fornecimento de energia para o organismo, alimentando quase que exclusivamente o cérebro, a medula, os nervos periféricos e as células vermelhas do sangue. A maior parte da dieta de um individuo atleta ou não atleta deve ser composta por alimentos que são fontes de carboidrato 60% do valor calórico total (VCT) nos exercícios aeróbicos e até 70% nos anaeróbicos (TIRAPEGUI, 2005). Os carboidratos são os únicos macronutrientes cuja energia armazenada pode ser usada para gerar adenosina trifosfato (ATP) anaerobicamente, sendo importante durante o exercício vigoroso que requer liberação rápida de energia. No exercício leve e moderado, o glicogênio acumulado e a glicose sanguínea fornecerão a maior parte da energia para ressíntese do ATP pelas reações metabólicas aeróbicas (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011).

tirapegui, 2005; isensee et al, 2008 na ausência de carboidrato, o organismo lança mão de proteínas através da gliconeogênese para restabelecer seus estoques de glicogênio e fornecer energia aos tecidos. A quebra destas proteínas para obtenção de energia gera sérios danos às estruturas celulares e ao funcionamento do nosso organismo (...).” nutrição em pauta |

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Na ausência de carboidrato, o organismo lança mão de proteínas através da gliconeogênese para restabelecer seus estoques de glicogênio e fornecer energia aos tecidos. A quebra destas proteínas para obtenção de energia gera sérios danos às estruturas celulares e ao funcionamento do nosso organismo, reduzindo o balanço nitrogenado e a retenção de aminoácidos para o crescimento e reparação musculares (TIRAPEGUI, 2005; ISENSEE et al, 2008). A glicogenólise hepática é o meio primário para manter os níveis normais de glicose sanguínea. Durante o exercício, com a depleção do glicogênio hepático e a utilização continua de glicose sanguínea pelo músculo ativo, esta acaba caindo para níveis inferiores aos normais, configurando um quadro de hipoglicemia e apresentando sensações de fraqueza, fome e vertigens, prejudicando o desempenho físico (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011). Segundo Byars et al (2010), a ingestão de carboidratos durante o exercício aeróbico pode melhorar o desempenho durante as sessões de exercícios que durem mais de 90 minutos realizados em intensidades superiores a 70% VO2 max, evitando um declínio na concentração de glicose sanguínea e facilitando a oxidação da glicose tardia, enquanto que o momento e o tipo de carboidrato após o exercício influenciam na restauração do glicogênio muscular. As reservas corporais de glicogênio são limitadas e duram algumas horas no máximo durante exercícios de média a alta intensidade (65-85% VO2max). Com a diminuição dos niveis de glicogênio, a intensidade do exercício e rendimento também diminuem e frequentemente ocorre a degradação dos tecidos musculares e imunossupressão (KERKSICK et al, 2008). Diversos componentes do sistema imune inato são comprometidos durante as sessões únicas ou repetidas de estresse do exercício (DONATTO et al, 2010). A imunossupressão, em resposta ao exercício, envolve diversos mecanismos, tais como a liberação de hormônios estressores, alteração de temperatura corporal, aumento do fluxo sanguíneo e desidratação (MENDES et al, 2009). Uma explicação mais simplificada para a imunossupressão, em resposta a uma carga intensa de exercício físico, é a de que existe um desgaste aumentado das funções do organismo, com produção exagerada de espécies reativas do oxigênio e incremento do estresse oxidativo nos tecidos (LEANDRO et al, 2007). Sendo assim, o presente estudo tem por objetivo caracterizar a influência do carboidrato para a melhora do

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A Influência da Ingestão de Carboidrato no Desempenho Físico e Imunossupressão desempenho físico e imunossupressão, a partir de dados coletados em literatura.

Metodologia

Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica existente sobre o tema em questão, mediante pesquisa em base de dados de periódicos científicos indexados na área da saúde, fisiologia do exercício e nutrição esportiva. Foram revisados também o Google acadêmico e sites científicos e bibliografias que abordassem o assunto. O estudo foi realizado no período de agosto a outubro de 2011, sendo selecionados artigos publicados entre os anos de 2000 a 2011, em inglês e português. As palavras-chave foram pesquisadas no banco de dados do Lilacs e Bireme.

Processo de Produção de Energia

O corpo humano precisa ser continuamente suprido com energia para poder realizar suas múltiplas e complexas funções. A energia derivada da oxidação dos alimentos é recolhida e conduzida como uma forma acessível de energia química através de um composto rico em ATP – Trifosfato de Adenosina (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011). Porém, seu armazenamento é limitado, fornecendo energia apenas para alguns segundos de exercício, o que gera a necessidade de sua ressíntese constante. Quando o ATP libera um fosfato produzindo energia, a resultante difosfato de adenosina – ADP é combinada, através da atuação da enzima creatina cinase, com outro fosfato de alta energia denominado fosfocreatina (CP) para a ressíntese do ATP (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). Esse processo ocorre anaerobicamente e é a forma mais rápida e imediata de repor o ATP, porém é limitado devido à concentração de CP existente nos músculos. Por ser limitada, tendo duração apenas cerca de 5 a 8 segundos, a energia liberada deste sistema ATP-CP atua em atividades de curta duração. Caso haja continuidade do exercício, deve ser fornecida fonte adicional de energia para ressíntese do ATP (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010).

Carboidrato como Fonte de Energia

De acordo com Reis (2011), outra via rápida para fornecer ATP por mais alguns segundos é o processo de glicólise anaeróbica, sem a presença de oxigênio, que degrada a molécula de glicose sanguínea ou do glicogênio armazenado no músculo até o seu produto final, o piruvato. nutricaoempauta.com.br


The influence of Carbohydrate intake on physical performance and immunosuppression Ainda segundo o autor, o piruvato é transformado em acido lático que, por sua vez, pode ter três destinos finais: na circulação sanguínea, ele poderá se acumular gerando acidose metabólica, prejudicando a ativação de enzimas e causando a fadiga; voltar a ser piruvato pelo ciclo de Cori, quando entrar no ciclo de Krebs para contribuir com a produção de energia; ou ser armazenado na forma de glicogênio muscular. O glicogênio muscular é um sistema energético rápido, porém pouco eficiente, contribuindo com energia durante um esforço total de cerca de 60 a 120 segundos, sendo utilizado, por exemplo, em corridas de 400 m ou no final de uma competição de natação (REIS, 2011). Com a continuidade do exercício por mais de 90 a 120 segundos, entra em ação a via glicolítica aeróbica, muito mais eficiente para produção de energia, produzindo 18 a 19 vezes mais ATP. Na presença do oxigênio, o piruvato é convertido em acetilcoenzima A e nas mitocôndrias passa pelo ciclo de Krebs, resultando na produção de ATP (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). Importante salientar que todas essas vias energéticas atuam de forma simultânea no organismo, sendo determinada sua maior ou menor utilização pela duração e intensidade do exercício, o nível de forma física e a ingestão dietética (REIS, 2011; MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010).

Carboidrato e Desempenho Físico

A função primária dos carboidratos consiste em fornecer energia para o trabalho celular, particularmente durante o exercício físico (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011). Muitos estudos têm demonstrado a importância do glicogênio hepático e muscular no desempenho durante o exercício tanto de curta quanto de longa duração (MAMUS et al, 2006). O glicogênio muscular desempenha papel-chave na produção de energia durante o exercício, e a fadiga está frequentemente associada à depleção de seus estoques, sendo a exaustão evitada na presença de concentrações adequadas do mesmo (GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). Mesmo sendo pequenas as reservas de glicogênio do organismo, elas são importantes durante o período de jejum e também durante a situação de exercício prolongado, na qual a glicose e os ácidos graxos são oxidados para fornecer energia para a contração muscular (SAPATA; FAYH; OLIVEIRA, 2006). A modulação da ingestão de carboidratos antes, NOV/2012

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durante e após a prática de exercícios é importante para produzir efeitos ergogênicos, melhorar o processo de recuperação e evitar a fadiga decorrente de baixos estoques e depleção de glicogênio muscular, hipoglicemia e desidratação (COELHO; SAKZENIAN; BURINI, 2004).

Carboidrato e Imunossupressão

Diferentes tipos e intensidade de exercício físico provocam repercussões distintas no sistema imunológico. O exercício regular de intensidade moderada melhora os sistemas de defesa, enquanto que o treinamento intenso causa imunossupressão (LEANDRO et al, 2007). Segundo o mesmo autor, em resposta a um exercício físico intenso, ocorre neutrofilia (aumento no número de neutrófilos), linfopenia (diminuição do número de linfócitos) e monocitose (aumento do número de monócitos). A redistribuição destas células no compartimento vascular, em resposta ao exercício, parece ser mediada pela adrenalina e, em menor grau, pela noradrenalina. O exercício físico intenso pode induzir inibição de muitos aspectos da defesa do organismo, incluindo a atividade das células natural killers (NK), a resposta proliferativa dos linfócitos e a produção de anticorpos pelos plasmócitos. Estas alterações comprometem a defesa do organismo contra agentes infecciosos e oncogênicos, assim como nos processos alérgicos e na autoimunidade (LEANDRO et al, 2007). Esse aumento na concentração de leucocitos, leucocitose, em resposta ao exercícios físicos intensos e de curta duração e de resistência aeróbia de longa duração, já é um fenômeno bem documentado na literatura (DONATTO et al, 2006; MENDES et al, 2009). Devido à quebra da homeostasia celular imposta pelo exercício físico, o sistema imune de atletas pode ser suprimido devido à ação dos hormônios adrenalina e cortisol (DONATTO et al, 2006). Diversos estudos apontam a glicemia como possivel causa da imunossupressão pós-exercício, uma vez que a redução da glicose circulante estimularia a secreção do hormônio catabólico cortisol e que o consumo de carboidrato antes e durante o exercício prolongado seria capaz de atenuar a liberação do cortisol e, consequentemente, a supressão do sistema imunológico. O cortisol reduz as concentrações de glutamina e Imunoglobulina A (IgA), aumentando a suscetibilidade a infecções (GOMES; AOKI, 2010). nutrição em pauta |

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Os sistemas neuroendócrino e imunológico são particularmente sensíveis a uma carga aguda de exercício físico, sendo verificado aumento de neurotransmissores, hormônios e citocinas no plasma (LEANDRO et al, 2007). Recentemente, estudos têm sugerido que as alterações nesse equilíbrio entre citocinas pró e anti-inflamatórios resultantes do exercício podem levar a uma perda de controle inflamatório, com possíveis implicações para a função do sistema imunológico em geral e o efeito da ingestão de carboidratos especialmente durante exercícios de longa duração, com a finalidade de atenuar a imunossupressão está bem estabelecida (DONATTO et al, 2010).

Recomendações Dietéticas ou Nutricionais Diárias

Segundo a American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine (2009), o consumo de carboidratos ajuda na manutenção da glicemia durante o exercício e na reposição do glicogênio muscular. A quantidade necessária depende do gasto energético total diário, do tipo de exercício, sexo e condições ambientais. É recomendado que atletas com treinamento pesado consumam carboidratos de 6 a 10g/kg de peso corporal por dia, para prevenir a depleção diária de glicogênio (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). A Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009) estima que a ingestão de carboidratos correspondente a 60 a 70% do aporte calórico diário atende à demanda de um treinamento esportivo. Para otimizar a recuperação muscular, recomenda-se que o consumo de carboidratos esteja entre 5 e 8g/kg de peso/dia. Em atividades de longa duração e/ou treinos intensos há necessidade de até 10g/kg de peso/dia para a adequada recuperação do glicogênio muscular e/ou aumento da massa muscular (SBME, 2009).

Consumo Antes do Treino

A refeição pré-treino evita que o atleta tenha fome antes e durante o exercício, mantém níveis ótimos de glicose no sangue para os músculos em exercício e é fundamental para retardar a fadiga e melhorar o desempenho (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). A alimentação pré-treino é considerada um importante recurso ergogênico e fator otimizante de resul-

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A Influência da Ingestão de Carboidrato no Desempenho Físico e Imunossupressão tados. Autores sugerem que o consumo de carboidratos pré-exercício tem sido sugerido como uma alternativa para minimizar a depleção de glicogênio que ocorre ao longo do exercício tanto de força quanto de resistência aeróbica (FAYH et al, 2007). Há mais de 60 anos, evidências demonstram que o aumento das concentrações endógenas de glicogênio antes do exercício eleva a capacidade do atleta de realizar atividade física de longa duração e que a ocorrência de fadiga é fortemente correlacionada com a depleção do glicogênio muscular (SILVEIRA et al, 2008). Recomenda-se uma refeição no período de 30 a 60 minutos antes da atividade física, com um consumo de CHO de 30-60g (COELHO; SAKZENIAN; BURINI, 2004). De acordo com Byars et al. (2010), o tipo de carboidrato e a resposta glicêmica no sangue são importantes para otimizar o desempenho. Carboidrato com alto índice glicêmico imediatamente antes do exercício pode causar uma rápida elevação da glicemia, desencadeando a liberação excessiva de insulina (hipoglicemia de rebote), produzindo sintomas de fadiga aguda e comprometendo a performance. Em contraste, o consumo de carboidratos de baixo índice glicêmico nos imediatos 45-60 minutos pré-exercicio permite uma absorção mais lente da glicose, reduzindo o potencial de resposta glicêmica (BYARS et al, 2010). A ingestão concomitante de carboidratos e proteínas antes e/ou após o exercício demonstrou ser vantajosa no aumento da síntese proteica muscular, muito devido ao aumento da sinalização da insulina após a ingestão de carboidratos, promovendo a restauração do glicogênio (CAMPBELL et al, 2007).

Consumo Durante o Treino

Segundo a American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine (2009), durante o exercício, os objetivos primários para o consumo de nutrientes são repor as perdas de líquidos e fornecer carboidratos (aproximadamente 30-60g/h) para a manutenção dos níveis de glicose no sangue. Estas orientações nutricionais são especialmente importantes para provas de endurance com mais de 1 h de duração ou quando o atleta não tenha consumido alimentos e líquidos adequados antes do exercício ou ainda quando o atleta estiver praticando em ambientes extremos (calor, frio ou altitudes). nutricaoempauta.com.br


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nais consistem em fornecer uma quantidade de líquidos O consumo de carboidratos exógenos durante o suficiente, eletrólitos e carboidratos para repor o glicogêexercício de resistência com mais de uma hora de duração nio muscular e assegurar uma recuperação rápida. garante a disponibilidade de quantidades suficientes de A ingestão de carboidratos de aproximadamente energia durante os últimos estágios do exercício, mantém 1,0-1,5g/kg de peso corporal durante os primeiros 30 mia glicemia e melhora o desempenho (MAHAN; ESCOTT nutos e novamente a cada 2 h por 4-6h será suficiente para STUMP, 2010). repor os estoques de glicogênio (OLIVEIRA; DE LARA; Para provas longas, os atletas devem consumir entre 7 e 8g/kg de peso ou 30 a 60g de carboidrato, para cada hora de BURINI, 2011). exercício, o que evita hipoglicemia, depleção de glicogênio e Após o exercício, é necessário que a ingestão de fadiga. Frequentemente, os carboidratos consumidos fazem carboidrato seja imediata, para que a reposição de gliparte da composição de bebidas especialmente desenvolvidas cogênio muscular seja completa e mais rápida, não compara atletas (OLIVEIRA; DE LARA; BURINI, 2011). prometendo assim a recuperação do atleta (TIRAPEGUI, O consumo de 600 a 1.000 ml de uma solução com 2005; GUERRA; SOARES; BURINI, 2001). concentração de 6 a 10% de carboidrato seria o mais indiSe a ingestão ocorre duas horas depois, a taxa de cado para retardar a fadiga reposição não é tão rápida, e melhorar o desempenho. devido ao fato de os níveis dos autores Porém, soluções com uma de glicose sanguínea e inTendo em vista que o carboidraconcentração maior que sulina não estarem elevato é a principal fonte de energia para o 10% são frequentemente dos (GUERRA; SOARES; exercício, o total de carboidratos na dieassociadas a cólicas abBURINI, 2001). ta é fator determinante para a recuperadominais, náuseas e diarDepois de 4 horas ção do glicogênio hepático e muscular, reias (MAHAN; ESCOTT de demora, a síntese total sendo importante seu consumo adequado STUMP, 2010). de glicogênio muscular nos períodos pré, durante e pós-treino, O carboidrato deve por atraso na ingestão é considerando-se a frequência, intensidaser ingerido antes que ainda 45% mais vagarosa de, duração dos treinos, bem como caracocorra a fadiga muscular, do que quando a alimenterísticas pessoais do indivíduo.” para assegurar que esteja tação é oferecida imediadisponível quando os nítamente após o exercício veis de glicogênio muscular estiverem baixos. Atletas que (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). ingerem bebidas contendo carboidratos utilizam 31% meApós o exercício exaustivo, recomenda-se a ingesnos glicogênio muscular que o grupo placebo (GUERRA; tão de carboidratos simples entre 0,7 e 1,5g/kg peso no SOARES; BURINI, 2001). período de quatro horas, o que é suficiente para a ressínUma área relativamente nova de pesquisas tem tese plena de glicogênio muscular, diminuindo a degraexaminado o impacto da mistura de diferentes formas de dação das miofibrilas proteicas e aumentando a síntese de CHO, na tentativa de promover níveis mais altos de oxiproteína corporal (SBME, 2009; ISENSEE et al, 2008). dação de CHO durante o exercício prolongado (KERKSIEstudos descobriram que adicionar cerca de 5 a 9g CK et al, 2008). de proteína a cada 100g de carboidrato consumido após Segundo MENDES et al. (2009), o consumo de beo exercício aumentava a taxa de ressíntese do glicogênio bidas carboidratadas por atletas durante o treino resultou (MAHAN; ESCOTT STUMP, 2010). na manutenção da glicose sanguínea, menores concentraA adição de proteína ao consumo de carboidrato ções de cortisol e menor leucocitose. pós-exercício pode influenciar a recuperação do exercício. Suplementação de carboidrato e proteína tem demonstrado atenuar os marcadores de alteração do sarcoConsumo Após o Treino lema como a creatina quinase (CK) e mioglobina, reduzir De acordo com a American Dietetic Association, a dor muscular e melhorar o desempenho nos exercícios Dietitians of Canada, and the American College of Sports subsequentes (GILSON et al, 2010). Medicine (2009), após o exercício, os objetivos nutricioNOV/2012

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A ingestão de carboidrato e proteína após o exercício intenso aumenta os níveis de insulina, otimiza a ressíntese de glicogênio, aumenta a síntese de proteína e diminui os efeitos imunossupressores do exercício intenso (KREIDER et al, 2007).

Considerações Finais

Através dessa revisão bibliográfica, conclui-se que uma dieta rica em carboidratos aumenta as concentrações de glicogênio muscular, resultando em melhora do desempenho atlético, retardando a fadiga e otimizando a recuperação do atleta, bem como a melhora na resposta imunológica pós-exercício. Atletas que consomem quantidades deficientes de carboidratos na dieta possuem maiores riscos imunossupressores, incluindo a diminuição de anticorpos e proliferação linfocitária. Tendo em vista que o carboidrato é a principal fonte de energia para o exercício, o total de carboidratos na dieta é fator determinante para a recuperação do glicogênio hepático e muscular, sendo importante seu consumo adequado nos períodos pré, durante e pós-treino, considerando-se a frequência, intensidade, duração dos treinos, bem como características pessoais do indivíduo. Dessa forma, ressalta-se a importância do nutricionista na elaboração de um plano alimentar individualizado, de modo a suprir as necessidades nutricionais e energéticas diárias do atleta, visando otimizar sua performance e sua recuperação física e imunológica.

Sobre os autores

Dra. Sabrina de Albuquerque Santos Cola Pim Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo, ES, Pós graduanda em Nutrição Clínica Personalizada pelo IGPS Profa. Dra. Erica Sartorio Bindaco Professora do departamento de Nutrição da São Camilo, ES. Especialista em Nutrição Humana e Saúde – UFLA Palavras-chave: carboidratos; desempenho atlético; glicogênio; energia; fadiga. Keywords: carbohydrate; athletic performance; glycogen; energy; fatigue Recebido: 27/6/2012 – Aprovado: 1/10/2012

Referências

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Ergonomic Assessment and Nutritional Profile of Employees in a Food and Nutrition Unit in the Municipality of Araguari - MG

food Por Viviane L. de Melo Curi, Iana de Souza R. Tavares e Viviane Oliveira da Cunha

Avaliação do Perfil Ergonômico e Nutricional de Colaboradores em uma Unidade de Alimentação e Nutrição no Município de Araguari - MG Este estudo objetivou analisar as condições de trabalho e o perfil nutricional de colaboradores de uma UAN. Foi aplicado um questionário ergonômico com 28 colaboradores, abordando aspectos físicos, organizacionais e comportamentais. Realizou-se também a determinação do estado nutricional a partir do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Em relação aos aspectos físicos, observou-se que a maioria sentia maior desconforto térmico (77%). Dos colaboradores, 50% relataram dor em relação às atividades executadas no trabalho, no qual as maiores queixas foram de dores nas pernas, na coluna e nos braços, respectivamente; e a maioria (46%) relatou aumento da dor durante a jornada normal de trabalho. Com relação ao estado nutricional, 61% foram classificados como eutróficos e 36%, com algum grau de obesidade. Conclui-se que a falta de segurança pode levar a prejuízos na saúde e no ambiente de trabalho, aumentando os índices de afastamentos por doenças e de acidentes de trabalho, reduzindo a produtividade. This study aimed to analyze the working conditions and nutritional status of employees of a UAN. We used a questionnaire with 28 employees addressing ergonomic physical, organizational and behavioral. Was also conducted to determine the nutritional status from the calculation of Body Mass Index (BMI). In physical aspects, it was observed that most felt the discomfort of heat (77%). Employees, 50% reported pain in relation to activities performed at work, in which the most common complaints were pain in the legs, spine and arms respectively, and the majority (46%) reported NOV/2012

increased pain during the normal working day . Regarding nutritional status, 61% were classified as eutrophic and 36% had some degree of obesity. It is concluded that the lack of security can lead to losses in health and work environment, increasing rates of absenteeism for illnesses and accidents at work, reducing productivity.

Introdução

A preocupação com a saúde do colaborador de Unidades de Alimentação de Nutrição (UANs) começou a surgir no setor de alimentação coletiva a partir de uma maior conscientização da existência da relação das condições de trabalho e saúde com o desempenho e a produtividade (MATOS; PROENÇA, 2003). Estudos demonstram que a garantia da qualidade de saúde do trabalhador produz efeitos significativos para a redução dos acidentes de trabalho, melhora na qualidade de vida, redução dos casos de Lesão por Esforços Repetitivos (LER) relacionadas ao Trabalho e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), prevenção da fadiga muscular e articular, correção de vícios posturais, diminuição do absenteísmo e incidência de doenças ocupacionais, além de aumento da autoestima, disposição para o trabalho e melhora da consciência corporal (SANTOS, 2003). Essas patologias (LER, DORT, fadiga) são responsáveis por 80% das doenças ocupacionais no Brasil e, por isso, precisam da atenção por profissionais de diversas áreas na busca de estratégias que visem à prevenção das mesmas, já que podem se tornar patologias crônicas, gerando prejuízos pessoais e sociais para as empresas (LOUnutrição em pauta |

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Nutrição

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Avaliação do Perfil Ergonômico e Nutricional de Colaboradores em uma Unidade de Alimentação e Nutrição no Município de Araguari - MG

RENÇO et al, 2006). tebral (MATOS, 2000), ou seja, indivíduos com Índice de A rotina dentro de uma UAN exige muito dos coMassa Corporal (IMC) elevado sentem maior desconforlaboradores, pois estes muitas vezes trabalham em ritmo to e dores relacionadas à prática de suas atividades de trae esforço intenso, ficando em pé por muitas horas e exerbalho do que indivíduos com IMC adequado (MATOS; cendo movimentos repePROENÇA, 2003). titivos, às vezes em posPesquisa demonsabreu; spinelli, 2001 tura inadequada, e, apesar trou que os colaboradores observa-se frequentemente nas dos avanços tecnológicos de Unidades de AlimenUANs esta maior exigência de produtiincorporados às UANs, tação e Nutrição tendem vidade em tempo limitado, porém muitas estudos demonstram que a aumentar o seu IMC vezes as condições de trabalho são limias áreas de preparo das após o início da atividade tadas, com problemas ergonômicos nas refeições são insalubres, na unidade, como conseáreas operacionais ou até mesmo no deapresentando muito ruído, quência da natureza do sempenho das tarefas.” calor, alta umidade, ilumitrabalho acompanhada nação deficiente e espaço de uma mudança de hábifísico inadequado, com tos alimentares (MATOS; matos, 2000 instalações muitas vezes PROENÇA, 2003). Este faO estado nutricional dos indivíduprecárias (COLARES; tor se torna especialmente os também pode interferir diretamente FREITAS, 2007). Além preocupante ao considena sua condição de trabalho, pois o excesdisso, os colaboradores rar-se que o aumento do so de peso pode contribuir para tornar as sofrem a pressão tempoIMC, mais especificadaral da produção, necesatividades mais desgastantes, gerando mente a obesidade, está sitando ajustarem-se aos uma sobrecarga à coluna vertebral.” diretamente relacionado horários de distribuição com a maior predispodas refeições, condiciosição para o surgimento mahan; stump, 2002 nando e/ou modificando de doenças crônicas não (...) o aumento do IMC, mais especonstantemente suas rotransmissíveis (DCNT), cificadamente a obesidade, está diretatinas operacionais e até tais como: hipertensão ara jornada de trabalho, a mente relacionado com a maior predisterial, doenças cardiovasfim de atender a demanda posição para o surgimento de doenças culares, diabetes mellitus (MONTEIRO, 2009). tipo II, acidente vascular crônicas não transmissíveis (DCNT), tais Segundo Abreu; cerebral e certos tipos de como: hipertensão arterial, doenças carSpinelli (2001), observa-se câncer, que atualmente diovasculares, diabetes mellitus tipo II, frequentemente nas UANs afetam milhares de pesacidente vascular cerebral e certos tiesta maior exigência de soas em todo o mundo, às pos de câncer, que atualmente afetam produtividade em tempo vezes incapacitando os inmilhares de pessoas em todo o mundo, às limitado, porém muitas divíduos para suas atividavezes incapacitando os indivíduos para vezes as condições de trades de trabalho (MAHAN; suas atividades de trabalho.” balho são limitadas, com STUMP, 2002). problemas ergonômicos Diante desses fatonas áreas operacionais ou até mesmo no desempenho das res, o cuidado com a ergonomia e com o estado nutritarefas. cional exercem papel importante dentro de uma UAN O estado nutricional dos indivíduos também pode para a saúde do trabalhador. A ergonomia é a ciência interferir diretamente na sua condição de trabalho, pois o que estuda a relação entre o homem e o ambiente de excesso de peso pode contribuir para tornar as atividades trabalho, objetivando torná-lo seguro para a saúde do mais desgastantes, gerando uma sobrecarga à coluna vercolaborador, para que este tenha um bom desempenho

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Ergonomic Assessment and Nutritional Profile of Employees in a Food and Nutrition Unit in the Municipality of Araguari - MG e qualidade de vida (MONTEIRO, 2009). Ainda segundo Laville (1977), a ergonomia é considerada um corpo de conhecimentos científicos que permite atuar sobre as condições de trabalho. Como em toda situação de trabalho, convergem problemas não só de natureza fisiológica e psicológica, mas também sociais, econômicos e técnicos. Os elementos da atuação do trabalho são considerados o campo de estudo da ergonomia. Segundo Monteiro (2009), a preocupação com a ergonomia por parte das empresas possibilita a redução da insatisfação do colaborador com o seu ambiente de trabalho, a redução do cansaço excessivo, o aumento da produtividade, a diminuição dos acidentes de trabalho, dos problemas de saúde, das taxas de rotatividade e de absenteísmo. Vale ressaltar que um planejamento físico adequado da UAN exerce influência positiva na operacionalização das refeições não somente do ponto de vista técnico e higiênico, mas através de uma melhor utilização dos recursos humanos, resultando em maior racionalização do trabalho e, consequentemente, menor fadiga (TEIXEIRA et al, 2000). Assim, considerando-se a integração das áreas de ergonomia e nutrição, este estudo objetivou analisar a relação entre as condições de trabalho e o perfil antropométrico de colaboradores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição, baseado no interesse de contribuir com a literatura sobre a situação ergonômica de trabalho e de riscos de doenças ocupacionais e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) destes colaboradores, visando intervenções futuras nesta classe profissional, no sentido de melhorar a qualidade de vida, bem como reduzir os custos com a saúde, melhorar a motivação, a produtividade, reduzir o absenteísmo e a rotatividade.

Metodologia

Trata-se de um estudo transversal desenvolvido com colaboradores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) na cidade de Araguari, MG, e aceito pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Atenas, Paracatu, MG. Para a coleta de dados, foi solicitada a autorização do nutricionista responsável através da assinatura do Termo de Autorização do Local da Pesquisa. Os colaboradores interessados em participar da pesquisa receberam e NOV/2012

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assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi aplicado um questionário ergonômico, a fim de avaliar os aspectos físicos, organizacionais e comportamentais, a presença de dores e as condições gerais do trabalho, sendo observada a presença de riscos inerentes à atividade de trabalho, tais como: repetitividade, transporte manual de cargas, má postura e ritmo de trabalho, além do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e recebimento de treinamentos em segurança do trabalho. Foi realizada também a aferição do peso e altura dos colaboradores para posterior cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), a fim de correlacionar a presença de dores com o excesso de peso corporal.

Resultados e Discussão

Participaram da pesquisa 28 colaboradores, sendo 19 mulheres e 9 homens, estando a maioria (50%) com faixa etária entre 18 e 29 anos e tempo de serviço menor que 1 ano, observando-se alta rotatividade de colaboradores na UAN em questão. Os resultados demonstraram que 93% dos colaboradores da UAN pesquisada não receberam/recebem treinamentos em segurança do trabalho. Para Piekarski; Cavina (2001), a ausência de treinamentos em segurança do trabalho aumenta os riscos de acidentes de trabalho no setor de alimentação coletiva, em especial, nos horários de maior fluxo de clientes em função do ritmo de trabalho ser mais acelerado. Diversos autores relatam altas incidências de acidentes de trabalho em UANs (FARIA et al, 1986; TEIXEIRA, 1992; REGO, 1994; LUCCA et al., 1993). Com relação aos aspectos físicos, apesar da maioria dos colaboradores da UAN considerarem a temperatura em seu ambiente de trabalho como boa, os resultados demonstraram que a maior queixa dos colaboradores entrevistados foi relacionada à sensação térmica, sendo que 77% relataram o calor como o maior motivo de incômodo, seguido pelo ruído (15%) e pela iluminação deficiente (8%). Para Silva (1995), a temperatura e a umidade ambiental influenciam diretamente no desempenho do trabalho humano, tanto sobre a produtividade quanto sobre os riscos de acidentes, e geralmente não se percebe um clima favorável em UANs. A inexistência de conforto térmico nas UANs pode causar cansaço, dor de cabeça, mal-estar, tontura, náuseas e vômitos e comprometer diretamente a produtividade, a qualidade do trabalho e a segurança do colaborador nutrição em pauta |

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horários entre os horários de pico na UAN e o horário de (REGO, 1994). Segundo Veiros (2002), apenas a ventilarefeição e descanso, sendo que muitas tarefas precisavam ção natural em uma UAN não é suficiente para manter a ser finalizadas a tempo para a distribuição. Em pesquisa temperatura adequada, sendo necessário realizar a renorealizada por Matos (2000) observou-se que os horários vação do ar e a liberação dos vapores para manter o condas refeições variaram de acordo com o ritmo das ativiforto térmico. De acordo com Ilda (1997), o tipo de unidades diárias, e que este exercia influência sobre o estado forme utilizado pelos colaboradores é fundamental para nutricional dos operadores, pois o intervalo longo entre amenizar o calor, sendo indicadas cores claras e tecidos as refeições proporcionava aumento do apetite, fazendo leves, porém sem esquecer que o uniforme deve ser adecom que estes consumissem alimentos hipercalóricos quado para o ambiente de produção de alimentos, uma durante os intervalos. Segundo Piekarski; Cavina (2001), vez que a higiene da manipulação é imprescindível. o fato de não realizarem Ao avaliar a incicorretamente o horário de dência de dor em relação teixeira et al, 2000 refeição e descanso é um ao trabalho, observouum planejamento físico adequado fator agravante para a jor-se que esta é maior enda UAN exerce influência positiva na openada de trabalho em UAN tre os colaboradores do racionalização das refeições não somente tornar-se mais árdua. sexo masculino, pois 56% do ponto de vista técnico e higiênico, mas Relacionado à frerelataram sentir algum através de uma melhor utilização dos quência de relatos de dodesconforto durante as recursos humanos, resultando em maior res por partes do corpo atividades pertinentes a racionalização do trabalho e, conseem relação ao trabalho, sua função. Entre os colaquentemente, menor fadiga.” observou-se em ambos boradores do sexo femios sexos que a maior frenino, 47% relataram dores quência de dores era nas relacionadas ao trabalho. piekarski; cavina, 2001 pernas (50%), seguida Ao serem questionados se a ausência de treinamentos em senas mulheres pela dor a dor aumentava durante a gurança do trabalho aumenta os riscos na coluna (37%) e postejornada de trabalho, a afirde acidentes de trabalho no setor de riormente, em ambos os mação foi realizada por alimentação coletiva, em especial, nos sexos, pela dor nos bra53% dos colaboradores do horários de maior fluxo de clientes em ços (18%); as mulheres sexo feminino e 33% do função do ritmo de trabalho ser mais relataram ainda dor nos sexo masculino, demonsacelerado. Diversos autores relatam alpunhos (11%) (Tabela trando que a dor relatada tas incidências de acidentes de trabalho 1). Estudo realizado por estava relacionada às ativiPiekarski; Cavina (2001) dades diárias desenvolviem UANs .” demonstrou que a dor das na UAN. nas costas era citada com Quando pesquisarego, 1994 maior frequência, seguido sobre a pausa obrigatóA inexistência de conforto térmida pela dor nos braços e ria para refeição e descanco nas UANs pode causar cansaço, dor de nas pernas, uma vez que so, observou-se que 75% cabeça, mal-estar, tontura, náuseas e vôpraticamente todo o trados colaboradores realizamitos e comprometer diretamente a probalho existente em UAN vam a mesma, porém 76% dutividade, a qualidade do trabalho e a exige ser realizado em pé relataram que esta pausa segurança do colaborador . ” e sem pausas. era de apenas 30 minutos, A dor nas costas 10% relataram que a pausa é caracterizada como lombalgia e pode ser causada pela era de uma hora e 14%, duas horas. Foi observado que a permanência na mesma postura por muito tempo de impossibilidade de realizar o horário de refeição e descanforma inadequada, seja em pé ou sentado. Outra grande so corretamente (uma hora) ocorria devido ao choque de

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Ergonomic Assessment and Nutritional Profile of Employees in a Food and Nutrition Unit in the Municipality of Araguari - MG causa da lombalgia é o levantamento de carga de maneira manual de forma errada e com frequência (PIEKARSKI; CAVINA, 2001). Uma vez que a maioria dos colaboradores da UAN (93%) relatou não receber treinamentos em segurança do trabalho, a ocorrência de posturas e de transporte de cargas inadequadas torna-se maior. Em outra pesquisa realizada por Lourenço et al, (2006) demonstrou-se que a maior queixa de dor foi em relação à coluna (29%), seguida de dores nas mãos (23%), nas pernas (20%) e nos braços (14%). Segundo os autores, a dor na coluna estava relacionada ao carregamento de peso e à postura inadequada; a dor nas mãos podia estar relacionada à execução de tarefas repetitivas, e a dor nas pernas relacionada ao longo tempo de permanência em pé. Tabela 1. Caracterização da frequência de relatos de dores em relação ao trabalho por partes do corpo segundo colaboradores de uma UAN no município de Araguari, MG, setembro de 2011. Variável

Feminino

Masculino

Total

%

N

%

N

%

N

Ombros

5

1

0

0

4

1

Braços

21

4

11

1

18

5

Coluna

37

7

0

0

25

7

Mãos

5

1

0

0

4

1

Punhos

11

2

0

0

7

Coxas

5

1

0

0

Quadril

5

1

0

Pernas

58

11

Tornozelos/Pés

5

1

Por Viviane L. de Melo Curi, Iana de Souza R. Tavares e Viviane Oliveira da Cunha

2003; LOURENÇO et al, 2006). Embora os valores de IMC sirvam como critério para definir a obesidade em populações, o seu emprego deve ser cauteloso, uma vez que esse índice não mede o excesso de massa gorda. Ainda assim, foi observado que 36% dos colaboradores apresentaram algum grau de obesidade, o que já indica a necessidade de intervenção nutricional. Não foi encontrada relação entre o excesso de peso e a presença de dores, uma vez que a maioria dos colaboradores era eutrófica. Mesmo assim, foi encontrado grande percentual de colaboradores com queixas de dores nas pernas, coluna e braços, similar à pesquisa realizada por Lourenço et al, (2006), na qual a maioria dos colaboradores sentia dores e também era eutrófica, levando-se à conclusão de que as dores podiam ser explicadas pelo longo período em pé e pela falta de equipamentos adequados para corte dos alimentos, devido à ausência de apoio para coluna durante o pré-preparo das refeições. Tabela 2. Caracterização do estado nutricional, segundo o Índice de Massa Corpórea, de colaboradores de uma UAN no município de Araguari, MG, setembro de 2011. Variável

Feminino

Masculino

Total

%

N

%

N

%

N

Desnutrição Leve

0

0

11

1

4

1

2

Eutrófico

59

11

67

6

61

17

4

1

Sobrepeso

5

1

0

0

4

1

0

4

1

Pré-obesidade

26

5

22

2

25

7

33

3

50

14

Obesidade Grau I

10

2

0

0

7

2

0

0

4

1

Ao avaliar os parâmetros antropométricos dos colaboradores da UAN para posterior cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), verificou-se que 59% dos colaboradores do sexo feminino e 67% do sexo masculino encontravam-se com peso adequado para a altura (eutróficos); 26% do sexo feminino e 22% do sexo masculino encontravam-se com pré-obesidade; 10% do sexo feminino encontravam-se com obesidade grau I e 5%, com sobrepeso (Tabela 02). Totalizando, observou-se que a maioria (61%), apresentou o peso adequado para a sua altura, o que não refletiu o quadro atual ao avaliar a maioria das pesquisas realizadas em UANs no Brasil, uma vez que diversos estudos encontraram alta porcentagem de sobrepeso e obesidade entre os colaboradores de UAN (ESCOBAR, 2009; PAIVA; CRUZ, 2009; MATOS; PROENÇA, NOV/2012

food

Conclusão

A partir dos resultados supracitados, pode-se concluir que existem diversas falhas relacionadas à segurança e ergonomia do trabalho na UAN. Não foi encontrada relação entre o excesso de peso e as dores relatadas. Uma vez que não há treinamentos periódicos em segurança do trabalho, as dores citadas com mais frequência podem estar relacionadas a posturas inadequadas, ao transporte manual de cargas feito de forma incorreta e à permanência por longos períodos em pé ou sentado na mesma posição. A ausência do tempo correto para refeição e descanso acarreta maior desconforto aos colaboradores, tornando importante adequar os horários de refeição dos colaboradores, para evitar manifestações decorrentes da nutrição em pauta |

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falta de alimentação ou de longos períodos sem se alimentar, como forma de prevenir eventuais fadigas e tonturas, acidentes de trabalho e queda da produtividade. Evidencia-se que a falta de segurança pode levar a prejuízos na saúde e no ambiente de trabalho, aumentando os índices de afastamentos por doenças e de acidentes de trabalho, reduzindo a produtividade. Assim, verifica-se a importância do profissional nutricionista que atua na área de alimentação coletiva dar atenção à promoção da saúde em suas ações de gerenciamento, abrangendo as preocupações com as condições de trabalho e segurança de seus colaboradores, a partir da análise das condições físicas, ambientais e organizacionais, além do estado nutricional dos mesmos, compreendendo melhor o processo de trabalho do ponto de vista da saúde, garantindo saúde, bem-estar e alta produtividade na UAN.

Sobre os autores

Dra. Viviane Luiz de Melo Curi Nutricionista Docente do curso de Nutrição da Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC, Araguari, MG. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UNIPAC, Araguari, MG; Pós-graduanda em Nutrição: Administração e Qualidade em UAN pelo Instituto Passo 1, Grupo Uniasselvi, Uberlândia, MG. Dra. Iana de Souza Reis Tavares Nutricionista graduada pela Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC, Araguari, MG; Pós-graduanda em Nutrição: Administração e Qualidade em UAN pelo Instituto Passo 1, Grupo Uniasselvi, Uberlândia, MG. Dra. Viviane Oliveira da Cunha Nutricionista graduada pela Nutrição pela Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC, Araguari, MG; Nutricionista pela Prefeitura Municipal de Morrinhos/GO. Palavras-chave: ergonomia, estado nutricional, saúde. Keywords: ergonomics, nutritional state, health. Recebido: 22/5/2012 – Aprovado: 5/10/2012

Referências

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Accuracy Analysis of the Label Information Regarding the C Vitamin Content on Orange Juices and Processed Solid Juices.

funcionais Por Elenice Teresinha Lazzaretti Segat e Márcia Keller Alves

Análise da Veracidade da Informação Referente ao Teor de Vitamina C Contida no Rótulo de Sucos de Laranja Industrializados e Preparados Sólidos para Refresco O teor mínimo de vitamina C estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento é de 25mg/100mL de suco de laranja. A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos é um direito do consumidor, diretamente relacionado com a fidedignidade da informação contida no rótulo. Objetivou-se analisar a veracidade da informação referente ao teor de vitamina C contida no rótulo de 14 amostras de suco de laranja sob diferentes formas de apresentação. O teor de vitamina C, determinado pelo método de Tillmans, diferenciou-se entre as amostras em percentuais que variaram de 1% a 79%, quando comparados com as informações do rótulo. Os sucos de fruta in natura encontram-se em conformidade com a legislação vigente. Conclui-se que as informações de alguns rótulos não apresentavam dados que correspondiam ao valor encontrado. Cabe aos órgãos competentes fiscalizar e comprovar a veracidade destas informações, pois é através deles que os consumidores escolhem os produtos. The minimum content of C vitamin allowed by Brazilian Ministry of Agriculture and Food Supply is 25mg per 100mL of orange juice. The adequate and clear information about the different products is a consumer right, directly related to the reliability of the information contained on the label. This work objective was to examine the information accuracy in regard to the content of C vitamin on the label of 14 samples of orange juices in different forms of presentation. The results for the measured C vitamin content, determined by Tillmans’s method, presented differences from 1% to 79% when compared to the label information. Nevertheless the fresh fruit juices are in accordance with current legislation. NOV/2012

It was concluded that the information of some labels didn’t match with the experimentally determined. It is a task for competent government bureaus to supervise and check the accuracy of this information once it is through them that consumers choose their products.

Introdução

O ácido ascórbico ou vitamina C é imprescindível na alimentação dos seres humanos, pois, devido à sua capacidade de ceder e receber elétrons, desenvolve um papel essencial como antioxidante, reciclador de vitamina E, participa da absorção e metabolismo do ferro no trato intestinal e atua na função imunológica (AMARO, 2005; SILVA; COZZOLINO apud COZZOLINO, 2005). É um dos nutrientes mais frágeis encontrados nas frutas e vegetais, sendo usado como parâmetro de qualidade nutricional, devido à degradação de seu processamento e estocagem (SILVA et al., 2005). A laranja é um dos alimentos que concentra grande quantidade de vitamina C (GARCIA et al., 2008), e o seu suco é consumido por populações de diferentes culturas e hábitos alimentares (DANIELI et al., 2009), podendo ser encontrado em diferentes formas comerciais (pó, líquido, concentrado e congelado) nas prateleiras de supermercados. A maior parte dos sucos industrializados apresenta em seu rótulo ou embalagem os dizeres “fonte de vitamina C”, cujos teores são apresentados na tabela de informações nutricionais do produto. No entanto, o regulamento técnico para fixação dos padrões de identidade e qualidade para suco de laranja in natura estipula o limite mínimo para teor de ácido ascórbico 25mg/100mL (BRASIL, 2000). Tendo em vista que a legislação nem sempre é conhecida pelo consumidor, que no momento da compra avalia o produto somente pelas informações presentes no nutrição em pauta |

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Nutrição

Análise da Veracidade da Informação Referente ao Teor de Vitamina C Contida no Rótulo de Sucos de Laranja Industrializados e Preparados Sólidos para Refresco

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EM PAUTA

rótulo, o objetivo deste trabalho é analisar a veracidade da informação do teor de vitamina C presente nas diferentes formas de apresentação de sucos de laranja.

Metodologia

O experimento foi realizado no laboratório de Ciências Biológicas da Faculdade Nossa Senhora de Fátima – Caxias do Sul. Três amostras de suco pronto para consumo de embalagem Tetra-Pak, duas amostras de suco pronto para consumo de garrafa plástica, uma amostra de suco concentrado de garrafa de vidro, duas amostras de suco concentrado e congelado em lata e seis amostras de preparado sólido para refresco foram adquiridas em mercados varejistas da cidade de Caxias do Sul, Brasil e transportadas para o laboratório. O teor de ácido ascórbico foi determinado em duplicata pelo método Tillmans (titulométrico) (AOAC, 1990), modificado por Zenebon (2008), que se baseia na redução de 2,6-diclorofenol-indofenol pelo ácido ascórbico. A padronização do método foi feita através da titulação de uma quantidade conhecida de ácido ascórbico. Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico por 100mL de suco. Os resultados obtidos da titulação foram comparados aos dados descritos no rótulo do produto, de forma a conhecer a diferença percentual entre o encontrado e o declarado. Além disso, foi comparado o valor encontrado com o que é recomendando pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) (25mg/100mL de suco).

Resultados

A tabela 2 mostra a comparação entre o teor de vitamina C encontrado após a titulação e teor declarado no rótulo das 14 amostras, apontando os percentuais de adequação entre estes dois dados. Para o cálculo, foi usado como padrão o teor de vitamina C encontrado na titulação (considerado 100%) e avaliado o percentual de adequação do rótulo, comparando o valor descrito na informação nutricional com o teor encontrado na análise. Tabela 2: Percentual de adequação dos rótulos de diferentes formas de apresentação de sucos de laranja quanto ao teor de vitamina C (mg/100mL) encontrado após a titulação. Caxias do Sul, maio de 2011. Vitamina C (mg/100mL) Amostras

Rótulo (mg)

Encontrado (mg)

Percentual de adequação (%)

1

34,5

34,0

101

2

30,0

32,0

94

3

20,0

23,0

87

4

38,0

43,0

88

5

35,0

42,0

83

6

9,0

16,0

56

7

45,0

33,0

136

8

10,0

7,0

143

9

3,4

5,0

68

10

15,0

14,0

107

11

7,5

7,0

107

12

7,5

8,0

94

13

6,8

9,0

76

14

3,3

6,0

56

As análises realizadas nas 14 amostras de suco revelaram que houve uma variação de teor de vitamina C de acordo com a marca e o seu processo de fabricação. Na Tabela 1 está descrito o teor médio de vitamina C encontrado nas diferentes formas de apresentação dos sucos de laranja analisados.

A Tabela 3 apresenta o teor médio de vitamina C encontrado e declarado no rótulo dos sucos naturais, de forma a comparar com a legislação vigente referente ao teor de vitamina C mínimo obrigatório (25mg/100mL).

Tabela 1: Teor médio de vitamina C (mg/100mL) em diferentes formas de apresentação de sucos de laranja. Caxias do Sul, maio de 2011.

Tabela 3: Teor médio de vitamina C (mg/100mL) de sucos de laranja in natura e comparação com a legislação vigente. Caxias do Sul, maio de 2011.

Amostras

Vitamina C (mg/100mL)

Amostra

Teor no Teor Valor Rótulo Encontrado Referência (mg/100mL) (mg/100mL) (mg/100mL)

Diferença (%)

Rótulo

Encontrado

Néctar

28 ± 7

30 ± 6

4

38,0

43,0

25,0

72

Suco in natura

37 ± 2

43 ± 1

5

35,0

42,0

25,0

68

Preparado sólido

7±4

8±3

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| nutrição em pauta

nutricaoempauta.com.br


Accuracy Analysis of the Label Information Regarding the C Vitamin Content on Orange Juices and Processed Solid Juices.

Discussão

Neste trabalho o teor de ácido ascórbico entre os sucos industrializados sabor laranja foi bastante diferente. A marca 8, referente a suco congelado, apresentou o menor teor de vitamina C entre todos os sucos e teor encontrado menor do que está no rótulo. Entre as justificativas para este resultado podem estar a diluição do produto, a demora do congelamento (CIABOTTI; BRAGA; MATA, 2000), tratamento térmico e contato com oxigênio pré-embalagem e presença de oxigênio residual na embalagem, tempo e temperatura de estocagem (NETO; FARIA,1999). Segundo Teixeira; Monteiro (2006), o ácido ascórbico é degradado com facilidade, devido, principalmente, ao tipo de processamento, estocagem, embalagem, presença de oxigênio e/ou luz, entre outros. Ciabotti; Braga; Mata (2000), em estudo realizado com suco de maracujá congelado, observaram uma redução de vitamina C entre 3,51% e 11,65%. Pedrão et al. (1999), em estudo realizado com suco de limão natural e adoçado congelado por 60 dias, observaram que os sucos não obtiveram perda significativa de vitamina C, comparados com o suco de limão fresco (34mg/100mL). Os sucos das marcas 7 e 8, avaliados no presente estudo, tiveram uma redução percentual maior, variando entre 27% e 30%, respectivamente. Os sucos de laranja in natura apresentaram teores de ácido ascórbico acima do especificado no rótulo e estão de acordo com a legislação vigente no que se refere ao teor mínimo de vitamina C para este tipo de produto. Alves et al., (2008) obtiveram valor superior aos encontrados no presente estudo, com teor médio de 49,62mg/100mL, enquanto Silva; Lopes; Valente-Mesquita (2006) e Ruschet et al. (2001) encontraram como resultado teores inferiores de vitamina C em suco natural: 32,49mg/100mL e 32,11mg/100mL, respectivamente. Tendo como base de investigação a ingestão dietética de referência (IDR, 2000) para homens adultos a partir de 19 anos (90mg) e mulheres adultas a partir de 19 anos (75mg), seria necessária a ingestão de volumes que variam de 1 copo a 5 copos, conforme o tipo de suco. Desta forma, para atingir a Ingestão Diária Recomendada (IDR), seria necessário que homens e mulheres ingerissem 321mL e 267mL de néctar, 243mL e 202mL de suco in natura e 1125mL e 937mL de sucos obtidos a partir de preparados sólidos, respectivamente. Os resultados revelam, portanto, que a ingestão NOV/2012

funcionais Por Elenice Teresinha Lazzaretti Segat e Márcia Keller Alves

de um volume pequeno de alguns tipos de suco pode ser suficiente para atingir a IDR, o que difere do estudo de Silva et al. (2005), que, ao analisar 11 amostras de preparados sólidos, concluiu que seria necessária a ingestão de 4 copos (800mL) a 67 copos (13.400mL) de refresco para suprir o valor de referência. Nos rótulos de preparados em pó consta o dizer ”fonte de vitamina C”. No entanto, após o preparo de suco, o teor de vitamina C é muito baixo, o que pode levar o consumidor a comprar o produto baseado na informação do rótulo. Silva et al. (2005) mostraram que, embora amostras estudadas contivessem a descrição na embalagem de que o produto recebeu adição de ácido ascórbico, este teor era muito baixo, o que pode conduzir o consumidor ao erro. Caleguer et al. (2006) avaliaram o teor de vitamina C em amostras de refrescos sólidos e observaram uma variação muito grande entre as amostras, que variavam de 29,9mg/ml a 4,3mg/ml, considerando-se os produtos que mencionavam no rótulo a presença de ácido ascórbico. Na embalagem da amostra 9 consta a informação “contém mix de vitaminas A, C e ferro e que contribui para o desenvolvimento físico e mental”. Coutinho; Recine (2007), em estudo para verificar as alegações nutricionais permitidas em rotulagem de alimentos, concluíram que essas alegações à saúde podem por vezes ser prejudiciais, uma vez que pouco ainda se entende o papel dessas alegações na orientação à escolha de determinados produtos. O consumidor, ao saber da importância da vitamina C, tenderá a escolher um determinado produto que refira em seu rótulo à presença desta vitamina. No entanto, quando um produto apresenta teores de vitamina C diferentes do que refere a embalagem, pode haver prejuízos à saúde do consumidor. O consumo de vitamina C em excesso pode causar diarreia osmótica, desconforto intestinal e cálculos renais (RIOS; PENTEADO apud PENTEADO, 2003, RODELLI; BENTO; DENARDE, 2009), enquanto que a carência desta vitamina pode causar mal-estar, irritabilidade, hemorragias nasais, petéquias, distúrbios emocionais, altralgias, entre outros. (RODELLI; BENTO; DENARDE, 2009). MARINS; JACOBOB; PERES (2008), ao analisarem os hábitos de consumidores referentes à leitura e entendimento de rótulos e à cofiança no produto, mostraram que aproximadamente 24% dos entrevistados informaram não confiar nas informações contidas nos mesmos, por acreditarem na omissão por nutrição em pauta |

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Nutrição

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EM PAUTA

Análise da Veracidade da Informação Referente ao Teor de Vitamina C Contida no Rótulo de Sucos de Laranja Industrializados e Preparados Sólidos para Refresco

parte das indústrias e não fiscalização dos órgãos competentes. O Código de Defesa ao consumidor, lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, Art. 6o inciso lll, determina que “A informação deve ser adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.” (BRASIL, 1990). As informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos, sobre quantidade e qualidade dos alimentos, são de fundamental importância. A disponibilização de informações corretas e adequadas ao consumidor pode contribuir com a seleção apropriada das escolhas alimentares, podendo assim cooperar para a promoção da saúde (COUTINHO; RECINE, 2007).

Conclusão

De acordo com as análises realizadas na determinação de vitamina C em amostras de suco de laranja industrializadas, os resultados obtidos permitem concluir que as amostras dos sucos apresentaram quantidades diferentes de ácido ascórbico, entre 1% e 79%, quando comparadas às informações descritas no rótulo. As informações contidas nos rótulos devem apresentar dados verídicos, pois é através deles que os consumidores escolhem os produtos, e cabe aos órgãos competentes fiscalizar e comprovar a veracidade destas informações.

Sobre os autores

Elenice Teresinha Lazzaretti Segat - Acadêmica do curso de Nutrição da Faculdade Nossa Senhora de Fátima. Profa. Dra. Márcia Keller Alves - Nutricionista, Mestre em Biologia Celular e Molecular, Docente do curso de Nutrição da Faculdade Nossa Senhora de Fátima. Palavras-chave: ácido ascórbico, sucos, rotulagem de alimentos. Keywords: ascorbic acid, fruit juices, food labeling. Recebido: 9/11/2011 – Aprovado: 3/10/2012

Referências

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| nutrição em pauta

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Evaluation of the use of food supplement in a maternity room of a teaching hospital

hospitalar Por Josilene M. F. Pinheiro, Weskley César da Silva R., Amanda de Conceição L. Mendes, Thaíz M. Sureira e Flávia A. P. S. dos Santos

Avaliação da Utilização de Suplemento Alimentar em Alojamento Conjunto de Um Hospital de Ensino O estudo objetivou avaliar os fatores associados à indicação de suplemento alimentar para recém-nascido no alojamento conjunto. Para tanto, foi desenvolvido um estudo transversal, realizado em um hospital de referência na assistência materno infantil. A amostra foi composta por 61 puérperas e 62 recém-nascidos que receberam indicação de suplemento alimentar nas primeiras horas de vida. Destes, 45 (73%) eram de baixo risco, não se enquadrando na classificação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC). Em relação às justificativas para indicação, a hipogalactia foi a mais presente. O parto cesárea teve correlação significativa (p<0,0001) com a indicação de suplemento. Com base nos achados, vê-se a necessidade de uma avaliação mais criteriosa por parte dos profissionais de saúde, levando-se em consideração a fisiologia da lactação para a não utilização de suplemento. Assim, torna-se necessário a determinação de normas para suplementação, bem como rever as condutas de fortalecimento do aleitamento materno exclusivo. The study was to assess the factors associated with the food supplement indication for newborns in the maternity room. Therefore, a cross-sectional stud was developed and carried out in a reference hospital in mother-infant care. The sample was composed of 61 mothers and 62 newborns who received food supplement indications in their first hours of life. Of these, 45 (73%) were low risk, not falling in the Baby-Friendly Hospital Initiative (BFHI) classification. In relation to the justifications for the indication, hypogalactia was more frequently present. The cesarean delivery was significantly correlated (p<0.0001) with the supplement indication. Based on the findings, one can see the need for a more careful evaluation on behalf of health professionals, NOV/2012

taking into consideration the physiology of the lactation for non-use of the supplement. Thus, it becomes necessary for the determination of standards for supplementation, as well as revising the conduct for reinforcing exclusive breastfeeding.

Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (1989), a amamentação deve ser iniciada na primeira hora de vida, se a mãe e o recém-nascido (RN) estiverem em boas condições de saúde. O aleitamento materno fornece nutrientes ideais para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança e promove o contato pele a pele com mãe, favorecendo biológica e emocionalmente a saúde de ambos, mas que pode ser influenciado por fatores sociais e culturais. Ações educativas no período gravídico/puerperal são determinantes na eficácia e duração da amamentação, dependendo do preparo técnico, das emoções da mãe e do comportamento das pessoas que a cercam (GAIVA; MEDEIROS, 2006) Inúmeros programas governamentais foram criados com o objetivo de incentivar o aleitamento materno. Vale ressaltar que o passo 6 dos 10 passos para sucesso do aleitamento materno da Iniciativa Hospital Amigo da Criança consiste em: não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica (UNICEF, 1993). No entanto, apesar das inúmeras evidências sobre os benefícios da amamentação nas primeiras horas de vida do recém-nascido, é comum a oferta de suplemento alimentar. Entre as justificativas para introdução precoce de líquidos, que não seja o leite materno exclusivo da mãe, estão a hipogalactia (baixa produção de leite) e a condição de risco para hipoglicemia, como descrito na literatura (MEIRELLES; et al., 2008). Estudos realizados pela OMS (1989) mostram que a convicção de não ter leite suficiente é um dos fatores mais relatados pelas mães para internutrição em pauta |

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Nutrição

R

EM PAUTA

Avaliação da Utilização de Suplemento Alimentar em Alojamento Conjunto de Um Hospital de Ensino

tes variáveis: estado nutricional da criança, idade da mãe, romper o aleitamento materno. São raras as exceções em tipo de parto e a justificativa da indicação do suplemento. que o recém-nascido precisa desse suplemento. A IniciaAs informações foram coletadas do banco de dados tiva Hospital Amigo da Criança (IHAC) preconiza como da instituição e de formulário específico do lactário. O esindicações: a prematuridade (RN < 32 semanas), o baixo tado nutricional da mãe foi avaliado a partir dos índices peso ao nascer (<1,5kg), os erros inatos do metabolismo, o de massa corporal (IMC) pré-gestacional. A classificação risco de hipoglicemia (RN macrossômico, com baixo peso nutricional considerou os pontos de corte da OMS (1995), ou filhos de mães com diabetes), a mãe apresentar alguma em que os critérios utilizados são: baixo peso IMC < 18,5 doença grave ou que esteja tomando algum medicamento kg/m², eutrofia IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m², excesso de contraindicado na amamentação, e que seja Human Impeso IMC na faixa de 25,0 a 29,9 kg/m² e obesidade IMC > munodeficiency Virus (HIV) soropositiva (UNICEF, 1993). 30,0 kg/m². Foram avaliadas as mães cujos dados estavam A indicação de suplemento com objetivo de evitar uma disponíveis. O estado nutricional do RN foi avaliado sehipoglicemia é muito frequente em recém-nascidos de gundo a classificação de Ramos (1983), que utiliza peso ao baixo risco (PINTO; et al., 1996), mesmo sem apresentar nascer e idade gestacional, considerando-se: Pequeno para sintomas clínicos. A Academia Americana de Pediatria e Idade Gestacional (PIG) a Organização Mundial de < percentil 10, Adequado Saúde recomendam a reagaiva; medeiros, 2006 para Idade Gestacional lização de testes somente O aleitamento materno forne(AIG) entre os percenem RN classificados em ce nutrientes ideais para o crescimento tis 10 e 90 e Grande para riscos ou em sintomáticos, e desenvolvimento saudável da crianIdade Gestacional (GIG) > pois consideram danoso, ça e promove o contato pele a pele com percentil 90. embora seja aplicado em mãe, favorecendo biológica e emocioA análise dos dados muitos serviços (FREITA; nalmente a saúde de ambos, mas que pode foi feita pelo programa MATOS; KIMURA, 2010). ser influenciado por fatores sociais e GraphPad InStat, consideDevido à granculturais. Ações educativas no período rando α<0,05 por meio dos de quantidade de suplegravídico/puerperal são determinantes testes não-para-méricos mento solicitado ao setor na eficácia e duração da amamentação, (Qui-quadrado, Fisher e de lactário e mediante o dependendo do preparo técnico, das emoPearson). propósito do estudo, este ções da mãe e do comportamento das pesEste estudo foi trabalho tem como obsoas que a cercam.” aprovado pela Comissão jetivo avaliar os fatores de Ética em Pesquisa do associados à indicação de Hospital Universitário Ana Bezerra/UFRN, recebendo suplemento alimentar para recém-nascido no alojamento carta de anuência no 18/2011. conjunto de uma instituição de ensino.

Metodologia

Trata-se de um estudo do tipo descritivo, transversal e exploratório, não probabilístico por conveniência, de natureza quantitativa, realizado no período de maio a novembro de 2011 em um hospital de referência na assistência materno infantil do interior do Rio Grande do Norte, sendo utilizados apenas registros secundários do banco de dados da instituição. Foram adotados como critérios de inclusão, registro de dados das díades do alojamento conjunto, cujos recém-nascidos receberam indicação de uso de suplemento alimentar. No total, a amostra foi composta por 62 crianças e 61 puérperas. Foram estudadas as seguin-

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| nutrição em pauta

Resultados

Durante o período de estudo foram avaliados, traçando o perfil da clientela, conforme apresentado na tabela 1, a indicação de suplemento (tabela 2) em 62 crianças, sendo que 45 (73%) eram de baixo risco, não se enquadrando na classificação da IHAC (UNICEF, 1993). Quando avaliado o estado nutricional pré-gestacional das mães (46/61), 4,3% destas encontravam-se com baixo-peso, 50%, em eutrofia, 26%, com excesso de peso e 19,6%, com obesidade. Em relação ao estado nutricional ao nascer dos RN, 4,8% eram considerados PIG, 77,4%, AIG e 17,7%, GIG. Fatores estes que podem influenciar na duração e nutricaoempauta.com.br


hospitalar

Evaluation of the use of food supplement in a maternity room of a teaching hospital

Por Josilene M. F. Pinheiro, Weskley César da Silva R., Amanda de Conceição L. Mendes, Thaíz M. Sureira e Flávia A. P. S. dos Santos

prevalência da amamentação, juntamente com o bom estado geral, as condições físicas e os sinais vitais do bebê (GIGANTE; VICTORA; BARROS, 2000). Tabela 1: Perfil materno e dos recém-nascidos com indicação de suplemento alimentar no alojamento conjunto. Santa Cruz/RN, 2011.

estudo, 38 receberam suplemento alimentar. Já dos 519 partos vaginais, somente em 24 adotou-se tal indicação. Tabela 2: Características da indicação do uso de suplemento no alojamento conjunto. Santa Cruz/RN, 2011. Características

Frequência N

% 46,8

Frequência

Motivo de indicação (n=62)

n

%

Hipogalactia

29

Agalactia

01

1,6

≤ 19

19

31,1

Sucção débil

08

12,9

>19 - ≤ 25

10

16,4

Bico invertido

03

4,8

>25 - ≤ 30

20

32,8

Bico plano

01

1,6

>30 - ≤ 35

7

11,5

Fissura da mama

01

1,6

>35

5

8,2

Gemelar

02

3,2

Baixo peso

02

3,2

Características Idades das Puérperas (n= 61)

Idade Gestacional: (n=61) ≤ 37

2

3,2

Macrossomia

07

11,3

>37 - < 42

4

6,6

Sepse

01

1,6

≥ 42

56

91,8

Fenda palatina

02

3,2

Lábio leporino

01

1,6

IMC Pré-gestacional (n=46/61) IMC < 18,5kg/m2 (Baixo peso)

2

4,3

Mãe drogadiça

01

1,6

IMC ≥ 18,5 - ≤ 25kg/m2 (Eutrófico)

23

50

Mãe com anemia grave

01

1,6

IMC > 25 - <30 kg/m2 (Excesso de peso)

12

26

Mãe com psicose

01

1,6

IMC ≥30 kg/m2 (Obesidade)

9

19,6

Mãe ausente

01

1,6

Normal ou Natural

23

37,7

Leite materno

08

12,9

Cesárea

38

62,3

Fórmula artificial de partida

54

87,1

Tipo de parto (n=61)

Tipo de leite (n=62)

Estado Nutricional do Recém-nascido (n=62) PIG

3

4,8

AIG

48

77,4

GIG

11

17,7

Os motivos de indicação relacionados à criança foram a macrossomia, sepse, lábio leporino, fenda palatina e ausência ou deficiência de sucção. Os relacionados à condição da mãe foram a hipogalactia (29/45), fissuras na mama, bico invertido, bico plano, psicose, uso de drogas e estado nutricional. Ao analisar a hipogalactia em relação à idade das mulheres, observou-se que há uma ocorrência proporcionalmente maior (11 de 14 sendo p=0,0453) na faixa etária de >19 – ≤28 anos em relação às demais faixas etárias: menores de 19 anos (9 de 19) e >28 anos (9 de 27). Foi verificado, porém, que há uma correlação significativa (p<0,0001) entre o tipo de parto e a indicação de uso de suplemento alimentar, sendo maior no parto cesárea, em que, dos 253 partos ocorridos no período de NOV/2012

Discussão

Os resultados evidenciam que a população estudada é composta de mães e recém-nascidos de baixo risco. No entanto, a maioria teve suplemento prescrito sem a devida indicação. A sucção do bebê é fundamental para estimular e proporcionar a continuidade da produção de leite. Assim sendo, a utilização de suplemento dificulta e reduz a produção de colostro, pois a criança sente-se satisfeita e, com isso, provoca uma diminuição da frequência e da efetividade da sucção (MEIRELLES; et al., 2008). Deste modo, a indicação por hipogalactia é inadequada para prescrição de suplemento, principalmente nas primeiras horas de vida, visto que a quantidade de leite é fisiologicamente pequena, pois ainda não ocorreu a apojadura, esperada entre 48 e 72 horas após o parto. Reforça-se, portanto, a necessidade de uma avaliação mais criteriosa no que diz respeito à indicação de suplemento por hipogalactia, principalmente para nutrição em pauta |

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Nutrição

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os recém-nascidos com menos de 24 horas de vida, quando a quantidade de leite materno na maioria das vezes ainda é insuficiente e a mama precisa do estímulo da sucção, o que não ocorrerá adequadamente se o bebê estiver satisfeito, em decorrência da administração do suplemento. Em relação ao tipo de parto, a cesárea recebeu um maior número de indicação de suplementos. No entanto, deve-se atentar devido ao fato da cesárea fisiologicamente demandar um tempo maior para a apojadura materna, assim como a posição pós-operatória dificulta a pega (CARVALHAES; CORRÊA, 2003). Esses achados podem sugerir que existe uma precipitação da prescrição de suplemento antes do surgimento de dificuldades que justifiquem tal indicação. Sabe-se que o melhor alimento para o recém-nascido é o leite materno devido às suas características nutricionais e imunológicas (BRASIL, 2010). Entretanto, podemos observar que a fórmula artificial de partida contribuiu com o maior percentual de utilização no estudo. Vale ressaltar que a instituição possui posto de coleta. No entanto, mesmo sendo referência na assistência materno infantil, não dispõe de banco de leite humano, o que dificulta a manutenção de estoque suficiente para atender as necessidades.

Conclusões

Sabe-se que, para alcançar o sucesso da prática de amamentar, é fundamental que a maternidade esteja em consonância com os padrões estabelecidos pela IHAC. No entanto, o estudo revelou fragilidades no passo 6 dos 10 passos para sucesso do aleitamento materno da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, que consiste em: não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha indicação clínica. Observaram-se, sobretudo, lacunas no que diz respeito às justificativas coerentes para o uso da fórmula artificial. Esses dados apontam para a necessidade de haver periodicamente monitoramento, supervisão e avaliação de atividades desenvolvidas, de modo a seguir as diretrizes recomendadas, na perspectiva de se poder assegurar a amamentação. Espera-se, com o estudo, chamar a atenção do profissional para a importância do seu papel na manutenção efetiva da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, levando-o a refletir sobre suas ações, de modo a possibilitar uma melhor avaliação para a indicação de suplemento ao recém-nascido no alojamento conjunto. Assim sendo, possibilitará a melhoria do serviço e beneficiará a população materno-infantil no que se refere aos benefícios do aleitamento materno exclusivo.

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Avaliação da Utilização de Suplemento Alimentar em Alojamento Conjunto de Um Hospital de Ensino Sobre os autores

Dra. Josilene Maria Ferreira Pinheiro – Nutricionista do Hospital Universitário Ana Bezerra/UFRN. Especialista em Alimentos, Nutrição e Saúde Pública – UFRN. Brasil. Dr. Weskley César da Silva Ribeiro – Nutricionista Residente da Residência Intergrada Multiprofissional em Saúde/UFRN. Brasil. Dra. Amanda de Conceição Leão Mendes – Nutricionista Residente da Residência Intergrada Multiprofissional em Saúde/UFRN. Brasil. Profa. Dra. Thaíz Matos Sureira – Professora/Coordenadora do Curso de Nutrição da FACISA/UFRN. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da UNIFESP/SP. Brasil. Flávia Andréia Pereira Soares dos Santos – Enfermeira Obstetra assistencial do Hospital Universitário Ana Bezerra/UFRN. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN. Brasil. Palavras-chave: suplementação alimentar; recém-nascido; aleitamento materno. Keywords: supplementary feeding; newborn; breast feeding. Recebido: 21/5/2012 – Aprovado: 1/10/2012

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. ENPACS: Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável: Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. Ministério da Saúde. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde. p.72, 2010. CARVALHAES, M.A.B.L; CORRÊA, C.R.H. Identificação de dificuldades no início do aleitamento materno mediante aplicação de protocolo. J Pediatr. vol. 79, n.1, 2003. FREITAS, P; MATOS, C.V, KIMURA, A.F. Perfil das mães de neonatos com controle glicêmico nas primeiras horas de vida. Rev Esc Enferm USP. n. 44, v.3, p.636-41, 2010. GAÍVA, M.A.M; MEDEIROS, L.S. Lactação insuficiente: uma proposta de atuação do enfermeiro. Ciência, Cuidado e Saúde. Maringá, n.2, v.5, p. 255-62, maio/ago. GIGANTE, D.P.I; VICTORA, C.G; BARROS, F.C. Nutrição materna e duração da amamentação em uma coorte de nascimento de Pelotas, RS. Rev. Saúde Pública. vol.34, n.3, p. 259-265, 2000. ISSN 0034-8910. MEIRELLES, C.A.B; et al. Jusficativas para uso de suplemento em recém-nascidos de baixo risco de um Hospital Amigo da Criança. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, n.24 v.9, p. 2001-12, Set, 2008. OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE; UNICEF. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 1989. PINTO, L.M; et al. Aleitamento exclusivo em alojamento conjunto: avaliação da incidência e das causas do uso de fórmula. Rev Ciênc Méd PUCCAMP. n.5, p.63-8, 1996. RAMOS, J.L.A. Avaliação do crescimento intra-uterino por medidas antropométricas do recém-nascido. São Paulo, 1983. 180p. Tese (Doutorado) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 1983. UNICEF - FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. Manejo e promoção do aleitamento materno: curso de 18 horas para equipes de maternidades. Brasília: Fundo das Nações Unidas para a Infância; 1993. WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. WHO Technical Report Series n. 854. Geneva: WHO, 1995. nutricaoempauta.com.br


pediatria

Parents’ knowledge about the relationship between honey and infant botulism.

Por Salete de Matos

Conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil Este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil. Foi elaborado um estudo quantitativo que teve como base a construção de um questionário, que foi aplicado a 50 pais/responsáveis antes do horário de atendimento pediátrico no posto de saúde Navegantes, pertencente à Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS. A análise estatística foi realizada por meio de tabelas, gráficos, medidas de posição e variabilidade. Participaram deste estudo 50 pais/responsáveis, com filhos com idade de zero a cinco anos. Verificou-se que 86% dos pais/responsáveis desconhecem a doença botulismo infantil, 76% não sabem que o mel pode veicular alguma doença e 52% dos pais oferecem ou já ofereceram mel a seu filho. No momento da pesquisa, 32% ainda ofereciam mel para seu filho. Verificou-se que a introdução do mel na alimentação da criança se dá, em média, aos 8 meses de idade. This study aimed to verify the parents’ knowledge about the relationship between honey and infant botulism. It was elaborated a quantitative study which was based on the construction of a questionnaire that was administered to 50 parents / responsible before the time of pediatric care in the Dispensary Navegantes, belonging to the Municipality of Porto Alegre/RS. Statistical analysis was performed using tables, graphs, measures of location and variability. Participated a total of 50 parents / responsible with children aged zero to five years. It was found that 86% of parents / responsible are unaware of the Infant Botulism disease, 76% do not know that honey may carry a disease and 52% of parents offer or have offered honey to his son. At the time of the survey 32% still offered honey to their children. It was found that the introduction of honey feeding the child is, on average, at 8.25 months of age.

NOV/2012

Introdução

O botulismo é uma doença grave, não contagiosa, resultante da ação de uma potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum (BRASIL, 2005). Esta toxina não apresenta odor ou sabor, não sendo detectável a sua presença no alimento (BABTISTA; ANTUNES, 2005; JAY, 2005). Apresenta-se sob três formas: botulismo alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo infantil, que atualmente é conhecido como botulismo intestinal. O local de produção da toxina botulínica é diferente em cada uma destas formas, porém todas se caracterizam clinicamente por manifestações neurológicas e/ou gastrintestinais (BRASIL, 2006). O botulismo intestinal ocorre pela ingestão de esporos presentes nos alimentos, e estes esporos botulínicos ingeridos germinam no trato intestinal onde a toxina é sintetizada. A doença pode ser suave em algumas crianças e grave em outras (JAY, 2005). O aspecto epidemiológico mais notável no botulismo infantil é sua distribuição etária (ARNON et al. 2009), em que ocorre com maior frequência em crianças com idade entre 3 e 26 semanas e, por isso, foi inicialmente denominado de botulismo infantil. Tem duração de duas a seis semanas, com a instalação dos sinais, e sintomas por uma a duas semanas (BRASIL, 2006). A doença pode se manifestar de forma assintomática, ou ocorrendo paralisia e até a morte súbita. A constipação é o principal e o primeiro sinal que aparece no botulismo intestinal (FARACE; CASTELLI, 2007).

jay, 2005 As crianças ingerem os esporos por meio de alimentos infantis e possivelmente do ambiente. Um dos alimentos vínculos mais comum no botulismo infantil é o mel”

nutrição em pauta |

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Nutrição

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EM PAUTA

Conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil.

mando seus hábitos alimentares que perpetuarão para a As crianças ingerem os esporos por meio de alivida toda. Sabe-se que os alimentos oferecidos com frementos infantis e possivelmente do ambiente. Um dos aliquência passam a fazer parte do hábito alimentar (BRAmentos vínculos mais comum no botulismo infantil é o SIL, 2009b). mel (JAY, 2005). No caso de suspeita de botulismo, clínicos e auto O mel, apesar de suas excelentes propriedades ridades de saúde pública devem desencadear uma comumedicinais e de seu valor calórico, tem sido implicado nicação rápida e efetiva para minimizar o risco de morte e como fonte alimentar que pode conter esporos de Clostrisequelas e para que o tratamento seja instituído precocedium botulinum (BRASIL, 2009a). E estes esporos podem mente (CVE, 2002). vir do ambiente, através de pólen e néctar depositado peO botulismo intestinal é considerado uma doença las abelhas, e pelas vestimentas e instrumentos utilizados de elevada letalidade e uma emergência médica, ocorrenpelos apicultores (CÓRDOVA L. et al., 2008). O mel é um do disfunção neurológica em que crianças pequenas não alimento consumido e conhecido desde a antiguidade conseguem se queixar ou se manifestar aos efeitos precopelo homem; é rodeado de misticismos, lendas e crenças ces. Portanto, é importante que os pais conheçam a pos(LENGLER, 2007). sibilidade da transmissão desta doença através de alguns Estudos mostram que muitas mães introduzem o alimentos que oferecem mel na alimentação dos aos seus filhos. O objetivo seus filhos antes mesmo CVE, 2002 deste trabalho foi verificar de completarem um ano No caso de suspeita de botulismo, o conhecimento dos pais de idade e muitas vezes clínicos e autoridades de saúde pública sobre a relação entre o mel substituem o tratamendevem desencadear uma comunicação ráe o botulismo infantil. to médico por soluções pida e efetiva para minimizar o risco de caseiras, como xaropes e morte e sequelas e para que o tratamento chás com mel (TOMEMétodos seja instituído precocemente. ” LERI; MARCON, 2009; Trata-se de um esBERNARDI; JORDÃO E tudo observacional descriBARROS, 2009; MELLO; FERRIANI, 1996). tivo e transversal. Para este estudo obteve-se uma amosOs bebês até os seis meses não têm necessidade tra intencional de 50 crianças com idades de 0 a 5 anos, de ingerir água ou chá, mesmo se o dia estiver quente que frequentaram o Centro de Saúde Navegantes no mês ou o bebê estiver com cólica, pois o leite materno conde setembro de 2010, onde os pais foram abordados ao tém todas as substâncias necessárias para que o bebê acaso. A entrevista foi realizada de 2ª a 6ª feira no turno cresça sadio fisicamente e mentalmente. Mamando no da tarde, por meio de um questionário desenvolvido pela peito até os seis meses, os bebês já estão se adaptando pesquisadora. Neste questionário foi investigado o conheaos alimentos da família, sendo assim mais fácil a introcimento dos pais sobre a doença (botulismo infantil); se dução de alimentos complementares no momento certo o mel pode veicular alguma doença; se oferecem mel na (SUCUPIRA, 2007). Não há vantagens em se iniciar os alimentação de seu filho; que forma e com que frequência alimentos complementares antes dos seis meses de vida, ocorre; e a idade em que foi feita esta introdução. podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança Foram incluídos neste estudo pais/ responsáveis de (BRASIL, 2009b). crianças de 0-5 anos, que concordaram e assinaram o terAmamentar os bebês imediatamente após o nascimo de consentimento livre e esclarecido e que estiveram mento pode reduzir 22% a mortalidade neonatal, aquela no posto de saúde para atendimento pediátrico. Para os que acontece até o 28º dia de vida, nos países em desenpais que tinham mais de um filho, o questionário foi aplivolvimento. No Brasil, do total de mortes de crianças cado em referência ao mais jovem. com menos de 1 ano de idade, 65,6% ocorrem no períoO Centro de Saúde Navegantes, pertence à Predo neonatal e 49,4% na primeira semana de vida (UNIfeitura Municipal de Porto Alegre, e o público atendido CEF, 2005). nessa Unidade de Saúde são moradores dos bairros NaveAntes do primeiro ano de vida, a criança está forgantes, São Geraldo e Anchieta. Os dados foram coletados

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Parents’ knowledge about the relationship between honey and infant botulism.

pediatria Por Salete de Matos

antes da consulta com a pediatria, em uma sala de atendimento cedida pelo Centro de Saúde, e ali foi aplicado o questionário, mantendo total privacidade do assunto. Este estudo foi precedido da autorização do pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, sob processo nº 001.0288810.10.4. Foi assinado um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que foi entregue aos entrevistados, e o uso dos dados foi somente para o previsto estudo, estando ciente em 22.09.2010 a Coordenação do Centro de Saúde Navegantes. O material utilizado na pesquisa (questionários, TCLEs, tabelas de tratamento e análise dos dados) ficará em poder da pesquisadora por 5 anos e, após esse período, será incinerado. Os dados coletados foram inseridos em um banco de dados do programa Windows Microsoft Office Excel (2003), e a análise estatística foi realizada por meio de tabelas, gráficos, medidas de posição e variabilidade.

Resultados e Discussão

Foram entrevistados 50 pais/responsáveis de crianças com idade que variou de 15 dias a cinco anos. Ao analisar o conhecimento dos pais/responsáveis sobre o botulismo infantil, observou-se que 86% (n=43) responderam não conhecer a doença, enquanto apenas 14% (n=7) já tinham ouvido falar ou conheciam a doença. Destes 14% (n=7), dois ainda ofereciam mel na alimentação do seu filho no momento da pesquisa, mesmo conhecendo a doença. Quando questionados sobre seu conhecimento em que o mel poderia veicular alguma doença, dos 50 pais/ responsáveis entrevistados, apenas 24% (n=12) já tinham ouvido falar e/ou tinham conhecimento que o mel poderia trazer alguma doença para seus filhos menores de um ano de idade, enquanto 76% (n=38) dos pais/responsáveis desconheciam que o mel poderia veicular alguma doença. Destes pais que tinham o conhecimento que o mel poderia veicular alguma doença (24%), três pais/responsáveis ainda continuavam a oferecer mel para seu filho no momento da pesquisa, porém eles não eram menores de 1 ano de idade, ou seja, não estando em risco de contrair botulismo intestinal. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2008) recomenda que crianças com menos de um ano de idade não consumam mel. Da amostra pesquisada, 48% (n=24) dos pais/resNOV/2012

nutrição em pauta |

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Nutrição

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ponsáveis nunca ofereceram mel para seu filho, enquanto 52% (n=26) deles oferecem ou já ofereceram mel para a criança. Dos 52% dos pais/responsáveis que oferecem ou já ofereceram mel para seu filho, 32% (n=16) continuavam a oferecer mel na alimentação da criança no momento da pesquisa. Muitos dos pais (52%) relataram que oferecem mel à criança por saber pelos mais antigos que o mel tem medidas terapêuticas. Observa-se que no estudo de Cheung e Gerber (2009), em que analisaram o consumo de mel de abelhas por 400 consumidores no Estado de Santa Catarina e investigaram o que os comensais pensam quando o ingerem e quais são as principais razões que o fazem incorporar o produto em suas práticas alimentares, observou-se que o mel é consumido por poder preventivo e curativo a doenças do sistema respiratório, gripe, garganta inflamada e utilizado misturado ao chá, pois acredita-se que previne resfriado, cura tosse, é gostoso, natural, faz bem para pele e para o funcionamento do intestino, tem propriedades terapêuticas e poder medicinal. No estudo de Oliveira et al. (2009), em que avaliou-se o mercado potencial de mel e de produtos apícolas com 100 consumidores na cidade de Garanhuns – PE, uma das perguntas foi se a pessoa já havia consumido mel ou outro produto apícola. Com base nas análises de dados, observaram que 86% dos entrevistados declararam já ter consumido mel e 14% nunca consumiram mel. No momento desta pesquisa, 32% (n=16) dos pais/ responsáveis ainda ofereciam mel na alimentação de seu filho, 12,5% (n=2) das crianças tinham cinco meses de idade, 6,25% (n=1) tinham seis meses de idade, 6,25% (n=1) tinham dez meses de idade, 25% (n=4) tinham um ano de idade, 31,25% (n=5) tinham 4 anos de idade e 18,75% (n=3) tinham 5 anos de idade. Percebe-se que as três primeiras faixas etárias das crianças citadas apresentavam risco de contrair a doença através do recebimento de mel, pois eram menores de um ano de idade. Corrobora este risco o relato de case clínico feito por Arriagada et al. (2009), em que uma criança de 7 meses, com sintomas de botulismo e que havia ingerido mel, foi internada em um hospital de Santiago e o exame feito deu positivo para Clostridium botulinum tipo A, diagnosticando-se botulismo intestinal e dada alta após 30 dias. A média de idade das crianças que ainda recebiam mel na alimentação no momento da pesquisa ficou entre 30,87 meses, ou seja, 1,03 anos. Os pais/responsáveis no momento da pesquisa

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Conhecimento dos pais sobre a relação entre o mel e o botulismo infantil. relataram que ainda continuavam a oferecer mel na alimentação do seu filho, por achar que o mel só faz o bem, por suas propriedades medicinais. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de coorte de Tomeleri e Marcon (2009), em que foram identificados e descritos os cuidados populares de seis mães adolescentes com seus filhos nos primeiros seis meses de vida e perceberam que todas as mães fizeram uso de medidas caseiras para resolver os problemas de saúde dos seus filhos, muitas vezes deixando de lado o tratamento médico e substituindo por xaropes caseiros e chás adoçados com mel. Em relação à forma e à frequência em que foi oferecido o mel na alimentação do seu filho, observou-se que. dos 32% (n=16) dos pais/responsáveis que ainda oferecem mel na alimentação de seu filho, 37,5% (n=6) deles oferecem mel na forma pura (in natura) e 37,5% (n=6) oferecem no chá, enquanto 12,5% (n=2) oferecem na chupeta e 12,5% (n=2), em forma de xarope caseiro. No estudo de Ribeiro et al. (2009) foi investigada a forma de utilização mais comum de consumo de mel por 172 pessoas, no período de dez/ 2008 a jan/2009, e identificou-se que 60,5% consomem mel misturado a outros alimentos e 41% consomem mel como remédio. Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisa exploratória de Carrer et al. (2010), em que analisaram-se as diferentes formas de consumo do mel junto a 50 consumidores no Município de Pirassununga, SP. Cerca de 12% indicaram que o consomem na forma de medicamento, 16%, como mel puro, 24%, em substituição ao açúcar e 36% utilizam-no como acompanhamento a pães, torradas e frutas. Observa-se que, dos 32% (n=16) dos pais/responsáveis que ainda ofereciam mel na alimentação de seu filho, 31,3% (n=5) deles ofereciam o mel todos os dias para a criança, 31,3% (n=5) ofereciam o mel uma vez ao mês, 25% (n=4) ofereciam uma vez na semana e 12,5% (n=2) ofereciam duas vezes ao ano. No estudo de Ribeiro et al. (2009), já descrito anteriormente, em que investigaram o perfil do consumidor de mel e descreveram os seus hábitos de consumo, identificou-se que 17,4% dos pesquisados consomem mel todos os dias, 34% consomem mel 1x por semana, 22% consomem mel 1x mês, 60,5% consomem mel misturado a outros alimentos e 41% consomem mel como remédio. A idade que a criança recebeu o mel pela primeira vez segue na tabela 1: nutricaoempauta.com.br


Parents’ knowledge about the relationship between honey and infant botulism. Tabela 1. Idade da criança quando foi introduzido mel na sua alimentação pela primeira vez (n=26). Porto Alegre, RS, 2010. Idade (meses)

Nº de crianças Fi

Percentual %

0,4

1

3,85

1,0

3

11,54

2,0

3

11,54

3,0

2

7,69

4,0

1

3,85

5,0

1

3,85

6,0

3

11,54

7,0

2

7,69

8,0

1

3,85

12,0

6

23,07

24,0

2

7,69

36,0

1

3,85

Média: 8,25 meses

Em relação à idade em que a criança recebeu o mel pela primeira vez, destaca-se que 23,07% (n=6) dos pais/ responsáveis ofereceram o mel quando seu filho tinha 1 ano de idade. Resultados semelhantes foram encontrados no estudo transversal de Simon; Souza e Souza (2009), que analisaram a idade de introdução alimentar complementar nos primeiros dois anos de vida em 566 crianças de escolas particulares no município de São Paulo, nos meses de ago/2004 a mai/2005, e verificaram que a introdução de açúcar e/ou mel foi com idade de 9 a 12 meses. Já no estudo transversal de Bernardi; Jordão e Barros (2009), verificou-se a idade em que houve a introdução dos alimentos complementares na dieta dos menores de 24 meses, em 2.857 famílias, entre mai/2004 a mai/2005, no município de Campinas, SP, e observou-se que antes dos 10 meses foi feita a introdução de mel na alimentação das crianças. O estudo de Jordão; Bernardi e Barros Filho (2009) verificou a prevalência de anemia, levando-se em consideração a introdução alimentar em 354 crianças de seis a 12 meses de idade, no município de Campinas, SP. Observou-se que a introdução do mel em 61 crianças ocorreu após os seis meses de idade e que 110 crianças NOV/2012

pediatria Por Salete de Matos

receberam o mel na alimentação antes dos 6 meses de idade e que 183 mães não introduziram o mel na alimentação de seus filhos. Com relação à forma de oferecimento de mel à criança, dos 52% (n=26) dos pais/responsáveis que ofereceram mel para seu filho, 50% (n=13) deles ofereceram o mel no chá, 23,07% (n=6) ofereceram na chupeta, 19,23% (n=5) ofereceram puro (in natura), 3,85% (n=1) ofereceram no pão e 3,85% (n=1) ofereceram em forma de xarope caseiro. Resultados semelhantes encontram-se no estudo transversal de Bernardi; Jordão e Barros (2009), já descrito anteriormente, em que verificaram a idade em que houve a introdução dos alimentos complementares na dieta de menores de 24 meses e observaram que o chá e água foram os primeiros alimentos mais consumidos pelas crianças no estudo. O estudo de Vilckas et al. (2008) identificou o perfil do consumidor de mel em relação à forma de consumo, em 318 entrevistados no Município de Ribeirão Preto, SP, e observou que a principal forma de consumo citada foi como remédio (36,5%), enquanto 28,2% consomem mel puro e 32,9% consomem acompanhado com pães, bolos e sucos. Em relação à frequência de consumo, dos 52% (n=26) de crianças que receberam mel, apenas 3,85% (n=1) das crianças receberam uma única vez na vida, 3,85% (n=1) receberam três vezes ao dia, 7,69% (n=2) das crianças receberam uma vez ao mês, 7,69% (n=2) das crianças receberam duas vezes ao mês, 11,54% (n=3) das crianças receberam todos os dias, 19,23% (n=5) das crianças receberam uma vez ao dia e 46,15% (n=12) das crianças receberam uma vez na semana. Resultados semelhantes encontram-se no estudo de Vilckas et al. (2008), em que se identificou o perfil do consumidor de mel em relação à frequência de consumo. Como já descrito anteriormente, observou-se que 35,3% consomem mel com alta frequência (1x sem e 1x mês) e 43,1% consomem mel com baixa frequência (nunca ou raramente, 1x ano). No estudo de Dzazio et al. 2007, quando se analisou o comportamento de 431 consumidores de mel na cidade de Ponta Grossa, PR, concluiu-se que os participantes tem baixa frequência no consumo de mel; apenas 13,32% da população consomem mel pelo menos 1x por semana, 15,57% consomem mel pelo menos uma vez ao mês e 41,2% consomem mel acompanhado de pães e biscoitos dentre outros alimentos. nutrição em pauta |

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Nutrição

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Conclusão

O presente estudo mostrou que a maioria dos pais (65,38%) ofereceu mel na alimentação do seu filho pela primeira vez antes mesmo de completar um ano de idade, destacando-se como forma mais utilizada do mel junto com o chá e com elevada frequência (1x semana). E três crianças que ainda recebiam mel na alimentação no momento da pesquisa eram menores de 10 meses de idade, podendo ainda apresentar algum risco de contrair botulismo intestinal. Concluiu-se com este estudo que mais da metade dos pais entrevistados (76%), por não conhecer que o mel pode conter alguma bactéria e podendo causar botulismo intestinal em crianças menores de um ano de idade, oferecem mel para seus filhos, por algum motivo, seja de gripe, resfriado, tosse, por indicação de familiares ou por crenças populares.

Sobre a autora

Dra. Salete de Matos Nutricionista, pós-graduanda de Nutrição Materno Infantil.

Palavras-chave: botulismo infantil, Clostridium botulinum, mel, alimentação complementar. Keywords: infant botulism, Clostridium botulinum, honey, complementary feeding. Recebido: 18/4/2012 – Aprovado: 3/10/2012

Referências

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Anthropometric and Socioeconomic Profile of the Students that Attend a Univesity Restaurant

Por Nayara Benedito, Erika Madeira, Heberth de Paula e Flávia Vitorino

Perfil Antropométrico e Socioeconômico de Estudantes que Frequentam um Restaurante Universitário Este trabalho teve como objetivo traçar o perfil antropométrico e socioeconômico de universitários de 20 a 30 anos, comensais do Restaurante Universitário do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo. Dos universitários avaliados, 16,4% fumavam e 77,3% faziam o uso de bebidas alcoólicas. De acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), 71% foram classificados como eutróficos; 25,4%, com excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e 8,2% apresentavam risco de complicações metabólicas com relação à circunferência da CC. Foi observada uma forte correlação entre os valores de IMC e CC (p<0,01). A maioria dos entrevistados (61,8%) pertencia à classe econômica B, não sendo evidenciada correlação significativa entre as variáveis IMC e classe econômica (p>0,05). Uma vez que um percentual considerável de indivíduos apresentou excesso de peso, sugere-se que a universidade realize ações de promoção à saúde, de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos universitários. This paper aimed to trace the anthropometric and socioeconomic profile of academics from 20 to 30 years, diners of the University Restaurant from the Center of Agrarian Science from the Federal University of Espírito Santo. The students that were assessed 16,4% smoked and 77,3% were using alcohol. According to body mass index (BMI) 71,0% were classified as normal; 25,4% were overweight (overweight / obesity) and 8,2% were at risk of metabolic complications in relation to waist circumference (WC). It was observed a strong correlation between the values of BMI and WC (p<0,05). The most of the interviewed (61,8%) belonged to the economy

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class B, not being evidenced a meaningful correlation between the variables BMI and economy class (p<0,05). Since a considerable percentage of individuals presented overweight, it is suggested that the university take actions to promote health in a way that contributes to the better quality of life of the academics.

Introdução

Durante as últimas décadas, o Brasil vem sofrendo intensas mudanças socioeconômicas, demográficas e nutricionais. Essas mudanças têm contribuído para o declínio das doenças relacionadas às carências nutricionais e o aumento de doenças associadas ao excesso alimentar, como obesidade e doenças cardiovasculares, caracterizando o que podemos chamar de transição nutricional (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003). O estado nutricional é o resultado das relações entre homens-natureza-alimento que se estabelecem em uma sociedade. Expressa, além da dimensão biológica (relação entre necessidades e consumo), uma dimensão histórico-social dos indivíduos. Diversos métodos, procedimentos e técnicas têm sido utilizados para avaliação nutricional de coletividades (VASCONCELOS, 2008).

mclaren, 2007 O status socioeconômico pode exercer influência sobre a possibilidade de acesso aos alimentos e hábitos de vida saudáveis, fatores fundamentais na alteração das altas prevalências de excesso de peso observadas no Brasil e em grande parte dos países.”

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Nutrição

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Perfil Antropométrico e Socioeconômico de Estudantes que Frequentam um Restaurante Universitário

de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito A utilização das medidas antropométricas é de Santo (nº do registro: 126/09). grande importância para avaliação do estado nutricioDurante uma entrevista, os participantes responnal de indivíduos e populações. Algumas das vantagens deram a um questionário composto por perguntas sobre dessas medidas são: utilização de equipamentos de fácil dados pessoais e socioeconômicos. Logo após, foram afeaquisição, aplicação de custo reduzido, técnicas não inridas as medidas antropométricas. Para auxiliar na avaliavasivas e obtenção rápida de resultados (FONTANIVE; ção socioeconômica, utilizou-se o Critério de ClassificaPAULA; PERES, 2007). Os inquéritos socioeconômicos ção Econômica Brasil (CCEB), que, segundo a Associação são métodos indiretos da avaliação do estado nutricional, Nacional de Empresas de Pesquisa (ANEP, 2010), tem a aplicados no período pré-patogênico, e seus resultados função de estimar o poder de compra das pessoas e famíconstituem-se em indicadores indiretos, pois poderão ser lias urbanas. determinantes da situação de consumo e nutrição da poA aferição de peso foi realizada em balança plapulação (VASCONCELOS, 2008). taforma Welmy®, com capacidade de 150 kg e precisão O status socioeconômico pode exercer influência de 0,1 kg. A altura foi medida com o auxílio do antropôsobre a possibilidade de acesso aos alimentos e hábitos de metro vertical acoplado à balança, com altura mínima e vida saudáveis, fatores fundamentais na alteração das almáxima de 1,00 m e 2,02 tas prevalências de excesm, respectivamente, e vaso de peso observadas no marinho, 2002 riação de 0,50 cm. Brasil e em grande parte A universidade deve realizar Através das medos países (MCLAREN, ações que possam contribuir para adodidas de peso e altura, 2007). ção de hábitos mais saudáveis e melhoria foi possível obter o ÍnA universidade da qualidade de vida entre os estudantes dice de Massa Corporal deve realizar ações que universitários e, para isso, é necessário (IMC). Para a classifipossam contribuir para o conhecimento sobre o comportamento cação do IMC, foram adoção de hábitos mais desta população.” utilizados os pontos de saudáveis e melhoria da corte recomendados pela qualidade de vida entre Organização Mundial de Saúde (WHO, 2000). Os vaos estudantes universitários e, para isso, é necessário o lores da circunferência da cintura (CC) foram obtidos conhecimento sobre o comportamento desta população com o auxílio de uma fita métrica Cescorf® inexten(MARINHO, 2002). Por meio desta pesquisa, foi possível sível, com capacidade de 2,0 m e variação de 1,0 mm. identificar o perfil antropométrico e socioeconômico dos Para a classificação da CC, foram utilizados os pontos universitários de 20 a 30 anos frequentadores do Restaude corte propostos pela WHO (2000). As medidas de rante Universitário (RU) do Centro de Ciências Agrárias peso, altura e CC foram obtidas com base nas técnicas da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), propostas por BRASIL (2004). auxiliando na avaliação do estado nutricional dessa popuPara caracterizar e traçar o perfil antropométrico lação, além de identificar possíveis grupos de risco. e socioeconômico da população estudada, foi realizada inicialmente uma análise descritiva. Para verificar se as Metodologia variáveis estudadas seguiam uma distribuição normal, foi Foram convidados a participar da pesquisa alunos aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov, utilizando-se pertencentes à faixa etária de 20 a 30 anos, matriculados então cálculo de médias para variáveis que seguiam disentre o 2º e 8º período de nove cursos de graduação do tribuição normal e de mediana para as que não seguiam. CCA-UFES. A amostra foi composta de 110 alunos voO IMC foi correlacionado com as variáveis CC e classe luntários e que almoçavam pelo menos duas vezes por seeconômica. Os cálculos estatísticos foram realizados com mana no RU. Os alunos receberam todas as informações auxílio do software Statistica 6.0. Considerou-se um nível necessárias sobre a pesquisa e preencheram um Termo de de significância de 5%, conferindo ao estudo uma confiaConsentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi autoribilidade de 95%. zado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro

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Anthropometric and Socioeconomic Profile of the Students that Attend a Univesity Restaurant

Por Nayara Benedito, Erika Madeira, Heberth de Paula e Flávia Vitorino

Resultados e Discussão

Dos estudantes avaliados, 57,3% eram do sexo masculino e 42,7%, do sexo feminino. O grupo apresentou variação etária de 20 a 29 anos, com mediana de 21 anos. A maioria (93,6%) encontrava-se na faixa etária entre 20 e 24 anos. Durante as entrevistas, 16,4% dos estudantes relataram fazer o uso de cigarro. Quanto à ingestão de bebidas alcoólicas, observou-se que 77,3% dos universitários avaliados durante este estudo consumiam bebidas alcoólicas. Considerando-se o consumo entre os sexos, este foi maior entre os homens (84,1%) do que entre as mulheres (68,1%). Em um estudo realizado com universitários de uma instituição pública da região sudeste, Vieira et al. (2002) constataram que 2,8% dos estudantes faziam uso do cigarro, resultado inferior ao encontrado no presente estudo. Ao avaliar estudantes universitários, Paduani et al. (2008) verificaram que 66,3%, dos estudantes consumiam bebida alcoólica, em que 72,7% eram homens e 61,4% eram mulheres, sendo estes valores inferiores aos encontrados em nosso trabalho. Com relação ao peso corporal, a média entre os estudantes foi de 67,0 Kg (±11,9 Kg). Analisando-se os valores de altura obtidos, observou-se que a estatura média dos universitários foi de 1,7 m (±0,1 m). Quanto à medida de circunferência da cintura (CC), verificou-se uma mediana para o sexo masculino e feminino de 79,5 cm e 69,0 cm, respectivamente. Do total de indivíduos avaliados com relação à CC, 8,2% apresentaram-se em risco de complicações metabólicas, de acordo com a WHO (2000). As características

antropométricas dos universitários avaliados durante este estudo podem ser observadas na Tabela 1. Os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com aqueles encontrados por Ramos (2008), que, durante avaliação antropométrica de universitários, observou uma média de altura de 1,70 m (± 0,08 m) e mediana de CC igual a 73,0 cm e 64,0 cm para os indivíduos do sexo masculino e feminino, respectivamente. Gasparotto e Silva (2010), ao avaliarem a CC em universitários, encontraram uma prevalência de 5,7% de estudantes com algum grau de risco relacionado à adiposidade centralizada, valor semelhante ao verificado no presente estudo. No que diz respeito ao IMC, 71% dos indivíduos apresentavam-se eutróficos, 25,4%, com excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e 3,6%, com baixo peso. Durante tentativa de estimar a incidência de sobrepeso e obesidade em uma população universitária do Maranhão, Mochel et al. (2007) encontraram 70,8% de estudantes eutróficos, 16,1% com excesso de peso e 11,1% com baixo peso. Com relação à classificação do estado nutricional, segundo o sexo, foi observado que o excesso de peso foi maior em homens (34,9%) do que em mulheres (12,8%). Na Tabela 2 é possível observar o estado nutricional dos universitários com relação ao sexo. Pode ser verificada uma correlação positiva, altamente significativa entre o IMC e a CC (r² = 0,76; p<0,01). No estudo realizado por Sampaio e Figueiredo (2005) com uma população adulta também foi apontado uma forte associação entre IMC e CC. (r² = 0,86; p<0,001).

Tabela 1. Características antropométricas dos estudantes, segundo sexo. Alegre-ES, 2010 Masculino (n=63)

Feminino (n=43)

Total (n=110)

Média

DP (±)

Média

DP (±)

Média

DP (±)

Peso atual (Kg)

73,7

9,7

58,1

8,1

67,0

11,9

Altura (m)

1,7

0,1

1,6

0,1

1,7

0,1

CC (cm)

Mediana

Mediana

Mediana

79,5

69,0

76,0

DP: desvio-padrão.

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Nutrição

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Tabela 2. Estado nutricional dos universitários, segundo o sexo. Alegre-ES, 2010. Sexo Masc.

Estado nutricional

Total

Fem.

n

%

n

%

n

%

Eutrófico

40

63,5

38

80,9

78

70,9

Baixo peso

1

1,6

3

6,4

4

3,6

Sobrepeso/ Obesidade

22

34,9

6

12,8

28

25,5

Total

63

100,0

47

100,0

110

100,0

Com relação às condições socioeconômicas, foi observado que 44,5% da população apresentavam renda familiar no intervalo entre um e cinco salários mínimos, sendo que apenas 0,9% dos entrevistados relatou renda inferior a um salário mínimo (Figura 1). Figura 1. Distribuição percentual de estudantes de acordo com a renda familiar. Alegre-ES, 2010

estudo pode estar relacionada às diferenças socioeconômicas entre as regiões brasileiras. Analisando-se o estado civil, verificou-se que, dos estudantes avaliados, 97,3% eram solteiros. Quanto à moradia durante a graduação, apenas 8,2% dos universitários moravam sozinhos e 86,4% residiam em repúblicas. Ao avaliar uma população universitária no sul do país, Simão, Nahas e Oliveira (2006) constataram que 62,9% eram solteiros, estando este percentual abaixo do encontrado no presente trabalho. Em estudo para determinar o perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de universitários, Vieira et al. (2002) verificaram que cerca de 90% dos avaliados não residiam com os pais e/ou familiares. Através do CCEB, foi possível definir a classe econômica de cada indivíduo. Foi verificado que a maioria pertencia à classe B, sendo que 23,6 % pertenciam à classe B1 e 38,2% pertenciam à classe B2. A distribuição percentual dos estudantes de acordo com as classes econômicas pode ser observada na Figura 2. Em estudo realizado com universitários do curso de medicina do Centro de Ciências da Saúde da UFES, Pereira e colaboradores (2008) também utilizaram os critérios que regem a estratificação dos indivíduos em classe econômica através do CCEB e verificaram que 50% e 40,5% dos estudantes encontravam-se nas classes B e A, respectivamente. Figura 2. Distribuição percentual dos estudantes de acordo com a classe econômica. Alegre-ES, 2010

Num estudo desenvolvido por Fontes e Vianna (2009) com jovens estudantes de uma universidade pública da região nordeste do país 60,3% dos estudantes relataram possuir renda familiar menor que cinco salários mínimos. A maior renda familiar observado no presente

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dos autores

A avaliação antropométrica demonstrou que a maioria dos universitários apresentou-se eutrófica em relação ao IMC, porém um percentual considerável dos indivíduos apresentou excesso de peso. Foi observada uma forte correlação entre os valores de IMC e CC. A avaliação socioeconômica demonstrou que a maioria dos estudantes apresentava renda familiar no intervalo entre um e cinco salários mínimos. Não foi observada associação entre os valores de IMC e as classes econômicas dos indivíduos.”

Não foi evidenciada correlação significativa entre as variáveis IMC e classe econômica (p>0,05), podendo-se sugerir que não haja relação direta entre as variáveis supracitadas.

Conclusões

A avaliação antropométrica demonstrou que a maioria dos universitários apresentou-se eutrófica em relação ao IMC, porém um percentual considerável dos indivíduos apresentou excesso de peso. Foi observada uma forte correlação entre os valores de IMC e CC. A avaliação socioeconômica demonstrou que a maioria dos estudantes apresentava renda familiar no intervalo entre um e cinco salários mínimos. Não foi observada associação entre os valores de IMC e as classes econômicas dos indivíduos. Seria interessante a realização de outros estudos que utilizem a avaliação bioquímica, os inquéritos alimentares, além de outros meios para possibilitar um diagnóstico nutricional mais detalhado. Além disso, torna-se relevante o desenvolvimento de ações por parte da universidade, tais como: palestras, projetos de educação nutricional e acompanhamento dos alunos com excesso de peso na Clínica Escola de Nutrição do CCA-UFES. Iniciativas para promoção de alimentação saudável também devem ser implementadas no Restaurante Universitário, a fim de promover hábitos alimentares saudáveis e prevenir o surgimento de enfermidades, ocasionadas pela deficiência e/ou excessos nutricionais. NOV/2012

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Nutrição

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dos autores

torna-se relevante o desenvolvimento de ações por parte da universidade, tais como: palestras, projetos de educação nutricional e acompanhamento dos alunos com excesso de peso na Clínica Escola de Nutrição do CCA-UFES. Iniciativas para promoção de alimentação saudável também devem ser implementadas no Restaurante Universitário, a fim de promover hábitos alimentares saudáveis e prevenir o surgimento de enfermidades, ocasionadas pela deficiência e/ou excessos nutricionais.”

Sobre os autores

Dra. Nayara Benedito Martins da Silva Nutricionista pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos no CCA-UFES Dra. Erika Madeira Moreira da Silva Nutricionista, Doutora e Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFRJ. Professora Adjunta do Curso de Nutrição do CCA-UFES Dr. Heberth de Paula Farmacêutico, Doutor e Mestre em Ciências Biológicas pela UFOP. Professor Adjunto do CCA-UFES Dra. Flávia Vitorino Freitas Nutricionista, Mestre em Ciência de Alimentos pela UFMG. Professora Assistente do Curso de Nutrição do CCA-UFES

Palavras-chave: universitários, antropometria, fatores socioeconômicos Keywords: academics, anthropometry, socioeconomic factors. Recebido: 6/6/2012 – Aprovado: 3/10/2012

Referências

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Perfil Antropométrico e Socioeconômico de Estudantes que Frequentam um Restaurante Universitário FONTANIVE, R.; PAULA, T. P.; PERES, W. A. F. Avaliação da composição corporal de adultos. In: DUARTE, A.C.G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu, cap. 6, 2007. FONTES, A. C. D; VIANNA, R. P. D. Prevalência e fatores associados ao baixo nível de atividade física entre estudantes universitários de uma universidade pública da região Nordeste – Brasil. Rev. Bras. de Epidemiol. , v. 12, n.1, p. 20-29, 2009. GASPAROTTO, G. S.; SILVA, M. P. Relação entre IMC e circunferência da cintura com os níveis de pressão arterial de universitários. Movimento e Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v.11, n. 16, jan./abr. 2010 MARINHO, C. S. Estilo de vida e indicadores de saúde de estudantes universitários da UNIPLAC. 2002. 76 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Programa de Pós Graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. MCLAREN, L. Socioeconomic Status and Obesity. Epidemiologic Reviews, v. 29, p. 29-48, 2007 MOCHEL, E. G. Incidência à obesidade em universitários - São Luís-Ma. Revista do Hospital Universitário/UFMA, v. 8, n.1, p. 41-47, jan./jun. 2007. PADUANI, G. F. et al. Consumo de álcool e fumo entre os estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 32, n. 1, p. 66-75, 2008. PEREIRA, D. S. et al. Uso de substâncias psicoativas entre universitários de medicina da Universidade Federal do Espiríto Santo. J Bras de Psiquiatr, v. 57, n. 3, p. 188-195, 2008. RAMOS, S. A. Avaliação do estado nutricional de universitários. 2005. 109f. Dissertação (Mestrado em Ciências de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte SAMPAIO, L. R.; FIGUEIREDO, V. C. Correlação entre o índice de massa corporal e os indicadores antropométricos de distribuição de gordura corporal em adultos e idosos. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 1, p. 53-61, jan./fev. 2005. SIMÃO, C. B.; NAHAS, M. V.; OLIVEIRA, E. S. A. Atividade física habitual, hábitos alimentares e prevalência de sobrepeso e obesidade em universitários da universidade do planalto catarinense - Uniplac, Lages. SC. Rev. Brasileira de Atividade Física e Saúde, Londrina, v. 11, n. 1, p. 3-12, jan/abr. 2006. VASCONCELOS, F. A. G. Avaliação Nutricional de Coletividades. 4. ed. ver. ampl. mod. Florianópolis: UFSC, 2008. 186 p. VIEIRA, V. C. R. et al. Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Rev. Nutr., Campinas, v. 15, n. 3, p. 273-282, set./ dez. 2002. WHO. World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic – Report of a WHO consultation on obesity. WHO Technical Report Series nº 894. Geneva, Switzerland: WHO, 2000.

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gastronomia

Full Enjoyment of Foods with Pre-School Children of a Public School and other Private the City of Criciúma, SC.

Por Pâmela Francisco Casagrande e Fabiane Maciel Fabris

Aproveitamento Integral de Alimentos com Pré-Escolares de uma Escola Pública e outra Privada do Município de Criciúma, SC. Fome e desperdício de alimentos são alguns dos aspectos de maiores dificuldades no Brasil. Estas se agravam pela falta de informação dos recursos com aproveitamento integral alimentar, como fonte alternativa de uma alimentação nutricionalmente adequada e de baixo custo. O aproveitamento integral dos alimentos pode ampliar a oferta de fibras e nutrientes, diminuindo desperdício e custo, além de estimular uma alimentação saudável. Com o objetivo de verificar a aceitabilidade de preparações com aproveitamento integral de alimentos em crianças de escola pública e privada do município de Criciúma, SC, elaboraram-se duas preparações: suco de casca abacaxi com couve e bolo de limão com casca, testadas por meio da Escala Hedônica com 59 pré-escolares com idades entre 4 e 6 anos de ambos os sexos. O bolo teve maior aceitabilidade na escola privada e o suco, na escola pública, porém o bolo obteve maior aceitabilidade em ambas as escolas perante o suco. Conclui-se que a alimentação alternativa terá resultados positivos, principalmente em escolas de educação infantil, onde o objetivo seria introduzir novos hábitos alimentares com maior oferta de nutrientes e conscientização sociocultural. Hunger and food waste are some of the most difficult aspects in Brazil. These are aggravated by a lack of resources to full use food as an alternative source of nutritionally adequate and low cost. The full use of food can increase the supply of fiber and nutrients, reducing waste and cost, in addition to encouraging a healthy diet. In order to verify the acceptability of preparations to take full advantage of foods in children from public and private schools in the city of Criciúma, we NOV/2012

prepared two preparations: peel pineapple juice with cabbage and lemon cake with bark, tested by the hedonic scale with 59 pre-school children aged between 4 and 6 years for both sexes. The cake had greater acceptance in the private school and juice in public school, but the cake had the highest acceptability, in both schools before the juice. It is concluded that replacement feeding will have positive results, especially in preschools, where the goal would be to introduce new foods with a higher supply of nutrients and sociocultural awaren.

Introdução

O ser humano, em geral, necessita de uma dieta rica em nutrientes e saudável. Com isso, a mesma pode ser alcançada com as partes dos alimentos que na maioria das vezes são desprezadas. Neste caso, é importante o emprego de casca folhas e talos nas preparações, visto que o aproveitamento integral dos alimentos, além de reduzir as despesas alimentícias e melhorar a qualidade nutricional das refeições, diminui também o desperdício de alimentos e torna interessante a criação de novas receitas, como sucos, doces e farinhas (GONDIM et al, 2005). Na concepção de Galisa, Esperança, Sá (2008), a alimentação tem grande influência sobre o indivíduo, especialmente sobre a saúde, disposição para trabalhar, divertir-se, estudar, sua longevidade e aparência fisiológica. Cuidar da alimentação é zelar por uma necessidade básica do ser humano, a qual apresenta extrema importância para sua existência.

galisa, esperança, sá (2008) Cuidar da alimentação é zelar por uma necessidade básica do ser humano, que apresenta extrema importância para sua existência.” nutrição em pauta |

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Nutrição

Aproveitamento Integral de Alimentos com Pré-Escolares de Uma Escola Pública e Outra Privada do Município de Criciúma, SC.

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EM PAUTA

Porém, hoje a fome e o desperdício de alimentos são alguns dos aspectos de maiores dificuldades que o Brasil encara. Neste país, são produzidas 140 milhões de toneladas de alimentos por ano. Também somos um dos maiores exportadores de alimentos agrícolas do mundo. No entanto, temos milhões de pessoas excluídas, sem acesso a estes alimentos em qualidade e quantidade (GONDIM et al, 2005). A alimentação integral deu-se início ao se deparar com as dificuldades econômicas pelas quais o país passa. Cada vez mais aumenta a dificuldade de adquirir alimentos adequados ao consumo diário, motivo pelo qual a alimentação equilibrada é atualmente uma das maiores preocupações do nosso dia a dia. Sendo assim, o ideal seria utilizar tudo o que o alimento pode nos proporcionar como fonte de nutrientes (BERTIN, 2003). Segundo Bertin (2003), as partes dos alimentos que podem ser utilizados integralmente dividem-se em cinco aspectos: folhas, cascas, talos, entrecascas e sementes. Diante dos benefícios da alimentação integral em relação à fome, desperdício e aspectos nutricionais, este trabalho traz a seguinte questão: preparações elaboradas com aproveitamento integral de alimentos (frutas e vegetais) têm boa aceitabilidade entre crianças em período pré-escolar?

Metodologia

A população avaliada consistiu-se em pré-escolares dos sexos masculino e feminino que apresentaram entre 4 a 6 anos de idade e estudantes de uma escola pública e outra particular do município de Criciúma (SC). A pesquisa contou com 35 alunos na escola privada e 24 na pública, totalizando 59 pré-escolares com idades entre 4 e 6 anos de ambos os sexos. Como critérios de inclusão, participaram da pesquisa apenas aqueles alunos que tinham entre 4 a 6 anos de idade, que aceitaram saborear o prato oferecido e que trouxeram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo responsável. Projeto aprovado no comitê de ética em Pesquisa da UNESC sob n° 27. As preparações “Bolo de limão com casca” e “Suco de casca de abacaxi com couve” foram feitas em 120 minutos e aplicadas no mesmo dia no período da tarde em ambas as escolas. Para a higienização das cascas e folhas dos alimentos, utilizou-se um produto comercial que consiste em hipoclorito de sódio. Esta solução foi preparada utilizando uma colher de sopa do produto diluído em 1 litro de água. As frutas utilizadas integralmente, como o limão e o abacaxi, e os vegetais folhosos, como a couve-folha, permaneceram nesta solução clorada por 15 minutos e depois foram lavados em água corrente com uma escova própria para alimentos.

Resultados e Discussão

Os resultados referentes à composição nutricional das preparações “Bolo de limão com casca” e “Suco de casca de abacaxi com couve” estão descritos nas tabelas 1 e 2 a seguir. Tabela l. “Bolo de limão com casca” – Ficha de composição nutricional. Criciúma, 2011. Ingrediente

M. C.

PL (g/ml)

Kcal

CHO

PTN

LIP

Fib.

Ca

Fe

Vit.C

Limão com casca

1 e ½ unid.

100,0

40,4

3,4

4,0

1,1

7,9

5,7

-

44,3

Ovo

3 unid.

162,0

231,6

2,5

21,0

14,4

-

68,0

2,5

-

Óleo

1 xíc.

150,0

1326,0

-

-

150,0

-

-

-

-

Açúcar

2 xíc.

338,0

1308,0

336,3

-

-

-

13,5

0,3

-

Farinha de trigo

2 xíc.

276,0

993,6

207,2

27,0

3,8

6,3

49,6

2,7

-

Leite condensado

1 cx

200,0

656,0

108,6

16,2

17,4

-

524,0

0,2

2,0

Fermento em pó

1 colh. sopa

19,0

17,1

8,3

0,1

-

-

-

-

-

1245,0

4572,9

666,5

68,4

186,8

14,2

660,9

5,8

46,3

Total Fonte: Dados da pesquisa. 2011.

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gastronomia

Full Enjoyment of Foods with Pre-School Children of a Public School and other Private the City of Criciúma, SC.

Por Pâmela Francisco Casagrande e Fabiane Maciel Fabris

Tabela 2. “Suco de casca de abacaxi com couve” – Ficha de composição nutricional. Criciúma, SC, 2011. Ingrediente

PL (g/ml)

Kcal

CHO

PTN

LIP

Fib.

Ca

Fe

Vit.C

Abacaxi com casca 1 unidade

M. C.

700,0

560,5

145,5

40,5

2,4

124,6

180,0

50,0

610,0

Couve folha

½ folha

10,0

5,0

0,7

0,3

0,1

0,2

20,6

0,1

9,2

Açúcar

3 colheres

57,0

220,5

56,7

-

-

-

2,2

9,9

-

767,0

786,1

203,0

40,9

2,5

124,8

202,8

60,0

619,2

Total Fonte: Dados da pesquisa.2011.

Segundo Gondim et al (2005), ao estudar a composição química de cascas de frutas, evidenciou-se que alguns nutrientes, como fibra, potássio, magnésio e cálcio, estão em maiores concentrações nas cascas do que na polpa do respectivo alimento. A tabela 3 abaixo demonstra os dados referentes à composição nutricional de uma porção de 20 gramas do bolo de limão com casca e a adequação equivalente das necessidades de micronutrientes diárias. Tabela 3. Composição nutricional de micronutrientes do “Bolo de limão com casca” equivalente às recomendações diárias do pré-escolar. Criciúma, SC, 2011. Micronutrientes (g/mg)

Bolo de limão com casca

Necessidades diárias (AI/IOM)

% equivalente

fibras (g)

0,22

9-11

2

cálcio (mg)

10,61

800

1,32

ferro (mg)

0,09

10

1

vitamina c (mg)

0,74

25-45

2,11

Fonte: RDA (1989 apud VITOLO, 2008).

Já o suco de abacaxi com couve apontou resultados melhores, como mostra a tabela lV. Tabela4. Composição nutricional de micronutrientes do “Suco de casca de abacaxi com couve” equivalente às recomendações diárias do pré-escolar. Criciúma, SC, 2011. Micronutrientes (g/mg)

Suco de casca de abacaxi com couve

Necessidades diárias (AI/IOM)

% equivalente

fibras (g)

24,4

9,0 – 11,0

244,1

cálcio (mg)

39,7

800,0

4,9

ferro (mg)

11,7

10,0

117,4

vitamina c (mg)

121,1

25,0 - 45,0

345,0

Fonte: RDA (1989 apud VITOLO, 2008).

Conforme a tabela 4, em um copo de suco de 150 ml, a quantidade de fibras equivale a 24,4 gramas, ou seja, mais que a recomendação diária para as crianças entre 4 e 6 anos (9-11 gramas/dia) (WILLIAMS, 1995 apud VITOLO, 2008). Assim como o ferro, a vitamina C também atingiu as recomendações diárias com somente uma porção da preparação. Esta equivalência de micronutrientes em uma porção tem grande importância, visto que, segundo Fernan-

NOV/2012

des (2005), estudos têm revelado baixo consumo energético, de cálcio, ferro e vitamina A na idade pré-escolar. Deve-se dar atenção ao aporte de cálcio, ferro e principalmente à vitamina C, pois esta aumenta a biodisponibilidade do ferro na dieta, sendo um fator de grande valor, já que a anemia ferropriva é considerada carência nutricional endêmica e que insere os pré-escolares como um dos grupos mais suscetíveis (MARTINS; FARIAS, 2002).

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Nutrição

R

EM PAUTA

Aproveitamento Integral de Alimentos com Pré-Escolares de Uma Escola Pública e Outra Privada do Município de Criciúma, SC.

Gráfico l. Comparação entre a escola pública e privada sobre a opção “gostaram” da preparação. Criciúma, SC, 2011.

Fonte: Da Pesquisa, 2011.

Foi constatado então que o “Bolo de limão com casca” obteve 96% de respostas com a opção “gostaram” na escola pública, enquanto na escola privada houve 77% de aceitação. O “Suco de casca de abacaxi com couve” obteve da escola pública um percentual de 59% que escolheram a opção “gostaram” e 74% na escola privada tiveram a mesma opinião. Em um estudo realizado por Nunes (2009), em que havia aceitabilidade de preparações com aproveitamento integral de alimentos, os resultados mostraram também que as preparações tiverem bons percentuais de aceitação e os bolos foram melhores aceitos em relação aos sucos. Um estudo feito por Vieira (2010), em que são analisados sensorialmente sucos feitos com aproveitamento integral de alimentos, a elaboração de sucos integralmente tornou os produtos com qualidades gustativas aceitáveis por um número grande de adolescentes. A importância do profissional Nutricionista, com a técnica dietética, deve ser valorizada principalmente pelo conteúdo de aproveitamento integral dos alimentos, pois torna este profissional apto para a elaboração de receitas, de forma correta, respeitando as características da técnica dietética, como: nutricionais, higiênicos, econômicos, sensoriais e digestivos.

Conclusão

O presente trabalho, de acordo com os objetivos propostos, mostrou a aceitabilidade das preparações feitas com aproveitamento integral do alimento, obtendo um resultado satisfatório, visto que ambas as preparações foram bem aceitas pelas crianças pré-escolares, sendo que o “Bolo de limão com casca” teve melhor aceitabilidade do que o “Suco de casca de abacaxi com couve”. Já que as mesmas obtiveram grande aceitação pelos pré-escolares, elas poderiam ser praticadas em suas

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próprias residências, ou nas escolas, com um baixo custo, menor produção de resíduos e maior oferta de nutrientes em relação às preparações convencionais. O índice de pessoas que conhecem e fazem uso do aproveitamento integral de alimentos é baixo. Para aumentar e incentivar o aumento destes consumidores, é interessante que sejam feitas divulgações desta prática, ou seja, como e de que forma se deve aproveitar corretamente os alimentos e seus benefícios consequentemente. Se introduzida no âmbito acadêmico, esta ação refletirá em resultados positivos, principalmente em escolas de educação infantil, onde o objetivo seria introduzir novos hábitos alimentares com maior oferta de nutrientes e conscientização sociocultural.

Sobre os autores

Dra. Pâmela Francisco Casagrande Nutricionista, formada pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Dra. Fabiane Maciel Fabris Especialista em nutrição e saúde pública e ação comunitária pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Palavras-chave: alimentação escolar. alimentação alternativa. pré-escolar. Keywords: school feeding. supply alternative. preschool. Recebido: 22/3/2012 – Aprovado: 20/9/2012

Referências

BERTIN, B. et al. Aproveitamento integral dos alimentos. SESC, Rio de Janeiro, 2003. 45 p. ISBN 8589336069. FERNANDES, T.F.S et al. Hipovitaminose A em pré-escolares de creches públicas do Recife: Indicadores bioquímicos e dietético. Rev. Nutricão, Campinas, v.18, n.4, p.471-480, 2005. GONDIM, J.A.M et al. Composição centesimal e de minerais em cascas de frutas, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, vol.25 n.4, out./dez.2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/cta/ v25n4/27658.pdf Acesso em: 15 de abril. 2011. GALISA, M. S; ESPERANÇA, L. M. B; SÁ, N. G. Nutrição: conceitos e aplicações. São Paulo: M. Books do Brasil, 2008. 258 p. ISBN 9788576800279 (broch.). MARTINS, C.R; FARIAS, R.M. Produção de alimentos x desperdício: Tipos, causas e como reduzir perdas na produção agrícola – revisão. Revista da FZVA. Rio Grande do Sul. Vol.9, n.1, 2002. NUNES, J.T. Aproveitamento integral dos alimentos: qualidade nutricional e aceitabilidade das preparações. Monografia (Especialização em Qualidade de Alimentos)-Universidade de Brasília, Brasília, 2009. VIEIRA, V.B. et al, Análise Sensorial de Sucos Elaborados com Aproveitamento Integral de Alimentos. Monografia (ciência e tecnologia de alimentos) - Centro Universitário Franciscano. Rio Grande do Sul, Santa Maria. 2010. VITOLO, Márcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008. 628 p. ISBN 9788577710096 (enc.)

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Normas para a Publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia, nutrição e ecologia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições. Envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante. Apresentação do Artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e inglês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências. NOV/2012

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Programa

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Programa

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Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira Nutricionista, Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutora em Ciência dos Alimentos pela USP, Professora Adjunta do Curso de Nutrição da UFRJ. Centro Empresarial Rio Praia de Botafogo, 228 - 2º andar - Rio de Janeiro - RJ Inscreva-se já! Vagas Limitadas!

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Dra. Sula de Camargo Nutricionista, graduada pela Universidade São Judas Tadeu – USJT. Mestranda em Ciências pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria do Estado de São Paulo – Instituto Adolfo Lutz. Especialista em Nutrição Clínica pelo Grupo de Apoio em Nutrição Enteral e Parenteral (GANEP) e Especialista em Educação e Formação em Saúde pela Faculdade Santa Marcelina. Atua no Serviço de Educação Corporativa do Hospital Santa Marcelina é membro do Comitê de Ética e Pesquisa e do Centro Interdisciplinar de Formação e Pesquisa desta Instituição. Docente da C&A dos Cursos / UNICSUL no MBA em Gestão de Negócios em Alimentos: Nutrição Hospitalar e Hotelaria. Elabora questões para concursos públicos em Nutrição. Edifício Work Center 5 Mezanino - Av. Jandira, 295 - Moema - São Paulo SP. Inscreva-se já! Vagas Limitadas!

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