Revista Obras & Dicas - ed. 44 - Dezembro/Janeiro

Page 1

Distribuição Gratuita

Dezembro - Janeiro de 2014/15 - Ano 8 - nº 44 w w w. o b r a s e d i c a s . c o m . b r

ESPECIAL ARQUITETOS E ENGENHEIROS 1


2


3


4


5


EXPEDIENTE

EDITORIAL

Diretor-Geral Donizeti Batista

ARQUITETOS E ENGENHEIROS

Diretora Editorial Arquiteta Denise Farina

“Falo como quem apela à juventude para ter a sensibilidade de fazer com que cada um de seus edifícios, por mais modestos que possam ser, tenham uma coisa a dizer.” Vilanova Artigas

Jornalista responsável Cris Oliveira - Mtb 35.158

Neste dezembro em que mais uma vez comemoramos o dia do engenheiro e arquiteto, a frase que abre nosso editorial sintetiza o que o grande mestre procurava em suas obras e esperava de seus alunos. Saiba quem foi Vilanova Artigas, este grande arquiteto que terá seu centenário comemorado em 2015, nas nossas páginas centrais. Com essa homenagem a ele, fazemos abertura para a apresentação de arquitetos e engenheiros de nossa região, com belos trabalhos diversificados. Impermeabilização é assunto sério que fica mais evidente nesta época do ano, em que sentimos de perto o problema. Confira em ESTRUTURA. E, assunto sério também, é a responsabilidade legal de engenheiros e arquitetos perante suas obras. O advogado Marcelo Henrique explica em PAPO DE OBRA.

Projeto Gráfico / Editoração Marcelo Arede Dep. Financeiro Bruna Lubre Sugestões contato@obrasedicas.com.br Vendas: Had Captações e Propaganda Ltda-ME 17 3033-3030 - 3353-2556 revistaobrasedicas@hotmail.com contato@obrasedicas.com.br www.obrasedicas.com.br

Dezembro - Janeiro / 2014/15 Nº 44 - Ano 8 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Cidade de São Paulo Foto Divulgação: Obra do próprio. Licenciado sob Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0

Distribuição Gratuita. Dirigida aos setores relacionados à Construção Civil - São José do Rio Preto e Região. 6

Foto: Arquivo pessoal

revista obras e dicas

Denise Farina Diretora Editorial

denisefarina@denisefarina.com.br

Trazemos também alguns dos bonitos ambientes da Casa Cor Campinas, mostra que encantou a cidade que a acolheu nos meses de outubro a dezembro deste ano. Renomados profissionais transformaram 37 ambientes, do Palácio do Bispado, em espaços incríveis e acolhedores! Com uma bela foto (autoria de Hamilton Pavam), da casa que um dia abrigou a Oficina Cultural Fred Navarro e um texto primoroso da arquiteta Martha Alves, a coluna sobre PATRIMÔNIO HISTÓRICO relata a importância de um conselho de patrimônio cultural para a cidade. Conselho este que está aí para garantir, de forma sensata, que edifícios elaborados por mãos habilidosas, rudimentares, simples ou não, tenham eternamente alguma coisa a dizer. Boa leitura; feliz 2015!


7


ÍNDICE ESTRUTURA Impermeabilização

10

DIREITOS ART

14

SUSTENTABILIDADE Reciclagem

22

PAISAGISMO

Árvores

24

PATRIMÔNIO HISTÓRICO A importância do Conselho de Patrimônio Cultural

26

CAPA

Especial Vilanova Artigas abertura Arquitetos e Engenheiros

28

CASA COR Campinas - SP

46

VIAGEM ESPECIAL

Arquitetura chinesa por Rafaela Polizello

56

SOCIAL

Por Ilda Vilela

64

CRÔNICA Memórias

8

66


9


ESTRUTURA

Foto: Divulgação

IMPERMEABILIZAÇÃO

CONFORTO DESDE O INÍCIO DA OBRA

T

odos os produtos aplicados na construção civil, inclusive o concreto, são porosos e permitem a passagem de fluidos. Para preservar o interior das edificações e proteger as peças de concreto ou outros materiais expostos às intempéries, a impermeabilização é o meio mais eficaz e necessário. Impermeabilizar permite que o local se torne habitável e protege a edificação de problemas patológicos, que poderão ocorrer devido a infiltrações de água. “Toda área interna, que mantenha contato com água na forma liquida ou de vapor, constante ou mesmo temporária, deve ser impermeabilizada. O mais correto é, já no projeto da edificação pensar também no projeto da impermeabilização, prevendo todos os detalhes de execução, produtos e técnicas de aplicação dos sistemas ideais para cada obra e para cada área”, aconselha Carmem Tricca, proprietária da Pro-Imp Produtos para Impermeabilização e Construção Civil. A impermeabilização deve começar pelos alicerces, para que a água não passe do solo para as paredes. Pisos que se mancham em contato com água ou umidade em sua face inferior como granito, mármore e porcelanatos, quando aplicados sobre contrapiso em contato com o solo, necessitam ter sua base impermeabilizada para evitar que manchem. Banheiros, áreas de serviço, cozinhas, varandas e outras áreas que possam receber água

10

em sua superfície, devem ser impermeabilizadas. “A impermeabilização deve ser analisada como um sistema que dure tanto quanto os outros elementos da obra, e não deveria ser necessário que fossem refeitas de tempos em tempos. O que ocorre é que se selecionam os produtos pelo seu custo de implantação deixando de analisar o preço de manutenções, daí escolhem os com custos iniciais menores, sem analisar sua durabilidade, levando a necessidade de renovações após alguns anos de aplicação”, alerta o engenheiro civil Avilson Ferreira de Almeida, da Enfix, que trabalha com comercialização e aplicação de produtos químicos para construção civil. “Os sistemas de impermeabilização, bem como os produtos utilizados, não duram para sempre. Mas com a manutenção adequada, é possível impedir o surgimento de infiltrações. As manutenções variam de acordo com a área impermeabilizada, ou seja: piscinas, jardineiras, coberturas, ralos, banheiros, e outros, devem ser vistoriados sempre, a fim de proteger a durabilidade. Para impermeabilizar uma área, primeiro é preciso definir qual processo e produto deve ou pode ser utilizado. A impermeabilização de uma edificação deve ser elaborada e executada, pensando em 100% de acerto. Não existe meia-impermeabilização, ou 99% de chance de dar certo”, completa Carmem.


11


ESTRUTURA

Fique Atento

As infiltrações por falta de impermeabilização podem causar de efeitos estéticos indesejados até a degradação de estruturas e componentes da construção como argamassas e revestimentos. As primeiras manifestações da necessidade de se rever a impermeabilização são manchas de umidade ou aparecimentos de corrosões em peças de concreto. “Os sistemas impermeabilizantes devem ser determinados através de uma análise criteriosa quanto as dimensões das áreas a impermeabilizar, sua localização, os esforços que receberão, possibilidades de movimentação devido à ação de cargas ou intempéries. Com estes dados levantados selecionam-se os sistemas ideais para cada área. Para obras de edificações multifamiliares, comerciais e mistas, industriais, bem como para túneis, barragens e obras de arte, de acordo com NBR 9575 da ABNT, deverá ser desenvolvido projeto de impermeabilização”, esclarece Avilson. O engenheiro informa também que, “a Norma de Desempenho NBR 15.575 deve ajudar na orientação para uma correta seleção de produtos impermeabilizantes, pois orienta a seguir critérios de durabilidade e vida útil que não vinham sendo observados até então, com isto devemos ter uma maior durabilidade das impermeabilizações, desde que os profissionais envolvidos questionem as características dos produtos a serem utilizados, analisando sua conformidade e adequação às solicitações a que estarão sujeitos quando aplicados.”

12

Foto: Divulgação


13


DIREITOS

Fotos: Divulgação

A IMPORTÂNCIA DA ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

A

Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro, Decreto Lei 4.657, de 1942, dispõe em seu artigo 3º: ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.” A Constituição Federal Brasileira de 1988 dispõe também, em seu artigo 5º, no Título Dos Direitos e Garantias Fundamentais, logo no início do rol dos 78 direitos e deveres do indivíduo, que “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Ou seja, todos nós não podemos deixar de cumprir a lei com a desculpa de que não a conhecemos. Partido desta premissa, a Lei Federal nº 6.496, de 07 de dezembro de 1977, determina: Art 1º - todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à engenharia e à agronomia fica sujeito à ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica),

14

no caso de serviços de arquitetura. Entretanto, quantas obras ou outros serviços de engenharia, arquitetura ou agronomia são executados com esse documento? Quantas reformas residenciais são executadas com ele? Pouquíssimos, se comparados com o universo de atividades das mencionadas áreas técnicas. A ideia do legislador de instituir as ARTs e RRTs, no meu sentir, foi de forçar os agentes do negócio a formalizar as obrigações e direitos de cada um. Com razão, pois são atividades geradoras, via de regra, de riscos não só para as partes do negócio, mas para todas as pessoas em geral. E onde tem risco, tem responsabilidade. Só age com culpa aquele que não evita o erro que conhecia a sua possibilidade de ocorrência. Daí porque a lei sempre tenta incutir nas pessoas a importância de escrever para não dizer, depois, que não sabia.

O dono da obra ou do serviço tem a responsabilidade de contratar um engenheiro, arquiteto ou agrônomo capacitado e adequado para execução dos serviços pretendidos. De outra parte, esses profissionais têm a obrigação de tratar as condições mínimas devidas pelo contratante para prestação e entrega dos seus serviços com a segurança que se espera deles. A ‘anotação’ da ART visa, portanto, a contratação desses serviços, e a formalização (escrita) delimita a responsabilidade de cada parte, o que é bom para ambos os lados. Daí porque a importância dos registros ou anotações de responsabilidade técnica. Não é só recolhimento de valores, mas muito mais que isso. É a garantia de execução dos serviços de engenharia, arquitetura e agronomia com segurança jurídica para as partes envolvidas e, em especial, para a sociedade. Marcelo Henrique, advogado.


Natal

de Luz ÇÑ NR Iluminacao

Que todo dia seja Natal.

Rua General Glicério, 4706 São José do Rio Preto/São Paulo Tel.: (17) 3233-6458 www.nriluminacao.com.br www.facebook.com/IluminacaoNR 15


16


17


PAINEL DE NEGÓCIOS

Fotos: Donizeti Batista

TRADIÇÃO NO COMÉRCIO DE FERRO E AÇO

A

Calmon Ferro e Aço abriu suas portas em outubro de 1988, na cidade de São José do Rio Preto. A empresa disponibiliza linha completa de produtos siderúrgicos voltados para o segmento de serralherias, indústrias de instalações comerciais, móveis tubulares, equipamentos para fitness, estruturas metálicas, construtoras, metalúrgicas e consumidores finais. “Procuramos oferecer produtos de qualidade comprovada, priorizamos o atendimento diferenciado, preços compatíveis e estrita obediência aos prazos de entrega”, ressalta Tadeu

18

José Silva Calmon Lima, sócio-gerente da Calmon Ferro e Aço. Para ele não existem grandes segredos capazes de projetar, estruturar e manter uma empresa no mercado. “Seja qual for o ramo de atividades, o sucesso é construído com: respeito ao cliente e ao mercado com trabalho sério, constante e ético; transparência nos relacionamentos e objetividade nas ações internas e externas; e busca permanente do conceito de confiabilidade e credibilidade no mercado”. O reconhecimento pelos serviços prestados, e compromisso de levar os melhores produtos

aos consumidores, veio em 2006, quando a Calmon recebeu da Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto, o diploma de “Empresa Destaque no Comércio da Região Norte”. “Estamos preparados para acompanhar o intenso crescimento econômico da nossa cidade, especialmente na região norte, onde as sonhadas melhorias da infraestrutura urbana dotarão, essa parte da cidade, das condições necessárias para consolidá-la, com um comércio pujante e moderno”, finaliza Tadeu.


19


PAINEL DE NEGÓCIOS

Fotos: Donizeti Batista

AREIA E PEDRAS PARA TODOS OS TIPOS DE OBRAS A A.G. Almeida, especializada em transporte e distribuição de areia e pedras de diversos tipos, em volumes variados para pequenas e grandes obras, abriu suas portas em São José do Rio Preto, em maio de 1997. A empresa conta com instalações próprias, de 20 mil metros quadrados de espaço físico disponível para estocagem. Sua localização privilegiada proporciona rapidez nas entregas. Uma novidade é que, desde o início de 2014 colocou à disposição dos seus clientes, blocos

20

de oito furos e pó de mico a pronta entrega, com a inovação da entrega paletizada (com as mercadorias acondicionadas sobre estrados de madeira), proporcionando facilidade, rapidez e confiabilidade. “Nosso diferencial, em relação a outras empresas do segmento, está no atendimento e respeito com nossos clientes. Só assumimos compromissos possíveis de serem cumpridos. Nosso estoque e frota própria também fazem a diferença”, pontua José Adolfo Queiroz Almeida, proprietário da empresa.

Uma preocupação da A.G. Almeida é adquirir produtos de fornecedores que sejam ecologicamente corretos, visando assim colaborar com a preservação do meio ambiente, exigindo a apresentação de documentos que comprovem a autenticidade. “Nosso sucesso se deve a sempre termos acreditado no progresso de nossa cidade. Não desistindo diante das dificuldades que apareceram nestes anos que atuamos. Seguimos sempre confiantes em um amanhã melhor”, finaliza José Adolfo.


21


SUSTENTABILIDADE

RECICLAGEM

DE ENTULHO TRAZ BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS

A

construção civil é uma das principais geradoras de resíduos. De acordo com a Abrecon (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição) esses resíduos chegam a representar 50% do material desperdiçado no segmento. E o pior é que grande parte não recebe a destinação final correta. A Abrecon define Resíduo da Construção e Demolição (RCD) ou Resíduo da Construção Civil (RCC) como todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, escavação ou demolição. A Transcal Concreto e Argamassa de São José do Rio Preto conta com usina própria de reciclagem há seis anos. “Podem ser reciclados materiais das classes ‘a e b’, concreto até 30 metros cúbicos, argamassa, alvenaria, produtos de cerâmica, madeiras, plástico,

22

papelões, metais e ferro. O serviço é importante, pois todo esse material pode ser reaproveitado, deixando de ser depositado em aterros ou dispensados de forma incorreta”, esclarece o engenheiro Sérgio Carlos Rodrigues Filho. Tratar os resíduos da construção civil traz benefícios de ordem econômica, social e ambiental. Substituir materiais convencionais pelo entulho significa economia na aquisição de matéria-prima. O trabalho com reciclagem abriu um novo mercado de trabalho, gerando renda para centenas de pessoas. Além disso, reciclar ajuda o meio ambiente, que deixa de ser poluído com o material descartado. “A reciclagem é feita através da triagem para separação dos materiais. Feito isso, o material passa por um britador e peneiras para clas-

sificar. Ele pode ser transformado em terra, areia, brita e cascalho. A terra é usada para regularização de terrenos. A areia para assentamentos de tijolos. A brita é usada para contrapiso. E o cascalho para cascalhar estradas e pátios”, pontua o engenheiro. Segundo Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) o Brasil produz em média 31 milhões de toneladas de RCC por ano. “Contamos com caçambas próprias para coletar o entulho. Os interessados em enviar esse tipo de produto para reciclagem devem contratar empresas que destinam o entulho para usina de reciclagem. Com esse trabalho, mensalmente, aproximadamente quatro mil toneladas de material deixa de ser desperdiçado”, conclui Sérgio.


23


PAISAGISMO

Foto: Donizetti Batista

ÁRVORES

S

e tentássemos enumerar todas as funções e benefícios que as árvores oferecem, com certeza deixaríamos algum para trás. Entre muitos, podemos destacar sua capacidade de organizar espaços formando divisórias naturais, diminuição do calor, barreira contra ventos e sons, transformar ambientes inóspitos em agradáveis e aconchegantes. Além, é claro, da beleza das floradas, produção de frutos, fornecerem abrigo e proteger a fauna. Um único exemplar plantado no meio fio, a beira das calçadas, tem enorme poder transformador em todo seu redor. Na hora da escolha de uma espécie arbórea é muito importante que se defina a função a que se destina e o espaço disponível, só assim é possível chegar à decisão correta com a escolha adequada. Essa definição deve levar em consideração a aparência, o habito de suas folhas, a forma da copa, frutos, flores e tronco, sendo ainda indispensável analisar as características de enraizamento. Na maioria dos núcleos urbanos percebemos um déficit muito grande de arborização, é comum ouvirmos muitas queixas sobre a falta de árvores nas ruas, e pouco sombreamento em uma região tão quente quanto o noroeste do Estado de São Paulo. Percebo então, na minha vivencia de dia a dia de trabalho, uma grande contradição. As pessoas têm um discurso teórico bacana e ecologicamente correto sobre este tema, mas quando chega a sua vez de plantar uma árvore em frente de sua casa, que é o mínimo esperado, a percepção e necessidade mudam completamente. Existe uma concepção de que árvores fazem sujeira, de que são perigosas quanto aos ventos, de que suas raízes arrebentam calçadas e canos, além de outros argumentos, geralmente sem fundamentos, para a justificativa 24

de não se ter uma árvore em frente de casa. Com isso, toda a teoria sobre querer uma cidade mais verde vem abaixo, e se torna uma missão difícil convencer de que a planta certa no local correto só trás benefícios. Árvores naturalmente renovam suas folhas, isto é, caem as folhas antigas para que surjam suas novas brotações. Com a queda das pétalas, a florada precede o fruto que fornecerá as sementes. Um ciclo que se renova anualmente. É um ser vivo dinâmico, é preciso aprender a enxergar estes encantos, entendê-los para admirar, respeitar e valorizar este ser tão precioso. Cada espécie é única, com características e hábitos próprios. Temos o privilegio de estarmos em uma região tropical, com ótimas características para adaptação de milhares de espécies vegetais, tanto nativas como exóticas. Sempre haverá uma espécie que se encaixa na vida de cada pessoa, é só uma questão de conhecimento, envolvimento e boa vontade. Só assim, os “inconvenientes” que uma arvore possa trazer se tornam insignificantes, e seus benefícios realmente relevantes. Há inúmeras maneiras de se conhecer profundamente uma espécie arbórea, para então decidir qual a que melhor se encaixa em determinada situação. Além das pessoas especializadas, temos viveiristas experientes que tem prazer em passar as informações, livros especializados, e a internet, que é uma ferramenta inigualável para qualquer tipo de pesquisa. Mais uma vez caímos no lugar comum de que, se cada um fizesse sua parte o todo seria muito melhor. FLÁVIA SEIXAS, engenheira agrônoma e proprietária da Verdeplan paisagismo


25


PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Fotos: Hamiltom Pavan

Memória Carlos Drummond de Andrade Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.

A IMPORTÂNCIA DO CONSELHO DE PATRIMÔNIO CULTURAL

U

ma cidade é construída pelas pessoas que nela residem. Essas pessoas desenvolvem suas atividades nesse espaço ao longo do tempo. Atividades artísticas, comerciais, na organização e ocupação da paisagem, na pratica dos ofícios, nas festas..., a isso chamamos manifestações culturais. Ao conjunto dessas manifestações chamamos Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural, Ambiental e Turístico. O espaço urbano e rural que organizamos e ocupamos é a identidade da nossa sociedade. Tudo que se desenvolve nesse espaço tempo, tangível ou intangível, produz refêrencias que nos afetam, caracterizando nosso modo de viver e estar no mundo. Um município conta sua própria história no traçado urbano, que é a organização de seu espaço de produção e distribuição de bens de consumo e culturais. Em São José do Rio Preto, um grupo de pessoas, entendendo a necessidade e a importância de manter viva a história desses saberes e expressões artísticas, culturais, naturais e ambientais, que fazem parte da identidade do município, começam

26

um trabalho de educação e conscientização dos moradores que culmina na formação do Comdephact (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico). Ele foi criado por meio da Lei Complementar n° 214, de 16 de dezembro de 2003. Tem como função a identificação, preservação, proteção e conservação do patrimônio cultural de São José do Rio Preto. É composto por membros representantes do Poder Executivo e da sociedade civil. (Fonte: site da Prefeitura). Esse Conselho, na representativa figura de sua atual presidente, a arquiteta Denise Farina, foi protagonista de uma vitória significativa para a cidade: a defesa e preservação do guapuruvu. A árvore fazia parte de um jardim e ia ser derrubada, como foi o seu entorno, uma casa que foi construída e pertenceu ao Dr. Maurício Goulart, pessoa de grande importância, não só para a cidade, como também para o Brasil, especialmente para a cidade de Fronteira a qual fundou no ano de 1943. Homem de grande visão, advogado, poeta e intelectual, Dr. Maurício foi deputado pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN). Fundou

também a rádio Independência e trouxe para a inauguração, o amigo, na época presidente da República, João Goulart. Alicerçou com sua história um pedaço da história do lugar que de repente deixou de fazer parte do espaço físico, o tangível. A referência física de sua passagem no tempo e no espaço. No lugar dessa casa será construído um edifício de apartamentos. O Conselho, com a ajuda da população, que pressionou e se manifestou através dos veículos de comunicação, elaborou uma instrução de Tombamento e protegeu a arvore, através de um decreto assinado pelo então prefeito Valdomiro Lopes. Os construtores, entendendo a importância da preservação da árvore, acataram o pedido do Comdephact, e resolveram preservar o guapuruvu. Em um gesto simbólico de boa vontade, ele será incorporado a nova paisagem. Esse guapuruvu tem em sua presença física, o coração do Dr. Mauricio Goulart, do Comdephact e toda sua história amalgamada na história da cidade. O ideário de uma sociedade que, organizada, participa e se apropria dos espaços, realiza o intangível.


27


CAPA

“Se me chamarem de idealista, concordo inteiramente. Sei que fiz uma poesia desse processo todo, fiz uma imensa poética. Que fiz, fiz dos primeiros aos últimos versos.”

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Cidade de São Paulo

28


Foto: OS2Warp - Obra do pr贸prio. Licenciado sob Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0, via Wikimedia Commons

O BRILHANTISMO SOCIAL DA OBRA DO ARQUITETO

VILANOVA ARTIGAS 29


CAPA

J

oão Batista Vilanova Artigas é um dos principais nomes da arquitetura de São Paulo, sendo que suas obras estão associadas ao movimento conhecido como Escola Paulista (os projetos ressaltam a técnica construtiva com a utilização do concreto armado aparente e valorização da estrutura). Curitibano, fez sua carreira na capital paulista, onde formou-se engenheiro-arquiteto pela USP, e sempre esteve ligado ao mundo acadêmico. Foi professor da Escola Politéc-

nica e fez parte do grupo que deu origem à FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Artigas foi um dos responsáveis pelo projeto de reforma curricular do curso. “Ele não pretendia ensinar como se faz. Não era um homem para criar estilos, mas educar para enfrentar os tempos históricos, que não são sempre os mesmos”, define o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, parceiro de Artigas em vários projetos e obras.

Suas marcas na FAU vão além de grades curriculares e teorias. É dele, em parceria com Carlos Cascaldi, o projeto do prédio da Universidade, construído em 1969, na cidade universitária. Em uma de suas entrevistas ele explicou a concepção do espaço. “Eu pensei que aquilo tinha que ser um prédio que não tivesse a menor concessão a nenhum barroquismo. Que tivesse insinuações de uma extrema finura, para dizer que partia um bloco inerme”.

Escola Municipal de Itanhaém

“Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos.” Vilanova Artigas 30


Fotos: Divulgação

ARQUITETURA SOCIAL

Sua obra ainda influencia várias gerações, sendo um dos incentivadores da arquitetura social. Sempre deixou claro seu pensamento marxista, defendendo grandes e pequenas causas. Artigas tinha um olhar totalmente focado no ser humano, no social, para ele o espaço público deveria ser privado e vice-versa. Um exemplo desse pensamento é o edifício residencial Louveira, no bairro de Higienópolis (SP), projetado em 1946. Também são dele obras conhecidas e reconhecidas como: Estádio do Morumbi, estação rodoviária de Londrina-PR (hoje transformada em um museu de arte) e o Cecap Guarulhos. Seu engajamento social chegou à política, tendo ligação direta com o Partido Comunista Brasileiro. Devido ao seu posicionamento, em 1969, foi proibido de dar aulas e até se exilou no Uruguai. Voltou ao mundo acadêmico dez anos mais tarde, onde ficou até 1985, ano de seu falecimento. Artigas registrou em suas obras uma arquitetura que vai de encontro à população, idealizando uma cidade para todos, onde a vida fosse sempre coletiva. “A função social do arquiteto é trabalhar para a sociedade como um todo, e não só para uma classe de burgueses abastados. É trabalhar a favor da distribuição de renda, de uma melhor qualidade de vida para aqueles que não estavam sendo privilegiados no desenvolvimento urbano e na especulação imobiliária. Colocar esse público na agenda da arquitetura”, pontua o arquiteto Guilherme Wisnik.

LEGADO

Artigas deixou aproximadamente 700 projetos/obras espalhados pelo Brasil, sendo que, dada a sua importância para a história da arquitetura brasileira, todo esse acervo é preservado nos arquivos da FAU-USP. Suas primeiras obras em Curitiba datam dos anos de 1940 quando sua arquitetura era fortemente influenciada pelos projetos de Frank Lloyd Wright. Mais tarde, Artigas assumiu a influência de Le Corbusier, marcadamente reconhecida na residência de João Luiz Bettega, na Rua da Paz, hoje denominada Casa Vilanova Artigas. O reconhecimento veio também através dos prêmios que ganhou, sendo o profissional brasileiro do século 20 mais premiado pela UIA (União Internacional de Arquitetos).

Edificio Louveira

31


CAPA

Detalhe do pilar da rodoviária de Jaú - SP

32

Foto: FAU -via Arquigrafia - Divulgação


Foto: Divulgação

ESPECIAL

DIA DO ENGENHEIRO E DO ARQUITETO

11 e 15 de dezembro

VILANOVA ARTIGAS Por Denise Farina

U

m poeta. Exatamente isto era o arquiteto Vilanova Artigas, que fazia com os tijolos o que os poetas fazem com as palavras. Embora curitibano, Artigas foi um dos expoentes da chamada Escola Paulista, e em cujos projetos marcadamente estão o rigor técnico, o uso do concreto armado aparente e a valorização da estrutura. Seus pilares ganhavam vida própria, destacando-se com elegância na edificação. Mas sua preocupação ia muito além da concepção do edifício de forma isolada e de sua estética; o arquite-

to preocupava-se, sobretudo, com as questões urbanísticas que envolviam as criações. Não é à toa que agora, na comemoração dos 100 anos de seu nascimento (23 junho 2015), Laura Artigas e Pedro Gorsky produziram um documentário intitulado Vilanova Artigas: As Cidades como as Casas, as Casas como as Cidades, parte do projeto ARTIGAS 100 ANOS, que reúne, além do documentário, o site oficial, um livro com as obras mais relevantes e uma exposição promovida pelo Itaú Cultural, lançado dia 29 de novembro. “Ser arquiteto, meus jovens, é um privilégio

que a sociedade nos dá e que eu desempenho como se fosse um segredo, no cantinho do meu escritório, fechado com meus pensamentos e meus desenhos”, dizia Artigas a seus alunos. E é iniciando com uma homenagem a este grande mestre, ícone de gerações, que nossa revista mostra um pouco dos trabalhos de profissionais da nossa região. Arquitetos na busca incansável de um traço que os identifique e que, “privilegiados, no cantinho de seus escritórios, desempenham a função como um segredo”, embelezando e integrando a cidade. 33


34


35


36


37


38


39


40


41


42


43


44


45


CASA COR

Fotos: Divulgação

2014

CASA C O R CAMPINAS 6ª EDIÇÃO DA MOSTRA ENFATIZA O CONCEITO DE MORAR BEM

E

m sua 6ª edição, a mostra contou com a participação de 57 renomados profissionais e a criação de 37 ambientes inovadores. O evento aconteceu no imponente Palácio do Bispo, no bairro Nova Campinas, entre os dias 22 de outubro e 07 de dezembro, e manteve seu foco 100% no morar, com soluções voltadas para casas, apartamentos, lofts e estúdios. E foi além: após a realização do evento, a organização da Casa Cor Campinas entregará o prédio à Cúria da Igreja Católica para que ele possa ser transformado no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Campinas, permitindo, assim, a realização de um antigo projeto da arquidiocese campineira. “Estamos muito felizes por poder contribuir para o resgate histórico desse espaço, reconstruindo e revitalizando um patrimônio de valor inestimado para a população de Campinas. Nosso objetivo foi preservar a qualidade do ambiente para colocar à disposição das pessoas o acervo riquíssimo da Arquidiocese de Campinas”, afirma Flávio Sanna, presidente do Grupo Casa Cor Interior SP. Os 37 ambientes criados para a mostra deste ano traduziram o que há de mais moderno, prático e aconchegante no mundo da arquitetura e decoração, contemplando uma diversidade de estilos e propostas, que foram do retrô ao contemporâneo, passeando por tons neutros e vibrantes e toques rústicos e sofisticados.

46


HOME THEATER - LetĂ­cia Telles / Fabiana Rocha

47


CASA COR

HOME THEATER - Letícia Telles / Fabiana Rocha

48

Fotos: Divulgação


ESTUDIO METROPOLE - Ana Maria Coelho / Felipe Karam / Selma MilarĂŠ Rubim

LOFT - Fernanda Souzaleme / Dirceu Paieira e Bia Sartori

49


CASA COR

Fotos: Divulgação

SALA INTIMA DA FAMÍLIA - Juliana Boer / Juliana Mistro / Maria Del Nero

WINE LOUNGE - Edna Figueiredo e Samara Filigoi

ESCRITÓRIO COMTEMPORÂNEO - Daniele Guardini e Adriano Stancati

50

FACHADA - Hebert Faustino e Viviane Namura


51


CASA COR

SALA INTIMA DA FAMÍLIA - Juliana Boer / Juliana Mistro / Maria Del Nero

ADEGA - Junior Pacheco 52

Fotos: Divulgação


53


PAPO DE OBRA

Fotos: Divulgação

TINTAS E TEXTURAS DÃO VIDA NOVA AO IMÓVEL

É

muito comum as pessoas refazerem a pintura de suas casas e estabelecimentos comerciais no final do ano. Para tanto é importante que se programem adequadamente, e com tempo hábil para escolher, com calma e critério, tanto o produto a ser utilizado quanto a mão de obra, que precisa ser de qualidade, para evitar que o resultado não seja o esperado, mesmo investindo em

54

excelentes produtos. “Cor é algo que mexe com nossas emoções e sentimentos, então acredito que seguir tendências pode ser um bom caminho para quem sempre renova a pintura, porém, mais importante do que isso, é que a pessoa escolha cores que lhe tragam boas sensações e referências, independente da tendência atual”, aconselha Luiz Eduardo Honda Flores,

diretor comercial da Branno Tintas e Revestimentos. Ele também ensina que “para a pintura durar mais tempo, além de ser essencial adquirir produtos de alta qualidade, testados e aprovados, também é muito importante fazer um bom preparo da superfície para que a tinta ou textura de acabamento mantenha suas propriedades fisioquímicas inalteradas por mais tempo.”


TENDÊNCIAS

As cores para a temporada primavera/verão 2014/15 são os tons pastéis suaves, combinados com cores vivas, que tem relação direta com a estação mais quente do ano. A mistura de cores quentes com tons metálicos também é uma tendência atual. Outra tendência, cada vez mais e necessária, é que as pessoas se preocupem em investir nos produtos sustentáveis, que agridam menos a natureza. “Os revestimentos acrílicos (texturas) modernos também devem seguir esse conceito, por isso em nossa empresa utilizamos produtos naturais, produzidos com resíduos de rochas ornamentais (granitos, mármores). Essas texturas são produzidas sem adição de corantes artificiais, sua cor é natural da pedra, portanto não desbotam. Além disso, são produzidas seguindo os ‘três r’s’ da sustentabilidade que são reciclar, reduzir e reaproveitar. Têm também como vantagens a alta durabilidade, resistência, hidrorrepelência e, após o período de cura, podem ser lavadas”, ressalta Luiz Eduardo.

TEXTURAS

Os revestimentos acrílicos (texturas) não podem ser considerados impermeabilizantes. Para esse fim existem produtos específicos. É possível encontrar impermeabilizantes para todas as etapas da construção. “Texturas acrílicas, em sua maioria, possuem a característica de serem hidrorrepelentes, ou seja, protegem as paredes criando uma barreira que impede a passagem da água. Porém isso é superficial e protege apenas da umidade que vem de fora para dentro. Para proteger a obra toda de umidade ascendente e infiltrações, é essencial a aplicação de produtos exclusivamente produzidos para impermeabilizar”, pontua o diretor de comercio no segmento. Além de repelir a umidade, as texturas também garantem beleza. “Atualmente existem texturas com vários acabamentos, desde as mais rústicas até as mais lisas e delicadas. Elas trazem muita beleza e contribuem com a valorização do imóvel”, finaliza Luiz Eduardo. Nas áreas externas as texturas são utilizadas devido à sua beleza e maior durabilidade em relação às tintas convencionais. Em ambientes internos são indicadas quando se quer uma sensação de mais aconchego e naturalidade, muitas vezes substituindo os papéis de parede, pedras ornamentais e outros revestimentos. 55


VIAGEM ESPECIAL

Foto: Denise Farina

ARQUITETURA CHINESA

A arquiteta Rafaela Polizello conta um pouco do que viu na milenar China.

56


57


VIAGEM ESPECIAL

D

ifícil imaginar a China sem estar lá! Pensar na China enquanto espaço é pensar na macro escala, quase no impossível. Complicado para nós ocidentais, com raízes no cristianismo e tão pouca idade comparada a esta civilização milenar, compreender que há milhares de anos já existiam algumas cidades quase nos atuais formatos, com vários edificios de pavimentos tão sólidos que ate hoje estão lá. A China é um país que se modifica e evolui a cada instante e, como arquiteta e urbanista, fico impressionada com a quantidade de canteiros de obras, de gruas e de trabalhadores que vejo nas ruas e em todas as cidades. Impressiona (e muito) como o país consegue reorganizar a cada dia o espaço urbano, evoluindo sem perder as raízes milenares, sem perder a cultura, os simbolismos e o respeito pelo povo. A maior prova disto é a capital da república popular da China, a cidade de Beijing, linda! Porém, lá o Oriente e Ocidente não se misturam. É a cidade sem fim, onde você consegue dirigir o carro por horas, sem sair dela e sem passar no mesmo lugar. Em Beijing encontra-se a Cidade Proibida tão magnífica e esplendorosa, quanto a avenida que passa à sua frente. E há também a famosa Praça da Paz Celestial, onde a bandeira chinesa é hasteada todos os dias pontualmente as 6:00 da manhã com multidão sempre a acompanhar. Próximo a Cidade Proibida , inaugurada em 1420, existe o grande Teatro Nacional, cuja arquitetura é moderna e foi inaugurado em 2007. O projeto é do arquiteto frances Paul Andreu. A TRADICIONAL CASA CHINESA Atrás dos portoes sempre existe uma vila onde moram vários membros de uma família em várias casas pequenas. Elas possuem telhados cerâmicos cinza, o que significa que são pouco abastadas. Conforme aumenta o nível de detalhamento dos portões de entrada, indica que aumenta a posse das famílias. Em quase todas as edificações chinesas geralmente há a estátua de deuses, seguindo uma simetria, pois eles acreditam que espantam os maus espíritos, trazem boa sorte e fortuna.

58

Jiangman mais uma cidade em obras


Fotos: Arquivo Pessoal - Rafaela Polizello

Entrada para a cidade proibida e Mao TsĂŠ Tung

Vista interna da Cidade Proibida

Grande Teatro Nacional

59


VIAGEM ESPECIAL

Fotos: Denise Farina

CENTRO FINANCEIRO DE SHANGHAI Em Shanghai contamos com alguns edifícios do padrão de Manhattan e há muitos estrangeiros, pessoas que falam inglês alem de russo e Chinês. Nem todos falam mandarim na China; falam muitos dialetos e, de qualquer forma, é quase impossível a comunicação em alguns locais. Por possuir 20 milhões de habitantes era de se esperar um grande caos urbano, congestionamentos, metrôs lotados (mentalidade brasileira para um país emergente). Não! Isto não existe lá. Há um emaranhado de vias expressas que funcionam. E o metrô possue 567 km! Em Shanghai o tempo passa mais depressa. O ritmo é outro, ditado pelos milhares de containers de mercadorias que cruzam diariamente o rio Yang Tse para irem a qualquer destino do planeta. HONG KONG Ao sul temos Hong Kong, por onde, a meu ver, deve-se chegar quando for a primeira vez para a China.

Casa tradicional chinesa

Centro comercial de Taishan

Estátuas para espantar maus espíritos

60


61


VIAGEM ESPECIAL

Hong Kong seria como a última barreira, a transição do mundo Ocidental para Oriental. Costumo dizer que Hong Kong é a cidade do mundo com todas as opções. O local onde podemos encontrar tudo de melhor dos dois mundos. Também é o último lugar antes de ir a ”Main Land”, ou seja China. É o ultimo lugar onde conseguiremos ler placas, ver números e saber o preço das coisas, porque depois só os símbolos chineses. É o primeiro lugar em que tomaremos chá em todas as refeições, usaremos os sanitários (nada agradáveis) típicos da China e onde veremos multidões de pessoas andarem freneticamente nas ruas. Mas o último lugar que teremos opções de usar talheres sem ser hashi A cidade se estrutura em layers, camada sobre camada tanto para cima como para baixo, mas o que mais me surpreende é em como o sistema viário funciona! De varios metrôs que já usei, digo que o de Hong Kong não se compara a nenhum da América do Norte nem Europa, por ser extremamente limpo e moderno. Sempre haverá a opção de usar barcos (lembrando que Hong Kong é uma ilha), táxis e micro ônibus). Enfim, Hong Kong pra mim é o Rio de Janeiro que funciona, pois tem uma natureza linda (coisa que não imaginava, com praias, florestas e morros) e ao mesmo tempo edifiícios ultra modernos. Uma experiência única!

Ilha de Hong Kong

62

Coluna do metrô em Beijing


63


SOCIAL

EM RIO PRETO

O

CAU (Conselho de arquitetura e urbanismo de São José do Rio Preto movimento a classe em eventos informativos e gratuitos. Confira.

01Simone e João Paulo - 02 Lucas e Luana Ullian - 03 Vailde P. Regis e Juliana Wagner - 04 Edilson, Altemicio,Frederico, Rogerio, João Paulo

01

05

06

02

03

07

10 Andreia, Ricardo Martins, Alessandra e Vanderlei Santana 11 Caroline Amaro, Melisa - 12 João Pedro e Sidnei Simoês - 13 Alessandra e Vanderlei Santana e suas filhas.

10

14 64

11

12

15


Ilda Vilela Por

Fotos: Divulgação - Donizeti Batista

04 05 Marcella Frantantonio e Flavia Borges - 06 Ligia Franco de Rosa e Saulo Cristofo - 07 Ricardo Zamariam, Sacha Lopes, Marcelo, Celina Trindade, Denise Farina e Suzi Campos - 8 Bruno Mamoru e Karina - 9 Juliana Martim 08

09

13

12

14 Marcos Araujo, Marcela, Paula Ferro, Maria Angelica, Flavia Borges e Pamella Gonçalves - 15 Roberto Magalhães e Kedson Barbero 16 Claudia Passarine, Daniela Abudi e Suzi Campos 16 65


CRÔNICA

Foto: Denise Farina

Memórias

N

um domingo chuvoso, em que a gripe me pegou de jeito, assisto novamente ao filme As Horas e, em seguida, leio o artigo de Graziela Delalibera, no Diário da Região, onde ela cita, com carinho, o avô paterno, S. Tonico, e o pai, Gilberto: E é na minha memória que os dois continuam vivos. É com ela que consigo sentir o cheiro forte do fumo picado e das baforadas que seu Tonico soltava do cigarro de palha enquanto ouvia seu rádio. É com ela que ainda vejo o entusiasmo de meu pai temperando um carneiro para algum almoço especial, ou diante de um prato com leitoa assada no Natal. Ou, ainda, que volto a sentar em seu colo, bem pequenina, sorrindo e querendo brincar. Penso, então, na polêmica sobre a derru-

66

bada do guapuruvu. E junto as três coisas... No filme, conduzido com uma sutileza ímpar, o poeta diz que só queria escrever sobre as coisas que sente, como a textura delicada do tecido da toalha a cobrir a mesa, coisas simples e sutis, que não nos detêm no dia a dia. E Graziela nos fala dessas coisas pequenas, do cheiro de charuto, do carneiro temperado, ou da leitoa assada, que trazem a infância à memória da jornalista. Pois lá está o guapuruvu. Um símbolo solitário de memória da casa de Maurício Goulart, das festas e recepções importantes para a cidade. Ou das coisas mais sutis, como sua florada amarela, a encantar olhares embevecidos por mais de 80 anos. Lá está a árvore que, do alto dos seus 30 metros, acompa-

nhou o crescimento da cidade, que , há pouco, quase o vitimou. A textura das suas raízes, o cheiro dos assados oferecidos nas festas, sua sombra suave a servir por tantos anos, seu balanço majestoso sobre a Coronel... Isso é compreensão de memória. O guapuruvu é só um símbolo que arduamente a sociedade tenta manter. Mas, um símbolo a gritar e a nos ensinar que uma cidade desfigurada não pode passar para a frente o que foi plantado ou levantado pelos braços e fibra de seus filhos. Salvar a agonizante árvore não foi somente preservá-la para lembrança, mas sim, permitir que gerações futuras possam ter o balanço vivo da sua florada a deliciar os olhos e acalentar a cidade.


67


68


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.