Catalunha: pelo voto é que vamos (Correio do Minho)

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1 de Setembro 2016 correiodominho.pt 27

Opinião PEDRO MORGADO Psiquiatra e Professor da Universidade do Minho

Ideias

Catalunha: pelo voto é que vamos

P

odemos concordar ou discordar da independência da Catalunha, mas quem defende os direitos humanos não pode ficar indiferente à forma como o Estado espanhol esmaga o direito dos catalães a decidirem o seu futuro. Nos últimos dias, o Supremo Tribunal Espanhol, dominado pelos interesses de Castela, determinou que nove políticos catalães deveriam ser presos por terem defendido pacificamente o direito do povo a pronunciar-se sobre a autodeterminação do seu país. A sentença seria considerada um atropelo a direitos básicos e fundamentais dos cidadãos se tivesse sido proferida por um tribunal turco ou chinês. Como aconteceu no seio de um país europeu, a Comissão Europeia escuda-se no respeito pelo Direito nacional de cada um dos seus estados-membro para se manter num silêncio ensurdecedor. Em vez de contribuir para resolver um problema político, o Supremo Tribunal agravou-o, tornando ainda mais difícil a construção de pontes entre Barcelona e Madrid. Ao mesmo tempo que se multiplicam os apelos ao diálogo, os catalães saem às ruas para suplicar, mais uma vez, o direito a votar. Há na Europa um povo que pede massivamente o direito a escolher o seu futuro pelo voto e há na Europa quem reprima essas manifestações com brutais cargas policiais. Há na Europa

quem peça o direito a defender uma ideia sem ir parar à cadeia e há na Europa grupos de extrema direita que agridem esses manifestantes perante a total passividade da polícia do Estado. Há na Europa um povo que é esmagado pelo poder central e há na Comissão Europeia um silêncio que incomoda perante estes graves acontecimentos de Barcelona. Ao contrário do que sucedeu no País Basco, o independentismo catalão pode orgulhar-se de ser um movimento inteiramente pacífico. As cenas dos últimos dias, provocadas por algumas centenas de infiltrados, não servem para a afastar os catalães do seu objetivo principal: obter

do estado espanhol o reconhecimento do seu direito a decidir o seu futuro. E não estão a pedir nada de transcendente num estado democrático. Sejamos claros: o problema da Catalunha é inteiramente político. Nos países catalães, tal como no País Basco, um número muito significativo de pessoas deixou de confiar no sistema político vigente. A monarquia espanhola deixou de responder às legítimas aspirações das pessoas dessas regiões e, como tal, a Constituição deixou de cumprir a sua missão por ali. Poderão alegar os mais legalistas que a Constituição tem um valor absoluto e que os catalães estão a ser cas-

tigados porque não a respeitaram. Mas, afinal, para que servem as constituições se não agregarem nem representarem partes significativas dos povos que pretendem unir? Para que serve uma Constituição que é ativamente rejeitada por partes significativas do território espanhol? A constituição não pode ser um fim em si mesmo. É um instrumento extraordinário para congregar uma comunidade alargada em torno de propósitos comuns. Quando deixa de o fazer, perde a sua essência e passa a ser uma letra morta. Para sair do impasse em que está mergulhada a Catalunha, a única solução é votar. Tal como sucedeu em muitos outros territórios por todo o mundo, é urgente permitir que o povo catalão se pronuncie sobre a sua auto-determinação, escolhendo entre o reforço da autonomia e a independência total. Enquanto o voto não determinar o futuro da Catalunha, as tensões tenderão a acumular-se, a raiva de Madrid continuará a converter-se em prisões e bastonadas e a ira de alguns catalães continuará a incendiar caixotes de lixo e bloquear estradas. As peças estão lançadas. Mesmo sem pressão internacional (o que se lamenta), o primeiro-ministro espanhol sabe que só pelo voto é que resolvemos o problema catalão. Quem tem medo do veredito popular?

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inquérito Considera importante para o socorro do país, o papel das delegações da Cruz Vermelha?

DOMINGOS COSTINHA Reformado

“As delegações são fundamentais e são mais importantes do que nas cidades, devido à dificuldade nos acessos e a população envelhecida”.

PROPRIETÁRIO E EDITOR Arcada Nova – Comunicação, Marketing e Publicidade, SA. Pessoa colectiva n.º 504265342. Capital social: 150 mil €uros. N.º matrícula 6096 Conservatória do Registo Comercial de Braga. SEDE Praceta do Magistério, 34, Maximinos, 4700 222 BRAGA. Telefone: 253309500 (Geral)

MANUEL ALVES Aposentado

“Muito importante. É essencial para o socorro e para a comunidade e são instituições que têm que ser apoiadas e acarinhadas”.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO administracao@correiodominho.pt Manuel F. Costa (Presidente); Paulo Nuno M. Monteiro e Sílvia Vilaça F. Costa. SEDE DA REDACÇÃO Praceta do Magistério, 34, Maximinos, 4700 - 222 BRAGA. Telefone: 253309500 (Geral) e 253309507 (Publicidade). Fax: 253309525 (Redacção) e 253309526 (Publicidade). DIRECTOR COMERCIAL comercial@correiodominho.pt António José Moreira DIRECTOR DO JORNAL director@correiodominho.pt Paulo Monteiro (CP1145A)

ANTÓNIO BASTOS Oficial do Exército

“É fundamental. Elas fazem a cobertura nacional com a proximidade das comunidadese e é fundamental no apoio de transporte de doentes e evacuação”.

CORPO REDACTORIAL redaccao@correiodominho.pt Chefe de Redacção: Rui Miguel Graça (CP4797A). Subchefe de Redacção: Miguel Machado (CP4864A). Redacção: Carlos Costinha Sousa (CP8872), Joana Russo Belo (CP4239A), José Paulo Silva (CP679A), Marlene Cerqueira (CP3713A), Marta Amaral Caldeira (CP7761), Patrícia Sousa (CP5948), Paula Maia (CP6438), Rui Serapicos (CP1763A), Teresa Marques da Costa (CP3710A). Fotografia: Rosa Santos (CP6695). Grafismo: Filipe Ferreira (Coordenador), Francisco Vieira, Filipe Leite e Rui Palmeira.

EMANUEL MAGALHÃES Professor

“Estes serviços de proximidade junto das populações são fundamentais, conferindo algum conforto e segurança às comunidades”.

Nota: Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. NOTICIÁRIO: Lusa. Estatuto editorial disponível na página da internet em www.correiodominho.pt ASSINATURAS assinaturas@correiodominho.pt ISSN 9890; Depósito legal n.º 18079/87; Registo na ERC n.º 100043; DISTRIBUIÇÃO: VASP IMPRIME: Naveprinter, Indústria Gráfica do Norte, SA. Lugar da Pinta, km7,5. EN14 - Maia. Telef: 229411085. Fax: 229411084 TIRAGEM 8 000 exemplares


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