Futebol sistêmico

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FUTEBOL SISTĂŠMICO conceitos e metodologias de treinamento



FUTEBOL SISTÊMICO CONCEITOS E METODOLOGIAS DE TREINAMENTO

Felipe L. Belozo | Charles R. Lopes


Conselho Editorial Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antônio Carlos Giuliani Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Eraldo Leme Batista Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa

Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Magali Rosa de Sant’Anna Prof. Dr. Marco Morel Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt

©2017 Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

B4189 Belozo, Felipe L.; Lopes, Charles R. Futebol Sistêmico: conceitos e metodologias de treinamento/Felipe L. Belozo | Charles R. Lopes. Jundiaí, Paco Editorial: 2017. 288 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-462-0693-3 1. Futebol 2. Metodologia de Treinamento 3. Pedagogia 4. Demandas físicas e fisiológicas. I. Belozo, Felipe L.; Lopes, Charles R. CDD: 796 Índices para catálogo sistemático: Futebol Educação Física

796.334 372.86

IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal

Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 contato@editorialpaco.com.br


Primeiramente a Deus por me capacitar e proporcionar a oportunidade de conhecer pessoas indispensáveis para a elaboração do livro. À minha esposa (Raphaela Costa Rossi) que tão paciente soube aceitar a minha ausência por um longo período de tempo e ainda contribuir com sua sabedoria na língua portuguesa para a correção ortográfica do texto. Aos meus pais (Valmir Antonio Belozo e Valéria Barros Lovaglio Belozo) por tudo o que me ensinaram, por todas as vezes que sabiamente para a minha educação souberam dizer não, e isso fez toda a diferença para a minha formação. Ao meu irmão, amigo e companheiro de profissão (Prof. Esp. Marcelo Lovaglio Belozo), por acreditar infinitamente no meu trabalho. Ao meu amigo Prof. Dr Vagner Ramon Rodrigues Silva, por todos os momentos de reflexão e também por ser um exemplo de competência e determinação, inspirando-me a não desistir dos nossos sonhos. A todos os profissionais que trabalham com treinamento desportivo, em especial o futebol, e buscam constantemente a sua melhora teórica e prática. Prof. Ms. Felipe L. Belozo

Aos meus pais Francisco Florêncio Lopes e Maria Rosa Lopes (in memoriam), que me incentivaram e apoiaram em todos os momentos da minha vida profissional e acadêmica. Vocês são verdadeiros exemplos de dignidade e sabedoria, amo muito vocês. À minha esposa Fabiana, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos da minha vida profissional e acadêmica. Você é o amor da minha vida. Aos meus filhos Pedro e Júlia, vocês são as minhas fontes de inspiração e motivação. Prof. Dr. Charles R. Lopes


AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Dr. Alcides Scaglia por compartilhar todo o conhecimento e sabedoria. Obrigado por todos os ensinamentos do que realmente é o treinamento por meios dos jogos. Ao professor e orientador Dr. Charles R. Lopes, que desde a minha qualificação no mestrado me convidou para escrever este livro. Obrigado por todos os ensinamentos e também por confiar no meu trabalho. Ao Prof. Ms. Felippe Cardoso por aceitar o convite para escrever o capítulo sobre tática e assim contribuir cientificamente para com o livro. Ao grupo Nupef, em especial ao coordenador Prof. PhD. Israel Teoldo Costa, por contribuír com o crescimento teórico e prático do futebol brasileiro. Aos meus amigos do Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte (Lepe) – Unicamp, Eliel Ferreira, Guilherme Grandim, Cristian Lizana e João Claudio Machado. Obrigado por todas as trocas de experiências e conhecimentos. Aos meus amigos de clubes, comissões técnicas e atletas que tive o prazer de trabalhar. As suas contribuições práticas foram fundamentais para a minha evolução profissional e para a escrita do livro. Prof. Ms. Felipe L. Belozo


A José Pereira (in memoriam) e Dirceuza, obrigado por todos os seus ensinamentos. Às irmãs Creusa, Susy, Marta e Regina pelo auxílio na minha formação, amo vocês. A Felipe Belozo, pelo belo trabalho desenvolvido ao longo do mestrado e na carreira profissional. Você é um exemplo de ética profissional. À professora Denise Vaz de Macedo, obrigado pela paciência, amizade, sabedoria e acima de tudo em ter acreditado em meus esforços. Muito obrigado Denise. Aos amigos e professores que sempre me apoiaram, obrigado pela parceria e amizade: Hermes Ferreira Balbino, Bernardo Neme Ide, Artur Monteiro, João Nunes, Alexandre Evangelista, Luis Rigolin, Mário Sarraipa, Thiago Lourenço, Fernando Catanho, Mirtes Stancanelli, Fernanda Lourenzetti, Clodoaldo Dechechi, Marcelo Saldanha Aoki, Rozangela Verlengia, Ídico Luis Pelegrinotti, Paulo Marchetti, Gustavo Ribeiro Motta. Prof. Dr. Charles R. Lopes



A teoria sem a prática vira ‘verbalismo’, assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade. Paulo Freire



SUMÁRIO Apresentação

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Prefácio Prof. Dr. Alcides José Scaglia

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Capítulo 1 Conhecendo o futebol: demandas físicas e fisiológicas de uma partida Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes Capítulo 2 Pedagogia do esporte: o jogo e o futebol Felipe L. Belozo; Alcides Scaglia Capítulo 3 Treinamento com jogos no futebol: qual o efeito das regras, dimensão de campo e número de jogadores nas variáveis físicas, técnicas e táticas? Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes Capítulo 4 Metodologia do treinamento da técnica por meio dos jogos Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes Capítulo 5 Metodologia do treinamento da tática do jogo de futebol Felippe Cardoso; Guilherme Figueiredo Machado; Lucas Dias Mantovani; Israel Teoldo Capítulo 6 Metodologia do treinamento da resistência aeróbia Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 7 Metodologia do treinamento de resistência de velocidade e velocidade Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 8 Metodologia do treinamento de força Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 9 Metodologia do treinamento da flexibilidade Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 10 Controle da carga externa e interna de treinamento Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 11 Avaliação das capacidades biomotoras: quando e como avaliar Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 12 Periodização no futebol. O que é? Por que e quando periodizar? Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes

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Capítulo 13 Passo a passo para periodizar o treinamento no futebol de campo 271 Felipe L. Belozo; Charles R. Lopes


APRESENTAÇÃO O livro tem como objetivo principal discutir com embasamento científico assuntos da preparação sistêmica no futebol profissional e, com isso, mencionar os conceitos e metodologias do treinamento físico, técnico e tático. Muito se houve falar do treinamento por meio dos jogos reduzidos, porém, será que apenas os jogos reduzidos são capazes de desenvolver aspectos técnicos, táticos e físicos nos atletas? Qual a importância dos jogos em campos com dimensões oficiais? Quais os constrangimentos técnicos, táticos e físicos advindos da alteração da dimensão do campo? Das regras? Do número dos jogadores? Será que tudo pode ser classificado como jogo? Qual a importância do treinamento de força para uma preparação sistêmica? Qual a importância da componente tática para a equipe? Como desenvolvê-la por meios dos jogos? Será que o uso exacerbado da regra de dois toques ou dos jogos reduzidos não causam adaptações indesejadas na equipe? Afinal, qual é o seu modelo de jogo? A comissão técnica conhece o modelo de jogo da equipe? Qual a importância disso? Enfim, são muitas as questões que precisam ser discutidas, são muitas as variáveis que precisam ser explicadas, controladas e embasadas cientificamente. Além disso, é importante ressaltar que são poucos os clubes brasileiros que desfrutam de grande poder econômico para usufruírem de equipamentos tecnológicos e grandes centros de treinamentos. Por isso, independente da estrutura da equipe na qual você está inserido, é preciso periodizar e controlar os treinos e jogos de forma individualizada, é preciso respeitar os princípios do treinamento desportivo para uma evolução do estado ótimo da forma desportiva dos atletas. Contudo, não esperamos responder todas as questões indagadas acima, mas sim proporcionar discussão científica para o crescimento dos profissionais e, consequentemente, do futebol. Desejamos também que você realize muitas reflexões, obtenha aprendizado e consiga aplicar muitos dos conceitos apresentados.

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PREFÁCIO Prof. Dr. Alcides José Scaglia1

Para prefaciar esta reveladora obra dos professores e amigos Charles e Felipe, quero tecer analogias a partir das ideias do filósofo Sócrates, em especial quando em uma de suas aulas (na verdade profícuos espaços de interações dialógicas – a maiêutica), descritas no livro A República de Platão, fez referência à caverna. A apologia da caverna é o diálogo mais “popular” de Sócrates. Nessa verdadeira parábola, Sócrates versa sobre a ignorância humana. Ignorância entendida de forma literal, ou seja, como ação daquele que ignora (dispensa) o conhecimento. Resumindo, a apologia, conhecida por alguns como mito, conta que uma caverna era habitada por uma população de prisioneiros nativos que eram impedidos até de virar o rosto, só conseguiam ver sombras de objetos projetadas nas paredes de pedra devido à claridade de uma fogueira. Esses prisioneiros nunca haviam saído da caverna. Seu mundo era as trevas e os trêmulos objetos refletidos. Esta foi a situação colocada por Sócrates ao seu interlocutor Glauco, e na sequência de suas especulações, diz que um dos prisioneiros se liberta e sai da caverna, voltando-se para luz, conhecendo assim os objetos reais e o mundo para além dos grilhões que os aprisionavam. Contudo, ao voltar para a caverna para tentar soltar e mostrar a luz aos seus irmãos, libertando-os das trevas, foi vilipendiado e morto, pois ninguém acreditava nele e, principalmente, devido ao fato de que sua obstinação começou a incomodá-los, provocando um grande abalo no status quo da caverna. Ou seja, se pudesse falar em zona de conforto para quem tem grilhões nas pernas e pescoço, o ex-prisioneiro estava ameaçando e colocando em risco a sobrevivência de quem só conhecia as trevas e os inofensivos objetos projetados na parede. Essa apologia é muito interessante pela forma didática com que nos faz pensar nas trevas (ignorância) e na luz (conhecimento). Além do fato corriqueiro na história dos que desbanalizaram o banal, para usar uma 1. Docente do curso de Ciências do Esporte na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Cocoordenador do Laboratório de Estudos em Pedagogia do Esporte (Lepe) na FCA-Unicamp. 15


Felipe L. Belozo | Charles R. Lopes

ideia do nosso filósofo Paulo Guiraldelli Jr. Mas, muitos dos que ousam questionar o banal se tornam mártires, tombando por seus ideais. Entretanto, como este é um prefácio que se propõe a instigar a reflexão pedagógica no futebol, escrevo tudo isto, pois claramente vejo as trevas que recobrem nosso futebol, e o quanto o meio está mergulhado no interior de uma caverna lotada de prisioneiros. Isto pode soar arrogante e esnobe, ou mesmo uma ingênua obstinação em ser o prisioneiro que trará luz à caverna. Pelo contrário, sou apenas o olhar de fora. Aquele que está vendo a cena por outro ponto de vista. E com total isenção posso apontar as semelhanças entre os prisioneiros da caverna e uma boa quantidade de técnicos, dirigentes, jogadores, torcedores, jornalistas... E, os piores (pois são cegos), de apaixonados por futebol. Há tanto empirismo no futebol, que a luz advinda das ciências biológicas com os fisiologistas, bioquímicos e alguns preparadores físicos é ofuscada a ponto de deixar muitas vezes sem norte quem até tem uma lanterna. Por exemplo, falar de coisas terminais como o fim do tecnicismo, dos preparadores físicos clássicos, dos treinadores sem formação, dos dirigentes leigos, dos pedófilos, dos gatos, dos aliciadores de jovens crianças (pseudoempresários), dos treinamentos descontextualizados do jogo, dos jogadores sem inteligência e analfabetos funcionais... Incomodam tanto que muitos são impedidos de chegar perto dos clubes. Não precisa nem haver derramamento de sangue, pois os iluminados pela ciência nem podem adentrar a caverna – são barrados na entrada. Chega a ser angustiante ver o maior fenômeno sociocultural construído pela humanidade ser tão pouco explorado; atividade que poderia estar a serviço da evolução da própria sociedade que o consome tão vorazmente. Ah! Se os jogadores de futebol soubessem o poder que têm. Coitado dos governantes e dirigentes. Se os técnicos (em todos os níveis/ categorias) vislumbrassem o quão redentor poderia ser suas intervenções, não só na dimensão profissional, mas principalmente no que tange a vida pessoal e social dos jogadores, teríamos a formação de uma casta superior. Hermam Hesse, por exemplo, escreveu em seu livro O jogo das contas de vidro, que os jogadores de avelórios, exatamente, formam a casta superior da sociedade. 16


Futebol Sistêmico: conceitos e metodologias de treinamento

Se nossos dirigentes investissem em pesquisa, poderiam potencializar os retornos, construindo verdadeiros centros de excelência em formação humana, que garantiriam a aquisição de competências e habilidades a todos os envolvidos (diretos e indiretos) a ponto destes se destacarem frente aos demais na sociedade. Transcendo o trivial. O futebol é muito poderoso e encantador, pena que muitos não veem o seu potencial. Acostumados com a sombra dos objetos, têm medo de possuí-los, tocá-los. A relativa segurança advinda da escuridão da caverna se constitui o obstáculo mor, o qual impede sua iluminação. Mas as trevas estão condenadas. Os professores Charles e Felipe construíram um verdadeiro holofote. Este livro, impregnado pelo germe da mudança, revelando a aplicação de um novo paradigma no campo do treinamento do futebol, tem o poder de iluminar o caminho de todos os revolucionários que almejam mudanças urgentes no futebol. Fico muito honrado em poder partilhar e viver esta mudança com os autores principais e com o Nupef, liderado pelo competente e amigo Israel Teoldo, que colabora em um dos importantes capítulos desta completa obra. Portanto, com este livro a caverna fora iluminada e arrisco dizer que muitos morcegos-vampiros (elementos que acrescentariam à apologia da caverna) serão naturalmente expulsos, permitindo a ruptura dos grilhões e o resplandecer do sol da liberdade em raios fulgidos, para o bem do futebol e do povo brasileiro, apaixonado por este viciante e vivificante esporte.

Verão de 2017

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