Opinião
ou
Ciência
Tecnologia X Vida
Alécio Vidor
Opinião
ou
Ciência
Tecnologia X Vida
Ontopsicológica
Editora Universitária
Recanto Maestro 2014
V654o Vidor, Alécio Opinião ou Ciência: tecnologia x vida/ Alécio Vidor. – Recanto Maestro – São João do Polêsine - RS: Ontopsicológica Editora Universitária, 2014. 116 p. ; 20cm ISBN 978-85-64631-18 - 2 1. Ontologia. 2. Intuição. 3. Ciência da vida. 4. Ordem de natureza. 5. Ser I. Título. CDU: 111 Catalogado na publicação: Biblioteca Humanitas da AMF
© 2014 Todos os direitos reservados à Ontopsicológica editora Universitária Rua Oniotan, 490 - Un. 21 - Distrito Recanto Maestro 97230-000 São João do Polêsine - RS - Brasil +55 55 3289 1140 | info@ontopsicologia.com.br | www.ontopsicologia.com.br
PROF. ALÉCIO VIDOR
Alécio Vidor nasceu em 25 de agosto de 1938, em OsórioRS. Possui graduação em Teologia pelo Escolasticado São José (1964), graduação em Pedagogia pela Universidade de Passo Fundo (1968), graduação em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo (1971), graduação em Ontopsicologia pela Associação Internacional de Ontopsicologia – Roma (1978), Mestrado em Pro dissertatione Doctorali pela Pontifícia Universidade Católica de São Tomás – Roma e Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino – Roma (1973). Sua tese de doutorado foi revalidada no Brasil, ingressando por concurso como professor na Universidade Federal de Santa Maria, onde trabalhou de 1982 a 1996, chegando ao cargo de professor titular da instituição. Atualmente, é professor da Antonio Meneghetti Faculdade e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Em 1978, iniciou o trabalho de ontopsicólogo no Brasil, sob autorização e orientação do Acadêmico Professor Antonio Meneghetti, fundador da Ontopsicologia. No mesmo ano, participou na Itália da fundação da Associação Internacional de Ontopsicologia (AIO), hoje uma ONG com caráter consultivo especial junto ao ECOSOC (Conselho Econômico e Social) das Nações Unidas. Em 1985, participou da fundação da Associação Brasileira de Ontopsicologia e, em 1988, recebeu
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e acompanhou o Prof. Meneghetti na sua primeira visita oficial ao país, quando foi criado o Centro Internacional de Arte e Cultura Humanista Recanto Maestro. Até hoje, contribui com os projetos científicos, educacionais e culturais da escola ontopsicológica em território brasileiro. É autor dos livros: Filosofia Elementar, Base da análise clínica e versão científica dos sonhos, Natureza humana e educação, A epistemologia interdisciplinar, A gênese da alienação psicológica e Ontopsicologia, Uma nova psicologia para a pedagogia, Relação entre pais e filhos, A educação não diretiva, Fenomenologia e Ontopsicologia: de Husserl a Meneghetti, Uma pedagogia para a sociedade futura: princípios práticos (org.).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................9 Capítulo I A CIÊNCIA DA VIDA É CONHECIMENTO DE PROPORÇÕES DINÂMICAS...................................................11 Capítulo Ii OS CRITÉRIOS DA CRÍTICA..................................................19 Capítulo Iii A OBJETIVIDADE DA SUBJETIVIDADE.............................37 Capítulo Iv A RELAÇÃO TRABALHO-PESSOA SEGUNDO A ORDEM DE NATUREZA..........................................................................53 Capítulo v PERCEPÇÃO E CIÊNCIA.........................................................63 Capítulo vI A INTUIÇÃO COMO PREÂMBULO À CIÊNCIA...............75 Capítulo viI O SER COMO ORIGEM DO SABER......................................93 Capítulo Viii DO SER AO SABER FAZER CIÊNCIA.................................105 CONCLUSÃO...........................................................................113
INTRODUÇÃO
Este livro tem como propósito restabelecer o equilíbrio entre a evolução tecnológica e a vida humana, sendo indispensável abrir a consciência para que o homem compreenda a si mesmo. O homem construiu um conhecimento em que não se usa por inteiro, servindo-se de modo parcial e inadequado para conhecer o seu próprio íntimo, que é o ponto originário do saber humano verdadeiro. A desordem social e a degradação da vida acusam uma deficiência de conhecimento referente ao mundo-da-vida e da ordem inerente a ele. Este texto propõe um percurso para compreender o íntimo da vida humana, com vistas a descobrir como utilizar a tecnologia em benefício e vantagem da vida e reverter o risco de ameaça à existência humana. Reverter o risco significa humanizar o homem, em que o bem esteja em um patamar maior do que o mal. Um modo para modificar essa situação é investir em ciência aquilo que o homem gasta em armamento, assim, estaríamos aumentando a cultura e diminuindo o risco de ameaça e prejuízo para a sociedade. É preciso aperfeiçoar a ciência da vida juntamente com o conhecimento tecnológico, ou seja, é preciso aperfeiçoar a vida com aquilo que o próprio homem construiu. Se a tecnologia estiver em um patamar maior do que a ciência da vida, pode atrapalhar o bem da vida. Um exemplo é quando um médico e/ou enfermeira utiliza as descobertas científicas que podem
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salvar vidas para prejudicar uma pessoa e garantir um afeto. Isso nada mais é do que a falta de conhecimento da subjetividade interior que leva o ser humano a cometer aberrações. Eis a falta de humanismo no ser humano, onde ele não sabe como resolver suas questões emocionais. Para saber resolver as próprias questões é preciso aprender elementos subjetivos. Existem alguns critérios como: o critério da fé, o critério da opinião e o critério da natureza. O conhecimento tecnológico não é o bastante, é necessário também conhecer o verdadeiro homem. Esse conhecimento visa esclarecer a verdade dos comportamentos, por meio de instrumentos lógicos, que distinguem o verdadeiro do falso em relação à ordem da natureza, a fim de que o homem possa conduzir seus produtos sem ofender o valor de ser humano. A intenção é propor uma ciência de vida, mediante a qual o homem possa construir o valor humano utilizando a tecnologia para o bem da vida, aperfeiçoando-a e não agredindo, prejudicando a vida. É preciso viabilizar um modo para que a vida não seja prejudicada, mas sim beneficiada com as tecnologias inventadas pelo homem.
Capítulo I
A CIÊNCIA DA VIDA É CONHECIMENTO DE PROPORÇÕES DINÂMICAS Quando o pensar reflete a variação inerente à vida, o saber torna-se um serviço de valor à existência. A ideia só é funcional caso reflita a informação vital; no momento em que a ideia passa a ser fixada, ela transforma-se num resíduo dissociado do agente original vida. Enquanto a ideia nasce do princípio vital que a gera, o reflexo é real e, caso seja investida em ação, resultará em beneficio da vida. Quando a consciência, em vez disso, fixa-se no símbolo, ela propõe desvios, porque prefere o signo à ação da alma que, a cada momento, se propõe diferente e apela por novidade reflexiva. Os resíduos ideais dissociados do agente originário em mutação programam as ideologias, as convicções absolutas, os códigos morais rígidos, que impedem a flexibilidade da consciência e sua criatividade evolutiva. O signo, enquanto revela a intencionalidade semovente do ato vital, é eficaz para informar o ouvinte receptor e é funcional para o significante emissor. Toda vez que a formalização simboliza a intencionalidade do Em Si ôntico do homem ou informação da própria alma, a mensagem é operativa de vida. As ideologias pretendem reduzir a modelos simbólicos fixos a dinâmica vital, pretendendo impor uma reflexão estática
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que paralise ação dinâmica. A vida contrapõe-se, impedindo as ideologias fixas de prevalecer e constrói desordens para reclamar contra a fixidez ineficiente para viver. Por esse meio, provoca a consciência a ampliar o raio de conhecimento, dando espaço ao saber exigido pelo ser. É o valor íntimo da vida que fundamenta e ilumina a existência no processo de realização da vida humana. Se por socialismo entendemos a coletivização dos meios de produção, anulando integralmente a propriedade privada, substituindo-a pela propriedade estatal, impede-se a criatividade pessoal de muitos como meio de aperfeiçoamento social. Trocando o dono, reduz-se a competência evolutiva vital. O socialismo apoia-se no fundamento do modelo social idealizado. Marx idealizou um modelo social estimulado por uma situação de maioria carente e propôs, através de sua consciência, que: “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, é, pelo contrário, seu ser social que lhes determina a sua consciência” (NOGARE, 1973, p.102). Em base a essa afirmação, a consciência dos homens necessita de revisão para adaptar-se aos modelos sociais pré-fixados pela nova ideologia. Mas se não é a consciência do homem que determina o ser do homem, quem garante que a consciência de Marx está autorizada a ditar o modelo ideológico social? De fato, a consciência de Marx desconhecia o próprio inconsciente que, na sua memória oculta, ele gravou que a mãe é quem provê as necessidades da criança incapaz, e por projeção considera a sociedade como a grande mãe responsável em prover as necessidades dos adultos infantis que se fixaram na fórmula do passado como dependentes improdutivos na sociedade. Não se
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pondera que a vida, crescendo, dotou o adulto de competência para prover a própria vida para manter-se e apela-se para que a mãe-sociedade responsabilize-se em prover a maioria carente, sem exigir a responsabilidade de cada um se comprometer com a própria vida. Por esse caminho, nivelam-se os improdutivos com os produtivos, e a grande mãe sociedade deve amparar os ineficientes para si, embora já adultos, porque esses pretendem a solução das próprias necessidades individuais, através da produção de outros, e a mãe-sociedade ou pai-Estado devem salvá-los, mantendo-se infantis para evitar a forma de agressividade adulta. Garantir o direito à vida sem correspondente dever de prover o necessário para mantê-la depois de adulto e deslocar tais deveres a outros é incentivar a alienação da massa carente por responsabilidade própria não assumida por si e para si. O socialismo é reduzido a uma ideologia, que tem origem em um complexo inconsciente difuso na coletividade. O complexo tende a reconstruir a mãe protetora na sociedade. Nivelar em igualdade de direitos a todos sem antes exigir a responsabilidade por parte de cada um de prover a si próprio, transforma-se em um desprezo ao dote de inteligência própria de cada um e desprezar esse dote é anular a dignidade de tornar-se pessoa, exigido pela natureza. Por trás da gratuita “falta de sorte”, esconde-se um tipo de infantilidade para colocar os outros a serviço da própria vida sem empenho e mérito. A ideologia sustenta-se baseada no poder que, mesmo sem o saber, coloca-se acima desse, com o direito de excluir quem não se submete à imposição do titular de poder. O poder, quando é considerado absoluto e sustentado por qualquer ideologia, facilmente se transforma em tirania contra a vida. Nivela todos
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