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Editorial Em busca do novo Buscar o novo sem medo errar. Seguir as oportunidades, as percepções, o coração! Buscar o novo mesmo quando tudo parece difícil, sofrido e solitário demais... firmemente atrás de um sonho. E o sonho tem faces variadas. Pode ser a chegada ao topo do morro Santo Antônio, vencer toda a subida íngreme e desafiadora, como fazem centenas de pessoas em Caraguatatuba, onde semanalmente encaram o desafio por melhor condição física e, por que não dizer, emocional. Pode ser também a luta de pais em busca de melhores condições aos filhos que necessitam de atenção especializada, terapias e cuidados, como ocorre em Ilhabela. Ou ainda, buscar o novo num desejo intenso de ser o melhor e trabalhar, treinar, investir, batalhar, treinar mais um pouco, trabalhar muito mais, horas infindas, exaustivas, até chegar à perfeição e ao sucesso... Nesta edição, contamos um pouquinho da história de caiçaras que, à procura do novo, de seus sonhos, desafiam mares, morros, acendem os flashes da vida ou sobem aos palcos para levar cultura e entretenimento. Experiências de vidas, de sonhos conquistados e de sucessos. Mas, o sucesso também pode ser redescobrir um dom, como aconteceu com José Leonardo Angerami, que durante a aposentadoria despertou para sua paixão por construir réplicas de embarcações náuticas. Especialistas dizem que buscar a felicidade abre muito mais portas ao sucesso do que passar a vida correndo atrás desse sucesso. E estar feliz, amar o que faz, e sentir que tudo faz sentido, indica que a vida está na direção certa, na rota da realização dos sonhos, mesmo que o resto do mundo paire na maior loucura. O novo é a busca! A todos os que vivem neste imenso mundo de desafios, Madeleine deseja uma dose de novo, uma pitada de ousadia, a felicidade e muito sucesso! Uma excelente leitura! Cecília Lima
Expediente Madeleine é uma publicação de Cecom Comunicação Inscrição Municipal: 19.052-0 Diretora Comercial Cecília Lima cecilia@revistamadeleine.com.br Para anunciar contato@revistamadeleine.com.br Agende um horário e conheça o nosso projeto. (12) 97404-0947 Diagramação e Arte Richard Lippi Jornalista Responsável / Textos Cecília Lima MTB: 42758/SP Colaboradoras Thereza Felipelli Beatriz Rego Bruna Vieira Millena Hermes Patrícia Coelho Felipe Riela Revisão Doca Ramos Mello Fotógrafo Márcio Zaffani Site Danielli Zaffani Impressão Resolução Gráfica Tiragem: 5 mil exemplares Capa Globo / Estevam Avelar Distribuição Rodovias dos Tamoios, Anchieta/Imigrantes, Campos do Jordão, Ubatuba, salões e salas de espera em São Sebastião, Caraguatatuba e Ilhabela.
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Foto: Bô.Bo
Geração Saúde
Grupo articulado pelo Facebook incentiva subida a pé ao Morro Santo Antônio, em Caraguatatuba, e reúne cerca de 400 pessoas em alguns desses encontros saudáveis
O fantástico mundo dos livros dentro de um ônibus Projeto estimula crianças a aprender brincando e cantando
Faço parte dessa história
Pais e mães de Ilhabela lutam por seus filhos com deficiência
Entrevista Com rosto angelical,
Marina Ruy Barbosa
demonstra maturidade em sua mais nova personagem na novela ‘Império’
Sim, nós produzimos sucessos! A arte de modelar navios em miniatura Alerta! Na alergia alimentar, o bandido se disfarça de mocinho
Sucos do mês Drauzio Varella Síndrome da fadiga crônica
Crônica
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Queremos a sua participação. Quer sugerir, palpitar? Mande seu @email para contato@revistamadeleine.com.br
@cartasmail
Olá. Li a revista pela primeira vez recentemente e adorei o misto de matérias para todos os gostos. Parabéns! @claudiaivanov.sãosebastião Muito interessante saber que o botox também pode ser utilizado em outras áreas da saúde. Saber que ele pode melhorar a vida das pessoas e não tratar apenas da parte estética. @anajunqueira.sãojosedoscampos Bebo muito suco e adorei a matéria dos sucos e como eles funcionam. Muito bom, continuem seguindo essa linha de informação. @cassianaresende.taubate Vi a revista Madeleine e li a entrevista com a cantora Ivete Sangalo. Adorei! Essa cantora está sempre de alto astral, de bem com a vida! @mara.caraguatatuba Notas: Na edição de agosto, a entrevista com os atores Cristiana Oliveira e Edson Celulari, foi publicada sem o crédito da jornalista responsável pelo texto, Ester Jacopetti. As fotos publicadas na matéria “Zumba, a sensação dançante que ferve as academias”, edição de agosto, foram tiradas no Studio Movimento e Tebar Praia Clube, em São Sebastião e na Academia Modella, em Ilhabela.
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Geração Saúde
Grupo articulado pelo Facebook incentiva subida a pé ao Morro Santo Antônio, em Caraguatatuba, e reúne cerca de 400 pessoas em alguns desses encontros saudáveis
Fotos: Arquivo Pessoal
Por Felipe Riela e Bruna Vieira
Entrar em contato com a natureza, movimentar o corpo, fortalecer ‘a alma e o espírito’ para enfrentar a rotina do dia a dia, fazer amizades e viver aventuras são prioridades para o grupo Geração Saúde, que atrai gente das quatro cidades do litoral norte para subir a pé o Morro Santo Antônio, com seus 325 metros de altura, nas manhãs dos finais de semana e nas noites de quarta-feira. A iniciativa ganhou o apoio do poder público. “A prefeitura colabora com policiamento, pessoal do trânsito e iluminação. Tem uma academia querendo dar uma força para gente com aula de alongamento e teve outra que já subiu o morro com a gente”, confirma o socorrista Paulo de Paula, criador, em 2012, da página do grupo Geração Saúde na rede social Facebook. Desde então, reúne amigos com os mesmos objetivos: melhorar o condicionamento físico e curtir a vida com qualidade. O início O socorrista revela que, por problema de saúde, um médico deu a ele
duas alternativas: regime ou remédio. Ele era sedentário, por isso optou pelo regime, que achou mais saudável e, assim, reeducou sua alimentação. Mas, sabia que precisava caminhar, o que não o atraía. Foi quando teve a ideia de subir o Morro. Enquanto praticava o exercício físico, apreciava a bela vista do Santo Antônio, e percebendo os benefícios trazidos pela nova rotina, decidiu chamar amigos. Para facilitar a comunicação e atrair mais gente, criou no Facebook a página que gerencia até hoje.
Paulo de Paula sobe o morro quase toda semana. “Respiro ar puro, sinto o corpo em movimento, vejo o nascer e o pôr do sol. É uma adrenalina! Melhorei o condicionamento físico e tenho mais vontade de viver, pois vejo os outros na mesma sintonia que a minha”, revela. O grupo costuma se encontrar para subir o Morro aos sábados e domingos pela manhã, às 7h30, e nas quartas-feiras, às 19h30. Algumas das subidas chegaram a reunir aproximadamente 400 pessoas, segundo o organizador. “Alguns caminham, outros correm e há pessoas que alternam os dois. Cada um vai a seu tempo, um ajudando o outro. O grupo se considera uma família, serve como apoio para superar qualquer obstácu-
lo ou dificuldade”. Superação Secretária numa empresa de carpintaria, Luciana da Silva conheceu o grupo no final do ano passado. Ela, que se recupera do tratamento de câncer de mama, pôde encontrar um ponto de apoio ao se exercitar com os amigos no Morro. Na primeira vez que subiu foi sozinha, mas no meio do trajeto encontrou o grupo e terminou a subida com o pessoal. “No primeiro dia fiz amizade com um monte de gente e logo me senti parte da família. Meu médico disse que está me fazendo muito bem e tenho certeza disso”, diz ela. “Somos uma família saudável”. A tecnóloga em computação, Adriana Capriglione, cresceu em Caraguatatuba, mas por motivos de trabalho
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passou um período no Rio de Janeiro e voltou acima do peso. Há dois anos, uma postagem do Paulo, seu ‘conhecido’, chamou sua atenção. Decidiu encarar a aventura e deixar o sedentarismo. “Gostei tanto que deixei uma oportunidade de trabalho no Rio para ficar em Caraguá, uma cidade muito linda que nos dá a oportunidade de viver integrados com a natureza. Isso tudo me motiva a praticar exercícios físicos. Emagreci 16 quilos, antes levava em torno de uma hora para subir, agora esse tempo diminuiu pela metade”,comemora. Para ela é compensador subir o morro porque quando chega lá em cima, diz sentir-se uma vencedora. “Vale a pena, ainda mais depois de um dia estressante”, confessa Adriana.
O Morro Santo Antônio é conhecido como um dos principais pontos turísticos da cidade. A vista lá de cima chama a atenção pelo panorama que inclui a enseada de Caraguatatuba e São Sebastião, e boa parte de Ilhabela. O local atrai também os praticantes de voo livre, pois há duas rampas.,onde os pilotos saltam de asa delta e parapente. A subida, um pouco íngreme, garante uma boa caminhada ou corrida, proporcionando sensação de aventura. Subir de carro, só para ver a vista lá de cima, também vale a pena! Interessados podem comparecer ao ponto de encontro, no início da subida do Morro Santo Antônio ou se informar em: www.facebook.com/geracaosaude.saude.7
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Beatriz Rego
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O fantástico mundo dos livros
dentro de um ônibus Beatriz Rego
Estimular as crianças a terem gosto pela leitura é uma tarefa diária. Pais e professores estão sempre buscando uma forma de fazer dos livros um amigo agradável, e não uma obrigação, na vida dos pequenos. E foi pensando nisso que um ônibus todo colorido e adaptado, com muitas prateleiras, livros, música e aprendizado, foi criado para difundir a leitura de boa qualidade e estimular centenas de crianças. Esse é o novo diferencial da rede municipal de ensino de São Sebastião que criou o Ônibus da Leitura, programa voltado aos alunos do ensino infantil, creches e ensino fundamental I – do primeiro ao quinto ano. Levar essas crianças para dentro de um espaço todo produzido e apresentar a elas o fantástico mundo imaginário dos livros deu tão certo que a idealizadora dessa novidade e secretária da Educação, Angela Couto, pretende ampliar o projeto em 2015 para também poder oferecer literatura infantojuvenil. Neste caso, a nova biblioteca ambulante irá atender os alunos do Fundamental II da rede municipal – do sexto ao nono ano. “São Sebastião instituiu, em 2009, o projeto Ler para Aprender, onde o propósito era transformar o município em uma cidade leitora. Em 2010, foram criados espaços obrigatórios de leitura dentro das escolas e estabelecido o Dia da Leitura a cada bimestre. Já em 2011, adquirimos e montamos o Ônibus da Leitura em parceria com a Ecobus. Em 2012, foi feita a distribuição gratuita de 45 mil títulos, entregues bimestralmente para cada aluno da rede. Em 2013, criou-se a Leitura Solidária para circulação do acervo paradidático, visando incentivar a conservação do acervo individual, assim como sua socialização. E em 2014, a montagem de uma equipe especial para trabalhar
exclusivamente na biblioteca itinerante trouxe mais qualidade e encantamento ao Ônibus”, explica a secretária. Segundo Angela, os resultados são satisfatórios. As crianças estão mais focadas, os pais participam mais da vida escolar dos filhos, além ajudar no processo de alfabetização. “Acreditamos estar no caminho certo já que este projeto, a longo prazo, busca uma mudança no comportamento das pessoas na transformação da Educação em São Sebastião”, conclui.
Música, uma aliada perfeita Dias especiais e únicos vivenciados em cada escola trazem à cada participante um encantamento natural, uma visita ao mundo mágico da imaginação que vai além da contação de histórias, desenvolve e constrói referências, laços com a literatura. Nessa busca incessante de novos horizontes, a trupe da leitura proporciona o incentivo à cultura e ao folclore regional e do litoral norte. E a música é a parceira ideal dessa empreitada. As notas musicais invadem o ônibus e se unem à didática da literatura com um único propósito, a transformação do ensino. O maestro Orlando Rinaldi, coordenador do projeto Música na Escola, conta que tem sido muito interessante poder unir as duas iniciativas em prol da educação no município. “A música sensibiliza, emociona as crianças, ela tem movimento e dá sentimento à história. Esta ideia de agregar os dois projetos é maravilhosa. Muitas crianças não têm contato com essa musicalidade”, analisa ele. “E a integração está permitindo que aconteça uma troca de experiências fascinante”. Rinaldi destaca ainda o quanto é especial participar do Ônibus de Leitura. “A admiração e empenho das crianças em vivenciar todas as músicas e histórias é algo recompensador e vale todo
Projeto estimula crianças a aprender brincando e cantando e qualquer esforço”. A professora responsável pela biblioteca itinerante, Flávia Maciel, relata um grande prazer em poder fazer parte de projeto tão especial e importante para a educação. “Todos os dias são maravilhosos, fazemos parte de um trabalho que enche a alma de alegria”. Segundo Flávia, cada visita é única e sempre emociona. “As crianças são muito puras, valorizam cada gesto, cada palavra, todos ficam encantados com a presença do ônibus e, por muitas vezes, somos surpreendidos com pedidos de fotos, beijos e abraços”, ressalta. Momentos especiais Os estudantes sempre se surpreendem quando entram no ônibus e encontram tantos livros, dentro de um universo completamente diferente do que estão acostumados em seu dia a dia. Rapidamente, o encantamento e o entusiasmo tomam conta de todos os alunos que têm a chance de embarcar na grande aventura literária. O estudante Fabrício Gabriel, 6, afirma que nunca em sua vida imaginou que pudesse existir um ônibus tão lindo, com tantas histórias para serem lidas e contadas. “Eu gosto muito de ouvir histórias, este lugar é muito especial”, explica. Seu colega João Vitor, 5, também se revela bastante entusiasmo com o Ônibus da Leitura. “Eu gostaria que ele pudesse vir aqui à nossa escola todos os dias”, diz o garoto. “É muito legal ter um ônibus cheio de livros com muitas histórias, adoro conhecer coisas novas”. O Ônibus geralmente visita as escolas nas segundas e quintas feiras. Segundo a Secretaria Municipal da Educação, a expansão do projeto para 2015 está na fase de captação de patrocínio. A aquisição de um novo ônibus poderá proporcionar mais cultura, informação e conhecimento às nossas crianças.
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Faço parte dessa história
Pais e mães de Ilhabela lutam por seus filhos com deficiência
A Associação Desenvolver só existe graças a ajuda de voluntários e doações.
Thereza Felipelli
Em Ilhabela, pais e mães de crianças com deficiência se uniram, há dois anos, com um só objetivo: promover programas de reabilitação física para seus filhos, por meio de uma série de terapias, proporcionando às crianças novas possibilidades e alternativas, bem como ampliando suas experiências, favorecendo seu desenvolvimento neuropsicomotor. Assim nasceu a Associação Desenvolver, uma instituição sem fins lucrativos localizada no Perequê, mantida com a ajuda de doações e de voluntários. De acordo com Karla Nayara de Brito e Patrícia Eugênia Custódio, mães e voluntárias que se dedicam ao projeto, a ideia é proporcionar às pessoas com deficiência o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando seus limites e visando sua integração na sociedade. Profissionais de diversas áreas são voluntários nessa causa, como terapeutas ocupacionais e corporais, psicólogos, pedagogos, professores de dança e de yoga, artesãos, entre outros. Na sede da associação, são oferecidas terapias como o therasuit (que ajuda a aumentar a variedade dos movimentos ativos, a força e a resistência, além de controlar os grupos musculares, permitindo que a criança obtenha ou aperfeiçoe sua independência); a arteterapia (atividades direcionadas à função motora, ampliar as experiências, favorecer o processo terapêutico e proporcionar a expressão de sen- timentos e atitudes de forma lúdica); fonoaudiologia, capoeira e cãoterapia (onde o cão e ajuda pessoas com deficiência neurológica a vencer limites, reduzir a ansiedade, estimular a comunicação, memória e atenção, e pro-
vocar a expressão de emoções); terapia ocupacional; dança; pedagogia; música e artesanato. No espaço, também são promovidos encontros chamados Família em Ação, com o objetivo de somar experiências, sensibilizar pais e familiares para as habilidades de seus filhos e fortalecer a concepção sobre inclusão social, defender e disseminar o direito ao exercício da cidadania. Educação Condutiva Neste mês, a Associação Desenvolver recebeu a especialista inglesa Becky Featherstone, para a realizar um trabalho intensivo de educação condutiva, método único de reabilitação educacional desenvolvido especialmente para crianças e adultos com disfunções motoras de origem neurológica. Para crianças, atende principalmente aquelas que têm paralisia ou lesão cerebral. Para adultos, oferece atendimento aos que sofreram AVC - acidente vascular cerebral -, esclerose múltipla, doença de Parkinson e trauma craniano. O método foi criado na Hungria em 1945 pelo médico e professor András Petö, um dos primeiros estudiosos do assunto a considerar as disfunções motoras como um problema de aprendizagem que requer educação especial. Segundo Karla e Patrícia, a educação condutiva estimula o indivíduo a aprender, dentro de sua rotina diária, a executar movimentos que o tornem mais independente, seja dentro de sua casa, na escola ou no local de trabalho. As atividades são compostas por séries de pequenas tarefas e objetivos realizáveis e alcançáveis que precisam ser aprendidos, repetidos e aplicados em diversas situações cotidianas, e não apenas na presença do condutor.
A Associação Desenvolver está precisando também de: - roupas therasuit - playground adaptado - esteira elétrica - vocalizadores go talk 4+, 9+ e 20+ - botões go talk - plataforma galileo - andador - mustang - nf walker - disco de flexão - baodmaker com speaking dynamically - bicicleta adaptada Eles também necessitam dos seguintes profissionais: - pedagogo - professor de capoeira - fonoaudiólogo
Como ajudar
A Associação Desenvolver fica na rua Guaia, n.º 29 , Jardim do Éden, em Ilhabela. Você também pode entrar em contato pelo e-mail: associacaodesenvolver@ gmail.com, site: www.desenvolverilhabela.wix.com/associacao ou pelo facebook: www.facebook. com/AssociacaoDesenvolver Fotos: Divulgação
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Foto: B么.Bo
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Com rosto angelical,
Marina Ruy Barbosa
demonstra maturidade através de sua nova personagem na novela ‘Império’
Por Ester Jacopetti
Marina Ruy Barbosa começou na televisão ainda menina. Sua primeira novela foi aos nove anos (Começar de Novo – 2004). Após uma década, ela se diz mais mulher e espera interpretar personagens mais intensas, como a Maria Ísis de ‘Império’. Sobre sua personagem, a atriz analisa: “É uma menina que tem sensualidade natural, ela é mais uma “Lolita”. E revela sentir-se confortável nas cenas mais picantes em que tem contracenado com o ator Alexandre Nero. “Eles (Rede Globo) editam direitinho do jeito deles, por conta da classificação da novela, não dá para serem cenas de nudez, e por isso estamos fazendo tudo o que é possível”.
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A Maria Ísis é muito diferente da Nicole (Amor à Vida – 2013), elas têm a mesma idade, mas são diferentes. Você também evoluiu de acordo com suas personagens? Para mim, foi um processo natural. Comecei com nove anos e esta é a minha oitava novela. Fui crescendo e as personagens, também. O que é muito bacana porque tenho a oportunidade de fazer personagens mais intensas. Para mim é desafiante! Está gostando do que vê na televisão? Como você analisa sua química em cena com o ator Alexandre Nero? Nós nos preparamos muito para fazer esta novela. Construímos muito bem os nossos personagens, estudamos muito também. Eu tive a sorte de contracenar com o Nero e estar neste papel com ele. Ele é muito generoso e nos damos muito bem. Nós nos sentimos à vontade um com o outro, um dá força para o outro, e juntos compramos a briga dos personagens. Mas, a pegada sensual que a gente vê nas cenas era o que você esperava? Na verdade, eu acho que o público está muito acostumado com “periguete”. Quando começaram a falar da minha personagem, as pessoas já imaginavam uma pessoa interesseira, amante, e periguete. E o Aguinaldo (Silva) escreveu justamente o contrário. Ela é uma menina que tem sensualidade natural, é mais uma “Lolita” (1962). Esse filme e outros como “Beleza Roubada” (1996) do Bertolucci e “Beleza Americana” (1999) me serviram como inspiração para viver a Maria Ísis. São filmes que expõem uma sensualidade mais natural e mais menina também. Foi o que na verdade fez o José Alfredo (Alexandre Nero) se apaixonar por ela. Foi essa ingenuidade que ela tem e que ele perdeu e não encontra em mais ninguém. O único amor que ele tinha foi a Eliane (Vanessa Giácomo), que morreu. As outras pessoas que ele encontrou durante a vida queriam se aproveitar dele, do dinheiro e da posição social, de alguma forma. A Maria Ísis não é assim. Acredito que seja isso que faz com que ele seja muito apaixonado por ela. Para você, como tem sido fazer essas cenas? Muito difícil? Sentiu vergonha em algum momento? Não, foi bem tranquilo. O Aguinaldo tem muita coerência e a equipe da novela é muito cuidadosa. Eles (Rede Globo) editam direitinho do jeito deles, por conta da classificação da novela. Não dá para serem cenas de nudez, e por isso estamos fazendo tudo o que é possível.
Em casa, assiste aos capítulos com seus pais, ou fica com vergonha? Assisto! Imagina! Eles estão acostumados, até porque acompanham o meu trabalho desde os meus nove anos de idade. Eles entendem que é o trabalho da personagem. Eu pergunto para o meu pai o que ele achou da cena e se ficou boa... (rs). Meu pai é supertranquilo e sempre me apoiou em todos os meus projetos.
Foto: Bô.Bo
Como tem sido a repercussão nas ruas? Você já sentiu um assédio diferente? Estou muito feliz com a repercussão da Maria Ísis. Eu tinha até um pouco de... Não era bem medo, mas achava que, por conta da diferença de idade entre os personagens, apesar de ela ser maior de idade, há uma diferença grande entre eles, acreditei que as pessoas pudessem achar um pouco estranho. Por não saberem ainda da história e demorarem para se acostumar. E talvez não torcerem tanto pelo casal, mas foi o contrário, porque eles torcem, sim, pelo casal. Acha que a Maria Ísis pode ser considerada um divisor de águas na sua carreira? Acredita que outras personagens mais “mulherão” podem surgir? Eu espero que sim, mas é o que eu disse, é um processo natural. Estou com dezenove anos. É normal que as personagens fiquem mais intensas e as cenas, mais sensuais. Então, acredito que sim. Você disse que não faria um ensaio nu, mas, e se fosse no cinema ou numa obra em que se revelasse necessário? Acho que depende, não dá para falar que eu faria. Depende muito da personagem e qual seria a proposta. E a cantada na rua, aumentou? Os homens conseguem chegar até você? Ah, não sei, não dá para saber... Eu vejo alguns comentários nas redes sociais, não tem jeito, porque a gente lê muita coisa. Não tem nenhum caso especifico, porque as pessoas me conhecem desde pequena, então parece que têm certo respeito também, né? Você disse que não faria um ensaio nu, mas, e se fosse no cinema ou numa obra em que se revelasse necessário? Acho que depende, não dá para falar que eu faria. Depende muito da personagem e qual seria a proposta. E a cantada na rua, aumentou? Os homens conseguem chegar até você? Ah, não sei, não dá para saber... Eu vejo alguns comentários nas redes sociais, não tem jeito, porque a gente lê muita coisa. Não tem nenhum caso especifico, porque as pessoas me conhecem desde pequena, então parece que têm certo respeito também, né?
Saiu na imprensa que você está solteira, talvez uma entrevista recente falando sobre isso. É verdade? É verdade! Nós terminamos (ela namorava o ator Kleber Toledo). Estou bem, focada na Maria Ísis e seguindo com todos os meus compromissos, tudo direitinho, tudo na paz. É muito recente. Que tipo de roupa você mais gosta de usar? Eu gosto dos vestidos mais curtinhos, para mostrar as pernocas... Mentira! (rs). Mas, se for uma ocasião mais arrumada, um casamento, eu prefiro os longos. Tem feito atividades físicas com regularidade ou não é muito ligada em academia? Antes de começar a novela, eu estava malhando direitinho, mais regrada, estava mais tranquila e dava para fazer todos os dias aulas de localizada e kick box. Agora, com a novela, o ritmo ficou complicado, porque não tenho muita rotina, pelo contrário, é muita gravação e não dá para ter um ritmo. Mas, sempre que dá, e quando estou de folga, eu vou.
17 Foto: Globo/Paulo Belote
Gosta de sair para a balada? Eu sou muito tranquila, muito caseira. Saio mesmo para prestigiar alguma amiga, ou um aniversário... Fui ao aniversário da Preta (Gil) no ano passado, este ano passei para dar um beijo nela. Quando é algo mais especifico não tem por que não ir. Como prefere os sapatos no dia a dia? Amo salto alto, mas a Maria Ísis prefere as rasteirinhas. As pessoas estão dizendo que esta é a sua grande virada como atriz. Acredita nisso? Encaro este trabalho como uma continuidade de todo o trabalho que faço desde pequena. Este é mais um importante! Cada um tem uma maneira de ver, eu vejo como continuação. Esta é a primeira vez que trabalho com o Aguinaldo e estou muito feliz. Ele me deu um presente, a Maria Ísis, e o bacana é isso, porque ele acreditou em mim e no meu trabalho, me deu uma personagem diferente das que eu estava acostumada a fazer. Sou muito grata por este presente. Acha que a Nicole seria amiga da Maria Ísis? Acho que a Maria Ísis sacudiria as estruturas da Nicole, porque ela era muito calminha, fofinha... A Maria Ísis daria uma sacudida. Ela é uma personagem mais para cima, é outra coisa. A Nicole foi muito importante para mim, aprendi muito e amei fazer. Soube das cenas que foram cortadas da novela? O que você achou disso? Como é para você ver o seu trabalho ‘censurando’ por conta da sensualidade? Acho normal, porque eles estavam cortando o que estavam achando um pouco mais pesado, mas o que importa é que a gente fez e estamos fazendo. Estamos encenando o que o Aguinaldo tem escrito. Se foi cortado ou não, na edição, ok! Nós percebemos que foi cortado, mas é normal e faz parte. Toda novela acontece isso, depende da classificação, o mais importante é que o resultado que nós queríamos está sendo passado. Estamos fazendo tudo! Como foi para você cortar os cabelos? E como tem mantido os cuidados com eles? Meu cabelo estava bem cumprido e reto, mas minha personagem pede um visual um pouco mais despojado. Nós demos uma repicada nas pontas para ficar mais natural. Eu procuro usar bons produtos, sempre. Uso protetor térmico por causa dobabyliss. Gosto de dormir com os cabelos molhados, mas sei que prejudica.
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Sim, nós produzimos
sucessos! Thereza Felipelli
Quem foi que disse que em terra de caiçara não vivem ou não se produzem talentos? As cidades da região são moradas de muitos artistas, esportistas, músicos que fazem sucesso e levam alegria não só a quem mora ou visita o litoral, mas também a muita gente que está longe daqui. No final de agosto, Gabriel Medina, menino das ondas de Maresias, em São Sebastião, levou o Brasil para mais perto do sonhado primeiro título mundial, após vencer Kelly Slater no WCT de Teahupoo, Tahiti, enchendo os caiçaras de orgulho e uma nova geração de pequenos surfistas, de esperança. Nesta edição, vamos apresentar apenas alguns desses talentos, porque por essas bandas tem tanta gente boa, que poderíamos preencher uma revista inteirinha, só falando desse assunto.
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Fotos: Divulgação
Pedro Corrêa – Campeão de Vela Naturalidade – São Sebastião/SP O Pedrinho da Vela, como é conhecido, foi o representante brasileiro que velejou de Byte nos Jogos Olímpicos da Juventude, evento que reuniu os melhores atletas do mundo entre 15 e 18 anos, na milenar cidade de Nanquim, China, de 16 a 28 de agosto deste ano. Com um total de 98 atletas em 24 modalidades, a delegação brasileira foi a segunda maior do evento, atrás apenas da China, o país anfitrião. Cada país tinha o direito de levar uma equipe por gênero em modalidades coletivas, e somente 70 atletas em esportes individuais. Após ser consagrado campeão brasileiro de Optimist, Pedrinho mudou para categoria Laser 4.7, e após curto período de treino, conquistou a medalha de prata nos Jogos Sul-Americanos da Juventude, em Lima, Peru. Na classe Byte, participou também dos campeonatos europeu e mundial, ficando sempre entre os top 15. Atingiu seu objetivo após ser campeão sul-americano da classe Byte, em fevereiro, em São Paulo. Os Jogos Olímpicos da Juventude é um evento único na carreira do nosso atleta, por ser a primeira experiência olímpica de sua vida. Atualmente, Pedro, além de sempre levar a bandeira de São Sebastião e do Projeto Social Ventos e Velas, é velejador da Audi YCSA Sailing Team, que apoia a Equipe Jovem de Vela do Yatch Club Santo Amaro (YCSA), celeiro de grandes velejadores do nosso país.
Edivando de Souza Cruz Campeão de MoutainBike Naturalidade: Ilhabela/SP Praticante de mountain bike desde 1993, Edivando é vencedor de títulos como representante brasileiro nas Olimpíadas de Atenas; medalhista de prata nos Jogos Panamericanos de Santo Domingos; duas vezes medalhista de prata nos Jogos Sul-Americanos; campeão panamericano; campeão brasileiro de cross country olímpico e maratona; bicampeão da Copa Internacional de MTB; tricampeão do Iron Biker Brasil; pentacampeão do Desafio da Mantiqueira; campeão do 70km de Brasília. Atualmente, está na equipe Astro/Vzan/Proshock. Site: edivandodesouzacruz.blogspot.com.br/p/biografia.html Facebook: www.facebook.com/edivando.desouzacruz?ref=tn_tnmn Studio Cappa
Antena Paranoica - Banda De onde são? – Ilhabela/SP Como é o show? - O Trio Antena Paranoica tem como repertório, em uma leitura sintetizada e muito pessoal, sambas antigos, dixieland, jazz e pop e temas musicais próprios com estilo satírico. Os músicos se revezam em alguns instrumentos comuns e também em outros construídos pelo humorista e “luthier” amador, Vallério Wiz. É o caso, por exemplo, do trum-pet (espécie de kazoo feito de garrafas pet), da malateria (bateria de mala) e outras geringonças. Com isso, o grupo consegue uma sonoridade muito personalizada e uma performance bastante lúdica, que acaba agradando inclusive às crianças. O Trio, agora com o novo integrante Cesar Cardoso, já se apresentou em São Paulo, Brasília, Campo Grande, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Além de shows corporativos e de entretenimento, o grupo também faz experiências em vídeo e esquetes teatrais. Formação: Cesar Cardozo: Sax tenor / soprano / violão / bateria, vocais e flauta João Santana: violão, cavaco, percussão e vocais Vallério Wiz: teclado, escaleta, trum -pet e instrumentos informais Contato: http://www.humorsa.com
Studio Cappa - Fotografia Onde fica? - São Sebastião/SP O trabalho desses profissionais é manter momentos especiais, como casamentos, eternizados através de suas fotos, que são verdadeiras obras de arte. O profissionalismo com as imagens rendeu a esses profissionais três premiações no Inspiration Awards, o prêmio mais importante da fotografia brasileira de casamentos, visto que reúne os melhores fotógrafos do setor no Brasil e também brasileiros que atuam em outros países. O Studio é o único representante de todo o litoral norte nessa associação. Facebook: www.facebook.com/studiocappa.fotografia Isteffany Moraes – Campeã de SUP Naturalidade: Ilhabela/SP Uma das mais jovens atletas a disputar longas distâncias, com apenas 14 anos já soma várias conquistas no stand up paddle (SUP). Após disputar provas da elite adulta, este ano a atual campeã brasileira juvenil vai participar de todas as etapas do Brasileirão. Em 2013, destacou-se no maior evento mundial, Battle of the Paddle Brasil, realizado em Cabo Frio, onde conquistou o 1º lugar na categoria kids.
20 Fotos: Millena Hermes
A arte de modelar navios em miniatura
um dom de outras vidas... José Leonardo Angerami redescobriu na aposentadoria o modelismo naval. E, de lá para cá, a grande paixão se transformou em um caso de amor que dura mais de 30 anos.
Por Millena Hermes e Bruna Vieira
Moldar madeiras usando apenas canivete e estilete para recriar navios de grandes embarcações nunca foi uma tarefa difícil para José Leonardo Angerami. Aos 84 anos, os detalhes criados pelo artista são assustadoramente incríveis. Ele tenta achar uma explicação para a facilidade de recriar obras: “Vem de outras vidas que tive no passado. O mar sempre me foi familiar. Nunca tive problemas para compreender os detalhes das plantas dos navios”, conta. Desde os cinco anos, usava seu tempo para ler e entender obras sobre embarcações náuticas. Na época, deixou a cidade interiorana de Mococa, onde morava com a família, rumo à capital paulista. Lá, estudou em colégio francês e era frequentador nato da Biblioteca Municipal de São Paulo. Na juventude, fez curso técnico de engenharia mecânica em uma escola americana. Os pais não aprovaram a carreira na Marinha. “Compensei o fato de não poder estar no mar trabalhando, velejando com minha esposa Cida. Começamos na década 70, primeiro na região de Santos, depois no litoral norte. Somos mestres amadores”, relata Angerami. Ele revelou para Madeleine que há quatro anos escreve um livro sobre a sua vida, por incentivo da filha Silvia Regina Angerami, jornalista e escrito-
ra. Na obra, o modelista releva suas travessuras quando ainda criança, e sua paixão pelas embarcações. O volume não tem data para ser lançado. As miniaturas nunca foram seu ganha pão, mas marcam sua vida e seus encontros até hoje. Aos 17 anos, construiu a primeira réplica, o Galeão Veneziano (embarcação de 1540), dado a um tio como presente de casamento e que anos depois voltou às mãos de seu criador. Carreira Profissional Na Divisão Mecânica da Refinações de Milho Brasil (hoje Unilever), fez carreira. E após 35 anos de empresa, especificamente em 1984, aposentou-se. “Durante as três décadas de Divisão Mecânica, não fiz embarcações”, contou. Mas, após a chegada da aposentadoria, passou a se dedicar de forma exclusiva ao seu passatempo predileto. Foram mais de 130 réplicas construídas de 1984 aos dias atuais. Seus modelos foram vendidos para colecionadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Rio de Janeiro. A esposa, Maria Aparecida Gonçalves, tem papel fundamental para que Angerami se dedique às embarcações construídas em miniatura. Ela é o olho mágico dele e analista crítica. Por um tempo, Cida fez restaurações de antiguidades e sempre ajudou o marido,
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que passa horas fazendo as réplicas na oficina da casa, no bairro Estrela D’Alva, em Caraguatatuba, onde moram há 19 anos. “Esta era nossa casa de veraneio desde a década de 70. Velejamos muito pelos mares do litoral norte. Na década de 90, pensamos em vender a casa para eu e Leonardo partirmos rumo à viagem dos nossos sonhos, dar a volta ao mundo num veleiro. A mãe dele ficou doente e veio morar conosco. A aventura ficou para ‘outra vida’”, revela a esposa. As primeiras réplicas produzidas após se aposentar, Angerami fez para presentear amigos. Para construir uma réplica simples são necessários pelo menos dois meses de trabalho e um ano e meio para concluir uma embarcação mais complexa, como o navio de passageiros e de cargas alemão Cap San Diego. Surpreendidos Certa vez, ele e a esposa pensaram em levar uma das embarcações para ser vendida em uma loja de presentes em Santos. Mas não tiveram tempo de chegar à loja. Ainda no caminho, o casal foi surpreendido por um admirador. “O valor cobrado foi cinco vezes maior do que tínhamos pensado. Passei a fazer embarcações para colecionadores como Fabio Fontes, que expõe várias de minhas réplicas em sua casa e na Praticagem de Santos”, revela Angerami. Todos esses contos e muitos outros, Angerami faz questão de narrar em seu livro, ainda sem título. Ele ainda conta que chegou à perfeição em diversos modelos, após reproduzi-los 15 vezes, como é o caso da Harvey - galeota típica de Baltimore/EUA. Do navio corsário francês Tonnant, ele fez 12 unidades; do Bounty -navio célebre pelo motim a bordo- produziu 11 cópias; a Caravela Portuguesa fez oito vezes; do canhão naval, seis cópias; o canhão de campanha inglês, cinco; o King George, quatro; e o Maryanne, três. Para construir os modelos navais, o mestre amador usa cola, verniz, tinta esmalte, folha de ouro, linhas, vidros, pano de algodão (para as velas), material de plástico, arame e ferro. Os tipos de madeira são cedro, pau marfim, peroba, pinho, imbuia, jacarandá e balsa, vendidas em lojas de peças de modelismo em São Paulo, Campinas e São José dos Campos. Na oficina de Angerami, há máquinas como: torno, furadeira elétrica, lixadeira, alicates e instrumentos usados por dentistas, réguas retas e curvas, compasso, transferidor, brocas de aço e outros utensílios. Como base são utilizados livros de navegação - de onde copia os modelos -, e transforma tudo isso em casco, leme, mastros, canhões, vergas (travessas que seguram
as velas), estais (cordas que seguram os mastros na linha central, no eixo longitudinal), brandais (linhas que seguram os mastros no sentido lateral), carretilhas, roldanas e outras partes das embarcações. Quando prontas, coloca as réplicas em uma redoma de vidro móvel, para mantê-las em exposição de forma segura e limpa. “Esqueço-me do mundo quando estou na oficina. Como acordo cedo, passo muitas horas do dia aqui. Às vezes, coloco música. É uma terapia. Só paro para almoçar e tomar o café da tarde. Quando termino uma réplica, é como se tivesse feito uma embarcação em tamanho natural. Tenho amigos modelistas navais com os quais compartilho trabalhos. Conheci alguns deles no tanque de nautimodelismo do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Em Caraguá, eu e Cida chegamos a vender peças náuticas como porta retratos, quadros com nós náuticos, canhões, faróis, porta-lápis e outros na Feira de Artesanato na Praça Diógenes Ribeiro de Lima”, comenta o artista. Todos os barcos de Angerami são construídos em escala, a partir de plantas originais contidas em seletos livros em inglês, francês, espanhol, alemão e raros em português, que compõe a biblioteca de sua oficina. Alguns livros foram presentes de colecionadores da Marinha que viajam o mundo. As obras contêm as plantas com o passo a passo da construção de cada parte do navio.
Navios que fizeram história As réplicas de navios famosos feitas pelas mãos de José Leonardo Angerami mostram detalhes idênticos aos barcos dos séculos 16 a 21, como o Cutty Sark, embarcação escocesa que fez a travessia da Austrália para a Inglaterra em tempo recorde, por volta de 1869. As embarcações nacionais feitas por Angerami foram o navio-escola da Marinha Brasileira, Almirante Saldanha, e o Hydrus, rebocador que auxilia manobras de navios e combate a incêndios do Porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. O Tonnant, também reproduzido por Angerami, foi o último navio corsário licenciado pelo rei Luiz 16, pouco antes de ele ser decapitado. Há ainda o Harvey, navio de comércio dos Estados Unidos, do século 18, e o Bounty, navio inglês que teve parte da tripulação amotinada na Costa do Pacífico. Posteriormente, descobriram os remanescentes desses tripulantes na ilha de Pitcairn, onde constituíram família com as mulheres haitianas. O modelo Spray foi baseado em plantas publicadas no livro “Sozinho ao redor do mundo”, de Joshua Slocum. O autor deu a volta ao mundo sozinho nesse barco, aos 51 anos de idade, façanha realizada pela primeira vez na história. Ele também fez o navio alemão Togo (de 1938), a motor, que transportava passageiros e cargas entre Europa e África. Na 2ª Guerra Mundial, foi transformado em navio corsário. Após a guerra, foi doado à Noruega em 1946, navegou por diversos países com vários nomes. Afundou na foz do Rio Coatzacoalcos, no Golfo de Yucatan, em novembro de 1984. O Royal Louis, galeão de guerra francês de 1779, foi considerado o mais poderoso de sua época. Continha canhões de várias libras e a tripulação, em tempo de guerra, era de 1260 homens. Sua réplica tem 1,08m de comprimento, 0,85m de altura e 0,28 m de largura. O Herzogin Cecilie foi concluído por Angerami em dezembro de 2008, um navio-escola e cargueiro tendo como figura de proa o busto da Duquesa Cecília. Foi o 131º modelo de navio construído por ele. Outro modelo feito por Angerami foi o Beagle, navio no qual Charles Darwin, com 22 anos, viajou durante cinco anos e fez suas observações da natureza que levaram ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural das Espécies. Haja talento, hein? Quer conhecer mais sobre as histórias e apreciar as fotos de réplicas desse modelista, é só acessar o endereço eletrônico: http://jolemapi.fotoblog.uol.com.br.
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Alerta! Patrícia Coelho
Não, infelizmente não é apenas uma impressão. As alergias e intolerâncias a certos tipos de alimentos são cada vez mais comuns em nossas vidas. Ultimamente, ouvimos falar de tantos casos de alergia a produtos que, aparentemente, até bem pouco tempo não causavam nenhum dano à saúde de ninguém. Leite, ovos, amendoins, soja, frutos do mar... A lista é longa. E as reações que as pessoas podem apresentar ao ingerir tais alimentos, desastrosas. Então, nunca é demais ficar atento às mudanças no nosso corpo após ingerir certos tipos de alimento. Mas, afinal, o que é uma alergia alimentar? Como explica a nutricionista Luciene Mara Rodrigues Rego, as alergias alimentares são reações adversas não tóxicas aos alimentos que envolvem mecanismos imunológicos, resultando em manifestações como edema de glote, urticária, vômito, diarréia, bronquite asmática, rinite, enxaqueca, distúrbios diversos. “As alergias podem ser imediatas ou tardias. O primeiro grupo é de fácil identificação, pois a alteração ocorre instantes após a ingestão do alimento. Em compensação, as alergias tardias são mais difíceis de ser percebidas, pois os sintomas podem aparecer até quatro dias após o contato com o alérgeno”, detalha. Segundo a nutricionista, o aumento da ingestão de alimentos industrializados se constitui em uma das causas das alergias alimentares, já que apresentam em sua composição os principais produtos que podem causar tais reações, como leite e os seus deriva-
dos, a soja e o trigo. A Associação de Alergistas e de Imunologistas do Quebec, no Canadá, explica que ainda não está claro por que algumas pessoas desenvolvem alergias alimentares. Em seu site na internet (http://www.allerg.qc.ca/ Information_allergique/3_1_aliments. html), a associação esclarece que, assim como os demais tipos de alergia (como a eczema, a rinite ou a asma, por exemplo), “se um membro da família apresenta uma doença alérgica, os outros membros têm mais risco de também apresentar esse tipo de doença, mas não necessariamente a mesma ataca os parentes. Além das causas genéticas, causas ambientais são, mas não são bem definidas”. Riscos e sintomas Uma reação alérgica pode evoluir rapidamente de benigna à grave, podendo causar choque anafilático e até morte, alerta o governo canadense em um dos seus sites na internet (http:// canadiensensante.gc.ca/). Então, se levarmos em consideração que uma reação alérgica pode ser imprevisível e repentina, para não sermos pegos de surpresa é preciso estar atento a alguns sintômas: dificuldade a respirar; hipertensão repentina, aceleração do ritmo cardíaco ou desmaio; vermelhidão na face, urticária ou erupição cutânea, vermelhidão e coceira na pele; inchaço na área dos olhos, do rosto, dos lábios, da garganta e da língua; cólicas, diarreia ou vômitos. De qualquer forma, a base do diagnóstico de uma alergia alimentar é a consulta médica. Somente após uma adequada conversa com um médico, com experiência em alergia alimentar, é que se torna possível definir se os sintomas que julgamos ter relação com uma alergia, de fato estão relacionadas a esse processo. Tratamento Por enquanto, não existe nenhum remédio contra as alergias alimen-
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Na alergia alimentar, o bandido se disfarça de mocinho tares. A única forma de prevenir uma reação é evitar o alimento que causa a alergia. Isso pode ser um desafio, já que muitos dos alimentos que podem causar alergias estão presentes de modo constante na culinária habitual (leite, ovo, trigo...). “Apesar dos muitos estudos nesta área de pesquisa, nenhuma forma de tratamento definitivo foi estabelecida até o momento” (Fonte: Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007 - Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologiapublicaçao da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia - ASBAI). Não confundir alergia com intolerância Segundo a nutricionista Luciene Rego, “esses termos são muitas vezes confundidos, o que talvez se justifique pelo fato de um mesmo alimento poder desencadear os dois quadros ou por ambas serem reações adversas causadas por alimentos”. Ela salienta que a diferença entre um e outro é o tipo de reação apresentada. No caso de uma alergia, a resposta do organismo é imunológica e imediata. Numa situação de intolerância, o organismo não consegue digerir ou metabolizar o alimento. A substância não digerida pode provocar sintomas como dor abdominal, gases, diarreia ou prisão de ventre, enjoo ou vômito. Um exemplo clássico é o da intolerância à lactose, ou seja, a incapacidade parcial ou completa de digerir o açúcar do leite
e seus derivados. Ela ocorre quando o organismo não produz, ou produz em quantidade insuficiente, uma enzima digestiva chamada lactase, que quebra e decompõe a lactose. De qualquer forma, como os sintomas de uma alergia e de uma intolerância são semelhantes, uma avaliação médica é a única forma de constatar realmente a gravidade do problema. Para ficar atento “Os alimentos mais comumente envolvidos em reações alérgicas de ambos os tipos são leite e seus derivados, derivados do trigo, frutos do mar, oleaginosas, soja, milho e ovos. Aditivos
alimentares como corantes amarelos e vermelhos podem também causar alergias”, alerta Luciene. A alergia alimentar em números Estudos realizados entre 2009 e 2010 com 38.480 crianças (até 18 anos) indicam que 8% delas apresentam uma alergia alimentar, sendo que aproximadamente 6% são crianças até dois anos; cerca de 9% têm entre três e cinco anos; quase 8% entre seis e 10 anos; aproximadamente 8% têm entre 11 e 13 anos; mais de 8,5% entre 14 e 18 anos. Entre essas crianças, 38,7% têm histórico de reaçoes alérgicas severas; 30,4% apresentam múltiplas alergias alimentares; o amendoim é o produto que mais causa alergia, seguido do leite e dos crustáceos e moluscos. Em 2012, 5,6% ou 4.1 milhoes de crianças apresentaram um tipo de alergia alimentar nos últimos 12 meses. (Fonte The American Academy of Allergy, Asthma & Immunology (AAAAI)http://www.aaaai.org/home.aspx)
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Sucos do Mês Contra cólicas menstruais
Ingredientes: ½ xícara (chá) de capim-limão fresco e picado Suco puro de 1 laranja 1 fatia de abacaxi sem casca ½ maça sem sementes picadas Modo de preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador e beba uma vez ao dia
Aliviar a TPM Ingredientes: Suco puro de 1 laranja 1 colher (sopa) cheia de polpa de maracujá Gengibre ralado a gosto Modo de preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador. Se necessário, acrescente água, misture, coe e adoce a gosto. Beba uma vez ao dia.
Amenizar os sintomas da menopausa
Ingredientes: ½ maça sem sementes picada 1 xícara (chá) de leite de soja 1 colher (chá) de linhaça 1 colher (chá) de gergelim
Modo de preparo: Bata no liquidificador todos os ingredientes. Beba sem adoçar, em dias alternados da semana.
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Pr贸xima Parada turismo
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Drauzio Varella
Síndrome
da fadiga crônica
- Ando muito cansado, doutor. De manhã, para levantar da cama é o maior sacrifício. Mal chego no trabalho, já quero voltar para casa. Cansaço é uma das cinco queixas mais frequentes dos que procuram os clínicos gerais. Nessas ocasiões, cabe ao médico encontrar uma causa que justifique a falta de disposição. As mais comuns costumam ser: • Doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca, arritmias, etc.); • Doenças autoimunes (lúpus, polimiosite, etc.); • Doenças pulmonares (enfisema, quadros infecciosos, etc.); • Doenças endócrinas (hipotireoidismo, diabetes, etc.); • Doenças musculares e neurológicas; • Apneia do sono e narcolepsia; • Abuso de álcool e outras drogas; • Obesidade; • Depressão e outros distúrbios psiquiátricos; • Infecções; • Tumores malignos. A experiência mostra que contingente expressivo de pessoas que se queixam de cansaço não se enquadra em nenhum desses diagnósticos. A tendência dos médicos nesses casos é atribuir a queixa às atribulações da vida moderna: noites mal dormidas, alimentação inadequada, falta de atividade física, problemas psicológicos ou mera falta de vontade de trabalhar. Alguns desses pacientes, no entanto, sentem-se muito mal, excessivamente cansados, incapazes de se concentrar no trabalho e executar as tarefas diárias. Inconformados, fazem via sacra pelos consultórios atrás de um médico que leve a sério seus problemas, lhes ofereça uma esperança de melhora ou, pelo menos, uma explicação para o mal que os aflige. São os portadores da síndrome da fadiga crônica, diagnosticada mais freqüentemente em mulheres do que em homens. Na maioria das vezes, a doença se instala insidiosamente depois de um episódio de resfriado, gripe, sinusite ou outro processo infeccioso. Por razões desconhecidas, entretanto, a infecção vai embora, mas deixa em seu rasto sintomas de indisposição, fadiga e fraqueza muscular que melhoram, todavia retornam periodicamente, em
ciclos, durante meses ou anos. Como diferenciar esse estado de fadiga crônica daqueles associados às solicitações da vida urbana? Não há exames de laboratório específicos para identificar a fadiga crônica. De acordo com o International Chronic Fatique Syndrome Study Group, o critério para estabelecer o diagnóstico é o seguinte: considera-se portadora da síndrome toda pessoa com fadiga persistente, inexplicável por outras causas, que apresentar no mínimo quatro dos sintomas citados abaixo, por um período de pelo menos seis meses: • Dor de garganta; • Gânglios inflamados e dolorosos; • Dores musculares; • Dor em múltiplas articulações, sem sinais inflamatórios (vermelhidão e inchaço); • Cefaleia com características diferentes das anteriores; • Comprometimento substancial da memória recente ou da concentração; • Sono que não repousa; • Fraqueza intensa que persiste por mais de 24 horas depois da atividade física. Alguns estudos sugerem que predisposição genética, doenças infec-
ciosas prévias, faixa etária, estresse e fatores ambientais tenham influência na história natural da enfermidade. Condições como hipoglicemia, anemia, pressão arterial baixa ou viroses misteriosas também são lembradas, mas a verdade é que as causas da síndrome da fadiga crônica são desconhecidas. A evolução da doença é imprevisível. Às vezes, desaparece em pouco mais de seis meses, mas pode durar anos ou persistir pelo resto da vida. A ignorância em relação às causas da síndrome explica a inexistência de tratamentos específicos para seus portadores. Os sintomas são passíveis de tratamentos paliativos, entretanto anti-inflamatórios são recomendados para as dores musculares ou articulares; drogas antidepressivas podem melhorar a qualidade do sono. Mudanças de estilo de vida podem ser úteis. Os especialistas recomendam uma dieta equilibrada, uso moderado de álcool, exercícios regulares de acordo com a disposição física e a manutenção do equilíbrio emocional para controlar o estresse. Reabilitação fisioterápica e condicionamento físico são fundamentais para a manutenção da atividade física e profissional. Como em todas as doenças mal conhecidas, proliferam os assim chamados tratamentos naturalistas, alguns dos quais apregoam resultados milagrosos para a fadiga crônica. Infelizmente, não há nenhuma evidência científica de que eles modifiquem a evolução da doença.
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Whatsapp Considero a tecnologia uma coisa bacana, um avanço, uma comodidade, etc. e tal. Mas, sem exagero. Não sou capaz de, por exemplo, me viciar em computador ou celular, Deus me livre, uso-os para fazer o que tenho de fazer e caio fora. Jamais serei como aquelas criaturas que não respiram sem o notebook ou que, no final da mão, exibem sempre um celular colado aos dedos. Classifico isso como falta de higiene. (Há outras inúmeras faltas de higiene hoje, mas se eu comentar aqui é capaz de me mandarem prender – o mundo não está preparado para quem tenha opiniões pessoalíssimas formadas sobre certos assuntos, o cidadão é incentivado a pensar como a maioria e a maioria vem com aquela bobeira histérica de politicamente correto que.. Argh!). Minha filha quer que eu tenha um celular que comporte a maravilha da comunicação moderna intitulada whatsapp – outra coisa desagradável: praticamente tudo na tecnologia vem em inglês, solapando o idioma nativo do ser humano. Já há índios que usam e-mail, fazem download da dança da chuva, deletam a mandioca, etc. Fui à loja para ver um celular que, segundo minha filha, tem de ter android... Jesus Cristo! A mocinha atendente, plena da maior paciência, me expôs diversos modelos, especificando tudo o que eles poderiam fazer por mim. Um espetáculo! Acho que as únicas coisas de que ainda não dão conta é de fazer o café da manhã, botar o almoço na mesa e arrumar a cozinha, mas isso é questão de tempo... Há diversos preços dessas maravilhas. A criatura tendo dinheiro, disposição, paciência e muito ardor tecnológico, pode gastar aí uns bons R$ 2 mil e ficar totalmente em sintonia com tudo de mais moderno, funcional e indispensável que um celular pode representar na vida dela. Eu fiz as minhas contas e, mesmo comprando um exemplar dos mais baratinhos – lembrando que em se tratando de tecnologia o barato é sempre mais caro do que seu bolso pode suportar – ficaria caríssimo p’ra mim, por conta do salário de Natália, a mocinha atendente, acrescido das horas extras, carteira assinada, fundo de garantia, vale-refeição, vale-transporte... É que, sendo o celular especialmente high tech (me perdoem, mas tecnologia exige inglês) e o meu tipo de ser humano, quase neanderthalês, eu teria de contratar, junto com a novidade, a mocinha da loja. Para manusear o celular, fazer ligações, tirar fotos, entrar na internet, mandar o tal whatsapp para minha filha, etc. Sem ela, nada feito!
Crônica Doca Ramos Mello
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