Desafios da Formação Inicial Docente no Contexto do Pibid

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D4509 Desafios da Formação Inicial Docente no Contexto do Pibid: Experiências de Formação de Professores nos Arrabaldes das Cidades de Diadema e Guarulhos, SP/João do Prado Ferraz de Carvalho (Org.). Jundiaí, Paco Editorial: 2017. 232 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0787-9 1. Pibid 2. Formação de professores 3. São Paulo 4. Unifesp I. Carvalho, João do Prado Ferraz de. CDD: 370 Índices para catálogo sistemático: Qualificação de professores

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Cursos superiores

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Sumário

Apresentação.....................................................................................5

Capítulo 1

Davisson C. Cangussu de Souza Débora Cristina Goulart Henrique Z. M. Parra

Práticas de ensino de Sociologia: o uso de tecnologias digitais de comunicação e do cinema pelo subprojeto do Pibid – Ciências Sociais/Unifesp.....................................................................13

Capítulo 2

João do Prado Ferraz de Carvalho Jorge Luiz Barcellos da Silva

Uma experiência pibidiana entre as rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna: o ensino de Geografia e História nos anos iniciais do Ensino Fundamental e a formação docente...............41

Capítulo 3

Vanessa Dias Moretti Lidiane Chaves Zeferino

Aprendizagem da docência e educação matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental.........................................................71

Capítulo 4

José Alves da Silva Thaís Cyrino de Mello Forato

As contribuições do subprojeto Pibid-Física para a formação inicial e continuada de professores tendo em vista a tarefa de educar o adolescente em tempos de sociedade pós-industrial....................................................................................97


Capítulo 5

Verilda Speridião Kluth

Matemática em ação: um subprojeto Pibid vinculado à licenciatura em Ciências da Unifesp – campus Diadema........137

Capítulo 6

Simone Alves de Assis Martorano Lucinéia F. Ceridório

Pibid subprojeto Química: história e filosofia da ciência no ensino de Química..............................................................................157

Capítulo 7

André Amaral Gonçalves Bianco

Na sala de aula, como no palco........................................................171

Capítulo 8

Ligia Ajaime Azzalis

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e a formação de professores de Biologia na Unifesp – campus Diadema..................................................................................191

Capítulo 9

Natália Ferreira Dias Marilena Souza Rosalen

Iniciação à docência em Ciências integrando ensino, pesquisa e extensão..............................................................................................203 Sobre os autores..................................................................................223


Apresentação

Experiências de formação de professores nos arrabaldes das cidades de Diadema e Guarulhos, estado de São Paulo, no contexto do Pibid Unifesp Os desafios de um programa de iniciação à docência no contexto de uma sociedade como a brasileira que, há pouco tempo, outro dia mesmo, universalizou seu Ensino Fundamental, são por si só significativos. Desafios ampliados no contexto de uma universidade que passou por um processo de expansão recente e introduziu em sua cultura acadêmica espaços de formação de professores, como é o caso da Universidade Federal de São Paulo. Grandes desafios colocados à universidade pública e que se materializam na pergunta sobre qual concepção de formação de professor interessa ao país no contexto de um sistema educacional em formação. Eis um bom mote e provocação para pensar os compromissos sociais da universidade pública em nosso tempo presente. É nesta perspectiva e tendo as questões acima como preocupação explicitadas em seu projeto institucional apresentado à Capes, que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência se desenvolve na Unifesp desde 2012: enfrentando desafios. O Pibid Unifesp é constituído por sete subprojetos, desenvolvidos em dois campi. Na cidade de Diadema, temos os subprojetos de Biologia, Ciências, Física, Química e Matemática, e em Guarulhos, de Pedagogia e de Ciências Sociais. Esses diferentes subprojetos contemplam as etapas da educação básica, percorrendo os anos iniciais e finais do Ensino Fundamental assim como o Ensino Médio. Importante destacar que no processo de expansão da Unifesp, com a consequente criação de novos campus, os dois aqui aludidos e que abrigam os subprojetos do Pibid foram criados em regiões 5


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nas quais os dados socioeconômicos indicam que parte das crianças e adolescentes, alunos das escolas participantes do programa, vive em situação de vulnerabilidade social. Esse dado traz para o Pibid Unifesp um componente social que é fator de permanente reflexão nas discussões sobre formação e atuação de professores, possibilitado pela atuação em escolas públicas destinadas a segmentos sociais para os quais direitos estão por serem conquistados, como saúde, educação, lazer e moradia adequados. Experiência essa que implica pensar a periferia não como lugar fisicamente distante, mas pensar a produção social de infâncias e adolescências em tempo escolar distantes de direitos sociais. Este é um perfil importante dos diferentes subprojetos apresentados ao longo deste livro: sua interlocução com a escola pública nos arrabaldes das cidades mostrando todas as possibilidades de construção de uma educação que sirva aos interesses dos segmentos sociais menos favorecidos. Explicitada com maior ou menor veemência em um ou outro capítulo, esta no entanto não é a centralidade temática deste livro, porém, também não constitui-se num dado de menor relevância, permeando as diferentes experiências de formação aqui apresentadas e discutidas, numa relação crítica com a escola pública nos moldes que essa instituição assumiu no Brasil. Pretendemos com este livro apresentar e discutir as contribuições do Pibid Unifesp para o campo da formação de professores e para uma aproximação mais orgânica entre a universidade e a escola de educação básica. A aproximação da universidade enquanto espaço inicial de formação de professores da escola pública entendida como locus de exercício da profissão docente, possibilitada pelas ações cotidianas do Pibid, impõe tanto questões para reflexão sobre o espaço de atuação do profissional professor, a escola, quanto questões sobre o modo de organização de sua formação na universidade, ou seja, possibilita indagações sobre a organização dos cursos de licenciatura, seus currículos e concepções sobre o lugar da prática como componente da formação. 6


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Contextualizado o Pibid Unifesp, passo a apresentar os capítulos deste livro composto pelos relatos e análises dos coordenadores de área responsáveis pelos diferentes subprojetos que compõem o projeto institucional. Nesta introdução, atenho-me em fazer menos uma apresentação sintética dos propósitos de cada capítulo, busco mais apontar para uma ou outra contribuição de cada subprojeto, deixando ao leitor a escolha de apropriação das explanações dos autores e textos a seguir. Isso porque a diversidade e inovação temática com as quais a formação inicial e continuada de professores é tratada possibilita várias aproximações. Novas tecnologias, cinema, territorialidade, estudo do meio e infâncias, clube de Matemática, história da ciência, história e filosofia da ciência, adolescência, teatro, ensino pesquisa e extensão, etc. Temas diversos em diferentes abordagens e concepções. Eis algumas das palavras com as quais podemos iniciar a apresentação deste livro que busca trazer a público um pouco do que tem sido a experiência do Pibid Unifesp nos últimos anos. No seu conjunto, os textos apresentados neste livro buscaram ir além de uma mera descrição ou narração das ações desenvolvidas nas escolas. Em sua maioria, buscam desenvolver interessantes e importantes reflexões sobre o desenvolvimento dos diferentes subprojetos numa relação crítica e reflexiva. Mais do que conhecer os subprojetos, os textos permitem interlocução com diferentes problemas e questões no campo da formação de professores, e mesmo de produção de conhecimento, seja acadêmico ou escolar. O texto que abre este livro, “Práticas de ensino de Sociologia: o uso de tecnologias digitais de comunicação e do cinema pelo subprojeto do Pibid – Ciências Sociais/Unifesp”, de autoria de Davisson C. Cangussu de Souza, Débora Cristina Goulart e Henrique Z. M. Parra, tem um duplo objetivo. Além de apresentar um relato da experiência de três anos do subprojeto de Ciências Sociais, desenvolve uma reflexão sobre como superar uma visão estanque da formação do pesquisador e do professor, defendendo como profí7


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cuo o diálogo entres as concepções epistemológicas desenvolvidas nas universidades e nas escolas. João do Prado Ferraz de Carvalho e Jorge Luiz Barcellos da Silva, autores do Capítulo 2 intitulado “Uma experiência pibidiana entre as rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna: o ensino de Geografia e História nos anos iniciais do Ensino Fundamental e a formação docente”, atentos às especificidades do Pibid enquanto um programa voltado para a formação inicial, apresentam e discutem experiências do subprojeto de Pedagogia que ultrapassaram tal especificidade e permitiram pensar sobre a formação continuada de professores, o que de uma certa forma lança luz também para o próprio exercício da profissão docente na sua relação com o desenvolvimento profissional do educador, fato possibilitado pela aproximação entre a universidade, compreendida enquanto lugar de formação inicial de professores e a escola pública de educação básica, bem como os sujeitos a ela vinculados. Assim como no texto anterior, para o Capítulo 3, “Aprendizagem da docência e educação matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, de Vanessa Dias Moretti e Lidiane Chaves Zeferino, o contexto de desenvolvimento do subprojeto são os anos iniciais do Ensino Fundamental. Preocupadas com as dificuldades apresentadas por muitos professores na compreensão de conceitos básicos como sistema de numeração decimal, frações, algoritmos das operações e seu respectivo significado, entre outros, as autoras assumem a escola como uma “agência formadora” e entendem que seus profissionais são formadores de futuros professores. O texto “As contribuições do subprojeto Pibid-Física para a formação inicial e continuada de professores tendo em vista a tarefa de educar o adolescente em tempos de sociedade pós-industrial”, de José Alves da Silva e Thaís Cyrino de Mello Forato, inicia as apresentações e análise dos subprojetos desenvolvidos no campus Diadema da Unifesp. Após fazer uma breve apresentação sobre a própria concepção de formação de professores que estrutura as licenciaturas nesse campus da Unifesp, os autores discutem seu 8


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subprojeto preocupados em formar professores que se encantem com o ensino de Física e com a profissão docente, tratam da importância do Pibid nessa formação na confluência com a temática geracional e se questionam sobre para que tipo de educação esse saber pode contribuir, levando-se em questão a figura do adolescente imerso na cultura escolar dentro de uma concepção de sociedade que temos. O quinto capítulo do livro, escrito por Verilda Speridião Kluth e intitulado “Matemática em ação: um subprojeto Pibid vinculado à licenciatura em Ciências. Unifesp – campus Diadema”, toma como preocupação avançar para além da centralidade de propostas científicas no contexto da formação do futuro professor, sejam elas de cunho teórico, de divulgação ou de pesquisa. Incorpora em suas preocupações e análises as relações profissionais que no percurso de desenvolvimento do trabalho vão sendo tecidas entre direção da escola, professor da escola, professor universitário e licenciandos, relações essas que materializam a articulação entre instituição de ensino superior e escola de educação básica. Os próximos dois textos tematizam o ensino de Química em sua relação com a formação de professor a partir de leituras criativas do que seja a produção social do conhecimento. Simone Alves de Assis Martorano e Lucinéia F. Ceridório escreveram o Capítulo 6, “Pibid subprojeto Química: história e filosofia da ciência no ensino de Química”, no qual buscam tratar a produção do conhecimento científico numa perspectiva, digamos, dessacralizadora, optando por estratégias e ações pedagógicas que favoreçam a contextualização histórica da produção desse conhecimento. Assim, defendem que essa perspectiva possibilita ao estudante da escola básica a compreensão do processo de elaboração desse conhecimento, com seus avanços, erros e conflitos. “Na sala de aula, como no palco” é o título do próximo capítulo escrito por André Amaral Gonçalves Bianco. Preocupado em aproximar as áreas cultura e ciência em contexto de formação de professores, o autor guia-se por interessantes questionamentos, tais 9


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como: “Existem semelhanças entre uma sala de aula e uma sala de teatro? É possível as Artes Cênicas dialogarem com a Química? Seriam as Artes Cênicas apenas um instrumento de entretenimento e a Química conhecimento racional e formal, impossível de ser interessante?” Defende que a sala de aula guarda proximidades com uma peça de teatro e a pensa como um palco, o professor como protagonista da peça, a aula como texto e, consequentemente, os alunos como plateia. No Capítulo 8, “O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e a formação de professores de Biologia na Unifesp – campus Diadema”, Ligia Ajaime Azzalis escreve sobre a formação de professores de Biologia, apresenta as principais atividades desenvolvidas no subprojeto sob sua responsabilidade e desenvolve algumas reflexões, chamando a atenção para a importância da produção de materiais pedagógicos por parte dos licenciandos e sua contribuição, seja na prática pedagógica, seja enquanto estratégia de formação. Por fim, para fechar o livro, temos a apresentação e análise de um subprojeto desenvolvido no âmbito do Ensino Fundamental em seus anos finais, intitulado “Iniciação à docência em Ciências integrando ensino, pesquisa e extensão”, escrito por Marilena Souza Rosalen e Natália Ferreira Dias. Projeto desenvolvido a partir de uma concepção histórico-cultural do processo de ensino e aprendizagem, as autoras destacam a integração que a experiência formativa de iniciação à docência na escola de educação básica possibilitou com o ensino, a pesquisa e a extensão no contexto da universidade. Integração essa que é, certamente, um dos motivos da própria lógica de estruturação do Pibid enquanto política pública no campo da formação de professores. Acreditamos que a leitura deste livro permite vislumbrar um pouco a forma como nós, formadores de professores para a escola básica brasileira contemporânea, estamos enfrentando os desafios aludidos no início desta apresentação. A caminhada é árdua, mas como escreveu João Guimarães Rosa no final de Grande Sertão: Ve10


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redas, “O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia”. João do Prado Ferraz de Carvalho Organizador

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