Catálogo 2015

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MinistĂŠrio da Cultura apresenta

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4º Olhar de Cinema ‘15


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Índice / Index

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Editorial / Editorial

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Júri / Jury

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Prêmios / Awards

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Filme de Abertura / Opening Night Film

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Olhar Retrospectivo: Jacques Tati / Retrospective

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Olhares Clássicos / Classics

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Foco / Focus

81

Exibições Especiais / Special Screenings

92

Competitiva | Longas / Competition | Feature Films

106

Competitiva | Curtas / Competition | Short Films

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Novos Olhares / New Views

130

Outros Olhares | Longas / Other Views | Feature Films

149

Outros Olhares | Curtas / Other Views | Short Films

162

Mirada Paranaense / State of Paraná’s Films

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Mercado de Cinema de Curitiba / Curitiba Film Market

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Olhar Itinerante / Olhar Itinerante

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Apêndice / Appendix 5


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Editorial 7


O Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba chega a sua 4ª edição com o vigor e a maturidade de quem trilhou caminhos arriscados com prazer e curiosidade de desbravador. Após três edições que serviram como tubo de ensaio e cartão de visita, eis que em 2015 o festival já tem uma cara, uma identidade clara e um público fiel, o que nos permitiria a manutenção do formato tornando-o fórmula. Mas como tornar formulaico um festival que surgiu justamente para se opor as fórmulas que regem, o mais das vezes, o pensar e o fazer cinematográfico? O enraizamento é, sem sombra de dúvidas, importante para um evento como o nosso. No entanto, a imobilidade pode ser perigosa. E é por isso que em 2015 a linha mestra que rege o festival é a leveza e o movimento, conceitos tão caros à arte a que nos dedicamos. Leveza e movimento materializados em nossa identidade visual, mas também em nossa programação, que se expandiu com a criação do Mercado de Cinema de Curitiba, e de duas novas mostras, uma apontando para o passado (Olhar Retrospectivo) e outra indicando caminhos para o futuro (Mostra Foco). Serão 9 dias de evento em que 91 filmes de 33 países serão exibidos em 5 salas de cinema. Muitas das sessões serão apresentadas pelos diretores e representantes dos filmes vindos de diversas partes do mundo a fim de debater suas obras e trocar experiência com o público. Já o Mercado de Cinema de Curitiba proporcionará às empresas ligadas à economia criativa de todo o Brasil que acorrerão à cidade a oportunidade de aprimorar seus projetos e fazer negócios. No tocante às mostras, elas estarão assim constituídas: Mostra Competitiva, composta por 10 longas (nove deles inéditos no Brasil) e 9 curtas-metragens (oito inéditos no país) cujas propostas variam desde a forma narrativa clássica ao experimentalismo formal, em filmes que buscam um amplo diálogo com o público. Mostra Outros Olhares, com 13 longas (nove deles inéditos no Brasil) e 9 curtas- metragens (todos em première brasileira) nos quais é possível vislumbrar obras mais arriscadas, filmes de busca, que tentam deliberadamente misturar as fronteiras entre os gêneros e desconstruir as fórmulas. Mostra Novos Olhares, dedicada a primeiros filmes, traz à cidade 6 longas-metragens, cinco dos quais serão exibidos pela primeira vez no Brasil e concorrem ao Prêmio Novo Olhar. Na Mirada Paranaense, mostra dedicada ao cinema local, a estreia mundial de 1 longa e 09 curtas-metragens, dá um panorama da instigante produção recente do estado. Na mostra Olhar Retrospectivo, uma edição mais que especial com todos os filmes em cópias digitais restauradas do mestre francês do humor crítico, Jacques Tati. Já a mostra Olhares Clássicos, nova sessão do olhar de cinema dedicada a clássicos do cinema mundial, exibe em tela grande cópias digitais restauradas de ‘Bang Bang’ (Andrea Tonacci), ‘Johnny Guitar’ (Nicholas Ray), ‘Meu amigo Totoro’ (Hayao Miyazaki), ‘Sindicato de ladrões’ (Elia Kazan), ‘Stromboli’ (Roberto Rosselini) e ‘Orfeu’ (Jean Cocteau). Outra nova mostra do festival é a Foco, cujo objetivo é revelar ao público brasileiro algum realizador cuja produção cinematográfica seja proeminente e instigante, porém ainda pouco conhecida no país. E o escolhido desse primeiro ano foi o estadunidense Nathan Silver. Expandindo sua área de ação e reiterando o compromisso com a difusão, a mostra Olhar Itinerante abarcam várias cidades do interior do estado do Paraná, levando aos espaços cedidos pelo Sesi-PR curtas-metragens com classificação livre que fazem parte da programação do festival. E como o Olhar de Cinema não se ocupa apenas de exibição de filmes, como de praxe, os interessados em atividades de formação e mercado gozarão da rica troca fomentada pelo I Mercado de Cinema de Curitiba, constituído pelas Oficinas, Encontros de Negócios, Seminário de Cinema de Curitiba e pelo Curitiba_Lab. Agradecemos aos patrocinadores e apoiadores, à equipe técnica e artística do evento, aos realizadores e críticos, e principalmente ao público. Agradecemos enfim a todos aqueles que fazem o Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba acontecer e se fortalecer ano a ano.

Diretores

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The Olhar de Cinema CIFF reaches its 4th edition with the strength and maturity of those who tread risky pathways with the pleasure and curiosity of a pioneer. After three editions, which served as our test tube and calling card, in 2015 the festival now has a face, a clear identity, and a loyal following, which would allow us to conserve our format and establish a formula. However, how does one make formulaic a festival that arose precisely to oppose the formulas that often govern the cinematographic craft? The formation of roots is undoubtedly important for an event such as ours. Though stillness may be dangerous. For this reason, in 2015 the main guideline of the festival is lightness and movement, concepts so dear to the art we dedicate ourselves. Lightness and movement, materialized in our visual identity as well as in our programming, which has been expanded with the creation of the Curitiba Film Market, and two new sections, one pointing toward the past (Retrospective) and one indicating paths for the future (Focus). During the 9-day event, 91 films from 33 different countries will be screened in 5 movie theaters. The directors and representatives of the films will present many of the screenings, coming from all over the world to discuss their work and exchange experiences with the audience. In turn, the Curitiba Film Market will provide the opportunity for creative economy companies from all over Brazil to improve their projects and conduct business. The sections are composed as follows: Competitive, consisting of 10 feature-length films (nine of them still unreleased in Brazil) and 9 short films (eight of these unreleased in the country), whose proposals range from classic narrative to formal experimentation in films pursuing a broad dialogue with the audience. Other Views, with 13 feature-length films (nine of them unreleased in Brazil) and 9 short films (all of them in their Brazilian premiere) in which we may glimpse more daring works, films in pursuit of something, which deliberately attempt to blur the boundaries between genres and to deconstruct formulas . New Views, dedicated to debut films, brings six feature films to the city, five of which will be screened for the first time in Brazil, competing for the New Views Award. In Mirada Paranaense, a section dedicated to local cinema, the world premiere of 1 feature-length and 9 short-films provides an instigating overview of the state’s recent production. In the Retrospective, a more than special edition featuring every film in restored copies by the French master of critical humor, Jacques Tati. The Classics, a new section in the Olhar de Cinema devoted to world cinema classics, will screen restored digital copies of ‘Bang Bang’ (Andrea Tonacci), ‘Johnny Guitar’ (Nicholas Ray), ‘My neighbor Totoro’ (Hayao Miyazaki), ‘On the waterfront’ (Elia Kazan), ‘Stromboli’ (Roberto Rossellini), and ‘Orpheus’ (Jean Cocteau). An additional novelty is the Focus section, which aims is to reveal to the Brazilian audience a director with a thought-provoking and prominent film production, albeit still little known in the country. For this initial year, we chose the American filmmaker Nathan Silver. Expanding its area of action and reiterating its commitment with dissemination, the Olhar Itinerante section encompasses several cities in the state of Paraná, bringing short films rated for the general audience as part of the festival programming to spaces granted by SESI-PR. And since the Olhar de Cinema does not limit itself to film screenings, as usual, those interested in training and market activities may enjoy the rich exchange fostered by I Curitiba Film Market, consisting of Workshops, Industry Meetings, Curitiba Film Seminar and the Curitiba_Lab. We thank our sponsors and supporters, the technical and artistic team, the filmmakers and critics, and especially the audience. Lastly, we thank all those who make the Olhar de Cinema – CIFF happen and become stronger every year. Directors

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É com entusiasmo que o BNDES patrocina pela terceira vez consecutiva o festival Olhar de Cinema, evento já incorporado à agenda cultural de Curitiba. O Festival prestigia produções audiovisuais nacionais e internacionais que se encontram fora do circuito comercial com intuito de estimular a indústria cinematográfica no país. Promove também palestras e debates que têm como objetivo a troca de experiências entre profissionais do setor. O BNDES é um dos maiores apoiadores da cultura brasileira, patrocinando festivais em todo país e contribuindo para a formação de público no segmento. Além disso, oferece linhas de financiamento e recursos não reembolsáveis que atendem a toda a cadeia produtiva do audiovisual, da produção das obras à construção e digitalização de salas de exibição. Tudo isso para garantir cada vez mais vitalidade ao cinema nacional, gerando empregos, renda e inclusão social, e levar ao público uma produção tão diversificada e fascinante como o Brasil. O festival Olhar de Cinema contribui para fomentar e difundir o cinema no país. Para o BNDES, é mais uma ação que combina cultura e desenvolvimento.

It is with great enthusiasm that the BNDES (National Bank for Economic and Social Development) sponsors the Olhar de Cinema - CIFF for the third consecutive time, an event already integrated into Curitiba’s cultural agenda. The festival honors national and international audiovisual productions outside the commercial circuit with the intention of encouraging the country’s film industry. It also promotes lectures and discussions so that industry professionals may exchange experiences among them. The BNDES is a major backer for Brazilian culture, sponsoring festivals throughout the country and contributing to audience formation in this segment. It also offers credit lines and non-reimbursable grant resources that cater to the entire audiovisual production chain, from the production of works to the digitization of theaters. All of this is done to ensure an increasingly vitality to national cinema, creating jobs, income, social inclusion, and giving the audience a production as diverse and fascinating as Brazil itself. The Olhar de Cinema - CIFF contributes to the encouragement and dissemination of film in the country. For the BNDES, this is yet another action uniting culture and development.

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CORREIOS E CULTURA: MOTIVAÇÃO E INSPIRAÇÃO PARA A CIDADANIA Há mais de 20 anos, os Correios investem na manutenção de equipamentos culturais e no patrocínio a variadas manifestações artísticas por todo o País, visando ao desenvolvimento da cultura brasileira e tendo como valores a responsabilidade pública e a cidadania. Com o objetivo de fomentar a inclusão social, o dinamismo e a criatividade no meio cultural, os Correios têm ampliado significativamente seus investimentos nesse ramo, acompanhando o amadurecimento e o crescimento do mercado, conscientes do seu importante papel social no processo de democratização dos bens culturais. Nos últimos três anos, a estatal investiu mais de R$ 40 milhões na programação de suas unidades culturais: Museu Nacional (Brasília/DF), quatro Centros Culturais (Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP, Recife/PE e Salvador/BA) e três Espaços Culturais (Fortaleza/CE, Juiz de Fora/MG e Niterói/RJ). Além disso, para o biênio 2014/2015, os Correios destinaram mais R$ 35 milhões para projetos culturais realizados em todo o Brasil. A cada dois anos, os Correios também abrem inscrições para que pessoas jurídicas apresentem seus projetos para compor o programa nas unidades culturais da empresa. Para 2015, está previsto o investimento de cerca de R$ 18 milhões para a manutenção da programação cultural dos equipamentos próprios da empresa. Vale lembrar que a estatal investe ainda na preservação do patrimônio histórico arquitetônico, como a restauração do Prédio dos Correios de Niterói/RJ em 2014 e da fachada do edifício da Agência Central dos Correios em São Paulo (SP), no Vale do Anhangabaú, em andamento.

CORREIOS AND CULTURE: MOTIVATION AND INSPIRATION FOR CITIZENSHIP For over 20 years, Correios has invested in maintaining cultural facilities and sponsoring all sorts of artistic events throughout the country, in lieu of the development and appreciation of Brazilian culture and upholding the values of public responsibility and citizenship. In order to promote social inclusion, dynamism, and creativity within the cultural environment, Correios has significantly increased its investments in this sector, accompanying the maturity and growth of the market, and conscious of its important social role in the cultural property democratization process. Over the past three years, the postal service state company has invested more than R$ 40 million in programming in their cultural units: the National Museum (Brasília/DF), four Cultural Centers (Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP, Recife/PE, and Salvador/BA), and three Cultural Spaces (Fortaleza/CE, Juiz de Fora/MG, and Niterói/RJ). Furthermore, for the 2014/2015 biennium, Correios allocated an additional R$35 million for cultural projects carried out throughout Brazil. Every two years, the postal service also opens enrollments for legal entities to submit their projects to make up the programming in the company’s cultural units. For 2015, we expect an investment of circa R$ 18 million for the maintenance of the cultural program of the company’s own facilities. It is worth remembering that the state company also invests in the preservation of architectural heritage, such as the restoration of the Post Office Building in Niterói/RJ, in 2014, and the ongoing restoration of the facade of the Post Office Central Agency building in São Paulo (SP), in Vale do Anhangabaú.

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OLHAR DE CINEMA A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) acumula vasta experiência em sistemas de abastecimento de água tratada e nos de coleta e tratamento do esgoto. Também atua na área de gestão de resíduos sólidos. A empresa de 52 anos atende atualmente mais de 10,8 milhões de clientes e está presente em 346 municípios. A Sanepar investe em serviços denominados básicos, mas que são essenciais a qualquer cidadão. A Companhia tem papel estratégico no desenvolvimento humano e econômico do Paraná e busca, cada vez mais, ocupar este espaço de forma sustentável, preservando o meio ambiente. Seu trabalho é reconhecido no segmento. O Ranking do Saneamento das 100 maiores cidades do Brasil divulgado recentemente pelo Instituto Trata Brasil, com base no último levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2013), revela que Curitiba é a capital com os melhores indicadores de saneamento do país. Maringá é a segunda melhor cidade do Brasil. Londrina, Ponta Grossa, Cascavel, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais também aparecem no ranking. A Sanepar acredita nas parcerias. Elas são representadas pela soma das diversas ações que mantêm e elevam a qualidade técnica do serviço prestado à população aliada ao envolvimento do cliente que utiliza o produto água de forma consciente. As parcerias também estão em iniciativas como a do Olhar de Cinema - FIC, que toma conta da cena cultural com incríveis trabalhos de diferentes partes do mundo, reunidos em mais uma edição do evento que ocupa as salas de cinema, encanta e emociona o público.

OLHAR DE CINEMA The Paraná Sanitation Company (Sanepar) accrues extensive experience in treated water supply systems and in systems for sewage collection and treatment. The Company also acts in the area of solid waste management. A 52-year-old company currently serving more than 10.8 million customers and present in 346 municipalities. Sanepar invests in so-called basic services, but which are essential to any citizen. The Company plays a strategic role in the human and economic development of the state of Paraná and seeks to occupy this space in an increasingly sustainable manner, preserving the environment. The Company’s work is recognized in the field. The Sanitation Ranking for the 100 largest cities in Brazil, recently published by the Trata Brazil Institute, based on the latest survey of the National Sanitation Information System (SNIS 2013), reveals that Curitiba is the capital with the best sanitation indicators in the country. Maringá is the second best city in Brazil. Londrina, Ponta Grossa, Cascavel, Foz do Iguaçu and São José dos Pinhais also make appearances in the ranking. Sanepar believes in partnerships. They are embodied in the sum of numerous actions to maintain and raise the technical quality of the service provided to the population, coupled with customer engagement through the conscious use of water. Partnerships are also present in initiatives such as the Olhar de Cinema - CIFF, which takes over the cultural scene with mesmerizing works from different parts of the world, gathered together in yet another edition of the event, which fills movie theaters, enchanting and thrilling the audience.

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Projeto Gráfico O conceito desta edição surgiu da vontade de se tornar leve, sair do enraizamento, de ser expansivo. O movimento e a energia foram os guias dentro deste universo de subjetividade. A luz é uma das coisas mais fascinantes, sem ela não teríamos cor, cinema, a natureza seria muito diferente e o céu seria apenas um vazio. A vibração de uma cor pode movimentar sentidos. O rosa surge, vêm para chocar e impactar. O leve flutua e a superfície já não existe mais. O momento de calma surge, a respiração fica lenta, cabelos dançam entre as pequenas partículas que preenchem o infinito. Este é o tempo que o movimento imprimiu. Gustavo Francesconi - Apoc Studio

Graphic Design The concept for this edition arose from the will to lightness, to leave our roots and become expansive. Movement and energy were the guides within this universe of subjectivity. Light is one of the most fascinating things, without it we would not have color, film, nature would be quite different, and the sky would be no more than a void. The vibration of a color can move senses. Pink arises, shocks and impacts. The lightness floats and the surface ceases to be. Moment of calmness arise, breath becomes slow, and hair dances among small particles that fill the infinite. This is the time engraved by movement.

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Foto: AndrĂŠ Sanches

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JĂşri /

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Jury

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Júri Competitiva / Competitive Jury

Ariel Schweitzer Historiador de cinema, crítico de cinema na revista francesa “Les Cahiers du cinema” e professor (Paris VIII / Universidade Tel-Aviv), o mais recente livro publicado de Ariel Schweitzer na França é ‘Le nouveau cinéma israélien’ (Yellow Now, 2013).

Cinema historian, film critic in the French magazine “Les Cahiers du cinema” and professor (Paris VIII / Tel-Aviv University), Ariel Schweitzer last book published in France is ‘Le nouveau cinéma israélien’ (Yellow Now, 2013).

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Eva Sangiorgi

Rodrigo Grota

Fundadora e diretora do FICUNAM, Festival de Cinema na Cidade do México desde 2011. Ela trabalhou como programadora em vários festivais de cinema, incluindo o Festival de Cinema Ibero-americano, em Bolonha, na Itália; FICCO, na Cidade do México, Cinema Global, Cinema Planeta, em Cuernavaca, Morelos, e no Festival Internacional de Cinema de Los Cabos.

Cineasta e sócio da produtora Kinopus. Dirigiu 12 filmes, conquistando mais de 50 prêmios entre festivais nacionais e internacionais, com destaque para a ‘Trilogia do esquecimento’. Formado em Jornalismo, é Especialista em Filosofia e Mestre em Literatura - cursos realizados na Universidade Estadual de Londrina. Fundador da Kinoarte, instituto no qual trabalhou por 10 anos (2003-2013) desenvolvendo projetos e coordenando Oficinas e Festivais. No momento finaliza o seu 1º longa: ‘Leste oeste’.

Founder and director of FICUNAM, Film Festival in Mexico City since 2011. She has worked as a programmer for several film festivals, including the Festival of Ibero-American Cinema in Bologna, Italy; FICCO in Mexico City, Cinema Global, Cinema Planeta, in Cuernavaca, Morelos, and the International Film Festival in Los Cabos.

Filmmaker and partner of the Kinopus producing company. He has directed 12 films, winning over 50 awards in national and international festivals, especially his ‘Trilogia do esquecimento’. With a degree in Journalism, he is a specialist in Philosophy and holds a Masters in Literature – courses taken at the State University of Londrina. Founder of the Kinoarte, institute where he worked for 10 years (2003-2013) developing projects and coordinating workshops and festivals. He is currently finalizing his first feature length film: ‘Leste oeste’.


Júri Olhares Brasil / Olhares Brasil Jury

Francesco Giai Via

Isabel Orellana Guarello

Nicolas Azalbert

Programador de festival e crítico de cinema baseado em Turim, Itália. Desde 2006 ele tem colaborado com o Museu Nacional de Cinema. De 2006 até 2014 ele tem sido programador de documentários para o Torino Film Festival no comando da seleção internacional de documentários e para duas competições italianas, italiana.doc e italiana. corti. Desde 2012 ele é Chefe de Programação para CinemAmbiente Film Festival. Atualmente, é membro do Comitê de Seleção da Torino Film Lab para o programa FrameWork.

Graduada em Cinema e Televisão pela Universidade do Chile. Aperfeiçoou seus estudos junto a cineastas como Kossakovsky e em vários projetos de coprodução internacional. Desde 2012 é programadora do Festival Internacional De Cinema de Valdivia, onde seleciona títulos para competição e convidados. Paralelamente, em 2014 produziu o documentário ‘Muerte blanca’ (Golden Dove Award, 57º DOK Leipzig), e fundou o Araucaria Cine, onde trabalha em projetos de documentários e de ficção.

Depois de trabalhar durante 10 anos na Cinemateca de Toulouse, ele se tornou um crítico de cinema para a “Cahiers du Cinéma”, em 2000. Trabalhou como correspondente durante 6 anos na Argentina, onde também dirigiu dois filmes: ‘Otherwise I’ll suffocate’ (2003) e ‘What if I was a fern?’ (2005). Desde 2009 ele é membro do conselho editorial e desde 2013 é programador para o Biarritz Festival América Latina. Ele acaba de terminar seu novo filme: ‘The ember the ashes’ (2015).

Graduated in Film and Television from the University of Chile. She perfected her studies alongside filmmakers such as Kossakovsky and several international co-production projects. Since 2012, she is a programmer for the Valdivia International Film Festival, where she selects films for competition and guests. In parallel, in 2014 she produced the documentary ‘Blanca muerte’ (Golden Dove Award, DOK Leipzig 57), and founded Araucaria Cine, where she works on documentary and fiction projects.

After 10 year’s work at the Toulouse Cinemathèque, he became a film critic for “Les Cahiers du Cinéma” in 2000. He worked as a correspondent during 6 years in Argentina, where he also shot two movies: ‘Otherwise I’ll suffocate’ (2003) and ‘What if I was a fern?’ (2005). Since 2009 he’s member of the editorial board and since 2013 he’s programmer for the Biarritz Festival Latin America. He just finished a new movie: ‘The ember the ashes’ (2015).

Festival programmer and film critic based in Torino, Italy. Since 2006 he’s been collaborating with the National Museum of Cinema . From 2006 until 2014 he’s been documentary programmer for the Torino Film Festival in charge of the international documentaries selection and the two italian competitions, italiana.doc and italiana.corti. Since 2012 he’s Head of Programming for CinemAmbiente Film Festival. He is currently a member of the Torino Film Lab Selection Committee for the FrameWork program.

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Júri Novos Olhares / New Views Jury

Amaranta Cesar

Inge de Leeuw

Mads Mikkelsen

Amaranta Cesar é professora e pesquisadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. É Doutora em Estudos Cinematográficos pela Universidade de Paris 3 - Sorbonne Nouvelle e possui Pós-doutorado pela New York University. Desde 2010, coordena e é curadora do CachoeiraDoc - Festival de Documentários de Cachoeira. Atou como curadora em diversas mostras e festivais, a exemplo do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e da Mostra 50 Anos de Cinema de África.

Inge de Leeuw estudou Estudos Culturais e Cinema & Televisão na Holanda. Ela começou a trabalhar no Festival Internacional de Rotterdam (IFFR) em 2006, paralelamente ao seu trabalho na produção de filmes. Inge de Leeuw está selecionando filmes dos territórios de língua inglesa para o IFFR e está no comitê de seleção do Tiger Awards Competition. Para o IFFR, ela realizou a curadoria de vários programas temáticos sobre a relação

Mads Mikkelsen é programador no CPH: DOX – Festival Internacional de Documentário de Copenhagen – desde 2008. CPH: DOX é um dos maiores festivais de documentários do mundo, sendo internacionalmente reconhecido ao fazer a fronteira entre a encenação, arte visual e performance, bem como outras formas de arte. Além de programação para o CPH: DOX ele é um programador associado do Instituto de Cinema Dinamarquês/Cinemateca e colaborador para várias revistas e publicações nacionais e internacionais sobre cinema.

Amaranta Cesar is a research professor in the Cinema and Audiovisual Course at the Reconcavo Federal University of Bahia. She holds a PhD in Film Studies from the University of Paris 3 – Sorbonne Nouvelle and has a Post-doctorate from the New York University. Since 2010, she coordinates and curates CachoeiraDoc – Waterfall Documentary Festival. She has worked as a curator in several exhibitions and festivals, such as the Festival de Brasília do Cinema Brasileiro and Cinema and the Exhibition 50 Years of African Cinema. 20

entre cinema e cultura popular. Inge de Leeuw studied Cultural Studies and Film & Television Studies in the Netherlands. She started working at the International Film Festival Rotterdam (IFFR) in 2006, which she combined, with working in film production. Inge de Leeuw is selecting films for IFFR from the English speaking territories and is in the selection committee of the Tiger Awards Competition. For IFFR she curated several thematic programmes about the relationship between film and popular culture.

Mads Mikkelsen is a programmer at CPH:DOX – Copenhagen International Documentary Film Festival – since 2008. CPH:DOX is one of the largest documentary festivals in the world with an internationally recognized profile that borders on staging, visual art and performance as well as other art forms. Besides programming for CPH:DOX he is an associate programmer at the Danish Film Institute / Cinematheque, and a contributor to various national and international magazines and publications about film.


Prêmio da Crítica / Critics’Award

Júri Hors Pistes / Hors Pistes Jury

ABRACCINE Criada em 2011, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) é resultado de uma iniciativa histórica, sendo a primeira entidade nacional a reunir os críticos de cinema do Brasil. A associação tem como objetivo reunir os profissionais da crítica cinematográfica em todo o Brasil, promovendo as diversas formas de pensamento crítico, reflexão e debate sobre o Cinema. A ABRACCINE atua também na organização do Júri da Crítica nos mais importantes festivais de cinema brasileiros, nas cabines de lançamentos de filmes, na promoção de cursos e seminários, e na inserção da crítica nos mecanismos de discussão das variadas políticas do cinema brasileiro. A sua atuação tem ênfase na proposta de elevar a análise crítica cinematográfica no país.

Created in 2011, the Brazilian Film Critics Association (ABRACCINE) is a result of a historic enterprise, being the first national organization to gather Brazilian film critics. The organization’s goal is to bring together all professional film critics from Brazil, promoting several ways to think, reflect and discuss about Brazilian cinema. The ABRACCINE also acts by organizing Critics Juries for the most important Brazilian film festivals, contributing in film screenings for press, promoting courses and seminars and in the critics insertion in various discussions about Brazilian policies for cinema. The association’s main purpose is to contribute to the increase of cin-

Charlene Dinhut

Geraldine Gomez

Charlene Dinhut trabalha no Centro Pompidou de Paris, como curadora de cinema. Ela também trabalha como curadora de filmes no Museu da Caça e da Natureza, um local muito peculiar em Paris para a arte contemporânea.

Geraldine Gomez trabalha no Centro Pompidou de Paris, como curadora de cinema. Com uma tese em história da arte contemporânea, Geraldine Gomez é apaixonada pela a imagem e regista com prazer o quanto novas mídias contribuem para a sua modernidade. Em 2005, ela criou o evento Hors Pistes.

Charlene Dinhut works at the Centre Pompidou Paris, as film curator. She also works as a film curator at the Museum for Hunting and Nature, a very peculiar venue in Paris for contemporary art.

Geraldine Gomez works at the Centre Pompidou Paris, as film curator. Holder of a thesis in history of the contemporary art, Geraldine Gomez impassions herself for the image and notes with pleasure how much the new media contribute to its modernity. In 2005, she invented the event Hors Pistes.

ema criticism in Brazil. 21


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PrĂŞmios / Awards


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MOSTRA COMPETITIVA Longa-metragem _Prêmio Olhar de Melhor Filme (prêmio financeiro no valor de R$12.000,00*); _Prêmio Especial do Júri; _Prêmio de Contribuição Artística (O prêmio pode ser dado para um roteirista, diretor, ator/atriz, compositor, montador, diretor de fotografia, diretor de arte ou designer de som); _Prêmio do Público

Curta-metragem _Prêmio Olhar de Melhor Filme (prêmio financeiro no valor de R$4.000,00*); _Prêmio do Público.

OUTROS PRÊMIOS OFICIAIS Longa-metragem _Prêmio Olhares Brasil – Melhor Longa-Metragem Brasileiro da Mostra Competitiva, Outros Olhares e Novos Olhares (prêmio financeiro no valor de R$10.000,00*); _Prêmio Novo Olhar – Melhor Filme da mostra Novos Olhares;

Curta-metragem _Prêmio Olhares Brasil – Melhor Curta-Metragem Brasileiro da Mostra Competitiva e Outros Olhares (prêmio financeiro no valor de R$ 3.000,00*);

PRÊMIOS DE PARCEIROS Prêmio da Crítica / Abraccine Criada após reuniões realizadas em 2010 nos Festivais de Cinema de Paulínia, Gramado e Brasília, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) é resultado de uma iniciativa histórica, pois trata-se da primeira entidade nacional a reunir os críticos de cinema do Brasil. Oferece um prêmio ao melhor filme da mostra Competitiva | Longa-metragem.

Prêmio Hors Pistes Hors Pistes é um evento do Centro Pompidou de curadoria de filmes de arte e de uma exposição. Seu interesse está em artistas que experimentam com narração, criam formas inovadoras e cuja obra fílmica investe em performance, arte contemporânea ou novas mídias. O júri irá premiar o melhor longa-metragem das mostras Outros Olhares e Novos Olhares, que será exibido na próxima edição do Hors Pistes, Centre Pompidou de Paris, no início do ano de 2016.

*Todos os prêmios financeiros estão sujeitos à tributação, a ser paga no Brasil, de acordo com a lei brasileira. 24


FILM COMPETITION Feature Film _Olhar Award – Best Film (financial award in the amount of R$ 12.000,00* | around USD 4.800,00*); _Special Jury Prize; _Artistic Contribution Award (The award can be given to a screenwriter, director, actor/actress, , original score composer, editor, director of photography, art director or sound designer); _Audience Award.

Short Film _Olhar Award – Best Film (financial award in the amount of R$ 4.000,00* | around USD 1.600,00*); _Audience Award.

OTHER OFFICIAL AWARDS Feature Film _Olhares Brasil Award – Best Brazilian Feature Film of the Competitive, Other Views and New Views sections (financial award in the amount of R$ 10,000.00* | around USD 4,000.00*); _New Views Award – Best Film of the section New Views;

Short Film _Olhares Brasil Award – Best Brazilian Short Film of the Competitive and Other Views sections (financial award in the amount of R$ 3.000,00* | around USD 1.200,00*);

PARTNERS’ AWARDS Critics’ Award / Abraccine Created in 2011, The Brazilian Film Critics Association (Abraccine) is a result of a historic enterprise, being the first national organization to gather Brazilian film critics. It offers one prize for the best film of the Competition | Feature.

Hors Pistes Award Hors Pistes is an event of the Centre Pompidou that curates art films as well as an exhibition. It is interested in artists who play with narration, invent innovative forms and whose filmic work invests performance, contemporary art or new medias. The jury will award the best feature film of the sections Other Views and New Views, that will be shown in the upcoming edition of Hors Pistes, Centre Pompidou Paris, at the beginning of the year 2016.

*All financial awards are subject to tax, to be paid in Brazil, according to the Brazilian law. 25


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/ Opening Night Film

Filme de Abertura

/ Opening Night Film

Filme de Abertura


FILME DE ABERTURA / Opening night film

O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba tem o privilégio de em sua quarta edição exibir como Filme de Abertura o longa-metragem ‘Rabo de Peixe’, dos diretores portugueses Joaquim Pinto e Nuno Leonel. Joaquim Pinto já esteve no festival em 2014 com o longa ‘E agora? Lembra-me’, filme que levou o Prêmio Olhar - Melhor Filme da Mostra Competitiva. Nuno Leonel não assina a direção da obra vencedora, porém é um dos protagonistas do filme ao lado de Joaquim. ‘Rabo de Peixe’ também tem como personagens Joaquim e Nuno, contudo o foco é uma comunidade de pescadores no Açores, onde a dupla esteve entre 1999 e 2001 fazendo as gravações do filme. Inicialmente o material foi lançado como um documentário para a televisão portuguesa e exibido em 2003. Porém, percebendo o potencial que tinham naquelas imagens, os realizadores voltam ao material e em 2015 lançam a versão “Director’s cut” do filme, em que estabelecem estas relações entre os pescadores, o mar, o trabalho, os cineastas e o ato de viver. Assim, o dia a dia nos é apresentado em um filme extremamente sensível e encantador. Este ambiente de ‘Rabo de Peixe’ faz com que os realizadores perpassem por questões entre o trivial e o existencial, entre o fantástico e o real, entre a vida e a morte. Antônio Junior

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The Olhar de Cinema – CIFF has the privilege of screening during the opening night of its 4th edition the film ‘Fish Tail’ (Rabo de Peixe), by Portuguese directors Joaquim Pinto and Nuno Leonel. Joaquim Pinto has been at the festival before in 2014 with the feature film ‘E agora? Lembra-me’, a film that won the Olhar Award – Best Film in the Competitive Section. Nuno Leonel does not sign the direction of the winning work, but he is one of the film’s protagonists alongside Joaquim. ‘Rabo de Peixe’ also features the characters Joaquim and Nuno, but the focus is on a fishing community in the Azores, where the duo shot the film between 1999 and 2001. The material was initially released as a documentary for Portuguese television and aired in 2003. However, when realizing the potential in those images, the filmmakers returned to the material and in 2015 released a Director’s cut of the film, which established these relationships between the fishermen, the sea, their work, the filmmakers and the act of living. Thus, everyday life presents itself in an extremely sensitive and charming film. Within this environment in ‘Rabo de Peixe’, the filmmakers pervade issues between the trivial and the existential, between the fantastic and the real, between life and death. Antônio Junior


Rabo de peixe Fish Tail

/ Rabo de peixe

Joaquim Pinto, Nuno Leonel

Portugal, 2015, 103’, DCP, Documentário Direção: Joaquim Pinto, Nuno Leonel Roteiro: Joaquim Pinto, Nuno Leonel Produção: Joaquim Pinto Direção de Fotografia: Joaquim Pinto, Nuno Leonel Empresa Produtora: Presente Lda. A pesca industrial à escala planetária esgota os oceanos. Rabo de Peixe, pequena comunidade dos Açores onde a pesca artesanal constitui desde há muito a principal atividade econômica, atravessa dificuldades. Pedro, um jovem pescador em início de carreira, enfrenta os desafios da vida no mar. Durante um ano, este filme, rodado entre 1999 e 2001 e terminado na versão dos autores em 2015, documenta a sua determinação, bem como da sua companha, em permanecerem livres.

Global industrial overfishing has caused significant problems in the village of Rabo de Peixe in the Azores, where small-scale fishing has long provided a livelihood. This situation plunges Pedro, a young master fisherman, with a crisis in his professional life, over and above the inherent dangers of working at sea. Shot between 1999 and 2001 and finished in a new feature version in 2015, the film follows Pedro and his crew over a full year, chronicling their determination to remain free.

Nasceu em Porto, Portugal, em 1957. Joaquim Pinto foi técnico de som em mais de 100 filmes no qual trabalhou com diretores como Manoel de Oliveira, Raul Ruiz, Werner Schroeter e André Téchiné entre outros. Entre 1987 e 1996, ele produziu cerca de 30 filmes, tais como ‘Recordações da casa amarela’ e ‘A comédia de Deus’, de João César Monteiro, ambos premiados no Festival de Cinema de Veneza. Os filmes de Joaquim Pinto ‘Uma pedra no bolso’ (1988) e ‘Onde bate o sol’ (1989) fizeram parte da Seleção Oficial da Berlinale – Festival Internacional de Cinema. Nuno Leonel Nasceu em Lisboa, Portugal, em 1969. Ele trabalha como cenógrafo, diretor de fotografia, editor de som, editor de filme e ator. Ele tem realizado filmes com Joaquim Pinto desde 1996, e em 2009, Leonel e Pinto fundou a editora Presente. Born in Porto, Portugal in 1957. Joaquim Pinto was sound mixer in more than 100 films in which he worked with directors as Manoel de Oliveira, Raul Ruiz, Werner Schroeter and André Techiné among others. Between 1987 and 1996 he produced around 30 films, such as ‘Recordações da casa amarela’ and ‘A comédia de Deus’ by João César Monteiro, both awarded at the Venice Film Festival. Joaquim Pinto’s feature films ‘Uma pedra no bolso’ (1988) and ‘Onde bate o sol’ (1989) were part of the Official Selection of the Berlinale – International Film Festival. Nuno Leonel Born in Lisbon, Portugal in 1969. He works as a set designer, cinematographer, sound editor, film editor, and actor. He has been making films with Joaquim Pinto since 1996, and in 2009, Leonel and Pinto founded the Presente publishing company. Presente Lda E-mail: info@presente.pt Site: www.presente.pt 29


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Olhar Retrospectivo / Retrospective


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1967 / PalyTime


OLHAR RETROSPECTIVO: JACQUES TATI / Retrospective

A anarquia rigorosamente calculada de Jacques Tati “O que está acontecendo com este mundo?” A pergunta é feita por uma senhora que caminhava por uma rua estreita, distraída pelo assovio de alguns moleques que faziam isso costumeiramente com os transeuntes como forma de diversão. Logicamente que foi dita após a referida senhora topar magistralmente a fuça no poste para a diversão dos meninos. No entanto, a frase revela algo de mais profundo, como se fosse um pensamento do próprio Jacques Tati. De alguma forma etérea, essa pergunta parece estar em todos os filmes do genial realizador francês. Em ‘Carrossel da esperança’ (Jour de fête), o atrapalhado carteiro vivido por um jovem Tati em seu primeiro longa é um exemplo de distração, desorganização e não-eficiência em seu trabalho. As gags do filme já apresentavam algumas das marcas registradas do realizador: planos abertos, uma mise-en-scène bastante complicada e extremamente calculada, movimentos ultracoordenados que de tão bem ensaiados nos davam a sensação de espontaneidade e, por fim, o uso do som de maneira delicada e extremamente sofisticada. O longa-metragem seguinte, ‘As férias do Sr. Hulot’ (Les vacances de Monsieur Hulot), é a apresentação do personagem que muitas vezes se confunde com o próprio realizador. Um primor de realização: se trata de um dos raros casos onde uma comédia ganhou o grande prêmio no festival de Cannes. O filme tem uma série de gags visuais sensacionais, onde as de maior lembrança, pelo menos para mim, são: a pintura do pequeno caiaque quando as ondas do mar levam e trazem o pequeno balde de tintas de um lado para o outro, confundindo o Sr. Hulot; e a chegada dele a uma espécie de funeral onde ele precisava trocar um pneu furado - ao deixar cair no chão o pneu e cobri-lo de folhas, um dos homens do funeral confunde o objeto com uma coroa em homenagem ao falecido, e automaticamente o Sr. Hulot se vê obrigado a participar do funeral. Em ‘Meu tio’ (Mon oncle), seu filme de maior sucesso, Jacques Tati apresenta de maneira absurdamente genial a confusão dos tempos modernos. A casa da família Arpel é uma ode ao modernismo, onde bugigangas ultrassofisticadas combinam uma casa extremamente fria, vazia, mas que reflete a ânsia pela modernidade a todo cus32

to, mesmo que de maneira burra. Destaque para o adorno do jardim, um peixe ridículo que cospe água azul, motivo de orgulho da senhora Arpel. E de maneira bastante calorosa, o Sr. Hulot (o tio do título) aparece como uma figura abortiva naquele ambiente: chega carregando sua bicicleta, humilde, enchendo aquela casa de humanidade. O pequeno Gérard, o filho do casal Arpel, um pequeno jovem entediado, vê na figura do tio seu passaporte para a liberdade. Ao acompanha-lo o jovem anda de bicicleta, come porcarias na rua e se entrosa com os outros moleques do bairro. Muito criticado em seu tempo por um certo conservadorismo e pela crítica à sociedade de consumo que se estabelecia na França de então, ‘Meu tio’ é, na realidade, muito mais do que “somente” uma crítica à arquitetura ou ao estado da sociedade: e também muito mais do que uma defesa dos velhos modos de se viver a vida. É uma ode à vida e ao convívio entre as pessoas. É a celebração da vida, acima de tudo. A crítica a esse novo movimento da sociedade está em cada espaço da mansão dos Arpel. Em cada gesto falso e vazio deles. Em ‘PlayTime – Tempo de diversão’ (PlayTime) Jacques Tati exibe toda sua obsessão com os cenários, com os detalhes, com as cores: basicamente, com tudo. Milimetricamente calculado e realizado, PlayTime é tão grande que por vezes parece praticamente impossível falar sobre ele: é um filme de escolhas, também. Não sou eu quem diz isso, e sim Stéphane Goudet, convidado especial do Olhar de Cinema, e especialista na obra de Tati. Ao escolher acompanhar alguma história em PlayTime, o espectador tem a exata dimensão de estar perdendo algo, de estar abrindo mão de acompanhar alguma outra coisa que acontece em outro lado do quadro. É um filme característico da loucura dos anos 60, onde qualquer sonho parecia ao alcance da mão. Em ‘As aventuras do Sr. Hulot no tráfego louco‘ (Trafic), seu filme seguinte, Jacques Tati mostra ainda mais suas habilidades de construção de uma cena complexa, como ocorre com a cena do acidente de carro, por exemplo. Há ainda uma série de obstáculos nesse road-movie sensacional, como a corrida inexplicável atrás de um rapaz, por gasolina; ou na figura do motorista do caminhão, que consegue ser mais atrapalhado que o próprio Sr. Hulot. ‘Parada’ (Parade), seu último filme, traz um Tati desnudo: como uma volta às origens - quase a percepção de que o fim estava próximo.


Pedro Costa não estava falando sobre Jacques Tati, mas após ter visto toda a obra do imprescindível cineasta francês e perceber como ele descendia de uma linha direta que o ligava a Charles Chaplin e Buster Keaton, não parece exagero algum, para mim, entender ‘Parade’ como uma espécie de mensagem final. Espécie de liberdade extrema, que um dos maiores artistas do cinema se permitiu após ter calculado milimetricamente toda a anarquia e o tom crítico que estabeleceu de maneira elegante e sofisticada, nesse ofício que professou. Um poeta da vida, dedicado ao extremo às coisas pequenas, que fazem da nossa existência algo maior do que nosso trabalho, nossos carros, eletrodomésticos ultramodernos... Que essa retrospectiva completa, apresentando não somente os longas, mas alguns curtas-metragens feitos em parceria com outros realizadores, empreste para os espectadores a exata dimensão de Jacques Tati. Um cineasta que influenciou muitos: poderíamos citar Wes Anderson (diretor americano), Roy Anderson (diretor sueco) e Jean-Luc Godard (diretor francês).

Tati entrega, em um filme meio louco, sem muitas explicações, o que Pedro Costa, algo como o genial realizador português disse sobre Chaplin – “O último filme de Chaplin foi realizado quando ele estava velho. De maneira similar, falamos do velho Ozu, do velho John Ford... Estou falando sobre essa linha, que todos os grande artistas alcançam ao final de suas vidas. Finalmente, eles descartam tudo o que é superficial, tudo o que concerne à psicologia, para chegar a algo mais fundamental. O filósofo Gilles Deleuze tem escrito um pouco sobre cinema e diz uma coisa muito bonita a respeito da velhice. Ele diz que um homem velho é alguém que não necessita de nada além de si mesmo. Quando chegamos ao que chamamos velhice, estamos apenas velhos. Apenas isso. De alguma maneira nos tornamos mais atentos, pois estamos velhos. Não precisamos seduzir, não precisamos mais dos efeitos. Ser um pouco velho, penso, é algo de necessário no cinema. Ser somente, não brincar com a sedução, ou fazer filmes repletos de efeitos, cheio de alusões engenhosas.”

A obra dele, de maneira curiosa, me lembra alguns discos da banda britânica The Kinks: principalmente, The Village Green Preservation Society e Muswell Hillbillies. Em várias músicas desses dois discos eles discorrem sobre os “old days”, numa abordagem saudosista, nostálgica, sim, mas extremamente franca e direta. Não é uma questão de conservadorismo, assim como também não é na obra Tati. É algo maior. É uma questão de amor, enfim. E para finalizar, de maneira justa, com uma das grandes frases de Jacques Tati: “O Senhor Hulot apenas caminha por aí, é isso. Ele caminha inocente e tranquilo. Ele simplesmente olha para as coisas. É culpa dele termos sido batizados com desejos e necessidades inventadas? E se na ânsia de sermos levados tão a sério nos tornamos absurdamente solenes? Hulot não é um reacionário, você entende? Ele não é contra o progresso. E ele não é engraçado mesmo, do jeito mais comum. Ele se comporta de acordo com regras estritas de cortesia que nunca lhe permitem expressar surpresa.” William Biagioli

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1971 / Trafic


The rigorously calculated anarchy of Jacques Tati

Much criticized during its time by a certain conservatism and the consumer society being established at the time in France, ‘My uncle’ is in fact much

“What is happening to this world?” An old woman asks as she walks along

more than “merely” a critique of architecture or the state of society: and

a narrow street, distracted by the whistling sounds by some boys who do

also much more than a defense of the old ways. It is an ode to life and the

this routinely with bystanders for their entertainment. Evidently, it was

interaction between people. It is the celebration of life, above all else. The

spoken after the lady masterfully hits head-on a lamppost, to the children’s

criticism towards this new societal movement is in every room of the Arpel

amusement. However, the phrase reveals something deeper, as if a thought

mansion. In each false and empty gesture.

by Jacques Tati himself. In some ethereal form, this question seems to be present in all of the films by this brilliant French director.

In ‘PlayTime’, Jacques Tati displays his entire obsession with sceneries, with details, and colors: everything, basically. Meticulously calculated,

In ‘The big day’ (Jour de fête), the clumsy mailman, played by a young Tati

PlayTime’s grandeur at times makes it almost impossible to talk about: it is

in his first feature film, is an example of distraction, disorganization and

also a film of choices. This is not me speaking, but Stéphane Goudet, special

non-efficiency in his work. The gags in the film already display some of

guest of the Olhar de Cinema - CIFF and expert on the work of Tati. When

the director’s trademarks: wide open shots, a very complex and extremely

opting to follow a story in ‘PlayTime’, the viewer has the dimension of losing

calculated mise en scene, extremely well-coordinated movements, meticu-

something, of missing out on something else happening across the board.

lously rehearsed to the point that they provide a feeling of spontaneity, and

Playtime is representative of the insanity from the 1960s, where any dream

finally, the use of sound in a delicate and extremely sophisticated manner.

seemed within reach.

The following feature film, ‘Mr. Hulot’s holiday’ (Les vacances de Monsieur

In his next film, Traffic, Jacques Tati further shows his skills in creating

Hulot), presents a character who is often confused with the director him-

complex sceneries, such as the car accident scene, for example. There are

self. A masterpiece of an achievement, one of the rare cases where a come-

still a number of obstacles in this sensational road-movie, for instance the

dy won the Cannes festival grand prize. The film has several sensational vi-

inexplicable race after a boy, for gasoline; or the truck driver character, who

sual gags, the most memorable to me being: the painting of the small kayak

manages to be clumsier than Mr. Hulot himself.

when the waves transport a small bucket of paint back and forth, confusing Mr. Hulot; and his arrival to a kind of funeral where he must change a flat

‘Parade’, his last film, brings a naked Tati: as if a return to origins – almost

tire – when dropping the tire on the ground and covering it with leaves, one

the perception that the end was near. Tati delivers, in a half-mad film, and

of the men at the funeral confuses the object with a wreath in honor of the

without much explanation, what Pedro Costa, the brilliant Portuguese film-

deceased, and Mr. Hulot is inexorably forced to attend the funeral.

maker, once said about Chaplin – “Chaplin’s final film was made when he was old. Similarly, when we speak of the old Ozu, the old John Ford ... I’m

‘My uncle’ (Mon oncle), his most successful film, Jacques Tati presents in an

talking about this line, which all great artists reach at the end of their lives.

absurdly ingenious manner the confusion of our modern times. The home

Finally, they discard everything superficial, all that concerns psychology,

of the Arpel family is an ode to modernism, where ultras sophisticated trin-

to reach something more fundamental. The philosopher Gilles Deleuze

kets make for an extremely cold and empty house, but one that reflects the

has written a little about cinema and he says a very beautiful thing about

longing for modernity at all costs, even if stupidly. One of the highlights

old age. He says an old man is someone who does not need anything but

is the garden adornment, a ridiculous fish that spits blue water, a motive

himself. When we reach what we call old age, we are merely old. That’s all.

of pride by Mrs. Arpel. And quite warmly, Mr. Hulot (the uncle in the title)

Somehow, we become more attentive because we’re old. We do not need

appears as an abortive figure within this environment: he arrives bicycle in

to seduce, we no longer need the effects. To be somewhat old, I believe, is

hand, humble, filling the house with humanity. Little Gerard, the son of the

crucial to cinema. To merely be, to not play with seduction, or make movies

Arpel couple, a small bored young man, sees in the uncle his passport to

full of effects, full of “ingenious” allusions”.

freedom. When accompanying his uncle, the young man rides a bicycle, eats candy on the street, and mingles with the other boys in the neighborhood. 36

Pedro Costa was not talking about Jacques Tati, but after seeing the en-


1967 / PlayTime

tire oeuvre by the indispensable French filmmaker and realizing how he

The Kinks: especially The Village Green Preservation Society and Muswell

descended from a direct line connecting him to Charles Chaplin and Buster

Hillbillies. In several songs in these two albums, they write about the “old

Keaton, I see no exaggeration in comprehending ‘Parade’ as a kind of final

days”, in a wistful, longing, nostalgic approach, indeed, but also extremely

message. A sort of extreme freedom, which one of the greatest artists of

frank and direct. They are not within the terrain of conservatism, and nei-

cinema permitted to himself after meticulously calculating all the anarchy

ther is Tati. It’s something bigger. It’s about love, in the end.

and the critical tone, established elegantly and sophisticatedly in his chosen line of work. A poet of life, dedicated to the extreme to the little things

To finalize, and to do it fairly, I leave you with one of the great phrases by

that make our existence something greater than our work, our cars, our ul-

Jacques Tati, “Mr. Hulot just walks around, that’s it. He walks innocently and

tramodern appliances...

quietly. He simply looks at things. Is it his fault that we have been baptized

May this entire retrospective, presenting not only feature length films, but

with invented desires and needs? And that in our eagerness to be taken seri-

also some short films made in partnership with other filmmakers, grant

ously we have become absurdly solemn? Hulot is not a reactionary, you see?

viewers the precise magnitude of Jacques Tati. A filmmaker who influenced

He is not against progress. And he’s not even funny, not in the most common

so many others: we could cite Wes Anderson (American director), Roy Ander-

way. He behaves according to strict rules of politeness, which never allow

son (Swedish director), and Jean-Luc Godard (French director).

him to express surprise”.

Curiously enough, his films remind me of some albums by the British band

William Biagioli 37


On demande une brute On demande une brute / On demande une brute

Charles Barrois Charles Barrois nasceu em 15 de março de 1890 em Paris, França. Ele foi ator e assistente de diretor, conhecido por ‘La faute d’orthographe’ (1918), ‘The new gentlemen’ (1929) e ‘Carmen’ (1926). Charles Barrois dirigiu o primeiro curta-metragem com a participação de Jacques Tati: ‘On demande une brute’.

França, 1934, 23’, DCP, Ficção Direção: Charles Barrois Roteiro: Jacques Tati Produção: Les Films Fernand Rivers Direção de Fotografia: René Clément Elenco Principal: Jacques Tati, Hélène Pépée, Rhum, Raymond Turgy, Jean Clairval, Kwariany Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Um homem que sonha em ser ator procura um emprego a qualquer custo, e aceita a primeira oferta que recebe sem pensar. Ele se vê então confrontando o formidável campeão de luta livre, Grossof, o Tártaro. A man who dreams of being an actor is looking for a job at all costs and accepts the first offer he receives without thinking. He finds himself facing the formidable wrestling champion, Grossof the Tartar.

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Charles Barrois was born on March 15, 1890 in Paris, France. He was an actor and assistant director, known for ‘La faute d’orthographe’ (1918), ‘The new gentlemen’ (1929) and ‘Carmen’ (1926). Charles Barrois directed the first short film where Jacques Tati appears: ‘On demande une brute’.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


Gai dimanche Gai dimanche / Gai dimanche

Jacques Berr Jacques Berr foi um diretor e documentarista francês, nascido em 27 de agosto de 1900 na cidade de Paris, ativo até a década de 1960 era um especialista em curtas documentais. Em 1935 dirigiu o curta ‘Gai dimanche’. Jacques Beer was a French director and documentary filmmaker, born August 27, 1900 in the city of Paris and active until the 1960s, he was an expert on short documentary films. In 1935, he directed the short ‘Gai dimanche’.

França, 1935, 21’, DCP, Ficção

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

Direção: Jacques Berr Roteiro: Jacques Tati, Rhum Produção: Marcel de Hubsch Direção de Fotografia: Marcel Paulis Trilha Sonora: Michel Lévine Elenco: Jacques Tati, Rhum Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Dois amigos sem dinheiro têm a ideia de comprar um micro-ônibus para enganar turistas que pretendem visitar a região. Mas isso é apenas o início da aventura que se segue. Two penniless friends have the idea of buying a minibus in order to swindle tourists wanting to visit the local area. But this is only the beginning of the adventure that ensues.

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Soigne ton gauche Soigne ton gauche / Soigne ton gauche

René Clément René Clément foi um dos principais diretores franceses do período pós-Segunda Guerra Mundial. Dirigiu o que são considerados como alguns dos maiores filmes da época, como ‘A batalha dos trilhos’ (1946), ‘Brinquedo proibido’ (1952) e ‘O dia e a hora’ (1963).

França, 1936, 13’, DCP, Ficção Direção: René Clément Produção: Fred Orain Direção de Fotografia: René Clément Elenco Principal: Jacques Tati, Louis Robur, Max Martell, Robur, Cliville, Jean Aurel, Champel, Van Der Haegen, Jacques Broido Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle

Roger é um fazendeiro que sonha em se tornar um boxeador e seu treinamento de boxe ocorre justamente no quintal de sua fazenda. Mas as lutas cessam por falta de lutadores. Enquanto simula uma vitória, Roger é avistado e levado para o ringue. Mas falta algo: ele não possui nenhuma experiência como boxeador e não sabe absolutamente nada sobre essa nobre arte. Roger, farmer, dreams of becoming a boxer and in fact, box training takes place just in the yard of his farm. But the fights had to stop in need of fighters. While he was miming a win, he is spotted and turned on the ring. But one thing is still missing: he had no experience of boxing and doesn’t know anything about this noble art.

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René Clément was one of the leading French directors of the post-World War II era. He directed what are regarded as some of the greatest films of the time, such as ‘La bataille du rail’ (1946), ‘Jeux interdits’ (1952) and ‘Le jour et l’heure’ (1963).

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


Escola de carteiros School for postmen / L’école des facteurs

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1946, 16’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati Produção: Fred Orain Direção de Fotografia: Louis Felix Montagem: Marcel Moreau Elenco Principal: Jacques Tati – Paul Demange Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle

Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

Rapidez e eficiência, é isso que um bom carteiro deve aprender! A missão é simples: reduzir a duração do turno necessário para cumprir o tempo de entrega do serviço de correio aéreo. Em uma pequena agência dos correios no interior, três carteiros, entre eles François, pressionados pelas ordens de seu superior, descumprem o tempo todo, bicicleta à mão, cada um dos procedimentos necessários para a entrega da correspondência. Speed and efficiency, that’s what a good postman has to be taught! The mission is simple: reduce the duration of the round that is needed to get in time to the airmail service. In a small post office in the country side, three postmen, including François, urged by the nasal injunctions of their superior, broke up again and again, bicycle in hand, each and every ritual movement necessary to the mail delivery. 41


Carrossel da esperança The big day / Jour de fête

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1949, 79’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati, Henri Marquet, René Wheeler Produção: Fred Orain Direção de Fotografia: Jacques Mercanton Trilha Sonora: Jean Yatove Montagem: Marcel Moreau Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Um dia de festa em Sainte-Sévère: os artistas do parque de diversões chegaram, acompanhados de suas caravanas, um carrossel e até mesmo um cinema itinerante, mostrando aos impressionados nativos um documentário sobre os métodos modernos do serviço postal americano. Com sua velha bicicleta e determinação obstinada, François, o carteiro local, se esforça ao máximo para imitar seus colegas americanos. A festive day in Sainte-Sévère: the fairground entertainers have arrived, accompanied by their caravans, a merry- go-round and even a travelling cinema, showing the awe-struck villagers a documentary on the modern methods of the American postal service. With his old bicycle and single-minded resolve, François, the local postman, does his best to emulate his American colleagues. 42

Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


As férias do Senhor Hulot Mr. Hulot’s holiday

/ Les vacances de Monsieur Hulot

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1953, 87’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati Produção: Fred Orain, Cady Films Direção de Fotografia: Jacques Mercanton, Jean Mousselle Trilha Sonora: Alain Romans Montagem: Jacques Grassi, Ginou Bretoneiche, Suzanne Baron Som: Jacques Carrère, Roger Cosson Elenco Principal: Jacques Tati, Nathalie Pascaud, Michèle Rolla, Valentine

Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

Camax, Louis Perrault, André Dubois, Lucien Frégis, Raymond Carl, René Lacourt, Marguerite Gérard, Suzy Willy, Michelle Brabo, Georges Adlin

Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Em um resort litorâneo na costa Atlântica, os turistas da cidade grande em férias seguem com seus modos urbanos. O pueril e desastrado Sr. Hulot chega em seu velho carro, acidentalmente destruindo a tranquilidade de seus colegas hóspedes no Hotel de la Plage, que meramente tentam aproveitar as férias. At a seaside resort on the Atlantic coast, the city dwellers on vacation continue with their city ways. The childlike and accident-prone Monsieur Hulot arrives in his backfiring old car, unintentionally destroying the tranquillity of his fellow patrons at the Hôtel de la Plage by simply trying to make the most of his holidays. 43


Meu tio My uncle / Mon oncle

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1958, 116’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati, Jacques Lagrange, Jean L’Hôte Produção: Bernard Maurice Direção de Fotografia: Jean Bourgoin Trilha Sonora: Frank Barcellini, Alain Roman Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Monsieur e Madame Arpel vivem em uma casa ultramoderna em um bairro impessoal. Nesse universo excessivamente organizado, brincadeiras, perigos e o humor não encontram espaço e seu filho, Gérard, se entedia. Mas seu tio, Sr. Hulot, irmão de Madame Arpel, um personagem não convencional e desajeitado, aparece de surpresa... Monsieur and Madame Arpel live in an ultra-modern house in impersonal district. In this universe too much well-organized, game, hazard and humor had no place to be and their son, Gérard get bored. But his uncle, Mionsieur Hulot, Madame Arpel’s brother, an unconventionnal and impractical character, bursted in...

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Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


Evening classes Evening classes / Cours du soir

Nicolas Ribowsky Nicolas Ribowsky começou sua carreira como assistente de direção Alain Cavalier, Jean-Paul Rappeneau e Jacques Tati. Em 1967 dirigiu este curta-metragem em paralelo ao filme ‘PlayTime – Tempo de diversão’ de Jacques Tati utilizando-se de muitos cenários e de alguns atores do filme.

França, 1967, 27’, DCP, Ficção Direção: Nicolas Ribowsky Roteiro: Jacques Tati Produção: Télécip, Specta Films Direção de Fotografia: Jean Badal Elenco Principal: Jacques Tati, Marc Monjou Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle

Nicolas Ribovsky began his career as an assistant director to Alain Cavalier, Jean-Paul Rappeneau, and Jacques Tati. In 1967, he directed this short film in parallel to the film ‘PlayTime’, by Jacques Tati, using many scenarios and some actors from that film.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

Filmado ao mesmo tempo que ‘PlayTime – Tempo de diversão’, o curta utiliza cenários e elenco desse filme. Homens de negócios são transformados em colegiais cuidadosos e aprendem diferentes maneiras de fumar cigarros, cavalgar um cavalo, ou cair da escada. O homem que ensina como observar as coisas apropriadamente é o Sr. Hulot que, ao entrar na sala de aula e tirar seu chapéu e paletó, adota as características de Jacques Tati. Shot alongside ‘PlayTime’, this short film uses the scenery and casting of the film, Businessmen are turned into careful schoolboys and discover the different ways of smoking cigarettes, riding a horse, or falling down the stairs. This man teaching how to watch things properly, is Mister Hulot who, as he comes into the classroom and takes off his hat and coat, takes Jacques Tati’s features. 45


PlayTime – Tempo de diversão PlayTime / PlayTime

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1967, 125’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati Produção: Bernard Maurice Direção de Fotografia: Jean Badal, Andréas Winding Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Sr. Hulot deve se encontrar com um oficial americano na esperança de garantir um emprego, em uma versão high-tech de Paris. Em seu caminho ele encontra um grupo de turistas americanas, provocando toda ordem de caos. Monsieur Hulot is set on contacting an American official in the hope of securing a job in a high tech version of Paris. Whilst on his way he encounters a group of female American tourists, resulting in all manner of chaos.

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Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


As aventuras do Sr. Hulot no tráfego louco Traffic / Trafic

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1971, 105’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati, Jacques Lagrange, Bert Hanstraa Produção: Georges Laurent, Wim Lindner Direção de Fotografia: Edward Van Den Enden, Marcel Weiss Montagem: Maurice Laumain, Sophie Tatischeff Elenco Principal: Jacques Tati, Maria Kimberley, Tony Kneppers, Marcel Fra-

Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

val, Honoré Bostel, François Maisongrosse, Franco Ressel, Mario Zanuelli

Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle Monsieur Hulot, o designer de uma van experimental para acampamento a conduz pelas estradas da França e da Bélgica a caminho do Salão do Automóvel de Amsterdã, onde o seu protótipo será exibido. Mas, com diversas paradas e problemas mecânicos, além de uma revista alfandegaria e um acidente, a estrada para Amsterdam torna-se longa e perigosa. Será que Hulot e sua van conseguem chegar à exibição? Monsieur Hulot, the designer of an experimental camper van, takes it on the motorways of France and Belgium en route to the Amsterdam motor show where his prototype is to be exhibited. But, with numerous breakdowns and mechanical problems, not to mention a customs search and an accident, the road to Amsterdam is long and perilous. Will Hulot and his camper van ever make it to the show? 47


Parada Parade / Parade

Jacques Tati Nascido em 9 de outubro de 1908, Jacques Tati retratou o personagem cômico Monsieur Hulot em projetos que dirigiu, tais como ‘As férias do Sr. Hulot’ e ‘Meu tio’, que ganhou um Oscar de Melhor Filme em Lingua Estrangeira. O trabalho de Tati era conhecido pelo seu enquadramento inovador e por seus enredos complexos. Morreu em Paris, no dia 5 de novembro de 1982.

França, 1974, 89’, DCP, Ficção Direção: Jacques Tati Roteiro: Jacques Tati Produção: Louis Dolivet Direção de Fotografia: Jean Badal, Gunnar Fisher Trilha Sonora: Charles Dumont Montagem: Sophie Tatischeff, Per Carlesson, Siv Lundgren, Jonny Mair, Aline Mair Som: Jean Neny Elenco Principal: Jacques Tati, Williams, Veterans, Sipolo, Pierre Bramma, Michèle Brabo, Pia Colombo, Karl Kossmayer, Hall, Norman, Ladd, Argentinos, Johnny Lonn, Bertilo, Jan Swahn, Bertil Berglund, Monica Sunnerberg Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle No Stockholm Cirkus, Tati revive suas pantomimas em um show de circo selvagem e interativo. Tati transmite assim sua experiência para uma geração mais jovem de artistas. À medida que o espetáculo se desenrola, rompem-se as barreiras entre passado e futuro, artistas, técnicos e espectadores. O último filme de Tati ressoa como um alegre tribute ao espetáculo ao vivo, enquanto evoca suas próprias experiências iniciais nos auditórios. At the Stockholm Cirkus, Tati revives his pantomimes in a wild, interactive circus show. Tati uses it to transmit his experience to a younger generation of artists. As the spectacle unfolds, barriers break down between past and future, between artists, between technicians and spectators. Tati’s last film resonates as a joyful tribute to live spectacle, while evoking his own beginnings in the music hall. 48

Born on October 9, 1908, Jacques Tati portrayed the comedic character Monsieur Hulot in projects he directed like ‘Les vacances de Monsieur Hulot’ and ‘Mon oncle’, which won an Oscar for Best Foreign Language Film. Tati’s works were known for their innovative framework and complex plotlines. He died in Paris on November 5, 1982.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


Forza Bastia Forza Bastia / Forza Bastia

Jacques Tati, Sophie Tatischeff

França, 2002, 27’, DCP, Documentário Direção: Jacques Tati, Sophie Tatischeff Roteiro: Jacques Tati Produção: Sophie Tatischeff Direção de Fotografia: Yves Agostini Henri Clairon, Alain Pillet Montagem: Florence Bon Som: Patrice Noïa Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle

Jacques Tati dirigiu este curta a pedido de Gilbert Trigano, o presidente do Bastia Football Club, que queria guardar imagens do frenesi que tomou conta da “Île de Beauté” em abril de 1978: nesse momento, o time local enfrentou o Eindhoven Club no campo de Furiani, no jogo de ida da Copa Europeia de Futebol.

Sophie Tatischeff era uma editora e diretora francesa. Nascida em Neuilly-sur-Seine, Tatischeff era filha de Jacques Tati e começou sua carreira como editora assistente no filme de seu pai, ‘PlayTime – Tempo de diversão’ (1967). Ela também editou ‘As aventuras do Sr. Hulot no tráfego louco’ (1971) e ‘Parada’ (1974). Após a morte de Tati, ela produziu uma versão colorida de seu filme de 1949, ‘Carrossel da esperança’, utilizando trechos de filme colorido até então inutilizáveis, filmados simultaneamente com o material em preto e branco. Em 2001 ela também reconstruiu seu curta de 1978, ‘Forza Bastia’. Sophie Tatischeff was a French film editor and director. Born in Neuilly-sur-Seine, Tatischeff was the daughter of Jacques Tati and began her career as assistant editor on her father’s film ‘PlayTime’ (1967). She also edited ‘Trafic’ (1971) and ‘Parade’ (1974). After Tati’s death she produced a colour version of his 1949 feature ‘Jour de fête’ using previously unusable colour film elements shot simultaneously with the monochrome stock. In 2001 she also re-constructed his 1978 short film ‘Forza Bastia’.

Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com

Jacques Tati directed this short film on the request of Gilbert Trigano, the President of Bastia Football Club who wanted to keep pictures of the sheer madness that took hold of the “Île de Beauté” in April 1978: at this time, the local team met the Eindhoven Club on the pitch of Furiani, for the first-leg match of the Europe Football Cup. 49


Au delà de PlayTime Au delà de PlayTime / Au delà de PlayTime

Stéphane Goudet Stéphane Goudet é um crítico de cinema francês e acadêmico. Participou como crítico da revista Positif. Ele é mestre e professor de cinema na Universidade Paris I e autor de livros sobre cinema, incluindo sobre Jacques Tati, sobre quem ele escreveu uma tese em 2000. Foi diretor artístico do filme ‘The Méliès’ durante mais de dez anos, até março de 2013.

França, 2002, 7’, DCP, Documentário Direção: Stéphane Goudet Roteiro: Stéphane Goudet Produção: Stéphane Goudet Direção de Fotografia: Stephane Goudet Elenco: Jacques Tati Empresa Produtora: Les Films de Mon Oncle

Para rodar PlayTime, sobre o terreno ermo e inteiramente plano de Gravelles, uma cidade inteira se ergueu da terra. Essa cidade permaneceu em pé por quatro anos, o tempo de uma filmagem excepcional, e depois foi destruída. In order to film PlayTime on the desolate and entirely plain terrain of Gravelles, an entire city rose from the earth. The city remained standing during four years, for the duration of an exceptional footage, and later destroyed.

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Stéphane Goudet is a French film critic and academic. He participated as a critic for the magazine Positif. Hes master of cinema teacher at the University Paris I and is the author of books on film including Jacques Tati, on which he wrote a thesis in 2000. He was artistic director of the movie ‘The Méliès’ for over ten years until March 2013. Philippe Gigot E-mail: philippe.gigot@tativille.com


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Olhares Clรกssicos


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/ Classics


OLHARES CLÁSSICOS / Classics O que acontece quando você muda a maneira como as pessoas veem o Cinema? É com essa pergunta que Martin Scorsese apresenta um vídeo sobre os três filmes de Roberto Rosselini com Ingrid Bergman para a Criterion Collection. Assim que a terceira edição do festival terminou, falamos muito sobre como seriam as próximas edições. Uma coisa era muito fácil de perceber e comum a todos nós: a terceira edição encerrava um ciclo que havia se iniciado em 2012. Precisávamos dar um passo adiante, iniciar um novo ciclo. Portanto, a escolha dos filmes para a primeira edição do Olhares Clássicos tentou contemplar filmes que, em seu DNA, tenham exatamente a mesma intenção. São todos filmes que, cada qual à sua maneira, representaram rupturas, estabeleceram novos padrões, mudaram a forma como as pessoas viam cinema até então. Os filmes que compõe a primeira edição do Olhares Clássicos são: ‘Sindicato de ladrões’ (On the waterfront), de Elia Kazan; ‘Johnny Guitar’, de Nicholas Ray; ‘Stromboli’, de Roberto Rosselini; ‘Orfeu’ (Orphée), de Jean Cocteau; ‘Bang bang’, de Andrea Tonacci; e ‘Meu amigo Totoro’ (Tonari no Totoro), de Hayao Miyazaki. E como forma de complementar a experiência dos clássicos, o leitor irá encontrar nesse catálogo textos feitos exclusivamente para a primeira edição desta sessão no Olhar de Ci-

nema. Muito orgulhosamente, apresentaremos textos que foram feitos cuidadosamente confeccionados para a sessão por críticos do calibre de: Cid Nader, que fala lindamente sobre ‘Meu amigo Totoro’; Sérgio Alpendre que escreve sobre ‘Bang Bang’ de Andrea Tonacci e Filipe Furtado que analisa ‘Orfeu’. Sobre ‘Johnny Guitar’, conseguimos um texto de João Bénard da Costa, que durante anos foi o chefe da Cinemateca Portuguesa e de longe, quem mais amou o filme. Teremos nas exibições especiais um documentário sobre a vida de João Bénard onde o leitor poderá compreender melhor a trajetória de João Bénard. Rodrigo Grota nos transportará por uma deliciosa viagem para a Nova York dos anos 50 onde um suposto jornalista – Jim Kleist – nos leva por um passeio sobre o que seriam os bastidores das filmagens de ‘Sindicato de ladrões’. E por fim, um texto feito especialmente para o Olhar de Cinema. Renzo Rosselini tira do fundo de sua memória afetiva lembranças da estreita amizade de seu pai, Roberto Rosselini, com Luchino Visconti. Detalhes incríveis sobre a vida, o neo-realismo e o profundo respeito por Ingrid Bergman. Por acreditar que a sessão dos clássicos pode refletir a alma do festival é que essa seleção foi cuidadosamente composta ao longo de vários meses. Acreditamos que a experiência de poder ver estes filmes na sala de cinema e com cópias digitais restauradas, possa aumentar ainda mais a experiência do público com o Olhar de Cinema. William Biagioli

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What happens when you change the way people see Cinema? With this

the head of the Portuguese Cinemateque for many years and loved the film

question, Martin Scorsese presents a video concerning the three films by

unlike anyone else. In the Special Screenings, we have a documentary about

Roberto Rossellini with Ingrid Bergman for the Criterion Collection.

João Bénard’s life, where the reader may better understand João Bénard’s career. Rodrigo Grota transports us on a delightful trip to 1950s New York,

As soon as the third edition of the festival was over, we talked a lot about

where a supposed journalist – Jim Kleist – takes us on a tour of what would

how the next editions would be. One thing was clear and common to us all:

be the behind the scenes of ‘On the waterfront’. Lastly, a text made especial-

the third edition ended a cycle that had begun in 2012. We needed to take a

ly for the Olhar de Cinema. Renzo Rossellini searches deep down his affec-

step further, start a new cycle.

tive memory for reminiscences on the close friendship of his father, Roberto Rossellini, with Luchino Visconti. Incredible details about life, neorealism,

Therefore, the choice of films for the first edition of the section Classics

and a deep respect for Ingrid Bergman.

attempted to cover films that, in their DNA, have this very same intention. All of these films, each in their own way, represented breaks, set new stan-

In believing that the classics retrospective may reflect the soul of the fes-

dards, have changed the way people saw cinema until then. The films that

tival, this selection was carefully done throughout several months. We be-

make up the first edition of Classics are: ‘On the waterfront’, by Elia Kazan;

lieve that the experience of being able to see these movies in the theater

‘Johnny Guitar’, by Nicholas Ray; ‘Stromboli’, by Roberto Rossellini; ‘Or-

and in restored digital copies may further enhance the audience’s experi-

pheus’ (Orphée), by Jean Cocteau; ‘Bang bang’, by Andrea Tonacci; and ‘My

ence with the Olhar de Cinema - CIFF.

neighbor Totoro’ (Tonari no Totoro), by Hayao Miyazaki. William Biagioli Additionally, as a way to complement the experiencing of these classics, the reader will find in this catalog articles written exclusively for the first edition of this section in the Olhar de Cinema. We very proudly preset texts carefully prepared for the section by critics of the caliber of: Cid Nader, who beautifully writes about ‘My neighbor Totoro’; Sérgio Alpendre, who writes about Andrea Tonacci’s ‘Bang Bang’ and Filipe Furtado analyzing ‘Orpheus’. On ‘Johnny Guitar’, we have an article by João Bénard da Costa, who was

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Bang Bang - Por Sérgio Alpendre

O melhor cinema de hoje, com raríssimas exceções, é feito por veteranos, ou

The best of contemporary cinema, with few exceptions, is made by the hands of veter-

seja, por quem era jovem nos anos 1960 e 70: Godard, Eastwood, Vecchiali, Ro-

ans, that is, people who were young in the 1960s and 1970s: Godard, Eastwood, Vecchi-

semberg, Bressane, Tonacci. Para se entender o porquê, é necessário enten-

ali, Rosemberg, Bressane, Tonacci. To understand why, one must first understand that

der, primeiramente, que o cinema feito nos últimos anos por jovens diretores não representa o novo. Não há nada sendo feito atualmente, por menores de 60 anos, que chegue perto do frescor e da novidade que ‘Bang Bang’ representa ainda. Você pode rever o filme hoje e se surpreender com a liberdade que o

recent cinema, made by young directors does not represent the new. There is nothing being done at this time by people under the age of 60 that comes close to the freshness and uniqueness that ‘Bang Bang’ still represents. You may re-watch the film today and

filme defende em cada plano, em cada corte.

be mesmerized by the freedom the film advocates between every frame, every cut.

Após dois curtas explosivos de juventude, Andrea Tonacci filmou seu primeiro

After two explosive short-films in his youth, Andrea Tonacci filmed his first feature film

longa com pouco dinheiro e muita liberdade. ‘Bang Bang’ é uma espécie de

with little money and plenty of freedom. ‘Bang Bang’ is a summary of sorts for the cin-

súmula do cinema de invenção. Ou reinvenção, pois o filme explora códigos de

ema of invention. Or reinvention, as the film explores codes from a number of genres

diversos gêneros – policial, fantástico, musical, filme de gangster, comédia e,

– crime, fantastic, musical, gangster film, comedy, and of course, western.

obviamente, o faroeste. Filme anárquico, que costura suas sequências como num fluxo de consciência de beatniks, espécie de ‘Subterrâneos’ com ‘Almoço nu’, numa explosão de preto e branco que lembra os primeiros filmes de Philippe Garrel. As referências, aqui, não significam piscadelas para cinéfilos inteligentes, mas

An anarchic film, which stitches its sequences as beatniks in a stream of consciousness, a blend of Subterraneans with Naked Lunch, an explosion of black and white reminiscent of Philippe Garrel’s early films. These references are not nods to shrewd cinephiles, but something that lies at the

algo que está no cerne de todo o cinema de Tonacci: a investigação. Filmar

heart Tonacci’s oeuvre: investigation. Shooting as self-discovery, to understand what

como autodescoberta, para entender o que é feito dos sonhos, das intuições,

dreams and intuitions are capable of creating, where speculation ends and results be-

onde terminam as especulações e começam os resultados. Resultados não

gin. Results are not a certainty, something complete and finished, but the encounter

como uma certeza, algo pronto, acabado, mas como o encontro da consciência

between conscience and the heart.

e do coração. An Investigative cinema indeed, as the images pursue succession, the sequences strive Cinema de investigação, sim, pois as imagens procuram uma sucessão, as sequências procuram uma história, e as histórias procuram um sentido. E planos longos, malucos, se sucedem nessa múltipla procura: Pereio entra no táxi e inferniza o pobre motorista; três caricaturas de gangsters saem de uma espécie de desmanche de carros e passam a perseguir Pereio; um homem com máscara de macaco (Pereio?) se barbeia enquanto canta; um mágico brinca de

other in this multiple pursuit: Pereio enters a taxicab and torments the poor driver; three caricature gangsters leave what appears to be some automotive chop shop and begin to pursue Pereio; a man with monkey mask (Pereio?) shaves while singing; a magician makes the characters in the film appear and later disappear, a flamenco dancer

fazer aparecerem e desaparecerem os personagens do filme; uma dançarina

dances with buildings on the horizon; a blind man shoots at anything and for any rea-

de flamengo dança com os prédios no horizonte; um cego atira em qualquer

son; a camera appears in mirrors and the camera’s shadow on the road (meta-cinema);

coisa e por qualquer coisa; câmera aparece em espelhos e sombra da câmera

Pereio talks with a woman as to the meaning of “hi”... At any rate, an inventory of non-

na estrada (metacinema); Pereio conversa com uma mulher sob o significado

sense reveals the artist’s creative mind, his urgencies, his fears, and his passions, in a

do “oi”... Enfim, um inventário de sandices revela a mente criadora do artista,

true leap into the abyss.

suas urgências, seus medos, suas paixões, num verdadeiro salto no abismo.

That’s what’s brand new.

Isso é que é novíssimo.

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for a story, and the stories are searching for meaning. And wild, long shots follow each


Bang Bang Bang Bang / Bang Bang

Andrea Tonacci Andrea Tonacci nasceu em Roma, em 1944. Veio para o Brasil com a família aos nove anos de idade, indo morar em São Paulo, onde reside até hoje. Ainda jovem interessou-se por pintura, gravura e fotografia, cursando as faculdades de arquitetura e engenharia, cursos que abandonou para dedicar-se ao cinema.

Andrea Tonacci was born in Rome in 1944. He arrived in Brazil with his family at the age of nine to live in the city

Brasil, 1971, 93’, DCP, Ficção/Experimental

of São Paulo, where he lives until today. As a young man, he became interested in painting, engraving, and photog-

Direção: Andrea Tonacci Roteiro: Andrea Tonacci Produção: Luiz Carlos Pires Fernandes Direção de Fotografia: Thiago Veloso Montagem: Roman Stulbach Elenco Principal: Paulo César Pereio, Abrahã Farc, Jura Otero, Ezequiel Marques, José Aurélio Vieira, Thiago Veloso, Antônio Naddeo, Thales Penna, Milton Gontijo Empresa Produtora: Extrema

raphy, and studied architecture and engineering, courses he abandoned to devote himself to cinema.

Cristina Amaral E-mail: extremart@extremart.com.br Site: www.extremart.com.br

Johnny Guitar - Por João Bénard da Costa Era inevitável. Tinha de ser. Se escrevo sobre “os filmes da minha vida”, como podia ficar de fora “o filme da minha vida”, my Johnny Guitar? Só mesmo quem não me conheça nem mais gordo nem mais magro, podia supor que um dia destes - mais cedo ou mais tarde - o Johnny Guitar não enchia esta página.

It was inevitable. It had to be. If I write about “the movies of my life”, how could I leave

Faz parte das minhas lendas - como essa de dizer-se que eu sabia o Larousse de cor aos sete anos - atribuírem-me centenas de visões do Johnny Guitar. Num caso como noutro há exagero. Só vi o Johnny Guitar 68 vezes, entre 1957

It is part of my legends – like when I say I knew the Larousse by heart by the age of

out “the movie of my life”, my Johnny Guitar? Only those who do not know me, fatter or slimmer, ould assume that one of these days – eventually – Johnny Guitar would not fill this page.

seven – to say I have seen Johnny Guitar hundreds of times. In both cases, exaggeration does exist. I only watched Johnny Guitar 68 times between 1957 and 1988. Can

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e 1988. Dá para saber de cor? Nunca se sabe o Johnny Guitar de cor. Cada vez é uma nova vez. Como gênero, é classificado entre os westerns. Estreou-se na América, a 27 de Maio de 1954, sob o signo de Gêmeos. É um filme de Nicholas Ray, que tinha 42 anos, 9 meses e 20 dias na noite de estréia. Na filmografia do autor, iniciada em 1948, é o opus 9. Depois dela assinou mais 13 longas-metragens, até morrer, “lightning over water”, num filme de Wim Wenders, em 1979.

you know it by heart? You never know Johnny Guitar by heart. Each time is a new time. As a genre, it files under western. It debuted in America, May 27, 1954, under the sign of Gemini. It is a film by Nicholas Ray, who was 42 years, 9 months, and 20 days old on the opening night. In the author’s filmography, which began in 1948, it is opus 9. After it, he signed over 13 feature films, until his death, “lightning over water”, in a Wim Wenders film in 1979. Johnny Guitar was made for a small company – the Republic – and cost little money.

Johnny Guitar foi feito para uma pequena companhia - a Republic - e custou pequeno dinheiro. A crítica americana tratou-o com os pés (“the silliest film of the year”), mas o público, sem que ninguém conseguisse explicar por que, encheu as salas meses a fio. Herbert J. Yates, produtor da obra, abarrotou os bolsos. Quando o filme chegou à Europa - em 1955 - as posições críticas extremaram-se. Alguns - poucos - apanharam o micróbio a que há mais de trinta anos dou casa e pucarinho. A maioria achou que só gente gravemente perturbada ou gravemente analfabeta podia gostar. Ou, então, cegos, surdos, mudos, paralíticos e aleijadinhos dos cornos. Eu e mais alguns passamos vexames, quando a polêmica chegou a Portugal. O nosso delírio provocava. Quem provoca maiorias ou o senso comum acaba sempre por levar mais do que dá.

American critics disdained the film (“the silliest film of the year”), but the audience,

Só que, no caso de Johnny Guitar, vivi o bastante para ver o mundo dar as tais voltas. Quando, em 1981, programei o filme para Gulbenkian, num ciclo de cinema americano dos anos 50, a enchente foi tal que teve de haver bis. Depois, de cada vez que o filme passa na Cinemateca (e tenho-o programado com razoável freqüência), não cabe um alfinete. Uns milhares de portugueses vão hoje por Nick Ray. Aconteceu o mesmo por toda a parte. “La Belle etla Bête du western”, como à época escreveu Truffaut, transformou-se na própria definição de cult movie.

in 1981, I curated film for Gulbenkian, in a cycle of American film from the 1950s, the

Nick Ray, que também viveu o suficiente para assistir a esta viragem, adiantou um dia algumas razões para explicar este fenômeno: 1) foi a primeira vez, num western, que as mulheres foram simultaneamente as principais protagonistas e as principais antagonistas; 2) é um filme cheio de luz e calor. Opunha-se ao estilo do “cinema negro” que predominava nessa época; 3) é um filme em que a cor é valorizada, devido a uma hábil estrutura arquitetônica; 4) foi o primeiro filme a utilizar a cor em toda a sua potencialidade; 5) utilizou o décor e a paisagem para potencializar ao máximo a imagem.

few reasons to explain such a phenomenon: 1) it was the first time in a western film

Não serei eu quem o desminta, mas muitas dessas coisas foram à época das que mais serviram para atacar a obra. Odiaram as mulheres (Joan Crawford e Mercedes McCambridge), acharam a cor (um processo chamado trucolor) de insuportável mau gosto, berrante e exageradíssima. Por mim, acho que não vale a pena tentar explicar. De Johnny Guitar só sou capaz de falar delirando. Deus e tantos - amigos e inimigos - sabem como é quando me largam...

and no one could explain why, filled the rooms for months on end. Herbert J. Yates, producer of the work, filled his pockets. When the film came to Europe – in 1955 – critics found themselves extremely divided. Some (few) caught the virus I have housed and cared for over thirty years. Most thought only seriously disturbed or illiterate people could enjoy such a film. Or even, blind, deaf, mute, and paralytic people. Some others and I were vexed, when the controversy came to Portugal. Our raving was provocative. Those who provoke majorities or the common sense always end up biting more than they can chew. However, in the case of Johnny Guitar, I lived long enough to see the world turn. When, frisson was such that there had to be a second screening. After this, every time the movie screens at the Cinematheque (and I have screened it with reasonable frequency), not a pin can fit inside the room. Thousands of Portuguese people currently go for Nick Ray. It was the same everywhere. “La Belle etla Bête du western”, as Truffaut wrote at the time, became the very definition of cult movie. Nick Ray, who also lived long enough to see this turn of events, one day mentioned a where women were also the leading protagonists and the main antagonists; 2) it is a film full of light and heat. It was opposite to the prevailing “black film” style at the time; 3) it is a film in which color is valued due to a skilled architectural structure; 4) it was the first film to use color in all its potential; 5) it used the décor and the landscape to enhance the image to its full potential. I will not be the one to deny it, but many of these very reasons were mostly used at the time to attack the work. They hated the women (Joan Crawford and Mercedes McCambridge), they found the color (a process called TruColor) to be of unbearably bad taste, garish and overtly exaggerated. As for myself, I don’t believe it is worth trying to explain. When speaking of Johnny Guitar I can only be delirious. God and so many – friends and enemies – know what it is like when they let me... For example, it has been said to be the film with the most beautiful dialogue in film

Disse-se, por exemplo, que era o filme com mais belo diálogo da história do cinema (eu, pelo menos, disse-o). Alguns convenceram-se por esse lado e recordo programas de cineclubes, ou artigos de revistas, que publicaram aquele famoso encadeado de perguntas e respostas entre Guitar (Sterling Hayden) e Vienna (Joan Crawford) quando começam a evocar o passado, na noite da chegada de Johnny ao saloon de Vienna. É quando ele lhe pede para ela entrar e dizer “something nice”, quando ele lhe pede para ela lhe mentir. “Tell me

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history (I, for one, said it). Some were convinced on this, and I remember film club programs, or magazine articles, which published that famous chain of questions and answers between Guitar (Sterling Hayden) and Vienna (Joan Crawford) as they begin to evoke the past, on the night Johnny arrives at Vienna’s saloon. This is when he asks her to come in and say “something nice” as he asks her to lie. “Tell me you love me like I love you.” When dryly reduced, however, the dialogue becomes embarrassingly banal. If


you love me like I love you.” Mas, reduzido a escrito a seco, o diálogo é constrangedoramente banal. Se as pessoas ficam com tal memória dele é pelo concerto de vozes que se ouvem no filme - raspante a de Crawford, átona a de Hayden - e pela associação delas à fabulosa partitura de Victor Young. É pelo modo como a câmera e os corpos se movem durante, é pelo contraste dos encarnados, dos verdes e dos castanhos. É pela prodigiosa presença daquele décor gruta, alucinantemente barroco, simultaneamente mausoléu, bordel e casa de feitiços.

people retain this memory, this is because of the symphony of voices heard in the film –

Muitas vezes ouvi a banda sonora de Johnny Guitar sem ver as imagens. Tudo bem, por acréscimo, toda a memória do filme se repovoa. Mas, para que isso suceda, é preciso haver memória, é preciso ter-se visto o filme. Se é verdade que Johnny Guitar é também uma ópera, não o é menos que está dependente daquela única e irredutível mise en scène.

opera, then not the least is it dependent on that single and irreducible mise en scène.

Rever as imagens (ou os sons) do Johnny Guitar é rever a recordação delas. Para quem o vê pela primeira vez é ainda de rever que se trata. Porque todas as personagens - os doze atores principais, cada um deles essencial - não fazem outra coisa.

Crawford’s rasping and Hayden’s atonic voice – and by their association to the fabulous score by Victor Young. It is in how the camera and bodies move throughout, through the contrast of greens and browns. It is because of the prodigious presence of the cave décor, insanely Baroque, simultaneously mausoleum, brothel and house of spells. I have often heard the soundtrack to Johnny Guitar without seeing the images. By extension, the entire film memory is revived. But for that to happen, there must be memory, one needs to have seen the film. If it is true that Johnny Guitar is also an

To see once again the images (or sounds) in Johnny Guitar is to revive once again the memory of them. For those who see for the first time, they are also seeing it once again. Because all the characters – the twelve main actors, each one essential – do nothing else. When the film begins – on the afternoon when Emma’s brother is killed (Mercedes McCambridge) – Johnny Logan, who will be called Johnny Guitar, goes back to Vienna, with whom he had broken up five years ago. Why did they break up? Why did he send for

Quando o filme começa - na tarde em que mataram o irmão de Emma (Mercedes McCambridge) - Johnny Logan, que se irá se chamar Johnny Guitar, volta para o pé de Vienna, de quem se separou há cinco anos. Por que se separaram? Por que o mandou chamar ela? Por que volta ele? Nunca, no filme, nos são dadas respostas a tais perguntas. Também nunca sabemos o que se passou com cada um deles nesses cinco anos em que não se viram, entre uma tarde no Hotel Aurora (desse hotel, sim, se fala no filme) e a tarde em que Johnny regressa. Mas, nesses cinco anos, se fabricou o sentimento dominante de cada um dos protagonistas: a amargura de Vienna, o cansaço de Johnny, o ódio de Emma, ou o amor por Vienna daquele miúdo loiro que acaba com o pescoço rasgado, no cavalo e na forca, a pedir que cumpram a promessa que lhe tinham feito de o salvar.

her? Why does he return? Never, in the film, are answers provided to such questions.

Johnny Guitar é um filme construído em flashback sobre uma imensa elipse? Ou é uma imensa elipse construída sobre um flashback que não pode come back? Ou será que é tudo a mesma coisa?

I shall not continue. Like so many other great things, Johnny Guitar is not explainable.

Não vou continuar. Como as coisas muito grandes, Johnny Guitar não se explica. Conta-se (vê-se) outra, outra e outra vez como as histórias que se contam às crianças, até que tudo se saiba de cor e se aprenda que tudo está certo nelas. É a Imitação de Cristo dos cinéfilos. Basta abrir-se ao acaso e encontrar-se a frase certa. Basta ver pela sexagésima oitava vez e encontra-se a resposta certa para o que se está a viver.

We also never know what happened to each of them during the five years in which they did not see each other, between an afternoon at Hotel Aurora (of this hotel, indeed, there is talk of it in the film) and the afternoon when Johnny returns. However, during those five years, each of the protagonists’ dominant feeling were created: Vienna’s bitterness, Johnny’s exhaustion, Emma’s hate, or the love for Vienna from the blond kid who ends up with the torn neck, on the horse and the gallows, asking for them to fulfill their previous promise to save him. Is Johnny Guitar is a film built in flashback over a huge ellipse? Or is it a huge ellipse built over a flashback that may not come back? Or is it all the same thing?

It is told (watched) over, over, and over again, as the stories told to children, until everything is known by heart and we learn everything is right within them. It is the Imitation of Christ of cinephiles. Merely open yourself to randomness and find the right phrase. Just watch it for the sixty-eighth time and find the right answer for what you are living. When Emma’s bunch enters Vienna’s saloon, to arrest her, the mysterious croupiers stop the roulettes. Vienna faces Emma with her terrible look and, not once moving her eyes away, gives a dry order: “Keep the wheel spinning, Ed. I like to hear it spin.” At the end of each Johnny Guitar session, my only wish is to say to the projectionists: “Keep the film spinning, Ed. I like to see it spin.” So much, so much.

Quando o bando de Emma entra pelo saloon de Vienna, para a prender, os misteriosos croupiers param as roletas. Enfrentando Emma com o seu terrível olhar, Vienna, sem desviar os olhos dela, dá uma seca ordem: “Keep the wheel spinning, Ed. I like to hear it spin.” No fim de cada visão de Johnny Guitar, só me apetece dizer aos projecionistas: “Keep the film spinning, Ed. I like to see it spin.” Tanto, tanto.

Originally published in the newspaper “O Independente”, from Lisbon, Portugal.

Publicado originalmente no semanário “O Independente”, de Lisboa, Portugal.

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Johnny Guitar Johnny Guitar / Johnny Guitar

Nicholas Ray Criado no seio de uma geração de cineastas que atravessaram o período de transição do modelo clássico aos movimentos de ruptura. Angariou a admiração de incontáveis colegas e críticos, alguns dos quais, como o cineasta Jean-Luc Godard, a manifestaram em frases memoráveis, tais como: “o cinema é Nicholas Ray”.

Raised in the bosom of a generation of filmmakers who endured the transit of the classical model to the move-

EUA, 1954, 110’, DCP, Ficção

ments of rupture was. He aroused the admiration of countless colleagues and critics, some of whom, as the

Direção: Nicholas Ray Roteiro: Ben Maddow, credited to Philip Yordan Roy Chanslor (novel) Produção: Herbert J. Yates Direção de Fotografia: Harry Stradling Trilha Sonora: Victor Young Elenco Principal: Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge, Scott Brady

filmmaker Jean-Luc Godard, came to shape it in a phrase to remember: “the cinema is Nicholas Ray”.

Graham Fulton E-mail: graham@parkcircus.com Site: parkcircus.com

Meu amigo Totoro - Por Cid Nader

A princípio pode parecer estranho pensar num desenho animado, afinal de contas, participando de uma seleção restrita, enxuta - de precisão quase cirúrgica nas opções dos filmes escolhidos -, de trabalhos considerados clássicos em um festival de cinema que topa tal empreitada. Pensar em classicismo no cinema remete automaticamente a pensar em atores e atrizes que ganharam fama, justamente por terem tido a bênção de participar de algum filme onde algum diretor genial resolveu utilizar tudo o que seria de melhor para sua confecção. Mais ainda do que as elaborações técnicas, do que o trabalho

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It may seem strange at first to think that a cartoon, of all things, would take part in a limited, lean curation – of an almost surgical precision in its film selection – of works considered classics in a film festival undertaking this endeavor. When we think of classicism in film, we are automatically reminded of actors and actresses who made their fame, precisely because they had the blessing of participating in a movie where some genius director decided to use nothing but the best for its creation. Even more so than the technical elaborations or the mise en scène (classics are directly derived – and are


de mise en scène (clássicos são derivados – e na realidade são clássicos por isso - diretos dessa elaboração ampla), o que vem como a marca primeira, para o público, são os personagens humanos e seus dramas nesses trabalhos. Então vamos a ‘Meu amigo Totoro’ para entender as razões: onde a relação naturalista com o fantástico contrasta com o que aparenta ser mais de matiz ocidental no filme – música traços dos olhos, aquarelas da natureza que remetem a “clássicos” das artes plásticas (há Van Gogh de maneira evidente, por exemplo). A animação de Hayao Miayzaki é extremamente oriental no que concerne a esse enfrentamento com figuras que não são da natureza mais... palpável, digamos; há todo um tratar natural com o que não é reconhecivelmente humano, muito à similaridade do encarar religioso do extremo oriente nesses aspectos, quase budista – mais recentemente isso se dá de forma bem perceptível nas novas cinematografias de lá, vindas da Malásia, ou Taiwan, por exemplo, valendo lembrar que tal relação sempre foi destacada no cinema do Japão mesmo, desde mais atrás. E é oriental também no que se relaciona ao pudor, ao moralismo tão castrador e pleno dos pecados como o é nas bandas de cá da Terra: e não existe absurdo algum numa cena em que pai e filhas se banham nus numa banheira de madeira, por exemplo. Destacar tais aspectos talvez seja interessante para relativizar a força aparente do ocidente se impondo nos trabalhos do diretor: como é comum ser citado, vez por outra, tanto em abono como desabono – críticos se lançaram contra Totoro numa comparação estúpida ao que era produzido na Disney; outros falaram dos traços arredondados dos olhos (que já vêm da tradição dos mangás), ou da música que permeia a trama.

classics precisely because of this fact – from this broad development), what appears foremost to the audience are the human characters and their dramas within these works. Let us move on to ‘My neighbor Totoro’ so as to understand the reasons: where the naturalist relationship with the fantastic contrasts with what appears to be the film’s western tint – the music, the eyes, nature watercolors that refer to “classics” of the fine arts (the most obvious one being Van Gogh, for example). Hayao Miayzaki’s animation is extremely oriental in its confrontation with figures that are of a more... palpable nature, one could say. There is a whole natural way of dealing with what is unrecognizably human, much like in how the extreme East envisages religion, almost Buddhist – more recently this is quite perceptible in the new cinematography coming from the East, Malaysia or Taiwan, for example, and it’s worth remembering that this relationship has always been prominent in Japanese film for a long time. It is also oriental in how it relates to prudeness, the ever castrating and sin-filled moralism of our side of the Earth: and there is nothing ludicrous in a scene in which father and daughter bathe naked in a wooden bathtub, for example. By underscoring these elements we may relativize the alleged strength of the West, imposing itself in the director’s works: commonly cited, every now and then, both in support and discredit – critics launched against Totoro in a stupid comparison as to what was produced at Disney; others spoke of the rounded eyes (which date back to the tradition of the manga), or the music pervading the plot. The details of Miyazaki’s drawings, more specifically in ‘My neighbor Totoro’ – but not

Os detalhes dos traços de Miyazaki, mais especificamente aqui em ‘Meu amigo Totoro’ – mas não exclusivamente, já que em outras obras tal busca de variantes é tentada, também -, são talvez sua maior marca de contraste: mais do que a aparente complexidade em ajuntar ocidente e oriente, o que ele consegue na criação de uma obra universal, que fala a quem estiver disposto a ouvir/ver, e usando elementos que são comuns, tanto no fabular como no do comportamento humano concreto. Pois, enquanto suas figuras humanas refletem características mescladas (entre justezas e alguns exageros faciais nos momentos das reações) e de bom delineamento estrutural, as figuras das lendas ou do onírico (Tororu – throll? -, Makkuro Kurosukes, e que tais) carregam características menos assustadoras do que é costume nas produções ocidentais, indo mais mesmo a uma espécie de busca do que poderia refletir se imaginadas e traçadas por crianças pequenas. Traços que são de primor irretocável quando transferem o que é da natureza sem respiros pulmonares (sem ser do reino animal ou da fantasia) para a tela: seus campos de cultivo e principalmente seus céus similarizam e evidenciam apreço pela bela arte dos grandes pintores, e quase sempre por ângulos de observação amplos, onde planos panorâmicos tentam abarcar a amplidão espacial que retém determinados instantes. E indo ás raias da perfeição, como se fosse um dos mais atentos botânicos das expedições ao Novo Mundo, quando suas canetas ou pincéis atentam a detalhes das plantas, de folhas, galhos, gramas ou matos, onde o contraste dos verdes preponderantes e outras sutilezas de cores parecem pensados pata criar estupefação no espectador, de tão detalhados são. Na realidade, essa sua animação – imageticamente - compila muito do que é de toda sua obra maior, e carregada ainda de maneira bastante forte no onírico infantil, no lendário, principalmente quando comparada ao seu belo (e talvez o que rivalize em grandeza máxima) último trabalho, ‘Vidas ao vento’ (2013).

exclusively, as we may also see this attempt towards variants in other works – are perhaps his greatest contrast trademark: more than the apparent complexity in bringing East and West together, which he accomplishes by creating a universal work, which speaks to anyone willing to listen/see, and uses elements common to both the fable and concrete human behavior. While his human figures reflect merged features (between preciseness and some facial exaggerations in their reactions) and good structural design, the figures of legends and dreams (Tororu - throll? -, Makkuro Kurosukes, and such) present less frightening features than commonly found in Western productions, even somewhat searching what it could reflect if imagined and drawn by young children. Strokes of a flawless perfection when they transfer what comes from nature without pulmonary breathers (from other than the animal kingdom or fantasy) to the screen: their cultivation fields and especially their skies show appreciation for the fine art of great painters, and often by wide viewing angles, where panoramic plans attempt to encompass the spatial width that retains certain moments. And going to the brink of perfection, as if he’s one of the most attentive botanists in expeditions across the New World, when his pens or brushes attest to the details of plants, leaves, twigs, grass or bushes, where the contrast of the predominant green and other color subtleties seem designed to awe the viewer, so detailed that they are. In fact, this animation of his – imagetically – compiles much of his larger oeuvre, and heavily grounded in a children’s dream world, the legendary, especially when compared to his beautiful (and perhaps rival in its supreme grandeur) last work, ‘The wind rises’ (2013). The story of the Mei and Satsuki girls experiencing a new life in the countryside, in an old house inhabited by “beings” who belong to them and their dreams, the huge tree

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A história das meninas Mei e Satsuki enfrentando vida nova no campo, a velha casa habitada por “seres” que são delas e de seus sonhos, a enorme árvore como a significação do mundo onde tudo pode estar contido, o pai (um professor universitário) e a mãe convalescente num hospital; aqueles mesmos “seres que são delas” podendo ter surgido de um ‘Alice no país das maravilhas’ mais gentil, a avó (tipicamente japonesa), o menino tímido de boné... Ou: nos detalhes das sombras sob o sol de verão, nas transparências proporcionadas pelo enxergar por entre treliças; nos “falsos” travellings, sutis zooms, panorâmicas... Mais ainda: no suave e único mundo da imaginação infantil, que se arquiteta pelos desejos e sonhos delas: na realidade, o sonho comum às crianças que é o da proximidade da mãe e pai como referência de segurança, e novamente, aí, oriente e ocidente fundindo, já que tanto de alguns ideais comuns das formações sociais, quanto no lendário participando como maneira de cozer conceitos adquiridos, se fez a humanidade. Clássico mesmo é conseguir tal aglutinação, sob traços e tintas, como fez e faz Miyazaki.

symbolizing a world where everything can be contained, the father (a university professor) and the ailing mother in a hospital; those same “beings that belong to them” could have come from a kinder “Alice in Wonderland”, the grandmother (typically Japanese), the shy boy with the baseball cap… Or: in the details of shadows under the summer sun, in the transparencies provided by seeing through trusses; in “false” traveling shots, subtle zooms, panoramic shots... Moreover, in the soft and unique world of children’s imagination, fashioned by their desires and dreams: in fact, the common dream of children, the mother’s closeness and the father as a reference of safety, and once again East and West merge, since from ideals common to social formations and the legendary as a way to digest attained concepts, humanity arose. A true classic achieves such agglutination, with strokes and paint, as Miyazaki did and does.

Meu amigo Totoro My neighbor Totoro / Tonari no Totoro

Hayao Miyazaki Hayao Miyazaki é um dos maiores diretores de animação do Japão. As tramas divertidas, os personagens fortes, e os gráficos deslumbrantes de seus filmes lhe valeram renome internacional entre os críticos, assim como o reconhecimento do público no Japão.

Hayao Miyazaki is one of Japan’s greatest animation directors. The entertaining plots, compelling characters,

Japão, 1988, 86’, DCP, Ficção / Animação Roteiro: Hayao Miyazaki Produção: Toru Hara Direção de Fotografia: Hisao Shirai Trilha Sonora: Joe Hisaishi Montagem: Takeshi Seyama Elenco Principal: Chika Sakamoto, Noriko Hidaka, Hitoshi Takagi Empresa Produtora: Studio Ghibili 62

and breathtaking animation in his films have earned him international renown from critics as well as public recognition within Japan.

Fernando Brito E-mail: fernando.brito@dvdversatil.com


A descida de Orfeu - Por Filipe Furtado

“Realismo na irrealidade é uma cilada constante. Pessoas podem sempre me

“Realism in unreality is a constant trap. People may always tell me what is possible

dizer o que é possível ou o que é impossível, mas entendemos algo sobre o

or impossible, but do we understand anything about the workings of fate? This is the

funcionamento do destino? Este é o mecanismo misterioso que tentei tornar

mysterious mechanism I have tried to make tangible.”

tangível.” “A beleza odeia ideias. Ela é suficiente por si mesma. Nosso tempo esta se tornando seco com ideias. É filho dos enciclopedistas. Mas ter uma ideia não é o bastante: a ideia precisa nos ter, nos assombrar, nos obcecar, se tornar

“Beauty hates ideas. It is self-sufficient. Our time is becoming dry with ideas. He is the son of encyclopedists. But having an idea is not enough: the idea must have us, haunt us, obsess us, become unbearable for us.”

insuportável para nós. – Jean Cocteau – Jean Cocteau Jean Cocteau is an unusual case among the great filmmakers. Only his friend Orson Jean Cocteau é um caso incomum entre os grandes cineastas. Somente seu

Welles could also be described as a multidisciplinary master, but even Welles in the

amigo Orson Welles pode ser igualmente descrito como mestre multidiscipli-

1950s began to increasingly concentrate his efforts in cinema. For Cocteau, cinema

nar, mas mesmo Welles a partir dos anos 50 passou a concentrar seus esfor-

was a passing activity to which he returned to from time to time among his literary

ços de forma cada vez mais focada no cinema. Para Cocteau, o cinema seguiu uma atividade passageira ao qual retorna de tempo em tempo entre suas atividades literárias. Por consequência quando pensamos nos filmes de Cocteau, a pergunta inicial inevitável é o que seria o cinema para Cocteau? O que levava-o ocasionalmente a abandonar as letras e os palcos e partir para a câmera?

activities. Consequently, when we think of Cocteau’s films, the foremost inevitable question is what would cinema be to Cocteau? What led him to occasionally abandon literature and the stage and pick up a camera? When we discuss Cocteau’s Orpheus, we invariably think of the notion of imagination,

Quando falamos no Orfeu de Cocteau pensamos invariavelmente na ideia de

the dreamlike atmosphere with which the film involves the poet on his path towards

imaginação, no clima de sonho com o qual o filme envolve seu poeta no seu

death. Imagination and death are recurring ideas in the poet’s trilogy, but one could

percurso rumo á morte. Imaginação e morte são ideias recorrentes na trilogia

reflect on how cinema and imagination are connected to the poet. Cinema to Cocteau

do poeta, mas é possível pensar como cinema e imaginação se conectam para

is the universe of the concrete, the universe where the projection of much of his work

o poeta. Pois o cinema para Cocteau é o universo do concreto, o universo onde

as a creator is placed in check by an art that operates by making things tangible.

a projeção no qual boa parte do seu trabalho como criador é colocado em cheque por uma arte que opera no sentido de deixar as coisas tangíveis. A poesia no cinema de Cocteau vem sempre acompanhada da engenharia. A imaginação completada pela pergunta “como tornar isto visível?”. As lacunas do texto escrito são completas no cinema por uma engenhosidade jogada em

Poetry in Cocteau’s cinema always accompanies engineering. Imagination concluded by the question “how do I make this visible?” The shortcomings of the written text are completed in film by an ingenuity placed in the foreground by the taste for artifice. Cocteau hated the literal and realism, but he understood that the act of imagining

primeiro plano pelo gosto pelo artificio. Cocteau odiava o literal e o realismo,

in cinema walked alongside with making things clear. Nothing is more memorable in

mas compreendia que o ato de imaginar no cinema andava junto com o deixar

Orpheus than the moment the poet accompanies his guide Heurtebise to search for

as coisas às claras. Nada é mais memorável em Orfeu do que o momento em

Eurydice. The projection effect could not be more explicit, and exists in a way as much

que poeta acompanha seu guia Heurtebise, que desce a procura de Eurydice.

against realism as possible. The question “how to represent?” is an answer and a prac-

Os efeitos de projeção não poderiam ser mais explícitos, existirem de tal ma-

tice, and therefore, remarkable.

neira contra o realismo quanto possível. A questão “como representar?” é uma resposta e uma prática e, por isso mesmo, notável. O Orfeu é uma adaptação muito particular do mito. O romance de Cocteau não será entre Orfeu e Eurydice, mas entre o poeta e a morte. Há algo fascinantemente banal nas cenas de casal, o pouco que Cocteau revela da sua rotina

Orpheus is a very peculiar adaptation of the myth. Cocteau’s romance is not between Orpheus and Eurydice, but between the poet and death. There is something fascinatingly banal in the couple’s scenes, what little Cocteau reveals of his routine goes against the wonderment by which the other sequences are designed.

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vai na contra mão do maravilhamento com o qual as demais sequências são

The wonders of the world are displaced into artistic creation (and Cocteau reimag-

concebidas. O incrível do mundo se desloca para o ato da criação (e Cocteau

ines his protagonist from a musician to a star poet, interpreted by his own lover Jean

reimagina seu protagonista do músico para um poeta estrela como ele próprio

Marais), to everything that is deviant, such as the bikers announcing death and Maria

interpretado pelo seu amante Jean Marais) para tudo o que tem de desviante

Casares’ face as death itself.

como os motoqueiros anunciando a morte e ao rosto de Maria Casares como a própria. Talvez nada seja mais vital para compreendermos Orfeu do que a informação de que Cocteau queria Dietrich ou Garbo para o papel. O que era o cinema para Cocteau? A oportunidade de contemplar o rosto e de encontrar uma forma diferente de mistério da criação, bem distante daquelas propostas

Perhaps nothing is more vital for understanding Orpheus than the information that Cocteau wanted Dietrich or Garbo for the role. What was the cinema to Cocteau? The opportunity to contemplate the face and to find a different pathway to the mystery of creation, very distant from those suggested by literature.

pela literatura.

Orfeu

Orpheus / Orphée

Jean Cocteau Jean Cocteau nasceu no dia 05 de julho de 1889, na França. Ele era conhecido por sua variedade de realizações. Ao longo de uma carreira de 50 anos, escreveu poesia, romances e peças; ele criou ilustrações, pinturas e outros objetos de arte; dirigiu filmes influentes, incluindo ‘A bela e a fera’ e ‘Orfeu’.

França, 1950, 95’, DCP, Ficção Direção: Jean Cocteau Roteiro: Jean Cocteau Produção: André Paulvé Direção de Fotografia: Nicolas Hayer Montagem: Jacqueline Sadoul Elenco: Jean Marais, Marie Déa, Maria Casarès, François Périer Empresa Produtora: SNC

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Jean Cocteau was born on July 5, 1889 in France. He was known for his variety of accomplishments. Over a 50year career, he wrote poetry, novels and plays; created illustrations, paintings and other art objects; and directed influential films, including ‘The beauty and the beast’ and ‘Orpheus’.

Ellen Schafer E-mail: eschafer@snd-films.fr


Foi você, Charlie... - Por Jim Kleist / Tradução por Rodrigoi Grota

17 de novembro de 1953

November 17, 1953

Menos de dois graus negativos, e algumas pessoas já se aventuram pela Hudson Street em Hoboken, New Jersey. Este é o primeiro dia de filmagem de ‘On the waterfront’, produção de Sam Spiegel que deve estrear no próximo verão. Não se trata de um grande orçamento – 910 mil dólares, sendo que 100 mil estão reservados para o jovem Marlon Brando Jr e outros 100 mil vão diretamente para Elia Kazan, o diretor do filme. A equipe do fotógrafo Boris Kaufman capta imagens da rua a partir de uma Mitchell BNC. Jim Shields discute com a sua equipe de som sobre como serão gravados os diálogos ao ar livre. Eddie Bar e Fio Transfield avaliam o figurino de Eva Marie Saint, jovem aluna do Actors Studio que fará sua estreia no cinema.

Less than two degrees below zero and some people already venture into Hud-

Este não é um set qualquer. Estamos falando do décimo filme de Elia Kazan, o imigrante que revolucionou o teatro americano nos anos 1940 e que vem causando impacto similar no cinema dos anos 1950. Com roteiro escrito por Budd Schulberg, inspirado por sua vez em uma série de matérias de Malcolm Johnson, ‘On the waterfront’ é também um acerto de contas, uma tentativa muito bem articulada de Kazan em se retratar diante da opinião pública. Ele não foi perdoado até hoje por seu testemunho no qual citou uma série de diretores e roteiristas imediatamente classificados na famosa lista negra dos Comunistas de Hollywood. Brando não gostou da delação, mas está aqui no set. Arthur Miller, o dramaturgo, não perdoou Kazan. Ele escreveu o primeiro esboço desse filme há alguns anos, script parcialmente recusado pela Columbia, e que acabou sendo finalizado por outro delator: Schulberg. Com exceção de Miller, todos estão aqui no set – incluindo um representante da Columbia, que vai distribuir o filme. ** 5 de janeiro de 1954 Delator ou não, Kazan sabe dirigir uma cena – isso é inquestionável. Na sequência do Stevens Park, por exemplo, ele insere o jovem Thomas Handley como uma opção concreta para que Brando esconda seu interesse em conquistar a personagem de Eva Marie. Essa é, aliás, a grande arte de Brando, o seu melhor estilo: enquanto toda a arte no Ocidente foi pautada por uma lógica de certa forma exibicionista (o importante é aquilo que se mostra), Brando cultiva uma vida interior inacessível até mesmo para aqueles que estão mais próximos. Seu caminhar, seus gestos mínimos, o olhar que simula um verdadeiro interesse parece ser

son Street in Hoboken, New Jersey. This is the first day of filming ‘On the waterfront’, a Sam Spiegel production set to premiere next summer. It is not a big budget film – 910 thousand dollars, of which 100,000 are reserved for the young Marlon Brando Jr., while another 100 thousand go directly to Elia Kazan, the film’s director. The photographer Boris Kaufman and his team capture street images with a Mitchell BNC. Jim Shields discusses with his sound team how they will record the outdoor dialogues. Eddie Bar and Fio Transfield evaluate Eva Marie Saint’s costume, a young student from Actors Studio who will make her film debut. This is no ordinary set. We are talking of Elia Kazan’s tenth film, the immigrant who revolutionized American theater in the 1940s, and has been causing a similar impact on the cinema of the 1950s. With a screenplay by Budd Schulberg, in turn inspired by a series of articles by Malcolm Johnson, ‘On the waterfront’ is also a settling of accounts, a very well-articulated attempt by Kazan to redeem himself before the audience. He has not yet been forgiven for his testimony denouncing several directors and screenwriters, immediately classified in the famous black list of Hollywood Communists. Brando was not pleased with the denouncement, but he’s here on set. Arthur Miller, the playwright, has not forgiven Kazan. He wrote the first draft of this film a few years ago, a script partially rejected by Columbia, later concluded by another denouncer: Schulberg. Except Miller, everyone else is here on the set – including a representative from Columbia, responsible for the film’s distribution. ** January 5, 1954 Whistleblower or otherwise, Kazan knows how to direct a scene – this is indisputable. In the Stevens Park sequence, for example, he places the young Thomas Handley as a concrete choice for Brando to hide his interest in winning the heart of Eva Marie’s character. In fact, this is indeed Brando’s great art, his best style: while the entire Western art based itself upon an exhibitionist logic (the important is what is shown), Brando cultivates an inaccessible inner life, even for those close to him. The way he walks, his minimal gestures, the gaze simulating a genuine interest seems to be the most natural way the 29-yearold actor found to justify a pre-Socratic aphorism: Nature loves to hide.

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a forma mais natural que o ator de 29 anos encontrou para justificar uma máxima pré-socrática: A natureza ama se esconder. No elenco estão atores como Karl Malden, Lee J. Cobb, Rod Steiger e o iniciante Martin Balsam. O filme é quase todo rodado em locações reais, incluindo uma série de cenas externas e com pessoas das ruas, estivadores que trabalham por aqui. Sem maquiagem, sem muitos luxos. O cronograma do filme tem suas particularidades: Brando só pode rodar até às 4 da tarde - ele tem permissão de ir ao psicanalista durante as filmagens sempre no mesmo horário. *** 12 de janeiro de 1954 Um dia essencial para as filmagens. Kazan irá rodar a cena em que Terry Malloy conversa com seu irmão Charlie dentro de um táxi. Steiger, mesmo sendo mais novo que Brando, parece ser muito mais velho – é um homem morto, diriam, mesmo antes de entrar em cena. Kazan me permite assistir a alguns ensaios. Brando parece querer improvisar – pergunta pela mãe dos personagens, pelos Yankees. Kazan explode: “Jogue essa merda fora, Bud”. Bud é a forma pela qual os íntimos se comunicam com Marlon. A cena começa – preciso sair. Posso apenas ouvir as falas, mesmo que de uma certa distância. O texto é tal qual foi escrito por Schulberg:

The cast features actors such as Karl Malden, Lee J. Cobb, Rod Steiger, and the newcomer Martin Balsam. The film is almost entirely shot using real locations, including a series of external scenes with people on the streets, dockworkers from around here. No makeup, not many luxuries. The film schedule has its peculiarities: Brando can only film until 4 pm – he is allowed to go to his psychoanalyst during filming always at the same time.

***

January 12, 1954 A crucial day for the shooting. Kazan will film the scene in which Terry Malloy talks with his brother Charlie in a taxi. Steiger, despite being younger than Brando, seems to be much older – he is a dead man, they would say even before going on stage. Kazan lets me watch some of the rehearsals. Brando seems to want to improvise – he asks for the characters’ mothers, for the Yankees. Kazan explodes: “Throw that shit away, Bud.” Bud is how the intimate talk with Marlon. The scene begins – I need to get out. I can just hear the words, even from a distance. The text is as Schulberg wrote it: Charlie: Look, I .. Look, kid .. How much do you weigh, son? When you weighed

Charlie: Olha, eu.. Olha, garoto.. Quanto você pesa, filho? Quando pesava 76kg, você era lindo. Você poderia ter sido outro Billy Conn. O treinador que contratamos derrubou você cedo demais. Terry: Não foi ele, Charlie, foi você. Lembra quando foi ao vestiário e me disse: “Garoto, esta não é a sua noite. Nós vamos apostar no Wilson.” Você se lembra disso? “Esta não é a sua noite”! A minha noite?! Eu poderia ter liquidado o Wilson! Então o que acontece? Ele foi disputar o título, e eu? O que eu recebo? Uma passagem de ida para o fundo do poço! Você era meu irmão, Charlie, você deveria ter zelado por mim. Não devia ter me deixado entregar lutas por trocados.

we hired dropped you too soon. Terry: It wasn’t him, Charlie, it was you. Remember when you came to the locker room and told me: “Boy, this is not your night. We’re gonna bet on Wilson.” Do you remember that? “This is not your night”! My night?! I could have finished Wilson! So what happens? He went on to fight for the title, and what about me? What do I get? A one-way ticket to rock bottom! You were my brother, Charlie, you should have supported me. I should never have let myself throw matches for spare change.

Charlie: Eu fiz apostas por você. Você viu algum dinheiro.

Charlie: I placed bets for you. You saw some money.

Terry: Você não entende. Eu podia ter tido classe. Eu podia ter sido um competidor. Podia ter sido alguém, ao invés de um vagabundo, que é o que eu sou, vamos encarar. Foi você, Charlie...

Terry: You don’t understand. I could have had class. I could have been a compet-

Alguns aplausos. Kazan parece ter gostado da cena. Brando se distancia - são 4 da tarde: hora de lembrar a sua mãe recém-falecida diante de um psicanalista. Um assistente de direção é convocado por Kazan

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76kg, you were beautiful. You could have been another Billy Conn. The coach

itor. I could have been somebody, instead of a bum, which, let’s face it, is what I am. It was you, Charlie... A round of applause. Kazan seems to have liked the scene. Brando distances himself – it is 4 pm: time to reminisce about his recently deceased mother before a psychoanalyst. An assistant director is called over by Kazan – he will help


– ele irá ajudar Steiger a rodar os seus closes.

Steiger to shoot the close-ups.

Caminho pelo set e vejo um homem profundamente triste, em um silêncio profundo. Ele conversa, na verdade, fala com todos em sua volta. Mas um olhar menos distraído percebe algo ali que se desloca. Estou ao lado desse homem alto agora – ele se apresenta como Roger Donoghue. O famoso pugilista?, pergunto. Ele sorri discretamente, como se quisesse recusar o meu elogio. Donoghue me conta que treinou Brando para esse filme – foi dele a ideia de que o ator usasse pequenos tubos plásticos dentro do nariz para que as cicatrizes do personagem ficassem mais expostas.

I walk around the set and I see a profoundly sad man in a deep silence. He talks, actually, he talks to everyone around him. However, a less distracted look realizes something is out of place. I stand beside this tall man now – he introduces himself as Roger Donoghue. The famous boxer?, I ask. He discreetly smiles, as if refusing my praise. Donoghue tells me he trained Brando for this film – it was his idea for the actor to wear small plastic tubes inside the nose, so the character’s scars would stand out. Donoghue is soft spoken – he only moves when he’s called. His natural state

Donoghue tem uma fala tranquila – ele se move apenas quando é chamado. Seu estado natural é o de permanecer quase invisível. Ele ouve, observa, age sempre de forma discreta como se não quisesse ser notado. Olho para os seus olhos enquanto conversamos e penso que nele está o verdadeiro segredo sobre esse filme. Não se trata de uma expiação, de uma simples legitimação estética daquilo que será sempre moralmente condenável – um delator é um delator. Suspeito que mesmo de forma inconsciente Kazan esteja falando dessa espécie de herói anônimo, desses homens que vagam pelas ruas como tantos outros e que carregam dentro de si uma força bruta, pura, e ainda não lapidada, que podem de uma só vez conquistar o mundo ou acalmá-lo. Este homem na minha frente optou por uma terceira via – ele é ao mesmo tempo senhor do seu universo e também um rosto na multidão. Ele se despede, me agradece a atenção, e caminha entre outros tantos. Talvez esse homem culpe alguém pelos seus fracassos. Talvez ele culpe a si mesmo. Brando, por sua vez, transcende a ideia de culpa. Nesse sentido ele supera Kazan, até mesmo Schulberg. Parece ser um monstro, mas é também um anjo dentro desse contexto. É por isso que Brando não se incomoda. No fundo, a redenção de Terry Malloy não é possível no mundo real, e muito menos no mundo de Marlon. Brando sorri e aponta o relógio. “Foi você, Charlie”.

is to remain almost invisible. He listens, observes, always acting discreetly, as if he doesn’t wish to be noticed. I look into his eyes as we speak and I ponder that he’s the real secret for this film. This is not an expiation, a mere aesthetic legitimization of what will always remain morally reprehensible – a snitch is a snitch. I suspect that, maybe even unconsciously, Kazan is speaking of the unsung hero, those men who roam the streets like so many others and carry within themselves a raw, unpolished, pure force, which could conquer the world all at once, or calm it down. This man in front of me chose a third path – he is both master of his universe and a face in the crowd. He says goodbye, thanks me for my attention, and walks away among many others. Perhaps this man blames someone for his failures. Maybe he blames himself. Brando, in turn, transcends the notion of guilt. In this sense, he surpasses Kazan, or even Schulberg. He appears to be a monster, but he’s also an angel in this scenario. That’s why Brando is not bothered. Deep down, Terry Malloy’s redemption is impossible in the real world, let alone in Marlon’s world. Brando smiles and points at the watch. “It was you, Charlie”. * Notes on the article: This article should have been originally published by Dark Room magazine in January 1954, in New York City. The editor rejected the article and it is included in the yet unreleased biography by Imaginary Pictures

* Notas sobre o artigo: Essa reportagem deveria ter sido publicada originalmente pela revista Dark Room em janeiro de 1954 em New York City. O texto foi rejeitado pelo editor e consta da biografia ainda não lançada pela produtora Imaginary Pictures: a coletânea Falso Movimento, uma série de artigos que compõe a biografia não-autorizada do cineasta americano Jim Kleist (1929-1992). O livro foi traduzido pelo cineasta Rodrigo Grota e deve ser publicado até 2016.

Production Company: False Movement, a collection of articles comprising the unauthorized biography of American filmmaker Jim Kleist (1929-1992). The book was translated to Portuguese by the filmmaker Rodrigo Grota and should be published by 2016.

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Sindicato de ladrões On the waterfront / On the waterfront

Elia Kazan Elia Kazan nasceu em Nova Iorque. Como diretor de teatro, trabalhou com grandes escritores. Em Hollywood, dirigiu filmes premiados, como ‘Um bonde chamado desejo’ e ‘Sindicato de ladrões’, ambos estrelados por Marlon Brando, e ‘Vidas amargas’, com James Dean. Ao longo de sua carreira, Kazan recebeu três Tony Awards e dois Oscars.

Elia Kazan was born in New York City. As a theater di-

EUA, 1954, 108’, DCP, Ficção

rector, he worked with major writers. In Hollywood, he directed award-winning films like ‘A streetcar named desire’ and ‘On the waterfront’, both starring Marlon

Direção: Elia Kazan Roteiro: Budd Schulberg Produção: Sam Spiegel Direção de Fotografia: Boris Kauffman Trilha Sonora: Leonard Bernstein

Brando, and ‘East of Eden’ with James Dean. Over his career, Kazan received three Tony Awards and two Academy Awards.

Graham Fulton E-mail: graham@parkcircus.com

Stromboli - Por Renzo Rossellini Roberto Rossellini e Luchino Visconti eram parentes distantes e amigos. Um primo de meu pai, Renzo Avanzo, se casou com a irmã mais nova de Luchino Visconti. Durante a Segunda Guerra Mundial, após os primeiros bombardeios de Roma, nos mudamos para viver no campo, nas montanhas de Abruzzo em Tagliacozzo. Durante este período de vida comunitária entre meu pai e Visconti, tenho certeza de que, durante as longas noites frente a uma lareira, em um período em que ainda não havia televisão, eles devem ter falado longamente sobre Cultura e Cinema. Não existe um Manifesto do Neo-realismo, tal como houve para o Futurismo, mas estou certo de que grande parte do futuro do

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Roberto Rossellini and Luchino Visconti were distant relatives and friends. A first cousin of my father, Renzo Avanzo, married the youngest sister of Luchino Visconti. During the Second World War, after the first bombings of Rome, we all moved to live in the countryside of the mountains of Abruzzo in Tagliacozzo. In this period of communal living between my father and Visconti, I am sure that during the long nights in front of a fireplace, in a period when there was not yet television, they must have spoken at length about Culture and Cinema. There does not exist a Manifesto of Neo-realism, like there was of Futurism, but I am sure that much of the future of Italian Cinema was born in front of


cinema italiano nasceu em frente aquela lareira em Tagliacozzo. Se haviam semelhanças distantes entre ‘La terra trema’ de Luchino Visconti e ‘Stromboli’ ou entre ‘Il Gattopardo’ e ‘Viva L’Italia’, é porque, além de terem a mesma idade (ambos nascidos em 1906), havia ainda muitas outras coisas em comum entre Rossellini e Visconti. ‘Stromboli’ foi o primeiro dos filmes dirigidos por meu pai e estrelados por Ingrid Bergman. Um filme que descreve o constrangimento e as dificuldades do encontro/desencontro entre diferentes culturas, mas também o embaraço de quem é vítima de preconceitos. Um grande retrato da mulher. Roberto Rosselini realizou vários filmes com protagonistas femininas, mas ao contrário de alguns de seus outros colegas italianos, ele nunca filmou uma mulher despida, enquanto “objeto sexual”. As mulheres nos filmes de meu pai eram sempre representadas como veículos de inteligência e sentimentos humanos.

that fireplace in Tagliacozzo. If there were distant similarities between ‘La terra trema’ of Luchino Visconti and ‘Stromboli’, between ‘Il Gattopardo’ and ‘Viva L’Italia’, it is because in addition to being the same age (both born in 1906), between Rossellini and Visconti there were many other things in common. ‘Stromboli’ was the first of the films directed by my father and interpreted by Ingrid Bergman. A film that describes the awkwardness and the difficulties of the meeting/clash between different cultures, but also the awkwardness of who is victim of prejudices. A great portrait of woman. Roberto Rossellini realized many films with female protagonists, but unlike some of his other Italian colleagues, he never filmed a woman naked, as a “sex object”. The women in the films of my father were always represented as vehicles of intelligence and human sentiments.

Stromboli Stromboli / Stromboli

Roberto Rossellini Roberto Rossellini nasceu para o mundo do cinema em 8 de maio de 1906 em Roma, enquanto seu pai inaugurava o primeiro cinema da Itália. Passou a infância assistindo a filmes na sala de projeção de seu pai e levou a Itália para a primeira linha da produção cinematográfica após a Segunda Guerra Mundial.

Roberto Rossellini was born into the world of film on 8th

Itália, 1950, 81’, DCP, Ficção

May 1906 in Rome as his father had opened Italy’s first

Direção: Roberto Rosselini Roteiro: Roberto Rossellini Produção: Roberto Rossellini Direção de Fotografia: Otello Martelli Montagem: Roland Gross, Alfred L. Werker Empresa Produtora: Cineteca di Bologna

father’s picture house and went on to bring Italy to the

cinema. He spent his childhood watching movies in his forefront of film-making after WWII.

Andrea Meneghell E-mail: Andrea.Meneghelli@cineteca.bologna.it

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Foco / Focus

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FOCO / Focus

Embora já tenha tido alguns de seus filmes exibidos no Brasil, o cineasta americano Nathan Silver permanece como um nome a ser descoberto pelo cinéfilo Brasileiro. Por isso, o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, em sua quarta edição, o elege como o primeiro cineasta a receber um foco de seu trabalho em nosso programa. O festival abriga assim, a primeira retrospectiva de seus filmes na América Latina e a mais completa de sua obra até então. Serão exibidos todos os seus longa-metragens ‘Stinking heaven’ (2015), ‘Uncertain terms’ (2014), ‘Soft in the head’ (2013), ‘Exit Elena’ (2012), ‘The blind’ (2009) e também o média-metragem ‘Anecdote’ (2008) que será exibido pela primeira vez em cenário internacional. Nathan Silver representa uma força nova e vital no cinema independente Americano. Traz consigo um olhar singular sobre aqueles que filma. Possui habilidade única para filmar grupos de indivíduos. Corpos em deslocamento e em constante transformação de espírito que sua câmera captura com precisa energia de fluxo. É um mundo em movimento que está diante de nossos olhos.

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O universo do cinema de Nathan Silver apresenta narrativas mínimas e personagens em crise. Há sempre obstáculos a transpor e os caminhos nem sempre são os mais simples. Entre o humor e a melancolia, o mundo que envolve estes corpos parece estar sempre prestes a ruir – uma certa decadência que remete a uma falência da sociedade e das relações humanas. Impressionante também, o vigor que Silver extrai de seu impecável elenco. Apreende gestos fugidios para esboçar retratos subjetivos de uma América que falhou, que sucumbiu diante da beleza da fragilidade humana. Mas seus filmes são também imbuídos de ternura. O amor é o elemento principal que rege o movimento adiante. O alimento para seguirmos vivos e pertencendo ao mundo. Gustavo Beck


While a few of his films have been screened in Brazil, the American filmmaker Nathan Silver remains yet to be discovered by Brazilian cinephiles. Therefore, Olhar de cinema – Curitiba International Film Festival, in its fourth edition, elects the first filmmaker for a focus of their work in our programming. The festival thus hosts the first retrospective of his films in Latin America and the most complete retrospective of his work thus far. All of his feature-length films will be screened: ‘Stinking heaven’ (2015), ‘Uncertain terms’ (2014), ‘Soft in the head’ (2013), ‘Exit Elena’ (2012), ‘The blind’ (2009) as well as a medium-length film ‘Anecdote’ (2008), shown for the first time internationally. Nathan Silver is a new and vital force in American independent cinema. He conveys a unique vision in what he films and shows a unique ability to shoot

Nathan Silver

groups of individuals. Bodies on the move and in a constant change of spirit, which his camera captures with a precise energy flow. A whole world in motion right before our eyes. Nathan Silver’s cinematic universe presents minimal narrative and charac-

Nathan Silver graduou-se na Tisch School of the Arts, na NYU, em 2005. Desde então, escreveu e dirigiu cinco longas, que foram exibidos em festivais, teatros, e instituições ao redor do mundo.

ters in crisis. There are always obstacles to overcome and the paths are not always the simplest. Between humor and melancholy, the world involving these bodies always seems on the verge of collapse – a certain decadence that refers to the failure of society and human relations. Similarly impressive is the force Silver extracts from his impeccable cast. He captures fleeting gestures to outline subjective portraits of an America

Nathan Silver graduated from NYU’s Tisch School of the Arts in 2005. Since then, he has written and directed five feature films, which have screened at festivals, theaters, and institutions around the world.

that failed, succumbing before the beauty of human frailty. Nevertheless, his films are also instilled with tenderness. Love is the main element ruling the forward motion. The food so that we may continue to live and belong to

Nathan Silver E-mail: silver.royaltone@gmail.com

the world. Gustavo Beck

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Anecdote Anecdote / Anecdote

EUA, 2008, 37’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver Produção: Nathan Silver Direção de Fotografia: David Dahlbom Direção de Arte: Vanessa Watters Trilha Sonora: Hugo Leski Montagem: Nathan Silver Som: Nathan Silver Elenco Principal: Kate Lane, Anthony Bevilacqua, Gracie Lane, Gert O’Connell, Jim Chiros, Carla Dorato Após ser reprovada no exame da Ordem, Kate percebe que não nasceu para a carreira no direito. Sem nenhum projeto de vida, Kate começa a trabalhar com limpeza doméstica e encontra conforto na repetição e rotina do trabalho, mas repetição e rotina têm limites. After failing the bar exam, Kate realizes that law is not for her. With no sense of a lifeplan, Kate takes a job house cleaning and at first finds comfort in the repetition and routine of the work, but repetition and routine only go so far. 74


The blind The blind / The blind

EUA, 2009, 72’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver, Ben Bostick Produção: Ben Bostick, Terry Leonard Direção de Fotografia: Rain Li Direção de Arte: Lenny Tso Montagem: Harriet Parsons Som: Mark Binder Elenco Principal: Jonas Ball, Josette Barchilon, Jacob Reynolds, George Riddle Empresa Produtora: Chickentown Productions O retrato de um relacionamento falido, mas que segue em frente. Marcus, um arquiteto fracassado, desconta sua frustração em Kate, sua jovem namorada, transformando o que deveria ser um filme romântico em um filme de terror da vida cotidiana. A portrait of a relationship gone bad that keeps on going. Marcus, a failure of an architect, takes out his frustration on Kate, his young girlfriend, twisting what should be a romance film into a horror movie of everyday life. 75


Exit Elena Exit Elena / Exit Elena

EUA, 2012, 72’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver, Kia Davis Produção: Nathan Silver Direção de Fotografia: David Dahlbom Montagem: Nathan Silver, Kia Davis, Cody Stokes Som: Arjun G. Sheth Elenco Principal: Kia Davis, Cindy Silver, Jim Chiros, Gert O’Connell, Nathan Silver, Lawrence Balin Empresa Produtora: Konec Films Sem um lugar para chamar de lar, Elena, uma jovem de 19 anos, consegue um emprego como cuidadora. Ela se vê lançada no meio de uma família em crise: tudo ocorre entre um pai, avó, mãe, e gato. Eventualmente Elena consegue algum equilíbrio... até o retorno do “filho pródigo”. Colocando personagens fictícios e pessoas reais lado a lado, ‘Exit Elena’ é filmado com todas as bordas ásperas inerentes à vida familiar e ao vídeo caseiro. With no place to call home, 19-year-old Elena takes a job as a live-in aide. She finds herself thrust into the middle of a family in crisis: all the things that go on between a father, grandmother, mother, and cat. Eventually, Elena strikes something of a balance though... That is, until the prodigal son returns home. Placing fictional characters alongside real people, ‘Exit Elena’ is shot through with all the rough edges inherent to family life and home movie form. 76


Soft in the head Soft in the head / Soft in the head

EUA, 2013, 71’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver, Kia Davis, Cody Stokes Produção: Lynn Truong, Nathan Silver Direção de Fotografia: Cody Stokes Direção de Arte: Kia Davis Montagem: Nathan Silver, Cody Stokes Som: Arjun G. Sheth Elenco Principal: Sheila Etxeberría, Carl Kranz, Ed Ryan, Theodore Bouloukos, Melanie Scheiner, Bruce Smolanoff Empresa Produtora: Konec Films Expulsa de seu apartamento em Nova Iorque, Natalia, uma bela porém confusa jovem de 25 anos, depende da gentileza de amigos e desconhecidos. Aparentemente sem perceber o estrago que provoca, ela se locomove de um lugar ao outro, incluindo a casa de sua melhor amiga, onde entra como penetra no jantar familiar e seduz seu socialmente inepto irmão. Ela acaba indo a um abrigo administrado por Maury, um sujeito genuinamente bom, que decide tornar a vida de Natalia melhor – mas a vida não é tão simples e uma tragédia ocorre. Thrown out of her New York City apartment, Natalia, a 25-year-old hot mess, relies on the kindness of friends and strangers. Seemingly unaware of the havoc she wreaks, she skips from one place to another, including her best friend’s, where she crashes a holiday meal and seduces the best friend’s socially inept brother. Natalia ends up staying at a shelter run by genuinely good Maury, who takes an interest in making her life better - but life is not that simple, and tragedy ensues. 77


Uncertain terms Uncertain terms / Uncertain terms

EUA, 2014, 73’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver Produção: Chloe Domont, Richard Peete, Josh Mandel Direção de Fotografia: Cody Stokes Direção de Arte: Grace Sloan Montagem: Cody Stokes Som: Gene Park Elenco Principal: India Menuez, David Dahlbom, Caitlin Mehner, Cindy Silver, Tallie Medel, Hannah Gross Empresa Produtora: Konec Films Precisando de uma fuga súbita da cidade, Robbie procura sua tia, que dirige um lar para adolescentes grávidas. Como único homem na casa, Robbie inadvertidamente se torna objeto da atenção e afeto das garotas. Ele conhece Nina, uma jovem madura demais para sua idade e que tem seus próprios problemas de relacionamento. Ao tentar impedir Nina de cometer o maior erro de sua vida, Robbie se vê envolvido em um triângulo amoroso entre ela e o pai de seu filho, o delinquente Chase. Needing a sudden escape from the city, Robbie flees to his aunt who runs a home for pregnant teenagers. As the only man in the house, Robbie inadvertently becomes the object of the girls’ attention… and affection. He eventually meets Nina, who is mature beyond her age and struggling with relationship troubles of her own. In trying to save Nina from making the biggest mistake of her life, Robbie gets caught in a love triangle between Nina and her delinquent baby daddy, Chase. 78


Stinking heaven Stinking heaven / Stinking heaven

EUA, 2015, 70’, DCP, Ficção Direção: Nathan Silver Roteiro: Nathan Silver, Jack Dunphy Produção: Rachel Wolther Direção de Fotografia: Adam Ginsberg Direção de Arte: Britni West Trilha Sonora: Paul Grimstad Montagem: Stephen Gurewitz Som: Arjun G. Sheth Elenco Principal: Deragh Campbell, Hannah Gross, Keith Poulson, Tallie Medel, Henri Douvry, Eleonore Hendricks Empresa Produtora: Stinking Heaven, INC O casal Jim e Lucy administram uma comuna para ex-usuários de drogas em sua casa em Nova Jersey. Os heterogêneos membros do grupo comem, se banham e trabalham juntos, vendendo “chá curativo” em sua van. Ainda que precisem lidar com muitos conflitos, Jim e Lucy conseguiram criar um refúgio para estes desajustados. A harmonia é interrompida com a chegada de Ann – sua presença insidiosa coloca os membros fora de controle, gerando paranoia, recaída nas drogas e até morte. Married couple Jim and Lucy run a commune for sober living out of their suburban New Jersey home. The motley members eat, bathe and work together, selling homemade “health tea” out of their van. Although there are plenty of fires to be put out, Jim and Lucy have managed to establish a haven for these outcasts. The harmony is interrupted with the arrival of Ann -- her insidious presence sends the members spiraling out of control, resulting in paranoia, drug relapse and eventually death.

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Exibições Especiais / Special Screenings 81


EXIBIÇÕES ESPECIAIS / Special Screenings

A Exibições Especiais é uma mostra que visa dar espaço a filmes essenciais para o festival, porém que não se enquadram em nenhuma outra mostra. Um espaço dedicado a filmes que dão o tom e são estruturais para o evento. ‘João Bénard da Costa — Outros amarão as coisas que eu amei’, de Manuel Mozos, é um filme de cinefilia pura. Um dos grandes críticos portugueses e sua paixão e relação com o cinema. ‘Balikbayan #1 Memories of overdevelopment redux III’ é um filme do pai do cinema independente filipino, Kidlat Tahimik, cinema que tem estado tão presente no Olhar de Cinema FIC desde sua primeira edição, com sua temática recorrente de crítica ao neocolianismo, que em Balikbayan está presente novamente. Ambos os filmes são obras base para o entendimento e a reflexão sobre a sétima arte.

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De outro lado temos dois lançamentos de grandes mestres consagrados do cinema: ‘Kommunisten’ é o novo filme de Jean-Marie Straub (que juntamente será exibido o curtíssimo, porém potente filme ‘La guerre d’Algérie!’), autor no qual o festival tem se tornado parceiro e sempre exibido suas últimas produções; E o filme ‘Storm Children, Book 1’ (Mga anak ng unos, Unang aklat) de Lav Diaz, que com seu olhar sensível traz uma visão humanista dos furacões recorrentes e cada vez mais destruidores nas Filipinas. Nesta mostra ainda tem a estreia mundial do filme ‘A vida é estranha’ de Mossa Bildner, que foi uma descoberta do Olhar de Cinema, filme realizado a partir de registros de viagens feitos por e com um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos, Glauber Rocha. E por fim o filme ‘Jauja’ do diretor argentino Lisandro Alonso, que é um dos convidados especiais desta edição do festival.


Special Screenings is a section that aims to provide space for films that are

On the other side, we have two releases from consecrated masters of cin-

essential to the festival, but which do not fit into any other sections. An envi-

ema. ‘Kommunisten’ is the new film by Jean-Marie Straub (which will be

ronment dedicated to films that are structurally important and set the tone

screened alongside the extremely short, but powerful film ‘La guerre d’Al-

of the event. ‘Others will love the things I have loved — João Bénard da Cos-

gérie!’), an author who has become partners with the festival, always screen-

ta’ (João Bénard da Costa - Outros amarão as coisas que eu amei), by Man-

ing her latest production. In addition, we have the film ‘Storm Children, Book

uel Mozos, is a film of pure cinephilia. One of the great Portuguese critics

1’ (Mga anak ng unos, Unang aklat) by Lav Diaz, who with his sensitive eye

and his passion and relationship with cinema. ‘Balikbayan # 1 Memories of

brings a humanistic view of the recurring and increasingly destructive hur-

overdevelopment redux III’ is a film by the father of independent Philippine

ricanes in the Philippines.

cinema, Kidlat Tahimik, a type of cinema ever so present in Olhar de Cinema – IFF since its first edition, with its recurring critical tone toward neo-co-

In this section we also have the world premiere of the film ‘A vida é estra-

lonialism, present once again in Balikbayan. Both films are fundamental

nha’, by Mossa Bildner, a discovery by the Olhar de Cinema, a film made from

works for understanding and reflecting upon the seventh art.

travel records made by one of the largest Brazilian filmmakers of all time, Glauber Rocha. Lastly, we have the film ‘Jauja’, by the Argentine director Lisandro Alonso, one of the special guests in this edition of the festival.

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A vida é estranha Life’s strange

/ A vida é estranha

Mossa Bildner

Brasil, 2015, 39’, DCP, Ficção / Experimental Direção: Mossa Bildner, Glauber Rocha Roteiro: Mossa Bildner, Glauber Rocha Direção de Fotografia: Glauber Rocha, Mossa Bildner Durante uma viagem para a cidade de Essaouira, em Marrocos, Glauber Rocha pegou uma camera Super 8 para registrar o passeio com sua namorada Mossa Bildner. Quarenta anos depois, as pessoas poderão conhecer essas imagens.

During a trip to the city of Essaouira, in Morocco, Glauber Rocha took a Super 8 camera to register the trip with his girlfriend Mossa Bildner. 40 years later, people will get to know those images.

Nascida em Nova York, Mossa cresceu no Rio de Janeiro, Brasil, onde desde uma idade precoce entrou em contato com uma educação musical eclética que incluía violino, violão e balé. Música popular brasileira e música clássica europeia, bem como jazz e o teatro musical americano era o que se ouvia em casa. Mossa graduou-se em Performance de Ópera pelo Conservatório de Santa Cecilia em Roma, Itália, em 1983. Mossa já se apresentou no English National Opera, Welsh National Opera, e na Scottish National Opera, bem como em Marselha, Monte Carlo, Bari, Vicenza, Verona, Viena, Salzburgo, e fez parte durante dois anos do Augsburg Opera House. Born in New York. Mossa grew up in Rio de Janeiro, Brasil where she was exposed at an early age to an eclectic musical education, which included violin, guitar, and ballet. Brazilian popular music and European Classical music as well as Jazz and American musical theatre were what was listened to at home. Mossa graduated from Conservatorio Santa Cecilia in Rome, Italy in 1983 in Opera Performance. Mossa has performed at the English National Opera, Welsh National Opera, and Scottish National Opera, as well as in Marseilles, Monte Carlo, Bari, Vicenza, Verona, Vienna, Salzburg, and spent two years at the Augsburg Opera House as a member. Mossa Bildner E-mail: bildner.mossa@gmail.com

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Balikbayan #1 Memories of overdevelopment redux III Balikbayan #1 Memories of overdevelopment redux III / Balikbayan #1 Memories of overdevelopment redux III

Kidlat Tahimik

Filipinas, 2015, 140’, DCP, Ficção Direção: Kidlat Tahimik Direção de Fotografia: Boy Yniguez, Lee Briones, Abi Lara, Santos Bayucca, Kidlat de Guia, Trilha Sonora: Los Indios de Espana, Shanto Direção de Arte: KidlatTahimik Empresa Produtora: Voyage Studios Fascinado pela história de Enrique de Malacca, talvez o primeiro filipino a navegar por todo o globo terrestre, Kidlat Tahimik começou a filmar ‘Balikbayan #1’ em 1979. O filme aborda a viagem de Enquire com Magellan. Fascinated by the story of Enrique of Malacca, perhaps the first Filipino to circumnavigate the globe, Kidlat Tahimik started shooting ‘Balikbayan #1’ in 1979. The film centers on Enrique’s travels with Magellan.

Nascido com o nome de Eric Oteyza de Guia, na cidade de Baguio, nas Filipinas, em 1942. Ele primeiro estudou Engenharia Mecânica e depois Comunicação Oral e Artes Cênicas. Tahimik viveu durante algum tempo nos Estados Unidos, na França e na Alemanha. Ele retornou às Filipinas em 1975 e começou a trabalhar em seu primeiro filme, ‘Mababangong bangungot’ (‘Perfumed nightmare’, 1977). Tahimik vive em Baguio e trabalha como cineasta, artista de instalações, performer, palestrante e autor.

Born as Eric Oteyza de Guia in Baguio City in the Philippines in 1942. He first studied Mechanical Engineering, then Speech Communication and Theatre Arts. Tahimik lived for a while in the United States, France and Germany. He returned to the Philippines in 1975 and began to work on his first film, ‘Mababangong bangungot’ (‘Perfumed nightmare’, 1977). Tahimik lives in Baguio as a filmmaker, installation artist, performer, lecturer and author.

Voyage Studios E-mail: cgutierrez@voyagefilm.com

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Jauja Jauja / Jauja

Lisandro Alonso

Argentina/Dinamarca/França/México/EUA/Alemanha/Brasil/Holanda, 2014, 109’, DCP, Ficção Direção: Lisandro Alonso Roteiro: Lisandro Alonso, Fabian Casas Produção: Ilse Hughan, Andy Kleinman, Viggo Mortensen, Sylvie Pialat, Jaime Romandia, Helle Ulsteen Direção De Fotografia: Timo Salminen Montagem: Natália Lopez, Gonzalo Del Val Trilha Sonora Original: Viggo Mortensen, Buckethead Elenco Principal: Viggo Mortensen, Ghita Nörby, Viilbjork Agger Malling, Adrian Fondari Empresa Produtora: 4L, Fortuna Films, Kamoli Films, Les Films du Worso, Mantarraya Producciones, Massive, The Match Factory, Perceval Pictures O capitão Gunnar Dinesen veio do exterior com sua filha de quinze anos de idade para trabalhar como engenheiro no exército argentino. Sendo a única mulher no local, Ingeborg cria bastante inquietação entre os homens. Ela se apaixona por um jovem soldado e durante uma noite eles fogem juntos. Ao acordar, o capitão percebe o que aconteceu e decide se aventurar em território inimigo para encontrar o jovem casal. ‘Jauja’ é a história da busca desesperada de um homem pela sua filha, uma busca solitária que nos leva a um lugar além do tempo, onde o passado desaparece e o futuro não tem sentido.

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Captain Gunnar Dinesen has come from Denmark with his fifteen year-old daughter to take an engineering job with the Argentine army. Being the only female in the area, Ingeborg creates quite a stir among the men. She falls in love with a young soldier, and one night they run away together. When he wakes up the Captain realises what has happened and decides to venture into enemy territory to find the young couple. ‘Jauja’ is the story of a man’s desperate search for his daughter, a solitary quest that takes us to a place beyond time, where the past vanishes and the future has no meaning.

Nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1975. Começou a carreira no cinema como assistente de som e depois de direção. Em 2001, dirigiu, escreveu, produziu e montou o elogiado ‘La libertad’ (2001), seu longa de estreia. Dirigiu também os longas-metragens ‘Los muertos’ (2004), ‘Fantasma’ (2006) e ‘Liverpool’ (2008). ‘Jauja’ venceu o Prêmio da Crítica da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes.

Born in Buenos Aires, Argentina, in 1975. He began a career in cinema as sound assistant and later as assistant director. In 2001, he directed, wrote, produced and edited the acclaimed ‘La libertad’, her first feature. He also directed the feature films ‘Los muertos’ (2004), Fantasma (2006) and Liverpool (2008). ‘Jauja’ won the Critic’s Prize at the Un Certain Regard at the Cannes Film Festival.

NDM Sales ndm.sales@mantarraya.com www.mantarraya.com


João Bénard da Costa — Outros amarão as coisas que eu amei Others will love the things I have loved — João Bénard da Costa / João Bénard da Costa — Outros amarão as coisas que eu amei

Manuel Mozos

Manuel Mozos terminou o curso de Cinema em 1984 e trabalhou como montador, argumentista e assistente de realização com vários realizadores portugueses. Como diretor, seu primeiro filme foi ‘Um passo, outro passo e depois’ (1989) e desde então, realizou mais de vinte filmes, entre ficção e documentário, curtas e longas-metragens.

Portugal, 2014, 76’, DCP, Documentário Direção: Manuel Mozos Roteiro: Manuel Mozos Produção: Rui Alexandre Santos Direção de Fotografia: Inês Duarte Montagem: Luís Nunes Som: Nuno Henrique Empresa Produtora: Rosa Filmes Uma homenagem ao cinema a pretexto da extraordinária vida de João Bénard da Costa, diretor da cinemateca portuguesa durante 18 anos, mas também actor, cinéfilo, escritor inspirado e leitor criativo. Esta é uma inusual biografia que conta a vida do homem através dos seus amores, medos e contemplações, impressas na arte da pintura, do cinema e literatura. Da pintura barroca à literatura de Borges, ‘Outros amarão as coisas que eu amei’ é o amado diário de um homem universal.

Manuel Mozos graduated in Cinema in 1984. Then worked with several prominent portuguese directors as Editor, Scriptwriter or Assistant director. As a director, his first work was ‘A step, then another step…’ (1989). Since then he has directed over twenty films ranging from fiction to documentary, both shorts and features.

Rui Alexandre Santos E-mail: rui@rosafilmes.pt Site: www.rosafilmes.com

An homage to cinema under the pretext of the extraordinary life of João Bénard da Costa - director of the Portuguese Cinematheque for 18 years but also an actor, cinephile, an inspired writer and a creative reader. This is an unusual biography where the story of a man is told through the things he most loved, feared and contemplated. From baroque painting to Borges literature, ‘Others will love the things I have loved’ is the spellbinding journal of an universal man. 87


Kommunisten Kommunisten / Kommunisten

Jean-Marie Straub Junto a Danièle Huillet (morta em 2006), Jean-Marie Straub (nascido em Metz, França, em 8 de janeiro de 1933), realizou desde 1962 uma obra em alemão, francês e italiano que é singular na história do cinema. Ele continua a trabalhar até hoje.

França/Suíça, 2014, 70’, DCP, Ficção

Direção: Jean-Marie Straub Roteiro: Jean-Marie Straub Produção: Andolfi, Belva Film Direção de Fotografia: Christophe Clavert Montagem: Christophe Clavert Som: Dimitri Haulet Empresa Produtora: Belva Film Straub, com uma nova filmagem e algumas sequências chave de seus filmes anteriores, reconstrói o sonho singular que poderia salvar nosso mundo: aprender a conviver juntos. De Malraux a Vittorini, Fortini e Hölderlin, o mesmo sonho é mostrado sob diferentes aspectos.

Straub, with a new shot and some key sequences of his former films, redesign the unique dream who could save our world: learn to live together. From Malraux to Vittorini, Fortini and Hölderlin, the same dream is shown until different aspects.

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Together with Danièle Huillet (dead in 2006), Jean-Marie Straub (born in Metz/France the 8th of january 1933), created since 1962 an various german, french and italian “œuvre” which is unique in the history of cinema. He continous to work on it until now.

Belva Film E-mail: straubhuillet@bluewin.ch


La guerre d’Algérie! La guerre d’Algérie! / La guerre d’Algérie!

Jean-Marie Straub

Junto a Danièle Huillet (morta em 2006), Jean-Marie Straub (nascido em Metz, França, em 8 de janeiro de 1933), realizou desde 1962 uma obra em alemão, francês e italiano que é singular na história do cinema. Ela continua a trabalhar até hoje.

Suíça/França, 2014, 2’, DCP, Ficção Direção: Jean-Marie Straub Roteiro: Jean Sandretto Produção: Belva Film, Andolfi Direção de Fotografia: Christophe Clavert Montagem: Christophe Clavert Som: Dimitri Haulet Empresa Produtora: Belva Film

Together with Danièle Huillet (dead in 2006), Jean-Marie Straub (born in Metz/France the 8th of january 1933), created since 1962 an various german, french and italian “œuvre” which is unique in the history of cinema. She continous to work on it until now.

Belva Film E-mail: straubhuillet@bluewin.ch

Um psicanalista conta uma história.

A psychoanalyst is telling a story.

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Storm Children, Book 1 Storm Children, Book 1

/ Mga anak ng unos, Unang aklat

Lav Diaz Lav Diaz, ou Lavrente Indico Diaz, é um diretor de cinema independente Filipino, nascido em Datu Paglas, Maguindanao, Mindanao, Filipinas, em 30 de dezembro de 1958.

Filipinas, 2014, 143’, DCP, Documentário

Direção: Lav Diaz Produção: DMZ Docs/sine olivia pilipinas Direção de Fotografia: Lav Diaz Empresa Produtora: sine olivia pilipinas

As Filipinas são afetadas em média por vinte a vinte oito tufões e tempestades todos os anos. É o país mais atingido por tempestades no mundo. No ano passado, o tufão Yolanda (Haiyan), considerado o mais forte da história, atingiu as Filipinas, deixando em seu caminho uma devastação apocalíptica.

The Philippines is visited by an average of twenty to twenty eight strong typhoons and storms every year. It is the most storm-battered country in the world. Last year, Typhoon Yolanda (Haiyan), considered the strongest storm in history, struck the Philippines, leaving in its path apocalyptic devastation.

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Lav Diaz or Lavrente Indico Diaz is a Filipino independent filmmaker, born in Datu Paglas, Maguindanao, Mindanao, Philippines, on December 30, 1958.

Hazel Orencio E-mail: sineoliviapilipinas@gmail.com


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Competitiva

/ Competition | Fe 92


| Longas

eature Films

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COMPETITIVA | LONGAS / Competition | Feature Films A mostra Competitiva do quarto Olhar de Cinema – FIC é composta por dez longas metragens que, embora não renunciem a pesquisa de linguagem e o experimentalismo, possuem um grande potencial de comunicação com o público, por meio de narrativas que abordam temas contemporâneos de maneira arriscada, comprometida e envolvente. O brasileiro ‘A misteriosa morte de Pérola’, de Guto Parente, é um filme que trata da solidão, do vazio e do medo do desconhecido, por meio de um clima de suspense que somos convidados a experimentar a cada plano. Um filme de ausências: na primeira parte, a ausência acompanha Pérola, que interage com o novo e desconhecido, preenchendo o espaço vazio do seu apartamento e de sua vida com lembranças e medos; na segunda parte, viramos um pouco Pérola, a ausência da personagem nos faz experimentar um pouco daquilo que ela mesma sentia diante do vazio, preenchemos o vazio que Pérola deixou com aquilo que é apenas memória de sua presença. Já o alemão ‘A proletarian winter’s tale’ (Ein proletarisches wintermärchen), de Julian Radlmaier, é uma comédia política do absurdo. O primeiro absurdo: o próprio sistema sócio-político-econômico, escancarado para o pequeno grupo de faxineiros de uma mansão onde acontecerá um grande evento de arte. O grupo que tem sua mão de obra explorada e não pode desfrutar do conforto que eles mesmos ajudaram a construir tem dúvidas sobre qual caminho seguir: o da aceitação do sistema tal qual ele se apresenta, assim como sua posição desprivilegiada dentro dele; o da aceitação deste sistema e das regras do jogo, tendo esperanças de que haja oportunidade de um melhor posicionamento de si próprios nesse complexo tabuleiro; o da rebelião total contra esse sistema. ‘Angels of revolution’ (Angely revolucii), de diretor russo Alexey Fedorchenko, retrata com muito bom humor e leveza um grupo de artistas soviéticos que são enviados para regiões remotas da URSS com uma clara missão: convencer os nativos que ainda são resistentes ao comunismo a abrirem a mente para essa nova ideologia. Nesse encontro do rural (a tradição, a resistência cultural) com o urbano (a modernidade, a mudança cultural), acontece um verdadeiro choque, que é amenizado a partir da criatividade utilizada na forma de se comunicarem. No documentário francês ‘I am the people’ (Je suis le peuple), a diretora Anna Roussillon se desloca até o interior do Egito para acompanhar uma família que vive em um vilarejo durante a revolução onde foi deposto o ditador que estava no comando do país há mais de trinta anos. Enquanto milhares de egípcios protestam na capital do país, esta família acompanha a efervescência política pela TV, constrói sua opinião acerca da democracia e nos mostra que um país é muito mais complexo e amplo do que seus grandes centros urbanos. Indo até o leste europeu, mais precisamente Eslováquia e República Checa, temos o filme ‘Koza’, de Ivan Ostrochovský. Na ficção, Koza é o nome do ex-pugilista que, para conseguir pagar um aborto para sua mulher, decide voltar aos ringes. Na vida real, Koza também é o apelido de Peter Baláž, um ex-pugilista olímpico da Eslováquia, que neste filme transforma-se um pouco em ator de si mesmo. Koza enfrenta obstinadamente sua difícil missão de voltar aos ringes, já sem preparo, sem saúde; Koza enfrenta essa missão que colocou para si como quem, mesmo sabendo da superioridade da força de seu oponente, não se intimida e não desiste. Entre a ficção e o documentário ‘Koza’ é uma jornada de linha tênue entre a vida e a morte.

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O rapaz chega em um vilarejo paralisado e esquecido no tempo e espaço, o rapaz é um milagreiro embusteiro que traz consequências verdadeiras para as pessoas que cruzam seu caminho: o movimento. ‘Lucifer’, do diretor belga Gust Van Den Berghe, se passa em solo mexicano. Um filme sobre ritos de passagem: do personagem que vaga, da comunidade que vai do marasmo ao encontro do novo. Tento como limite do quadro um circulo, os personagens deste filme ganham um destaque maior em suas ações; ao se apresentar com esse recorte que torna mais restrito, e por isso também mais precioso, aquilo que está dentro de quadro, o diretor nos convida a observar uma fração ainda menor da realidade fílmica da qual já estamos habituados. Lucifer é aquele que, com sua luz, aumenta o campo de visão dos caminhos por onde passa. ‘Mercuriales’, de Virgil Vernier, tem como personagens duas garotas que recém começam uma relação de amizade, depois de terem seus caminhos cruzados dentro do arranha-céu francês que dá nome ao filme. Mais do que o emprego, as personagens têm em comum uma vida cheia de incertezas, a necessidade de afeto e amparo, o que as transformam em mais do que amigas, as transformam em irmãs. O lado de fora dessa relação é uma Europa em guerra, transbordando preconceitos e violências. Inicialmente com um tom misterioso, em pouco tempo o filme começa a percorrer outro caminho, um caminho de registro daqueles corpos que, juntos, se soltam à deriva. ‘Reality’ (Réalité), de francês Quentin Dupieux, é uma tragicomédia que transborda metalinguagem. Durante o processo criativo, é comum que o criador se depare com seus próprios monstros; e é isso que acontece com Jason Tantra, um diretor de cinema à procura de financiamento para seu primeiro filme de horror. Para conseguir o financiamento, Jason só precisa provar uma coisa: que ele é capaz capturar o grito mais aterrorizante da história do cinema. Nesta jornada de Jason, rodeada por monstros do inconsciente, o sonho e a realidade se misturam progressivamente, o pesadelo toma conta da vida real, a vida real torna-se matéria prima que alimenta os piores pesadelos. Assim, o sonho e a realidade se fundem e se transformam em um novo estado de coisas, muito mais aterrorizante do que qualquer grito que Jason possa conseguir capturar. Uma dos grandes mistérios bíblicos é o cerne do filme ‘Story of Judas’ (Histoire de Judas), de Rabah Ameur Zaimeche: a trajetória e a relação de Jesus e com seu inseparável amigo Judas. Neste filme, os porquês da condenação e crucificação de Jesus são postos a partir de um ponto político sobre um líder capaz de resistir diante da revolta de um povo dominante. Descontruindo diversas passagens bíblicas, ‘Story of Judas’, traz uma abordagem humana, contemporânea e sem mecanismos de apelo emocional para essa questão milenar que intriga e alimenta a imaginação do mundo. Um prisioneiro do grupo armado, um aspirante do grupo armado, um líder do grupo armado. A violência invisível, a violência consentida, a violência permitida. Divido em três núcleos, o colombiano ‘Violencia’, de Jorge Forero, é um filme que aborda estes diferentes tipos de dominação e poder, que se cruzam e fazem parte do todo que estrutura um país e destrói um povo. Antônio Junior e Marisa Merlo


The Competitive section in the Fourth edition of Olhar de Cinema – IFF consists of ten feature films that, while not renouncing language research and experimentalism, possess great potential for communicating with the audience by way of narratives addressing contemporary issues through risky, committed, and engaging practices. The Brazilian film ‘A misteriosa morte de Pérola’, by Guto Parente, deals with loneliness, emptiness, and fear of the unknown through a suspenseful mood that invites us to experience every sequence. A film of absences. In the first part, absence accompanies Pérola, who interacts with the new and the unknown, filling the empty space of her apartment and her life with memories and fears. In the second part, we somewhat become Pérola. The absence of her character makes us experience a little of what she herself felt before the void, filling the emptiness left by Pérola with nothing more than the mere remembrance of her presence. The German film ‘A proletarian winter’s tale’ (Ein proletarisches Wintermärchen), by Julian Radlmaier, is a political comedy of the absurd. The first absurdity: the socio-political-economic system itself, laid bare for a small group of janitors in a mansion where a major art event will take place. The group is exploited in their workforce, and unable to enjoy the comfort they helped to build, they have many questions as to which path to follow: acceptance of the system as it presents itself as well as their underprivileged position within it; acceptance of this system and the rules of the game in the hopes that an opportunity arises to better position themselves in this complex game board; total rebellion against this system. ‘Angels of revolution’ (Angely revolucii), by Russian director Alexey Fedorchenko, is filled with humor and lightheartedness as it portrays a group of Soviet artists sent to remote areas of the USSR with a clear mission: to convince the natives who are still resistant to communism to open their minds to this new ideology. Within this encounter of the rural (tradition, cultural resistance) with the urban (modernity, cultural change) comes a real shock, mitigated by their communicative creativity. In the French documentary ‘I am the people’ (Je suis le peuple), director Anna Roussillon goes to inner Egypt to accompany a family living in a village during the revolution that deposed the dictator ruling the country for over thirty years. As thousands of Egyptians protest in the capital, this family accompanies the political effervescence on TV, establishing their own opinions about democracy and showing us that a country is much more complex and broad than their urban centers. Going to Eastern Europe, to Slovakia and the Czech Republic to be more precise, we have the movie ‘Koza’, by Ivan Ostrochovský. In the fictional film, Koza is the name of a former boxer who decides to return to the ring in order to pay for his wife’s abortion. In real life, Koza is also the nickname of Peter Baláž, a former Slovak Olympic boxer, who in this film somewhat becomes an actor for himself. Koza stubbornly faces the difficult task of returning to the ring, with no preparation, no health; Koza faces this task he set for himself as someone who, despite acknowledging his opponent’s superior strength, is not intimidated and refuses not give up. Between fiction and documentary, ‘Koza’ is a journey in the thin line between life and death.

cle worker who brings real consequences for the people who cross his path: movement. ‘Lucifer’, by the Belgian director Gust Van Den Berghe, takes place on Mexican soil. A film about rites of passage: the wandering character, the community going from the doldrums to a new encounter. Within the limits of the frame we find a circle, the characters in the film acquire greater prominence in their actions; by presenting the film within this snippet, with a narrower inside frame, and therefore also more precious, the director invites us to observe an even smaller fraction of filmic reality than which we are accustomed. Lucifer is the one who, with his light, increases the field of view of the paths through which he passes.

‘Mercuriales’, by Virgil Vernier, presents the characters of two girls who become friends after crossing paths in the titular French skyscraper. More than their jobs, the characters share a life full of uncertainties, the need for affection and support, which ultimately change them into more than friends, turning them into sisters. Outside of this relationship, we find Europe at war, overflowing with prejudice and violence. With an initial mysterious tone, the film before long treads a different path, registering those bodies, which together are released adrift. ‘Reality’ (Réalité), by the French director Quentin Dupieux, is a tragicomedy overflowing with meta language. During the creative process, creators commonly face their own monsters; and that’s precisely what happens with Jason Tantra, a film director looking for funding for his first horror film. For Jason to obtain his funding, he needs only to prove one thing: that he is able to capture the most terrifying scream in film history. Jason’s journey, surrounded by unconscious monsters, dream and reality gradually blend, nightmare overcomes real life, real life becomes raw matter fueling the worst nightmares. Therefore, dream and reality merge and transform into a new state of things, much more terrifying than any scream Jason may capture. One of the greatest biblical mysteries is at the core of ‘Story of Judas’ (Histoire de Judas), by Rabah Ameur Zaimeche: the history and the relationship of Jesus and his inseparable friend Judas. In this film, the reasons behind the condemnation and crucifixion of Jesus are given a political standpoint about a leader resisting the revolt of a dominant people. Through the deconstruction of several biblical passages, ‘Story of Judas’ provides a human approach, contemporary and without soppiness, for this ageold question that intrigues and fuels the world’s imagination. A prisoner of the armed group, an aspirant of the armed group, a leader of the armed group. The invisible violence, consensual violence, permitted violence. Divided into three nucleuses, the Colombian ‘Violencia’, by Jorge Forero, is a film that deals with these different types of power and domination, which crisscross and make part of a whole structuring a country and destroying its people.

Antônio Junior and Marisa Merlo

A boy arrives to a frozen village, forgotten in time and space. The boy is a trickster mira-

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A misteriosa morte de Pérola The mysterious death of Pérola / A misteriosa morte de Pérola

Guto Parente Guto Parente (Fortaleza, 1983) realizou sete curtas e cinco longas – ‘Estrada para Ythaca’ (2010), ‘Os monstros’ (2011), ‘No lugar errado’ (2011), ‘Doce amianto’ (2013) e ‘A misteriosa morte de Pérola’ (2014). Seus filmes já foram exibidos em importantes festivais internacionais como Locarno, Rotterdam, Viennale, Bafici, FIDMarseille, entre outros. É membro da Alumbramento.

Brasil/França, 2014, 62’, DCP, Ficção Direção: Guto Parente Roteiro: Guto Parente Produção: Ticiana Augusto Lima Direção de Fotografia: Guto Parente, Ticiana Augusto Lima Direção de Arte: Ticiana Augusto Lima Trilha Sonora: Rodrigo Dario, Simon Fernandes, Uirá dos Reis Montagem: Guto Parente Som: Guto Parente & Ticiana Augusto Lima Elenco Principal: Ticiana Augusto Lima, Guto Parente Empresa Produtora: Tardo

Guto Parente (Fortaleza, 1983) directed seven shorts and five features – ‘Road to Ythaca’ (2010), ‘The monsters’ (2011), ‘At the wrong place’ (2011), ‘Sweet amianto’ (2013) and ‘The mysterious death of Pérola’ (2014). His films were exhibited in several important film festivals, such as Locarno, Rotterdam, Viennale, Bafici, FIDMarseille, among others. He’s member of Alumbramento.

Ticiana Augusto Lima E-mail: ticianaaugusto@gmail.com

Um suspense sobre uma jovem estudante que deixa seu país, casa e namorado para estudar arte em uma cidade francesa. Ela mora sozinha em um belo, porém sombrio e antigo apartamento, onde os quadros a encaram e as portas parecem ter vida própria. Ela está solitária, e lentamente perde-se em nostalgia e medo, fundindo sonhos, fantasia e realidade. A murder mystery about a young student who leaves her country, home and boyfriend to study art in a French city. She lives alone in a beautiful, but dark, old apartment where paintings stare at her and doors seem to have a life of their own. She’s lonely and slowly loses herself in nostalgia and fear making dream, fantasy and reality merge with one another. 96


A proletarian winter’s tale A proletarian winter’s tale

/ Ein proletarisches wintermärchen

Julian Radlmaier Nasceu em 1984 em Nuremberg. Trabalhou como assistente de Werner Schroeter, a seguir estudou na Academia Alemã de Cinema e Televisão (dffb), em Berlim, e traduziu livros de Jacques Rancière. Seu curta ‘A spectre is haunting Europe’ (WP: Oberhausen) recebeu o Prêmio da Crítica Alemã como Melhor filme experimental de 2013. ‘A proletarian winter’s tale’ é seu primeiro longa.

Alemanha, 2014, 63’, DCP, Ficção Direção: Julian Radlmaier Roteiro: Julian Radlmaier Produção: Kirill Krasovskiy Direção de Fotografia: Markus Koob Direção de Arte: Paola Cordero Yannarella Montagem: Julian Radlmaier Elenco Principal: Natia Bakhtadze, Ilia Korkashvili, Sandro Koberidze, Lars Rudolph, Willem Menne, Katja Weiland Empresa Produtora: Deutsche Film, Fernsehakademie Berlin Três jovens georgianos precisam limpar um castelo em Berlim, onde uma coleção de arte contemporânea de um fabricante de armas está montada para uma exposição. Evidentemente, o proletariado não é bem-vindo na festa de abertura e são exilados para uma pequena sala dos servos no sótão, onde começam a ter ideias revolucionárias. Contando histórias improváveis uns aos outros, que vão desde uma aventura de São Francisco até uma sessão espírita na União Soviética, eles tentam encontrar uma resposta para a seguinte pergunta: Será que eles conseguem pegar um pedaço do bolo?

Born 1984 in Nuremberg. Works as assistant for Werner Schroeter, then studies at German Film and Television Academy Berlin (dffb) and translates books by Jacques Rancière. His short ‘A spectre is haunting Europe’ (WP: Oberhausen) receives the German Film Critics’ Award as Best Experimental Film 2013. ‘A proletarian winter’s tale’ is his first feature.

Laure Tinette E-mail: l.tinette@dffb.de

Three young Georgians have to clean a castle in Berlin, where an armament manufacturer’s collection of contemporary art is set-up for an exhibition. Of course, the proletariat isn’t welcome at the opening party and banished to a small servants’ room in the attic, where they get revolutionary ideas. Telling each other unlikely stories ranging from an adventure of Saint Francis to a spiritualist séance in the Soviet Union, they try to find an answer to this question: Can they get a piece of the cake? 97


Angels of revolution Angels of revolution / Angely revolucii

Alexey Fedorchenko

Rússia, 2014, 105’, DCP, Ficção Direção: Alexey Fedorchenko Roteiro: Alexey Fedorchenko, Denis Osokin Produção: Dmitry Vorobyev, Alexey Fedorchenko, Leonid Lebedev Direção de Fotografia: Shandor Berkeshy Direção de Arte: Aleksei Fedorchenko, Artem Khabibulin Montagem: Roman Vazhenin Som: Timofei Shestakov Elenco Principal: Darya Fedorchenko, Oleg Yagodin, Pavel Basov, Georgi Iobadze Empresa Produtora: 29th February Film Company O ano é 1934. Há algo de podre no norte da URSS: xamãs (sacerdotes nativos) de duas populações indígenas, Khanty e Nenets, não querem aceitar as novas ideias. Para conciliar essas duas grandes culturas, a Vanguarda da Rússia e o Paganismo Tradicional, seis artistas metropolitanos viajam para as florestas primitivas ao redor do grandioso rio siberiano: um compositor, um escultor, um diretor de teatro, um arquiteto Construtivista, um diretor de cinema Primitivo e o chefe da unidade – o famoso “Polina da Revolução”. Year 1934. Something is rotten in the North of USSR: shamans (native priests) of two indigenous populations, Khanty and Nenets, do not wish to accept new ideas. To reconcile two great cultures, the Russian Avant-garde and the Ancient Paganism, six metropolitan artists leave for the primeval forests around the great Siberian river Ob: a composer, a sculptor, a theater director, a Constructivist architect, a Primitive film director and the chief of the unit – the famous “Polina the Revolution”. 98

Aleksey Fedorchenko é um diretor de Yekaterinburg, na Russia, premiado no Festival de Veneza com o falso documentário ‘First on the moon’ (2005), e posteriormente com ‘Silent souls’ (2010), um conto de realismo mágico sobre a extinta tribo finlandesa de Merya. Desde 2013 ele produz ‘Space Mowgli’, uma adaptação de um romance de ficção científica dos irmãos Strugatsky. Seu filme de 2012, ‘Celestial wives of the meadow mari’, foi selecionado para ser exibido na Sessão de Vanguarda da edição de 2013 do Festival Internacional de Toronto.

Aleksey Fedorchenko is a film director from Yekaterinburg, Russia who won accolades at the Venice Film Festival with the mockumentary ‘First on the moon’ (2005) and later with ‘Silent souls’ (2010), a magical realist tale about the long-extinct Finnic tribe of Merya. Since 2013 he is producing ‘Space Mowgli’, an adaptation of science fiction novella by Strugatsky brothers. His 2012 film ‘Celestial wives of the meadow mari’ has been selected to be screened in the Vanguard section at the 2013 Toronto International Film Festival.

Natalia Arshavskaya E-mail: festivals@antipode-sales.biz


I am the people I am the people / Je suis le peuple

Anna Roussillon Nascida em Beirute, Anna Roussillon cresceu no Cairo, se mudando em seguida para Paris. Estudou filosofia, linguística, linguagem, literatura e civilização árabe e cinema documentário em Lussas (França). Graduada em Árabe, ela dá aula em Lyon, enquanto trabalha em vários projetos cinematográficos relacionados ao Egito. ‘I am the people’ é seu primeiro longa documentário.

França, 2014, 111’, DCP, Documentário Direção: Anna Roussillon Roteiro: Anna Roussillon Produção: Malik Menaï, Karim Aitouna, Thomas Micoulet Direção de Fotografia: Anna Roussillon Montagem: Saskia Berthod, Chantal Piquet Som: Terence Meunier, Jean-Charles Bastion Empresa Produtora: hautlesmains productions Em janeiro de 2011 o Egito foi marcado por manifestações contra o governo. Enquanto dezenas de milhares de manifestantes se reuniram em Cairo, moradores pobres no sul do país acompanharam a situação tensa na Praça Tahrir pelas suas telas de TV. É a partir da perspectiva deles que este documentário apreende as mudanças políticas no Egito, desde a derrubada do presidente Mubarak até à eleição e queda de Morsi. O filme revela as esperanças e desilusões dos camponeses e mostra que, apesar desses eventos brutais, muito pouco de fato mudou em suas vidas.

Born in Beyrouth, Anna Roussillon grew up in Cairo, then moved to Paris. She studied philosophy, linguistics, language, literature and Arab civilization and documentary filmmaking in Lussas (France). Graduated from Arabic, she teaches in Lyon, while working on various film projects in relation with Egypt. ‘I am the people’ is her first feature documentary.

Thomas Micoulet E-mail:thomas@hautlesmainsproductions.fr Site: www.hautlesmainsproductions.fr

January 2011 in Egypt was marked by anti-government demonstrations. While tens of thousands of protesters gathered in Cairo, poor villagers in the country’s south followed the tense situation on Tahrir Square on their TV screens. It is from their perspective that this documentary captures the political changes in Egypt, from the toppling of President Mubarak to the election and fall of Morsi. The film reveals the villagers’ hopes and disappointments, and shows that despite the wild events, very little has actually changed in their lives. 99


Koza Koza / Koza

Ivan Ostrochovský Formado em cinema documentário na Academia de Artes Dramáticas em Bratislava. Coproprietário e produtor nas produtoras sentimentalfilm e Punkchart Films. Diretor de vários curtas-metragens premiados. Seu filme documental de estreia foi ‘Velvet terrorists’, que ganhou o Prêmio Readers ‘Tagesspiegel na Berlinale e o Prêmio FEDEORA no Karlovy Vary IFF em 2013.

Eslováquia/República Checa, 2015, 75’, DCP, Ficção Direção: Ivan Ostrochovský Roteiro: Marek Leščák, Ivan Ostrochovský Produção: Marek Urban, Ivan Ostrochovský, Jiří Konečný Direção de Fotografia: Martin Kollár Montagem: Viera Čákanyová, Maroš Šlapeta, Matej Beneš, Peter Morávek Som: Tobias Potočný Elenco Principal: Peter Baláž, Zvonko Lakčević, Ján Franek, Stanislava Bongilajová, Nikola Bongilajová, Tatiana Piussi Empresa Produtora: sentimentalfilm Peter “Koza” Baláž é um ex-boxeador olímpico que se esforça face às suas despesas. Quando sua parceira Miša descobre que está grávida, ela pressiona Koza para arranjar dinheiro para um aborto. Koza volta ao ringue, na esperança de ganhar algum dinheiro e possivelmente fazer com que Miša mude de ideia. Ele e seu empresário embarcam em uma turnê, onde o sucesso é medido na quantidade de golpes que Koza consegue receber. O filme conta com a participação de Peter Baláž, que competiu nos Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta. Peter “Koza” Baláž is a former Olympic boxer who is struggling to make ends meet. When his partner Miša learns that she’s expecting a child, she pressures Koza to get money for an abortion. Koza steps back into the ring, hoping to earn some cash and possibly change Miša’s mind. He and his manager embark on a tour, where success is measured in the amount of blows that Koza can take. The film features Peter Baláž, who competed at the 1996 Olympic Games in Atlanta. 100

Graduated in documentary filmmaking at the Academy of Performing Arts in Bratislava. Co-owner and producer at sentimentalfilm and Punkchart Films production companies. Director of several award-winning short films. His feature documentary debut ‘Velvet terrorists’ won the Tagesspiegel Readers’ Prize at Berlinale and the FEDEORA Award at Karlovy Vary IFF in 2013.

Jana Wolff E-mail: jana@plutofilm.de Site: www.plutofilm.de


Lucifer Lucifer / Lucifer

Gust Van Den Berghe Gust Van Den Berghe graduou-se em cinema em 2010 com o filme de estréia ‘Little baby Jesus of Flandr’. Um ano depois fez seu segundo filme, ‘Blue bird’, ambos com estréia na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. Em 2012 escreveu e dirigiu uma Ópera para o público jovem, ‘Queen of the night’.

México/Belgica, 2014, 110’, DCP, Ficção Direção: Gust Van Den Berghe Roteiro: Gust Van Den Berghe Produção: Tomas Leyers Direção de Fotografia: Hans Bruch Jr. Direção de Arte: Natalia Treviño Montagem: David Verdurme Elenco Principal: Gabino Rodriguez, Norma Pablo, María Toral Acosta, Jerónimo Soto, Bravo, Sergio Lazaro Cortéz Em seu caminho do céu ao inferno, Lúcifer passa pelo paraíso terrestre do México, onde vivem a idosa Lupita e sua neta Maria. O irmão de Lupita, Emanuel, finge que está paralisado para que ele possa beber, jogar e apostar enquanto as duas mulheres cuidam das ovelhas. Lúcifer detecta uma oportunidade e age como um curandeiro milagroso. Ele obriga Emanuel a andar novamente, seduz Maria e faz Lupita perder a fé. Ele não trouxe má sorte, apenas iluminou a linha entre o bem e o mal onde ela não existia antes.

Gust Van Den Berghe graduated film school in 2010 with his debut feature ‘Little baby Jesus of Flandr’. A year later he made his second film ‘Blue bird’ both premiered at Directors’ Fortnight at the Cannes Film Festival. In 2012 he wrote and directed an opera for a young audience ‘Queen of the night’.

Bianca Fontez E-mail: ndm.sales@mantarraya.com

On his way from Heaven to Hell, Lucifer passes through the earthly paradise of Mexico, where elderly Lupita and her granddaughter Maria live. Lupita’s brother Emanuel pretends he’s paralyzed so he can drink and gamble while the two women tend to the sheep. Lucifer senses an opportunity and plays the miraculous healer. He forces Emanuel to walk again, seduces Maria and makes Lupita lose her faith. He didn’t bring bad luck, he only illuminated the line between good and evil, where it didn’t exist before. 101


Mercuriales Mercuriales / Mercuriales

Virgil Vernier Nasceu em Paris, em 1976. Cursou filosofia na universidade, cursando a seguir artes na Escola de Belas-artes de Paris. Virgil Vernier dirigiu ‘Karine’, seu primeiro filme, em 2001. O filme entrelaça histórias sobre jovens nos subúrbios parisienses, combinando alegoria e realismo, mitologia e documentário. ‘Mercuriales’ é seu primeiro longa.

França, 2014, 108’, DCP, Ficção Direção: Virgil Vernier Roteiro: Virgil Vernier, Mariette Desert Produção: Jean-Christophe Reymond Direção de Fotografia: Jordane Chouzenoux Direção de Arte: Isabelle Voisin Trilha Sonora: Simon Apostolou Montagem: Christophe Bousquet Som: Julien Sicart, Simon apostolou Elenco Principal: Ana Neborac, Philippine Stindel, Jad Solesme, Annabelle Lengronne, Sadio Niakate Empresa Produtora: Kazak Productions, Arte France Cinema A história se passa em um tempo muito distante, um tempo de violência. Por volta de toda a Europa uma guerra se alastrava. Em uma cidade onde viviam duas irmãs... This story takes place in a far distant time, a time of violence. All throughout Europe, a war was spreading. In a city there lived two sisters...

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Born in Paris in 1976. He studied philosophy at university, then arts at the fine arts school in Paris. Virgil Vernier directed ‘Karine’, his first film, in 2001. The film intertwines stories about young people in the Parisian suburbs, combining allegory and realism, mythology and documentary. ‘Mercuriales’ is his first feature film.

Pascale Ramonda E-mail: pascale@pascaleramonda.com


Reality Reality / Réalité

Quentin Dupieux Quentin Dupieux é um promissor diretor francês. Aos 12 anos de idade ele encontrou uma câmera e começou a tirar fotos de tudo. Tornou-se necessário que ele criasse música para acompanhar suas imagens: logo ele se tornou um famoso DJ, Mr. Oizo. Ele encarna uma nova geração de diretores que fazem um cinema original, novo e surpreendente.

França, 2014, 87’, DCP, Ficção Direção: Quentin Dupieux Roteiro: Quentin Dupieux Produção: Realitism Films Direção de Fotografia: Quentin Dupieux Trilha Sonora: Phillip Glass Empresa Produtora: Realitism Films Jason, um pacato cinegrafista, sonha em dirigir seu primeiro filme de terror. Bob Marshall, um rico produtor, aceita financiar seu filme com uma condição: Jason tem 48 horas para encontrar o melhor grito na história do cinema. Durante sua pesquisa, Jason gradualmente se perde em um pesadelo.

Quentin Dupieux is a French promising director. At 12, he found a camera and started taking photographs of everything. It became necessary for him to create music to go with his images: he soon became a famous DJ, Mr. Oizo. He embodies a new generation of directors, creating an original, fresh and surprising cinema.

Martin Gondre E-mail: mgondre@indiesales.eu

Jason, a quiet cameraman, dreams of directing his first horror movie. Bob Marshall, a wealthy producer, accepts to finance his movie on one condition: Jason has 48 hours to find the best scream in the history of film. During his search, Jason gradually gets lost in a nightmare.

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Story of Judas Story of Judas

/ Histoire de Judas

Rabah Ameur Zaimeche Nascido na Argélia em 1966, Rabah Ameur-Zaïmeche se mudou para a França em 1968. Cresceu no conjunto habitacional de Bosquets em Montfermeil, Seine-St-Denis. Após estudar ciências humanas, fundou a companhia Sarrazink Productions em 1999. Desde então produziu e dirigiu cinco filmes.

França, 2014, 99’, DCP, Ficção Direção: Rabah Ameur Zaimeche Roteiro: Rabah Ameur Zaimeche Produção: Rabah Ameur Zaimeche Direção de Fotografia: Irina Lubtchansky Direção de Arte: Sarah Sobol Trilha Sonora: Nikolas Javelle Montagem: Grégoire Pontecaille Som: Bruno Auzet Elenco Principal: Nabil Djedouani, Mohamed Aroussi, Rabah Ameur Zaimeche, Marie Loustalot, Patricia Malvoisin, Régis Laroche Empresa Produtora: Sarrazink Productions Após um longo período de afastamento, Jesus regressa para os membros de sua comunidade, acompanhado de seu discípulo e servidor, Judas. Seus ensinamentos impressionam as multidões e atraem a atenção de grupos resistentes, do alto clero e das autoridades romanas. Quando ele expulsa os comerciantes do templo, Judas se revela o guardião das palavras do mestre... After a long period of withdrawal, Jesus rejoins the members of his community, accompanied by his disciple and steward, Judas. His teaching astounds the crowds and attracts the attention of resistance groups, high priests and the Roman authorities. When he drives the merchants from the Temple, Judas shows himself to be the guardian of the words of the master... 104

Born in 1966 in Algeria, Rabah Ameur-Zaïmeche arrived in France in 1968. He grew up in the Bosquets housing project in Montfermeil, SeineSt-Denis. After studying humanities, he founded the company, Sarrazink Productions, in 1999. Since then, he has produced and directed five films.

Sarah Sobol E-mail: sarrazinkproductions@yahoo.fr


Violencia Violencia / Violencia

Jorge Forero

Cineasta formado pela Universidade Nacional da Colômbia, estudou na escola de cinema San Antonio de los Baños, em Cuba e concluiu um mestrado em Artes Visuais na Universidade de São Paulo. Dirigiu os filmes ‘Unos de esos días’ e ‘Never even’.

Colômbia, 2015, 79’, DCP, Ficção Direção: Jorge Forero Roteiro: Jorge Forero Produção: Diana Bustamante, Paola Pérez Direção de Fotografia: David Gallego Direção de Arte: Angélica Perea Montagem: Sebastián Hernández ZAMBR Som: Carlos García Elenco Principal: Rodrigo Vélez, Nelson Camayo, David Aldana Empresa Produtora: Burning Blue

Forero is a filmmaker graduated from the National University of Colombia, he has studied at the San Antonio de los Baños film school in Cuba and has completed an MA in Visual Arts at the University of Sao Paulo. He has directed the films ‘Unos de esos días’ and ‘Never even’.

Pascale Ramonda E-mail: pascale@pascaleramonda.com

Um homem acorrentado, um jovem que sonha em fazer parte de algo e se tornar um militante de um grupo armado, exercendo uma crueldade na qual talvez não acredite. Os personagens, cada qual uma parte voluntária ou involuntária de um mecanismo que os ultrapassa, revelam sua grandeza ou miséria nas tarefas “mínimas” que realizam para sobreviver. A partir de poesia por vezes mórbida do cotidiano e da verdade irrefutável dos detalhes, vemos um país cujo corpo social está doente e ferido. A man in chains, a young man who dreams of being part of something, to become a militant for an armed group who must wield a cruelty in which he may not believe in. The characters, each voluntary or involuntary part of a mechanism that overcomes them, reveal their greatness or misery in the “minimum” tasks that they perform to survive. From that sometimes morbid poetry of the everyday and the irrefutable truth of the details, we see a country whose social body is sick and injured. 105


Competitiva

/ Competition | S 106


| Curtas

Short Films

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COMPETITIVA | CURTAS / Competition | Short Films

Esta nova seleção de curtas-metragens, competindo na quarta edição do Olhar de Cinema - FIC, combina mais uma vez o rigor cinematográfico, o sabor da curiosidade e da descoberta e o desejo de apresentar filmes que se abrem para o mundo sem perder o apelo popular. ‘A casa sem separação’, de Nathália Tereza, parece pertencer ao cinema clássico, relatando o reencontro de algumas jovens de uma mesma família, cuja avó acaba de morrer. Os enterros sempre são, tanto no cinema quanto na vida, momentos decisivos em que os protagonistas refletem sobre suas vidas. A delicadeza do filme não evita expor os temores e dúvidas de personagens presos entre o passado familiar, o presente de uma noite resignada, animada pelo vento, e um futuro ainda desconhecido. Os silêncios de ‘A casa sem separação’ se contrapõem às vozes vivazes de ‘A festa e os cães’, que também evoca a forma como o passado impregna o presente. O mecanismo do filme situa em seu eixo uma montagem de distintas fotografias de festas de amigos em Fortaleza, comentadas por seus diversos participantes, e nos faz entrar em um jogo de confrontações de pontos de vista, orquestrando um embate fascinante entre a imagem das fotografias que se sucedem e a multiplicidade de vozes. Assim como os anteriores, o filme de Leonardo Mouramateus fixa com graça suas pulsações à imagem da música eletrônica que ele tão bem evoca no final do filme. Terceiro filme brasileiro da competição, ‘Enquanto o sangue coloria a noite, eu olhava as estrelas’, de Felipe Arrojo Poroger, também explora as relações familiares com um sentido de precisão ao evocar em paralelo uma situação de assédio e intimidação no ambiente escolar. A maestria da direção cria uma tensão bastante impressionante. A tensão também está na base de ‘Listen’, filme dos diretores Hamy Ramezan e Rungano Nyoni, que oferece o retrato de uma jovem vestida de burca que apresenta queixa em uma delegacia de polícia na Dinamarca, mas que aos poucos 108

percebe que a tradutora modifica o sentido de suas declarações. Uma situação claustrofóbica e sufocante, à imagem da própria roupa que aprisiona, ‘Listen’ questiona um mal-estar político e se detém longamente sobre a verdade das aparências, ao mesmo tempo em que se lança à análise da diferença. ‘Espaço protegido’ (Geschützter raum), de Zora Rux, conta, com a simplicidade do documentário e em poucos minutos, como uma história de amor entre uma alemã e um imigrante, que se desenrola no seio de uma comunidade de refugiados em Berlim, perturba um grupo de defensores de direitos humanos. Esses olhares sobre a política, naturalistas ou formais, completam a seleção ao lado do belo, delicado e misterioso filme realizado por uma revelação: Niranjan Raj Bhetwal. ‘Bayberries have ripened’ (Kafal Pakyo) acompanha dois jovens num vilarejo nepalês na época da guerra civil, muito antes do terremoto. Desde o início do filme, o cineasta se detém nos rostos dos jovens de sua mãe, na presença da natureza, envolvendo-os em uma narrativa precisa e fugaz. Três outros filmes completam a seleção, trazendo um toque desembaraçado e repleto de rupturas. É, de saída, o impressionante ‘Geronimo’, de Frédéric Bayer, que coloca frente a frente em um vilarejo francês um grupo de jovens urbanos em seus trinta anos e uma turma de adolescentes, que se enfrentam em uma pista de carrinhos de bate-bate. Do cinema francês, uma liberdade narrativa total, que se apresenta com a hilária comédia ‘Superman isn’t Jewish (but I am a bit...)’ (Superman n’est pas Juif - ...et moi un peu), de Jimmy Bemon, um dos dois franceses na competição, junto a um filme de animação, uma joia do humor negro com um título revelador: ‘With joy and merriness’ (Dans la joie et la bonne humeur), de Jeanne Boukraa. Bernard Payen


This new selection of short films competing at the fourth edition of Olhar

that the female translator is distorting the meaning of her words. Stifling

de Cinema – CIFF combines once again rigorous film-making, the taste for

and claustrophobic, in the image of the garment-cage, ‘Listen’ queries a

curiosity and discovery, and the desire to present films that, while open to

political malaise and scrutinizes at length the truth of appearances, while

the world, still remain popular.

delving into an analysis of the circumstances of diversity. ‘Safe space’ (Geschützter raum) tells with the simplicity of a documentary and within min-

Nathália Tereza’s ‘The undivided home’ (A casa sem separação) may seem

utes, how a love story developing at the heart of a group of refugees in Berlin

to belong to a classic cinema tradition, recounting the reunion of a group of

between a German woman and an immigrant man upsets a group of human

young women belonging to a family whose grandmother has recently died.

rights defenders.

Burials, both in film and in real life, are always key moments when the protagonists reflect upon their lives. The movie’s tenderness does not avoid the

These overtures into the political, either naturalist or rather formal, com-

fears and doubts tormenting the characters, caught between the familial

plete the selection alongside the beautiful, delicate, and mysterious film

past, the present of this sober night animated by the wind, and a future still

presented by a revelation: Niranjan Raj Bhetwal. ‘Bayberries have ripened’

unknown. The silences of ‘A casa sem separação’ are in sharp contrast to the

(Kafal Pakyo) follows two young men in the Nepalese countryside at the

very sharp voices in ‘The party and the barking’ (A festa e os cães), also evok-

time of the Civil War, long before the earthquake. From the onset, the direc-

ing the ways through which the past permeates the present. The film has

tor lingers on the faces of the boys and their mother, underscoring the pres-

at its heart a montage of pictures taken at different parties among friends

ence of nature, in a precise and vagabond narrative. Three other films com-

in Fortaleza, with a commentary by various participants, which leads us to

plete the selection to offer an uninhibited touch permeated by ruptures.

a game of confrontations among different points of view, orchestrating a

The first of them is the amazing ‘Geronimo’, by Frederick Bayer Azem, set in

fascinating face to face between the image in the photographs that follow

a small French village where a group of thirty-something urban dandies is

each other and the multiplicity of voices. Just as the previous entries, Leon-

challenged by a teenager’s group in a bumper cars ride. Imparting total nar-

ardo Mouramateus’ film, graciously displays a flow of pulsations mimicking

rative freedom, the two French contenders in the competition are the very

the feel of electronic music, which it so well evokes at the end of the film.

funny comedy ‘Superman isn’t Jewish (but I am a bit...)’ (Superman n’est pas

The third Brazilian entry in the competition, Felipe Arrojo Poroger’s ‘When

Juif - ...et moi un peu), by Jimmy Bemon, alongside an animated film, a gem

darkness mantles the stars’ (Enquanto o sangue coloria a noite, eu olhava as

of black humor with the programmatic title: ‘With joy and merriness’ (Dans

estrelas) also explores family relationships with a sense of precision, while

la joie et la bonne humeur), by Joan Boukraa.

evoking a situation of schoolyard bullying. His mastery of staging creates a rather impressive tension.

Bernard Payen

Tension is also at the heart of ‘Listen’, the movie presented by directors Hamy Ramezan and Rungano Nyoni, which portrays a burqa-clad young woman filing a complaint at a police station in Denmark, gradually realizing 109


A casa sem separação The undivided home / A casa sem separação

Nathália Tereza Nathália Tereza nasceu em 1988 e cresceu no centro-oeste brasileiro. É roteirista, diretora e sócia da produtora Diadorim Filmes. Dirigiu os curtas ‘Te extraño’ e ‘A outra margem’.

Brasil, 2015, 25’, DCP, Ficção Direção: Nathália Tereza Roteiro: Nathália Tereza Produção: Caroline Biagi Direção de Fotografia: Eduardo Azevedo Direção de Arte: Ana Paula Málaga Montagem: Nathália Tereza, Tomás von der Osten Som: Vitor Moraes Elenco Principal: Mariana Mello, Ailen Scandurra, Isadora Terra, Fran Lipinski, Vida Santos Empresa Produtora: Diadorim Filmes

Mariana e suas primas estão na pequena cidade de Sertaneja, na noite do velório da avó. No carro onde passam a noite, a lâmpada interna não desliga. Mariana and her cousins are in the small town of Sertaneja, on the evening of the funeral of their grandmother. In the car where they spend the night, the interior light does not turn off.

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Nathália Tereza was born in 1988 and grew up in a small town. She is a screenwriter, filmmaker and member of the production company Diadorim Filmes. She directed the short films ‘Te extraño’ and ‘The other margin’.

Nathália Tereza E-mail: diadorim@diadorimfilmes.com.br Site: www.diadorimfilmes.com.br


A festa e os cães

The party and the barking / A festa e os cães

Leonardo Mouramateus

Leonardo Mouramateus é realizador. Dirigiu vários curtas premiados em festivais brasileiros e internacionais. Em 2015 ganhou o prêmio de melhor curta no 37º Cinéma du Réel. Agora, frequenta o mestrado na Universidade de Lisboa, e desenvolve o projeto de longa de ficção intitulado ‘A pista de dança’.

Brasil, 2015, 25’, DCP, Documentário Direção: Leonardo Mouramateus Roteiro: Leonardo Mouramateus Produção: Leonardo Mouramateus, Ticiana Augusto Lima Direção de Fotografia: Juliane Peixoto Direção de Arte: Dayse Barreto, Leonardo Mouramateus Montagem: Luciana Vieira, Leonardo Mouramateus Som: Pedro Diógenes, Érico Paiva Elenco Principal: Geane Albuquerque, Clara Monteiro, Kevin Balieiro, Júnior Morais e Leonardo Mouramateus Empresa Produtora: Praia à Noite

Leonardo Mouramateus is filmmaker. Directed shorts awarded in many Brazilian and international festivals. In 2015 won the short film award at 37th Cinéma du Reél with A Festa e os Cães. Now, frequents the master studies in Lisbon University and develops the project of his first feature film, called ‘A pista de dança’.

Leonardo Mouramateus E-mail: lmouramateus@gmail.com

À noite eles se juntam em bando, como se fossem um pelotão que tivesse desertado de uma mesma parte, para este pedaço de bairro no subúrbio de Fortaleza. At night, they would gather in a flock, as if they were a squad that had deserted from the same place to this piece of neighborhood, on the outskirts of Fortaleza.

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Bayberries have ripened Bayberries have ripened / Kafal Pakyoz

Niranjan Raj Bhetwal Nascido no Nepal, Niranjan Raj Bhetwal graduou-se em Direção Fílmica no Oscar International College, Nepal, em 2013. Seu filme de graduação, ‘Kafal Pakyo’ (Bayberries have ripened, 2014), recebeu o Prêmio do Júri e o Prêmio de Melhor Filme de Ficção no “Watersprite: – England” e o Prêmio de Público no “25th – Hungary”.

Nepal, 2014, 16’, DCP, Ficção Direção: Niranjan Raj Bhetwal Roteiro: Niranjan Raj Bhetwal Produção: Niranjan Raj Bhetwal Direção de Fotografia: Ujjal Bastakoti Direção de Arte: Uday Babu Shapkota Trilha Sonora: Bipin Sthapit Montagem: Animesh Shapkota Som: Dikesh Khadgi Shahi Elenco Principal: Mr. Prasun Ghimire, Mr. Sangam Pariyar O filme se passa na zona rural do Nepal, durante a Guerra civil, quando a maior parte dos homens estavam no exterior ou deslocados por causa da guerra. Uma zona rural onde o pássaro cuco oriental (conhecido na região como Kafal Pakyo) gorjeia incessantemente. Sushmadevi, uma mãe de dois filhos cujo marido está no exterior, ordena a seus filhos que levem a vaca para ser fertilizada. Quando os filhos trazem a vaca de volta, adorada como mãe e provedora, se deparam com uma nova ordem de fatos. The film is set in the countryside of Nepal during the civil war period, where most men were either abroad or displaced because of the war. A countryside where orient cuckoo bird (known locally as Kafal Pakyo) tweets continuously. Sushmadevi, a mother of two sons whose husband is abroad, directs her sons to take their cow for fertilization. As the boys bring back the cow, worshiped as a mother and giver, they are faced with a new realization. 112

Born in Nepal, Niranjan Raj Bhetwal earned B.F.S in Film Direction at the Oscar International College, Nepal, in 2013. His graduation film, ‘Kafal Pakyo’ (Bayberries have ripened, 2014), received the Jury award and Best Fiction Film Award in “Watersprite: – England” and Audience Choice Award in “25th – Hungary”.

Niranjan Raj Bhetwal E-mail: niranjanrajbhetwal@hotmail.com


Enquanto o sangue coloria a noite, eu olhava as estrelas When darkness mantles the stars

/ Enquanto o sangue coloria a noite, eu olhava as estrelas

Felipe Arrojo Poroger

Graduado em Cinema e estudante de Filosofia, Felipe Arrojo Poroger, 24, considera ‘O filho pródigo’ como sua primeira experiência cinematográfica. Filmado em 35mm, o filme estreou no 18º CINE-PE e levou os prêmios de Melhor Roteiro, Melhor Ator e Melhor Atriz. Além de realizador, é diretor do Festival de Finos Filmes, mostra paulistana de curtas.

Brasil, 2015, 15’, DCP, Ficção Direção: Felipe Arrojo Poroger Roteiro: Felipe Arrojo Poroger Produção: Guilherme Severo Direção de Fotografia: Rodrigo Mesquita Direção de Arte: Manuela Porto Montagem: Felipe Arrojo Poroger Som: Fred França (Captação), Felipe Arrojo Poroger (Desenho), Raphael Lupo (Mixagem) Elenco Principal: Danilo Grangheia, Thomas Huszar, Luiz Felipe Del Nero, Rafinha Braga, Ruizito Prado, Isabela Mariotto Empresa Produtora: Finos Filmes

Graduated in Cinema and student of Philosophy, Felipe Arrojo Poroger, 24, considers ‘The prodigal son’ as his first serious film experience. Shot in 35mm, the movie premiered at 18º CINE-PE and won Best Screenplay, Best Actor and Best Actress. He’s also director of the Festival de Finos Filmes, a shortfilm festival in São Paulo.

Felipe Arrojo Poroger E-mail: felipeporoger@uol.com.br Site: www.finosfilmes.com.br

Somos aqueles que dormem e gritam durante o sono.

We are dreamers who shout in our sleep. 113


Espaço protegido Safe space

/ Geschützter raum

Zora Rux Nascida em 1988. Fez curtas quando era adolescente. Diretora de elenco de ‘A pigeon sat on a branch’, de Roy Andersson. Pesquisadora contratada na Valie Exports Photo Class. Jovem jornalista na Berlinale. Estuda direção na DFFB desde 2011.

Alemanha, 2014, 13’, DCP, Ficção Direção: Zora Rux Roteiro: Zora Rux, Christian Brecht Produção: Fred Burle Direção de Fotografia: Ágnesh Pákozdi Trilha Sonora: Dietrich Brüggemann Montagem: Nina Caspers Som: Tobias Rüther Elenco Principal: Maelle Giovanetti, Gorges Ocloo, Thelma Buabeng, Franziska Wulf, Viola Neumann Empresa Produtora: Deutsche Film, Fernsekakademie Berlin (dffb)

O filme narra a história de amor entre o refugiado Patrick e a berlinense Sara, que lutam juntos pelos direitos dos refugiados em Berlim. Quando uma cantada inofensiva se transforma em assédio sexual, o grupo é forçado a repensar seus objetivos e a história de amor privada ganha uma indesejada projeção pública.

The film tells the love story of the refugee Patrick and Sara from Berlin, who are fighting together for refugee rights in Berlin. When harmless advance turns into a sexual assault, the group is forced to rethink their aims and the private love story grows to an unwanted public dimension. 114

Born 1988. Made short films as a teenager. Casting Director for Roy Andersson’s ‘A pigeon sat on a branch’. Scholar / stipendiary at Valie Exports Photo Class. Young Journalist of the Berlinale. Studies Directing at DFFB since 2011..

Fred Burle E-mail: fredburle@gmail.com Site: www.facebook.com/safespace2014


Geronimo Geronimo / Geronimo

Frédéric Bayer

Frédéric Bayer um dia descobre ‘Cheyenne’, de John Ford, filme que o marca de maneira indelével, produzindo um grande desejo de fazer cinema. Para ganhar a vida, ele mantém seu emprego em uma fábrica e faz trabalhos eventuais, mas simultaneamente começa a escrever seu primeiro argumento cinematográfico, ‘Les ficelles’, produzido pelo G.R.E.C.

França, 2014, 18’, DCP, Ficção Direção: Frédéric Bayer Roteiro: Stéphane Aicardi Produção: Charlotte Vincent Direção de Fotografia: David Ctiborsky Montagem: William Laboury Som: Pierre Bompy Elenco Principal: Serge Bozon, Caroline Fauvet, Shemss Audat, Olivier Chantreau, Rodrigo Castanon, Wissam Charaf Empresa Produtora: Aurora Films

Frédéric Bayer discovers one day John Ford’s ‘Cheyenne’, which leaves him an indelible imprint, and a deep desire to go to the cinema. To earn his living, he keeps his job in a factory and combines casual jobs, but at the same time, begins to draft his first scenario, ‘Les ficelles’, produced by the G.R.E.C.

Charlotte Vincent E-mail: contact@aurorafilms.fr

Um descolado grupo de amigos na faixa dos 30 anos chega em uma vila. O jovem Geronimo, um excelente piloto, e seus amigos aguardam ansiosamente por eles.

A trendy group of thirty year old friends arrives in a village. The young Geronimo, an ace driver, and his friends are firmly waiting for them.

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Listen Listen / Listen

Hamy Ramezan, Rungano Nyoni

Finlândia/Dinamarca, 2014, 13’, DCP, Ficção Direção: Hamy Ramezan, Rungano Nyoni Roteiro: Hamy Ramezan, Rungano Nyoni Produção: Valeria Richter, Helene Granqvist Direção de Fotografia: Lars Vestergaard Empresa Produtora: DoDream & Pebble, Nordic Factory

Uma estrangeira, vestida de burca, leva seu jovem filho a uma delegacia de polícia em Copenhagen para registrar queixa contra seu marido abusivo, mas o tradutor não parece interessado em traduzir o sentido real de suas palavras. Um filme tenso e absorvente sobre isolamento cultural e ignorância burocrática.

A foreign woman in a burqa brings her young son to a Copenhagen police station to file a complaint against her abusive husband, but the translator assigned to her seems unwilling to convey the true meaning of her words. A tense, diamond-hard film about cultural isolation and bureaucratic ignorance.

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Hamy Ramezan é um diretor e roteirista Finlandês-Iraniano. Estudou na Inglaterra, graduando-se em 2007. Seu curta ‘Over the fence’, de 2009, foi um sucesso em festivais em todo o mundo, sendo exibido em mais de quarenta festivais internacionais. Os filmes de Rungano Nyoni já foram exibidos em mais de 200 Festivais ao redor do mundo. Em 2012, no BAFTA.

Hamy Ramezan is a Finnish-Iranian film director and scriptwriter. He studied film in England, graduating in 2007. His short film ‘Over the fence’, 2009, was a worldwide festival hit and was screened at more than 40 international film festivals.Rungano Nyoni’s films have screened at more than 200 film festivals worldwide. In 2012, BAFTA.

Valeria Richter E-mail: valeria@pebble.dk


Superman isn’t Jewish (but I am a bit...) Superman isn’t Jewish (but I am a bit...) / Superman n’est pas Juif (...et moi un peu)

Jimmy Bemon

França, 2014, 30’, DCP, Ficção Direção: Jimmy Bemon Roteiro: Jimmy Bemon Produção: Marc-Benoit Creancier Direção de Fotografia: Brice Pancot Empresa Produtora: Easy Tiger Films

Quando descobre que por ser judeu seu pipi é diferente, o jovem Benjamin decide fazer de tudo para esconder sua religião e guardar seu segredo…

Após trabalhar vários anos em um videoclube, participou de uma competição de roteiros e chegou à final. Com essa indicação, foi incorporado a uma escola de roteiristas. Dirigiu vários curtas e, com seus dois últimos filmes, ganhou muitos prêmios. Em ‘Superman isn’t Jewish (but I am a bit...)’, ele trata com humor questões de identidades culturais e preconceitos.

After working during several years in a video club, he participed in a script competition and he arrived to the final. With this nomination, he incorporated a script school. He directed several shorts films whose, with these two last films, he won a lot of awards. In ‘Superman isn’t Jewish (but I am a bit…)’, he reaches with humour cultural identities questions and prejudices. Easy Tiger Films E-mail: contact@easytigerfilms.fr Site: www.easytigerfilms.fr

When he finds out that it’s because he’s Jewish that his willy is different, young Benjamin decides to do everything he can to hide his religion and keep his secret...

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With joy and merriness With joy and merriness

/ Dans la joie et la bonne humeur

Jeanne Boukraa

Jeanne Boukraa nasceu na França e estuda Cinema de Animação em uma escola de Artes Visuais na Bélgica. Graduou-se com um Mestrado em ENSAV LA CAMBRE, Bruxelas, em 2014. Filmografia : ‘Les poils histoire et bizarreries du système pileux’ (2011), ‘Satan la bite’ (2012).

Bélgica, 2014, 5’, DCP, Documentário/Animação/Experimental Direção: Jeanne Boukraa Roteiro: Jeanne Boukraa Produção: Vincent Gilot Direção de Fotografia: Jeanne Boukraa Trilha Sonora: Benoit Charron, Jeremy bocquet Montagem: Julien Jauniaux Som: Benoit Charron, Jeremy Bocquet Elenco Principal: Jean-Louis Froment (Voice) Empresa Produtora: ADIFAC

‘With joy and merriness’ é um documentário experimental onde observamos, através de cenas cotidianas, a degeneração de uma sociedade na qual o aumento da tecnologia leva a população ao maior sonho da humanidade: a imortalidade. ‘With joy and merriness’ is an experimental documentary where we observe, through every day scenes, the degeneration of a society where the rise of technology leads the population to the biggest dream of all men: immortality. 118

Jeanne Boukraa was born in France, she studies animation cinema at a visual art school in Belgium. She graduated with a Master from ENSAV LA CAMBRE, Brussels, 2014. Filmography: ‘Les poils histoire et bizarreries du système pileux’ (2011), ‘Satan la bite’ (2012).

Jeanne Boukraa E-mail: jeannette50s@gmail.com Site: www.vimeo.com/jeanneboukraa


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Novos Olhares / New Views


NOVOS OLHARES / New Views

‘Battles’, de Isabelle Tollenaere, é um elegante filme bélico em capítulos. Cada segmento é ambientado em um território específico. O cauteloso cruzamento entre esses blocos, possibilita ao espectador lidar com uma conceitual estrutura que se propõe a analisar um exército de fantasmas do passado. Uma anatomia concreta, entre o suspense e a comédia, que trata de uma fascinação por uma estética militar e da herança de uma cultura de guerra que sobrevive mesmo após o fim da era soviética. ‘Burn the sea’ (Brûle la mer), de Maki Berchache e Nathalie Nambot, nos mostra a paradoxa travessia dos que escapam das revoluções do norte Africano em direção à Europa contra a dura realidade de seus países, em luta pela liberdade e atrás da esperança de reconquistar seu lugar no mundo. Mas a chegada nem sempre é acolhedora e muitas vezes um novo confinamento os espera. Uma poderosa meditação sobre o atual estado das revolução políticas e íntimas, daqueles que vivem em transição, entre dois mundos, deixando sua casa para trás e sem conseguir chegar à um novo destino. Em ‘Ming of Harlem: twenty one storeys in the air’, de Phillip Warnell, um homem viveu, secretamente, durante anos, com um tigre e um crocodilo em um apartamento localizado no 21º andar de um prédio no Harlem. É através do registro da chamada policial da época e do testemunho de seu personagem retornando ao bairro depois de anos, que o cineasta nos apresenta essa história. Mas para muito além dos fatos reais, o realizador instala um complexo movimento ao filme, no que recria como um palco labiríntico, o apartamento onde Antoine Yates viveu com os animais, agora, diante de sua câmera. O filme expande suas possibilidades estruturais e estéticas ao lançar o espectador a conviver neste artificial espaço que transforma o experimento em um tanque observatório, que retrata o choque entre natureza e cultura, e que eleva este ensaio à um universo fílmico hipnótico e único. 122

‘Fog’ (Nebel), de Nicole Vögele, é um misterioso filme que descarta interpretações apressadas. Se anuncia como um documentário de observação mas sua estrutura se torna mais complexa quando compartilhamos da solidão de seus personagens. Uma espécie de limbo se abre, onde é possível projetar sentimentos difusos e incertos sobre o que vemos. Uma espécie de ensaio que atua na negociação entre paisagens concretas e vazios abstratos. Um filme de espera, de silêncio, generoso em seu olhar e sempre aberto a se transformar. Em ‘Nova Dubai’, de Gustavo Vinagre, a transformação do espaço público em privado é uma ameaça real para um grupo de amigos que transita por uma cidade em constante desaparecimento, dada uma nova ordem de especulação imobiliária que engole tudo. É preciso lutar para preservar sua identidade. É preciso expandir a atividade dos corpos para demarcar uma vontade de pertencimento. O sexo então, surge como elemento de ocupação política. Um gesto de liberdade necessário para demarcar seu lugar no mundo. ‘Yximalloo’, de Tadhg O’Sullivan e Feargal Ward, é muito mais do um documentário sobre um obscuro músico. O filme captura com raro frescor o deslocamento de Naofumi Yximalloo Ishimaru, entre Nova Iorque e Tóquio, em um eterno movimento em meio a cidade, a noite e as pessoas. Um filme de uma delicadeza singular que retrata o processo criativo de seu personagem central em busca de sua individualidade para poder seguir criando.

Gustavo Beck


‘Battles’, by Isabelle Tollenaere, is an elegant episodic war movie. Each seg-

interpretations. It presents itself as an observational documentary, but its

ment takes place within a specific territory. The cautious cross between

structure becomes increasingly complex as we share the loneliness of its

these pieces allows the viewer to engage with a conceptual structure that

characters. A kind of limbo opens up, where we may project diffuse and un-

sets out to analyze an army of ghosts from the past. A concrete anatomy

certain feelings about what we see. An experiment of sorts, engaged in the

between thriller and comedy, which deals with a fascination for a military

negotiation between concrete landscapes and empty abstracts. A film of

aesthetic and the heritage of a war culture that lives on even after the end

waiting, of silence, generous in its gaze and always open to mutations.

of the Soviet era. ‘Burn the sea’ (Brûle la mer), by Maki Berchache and Nathalie Nambot,

In ‘New Dubai’ (Nova Dubai), by Gustavo Vinagre, the transformation of the

shows us the paradoxical crossing by those escaping the North African revo-

public space into private property is a real threat for a group of friends tran-

lutions towards Europe, against the harsh reality of their countries, fighting

siting through a city in constant disappearance, due to a new order of real

for freedom and in hopes of regaining their place in the world. However, the

estate speculation that swallows everything. We must fight to preserve its

arrival is not always welcoming and quite often a new confinement awaits

identity. We need to expand the actions of the bodies to establish a will to

them. A powerful meditation on the current state of political and intimate

belong. Sex then arises as political element of political occupation. A neces-

revolutions, of those who live in a transition between two worlds, leaving

sary gesture of freedom to mark one’s place in the world.

their home behind and unable to reach a new destination. ‘Yximalloo’, by Tadhg O’Sullivan and Feargal Ward, is much more than a In ‘Ming of Harlem: twenty one storeys in the air’, by Phillip Warnell, for

documentary about an obscure musician. The film captures with rare fresh-

many years a man lived secretly with a tiger and a crocodile in an apartment

ness the movements of Naofumi Yximalloo Ishimaru between New York and

located on the 21st floor of a building in Harlem. The filmmaker presents us

Tokyo, in an eternal movement amidst the city, the night and its people. A

with this story from a record of a police call at the time and the testimony

film of a singular delicacy, which portrays the creative process of its central

of his character returning to the neighborhood after several years. However,

character in search of his individuality, so that he may continue to create.

way beyond the real facts, the filmmaker establishes a complex movement in the film, recreating a labyrinthine stage in the apartment where Antoine Yates lived with the animals, now in front of his camera. The film expands its

Gustavo Beck

structural and aesthetic possibilities by casting the spectator to live within this artificial space, transforming the experiment into an observatory tank, which depicts the clash between nature and culture, and elevates this experiment to a unique and hypnotic cinematographic universe. ‘Fog’ (Nebel), by Nicole Vögele, is a mysterious film that dismisses rushed 123


Battles Battles / Battles

Isabelle Tollenaere

Bélgica/Holanda, 2015, 88’, DCP, Documentário Direção: Isabelle Tollenaere Roteiro: Isabelle Tollenaere Produção: Olivier Burlet Direção de Fotografia: Frederic Noirhomme Montagem: Nico Leunen Som: Kwinten Van Laethem, Michel Schöpping Empresa Produtora: Michigan Films

Isabelle Tollenaere (born in Ghent, 1984) is an independent and promising, young filmmaker. She studied documentary filmmaking at Sint-Lukas Brussels University College of Art and Design. Since then she has made 3 short films; her graduation film ‘Still life’ (2007), ‘Trickland’ (2010) and ‘Viva Paradis’ (2011). ‘Battles’ (2015) is Isabelle’s first feature length film.

Uma guerra realmente acaba? ‘Battles’ apresenta uma visão espetacular de um mundo dissonante. O filme revela um passado que ainda não passou ao observar os vestígios que permanecem na paisagem e na memória. As tropas há muito se foram, mas um exército fantasma continua a assombrar a terra.

Olivier Burlet E-mail: olivier@michiganfilms.be Site: www.michiganfilms.be

Is a war ever truly over? ‘Battles’ offers a wondrous view of our discordant world. The film reveals a past that has not passed, by observing the traces that remain in landscape and memory. The troops are long since gone but a ghost army continues to haunt the land.

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Isabelle Tollenaere (nascida em Ghent, 1984) é uma jovem e promissora cineasta. Ela estudou cinema documentário em Sint-Lukas, na Universidade de Artes e Design de Bruxelas. Desde então, ela realizou três curtas-metragens; seu filme de graduação, ‘Still life’ (2007), ‘Trickland’ (2010) e ‘Viva Paradis’ (2011). ‘Battles’ (2015) é seu primeiro longa-metragem.


Burn the sea Burn the sea / Brûle la mer

Nathalie Nambot, Maki Berchache

França/Tunísia, 2014, 75’, DCP, Híbrido Direção: Nathalie Nambot, Maki Berchache Roteiro: Nathalie Nambot and Maki Berchache Produção: Les Films du Bilboquet Direção de Fotografia: Nicolas Rey Montagem: Gilda Fine Elenco Principal: Maki Berchache, Saidi Shaharedin, Mahmoud El Saleh, Baddredine Nobig, Selim Sohbani, Shadi Al Fawaghra, Nathalie Nambot Empresa Produtora: Les Films du Bilboquet “A história escrita fala apenas das pessoas importantes; nós não existimos”. Estórias fragmentadas de luta e exílio de jovens tunisianos após a queda de Ben Ali. O que significa a ruptura com o passado, os sonhos de liberdade e emancipação, fazer um filme e escrever um pedaço da história? Um ensaio fílmico na encruzilhada entre a energia de uma revolução, uma partida para a Europa, e a violência de um acolhimento negado. “History is only written about great people; we don’t exist”. Fragmented stories of young Tunisians’ struggle and exile after the fall of Ben Ali. What does it mean to break with one’s past, dream of freedom and emancipation, make a film and write a piece of history? A film essay at the crossroads between the energy of a revolution, a departure for Europe, and the violence of a welcome declined.

Nathalie Nambot trabalhava com teatro e é integrante do “L’Abominable”, um laboratório de cinema coordeado por artistas próximo a Paris. Seu primeiro filme foi ‘Ami, entends tu’ (2010). Maki Berchache trabalhou em diversos hotéis na Tunísia e chegou na França pouco após a queda de Ben Ali. Sua introdução ao ao cinema se deu com “L’Abominable”; ‘Brûle la mer’ é seu primeiro filme. rais e preconceitos.

Nathalie Nambot used to work in theatre and forms part of L’Abominable, artist-run film laboratory near Paris. First film: ‘Ami, entends tu’ (2010). Maki Berchache worked in several hotels in Tunisia and arrived in France just after Ben Ali’s fall. He was introduced to cinema at L’Abominable; ‘Brûle la mer’ is his first film.

Eugénie Michel-Villette E-mail: eugeniemichelvillette@lesfilmsdubilboquet.fr Site: lesfilmsdubilboquet.fr

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Fog Fog

/ Nebel

Nicole Vögele

Alemanha/Suíça, 2014, 60’, DCP , Documentário/Experimental Direção: Nicole Vögele Roteiro: Nicole Vögele with Elsa Kremser Produção: Elsa Kremser Direção de Fotografia: Stefan Sick Trilha Sonora: John Gürtler Montagem: Hannes Bruun Som: Jonathan Schorr Empresa Produtora: Filmakademie Baden-Württemberg

Um filme que se assemelha a uma tapeçaria finamente tecida, unificando coisas que são incomensuráveis. Sobre o que é o filme? Sobre algo que todos conhecemos, mas que ressoa diferentemente para cada um de nós, algo que não pode ser colocado em palavras. Poderíamos dizer que é sobre nosso murmúrio interior.

A film like a finely-woven tapestry, unifying things that are incommensurate. What is it about? Something that we all know, but which resonates differently with each of us, something that cannot be put into words. You could call it our inner hum. 126

Nascida em 04/08/1983 em Olten (Suíça), vive entre Stuttgart e Zurique. Desde 2002 ela tem trabalhado para a televisão pública suíça como repórter e jornalista. Lá, começou a fazer documentários. Em 2010, Nicole Vögele se matriculou na Academia de Cinema Baden-Württemberg, em Ludwigsburg, estudando cinema documentário. Filmes: ‘Into the Innards’ (2013), ‘Mrs. Loosli’ (2013) e ‘Serbia_boy_26’ (2011).

Born 04.08.1983 in Olten (Switzerland), lives in Stuttgart and Zurich. Since 2002 she has been working for the Swiss National Television as a reporter and journalist. There she started making documentaries. In 2010 Nicole Vögele enrolled at the Baden-Württemberg Film Academy, Ludwigsburg, studying documentary filmmaking. Films: ‘Into the Innards’ (2013), ‘Mrs. Loosli’ (2013) and ‘Serbia_boy_26’ (2011).

Elsa Kremser E-mail: elsakremser@icloud.com Site: www.nebel-film.com


Ming of Harlem: twenty one storeys in the air Ming of Harlem: twenty one storeys in the air / Ming of Harlem: twenty one storeys in the air

Phillip Warnell

Com uma trajetória em belas artes e em performance, Warnell recentemente produziu quatro filmes: ‘The girl with x-ray eyes’ (2008); ‘Outlandish’ (2009); ‘I first saw the light’ (2012) e ‘Ming of Harlem’ (2014).

Reino Unido/EUA/Bélgica, 2014, 71’, DCP, Experimental/Híbrido Direção: Phillip Warnell Produção: Phillip Warnell Direção de Fotografia: David Raedeker Direção de Arte: Phillip Warnell Trilha Sonora: Hildur Gudnadottir Montagem: Phillip Warnell and Chiara Armentano Som: Emmet O’Donnell Elenco Principal: Antoine Yates Empresa Produtora: Big Other Films Ltd

With a background in fine and performance art, Warnell has recently produced four films: ‘The girl with x-ray eyes’ (2008); ‘Outlandish’ (2009); ‘I first saw the light’ (2012) and ‘Ming of Harlem’ (2014).

Phillip Warnell E-mail: info@phillipwarnell.com Site: www.phillipwarnell.com

‘Ming do Harlem: vinte e um andares acima’ é o tipo de história “que só acontece em Nova Iorque” sobre Ming, Al e Antoine Yates, que dividiram um apartamento em um prédio de habitação social no complexo Drew-Hamilton, no Harlem, por vários anos até 2003, quando notícias sobre sua moradia causaram comoção pública e uma manifestação coletiva de descrença. Com a descoberta de que Ming era um tigre de mais de 200kg e Al um crocodilo de 2 metros, a história ganhou uma dimensão surpreendente. ‘Ming of Harlem: twenty one storeys in the air’ is an only-in-New-York account of Ming, Al, and Antoine Yates, who cohabited in a high-rise social housing apartment at Drew-Hamilton complex in Harlem for several years until 2003, when news of their dwelling caused a public outcry and collective outpouring of disbelief. On the discovery that Ming was a 500-pound pound Tiger and Al a seven-foot alligator, their story took on an astonishing dimension. 127


Nova Dubai New Dubai / Nova Dubai

Gustavo Vinagre

Brasil, 2014, 50’, DCP, Híbrido Direção: Gustavo Vinagre Roteiro: Gustavo Vinagre Produção: Max Eluard Direção de Fotografia: Matheus Rocha Direção de Arte: Fernando Zuccoloto Montagem: Rodrigo Carneiro Som: Jonathan Macías Elenco Principal: Gustavo Vinagre, Bruno D’ugo, Hugo Guimarães, Fernando Maia, Herman Barck, Caetano Gotardo, Daniel Prates Empresa Produtora: Avoa Filmes Num bairro de classe média numa cidade do interior do Brasil, a especulação imobiliária ameaça os espaços afetivos da memória de um grupo de amigos. Sua resposta diante dessa iminente transformação é praticar sexo em locais públicos e nessas construções. E o amor? É apenas mais uma construção? In a middle class neighborhood in a city in the countryside of Brazil, the real estate speculation is a menace to the affective memory of a group of friends. Their answer to this imminent transformation is to fuck in the construction sites. And what about love? Is love just a construction? 128

Diretor e roteirista, estudou cinema na EICTV (Cuba) e Letras na Universidade de São Paulo (Brasil). Seu curta metragem ‘Filme para Poeta Cego’ participou do Doculab no Festival de Guadalajara em 2012 e estreou no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam em 2013. Também é diretor/roteirista do curta-metragem documentário ‘La Llamada’.

Director and scriptwriter, was born at 1985 and studied cinema at EICTV (Cuba) and literature at the Universidade de São Paulo (Brazil). His short ‘Filme para poeta cego’ participated at Doculab in Guadalajara Festival 2012 and was released at Rotterdam Film Festival 2013. He is also the director/scriptwriter of the short doc ‘La llamada’.

Max Eluard E-mail: maxeluard@gmail.com


Yximalloo Yximalloo / Yximalloo

Tadhg O’Sullivan, Feargal Ward

Tadhg O’Sullivan dirigiu: ‘The great wall’ (2015), ‘Terminal’ (2015), ‘What remains’ (2013), ‘Bow St.’ (curta, 2010). Feargal Ward dirigiu: ‘Quarantine’ (curta, 2011).

Irlanda, 2014, 75’, DCP , Documentário Direção: Tadhg O’Sullivan, Feargal Ward Roteiro: Tadhg O’Sullivan and Feargal Ward Produção: Tadhg O’Sullivan Direção de Fotografia: Feargal Ward Direção de Arte: NA Trilha Sonora: Yximalloo Montagem: Tadhg O’Sullivan Som: Tadhg O’Sullivan Empresa Produtora: Inland Films

Tadhg O’Sullivan directed: ‘The great wall’ (2015), ‘Terminal’ (2015), ‘What remains’ (2013), ‘Bow St.’ (short, 2010). Feargal Ward directed: ‘Quarantine’ (short, 2011).

Tadhg O’Sullivan E-mail: tadhgosullivan@gmail.com Site: tadhgosullivan.com

Em um tranquilo subúrbio de Dublin, em uma casa estranha e desordenada, reina o silêncio. Entre as lembranças de uma carreira à margem da música marginal, Yximalloo pensa sobre seu futuro. Yximalloo está inseguro. Ele sente falta do Japão. De legging verde e fantoches nas mãos, ele sai para tocar para um pequeno público… ‘Yximalloo’ é um retrato singular de um homem singular e difícil, de sua incapacidade e falta de interesse em se adaptar e dos incontáveis conflitos que ameaçam destruí-lo. In a quiet Dublin suburb, in a strange and cluttered house, silence reigns. Amongst the mementoes of a career on the margins of marginal music, Yximalloo considers his future. Yximalloo is uncertain. He misses Japan. In green leggings, puppets on his hands, he sets out to peform to a tiny audience… ‘Yximalloo’ is a unique portrait of unique and difficult man, his inability and unwillingness to fit in and the countless conflicts that threaten to tear him apart. 129


Outros Olhares | Longas / Other Views | Feature Films

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OUTROS OLHARES | LONGAS / Other Views | Feature Films ‘A loucura entre nós’, de Fernanda Fontes Vareille, é um retrato do sistema manicomial brasileiro atual e dos indivíduos não considerados aptos para o convívio social comum que por ali flanam. Ao optar-se pelo isolamento desses indivíduos, uma pequena, porém bastante complexa, sociedade é criada. Uma nova sociedade que pertence somente àqueles que estão tomados pela loucura e por àqueles poucos que, lúcidos, seguram os pilares dessa frágil sociedade. Ao adentrar neste universo, percebe-se que a loucura muitas vezes possui um grau de sanidade maior do que considerávamos. Em ‘Cloudy times’ (El tiempo nublado), a diretora Arami Ullon faz de um drama familiar o mote para seu filme. Separadas por um oceano, a Arami e sua mãe doente se reencontram e colocam em discussão a escolha (ou a falta de escolha) que mudou o rumo da sua vida. Com grande ternura e simplicidade, o que se busca neste filme é o equilíbrio entre uma trajetória individual e uma trajetória que inclui o outro. O complexo equilíbrio entre filhos e pais, o novo e velho. Com ‘Ela volta na quinta’ o diretor André Novais Oliveira expande para o longa-metragem o hibridismo que já vinha experimentando em curtas. André busca inspiração dentro da sua própria família para criar um drama bastante tocante sobre relações amorosas. O resultado é um filme que, de maneira extremamente sensível e delicada, desnuda a vida privada daqueles indivíduos personagens de si mesmos. Do diretor Raúl Perrone, ‘Favula’ vai fundo no resgate de uma linguagem cinematográfica primitiva. O filme se arrisca no experimentalismo em busca de algo novo. Um filme essencialmente de montagem, que sem parcimônia se utiliza de diversos efeitos imagéticos e sonoros para criar um universo hipnotizante e único. Uma fábula em que os personagens, ao invés de animais com características humanas, são os humanos que ganham características animalescas. Muito se viu pelos noticiários a invasão e os ataques dos Estados Unidos contra o Iraque no início dos anos 2000. Entretanto, com ‘Homeland (Iraq year zero)’, o diretor Abbas Fahdel nos proporciona uma nova experiência, à medida que elege uma família iraquiana, a sua própria, para acompanhar as tensões e mudanças causadas pela guerra. Durante as mais de cinco horas de filme, deixamos o ponto de vista do jornalismo formal de lado para adentrar intimamente em um universo onde temos o ponto de vista de mulheres e homens comuns, de crianças que, precocemente, são forçadas a conviver com e refletir sobre violência. ‘Homem-carro’, de Raquel Valadares, é além de um resgate de memória do maior inventor de carros brasileiro, uma ferramenta de aproximação entre pai e filha. Temendo que a memória e as criações de seu pai fossem perdidas ou esquecidas pelas pessoas, por ela e principalmente pelo próprio criador, Raquel propõe para si, e para o pai designer e artista, o desafio de organizarem juntos todo o material acumulado por ele ao longo de décadas de trabalho. Ao passar pelo processo de resgatar e pôr no lugar os objetos de uma vida bagunçada pelo tempo, a diretora também consegue, a partir de um dispositivo muito simples, resgatar e encontrar um lugar ainda melhor para o afeto que tem por aquele homem. Em ‘ Mais do que eu possa me reconhecer’, o diretor Allan Ribeiro nos convida

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para uma viagem no mundo do artista Darel Valença Lins. A solidão e o isolamento agora fazem parte do ato de criar de Darel, que além de artes plásticas, produz obras audiovisuais, as quais acabam se tornando o objeto que o liga ao diretor do filme que o acompanha em seu enclausuramento. ‘Maldade’ (La maldad), de Joshua Gil Delgado, parte do campo para a cidade numa mescla de documentário e ficção em um road-movie não usual. O personagem principal da fita está doente e, na iminência da morte parte em busca de um sonho antigo, que é fazer um filme. Em meio a esse drama inicial, ‘La Maldad’ apresenta uma história enigmática em que os momentos, situações e a relação do personagem principal com o mundo ditam a atmosfera do filme. A busca pela monstruosidade humana. Em ‘Portrait of the artist’ (Les do rouge), de Antoine Barraud, o diretor de cinema Bertrand quer encontrar uma referência pictórica para seu filme e acaba ele mesmo tornando-se a referência desejada. O quanto um artista submerge nas profundezas de seus temas em busca de respostas a suas inquietações. O criador se transformando em sua própria criatura, eis o que se segue nesta trama extremamente imagética e misteriosa. Uma prisão para onde os detentos voluntários vão quando sentem desejo de ser torturados: esse é o excêntrico plot point de ‘Prison system 4614’ (Haftanlage 4614), do diretor Jan Soldat. Quando exercitamos nossa capacidade de compaixão ao entrar em um universo de um filme, conseguimos captar as emoções dos personagens a ponto de projetá-las sobre nós mesmos. Mas como proceder esta projeção, quando o que move os personagens em busca do prazer é a dor e a abjeção? O documentário ‘Sete visitas’, de Douglas Duarte, parte de um ciclo de entrevistas à Coutinho para discutir a própria linguagem do documentário de entrevistas. Tendo como eixo a carismática Silvana, que é ao mesmo tempo entrevistada e entrevistadora, conhecemos um pouco de pessoas que tem na atividade inquisitorial/pesquisa o modus operandi de suas profissões. Filme social contado com elementos de ficção científica, experimentalismo e inventividade é o que se pode dizer de ‘Snakeskin’, de Daniel Hui. Uma visão pessoal do realizador sobre seu país, um lugar apresentado como distópico e opressivo. ‘The valley’ (Al-wadi), de Ghassan Salhab, nos envolve num atrama onde o mais relevante não é a história, mas a construção de tensões e o contínuo sentimento de perigo advindo do desconhecido, do esquecimento, em que tudo o que foge ao controle dos gerentes de um laboratório de drogas se torna uma ameaça. E a pior delas é o aparecimento de alguém que não sabe quem é, de onde veio e para onde vai. Depois de uma briga de rua, os pais de uma das vítimas resolvem tomar as providências necessárias para levar o caso à justiça. O que eles encontram durante este percurso é a burocracia de um sistema que agoniza, a incomunicabilidade entre pais e filhos e também entre indivíduos que representam diferentes papéis na sociedade. De modo bastante direto e cru ‘These are the rules’ (Takva su pravila), do diretor Ognjen Svilicic, nos coloca diante de personagens que, por exaustão ou resignação, são engolidos pelas circunstâncias. Antônio Junior e Marisa Merlo


‘The madness among us’ (A loucura entre nós), by Fernanda Fontes Vareille, portrays the contemporary Brazilian asylum system and the individuals considered unfit for social life who wander therein. By opting for the isolation of these individuals, a small but very complex society establishes itself. A new society that belongs only to those taken by madness and those lucid few who hold the pillars of this fragile society. When entering this universe, one realizes madness often has a higher degree of sanity than we thought. In ‘Cloudy times’ (El tiempo nublado), director Arami Ullon sets the tone with a family drama. Separated by an ocean, the director and her sick mother are reunited and debate upon the choice (or lack thereof) that changed the course of their life. The film seeks, with great tenderness and simplicity, a balance between an individual trajectory and a path that includes the other. The complex balance between children and parents, young and old. In ‘She comes back on thursday’ (Ela volta na quinta), director André Novais Oliveira expands to a feature film the hybridism already present in his earlier short films. André seeks inspiration within his own family to create a very touching drama about romantic relationships. The result is a film that, with extremely sensitivity and delicacy, lays bare the private lives of those individuals, characters of themselves. From director Raúl Perrone, ‘Favula’ delves deep in the rescue of a primitive cinematic language. The film risks itself in experimentalism, in search of something new. In its essence a film of editing, which without parsimony uses several image and sound effects to create a mesmerizing and unique universe. A fable in which the characters, rather than animals with human traits, are humans who gain animalistic features. Much has been seen in the news regarding the US invasion and attacks against Iraq in the early 2000s. However, with ‘Homeland (Iraq year zero)’, director Abbas Fahdel gives us a new experience as he selects an Iraqi family – his own family – to accompany the tensions and changes caused by war. During more than five hours of film, we leave aside the point of view of formal journalism to take part into the intimate universe of ordinary men and women, of children, who are early on forced to live with and meditate upon violence. ‘Old man’s cars’ (Homem-carro), by Raquel Valadares, goes beyond a memoir of the greatest Brazilian car inventor and becomes a means for rapprochement between father and daughter. Fearing that her father’s creations and memory become lost or forgotten by the people, herself, and especially by the creator himself, Rachel proposes to herself and to her father, a designer and artist, the challenge to organize all the material accumulated by him to throughout decades of work. By going through a process of rescuing and organizing the objects from a life cluttered by time, the director also manages, from a very simple device, to rescue and find an even better place for the affection she feels for that man. In ‘Beyond my reflection’ (Mais do que eu possa me reconhecer), director Allan Ribeiro invites us to a trip to the world of artist Darel Valença Lins. Loneliness and isolation

are now part of Darel’s act of creating, who in addition to the fine arts, produces audiovisual works, which end up becoming the object that connects the director to the film accompanying him in his enclosing. ‘Evilness’ (La Maldad), by Joshua Gil Delgado, leaves the countryside towards the city in a blend of documentary and fiction in an unusual road movie. The main character, sick and on the brink of death, sets out in search of an old dream: to make a film. Amid this initial drama, ‘La Maldad’ presents an enigmatic story in which moments, situations, and the main character’s relationship with the world dictates the mood of the film. The search for human monstrosity. In ‘Portrait of the artist’ (Les do rouge), by Antoine Barraud, film director Bertrand wishes to find a pictorial reference for his film and ends up becoming the desired reference himself. How deep does an artist submerge into the depths of his themes in search of answers to his afflictions? The creator turning into his own creature, this is what we find in this extremely imagetic and mysterious plot. A prison where inmates volunteer to go when they feel the desire to be tortured: this is the eccentric plot point in ‘Prison system 4614’ (Haftanlage 4614), from director Jan Soldat. When we exercise our capacity for compassion by entering a filmic universe, we are able to grasp the emotions of the characters and project them upon ourselves. But how does one go through with this projection when characters are moved by their pursuit of pain and abjection? The documentary ‘Seven visits’ (Sete visitas), by Douglas Duarte, stems from a cycle of interviews with Coutinho to discuss the very language of interview-based documentaries. With the charismatic Silvana as its axis, who is both interviewee and interviewer, we meet some of the people who have in the inquisitorial/research activity the modus operandi of their professions. A Social film told with elements of science fiction, experimentalism, and invention is how one may describe ‘Snakeskin’, by Daniel Hui. A personal vision of the director about his country, presented as dystopian and oppressive environment. ‘The valley’ (Al-wadi), by Ghassan Salhab, involves us in a plot in which the storyline is not the most important, but the building of tensions and the continuing sense of danger coming from the unknown, of forgetfulness, where everything beyond the control of managers in a drug lab becomes a threat. And the worst threat comes from the appearance of someone who does not know who he is, where he came from, and where he is going. After a street fight, one of the victim’s parents decides to take the necessary measures to bring the case to justice. What they encounter during this path is the bureaucracy of an agonizing system, the incommunicability between parents and children as well as among individuals representing different roles in society. Straightforward and raw, ‘These are the rules’ (Takva su pravila), by Ognjen Svilicic, presents us with characters who, whether by exhaustion or resignation, are swallowed by the circumstances. Antônio Junior and Marisa Merlo

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A loucura entre nós The madness among us / A loucura entre nós

Fernanda Fontes Vareille Fernanda Vareille é formada em cinema pela Sorbonne Nouvelle e em Jornalismo pela Universidade de Londres. A diretora roteirizou e dirigiu os curtas ‘A cadeira de balanço’ (2014), ‘Deixe-me viver’ (2009) (prêmio do júri de melhor documentário no Festival de Cinema da Anistia Internacional), e ‘A maior prisão da terra’ (2007).

Brasil, 2015, 76’, DCP, Documentário Direção: Fernanda Fontes Vareille Roteiro: Fernanda Fontes Vareille Produção: Amanda Gracioli Direção de Fotografia: Gabriel Teixeira Trilha Sonora: Laurent Perez Del Mar Montagem: Nathan Dellanoy, Juliana Guanais, Antoine Vareille Som: João Marcos Tatu Empresa Produtora: ÁGUAS DE MARÇO FILMES O que nos define como normais? O filme lança um olhar sobre os corredores de um hospital psiquiátrico, buscando histórias que revelem as fronteiras do que é considerado loucura.

What defines us as normal? The film delves inside a psychiatric hospital, depicting the stories and lives of it’s characters, revealing the boundaries of what is considered insane.

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Fernanda Vareille graduated in Cinema at the Sorbonne Nouvelle, as well as in Journalism at the University of London. The director wrote and directed the short films ‘The rocking chair’ (2014), ‘Let me live’ (2009) (Best Documentary Jury Prize at the Amnesty International Film Festival), and ‘The largest prison on earth’ (2007).

Amanda Gracioli E-mail: nandaberbert@gmail.com Site: www.aguasdemarco.com


Cloudy times Cloudy times

/ El tiempo nublado

Arami Ullon Nascida em 1978 em Asunción, no Paraguai. Durante os anos 2001-02 estudou cinema com uma bolsa de estudos na Boston Film and Video Foundation. Trabalhou com produção de videoclipes musicais, programas televisivos e comerciais no Paraguai e Europa. Vive e trabalha entre Basiléia e Asunción.

Paraguai/Suíça, 2014, 92’, DCP, Documentário Direção: Arami Ullon Roteiro: Arami Ullon Produção: Pascal Trächslin Direção de Fotografia: Ramon Giger Empresa Produtora: Cineworx

Arami Ullon vive em Basiléia há alguns anos. Sua mãe, que sofre de epilepsia e Parkinson, vive em Asunción. Uma vez que ambas não podem pagar um enfermeiro profissional, Julia cuida dela no tempo integral por um modesto salário. No entanto, a saúde de sua mãe tem se deteriorado cada vez mais. Julia não consegue mais lidar com a situação e quer largar o emprego. Já que ninguém além de Arami pode cuidar de sua mãe, ela precisa voltar ao Paraguai e enfrentar seu passado.

Born in 1978 in Asunción, Paraguay. 2001-02 Filmmaking scholarship from the Boston Film and Video Foundation. Worked in production of music videos, television programmes and commercials in Paraguay and Europe. Lives and works between Basel and Asunción.

Ines Skrbic E-mail: ines@filmrepublic.biz

Arami Ullon has lived in Basel for a number of years. Her mother, who is suffering from epilepsy and Parkinson’s, lives in Asunción. Because neither daughter nor mother can afford a professional caretaker, Julia cares for her around the clock for a modest salary. However, the mother’s health has increasingly deteriorated. Julia can no longer cope with the situation and wants to quit her job. Since no one except Arami can look after her mother, she has to return to Paraguay and face her past. 135


Ela volta na quinta

She comes back on thursday / Ela volta na quinta

André Novais Oliveira Nascido em 1984, teve seus curtas-metragens ‘Fantasmas’ e ‘Pouco mais de um mês’, tal como seu longa ‘Ela volta na quinta’ exibidos em mais de 100 festivais ao redor do mundo, ganhando mais de 50 prêmios, tal como a Menção Especial na Quinzena dos Realizadores, Cannes 2013, entre outros.

Brasil, 2014, 108’, DCP, Ficção Direção: André Novais Oliveira Roteiro: André Novais Oliveira Produção: Thiago Macêdo Correia Direção de Fotografia: Gabriel Martins Direção de Arte: Tati Boaventura Montagem: Gabriel Martins Som: Fábio Baldo, Maurilio Martins Elenco Principal: Maria José Novais Oliveira, Norberto Novais Oliveira, André Novais Oliveira, Renato Novais Oliveira, Élida Silpe, Carla Patrícia Empresa Produtora: Filmes de Plástico ‘Ela volta na quinta’ narra a história de Maria José e Norberto, casal que vive há 35 anos juntos, na cidade de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Bastante desgastado pelo tempo, o relacionamento dos dois se encontra em crise. Maria José, mesmo com problemas de saúde, resolve fazer uma viagem para Aparecida do Norte, como forma de pensar se o divórcio é mesmo a solução. Norberto por sua vez fica e é confrontado dentro do seu relacionamento extraconjugal.

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‘She comes back on thursday tells the story of Maria José and Norberto, a couple married for 35 years, that lives in Contagem, in the suburbs of Belo Horizonte, Brazil. They are living a crisis in their relationship. Maria José decides to go on vacation to Aparecida do Norte, despite her health problems, trying to figure it out if the divorce is the best solution. Norberto stays in home, being confronted inside his extramarital relationship.

Born in 1984, his short films ‘Ghosts’ and ‘About a month’, and his feature film ‘She comes back on thursday’ have been selected in over 100 film festivals worldwide, winning over 50 awards, such as the Special Mention by the Illy Prize Jury at the 45th Quinzaine de Réalisateurs, Cannes 2013; among others.

Thiago Macêdo Correia E-mail: contato@filmesdeplastico.com.br Site: www.filmesdeplastico.com.br


Favula Favula / Favula

Raúl Perrone Raúl Perrone (Ituzaingó, Argentina, 1952) sempre viveu e trabalhou na Argentina. Seus filmes são caracterizados por uma intransigente consistência, situando-o entre um dos diretores mais cultuados do país. Trabalhou com todos os formatos, sempre de maneira independente, tornando-se uma referência indispensável para a nova geração de diretores.

Espanha, 2014, 80’, DCP , Ficção Direção: Raúl Perrone Roteiro: Raúl Perrone Produção: Pablo Ratto Direção De Fotografia: Raúl Perrone Trilha Sonora: Raúl Perrone , Hernan Soma Montagem: Raúl Perrone Som: Raúl Perrone, Hernan Soma Elenco Principal: Lucia Ozan, Nix Noise, Aleli Sueldo, Sara Navarro, Sergio Boggio, Juan Rodriguez, Roberto Neira, Miguel Sirna Empresa Produtora: Trivial Media Uma floresta – selva – encantada bela – perigosa - sensual uma mulher – seu marido um jovem – uma adolescente (eles parecem irmãos) uma outra adolescente surge um homem – na floresta – selva dois outros homens – (de um outro tempo) tiros - perseguição – uma fuga uma cascata – chuva – tempestade fogo - tiros - amor - paixão - morte Isso é FAVULA

A forest – jungle - enchanted beautiful - dangerous - sensual a woman - her husband a young boy - a teenage girl (they look like brother and sister) another teenage girl arrives a man - in the forest - jungle two more men - (from another time) gunshots - running - an escape a cascade - rain - storm fire - gunshots - love - passion - death This is FAVULA

Raúl Perrone (Ituzaingó, Argentina, 1952) has always lived and worked in Argentina. His films are characterized by a decidedly uncompromising consistency, placing it as one of the leading conductors of worship in the country. It has worked worked in all formats, always independent fashion, becoming an indispensable reference for the new generation of directors.

Movies For Festivals E-mail: info.moviesforfestivals@gmail.com Site: www.moviesforfestivals.com

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Homeland (Iraq year zero) Homeland (Iraq year zero) / Homeland (Iraq year zero)

Abbas Fahdel Abbas Fahdel é um diretor franco-iraquiano. Em 2002, filmou ‘Back to Babylon’, uma investigação introspectiva sobre a dramática situação do Iraque. Em 2003, filmou seu segundo documentário, ‘We Iraqis’, sobre a caótica situação após a ocupação americana. Em 2008, dirigiu o longa ‘Dawn of the World’, sobre a Guerra do Golfo.

Iraque/França, 2015, 334’, DCP, Documentário Direção: Abbas Fahdel Roteiro: Abba Fahdel Produção: Abbas Fahdel Direção de Fotografia: Abbas Fahdel Montagem: Abbas Fahdel Som: Abbas Fahdel Crônicas do cotidiano no Iraque antes e depois da invasão Norte-americana. ‘Parte I: Antes da queda’ (duração: 2h40m). Durante vários meses o diretor filmou um grupo de iraquianos, na sua maioria membros de sua própria família, em suas expectativas sobre a guerra. Essa primeira parte do filme se encerra com o início dos ataques norte-americanos à Bagdá. ‘Parte II: Após a batalha’ (duração: 2h54m). Os americanos invadem o Iraque, e o filme mostra as consequências dessa invasão no cotidiano dos personagens.

Chronicles of daily life in Iraq before and after the U.S. invasion. ‘Part I: Before the fall’ (duration: 2h40m). For several months, the director filmed a group of Iraqis, mostly members of his family, in their expectation of the war. This first part of the film ends with the start of U.S. strikes on Baghdad. ‘Part II: After the battle’ (duration: 2h54m). Americans invades Iraq and the film shows the consequences of this invasion on the daily life of the characters. 138

Abbas Fahdel is an Iraqi-French film director. In 2002, he filmed ‘Back to Babylon’, an introspective investigation about the dramatic situation in Iraq. In 2003, he filmed his second documentary, ‘We Iraqis’, about the chaotic situation after the American occupation. In 2008, he directed the feature film ‘Dawn of the world’, about the Gulf War.

Abbas Fahdel E-mail: abbas-fahdel@wanadoo.fr


Homem-Carro Old Man’s Cars / Homem-Carro

Raquel Valadares

Brasil, 2014, 73’, DCP, Documentário

Raquel Valadares, formada em cinema pela Universidade Federal Fluminense, dirigiu o documentário rodado na Índia ‘Corpo de bollywood, o povo quer cinema’ (Anima Lucis 2007). Dirigiu o ‘Making of de faroeste caboclo’ (Gávea Filmes, 2011) e a série documental ‘Globo Educação’ (Futura, 2013). Atualmente está rodando a série, ‘À moda da casa’ (Anima Lucis, 2015).

Direção: Raquel Valadares Roteiro: Raquel Valadares Produção: Alexandre Sivolella Direção de Fotografia: Flora Dias Trilha Sonora: Rafael Bordalo, André Colares Montagem: Julia Bernstein Som: Bernardo Gebara Elenco Principal: Anísio Campos, Raquel Valadares, Toni Bianco, Rodrigo Junqueira, Paulo Toledo Empresa Produtora: Anima Lucis Produções

Raquel Valadares, B.A. in Film at Universidade Federal Fluminense, directed the documentary, ‘Bollywood embodied, the people want cinema’ (Anima Lucis, 2007). Raquel directed the ‘Making of faroeste caboclo’ (Gávea Filmes, 2011) and the 5th Season of ‘Globo educação’ (Globo/ Canal Futura, 2013). Currently she’s directing the TV series ‘À moda da casa’ (Anima Lucis, 2015).

Anísio Campos é o designer responsável pela criação de mais de quinze automóveis. As mãos de Anísio fizeram maravilhas sobre rodas. Sua filha, Raquel, o conduz em diversas viagens em busca de suas memórias. Ela promove o encontro de um artista com suas obras. E ao fazê-lo, Raquel passa a conhecer histórias sobre a vida e os carros de seu pai. Histórias que merecem ser contadas, em uma experiência tocante e atemporal, que nos remete aos nossos próprios sonhos.

Alexandre Sivolella E-mail: alexandre@segundafeirafilmes. com.br Site: www.homemcarroofilme.com.br

Anísio Campos is a Brazilian car designer responsible for creating more than fifteen automobiles. He is taken into an adventure by his daughter, ‘Old man’s cars’, the director Raquel Valadares. Raquel learns quite a few stories about her dad and his cars. Stories that deserve to be told, in a road movie that enables an artist to be once again reunited with his work, reenacting his past. A long lasting and touching experience that will make us reconsider our own dreams. 139


Mais do que eu possa me reconhecer Beyond my reflection

/ Mais do que eu possa me reconhecer

Allan Ribeiro Formado em Cinema pela UFF, dirigiu 11 curtas, com destaque para ‘O brilho dos meus olhos’; ‘Ensaio de cinema’; ‘A dama do Peixoto’ e ‘O clube’. Em 2012 dirigiu o longa ‘Esse amor que nos consome’, que recebeu prêmios em 10 cidades brasileiras. ‘Mais do que eu possa me reconhecer’ (2015) é seu segundo longa.

Brasil, 2015, 76’, DCP, Documentário Direção: Allan Ribeiro Roteiro: Douglas Soares, Allan Ribeiro Produção: Cavi Borges Direção de Fotografia: Darel Valença Lins, Allan Ribeiro Direção de Arte: Darel Valença Lins Trilha Sonora: György Ligeti, Oliver Messiaen, Avicci e Camille Saint-Saëns Montagem: Will Domingos, Allan Ribeiro Som: Douglas Soares Elenco Principal: Darel Valença Lins Empresa Produtora: Acalante Filmes

Uma solidão de oitocentos metros quadrados, em que o espelho já não lhe basta. Um artista plástico descobre na video-arte uma companheira inseparável. Darel não gosta de fazer cinema!

Eight hundred square meters of lonely. The mirror is not enough. An artist finds an inseparable company in video art. 140

Allan graduated in Cinema from UFF. He directed eleven short films, most notably ‘The twinkle of my eyes’, ‘Film rehearsal’, ’The lady of Peixoto’ and ‘The club’. In 2012, he directed ‘This love that consumes’, his first feature film, receiving awards in Curitiba, Brasília and São Paulo. ‘Beyond my reflection’ is your second feature film.

Allan Ribeiro E-mail: acalantefilmes@gmail.com


Maldade Evilness

/ La Maldad

Joshua Gil Delgado Joshua Gil Delgado dirigiu ‘La maldad’ (Maldade /2015), seu primeiro longa-metragem.

Joshua Gil Delgado directed ‘La maldad’ (Evilness /2015), his film debut.

México, 2015, 74’, DCP, Híbrido

Fabiola De la Rosa E-mail: fabiolaperronegrocine@gmail. com

Direção: Joshua Gil Delgado Roteiro: Joshua Gil Delgado Produção: Fabiola De la Rosa De los Santos, Joshua Gil Delgado Direção de Fotografia: Cesar Salgado Alemán Direção de Arte: Guillermo Vidal Trilha Sonora: Galo Durán Montagem: León Felipe González Som: Sergio Díaz Elenco Principal: Rafael Gil Morán, Raymundo Delgado Muñóz Empresa Produtora: Perro Negro Cine Rafael é um camponês idoso que decide escrever sua história de vida , que ele visualiza como um roteiro para um filme. O desejo de fazer o filme leva-o a trair o seu único amigo e deixar tudo para trás em busca de apoio financeiro na cidade capital. ‘Maldade’ é a história de um homem que abraça a solidão e a falta de esperança. Rafael is an elderly peasant who decides to write his life story, which he visualizes as a screenplay for a movie. The desire to make his film leads him to betray his only friend and leave everything behind to seek financial support in the capital city. ‘Evilness’ is the story of a man who embraces loneliness and the lack of hope. 141


Portrait of the artist Portrait of the artist / Les do rouge

Antoine Barraud

França, 2014, 127’, DCP, Ficção Direção: Antoine Barraud Produção: Vincent Wang Direção de Fotografia: Antoine Parouty Direção de Arte: Antoine Barraud Elenco Principal: Bertrand Bonello, Jeanne Balibar, Géraldine Pailhas, Joana Preiss, Pascal Greggory, Sigrid Bouaziz, Valérie Dréville, Nicolas Maury, Barbet Schroeder, Nathalie Boutefeu, Nazim Boudjenah, Isild Le Besco, Alex Descas, Marta Hoskins, Charlotte Rampling Empresa Produtora: House on Fire Bertrand Bonello é “Bertrand”, um cineasta iniciando seu próximo projeto com uma obsessão peculiar – a monstruosidade. Convencido de que esse deve ser o tema central de seu filme, ele se fixa na noção de imagem monstruosa, visitando museus e até contratando um misterioso historiador de arte (interpretado simultaneamente por Jeanne Balibar e Géraldine Pailhas) para ajudá-lo a encontrar o quadro que melhor encarna a ideia (considerando os trabalhos de Francis Bacon, Caravaggio, e outros). Mas para sua surpresa, a obsessão que consome sua mente passa a se manifestar em seu corpo quando uma monstruosa mancha vermelha começa a se formar em suas costas. Uma perturbadora, porém fascinante (e engraçada!) mistura de “body horror” e estudo de personagem e com a participação de Barbet Schroeder como um médico e Joana Preiss como a esposa de Bertrand, Barbe.

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Bertrand Bonello stars as “Bertrand”, a filmmaker approaching his next project with a peculiar obsession—monstrosity. Convinced it should be the central theme of his film, he fixates on the notion of monstrous imagery, visiting museums and even hiring a mysterious art historian (played simultaneously by Jeanne Balibar and Géraldine Pailhas) to help him find the painting that best embodies the idea (considering works by Francis Bacon, Caravaggio, and others). But to his shock, the mania consuming his mind begins to manifest itself in his body as a monstrous red stain takes shape on his back. A disquieting yet fascinating (and funny!) mixture of body horror and character study, co-starring Barbet Schroeder as a physician and Joana Preiss as Bertrand’s wife, Barbe.

Nascido em Aulnay-sous-Bois, na França, em 1971. Após filmar seu primeiro curta, ‘Monstre’ (2005), dirigiu e produziu diversos outros filmes. Dirigiu ‘Monstre’ (2005), ‘Déluge’ (2006), ‘Song’ (2007), ‘Monstre numéro deux’ (2008), ‘River of anger’ (2009), ‘La fôret des songes’ (2010); ‘Son of a gun’; ‘Koregie: Claire Doyon’ (2011), ‘Les gouffres’ (‘The sinkholes’) (2012), ‘Le dos rouge’ (2014).

Born in Aulnay-sous-Bois, France in 1971. Since making his first short film, ‘Monstre’ (2005), he has directed and produced several more films. He directed the films ‘Monstre’ (2005), ‘Déluge’ (2006), ‘Song’ (2007), ‘Monstre numéro deux’ (2008), ‘River of anger’ (2009), ‘La fôret des songes’ (2010); ‘Son of a gun’; ‘Koregie: Claire Doyon’ (2011), ‘Les gouffres’ (‘The sinkholes’) (2012), ‘Le dos rouge’ (2014).

Reel Suspects E-mail: info@reelsuspects.com


Prison system 4614 Prison system 4614 / Haftanlage 4614

Jan Soldat Nascido em Karl Marx Stadt (agora Chemnitz).

Born in Karl Marx Stadt (now Chemnitz).

Alemanha, 2015, 60’, DCP, Documentário

Jan Soldat E-mail: Jan.Soldat@yahoo.de

Direção: Jan Soldat Roteiro: Jan Soldat Produção: Jan Soldat Direção de Fotografia: Jan Soldat

Um retrato documental sobre uma prisão autoconstruída em que homens podem ser encarcerados e torturados voluntariamente.

A documentary portrait of a self-built prison in which men can be imprisoned and tortured voluntarily.

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Sete visitas Seven visits / Sete visitas

Douglas Duarte

Brasil, 2014, 73’, DCP, Documentário Direção: Douglas Duarte Roteiro: Douglas Duarte, Jordana Berg Produção: Rodrigo Letier, Roberto Berliner, Vitor Leite Direção de Fotografia: Jacques Cheuiche Montagem: Jordana Berg Som: Valéria Ferro Empresa Produtora: TvZERO O quanto de teatro há num documentário de entrevista? De um lado, alguém responde. Do outro, alguém pergunta – geralmente longe dos olhos da câmera. Mas o que aconteceria se também filmássemos os entrevistadores? E se quem responde também tivesse o direito de perguntar? E se os interlocutores não se conhecessem? E se em vez de um olhar sobre a vida de alguém, tivéssemos vários? ‘Sete visitas’ é um filme sobre perguntas. E sobre o ato de se interessar pelo outro. How much theatricality is there in an interview-based documentary? On one side, someone answers. On the other side, someone asks questions – usually away from the camera eyes. But what would happen if also filmed the interviewers? And if the respondent also had the right to ask? And if the parties never met? What if instead of a glimpse into someone’s life, we had several? ‘Seven visits’ is a film about questions. And about the act of being interested in the other. 144

Douglas Duarte é jornalista, roteirista e cineasta. Em 2008, lançou ‘Personal Che’, seu primeiro documentário de longa-metragem. Duarte já produziu, dirigiu e roteirizou programas para a NHK (Japão), UNTV (Nações Unidas) e BBC (Reino Unido). Já escreveu reportagens para Piauí, O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Trip, NoMínimo e Gatopardo, entre outros. Douglas Duarte is a filmmaker, writer and journalist. In 2008 he released his first feature documentary, ‘Personal Che’. Duarte has produced, directed and written programs for NHK (japan), UNTV (United Nations) and BBC (UK). He wrote stories for the magazine Piauí, O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Trip, NoMínimo and Gatopardo.

TvZERO E-mail: tvzero@tvzero.com Site: www.tvzero.com


Snakeskin Snakeskin / Snakeskin

Daniel Hui Daniel Hui é cineasta e escritor. Seus filmes foram exibidos em festivais em Rotterdam, Hawaii, Manila, Seoul e Bangkok. Ele também é um dos membros fundadores do “13 Little Pictures”, um coletivo de cinema independente cujos filmes conquistaram o reconhecimento da crítica em todo o mundo.

Singapura/Portugal, 2014, 105’, DCP , Híbrido/Experimental Direção: Daniel Hui Roteiro: Daniel Hui Produção: Tan Bee Thiam, Joana Gusmão, Pedro Fernandes Duarte Direção de Fotografia: Daniel Hui Montagem: Daniel Hui Som: Daniel Hui, Tiago Matos Elenco Principal: Noraishah Abu Bakar, Hey Mun Cheok, Vicki Yang, Ishvinder Singh, Lim Lung Chieh Empresa Produtora: 13 Little Pictures, Primeira Idade

Daniel Hui is a filmmaker and writer. His films have been screened at film festivals in Rotterdam, Hawaii, Manila, Seoul and Bangkok. He is also one of the founding members of 13 Little Pictures, an independent film collective whose films have garnered critical acclaim all around the world.

Daniel Hui E-mail: danielhsf@gmail.com

Em 2066, um sobrevivente de um enigmático culto narra a traumática história de seu país e os eventos que levaram à ascensão e queda do culto. Através de suas lembranças, fantasmas de 2014 e de tempos anteriores surgem como testemunhas. Parte documentário-sonho, parte sinfonia da cidade, esse filme traça a linhagem da opressão, tal como inscrita na paisagem e no inconsciente coletivo de Singapura. In 2066, a survivor of an enigmatic cult recounts his country’s traumatic history and the events leading to the rise and fall of the cult. Through his reminiscence, ghosts from 2014 and before appear as witnesses. Part dream documentary, part city symphony, this film traces the lineage of oppression as inscribed in Singapore’s landscape and collective unconscious. 145


The valley The valley / Al-wadi

Ghassan Salhab

Líbano/França, 2014, 128’, DCP, Ficção

Nascido em Dakar, no Senegal, em 1958. Além de fazer seus próprios filmes, colabora em filmagens no Líbano e na França. Também leciona cinema no Líbano. Em 2012, publicou sua primeira antologia, ‘Fragments du livre du naufrage’. Dirigiu vários filmes, tais como ‘Le dernier home’ / ‘The Last Man’ (2006), ‘Posthume’ (2007), ‘La Montagne’ / ‘The Mountain’ (2011) e ‘Al-wadi’ / ‘The Valley’ (2014).

Direção: Ghassan Salhab Roteiro: Ghassan Salhab Produção: George Schoucair, Serge Lalou, Titus Kreyenberg Direção de Fotografia: Bassem Fayad Som: Karine Bacha, Lama Sawaya, Rana Eid Direção de Arte: Hussein Baydoun Elenco Principal: Carlos Chahine, Carole Abboud, Fadi Abi Samra, Mounzer Baalkabi Empresa Produtora: Abbout Productions, Les Films d’ki, Unafilm

Após um acidente de carro em uma isolada estrada numa região montanhosa, um homem de meia idade perde a memória. Encharcado de sangue, ele continua a caminhar pela estrada deserta. Mais adiante, encontra pessoas com problemas mecânicos e as ajuda a consertar o veículo. Relutante em deixá-lo abandonado, eles o levam para sua propriedade no Vale Bekaa, um lugar cuja produção não se resume a agricultura, e um lugar de onde talvez ele nunca possa partir...

Following a car accident on a lone mountain road, a middle-aged man loses his memory. Drenched in blood, he continues to walk along the deserted path. Further down the road, he encounters people with engine trouble and helps them get their car running again. They are reluctant to leave him stranded, so they take him home to their large estate in the Bekaa valley, a place where production is not only agricultural, and a place he may never leave again.... 146

Born in Dakar, Senegal, in 1958. In addition to making his own films, he collaborates on screenplays in Lebanon and France. He also teaches film in Lebanon. In 2012, he published his first anthology, ‘Fragments du livre du naufrage’. He directed several films such as ‘Le dernier homme’ / ‘The Last Man’ (2006), ‘Posthume’ (2007), ‘La Montagne’ / ‘The Mountain’ (2011) and ‘Al-wadi’ / ‘The Valley’ (2014).

Hannah Horner E-mail: h.horner@docandfilm.com Site: www.docandfilm.com


These are the rules These are the rules / Takva su pravila

Ognjen Svilicic Nascido em 1971 em Split, Croácia. Ele dirigiu cinco longas-metragens. Ognjen Svilicic trabalhou como roteirista em diversas produções reconhecidas internacionalmente. Ele é professor na Academia de Artes Dramáticas em Zagreb, onde leciona produção de roteiros.

Croácia/França/Sérvia, 2014, 78’, DCP, Ficção Direção: Ognjen Svilicic Roteiro: Ognjen Svilicic Produção: Janja Kralj Direção de Fotografia: Crystel Fournier Direção de Arte: Ivan Veljaca Montagem: Atanas Georgiev, Nicolas d’Halluin Som: Tomislav Gasparic, Jean-Guy Véran, Daniel Gries Elenco Principal: Emir Hadzihafizbegovic: Ivo Jasna Zalica: Maja Hrvoje Vladisavljevic: Tomica Empresa Produtora: UDI

Born in 1971 in Split, Croatia. He has directed five feature-length motion pictures. Ognjen Svilicic has worked as a scriptwriter on several internationally recognized productions. He is a professor at the Academy of Dramatic Arts in Zagreb, where he teaches screenwriting.

Arnaud Bélangeon-Bouaziz E-mail: arnaud@urbandistrib.com Site: www.urbandistrib.com

Ivo & Maja levam uma vida tranquila em um monótono subúrbio de Zagreb. Uma noite, seu único filho Tomica é violentamente atacado na rua por um outro adolescente, espancado e gravemente ferido. Seu mundo de falsa segurança desmorona. Enquanto passam por uma experiência insuportável, são forçados a reexaminarem suas vidas e a questionarem tudo que acreditavam. Ivo & Maja live a quiet life in a dull suburb of Zagreb. One night their only son Tomica is violently attacked on the street by another teenager, beaten and left severely injured. Their world of false security collapses. As they go through an unbearable ordeal, they are forced to re-examine their lives and question everything they believed in. 147


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Outros Olhares | Curtas / Other Views | Short Films

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OUTROS OLHARES | CURTAS / Other Views | Short Films

Corpos em movimento na noite mais escura, uma jovem desaparecida a quem se procura. A seguir, o silêncio de uma mulher que nada em uma piscina. Misterioso, delicado e ao mesmo tempo eletrizante, ‘A invenção da noite’, de Tomás von der Osten, dá o tom deste panorama de filmes densos e ousados, Outros Olhares. Entre ele, ‘Escape from my eyes’, de Felipe Bragança, construído a partir do testemunho de refugiados políticos em Berlim. Como ocorre no trabalho cinematográfico de Felipe, a forma do conto e da narrativa mágica se delineia, combinando o imaginário e a realidade.

e realidade pode descobrir mundos paralelos que tanto se assemelham a nós mesmos.

‘The events at Mr. Yayamoto’s alpine residence’, de Tilman Singer, também convida o espectador a entrar em uma outra dimensão, ao filmar as aventuras de uma jovem isolada em uma residência alpina, confrontada a um misterioso pacote que lhe é enviado e que a introduz a um mundo inteiramente inaudito. Singer vence o desafio de fazer um filme tão breve quanto imprevisível, algo que poderíamos esperar talvez de um curta-metragem! É também o caso do experimental ‘Children’s playground’, de Pablo Molina Guerrero, que mostra, por meio da recomposição de trechos de filmes, o quanto a criança pode ser algo inquietante no cinema.

Como revelar realmente as próprias emoções, esse é o propósito do filme ‘Cat’ (Chat), de Philippe Lasry, que coloca frente a frente diversas pessoas com deficiência mental, entre as quais a tão jovem Emma e uma professora chamada Elisabeth. O filme joga brilhantemente com a confusão da brincadeira e da loucura. O sentimento também está no centro de ‘Dorsal’, de Carlos Segundo e Cristiano Barbosa, colocando em contato duas irmãs que dialogam na internet após a morte do pai. Uma delas se culpa por não ter estado presente em seu leito de morte. Difícil e estranho de filmar o vínculo que atravessa o oceano, mas, ainda assim, aflora a simples emoção nesse filme que carrega o nome da rede de comunicações de longa distância.

À primeira vista, ‘Shelters’ (Zakloni), de Ivan Salatic, também intriga ao mostrar, desde a primeira cena, um estranho adolescente de cabelos longos, de perfil, urrando como um animal. Mas Luka é apenas um jovem que tenta lidar com sua entrada na vida adulta no final do verão, em Montenegro. A direção de Salatic é incisiva, por vezes desenquadrada, quase insólita, retirando do filme a impressão de “déjà vu” que o poderia perpassar. Insólito, ‘Bear’ (Bär), de Pascal Flörks, certamente é, pelo modo como opera, diálogo entre uma voz em off (do diretor?) e fotografias que representam um urso que parece ter vivido a vida de um homem (seu avô), soldado, apaixonado por carros, capaz de bater papo no Skype sem maiores problemas. Também aqui o espectador sente a necessidade de esfregar os olhos, perguntando-se como 150

“Há o que vejo, o que me mostram, o que é proibido ver, o que não sou capaz de ver...”. É com essas frases que começa ‘Toré’, o filme mudo mas muito sonoro de João Vieira Torres e Tanawi Xucuru Kariri, centrado na figura de uma criança, mescla de fascinação com Fantasia de Disney e ritual fugidio de dança, em meio à vibrante natureza de um rincão do estado de Alagoas.

Bernard Payen


Bodies moving in the darkest night, a young woman who disappears and is

With these lines begins ‘Toré’, the dumb and yet very resounding film direct-

sought for. Then comes the silence of a woman swimming in a pool. Mysteri-

ed by João Vieira Torres and Tanawi Xucuru Kariri, centered around the fig-

ous, delicate and electrifying all at once, Tomás von der Osten’s ‘The inven-

ure of a child, something between fascination with Disney’s Fantasia and

tion of night’ (A invenção da noite) sets the tone for this panorama of dense

evanescent dancing ritual, immersed in the simmering nature of a patch of

and daring movies, Other Views. It includes Felipe Bragança’s ‘Escape from

land in the Brazilian State of Alagoas.

my eyes’, built from testimonies given by political refugees in Berlin. As it is often the case in Felipe’s work, legend and magical narrative present their

How to truly reveal one’s emotions is what drives Philippe Lasry’s ‘Cat’

contours, mixing fantasy and reality.

(Chat), which confronts several mentally disabled persons, among which the pretty young Emma, and their teacher, Elizabeth. The film brilliantly

Tilman Singer’s ‘The events at Mr. Yayamoto’s alpine residence’ also invites

plays on the confusion between child-play and madness. Sentiment is also

the viewer into another dimension by filming the adventures of a young

at the heart of ‘Atlantic’ (Dorsal), by Carlos Segundo e Cristiano Barbosa,

woman isolated in an alpine residence, facing the contents of a mysterious

linking two sisters who chat on the Internet after the death of their father.

packet delivered to her, which throws her into a prodigious world. Singer

One of them feels guilty for not having been there when he passed. Difficult

succeeds in making a film as brief as it is unpredictable, something one

and strange filming a link that stretches across the oceans, but the simple

could perhaps expect from a short film! This is also the case with the rather

emotion emerges nonetheless in this film, named after the long-distance

experimental ‘Children’s playground’, by Pablo Molina Guerrero, which re-

communications network.

works film excerpts to show how unsettling children can be in the movies. At first glance, ‘Shelters’ (Zakloni), by Ivan Salatic, also intrigues the viewer

Bernard Payen

by showing, since the first shot, a strange teenager with long hair, sideways, screaming like an animal. But Luka is just a young man trying to negotiate his passage to adulthood at the end of the summer in Montenegro. Salatic’s direction is sharp, sometimes unframed, almost unusual, removing from the film every possible sense of “déjà vu” that could perhaps be evoked. Unusual is something that certainly applies just as well to ‘Bear’ (Bär), by Pascal Flörks, a dialogue between a voice-over (the director’s voice?) and photographs depicting a bear that seems to have lived the life of a man (his grandfather), soldier, fond of cars, perfectly capable of skypeing without any major problems. You rub your eyes again, to ask yourself how reality can discover such parallel worlds that are so lifelike. “There is what I see, what is shown to me, what I can’t see, what I don’t see...”. 151


A invenção da noite The invention of night / A invenção da noite

Tomás von der Osten Tomás von der Osten se formou em Cinema e Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná e é estudante de Mestrado em Arte Multimídia na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Ele dirigiu os curtas ‘Vó Maria’ (2011), ‘Miragem’ (2011), ‘Nem a mim, nem a ti’ (2012), ‘A invenção da noite’ (2015).

Brasil, 2015, 16’, DCP, Ficção Direção: Tomás von der Osten Roteiro: Tomás von der Osten Produção: Tomás von der Osten Direção de Fotografia: Renato Ogata Montagem: Tomás von der Osten Som: Luque Diaz Elenco Principal: Ailén Scandurra, Luciano Faccini, Renato Tortorella

Três jovens espíritos da floresta, são bichos, são gigantes. Levantam-se do mar para descobrir a noite.

Three young spirits of the forest, they’re animals, they’re are giants. They emerge from the sea to discover the night.

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Tomás von der Osten majored in Film and Video from the Faculty of Arts of Paraná and is a Masters student in Multimedia Arts at the School of Fine Arts of Lisbon. Directed the short films ‘Grandma Maria’ (2011), ‘Mirage’ (2011), ‘Neither mine, nor yours’ (2012), ‘The invention of night’ (2015).

Tomás von der Osten E-mail: tomasvonderosten@gmail.com Site: www.tomasosten.com


Bear Bear / Bär

Pascal Flörks

Alemanha, 2014, 8’, DCP, Ficção/Animação Direção: Pascal Flörks Roteiro: Pascal Flörks Produção: Julia Smola Direção de Fotografia: Pascal Flörks Empresa Produtora: Filmakademie Baden-Württemberg Institut für Animation, Visual Effects und digitale Postproduktion

O passado do meu avô sempre esteve muito presente. Aparecia em algo que ele falava ou fazia, mas ele nunca falava sobre o assunto. Apenas agora, ao revisitar sua vida e personalidade tal como eu o conheci, que sinto o peso de sua herança.

Pascal Flörks nasceu em 1982 na Alemanha. Após a aquisição bem-sucedida de um diploma em gerenciamento de mídia no Business and Information Technology School Iserlohn, ele decidiu continuar a sua formação na Filmakademie BadenWuerttemberg. Em março de 2014 Pascal concluiu seus estudos na Filmakademie com a realização de seu filme ‘Bär’.

Pascal Flörks was born in 1982 in Germany. After successful completion of a media management degree at the Business and Information Technology School Iserlohn, he decided to continue his education at the Filmakademie BadenWuerttemberg. As of March 2014, Pascal concluded his studies at the Filmakademie with the completion of his film ‘Bär’.

Markus Kaatsch (aug&ohr medien) E-mail: markus@augohr.de Site: www.augohr.de

My grandpa’s past was always very present. It would break through in something he’d say or do, but he’d never talk about it. Only now, by revisiting his life and personality as I knew him, do I feel the weight of his inheritance.

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Cat Cat

/ Chat

Philippe Lasry

França, 2014, 17’, DCP, Ficção Direção: Philippe Lasry Roteiro: Philippe Lasry Produção: Marc-Benoit Creancier Direção de Fotografia: David Chambille Empresa Produtora: Easy Tiger Films

« Sentimento » Mesmo já sendo adulta, só agora Emma começa a descobrir o sentido desta palavra. Ela irá aprender a incorporá-la com a ajuda de outras pessoas com deficiências – como ela – e com o apoio de Elisabeth, a educadora de necessidades especiais. Emma não sabe como se abrir. Mas será mesmo ela que reprime todos os seus sentimentos?

« Feeling » Even though she is an adult, Emma is only now discovering the meaning of this word. She will now learn to embody it with the help of other persons with disabilities – like her – and with the support of Elisabeth, the special needs educator. Emma doesn’t know how to open up. But is she really the one who represses the most her feelings? 154

Começou escrevendo roteiros com Ilan Duran Cohen e Jean-Jacques Zilbermann. Ao mesmo tempo, dirigiu vários curtas apresentados em vários festivais nacionais e internacionais e transmitidos em canais franceses e estrangeiros. Também dirigiu um documentário de 52 minutos. No momento, é diretor do departamento de roteiros de Femis e irá realizar seu primeiro longa.

He began writing screenplays with Ilan Duran Cohen and Jean-Jacques Zilbermann. At the same time, he has directed a number of short film presented in various national and international festivals and broadcast by several French and foreign channels. He has also directed a 52’ documentary. He’s presently director of Femis’s script department and is going to realize his 1st feature.

Pauline Sylvestre E-mail: contact@easytigerfilms.fr Site: www.easytigerfilms.fr


Children’s playground Children’s playground / Children’s playground

Pablo Molina Guerrero Videomaker e reciclador audiovisual Chileno. Já realizou ficções, animações, documentários videoclipes musicais e sobretudo vídeos de apropriação. Seu trabalho já foi exibido e projetado, sobretudo na Europa e América Latina. Ele escreve sobre cinema, literatura e cultura. Foi escritor e co-editor do documentário ‘Saleia’, de Roberto Mathews.

Chile, 2014, 9’, DCP, Experimental Direção: Pablo Molina Guerrero Roteiro: Pablo Molina Guerrero Produção: Pablo Molina Guerrero Montagem: Pablo Molina Guerrero Elenco Principal: Found footage made with six movies - ‘¿Quién puede matar a un niño?’ (1976, Narciso Ibáñez Serrador); ‘The brood’ (1979, David Cronenberg); ‘Bloody birthday’ (1981, Ed Hunt); ‘Children of the corn’ (1984, Fritz Kiersch); ‘Pet sematary’ (1989, Mary Lambert); ‘Village of the damned’ (1995, John Carpenter). Empresa Produtora: Cronotopo Docs+Films

Chilean videomaker and audiovisual recycler. He has made fictions, animations, documentaries, music videos and mostly appropriation videos. His work has been exhibited and screened mostly in Europe and Latin America. He writes in certain media about cinema, literature and culture. He was writer and co-editor of Roberto Mathews’ feature documentary ‘Saleia’.

Pablo Molina Guerrero E-mail: pablomolina89@gmail.com Site: www.pablomolinag.tumblr.com

Algumas crianças só querem se divertir. Alguns dos personagens mais temidos nos filmes de terror são crianças. Você simplesmente não sabe o que fazer com elas. Além disso, quem suspeitaria delas? Some kids just wanna have fun. One of the most feared characters in horror movies are children. You just don’t know what to do with them. Besides, who would suspect of them? 155


Dorsal Atlantic / Dorsal

Carlos Segundo, Cristiano Barbosa

Brasil/Reino Unido, 2015, 25’, DCP, Documentário Direção: Carlos Segundo, Cristiano Barbosa Roteiro: Carlos Segundo Produção: Carlos Segundo Direção de Fotografia: Carlos Segundo, Cristiano Barbosa Direção de Arte: Carlos Segundo, Cristiano Barbosa Montagem: Carlos Segundo Som: Cristiano Barbosa Elenco Principal: Mariana Lucena, Fernanda Lucena Empresa Produtora: O sopro do tempo [cass filmes] Entre continentes pulsa um oceano de histórias. Memórias conservadas no sal de uma distância atlântica. Between continents beats an ocean of stories. Memories preserved in salt of Atlantic away.

Carlos Segundo tem um doutorado em Cinema pela Unicamp, mestrado em Pscicanálise pela Universidade de Uberlândia. Os filmes que dirigiu são: ‘Turn-off’ (documentário, 78’), ‘Poeira de prata no escuro do quarto’ (ficção, 20’), ‘No fundo nem tudo é memória’ (documentário, 75’), ‘Connexion Munich’ (documentário, 11’), ‘Vitrines’ (ficção, 15’). Cristiano Barbosa é doutorando da Unicamp (Brasil). Como cineasta realizou os documentários: ‘Tem gente no parque’ (2008), ‘Memória do comércio de Indaiatuba’ (2012), ‘Efeito de verdade’ (2014). Possui trabalhos com fotografia e vídeo-arte.

Carlos Segundo holds a PhD in Cinema from Unicamp, a Masters in psychoanalysis from the University of Uberlândia. He has directed the following films: ‘Turn-off’ (documentary, 78’), ‘Poeira de prata no escuro do quarto’ (fiction, 20’), ‘No fundo nem tudo é memória’ (documentary, 75’), ‘Connexion Munich’ (documentary, 11’), ‘Vitrines’ (fiction, 15’). Cristiano Barbosa is a PhD student at Unicamp (Brazil). As a filmmaker, he has directed the following documentaries: ‘Tem gente no parque’ (2008), ‘Memória do comércio de Indaiatuba’ (2012), ‘Efeito de verdade’ (2014). He has worked with photography and video art.daiatuba’ (2012), ‘Efeito de verdade’ (2014). He has worked with photography and video art.

Carlos Segundo E-mail: dir.carlossegundo@gmail.com Site: www.facebook.com/carlos.segundo.sp

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Escape from my eyes Escape from my eyes / Escape from my eyes

Felipe Bragança Felipe Bragança, dirigiu, com Marina Meliande, dois longas ‘A fuga da mulher gorila’ (Locarno 2009) e ‘A alegria’ (Quinzaine des Réalisateurs Cannes 2010). Dirigiu ainda 6 curtas apresentados em festivais como Berlim, Rotterdam, Oberhausen e Tampere. Teve retrospectivas de seus trabalhos como diretor em cidades como Los angeles, Berlim e Paris.

Alemanha/Brasil, 2015, 33’, DCP, Documentário Direção: Felipe Bragança Roteiro: Felipe Bragança Produção: Felipe Bragança Direção de Fotografia: Rodrigo Levy Empresa Produtora: Duas Mariola

“Eles vêem um homem negro e pensam que viram um leão.” Documentário e imagens ficcionais se misturam para contar as memórias e sonhos de três refugiados de guerra vivendo acampados em uma praça no coração de Berlim.

Felipe Bragança, was directed, with Marina Meliande, two features ‘A fuga da mulher gorila’ (Locarno 2009) and ‘A alegria’ (Quinzaine des Réalisateurs Cannes 2010). He also directed six short-movies presented at festivals such as Berlin, Rotterdam, Oberhausen and Tampere. Had retrospective of his work as a director in cities like Los Angeles, Berlin and Paris.

Felipe Bragança E-mail: felipebraganca.dm@gmail.com

“They see black man and think it`s a lion.” Documentary images and staged scenes are mixed to tell the memories and dreams of three war refugees living in a square in Berlin downtown.

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Shelters Shelters / Zakloni

Ivan Salatic Ivan Salatic nasceu em Dubrovnik, em 1982, e cresceu em Herceg Novi. Concluiu a formação na Escola de Artes Belas e Aplicadas em Belgrado, e a Faculdade de Artes Dramáticas Cetinje. Vive e trabalha em Belgrado, na Sérvia.

Montenegro, 2014, 24’, DCP, Ficção Direção: Ivan Salatic Roteiro: Ivan Salatic Produção: Jelena Miseljic Direção de Fotografia: Ivan Markovic Montagem: Jelena Maksimovic Som: Jakov Munizaba Elenco Principal: Luka Petrone, Jana Radan, Milos Kascelan Empresa Produtora: Cut-up

Luka se muda para uma pequena cidade litorânea para viver com sua tia enquanto seus pais se divorciam. Uma sensação de entorpecimento parece pairar sobre a cidade, mas também há Jana, uma garota da vizinhança que adora tomar banho de sol. O fim de um verão preguiçoso se aproxima… Luka moves to a small coastal town to live with his aunt, while his parents are in the middle of a divorce. A sense of numbness seems to hang above the town, but there is also Jana, a girl from the neighbourhood who loves to sunbathe. 158 The end of a lazy summer is near…

Ivan Salatic was born in Dubrovnik in 1982 and grew up in Herceg Novi. Finished School of Fine and Applied Arts in Belgrade and Faculty of Dramatic Arts Cetinje. He lives and works in Belgrade, Serbia.

Ivan Salatic E-mail: ivan.salatic@gmail.com


The events at Mr. Yamamoto’s alpine residence The events at Mr. Yamamoto’s alpine residence / The events at Mr. Yamamoto’s alpine residence

Tilman Singer Tilman Singer dirigiu os filmes: ‘Dear Mr. Vanderkurt’ (3 min, curta-metragem de 2013), ‘Bold strokes’ (5 min, música / experimental / documentação, 2014), ‘The events at Mr. Yamamoto’s alpine residence’ (10 min, curta-metragem de 2014), ‘Wild horses’ (4 min, curta-metragem, 2015).

Alemanha, 2014, 10’, DCP, Ficção Direção: Tilman Singer Roteiro: Tilman Singer Produção: Academy of Media Arts Cologne Direção de Fotografia: Paul Faltz Direção de Arte: Do Mendez Acosta Trilha Sonora: Simon Waskow Montagem: Tilman Singer Som: Henning Hein Elenco Principal: Linda Hofmann, Jan Bluthardt, Shannon Malloy, Kate Dervishi, Lena Varas-Arévalo Empresa Produtora: Academy of Media Arts Cologne

Tilman Singer directed the films: ‘Dear Mr. Vanderkurt’ (3 min, short film, 2013), ‘Bold strokes’ (5 min, music/experimental/documentation, 2014), ‘The events at Mr. Yamamoto’s alpine residence’ (10 min, short film, 2014), ‘Wild horses’ (4 min, short film, 2015).

Tilman Singer E-mail: tilmansinger@gmail.com

Enquanto mata tempo na casa de um conhecido, uma jovem recebe um misterioso pacote sem remetente ou destinatário. Depois de se machucar durante uma partida de tênis solitária, ela desembrulha o pequeno cubo e desencadeia uma armadilha que a subjuga e a abduze. Ela entra em um centro de comando retro futurista no qual os operadores parecem estar esperando alguém. While killing time at her acquaintance’s vacation house, a young woman receives a mysterious package lacking sender and recipient. After injuring herself in a solitary tennis match, she unwraps the little cube and triggers a trap mechanism that eventually overpowers and abducts her. She enters a retro-futuristic command center where the operators seem to be expecting somebody else. 159


Toré Toré

/ Toré

João Vieira Torres, Tanawi Xucuru Kariri

Brasil/França, 2015, 15’, DCP, Documentário/Experimental Direção: João Vieira Torres, Tanawi Xucuru Kariri Roteiro: João Vieira Torres, Tanawi Xucuru Kariri Produção: João Vieira Torres Direção de Fotografia: João Vieira Torres Montagem: Filipe Afonso Empresa Produtora: João Vieira Torres Há o que vejo o que me mostram o que é proibido ver o que não sou capaz de ver... Sou convidado para filmar um ritual. Aquele que pode ser visto pelos “ cabeças-secas”, forasteiros como eu. Uma criança da tribo assiste o “Fantasia” da Disney na TV. O interrompem. Na floresta, na dança, o que move a criança ? O que posso ver do que me mostram ? 160

There is what I see, what is shown to me, what I can’t see, what I don’t see... I was invited to film a ritual. One that can be shown to foreigners, to “dried-heads” like me. A child of the tribe watchs Disney’s Fantasia on TV. He is interrupts. What the child lives when he dances? What am I able to see from what is shown to me? *Shot in the Xucuru-Kariri, in Alagoas, Brazil

João Vieira Torres é um artista brasileiro/ francês, nascido na cidade de Recife, Brasil, em 1981. Ele vive e trabalha em Paris. Entre alguns dos locais em que seu trabalho já foi exibido encontram-se: Anthology Film Archives (EUA) / CentrePompidou (FR) / Palais de Tokyo (FR) / Villa Arson (FR) / MIS São Paulo (BR) / LABoral (ESP) / CPH:Dox (DK), IndieLisboa (PT) / Tampere Short Film Fest (FI) / Vilnius CAC (LT) / Alexandrina Arts Center (EG), StPetersburg Mus.of Photo (RU), Pingyao Photo. Tanawi Xucuru Kariri dirigiu o filme ‘Toré’ (2015).

João Vieira Torres is a Brasilian/French artist, born in Recife, Brazil, in 1981. Lives and works in Paris. He has shown his work among other places in : Anthology Film Archives(US) / CentrePompidou (FR) / Palais de Tokyo (FR) / Villa Arson(FR) / MIS São Paulo (BR) / LABoral (ESP) / CPH:Dox (DK), IndieLisboa (PT) / Tampere Short Film Fest (FI) / Vilnius CAC(LT) / Alexandrina Arts Center (EG), StPetersburg Mus.of Photo (RU), Pingyao Photo. Tanawi Xucuru Kariri directed the film ‘Toré’ (2015).

João Vieira Torres E-mail: joaotorresphoto@gmail.com


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/ State of Paraná’s Films

Mirada Paranaense


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MIRADA PARANAENSE / State of Pananá’s Films

A diversidade, temática e estética, é o que une os filmes selecionados para a Mirada Paranaense deste ano. O longa-metragem ‘Gastronomia urbana’, de Ricardo Ernest Machado, nos apresenta alguns personagens da cidade de Curitiba e estabelece um olhar ácido sobre o convívio em sociedade e os paradigmas que encaramos diariamente em uma metrópole que se auto denomina cidade modelo. ‘Paixão nacional’, de Jandir Santin, por meio de uma estrutura narrativa convencional, revela personagens, paisagens e contextos pouco usuais no cinema local. No curta, a trajetória de Café, jovem que sai da periferia de Curitiba para ir ao estádio de futebol assistir a um jogo da Copa do Mundo, evidencia que, mesmo tendo um ingresso na mão, há barreiras invisíveis a serem transpostas. ‘Dessas coisas que acontecem’, de Sueli Araujo, aproximando a linguagem audiovisual do terreno da dança, constrói uma narrativa baseada na tensão entre os corpos, nas suas pausas e movimentos. ‘Je proclame la destruction’, de Arthur Tuoto, próximo ao campo das artes visuais, se vale da apropriação de imagens e sons de outro filme (“Le diable probablement”, de Bresson) para construir o seu próprio. Ainda que o personagem proclame a destruição, a montagem de Tuoto faz com que, ao invés de destruição, haja a consolidação, seja do discurso fílmico, seja do político.

‘Não se vive por nada’, de Rafael Bertelli, ancorado em uma estrutura lírica, se vale da narração poética e de imagens simbólicas para dar voz àquele que, em meio a uma ilha deserta, busca perder-se de si. Já ‘Ev’ry time we say goodbye’, de Renato Ogata, ainda que também seja construído a partir de uma perspectiva lírica, lança mão de outros recursos. Aqui, o lirismo se faz a partir da supressão das falas e da exploração de imagens cotidianas que retratam, inicialmente, a vida no apartamento e, mais adiante, a que se desenrola na estrada. ‘Todo tempo’, de Danilo Daher, também explora o tom lírico ao seu modo: parte de fatos documentais para construir uma narrativa subjetiva, aproximando, assim, o terreno político e econômico do universo íntimo e familiar. Por fim, ‘Chinês é tudo igual’, de Denise Soares, reflete sobre a alteridade – seja a dos chineses que vivem no Brasil, seja a da própria diretora frente à cultura chinesa – mesclando registros de situações documentais, à procedimentos performáticos e reflexivos. Nesta breve apresentação, evidenciamos alguns dos diversos caminhos que vem sendo trilhados pelos realizadores paranaenses. Porém, para que estas trilhas sejam consolidadas, e para que novas sendas sejam desbravadas, se faz necessário uma grande mudança nos rumos das políticas públicas locais que, é inevitável constatar, continuam sendo parcas e irregulares no nível municipal e estadual, e pouco acessíveis no nível federal. Jessica Candal Sato

‘Palhaços anônimos’, de Edu Camargo e Gabriel do Valle, dialogando com o universo do clown, incorpora recursos cênicos à linguagem audiovisual e cria uma narrativa farsesca. Por sua vez, ‘Geladeira’, de Fernando Moreira, constrói uma narrativa alegórica, na qual um ambiente inteiramente gelado evoca friezas de outra natureza. 164


Thematic and aesthetic diversity unites the films selected for this year’s

‘One doesn’t live for nothing’ (Não se vive por nada), by Rafael Bertelli, is an-

Mirada Paranaense.

chored in a lyrical structure and makes use of poetic narration and symbolic images to give voice to someone who, amidst a desert island, seeks to lose

The feature film ‘Gastronomia urbana’, by Ernest Ricardo Machado, pres-

oneself. While also constructed from a lyrical perspective, Renato Ogata’s

ents us with some characters from the city of Curitiba and establishes a

‘Ev’ry time we say goodbye’ makes use of different resources. Lyricism is

sour look on living in society and the paradigms we face daily in a metropolis

constructed from the suppression of speech and exploring everyday images

calling itself a model-city.

depicting, at first, life in the apartment and later, life on the road. ‘All the time’ (Todo tempo), by Danilo Daher, also explores the lyrical tone in his own

‘National passion’ (Paixão nacional), by Jandir Santin, reveals through a

way: it stems from documental facts to establish a subjective narrative,

conventional narrative structure, characters, landscapes, and contexts that

thus bringing the political and economic dimension to an intimate and fa-

are uncommon in our local cinema. In the short-film, Café’s is a young man

miliar universe.

who goes from the outskirts of Curitiba to the stadium to watch a World Cup match, and his path shows that even with a ticket in hand there are invisible

Lastly, ‘Chinese people it´s all the same‘ (Chinês é tudo igual)’, by Denise

barriers to be overcome.

Soares, is meditation on alterity – whether from the Chinese population living in Brazil or from the director herself before Chinese culture – merg-

‘It happens’ (Dessas coisas que acontecem), by Sueli Araujo, brings the au-

ing records of documentary situations to performative and reflexive proce-

diovisual language to the world of dance, establishing a narrative based on

dures.

the tension between bodies, in their pauses and movements. In this brief presentation, we highlight some of the many pathways trodden ‘I proclaim destruction’ (Je proclame la destruction), by Arthur Tuoto, close

by Paraná directors. However, in order to consolidate these tracks and to

to field of visual arts, makes use of image and sound appropriation from a

make way for new paths, a major overhaul is required in local public policies,

different film (Bresson’s “Le diable probablement”) to create its own. Al-

which we inevitably affirm, remain meager and irregular at the municipal

though the character proclaims destruction, Tuoto’s editing suggests that

and state level, and poorly accessible at the federal level.

rather than destruction, there exists consolidation, whether in the filmic or political discourse.

Jessica Candal Sato

‘Clowns anonymous’ (Palhaços anônimos), by Edu Camargo and Gabriel do Valle, dialogues with the clown universe, incorporating scenic resources from the audiovisual language, creating a farcical narrative. In turn, ‘Firdge’ (Geladeira), by Fernando Moreira, creates an allegorical narrative in which an entirely cold environment evokes coldness of a different nature. 165


Chinês é tudo igual

Chinese people it´s all the same / Chinês é tudo igual

Denise Soares Denise Soares é cineasta e jornalista. Sócia, diretora e roteirista na produtora Haver Filmes. Dirigiu dois documentários e três ficções, entre eles o curta ‘Retrato invisível’, premiado em diversos festivais no Brasil e mundo. Em 2014 ingressou na Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba.

Brasil, 2014, 24’, DCP, Documentário/Híbrido Direção: Denise Soares Roteiro: Denise Soares, Aristeu Araújo Produção: Christiane Spode Direção de Fotografia: Elisandro Dalcin Direção de Arte: Fabíola Bonofiglio Montagem: Aristeu Araújo Som: Ulisses Galetto, Roberto Oliveira, Rodrigo Janiszewski Elenco Principal: Chiu Yun Yu Braga, Hee Noun, Quem Lemos Empresa Produtora: Haver Filmes Do outro lado do mundo, há uma grande nação. Dizem que lá é tudo ao contrário. Por trás dos olhos puxados, os imigrantes carregam consigo toda a tradição milenar oriental. Com seus sotaques lusitanos (?), costumes neopentecostais (?), e triciclos customizados (?), eles vieram em busca de uma vida melhor. Chinês louva, chinês corre, chinês samba. Afinal, como todos sabem, ‘Chinês é tudo igual’.

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All the way across the world, there is a great nation. They say everything there is backwards. Behind their slanted eyes, immigrants carry with them their ancient eastern traditions. With its Lusitanian (?) accents, Neo-Pentecostal beliefs (?), and customized tricycles (?), they came searching for better lives. Chinese pray, Chinese runs, Chinese do the samba. After all, as everyone knows, ‘Chinese people it´s all the same’.

Denise Soares is a filmmaker and journalist. A founding partner of production company Haver Filmes, she works as director and screenwriter, having directed two documentaries and three fictions, including the short film ‘Invisible picture’, which received awards at many festivals. In 2014 she started to study at International School of Cinema in Cuba.

Aristeu Araújo E-mail: aristeuaraujo@haverfilmes.com.br Site: www.haverfilmes.com.br


Dessas coisas que acontecem It happens

/ Dessas coisas que acontecem

Sueli Araújo

Brasil, 2015, 20’, DCP, Ficção Direção: Sueli Araújo Roteiro: Luiz Bertazzo Produção: Adriano Esturilho Direção de Fotografia: Rosano Mauro Direção de Arte: Amábilis de Jesus Montagem: Fábio Allon Som: Demian Garcia Elenco Principal: Luiz Bertazzo, Ricardo Marinelli Empresa Produtora: Processo Multiartes Depois de estenderem suas roupas no terraço do prédio em que moram, dois desconhecidos, gays, são obrigados a conviver durante um dia inteiro após a porta de entrada para o terraço ter sido trancada acidentalmente por um deles. O tempo de convivência dos dois faz com que suas diferenças sejam expostas, no confinamento semelhanças são compartilhadas entre esses personagens pertencentes a universos distintos. After doing laundry in the terrace, two strangers, gay, are forced to stay together for a day after the door to the terrace was accidentally locked by one of them. This time together makes their differences accent in and the similarities are shared between these characters that belong to different universes.

Sueli Araújo é diretora e dramaturga teatral. Atua como diretora artística da Cia Senhas e professora pela FAP/PR, desde o ano de 2002. Dirigiu espetáculos como ‘Bicho corre hoje’, ‘Delicadas embalagens’, ‘Homem piano – uma instalação para a memória’, ‘Concerto para Rameirinhas’ e ‘Circo Negro’. ‘Dessas coisas que acontecem’ é seu filme de estreia.

Sueli Araújo is director and theatrical playwright. Serves as artistic director of the Company “Cia Senhas” and as a teacher on the University FAP / PR since 2002. She directed palys like ‘Bicho corre hoje’,’Delicadas embalagens’, ‘Homem piano - an installation for the memory’, ‘Concerto para Rameirinhas’ and ‘Circo negro’. ‘It happens’ is her debut film.

Processo Multiartes E-mail: contato@processo.art.br www.processo.art.br

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Ev’ry time we say goodbye Ev’ry time we say goodbye / Ev’ry time we say goodbye

Renato Ogata Renato Ogata graduou-se em Filme e Vídeo na Faculdade de Artes do Paraná e estudou Cinematografia no Centro de Formación Profesional del SICA, em Buenos Aires. Dirigiu os curtas ‘A head to each hair’ (2012) e ‘Privilege’ (2015).

Brasil, 2015, 16’, DCP, Ficção Direção: Renato Ogata Roteiro: Renato Ogata Produção: Renato Ogata Direção de Fotografia: Renato Ogata Direção de Arte: Camila Macedo Trilha Sonora: Bruno Ito, Luque Diaz Montagem: Renato Ogata Som: Bruno Ito, Luque Diaz Elenco Principal: Gabriel Sorrentino, Marina Cananda, Daniel Calil

Não havia mais o que fazer, só restava sair de lá, e ir para outro lugar.

There was no more to do, but to get out of there and go somewhere else.

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Renato Ogata majored in Film and Video from the Faculty of Arts of Paraná and studied Cinematography at the Centro de Formación Profesional del SICA in Buenos Aires. Directed the short films ‘A head to each hair’ (2012) and ‘Privilege’ (2015).

Renato Ogata E-mail: renato.ogata@hotmail.com


Gastronomia urbana Urban gastronomy / Gastronomia urbana

Ricardo Ernest Machado

Ricardo Ernest Machado (Curitiba, 1980) trabalha com cinema e artes visuais. Graduado em Rádio e TV pela Universidade Tuiuti do Paraná (2003). Suas obras premiadas incluem ‘Madame Olivia’ (2001); ‘Gringo in Rio’ (2004); ‘Tchau, pai’ (2005); ‘Andorinhas’ (2005). ‘Gastronomia urbana’ é seu primeiro longa-metragem.

Brasil, 2014, 90’, DCP, Documentário Direção: Ricardo Ernest Machado Roteiro: Fernando Marés de Souza Produção: Guilherme Gluck Camargo Direção de Fotografia: André de Paula Trilha Sonora: Vina Lacerda Montagem: Ricardo Ernest Machado Som: Rodrigo Janiszchewsky

Ricardo Ernest Machado (Curitiba, 1980) works in film and visual arts. Bachelors degree in Radio and TV Universidade Tuiuti do Paraná (2003). Award winning titles include ‘Madame Olivia’ (2001); ‘Gringo in Rio’ (2004); ‘Tchau, pai’ (2005); ‘Andorinhas’ (2005). ‘Urban gastronomy’ is his first feature film.

‘Gastronomia urbana’ é um documentário ambientado na cidade de Curitiba que se propõe a discutir suas classes, seus hábitos alimentares e seus impactos. O longa explora o lado cru da “cidade modelo”, desafiando e desconstruindo velhos mitos, a partir da relação de seus habitantes com seus respectivos habitats.

Guilherme Gluck Camargo E-mail: guigluck@gmail.com Site: www.gastronomiaurbana.com.br

‘Urban gastronomy’ is a documentary that takes place in the city of Curitiba and intends to discuss its classes, eating habits and their impacts. The feature explores the raw side of the “model city”, challenging and deconstructing old myths, from the relation of its inhabitants and their habitats.

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Geladeira Fridge

/ Geladeira

Fernando Moreira Fernando Moreira nasceu em 1990. Em 2012, co-fundou o estúdio de criação Ambiência, onde tem dirigido videoclipes e produções independentes. É um dos realizadores do projeto Entre | Outro, uma série de mini-docs que buscam abrir diálogos sobre temas relevantes para a cidade. ‘Geladeira’ é o seu primeiro trabalho de ficção como diretor.

Brasil, 2015, 18’, DCP, Ficção Direção: Fernando Moreira Roteiro: Fernando Moreira Produção: Guilherme Tanaka Direção de Fotografia: Jones Monteiro, Moisés Oliveira, Jonathan van Thomaz Direção de Arte: Thais Francoski Montagem: Fernando Moreira, Jasmin Endo Tran Som: Lucas Sfair, Leandro Cordeiro Elenco Principal: Val Salles Empresa Produtora: Ambiência

O apartamento de Hugo é uma geladeira. Lá fora faz calor. As gavetas congeladas estão cheias. Morno, Hugo decide abrir as gavetas e descongelar uma vontade.

Hugo’s apartment is a fridge. It’s hot outside. His frozen drawers are all full. Lukewarm, Hugo decides to open the drawers and defrost a plan.

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Fernando Moreira was born in 1990. In 2012, he co-founded the creative studio Ambiência, and has been directing independent productions and music videos. He is one of the creators and directors of Entre | Outro, a series of mini-documentaries on themes of the city. ‘Fridge’ (Geladeira) is his first work of fiction as a director.

Guilherme Tanaka E-mail: tanaka@ambiencia.tv Site: www.ambiencia.tv


Je proclame la destruction I proclaim destruction / Je proclame la destruction

Arthur Tuoto

Arthur Tuoto desenvolve uma obra em constante trânsito entre o cinema e as artes visuais. Sua filmografia inclui os curtas ‘Morte de um igual’ (2013), ‘Mãos mortas’ (2012), ‘O amor em um ato’ (2012) e o longa-metragem ‘Aquilo que fazemos com as nossas desgraças’ (2014).

Brasil, 2014, 3’, DCP, Experimental Direção: Arthur Tuoto

Dois planos do filme ‘Le diable probablement’ (1977), de Robert Bresson, são repetidos em um loop, criando um cíclico e interminável raccord. A constante repetição da frase “Je proclame la destruction” (Eu proclamo a destruição) revela um mantra anarquista de poder universal e atemporal.

Two shots from the movie ‘Le diable probablement’ (1977), by Robert Bresson, are repeated in a loop, creating a cyclic and endless raccord. The constant repetition of the phrase “Je proclame la destruction” (I proclaim destruction) reveals an anarchist mantra of universal and timeless power.

Arthur Tuoto works between visual art and cinema, producing a variety of works from video installations to experimental films. His filmography includes the short-films ‘Death of an equal’ (2013), ‘Dead hands’ (2012), ‘Act of love’ (2012), and the feature film ‘What we make of our misfortunes’ (2014).

Arthur Tuoto E-mail: arthur.tuoto@gmail.com Site: www.arthurtuoto.com

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Não se vive por nada

One doesn’t live for nothing / Não se vive por nada

Rafael Bertelli Rafael Bertelli trabalha como diretor de fotografia e editor. O curta-metragem ‘Não se vive por nada’ é sua estreia como diretor.

Rafael Bertelli works as cinematographer and editor. In the short film ‘One doesn’t live for nothing’ is his directorial debut.

Brasil, 2015, 9’, DCP, Experimental Direção: Rafael Bertelli Roteiro: Rafael Bertelli Produção: Rafael Bertelli Direção de Fotografia: Rafael Bertelli Trilha Sonora: Rafael Bertelli Montagem: Rafael Bertelli Som: Rafael Bertelli Elenco Principal: Rafael Bertelli, Sara Bonfim Empresa Produtora: Valentinna

Em uma ilha deserta ele busca pela inconsciência. Ela recorda um tempo em que ele a buscava. O filme é um ensaio da relação entre o homem e a mulher com colagens de imagens cotidianas que remetem a uma metáfora do inconsciente.

On a desert island he seeks by unconsciousness. She reminds a time when he was looking for her. The film is an assay of the relationship between man and woman with collages of everyday images referring to an unconscious metaphor.

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Rafael Bertelli E-mail: rcbertelli@yahoo.com.br


Paixão nacional National passion / Paixão nacional

Jandir Santin

Jandir Santin é Roteirista, Diretor e Produtor, estudante do curso de Bacharelado em Cinema e Vídeo da Faculdade de Artes do Paraná, diretor de criação da Gesto de Cinema Produções e membro fundador da CLEA, coletivo que se dedica a criação de novas ideias e conceitos na prática cinematográfica.

Brasil, 2015, 15’, DCP, Ficção Direção: Jandir Santin Roteiro: Jandir Santin Produção: Jandir Santin, Laís Melo, Caio Baú Direção de Fotografia: Guilherme Chalegre Direção de Arte: Laís Melo Montagem: Bruno Mocelin, Jandir Santin Som: Danilo Custódio Elenco Principal: Clarissa Nieber, Maicon Douglas Empresa Produtora: Gesto de Cinema É Copa do Mundo no Brasil e Café, 17 anos, morador da periferia de Curitiba, convence uma turista alemã que encontrou seu celular na pista de skate e quer devolvê-lo. Eles marcarão um encontro, e à caminho de um “lugar massa”, se encontrarão em todas as suas diferenças. No entanto, essa relação será determinada por algo maior que as suas vontades e paixões.

Jandir Santin is a Writer, Director and Producer, bachelor course student in Film and Video of a Arts University in Brazil, content producer of Gesto de Cinema Productions and founder of CLEA, a collective dedicated to creating new ideas and concepts in the film practice.

Caio Baú E-mail: caio@gestodecinema.com Site: www.gestodecinema.com

It’s World Cup in Brazil and Café, 17, resident of the outskirts of Curitiba, convinces a German tourist who found his cell phone in skate and want to return it. They meet, and on the way to some place he says it’s fun they will find themselves in all their differences. However, this relationship will be determined by something larger than their wills and passions. 173


Palhaços anônimos Clowns anonymous / Palhaços anônimos

Edu Camargo, Gabriel do Valle

Brasil, 2015, 15’, DCP, Ficção Direção: Edu Camargo, Gabriel do Valle Roteiro: Edu Camargo, Gabriel do Valle Produção: Gil Baroni, Andrea Tomeleri Direção de Fotografia: Felipe Meneghel Direção de Arte: Zenor Ribas Trilha Sonora: Felipe Bidê Montagem: Edu Camargo, Gabriel do Valle Som: Sanjai Cardoso Elenco Principal: Mauro Zanatta, Hique Veiga, Luiz Bertazzo, Camila Jorge, Nelson Bonfim, Roberto Ventura Empresa Produtora: WG7BR Respeitável público, apresentamos o drama dos palhaços que perceberam que a lágrima nunca é vazia, mas o riso pode ser. Quando cada riso da plateia parecer um riso a menos em seu coração, é hora de visitar a sala de terapia dos ‘Palhaços anônimos’.

Respectable audience, we presente to you the drama of the clowns who realized that the tears are never empty, but laughs can be. When each laugh from the audience seems less a laugh in your heart, it’s time to visit the therapy room of the ‘Clowns anonymous’. Do not enter wearing noses. 174

Edu Camargo é diretor e roteirista. Estuda Publicidade e Propaganda na UFPR. ‘Palhaços anônimos’ é seu primeiro filme, no qual atuou como diretor, roteirista e editor. Gabriel do Valle é um artista multimídia. Estudou Cinema Digital e Desenvolvimento de Jogos. ‘Palhaços anônimos’ é seu primeiro filme, onde trabalhou na direção, roteiro, e pós-produção.

Edu Camargo is a director and a screenwriter. He studies marketing and advertisement at UFPR. ‘Clowns ‘anonymous” is his first film, in which he contributed as director, screenwriter and editor. Gabriel do Valle is a multimedia artist. He studied Digital Filmmaking and Game Development. ‘Clowns anonymous’ is his first film, he worked as director, screenwriter and in post-production.

Gil Baroni E-mail: gilbaroni@gmail.com Site: www.wg7br.com


Todo tempo All the time / Todo tempo

Danilo Daher

Graduado em Cinema e Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná, Danilo Daher trabalha em diversas áreas do audiovisual. É diretor e roteirista dos curtas: ‘Bom dia’, ‘O Útero’, ‘Autoridade’ e ‘Privilégio’.

Brasil, 2015, 16’, DCP, Documentário Direção: Danilo Daher Roteiro: Danilo Daher Produção: Danilo Daher Direção de Fotografia: Danilo Daher Empresa Produtora: Benfazejo

Graduated in Cinema and Video in Faculdade de Artes do Paraná, Danilo Daher works in multiple audiovisual segments. He is the director and screenwriter of the short movies ‘Have a nice day’, ‘Uterus’, ‘Authority’ and ‘Privilege’.

Danilo Daher E-mail: danilodalvarenga@gmail.com

Os ecos da eleição de 1996 na cidade de São Miguel do Araguaia. Uma família que se desloca. Tudo muda, tudo permanece.

The echoes of the 1996 elections in a small town in the countryside. A family moves. Everything changes, everything stays the same.

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SEMINÁRIO DE CINEMA DE CURITIBA / Curitiba Film Seminar

(Entrada gratuita / Sem inscrição / Sujeito a lotação da sala) / (Free entrance / No Registration / Subject to room capacity)

11/06 QUI 15:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / O cinema e a marcha da modernidade // Cinema and the march of modernity

Fábio Allon

Fábio Allon é arquiteto e cineasta. Já dirigiu 2 longas, 7 curtas e 13 videoclipes, atuando também como roteirista e editor. Seus trabalhos como diretor já figuraram em mais de 100 festivais pelo mundo, tendo recebido mais de 40 prêmios. Atualmente é também professor da graduação e da pós do Curso de Cinema da FAP/UNESPAR, onde leciona disciplinas das áreas de Direção e de Direção de Arte. É um dos sócios fundadores da Processo MultiArtes. Fábio Allon is an architect and filmmaker. He has directed 2 feature films, 7 short-films, and 13 video clips, having also worked as a writer and editor. His work as a director has been screened in more than 100 festivals around the world, earning more than 40 awards. Currently he is also a professor at the undergraduate and graduate Film Course at FAP/UNESPAR, where he teaches courses in the areas of Direction and Art Direction. He is one of the founding partners of Processo MultiArtes.

Joel Ramalho

Arquiteto formado no Mackenzie-SP, em 1959. Foi professor de Arquitetura na Universidade Federal do Paraná de 1970 a 1996. É professor na PUCPR desde 1975. Possui 27 premiações em concursos de Arquitetura e mais de 2 milhões de metros quadrados projetados. Architect, graduated from Mackenzie-SP in 1959. He taught Architecture at the Federal University of Paraná from 1970 until 1996. He teaches at PUCPR since 1975. He has 27 awards in architecture competitions and more than 2 million square meters of designed projects.

William Biagioli (Mediador)

Produtor, roteirista e diretor residente em Curitiba, Paraná. Possui graduação em Publicidade com ênfase em criação pelo Mackenzie-SP e especialização em cinema com ênfase em produção pela FAP-PR. Desde 2012 trabalha na produtora Grafo Audiovisual e também atuou como produtor nas três primeiras edições do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba onde, na terceira edição, fez a produção e a curadoria do Olhar Retrospectivo: Stanley Kubrick. Em 2014, lançou o curta-metragem ‘Curitiba: A maior e melhor cidade do mundo’, vencedor de três prêmios no 16º Festival Kinoarte de Cinema – Londrina (Melhor Roteiro, Filme do Público e Júri Oficial) e foi selecionado para a 18º Mostra de Cinema de Tiradentes. Producer, writer, and director living in Curitiba, Paraná. He graduated in advertising with emphasis on creation from Mackenzie-SP and has a specialization course in cinema, with emphasis on production from FAP-PR. Since 2012 he works at the Grafo Audiovisual production company and also worked as a producer in the first three editions of Olhar de Cinema - CIFF where, in the third edition, he was the programmer and the producer of the “Retrospective: Stanley Kubrick”. In 2014, he released the short film ‘Curitiba: The biggest and best city in the world’, winner of three awards at the 16th Kinoarte Film Festival - Londrina (Best Screenplay, Audience Choice, and Official Jury) and was selected for the 18th Tiradentes Film Festival.

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12/06 SEX 13:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) PAINEL / O papel da Assessoria Internacional da Ancine // The role of Ancine’s International Consultancy Informações sobre programas de apoio, acordos de coprodução e editais de coprodução internacional via FSA. Information on support programs, co-production agreements, and notices for international co-productions via FSA.

Eduardo Valente

Formado em cinema pela UFF, é crítico de cinema e cineasta, tendo dirigido três curtas (‘Um sol alaranjado’, ‘Castanho’ e ‘O monstro’) e um longa (‘No meu lugar’), todos exibidos em diferentes seções do Festival de Cannes, entre outros festivais. Foi editor das revistas de cinema Contracampo (98-2005) e Cinética (2006-2010). Além disso, trabalhou como curador e organizador de mostras e festivais de cinema. Atualmente é o assessor internacional da ANCINE (Agência Nacional do Cinema). Eduardo Valente holds a degree in cinema from UFF, he is a film critic and filmmaker, having directed three short films (‘Um sol alaranjado’, ‘Castanho’ e ‘O monstro’) and a feature film (‘No meu lugar’), all of which have been screened in different sections at Cannes, among other festivals. He was also editor of the film magazines Contracampo (98-2005) and Cinética (2006-2010). In addition, he has also worked as a curator and organizer of film exhibitions and festivals. He is currently the international consultant for ANCINE (National Cinema Agency).

12/06 SEX 18:45

Espaço Itaú (sala 2) MASTER CLASS / Kidlat Tahimik Kidlat Tahimik

Nascido com o nome de Eric Oteyza de Guia, na cidade de Baguio, nas Filipinas, em 1942. Ele primeiro estudou Engenharia Mecânica e depois Comunicação Oral e Artes Cênicas. Tahimik viveu durante algum tempo nos Estados Unidos, na França e na Alemanha. Ele retornou às Filipinas em 1975 e começou a trabalhar em seu primeiro filme, ‘Mababangong bangungot’ (‘Perfumed nightmare’, 1977). Tahimik vive em Baguio e trabalha como cineasta, artista de instalações, performer, palestrante e autor. Born as Eric Oteyza de Guia in Baguio City in the Philippines in 1942. He first studied Mechanical Engineering, then Oral Communication and Theatre Arts. Tahimik lived for a while in the United States, France and Germany. He returned to the Philippines in 1975 and began to work on his first film, ‘Mababangong bangungot’ (‘Perfumed nightmare’, 1977). Tahimik lives in Baguio as a filmmaker, installation artist, performer, lecturer and author.

13/06 SÁB 9:00

Cinemateca de Curitiba FÓRUM / Fórum Paranaense do Audiovisual // Paraná Audiovisual Forum O Fórum Paranaense do Audiovisual tem o objetivo de reunir o maior número possível de profissionais envolvidos com a atividade audiovisual para discutir, organizar e encaminhar as demandas do setor ao poder público municipal, estadual e federal, além de pensar alternativas de organização dos profissionais que atuam em nossa área. 179


The Paraná Audiovisual Forum aims to bring together the largest possible number of professionals involved in audiovisual activities to discuss, organize, and forward the demands of this sector to the municipal, state, and federal governments, as well as to reflect on alternative organizations of professionals working in our field.

13/06 SÁB 16:45

Espaço Itaú (sala 2) MASTER CLASS / Nathan Silver *Com a participação da atriz Kia Davis

Nathan Silver

Nathan Silver graduou-se na Tisch School of the Arts, na NYU, em 2005. Desde então, escreveu e dirigiu cinco longas, que foram exibidos em festivais, teatros, e instituições ao redor do mundo. Nathan Silver graduated from NYU’s Tisch School of the Arts in 2005. Since then, he has written and directed five feature films, which have screened at festivals, theaters, and institutions around the world.

14/06 DOM 9:00

Cinemateca de Curitiba FÓRUM / Fórum Paranaense do Audiovisual // Paraná Audiovisual Forum O Fórum Paranaense do Audiovisual tem o objetivo de reunir o maior número possível de profissionais envolvidos com a atividade audiovisual para discutir, organizar e encaminhar as demandas do setor ao poder público municipal, estadual e federal, além de pensar alternativas de organização dos profissionais que atuam em nossa área. The Paraná Audiovisual Forum aims to bring together the largest possible number of professionals involved in audiovisual activities to discuss, organize, and forward the demands of this sector to the municipal, state, and federal governments, as well as to reflect on alternative organizations of professionals working in our field.

14/06 DOM 14:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) PAINEL / Encontro com a Ancine // Meeting with Ancine Informações sobre novas linhas de atuação da Agência Nacional de Cinema. Information on news performance lines of the National Cinema Agency.

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15/06 SEG 13:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Crítica cinematografica digital // Digital Cinema Criticism

Ariel Schweitzer

Historiador de cinema, crítico de cinema na revista francesa “Les Cahiers du cinema” e professor (Paris VIII / Universidade Tel-Aviv), o mais recente livro publicado de Ariel Schweitzer na França é ‘Le nouveau cinéma israélien’ (Yellow Now, 2013). Cinema historian, film critic in the French magazine “Les Cahiers du cinema” and professor (Paris VIII / Tel-Aviv University), Ariel Schweitzer last book published in France is ‘Le nouveau cinéma israélien’ (Yellow Now, 2013).

Luiz Carlos Oliveira Jr.

Crítico e pesquisador de cinema. Autor do livro ‘A mise en scène no cinema’ (Papirus, 2013). Doutorando em cinema na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), sob orientação do Prof. Dr. Ismail Xavier. Ex-editor da revista eletrônica Contracampo. Já colaborou para as revistas Bravo! e Cult e para o Guia Folha – Livros, Discos e Filmes. Ministrou cursos e oficinas em espaços como Centro Cultural Banco do Brasil, CineSESC, Cine Humberto Mauro e Fundação Getúlio Vargas. Film critic and researcher. Author of the book ‘A mise en scène no cinema’ (Papirus, 2013). PhD student in film at the School of Communications and Arts of the University of São Paulo (ECA-USP), under the guidance of Prof. Dr. Ismail Xavier. Former editor of Contracampo electronic magazine. He has contributed to the magazines Bravo! and Cult and Guia Folha - Books, Music, and Films. He has taught courses and workshops in cultural spaces such as Centro Cultural Banco do Brasil, CineSESC, Cine Humberto Mauro, and Fundação Getulio Vargas.

Rodolfo Stancki

Jornalista, mestre em Ciências Sociais Aplicadas e doutorando em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Foi repórter da Gazeta do Povo e hoje é professor pesquisador do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário, onde coordena o grupo de estudos de Crítica de Mídia. Journalist, master in applied Social Sciences, and a PhD student in Technology at the Federal Technological University of Paraná. He worked as a reporter for Gazeta do Povo and is currently a research professor in Journalism at UniBrasil – University Center, where he coordinates the Media Criticism study group.

Filipe Furtado (Mediador)

Editor da Revista Cinética. Ex Editor da Revista Paisa. Colaborou em espaços como Contracampo, Filme Cultura, Teorema, Cine Imperfeito, Cinequanon, Lumiere, La Furia Umana, Rouge e The Film Journal. Editor for the Cinética Magazine. Former Editor of the Paisa Magazine. He has collaborated in periodicals such as Contracampo, Filme Cultura, Teorema, Cinequanon, Lumiere, La Furia Umana, Rouge, and The Film Journal.

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15/06 SEG 15:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / O papel dos filmes clássicos na formação do olhar // The role of classic movies in shaping our gaze

Pablo Villaça

Crítico de Cinema desde 1994. Membro da OFCS e da ABRACCINE. Criador do site Cinema em Cena (www.cinemaemcena. com.br). Professor de cursos de linguagem e teoria cinematográfica. Diretor e roteirista dos curtas ‘A ética’ e ‘Morte cega’. Autor do livro ‘O cinema além das montanhas’. Film critic since 1994. Member of OFCs and ABRACCINE. Creator of the site Cinema em Cena (www.cinemaemcena.com.br). He teaches the courses of film language and film theory. Director and screenwriter for the short films ‘A ética’ and ‘Morte cega’. Author of the book ‘O cinema além das montanhas’.

Paulo Camargo

Paulo Camargo é jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (1990), mestre em Teoria e Estética do Audiovisual (Universidade de Miami, 2002), onde foi bolsista da Comissão Fulbright, e professor dos cursos de Jornalismo da PUCPR e do Centro Universitário UniBrasil. Foi editor de Cultura, crítico de cinema e repórter especial do jornal Gazeta do Povo (PR), diário no qual atuou entre 1996 e 2014. É integrante da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Paulo Camargo is a journalist graduated from the Federal University of Parana – UFPR (1990), with a Masters in Audiovisual Theory and Aesthetics (University of Miami, 2002), where he was a Fulbright Commission fellow, and teaches Journalism at PUCPR and UniBrasil University Center. He was editor for Cultura, film critic and a special reporter of the newspaper Gazeta do Povo (PR), daily newspaper in which he worked from 1996 to 2014. He is a member of the Brazilian Association of Film Critics (Abraccine).

Pedro Plaza

Professor de cinema e história na Universidade Federal do Paraná. Pesquisa a relação entre crítica e cinema brasileiro moderno, com trabalhos de análise fílmica e cinema contemporâneo. Orienta trabalhos de pós-graduação Teaches cinema and history at the Federal University of Parana. He researches the relationship between criticism and modern Brazilian cinema, with works on film analysis and contemporary cinema. He is also an advisor for postgraduate theses.

William Biagioli (Mediador)

Produtor, roteirista e diretor residente em Curitiba, Paraná. Possui graduação em Publicidade com ênfase em criação pelo Mackenzie-SP e especialização em cinema com ênfase em produção pela FAP-PR. Desde 2012 trabalha na produtora Grafo Audiovisual e também atuou como produtor nas três primeiras edições do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba onde, na terceira edição, fez a produção e a curadoria do Olhar Retrospectivo: Stanley Kubrick. Em 2014, lançou o curta-metragem ‘Curitiba: A maior e melhor cidade do mundo’, vencedor de três prêmios no 16º Festival Kinoarte de Cinema – Londrina (Melhor Roteiro, Filme do Público e Júri Oficial) e foi selecionado para a 18º Mostra de Cinema de Tiradentes. Producer, writer, and director living in Curitiba, Paraná. He graduated in advertising with emphasis on creation from Mackenzie-SP and has a specialization course in cinema, with emphasis on production from FAP-PR. Since 2012 he works at the Grafo Audiovisual production company and also worked as a producer in the first three editions of Olhar de Cinema - CIFF where, in the third edition, he produced and curated the Retrospective: Stanley Kubrick. In 2014, he released the short film ‘Curitiba: The biggest and best city in the world’, winner of three awards at the 16th Kinoarte Film Festival - Londrina (Best Screenplay, Audience Choice, and Official Jury) and was selected for the 18th Tiradentes Film Festival.

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15/06 SEG 19:00 Espaço Itaú (sala 3) MASTER CLASS / Stéphane Goudet Stéphane Goudet

Stephane Goudet é professor na Universidade de Sorbonne (Paris 1). Ele escreveu livros sobre Buster Keaton, Jacques Tati e Alain Resnais e realizou alguns documentários sobre Jacques Tati. Ele é crítico de cinema para a revisão francesa Positif e também atua como curador para um dos mais famosos cinemas da Cidade de Georges Méliès, Montreuil, perto de Paris. Stephane Goudet is lecturer at Sorbonne University (Paris 1). He wrote books on Buster Keaton, Jacques Tati and Alain Resnais and made a few documentaries about Jacques Tati. He is film critic for the french review Positif and is also programmer for one of most famous movie théater, in the City of Georges Méliès, Montreuil, near Paris.

16/06 TER 11:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Preservação e difusão: o papel das cinematecas na era do digital // Preservation and dissemination: the role of cinematheques in the digital age

Bernard Payen

Bernard Payen atua como curador de cinema na Cinemateca Francesa (Paris) e é coordenador para curta-metragem na Semana da Crítica (Festival de Cannes), entre 2005 e 2013. Ele também realizou alguns curtas-metragens. O mais recente, ‘Mister H’ (2014) é uma coprodução franco-brasileira. Bernard Payen is a film curator at the Cinematheque Française (Paris) and has been the short film coordinator at Critic’s Week (Festival de Cannes) between 2005 and 2013. He has also directed a few short films. The new one, ‘Mister H’ (2014) is a french-brazilian coproduction.

Fernando Severo

Realizador de diversos filmes de longa, curta e média-metragem como diretor, roteirista e montador, vencedores de mais de setenta prêmios nacionais e internacionais. Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda e pós-graduado em Comunicação e Cultura. Professor de cinema em diversas instituições acadêmicas e cursos livres. Desde 2011 é o diretor do MIS-Museu da Imagem e do Som do Paraná, órgão da Secretaria de Estado da Cultura. He has released several feature-length, short and medium-length films working as director, screenwriter, and editor, winning over seventy national and international awards. He holds a degree in Social Communication – Advertising and a postgraduate degree in Communication and Culture. He teaches cinema at various academic institutions and free courses. Since 2011, he is the director of MIS – Sound and Image Museum of Paraná, an organ of the state’s Culture Secretariat.

Betch Cleinman (Mediadora)

Bacharel em Comunicação Social (ECO-UFRJ), Diplôme de l’EHESS em Cinema e História (Paris), DEA em História Contemporânea (Paris I). Autora de Capital da libido, os EUA em MM (editora Achiamé), Às margens de pratas dos rios, em Textos do Brasil nº 16: Teatro Brasileiro, M.R.E, 2010. Fez curadoria e coordenação dos projetos: Brasil de Afro en Foco; Irina Ionesco: 183


Espelhos de luz e sombra; Mar Negro, Rio Senac Fashion Business; Atrás do muro havia cinema (filmes da DEFA, Alemanha Oriental 1946 -1992); Kenneth Anger, o Fetichista Pop; Joaquim Paiva-fotografias - além de roteiro e direção vídeo-performance Cinzas para a expo Joaquim Paiva. Betch Cleinman holds a bachelor degree in Social Communication (ECO-UFRJ), Diplôme de l’EHESS in Film and History (Paris), DEA in Contemporary History (Paris I). Author of the book Capital da libido, os EUA em MM (Achiamé publisher), Às margens de pratas dos rios, found in Textos do Brasil nº 16: Teatro Brasileiro, M.R.E, 2010. She curated and coordinated the projects: Brazil Afro en Foco; Irina Ionesco: Espelhos de luz e sombra; Mar Negro, Rio Senac Fashion Business; Atrás do muro havia cinema (DEFA films, East Germany 1946 -1992); Kenneth Anger, o Fetichista Pop; Joaquim Paiva-fotografias – as well as the screenplay and direction for the video-performance Cinzas for the Joaquim Paiva exhibit.

16/06 TER 13:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Documentário ficcionalizante, ficção documentarizante - Formas e processos híbridos // Fictional Documentary, Documentary fiction – Hybrid forms and processes

Larissa Figueiredo

Larissa Figueiredo nasceu em Brasília. Estudou Letras na UnB; fez mestrado em Teoria do Cinema na França e Artes Visuais/ Cinema na Suíça, onde teve aulas com artistas como Miguel Gomes, Albert Serra e Apichatpong Weerasethakul. ‘O touro’, seu primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio do Visions Sud Est Fund, foi exibido como work-in-progress na Carte Blanche do 67º Festival Internacional de Cinema de Locarno e teve sua estréia mundial no 44º Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Larissa Figueiredo was born in Brasilia. She studied Literature at UNB; has a Master’s degree in Film Theory from France and Visual Arts/Cinema from Switzerland, where she studied with artists such as Miguel Gomes, Albert Serra, and Apichatpong Weerasethakul. ‘O touro’, her first feature film, was awarded the Visions Sud Est Fund, and was screened as a work-in-progress in Carte Blanche’s 67th Locarno International Film Festival and had its world premiere at the 44th Rotterdam International Film Festival.

Rafael Urban

Rafael Urban é cineasta, produtor e curador. Coordena o Ficção Viva, série de encontros com diretores como Lucrecia Martel, Carlos Reygadas e Miguel Gomes. Dirigiu filmes que circularam em mais de 200 festivais em 25 países, como ‘Ovos de dinossauro na sala de estar’, que recebeu 20 prêmios, e o também premiado ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’, em parceria com Terence Keller. Rafael é professor da disciplina de Documentário na Universidade Estadual do Paraná. Rafael Urban is a filmmaker, producer, and curator. He coordinates the Ficção Viva, a series of encounters with directors such as Lucrecia Martel, Carlos Reygadas, and Miguel Gomes. He has directed films screened in over 200 festivals in 25 countries, such as ‘Ovos de dinossauro na sala de estar’, which received 20 awards, and the also awarded ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’ in partnership with Terence Keller. Rafael teaches Documentary Cinema at the State University of Paraná.

Amaranta Cesar (Mediadora)

Amaranta Cesar é professora e pesquisadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. É Doutora em Estudos Cinematográficos pela Universidade de Paris 3 - Sorbonne Nouvelle e possui Pós-doutorado pela New York University. Desde 2010, coordena e é curadora do CachoeiraDoc - Festival de Documentários de Cachoeira. Atou como curadora em diversas mostras e festivais, a exemplo do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e da Mostra 50 Anos de Cinema de África. Amaranta Cesar is a research professor in the Cinema and Audiovisual Course at the Reconcavo Federal University of Bahia. She holds a PhD in

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Film Studies from the University of Paris 3 – Sorbonne Nouvelle and has a Post-doctorate from the New York University. Since 2010, she coordinates and curates CachoeiraDoc – Waterfall Documentary Festival. She has worked as a curator in several exhibitions and festivals, such as the Festival de Brasília do Cinema Brasileiro and Cinema and the Exhibition 50 Years of African Cinema.

17/06 QUA 14:15 Espaço Itaú (sala 3) MASTER CLASS / Lisandro Alonso Lisandro Alonso

Nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1975. Começou a carreira no cinema como assistente de som e depois de direção. Em 2001, dirigiu, escreveu, produziu e montou o elogiado ‘La libertad’ (2001), seu longa de estreia. Dirigiu também os longas-metragens ‘Los muertos’ (2004), ‘Fantasma’ (2006) e ‘Liverpool’ (2008). ‘Jauja’ venceu o Prêmio da Crítica da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes. Born in Buenos Aires, Argentina, in 1975. He began a career in cinema as sound assistant and later as assistant director. In 2001, he directed, wrote, produced and edited the acclaimed ‘La libertad’, her first feature. He also directed the feature films ‘Los muertos’ (2004), ‘Fantasma’ (2006) and ‘Liverpool’ (2008). ‘Jauja’ won the Critic’s Prize at the Un Certain Regard at the Cannes Film Festival.

ENCONTROS DE NEGÓCIOS / Industry Meeting

(Participação mediante apresentação de credencial) / (Participation upon presentation of badge)

11/06 QUI 10:30

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Laboratórios e programas de aprimoramento // Improvement laboratories and programs

Rafael Sampaio

Rafael Sampaio é produtor, programador e curador de cinema e audiovisual. Trabalhou em instituições como Museu da Imagem e do Som de São Paulo, Cine Olido e Cinemateca Brasileira. É diretor do BrLab – Laboratório de Desenvolvimento de Projetos no Brasil, realizado por sua produtora, a Klaxon Cultura Audiovisual. Também é gerente da FiGa/Br, selo da empresa FiGa Films destinado ao agenciamento internacional de novos filmes brasileiros. Rafael Sampaio is a film and audiovisual producer, programmer, and curator. He worked in institutions such as the Museum of Image and Sound, in Sao Paulo, Cine Olido and the Cinemateca Brasileira. He is director of BrLab - Project Development Lab in Brazil, conducted by his production company, Klaxon Cultura Audiovisual. He is also a manager of FiGa/Br, a company seal of FiGa Films for the international agency of new Brazilian films.

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Luis Campos

Nascido em Portugal durante a prolífica era do blockbuster Hollywoodiano de 1985, Luis Campos concluiu um mestrado em Cinema em 2008 e, desde então, coleciona diversas experiências com cinema, enquanto morava em Barcelona, Londres e Amsterdã. Proprietário e principal produtor da empresa Squatter Factory, Luis teve a oportunidade de desenvolver um estágio no âmbito do Programa Erasmus para Empreendedores em 2013 na Savage Film e outra sob o EU Brazil Connect em 2015 na RT Features. Born in Portugal during the prolific Hollywood blockbuster era of 1985, Luis Campos concluded a MA in Film in 2008 and since then he collected several experiences in filmmaking, while living in Barcelona, London, and Amsterdam. Owner and main producer of the company Squatter Factory, Luis had the chance to develop an internship under the Erasmus for Entrepreneurs Program in 2013 at Savage Film and another under the EU Brazil Connect in 2015 at RT Features.

Aly Muritiba (Mediador)

Graduado em História pela USP, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, Aly Muritiba é diretor, produtor e roteirista de cinema. Seu curta metragem ‘A fábrica’ recebeu mais de 60 prêmios, sendo pré selecionado ao Oscar em 2013. Seu curta metragem seguinte, ‘Pátio’ venceu o festival É Tudo Verdade em 2013 e esteve em inúmeros festivais internacionais, dentre eles, IDFA e a Semana da Crítica em Cannes. Seu mais recente longa-metragem, ‘Para minha amada morta’, estreia em 2015. Além de realizador, é curador e organizador de mostras e festivais de cinema; diretor do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. Graduated in History from USP, specialist in Communication and Culture from UTFPR, Muritiba Aly is director, producer and screenwriter. His short film ‘A fábrica’ collected more than 60 awards as was pre-selected for the 2013 Oscar. His following short film, ‘Pátio’, won the 2013 festival É Tudo Verdade and has participated in several international festivals, among them the IDFA and the Cannes Critics’ Week. His most recente feature film, ‘To my beloved dead’, will be premiered in 2015. Besides being a director, he is a curator and organizes exhibitions and film festivals. He is also director for the Olhar de Cinema - CIFF.

11/06 QUI 13:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) ESTUDO DE CASO / MODELO DE NEGÓCIO / Animação-Documentário // Animation-Documentary

Caso: Produtora Tecknokena (Paulo Munhoz) Caso: Produtora Big Bonsai (Deborah Osborn)

Paulo Munhoz

Entre suas obras se destacam os longas ‘Brichos - A floresta é nossa’ (2012), ‘Brichos’ (2006) e ‘Belowars’ (2007). Doutorando em Comunicação pela UTP, é Mestre em Tecnologia pela UTFPR, Esp. em Computação Gráfica pela PUC PR e Engenheiro Mecânico pela UFPR. Foi fundador e presidente da AVEC, presidente do SIAPAR e vice-presidente da FIEP. Representa a ABPITV no Paraná. É o criador dos ‘Brichos’, produtor da Série para TV ‘Brichos’ (Canal Nickelodeon). Atua através de sua empresa Tecnokena. Among his works, one may underline the film ‘Brichos – A floresta é nossa’ (2012), ‘Brichos’ (2006) and ‘Belowars’ (2007). He holds a PhD in Communications from UTP, a Masters degree in Technology from UTFPR, Esp. in Computer Graphics from PUC-PR and a degree in Mechanical Engineering from UFPR. He was a founding member and president of AVEC, president of SIAPAR, and vice president of FIEP. He represents ABPITV in Parana. He is also the creator of ‘Brichos’, and producer for the TV series ‘Brichos’ (Nickelodeon Channel). He works through his company, Tecnokena.

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Deborah Osborn

Mestranda em Cinema pela Goldsmith College–University of London, Deborah começou sua carreira no MIS-SP, nos programas Movimento GNT e Saia Justa e nos longas metragens ‘Carandiru’ e ‘Nome próprio’. Foi júri de festivais como Gramado, Recife e Kinoforum. Hoje é sócia e produtora executiva da bigBonsai, com destaque para o projeto ‘Dominguinhos’, que inclui um documentário sucesso de público e crítica que circulou por importantes festivais, e uma webserie com mais de 1 milhão de visualizações. MSc student in Cinema from the Goldsmith College-University of London, Deborah began her career at MIS-SP, in the TV shows Movimento GNT and Saia Justa, and in the feature films ‘Carandiru’ and ‘Nome próprio’. She was a jury member for festivals such as Gramado, Recife and Kinoforum. Currently she is a partner and executive producer of bigBonsai, with special mention to the project ‘Dominguinhos’, which includes a documentary, successful to audience and critics alike and screened at major festivals, as well as a webseries with over 1 million views.

11/06 QUI 18:00

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Por que as marcas financiam o cinema? // Why do brands fund cinema?

Livian Valias

Livian Valias, produtora executiva e atua em desenvolvimento comercial de projetos culturais, é um caso precoce de experiência e credibilidade profissional rara principalmente por entender o mix de culturas do país que atua onde sabe dosar informação, entendimento social, competência para comandar equipes. Tudo isso com muita suavidade. Com 9 anos de experiência nos mercados cinema e moda, especialização FGV (Film and Television Business) e formada em Relações Internacionais em Brasília. Livian Valias, an executive producer working in the commercial development of cultural projects, is a precocious case of a rare professional experience and credibility, largely by understanding the country’s cultural mix, knowing how to dose information, social understanding, and competence to lead teams. All of this done very gently. With 9 years of experience in film and fashion markets, an specialization from FGV (Film and Television Business) and graduated in International Relations in Brasilia.

Terence Keller

Terence Keller é roteirista e diretor. Foi coordenador do Díinamo, núcleo dedicado à estética e produção cinematográfica independente. Dirigiu os filmes ‘Levo de Alcântara’, ‘Piá de prédio’, ‘Balada da Cruz Machado’, ‘Noturno’ e ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’ Desde 2008 trabalha na área de marketing cultural da CAIXA. Terence Keller is writer and director. He was coordinator of Díinamo, a center dedicated to aesthetics and independent filmmaking. He has directed the films ‘Levo de Alcântara’, ‘Piá de prédio’, ‘Balada da Cruz Machado’, ‘Noturno’ and ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’ Since 2008, he works in the field of cultural marketing at CAIXA.

Aly Muritiba (Mediador)

Graduado em História pela USP, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, Aly Muritiba é diretor, produtor e roteirista de cinema. Seu curta metragem ‘A fábrica’ recebeu mais de 60 prêmios, sendo pré selecionado ao Oscar em 2013. Seu curta metragem seguinte, ‘Pátio’ venceu o festival É Tudo Verdade em 2013 e esteve em inúmeros festivais internacionais, dentre eles, IDFA e a Semana da Crítica em Cannes. Seu mais recente longa-metragem, ‘Para minha amada morta’, estreia em 2015. Além de realizador, é curador e organizador de mostras e festivais de cinema; diretor do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba. 187


Graduated in History from USP, specialist in Communication and Culture from UTFPR, Muritiba Aly is director, producer and screenwriter. His short film ‘A fábrica’ collected more than 60 awards as was pre-selected for the 2013 Oscar. His following short film, ‘Pátio’, won the 2013 festival É Tudo Verdade and has participated in several international festivals, among them the IDFA and the Cannes Critics’ Week. His most recente feature film, ‘To my beloved dead’, will be premiered in 2015. Besides being a director, he is a curator and organizes exhibitions and film festivals. He is also director for the Olhar de Cinema - CIFF.

12/06 SEX 10:30

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Política regional de fomento audiovisual // Regional policy for audiovisual promotion

Milena Evangelista

Produtora Cultural, jornalista e especialista em Estudos Cinematográficos, atuando na área da cultura e do audiovisual brasileiro. Foi assessora da Coordenadoria de Audiovisual da Secult/PE, participando das atividades relacionadas à política pública de audiovisual de Pernambuco. Foi coordenadora de produção de festivais como FestCine - Festival de Curtas de PE e Festival de Cinema de Triunfo. Em fevereiro de 2015, assumiu a Coordenadoria de Audiovisual da Secult/PE. Cultural producer, journalist, and specialist in Film Studies, working in the field of Brazilian culture and audiovisual production. She was a consultant for the Secult Audiovisual Coordination/PE, participating in activities related to Pernambuco’s audiovisual public policies. She has worked as a production coordinator in festivals such as FestCine – PE Short Film Festival and Triunfo Film Festival. In February 2015, she assumed the Secult Audiovisual Coordination/PE.

Spcine (Alfredo Manevy)

Atua como um escritório de desenvolvimento, financiamento e implementação de programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e web. O objetivo é reconhecer e estimular o potencial econômico e criativo do audiovisual paulista e seu impacto em âmbito cultural e social. A empresa é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e o Ministério da Cultura, por meio da ANCINE (Agência Nacional do Cinema). Spcine acts as a development, financing, and implementation office for programs and policies for the fields of cinema, TV, games, and web. The objective is to recognize and stimulate the creative and economic potential of the São Paulo audiovisual sector and its impact within the cultural and social context. The company is an initiative from the São Paulo City Hall, through the Municipal Culture Secretariat, in partnership with the State Government of São Paulo and the Ministry of Culture, through ANCINE (National Cinema Agency).

Aly Muritiba (Mediador)

Graduado em História pela USP, especialista em Comunicação e Cultura pela UTFPR, Aly Muritiba é diretor, produtor e roteirista de cinema. Seu curta metragem ‘A fábrica’ recebeu mais de 60 prêmios, sendo pré selecionado ao Oscar em 2013. Seu curta metragem seguinte, ‘Pátio’ venceu o festival É Tudo Verdade em 2013 e esteve em inúmeros festivais internacionais, dentre eles, IDFA e a Semana da Crítica em Cannes. Seu mais recente longa-metragem, ‘Para minha amada morta’, estreia em 2015. Além de realizador, é curador e organizador de mostras e festivais de cinema; diretor do Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba.

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Graduated in History from USP, specialist in Communication and Culture from UTFPR, Muritiba Aly is director, producer and screenwriter. His short film ‘A fábrica’ collected more than 60 awards as was pre-selected for the 2013 Oscar. His following short film, ‘Pátio’, won the 2013 festival É Tudo Verdade and has participated in several international festivals, among them the IDFA and the Cannes Critics’ Week. His most recente feature film, ‘To my beloved dead’, will be premiered in 2015. Besides being a director, he is a curator and organizes exhibitions and film festivals. He is also director for the Olhar de Cinema - CIFF.

12/06 SEX 15:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) ESTUDO DE CASO / MODELO DE NEGÓCIO / Ficção // Fiction

Caso: Produtora RT Features (Rodrigo Teixeira)

RT Features

Dirigida por Rodrigo Teixeira e criada no ano 2000, a RT Features é uma empresa produtora de conteúdo cultural e entretenimento, desenvolvendo projetos tanto a partir de ideias originais quanto pela aquisição de direitos autorais. Em seus primeiros anos, a RT Features co-produziu os longas ‘O casamento de Romeu e Julieta’, de Bruno Barreto (2005); ‘O cheiro do ralo’, de Heitor Dhalia (2006); e ‘Natimorto’, de Paulo Machline (2009). Foi lançado em 2010 o documentário ‘B1’, de Felipe Braga e Eduardo H. Moura, e em 2011 foi ao ar pela Rede Globo a minissérie ‘Amor em quatro atos’, baseada em canções de Chico Buarque. Directed by Rodrigo Teixeira and founded in the year 2000, RT Fratures is a production company for cultural and entertainment content, developing projects both from original ideas as well as the acquisition of copyrights. In its early years, RT Features co-produced the feature films ‘O casamento de Romeu e Julieta’, by Bruno Barreto (2005); ‘O cheiro do ralo’, by Heitor Dhalia (2006); and ‘Natimorto’, by Paulo Machline (2009). In 2010 it release the documentary ‘B1’, by Felipe Braga and Eduardo H. Moura, and in 2011 aired by Rede Globo TV the miniseries ‘Amor em quarto atos’, based on songs by Chico Buarque.

12/06 SEX 16:30

Livraria Cultura (Shopping Curitiba) PAINEL / Globo Filmes e Globo News: Novo canal para produção de documentários no Brasil // Globo Filmes and Globo News: A new television channel for production of documentaries in Brazil.

Simone Oliveira

Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo , com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC –RJ e especialização na New York Film Academy, Simone acumula 15 anos de experiência na área de Entretenimento com foco em Cinema. Atualmente é Gerente de Produção da Globo Filmes, onde é responsável pelo acompanhamento dos filmes coproduzidos ou apoiados pela empresa, do desenvolvimento de roteiro à pós-produção, entre eles o campeão de bilheteria, ‘Tropa de elite 2’. With a degree in advertising from the University of São Paulo and an MBA in Business Management from IBMEC – RJ and a specialization in the New York Film Academy, Simone gathers 15 years of experience in the Entertainment field, focusing on Cinema. She is currently a Production Manager for Globo Filmes, where she is responsible for monitoring films co-produced or supported by the company, from their script development stage until post-production, including the blockbuster, ‘Tropa de elite 2’.

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Renée Amazonas Castelo Branco

Jornalista desde 1976, trabalhou nos principais jornais do paÌs. Desde 1981 trabalha na Tv Globo - tendo passado por SP, Rio e Londres. Hoje, na GloboNews, È supervisora de programas e encarregada da faixa de document·rios do canal. Journalist since 1976, she worked in leading newspapers of the country. Since 1981 works on TV Globo - having gone through SP, Rio and London. Today in GloboNews, she supervises programs and take care of the documentary channel range.

15/06 SEG 11:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) DEBATE / Encontro com curadores internacionais // Meeting with international film festival programmers

* Com tradução simultânea

Isabel Orellana Guarello

Graduada em Cinema e Televisão pela Universidade do Chile. Aperfeiçoou seus estudos junto a cineastas como Kossakovsky e em vários projetos de coprodução internacional. Desde 2012 é programadora do Festival Internacional De Cinema de Valdivia, onde seleciona títulos para competição e convidados. Paralelamente, em 2014 produziu o documentário ‘Muerte blanca’ (Golden Dove Award, 57º DOK Leipzig), e fundou o Araucaria Cine, onde trabalha em projetos de documentários e de ficção. Graduated in Film and Television from the University of Chile. She perfected her studies alongside filmmakers such as Kossakovsky and several international co-production projects. Since 2012, she is a programmer for the Valdivia International Film Festival, where she selects films for competition and guests. In parallel, in 2014 she produced the documentary ‘Blanca muerte’ (Golden Dove Award, DOK Leipzig 57), and founded Araucaria Cine, where she works on documentary and fiction projects.

Eva Sangiorgi

Fundadora e diretora do FICUNAM, Festival de Cinema na Cidade do México desde 2011. Ela trabalhou como programadora em vários festivais de cinema, incluindo o Festival de Cinema Ibero-americano, em Bolonha, na Itália; FICCO, na Cidade do México, Cinema Global, Cinema Planeta, em Cuernavaca, Morelos, e no Festival Internacional de Cinema de Los Cabos. Founder and director of FICUNAM, Film Festival in Mexico City since 2011. She has worked as a programmer for several film festivals, including the Festival of Ibero-American Cinema in Bologna, Italy; FICCO in Mexico City, Cinema Global, Cinema Planeta, in Cuernavaca, Morelos, and the International Film Festival in Los Cabos.

Mads Mikkelsen

Mads Mikkelsen é programador no CPH: DOX – Festival Internacional de Documentário de Copenhagen – desde 2008. CPH: DOX é um dos maiores festivais de documentários do mundo, sendo internacionalmente reconhecido ao fazer a fronteira entre a encenação, arte visual e performance, bem como outras formas de arte. Além de programação para o CPH: DOX ele é um programador associado do Instituto de Cinema Dinamarquês/Cinemateca e colaborador para várias revistas e publicaçõesnnacionais e internacionais sobre cinema.

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Mads Mikkelsen is a programmer at CPH:DOX – Copenhagen International Documentary Film Festival – since 2008. CPH:DOX is one of the largest documentary festivals in the world with an internationally recognized profile that borders on staging, visual art and performance as well as other art forms. Besides programming for CPH:DOX he is an associate programmer at the Danish Film Institute / Cinematheque, and a contributor to various national and international magazines and publications about film.

Inge de Leeuw

Inge de Leeuw estudou Estudos Culturais e Cinema & Televisão na Holanda. Ela começou a trabalhar no Festival Internacional de Rotterdam (IFFR) em 2006, paralelamente ao seu trabalho na produção de filmes. Inge de Leeuw está selecionando filmes dos territórios de língua inglesa para o IFFR e está no comitê de seleção do Tiger Awards Competition. Para o IFFR, ela realizou a curadoria de vários programas temáticos sobre a relação entre cinema e cultura popular. Inge de Leeuw studied Cultural Studies and Film & Television Studies in the Netherlands. She started working at the International Film Festival Rotterdam (IFFR) in 2006, which she combined, with working in film production. Inge de Leeuw is selecting films for IFFR from the English speaking territories and is in the selection committee of the Tiger Awards Competition. For IFFR she curated several thematic programmes about the relationship between film and popular culture.

Nicolas Azalbert

Depois de trabalhar durante 10 anos na Cinemateca de Toulouse, ele se tornou um crítico de cinema para a “Cahiers du Cinéma”, em 2000. Trabalhou como correspondente durante 6 anos na Argentina, onde também dirigiu dois filmes: ‘Otherwise I’ll suffocate’ (2003) e ‘What if I was a fern?’ (2005). Desde 2009 ele é membro do conselho editorial e desde 2013 é programador para o Biarritz Festival América Latina. Ele acaba de terminar seu novo filme: ‘The ember the ashes’ (2015). After 10 year’s work at the Toulouse Cinemathèque, he became a film critic for “Les Cahiers du Cinéma” in 2000. He worked as a correspondent during 6 years in Argentina, where he also shot two movies: ‘Otherwise I’ll suffocate’ (2003) and ‘What if I was a fern?’ (2005). Since 2009 he’s member of the editorial board and since 2013 he’s programmer for the Biarritz Festival Latin America. He just finished a new movie: ‘The ember the ashes’ (2015).

Francesco Giai Via

Programador de festivais e crítico de cinema baseado em Turim, Itália. Desde 2006 colabora com o National Museum of Cinema. De 2006 a 2014 foi programador do Torino Film Festival no comando da seleção internacional de documentários e as duas competições italianas, italiana.doc e italiana.corti. Desde 2012 ele é chefe de programação para CinemAmbiente Film Festival. Atualmente, é membro do Comitê do Torino Film Lab para o programa FrameWork. Festival programmer and film critic based in Torino, Italy. Since 2006 he’s been collaborating with the National Museum of Cinema . From 2006 until 2014 he’s been documentary programmer for the Torino Film Festival in charge of the international documentaries selection and the two italian competitions, italiana.doc and italiana.corti. Since 2012 he’s Head of Programming for CinemAmbiente Film Festival. He is currently a member of the Torino Film Lab Selection Committee for the FrameWork program.

Gustavo Beck (Mediador)

Gustavo Beck dirigiu e produziu os documentários ‘O arquipélago’ (2014), ‘O inverno de Željka’ (2012), ‘Chantal Akerman, de cá’ (2010), ‘A casa de Sandro “(2009) e ‘Ismar’(2007). Gustavo é o programador chefe na Mostra Competitiva Novos Olhares no Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema de Curitiba, no Brasil. Gustavo Beck directed and produced the documentaries ‘O arquipélago’ (2014), ‘O inverno de Željka’ (2012), ‘Chantal Akerman, de cá’ (2010), ‘A casa de Sandro’ (2009) and ‘Ismar’ (2007). Gustavo is the Head Programmer of the New Views Competition of Olhar de Cinema - Curitiba International Film Festival in Brazil.

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16/06 TER 15:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) ESTUDO DE CASO / MODELO DE NEGÓCIO / Distribuição de filmes independentes // Independent films distribution Caso: Distribuidora Vitrine Filmes (Ligia Gabarra) Caso: Distribuidora Tucumán (Priscila Miranda) Caso: Distribuidora Supo Mungam Films (Pedro H. Leite e Graice P) Caso: Agente de Vendas FiGa Films (Sandro Fiorin)

Lígia Gabarra

Lígia Gabarra é formada em cinema pela Faap e faz parte da equipe da distribuidora Vitrine Filmes há 3 anos. Durante seu período na empresa, esteve diretamente ligada aos lançamentos de ‘Hoje eu quero voltar sozinho’, ‘O som ao redor’ e ‘Branco sai, preto fica’, além de quase 30 títulos, distribuídos em cinema, televisão e VOD. Lígia também foi curadora assistente do Festival Internacional de Curtas de São Paulo e produtora assistente na Preta Portê Filmes. Ligia Gabarra has degree in cinema from FAAP and has been a member of the distributing company Vitrine Filmes for three years. During her time in the company, she has been directly linked to the releases ‘Hoje eu quero voltar sozinho’, ‘O som ao redor’ and ‘Branco sai, preto fica’ as well as almost 30 titles distributed in film, television and VOD. Ligia was also assistant curator for the Sao Paulo International Short Film Festival and assistant producer at Preta Portê Filmes.

Priscila Miranda

Criou a Tucuman Distribuidora de Filmes em 2010. Lançou o primeiro filme nos cinemas em 2011. Este ano abriu a Tucuman Films na França para distribuição de títulos brasileiros e latinos lá. Estudou filosofia na UFRJ. E antes da distribuidora organizou algumas mostras de cinema como curadora e produtora. Responsible for founding the Tucuman Distribuidora de Filmes in 2010. She released her first film in theaters in 2011. This year she opened Tucuman Films in France for distributing Brazilian and Latin films. She studied philosophy at UFRJ. Before her distributing company, she organized several film festivals as a curator and producer.

Pedro H. Leite

Pedro Henrique Leite mora em São Paulo, cidade onde nasceu. É diretor e produtor do média-metragem ‘Metamorfismo’ (2014). No final de 2014, fundou, com Gracie P, a Supo Mungam Films, distribuidora cinematográfica focada em trazer para o Brasil obras de novos e veteranos realizadores independentes, de todas as partes do mundo, como ‘Noites brancas no píer’, de Paul Vecchiali e ‘Do que vem antes’, de Lav Diaz. Pedro Henrique Leite lives in São Paulo, his birthplace city. He is the director and producer for the medium-length film ‘Metamorfismo’ (2014). In late 2014, he founded Supo Mungam Films with Gracie P, a film distributing company focused on bringing works of new and veteran independent filmmakers from all over the world to Brazil, such ‘Noites brancas no píer’, by Paul Vecchiali and ‘Do que vem antes’, by Lav Diaz.

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Graice P

Gracie P nasceu em Porto Alegre em 1992. Dirigiu o curta ‘Chimera’ em 2012 e está trabalhando em seu primeiro longa, que será produzido pela Supo Mungam Films, distribuidora que fundou com Pedro H. Leite. Pela distribuidora trouxe para o Brasil filmes independentes e autorais de todas as partes do mundo, que raramente são distribuídos no Brasil. Gracie P was born in Porto Alegre in 1992. She directed the short film ‘Chimera’ in 2012 and is currently working on her first feature film, produced by Supo Mungam Films, a distributing company she founded with Peter H. Leite. Through the distributing company, she has brought to Brazil independent and authorial films from all over the world, and which are rarely distributed in the country.

Sandro Fiorin

Sandro Fiorin fundou a FiGa Films em Los Angeles, em janeiro de 2006, com seu sócio, o cubano-americano Alex Garcia, para descobrir e distribuir conteúdo latino-americano na América do Norte, bem como representá-los em todo o mundo. Criado no Rio de Janeiro, ele foi para a escola de cinema em São Paulo (FAAP) e Nova York (New School), onde viveu e trabalhou por 14 anos antes de se mudar para a Califórnia em 2001. Sandro Fiorin founded FiGa Films in Los Angeles on January 2006 with his partner, Cuban-American Alex Garcia, to discover and distribute Latin American content in North America, as well as represent them worldwide. Raised in Rio de Janeiro, he went to film school in São Paulo (FAAP) and New York (New School), where he lived and worked for 14 years before relocating to California in 2001.

17/06 QUA 15:00 Livraria Cultura (Shopping Curitiba) PAINEL / Cinema do Brasil Letícia Fialho

Gerente Executiva Cinema do Brasil. Cinema do Brasil é um programa de exportação implementado pelo Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo ( SIAESP), em parceria com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex -Brasil ). A iniciativa conta com o apoio institucional da Agência Nacional de Cinema do Brasil (Ancine). Executive manager at Cinema do Brasil. Cinema do Brasil is an export program implemented by the Audiovisual Industry Union of the State of São Paulo (SIAESP), in partnership with the Export and Investment Promotion Agency (Apex-Brazil). The initiative has the institutional support from the National Cinema Agency of Brazil (Ancine).

Apoio

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CURITIBA_LAB (Participação mediante inscrição e processo seletivo) / (Participation upon prior registration and selection)

O Curitiba_Lab é um espaço para desenvolvimento de projetos cinematográficos que seleciona 7 projetos nacionais cujos produtores e diretores passarão, ao longo de 4 dias, por acompanhamento e orientação de profissionais de cinema, que se debruçarão sobre os projetos a fim de apontar suas forças e fraquezas e orientar os produtores de modo a tornar seus projetos mais atraentes e viáveis. Ao longo dos 4 dias os produtores apresentarão seus projetos para uma banca julgadora. Ao final um deles será escolhido o melhor projeto do Curitiba_Lab, recebendo a importância de R$ 3.000,00 mais serviços.

Projetos selecionados / Selected projects

CARRO REI Direção: Renata Pinheiro Roteiro: Renata Pinheiro, Sérgio Oliveira, Léo Pyrata Produção: Aroma Filmes

DESCALÇA Direção: Diego Florentino Roteiro: Sônia Procópio Produção: Filmes Trópico

ENTRE A SOLA E O SALTO TEM O VÃO Direção e Roteiro: Fernanda Chicolet, Thaís Fujinaga Produção: Sobretudo Produção 194

Curitiba_Lab is a space for the development of film projects, which selects 7 Brazilian projects whose producers and directors will, during three days, be monitored and advised by film professionals, who will analyze the projects in order to indicate their strengths and weaknesses and advise their producers on how to make them more attractive and feasible. Over the course of 3 days, producers will present their projects in front of a judging panel. At the end, one of them will be chosen the best Curitiba_Lab project, receiving the sum of R$ 3,000.00 plus services.


RAIA 4

Apoio

Direção e Roteiro: Emiliano Cunha Produção: LockHeart Filmes

REPRESA Direção: Diego Hoefel Roteiro: Diego Hoefel, Ricardo Alves Jr. Produção: Tardo Filmes

SERIAL KELLY Direção e Roteiro: Marcelo Caetano, René Guerra Produção: Bananeira Filmes

SICK SICK SICK Direção e Roteiro: Alice Furtado Produção: Oceano Produções, Estúdio Giz

Orientadores / Advisers

Nara Aragão

Desde 2001 na REC Produtores Associados, tem atuado na produção executiva de diversos projetos desde suas fases de desenvolvimento até o lançamento em salas de cinema e canais de TV. Foi Produtora Executiva do documentário ‘KFZ-1348’, de Marcelo Pedroso e Gabriel Mascaro e dos longas de ficção ‘Viajo porque preciso, volto porque te amo’, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, ‘Era uma vez eu, Verônica’, de Marcelo Gomes e ‘Tatuagem’, de Hilton Lacerda. She has been since 2001 at REC Associate Producers and worked in the executive production of several projects, from their development stages until their release in movie theaters and TV channels. She was the Executive Producer for the documentary ‘KFZ-1348’, by Marcelo Pedroso and Gabriel Mascaro and the feature-length fiction films ‘Viajo porque preciso, volto porque te amo’, by Marcelo Gomes and Karim Aïnouz, ‘Era uma vez eu, Verônica’, by Marcelo Gomes and ‘Tatuagem’, by Hilton Lacerda.

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Hilton Lacerda

Nascido na cidade do Recife, Pernambuco, em 1965, Hilton Lacerda tem se destacado pelos trabalhos que vem desenvolvendo nas áreas de cinema e televisão. Suas parcerias com reconhecidos diretores, na feitura de roteiros, e seu olhar afiado na direção, tem rendido a ele reconhecimento muito amplo. Born in Recife, Pernambuco, in 1965, Hilton Lacerda has stood out from his works in the fields of film and television. His partnerships with renowned directors, in writing screenplays, and his sharp look in direction, has provided him with broad recognition.

Luis Campos (Guiões)

Nascido em Portugal durante a prolífica era do blockbuster Hollywoodiano de 1985, Luis Campos concluiu um mestrado em Cinema em 2008 e, desde então, coleciona diversas experiências com cinema, enquanto morava em Barcelona, Londres e Amsterdã. Proprietário e principal produtor da empresa Squatter Factory, Luis teve a oportunidade de desenvolver um estágio no âmbito do Programa Erasmus para Empreendedores em 2013 na Savage Film e outra sob o EU Brazil Connect em 2015 na RT Features. Born in Portugal during the prolific Hollywood blockbuster era of 1985, Luis Campos concluded a MA in Film in 2008 and since then he collected several experiences in filmmaking, while living in Barcelona, London, and Amsterdam. Owner and main producer of the company Squatter Factory, Luis had the chance to develop an internship under the Erasmus for Entrepreneurs Program in 2013 at Savage Film and another under the EU Brazil Connect in 2015 at RT Features.

Nina Kopko

Nina Kopko, 28 anos, é formada em Cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atua nas áreas de desenvolvimento de projetos, assistência de direção e edição de obras audiovisuais. Desde o início de 2014 é supervisora de desenvolvimento de projetos na produtora RT Features. Foi diretora assistente do último longa-metragem de Marco Dutra, projeto internacional da RT Features, rodado entre outubro e dezembro de 2014, no Uruguai (em finalização). Nina Kopko, 28 years old, has a degree in Cinema from the Federal University of Santa Catarina. She works in the fields of project development, assistant director, and editor for audiovisual works. Since early 2014, she has been the supervisor for project development at RT Features Production Company. She was assistant director for the most recent feature film by Marco Dutra, an international project by RT Features, shot between October and December 2014, Uruguay (currently in post-production).

Paulo de Carvalho

Produtor e Programador. Diretor do Festival Cinelatino de Tübingen, Alemanha. Produtor de ‘Girimunho’, Helvécio Marins e Clarissa Campolina; ‘Siembra’, de Ángela María Osorio e Santiago Lozano (Colômbia); ‘Ejercicios de memória’, de Paz Encin (Paraguai). Foi programador do Festival de Locarno e do Festival Internacional de Documentários de Leipzig, consultor para a “Quinzaine des Réalisateurs”. Participa na organização do Brasil CineMundi, Encontro Internacional de Coprodução em Belo Horizonte. Producer and programmer. Director of the Cinelatino Festival-Tübingen, Germany. Producer of ‘Girimunho’, Helvécio Marins and Clarissa Campolina; ‘Siembra’ de Ángela María Osorio and Santiago Lozano (Colombia); ‘Ejercicios de memória’, Paz Encin (Paraguay). He was a programmer for the Locarno Festival and the Leipzig International Documentary Festival, and a consultant to the “Quinzaine des Réalisateurs”. Participates in the organization of Brazil CineMundi, International Coproduction Meeting in Belo Horizonte.

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OFICINAS

/ Workshops

(Participação mediante inscrição e processo seletivo) / (Participation upon prior registration and selection)

As oficinas do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba tem o intuito de expandir e aguçar os sentidos de seus participantes para as mais variadas facetas do cinema e proporcionar uma experiência a mais durante os dias do festival.

The Olhar de Cinema – Curitiba International Festival workshops aim to expand

As oficinas são gratuitas e os inscritos passarão por um processo de seleção. Cada oficina possui 30 vagas e acontecem na escola Centro Europeu (Shopping Crystal).

Workshops will be free of charge and those enrolled will undergo a selection pro-

and sharpen the senses of its participants for the most varied facets of film and provide an additional experience during the days of the festival.

cess. Each workshop has 30 seats and takes place at the school Centro Europeu (Shopping Crystal).

DIÁLOGOS CRÍTICOS: SOBRE CRÍTICA E CINEMA/CRÍTICA DE CINEMA 12 a 14 de junho | 14h às 18h / CRITICAL DIALOGUES: ON CRITICISM AND CINEMA/FILM CRITICISM June 12 to 14 | 2 p.m. to 6 p.m.

De Denis Diderot a Serge Daney os críticos foram tão fundamentais à arte (e ao cinema) moderna quanto os artistas, ainda que hajam controvérsias sobre o “papel da crítica” e o modo como o mundo contemporâneo continuamente declara a sua falência. Partindo da discussão sobre as tradições críticas e seus impasses hoje, a oficina busca pensar a crítica de cinema, suas formas, sua trajetória, suas divergências e seu papel. From Denis Diderot to Serge Daney, critics have been as crucial to modern art (and cinema) as artists themselves, even if there are controversies as to the “role of criticism” and in how the contemporary world continually declares its ruin. Based on the discussion on critical traditions and its current impasses, the workshop attempts to reflect on film criticism, its forms, trajectories, divergences, and its role.

Francis Vogner dos Reis

Francis Vogner dos Reis é mestre em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP e crítico de cinema da revista Cinética. Faz parte da curadoria da Mostra de Cinema de Tiradentes, da Mostra Cine Ouro Preto e da Mostra Cine BH. Curou as mostras Jacques Rivette - Já Não Somos Inocentes, Easy Riders e Jerry Lewis. É roteirista do filme ‘Jogo das decapitações’, de Sergio Bianchi, co-roteirista de ‘Os sonâmbulos’, de Tiago Mata Machado e de ‘O último trago’, de Luiz e Ricardo Pretti e Pedro Diógenes.

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Francis Vogner dos Reis holds a master in Media and Audiovisual Process from ECA-USP and is a film critic for the Cinética magazine. He is part of the curatorial team for the Tiradentes Film Festival, Mostra Cine Ouro Preto, and Mostra Cine BH. He curated the Jacques Rivette exhibit – We Are no Longer Innocent, Easy Riders, and Jerry Lewis. He is the screenwriter of the film ‘Jogo das decapitações’, by Sergio Bianchi, co-writer of ‘Os sonâmbulos’, by Tiago Mata Machado and ‘O último trago’, by Luiz and Ricardo Pretti and Pedro Diogenes.

A FÁBULA NO DOCUMENTÁRIO 2 a 14 de junho | 14h às 18h / THE FABLE IN THE DOCUMENTARY June 12 to 14 | 2 p.m. to 6 p.m

A oficina vai discutir os aspectos, motivações e pontos de vista que movem cada realizador a desenvolver seus trabalhos audiovisuais. A realização de exercícios práticos que conjugam documentário e fabulação buscarão desenvolver o olhar autoral dos participantes em seus projetos. The workshop will discuss the traits, motivations, and viewpoints that guide each director in developing their audiovisual works. Practical exercises will be conducted, combining documentary and fable, and which seek to develop the participants’ authorial gaze in their projects.

Rafael Urban

Rafael Urban é cineasta, produtor e curador. Coordena o Ficção Viva, série de encontros com diretores como Lucrecia Martel, Carlos Reygadas e Miguel Gomes. Dirigiu filmes que circularam em mais de 200 festivais em 25 países, como ‘Ovos de dinossauro na sala de estar’, que recebeu 20 prêmios, e o também premiado ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’, em parceria com Terence Keller. Rafael é professor da disciplina de Documentário na Universidade Estadual do Paraná. Rafael Urban is a filmmaker, producer, and curator. He coordinates the Ficção Viva, a series of encounters with directors such as Lucrecia Martel, Carlos Reygadas, and Miguel Gomes. He has directed films screened in over 200 festivals in 25 countries, such as ‘Ovos de dinossauro na sala de estar’, which received 20 awards, and the also awarded ‘A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês?’ in partnership with Terence Keller. Rafael teaches Documentary Cinema at the State University of Paraná.

Larissa Figueiredo

Larissa Figueiredo nasceu em Brasília. Estudou Letras na UnB; fez mestrado em Teoria do Cinema na França e Artes Visuais/ Cinema na Suíça, onde teve aulas com artistas como Miguel Gomes, Albert Serra e Apichatpong Weerasethakul. ‘O touro’, seu primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio do Visions Sud Est Fund, foi exibido como work-in-progress na Carte Blanche do 67º Festival Internacional de Cinema de Locarno e teve sua estréia mundial no 44º Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Larissa Figueiredo was born in Brasilia. She studied Literature at UNB; has a Master’s degree in Film Theory from France and Visual Arts/Cinema from Switzerland, where she studied with artists such as Miguel Gomes, Albert Serra, and Apichatpong Weerasethakul. ‘O touro’, her first feature film, was awarded the Visions Sud Est Fund, and was screened as a work-in-progress in Carte Blanche’s 67th Locarno International Film Festival and had its world premiere at the 44th Rotterdam International Film Festival.

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ANIMAÇÃO STOP-MOTION 12 a 14 de junho | 14h às 18h / STOP-MOTION ANIMATION June 12 to 14 | 2 p.m. to 6 p.m.

O Tijucas apresenta, nos 3 dias de oficina, seu método para a criação de um filme de animação. Iniciando pela transformação do roteiro em um projeto, passando pela decupagem de cenas, desenvolvimento de storyboard e animatic, elaboração das leis do universo da história, desenvolvimento de personagens, cenários, produção de bonecos e materiais para filmagem, dublagem, filmagem, pós-produção, trilha sonora, desenho de som e finalização. During the 3 days of the workshop, Tijucas presents their method for creating an animated film. Beginning with the transformation of the script into a project, through the decoupage of scenes, storyboard and animatic development, creating the laws of the story’s universe, character development, scenarios, production of figurines and materials for filming, dubbing, shooting, post-production, soundtrack, sound design, and completion.

Pedro Giongo

Coordena artisticamente e administra o Estudio Tijucas desde 2009. Atualmente trabalha como diretor em um filme de animação chamado ‘Tango’ e um live-action ‘Bairro chinês’ ambos em produção. Também já participou ativamente no meio cultural de Curitiba trabalhando como Programador Visual para diversos filmes, festivais de cinema, shows e bandas, oficinas, artistas visuais e fazendo livros. Since 2009, Giongo is the artistic coordinator and manager of the Tijucas Studio. He currently works as a director in an animated film called ‘Tango’ and a live-action film ‘Bairro chinês’, both in production stage. He has also been an active participant Curitiba’s cultural milieu, working as Visual Programmer for several films, film festivals, concerts and bands, workshops, visual artists, and book creation.

Francisco Gusso

Diretor, animador, desenhista. Artista visual atuante nas áreas de animação, cinema, pintura e desenho. Finalizou em 2015 sua primeira animação, o ‘Parque pesadelo’. Atualmente esta dirigindo o segundo curta entitulado ‘Tango’, projeto contemplado pelo edital Rumos do Itaú Cultural de 2014 de animação. Since 2009, Giongo is the artistic coordinator and manager of the Tijucas Studio. He currently works as a director in an animated film called ‘Tango’ and a live-action film ‘Bairro chinês’, both in production stage. He has also been an active participant Curitiba’s cultural milieu, working as Visual Programmer for several films, film festivals, concerts and bands, workshops, visual artists, and book creation.

Apoio

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OLHAR ITINERANTE Durante o 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba diversos espaços do SESI/FIEP do Paraná receberão uma programação especial do festival chamada Olhar Itinerante, que exibirá curtas-metragens selecionados por nossa equipe de curadores. Os filmes serão exibidos em várias cidades do interior do Paraná e alguns espaços em Curitiba.

During the 4th Olhar de Cinema – Curitiba International Film Festival, spaces granted by the SESI/FIEP Paraná system will host Olhar Itinerante, screening short films selected by the programmers. The films will be screened in different places in Curitiba as well as within the state of Parana.

Cidades / Cities

Filmes / Films

CURITIBA APUCARANA

A CASA SEM SEPARAÇÃO Nathália Tereza | Brasil, 2015, 25′, DCP, Ficção

ARAPONGAS LONDRINA SANTA MARIANA

DORSAL

MARIALVA

Carlos Segundo, Cristiano Barbosa | Brasil/Reino Unido, 2015, 25′, DCP, Documentário

MARINGÁ PAIÇANDU

GELADEIRA

SARANDI

Fernando Moreira | Brasil, 2015, 18′, DCP, Ficção

FOZ DO IGUAÇU MEDIANEIRA

GERONIMO

TOLEDO

Frédéric Bayer | França, 2014, 18′, DCP, Ficção

PATO BRANCO

PALHAÇOS ANÔNIMOS Edu Camargo, Gabriel do Valle | Brasil, 2015, 15′, DCP, Ficção

SUPERMAN ISN’T JEWISH (BUT I AM A BIT…) Jimmy Bemon | França, 2014, 30′, DCP, Ficção

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Apoio


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ApĂŞndice / Appendix

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SERVIÇO / Service

INGRESSOS / Tickets R$ 6,00 (inteira) / R$ 3,00 (meia)

PARCEIROS / Partners 1 PIOLA (Pizza) Alameda Dom Pedro II, 105 – Batel 2 CASA DI BEL (Bar & comida brasileira) Alameda Dom Pedro II, 602 - Batel

LOCAIS / Venues

3 VEGELEV (Vegetariano) Alameda Prudente de Moraes, 1218 - Centro 4 CLUBE DO MALTE BATEL (Hamburguer & cervejas finas) Rua desembargador Motta, 2200 - Batel

1

2

208

Shopping Crystal (Espaço Itaú de Cinema / Centro Europeu) Rua Comendador Araújo, 731 Batel Curitiba-PR Shopping Curitiba (Cinesystem / Livraria Cultura) Rua Brigadeiro Franco, 2300 Centro Curitiba-PR

3

Cinemateca de Curitiba Rua Carlos Cavalcanti, 1174 São Francisco Curitiba-PR

4

Teatro Paiol Praça Guido Viaro, s/nº Prado Velho Curitiba – PR

5 SR. GARIBALDI CRYSTAL (Hot dogs) Shopping Crystal, Rua Comendador Araújo, 731 - Batel 6 LIGEIRINHO (Bar & frutos do mar & carnes exóticas) Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 120 - Centro 7 LUCCA CAFÉ (Café & Sanduíches) Alameda Presidente Taunay, 40 - Batel 8 ARRUMADINHO (Bar & comida brasileira) Tv. Jesuíno Marcondes, 165 - Centro 9 O BARBA (Hamburguer & chopp) Avenida Vicente Machado, 642 - Centro 10 HOSTEL MATILDA Rua Treze de Maio, 568 - Centro 11 HOTEL BRISTOL Bristol Metropolitan – Rua Emiliano Perneta, 261 – Centro 12 HOTEL SLAVIERO SLIM Av. Luiz Xavier, 67 - Centro


3 10

6 12

3 9

4 1

2

8 11

7

1

5

2

4

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INDEX POR FILME / Film Index 110

A CASA SEM SEPARAÇÃO, de Nathália Tereza

111

A FESTA E OS CÃES, de Leonardo Mouramateus

152

A INVENÇÃO DA NOITE, de Tomás von der Osten

134

A LOUCURA ENTRE NÓS, de Fernanda Vareille

96

A MISTERIOSA MORTE DE PÉROLA, de Guto Parente

97

A PROLETARIAN WINTER’S TALE, de Julian Radlmaier

84

A VIDA É ESTRANHA, de Mossa Bildner

74

ANECDOTE, de Nathan Silver

98

ANGELS OF REVOLUTION, de Aleksey Fedorchenko

47

AS AVENTURAS DO SR. HULOT NO TRÁFEGO LOUCO, de Jacques Tati

43

AS FÉRIAS DO SENHOR HULOT, de Jacques Tati

50

AU DELÀ DE PLAYTIME, de Stéphane Goudet

85

BALIKBAYAN #1 MEMORIES OF OVERDEVELOPMENT REDUX III, de Kidlat Tahimik

56

BANG BANG, de Andrea Tonacci

124

BATTLES de Isabelle Tollenaere

112

BAYBERRIES HAVE RIPENED, de Niranjan Raj Bhetwal

153

BEAR, de Pascal Flörks

125

BURN THE SEA, de Nambot Nathalie e Maki Berchache

42

210

CARROSSEL DA ESPERANÇA, de Jacques Tati

154

CAT, de Philippe Lasry

155

CHILDREN’S PLAYGROUND, de Pablo Molina Guerrero


166

CHINÊS É TUDO IGUAL, de Denise Soares

135

CLOUDY TIMES, de Arami Ullon

167

DESSAS COISAS QUE ACONTECEM, de Sueli Araujo

156

DORSAL, de Carlos Segundo e Cristiano Barbosa

136

ELA VOLTA NA QUINTA, de André Novais Oliveira

113

ENQUANTO O SANGUE COLORIA A NOITE, EU OLHAVA AS ESTRELAS, de Felipe Poroger

157

ESCAPE FROM MY EYES, de Felipe Bragança

41

ESCOLA DE CARTEIROS, de Jacques Tati

114

ESPAÇO PROTEGIDO, de Zora Rux

168

EV’RY TIME WE SAY GOODBYE, de Renato Ogata

45

EVENING CLASSES, de Nicolas Ribowsky

76

EXIT ELENA, de Nathan Silver

137

FAVULA, de Raúl Perrone

126

FOG, de Nicole Vögele

49

FORZA BASTIA, de Jacques Tati e Sophie Tatischeff

39

GAI DIMANCHE, de Jacques Berr

169

GASTRONOMIA URBANA, de Ricardo Ernest Machado

170

GELADEIRA, de Fernando Moreira

115

GERONIMO, de Frédéric Bayer

138

HOMELAND (IRAQ YEAR ZERO), de Abbas Fahdel

139

HOMEM-CARRO, de Raquel Valadares

99

I AM THE PEOPLE, de Anna Roussillon 211


171 86

JAUJA, de Lisando Alonso

87

JOÃO BÉNARD DA COSTA — OUTROS AMARÃO AS COISAS QUE EU AMEI, de Manuel Mozos

57

JOHNNY GUITAR, de Nicholas Ray

88

KOMMUNISTEN, de Jean-Marie Straub

100 89

KOZA, de Ivan Ostrochovsky LA GUERRE D’ALGÉRIE!, de Jean-Marie Straub

116

LISTEN, de Hamy Ramezan e Rungano Nyoni

101

LUCIFER, de Gust Van Den Berghe

140

MAIS DO QUE EU POSSA ME RECONHECER, de Allan Ribeiro

141

MALDADE, de Joshua Gil Delgado

102

MERCURIALES, de Virgil Vernier

60

MEU AMIGO TOTORO, de Hayao Miyazaki

44

MEU TIO, de Jacques Tati

127

MING OF HARLEM: TWENTY ONE STOREYS IN THE AIR, de Phillip Warnell

172

NÃO SE VIVE POR NADA, de Rafael Bertelli

128

NOVA DUBAI, de Gustavo Vinagre

38

ON DEMAND UNE BRUTE, de Charles Barrois

63

ORFEU, de Jean Cocteau

173

PAIXÃO NACIONAL, de Jandir Santin

174

PALHAÇOS ANÔNIMOS, de Edu Camargo e Gabriel do Valle

48 212

I PROCLAIM DESTRUCTION, de Arthur Tuoto

PARADA, de Jacques Tati


46

PLAYTIME – TEMPO DE DIVERSÃO, de Jacques Tati

142

PORTAIT OF THE ARTIST, de Antoine Barraud

143

PRISON SYSTEM 4614, de Jan Soldat

28

RABO DE PEIXE, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel

103

REALITY, de Quentin Dupieux

144

SETE VISITAS, de Douglas Duarte

158

SHELTERS, de Ivan Salatic

65 145

SINDICATO DE LADRÕES, de Elia Kazan SNAKESKIN, de Daniel Hui

77

SOFT IN THE HEAD, de Nathan Silver

40

SOIGNE TON GAUCHE, de René Clément

79

STINKING HEAVEN, de Nathan Silver

90

STORM CHILDREN, BOOK 1, de Lav Diaz

104 68 117 75

STORY OF JUDAS, de Rabah Ameur-Zaïmeche STROMBOLI, de Roberto Rosselini SUPERMAN IS NOT JEWISH (BUT I AM BIT…), de Jimmy Bemon THE BLIND, de Nathan Silver

159

THE EVENTS AT MR. YAMAMOTO’S ALPINE RESIDENCE, de Tilman Singer

146

THE VALLEY, de Ghassan Salhab

147

THESE ARE RULES, de Ognjen Svilicic

175

TODO TEMPO, de Danilo Daher

160

TORÉ, de Joao Vieira Torres e Tanawi Xucuru Kariri 213


78

214

UNCERTAIN TERMS, de Nathan Silver

105

VIOLENCIA, de Jorge Forero

118

WITH JOY AND MERRINESS, de Jeanne Boukraa

129

YXIMALLOO, de Tadhg Osullivan e Feargal Ward


CRÉDITOS / Credits

4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba R. Dr. Pedrosa, 430 – 3o. andar Curitiba – Paraná – Brazil CEP 80420-120 + 55 41 3095-0608 info@olhardecinema.com.br

Diretores / Directors Aly Muritiba, Antônio Junior e Marisa Merlo

Competitiva de Longa Metragem, Outros Olhares, Exibições Especiais e Filme de Abertura / Feature Film Competition, Other Views, Special Screenings and Opening Night Film

Curadores Responsáveis / Head-Programmers: Antônio Junior e Marisa Merlo Curador / Programmer: Gustavo Beck

Novos Olhares e Foco / New Views and Focus Curador Responsável / Head-Programmer: Gustavo Beck

Curtas Metragens (Competitiva, Outros Olhares, Mirada Paranaense) / Short Films (Competition, Other Views, Parana State Films)

Curador Responsável / Head-Programmer: Bernard Payen Curadora / Programmer: Jessica Candal Sato

Olhar Retrospectivo e Olhares Clássicos / Retrospective and Classics Responsável / Head-Programmer: William Biagioli

Produtores / Producers Responsáveis: Aly Muritiba, Marisa Merlo e Antônio Junior Ana Catarina Lugarini William Biagioli Raiane Rodrigues

Produtores Executivos / Executive Producers Marisa Merlo e Antônio Junior

Produtores do Mercado de Cinema de Curitiba / Curitiba Film Market Production Responsáveis: Adriane Pasa, Aly Muritiba, Antônio Junior Lucia Malucelli 215


Convidados e Infra-estrutura / Guest and Infrastructure Responsável: Eugenia Castello Raquel Ribeiro Cinthia Manochio Thiago Busse Carlos Pedroso

Filmes e Exibição / Films and Exhibitions Responsáveis: William Biagioli e Guilherme Delamuta Denise Fait Rudolfo Auffinger Cazi Ferrazo

Coordenador de Divulgação / P&A Coordinator Responsável: Antônio Junior Ana Catarina Lugarini

Coordenadora de Interiores / Interior Coordinator Ana Catarina Lugarini

Arte e Projeto Gráfico / Graphic Design Responsável: Apoc Studio André Sanches (Fotógrafo) Ana Momm (Modelo)

Troféu / Trophy Hugo Mendes

Tradução de textos / Text translation Paulo Scarpa

Tradução e Legendagem Eletrônica / Translation and Eletronic Subtitles Responsáveis: William Biagioli e Guilherme Delamuta / GrafoPós / Igor Farah Thiago Barbosa Gabrielle Paiva

Webmasters / Webmasters Eduardo Zulian Felipe Coelho Kussik

Vinheta Promocional / Promocional Spot Daniel Duda 216


Cobertura Oficial / Official Coverage Rosano Mauro Junior (Still)

Assessoria de Imprensa Nacional / National Press Office Responsável: Celso Sabadin Carolina Bressane Planeta Tela

Assessoria de Imprensa Local / Regional Press Office Responsável: Dani Brito Gabriel Castro

Consultor Internacional / International Consultant Gustavo Beck

Equipe de Apoio / Staff Alexandre Magno Andrade Ana Clara Piet André Nichelatti Brenda Lee Caronia Rosalen Dani Carvalho Emerson Oliveira Fany Magalhães Felipe Schneider Felipe Soares Fellipe Gaio Heitor Lorega Isabela Aruana Ivone Vilharvos Sens Jaci Andrade Jéssica Lorena Juliana Vilela Leonardo Otto Lívia Costa Luiz Prigol Marina Sutile Mônica Zampier Patrícia Waltrick Renan Turci Waleska Antunes Yara Braga Yasmin Hijaz

Organização e revisão do catálogo /Organization and revision of the catalogue Responsável: Marisa Merlo Antônio Junior Gustavo Francesconi 217


Vans / Vans Marlitur

Equipamento Imagem e Som / Image and Sound Equipment HB Vai

Agência de Viagens / Travel Agency Via Corporate

Realização Grafo Audiovisual, Ministério da Cultura, Governo Federal

Patrocínio Master

Correios, BNDES, Sanepar, Governo do Paraná

Patrocínio

Fomento Paraná

Promoção

RPCTV, Gazeta do Povo

Apoio

Shopping Crystal, Shopping Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba

218


AGRADECIMENTOS / Acknowledgements

Aaron Cutler

Fernando Severo

Patricia Bassi

Amélie Rayroles

Filipe Furtado

Paula Ariana Calory

André Victor de Anil Freitas

Francesca Vantaggiato

Paulino Viapina

Andrea Meneghelli

Francisco Gusso

Pedro Giongo

Antonio Carlos Pereira Alves Junior

Gian Luca Farinelli

Rafaella Mózena

Aranka Matits

Guilherme Franklin

Reginaldo de Freitas Junior

Bianca Santana Gonçalves

Gustavo Pinheiro

Renata Mele

Bruno Ken Iti Shoji

Helena Pinto Marina

Renzo Rosselini

Cassiana Bernardi

Janaina Coelho Adão

Rodrigo Grota

Cid Nader

Jansen Raveira

Samara Vilvert

Cristina Amaral

Jen Davies

Sandra Bezerra

Diogo Dreyer da Silva

Letícia Ávila

Sérgio Alpendre

Eliza Mara Titon

Maria José Gonsalves Ferreira

Sidiclei Strapasson

Ellen Schafer

Mariana Bueno Maciel Arantes

Silvana de Oliveira Amaral

Emerson Natal

Maritana Lugarini Freitas

Simone Evan

Fabiano Nascimento

Mateus Trevisan

Talita Alene Rodrigues

Fabricio Marques de Souza

Milena Fransolino

Tara Judah

Fernando Brito

Nancy Korim

Tatiane Parolli

219


Produtos e serviços de conveniência. É mais fácil ali nos Correios.

correios.com.br

É pensando em você que os Correios oferecem serviços e produtos que vão além de cartas e encomendas. Nas agências dos Correios, você pode pagar contas, contratar empréstimo, cadastrar CPF, solicitar o Seguro DPVAT e muito mais. E o melhor, em qualquer lugar do Brasil. Quando precisar agilizar a sua vida, nem pense duas vezes: é mais fácil ali nos Correios. Acesse correios.com.br e saiba mais.

Fale com os Correios: correios.com.br/falecomoscorreios CAC: 3003 0100 ou 0800 725 7282 (informações) e 0800 725 0100 (sugestões e reclamações) Ouvidoria: correios.com.br/ouvidoria SIC: correios.com.br/acessoainformacao

Outros produtos e serviços de conveniência oferecidos nos Correios: ABERTURA DE CONTA | TRANSFERÊNCIA DE VALORES | CERTIFICAÇÃO DIGITAL EMBALAGENS | CAIXA POSTAL | PRODUTOS PERSONALIZADOS | PRODUTOS COMEMORATIVOS | Consulte disponibilidade nas agências.

220

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Nós investimos em recursos.

Você investe em atitudes.

Valdir Mateus de Oliveira • Empregado da Sanepar

SANEPAR

Nos últimos 4 anos, a Sanepar investiu 2,5 bilhões em obras por todo o Paraná para abastecer nossas casas com água tratada da melhor qualidade. Isso sem deixar de tomar o maior cuidado com os rios, as nascentes e os mananciais, fontes naturais do recurso que todos nós precisamos para viver.

O FUTURO BEM TRATADO POR TODOS NÓS. 222

VOCÊ

Seja consciente, evite o desperdício. A água que você recebe em casa deve ser usada com responsabilidade. Se a gente cuidar da nossa água, ela não vai faltar.


A vida da produtora de morangos Nelíria Huff, de Bituruna, não era fácil, até que o Governo do Estado deu o apoio que ela

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precisava. Com o financiamento da Fomento Paraná e a assistência técnica da Emater, Nelíria investiu na qualidade e seu empenho logo deu frutos. Nelíria triplicou sua produção! Esse não é um caso isolado. Com o crédito da Fomento Paraná, os produtores rurais estão colhendo resultados. É o Governo do Estado mudando para melhor a vida dos paranaenses.

OUVIDORIA 0800 644 8887 223


call for entries international competition Shorts and features, from 1st to 3rd film Submissions online from 1st May to 30th August

224

[FILMS EN COURS] post production support Color grading, sound mixing, subtitling, mastering DCP, post-production manager for first, second and third features. Submissions online from september 2015


MÚSICA E ROTEIROS CULTURAIS POR TODA A CIDADE. ISSO TAMBÉM É GAZETA. A Gazeta é muito mais do que um jornal. A Gazeta faz parte do dia a dia dos paranaenses. São dezenas de produtos, serviços e iniciativas, que movimentam toda a cidade com shows e muita arte nas ruas durante todo o ano. Cultura, entretenimento, aplicativos e informação. Isso também é Gazeta.

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Vamos juntos apoiar o

CINEMA

Apoiadora ocial do Olhar de Cinema Festival Internacional de Curitiba

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olhardecinema.com.br

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