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biogás e biometano
biogás: liderança mundial O biogás brasileiro ganhou uma política pública inédita no mês de março, a partir da instituição da Estratégia Federal de Incentivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano, uma iniciativa que reuniu esforços dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, em que os representantes do setor participaram com bastante interesse e engajamento ao longo dos últimos anos. Com a iniciativa, o Governo Federal reconhece o potencial do Brasil para o desenvolvimento do biogás e dá um passo estratégico importante em um momento em que o mundo fica em sinal de alerta para soluções que garantam a segurança energética e de fornecimento de insumos agrícolas alinhados à agenda de transição para um futuro de baixo carbono. Do ponto de vista prático, as medidas envolveram a inclusão dos investimentos em biometano no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), que isenta novos projetos da alíquota de 9% do PIS/ Cofins, e a criação do Programa Metano Zero, que abre linhas de crédito e financiamento específicas ao desenvolvimento de ações e atividades ligadas à cadeia do biogás e do biometano.
Mas não paramos por aí. Em iniciativa pioneira no mundo, o governo brasileiro deu um passo importante ao propor regras para a contabilização de emissão de metano, possibilitando a criação de um mercado futuro de crédito de metano, e não apenas de carbono. O movimento é relevante, porque o metano tem impacto para o aquecimento global 30 vezes maior do que o carbono. Acreditamos que o biogás e o biometano brasileiros, com potencial tão grande quanto o do pré-sal, possam ser soluções para descarbonização do Brasil, nas áreas da indústria, transporte, energia, fertilizantes agrícolas, entre outras. Além disso, pode posicionar o Brasil no caminho da transição energética mundial, especialmente diante de uma nova geopolítica energética que se configura impulsionada pelo conflito da Rússia na Ucrânia e no contexto em que a prioridade da agenda mundial, inclusive a brasileira, passa a ser dirigida a alternativas sustentáveis, com foco na garantia da independência energética. No 11º relatório estatístico da European Biogas Association (EBA), há uma aprofundada análise sobre as perspectivas para o biogás e o biometano no continente, olhando para as próximas décadas. O documento mostra que o biometano deve ser um dos protagonistas em energias renováveis na Europa nos próximos 30 anos, com a estimativa de que cerca de 30% a 40% do consumo de gás nos países europeus possam ser supridos por biometano, produzido a partir de plantas de geração de biogás atreladas à base de produção agrícola dos países. Nesse cenário, uma das grandes vantagens do biogás brasileiro é a previsibilidade de preços, que garante um uso estável da fonte como
o Brasil possui o maior potencial de produção de gás renovável no mundo, da ordem de 120 milhões de m³/dia. Se todo esse potencial fosse utilizado, seria possível suprir 70% do consumo de óleo diesel no País, ou 34,5% da demanda de energia elétrica. "
Alessandro Gardemann CEO da Geo Biogás & Tech