O modo maschio

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ANTONIO MENEGHETTI

O Modo Maschio 2ª edição

Ontopsicológica

Editora Universitária

Recanto Maestro 2016


Título do original italiano: MENEGHETTI, A. Il modo maschio. Psicologica Editrice, 2009

M541m

Meneghetti, Antonio, 1936-2013.

O Modo Maschio / Antonio Meneghetti ; tradução Ontopsicológica Editora Universitária – 2. ed. – Recanto Mastro, São João do Polêsine, RS: Ontopsicológica Editora Universitária, 2016. 148 p. ; 20,5 cm. Título original italiano: Il modo maschio ISBN 978-85-64631-36-6 1. Ontopsicologia. 2. Ontologia. 3. Modo homem. 4. Relação homem-mulher. 5. Personalidade masculina. I. Título. CDU (1997): 111.1

Catalogado na publicação: Biblioteca Humanitas da AMF.

© 2016 Todos os direitos reservados à Ontopsicológica editora Universitária Rua Oniotan, 490 | Un. 21 | Distrito Recanto Maestro 97230-000 | São João do Polêsine | RS | Brasil | +55 55 3289 1140 info@ontopsicologia.com.br | www.ontopsicologia.com.br


Sumário Primeiro Capítulo

Introdução............................................................... 9 Segundo Capítulo

A ordem de vida do modo maschio: princípios psíquicos...............................................17 1. O homem como unidade de ação.................................. 17 2. Os três princípios do modo maschio............................. 19 Primeiro princípio: unidade de ação formal................ 20 Segundo princípio: relações em seleção temática........ 23 Terceiro princípio: verificação interna dos próprios resultados individuais.............................. 25 3. Coincidência entre a lógica dos três princípios e a lógica do Em Si ôntico............................................ 25 Terceiro Capítulo

O problema do homem: Análise da situação.....29 1. A interferência da mulher: a complicação sexual......... 29 2. A estupidez do homem e a dinâmica da mulher-isca.... 32 Quarto Capítulo

Dentro do teatro da relação homem-mulher........................................ 37 1. O labirinto da ambivalência feminina........................... 37 2. A interferência memética nas relações existenciais...... 41


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Quinto Capítulo

A repetição da dependência materna infantil.....................................................47 1. Entrevista aberta: projeção e repetição do primeiro imprinting................. 48 2. Entrevista aberta: sobre a faixa da ambivalência perigosa........................ 54 Sexto Capítulo

Erros técnicos do homem no acesso ao mundo feminino..............................55 1. A cumplicidade do homem na negatividade da mulher............................................ 55 2. Psicologia masculina..................................................... 56 3. Caso clínico: o herpes-zóster........................................ 75

Sétimo Capítulo A higiene no comportamento sexual do homem....................................................87 1. Boas normas sobre o sexo............................................. 87 2. A masturbação............................................................... 91 3. A rejeição das imagens “vampíricas”............................ 95 Oitavo Capítulo

A dignidade responsável do homem....................97 1. Adão: primeiro ser humano, mas homem verdadeiro?............................................... 97 2. Cinelogia do filme: “Itinerário de um aventureiro”...... 98 O homem da noogênese.............................................. 102


Sumário • 7

Nono Capítulo

Em direção à identidade de si mesmo: o critério de realização.................................... 107

1. O critério de orientação para autenticar-se: regras práticas............................................................. 107 2. O núcleo central da economia existencial do homem............................ 110 Décimo Capítulo

A evidência concreta do modo maschio: princípios históricos ......................................... 113 1. A forma do constante progresso do líder autêntico..... 113 2. Cinelogia do filme: “Thomas Crown - A arte do crime”............................ 118 Décimo Primeiro Capítulo

Através da mulher, família e sociedade: o relativismo dos caminhos do líder na práxis existencial............................................. 125

1. O homem na posição de encontro de valor com a mulher: o “jogo” dos interesses recíprocos.............. 125 2. A mulher como mãe: a origem do sentido materno.... 129 3. Da família à sociedade: o líder e a fidelidade à própria identidade interior........................................ 131 4. Cinelogia do filme: Elizabeth .................................... 133

Conclusão............................................................. 137 Bibliografia do Autor........................................ 143



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Primeiro Capítulo

Introdução1

1) O fim justifica os meios, o escopo explica e indica estilos e comportamentos de vida. A partir do momento em que somos convidados ou lançados sobre este planeta enquanto humanos homens, qual é a racionalidade de melhor gestão no longo devir existencial? E do momento em que convivemos com a mulher, o mais próximo complementar, qual é a conduta e comportamento funcional? Se o escopo da nossa vida é a realização do que urge em modo potencial, então trata-se de fazer uma escolha contínua de como sermos úteis e funcionais à nossa identidade ôntica. Obviamente, isso é importante se for importante a satisfação feliz integral. Para isso é necessário um tirocínio de capacidade ao ponto da realização cotidiana. 2) Capacidade como sensibilidade, inteligência e vontade coordenada ao projeto de base: viver para ser a própria essência, porque essa é a única coordenada ao universal do mundo-da-vida ou o em si do ser. Este livro é a reelaboração de dois residences para homens realizado em Riga – Letônia (maio 2002) e Bernia – São Petersburgo, Rússia (fevereiro 2005). 1


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A capacidade no princípio é virtual, mas depois é conhecimento específico para a ação histórica. Com as mulheres, caso não se saiba administrar, acaba servindo. Esse é o resultado para a maioria dos homens. Consequentemente, tal dano cai no coletivo humano. Mas, se o homem, por meio da própria maturidade, sabe formalizar o encontro diádico com a mulher, então todo o corpo social ganha evolução. Caso contrário, a coação a repetir do biológico erótico permanece conservada como viveiro para a espécie e massa para o social. Seria melhor se o ser humano soubesse responder à vocação ôntica, comunhão e presença de espírito. O espírito que faz o a priori da criação no mundo, do qual o humano é pessoa responsável. 3) Os homens são uma parte do universo da vida humana, a outra parte é a mulher2: são duas partes eternamente dialéticas e complementares. Neste sentido, a vida já nos coloca em uma situação simpática, porém nada fácil. Falar de uma só parte desse conjunto humano é mais simples para entender muitas coisas O ser humano, como psique, não é nem homem nem mulher. O ser masculino ou feminino é um fenômeno sucessivo, é um atributo essencial do aspecto biológico do homem. A psique, em si mesma, tem uma forma universal, porém, quando age, o faz segundo os modos do local onde existe; consequentemente, ela pode se determinar em uma modalidade feminina ou masculina, não porque a psique seja feminina ou masculina, mas visto que é instrumentalizada do modo masculino ou do modo feminino. Cf. MENEGHETTI, A. A feminilidade como poder, sexo, graça. 5. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2013. 2


O problema do homem • 11

de si mesmo. Neste livro, dirijo-me ao homem que decidiu fazer algo de bom na vida. Todos vivem em uma realidade existencial que age e administra cada indivíduo. O homem comum que repete a vida (ciclo biológico) já é uma boa coisa, mas existem homens no mundo biológico cuja inteligência é superior. Por exemplo, um espermatozoide é um grande campeão se confrontado com a atividade, a mentalidade e a ação de um homem humano comum; ou o pênis tem uma inteligência, uma consciência e uma racionalidade já muito superior à história e ao comportamento geral de qualquer homem humano. A dimensão do verdadeiro homem é uma prerrogativa dos sábios, não é para todos. Por exemplo, falando sobre estética, muitas vezes se afirma que para entender certas dimensões é necessário ter um sentido superior de homem, ou dizemos “este vinho tem um perfil masculino”, ou se fala de uma racionalidade verdadeiramente masculina. Mesmo o business, é uma dimensão de homens superiores. O sentido masculino é uma posição intelectual: uma capacidade, uma escolha e uma coerência. O Em Si ôntico, espírito ou alma possui uma capacidade metafísica: todo o seu escopo é agir com graça e com prazer no plano metafísico3. É uma capacidade de perceber o belo, a ordem e o sentido Do grego meta [metà] = além; fuvsiV [phýsis] = natureza concreta. Metafísica: além das aparências. O mundo metafísico é uma realidade que está além de todas as aparências; é o plano das causas, o mundo eterno dos princípios universais e energéticos de qualquer causalidade do mundo-da-vida. 3


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eterno que está por trás das coisas que acontecem. O que há por trás da beleza de um mar estupendo ou de um pôr do sol encantador, por trás do arrepio e exaltação de um esporte vencedor, de qualquer experiência olímpica ou por trás da satisfação de ter feito bem e ganho muito? O que há por trás da beleza inspiradora de uma grande mulher? As curvas de um corpo feminino, o que escrevem e para quem escrevem? O corpo de uma mulher é uma carta escrita por Deus e pela vida que pertence a quem sabe ler. Porém, qual homem sabe lê-la? A vida é mulher, mas pertence ao homem que sabe lê-la. Tomar banho de mar ou fazer sexo com uma mulher não significa necessariamente sabê-la e metabolizá-la com inteligência. Cresce aquele que sabe possuir com inteligência. Um surdo pode tocar ou até mesmo construir um piano ou uma guitarra, mas não ouve o som. O comportamento masculino é algo que deve levar à competência e à compreensão consciente do milagre da vida e da mulher: existe um momento para entrar e outro para sair. Notei que em muitos amplexos sexuais, tanto os homens quanto as mulheres em certo momento exclamam “Meu Deus!”, mas onde está o Deus? Entender o sentido e o projeto é uma capacidade de ordem psíquica superior; se não existe esse contato e essa compreensão, vive-se a vida como inferno4. Com base na minha experiência, quase todos vivem no inferno cotidiano, seja no campo dos sentidos ou 4

“Inferno” significa: a mente condenada, em um estado inferior.


Introdução • 13

no campo psicológico e moral. O problema é que, enquanto se vive no inferno da existência, perde-se a atualidade do sentido metafísico, portanto, o saber a causa, os meios e os ritmos do prazer. Sem esse saber – que é um conhecer com poder – quando se come, se trabalha ou se faz sexo, executa-se os próprios instintos e os próprios hábitos; executa-se o comum geral da igualdade social, a biologia da juventude e da velhice. Substancialmente, vive-se a vida como efeito sem conhecê-la com poder de ação. O verdadeiro sexo é somente ordem psíquica. Isso significa que é a mente – o Em Si ôntico – que age a causalidade de cada prazer e que estrutura os meios, o modo e o ritmo do que faz ação e prazer. Na dimensão metafísica, ordinariamente o Em Si ôntico tem o poder das causas: faz o projeto e cria o resultado. Não é executivo ou dependente: é uma posição da criação em ato e escolhe sempre o ótimo do momento, da relação, de determinada pessoa, de determinado negócio, etc. Existe um modo no qual a juventude da mente é eterna: a mente ordena, o olho ou o ouvido respondem, o projeto se realiza e o pênis faz o seu serviço, se a ação for parte do prazer otimal. A maioria, no próprio modo de viver, está em total consumismo dos próprios sentidos e não cultiva o próprio potencial: o consome enquanto é dado biologicamente. No plano metafísico, ao contrário, pode-se criar continuamente. Por “prazer” não entendo uma questão de exaurimento biológico, de afogamento ou animalidade dos instintos, mas aquele prazer que é o constituinte elementar da felicidade do homem.


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As religiões também sustentam que a alma tende à felicidade suprema, a qual consiste no encontro total com Deus5. Se tem tudo isso quando a mente pode entrar na dimensão metafísica, no mundo das causas onde acontecem as ordens do poder existencial e quando se encontra cara a cara inclusive o próprio princípio. Esse é o paraíso constante que o sábio vive: está aqui, mas vive lá, com todos os prazeres que os demais procuram de modo consumístico. Trata-se de especificar a própria posição existencial em relação ao mundo-da-vida. Qual é a ordem que um humano deve viver para ser feliz realização interior? Ser homem é uma capacidade de entrar também no pleroma dos prazeres do mundo-da-vida, não é uma castração dos sentidos: é desenvolver uma capacidade de encontro integral total com o ser. Na vida fenomenológica, isso significa ter sucesso, estar bem, organizar tudo em crescimento liderístico e então entrar também na dimensão dos sábios. Caso se queira o prazer, deve-se saber todas as regras intrínsecas ao mundo hedonístico para se tornar competentes da ordem da vida. Não é suficiente pegar uma carta e apertá-la no peito: deve-se saber abri-la e lê-la: então encontra-se tudo o que chama de dentro. O humano homem é mais favorecido para fazer essa experiência de evolução. Porque a vida se assinala em nome do pai, do filho e do espírito santo. A vida, como a mulher, deixa-se Cf. MENEGHETTI, A. O fim último da vontade: a felicidade. In: Da consciência ao ser: como impostar a filosofia do futuro. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2014, p. 90-92. 5


Introdução • 15

formalizar por quem conhece a ordem ou o projeto. Na relação com o outro sexo existe inferno e bestialidade; é possível ver o jogo nevrálgico da rede dos complexos – de sexo, dinheiro, amigos, projetos, criminalidade, falsidade, etc. – na qual todos perdem no final. Muitas vezes os homens querem o mundo da mulher, mas não sabem quem são, não têm o critério, e têm a mulher como objetivo. Em tudo isso, ela é convidada a desempenhar o papel de califfa angelical, da Circe que descobre o homem-porco. O critério é a identidade de si mesmo: uma vez que se sabe quem e o que se é, pode-se tornar o critério de seleção na vida, escolher o que é para si e deixar o que é contra si. O fundamento do critério da própria identidade exige somente o metafísico; para entrar nos diversos modos da vida, portanto, primeiro é necessário saber a identidade de si mesmo. A desordem, as coisas erradas e as frustrações não nascem dos outros, mas da confusão de identidade que o próprio sujeito leva consigo e constrói. Essa breve introdução é o princípio elementar que fundamentará todas as páginas seguintes.



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Segundo Capítulo

A ordem de vida do modo maschio: princípios psíquicos1

1. O homem como unidade de ação O homem é uma unidade de ação2 que tem o princípio, a partida, a primeira causa no Ser, entendido de modo integral como o primeiro fundamento através do qual existe também a vida, o universo e Deus, que é uma intrínseca realidade do Ser. O ser é uma dimensão particular e infinita. Para entender melhor a definição de homem como unidade de ação, considere-se, por exemplo, a funcionalidade tecnológica da televisão, do rádio e dos telefones celulares e como ela permite entrar em um todo de informações. Um telefone celular é uma parte desse todo, que entra até mesmo nas ondas informáticas do universo. O conceito de “onda” é simplesmente um Psíquicos porque conexos com a ordem que o homem humano deve viver para ser feliz realização interior total. Com fins descritivos, são distintos dos princípios históricos que, ao invés, concentram o que tal ordem e perfeição interior significam externamente – na vida fenomenológica – ou seja, o crescimento liderístico contínuo. Cf. primeiro capítulo do presente texto. p. 9-15. 1

Unidade de ação significa que é uma energia perfeita porque é capaz de unidade. Mesmo a célula biológica e o átomo são uma concessão de unidade de ação energética: ambas são formas perfeitas de energia. 2


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modo de falar sobre link ou fios intercomunicantes3 em tudo o que é o organograma do universo. O olho vê o sol, a lua e as estrelas porque há uma ligação, ou seja, existe algo que comunica: o olho é parte intrínseca dessa totalidade infinita, portanto, o modo de comunicar do homem faz parte da comunicação universal. O pequeno telefone celular, evoluído com modificações progressivas, pode se tornar um poderoso computador intergaláctico: isso só depende das ligações estabelecidas entre o celular e a rede das informações. Pode-se usá-lo como referente energético com o olho, com os fotogramas, com o verbalizado acústico ou pontos táteis (Braille). Essa unidade de ação faz parte do princípio e nasce do ser. O universo das informações, por maior e infinito que seja, é sempre uma parte do ser. Quanto maior é o infinito do Ser, maior é o potencial de inteligência e da mente do homem, que tem em si a capacidade de reunir experiências muito superiores àquelas consideradas pelos místicos, pelas religiões ou pelos paraísos. Quando um homem possui sólidos princípios que fluem de sua identidade natural, permanecendo fiel a eles, realiza de modo superior a si mesmo, tendo então em sobra e em abundância todas as outras coisas que ainda quer. Se, ao contrário – como faz a maioria – chega ao fruto externo, ao último fruto dos instintos e dos sentidos, perde-se tudo: o poder, o dinheiro, o sexo e o primado são todos modos de perder aquilo que Cf. a “Teoria das Cordas”, ou a “Teoria das Supercordas”. Livro de texto original: GREEN, M.; SCHWARZ, J.; WITTEN, E. Superstring theory. Cambridge University Press, 1987. 3


A ordem da vida do modo maschio • 19

vale verdadeiramente, inclusive a si mesmo. É preciso saber colher a inteligência do sexo, do dinheiro, do poder e da vida; então, vive-se tudo com abundância de prazer. Cada homem é uma unidade de ação que participa do interior do ser. O telefone celular é de tal modo porque foi projetado assim, o homem é de certo modo porque também foi projetado assim: é um projeto causado para realizar um escopo. Deriva disso que o homem, enquanto unidade de ação projetada, é eficiente e feliz se realiza o projeto do seu próprio escopo. 2. Os três princípios do modo maschio Em todas as línguas e dialetos do mundo, não obstante as desordens que os homens fazem, ainda hoje a palavra “macho” é um termo de valor. Em português, “homem” é o gênero, a espécie; “macho” é o sexo, mas contemporaneamente é um aspecto qualificante. De fato, a palavra “macho”, mesmo sendo um termo biológico, utilizado em termos morais e culturais, implica sempre um valor excelente, um homem com estrutura verdadeiramente liderística. Mesmo o pênis, que foi visto, em muitas tradições, como o princípio da fecundidade, na realidade é uma alegoria daquilo que deveria ser o homem como mente. O homem deve chegar a uma capacidade de saber administrar este planeta de modo inteligente, protegendo os bens que tem e que estão ao seu redor. Caso pretenda buscar uma evolução de inteligência


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superior, é necessário começar a saber formalizar e entender os conceitos simples, para depois administrar de modo mais tranquilo toda a própria vida. Se um homem quer ser construtor de realidade e de valor – primeiro para si mesmo e depois para a vida e para quem ama – existem modos, que são os ilustrados em seguida. Se, ao invés disso, tem-se uma experiência diferente desses três pontos, não se entra na categoria dos verdadeiros homens da história humana: as mentes que foram ponta de evolução e transcendência. Primeiro princípio: unidade de ação formal O homem existe como macho e como fêmea. Sendo um projeto histórico do ser, é uma inteligência capaz de formalizar: colocado em uma situação, o homem sabe especificar, selecionar e distinguir aquilo que é conforme ao próprio projeto e deixar aquilo que não é. Cada um é um projeto da vida. Efetivamente, o objeto desse projeto está na própria identidade de natureza (Em Si ôntico). O que o ser quer de mim aqui e agora? Para ser feliz, o que se deve fazer? Realizar o projeto que está na estrutura e na constituição da própria identidade. Para cada homem, tudo que é igual à própria identidade de natureza é bom, ao passo que tudo o que não é conforme à própria identidade é negativo. Com esse critério, o homem escolhe as diversas posições em toda sua vida e história (critério metafísico na história)4. “História”: cada instante, cada momento, o próprio ser corpo, ser vestido, a própria posição social. 4


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Disso resulta que cada ação deve estar na unidade com a própria identidade, a qual é igual ao ser que a projetou. Colocado nessa situação, o homem deve ser ação congruente ao projeto de si mesmo. A sociedade também faz parte deste “si mesmo”, por isso, ao falar sobre o homem, deve-se falar também do corpo social. O homem nasce social, não indivíduo absoluto: nasce dentro de outro ser e desenvolve-se enquanto comunica com o corpo social. Sem sociedade, o homem-nascituro e o homem-criança morrem. Quando adulto, pode ser eremita, mas mesmo como monge está sempre na sociedade. O ser monge é uma experiência social superior, como ser professor ou desenvolver qualquer profissão na qual se sabe servir os outros.5 Congruente significa a ação egoísta, que dá prazer, bem, desenvolvimento, crescimento. Portanto, o homem é trabalho, desenvolvimento, autoconstrução, ou seja, autóctise histórica; é realização em conformidade consigo mesmo. Cada minuto deve-se construir e realizar a si mesmo: um dia perdido é um dia subtraído da própria possibilidade de vida. O homem, além disso, é ação para e com valor. Valor significa mais eu mesmo, mais ser, portanto implica qualidade: não se trata de comer e de encher o estômago, mas evolver funções superiores, viver para ser (live to be), para retornar idêntico ao princípio que é o ser. Cf. MENEGHETTI, A. A origem da socialidade. In: A crise das democracias contemporâneas. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2014, p. 71-79. 5


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Esse princípio cria-se para que se volte a entender e a amar a totalidade do ser; a viagem é feita na existência, por isso, deve-se trabalhar para fazer evolução de vida neste planeta. Em síntese, para um homem, em primeiro lugar existe a ação para um valor sempre conforme a sua identidade ôntica (Em Si ôntico). Quando, em Ontopsicologia, usa-se o critério do Em Si ôntico, verifica-se se o sujeito está crescendo em vantagem própria ou se, ao invés, está construindo a própria doença. Este primeiro conceito significa que um homem deve posicionar a própria ação de desenvolvimento individual, social e econômica, sabendo formalizar a própria vida a uma capacidade de produção de um bem estar total. Portanto, deve ter a completude do ser e do ter, do ser pessoa e da história realizada: um reforça o outro. Isso significa que deve haver não somente uma ordem interior de si mesmo e uma personalidade em evolução, mas também a própria posição social, o seu dinheiro, a sua casa e tudo o que constitui a segurança da própria liberdade privada de ser pessoa. Na linha de frente, existe a ação como trabalho, responsabilidade, capacidade de sucesso e de fazer relações de qualidade, para manter a própria dignidade e para ter uma situação que é valor também para os outros. O ter deve ser entendido como instrumento de riqueza, de posição social e de imagem: um ignorante, um pobre, um falido ou um consumista não pode atingir aquilo que egoisticamente deseja no fundo de si mesmo. O homem deve ter orgulho de saber existir daquele modo (pride of life), cada homem primeiramente


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