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CAMPUS
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Alagoas l 13 a 19 de abril I ano 02 I nº 059 l 2014 l redação 82 3023.2092 I e-mail redacao@odia-al.com.br
CATRACAS PÚRPURAS o h l a v r a Pablo C
Dois dedos de prosa P
Quem é quem?
O
alagoano Pablo de Carvalho é romancista, cronista e compositor. Vencedor do programa Bolsa Funarte de Criação Literária 2011, da Fundação Nacional de Artes do Ministério da Cultura, com o romance policial Catracas Púrpuras. O lançamento aconteceu na sede da Funarte, no Rio de Janeiro, em novembro de 2012. Catracas Púrpuras concorreu com cerca de seis mil projetos do país inteiro e foi o único representante nordestino dentre os cinco vencedores. Pablo é também vencedor do prêmio Alagoas em cena 2006, com o romance Iulana, publicado no mesmo ano pela Universi-
dade Federal de Alagoas. Escreveu a novela O Eunuco (Edições Catavento, 2001), e o romance O Canteiro de Quimeras (Writers, 2000). Compôs, em parceria com Chico Elpídio, o disco Contemporâneos, disponível em http:// chicoelpidio.blogspot.com.br. Delegado de Polícia, atuou por três anos no alto sertão da Paraíba e por três anos e meio no Departamento de Homicídios de Recife. Atualmente, chefia a delegacia de polícia do bairro de Afogados e comanda uma equipe da Divisão Especial de Apuração de Homicídios do DHPP, ambos em Recife, PE.
ablo Carvalho construiu sua carreira em literatura ainda em Maceió, quando estudante; posteriormente, dedicou-se ao campo policial, tornando-se delegado na Paraíba e, posteriormente, em Pernambuco, onde ainda se encontra: Recife. Seu romance Catracas Púrpuras foi premiado pela FUNARTE em concurso nacional. Isto não concede, automaticamente, registro de qualidade, mas, sem dúvida, indica sobre um belíssimo caminho a ser percorrido. O registro de qualidade não é o sinete do Estado, mas o texto em toda a sua expressão e onde beleza e crueza de cotidiano articulam um contexto significativamente verdadeiro, demonstrando que a arte é quase sempre mais versátil para com a verdade do que a chamada ciência, com todo um corpo minado pelo formalismo. Catracas Púrpuras, para mim, é uma reflexão pesada sobre o cotidiano, fazendo com que brotem os modos mais profundos da expressão de pessoas em situação limite na vivência do dia a dia. É isto que se encontra ao se andar pela sublimidade feia expressa pelo autor. A fronteira entre a literatura e as narrativas sociais é muito tênue e, sem dúvida, ela incorpora, pela sua linguagem, uma fertilidade sobre o mundo que a científica pode tolher. A dor, o prazer, os sentimentos estão mais plenamente na arte do que na ciência, uma espécie de letra fria, sempre imprensada pela dilaceração da verdade, enquanto a obra de arte a constrói. Jamais estaríamos negando a importância do trabalho científico, mas apenas chamando a atenção para a versatilidade da literatura em entrar por caminhos onde o humano é mais facilmente radicado. É justamente o que se encontra na raiz do texto de Pablo: o humano demonstrando, por outro lado, que condições como beleza e estética não têm fronteiras. Qual a razão que impediria um Delegado de Polícia de vê-las? Nenhuma. Delegado de Polícia é um dever de ofício. Sentir a beleza demanda o olor da poesia. A pergunta é muita da tola. Meu amigo, Campus tem o imenso prazer de chegar às pessoas, o seu texto bonito e oportuno; na leitura que você faz da vida, dá-nos sede de procurar pelas Alagoas profundas, aquelas Alagoas onde o mistério da vida efetivamente se demonstra, para onde se pode ir desde que se tenha olhos para ver e ouvidos para ouvir. Um beijo na sua testa. Luiz Sávio de Almeida Fio a Pavio, abril de 2014.