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AMBIENTE

SERÁ O FITOPLÂNCTON O VERDADEIRO PULMÃO DO PLANETA?

Folhas de algas gigantes (Macrocystis pyrifera)

Estuda as alterações climáticas a partir dos satélites da Agência Espacial Europeia, particularmente os seus efeitos nas microalgas, seres vivos tão especiais que sem eles a vida na Terra não seria possível – o seu nome é Filipe Lisboa.

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ilipe Lisboa é um dos dois candidatos portugueses, na especial lista da Agência Espacial Europeia (ESA), que pretendem vir a ser astronautas. O processo de selecção é difícil e moroso, devendo ainda demorar alguns anos, pelo que, enquanto decorre, Filipe trabalhe como Project Officer na Agência Europeia de Segurança Marítima, onde monitoriza imagens de satélite, procurando reduzir o risco de acidentes marítimos e a pesca ilegal, acompanhar os fluxos migratórios ou evitar a poluição marinha. Paralelamente, o nosso candidato a astronauta está a fazer um doutoramento em alterações climáticas e os efeitos da actividade humana no fitoplâncton, um conjunto de algas

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Dezembro 2021 - Digital 84

marinhas microscópicas que, incrivelmente, também são mais bem estudadas a partir do Espaço do que na Terra. “Ainda hoje fico impressionado”, admite, referindo-se ao estudo destes seres microscópicos, que se observam tão bem a partir do Espaço. Mas a explicação é simples. Como possuem clorofila, têm uma tonalidade esverdeada que os satélites captam muito bem, conseguindo-se até identificar as espécies precisamente pela sua cor. “O oceano não é verdadeiramente azul, apenas parece azul”, tal como o céu parece azul, porque reflecte melhor esse espectro. O oceano tem muitas outras cores, amarelo, castanho, laranja e “maioritariamente verde, precisa-

mente por causa do fitoplâncton”. Mas o que são estas microalgas e porque o seu estudo é tão importante? O nome engloba “milhares de espécies, muitas delas ainda não estão sequer identificadas”, mas a sua importância é vital, pois “estão na base de toda a cadeia alimentar nos oceanos, absorvem tanto dióxido de carbono como todas as outras plantas e florestas da Terra juntas e são o verdadeiro pulmão do planeta”, explica o cientista climático. São responsáveis por produzir 50% a 80% do oxigénio que respiramos. Aliás, foram estes seres unicelulares que, há 2,5 mil milhões de anos, começaram a produzir o oxigénio que transformou a Terra no planeta habitável que hoje conhecemos. Temos, Revista Técnica de Engenharia


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