19 minute read

Nutrição e o Futebol do Futuro

................. Introdução ..................

O futebol é o esporte mais popular do planeta. É um jogo em constante mudança no que diz respeito as exigências físicas, técnicas, táticas e mentais. Fato decorrente de ajustes nas regras, horário do dia para acomodar a programação da televisão, introdução da tecnologia (tornando os mínimos detalhes decisivos), assim como o aumento no número de partidas, viagens e da própria intensidade do jogo (KRUSTRUP, 2017). Apesar dos jogadores realizarem atividades de baixa intensidade por mais de 70% do jogo, cerca de 150 a 250 ações são executadas em alta intensidade. Essas ações normalmente são determinantes para o resultado da partida e incluem: saltos, corridas curtas em alta velocidade, chutes, arremessos, acelerações e desacelerações. É, portanto, um esporte intermitente composto por esforços de alta intensidade seguidos por períodos de recuperação ativa ou descanso passivo (BANGSBO; MAGNI; KRUSTRUP, 2006). Devido a essas características é uma modalidade que exige força, velocidade, agilidade e resistência dos jogadores. Além dessas adaptações, os atletas precisam de uma recuperação rápida e eficiente devido ao pouco tempo de descanso. E por fim, em termos energéticos é um esporte que depende de uma boa reserva de glicogênio (muscular e hepático) e fosfocreatina para suas principais ações (KRUSTRUP et al., 2006). A nutrição apresenta influência tanto nas adaptações decorrentes do treinamento assim como na recuperação e na performance física e mental dos jogadores em cada competição. Em 2021, um grupo de especialistas da UEFA publicou algumas diretrizes nutricionais para o futebol dando um passo vital para o direcionamento de jogadores e clubes no quesito alimentar (COLLINS et al., 2021).

Advertisement

Além de apresentar as diretrizes nutricionais para este esporte e como elas se aplicam para a projeção de jogo em um futuro próximo, trago para discussão o método de trabalho que venho aplicando no futebol durante 30 anos de carreira. É de vital importância reconhecer os desafios de se desenvolver e implementar soluções que possam ser aplicadas a atletas de elite em ambientes reais, com o departamento de nutrição interagindo com as demais áreas do clube. A metodologia de trabalho baseia-se não apenas nos conceitos nutricionais e fisiológicos do futebol, mas também no conhecimento em neurociência para criar um ambiente alimentar que faça parte da estrutura mental do atleta. No cérebro do atleta, o comer precisa ser interpretado como uma extensão das suas ações no treino, no

jogo, na massagem, na fisioterapia, na medicina e no descanso para atingir uma meta. Nesse contexto, o profissional de nutrição precisará cada vez mais de um domínio de detalhes sobre o atleta para monitoramento em tempo real de suas respostas metabólicas aliado ao desenvolvimento das chamadas soft skills para lidar com jogadores, comissão técnica e demais departamentos do clube para implantar o método de trabalho.

............. Desenvolvimento ...............

Recomendações Nutricionais para o Futebol

No manual de nutrição da FIFA (2010), uma das primeiras frases para direcionar o trabalho da nutrição no futebol é a seguinte: “Cada atleta é diferente, e não há uma única dieta que atenda a todas as necessidades de todos os jogadores em todos os momentos.” Importante começarmos por essa frase pois fica claro que não há uma receita de bolo ou uma única estratégia alimentar que se aplique a todos os jogadores e resolva todos os problemas nos diferentes momentos da temporada.

É fato, a nutrição no futebol deve ser: 1-Individualizada: respeitando as características físicas do atleta e demandas fisiológicas do esporte assim como da posição na qual o jogador atua (goleiro, zagueiro, atacante, lateral, volante etc.) 2-Personalizada: respeitando as preferencias alimentares e estilo de vida de cada jogador, assim como suas oportunidades e limitações genéticas e metabólicas 3-Adaptável: respeitando as demandas e objetivos de cada momento da periodização de treino e competições assim como ao local que o jogador se encontra (clube, casa, hotel, ônibus, aéreo, campo e vestiário) e a cultura do lugar Com base nesses alicerces, a alimentação do jogador de futebol deve ser estruturada com os seguintes objetivos: - Manter a saúde do atleta ao longo da temporada - Aumentar a performance física e mental - Proporcionar uma recuperação rápida e eficaz entre treinos e jogos - Manter a composição corporal ideal para saúde e performance - Prevenir lesões e, quando acontecer, promover sua rápida recuperação - Permitir o prazer ao apreciar a comida e os momentos sociais da alimentação Em 2021 especialistas da UEFA (COLLINS et al., 2021) publicaram diretrizes nutricionais para nortear o valor energético, ingestão hídrica, distribuição de macro e micronutrientes da alimentação de atletas de futebol baseadas em evidências científicas. A Tabela 1 apresenta de forma resumida essas recomendações. Essa publicação foi um grande passo na nutrição esportiva uma vez que o último posicionamento científico a esse respeito havida sido feito 15 anos antes. A rápida evolução do jogo, o surgimento de novos produtos e o avanço de conhecimento através da tecnologia criou incertezas quanto às decisões nutricionais a serem tomadas em momentos e contextos específicos. O grande fluxo de informações, especialmente nos canais digitais, aliado a mágica resposta fisiológica dos suplementos alimentares, trouxe consigo uma confusão quanto a relevância e veracidade do conhecimento. Por isso foi de suma importancia o resgate de informações baseadas em evidências científicas, trazendo clareza para a tomada de decisão profissional. Aliado a isso, voltou-se a enfatizar a filosofia do food first (ou seja, primeiro alimento em vez de suplemento) para garantir um apoio eficaz a saúde e performance do jogador (COSTA et al., 2022).

Demandas Fisiológicas do Futebol no Futuro

O futebol profissional de hoje está cada vez mais exigente. Acredita-se que as mudanças táticas no jogo e as novas iniciativas organizacionais lançadas pela FIFA tenham um grande impacto nas demandas fisiológicas e psicológicas dos jogadores. Em uma projeção realizada por Nassis e colaboradores (2020), o futebol em um futuro próximo contará com mais partidas por temporada, em intensidades mais altas, com períodos mais frequentes e densos de esforços de alta intensidade, conforme mostra a Tabela 2. Além do aumento no volume e intensidade do esforço físico mostrado acima, espera-se que os times joguem com mais pressão, dando mais ritmo a saída de bola com marcação alta e fazendo mais contra-ataques. Estima-se que zagueiros e goleiros tenham um papel mais ativo participando da construção de jogadas para o ataque. Com isso haverá mais passes, chutes e corridas em alta velocidade. As mudanças na formação do jogo irão gerar um estresse fisiológico e psicológico adicional que podem

aumentar o risco de lesões e fadiga mental dos jogadores (SMITH et al., 2018). Neste novo cenário, as áreas de suporte ao atleta deverão ajustar suas estratégias para educar os jogadores, comissão técnica e dirigentes de clubes da importância do equilíbrio entre carga de treino/jogo, alimentação e recuperação física e mental, mais do que em qualquer outro momento da história do futebol. Interessante ressaltar que os dados apresentados por Nassis e colaboradores e suas respectivas projeções para 2030 estão relacionados a realidade de times profissionais europeus da primeira divisão. Quando comparamos esses dados com o futebol brasileiro, observamos que agenda lotada, pouco tempo de descanso e grande quantidade de deslocamento já fazem parte da realidade. O Campeonato Brasileiro é um dos principais campeonatos do mundo, com atletas e clubes altamente competitivos. O Brasil é um país de tamanho continental com cultura, clima e condições muito diferentes de uma região para outra. Pelo grau de relevância nacional e mundial, seja esportiva ou econômica, os clubes buscam excelência na sua estrutura e o máximo desempenho individual e coletivo para a obtenção dos melhores resultados. Times brasileiros que chegam as finais das competições disputadas durante o ano, jogam cerca de 20 partidas a mais do que os europeus (média de 69 vs. 48, respetivamente). De acordo com o Centro Internacional de Estudos do Esporte (CIES), seis dos dez goleiros e quatro dos dez atletas de linha com mais minutos jogados em 2021 atuavam no Brasil (MARTINS et al., 2022). A rotina de dois jogos na semana com descanso de apenas 66 a 72 horas é a realidade do nosso futebol. Por esse motivo, tem havido grande interesse de clubes e confederações na preparação física, aprimoramento das atividades preventivas de lesões e desenvolvimento das demais áreas que dão suporte ao jogador brasileiro (ARLIANI et al., 2021).

Futuro Recomendações Nutricionais e o Futebol no

A capacidade de um atleta suportar maiores intensidades é influenciada não apenas pela escolha apropriada da carga de treino, mas também pelo uso de estratégias nutricionais adequadas para maximizar as respostas adaptativas e a recuperação (GIBALA, 2013). Planejar a alimentação dos jogadores de acordo com as cargas de treinos e jogos, assim como a individualização de cada refeição de acordo com a resposta metabólica do atleta precisar ser encarada com especial atenção (MUJIKA et al., 2018). A periodização nutricional tem sido muito discutida e aplicada como uma estratégia única de manipular o carboidrato da dieta para otimizar as adaptações do treino (JEUKENDRUP, 2017). Em um esporte com uma agenda carregada como é o caso do futebol, precisamos ir além deste conceito. A gestão alimentar da equipe consiste em planejar cada refeição, dia após dia, em todos os lugares, levando em consideração as metas da comissão técnica, logística de deslocamento, alterações moleculares que estão ocorrendo naquele momento específico, respostas metabólicas de cada jogador, necessidade de nutrientes, disponibilidade e variedade de alimentos. Pensar na gestão alimentar é criar um ambiente anabólico, em termos nutricionais, para o atleta. Ou seja, ter um objetivo a cada refeição e preparar a mesma de acordo com dados do jogador obtidos em tempo real, refina o atendimento de suas necessidades de energia e nutrientes para potencializar a adaptação e otimizar a recuperação. O olhar cuidadoso para cada atividade da nutrição não apenas cria um ambiente anabólico e nutricionalmente refinado, mas também uma estrutura de trabalho com sentido para o jogador e todos os envolvidos com a equipe. Planejar ações práticas e educativas em todos os locais por onde o time passa e não perder nenhum momento é uma forma de coordenar as ações nutricionais com intuito de mudar o mindset do atleta e consequentemente seu comportamento (ATKINS; MICHIE, 2015). Vale ressaltar que a tomada de decisão, escolhas com sentido, em um ambiente com o qual o jogador se identifica, faz com que o cérebro do mesmo perceba aquela ação como extensão de si em busca do seu objetivo (MÜLLER; LINDENBERGER, 2019). Pensar cuidadosamente cada ação nutricional para que tenha sentido para a equipe e sempre organizar o ambiente no qual o atleta se encontra é de extrema importância para a aderência do jogador a uma rotina alimentar que faça diferença na sua saúde e performance. Resultados positivos reforçam as ações que o levaram aquela resposta. Nesse contexto, vale lembrar dos estudos do cientista comportamental Kees Leizer que analisou as evidências por trás da Teoria das Janelas Quebradas. Segundo o pesquisador, há um efeito em cadeia que nos estimula a repetir boas ações em um ambiente favorável para tal. Assim como é motivador ver o profissional organizando o local com os alimentos e preparações exclusivamente para eles

(KEIZER et al., 2013; MOLLEN et al., 2013). Outro ponto relevante para aderência a rotina alimentar para alta performance é entender os efeitos do contágio social no cérebro, afinal o futebol é um esporte coletivo. O neurocientista russo Vasily Klucharev busca esse entendimento por meio de exames de imagem e da atividade elétrica cerebral. Em um dos estudos, o pesquisador descobriu que os circuitos nervosos associados ao prazer, mediados por dopamina, exercem papel crítico na imitação de atitudes e comportamentos alheios. O autor discute que nossa trajetória evolutiva como seres sociais nos proporcionou um cérebro que se sente bem quando agimos em conformidade com o grupo e se estressa quando apresentamos tendências discordantes (ZINCHENKO et al., 2021). Tudo isso faz sentido uma vez que diversos estudos na literatura apontam que o maior problema para o atleta de futebol e seu nutricionista é atingir as recomendações alimentares. Danielik e colaboradores (2022), em seu artigo de revisão, verificaram que jogadores de futebol de alta performance não atingem as recomendações nutricionais proposta pela UEFA em 2021. Os autores apontaram um fornecimento insuficiente de energia, carboidrato, vitaminas e minerais (vitamina B1, B2, ácido fólico, vitamina A, C, D, E, cálcio, magnésio, ferro, iodo). Quando havia periodização nutricional, os atletas se referiam a manipulação do carboidrato, porém sem nenhuma ligação com as cargas de treino ou agenda de competições. Por fim, proteína e lipídeos eram os únicos nutrientes com ingestão próxima as recomendações propostas. Mesmo assim, a distribuição proteína ao longo do dia não atendia a frequência adequada para a máxima síntese proteica. E os lipídeos mais consumidos eram saturados.

Dentre os desafios e problemas que podemos listar que justificam o resultado acima e a dificuldade para aderir a uma rotina alimentar de alta performance estão: - Pouco conhecimento sobre alimentos e nutrição - Falta de habilidades culinárias e/ou gastronomia inadequada - Más escolhas ao fazer compras ou comer fora - Cardápios restritivos e/ou modismos alimentares - Fatores socioeconômicos - Viagens frequentes - Monotonia Alimentar - Uso indiscriminado de suplementos esportivos - Falta de acompanhamento de um nutricionista no clube e/ou acompanhamento de um profissional que não esteja 24 horas analisando o contexto no qual o atleta se encontra e suas respostas metabólicas para ajustes alimentares em tempo real

Gestão Alimentar no Futebol

É sabido que transpor pressupostos teóricos em atividades práticas é uma tarefa difícil. Sem dúvida para implantar um método de trabalho de sucesso e que atenda as necessidades de um time de alta performance, o profissional de nutrição deverá ir muito além de conhecimentos técnicos. Para construir um relacionamento de confiança com atletas, comissão técnica e toda equipe de apoio do clube, será crucial o desenvolvimento de competências (soft skills) como liderança, comunicação, adaptabilidade, colaboração, tomada de decisão, inovação, pensamento crítico, resolução de problemas, inteligência emocional e gestão.

Dominar algumas tecnologias e mídias digitais também deve fazer parte das ferramentas de trabalho do nutricionista. Traduzir a informação científica em conhecimento e ações práticas faz parte da comunicação e ajuda com inovações nos dias de hoje. A entrega de conhecimento nutricional deve despertar curiosidade e ser baseada em experiência que envolva sensações e gere resultado. Aqui a gastronomia esportiva é fator primordial. Ter um chef para tornar a quantidade de carboidrato, lipídeo, proteína, vitaminas e minerais desejada em uma preparação que chame atenção de todos os sentidos do jogador (visão, olfato, paladar, tato e audição) é de vital importância para promover experiências únicas. É uma excelente estratégia para variar alimentos, incluir novos sabores e enriquecer preparações com nutrientes. É um caminho para evitar deficiências energéticas, de micronutrientes e ingestão desbalanceada de macronutrientes. A Figura 1 mostra imagens de preparações que realizamos em clubes e hotéis para diferentes momentos do dia do atleta. No caso do Brasil, a grande diversidade cultural em termos alimentares também ajuda bastante. Aproveitar os alimentos e preparações de cada região aumenta a exposição do atleta a diversidade de sabores e nutrientes. Isto vale para competições internacionais assim como incentivar variações no próprio clube devido a grande migração de jogadores de todos os locais do mundo. Agregar valor nesse processo também gera sustentabilidade. Mesmo com uma base de buffet estruturada, o planejamento de cardápio é diário. Isso permite buscar alimentos sazonais, orgânicos, de pequenos produtores e

fornecedores da região incentivando o comércio local e ao mesmo tempo mantendo um padrão de qualidade com custos reduzidos para o clube. Vale destacar aqui que são estratégias que contribuem para a preservação do meio ambiente. A composição nutricional por trás de cada refeição acompanha a agenda de treinos e de jogos. A periodização nutricional é feita respeitando o objetivo do dia, carga de treino, o jogo em si e as alterações fisiológicas que estão ocorrendo no corpo do atleta. A figura 2 apresenta um exemplo qualitativo das ênfases nutricionais dia-a-dia, refeição a refeição acompanhando as especificidades da programação. Modular as ênfases nutricionais ao longo da semana é uma forma de tentar atender as recomendações e evitar deficiências. Seguimos as orientações científicas para calcular os cardápios, porém é necessário encarar a realidade. Na prática é difícil o jogador realizar todas as refeições propostas e atingir os valores numéricos de energia e nutrientes por mais envolvido que ele esteja com o processo alimentar. A ideia é que o buffet fale por si mesmo aguçando a vontade do atleta. A estrutura alimentar é apresentada com uma variedade enorme de itens de modo que todos encontrem o que querem, gostam e precisam. Com conhecimento, educação e respeito as preferências alimentares, os atletas podem fazer as melhores escolhas a cada momento. Mesmo assim é difícil atingir exatamente os valores das recomendações nutricionais. Também precisa estar no radar que as necessidades individuais mudam ao longo da temporada. Nesse sentido, é de fundamental importância o monitoramento do atleta em tempo real para possíveis correções nutricionais. Cada jogador recebe sua orientação dietética baseada na sua idade, etnia, altura, peso, composição corporal, alergias, intolerâncias, gostos, posição em campo, sintomas e exames laboratoriais. Essas análises muitas vezes são feitas de forma mensal ou bimestral o que torna a prevenção de um problema difícil de ser detectada antes de ocorrer. Hoje temos muitas formas de análises em tempo real através de amostras de sangue, saliva, suor e urina que ajudam a monitorar o atleta treino após treino, jogo após jogo a cada hora do dia se necessário. É de extrema importância que o nutricionista esteja preparado para coletar os dados que lhe dizem respeito e ao mesmo tempo integrar essa informação com os resultados das demais áreas, como dados do GPS, questionários psicológicos, termografia, ultrassom entre outros. A interpretação em tempo real auxiliará na rápida tomada de decisão para corrigir possíveis alterações nutricionais de acordo com a resposta metabólica do atleta. Desta forma, espera-se identificar possíveis problemas antes que aconteçam e assim fazer as intervenções necessárias para o jogador suportar a carga de treino e jogos evitando lesões, se recuperando e dando sua melhor entrega possível em campo. Quanto mais conhecermos como o metabolismo do jogador responde aos estresse do dia a dia e também o quanto os próprios atletas conseguem se perceber, será crucial para o desenvolvimento de estratégias cada vez mais refinadas para proteger a saúde física e mental do jogador. O limiar entre adaptação e queda de rendimento é muito tênue. Quanto mais atentos aos detalhes estivermos maior a chance de contribuir positivamente com a alta performance do jogador.

......... Considerações Finais .............

O futebol é um jogo extremamente competitivo. Portanto, cada jogador e cada equipe tem que se esforçar para alcançar a vantagem necessária para vencer. Capacitar o atleta e motivá-lo a ter uma alimentação variada, que atenda às necessidades energéticas e se baseie principalmente em escolhas ricas em nutrientes é crucial para a saúde, performance e recuperação. A gestão alimentar implica em criar um ambiente anabólico, em termos nutricionais, para o atleta. Para isso, é necessário pensar em cada refeição, dia após dia, em todos os locais que a equipe estiver e conciliando as estratégias nutricionais aos objetivos da comissão técnica e competição. Neste contexto, a nutrição não é mais algo em que o atleta busca conversar com um profissional entre as 14h e as 16h de uma quinta-feira, por exemplo. O departamento de nutrição se torna parte da rotina de treinamento da mesma forma que as atividades de fisioterapia e medicina. O monitoramento em tempo real das respostas metabólicas de cada jogador através de parâmetros no sangue, urina e saliva além das informações coletadas pelo GPS e demais áreas, permite ajustar detalhes na alimentação do atleta que podem corrigir deficiências nutricionais, prevenir lesões e fazer a diferença na performance em casos de jogadores talentosos e bem treinados.

Para finalizar vale ressaltar que os aspectos nutricionais não são capazes de transformar um jogador em um superatleta ou super-homem. Mas com certeza, as escolhas alimentares afetam o quão bem cada um deles treina, joga, se recupera e mantem a saúde ao longo da temporada. É desta forma que a nutrição faz a diferença na carreira e na vida de atletas de alta performance.

Sobre os autores

Ms. Mirtes Stancanelli - Nutricionista, Mestre em Biologia Funcional e Molecular pela Unicamp. Sócia Fundadora do Grupo Minian Educação e Qualidade de Vida.

REFERÊNCIAS

ARLIANI, G G et al. PROSPECTIVE STUDY OF INJURIES OCCURRED DURING BRAZILIAN FOOTBALL CHAMPIONSHIP IN 2019. Acta ortopedica brasileira, v. 29, n. 4, p. 207–210, 2021. ATKINS, L; MICHIE, S. Designing interventions to change eating behaviours. Proceedings of the Nutrition Society, v. 74, n. 02, p. 164–170, 5 Mai 2015. BANGSBO, J; MAGNI, M; KRUSTRUP, P. Physical and metabolic demands of training and match-play in the elite football player. Journal of sports sciences, v. 24, n. 7, p. 665–674, 2006. COLLINS, J et al. UEFA expert group statement on nutrition in elite football. Current evidence to inform practical recommendations and guide future research. British Journal of Sports Medicine, v. 55, n. 8, p. 416, 1 Abr 2021. COSTA, M S. et al. Ergogenic potential of foods for performance and recovery: a new alternative in sports supplementation? A systematic review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 62, n. 6, p. 1480–1501, 2022. DANIELIK, K et al. How Do Male Football Players Meet Dietary Recommendations? A Systematic Literature Review. International journal of environmental research and public health, v. 19, n. 15, p. 9561, 3 Ago 2022. GIBALA, M J. Nutritional strategies to support adaptation to high-intensity interval training in team sports. Nestle Nutrition Institute workshop series, v. 75, p. 41–49, 2013.

INTERNATIONAL CONSENSUS CONFERENCE, FIFA. Nutrition for Football. A practical guide to eating and drinking for health and performance. 2010, Zurich, Switzerland: F-MARC, FIFA Production, 2010. p. 1–33. JEUKENDRUP, A E. Periodized Nutrition for Athletes. Sports Medicine, v. 47, n. S1, p. 51–63, 22 Mar 2017. KEIZER, K; LINDENBERG, S; STEG, L. The importance of demonstratively restoring order. PloS one, v. 8, n. 6, 5 Jun 2013. KRUSTRUP, P; MOHR, A; STEENSBERG, J; BENCKE, M; KJAER, M; BANGSBO, J. Muscle and Blood Metabolites during a Soccer Game: Implications for Sprint Performance. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 38, n. 6, p. 1165–1174, 2006. KRUSTRUP, P. The physical, tactical and mental challenge of 120 minute matches in elite football: historical development, coaches’ perception and up-to-date match analyses, 2017. MARTINS, C; MARIANI, D; YUKARI, D. Times brasileiros jogam 20 partidas a mais por ano que europeus. Folha de São Paulo, 30 Jan 2022. MOLLEN, S et al. Healthy and unhealthy social norms and food selection. Findings from a field-experiment. Appetite, v. 65, p. 83–89, 1 Jun 2013. MUJIKA, I et al. An Integrated, Multifactorial Approach to Periodization for Optimal Performance in Individual and Team Sports. International journal of sports physiology and performance, v. 13, n. 5, p. 538–561, 1 Mai 2018. MÜLLER, V; LINDENBERGER, U. Dynamic Orchestration of Brains and Instruments During Free Guitar Improvisation. Frontiers in integrative neuroscience, v. 13, 4 Set 2019. NASSIS, G P. et al. Elite football of 2030 will not be the same as that of 2020: Preparing players, coaches, and support staff for the evolution. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v. 30, n. 6, p. 962–964, 1 Jun 2020. SMITH, M R. et al. Mental Fatigue and Soccer: Current Knowledge and Future Directions. Sports Medicine, v. 48, n. 7, p. 1525–1532, 1 Jul 2018. ZINCHENKO, O; SAVELO, O; KLUCHAREV, V. Role of the prefrontal cortex in prosocial and self-maximization motivations: an rTMS study. Scientific reports, v. 11, n. 1, 1 Dez 2021.

This article is from: