ISSN 1676-2274 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
R$ 30,00 • Outubro 2014 Ano 22 Número 128 Edição Impressa São Paulo
CLÍNICA
Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson
ESPORTE
Perda Hídrica em Boxeadores e Suas Implicações na Saúde e Desempenho
FUNCIONAIS
Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2
Influência do consumo de frutos ricos em antioxidantes na prevenção do envelhecimento cutâneo: uma revisão www.nutricaoempauta.com.br
OUTUBRO 2014
GASTRONOMIA | FOOD
| HOSPITALAR | PEDIATRIA | SAÚDE.PÚBLICA NUTrição em pauta
1
editorial por Sibele B. Agostini
Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão Cuidar da pele é uma preocupação que
palmente, em vitamina A, vitamina C, vitami-
acompanha o ser humano desde a antigui-
na E e em compostos fenólicos, como o ácido
dade, principalmente por motivos estéticos,
elágico. Este artigo aborda a literatura
visto que a pele, quando bem tratada, faz a
existente sobre o assunto e busca averiguar
pessoa apresentar-se mais jovem e saudável.
a influência da ingestão desses alimentos no combate aos processos de envelhecimento
A pele é constantemente afetada por agen-
cutâneo.
tes externos, sendo, continuamente exposta à radiação ultravioleta, principal respon-
Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2015
sável pelas queimaduras de sol e por inúme-
que será realizado em São Paulo, outubro de
ros casos de câncer de pele; além disso, tam-
2015 e já conta com parcerias com as princi-
bém sofre agressões de agentes endógenos,
pais entidades internacionais e nacionais do
como é o caso dos radicais livres, que acele-
setor. E também o 11º Fórum Nacional de Nu-
ram o processo de envelhecimento. Apesar
trição 2014, que será realizado nas principais
do organismo possuir mecanismos próprios
capitais do Brasil.
para combater a ação dos radicais livres, nosso sistema de defesa pode ser auxiliado pela ingestão de compostos antioxidantes externos, principalmente os existentes em determinados alimentos. O consumo de alimentos antioxidantes ajuda a fortalecer o
Boa leitura!
sistema de defesa do organismo, combate os radicais livres e contribui para retardar o envelhecimento cutâneo. Frutos como a romã, acerola, morango, framboesa, amora, cereja, pequi, avelã e castanha do Pará, se destacam como importantes fontes de nutrientes antioxidantes, sendo ricos, princi-
OUTUBRO 2014
Sibele B. Agostini Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região
NUTrição em pauta
3
nesta edição Outubro 2014
5. Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão. 11. Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson. 16. Perda Hídrica em Boxeadores e suas Implicações na Saúde e Desempenho. 22. Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2. 28. Evolução Clínica e Nutricional de Pacientes no Tratamento da Obesidade Mórbida no Pré e Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica em um Hospital Público de Belém-PA. 34. Existem Beneficios do Uso de Probioticos em Crianças com Sintomas da Intolerancia à Lactose? Uma Revisão. Assine: (11) 5041.9321 r.22 assinaturas@nutricaoempauta.com.br Fale Conosco: (11) 5041.9321 r.20 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br
39. A Nutrição e a Alimentação nas Sociedades Indígenas Brasileiras e a Necessidade de Atuação de Nutricionistas na Área 44. Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial. 51. Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu.
A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
ISSN 1676-2274
Ano 22 - número 128 - outubro 2014 - edição impressa
Editora Científica Diretor Gerente de Marketing e Eventos Conselho Científico
Consultor de Gastronomia Colaboradores Tradutora Fotógrafo Assinaturas Indexação Editoração Eletrônica
4
NUTrição em pauta
Publicação Bimestral da Núcleo Consultoria - Atualização Científca em Nutrição - R. Republica do Iraque, 1329 cj 11 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 nucleo@nutricaoempauta.com.br - www.nutricaoempauta.com.br Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Daniela Bossolani Agostini | marketing@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ), Prof. Dr. Antonio Herbert Lancha Junior (EEFE-USP/SP), Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefna Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Tais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP). Chef Didier Chantefort | LCB/PARIS Chef Barbara Kerr Chef Fabiana B. Agostini Dra. Cecília Tsukamoto Alexandre Agostini Flávia C. Teixeira | assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP João Paulo Baldoni Produzida em Outubro 2014
nutricaoempauta.com.br
Influence of the Consumption of Fruits Rich in Antioxidants in the Prevention of Skin Aging: A review
matéria de capa
Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão Resumo: Desde a antiguidade o ser humano se preocupa em cuidar da pele, sendo a estética um dos principais motivos. Os cuidados com a pele pode se dar tanto por meio de tratamentos estéticos, como pela ingestão de alimentos ricos em substâncias com propriedades antioxidantes. O consumo de alimentos antioxidantes ajuda a fortalecer o sistema de defesa do organismo, combate os radicais livres e contribui para retardar o envelhecimento cutâneo. Frutos como a romã, acerola, morango, framboesa, amora, cereja, pequi, avelã e castanha do Pará, se destacam como importantes fontes de nutrientes antioxidantes, sendo ricos, principalmente, em vitamina A, vitamina C, vitamina E e em compostos fenólicos, como o ácido elágico. Este artigo aborda a literatura existente sobre o assunto e busca averiguar a influência da ingestão desses alimentos no combate aos processos de envelhecimento cutâneo. Abstract: Since ancient times the human being cares about skin care, and aesthetics of the main reasons. The skin care can occur either through aesthetic treatments such as by eating foods rich in substances with antioxidant properties. The consumption of antioxidants helps strengthen the body’s defense system, fights free radicals and helps to slow the aging process. Fruits such as pomegranate, cherry, strawberry, raspberry, blackberry, cherry, pequis, hazelnuts and Brazil nuts, stand out as important sources of antioxidant nutrients, being rich mainly in vitamin A, vitamin C, vitamin E and phenolic compounds such as ellagic acid. This article discusses the OUTUBRO 2014
existing literature on the subject and seeks to ascertain the influence of the intake of these foods to combat the processes of aging.
Introdução Cuidar da pele é uma preocupação que acompanha o ser humano desde a antiguidade, principalmente por motivos estéticos, visto que a pele, quando bem tratada, faz a pessoa apresentar-se mais jovem e saudável (VITA, 2009). A pele é constantemente afetada por agentes externos, sendo, continuamente exposta à radiação ultravioleta, principal responsável pelas queimaduras de sol e por inúmeros casos de câncer de pele; além disso, também sofre agressões de agentes endógenos, como é o caso dos radicais livres, que aceleram o processo de envelhecimento. Apesar do organismo possuir mecanismos próprios para combater a ação dos radicais livres, nosso sistema de defesa pode ser auxiliado pela ingestão de compostos antioxidantes externos, principalmente os existentes em determinados alimentos. Segundo Hirata, Sato e Santos (2004), há evidências de que doenças causadas pelas reações oxidativas em sistemas biológicos podem ser retardadas pela ingestão de antioxidantes naturais encontrados na dieta. Da mesma forma, Boelsma et al. (2001) e Cosgrove et al. (2007) acreditam que a manutenção de uma pele saudável esteja relacionada a uma alimentação equilibrada. De acordo com Campos (2006), estudos laboratoriais e clínicos indicaram a utilidade de compostos antioxidantes no combate a várias doenças de pele, contriNUTrição em pauta
5
Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão buindo para ajudar, prevenir, retardar ou mesmo impedir certas mudanças degenerativas associadas ao processo de envelhecimento cutâneo, tais como a pele seca e escamosa e a formação de rugas. Pesquisas recentes têm sugerido efeito fotoprotetor de alimentos ricos em nutrientes antioxidantes, como as vitaminas C e E, os carotenoides e os ácidos fenólicos (BOELSMA et al., 2001). Estudos sugerem que a ingestão de frutos contendo nutrientes antioxidantes ajuda a reforçar o sistema de proteção natural do corpo e contribui para a saúde da pele e do organismo como um todo. A partir de tais considerações, o presente trabalho tem como principal objetivo apresentar uma revisão sobre estudos que abordam o assunto e investigar os possíveis efeitos do consumo de frutos ricos em antioxidantes na prevenção do envelhecimento da pele.
Metodologia Foram selecionados livros, periódicos e outras publicações científicas relacionadas ao escopo do tema. As pesquisas por meio eletrônico foram realizadas a partir de dados disponibilizados nos sítios PUB MED (http://www. netmed.com.br/), SciELO - Scientific Electronic Library (http://www.scielo.org/php/index.php) e ACADÊMICO (http://www.academicoo.com/). Foram incluídos estudos qualitativos e quantitativos. Com relação aos compostos antioxidantes, priorizou-se a busca por frutos ricos em vitamina A, vitamina C, vitamina E e ácido elágico; tais como romã, acerola, morango, framboesa, amora, cereja, pequi, avelã e castanha do Pará.
Resultados A Pele - A pele é o órgão de revestimento externo do corpo, composta por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. É responsável pela delimitação e proteção do organismo, sendo constituída por diversos tipos de células interdependentes responsáveis pela manutenção de sua estrutura normal (HIRATA; SATO; SANTOS, 2004; SARTORI, 2010). Além de atuar na síntese da vitamina D e na absorção e eliminação de substâncias químicas (HARRIS, 2003), a pele também tem relevante papel na autoestima e na qualidade de vida do ser humano. (OLIVEIRA et al., 2004). O envelhecimento da pele é o processo resultante do desgaste e da senescência das células que, por fim, termina em perda da viabilidade e morte, é afetado por programação genética e também pelos danos ambientais 6
NUTrição em pauta
e endógenos cumulativos que ocorrem ao longo de toda a vida do organismo (GILCHREST; KRUTMANN, 2007; LINTNER et al., 2009). O envelhecimento cutâneo ocorre basicamente por duas causas: pela passagem natural do tempo (envelhecimento intrínseco, ou envelhecimento cronológico) e por fatores ambientais que interagem com a pele (envelhecimento extrínseco), como é o caso do foto envelhecimento, provocado principalmente pela exposição ao sol. O envelhecimento cutâneo intrínseco ou cronológico é inevitável e causa mudanças estruturais e funcionais em todas as camadas da pele (BAUMANN, 2004). O envelhecimento extrínseco é causado por fatores ambientais como a exposição à radiação ultravioleta, poluição, consumo excessivo de álcool, tabagismo e má nutrição (BAUMANN, 2007; HIRATA; SATO; SANTOS, 2004). Radicais Livres e Antioxidantes - Proposta em 1956, a teoria dos radicais livres é uma das mais aceitas para explicar as causas do envelhecimento e baseia-se na falha do mecanismo antioxidativo natural (KEDE; SABATOVICH, 2009). Os radicais livres são produzidos ou absorvidos pelo organismo e circulam livremente pelo corpo. São moléculas muito reativas em virtude de possuírem elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron; com isso, causam danos aos tecidos pela reação com lipídios das membranas celulares, nucleotídeos do DNA e ligações sulfidril em proteínas (MACHLIN; BENDICH, 1987; SERRA, 2006). As lesões causadas pelos radicais livres nas células podem ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de compostos antioxidantes que podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função (SHAMI; MOREIRA, 2004, BIANCHI; ANTUNES, 1999). De maneira ampla, composto antioxidante é qualquer substância que, mesmo em baixas concentrações em relação ao substrato oxidável, é capaz de atrasar ou inibir esse substrato de forma eficaz e proteger o sistema biológico contra o efeito nocivo de processos ou reações que podem causar oxidação excessiva. (PRADO, 2009; MELO, 2010). Os antioxidantes podem ser enzimáticos ou não enzimáticos, como vitaminas, minerais e compostos bioativos. (GILCHREST; KRUTMANN, 2007; HUANG; OU; PRIOR, 2005). Dentre os compostos não enzimáticos, destacam-se a vitamina C, a vitamina E, os carotenoides e os compostos fenólico, como o ácido elágico, por exemplo (SHAMI; MOREIRA, 2004; MELO, 2010; SOARES, 2002; PRADO, 2009) . (TABELA 1) nutricaoempauta.com.br
matéria de capa
Big Stock Photo
Influence of the Consumption of Fruits Rich in Antioxidants in the Prevention of Skin Aging: A review
Tabela 1. Antioxidantes não enzimáticos
Vitamina C (ácido ascórbico)
Vitamina A (retinol)
Detoxifica os radicais livres das células e combate os processos oxidativos, sendo, portanto, um aliado na prevenção do envelhecimento da pele. Também exerce papel fundamental no crescimento e reparação do tecido conjuntivo e apresenta importante função antiaging, atuando na formação do colágeno, fibra que compõe 80% da derme e garante a firmeza da pele. Melhora o tônus muscular, protege a visão, auxilia o desenvolvimento ósseo, bem como o desenvolvimento e manutenção do tecido epitelial; exerce também ação protetora da pele e da mucosa, previne o câncer de pele, além de fortalecer o sistema imunológico e a defesa antioxidante. Auxilia nos processos de proliferação epidérmica, queratinização e peeling. Comumente encontrada em alimentos de origem animal. Os carotenoides presentes em vegetais folhosos verde-escuros e frutas amarelo-alaranjadas são convertidos em vitamina A pelo organismo.
(tocoferol)
A vitamina E (tocoferol) é um antioxidante lipossolúvel que tem a capacidade de prevenir e melhorar problemas cutâneos, especialmente aqueles causados pela exposição a raios UV. A vitamina E é encontrada principalmente em alimentos vegetais que possuem grande quantidade de óleos.
Ácido Elágico
O ácido elágico é um composto fenólico (hidroxibenzoico) que atua na prevenção de alterações celulares causadas pelos radicais livres. Esses compostos fenólicos são de considerável importância na dieta, pois podem inibir o processo de peroxidação lipídica O ácido elágico tem sido utilizado como um agente de branqueamento eficaz para a pele, sem que ocorram efeitos secundários indesejáveis.
Vitamina E
OUTUBRO 2014
NUTrição em pauta
7
Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão BAUMANN, 2004; LUNN, 2007; STEINER, 2002; COZZOLINO, 2009; HUANG; MILLER, 2007; SANTOS; CRUZ, 2001; BISSET, 2009; BIANCHI; ANTUNES, 1999; SARKAR, 2012; YOSHIMURA, 2005; NETZEL et al., 2007; CLIFFORD; SCALBERT, 2000. Frutos Ricos Em Antioxidantes - Pesquisas atuais destacam os frutos como fontes de antioxidantes naturais, capazes de proteger o organismo de doenças crônicas degenerativas e do envelhecimento precoce (PEREIRA et al., 2012; apud MORZELLE, 2012; KEDE; SABATOVICH, 2009). De acordo com Vasconcelos et al. (2006) e Kim et al. (2007), o consumo regular de frutas, vegetais e grãos com a presença de substâncias antioxidantes têm sido associado a efeitos benéficos à saúde. Dentre os frutos ricos em antioxidantes, destacam-se romã, acerola, morango, cereja, amora, framboesa, pequi, avelã e castanha do Pará. (TABELA 2) Tabela 2. Frutos e antioxidantes
8
Fruto
Antioxidantes Presentes
Romã (Punica granatum, L.)
Vitamina C, Ácido Elágico
Acerola
Vitamina C, Antocianinas, Carotenoides , Compostos fenólicos
Morango
Flavonoides, Antocianina
Cereja
Vitamina C, Flavonoides
Amora
Vitamina C, Ácidos Fenólicos, Betacaroteno
Framboesa
Gama Tocoferol (Vit.E), Antocianinas
Avelã
Vitamina E Vitamina C Carotenoides
Castanha do Pará
Vitamina E, Selênio
Pequi
Vitamina A (beta-caroteno) e vitamina C
JARDINI, 2007; JARDINI, 2010; OLIVEIRA,2009; FOWLER-JR. et al., 2010; FARRUKH et al., 2010; JURENKA, 2008; YOSHIMURA, 2005; PRADO, 2009; LIMA et al., 2005 VENDRAMINI; TRUGO, 2005; GOMES; FIGUEIREDO; QUEIROZ, 2004; YUNES; CALIXTO, 2001; ANTUNES, 2002; KLESK; QUIAN; MARTIN, 2004; SALGADO,2003; DELGADO, 2009; BURATTO et al., 2011; GONÇALVES et al., 2010
Conclusão O consumo de frutos ricos em compostos antioxidantes como as vitaminas A, C e E, e o ácido elágico, contribui para combater o envelhecimento cutâneo e reforça o sistema imunológico contra diversos tipos de doenças, sendo, portanto, importante para a saúde do organismo como um todo. Determinados frutos, como é o caso da romã, acerola, morango, cereja, amora, framboesa, pequi, avelã e castanha do Pará, ricas nas substâncias antioxidantes pesquisadas, ajudam a proteger o organismo contra ação dos radicais livres e contribuem para manter a pele jovem e saudável.
Sobre os Autores
NUTrição em pauta
Dra. Miriam Mariano dos Santos - Pós-graduada em Nutrição Clínica e Estética – IPGS: Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde - Brasília/DF. Profa. Dra. Eda Maria Arruda Scur - Professora do Curso de Especialização em Nutrição Clínica e Estética – IPGS: Instituto de Pesquisas Ensino e Gestão em Saúde.
Palavras-chave: ácido elágico; antioxidantes; radicais livres; pele; vitaminas. Keywords: ellagic acid, antioxidants, free radicals, skin, vitamins.
Recebido: 30/4/2014 - Aprovado: 27/06/2014
Referências
ANTUNES, L.E. Amora-preta: nova opção de cultivo no Brasil. Ciência Rural, v. 32, n.1, p. 151-158, 2002. BAUMANN, L. Dermatologia Cosmética: princípios e práticas. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. nutricaoempauta.com.br
Influence of the Consumption of Fruits Rich in Antioxidants in the Prevention of Skin Aging: A review
2007.
BAUMANN, L. Skin ageing and its treatment. J Pathol,
BIANCHI, M. L. P.; ANTUNES, L. M. G. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Revista de Nutrição. Campinas, v. 12, n.2, p. 123-130, 1999. BISSET, D.L. Common cosmeceuticals. Clin Dermatol, 27, 435-45. 2009. BOELSMA E, HENDRIKS HFJ, ROZA L. Nutritional skin care: health effects of micronutrients and fatty acids. Am J. Clin. Nutr., v.73, p. 853–64, 2001. BURATTO, A.P.; CARPES, S.T.; VECCHIA, P.D.; LOSS, E.M.; APPELT, P. Determinação da atividade antioxidante e antimicrobiana em castanha-do-pará (bertholletia excelsa). Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mourão, PR, v.2, n.1, p 60-65, 2011. CAMPOS, P.M.B.G.M. Vitaminas em Cosmeticos. Cosmetics & Toiletries, Ribeirão Preto, v.18, n6, p.52 e 54. 2006. CLIFFORD, M.N.; SCALBERT, A. Ellagitannins - nature, occurrence and dietary burden. Journal of Science of Food and Agriculture. v. 80. p. 1118-1125, 2000. COSGROVE, M.C.; FRANCO, O.H.; GRANGER, S.P.; MURRAY, P.G.; MAYES, A.E. Dietary nutrient intakes and skinaging appearance among middle-aged American women. Am. J. Clin. Nutr., v. 86, p. 1225–31, 2007. COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 3.ed. atual.e ampl. Editora Manole, São Paulo, 2009. DELGADO, T., Oliveira I., Pereira J.A., Ramalhoso E. Efeitos de diferentes solventes e tempos na extração de compostos antioxidantes presentes em avelãs (corylus avellana, I.). CIMO/Escola Superior Agrária de Bragança, Instituto Politécnico de Bragança. Ata do 9º encontro de química dos alimentos, Açores, Portugal, 2009. FARRUKH, A.; KHAN, N.; SYED, D.N.; MUKHTAR, H. Alimentação por via oral do extrato da fruta romã Inibe biomarcadores precoces de UVB Radiação carcinogênese induzida em SKH1 epiderme de camundongos sem pelo. Department of Dermatology, University of Wisconsin, Madison, v.86, 2010. FOWLER JR., J.F.; WOOLERY-LLOYD, H,; WALDORF, H.; SAINI, R. Innovations in natural ingredients and their use in skin care. University of Louisville, Division of Dermatology, Louisville. J. Drugs Dermatol. S.72-81; quiz s82-3. USA. 2010. GILCHREST, B.A.; KRUTMANN, J. Envelhecimento Cutâneo. Rio de janeiro, Guanabara Koogan, 2007. GOMES, P. M. A.; FIGUEIREDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M. Armazenamento da polpa de acerola em pó a temperatura ambiente. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.24,n. 3,p. 384-389, jul./set. 2004. GONÇALVES, G.A.S; VILAS BOAS, V.B.; RESENDE, J.V.; MACHADO, A.L.L.; VILAS BOAS, B.M. Qualidade do pequi submetido ao cozimento após congelamento por diferentes métodos e tempos de armazenamento. Rev. Ceres, Viçosa, v. 57, n.5, p. 581-588, set/out, 2010. HARRIS, M.I.N. de C. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento, São Paulo: Senac. 2003. HIRATA, L.L.; SATO, M.E.O.; SANTOS, C.A.M. Radicais Livres e o Envelhecimento Cutâneo. Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Departamento de Farmácia, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná. Ata OUTUBRO 2014
matéria de capa farmacêutica bonaerense vol. 23, n. 3, 2004. HUANG, C.K.; MILLER, T.A. The truth about over-thecounter topical ani-aging products: a comprehensive review. Aesthet Surg J, 27, 402-12; quiz 413-5. 2007. HUANG, D.; OU, B.; PRIOR, R.L. The chemistry behind antioxidant capacity assays. Journal of Agricultural and Food Chemistry, vol. 53. p. 1841-1856, 2005. JARDINI, F. A.; MANCINI FILHO, J. Artigo: Avaliação da atividade antioxidante em diferentes extratos da polpa e sementes da romã (punica granatum, l.). Rev. Bras. Cienc. Farm. São Paulo, v.43, n.1. jan./mar. 2007. JARDINI, F.A. et al. Compostos fenólicos da polpa e sementes de romã (punica granatum, L.): atividade antioxidante e protetora em células mdck. Alim. Nutr. Araraquara, São Paulo, v. 21, n. 4. out./dez. 2010. JURENKA, J. Therapeutic Applications of Pomegranate (Punicagranatum L.): a review. Alternative Medicine Review, v.13, n. 2, 2008. KEDE, M.P.V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo. Editora Atheneu. 2009. KIM, Y.; GIRAUD, D. W.; DRISKELL, J. A. Tocopherol and carotenoid contents of selected Korean fruits and vegetables. Journal of Food Composition and Analysis, Netherlands, v. 20, n. 6, p. 458-465, 2007. KLESK, K.; QUIAN, M.; MARTIN, R.R. Aroma extract dilution analysis of C.V. Meecker (Rubus ideaus, L.) red raspberries from Oregon and Washington. Journal of Agricultural and Food Chemistry, vol. 52, n. 16, 2004. LIMA, V.L.A.G.; MELO, E.A.; MACIEL, M.I.S.; PRAZERES, F.G.; MUSSER, R.S.; LIMA, D.E.S. Total phenolic and carotenoid contents in acerola genotypes harvested at three ripening stages. Food Chemistry, Barking, v. 90, p. 565-568, 2005. LINTNER, K.; MAS-CHAMBERLIN, C.; MONDON, P.; PESCHARD, O.; LAMY, L. Cosmeceuticals and active ingredients. Clin. Dermatol. 2009. LUNN, J. Nutrição e Envelhecimento Saudável. Nutrição em Pauta, n. 85, p. 05-09. São Paulo. Jul-Ago 2007. MACHLIN, L.J; BENDICH, A. Free radical tissue damage: protective role of antioxidants nutrients. The FASEB Journal, Behsda, v.1, n.6. 1987. MELO, P.S. Composição química e atividade biológica de resíduos agroindustriais. Dissertação (mestrado em Ciências) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010. MORZELLE, M.C. Resíduos de romã (punica granatum) na prevenção da doença de Alzheimer. 2012 - Dissertação de mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz. Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2012. NETZEL, M.; NETZEL, G.; TIAN, Q.; SCHWARTZ, S.; KONCZAK, I. Native Australian fruit - a novel source of antioxidants for food, Innovative Food Science & Emerging Technologies. Amsterdam, v. 8, p. 339-346, 2007. OLIVEIRA, A.C. et al. Fontes vegetais naturais de antioxidantes. ed. Quím. Nova, São Paulo, v. 32, n. 3. 2009. OLIVEIRA, D.A.G.C. et al. Protetores solares, Radiações e Pele. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v.16, n.2, p.68, mar/abr. 2004. PEREIRA, M.C.; STEFFENS, R.S.; JABLONSKI, A.; NUTrição em pauta
9
Influência do Consumo de Frutos Ricos em Antioxidantes na Prevenção do Envelhecimento Cutâneo: Uma Revisão HERTZ, P.F.; RIOS, A.; DE, O.; VIZZOTTO, M.; FLORES, S.H. Characterization and antioxidant potential of Brazilian fruits from the myrtaceae family. Journal of Agricultural and Food Chemistry, vol. 60, n. 12, 2012. PRADO, A. Composição fenólica e atividade antioxidante de frutas tropicais. 2009. 107 P. Dissertação de mestrado - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2009. SALGADO, J.M. O emprego da amora, framboesa, mirtilo e morango na redução do risco de doenças. In; 1º seminário brasileiro sobre pequenas frutas. Anais. Bento Gonçalves: Embrapa. Uva e vinho, 2003. SANTOS, H. S.; CRUZ, W.M.S. A terapia nutricional com vitaminas antioxidantes e o tratamento quimioterápico oncológico. Monografia apresentada no curso de Pós Graduação em Nutrição Clínica da Universidade Federal Fluminense. Revista Brasileira de Cancerologia, 2001. SARKAR R, S Chugh, Garg VK. Terapias mais novas e futuras para o melasma. Indiano J Dermatol Venereol Leprol, 2012. SARTORI, L.R.; LOPES, N.P.; GUARATINI, T. A química no cuidado da pele.– São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010. 92p. - Coleção Química no cotidiano, v. 5. 2010. SERRA, Silvia Regina; CAMPOS, Rosângela Galindo. Efeito Protetor do Licopeno. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, n,
21, vol. 4, p. 326-332. 2006. SHAMI, N. J. I. E.; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante. Revista de Nutrição. v. 17, n. 2, p. 227-236, 2004. SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista de Nutrição. v. 15, n.1, p. 71-81, 2002. STEINER, D. Vitaminas Antioxidantes e a Pele. Cosmetics & Toiletries, São Paulo, v.14, n.4, p.28, jul/ago. 2002. VASCONCELOS, S. M. L.; SILVA, A. M.; GOULART, M. O. F. Pró-antioxidantes e antioxidantes de baixo peso molecular oriundos da dieta: estrutura e função. Nutrire, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 95-118, 2006. VENDRAMINI, A.L.A.; TRUGO, L.C. Phenolic compounds in acerola fruit (Malpighia punicifolia, L.) Journal of the Brazilian Chemical Society. São Paulo, v. 15. n. 5. p. 664-668, 2005. VITA, Ana Carlota R. História da Maquiagem, da Cosmética e do Penteado: Em busca da perfeição. São Paulo: Anhembi/ Morumbi, 2009. YOSHIMURA, M. et. al. Inhibitory Effect of Ellagic AcidRich Pomegranate Extracton Tyrosinase Activity and UltravioletInduced Pigmentation. Bioscience, Biotechnology, and Biochemistry. Japão, v.69, n.12, 2005. YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas Medicinais: sob a ótica da Química Medicinal Moderna. Chapecó: Argos, 2001.
PEN - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E HGN PRODUÇÕES APRESENTAM PROGRAMA NUTRIAMIGOS EM DESENHO ANIMADO Um programa completo para ensinar as crianças a se alimentarem corretamente. O novo Kit do Programa Nutriamigos será distribuído gratuitamente para 3.000 escolas públicas que atendam crianças de 3 a 7 anos. Os Kits podem ser solicitados pelo site:
www.nutriamigos.com.br Patrocínio
Realização
clínica
Nutritional Aspects in Parkinson’s disease
Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson Resumo - O presente estudo teve por objetivo descrever os aspectos nutricionais na doença de Parkinson. Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciELO e PubMed, com utilização de artigos científicos publicados a partir de 2008. Portadores de doença de Parkinson frequentemente apresentam desnutrição, relacionada ao aumento da idade e à progressão da doença, com exceção dos indivíduos submetidos à estimulação cerebral profunda, que tendem a ganhar peso em excesso. A disfagia é frequente e está associada a prejuízos no estado nutricional. As principais deficiências nutricionais que acometem os mesmos são a de zinco, ferro, ferritina, vitamina B12, ácido fólico e vitamina D. A conduta nutricional deve minimizar os sintomas provocados pela disfagia e as deficiências nutricionais decorrentes da doença. Abstract - The aim of this study was to describe the nutritional aspects of Parkinson’s disease. Literature review was performed in the databases SciELO and PubMed, using scientific papers published since 2008. Holders of Parkinson’s disease often have malnutrition, associated with increased age and disease progression, except for individuals submitted to deep brain stimulation, that tend to gain excess weight. Dysphagia is common and is associated with impaired nutritional status. The main nutritional deficiencies are zinc, iron, ferritin, vitamin B12, folic acid and vitamin D. The nutritional intervention should minimize the symptoms caused by dysphagia and nutritional deficiencies caused by the disease.
Introdução A doença de Parkinson (DP) foi descrita por James Parkinson em 1817 e é uma enfermidade crônica e progressiva, caracterizando-se por bradicinesia, rigidez musOUTUBRO 2014
cular e tremores de repouso, decorrentes da disfunção dos neurônios secretores de dopamina. É mais frequente no sexo masculino, sendo que sua incidência aumenta acentuadamente com a idade, acometendo 17,4 a cada 100.000 pessoas entre 50 a 59 anos e 93,1 a cada 100.000 pessoas entre 70 a 79 anos (LEES; HARDY; REVESZ, 2009). Embora a sua patogênese seja desconhecida, estudos de coorte e caso-controle demonstraram que a dieta influencia no desenvolvimento da doença, sendo que o baixo consumo de vitamina B6 e C estão associados com risco aumentado para a sua gênese (MURAKAMI et al., 2010; LOGROSCINO et al., 2008). Por sua vez, a alta ingestão de vitamina E, β-caroteno, cafeína, vegetais, frutas e peixes têm sido relacionados como fatores de proteção para o desenvolvimento da doença (MIYAKE et al., 2011; LIU et al., 2012; OKUBO et al., 2012). A ocorrência de DP está diminuída também em indivíduos com níveis elevados de apolipoproteína-E e colesterol e em uso regular de estatinas (GAO et al., 2011; HUANG et al., 2011; GAO et al., 2012). Por tratar-se de uma doença ainda sem cura, o tratamento é de fundamental importância para a manutenção da qualidade de vida, sendo o apoio nutricional indispensável, uma vez que portadores de DP apresentam características decorrentes da enfermidade que interferem em sua alimentação. Considerando-se o exposto, o presente estudo teve por objetivo descrever os principais aspectos nutricionais na DP.
Metodologia Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciELO e PubMed, utilizando-se na busca o termo Parkinson’s disease associado aos vocábulos epidemiology, nutrition, nutritional status, body mass index, nutritional assessment, dysphagia, swallowing, deglutition, diet e nutritional therapy. Foram utilizados os artigos que se relacionaram com NUTrição em pauta
11
Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson
o objetivo da pesquisa, publicados em periódicos científicos a partir de 2008, totalizando 37 artigos.
Resultados Estado nutricional - A desnutrição em portadores de DP é frequente, sobretudo em mulheres, e sua prevalência aumenta de acordo com a idade e a progressão da doença (JAAFAR et al., 2010). A diminuição do índice de massa corporal (IMC) durante os primeiros seis meses do desenvolvimento da doença está relacionada com o aumento do risco de demências e do declínio cognitivo nos pacientes (KIM et al., 2012). Lorefält et al. (2009) verificaram, além da perda de massa muscular, grande diminuição de tecido adiposo, com redução secundária de leptina, uma vez que esse hormônio é sintetizado no mesmo. Como a leptina é um hormônio anorexígeno, a diminuição dos seus níveis pode estar associada ao aumento do apetite e da ingestão alimentar nesses pacientes, embora nem sempre esse efeito seja identificado. Embora ocorra aumento do gasto de energia, devido aos tremores involuntários que acometem os portadores de DP, a perda de peso está relacionada a uma combinação de fatores, e não apenas a esse aumento (DELIKANAKI-SKARIBAS et al., 2009). Por sua vez, Morales-Briceño et al. (2012) verificaram que o sobrepeso e a obesidade são comuns nesses pacientes, ao realizarem um estudo transversal com 177 portadores da doença no México.
A diminuição do índice de massa corporal (IMC) durante os primeiros seis meses do desenvolvimento da doença está relacionada com o aumento do risco de demências e do declínio cognitivo nos pacientes” Kim et al., 2012 Uma das técnicas utilizadas no tratamento da DP é a estimulação cerebral profunda, que consiste em um procedimento cirúrgico onde é implantado um dispositivo que fornece estimulação elétrica a determinadas regiões do cérebro, bloqueando os sinais que causam os sintomas motores da doença. Essa intervenção parece desregular temporariamente a secreção de grelina, que é um peptídeo orexígeno, e o aumento dos seus níveis está relacionado com o ganho de peso (MARKAKI et al., 2012). O 12
NUTrição em pauta
ganho ponderal associa-se também à diminuição do gasto de energia, uma vez que o tratamento cirúrgico reduz os movimentos involuntários (JORGENSEN et al., 2012), devendo-se levar em conta que o baixo ganho de peso nos três meses seguintes à cirurgia não é preditivo de baixo ganho de peso a longo prazo (BANNIER et al., 2009). Disfagia - A disfagia acomete cerca 30% de portadores de DP e está associada com a diminuição da função cognitiva, ao aumento da instabilidade postural, a distúrbios da marcha e a uma maior frequência de quedas (WALKER; DUNN; GRAY, 2011). É frequente em portadores da doença que apresentam disartria, sialorreia, no sexo feminino e em indivíduos com a presença de sintomas depressivos (PEREZ-LLORET et al., 2012; HAN et al., 2011). Como consequência há redução do apetite, que associado à dificuldades significativas na seleção de alimentos de fácil deglutição e a maior duração ao alimentar-se, provocam prejuízo no estado nutricional (LEOW et al., 2010). A refeição prolongada e a ejeção insuficiente de alimentos a partir da cavidade oral para a orofaringe estão associadas com a progressão da doença, sendo importante a avaliação da função de deglutição durante a fase oral e o ajuste da dieta para a prevenção da aspiração de alimentos (UMEMOTO et al., 2011). Deficiências nutricionais - Portadores de DP podem apresentar deficiências nutricionais decorrentes do desenvolvimento da doença. A deficiência de zinco é causada sobretudo pela ingestão inadequada desse mineral, devido à redução do consumo de carnes, que se constituem como uma fonte prontamente disponível de zinco, sendo as principais causas da ingestão reduzida a anosmia e a disfagia e tendo por consequência a diminuição da visão noturna e da resposta imune (BREWER et al., 2010). A deficiência de ferro, ferritina, vitamina B12 e ácido fólico também é frequente, sendo mais prevalentes em portadores com história familiar pregressa de DP. A deficiência de vitamina B12 e de ácido fólico pode ser devida à gastroparesia, que frequentemente acomete os portadores dessa doença, resultando em níveis elevados de homocisteína, com efeitos tóxicos sobre os neurônios dopaminérgicos (MADENCI et al., 2012), sendo que a hiperhomocisteinemia pode ser decorrente também da utilização de levodopa, fármaco utilizado no tratamento da enfermidade para a melhora do controle muscular e da resposta cognitiva (BELCASTRO et al., 2010). A prevalência de insuficiência de vitamina D é alta e nos idosos há o agravante de que essa deficiência esteja relacionada a maior incidência de osteoporose, quedas e fraturas de quadril (EVATT et al., 2008). Segundo Evatt et nutricaoempauta.com.br
clínica
Big Stock Photo
Nutritional Aspects in Parkinson’s disease
al. (2011), seus níveis séricos aumentam com a progressão da doença, diferentemente do encontrado por Suzuki et al. (2012), que identificou maiores níveis de vitamina D e de seus receptores nas formas mais leves da doença. Conduta nutricional - O acompanhamento do estado nutricional é fundamental para o tratamento da DP. Devem ser monitorados o peso, o IMC, as circunferências corporais, o consumo alimentar, os exames bioquímicos e a presença de disfagia e constipação (BARICHELLA et al., 2008; BARICHELLA et al., 2013; CEREDA et al., 2013). Nos casos mais graves da doença, em que os sintomas impedem uma correta aferição da estatura com o indivíduo em posição ortostática, tal medida antropométrica pode ser mensurada pela utilização da altura do joelho (BARICHELLA et al., 2008). Em portadores de DP os índices antropométricos de distribuição de gordura corporal nem sempre se correlacionam com parâmetros de predição de risco cardiovascular (CEREDA et al., 2013). Nos casos de portadores submetidos à estimulação cerebral profunda é fundamenOUTUBRO 2014
tal que a intervenção nutricional previna ou reverta o ganho de peso excessivo (GUIMARÃES et al., 2009). A utilização da Mini Avaliação Nutricional constitui-se em um instrumento que pode ser aplicado para a identificação de risco de desenvolvimento de desnutrição nesses pacientes (WANG et al., 2010). Na DP, a ingestão de alimentos sólidos é mais facilmente conduzida, seguida pelas consistências pastosa e líquida, atentando para a necessidade de modificação da consistência da dieta no planejamento alimentar (GASPARIM et al., 2011). A promoção da ingestão de alimentos-fonte e/ou a suplementação de vitaminas e minerais que se apresentam deficientes deve ser realizada. Para portadores da doença com hiperhomocisteinemia deve ser utilizada a vitamina B6, seja por meio da alimentação ou pelo uso de suplemento (SANTOS et al., 2009). A absorção de proteínas pode ser prejudicada quando ingerida conjuntamente com levodopa, sendo necessária a orientação ao portador da doença para que a admiNUTrição em pauta
13
Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson
nistração do medicamento seja realizada fora do horário das refeições. Estudos sugerem que uma dieta normoproteica, com substituição das proteínas de origem animal por proteínas de origem vegetal proporcionam a melhora da performance motora e da produtividade em portadores de DP (BARONI et al., 2011; RENOUDET; COSTA-MALLEN; HOPKINS, 2012). Estratégias que visem um consumo alimentar adequado, como a adaptação de talheres, a melhora da postura ao alimentar-se, o estímulo dos sentidos e uma consistência que facilite a deglutição devem ser promovidas, uma vez que um estado nutricional adequado está intimamente relacionado à qualidade de vida na DP.
Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Profa. Dra. Marcia Nacif - Nutricionista pela Universidade de São Paulo, especialista em Nutrição Hospitalar pelo HCFMUSP, mestre em Nutrição Humana Aplicada e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e do Centro Universitário São Camilo.
Palavras-chave: Doença de Parkinson, desnutrição, disfagia. Keywords: Parkinson’s disease, malnutrition, dysphagia.
Conclusões Portadores de DP frequentemente apresentam desnutrição, relacionada ao aumento da idade e à progressão da doença, com exceção dos indivíduos submetidos à estimulação cerebral profunda, que tendem a ganhar peso em excesso, devido ao aumento dos níveis de grelina e à diminuição no gasto de energia. A disfagia é frequente e está associada a prejuízo no estado nutricional. As principais deficiências nutricionais que acometem os mesmos são a de zinco, ferro, ferritina, vitamina B12, ácido fólico e vitamina D. Para a avaliação do estado nutricional devem ser monitorados o peso, o IMC, as circunferências corporais e os exames bioquímicos. Assim, o nutricionista deve realizar a avaliação antropométrica e por meio destas medidas, manter ou recuperar o estado nutricional do paciente, adequar a consistência da dieta se o portador de DP apresentar disfagia, de acordo com o grau apresentado, assim como avaliar a necessidade de suplementação de vitaminas e minerais que se apresentam deficientes.
Sobre os Autores
Juliana de Jesus Costa - Acadêmica do curso de Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Alisson Diego Machado - Acadêmico do curso de Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Patricia Vieira Pio Moreira - Acadêmica do curso de Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ana Carolina de Oliveira - Acadêmica do curso de Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Priscila dos Santos Boaventura - Acadêmica do curso de Nutrição pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Edilene Vitorino Olivon - Acadêmica do curso de 14
NUTrição em pauta
Recebido: 8/5/2014 - Aprovado: 25/06/2014
Referências
BANNIER, S. et al. Overweight after deep brain stimulation of the subthalamic nucleus in Parkinson disease: long term follow-up. J Neurol Neurosurg Psychiatry, v.80, n.5, p.484-488, 2009. BARICHELLA, M. et al. Mini Nutritional Assessment in patients with Parkinson’s disease: correlation between worsening of the malnutrition and increasing number of disease-years. Nutr Neurosci, v.11, n.3, p.128-134, 2008. BARICHELLA, M. et al. Nutritional status and dietary habits in Parkinson’s disease patients in Ghana. Nutrition, v.29, n.2, p.470-473, 2013. BARONI, L. et al. Pilot dietary study with normoproteic proteinredistributed plant-food diet and motor performance in patients with Parkinson’s disease. Nutr Neurosci, v.14, n.1, p.1-9, 2011. BELCASTRO, V. et al. Hyperhomocysteinemia recurrence in levodopa-treated Parkinson’s disease patients. Eur J Neurol, v.17, n.5, p.661-665, 2010. BREWER, G. J. et al. Subclinical zinc deficiency in Alzheimer’s disease and Parkinson’s disease. Am J Alzheimers Dis Other Demen, v.25, n.7, p.572-575, 2010. CEREDA, E. et al. Anthropometric indices of fat distribution and cardiometabolic risk in Parkinson’s disease. Nutr Metab Cardiovasc Dis, v.23, n.3, p.264-271, 2013. DELIKANAKI-SKARIBAS, E. et al. Daily energy expenditure, physical activity, and weight loss in Parkinson’s disease patients. Mov Disord, v.24, n.5, p.667-671, 2009. EVATT, M. L. et al. High prevalence of hypovitaminosis D status in patients with early Parkinson disease. Arch Neurol, v.68, n.3, p.314-319, 2011. EVATT, M. L. et al. Prevalence of vitamin D insufficiency in patients with Parkinson disease and Alzheimer disease. Arch Neurol, v.65, n.10, p.1348-1352, 2008. GAO, J. et al. Apolipoprotein E genotypes and the risk of Parkinson disease. Neurobiol Aging, v.32, n.11, p.2106.e1-2106.e6, 2011. GAO, X. et al. A prospective study of statin use and risk of Parkinson disease. Arch Neurol, v.69, n.3, p.380-384, 2012. GASPARIM, A. Z. et al. Deglutição e tosse nos diferentes graus da doença de Parkinson. Arq Int Ororrinolaringol, v.15, n.2, p.181-188, 2011. GUIMARÃES, J. et al. Modulation of nutritional state in parkinsonian patients with bilateral subthalamic nucleus stimulation. J Neurol, v.256, n.12, p.2072-2078, 2009. HAN, M. et al. Relationship between dysphagia and depressive states in patients with Parkinson’s disease. Parkisonism Relat Disord, v.17, n.6, p.437-439, 2011. HUANG, X. et al. Serum cholesterol and the progression of Parkin-
nutricaoempauta.com.br
clínica
Nutritional Aspects in Parkinson’s disease
son’s disease: results from DATATOP. PLoS One, v.6, n.8, p.e22854, 2011. JAAFAR, A. F. et al. A cross-sectional study of the nutritional status of community-dwelling people of idiophatic Parkinson’s disease. BMC Neurol, v.10, p.124, 2010. JORGENSEN, H. U. et al. Free-living energy expenditure reduced after deep brain stimulation surgery for Parkinson’s disease. Clin Physiol Funct Imaging, v.32. n.3, p.214-220, 2012. KIM, H. J. et al. Relationship between changes of body mass index (BMI) and cognitive decline in Parkinson’s disease (PD). Arch Gerontol Geriatr, v.55, n.1, p.70-72, 2012. LEOW, L. P. et al. The impact of dysphagia on quality of life in ageing and Parkinson’s disease as measured by the Swallowing Quality of Life (SWAL-QOL) Questionnaire. Dysphagia, v.25, n.3, p.216-220, 2010. LEES, A. J.; HARDY, J.; REVESZ, T. Parkinson’s disease. Lancet, v.373, n.9680, p.2055-2066, 2009. LIU, R. et al. Caffeine intake, smoking, and risk of Parkinson disease in men and women. Am J Epidemiol, v.175, n.11, p.1200-1207, 2012. LOGROSCINO, G. et al. Dietary iron intake and risk of Parkinson’s disease. Am J Epidemiol, v.168, n.12, p.1381-1388, 2008. LOREFÄLT, B.; TOSS, G.; GRANÉRUS, A. K. Weight loss, body fat mass, and leptin in Parkinson’s disease. Mov Disord, v.24, n.6, p.885-890, 2009. MADENCI, G. et al. Serum iron, vitamin B12 and folic acid levels in Parkinson’s disease. Neurochem Res, v.37, n.7, p.1436-1441, 2012. MARKAKI, E. et al. The role of ghrelin, neuropeptide Y and leptin peptides in weight gain after deep brain stimulation for Parkinson’s disease. Stereotact Funct Neurosurg, v.90, n.2, p.104-112, 2012. MIYAKE, Y. et al. Dietary intake of antioxidant vitamins and risk of Parkinson’s disease: a case-control study in Japan. Eur J Neurol, v.18, n.1,
p.106-113, 2011. MORALES-BRICEÑO, H. et al. Overweight is more prevalent in patients with Parkinson’s disease. Arq Neuropsiquiatr, v.70, n.11, p.843-846, 2012. MURAKAMI, K. et al. Dietary intake of folate, vitamin B6, vitamin B12 and riboflavin and risk of Parkinson’s disease: a case-control study in Japan. Br J Nutr, v.104, n.5, p.757-764, 2010. OKUBO, H. et al. Dietary patterns and risk of Parkinson’s disease: a case-control study in Japan. Eur J Neurol, v.19, n.5, p.681-688, 2012. PEREZ-LLORET, S. et al. Oro-buccal symptons (dysphagia, dysarthria, and sialorrhea) in patients with Parkinson’s disease: preliminary analysis from the French COPARK cohort. Eur J Neurol, v.19, n.1, p.28-37, 2012. RENOUDET, V. V.; COSTA-MALLEN, P.; HOPKINS, E. A diet low in animal fat and rich in N-hexacosanol and fisetin is effective in reducing symptoms of Parkinson’s disease. J Med Food, v.15, n.8, p.758-761, 2012. SANTOS, E. F. et al. Evidence that folic acid deficiency is a major determinant of hyperhomocysteinemia in Parkinson’s disease. Metab Brain Dis, v.24, n.2, p.257-269, 2009. SUZUKI, M. et al. 25-hydroxyvitamin D, vitamin D receptor gene polymorphisms, and severity of Parkinson’s disease. Mov Disord, v.27, n.2, p.264-271, 2012. UMEMOTO, G. et al. Impaired food transportation in Parkinson’s disease related to lingual bradykinesia. Dysphagia, v.26, n.3, p.250-255, 2011. WALKER, R. W.; DUNN, J. R.; GRAY, W. K. Self-reported dysphagia and its correlates within a prevalent population of people with Parkinson’s disease. Dysphagia, v.26, n.1, p.92-96, 2011. WANG, G. et al. Malnutrition and associated factors in Chinese patients with Parkinson’s disease: results from a pilot investigation. Parkinsonism Relat Disord, v.16, n.2, p.119-123, 2010.
Seja voluntário do Programa Adotei um Sorriso. E descubra que não existe recompensa melhor do que a alegria. Adote um Sorriso. Seja voluntário da Fundação Abrinq. Você que é dentista, psicólogo, fonoaudiólogo, pediatra, nutricionista, oftalmologista e apaixonado pelo que faz pode fazer parte da equipe de voluntários da Fundação Abrinq e se dedicar a crianças e adolescentes que precisam de auxílio. A recompensa, não tenha dúvida, vem em sorrisos. Inscreva-se pelo www.fundabrinq.org.br/adotei Atuando no seu consultório ou dentro de organizações sociais, você vai fazer a diferença.
Perda Hídrica em Boxeadores e Suas Implicações na Saúde e Desempenho
Perda Hídrica em Boxeadores e suas Implicações na Saúde e Desempenho Resumo - O presente estudo teve como objetivo identificar o estado de hidratação de boxeadores a partir da variação de peso corporal pré e pós treino. A análise de perda hídrica ocorreu durante 12 dias úteis e a ingestão de água pelos atletas foi monitorada e controlada pelos pesquisadores. Foram avaliados o percentual de perda de peso e a taxa de sudorese dos atletas. Observou-se que a média do percentual de perda de peso dos boxeadores variou de 1,4 a 2,1%, e a taxa de sudorese de 5,6 a 10,9 mL/min. Todos os participantes da pesquisa apresentaram desidratação mínima (-1 a -3). Sugere-se monitoramento constante dos níveis de hidratação dos atletas a fim de evitar danos à saúde e ao desempenho dos boxeadores. Abstract - This study aimed to identify the state of hydration of boxers from the variation of body weight pre and post workout. The analysis of water loss occurred for 12 days and water intake by athletes was monitored and controlled by the researchers. The percentage of weight loss and sweat rate of athletes were evaluated. It was observed that the average percentage of weight loss boxers ranged between 1.4 and 2.1%, and sweating rate from 5.6 to 10.9 mL / min. All research participants had minimal dehydration (-1 to -3). Constant monitoring of levels of hydration of athletes is suggested in order to avoid damage to the health and performance of the boxers.
Introdução O boxe é um dos esportes mais antigos do mundo. A palavra deriva do inglês to Box que significa “bater”, ou “bater com os punhos” (PERÓN et al., 2009). Um dos mo16
NUTrição em pauta
tivos que torna o boxe um esporte não muito admirado é que ele tem o estigma de ser uma modalidade praticada por pessoas de baixo nível sociocultural e econômico, o que faz com que todos os profissionais que trabalham com estes atletas tenham que desenvolver técnicas e habilidades que facilitem o bom entendimento do indivíduo frente ao trabalho que está sendo desenvolvido. Por estas características, os atletas são mais suscetíveis a obter informações errôneas sobre alimentação, e hidratação, e acreditam em determinados mitos, comprometendo assim seu estado nutricional (NUNES, 2014). O peso corporal dos boxeadores é uma preocupação constante entre atletas e membros da equipe técnica, uma vez que é um dos principais fatores que influenciam no rendimento físico ou na classificação para uma determinada categoria. No dia da pesagem, estar fora do peso previsto para a categoria resulta em desclassificação. Isto obriga o boxeador a reduzir o seu peso corporal, às vezes em questão de horas. Em virtude dessa característica da modalidade, muitas vezes os atletas manipulam suas composições corporais (LIMA; HIRABARA, 2013; PERÓN et al., 2009). Para os boxeadores, a desidratação crônica passa a ser uma conduta comum durante temporadas competitivas. Os competidores perdem intencionalmente uma quantidade considerável de líquidos para que possam realizar o combate com peso corporal mais baixo (PERÓN et al., 2009). Nos dias que precedem a pesagem, a ingestão de líquidos para alguns atletas é totalmente restrita (LIMA; HIRABARA, 2013). Segundo Silva; Silveira e Barbosa (2012), quando a taxa de sudorese se eleva durante a prática de exercícios físicos, ocorre significativa perda hídrica, resultando em fadiga, hipertermia, sendo necessário que os líquidos corporais perdidos sejam repostos. De acordo com Lima nutricaoempauta.com.br
Big Stock Photo
Perda Hídrica em Boxeadores e Suas Implicações na Saúde e Desempenho e Hirabara (2013), uma desidratação em um nível maior pode gerar redução acentuada no desempenho por hipo-hidratação, causando diminuição da volemia, do rendimento cardíaco, da pressão arterial e da termorregulação. Considerando a relevância da ingestão hídrica em boxeadores, o presente estudo teve como objetivo avaliar o estado de hidratação destes atletas a partir da variação de peso corporal pré e pós treino.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, em que participaram 11 atletas, com idades entre 17 e 25 anos, das classes juvenil e adulto, de uma equipe de boxe de um clube esportivo localizado na cidade de São Paulo. Os atletas foram classificados de acordo com a categoria de peso proposta pela International Boxing Association (2012). Os participantes foram informados e orientados com antecedência sobre a realização do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário São Camilo, sob número 096/06. A análise de perda hídrica ocorreu durante 12 dias úteis e a ingestão de água pelos atletas foi monitorada e controlada pelos pesquisadores. O tempo de treinamento dos atletas foi equivalente a 165 minutos no período da manhã e o mesmo tempo no período da tarde. Os atletas foram pesados antes e imediatamente após o treino. O peso foi aferido em balança eletrônica da marca Toledo® com capacidade de até 200 Kg. Posteriormente à pesagem, o percentual de perda de peso e a taxa de sudorese foram calculados, segundo as seguintes fórmulas: % Perda de Peso (%PP): Peso Inicial – Peso Final x 100/Peso Inicial; Taxa de sudorese (TS): Peso perdido (mL)/ tempo (min).
Resultados e Discussão A amostra total foi composta por 11 boxeadores, com idade média de 18,7 anos (± 2,0). Observa-se na Tabela abaixo que a média do percentual de perda de peso dos boxeadores variou de 1,4 a 2,1%, sendo a média de 1,7 %. Tais dados são muito semelhantes aos encontrados no estudo de Silva; Silveira e Barbosa (2012), que avaliou judocas, e encontrou média de 1,78%. Tabela 1. Dados referentes à hidratação dos atletas: peso perdido (Kg), % perda de peso, perda hídrica (mL) e taxa de sudorese (mL/min). São Paulo, 2014. 18
NUTrição em pauta
Atleta
Peso perdido (Kg)
% PP
Perda hídrica (mL)
TS (mL/ min)
1
1,0
1,7
1000
5,6
2
1,0
1,6
1000
5,8
3
0,8
1,5
800
5,8
4
1,9
1,7
1900
7,2
5
1,1
1,5
1100
6,9
6
1,9
2,1
1900
8,7
7
1,5
1,8
1500
8,1
8
1,5
1,8
1500
10,9
9
1,3
1,8
1300
6,4
10
1,4
1,4
1400
7,9
11
0,9
1,8
900
7,2
Média
1,3
1,7
1300
7,3
Verificou-se taxa de sudorese entre 5,6 e 10,9 mL/ min e peso perdido entre 0,8 Kg a 1,9 Kg. A taxa de sudorese média dos boxeadores foi de 7,3mL/min, inferior ao valor que foi observado na pesquisa de Marcelio et al. (2013), com lutadores de Muay Thai, em que a média de sudorese foi de 35,41mL/mim. Cezar; Gianesi e Rossi (2007) ao avaliar alunos de body combaty, encontrou média semelhante a de nosso estudo (8,1 ml/min ± 3). Quanto à porcentagem de perda de peso, os referidos autores encontraram média de 0,8% (± 0,4), inferior ao verificado na presente pesquisa. Outros estudos apresentaram porcentagem de redução de peso corporal mais acentuada, como no caso do trabalho realizado por Nunes e Bernardi (2012) com judocas, que encontraram variação de 4% a 10%. A grande diferença na taxa de sudorese e porcentagem de perda de peso corporal entre atletas pode ser explicada por fatores individuais, assim como por questões relacionadas à situação ambiental (MARCELIO et al, 2013). Segundo Ferreira et al. (2010), os níveis de condi cionamento, ou seja, se o indivíduo é atleta ou não, também interferem na taxa de sudorese, e na perda hídrica. Sabe-se por exemplo que atletas eliminam mais líquido que não-atletas para uma mesma condição térmica. A elenutricaoempauta.com.br
Water Loss in Boxers and Its Implications For Health and Performance
esporte
Big Stock Photo
vada taxa de sudorese em atletas, provavelmente se deve a uma maior eficiência regulatória. É fundamental destacar que as pequenas taxas de sudorese e porcentagem de perda de peso observadas no presente estudo também podem ser elucidadas pela constante orientação dos profissionais (principalmente, o nutricionista) que integram à equipe de boxeadores (MARCELIO et al., 2013). Considerando que o suor é um dos principais mecanismos fisiológicos da termorregulação, identificar sua perda se faz necessário, pois por meio dela pode-se melhor estabelecer a quantidade total de líquidos que um indivíduo deve ingerir durante sua prática de exercício, assim como após o término da atividade, a fim de se evitar quadros de desidratação (MARCELIO et al., 2013) Além da perda de água pelo suor, perde-se também outros componentes, como o sódio, cloreto, magnésio e potássio. Mesmo com uma perda de 2% do peso corporal, pode haver comprometimento no desempenho do atleta ou praticante de atividade física (PERÓN, 2009). Quando há perdas entre 1 e 2% do peso corporal, devido ao processo de desidratação, já ocorre aumento da temperatura do organismo em 0,4 °C para cada percentual subsequente de desidratação (CARVALHO; MARA, 2010). Para cada perda de peso equivalente a 1%, tem-se a elevação da temperatura corporal em cerca de 0,15 a 0,20ºC (SILVA; SILVEIRA; BARBOSA, 2012). Em casos de perda de menos de 1% do peso corporal, já ocorrem alguns sintomas fisiológicos como sede aumentada e falta de apetite. A desidratação pode afetar a função cognitiva, compreendida como as fases pelas quais as informações são processadas: percepção, aprendizagem, memória, atenção, vigilância, raciocínio e solução de problemas, incluindo funcionamento psicomotor (tempo de reação, tempo de movimento e velocidade de desempenho) (REIS; SEELAENDER; ROSSI, 2010). Considerando os diversos estudos sobre desidratação de atletas, sugere-se que os boxeadores estudados, provavelmente já apresentavam sede, falta de apetite e elevação da temperatura corporal. A Tabela 2 mostra que todos os participantes da pesquisa apresentaram desidratação mínima (-1 a -3). O boxe é uma atividade em que ocorre grande perda hídrica, involuntária e intencional devido à necessidade de perda de peso, exigindo então cuidados quanto ao grau de hidratação de seus praticantes (PERÓN, 2009). Segundo Nunes e Bernardi (2012) a privação de fluidos cria um efeito fisiológico adverso e sinérgico no organismo do lutador, enfraquecendo-o para a competição. Por estarem sempre em controle rígido de peso, a hidratação acaba sendo negligenciada não só pelos atleOUTUBRO 2014
NUTrição em pauta
19
Perda Hídrica em Boxeadores e Suas Implicações na Saúde e Desempenho tas, mas também pela equipe técnica. É normal nestes esportes, ver técnicos que não permitem a ingestão de água durante os treinos, colocando em risco a saúde do atleta. Assim o nutricionista deve sempre estar monitorando os níveis de hidratação e alertando a equipe sobre os riscos que estas condutas trazem (NUNES, 2014). É importante que os atletas continuem hidratando-se durante a atividade, e até mesmo aumentem a quantidade ingerida, pois ainda é comum encontrar atletas que consomem pouco líquido durante as atividades (MARCELIO et al., 2013). A necessidade diária de água varia individualmente, sendo influenciada por uma série de fatores, como as condições ambientais e as características da atividade física, como duração da sessão, intensidade do exercício e a necessidade de vestimentas (CARVALHO; MARA, 2010; CARMO; MARINS; PELUZIO, 2014). Tabela 2. Estado de hidratação dos boxeadores. São Paulo, 2014. Estado de hidratação
% perda de peso corporal*
N
%
Euidratação
>5
0
0
Euidratação
+1a–1
0
0
Desidratação mínima
-1a-3
12
100
Desidratação significativa
-3a-5
0
0
Desidratação grave
>5
0
0
* Casa et al., 2000
Conclusão O uso de solução de reposição oral, é uma recomendação que obrigatoriamente deve ser seguida, pois permite a adequada reposição de água, energia (carboidrato simples) e eletrólitos (principalmente o sódio) (CARVALHO; MARA, 2010). Assim, estabelecer estratégias para uma correta hidratação tanto antes, durante e após a atividade física, são essenciais a fim de evitar danos à saúde do atleta, pois com o crescente interesse do público pelos esportes de combate, é fundamental que os nutricionistas desbravem esses esportes para que o espaço do profissional seja cada vez mais amplo dentro da nutrição esportiva. 20
NUTrição em pauta
Sobre os Autores
Dra. Priscila Carrillo Leandrini – Nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo. Profa. Dra. Marcia Nacif – Profa. do Centro Universitário São Camilo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Dra. Alessandra Paula Nunes - Nutricionista Especialista em Nutrição Clínica e Mestre em Cardiologia – Sociedade Esportiva Palmeiras. Juan Francisco Garcia Alvarez – Educador Físico e especialista em Boxe – Treinador da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Palavras-chave: Desidratação, perda de peso; Exercício. Keywords: Dehydration, weight loss; Exercise.
Recebido: 16/6/2014 - Aprovado: 28/8/2014
Referências
CASA, D.J. et al. National Athletic Trainers’Association position statement: fluid replacement for athletes. J. Athl. Train., v. 35, n. 2, p. 212-224, 2000. CARVALHO, T.; MARA, L.S. Hidratação e nutrição no esporte. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 16, n. 2, p. 144-148, 2010. CARMO, M.C.L.; MARINS, J.C.B.; PELUZIO, M.C.G. Intervenção Nutricional em Atletas de Jiu-Jitsu. R. Bras. Ci. e Mov., v.22, n.2, p. 99-118, 2014. CEZAR, T.M.; GIANESI, G.C.P.; ROSSI, L. Taxa de sudorese em praticantes de body combat. Nutrição Profissional, v. 11, p. 48-54, 2007. FERREIRA, F.G. et al. Efeito do Nível de Condicionamento Físico e da Hidratação Oral sobre a Homeostase Hídrica em Exercício Aeróbico. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 16, n. 3, p. 166-170, 2010. LIMA, L.L.; HIRABARA, S.M. Efeitos da perda rápida de peso em atletas de combate. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, v. 35, n. 1, p. 245-260, 2013. MARCELIO, L.M. et al. Análise do nível de hidratação e taxa de sudorese de atletas da categoria de base do basquetebol durante jogos escolares. Rev. Bras. Prescr. Fisiol. Exerc. , v.7, n.37, p.39-46, 2013. NUNES, S.T.; BERNARDI, J.R. Perda de peso rápida em atletas e suas implicações na saúde e no desempenho. Rev. Bras. Nutr. Esportiva, v. 6, n. 35, p. 407-416, 2012. NUNES, A.P.O.N. Boxe e Lutas de Contato. In DASKAL, M.H. Nutrição Esportiva- Uma visão prática. 3. ed. São Paulo: Manole, 2014. PERÓN, A.P.O. et al. Perfil nutricional de boxeadores olímpicos e avaliação do impacto da intervenção nutricional no ajuste de peso para a categorias de lutas. O Mundo da Saúde, v.33, n.3, p.352-357, 2009. REIS, V.B.; SEELAENDER, M.C.L.; ROSSI, L. Impacto da Desidratacão na Geracão de Força de Atletas de Arco e Flecha Durante Competição Indoor e Outdoor. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 16, n. 6, p.431-435, 2010. SILVA, N.L.E.; SILVEIRA; D.V.; BARBOSA, F.C.R. Caracterização do estado de hidratação em judocas em uma academia de Petrópolis, RJ. Braz. J. Biomotricity, v. 6, n. 4, p. 269-276, 2012.
nutricaoempauta.com.br
ENTENDA COMO ATUA A L-CARNITINE:
ATIVE SEU METABOLISMO. * Para maiores
informações técnicas, dúvidas e SAC acesse:
Sem carnitina a gordura não atravessa a membrana mitocondrial.
www.MIDWAYLABS.com.br www.facebook.com/MIDWAYLABS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ** Cerretelli P, Marconi C. L-carnitine supplementation in humans. The effects on physical performance. Int J Sports Med. 1990; 11(1):114.; Singh, R.B. et al (1996). Postgrad. Med. J. 72:45.; Jacoba, K.G.C. et al (1996). Clin. Drug. Invest. 11:90.; Kosolcharoen, P. et al (1981). Curr. Therap. Res. 30:753.; Davini, P. et al (1992). Drugs Exp. Clin. Res. 18:355.; Pepine, C. (1991). Clin. Therapeutic. 13:2.; Cacciatore, L. et al (1991). Drugs Exp. Clin. Res. 17:225.; Lurz, R. and Fischer, R. (1998). Aerztezeitschrift fur Naturheilverfahren 39:12.; Kaats, G.R. (1992). Cur. Ther. Res. 51:261.; Owen, K. et.al. (1996) Swine Day Rep. I. ; Owen, K, et. Al. (1994). Swine Day. 161.; Costa, M. et al (1994). Adrologia. 26:155.; Vitali, G. et al. (1995). Drugs Exptl. Clin. Res. 21:157.
L-Carnitina realiza reações enzimáti- A L-Carnitina age na queima de gordura dentro da mitocôndria*, cas e faz o transporte* das gorduras gerando energia para o funcionamento dos músculos durante as para dentro da mitocôndria. atividades físicas.
MIDWAY LABS® é tecnologia e ciência em suplementação, baseada em pesquisa científica e comprovação de eficácia que garante o resultado real sem perda de saúde.
Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2
Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2 Resumo - O estudo avaliou as concentrações dietéticas de vitaminas antioxidantes (A, C e E) e sua relação com marcador do estresse oxidativo, malondialdeído, em pacientes diabéticos tipo 2. Estudo caso-controle em indivíduos com e sem diabetes tipo 2, idade entre 20 e 50 anos, de ambos os sexos. A ingestão das vitaminas foi analisada pelo software Nutwin. Realizou-se medidas antropométricas, concentrações plasmáticas de glicemia de jejum, hemoglobina glicada, insulina sérica e malondialdeído plasmático. Houve diferença significativa nas concentrações médias do malondialdeído entre os grupos (p<0,05). Não houve diferença significativa na ingestão de vitaminas antioxidantes entre os grupos e não houve correlação entre seu consumo e marcador do estresse oxidativo (p>0,05). Os pacientes diabéticos ingerem concentrações reduzidas de vitamina A e E, e concentrações aumentadas de vitamina C, o que parece não influenciar a presença do estresse oxidativo nos diabéticos tipo 2. Abstract - The study evaluated the dietary intake of antioxidant vitamins (A, C and E) and its relation to 22
NUTrição em pauta
marker of oxidative stress, malondialdehyde, in type 2 diabetic patients. Case-control study in individuals with and without type 2 diabetes, aged from 20 to 50, both sexes. The dietary intake of vitamins was analyzed by Nutwin software. Antropometric measurements, intake of antioxidant vitamins, parameters of glycemic control, glycated hemoglobin and plasmatic malondialdehyde were carried out. There was a statistically significant difference in the average concentration of malondialdehyde between groups (p<0,05). There wasn’t a statistically significant difference the dietary intake of antioxidants vitamins between groups and there was no correlation between its dietary intake and marker of oxidative stress (p>0,05). The diabetic patients ingest reduced concentrations of vitamins A and E, and increased concentrations of vitamin C, which doesn’t seem to influence the presence of oxidative stress in type 2 diabetics.
Introdução O diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica não transmissível que caracteriza-se pela intolerância à glicose e hiperglicemia. A principal alteração fisiopatológica desta doença é a resistência periférica à ação da insulina e a nutricaoempauta.com.br
deficiência relativa na secreção deste hormônio em resposta à glicose (RAMAKRISHNA; JAILKHANI, 2008). A literatura tem demonstrado aumento da prevalência do diabetes mellitus tipo 2, atingindo proporções de epidemia global com cerca de 150 milhões de pessoas em todo o mundo, número que deverá dobrar até 2025, constituindo um grave problema de saúde pública (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2010). Na patogênese do diabetes mellitus tipo 2 tem sido bastante evidenciada a participação do estresse oxidativo como um potente fator contribuinte para o descontrole metabólico dessa doença. Sobre este aspecto, a produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs) resulta da existência de um desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes, que favorece a geração de radicais livres ou detrimento da sua velocidade de remoção, esse quadro conduz à oxidação de biomoléculas com consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio homeostático, com a manifestação do dano oxidativo potencial contra células e tecidos (BARBOSA et al., 2010). Vale ressaltar que o sistema de defesa antioxidante é dividido em enzimático e não enzimático. No primeiro destacam-se as enzimas catalase, superóxido dismutase e glutationa peroxidase, enquanto que o sistema não enziOUTUBRO 2014
funcionais
Big Stock Photo
Concentrations of Dietary Antioxidants Vitamins (A, C And E) and its Relation to Oxidative Stress Marker in Diabetic Patients Type 2
mático por sua vez, é constituído por diversas substâncias antioxidantes, que podem ter origem endógena ou dietética, como os minerais: zinco, cobre e selênio, e as vitaminas: A, C, e E (CATANIA; BARROS; FERREIRA, 2009). Nessa perspectiva, os pacientes diabéticos tipo 2 apresentam tanto aumento da produção de radicais livres quanto redução na defesa antioxidante, sendo esta representada pelo baixo consumo de nutrientes antioxidantes e alterações na atividade de enzimas que atuam na redução do estresse oxidativo (SILVA et al., 2011). Embora algumas pesquisas tenham demonstrado a presença do estresse oxidativo em pacientes diabéticos tipo 2, dados da avaliação do teor de vitaminas antioxidantes em dietas consumidas por esses pacientes ainda são escassos. Tendo em vista a atuação desses nutrientes, o presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar NUTrição em pauta
23
Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2
o consumo dietético de vitaminas antioxidantes (A, C e E) e relacioná-lo com o marcador do estresse oxidativo, malondialdeído, em pacientes diabéticos tipo 2.
Metodologia
Foi realizado estudo caso-controle em 78 indivíduos, na faixa etária entre 20 e 50 anos, de ambos os sexos. Os participantes foram distribuídos em dois grupos: grupo experimental (diabéticos tipo 2, n=40) e grupo controle (sem a doença, n=38). Os participantes do estudo não faziam uso de suplementação vitamínico-mineral, sendo que os pacientes diabéticos tipo 2 selecionados faziam uso apenas de hipoglicemiantes orais. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética): 0156.0.045.000-11e todos os participantes do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a avaliação do estado nutricional, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), classificando-os segundo a distribuição desse índice pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 2000). O teor de vitaminas da dieta foi calculado utilizando-se o software Nutwin, versão 1.5 por meio do registro alimentar de três dias (ANÇÃO et al., 2002). Para verificar a adequação da ingestão alimentar das vitaminas dos participantes do estudo foi utilizado como referência a Estimated Average Requirement (EAR) (INSTITUTE OF
MEDICINE, 2001). As concentrações da glicemia de jejum, hemoglobina glicada e insulina sérica foram determinadas segundo o método colorimétrico-enzimático, de cromatografia de troca iônica e quimioluminescência, respectivamente. Para a determinação da resistência à insulina foi o utilizado o índice de Homeostasis Model Assessment (HOMAir) (MATTHEWS et al., 1985). As concentrações do malondialdeído foram determinadas pela produção das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), seguindo-se método descrito por Ohkawa, Ohishi e Yagi (1979), adaptado por Andrade-Wharta (2007). Foi realizada análise descritiva das variáveis em estudo com média e desvio padrão. Os dados foram analisados no programa SPSS (for Windows® versão 15.0). As relações entre as variáveis foram testadas usando o teste t de Student. A diferença foi considerada significativa quando p<0,05. Na análise das variáveis possivelmente inter-relacionadas, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, sendo considerada correlação significativa quando p<0,05.
Resultados
Os valores médios e desvios padrão de idade, peso, estatura e IMC para os pacientes diabéticos tipo 2, foram 52,03 ± 4,97 anos, 71,23 ± 13,04 kg, 1,58 ± 0,09 m e 28,65 ± 4,58 kg/ m², respectivamente. Para o grupo controle foram de 43,82 ± 8,07 anos, 55,64 ± 7,51 kg, 1,55 ± 0,06 m e 23,28 ± 3,26 kg/m².
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão da ingestão de vitaminas antioxidantes A, C e E dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle (Teresina, 2014). Diabetes mellitus Vitaminas
Controle
Masculino Média ± DP
Feminino Média ± DP
Masculino Média ± DP
Feminino Média ± DP
A (RE/dia)
435,80 ± 565,07a
386,72 ± 304,71b
347,17 ± 164,95
716,83 ± 1309,446,82
C (mg/dia)
134,31 ± 115,81d
378,73 ± 702,18c
17,04 ± 12,80
276,67 ± 542,07
E (ATE/dia)
5,76 ± 5,19e
4,32 ± 3,24f
3,46 ± 1,29
3,93 ± 1,87
RE: Equivalente de retinol; ATE: Equivalente de alfa tocoferol. a,b,c Não houve diferença significativa entre os diabéticos tipo 2 e grupo controle, teste Mann Whitney (p>0,05), e d,e,f teste t de Student (p>0,05). Valores de referência de ingestão vitamina A: EAR=625µg/dia (homens) e 500µg/dia (mulheres); vitamina C: EAR=75 mg/dia (homens) e 60 mg/dia (mulheres); vitamina E: EAR=12 mg/dia para ambos os sexos. (INSTITUTE OF MEDICINE, 2001). 24
NUTrição em pauta
nutricaoempauta.com.br
funcionais
Concentrations of Dietary Antioxidants Vitamins (A, C And E) and its Relation to Oxidative Stress Marker in Diabetic Patients Type 2
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão da glicose plasmática, hemoglobina glicada, insulina e HOMAir dos grupos estudados (Teresina, 2014). Diabetes mellitus n=40 Média ± DP
Controle n=38 Média ± DP
p
Tempo de Diabetes (anos)
7,43 ± 4,34
---
---
Glicemia de Jejum (mg/dL)
178,53 ± 32,63
82,79 ± 8,50
0,001
Hemoglobina Glicada (%)
7,69 ± 1,61
5,19 ± 0,62
0,001
Insulina (µU/mL)
32,68 ± 16,13
28,14 ± 13,60
0,184
HOMAir
15,19 ± 10,07
5,75 ± 2,75
0,001
Parâmetros
HOMAir = Homeostasis Model Assessment. Valores de referência para a Glicemia em jejum: 90 – 130 mg/dL; Hemoglobina glicada: 4 - 6%; Insulina: 6,0 e 27 µU/Ml (ADA, 2010). Tabela 3. Correlação entre as concentrações dietéticas de vitaminas antioxidantes e a concentração plasmática de malondialdeído em pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle (Teresina, 2014).
Vitaminas
Diabetes Mellitus
Controle
r
p
r
p
Vitamina A (RE/dia)
-0,010
0,953
-0,106
0,528
Vitamina C (mg/dia)
-0,184
0,256
0,033
0,842
Vitamina E (ATE/dia)
-0,095
0,560
0,198
0,232
RE: Equivalente de retinol; ATE: Equivalente de alfa tocoferol, r= coeficiente de correlação de Pearson.
Na Tabela 1 estão demonstrados os valores médios e desvios padrão da ingestão dietética das vitaminas antioxidantes (A, C e E) dos pacientes diabéticos tipo 2 e do grupo controle, distribuídos em sexo masculino e feminino. Verifica-se que não houve diferença significativa em relação ao consumo das vitaminas (A, C e E) entre os grupos avaliados. Os valores médios e desvios padrão dos parâmetros do controle glicêmico dos pacientes diabéticos e grupo controle estão apresentados na Tabela 2. Foi encontrada diferença significativa em relação às variáveis analisadas entre os grupos estudados (p<0,05). Os valores médios e desvio padrão das concentrações plasmáticas do malondialdeído dos pacientes diabéticos tipo 2 e grupo controle foram de 2,40±0,97 e 1,82±0,70, respectivamente. Observa-se diferença significativa entre OUTUBRO 2014
os grupos avaliados em relação a esse parâmetro (p<0,05). Os resultados da análise da correlação linear simples de Pearson entre os parâmetros avaliados encontram-se na Tabela 3. Verifica-se que não houve correlação entre os parâmetros analisados (p>0,05).
Discussão
Neste estudo foram determinadas as concentrações dietéticas das vitaminas antioxidantes (A, C e E), bem como foi investigada a relação entre estes nutrientes e o marcador do estresse oxidativo em pacientes diabéticos tipo 2. Assim, pôde-se verificar que as concentrações de vitamina A estavam abaixo da quantidade diária recomendada, segundo a EAR, para ambos os sexos, sem diferença significativa entre os grupos. NUTrição em pauta
25
Concentrações Dietéticas de Vitaminas Antioxidantes (A, C e E) e Relação com Marcador do Estresse Oxidativo em Diabéticos Tipo 2
Sobre o consumo inadequado de vitamina A pelos pacientes diabéticos tipo 2, é importante destacar que as dietas consumidas por estes indivíduos possuíam baixa quantidade de alimentos fontes dessa vitamina, como legumes e frutas vermelhos e/ou amarelos. Nesse sentido, de forma semelhante, Czernichow et al. (2006) encontraram associação inversa entre a ingestão de β-caroteno e as concentrações plasmáticas de glicose de jejum, sendo que, segundo os autores, o β-caroteno pode ser considerado um possível marcador indireto da ingestão de frutas e hortaliças. Quanto à vitamina C, pôde-se verificar que esta se encontrava acima da recomendação nas dietas consumidas pelos pacientes diabéticos avaliados, e não houve diferença significativa nos valores médios dessa vitamina entre os grupos estudados. Estes resultados se assemelham aqueles encontrados nos estudos conduzidos por Souza et al. (2009), onde a ingestão quantitativa de vitamina C estava elevada. Nessa discussão, é oportuno mencionar que o consumo elevado de vitamina C pelos pacientes se deve principalmente, a frequência de ingestão de alimentos ricos neste nutriente como laranja, caju e acerola. Provavelmente, o fato desses alimentos serem regionais pode ter contribuído para o consumo elevado dessa vitamina. Em relação ao teor de vitamina E nas dietas avaliadas, pôde-se verificar que este estava abaixo da recomendação nos pacientes diabéticos. Nessa perspectiva, no estudo de Souza et al. (2009) também foi verificada inadequação na ingestão de vitamina E em um grupo de pacientes diabéticos tipo 2, sendo provavelmente em decorrência do baixo consumo de alimentos fontes dessa vitamina. Nesse sentido, é relevante destacar a importância desses resultados, tendo em vista que a vitamina E contribui para a redução da peroxidação lipídica, protegendo o organismo contra danos celulares. Além disso, o organismo não possui órgãos de reserva para a vitamina E, sendo que essa via antioxidante é prejudicada quando ocorre ingestão inadequada, muito embora, quando necessário, essa vitamina possa ser mobilizada do tecido adiposo. Sobre os resultados dos parâmetros do controle glicêmico, os valores médios das concentrações plasmáticas de glicose, hemoglobina glicada, insulina sérica e HOMAir foram superiores para os pacientes diabéticos tipo 2 quando comparado com o grupo controle, o que caracteriza o descontrole glicêmico. Quanto às análises realizadas para investigar a correlação entre o consumo de vitaminas antioxidantes e o marcador de estresse oxidativo, verifica-se que não houve resultado significativo (p>0,05). Alguns fatores podem 26
NUTrição em pauta
ter influenciado os resultados encontrados, dentre eles, a simples avaliação da concentração das vitaminas na dieta parece não permitir a identificação de um resultado significativo sobre a influência da ação antioxidante destes nutrientes sobre o estresse oxidativo. O fato de não ter sido realizada a avaliação das vitaminas por meio de parâmetros bioquímicos (concentrações plasmáticas), limita a possibilidade de obtenção da correlação entre estes nutrientes e o marcador de estresse oxidativo, pois fatores presentes na dieta podem interferir na biodisponibilidade das vitaminas, comprometendo suas concentrações plasmáticas. Além disso, o tamanho da amostra também pode ter contribuído para o resultado. É prudente ressaltar que o sistema de defesa antioxidante é composto de outras fontes não enzimáticas, além das vitaminas A, C e E, e de fontes enzimáticas, em um sistema sincronizado, onde a deficiência em um componente pode afetar a eficiência de outros. Dessa forma, não se sabe até que ponto a variação da ingestão dessas vitaminas pode influir no sistema antioxidante e o quanto pode contribuir para a formação de EROs. Um ponto importante nesse estudo, diz respeito à presença acentuada de pré-obesidade entre os pacientes diabéticos tipo 2. Resultados semelhantes foram encontrados por Pelegrini et al. (2011) onde foi observada prevalência elevada de diabéticos com excesso de peso. A relação entre o diabetes tipo 2 e a obesidade tem sido atribuída ao aumento da resistência insulínica em indivíduos com grandes depósitos de gordura, o que reforça a importância do consumo de vitaminas antioxidantes na perspectiva da redução do estresse oxidativo, fator contribuinte para a resistência à insulina (GERALDO et al., 2008). O aporte exógeno de substâncias antioxidantes, apesar de não ser a principal defesa do organismo contra o estresse oxidativo, é de fundamental importância para impedir os danos celulares decorrentes de estresse oxidativo persistente. Dessa forma, é possível perceber a relevância da alimentação equilibrada, composta por alimentos ricos em nutrientes com papel antioxidante, o que certamente contribui de forma significativa no controle de doenças crônicas, como o diabetes mellitus tipo 2.
Conclusão Os dados obtidos nesse estudo indicam que os pacientes diabéticos tipo 2 apresentam alterações no consumo alimentar em relação às vitaminas antioxidantes, com teores elevados de vitamina C e reduzidos de vitaminas nutricaoempauta.com.br
Concentrations of Dietary Antioxidants Vitamins (A, C And E) and its Relation to Oxidative Stress Marker in Diabetic Patients Type 2
A e E. Além disso, esses pacientes apresentam concentrações plasmáticas de malondialdeído elevadas, o que sugere a presença de espécies reativas de oxigênio. Por outro lado, o estudo da análise de correlação entre o malondialdeído e o consumo de vitaminas antioxidantes não revela influência da ingestão desses nutrientes sobre o estresse oxidativo.
Sobre os Autores
Dra. Micaelly dos Santos Castro - Nutricionista, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí. Dra. Arianne Euclides De Sá Sousa - Nutricionista, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí. Dra. Thyciana de Carvalho Leal Martins - Nutricionista, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí. Dra. Fabiane Sampaio de Araújo - Nutricionista, Mestre em Ciências e Saúde, Universidade Federal do Piauí Jennifer Beatriz Silva Morais - Graduanda em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí. Juliana Soares Severo - Graduanda em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí Profa. Dra. Dilina do Nascimento Marreiro - Nutricionista, Profª Dra. Do Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Piauí.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 2. Estresse Oxidativo. Antioxidantes. Keywords: Diabetes Mellitus Type 2. Oxidative Stress. Antioxidant.
Recebido: 21/03/2014 - Aprovado: 10/8/2014
Referências
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Standards of Medical Care in Diabetes. Diabetes Care, v.33, n.3, supl 1, p. 11S-61S. 2010. ANÇÃO, M.S. et al. Programa de apoio à nutrição Nutwin: versão 1.5. Departamento de Informática em Saúde, SPDM, UNIFESP/EPM, 2002. ANDRADE-WARTHA, E.R.S. Capacidade antioxiOUTUBRO 2014
funcionais
dante in vitro do pedúnculo de caju (Anacardium Occidentale L.) e efeito sobre as enzimas participantes do sistema antioxidante de defesa do organismo animal. 2007. (Tese de Doutorado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas. BARBOSA, K.B.F., et al. Estresse oxidativo: conceito, implicações, fatores modulatórios. Rev Nutr, v.23, n.4, p.629-43, 2010. CATANIA, A.S.; BARROS, C.R.; FERREIRA, S.R. Vitaminas e minerais com propriedades antioxidantes e risco cardiometabólico: controvérsias e perspectivas. Arq Bras Endocrinol Metab, v.53, n.5, p.550-9. 2009. CZERNICHOW, S. et al. Antioxidant supplementation does not affect fasting plasma glucose in the supplementation with antioxidant vitamins and minerals (SU. VI.MAX) study in France: association with dietary intake and plasma concentrations. Am J Clin Nutr, v.84, n.2, p.395-9, 2006. GERALDO, J.M. et al. Intervenção nutricional sobre medidas antropométricas e glicemia de jejum de pacientes diabéticos. Rev Nutr. v.21, n.3, p.329-40, 2008. INSTITUTE OF MEDICINE/FOOD AND NUTRITIONAL BOARD. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, cooper, iodine, iron, manganese, molybdenun, nickel, silicon, vanadium, and zinc. National Academy, 650p. 2001. LIRA, L.Q.; DIMENSTEIN, R. Vitamina A e diabetes gestacional. Rev Assoc Med Bras, v.56, n.3, p. 355-9. 2010. MATTHEWS, D.R. et al. Homeostasis model assessment: insulin resistance and beta-cell function from fasting plasma glucose and insulin concentrations in man. Diabet, v.28, n.7, p. 412-9. 1985. OHKAWA, H.; OHISHI, N.; YAGI, K. Assay for lipid peroxides in animal tissues by thiobarbituric acid reaction. J Anal Biochem, v.95, n.2, p.351-8. 1979. PELEGRINI, A. et al. Diabetes mellitus auto-referido e sua associação com excesso de peso em idosos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. v.13, n.6, p.442-7, 2011. RAMAKRISHNA, V.; JAILKHANI, R. Oxidative stress in non-insulin-dependent diabetes mellitus (NIDDM) patients. Acta Diabetol, v.45, n.1, p.41-6. 2008. SILVA, M.; DE LIMA, W.G.; SILVA, M.E.; PEDROSA, M.L. Efeitos da estreptozotocina sobre os perfis glicêmicos e lipídico e o estresse oxidativo em hamster. Arq Bras Endocrinol Metab. v.55, n.1, p.46-51. 2011. SOUZA, L. C. D. et al. Ingestão e coeficiente de variabilidade na dieta de vitaminas antioxidantes por uma população de hipertensos sob estresse oxidativo. Rev Soc Bras Alim Nutr, v.34, n.2, p. 11-26, ago. 2009. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: Preventing and managing the global epidemic. Tech Rep Ser, n. 894. 2000. NUTrição em pauta
27
Evolução Clínica e Nutricional de Pacientes no Tratamento da Obesidade Mórbida no Pré e Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica em um Hospital Público de Belém-PA
Evolução Clínica e Nutricional de Pacientes no Tratamento da Obesidade Mórbida no Pré e Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica em um Hospital Público de Belém-PA Resumo - Introdução: O tratamento cirúrgico é o método mais eficaz e que deve ser indicado como última opção terapêutica para obesos mórbidos. Objetivo: Avaliar a evolução clínica e nutricional de pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica em um hospital público de Belém-Pa. Metodologia: Os dados foram coletados a partir da analise de 64 prontuários de pacientes que realizaram cirurgia bariátrica em hospital público de Belém. Resultados: A idade média era de 35 ± 8 anos, e a maioria mulheres (71,8%). Os pacientes conseguiram atingir a eutrofia após 2 anos. Em relação, as intercorrências clínicas e nutricionais observou-se que 73,4% dos pacientes apresentaram vômitos. Conclusão: A cirurgia com Bypass gastrojejunal em Y de Roux (GRBGYR), pode ser considerada um método de tratamento da obesidade que promove ao paciente perda de peso significativa logo no primeiro ano de cirurgia. Abstract - Introduction: Surgical treatment is the most effective method and should be indicated as the last treatment option for morbidly obese. Objective: To evaluate 28
NUTrição em pauta
the clinical and nutritional status of patients before and after bariatric surgery in a public hospital in Belém, Pa. Methodology: Data were collected from the analysis of medical records of 64 patients who underwent bariatric surgery at a public hospital in Belem. Results: Mean age was 35±8 years, and most women (71.8 %). The patients were able to achieve normal weight after 2 years. In summary, a clinical and nutritional complication was observed that 73.4% of patients had vomiting. Conclusion: Surgery Bypass Roux-Y gastrojejunostomy (GRBGYR), can be considered a method of treating obesity that promotes the patient significant weight loss in the first year of surgery.
Introdução A quantidade de indivíduos obesos tem aumentado em todo o mundo, sendo um problema com elevada consequência social e individual (KWOK et al., 2014; Musella et al., 2014). Sendo assim, a obesidade pode ser definida como um excesso de gordura corporal frequentemente relacionada com um hábito alimentar inadequado acompanhado de alterações comportamentais e metabólicas com influências genéticas, ambientais e culturais (DAMASCEnutricaoempauta.com.br
Big Stock Photo
Evolução Clínica e Nutricional de Pacientes no Tratamento da Obesidade Mórbida no Pré e Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica em um Hospital Público de Belém-PA NO, 2009). A prevalência global de obesidade duplicou de 1980 (6,4%) a 2008 (12%) (STEVENS; SINGH; LIU et al., 2012). A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma técnica de grande auxílio na condução clínica de alguns casos de obesidade. A indicação desta intervenção vem crescendo nos dias atuais e baseia-se numa análise abrangente de múltiplos aspectos do paciente (FANDIÑO, 2004). Além disso, é indicado para indivíduos com obesidade mórbida, sendo considerado um procedimento de alta eficácia (MECHANICK et al., 2012). Os pacientes que se submeterem a esse método devem apresentar um índice de massa corpórea (IMC) maior que 40 kg/m² ou IMC maior que 35 kg/m², associado à comorbidades relacionadas à obesidade como: problemas ostearticulares, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, doença na vesícula, apnéia do sono e dislipidemias (GODOY-MATOS et al., 2009; NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CLINICAL EXCELLENCE, 2006). Existem, atualmente, diversas técnicas cirúrgicas adotadas para a realização do tratamento da obesidade mórbida (LEMKE; CORREA, 2008). Destacando-se a Gastroplastia vertical com Bypass gastrojejunal (Técnica de Capella), esta técnica consiste na criação de um pequeno reservatório gástrico de 30 a 50 ml, que corresponde a 5% do estômago. Essa bolsa é circundada por um anel de contenção de silicone cuja função é evitar a dilatação desse neo-reservatório e regular o esvaziamento gástrico de sólidos. O restante do estômago fica excluído do trânsito alimentar. A reconstituição do trânsito gastrointestinal se faz com uma alça longa de jejuno em Y de Roux, de aproximadamente 100 cm de comprimento. A alça jejunal é interposta entre o neo-reservatório gástrico e o segmento remanescente do estômago, com intuito de evitar restabelecimento espontâneo da comunicação gastrogástrica (FARIA 2002; Chatkin; FRITSCHER, 2006). Este tipo de cirurgia está associado a uma saciedade precoce e a aversão a alimentos doces, com perda de peso significativamente maior do que nos outros tipos de cirurgia bariátrica. (SOARES; FALCÃO, 2007). Logo, o National Institute for Health and clinical excellence (2006), preconiza que os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica devem ser regularmente acompanhados por uma equipe multidisciplinar (médicos, nutricionistas, enfermeiros e dentre outros) e que esses pacientes devem estabelecer mudanças comportamentais, alimentares e na prática de exercícios físicos para que o impacto dessa forma de tratamento contra a obesidade seja eficaz. Portanto, no presente estudo objetivamos avaliar a evolução clínica e nutricional de pacientes no pré e pós30
NUTrição em pauta
-operatório de cirurgia bariátrica em um hospital público de Belém-PA.
Metodologia
O tipo de estudo foi descritivo, longitudinal e retrospectivo. Teve como base populacional pacientes com obesidade mórbida, de ambos os sexos, com faixa etária de 20 a 59 anos, submetidos à cirurgia bariátrica e atendidos no ambulatório de nutrição de um hospital público de Belém. A amostra de 64 prontuários representou um total de todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no período de 3 anos, no qual foram excluídos aqueles que apresentavam ausência de dados ou informações incompletas. A coleta de dados foi desenvolvida no período de agosto a setembro de 2010, utilizando os dados dos prontuários do período de 2007 a 2009, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Cesupa de nº 3912.0.000.323-10. Utilizou-se fichas pré-estabelecidas, nas quais foram coletados dados do pré e pós cirúrgico e avaliadas as seguintes variáveis: peso, estatura, IMC, idade, comorbidades, sinais e sintomas de intercorrências nutricionais e clínicas, antecedentes pessoais e familiares e prática de atividade física regular antes e após a cirurgia.
Análise Estatística
Os dados foram expostos em média ± desvio padrão ou em porcentagem. Os resultados foram expostos em gráficos e tabelas. Foi aplicado ANOVA uma via com pós-teste Tukey para avaliar a evolução de perda de peso ao longo das consultas, utilizando o programa Bioestat 5.0. As figuras foram construídas em Corel Draw X5.
Resultados e Discussão Os resultados demonstraram que a média de idade de pacientes que se submeteram a cirurgia bariátrica era de 35±8 anos (50% da amostra) e havia uma prevalência de 71,8% de pacientes do sexo feminino demonstrando que o perfil de idade do público atendido no hospital era de pessoas adultas, ainda na idade reprodutiva e ativas economicamente. Particularmente, a destacada busca feminina pelo método cirúrgico se deve à percepção estética e de saúde ser mais acentuada entre as mulheres, além disso, elas relatavam queixas frequentes de dificuldades na locomoção e na mobilidade, incapacidade na realização de atividades domésticas e no acesso a diversos ambientes. No entanto, para realização do procedimento cirúrgico seria necessário conhecer os antecedentes mórbidos nutricaoempauta.com.br
Clinical and Nutritional Evolution of Patients in the Treatment for Morbid Obesity in Pre and Post Operative of Bariatric Surgery in a Public Hospital of Belem, PA familiares dos pacientes pesquisados como parte da anamnese clínica. Logo, no presente estudo observou-se que aos principais patologias descritas nos prontuários foram: obesidade com 64,06% (41), seguido de hipertensão arterial sistêmica com 60,9% (39) e Diabetes mellitus com 37,5% (24), destacando também que estas patologias eram frequentes entre os diversos familiares do paciente, portanto, elevava-se a probabilidade dessas doenças se manifestarem. Os pacientes obesos estudados além de apresentarem um histórico familiar com elevadas complicações, também demonstraram comorbidades associadas que contribuíam para o agravamento da obesidade e os predispunham à realização do procedimento cirúrgico. Destaca-se que a artrose (20 pacientes), seguida de hipertensão (10 pacientes) eram as doenças que apresentavam maior prevalência, dentre as demais descritas, nota-se que a limitação física e de mobilidade foi mais determinante para o grupo de pacientes estudados. Outro fator importante é que não há garantia de desaparecimento dessas comorbidades após a cirurgia, mas as implicações clínicas que elas apresentam melhoram significativamente. A literatura reporta que a cirurgia reverteu alguns casos de
hospitalar
pacientes diabéticos; hipertensos; e com problemas articulares (MECHANICK et al., 2013). Essa reversão ratifica os efeitos benéficos da cirurgia bariátrica, principalmente, nos pacientes que conseguem realizar todas as etapas com sucesso. Outro aspecto importante é que os pacientes antes de optarem pelo método cirúrgico costumam praticar métodos de emagrecimento não confiáveis, sem origem cientifica e da ajuda de um profissional. Essa procura exacerbada em se adequar aos padrões da sociedade pode ser confirmada, uma vez que apenas 12 pessoas (18,7%) não buscaram método restritivo, mas, em contrapartida 23 pessoas (35,9%) relataram ter usado medicamentos, 18 pacientes (28,12%) aliaram métodos farmacológicos com a dieta e, somente, 11 pessoas (17,18%) utilizaram dietas restritivas como único método de emagrecimento. A principal característica dessas formas de emagrecimento seria a falta de orientação especializada, visto que, essas dietas geralmente iniciam em caráter de urgência, de forma restritiva e não planejada. Além disso, os pacientes costumam consumir inibidores de apetite de forma indiscriminada e por um período limitado, retornando ao peso inicial imediatamente após a finalização
Tabela 1. Classificação do IMC de acordo com o tempo de cirurgia dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em um hospital Público de Belém - Pará, 2010. Tempo (meses)
N
Min (m2)
Classificação (IMC)
Máx (m2)
Classificação (IMC)
Média (IMC)
Classificação (IMC)
DP
0a6
64
28,62
Pré-Obesidade
52,73
Obesidade III
37,5
Obesidade II
5,03
6 a 12
53
23,42
Eutrofia
50
Obesidade III
32,99
Obesidade I
5,12
12 a 24
34
23,01
Eutrofia
46,87
Obesidade III
30
Obesidade I
4,67
> 24
6
28,85
Pré-Obesidade
42,2
Obesidade III
31,52
Obesidade I
5,77
Tabela 2. Evolução do peso corporal dos pacientes após cirurgia bariátrica, em um Hospital Público de Belém – Pará, 2010. Variável
Mínimo
Máximo
Média
Desvio Padrão
Peso anterior (kg)
97
193
130,18
24,9
Peso atual (kg)
54
135
85,7
18,25
Perda de peso (kg)
18
96
44,46
15,99
13,2 %
51,89%
34,05%
8,99 %
1,35
1,89
1,62
0,11
% da perda do excesso de peso Altura (m)
OUTUBRO 2014
NUTrição em pauta
31
Evolução Clínica e Nutricional de Pacientes no Tratamento da Obesidade Mórbida no Pré e Pós-Operatório de Cirurgia Bariátrica em um Hospital Público de Belém-PA do tratamento. Dados esses obtidos por Amarilles et al (2006) que observou de 52,1% dos pacientes obesos e sobrepesos avaliados, utilizaram produtos para emagrecer ou terapia complementar e Castro et al, (2010) afirmaram que os inibidores de apetite são os mais utilizados (60%) como método de emagrecimento e que geraram apenas efeitos satisfatórios temporários. Outra alteração evidente, observado no presente trabalho, seria a mudança de hábitos quanto a pratica de exercícios físicos, onde destaca-se que 79,68% dos pacientes não realizavam nem uma atividade física antes da cirurgia bariátrica e após o procedimento 57,8% dos pacientes modificaram a rotina inserindo caminhadas, atividades aeróbicas e musculação com frequência. Além disso, o IMC dos pacientes que se submeteram ao método da cirurgia bariátrica no presente estudo era em média 46,9±8,5 kg/m2, classificados como obesidade mórbida, sendo que no período de 12 a 24 meses esses pacientes evoluíam à eutrofia como demonstrado na tabela 1. Destaca-se que pacientes com até 6 meses após a cirurgia ainda estão em fase de adaptação ao novo estilo de vida e perdem peso com maior rapidez, devido a modificação dos hábitos alimentares, frequência e quantidade de consumo alimentar, e aqueles que já estão acima de 24 meses no pós operatório estabilizam ou até ganham peso.
Sendo que a perda mínima foi de 18 kg e máximo 96 kg ± 15,99 kg, como mostra a Tabela 2. A avaliação do acompanhamento da perda peso de acordo com as consultas nutricionais no pré e pós operatório demonstrou que há diferença estatística com p<0,01 de perda peso no pós operatório em relação a primeira consulta do pré-operatório, portanto, os pacientes evoluíam de forma satisfatória, porém comportaram-se de maneira irregular quanto a periodicidades das consultas, diminuindo a frequência de retornos após 12 meses de cirurgia, como demonstrado, no gráfico. Gráfico 2. Presença de Intercorrências Clínicas e Nutricionais Observadas nos Pacientes do Pós Cirúrgico da Gastroplastia em um Hospital Público de Belém – Pará, 2010. Os dados estão expostos em porcentagem do total de prontuários avaliados.
Gráfico 1. Acompanhamento de perda de massa corpórea no decorrer das consultas. Utilizou-se ANOVA uma via com pós –teste Tukey. Os dados estão expressos em média±DP e foi considerado como significativo p<0.05.
Após a cirurgia é comum o paciente apresentar intercorrências clínicas e nutricionais, no pós-cirúrgico, tendo como principais complicações: vômitos, alopécia, constipação intestinal, síndrome de dumping, entre outros sintomas menos freqüentes (CENTENO NETO, 2009). No Gráfico 2, observa-se a prevalência das intercorrências clínicas e nutricionais acometidas nos pacientes no pós cirúrgico da cirurgia bariátrica do tipo Bypass. No presente estudo o vômito foi frequente em 73,4% dos pacientes, essa intolerância é muito comum principalmente no momento de introdução dos novos alimentos e o volume da dieta administrada que pode ser maior que a tolerância. A perda de peso dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica do tipo Bypass gastrojejunal em Y de Roux nesta pesquisa tiveram uma média de 44,460 kg, tendo um percentual médio de perda do excesso de peso de 34,05%. 32
NUTrição em pauta
Conclusão A cirurgia bariátrica é um método eficaz de perda peso que pode proporcionar benefícios clínicos e nutrinutricaoempauta.com.br
Clinical and Nutritional Evolution of Patients in the Treatment for Morbid Obesity in Pre and Post Operative of Bariatric Surgery in a Public Hospital of Belem, PA cionais, além de melhorar a qualidade de vida do paciente. Nesse contexto o presente estudo demonstrou que os pacientes que realizaram cirurgia bariátrica, antes do tratamento apresentavam histórico familiar de obesidade, a maioria não praticavam atividade física, realizavam métodos de emagrecimento restritivos e estavam com obesidade severa, porém após a cirurgia os pacientes apresentaram uma perda de peso média de 44,46kg e essa perda foi observada ao longo das consultas realizadas no pós-cirúrgico, além disso, mais da metade do pacientes passaram a realizar atividade física, porém, em geral os pacientes apresentaram vômito, queda de cabelo e constipação após a cirurgia e esse quadro pode ter sido em função de problemas na evolução da dieta e na suplementação. Nesse aspecto, faz-se necessário que outros estudos sejam realizados para ajudar a diminuir as intercorrências clínicas e nutricionais comuns no pós-operatório.
Sobre os Autores
Dra. Tayana Silva de Carvalho - Nutricionista pelo Centro Universitário do Pará; Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho; Mestranda em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará; Membro da sociedade de neurociências e Biologia Celular. Dra. Natália Melo Ayres de Azevedo - Nutricionista pelo Centro Universitário do Pará; Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho; Pós Graduanda em Fitoterapia pela Universidade Integrada AVM , Brasília-DF. Prof. Dr. Fábio Costa de Vaconcelos - Nutricionista (UFPA), Especialista em Nutrição Clínica (UFPA), Especialista em Nutrição Oncológica (INCA), Especialista em Bioestatística (UFPA), Docente da Universidade da Amazônia (UNAMA), Docente do Centro Universitário do Pará (CESUPA).
Palavras-chave: Obesidade, Tratamento, Cirurgia Bariátrica. Keywords: Obesity, Treatment, Bariatric Surgery.
Recebido: 11/7/2014 - Aprovado: 30/9/2014
OUTUBRO 2014
hospitalar
Referências
AMARILLES, P.; Gonzalez, L.I.; Giraldo, N.A. Prevalence of Self- Treatment with Complementary Products and Therapies for Weight Loss: A Randomized, Cross-Sectional Study in Overweight and Obese Patients in Colombia. Current Therapeutic Research. 67(1):66-78, 2006. CASTRO, M.R. Cirurgia Bariátrica a Trajetória de Mulheres Obesas em Busca de Emagrecimento. Revista do Hospital Universitário de Juiz de Fora. Minas Gerais, 36:1, 2010. CHATKIN, J.M.; FRITSCHER, L.G. Efeitos da Cirurgia Bariátrica na Síndrome da Apnéia-Hipopnéia Obstrutiva do Sono. Porto Alegre, 2006. CENTENO NETO, A.A. Cirurgias para Perda de Peso – A Realidade. Edição do Autor. 1 ed. Belém, 2009. 126p. CHRISTOU, N.V.; et al. Bariatric surgery reduces cancer risk in morbidly obese patients, Surg. Obes. Relat. Dis. 4: 691-695, 2008. DAMASCENO, L.A. O Papel do Enfermeiro na Prevenção da Obesidade Infantil: Uma Revisão Bibliográfica. Artigo Cientifico. Faculdade de Ciências Aplicadas “Sagrado Coração” Pitágoras – Campus Linhares, ES. Diretoria de Ensino Superior do Curso de Enfermagem. Espírito Santo, 2009. FARIA, O.P.; et al. Obesos Mórbidos Tratados com Gastroplastia Redutora com Bypass Gástrico em Y de Roux: Análise de 160 pacientes. Revista Brasília Médica. Artigo Original. São Paulo, 39(1/4):26-34, 2002. FANDIÑO, J.; et al. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, 26’(1): 47-51, 2004. GODOY-MATOS, A.F.; et al. Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). 3 ed Itapevi, SP : AC Farmacêutica, 2009. KWOK, C.S.; et al. Bariatric surgery and its impact on cardiovascular disease and mortality: A systematic review and metaanalysis. International Journal of Cardiology. 173: 20–28, 2014. LEMKE, G.M.M.N.; CORREIA, J.S.C. Tratamento Cirúrgico da Obesidade e Ocorrência da Síndrome de Dumping. Revista Saber Científico. Porto Velho – Rondônia, 1 (1): 176 -193,2008 MECHANICK, J.I.; et al. American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) position paper on obesity and obesity medicine. Endocr Pract. 18:642–8, 2012; MECHANICK, J.I.; et al. Clinical Practice Guidelines for the Perioperative Nutritional, Metabolic, and Nonsurgical Support of the Bariatric Surgery Patient—2013 Update: Cosponsored by American Association of Clinical Endocrinologists, The Obesity Society, and American Society for Metabolic & Bariatric Surgery. Surgery for Obesity and Related Diseases 9: 159–191, 2013. MUSELLA, M.; et al. A decade of bariatric surgery. What have we learned? Outcome n 520 patients from a single institution. International Journal of Surgery xxx 1-6, 2014. NATIONAL INSTITUTE FOR HEALTH AND CLINICAL EXCELLENCE. Obesity guidance on the prevention, identification, assessment and management of overweight and obesity in adults and children. NICE, Clinical Guideline, 43. 2006 SOARES, C.C; FALCÃO, M.C. Abordagem Nutricional nos Diferentes Tipos de Cirurgia Bariátrica. Revista Brasileira de Nutrição Clínica. São Paulo, 2007. STEVENS, G.A.; et al. National, regional and global trends in adult overweight and obesity prevalences. Popul Health Metrics. 10:22, 2012. NUTrição em pauta
33
Existem Beneficios do Uso de Probioticos em Crianças com Sintomas da Intolerancia à Lactose? Uma Revisão
Existem Beneficios do Uso de Probioticos em Crianças com Sintomas da Intolerancia à Lactose? Uma Revisão Resumo - A prevalência da intolerância à lactose sofre variações de acordo com a etnia e as regiões estudadas. Estima-se que 70% da população mundial sofram com algum grau de intolerância a lactose. Desde 2000, o número de artigos indexados nas principais bases de dados científicas, denota o crescente interesse científico que os probióticos vêem recebendo. Algumas evidências tem demonstrado que o consumo de determinados probióticos, são capazes de aliviar os sintomas de intolerância à lactose. Em relação a dose proposta para os tratamentos como obtenção de resultados positivos, tem sido recomendada o uso de 5x10 9 UFC/dia por 5 dias. Embora haja algumas evidências do benefício do uso de probióticos sobre o sintomas de diarréia em pacientes com intolerância à lactose, mais estudos precisam ser realizados afim de especificar as cepas, as doses e o tempo de uso em diferentes populações. Abstrat - The prevalence of lactose intolerance suffers variations according to ethnicity and regions studied. It is estimated that 70 percent of the world’s population suffers from some degree of lactose intolerance. Since 2000, articles based in main scientific databases indicate the growing scientific interest in probiotics. Some evidences have shown 34
NUTrição em pauta
that the consumption of certain probiotics is capable of relieving symptoms related to lactose intolerance. Regarding the proposed dose for treatments aiming positive results, it has been recommended the use of 5x109 UFC/day for 5 days. Despite evidences of the benefits of probiotics intake to treat diarrhea symptoms in patients with lactose intolerance, further studies must be accomplished in order to specify the strains, doses, and the duration of usage in different populations.
Introdução Cerca de 400 antes de Cristo, Hipócrates escreveu pela primeira vez sobre a intolerância a lactose, embora seja nos últimos 50 anos que os sintomas e o conhecimento sobre o assunto começou a ser explorado. Estima-se que 70% da população mundial possuam algum grau de intolerância a lactose (MATTHEWS, 2005). A intolerância à lactose pode ser descrita como uma afecção da mucosa intestinal que a incapacita a digerir a lactose devido à deficiência de uma enzima denominada lactase (FILHO; FURLAN, 2004). A redução da atividade da lactase também varia de acordo com a etnia, embora sua causa seja desconhecida, sabe-se que chineses e japoneses tendem a perder entre 80% e 90% da atividade da lactase, dentro de 3 a 4 anos nutricaoempauta.com.br
Big Stock Photo
Existem Beneficios do Uso de Probioticos em Crianças com Sintomas da Intolerancia à Lactose? Uma Revisão após o desmame, enquanto brancos europeus, podem levar entre 18 e 20 anos para que a lactase chegue na sua menor função (MATTHEWS, 2005). Devido ao grande interesse e desenvolvimento de estudos, desde 2001, a FAO/OMS, estabeleceu como definição para probióticos como os microrganismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro ( FAO/WHO, 2001). Os probioticos tem sido utilizados em alguns casos, como um importante recurso no tratamento e na prevenção de: diarréia aguda infecciosa, diarréia do viajante, diarréia associada ao uso de probioticos, nas doenças inflmatórias intestinais e nas dislipidemias (VARAVALLO; THOMÉ; TESHIMA, 2008).
Metodologia
O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão da literatura científica que apontasse evidências do uso de probióticos em crianças com sintomas de intolerância a lactose. Para tal, foram selecionados os seguintes bancos de dados: SCIELO, LILACS, MEDLINE e PUBMED. Foram pesquisados os idiomas: inglês e português e definidos os seguintes descritores: “probióticos , “intolerância a lactose”, “diarréia” e “crianças” . Os levantamentos dos estudos referentes ao tema escolhido priorizaram os últimos 10 anos. Para que a pesquisa contasse com dados mais recentes, não excluindo publicações de datas anteriores que possuíssem material relevante ao estudo. Além disso, foram pesquisados livros técnicos, sites de internet e revistas científicas relacionadas ao tema principal do estudo.
Resultados Desde 2000, o número de artigos indexados nas principais bases de dados científicas, denota o crescente interesse científico que os probióticos vêem recebendo. Algumas evidências têm demonstrado que o consumo de determinados probióticos, principalmente bactérias láticas (incluindo bactérias láticas não-probióticas como Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus) é capaz de aliviar os sintomas de intolerância à lactose (KOPP-HOOLIHAN, 2001). Os probióticos mais utilizados são estirpes de bactérias produtoras de ácido láctico como o Lactobacillus, normalmente são predominantes no intestino delgado, e a Bifidobacterium, bactérias presentes no cólon (SANDERS, 2003). Também são utilizadas cepas do gênero Streptococos e Enterococos, além do fungo Saccharomyces boulardii ( CANANI, 2007). 36
NUTrição em pauta
Evidências do Uso dos Probióticos - Um estudo realizado por Weizman (2005), com bebês de 4 a 10 meses de idade, por 12 semanas, demonstrou que a adição de probióticos (Bifidobacterium lactis e Lactobacillus reuteri) a fórmula infantil, resultou em redução da frequência e dos episódios de diarréia em relação ou grupo controle. Guarino (2009), demonstrou que os Lactobacillus tem uma modesta, mas efetiva ação na prevenção da diarréia. Saccharomyces boulardii foi efetivo na redução da frequência e na duração de diarréia associada a antibióticos, já o Lactobacillus rhamnosus GG foi associado com a redução da duração e gravidade de diarréia , quando comparado a diarréia por rotavírus. O Probiótico Saccharomyces boulardii, também se mostrou efetivo quando utilizado para reduzir os sintoma de diarréia aguda em 186 crianças com idade entre 6 e 48 meses, desde que administrado com até 72 horas do início dos sintomas (CORREA et al., 2011). Outro estudo, utilizando o L. rhamnosus GG, com 204 crianças, entre 6 e 24 meses de idade, dividido entre grupo controle e grupo placebo, foi associada com uma incidência significativamente menor de diarréia nas crianças tratadas, comparando com o grupo placebo (OBERHELMAN et al., 1999).
Os probióticos mais utilizados são estirpes de bactérias produtoras de ácido láctico como o Lactobacillus, normalmente são predominantes no intestino delgado, e a Bifidobacterium, bactérias presentes no cólon” Sanders, 2003 Os benefícios dos probióticos no tratamento da diarréia aguda foram analisados em meta-análise publicada em 2001. Nos sete ensaios clínicos duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo, foram estudados 416 pacientes. Três estudos foram realizados com Lactobacillus rhamnousus GG, 2 estudos com Lactobacillus reuteri, e Saccharomyces boulardii e um estudo com cepas de Lactobacillus acidophilus. O resultado final desta avaliação mostrou que os pacientes tratados com probióticos apresentaram 2,5 vezes menos chances de apresentar diarréia por mais que 3 dias em relação ao grupo controle. O tempo médio do grupo tratado com probiótico foi de 18,2 horas inferior ao grupo controle. Quando considerado nutricaoempauta.com.br
There Are Benefits of Using Probiotics in Children with Symptoms of Lactose Intolerance? A Review apenas as crianças mais novas com infecção pelo rotavírus, esse valor foi igual a 24,8 horas, em relação ao grupo controle, ou seja, a diarréia durou, em média, cerca de 1 dia a menos (SZAJEWSKA; Mrukowicz, 2001). Muitas bactérias probióticas mostram uma baixa atividade da β-galactosidade ou, por causa da sua grande resistência contra os sais e ácidos biliares, ou porque não liberam as suas enzimas no intestino delgado (VRESE et al., 2001). Montalto (2006), constatou que iogurte adicionado de L. bulgaricus e S. thermophilus, reduzem a quantidade de lactose do iogurte e consequentemente reduzem os sintomas da intolerância. Outra forma de utilização dos probióticos é o uso de fórmulas infantis para lactentes. Epifanio, (2012) sugere que a administração de fórmula infantil suplementada com probiótico, durante os primeiros quatro meses de idade, não resulta em qualquer efeito clínico consistente. Também relaciona à alguns benefícios clínicos, para as fórmulas de continuação ou fórmulas além da infância, tais como redução do risco de infecções gastrointestinais inespecíficas, risco reduzido de utilização de antibióticos e menor frequência de cólica e/ou irritabilidade. Considera-se que há ainda muita incerteza para tirar conclusões confiáveis, a partir dos dados disponíveis. Estudo realizado na Dinamarca, avaliou 69 crianças com idade entre 6 e 36 meses hospitalizadas por diarréia aguda, sendo que 66,7% delas foram diagnosticadas com Rotavírus, separadas entre grupo controle e grupo intervenção, receberam por 5 dias, placebo e Lactobacillus reuteri e Lactobacillus rhamnosus, respectivamente. Embora não tenha sido encontrada significância estatística, a duração da diarréia após o início da intervenção foi de 81,5±37,3 horas no grupo que recebeu os probióticos e 101,1±47,6 horas no que recebeu placebo (MORAIS; JACOB, 2006). Outro estudo realizado em Bangladesh, com 230 lactentes masculinos com idades entre 6 e 24 meses, com episódios de diarréia até 2 dias, resultou em resultados significativos, quando utilizadas cepas probióticas do Lactobacillus paracasei, embora quando comparadas somente as crianças que apresentavam diarréia por Rotavírus, não foi encontrada significância estatística (SARKER et al., 2005). Estudos que buscam avaliar os benefícios dos probióticos em pacientes com diarréia associada a antibioticos (DAA), também são contraditórios (Szajewska; Ruszczynski; Radzikowski, 2006). Tanto em relação a cepas específicas, Lactobacillus rhamnosus GG, L. reuteri, L. casei, L. acidophilus, quanto combinadas (VREOUTUBRO 2014
pediatria SE et al., 2007). Um revisão sistemática realizada por Levri (2005), utilizando 7 estudos que verificavam a eficácia dos probióticos na redução dos sintomas de intolerância a lactose em adultos, apenas 1 apresentou resultado positivo, 5 obtiveram resultados negativos e 1 resultados positivos e negativos, o que sugerem que novas pesquisas sejam realizadas afim de definir um padrão metodológico com tipo de cepa, quantidade administrada e tempo de uso. Em relação a dose proposta para os tratamentos como obtenção de resultados positivos, tem sido recomendada em 5 milhões de Unidade Formado de Colônia (UFC) por 5 dias (5x10 9 UFC/dia) (MORAIS; JACOB, 2006).
Considerações Finais Diante destes dados, a comunidade científica ainda não chegou a um concenso em relação ao tipo de cepas, tempo de uso, e quantidade administrada para o tratamento e prevenção da diarréia por Rotavírus e diarréia do Viajante, já que os modestos resultados apontam apenas para a redução dos sintomas (Sullivan; NORD, 2005). Existem várias espécies de bactérias probióticas em uso atualmente, inclusive na indústria de alimentos, com capacidade de proporcionar benefícios à saúde do hospedeiro, o que deve ser avaliado é necessidade e a eficácia de cada cepa e sua interação em diferentes tipos de microbiota, uma vez que seus benefícios variam de acordo com a ação de cada cepa. Grande parte dos resultados encontrados, sugerem melhora para o sintoma de diarréia, principalmente quando causada por Rotavírus, uso de antibióticos e diarréia aguda. O que de certa forma, se torna uma importante ferramenta de tratamento, já que na intolerância a lactose, a diarréia aparece em forma de sintomatologia. Outro fator importante e que deve ser considerado, é a conservação e o tempo de vida dos probióticos, muitos são estáveis somente por períodos limitados, quando armazenados em geladeiras. Os principais alimentos contento probióticos são os iogurtes, leites fermentados e fórmulas lácteas infantis. Quando esses alimentos são expostos ao calor ou oxigênio pode ocorrer destruição das bactérias. (HELLER, 2001; BENGMARK; MARTINDALE, 2005). Embora haja algumas evidências do benefício do uso de probióticos sobre o sintomas de diarréia em pacientes com intolerância à lactose, mais estudos precisam ser realizados afim de especificar as cepas, as doses e o tempo de uso em diferentes populações. NUTrição em pauta
37
Existem Beneficios do Uso de Probioticos em Crianças com Sintomas da Intolerancia à Lactose? Uma Revisão
Sobre os Autores
Dra. Markelen Calza - Nutricionista formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, especialista em Nutrição Clinica Personalizada. Profa. Dra. Simone P. Fernandes – Nutricionista formada pela Universidade Metodista IPA– RS. Especialista em Psicologia e Reeducação do Comportamento Alimentar IPGS/FATO. Mestre em Genética e Biologia Molecular UFRGS. Doutoranda em Obesidade/HCPA-UFRGS. Docente do curso de pós-graduação em Nutrição da Especialização em Nutrição Clínica e Estética e Nutrição Clinica Personalizada do IPGS.
Palavras-chave: probióticos, intolerância a lactose, diarréia, crianças. Keywords: probiotics, lactose intolerance, diarrhea, children.
Recebido: 15/3/2014 - Aprovado: 30/8/2014
Referências
BENGMARK, S.; MARTINDALE, R. Probiotics and antioxidants as functional foods. Acta Biochimica Polonica, Warszawa, v. 52, n. 3, p. 665-671, 2005. Braegger, C., et al. Supplementation of infant formula with probiotics and/or prebiotics: a systematic review and comment by the ESPGHAN committee on nutrition. J. Pediatric Gastroenterol Nutr. 2011. CANANI, R. B., et al. Probiotics for treatment of acute diarrhea in children: randomised clinical trial of five different preparations. Bmj, 2007. Correa, N., et al: Treatment of acute diarrhea with Saccharomyces boulardii in infants: a double-blind, randomized, placebo controlled trial. J. Clin. Gastroenterol., 149-153, 2011. EPIFANIO, Matias. Prebióticos e probióticos nas fórmulas infantis: o que temos de evidência?. Boletim Científico de PediatriaVol, 2012. FILHO, D.P; FURLAN, S.A. Prevalência de intolerância à lactose em função da faixa etária e do sexo: experiência do Laboratório Dona Francisca, Joinville (SC). Revista Saúde e Ambiente, v. 5, n. 1, jun. 2004. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Córdoba, 2001. 34p. Disponível em: <ftp://ftp.fao.org/es/esn/food/probioreport_ en.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2014. Guarino, A.; Lo Vecchio, A.; Canani, R.B. Probiotics
38
NUTrição em pauta
as prevention and treatment for diarrhea. Curr Opin Gastroenterol. 2009. Heller, J. K. Probiotic bacteria in ferment foods: product characteristics and starter organisms. American Journal of Clinical Nutrition, Bethesda, v. 73, n. 2, p. 374-379, 2001. KOPP-HOOLIHAN, L. ‘Prophylactic and therapeuticuses of probiotics: a review. Journal American Dietetic Association, Chicago, v. 101, p. 229-241, 2001. LEVRI, K.M., et al. Do probiotics reduce adult lactose intolerance? A systematic review. Journal of family practice, 2005. MARTEAU, P.R., et al. Protection from gastrointestinal diseases with the use of probiotics. Am. J. Clin. Nutr., 2001. MATTAR, R.; MAZO, D. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras. , vol.56, n.2, pp. 230-236, 2010. MATTHEWS, S.B., et al. Systemic lactose intolerance: a new perspective on an old problem. Postgrad. Med. J., 2005. MORAIS, M.B.; JACOB, C.M.A. The role of probiotics and prebiotics in pediatric practice. J. Pediatr. (Rio J.), vol.82, n.5, suppl., pp. S189-S197, 2006. Montalto, M.; et al. Management and treatment of lactose malabsorption. World J. Gastroenterol, 2006. Oberhelman, R.A., et al. A placebo-controlled trial of Lactobacillus GG to prevent diarrhea in undernourished Peruvian children. J. Pediatr., 1999. SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, v.61, n.3, p.91-99, 2003. SARKER, A.S.; et al. Lactobacillus paracasei strain ST11 has no effect on rotavirus but ameliorates the outcome of nonrotavirus diarrhea in children from Bangladesh. Pediatrics, 2005. Sullivan, A.; Nord, C.E. Probiotics and gastrointestinal diseases. J. Intern. Med., 2005. SZAJEWSKA, H.; Mrukowicz, J.Z. Probiotics in the treatment and prevention of acute infectious diarrhea in infants and children: a systematic review of published randomized, double-blind, placebo-controlled trials. J. Pediatric Gastroenterol Nutr. 2001. Szajewska, H.; Ruszczynski, M.; Radzikowski, A. Probiotics in the prevention of antibiotic-associated diarrhea in children: a meta-analysis of randomized controlled trials. J. Pediatr., 2006. SOUZA, D.N.P.; JORGE, M.T. The effect of Lactobacillus casei and Bifidobacterium breve on antibiotic-associated diarrhea treatment: randomized double-blind clinical trial. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Uberaba, v. 45, n. 1, Feb. 2012 . TODAR, K. The Bacterial of Humans. University of Wisconsin-Madison Departament of Bacteriology, 2007. Thomas, D.W.; Greer, F.R. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition; American Academy of Pediatrics Section on Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. Probiotics and prebiotics in pediatrics. Pediatrics. 2010. VANDENPLAS, Y.; et al. Probióticos e prebióticos na prevenção e no tratamento de doenças em lactentes e crianças. J. Pediatr. (Rio J.), vol.87, n.4, pp. 292-300., 2011. VARAVALLO, M.A.; THOMÉ, J.N.; TESHIMA, E. Aplicação de bactérias probióticas para profilaxia e tratamento de doenças gastrointestinais. Semina: Ciências biológicas e da saúde, 2008. VRESE, M.; et al. Probiotics – compensation for lactase insufficiency. Am. J. Clin. Nutr., 73, 2001. Weizman, Z.; Asli, G.; Alsheikh, A. Effect of a probiotic infant formula on infections in child care centers: comparison of two probiotic agents. Pediatrics. 2005.
nutricaoempauta.com.br
Nutrition and food in indigenous Brazilian societies and the necessity for action by nutritionists in the area
saúde pública
A Nutrição e a Alimentação nas Sociedades Indígenas Brasileiras e a Necessidade de Atuação de Nutricionistas na Área Resumo - A proposta do presente artigo é atualizar, de forma sintética, por meio de revisão da literatura, o cenário alimentar e nutricional das populações indígenas no Brasil, e, a partir do exposto, traçar reflexões sobre a necessidade de nutricionistas neste campo. Destacam-se as altas prevalências de déficit estatural na infância e do excesso de peso, com prevalências crescentes com o avanço da idade. Presença relevante de alimentos ricos em sal, açúcar e gorduras, em restrição às práticas alimentares tradicionais, é também registrada. Evidencia-se a necessidade de nutricionistas no campo da pesquisa, especialmente no refinamento de metodologias de avaliação quantitativa da alimentação. Nos serviços de saúde indígena requerem-se mais profissionais habilitados a construírem intervenções alimentares e nutricionais conjuntas às comunidades. Ressalta-se a importância de inclusão da temática nos cursos de graduação em Nutrição no país. Abstract - The purpose of this article is to update, synthetically, through literature review, the food and nutritional scenario of the indigenous population in Brazil, and later, reflect on the necessity of nutritionists in this field. High prevalence of stunting in childhood and excess weight that increases with increased age, are highlighted. Relevant presence of food with a high content of salt, sugar and fats, and the restriction on traditional food practices OUTUBRO 2014
is also recorded. The necessity for nutritionists in the field of research is evident, particularly in the refinement of methods for quantitative evaluation of food. More qualified professionals are required in indigenous health services to construct food and nutritional interventions together with the communities. The importance of the inclusion of this topic in the nutrition graduation courses in the country is highlighted.
Introdução A proposta do presente artigo é atualizar, de forma sintética, por meio de revisão da literatura, o cenário alimentar e nutricional das populações indígenas no Brasil, e, a partir do exposto, traçar reflexões sobre a necessidade da atuação de nutricionistas no campo. O Cenário alimentar e nutricional dos povos indígenas - A população indígena brasileira compreende 305 etnias, falantes de 274 diferentes línguas, abrangendo 896,9 mil habitantes. Representam atualmente 4,6% da população nacional e se encontram em situação de crescimento demográfico acelerado (IBGE, 2010). Apesar deste contingente relevante, os indígenas não foram incluídos, de forma específica, nos grandes inquéritos de alimentação e nutrição realizados no país (SANTOS; COIMBRA, 2003). Além disto, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional indígena (implantado desde 2005), necessita de avaliação crítica, seja de sua cobertura, qualidade, ou mesmo dos perfis alimentares e nutricionais registrados NUTrição em pauta
39
A Nutrição e a Alimentação nas Sociedades Indígenas Brasileiras e a Necessidade de Atuação de Nutricionistas na Área
(LEITE et al., 2007), tendo sido realizado somente um estudo desta natureza, junto aos Yanomami de Roraima (PANTOJA et al., 2014). Somente em 2009 foi realizado o I Inquérito de Alimentação e Nutrição dos Povos Indígenas, com amostra representativa dos menores de 5 anos e das mulheres entre 14 a 49,9 anos do país (COIMBRA et al., 2013). No entanto, restam lacunas de informações nutricionais, nacionalmente representativas, para outras faixas etárias e para o sexo masculino (CASTRO et al., 2014). Todos os demais estudos disponíveis sobre a alimentação e nutrição destes povos restringem-se a explorações pontuais, com etnias e populações específicas, o que limita extrapolação de resultados (SANTOS; COIMBRA, 2003). O cenário alimentar e nutricional indígena a seguir apresentado baseia-se em resultados do Inquérito Nacional supracitado e de estudos pontuais. Ressalta-se que na grande maioria dos estudos a avaliação nutricional baseou-se em inquéritos antropométricos e se derivou de cortes transversais. Entre crianças destacam-se as altas prevalências de déficits de peso/idade e estatura/idade (ORELLANA et al., 2006; MONDINI et al., 2007; MONDINI et al., 2009; KUHL et al., 2009; CASTRO et al., 2010). Em alguns estudos pontuais o déficit estatural atingiu metade das crianças (LEITE et al., 2007; BARRETO et al., 2014). No Inquérito Nacional foi apontado 5,9% de baixo peso/idade e 25,7% de baixa estatura/idade entre menores de 5 anos (HORTA et al., 2013).Um dos poucos estudos que acompanharam longitudinalmente a estatura entre crianças indígenas no país reafirma a elevada prevalência de déficit estatural entre menores de 10 anos Xavánte, a partir de registros dos anos de 2009, 2010, 2011 e 2012 (FERREIRA et al., 2013). Em paralelo, diferentes estudos ilustraram presença importante da obesidade infantil neste cenário (LEITE et al., 2006; MENEGOLA et al., 2006; MONDINI et al., 2009; KUHL et al., 2009; CASTRO et al., 2010). A proeminência de elevados valores de peso excessivo foi também registrada nos estudos conduzidos com os adolescentes (LEITE et al. 2007; SAMPEI et al., 2007, CASTRO et al, 2010, BARUFALDI et al., 2011; CASTRO et al., 2010) e adultos indígenas (COIMBRA et al., 2013, LOURENÇO et al. 2008; GIMENO et al. 2007 e 2009, CASTRO et al. 2010, DAL FABRO et al., 2014, BARRETO et al, 2014, ROCHA et al., 2011, OLIVEIRA, 2011). A título de ilustração, entre as indígenas em idade reprodutiva no país, o excesso de peso atingiu quase metade (45,9%) das mesmas (COIMBRA et al., 2013). Os poucos estudos que avaliaram o estado nutricional de ferro nestas comunidades apontaram prevalências muito altas da anemia, especialmente entre crianças (LEITE et 40
NUTrição em pauta
al., 2013; MONDINI et al. 2007; BARRETO et al., 2014, MONDINI et al., 2009, LEITE, 2003, MORAIS et al, 2005; MENEGOLLA et al., 2006; ORELLANA et al., 2006). No Inquérito Nacional a anemia atingiu 51,2% dos menores de 5 anos, 32,7%das mulheres de 14-59,9 anos não grávidas e 35,2% daquelas grávidas (COIMBRA et al., 2013). Sobre as doenças e agravos não transmissíveis (DANTs) nestas comunidades são destacadas as altas prevalências de hipertensão arterial na população adulta, com valores que oscilam de 2,8% a 29,7%(TAVARES et al., 2013, ROCHA et al., 2011,GIMENO et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2011; DAL FABRO et al., 2014; SANTOS et al., 2012 SALVO et al, 2009). Outro agravo de relevância registrado é o Diabetes Mellitus (DM) e alterações glicêmicas, que outrora inexistentes neste contexto (CASTRO et al., 2014) passou a ser observado em alguns estudos (GIMENO et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2011; SANTOS et al., 2012; DAL FABRO et al., 2014, SALVO et al., 2009), com valores que oscilam de 1,2% entre as mulheres de 1449,9 anos do inquérito nacional (COIMBRA et al., 2013) a 33,4% entre os Xavante maiores de 20 anos, do Mato Grosso (DAL FABRO et al., 2014). Figura 1. Principais problemas nutricionais e agravos relacionados registrados entre indígenas nas diferentes faixas etárias.
Metodologia
O presente artigo foi elaborado a partir da revisão da literatura existente sobre o assunto, por meio da consulta das bases bibliográficas LILACS, SCIELO e PUBMED, além de livros e dissertações atuais sobre a temática entre os anos de 2001 a julho de 2014. Nas bases os descritores utilizados foram: saúde indígena, nutrição indígena alimentação indígena e população indígena. nutricaoempauta.com.br
Nutrition and food in indigenous Brazilian societies and the necessity for action by nutritionists in the area
saúde pública
Figura 2. Principais alterações alimentares relatadas nos hábitos alimentares dos povos indígenas brasileiros.
2003; FÁVARO et al., 2007). Estudos conduzidos em escolas de áreas indígenas, avaliando o Programa Nacional de Alimentação Escolar neste contexto (GIORDANI 2010, OLIVEIRA 2011; GONÇALVES 2012, PESSOA, 2013; CASTRO et al., 2014 no prelo), chamam atenção para um dos principais desafios nesta realidade, que trata-se de contemplar a especificidade cultural das distintas etnias quando da elaboração e execução dos cardápios (GONÇALVES, 2012; CASTRO et al, no prelo). Além deste aspecto, estudos apontam também para a inadequação nutricional dos cardápios. CASTRO et al (2014, no prelo), em estudo avaliando os cardápios propostos pelas Coordenarias Regionais de Educação às escolas Kaingáng do Rio Grande do Sul, observaram baixa oferta de verduras/ legumes e leite e derivados em cerca de 60% dos cardápios e de leguminosas e frutas em cerca de 80% dos mesmos.
*Leite et al. 2007, Schuch, 2000, Ribas et al., 2001, Ribas et al., 2003 Fávaro et al., 2007, Cardoso et al., 2009.
Conclusão
Resultados Sobre o cenário alimentar, os estudos que analisaram este aspecto, de forma quantitativa, são limitados numericamente. Os fatores que dificultam a realização dos mesmos referem-se à sua complexidade de execução, que envolve, dentre outros, os distintos hábitos alimentares entre etnias, as variações na disponibilidade territorial e a sazonalidade alimentar, as representações sociais do alimento diferenciadas para cada contexto, o tempo e o tipo de contato com a sociedade envolvente, entre outros (CASTRO et al., 2014). Dados do Inquérito Nacional, obtidos a partir de observação da presença de alimentos nos domicílios indígenas, apontaram a utilização de gorduras, açúcar e sal quase que na totalidade dos mesmos, sendo consumidos em 96,6%, 99,6% e 98,7% destes, respectivamente. Apesar de grande percentual dos domicílios (99,1%) ter mencionado realizar, para consumo próprio, criação de animais como galinha, boi e porco; cultivares como mandioca milho e feijão (97,3%); pesca (92%); caça e coleta (86,7%), a falta de alimentos em alguma época do ano foi relatada em 83,2% dos mesmos (CARDOSO et al., 2009). Sobre as observações realizadas com etnias específicas, em síntese as mesmas ilustram a presença de alimentos ricos em sódio, açúcar e gorduras (LEITE et al., 2007, SCHUCH, 2000, RIBAS et al, 2001, RIBAS et al, 2003) e de alimentação restrita em micronutrientes, com destaque especial para a restrição em ferro, cálcio, vitaminas A e C (SCHUCH, 2001, RIBAS et al., 2001, RIBAS et al., OUTUBRO 2014
A atuação do nutricionista nesta realidade - É largamente conhecida a influência das modificações dos hábitos alimentares no estado de saúde da população, sendo o aumento do consumo de alimentos industrializados ricos em sódio, açúcar e gordura apontado como grande contribuinte para o fenômeno de transição nutricional no país (BRASIL, 2010). A população indígena, neste sentido, está exposta à situação semelhante. Com a perda de suas terras, que ocorreu ao longo de décadas, esta foi forçada à modificação de seus hábitos, diminuindo as práticas tradicionais de obtenção de alimento, como plantio, caça e coleta, e introduzindo, cada vez mais, alimentos industrializados (LEITE, 2007). Concomitantemente ao registro do excesso de peso e doenças crônicas nesta realidade, observa-se a exposição desta população a condições precárias de saúde e moradia, que permitem a continuidade de problemas na infância, como déficit de peso e crescimento e incidências de infecções como diarreia e problemas respiratórios (ORELLANA, 2006). Pela síntese exposta, fica evidente a necessidade de nutricionistas na área da saúde indígena. No campo das investigações, pesquisadores nutricionistas se fazem necessário, especialmente no que tange ao refinamento de metodologias que permitam quantificar e qualificar melhor os hábitos alimentares dos distintos povos no país. Faz-se também importante uma maior presença, em termos numéricos, de nutricionistas juntos às Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, responsáveis, sobre coordenação nacional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI/MS), pela saúde em Terras Indígenas. Neste campo o nutricionista é requerido principalmente NUTrição em pauta
41
A Nutrição e a Alimentação nas Sociedades Indígenas Brasileiras e a Necessidade de Atuação de Nutricionistas na Área
no processo de intervenções alimentares e nutricionais, a serem construídas conjuntamente com as comunidades. No entanto, anteriormente à necessidade de maior presença de nutricionistas nas pesquisas e nos serviços de saúde indígenas, ressalta-se a necessidade de um preparo melhor destes profissionais desde sua formação. Isto remete, claramente, ao ensejo de reorganização dos cursos de graduação em Nutrição no país, buscando contemplar conteúdos de saúde indígena, e trabalhando, conjuntamente, conteúdos de educação alimentar e nutricional crítica e aportes da antropologia para a compreensão e a intervenção nestes contextos. Outro aspecto importante é a promoção de mais vagas para estudantes indígenas junto aos cursos de graduação em nutrição no país, com vistas ao trabalho futuro junto às suas comunidades. Espera-se, com este artigo, a sensibilização das universidades no que tange à ampliação do ensino e da pesquisa sobre a temática da saúde indígena, e dos gestores públicos da saúde, no tocante à necessidade de ampliação da contratação de nutricionistas no âmbito das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena.
Sobre os Autores
Profa. Dra. Teresa Gontijo de Castro - Doutora em Saúde Pública com ênfase em Nutrição (FSP/USP). Professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais. Dra. Nicole Louise Gonzaga de Oliveira Santos- Nutricionista pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Palavras-chave: Saúde Indígena. População Indígena. Estado Nutricional. Keywords: Indigenous Health, Indigenous People, Nutritional Status.
Recebido: 18/8/2014 - Aprovado: 30/9/2014
Referências
BARRETO, C.T.G.; CARDOSO, A.M. & COIMBRA Jr, C.E.A. Estado nutricional de crianças indígenas Guarani nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil.Cad. Saúde Pública, v.30, n.3, p.657-662,2014.
42
NUTrição em pauta
BARUFALDI, L.A. et al. Bioelectrical Impedance values among indigenous children and adolescents in Rio Grande do Sul, Brazil. Ver. Panam. Salud Publica, v.30, n.1, p. 39-45, 2011. BRASIL, Ministério da Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição, Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Atenção à Saúde. (2006). Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Os indígenas no censo demográfico 2010: primeiras considerações com base no quesito cor ou raça. Rio de Janeiro, 2012. CARDOSO, A.M.; HORTA, B.L. & COIMBRA Jr, C.E.A. (coords). Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas. FUNASA, ABRASCO, Banco Mundial, 2009. 496 p. CASTRO, T.G. et al. Estado Nutricional dos indígenas Kaingang matriculados em escolas indígenas do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.26, n.9, p. 1766-1776, 2010. CASTRO, T.G. et al. Alimentação e Nutrição de Povos Indígenas Brasileiros em CARDOSO, M.A.: Nutrição em Saúde Coletiva. Editora Atheneu. 2014. p. 91 – 103. CASTRO T.G. Características de gestão, funcionamento e cardápios do Programa Nacional de Alimentação Escolar em escolas indígenas Kaingáng, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, 2014. No prelo. COIMBRA Jr, C.E.A et al.The First National Survey of Indigenous People’s Health and Nutrition in Brazil: rationale, methodology, and overview of results. BMC Public Health, v. 19, p.13:52, 2013. DAL FABRO, AL et al. High Prevalence of type 2 diabetes Mellitus in Xavante Indians from Mato Grosso, Brazil. Ethn Dis, v.24, n.1, p.35-40, 2014. FÁVARO, T. et al. Segurança alimentar em famílias indígenas Teréna, Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.23, n.4, p.985-993, 2007. FERREIRA, A.A. Crescimento linear e ganho de peso em crianças Xavante: um estudo longitudinal. [Tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, 2013. GIMENO, S.G.A. et al. Perfil metabólico e antropométrico de índios Aruák: Mahináku, Waurá e Yawalapití, Alto Xingu, Brasil Central, 2000/2002. Cad. Saúde Publica, v.23, n.8, p.1946-1954, 2007. GIMENO, S.G.A. et al. Cardiovascular risk factors samong Karib indigenous (Kalapalo, Kuikuro, Matipu e Nahukwá), Upper-Xingu, Central Brazil, 2000-2003. J. Epidemiol. Comm. Health, v.63, n.4, p. 299-304, 2009. GIORDANI, R.CF.; GIL, LP.; AUZANI, S.C.S. Políticas públicas em contextos escolares indígenas: repensando a alimentação escolar. Espaço Ameríndio,v.4, p. 25-51, 2010. nutricaoempauta.com.br
Nutrition and food in indigenous Brazilian societies and the necessity for action by nutritionists in the area
saúde pública
GONÇALVES, R. C.A diversidade sociocultural no Programa Nacional de Alimentação Escolar: uma etnografia da alimentação escolar indígena entre os Xavánte de Parabubure, Mato Grosso.[Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. HORTA, B.L et al. Nutritional status of indigenous children: findings from the Firsty National Survey of Indigenous People’s Health and Nutrition in Brazil. Int. J. Equity Health, v. 12, n.23, p. 1-13,2013. KÜHL, A.M. et al. Perfil nutricional e fatores associados a ocorrência de desnutrição entre crianças indígenas Kaingang da Terra Indígena de Mangueirinha, Paraná, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.25, n.2, p.409-420,2009 LEITE MS et al. Perfis de saúde indígena, tendências nacionais e contextos locais: reflexões a partir do caso Xavánte, Mato Grosso. In: COIMBRA Jr, CEA, SANTOS RV & ESCOBAR AL (organizadores). Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 105-125. LEITE, M. S.Crescimento físico e perfil nutricional da população indígena Xavánte de Sangradouro-Volta Grande, Mato Grosso, Brasil.Cad. Saúde Pública, vol.22, n.2, p.265-276, 2006. LEITE, M. S. Sociodiversidade, alimentação e nutrição indígena. In: BARROS D.C.;SILVA D.O.; GUGELMIN A.S. (organizadores). Vigilância alimentar e nutricional para a saúde indígena. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2007. p. 181-210. LEITE, M.S. et al. Prevalence of anemia and associated factors among indigenous children in Brazil:Results from the First National Survey of Indigenous People’s Health and Nutrition. Nutr. J., v.12, n.69, p. 1-11, 2013. LOURENÇO, A.E.P. et al. Nutrition transition in Amazonia: obesity and socioeconomic change in the Suruí Indians from Brazil. Am. J. Hum. Biol., v.20, p.564-71, 2008. MENEGOLLA, I.A. et al. Estado nutricional e fatores associados à estatura de crianças da Terra Indígena Guarita, Sul do Brasil.Cad. Saúde Pública, v.22, p.395-406, 2006. MONDINI, L. et al Condições de nutrição em crianças Kamaiurá – povo indígena do Alto Xingu, Brasil Central. Rev. Bras. Epidemiol., v.10, p.39-47,2007. MONDINI L. et al Estado nutricional e níveis de hemoglobina em crianças Aruak e Karib - Povos indígenas do Alto Xingu, Brasil Central, 2001-2002. Rev. Bras. Epidemiol., v.12, n.3, p.469-477, 2009. MORAIS M.B.; ALVES G.M.S.; FAGUNDES NETO, U. Estado nutricional de crianças índias terenas: evolução do peso e estatura e prevalência atual de anemia. J Pediatr., v.81, n.5, p. 383-389, 2005. OLIVEIRA, G.F. et al. Prevalência de diabetes melito e tolerância à glicose diminuída nos indígenas da Aldeia Jaguapiru, Brasil. Rev. Panam. Salud Publica, v.29, n.5,
p.315–321, 2011. OLIVEIRA, Z.A. Segurança alimentar nas escolas indígenas do Centro Willimon da Terra Indígena Raposa Serra do Sol – RR [Dissertação de Mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília, 2013. ORELLANA, J.D.Y et al. Nutritional status and anemia in Suruí indian children, Brazilian Amazon. J. Pediatr., v.82, n.5, p.383-355, 2006. PANTOJA, L.D.N. et al. Cobertura do Sistema de Vigilância Alimentar e nutricional (SISVAN I) e prevalência de desvios nutricionais em crianças Yanomami menores de 60 meses, Amazônia, Brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., v.14, n.1, p.53-63, 2014. PESSOA MCMB. Programa Nacional de Alimentação Escolar em escolas da Terra Indígena Buriti – Mato Grosso do Sul [Dissertação de Mestrado]. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2013. RIBAS D.L.B. et al .Nutrição e saúde infantil em uma comunidade indígena Teréna, Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.17, n.2, p.323-331, 2001. RIBAS D.L.B, PHILIPPI S.T. Aspectos Alimentares e Nutricionais de mães e crianças indígenas Teréna, Mato Grosso do Sul. In: COIMBRA Jr, CEA, SANTOS RV & ESCOBAR AL (organizadores). Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p.73-88. ROCHA, A.K.S. et al. Prevalência da síndrome metabólica em indígenas com mais de 40 anos no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev. Panam. Salud Publica, v.29, n.1, p.41-45, 2011. SALVO, V. et al. Perfil metabólico e antropométrico dos Suyá. Parque Indígena do Xingu, Brasil Central. Rev. Bras. Epidemiol., v.12, n.3, p.458-468, 2009. SAMPEI, M.A. et al. Avaliação antropométrica de adolescentes Kamayurá, povo indígena do Alto Xingu, Brasil Central (2000-2001). Cad. Saúde Pública. V.23, p.14431453, 2007. SANTOS R.V., COIMBRA JR. C.E.A. Cenários e tendências da saúde e da epidemiologia dos povos indígenas do Brasil. In: COIMBRA Jr, CEA, SANTOS RV & ESCOBAR AL (organizadores). Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 13-47. SANTOS, K. M. et al. Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo transversal com indígenas Khisêdjê do Parque Indígena do Xingu, Brasil. Cad. Saúde Pública,v.28, n.12, p.2327-2338, 2012. SCHUCH I. Perfil socioeconômico e alimentar das famílias indígenas Kaingang do Guarita RS [Dissertação de Mestrado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2001. TAVARES, F. G.; JUNIOR C. E. A. C & CARDOSO, A. M. Níveis tensionais de adultos indígenas Suruí, Rondônia, Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva, vol.18, n.5, 2013.
OUTUBRO 2014
NUTrição em pauta
43
Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial
Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial Resumo - O objetivo deste trabalho foi desenvolver e avaliar a aceitabilidade de um confeito do tipo alfajor, fonte de fibras, voltado para a demanda por produtos sofisticados, saborosos e com alegação de saudabilidade. O produto desenvolvido rende 30 unidades, possui 166 kcal na porção de 40g, é fonte de fibras, ferro, magnésio, fósforo e proteínas e apresentar alto teor de manganês. Sessenta e cinco voluntários avaliaram o produto sensorialmente, sendo a maioria pessoas de 13 e 23 anos do sexo feminino, com ensino médio completo. A avaliação dos atributos foi: aparência e odor com nota entre 8 (gostei muito) e 9 (gostei extremamente); textura: entre 7 (gostei regularmente) e 8 (gostei muito); sabor: entre 7 (gostei regularmente) e 9 (gostei extremamente). Anota global foi 8 (gostei muito), 84% dos voluntários provavelmente comprariam ou definitivamente comprariam. O Índice de Aceitabilidade (IA) foi de 80%, o que o classifica como bem aceito sensorialmente. Abstract - The objective of this work was to develop and evaluate the acceptability of a sweet alfajor type, source of 44
NUTrição em pauta
fiber, facing the demands for sophisticated products, with healthfull claim. The produt yields 30 units, with 166 kcal in the porcion of 40g, is source of fiber, iron, magnesium, phosphorus and protein and provides high manganese. Sixty-five volunteers rated the product sensory, most people 13 to 23 years old female with high school. The evaluation of attributes was: appearance and odor with a grade between 8 (like very much) and 9 (like extremely); texture: between 7 (liked regular) and 8 (like very much); taste: between 7 (regularly enjoyed) and 9 (extremely liked). Overall mark was 8 (like very much), 84% of the volunteers probably or definitely buy it. The acceptability index (AI) was 80%, which ranks as well accepted sensory.
Introdução A alimentação da população brasileira vem se modificando nas últimas décadas com o aumento do consumo de alimentos com alto valor energético, carboidratos simples e com baixo teor de fibras, o que pode causar o aumento de risco no desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs) (PINHO et al., 2012). Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008nutricaoempauta.com.br
Big Stock Photo
Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial
2009, 68% dos brasileiros não ingerem a quantidade recomendada de fibras por dia, de 25 gramas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; IBGE, 2011). O avanço do conhecimento sobre a relação entre alimentação e saúde, além da busca permanente da indústria por inovações têm gerado novos produtos, cujas funções pretendem ir além do conhecido papel nutricional dos alimentos. A produção desse tipo de alimento movimenta fortemente o mercado financeiro e os investimentos publicitários na área alimentícia (SALES et al., 2008). Segundo o estudo BRASIL FOOD TRENDS (FIESP, 2010), há um aumento em todo o mundo, por parte dos consumidores, da percepção e demanda pelos benefícios proporcionados pelo consumo de fibras, grãos integrais, antioxidantes entre outros. São consideradas fibras as partes comestíveis de plantas, resistentes à digestão e absorção no organismo e sofrem fermentação no intestino. Exercem diversos efeitos benéficos como retardar o esvaziamento gástrico, acelerar trânsito intestinal, aumentar peso e volume das fezes, aumentar excreção de ácidos biliares, reduzir concentração plasmática de colesterol e melhorar a tolerância à glicose (DALL’ALBA; AZEVEDO, 2010). O chocolate amargo tem inúmeros benefícios provenientes da manteiga de cacau, rica nos ácidos esteáricos e oléicos, que possuem efeito neutro sobre o colesterol, não contribuindo para o seu aumento (SOUZA, 2010). Os flavonoides, também presentes no chocolate amargo, apresentam atividade antioxidante, que podem retardar ou impedir a oxidação lipídica ou de outras moléculas, evitando a formação de radicais livres que causam danos à membrana celular. Também podem evitar a exacerbação de reações inflamatórias, que provocam danos aos tecidos do corpo, além de estarem associados ao retardo do envelhecimento (MACHADO et al., 2008). O alfajor é um doce originalmente criado na Espanha. Seu nome vem do árabe al hasu e significa recheado. É composto tradicionalmente de duas ou três camadas, que após assadas devem ser levemente crocantes e macias, quase esfarelando, mas firmes e recheadas com doce de leite e cobertura de chocolate derretido ou polvilhado com açúcar de confeiteiro. Muito popular na Argentina, o doce é considerado um ícone da cultura do país, onde é consumido por grande número de pessoas todos os dias e existe uma variedade imensa de marcas que o comercializa. Com o passar dos anos, entretanto, a receita tradicional foi perdendo espaço para sabores novos e exóticos (MANZONI, 2010). Portanto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e avaliar a aceitabilidade de um confeito, do tipo alfajor, fonte de fibras, voltado para a demanda 46
NUTrição em pauta
por produtos sofisticados, saborosos e com alegação de saudabilidade.
Material e Método Este trabalho foi conduzido na Cozinha Experimental do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde foi realizado o desenvolvimento do produto e análise sensorial, durante os meses de fevereiro à maio de 2012. Os ingredientes utilizados foram adquiridos no comércio varejista local. A formulação é apresentada ao lado.
Muito popular na Argentina, o doce é considerado um ícone da cultura do país. Com o passar dos anos, entretanto, a receita tradicional foi perdendo espaço para sabores novos e exóticos” Manzoni, 2010 Para a preparação foi derretida em forno microondas doméstico a manteiga por 30 segundos. Foi acrescentado açúcar mascavo e gema de ovos e misturados até a obtenção de massa homogênea. A essa massa foram acrescentados farinha de trigo, amido de milho, essência de baunilha, aveia em flocos, leite integral, clara de ovos, fermento em pó e o antiumectante carbonato de magnésio. Todos os ingredientes foram homogeneizados manualmente. A massa foi aberta até a espessura de 3mm e cortada em círculos 3cm de diâmetro. Os círculos foram assados em forno combinado a 180°C durante 18 minutos. Para o recheio foram dissolvidos amido de milho leite e levados a fogo médio (180°C) – fogão doméstico. Após atingir a viscosidade desejada, foram adicionados coco ralado, açúcar, o antiumectante carbonato de magnésio e o espessante carboximetilcelulose sódica. Todos os ingredientes foram misturados e reservados até atingirem temperatura ambiente. Para a cobertura foi utilizado chocolate amargo para cobertura em banho-maria (45°C) e acrescentado antiumectante carbonato de magnésio. Para a montagem do produto, dois círculos receberam o recheio e a cobertura de chocolate temperado. Para prolongar o tempo de conservação do produto, a embalagem primária é de papel alumínio e a embalagem secundária contendo as informações do produto foi confeccionada em papel cartão. nutricaoempauta.com.br
Development of Alfajor Source of Fiber: Evaluation of The Composition and Sensory Centesimal
Quadro 1. Formulação do produto. São Paulo, 2012. Peso (g)
Descrição dos Ingredientes
44
Manteiga
98
Açúcar mascavo
72
Gema
94
Farinha de trigo
88
Amido de milho
24
Massa
Essência de baunilha
6
Fermento em pó
170
Aveia em flocos
39
Leite
28
Clara
2
Antiumectante carbonato de magnésio (INS 504i)
286
Leite
14
Amido de milho
43
Coco ralado
53
Açúcar
Recheio
2
Antiumectante carbonato de magnésio (INS 504i)
2
Espessante carboximetilcelulose sódica (INS 466) Chocolate amargo para cobertura
210 Cobertura 1
OUTUBRO 2014
Antiumectante carbonato de magnésio (INS 504i)
food service Para determinação da porção, verificou-se a legislação Resolução – RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003. A informação complementar foi baseada na Portaria nº. 27, de 13 de janeiro de 1998. Para o cálculo da informação nutricional obrigatória (segundo RDC 360, de 26/12/2003) foi utilizada a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Taco (UNICAMP, 2011). A análise sensorial foi conduzida com painel de 65 provadores não treinados formado de estudantes de graduação, docentes e funcionários da instituição onde o procedimento foi realizado. O teste aplicado foi do tipo afetivo de aceitabilidade, sendo elaborado pelos próprios pesquisadores ficha de análise sensorial com dados para caracterização do sujeito de pesquisa, escala hedônica de 9 a 1 para os atributos nota global, aparência, odor, textura, sabor e verificação da intenção de compra do produto. Foi ofertada uma amostra do produto de 25g juntamente com um copo com água a temperatura ambiente para evitar possível influência por alimentos ingeridos anteriormente, além da ficha do teste. As pessoas que responderam voluntariamente à pesquisa assinaram termo de consentimento livre e esclarecido para a autorização da utilização dos dados e garantias de anonimato e confidencialidade e receberam carta de esclarecimento sobre o estudo. A pesquisa atendeu aos princípios éticos da Resolução do CNS 196/96 e foi aprovada pelo CIEP no N001/02/11. O Índice de Aceitabilidade (IA) foi calculado considerando a nota máxima alcançada como 100% e a pontuação média, em %. Um produto bem aceito sensorialmente é aquele cujo valor de AI>70% (TEIXEIRA; MEINERT; BARBETTA, 1987). Os resultados obtidos na análise sensorial passaram por análise estatística no IBM SPSS Statistics 20 e Microsoft Excel versão 14 (2010).
Resultados e Discussão O rendimento do produto foi de 30 unidades. Utilizando-se de todos os ingredientes e suas respectivas proporções, obteve-se a tabela de informação nutricional do produto (quadro 2). Além da declaração obrigatória optou-se por declarar a quantidade de ferro, pois a quantidade desse mineral na porção ultrapassou 5% da IDR, conforme preconizado pela RDC nº 360. A quantidade de produto utilizada para a determinação da porção foi de 1 e ½ unidade de acordo com a RDC nº 359. O produto pode ainda pleitear junto à Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) o título de Alimento funcional pois alimento ou ingrediente com alegação de propriedades funcionais é aquele que, além das funções nutricionais básicas produzirem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou NUTrição em pauta
47
Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial
efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica (BRASIL, 1999). O alfajor alcançou teor para receber a informação nutricional complementar de fonte de fibras alimentares, atendendo aos objetivos propostos, de acordo com a Portaria nº 27/98, que diz respeito à Informação Nutricional Complementar. Consequentemente obtiveram-se outros atributos que são contemplados por essa Portaria, como ser um produto fonte de ferro, magnésio, fósforo e proteínas e apresentar alto teor de manganês (BRASIL, 1998).
O alfajor desenvolvido apresenta 166 kcal na porção de 40g. Pode ser considerado fonte de fibras além de fonte de ferro, magnésio, fósforo e proteínas e apresentar alto teor de manganês” Dos Autores
48
NUTrição em pauta
Big Stock Photo
Produtos ricos em ferro auxiliam na prevenção da anemia ferropriva, doença considerada problema de saúde pública. Para seu tratamento é importante garantir-se o consumo de alimentos ricos em ferro aliados à estratégias dietéticas que aumentem sua biodisponibilidade e diminuam os fatores antinutricionais (BORTOLINI; FISBERG, 2010). O investimento nestes produtos é uma forma de intervenção, sendo necessário apenas a utilização de um alimento habitual do indivíduo/população como veículo (ANDRADE, 2004). Em relação às fibras a diminuição do seu consumo pode provocar retardo no transito gastrointestinal e prevalência de flora bacteriana anaeróbica. Essa flora pode originar compostos cancerígenos, além de propiciar maior absorção de gorduras, pois as fibras iriam absorver essa gordura e eliminá-la nas fezes (TEIXEIRA et al, 2007). Quanto ao perfil do painel de degustadores, 72% dos voluntários possuíam idade entre 13 e 23 anos, 19% tinham entre 23 e 33 anos e 9% possuíam de 33 a 43 anos, sendo a média de idade de 21,9±5,7 anos. Mulheres eram 75% do painel e homens, 25%. Quanto à escolaridade, 12% possuíam ensino fundamental completo, 65% ensino médio completo e 23% ensino superior completo. A Figura 1 abaixo apresenta o gráfico com a distribuição dos atributos avaliados e as respectivas notas. Pode-se perceber, através de análise do gráfico, que o produto foi bem avaliado em todos os atributos, com distribuição nutricaoempauta.com.br
Development of Alfajor Source of Fiber: Evaluation of The Composition and Sensory Centesimal
igualitária em todos eles, onde os atributos aparência e odor tiveram nota entre 8 (gostei muito) e 9 (gostei extremamente). Quadro 2. Tabela de Informação nutricional do produto segundo legislação vigente para produtos embalados na ausência do consumidor. São Paulo, 2012. Informação Nutricional - Porção de 40 g (1 ½ unidade) Quantidade por Porção
% VD (*)
166 kcal = 697 kJ
8
Carboidratos
22 g
7
Proteínas
3,3 g
4
Gorduras totais
7,2 g
13
Gorduras saturadas
3,9 g
18
Gorduras trans
0g
*VD não estabelecido
Fibra alimentar
1,6 g
6
Valor energético
Sódio
50 mg
2
Ferro
0,80 mg
6
*% Valores Diários de Referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo das suas necessidades energéticas. O atributo textura teve nota entre 7 (gostei regularmente) e 8 (gostei muito). O atributo sabor obteve nota entre 7 (gostei regularmente) e 9 (gostei extremamente). Anota global do produto foi 8 (gostei muito). Resultados OUTUBRO 2014
food service pouco acima ao do trabalho de SANTANA et al. (2011) que buscaram desenvolver biscoitos enriquecidos em fibras, sensorialmente aceitáveis, com substituição de ingredientes. Os atributos aroma e sabor obtiveram notas variando de 6 (gostei ligeiramente) a 8 (gostei muito). Em relação à aparência as notas variaram entre 6 (gostei ligeiramente) e 7 (gostei regularmente). Neste trabalho, a textura obteve as menores notas, entre 4 (desgostei ligeiramente) e 7 (gostei regularmente) (SANTANA et al, 2011). É necessário se observar as diferenças entre os produtos desenvolvidos, o que pode explicar as divergências entre os resultados. Figura 1. Distribuição das notas do teste de aceitabilidade dos atributos aparência, odor, textura, sabor e nota global. São Paulo, 2012.
A opção de compra do produto também se apresentou positiva, uma vez que 84% das menções de compra são favoráveis (provavelmente compraria e definitivamente compraria). Os que não sabem informar se comprariam o produto representam 11%, 5% provavelmente não compraria. A demanda por produtos ricos em fibras está associada aos diversos benefícios que este nutriente possui. Ademais, alimentos tipo biscoitos, bolachas e alfajores são amplamente aceitos e consumidos por pessoas de qualquer idade além da maior vida de prateleira, o que permite sua produção em larga escala (MARETTI, GROSSMANN, BENASSI, 2010). Quanto ao Índice de Aceitabilidade (IA) do produto, obteve-se o resultado de 80%, o que o classifica como bem aceito sensorialmente, pois IA > 70% de acordo com TEIXEIRA; MEINERT; BARBETTA (1987). NUTrição em pauta
49
Desenvolvimento de Alfajor Fonte de Fibras: Avaliação da Composição Centesimal e Sensorial
Conclusão O alfajor desenvolvido apresenta 166 kcal na porção de 40g. Pode ser considerado fonte de fibras além de fonte de ferro, magnésio, fósforo e proteínas e apresentar alto teor de manganês. Obteve nota global entre 7 e 9 em análise sensorial, intenção de compra favorável pela grande maioria do painel de degustadores e IA de 80%.
Sobre os Autores
Daniele Lima da Cruz - Aluna do Curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Alisson Diego Machado - Aluno do Curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Luana Romão Nogueira - Aluna do Curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Edilene Vitorino Olivon - Aluna do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Profa. Dra. Andrea Carvalheiro Guerra Matias – Docente do curso de Nutrição do Centro de Ciências Biológicas e da saúde Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Palavras-chave: fibras na dieta; composição de alimentos; cacau. Keywords: Dietary fiber; food composition; cacao.
Recebido: 28/4/2014 - Aprovado: 30/7/2014
Referências
ANDRADE, K.C. A fortificação de alimentos com ferro no controle da anemia ferropriva. Revista Brasileira de Ciências em Saúde, São Paulo, v. 2, n.3, p. 50-55, 2004. BERTOLINI, G.A; FISBERG, M. Orientação nutricional do paciente com deficiência de ferro. Rev Brás Hematol Hermoter, São Paulo, v. 32. n. 2, p. 105-113, 2010. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 27, de 13/01/1998. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 359 e nº 360, de 23/12/2003. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº 18, de 30/04/1999. DALL’ALBA, V.; AZEVEDO, J, M. Papel das fibras alimentares sobre o controle glicêmico, perfil lipídico e 50
NUTrição em pauta
pressão arterial em pacientes com diabetes melito tipo 2. Rev. HCPA. Porto Alegre, v. 30, n. 4, 2010. FIESP. BRASIL FOODS TRENDS 2020. São Paulo, Fiesp – Instituto de Tecnologia de alimentos, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2011. Disponível em<http:// www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/pofanalise_2008_2009.pdf> Acesso em 9 NOV 2013. MACHADO, H. et al. Flavonóides e seu potencial terapêutico. Bol Cent Biol Reprod. Juiz de Fora, v.27, n.1/2, p. 33-39, jan-dez/2008. MANZONI, C. La dieta argentína: cada día se comen 6 millones de alfajores. La Nacíon. Argentina, 03 out. 2010. Caderno economia. MARETTI, M.C; GROSSMANN, M.V.E; BENASSI, M.T, Características físicas e sensoriais de biscoito com farinha de soja e farelo de aveia. Ciência e tecnologia de alimentos, Campinas, v. 30, n.4, p.878-883, out-dez/2010. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Guia Alimentar para a população Brasileira, 2006. Disponível em: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/guia_alimentar_conteudo.pdf>. Acesso em 06 MAIO 2012. PINHO, C. P. F. et al. Consumo de alimentos protetores e preditores do risco cardiovascular em adultos do estado de Pernambuco. Rev. Nutri. Campinas, v. 25, n. 3, 2012. SANTANA, F.C et al. Desenvolvimento de biscoito rico em fibras elaborado por substituição parcial da farinha de trigo por farinha da casca do maracujá amarelo e fécula de mandioca. Alim Nutri, Araraquara, v. 22, n.3, p.391-399, jul-set/2011. SALES, R.L et al. Mapa de preferência de sorvetes ricos em fibras. Campinas. Ciênc. Tecnol. Aliment, v. 28, n.1, p. 31-39, 2008. SOUZA, A.S.L. Avaliação da estabilidade térmica e oxidativa de chocolates amargos. 2010. Dissertação (mestrado em ciência e tecnologia de alimentos). Centro de Ciência e Tecnologia, Universidade federal da Paraíba. Paraíba, 2010. TEIXEIRA, R.C.M.S et al. Risco cardiovascular em vegetarianos e onívoros: um estudo comparativo. Arq Brasil Cardiol, São Paulo, v. 89, n.4, p. 237-244, 2007. TEIXEIRA, E; MEINERT, R; BARBETTA, P.A. Análise sensorial dos alimentos, Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1987, 182.p. UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos Taco. Net, Campinas, 2011. Disponível em http:// www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_versao2.pdf. Acesso em: 01 maio 2012. nutricaoempauta.com.br
gastronomia
Gastronomy techniques from le Cordon Bleu
por Chef Mark Singer
Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu As receitas do Le Cordon Bleu apresentadas nesta edição são: - Guisado de frutos do mar - Frango de leite assado com cevada, maçã e pérolas de agar agar, cebolas braseadas e cogumelos - Panna cotta de baunilha com frutas citricas ao perfume de manjericao
Guisado de frutos do mar Spicy seafood “estofado”
Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
Modo de Preparo - 4 Porções - Cerca de 1h
Frutos do mar 1 robalo de 500 g 12 camarões jumbo 100 g de carne de siri Caldo de peixe (fumet) Espinhas de robalo ( reservadas) Cabeças e rabos de camarão jumbo ( reservados) 2 dentes de alho, picados ½ cebola, picada 1 talo de aipo, picado 200 ml de água 1 folha de louro Guisado 20 ml de azeite extra virgem 3 dentes de alho, finamente picados 1 cebola, finamente picada 8 tomates, sem pele e sem semente, em cubos 50 g de extrato de tomate Suco de 1 limão 1 pimenta dedo de moça, sem sementes, picada 180 ml de caldo de peixe ½ maço de oregano fresco, folhas picadas sal Pimenta do reino fresca, moída na hora Decoração 20 g de alcaparras 20 g de azeitonas recheadas com pimentão Salsinha baby (opcional) 1 limão, cortado em rodelas
OUTUBRO 2014
1. Frutos do mar: com uma tesoura, retire as barbatanas do peixe. Retire as escamas raspando-as com as costas de uma faca, no sentido do rabo até a cabeça. Faça um pequeno corte na barriga para retirar as víceras. Lave o peixe embaixo de agua fria corrente. Coloque o peixe numa superficie de trabalho, a barriga cortada de frente para você. Faça um corte atrás da cabeça. Corte pela espinha correndo a faca da cabeça aténo rabo. Segurando a faca paralela à superficie da mesa, corra de novo descolando o filé da espinha. Vire o peixe e repita o mesmo procedimento. Coloque a pele do filé virada para baixo e faça um pequeno corte no rabo, para soltar a pele do filé. Mergulhe os dedos no sal e segure o rabo firmemente. Fazendo um movimento de zigue zague, va soltando a pele da carne, com a ajuda de uma faca bem afiada. Faça isso trabalhando do rabo em direção à cabeça. Corte cada filé ao meio. Descarte a cabeça e limpe os ossos. Refrigere. Retire as cascas dos camarões pistola (reserve o rabo para decorar, se desejar). Guarde as cabeças e as cascas para fazer o caldo. Retire o fio preto das costas dos camarões e descarte. 2. Caldo de peixe: Coloque todos os ingredientes em uma panela e leve para ferver em fogo alto. Reduza o fogo e ferva lentamente por 20 minutos. Coe o caldo através de uma peneira fina para uma vasilha. 3. Recheio: aqueça o óleo em uma panela. Sue a cebola e o alho por cerca de 5 minutos. Junte os tomates em cubos, o extrato de tomate, o suco de limão, a pimenta e o caldo de peixe. Traga à fervura, junte o orégano e ferva lentamente por 20 minutos. Ajuste os temperos. Abaixe o fogo e adicione os filés de peixe e os camarões. Cozinhe delicadamente por 5 minutos. Adicione a carne de siri. 4. Para servir: Coloque o recheio em vasilhas, dispondo 1 porçào de peixe e 3 camarões por prato. Decore com alcaparras, azeitonas, salsinha baby e uma fatia de limão. NUTrição em pauta
51
Tecnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu
Frango de Leite Assado com Cevada, Maçã e Pérolas de Agar Agar, Cebolas Braseadas e Cogumelos Roast poussin with pearl barley, apple and blackberry agar-agar jelly pearls, braised onions and mushrooms Modo de Preparo - 4 Porções - Cerca de 1h30 1.
Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
2.
3.
Ingredientes principais 4 frangos de leite com 400 a 450 g cada um 100 ml de óleo vegetal sal e pimenta do reino Perolas de maçã e amoras com gelatina de agar agar 500 ml de óleo vegetal 300 ml de suco de maçã 200 ml de purê de amoras 4 grãos de zimbro, ligeiramente esmagados 4 g de agar-agar Cevada 1 colher de sopa de óleo vegetal 30 g de vegetais (cenoura, alho poró e aipo), cortados em mirepoix 1 dente de alho, finamente picado 1 ramo de tomilho 100 g de cevada 1 litro de caldo de frango sal e pimenta do reino Cogumelos e cebola braseados 12 cebolinhas pérola 200 g de cogumelos 200 ml de caldo de frango 100 g de manteiga sal, pimenta do reino Confit de repolho e alho poró 100 g de gordura de pato 1 ramo de tomilho 1 dente de alho, finamente picado ½ cabeça de repolho 1 alho poró sal, pimenta do reino Decoração Folhas de salsinha, fritas por imersão ou finamemte picadas
52
NUTrição em pauta
4.
5.
6.
7.
Para fazer as pérolas de agar agar com maçã e amoras, coloque o óleo em uma panela e leve ao freezer por pelo menos 30 minutos. Frango de leite: Pré- aqueça o forno a 180˚C. Prepare o frango de leite removendo as pontas das asas e o osso da sorte. Faça o corte francês na coxa e asa do frango. Guarde as aparas para fazer o caldo. Aqueça o óleo em uma panela, tempere o frango e cozinhe até que fique dourado, cerca de 5 minutos. Transfira para o forno e asse até que ele esteja completamente dourado e seus sucos estejam claros, cerca de 20-30 minutos. Retire do forno, cubra com papel aluminio e deixe descansar por 20 minutos. Pérolas de maçã e amoras com gelatina de agar agar: Junte 200 ml do suco de maçã, o purê de amoras e o zimbro numa panela e traga lentamente à fervura. Adicione o agar agar e bata com um batedor de arame por 20-30 segundos enquanto a mistura estiver borbulhando. Retire do fogo e descarte o zimbro. Deixe amornar e entao encha a seringa com esta mistura. Retire o óleo do freezer e imediatamente faça desenhos em espiral com a seringa, no sentido horário, a 10 cm acima do óleo congelado. A mistura formará gotas em cima do óleo. Volte a vasilha ao freezer por mais 10 minutos. Retire do congelador e passe pela peneira as pérolas de agar agar. Reserve no suco de maçã até utilizar novamente. Cevada: aqueça o óleo em uma panela, adicine as aparas do frango e sauteie até que elas estejam douradas, cerca de 5 minutos. Adicione os vegetais e deixe pegar um pouco de cor. Junte o alho e o tomilho. Lave a cevada em água fria e adicione à panela. Junte o caldo, cubra com uma tampa e cozinhe lentamente ate que a cevada fique macia, cerca de 30 minutos. Descarte o mirepoix e as aparas do frango. Tempere à gosto. Cebola e cogumelos braseados: Em uma panela, aqueça as cebolinhas, os cogumelos, o caldo, a manteiga e os temperos em fogo baixo. Cubra com uma tampa e cozinhe até que as cebolas estejam macias, cerca de 15 minutos. Confit de repolho e alho poró: Em uma panela, aqueça a gordura de pato, tomilho e o alho em fogo baixo. Fatie o repolho e o alho poró em tiras finas. Junte à gordura quente de pato e tempere. Cubra com uma tampa e cozinhe até que esteja macio, cerca de 15 minutos. Para servir: Remova o peito e as coxas de frango. Retire as perolas de agar agar do suco de maça e junte à cevada para aquecer, tomando o cuidado para não deixar ferver, pois as pérolas se desmancharão. Arrume o repolho, o alho poró, os cogumelos e a cebola em um prato. Adicione os pedaços de frango e rodeie com a cevada e pérolas de agar agar. Decore com a salsinha. nutricaoempauta.com.br
gastronomia
Gastronomy techniques from le Cordon Bleu
por Chef Mark Singer
Panna Cotta de Baunilha com Frutas Cítricas ao Perfume de Manjericão
Modo de Preparo - 6 porções - Cerca de 1h40 1.
Vanilla panna cotta with basil-infused citrus fruits
2.
Copyright 2014 - Le Cordon Bleu Paris
3.
Gelatina de cítricos 150 ml de suco de cítricos misturados à gosto (suco de laranja, grapefruit e limão) 50 g de açúcar 1 folha de gelatina sem sabor (2 g) Panna Cotta de baunilha 4 folhas de gelatina sem sabor (8 g) 500 ml de leite 100 ml de creme de leite 35 g de açúcar 3 favas de baunilha, cortadas no sentido do comprimento, sementes raspadas 2 grãos de cardamomo, quebradas para retirar as sementes Frutas perfumadas com manjericão 100 g de laranja kinkan 1 laranja 1 grapefruit rosa 1 mexerica 6 folhas de manjericão 100 g de açúcar 50 ml de água Decoração folhas de manjericão
OUTUBRO 2014
4.
Gelatina de cítricos: Em uma panela, traga os sucos misturados de cítricos à fervura. Adicione o açúcar, mexa para dissolver e retire do fogo. Em uma vasilha com água gelada, dissolva a folha de gelatina deixando-a por 5 minutos. Retire a folha da água e esprema bem para remover o excesso. Adicione a gelatina ao suco de cítricos quente e mexa bem até que a folha se dissolva. Distribua a gelatina entre as forminhas e leve para gelar por cerca de 15 minutos. Panna cotta de baunilha: coloque as folhas de gelatina em uma vasilha com água fria por cerca de 5 minutos. Retire as folhas de gelatina e esprema bem, retirando o excesso de água. Em uma panela, leve para ferver o leite, o creme de leite, o açúcar, as sementes de baunilha e do cardamomo, mexendo bem até que o açúcar se dissolva. Desligue o fogo e deixe a mistura em infusão por 20 minutos. Coe a mistura através de uma peneira fina para uma vasilha com banho maria com gelo em baixo. Mexa para que a mistura esfrie e engrosse um pouco. Destribua o creme entre as forminhas com gelatina citrica, tendo a certeza de que a gelatina esteja solidificada. Refrigere até que fique firme, cerca de 1 hora. Frutas perfumadas com manjericão: Coloque as laranjas kinkan em uma panela com água que cubra. Cozinhe até que fiquem macias, cerca de 5 minutos, e então drene a água. Descasque e retire os gomos da laranja, grapefruit e limão. Faça isso cortando uma tampa embaixo e em cima dos citricos, apoiando as frutas numa bancada de trabalho. Com uma faca pequena, descasque cada uma de cima para baixo, retirando assim as peles, sempre obedecendo a curva natural das frutas. Não deixe a parte branca da casca, pois é amarga. Segurando as frutas em uma das mãos, em cima de uma vasilha, corte os gomos em segmentos, por entre as membranas, retirando quaisquer sementes. Reserve o suco que cair na vasilha. Adicione os gomos dos citricos às kinkans. Traga o açúcar, a água e os sucos dos cítricos coletados à fervura. Abaixe o fogo e ferva lentamente até que o açúcar tenha se dissolvido. Regue as frutas e deixe marinar até que se esfrie por completo. Para servir: quando a panna cotta estiver firme, desenforme cada sobremesa usando os dedos para descolar o creme da forma. Para facilitar, mergulhe o fundo das formas em agua fervente por cerca de 10 segundos. Inverta cada uma nos pratos. Retire as formas e descarte as folhas de manjericão. Regue os sucos cítricos em volta dos pratos, com a ajuda de uma colher, e decore com folhas frescas de manjericão.
Sobre o Autor
Chef Mark Singer - Directeur Technique Cuisine, Chef de Cuisine Le Cordon Bleu Paris.
Palavras-chave: frango, frutos do mar, frutas citricas. Keywords: chicken, seafood, citrus fruits.
Recebido: 10/09/2014 - Aprovado: 10/10/2014
NUTrição em pauta
53
Nutrição
R
EM PAUTA
normas para a publicação de Artigos Científicos A revista Nutrição em Pauta publica artigos inéditos que contribuam para o estudo e o desenvolvimento da ciência da nutrição nas áreas de nutrição clínica, nutrição hospitalar, nutrição e pediatria, nutrição e saúde pública, alimentos funcionais, foodservice, nutrição e gastronomia e nutrição esportiva. São publicados artigos originais, artigos de revisão e artigos especiais. Os artigos recebidos são avaliados pelos membros da comissão científica da revista. Os autores são responsáveis pelas informações contidas nos artigos. Somente serão avaliados os artigos cujo autor principal seja assinante da revista Nutrição em Pauta. Os artigos aprovados para publicação na Nutrição em Pauta poderão ser publicados na edição impressa e/ou na edição eletrônica da revista (Internet), assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições.
glês de no máximo 150 palavras, texto com tabelas e gráficos, e as referências. O texto deverá conter: introdução, metodologia, resultados, discussão e conclusões. As imagens obtidas com “scanner” (figuras e gráficos) deverão ser enviadas em formato .tif ou .jpg em resolução de 300 dpi. As tabelas, quadros, figuras e gráficos devem ser referidos em números arábicos. Pacientes envolvidos em estudos e pesquisas devem ter assinado o Consentimento Informado e a pesquisa deve ter a aprovação do conselho de ética em pesquisa da instituição à qual os autores pertençam. As referências e suas citações no texto devem seguir as normas específicas da ABNT, conforme instruções a seguir.
envio do artigo Enviar o artigo para a Nutrição em Pauta, atavés do email redacao@nutricaoempauta.com.br, em arquivo editado com MS Word e formatado em papel tamanho A4, espaço simples, fonte tamanho 12, Times New Roman. O tamanho máximo total do artigo é de 6 páginas. Serão aceitos somente artigos em português. Indicar o nome, endereço, números de telefone e fax, além do email do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Os autores deverão anexar uma declaração de que o artigo enviado não foi publicado anteriormente em nenhuma outra revista. Serão recebidos artigos originais (relatórios de pesquisa clínica ou epidemiológica), artigos de revisão (sínteses sobre temas específicos, com análise crítica da literatura e conclusões dos autores) e artigos especiais, em geral encomendados pelos editores, sobre temas relevantes, técnicas gastronômicas e editoriais para discutir um tema ou algum artigo original controverso e/ou interessante.
referências (abnt nbr-6023/2002) a. Ordem da lista de referências – alfabética. b. Autoria – até três autores, colocar os três (sobrenome acompanhado das iniciais dos nomes) separados por ponto e vírgula (;). Ex.: CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. c. Mais de três autores, colocar somente o primeiro autor seguido de “et al.”. d. Títulos dos periódicos – abreviados segundo Index Medicus e em itálico. e. Exemplo de referência de artigo científico (para outros tipos de documentos, consultar a ABNT): POPKIN, B.M. The nutrition and obesity in developing world. J. Nutr., v.131, n.3, p.871S-873S, 2001. obs.: a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores.
apresentação do artigo Deve conter o título em português e inglês e o nome completo sem abreviações de cada autor com o respectivo currículo resumido (2 a 3 linhas cada), palavras-chave para indexação em português e inglês, resumo em português e in-
56
| nutrição em pauta
citações (nbr10520/2002) a. Sobrenome do autor seguido pelo ano de publicação. Ex.: (WILLETT, 1998) ou “Segundo Willett (1998)”. b. Até três autores, citar os três separados por ponto e vírgula. Ex.: (CORDEIRO; GALVES; TORQUATO, 2002). c. Mais de três autores, citar o primeiro seguido da expressão “et al.”.
notas do editor Caberá ao editor, visando padronizar os artigos ou em virtude de textos demasiadamente longos, suprimir, na medida do possível e sem cortar trechos essenciais à compreensão, textos, tabelas e gráficos dispensáveis ao correto entendimento do assunto. Os artigos que não se enquadrem nas normas da revista poderão ser devolvidos aos autores para os ajustes necessários. nutricaoempauta.com.br
PROFESSORES ESPECIALIZADOS
•
AULAS INTERATIVAS
•
CURSOS COM CERTIFICADO
Inovando a Nutrição Agora também em 3x sem juros no cartão. Pauta. Descontos especiais para assinantes da Nutrição em Pauta Utilize o código promocional ‘‘nep’.
O melhor Ensino à Distância em Nutrição Conheça nossos diferenciais: ✔
Temas abordando todas as áreas da Nutrição: NUTRIÇÃO CLÍNICA, NUTRIÇÃO ESPORTIVA, FOODSERVICE, GASTRONOMIA, ALIMENTOS FUNCIONAIS, NUTRIÇÃO E PEDIATRIA, e muito mais.
✔
Aulas ao vivo por meio de transmissão on-line (teleconferência).
✔
Fórum de Mensagens com interação direta entre o professor e aluno.
✔
Controle completo da sua conta através do Perfil do Usuário (meu cadastro, minhas provas e testes, meus cursos, pagamentos realizados, certificados).
✔
Formas de pagamento flexíveis (cartões, boletos, etc).
REALIZAÇÃO:
DIVULGAÇÃO:
Nutrição
R
EM PAUTA
www.eadnutricao.com.br contato@eadnutricao.com.br 11 5041.9321
Núcleo - Atualização Científica em Nutrição Av. Vereador José Diniz, 3651 - cj 41 - Campo Belo, São Paulo, SP fone 11 5041-9321 - fax 11 5041-9097 contato@eadnutricao.com.br