Encarte Especial Passageiros do Tempo

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Todas as gerações pelo mundo

PIONEIRO

Caxias do Sul, 05 de agosto de 2019 - Informe Comercial

Passageiros do tempo Caxias do Sul, 05 de agosto de 2019 INFORME COMERCIAL Não pode ser vendido separadamente

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Produzimos conteúdo sobre os fatos, definimos o destino, vivemos um marco, para assim seguirmos de geração em geração.

Publicação do Departamento Comercial do Grupo RBS Diretor Regional RBS Caxias: Joel Goulart Junior Gerente Comercial RBS Caxias: Guilherme Jappe de França Textos layout e edição: Sabrina Leme MTB-RS 15062, Vinicius Pauletti, Marketing Marcopolo Foto de Capa: Acervo Marcopolo E-mail: marketing@marcopolo.com.br Telefone: (54) 2101-4000

@onibusmarcopolo #Marcopolo70 www.marcopolo.com.br/70anos

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Em

70

anos,

vivemos

uma

riqueza

de

experiências,

contribuições, desafios e parcerias. Uma história vivida por muitas pessoas. Razão de existir da Marcopolo. Personagens de uma história de gerar de ideias e ideais. Gerar de valores. Gerar de inovações que contribuem para o avanço do transporte coletivo. Para levar o garoto de seis anos à escola, aproximar mães de filhos, profissionais de seus sonhos. Um passado que teve origem em um pequena oficina nas esquinas das Ruas Treze de Maio com a Os Dezoito do Forte e que agora se faz presente em cinco continentes. Presença mundial sem que se esqueça das raízes. História que desde o seu início está nas páginas do Pioneiro e que se confunde com as daqueles que a conta. Por isso, jornalistas testemunhas de nossos marcos foram convidados a relembrar uma passagem sua com a empresa.

Foto: Júlio Soares

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Fotos: Acervo Marcopolo

Rodrigo

LOPES Foto: Felipe Nyland

Colunista de Memória do Pioneiro

Uma grande família Falar em Marcopolo é recordar de uma grande família, ainda quando essa família atendia por Carrocerias Nicola. Há cinco anos, uma coluna de fotos antigas, publicada em 4 de agosto de 2014, às vésperas do aniversário de 65 anos, deu a dimensão do quanto a empresa mesclou-se à vida de seus antigos funcionários, desde as décadas de 1950 e 1960. Depoimentos de leitores como “meu primeiro emprego foi lá”, “saudades da Nicola”, “sempre foi minha segunda família” ou “eu estava lá no dia dessa foto” chegaram à redação naquela semana, fomentando o sucesso de uma iniciativa itinerante da empresa naqueles dias: destacar a evolução da fábrica e do transporte rodoviário no país a bordo de um histórico ônibus Nicola, produzido em 1967. Resgatar a trajetória de uma empresa como a Marcopolo e a memória afetiva de seus trabalhadores é adentrar um universo em que o pessoal e o profissional acabam se confundindo. Em 2019, uma nova coluna, desta vez destacando os famosos churrascos do Dia do Trabalhador, trouxe registros fotográficos da confraternização de 1º de maio de 1965, com direção, colaboradores e suas famílias reunidos no Rincão da Lealdade noções de pertencimento, proximidade e identidade regional em estado puro. Muito antes do ônibus Marcopolo surgir, em 1968, e de passar a nominar a empresa, em 1971, o conceito de uma “grande família” já estava cristalizado. Mantém-se firme nesses 70 anos e deve se perpetuar — entre todos aqueles que fazem e ainda farão parte dela.

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IOTTI Chargista e cartunista no Pioneiro Foto: Anna Tscherdantsew

Lá pelo início dos anos noventa, quando começava minha carreira de cartunista e contador de piadas, a direção da Marcopolo achou por bem me contratar para animar um evento da empresa. Foi no Hotel Bela Vista em Ana Rech e foi uma noite muito divertida. Nem se falava em stand-up comedy quando, naquela noite, contei piadas e fui algo como um mix de mestre sem cerimônias e animador. Anos mais tarde, ao lançar meu primeiro CD de piadas, recebi um telefonema. Era um rapaz, que em nome do Paulo Bellini, gostaria de adquirir alguns CDs para presentear amigos (ou inimigos!). Ao buscar a encomenda, o rapaz perguntou sobre a forma de pagamento e então eu disse em tom solene: “Diz pro Bellini que ele me deve um ônibus”. Rimos e nos despedimos. Uma semana se passou e, num belo dia, encontro um pacote em cima da minha mesa de trabalho. Era uma miniatura de um ônibus finamente embalado acompanhado de um bilhete manuscrito:

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“Ta pago! ”

Foto: Acervo Marcopolo


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Iotti, divulgação

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Renan

SILVEIRA Repórter de Esportes Foto: Arquivo Pessoal

Caxias de todas as Copas Muito antes de disputar Copa do Mundo, conquistar Copa América e ter astros como Neymar, Philippe Coutinho, Marcelo, Thiago Silva e Daniel Alves sob seu comando, o desafio do caxiense Tite era vencer os jogos do Sesi. Em 1992, pelo time da Marcopolo, Adenor Leonardo Bachi ainda engatinhava na carreira em que se tornaria um dos melhores do mundo. Mais do que escalar o esquadrão laranja, formado por funcionários da empresa, dividir-se entre os treinos da Marcopolo e do Veranópolis, onde foi o primeiro técnico, era a árdua missão de Tite no dia a dia, em que fazia o trecho da Palugana até o Estádio Ody J. M. Britto, sede campestre da Marcopolo, às margens da Rota do Sol. Tudo com um Escort de quatro pneus careca, com pouco mais de uma hora de prazo de um treino para outro. Ali, Ademir Bachi, o Miro, além de irmão mais novo, assumia o papel de auxiliar-técnico. Quem conviveu nesse tempo com Tite garante que não era um simples bico. Era dedicação total e intensa, tal qual se viu em grandes clubes

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como Grêmio, Inter, Corinthians e agora na Seleção Brasileira. Parte dessa história, desde o título da Divisão de Acesso pelo VEC, o primeiro da carreira, até as grandes conquistas mundiais, foi contada no gibi “Tite: a trajetória do técnico da Seleção Brasileira”. Os quadrinhos foram publicados junto ao Pioneiro na edição de fim de semana de 16 e 17 de junho de 2018, antes da estreia da Seleção na Copa da Rússia. Mas a história da Marcopolo em Copas não se limita em ter sido um “laboratório de Tite” nos campos de futebol amador. Em 2010, o motivo de orgulho da empresa foi ter visto 460 ônibus com a marca caxiense transportando delegações, turistas, patrocinadores e autoridades pelas ruas das principais cidades da África do Sul, na Copa do Mundo. Em 2014, no Brasil, isso também se repetiu com aluguéis de ônibus por patrocinadores. Logo, as seleções foram transportadas pelo modelo Marcopolo Paradiso G7, deslocando-se entre aeroportos, estádios, hotéis e centro de treinamentos.


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Fotos: Reprodução Gibi do Tite por Vinicius Pauletti

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João

PULITA Colunista Social do Pioneiro Foto: Júlio Soares

A Marcopolo sempre esteve presente de alguma forma na minha vida. Seu símbolo faz parte das memórias de infância. Na época, suas produções eram responsáveis pelo meu desejo em ir aos Pavilhões e aos desfiles alegóricos da Festa da Uva para ver aquelas máquinas incríveis, gigantes. Tudo era mágico! Depois (e isso já passa dos 30 anos), iniciei uma convivência com os grandes nomes da companhia: Paulo Bellini, Valter Gomes Pinto (dele eu integrei o time dos engravatados, amigos que ele presenteava anualmente com uma gravata), Raul Tessari e José Antonio Fernandes Martins. Há muito, tive a felicidade em acompanhar a vida social e as celebrações desses industriais, nomes de referência no país e no Exterior. Caxias do Sul é cenário desta majestosa corporação, por isso, a cidade e a Marcopolo se confundem. Um dos acontecimentos marcantes, há 20 anos, foi a cobertura da festividade ao redor dos 50 anos da Marcopolo. O Pioneiro produziu na ocasião um caderno especial sobre o evento, reverenciando as personalidades presentes. O caderno das bodas de ouro da Marcopolo foi editado pela colega de redação, a jornalista Ivanete Marzzaro, com minha total contribuição por conhecer cada um dos protagonistas da famosa indústria caxiense, e evidenciava a grandiosidade da empresa, de seus gestores e dos colaboradores. Na manhã seguinte, todos os convidados receberam um exemplar do ilustrado encarte juntamente com uma cesta de café da manhã. Foi marcante e encantou. Na Festa da Uva deste ano, como nos tempos de guri, fui ao Parque de Exposições só para explorar as novidades da Marcopolo, que aos 70 anos segue jovial e transcendente.

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Fotos: Acervo Marcopolo


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Fotos: Acervo Marcopolo

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Andreia

FONTANA Gerente de Jornalismo da RBS Caxias Foto: Felipe Nyland

Como “gringa”, a responsabilidade sempre pesou sobre meus ombros. E as minhas mãos certamente trêmulas deviam denunciar o nervosismo de uma entrevistadora foca, como costumamos chamar os jornalistas iniciantes. O ano era 1999 e eu, estudante de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), escolhi ninguém menos que Paulo Bellini como um dos três perfis que deveria entregar na disciplina Projeto Experimental II — Comunidade. Era novata, mas nunca me faltaram coragem e dedicação para os desafios laborais – na academia ou no mercado. Sob a orientação do professor Paulo Ribeiro, o conteúdo produzido pela turma de nove alunos ganhou a oportunidade de ser publicado como caderno no Pioneiro de 29 de novembro de 1999, sob o título 30 Personalidades de Caxias do Sul do Século XX. Confiante, entrei na sala ampla do bairro Planalto. Lembro dos móveis em madeira lustrosa, de reconhecimentos dispostos em paredes, prateleiras e na mesa. Paulo Bellini me recebeu com a simplicidade característica e um sorrisão. Deixoume tranquila. Respondeu, com carinho — ou piedade —, uma a uma as perguntas que elaborei após estudar, num tempo sem Google, a trajetória da empresa e do empreendedor, os desafios atuais e o cenário do mercado. Falou-me da história da organização, mas tratou principalmente das pessoas. Enalteceu a importância dos parceiros José Antônio Martins, Valter Gomes Pinto e Raul Tessari. Demonstrou orgulho em ter os filhos na organização e destacou a preocupação em tornar o ambiente de trabalho perfeito. Visionário como era, buscou inspiração no Japão, de onde trouxe o programa Suman (Sistema Integrado Marcopolo de Produção Solidária), que nada mais era do que o trabalho colaborativo, tão em voga nas práticas de gestão atuais. Que inspiração! Narrou alegremente sobre as viagens com a esposa e a paixão pela prática do tênis e da pesca e pelo Caxias. Em 2015, tive a honra de voltar a Caxias como editora-chefe do Pioneiro. Na primeira oportunidade em que reencontrei Bellini, ouvi a provocação: “Por que não publicas no Pioneiro de amanhã aquela entrevista que fizeste comigo?”

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Fotos: Acervo Marcopolo


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e b a s m e Qu u e e v e br em , o l e d n e t possa a ! i n i ll e B

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Trissia

ORDOVÁS SARTORI Editora-chefe do Pioneiro Foto: Júlio Soares

Como toda caxiense, ouvi falar da Marcopolo desde sempre — de curiosidades da fundação até a empresa como local de trabalho aspiracional de boa parte da comunidade. Sempre achei interessante a relação próxima que as pessoas daqui desenvolveram com a Marcopolo e essa percepção se intensifi cou depois que entrei no jornal, em 2003. Nesses 16 anos, não foram poucas as informações e as reportagens que publicamos sobre ela. Um pequeno recorte mostra que já esteve entre as 100 melhores empresas para trabalhar no país, passou a operar a maior fábrica do mundo, em parceria com a Tata Motors,

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constituiu um novo negócio, o Banco Moneo, forneceu ônibus para o transporte das equipes de Copa América, Copas do Mundo e Olimpíadas, mostrando estar sempre à frente e conectada com as comunidades. Mas também não deixou de se preocupar com sua história, tendo inaugurado o Espaço de Memória da Marcopolo, nem com a questão social, com ações de cidadania como Um Dia Feliz. Virou um motivo de orgulho para a cidade, com veículos espalhados por países diversos e levando um pedaço de nossa cultura empreendedora mundo afora. Uma das passagens mais interessantes, para


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mim, ocorreu recentemente, durante uma visita guiada, em fevereiro, ao novíssimo Centro de Fabricação, construído no local que abrigava a planta de plásticos da empresa consumida pelo fogo em setembro de 2017. Não foram os processos otimizados ou o sistema de renovação natural de ar ou a regulagem automática da luminosidade que me encantaram, mas um painel simples, que trazia os crachás dos funcionários de cada turno. Ao lado de cada um deles, havia uma sinalização com as cores verde, amarela ou vermelha. Curiosa, perguntei a que se referia: — É uma ideia do seu Paulo Bellini, sempre preocupado com as pessoas.

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As cores são colocadas pelo próprio colaborador junto ao seu crachá. Indicam como a pessoa está se sentindo no dia: verde se está bem, amarela se tem algum problema e vermelha para situações mais delicadas. Com base nessa sinalização, o superior imediato conversa com o profi ssional e vê se pode ajudá-lo, se está em condições de trabalhar ou se faz algum tipo de encaminhamento para auxiliar na resolução dos problemas. Saí encantada e tudo passou a fazer mais sentido: uma empresa que se preocupa de forma orgânica com sua equipe só pode ir cada vez mais longe.

Foto: Acervo Marcopolo

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Ciro

FABRES NETO Foto: Felipe Nyland

Editor de Economia e Política e cronista do Pioneiro,além de comentarista na Gaúcha Serra

Foto: Acervo Marcopolo

Seu Valter e a neve Em 27 de agosto de 2013, morria Seu Valter Gomes Pinto, que teve uma trajetória intimamente ligada à Marcopolo, desde 1969, quando assumiu a área comercial da empresa e as atividades de exportação. No mesmo dia, Caxias do Sul acordava pintada de branco, resultado de uma intensa precipitação de neve, a última verificada na cidade, que começou na noite do dia anterior e estendeu-se pela madrugada. Foi uma coincidência carregada de simbolismo, que aproveitei para relacionar em meu espaço de crônica diária, que assinava no Pioneiro naquela época. A atuação de Seu Valter, de relevante importância para a expansão das fronteiras da Marcopolo, também se fez sentir intensamente no âmbito comunitário. Seu Valter era um entusiasta da Festa da Uva, sendo considerado “embaixador” da celebração que caracteriza Caxias do Sul. Por sua atuação, o empresário certamente ajudou a reforçar os vínculos comunitários da companhia, e seus efeitos são sentidos até hoje. Por meio desta crônica, uma singela homenagem do cronista à reconhecida trajetória empresarial e comunitária de Seu Valter, pode-se realçar, uma personagem central da Marcopolo, um pedaço da trajetória da companhia.

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Fotos: Acervo Marcopolo

A atuação de Seu Valter, de relevante importância para a expansão das fronteiras da Marcopolo, também se fez sentir intensamente no âmbito comunitário.

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Babiana

MUGNOL Coordenadora de Jornalismo da Gaúcha Serra Foto: Júlio Soares

Talvez uma das provas mais contundentes de quanto uma empresa pode gerar envolvimento comunitário tenha sido a mobilização após o incêndio do dia 3 de setembro de 2017. Na tarde daquele domingo ensolarado, uma nuvem escura tomou conta de Caxias do Sul. A fumaça que se dissipava de um símbolo da indústria caxiense podia ser vista de diversos pontos da Serra. Fui até Ana Rech para acompanhar a situação ao vivo para a rádio Gaúcha e encontrei trabalhadores que se aglomeravam nos portões comentando: “Vi o céu escurecer e achei que se armava um temporal”. Caminhões de bombeiros, ambulâncias, caminhõestanques com água entravam e saíam do portão principal, vindos de diversos municípios. A união estava ali para não deixar que o sonho dos irmãos Nicola se perdesse. Ao mesmo tempo que a informação de que nenhuma pessoa havia ficado ferida era um alento, saber que a unidade de plásticos tinha sido atingida, com boa parte da memória de fabricação da companhia, deixava toda a cidade apreensiva. Justo quando os balanços da maior fabricante de ônibus da América Latina apresentavam retomada, depois de três anos de crise, em uma cidade que perdeu mais de 25 mil empregos. Mas ao mesmo tempo em que se apagava o incêndio naquela tarde de domingo, direção, fornecedores e toda a cadeia automotiva da cidade já se movimentava pela empresa satélite e estava certa de uma situação: a cidade se uniria para buscar a retomada da produção o quanto antes possível. E ela ocorreu em cinco semanas. Como jornalista, também acompanhei o desfecho positivo após o incêndio. Essa capacidade de resiliência espantosa da Marcopolo ficou ainda mais visível quando observei, cerca de um ano depois do incêndio, que um novo pavilhão, no local consumido pelas chamas, estava em fase final de conclusão. Na inauguração do novo Centro de Fabricação, em fevereiro deste ano, o sentimento que tive ao ingressar naquele mesmo local foi de solidez, de como a estrutura de uma empresa é inabalável quando construída de braços dados com a sua comunidade. A história da Marcopolo é também a história de Caxias do Sul e, por isso, mesmo quem não tem uma ligação direta com a empresa comemora as conquistas da companhia, ainda mais quando ela passa por momentos de superação.

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Foto: Acervo Marcopolo

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Silvana

TOAZZA Colunista de Economia Foto: Acervo Pessoal

Falar em Marcopolo é falar em uma Caxias do Sul que deu certo Ao iniciar minha trajetória profissional no Pioneiro, foi-me proposto o primeiro grande desafio para uma jornalista recémformada: entrevistar Paulo Bellini, um dos fundadores da Marcopolo e ícone da indústria automotiva pesada. A reportagem foi publicada na edição de 17 e 18 de março de 2001, e descortinou um viés que viria a se consolidar como o componente vital em transformar a fabricante de ônibus em uma potência, em orgulho para Caxias do Sul, em uma grife que desfila pelas ruas do mundo. Na época, há 18 anos, a Marcopolo possuía 4 mil funcionários (atualmente, são cerca de 11 mil no Brasil, quase o triplo), e representavam (e ainda representam) o motor de sucesso da companhia, expressada na feliz frase de Seu Bellini naquela entrevista: “A organização é antes de tudo o homem”. Essa é a essência dessa potência fabril que lega a Caxias do Sul (e ao mundo) 70 anos de desenvolvimento, com o propósito de cuidar das pessoas e devolver às comunidades tudo o que elas significam na engrenagem empresarial. “O que nós temos é um quadro de colaboradores motivados, e é isso que produz os resultados”, complementava Bellini, naquela matéria, dando uma pista de sua missão como líder nato.

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Sim, grandes organizações, a exemplo da Marcopolo, produzem muito mais do que produtos de alto valor agregado e em larga escala. Criam relações e marcas de conceito. Motivam os profissionais e imprimem autoestima a uma comunidade. São alavancas ao progresso. São admiradas. A essência está no zelo com as pessoas, na gestão humana, no entusiasmo para criar, embora a tecnologia e a inovação sejam credenciais obrigatórias. No caso da Marcopolo, seus ônibus têm como principal outdoor as próprias estradas, “transformadas em passarelas”, como dizia Paulo Bellini. O empresário nos deixou em 15 de junho de 2017, mas os abraços afetuosos que fazia questão de distribuir aos funcionários em forma de agradecimento ao final de cada ano jamais serão esquecidos. Eles continuam germinando em forma de gentilezas, de força para superar as adversidades e da certeza de que cada profissional é responsável por transformar uma indústria como a Marcopolo em referência e em sinônimo de pujança de uma cidade. Falar em Marcopolo é falar em uma Caxias do Sul que deu certo. Que valorizou o melhor da vida: as gentes e seus talentos individuais.


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Ivanete

MARZZARO Editora-assistente no Pioneiro Foto: Acervo Pessoal

A imponência da Marcopolo sempre me impressionou. Na década de 80, quando cheguei a Caxias vinda de uma pequena cidade do interior, os primeiros amigos que conquistei trabalhavam na Marcopolo. No meu primeiro emprego na cidade, pelo menos 50% dos clientes que passavam por lá dependiam da empresa para o sustento da família. Na época, nem sabia que era a maior fabricante de ônibus da América Latina. Quando tive a chance de passar em frente à unidade de Ana Rech, fiquei deslumbrada. Achei que o complexo era intransponível e que jamais conseguiria entrar nele. Estava enganada. Os caminhos da vida me levaram a integrar a equipe de jornalismo do Pioneiro e isso me abriu as portas para andar pelos corredores da produção e chegar à cúpula da administração da gigantesca fábrica, responsável pelo emprego de 9 mil trabalhadores. O primeiro contato com a direção foi no dia seguinte a uma tragédia, quando o fogo destruiu uma das unidades dentro do complexo e que deixou Caxias em polvorosa. A direção nos recebeu e anunciou: “Vamos nos reerguer”. Eles estavam certos. Outro momento emocionante foi quando conheci o lado profissionalizante da Marcopolo. A empresa tem uma escola de formação profissional dentro do complexo, que desenvolve jovens aprendizes para atuarem nas linhas de produção e na administração. Foi impressionante ver o orgulho dessa galera por fazer parte da família Marcopolo. “Vou crescer até onde a empresa me permitir”, disse uma futura engenheira de produção.

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Fotos: Acervo Marcopolo


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Preocupação com a saúde Mas o que mais me comoveu foi poder compartilhar uma situação da minha vida pessoal com as funcionárias da Marcopolo. Fiquei surpresa com o projeto desenvolvido pelo departamento de marketing para o público interno. Em outubro de 2018, fui falar sobre câncer de mama. Mulheres de vários departamentos foram dispensadas durante duas horas para participarem do encontro. O câncer de mama invadiu minha vida duas vezes nos últimos cinco anos. Foi gratificante

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ver o interesse delas em saber mais e como lidei com o tratamento, que me deixou careca por quase dois anos. Foram momentos de desabafos em que elas puderam relatar/contar suas histórias ou de seus familiares (algumas parecidas com a minha). “Se soubesse disso tudo antes, teria assimilado e enfrentado a doença com mais otimismo, com menos desânimo”, comentou uma delas. Choramos juntas em vários momentos naqueles dois dias. Descobri que a Marcopolo vai além do propósito de dar emprego e de fazer a economia de Caxias girar. Como dizia Paulo Bellini, “o que importa são as pessoas.”

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