Humanizar a Medicina é a única alternativa (Correio do Minho)

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12 correiodominho.pt 5 de Março 2018

1 de Setembro 2016 correiodominho.pt 27

Opinião Ideias

PED R O M O R G A D O

P s iq u ia t r a e P ro fe s s o r d a U n iv e r s id a d e d o M in h o

H u m a n iz a r a M e d ic in a é a ú n ic a a lt e r n a t iv a

A

té ao início da era científica, toda a Medicina era “tradicional”. Ou seja, tratava-se de um conjunto de conhecimentos e aptidões que passavam de geração em geração com base em crenças que não careciam de demonstração. Foi o método científico que revolucionou a Medicina (e toda a Sociedade), fazendo crescer de forma exponencial a compreensão dos fenómenos químicos, físicos e biológicos bem como o conhecimento acerca das doenças e de possíveis formas de tratamento. A Medicina passou então a incorporar os conhecimentos que lhe chegavam da ciência e, em todo o mundo, passou a tratar-se de uma prática baseada na evidência e no conhecimento científicos. Na prática, os médicos deixaram de atuar de acordo com conhecimentos e aptidões assentes em crenças históricas para passarem a propor tratamentos que se baseiam na demonstração e no conhecimento científico. A conjugação dos avanços da Medicina com a melhoria das condições de vida, de salubridade e de trabalho motivaram um espetacular aumento da esperança média de vida e, sobretudo, do número de anos de vida saudável. É sempre bom recordar os mais céticos e pessimistas que, em menos de 100 anos, a esperança média de vida mais do que duplicou.

Esta Medicina baseada na evidência científica é responsável por termos erradicado um conjunto vasto de doenças infeciosas que anteriormente eram altamente mortais, por conseguirmos deter com sucesso grande parte dos cancros que eram rapidamente fatais, por convertermos a infeção por HIV numa doença crónica, por controlarmos a diabetes, por tratarmos com grande sucesso a Esclerose Múltipla, por travarmos o avanço outrora irreversível da esquizofrenia, por devolvermos a mobilidade aqueles que sofrem fraturas e por tantas outras conquistas que certamente não caberiam numa enciclopédia das antigas. Apesar de todos os sucessos, a Medicina baseada na evidência científica não está, naturalmente, isenta de erros nem livre de ameaças. Importa salientar que alguns erros decorrem de insuficiências do próprio método científico e de limitações na tecnologia disponível e outros ocorrem pela deficiente interpretação ou aplicação do conhecimento científico pelos profissionais que, sendo humanos, estão naturalmente sujeitos a errar. Uns e outros, mais ou menos inevitáveis, têm normalmente vida curta num sistema livre, aberto e baseado na evidência científica. Entre as ameaças à Medicina destacaría-

mos aquela que é uma das suas principais virtudes: a massificação. Com a justa imperiosidade de garantir o acesso universal aos cuidados de saúde, os sucessivos governos transformaram os Hospitais e Centros de Saúde em máquinas de produção de consultas. Os tempos dedicados aos doentes foram esmagados e toda a prática foi dirigida para a aplicação de técnicas de tratamento reconhecidamente seguras e eficazes. Os médicos e enfermeiros deixaram de ter condições para ouvir adequadamente os doentes, para lhes explicarem aos tratamentos e para lhes garantirem o tempo necessário à exposição das suas angústias e ao esclarecimento das suas dúvidas. É a desumanização de uma Medicina baseada na evidência científica que está hoje obrigada a desfigurar-se numa atividade dirigida para a produção em massa que leva alguns doentes a desconfiaram das suas virtudes e a entregarem-se às mãos das chamadas medicinas “tradicionais” onde encontram o tempo e o conforto para as suas angústias, mas não o tratamento para as suas doenças. A saúde é um assunto muito sério. Num regime democrático, é uma obrigação do Estado garantir que os cidadãos têm acesso a uma Medicina baseada na evidência científica com condições para uma práti-

ca verdadeiramente humanizada. O diagnóstico está feito: humanizar a Medicina é a única alternativa que protege os doentes.

!!! A p e sa r d e to d o s o s su ce sso s, a M e d ic in a b a s e a d a n a e v id ê n c ia c ie n t ífic a n ã o e s t á , n a t u r a lm e n t e , is e n t a d e e r ro s n e m liv re d e a m e a ça s. Im p o r t a s a lie n t a r q u e a lg u n s e r ro s d e c o r re m d e in s u fic iê n c ia s d o p ró p r io m é t o d o c ie n t ífic o e d e lim it a ç õ e s n a t e c n o lo g ia d is p o n ív e l e o u t ro s o c o r re m p e la d e fic ie n t e in t e r p re t a ç ã o o u a p lic a ç ã o d o c o n h e c im e n t o c ie n t ífic o p e lo s p ro fis s io n a is q u e , s e n d o h u m a n o s , e s t ã o n a t u r a lm e n t e s u je it o s a e r r a r. U n s e o u t ro s , m a is o u m e n o s in e v it á v e is , t ê m n o r m a lm e n t e v id a c u r t a n u m s is t e m a liv re , a b e r t o e b a s e a d o n a e v id ê n c ia c ie n t ífic a .

i

inquérito O S p o r t in g B r a g a p o d e v ir u m d o s trê s p lu g a r e s d a

C lu b e d e a a t in g ir r im e ir o s I L ig a d e F u t e b o l?

F A R IA F E R N A N D E S P ro fe s s o r

“ P e n s o q u e s im , a t é p o rq u e t e m d a d o re s u lt a d o s q u e m o s t r a m is s o m e s m o . P o d e p e r fe it a m e n t e s e r u m d o s t rê s p r i m e i r o s .”

PROPRIETÁRIO E EDITOR Arcada Nova – Comunicação, Marketing e Publicidade, SA. Pessoa colectiva n.º 504265342. Capital social: 150 mil €uros. N.º matrícula 6096 Conservatória do Registo Comercial de Braga. SEDE Praceta do Magistério, 34, Maximinos, 4700 222 BRAGA. Telefone: 253309500 (Geral)

A M Â N D IO M A T O S P ré - re fo rm a d o

“ N ã o t e n h o d ú v id a s d e q u e o S p o r t in g d e B r a g a v a i a t in g ir o t e rc e iro lu g a r. A v it ó r ia s o b re o E s t o r il fo i m u it o i m p o r t a n t e .”

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO administracao@correiodominho.pt Manuel F. Costa (Presidente); Paulo Nuno M. Monteiro e Sílvia Vilaça F. Costa. SEDE DA REDACÇÃO Praceta do Magistério, 34, Maximinos, 4700 - 222 BRAGA. Telefone: 253309500 (Geral) e 253309507 (Publicidade). Fax: 253309525 (Redacção) e 253309526 (Publicidade). DIRECTOR COMERCIAL comercial@correiodominho.pt António José Moreira DIRECTOR DO JORNAL director@correiodominho.pt Paulo Monteiro (CP1838)

S IL V E S T R E G O N Ç A L V E S R e fo rm a d o

“ N ã o c o s t u m o a c o m p a n h a r o fu t e b o l. N ã o c o s t u m o a c o m p a n h a r o s jo g o s d o S p o r t i n g C l u b e d e B r a g a .”

CORPO REDACTORIAL redaccao@correiodominho.pt Chefe de Redacção: Rui Miguel Graça (CP7506). Subchefe de Redacção: Miguel Machado (CP 7631). Redacção: Carlos Costinha Sousa (CP8872), Joana Russo Belo (CP6406 ), José Paulo Silva (CP1210), Marlene Cerqueira (CP5505), Marta Amaral Caldeira (CP7761), Patrícia Sousa (CP 5948), Paula Maia (CP6438), Rui Serapicos (CP2638), Teresa Marques da Costa (CP5501). Fotografia: Rosa Santos (CP6695). Grafismo: Rui Palmeira (Coordenador), Francisco Vieira, Filipe Leite, Filipe Ferreira e Irene Gonçalves.

S É R G IO A N J O S F u n c io n á r io d a B o s c h

“ A c h o q u e s im u m b om cam a e q u ip a q u e u m fu tu ro b o

. E sta m o s a fa z e r p e o n a t o c re io q u e c o m te m o s v a m o s te r m .”

Nota: Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. NOTICIÁRIO: Lusa. Estatuto editorial disponível na página da internet em www.correiodominho.pt ASSINATURAS assinaturas@correiodominho.pt ISSN 9890; Depósito legal n.º 18079/87; Registo na ERC n.º 100043; DISTRIBUIÇÃO: VASP IMPRIME: Naveprinter, Indústria Gráfica do Norte, SA. Lugar da Pinta, km7,5. EN14 - Maia. Telef: 229411085. Fax: 229411084 TIRAGEM 8 000 exemplares


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