Através do ciclo de oficinas e o seminário Desenvolvimento e movimentos sociais no Brasil: resistências e construção de alternativas, a FASE enfrentou o desafio de colocar o modelo em questão, dialogando com um amplo espectro de sujeitos e movimentos sociais. O seminário nacional também promoveu um outro deslocamento, dessa feita, de um eixo antes centralizado no sudeste para possibilitar uma maior capilaridade desde outras perspectivas, questões e atores de outras regiões do país, especialmente norte e nordeste. De 2015 a 2017, a FASE enfrentou internamente o desafio da busca da superação da armadilha conceitual do desenvolvimento. Nesta publicação, incluímos a carta política da FASE, lançada em 2017, intitulada Nem neoliberalismo, nem desenvolvimentismo: por um Brasil democrático, sem desigualdades e com justiça ambiental, que chega em um momento marcado por rupturas institucionais no Brasil pós-golpe parlamentarjurídico-midiático-empresarial, e é um convite “que visa recuperarmos, coletivamente, nossa capacidade de não tolerar injustiças, dispositivos e ações de discriminação sexistas, racistas e classistas e de repressão inaceitáveis, porque ferem de morte o pacto civilizatório hoje profundamente ameaçado em nossa sociedade”. Nessa carta, a FASE convida a um amplo debate na sociedade brasileira visando ao rompimento com a armadilha do desenvolvimento. Os textos que se seguem, produto do ciclo de debates acima referido, constituem um rico subsídio para levarmos adiante esse desafio de desconstrução de um conceito que tem tido inquestionável centralidade na política brasileira e na ideologia das classes dominantes em nosso país.
Jorge Durão