AULA_LITERATURA_MÓDULO3

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(poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano de 1922, data da Semana de Arte Moderna. Entre nós, o movimento simbolista não conseguiu suplantar o período parnasiano, já que não teve tanta influência esse movimento aqui no Brasil. O Simbolismo, enquanto estética de arte, somente repercutiu em países que sentiam na pele o ―FANTASMA DA GUERRA‖, que não era o caso do Brasil. Se não fosse CRUZ E SOUSA, esse movimento nem teria acontecido entre nós. É interessante notar que as origens do Simbolismo em território brasileiro se encontram numa região marginalizada pela elite cultural e política de então: O sul, que mais sofreria com a oposição à jovem República vestida com a farda do exército. O Rio Grande do Sul foi palco de intensas lutas iniciadas em 1893. A Revolução Federalista (1893/1895), a princípio uma disputa regional, logo ganha dimensão nacional ao opor-se ao governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência e crueldade no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; ao mesmo tempo temos a Revolta da Armada (1893/1894), com os navios da Marinha mobilizados na baía da Guanabara, apontando seus canhões para o palácio do governo e exigindo a renúncia de Floriano.

AULA 01: A POESIA SIMBOLISTA – linguagem e características gerais O Simbolismo: Contexto histórico e social O SIMBOLISMO, movimento essencialmente poético, do fim do século XIX, representa uma ruptura artística radical com a mentalidade cultural do Realismo-Naturalismo, buscando fundamentalmente retomar o primado das dimensões não racionais da existência. Reagindo contra o pensamento científico e filosófico dominante na segunda metade do século XIX, as manifestações artísticas do Simbolismo põe em xeque as certezas doutrinárias do positivismo e do determinismo, que já começam a ruir. De fato, nas duas últimas décadas do século XIX, já percebemos em boa parte dos autores do Realismo e até mesmo dos parnasianos, como é o caso de Alberto de Oliveira, uma postura de desilusão, e mesmo de frustração, em consequência das infrutíferas tentativas de transformar a sociedade burguesa industrial. O crítico Alfredo Bossi sintetizou inteligentemente esse período: ―Do âmago da inteligência europeia surge uma oposição

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SIMBOLISMO

vigorosa ao triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito – aquele

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sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso mas

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não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações.‖ (História concisa da Literatura Brasileira)

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Numa visão mais ampla, tanto no campo da filosofia e das ciências da natureza quanto no campo das ciências humanas, a desconstrução das teorias racionalistas faz-se notar, seja por meio da física relativista de Einstein, da psicologia do inconsciente de Freud, ou das teorias filosóficas de Schopenhauer e de Friedrich Nietzsche. No campo filosófico, Henry Bergson propõe a busca do eu profundo, ou seja, das realidades interiores, verdadeira essência do ser humano. Este ―eu-profundo‖, porém, não pode ser explicado, traduzido em palavras, apenas evocado e sugerido. Em termos sociais, políticos e econômicos, a burguesia industrial, após algum tempo de progresso avassalador, desgastase com as disputas colonialistas, que evoluem em direção à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando atingem um momento de culminância. O Simbolismo vai refletir um momento bastante complexo da história europeia, que marcaria a transição para o século XX e a definição de um novo mundo, o qual se consolidaria a partir da segunda metade deste século. As correntes materialistas e racionalistas que dominaram na metade do século XIX não mais respondiam às exigências de uma nova realidade, já que o processo burguês industrial evoluía a passos largos, gerando, inclusive, a luta das grandes potências pelos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima. Por esses motivos, fragmenta-se a África e ampliam-se as influências sobres os territórios asiáticos. Tomava corpo, assim, o fantasma da guerra. Sempre que se torna difícil analisar o mundo exterior e entendê-lo racionalmente, a tendência natural é negá-lo, voltando para a realidade subjetiva; as tendências espiritualistas renascem; o subconsciente e o inconsciente são valorizados, segundo a lição freudiana. O Simbolismo nasceu na França e teve como os mais autênticos representantes Mallarmé (o gosto pelo obscurantismo, pelo hermetismo, por insinuar e sugerir) e Verlaine (teoria da musicalidade do verso, associando poesia e música). Esses poetas abandonam os princípios da escola realista e também parnasiana e dedicam-se ao ―culto do etéreo, do subjetivismo, do vago e do sugestivo‖, para eles, a palavra deve antes de mais nada sugerir e não determinar. No Brasil, o Simbolismo começa em 1893 com a publicação de duas importantes obras: Missal (prosa) e Broquéis

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

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sugere em vez de descrever; simboliza em vez de nomear redescobre a subjetividade, o sentimento, a imaginação, a sensualidade e a espiritualidade explora o subconsciente e o inconsciente predominância de imagens sensoriais e metafísicas priorização da musicalidade, com aliterações, assonâncias e onomatopeias prefere às sinestesias, as metáforas, prosopopeias e analogias como figuras de linguagem utilização de maiúsculas em substantivos comuns, para tornálos absolutos religiosidade não convencional; pelo desregramento dos sentidos, da sexualidade espiritual, emoções de delírios e alucinações busca do misterioso, o oculto, o vago, o caótico, o indefinível e o inexprimível temas transcendentalistas sublimação espiritual linguagem evocativa subjetivismo aprofundado

ANOTAÇÕES

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