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SÓ A METADE DO LIXO HOSPITALAR É TRATADA
Em Maceió, apenas duas empresas trabalham com a coleta, transporte, tratamento e destinação adequada do lixo produzido pelas unidades de saúde no Estado; defasagem é de 1.700kg por dia
Eduardo Leite
Alagoas l 27 de abril a 3 de maio I ano 02 I número 061 l 2014
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O DIA ALAGOAS l 27 de abril a 3 de maio I 2014
ECOLOGIA
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Destinação correta envolve a autoclavação ou incineração Deraldo Francisco Pedro Barros Repórteres
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entre os enormes desafios que se apresentam para a administração pública, um dos que exigem maior atenção é o adequado tratamento que deve ser dado ao volume cada vez maior do lixo produzido pela sociedade contemporânea. E se o lixo em questão for de origem hospitalar, os cuidados requeridos são ainda maiores, uma vez que qualquer cidadão pode mensurar os perigos para a saúde que este tipo de resíduo oferece. Acondicionar, transportar e dar ao lixo hospitalar um destino que não comprometa o meio ambiente e a saúde
pública exige, além de uma gestão própria para o tema, tecnologia que impacte o meio ambiente em menor escala possível. Uma das opções é incinerar os resíduos, muito embora, segundo especialistas, esse processo possa liberar gases do efeito estufa. Como exemplo desses resíduos, são recolhidos por empresas especializadas seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, catéteres e outros materiais descartáveis. As cinzas resultantes da incineração também requerem cuidados especiais e, assim, devem ser levadas para aterros sanitários. Uma medida mais segura é a utilização do autoclave. Neste equipamento, os resíduos de hospitais e clinicas são submetidos a alta pressão e temperatura e, dessa forma, tem-se a garantia de que os micro-
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Só 43% têm destinação correta em AL O lixo hospitalar produzido pelas unidades de saúde do Estado não tem, em sua totalidade, o destino correto. Em Maceió, o percentual de coleta, tratamento e destinação adequados é de 43%. Ou seja, a maior parte do lixo produzido nas unidades de saúde do Estado se perde no processo de coleta, transporte e, muitas vezes, é misturada ao lixo comum. Mas a situação referente à coleta de lixo hospitalar em Alagoas pode ser ainda pior. As estimativas do Instituto do Meio Ambiente (IMA) são de que cerca de 70% deste tipo de lixo não recebam o tratamento adequado. A informação está baseada na quantidade de denúncias que o IMA recebe todos os dias dando conta da existência de material de hospitais, do número de empresas que trabalham com este material no Estado. Além disso, os números sobre o lixo hospitalar em Maceió servem de base para os cálculos do órgão. NO MESMO SACO Quando o lixo hospitalar é misturado ao lixo doméstico e levado para o aterro sanitário por um caminhão-coletor, esse material é compactado e vai para as células como se fosse lixo comum. Isso é uma agressão ao meio ambiente e um sério risco às pessoas. O controle só é facilitado quando o lixo coletado pela empresa é levado para o aterro sanitário e fiscalizado. Além de produzir lixo
Em Maceió, maior parte do lixo hospitalar se perde no caminho hospitalar, as unidades de saúde também produzem lixo comum e, muitas vezes, os funcionários responsáveis por esse serviço misturam as duas matérias. Em Maceió, a média de produção do lixo doméstico é de 400 toneladas/dia. Como a proporção de resíduos de saúde gira entre 1% e 1,5%, a produção de lixo hospitalar em Maceió varia entre 4 e 6 toneladas. O problema se agrava porque, em Alagoas [ou seja, no Estado inteiro] há apenas duas empresas que trabalham com a coleta, transporte, tratamento e destinação final do lixo hospitalar. Isso implica em dizer que muitas seringas, bolsas de sangue, material cirúrgico como bisturi, por exemplo, são camuflados no meio do lixo doméstico. D.F. / P.B
organismos serão eliminados e o lixo, livre do fator contaminante, pode ser levado para aterros sanitários. Pelo menos, esse é o caminho adotado por alguns países e também pelas principais cidades do Brasil. Estimativas apontam que cerca de 200 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos são produzidas por dia no país. Desse total, considera-se que entre 1% e 1,5% são originadas pelas unidades de saúde. Assim, chega-se, por estimativa, ao número de 2 mil toneladas por dia de lixo hospitalar. Deve-se levar em conta que esses dados não estão atualizados. No entanto, eles servem como balizadores para a enorme produção dos rejeitos hospitalares no Brasil e obviamente dimensionam, também, o grande desafio para a gestão desses produtos. E nesse contexto, como será que Alagoas se insere?
“Está tudo sob controle”, garante superintendente O poder público não tem o levantamento e os poucos números existentes se referem à coleta de informações junto às empresas que atuam no ramo. A legislação para recolhimento, acondicionamento, transporte, tratamento e posterior destinação final do lixo hospitalar é bastante rigorosa. Além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), ainda há os órgãos públicos estaduais e municipais. Em Maceió, o superintendente de Limpeza Urbana de Maceió,Gustavo Novaes, garante que a situação está sob controle. Ele afirma que as grandes unidades de saúde públicas, particulares e filantrópicas têm seus respectivos Planos de Gerenciamento de Resíduos de Saúde (PGRS). No entanto, o controle do município sobre clínicas médicas e odontológicas, geradores de lixo hospitalar, parece falho. O reflexo disso são os constantes sacos de lixo comum que chegam ao aterro sanitário contendo lixo hospitalar. D.F. / P.B
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Sempma e Slum apertam o cerco contra hospitais e clínicas Esse tipo de trabalho é cobrado ao gerador do lixo, no caso, as unidades de saúde. Cabe ao poder público a fiscalização da operação.
Conforme o secretário municipal de Proteção ao Meio Ambiente, Raphael Wong, as fiscalizações ocorrem por denúncia ou ações pontuais.
A última “ação pontual” aconteceu em janeiro deste ano. A penúltima foi em março de 2013. Ou seja, quase um ano depois.
Gustavo Novaes, da Slum, disse que, nestas duas investidas, alguns geradores de lixo hospitalar foram autuados. “Na sequência, constatamos
que houve adequação à legislação e que as unidades de saúde estão dando o destino correto ao lixo hospitalar”, disse o superintendente. D.F. / P.B
Fotos: Eduardo Leite
Empresas recolhem e tratam lixo hospitalar
Empresa fornece bombonas com saco plástico especial para hospitais e clínicas médicas acondicionarem os descartes
Na Serquip, lixo hospitalar é incinerado a mais de 1.000ºC; cinzas são enviadas para aterro sanitário em Pernambuco
Em Alagoas, há apenas duas empresas que trabalham com o transporte, coleta, tratamento e destinação do lixo. Uma delas é a Serquip Tratamento de Resíduos. A movimentação diária da empresa é de 3.000kg de lixo hospitalar. Esse material é incinerado em câmaras com temperaturas que passam dos 1.200°C e as cinzas são levadas, como carga perigosa, para o aterro sanitário de Igarassu, na região metropolitana do Recife. O aterro sanitário de Maceió ainda não recebe esse tipo de material altamente tóxico. A empresa é responsável pelo recolhimento do lixo em grandes hospitais e postos de saúde em Maceió. A Serquip tem licença ambiental da Sempma e do IMA para funcionar. Além disso, também tem todos os laudos técnicos de avaliação dos serviços prestados aos seus clientes na coleta e incineração do lixo hospitalar. AUTOCLAVAÇÃO Outra empresa que trabalha com a coleta de lixo hospitalar em Alagoas é a AMSCO Ambiental e Serviços Ltda Coleta, Transporte e Tratamento de Resíduos. Por enquanto, a AMSCO configura como uma pequena
empresa neste ramo. Ela trabalha com poucos clientes e, conforme seus diretores, recolhe cerca de 3.000kg por semana de lixo hospitalar. A empresa ainda não trabalha com a incineração desses resíduos. A atividade se resume, por enquanto, à autoclavação do lixo hospitalar. O material infectante é esterilizado a ponto de se tornar um lixo do Grupo A e, desta forma, pode ser compactado e depositado numa célula especial do aterro sanitário. O lixo hospitalar se torna inerte e, assim, é triturado e levado para o aterro. Mas a AMSCO está impedida de levar este tipo de material para o aterro sanitário de Maceió. O gerente-geral da empresa, Cícero Alves Cordeiro não explicou à reportagem os motivos da proibição. “Posso dizer apenas que, em março do ano passado, recebi a informação de que não poderia mais levar o material da empresa para o aterro sanitário de Maceió. Por isso, estou enviando o lixo autoclavado e triturado para o aterro sanitário de Igarassu, em Pernambuco”, disse o gerente. A reportagem procurou a Slum para questionar este assunto, mas ninguém quis se pronunciar. D.F. / P.B
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Lixo hospitalar acondicionado em sacos especiais pronto para ser levado para o incinerador, na empresa Serquip; este é o caminho correto para o material infectante produzido nas unidades de saúde
Anvisa determina regras para separação e acondicionamento Para disciplinar todo o processo de recolhimento de lixo hospitalar, a Anvisa editou a Norma 307. O regulamento, que data de 24 de dezembro de 2004, obriga os responsáveis pela gestão desses rejeitos a obedecer algumas regras específicas no tocante à separação
e acondicionamento. De acordo com a norma, todo o material oriundo das unidades hospitalares e definido como lixo hospitalar deve ser classificado e colocado em embalagens diferentes. São embalagens que especificam o destino de cada tipo de material a
Grupo A
Neste grupo estão classificados os resíduos hospitalares que possuem algum nível de concentração biológica e com potencial infeccioso. Dentro desta classificação, destacam-se sangue, hemoderivados, secreções, líquidos orgânicos dentre outros. SUBDIVISÕES A1: Culturas e estoques de microrganismo, descarte de vacinas, sobras de amostras de laboratórios, além do descarte de sacos brancos leitosos, entre outros. A2: Carcaças, peças anatômicas e resíduos provenientes de processos experimentais, entre outros. A3: Resíduos que necessitam de tratamento diferenciado, como peças anatômicas, produto de fecundação sem sinais vitais etc. A4: Resíduos que não necessitam de tratamento; filtro de ar, gases aspiradores, entre outros.
Grupo B
Classificação de resíduos químicos SUBDIVISÕES B1: Resíduos quimioterápicos e produtos por ele contaminados. B2: Resíduos químicos perigosos, inflamáveis ou explosivos etc. B3: Resíduos e produtos farmacêuticos, medicamentos vencidos ou contaminados.
Grupo C
Qualquer material resultante de atividades humana é enquadrado neste grupo.
Grupo D
Resíduos que não apresentam riscos biológicos, suas características são similares a resíduos domiciliares.
Grupo E
Materiais perfurocortantes, objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontas etc.
ser descartado. Durante o processo de separação, os resíduos são divididos em cinco grupos, passando pelos rejeitos biológicos e químicos até os perfurocortantes. Todo esse processo deve ser realizado por pessoal treinado, principalmente
quando se tratar dos resíduos classificados como perigosos. Va l e r e s s a l t a r q u e a s recomendações servem tanto para o momento da separação como também do descarte desses resíduos. O correto rigor operacional durante todo esse processo
vai garantir economia de recursos e tempo, além de gerar menor impacto ambiental. Observando o grau de contaminação os diversos tipos de resíduos hospitalares, eles podem ser classificados de acordo com os grupos abaixos relacionados: