Março de 2022 • Ano 03 • Nº 21 • R$ 15,99
BelezasemDitadura No mês das mulheres, a REVISTA CENARIUM celebra a liberdade de todas as formas femininas
www.revistacenarium.com.br EXPEDIENTE Diretora-Geral Paula Litaiff – MTb-793/AM www.paulalitaiff.com paulalitaiff@revistacenarium.com.br Gerente Administrativa Elcimara Oliveira
AGÊNCIA CENARIUM O MELHOR CONTEÚDO EM MULTIPLATAFORMA:
Supervisora de Recursos Humanos Edne Ramos
Editora-Executiva Revista Digital/Impressa Márcia Guimarães Editor-Executivo TV Cenarium Web Gabriel Abreu
Apresentação – Programa ‘Cenarium Entrevista’ Liliane Araújo Fotojornalismo/Cinegrafia Ricardo Oliveira Jander Souza Redes Sociais Arlene Oliveira Jhualisson Veiga Designers Isabelle Chaves Thiago Alencar Projeto Gráfico e Diagramação Revista Digital/Impressa Hugo Moura Núcleo de Revisão Adriana Gonzaga (On-line) Gustavo Gilona (On-line) Jesua Maia (Impresso) Secretária-Executiva Ana Pastana Supervisor de Logística e Marketing Orson Oliveira Consultor Jurídico Christhian Naranjo de Oliveira (OAB 4188/AM) Telefone Geral da Redação (92) 3071-8790 Circulação Manaus (AM), Belém (PA), Brasília (DF) e São Paulo (SP)
Beleza e seu paradoxo
Liberdade de ser quem se é
O belo existe ou está na visão de quem vê? Desde os primeiros debates filosóficos entre os maiores pensadores da humanidade sobre o conceito de estética nunca se conseguiu chegar a um consenso sobre um modelo universal de beleza e, se não há consenso, não deveriam existir padrões determinados.
As mulheres vivem aprisionadas a padrões estéticos ao longo dos tempos. Ou se enquadram ou viram párias da beleza. Desde a antiguidade, tentamos moldar nossos corpos a um ideal quase sempre inalcançável. Ser magra, ter músculos torneados, seios grandes, um bumbum que tenta “alcançar a nuca” e barriga chapada. Esta é a moda do século XXI. Mas, já fomos das formas arredondadas ao esquelético esquálido, passando pelas cinturas fininhas apertadas por asfixiantes corsets. E, na corrida para se encaixar, é difícil não enlouquecer ou adoecer. A busca por essa tal beleza é, muitas vezes, uma prisão. Por que, então, não nos libertarmos?
A REVISTA CENARIUM neste mês de celebração ao Dia da Mulher vem mostrar que o ideal de “beleza estética” – insanamente caçado, principalmente, pelo público feminino – nunca deveria existir. Grandes gênios do pensamento como Platão (428 a 347 a.C), Aristóteles (384-322 a.C.), Immanuel Kant (17241804) e Friedrich Nietzsche (1844-1900) divergiram quando o assunto foi a ideia do que é ser belo, tendo como parâmetro, essencialmente, as obras de arte.
Gestores de Conteúdo – On-line Luana Carvalho (1º turno) Eduardo Figueiredo (2º turno)
Núcleo de Reportagem On-line/Digital/Impresso Ana Carolina Barbosa Bruno Pacheco Iury Lima – Correspondente/Rondônia Gabriel Abreu Marcela Leiros Maria Luíza Dácio Priscilla Peixoto Yussef Abrahim - Correspondente/Brasília Wânia Lopes – Colunista/Brasília
Editorial
Para Platão, a beleza existiria no mundo das ideias, separada do mundo sensível (que é o mundo concreto, no qual vivemos). Assim, as coisas seriam mais ou menos belas a partir de sua participação nessa ideia suprema de beleza, independentemente da interferência ou do julgamento humano.
Revista Cenarium On-line Revista Cenarium Impressa TV Web Cenarium
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8h às 17h
Aristóteles tinha um pensamento de que a beleza é uma criação humana. O filósofo entende que o belo não pode ser desligado do homem, já que ele está em nós, é uma fabricação humana. Immanuel Kant dizia que para fazermos a distinção sobre se algo é belo devemos, em primeiro lugar, referir a representação, que se manifesta não através do entendimento humano ao objeto, mas por meio da faculdade da imaginação do sujeito. Já Friedrich Nietzsche defendia que o essencial de um ato estético é a criação de uma imagem interior, isto é, uma visão, um sonho do mundo exterior, não só daquilo que é mais belo, mas também daquilo que é mais imponente e, diferente de Platão, era contrário a dualidades. Considerando as teses antagônicas sobre o conceito de beleza formuladas por mentes brilhantes, que ultrapassaram as gerações, e que são motivos de debates até hoje, nunca deveríamos ter dado à sociedade o poder de determinar um padrão estético, até porque ele sempre foi abstrato, imaginário e inalcançável.
No Egito antigo, as mulheres deveriam ter cabelos longos, rosto simétrico e um corpo magro e alto, com cintura e ombros estreitos. Na Renascença italiana, lindo era um corpo arredondado, com quadris largos e seios grandes. Na era vitoriana, corsets apertados afinavam a cintura até o limite da respiração. No início do século XX, o objeto de desejo eram os corpos andróginos, sem curvas, com seios pequenos e cabelo curto. Entre 1930 e 1950, o corpo curvilíneo e a cintura fininha eram o sexy symbol, estilo Marilyn Monroe. Nos anos 1990, a mulher extremamente magra e quase andrógina. Em 2022, o padrão “gostosona sarada”, com seios e bumbum grande e a barriga chapada. Em todos os tempos, as mulheres se torturam, se mutilam e enlouquecem tentando alcançar o que, para a maioria, é inalcançável. E as que alcançam, em geral, têm uma vida aprisionada em privações. Pensando nisso, neste mês de março, no qual celebramos as mulheres, a REVISTA CENARIUM traz uma ideia que ganha cada vez mais força: a de que a beleza não se conjuga no singular. As belezas são muitas. Não precisam se aprisionar em padrões preestabelecidos. Na reportagem de capa, evoluções no mercado da beleza feminina, análises de especialistas sobre os impactos da ditadura do “padrão perfeito” e mulheres de todos os corpos falando sobre os desafios de estar em seus próprios manequins e como superam as pressões para serem felizes se sentindo bonitas consigo mesmas. Na imagem da capa, mulheres reais e lindas, cada uma com o seu corpo. Nada melhor que a liberdade de ser quem se é.
De segunda a sexta-feira, exceto feriados.
comercial@agenciacenarium.com.br assinatura@agenciacenarium.com.br Paula Litaiff Diretora-Geral
Márcia Guimarães Editora-Executiva
Sumário
Leitor&Leitora
Março de 2022 • Ano 03 • Nº 21
💬 Meio Ambiente As reportagens sobre o meio ambiente servem de alerta para os órgãos competentes tomarem providências urgentes! Nosso “Caribe Amazônico” está ameaçado pela ganância do ser humano e esse desgoverno não faz nada para impedir. Julgleide Maia Belterra - PA
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💬 Edição de Fevereiro Quem quiser avaliar os candidatos antes de votar, deve ler a REVISTA CENARIUM de fevereiro de 2022, pois está repleta de informações pertinentes sobre as políticas públicas de nosso Estado. A equipe está de parabéns pela abordagem.
► MEIO AMBIENTE & SUSTENTABILIDADE Amazônia à venda..................................................................08
Manaus - AM
Preservação e combate à pobreza.........................................10
💬 Miss Indígena Muito linda a reportagem da Mari Wapichana, vencedora do primeiro concurso de beleza indígena. Por mais histórias inspiradoras. Débora Nascimento
Crédito: Acervo Pessoal
Maria Glair Oliveira
💬 Via Brasília Em um ano eleitoral, é superimportante a editoria Via Brasília que traz informações da capital do País, com uma análise política, econômica e social levando a reflexão sobre como votar certo.
Rorainópolis - RR
Jean Teixeira Pouso Alegre - MG
► CENARIUM+CIÊNCIA Descoberta nos rios................................................................12
► PODER & INSTITUIÇÕES
Moda ‘fora da caixa’................................................................38 Ancestral e plural....................................................................40 ‘A beleza sou eu’......................................................................42 Luxo e diversidade..................................................................44 Sexualidade e relacionamentos.............................................46
► ARTIGO – JAIZA FRAXE Fala, Calabresa!.......................................................................51 Concursos em alta no Amazonas..........................................52
Urgência para o ‘PL do Garimpo’.........................................16
Mamma mia!..........................................................................56
Calendário eleitoral................................................................18
Direito à saúde........................................................................58
ELEIÇÕES NA UEA
Economia Verde......................................................................60
Inovação e transformação social...........................................20 Gestão participativa e respeito...............................................22 Conteúdo que ‘extrapola a liberdade de expressão’............24 Jornalismo com Selo de Qualidade......................................28 Coluna Via Brasília ................................................................30
► ECONOMIA & SOCIEDADE BELEZA SEM DITADURA
💬 E-mail: cartadoleitor@revistacenarium.com.br | WhatsApp: (92) 98564-1573
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Pressão para a ‘boiada passar’................................................14
Em defesa dos fatos................................................................26
💬 MANDE SUA MENSAGEM
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Para todos os corpos...............................................................34 Corpo perfeito?.......................................................................36
► POLÍCIA & CRIMES AMBIENTAIS ‘Rio de lixo’..............................................................................62
► ENTRETENIMENTO & CULTURA Antropofagia cultural.............................................................64
► DIVERSIDADE Equidade e respeito................................................................66 ‘Quero levar minha etnia para onde eu for’.........................68
► ARTIGO – FLÁVIO HENRIQUE DE FREITAS O pai de família, o Direito e a Justiça ..................................69
MEIO AMBIENTE & SUSTENTABILIDADE
REVISTA CENARIUM
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ILHENA (RO) – Um decreto publicado em junho de 2021 pelo Governo do Pará, permitindo a privatização de terras públicas, com preço abaixo do valor de mercado, acendeu o sinal de alerta para o Instituto do Homem e Meio Ambiente - a Amazônia (Imazon). O órgão publicou nota técnica, no dia 6 de janeiro de 2021, apontando que invasores, grileiros e desmatadores ilegais serão beneficiados com subsídios de R$ 6,7 bilhões. Na avaliação do Instituto, a decisão pode aumentar o índice de crimes ambientais no Estado.
Crédito: Ricardo Oliveira
O desconto de 68% é válido para áreas de 100 a 2.500 hectares, sendo que cada hectare de terra deve sair por R$ 44, ante a cobrança de R$ 137, antes da decisão. Já o preço médio praticado em território paraense está acima de R$ 3 mil. Pesquisadora do Imazon que coordenou o estudo, Brenda Brito explica que o cálculo considerou a existência de 5.450 imóveis com Cadastro Ambiental Rural (CAR) sobrepostos a unidades ainda sem destinação de uso, mas que poderiam ser reconhecidas como Terras Indígenas (TIs) e quilombolas, entre outras categorias de Unidades de Conservação.
Amazônia à venda Grileiros e desmatadores terão desconto de quase R$ 7 bilhões na compra de terras públicas do Pará, diz Imazon Iury Lima - Da Revista Cenarium
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“Infelizmente, a gente tem esse problema crônico na Amazônia, mas isso não acontece só no Pará. Eu acho que o caso do Pará é mais um exemplo da desvalorização da terra pública. Isso acontece, também, quando a gente olha a planilha de preços que o Incra cobra quando faz regularização fundiária”, declarou. Brito também explicou que “toda vez que ocorre uma ocupação com a intenção de se apropriar de uma área, ocorre o desmatamento”. “E se eu sei que ao fazer isso, eventualmente, eu consigo o título de terra pagando um valor muito baixo, eu tenho a expectativa de lucrar bastante na venda dessa área, posteriormente. Então, isso acaba, sim, estimulando novas invasões e o desmatamento”, acrescentou.
Brenda Brito, pesquisadora do Imazon.
PRIORIDADE PARA DESTRUIDORES O Imazon classifica o governo do Estado como omisso, por priorizar a privatização das terras públicas antes de regularizar destinações específicas que pudessem viabilizar a preservação dos ecossistemas. Ou seja, áreas de domínio público devem, primeiro, seguir para fins coletivos e, apenas no caso da falta de interesse para a conversão dos lotes em
Pará lidera devastação O Estado continua liderando os rankings de devastação na Amazônia Legal. Dados do Imazon revelam que, das nove Unidades Federativas inseridas no território do bioma, o Pará foi a que mais desmatou, em 2021.
“Então, se a gente quer reduzir o desmatamento, a gente tem que fazer uma política de regularização fundiária que valorize a terra pública e que não incentive novas invasões de terras públicas”, finalizou Brenda Brito.
O que diz o governo Subsídio na compra de terras públicas irregularmente ocupadas pode intensificar desmatamento, aponta Imazon
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Toda vez que ocorre uma ocupação com a intenção de se apropriar de uma área, ocorre o desmatamento”
Em nota, o governo paraense informou que a iniciativa seria o contrário do que diz o Imazon; que quem tiver interesse na regularização fundiária terá responsabilidade sobre as
terras, ficando sujeito a multas por crimes ambientais; que populações tradicionais terão direitos reconhecidos e que a não regularização só interessa a quem fica à margem da lei.
Unidades de Conservação (UCs) e territórios para povos tradicionais, é que se deve optar pela venda, segundo o instituto de ativismo ambiental. Além disso, atualmente, são 33,8 milhões de hectares sem uso definido em todo o território paraense. Quase a metade disso, 15,2 milhões de hectares, está apta para se tornar UC, sendo que 11,3 milhões de hectares contam com classificação de importância biológica extremamente alta. Daí o interesse dos invasores, que já desmatavam as florestas, em adquirir os títulos de propriedade com a regularização fundiária. Com base no decreto estadual, áreas com até 99% de cobertura vegetal podem ser adquiridas para fins lucrativos. “E são justamente essas áreas que acabam sendo alvos de ocupação com a intenção de apropriação. Você pode ter áreas que foram ocupadas há décadas atrás, e aí a gente está falando, realmente, de um público diferente, que, de fato, vai ter um direito à regularização, mas também vão ter áreas que foram ocupadas mais recentemente, até porque a própria lei do Estado, modificada em 2019, permite que áreas ocupadas até 2014 sejam tituladas, pagando esses valores muito baixos, e também, há brechas que podem, eventualmente, permitir que áreas ocupadas após 2014 sejam regularizadas”, detalhou a pesquisadora. 09
REVISTA CENARIUM
Preservação e combate à pobreza Amazonas recebe Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – O mês de março de 2022 marca um novo capítulo na gestão ambiental global. Capítulo este que começa a ser escrito em Manaus, sede da 12ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (do inglês, GCF Task Force). Governadores de 38 Estados e províncias de dez países ao redor do mundo estão na capital amazonense prestigiando o evento, considerado um dos mais relevantes na agenda mundial de meio ambiente. Sendo realizado nos dias 16, 17 e 18 de março, o encontro ocorre no Centro de Convenções Vasco Vasques, Zona Centro-Oeste de Manaus, e tem como anfitrião o governador do Amazonas, Wilson Lima, presidente da Reunião Anual da Força-Tarefa. Lima ocupa a função, desde maio de 2019, quando o Amazonas foi escolhido como sede do evento por unanimidade, durante a última reunião do GCF realizada em Caquetá, na Colômbia. “Este encontro é muito importante para que a gente discuta e compartilhe soluções para problemáticas que, muitas vezes, são comuns aos governadores do grupo, que fazem parte de países que têm florestas e que enfrentam problemas para proteger
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Glasgow, na Escócia - e foi assinado por todos os governadores no primeiro dia do encontro.
tanto para combater as mudanças climáticas quanto para conservar as florestas internas”, ressaltou.
A sigla do documento em inglês, “MAP”, sugere o objetivo do plano: ser um mapa, um guia para nortear as ações do GCF nos próximos anos, agora, com uma novidade, conforme explicou o secretário de Estado de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.
Com o novo foco, o Manaus Action Plan traça um conjunto de estratégias para solucionar o que, para muitos, trata-se de um paradoxo: conservar as florestas e, ao mesmo tempo, tê-las como protagonistas para gerar riqueza para as populações. Para tanto, o Plano traz o desenvolvimento da bioeconomia como eixo estruturante de qualquer iniciativa subnacional de combate ao desmatamento ilegal e para o desenvolvimento de uma economia de baixas emissões visando à sustentabilidade de médio e longo prazos, de forma a complementar as ações de responsabilização ambiental.
“Esse documento coloca como prioridade na agenda da Força-Tarefa, de forma inédita também, o combate à pobreza, que ainda prevalece em áreas de floresta e nós sentíamos que essa era uma demanda reprimida também em outros Estados. O governador Wilson Lima já tinha essa perspectiva de atuação no Amazonas e coloca, agora, essa agenda em uma perspectiva global, envolvendo outras áreas de floresta tropical ao redor do mundo,
Conhecimento, Tecnologia e Inovação; Governo e Políticas Públicas; Pessoas e Comunidades; e Finanças e Investimento. Cada trilha destaca estratégias e soluções ousadas, e o que é necessário para colocá-las em prática, já que o GCF e seus parceiros vão implementar o MAP, nos próximos anos.
“
Daremos encaminhamentos para questões como a bioeconomia e a valorização das pessoas que vivem na floresta” Wilson Lima, governador do Amazonas.
A reunião anual da Força Tarefa do GCF é dividida em faixas temáticas que se alinham com o Manaus Action Plan:
seus recursos e gerar riqueza para suas populações. Daremos encaminhamentos a questões como a bioeconomia e a valorização das pessoas que vivem na floresta”, destacou o governador Wilson Lima.
O PLANO DE AÇÃO DE MANAUS Durante os três dias do encontro, governadores e funcionários públicos dos Estados e províncias membros da Força-Tarefa se unirão aos líderes do setor privado, sociedade civil, povos indígenas e comunidades locais, governos nacionais e organizações internacionais, com o objetivo de elaborar estratégias e abordagens de colaboração para reduzir o desmatamento em florestas tropicais e mitigar as mudanças do clima. Cada Reunião Anual resulta, tradicionalmente, em um documento com prioridades de atuação ambiental para os integrantes do GCF, que leva o nome da cidade-sede. Na 12ª edição, a estratégia lançada é denominada Manaus Action Plan - que em português significa “Plano de Ação de Manaus”. O documento estava sendo construído desde a realização da COP-26 - sigla para Conferência das Partes, realizada em novembro de 2021, em
GCF Task Force
Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas visa ao desenvolvimento dos povos das florestas, com a proteção dos recursos naturais
Juntos, os 38 Estados e províncias membros do GCF cobrem mais de um terço das florestas tropicais do mundo, que se espalham pelo Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Espanha, Equador, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru. No Brasil, além do Amazonas, participam delegados dos Estados do Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O GCF foi criado para responder aos problemas fundamentais do desmata-
mento tropical e das mudanças climáticas. Entre outras ações, a Força-Tarefa tem apoiado o Amazonas e os demais Estados-Membros no desenvolvimento de estratégias jurisdicionais e planos de investimento para Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), bem como no aperfeiçoamento de estratégias para atrair apoio financeiro, fundamental visando reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento de baixas emissões.
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Crédito: Divulgação | Secom
MEIO AMBIENTE & SUSTENTABILIDADE
CENARIUM+CIÊNCIA
Descoberta nos rios
Foi durante uma tarde de “folga”, catalogando espécies que ele já conhecia, que veio a descoberta. “Toda a parte livre da minha vida eu estou em campo e foi em uma dessas tardes, procurando indivíduos de espécies já conhecidas, que eu a encontrei”, comemora.
Biólogo descobre nova espécie de tartaruga-da-amazônia em região do Pará
Crédito: Fábio Cunha
Rômulo D’Castro – Da Revista Cenarium
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A partir do conhecimento técnico-científico atrelado ao conhecimento tradicional, muitas descobertas foram possíveis”
O estudo se concentra no município de Juruti, na parte chamada Juruti-Velho, no oeste do Pará. Daí o nome dado pelo pesquisador: Mesoclemmys jurutiensis (junção das palavras “tartaruga”, em grego, e “Juruti”, em latim). Em português livre significa “tartaruga de médio porte de Juruti”. Entre os exemplares para comparação na pesquisa, Fábio encontrou uma fêmea que media 20 centímetros, tamanho de uma mão aberta. O doutorando garante que a Mesoclemmys jurutiensis é totalmente diferente das registradas anteriormente ao achado no interior do Pará. “Possui carapaça (região superior do casco) em tonalidade avermelhada, o plastrão (parte inferior do casco) é amarelo-queimado. Outra característica peculiar é a cabeça triangular, com grandes olhos próximos às narinas”, detalha.
Fábio Cunha, biólogo.
TARTARUGA COM “MANIA” DE URSO
O biólogo Fábio Cunha e a Mesoclemmys jurutiensis, a nova tartaruga-da-amazônia, descoberta em 2018 e oficializada somente em novembro de 2021 12
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Durante a pesquisa, a equipe comandada por Fábio Cunha, com colaboração de Iracilda Sampaio e Richard Vogt fez, ainda, outra descoberta espetacular para a Ciência. Os cientistas observaram que a nova tartaruga-da-amazônia “dorme” durante boa parte do ano. É algo parecido com o que acontece com ursos de zonas temperadas, quando o grande mamífero descansa ao longo do inverno, economizando energia para, quando as tempe-
Descoberta e comunidade Para ter êxito no andamento dos estudos sobre a nova espécie descoberta em 2018, Fábio e sua equipe tiveram que respeitar os limites e, principalmente, contar com autorização e apoio da comunidade onde a pesquisa foi realizada, em Juruti-Velho, no oeste do Pará. “A comunidade participou ativamente do processo com a captura dos animais […] a fim de acrescentar dados à pesquisa. Somente com conhecimento técnico-científico atrelado ao conhecimento tradicional, muitas descobertas foram possíveis”, comemora o mais novo integrante do quadro seleto de descobridores de espécies de tartarugas no planeta.
raturas subirem, estar preparado para o ciclo de reprodução e busca por alimentos. Mas, com um clima bem diferente das áreas predominadas pelo frio constante e fortes geadas, a nova tartaruga-da-amazônia pratica a “estivação” (parecido com o processo de hibernação, mas em épocas diferentes do ano). Ocorre no período de estiagem, no chamado verão amazônico, quando diminui a oferta de alimentos e áreas para reprodução. O processo pode durar até seis meses. “Quando aparecem as primeiras chuvas, como elas sabem que vão ter parceiros para fazer a reprodução, alimento, recurso, ambiente e água disponível, elas saem desse processo de ‘estivação’ e entram em atividade”. A pesquisa apontou que o comportamento se repete ano após ano. Além da Mesoclemmys jurutiensis, descoberta pela equipe de Fábio Cunha, o Bra-
Crédito: Fábio Cunha
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LTAMIRA (PA) – Poças temporárias formadas pelo acúmulo de água da chuva. Foi nesse ambiente improvável que o biólogo Fábio Cunha, especialista em quelônios, fez sua maior descoberta. O doutorando em Ecologia Aquática e Pesca, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), faz parte do seleto grupo de cientistas que se dedicam à pesquisa integral sobre quelônios. A descoberta ocorreu em 2018, mas somente em 2021 foi catalogada, por conta do processo burocrático.
A nova tartaruga-da-amazônia dorme a maior parte do ano, em um processo chamado “estivação”, semelhante à hibernação dos ursos
sil possui outras 32 espécies de tartaruga de água doce. Em nível global, o planeta tem registradas 357 espécies de tartarugas, incluindo as marinhas, que podem chegar a 180 quilos. A pesquisa que culminou na descoberta da Mesoclemmys jurutiensis foi oficializada no dia 29 de novembro de 2021, com a publicação de um artigo publicado pela revista Chelonian Conservation and Biology e está disponível em diversos idiomas, incluindo o português. Mas, o processo até aqui foi longo, explica o doutorando em Ecologia, pela Universidade Federal do Pará. “É minucioso, delicado e lento. Desde o início, com a primeira captura em 2018 […] é um processo extremamente importante e necessário, pois a Ciência se constrói com dados e, quanto mais robustos forem esses dados, melhor para garantir que a hipótese científica seja aceita”, finaliza Fábio Cunha.
Ameaça Dentre as espécies do rico bioma da Amazônia, a tartaruga de água doce é a mais ameaçada de extinção, segundo levantamento da pesquisa do doutorando da UFPA. Descobrir uma nova tartaruga em ambiente hostil para esse animal aquático é um avanço e
tanto. Fábio alerta que “a Amazônia é uma área prioritária para a conservação das espécies de tartarugas do planeta. Além disso, a região tem alto ‘endemismo’, ou seja, uma vez que se desaparecerem daqui, desaparecerão do globo”.
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PODER & INSTITUIÇÕES
REVISTA CENARIUM
Pressão para a ‘boiada passar’ Ambientalistas e povos tradicionais criticam projeto de lei em tramitação no Congresso que pretende flexibilizar o licenciamento ambiental e apontam os impactos caso ele seja aprovado Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
de estradas, hidrelétricas, barragens. Além de buscar minimizar os impactos ao meio ambiente, a medida visa a garantir o desenvolvimento social e econômico do País. “O licenciamento é um instrumento fundamental da Política Nacional do Meio Ambiente. É por meio dele que o setor técnico dos órgãos ambientais dos Estados e municípios avalia os impactos dos projetos. Pelo licenciamento ambiental, a gente consegue fazer a mitigação, encontrar o equilíbrio, colocando na balança os impactos negativos e positivos”, explicou à REVISTA CENARIUM o advogado e consultor ambiental paraense José Carlos Lima.
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ANAUS (AM) – O Projeto de Lei Federal nº 2.159/2021, apelidado por ambientalistas como “PL da Boiada”, pode trazer impactos severos ao meio ambiente e às populações tradicionais indígenas e ribeirinhas, além de ser inconstitucional, segundo especialistas em meio ambiente consultados pela REVISTA CENARIUM. O texto está em tramitação no Senado Federal e, se aprovado, vai flexibilizar as regras para o licenciamento ambiental.
Lima diz que o Projeto de Lei nº 2.159 é danoso “porque retira a obrigatoriedade de algumas atividades de licenciamento ambiental, e também flexibiliza para a possibilidade do licenciamento declaratório”.
O apelido jocoso, mas não menos denunciante, foi dado após o vazamento da declaração do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles durante uma reunião ministerial a portas fechadas, onde ele se mostrou favorável ao fim de exigências previstas em normas ambientais se expressando com a fala “passar a boiada”, enquanto as atenções da imprensa nacional estariam voltadas para a já preocupante pandemia de Covid-19.
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Para Dione Torquato, o projeto de lei defende apenas os interesses da bancada ruralista em querer desvalorizar os direitos dos povos e comunidades tradicionais, favorecendo o licenciamento para a mineração, o agronegócio e a pecuária desordenada. José Carlos Lima observa que sempre houve resistência de determinados setores da sociedade ao licenciamento e, caso o PL da Boiada seja aprovado, os danos ao meio ambiente serão reais. “Esse PL vem na contramão do momento em que estamos vivendo, em que a humanidade precisa da floresta em pé e que o Brasil faça o seu trabalho”, afirmou o especialista.
A senadora Kátia Abreu é a relatora do “PL da Boiada”, no Senado Crédito: Edilson Rodrigues | Ag. Senado
De acordo com o secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Dione Torquato, o PL da Boiada é inconstitucional porque o licenciamento ambiental é um dos principais instrumentos para a garantia do próprio Artigo 225 da Constituição Federal. “Garantir o equilíbrio ambiental, o uso racional dos recursos naturais e evitar possíveis crimes ambientais e violações de direitos. O que o projeto traz é uma tentativa de flexibilizar esse instrumento, que é regramento para o licenciamento
A expectativa era de que o PL fosse votado após o fim da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), considerada a maior conferência do mundo sobre o clima, realizada entre os dias 1º e 12 de novembro de 2021. Contudo, ainda não há previsão para que a proposta seja colocada em pauta no Congresso Nacional.
‘PL da Boiada’ deve voltar à pauta do Senado em 2022 Senado Crédito Jefferson Rudy Ag Senado.jpg
Após 17 anos, projeto chegou ao Senado Crédito: Lula Marques | Fotos Públicas
O licenciamento ambiental é uma das principais ferramentas de proteção ao meio ambiente e às populações afetadas pela construção de empreendimentos nos territórios em que vivem, como a criação
ambiental”, destacou Torquato, em entrevista à REVISTA CENARIUM.
‘Boiada passar’ foi um termo cunhado pelo ex-ministro Ricardo Salles para as flexibilizações da legislação ambiental
A proposta tramitou por 17 anos na Câmara dos Deputados, por meio do Projeto de Lei nº 3.729/2004, e teve o texto base aprovado somente em maio deste ano, em meio a críticas de instituições, ambientalistas e indígenas.
ções entre críticos à pauta. Durante a COP26, em Gasglow, na Escócia, jovens ativistas do movimento “Engaja Mundo” entregaram uma carta à senadora pedindo para que o PL fosse retirado de pauta.
Em 11 de junho, o texto foi oficialmente protocolado no Senado, onde recebeu a identificação de Projeto de Lei nº 2.159/2021, tendo a senadora Kátia Abreu (MDB/TO) como relatora. A proposta segue recebendo interven-
Em resposta, Kátia Abreu sorriu e disse que não agiria contra a Amazônia. “Pode deixar que nada faremos contra a nossa Amazônia, viu?”, declarou a senadora, após beijar a cabeça de uma ativista indígena em Gasglow. 15
Deputados da Amazônia que votaram em favor do 'PL do Garimpo'
O Greenpeace informou que, se aprovado, o PL 191 afetará diretamente 43 povos indígenas isolados na Amazônia brasileira
Urgência para o ‘PL do Garimpo’
Crédito: Ricardo Oliveira
PODER & INSTITUIÇÕES
Saiba quais foram os deputados da Amazônia que votaram a favor do projeto de lei que libera a exploração de minérios em Terras Indígenas Eduardo Figueiredo e Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – A aprovação do requerimento de urgência do Projeto de Lei (PL) de autoria do governo do presidente Jair Bolsonaro que libera a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em Terras Indígenas (TIs) teve o apoio de mais da metade dos deputados da Amazônia. Dos 279 votos favoráveis à proposta, 50 são de parlamentares dos nove Estados que compõem a Amazônia Legal. No total, são 85 representantes da Amazônia na Câmara dos Deputados. A votação entre os Estados da Amazônia ficou dividida da seguinte forma: Roraima (4), Amapá (4), Pará (9), Amazonas (5), Rondônia (3), Acre (3), Tocantins (5), Maranhão (10) e Mato Grosso (7). A aprovação do PL concede maior celeridade à tramitação da proposta. A votação do mérito, no entanto, foi adiada para a primeira quinzena de abril deste ano e deve acontecer no plenário da Casa. Um grupo de trabalho foi criado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PPAL), para analisar o PL do Garimpo. O
colegiado, segundo Lira, terá prazo de 30 dias para devolver o texto analisado com um parecer final sobre a medida.
SEM JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL De acordo com o ambientalista e mestre em Ecologia Carlos Durigan, não há justificativa plausível para a medida, que trata a mineração em Terras Indígenas e em Unidades de Conservação “a toque de caixa” e sem debate adequado, ferindo direitos dos diversos povos indígenas brasileiros. “Este projeto, além de ser inconstitucional, fere acordos internacionais dos quais o Brasil faz parte, como a Convenção 169 da OIT, onde o Estado brasileiro se compromete a proteger os povos indígenas e seus direitos. Além disso, atividades minerárias possuem alto poder de geração de impactos sobre nosso patrimônio natural contido nestes territórios”, afirma Durigan. O ambientalista destaca as deficiências de monitoramento nas áreas protegidas e os impactos sofridos pelos que habitam nessas regiões. “Já temos enormes fragilidades para monitorar e fiscalizar atividades
fora de áreas protegidas, como ficaríamos para controlar as atividades em territórios sensíveis, onde impactos certamente serão gerados sobre os povos que nele habitam, sobre a biodiversidade e os ecossistemas e, por estes, afetando a qualidade dos serviços ambientais que nos provêm?”, salienta.
Em nota, o Greenpeace afirmou que o PL 191 é mais um absurdo do atual governo que, se aprovado, afetará diretamente 43 povos indígenas isolados na Amazônia brasileira. Bolsonaro alega que uma grande mina de potássio, localizada na região de Autazes (AM) já poderia estar sendo explorada se não fosse a atual legislação, que proíbe a exploração de minérios em áreas protegidas no Brasil. “Assim, o presidente se aproveita da guerra na Ucrânia para justificar a exploração em Terras Indígenas. Para ele, isso reduziria a dependência do País sobre a importação do insumo da Rússia e também de Belarus”, ressalta a nota. De acordo com o porta-voz do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, a tentativa de apressar a votação do PL 191/2020 utilizando-se do contexto de guerra, além de demonstrar o desprezo do governo para com os direitos dos povos indígenas do Brasil, demonstra também sua incompetência em lidar com os desafios criados pela política que nos tornou e nos mantém reféns da exportação de commodities para o mundo. “Não é de hoje que o lobby da mineração sujeitou a ação parlamentar aos interesses das corporações milionárias em desfavor do interesse público e, sobretudo, dos direitos e garantias fundamentais da população brasileira. Hoje, são os direitos indígenas, amanhã, será o de todos nós”, afirma o porta-voz.
Bosco saraiva
André abdon
Carlos gaguim
DRA. VANDA MILANI
Cap. alberto neto
Jorielson
Eli borges
MarA ROCHA
Delegado PABLO
LEDA SADALA
Osires DAMASO
sidney leite
Pedro dalua
tIAGO dIMAS
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(Solidariedade)
(Solidariedade)
(PSDB)
(Republicanos)
(União Brasil)
(PSD)
(PP)
(PSC)
(Avante)
(PSC)
(PL)
MARANHÃO
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
(Solidariedade)
VICENTINHO JÚNIOR
(Republicanos)
C
(Republicanos)
(Solidariedade)
(PL)
SILAS CÂMARA
MATO GROSSO
André fufuca
Hildo Rocha
DR. LEONARDO
nELSON BARBUDO
cleber verde
JOSIMAR MARANHÃOZINHO
Emanuel pinheiro
Neri Geller
Edilázio Júnior
josivaldo jp
JOSÉ MEDEIROS
vALTENIR pEREIRA
GASTÃO VIEIRA
juscelino filho
Juarez Costa
GIL CUTRIM
pastor gil
(PP)
(Republicanos)
(PSD)
(PROS)
(Republicanos)
(MDB)
(Solidariedade)
(PL)
(PTB)
(Podemos)
(Podemos)
(União Brasil)
(União Brasil)
(PP)
(MDB)
(MDB)
(PL)
PARÁ CELSO SABINO (União Brasil)
Cristiano Vale (PP)
DEL. éDER MAURO (PSD)
Joaquim passarinho (PSD)
JOSÉ Priante (MDB)
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tocantins
Amapá
Alan Rick (União Brasil)
Segundo Durigan, este é um processo proveniente do pacote de destruição por setores políticos sem preocupação com a Amazônia e o Meio Ambiente. “Nada mais é do que mais uma boiada proveniente do pacote de destruição por setores políticos que não possuem nenhum compromisso com o cuidar das pessoas e de nosso bem comum, que é nosso patrimônio natural nacional”, destaca.
DESESPERO POR PARTE DO GOVERNO
Amazonas
Acre
RORAIMA JÚNIOR FERRARI (PSD)
NILSON PINTO (PSDB)
PAULO BENGTSON (PTB)
vavá martins (Republicanos)
rondônia
Hiran gonçalves
CORONEL CHRISÓSTOMO
jhonatan de jesus
Lucio mosquini
Nicoletti
MARIANA CARVALHO
(PP)
(Republicanos)
(União Brasil)
(União Brasil)
(MDB)
(PSDB)
Shéridan (PSDB)
Fonte: Câmara Federal
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REVISTA CENARIUM
Calendário eleitoral Prazos determinados pela Justiça Eleitoral para eleitores e pretensos candidatos já estão contando, desde o início do ano Luciano Falbo – Especial para a Revista Cenarium
A advogada Maria Benigno, especialista em Direito Eleitoral, explica que um dos principais prazos para os eleitores é aquele para a regularização ou o próprio alistamento eleitoral, que já está aberto e encerra no dia 4 de maio. “Muitos eleitores deixam para a última hora [regularização do título eleitoral]”, lembra. “É quase certo vermos aquela enorme fila na frente do TRE [Tribunal Regional Eleitoral] e alguns perdendo o prazo mesmo”, completa. Para candidatos com mandato, foi aberta em março a “janela partidária”, que é o período em que deputadas e deputados podem trocar de partido para concorrer sem perder o mandato. Na avaliação da advogada, este é um prazo que costuma ser cumprido sem maiores problemas pelos políticos. “Acredito que todos que têm essa possibilidade sabem que o período é de 3 de março a 1º de abril”, observa. Ainda em março, no dia 5, encerrou o prazo para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicar as instruções relativas às eleições. A partir de abril, há uma série de outras datas limites para aqueles que pretendem disputar os cargos eletivos. O presidente estadual do Partido Social Cristão (PSC) 18
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no Amazonas, Miltinho Castro, considera abril como o mês com os principais prazos para os candidatos e agremiações políticas. “Caso não atentem aos prazos, podem ficar inelegíveis”, alerta. O dia 2 de abril, por exemplo, é a data até a qual todos os partidos políticos e federações que pretendem participar das eleições devem ter obtido registro de seus estatutos no TSE. Já os candidatos a cargo eletivo devem ter domicílio eleitoral na circunscrição na qual desejam concorrer e estar com a filiação deferida pelo respectivo partido. Na sequência, vêm as datas máximas para desincompatibilizações dos ocupantes de cargos públicos (eletivos ou não), que variam para cada cargo exercido e para o que será disputado. Esses prazos variam de três a seis meses antes do primeiro turno.
O afastamento poderá ser temporário ou definitivo, dependendo da função exercida, e tem como objetivo evitar o abuso do poder econômico ou político por meio do uso da estrutura e de recursos públicos. Caso pretendam concorrer a outros cargos, por exemplo, o presidente da República, governadores e prefeitos devem renunciar aos mandatos até o dia 2 de abril. “Na capital e para cargos da eleição geral, é raro haver displicência quanto a isso, mas vemos acontecer muito em eleições municipais”, diz Maria Benigno.
Muitos eleitores deixam para a última hora [a regularização do título eleitoral]. É quase certo vermos aquela enorme fila na frente do TRE [Tribunal Regional Eleitoral] e alguns perdendo o prazo mesmo”
Maria Benigno, advogada especialista em Direito Eleitoral.
Nas eleições gerais, os brasileiros vão às urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais. O primeiro turno está marcado para o dia 2 de outubro. Eventual segundo turno para cargos do Executivo deve ser realizado no dia 30 de outubro.
Inelegibilidade por incompatibilidade Se o pré-candidato com cargo público continuar exercendo função que ocupa após o prazo definido pela legislação eleitoral, ele vai estar em “incompatibilidade,” que é uma das causas de inelegibilidade prevista na Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar n° 64/1990). Militares e chefes do Poder Executivo (governadores e prefeitos) que pretendam concorrer a cargos distintos dos atuais devem se afastar seis meses antes do pleito, nesse caso dia 2 de abril. Para os servidores públicos, os prazos dependem da natureza da função ocupada. Efetivos, comissionados e ocupantes de cargos em comissão de
nomeação pelo presidente da República sujeitos à aprovação do Senado Federal também devem se desincompatibilizar das funções seis meses antes das eleições. Já os servidores que ocupam cargos em comissão ou que integrem órgãos da administração direta ou indireta, sejam eles estatutários ou não, precisam se afastar do cargo três meses antes do primeiro turno, ou seja, no dia 2 de julho. Informações detalhadas sobre a desincompatibilização podem ser obtidas no site do TSE: https://www.tse. jus.br/eleicoes/desincompatibilizacao/ desincompatibilizacao
Crédito: Antonio Augusto | Secom Tse
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ANAUS (AM) – Desde 1º de janeiro, alguns prazos do Calendário Eleitoral aprovado para 2022 já começaram a contar, como a obrigatoriedade de registro de pesquisas de intenção de voto e a limitação de despesas da administração pública. Eleitores e os pretensos candidatos às eleições gerais de outubro devem ficar atentos às próximas datas.
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O primeiro turno das eleições gerais deste ano está previsto para o dia 2 de outubro 19
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ELEIÇÕES NA UEA
Inovação e transformação social Professores Alcian Pereira e Cleto Cavalcante compõem a Chapa 22 na disputa pela reitoria da Universidade do Estado do Amazonas Da Revista Cenarium
“A UEA é uma instituição plenamente consolidada. Dotada de uma infraestrutura que a torna a maior universidade multicampi do País. Nosso corpo de docentes é um dos mais bem qualificados. Nossos cursos de graduação estão bem avaliados e, por todo esse ambiente que foi construído, nesses 21 anos, temos, a partir de agora, a missão de promover a conexão de tudo isso. Dessa forma, pretendemos contribuir para que o Estado do Amazonas encontre, por meio da UEA, as respostas para a solução de suas demandas sociais, econômicas e ambientais e, com isso, possibilite a grande transformação que estamos propondo na vida de cada um que 20
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faz a UEA, bem como de toda a sociedade, respeitando sempre a vocação de cada cidade. Chegou a hora da UEA mostrar o seu protagonismo. Esse é o nosso compromisso”, afirmou Alcian. Em 21 anos de criação, esta é a terceira eleição para a reitoria da UEA. O atual reitor, Cleinaldo Costa, está finalizando o segundo mandato consecutivo.
Cleto é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá-MG (Efei/Uniefei), com mestrado
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Pretendemos contribuir para que o Estado do Amazonas encontre, por meio da UEA, as respostas para a solução de suas demandas sociais, econômicas e ambientais” Alcian Pereira, advogado e professor adjunto da UEA.
em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor adjunto 4, e vem realizando trabalhos na gestão superior, na UEA. Possui experiência nas áreas dos cursos de engenharia elétrica, engenharia de controle e automação, e tecnologia em jogos digitais. Trabalha com projetos de desenvolvimento e de gestão educacionais; projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I); projetos institucionais com indústrias e órgãos de fomento e projetos de criação de startups (empreendedorismo e inovação). Está licenciado do cargo de vice-reitor da UEA.
Votação A votação para os cargos de reitor e vice-reitor da UEA está marcada para o dia 23 de março. A divulgação do resultado deverá acontecer no dia 31 de março. As regras para propaganda, divulgação e financiamento, bem como o cronograma do processo eleitoral na íntegra podem ser conferidos no Edital 14/2022 – GR/UEA, referente ao processo de eleição direta, divulgado pela Comissão Eleitoral Geral da UEA, no dia 7 de fevereiro. Puderam se candidatar aos cargos, professores efetivos que trabalham em regime de 40 horas semanais. Para conferir o edital, acesse uea.edu.br. Estarão aptos para votar docentes efetivos e ativos, substitutos, temporários e visitantes dos cursos de graduação e de pós-graduação; Técnico-administrativos efetivos, temporários (Regime Administrativo Diferenciado) e comissionados, Procuradores Jurídicos; discentes de graduação e pós-graduação. O processo de eleição acontecerá por meio de voto secreto, sempre que possível em urnas eletrônicas ou em cédula impressa, de acordo com as normas estabelecidas no edital. As inscrições dos candidatos foram realizadas no período de 14 a 18 de fevereiro, pelo e-mail eleicaoreitoria2022@uea.edu.br.
CONHEÇA OS CANDIDATOS Alcian é advogado, professor adjunto da UEA há 14 anos, doutor em Administração, pela FEA/USP, mestre em Direito Ambiental, pela UEA, especialista em Gestão de Sociedades Cooperativas pela
Crédito: Divulgação
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ANAUS (AM) – Os professores Alcian Pereira de Souza e Cleto Cavalcante compõem a Chapa 22, que concorre à eleição que definirá os nomes do novo reitor e vice-reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O pleito está marcado para ocorrer no dia 23 de março e será presencial. De acordo com eles, a Chapa 22 chega para disputar a reitoria da UEA apostando firme na inovação como forma de promover uma transformação na vida das pessoas e das cidades onde a UEA vem atuando nesses 21 anos de existência.
Faccat-RS, coordenador-geral do Núcleo de Direito, Tecnologia & Inovação-LAWin/ UEA, diretor Licenciado da Escola de Direito da UEA (ED/UEA), ex-coordenador do Curso Especial de Direito, de Parintins, da UEA (2012), ex-coordenador do Curso de Direito/UEA, em Manaus (2013/2014), ex-diretor da Escola Superior de Ciências Sociais-ESO/UEA (2015/2018), e ex-coordenador da pós-graduação lato sensu em Direito Público da UEA.
Alcian Pereira é advogado e professor adjunto da UEA, há 14 anos, e Cleto Cavalcante é engenheiro eletricista e professor adjunto 21
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ELEIÇÕES NA UEA
Gestão participativa e respeito André Zogahib e Kátia Couceiro concorrem à reitoria da Universidade do Estado do Amazonas Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – O professor doutor do curso de Administração André Zogahib e a professora doutora do curso de Medicina Kátia Couceiro inscreveram chapa para disputar a eleição para os cargos de reitor e vice-reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), agendada para acontecer no dia 23 de março. A Chapa 19 tem como slogan de campanha ‘Gestão, participação e respeito’. A candidatura foi homologada no dia 22 de fevereiro. André Zogahib tem uma profunda identificação com a UEA. Foi aluno da primeira turma do curso de Administração da universidade, que iniciou suas atividades em 2001 para atender aos estudantes da capital e do interior do Amazonas. Em 2008, tornou-se professor efetivo, atuando em diversos setores da universidade.
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Podemos desenvolver a economia do Estado a partir do aprimoramento da educação fornecida pela UEA” André Zogahib, professor doutor do curso de Administração e candidato a reitor da UEA.
de excelência, de gestão e de qualidade no ensino superior na Amazônia. Pretendemos interiorizar, ainda mais, a universidade, permitindo que os estudantes descubram e desenvolvam seus talentos a partir da utilização de novas tecnologias advindas do aprimoramento de nossas estruturas e da formação de novas parcerias. Podemos desenvolver a economia do Estado a partir do aprimoramento da educação fornecida pela UEA”, declarou o candidato a reitor. Candidata a vice-reitora, a professora doutora Kátia Couceiro integra a chapa por acreditar que
o diálogo e a união em torno do mesmo objetivo podem superar as dificuldades. “Chegou o momento de discutir os rumos da universidade que queremos. Não é possível fazer uma gestão eficiente sozinho, é necessário ouvir as demandas, estruturar um planejamento detalhado, que contemple tanto as prioridades quanto as medidas rotineiras para alcançarmos patamares, cada vez mais, elevados em nossa comunidade acadêmica”, declarou a vice da chapa 19.
da primeira turma do curso de Administração de Empresas da UEA.
CURRÍCULO
O foco da gestão de André Zogahib será pautado na valorização do servidor, atenção com as demandas dos alunos, humanização do atendimento com respeito e diálogo permanentes.
O professor doutor André Zogahib é graduado em Administração de Empresas, Administração Pública e Direito. Possui especialização, mestrado e doutorado em Administração Pública. É professor do quadro efetivo da UEA, desde 2008, já tendo sido coordenador de cursos de graduação, especialização e mestrado, coordenador dos sistemas de ingresso, pró-reitor de planejamento e pró-reitor de extensão e assuntos comunitários. Participa da universidade desde o início das operações da instituição, no ano de 2001. Foi aluno
Participou da elaboração e implementação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), na condição de docente. Em 2010, como pró-reitor de planejamento, atuou na reestruturação organizacional da UEA. Como diretor-presidente da Amazonprev, conquistou por três anos seguidos o prêmio de melhor RPPS do Brasil, entre os Estados da Federação.
A professora doutora Kátia do Nascimento Couceiro é graduada em Medicina, especialista em Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, e Estimulação Cardíaca Eletrônica Implantável, pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia (FESC-2020). Possui mestrado em Ensino em Ciências da Saúde, pela Universidade Federal Paulista (Unifesp) e doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Atua na instituição, desde 2005, ministrando a disciplina de Cardiologia, já tendo sido subcoordenadora do curso de Medicina, coordenadora do internato de Clínica Médica e membro do núcleo docente estruturante do curso. Atualmente, é supervisora e preceptora do Programa de Residência Médica em Clínica Médica da Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), assim como subcoordenadora da residência de Cardiologia da UEA. Foi presidente da Sociedade Amazonense de Cardiologia (biênio 2020-2021).
“Eu coloquei o meu nome à disposição da comunidade acadêmica para o cargo de reitor porque eu quero fazer a diferença na vida das pessoas. Quero poder ajudar a universidade a alcançar maiores níveis 22
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O plano de gestão da Chapa 19 contempla a otimização do orçamento da UEA, que, no ano passado, foi de mais de R$ 683 milhões para gerir unidades na capital e em diversos municípios no interior do Amazonas. André Zogahib é professor do curso de Administração e Kátia Couceiro é graduada em Medicina e especialista em Cardiologia 23
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Conteúdo que ‘extrapola a liberdade de expressão’ Justiça do AM obriga portal CM7 a retirar do ar ataques contra a ex-primeira-dama de Manaus Elisabeth Valeiko Da Revista Cenarium
Rodrigo Fernando de Almeida Oliveira, advogado de Elisabeth Valeiko.
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publicar novas matérias ofensivas e que atinjam a imagem e a honra da autora da ação, estando sujeita à multa de R$ 1mil, por publicação.
No dia 11 de fevereiro, a Justiça determinou, em tutela de urgência, que fosse dado o prazo de cinco dias para que fossem apagadas as matérias e publicações em redes sociais contra Elisabeth Valeiko, sob pena de multa de R$ 1 mil ao dia. A dona do portal CM7 também deve se abster de
“Além de majorar o valor da multa, a juíza pode adotar outras medidas, inclusive, de suspensão ou paralisação das atividades do portal, ou ainda, configurar crime de desobediência à ordem judicial, o que ensejaria um processo-crime”, explicou o advogado.
Segundo o advogado de Elisabeth, Rodrigo Fernando de Almeida Oliveira, a ré – dona do portal CM7 – pode vir a responder também por processo criminal e até ser presa, caso insista em publicações falsas e caluniosas com objetivo de macular a imagem da autora da ação.
Crédito: Karla Vieira
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Além de majorar o valor da multa, a juíza pode adotar outras medidas, inclusive, de suspensão ou paralisação das atividades do portal, ou ainda, configurar crime de desobediência à ordem judicial, o que ensejaria um processo-crime”
ANAUS (AM) – O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou que a proprietária do portal CM7, Cileide Moussallem, apague publicações ofensivas contra a ex-primeira-dama de Manaus Elisabeth Valeiko Ribeiro. Na decisão, a juíza Ida Maria Costa de Andrade considera que as publicações extrapolam a liberdade de expressão, com conteúdos que infringem a dignidade da pessoa.
Ex-primeira-dama de Manaus Elisabeth Valeiko Ribeiro foi alvo de publicações ofensivas 25
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Em reunião com donos de portais de notícias, presidente da OAB-AM destaca a importância do jornalismo técnico Da Revista Cenarium
Donos de portais de notícias do Amazonas que representam o grupo “É Fato” reunidos com o presidente da OAB-AM, Jean Cleuter Simões
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ANAUS (AM) – O presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Jean Cleuter Simões, destacou o papel das mídias digitais no combate às notícias falsas, as fake news, e reafirmou o compromisso da OAB-AM com o jornalismo técnico e de qualidade. A manifestação de Jean Cleuter ocorreu durante uma reunião no dia 22 de fevereiro, na sede da Ordem, na Zona Centro-Sul de Manaus, com donos de portais de notícias do Amazonas que representam o grupo “É Fato”, campanha que imprime o selo de qualidade de Jornalismo aos sites que produzem conteúdo. “Parabenizo a iniciativa do grupo em buscar agregar representantes da imprensa que prezam pelo jornalismo técnico”, disse Jean Cleuter. “A OAB-AM sempre se posicio-
nou no combate às fake news e as mídias digitais têm um papel fundamental na busca pelo jornalismo de qualidade”, declarou o presidente da OAB-AM. Durante o encontro, o grupo pediu apoio da Ordem para promover debates entre a imprensa e as entidades representativas de classe para a conscientização da sociedade sobre a responsabilidade na disseminação de notícias. Jean Cleuter relatou que já foi vítima da disseminação de fake news e teve dificuldades em oficiar o responsável pela informação falsa. “É muito importante que os portais de notícias tenham, no mínimo, um endereço fixo”, completou. O grupo “É Fato” é formado por 15 sites da Mídia Digital de Manaus comprometidos
Crédito: Divulgação
Em defesa dos fatos
REVISTA CENARIUM
contra a divulgação de fake news. Eles são constituídos como empresas há mais de dois anos no mercado, com endereço fixo e possuem jornalistas profissionais identificados em seu expediente como responsáveis pelo conteúdo. A reunião entre o presidente da OAB-AM e donos de portais de notícias teve a presença de representantes do Portal BNC (jornalista Neuton Corrêa), Portal Fato Amazônico (jornalista Elcimar Freitas e a advogada Sirlane Navegante), Portal do Hiel Levy (jornalista Hiel Levy), Portal Manaus 360 (jornalista Cynthia Blink), Portal Único (jornalista Claudio Barboza), Portal Real Time 1 (jornalista Liliane Maia) e Revista Cenarium (jornalista Paula Litaiff).
Pertencem ao Grupo É fato Manaus 360º Blog do Mário Adolfo Blog do Hiel Levy Portal Único Amazonas Atual Fato Amazônico Revista Cenarium Portal Pontual Portal O Poder Amazonas1 Portal da Marcela Rosa Portal do Marcos Santos Portal RealTime1 BNC Portal Flagrante
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Jornalismo com Selo de Qualidade REVISTA CENARIUM participa de lançamento do Selo de Qualidade do Jornalismo no Amazonas Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
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Crédito: Reprodução Google Maps
A promoção da campanha pretende conscientizar a sociedade sobre a importância de prestigiar esse jornalismo” Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas. Crédito: David Almeida | Sjpam
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ANAUS (AM) – A REVISTA CENARIUM participou de uma reunião promovida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM) para lançamento do Selo de Jornalismo Profissional, previsto para 7 de abril, Dia do Jornalista no Brasil. Além da REVISTA CENARIUM, a ação tem como parceiros sites, portais e blogs de notícias do Estado e busca firmar o compromisso da imprensa em garantir a qualidade e a veracidade das informações publicadas.
Sindicato dos Jornalistas promoveu encontro com donos de portais de notícias 28
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Na reunião, realizada no dia 17 de fevereiro, segundo o sindicato, foram tiradas dúvidas sobre a operacionalização do Selo de Qualidade. Para os representantes das empresas e profissionais de jornalismo, a implementação da plataforma constitui uma ferramenta importante para garantir o exercício profissional com qualidade, ética e voltado ao interesse público. Conforme o sindicato, novas reuniões ainda devem ser realizadas até o dia oficial
do lançamento do selo, para ampliar a participação das empresas de comunicação interessadas na busca pela excelência do jornalismo prestado à população.
JORNALISMO DE QUALIDADE Em uma época em que a comunicação passou a ser difusa e permeada por fake news, o selo de qualidade que identifica a prática do jornalismo profissional vem sendo buscado pela imprensa e a promoção da campanha pretende conscientizar a sociedade sobre a importância de prestigiar esse jornalismo, informou o sindicato. O primeiro passo da campanha “É Fato! Jornalismo Profissional com Credibilidade” foi a publicação do selo de qualidade nos veículos de comunicação para diferenciar os que produzem informação com responsabilidade daqueles que são focados apenas em conquistar audiência, por meios antiéticos e sem compromisso com a checagem.
Participam da campanha: ► Revista Cenarium ► Blog do Mário Adolfo ► Blog do Hiel Levy ► Portal Único ► Amazonas Atual ► Fato Amazônico ► Manaus 360º ► Portal Pontual ► Portal O Poder ► Amazonas1 ► Portal da Marcela Rosa ► Portal do Marcos Santos ► Portal RealTime1 ► BNC ► Portal Flagrante 29
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Coluna Via Brasília
RADICALIZANDO Por falar em evangélicos, Bolsonaro já acionou o modo “pauta de costumes”, voltando a radicalizar o discurso, na tentativa de recuperar o eleitorado evangélico que perdeu — e que foi fundamental no pleito de 2018. Daí ter se mostrado indignado com a aprovação da descriminalização do aborto na Colômbia, tema que mobilizou o “gabinete do ódio” contra a ex-deputada Manoela D’Ávila (PCdoB-RS) – que comemorou o fato nas redes, mas depois apagou o post. Tudo que os bolsonaristas queriam com isso era lembrar que o PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conta com simpatizantes desta pauta.
‘BOIADA’ PASSANDO E PAUTA DE COSTUMES DE VOLTA
Crédito: Christian Braga | Greenpeace
Crédito: Marcelo Camargo | Fotos Públicas
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rojeto de lei que propõe excluir o Mato Grosso (MT) dos limites da Amazônia Legal foi protocolado pelo deputado Juarez Costa (MDB/MT). A justificativa é de que é preciso expandir a fronteira agrícola no Estado para atender ao aumento da demanda nacional e internacional por alimentos. Costa argumenta que a manutenção da Reserva Legal em 80%, como determina a lei atualmente em vigor (Lei Federal nº 12.651/2012), traz prejuízos a produtores rurais. Retirar o Estado da Amazônia Legal reduziria esta exigência ao piso de 20%, abrindo espaço para, literalmente, a “boiada” passar.
AGRO E EVANGÉLICOS O projeto do deputado Juarez Costa, de nº 337/2022, contará com o empenho total do Planalto, da base governista, inclusa a maioria do Centrão, bem como do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), empresário do agronegócio e interessado em fidelizar este segmento na campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo sob ligeira melhora nas intenções de voto, captadas em pesquisas recentes, Bolsonaro necessita amarrar esses eleitores, ao tempo em que preocupa a debandada de parte de outro segmento que lhe era fiel: os evangélicos.
SANHA DEVASTADORA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Em mais um capítulo da sanha devastadora do governo federal na Amazônia, a Agência Nacional de Mineração (ANM) deu parecer favorável a uma Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) em área protegida da Floresta Estadual do Trombetas, vizinha à Terra Indígena Zo’é, em Oriximiná, no oeste do Pará. Trata-se de uma ameaça à preservação de um trecho onde é proibida a exploração de recursos naturais e à segurança dos indígenas recém-contatados que vivem na região. Para tentar suspender as novas concessões, o Ministério Público Federal (MPF) já enviou recurso à Justiça Federal.
O combate à violência contra a mulher indígena ganhou mais uma ação efetiva, fruto de parceria entre a Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro, o Instituto Socioambiental (ISA) e a Diocese/SGC. São as “Rodas de Conversa sobre Enfrentamento da Violência contra a Mulher”. Segundo Dadá Baniwa, uma das coordenadoras do evento, a ideia é promover a escuta e o diálogo sobre as diferentes formas de violência, com o objetivo de buscar soluções e políticas públicas que possam promover o acolhimento das vítimas e apoiar no combate e enfrentamento dessas violências.
SAQUE DE FGTS Sempre que a economia cambaleia, surge algum “iluminado” propondo recorrer aos saques do FGTS. Depois de Michel Temer, agora sob a inspiração do ministro Paulo Guedes — que não consegue ter ideia melhor, o governo avançará sobre o FGTS por meio de uma Medida Provisória. Para especialistas, se trata de “voo de galinha”, porque o risco de usar saldos do FGTS para pagar dívidas pode ser um convite a novos endividamentos, além de não resolver o problema no médio prazo. E o pior: vai descapitalizar um fundo que financia habitações para a população de baixa renda. Crédito: José Cruz | Ag. Brasil
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BELEZA SEM DITADURA ECONOMIA & SOCIEDADE
Para todos os corpos Vem ganhando cada vez mais força a ideia de que a beleza não é uma só. No mês das mulheres, a REVISTA CENARIUM celebra todos os belos femininos e traz ao debate os interesses por trás da imposição de padrões estéticos Paula Littaiff – Da Revista Cenarium
Uma tese levantada pela professora da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Verônica Pacheco Azeredo, em seu estudo sobre a identidade do corpo humano - com base na obra “Genealogia da Moral” (1886), do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) -, defende que por trás de um discurso favorável à beleza estão interesses econômicos e políticos, e o desejo de chegar a um padrão inalcançável. A análise de Verônica Azeredo está entre tantas pesquisas de estudiosos contemporâneos que desconstroem a dualidade do “feio e bonito”, e colocam em debate convenções sociais que foram criadas e 34
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alimentadas desde Platão (428 a 347 a.C), com a famosa “Teoria do Belo” e com os ideais de “bem” e “mal”. Verônica Azeredo aponta que pela interpretação de Nietzsche, as avaliações dualistas possuíam interesses religiosos e morais, além de contribuírem para a negação do corpo. Para o filósofo, também não havia a divisão entre corpo e alma, eles são indissociáveis, e a alimentação de um ser não visto poderia gerar princípios abstratos. “Analisou-se o conceito de corpo na contemporaneidade com o intuito de demonstrar que, embora exista um apelo pelo belo, esse corpo é tratado como coisa, como mercadoria. No culto ao corpo, revelam-se ideologias políticas, econômicas e éticas”, explica a professora de Filosofia. Na pesquisa de Verônica, a estudiosa conclui que a estética e a ética não são desvinculadas da sociedade e, em cada época, a cultura educa os corpos, adaptando-os para empregos distintos, ferindo até princípios humanos. “Inferimos que o corpo do homem contemporâneo recebe um
Mulheres com todos os tipos de corpos têm buscado se libertar das pressões para se encaixar em um único padrão estético e começam a ganhar mais espaço na sociedade
Crédito: Ricardo Oliveira
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ANAUS (AM) – No mês em que se comemora o Dia da Mulher, a REVISTA CENARIUM coloca em debate “modelos” de beleza criados pela sociedade desde a Idade Antiga (4.000 a.C a 476 d.C) que aprisionam e sufocam as mulheres, mas que passaram a ser questionados a partir da ideia de que o conceito de “belo” se confronta com variantes e pode envolver fatores ocultos.
R$ 1,7 bilhão A indústria brasileira de estética exportou R$ 1,7 bilhão no acumulado do ano, até junho de 2021, alta de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. As informações são da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
tratamento ambíguo, pois é valorizado e mostrado, mas termina por ser explorado, violentado e banalizado, aponta Verônica, em sua tese.
INDÚSTRIA BILIONÁRIA
fumaria e Cosméticos (Abihpec). A mesma instituição divulgou que as empresas que realizam procedimentos estéticos, incluindo cirurgias plásticas, crescem, em média, 5% a cada ano, e o faturamento do segmento ultrapassa R$ 160 bilhões, anualmente.
Apesar dos desafios enfrentados pela pandemia, a indústria brasileira de estética exportou R$ 1,7 bilhão no acumulado do ano, até junho de 2021, correspondendo a uma alta de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Manter uma boa relação com o espelho é o que motiva os brasileiros a procurarem recursos estéticos, mas o que se busca nessa projeção é um ideal criado por quem quer faturar, a todo custo, usando a vulnerabilidade de quem busca uma beleza abstrata.
As informações são da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Per-
Voltando a Friedrich Nietzsche, na visão do filósofo, a busca pelo belo é mais um
desejo do ser humano em atender a um padrão social intangível, uma espécie de fuga angustiante. “É a fuga de uma dor”, como apontou a professora Verônica Azeredo em seus estudos. Mesmo controverso no pensamento sobre as mulheres – assim como a maioria dos homens de sua época, questionamentos de Nietzsche relacionados ao corpo são importantes para que a sociedade, principalmente o público feminino, coloque em xeque os modelos dualistas criados pela indústria e passe a entender que o belo é ser único. 35
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ECONOMIA & SOCIEDADE
Corpo perfeito?
Crédito: Ricardo Oliveira
DADOS E VIVÊNCIA
A ditadura da beleza padrão aprisiona para atender interesses de mercado e afeta principalmente as mulheres, trazendo prejuízos à saúde física e mental
Segundo um estudo publicado pela empresa londrina de dados Insights e Consultoria Kantar, em 2021, 20% das mulheres brasileiras afirmavam sofrer com baixa autoestima e 16% delas pela não representatividade nas mídias. A modelo Karen Bianca, durante anos, integrou a lista daquelas que se sentem inferiores e acreditam ser menos bonitas por não se encaixarem nas normas estabelecidas pela indústria da beleza. Com o corpo contornado pelo vitiligo (doença não contagiosa caracterizada pela perda da coloração da pele), a modelo sentiu literalmente na pele os julgamentos externos e as rejeições sociais, impostas pela condição.
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – Beleza, atributo cada vez mais desejado pela sociedade contemporânea que vivencia um verdadeiro culto à aparência do corpo. A ideia de uma forma física cheia de curvas bem delineadas, pele sem marcas, cabelos impecáveis, traços finos e barriga chapada é reforçada, ainda mais, pelas grandes mídias e redes sociais que, a todo momento, vendem a imagem de “pessoas perfeitas” preterindo aquelas que não se encaixam nos padrões da chamada ‘ditadura da beleza’. De acordo com a psicóloga especializada em saúde mental Carolina Peixoto, a busca para se encaixar nas normas estéticas formatadas e impostas pelo mercado fomenta a insatisfação com o próprio corpo atingindo,
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bonito é um corpo que tem uma pessoa saudável dentro”, afirma Carolina.
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Eu entendi que a minha beleza é única e que a magia da beleza está justamente nessa diversidade. Participo de um coletivo de pessoas com vitiligo que se apoiam” Karen Bianca, modelo.
Crédito: Ricardo Oliveira
“Eu estava sempre em busca de me encaixar em lugares que eu não me sentia bem, por achar que eu só tinha aquela opção por conta da minha aparência (...) Muitas coisas me machucavam desde a infância até a adolescência. Lembro que, certa vez, uma pessoa falou que nós com vitiligo insistimos em fazer as pessoas acharem isso bonito, mas nunca seríamos e isso nunca deixaria de ser uma doença”, revela a modelo. A modelo Karen Bianca conta que aprendeu a compreender que sua beleza é única e que não precisa se encaixar em lugar onde não se sente bem
principalmente, as mulheres, podendo gerar prejuízos à saúde, que vão desde um procedimento estético malsucedido a problemas como a distorção da autoimagem, ansiedade, bulimia, anorexia e depressão. “Nesse sistema excludente que inviabiliza corpos gordos, negros, com vitiligo, baixos, mais magros e com alguma deficiência, nessa estrutura que mantém preconceitos e adoece pessoas, as mulheres são as mais afetadas, pois diante do contexto patriarcal, impõe-se sobre o corpo feminino uma disputa entre mulheres e uma corrida incessante de ter que alcançar o corpo perfeito e, propositalmente, irreal, na tentativa de se sentirem incluídas socialmente”, avalia a psicóloga.
Na leitura da profissional, a busca em se sentir bem consigo mesmo e manter a saúde é algo válido, o problema começa quando a insatisfação é resultado de tentativas dolorosas de agradar às expectativas alheias, transformando o corpo em “objeto de contemplação” e, por vezes, perdendo a própria identidade. “Para entender essa pauta que é complexa e polêmica é necessário ter um olhar sistêmico sobre o contexto social em que estamos inseridos. Somos ensinados a amar alguns corpos em detrimento de outros, pois diante de um sistema que visa ao lucro, elegemos um padrão de beleza excludente diante da diversidade e da beleza plural que é tão saudável e mais bela. Afinal, um corpo
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“Nesse sistema excludente que inviabiliza corpos gordos, negros, com vitiligo, baixos, mais magros e com alguma deficiência, (...) as mulheres são as mais afetadas, pois (...) se impõe sobre o corpo feminino uma disputa entre mulheres e uma corrida incessante de ter que alcançar o corpo perfeito”
REPRESENTATIVIDADE IMPORTA Com o tempo, Bianca compreendeu que evitar o contato social para fugir dos “olhares tortos” não era a melhor saída. No lugar do “padrão perfeito”, a modelo foi em busca de referências e representatividade que, segundo ela, foram fatores fundamentais para a compreensão da valorização da beleza real. “Foi muito importante para mim e eu entendi que minha beleza é única e que a magia da beleza está justamente nessa diversidade. Participo de um coletivo de pessoas com vitiligo que se apoiam. Torço para que cada vez mais pessoas reais, e não só com vitiligo, mas com qualquer outro traço considerado fora da bolha da beleza ocupem espaços. A representatividade é fundamental para que a gente se enxergue e se identifique. Para mim, a beleza hoje vai muito além do físico. Uma pessoa bela é aquela que inspira, e é gostoso estar perto”.
Carolina Peixoto, psicóloga. Crédito: Acervo Pessoal
Pertencimento Para o sociólogo Luiz Carlos Marques, apesar de complexas, as questões envolvendo a estética, beleza e comportamentos sociais reproduzem toda a desigualdade da sociedade. O sociólogo afirma que os padrões sociais e da beleza exercem coerção sobre outro, para que ele reproduza o que foi estabelecido como um padrão de beleza estético aceitável, mesmo que seja sob pressão. “Por um lado, esses conceitos serviram e ainda servem para diferenciar as pessoas e, por outro, dão a ideia de per-
tencimento, ou seja, separam as pessoas. A história de que a beleza é subjetiva, na verdade, é só um subterfúgio, pois a sociedade julga o outro pela aparência, e não por essência. A essência é fruto da nossa ciência, a própria Sociologia busca a essência das coisas, mas, na vida social, julgam se você tem um bom carro, uma boa casa, um bom físico, uma boa roupa e, até mesmo, o perfume que você usa, se é algo sofisticado ou algo barato, e tudo isso acaba determinando o pertencimento do indivíduo”, explica.
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Moda ‘fora da caixa’ Mercado tenta se adaptar aos novos tempos, investindo em modelos para todos os corpos Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
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Eu só posso falar pela Versace, é claro, e posso dizer que você verá mais inclusão de tamanhos” Donatella Versace, em resposta, por e-mail, a uma entrevista exclusiva à Vogue Business, em 2021, afirmando que estava considerando ampliar a grade da marca.
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ANAUS (AM) – A moda é um reflexo da constante mudança da sociedade. E é por meio da evolução social que as marcas imprimem na moda as transformações. Se antes era mais comum ver nas propagandas de televisão, revistas e novelas produtos destinados eminentemente a pessoas com um único padrão estético preestabelecido (branco, magro e alto), hoje se vê as marcas buscando se encaixar nos novos tempos, nos quais os consumidores não querem mais ver a perfeição, mas querem se ver, ter representatividade.
Crédito: Reprodução Brian Ach
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Um exemplo disso é que as grandes marcas têm se adaptado e diversificado seus produtos para atrair um público “fora do padrão”, que realmente representa a maioria da população. Afinal, quantas pessoas você conhece que vestem um manequim menor que 40, têm mais de 1,60 m e são brancas ou loiras? Uma iniciativa do Google, visando ampliar o debate da inclusão e equidade, apresentou números que comprovaram que 50% das pessoas LGBTQIA+ se dizem dispostas a priorizar uma marca que apoie a causa, enquanto 69% dos consumidores negros são mais propensos a comprarem de uma marca cuja publicidade reflita positivamente sua raça/etnia. Há alguns anos, grifes internacionais, que representam a alta-costura e ditam muitas tendências em suas coleções, deram os primeiros passos em busca da diversidade, como um meio de responder ao público que já questionava por mudanças. Depois que modelos plus size desfilaram pela primeira vez na passarela da Versace nos desfiles de verão 2021, a marca italiana contratou a modelo plus size Precious Lee para uma campanha. A marca Chanel também contou com sua primeira modelo plus size em mais de uma década, quando Jill Kortleve cruzou a passarela da marca, em março de 2020, enquanto Kortleve e Paloma Elsesser se tornaram as primeiras modelos plus size a desfilarem para a Fendi, em fevereiro de 2020.
Crédito: Reprodução Versace Press Office
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A modelo plus size Precious Lee nos desfiles de verão 2021, para a marca italiana Versace
Além das passarelas, as grifes também começam a se articular para levar as formas plus size às lojas. Em uma entrevista exclusiva à Vogue Business, ainda em 2021, Donatella Versace afirmou estar considerando ampliar a grade da marca. “Eu só posso falar pela Versace, é claro, e posso dizer que você verá mais inclusão de tamanhos”, disse por e-mail. Já Dolce & Gabbana se tornou a primeira grife de luxo a oferecer peças de ready-to-wear (“pronto para usar”, na tradução em português) acima do tamanho 50, quando subiu para o manequim 52, em 2019.
Fim das “Angels”
Modelos desfilando a coleção “Savage x Fenty”, da marca Fenty, da cantora Rihanna, que cresce ao romper com padrões estéticos e se torna referência na moda 38
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Uma das maiores grifes de lingerie conhecidas mundialmente, a Victoria’s Secrets sentiu “na pele” as consequências que o engessamento e a falta de representatividade podem causar às empresas nos dias atuais. Sucesso estrondoso nos anos 1990 e 2000, com suas modelos magras, com seios e bumbuns evidentes, altas, esguias e com cabelos longos e volumosos, a marca anunciou, em 2019, o fim do tradicional “Victoria’s Secret Fashion Show”, o desfile anual com modelos conhecidas como “Angels”, (“Anjos”, em português). Os desfiles foram alvos de muitas polêmicas. O último, em 2018, alcançou
a menor audiência de todos os tempos. Foi nesse mesmo ano que as ações da empresa caíram 41% e o principal motivo de reclamação das clientes foram as peças muito apertadas, focadas em corpos magérrimos. Enquanto isso, quem valoriza a diversidade vem crescendo. A Fenty, grife comandada pela cantora Rihanna, tem crescido e se tornado referência no mercado da moda. A coleção “Savage x Fenty”, desenvolvida pela própria cantora, dominou as vendas de lingerie nos Estados Unidos, e o “Savage x Fenty Show’, evento de lançamento da coleção, virou até série especial na Amazon.
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Ancestral e plural Designers exaltam a beleza originária e a diversidade dos povos indígenas em suas criações Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – Diante do cenário de exaltação da diversidade, marcas originárias da Amazônia mostram que a valorização da biodiversidade e resgate da beleza ancestral é essencial para a representatividade. É o caso da marca Rita Prossi, criada pela designer de biojoias que deu seu nome à empresa. Rita cria biojoias “com histórias vivas da Amazônia”, há quase 40 anos. Artesã, ela desenvolve coleções de biojoias, moda e objetos de decoração sempre inspiradas
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Crédito: Wesley Bastos
Assim como nós, pessoas comuns, podemos ser o que quisermos, basta acreditarmos, uma modelo não precisa ter um padrão ou um rótulo”
Crédito: Diego Altobele
Rita Prossi, designer de biojoias.
nas lendas, na cultura e na iconografia Amazônica. Os produtos são feitos com sementes, fibras, couros, pedras, resíduos de madeiras e metais, que ganham vida com design icônico que já consagraram a marca, rendendo à criadora condecorações nacionais e internacionais. Nas redes sociais, além das biojoias, as modelos ditam o tom da beleza nativa. A tez morena, fenótipos característicos dos descendentes de indígenas e modelos plus size são as “vitrines” das biojoias criadas por Rita.
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Decidi mostrar que nós indígenas somos diversificados. Agora, a minha cultura é ressignificar a história do meu povo” Rodrigo Tremembé, designer de moda.
“Minha inspiração sempre foi a Amazônia, com toda a sua biodiversidade, sua fauna e flora, assim como toda a sua cultura, os mistérios, lendas e mitos”, explica a designer. “Sempre busquei pesquisar as marcas mais famosas internacionais, mais como fonte de pesquisa de cores e tendência, como Chanel, Prada e Tiffany. Porém, sempre admirei, desde a minha infância, as iconografias indígenas, seus artefatos e acessórios. Nossos povos originários são os que têm a minha maior admiração e inspiração”. Sobre as modelos, a empresária ainda explana. “Eu penso que assim como nós, pessoas comuns, podemos ser o que quisermos, basta acreditarmos, uma modelo não precisa ter um padrão ou um rótulo, ela pode sim ser uma ótima modelo, não é a cor da pele ou seu peso que irão determinar isso”.
“O VESTIR É ANCESTRAL”
Marca da designer de biojoias Rita Prossi utiliza modelos que fogem ao padrão tradicional e valorizam a beleza amazônica 40
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Crédito: Rodrigo Tremembé
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Fora da Amazônia, mas exaltando a beleza indígena, está Rodrigo Tremembé. Pertencente ao povo Tremembé, da Aldeia Córrego João Pereira, no Ceará, o designer de moda se inspira nos povos originários para compor as peças de vestuário e, assim, fazer os povos indígenas terem representatividade na moda. Rodrigo relembra que a experiência com Moda Indígena teve início após sofrer racismo. Agora, a moda, para ele, é um instrumento de descolonização, uma ferramenta poderosa na luta racial.
Croquis e modelos do designer de moda Rodrigo Tremembé têm como foco a diversidade dos povos indígenas
“No ano de 2020, após publicar uma foto com um grafismo em um grupo indígena, em uma rede social com cerca de 36 mil membros, recebi ataques preconceituosos de indígenas e não indígenas questionando o meu pertencimento baseado na cor da minha pele, por ser indígena de pele clara. Após esse episódio, decidi mostrar que nós indígenas somos diversificados. Agora, a minha cultura é ressignificar a história do meu povo”, enfatiza. “O vestir é ancestral” é o título do editorial de moda indígena criado por Rodrigo. O designer enfatiza ainda que o trabalho pretende mostrar que a beleza indígena é diversa e múltipla. Para ele, é importante retratar os indígenas em contexto moderno, não como seres folclorizados, mas como sendo o que realmente são, independentemente de suas características físicas ou traços de miscigenação. “Quando desenho um croqui de moda representando o indígena plus size, o indígena LGBTQIA+, a pessoa com deficiência ou mesmo o indígena de pele clara, eu estou mostrando minhas inquietações diante de uma sociedade que reproduz, constantemente, estereótipos e preconceitos, e ignora a nossa existência”, afirma. “A indústria da moda é um espaço desafiador que estamos ocupando vaga-
rosamente. Ainda há muito a se trilhar. Há poucas representatividades neste espaço. Raramente, vemos indígenas em castings para editoriais, em passarelas, maquiando e, mais raro ainda, é vermos em uma capa de revista”, conclui Rodrigo.
Inspiração À REVISTA CENARIUM, Rodrigo Tremembé afirma que a sua maior inspiração para a moda e sua maior incentivadora foi a indígena Patrícia Naiara, do povo Kamayurá. Ela é idealizadora da Kotxihereru Arte e Moda Indígena e foi quem o apresentou ao movimento “Descolonize a Moda”. “Ela me falou uma frase que nunca esqueço: ‘Faça arte e descolonize a moda brasileira’. Há marcas que já vêm buscando, há um certo tempo, a presença indígena na moda. Esses também são referências para mim, como o parente Sioduhi, fundador da SioduhiStudio, e a estilista Day Molina, com a marca Nalimo”, relembra. 41
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Mulheres com diversos tipos de beleza compartilham vivências e falam da quebra de padrões Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – Com 1,69 m de altura, pesando 42 quilos aos 25 anos, a psicóloga Raíza Ramos, além de lutar contra o racismo por ser uma mulher preta, vive sob o julgamento e a pressão social e psicológica daqueles que praticam a magrofobia. Sim, o termo existe e, embora haja controvérsias diante da expressão, por não ser considerado, por muitos, um problema estrutural e sistemático como a gordofobia, a expressão é definida como “agressão física, verbal, psicológica ou, até mesmo, perseguição direta ou indireta sem motivo nenhum, a uma pessoa abaixo do peso considerado normal. Apesar de ser uma pessoa saudável desde a infância, o biotipo de magreza extrema de Raíza afetou boa parte da vida, fazendo com que ela vivesse às sombras da insegurança e da vergonha, por não se enquadrar nos preceitos já conhecidos do mercado da beleza. “Afetou muito minha adolescência, devido eu não me sentir tão bem por ser muito magra e não me ver em outras pessoas. Era mais difícil, por exemplo,
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A psicóloga Raíza Ramos enfrenta os desafios de ser uma mulher preta e muito magra
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Afetou muito minha adolescência, devido eu não me sentir tão bem por eu ser muito magra e não me ver em outras pessoas” Raíza Ramos, psicóloga.
ter inspirações, pois além de ser magra eu sou preta. Não gostava muito de me expor e tinha medo do julgamento”, diz Raíza.
‘SOU GORDA SIM’
Em processo de autoaceitação, aos poucos, a psicóloga vai se desfazendo das amarras que a impediam de se admirar frente ao espelho. “Ainda estou no caminho, hoje já uso biquínis, que era uma coisa que eu tinha muita vergonha por causa do meu corpo”, diz Raíza, afirmando sentir falta de mais representatividade.
No lado oposto ao de Raíza, a professora de Língua Portuguesa Jesua Maia, 34, sofreu e ainda sofre os efeitos dos preconceitos ou aversão por conta do corpo do peso, a chamada gordofobia. Segundo dados publicados pela Nature Medicine, em 2020, entre 19% e 42% dos adultos obesos sofreram com algum tipo de discriminação. A taxa atinge, principalmente, as mulheres gordas.
“Ainda sinto dificuldade em buscar pessoas que me inspirem. Normalmente, encontro mais no campo da intelectualidade, mas no âmbito da beleza é difícil. Não vou obrigar a gostarem de mim e me verem do jeito que eu me vejo, mas reflito diante dessas situações e, para mim, já não é mais um problema. Estou bem como estou, e acredito no meu potencial”, conclui a psicóloga.
Interessada em moda e antenada nas pautas que promovem a pluralidade, Jesua focou justamente na informação para não cair na depressão e nas cobranças estéticas do senso comum. “Eu nunca aceitei ter que me esconder porque os outros se incomodam com o meu peso. Não estou dizendo que obesidade não é uma doença, é sim. Mas, é necessário saber conviver com a doença, e se chegar um momento
Crédito: Ricardo Oliveira
‘A beleza sou eu’
Crédito: Ricardo Oliveira
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Eu sei que sou gorda e não fofinha. Precisamos quebrar esse estigma. Os gordos, os muitos magros, os negros, as pessoas com vitiligo, com Síndrome de Down, todos nós temos direito a existir”
Crédito: Ricardo Oliveira
A professora de Língua Portuguesa Jesua Maia conta que nunca aceitou se esconder porque os outros se incomodam com o seu peso
A modelo Ana Vitória conta com o suporte dos pais e vem rompendo barreiras no mundo da moda
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Para nós pais é mais complicado, porque o preconceito bate e nós somos o escudo” Vera Lima, mãe de Ana Vitória, modelo com microcefalia.
Jesua Maia, professora de Língua Portuguesa.
que venha o desejo de superá-la, que isso seja feito por você, pelo seu bem-estar e não por uma imposição externa”.
PRECISAMOS EXISTIR
Inclusão Quando se fala em representatividade, inclusão e quebra de padrões estéticos, é impossível não citar Ana Vitória Lago, 22. A amazonense é a primeira modelo com microcefalia do mundo. A condição neurológica caracterizada pelo tamanho diminuto da cabeça não impede que a modelo trace um caminho de sucesso e siga inspirando outras mulheres. “Desde que a Ana Vitória nasceu a gente trabalha a autoestima dela para se aceitar da forma que ela é. Para nós pais, é mais complicado porque o preconceito bate e nós somos o escudo. Creio
que por isso ela chegou onde chegou hoje, além de ser a primeira modelo com microcefalia, é uma das oito mulheres que mais inspiram no mundo da inclusão, é imortalizada pelo museu da inclusão de São Paulo e é Miss Amazonas Inclusão. Então, todos os lugares que a gente pode colocá-la para que a gente mude a visão dessas pessoas preconceituosas, lá ela estará”, diz Vera Lima, mãe de Ana Vitória. Quando questionada sobre o que é ser bonita, a modelo responde: “A beleza sou eu”.
De acordo com a professora, a palavra gorda/gordo ainda tem um estigma que ela intitula como “peso social”, por conta de uma sociedade que ainda caminha, a passos lentos, para mudar a mentalidade sobre o entendimento das diferenças. Ela também ressalta a liberdade de poder ser quem se é. “Eu sou gorda, este é o meu biotipo, sem eufemismo, sem suavização. Eu sei que sou gorda e não fofinha. Precisamos quebrar esse estigma e os gordos, os muitos magros, os pretos, as pessoas com vitiligo, com Síndrome de Down e todos nós temos direito a existir. Se tivemos direito à vida, então que sejamos aceitos como somos”. *Colaborou Ana Pastana 43
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Criada na Amazônia, a marca de calçados femininos Sapatinho de Luxo traz, em sua essência, a representatividade e se tornou referência em moda feminina Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – A Amazônia agrega a maior biodiversidade do planeta, mas, além da variedade da fauna e da flora, a diversidade das pessoas tem se tornado uma aposta das marcas voltadas ao público feminino. Foi no coração dessa região que surgiu a Sapatinho de Luxo, uma marca de sapatos, bolsas e acessórios femininos que nasceu em Manaus (AM) e tem se consolidado na Região Norte, investindo na representatividade e garantindo que ela esteja presente em todas as campanhas e ações que desenvolve. A empresa já tem mais de 20 anos de atuação com 53 lojas físicas — dentre elas, uma unidade em Miami, nos Estados Unidos — e 255 microfranquias
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espalhadas pelo Brasil, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O cofundador da marca, Ednailson Rozenha, lembra que a marca surgiu de um sonho e que a diversidade não está apenas nas vitrines, com influenciadoras pretas, gordas, indígenas e mulheres trans, mas também nos bastidores da empresa. “A Sapatinho de Luxo surgiu de um sonho, literalmente. Para alguns, parecia utópico criar uma marca de calçados no Amazonas que não possui nenhum referencial de moda. Eu já enxergava por um viés diferente: moda tem tudo a ver com o Amazonas. O povo daqui é de uma criatividade ímpar e possui um estilo de vida acolhedor, acessível, alegre e único”, relembra ele.
“É uma marca que em toda a sua história sempre agrega a diversidade, tanto internamente quanto em sua comunicação. Cerca de 95% do time é formado por mulheres e LGBTQIA+. A representatividade está presente em todas as nossas campanhas e ações. Isso está dentro da nossa essência como empresa e marca”, pontua.
REPRESENTATIVIDADE DO NORTE Por ter surgido na Região Norte e precisar se adaptar a um ambiente comercial de vendas on-line, a Sapatinho de Luxo tem investido em influenciadores “fora do padrão” para serem a vitrine da marca. As campanhas trazem nomes como o da levantadora de toadas do Boi Garantido,
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Luxo e diversidade
Ednailson Rozenha, cofundador da Sapatinho de Luxo, afirma que sempre entendeu que a moda tem tudo a ver com o Amazonas e com a criatividade ímpar de seu povo
Crédito: Airê Queiroz
Crédito: Divulgação
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A marca Sapatinho de Luxo investe na beleza da mulher da Amazônia e foca na diversidade em suas campanhas
Crédito: Clara Hebron
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Nosso time de influenciadoras possui mais de 250 nomes. Dentre eles, temos mulheres trans, indígenas, gordas, pretas” Ednailson Rozenha, cofundador da marca Sapatinho de Luxo.
Márcia Siqueira, e das influenciadoras Ruivinha de Marte e Amanda Monteiro, figuras conhecidas do público. “Temos muito orgulho de ser uma marca nascida no Amazonas e por mais que estejamos abrangendo hoje todo o Brasil, nossa terra está em nosso DNA”, pontua Rozenha. “Faze-
mos questão de ressaltar nossas raízes em nossas ações e valorizar sempre nossas influenciadoras nortistas em grandes campanhas. Nosso time de influenciadoras é plural e possui mais de 250 nomes. Dentre eles, temos mulheres trans, indígenas, gordas e pretas”.
Retrato da mudança AApesar de ser uma marca de produtos voltados ao público feminino, a empresa vem apostando em estratégias “fora da curva”, como é o caso do lançamento do projeto de microfranquias, que visa expandir a marca para as regiões Sul e Sudeste do País. A campanha é protagonizada pelo ex-participante do reality show Big Brother Brasil (BBB), Gil do Vigor. “O Gil foi convidado para ser o embaixador de um projeto novo e diferente, sobre mudança de vidas, a Microfranquia SDL. Este
projeto possibilita que, com investimento menor e facilitado, pessoas comuns possam virar empreendedoras e iniciar uma nova carreira”, explica Rozenha. “Apesar de não trabalharmos com calçados masculinos, Gil foi uma escolha acertada, pois ele é o retrato da mudança: gay, preto, nordestino e de origem pobre que, com muito esforço, conseguiu mudar a história de sua família. É isso que queremos com esse projeto, trazer mudança”, finaliza o empresário. 45
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Sexualidade e relacionamentos
Dados da imposição Segundo uma pesquisa realizada em dezembro de 2020 por uma marca de produtos de higiene pessoal pertencente à companhia multinacional britânica de bens de consumo Unilever, 75% das mulheres gostariam que o mundo focasse mais em quem elas são, e não em suas aparências físicas.
A busca pela beleza irreal resulta em insegurança com a aparência, levando mulheres a passarem por relacionamentos que afetam a sexualidade
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de fato, sou, meu lugar e o que mereço”, conta a produtora.
“É uma questão que, sem dúvida, abala muito e interfere diretamente na autoestima. Não conseguimos ter maiores entregas em nossos relacionamentos. Lembrando que envolve também o âmbito cotidiano e todas as relações possíveis”, destaca a sexóloga.
Na tentativa de agradar, a produtora cedia às pressões dos parceiros e conhecidos. Segundo ela, a alternativa era sempre tentar entrar nas normas ou se ausentar e deixar de socializar, para não sentir os impactos dos comentários maldosos que ouvia, abalando, cada vez mais, a pouca autoestima que tinha.
Até entender que o problema de fato não era ela, e que merecia mais dos relacionamentos, Joecy destaca as inúmeras vezes em que foi trocada por mulheres consideradas “padrão”. “Já tive relações em que a pessoa me enrolava para não me assumir, pois, segundo ele, não estava na hora, daí eu falava ‘não quero mais’ e, uma semana depois, a pessoa aparecia namorando uma mulher padrão. E isso foram várias vezes, até eu entender quem,
ANAUS (AM) – “Até os 33 anos, minha autoestima era zero, então toda relação para mim era difícil, pois eu me sentia insegura, nunca me achava o suficiente e bonita. Quando alguém se interessava por mim e fazia o mínimo, eu aceitava porque, na minha cabeça, era ‘melhor do que nada, né, pois gorda daquele jeito, eu tinha que dar graças a Deus por alguém me querer”. A declaração é da produtora de conteúdo digital Joecy Azevedo, 38, que relembra o quanto a autoestima abalada por “não se encaixar nos padrões” impostos pelo mercado da beleza fez com que ela acreditasse, durante anos, não ser digna de ser amada, respeitada e viver um relacionamento saudável por conta do próprio biotipo corporal.
“Já deixei várias vezes de sair com namorado ou não usar uma roupa porque ele dizia que eu estava feia, não era legal porque eu estava ‘gordinha’, sendo que ele me conheceu daquele jeito. Eu, querendo agradar, fazia o que ele queria, mas me sentia péssima. E uma das coisas que eu ouvia muito é ‘procura emagrecer, senão ninguém vai te querer, homem não gosta de mulher relaxada’, sendo que eu sempre fui muito vaidosa, mesmo com todas as minhas inseguranças.
Quando a pessoa está, acima de tudo, segura de si, ela entende que, nesse caso, o prazer vem em primeiro lugar, e não precisa sofrer absurdamente com questões físicas”
Neyla Siqueira, psicóloga e sexóloga.
REDESCOBERTA E AUTOCONHECIMENTO Cansada de se diminuir e não viver todos os prazeres de um relacionamento saudável, Joecy, que nunca se considerou uma pessoa tímida, via seu brilho ser ofuscado por cobranças externas excessivas. Foi quando resolveu dar um basta, mudou de postura, e começou a entender que ela também tinha o direito de gozar a vida sem ter que se enquadrar no conceito de beleza do outro. O processo de redescoberta de Joecy foi, gradualmente, a tornando uma mulher empoderada, dona de si e interessada em quebrar tabus. Assuntos como sexualidade,
Autoestima e atração Conforme Neyla Siqueira, há uma relação direta entre a autoestima e a atração que isso pode gerar no outro. “Não é à toa que até o senso comum diz que, quando estamos bem, ficamos iluminados e com outra postura. Isso se deve a essa relação direta”, diz Neyla. A produtora de conteúdo digital Joecy Azevedo sofria ao tentar se encaixar em padrões exigidos por seus parceiros, amigos e familiares, mas agora não aceita mais tentativas de diminui-la
Crédito: Juan Valente
Na leitura da psicóloga e sexóloga Neyla Siqueira, Joecy é mais um exemplo de que a busca pela beleza quase irreal resulta em uma sociedade insegura com a aparência. Este fator contribui para que mulheres passem por situações e relacionamentos que afetam, ainda mais, a sexualidade considerada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) um dos pilares da qualidade de vida e bem-estar do indivíduo.
“ME SENTIA PÉSSIMA”
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
O estudo voltado para a autoestima feminina entrevistou mais de 1.500 mulheres nas faixas etárias entre 10 e 55 anos nos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil. O levantamento aponta ainda que 69% das mulheres adultas tinham o desejo de poder cuidar e construir autoestima quando ainda mais jovens.
“
Quando o assunto é sexualidade, a sexóloga reforça que a autoestima bem cuidada e o nível de autoaceitação elevado contribuem positivamente para a compreensão de que o prazer vem em primeiro lugar, e não as questões físicas. Para a profissional, o belo vem justamente
da possibilidade dessa interação entre todos os perfis existentes.
aparência também não seria? A beleza está justamente nesta mistura, explica.
“A pessoa que entende isso e está bem consigo mesma não se incomoda com celulites, estrias, gordura, cicatrizes, não se incomoda em, necessariamente, ter uma performance sexual de atriz pornô. Quando a pessoa está, acima de tudo, segura de si, ela entende que, nesse caso, o prazer vem em primeiro lugar, e não precisa sofrer absurdamente com questões físicas, pois estando bem da cabeça, você consegue estar bem de coração e de corpo. Afinal, a sociedade é plural em todos os sentidos. Então, por que na
Porém, Neyla ressalta que o processo de aceitação, autoconhecimento não é algo rápido e fácil. É necessário tempo e, dependendo do quão afetada a pessoa foi por conta das imposições cruéis dos padrões de beleza, é preciso a ajuda de um profissional. “Na verdade, isso é trabalhado ao longo da vida e a terapia ajuda muito, pois te traz conhecimento das suas limitações e potencialidades e como lidar com essas questões de forma mais saudável”, orienta Neyla. 47
BELEZA SEM DITADURA
ARTIGO – JAIZA FRAXE
Crédito: Eliton Santos
ECONOMIA & SOCIEDADE autoprazer, moda, beleza e todos os temas que antes eram uma barreira para ela, hoje fomentam as pautas trazidas à tona pela produtora de conteúdo digital. “Comecei a seguir mulheres com corpos reais e parecidos com o meu. Via o tanto que elas se amavam e tinham bons relacionamentos, sempre bem arrumadas. Exclui tudo que me trazia insegurança e que botava à prova se eu era realmente uma mulher bonita. Fazer isso foi uma das melhores coisas, pois passei a me olhar com mais amor, a não me achar errada, nem feia. Aprendi a cuidar mais da minha saúde, voltei a fazer atividades físicas por gostar mesmo, e não por obrigação de ser magra”, revela.
*Jaiza Fraxe
“Mereço mais, tenho meu valor” Ainda que tenha mudado de postura e não seja mais tão ligada ao modelo de beleza eurocêntrico vendido pelo mercado da beleza, Joecy afirma não estar imune aos comentários e abordagens incômodas. Hoje, a mulher gorda, preta e que foge aos padrões, se posiciona e, diferente do passado, não deixa que ninguém se sinta confortável ao tentar diminui-la. “Infelizmente, é algo que sempre irá acontecer e não fico calada, me humilhando. Falou? Então, vai ouvir. Acho muito importante a gente se posicionar. Eu falo tudo e depois bloqueio. Pode até ser pessoalmente. Eu respondo e excluo da minha vida. Isso já aconteceu com ‘amigos’, família e pretendentes. Eu não permito mais que ninguém fale algo que tire o meu valor, me diminua”, ressalta Joecy, que complementa: “Eu entendi que eu não sou o problema. Eu aprendi que não há nada de errado comigo. Aprendi a me amar. Autoestima é uma construção diária, então todos os dias eu alimento coisas boas sobre mim, para que eu mantenha sempre a cabeça erguida e não esqueça do quanto sou incrível. Estando com saúde e de bem comigo mesma, o meu padrão de beleza sou eu”, finaliza. 50
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Crédito: Divulgação
Fala, Calabresa!
N
a última década do século XX, havia muitas quadrilhas que se incumbiam no Norte do País de traficar mulheres para a exploração sexual e submissão de sua condição humana à escravidão. O recorte histórico é compatível com a denominação “quadrilha”, porque o legislador ainda não havia criminalizado as organizações criminosas.
“
Estando com saúde e de bem comigo mesma, o meu padrão de beleza sou eu”
Joecy Azevedo, 38, produtora de conteúdo digital.
Joecy Azevedo afirma que aprendeu a se olhar com mais amor
Na época, ainda eram modestos os debates sobre as teorias tradicionais relacionadas às funções dos direitos fundamentais, posto que não ofereciam parâmetros suficientes para a promoção da emancipação das minorias e suas interseccionalidades: mulheres; mulheres pretas; mulheres indígenas; homossexuais. Ora, minorias dentro de minorias sofrem duas, três, quatro vezes mais. Mulheres indígenas, invisibilizadas por serem mulheres, por serem indígenas, por serem indígenas da Amazônia brasileira, eram traficadas como se bichos fossem. Muitas que viviam em situação de autoisolamento em suas comunidades e aldeamentos desconheciam completamente as questões sobre a necessidade de pertencimento, de concretização de seus direitos constitucionais pré-existentes e direitos humanos universais. Quando agências ou órgãos pensavam sobre tais grupos minoritários, muitos o
faziam a partir de uma visão zoológica e de proteção equivocada.
pois não aguentava mais ser torturado ao som de “Fala, Calabresa!”.
Todas essas vulnerabilidades favoreciam as quadrilhas que se organizavam para escravizar e traficar mulheres. Do Amazonas, passando por Roraima, indo para as Guianas, e daí para outros países, inclusive em outros continentes.
Liberado daquele encarceramento infernal, morreu um ano depois, vítima de infecção causada pelo HIV.
Em certa ocasião, após uma grande operação destinada a desarticular quadrilhas com esse viés, um dos suspeitos que estava em situação de prisão cautelar relatava sua própria vulnerabilidade. Preto, homossexual, alegava tortura após chegada em determinada Casa Penal. Dizia ter recebido o apelido de ‘Calabresa’. E lá sofria com sacos, telefones e até pratos, técnicas de torturadores para extrair informações que eles julgam importantes para suas vidas milicianas. Não bastasse isso, alegava sofrer com sessões terríveis de estupros coletivos, por ser homossexual. Em sua primeira apresentação ao juiz do caso, foi ouvido em seus relatos de dor e imediatamente retirado daquele ambiente indigno e hostil. Mas, nada do que se fizesse apagaria as lembranças de tortura e dor. Ficou marcado o dia em que, de joelhos e aos prantos, pedia misericórdia ao seu juiz,
De um lado, mulheres indígenas traficadas para serem escravizadas, exploradas sexualmente; minorias dentro de minorias vivendo tragédias. De outro, a prisão que mata, não corrige, não ressocializa, não recupera e, portanto, não pune como deveria punir. Como comparar dramas tão profundos? É importante confrontarmos a realidade do processo de criminalização no País. Não podemos negar o quanto ele serve para mostrar o viés legitimador da seletividade do processo penal. Dados da Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Pestraf) contabilizam 110 rotas nacionais e 131 rotas internacionais, sendo 32 dessas para a Espanha. Muitas mulheres brasileiras continuam sendo escravizadas e traficadas de forma trágica, sem jamais conseguirem retornar para suas famílias. Afinal, há funcionalidade no sistema penal brasileiro? A resposta fica para o próximo texto. (*) Jaiza Fraxe é juíza federal, professora de Direito e doutora em Biotecnologia. 51
ECONOMIA & SOCIEDADE
REVISTA CENARIUM
Concursos em alta no Amazonas Amazonas abre mais de 2,5 mil vagas em certames públicos no Estado
Concursos públicos para órgãos do Estado do Amazonas têm atraído um grande número de candidatos
Eduardo Figueiredo – Da Revista Cenarium Crédito: Bruno Zanardo | Secom
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ANAUS (AM) – Entre outubro de 2021 e fevereiro deste ano, o Governo do Amazonas anunciou mais de 2,5 mil vagas em seis concursos públicos no Estado. As vagas são para atuar na Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e Procuradoria-Geral do Estado (PGE). “Estamos construindo coisas inéditas em nosso governo”, destacou o governador
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do Amazonas, Wilson Lima, ao anunciar os primeiros editais. A REVISTA CENARIUM listou a relação dos certames anunciados, com informações de data, quantidade de vagas e salários.
PGE
3,8 mil a R$ 7,3 mil mensais. Os cargos são para 40 horas de trabalho semanais. As inscrições tiveram início no dia 15 do mesmo mês e o concurso, com validade de dois anos, será realizado pela Fundação Carlos Chagas. As vagas são para Manaus e Brasília (DF).
O mais recente concurso, anunciado em 9 de fevereiro deste ano, foi para a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), com a oferta de 44 vagas para cargos de nível médio e superior, com salários que variam de R$
Ao todo, são 11 cargos diferentes: analista procuratorial; técnico em gestão procuratorial, nas áreas de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Software, Contabilidade, Perícias e
Avaliações Imobiliárias, Controle Interno, Administração, Informática e Processamento de Dados; e assistente procuratorial (nível médio). As provas serão realizadas na capital amazonense e a previsão é que ocorram no dia 17 de abril.
SSP Com a oferta de 150 vagas para os níveis técnico, médio e superior, o concurso para
a Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi anunciado no dia 3 de dezembro de 2021. O edital traz as vagas divididas em duas categorias: são dez vagas para técnico de nível superior e 140 para assistente operacional (nível médio). Os candidatos devem ter, no mínimo, 18 anos completos e as remunerações básicas variam de R$ 771,54 (assistente operacional) a R$ 1.285,90 (técnico de nível superior). Serão cinco etapas classificatórias, que envolvem prova objetiva,
R$ 20,4 mil Salários de cargos em oferta variam de R$ 1,2 mil a 20,4 mil.
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ECONOMIA & SOCIEDADE
prova de título, avaliação médica e investigação social. A realização da prova objetiva para o nível médio e superior foi realizada no dia 13 de março. Para o nível médio, serão 60 questões, já para o nível superior serão 70.
SEFAZ O concurso foi um dos certames anunciados pelo governador Wilson Lima, em outubro de 2021, quando foi divulgado um pacote de benefícios para o funcionalismo estadual, durante a comemoração do Dia do Servidor Público. O certame oferta 210 vagas para cargos de nível médio e superior para a Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM), que, desde 2005, não tinha concurso público para o preenchimento dos seus quadros. As provas estão previstas para os dias 7 e 8 de maio, em Manaus e municípios da Região Metropolitana da capital.
REVISTA CENARIUM
As inscrições foram abertas no dia 14 de fevereiro, podendo ser realizadas pela internet e de forma presencial na sede do órgão, localizado na Avenida André Araújo, 150, bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus. A taxa de inscrição é no valor de R$ 80 para o cargo de assistente administrativo da Fazenda Estadual; R$ 135 para o cargo de auditor fiscal de Tributos Estaduais; e R$ 125 para os demais cargos (auditor de finanças e Controle do Tesouro Estadual, analista de Tecnologia da Informação da Fazenda Estadual, técnico de Arrecadação de Tributos Estaduais e técnico da Fazenda Estadual).
CONCURSOS NO AMAZONAS
O certame de seleção para o cargo de delegado ocorrerá no dia 27 de março, com a realização da prova objetiva das 8h às 13h (horário de Manaus), e a discursiva das 15h às 19h30 (horário de Manaus). As provas serão realizadas nos municípios de Coari, Eirunepé, Humaitá, Itacoatiara, Manaus, Parintins, Tabatinga e Tefé. As demais etapas do concurso serão realizadas exclusivamente na capital amazonense.
POLÍCIA CIVIL
Para os cargos de escrivão e perito (legista, criminal e odontolegista), as provas ocorrerão no dia 3 de abril, das 8h às 12h (horário de Manaus) e para investigador também no dia 3 de abril, mas das 15h às 19h, nos mesmos municípios já mencionados.
Com as inscrições encerradas em fevereiro, o concurso da Polícia Civil do Amazonas homologou a inscrição de 79 mil candidatos, que irão prestar provas de ingresso na instituição. No total, são 362 vagas disponíveis.
Para delegado, a remuneração básica inicial será de R$ 20.449,05, com carga horária de 40 horas de expediente semanal. Para perito criminal, médico legista e odontolegista a remuneração é de R$ 16.237,85, com a mesma carga horária.
////// PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO //////
////// SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA //////
Prova
Inscrições
Prova
Inscrições
Nível
Banca
Nível
Banca
Vagas
Salário
Vagas
Salário
17/04/2022 Médio/Superior 44 vagas
Até 16/03/2022 Fundação Carlos Chagas Até R$ 7.300,00
13/03/2022 Técnico/Médio/Superior 150 vagas
////// SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA ////// Prova
07 e 08/05/2022
Inscrições
Até 14/03/2022
ENCERRADAS Fundação Getulio Vargas Até R$ 1.285,90
////// POLÍCIA CIVIL DO AMAZONAS //////
Prova
Inscrições
03/04/2022
ENCERRADAS
Nível
Banca
Fundação Getulio Vargas
Nível Superior
Banca
Vagas
Salário
Vagas
Salário
Médio/Superior 210 vagas
Até R$ 23.548,96
Fundação Getulio Vargas
362 vagas
////// CORPO DE BOMBEIROS DO AMAZONAS //////
Até R$ 20.449,05
////// POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS //////
Crédito: Divulgação | Secom
Prova
Inscrições
Prova
Inscrições
Nível
Banca
Nível
Banca
Vagas
Salário
Vagas
Salário
REALIZADA Médio/Superior 453 vagas
ENCERRADAS Fundação Getulio Vargas Até R$ 23.548,96
REALIZADA Médio/Superior 1.350 vagas
ENCERRADAS Fundação Getulio Vargas Até R$ 7.180,34
Fonte: Editais dos concursos públicos
CORPO DE BOMBEIROS RRealizado em 12 de fevereiro, o concurso do Corpo de Bombeiros registrou mais de 9 mil faltosos, o que representa, aproximadamente, 21% do total de inscritos no edital. A banca examinadora responsável pelo certame é a Fundação Getulio Vargas (FGV). O certame dispõe de 53 vagas para o cargo de segundo-tenente (nível superior) e 400 vagas de soldado (nível médio). A prova objetiva contou com 60 questões de nível médio e 80 para o nível superior. Para o cargo de segundo-tenente, a remuneração alcançada após a conclusão do Curso de Formação de Oficiais e do 54
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estágio probatório é de R$ 12.468,18. E, para o cargo de soldado, a remuneração após a conclusão do Curso de Formação de Soldado Bombeiro Militar é de R$ 4.831,43.
POLÍCIA MILITAR O concurso público da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) registrou 20.819 faltosos, em Manaus e em outros sete municípios do interior, na primeira etapa do certame. O número representa, aproximadamente, 18,6% dos 111 mil candidatos inscritos no edital. Além da capital, as provas ocorreram também nos municípios de Coari, Eirunepé, Humaitá, Itacoatiara, Parintins, Tabatinga e Tefé. Foram ofertadas 1.350 vagas, divididas em três categorias: 1 mil vagas para aluno-
-soldado (nível médio), 320 vagas para aluno-oficial (nível superior) e 30 vagas para aluno-oficial de saúde (nível superior). Os candidatos aprovados e classificados serão matriculados nos Cursos de Formação de Soldados (CFSD/PM), com dez meses de duração, de Formação de Oficiais (CFO/ PM), com 36 meses de duração, e de Formação de Oficiais de Saúde (CFOS/PM), com quatro meses de duração. As remunerações iniciais variam de R$ 2.657,28 (aluno-soldado) a R$ 7.180,34 (aluno-oficial e aluno-oficial de saúde). Serão sete etapas classificatórias que envolvem prova objetiva, prova de título, avaliação médica, exame físico, investigação social e exame psicotécnico. 55
ECONOMIA & SOCIEDADE
Vai uma pizza de queijo brie com damasco? Conheça um novo conceito de massas em Manaus Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
M
ANAUS (AM) – Com 20 sabores de pizzas clássicas, premium e doces, a Montanari Pizzas e Massas em delivery foi inaugurada, recentemente, em Manaus, trazendo um novo conceito de comida tradicional italiana para o público de todas as zonas da capital amazonense. Mussarela, pepperoni e bolonhesa com uma “pitada” de um molho especial são algumas das opções ofertadas pelo empreendimento, localizado na Avenida Darcy Vargas, no bairro Parque 10 de Novembro, na Zona Centro-Sul da capital. A pizzaria, que em princípio funciona somente no formato de entrega rápida, sem cobrança de taxa, conta com dois chefs pizzaiolos profissionais – especialistas em gastronomia, seis entregadores, uma cozinheira para o preparo das massas e uma secretária, sob o comando de dois empresários renomados da cidade, que resolveram empreender de forma independente no ramo. A Montanari Pizzas e Massas tem o nome de origem italiano e significa “da
montanha”, “alpinistas” ou “pessoas oriundas das montanhas”. Segundo os proprietários do estabelecimento, o nome também faz referência àqueles que buscam a perfeição em tudo o que fazem e lhes dizem respeito, que são práticos, ponderados e responsáveis por tudo que está envolto, seja no lar, empresa ou organização.
PIZZAS O estabelecimento utiliza na fabricação das pizzas tomate importado e uma massa fina, orgânica e com uma cadeia de glúten de ótima qualidade, proporcionando elasticidade na receita das pizzas, que são preparadas com médio tempo de fermentação (cerca de 6 horas com a massa em repouso), permitindo a entrega de uma pizza de “dar água na boca”. Funcionando desde o dia de 17 de janeiro deste ano, a Montanari Pizzas e Massas já tem uma média diária de 50 entregas, mesmo aberta a pedidos nos horários das 17h às 22h, de segunda a sexta, e das 17h às 23h, aos finais de semana. As pizzas estão disponíveis nos tamanhos pequeno, médio e grande, com pre-
ços que variam de R$ 24,99 a R$ 88,99. Os sabores clássicos são calabresa, portuguesa, marguerita, mussarela, tomate e rúcula e pepperoni, que incluem nas receitas o molho de tomate padrão italiano, considerado a especiaria que difere o estabelecimento de outras pizzarias de Manaus. Os sabores premium que compõem o cardápio da Montanari Pizzas e Massas são atum, cacau, brie com damasco, quatro queijos, bolonhesa, carne seca com catupiry, filé com catupiry, à moda da casa, frango com catupiry e bacon com cheddar. O molho especial da pizzaria também está incluso nas receitas. As pizzas doces preparadas pelos chefs são dos sabores maracujá com brigadeiro, final de carreira (creme de leite, chocolate branco, brigadeiro e doce de leite), banana com canela, mesclado (creme de leite, chocolate ao leite, chocolate branco e coco ralado) e sensação (creme de leite, chocolate ao leite, morango e granulado).
Para saborear Os clientes que queiram consumir as pizzas da Montanari podem entrar em contato com a empresa pelo número (92) 99513-8089 ou pelas redes sociais, onde também podem acessar o cardápio completo da pizzaria.
Crédito: Divulgação
Mamma mia!
A Montanari Pizzas e Massas em delivery iniciou suas atividades no mês de janeiro, em Manaus, trazendo 20 sabores de pizzas clássicas, premium e doces no cardápio 56
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ECONOMIA & SOCIEDADE
Direito à saúde Crédito: Dhyeizo Lemos | Secom
MP-AM deve denunciar prefeitos que deixarem de aplicar vacina contra a Covid-19 em crianças Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
M
ANAUS (AM) – O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) pretende entrar com ação judicial contra prefeitos que deixem de vacinar crianças, na faixa etária entre 5 e 11 anos, contra a Covid-19. A informação foi tema do debate do programa “Boa Noite, Amazônia”, da Rádio FM Onda Digital, no dia 8 de fevereiro deste ano. A instituição ainda expediu recomendação para que os promotores de Justiça do Estado “atuem no sentido de garantir o direito à vacinação contra a Covid-19 para adolescentes e crianças” nos municípios. Em entrevista ao programa, a procuradora de Justiça Silvana Nobre de Lima Cabral confirmou a possibilidade de denunciar os prefeitos que se negarem a garantir esse direito, mas reforçou que a prioridade é o diálogo e a conscientização. “À medida que o nosso procurador-geral divulga e assina uma recomendação desse porte, ele está incluindo todas essas questões como metas institucionais. Isso quer dizer que todos os membros vão trabalhar igualmente nessa situação, quer seja na cidade de Manaus ou em outros municípios do nosso Estado, porque queremos preservar esse direito à saúde e o direito à educação”, explicou a procuradora.
RECOMENDAÇÃO Assinada no dia 3 de fevereiro, pelo procurador-geral de Justiça do Amazonas Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, 58
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e publicada no Diário Oficial do MP-AM, a recomendação ainda orienta aos promotores que “estabeleçam diálogo com as pastas da saúde, educação e assistência social e acompanhem todo o planejamento de execução da política nacional de imunização contra a Covid-19, que deve alcançar as crianças e os adolescentes que estão dentro e fora do ambiente escolar”.
“
Todos os membros vão trabalhar igualmente nessa situação, quer seja na cidade de Manaus ou em outros municípios de nosso Estado”
Silvana Nobre, promotora de Justiça. Outro ponto é referente à busca ativa de crianças e adolescentes não vacinados, que deve ser feita por meio de ações integradas entre as secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, com a participação, inclusive, dos Centros de Referência Especializados em Assistência Social (Creas), dos Centros de Referência da Assistência
Social (Cras), Conselhos Tutelares e agentes comunitários de saúde. Além de versar sobre a vacinação, a recomendação ainda se direciona à educação, orientando que os promotores cobrem a obrigatoriedade da apresentação do cartão de vacinação no ato de matrícula, rematrícula e retorno ao ambiente escolar e creche, “sem, entretanto, impedimentos para a presença das crianças não vacinadas no ambiente escolar”.
IMPEDIMENTO PELOS PAIS Já considerando a possibilidade de impedimento dos pais para que as crianças nessa faixa etária sejam vacinadas, o MP-AM relembrou que o Recurso Extraordinário 1.267.879/SP, do Supremo Tribunal Federal (STF), valendo-se do “melhor interesse da criança”, “não autoriza que os pais, invocando convicção filosófica, coloquem em risco a saúde dos filhos” quando a autoridade sanitária competente entender que a vacinação é uma medida de proteção da saúde da criança e de prevenção. A REVISTA CENARIUM questionou a Associação Amazonense dos Municípios (AAM), por meio do prefeito de Manaquiri e do presidente da associação, Jair Souto, sobre o posicionamento da instituição referente à possibilidade de denúncia e sobre quais ações estão sendo promovidas para acelerar a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
O Ministério Público recomendou aos promotores de Justiça que atuem para garantir o direito de crianças e adolescentes à vacinação contra a Covid-19 59
ECONOMIA & SOCIEDADE
REVISTA CENARIUM
Economia Verde
“
A Economia Verde busca conciliar a noção de produção de baixo carbono, o uso eficiente e sustentável dos recursos naturais e a inclusão social”
Fonte de energia limpa e sustentável é alternativa para reduzir emissão de poluentes
foram definidos dez setores para investimentos prioritários, visando alcançar práticas mais sustentáveis, sem inibir o progresso econômico.
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
Crédito: Ricardo Oliveira
“Desde então, busca-se concentrar esforços em vários países para que mais e melhores investimentos sejam destinados a resolver os problemas que enfrentamos na construção de um desenvolvimento humano construído em bases realmente sustentáveis. Construir uma ‘Economia Verde’ significa investir esforços e recursos para melhorar nosso modo de viver e produzir, reduzindo os impactos causados por nossas atividades produtivas e restaurar a natureza castigada por danos que causamos”, salientou o ambientalista. Um modelo econômico baseado no uso sustentável dos recursos naturais, inclusão social e produção de baixo carbono é vital para a preservação da Amazônia
Para a economista Denise Kassama, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), a ‘Economia Verde’ é uma tendência mundial, sendo objeto 60
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de discussão das grandes nações. Ela destaca que esse modelo econômico busca o desenvolvimento por meio do uso sustentável dos recursos naturais e a inclusão social, assim como conciliar a noção de produção de baixo carbono. “Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), [a Economia Verde] refere-se ao conjunto de ações que visam à promoção de uma economia com crescimento pleno, que se baseie no bem-estar social e esteja centrada em reduzir os riscos ambientais e conservar o meio natural. Portanto, a ‘Economia Verde’ busca conciliar a noção de produção de baixo carbono, o uso eficiente e sus-
tentável dos recursos naturais e a inclusão social”, comentou a economista. Denise Kassama salienta que o Pnuma afirma que a ‘Economia Verde’ precisa estar centrada em estimular a geração de empregos e a produção de renda para toda a população, ao mesmo tempo em que devem ser tomadas medidas para a redução dos gases do efeito estufa, a ampliação da eficiência energética (com o uso de fontes de energia alternativas e limpas) e o uso sustentável dos recursos naturais. “Quando buscamos trocar a matriz energética por fontes não poluentes, como a energia eólica e a solar, reciclar mais o nosso lixo, consumir produtos da agricultura orgânica e familiar ao invés da convencional,
Para o ambientalista, a diversificação das fontes de energia no Brasil é um dos caminhos que devem ser seguidos, mas que, apesar dos avanços, ainda é demanda mais investimento para a ampliação do segmento, como na geração de energia fotovoltaica (que gera energia própria a partir da fonte solar), cuja quantidade de unidades consumidoras no País ultrapassou a marca de 1 milhão. “A geração de energia fotovoltaica é um exemplo, a sua adoção em domicílios e empresas tem aumentado, mas ainda é uma alternativa cara na sua instalação, mesmo porque muitos de seus componentes são importados. O desenvolvimento da indústria de componentes e sistemas fotovoltaicos no País poderia gerar empregos e ainda baratear o custo de sua adoção pela população em geral”, estimou Carlos Durigan.
ceito de ‘Economia Verde’ deveria ser um importante princípio em todos os setores produtivos, deixarmos de lado a ideia de crescimento econômico puro e simples e passarmos a planejar melhor nossas ações e frentes produtivas, para conseguirmos reverter o cenário atual de crise climática e ambiental generalizada”, destacou.
estamos falando de ‘Economia Verde’. A próxima geração de veículos, por exemplo, será a de motores elétricos, substituindo a gasolina e o diesel, que são combustíveis fósseis, fontes de energia não renovável e poluente”, frisou Denise Kassama.
CONSOLIDAÇÃO O ambientalista mestre em Ecologia Carlos Durigan, da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), explica que o conceito de ‘Economia Verde’ foi consolidado, em 2012, na Conferência Rio+20, da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Meio Ambiente. No evento, a entidade internacional apresentou o relatório ‘Rumo a uma Economia Verde’, em que
Crédito: Bruno Zanardo | Secom
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ANAUS (AM) – Uma alternativa para reduzir as cotas de emissão de poluentes no planeta Terra, a ‘Economia Verde’ é uma fonte limpa, sustentável e vital para a proteção da floresta, que tem sido apontada por especialistas como uma área de potencial geração de emprego. Segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse modelo econômico pode criar, até 2030, cerca de 18 milhões de postos de trabalho em todo o mundo, sendo até 1,2 milhão somente no Brasil.
Segundo Durigan, já existem inúmeros esforços para que o segmento seja permanente, promovido por governos, empresas e sociedade civil, mas ainda há resistência e falta de compromissos reais. “O con-
Energia solar
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POLÍCIA & CRIMES AMBIENTAIS
REVISTA CENARIUM
Em Manaus, igarapé é coberto por ‘tapete de lixo’ e animais sobrevivem na sujeira Marcela Leiros — Da Revista Cenarium
Crédito: Ricardo Oliveira
“Tapete de lixo” encobre parte do Igarapé dos Franceses, em Manaus
A reportagem esteve no local em duas ocasiões. A primeira no dia 15 de fevereiro, quando foi constatado que o lixo no trecho do igarapé represou e ficou acumulado. No dia 23 de fevereiro, de volta ao local, a situação continuava a mesma: a cobertura formada por garrafas PET e outros materiais irreconhecíveis permanecia no local, transformando a paisagem, já modificada pelas construções urbanas, em um lixão a céu aberto. O igarapé faz parte da vista do “quintal” do aposentado Valdemir Pereira da Silva, que reside no Condomínio João Bosco, bairro Flores, Zona Centro-Sul, há sete anos. Da porta da residência de Valdemir, é possível ver o igarapé, o lixo e, até mesmo, animais, como jacarés, que vivem em meio aos resíduos.
Ele explicou que é a primeira vez que vê o lixo acumulado desta forma e, agora com o aumento das chuvas, é grande a tendência do aumento do nível da água gerar um alagamento nas redondezas. A preocupação é de que o lixo e os animais saiam do igarapé e invadam a via pública e, até mesmo, a área do condomínio.
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Está difícil aqui, porque quando chove, a água dá bem aqui, alaga tudo” Valdemir Pereira da Silva, morador do Condomínio João Bosco, bairro Flores.
“Um dia desses, vieram aqui e fizeram uma limpeza nesse igarapé, mas faz tempo já. Foi a Prefeitura, mas faz mais de dois meses que não voltam aqui”, lembra ele, ressaltando, ainda, a falta de responsabilidade dos moradores da região que despejam lixo nas margens do igarapé, que, posteriormente é arrastado para a água, devido às chuvas. “Eu não acho legal as pessoas estarem jogando lixo aqui. Tem muita gente daqui que joga. Tem uma lixeira ali e jogam fora. Aí chove e a água leva. O lixo só não foi adiante porque tem uma contenção. A água encheu e o lixo ficou”, explica. “Está difícil aqui, porque quando chove, a água dá bem aqui, alaga tudo. Ninguém pode fazer nada, quem pode fazer alguma coisa é a Prefeitura. Vieram uma vez, recolheram tudo, mas nunca mais vieram”, finaliza ele.
RISCOS DA POLUIÇÃO O Igarapé dos Franceses é um afluente - curso de água que deságua em rios principais - da Bacia do São Raimundo, desaguando no Igarapé do Mindu. Este tem
Crédito: Jander Souza
‘Rio de lixo’
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ANAUS (AM) – Os cursos d’água em Manaus, a maior capital da Amazônia - com população estimada, em 2021, em 2,2 milhões de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - tentam sobreviver enquanto são tomados pela poluição urbana e a falta de limpeza. Em 2021, a REVISTA CENARIUM contou a situação do Lago do Oscar, na Zona Leste, tomado pelo derramamento de resíduos tóxicos despejados pelo Grupo Sovel da Amazônia. Agora, na área mais central da cidade, um dos trechos do Igarapé dos Franceses, no bairro Flores, está coberto por um “tapete de lixo”.
O aposentado Valdemir Pereira da Silva mora no Condomínio João Bosco, bairro Flores, e vê, da porta de sua casa, o igarapé tomado de lixo
sua nascente localizada no bairro Cidade de Deus, Zona Leste de Manaus, próximo à Reserva Florestal Adolpho Ducke, com a foz localizada no encontro com o Igarapé dos Franceses formando, a partir daí, o Igarapé da Cachoeira Grande. O “Mindu” deságua ainda no Igarapé do São Raimundo, que deságua no Rio Negro. A Bacia de São Raimundo fica localizada no sudoeste da cidade, abrangendo diversos bairros e com uma área de contribuição de, aproximadamente, 98,89 quilômetros quadrados.
Impactos ambientais e à saúde
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Diante da extensão dos igarapés, os riscos ambientais e para a saúde humana são pontuados por especialistas, como o doutorando em Ciência Animal e Recursos Pesqueiros da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Hélio Beltrão.
vado aumento de metais pesados que podem trazer sérias consequências para a saúde humana, como o mercúrio, chumbo e outros metais altamente nocivos. Além da poluição visual da cidade, que possui igarapés como bueiros”, explica.
isso pode gerar consequências negativas a eles próprios ou a toda a população. Também falta incentivo em forma de políticas públicas com investimentos na conservação desses igarapés, o que seria um fator ideal”, acrescenta ainda.
“Excesso de poluição pode acarretar consequências como doenças transmitidas ao homem, como hepatite A e cólera, além de parasitos humanos, que podem ser transmitidos por água contaminada. Pode trazer, ainda, consequências de inundações devido ao entupimento de bueiros e igarapés. Também, a poluição desses igarapés pode acarretar um ele-
Para Beltrão, a poluição é uma das consequências da falta de ação da gestão pública e, até mesmo, do comportamento da população com o lixo, que o despeja em lugares inapropriados.
A REVISTA CENARIUM questionou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) e a Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) sobre a falta de ações de limpeza no trecho do Igarapé dos Franceses citado na reportagem e se há algum planejamento programado para o local, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
“Uma das causas disso é a falta de uma educação ambiental voltada às comunidades, para elas terem conhecimento que, jogando lixo e esgoto nos igarapés,
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ENTRETENIMENTO & CULTURA
Antropofagia cultural Evento celebra 100 anos da Semana de Arte Moderna com dia dedicado à valorização da cultura indígena Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
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O termo “antropofágico” foi usado pelos modernistas em referência à “antropofagia”, o ato de comer ou devorar a carne de outra pessoa. A palavra é usada na história para indicar rituais em que, ao comer a carne de outro homem, a pessoa estaria adquirindo também as suas habilidades. Reprodução: Ricardo Oliveira
ANAUS (AM) – A Semana de Arte Moderna de 1922 é considerada um marco na história da arte do Brasil, principalmente no tocante à valorização da cultura nacional. Para celebrar os 100 anos do “evento cultural mais importante da história do País”, foi realizado o colóquio “Brasil 2022: Centenário da Semana de Arte Moderna”, com um dia dedicado especialmente à discussão da importância da presença dos elementos da Amazônia e das culturas indígenas na arte brasileira.
com a cara do País, excluindo, o eurocentrismo da arte.
Em 1922, a Semana de Arte Moderna foi realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, tendo como palco o Theatro Municipal de São Paulo, e cada dia da semana foi dedicado a um aspecto cultural: pintura, escultura, poesia, literatura e música. O colóquio “Brasil 2022: Centenário da Semana de Arte Moderna” foi realizado de 14 a 18 de fevereiro.
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Foi o evento cultural mais importante da história do País. Um movimento que permitiu a renovação da cultura, do pensamento e foi o ponto de partida para o estabelecimento do Modernismo no Brasil” Tenório Telles, poeta e presidente do Conselho Municipal de Cultura de Manaus.
“Foi o evento cultural mais importante da história do País, tenho essa percepção. Um movimento que permitiu a renovação da cultura, do pensamento e foi o ponto de partida para o estabelecimento do Modernismo no Brasil”, compartilha o poeta amazonense Tenório Telles, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Manaus (Concultura) e um dos curadores do evento, que ocorreu de forma on-line.
PARTICIPAÇÃO INDÍGENA Tratando-se de um acontecimento que valoriza a história do País, a cultura dos povos originários teve um lugar especial no último dia da programação. “A
Crédito: Divulgação Acervo Pessoal
Amazônia foi muito importante quando surgiu o Modernismo, porque Mário de Andrade, em 1927, veio até a região, até Roraima, onde tomou conhecimento do mito de Macunaíma e escreveu o livro, um dos mais importantes do Brasil. No último dia da programação, participaram lideranças indígenas, pesquisadores da Amazônia e também houve apresentações de cantos e danças indígenas”, acrescentou Tenório Telles.
Foi a Semana de Arte Moderna o marco inicial do chamado movimento antropofágico, que trouxe a ideia do escritor Mário de Andrade de “devorar” a cultura do Brasil aprimorada com técnicas importadas, trabalhando, assim, uma renovação estética na arte brasileira. O objetivo do movimento foi promover pensamentos para “engolir” as influências estrangeiras, de forma que os modernistas enxergassem a realidade brasileira dentro delas e pudessem desenvolver uma nova cultura
O colóquio, uma culminância de um projeto idealizado em 2019 e iniciado em 2020, em meio à pandemia, foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Crítica Literária da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em parceira com o Célia Helena Centro de Artes e Educação, apoio cultural do Governo do Estado do Amazonas, da Prefeitura Municipal de Manaus, Secretaria Municipal de Cultura de Jahu e da Edições Sesc São Paulo.
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O escritor Mário de Andrade foi um dos grandes nomes da Semana de Arte Moderna de 1922
Crédito: Divulgação Semcom
A Semana de Arte Moderna é reconhecida por marcar o início do Modernismo no Brasil, movimento que assimilou tendências culturais e artísticas da Europa, incorporando o contexto brasileiro e valorizando características culturais do País, como os mitos indígenas, a cultura popular e as tradições ancestrais do povo brasileiro.
Mário de Andrade foi, e ainda é, um dos principais nomes do movimento. O escritor ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922 e esteve ao lado de grandes personalidades do Modernismo, como: Guilherme de Almeida, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Manuel Bandeira, na literatura; Heitor Villa-Lobos e Guiomar Novaes, na música; e Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Candido Portinari, nas artes plásticas.
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DIVERSIDADE
REVISTA CENARIUM
Equidade e respeito
REVISTA CENARIUM Na categoria ‘Consciência Negra’, as jornalistas Márcia Guimarães e Priscilla Peixoto, junto com a CEO da REVISTA CENARIUM, Paula Litaiff, foram premiadas. Na classe ‘Mulheres em Destaque’, Paula Litaiff ganhou o prêmio. Por fim, na última categoria ‘Igualdade’, a empresa CENARIUM e a CEO Paula Litaiff receberam mais uma homenagem.
REVISTA CENARIUM recebe prêmio Inaô em três categorias, por atuação na defesa da igualdade social e racial
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ANAUS (AM) – O Instituto Nacional Afro Origem (Inaô) Amazonas, em parceria com o Movimento Igualdade, promoveu, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), a entrega do ‘Prêmio Nacional Igualdade Inaô Amazonas’, que busca reconhecer os principais nomes, instituições e meios
de comunicação que atuam em defesa da igualdade social e racial em todo o País. A REVISTA CENARIUM recebeu o reconhecimento em três categorias: ‘Consciência Negra’, ‘Mulheres em Destaque’ e o ‘Igualdade’, considerado o principal.
Equipe da REVISTA CENARIUM no evento de entrega do Prêmio Nacional Igualdade Inaô Amazonas
Receberam o prêmio lideranças de Estados como o Rio de Janeiro, São Paulo,
Crédito: Ricardo Oliveira
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Realmente, foi o maior prêmio em relação à negritude. Eu só posso dizer que eu estou extasiado, porque reconhecer personalidades e ver que a imprensa mudou bastante é gratificante”
Christian Rocha, presidente do Movimento Igualdade no Amazonas.
Espírito Santo e Goiás. Além deles, educadores, profissionais autônomos, legisladores, juristas, empresários, jornalistas, portais de notícias e agentes de segurança pública também foram agraciados. A cerimônia de entrega do prêmio foi realizada no dia 2 de fevereiro. “Realmente, foi o maior prêmio em relação à negritude. Eu só posso dizer que eu estou extasiado, porque reconhecer personalidades e ver que a imprensa mudou bastante é gratificante. A imprensa de inquisitória se tornou uma aliada das causas sociais, porque você via mais uma parte da imprensa querendo te interrogar do que te orientar. Quando você se depara com uma imprensa que quer mais te interrogar, ao invés de se sensibilizar com a causa que você está vendo ali, que é uma coisa que é histórica, ela passa a ser inquisitória”, reconheceu o presidente do Movimento Igualdade, Christian Rocha.
Crédito: Ricardo Oliveira
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
Segundo Rocha, o Prêmio Nacional da Igualdade vem na personificação do agradecimento, do abraço e, principalmente, de uma semente que pode germinar, no Estado do Amazonas, com todas as personalidades que foram escolhidas e contempladas com o prêmio e as outras que ainda serão. “Porque todos nós estamos vivos para fazer o bem, e fazer o bem na sociedade atual é muito difícil. Portanto, ser de negritude é muito mais difícil, infelizmente. O momento que nós realizamos é uma semente, sinto que demos o primeiro passo”, lembrou Christian. A deputada Joana Darc (PL) foi homenageada com o Prêmio Nacional Igualdade, em reconhecimento à defesa pela igualdade social e racial no Estado do Amazonas. A parlamentar destacou que é preciso conscientizar a sociedade. Ela disse que tem tentado abraçar essa causa, por meio de um mandato participativo.
A jornalista Priscilla Peixoto, responsável pela editoria Diversidade da REVISTA CENARIUM, elencou que o jornalismo é o canal de transformação da sociedade. “Fico grata em participar e partilhar este momento. É usar o jornalismo como ferramenta transformadora. E dar voz aos que mais precisam é mais gratificante ainda. Espero que outras empresas de comunicação se atentem para essa importância em, de fato, usar nossa profissão, que é tão poderosa, em prol das causas que realmente precisam de voz e vez na sociedade. Parabéns ao Instituto Inaô, e que venham muitos outros merecidos prêmios”, afirmou Peixoto. Paula Litaiff, jornalista com especialização em Gestão de Políticas Sociais, destacou ser uma honra receber a homenagem e disse que a premiação é o reconhecimento do trabalho que a revista vem realizando desde a sua fundação, em 2020, quando relembra ter recebido muitas críticas ao dar voz às pautas étnico-raciais. “Quando eu criei a REVISTA CENARIUM, na pandemia de 2020, pessoas riram da minha cara quando eu disse que a empresa teria princípios inegociáveis politicamente. Que ela atuaria em defesa do empoderamento da mulher, da igualdade de gênero, aí a gente insere os direitos dos LGBTQIA+, não só das mulheres, o debate das relações étnico-raciais e também o combate ao racismo. Riram de mim, porque eu ouvi, muitas vezes, dizerem que isso não dava audiência, isso não rendia, comercialmente, para um veículo de comunicação, e eu acredito na utopia de mudar a sociedade. Eu acredito que jornalismo é muito mais do que informar, ele forma cidadãos. Então, eu sempre compreendi o jornalismo como missão social”, destacou Paula. 67
ARTIGO – FLÁVIO HENRIQUE DE FREITAS
Atleta indígena de wakeboard, Jair Paulino de Souza, de 16 anos de idade, é conhecido como ‘Jajá do Wake’
Campeonatos
Crédito: Ricardo Oliveira
Em 2015, Jair conquistou o segundo lugar na primeira etapa do Amazônia Wakeboarding, na categoria avançado; primeiro lugar na segunda etapa do Amazônia Wakeboarding, também na categoria avançado. Já em 2016, o atleta conseguiu o primeiro lugar na 1ª Etapa do Campeonato Hugo Wakeboard, na categoria avançado; primeiro lugar na segunda etapa do Campeonato Hugo Wakeboard, na categoria avançado; e primeiro lugar na primeira etapa do Amazônia Wakeboarding, na Jovem Pan, categoria avançado.
‘Quero levar minha etnia para onde eu for’ Wakeboard já levou indígena amazonense para competição em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos Victória Sales – Da Revista Cenarium
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ANAUS (AM) – Conhecido como ‘Jajá do Wake’, o atleta indígena de wakeboard, Jair Paulino de Souza, de 16 anos, é uma aposta para o esporte. O amazonense já conta com 22 títulos, em 11 anos de carreira. Ele destaca que sempre procurou representar os amazonenses e, principalmente, a etnia Karapãna em todos os Estados e países em que possa competir, como na competição que participou em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Segundo Jair, ele sempre competiu em categorias acima de sua idade, e sempre garantiu destaque em competições locais, nacionais e até internacionais. “Eu tive o meu primeiro contato com o esporte aos 5 anos e, desde lá, fui pegando gosto pelo wake. Logo depois, eu comecei de verdade, com competições e treinos mais pesados”, relatou.
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“Quando comecei a andar, emprestei uma prancha de um amigo, o Rogério, e, quando eu cheguei em casa, vi que não tinha bota e, para praticar o esporte, precisava ter. Com isso, eu tive a ideia de pegar meu tênis que usava para ir para a escola e era o único que eu tinha. Furei e coloquei na prancha, e foi assim que tudo começou”, contou Jair. Ainda de acordo com o atleta, aos 10 anos, ele conquistou o seu primeiro título, pela 2ª etapa Amazônia Wakeboard. “Uma das minhas competições mais importantes foi a que eu fui para Dubai e consegui conquistar o quarto lugar. Quero levar minha etnia por onde eu for, e dizer que podemos chegar aonde quisermos”, explicou. Em 2016, o indígena foi o vencedor na primeira etapa do Campeonato Hugo Wakeboard, na categoria avançado.
Foi em 2017 que Jajá conquistou o terceiro lugar na primeira etapa do Circuito Paulista de Wakeboard MWS and Prowake Cup, na categoria júnior; primeiro lugar na 1ª Etapa do Nova Lima Brasileiro de Wakeboard, na categoria júnior; segundo lugar no Amazônia Wakeboarding Jovem Pan, na categoria avançado; primeiro lugar no Circuito Brasileiro de Wakeboard Araraquara; e primeiro lugar no Circuito Paulista de Marola, na categoria júnior. Já em 2016, o indígena conseguiu o primeiro lugar no Brasil Wake Open Nova Lima MG, na categoria Open; primeiro lugar da primeira etapa do Campeonato Amazonense de Wakeboard – Wake Sunset 2018; segundo lugar no Campeonato Paulista Wakeboard – MWS Prowake, na categoria Open; primeiro lugar – Ranking Paulista ABW, na categoria júnior; primeiro lugar no Ranking Paulista ABW, na categoria júnior. Em 2019, conquistou o primeiro lugar no Brasil Wake Open Nova Lima MG, na categoria Open; segundo lugar no Campeonato Latino-Americano em Mairiporã, Minas Gerais, na categoria Boys; e segundo lugar no Campeonato Amazônia Wakeboarding. Já em 2020, conquistou o primeiro lugar no Campeonato Brasil Wakeboard em São Paulo, na categoria Open; quarto lugar no IWWE World Wakeboard Championships Abu Dhabi, United Arab Emirates. Já em 2021, conquistou medalhas com o primeiro lugar no Campeonato Latino-Americano de Wakeboard, na categoria júnior Man; e primeiro lugar na Copa Fefig, Wakeboard e Wakesurf Ibiuna, na categoria Pró.
“Tenho orgulho das minhas raízes indígenas e procuro sempre deixá-las em evidência. Durante as competições, levo a pintura em minha pele, como os grandes guerreiros indígenas. Os desenhos em meu corpo representam a agilidade e o talento que eu busco demonstrar enquanto estou sobre a prancha. Dentro da água, os problemas e as preocupações não existem”, concluiu o atleta.
MUDANÇA No final de 2020, Jair foi convidado para fazer parte da Marreco Wake School (MWS), em São Paulo, e, desde lá, mora no Estado, onde realiza os treinos. “Eu tenho muita gratidão pela oportunidade de estar treinando em uma escola de wake que é a melhor da América Latina e lá eu consigo ver meu desenvolvimento pessoal e profissional”, declarou. A mãe do atleta, Alice Paulino, conta a dificuldade que teve quando o jovem decidiu se mudar para São Paulo. “Ele foi para treinar somente uma semana e, logo em seguida, me ligaram pedindo para ele ficar por mais um mês e foi um susto para mim e para o pai dele, pois a gente não esperava. Mas, colocamos os pés no chão. Ele não deixou de estudar por ter mudado de Estado, e lá consegue treinar, tem todo apoio necessário para seguir na carreira que escolheu”, relatou Alice.
Ajuda Jair destaca que necessita de apoio para conseguir se manter e realizar os treinos. “Atualmente, tenho apoio da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar), da escola onde eu estudo lá em São Paulo, a marca líder mundial em equipamentos para Wakeboard, Liquid Force Brasil e Wakum Indústria de Artigos Esportivos. São eles que estão garantindo meu rendimento e minhas despesas com o esporte. Porém, eu preciso conseguir ainda mais para me destacar e me desenvolver e, assim, levar minha etnia e meu Estado para mais e mais lugares”, explicou, ao ressaltar que quem quiser ajudar com patrocínios, pode procurá-lo em seu perfil na rede social Instagram.
O pai de família, o Direito e a Justiça *Flávio Henrique de Freitas
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Crédito: Divulgação
DIVERSIDADE
o estacionamento de um Fórum de Justiça trabalhava lavando carros um pai de família que não tinha emprego formal, mas ali estava para conseguir dinheiro justo para alimentar a sua prole. Todos os dias quando chegavam advogados, juízes, promotores, partes, ele se aproximava e pedia para, com a bênção de Deus, exercer seu informal ofício, pois era a única maneira a alcançar o seu pão de cada dia.
ano. Doutor, o senhor, que é o homem das leis, é justo isso?
Por diversas vezes, via-se esse pai com várias chaves, nas mãos, dos carros de seus clientes, que confiavam a guarda e a lavagem de seus automóveis àquele abnegado senhor, enquanto estavam dentro do Fórum, em suas audiências.
Foi no Direito que se encontrou fundamento para retirar o ganha-pão daquele senhor, a quem todos confiavam, pois, a exploração de atividade econômica dentro de locais públicos pressupõe uma ritualística administrativa que não foi obedecida por aquele humilde senhor. Foi no Direito, nas leis escritas pelo Parlamento, que aquele senhor deixou de auferir renda para alimentar sua família. Mas, Direito e Justiça não seriam palavras sinônimas?
Certo dia, aquele senhor a quem todos ali tinham confiança, aquele pai de família, estava a chorar no canto do muro do Fórum, pois tinha sido informado pela administração que não poderia mais trabalhar informalmente naquele local, apesar de ser conhecido de todos que ali ele trabalhava para retirar o seu sustento. Ele, então, aproximou-se e, com lágrimas nos olhos, pediu: – Senhor, por favor, o senhor poderia me conseguir, pelo menos, R$ 50 para eu comprar um isopor e algumas bebidas para eu vender no sinal, pois, o administrador do Fórum disse que eu não tinha o Direito de estar aqui no estacionamento do Fórum lavando os carros. Eu tenho três filhos e era daqui que eu conseguia dinheiro para alimentar a minha família, há mais de um
O interlocutor entregou-lhe o dinheiro para que o pai de família pudesse recomeçar em seu novo trabalho informal. Da vida desse pai de família, dos seus filhos, não se sabe mais nada. Ele se tornou mais um invisível em nossa sociedade. Resta-nos pensar, criticamente, se o Direito e a Justiça estiveram presentes naquela situação.
Infelizmente, não são. Nem tudo que aos nossos olhos parece justo é correto aos escritos da Lei. Penso eu, havendo conflito entre o Direito e a Justiça, deve sempre a Justiça prevalecer; e se isso tivesse ocorrido, aquele pai de família, hoje invisível, ainda estaria no estacionamento do Fórum ganhando seu sustento. (*) Flávio Henrique de Freitas é juiz de Direito, juiz auxiliar no Superior Tribunal Militar (STM), mestre e doutorando em Direito Constitucional. Coordenador da Escola Nacional da Magistratura. 69
Ou nós salvamos a Amazônia agora, ou ela nunca mais vai nos salvar. A Amazônia nos salva da falta de biodiversidade, da seca, das mudanças climáticas e até da fome. Duvida? Pois a floresta é a casa de milhões de espécies, protege as nascentes dos rios, ajuda a estabilizar o clima e a irrigar as plantações de alimentos do Centro-Sul. Porém, a Amazônia nunca esteve tão ameaçada. O desmatamento está batendo recordes. O Greenpeace Brasil está lutando para manter a floresta em pé há mais de 20 anos, monitorando o desmatamento,
© Valdemir Cunha / Greenpeace
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