10 minute read
Aviation
A garden amongst gardens
Flowers and plants from the four corners of the world can be admired at the centuries-old gardens of Quinta do Palheiro
Advertisement
Nos jardins centenários da Quinta do Palheiro é possível admirar flores e plantas dos quatro cantos do mundo
TEXT RÚBEN CASTRO
The gardens surrounding Quinta do Palheiro are imbued with colour between November and May. And a lot of it comes from the 1,500 or so varieties of camellias that punctuate the shades of green that cover the gardens.
The history of some of these is almost as old as that of the estate. The first specimens found their way there, from 1804 onward by the hand of João José Sá Machado, who would be the first earl of Carvalhal, the richest man in Portugal at the time, and one of the most influential people in 19th century Madeira.
Carvalhal had chosen the mountains of Palheiro Ferreiro to build what would become his first holiday estate due to it being 'a relatively flat parcel of land' which could house 'recreational parks of an ambitious scale', explains Manuel Teixeira, manager of the gardens at Quinta do Palheiro.
Two hundred years gone by, the majestic camellia corner also features the Japanese camellia, brought to the archipelago by the earl. Nowadays, these live in harmony amongst king proteas, bunya pines, common limes, and Californian sequoias, but also with species indigenous to Madeira, like the tilde and the Canary laurel.
This small haven is located in the mountains of Funchal, some 500 metres above the level of the sea, and is divided into six areas.
In the area between the Main Garden and the Lady's Garden, there is a baroque chapel dedicated to St. John the Baptist. Here, one can also breathe camellias, while simultaneously enjoying the contrast
Entre novembro e maio, os jardins à volta da Quinta do Palheiro ganham outra cor. E muito fica a dever-se às cerca de 1.500 variedades de camélias que quebram os vários tons de verde que cobrem os jardins.
A história de algumas delas é quase tão antiga como a da quinta. Os primeiros exemplares encontraram ali o seu lugar, a partir de 1804, pela mão de João José Sá Machado, que viria a ser o primeiro conde de Carvalhal, o homem mais rico de Portugal à época e uma das personalidades mais influentes da Madeira do século XIX.
O conde de Carvalhal tinha escolhido as montanhas do Palheiro Ferreiro para construir aquela que viria a ser a sua casa de férias, por se tratar de uma “extensão de terreno relativamente plana” que poderia albergar “parques de recreio em escala ambiciosa”,
explica Manuel Teixeira, diretor dos jardins da Quinta do Palheiro.
Passados mais de duzentos anos, na majestosa alameda das camélias, ainda podemos observar a camélia japónica, que foi introduzida no arquipélago pelo conde. Hoje, vivem em harmonia entre próteas africanas, araucárias australianas, tílias da europa e sequoias californianas, mas também entre espécies indígenas da Madeira, como o til e o barbusano.
Este pequeno paraíso, situado nas montanhas do Funchal, 500 metros acima do nível do mar, encontra-se dividido em seis áreas.
Na zona entre o Jardim Principal e o Jardim da Senhora fica localizada a capela barroca dedicada a São João Baptista. Aqui também se respiram camélias, ao mesmo tempo que as cores vivas das flores contrastam com as paredes do pequeno templo. Ao longo do ano, é normal verem-se casamentos naquele espaço.
Desde o final do século XIX, a Quinta do Palheiro pertence à família Blandy. De geração em geração, esta família de origem inglesa tem-se dedicado não apenas em manter o jardim nas melhores condições, mas também em acrescentar-lhe valor.
O acolhedor jardim das rosas, criado recentemente por Christina Blandy, é um dos melhores exemplos da atenção constante da família pelo espaço. Para além da beleza das flores, ali, é possível observar algumas das pedras do famoso Pilar de Banger, monumento erguido na zona do cais do Funchal em 1789, em memória do comerciante John Light Banger, e demolido em 1939.
Outro dos pontos de paragem obrigatória durante a visita aos jardins da Quinta do Palheiro é a zona do Barranco do Bravio, também vulgarmente conhecida por Ribeira do Inferno. Possui uma vista privilegiada sobre as montanhas, a baía do Funchal e o oceano Atlântico. Não é de estranhar que antigamente aquele local fosse utilizado para acompanhar a chegada e a partida das embarcações que passavam pela ilha.
Na Ribeira do Inferno, as camélias também são rainhas e destacam-se entre a vegetação autóctone, como o loureiro e o vinhático, e outras espécies mais exóticas, oriundas do
between the birght colours of the flowers and the walls of the small temple. It is normal for weddings to be celebrated there throughout the year.
Quinta do Palheiro has belonged to the Blandy family since the late 19th century. Throughout the generations, this family who came originally from England have dedicated themselves not only to keeping the gardens to the highest standards but also to adding new value.
The welcoming rose garden, created recently by Christina Blandy is a prime example of the family's constant attention to the space. Beyond the beauty of the flowers, visitors can also look at some stones from the famous Banger Pillar, a monument built in 1789 in the area of the pier of Funchal, in the memory of
tradesman John Light Banger, and demolished in 1939.
Another mandatory rest stop when visiting the Quinta do Palheiro gardens is the Ribeira do Inferno area. It sports a privileged view over the mountains, the bay of Funchal and the Atlantic Ocean. It is only natural that this place used to be employed as a means for controlling the arrival and departure of vessels stopping at the island.
At Ribeira do Inferno, camellias also reign supreme and stand out amongst the native vegetatation, like the laurel and the Madeira mahogany, and other more exotic species from Japan, Australia or the African continent, for instance, which found their home in the Quinta do Palheiro gardens.
Those seeking a moment to rest will find an ideal spot in the Tea House, located in the southern area of the gardens. There, one can enjoy the peace and quiet of a picturesque pond, covered in water lilies, as well as the art of topiary, with an interesting family of chickens sculpted from shrubs.
The Quinta do Palheiro Gardens are just fifteen minutes away from the Madeiran capital. A visit should take around an hour and a half. In spring, one can enjoy the beauty and the stillness of the gardens Mondays to Fridays, between 9 a.m. and 1 p.m. Bookings are not required.
Japão, Austrália ou do continente africano, por exemplo, que fizeram do jardim da Quinta do Palheiro a sua casa.
Para aqueles que procuram um momento de pausa, a Casa de Chá é o local ideal para descomprimir. Situada na parte sul do jardim, ali é possível desfrutar da tranquilidade de um pitoresco lago, coberto de nenúfares, e da arte da topiaria, com uma interessante família de galinhas esculpidas nos arbustos.
Os jardins da Quinta do Palheiro situam-se a quinze minutos do centro da capital madeirense. A visita demora cerca de uma hora e meia. Na Primavera, é possível desfrutar da beleza e da calma dos jardins de segunda a sexta-feira, entre as 9:00 e as 13:00 horas. Não é necessário fazer
marcação. www.palheironatureestate.com
Nossa Senhora do Amparo Fortress
Completed in the early 18th century, this building is one of the icons in the landscape of Machico
Concluído no início do século XVIII, a construção é um dos ícones da paisagem da cidade Machico
TEXT CARLOS COSTA (ARCHITECT) PHOTOS MIGUEL NÓBREGA Located in Praceta 25 de abril, by the pebble beach in the town of Machico, the Nossa Senhora do Amparo Fortress used to be part of the bay's defense system against recurring attacks by pirates and corsairs, along with the São João Baptista Fortress.
It was built in the early 18th century, in 1706, during the rule of Duarte Sodré Pereira, Governor and Captain-general of Madeira, who appointed Francisco Dias Franco as the fortress first captain, according to the commemorative inscription above the entrance. The same inscription has a curious mention of how the construction works were not paid for by the royal treasure.
In the early 19th century, the fortress was adapted and had a blueprint designed by Paulo Dias de Almeida, Lieutenant Colonel with the Royal Engineering Corps.
The fortress blueprint is an equilateral triangle and has one of the sides of the wall face land, where access to the interior can be gained. The walls are completed with merlons and gunboats.
The entrance is comprised of a round arche topped off by a pediment from carved from regional stone and bearing the Portuguese coat of arms, crownless, since that element was removed in 1910 when the republic was founded.
One can enter through a stone staircase that leads into the interior of the parade, where there is now a garden area with round pebble stones and from where one can enjoy the beautiful bay of Machico.
The buildings inside the fortress and which used to support its main purpose of defense are of rectangular shape and a single pavement. All their spans, framed in regional stone, are pointed to the sea and covered in traditional ti le.
As time passed, this fort's purpose changed. In 1940 it was handed over to the Fiscal Guard. In 1993 ownership of it was passed on to the Autonomous Region of Madeira and it housed a tourist post. Nowadays it houses the Machico Municipal Assembly.
The building has been listed since 1948, which alongside its nature, isolated military structure, framing and locale on the seafront of the town of Machico only makes it stand out in the urban context. One more reason to visit.
Localizado na Praceta 25 de abril, junto à praia de calhau, na cidade de Machico, o Forte de Nossa Senhora do Amparo fazia parte do sistema defensivo da baía, juntamente com o forte de São João Baptista, contra os ataques frequentes de piratas e corsários.
Foi construído no início do século XVIII, em 1706, durante a governação de Duarte Sodré Pereira, Governador e Capitão-general da Madeira, que nomeou Francisco Dias Franco como seu primeiro capitão, de acordo com a inscrição comemorativa sobre o portal de entrada. Nessa mesma inscrição pode ler-se a curiosa particularidade de que a obra não onerou a fazenda real.
No início do século XIX o forte sofreu adaptações e viu desenhada uma planta, da responsabilidade de Paulo Dias de Almeida, Tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros.
É um forte com uma planta triangular regular, em que uma das faces da muralha fica virada para terra, por onde se faz o acesso para o interior. As muralhas são rematadas por merlões e canhoneiras.
O portal de entrada é constituído por um arco de volta perfeita, encimado por um frontão, em cantaria regional e com as armas portuguesas, sem coroa, que foi mandada retirar em 1910, ano da implantação da república.
A entrada, feita por uma escadaria com degraus em cantaria, dá acesso ao interior da parada, onde agora se localiza uma zona ajardinada com empedrado em calhau rolado e de onde se pode observar a bonita baia de Machico.
Os edifícios dentro do forte e que davam apoio à função original de defesa, apresentam uma planta retangular e são de um único pavimento. Todos os seus vãos, com molduras em cantaria regional, são orientados para o mar e com cobertura em telha tradicional.
Ao longo do tempo a função e posse do forte foram alteradas. Em 1940 foi entregue à Guarda Fiscal. Em 1993, passou para o domínio da Região Autónoma da Madeira, tendo ali funcionado um posto de turismo. Atualmente é a sede da assembleia Municipal de Machico.
É um imóvel classificado desde 1948, o que aliado à sua natureza, estrutura militar isolada, enquadramento e localização, na frentemar da cidade de Machico, fazem-no destacar no contexto urbano, sendo mais um motivo para a sua visita.