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On the banana route
Palco privilegiado de uma das plantas mais emblemáticas da ilha, a bananeira, a Ponta do Sol convida a uma viagem por entre os bananais.
TEXT RÚBEN CASTRO • PHOTOS MIGUEL NÓBREGA
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Há frutos que identificam regiões e cidades. Em Portugal, as laranjas são do Algarve. As cerejas do Fundão. O ananás dos Açores. E a banana? Da Madeira, claro.
A cultura da bananeira existe na ilha desde a segunda metade do século XVI. Apesar disso, não chegou a atingir a notoriedade de outra cultura que colocou a Madeira nas bocas do mundo: a da cana sacarina. Na verdade, só a partir do século XX é que o seu cultivo e comercialização ganharam mais expressão e assumiram um papel preponderante nos registos de exportação da ilha.
Hoje, a banana surge como um dos elementos distintivos da gastronomia local. O exemplo mais flagrante será o do tradicional peixe-espada com banana. Mas mesmo a planta, a bananeira, continua a marcar a paisagem da ilha e até já existem itinerários preparados para quem quiser explorar e apreciar os bananais, todos no concelho da Ponta do Sol.
A bananeira é uma planta que deve ser cultivada em baixas altitudes, não acima dos 200 metros. Nesse sentido, a encosta da Madalena do Mar é palco privilegiado destas plantações. É, portanto, normal que grande parte dos percursos passe de forma obrigatória por esta pequena freguesia da Ponta do Sol.
O primeiro chama-se mesmo “Rota da Banana” e foi criado em julho de 2019, aquando da comemoração de um dos cartazes turísticos da freguesia: a Festa da Banana.
Este percurso, que começa na vereda da Vargem, tem uma extensão de quase dois quilómetros e um grau de dificuldade reduzido, não sendo necessário utilizar roupa e calçado profissional.
Ao percorrer esta vereda ladeada das tradicionais paredes de pedra, podemos observar os tradicionais canais de irrigação, também denominados levadas, usados para regar os diversos tipos de plantações ali existentes. Pode encontrar ainda habitações tradicionais, ornamentadas com flores típicas da ilha.
O segundo itinerário, o da vereda do Bacelo, inicia-se na freguesia vizinha dos Canhas, junto ao teleférico de cargas do Bacelo. O acesso é feito através de uma escadaria.
A dificuldade deste percurso é de nível médio, mas as vistas panorâmicas sobre a Madalena do Mar compensam a complexidade. Se procura a foto perfeita, é aqui que a vai encontrar, entre o contraste do verde dos bananais, do cinzento da praia de calhau e do azul do oceano atlântico. São cerca de 1.300 metros de paisagens para recordar.
Há ainda um terceiro percurso que nos permite viajar pelos bananais. Situada a poucos quilómetros da vila da Ponta do Sol, a Vereda dos Fregueses Novos inicia-se numa das zonas altas do concelho, junto à praceta do Fregueses Novos.
Com uma distância de aproximadamente dois quilómetros, este é considerado um percurso fácil, adequada a pessoas de qualquer idade e não exige equipamento profissional.
Tal como nos outros, é possível observar várias plantações de banana nos mais diversos estados de maturação. Estamos perante uma oportunidade única de ficar a conhecer a planta desde que nasce até à formação do fruto. Mas as boas notícias não ficam por aqui. Visto que a bananeira é uma planta de cultivo contínuo, é possível apreciar todas estas etapas em qualquer altura do ano.
A vereda dos Fregueses Novos termina na vila da Ponta do Sol. A chegada faz-se através de uma ponte secular, recentemente qualificada, que integra o antigo caminho real – nome das vias terrestres construídas antes da implantação da república, que em Portugal aconteceu em 1910 – que atravessa o concelho. A não perder.
Com os três percursos, a Ponta do Sol assume-se como um palco privilegiado de uma das plantas mais emblemáticas da ilha. Esta é uma poderá parecer uma experiência incomum, mas a autenticidade dos caminhos que percorrem o concelho permite-nos descobrir o valor escondido de um fruto tão simples como a banana. E quando se fala de banana na Madeira? Ponta do Sol, claro.