Revista Impressa - 119

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Nutrição

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EM PAUTA

ISSN 1676-2274

A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição

R$ 30,00 • Março/Abril 2013 Ano 21 Número 119 Edição Impressa São Paulo

CLÍNICa Mecanismos Hormonais de Controle da Diabetes Após a Cirurgia Bariátrica

funcionais Conduta Nutricional no Tratamento da Celulite: Uma Revisão

saúde pública Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida

Aumentando a Competência Cultural em um Mundo Cada Vez Menor www.nutricaoempauta.com.br

ESPORTE

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FOOD

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GASTRONOMIA

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HOSPITALAR

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pediatria


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A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição ISSN 1676-2274

Nutrição em Pauta: a Revista dos Melhores Profissionais em Nutrição. 20 anos de Sucesso.

4 Revista Nutrição em Pauta

4 O Site do Profissional de Nutrição

4 20 anos de existência e mais de 20 mil assinantes.

4 Eventos mais importantes do setor, artigos científicos e entrevistas.

4 Nutrição em Pauta é uma revista científica, indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/ USP. Também reconhecida pela CAPES.

4 É o site número 1 da nutrição na internet: referência para os profissionais, pesquisadores, professores e estudantes do setor.

4 6 edições impressas bimestrais e 12 edições eletrônicas mensais.

Assine a Revista dos Melhores Profissionais em Nutrição: (11) 5041.9321 r.22 | assinaturas@nutricaoempauta.com.br Acesse informações detalhadas em nosso portal: nutricaoempauta.com.br Aproveite esta oportunidade para se atualizar com informações científicas nas áreas de Nutrição e Alimentação.


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Mega Evento 2013 O MAIOR DA AMÉRICA LATINA 3 a 5 de outubro São Paulo sp Inscreva-se agora e tenha benefícios especiais. Informe-se: nutricaoempauta. com.br

o FÓRUM 9NACIONAL DE

NUTRIÇÃO 2013 ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA EM NUTRIÇÃO NAS MAIORES CAPITAIS DO PAÍS Inscreva-se agora e tenha benefícios especiais. Informe-se: nutricaoempauta. com.br

editorial

EM PAUTA

por Sibele B. Agostini

Aumentando a Competência Cultural em um Mundo Cada Vez Menor A matéria de capa desta edição aborda a competência e proficiência cultural que representam estratégias, valores e habilidades organizacionais e interpessoais que resultam em desfechos positivos de saúde apesar das diferenças culturais entre os profissionais de saúde e seus clientes. A competência cultural é um elemento importante para ajudar a eliminar diferenças raciais e étnicas relacionadas à saúde entre os diferentes grupos populacionais e é baseada na premissa de que um profissional de saúde deve apresentar um conjunto de valores, conhecimentos, atributos e valores adequados para atuar de maneira efetiva com diferentes grupos culturais. Além disso, a atenção à saúde e as necessidades da mão de obra estão mudando no mundo todo. Um número maior de profissionais de saúde é necessário para atender a demanda de uma atenção à saúde adequada e competente. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2013, englobando o 14o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 14o

Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 1º Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva, 9o Fórum Nacional de Nutrição, 8o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 6o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 6o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 1º Simpósio Internacional de Gastronomia Molecular (França), 14a Exposição de Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo no período de 03 à 05 de outubro de 2013 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E também o 9o Fórum Nacional de Nutrição 2013, que será realizado este ano em 8 capitais do país: RJ, MG, SC, BA, DF, PA, PR e RS.

Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da Revista Nutrição em Pauta. Boa leitura!

Sibele B . A g os tini Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região

Março/ABRIL 2013

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nesta edição Março/Abril 2013

3. Aumentando a Competência Cultural em um Mundo Cada Vez Menor. 9. Mecanismos Hormonais de Controle da Diabetes Após a Cirurgia Bariátrica. 15. Relação entre Exercício Físico, Estresse Oxidativo e Magnésio. 21. Resíduos Sólidos Gerados em Panificadoras de uma Rede de Supermercados de Goiânia-Goiás: Caracterização e Destino Final. 27. Conduta Nutricional no Tratamento da Celulite: Uma Revisão. 33. Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Renais Crônicos em Hemodiálise. 37. Perfil do Aleitamento Materno em uma Cidade do Interior do Estado de São Paulo. Assine: (11) 5041.9321 r.22 assinaturas@nutricaoempauta.com.br Fale Conosco: (11) 5041.9321 r.20 contato@nutricaoempauta.com.br

43. Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida. 49. Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu.

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A Revista dos Melhores Profissionais de Nutrição Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científica em Nutrição - Av. Ver.

ISSN 1676-2274

José Diniz, 3651 - cj 41 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 - Fax 55

editora científica diretor gerente de marketing e eventos conselho científico

Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ), Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP), Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefina Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Thais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP) Dra. Ilana Elman (Doutora FSP/USP) Chef Patrick Martin | LCB/PARIS Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Dra. Cecília Tsukamoto Amanda B. Ansaldo | MTB 46767/SP Alexandre Agostini Roberta Lajes | assinaturas@nutricaoempauta.com.br estudiolumine.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Produzida em Março 2013

Ano 21 - número 119 - março/abril 2013 - edição impressa 11 5041-9097 - email nucleo@nutricaoempauta.com.br - website www.nutricaoempauta.com.br

pesquisadora científica consultor de gastronomia colaboradores tradutora repórter fotógrafo assinaturas projeto gráfico e editoracão eletrônica Indexação

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matéria de capa

Increasing Cultural Competence in a Shrinking World

por Judith Rodriguez e Catherine Christie

Aumentando a Competência Cultural em um Mundo Cada Vez Menor

Cultural competence and proficiency represent the interpersonal and organizational strategies, values and skills that result in positive health outcomes despite the cultural differences between the health providers and clients. An individual’s communication style is the sum of the educational and linguistic training, values, racial, ethnic, socioeconomic, religious and cultural background. Every cultural group has a health system based on specific beliefs, and values related to health and disease etiology and behaviors. There are various models or theories on cultural competency, including the Campinha-Bacote Model, Cross, Março/ABRIL 2013

Bazron and Isaac’s Six Points of the Cultural Competency Continuum, the Bennett Six Stage Model, the Patient Based Approach, and Leininger’s Seven Dimensions. The similarities among these models include self– awareness; knowledge about the groups and the individual; skill at probing for information and negotiating; and, inductive learning. There are many research needs and opportunities for increasing knowledge and cultural competency and proficiency.

Introdução

É Preciso Competência e Proficiência Cultural

Competência e proficiência cultural representam estratégias, valores e habilidades organizacionais e interpessoais que resultam em desfechos positivos de saúde, apesar das diferenças culturais entre os profissionais de saúde e seus clientes. A competência cultural é um elemento importante para ajudar a eliminar diferenças raciais e étnicas relacionadas à saúde entre os diferentes grupos populacionais e é baseada na premissa de que um profissional de

franz, 2001; sbd, 2009 A competência cultural do nutricionista permite que esse profissional seja sensível e identifique e trate o impacto da discriminação, influências ambientais, condição socioecômica, cultura e acesso à saúde nos desfechos em saúde.” Stockxchange

Competência e proficiência cultural representam estratégias, valores e habilidades organizacionais e interpessoais que resultam em desfechos positivos de saúde, apesar das diferenças culturais entre os profissionais de saúde e seus clientes. O estilo de comunicação de um indivíduo é a somatória de sua formação educacional e linguística, valores, aspectos raciais, étnicos, socioeconômicos, religiosos e culturais. Cada grupo cultural tem um sistema de saúde baseado em crenças e valores específicos relacionados à saúde, etiologia da doença e aos comportamentos. Há vários modelos ou teorias sobre a competência cultural, como o modelo de Campinha-Bacote, Cross, Bazron e os Seis Pontos de Isaac do Contínuo de Competência Cultural, o modelo de Seis Etapas de Bennett, a Abordagem Baseada no Paciente (Patient Based Approach) e as Sete Dimensões de Leininger. As semelhanças entre esses modelos incluem o autoconhecimento; conhecimento sobre os grupos e o indivíduo; habilidade para explorar as informações e negociar; e a aprendizagem indutiva. Há uma grande necessidade de pesquisa e muitas oportunidades para se aumentar o conhecimento, a competência e a proficiência cultural.

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Aumentando a Competência Cultural em um Mundo Cada Vez Menor

saúde deve apresentar um health literacy, 2004 e culturais. Nas interações conjunto de valores, coO conhecimento sobre a saúde encotidianas, nutricionistas nhecimentos, atributos e enfrentam o problema volve a habilidade individual de ler e obvalores adequados para de trabalhar com clientes ter, processar e entender informações básiatuar de maneira efetiva que apresentam diferencas sobre saúde; ler, escrever e falar sobre com diferentes grupos tes estilos de comunicaa saúde; realizar funções matemáticas báculturais (BASTABLE et ção, atitudes e visões de sicas (como quantia de calorias em um alial., 2011). Além disso, a mundo. As expectativas mento); e conhecimento sobre o organismo, atenção à saúde e as nedo cliente e dos profissiosaúde e doença. (...) Um provedor de saúde cessidades da mão de obra nais de saúde e comporculturalmente competente irá compartiestão mudando no mundo tamentos subsequentes lhar informações de maneira que isso possa todo. Um número maior sofrem impacto por causa ser compreendido e utilizado pelo cliente de profissionais de saúde de suas percepções da coe simultaneamente ajudar a melhorar o coé necessário para atender municação verbal e não nhecimento do cliente sobre saúde.” a demanda de uma atenverbal. A competência ção à saúde adequada e cultural do nutricionista competente. A tecnologia também criou uma variedade permite que esse profissional seja sensível e identifique e de comunicações, registros, análise de dados e locais para trate o impacto da discriminação, influências ambientais, compartilhamento de dados. A informática em saúde, condição socioecômica, cultura e acesso à saúde nos desa telemedicina, as tecnologias da informação, a internet, fechos em saúde. a biotecnologia e os novos métodos de comunicação aumentam o acesso e fluxo de informações. Isso oferece uma Saúde e Cultura oportunidade aos profissionais da saúde, para que esses Cada grupo cultural, seja a cultura baseada na etnia, aumentem seus conhecimentos em terapias biomédicas raça, profissão, estilo de vida ou habilidade, tem um sistema e não biomédicas/ tradicionais e alinhem seus cuidados de saúde baseado em crenças e valores específicos relaciocom a assistência personalizada à saúde. nados à saúde, etiologia da doença e aos comportamentos. O aumento da movimentação global tanto de indiEste sistema de saúde pode incorporar elementos de alopatia víduos quanto de grupos dentro e fora de seus países, inou homeopatia, uma orientação futura, passada ou presente, clusive no Brasil, tem impacto na prestação de serviços de marianismo ou machismo, teoria dos germes e biomedicina. atenção à saúde, nas instituições que oferecem assistência Modelos tradicionais de crenças em saúde podem ser explaà saúde e nos clientes. O Brasil está passando por grandes natórios em sua natureza; baseados em crenças com relação transformações. O país ocupa uma importante posição a prêmio ou punição; sistemas dicotômicos, como quente/ internacional no agronegócio e energia, é um centro de frio ou yin e yang; equilíbrio e moderação; deslocamento de migração de mão de obra e, por isso, incorpora mais hapartes do corpo; estados emocionais, tais como preocupação bitantes na economia formal. Isso está fazendo com que ou medo; fatalismo ou sorte; o mágico ou o sobrenatural; o Brasil vivencie mudanças populacionais com relação ou a inveja ou o mau olhado. Os comportamentos relacioà idade, diversidade socioeconômica e um número cada nados ao sistema de crenças em saúde podem incluir o uso vez mais crescente de populações multiculturais. Comde banhos de limpeza, rituais, ervas/poções; exercícios, petência e proficiência cultural de nutricionistas, assim saúde mental e prescrições de medicamentos para dormir; como outros profissionais de saúde, são essenciais para alimentos específicos ou chás medicinais; curas tradicionais desfechos bem sucedidos na área da saúde (GLOBAL ou biomédicas; água benta, velas, orações, promessas para TRENDS, 2012; CENSO DEMOGRÁFICO, 2010; BRAprevenção e tratamento da doença. É importante lembrar ZIL DEMOGRAPHICS, 2012). Os estilos e técnicas de que, apesar de as teorias biomédicas e dos germes historicomunicação do cliente e do nutricionista são a somatória camente separarem a saúde em física, mental e social, e de de sua formação educacional e linguística, de seus valoserem baseadas no método científico e nas evidências, há res, raça, etnia e de aspectos socioeconômicos, religiosos um aumento crescente da fusão dos diferentes sistemas de

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Increasing Cultural Competence in a Shrinking World saúde e da medicina complementar e alternativa (McELROY; TOWNSEND, 2008). Além da influência da cultura, a pesquisa indica que o conhecimento sobre saúde é importante para os desfechos da saúde. O conhecimento sobre a saúde envolve a habilidade individual de ler e obter, processar e entender informações básicas sobre saúde; ler, escrever e falar sobre a saúde; realizar funções matemáticas básicas (como quantia de calorias em um alimento); e conhecimento sobre o organismo, saúde e doença. Mas o mais importante, a pesquisa demonstra que o conhecimento sobre saúde pode ser aprimorado. Um provedor de saúde culturalmente competente irá compartilhar informações de maneira que isso possa ser compreendido e utilizado pelo cliente e simultaneamente ajudar a melhorar o conhecimento do cliente sobre saúde (HEALTH LITERACY, 2004).

Metodologia

Modelos ou Teorias

Há vários modelos ou teorias sobre competência cultural. Eles foram desenvolvidos para ajudar os profissionais da saúde a melhorarem sua habilidade para se autoavaliarem e se tornarem culturalmente competentes ou para ajudar uma instituição a desenvolver políticas e processos efetivos. O de Campinha-Bacote é um dos primeiros e renomados modelos e propõe que os estágios de competência cultural são “Consciência, Conhecimento, Habilidade, Encontro e Vontade (de aprender sobre como interagir com o grupo)”. Cross, Bazron e os Seis Pontos de Isaac do Contínuo de Competência Cultural costumam ser denominados Estágios do Contínuo de Competência Cultural. De acordo com este modelo, as etapas perigosas são destrutividade, incapacidade, cegueira e pré-competência. Os profissionais deveriam se esforçar para atingir competência e proficiência.(CULTURAL COMPETENCE CONTINUUM, 2012). O modelo de Seis Etapas de Bennett, também chamado de Modelo de Desenvolvimento da Sensibilidade Intercultural, propõe que há etapas de competência: 1. Negação da Diferença; 2. Defesa contra a Diferença; 3. Minimização das Diferenças; 4. Aceitação da Diferença; 5. Adaptação à Diferença e 6. Integração da Diferença. ( BENNETT, 2012) A Aliança Nacional Para Doenças Mentais usa um contínuo de Quatro Etapas para descrever competência: Estágio 1, “não consciente e ainda não Março/ABRIL 2013

matéria de capa por Judith Rodriguez e Catherine Christie

competente,”; Estágio 2, quando o indivíduo é “ intrinsecamente consciente e ainda não competente,”; no Estágio 3 quando o indivíduo é :”consciente e não competente,” e finalmente, no Estágio 4, quando o é “consciente e competente.” (NATIONAL ALLIANCE ON MENTAL ILLNESS, 2008) A Abordagem Centrada no Paciente enfatiza a interação entre o cliente e o profissional da saúde e incentiva o profissional de saúde a examinar os principais problemas culturais, entender o significado da doença e determinar o contexto social, para depois negociar, considerando as diferentes culturas (BEACH; SAHA; COOPER, 2012). O modelo Sunrise (Teoria de Atenção à Cultura) ou as Sete Dimensões de Leininger definem que, para ser culturalmente competente, devese considerar os valores culturais, estilos de vida, crenças religiosas, filosóficas e espirituais, fatores econômicos, educacionais, tecnológicos, políticos e legais, além das relações sociais e familiares (LEININGER, 2002). Entre os acrônimos usados na língua inglesa para ajudar os profissionais a trabalharem com diferentes populações e indivíduos estão: ETHNIC (Explicação, Tratamento, Healers, Negociação, Intervenção e Colaboração), LEARN (Listen = Ouvir, Explicar, Acknowledge = Reconhecer, Recomendar e Negociar), BATHE (Background = Histórico, Afetar, Trouble = Problema, Handling = Lidar, Empatia), e GREET (Geração, Extended Family = Família Estendida, Ethnic Behavior = Comportamento Étnico, Time in the U.S. = Tempo nos EUA). Há algumas semelhanças entre esses modelos. Seus principais elementos incluem autoconsciência; conhecimento sobre os grupos e o indivíduo; habilidade para explorar as informações e negociar; e aprendizagem indutiva. Entretanto, todos tentam criar um valor positivo com relação à diversidade, promover a capacidade para autoavaliação e conscientização da dinâmica da interação entre culturas. Eles incentivam o conhecimento cultural institucionalizado e adaptação de políticas, procedimentos e entrega de serviços baseado na valorização da diversidade cultural.

Necessidades de Pesquisa

De acordo com Fortier e Bishop, a agenda de pesquisas sobre competência cultural está inserida em três categorias principais: intervenções culturalmente sensíveis, assistência à linguagem e suportes organizacionais nutrição em pauta |

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para competência cultural. Alguns exemplos incluem: testar a efetividade da inclusão da família na assistência à saúde se a família tiver um valor forte; determinar a relação de comportamentos culturais comuns nos desfechos; comparar a interpretação oral aos materiais escritos traduzidos; testar a efetividade de um processo de resolução de luto de um cliente em uma clínica comunitária; e avaliar a educação e necessidade de treinamento de seus funcionários. (STEIN, 2010) As teorias ou modelos precisam ser mais testadas e é preciso desenvolver ferramentas válidas e confiáveis, questionários e diretrizes para autoavaliação e para avaliar a efetividade deles quando trabalhando com clientes. Além disso, o “melhor” modelo pode variar de acordo com as circunstâncias. Consequentemente, pesquisas testando que modelo funciona melhor em diferentes modelos de atenção à saúde contribuirão para o conhecimento sobre atenção cultural adequada.

Oportunidades de Aprendizagem

Há muitas oportunidades para se aumentar a competência e proficiência cultural. Normalmente há muitos recursos locais, como lojas e restaurantes de alimentos étnicos, igrejas, sinagogas, mesquitas, clubes culturais (p. ex. clube alemão etc.) e eventos (p. ex. desfile do ano novo chinês, festa de San Genaro etc.), aulas de culinárias e outros. A colaboração com outros profissionais, como em projetos de pesquisa sobre a efetividade de diferentes intervenções com grupos culturais específicos, aumentará a base do conhecimento e a ciência da cultura e saúde. Consultas com especialistas culturais que possam ajudar o profissional da saúde a aprender mais sobre os grupos

Avaliando o Ambiente de uma Comunidade do ponto de vista da Nutrição atendidos e ajudar no planejamento de programas. Uma abordagem popular para aumentar o conhecimento sobre a cultura é participar de um programa de estudos no exterior por meio de uma faculdade ou universidade local. Isso oferece a vantagem de lhe ajudar a encontrar pessoas com interesses semelhantes. Além disso, há muitos recursos disponíveis em materiais impressos e online, tais como em páginas da internet, livros de culinária e leituras étnicas. Muitas organizações profissionais de saúde e nutrição também têm materiais e recursos. Por exemplo, a Academy of Nutrition and Dietetics, anteriormente chamada American Dietetic Association, produziu materiais educativos e folhetos em nutrição em espanhol e publicou um suplemento sobre competência cultural, em maio de 2010. O Oldways Preservation Trust tem diretrizes baseadas em diferentes áreas culturais, tais como a Pirâmide da Dieta Mediterrânea, a Pirâmide da Dieta Asiática, a Pirâmide da Dieta Latina, a Pirâmide da Dieta da Herança Africana e a Pirâmide da Dieta Vegetariana.

Conclusão

Finalmente, por que um profissional de nutrição e dietética deveria se esforçar para atingir a proficiência cultural? Alimentos e hábitos alimentares são parte integral da identidade de uma pessoa. Por meio da compreensão da cultura, o nutricionista ganha conhecimento e insights sobre fatores que têm impacto nos alimentos e na nutrição, aumenta a visão pessoal do mundo, acentua e enriquece a vida pessoal e demonstra honra e respeito pela vida e tradição de outra pessoa.

Tabela 1. Terminologia Básica Aculturar

Adquirir ou adaptar as características culturais de outro grupo, fundir ou modificar a cultura de uma pessoa como resultado do contato.

Assimilar

Absorver e incorporar as características culturais, hábitos, valores ou maneiras de outro grupo.

Bicultural

Incluir, ser parte de, ou pertencer a duas culturas diferentes.

Persistência Cultural

Resistência para mudar e valorizar a conservação e manutenção dos sistemas existentes e suas compreensões.

Relativismo Cultural

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Abordar a visão sob a perspectiva de outra pessoa em vez do seu próprio contexto.

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Assessing the Nutrition Environment of an Entire Community

Culturalmente adequado Culturalmente competente Culturalmente sensível Cultura

Étnico Etnocêntrico

matéria de capa por Judith Rodriguez e Catherine Christie

O profissional tem conhecimento anterior e valores que conseguem honrar as crenças, comportamentos, cultura e linguagem de outros indivíduos, famílias ou grupos, permitindo a realização de serviço ou programa efetivo aos grupos que recebem esses serviços. A habilidade de reconhecer sua própria cultura e não permitir que ela exerça influência indevida na dos demais e entender o contexto e complexidade da situação de outra pessoa a fim de interagir de maneira efetiva. O reconhecimento das diferenças culturais e condução do trabalho de uma maneira que efetivamente honre e respeite as diferenças. O implícito e o explícito socialmente transmitidos e compartilhamento de práticas, crenças, formas sociais, atitudes, valores, objetivos e características materiais de um grupo ou de um povo em um lugar ou momento específico. Características de um povo que compartilham uma mesma cultura, religião, valores, moral ou linguagem. A crença de uma pessoa ou de um grupo na superioridade de sua própria cultura, premissa que suas visões de mundo são as corretas e que enxergam os valores e ações de outros a partir de sua própria perspectiva.

Multicultural

Incluir, ser parte de, ou pertencer às várias culturas diferentes.

Visão do Mundo

A maneira que uma pessoa enxerga o universo e forma valores sobre a vida e o mundo.

Xenofobia

Um temor, não gostar ou odiar o outro, ou outros grupos ou estranhos.

Sobre os autores

Profa. Dra. Judith Rodriguez Nutricionista, Professora e Diretora, Departmento de Nutrição e Dietética, University of North Florida, Jacksonville, FL, USA. Profa. Dra. Catherine Christie Nutricionista, Professora Associada, Departamento de Nutrição e Dietética, e Diretora Acadêmia Associada, Brooks College of Health, University of North Florida, Jacksonville, FL, USA. Palavras-chave: competência cultural, diversidade. Keywords: cultural competency, diversity. Recebido: 20/12/2011 – Aprovado: 12/03/2012

Referências

BASTABLE, SB, GRAMET, P, JACOBS, K, SOPCZYK, DL. Health Professional as Educator. Sudbury: Jones and Bartlett Learning, 2011. BEACH, MC, SAHA, S, COOPER, LA. The Role and Relationship of Cultural Competence and Patient-Centeredness in Health Care Quality. Washington, DC: Commonwealth Fund pub. no. 960. 2006. Accessed January 18, 2012. BENNETT, MJ. A Developmental Model of Intercultural Sensitivity. http://www.library.wisc.edu/EDVRC/docs/public/pdfs/SEEDReadings/ intCulSens.pdf . Accessed January 18, 2012. BRAZIL DEMOGRAPHICS PROFILE 2012 CAMPINHA-BACOTE, J. The Process of Cultural Competence in the Delivery of Healthcare Services http://www.transculturalcare.net/Cultu-

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ral_Competence_Model.htm Accessed January 18, 2012. http://dictionary.reference.com/ Accessed January 18, 2012. http://www.eatright.org/ Accessed January 18, 2012. FORTIER J. P., BISHOP, D. 2003. Setting the agenda for research on cultural competence in health care: final report. Edited by C. Brach. Rockville, MD: U.S. Department of Health and Human Services Office of Minority Health and Agency for Healthcare Research and Quality. http:// www.ahrq.gov/research/cultural.htm. Accessed January 18, 2012. GLOBAL TRENDS 2025: The National Intelligence Council’s 2025 Project. http://www.dni.gov/nic/NIC_2025_project.html. Accessed January 18, 2012. HEALTH LITERACY: A Prescription to End Confusion 2004 http://www.iom.edu/Reports/2004/Health-Literacy-A-Prescription-to-End-Confusion.aspx. Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ). Accessed January 18, 2012. LEININGER, M. Culture Care Theory: A Major Contribution to Advance Transcultural Nursing Knowledge and Practices. J Transcult Nurs 2002 13: 189. MCELROY, A, TOWNSEND, PK. Medical Anthropology in Ecological Perspective: Fifth Edition. NY: Westview Press, 2008. http://www.merriam-webster.com/ Accessed January 18, 2012. NATIONAL ALLIANCE ON MENTAL ILLNESS. NAMI Multicultural Leadership Conference Presentation: Hicks & Noboa-Rios 4-Stage Model. St. Louis, MO. March 28th -30th, 2008. Accessed January 18, 2012. NCCC Cultural Competence Continuum http://www.wavawnet. org/publicfiles/TheContinuumRevised.pdf . Accessed January 18, 2012. http://www.oldwayspt.org/ Accessed January 18, 2012. RESULTADOS PRELIMINARES DO UNIVERSO DO CENSO DEMOGRÁFICO 2010 Tabelas http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/censo2010/resultados_preliminares/preliminar_tab_uf_zip. shtm. Accessed January 18, 2012.http://www.indexmundi.com/brazil/demographics_profile.html. Accessed January 18, 2012. STEIN, K. Moving Cultural Competency from Abstract to Act, J Am Diet Assoc 2010;110:180-187.

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Mega Evento

Em 2013, o Mega Evento está ainda melhor.

2013 • 14º Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida • 14º Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição • 1º Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva • 9º Fórum Nacional de Nutrição • 8º Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA) • 6º Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom) • 6º Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França) • 1º Simpósio Internacional de Gastronomia Molecular (França) • 14a Exposição de Produtos e Serviços em Alimentação e Nutrição Nutrição Clínica . Nutrição Esportiva . Nutrição Hospitalar . Saúde Pública . Alimentos Funcionais . Food Service . Gastronomia e Aspectos Alimentares e Culturais . serão discutidos em profundidade no Mega Evento Nutrição 2013 o maior evento de Nutrição e Alimentação da América Latina. Prêmios Científicos: Serão quatro importantes prêmios para os Temas Livres: Melhor Trabalho Científico em Nutrição Clínica, Melhor Trabalho Científico em Nutrição Esportiva, Melhor Trabalho Científico em Nutrição e Saúde Pública e Melhor Trabalho Científico em FoodService/Gastronomia. Também serão premiados os melhores Pôsteres apresentados: Melhor Pôster em Nutrição Clínica, Melhor Pôster em Nutrição Esportiva, Melhor Pôster em Nutrição e Saúde Pública e Melhor Pôster em FoodService/Gastronomia.

Divulgação:

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clínica

Hormonal Mechanisms of Diabetes Control after Bariatric Surgery

por Caio Eduardo G. Reis e Jane Dullius

Mecanismos Hormonais de Controle da Diabetes Após a Cirurgia Bariátrica

The bariatric surgery is an effective method for treating obesity, with beneficial results in weight loss and glycemic control. Foregut and Hindgut Hypothesis were proposed to explain the rapid effects of bariatric surgery in the improvement of the Type 2 diabetes mellitus control (T2DM). According to these hypotheses, the improvement in glycemic control is related to the exclusion of the proximal intestine and anticipation of the distal, reducing the secretion of anti-incretin factors and increasing levels of gut hormones. The glucagon-like peptide-1 (GLP-1) appears as the hormone responsible for this improvement because of its beneficial action in β cells, and in secretion and insulin action. Further studies are needed to assess the effects of bariatric surgery in the cure of T2DM in order to elucidate the hormonal mechanisms linked to improved glucose metabolism.

Março/ABRIL 2013

Introdução

A obesidade tem sua prevalência aumentada em todo mundo, atingindo proporções epidêmicas (OMS, 2000). Além disso, está ligada a complicações de saúde, tais como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares (MORRIS, 2008) e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) (KAHN; HULL; UTZSCHNEIDER, 2006). A DM2 caracteriza-se pelo quadro de hiperglicemia crônica resultante de defeitos na sensibilidade à insulina (ADA, 2012). Estimativa para o ano de 2010 foi de cerca de 285 milhões de diabéticos no mundo, aumentando para 440 milhões em 2030 (SHAW; SICREE; ZIMMET, 2010). Atualmente a cirurgia bariátrica é o método mais eficiente para o tratamento da obesidade grau III, devido à grande perda do excesso de peso apresentada e à melhora no controle das comorbidades – DM2, hipertensão e dislipidemias. Grande parte dos pacientes operados apresenta melhoras no quadro metabólico, com redução da glicemia, devido à melhora no metabolismo da glicose (BUCHWALD et al., 2009). Entretanto, sua eficácia e segurança no tratamento da DM2 em indivíduos com índice de massa corporal (IMC) ≤ 35 kg/m² ainda é questionada (DIXON et al., 2011).

dos autores O interesse nos mecanismos responsáveis pela redução da glicemia de diabéticos tipo 2 submetidos a cirurgia bariátrica é atual e crescente. Inúmeras pesquisas clínicas vêm sendo realizadas na busca de um procedimento cirúrgico seguro capaz de curar a DM2.

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A cirurgia bariátrica é um método eficiente para o tratamento da obesidade, com resultados benéficos tanto na perda do excesso de peso quanto no controle glicêmico. As Hipóteses do Intestino Proximal e Distal foram propostas para explicar os rápidos efeitos da cirurgia na melhora do controle da diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Segundo essas hipóteses, a melhora no controle glicêmico está relacionada à exclusão do intestino proximal e à antecipação do distal, reduzindo a secreção dos fatores anti-incretínicos e aumentando os níveis dos hormônios intestinais. O peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) aparece como um dos hormônios responsáveis por essa melhora, devido a sua ação benéfica nas células β e secreção e ação da insulina. Entretanto, mais estudos são necessários com objetivo de avaliar os efeitos da cirurgia bariátrica no tratamento DM2, a fim de elucidar os mecanismos hormonais ligados à melhora do metabolismo da glicose.


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Mecanismos Hormonais de Controle da Diabetes Após a Cirurgia Bariátrica

redução dos níveis de grelina e aumento dos hormônios Um dos hormônios responsáveis pela melhora incretínicos (GLP-1, Peptídeo YY). Resultados mostram no controle glicêmico da DM2, é o peptídeo semelhante o aumento do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLPao glucagon 1 (GLP-1), pois leva ao aumento da transcri1) como o principal fator da melhora da sensibilidade ção do gene da insulina, com aumento da biossíntese desà insulina, isso devido as suas ações ligadas às te hormônio; à indução da neogênese e proliferação das células β pancreáticas células β pancreáticas e à (LAFERRÈRE, 2011). inibição de sua apoptose. buchwald et al., 2009 Estudos que avaliaDesta forma, favorece um Atualmente a cirurgia bariátrica ram o controle glicêmico melhor controle glicêmié o método mais eficiente para o tratamende DM2 submetidos a co (DRUCKER, 2006). to da obesidade grau III, devido à grande bandagem gástrica mosO interesse nos perda do excesso de peso apresentada e à traram resultados eficazes mecanismos responsáveis melhora no controle das comorbidades – e duradouros (DIXON et pela redução da glicemia DM2, hipertensão e dislipidemias. Grande al., 2012), com redução de diabéticos tipo 2 subparte dos pacientes operados apresenta mesignificativa no índice metidos a cirurgia barilhoras no quadro metabólico, com redução Homeostasis Model Assesátrica é atual e crescente. da glicemia, devido à melhora no metabosment – Insulin Resistence Inúmeras pesquisas clínilismo da glicose. ” (HOMA-IR) e aumento cas vêm sendo realizadas significativo nos níveis de na busca de um proceGLP-1 (JIANG et al., 2010). dimento cirúrgico seguro capaz de curar a DM2. ConEstudos demonstram que, após a realização de um siderando a melhora metabólica significativa resultante bypass gástrico em Y-de-Roux, ocorre uma maior liberada cirurgia bariátrica em indivíduos obesos diabéticos, o ção de GLP-1, com redução dos níveis glicêmicos, mesmo presente estudo apresenta as hipóteses dos mecanismos sem a ocorrência de perda de peso (RHEE; VILSBOLL; hormonais da melhora do controle glicêmico de diabétiKNOP, 2012). Em trabalho recente, LIMA et al. (2010) cos após a cirurgia bariátrica. observaram melhora do controle glicêmico (glicose, insulina e HOMA-IR) um mês após a cirurgia. Esses resultaMétodos dos demonstram que o controle glicêmico está ligado às Foi realizada revisão da literatura nas bases de daalterações hormonais resultantes da cirurgia. dos eletrônicas PubMed (US National Libary of Medicine, Resultados da derivação biliopancreática revelaBethesda, MD) e ISI Web of Science (Science Citation Inram melhora nos níveis de glicose, índice HOMA-IR e dex Expanded) em busca de artigos publicados entre JaGLP-1 a partir da 2° semana, sem necessariamente ocorneiro de 2000 – Agosto de 2012, utilizando as seguintes rer perda de peso (RAO; YANAGISAWA; KINI, 2012), palavras chaves: bariatric surgery, metabolic surgery, diacom normalização da primeira fase de secreção de insulibetes surgery, type 2 diabetes, diabetes mellitus type 2. Fona um mês após a operação (SALINARI et al., 2009). ram incluídos artigos originais que apresentassem hipóTrabalhos liderados por De Paula, revelam aumenteses dos mecanismos hormonais da melhora do controle to dos níveis de GLP-1 em diabéticos tipo 2 submetidos glicêmico de diabéticos após a cirurgia bariátrica. a interposição de um segmento do íleo distal no jejuno proximal – interposição ileal. Hipotetiza-se que esse reResultados e Discussão sultado seja atribuído ao maior estímulo nas células L do Mecanismos de Ação segmento do íleo interposto, provocado pelo contato preRecentes estudos de revisão mostram melhoras na coce do bolo alimentar parcialmente digerido (DE PAUsensibilidade à insulina e controle glicêmico em diabéticos LA et al., 2012). tipo 2 submetidos a diversas técnicas de cirurgia bariátrica PACHECO et al. (2007), ao estudarem os efeitos (CASTAGNETO-GISSEY; MINGRONE, 2012), inclusive da exclusão duodeno-jejunal em ratos Goto-kakizaki, obcom índice de massa corporal (IMC) ≤ 35 kg/m² (REIS et servaram melhora da tolerância à glicose, mas, após nova al., 2012). São encontradas alterações hormonais, como a

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Hormonal Mechanisms of Diabetes Control after Bariatric Surgery cirurgia para normalização do trânsito intestinal, houve novamente piora da tolerância. Outros trabalhos resultaram na melhora na tolerância à glicose, com aumento significativo dos níveis de GLP-1 e com restauração da primeira fase de secreção de insulina, indiferentemente do tamanho do baypass intestinal (RAO; YANAGISAWA; KINI, 2012). Diante dos resultados benéficos da exclusão duodeno-jejunal, PORIES e ALBRECHT (2001) formularam a Hipótese do Foregut (Hipótese do Intestino Proximal), na qual preconizam que o contato do alimento com a parede intestinal gera sinais diabetogênicos que interferem no metabolismo da glicose e ação insulínica. Outras pesquisas que estudaram a interposição ileal em modelo animal levaram à formulação da hipótese do Hindgut (Hipótese do Intestino Distal), que trata da melhora no controle glicêmico após a translocação de um segmento do íleo no jejuno proximal (CUMMINGS et al., 2007) (Figura 1). Segundo essa linha de raciocínio, a melhora da DM2 após cirurgia está relacionada com a exclusão do intestino proximal e a antecipação de um segmento do distal.

por Caio Eduardo G. Reis e Jane Dullius

Hipótese do Intestino Proximal e Distal

O intestino proximal produz sinais diabetogênicos (fatores anti-incretínicos), que estão ligados ao desenvolvimento da DM2 (HICKEY; PORIES; MACDONALD, 1998). PORIES e ALBRECHT (2001) sugeriram que um procedimento cirúrgico com a exclusão do duodeno e jejuno proximal poderia reduzir os níveis dessas substâncias e contribuir para o controle glicêmico da DM2. Anos depois, RUBINO et al. (2004) publicaram a hipótese do Intestino Proximal, através de estudo em que avaliaram o controle glicêmico de ratos Goto–Kakizaki (GK) não obesos após o baypass duodeno-jejunal. Neste trabalho foi observada melhora significativa na tolerância à glicose, sem ocorrer perda de peso. Em estudo similar RUBINO et al. (2006) confirmaram que a exclusão do duodeno e jejuno proximal são os principais componentes da melhora glicêmica. A hipótese propõe que, com a retirada da parte inicial do intestino, há um aumento dos níveis dos hormônios incretinos (principalmente o GLP-1) e a diminuição dos fatores anti-incretínicos, contribuindo para melhora glicêmica. A Hipótese do Intestino Distal proposta por CUMMINGS et al. (2007) sugere que a chegada precoce do bolo alimentar ao íleo interposto ocasiona um aumento na secreção de incretinas, principalmente GLP-1 e peptídeo YY, desta forma contribuindo para o controle glicêmico. STRADER et al. (2005) observaram aumento significativo dos níveis de GLP-1 em ratos submetidos ao teste oral de tolerância à glicose após três semanas da interposição ileal. Outro estudo envolvendo ratos Goto-Kakizaki (GK) observou melhora significativa da tolerância 45 dias após a interposição ileal (PATRITI et al., 2007). Essas hipóteses propõem que o quadro de resistência à insulina e hiperglicemia é resultado do desequilíbrio entre as incretinas e os fatores anti-incretínicos. As cirurgias que excluem o duodeno e jejuno proximal e fazem a interposição ileal antecipam a chegada do alimento ao íleo, contribuindo para elevação dos níveis de GLP-1 e, consequentemente, melhora da sensibilidade à insulina (AHN; POMP; RUBINO, 2010) (Figura 2).

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Figura 1. Localização das células produtoras de incretinas e fatores com ação anti-incretínicas. Fonte: RUBINO e GAGNER, 2002.

clínica

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Figura 2. Mecanismo de controle glicêmico após cirurgia bariátrica. Fonte: RUBINO e GAGNER, 2002.

Considerações Finais

Pesquisas no âmbito da cirurgia bariátrica têm produzido novas perspectivas para o tratamento da DM2. Entretanto, as técnicas cirúrgicas ainda requerem ajustes antes de serem amplamente utilizadas em indivíduos com IMC≤ 35 kg/m². Além disso, ainda há necessidade da definição de critérios específicos para o controle e cura da DM2 (DIXON et al., 2011). Deve-se avaliar com cautela os resultados das técnicas disponíveis, a fim de se propor um modelo cirúrgico seguro e efetivo para o controle glicêmico de diabéticos tipo 2. Os riscos e complicações da cirurgia bariátrica incluem alterações gastrointestinais, como estenose, hérnia de anastomose, hemorragia, dumping, dor epigástrica, vômitos, entre outros (HIGA; BOONE; HO, 2000; MITTERMAIR et al., 2009;. FERNÁNDEZ-ESPARRACH et al., 2011). Além disso, complicações nutricionais estão associadas com a cirurgia bariátrica devido à diminuição da ingestão de alimentos e a má absorção de nutrientes, podendo levar a desnutrição proteico-calórica grave. As deficiências de micronutrientes mais comuns são de vitamina B12, ferro, cálcio, vitamina D, tiamina, ácido fólico e as vitaminas lipossolúveis (BORDALO et al., 2011a). O acompanhamento nutricional e suplementação mineral são essenciais para o tratamento e prevenção de complicações metabólicas e nutricionais após a cirurgia bariátrica (BORDALO et al., 2011b). O intestino aparece como um órgão endócrino importante na regulação dos níveis de glicemia, sendo

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Mecanismos Hormonais de Controle da Diabetes Após a Cirurgia Bariátrica envolvido na fisiopatologia da DM2. Destaca-se o GLP-1, devido as suas ações em relação às células β pancreáticas e secreção e ação da insulina. De acordo com os resultados encontrados, duas hipóteses foram propostas para explicar os rápidos efeitos da cirurgia bariátrica na melhora da DM2. Essas hipóteses propõem que, com a exclusão do duodeno e jejuno proximal e a interposição de um segmento ileal, há uma antecipação da chegada do bolo alimentar, contribuindo para um aumento do GLP-1 e diminuição dos fatores anti-incretínicos, contribuindo para melhora glicêmica (AHN; POMP; RUBINO, 2010). A cirurgia bariátrica é um tratamento altamente eficaz para o tratamento da obesidade, apresentando resultados benéficos no controle glicêmico de diabéticos tipo 2, resultantes tanto da melhora da resistência à insulina quanto da disfunção das células β pancreática. Esses resultados são encontrados independentes da técnica operatória utilizada. Entretanto, mais estudos são necessários com objetivo de avaliar os efeitos da cirurgia bariátrica no tratamento DM2, a fim de elucidar os mecanismos hormonais ligados à melhora do metabolismo da glicose e afastar os riscos inerentes a esse procedimento invasivo.

Agradecimentos

À Professora Dra. Rita de Cássia Gonçalves Alfenas (Universidade Federal de Viçosa), à Professora Dra. Jacqueline Isaura Alvarez Leite (Universidade Federal de Minas Gerais) e ao Dr. Bruno Geloneze Neto (Unicamp) pela gentil revisão do texto.

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Hormonal Mechanisms of Diabetes Control after Bariatric Surgery

Sobre os autores

Dr. Caio Eduardo Gonçalves Reis Nutricionista (UnB), Pós-graduado em Nutrição Humana e Saúde (UFLA), Mestre em Ciências da Nutrição (UFV) e Doutorando em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Profa. Dra. Jane Dullius Doutora em Ciências da Saúde, Licenciada em Educação Física. Docente na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, Coordenadora do Programa Doce Desafio. Palavras-chave: Cirurgia Bariátrica, Diabetes Mellitus Tipo 2, Glicose, Obesidade, Peptídeo 1 Semelhante ao Glucagon. Keywords: Bariatric Surgery, Diabetes Mellitus Type 2, Glucose, Obesity, Glucagon-Like Peptide 1. Recebido: 10/9/2012 – Aprovado: 28/01/2013

Referências

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clínica por Caio Eduardo G. Reis e Jane Dullius

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Relationship between Physical Activity, Oxidative Stress and Magnesium

esporte por Renata F. da Silva, Bruna T. S. Beserra, Ana Raquel de Oliveira, Amanda M. Barbosa, Jucyara da Silva C., Fabiana Poltronieri e Dilina do Nascimento M.

Relação entre Exercício Físico, Estresse Oxidativo e Magnésio O magnésio participa de várias reações enzimáticas no metabolismo energético e no sistema de defesa antioxidante, sendo importante para o desempenho físico. O objetivo da presente revisão foi trazer informações atualizadas sobre aspectos relacionados ao metabolismo do magnésio, estresse oxidativo e sua participação na performance. Os artigos indexados no banco de dados Pubmed, Scielo e Lilacs foram analisados, dando preferência aos trabalhos randomizados. Várias pesquisas mostram que a deficiência de magnésio nos tecidos pode favorecer lesões musculares, comprometendo o desempenho. Além disso, existem evidências de que o metabolismo do magnésio está alterado em indivíduos fisicamente ativos. Neste sentido, novos estudos sobre a participação deste mineral em mecanismo envolvidos no metabolismo energético e no sistema de defesa antioxidante poderão trazer um melhor entendimento sobre o estado nutricional relativo ao magnésio, bem como a sua relevância no desempenho físico. Magnesium takes part of many enzymatic reactions on the energetic metabolism and on the antioxidant defense system, being important to the physical performance. The goal of this present review is to bring new information about aspects related to magnesium metabolism, oxidative stress, and his participation on performance. The indexed articles of Pubmed, Scielo and Lilacs data were analyzed and the random works were chosen in preference. Many researches show that the lack of magnesium on tissues can lead to muscle injury, contributing to the performance reduction. Moreover, there are evidences that the metabolism of magnesium is modified in active people. New studies about the participation of this mineral on the mechanism of energetic metabolism and on the antioxidant defense system can bring better understanding about the nutritional state related to the magnesium as well his relevance on physical performance. Março/ABRIL 2013

Introdução

A atividade física favorece diversas adaptações fisiológicas, sendo necessários ajustes cardiovasculares e respiratórios para compensar e manter o esforço realizado. Durante o exercício, ocorre aumento do metabolismo energético, com a formação excessiva de espécies reativas de oxigênio. Essas moléculas podem contribuir para danos tissulares e celulares, predispondo a lesões musculoesqueléticas e prejuízo no desempenho do atleta (ANDRADE; MARREIRO, 2011). Nas últimas décadas, o papel dos micronutrientes no desempenho físico tem sido alvo de pesquisas na área da prática desportiva. O magnésio, em particular, participa do metabolismo energético, da regulação dos transportadores de íons e na defesa antioxidante, aspectos metabólicos importantes para a performance (HALLIWELL, 2006). Apesar do grande número de pesquisas realizadas nos últimos 10 anos, ainda existem controvérsias sobre o metabolismo do magnésio em atletas submetidos a diferentes tipos de exercício. A discordância destes resultados parece estar relacionada às características das diferentes metodologias empregadas e as características específicas do exercício, tais como: duração, intensidade, número de repetições e tempo de recuperação entre as mesmas (FINAUD; FILAIRE, 2006).

nunes et al., 2011 O exercício físico aumenta a utilização de antioxidantes. Dentre as substâncias antioxidantes, o magnésio, que participa do metabolismo energético, da regulação dos transportadores de íons, da contração muscular e coagulação sanguínea, também possui importante função na defesa contra os radicais livres.” nutrição em pauta |

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EM PAUTA

Considerando-se a relevância do tema, bem como os resultados não conclusivos obtidos por meio de diversos estudos, esta revisão visa trazer informações atualizadas sobre os aspectos relacionados ao metabolismo do magnésio e de sua participação no desempenho físico. Nessa perspectiva, será apresentada a relação entre o exercício físico e estresse oxidativo, bem como os aspectos metabólicos do magnésio no exercício físico.

Metodologia

O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados Pubmed, Scielo e Lilacs, considerando o período de 2000 a 2011. O presente estudo incluiu apenas artigos publicados em inglês e português, originais desenvolvidos in vivo e de revisão. Os critérios de inclusão foram: (1) estudos randomizados; (2) estudos que investigaram o metabolismo do magnésio e sua participação no exercício físico. Além disso, os artigos foram selecionados quanto à originalidade e relevância.

Exercício Físico e Estresse Oxidativo

O exercício físico intenso aumenta de 10 a 20 vezes o consumo total de oxigênio do organismo e eleva também de 100 a 200 vezes a captação de oxigênio, induzindo à formação excessiva de espécies reativas de oxigênio e ao aumento da síntese de citocinas pró-inflamatórias. As consequências destas alterações bioquímicas são evidenciadas pela redução da função celular com liberação de enzimas, alterações histológicas e dor muscular (SILVEIRA, 2011). As modalidades esportivas que obtêm energia por meio do metabolismo aeróbio apresentam mais facilidade de promover a liberação dessas substâncias, quando comparadas àquelas que obtêm energia por meio do metabolismo anaeróbio (ZANELLA; SOUZA; GODOY, 2007). O estresse oxidativo induzido pelo exercício físico causa diferentes tipos de resposta que parecem ter relação com o tipo de tecido e com os níveis de antioxidantes endógenos (LIU et al., 2000). A produção excessiva de espécies reativas de oxigênio e/ou a depleção de antioxidantes favorecem a alteração significativa do balanço entre a produção e a remoção destas substâncias do organismo (NUNES et al., 2011). Os danos musculares associados ao estresse oxidativo induzidos pelo exercício físico intenso estão relacionados à diminuição do desempenho físico, fadiga muscular e lesões musculares, sendo capazes de promo-

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Relação entre Exercício Físico, Estresse Oxidativo e Magnésio ver alterações no sistema imune. Estes danos são mais acentuados em indivíduos pouco treinados e naqueles que realizam exercícios de intensidade e duração superior ao seu limite de condicionamento físico (BAILEY et al., 2011). Em situação quando não é obedecido o tempo mínimo de recuperação antes de uma subsequente sessão de exercício, o tecido muscular continua sendo danificado, o que pode, inclusive, levar à apoptose (CLOSE et al., 2005). As espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio modulam vários elementos da função celular, como a captação de glicose, metabolismo mitocondrial, transcrição gênica e catabolismo muscular. Tais metabólitos ainda exercem complexos efeitos autócrinos/parácrinos nos componentes celulares que regulam a contração (NIELSEN; LUKASKI, 2006). Hamilton et al. (2003) demonstraram que o exercício crônico moderado aumenta a expressão gênica de proteínas de estresse que possuem função de reparo e prevenção de danos teciduais no músculo esquelético e cardíaco, sendo capaz de reduzir a extensão da apoptose. O exercício físico aumenta a utilização de antioxidantes. Dentre as substâncias antioxidantes, o magnésio, que participa do metabolismo energético, da regulação dos transportadores de íons, da contração muscular e coagulação sanguínea, também possui importante função na defesa contra os radicais livres (NUNES et al., 2011).

Importância Biológica do Magnésio

O magnésio desempenha papel fundamental em muitas reações celulares e encontra-se envolvido em mais de 300 reações enzimáticas, participando da glicogenólise, oxidação de gordura, síntese proteica e síntese de ATP (Adenosina trifosfato). Este micronutriente atua como regulador fisiológico da estabilidade da membrana e está envolvido com os sistemas cardiovascular, imunológico e hormonal da função neuromuscular (MACEDO et al., 2010). Além disso, atua como cofator da enzima creatina-quinase (CK), na conversão da creatina fosfato e adenosina difosfato (ADP) em creatina livre e ATP, ou seja, na geração de energia para o trabalho de contração muscular. Assim, a manutenção de quantidades adequadas de magnésio é essencial para a produção de energia, principalmente nos segundos iniciais do exercício, quando se utiliza preferencialmente essa via energética (SETARO, 2009). É essencial para a síntese de carbomoil fosfato, substrato importante na formação de ácidos nucléicos e nutricaoempauta.com.br


Relationship between Physical Activity, Oxidative Stress and Magnesium nucleoproteínas (ASHMEAD, 2008). Associado a isso, atua como modificador da resposta inflamatória e desempenha papel relevante no tecido ósseo, alterando a função das células ósseas e o crescimento de cristais de hidroxiapatita (BELLUCI et al., 2010). Com relação à absorção do magnésio, esta ocorre principalmente na porção distal do intestino (íleo e cólon), por difusão passiva, e é dependente da quantidade ingerida, do estado nutricional do indivíduo e da presença de agentes dietéticos promotores e inibidores de sua absorção. Em indivíduos com elevada e reduzida ingestão desse mineral, a porcentagem de absorção pode chegar a

esporte por Renata F. da Silva, Bruna T. S. Beserra, Ana Raquel de Oliveira, Amanda M. Barbosa, Jucyara da Silva C., Fabiana Poltronieri e Dilina do Nascimento M.

25 e 75%, respectivamente (SETARO, 2009). O rim é o principal excretor envolvido na homeostasia do magnésio. Em situação de baixa ingestão oral deste micronutriente, os rins são capazes de reduzir a sua excreção diária. Cerca de 5% do magnésio filtrado são excretados na urina e, em caso de ingestão deficiente, ocorre redução em função da reabsorção e posterior conservação do mineral nos estoques depletados (Figura 1). As demais formas de excreção são as fezes e o suor, sendo que a concentração fecal de magnésio fica entre 150 a 200 mg/dia e o suor contribui com uma perda diária aproximada de 15 mg (HERROEDER et al., 2011).

Figura 1. Excreção renal de magnésio

Fonte: Adaptado de Herroeder et al. (2011).

Com relação à distribuição do magnésio no organismo, este oligoelemento encontra-se em maior quantidade em tecidos hepáticos e musculares. Os ossos e a musculatura esquelética representam os compartimentos de troca lenta do mineral, enquanto que os de troca rápida são constituídos por fígado, coração, intestino, pele e tecidos conectivos. Cerca de um terço do magnésio ósseo pode ser mobilizado para a manutenção da homeostase do mineral em outros tecidos, em situações de deficiência, seja por ingestão inadequada ou presença de doenças (HERROEDER et al., 2011). A recomendação para a ingestão diária de magnésio é de 400 a 420 e 310 a 320mg para homens e mulheres adultos, respectivamente (IOM, 1997). Março/ABRIL 2013

Aspectos Metabólicos do Magnésio no Exercício Físico

O magnésio é importante no exercício físico por participar da regulação da contração muscular pelo seu efeito direto no filamento pesado (miosina), na proteína regulatória (troponina), nas ATPases, no retículo sarcoplasmático, bem como por favorecer o armazenamento de cálcio. Na deficiência de magnésio, ocorre maior atividade de canais de íon cálcio nas membranas do retículo sarcoplasmático, aumentando a saída do íon para o sarcoplasma e, consequentemente, a sua concentração intracelular. O excesso de cálcio intracelular leva ao aumento no consumo de oxigênio, ATP e à hiperexcitabilidade, que pode causar câimbras musculares e fadiga (NIELSEN; nutrição em pauta |

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Nutrição

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Relação entre Exercício Físico, Estresse Oxidativo e Magnésio

gético e excreção (PETERS, 2003). Sobre este aspecto, já LUKASKI, 2006). O magnésio ainda atua no músculo, foi demonstrado que exercícios anaeróbios também auinibindo a liberação de acetilcolina, neurotransmissor mentam a excreção urinária de magnésio durante e imeque dá início à contração muscular. Por outro lado, a defidiatamente após a atividade física. Esse aumento parece ciência deste mineral no tecido muscular acentua as conestimular a liberação de hormônios como a aldosterona trações musculares (ROCHEDO, 2004). e a produção de lactato As necessidades de produzido durante a realimagnésio para atletas vaherroeder et al., 2011 zação do exercício (MENriam de 10% a 20%, sendo O rim é o principal excretor envolDES NETO, 2004). superiores às recomendavido na homeostasia do magnésio. Em situaSetaro (2005) avações atuais para indivídução de baixa ingestão oral deste micronuliou a excreção urinária os sedentários de mesmo triente, os rins são capazes de reduzir a sua de magnésio em atletas sexo e faixa etária. Vale excreção diária. Cerca de 5% do magnésio de voleibol em dois pedestacar que o exercício filtrado são excretados na urina e, em caso ríodos: pré-competitivo físico favorece sua perda de ingestão deficiente, ocorre redução em e competitivo. Foram enelevada, pela urina e suor, função da reabsorção e posterior consercontrados valores médios em períodos de treinavação do mineral nos estoques depletados. de 108 e 93 de mg de Mg/ mento intenso (NIELAs demais formas de excreção são as fezes dia, respectivamente, esSEN; LUKASKI, 2006). e o suor, sendo que a concentração fecal tando dentro da faixa de Nessa perspectiva, de magnésio fica entre 150 a 200 mg/dia e o normalidade, o que pode a realização da atividade suor contribui com uma perda diária aprorefletir adequação do esfísica pode levar à redistado nutricional relativo tribuição do magnésio ximada de 15 mg.” ao mineral. no organismo, sendo que Diferentemente, resultados de pesquisas sobre o o tipo de exercício realizado e as suas concentrações intema mostram que, em situações de ingestão adequada de fluenciam esta redistribuição para os locais com maior magnésio, as concentrações desse mineral no soro enconnecessidade metabólica. Os primeiros estudos a respeito tram-se normais, independente do tipo de exercício físico do assunto demonstraram que exercícios de alta intensirealizado (LUKASKI, 2004). dade e curta duração aumentam a concentração plasmátiOutro aspecto importante a ser destacado sobre o ca de magnésio em 5% a 15%, retornando aos seus valores dano muscular decorrente do exercício físico é o aumento iniciais 24 horas após o exercício. Esta alteração no seu da concentração de interleucinas nas áreas afetadas, que metabolismo está associada à redução no volume plasmácaracteriza um processo inflamatório. As citocinas prótico resultante do esforço físico (AMORIM; TIRAPEGUI, -inflamatórias contribuem para a manifestação do estres2008). se oxidativo, que é acentuado pela deficiência de magnéNesse sentido, Silva et al. (2011) encontraram elesio (CRUZAT et al., 2007). vadas concentrações de magnésio no plasma e reduzidas O efeito da suplementação com magnésio na funna urina de nadadores adolescentes, indicando a ocorrênção celular foi avaliado por Fernandes (2009) e não foram cia de alterações na compartimentalização desse mineral verificados benefícios no desempenho físico quando o no organismo. Nielsen e Lukaski (2006) observaram que estado nutricional relativo ao magnésio estava adequado. a perda de massa muscular em exercícios de alta intensiDe acordo com este autor, a suplementação com magnédade e curta duração seria correspondente ao aumento sio não apresenta efeitos ergogênicos, apenas reverte o esdo magnésio sérico logo após o exercício. Por outro lado, tado da sua deficiência. durante a realização de atividade física prolongada, ocorre redução da concentração sérica. No entanto, exercícios de ultra-endurance com duConsiderações Finais ração superior a quatro horas promovem perda excessiva A relação entre exercício físico, estresse oxidatide micronutrientes pelo aumento do metabolismo enervo e magnésio ainda necessita ser mais bem esclarecida.

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Relationship between Physical Activity, Oxidative Stress and Magnesium Sabe-se que o exercício físico aumenta a resposta inflamatória e acentua a produção de espécies reativas de oxigênio, promovendo alterações nas membranas celulares e aumento da concentração de cálcio intracelular. Tanto a resposta inflamatória quanto o estresse oxidativo são acentuados na deficiência de magnésio, que, no desempenho físico, parecem ser fator contribuinte para lesões musculares. Portanto, diante da controvérsia apresentada por diferentes estudos sobre o tema, torna-se necessário elucidar os mecanismos envolvidos na relação entre a deficiência de magnésio e desempenho físico, a fim de que se possa compreender efetivamente a relevância do status de magnésio no exercício.

Sobre os autores

Renata Filipe da Silva - Graduanda do Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí, Piauí - Brasil. Bruna Teles Soares Beserra - Graduanda do Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí, Piauí - Brasil. Ana Raquel Soares de Oliveira - Graduanda do Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí, Piauí - Brasil. Amanda Marreiro Barbosa - Graduanda do Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí, Piauí - Brasil Jucyara da Silva Coelho - Educadora Física, Especialista em Fisiologia do Exercício, Piauí – Brasil Profa. Dra Fabiana Poltronieri - Nutricionista, Profa. do Centro Universitário São Camilo, São Paulo - Brasil Profa. Dra. Dilina do Nascimento Marreiro - Nutricionista, Profa. Dra. da Universidade Federal do Piauí, Piauí - Brasil. Palavras-chave: magnésio, exercício, metabolismo, estresse oxidativo. Keywords: magnesium, exercise, metabolism, oxidative stress. Recebido: 6/12/2011 – Aprovado: 6/3/2013

Referências

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Março/ABRIL 2013

esporte por Renata F. da Silva, Bruna T. S. Beserra, Ana Raquel de Oliveira, Amanda M. Barbosa, Jucyara da Silva C., Fabiana Poltronieri e Dilina do Nascimento M.

oxidant supplementation. European Journal of Applied Physiology, v.111, n.6, p.925–936, 2011. BELLUCI, M.M. et al. Effects ofmagnesiumintake deficiency on bone metabolism and bone tissue around osseointegrated implants. Clin. Oral Implants Res., v. 22, n.7, p. 716–721, 2010. CLOSE, G.L. et al. Skeletal muscle damage with exercise and aging. Sports Med., v.35, n.5, p. 413-417, 2005. CRUZAT, V.F. et al. Aspectos atuais sobre estresse oxidativo, exercícios físicos e suplementação. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 13, n.5, p.336342, 2007. FERNANDES, M.J.A. Uso de suplementos nutricionais por atletas das seleções nacionais masculina portuguesa. [Mestrado]. Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto, 2009. FINAUD, J.; FILAIRE, E. Oxidative stress: relationship with exercise and training. Sports Med., v.36, n.4, p.327-358, 2006. HALLIWELL, B. Reactive species and antioxidants. Redox biology is a fundamental theme of aerobic life. Plant Physiol., v.141, p. 312-322, 2006. HAMILTON, K. L. et al. Exercise, antioxidants, and HSP72: protection against myocardial ischemia/reperfusion. Free Radic Biol Med., v.34, n.7, p. 800-809, 2003. HERROEDER, S.M.D. et al. Magnesium – essentials for anesthesiologists. Anesthesiology, v.114, n.4, p.971-993, 2011. Institute of Medicine. Dietary reference intakes for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D, and fluoride. Washington : National Academy Press; 1997. LIU, J. et al. Chronically and acutely exercised rats: biomarkers of oxidative stress and endogenous antioxidants. J Appl Physiol., v.89, p. 21-28, 2000. LUKASKI, H.C. Vitamin and mineral status: effects on physical performance. Nutrition, v.20, n.7-8, p.632-644, 2004. MACEDO, E.M.C. et al. Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave. Rev. Paul. Pediatr., v.28, n.3, p. 329-336, 2010. MAZUR, A. et al. Magnesium and the inflammatory response: potencial physiopathological implications. Arch Biochem Biophys., v.458, n.1, p. 48-56, 2007. MENDES NETO, R.S. Estado nutricional em magnésio como determinante da eficiência da suplementação de creatina em praticantes de musculação. [ Tese de Doutorado]. São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, 2004. NIELSEN, F. H; LUKASKI, H.C. Update on the relationship between magnesium and exercise. Magnes Res., v.19, n.3, p. 180-189, 2006. NUNES, L. A. S. et al. Efeitos da suplementação com panaxginseng sobre parâmetros de estresse oxidativo e lesão muscular induzidos por exercício exaustivo agudo em ratos. Revista Ciências em Saúde, v.1, n 1, 2011. PETERS, E.M. Nutritional aspects in ultra-endurance exercise. Curr Opin Clin Nutr Metab Care, v.6, n.4, p. 427-434, 2003. ROCHEDO, P.S. Estudo comparativo utilizando diatermia por ondas curtas e crioterapia no alongamento dos músculos isquiotibiais. [Monografia]. Curso de Fisioterapia da Unioeste, 2004. SETARO, L. Efeito da suplementação com magnésio no desempenho físico de atletas de voleibol profissional. [Tese]. São Paulo. Universidade de São Paulo: Faculdade de Ciências Farmacêuticas, 2009. SETARO, L. Nutrição em magnésio de atletas de voleibol profissional masculino e sua relação com o desempenho físico. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas Universidade de São Paulo, 2005. SILVA, G.C.B. et al. Parâmetros bioquímicos relativos ao magnésio em nadadores adolescentes. Nutrição em Pauta, 2011. SILVEIRA, L.R. Regulação do metabolismo de glicose e ácido graxo no músculo esquelético durante exercício físico. Arq. Bras. Endocrinolo. Metab., v.55, n.5, p.303-313, 2011. ZANELLA, A. M.; SOUZA, D.R.S.; GODOY, M.F. Influência do exercício físico no perfil lipídico e estresse oxidative. Arq Ciênc Saúde, v.14, n.2, p. 107-112, 2007.

nutrição em pauta |

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núcleo de estudos avançados em nutrição — Workshops de Nutrição — Abril de 2013 São Paulo - SP

11 de abril

18 de abril

suplementação em Nutrição Clínica

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• Definindo o objetivo da capacitação de manipuladores de alimentos. • Estratégias participativas: como utilizar atividades lúdicas e culturais na capacitação. • Utilização de recursos audiovisuais como forma de problematização e participação. • Formas participativas de avaliação do processo educativo. Eliana Menegon Zaccarelli Mestre em Nutrição Humana Aplicada (Pronut – USP), Nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública – USP, Professora das disciplinas Práticas Educativas em Saúde, Educação Nutricional, Nutrição em Saúde Pública da Universidade Paulista. Faz assessoria na área de Alimentação Escolar e Educação Nutricional há mais de dez anos.

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Solid Waste Generated in a Network of Bakeries of a Supermarket in Goiania-Goias: Characterization a Final Destination

food por Ana Clara Martins e Silva Carvalho e Marília Rodrigues Santos

Resíduos Sólidos Gerados em Panificadoras de uma Rede de Supermercados de Goiânia-Goiás: Caracterização e Destino Final

Este trabalho teve como objetivo identificar os tipos de resíduos gerados por panificadoras de uma rede de supermercados da cidade de Goiânia – Goiás, bem como o destino final dos mesmos. A coleta de dados foi realizada três vezes em cada estabelecimento, em dias alternados. Observou-se alta prevalência de resíduos gerados decorrentes de sobras de alimentos não comercializados. Este resíduo tem como destino final o lixo, contribuindo assim para a degradação do meio ambiente. A maior proporção de resíduos oriundos de sobras em panificadoras evidencia que o setor de panificação não é diferente do setor de produção de refeições (restaurantes), quando se trata da etapa que mais contribui para a geração de resíduos. Os estabelecimentos apresentaram aspectos positivos ao realizarem a separação dos papelões e dos plásticos. No entanto, as sobras dos alimentos elevadas e a ausência de coleta seletiva para todos os tipos de resíduos constituem aspectos negativos que precisam ser revistos. A redução do desperdício é fundamental para a implementação de ações para Gestão Ambiental no setor de produção de alimentos e refeições. This study aimed to identify the types of waste generated by a network of bakeries of supermarkets in the city of Goiania - Goias, and their final destination. Data collection was realized three times in each establishment, on alternated days. We observed a high prevalence of waste generated due to non-marketed food scraps. This waste has finally destined for the bin, contributing to environmental degradation. The largest proportion of waste from leftovers Março/ABRIL 2013

in bakeries shows that the bakery sector is not different from meals production (restaurants) when it comes to the step that most contributes for the generation of waste. Establishments presented positive aspects to realize the separation of cardboard and plastics. However higher leftover food and the absence of selective collection for all kinds of waste constitutes a negative aspect that need to be revised. The reduction of waste is fundamental to the implementation of measures for environmental management in the sector of food production and meals.

Introdução

O crescimento populacional vem gerando um aumento muito grande na produção de resíduos. Entretanto, ações para um destino mais apropriado a estes resíduos produzidos não tem sido criadas na mesma velocidade, contribuindo assim para o processo de degradação do meio ambiente. A geração de resíduos está associada ao uso excessivo de produtos descartáveis, consumismo exagerado e desperdício, especialmente de alimentos (DEBORTOLI, 2007; JUFFO et al., 2011). A produção de alimentos e refeições, assim como as demais atividades humanas, utiliza recursos da natureza para chegar ao seu produto final e, ao final de seu processo, há resíduos gerados que são lançados no meio ambiente (ADA, 2001; SILVA; UENO, 2009). As panificadoras são um tipo de Unidade Produtora de Refeições (UPR) de formato varejista e muito tradicional no Brasil. As panificadoras têm como atividade principal a fabricação e comercialização de pães, bolos, biscoitos, e similares. O setor de panificação caracteriza-se como um gerador de resíduos sólidos não perigosos, sendo a maioria dos resíduos não inertes (sobras e restos nutrição em pauta |

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Nutrição

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Resíduos Sólidos Gerados em Panificadoras de uma Rede de Supermercados de Goiânia-Goiás: Caracterização e Destino Final

de alimentos). Pelo fato de serem pequenos empreendimentos, a coleta destes resíduos geralmente é feita pelo município (CASTRO et al., 2004). Os cuidados das UPRs com o meio ambiente têm que se estender a todas as etapas de produção. Estes cuidados devem abranger uma menor geração desses resíduos por meio do planejamento da produção, a racionalização e redução do uso de embalagens e descartáveis, a implementação de ações para a economia de recursos naturais como a água, o uso de materiais recicláveis e, por fim, a separação dos resíduos para a coleta seletiva, que é uma das melhores alternativas para o destino final do lixo (RAIMUNDO; POUBEL, 2009; CARVALHO; OLIVEIRA; MORAIS, 2012). No contexto da gestão ambiental, os 3 Rs da consciência ambiental (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) foram criados para melhorar a gestão dos resíduos sólidos, propondo assim a redução do uso de matérias-primas e energia nas fontes geradoras. A ordem entre os 3 Rs também tem sua coerência: reduzindo-se, evita-se a reutilização e, reutilizando-se, evita-se a reciclagem (LAYARGUES, 2002; MARQUES, 2008). No gerenciamento de resíduos, o acondicionamento e manejo de resíduos sólidos adequados é outro aspecto importante pra evitar focos de doenças infecciosas, contaminação dos alimentos e do ambiente. A coleta do lixo significa recolhê-lo, acondicioná-lo por quem o produziu e encaminhá-lo ao transporte, tratamento e disposição final adequada. A coleta seletiva garante que os resíduos terão um destino apropriado e que não prejudicará o meio ambiente (MONTEIRO, 2001). Assim, o objetivo deste estudo foi identificar os tipos de resíduos gerados por panificadoras de uma rede de supermercados de grande porte da cidade de Goiânia – Goiás, bem como o destino final dos mesmos.

Metodologia

O objeto de estudo da presente pesquisa foram panificadoras de uma rede de supermercados de grande porte da cidade de Goiânia-GO. De acordo com a Associação Goiana de Supermercados (AGOS), Goiânia possui atualmente 75 supermercados registrados na entidade. Destes, 57 possuem panificadoras e, dos que têm panificadora, 30 são considerados de grande porte. Os proprietários e gerentes dos 30 supermercados foram convidados a participar do estudo, sendo que apenas uma

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rede teve interesse no projeto da pesquisa. Essa rede de supermercado possui 12 lojas em Goiânia. Considerando-se as 12 lojas de acordo com modelo matemático para população finita com nível de 95% de confiança e margem de erro de 5%, a amostra foi composta por três estabelecimentos. Todos os proprietários assinaram um termo de autorização para a realização da pesquisa. As três lojas da rede de supermercado foram selecionadas por meio de sorteio aleatório. A coleta de dados foi realizada três vezes em cada estabelecimento, em dias diferentes. A identificação dos tipos de resíduos gerados nas panificadoras foi feita por meio de observação do fluxo e da rotina de produção para identificar os tipos de resíduos gerados em cada área da unidade. Os resíduos foram classificados conforme Kinasz (2004). Os resíduos gerados durante a produção da panificadora foram pesados utilizando balança plataforma da marca Toledo com capacidade mínima de 500 g e máxima de 1.500 Kg. Foi aplicado o item 4.5 do check list da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 216 (BRASIL, 2004), para verificar a conformidade com a legislação sanitária vigente em relação ao manejo de resíduos. Para verificar a conformidade em relação aos aspectos ambientais, foi aplicado um questionário específico e desenvolvido para este fim que abordou sobre as condições de separação, armazenamento, transporte e destino final do lixo; existência de parcerias com instituições que reciclam resíduos e da prática de coleta seletiva. A análise descritiva dos dados foi realizada no programa Excel, onde foram determinados a média e desvio padrão.

Resultados

Os tipos de resíduos gerados pelas panificadoras foram agrupados conforme a origem em: resíduos provenientes de embalagens, provenientes do pré-preparo e provenientes de sobras (sobras de alimentos produzidos, próprios para consumo e não comercializados). O gráfico 1 mostra que uma grande parte dos resíduos gerados é decorrente de sobras de alimentos. Em uma das panificadoras, os resíduos oriundos de sobras alcançaram um percentual de 79% do total gerado. Na Tabela 1 está a quantidade média de resíduos gerados pelas 3 panificadoras. nutricaoempauta.com.br


Solid Waste Generated in a Network of Bakeries of a Supermarket in Goiania-Goias: Characterization a Final Destination

food por Ana Clara Martins e Silva Carvalho e Marília Rodrigues Santos

Gráfico 1. Porcentagem de resíduos gerados por panificadoras conforme origem do resíduo. Goiânia- Goiás, 2012.

% Sup. A Sup. B Sup. C

0

Embalagens

Pré praparo

Sobras

Tabela 1. Média em Kg de resíduos gerados pelas panificadoras. Goiânia- Goiás, 2012. Supermercados

A

B

C

Tipo de resíduos

Média (kg)

Desvio Padrão

Embalagens*

7,00

2,64

Pré preparo**

9,50

3,90

Sobras***

62,16

42,46

Embalagens *

2,95

2,64

Pré preparo **

8,16

2,75

Sobras ***

21,00

15,78

Embalagens *

3,16

1,52

Pré preparo **

8,66

5,13

Sobras***

11,66

8,08

*Embalagens: papel, papelão, isopor, saco plástico, latas, vidros, embalagens de isopor e vidro, papel toalha. **Pré Preparo: resto de massa, manteiga, margarina, farinha, chantilly, granulado, ovo, gema, clara, coco, leite. ***Sobras: pães, suspiro, tortas, pudim, roscas, bolos, pão de queijo, biscoito de queijo, biscoitos, amanteigados e salgadinhos.

No gráfico 2 verifica-se que os valores do presente estudo são elevados para apenas três dias. Apenas uma panificadora, em três dias, produziu mais de 200 kg de resíduos, contribuindo assim para o desperdício e degradação ambiental. Por meio do questionário desenvolvido para avaliar o destino final do lixo sob a ótica ambiental, pode se observar que: nos supermercados não é realizado a separação de todos os tipos de resíduos; existe parceria com instituições apenas para papelões e plásticos, que são separados e vendidos; não se aplica o descarte de óleo, pois não há preparo de frituras nos estabelecimentos; o Março/ABRIL 2013

transporte dos resíduos é realizado manualmente em sacos plásticos e armazenados em um contêiner nos fundos da loja; nenhuma das lojas opta por coleta seletiva, exceto para papelão e plástico; o destino final das sobras dos alimentos é o lixo, contribuindo assim para a degradação do meio ambiente e o não seguimento da legislação vigente. Quanto à disposição dos resíduos, os coletores da área de preparação e armazenamento dos alimentos são dotados de tampas acionadas sem contato manual e providos de sacos de lixo apropriados. Os resíduos são frequentemente coletados e estocados em local fechado e isolado da área de preparação e armazenamento de alimentos. nutrição em pauta |

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Resíduos Sólidos Gerados em Panificadoras de uma Rede de Supermercados de Goiânia-Goiás: Caracterização e Destino Final

Entretanto, o manejo dos resíduos não ocorre totalmente conforme ao preconizado pela RDC 216: os recipientes não são identificados e íntegros, são de difícil higienização e transporte e não são em número e capacidade suficientes para conter os resídu-

os. As inadequações observadas nos coletores foram: não serem identificados em orgânico e inorgânico; não ser de cores diferentes; e são de material poroso, o que dificulta a higienização dos coletores de lixo (ABERC, 2009).

Gráfico 2 – Quantidade total de resíduos geradosde porresíduo cada panificadora durante 3 dias. Goiânia-Goiás, 2012. Quantidade gerado por cada panificadora

91,5 Kg

236 Kg 96,35 Kg

Discussão

Neste estudo observou-se que, em sua maioria, os resíduos são gerados durante os processos de pré- preparo e devido às sobras, sendo identificado que, em média, 9,48% dos resíduos são de embalagens, 21,96% de pré-preparo e 68,53% de sobras. Destaca-se que a maior parte do lixo descartado é proveniente das sobras. Um estudo em restaurantes mostrou que as sobras correspondem entre 5 a 30% das quantidades produzidas. Observou-se que a maioria dos resíduos é composta por resíduos orgânicos que são gerados durante o processo de pré-preparo (14%) e por sobras (86%) (SILVA; UENO 2009). Estudo realizado em Mato Grosso encontrou que os componentes dos resíduos sólidos provenientes dos restos de refeições apresentam índices que variam de 22,09% a 67,38%, seguido de aparas/resíduos do pré-preparo e preparo de alimentos com índices que variam de 16,82% a 45,19% (KINASZ; WERLE, 2006). Estes valores são semelhantes ao do presente estudo. No presente estudo foi encontrada maior proporção de resíduos provenientes das sobras. Isso evidencia que o setor de panificação não é diferente do setor de

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Sup. A Sup. B Sup. C

produção de refeições (restaurantes), quando se trata da etapa que mais contribui para o resíduo. Outros autores que investigaram sobre manejo de resíduos encontraram a mesma situação e afirmam que as sobras de alimentos produzidos e não consumidos ou comercializados são elevadas, e que as mesmas representam a maior parte do resíduo gerado pela produção de alimentos e refeições. Portanto, os estabelecimentos devem rever seus métodos de planejamento e controle de produção, para minimizar as sobras, e também adotar formas mais adequadas de descarte final do lixo produzido, para reduzir o impacto ambiental desta atividade (KINASZ; WERLE, 2006; BASTOS; SILVA; SPINELLI, 2009; CARVALHO; OLIVEIRA; MORAIS, 2012). Quando se trabalha com refeições, o controle das sobras é mais difícil e apresentará uma margem maior, pois nem sempre o número de refeições é fixo e a média de consumo por cliente pode variar bastante (BASTOS; SILVA; SPINELLI, 2009). Já nas panificadoras, pode ser mais fácil controlar a produção, pois a maioria dos produtos é comercializada por unidade ou por peso e, prinnutricaoempauta.com.br


Solid Waste Generated in a Network of Bakeries of a Supermarket in Goiania-Goias: Characterization a Final Destination cipalmente, tem vida de prateleira maior, o que permite o reaproveitamento e o planejamento da produção por demanda das vendas. O planejamento e controle da produção (definição de quantidades a produzir baseadas em um consumo médio real e com controle dos fatores intervenientes) são uma estratégia indispensável, uma vez que permite obter produtos sempre com o mesmo padrão de qualidade (envolvendo o aspecto, aroma e sabor), além de ser uma alternativa para a redução do custo, evitando assim o desperdício. Programar e padronizar a produção resultam na redução de custos, devido à utilização de quantidades exatas dos ingredientes e da minimização das perdas, seja por excesso de produção ou pelo maior aproveitamento dos produtos elaborados (AKUTSU et al., 2005). As elevadas proporções de resíduos provenientes das sobras ocorreram por conta dos alimentos que estavam com data de validade próxima do vencimento e devido às sobras de alimentos prontos, nas prateleiras, porém com aspecto visual comprometido. Tal situação deve-se à falta de controle da produção, de supervisão da produção, de observação da conduta correta dos manipuladores de alimentos e de um plano para o aproveitamento adequado dos alimentos. Para a redução dos resíduos, pode-se dimensionar a quantidade a produzir conforme a demanda, implementar fichas técnicas de preparação (padroniza a quantidade de ingredientes e rendimento das receitas), registrar e analisar as quantidades de alimentos consumidos a cada dia (para conhecer a demanda real de venda/consumo de cada produto), elaborar a lista de compras coerentes com a demanda de produção, controlar o estoque e armazenar corretamente os alimentos (reduz perdas de ingredientes por data de validade ou acondicionamento inadequado que compromete a qualidade sensorial e higiênico-sanitária) (CARVALHO; OLIVEIRA; MORAIS, 2012). Recomenda-se também que cada unidade estabeleça seu índice de sobras, ou seja, uma margem de segurança, um limite para sobras, levando-se em consideração as especificidades da unidade. Desta forma, poderá medir a eficiência da produção e distribuição dos alimentos, com padrões baseado na realidade da unidade, contribuindo assim com a minimização dos desperdícios de alimentos (KINASZ; WERLE, 2006). Estas unidades devem rever as sobras, pois o desperdício de alimentos produzidos e não consumidos e que ainda poderiam ser consumidos não é Março/ABRIL 2013

food por Ana Clara Martins e Silva Carvalho e Marília Rodrigues Santos

uma prática sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental. Neto (2005) ressalta que as sobras dos alimentos que foram para a distribuição, ou seja, já foram servidos, jamais devem ser utilizadas. A doação das sobras deve ser realizada com transporte compatível com os critérios de tempo e temperatura seguros, e a responsabilidade é do doador, desde o preparo até o consumo. Entretanto, estes estabelecimentos poderiam realizar doações das sobras, pois todos os alimentos produzidos no local (bolos, pães, roscas) são embalados e retirados das prateleiras para descarte, dois dias antes do vencimento. Assim, devido a este procedimento, há tempo hábil para programar parcerias com instituições e bancos de alimentos para concretizar a doação. No presente estudo observou-se que, apesar da quantidade de sobras elevadas diariamente, os estabelecimentos não adotam nenhuma medida para reduzir esse desperdício. O posicionamento da American Dietetic Association (ADA) em relação à produção de refeições inclui: minimizar o desperdício de alimentos; doar sobras de alimentos para bancos de alimentos; encaminhar vidro, metal, plástico e papelão para reciclagem; e analisar a possibilidade de reduzir a utilização de alimentos com embalagens múltiplas (HARMON; GERALD, 2007). Vale ressaltar que é de extrema importância a capacitação e conscientização dos funcionários das UPRs sobre técnicas culinárias e questões ambientais, para obter redução do desperdício durante a produção de refeições (SANTOS; RIBEIRO; CAMPOS, 2009). As diretrizes da agenda 21 brasileira seguem as recomendações da CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) e indicam como é o gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) adequados: a minimização da produção de resíduos; a maximização de práticas de reutilização e reciclagem ambientalmente corretas; e a promoção de sistemas de tratamento e disposição de resíduos compatíveis com a preservação ambiental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2004). Assim, a adoção dos 3 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar), quando aplicada na produção de alimentos e refeições, segue o recomendado pela ADA e pela agenda 21, na intenção de reduzir o impacto ambiental dessa atividade (BARROS; ROBIM, 2009; MENEZES; SANTOS; LEME, 2003). nutrição em pauta |

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Resíduos Sólidos Gerados em Panificadoras de uma Rede de Supermercados de Goiânia-Goiás: Caracterização e Destino Final

Conclusão

A maior prevalência dos resíduos orgânicos provenientes de sobras de alimentos encontradas nas panificadoras avaliadas é uma realidade também descrita por outros autores que pesquisaram sobre geração de resíduos na produção de refeições. As panificadoras apresentam aspectos positivos do ponto de vista da gestão ambiental, ao realizarem a separação dos papelões e dos plásticos. No entanto, às sobras dos alimentos elevadas e a ausência de coleta seletiva para todos os tipos de resíduos constituem aspectos negativos que precisam ser revistos. Diante do grande volume de sobras produzido pelas unidades, propõem-se que a redução do desperdício é fundamental para a implementação de ações para de Gestão Ambiental no setor de produção de alimentos e refeições. A capacitação de todos os profissionais envolvidos na produção de refeições, para conscientização sobre o desperdício, a necessidade de reduzir a geração de resíduos e a separação dos mesmos por meio de coleta seletiva seriam os primeiros passos para a concretização da gestão ambiental.

Sobre os autores

Prof. Dra Ana Clara Martins e Silva Carvalho - Nutricionista. Doutora em Ciências da Saúde, Professora do curso de nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Marília Rodrigues Santos - Acadêmica do curso de nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Palavras-chave: serviços de alimentação, resíduos sólidos, meio ambiente. Keywords: food services, solid wastes, environment Recebido: 2/11/2012 – Aprovado: 17/1/2013

Referências

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Conduct Nutrition in the Treatment the Cellulite :a Review

por Juliana da Silveira Gonçalves, Ana Paula Rodrigues e Karolina C. Targino

Conduta Nutricional no

Tratamento da Celulite: Uma Revisão

The quest for a perfect body to minimize cellulite has become a prominent issue around the world. Cellulite occurs in hydrolipodystrophy or higher incidence in women and can affect any part of the body except the scalp, palms and feet. It is characterized by an aspect padded or “orange peel.” The exact etiology of cellulite is unknown, but genetic, hormonal, sex, hypertension, obesity, smoking, sedentary lifestyle and poor diet predispose the appearance of hydrolipodystrophy. This paper aimed to conduct a literature review examining the possible aggravating factors and the emergence hydrolipodystrophy, relating them to conduct nutrition. Regular exercise and a balanced diet are able to promote a considerable improvement within the hydrolipodystrophy. Março/ABRIL 2013

Introdução

A busca de um corpo em perfeita simetria é decorrente da cobrança estética da atualidade, na qual o alvo principal são as mulheres, que procuram os mais variados recursos para preservar a boa forma física e a harmonia de seu corpo. O estado de saúde da pele, com minimização da celulite, tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. Isto se torna evidente, já que as mulheres buscam cada vez mais métodos alternativos para prevenir e minimizar os efeitos da celulite (SCHNEIDER, 2009). De acordo com Guirro e Guirro (2006), a maior incidência de celulite é nas mulheres, pois apresentam um número duas vezes maior de adipócitos do que os homens, além de estarem diretamente ligadas ao estrógeno, que é um dos principais hormônios presentes sobre o fator do desequilíbrio hormonal, sendo o desencadeante ou agravante da hidrolipodistrofia.

guirro; guirro, 2006 A hidrolipodistrofia pode acometer qualquer parte do corpo, exceto as palmas das mãos e dos pés e o couro cabeludo. São atingidas com maior frequência a porção superior das coxas, internas e externamente, a porção interna dos joelhos, região abdominal, região glútea e porção superior dos braços, ântero e posteriormente. É caracterizada por um aspecto acolchoado ou “casca de laranja”. ” Stockxchange

A busca de um corpo perfeito com minimização da celulite tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. A celulite ou hidrolipodistrofia ocorre em maior incidência nas mulheres, podendo acometer qualquer parte do corpo, exceto couro cabeludo, palmas das mãos e dos pés. É caracterizada por um aspecto acolchoado ou “casca de laranja“. A exata etiologia da celulite é desconhecida, contudo fatores genéticos, hormonais, sexo, hipertensão arterial, obesidade, fumo, sedentarismo e má alimentação predispõem o aparecimento da hidrolipodistrofia. O presente artigo teve o objetivo de realizar uma revisão bibliográfica analisando os possíveis fatores de surgimento e agravantes da hidrolipodistrofia, relacionando-os com a conduta nutricional. O exercício físico regular e uma alimentação equilibrada são capazes de promover uma melhora considerável no quadro da hidrolipodistrofia.

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Conduta Nutricional no Tratamento da Celulite: Uma Revisão

Francischelli (2003) define a celulite como sendo Metodologia uma alteração patológica da hipoderme (lipodistrofia) Foram selecionados os seguintes bancos de dados: com presença de edema (hidro), com função venolinfáSCIELO, LILACS, MEDLINE e PUBMED. Foram pesquitica alterada. Na literatura existem diversas terminologias sados os idiomas: português, inglês e espanhol. Os levanusadas para definir estas alterações do tecido subcutâneo, tamentos dos estudos referentes ao tema escolhido prioricomo: Lipodistrofia, Lizaram o período de 2005 a poedema, Fibro Edema 2011, para que a pesquisa verganini; rossi, 2000 Geloide, Hidrolipodiscontasse com dados mais Segundo Ciporkin et al. (1992), a trofia, Hidrolipodistrofia recentes, não excluindo hidrolipodistrofia possui uma etiologia Ginoide, Paniculopatia publicações de datas anmultifatorial, porém interligada, podendo edematofibroesclerótica e teriores que possuíssem ser divididos em fatores predisponentes, dePaniculose. Desta forma, material relevante ao estuterminantes e condicionantes. Os fatores destaca-se a terminologia do. Além disso, foram pespredisponentes são aqueles que originam a hidrolipodistrofia (celuliquisados livros técnicos, hidrolipodistrofia (genético, idade, sexo e te) usada nesta revisão. sites de internet e revistas desequilíbrio hormonal). ” A hidrolipodistrocientíficas relacionados ao fia pode acometer qualtema principal do estudo. verganini; rossi, 2000 quer parte do corpo, exceto as palmas das mãos Etiopatogenia da Já os fatores determinantes são: e dos pés e o couro cabeHidrolipodistrofia fumo, sedentarismo, maus hábitos alimenludo. São atingidas com Segundo Ciporkin tares, constipação intestinal, disfunção maior frequência a poret al. (1992), a hidrolihepática e renal. E, por fim, os fatores conção superior das coxas, podistrofia possui uma dicionantes são aqueles que podem gerar internas e externamenetiologia multifatorial, perturbações hemodinâmicas, como: aumente, a porção interna dos porém interligada, poto da pressão capilar, acúmulo de tecido joelhos, região abdomidendo ser divididos em adiposo, dificuldade de reabsorção linfánal, região glútea e porção fatores predisponentes, tica e aumento da permeabilidade capilar, superior dos braços, ândeterminantes e concom favorecimento da transudação linfátero e posteriormente. É dicionantes. Os fatotica nos espaços intersticiais . ” caracterizada por um asres predisponentes são pecto acolchoado ou “casaqueles que originam a ca de laranja” (GUIRRO; hidrolipodistrofia (gepujol, 2011 GUIRRO, 2006). nético, idade, sexo e deVários mecanismos podem desencaNo Brasil, são rasequilíbrio hormonal) dear ou agravar a hidrolipodistrofia, como ros os estudos científicos (VERGANINI; ROSSI, a produção de hormônios femininos, uso de publicados a respeito do 2000). Já os fatores demedicamentos com este hormônio, desequitratamento de hidroliterminantes são: fumo, líbrio entre o estrogênio e progesterona, podistrofia que abordam sedentarismo, maus hátestosterona, hormônios da tireoide e das uma metodologia de vebitos alimentares, consglândulas supra renais. ” rificação de resultados tipação intestinal, disobjetivos, e não somente função hepática e renal. sensorial e visual (avaliação subjetiva) (PUJOL, 2011). E, por fim, os fatores condicionantes são aqueles que Diante destas considerações, o presente estudo teve podem gerar perturbações hemodinâmicas, como: auo objetivo de realizar uma revisão bibliográfica analisando mento da pressão capilar, acúmulo de tecido adipoos possíveis fatores de surgimento e agravantes da hidroso, dificuldade de reabsorção linfática e aumento da lipodistrofia, relacionando-os com a conduta nutricional. permeabilidade capilar, com favorecimento da tran-

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Conduct Nutrition in the Treatment the Cellulite: a Review sudação linfática nos espaços intersticiais (GUIRRO; GUIRRO, 2006). Vários mecanismos podem desencadear ou agravar a hidrolipodistrofia, como a produção de hormônios femininos, uso de medicamentos com este hormônio, desequilíbrio entre o estrogênio e progesterona, testosterona, hormônios da tireoide e das glândulas supra renais (PUJOL, 2011).

Conduta Nutricional no Tratamento da Hidrolipodistrofia

São vários os fatores que contribuem para desenvolver ou agravar o surgimento da hidrolipodistrofia, sendo um deles os maus hábitos alimentares. A nutrição é o campo da área da saúde mais promissor para que a população permaneça em excelente estado de saúde, promovendo uma pele mais saudável, com minimização da hidrolipodisrofia. É um dos meios mais saudáveis para se combater a hidrolipodistrofia, em detrimento de outras técnicas, como o uso indiscriminado de medicamentos, cirurgias plásticas e tratamentos estéticos. Ainda há falta de estudos mais recentes sobre o tema, que elucidem seu quadro multifatorial, além de pesquisas sobre a relação da nutrição com a mesma (SCHNEIDER, 2009). De acordo com Sandoval (2003), o tratamento não promove a cura da celulite, mas uma melhora de seu aspecto. Na literatura há poucos estudos bibliográficos, o que limita a comprovação científica da conduta nutricional do tratamento e da prevenção. Entretanto, percebe-se na prática clínica e por meio de dados subjetivos e objetivos (perimetria e registro fotográfico) que há uma melhora considerável no quadro quando considerada a seguinte conduta: dieta anti- inflamatória, dieta desintoxicante, dieta de baixo índice glicêmico ( IG ) e carga glicêmica ( CG ), juntamente com o controle do efeito tóxico da constipação intestinal, acúmulo do tecido adiposo, permeabilidade capilar, fator hormonal e insuficiência linfática.

Dieta Anti-Inflamatória

O processo inflamatório é a principal característica das desordens cutâneas. A nutrição pode auxiliar na melhora dos sintomas, por meio da modulação do sistema inflamatório (BRIGANTI; PICARDO, 2003). O alto consumo dietético de açúcares e gorduras saturadas está associado com aumento dos níveis circulantes de glicose e ácidos graxos livres (KLEIN; STANEK; WILES, 1998; KELLEY, 2003), gerando glicotoxicidade e lipotoxiciMarço/ABRIL 2013

funcionais por Juliana da Silveira Gonçalves, Ana Paula Rodrigues e Karolina C. Targino

dade, que alteram a função mitocondrial, promovendo um aumento na formação de radicais livres e, consequentemente, aumento de substâncias pró-inflamatórias (BELLIN et al, 2006; MEYER; MACHADO; SANTIAGO, 2006). Dentre os nutrientes e fitoquímicos que tem ação de modular, o estado inflamatório são: ômega 3 (HUDERT; WEYLANDT; LU, 2006), lignanas (NAM, 2006; LEE et al, 2005), catequinas (ANDREADI et al, 2006; HAN; LIM; BAEK, 2006; PFEFFER et al, 2005), beta-glucanas (EVANS, et al 2005), curcumina (KIM; KIM; LEE, 2005) antocianinas (PERGOLA; ROSSI; DUGO, 2006; AFAQ; SALEEM; KRUEGER, 2005), ácidos graxos insaturados (MORENO, 2003) e isoflavonas ( LAM; DEMASI; JAMES, 2004; SEAVER; SMITH, 2004).

Dieta Desintoxicante

Arcangeli (2002) expressa que uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras, com baixo teor de gordura saturada e trans e com moderado consumo de sal e açúcar garante um organismo mais harmonioso, livre de toxinas e que uma importante forma de eliminação de toxinas do corpo é o consumo de água. Para reduzir o consumo de sal, é preciso diminuir o consumo de alimentos processados com a alta quantidade de sódio e evitar adicionar sal aos alimentos já preparados. Produtos enlatados têm até 20 vezes mais sal que o produto natural (PUJOL, 2011).

Dieta de Baixo Índice Glicêmico (Ig) e Carga Glicêmica (Cg)

Jenkins e colaboradores (1981) constataram que as dietas de alto IG apresentam menor poder de saciedade, resultando em excessiva ingestão alimentar e favorecendo o aumento do peso corporal, que, de acordo com Francischelli (2003), há uma relação direta entre gordura corporal total ou regional aumentada com hidrolipodistrofia. Além disto, Fonseca-Alaniz et al (2006) observaram que a dieta de alto IG poderia contribuir para a isquemia e a redução do fluxo sanguíneo, uma vez que na hidrolipodistrofia há um comprometimento circulatório com redução do fluxo sanguíneo. Já dieta de alta CG promove a hiperinsulinemia, que favorece hipertrofia dos adipócitos, inibe a lipólise e pode contribuir para elevar os níveis de estrogênio, importante hormônio desencadeador da hidrolipodistrofia, já que o aumento da adiposidade influencia a síntese e a viabilidade dos hormônios nutrição em pauta |

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Conduta Nutricional no Tratamento da Celulite: Uma Revisão

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esteróides sexuais. Dieta de baixo IG é recomendada, tendo em vista a redução do fluxo sanguíneo, estimulo da lipogênese e inibe lipólise, retém líquido por reabsorção de sódio e água, favorece a síntese de estrogênios e o processo inflamatório (PUJOL, 2011).

Efeito Tóxico da Constipação Intestinal

A constipação intestinal é um fator predisponente da hidrolipodistrofia (SCHNEIDER, 2009). Para que se possa controlar o efeito tóxico da constipação intestinal, devemos incluir na alimentação alimentos que possuam fibras alimentares, prebióticos e probióticos (MALETT; MACBURNEY; SLAIN, 2002; SAAD, 2006). As fibras insolúveis agem acelerando o trânsito intestinal (BORTOLOTTI; LEVORATO; LUGLI, 2008) e aumentando o peso das fezes por trabalho mecânico de absorção de água em sua matriz (NELSON; ALEXANDER; GIANOTTI, 1994). As fibras insolúveis (75% da Recommended Dietary Allowance - RDA de fibras totais) estão presentes em farelos de cereais, grãos integrais, entre outros (COZZOLINO; COLLI, 2001). As fibras solúveis desempenham papel importante no trânsito intestinal, não apenas pela ação mecânica de captação de água, mas essencialmente por serem matéria-prima de fermentação bacteriana, aumentando assim a microbiota saudável (TAN; SEOW-CHOEN, 2007). Já os probióticos são organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO-WHO, 2001). Os principais microorganismos bacterianos considerados como probióticos são aqueles dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, além de Escherichia, Enterococcus e Bacillus. Os prebióticos encontram-se em formulações disponíveis comercialmente em produtos como leites fermentados e iogurtes, contendo culturas probióticas (BELLO; WITT, 2011). E, por fim, os prebióticos estimulam seletivamente as bactérias ou colônias de bactérias da microbiota do cólon intestinal quando chegam ao intestino delgado, proporcionando efeito benéfico à saúde do indivíduo (FAO-WHO, 2002). A inulina e os frutooligossacarídeos (FOS) são os principais prebióticos encontrados nos alimentos. A inulina está presente em quantidade significativa nos vegetais. Os FOS são produzidos a partir da inulina ferrnentada por bifidobacterias. A recomendação de FOS é, em média, 3 a 10 gramas ao dia (FREITAS; NAVES, 2010).

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Conduct Nutrition in the Treatment the Cellulite: a Review Juntamente com os termos descritos acima, a ingestão hídrica adequada é de extrema importância, sendo indispensável na elaboração do bolo fecal e com propriedade detoxificantes (FREITAS; NAVES, 2010), evitando o consumo de cereais refinados ou polidos, como arroz branco, além de alto consumo de proteínas e gorduras, pois dificultam a digestão e o peristaltismo intestinal (GARCIA, 2003).

Considerações finais

A hidrolipodistrofia tem uma etiologia multifatorial. A má alimentação é um fator fundamental. São poucos os estudos que relacionam os hábitos alimentares com o seu agravamento, porém sugere-se que seu tratamento nutricional seja composto por uma dieta anti-inflamatória, desintoxicante, com baixo índice glicêmico e carga glicêmica, juntamente com o controle do efeito tóxico da constipação intestinal, acúmulo do tecido adiposo, permeabilidade capilar, fator hormonal e insuficiência linfática.

Sobre os autores

Profa. Dra. Juliana da Silveira Gonçalves Nutricionista. Mestre e doutoranda em Ciências da Saúde (Instituto de Cardiologia, RS). Especialista em Nutrição Clínica (CBES, RS) e Fitoterapia (Universidade de Léon, Espanha). Docente da URI/ RS. Dra. Ana Paula Rodrigues Nutricionista. Especialização em Nutrição Clinica e Estética –IPGS. Dra. Karolina Caramalac Targino Nutricionista. Especialização em Nutrição Clinica e Estética –IPGS. Palavras-chave: celulite, nutrição, alimentação, tecido adiposo. Keywords: cellulite, nutrition, food, fat. Recebido: 6/1/2013 – Aprovado: 10/3/2013

Referências

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Março/ABRIL 2013

funcionais por Juliana da Silveira Gonçalves, Ana Paula Rodrigues e Karolina C. Targino

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Nutrição

Conduta Nutricional no Tratamento da Celulite: Uma Revisão

R

EM PAUTA

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Assessment of the Nutritional Status of Chronic Renal Patients on Hemodialysis

por Vivian Polachini Skzypek Zanardo, Tatiana Tursk e Jean Carlos Zanardo

Avaliação do Estado Nutricional de

Pacientes Renais Crônicos em Hemodiálise Tendo em vista a importância de avaliar o estado nutricional de uma população em hemodiálise, o presente estudo tem como objetivo verificar o perfil nutricional dos pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico em um hospital do norte do Rio Grande do Sul. Foram avaliados 37 pacientes, e a coleta de dados foi realizada através de uma anamnese nutricional e avaliação antropométrica (peso, altura, prega cutânea tricipital e circunferência da cintura). De acordo com o índice de massa corporal, 48,7% dos pacientes encontravam-se em eutrofia, seguidos pelo diagnóstico de pré-obesidade (27%). Conforme a avaliação da prega cutânea tricipital, prevaleceu o diagnóstico de desnutrição grave (48,7%). Já pela circunferência da cintura, 45,9% dos pacientes não apresentavam risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Diante do exposto, o acompanhamento nutricional mostra-se muito importante nessa modalidade de tratamento, para a conservação da homeostasia do organismo, como também para o melhoramento dos sintomas clínicos dos pacientes. Given the importance of assessing the nutritional status of a population on hemodialysis, this study has as the objective to verify the nutritional status of chronic renal failure patients undergoing hemodialysis at a hospital in the northern of Rio Grande do Sul. 37 patients were evaluated, data collection was done through a nutritional history and anthropometric measurements (weight, height, triceps skinfold thickness and waist circumference). According to body mass index, 48.7% of the patients were on eutrophy, followed by the diagnosis of overweight (27%). As for the evaluation of the triceps skinfold, the diagnosis of severe malnutrition (48.7%) prevailed. Regarding the waist Março/ABRIL 2013

circumference, 45.9% of patients did not present any risk of developing cardiovascular disease. Given that, nutritional monitoring is very important in this modality of treatment for the preservation of homeostasis of the organism as for the improvement of clinical symptoms of patients.

Introdução

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é o resultado final de múltiplos sinais e sintomas decorrentes da incapacidade renal de manter a homeostasia interna do organismo (MARTINS; CESARINO, 2005). No início do comprometimento da função renal, o indivíduo apresenta-se assintomático. A insuficiência renal torna-se crônica quando há deterioração irreversível da função dos rins e elevação persistente da creatinina no organismo. Isso ocorre por falha na capacidade do organismo em manter o equilíbrio metabólico e eletrolítico, ocasionando a uremia (DYNIEWICZ; ZANELLA, 2004). Entre as alternativas de reposição renal, a hemodiálise (HD) destaca-se como sendo o método mais utilizado atualmente (MARTINS; CESARINO, 2005). Este tratamento é empregado para remoção dos solutos urêmicos anormalmente acumulados e do excesso de água, permitindo também o restabelecimento do equilíbrio eletrolítico e ácido-básico do organismo (CUPPARI et al., 2005). De acordo com o censo brasileiro de nefrologia, no ano de 2011, o número de pacientes em tratamento dialítico no Brasil era de 91.314 e estima-se que no Rio Grande do Sul, por ano, 4.448 novas pessoas irão precisar deste tratamento, permanecendo atrás somente da região Norte e Sudeste (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2011). O tratamento de HD possui benefícios para estes pacientes, entretanto, devido a este e à própria IRC, podem ocorrer alterações sistêmicas, metabólicas e hormonais que podem afetar a condição nutricional destes pacientes (ARAÚJO et al., 2006). nutrição em pauta |

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Nutrição

Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Renais Crônicos em Hemodiálise

R

EM PAUTA

Tendo em vista a importância de avaliar o estado nutricional de uma população em hemodiálise, tanto para prevenção de problemas nutricionais como a desnutrição quanto para colaborar com uma intervenção nutricional adequada, o presente estudo teve como objetivo verificar o perfil nutricional dos pacientes com IRC em tratamento hemodialítico em uma unidade de tratamento de Hemodiálise de um hospital público de Erechim/Rio Grande do Sul.

Metodologia

Foi realizado um estudo transversal, do tipo quantitativo, com 37 pacientes de ambos os sexos, portadores de IRC, que realizavam HD em uma Clínica Renal de um Hospital Público do Rio Grande do Sul por mais de 4 meses. A pesquisa iniciou-se no mês de agosto de 2010 e estendeu-se até o mês de janeiro de 2011, após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – Erechim, sendo registrado sob o número 025/PIH/09, e assinatura do Termo de Consentimento Esclarecido pelos participantes. Os dados antropométricos foram coletados no consultório para atendimento médico e de enfermagem da Clínica Renal, sempre após o término da sessão de HD, sendo verificados o peso seco, altura, Prega Cutânea Tricipital (PCT) e Circunferência da Cintura (CC). Depois de obtido os dados da estatura e do peso seco, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC) através da equação: IMC = peso atual (kg)/altura2(m), e os pacientes foram classificados de acordo com os padrões definidos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997). A aferição da PCT seguiu a técnica preconizada por Lohman et al., (1991), sendo o estado nutricional avaliado segundo a classificação de Blackburn e Thornton (1979). A medida da circunferência da cintura foi realizada com o paciente em pé, utilizando uma fita métrica. A aferição foi feita no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca; em caso de pacientes obesos ou com edema, a medida era realizada exatamente sobre a cicatriz umbilical. Os valores da circunferência da cintura foram analisados a partir dos pontos de corte propostos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997). Para a tabulação e análise dos dados, foi utilizada estatística descritiva, com o auxílio do programa Microsoft Excel® 2007, sendo os dados demonstrados na forma de tabelas.

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| nutrição em pauta

Resultados

A população estudada foi composta por 37 indivíduos portadores de IRC que faziam tratamento hemodialítico. A idade média encontrada foi de 54,72±14,49 anos, variando entre 21 a 85 anos. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (56,8%), prevalecendo a população adulta (54%) (Tabela 1). Tabela 1. Características dos pacientes em tratamento de hemodiálise avaliados em Erechim/RS, 2011. Variáveis

N = 37

Porcentagem (%)

Masculino

21

56,8

Feminino

16

43,2

20 – 59 anos

20

54,0

60 – 85 anos

17

46,0

Sexo

Idade

Fonte: o autor (2011).

De acordo com o cálculo do IMC, foi identificado que a maioria dos pacientes renais crônicos avaliados encontra-se em diagnóstico de eutrofia, conforme demonstra a Tabela 2. Tabela 2. Classificação do estado nutricional segundo Índice de Massa Corporal dos pacientes em tratamento de hemodiálise avaliados em Erechim/RS, 2011. Classificação

N = 37

Porcentagem (%)

Magreza

04

10,8

Eutrofia

18

48,7

Pré-obesidade

10

27,0

Obesidade

05

13,5

Fonte: o autor (2011)

A Tabela 3 demonstra a classificação do Estado Nutricional, segundo adequação da PCT, em que grande parte dos pacientes apresentou perda significativa do tecido adiposo, ou seja, classificados em desnutrição grave (48,7%). Porém, quando comparado com o método de IMC, apenas 10,8%, apresentaram sua classificação como desnutridos (Tabela 2). Tabela 3. Classificação do estado nutricional segundo Prega Cutânea Tricipital dos pacientes em tratamento de hemodiálise avaliados em Erechim/RS, 2011. nutricaoempauta.com.br


Assessment of the Nutritional Status of Chronic Renal Patients on Hemodialysis Classificação

N = 37

Porcentagem (%)

Desnutrição Grave

18

48,7

Desnutrição moderada

-

-

Desnutrição leve

03

8,1

Eutrofia

07

18,9

Sobrepeso

02

5,4

Obesidade

07

18,9

Fonte: o autor (2011).

De acordo com a avaliação da circunferência da cintura, prevaleceram pacientes sem risco de desenvolver doenças cardiovasculares (45,9%). Porém, entre pacientes que apresentavam risco, 37,8% tiveram sua classificação como sendo um risco muito elevado, conforme mostra a Tabela 4. Tabela 4 – Classificação do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares segundo a circunferência da cintura dos pacientes submetidos à hemodiálise em Erechim/RS, 2011. Classificação

N = 37

Porcentagem (%)

Não apresenta risco de DCV

17

45,9

Apresenta risco de DCV

06

16,2

Risco muito elevado de DCV

14

37,9

Fonte: o autor (2011).

Discussão

A predominância do sexo masculino em terapia hemodialítica encontrada na presente pesquisa (Tabela 1) vai de encontro com os vários trabalhos relatados na literatura, que apontam o gênero masculino como sendo o predominante nas clínicas de HD (CASTRO, 2003; MACHADO et al., 2004; SANTOS, 2005). Segundo Cuppari et al., (2005), o principal objetivo da avaliação do estado nutricional no nefropata crônico é a identificação de indivíduos desnutridos ou em risco nutricional, para fornecer apoio para a prescrição dietética. De acordo com Flakoll et al., (2004), a composição corporal é considerada um importante marcador e indicador de saúde e do estado nutricional do paciente. Sua determinação pode servir para a monitorização de mudanças nas reservas de tecido adiposo e massa magra, sendo assim um parâmetro de eficácia de intervenção terapêutica. Alterações na composição corporal de pacientes submetidos a HD acontecem principalmente nos três Março/ABRIL 2013

hospitalar por Vivian Polachini Skzypek Zanardo, Tatiana Tursk e Jean Carlos Zanardo

primeiros anos, durante os quais ocorre um aumento gradual da gordura corporal e diminuição ou manutenção da massa magra. Supõe-se que estas modificações, em parte, ocorram pela melhora do bem-estar e do apetite decorrentes do próprio tratamento dialítico (ISHIMURA et al., 2003). Na presente pesquisa constatou-se que a maioria dos pacientes apresentou diagnóstico de eutrofia, seguido por pré-obesidade, quando classificados pelo IMC, assemelhando-se ao encontrado no 1º Censo do Estado Nutricional de Pacientes em Hemodiálise, realizado no Brasil, em que 54,9% dos participantes apresentaram diagnóstico de eutrofia, seguido por diagnóstico de pré-obesidade (26,1%) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2010). De acordo com o IMC, valores indicativos de sobrepeso e obesidade estão presentes em cerca de 40 a 60% dos pacientes em diálise peritoneal e 20 a 30% em pacientes em HD, apesar de vários pesquisadores (KRAMER et al., 2006) sugerirem que a obesidade é favorável em pacientes com IRC. No entanto, Mafra e Farage (2006) ressalvam que, nos estudos sobre obesidade em pacientes renais, existem muitas controvérsias em relação à “Epidemiologia Reversa”, visto como estes avaliam obesidade apenas pelo IMC, o que não distingue massa magra e massa gorda. Sugerem que, enquanto o efeito do aumento do IMC, determinado por acréscimo da massa muscular, poderia ser protetor, o determinado por aumento do tecido adiposo, de forma oposta, poderia associar-se a um maior risco de processo inflamatório. As medidas de pregas cutâneas podem oferecer uma estimativa razoável de gordura corporal, pois apresentam um bom parâmetro para avaliar o tecido adiposo subcutâneo (BUSNELLO, 2007). Os diferentes índices encontrados para desnutrição, ao se analisar o IMC e a PCT, foram explicados por Valenzuela et al. (2003) como resultado do estado de hiperhidratação, que aumenta o peso corporal, mas exerce pouca repercussão nas medidas da PCT. A consequência da adiposidade abdominal em relação ao acometimento da função renal tem sido pouco documentada e é motivo de interesse, dada a sua frequente associação com hipertensão e diabete, que são as principais causas de IRC no mundo (FRANCA et al., 2010). nutrição em pauta |

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Nutrição

R

EM PAUTA

cuppari et al., (2005)

o principal objetivo da avaliação do estado nutricional no nefropata crônico é a identificação de indivíduos desnutridos ou em risco nutricional, para fornecer apoio para a prescrição dietética.”

Conclusão

Diante do exposto, conclui-se que a alta prevalência do IMC eutrófico encontrado no estudo pode ser um falso resultado, devido ao estado de hiperhidratação dos pacientes submetidos a HD, que eleva o peso corporal e não exerce influência sobre as pregas cutâneas. De acordo com a avaliação da PCT, prevaleceu o diagnóstico de desnutrição, indicando perda de massa magra e, consequentemente, um comprometimento nutricional. Pacientes com sobrepeso também merecem bastante atenção, devido ao fato desse estado nutricional proporcionar o surgimento de inúmeras patologias, que poderão agravar ainda mais o a situação do paciente renal. Dessa forma, sugere-se que o acompanhamento nutricional, nessa modalidade terapêutica, trata-se de uma conduta de destaque na manutenção da homeostasia do organismo, melhora dos sinais clínicos e manutenção ou recuperação do estado nutricional do individuo, garantindo evolução clínica mais favorável e qualidade de vida.

Sobre os autores

Profa. Dra. Vivian Polachini Skzypek Zanardo – Nutricionista, Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI- Erechim, Mestre em Gerontologia Biomédica pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. Tatiana Tursk – Graduanda em Nutrição e Bolsista de Iniciação Científica (PIIC) – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI- Erechim, RS - Brasil. Dr. Jean Carlos Zanardo - Médico Nefrologista, especialista em Terapia Intensiva pela Fundação Unimed. Palavras-chave: Avaliação Nutricional; Insuficiência Renal Crônica; Hemodiálise. Keywords: Nutritional Assessment, Chronic Renal Failure, Hemodialysis.

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Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Renais Crônicos em Hemodiálise

Recebido: 19/7/2012 – Aprovado: 20/12/2012

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pediatria

Breastfeeding Profile in a city of countryside of São Paulo state

por Karina Antero Rosa Ribeiro, Ana Carolina Medeiros

Perfil do Aleitamento Materno em uma Cidade do Interior do Estado de São Paulo Em função de o leite humano ser capaz de atender todas as necessidades dos recém-nascidos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. A fim de conhecer o perfil do aleitamento na cidade de Itapira-SP, foi realizado um inquérito nos postos de saúde com 100 mães de crianças menores de 12 meses. Foram analisadas variáveis sobre dados maternos, características do bebê ao nascimento, uso de bicos artificiais e alimentação das crianças nas últimas 24 horas. A idade média das nutrizes foi de 24 anos. A média de peso dos bebês ao nascimento foi de 3.212g e apenas 26% dos bebês estavam em sistema de aleitamento materno exclusivo, sendo que todos os demais tiveram a introdução precoce de outros tipos de leite (78%). Os resultados permitiram concluir que o aleitamento materno na cidade de Itapira-SP ainda se encontra distante das recomendações da OMS.

Stockxchange

Due to the human milk to be able to find all the necessities of newborns, the World Health Organization (WHO) recommends exclusive breastfeeding until six months of age. In order to understand the profile of breastfeeding in the city of Itapira, a survey was conducted in health centers with 100 mothers of children under 12 months. Variables were considered on maternal characteristics data like the baby at birth, use of artificial teats and feeding children in the last 24 hours. The average age of the mothers was 24 years. The average weight of babies at birth was 3.212g and only 26% of infants were exclusively breastfed system, and all the others had early introduction of other types of milk (78%). The results showed us that breastfeeding in the city of Itapira-SP is still far from WHO recommendations.

Março/ABRIL 2013

Introdução

O aleitamento materno representa a forma originária de alimentação, sendo considerada a atividade nutritiva mais precoce do ser humano após o seu nascimento (SIMON; SOUZA; SOUZA, 2009). Por conter mais de 250 elementos capazes de atender de forma exclusiva e adequada as necessidades essenciais dos recém-nascidos, inclusive prematuros (BRASIL, 2008; PASSANHA; CARVATO-MANCUSO; SILVA, 2010; MATUHARA; NAGANUMA, 2006), o leite humano é um alimento completo nas proporções energéticas e de excelente biodisponibilidade de vitaminas e minerais, favorecendo o efetivo ganho ponderal e sendo capaz de suprir todas as necessidades do lactente (SILVA; GIOIELLI, 2009; SILVA et al, 2007; MORGANO et al, 2005). A ingestão do leite humano também proporciona o correto desenvolvimento fisiológico dos sistemas nervoso e digestório (SILVA et al, 2007). Outras características singulares deste alimento dizem respeito aos benefícios que promove no desenvolvimento do sistema imunológico, através do repasse do repertório de imunógenos maternos à criança, reduzindo assim infecções gastrintestinais, respiratórias e algumas alergias (PASSANHA; CARVATO-MANCUSO; SILVA, 2010), contribuindo para o satisfatório desenvolvimento do lactente e redução da morbimortalidade infantil (ESCOBAR et al, 2002) e do maior desenvolvimento afetivo e cognitivo que promove à criança através do vínculo mãe-filho, criado ao longo do processo de amamentação (SILVA et al, 2007). SILVA; GIOIELLI, 2009; SILVA et al, 2007; MORGANO et al, 2005

o leite humano é um alimento completo nas proporções energéticas e de excelente biodisponibilidade de vitaminas e minerais, favorecendo o efetivo ganho ponderal e sendo capaz de suprir todas as necessidades do lactente.” nutrição em pauta |

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Nutrição

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EM PAUTA

Perfil do Aleitamento Materno em uma Cidade do Interior do Estado de São Paulo

Preocupados com a manutenção do aleitamento A vulnerabilidade dos lactentes aumenta em funmaterno, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e ção do desmame precoce e da introdução das fórmulas o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) lácteas e alimentos não nutritivos como água, chás e o desenvolveram, em 1991, uso de bicos artificiais, o projeto dos hospitais como mamadeiras e chuopas, 2002 intitulados “Hospital petas, fazendo com que (...) a amamentação exclusiva até os Amigo da Criança”, os menores fiquem mais seis meses de vida torna-se essencial para o que tem como uma das susceptíveis a infecções, bom e correto desenvolvimento da criança metas atender aos “Dez desidratações, diarreias, e, somente após esta idade, outros alimenPassos para o Sucesso do pneumonias e otites, que tos devem ser inseridos na alimentação, Aleitamento Materno”. aumentam as causas de com o objetivo de aumentar e assegurar a Em suma, este projeto internações hospitalares disponibilidade de nutrientes relativos deve acontecer em todas na primeira infância, esa cada fase de vida da criança, devendo o as unidades de assistência pecialmente devido à má aleitamento materno permanecer até os obstétrica e neonatal higienização dos bicos e dois anos ou mais. ” dos Hospitais Amigo da contaminações microCriança e diz respeito biológicas durante a utia recomendações que favorecem a amamentação a lização dos substitutos do leite (MACEDO et al, 2007; partir de orientações iniciadas no período pré-natal e PASSANHA; CARVATO-MANCUSO; SILVA, 2010). Secontinuadas no atendimento à mãe e ao recém-nascido gundo Narchi et al (2009), o aleitamento materno pode ao longo do trabalho de parto, durante a internação após reduzir diarreia e doenças respiratórias, sendo estas eno parto e nascimento e no retorno ao lar, com apoio fermidades as principais causas de internação em menoda comunidade (BRASIL, 2003). As recomendações res de um ano. da Organização Mundial de Saúde (BRASIL, 2009) Outro importante fator a ser considerado quando o é priorizar o aleitamento materno exclusivo sobre assunto é aleitamento materno diz respeito ao valor ecolivre demanda até os seis meses de vida, devendo ser nômico da amamentação. Nos Estados Unidos, o governo continuado até os dois aos ou mais, mesmo após a economiza entre US$450 a US$800 com internações para introdução da alimentação complementar aos lactentes. cada lactente, quando não são utilizados substitutos artiDada a importância da amamentação para a saúde ficiais do leite humano (ARAÚJO et al, 2004). Frente ao da criança e na manutenção do vínculo materno-infantil, exposto, a amamentação exclusiva até os seis meses de vida esta pesquisa teve como objetivo traçar o perfil do aleitorna-se essencial para o bom e correto desenvolvimento tamento materno na população do município de Itapira, da criança e, somente após esta idade, outros alimentos decomposto por uma população de 68.537 habitantes (IBGE, vem ser inseridos na alimentação, com o objetivo de au2010), localizado no interior do estado de São Paulo, prómentar e assegurar a disponibilidade de nutrientes relativos ximo a Campinas, comparando-o ao perfil recomendado a cada fase de vida da criança, devendo o aleitamento mapela OMS, e identificar os principais fatores associados ao terno permanecer até os dois anos ou mais (OPAS, 2002). desmame precoce. Atualmente, a rede pública assistencial Entretanto, mesmo diante de inúmeros benefícios, de saúde do município é composta por 10 Unidades de a cada dia um número maior de mães tem optado pela Saúde da Família (USF) e um hospital intitulado “Hospisubstituição do aleitamento materno pelo uso de fórmulas tal Amigo da Criança”. lácteas. Um dos maiores responsáveis por isto é o estilo de vida moderna adotado pelas mulheres na sociedade moderna, que conta com a saída das mulheres para o trabalho Materiais e Métodos fora do lar, tornando, muitas vezes, inconciliável o trabaUm conjunto de 19 questões adaptadas do queslho com a amamentação. Os processos de melhoria das tionário validado “Amamentação e Municípios” (AMAfórmulas e dos modelos de bicos de mamadeiras também MUNIC, 2006) possibilitou a criação de um formulário contribuem para o desmame precoce (VITOLO, 2008). contendo perguntas que abordavam dados sobre a mãe,

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pediatria

Breastfeeding Profile in a city of countryside of São Paulo state características do bebê ao nascimento e a alimentação da criança nas últimas 24 horas. Após leitura, explicação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado pelo CEP e autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Itapira, os questionários foram aplicados a 100 mães que concordaram em participar da pesquisa e que compareceram às Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Itapira no dia do Programa de Atenção à Criança (PAC), no primeiro semestre de 2012.

por Karina Antero Rosa Ribeiro, Ana Carolina Medeiros

Resultados

A média de idade materna foi de 24 anos, sendo a idade mínima de 14 anos e a idade máxima de 41 anos. Dentre as mães avaliadas, apenas 54% concluíram o Ensino Médio; entretanto, todas eram alfabetizadas. Quando questionadas acerca da atividade profissional, 45% disseram ter trabalhado fora de casa durante a gestação e, destas, 38% gozaram de licença-maternidade por um período de 6 meses. No momento da pesquisa, 21% das avaliadas já haviam retornado ao trabalho. Dentre as avaliadas, 20,2% das mães relataram ter Critérios de inclusão mudado o hábito alimentar durante a gestação e/ou amaAs mães, sujeitos da pesquisa, restringiram-se as mentação e, destas, 50,1% submeteram-se a tal alteração atendidas pela rede básica de saúde, a fim de garantir a por recomendação médica. A mudança mais representahegemonia da amostra. Outros critérios adotados para a tiva foi o aumento do consumo de líquidos, que ocorreu participação das mães na pesquisa foram a confirmação em 61,9% das mães, enquanto que 38,1% aumentaram a da residência fixa no município de Itapira, conferindo ingestão de frutas e legumes, alegando como razão para maior veracidade e identidade do perfil do aleitamento esta mudança a tentativa de deixar o leite materno mais materno específico da cidade, a data do nascimento do forte. Apenas 4,2% das entrevistadas apresentaram algum último filho ter ocorrido março de 2011 a março de 2012, problema de saúde durante a gestação, com destaque para caracterizando assim as mães de crianças com até 1 ano a eclampsia (5 entrevistadas). O trabalho de parto premade idade e a presença da mãe durante a consulta médica turo ocorreu em 4 das 100 mulheres que participaram da periódica, para que a mesma respondesse pessoalmente pesquisa. ao questionário, aumentando a qualidade dos dados. No tocante das crianças, a média de peso dos lactentes ao nascimento foi de 3.212g. Destes, 48% nasceram Análise dos dados de parto normal, enquanto que 52% nasceram de partos Os cálculos de prevalências dos dados foram obcirúrgicos. Os partos em Hospitais Públicos correspondetidos através do programa ram a 89% e apenas 11% do programa Epi-info 6.0 vitolo, 2008 ocorreram em hospital (DEAN, 1994), no qual particular. A pneumonia a cada dia um número maior de mães foram analisados os dacorrespondeu a maior ratem optado pela substituição do aleitados como o consumo de zão de internação (16%) mento materno pelo uso de fórmulas lácalimentos líquidos, a inentre os 4% das crianças teas. Um dos maiores responsáveis por isto trodução de alimentos sóque necessitaram de iné o estilo de vida moderna adotado pelas lidos e semi-sólidos, entre ternação no primeiro ano mulheres na sociedade moderna, que conta outros. Outras variáveis de vida. com a saída das mulheres para o trabalho independentes do perfil A análise bivariada fora do lar, tornando, muitas vezes, inconde alimentação, como lodemonstrada na Tabela 1 ciliável o trabalho com a amamentação. Os cal de nascimento, peso possibilita a observação processos de melhoria das fórmulas e dos ao nascimento, idade das possíveis associações modelos de bicos de mamadeiras também materna, grau de escolada interferência da introcontribuem para o desmame precoce. ” ridade materna, licença dução de água, chá, suco, maternidade, uso de mamingau, papa ou sopa, do madeiras e chupetas, também foram analisadas pelo proemprego de mamadeira e da chupeta junto ao aleitamengrama, com o objetivo de avaliar a correlação das mesmas to materno nas crianças analisadas com até 12 meses de com a prevalência ou não do aleitamento materno. vida. O intervalo de confiança foi de 95%. Março/ABRIL 2013

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Nutrição

A influência da propaganda televisiva de alimentos saudáveis sobre as escolhas alimentares de crianças

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Tabela 1. Distribuição da frequência e percentual de lactentes até 12 meses de vida do Aleitamento materno, variáveis analisadas e intervalo de confiançna, Itapira, São Paulo, 2012. N=100 Variável

Não n

IC 95% %

Sim

IC 95%

n

%

AME*

71

74,0%

64%; 82,4%

25

26,0%

17,6%; 36,0%

AM**

19

19,0%

11,8%; 28,1%

81

81,0%

71,9%; 88,2%

Mingau

98

98,0%

93,0%; 99,8%

2

2,0%

0,2%; 7,0%

Água

27

27,0%

18,6%; 36,8%

73

73,0%

63,2%; 81,4%

Suco

51

51,0%

40,8%; 61,1%

49

49,0%

38,0%; 59,2%

Sopa ou Papa

55

55,0%

44,7; 65,0%

45

45,0%

35,0%; 55,3%

Chás

80

80,0%

70,8%; 87,3%

20

20,0%

12,7; 29,2%

Mamadeira

22

22,0%

14,3%; 31,4%

78

78,0%

68,6%; 85,7%

Chupeta

57

57,0%

46,7%; 66,9%

43

43,0%

33,1%; 52,3%

*Aleitamento Materno Exclusivo (AME) – criança que recebe leite materno exclusivamente da mama ou ordenhado. **Aleitamento Materno (AM) – criança que recebe leite materno da mama ou ordenhado juntamente com outros tipos de alimentos. OMS (1991).

Dentre as mães que responderam o questionário, 72% tinham bebês com menos de 6 meses de vida e, destas, 73% já faziam uso de água na alimentação das crianças, 20% administravam chás e 49%, suco. A oferta de alimentos como sopa ou papas foi observada em 45% dos lactentes com idade inferior a 6 meses de vida. O uso de bicos artificiais também foi avaliado e os resultados demonstraram que 43% dos bebês faziam uso de chupetas e outros 78%, uso de mamadeiras, sendo que 40% faziam uso dos 2 bicos. Segundo o recordatório das últimas 24 horas sobre a alimentação da criança, as mães relataram que o aleitamento materno estava presente em 80% dos bebês e que, quando não ofereciam o leite materno exclusivo à criança, a complementação ocorria com o uso de fórmulas lácteas (25,7%), leite em pó integral (27%) e leite de vaca fluído (47,3%). O uso de complementos antes de 6 meses de idade foi relatado por 75 mães, correspondendo a 71,1%, enquanto que 28,9% alegaram não haver amamentado até o sexto mês, devido ao retorno do trabalho.

Discussão

A prática do aleitamento materno nos primeiros 30 dias de vida no município de Itapira é frequente, porém, com o aumento da idade do bebê, há diminuição do aleitamento materno exclusivo e a introdução precoce de outros tipos de alimentos. Dados similares foram encontrados por Audi et al (2003).

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A análise dos dados permite observar a precocidade com que alguns alimentos não nutritivos como chás e águas foram inseridos na alimentação dos lactentes investigados, tendo como consequência o comprometimento do aleitamento materno exclusivo. O emprego de chás é frequente entre as mães do município e deriva do poder das crenças dos efeitos “calmante”, “laxativo” ou “preventivo” para cólicas intestinais que tais chás apresentariam. Entretanto, seu uso pode levar à diminuição do consumo do leite materno, entrando assim em desacordo com o manejo do aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses (AUDI; CORRÊA; LATORRE, 2003). Outro achado importante foi a inserção de água na dieta dos menores. De acordo com Rego (2002), a água, quando introduzida precocemente junto ao aleitamento materno, pode sobrecarregar a função renal em lactentes. O emprego de bicos artificiais como os presentes em mamadeiras são concomitantemente utilizados com o emprego de outros tipos de leite, fórmulas, águas e chás. Sanches (2004) afirma que o fortalecimento do sistema oral infantil através da amamentação viabiliza a coordenação entre sugar, deglutir e respirar, sendo comprometida pelo uso de bicos artificiais, como mamadeiras e chupetas. Neste trabalho, os lactentes prematuros e os de baixo peso encontravam-se, no momento da pesquisa, em processo de aleitamento materno exclusivo. O mesmo não foi encontrado por Audi et al (2003), que associaram nutricaoempauta.com.br


pediatria

The Influence of TV Food Advertising on Healthy Food Choices for Children parte do insucesso do aleitamento materno do recém-nascido ao baixo peso ao nascimento. Em relação às intervenções intra-hospitalares, não foram encontradas semelhanças ao estudo de Venâncio et al (2002), que afirma que as chances do sucesso da amamentação são maiores em hospitais intitulados “Hospital Amigo da Criança” do que em maternidades com tratamento tradicional, uma vez que os resultados encontrados nesta pesquisa mostraram que a maior prevalência dos nascimentos avaliados ocorreu em hospital público vinculado à iniciativa. Quanto ao tipo de parto, prevaleceu entre as avaliadas o parto cirúrgico. Segundo Carvalhaes et al (2003), há maiores probabilidades de estabelecer a amamentação precoce e efetiva em partos vaginais, pois, em partos cirúrgicos, em função do pós-cirúrgico e do pós-parto, há uma maior dificuldade entre o primeiro contato mãe-fiho. Estudos realizados por Narchi et al (2009) confirmam que cesáreas eletivas representaram um risco maior para o abandono do aleitamento já nas primeiras horas, devido ao retardo do aleitamento, alterando as respostas endócrinas intra-hospitalares e comprometendo assim o adequado envolvimento afetivo. No que tange à idade materna, a média encontrada foi de 24 anos, porém a diversidade de pensamentos da comunidade científica relacionada a este dado é grande, uma vez que Faleiros et al (2006) mencionam que há maiores chances de uma mãe mais jovem proporcionar uma menor duração do aleitamento materno, devido a algumas dificuldades, como baixo nível educacional e baixo ônus familiar. Ainda segundo Faleiros et al (2006), em mães adolescentes o abandono do aleitamento surge devido às suas inseguranças e falta de apoio familiar. Alguns autores corroboram com este fato, ao afirmarem que os filhos de mães com idade superior mamam por um período maior, principalmente quando estas já são multíparas e com histórico de sucesso de aleitamento materno anterior (LIMA; OSÓRIO, 2003; VENÂNCIO et al, 2002). Entretanto, Pedroso et al (2004) associaram o insucesso do aleitamento materno na idade materna elevada à maior introdução de alimentos precocemente, atribuindo esse resultado à exposição destas mulheres à cultura do desmame precoce que permeou as décadas de 70 e 80. Assim, o fator idade materna deve ser analisado com cautela pela ambiguidade dos dados, necessitando-se de estudos mais específicos para esta variável. Entre as mulheres que gozaram da licença-maMarço/ABRIL 2013

por Ana Paula Gines Geraldo, e Mariana de Oliveira Matos

ternidade de seis meses, a taxa do aleitamento materno predominante foi maior do que nas mulheres que gozaram de licença- maternidade de quatro meses. Brasileiro et al (2010), em sua pesquisa com trabalhadoras formais, concluíram que a licença-maternidade com duração de seis meses tem sido facilitadora à amamentação, porém outros recursos, como creche nos locais de trabalho e ordenha manual do leite humano, deveriam ser praticados, além da motivação encontrada nos profissionais de saúde engajados no processo de amamentação. Os resultados encontrados demonstraram que as modificações nos hábitos maternos durante a gestação e amamentação tiveram como responsáveis os profissionais da saúde que, por meio de orientações, são capazes de influenciar positivamente no manejo do aleitamento materno. Pedroso et al (2004) relataram que a ausência de treinamentos e integrações das equipes pode repercutir não somente sobre a qualidade da amamentação, mas em toda a qualidade de saúde de uma população. A pesquisa ainda mostrou uma prevalente porcentagem de mães (71,1%) que associaram o insucesso do aleitamento materno a problemas como a “falta de leite” ou presença de “leite fraco”. Faleiros et al (2008) e Almeida e Novak (2004) consideram que este fato possa estar relacionado com a ausência de um suporte cultural familiar, em que não há o incentivo à amamentação transmitido pelas avós.

Conclusões

O conhecimento das práticas alimentares em menores de 12 meses no município de Itapira-SP demonstrou que o perfil do aleitamento materno da população dependente de atenção básica no município deixa a desejar, quando comparado às recomendações da OMS, uma vez que o aleitamento exclusivo é abandonado precocemente, em função de diversas razões, entre elas a inserção de chás, água, bicos artificiais e fórmulas lácteas. Outro importante fator que contribuiu para o desmame precoce foram as crenças de que o leite materno seja “fraco” ou “insuficiente” e o retorno das mães ao mercado de trabalho. Por fim, acreditamos que uma assistência personalizada, acompanhada de um programa de saúde que vise melhorar as informações sobre a importância do aleitamento materno exclusivo e a falta de veracidade de algumas crenças às gestantes, bem como uma maior valorização da nutriz, são medidas que poderão contribuir para o aumento do tempo de aleitamento materno exclusivo no município. nutrição em pauta |

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EM PAUTA

Sobre os autores

Profa. Dra. Karina Antero Rosa Ribeiro - Mestre e Doutora em Clínica Médica pela Faculdade de Ciências Médicas – UNICAMP e Especialista em Análises Clínicas – Uniararas. Atualmente atua como docente e desenvolve projetos de pesquisa junto a alunos de graduação em faculdades municipais e privadas. Dra. Ana Carolina Medeiros - Nutricionista pela Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM) Palavras-chave: aleitamento materno, inquéritos nutricionais, substitutos do leite materno. Keywords: breastfeeding, nutritional inquiries, mother’s milk substitutes. Recebido: 4/3/2013– Aprovado: 15/3/2013

Referências

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| nutrição em pauta

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saúde pública

Fruit and Vegetable Consumption in Different Cycles of Life

por Ana Paula Gines Geraldo, Alessandra Lucca e Veronica Cerquiaro

Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida

The identification of factors associated with the consumption of fruits and vegetables (FV) is a key tool to elaboration of effective intervention programs aimed at increasing the consumption of these foods. The objective of this review was to identify the consumption of FV in different life cycles and the determinants of consumption. A systematic literature review of non-scientific articles, dissertations and theses in the databases Lilacs, SciELO and Bireme was performed. They were included articles published in the past decade and 17 papers were selected. For the cycles of life assessed all studies found a high prevalence of inadequate consumption of FV. The main factors associated with higher intakes were higher per capita income, regular physical activity, being female and not smoking. The results showed that, in general, all life cycles have an insufficient intake of FV and lower than recommended by the Ministry of Health. Março/ABRIL 2013

Introdução

Em 2004, a Organização Mundial de Saúde propôs recomendações para mudanças de estilo de vida, com o objetivo de prevenir e minimizar a prevalência mundial das doenças crônicas não transmissíveis. Uma das principais recomendações foi o consumo mínimo diário de 400g de frutas e hortaliças (FH) (WHO, 2004). O consumo aumentado desses alimentos atua de forma importante na redução do risco das principais doenças crônicas, especialmente devido a maior oferta de vitaminas, minerais antioxidantes e fibras alimentares (VIEBIG et al., 2009). O consumo de FH é em parte determinado pelas condições socioeconômicas da população. Estudos recentes têm mostrado que a baixa renda familiar está associada a práticas alimentares inadequadas, especialmente ao baixo consumo diário de frutas, legumes e verduras (LESSA, 2008). Outros fatores também têm sido associados ao baixo consumo de FH de brasileiros, como: baixa escolaridade, inapetência, dificuldades para a aquisição e preparo dos alimentos e presença de doenças crônicas (VIEBIG et al., 2009).

guirro; guirro, 2006 O consumo de FH é em parte determinado pelas condições socioeconômicas da população. Estudos recentes têm mostrado que a baixa renda familiar está associada a práticas alimentares inadequadas, especialmente ao baixo consumo diário de frutas, legumes e verduras .”

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A identificação de fatores associados ao consumo de frutas e hortaliças (FH) é ferramenta-chave na ela­boração de programas eficazes de intervenção, visando o aumento no consumo desses alimentos. O objetivo desta revisão foi identificar o consumo de FH nos diferentes ciclos de vida e os determinantes desse consumo. Foi realizada uma revisão bibliográfica não sistemática de artigos científicos, dissertações e teses nas bases de dados Lilacs, Bireme e Scielo. Foram incluídos artigos publicados nos últimos dez anos e foram selecionados 17 trabalhos. Para os ciclos da vida avaliados, todos os estudos encontraram alta prevalência de inadequação no consumo de FH. Os principais fatores associados ao maior consumo foram maior renda per capita, prática regular de atividade física, ser do sexo feminino e não fumar. Os resultados mostraram que, no geral, todos os ciclos de vida têm um consumo insuficiente de FH e abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde.

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Nutrição

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EM PAUTA

Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida

et al., 2010), sobretudo aqueles com baixa renda. Outros fatores também podem estar associados à baixa ingestão de FH por essa população, como a diminuição da capacidade mastigatória, pois algumas FH possuem maior quantidade de celulose, o que dificulta a mastigação das mesmas. Com o envelhecimento, os hábiMateriais e Métodos tos de mastigação mudam, tanto nos homens como nas Trata-se de uma revisão bibliográfica não sistemática mulheres. Essas alterações são devidas ao aparecimento realizada no mês de outubro de 2012. A busca de artigos frequente de cáries e docientíficos, dissertações dos autores enças periodontais; às e teses foi realizada nas Quando se trata de crianças, a im- próteses e à ausência de bases de dados Lilacs, Bireme e Scielo, e as portância de uma dieta equilibrada é ain- dentes (CAMPOS et al., palavras-chave utilizadas da maior, pois elas se encontram em fase de 2000). Para Viebig et al. foram frutas, hortaliças, crescimento, desenvolvimento e formação (2009), políticas públicas ingestão, consumo e da personalidade e de seus hábitos alimen- e programas de promoção fatores determinantes, tares. A saúde e os hábitos alimentares das da saúde devem incorpoem todos os campos de crianças irão refletir na sua vida adulta, rar formas de incrementar o consumo desses alimenpesquisa. Foram incluídos constituindo-se em fatores de prevenção de tos pela população de idoartigos publicados nos algumas doenças.” sos do país. últimos dez anos. Claro et al. (2007) sugerem que a redução de preço de frutas, legumes e verduras, possível de ser obtida por Resultados e Discussão meio de políticas públicas, poderia aumentar a particiForam incluídos nesta revisão 18 trabalhos, sendo pação desses alimentos na dieta. A redução do preço das que a maior parte (n=12) dos estudos encontrados avaFH pelo apoio à cadeia de produção dos alimentos e por liou o consumo de Frutas e Hortaliças (FH) de adultos. medidas fiscais é um promissor instrumento de política Nenhum estudo que buscou avaliar o consumo desses alipública que poderia aumentar a participação desses alimentos por gestantes, nutrizes e lactentes foi localizado. mentos na dieta brasileira (CLARO et al. 2010). Todos os estudos encontraram alta prevalência de Os resultados desse trabalho mostraram que a esinadequação no consumo de FH. Os fatores associados ao colaridade e a baixa renda estão relacionadas ao baixo maior consumo de FH foram maior renda per capita, práconsumo de FH. Jorge et al. (2008) mostraram em seu tica regular de atividade física, ser do sexo feminino, ter estudo que as chances de baixo consumo de frutas foram maior idade, ser casado ou viver com companheiro, não associadas à pouca escolaridade, à baixa renda familiar e fumar e baixo consumo de refeições do tipo fast food. a não inserção no mercado de trabalho. As mulheres deEm um dos trabalhos, foram estudados beneficiários sempregadas foram as mais afetadas pela menor contrie não beneficiários do Programa Bolsa Família e foi obserbuição das frutas na sua alimentação. As características vada baixa ingestão nos dois grupos estudados (SALDIVA et do local de moradia também foram significantemente al., 2010). Esse dado mostra a necessidade de esforços para o associadas ao consumo de frutas, e a maior proporção de desenvolvimento de programas de educação nutricional aos baixo consumo foi encontrada na área de estudo caractegrupos beneficiários de programas de transferência de renda, rizada como muito pobre. O Quadro 1 apresenta os resulpara que optem por alimentos mais saudáveis. tados dos artigos incluídos na pesquisa sobre o consumo Os idosos também apresentaram alta prevalência de FH por adultos e idosos. de baixo consumo de FH (VIEBIG et al., 2009; MARTINS Stockxchange

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo fazer uma revisão na literatura sobre o consumo e os fatores determinantes do consumo de FH nos diferentes ciclos da vida.

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saúde pública

Fruit and Vegetable Consumption in Different Cycles of Life

por Ana Paula Gines Geraldo, Alessandra Lucca e Veronica Cerquiaro

Quadro 1. Consumo de FH por adultos e idosos e seus fatores determinantes. São Paulo, 2012. Autores/ ano de publicação

População

Principais resultados

Biragan, 2012

277 indivíduos de todas as faixas etárias moradores da cidade de Piracicaba (SP).

57% da população entrevistada ingeriam as 5 porções de FH preconizadas por órgãos de saúde.

Ramalho et al., 2012

863 estudantes de cursos de graduação da Universidade pública Federal de Rio Branco (AC).

Prevalência de consumo regular de FH foi de 14,8%. Fatores associados ao consumo: pertencer à classe econômica A/B, conviver com companheiro(a), praticar atividade física e consumo de fast foods ≤ que 2 vezes na semana.

Oliveira et al., 2012.

300 universitários de ambos os sexos do curso de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

36% dos estudantes nunca ou quase nunca consumiam frutas e 38,1% nunca ou quase nunca consumiam verduras/ legumes.

Campos et al., 2010

1.890 adultos de ambos os sexos residentes na cidade de Florianópolis (SC).

Prevalência do consumo adequado de FH foi de 21,9%. Fatores associados ao consumo entre mulheres: aumento da faixa etária, não trabalhar, bom estado de saúde e não tabagismo; homens: estar casado e sem excesso de peso. Em ambos os sexos: atividade física no lazer.

Figueiredo et al., 2008

1.267 mulheres e 855 homens, residentes em domicílios na cidade de São Paulo.

Consumo de FH foi maior entre mulheres, sendo influenciado pela idade, escolaridade e dieta.

Jorge et al. 2008

311 mulheres do município de Cotia, na área metropolitana de São Paulo (SP).

Baixo consumo de frutas foi maior nas mulheres do bairro pobre, baixa escolaridade, donas de casa e desempregadas, baixa renda familiar, tabagistas e sedentárias. O consumo de legumes foi associado negativamente à baixa escolaridade, renda familiar e ao sedentarismo. Mulheres mais jovens e que faziam uso do álcool: chances maiores de baixo consumo de hortaliças.

Mondini, et al; 2010

930 participantes de ambos os sexos com 30 anos e mais, moradores da cidade de Ribeirão Preto (SP).

24% dos homens e 38% das mulheres atenderam a recomendação mínima do consumo de FH; observou-se associação positiva com a idade e renda per capita.

Neutzling et al., 2009

972 adultos de 20 a 69 anos de Pelotas (RS).

20,9% consumiam regularmente FH. Mulheres com ≥60 anos, das classes A e B, ex-fumantes e não sedentárias apresentaram maior prevalência de consumo de FH. Frequência do consumo de FH: abaixo das recomendações atuais, em especial entre homens mais jovens, de menor nível socioeconômico e que não praticam atividade física no lazer.

Palma et al. 2010

581 nipo-brasileiros adultos, de 1ª e 2ª gerações, residentes em Bauru (SP).

A maior chance de consumo adequado de FH foi associada ao maior número de refeições diárias e à maior idade. O contrário ocorreu entre os indivíduos no terceiro tercil de consumo de ácidos graxos saturados.

Jaime e Monteiro, 2005

Amostra representativa do Brasil. Adultos com idade ≥ 18 anos.

Consumo diário de FH referido foi de 41% e 30%, respectivamente. Ambos os sexos: consumo de FH foi maior nas áreas urbanas, aumentou com a idade, escolaridade e com o número de bens no domicílio.

Viebig, et al., 2009

2.066 idosos (≥60 anos) de baixa renda residentes na cidade de São Paulo (SP).

Cerca de 1/3 dos idosos (35%) não consumia diariamente nenhum tipo de FH e 19,8% relataram consumo diário de 5 ou mais porções.

Martins et al., 2010

34 idosos atendidos em uma unidade de saúde em Teresina (PI).

Porção média diária consumida de FH: 2,3 e 2,0, respectivamente. Observou-se inadequação de 76,5% no consumo desses alimentos.

ADULTOS

IDOSOS

Legenda: Frutas e hortaliças - FH

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Nutrição

Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida

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Tanto para crianças como para os adolescentes o consumo de FH mostrou-se inadequado. Esse dado é preocupante, visto que a alimentação adequada, em todas as faixas etárias, assegura o crescimento e o desenvolvimento fisiológico, manutenção da saúde e do bem-estar do indivíduo. Quando se trata de crianças, a importância de uma dieta equilibrada é ainda maior, pois elas se encontram em fase de crescimento, desenvolvimento e formação da personalidade e de seus hábitos alimentares. A saúde e os hábitos alimentares das crianças irão refletir na

sua vida adulta, constituindo-se em fatores de prevenção de algumas doenças (ALVES; ALBIERO, 2007). Os hábitos alimentares, sejam eles saudáveis ou não, adquiridos e consolidados na adolescência, possuem forte potencial de permanecerem na vida adulta na vida adulta (MADRUGA et al., 2012). Por esse motivo, é necessária uma especial atenção ao consumo de FH nessa faixa etária. O Quadro 2 sumariza os resultados dos estudos sobre consumo de FH por crianças e adolescentes.

Quadro 2. Consumo de FH por crianças e adolescentes e seus fatores determinantes. São Paulo, 2012. Autores/ ano de publicação

Resultado

População

CRIANÇAS Costa, 2012

4.964 escolares de escolas públicas e privadas de oito municípios do estado de Santa Catarina (PR).

Consumo adequado esteve presente apenas em 2,7% dos escolares, enquanto 26,6% não consumiram FH sequer uma vez por dia. O consumo de guloseimas foi associado ao consumo inadequado de FH.

Saldiva et al., 2010

189 crianças, moradoras do município de João Câmara (RN).

Tanto no grupo de crianças beneficiárias e não beneficiárias do Programa Bolsa Família o consumo de FH foi baixo.

Conceição et al., 2010

570 escolares de 9 a 16 anos das redes pública e privada de ensino, em São Luís (MA).

Foi observado baixo consumo de frutas (52,6%) e hortaliças (34,4%).

Mendes e Catão, 2012.

139 adolescentes entre 10 e 16 anos, de ambos os gêneros, matriculados em Escolas Municipais da cidade de Formigas (MG).

Maioria dos adolescentes: baixo consumo de frutas (79,1%), legumes e verduras (75,6%). Consumo de frutas: adequado em 14,2% e de legumes e verduras, em 13,4%. Variáveis sexo, local de moradia e renda per capita tiveram associação positiva a este consumo.

Bigio, et al., 2011

812 adolescentes de ambos os sexos de São Paulo (SP).

6,4% consumiram a recomendação mínima de 400 g/dia e 22% não consumiam nenhum tipo de FH.

Toral et al., 2006.

234 estudantes de duas escolas da cidade de São Paulo (SP), entre 10 e 19 anos.

Mediana de consumo: 0,97 e 1,2 porções diárias para frutas e verduras, respectivamente. Apenas 12,4% e 10,3% consumiam as porções recomendadas de frutas e hortaliças, respectivamente. Observou-se associação entre o consumo de frutas e sexo.

ADOLESCENTES

Legenda: Frutas e hortaliças- FH A formação de hábitos alimentares saudáveis deve ser estimulada precocemente na vida do indivíduo. Os hábitos alimentares podem mudar substancialmente durante o crescimento, mas o registro e a importância do primeiro aprendizado permanecem ao longo do ciclo vital (MADRUGA et al., 2012). Para Jaime e Monteiro (2005), as iniciativas de promoção do consumo de FH devem atender a população como um todo, mas especial atenção deve ser dada a indivíduos jovens, ao sexo masculino, a áreas rurais e aos estratos populacionais com baixa escolaridade e renda.

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CONCLUSÃO Os fatores associados ao maior consumo de FH foram maior renda per capita, prática regular de atividade física, ser do sexo feminino, ter maior idade, ser casado ou viver com companheiro, não fumar e baixo consumo de refeições do tipo fast food. Os resultados desse trabalho mostram que todos os ciclos de vida têm um consumo insuficiente de FH e abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, evidenciando a necessidade de estratégias que estimulem o consumo desses alimentos por todas as faixas etárias. nutricaoempauta.com.br


Fruit and Vegetable Consumption in Different Cycles of Life

saúde pública por Ana Paula Gines Geraldo, Alessandra Lucca e Veronica Cerquiaro Stockxchange

Os resultados desse trabalho são importantes para que os profissionais de saúde saibam quais são os fatores que determinam o consumo de FH nos diversos ciclos da vida e, dessa forma, saibam a melhor forma de incentivar o consumo desses alimentos em cada faixa etária.

Sobre os autores

Profa. Dra. Ana Paula Gines Geraldo Nutricionista, Mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública (USP). Docente do curso de Nutrição da Universidade Paulista- UNIP. Profa. Dra. Alessandra Lucca Nutricionista, Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (USP). Docente do curso de Nutrição da Universidade Paulista- UNIP. Veronica Cerquiaro Graduanda do Curso de Nutrição da Universidade Paulista- UNIP

Palavras-chave: frutas, hortaliças, consumo, ingestão. Keywords: fruits, vegetables, consumption, intake. Recebido: 28/01/2013 – Aprovado: 28/2/2013

Referências

ALVES FS, ALBIERO KA. Formação e Desenvolvimento de Hábitos Alimentares em Crianças pela Educação Nutricional. Nutrição em Pauta, v.15, n.82, 2007. BIGARAN, B.J. Consumo de frutas e hortaliças “in natura” no município de Piracicaba/SP e sua implicação socioeconômica no estado nutricional. [Dissertação de mestrado]. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz- USP, 2012. BIGIO, R.S et al. Determinantes do consumo de frutas e hortaliças em adolescentes por regressão quantílica. Rev Saúde Pública, v.45, n.3, p.448-56, 2011. CAMPOS, M.T.F.S.; MONTEIRO, J.B.R.; ORNELAS,A.P.R.C.; Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev. Nutr. v.13 n.3, p. 157-165, 2000. CAMPOS, V.C. et al . Fatores associados ao consumo adequado de frutas, legumes e verduras em adultos de Florianópolis. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 352-362, 2010. CLARO, R.M. et al. Renda, preço dos alimentos e participação de frutas e hortaliças nas dietas. Rev Saúde Pública, n.41, v.4, p.557-64, 2007. CLARO, R.M.; MONTEIRO, C.A. Renda familiar, preço de alimentos e aquisição domiciliar de frutas e hortaliças no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 44, n. 6, Dec., p. 1014-1020, 2010. CONCEICAO, S.I.O. da et al. Consumo alimentar de escolares das redes pública e privada de ensino em São Luís, Maranhão. Rev. Nutr., Campinas, v.23, n.6, p. 993-1004, 2010. COSTA, L. da C.F.; VASCONCELOS, F. de A.G. de; CORSO, A.C.T. Fatores associados ao consumo adequado de frutas e hortaliças em escolares de Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 28, n. 6, p. 11331142, 2012 .

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Nutrição

Consumo de Frutas e Hortaliças nos Diferentes Ciclos de Vida

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EM PAUTA

FIGUEIREDO, I.C.R.; JAIME, P.C.; MONTEIRO, C.A. Fatores associados ao consumo de frutas, legumes e verduras em adultos da cidade de São Paulo. Rev. Saúde Pública, v. 42, n. 5, p. 777-785, 2008. LESSA I. O adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis. São Paulo. Hucitec. 2008. 284p. JAIME, P C.; MONTEIRO, C.A. Fruit and vegetable intake by Brazilian adults, 2003. Cad. Saúde Pública, vol.21, suppl.1, p. S19-S24, 2005. JORGE, M.I.E.; MARTINS, I.S.; ARAUJO, E.A.C. de. Diferenciais socioeconômicos e comportamentais no consumo de hortaliças e frutas em mulheres residentes em município da região metropolitana de São Paulo. Rev. Nutr., Campinas, v. 21, n. 6, p. 695-703, 2008. MADRUGA, S.W. et al. Manutenção dos padrões alimentares da infância à adolescência. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 376386, 2012 . MARTINS, M. do P. S C. et al. Consumo Alimentar, Pressão Arterial e Controle Metabólico em Idosos Diabéticos Hipertensos. Rev Bras Cardiol., v.23, n.3, p.162-170, 2010. MENDES, K.L.; CATÃO L.P. avaliação do consumo de frutas, legumes e verduras por adolescentes de Formiga – MG e sua relação com fatores socioeconômicos. Alim. Nutr., v. 21, n. 2, p. 291-296, 2010. MONDINI, L. et al. Consumo de frutas e hortaliças por adultos em Ribeirão Preto, SP. Rev Saúde Pública, v.44, v.4, p.686-94, 2010. NEUTZLING, M.A.B. et al . Fatores associados ao consumo de

frutas, legumes e verduras em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 11, p. 2365-2374, 2009. OLIVEIRA, A.C.A et al. Consumo de frutas e hortaliças por estudantes do curso de Farmácia da Universidade Federal de Juiz de Fora. HU Revista, Juiz de Fora, v. 37, n. 3, p. 377-385, 2012. PALMA, R.F.M. et al. Fatores associados ao consumo de frutas, verduras e legumes em Nipo-Brasileiros. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 12, n. 3, set. 2009 . RAMALHO, A.A.; DALAMARIA, T.; SOUZA, O.F. de. Consumo regular de frutas e hortaliças por estudantes universitários em Rio Branco, Acre, Brasil: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Pública, v. 28, n. 7, p. 1405-1413, 2012. SALDIVA, S.R.D.M.; SILVA, L.F.F.; SALDIVA, P.H.N. Avaliação antropométrica e consumo alimentar em crianças menores de cinco anos residentes em um município da região do semiárido nordestino com cobertura parcial do programa bolsa família. Rev. Nutr., Campinas, v.23, n.2, p. 221-229, 2010. TORAL, N. et al. Comportamento alimentar de adolescentes em relação ao consumo de frutas e verduras. Rev. Nutr., Campinas, v.19, n.3, p. 331-340, 2006. VIEBIG, R.F. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo. Rev Saúde Pública, v.43, n.5, p. 806-13, 2009. WHO. World Health Organization. Global strategy on diet, physical activity and health: World Health Organization. Geneva: World Health Organization; 2004.

TV

A Nova Forma de Ensino em Nutrição

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gastronomia

Gastronomy Techniques from le Cordon Bleu

Por Chef Patrick Martin

Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu As receitas do Le Cordon Bleu apresentadas nesta edição são : - Bolinhos (cromesquis) fritos de mexilhões cultivados - Bacalhau cozido à baixa temperatura, alcachofras apimentadas com chorizo, molho de vinagre de sherez - Massa Podre com maças e Mel Silvestre, Sorbet de Creme e Iogurte The recipes from Le Cordon Bleu for this edition are : - Kromesky fritter of cultivated mussels. - Low temperature cooked cod, poivrade artichoke and chorizo, sherry vinegar sauce. - Shortbread with jazz apple and manuka honey, yogurt cream and sorbet.

Bolinhos (cromesquis) fritos de mexilhões cultivados Tempo de preparo: 20 minutos / 6 porções

Copyright 2013 - Le Cordon Bleu Paris

1. Limpe os moluscos usando a técnica Clemence- Prepare o liquido de cocção: pique finamente as echalótas e o alho. Tire a pele e as sementes dos tomates e cortes-os em cubos pequenos. Aqueça o vinho branco, as echalótas, o alho, os tomates, a curcuma e o Cognac. Adicione os mexilhões, tampe e cozinhe por 3-5 minutos (à la marinière). Retire os mexilhões do liquido de cocção e depois das cascas. 2. Usando uma colher perfurada, retire um pouco dos temperos do líquido de cocção e misture aos mexilhões sem casca. Pique tudo e forme pequenas bolas. Leve ao freezer. 3. Empanamento: quando as bolas estiverem firmes o suficiente para serem manipuladas, retire-as do freezer. Passe-as na farinha de trigo, depois no ovo batido e por fim, na farinha panko. Frite por imersão a 180°C até que as bolinhas estejam douradas. Transfira para um papel toalha. 4. Sirva imediatamente.

Março/ABRIL 2013

Ingredientes principais • 500 g de mexilhões cultivados • Liquido de coção • 2 echalótas • 1 dente de alho • 2 tomates • 125 ml de vinho branco • 1 pitada de curcuma • 25 ml de Cognac Empanamento de pão • 30 g de farinha de trigo • 2 ovos, batidos • 100 g de farinha panko japonesa ----• Óleo para fritar

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Nutrição

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Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu

4 porções

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Bacalhau cozido à baixa temperatura, alcachofras apimentadas com chorizo, molho de vinagre de sherez

Principal ingredientes • 4 x 180 g de filés de bacalhau grossos • Sal grosso • Azeite • sal e pimenta do reino Alcachofras apimentadas com chorizo • 6 alcachofras Para cozinhar em ‘blanc’ • Suco de 2 limões • 4 colheres de sopa de farinha de trigo - - - - • 80 g de manteiga • vinagre de sherez • sal e pimenta do reino - - - - • vinagre • Azeite de oliva • Suco de ½ limão - - - - • 20 g de chorizo (linguiça espanhola apimentada) Molho de vinagre sherez • 300 ml de caldo claro de frango • Vinagre de sherez • 50 ml de creme de leite fresco • sal e pimenta do reino • 100 g de manteiga - - - - Decoração • cerofólio

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1.

Marine os pedaços grossos de bacalhau no sal grosso por meia hora para firmar a carne. Lave bem e seque.

2.

Sele os filés no azeite de oliva quente e tempere com sal e pimenta. Reserve.

3.

Alcachofras apimentadas: separe duas alcachofras inteiras. Limpe o restante das alcachofras e corte cada uma em 4 pedaços. Salpique com suco de limão. Prepare o “blanc”: traga a água à fervura juntamente com o suco de limão e a farinha de trigo. Cozinhe por 15 a 20 minutos. Retire, drene e reserve as alcachofras.

4.

Corte o restante das alcachofras pela metade e cozinhe-as até ficarem al dente em água com vinagre por cerca de 10 minutos. Drene e coloque para marinar no azeite com o suco de meio limão.

5.

Corte o chorizo em fatias finas e frite-o rapidamente em uma frigideira.

6.

Molho de vinagre sherez: reduza o caldo e o vinagre, adicione o creme e reduza novamente. Tempere e finalize com manteiga, mantendo o molho aquecido. Logo antes de servir, emulsione o molho com a ajuda de uma batedeira ou mixer de mão.

7.

Cozinhe o bacalhau selado na temperatura de 85 °c usando um termômetro apropriado. Quando o centro dos pedaços de peixe atingirem 56 °c, retire do forno. Enquanto o peixe estiver cozinhando, finalize as alcachofras. Aqueça a manteiga em uma panela juntamente com o vinagre sherez e adicione as alcachofras cortadas em quatro. Tempere e deixe-as cozinhar até ficarem glaceadas. Retire as alcachofras cortadas ao meio da marinada de limão e azeite e drene-as em papel toalha.

8.

Para servir: coloque um pedaço,de bacalhau em cada prato, em volta disponha vários pedaços de alcachofra e chorizo e regue com o molho emulsionado de sherez. Finalize com ramos de cerofólio, uma metade de alcachofra marinada e um pouco de azeite de oliva. nutricaoempauta.com.br


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Gastronomy Techniques from le Cordon Bleu

Por Chef Patrick Martin

Massa Podre com maçãs e Mel Silvestre, Sorbet de Creme e Iogurte 6 porções / Tempo de preparo 45 min. / aro de 5 a 6 cm de diâmetro Sorbet de iogurte: traga o leite, o açúcar e o mel à fervura e ainda bem quente, despeje no iogurte e no suco de limão. Deixe esfriar e transfira para uma máquina de sorvetes.

2.

Pré- aqueça o forno a 170°C.

3.

Massa podre britânica: junte a manteiga ao açúcar; adicione a farinha de trigo, o fermento em pó, o sal e o anis estrelado. Mexa a mistura com a ponta dos dedos até que fique parecendo farinha de pão. Junte as gemas e mexa sem trabalhar demais a massa. Abra a massa na espessura de 0.5 mm em cima de uma assadeira coberta com papel manteiga. Usando o aro, corte círculos da massa e leve para assar por 5-10 minutos ou até que os biscoitos estejam dourados. Retire e deixe esfriar.

4.

Maçãs com mel silvestre: descasque as maçãs e reserve as aparas para fazer o coulis. Fatie finamente as maçãs. Pegue 12 fatias e corte-as do mesmo tamanho que os círculos de massa podre. Cozinhe as fatias em uma frigideira com manteiga e mel. Corte o restante das maças em brunoise ( cubos bem pequenos) e reserve para decoração.

5.

Creme de iogurte: amoleça as folhas de gelatina em água fria. Triture o limão verbena seco até virar um pó. Junte o iogurte ao açúcar e depois misture à gelatina, o pó de limão verbena e por último, o creme de leite batido para chantilly. Coloque a massa em um saco de confeitar com o bico de estrela e leve para gelar.

6.

Coulis: Cozinhe as aparas de maçãs com o açúcar e a água em uma frigideira. Quando as maçãs estiverem bem macias, passe por uma peneira (ou espremedor de purê) e deixe esfriar.

Massa podre britânica • 250 g de manteiga amolecida • 160 g de açúcar • 200 g de farinha de trigo • 25 g de fermento em pó • 4 g de sal • 5 g de anis estrelado moído • 2 gemas de ovos

7.

Apresentação: coloque um biscoito de massa podre dentro do aro, cubra com brunoise de maçãs seguido de uma fatia de maçã. Usando o saco de confeitar, disponha um pouco do creme na fatia e por cima de tudo, uma quenelle de sorbet. Decore com pingos do coulis ao redor do prato, e uma folha de limão verbena no biscoito de massa podre.

Maçãs com mel silvestre • 3 Maçãs • 20 g de manteiga • 40 g de mel silvestre

Sobre o autor

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1.

Sorbet de iogurte • 500 ml de leite • 200 g de açúcar • 100 g de mel • 500 ml de iogurte integral • Suco de 1 limão

Creme de iogurte • 3 folhas de gelatina (6 g) • 10 g de limão verbena seco • 360 g de iogurte natural integral • 30 g de açúcar • 200 ml de creme de leite fresco, batido para chantilly Molho coulis • 50 ml de água • 20 g de açúcar • Aparas das maçãs Decoração • Folhas frescas de limão verbena

Março/ABRIL 2013

Chef Patrick Martin - Vice-Presidente de Desenvolvimento Educacional em Culinária, é o Embaixador Internacional do Instituto “Le Cordon Bleu”. Com mais de 25 anos de experiência trabalhou no Le Doyen, Dalloyau e Flo Prestige na França. Ganhador de vários prêmios internacionais, supervisionou o desenvolvimento técnico e a abertura da escola de Tóquio e ajudou a estabelecer o nível profissional das escolas da França, Londres e Tóquio. Palavras-chave: vitela, cogumelos, maçã, camembert. Keywords: veal, mushrooms, Apple, camembert. Recebido: 10/01/2013 – Aprovado: 24/01/2013

Referências

Davidson, A. (2002) The Penguin Companion to Food. London: Penguin Books. Domine, A. (2005) Culinaria France. London: Konemann UK Ltd. Montagne, P. (2001) Larousse Gastronomique. London: Octopus Publishing Group Ltd. Collectif (2007) Le grand Larousse Gastronomique. Paris: Larousse

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EM PAUTA

Normas para a Publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições. Envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante. Apresentação do Artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e inglês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências.

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O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .tif ou .jpg em resolução de 300 dpi. As tabelas, quadros, figuras e gráficos devem ser referidos em números arábicos. Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores pertençam. As referências e suas citações no texto devem seguir as normas específicas da ABNT, conforme instruções a seguir. CITAÇÕES (NBR10520/2002) a. sobrenome do autor seguido pelo ano de publicação. Ex.: (WILLETT, 1998) ou “Segundo Willett (1998)” b. até três autores, citar os três separados por ponto e vírgula. Ex.: (CORDEIRO; GALVES; TORQUATO, 2002). Mais de três autores, citar o primeiro seguido da expressão “et al.” REFERÊNCIAS (ABNT NBR-6023/2002) a. ordem da lista de referências – alfabética b. autoria – até três autores, colocar os três (sobrenome acompanhado das iniciais dos nomes) separados por ponto e vírgula (;). Ex.: CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. Mais de três autores, colocar somente o primeiro autor seguido de “et al.” c. títulos dos periódicos – abreviados segundo Index Medicus e em itálico d. Exemplo de referência de artigo científico (para outros tipos de documentos, consultar a ABNT): POPKIN, B.M. The nutrition and obesity in developing world. J. Nutr., v.131, n.3, p.871S-873S, 2001. Obs.: a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. Notas do Editor Caberá ao editor, visando padronizar os artigos ou em virtude de textos demasiadamente longos, suprimir, na medida do possível e sem cortar trechos essenciais à compreensão, textos, tabelas e gráficos dispensáveis ao correto entendimento do assunto. Os artigos que não se enquadrem nas normas da revista poderão ser devolvidos aos autores para os ajustes necessários. nutricaoempauta.com.br



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Probióticos devem ser capazes de sobreviver à passagem pelo estômago e duodeno, alcançando o local de ação em quantidades adequadas para impactar o microambiente do intestino e trazer benefícios à saúde do hospedeiro.1

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