5.LITERATURA_PBVEST_MODULO2

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RESUMO DA AULA 09: O contexto histórico e a linguagem do Arcadismo 1.

2.

CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO.

a.

O arcadismo constitui-se numa forma de literatura mais simples, opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela expressão latina "inutilia truncat" ("cortar o inútil"). As situações mais frequentes apresentam um pastor abandonado pela amada, triste e queixoso. É a "aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão. Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas. Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem" ("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo monárquico. Utilizavam também o "fingimento poético" fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris, como forma de criar um quadro idealizado da vida simples e aprazível. diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente. Valorização da vida no campo (bucolismo) Crítica a vida nos centros urbanos

c. d.

e.

f.

g. h.

Objetividade Idealização da mulher amada

3.

O ARCADISMO NO BRASIL

INTRODUÇÃO: contexto histórico e cultural do século XVIII

O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, razão por que também é denominada como setecentismo ou neoclassicismo. O nome "arcadismo" é uma referência à Arcádia, região campestre do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, esse estilo literário surge no momento em que a Colônia buscava sua emancipação dos laços lusitanos. Foi um período de intensa agitação política e social, visto que as ideias do Iluminismo e de revoltas nativistas se intensificavam na Colônia. O século XVIII, também referido como “Século das Luzes”, representa uma fase de importantes transformações no campo da cultura europeia. Na Inglaterra e na França forma-se uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um intenso comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da atividade agrícola. Paralelamente, a antiga Nobreza arruína-se, e o Clero, com as suas intermináveis polêmicas, traz o descrédito às questões teológicas. Em toda a Europa a influência do pensamento Iluminista burguês se alastra. Na França, em 1751, começam a ser publicados os volumes da Enciclopédia, que reunia pensadores como Voltaire, Diderot, D'Alembert, Montesquieu, Rousseau, e que pode ser considerada o símbolo da nova postura intelectual. A segunda metade do século é marcada pela Revolução Industrial na Grã-Bretanha, pelo aumento da urbanização de modo geral, e pela independência dos Estados Unidos (1776). Esta, por sua vez, irá inspirar movimentos de revolta em muitas colônias da América Latina como por exemplo a Inconfidência Mineira, no Brasil. Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pã e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer. Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a "Arcádia" em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural. Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

b.

i. j.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

79

O eixo do Brasil-colônia se deslocara do nordeste para a região centro-sul, mais precisamente Rio de Janeiro e, especialmente, Vila Rica, atual cidade mineira de Ouro Preto. Esse deslocamento deu-se com o declínio da produção açucareira no Nordeste e ao desenvolvimento do ouro e do diamante em Minas Gerais. Essa intensa atividade econômica deu ensejo ao aparecimento da vida urbana. Os poetas árcades brasileiros estudaram em Portugal e de lá trouxeram ideais libertários que fervilhavam pela Europa inteira. Alguns desses poetas viriam a participar da Inconfidência Mineira. Portanto, o Arcadismo no Brasil desenvolveu-se concomitantemente ao chamado ciclo do ouro, em Minas Gerais e teve em Vila Rica (atual Ouro Preto) seu principal centro de difusão. Alguns de seus integrantes estiveram ligados à Inconfidência Mineira, principal evento político do século 18 no Brasil. A descoberta do ouro na região de Minas Gerais, em fins do século XVII, significa o início de grandes mudanças na sociedade colonial brasileira. A corrida em busca do metal precioso desloca para serras, até então desertas, uma multidão de aventureiros paulistas, baianos e, em seguida, portugueses. A abundância do ouro gera extraordinária riqueza e os primeiros acampamentos de mineiros transformam-se rapidamente em cidades. Um esquema de abastecimento para as minas é organizado por tropeiros paulistas. Sorocaba, no interior de São Paulo, torna-se o maior centro de transporte das tropas de gado vacum e muar para Minas Gerais. Ali realiza-se uma grande feira, entre maio e agosto, onde se encontram vendedores e compradores de animais e mantimentos. São paulistas ainda os que avançam cada vez mais para o Sul. Primeiro, desenvolvem roças e fazendas de criação bovina na região de Curitiba. Depois, irrompem nos campos da serra e no pampa rio-grandense para capturar o gado que vivia em liberdade (milhões e milhões de cabeças). Este sistema de abastecimento das cidades mineiras - já que nada se produzia nelas integra e unifica as várias regiões do Brasil, criando a noção de que poderíamos constituir um país. Por outro lado, a leva de habitantes do reino, que aqui chega, impõe a língua portuguesa como a língua básica, desalojando a "língua geral", baseada no tupi, e que imperava nos sertões e entre os paulistas. Desta forma, adquire-se também uma unidade linguística. O ouro parece ser suficiente para todos. Enriquece os mineiros, os comerciantes, os tropeiros e, acima de tudo, o reino português. Centenas de toneladas do precioso metal são levadas para o luxo, o desperdício e a ostentação da Corte. Parte considerável deste ouro vai parar na Inglaterra, financiando a Revolução Industrial, na medida em que o domínio comercial dos ingleses sobre a economia portuguesa era absoluto. Contudo, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção aurífera começa a cair e as minas dão sinais de esgotamento.

LITERATURA


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