Relatório 3_O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, Pedregulho - de A. E. Reidy.

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO RELATÓRIO 3 PERÍODO: 10/12/2010 - 10/08/2011

Título

O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho de Affonso Eduardo Reidy

Bolsista

Paula Garcia Jareta Santos Orientador

Prof. Dr. Joubert José Lancha

Relatório de Iniciação Científica Essa pesquisa se insere no âmbito das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo Quadro cuja pesquisa principal é financiada pela Fapesp sob o n: 06/57683-9


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ÍNDICE.

1.

RESUMO. .................................................................................................................................... 5

2. RESUMO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA TERCEIRA ETAPA DA PESQUISA (JANEIRO DE 2011 A AGOSTO DE 2011). ..................................................................................... 5 2.1. ETAPA 1: CONTINUAÇÃO DA ETAPA 5 - VISITA, LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO E DE DETALHES. .......................... 5 2.2. ETAPA 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. ........................................................................................................... 6 2.3. ETAPA 3: REVISÃO ICONOGRÁFICA............................................................................................................ 6 2.4. ETAPA 4: ANÁLISE MAIS APROFUNDADA DO PROJETO COMO UM TODO........................................................... 6 2.5. SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL................................................................................................................ 7 2.6. ELABORAÇÃO DE UM MODELO DO CONJUNTO............................................................................................. 7 2.7. ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO PARCIAL. ...................................................................................................... 7 3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 A AGOSTO DE 2011. ...................................................................................................................................................... 7 4. RELATÓRIO DA VIAGEM AO RIO DE JANEIRO. ..................................................................... 8 5. PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DO PEDREGULHO ........................................................... 10 5.1. PLANO ESTRATÉGICO - CRITÉRIOS DE RECUPERAÇÃO E RESTAURAÇÃO..................................... 14 5.2. PLANO ESTRATÉGICO - DEFINIÇÃO DE USO PARA EDIFÍCIOS E ESPAÇOS OCIOSOS. .................... 16 6. SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL LEVANTADO. ................................................................. 17 6.1. BLOCO DE HABITAÇÃO A. ....................................................................................................... 17 6.1.1. Arquivos do CEHAB-RJ. ..................................................................................................... 17 6.1.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 22 6.1.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 22 6.2. BLOCOS DE HABITAÇÃO B. .................................................................................................... 28 6.2.1. BLOCO B1. ................................................................................................................................ 28 6.2.1. Arquivos do CEHAB-RJ. ..................................................................................................... 28 6.2.2. BLOCO B2: ........................................................................................................................... 28 6.2.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 29 6.2.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 29 6.3. ESCOLA, GINÁSIO E VESTIÁRIOS. ........................................................................................ 31 6.3.1. Arquivos do CEHAB-RJ ...................................................................................................... 31 6.3.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 32 6.3.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 32 6.4. CENTRO DE SAÚDE. ................................................................................................................. 35 6.4.1. Arquivos do CEHAB-RJ. ..................................................................................................... 35 6.4.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 35 6.4.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 36 6.5. MERCADO E COOPERATIVA. ................................................................................................. 37 6.5.1. Arquivos do CEHAB-RJ. ..................................................................................................... 37 6.5.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 37 6.5.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 37 6.6. IMPLANTAÇÃO. .......................................................................................................................... 38 6.6.1. Arquivos do CEHAB-RJ ...................................................................................................... 38 6.6.2. Levantamento de desenhos técnicos. .............................................................................. 38


3 6.6.3. Levantamento fotográfico. .................................................................................................. 38 6.7. PROJETO PAISAGÍSTICO. ....................................................................................................... 38 6.7.1. Arquivos do CEHAB-RJ. ..................................................................................................... 39 7. SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL PRODUZIDO. .................................................................. 39 8.O PERCURSO DA FORMA NA OBRA DE REIDY. ................................................................... 44 8.1.BLOCO DE HABITAÇÃO A – O DESENVOLVIMENTO DA CURVA. ....................................... 51 8.1.1. Os viadutos habitáveis. ....................................................................................................... 51 9. ANÁLISE DOS BLOCOS DE HABITAÇAO. .............................................................................. 54 9.1.BLOCO A – ANÁLISE................................................................................................................... 55 9.2. BLOCO DE HABITAÇÃO B. ....................................................................................................... 61 9.2.1. Le Corbusier, as cartuxas e o desenvolvimento dos apartamentos do Conjunto do Pedregulho. ...................................................................................................................................... 61 9.2.2. Blocos de habitação B – análise. ...................................................................................... 63 10. BIBLIOGRAFIA. .......................................................................................................................... 65


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ÍNDICE ICONOGRÁFICO. Figura 1: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 23 Figura 2: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 24 Figura 3: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 25 Figura 4: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 25 Figura 5: foto feita pela bolsista durante visita à obra. ................................................. 26 Figura 6: foto feita pela bolsista durante visita à obra. ................................................. 27 Figura 7: foto fornecida pelo fotógrafo Pedro Vannucchi. ............................................ 27 Figura 8: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 30 Figura 9: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ........................... 31 Figura 10: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ......................... 33 Figura 11: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ......................... 33 Figura 12: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ......................... 34 Figura 13: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ......................... 34 Figura 14: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ. ......................... 36 Figura 15: detalhe de uma seção da cobertura referente ao bloco A3 dp bloco de habitação A. .................................................................................................................... 57 Figura 16: apartamento 126 englobando a área residual da escada. ............................ 58 Figura 17: Em destaque no desenho, os armários embutidos dos apartamentos de um quarto. ............................................................................................................................ 59 Figura 18: esboço do passa-pratos, realizado por um morador do Conjunto, 2000. .... 60 Figura 19: em destaque, a malha estrutural do bloco B1. ............................................. 64


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O Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho, de Affonso Eduardo Reidy.

1. RESUMO.

Esse trabalho se propõe como uma investigação do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes – Pedregulho, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, situado na cidade do Rio de Janeiro, cuja obra (projeto e construção) esteve em curso entre os anos de 1946 a 1958. A idéia é trabalhar a compreensão da linguagem utilizada perante a realidade de sua produção, no contexto de uma leitura onde o edifício, como objeto central, possa ser criticamente analisado em seus diversos aspectos. O texto e o desenho são as grandes escrituras intelectuais da arquitetura - mas são os desenhos que modificam a obra, que podem ser aqueles que a precedem, aqueles do projeto, mas também podem ser aqueles que o seguem e que o comentam. Nessa pesquisa nos debruçaremos sobre textos e desenhos na tentativa de construir um panorama sobre o qual surge o edifício de Reidy, a fim de compreender os pressupostos e a lógica adotada no desenvolvimento desse Conjunto e também identificar, através da pesquisa bibliográfica e iconográfica, as origens e recorrências dos elementos utilizados por Affonso Eduardo Reidy na composição dos edifícios do Conjunto do Pedregulho.

2. RESUMO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA TERCEIRA ETAPA DA PESQUISA (janeiro de 2011 a agosto de 2011).

2.1. Etapa 1: Continuação da etapa 5 - Visita, levantamento fotográfico e de detalhes. Realizamos visitas à Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (CEHAB-RJ) e ao Conjunto do Pedregulho, bem como fizemos contatos com os arquitetos Alfredo


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Britto e Roberto Segre. Durante as visitas, fizemos levantamentos de materiais, principalmente iconográficos, que estão sendo trabalhados e se caracterizam como uma importante fonte para o desenvolvimento da pesquisa.

2.2. Etapa 2: Revisão bibliográfica. A etapa, que se desenvolve desde o início das atividades de pesquisa, vem sendo sempre acrescida de novos materiais levantados, sendo revisados alguns já discutidos previamente.

2.3. Etapa 3: Revisão iconográfica. Essa etapa, assim como a anterior, iniciou-se logo no desenvolvimento do plano de pesquisa inicial e continua em curso, sendo sempre acrescida dos novos materiais levantados, mas principalmente dos já adquiridos na CEHABRJ. Ela será fundamental para o desenvolvimento das maquetes, produtos da próxima fase dessa pesquisa.

2.4. Etapa 4: Análise mais aprofundada do projeto como um todo. A partir da revisão bibliográfica e iconográfica como um todo, e dos desenhos de análise produzidos na primeira parte dessa pesquisa, foi possível uma maior compreensão do projeto do Conjunto do Pedregulho; como foi concebido o projeto, sua implantação, relação entre os blocos e o desenho de suas plantas, cortes e elevações do ponto de vista conceitual, estrutural e sua da materialidade. Principalmente dos blocos de habitação, o grande enfoque dessa fase. A partir de então foi produzido o texto apresentado no presente relatório, que vem para complementar os relatórios anteriores, com análises mais aprofundadas das questões colocadas no projeto, bem como com detalhes encontrados em seus desenhos. Com isso, será possível o desenvolvimento das maquetes, o produto final dessa pesquisa.


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2.5. Sistematização do material. Essa etapa foi acrescida a esse momento da pesquisa, no sentido de um maior controle de todo o material levantado nessa fase, juntamente com aquele já sistematizado.

2.6. Elaboração de um modelo do Conjunto. Embora essa etapa esteja listada como referente à fase seguinte da continuação dessa pesquisa, já foram definidas quais maquetes serão desenvolvidas, sendo elas: implantação geral do Conjunto em escala 1:1000, estudo estrutural dos blocos de habitação A e um dos blocos de habitação B em escala 1:250, estudo dos apartamentos e do tratamento de fachadas dos blocos de habitação A e um dos blocos de habitação B, representação de uma seção dos edifícios em escala 1:50.

a partir da Optou-se pela

produção de maquetes físicas, sendo que tudo o que foi levantado e produzido até o presente momento entra como base fundamental para o projeto de viabilização dessas maquetes, que devem estar para além do campo da representação, mas também devem se mostrar como maquetes de estudo, passíveis a serem manipuladas. Até a elaboração desse relatório foi iniciada a produção da maquete da implantação geral do Conjunto, que deve ser finalizada juntamente com as outras.

2.7. Elaboração do relatório parcial.

3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 A AGOSTO DE 2011.

Etapa 1: Continuação da etapa 5 - Visita, levantamento fotográfico e de detalhes.


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Etapa 2: Revisão bibliográfica; Etapa 3: Revisão iconográfica; Etapa 4: Análise mais aprofundada do Conjunto como um todo; Etapa 5: Sistematização do material; Etapa 6: Elaboração de um modelo do Conjunto; Etapa 7: Elaboração do relatório parcial.

MESES Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Etapa1 Etapa2 Etapa3 Etapa4 Etapa5 Etapa6 Etapa7

4. RELATÓRIO DA VIAGEM AO RIO DE JANEIRO.

Seguindo o cronograma da pesquisa, foi realizada uma viagem à cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 30 de janeiro de 2011 a 02 de fevereiro de 2011, a fim de recolher material e visitar o Conjunto do Pedregulho.

Domingo, 30 de janeiro de 2011. Visita ao Museu de Arte Moderna – MAM, último projeto de Affonso Eduardo Reidy. Essa visita foi importante para uma comparação entre as


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soluções de projeto de um mesmo arquiteto, o que enriquece a pesquisa sobre a sua maneira de trabalhar e lidar com os problemas do terreno e do clima.

Segunda-feira, 31 de janeiro de 2011 – visita à UFRJ. Esse dia foi reservado para a visita à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi agendada uma conversa com o professor Roberto Segre, integrante do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo e coordenador do núcleo do Rio de Janeiro do DOCOMOMO (international working party for documentation and conservation of buildings, sites and neighborghoods of the modern movement). Atualmente, uma das pesquisas do grupo é sobre o projeto urbanístico de Reidy para o Morro de São Cristóvão. A partir do estudo das obras de Reidy, do desenvolvimento de uma maquete eletrônica volumétrica e tendo como base a implantação e as plantas do projeto, a ideia é pensar como Reidy projetaria as fachadas dos prédios.

Terça-feira, 01 de fevereiro de 2011 – visita ao Conjunto do Pedregulho. Após contato com o arquiteto Alfredo Britto, atualmente professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) e coordenador geral da obra de restauro do Conjunto do Pedregulho, foi agendada uma visita acompanhada ao local, onde a bolsista teve contato com a arquiteta responsável, a equipe de obras, os diretores da associação de moradores e alguns moradores do bloco de habitação A, o qual visitou não apenas o andar intermediário livre, mas também alguns apartamentos. Também, foi feito contato com a diretora e alguns funcionários da escola, o que possibilitou uma visita aos seus jardins e interiores. Não foi possível adentrar os blocos de habitação B1 e B2 e o antigo edifício da lavanderia e cooperativa por estarem gradeados; nem o edifício do posto de saúde por seu grave estado de degradação. Contudo, pôde-se observar todos os edifícios e transitar pelos arredores de todo o Conjunto, uma vez que, atualmente, seu interior se encontra dividido e gradeado, impossibilitando até mesmo para seus


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moradores o fácil acesso entre, por exemplo, os blocos de habitação e a escola ou as áreas de lazer. Muitos dos estudos já realizados, nessa pesquisa, sobre o projeto do Conjunto, puderam ser comparados in loco, esclarecendo eventuais dúvidas e mostrando novos detalhes, dificilmente percebidos através de fotos ou desenhos do projeto. Essas informações, bem como um maior aprofundamento sobre a questão do restauro e do atual estado dos edifícios também serão tratados no decorrer desse relatório.

Quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011 – passagem pelo CEHAB-RJ. Nova passagem pela CEHAB-RJ para o recolhimento dos materiais produzidos para a obra de restauro da lavanderia e cooperativa, do posto de saúde e das áreas livros e paisagismo, que, juntamente com o material previamente retirado referente aos blocos de habitação e da escola, servirão de suporte para essa nova etapa da pesquisa e para a realização da maquete do Conjunto.

5. PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DO CONJUNTO RESIDENCIAL DO PEDREGULHO.

Ao longo de sua história, o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes passou por diversas formas de gestão, o que acarretou diversos problemas, sendo um deles a questão fundiária. Originalmente, o terreno do Conjunto era propriedade da União, cedido à prefeitura do Rio de Janeiro (àquela época, Distrito Federal) através do Departamento de Habitação Popular (DHP), para que esse projeto fosse implantado. Com a transformação do Distrito Federal em Estado da Guanabara, esse terreno e o Conjunto passaram a ser acervo de tal estado, mantido após a fusão administrativa do Estado do Rio de Janeiro. Dessa maneira, tornou-se difícil a tomada de providências de regularização e a obtenção de recursos, sendo que todo o


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Conjunto acabou ficando sob a administração da Fundação Leão XIII, que passou as unidades de habitação para a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (CEHAB-RJ). Na questão das habitações, não existe titulação de nenhuma delas, sendo que se desconhece por completo o quadro habitacional sócio-econômico do conjunto, que conta com aproximadamente 1600 pessoas, o que impossibilita a realização de qualquer ação. Portanto, o início recuperação do Conjunto, e sua futura gestão, só será possível através da união da CEHAB, enquanto gestora do conjunto, a uma estrutura de poder local, com credibilidade junto aos moradores, atualmente a Associação de Moradores do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (AMMO), identificada com esses objetivos. Em 19 de dezembro de 1986, o Conjunto foi tombado pelo Departamento Geral do Patrimônio Cultural da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Desde dezembro de 2010, o Conjunto do Pedregulho passa por um processo de restauração e revitalização. O projeto do restauro foi conduzido pelo arquiteto Alfredo Britto ao escritório Pontual Arquitetura, do Rio de Janeiro, que fez o levantamento dos danos e o projeto de intervenções. Feito isso, foi realizada uma licitação para as obras emergenciais, vencida pela Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia – São Cristóvão. Para a etapa inicial das obras, foi realizado um Plano Estratégico, elaborado pelo GAP – Grupo de Arquitetura e Planejamento, entre setembro e novembro de 2004, contando com a seguinte equipe: Alfredo Britto (coordenador geral); Fabíola Sotoma, Flávia Brito, Marco Antônio Valdeolivas, Verônica Natividade (arquitetos); Bruno Amaral, Bruno Souza, Rafael Andriani (estagiário). Atualmente o bloco de habitação A é o único com a reforma em curso por apresentar caráter emergencial, sendo também apontado no Plano Estratégico como o primeiro a ser restaurado, uma vez que é ele que dá a imagem do Conjunto, pela qual é conhecido mundialmente. O conselho pró-


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restauração do Pedregulho conta, entre outros, com o CEHAB-RJ (Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro), o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e com o arquiteto Alfredo Britto, que elaborou o plano estratégico inicial, utilizado no processo de reforma, e que é coordenador geral da obra, juntamente com a arquiteta responsável, Liza Erling da empresa CONCREJATO (responsável pela obra) e a equipe de obras. A importância do restauro e a cautela necessária para tanto, são expressas no Plano Estratégico: Recuperar e restaurar este que é o mais famoso conjunto residencial produzido no país, patrimônio cultural nacional, é tarefa urgente. A complexidade conceitual e arquitetônica do projeto original e as implicações de se intervir em obras do período moderno, somado ao estado de degradação e às diversas formas de ocupação das edificações residenciais e não-residenciais, exigem que o plano de recuperação seja cauteloso e bem elaborado. O Plano Estratégico, que hora se apresenta é a primeira fase da recuperação, estruturador das ações futuras de intervenção, estabelecendo as diretrizes de atuação.

(GAP/Grupo de Arquitetura e Urbanismo, p.5, 2004)

É importante ressaltar que boa parte dos moradores tem consciência do valor do Conjunto e de sua qualidade, desejando a sua recuperação. A situação crítica dos edifícios e das áreas livres, com grau de deterioração grandioso, também se encontra muito bem detalhada no Plano Estratégico, podendo ser citadas, entre outras: Bloco de habitação A: descaracterização das fachadas; substituição de cobogós originais, antenas de TV expostas nas fachadas; instalação sanitárias, elétricas e hidráulicas sem funcionamento, comprometimento estrutural, com armaduras visíveis; brises verticasis da fachada nordeste faltantes; guardacorpos descaracterizados; pastilhas de revestimento cobertas por pintura; utilização inadequada das áreas comuns do andar livre; corredores segmentados por grades de fechamento; problemas acarretados pela falta de área de serviço nos apartamentos, tais como ausência de local para a secagem de roupa; problemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta


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de lixo adequada; dificuldade de acesso ao telhado e caixas-d’água; ausência de iluminação adequada e sistema de incêndio. Blocos B1 e B2 (aqui, ainda se verifica um certo respeito à unidade compositiva original): descaracterização das fachadas; substituição dos cobogós originais. Infiltrações nos apartamentos; intervenção indevida na cobertura e caixas de escada; descaracterização dos guarda corpos; antenas de TV expostas nas fachadas; queda do forro no nível térreo; ausência de sistema de incêndio e coleta de lixo adequada; problemas acarretados pela ausência de área de serviço nos apartamentos, tais como ausência de local adequado para a secagem de roupa; problemas de abastecimento de água e cisterna. Posto de saúde: é visivelmente o edifício mais degradado, abandonado há mais de uma década, sendo que resta praticamente apenas uma “sombra” ou um “cortorno” externo daquilo que foi um dia, embora sua divisão interna permaneça praticamente a original; apresenta infiltrações devido a sérios problemas no telhado; diversas esquadrias internas e externas faltantes; ausência dos brises verticais e grande perda dos azulejos de Anísio Medeiros; pisos internos em processo grave de degradação; pastilhas de revestimento de paredes recobertas por pintura; recobrimento dos cobogós e elementos vazados dos muros; ausência de sistema de incêndio; construção de casa particular nos fundos. Lavanderia e mercado: o antigo edifício da lavanderia e do mercado se encontra hoje ocupado por repartições administrativas e pela garagem da fundação Leão XIII, tendo sofrido sérias intervenções inadequadas tento interna quanto externamente; apresenta problemas de infiltrações; nas fachadas, intervenções com grades e novas aberturas; ausência de um dos painéis de brise horizontal e de esquadrias pivotantes de acesso ao espaço do mercado; mudanças significativas na divisão interna; piso interno bastante deteriorado; pastilhas cerâmicas de recobrimentos das fachadas cobertas por pintura; ausência de sistema de incêndio. Áreas livres: descaracterização e desaparecimento de grande partes do paisagismo original de Burle Marx; ocupações ilegais na periferia do terreno por trailers, oficinas mecânicas, garagens, abrigos de automóveis e instalações


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recreativas; abandono dos jardins e playgrounds; construções de cercas e muros; calçadas inadequadas; asfaltamento das ruas internas; ausência de iluminação adequada e lixeiras. Escola: o edifício da escola se encontra muito bem conservado, estando em posse da Secretaria Municipal de Educação, tendo sido bem conservadas as características originais de suas fachadas e interiores, seus cobogós e elementos vazados, os painéis de Burle Marx e os azulejos de Portinari. A última restauração da escola é de 2008, sendo que atualmente está sendo refeito o piso entre o ginásio e a piscina. A piscina encontra-se vazia e inutilizada por medida de segurança, uma vez que não se sabe bem como controlar seu uso. Os vestiários também se encontram inativos, e só voltarão a ser utilizados quando definirem o uso e a gestão da área esportiva. No Plano Estratégico também são apontadas algumas solicitações dos moradores, tais como: Bloco A: dois assistentes sociais para realizar um recadastramento dos moradores, informando sua situação real; rampas de acesso ou mecanismo de transporte vertical para idosos e enfermos; cercamento do prédio ou de todo o terreno; jardinagem em torno do prédio; antena coletiva de TV. Bloco B1: cercamento do entorno do edifício; reforma geral; revisão da parte elétrica, hidráulica e da rede de esgoto; reativação das lixeiras. Bloco B2: reforma geral; revisão do sistema elétrico e hidráulico; sistema de emergência contra incêndio; separação da água dos edifícios; reativação das lixeiras.

5.1. Plano Estratégico - Critérios de recuperação e restauração.

Os métodos e critérios de restauração aplicados em obras do movimento moderno não diferem, em sua essência, daqueles aplicados em obras de momentos históricos anteriores; sendo que devem apresentar rigor técnico e teórico em suas etapas de análise e formas metodológicas de abordagem. No


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entanto, algumas questões particulares emergem ao abordar edifícios modernos, que devem ser levadas em consideração. Por exemplo, um dos mais importantes temas da arquitetura moderna é a relação de entrelaçamento entre forma e função: os conceitos aplicados na construção do edifício são nele materializados, e são justificados a partir da função que exercem. Portanto, em edifícios que devem ter sua forma preservada mas que não abrigam mais as mesmas funções de outrora, deve-se encontrar funções compatíveis com as originais, a fim de preservar o valor do desenho original. Outro grande desafio das obras de restauração é a intervenção nos materiais. Embora as obras modernas estejam muito próximas ao nosso tempo, e os materiais de construção e revestimento sejam similares aos utilizados atualmente, eles não são iguais àqueles que se encontravam na linha de produção do início do século XX. Logo torna-se difícil a tarefa de intervir sem imprimir a marca do tempo atual em tias edifícios e, portanto, a substituição de materiais degradados ou faltantes torna-se uma tarefa complexa. Os critérios gerais de restauração e preservação do Conjunto do Pedregulho foram baseados na Carta de Veneza (1964), na Carta do Restauro (1972), na Carta de Burra (1980) e na Carta de Eindohoven (1991), documentos internacionalmente consagrados. Entre os critérios de abordagem adotados para o Conjunto em específico, encontram-se, entre outros: manter o caráter

modernista

co

Conjunto,

tanto

arquitetonicamente

quanto

urbanisticamente, presente em seus elementos; re-estabelecer a unidade do conjunto; intervenção em todos os edifícios, sem priorizar um em detrimento do outro (exceto nos edifícios da escola, ginásio esportivo e vestiário, por serem propriedade do município do Rio de Janeiro, sendo feitas apenas alterações para que passem a pertencer novamente à unidade do Conjunto); manter materiais coerentes com as características do conjunto; restituir os usos originais a espaços atualmente ociosos; atendimento à necessidades da vida contemporânea, desde que não comprometa os critérios gerais de restauração (estacionamento de carros, antenas de TV, etc.); remoção de intervenções prévias que prejudiquem leitura da obra modernista; restauração dos jardins


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de Burle Marx, a partir de consulta à firma Burle arx & Cia, sob a coordenação do arquiteto Haruyoshi Ono.

5.2. Plano Estratégico - Definição de uso para edifícios e espaços ociosos.

Uma das tarefas essenciais do plano de recuperação é definir o uso dos muitos espaços ociosos presentes no Conjunto, pois apenas os edifícios residenciais, a escola e os equipamentos esportivos têm seu uso original mantido. No entanto, não se almeja, sob hipótese alguma, retomar os modos de vida dos anos 50, uma vez que as exigências da vida cotidiana passaram por muitas transformações. A ideia é recuperar o uso quando possível; caso contrário, fornecer novos usos atendendo às demandas atuais, sempre respeitando os princípios originais do projeto. Dessa maneira, as áreas que necessitam de definição são: mercado e lavanderia (pretende-se ocupar o edifício com atividades que atendam ao Conjunto); posto de saúde (pretende-se retomá-lo como unidade de saúde); nível intermediário do bloco de habitação A; nível inferior do bloco de habitação A (bastante adequado para estacionamento de carros).

5.3. Plano Estratégico - Roteiro de providências. Ao final do Plano Estratégico há uma listagem das diversas providências iniciais a serem tomadas, resumidas num quadro resumo: Contratação Imediata

Obras

Ação Social

1. Contratação e execução do levantamento crítico da situação estrutural das edificações: -Bloco A; -Mercado e Lavanderia; - Centro de Saúde

1. Conclusão do projeto 1. Recadastramento do básico de arquitetura; quadro numérico e do perfil sócio-econômico 2. Realização de dos moradores do local; licitação para escolha da empresa para execução 2. Construção de grupo da Etapa Inicial indicada de trabalho destinado a no projeto básico, que solucionar a questão


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inclui: fundiária do Conjunto; 2. Contratação do -Bloco A3; Escritório Burle Marx & -Posto de Saúde; 3. Estabelecimento de Cia. Para realização do - Lavanderia; acordo entre a CEHAB e projeto de paisagismo. -Paisagismo; a Fundação Leão XIII -Trechos indicados dos para cessão do uso dos Blocos B1 e B2; edifícios do Posto de Saúde e Lavanderia; 3. Definição da estrutura de acompanhamento 4. Contato com a técnico e direção da Escola desenvolvimento das Municipal Edmundo demais etapas; Bittencourt para utilização dos 4. Contratação do equipamentos comuns projeto executivo. pelos moradores do Conjunto; 5. Contato com a CEDAE para estabelecimento de acordo que viabilize a utilização da área para implantação do clube no terreno do Reservatório de Águas do Pedregulho.

Tabela 1: Quadro resumo do roteiro de providências inicial do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, o Pedregulho.

6. SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL LEVANTADO.

6.1. BLOCO DE HABITAÇÃO A.

6.1.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

Foram levantados junto ao CEHAB-RJ, os seguintes arquivos referentes ao projeto de restauração do bloco:


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6.1.1.1.BLOCO A1.

6.1.1.1.1. Arquivos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); -Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste.

6.1.1.1.2. Levantamento fotográfico. - Sete fotos referentes às fachadas, para fins de levantamento de danos.

6.1.1.2. BLOCO A2.

6.1.1.2.1. Arquivos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); -Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste.


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6.1.1.2.2. Levantamento fotográfico: - Onze fotos referentes às fachadas, para fins de levantamento de danos.

6.1.1.3. BLOCO A3.

6.1.1.3.1.. Arquivos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); -Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste. - Desenho técnico das escadas de acesso ao terreno e aos diversos andares.

6.1.1.3.2. Levantamento fotográfico: - 12 fotos referentes às fachadas, para fins de levantamento de danos. - 42 fotos referente às escadas, para fins de levantamento de danos.

6.1.1.4. BLOCO A4.

6.1.1.4.1. Desenhos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno);


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-Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste. - Desenho técnico das escadas de acesso ao terreno e aos diversos andares.

6.1.1.4.2. Levantamento fotográfico: - Seis fotos referentes às fachadas, para fim de levantamento de danos; - 58 fotos refentes às escadas, para fim de levantamento de danos.

6.1.1.5. BLOCO A5.

5.1.1.5.1. Arquivos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); - Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste.


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6.1.1.5.2. Levantamento fotográfico: - Nove fotos referentes às fachadas, para fim de levantamento de danos.

6.1.1.6. BLOCO A6.

6.1.1.6.1. Arquivos em AutoCAD: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); -Plantas-mestras dos sete andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada noroeste; - Desenho técnico da fachada nordeste. - Desenho técnico das escadas de acesso ao terreno e aos diversos andares.

6.1.1.6.2. Levantamento fotográfico. - Sete fotos referentes às fachadas, para fim de levantamento de danos; - 79 fotos referente às escadas, para fim de levantamento de danos.

6.1.1.7. Desenhos da época. A bolsista teve acesso, durante sua visita ao CEHAB-RJ, a duas plantas originais do projeto do Conjunto do Pedregulho, datadas de 1946, assinadas por Reidy, em estado bastante ruim de conservação, referentes à implantação do bloco A, com indicações da malha estrutural. Foi disponibilizado o Xerox desse material.


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6.1.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Uma elevação de uma seção do bloco de habitação A como um todo, com indicação do fechamento das janelas e da aplicação de brises-soleil no andar intermediário livre, produzido por Reidy e com anotações; - Uma elevação similar à produzida por Reidy, mas feita posteriormente; - Um corte transversal, com indicação da estrutura e de alguns detalhes dos apartamentos; - Cinco plantas-baixas dos diversos andares do bloco A, com indicação dos apartamentos; - Três plantas baixas, cada uma contando dois apartamentos do mesmo tipo, mostrando a articulação entre eles, abrangendo as três tipologias de apartamentos existentes do bloco.

6.1.3. Levantamento fotográfico.

Ao todo, foram levantadas em torno de 15 fotos das fachadas do bloco de habitação A e 10 fotos do seu interior, das escadas e alguns detalhes. Essas imagens foram em parte cedidas pelo fotógrafo Pedro Vannucchi, coletadas de revistas, sites, livros e algumas de arquivo pessoal, produzidas durante a visita ao local.


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Figura 1: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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Figura 2: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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Figura 3: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.

Figura 4: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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Figura 5: foto feita pela bolsista durante visita Ă obra.


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Figura 6: foto feita pela bolsista durante visita à obra.

Figura 7: foto fornecida pelo fotógrafo Pedro Vannucchi.


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6.2. BLOCOS DE HABITAÇÃO B.

6.2.1. BLOCO B1.

6.2.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

6.2.1.1. Arquivos em AutoCAD: Foram levantados junto ao CEHAB-RJ, os seguintes arquivos referentes ao projeto de restauração do bloco: - Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); - Plantas-mestras dos quatro andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada leste; - Desenho técnico da fachada oeste.

6.2.1.2. Levantamento fotográfico: - 13 fotos referente às fachadas para fins de levantamento de danos;

6.2.2. BLOCO B2:

6.2.2.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

6.2.2.1.1. Arquivos em AutoCAD: Foram levantados junto ao CEHAB-RJ, os seguintes arquivos referentes ao projeto de restauração do bloco:


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- Planta do térreo (indicação dos pilotis no terreno); - Plantas-mestras dos quatro andares, com indicação da estrutura e detalhamentos das divisões dos apartamentos, bem como suas aberturas; - Planta da cobertura. - Desenho técnico da fachada leste; - Desenho técnico da fachada oeste.

6.2.1.1.2. Levantamento fotográfico: - Nove fotos referente às fachadas para fins de levantamento de danos.

6.2.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Uma elevação de uma seção de um dos blocos de habitação B (sendo que ambos são iguais); - Três plantas, abrangendo o térreo e os quatro andares, com indicação da estrutura e delimitação dos apartamentos; - Três plantas, referentes aos apartamentos e à alternativa de associação de quartos.

6.2.3. Levantamento fotográfico.

Em livros, revistas e sites não foi coletada uma quantidade significativa de fotos referentes aos blocos de habitação B, sendo a maioria encontrada no livro “Affonso Eduardo Reidy”, de Nabil Bonduki. A grande quantidade de


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material fotográfico sobre o bloco de habitação B é a partir do material disponibilizado pelo CEHAB-RJ.

Figura 8: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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Figura 9: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.

6.3. ESCOLA, GINÁSIO E VESTIÁRIOS.

6.3.1. Arquivos do CEHAB-RJ

6.3.1.1. Arquivos em AutoCAD. - Nove pranchas de desenhos, que abrangem as plantas do térreo da escola e do andar das salas de aula, o ginásio e os vestiários; - Uma prancha de desenhos referente às fachadas da escola.

6.3.1.2. Levantamento fotográfico: - 45 fotos gerais do conjunto da escola, ginásio e vestiários, para fins de levantamento de danos;


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- 11 fotos referentes às fachadas, enfatizando os elementos vazados e com detalhes dos azulejos do Portinari.

6.3.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Duas plantas baixas referentes ao térreo e ao primeiro andar da escola, ginásio e vestiários, com indicação da malha estrutural e das divisões internas; - Quatro elevações do conjunto da escola.

6.3.3. Levantamento fotográfico.

Em livros, revistas e sites não foi coletada uma quantidade significativa de fotos referentes ao bloco da escola, ginásio e vestiário, sendo a maioria encontrada no livro “Affonso Eduardo Reidy”, de Nabil Bonduki. A grande quantidade de material fotográfico sobre o bloco de habitação B é a partir do material disponibilizado pelo CEHAB-RJ.


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Figura 10: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.

Figura 11: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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Figura 12: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.

Figura 13: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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6.4. CENTRO DE SAÚDE.

6.4.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

6.4.1.1. Arquivos em PDF. - Uma planta-mestra do edifício, com indicação dos ambientes; - Uma planta-mestra do edifício, com indicação dos ambientes e mapeamento de danos; - Elevações leste e oeste; - Elevação norte; - Elevação sul; - Uma prancha com fotos referentes ao mapeamento de danos.

6.4.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Uma planta baixa do edifício, com indicação da malha estrutural, divisões internas e paginação do piso; - Uma elevação frontal, com indicação dos brises-soleil e da paginação do azulejo das paredes externas; - Uma elevação posterior, com indicação dos brises-soleil e da paginação do azulejo das paredes externas.


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6.4.3. Levantamento fotográfico.

Em livros, revistas e sites não foi coletada uma quantidade significativa de fotos referentes ao bloco da escola, ginásio e vestiário, sendo a maioria encontrada no livro “Affonso Eduardo Reidy”, de Nabil Bonduki. A grande quantidade de material fotográfico sobre o bloco de habitação B é a partir do material disponibilizado pelo CEHAB-RJ.

Figura 14: foto de levantamento de danos, fornecida pela CEHAB-RJ.


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6.5. MERCADO E COOPERATIVA.

6.5.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

6.5.1.1. Arquivos em PDF. - Uma planta-mestra do edifício, com indicação dos ambientes; - Uma planta-mestra do edifício, com indicação dos ambientes e mapeamento de danos; - Elevações norte e leste; - Elevação oeste; - Uma prancha com fotos referentes ao mapeamento de danos.

6.5.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Uma planta baixa do edifício, com indicação da malha estrutural, das divisões internas e da paginação do piso; - Um corte transversal;

6.5.3. Levantamento fotográfico.

Em livros, revistas e sites não foi coletada uma quantidade significativa de fotos referentes ao bloco da escola, ginásio e vestiário, sendo a maioria encontrada no livro “Affonso Eduardo Reidy”, de Nabil Bonduki. A grande quantidade de material fotográfico sobre o bloco de habitação B é a partir do material disponibilizado pelo CEHAB-RJ.


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6.6. IMPLANTAÇÃO.

6.6.1. Arquivos do CEHAB-RJ

6.6.1.1. Arquivos em AutoCAD: - Uma prancha referente à implantação, com curvas de nível e indicação de ruas e edifícios do entorno.

6.6.2. Levantamento de desenhos técnicos.

A partir de digitalizações de livros e revistas, foram coletadas: - Uma planta baixa esquemática da implantação, com indicação dos edifícios (sendo que o edifício da escola e o do ginásio, em todos os livros, revistas e sites pesquisados, encontram-se marcados erroneamente); - Um corte esquemático do terreno, mostrando a abrangência da visão da parte mais alta do morro.

6.6.3. Levantamento fotográfico.

Em livros, revistas e sites não foi coletada uma quantidade significativa de fotos referentes à implantação do Conjunto.

6.7. PROJETO PAISAGÍSTICO.

Os únicos materiais coletados sobre o paisagismo do Conjunto foram disponibilizados pelo CEHAB-RJ, sendo que em nenhum livro, revista ou site pesquisado esse aspecto aparece esquematizado em plantas, cortes ou perspectivas.


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6.7.1. Arquivos do CEHAB-RJ.

6.7.1.1. Arquivos em PDF: - Uma prancha de levantamento das edificações irregulares (invasões) no entorno do Conjunto; - Um levantamento planaltimétrico do morro, com indicação da implantação do Conjunto; - Uma planta de paisagismo do Conjunto, com indicação das espécies existentes.

7. SISTEMATIZAÇÃO DO MATERIAL PRODUZIDO.

Foram produzidos aproximadamente 98 desenhos de análise do Conjunto, a partir do material levantado. Tais desenhos compuseram o segundo relatório dessa pesquisa e são uma base importante para o desenvolvimento das futuras maquetes.

Desenhos de análise de algumas referências utilizadas para o desenvolvimento do projeto do Conjunto do Pedregulho.


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Desenhos

de

análise

da

implantação do Conjunto.

Desenhos de análise do bloco de habitação A.


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Desenhos

de

análise

dos

blocos de habitação B1 e B2.


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Desenhos de análise do bloco da escola, ginásio, piscina e vestiários.

Desenhos de análise do centro de saúde.


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Tabela 2: sistematização dos desenhos de análise produzidos.

8. O PERCURSO DA FORMA NA OBRA DE REIDY.

Affonso Eduardo Reidy soube explorar com maestria as possibilidades plásticas dos novos meios de produção de sua época, principalmente do concreto armando, relacionando-o com a linguagem arquitetônica pregada por Le Corbusier, aplicando-as em suas obras, e também as relevando em seus discursos. Dessa maneira, ele contribuiu não apenas para a construção da


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teoria, mas também para a produção do espaço arquitetônico moderno no Brasil. Muito foi falado sobre sua obra, que por diversas vezes saiu na dianteira no campo da exploração formal e estrutural, principalmente pela harmonia e coerência que seus trabalhos mostravam com o local onde estavam implantados – na maioria das vezes o cenário carioca. Dessa maneira, em 1997, quando Richard Serra foi ao Rio de Janeiro proferir uma palestra, ele afirmou, sobre a obra de Reidy, atestanto a sua força plástica: Para mim, uma das descobertas mais interessantes no Rio de Janeiro são as estruturas de sustentação nas encostas, nos morros, e um dos edifícios de que mais gosto é do arquiteto Reidy. O edifício em curva sobre um túnel. Gosto do edifício porque reflete a sinuosidade da estrutura curvilínea do Rio de Janeiro. Não se pode olhar para aquele edifício sem estabelecer uma relação imediata com a topologia da paisagem. Parece que cresceu da natureza. A imposição de uma estrutura de grade nesta cidade parece totalmente Ilógica; todo seu entorno parece sinuoso. Aqui, o céu é infinito. E pensaria que o tipo de edifício e o tipo de arte que nasceriam desta cultura não devem ser propostos com base em Piet Mondrian e na grade cubista. Este lugar me parece ser o mais improvável para a imposição da grade [...] (SERRA, 1999, p. 32-33 apud CONDURU, 2005)

Embora Serra esteja se referindo ao Conjunto Residencial Marquês de São Vicente – Conjunto da Gávea -, as mesmas observações podem ser levadas ao bloco de habitação A do Conjunto Residencial do Pedregulho – uma forma arquitetônica que nasce na topografia, do terreno sinuoso do Rio de Janeiro, e com ele estabelece relações e se complementa, ganhando, enquanto volume, uma força plástica inegável.


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Ainda, é a partir da observação das obras de Reidy que Richard Serra elaborou uma defesa da racionalidade inerente à própria curva, defendendo sua superioridade em relação à reta e à grade ortogonal, pois há uma relação muito grande entre os edifícios sinuosos e a estrutura curvilínia do Rio de Janeiro, não apenas da paisagem, mas também da sua cultura. Um dos pontos principais para que Reidy pudesse realizar suas explorações formais foi a aplicação do conceito corbusiano de estrutura independente da vedação e, conseqüentemente, de planta livre. Sobre isso, o próprio Reidy discorre: Uma das maiores conquistas da técnica construtiva moderna é a estrutura livre, isto é, independente das paredes do edifício. A estrutura livre permite a standartização dos elementos estruturais e flexibilidade quanto à utilização dos espaços, de forma a que em qualquer época possam ser modificadas as divisões internas do edifício sem prejuízo para as boas condições de estabilidade e aspecto da edificação. (REIDY, 1935, p.512 apud CONDURU, 2005)

Dentro do panorama teórico da arquitetura moderna da primeira metade do século XX, Reidy posiciona-se da seguinte forma perante a questão da relação entre forma e função, ao fim de sua resposta à pergunta discorrida por Ferreira Gullar e Alfredo Britto, em 1961, no “Inquérito Nacional de Arquitetura”, sobre como ele via as correntes organicista e racionalista e suas relações com a realidade brasileira: É certo que o simples fato de uma construção atender a finalidades puramente funcionais não é condição suficiente para que mereça designação de obra de arquitetura. Entretanto, não se pode dissociar da arquitetura o seu aspecto utilitário, aquele que lhe deu, inclusive, motivação. A arquitetura não pode ser considerada, apenas, uma escultura vazada. O seu ajustamento ao fim a que se destina não lhe tira, de forma alguma, a sua condição de ser essencial e fundamentalmente


47 obra de arte. Mas o que realmente melhor a define e a caracteriza é a sua concepção espacial. (REIDY, 1987, p.182, apud CONDURU, 2005)

Com essa afirmação, Reidy está reafirmando “a necessidade de conciliação entre utilidade e beleza no projeto arquitetônico e defende a espacialidade não só como um dos atributos da arquitetura, mas como a sua melhor definição e característica” (CONDURU, 2005, p.27) Podemos dizer que em seus primeiros projetos, Reidy apresenta obras muito ortogonais, com poucas experimentações formais, conformando espaços quase sempre cúbicos. Algumas exceções são abertas para outras formas geométricas, mas sempre puras, como trapézios, e quando aparecem curvas, estas se desenvolvem em círculos perfeitos. Esse momento está relacionado à fase purista de Le Corbusier, na qual ele próprio procura utilizar-se das formas mais puras possíveis, tentando encontrar aquilo que existe de mais puro, no projeto. Ainda, no caso de Reidy, tomando como exemplo seu projeto para o Albergue da Boa Vontade, de 1931, encontramos a estrutura alinhada à alvenaria de fechamento, desprovida da expressão que, em outro momento, vai receber. Nessa primeira fase de Reidy, a espacialidade é dada a partir da articulação de volumes puros. Pouco depois, uma fase de maior dinâmica espacial pode ser caracterizada pelo edifício-sede da Polícia Municipal (1935). A partir de então, na cronologia de suas obras, antigos valores como a simetria vão dar espaço a novas idéias, como a de assimetria, e a dinâmica espacial será dada pela articulação de elementos e planos, e não apenas de volumes. Reidy começa a prover o sistema de muita expressividade, propondo-o como “acontecimento


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plástico” (CONDURU, 2005, p.28) –que terá como expressão máxima o projeto para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro -, mas num primeiro momento, a expressão plástica do sistema estrutural é dada quase sempre como a relação entre recuos da fachada e o plano dos pilotis no térreo totalmente livre. Um momento marcante no processo de desenvolvimento plástico e formal de Reidy é o da construção do edifício do Ministério de Educação e Saúde do Rio de Janeiro (momento que também é fundamental no desenvolvimento da historiografia da arquitetura moderna brasileira), em 1936, onde juntamente com um grupo de arquitetos assessorados por Le Corbusier, se inicia uma exploração plástica mais acentuada e dinâmica. A partir de 1938, com o edifício-sede da Prefeitura do Rio de Janeiro, Reidy parece mais disposto a explorações formais. A curva vai sendo aos poucos introduzida em contraponto à ortogonalidade, aparecem planos trapezoidais, o edifício é tratado a partir de sua assimetria, encontra-se uma distinção clara entre aquilo que é estrutura e aquilo que é vedação e divisória – que se mostram claramente independentes. No entanto, a exploração ainda é tímida, mostrando-se apenas em alguns momentos, como no térreo e na cobertura, e o edifício aparece ainda como um acontecimento ortogonal. É a partir do projeto para o bar na praça Antônio Vizeu (1939) que o arquiteto rompe de fato com a antiga ortogonalidade que dominava suas obras, e ainda acentua a relação da espacialidade da obra com o entorno. Na maioria dos projetos que se desenvolveram em seguida, mesmo que em planta, os edifícios se resolvem majoritariamente através de eixos


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ortogonais, as soluções espaciais permaneceram inusitadas, e os planos curvos e oblíquos aparecem. Em 1950, a negação da ortogonalidade chega ao auge, no Teatro Armando Gonzaga, onde apenas o hall de entrada para funcionários tinha limites ortogonais, sendo todo o restante do edifício organizado a partir de,diversos ângulos, gerando superfícies trapezoidais. Reidy desenvolveu, então, duas maneiras distintas de trabalhar: quando recuava o sistema portante e quando o evidenciava, o que significa trabalhar as configurações plásticas de maneira centrífuga ou centrípeta. Quando o sistema estrutural é recuado internamente, o perfil do edifício é dado por planos, estendendo a volumetria pelo terreno; ou seja, a configuração plástica é centrífuga, expansiva. De maneira análoga, quando o sistema portante ganha expressão e é levado para o exterior, sendo o elemento de maior evidência, o edifício é delimitado por ele, ou seja, é uma configuração centrípeta, na qual o edifício está enquadrado – o maior exemplo dessa maneira de trabalhar é o edifício do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Já em suas obras finais, as formas puras e simples e a ortogonalidade reaparecem, predominando “espaços e volumes gerados a partir de retângulos, quadrados, círculos e triângulos” (CONDURU, p. 31, 2005). Em comparação ao Conjunto do Pedregulho, de 1947, o Conjunto Residencial da Gávea, de 1952, recebe um tratamento mais regular nos volumes e espaços. Por fim, podemos dizer que a arquitetura de Reidy foi um amplo campo de pesquisas e experimentações, na qual merece destaque a pesquisa estrutural. Devido a isso, suas obras nunca foram um campo estático, mas sim extremamente dinâmico e interessante. Partindo de uma formação bastante


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acadêmica, a partir do seu contato com Le Corbusier e juntamente com outros grandes arquitetos, que formavam o grupo de proa da arquitetura moderna brasileira, Reidy atualmente pode ser considerado um dos mais importantes arquitetos modernos do Brasil. Ele remeteu suas obras não apenas ao chamado “espírito da época”, mas principalmente ao “espírito do lugar”, de uma cultura inerente à paisagem do Rio de Janeiro. Iniciou suas obras com volumes puros, com o sistema estrutural embutido nas alvenarias; depois, explorou e explicitou o sistema portante, levando-o tanto para o exterior quanto para o interior da obra, mas quase sempre descolado da vedação; rompeu com a simetria e a pureza geométrica, explorou a sensualidade das curvas que pareciam tão naturais quanto o próprio relevo carioca, e por fim retornou às formas puras, mas providas de muito significado, nascendo desse grande escopo teórico e prático. “Assim, de um início purista, chegou a soluções mais complexas, sempre equilibradas e contidas, para retornar ao purismo” (CONDURU, p. 31, 2005). Dessa maneira, podemos dizer que a obra de Reidy “marca um dos limites da vertente racionalista do modernismo arquitetônico do Rio de Janeiro, sendo o ponto de equilíbrio entre o imperativo das formas inusitadas, por vezes arbitrárias, de Oscar Niemeyer e o absoluto das formas regulares, também caprichosas em muitas ocasiões, de Jorge Machado Moreira e Álvaro Vital Brasil” (CONDURU, 2005, p.32). A partir dessa análise plástica da obra de Reidy, embora todos os edifícios do Conjunto do Pedregulho tenham um tratamento plástico de alta qualidade, desde o desenvolvimento de suas plantas até as mínimas soluções projetuais, chegamos ao mais importante, o bloco de habitação A, que até hoje


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é a referência nacional e internacional do Conjunto, e um ícone da arquitetura moderna brasileira.

8.1.BLOCO DE HABITAÇÃO A – o desenvolvimento da curva.

8.1.1. Os viadutos habitáveis.

Uma das referências mais importantes para o desenvolvimento do bloco A, curvo e seguindo a topografia original do morro, são os viadutos habitáveis de Le Corbusier, os quais demarcam um momento de profunda transformação e maturidade na vida e obra desse arquiteto, que ocorreu entre as décadas de 1920 e 1930, marcando uma mudança em suas pesquisas plásticas e arquitetônicas. No âmbito de sua produção urbanística, tais viadutos curvilíneos se destacam dentro todas as propostas urbanas anteriores, tais como a Ville Contemporaine e a Ville Radieuse. Muito importante na concepção de tais viadutos é o fato de que a cidade do Rio de Janeiro é o princípio e o fim do pensamento que lhes deu origem, a partir da primeira visita de Le Corbusier ao Brasil, em 1929, mesmo depois eles tendo sido implantados no Plano Obus, para a cidade de Argel. Mas a visita ao Rio não foi importante apenas para o desenvolvimento dos viadutos habitáveis, mas também foi peça-chave na transformação de Le Corbusier como um todo.

[...] Ali, sob a luz e a sensualidade real e imaginária da baía de Guanabara, o arquiteto via e criava, em processo sincrônico de observação e invenção. O lugar estava transbordando de poderes fontes, dos quais ele extraía suas propostas. Os morros, e as praias, e os embarcadouros “mais belos do mundo”, e os “negros” da favela, que a tudo assistiam desde o alto, em seus “ninhos de pássaro planador”, os navios majestáticos que olhavam “de volta”, a plenitude dos corpos femininos, cujas curvas eram homólogas à caprichosa topografia, tudo excitava e exigia “resposta humana à altura”. (CABRAL, 2006, p. 55)


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Além do mais, naquela “nova era da máquina”, os arquitetos acreditavam que a ordem do plano urbano era absolutamente necessária para superar a contradição entre a natureza e o ser humano. Dessa maneira, o espaço seria um regulador social para a emancipação humana, sendo necessário dar ao ambiente uma ordenação estática e funcional coerente e perfeita. No entanto, os viadutos de Le Corbusier ainda carregam o caráter utópico, sendo soluções ideais e prototípicas, possíveis de serem aplicadas em qualquer lugar, acreditando em relações deterministas entre a sociedade e o marco espacial. Mary McLeod faz a seguinte afirmação sobre o Plano Obus, que pode ser aplicada ao plano de Le Corbusier para o Rio de Janeiro:

Mesmo que na linha de seus projetos anteriores, o da “Ville Contemporaine de Trois Millions d’Habitants” ou o “Plan Voisin”, o “Plan Obus, marca uma ruptura fundamental na obra de Le Corbusier. Em relação às obras dos anos vinte, de aspecto estático e cartesiano, vemos aparecer o que poderíamos nomear de qualidades orgânicas: crescimento evolutivo, estrutura celular aditiva, adaptação ao clima e à configuração geográfica. Como na utopia sindicalista, o objeto consiste em uma simbiose total da arquitetura e da paisagem. (MCLEOD apud CABRAL, 2006, p. 56)

Os viadutos foram não apenas uma nova, mas também a única e última proposta urbana realmente aberta à variabilidade da vida, realizada por Le Corbusier – um momento singular de flexibilização. Apesar de colossais, os viadutos se abriam à micro escala de variedade e individualidade, uma vez que não interfeririam na cidade pré-existente, nem no sítio natural. No entanto, causariam um imenso impacto ambiental e uma desarticulação desastrosa do urbano enquanto local de convivência. É importante, também, frisar que o avião aparece como ferramenta muito importante de ampliação da “visão” de Le Corbusier, permitindo-lhe a visão do alto, uma “visão cósmica” da Terra, dos diversos fenômenos, humanos ou naturais, suscitando a revalorização da curva nas elaborações estéticas e filosóficas corbusianas, levando ao desenvolvimento dos seus


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viadutos-serpenteantes. A partir de então, Le Corbusier incorporou a curva como uma nova entidade no corpo da obra, da mesma maneira que fizera com o ângulo reto. Além de Le Corbusier, outro arquiteto que pode ter contribuído para o desenvolvimento plástico do bloco A é Alvar Aalto, o qual pôde se expressar livremente em poucas obras, dentre as quais um expoente é a Biblioteca de Viipuri, construído entre 1927 e 1934. Para ela, Aalto projetou uma disposição ondulada particular, que foi de grande importância histórica. “No salão de conferências da biblioteca, as curvas irracionais do teto deslizam suavemente através do espaço, como as linhas serpenteantes de uma pintura de Miró”. (GIEDION, 1958, p.595). Naturalmente, essas formas onduladas foram muito bem explicadas pelo arquiteto a partir de minuciosos diagramas acústicos, provando que permitiriam às pessoas que o som chegasse com perfeição a seus ouvidos. Dessa maneira, o cálculo científico e a fantasia artística liberaram a arquitetura da ameaça contínua de rigidez. No desenvolvimento da obra de Aalto, as paredes do seu Pavilhão Finlandês da Feira de Nova York de 1939 foram tratadas com uma liberdade ainda maior, apresentando uma curva traçada livremente, sendo que cada detalhe teve uma explicação bem articulada. Em 1947, no projeto da Residência Estudantil do M.I.T., Aalto dá uma nova interpretação à ideia sóbria da moradia estudantil, arriscando-se a dar à fachada uma linha ondulada, de modo que cada estudante pudesse ter a vista do Rio Charles sem obstáculos, o que poderia ser impedido pela grande extensão do edifício.

A tentativa de Aalto de liberar a arquitetura do perigo da rigidez [...] aprofunda suaS raízes em seu próprio solo. Continua o que Le Corbusier havia tentado nas paredes em curva do Pavilhão Suíço na Cidade Universitária (Paris, 193032) e em seu projeto para Argel (1931). Como já havíamos posto em evidência anteriormente, estes projetos retomam a tradição da parede ondulada como meio de moldar o espaço, iniciada por Francisco Borromini na fachada de “San Carlo alle Quattro Fontane”, 1662-67, até a curva serpenteante dos “crescents” ingleses, do final do século XVIII.


54 O esforço de Aalto para prover as coisas de uma flexibilidade quase orgânica, teve outra origem: a natureza de seu país. Como Juan Miró aprofunda suas raízes na paisagem catalã, como os cubistas extraem suas experiências – mesas, restaurantes, garrafas, jornais – de um café parisiense, dentro de uma nova concepção do espaço, também Aalto encontrou um direito inventivo nos contornos sinuosos dos lagos finlandeses [...]

(GIEDION, 1958, p. 602, tradução minha)

Com isso, podemos traçar um panorama referencial que pode ter ajudado Reidy no momento da decisão por seu grande bloco serpenteante. Para além das obras de Le Corbusier, vemos um parestesco entre o bloco A e alguns edifícios projetados por Alvar Aalto. São diversas as menções, também, que a curva de Reidy teria um parentesco ainda mais longínquo, na configuração dos chamados “Crescents de Bath”, na Inglaterra do século XVIII, mas pouco foi escrito sobre essa associação, bem como muito pouco material é encontrado sobre o projeto dos Crescents de Bath, sendo difícil afirmar que essa constatação seja verdadeira.

9. ANÁLISE DOS BLOCOS DE HABITAÇÃO.

Nos blocos residenciais é notável a influência de Le Corbusier., principalmente dos projetos da Ville Radieuse, de 1929, e das propostas de planos urbanos para o Rio de Janeiro e Argel. Também, encontramos outras idéias corbusianas aplicadas, tais como “dimensões mínimas de cozinha e banheiro, espaços reversíveis por divisórias, volumes sobre pilotis com o objetivo de liberar o térreo para o lazer” (SILVA, 2006). Os blocos de habitação do Conjunto do Pedregulho apresentam soluções interessantes como um todo, desde o desenvolvimento plástico e estrutural do bloco A, passando pelo projeto das unidades habitacionais,


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principalmente dos blocos B, até as mínimas decisões projetuais que garantissem o máximo de conforto aos moradores entre uma série de outros detalhes. Ainda, devido ao momento em que a construção do Conjunto está inserida, de produção de habitação social em larga escala, no contexto do pósguerra, na busca pela unidade com metragem mínima e conforto máximo e das habitações operárias, o estudo mais aprofundado de como Reidy tratou seus edifícios habitacionais se mostra bastante importante.

9.1.BLOCO A – ANÁLISE.

O acesso ao bloco residencial A é feito através de duas passarelas, ligando a Rua Marechal Jardim ao andar intermediário livre. Esse andar se configura como um grande rasgo no edifício, provendo a extensa lâmina de uma leveza ímpar, possibilitando uma vista panorâmica desde a Avenida Brasil à Baía de Guanabara e, segundo Reidy e Portinho: Este pavimento proporcionará uma imensa área plana, bem ventilada e protegida, onde as crianças poderão abrigarse nas horas mais quentes e nos dias mais chuvosos. Será parcialmente ocupado pela instalação do Serviço Social e da Administração, assim como pela escola maternal, o jardim de infância e o teatro infantil. (PORTINHO e REIDY apud BONDULI, 2000, p. 84)

Ainda, podemos encontrar uma certa semelhança entre o andar livre do bloco de habitação A e o conceito de “rua elevada”, que o casal Smithson praticava contemporaneamente na Inglaterra. No contexto do pós Segunda Guerra Mundial, durante a reconstrução das cidades da Inglaterra, buscava-se uma revisão crítica dos ideais modernos do pré Guerra, como por exemplo, da ausência de memória e da tabula rasa, dando espaço para uma arquitetura e um urbanismo que permitissem uma maior relação entre as pessoas e o espaço por elas habitado. Um das vertentes desse momento é o chamado “Novo Brutalismo”, do qual o casal Smithson é uma das peças principais. Eles partiam de uma sensibilidade proveniente da dinâmica da rua tradicional e popular, “pela forma como era apropriada pelos habitantes através do uso


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cotidiano, numa nova, ou pelo contrário, perene e intocada sociabilidade, presente nas festas, celebrações e jogos de rua” (BUZZAR, 1996, p. 11) e com isso, procuravam “um morar que se realizava para além da casa, um morar que necessitava do convívio e da proximidade, de ‘identidad y asociacón’ e que tivesse lugares para se expressar” (BUZZAR, 1996, p.11). Essa vontade de preservar a convivência e a relação entre as pessoas num espaço que esteja para além da casa, casa perfeitamente com o projeto do andar intermediário livre do bloco de habitação A, que mantém certas características das ruas e bairros populares e tradicionais, dentro de um ambiente regido pela racionalidade. Esse andar também é destinado a uma área de apoio aos moradores do edifício, com assistência social, creche, sala de jogos, concha acústica e banheiros. Essas áreas são protegidas com brises móveis verticais de madeira. A partir desse andar, escadas distantes de 50 metros entre si formam uma circulação vertical, dando acesso aos blocos de apartamentos, estendendo-se até a área de pilotis que dá acesso ao terreno. Nos pilotis se localizam câmaras com incineradores, nas quais “desembocariam os coletores gerais de lixo, localizados junto à cada escada coletiva, em cada pavimento” (SILVA, 2006, p. 50). A cobertura é composta por quatro águas em formato “borboleta”, que deságuam em duas calhas. Nela, encontram-se as três caixas d’água circulares que abastecem o edifício, duas próximas a cada extremidade e uma central. Como apoio a elas, há uma cisterna no nível da rua.


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Figura 15: detalhe de uma seção da cobertura referente ao bloco A3 dp bloco de habitação A.

O grande bloco de habitação A é composto por seis segmentos, onde ocorrem as juntas de dilatação do edifício: blocos A1, A2, A3, A4, A5 e A6. Cada um desses blocos recebe seis pares de pilares recuados da vedação, com exceção do bloco A1, que apresenta sete pares; portanto são seis blocos divididos em seis partes. Sua malha estrutural não é perfeita, a fim de permitir a ondulação do prédio, sofrendo variações de distância entre os eixos dos pilares no sentido longitudinal, principalmente nos segmentos mais curvos do edifício, podendo variar de 7m a até 8,2m no sentido longitudinal. No sentido transversal, as variações são menores, sempre próximas a 5,5m. Os pilares são retangulares, de aproximadamente 04m x 1m, apresentando-se como pilotis ovais devido a um revestimento. Faceando os pilares e encobertas pelo revestimento, foi possível descer as tubulações. Juntamente com a malha estrutural, os apartamentos também sofrem variações em suas metragens, sendo a maior naqueles apartamentos que se encontram ao lado das caixas de escada.


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Figura 16: apartamento 126 englobando a área residual da escada.

Para os apartamentos de um quarto, situados no primeiro e segundo andar, foram projetados armários embutidos na sala e na cozinha, bem como um passa pratos com uma mesa de apoio entre a cozinha e a sala, que “reflete a preocupação dos arquitetos modernos com a habitação mínima, porém confortável, tendo para isso a integração do mobiliário à arquitetura de forma a tornar a moradia mais funcional” (SILVA, 2006, p.50). Dessa maneira, também, a divisória entre a sala e o quarto não se estende até o teto, a fim de garantir ao mesmo tempo privacidade e conforto através da possibilidade de ventilação cruzada.


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Figura 17: Em destaque no desenho, os armรกrios embutidos dos apartamentos de um quarto.


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Figura 18: esboço do passa-pratos, realizado por um morador do Conjunto, 2000.

Já os apartamentos duplex possuem dois quartos em sua maioria, com cozinhas também dotadas de armários embutidos e um depósito aproveitando o vão sob a escada. A partir do bloco A5 do quinto pavimento começam as variações de apartamentos de um e três quartos, sendo que o maior encontrase no sexto andar, com quatro quartos, aproveitando o espaço adicional da escada de acesso aos pavimentos. O pé-direito de todos os andares é bastante reduzido, apresentando-se com cerca de 2,5m. As fachadas têm uma composição geométrica principal composta por linhas horizontais cortadas por linhas verticais, de maneira a acentuar a horizontalidade do edifício.


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9.2. BLOCO DE HABITAÇÃO B.

9.2.1. Le Corbusier, as cartuxas e o desenvolvimento dos apartamentos do Conjunto do Pedregulho.

A grande admiração de Le Corbusier por grandes prédios habitacionais isolados, auto-contidos e auto-suficientes foi sempre uma constante. Dentre esses, as cartuxas e os conventos – visitados durante suas viagens de estudo apareciam em posição de destaque, por seu gigantismo e isolamento em meio à natureza. A organização espacial dos monastérios cartuxos é bastante típica, se desenvolvendo a partir do claustro em arcadas, com planta preferivelmente quadrada para organizar as celas dos monges em toda a sua volta. A tipologia de uma Cartuxa é definida por uma série de funções e das suas recíprocas relações; o pátio de ingresso, claustro maior e claustro menor, áreas vazias que determinam a estrutura de organização formal e funcional do complexo (LANCHA, 2006, p. 4).

Mas o que mais impressionou Le Corbusier em sua visita à Cartuxa de Ema, em Galuzzo, foram dois aspectos: a sua inserção na paisagem local e a relação conjunta entre o claustro e as celas dos monges. Dessa maneira, Le Corbusier escreveu em carta a seus pais, em 14 de setembro de 1907 (o grifo é nosso):

Estive ontem na cartuxa de Ema, espero não ter já lhes contado e ali encontrei a solução para a casa operária tipo único. A única coisa que será difícil encontrar é esta paisagem. Que sortudos esse mônacos! Sábado pela manhã, a Fiesole. Que sortudos esses monges!, a minha admiração foi a mesma na cartuxa de Pavia e pude convencer-me que, todavia renunciando ao mundo, eles sabem ao menos procurar para si uma vida deliciosa, e sou persuadido a crer que, ao fim das contas, eles é que são felizes e sobretudo são ainda eles que tem em vista o paraíso.


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A cela se coloca autônoma ao conjunto da cartuxa, sendo que seu acesso se dá a partir da galeria do claustro, isolada ainda mais por um pequeno corredor interno. No interior da cela, à esquerda uma escada e suas rampas levam para a cantina abaixo e para o piso superior, destinado ao dormitório. No térreo, encontram-se duas salas que se comunicam, uma dotada de lareira e destinada para as refeições e pregações, chamada de “Ave Maria”; e outra que servia de laboratório. À direita é possível acessar o jardim trabalhado pelos monges, que, de acordo com os cartuxos, é o local onde se está em contato com o Éden na terra, onde também se encontra um poço de água. De acordo com Le Corbusier, a “vida deliciosa” dos monges dizia respeito às relações que ligam o homem à sua casa e à sua intimidade, o que observou tanto em Ema quanto na Cartuxa de Pavia, que havia visitado anteriormente, possibilitada pelas suas pequenas dimensões e relações funcionais e distributivas de tais espaços. A partir disso, Le Corbusier viu na Cartuxa uma alternativa para o modo de habitar moderno, possibilitando um equilíbrio entre a vida coletiva e a individual. Na lateral de um dos desenhos da Cartuxa de Ema, Le Corbusier escreveu, em 1911:

Cela de um frade da Cartuxa de Ema. Poderia perfeitamente aplicar essas soluções às casas/operárias, o bloco da célula é inteiramente independente. Tranquilidade, surpreendente; o grande muro poderia esconder a vista da estrada. (LE CORBUSIER apud LANCHA, 2006, p.59)

E ainda afirmou, em uma carta datada de setembro de 1907:

Depois do almoço, estou na cartuxa de Ema. Oh os cartuxos! Gostaria de morar toda a minha vida naquelas que eles chamam de suas celas. É a solução da casa, tipo único ou mais ainda do paraíso terrestre. (LE CORBUSIER apud LANCHA, p.59)


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Dessa maneira, a admiração advinda das visitas e os estudos da organização das celas e dos claustros das Cartuxas, repercutiu-se em uma série de obras de Le Corbusier, sendo que ele utilizará o modelo tipológico como referência, por exemplo, no projeto dos “Ateliers de Artistas”, de 1910, nas “Immeuble Villas”, de 1922, e, de maneira bem mais extraordinária, no Pavilhão de “L’Esprit-Noveau”, de 1925. Ainda, como já referenciava em suas cartas e anotações em desenhos, ele utilizará não apenas os princípios, mas também as relações existentes nas celas e nas cartuxas, para desenvolver a célula habitacional das “Unités d’habitation”. Dessa maneira, podemos enxergar claramente as influências das células habitacionais corbusianas, baseadas nas celas monásticas, nos Blocos de Habitação B do Conjunto do Pedregulho (ainda que também apareçam, de maneira mais sutil, nos apartamentos do Bloco de Habitação A). A solução duplex, aplicada em todos os apartamentos dos Blocos B1 e B2 e em parte dos apartamentos do Bloco A, não apenas encontra referência nos edifícios de habitação social realizados na Europa no pós-guerra, e nem se findam na ideia de serem uma melhor solução para o aproveitamento do espaço e da ventilação, mas também referenciam a solução das celas das cartuxas, nas quais as salas de refeição e oração encontravam-se no térreo e os quartos de dormir nos andares superiores. Bem como há uma estreita relação entre os jardins privativos das celas e a presença de varandas abertas ao exterior nos apartamentos dos Blocos B.

9.2.2. Blocos de habitação B – análise.

Os blocos de habitação B1 e B2 apresentam soluções muito mais simples em comparação ao bloco de habitação A, sendo dois paralelepípedos sobre pilotis, ligados às caixas de escadas. Ainda, é nos blocos B que encontramos uma relação muito profunda entre o desenvolvimento dos


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apartamentos, por Reidy, com o processo de desenvolvimento das células habitacionais de Le Corbusier. A malha estrutural desse blocos é constante, com distância de 5,3m entre eixos de pilares no sentido longitutinal, e 4,1m no sentido transversal. Os pilares também são recuados da vedação e quando se apresentam como pilotis recebem a mesma solução do bloco de habitação A, com uma vedação que possibilite o encobrimento das tubulações e o acabamento oval.

Figura 19: em destaque, a malha estrutural do bloco B1.

Os apartamentos, todos duplex, também receberam mobiliário embutido na cozinha, como uma tábua de passar roupas de madeira e um armário, com o detalhe de uma parte especialmente desenhada para guardar pratos. Os banheiros eram dotados de banheira e aquecedor a gás, e os quartos dos fundos, de um armário embutido. O mobiliário desenhado e sua disposição são bastante interessantes no sentido da vontade de “educar” os moradores. Por exemplo, em todas as plantas a mesa de refeições aparece desenhada, de maneira a educar as pessoas a fazerem suas refeições em família e sentados à mesa. Ainda, seguindo os conceitos de Le Corbusier, o mobiliário deveria ser o mais leve possível e apenas o necessário. Assim como no bloco de habitação A, é possível modificar a quantidade de quartos de cada apartamento. Sendo assim, a partir da incorporação da subtração e adição de quatros entre apartamentos vizinhos, é possível se obter apartamentos de um a cinco quartos.


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