ISSN 1676-2274 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
R$ 30,00 • Agosto 2014 Ano 22 Número 127 Edição Impressa São Paulo
CLÍNICA
Câncer de Próstata e Fatores Nutricionais
ESPORTE
Recursos Ergogênicos Nutricionais no Desempenho Físico
FUNCIONAIS
O Papel da Romã para a Saúde: uma Revisão.
Alimentos Orgânicos e sua Relação com a Saúde e Estética www.nutricaoempauta.com.br
AGOSTO 2014
GASTRONOMIA | FOOD
| HOSPITALAR | PEDIATRIA | SAÚDE.PÚBLICA NUTrição em pauta
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NUTrição em pauta
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editorial por Sibele B. Agostini
Alimentos Orgânicos e sua Relação com a Saúde e Estética Estratégias de promoção de práticas ba-
de Vida, 15º Congresso Internacional de Nu-
seadas em evidências apontam crescente
trição e Gastronomia, 2º Congresso Multi-
mudança nos hábitos alimentares dos bra-
disciplinar de Nutrição Esportiva, 10º Fórum
sileiros, em direção a maior demanda por
Nacional de Nutrição, 9º Simpósio Internac-
produtos orgânicos. O sistema orgânico
ional da American Academy of Nutrition and
de produção se apresenta como favorável
Dietetics (USA), 7º Simpósio Internacional
ao meio ambiente, sendo aceito pela União
da Nutrition Society (United Kingdom),
Europeia e a Food and Agriculture Organi-
7º Simpósio Internacional de Gastrono-
zation (FAO) como alternativa ao sistema
mia Francesa (Le Cordon Bleu/França),
agrícola. Entretanto, apesar de extrema-
1º Fórum de Alimentação Orgânica (novi-
mente oportuna e pertinente a preocupa-
dade), 1ª Rodada de Negócios entre Produ-
ção com o meio ambiente, é a preocupação
tores Orgânicos e Empresas de Alimentação
com a saúde o principal motivo do crescen-
(novidade), 15ª Exposição de Produtos e
te aumento no número de pessoas em busca
Serviços em Nutrição e Alimentação , 2ª
da alimentação saudável que outrora fazia
Feira de Alimentação, Saúde e Bem Estar,
parte do nosso cotidiano, quando tínhamos
1º Festival de Gastronomia Saudável (novi-
à mesa alimentos frescos, de boa qualida-
dade), que será realizado de 09 à 11 de outu-
de biológica e sem quaisquer resquícios de
bro de 2014 no Centro de Convenções e Even-
agrotóxicos.
tos Frei Caneca - 4o e 7oandares. E também o 10º Fórum Nacional de Nutrição 2014, que
Desta forma, considerando o potencial
será realizado nas principais capitais do
de mercado de expressiva magnitude para
Brasil.
estes produtos, está implícito que é necessário buscar subsídios por meio de estudos e pesquisas que envolvam mais informações sobre alimentos orgânicos e sua relação com a saúde e estética. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição
A equipe da Nutrição em Pauta deseja um ótimo Dia do Nutricionista para todos!
2014: Nutrição, Saúde e Bem Estar. O maior evento de Nutrição da América Latina englobando o 15º Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade AGOSTO 2014
Sibele B. Agostini Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região NUTrição em pauta
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nesta edição Agosto 2014
5. Alimentos Orgânicos e sua Relação com a Saúde e Estética. 11. Câncer de Próstata e Fatores Nutricionais. 16. Recursos Ergogênicos Nutricionais no Desempenho Físico. 22. O Papel da Romã para a Saúde: uma Revisão. 26. Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA. 33. Acne Vulgar: Relação com entre Índice Glicêmico e Carga glicêmica. 36. Papel do Nutricionista no Incentivo ao Aleitamento Materno como Forma de Prevenção de Casos de Obesidade. 42. Análise Protéica de Feijão Comum (Phaseolus Vulgaris L.) em Diferentes Tempos de Armazenamento e Técnicas de Tratamento Assine: (11) 5041.9321 r.22 assinaturas@nutricaoempauta.com.br Fale Conosco: (11) 5041.9321 r.20 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br
51. Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu.
A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
ISSN 1676-2274
Ano 22 - número 127 - agosto 2014 - edição impressa
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NUTrição em pauta
Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científca em Nutrição - R. Republica do Iraque, 1329 cj 11 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 nucleo@nutricaoempauta.com.br - www.nutricaoempauta.com.br Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ), Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP), Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefna Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Tais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP). Chef Didier Chantefort | LCB/PARIS Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Dra. Cecília Tsukamoto Alexandre Agostini Flávia C. Teixeira | assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP João Paulo Baldoni Produzida em Agosto 2014
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Organic Foods and its Relation to Health and Aesthetics
matéria de capa
Alimentos Orgânicos e sua Relação com a Saúde e Estética Resumo: O presente trabalho é uma revisão de literatura, no qual foram analisados artigos contendo definição, características e aspectos nutricionais sobre a alimentação orgânica e a sua relação com a saúde e estética. O objetivo foi relacionar aspectos nutricionais importantes na saúde e estética, encontrados na literatura, evidenciando os que apresentam mais relação. Para a produção de alimentos orgânicos, há a substituição do uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos pelo uso de adubos orgânicos e técnicas naturais. Com esse processo mais natural, esse alimento mantém as características específicas da espécie preservadas. Por meio desta opção de produção, os produtos apresentam melhor composição nutricional e sabor, o que contribui para melhor saúde e estética de quem os consome. Porém, ainda existem fatores que não permitem a utilização destes produtos pela maioria da população, como produtividade e preço final ao consumidor. Abstract: This paper is a literature review, in which articles containing the definition, characteristics and nutritional aspects of organic food and its relationship to health and aesthetics were analyzed. The objective was to relate important nutritional aspects in health and aesthetics found in the literature, highlighting those with a greater relationship. For the production of organic foods, there’s the substitution of the use of pesticides and chemical fertilizers by the use of organic fertilizers and natural techniques. With this most natural process that food maintains the specific characteristics of the species, preserved. Through this production option, the products have better nutritional composition and taste, which contributes to AGOSTO 2014
better health and aesthetics of those who consume them. However, there are factors that do not allow the use of these products by the majority of the population, such as productivity and final consumer price.
Introdução Estratégias de promoção de práticas baseadas em evidências apontam crescente mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros, em direção a maior demanda por produtos orgânicos. O sistema orgânico de produção se apresenta como favorável ao meio ambiente, sendo aceito pela União Europeia e a Food and Agriculture Organization (FAO) como alternativa ao sistema agrícola. Entretanto, apesar de extremamente oportuna e pertinente a preocupação com o meio ambiente, é a preocupação com a saúde o principal motivo do crescente aumento no número de pessoas em busca da alimentação saudável que outrora fazia parte do nosso cotidiano, quando tínhamos à mesa alimentos frescos, de boa qualidade biológica e sem quaisquer resquícios de agrotóxicos (IDEC, 2006). Desta forma, os sistemas orgânicos de produção priorizam o uso responsável dos recursos naturais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. A agricultura orgânica busca diversificar e integrar a produção de espécies vegetais e animais com o objetivo de criar ecossistemas mais equilibrados (SOARES, 2010). Segundo Hamerschmidt (2003), na agricultura convencional os alimentos apresentam frequentemente contaminação por agrotóxicos e adubos químicos de síntese, os de origem animal são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e antibióticos. Já em produtos orgânicos, a técnica de produção garante melhor qualidade nutricional e sabor. NUTrição em pauta
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Alimentos Orgânicos e sua Relação com a Saúde e Estética
Para assegurar a qualidade do produto e a garantia da prática correta, a certificação dos produtos da agricultura orgânica é uma prática já estabelecida. O selo Deméter foi criado em 1924 para os produtos orgânicos biodinâmicos e talvez seja o mais antigo selo usado para diferenciação de produtos agrícolas. A certificação orgânica é o mais proeminente exemplo de mecanismo de garantia da conformidade aplicado à agricultura, com normas aplicáveis à certificação do processo de produção (WESTERMAYER; GEIR, 2003). Desta forma, considerando o potencial de mercado de expressiva magnitude para estes produtos, está implícito que é necessário buscar subsídios por meio de estudos e pesquisas que envolvam mais informações sobre alimentos orgânicos e sua relação com a saúde e estética (IDEC, 2006).
Metodologia Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma revisão da literatura, por entendermos que o conhecimento da relação entre alimentação orgânica, saúde e estética é um tema relevante para a nutrição. Na identificação das fontes bibliográficas foram utilizadas as bases de dados LILACS, SCIELO, SCIENCE DIRECT E MEDLINE, utilizando as seguintes palavras chaves: Alimentos orgânicos, Alimento saudável, Segurança alimentar e nutricional, Saúde, Estética. Fizeram parte da amostra periódicos nacionais e internacionais publicados em português e inglês. A pesquisa de revisão da literatura compreendeu o período de setembro de 2013 a março de 2014.
Resultados Vantagens Nutricionais da Produção Orgânica: Pesquisas recentes demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média, mais de 63%, 59%, 138%, 390%, 91%, 125% e 72,5% de cálcio, ferro, magnésio, selênio, fósforo, potássio e zinco, respectivamente, que os alimentos convencionais. Além disso, apresentam cerca de 25% a menos de mercúrio, 40% menos alumínio e 29% menos chumbo, relacionados como agentes causais de muitas doenças graves (BORGUINI; TORRES, 2006). Wang (2008) apresentou em estudos variações significativas na quantidade de antioxidantes presentes em frutos e legumes orgânicos em comparação com as variedades não orgânicas. Além disso, a alimentação orgânica evita problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas tóxicas, prejudiciais ao organismo. Relação do Consumo de Alimentos Orgânicos 6
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com a Saúde e Estética - O fato do alimento orgânico apresentar mais nutrientes importantes na saúde e estética o coloca como importante estratégia de tratamento nutricional. Cálcio: O alimento orgânico contém em média, 63% mais cálcio: O cálcio realiza importantes e essenciais funções para o funcionamento do metabolismo (BORGUINI; TORRES, 2006). É nutriente fundamental na contração muscular secreção hormonal, metabolismo do glicogênio, coagulação sanguínea, produção do fluido intersticial, manutenção da estrutura proteica dos ácidos nucleicos, adesão entre as células, manutenção da integridade do esqueleto e na excitabilidade das células nervosas (BAYLOR; HOLLINGWORTH, 2011). A pele contém cerca de 1% de cálcio, que em nível cutâneo, assegura a coesão entre as células, intervém na produção dos lipídeos da hipoderme e contribui para a manutenção da hidratação (BAUMANN, 2007). Ao regular a divisão e a renovação celular da pele, o cálcio assegura o seu equilíbrio fisiológico (DAHER, 2008).
A certificação orgânica é o mais proeminente exemplo de mecanismo de garantia da conformidade aplicado à agricultura, com normas aplicáveis à certificação do processo de produção” Westermayer; Geir, 2003 Ferro: O alimento orgânico apresenta, em média, 59% de ferro a mais que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O ferro é responsável pelo transporte de oxigênio para todas as células do organismo. A deficiência de ferro está relacionada a diversos problemas, como anemia, fadiga, fraqueza, dificuldade de concentração, entre outros. Há também importante relação do ferro com o sistema tegumentar. Desta forma, Cançado (2010) apresenta que a deficiência de ferro pode estar relacionada ao crescimento lento de cabelos e unhas, além de contribuir para a queda dos cabelos e fraqueza das unhas. Magnésio: O alimento orgânico apresenta, de acordo com Borguini e Torres (2006), em média, 138% de magnésio a mais que o alimento não orgânico. O magnésio é indispensável na manutenção da massa óssea, no equilíbrio do sistema nervoso, no metabolismo energético muscular e na regulação da temperatura corporal. Auxinutricaoempauta.com.br
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lia ainda na absorção de outros minerais e vitaminas. São atribuídas ao magnésio, mais de 300 funções no organismo, incluindo o controle de sódio, potássio, fósforo, vitamina C e cálcio, o combate ao estresse e a redução da colesterolemia. A sua relação com a produção e transporte de energia, contração e relaxamento muscular e na hidratante da pele e mucosas o torna indispensável nos tratamentos estéticos (ASHMEAD, 2009). Selênio: O alimento orgânico apresenta, em média, 390% de selênio a mais que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O selênio é nutriente essencial e está relacionado ao crescimento normal e fertilidade. Atua na prevenção de grande variedade de doenças. Participa de complexas funções enzimáticas e metabólicas. É indispensável para a síntese da enzima glutationa peroxidase, importante antioxidante endógeno. Sua principal fonte alimentar é a castanha do Pará (MARIATH, 2010). Fósforo: O alimento orgânico apresenta, em média, 91% de fósforo a mais que o alimento não orgânico de acordo com Borguini e Torres (2006). É indispensável na formação dos ossos e dentes e na manutenção da integridade do esqueleto. Protege as células por fortalecer suas
membranas. Segundo Oliveira (2007) o fósforo tem relação com a ativação das vitaminas do complexo B. A ligação do fósforo com as gorduras, forma os fosfolipídios, que têm funções estruturais e metabólicas em todo o organismo. Participa da conversão de macronutrientes em energia, pois é necessário na formação de trifosfato de adenosina (ATP). Potássio: O alimento orgânico apresenta, em média, 125% de potássio a mais que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O potássio constitui 5% do conteúdo total de minerais do corpo, e está presente em maior concentração nas células musculares e nervosas. Sua ação conjunta com sódio e cloro apresenta-se fundamental na manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico, contração muscular, metabolismo cardíaco e transmissão dos impulsos nervosos e controle da pressão arterial (SANTOS, 2009). Sua deficiência está relacionada à fadiga, fraqueza muscular, cãibras e paralisia intestinal (CAVALEIRO, 2010). Zinco: O alimento orgânico apresenta, em média, 72,5% de zinco a mais que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O zinco desempenha importantes papéis no organismo. Apresenta importante
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papel antioxidante e na produção ácidos nucleicos. É um importante imunonutriente, ação validada pelo seu efeito sobre a resposta imunológica, resistência a doenças e cicatrização de feridas. Muitos benefícios estéticos são atribuídos ao zinco, como o combate aos radicais livres, diminuindo o estresse oxidativo e aumentando a resposta anti-inflamatória do organismo. Na pele, está relacionado à redução da acne. O consumo do zinco está associado à ingestão proteica, principalmente as proteínas de origem animal como ostras, mariscos, carne vermelha, fígado e ovos. Oleaginosas e leguminosas são também consideradas boas fontes (DE LIMA, 2013). Mercúrio: De acordo com Borguini e Torres (2006) o alimento orgânico apresenta, em média, 25% de mercúrio a menos que o alimento não orgânico. O mercúrio é um metal pesado naturalmente encontrado na crosta terrestre, no ar, no solo e na água. Apresenta efeitos adversos importantes sobre a saúde humana e o meio ambiente. Exposição constante ao mercúrio pode afetar o cérebro, o coração, os rins e pulmões e o sistema imunológico. A principal forma de exposição ao mercúrio é por meio da dieta, principalmente por peixes contaminados e uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos e amálgamas dentárias (CLARO, 2008). Alumínio: O alimento orgânico apresenta, em média, 40% de alumínio a menos que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O alumínio acumula-se em vários tecidos, como o ósseo e cerebral e na glândula paratireoide entre outros órgãos. Desta forma, as diferentes manifestações clínicas e a magnitude do dano, vão depender do órgão afetado. Os principais complicações da intoxicação por alumínio são anemia hipocrômica e microcítica, neurotoxicidade aguda caracterizada por agitação, confusão mental, mioclonia e convulsão e doença óssea (DO NASCIMENTO, 2013). Chumbo: O alimento orgânico apresenta, em média, 29% de chumbo a menos que o alimento não orgânico (BORGUINI; TORRES, 2006). O chumbo possui efeitos tóxicos sobre os homens e animais. Não apresenta função fisiológica orgânica. Os efeitos deletérios do chumbo afetam praticamente todos os órgãos e orgânicos, mas os primeiros efeitos adversos são vistos no sistema nervoso central e, ocasionalmente, na medula óssea (MAGNA, 2011). Antioxidantes: Conjunto heterogênio de substâncias formadas por vitaminas, minerais, pigmentos naturais e outros compostos vegetais. Os antioxidantes mais conhecidos e de ocorrência natural em frutas e verduras, bem como grãos integrais e sementes, são a vitamina C, betacaroteno, vitamina A e a vitamina E. Os antioxidantes nutricaoempauta.com.br
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são um dos suplementos mais visados por atletas e pessoas que tenham por objetivo a saúde e o controle do envelhecimento (ARBOS, 2010). Desvantagens da Produção Orgânica: Em pesquisa feita por Gabriela Lorenzato (2010) e aprovada pelo comitê de ética da Universidade de Passo Fundo foi demonstrado que 12% dos consumidores pesquisados não souberam definir adequadamente o que é uma produção orgânica. Quanto a frequência de consumo, a maior parte dos envolvidos na pesquisa responderam que consomem alimentos orgânicos diariamente de 1 a 2 vezes (38%). Na frequência de compra a maioria das pessoas relatam adquirir alimentos orgânicos de 1 a 2 vezes por semana (52%). Quanto à ocasião do consumo de alimentos orgânicos, 72% (n=36) responderam que consomem em casa e 26% (n=13) consomem já na feira enquanto fazem as compras. Somente 2% (n=1) consomem em restaurantes. A maioria dos consumidores, 84% (n=42), relataram que compram alimentos orgânicos e também convencionais. Já 16% (n=8) preferem comprar somente alimentos orgânicos, ou seja, sem agrotóxicos e com muito mais saúde (LORENZATO, 2010). De acordo com a FAO (2001), o preço dos produtos orgânicos tende a ser maior que o dos convencionais. No Brasil, por exemplo, os produtos orgânicos são, em média, 40% mais caros que os convencionais, sendo que isto ocorre no mundo inteiro, por vários motivos, por exemplo, o fornecimento do alimento orgânico é limitado se comparado à sua demanda; os custos da produção dos alimentos orgânicos, normalmente, são maiores devido ao grande trabalho exigido e ao fato de que os fazendeiros não produzem o bastante, de um único produto; também aumenta o valor pelo manuseio do período pós-colheita de quantidades relativamente pequenas onde resulta em altos custos.
Conclusão As informações relatadas indicam que existem diferenças em relação a qualidade nutritiva, quando comparado a alimentos produzidos com métodos orgânico e convencional. Diferentemente do que costuma ser divulgado, o cultivo de alimentos orgânicos apresenta algumas desvantagens em relação a produção convencional. Porém os possíveis danos causados à saúde de produtores e consumidores e ao meio ambiente são menores e menos graves naquele sistema. Assim os alimentos orgânicos são alternativas mais saudáveis do que os alimentos produzidos pelo modo convencional. Entretanto, as evidências não são suficientes para definirmos a superioridade do AGOSTO 2014
alimento produzido organicamente, quanto à qualidade nutritiva e aos benefícios do seu consumo para a saúde do consumidor. Deste modo, recomenda-se que pesquisas sejam desenvolvidas, controlando os fatores que podem afetar a composição dos alimentos como fatores genéticos, clima, condições de pós-colheita, entre outros.
Sobre os Autores
Profa Dra. Eda Maria Arruda Scur – Nutricionista, Professora do curso de Especialização em Nutrição Clínica Estética Instituto de Pesquisas em Gestão e Saúde. Dra. Gabriela Lorenzato - Nutricionista. Pós Graduada em Nutrição Clínica e Estética pelo Instituto de Pesquisas em Gestão e Saúde, Passo Fundo/RS, Brasil.
Palavras-chave: alimentos orgânicos, alimento saudável, segurança alimentar e nutricional, saúde, estética. Keywords: organic foods, healthy food, food and nutrition security, health, aesthetics.
Recebido: 10/3/2014 - Aprovado: 30/5/2014
Referências
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tura. Revista Biociências, 9.1, 2008. DAHER, J. P. L., Aspectos fisiológicos do cálcio e sua disfunção em patologias neurodegenerativas. J. bras. med, p. 11-20, 2008. DE LIMA, V. S. H. Zinco Sérico e parâmetros farmacocinéticos na determinação do estado corporal de zinco em crianças. 2013. DO NASCIMENTO, F. S. Riscos relacionados à intoxicação por alumínio. Infarma-Ciências Farmacêuticas, p. 120-124, 2013. FAO. Organização Mundial da Saúde. World markets for organic fruit and vegetables: opportunities for devoloping countries in the production and export of organic horticultural products, p. 312, 2001. HAMERSCHMIDT, I. Agricultura Orgânica da EMATER-PR. Curitiba, 24 de Novembro de 2003. Disponível em: http://www.idec.org.br/rev_idec_texto2. asp?pagina=1&ordem=1&id=230 Acesso em: 27 set. 2013. IDEC, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. São Paulo, SP. n. 89 Disponível em: http://www.idec.org.br/rev_ idec_texto2.asp?pagina=1&ordem=1&id=230 Acesso em: 29 set. 2013. LORENZATO, G. Consumo de alimentos orgânicos na região norte do Rio Grande do Sul, Universidade de Passo Fundo, 2010.
MAGNA, G. A. M. Análise da exposição por chumbo e cádmio presentes em alimentos vegetais e gramíneas no município de Santo Amaro–BA. Engenharia Ambiental Urbana, Universidade Federal da Bahia, 2011. MARIATH, A. B. Efeitos da suplementação de selênio durante a gestação: uma revisão sistemática. Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Nutrição, 2010. OLIVEIRA, T. C. Fósforo: função, metabolismo e recomendações. Revista Nutrir Gerais, 2007. SANTOS, A. Sódio, potássio, cloro e bicarbonato da dieta: efeitos na pressão arterial e doença cardiovascular. 2009. SOARES, M. E. A educação ambiental tem a ver com o consumo de produtos orgânicos. Minas Gerais, 24 de fevereiro de 2010. Disponível em: http://www.planetaorganico.com.br/ TrabMiriam.htm Acesso em: 08 out. 2013. WANG, S. Y. Fruit quality, antioxidant capacity, and flavonoid content of organically and conventionally grown blueberries. Journal of agricultural and food chemistry, p. 5788-5794, 2008. WESTERMAYER, C.; GEIR, B. The organic guarantee system - The need and strategy for harmonization and equivalence. Tholey-Theley: International Federation of Organic Agriculture Movementes, p. 146, 2003.
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Realização
Prostate Cancer and Nutritional Factors
clínica
Câncer de Próstata e Fatores Nutricionais Resumo: O câncer de próstata permanece como uma das neoplasias mais prevalentes no mundo, sendo, em muitos países, a principal causa de morte por câncer entre homens. Fatores de risco para o desenvolvimento desta doença são idade, herança genética e raça negra. Fatores nutricionais também podem contribuir para o desenvolvimento de câncer de próstata. O objetivo deste estudo foi revisar os principais artigos que descrevem a importância dos hábitos nutricionais, seu impacto na obesidade, e da suplementação alimentar relacionados à gênese ou à prevenção do câncer de próstata. Abstract: Prostate cancer remains as one of the most prevalent cancers worldwide, and in many countries, it is the leading cause of cancer death among men. Main risk factors for developing this disease are age, genetic background and afrodescendant race. Nutritional factors may also contribute to the development of prostate cancer. The objective of the present study is to review the main articles that describe the importance of dietary habits, its impact on obesity, and food supplementation related to the genesis or prevention of prostate cancer.
Introdução Apesar da ampla variabilidade mundial nas taxas de incidência, o câncer de próstata (CaP) permanece como uma das neoplasias mais prevalentes no mundo, sendo, em muitos países, a principal causa de morte por câncer entre homens (Instituto Nacional do Câncer – INCA, 2014). Na Europa já ocupa o primeiro lugar entre as neoplasias sólidas (FERLAY et al., 2010). A estimativa para o ano de 2012 na União Europeia apontava para 69.960 mortes por câncer de próstata, correspondendo a 10,74 mortes para cada 100.000 homens (MALVEZZI et al., 2012). Nos Estados Unidos, a estimativa para o mesmo ano foi de 241.740 novos casos e 28.170 mortes (National AGOSTO 2014
Cancer Institute, 2012). Homens idosos são mais afetados por câncer de próstata, tornando ainda maior este problema de saúde em países desenvolvidos, cuja população de idosos é elevada. Nos países desenvolvidos, o câncer prostático é responsável por 15% de todas as neoplasias em homens, comparado a apenas 4% em países subdesenvolvidos (PARKIN; BRAY; DEVESSA, 2001). No Brasil, para o ano de 2012, estimavam-se 60.180 novos casos de câncer de próstata. Esses valores correspondem a um risco estimado de 62 novos casos a cada 100 mil homens e representam 32,1% de todas as neoplasias malignas em homens, sendo superado apenas pelos tumores de pele não-melanomatosos. Em 2006, a incidência estimada no Brasil foi de 47.280 casos novos, correspondendo a um risco estimado de 51 casos novos para cada 100 mil homens. Esses dados representam um aumento de 27% no total de casos diagnosticados e de 21,5% na incidência em um período de apenas 6 anos. Nas regiões Sudeste (78/100 mil) e Nordeste (43/100 mil), o câncer de próstata é o mais incidente entre os homens. Sem considerar os tumores da pele não-melanomatosos, também esse tumor é o mais frequente nas regiões Centro-Oeste (75/100 mil), Sul (68/100 mil) e Norte (30/100 mil) (INCA, 2014).
O objetivo deste estudo foi revisar os principais artigos que descrevem a importância dos hábitos nutricionais, seu impacto na obesidade, e da suplementação alimentar relacionados à gênese ou à prevenção do câncer de próstata” Dos Autores NUTrição em pauta
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Câncer de Próstata e Fatores Nutricionais
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são: idade, história familiar / herança genética e raça negra. Além destes, fatores alimentares também podem contribuir para o desenvolvimento de câncer de próstata (GIOVANUCCI et al., 1995). O objetivo deste estudo foi revisar os principais artigos que descrevem a importância dos hábitos nutricionais, seu impacto na obesidade e da suplementação alimentar na gênese ou na prevenção do câncer de próstata.
Metodologia Foram selecionadas as principais publicações relacionadas à suplementação nutricional na prevenção do câncer prostático ou hábitos nutricionais ligados à gênese desta patologia, entre janeiro de 1995 e março de 2014, através do banco de dados da Pubmed.
Resultados Obesidade: A obesidade, medida através do índice de massa corporal (IMC), tem sido apontada como fator de risco para o desenvolvimento do CaP, em parte devido à sua maior ocorrência em homens de meia-idade e sua associação com câncer de cólon e mama (FERLAY et al., 2010; GIOVANUCCI et al., 1995). O tratamento da obesidade, através da diminuição da ingestão de gorduras associada à prática de exercícios físicos, demonstrou reduzir o estresse oxidativo, sugerindo ser um importante fator na redução dos riscos de desenvolvimento de CaP (PINTO et al., 2002). Apesar de não haver comprovação, a obesidade parece ser um fator de confusão no diagnóstico do CaP. Como há uma relação inversa entre os níveis de andrógenos circulantes e obesidade, homens obesos tendem a desenvolver menos tumores, mas com formas mais agressivas (SVARTBERG; BARRET-CONNOR, 2004). Consumo de Álcool: O estudo do consumo de álcool no câncer de próstata vem de sua comprovada associação com outras neoplasias, além do seu efeito na regulação hormonal da testosterona e do estrogênio (SVARTBERG; BARRET-CONNOR, 2004). Segundo Breslow; Weed (1998), em estudo prospectivo, demonstraram não haver aumento no risco de CaP entre bebedores leves-moderados. Sesso; Paffenbarger; Lee (2001), através de um estudo de coorte, relataram um aumento (risco relativo de 1,85) na incidência de CaP em homens com ingestão superior a três doses diárias de destilados por onze anos ou mais. Não houve associação com a ingestão de vinho ou cerveja. Por outro lado, Schoonen 12
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et al. (2005), descreveram uma diminuição de 18% no risco de CaP nos homens que ingeriam de uma a três taças de vinho por semana. Leptina: A leptina é um hormônio produzido pelos adipócitos, contribuindo no controle do peso corporal através da modulação do gasto energético, sendo encontrada em maiores níveis em indivíduos obesos. A leptina mostrou-se capaz de estimular uma linhagem celular independente de andrógenos e ligada ao câncer de próstata (DU45 e PC-3) (ONUMA et al., 2003; SCHOONEN et al., 2005). Apesar da associação entre os níveis circulatórios de leptina e o risco de câncer de próstata não ser consistente, um desequilíbrio calórico-energético, talvez mediado pela leptina, surge como possível fator contribuinte para a progressão do câncer de próstata (metástases e morte). Vitamina D: A vitamina D (1,25-dihidroxivitamina D3) é uma vitamina essencial pertencente à família dos hormônios esteroides. Suas fontes são alimentares e exposição solar, a qual converte a forma inativa para a forma ativa da vitamina na pele. Observações epidemiológicas que ligam à deficiência de vitamina D ao câncer de próstata são (KLEIN et al., 2004): • • •
• •
Homens com menor exposição solar apresentam maiores taxas de mortalidade pelo CaP; O CaP ocorre mais frequentemente em homens idosos, nos quais a deficiência de vitamina D é mais prevalente; Afrodescendentes, nos quais a melanina da pele bloqueia a radiação ultravioleta e inibe a conversão da vitamina D para sua forma ativa, apresentam as maiores taxas de incidência e mortalidade por câncer de próstata; Dietas ricas em cálcio – que diminuem os níveis de vitamina D – estão associadas a maior risco de câncer de próstata; Japoneses nativos, com dieta rica em vitamina D derivada dos peixes, têm menor incidência de CaP.
Mesmo com os dados apresentados acima, estudos científicos demonstraram pouca ou nenhuma associação entre CaP e níveis de vitamina D. Selênio: O selênio é encontrado predominantemente nos grãos, peixes, carnes, aves, ovos e laticínios, porém, há grande variabilidade geográfica quanto ao conteúdo de selênio no solo. Estudos de caso-controle e randomizados em humanos sugeriram que o selênio fosse uma substância protetora para o CaP (KLEIN et al., 2004). nutricaoempauta.com.br
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A maior evidência do fator de proteção trazido pelo selênio vem do Estudo Nutricional de Prevenção do Câncer. Neste trabalho, controlado por placebo, em 1312 homens, a ingestão diária de 200 µg de selênio, com um seguimento médio de 4,5 anos, reduziu em dois terços a incidência de CaP (KLEIN et al., 2011). Vitamina E; A vitamina E é uma família de componentes vitamínicos essenciais, lipossolúveis que atuam como maior anti-oxidante lipossolúvel na membrana celular. A forma mais ativa e abundante da vitamina E é o α-tocoferol. AGOSTO 2014
O estudo de prevenção do câncer com alfa-tocoferol e betacaroteno demonstrou redução de 32% na incidência de câncer de próstata e 41% na mortalidade nos homens que receberam α-tocoferol (50mg/dia) (KLEIN et al., 2003). Lippmann et al. (2009), após um seguimento médio de 5,5 anos, apresentaram os resultados finais do estudo SELECT (Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial). Após dados preliminares de outros estudos sugerirem um fator protetor, este estudo randomizado, controlado por placebo, multicêntrico comprovou em 35.533 NUTrição em pauta
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homens não haver nenhum impacto da suplementação de selênio, vitamina E ou ambos na prevenção do câncer de próstata. Dados atualizados do estudo SELECT, publicados em 2011, demonstraram que no grupo que recebera somente vitamina E por 5,5 anos, foi encontrado um aumento de 17% no risco de desenvolvimento de CaP, comparado ao grupo que recebeu placebo pelo mesmo período (KLEIN et al., 2011). Licopeno: O licopeno é um membro da família carotenoide, encontrado principalmente no tomate e seus derivados. Melancia, mamão e damasco também contêm quantidades variáveis de licopeno. É esta substância que fornece a esses frutos sua cor vermelha característica (BOMMREDDY et al., 2013). O papel do licopeno no CaP permanece controverso. Em meta-análise publicada em 2004, a ingestão frequente de tomate diminuiu o risco de desenvolvimento de CaP de 3% até 22% (ETMINAN; TAKKPUCHE; CAAMAÑO-ISORNA, 2004) . Estudo recente de Zu et al. (2014), avaliou, através de questionários aplicados a 49.898 homens entre 1986 e 2010, a redução do risco de CaP. Mesmo com problemas em sua metodologia, o estudo demonstrou uma redução de risco no desenvolvimento de câncer de próstata letal em homens que apresentavam ingestão diária de licopeno desde a idade jovem. A grande dificuldade destes estudos foi quantificar de maneira confiável a quantidade de licopeno ingerido e por qual período.
Conclusão O câncer de próstata, por sua crescente prevalência e incidência, com importante impacto na morbidade e mortalidade masculina, justifica o investimento em novos estudos que possam trazer respostas mais consistentes. Atualmente há pouco ou nenhum embasamento científico capaz de introduzir medidas nutricionais preventivas. Até o momento, a obesidade permanece como fator nutricional mais importante na história natural câncer de próstata.
Sobre os Autores
Dra. Milene Preto Kern - Nutricionista formada pela UNISINOS (Universidade do Vale dos Sinos, RS), Pós-Graduanda pelo IPGS (Instituto de Pesquisas, Ensino e Gestão em Saúde) Dr. Nelson Gianni de Lima - Médico Urologista – Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia, Mestre em Ciências da Saúde pela UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, RS). 14
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Palavras-chave: próstata, câncer, nutrição. Keywords: prostate, cancer, nutrition.
Recebido: 14/3/2014 - Aprovado: 15/5/2014
Referências
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Recursos Ergogênicos Nutricionais no Desempenho Físico
Recursos Ergogênicos Nutricionais no Desempenho Físico Resumo - Introdução: O termo “ergogênico”, do grego, quer dizer, “ergo” - trabalho e “gen” – produção, portanto, o termo recurso ergogênico é utilizado para descrever alimentos e/ou suplementos que possuam a propriedade de maximizar a capacidade de trabalho e obter resposta ao treinamento de força levando à hipertrofia. Dentre os recursos ergogênicos utilizados por atletas e esportistas para obter resultados mais rápidos, destacam-se os suplementos nutricionais. Objetivos: avaliar, por meio de revisão bibliográfica, os resultados encontrados em publicações originais e analisar a eficácia da suplementação nutricional ergogênica tanto na performance como na melhoria ou manutenção da composição corporal, bem como qual a melhor maneira e horário de consumi-los. Métodos: Para a localização e seleção dos estudos utilizou-se as bases de dados eletrônicas (MEDLINE, EMBASE, LILACS, COCHRANE CONTROLLED TRIALS, DATABASE, Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício -RBPFEX). Resultados: Dos artigos analisados, associados ou não a atividade física, todos relataram benefícios com a ingestão da whey protein como redução de peso, diminuição da gordura corporal, aumento da densidade óssea mineral, controle do apetite, aumento da massa magra e força, aumento do glicogênio hepático e muscular e fácil digestibilidade. Conclusão: Conclui-se que o melhor horário para a ingestão de proteínas ou aminoácidos é logo após o exercício que quanto menor o intervalo entre o término da atividade física e o consumo de proteínas, melhor será a resposta anabólica ao 16
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exercício. Durante o exercício o consumo de uma bebida rica em carboidrato e de proteína, está relacionado a diversos benefícios como: melhora da performance de endurance e da reidratação, atenuação de marcadores bioquímicos de degradação muscular e melhora da função muscular subsequente. Abstract: Introduction: The term “ergogenic”, from the Greek, meaning “ergo” - work and “gen” - production, hence the term ergogenic aid is used to describe foods and / or supplements that have the property of maximizing the ability to work and get a response to strength training leading to hypertrophy. Among the ergogenic resources used by athletes and sportsmen to get faster results, we highlight the nutritional supplements. Objectives: To evaluate, by means of literature review, the results found in the original publications and review the effectiveness of nutritional ergogenic supplementation both in performance and in improving or maintaining body composition as well as the best way and time to consume them. Methods: For the location and selection of studies, we used the electronic databases (MEDLINE, EMBASE, LILACS, COCHRANE CONTROLLED TRIALS, DATABASE, Brazilian Journal of Exercise Physiology and Prescription - RBPFEX ). Results: Of the articles analyzed, with or without physical activity, all reported benefits with the intake of whey protein as weight loss, decreased body fat, increased bone mineral density, control appetite, increase lean mass and strength, increased liver and muscle glycogen and easy digestibility. Conclusion: It is concluded that the best time to intake of protein or amino acids after exercise is that the shorter the nutricaoempauta.com.br
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interval between the end of physical activity and protein intake, the better the anabolic response to exercise. During the year the consumption of a beverage rich in carbohydrates and protein, is related to several benefits as improved endurance performance and rehydration, attenuation of biochemical markers of muscle breakdown and subsequent improvement in muscle function.
Introdução O termo “ergogênico”, do grego, quer dizer, “ergo” - trabalho e “gen” – produção, portanto, o termo recurso ergogênico é utilizado para descrever alimentos e/ou suplementos que possuam a propriedade de maximizar a capacidade de trabalho e obter resposta ao treinamento de força levando à hipertrofia. Dentre os recursos ergogênicos utilizados por atletas e esportistas para obter resultados mais rápidos, destacam-se os suplementos nutricionais (KANTIKAS, 2007). Os suplementos devem ser utilizados quando as necessidades de nutrientes não estão sendo alcançadas pela alimentação, como é o caso de atletas profissionais, que são submetidos ao estresse do exercício, aumentando muito o seu metabolismo, bem como suas necessidades nutricionais e nos casos de estados patológicos, nutricionais, mecânicos, psicológicos, fisiológicos ou farmacológicos (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
Suplementos devem ser utilizados quando as necessidades de nutrientes não estão sendo alcançadas pela alimentação, como é o caso de atletas profissionais, que são submetidos ao estresse do exercício, aumentando muito o seu metabolismo” Oliveira; Santos, 2007 Os recursos ergogênicos são, portanto, oferecidos no intuito de melhorar o desempenho físico, aumentar a massa muscular e proporcionar a redução da gordura corporal, prolongando a resistência e melhorando o rendimento esportivo, auxiliando na perda de peso, e na melhora da estética (ORTEGA, 2004; MAUGHAN;BURKE, 2004). Entretanto, no Brasil, tem se observado o uso abusivo de suplementos alimentares entre atletas e praticantes de atividade física. Isso ocorre devido, principalmente, AGOSTO 2014
a falta de conhecimento sobre alimentação balanceada, bem como sobre os riscos advindos deste excesso (DIRETRIZES SBFE, 2003). Levando-se em consideração a forma pela qual os indivíduos aderem às dietas e suplementos por tempo indeterminado sem respaldo de que as estratégias irão atuar no aumento da massa muscular e força, o presente trabalho procura avaliar, por meio de revisão bibliográfica, os resultados encontrados em publicações e analisar a eficácia da suplementação nutricional ergogênica tanto na performance, composição corporal, bem como qual a melhor maneira e horário de consumi-los. Neste trabalho serão abordados apenas os macronutrientes: proteínas e carboidratos.
Metodologia O presente estudo é uma revisão na literatura. Para a localização e seleção dos estudos utilizou-se as bases de dados eletrônicas (MEDLINE, EMBASE, LILACS, COCHRANE CONTROLLED TRIALS, DATABASE, Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício -RBPFEX). Foram selecionados artigos originais, utilizando como palavras-chave, proteína do soro de leite, carboidrato, suplementação, exercício, hipertrofia muscular, recursos ergogênicos.
Resultados Exercício Físico e Nutrição: A prática regular de exercícios físicos, unida a uma alimentação saudável, está cada vez mais associada a melhor qualidade de vida, uma vez que promove benefícios fisiológicos e psicológicos aos indivíduos (SILVA et al., 2010). Desta forma, por meio das recomendações nutricionais para indivíduos fisicamente ativos a ingestão de macro e micronutrientes deve ser equilibrada, em quantidade e qualidade (KAMEL, 2003). Assim, a orientação nutricional torna-se fundamental, pois proporcionará aos indivíduos a alimentação adequada para obter um melhor rendimento e promover a saúde dessas pessoas (LOPES et al., 2010). As inadequações dietéticas dos praticantes de atividade física os expõem a riscos nutricionais e ao comprometimento do rendimento atlético (TIRAPEGUI, 2005). Portanto, para suprir a demanda energética requerida pelo exercício, reduzindo a fadiga muscular, o que permitirá que o atleta treine por mais tempo, ou que se recupere mais rápido, se faz necessário uma acurada intervenção nutricional. (AVELAR et al., 2008). NUTrição em pauta
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Suplementos Nutricionais Whey Protein: O Whey protein, proteína do soro do leite, é uma das fontes nutricionais mais ricas dos precursores de glutationa, sendo importante sua utilização após a atividade física, período em que as concentrações de glutationa encontram-se baixas, fazendo com que se altere a integridade funcional e estrutural dos tecidos musculares (COLKER et al., 2000). Estudos mostram que após exercícios ocorre queda na concentração de outros aminoácidos intracelulares e nos músculos. Portanto a ingestão de proteínas ou aminoácidos imediatamente após o exercício pode promover a síntese de proteínas nos músculos, dessa forma, a whey protein apresenta-se como boa estratégia na recuperação ao esforço pela sua rápida absorção e boa digestibilidade (MAUGHAN; BURKE, 2004; CARVALHO et al., 2003; PACHECO et al., 2006; CAMPBELL et al., 2007). Quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão proteica, melhor será a resposta anabólica ao exercício, pois a ingestão de proteína ou aminoácidos, após exercícios físicos, favorece a recuperação e a síntese proteica muscular (HARAGUCHI; ABREU; DE PAULA, 2006). Este efeito foi observado por Esmarck; et al, (2001), e Cribb; Hayes, (2006), que examinaram grupo de indivíduo, seguindo um programa de exercícios de força de 12 e 10 semanas respectivamente, com uso de suplementação, levando em consideração a hipertrofia, força e composição corporal. O primeiro estudo observou que a suplementação proteica, logo após a realização da sessão de exercícios, foi relacionada a maior força e hipertrofia muscular, quando comparado à utilização de suplementação proteica apenas 2 horas após a realização dos exercícios. O mesmo resultado foi encontrado no segundo estudo. Segundo estudos, pessoas envolvidas em treinos de resistência aeróbia necessitam de 1,2 a 1,4g de proteína por quilograma de peso ao dia, enquanto que para indivíduos envolvidos com exercícios de força/potência/ velocidade, 1,7 a 1,8g por kg de peso/dia, bem superior aos 0,8- 1,0g por kg de peso/dia, estabelecidos pelo Comitê Especializado em Nutrição (CARVALHO et al., 2003; HARAGUCHI; ABREU; DE PAULA, 2006; PANZA; et al., 2007). Todavia, há divergências em relação a quantidade de proteína a ser utilizada. (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, DIETITIANS OF CANADA, 2007). Inclusive, pelas DRIs (DIETARY REFERENCE INTAKES, 2002) não há necessidade de proteína adicional para adultos saudáveis que pratiquem exercícios de endurance ou de força (WILLIAMS, 2004). Em relação ao processo de emagrecimento, o uso nutricaoempauta.com.br
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da proteína do soro (Whey protein), em quantidade elevada na dieta, parece favorecer o processo de redução da gordura corporal. Isto ocorre por diferentes mecanismos, muitos deles, associados ao cálcio, que interferem na lipogênese e lipólise. (HARAGUCHI; ABREU; DE PAULA, 2006; MAESTÁ et al., 2000). Entretanto, pode haver desequilíbrio no Ciclo de Krebs se o alto consumo proteico vier acompanhado de baixo consumo de carboidrato. Este desequilíbrio leva a maior produção de corpos cetônicos e aumento nas concentrações de cortisol, comprometendo a síntese proteica. Existe, portanto, correlação positiva entre a ingestão do carboidrato (225g), associada à ingestão proteica de 1,8g/kg e relação ao treinamento com pesos, sendo assim favorável o aumento da síntese proteica (OLIVEIRA et al., 2006). Carboidratos: O consumo de carboidrato durante um exercício prolongado (com duração de 1h ou mais) tem efeito ergogênico e melhora a performance de endurance, em que a recuperação do glicogênio muscular pode ser acelerada pelo consumo de carboidrato e proteína pós-exercício prolongado(VAN ESSEN; GIBALA, 2006). Os suplementos utilizados a base de carboidrato são geralmente formulados com polímeros de glicose (maltodextrina, por exemplo) e devem respeitar concentrações de até 20%. Isto faz com que o seu consumo não comprometa intensamente o direcionamento do fluxo sanguíneo e a musculatura durante o exercício. (HIRSCHBRUCH; CARVALHO, 2002). Durante a atividade física, a ingestão de carboidrato pode ser feita tanto na forma líquida quanto na sólida, o que se deve levar em consideração é a modalidade do esporte que está sendo praticado, no entanto em corridas e exercícios aquáticos, não é aconselhável o uso de carboidratos na forma sólida, em função da digestão estar reduzida, além disso, pode ocorrer desconforto estomacal. Já em exercícios com menos movimentos musculares como ciclismo, já pode ser usado carboidratos na forma sólida. A suplementação de carboidrato na forma líquida é aconselhável com a ingestão de água, tipo “gel” e deve-se manter a concentração de 6% e 8% para favorecer a hidratação do atleta (TIRAPEGUI, 2005). O consumo de soluções contendo carboidratos após o exercício visa favorecer uma máxima ressíntese de glicogênio muscular e hepático segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (DSBME, 2003). Após o exercício físico a suplementação de carboidrato como a maltodextrina (carboidrato complexo do grupo dos polissacarídeos) é importante para manter os estoques elevados de glicogênio muscular, disponibilidade do substrato (glicogênio) para a realização do trabalho muscular, aprimo-
rando a performance de resistência, evitando-se assim, a fadiga muscular, impedindo a hipoglicemia e diminuição de glicogênio no músculo e fígado e oxidação (PANZA et al., 2007). Estudos têm demonstrado que adicionar 2% de proteína a uma bebida esportiva rica em carboidrato aumenta a capacidade de endurance no ciclismo quando comparado com o consumo de carboidrato sozinho (IVY et al., 2003; SAUDERS; KANE; TODD, 2004). Além disso, a adição de proteína a um suplemento de carboidrato melhora a resposta insulínica, dessa forma, ocorre um efeito poupador do glicogênio e um aumento da performance (IVY et al., 2003).
Conclusão Conclui-se que o melhor horário para a ingestão de proteínas ou aminoácidos é logo após o exercício que quanto menor o intervalo entre o término da atividade física e o consumo de proteínas, melhor será a resposta anabólica ao exercício. Entretanto, o consumo proteico deve estar associado à ingestão de carboidratos, para não ocorrer desequilíbrio na síntese proteica. A ingestão carboidrato e de proteína está relacionada a diversos benefícios como: melhora da performance de endurance e da reidratação, atenuação de marcadores bioquímicos de degradação muscular e melhora da função muscular subsequente.
Sobre os Autores
Profa. Dra. Eda Maria Arruda Scur - Nutricionista graduada pela FIES, Especialização em Metodologia do Ensino Superior (IBPEX) e Fisiologia Humana (UFPR), Mestrado m Engenharia de Produção (UFSC), Sócia proprietária da Empresa ASKN e idealizadora dos softwares AskN- Clinical e AskN – Support, Atendimento clínico: AvaNutrition - Avaliação Nutricional Avançada. Dra. Daiane Pereira Souza - Nutricionista graduada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Pós Graduanda em Nutrição Clínica e Estética pelo IPGS/RS
Palavras-chave: ecursos ergogênicos, suplementação, proteína, carboidrato. Keywords: ergogenic resources, supplementation, protein, carbohydrate.
Recursos Ergogênicos Nutricionais no Desempenho Físico
Recebido: 2/5/2014 - Aprovado: 30/5/2014
Referências
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NUTrição em pauta
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O Papel da Romã para a Saúde: uma Revisão
O Papel da Romã para a Saúde: uma Revisão Introdução: O uso de fitoterápicos assim como a comprovação científica de sua eficácia clínica teve um aumento significativo. A inserção da prescrição no Sistema Único de Saúde acrescentou confiança a esses medicamentos, que apresentam a vantagem de sanar doenças com baixo custo e fácil acesso. Dentre as plantas com potencial medicinal está a Punica granatum L. (romã). Objetivo: Este estudo revisa a literatura para identificar as propriedades da Punica granatum L como fitoterápico. Método: Analise de dados nas bases Scielo, Medline, Lilacs, Pubmed, dos últimos 10 anos. Conclusão: Estudos de atividade biológica com romã apontaram para atividades antioxidante e anticarcinogênica. Novos estudos clínicos randomizados devem ser realizados para viabilizar estabelecer a dose terapêutica de acordo com a patologia de interesse. Abstract - Introduction: The use of herbal medicines and scientific proof of clinical efficacy about them had a significant increase. The insertion prescription in Health System added confidence to these drugs, which have the advantage of cure diseases with low cost and easy access. Punica granatum L. (pomegranate) is one of the plants used in phytotherapy. Objective: This study reviewed the literature to identify the properties of Punica granatum L as phytotherapy. Method: Analysis in databases: SciELO, MEDLINE, Lilacs, Pubmed, the last 10 years. Conclusion: Studies of biological activity pointed to pomegranate antioxidant and anticarcinogenic activities. New randomized clinical trials should be conducted to establish viable therapeutic dose according to the pathology of interest. 22
NUTrição em pauta
Introdução A romãzeira, Punica Granatum L. é um arbusto lenhoso, ramificado, da família Punicaceae, nativa da região que abrange desde o Irã até o Himalaia, a noroeste da Índia, citada em várias tradições. Tem sido cultivada há muito tempo por toda a região Mediterrânea da Ásia, América, África e Europa. É encontrada na mitologia, na arte egípcia, no antigo testamento e no Talmude da Babilônia (NEURATH et al., 2004). Apresenta folhas pequenas, rijas, brilhantes e membranáceas, flores vermelho-alaranjadas dispostas nas extremidades dos ramos, originando frutos esféricos, com muitas sementes em camadas as quais se acham envolvidas em arilo polposo com propriedades funcionais. Seus compostos bioativos podem produzir alterações metabólicos e fisiológicos com efeitos benéficos à saúde, contém flavonóides e polifenóis, dentre eles antocianinas, catequinas, taninos, ácido gálico e ácido elágico, além de ser um alimento rico em vitamina C, vitamina A e vitamina E (TOMONORI; TADASHI; ICHIRO, 2007). O ácido elágico e gálico têm atividades antivirais, antibacterianas e anticancerígenas em células neoplásicas de mama, esôfago, pele, cólon, próstata e pâncreas, reage diretamente com o radical livre e forma um composto menos reativo e, portanto, menos tóxico. Isso impede que outras moléculas reajam com essas moléculas tóxicas, evitando danos às células (KASAI et al., 2006; SEERAM; LEE; NAVINDRA, 2008). Entretanto, mais estudos etnobotânicos, de farmacognosia e toxicológicos devem ser realizados, principalmente os de enfoque clínico, para elucidar os mecanismos de ação e efeitos dos constituintes químicos derivados da romã. nutricaoempauta.com.br
The Role of Pomegranate for Health: a Review
Metodologia Uma revisão teórica sobre as propriedades funcionais e antioxidantes da romã e sua interação com o metabolismo e a saúde humana foi realizada, através da análise de artigos pesquisados nas bases de dados PUBMED, SCIELO, MEDLINE, com conteúdo relevante considerando o período de 2003 a 2013.
Resultados Atividade antioxidante - O estresse oxidativo ocorre como um desequilíbrio entre o balanço pró-oxidante/ antioxidante, em favor da situação pró-oxidante, promovendo um dano potencial. O dano oxidativo que as biomoléculas sofrem está relacionado com as patologias de um grande número de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegeneraAGOSTO 2014
funcionais
tivas. A prevenção de reações oxidativas é feita por antioxidantes, substâncias que, quando presentes em níveis altos em comparação a um composto oxidável, atrasam significativamente ou inibem a oxidação destes compostos (KIM; JEONG; LEE, 2003). O fruto da romã (50% do seu peso) é composto de 80% suco e 20% sementes. Seu suco fresco contém 85% de água, 10% de flavonóides e 1,5% de pectina, ácido ascórbico e polifenóis. No suco da romã frutose e glicose estão presentes em quantidades semelhantes, o cálcio representa 50% das cinzas e seus principais aminoácidos são ácido glutâmico e ácido aspártico, inclui principalmente antocianinas, catequinas, taninos, ácido gálico e ácido elágico. A atividade antioxidante foi maior nos sucos comerciais que foram extraídos a partir de romãs inteiras que em sucos experimentais que foram obtidos a partir dos arilos ou folhas somente. (WULF, 2004; NIGRIS, 2005; WERKMAN, 2008; WIDMER, ZIAJA, GRUNE, 2006; NUTrição em pauta
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O Papel da Romã para a Saúde: uma Revisão
SEERAM, LEE, NAVINDRA, 2008; ADHAMI; KHAN; MUKHTAR, 2009). O extrato de romã contém antioxidantes únicos que protegem as células endoteliais dos vasos sanguíneos contra o dano oxidativo. Sucos de romã disponíveis comercialmente foram avaliados para atividade antioxidante, pelo Total de Capacidade Antioxidante Equivalente (TEAC), o ensaio mostrou que a atividade antioxidante do suco de romã foi de 18 a 20 TEAC resultado três vezes maior do que os de vinho tinto e chá verde (MORI-OKAMOTO et al, 2004; MATTIELLO et al, 2009; WERKMAN et al, 2008; ADHAMI; KHAN; MUKHTAR, 2009). O envelhecimento é um importante fator de risco para a maioria das doenças comuns, tais como: diabetes tipo 2 e doenças cardiovascular. Um processo fundamental associada com o envelhecimento é a desregulação da homeostase energética e geração de espécies reativas em quantidades superiores a capacidade antioxidante do organismo (WANG, et al., 2012). A capacidade de detoxificação do ácido elágico, foi demonstrada pela sua capacidade de interagir com enzimas do citocromo P450 e de fase II de metabolismo, presentes na mucosa esofágico e hepática, de ratos, estimulando a ação enzimática e por consequência acelerando a inativação de intermediários reativos (SEERAM; LEE; NAVINDRA, 2008). Não existem doses padronizadas para a ingestão de extratos secos de romã, no entanto, com a finalidade, têm sido utilizada dose de 400 a 700mg/dia, fracionadas em duas vezes ao dia (WERKMAN et al, 2008; EMBRAFARMA, 2010). Atividade anticarcinogênica - Frações polifenólicas de romã foram avaliadas in vitro para atividade quimiopreventiva ou como adjuvante em um ambiente terapêutico contra as células de câncer de mama e de cólon, em ratos (MEHTA; LANSKY, 2004; KOHNO et al., 2004). Diversas preparações foram estudadas, entre elas: suco fermentado, suco fresco e óleo da semente de romã, todas apresentaram atividade antineoplásica, no entanto o óleo foi o que exigiu menor concentração. (ADHAMI; KHAN; MUKHTAR, 2009). A ação antineoplásica dos extratos está relacionada a capacidades de atuar, por exemplo sobre a aromatoase, enzima envolvida na progressão, principalmente de câncer de mama (MEHTA; LANSKY, 2004; ADHAMI; KHAN; MUKHTAR, 2009). Toi et al. (2003) demonstraram bons resultados na participação de extratos de romã, na inibição da angiogênese, por diminuição de fator de crescimento endotelial, inibição da interleucina-4 e do fator de inibição de proliferação, esses dados revelam que além de atuar como quimiopreventivos, os extratos po24
NUTrição em pauta
dem diminuir a metástase tumoral. Resultado promissor foi obtido em estudo com células de câncer de próstata, com diferentes preparações de sucos e óleos, derivados de romã, chegando a ser avaliadas em estudo clínico de fase II em humanos, nesses estudos todas as preparações conseguiram inibir a proliferação de células tumorais, com o benefício de afetarem de modo pouco significativo células normais (MALIK; MUKHTAR, 2005; HONG; SEERAM; HEBER, 2008). A exposição excessiva a radiação ultravioleta (UV), em particular ao componente de radiação UV-B, para os seres humanos provoca muitos efeitos adversos, que incluem eritema, hiperplasia, a hiperpigmentação, imunossupressão, o fotoenvelhecimento e câncer da pele. Extrato de romã foi eficaz na proteção de fibroblastos da pele humana após exposição à radiação UV, essa ação foi atribuída a redução da ativação da transcrição de fatores pró-inflamatórios, como o NF-kB, a regulação negativa de genes pró-apoptóticos (caspase-3), e um aumento da fase G0/G1 associado com a reparação do DNA. Para essa atividade doses altas de polifenóis foram necessária de 5001000mg/L (PACHECO-PALENCIA et al., 2008).
Conclusão O estudo de plantas medicinais com finalidade terapêutica apresenta crescente interesse, a romã é um candidato promissor para formação de um medicamento fitoterápico, uma vez que apresenta constituintes fitoquímicos, como os flavonóides e seus derivados, que apresentam ações farmacológicas já descritas. As principais causas, de desenvolvimento de doenças degenerativas e síndromes metabólicas e neoplasias, estão relacionadas ao estresse oxidativo celular, em estudos in vivo e in vitro há apontamentos para atividade antioxidante do extrato e óleo de romã, sendo esses passíveis de emprego na terapêutica. Porém, mais estudos clínicos randomizados devem ser realizados para confirmar seus efeitos e estabelecer a dose adequada para a promoção da saúde.
Sobre os Autores
Profa. Dra. Vanessa Yuri Suzuki – Nutricionista, Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Translacional pela UNIFESP, Aperfeiçoamento em Pesquisa Científica em Cirurgia (UNIFESP), Esp. em Nutrição Clínica e Estética pelo IPGS, Docente do Curso de Nutrição e Coordenadora Adjunta do Curso TND da Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities. nutricaoempauta.com.br
The Role of Pomegranate for Health: a Review
Dra. Denielle Barriento – Nutricionista. Pós Graduanda em Nutrição Clínica Estética pelo IPGS, RS. Profa. Dra. Veronica C. G. Soares - Farmacêutica-Bioquímica, Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Biologia Funcional e Molecular pela UNICAMP, Docente do curso de Nutrição e Farmácia da UNIP e UNIANCHIETA.
Palavras-chave: Romã, Granatum, Antioxidante, Fitoterapia. Keywords: Pomegranate, Granatum, Antioxidant, Phytotherapy.
Recebido: 25/4/2014 - Aprovado: 30/7/2014
Referências
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Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA
Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA Resumo: Introdução: A Síndrome lipodistrófica do HIV (SLHIV) é associada ao uso de inibidores de proteases. Uma alimentação adequada reduz agravos provocados pela SLHIV. Este estudo tem como objetivo identificar hábitos alimentares de portadores da SLHIV e fazer associação com a dislipidemia em hospital universitário da cidade de Belém-PA. Metodologia: Estudo transversal descritivo, realizado com 60 portadores da SLHIV. A coleta compreendeu o período de 2010 a 2011. Os dados sociais, lipídicos e tempo de terapia antirretroviral (TARV) foram retirados dos prontuários, a avaliação nutricional, dietética e classificação da síndrome foram obtidas em consulta médica. Resultados: 65% eram do sexo masculino, faixa etária de 46 a 59 anos. Dislipidemia prevaleceu em 73,3%, 59,1% estavam eutróficos. Não houve diferença estatística quanto às médias de macronutrientes, fibra e colesterol. Não foram observadas diferenças estatísticas entre a frequência de consumo alimentar pelos grupos. Conclusão: Os benefícios 26
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da TARV justificam seu uso, porém faz-se necessário acompanhamento. Abstract: Introduction: The lipodystrophy syndrome (SLHIV) is associated with the use of protease inhibitors. Adequate food reduces the complications caused by SLHIV. This study aims to identify the dietary habits of the patients and make SLHIV association with dyslipidemia in a university hospital in the city of Belém-PA. Methodology: Descriptive cross-sectional study involving 60 patients with SLHIV. Data collection included the period from 2010 to 2011. Social, lipid data and time of antiretroviral therapy (ART) were removed from the records, nutritional assessment, dietary and classification of the syndrome were obtained from medical consultation. Results: 65% were male, age range 46-59 years. The dyslipidemia were 73.3% and 59.1% were eutrophic. There was no statistical difference in the averages of macronutrients, fiber and cholesterol. No significant differences between the frequency of food consumption by the groups were observed. Conclusion: The benefits of ART justify its use, but it is necessary to follow up. nutricaoempauta.com.br
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Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA Introdução Segundo o ministério da saúde, de 1980 a junho de 2011 foram notificados 28.248 casos de AIDS na Região Norte, sendo o Pará o estado com maior número de casos, com 44,4% do total (SILVA; MORI; GUIMARÃES, 2012). Com o inicio do uso da terapia antirretroviral altamente ativa (TARV) a partir da década de 1990, houve aumento na expectativa de vida de pacientes com vírus da imunodeficiência humana (HIV), o que deu à doença características crônicas, levando a presença de alterações metabólicas, tais como: dislipidemia, resistência à insulina e síndrome lipodistrófica do HIV (SLHIV) (SILVA; MORI; GUIMARÃES, 2012). A SLHIV caracteriza-se pela redistribuição da gordura corporal e tem sido fortemente associada ao uso dos medicamentos da classe dos inibidores de proteases. A SLHIV classifica-se em lipoatrofia, quando há redução da gordura nos braços, pernas, face e nádegas; em lipohipertrofia, quando há acúmulo de gordura na região abdominal, presença de gibosidade dorsal, ginecomastia e aumento das mamas em mulheres; e forma mista, quando há a presença das duas formas anteriormente citadas (SILVA; MORI; GUIMARÃES, 2012). A adesão à TARV é fundamental para melhora da saúde desses pacientes. (SILVA; MORI; GUIMARÃES, 2012). Para o Ministévrio da Saúde uma alimentação saudável, adequada às necessidades individuais, contribui para o aumento dos níveis dos linfócitos T CD4, melhora a absorção intestinal, reduz os agravos provocados pela diarréia, perda de massa muscular, síndrome lipodistrofica e outros sintomas encontrados no HIV (DUTRA et al., 2011). De acordo com o exposto torna-se fundamental o conhecimento dos hábitos alimentares desses pacientes. Este estudo teve como objetivo identificar os hábitos alimentares de portadores de SLHIV e fazer análise da associação com a dislipidemia em pacientes atendidos em um hospital universitário da cidade de Belém-PA.
Metodologia
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Trata-se de um estudo transversal descritivo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, parecer nº 037/2009, estando de acordo com as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Os dados foram coletados de 2010 a 2011, no ambulatório de lipodistrofia de um Hospital Universitário, nutricaoempauta.com.br
Food Habits and Association with Dyslipidemia in Patients with Syndrome Lipodystrophy HIV Treated in University Hospital of the City of Belém-PA
em Belém-PA. A amostra constituiu-se de 60 pacientes de ambos os gêneros, de 31 a 67 anos, com diagnóstico clinico de HIV positivo, com SLHIV. Os dados sociais (gênero, idade, escolaridade), perfil lipídico (Colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol, Triglicerídeos) e tempo de TARV foram retirados dos prontuários, a avaliação antropométrica, dietética e a classificação da SLHIV foram obtidas em consulta médica, os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O diagnóstico nutricional foi definido através do índice de massa corporal (IMC), razão entre peso em kg e altura em metro ao quadrado, seguindo as recomendações da OMS para adultos (1995) e Lipschitz (1994) para idosos. O peso foi mensurado em balança do tipo plataforma, e a estatura através de estadiômetro, com indivíduo trajando roupas leves e descalço. A Análise dietética ocorreu através de inquérito alimentar realizado por meio do recordatório de 24 horas e questionário de frequência alimentar. O recordatório de 24 horas foi aplicado com o objetivo de analisar os valores médios de energia, proteína, carboidrato, lipídio, colesterol e fibras da dieta. O questionário de frequência alimentar foi utilizado para identificar a frequência de consumo de alimentos protetores e de risco para dislipidemia. Os alimentos classificados como protetores para dislipidemia foram: frutas, verduras e legumes, frutas oleaginosas, peixes, azeite de oliva, óleo de canola e abacate, os de risco para dislipidemia foram: arroz, massas, pães, doces, embutidos e carnes gordas. O consumo foi relacionado com a adequação da pirâmide alimentar (PHILIPPI; LATTERZA; RIOEIRO,1999). Para o estudo da associação a dislipidemia foi à variável desfecho (dependente), as variáveis sociais foram consideradas independentes. A ocorrência da dislipidemia foi dicotomizada em sim (grupo A) ou não (grupo B). Utilizou-se o software NutriSurvey (2007) para análise nutricional e os programas BioEstat 5.0 e Epi info 3.5.2 para análises de dados estatísticos. Os testes: t student, mann-whitney e qui-quadrado foram utilizados para análise da associação da ocorrência da dislipidemia com as variáveis dependentes/independentes. Adotou-se o Intervalo de Confiança de 95%. Sendo considerado estatisticamente significante o valor de p < 0,05.
Resultados 65% eram do gênero masculino, na faixa etária de 46 a 59 anos (45.6%), a escolaridade prevalente foi o ensino médio (55%). A dislipidemia prevaleceu em 73,3% dos AGOSTO 2014
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pacientes. Quanto ao estado nutricional, a maioria estava eutrófica (59,1% grupo com dislipidemia (A) e 62,5% grupo sem dislipidemia(B). Não houve diferença estatística significativa na comparação entre os grupos A e B, quanto a gênero e média de idade e tempo de uso de TARV (grupo A, 9,4±3,7 anos, grupo B, 7,2±4,2 anos). A forma da síndrome que prevaleceu nos pacientes estudados foi a mista, não houve associação da dislipidemia com o tipo de síndrome. O estado nutricional também não gerou diferença estatística entre os grupos (Tabela 1). Tabela 1. Fator de exposição em pacientes com e sem dislipidemia. Belém, 2011.
Observou-se diferença estatística significativa (p<0,0001) na análise dos níveis lipídicos encontrados nos pacientes com dislipidemia, observando-se elevação dos valores de triglicérides e diminuição dos valores de HDL-c nos dislipidêmicos (Tabela 2). Tabela 2. Características Laboratoriais relativas aos níveis plasmáticos de CT, TG, LDL-C E HDL-C de pacientes com SLHIV, com e sem dislipidemia. Belém, 2011.
Na análise da ingestão dietética observou-se que a dieta dos grupos era hiperproteica, hipoglicídica, e normolipídica, não havendo diferença estatística entre os grupos A e B, também não observou-se diferença estatística significativa quanto a média de consumo de fibra e colesterol na dieta, porém o consumo de fibras encontrou-se abaixo das recomendações e o consumo de colesterol mostrou-se a cima dos valores recomendados (Tabela 3). NUTrição em pauta
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Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA Tabela 3. Análise de macro e micronutrientes da dieta de pacientes com SLHIV com e sem dislipidemia. Belém,
2011.
Na análise da frequência alimentar não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre os grupos estudados. Verificou-se, ainda, que os alimentos considerados protetores foram consumidos com frequência, mas de forma inadequada as recomendações da pirâmide alimentar, os alimentos considerados de risco foram consumidos exageradamente pelos dois grupos, porém os embutidos e as carnes gordas foram consumidos com mais frequência pelo grupo B (91.6%). (Graficos 1 e 2). Gráfico 1. Frequência de ingestão de alimentos de risco para dislipidemia. Belém, 2011.
Gráfico 2. Frequência de ingestão de Alimentos de proteção para dislipidemia. Belém, 2011.
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NUTrição em pauta
Discussão Os dados encontrados reforçam a idéia de transição epidemiológica da Aids caracterizada por mudanças significativas no olhar epidemiológico fazendo surgir uma nova concepção sobre a doença (ROCHA, 2007). O tempo médio de uso da TARV no presente estudo foi maior nos pacientes dislipidêmicos, dados semelhantes encontrados por Bonfati et al. (2006), que afirmaram que o tempo de exposição à TARV está associado a um maior risco de alterações lipídicas. Os índices de excesso de peso encontrado na casuística assemelham-se aos encontrados por Silva et al. (2009), já Farhi et al. (2008) encontraram um número maior (41,8%) de excesso de peso em pacientes com dislipidemia e 32,1% nos sem dislipidemia. Crum-Cianflone et al. (2003) expõe a mudança do paradigma sobre o estado nutricional de pacientes HIV positivo, referindo baixos índices de desnutrição e altos índices de excesso de peso e obesidade. Estudos de Montessori et al. (2004); Farhi et al. (2008); Diehl et al. (2008) ou mostraram a prevalência da síndrome lipodistrofica nesses pacientes, sem subdividir os tipos existentes da patologia, porém nesse estudo todos os pacientes apresentavam a SLHIV, sendo a forma mais encontrada a Mista, dados que discordam dos achados de Heath et al. (2002) que referem uma incidência cumulativa de 29% para lipoatrofia e apenas 13% para a forma mista. As alterações lipídicas apresentaram alta prevalência na casuística, dados semelhantes aos encontrados por Farhi et al. (2008) (77,5%) e superiores aos encontrados por Currier et al. (2005), Chuapai et al. (2006) que verificaram uma frequência de 60% e 53,6%, respectivamente. A adoção de uma alimentação adequada é fator importe para a redução do risco de eventos cardiovasculares. Em estudo realizado por Lima (2008) os níveis lipídicos de pacientes HIV positivo reduziram depois de seguirem orientações alimentares por 6 meses. Na avaliação do consumo de alimentos durante o período analisado, observou-se que não houve diferença estatística entre os grupos A e B quanto à média de consumo de macronutrientes, fibra e colesterol na dieta, na casuística a energia média consumida pelos grupos A e B foi semelhante, sendo superior ao encontrado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 2008/2009 realizada pelo IBGE, onde o consumo médio de calorias por pessoa foi de 1611 kcal/dia. Na análise dos macronutrientes notou-se que a dieta dos soropositivos difere das recomendações da OMS nutricaoempauta.com.br
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Food Habits and Association with Dyslipidemia in Patients with Syndrome Lipodystrophy HIV Treated in University Hospital of the City of Belém-PA
(2003) e da pesquisa POF (2009) onde foram verificados 12% de ingestão protéica e 59% de energia proveniente dos carboidratos. Quanto aos lipídios à média do consumo foi adequada as recomendações da OMS (2003), que preconiza uma ingestão de 15 a 30%, e com a POF (2009) que observou um consumo de 29% de lipídios. O consumo de Fibras e colesterol encontrado na população estudada mostrou-se inadequado as recomendações das DRI’s (INSTITUTE OF MEDICINE, 2002) que sugerem o intervalo de adequação para a faixa etária estudada entre 21 a 38g de fibras por dia e um consumo de menos de 300mg de colesterol diário. Para Barrios et al. (2002) a intervenção dietética e o cosumo de fibra por seis meses em soropositivos dislipidêmicos, em uso de TARV proporcionou redução de 10 e 23% nos níveis séricos de colesterol e triglicérides, respectivamente.
A TARV é indispensável para o soropositivo, objetivando retardar a progressão da imunodeficiência ou restaurar a imunidade. Os benefícios como o aumento da expectativa de vida e a diminuição da morbimortalidade tem justificado seu uso” Dos Autores Ao analisarmos a frequência de ingestão alimentar dos soropositivos estudados não observou-se diferença estatística entre os grupos. O índice de consumo de alimentos protetores para dislipidemia não se adequou as recomendações da pirâmide alimentar (PHILIPPI; LATTERZA; RIOEIRO, 1999). O que corrobora com achados de Oliveira et al. (2008) que ao estudarem o perfil nutricional e os fatores de risco para obesidade central nos portadores de HIV positivo observaram que a maioria dos pacientes consumia verduras, legumes e frutas diariamente, porém de forma insuficiente. A POF (2009) mostrou que a população consome apenas um quarto das recomendações diárias de frutas, legumes e verduras, o que correspondeu a 2,8% das calorias totais da dieta. Quanto ao consumo de alimentos de risco para dislipidemia verificou-se um elevado consumo de doces pelos dois grupos. Corroborando com a pesquisa de Oliveira et al. (2008) que observou exagerado consumo de doces, superando 64% da recomendação do guia alimentar de 2008 e com a POF (2009) que constatou que o consumo AGOSTO 2014
diário de açúcar simples, refrigerantes e tortas foi 16.4% superior as recomendações de uma alimentação adequada. Quanto ao consumo de embutidos nesse estudo notou-se que apesar do alto consumo, não houve associação direta com a dislipidemia, visto que o consumo foi maior no grupo sem dislipidemia. Houve também um elevado consumo de carnes gordas pelos dois grupos, sendo consumidas de 2 a 4 vezes por semana corroborando com a POF (2009) que observou um aumento de 25% no consumo de embutidos e de 15% no consumo de carnes vermelhas gordas na pesquisa de 2002-2003 para a pesquisa de 2008-2009. Já em estudos de Oliveira et al. (2008) o consumo de embutidos e carnes gordas não foi relevante entre os soropositivos. Nesse estudo verificou-se que os dois grupos não atingiram as recomendações da pirâmide alimentar (PHILIPPI; LATTERZA; RIOEIRO, 1999). Os grupos A e B consumiram de forma exagerada alimentos de risco e de forma insuficiente os alimentos de proteção, com isso, tanto a ação da TARV, quanto os erros alimentares podem ter contribuído para o aparecimento da dislipidemia. Indicando que os hábitos alimentares desse pacientes devem ser modificados. Com alguns cuidados nutricionais específicos, aliados ao controle medicamentoso, esse quadro pode ser revertido e consequentemente pode haver uma melhora da saúde geral do paciente HIV positivo (OLIVEIRA et al., 2008).
Conclusão A TARV é indispensável para o soropositivo, tendo como objetivo retardar a progressão da imunodeficiência ou restaurar a imunidade. Os benefícios como o aumento da expectativa de vida e a diminuição da morbimortalidade tem justificado seu uso, porém faz-se necessário o acompanhamento clínico, nutricional e a conscientização de hábitos de vida mais saudáveis para diminuir os riscos de dislipidemia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Estudos sobre os hábitos alimentares dessa população são fundamentais para elaborar medidas de intervenção contribuindo para diminuição do risco da ocorrência de doenças cardiovasculares.
Sobre os Autores
Dra. Andreza de Nazaré Leão Mendes - Nutricionista Especialista em Atenção à Saúde Cardiovascular pelo Programa de Residência Multiprofissional da Universidade do Estado do Pará. NUTrição em pauta
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Hábitos Alimentares e Associação com Dislipidemia em Pacientes com Síndrome Lipodistrófica do HIV Atendidos em Hospital Universitário da Cidade de Belém-PA Dra. Amanda de Conceição Leão Mendes - Nutricionista Especialista em Saúde Materno-Infantil pelo Programa de Residência Multiprofissional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Profa. Dra. Claudia Daniele Tavares Dutra - Professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal do Pará, Doutora em Doenças Tropicais. Profa. Dra. Rosana Maria Feio Libonati - Professora do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará.
Palavras-chave: Lipodistrofia, HIV; Hábitos alimentares; Dislipidemia. Keywords: Lipodystrophy, HIV; food habits; Dyslipidemia.
Recebido: 24/4/2014 - Aprovado: 30/7/2014
Referências
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NUTrição em pauta
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pediatria
Acne Vulgaris and its Relation to Glycemic Load
Acne Vulgar: Relação com entre Índice Glicêmico e Carga glicêmica Resumo: Acne vulgar é considerada uma dermatose crônica. Na literatura discute-se a relação entre ingestão de alimentos e o seu surgimento, porém estes estudos apresentam-se inconclusivos por limitações metodológicas. Apesar da dieta geralmente não ser considerada como um fator etiológico para a acne é reconhecido que, aguda ou cronicamente, é um fator para a hiperinsulinemia, fator que pode agravar o quadro acnéico. Nesse contexto, estudos tem indicado a melhora na quantidade de lesões acnéicas em indivíduos que aderem uma dieta de baixa carga glicêmica. Com bases na literatura que avaliam a influência da dieta de baixa carga glicêmica no tratamento da acne vulgar, este estudo teve o objetivo de realizar uma revisão na literatura buscando subsídios que comprovem a eficácia desta dieta sobre a melhora da acne. São necessários mais estudos para se ter clareza do impacto desse tipo de dieta a longo prazo em pacientes com acne.
review seeking subsidies that prove the effectiveness of this diet on the improvement of acne. More studies to get clear of the impact of such long-term diet in acne patients are needed.
Introdução Acne vulgar (AV) é considerada uma dermatose crônica, mais comumente ocasionada em adolescentes. Acomete o folículo pilossebáceo, podendo ser causado por diversos fatores: hormonal, genético, hiperprodução das glândulas sebáceas, hiperqueratinização do folículo e, por fim, colonização exacerbada de Propionibacterium acnes (P. acnes) no ducto glandular. Pode ocorrer em todas as raças, porém em menor intensidade em negros e orientais (STEINER, 2002). Sabe-se que na literatura discute-se acerca da relação entre ingestão de alimentos e o surgimento de AV, porém estes estudos apresentam-se inconclusivos por limitações metodológicas (DANBY, 2005; MAGIN et al., 2005).
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Abstract: Acne vulgaris is considered a chronic dermatosis. The literature discusses the relationship between food intake and your appearance, but these studies are presented inconclusive due to methodological limitations. Despite the diet generally not be considered as an etiological factor for acne is recognized that acute or chronic, is a factor for hyperinsulinemia, a factor that can aggravate acnéico box. In this context, studies have shown improvement in the amount of acne lesion in individuals who adhere to a diet of low glycemic load. With bases in the literature that evaluate the influence of low glycemic load diet in the treatment of acne vulgaris, this study aimed to conduct a literature NUTrição em pauta
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Acne Vulgar: Relação com entre Índice Glicêmico e Carga glicêmica
Evidências demonstraram que a hiperinsulinemia induzida pela dieta gera uma resposta hormonal, a qual promove crescimento desregulado de tecido e aumento da produção de andrógenos. Esse tipo de dieta também pode ser um fator desencadeante para o surgimento da acne (BERRA; RIZZO, 2009). Nesse contexto, estudos tem indicado a melhora na quantidade de lesões acnéicas em pessoas que aderem a uma dieta de baixa carga glicêmica (SMITH; MANN; BRAUE, 2007a).
Metodologia Com bases na literatura que avaliam a influência da dieta de baixa carga glicêmica no tratamento da acne vulgar, este estudo teve o objetivo de realizar uma revisão na literatura buscando subsídios que comprovem a eficácia desta dieta sobre a melhora da acne. Para, tal foi realizado uma revisão bibliográfica, nos seguintes bancos de dados: PubMed, Lilacs e Scielo, pesquisados nos idiomas português e inglês, utilizando os descritores: acne, glycemic index,glycemic load, carga glicêmica. Para que o estudo contasse com dados atuais utilizamos referências dos últimos dez anos, não excluindo publicações de datas anteriores que tivessem material pertinente ao estudo.
Resultados Acne Vulgar: De acordo com o censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (2006), acne vulgar surge nas estatísticas como a dermatose que mais acomete a população brasileira, considerando os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em consultórios particulares. É mais prevalente em adolescentes até os 14 anos de idade, como também em jovens dos 15 aos 39 anos. A região sudeste surge como a de maior prevalência. A origem da acne vulgar é multifatorial, acomete o folículo pilossebáceo e se caracteriza pela diversidade de lesões, as quais podem ser inflamatórias ou não inflamatórias. Inicialmente se formam os microcomedões, que são formas subclínicas das lesões; podem se desenvolver, aumentar e tornarem lesões acnéicas. Apesar de ser uma desordem estética muito comum, não tem sua etiologia bem esclarecida. Hormônios andrógenos, excessiva produção de sebo, hiperproliferação e diferenciação do infundíbulo folicular, mudanças na flora local, além das reações inflamatórias; são considerados os maiores influenciadores na patogênese da acne (SHAHEEN; GONZALEZ, 2013). Dieta e Acne Vulgar: Apesar da dieta geralmente não ser considerada como um fator etiológico para a acne é reconhecido que, aguda ou cronicamente, é um fator 34
NUTrição em pauta
para a hiperinsulinemia. Esta, que por sua vez, gera uma resposta hormonal favorável ao desenvolvimento da acne (GREEN; SINCLAIR, 2001). A carga glicêmica (CG) é um conceito derivado do índice glicêmico (IG), o qual é definido pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2012) como o potencial de um determinado alimento em elevar a glicemia sanguínea após seu consumo. Com a CG, é possível se avaliar a resposta glicêmica de uma dieta, aliando-se o IG com a forma e a quantidade do alimento (SBD, 2012). A baixa CG de uma dieta apresenta-se como benéfica à saúde, uma vez que promovem menor pico de insulina, reduz os triglicerídeos séricos, o colesterol total, risco de doença cardiovascular e promove maior saciedade pós prandial (COMIN; SANTOS, 2011). Estudo realizado em 2012 com 32 participantes, os quais possuíam acne em graus leve a moderado, sendo o primeiro grupo submetido a uma dieta de baixa carga glicêmica por um período de 10 semanas. No início do estudo, receberam orientações sobre alimentos de baixa carga glicêmica e foram orientados a substituir os alimentos de elevado índice glicêmico. A distribuição de macronutrientes da dieta desse grupo foi: 25% de proteína, 45% de carboidratos e 30% de lipídios. Já o grupo controle, foi orientado a consumir uma dieta rica em carboidratos. Os autores encontram diferença significativa no número de lesões da acne do grupo teste em relação ao controle, uma vez que no primeiro houve redução (KWON et al., 2012).
De acordo com o censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (2006), acne vulgar surge nas estatísticas como a dermatose que mais acomete a população brasileira, considerando os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)” Dos Autores Corroborando com esses achados, Smith et al. (2007 a), ao intervir com uma dieta de baixa carga glicêmica em 20 homens com acne de grau leve a moderada durante 12 semanas, observou melhora nas lesões acnéicas no grupo teste. Além disso, foi observada melhora na sensibilidade à insulina. Nesse mesmo ano, estes pesquisadores realizaram estudo semelhante, porém investigaram outros parâmetros endócrinos, como hormônios andrógenos livres, o fator de crescimento semelhante à insulina e suas proteínas de ligação. Após período de intervenção, percebeu-se nutricaoempauta.com.br
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Acne Vulgaris and its Relation to Glycemic Load
que houve redução dos andrógenos livre e aumento das proteínas de ligação do fator de crescimento semelhante à insulina (SMITH; MANN; BRAUE, 2007 b). Reynolds et al. (2010) não encontraram melhora significativa da acne, quando um grupo teste foi submetido a uma dieta de baixa carga glicêmica em comparação ao grupo controle. Porém esses resultados são questionáveis já que não foi encontrada diferença significativa na quantidade de fibras da dieta de ambos os grupos.
Considerações Finais Apesar de acometer grande parcela da população, a acne e seu tratamento são assuntos ainda muito discutidos. Ela apresenta-se com etiologia multifatorial, podendo ser influenciada pela dieta, por fatores endócrinos, genéticos e emocionais. Quanto à alimentação, estudos relatam que o índice glicêmico e a carga glicêmica como fatores que influenciam na patogênese da acne; sugerindo que a dieta de baixa carga glicêmica melhora níveis de insulina. Dessa forma, tem-se a necessidade de uma adequada prescrição dietética para esses pacientes, tornando o tratamento multiprofissional. São necessários mais estudos para se ter clareza do impacto desse tipo de dieta a longo prazo em pacientes com acne.
Sobre os Autores
Profa. Dra. Juliana da Silveira Gonçalves – Nutricionista. Doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN). Especialização em Nutrição Clínica pelo CBES e em Fitoterapia pela Universidade de Léon da Espanha. Docente convidada em cursos pós-graduação, aperfeiçoamento e extensão em diferentes instituições de ensino no Brasil. Autora do Manual de Atendimento em Nutrição Estética 2ª ed (IPGS). Dra. Renata Melo Sampaio – Nutricionista. Residente no Hospital Universitário Walter Cantídio – Fortaleza, Ceará. Pós graduanda em Nutrição Clínica e Estética (IPGS).
Palavras-chave: dieta, glicemia, acne vulgar, estética, carboidratos da dieta, nutrição. Keywords: diet, blood glucose, acne vulgaris, aesthetics, dietary carbohydrates, nutrition.
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Recebido: 5/4/2014 - Aprovado: 28/7/2014
Referências
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Papel do Nutricionista no Incentivo ao Aleitamento Materno como Forma de Prevenção de Casos de Obesidade
Papel do Nutricionista no Incentivo ao Aleitamento Materno como Forma de Prevenção de Casos de Obesidade Resumo: O aleitamento materno deve ser priorizado nos 6 primeiros meses de vida como prevenção de casos de obesidade futura. Devido a sua composição ser adequada para o metabolismo do infante e fornecer enzimas importantes na regulação da saciedade da criança. O nutricionista profissional responsável pela nutrição e bem estar da população deve atuar através de orientações sobre a importância da amamentação encorajando as mães a amamentar as crianças. Desta forma prevenindo casos de obesidade e outras doenças como também reduzindo gastos públicos futuros. Abstract: Breastfeeding should be prioritized in the first 6 months of life as prevention of future obesity cases. Due to its composition is appropriate for the infant’s metabolism and provide important enzymes in the regulation of satiety child. The professional nutritionist responsible for nutrition and well being of the population must act through guidance about the importance of breastfeeding encouraging mothers to breastfeed the children. In this way preventing cases of obesity and other diseases as well as reducing future public expenditure.
Introdução A composição do leite materno é essencial para o desenvolvimento da criança como também, na redução de infecções. Estudos atuais tem demonstrado que previne obesidade na infância e na vida adulta através de sua composição, pois atua regulando o metabolismo do infan36
NUTrição em pauta
te (ALBERNAZ; VICTORA, 2003; BATTOCHIO; SANTOS; COELHO, 2003) Porém existe uma preocupação de que o desejo de amamentar tenha se desgastado, e para contornar essa situação é necessário orientar as vantagens da amamentação na sociedade como escolas, posto de saúde e nas comunidades (VITOLO, 2008). Cabe ao profissional de nutrição fazer um acompanhamento com a gestante explicando os benefícios do leite materno para a criança. Promovendo assim uma vida mais saudável e com menos casos de obesidade (DAL BOSCO; CONDE, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Este artigo tem como objetivo expor as consequências do desmame precoce e sua relação com a obesidade. Demonstrando os benefícios da amamentação com ênfase no papel da nutrição como estimuladora deste hábito.
Metodologia Foi realizado um levantamento de artigos e de livros publicados a partir de 1998 com as palavras chaves: Aleitamento materno, nutrição do lactente, amamentação, obesidade, alimentação complementar do lactente, desmame precoce. Foram utilizados os sites de pesquisa BVS, SCIELO, além de sites oficiais e manuais.
Resultados No primeiro ano de vida da criança, o crescimento e o desenvolvimento são muito rápidos, até completar dois anos o estado nutricional da criança é reflexo da vida nutricaoempauta.com.br
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uterina e fatores ambientais. E justamente nesta fase é importante tomar muito cuidado com a alimentação, pois ela reflete por toda a vida da mesma (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2006; BALABAN et al., 2004; CORDEIRO et al., 2013). O aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade, e continuar amamentando até os dois anos de idade juntamente com alimentação complementar, é fator importantíssimo para impedir doenças futuras. O leite materno além de ter menor índice de energia, tem menor quantidade de proteína, além de possuir alto nível de gordura que é muito importante para que o ganho de peso ocorra de maneira mais lenta (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2006). A ingestão de gordura em quantidades adequadas é necessário para prevenir sobrepeso, pois estudos revelam que crianças que já foram desnutridas possuem deficiência na oxidação de gordura (lipólise), resultando assim no seu acúmulo, promovendo a obesidade (ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006). A amamentação envolve fatores fisiológicos, ambientais e emocionais, sendo que a produção de leite ocorre através da ação hormonal durante a gestação e é aumentada quando a amamentação é feita de forma correta. Esse período é cheio de informações para a mãe com crendices populares, que acabam influenciando de tal forma, que as orientações dos profissionais de saúde são deixadas de lado. O desmame precoce tem sido motivo de preocupação para os profissionais da área, em que apenas 6% das crianças brasileiras recebem leite materno exclusivo somente até 2 meses de vida (ICHISATO; SHIMO, 2001; VITOLO, 2008). Estudos revelam que quando perguntam para as mães sobre o desmame precoce, elas alegam ter pouco leite’’, leite fraco’’ ou que o leite secou’’. Outros estudos mostram reclamações de fissuras no peito e rachaduras. Acredita-se que as mulheres amamentam mais por tradi-
ção do que pelo conhecimento das vantagens que o leite materno oferece (VITOLO, 2008). Tem como vantagens diminuição de diarréia, otite média, infecção urinária, leucemia, obesidade, infecções respiratórias, diabetes insulinodependente e não-insulinodependente, hipercolesterolomia, doença de Hodgkin, asma, enterocolite necrosante. Crianças que são amamentadas tem melhor desempenho intelectual (VITOLO, 2008). Segundo Susin et al.(1998), fizeram um estudo com 405 mães, no Hospital das Clínicas de Porto Alegre e confirmaram que orientações dadas após o parto sobre a importância da amamentação, utilizando vídeos e folhetos enriqueceram o conhecimento das mães, e assim convencendo-as de amamentar, e confirmaram isso através de um questionário aplicado alguns meses após o parto em seus lares. Outros estudos revelam que o ato de amamentar exclusivamente no peito durante os 6 primeiros meses é algo muito raro, tendo uma duração de 1,8 mês. E para completar é ofertado para a criança alimentos inadequados precocemente como leite de vaca, e sem contar a introdução de carboidratos simples no preparo da mamadeira, afetando assim a adiposidade do lactente gerando a obesidade (CORDEIRO et al., 2013). O leite de vaca além de possuir excesso de macronutrientes, possui altas concentrações de proteínas, que leva ao aumento dos níveis de IgF-1, resultando em um aumento rápido de peso na criança, já que esse hormônio desempenha papel semelhante à insulina, ocorrendo uma resistência periférica à insulina o qual é adipogênica. Além de sobrecarregar os rins que ainda estão imaturos (CORDEIRO et al., 2013). Já as fórmulas lácteas são hipercalóricas, elevando entre 15 a 20% do consumo energético da criança, mesmo em menor quantidade superando o leite materno nas calorias fornecidas. Possui 1,6 a 1,8 vezes mais proteína por
Tabela 1. Conteúdo de nutriente do leite humano, das fórmulas lácteas e do leite de vaca por litro (MANN; TRUSWELL, 2009).
Fórmula Nutriente Energia kcal Proteína Gordura(g) Carboidrato(g)
Leite humano A base de leite de A base de soja Leite de transiçao maduro vaca 680 10 39 72
670 15 36 72
670 19 37 69
670 17 33 79
Leite de vaca com 3,3% de gordura 640 32 36 48
Fonte: Nutrição Humana 2009
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quilo de peso, quantidade excessiva, podendo aumentar a secreção de insulina, estimulando maior captação da mesma pela célula e inibindo a lipólise, trazendo assim como consequência aumento do tecido adiposo e desencadeando obesidade (NOVAES et al., 2007; ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006). Os alimentos pré-lácteos, comumente oferecidos aos bebês antes da amamentação, podem ocasionar lesões no intestino imaturo; o colostro acelera a maturação do epitélio intestinal e protege contra agentes patógenos[...]. (TOMA; REA, 2008).
reduzindo assim a fome (BALABAN; SILVA, 2004). O consumo excessivo de carboidrato e proteína podem não ser totalmente metabolizados acumulando em forma de gordura no tecido subcutâneo, produzindo células adiposas constituindo assim o tecido adiposo. A adipogênese tem seu início na fase intra- uterina e termina aos 7 anos. Depois desse período ocorre somente diminuição ou aumento dessas células, ou seja, ganha ou perde peso (BALABAN; SILVA, 2004). Acredita-se que o indivíduo obeso, com um tecido adiposo excessivo, possua um ponto de ajuste mais elevado para o armazenamento de nutrientes e alcance da saciedade alimentar do que indivíduos com peso normal, promovendo assim um risco maior para uma hiperfagia e ganho de peso. (ARAUJO; BESERRA; CHAVES, 2006). Foi realizado no Centro Educacional Católico de Brasília (CECB) um estudo com 134 pré-escolares entre três e cinco anos de idade, que fazem parte da classe média e alta. Foi encontrado sobrepeso e obesidade em 23,8% (n=32) . As crianças que amamentaram exclusivamente até o sexto mês apresentaram um total de 21,2% de casos de excesso de peso. Já as que amamentaram exclusivamente até o segundo mês apresentaram uma porcentagem maior de excesso de peso 26,7%. Observou-se também que quanto maior tempo de amamentação menor perímetro de cintura a criança apresentava. Com isso menor relação cintura/quadril reduzindo em 15% o risco de desenvolver obesidade. Isso demonstra que o aleitamento materno pode ser responsável pela distribuição de gordura corporal do infante (BALABAN et al., 2004). Outro estudo realizado em creches da prefeitura na cidade de Recife, com 409 crianças, apresentou que as crianças que amamentaram exclusivamente no peito 4 meses ou mais, tiveram menor índice de sobrepeso e obesidade (13,5%), já as que amamentaram exclusivamente tempo inferior à 4 meses, tiveram maior número de casos de excesso de peso (22,5%). Tal estudo não levou em consideração outros fatores que podem levar também o indivíduo à obesidade como: peso ao nascer, atividade física e ingestão energética atual (MORAES; GIUGLIANO, 2011). Um estudo realizado com 9.357 crianças de 5 a 6 anos na Alemanha, tiveram resultado positivo para crianças que receberam leite materno no mínimo 6 meses, reduzindo 30% casos de sobrepeso e 40% casos de obesidade (NOVAES et al., 2007). Esse mesmo autor avaliou 918 crianças na Alemanha, acompanhando a criança desde o nascimento até a criança completar 6 anos de idade, comprovou que o aleitamento materno até o sexto mês de vida como um ato de prevenção de sobrepeso e obesidade
O leite de vaca além de possuir excesso de macronutrientes, possui altas concentrações de proteínas, que leva ao aumento dos níveis de IgF-1, resultando em um aumento rápido de peso na criança” Cordeiro et al., 2013 Segundo Araujo, Beserra e Chaves (2006) calcularam que 80% de crianças obesas serão adultos obesos. No decorrer da vida desencadearão transtornos metabólicos que resultarão no futuro em problemas metabólicos como: diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias e doenças cardiovasculares (infarto, embolia, aterosclerose, etc.). Também podem ocasionar como efeito colateral a apnéia do sono, problemas ortopédicos, distúrbios psicológicos e alguns tipos de cânceres, trazendo má qualidade de vida, gastos para os cofres públicos através de tratamento e internações. Assim, nomearam esse transtorno metabólico de “imprinting metabólico” e ocorre quando é introduzido alimentos precocemente em uma fase de desenvolvimento humano, produzindo efeito por toda vida, tornando o indivíduo mais predisposto à essas doenças (ALBERNAZ; VICTORA, 2003). Fatores bioativos estão envolvidos no leite materno como os hormônios insulina, T3 e T4, e leptina, que agem no hipotálamo proporcionando saciedade e regulando o balanço energético do metabolismo. Entre estes fatores, destaca-se principalmente a leptina, que é responsável pela regulação e homeostase energética. A leptina atua no hipotálamo diminuindo o apetite e as vias anabólicas e estimula as catabólicas. Logo após sinaliza para o cérebro que a quantidade ingerida de alimentos já é o suficiente, AGOSTO 2014
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(NOVAES et al., 2007). Atuação da Nutrição - Atualmente essas informações importantes não estão sendo divulgadas como deveriam, havendo uma necessidade de mudanças urgentes na atenção básica. Foi criado então a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que constitui uma equipe de saúde levando mais qualidade de vida à comunidade. Dessa forma é possível aumentar o cuidado nutricional para os pacientes do SUS, transmitindo informações para uma boa alimentação e nutrição, promovendo assim mais saúde de forma econômica, sustentável, eficiente e prevenindo doenças relacionada à nutrição (DAL BOSCO; CONDE, 2013).
Principalmente agora, com o grande número de casos de obesidade, a amamentação passa a ter uma importância maior, visto que a obesidade tem sido motivo de muita preocupação para Saúde Pública” Dal Bosco; Conde, 2013
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Em 2008 foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), fazendo parte da equipe o profissional nutricionista (CFN, 2008). Podendo então o profissional atuar para promoção de saúde, incentivando o aleitamento materno como primeira prática alimentar, iniciando a alimentação complementar gradativamente, após 6 meses de idade. Essas orientações devem ser dadas com muita clareza, para não deixar dúvidas. A ENPACS (Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável) capacita os profissionais para transmitirem essas informações nas unidades básicas, tal ato que é de direito humano, que deve ser uma rotina no local, promovendo saúde para comunidade, proporcionando uma segurança alimentar (DAL BOSCO; CONDE, 2013). Principalmente agora, com o grande número de casos de obesidade, a amamentação passa a ter uma importância maior, visto que a obesidade tem sido motivo de muita preocupação para Saúde Pública (DAL BOSCO; CONDE, 2013). O aconselhamento no pré-natal tem tido resultados positivos, estimulando o ato de amamentar. É interessante algum parente participar também, como por exemplo o marido e a mãe da gestante. Nesse momento é importante tirar dúvidas da gestante, explicar os benefícios que o bebê terá com a amamentação, e revelar que vários mitos nutricaoempauta.com.br
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nutricionais que rodeiam a mãe durante a gestação e após o nascimento da criança, podem trazer indesejáveis consequências futura na vida da criança. Preparar a gestante explicando que o ato de amamentar é um momento delicado, que gera medo e desgaste, podendo até mesmo ter uma certa dificuldade no início, mas que vale a pena um esforço para saúde. Relatar também, as desvantagens do uso do leite não materno (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
ARAÚJO MFM.; BESERRA EP.; CHAVES ES. O papel da amamentação ineficaz na gênese da obesidade infantil: um aspecto para a investigação da enfermagem. 19(4):450-5; Acta Paul Enferm. 2006. BALABAN G.; SILVA GAP. Efeito Protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil. Jornal de Pediatria; 80 (1): 7-16, 2004. BALABAN G. et al. O aleitamento materno previne o sobrepeso na infância?. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. Recife, ; 4 (3): 263-268, 2004. BATTOCHIO APR.; SANTOS AG.; COELHO CAR. Leite Materno: Considerações sobre nutrientes específicos e seus benefícios. Revista Brasileira de Nutrição Clínica. 18 (3): 136-141, 2003 CORDEIRO ACC. et al. Relação da introdução precoce do leite de vaca com o desenvolvimento da obesidade em lactentes. Pediatria Moderna.,v49 N1. 15 a 18p, Jan 2013. DAL BOSCO SM.; CONDE SR. Nutrição e Saúde. 1ed. Lageado: editora UNIVATES, 2013. 231p. ICHISATO SMT.; SHIMO AKK. Aleitamento Materno e as Crenças Alimentares. Rev Latino-am Enfermagem. ; 9 (5): 70-6, 2001. MANN J.; TRUSWELL AS. Nutrição Humana. 3.ed. Rio de Janeiro: editora Guanabara Koogan S.A, 2009. V.2. 512p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança: Nutrição Infantil- Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) Caderno de Atenção Básica n- 23. Brasília, 112p., 2009. MORAES JFVN.; GIUGLIANO R. Aleitamento materno exclusivo e adiposidade. Revista Paul Pediatria. ; 29 (2): 152-6, 2011. NOVAES JF. et al. Efeitos a curto e longo prazo do aleitamento materno na saúde infantil. Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais. ; 130p, 2007. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de Nutrolologia. Manual de orientação: alimentação do lactente, alimentação do pré-escolar, alimentação do escolar, alimentação do adolescente, alimentação na escola. São Paulo, 64 p, 2006. SUSIN LRO. et al. Uma estratégia simples que aumenta os conhecimentos das mães em aleitamento materno e melhora as taxas de amamentação. Jornal de Pediatria. ; 74 (5): 368-375, 1998 TOMA TS.; REA MF. Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências. Caderno Saúde Pública. Sup 2: S235-S246, 2008. VITOLO MR. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 119-122p, 2008.
Conclusão O nutricionista deve atuar no período gestacional dando orientações para as gestantes sobre a importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança, prevenindo assim uma obesidade na infância e na vida adulta, situação pela qual o país enfrenta muitos casos. Com isso, aumenta-se a expectativa de uma vida mais saudável para a criança, e menos morbidade, menos internações com doenças como diabetes, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares nos adultos.
Sobre os Autores
Dra. Osiane Madalena de Rezende Moreira PintoNutricionista Dra. Elisa Grossi Mendonça- Especialista em Nutrição Clínica Dr. Marco Aurélio Veiga de Melo- Mestre em Clínica Odontológica Dra. Wanessa Françoise da Silva Aquino do CarmoEspecialista em Políticas e Pesquisa em Saúde ColetivaEspecialista em Nutrição e Saúde- Mestranda em Saúde Coletiva
Palavras-chave: aleitamento materno, saúde da criança, nutrição na infância. Keywords: breast feeding, child health, child nutrition
Recebido: 15/7/2014 - Aprovado: 6/8/2014
Referências
ALBERNAZ E.; VICTORA CG. Impacto do aconselhamento face a face sobre a duração do aleitamento exclusivo: um estudo de revisão. Rev Salud Publica. 14 (1); 2003 AGOSTO 2014
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Análise Protéica de Feijão Comum (Phaseolus Vulgaris L.) em Diferentes Tempos de Armazenamento e Técnicas de Tratamento
Análise Protéica de Feijão Comum (Phaseolus Vulgaris L.) em Diferentes Tempos de Armazenamento e Técnicas de Tratamento Resumo: O feijão (Phaseolus vulgaris L.) constitui-se como alimento básico consumido por elevada parcela da população brasileira em sua dieta habitual e caracteriza-se como uma das principais fontes de proteínas na alimentação. As condições de armazenamento, desta leguminosa, afetam suas propriedades sensoriais e nutricionais. Nesta perspectiva, a presente pesquisa objetiva avaliar o teor protéico do feijão comum, em cinco diferentes tempos de armazenamento associado a quatro técnicas de tratamento. Empregaram-se feijões da variedade carioca IAPAR 81, armazenados por um período total de 180 dias. As amostras submeteram-se a diferentes técnicas de tratamento: FC (feijão cru), FCSM (feijão cozido sem maceração), FCCAM (feijão cozido com água de maceração) e FCSAM (feijão cozido sem água de maceração), e com o caldo: FCSM, FCCAM e FCSAM, com a aplicação do método micro-Kjeldahl para determinação da proteína bruta (PB%) dos feijões. Já o caldo não apresentou normalidade estatística. O FCCAM resultou no maior percentual médio de proteínas, inferido tanto para o grão (26,12%) quanto para o caldo (0,87%). Denota-se que a técnica de tratamento para o cozimento do feijão é indiferente 42
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estatisticamente entre seus conteúdos protéicos, entretanto, o descarte da água de maceração no preparo doméstico auxilia no valor nutricional da leguminosa. Abstract: The common bean (Phaseolus vulgaris L.) was established as a staple food consumed by high share of the population in their usual diet and is characterized as a major source of protein in the diet. Storage conditions, this legume, affect their sensory and nutritional properties. In this perspective, the present research aims to evaluate the protein content of common beans in five different storage times associated to four treatment techniques. Were employed beans Carioca variety IAPAR 81, stored for a total period of 180 days. The samples were subjected to different treatment techniques: FC (raw beans), FCSM (baked beans without soaking), FCCAM (baked beans with the soaking water) and FCSAM (baked beans without soaking water), and the broth: FCSM, FCCAM FCSAM and, with the application of micro-Kjeldahl method for determination of crude protein (CP%) of beans. Have the broth showed no statistical normality. The FCCAM resulted in higher average percentage of protein, inferred for the grain (26.12%) and for the broth (0.87%) both. We denote that the treatment technique for baking the beans are statistically indifferent nutricaoempauta.com.br
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between their protein content, however, discarding the soaking water in the home preparation assists in the nutritional value of legumes.
Introdução No Brasil, os feijões utilizados para consumo pertencem à ordem Rosales, família Fabaceae (Leguminosae), gênero Phaseolus e espécie Phaseolus vulgaris L. (MECHI; CANIATTI-BRAZACA; ARTHUR, 2005).Considerado uma leguminosa, o feijão constitui-se como alimento básico consumido por elevada parcela da população brasileira em sua dieta habitual (FANCELLI; NETO, 2007; ANTUNES; SILVEIRA; SILVA, 2007), assim como por outros países da América do Sul (PEREIRA; COSTA, 2002). A propriedade alimentícia do feijão baseia-se na qualidade e quantidade de suas proteínas (CRUZ et al., 2005). Seu teor protéico pode divergir entre 17,0 a 23,8% (LEMOS et al., 2004) e de 23,37 a 25,77% (ANTUNES et al., 1995). Além de sobressair-se por seu elevado conteúdo de proteínas, dentre seus vários nutrientes em sua composição centesimal, o feijão possui considerado teor de carboidratos e ferro (VIEIRA; JÚNIOR; BORÉM, 2006), de cálcio, vitaminas, fibras e lisina (RESENDE et al., 2008). O consumo desta leguminosa, de acordo com Guzmán et al. (2007), está associado com a redução do risco de desenvolver diabetes, obesidade, doenças cardíacas e câncer de cólon. Economicamente, o feijão apresenta grande importância no agronegócio nacional (FUSCALDI; PRADO, 2005), cujo custo comercial é mais acessível, principalmente quando comparado a alimentos de origem animal (RIBEIRO et al., 2007a). Desta forma, caracteriza-se como uma das principais fontes de proteínas na alimentação das classes de baixa renda (SILVA et al., 2006), sendo fundamental na situação socioeconômica do Brasil, tanto por ser o maior produtor quanto consumidor desta leguminosa (SILVA; LEMOS; TAVARES, 2006). Fuscaldi e Prado (2005) descrevem que o feijão apresenta ciclo vegetativo entre 90 e 100 dias, compreende um processo simples de logística, em que é colhido, limpo, seco e embalado, e deve ser comercializado e industrializado em, até dois meses, para garantir a qualidade do grão. Esta, para Kigel (1999), até chegar ao consumidor depende das características das sementes na época da colheita, de sua manipulação, das condições de armazenamento e tecnologia de processamento. Muitas vezes, em virtude do alto conteúdo de água na época da colheita, a secagem pós-colheita dos grãos de feijão é fundamental para sua durabilidade e qualidade ao longo do armazenamento (FARONI et al., 2006). Ribeiro; Poersch; Rosa 44
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(2008) mencionam que as condições de armazenamento afetam as propriedades sensoriais e nutricionais do feijão e podem influenciar no endurecimento do tegumento e dos cotilédones do grão. A partir disso, afirmam que quanto maior o período de estocagem, maior o tempo para a cocção e, segundo Donadel; Prudencio-Ferreira (1999), proporciona um caldo ralo ao feijão, o que influi na sua depreciação pelo consumidor. Demais peculiaridades podem ser observadas com o envelhecimento dos grãos do feijão, como o aumento do endurecimento e consequentemente do tempo de cozimento (efeito hard-to-cook) (COELHO et al., 2009). O referido aumento é proporcional ao período de armazenamento (RIBEIRO et al., 2009). Com base nas informações constatadas, a presente pesquisa objetiva avaliar o teor protéico do feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), em cinco diferentes tempos de armazenamento associado a quatro técnicas de tratamento.
Metodologia Para a realização do ensaio físico-químico, empregaram-se sementes de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.). A análise protéica efetuou-se no Laboratório de Controle de Qualidade de Produtos Agrícolas, pertencente à UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, no campus de Cascavel/Paraná. Amostra - Compreenderam-se como amostra, feijões da variedade carioca IAPAR 81 (Phaseolus vulgaris L.), provenientes do cultivo da safra das águas 2009/2010, com espaçamento entre linhas de 0,45m e 12 plantas por metro linear, em propriedade rural, no município de Santa Tereza do Oeste/Paraná, nas coordenadas 25°10’41,05”S e 53°32’45,82”O. A colheita ocorreu, em lote único, de forma mecanizada, por meio de colhedora marca New Holland, modelo 8040, equipada com kit feijão e cilindro axial da marca Max. Armazenamento - As amostras foram acondicionadas, em sacos de papel Kraft, em prateleiras abertas com ventilação natural, temperatura ambiente e livre de incidência de luz direta, com intuito que simular um ambiente doméstico, por um período total de 180 dias. Não houve controle de umidade do ar e de temperatura. As análises foram realizadas, em cinco diferentes tempos de armazenamento (TA): 0, 45, 90, 135 e 180 dias. Preparo das amostras - As amostras submeteram-se a diferentes técnicas de tratamento: feijão cozido com água de maceração (FCCAM), feijão cozido sem água de maceração (FCSAM) e feijão cozido sem maceração (FCSM). Ao FCSAM e ao FCSM acrescentou-se água minutricaoempauta.com.br
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Protein Analysis of Common Bean (Phaseolus Vulgaris L.) at Different Times of Storage and Techniques of Treatment
neral para o cozimento. Considerou-se também o feijão cru (FC). O processo de maceração ocorreu, durante 16 horas, na proporção feijão: água de 1:4, em temperatura ambiente. Utilizou-se o aparelho Mattson para acompanhar o cozimento das amostras, o qual possui 25 hastes e em suas extremidades há uma ponta afunilada que se apoiou perpendicularmente sobre cada grão. O mesmo permaneceu imerso na água em ebulição. Quando a 13ª haste adentrou os grãos de feijão, estes foram considerados cozidos (RIBEIRO et al., 2009; SHIGA, CORDENUNSI, LAJOLO, 2009). Em seguida, as amostras foram cozidas em becker, coberto com papel alumínio com a intenção de manter a quantidade de água na cocção, uma vez que analisaram-se o grão e o caldo do cozimento. A separação dos grãos cozidos do caldo de feijão foi realizada com o auxílio de peneira. Na sequência, o caldo foi acondicionado em tubos plásticos devidamente identificados, em temperatura de congelamento e os grãos cozidos foram secos em becker em estufa com circulação de ar por 60ºC constantes por 48 horas. Logo após, os grãos foram triturados, em liquidificador, obtendo a textura de farinha para realização das análises protéicas. Ao tratamento FCSM, o feijão foi cozido nas mesmas condições anteriores, sem, contudo, sofrer processo de maceração. Determinação das Proteínas - Aplicou-se o método micro-Kjeldahl para determinação da proteína bruta (PB%) dos grãos e dos caldos do feijão. Foram utilizadas 0,2g de farinha dos grãos e 2,0mL de caldo como amostra, para 1,5g de mistura catalítica e 3,0mL de ácido sulfúrico para 3 horas de digestão até 380ºC, seguida de destilação com o uso de acido bórico 4% e titulação com ácido clorídrico 0,1N e indicador vermelho de metila. Verificou-se o teor de proteína com a multiplicação do teor de nitrogênio pelo fator 6,25 (CARVALHO, 2002), e possibilitou a comparação protéica dos grãos com os caldos.
Delineamento estatístico - Os dados experimentais dos grãos foram analisados em delineamento estatístico de parcela subdividida, na qual as parcelas foram representadas pelos tempos de armazenamento e as sub-parcelas pelas técnicas de tratamentos, com oito repetições para cada amostra (n=8). Foram submetidos à análise de variância e teste de comparação de médias por Tukey, considerando o nível 5% de significância, por meio do software Sisvar 5.3. Já para os dados dos caldos, não houve normalidade pelo teste de Anderson-Darling, e, portanto, realizou-se análise estatística descritiva de médias (n=8). Os gráficos apresentados foram desenvolvidos no programa Microsoft Office Excel 2007®.
Resultados e Discussão Proteínas nos grãos - Os dados deparados com a realização das análises protéicas (Tabela 1) demonstraram diferença estatística significante. Ao fixar os valores dos tratamentos em função dos tempos de armazenamento, a quantidade protéica nos grãos do FC obteve o maior teor protéico no TA 45 (26,04%), e, após este período, decresceu e atingiu 22,46% no TA 180. No FCSM e no FCCAM infere-se que a maior concentração de proteína detectada foi, respectivamente, 28,06% e 27,70% no TA 135, enquanto a menor foi, respectivamente, 24,09% e 23,31 no TA 180. Já para o FCSAM a concentração protéica sobressaiu-se no TA 0 (27,16%). Como nas demais técnicas, o menor valor deparado quanto as proteínas foi no TA 180, com percentual de 23,74. Analisando o tempo de armazenamento em função das técnicas de tratamento cozidas (FCSM, FCCAM e FCSAM), verifica-se que para os percentuais de proteína há igualdade estatística nos tempos de armazenamento, exceto no TA 45 para o FCSAM, o qual é maior (26,38%) aos demais, e no TA 135, entre o FCSM e o FCSAM. No
Tabela 1 – Teste de Tukey ao nível de 5% de significância para percentual de proteínas dos grãos de feijão variedade carioca IAPAR 81. Cascavel, Janeiro de 2011. TA (dias) 0 45 90 135 180 média AGOSTO 2014
FC (% proteína) 22,87 26,04 24,60 23,90 22,46 23,97
Aab Ac Abc Bab Aa
FCSM (% proteína) FCCAM (% proteína) 26,24 24,15 26,72 28,06 24,09 25,85
Bb Ba Bbc Ac Ba
27,38 25,72 26,49 27,70 23,31 26,12
Bbc Bb ABbc ABc Ba
CSAM (% proteína) 27,16 26,38 25,48 25,03 23,74 25,56
Bc Abc ABabc Bab ABa
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Figura 1 – Teor de proteínas nos grãos de feijão de acordo com o tempo de armazenamento, onde T representa a técnica de tratamento empregada. Cascavel, Janeiro de 2011.
entanto, quando comparados com o FC existe variação estatística significantiva relativa às técnicas de tratamento. Isto evidencia-se no TA 0, onde as três técnicas possuem valores estatísticos distintos e superiores do FC, fato não verificado para todos os demais tempos de armazenamento. As letras maiúsculas referem-se à comparação das médias nas linhas, enquanto as letras minúsculas referem-se à comparação das médias nas colunas. Correlacionando as médias de tratamento representadas na Tabela 1, verifica-se que entre as técnicas abordadas, o FCCAM sobressai-se em seu conteúdo protéico com 26,12%, seguido do FCSM com 25,85%, do FCSAM com 25,56% e do FC com 23,97%. As diferenças percentuais estão expressas na Figura 1. A partir de sua visualização, constata-se que os menores valores para o conteúdo de proteínas em relação ao tempo de armazenamento para todos os testes: T1, T2, T3 e T4, foi com 180 dias. A média de proteína nos grãos do FC foi de 23,97% entre os períodos de armazenamento, valores acima do teor médio de 22% utilizado como referência pelo Institudo Agronômico do Paraná para a variedade IAPAR 81 (IAPAR, 2010). Para este valor, o percentual mais próximo, encontra-se no TA 180 (22,46%). 46
NUTrição em pauta
De acordo com Lajolo et al. (1996), o teor de proteínas do feijão pode variar conforme o local de cultivo, as condições ambientais e a variedade empregada. Estes quesitos foram observados por Perina et al. (2010) ao avaliarem, num período de 60 dias após a colheita, 19 genótipos de feijoeiro carioca e preto, em 18 ambientes, onde a época da seca propiciou, em média, 22,93%, de inverno 21,35% e das águas 21,23% de proteína bruta. Já Farinelli (2006), utilizando 24 genótipos, obteve nas safras da seca e das águas, entre 16,3% a 23,9%. Nestes estudos, a proteína apresentou valor abaixo dos resultados médios deparados (Tabela 1), considerando que a safra ocorreu no período das águas. Em feijões cozidos do grupo vermelho, ao longo de 112 dias de armazenamento, verificou-se que a concentração de proteína variou de 22,93 a 23,66%, demonstrando que não houve alterações relevantes. No tempo 0, constatou ser 22,93% (RESENDE, 2006), abaixo do atual trabalho FCSM (26,24%). Ramírez-Cárdenas; Leonel; Costa (2008) verificaram ao analisar 5 cultivares, um aumento de até 13% de proteína bruta para feijões cozidos com água de maceração e até 7% nos cozidos sem água de maceração, quando comparados aos feijões crus. No presente trabalho, com base nas médias do FCCAM e do FCSAM, em relação à média do FC, notou-se um aumento de 9% nutricaoempauta.com.br
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Protein Analysis of Common Bean (Phaseolus Vulgaris L.) at Different Times of Storage and Techniques of Treatment
Figura 2 – Teor de proteínas nos caldos de feijão de acordo com o tempo de armazenamento, onde T representa a técnica de tratamento empregada. Cascavel, Janeiro de 2011.
para o FCCAM, valor abaixo do estudo referido, enquanto para o FCSAM o resultado foi análogo (7%). Em pesquisa realizada com 15 cultivares recém-colhidas, com técnica semelhante ao FCSAM, observou-se o percentual de 21,2 para a IAPAR 81, (RAMOS JUNIOR et al., 2005), valor inferior ao resultado obtido (FCSAM 27,16%, TA 0). A variedade Pérola, após análises de tempo 0, 3 e 6 meses, revelou possuir média de 24,96% de proteína no feijão cru e 25,77% no feijão cozido com água de maceração (DELFINO; CANNIATI-BRAZACA, 2010). Ao comparar os dados verifica-se que para o feijão cru a média dos TA 0, 90 e 180 dias, foi inferior (23,31%), enquanto para o FCCAM (25,73%) foi semelhante. Toledo; Canniatti-Brazaca, 2008, deduziram que não houve diferença no teor de proteína devido à substituição da água de maceração com grão de feijão tipo Carioca, o que coincide com os resultados médios da Tabela 1. Rios; Abreu; Corrêa (2003) demonstraram que, após o período de 8 meses de armazenamento de feijões, o valor de proteína apresentou-se ligeiramente mais elevado, o que contradiz os resultados obtidos no presente estudo, uma vez que houveram alterações desproporcionais ao tempo de armazenamento, sendo que o sexto mês apresentou os menores valores para todas as amostras. Considerando o mesmo período de armazenamento para AGOSTO 2014
sementes de feijão (Carioca-Pérola). Proteínas nos caldos - Os valores percentuais dos caldos do feijão estão dispostos na Tabela 2 de acordo com as médias do conteúdo de proteínas para FCSM, FCCAM e FCSAM nos cinco tempos de armazenamento. Os dados percentuais formam uma linha crescente até 90 dias de armazenamento, em todos os parâmetros de tratamento das amostras de caldo de feijão (Figura 2), tendo uma queda para T4 a partir do tempo 90 e para T3 no tempo 135, enquanto T2 permaneceu praticamente constante. Tabela 2 – Valor médio percentual de proteínas obtidos dos caldos de feijão variedade carioca IAPAR 81. Cascavel, Janeiro de 2011. TA (dias)
FCSM FCCAM FCSAM (% proteína) (% proteína) (% proteína)
0
0,34
0,45
0,36
45
0,59
0,91
0,67
90
0,99
1,07
1,06
135
1,00
1,13
0,86
180
0,97
0,81
0,79
média
0,78
0,87
0,75
NUTrição em pauta
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Análise Protéica de Feijão Comum (Phaseolus Vulgaris L.) em Diferentes Tempos de Armazenamento e Técnicas de Tratamento
O processo doméstico de maceração do feijão-comum, apesar de ser secular, é considerado empírico (OLIVEIRA et al., 2001). Para o caldo do feijão, o teor protéico obtido no TA 0 é o menor para todas as técnicas de tratamento, com valores de 0,34%, 0,45% e 0,36% para FCSM, FCCAM e FCSAM, respectivamente, com semelhança entre o FCSM e FCSAM. Os valores máximos obtidos para FCSM e FCCAM são oriundos de 135 dias de armazenamento, enquanto para FCSAM é com 90 dias. Nas três técnicas de tratamentos utilizadas, os resultados obtidos em relação ao tempo de armazenamento apresentaram-se dispersos quanto ao aumento ou à redução do conteúdo de proteína (Tabela 2).
O tempo de armazenamento é um fator importante nos teores de proteínas do feijão, pois pode acarretar redução de seus valores em função do tempo. O processo de maceração e de cocção influi em suas propriedades nutricionais” Dos Autores O teor de proteína pode ser afetado pela interação de fatores ambientais e genéticos. Durante o armazenamento as proteínas são degradadas, especialmente em condições de alta temperatura e umidade relativa (KIGEL, 1999). Tais fatores contribuem para a formação de ácidos nos tecidos dos grãos de feijão acarretando a diminuição no teor e na solubilidade das proteínas (DONADEL; PRUDENCIO-FERREIRA, 1999). Para o FCSAM, observou-se que a partir do TA 135 dias houve um decréscimo contínuo na solubilização das proteínas do grão para o caldo. Os fatores supracitados podem ter influenciado, tendo em vista que a temperatura e a umidade não foram controladas durante o armazenamento. Proteínas grãos x caldos - Ao comparar as concentrações de proteínas entre os grãos e os caldos, denota-se ampla variação, com predomínio elevado nos grãos (Tabelas 1 e 2). O processo de maceração ocasiona perda no teor protéico por lixiviação (YAMAGUISHI, 2008), sendo este fato observado na técnica do FCCAM pela difusão parcial da proteína dos grãos para o caldo. Comprova-se que ao preservar a água de maceração para o cozimento, o caldo apresenta-se com a maior concentração de proteína média (0,87%). Vale ressaltar que para TA 135 dias são obtidos os valores máximos, tanto para o grão quanto 48
NUTrição em pauta
para o caldo do FCSM e do FCCAM. Já para o FCSAM este valor foi encontrado com 90 dias para o caldo e com 0 dias para o grão. O processo de cocção faz com que o conteúdo celular seja solubilizado no meio do cozimento, e, consequentemente, reduz os níveis de nutrientes como das proteínas (EYARU; SHRESTHA; ARCOT, 2009). Assim, mesmo sem sofrer maceração ou com o descarte da água das amostras, pode-se observar, nos caldos de cozimento do FCSM e do FCSAM, a presença de proteína proveniente do interior dos grãos (Tabela 2). Nos grãos e nos caldos, não foi alterada pelo descarte da água de maceração para o cozimento. Infestação por pragas - No presente estudo deparou-se com a presença de pragas (carunchos) nos grãos de feijão no TA 90 dias e se utilizou de praguicidas após o fato. Bragantini (2005) afirma que baixos níveis de umidade (11 e 13%) e de temperatura, na etapa de armazenamento, favorecem a manutenção do produto, pois o metabolismo, de acordo com o processo respiratório, é reduzido e há inibição do desenvolvimento de microorganismos e insetos. Para o mesmo autor, os grãos são infestados, ainda no campo e são levados para o ambiente de armazenamento, e, desta forma, os métodos convencionais, como inseticidas, têm sido pouco eficientes. Devido à ausência de controle das condições de armazenamento (umidade do ar e temperatura), não é plausível correlacionar a presença destes insetos sobre a variação nos teores de proteínas observados.
Considerações Finais Considerada a análise realizada, infere-se que o tempo de armazenamento é um fator importante nos teores de proteínas do feijão, pois pode acarretar redução de seus valores em função do tempo. O processo de maceração e de cocção influi em suas propriedades nutricionais no que visa ao teor de proteína, pela variação da concentração deste nutriente. Quanto ao uso da técnica de tratamento para o cozimento do feijão, é indiferente estatisticamente entre seus valores protéicos. Entretanto, para o preparo doméstico, estudos demonstram que a qualidade do grão, quanto ao seu valor nutricional, eleva-se com o descarte da água de maceração para o cozimento por reduzir as limitações inerentes, como os fatores antinutricionais, e assim, proporcionar o aumento da digestibilidade das proteínas da leguminosa. Tecnologias para melhoramentos na produção e no armazenamento do feijão vêm sendo empregadas, e com isto, apresenta soluções quanto ao maior aproveitamento protéico pelo organismo com o consumo da leguminosa nutricaoempauta.com.br
Protein Analysis of Common Bean (Phaseolus Vulgaris L.) at Different Times of Storage and Techniques of Treatment
pela população, o que torna a alimentação mais proveitosa do ponto de vista nutricional. Os resultados apontam que a ingestão dos grãos é mais benéfica que a do caldo com relação à concentração de proteína. Neste contexto, salienta-se a necessidade de serem realizados novos estudos sobre o caldo do feijão, uma vez que prevalece a tradição de ingerir tanto o grão quanto o caldo deste alimento.
Sobre os Autores
Mariana Luiza Peruffo- Graduanda do curso de Nutrição da Faculdade Assis Gurgacz - FAG. Dra. Thais Mariotto Cezar - Nutricionista, Docente da Faculdade Assis Gurgacz - FAG. Mestre em Sistemas agroindustriais – UNIOESTE. Profa. Dra. Sabrine Zambiazi da Silva – Nutricionista, Docente da Faculdade Assis Gurgacz - FAG. Doutoranda em Sistemas agroindustriais – UNIOESTE.
Palavras-chave: valor nutricional, tratamento, proteína, armazenamento. Keywords: nutritional value, treatment, protein, storage.
Recebido: 17/2/2014 - Aprovado: 25/6/2014
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NUTrição em pauta
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gastronomia
Gastronomy techniques from le Cordon Bleu
por Chef Jean-Jacques Tranchant
Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu As receitas do Le Cordon Bleu apresentadas nesta edição são: - Vitela Salteada com Vegetais Baby e Molho Citrico - Purê de Batatas Novas e Pétalas de Legumes, Maionese de Coentro e Pimenta Dedo de Moça à Moda Peruana e Telha de Quinoa - Macarons de Framboesa, Pistache e Cerejas
Vitela Salteada com Vegetais Baby e Molho Citrico Pan-fried veal piccata with baby vegetables and citrus sauce Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
Modo de Preparo - 4 Porções 1.
2.
Molho citrico 1 echalota, finamente picada 100 ml de vinho branco Suco de 1 laranja 1 maracujá, sementes reservadas para decoração 500 ml de caldo de vitela escuro 20 g de manteiga sal, pimenta do reino moída na hora Purê de espinafre 500 g de espinafre 10 g de manteiga, derretida sal Vegetais baby 12 cenouras baby 12 pastinacas baby 2 abobrinhas baby 40 g de favas sem casca 40 g de ervilhas sem casca 6 tomates cereja sal 30 g de avelãs moidas 20 ml de azeite de oliva 50 ml de óleo vegetal 30 g de manteiga Vitela salteada 12 x 50 g escalopes de vitela, finamente fatiados Sal, pimenta do reino branca moída na hora 30 ml de manteiga clarificada
AGOSTO 2014
3.
4.
5.
Molho citrico: Aqueça as echalotas, o vinho branco, o suco de laranja e o suco de maracujá em fogo alto até que se reduza a uma consistência de xarope, cerca de 5 minutos. Adicione o caldo de vitela e reduza novamente até que o molho cubra as costas de uma colher, cerca de 10 minutos. Coe o molho e junte a manteiga. Tempere e mantenha aquecido. Purê de espinafre: lave e limpe os espinafres, retirando os cabinhos. Cozinhe as folhas de espinafre em água fervente e salgada até que fiquem murchas e cozidas, cerca de 20-30 segundos. Retire com a ajuda de uma colher perfurada e resfrie imediatamente em água gelada. Esprema bem as folhas para retirar o excesso de água fria e faça um purê utilizando um processador. Aqueça o purê, junte a manteiga e tempere com sal à gosto. Mantenha aquecido. Vegetais baby: Pré-aqueça o forno a 200ºC. Descasque as cenouras e corte uma tampa na parte de cima, reservando os cabinhos para decoração. Corte a parte superior das pastinacas, remova as extremidades das abobrinhas e fatie-as em 12 pedaços, cortando em ângulo. Traga água salgada à fervura e separadamente, cozinhe rapidamente cada vegetal até que fiquem macios, trocando a agua a cada vez (cerca de 3 minutos para as cenouras e pastinacas, 2 minutos para as abobrinhas e favas e 1 minuto para as ervilhas). Drene e reserve. Esprema delicadamente as favas para retirar as peles. Corte os tomates cereja ao meio, tempere com sal e polvilhe com as avelãs moidas o lado cortado dos tomates. Tempere-os com azeite e leve-os para assar por 3 minutos em uma assadeira. Aqueça o óleo em uma frigideira pequena em fogo alto. Adicione os cabinhos das cenouras e frite até que fiquem crocantes, cerca de 1 minuto. Aqueça a manteiga em outra frigideira e reaqueça o restante dos vegetais. Vitela salteada: Utilizando um martelo de carne, bata ligeiramente os escalopes de vitela ( pode utilizar tambem um rolo de abrir massa ou o fundo de uma frigdeira pequena e pesada) até que estes fiquem com aproximadamente 5 mm de espessura. Tempere com sal e pimenta do reino branca. Aqueça a manteiga clarificada em fogo alto e frite os escalopes de vitela por cerca de 30 segundos de cada lado, deixando-os ainda rosados. Retire qualquer excesso de gordura da frigideira e adicione o molho citrico para reaquecê-lo. Remova a panela do fogo e mantenha aquecido. Para servir: Coloque 3 pedaços de escalope em um prato. Arrume os vegetais ao redor e disponha algumas colheradas do purê de espinafre ao lado. Finalize com as sementes de maracujá reservadas polvilhadas sobre a vitela e salpique as cenoras com os cabinhos fritos.
NUTrição em pauta
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Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu
Purê de Batatas Novas e Pétalas de Legumes, Maionese de Coentro e Pimenta Dedo de Moça à Moda Peruana e Telha de Quinoa
Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
Mashed new potatoes and vegetable petals, Peruinspired cilantro and red chili mayonnaise, quinoa tuile Modo de Preparo - 8 Porções 1.
Purê de batatas com cebolinha: cozinhe as batatas no vapor com a casca. Descasque e amasse-as com a cebolinha picada. Adicione o creme de leite fresco e tempere com sal e pimenta do reino. Mantenha aquecido.
2. Pétalas de vegetais 1 cenoura ½ abobrinha ½ maço de rabanetes ½ beterraba amarela ½ beterraba vermelha ½ beterraba Choggia ( listada) Suco de 1 limão 50 ml de azeite de oliva sal, pimenta do reino Telha de quinoa 100 g de quinoa 100 g de manteiga 100 ml de suco de limão Raspas de 1/2 limão 100 g de açúcar cristal 100 g de açúcar 25 g de amido de milho 25 g de farinha de trigo Maionese de coentro e pimenta dedo de moça à moda peruana Maionese 2 gemas 1 colher de chá de mostarda vinagre 250 ml de óleo sal, pimenta do reino 1 pimenta dedo de moça ½ maço de coentro 3 dentes de alho, descascados Suco d 1 limão Decoração Pétalas de margarida cebolinha, cerofólio, dill
Pétalas de vegetais: fatie finamente a cenoura e a abobrinha usando uma mandolina. Branqueie separadamente cada vegetal em água fervente e salgada por alguns segundos, retire e dê um choque termico em água gelada. Fatie os rabanetes e as beterrabas em fatias finas e mantenha-os crus em água gelada (com pedras de gelo) para que fiquem crocantes.
3.
Telha de quinoa: Pré-aqueça o forno a 160°C. Lave a quinoa em água fria corrente. Coloque-a em uma panela com o dobro de volume de água. Traga à fervura, abaixe o fogo e cozinhe lentamente com a panela tampada por 12 a 15 minutos (a quinoa estará corretamente cozida quando dobrar em volume e o germe aparecer). Drene, passe por um processador para formar um purê e passe a quinoa através de uma peneira. Derreta a manteiga, adicione o suco de limão, os açúcares, o amido de milho, a farinha de trigo e o purê de quinoa. Espalhe o creme formando discos de 5 cm de diametro em cima de um tapete de silicone e asse por 5 minutos ou até que os discos fiquem dourados. Remova do forno e molde as telhas imediatamente.
4.
Maionese de coentro e pimenta dedo de moça à moda peruana: prepare a maionese- bata com um batedor de arame as gemas com a mostarda, sal e pimenta do reino. Adicione o óleo aos poucos em um fio, batendo sem parar até que a maionese ganhe consistência. Usando um pilão, forme uma pasta com a pimenta dedo de moça, coentro e dentes de alho. Junte o suco de limão. Misture à maionese.
5.
Para servir: Drene as fatias de vegetal e tempere com suco de limão, azeite de oliva, sal e pimenta do reino. Arrume um domo de purê de batatas com cebolinha no meio de um prato. Cubra o domo com as pétalas de vegetal, as pétalas de flores e as folhas do cerofólio, cebolinha e dill. Desenhe uma linha com a maionese de coentro e dedo de moça. Decore com folhas de dill e finalize o prato enfeitando com as telhas de quinoa.
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NUTrição em pauta
nutricaoempauta.com.br
gastronomia
Gastronomy techniques from le Cordon Bleu
por Chef Didier Chantefort
Macarons de Framboesa, Pistache e Cerejas
Modo de Preparo - 15 macarons pequenos 1.
Raspberry, pistachio and black cherry macaroons 2.
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Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
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5. 6.
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Massa de macaron 90 g de amêndoas moídas 150 g de açúcar de confeiteiro 75 g de claras de ovos 35 g de açúcar Corantes de alimentos nas cores vermelha ( para o rosa), verde e roxo Recheios Framboesa 100 g de pasta de amêndoas 50 g de manteiga, amolecida 10 ml de brandy de framboesas 60 g de purê de framboesas Pistache 50 g de pasta de pistache 50 g de manteiga, amolecida 100 g de amêndoas Cereja 100 g de pasta de amêndoas 60 g de manteiga, amolecida 60 g de purê de cerejas
AGOSTO 2014
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9.
Em uma tigela, junte as amêndoas moídas peneiradas e o açúcar de confeiteiro; reserve. Bata as claras em neve para fazer um merengue, mas sem juntar o açúcar no final. Junte delicadamente 1⁄4 da mistura de amêndoas moidas às claras, misturando com a ajuda de uma espátula para que as claras se misturem mas sem perder volume. Faça movimentos repetidos com a espátula raspando o fundo e a lateral da tigela, sempre girando a tigela em 1/4 de volta. Divida o restante dos ingredientes em 3 e misture cada parte da mesma maneira. Pare de mexer assim que a mistura ficar lisa e brilhante. Divida a massa em 3 tigelas separadas. Em cada uma, adicione 2 a 3 gotas de um corante diferente. Encha 3 sacos de confeitar com cada mistura, usando um bico simples redondo. Cubra uma assadeira com papel manteiga e faça bolinhas de 4 cm de diâmetro. Deixe os macarons em temperatura ambiente por 20-30 minutos. Pré-aqueça o forno a 160°C. Asse por 9 minutos, diminua o forno para 120 –130°C e continue assando por mais 9 minutos. Remova da assadeira e deixe os macarons esfriarem em cima de uma grade. Refrigere quando os biscoitos estiverem duros. Recheios: • Framboesa: Usando um batedor de arame, bata bem até amolecer a pasta de amêndoas juntamente com a manteiga amolecida. Adicione o brandy de framboesas e o purê de framboesas. Bata até ficar macio. Transfira para um saco de confeitar com um bico redondo e refrigere. • Pistache: Misture a pasta de pistache com a manteiga amolecida. Adicione a pasta de amêndoas e bata até ficar macio. Transfira para um saco de confeitar com um bico redondo e refrigere. • Cereja: Bata bem para amolecer a pasta de amêndoas juntamente com a manteiga amolecida. Adicione o purê de cerejas. Misture bem ate ficar macio. Transfira para um saco de confeitar com um bico redondo e refrigere. Com a ajuda do saco de confeitar, coloque um pouco do recheio de framboesa em cima de uma metade do macaron rosa; cubra com a outra metade do macaron. Repita a operação com o recheio de pistache e os macarons verdes, e o recheio de cereja com os macarons roxos.
Sobre o Autor
Chef Jean-Jacques Tranchant - Chef Pâtissier Le Cordon Bleu Paris
Palavras-chave: Vitela, Batatas, Framboesa Keywords: veal, potatoes Raspberry
Recebido: 10/05/2014 - Aprovado: 18/07/2014
NUTrição em pauta
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Nutrição
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EM PAUTA
normas para a publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições.
glês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências. O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .tif ou .jpg em resolução de 300 dpi. As tabelas, quadros, figuras e gráficos devem ser referidos em números arábicos. Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores pertençam. As referências e suas citações no texto devem seguir as normas específicas da ABNT, conforme instruções a seguir.
envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante.
referências (abnt nbr-6023/2002) a. Ordem da lista de referências – alfabética. b. Autoria – até três autores, colocar os três (sobrenome acompanhado das iniciais dos nomes) separados por ponto e vírgula (;). Ex.: CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. c. Mais de três autores, colocar somente o primeiro autor seguido de “et al.”. d. Títulos dos periódicos – abreviados segundo Index Medicus e em itálico. e. Exemplo de referência de artigo científico (para outros tipos de documentos, consultar a ABNT): POPKIN, B.M. The nutrition and obesity in developing world. J. Nutr., v.131, n.3, p.871S-873S, 2001. obs.: a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores.
apresentação do artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e in-
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citações (nbr10520/2002) a. Sobrenome do autor seguido pelo ano de publicação. Ex.: (WILLETT, 1998) ou “Segundo Willett (1998)”. b. Até três autores, citar os três separados por ponto e vírgula. Ex.: (CORDEIRO; GALVES; TORQUATO, 2002). c. Mais de três autores, citar o primeiro seguido da expressão “et al.”.
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