Edição 25, maio de 1985

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As Escolas vão à Luta (1976-79)

Essa segunda fase foi profundamente marcada pela luta para obtenção de verbas oficiais: a luta do Convênio. Através deste, a SEMEC passou a conceder uma espécie de bolsa/aluno para as escolas. Rico período. Significou o fim de um momento de empolgação, relativamente amadorístico e artesanal, de construção, consolidação e gestão das EC's. Estas, a partir do biênio 75-76, na sua quase total idade, assinaram seus convênios, estabelecendo, assim, um contato difícil e ~ducativo com os órgãos públicos. · Difícil na medida em que a maioria das lideranças não possuía experiência de confronto com as autoridades públicas, com as manhas da pol ítica institucional, com as armadilhas da burocracia. Faltava preparo, informação, perder a inibição frente àquelas instituições hipertrofiadas e inoperantes, do ponto de vista da vontade e direitos dos cidadãos. Aliás, por essa época, isso era um traço de todos os incipientes movimentos sociais pós-64. O governo militar tinha aberto um verdadeiro fosso entre os elefantes brancos de sua burocracia e os reclamos populares. Recém-saía-se de um governo que tinha tido taxa zero de diálogo. Educativo porque possibilitou o surgimen-

to de diversas questões e tarefas que apenas eram entrevistas nos anos anteriores. Difícil e educativo porque trouxe para todos dúvidas, perplexidades, novas discussões, definições de caminhos. Como entender o nosso sistema educacional? Por que nunca havia recursos para nossas rei vindicações? Quais nossos direitos expressos na própria legislação educacional? Como assinar o Convênio sem perder a autonomia de decisão e administração das escolas? Por que neste momento a própria SEMEC revelava-se interessada em assiná-los? Que influências este contrato teria sobre o cotidiano escolar? Na verdade, essas e outras questões que desde o fim do período anterior começavam a destacar-se e com a assinatura dos convênios vieram a aflorar com maior intensidade, encontravam condições de emergência na própria conjuntura sócio-política nacional que, com o fim do governo Médici, estava se abrindo. Na curva do "milagre econômico" todos os mitos que este tinha gerado começaram a ruir, um por um: o da eficácia da técnica e da racionalidade do planejamento social; o de que éramos uma ilha de tranqüilidade, entenda-se, que estávamos nos desenvolvendo serena e igualitariamente. Nossas taxas de crescimento começaram a baixar e o de-

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