nutrição florestal
adubos de liberação lenta
em florestas plantadas
A busca pela superação do desafio de fornecer alimentação, moradia e condições adequadas de vida a uma população mundial crescente tem norteado as ações dos pesquisadores há séculos. São vários os temas de pesquisa que têm sido trabalhados na busca de resultados concretos, em laboratórios, nos viveiros e nas florestas. A missão de estabelecer florestas plantadas com qualidade tem motivado pesquisas, há várias décadas, no Brasil, unindo esforços de universidades, instituições de pesquisa e de empresas, com apoio de órgãos de fomento públicos e privados. Um dos principais desafios nesse sentido tem sido, sem sombra de dúvida, o de proporcionar uma correta nutrição às árvores, após o plantio, em um local onde as condições já não são tão controláveis como no viveiro ou no laboratório. Essas são as condições de campo, onde os efeitos aleatórios do ambiente podem ser benéficos ou, em muitos casos, adversos ao bom crescimento das plantas. Nesse meio, um desafio frequente refere-se às perdas de fertilizantes ocorridas após a sua aplicação, quando o sistema radicular das plantas ainda não teria capacidade de absorção de toda a dose aplicada, antes que ocorram perdas. A eficiência de uma adubação é função da qualidade do fertilizante, do tipo de solo, da época, da forma, da localização e da uniformidade da aplicação e, ainda, pela umidade do solo, espécie e manejo aplicado à floresta. Caso esses fatores não sejam corretamente levados em conta, a resposta das plantas à adubação pode não ser a esperada, assim como as perdas de adubo podem ser ambientalmente indesejadas.
Entre as tecnologias mais modernas de adubação, o uso de fertilizantes de liberação lenta (FLL) pode ser uma solução. Existem três tipos básicos de FLL: grânulos solúveis em água; materiais inorgânicos lentamente solúveis; materiais orgânicos de baixa solubilidade, que se decompõem por ação biológica ou por hidrólise química. Os grânulos solúveis em água são apresentados na forma de produtos com liberação por períodos que vão de 1 a 18 meses, na maioria dos casos. Pela lógica, o uso de FLL deveria apresentar como o seu principal case de sucesso as florestas plantadas, por aspectos como o crescimento relativamente mais lento das árvores em comparação às culturas agrícolas, permitindo um aproveitamento dos nutrientes liberados a taxas controladas no tempo, de forma proporcional ao crescimento radicular. Porém, em uma análise de estudos já realizados, percebe-se que ainda existe um caminho a ser trilhado, no sentido de estabelecer sistemas de fertilização florestal baseados em FLL, com economicidade, além da praticidade já apresentada. O que falta, então, para que FLL se tornem rotina na fertilização de florestas plantadas? Antes de tudo, é preciso mencionar que resultados experimentais, em nível de floresta, ainda são poucos no Brasil, sendo coincidentes em algumas variáveis e diferenciados, com certa margem de desvio, em outras. Resultados encontrados para materiais genéticos de Eucalyptus em região com solo arenoso de baixa fertilidade não apresentaram diferenças de sobrevivência e de crescimento
A partir do momento em que tivermos resultados conclusivos para uma rotação completa, ao menos, repetidos em diferentes locais do Brasil, teremos mais segurança em qualquer ação nesse sentido. "
Eleandro José Brun
Professor Silvicultura e iLPF da UTFPR - Universidade Tecnológica Federal Paraná
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