Catálogo | Floripa Na Foto 2011

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Rosane Cechinel

SIPARI TRANSPARENTI A inércia dos objetos, o silêncio do cotidiano, os locais inanimados ou negligenciados, são objetos de pesquisa onde o foco de atenção é permitir uma visão mais próxima dos “sinais” que os objetos e lugares têm sofrido com o tempo e uso e que talvez, possa nos dizer, em silêncio, algo de sua existência. A beleza desbotada ou perdida pode ser transformada novamente com a imagem capturada, onde até mesmo o silêncio, os detalhes e os defeitos encontram outra função. Estes “Sipari Trasparenti” acabam impondo-se como um objeto fotográfico e suscitam cenas imaginárias e composições abstratas como se houvesse um mundo paralelo, silencioso, que estava esperando para ser descoberto. A mostra propõe 4 fotografias digitais sem pós-produção que fizeram parte de uma mostra individual no Festival de Fotografia Europea 2010 na Itália. Rosane Cechinel

Ver de “outro modo”, na sutileza das formas e cores, é o que faz Ro Cechinel com suas fotografias. A fotógrafa nos ensina a ver a cidade através de um olhar que não se constitui como hábito de nosso olhar apressado do dia-a-dia. Ro Cechinel tem um olhar especial para a cidade. Percebe-a nas suas fissuras, nas suas luzes sutis, no inusitado do momento. Há momentos em que suas imagens mais parecem pinturas metafísicas, em que as sombras penetram sorrateiras pelos vazios, e os humanos se escondem por detrás das paredes. Simplesmente passaram: vestígios imaginários. Em outras imagens, linhas diagonais desestabilizam a imagem, rasgam o todo, rompem as massas e dão leveza ao espaço. Tais linhas não são invenções da artista, elas fazem parte da paisagem, porém: por que não as vemos? Outras imagens criam espaços que jamais saberemos de que lugar foram capturadas (segredo da fotógrafa ou das imagens?). Assim, deixamos livre nossa percepção e nossa imaginação para construir espaços e fantasiá-los. A artista revela um mundo sutil que está aí, ao nosso dispor, mas do qual não estamos habituados a dispor. Um mundo de cores e formas, o espaço lúdico das cidades por onde anda. Suas imagens são pequenas frações significativas do mundo. Caminhar nosso olhar pelas suas imagens é perceber que a cidade é muito mais do que vemos. É entender que podemos empreender com a cidade um jogo lúdico, e, mais ainda, podemos fazer, desse jogo, liberdade. Trata-se de perceber que há uma espécie de “sussurrar” das formas pelas cidades que caminhamos, e que ouvir estes “sussurros” pode fazer a diferença no nosso exercício cotidiano de habitá-las. Anita Prado Konesky

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